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A TERCEIRA VAGA DOS PDM’S E AS QUESTÕES ESTRATÉGICAS José LÚCIO UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA Departamento de Geografia e Planeamento Regional Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Av. Berna, 26 C, 1069061 LISBOA (PORTUGAL) Tel.+351.217933519 Fax.217977759 email:joselucio@mail.telepac.pt Gonçalo ROSA PROGITAPE – Planeamento, Arquitectura e Engenharia, Lda. Rua Almirante Barroso, 56 1000013 LISBOA (PORTUGAL) Tel.+351.210303400 Fax.210303401 email:progitape@mail.telepac.pt 1. Nota Introdutória «Os PDM’s, na sua maior parte, são apenas policiais, planoszonamento com índices quantitativos. Poucas vezes explicitam objectivos (a não ser de forma genérica) e, ainda menos, estratégias e políticas sectoriais». (cf. CARVALHO,2003: 18) Na década de noventa assistiuse em Portugal a uma intensa produção de documentos de ordenamento territorial, com particular destaque para os designados Planos Directores Municipais (PDM’s). Tendo em consideração a urgência da sua produção (recordese que os municípios que não possuíssem PDM aprovado e plenamente eficaz, não teriam acesso a determinados apoios, enquadrados, por exemplo, sob a forma de contratos programa) e o quadro temporal em que decorreu a sua elaboração, percebese que as questões de planeamento físico assumissem uma clara primazia em desfavor de outro tipo de leituras territoriais, com particular destaque para o domínio estratégico. Dez anos decorridos após a segunda vaga de PDM’s, os municípios portugueses lançamse, desde já, no processo de revisão destes mesmos planos. A leitura crítica do processo de elaboração dos PDM’s em vigor e o ganho de consciência que não é possível desligar uma política de planeamento físico de uma reflexão estratégica determinaram, em grande parte, que no quadro das revisões se atribua um peso considerável ao domínio do desenvolvimento. Neste contexto, importa reflectir sobre as expectativas e as implicações que o ganho de relevância do domínio estratégico poderão determinar. A nossa comunicação pretende efectuar uma leitura crítica, baseada em algumas revisões de PDM’s já em curso, sobre o alcance desta nova atitude perante os problemas do planeamento territorial. Equacionarseão, também, algumas pistas sobre a possível participação dos geógrafos neste processo. Pensamos que é importante salvaguardar, desde já, que o objectivo desta comunicação, tendo em linha de conta a metodologia empregue e as respectivas limitações (que reconhecemos), pretende, acima de tudo, criar um espaço de debate. Assim, as conclusões por nós apresentadas podem constituir elementos de reflexão e debate para outro tipo de estudos. 2. PDM’s e Estratégia A produção de documentos de ordenamento à escala do município remete, do ponto de vista teórico, para a reflexão em torno do desenvolvimento local. De facto, as questões estratégicas a inserir em PDM podem e devem ser equacionadas em face das perspectivas teóricas recentes no domínio do desenvolvimento. A aposta numa visão estratégica radica, deste modo, numa leitura ampla dos problemas que, nos dias de hoje, afectam as comunidades locais. Entre esses problemas poderíamos destacar: § As questões associadas à reestruturação industrial, nomeadamente as que radicam nos novos padrões de distribuição da actividade transformadora e as novas exigências de qualificação da mãodeobra; § As desigualdades geográficas no desenvolvimento, nomeadamente o ganho de consciência que, dez anos volvidos após a elaboração dos primeiros PDM’s, continuam a subsistir elevadas diferenças nos padrões de qualidade de vida dentro de um mesmo espaço administrativo (o município). Daqui resulta a constatação de que os Planos Municipais de Ordenamento do Território (PMOT’s) não garantem, por si só, a mais equilibrada distribuição de oportunidades de desenvolvimento económico; § Os problemas derivados da suburbanização das populações, nomeadamente no que