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GABRIEL MAIA AULA XXVI – Sistema Reprodutor Masculino Monitor – SOI e HAM Gabriel Maia @Algummaia O processo de diferenciação gonadal é mediado pelo cromossomo Y, que carreia o gene SRY, codificador da proteína TDF, que irá agir sobre a medula da genitália bipotencial e ativará a cascata de masculinização A ausência desse gene, determina expressão dos genes contidos no cromossomo X, e por consequência irá desencadear a cascata de feminilização na região cortical da genitália bipotencial As gônadas são reguladas pela ação do FSH e LH em um eixo que envolve o hipotálamo na sua secreção de GnRH e LhRH para a adeno-hipófise. Conhecer a anatomia do Sistema Reprodutor Masculino Gabriel Maia @algummaia OBJETIVO Os órgãos genitais masculinos internos incluem testículos, epidídimos, ductos deferentes, glândulas seminais, ductos ejaculatórios, próstata e glândulas bulbouretrais. Os testículos e epidídimos são considerados órgãos genitais internos de acordo com sua posição no desenvolvimento e homologia com os ovários femininos, que são internos. GLÂNDULAS GLÂNDULA PROSTÁTICA A próstata (com aproximadamente 3 cm de comprimento, 4 cm de largura e 2 cm de profundidade anteroposterior [AP]) é a maior glândula acessória do sistema genital masculino. A próstata de consistência firme, do tamanho de uma noz, circunda a parte prostática da uretra. A parte glandular representa cerca de dois terços da próstata; o outro terço é fibromuscular. A cápsula fibrosa da próstata é densa e neurovascular, incorporando os plexos prostáticos de veias e nervos. Tudo isso é circundado pela fáscia visceral da pelve, que forma uma bainha prostática fibrosa que é fina anteriormente, contínua anterolateralmente com os ligamentos puboprostáticos, e densa posteriormente onde se funde ao septo retovesical. A próstata tem: . Uma base intimamente relacionada ao colo da bexiga •Um ápice que está em contato com a fáscia na face superior dos músculos esfíncter da uretra e transverso profundo do períneo •Uma face anterior muscular, cuja maioria das fibras musculares é transversal e forma um hemiesfíncter vertical, semelhante a uma depressão (rabdoesfíncter), que é parte do músculo esfíncter da uretra. Gabriel Maia @algummaia • A face anterior é separada da sínfise púbica pela gordura extraperitoneal no espaço retropúbico •Uma face posterior relacionada com a ampola do reto •Faces inferolaterais relacionadas com o músculo levantador do ânus. A descrição tradicional da próstata inclui os lobos a seguir, embora não sejam bem distintos do ponto de vista anatômico •O istmo da próstata situa-se anteriormente à uretra. É fibromuscular, as fibras musculares representam a continuação superior do músculo esfíncter externo da uretra para o colo da bexiga e contém pouco ou nenhum tecido glandular •Os lobos direito e esquerdo da próstata, separados anteriormente pelo istmo e posteriormente por um sulco longitudinal central e pouco profundo, podem ser subdivididos, cada um, para fins descritivos, em quatro lóbulos indistintos, definidos por sua relação com a uretra e os ductos ejaculatórios, e – embora menos visível – pelo arranjo dos ductos e tecido conjuntivo: 1.Um lóbulo inferoposterior situado posterior à uretra e inferior aos ductos ejaculatórios. Esse lóbulo constitui a face da próstata palpável ao exame retal digital 2.Um lóbulo inferolateral diretamente lateral à uretra, que forma a maior parte do lobo direito ou esquerdo 3.Um lóbulo superomedial, situado profundamente ao lóbulo inferoposterior, circundando o ducto ejaculatório ipsilateral 4.Um lóbulo anteromedial, situado profundamente ao lóbulo inferolateral, diretamente lateral à parte prostática proximal da uretra. Gabriel Maia @algummaia Alguns médicos, principalmente urologistas e ultrassonografistas, dividem a próstata em zonas periférica e central (interna). A