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Termodinâmica Aplicada I Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Victor Barbosa Felix Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Propriedades da Substância Pura • Equações de Estado; • Propriedades Termodinâmicas de uma Substância Pura. • Apresentar e esclarecer aos alunos os conceitos sobre mudança de fase e substâncias puras. OBJETIVO DE APRENDIZADO Propriedades da Substância Pura Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Propriedades da Substância Pura Equações de Estado Qualquer característica observável de uma substância é como propriedade dessa substância. Quando temos um número suficiente de propriedades termodinâmicas independentes temos a definição do estado dessa substância. As propriedades termodinâmicas mais comuns são: • Temperatura (T): • Pressão (P): • Volume específico (v): • Massa específica (ρ). Para definir o estado de uma substância, podemos utilizar a equação de es- tado dos gases perfeitos também que foi enunciada pela primeira vez por Émile Clapeyron, em 1834, por isso também é chamada de equação de Clapeyron ou para a equação de estado dos gases ideais. Como o próprio nome diz, está equação aplica-se somente aos gases perfeitos. O ar atmosférico pode ser considerado um gás ideal para efeito de cálculos. A equação dos gases perfeitos é dada por: p V = m R T Onde: p = pressão do gás [Pa]; V = Volume ocupado pelo gás [m³]; m = Massa do gás [kg]; T = Temperatura do gás [K]; R = Constante particular do Gás [J/kgK]. Lembrando que J é Joule (unidade de energia), K é Kelvin (unidade de tempera- tura) e Pa é Pascal (unidade de pressão – N/m²). A constante particular de um gás específico pode ser encontrada em tabelas termodinâmicas que a maioria dos livros de termodinâmica disponibilizam ou em tabelas disponibilizadas na internet. A constante particular de um gás é dada pela equação: R R M = 8 9 Onde: R = constante universal dos gases que tem o valor de 8314 J/kmol K ou 8,314 kJ/kmol K; M = Peso molecular do gás [kg/kmol]. Agora vamos conhecer alguns processos particulares de mudança de estado dos gases perfeitos, levando em consideração a mudança de um Estado 1 para o Estado 2. I – Processo Isobárico para sistemas fechados Quando a mudança de estado termodinâmico ocorre a pressão constante temos: p V = m R T Estado 1: p1 V1 = m1 RT1 Isolando R que é a constante particular do gás, temos: pV mT R1 1 1 1 � � � �= Estado 2: p2 V2 = m2 RT2 Isolando R que é a constante particular do gás, temos: p V m T R2 2 2 2 � � � �= Podemos então escrever que: pV mT p V m T 1 1 1 1 2 2 2 2 = Para sistemas fechados não temos entrada e nem saída de massa, assim m1 = m2 e como o processo é isobárico, ou seja, a mesma pressão temos que p1 = p2. pV mT p V m T 1 1 1 1 2 2 2 2 = 9 UNIDADE Propriedades da Substância Pura Assim temos: V T V T 1 1 2 2 = II – Processo Isotérmico para um sistema fechado Quando a mudança de estado termodinâmico ocorre a temperatura consta- nte temos: p V = m R T Estado 1: p1 V1 = m1 RT1 Isolando R que é a constante particular do gás, temos: pV mT R1 1 1 1 � � � �= Estado 2: p2 V2 = m2 RT2 Isolando R que é a constante particular do gás, temos: p V m T R2 2 2 2 � � � �= Podemos então escrever que: pV mT p V m T 1 1 1 1 2 2 2 2 = Para sistemas fechados não temos entrada e nem saída de massa, assim m1 = m2 e como o processo é isobárico, ou seja, a mesma pressão temos que T1 = T2. pV mT p V m T 1 1 1 1 2 2 2 2 = Assim temos que: p1 V1 = p2 V2 10 11 III – Processo Isocórico para um sistema fechado Quando a mudança de estado termodinâmico ocorre a volume constante temos: p V = m R T Estado 1: p1 V1 = m1 RT1 Isolando R que é