respeita à questões associadas à integração social e cultural dos novos residentes e à efectiva apropriação dos espaços suburbanos pela população residente nesses locais. Assim, e em face dos limites evidentes dos documentos de Ordenamento do Território elaborados no decurso dos anos noventa, as autarquias voltamse, cada vez mais, para o enfoque em questões estratégicas, no pressuposto de que a reflexão e a operacionalização de uma linha de desenvolvimento de médio/longo prazo possa suprir/responder às questões deixadas em aberto pelos PDM’s actualmente em vigor. Aos novos Planos Municipais de Ordenamento do Território exigese que possam responder a algumas das questõeschave no domínio do desenvolvimento local como sejam a «criação de novos empregos e o desenvolvimento das capacidades dos recursos humanos» (cf. BLAKELY and BRADSHAW, 2002: 24) Por outro lado, a justificação de assumir o desenvolvimento local como uma prioridade no quadro de uma política municipal encontra várias linhas de argumentação possíveis: § «Insatisfação decorrente da implementação de políticas de base nacional ou, em alguns casos, regional; § Ganho de importância das iniciativas ligadas às pequenas e médias empresas que tentam aproveitar excedentes específicos 1 locais; § Necessidade de maior respeito pelo espaço vivido e pelas necessidades do meio que permitam reduzir os custos sociais do desenvolvimento; § Redescoberta de variáveis não económicas  a importância renovada das relações não mediadas pelo mercado e da solidariedade social; § Necessidade de novos mecanismos locais de intervenção e de ajustamento face à globalização crescente do capital e de outros factores de produção» (cf. POLÈSE, 1998: 218). A reflexão sobre desenvolvimento local defende, portanto, «uma articulação entre o económico, o cultural e o social, associando todos os parceiros, especialmente os que se encontram, usam e apropriam do mesmo espaço. É um conceito de desenvolvimento integrado, sistémico, complexo e participado» (cf. GUERRA, 1996: 121122). É neste sentido que se devem enquadrar as novas orientações programáticas para os Planos Directores Municipais, designadamente o ganho de relevância das questões estratégicas e, em simultâneo, a tomada de consciência de que são necessárias novas especialidades técnico científicas para dar uma resposta cabal às exigências do desenvolvimento local. Conforme 1 Entendemos “Excedente específico” como a «valorização da identidade produtiva, decorrente de uma diferenciação cultural e geográfica de base local que permite formar uma vantagem competitiva» (cf. REIS, 1996: 10) veremos em capítulo posterior da nossa comunicação, importa reflectir sobre o papel dos geógrafos neste processo. Por outro lado, «é na dimensão participativa do desenvolvimento local, que podemos encontrar uma das bases fundamentais para justificar o interesse numa intervenção baseada no aproveitamento e no potenciar dos recursos de um território, na medida em que se faz apelo quer ao papel imprescindível dos recursos humanos, quer à capacidade inovadora do próprio meio (incluindo a rede de empresas existentes)» (cf. LÚCIO, 2003: 76). As políticas dirigidas à promoção do desenvolvimento local (geralmente correspondentes a políticas orientadas para o território urbano  cidades) têm, deste modo, especiais preocupações com o factor trabalho (recursos humanos), enquanto determinante da localização de actividades: «a importância da mãodeobra (preparação, capacidade de adaptação, formasde reprodução) está, assim, directamente ligada ao processo de produção e de acumulação do capital tal como é exigido pelas empresas de um determinado território» (cf. GUERRA, 1996: 121). Conforme resulta da leitura dos parágrafos anteriores, é expectável que os novos Planos Directores Municipais venham a atender a um conjunto diversificado de questões, com especial destaque para as que devem garantir a geração continuada de um elevado excedente específico e um equilibrado