zona central é comparável ao lobo médio. CURIOSIDADE PARA APG Os dúctulos prostáticos (20 a 30) se abrem principalmente nos seios prostáticos, situados de cada lado do colículo seminal na parede posterior da parte prostática da uretra. O líquido prostático, fino e leitoso, representa aproximadamente 20% do volume do sêmen (uma mistura de secreções produzidas pelos testículos, glândulas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais que constitui o veículo no qual os espermatozoides são transportados) e participa da ativação dos espermatozoides. Gabriel Maia @algummaia GLÂNDULA SEMINAIS As glândulas seminais (ou vesículas seminais), pares, são estruturas saculares convolutas, com aproximadamente 5 cm de comprimento, localizadas posteriormente à base da bexiga urinária e anteriormente ao reto. Os ductos excretores das glândulas seminais secretam líquido seminal, um líquido alcalino viscoso que contém frutose (um monossacarídeo), prostaglandinas e proteínas da coagulação que são diferentes das proteínas da coagulação no sangue. A natureza alcalina do líquido seminal ajuda a neutralizar o meio ácido da uretra masculina e do sistema genital feminino. Se não existisse esse líquido, os espermatozoides seriam inativados e destruídos. A frutose é utilizada na produção de ATP pelos espermatozoides. As prostaglandinas contribuem para a motilidade e a viabilidade dos espermatozoides e estimulam contrações da musculatura lisa no sistema genital feminino. As proteínas de coagulação ajudam o sêmen a coagular após a ejaculação. Acredita-se que a coagulação ocorra para evitar que os espermatozoides escorram da vagina. O líquido secretado normalmente pelas glândulas seminais constitui aproximadamente 60% do volume de sêmen. GLÂNDULA BULBOURETRAIS As glândulas bulbouretrais (glândulas de Cowper), pares, têm o tamanho aproximado de ervilhas. As glândulas bulbouretrais estão localizadas inferiormente à próstata de cada lado da parte membranácea da uretra nos músculos transversos profundos do períneo, e seus ductos se abrem para a parte esponjosa da uretra. Durante a excitação sexual, as glândulas bulbouretrais secretam um líquido alcalino para a uretra, o qual protege os espermatozoides, ao neutralizar os ácidos da urina na uretra. Gabriel Maia @algummaia Elas também secretam muco que lubrifica a extremidade do pênis e o revestimento da uretra, reduzindo o número de espermatozoides danificados durante a ejaculação. Alguns homens liberam uma ou duas gotas desse muco durante a excitação sexual e a ereção. Esse líquido não contém espermatozoides. EPIDÍDIMO O epidídimo é um órgão com aproximadamente 4 cm de comprimento encurvado ao longo das margens superior e posterior dos testículos, apresentando um aspecto semelhante a uma vírgula na vista lateral. Cada epidídimo é constituído principalmente pelo ducto do epidídimo, que é extremamente espiralado. Os dúctulos eferentes do testículo se juntam ao ducto do epidídimo na parte superior (maior) do epidídimo, que é denominada cabeça do epidídimo. O corpo do epidídimo é a parte média (estreita) do epidídimo e a cauda é a parte inferior (a menor parte). Em sua extremidade distal, a cauda do epidídimo se continua como ducto deferente (discutido logo adiante). O ducto do epidídimo teria aproximadamente 3 a 4 m de comprimento se fosse desenroscado; é revestido por epitélio pseudoestratificado colunar e circundado por camadas de músculo liso. As superfícies livres das células colunares contêm estereocílios, que, apesar do seu nome, são microvilosidades (não são cílios) longas e ramificadas que aumentam a área de superfície para a reabsorção de espermatozoides degenerados. Tecido conjuntivo em torno da camada muscular conecta as alças do ducto do epidídimo e contém vasos sanguíneos e nervos. Do ponto de vista funcional, o epidídimo é o local da maturação dos espermatozoides, o processo por meio do