a constante particular do gás, temos: pV mT R1 1 1 1 � � � �= Estado 2: p2 V2 = m2 RT2 Isolando R que é a constante particular do gás, temos: p V m T R2 2 2 2 � � � �= Podemos então escrever que: pV mT p V m T 1 1 1 1 2 2 2 2 = Para sistemas fechados não temos entrada e nem saída de massa, assim m1 = m2 e como o processo é isobárico, ou seja, a mesma pressão temos que V1 = V2. pV mT p V m T 1 1 1 1 2 2 2 2 = Assim temos que: p T p T 1 1 2 2 = IV – Processo Politrópico O Processo Politrópico é aquele que a mudança de estado termodinâmico ocor- re de acordo com a relação: p Vn = constante 11 UNIDADE Propriedades da Substância Pura Onde “n” é o índice politrópico e é levantado experimentalmente: Estado 1: pV constanten 1 1 = � Estado 2: p V constanten 2 2 = � Podemos então escrever que: pV p Vn n 1 1 2 2 = Agora é hora de exercitamos o que vimos até aqui com alguns exemplos: Exemplo 1: Imagine um tanque rígido como o da figura 1 que tem volume interno igual a 1m³ e contém ar com uma pressão de 1MPa e uma temperatura de 400K. Agora veja que o tanque está conectado a uma linha por onde pode ser introduzido ar comprimido conforme a figura. Perceba que temos uma válvula e quando ela é aberta o ar comprimido escoa para dentro do tanque. Imagine que o ar escoa para dentro do tanque até que a pressão interna do tanque chegue a 5Mpa. Neste mo- mento nós desligamos a válvula e medimos a temperatura e encontramos o valor de 450K. Agora pergunta-se: 1. Qual é a massa de ar que tinha antes do processo de enchimento e qual a massa que temos agora, após o processo de enchimento? 2. E se deixarmos a temperatura do ar que está no tanque carregado diminuir até 300K, qual seria a pressão nesse estado? Dado: Rar = 0,287 kJ/kgK Figura 1 – Esquema do Sistema 12 13 Sempre que você for iniciar qualquer exercício de termodinâmica e das outras disciplinas é importante que você leia muito bem o enunciado do exercício e tente imaginar o que está acontecendo. Você deve ler várias vezes até conseguir enten- der o que está sendo pedido. Então vamos pensar? Primeiro a substância que estamos analisando é o ar e como você já sabe o ar pode ser modelado como um gás perfeito ou gás ideal. Ou seja, podemos usar a equação: p V = m R T Outra análise importante é que o enunciado cita o termo tanque rígido. O que significa isso? Importante! Em muitos exercícios e problemas dentro daengenharia estamos trabalhando com cor- pos onde não consideramos sua deformação, ou seja, corpos rígidos. Então nesse caso quando o enunciado cita um tanque rígido, signifi ca que o tanque não se deforma e podemos considerar que seu volume não muda. Então esse é um processo com volume constante ou isocórico como visto anteriormente. Trocando ideias... Esse exercício apresenta três condições ou estados diferentes, vamos ver? Qual é o estado 1? Não é o estado inicial onde o exercício nos fala que temos um tanque e nele temos ar com uma pressão de 1MPa (1 Mega Pascal ou 1.000.000 Pascals que pode ser escrito como 106 Pa) e com uma temperatura de 400K (400 Kelvins)? Então temos três variáveis com certeza que são: V1 = 1m³ p1 = 1MPa T1 = 400K Qual é o estado 2? Não é aquele em que após abrirmos a válvula nós esperamos que a pressão che- gue até 5MPa e com isso a temperatura chega a 450K e assim fechamos a válvula? Então temos novamente três variáveis com certeza, que são: V2 = 1m³ p2 = 5MPa T1 = 450K 13 UNIDADE Propriedades da Substância Pura Qual é o estado 3? Não é aquele que com válvula fechada esperamos que a temperatura diminua até 300K? Então temos duas variáveis com certeza, que são: V3 = 1m³ T3 = 300K Mas temos que raciocinar que com nesse estado a válvula ficou fechada, pois