padrão territorial de oportunidades de desenvolvimento. Mais em pormenor, esperase que no quadro da revisão dos actuais Planos Directores Municipais em vigor se construam respostas adequadas nos seguintes domínios: § Opções estratégicas para os desafios colocados pela Nova Geografia Económica, nomeadamente no que respeita às condições locais de competitividade 2 ; § Adequada programação técnicofinanceira das acções previstas em sede de estratégia de desenvolvimento 3 – neste ponto encontramos motivos para uma cooperação entre geógrafos e outros especialistas como sejam os engenheiros do território e os economistas; § Definição de uma rede urbana local adequada à melhor e mais eficaz promoção territorial das oportunidades de desenvolvimento; 2 Sobre este assunto ver Porter, 1994. 3 Neste sentido ver BLAKELY and BRADSHAW, 2002. § Transmitir aos principais destinatários da estratégia (as populações locais) o que se espera em termos da sua participação no processo de desenvolvimento – aqui o Marketing Territorial poderá constituir uma ferramenta útil para os planeadores do território; § Procurar que o território local constitua e se afirme como um verdadeiro espaço de inovação, aberto à novidade, ao progresso e à difusão de novas técnicas, novos modelos e novas referências culturais. No ponto seguinte da nossa comunicação iremos apresentar alguns casos práticos de PDM’s que se encontram em fase de revisão e procuraremos determinar qual o tipo de preocupações estratégicas neles presentes e em que medida se pode articular a participação do geógrafo na elaboração de um Caderno Prospectivo de Desenvolvimento Local (i.e. estratégia de desenvolvimento). 3. Casos Práticos O Plano Director Municipal, enquanto instrumento de elaboração obrigatória para os municípios, estabelece o Modelo de Estrutura Espacial do Território Municipal constituíndo uma Síntese da Estratégia de Desenvolvimento e Ordenamento Local prosseguida e integrando as opções de âmbito nacional e regional com incidência na respectiva área de intervenção. Face ao que antecede, apercebemonos de que um processo territorial confrontase sempre com dinâmicas específicas que têm lugar anteriormente à sua implementação, devendo por isso ser tomadas enquanto factores determinantes, em termos de potencialidades/ contrangimentos, àquele. Esta concepção de planeamento compreende duas constatações que a teoria e prática adquirida permitem validar: § O território constitui um recurso escasso que exige uma visão integrada, racional e sustentável; § O território constitui um foco de conflito pelo cruzamento de interesses opostos nas intenções de ocupação/utilização. Estas constatações constituem um desafio acrescido à prática do planeamento territorial, exigindo que este seja entendido enquanto processo dinâmico e flexível face às complexas transformações que o caracterizam, bem como às alterações registadas na sua envolvente. Como se depreende, tanto a promulgação da legislação relacionada com a LBOTU, que contribui para uma clarificação do significado, objectivos e articulações entre instrumentos de planeamento, por um lado, como a experiência entretanto adquirida no âmbito da sua elaboração e gestão, por outro, potenciam novas reflexões sobre esta temática. Neste sentido, a entrada na chamada 3ª geração de PDM’s aconselha a produção de instrumentos de planeamento municipal flexíveis e abrangentes, integrados em sistemas articulados que superem a deslocação de conteúdos que caracterizou as fases anteriores. O Planeamento Estratégico do Território é condição essencial para a definição de uma nova e coerente política de desenvolvimento e, cada vez mais, os autarcas estão conscientes dessa realidade/necessidade. As questões estratégicas surgem, normalmente referenciadas como promotoras do desenvolvimento, da qualidade de vida e da preservação dos recursos concelhios. Como tal são peças fundamentais para ajudar a definir qual o modelo de ordenamento mais ajustado