qual os espermatozoides adquirem motilidade e a capacidade de fertilizar um oócito secundário. Isso ocorre em um período de aproximadamente 14 dias. O epidídimo também ajuda a impulsionaros espermatozoides para o ducto deferente durante a excitação sexual por meio de contração peristáltica de sua musculatura lisa. Além disso, o epidídimo armazena espermatozoides, que lá permanecem viáveis por até alguns meses. Os espermatozoides que não são ejaculados durante esse período são reabsorvidos. Gabriel Maia @algummaia DUCTOS DO SISTEMA GENITAL DUCTOS DOS TESTÍCULOS A pressão gerada pelo líquido secretado pelas células de Sertoli impulsiona os espermatozoides e o líquido ao longo do lúmen dos túbulos seminíferos contorcidos e, a seguir, ao longo de vários ductos muito curtos, os chamados túbulos seminíferos retos. Os túbulos seminíferos retos levam a um sistema de ductos no testículo denominado rede do testículo. A partir da rede do testículo, os espermatozoides se movem para os dúctulos eferentes em direção ao epidídimo, e escoam em um tubo único denominado ducto do epidídimo. FUNÍCULO ESPERMÁTICO O funículo espermático é uma estrutura acessória do sistema genital masculino que ascende a partir do escroto. Cada funículo espermático é constituído por um ducto deferente que ascende a partir do escroto, pela artéria testicular, pelas veias que drenam o testículo e levam testosterona para a circulação (o plexo pampiniforme), por nervos autônomos, por vasos linfáticos e pelo músculo cremaster. O funículo espermático e o nervo ilioinguinal atravessam o canal inguinal, uma via de passagem oblíqua na parede anterior do abdome, anterior, ligeiramente superior e paralela à metade medial do ligamento inguinal. O canal inguinal, que tem aproximadamente 4 a 5 cm de comprimento, origina-se no anel inguinal profundo (abdominal), uma abertura na aponeurose do músculo transverso do abdome; o canal inguinal termina no anel inguinal superficial (subcutâneo), uma abertura triangular na aponeurose do músculo oblíquo externo do abdome. Nas mulheres, o ligamento redondo do útero e o nervo ilioinguinal atravessam o canal inguinal. O termo varicocele descreve uma tumefação no escroto consequente à dilatação das veias que drenam os testículos. É, habitualmente, mais evidente quando o indivíduo está em posição ortostática. A intervenção cirúrgica é indicada quando o paciente refere dor testicular refratária à medicação, em casos de infertilidade ou quando são detectados níveis plasmáticos baixos de testosterona. Gabriel Maia @algummaia DUCTO DEFERENTE Na cauda do epidídimo, o ducto do epidídimo se torna menos convoluto e seu diâmetro aumenta. Depois desse ponto, o ducto do epidídimo passa a ser chamado ducto deferente. O ducto deferente, que tem aproximadamente 45 cm de comprimento, ascende ao longo da margem posterior do epidídimo pelo funículo espermático e, a seguir, penetra na cavidade pélvica. O ducto deferente passa sobre o ureter, sobre as superfícies lateral e posterior da bexiga urinária. A parte terminal dilatada do ducto deferente é a ampola. A mucosa do ducto deferente é constituída por epitélio pseudoestratificado colunar e lâmina própria (tecido conjuntivo areolar). A camada muscular é constituída por três camadas de músculo liso; as camadas interna e externa são longitudinais e a camada média é circular. Do ponto de vista funcional, o ducto deferente transporta espermatozoides durante a excitação sexual do epidídimo para a uretra por meio de contrações peristálticas de sua camada muscular. Como o epidídimo, o ducto deferente também consegue armazenar espermatozoides por alguns meses. Os espermatozoides armazenados e que não são ejaculados acabam sendo reabsorvidos. DUCTO EJACULATÓRIO Cada ducto ejaculatório tem aproximadamente 2 cm de comprimento e é formado pela união do ducto excretor da glândula seminal com a ampola do ducto deferente. Os