unicamente esperamos que temperatura diminuísse para 300K, temos que a ar não sai e nem entrou no tanque entre os estados 2 e 3. Assim concluímos que m2 = m3. Após separamos as variáveis que temos devemos verificar o que o enunciado pede, vamos lá? Ele pede para calcularmos a massa no início (estado 1) e depois do enchimen- to (estado 2). Então ele pede para calcularmos m1 e m2. A seguir ele pede para calcularmos a pressão quando a temperatura chegue aos 300K, ou seja, devemos calcular p3. Algumas vezes fica mais fácil se montarmos uma tabela com a variáveis que temos e quais o enunciado pede para calcularmos: Tabela 1 Estado 1 Estado 2 Estado 3 p1 = 1Mpa = 1x106 Pa p2 = 5Mpa = 5x106 Pa p3 = ? T1 = 400K T2 = 450K T3 = 300K m1= ? m2 = ? m2 = m3 = ? V1=V2=V3= 1m³ V1=V2=V3= 1m³ V1=V2=V3= 1m³ E a constante do ar que foi dada que é: Rar = 0,287 kJ/kgK, como ela está em kilojoules temos que Rar = 0,287 x 103 J/kgK (Kilo = 1000 ou 10³). Então vamos para a solução: 1. Primeiro a massa do estado 1, m1: p1 V1 = m1 RT1 Se isolarmos m1, temos: m pV T R x x kg1 1 1 1 6 3 1 10 1 400 0 287 10 8 71= = = * * , Agora a massa no estado 2, m2: p2 V2 = m2 RT2 Isolando m2, temos: m p V T R x x kg2 2 2 2 6 3 5 10 1 450 0 287 10 38 71= = = * * , 14 15 2. Pressão no estado 3, p3: p3 V3 = m3 RT3 Isolando p3 e sabendo m2 = m3 = 38,71 kg, temos: Propriedades Termodinâmicas de uma Substância Pura Uma substância pura tem composição química invariável e homogênea em todas as fases. Por exemplo, a água é considerada uma substância pura, pois ela tem a mesma composição química na fase sólida (gelo), fase líquida (água líquida) e na fase de vapor (vapor d’água). Já o ar, por exemplo, não pode ser considerado uma substância pura, pois uma mis- tura de ar líquido e gasoso tem composição química da fase líquida diferente da fase gasosa. Para analisarmos como ocorre a mudança de fase de uma substância pura, veja a figura 2 e considere que nosso sistema contém 1kg de água que está dentro do conjunto cilindro-pistão. Vamos imaginar que o peso do pistão seja desprezível e assim a pressão P seja somente a pressão atmosférica, vamos considerar o valor de P = 100kPa. No caso I temos a água a 20ºC, nesse momento nós temos que a temperatura da água está abaixo da temperatura de saturação e dizemos que a água se encontra no estado de líquido sub-resfriado ou como alguns livros nomeiam de líquido comprimi- do. Agora vamos aquecer a água com o objetivo de aumentar sua temperatura. Entre o caso I e II existe um aumento de temperatura e volume, esse calor (ener- gia) transferido ao nosso sistema ocasionou isso, nesse caso houve uma transferên- cia de calor sensível. Quando alcançamos o caso II a temperatura da água está com 99,62ºC, nesse momento dizemos que a água está no estado de líquido saturado, sua temperatura é igual a temperatura de saturação e seu título é zero (já vamos explicar o que significa). A temperatura de saturação significa a temperatura em que a substância inicia sua mudança de fase. Isto é, para pressão de 100kPa a temperatura de saturação da água é igual a 99,62ºC. Cada substância tem sua temperatura de saturação em função da pressão. O título é a porcentagem de massa da substância que está na fase de vapor, no caso II o titulo é zero (X=0), isso significa que toda a massa de água contida no 15 UNIDADE Propriedades da Substância Pura nosso sistema ainda está na fase líquida, porém é só nesse instante, neste caso dizemos que a substância está no estado de líquido saturado, pois no próximo instante se continuarmos a aquecer inicia a transformação para a fase de vapor. Se continuarmos aquecendo, percebemos que não há variação na temperatura (99,62ºC), porém