à realidade e às expectativas criadas. Essa percepção pode decorrer, por um lado, da análise de um conjunto de Cadernos de Encargos e Termos de Referência integrados em Programas de Concurso e, por outro lado, dos contactos que se estabelecem com autarcas e técnicos das câmaras no decurso da elaboração/revisão dos planos. Efectivamente, no âmbito dos Concursos Públicos para a Revisão dos Planos Directores Municipais, temse vindo a assistir a um reforço da importância atribuída às questões estratégicas. Procedemos então à selecção e análise de um conjunto de elementos que integram Concursos Públicos para a Revisão de PDM’s. Em termos gerais, estes processos de concurso são compostos por cinco partes distintas: (I) Anúncio do Concurso; (II) Programa de Concurso; (III) Caderno de Encargos; (IV) Termos de Referência e, por último, (V) Especificações Técnicas. No presente caso de estudo, a análise que se efectuará incidirá especificamente nos Cadernos de Encargos e Termos de Referência dos seguintes PDM’s: § Plano Director Municipal de Abrantes; § Plano Director Municipal de Alenquer; § Plano Director Municipal de Almeida; § Plano Director Municipal de Cuba; § Plano Director Municipal de Lamego; § Plano Director Municipal de Pombal; § Plano Director Municipal de Seia; § Plano Director Municipal de Vidigueira. No caso da selecção efectuada, as questões estratégicas surgem referenciadas de acordo com o quadro anexo. Numa leitura atenta à informação que apresenta conseguimos encontrar, em primeiro lugar, pontos comuns entre as preocupações referenciadas pelas diferentes autarquias (o que não é de estranhar uma vez que ao enunciar, em Caderno de Encargos, os objectivos do plano as autarquias recorrem frequentemente aos objectivos definidos no DecretoLei nº380/99 para os Planos Municipais de Ordenamento do Territórios – PMOT’s e especificamente para os PDM’s) e, em segundo, diversidade no tipo de questões enunciadas, reflexo das especificidades da área de intervenção de cada um dos PDM,s. Avaliação e Actualização do Modelo de Ordenamento Ao longo do período em que os actuais PDM’s estiveram em vigor sentiramse algumas omissões e lacunas que interessa às autarquias colmatar através das actuais revisões dos planos. Genericamente os problemas provinham da componente regulamentar e da inexistência de uma política estratégica associada à dimensão física. Na realidade assistiase a uma falta de fundamentação para os objectivos definidos e para as opções de ordenamento estabelecidas. Neste sentido, as autarquias pretendem, actualmente, avaliar e actualizar o seu Modelo de Ordenamento sustentandoo na definição de um quadro estratégico e de objectivos ajustado à sua realidade. Articulação com outros Planos Conforme o DecretoLei nº380/99 de 22 de Setembro determina, constitui preocupação fundamental a articulação e compatibilização entre o novo PDM e outras figuras de plano em vigor ou em elaboração.Neste contexto são explícitas as referências a instrumentos de natureza estratégica de âmbito nacional, regional (Planos Regionais de Ordenamento do Território – PROT’s e Planos de Ordenamento da Orla Costeira – POOC’s) e mesmo local como são os casos, a título de exemplo, dos Planos Estratégicos de nível concelhio e os Planos de Salvaguarda dos Centros Históricos. Definição de Estratégias de Carácter Sectorial Interessa não só que a Revisão do PDM se articule com planos sectoriais como que aprofunde e actualize, sempre que necessário, estudos de índole sectorial de forma a definir/redefinir o modelo de desenvolvimento económico e social mais ajustado ao território concelhio. Posteriormente identificarseão as áreas para a localização das diversas actividades económicas que interagem no território objecto de intervenção. Por vezes, conforme o município em causa, existe a preocupação em desenvolver mais determinado estudo sectorial. Esta atitude pode derivar de aptidões e/ou potencialidades existentes no território em estudo o