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Migração Contemporânea no Brasil

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[ ANAIS ] 
 I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
[ UFSC │ PET/SSO │ FLORIANÓPOLIS │ 26 DE JUNHO DE 2019 ] 
MIGRAÇÃO CONTEMPORÂNEA NO BRASIL: QUESTÕES E DESAFIOS 
 PARA O SERVIÇO SOCIAL 
 
 
Laura Ricardo Marchese 18 
 
Palavras-Chave: Imigração. Direitos Sociais. Serviço Social. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Nos últimos anos, os fluxos migratórios têm passado por diversas alterações. No Brasil, 
essas alterações são percebidas no lugar que o país ocupa nos fluxos, na mudança do perfil 
dos sujeitos que migram e nas rotas adotadas no processo migratório. Tendo como contexto o 
panorama das migrações contemporâneas e a inserção no campo de estágio no Centro de 
Referência de Atendimento ao Imigrante (CRAI), neste trabalho apresenta-se a revisão de 
literatura utilizada em meu projeto de pesquisa, apresentado na disciplina de Pesquisa em 
Serviço Social II (DSS7126), que pretende analisar o atendimento à população imigrante na 
rede socioassistencial da grande Florianópolis. 
O trabalho divide-se em três partes. Na primeira parte são feitas algumas considerações 
sobre as relações entre imigração e trabalho. Em sequência, é traçado um breve panorama dos 
fluxos migratórios que envolvem o Brasil na atualidade, abordando também a nova Lei de 
Migração. Por fim, aprofunda-se a discussão no que tange ao acesso da população imigrante 
aos seus direitos sociais e questões pertinentes no atendimento à suas demandas. 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
 
A migração se constitui como um fenômeno social que faz parte da humanidade desde 
a sua origem. Contudo, os fluxos migratórios tem tomado força nos últimos anos. De acordo 
com a Organização Internacional para Migração (2018), aproximadamente 244 milhões de 
pessoas estão em situação de migração no mundo todo, um crescimento de 89 milhões em 
comparação com o ano 2000. 
 
18Graduanda em Serviço Social na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Integrante do Núcleo de Estudos e 
Pesquisas em Estado, Sociedade Civil, Políticas Públicas e Serviço Social (NESPP). 
E-mail: laura.marchese@grad.ufsc.br 
 
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 I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
[ UFSC │ PET/SSO │ FLORIANÓPOLIS │ 26 DE JUNHO DE 2019 ] 
Ao analisar a temática da imigração, é necessário estabelecer um esclarecimento em 
relação à diferença entre os conceitos de migração e refúgio. Segundo D’oco e Dias (2016), 
 
o processo de migração [...] implica mudança de país por distintos motivos, como 
possibilidade de ascensão econômica e estudos; já o refúgio implica a migração 
forçada, onde há um movimento de pessoas em situação de coação, incluindo a ameaça de vida e de subsistência. (D’OCO E DIAS, 2016, p. 30). 
 
2.1 IMIGRAÇÃO E TRABALHO 
 
Considera-se imprescindível pensar imigração levando em consideração a relação 
entre capital-trabalho e a inserção laboral do sujeito migrante nesse processo. Conforme 
assinala Tavares (2014), a relação emprego/desemprego é o que predominantemente move 
os fluxos migratórios: de acordo com a Global Migration Data Analysis Centre (2018), havia 
cerca de 150.3 milhões de migrantes laborais no mundo em 2015. Assim, a inserção no 
mercado de trabalho, sobretudo no âmbito formal, torna-se um dos primeiros e maiores 
desafios enfrentados pelo imigrante ao chegar ao país de destino. Conforme Perocco (2017), a 
precarização do trabalho é um processo global que atinge com mais força os imigrantes, tendo 
em vista que além da vulnerabilidade laboral, sua condição é marcada pelas vulnerabilidades 
jurídica e social. 
Além da questão da precarização laboral, é necessário pontuar também a relação do 
aumento da xenofobia com os contextos de crise econômica e de aumento do desemprego. É 
preciso lembrar que, nas palavras de Tavares, “o senso comum tende a responsabilizar os 
imigrantes pelo desemprego, quando não lhes atribui centralidade no crime, na disseminação das drogas e em outros males sociais” (TAVARES, 2014, p. 4). 
 