o volume começa a aumentar e uma parte da substância se torna vapor, veja o caso III. Nesse momento dizemos que a substância está no estado de vapor úmido, ou estado de saturação, ou estado bifásico, pois temos as duas fases ocorrendo, uma parte da água está no estado líquido e outra parte no estado vapor. Entre o caso II e III foi acrescentado energia, porém agora calor latente. Então continuamos aquecendo até toda a substância virar vapor, do caso III ao caso IV, esse processo ainda ocorre a temperatura constante, porém no caso IV te- mos que toda a substância se tornou vapor naquele instante, por isso o título é igual 1, X=1. Significa que 100% da mistura está no estado de vapor. Houve aumento de volume, porém a temperatura continuou a mesma 99,62ºC. Nesse instante dizemos que substância está no estado de vapor saturado. Podemos observar que do caso II ao caso IV, o volume aumentou, a pressão se manteve a mesma e a temperatura também se manteve a mesma que foi a tempe- ratura de saturação. Dizemos que do estado II ao estado IV ocorreu um processo isobárico e isotérmico. Se continuarmos aquecendo, o volume continua a aumentar, porém agora a temperatura também aumenta, ela fica maior que a temperatura de saturação, veja o caso V. Nesse instante dizemos que a mistura está no estado de vapor superaque- cido. Do caso IV ao V calor sensível foi transferido ao sistema. Figura 2 – Mudança de fase de uma substância pura Se continuarmos aquecendo, a temperatura e o volume continuam aumentando e finalmente temos o gás, caso VI. Nesse caso a temperatura é muito maior que a temperatura de saturação. È importante perceber que do caso I ao VI, ou seja, dos estados I ao VI o processo ocorreu a pressão constante (processo isobárico). 16 17 Algumas defi nições • Temperatura de saturação: É a temperatura que se dá mudança de fase (fase lí- quida para a fase de vapor) de uma substância pura a uma dada pressão. Portan- to, essa pressão chamamos de pressão de saturação para a temperatura dada. • Líquido Saturado: É quando uma substância se encontra como líquido à tem- peratura e pressão de saturação. • Líquido Subresfriado: É quando a temperatura do líquido é menor que a temperatura de saturação para uma dada pressão, também pode ser chamado de líquido comprimido. • Título (x): Como citado anteriormente, na temperatura e pressão de saturação existe uma mistura de líquido e vapor, o título representa a porcentagem da massa da mistura total que esta na fase de vapor. Assim percebemos que o título varia de 0 a 1. Zero quando nenhuma parte da mistura se tornou vapor e 1 quando toda a massa da mistura se tornou vapor. Por exemplo, se tivermos 1kg de água e 0,5kg é vapor dizemos que o título é X = 0,5 (50%). X m m m m m v T v l v = = + � mT = ml + mv Onde: mv = massa de vapor; ml = massa de líquido; mT = massa total da mistura. • Vapor Saturado: É quando a substânciaesta na temperatura e pressão de saturação e está toda na fase de vapor, X = 1. • Vapor Superaquecido: É quando a mistura está com a temperatura maior que temperatura de saturação para uma determinada pressão. • Calor Sensível: O calor sensível ocorre quando o calor é transferido a uma substância de tal forma que sua temperatura seja alterada, sem a ocorrência de alteração no estado físico dessa substância. • Calor Latente: Ocorre quando o calor é transferido a uma substância de tal forma que ocorre alterações em seu estado físico sem a alteração de sua temperatura. A figura 3 apresenta por meio de um diagrama T x v (temperatura x volume específico) o que ocorre na mudança de fase nos casos apresentados na figura 2. 