que, por si, justificam a opção. Efeitos de Projectos Estruturantes É, essencialmente, neste ponto que se inscrevem os factores que resultam da especificidade do território concelhio em estudo. Os efeitos decorrentes de determinados projectos são suficientes para justificar a necessidade de redefinir estratégias de actuação e propostas de ordenamento, ajustandoas ao(s) novo(s) cenário(s) de desenvolvimento económico e social. Não é pois de estranhar que no caso dos municípios de Alenquer (Novo Aeroporto), Cuba e Vidigueira (Barragem do Alqueva, Base Aéres de Beja e Terminal de Contentores em Sines) seja atribuída fulcral importância aos impactes destes projectos na organização e uso do território concelhio bem como nos processos de reestruturação produtiva, isto é, na geografia económica local. Promoção do Território Concelhio Com a efectiva introdução de uma dimensão estratégica nesta fase de revisão dos PDM’s em vigor, as autarquias perspectivam a promoção do território que gerem. Na realidade pretendem informar, de forma fundamentada e planeada, do potencial de desenvolvimento existente no concelho procurando, com isso, atrair novos investimentos e garantir a sustentabilidade económica e social do concelho. Neste ponto assumem relevância questões associadas aos Sistemas de Informação Geográfica, ao Marketing Territorial, entre outras. Pretendese, deste modo, traçar um quadro de iniciativas que possibilitem a passagem de uma “Imagem de Referência” para uma “Imagem Objectivo”, ou seja, encontrase aqui implícita a necessidade de afirmação do território local num quadro espacial mais vasto (região, país, União). 4. Geógrafos nos PDM’s Interessa, neste ponto, perceber qual o papel dos Geógrafos no âmbito das revisões dos PDM’s em vigor. A nossa perspectiva pretende determinar até que ponto as potencialidades oferecidas pela formação científica dos Geógrafos se encontram devidamente aproveitadas no quadro das equipas técnicas que elaboram Planos Municipais de Ordenamento do Território. Assim, interessa determinar qual a verdadeira incorporação de um “Saber Geográfico” nos estudos e propostas que compõem um PDM 4 . Recorremos, igualmente, à análise dos Programas de Concurso anteriormente referenciados e à experiência decorrente da forma de trabalhar da Equipa Técnica afecta à elaboração destes mesmos planos. Como é óbvio, na sequência do conteúdo da presente comunicação e da metodologia empregue, é nosso objectivo criar pontos de discussão e não chegar a conclusões inequívocas. Assim, conforme podemos observar no quadro que segue, em oito PDM’s o Geógrafo só surge mencionado uma vez (PDM de Alenquer) tal como o acontece com, a título de exemplo, o Historiador e o Engenheiro do Território. É importante salientar que, de um modo geral, as Câmaras Municipais tendem apenas a exigir as especialidades técnicas definidas na legislação em vigor (DL 292/95), apesar daquele documento legal se aplicar a Planos de Urbanização e não especificamente a Planos Directores Municipais. Assim, estamos perante uma visão minimalista do apetrechamento técnico e científico das equipas que elaboram os PDM. 4 Sobre a inserção dos geógrafos no mercado de trabalho do planeamento territorial ver LÚCIO, 1997. Equipa Técnica exigida em Programa de Concurso Abrantes Alenquer Almeida Cuba Lamego Pombal Seia Vidigueir a Arquitecto g g g g g Eng.Civil g g g g g Geógrafo g Eng.Transportes g Arq.Paisagista g g g g g Urbanista g g g* Sociólogo g g g Jurista g g g g g Economista g g g g g Planeamento Território g g g* Eng.Ambiente g g Historiador g Geólogo g g Eng.Território g Eng.Agrónomo g** Eng.Florestal g** Topógrafo g g* em alternativa g** em alternativa Todavia, é importante verificar, no âmbito dos PDM’s em análise, qual a equipa que efectivamente está afecta à produção/revisão dos planos. Neste caso verificamos que, afinal, o Geógrafo acaba por intervir em todos os PDM’s sujeitos a revisão adquirindo, assim, alguma preponderância à