curtos ductos ejaculatórios se formam logo acima da base (parte superior) da próstata e passam inferior e anteriormente através da próstata. Eles terminam na parte prostática da uretra, onde ejetam espermatozoides e secreções das glândulas seminais imediatamente antes da liberação do sêmen da uretra para a parte exterior do corpo. Gabriel Maia @algummaia SÊMEN O sêmen é composto por espermatozoides e líquidos provenientes dos túbulos seminíferos, glândulas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais. O volume de sêmen por ejaculação é de 2,5 a 5 mL, com 50 a 150 milhões de espermatozoides por mL. Um número abaixo de 20 milhões/mL pode indicar infertilidade. O sêmen tem pH ligeiramente alcalino (7,2 a 7,7), e o líquido seminal fornece transporte, nutrientes e proteção aos espermatozoides. Após a ejaculação, o sêmen coagula em 5 minutos, e em 10 a 20 minutos, se liquefaz novamente. A liquefação tardia pode prejudicar a motilidade dos espermatozoides. ESCROTO O escroto, a estrutura que alberga os testículos, é constituído de pele frouxa e a tela subcutânea subjacente que pende da raiz do pênis. Externamente, o escroto tem o aspecto de uma bolsa de pele separada em partes laterais por uma crista mediana denominada rafe do escroto. Internamente, o septo do escroto divide o escroto em dois compartimentos, cada um contendo um testículo. O septo é constituído por tela subcutânea e tecido muscular, denominado músculo dartos, que consiste em feixes de fibras musculares lisas. O músculo dartos também é encontrado na tela subcutânea do escroto. Associado a cada testículo no escroto está o músculo cremaster, uma série de pequenas faixas de músculo esquelético que descem como uma extensão do músculo oblíquo interno do abdome através do funículo espermático para circundar os testículos. A localização do escroto e a contração de suas fibras musculares regulam a temperatura dos testículos. A produção normal de espermatozoides demanda uma temperatura aproximadamente 2 a 3°C abaixo da temperatura corporal central. Essa temperatura mais baixa é mantida no interior do escroto, porque ele se encontra fora da cavidade pélvica. Em resposta a temperaturas ambientais frias, os músculos cremaster e dartos se contraem. A contração do músculo cremaster aproxima os testículos do corpo e eles conseguem absorver o calor corporal. A contração do músculo dartos tensiona o escroto (e o aspecto dele se torna enrugado), reduzindo, assim, a perda de calor. A exposição ao calor reverte essas ações. Gabriel Maia @algummaia TESTÍCULOS Os testículos, são glândulas ovais, pares, localizadas no escroto que têm aproximadamente 5 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. Cada testículo tem uma massa de 10 a 15 g. Os testículos se desenvolvem perto dos rins, na parte posterior do abdome e, habitualmente, começam sua descida para o escroto através dos canais inguinais (localizados na parede anterior inferior do abdome) durante a segunda metade do sétimo mês de desenvolvimento fetal. A túnica vaginal, uma serosa derivada do peritônio, cobre parcialmente os testículos, e o acúmulo de líquido nela é chamado de hidrocele, normalmente sem necessidade de tratamento. Internamente, os testículos são circundados pela túnica albugínea, que forma septos dividindo-os em lóbulos. Cada lóbulo contém de um a três túbulos seminíferos, onde ocorre a espermatogênese. Nos túbulos seminíferos, há espermatogônias, que produzem espermatozoides, e células de Sertoli, que auxiliam no processo de espermatogênese. As espermatogônias se desenvolvem no embrião e começam a produzir espermatozoides na puberdade. Gabriel Maia @algummaia TESTÍCULOS Integradas entre as espermatogônias nos túbulos seminíferos são encontradas grandes células de sustentação, também conhecidas como células de Sertoli, que se estendem desde a membrana basal até o lúmen do túbulo. Internamente