2.2 A IMIGRAÇÃO NO BRASIL DO SÉCULO XXI 
 
Seguindo as tendências globais, o Brasil também tem presenciado mudanças nos fluxos 
migratórios. De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM, 2018), em 
2017, cerca de 735.6 mil imigrantes viviam no país, sendo 143 mil a mais em relação à 
estimativa de 2010. 
Os fluxos migratórios têm passado por mudanças, inclusive em relação à origem do 
imigrante. Em contraposição à origem majoritariamente europeia dos imigrantes no Brasil 
dos séculos XIX e XX, Baeninger (2018) caracteriza os movimentos migratórios do século XXI 
 
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 I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
[ UFSC │ PET/SSO │ FLORIANÓPOLIS │ 26 DE JUNHO DE 2019 ] 
como predominantemente migrações Sul-Sul, entre e em direção aos países latino-
americanos. Conforme Fernandes (2015), não há um movimento único que se coloca como 
predominante nos fluxos migratórios, sendo necessário considerar os brasileiros que 
continuam buscando emigrar e os imigrantes que consideram o Brasil como uma etapa de um 
processo migratório para outro país. 
Em razão da retomada do crescimento da imigração no Brasil, em 2017 entra em vigor 
a Lei n. 13.445, a Lei de Migração, que substitui a Lei n. 6.815 de 1980, conhecida como 
Estatuto do Estrangeiro. Até então, não havia uma legislação que tratasse especificamente 
sobre a migração e, por ter sido concebida durante o regime militar, seus aspectos eram 
voltados prioritariamente para a segurança nacional. De maneira geral, a nova lei de migração 
propõe a garantia de diversos direitos aos imigrantes, além de desburocratizar o processo de 
regulação migratória e institucionalizar os vistos humanitários. Apesar de a lei ter sido alvo de 
diversas críticas dos setores conservadores, segundo Guerra (2017) ela representou avanços 
no sentido de promover a acolhida humanitária, repudiar e previnir formas de discriminação 
e criminalização do migrante e de promover sua regularização documental e seus direitos. 
 
2.3 ACESSO AOS DIREITOS SOCIAIS DOS IMIGRANTES 
 
No que tange ao acesso dos imigrantes aos seus direitos sociais, com a promulgação da 
nova Lei de Migração a legislação passa a tratar não apenas de uma inserção laboral e 
produtiva do imigrante, mas também uma inclusão social. Dessa forma, ela estabelece um 
acesso igualitário dessa população a programas, serviços e benefícios sociais sem a 
necessidade de naturalização. 
Contudo, é necessário pontuar os desafios postos na efetivação desse acesso. Ao 
problematizar as intervenções profissionais junto aos imigrantes nas políticas de seguridade 
social, Lanza, Faquin e Ribeiro (2018) apontam para algumas dificuldades relatadas por 
profissionais da rede socioassistencial. A primeira delas diz respeito à questão da 
comunicação, que consiste no principal instrumento para a ação profissional: os usuários 
imigrantes muitas vezes não possuem um domínio da língua portuguesa e os locais não 
contam com a presença profissionais intérpretes, tornando-se a maior dificuldade enfrentada 
pelos profissionais durante o atendimento. 
Além da dificuldade da comunicação com o usuário, notou-se uma falta de clareza na 
compreensão do imigrante como sujeito dotado de particularidades e determinantes culturais 
 