17 UNIDADE Propriedades da Substância Pura Figura 3 – Diagrama T x v para mudança de fase a uma pressão de 100KPa Se anisarmos a figura podemos notar que a linha vermelha significa a pressão de 100kPa, também podemos verificar o que ocorre em cada caso (de I a VI) com o volume específico da substância. Agora o que ocorre se tivermos mudando de fase a pressões diferentes? Veja a figura 4. Figura 4 – Diagrama T x v Importante! Na figura 4 podemos perceber que conforme vamos aumentando a pressão o tempe- ratura de saturação vai aumentando e também é possível observar que as linhas de líquido saturado e vapor saturado vão se aproximando até se encontrarem no que é de- nominado de ponto crítico. Importante! 18 19 Pressões mais elevadas que a pressão do ponto crítico resulta em mudança de fase de líquido para vapor superaquecido sem a formação de vapor úmido. O ponto crítico da água é por exemplo: Pcrítica = 22,09 MPa Tcrítica = 374,14 ºC Vcritico = 0,003155 m3 / kg Já o ponto triplo é o estado onde temos três fases em equilíbrio, sólido, líquido e gasoso. Para a água temos que o ponto triplo corresponde a pressão de 0,6113 kPa e temperatura de 0,01 ºC. Na região de saturação, onde temos os título variando entre 0 e 1, podemos calcular o valor do volume específico da mistura. Para isso temos que o volume específico da mistura é: V m T T = Onde: v = volume específico da mistura (m³/kg); VT = Volume total da mistura (m³); mT = massa total da mistura. Sabemos que: mT = ml + mv e VT = Vl + Vv Onde: ml = massa da substância na fase líquida (kg); mv = massa da substância na fase vapor (kg); Vl = volume ocupado pelo líquida (m³); Vv = volume ocupado pelo vapor (m³). Se dividirmos os dois lados da equação por mT, temos: V m V m V m T T l T v T = + 19 UNIDADE Propriedades da Substância Pura Podemos escrever o volume da parte líquida e da parte vapor em função do volume específico do líquido e do vapor, pois como sabemos o volume específico é: V m = Assim, temos: Vl = ml vl Vv = mv vv A relação do volume total e com a massa total do lado esquerdo da igualdade nos dá o volume específico da mistura como um todo. A equação fica assim: v m v m m v m l l T v v T = + Porém já falarmos anteriormente que o título (X) é a relação da massa de vapor pela massa total e ele nos dá a porcentagem de vapor que uma mistura tem, então podemos concluir que a massa de líquido divido pela massa de total da mistura é o que falta para completar 100%. Vamos analisar. Se tivermos 10kg de uma mistura de água líquido e vapor d’água em um tanque fechado e sabemos que o título da mistura é X=0,8, significa que 80% da mistura em massa é vapor, ou seja 8kg, e 20% da massa da mistura (1-X) é líquido, ou seja 2kg. Então podemos analisar a equação dessa forma: v m v m m v m l l T v v T = + (1–x) x Assim temos que a equação para o volume específico de uma mistura líquido e vapor pode ser escrito dessa forma: v = (1 – X)vl + Xvv E quando precisamos calcular o título de uma mistura podemos escrever a equa- ção isolando X, dessa forma: 20 21 Como vimos na figura 4, o diagrama apresenta os valores de temperatura em função do volume específico para cada pressão de saturação. Temos eu pensar assim se tivermos um tanque fechado com uma mistura líquido e vapor, se soubermos a temperatura podemos pelo diagrama descobrir a pressão ou o contrário se tivermos a pressão podemos obter a temperatura da mistura. Isso, pois existem tabelas propriedades termodinâmicas para muitas substân- cias. Em anexo temos as tabelas para as principais substâncias utilizadas na termodinâmica aplicada. Essas tabelas podem ser encontradas nos livros de termodinâmica e também na internet. Então agora deixem essas tabelas separadas, pois nós utilizaremos a