à membrana basal e às espermatogônias, junções oclusivas conectam células de Sertoli adjacentes. Essas junções oclusivas formam uma obstrução conhecida como barreira hematotesticular, porque aí, as substâncias precisam, primeiramente, atravessar as células de Sertoli antes de conseguirem chegar aos espermatozoides em desenvolvimento. A barreirahematotesticular, ao isolar os gametas em desenvolvimento, do sangue, evita a ocorrência de resposta imune contra os antígenos na superfície das espermatogônias, que seriam reconhecidas como “estranhas” pelo sistema imune. A barreira hematotesticular não inclui as espermatogônias. As células de Sertoli mantêm e protegem as espermatogônias em desenvolvimento de várias maneiras: nutrem espermatócitos, espermátides e espermatozoides; fagocitam o excesso de citoplasma das espermátides durante o processo de desenvolvimento e controlam a liberação dos espermatozoides para o lúmen dos túbulos seminíferos. As células de Sertoli também produzem líquido para o transporte dos espermatozoides, secretam o hormônio inibina e regulam os efeitos da testosterona e do hormônio foliculoestimulante (FSH). Nos espaços entre os túbulos seminíferos adjacentes existem agrupamentos de células denominadas células endócrinas intersticiais ou células de Leydig. Essas células secretam testosterona, o androgênio mais prevalente. O androgênio é um hormônio que promove o desenvolvimento das características sexuais masculinas. A testosterona também promove a libido (impulso sexual) dos homens. Gabriel Maia @algummaia ESPERMATOGÊNESE Nos seres humanos a espermatogênese demora 65 a 75 dias; começa com as espermatogônias, que contêm o número diploide (2n) de cromossomos. As espermatogônias são células precursoras; quando as espermatogônias sofrem mitose, algumas dessas células permanecem perto da membrana basal dos túbulos seminíferos em um estado indiferenciado e são um reservatório de células para futuras divisões celulares e subsequente produção de espermatozoides. O restante das espermatogônias perde contato com a membrana basal, atravessa as junções oclusivas da barreira hematotesticular, sofre alterações desenvolvimentais e se diferencia em espermatócitos primários. Como as espermatogônias, os espermatócitos primários são diploides (2n); ou seja, têm 46 cromossomos. Pouco tempo depois de sua formação, cada espermatócito primário replica seu DNA e, a seguir, começa a meiose. Na meiose I, pares homólogos de cromossomos se alinham na placa de metáfase e ocorre crossing-over. O fuso meiótico traciona um cromossomo (duplicado) de cada par para um polo oposto da célula em divisão. As duas células formadas pela meiose I são denominadas espermatócitos secundários. Cada espermatócito secundário tem 23 cromossomos, o número haploide (n). Cada cromossomo em um espermatócito secundário, entretanto, é constituído de duas cromátides (duas cópias do DNA) ainda conectadas por um centrômero. Não ocorre replicação de DNA nos espermatócitos secundários. Na meiose II, os cromossomos ficam dispostos em uma fileira única ao longo da placa da metáfase e as duas cromátides de cada cromossomo se separam. As quatro células haploides resultantes da meiose II são denominadas espermátides. Portanto, um espermatócito primário produz quatro espermátides com número haploide (n) via duas rodadas de divisão celular (meiose I e meiose II) com número haploide (n). Um processo singular ocorre durante a espermatogênese. Enquanto os espermatozoides proliferam, eles não completam a separação citoplasmática (citocinese). As células permanecem em contato por meio de pontes citoplasmáticas durante todo o desenvolvimento. Esse padrão de desenvolvimento é, muito provavelmente, responsável pela produção sincronizada de espermatozoides em várias áreas dos túbulos seminíferos. Além disso, tem valor em termos de sobrevida porque 50% dos espermatozoides