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Necessidades e desejos João Evangelista de Sousa Filho [Divisão de Educação Financeira do Banco Central do Brasil] Olá, aqui é João Evangelista, do Banco Central! Estou agora com você para conversarmos sobre desejos e necessidades. Você se lembra quando você era pequenininho, que você perguntava para a sua mãe: “mãe, posso ir brincar?” e ela te respondia com uma outra pergunta: “você já terminou o dever de casa?”? Se você dissesse sim, mamãe então dizia: “pois, então, pode, meu filho!”. Por que isso? Porque quando nós temos uma necessidade a ser cumprida, primeiro nós precisamos cumpri-la. Isso que acontecia na nossa vida desde a mais tenra infância é o que continua a acontecer ao longo da nossa vida inteira e é o que acontece o tempo todo com a nossa vida financeira. Se nós temos necessidades – e temos, todos as temos – temos a necessidade de pagar pela nossa habitação, de pagar pela nossa alimentação, de pagar a água, de pagar a luz, de pagar o telefone, de pagar os transportes... Existe uma série de itens dentro do nosso orçamento que são absolutamente prioritários e que são absolutamente necessários, e sem os quais nós não temos condições de viver em sociedade. Esses itens necessariamente precisam figurar primeiro no nosso orçamento. Isso não significa que os nossos desejos devam ser “demonizados”, relegados a um último plano, como se fosse pecado satisfazer um desejo... de maneira alguma! Não existe nada de errado em satisfazer os nossos desejos, muito pelo contrário. Os desejos são o que dão graça a nossa vida, são o que dão sabor a nossa vida. É tudo uma questão de prioridade. Se os nossos recursos financeiros são limitados e eu preciso pagar alguns, mas eu não tenho dinheiro para pagar tudo aquilo que eu gostaria de ter na minha vida, eu preciso priorizar. E, nesse processo de priorização, nada mais lógico, nada mais inteligente do que começar priorizando por aquilo que é necessário. Poder ter alguma coisa, que vai além do necessário, é ótimo, é uma maravilha! E não é um problema nós termos, só que também precisamos considerar as nossas prioridades e pesar o que é mais importante. Nós já conversamos anteriormente com você sobre as questões do custo de oportunidade e das trocas intertemporais, e é exatamente o momento, aqui, agora, de resgatar esses conceitos e colocá-los em prática. Desde que não prejudique o nosso planejamento, desde que não fira as nossas prioridades, é preciso que a gente considere o custo de oportunidade de gastar o nosso dinheiro com determinado produto ou serviço, abrindo mão de outra coisa. Podcast É claro que, provavelmente, você não vai optar por abrir mão de comer ou por abrir mão de se vestir, ou de se locomover, para poder satisfazer um desejo seu. Mas, no limite, e se você decidir fazê-lo? Quem é que há dizer que você está errado? O dinheiro é seu, a decisão é sua, compete a você julgar o que é que vai lhe trazer mais benefício e, por outro lado, o que é que, se não for realizado, se não for pago, vai lhe trazer malefício, vai lhe trazer mal-estar. É provável que você não julgue adequado ficar com fome para satisfazer um determinado desejo seu, mas e se você desejar tanto algo a ponto de achar que vale a pena você cortar um item absolutamente fundamental, como a alimentação? Compete a você, essa é uma escolha sua. E é uma escolha válida, como em tudo o mais na Educação Financeira, a prioridade, quem deve atribuir é você, e mais ninguém. Agora, só pense uma coisa, se você convive com outras pessoas que têm um orçamento em comum, pessoas da sua família, esposa, marido, filhos, pais, que compartilham o mesmo orçamento e que dependem do mesmo dinheiro para a realização dos seus desejos e das suas necessidades, é muito importante que o planejamento seja feito envolvendo essas demais pessoas para que uma decisão sua não acabe se tornando uma decisão irresponsável, que prejudique os demais.