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por parte dos profissionais. Nesse sentido, Lanza, Faquin e Ribeiro (2018) destacam a 
necessidade de atentar-se à questão de um atendimento igual à usuários brasileiros e 
migrantes. 
Consideramos que esse direcionamento ao invés de ampliar, dificulta o acesso, uma 
vez que essa população, por sua própria condição de imigrante, de não deter as 
mesmas trajetórias da população brasileira junto aos serviços, se depara com 
barreiras de origem. 
Ou seja, além da questão da linguagem, [...] existetambém a ausência de conhecimento 
acerca do funcionamento do sistema de proteção social brasileiro, dificuldades com a 
regularização de documentação e culturas distintas. Para essa população, é necessário 
que seja prestado um atendimento para além de universal: equânime. (LANZA; 
FAQUIN; RIBEIRO, 2018, p. 276) 
 
Além da necessidade de um trabalho no sentido de capacitar os profissionais para o 
atendimento ao imigrante, aponta-se para a primordialidade da efetivação de políticas 
públicas para atendimento qualificado de suas demandas. Ao analisar a situação laboral dos 
refugiados na região sul do Brasil e suas políticas públicas, Boas e Santos (2018) apontam 
para a falta de políticas públicas ou Conselho especializado direcionados à questão migratória 
no estado de Santa Catarina. Assim, a abordagem das demandas da população migrante acaba 
sendo realizada pela sociedade civil, através de atores como o Grupo de Trabalho de Apoio a 
Imigrantes e Refugiados (GTI) da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de 
Santa Catarina, o serviço da Pastoral do Migrante, o Grupo de Apoio a Imigrantes e Refugiados 
em Florianópolis e região (GAIRF) e o Centro de Referência de Atendimento ao Imigrante 
(CRAI) em Florianópolis. 
Atuando nas áreas de Proteção, Integração, Serviço Social e Psicologia, o CRAI teve sua 
criação em 2016, através de um convênio firmado entre o Governo do Estado de Santa 
Catarina e a Ação Social Arquidiocesana. Contudo, a abertura do serviço efetivou-se apenas 
em 2018, devido à questões burocráticas. Além de operar com atrasos de repasses 
financeiros, o contrato firmado tem duração prevista de 24 meses de execução, que entrou em 
vigor no momento da assinatura do convênio, e não na data de abertura do serviço, causando 
um fechamento do serviço por dois dias em 2018. Frente a isso, realizou-se a assinatura de 
termo aditivo, causando clima de incerteza quanto ao seu funcionamento, pois este termo visa 
a manutenção do serviço apenas até setembro de 2019. Dessa forma, Frazão et al. (2018) 
destaca, 
cabe ressaltar que a atuação da equipe profissional do CRAI-SC não é restrita ao 
espaço físico onde funciona o centro. Desde sua abertura, são realizadas capacitações, 
atendimentos externos e atividades que estão para além do exigido no contrato, mas 
são fundamentais para a qualificação da acolhida realizada aos migrantes no estado, 
uma vez que este trabalho só se consolidará se for realizado em rede. Desta forma, 
 
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estar fechado por tempo indeterminado por conta de instabilidade econômico-política 
traz efeitos não apenas ao atendimento direto realizado, mas também às atividades de 
outras instituições que contam com o apoio do CRAI-SC. 
 
 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Apesar de ter representado um grande avanço na proteção e integração do sujeito 
imigrante, a nova Lei de Migração de 2017 por si só não garante uma efetiva acolhida e 
integração dessa população no país. Além da proteção no âmbito legislativo, é necessário 
apontar a necessidade de políticas públicas efetivas e qualificadas no atendimento de suas 
demandas, que sejam capazes inclusive de considerar as suas particularidades e suas 
diferenças culturais. Contudo, essa efetivação ainda coloca-se como um desafio a ser 
enfrentado: além da falta de serviços especializados em âmbito nacional. 
Em Santa Catarina, é tido como fundamental o serviço prestado pelo Centro de 
Referência de Atendimento ao Imigrante, sendo necessário defender sua manutenção e 
expansão para outros municípios. Contudo, é importante pontuar a contradição com a falta de 
interesse por parte do poder público em sua manutenção, que pode ser percebida na previsão 
de seu funcionamento por um curto período de tempo e nas dificuldades que o serviço 
enfrenta. 
Assim, através dessa breve revisão de literatura é possível perceber as novas 
particularidades do fenômeno migratório na contemporaneidade. Além disso, também 
permite traçar os desafios que ainda persistem no acolhimento do imigrante e na efetivação 
de seus direitos, sobretudo o seu acesso aos direitos sociais. 
 