semelhança dos Arquitectos, Engenheiros Civis, Arquitectos Paisagistas, Juristas, Economistas, etc. Equipa Técnica integrada em Plano (para o efectivo desenvolvimento dos trabalhos) Abrantes Alenquer Almeida Cuba Lamego Pombal Seia Vidigueir a Arquitecto g g g g g g g g Eng.Civil g g g g g g g g Geógrafo g g g g g g g g Eng.Transportes g g g g g g g g Arq.Paisagista g g g g g g g g Urbanista g g g g g Sociólogo g g g g g Jurista g g g g g g g g Economista g g g g g g g g Planeamento Território Eng.Ambiente Historiador g Geólogo Eng.Território g g g g g g g Eng.Agrónomo g g g g g g g g Eng.Florestal Topógrafo Engº Aeronáutica g Tentamos então, com base num Programa de Trabalhos dos mais comuns, identificar quais os estudos e/ou trabalhos em que um Geógrafo pode intervir. Criamos uma Matriz de Correspondência com a definição de Competências (Coordenação; Enquadramento Regional; Regulamento; etc.) e a correspondência que estas têm com a Área Técnico Científica correspondente à Geografia e tentamos perceber qual a efectiva contribuição do Geógrafo no processo de elaboração/revisão de um PDM. Matriz de Competências Geógrafo Coordenação Enquadramento Regional g Interdependências Regionais g Demografia e Povoamento g Habitação e Desenvolvimento Urbano g Rede Urbana e Equipamentos Colectivos g Actividades Económicas Estratégia de Desenvolvimento g Património Edificado e Valores HistóricoCulturais Estrutura Biofísica e Recursos Naturais Usos do Solo, Subsolo e Problemas Ambientais Acessibilidades e Rede Viária, Sistemas de Transportes Águas e Saneamento Básico Resíduos Sólidos Rede Eléctrica, Telecomunicações e Gás Estrutura Urbana/Espaços Urbanos, Urbanizáveis e Industriais Financiamento e Programação Ambiente e Qualidade de Vida Aspectos Jurídicos e Regulamentação Sistemas de Informação Geográfica g A leitura comparada dos sucessivos quadros de informação revela que, no âmbito das revisões dos Planos Directores Municipais, o Geógrafo tem vindo a ganhar preponderância no domínio da reflexão estratégica. Julgamos que este deve ser considerado como um sinal positivo de um determinado “up grade” de afirmação técnica dos licenciados em Geografia pelas Universidades Portuguesas. No entanto, continuam a colocarse algumas questões sobre as quais interessa reflectir: • A reduzida participação do Geógrafo na elaboração do “Caderno Financeiro” representa o afastamento face a uma das etapas cruciais de todo oprocesso de planeamento: a operacionalização da estratégia de desenvolvimento territorial. A repartição dos recursos pelos sectores/iniciativas considerados primordiais para o equilibrado desenvolvimento local, constitui uma fase de extrema relevância para o êxito de todo o processo de planeamento; • Importa dotar o Geógrafo de formação adequada para que este possa participar mais activamente na elaboração de propostas de ordenamento do território, isto é, na fase crucial da elaboração de propostas de afectação de solo. • Do mesmo modo, pensamos que o Geógrafo se encontra particularmente bem colocado para servir de “elo de ligação” entre as diferentes especialidades podendo, deste modo, afirmarse como um “Coordenador Operacional” de todo o trabalho a elaborar. Em síntese, pensamos que se abrem importantes perspectivas para o padrão de inserção técnica e científica dos Geógrafos no âmbito das actuais revisões de Planos Directores Municipais, desde que continue a afirmação de um espírito empreendedor e de cultura de risco entre os futuros profissionais de planeamento. Referências Bibliográficas BLAKELY, Edward and BRADSHAW, Ted (2002) “Planning Local Economic Development”, 3rd edition, Sage Publications, Califórnia. CÂMARA MUNICIPAL DE ABRANTES, 2002, “Concurso Público para o Fornecimento dos Estudos de Revisão do Plano Director Municipal de Abrantes”, CMA, Abrantes. CÂMARA MUNICIPAL DE ALENQUER, 2000, “Concurso Público para a Revisão do PDM”, CMA, Alenquer. CÂMARA MUNICIPAL DE ALMEIDA, 2002, “Concurso Público para a Revisão