contêm um cromossomo X e 50% contêm um cromossomo Y. O cromossomo X, que é maior, carreia genes necessários para a espermatogênese que não existem no cromossomo Y, que é menor. Gabriel Maia @algummaia O estágio final da espermatogênese, espermiogênese, consiste na maturação das espermátides haploides em espermatozoides. Não ocorre divisão celular durante a espermiogênese; cada espermátide se torna um espermatozoide. Durante esse processo, as espermátides esféricas se transformam em espermatozoides delgados e alongados. Um acrossoma se forma acima do núcleo, que se condensa e alonga, um flagelo se desenvolve e as mitocôndrias se multiplicam. Células de Sertoli eliminam o excesso de citoplasma que é descartado. Por fim, os espermatozoides são liberados de suas conexões com as células de Sertoli, em um evento conhecido como espermiação. Os espermatozoides chegam, então, ao lúmen dos túbulos seminíferos. O líquido secretado pelas células de Sertoli “empurra” os espermatozoides em direção aos ductos dos testículos. Nesse ponto, os espermatozoides ainda não conseguem nadar. ESPERMATOZOIDE A cada dia aproximadamente 300 milhões de espermatozoides completam o processo de espermatogênese. Um espermatozoide tem aproximadamente 60 μm de comprimento e contém algumas estruturas que estão adaptadas para alcançar e penetrar em um oócito secundário As principais partes dos espermatozoides são a cabeça e a cauda. A cabeça pontiaguda dos espermatozoides tem aproximadamente 4 a 5 μm de comprimento e contém um núcleo com 23 cromossomos extremamente condensados. O acrossoma, uma vesícula em formato de capuz preenchida com enzimas que ajudam o espermatozoide a penetrar no oócito secundário para ocorrer a fertilização, recobre os dois terços anteriores do núcleo. Entre as enzimas, estão hialuronidase e proteases. A cauda dos espermatozoides está subdividida em quatro partes: colo, peça intermédia, peça principal e peça terminal. Os centríolos formam os microtúbulos que constituem o restante da cauda. O colo é a região deprimida imediatamente atrás da cabeça do espermatozoide e contém centríolos. A peça intermédia contém mitocôndrias dispostas em espiral, que fornecem energia [ATP] para a locomoção dos espermatozoides até o local da fertilização e para o metabolismo dos espermatozoides. Gabriel Maia @algummaia A peça principal é a parte mais longa da cauda e a peça terminal é a parte afilada da cauda dos espermatozoides. Após serem ejaculados, a maioria dos espermatozoides não sobrevive mais de 48 horas no sistema genital feminino. CONTROLE HORMONAL DA FUNÇÃO TESTICULAR Embora os fatores desencadeadores não sejam conhecidos, na puberdade determinadas células neurossecretoras hipotalâmicas aumentam sua secreção do hormônio liberador de gonadotropinas (GnRH). Esse hormônio, por sua vez, estimula as células gonadotróficas na adeno-hipófise a aumentarem sua secreção de duas gonadotropinas, hormônio luteinizante (LH) e FSH. A mostra os hormônios e as alças de retroalimentação (feedback) negativas que controlam a secreção de testosterona e a espermatogênese. O LH estimula as células de Leydig, que estão localizadas entre os túbulos seminíferos, a secretar o hormônio testosterona. Esse hormônio esteroide é sintetizado a partir do colesterol nos testículos e é o principal androgênio. A testosterona é lipossolúvel e se difunde prontamente para fora das células intersticiais para o líquido intersticial e, depois, para o sangue. A testosterona, via feedback negativo, suprime a secreção de LH pelos gonadotrofos da adeno- hipófise, além de suprimir a secreção de GnRH pelas células neurossecretoras hipotalâmicas. Em algumas células-alvo, como as encontradas nos órgãos genitais externos e na próstata, a enzima 5 alfarredutase converte a testosterona em outro androgênio denominado di- hidrotestosterona (DHT). Esse Controle hormonal da espermatogênese e ações