todo o momento. Vamos verificar os valores para água a pressão de 100kPa, pela tabela temos: Figura 5 – Exemplo de uma tabela termodinâmica Veja que para a pressão de 100kPa temos a temperatura de saturação de 99,62°C. Lembrando que isso significa que a pressão de 100kPa a água começa a evaporar quando atingir a temperatura de 99,62°C. Assim a tabela nos apresenta os valores do volume específico do líquido (vl) e do volume específico da parte de vapor (vv). Você pode estar se perguntando. O que significa Energia interna (u), Entalpia (h) e entropia (s)? Fique calmo, pois ao longo do curso vamos aprender todas as variáveis. 21 UNIDADE Propriedades da Substância Pura Vamos fazer um exemplo para fixarmos e percebermos a importância do que foi apresentado. Exemplo: Se tivermos um tanque com 0,4m³ de volume e nele contém 2,0kg de uma mis- tura de água líquida e vapor em equilíbrio como na figura, e dentro dele tivermos uma pressão de 600kPa. Calcule: 1. O volume e a massa do vapor. 2. O volume e a massa do líquido. Figura 6 Solução: Como devemos começar esse exercício? Pense... se existe uma mistura de líquido e vapor em equilíbrio, significa que nosso sistema, no caso o tanque, é composto por uma substância na região de saturação. Então devemos olhar a tabela de água saturada, que está representada na figura. Figura 7 22 23 Então podemos perceber que a temperatura que a água começa a evaporar a uma pressão de 600kPa é 158,85°C e também percebermos que temos os valores dos volumes específicos para a parte líquida e para a parte de vapor. Como o exercício nos fornece o valor do volume total e massa total da mistura podemos calcular o volume específico da mistura toda. Dessa forma: Então agora desenhe um diagrama T x v com os valores encontrados, fica assim: Figura 8 Para resolvermos a parte (1) do exemplo, precisamos saber quanto desses 2 kg da mistura são vapor. Para isso precisamos achar o título que nos da a porcenta- gem em massa de vapor. X v v v l v l = − − = − − = 0 2 0 001101 0 31567 0 001101 0 632, , , , , Com isso sabemos que 63,2 % da mistura em massa é de vapor. Vamos verificar o quanto isso representa, pela equação do título, podemos isola a massa de vapor: X m m v T = = = =, , ,m Xm * kgv T 0 632 2 0 1 264 Agora podemos saber o volume que essa massa de vapor ocupa, desta forma: Assim descobrimos a massa e o volume de vapor. 23 UNIDADE Propriedades da Substância Pura Agora vamos fazer o item 2). Para fazer o item 2 que pede a massa e o volume ocupado pelo vapor basta a diferença dos valores da mistura como um todo. ml = mT – mv = 2,0 – 1,264 = 0,736 kg Vl = VT – Vl = 0,4 – 0,399 = 0,001 m³ Esses são os resultados. Podemos observar que apesar do vapor ocupar quase todo o volume 0,399m³ ele tem o massa de 1,246kg enquanto o líquido mesmo ocupando um volume de 0,001m³ tem uma massa de 0,736kg. 24 25 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Termodinâmica CENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Termodinâmica. Porto Alegre: Grupo A, 2013. (e-Book) Vídeos O Mundo de Beakman – Termodinâmica https://youtu.be/_99yNZ_NFZY Me Salva! CDF01 - Introdução, Aplicações e Limitações – Termodinâmica https://youtu.be/K2-fo5gqHNE Me Salva! CDF02 - Sistemas Termodinâmicos – Termodinâmica https://youtu.be/BEWer66NS3Q 25 UNIDADE Propriedades da Substância Pura Referências MORAN, M. J. Princípiosde Termodinâmica para Engenharia. 4.ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2002. MORAN, M. J.; SHAPIRO, H. N. Princípios de Termodinâmica Para Engenha- ria. 7.ed. Rio de Janeiro LTC, 2013. SONNTAG, R. E. Fundamentos da Termodinâmica Clássica. 7. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2009. 26