5. REFERÊNCIAS 
 
BOAS, Marina Silva Vilas; SANTOS, Rafael de Miranda. Novos Fluxos Migratórios no Brasil: 
Análise da situação dos trabalhadores refugiados na região sul do brasil e suas políticas 
públicas. In: ANNONI, Danielle (Coord.). Direito internacional dos refugiados e o 
 
Brasil. Curitiba: Gedai/ufpr, 2018. p. 212-228. Disponível em: . Acesso em: 07 maio 2019. 
 
 
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D'OCO, L. V. M.; DIAS, Míriam T. G.. Direitos Humanos, migração e refúgio: Temas pertinentes 
para a profissão de Serviço Social. Emancipacao, [s.l.], v. 16, n. 1, p.23-44, 2016. Universidade 
Estadual de Ponta Grossa (UEPG). http://dx.doi.org/10.5212/emancipacao.v.16i1.0002. 
 
FERNANDES, Duval. O Brasil e a migração internacional no século XXI. In: PRADO, Erlan José 
Peixoto do; COELHO, Renata (Org.). Migrações e Trabalho: notas introdutórias. Brasília: 
Ministério Público do Trabalho, 2015. p. 19-39. Disponível em: 
. Acesso em: 07 maio 2019. 
 
FRAZÃO, Samira Moratti et al. CRAI-SC enfrenta incertezas sobre funcionamento. 
Disponível em: . Acesso em: 07 maio 2019. 
 
GLOBAL MIGRATION DATA ANALYSIS CENTRE. Global migration indicators. Berlim: 
International Organization For Migration, 2018. Disponível em: 
. Acesso em: 08 maio 
2019. 
 
GUERRA, Sidney. A nova lei de migração no Brasil: avanços e melhorias no campo dos direitos 
humanos. Revista de Direito da Cidade, [s.l.], v. 9, n. 4, p.1717-1737, 23 out. 2017. 
Universidade de Estado do Rio de Janeiro. http://dx.doi.org/10.12957/rdc.2017.28937. 
Organização Internacional para as Migrações (OIM). Migration Data Portal. Disponível em: 
. 
Acesso em: 06 maio 2019. 
 
LANZA, Líria Maria Bettiol; RIBEIRO, Paula Basilio Alves; FAQUIN, Evelyn Secco. Imigrantes 
nos territórios: problematizações sobre intervenções profissionais nas políticas de seguridade 
social. Revista Katálysis, [s.l.], v. 21, n. 2, p.271-280, maio 2018. FapUNIFESP (SciELO). 
http://dx.doi.org/10.1590/1982-02592018v21n2p271. 
 
Organização Internacional para as Migrações (OIM). WORLD MIGRATION REPORT 2018. 
Geneva: International Organization For Migration, 2018. Disponível em: 
 
 
PEROCCO, Fabio. PRECARIZACIÓN DEL TRABAJO Y NUEVAS DESIGUALDADES: el papel de la 
inmigración. Remhu, Rev. Interdiscip. Mobil. Hum., Brasília, v. 25, n. 49, p.79-94, abr. 2017. 
 
TAVARES, Maria Augusta. Imigração: expressão universal da questão social. In: 
ENPESS/ABEPSS, 14., 2014, Natal. Imigração. Natal: Associação Brasileira de Ensino e 
Pesquisa em Serviço Social, 2014. Disponível em: 
. Acesso em: 08 maio 2019. 
 
 
http://dx.doi.org/10.12957/rdc.2017.28937
http://dx.doi.org/10.1590/1982-02592018v21n2p271
https://publications.iom.int/books/world-migration-report-2018

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