da testosterona e da di- hidrotestosterona (DHT).: Em resposta à estimulação pelo FSH e pela testosterona, as células de Sertoli secretam proteína ligadora de androgênio (ABP). As linhas pontilhadas vermelhas indicam inibição por feedback negativo. Gabriel Maia @algummaia O FSH atua de modo indireto para estimular a espermatogênese. O FSH e a testosterona atuam de modo sinérgico nas células de Sertoli e estimulam a secreção da proteína ligadora de androgênio (ABP,androgen-binding protein) para o lúmen dos túbulos seminíferos e para o líquido intersticial em torno das espermatogônias. A ABP se liga à testosterona, mantendo sua concentração elevada. A testosterona estimula as etapas finais da espermatogênese nos túbulos seminíferos. Após ser atingido o grau de espermatogênese necessário para as funções reprodutoras masculinas, as células de Sertoli liberam inibina, um hormônio proteico assim denominado porque inibe a secreção de FSH pela adeno-hipófise. Se a espermatogênese progredir muito lentamente, menos inibina é liberada, possibilitando mais secreção de FSH e aceleração da espermatogênese. A testosterona e a di-hidrotestosterona se ligam aos mesmos receptores de androgênio, que são encontrados no interior dos núcleos das células-alvo. O complexo hormônio–receptor regula a expressão gênica, “ligando” alguns genes e “desligando” outros genes. Por causa dessas modificações, os androgênios provocam vários efeitos: • Antes do nascimento, a testosterona promove o desenvolvimento masculino dos ductos genitais e a descida dos testículos, enquanto a di-hidrotestosterona estimula o desenvolvimento dos órgãos genitais externos. No encéfalo, a testosterona é convertida em estrógenos, que ajudam no desenvolvimento de certas regiões cerebrais nos homens. • Desenvolvimento das características sexuais masculinas. Na puberdade, a testosterona e a di-hidrotestosterona desencadeiam o desenvolvimento e o aumento dos órgãos sexuais masculinos e o desenvolvimento das características sexuais secundárias masculinas. As características sexuais secundárias são traços que diferenciam homens e mulheres, mas não participam diretamente na reprodução. As características sexuais secundárias incluem crescimento muscular e esquelético que resulta em ombros largos e quadris estreitos; pelos na face e no tórax (dentro dos limites hereditários) e mais pelos em outras partes do corpo; espessamento da pele; aumento da secreção das glândulas sebáceas e aumento das dimensões da laringe e consequente modificação da voz (mais grave) • Desenvolvimento da função sexual. Os androgênios contribuem para o comportamento sexual masculino e para a espermatogênese e para o impulso sexual (libido) nos homens e nas mulheres. Vale lembrar que o córtex da suprarrenal é a principal fonte de androgênios nas mulheres • Estimulação do anabolismo. Androgênios são hormônios anabólicos, ou seja, eles estimulam a síntese proteica. Esse efeito é evidente na musculatura mais desenvolvida e na maior massa óssea da maioria dos homens em comparação às mulheres. Gabriel Maia @algummaia Um sistema de retroalimentação (feedback) negativo regula a produção de testosterona. Quando a concentração sanguínea de testosterona se eleva até determinado nível, ela inibe a liberação de GnRH por células no hipotálamo. Como resultado, há menos GnRH no sangue portal que flui do hipotálamo para a adeno- hipófise. Entretanto, se a concentração sanguínea de testosterona cair muito, o GnRH é liberado de novo pelo hipotálamo e estimula a secreção de LH pela adeno-hipófise. O LH estimula, por sua vez, a produção de testosterona pelos testículos. A seguir, células gonadotróficas na adeno-hipófise liberam menos LH, de modo que a concentração dele no sangue sistêmico cai. Por causa da estimulação reduzida por LH, as células de Leydig nos testículos secretam menos testosterona e ocorre um retorno à homeostasia