do Plano Director Municipal de Almeida”, CMA, Almeida. CÂMARA MUNICIPAL DE CUBA, 2002, “Concurso Limitado sem Apresentação de Candidaturas para Elaboração de Proposta de Revisão do PDM. de Cuba”, CMC, Cuba. CÂMARA MUNICIPAL DE LAMEGO, 2003, “Concurso Público para a Revisão do Plano Director Municipal de Lamego”, CML, Lamego. CÂMARA MUNICIPAL DE POMBAL, 1999, “Concurso para a Elaboração da Revisão do Plano Director Municipal de Pombal”, CMP, Pombal. CÂMARA MUNICIPAL DE SEIA, 2002, “Concurso Público para a Revisão do Plano Director Municipal de Seia”, CMS, Seia. CÂMARA MUNICIPAL DE VIDIGUEIRA, 2003, “Concurso Limitado sem Apresentação de Candidaturas para Elaboração de Proposta de Revisão do PDM. de Vidigueira”, CMV, Vidigueira. CARVALHO, Jorge (2003), “Ordenar a Cidade”, Quarteto Editora, Coimbra. GUERRA, Isabel (1996) “Economia global e alternativas locais: metrópoles e micrópoles”, in Sociedade e Território n.º 23, Porto, pp.115123. LÚCIO, José (1997) “Gestores do Território: Estudo da Inserção do Geógrafo nas Actividades de Planeamento e Gestão do Espaço”, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. LÚCIO, José (2003) “O Papel das Comunidades de Base no Desenvolvimento Local. A Importância da Doutrina da Igreja Católica em Diadema”, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. POLÈSE, Mario (1998) “Economia Urbana e Regional”, APDR, Coimbra. PORTER, Michael (dir.) (1994) “Construir as vantagens competitivas de Portugal”, Edição do Fórum para a Competitividade, Lisboa. REIS, José (1996) “As territorializações do desenvolvimento: qual é a escala de observação adequada”, in Sociedade e Território n.º 23, Porto, pp.818. Anexo Caderno de Encargos Abrantes 1. Capítulo II – Especificações Técnicas; Ar tigo 21º  Disposições Gerais “A necessidade de assegurar a harmonização dos vários interesses públicos com expressão espacial, tendo em conta as estratégias de desenvolvimento económico e social, bem como a sustentabilidade e a solidariedade intergeracional na ocupação e utilização do território” 2. Secção I – Condições Técnicas; Ar tigo 22º  Natureza, Âmbito e Área de Intervenção “A tradução, no âmbito local, do quadro de desenvolvimento do território estabelecido nos instrumentos de natureza estratégica de âmbito nacional e regional” “A expressão territorial da estratégia de desenvolvimento local” “Garantir a sua articulação com planos sectoriais, com incidência territorial, planos especiais e planos regionais de ordenamento do território e programa nacional da política de ordenamento do território” 3. Secção I – Condições Técnicas; Ar tigo 24º  Conteúdo Mater ial “A identificação das áreas e a definição de estratégias de localização, distribuição e desenvolvimento das actividades industriais, turísticas, comerciais e de serviços” “A definição de estratégias para o espaço rural, identificando aptidões, potencialidades e referências aos usos múltiplos possíveis” Alenquer 1. Par te II – Cláusulas Técnicas; Introdução “A construção de uma infraestrutura da dimensão e características do Novo Aeroporto de Lisboa comportará, obviamente, diversos e grandes impactes na organização e uso do território, os quais deverão, por isso, ser identificados e privilegiados na análise, diagnóstico e definição da estratégia e modelo de ocupação do território” 2. Par te II – Cláusulas Técnicas; Conteúdo do Plano; Conteúdo Mater ial ““A identificação das áreas e a definição de estratégias de localização, distribuição e desenvolvimento das actividades industriais, turísticas, comerciais e de serviços” “A definição de estratégias para o espaço rural, identificando aptidões, potencialidades e referências aos usos múltiplos possíveis” 3. Par te II – Cláusulas Técnicas; Faseamento “1ª Fase: Inclui designadamente: a) Estudos (global e sectoriais) de caracterização e diagnóstico do território municipal; b) Definição do modelo estratégico de desenvolvimento económico e social do Município e de ocupação do território.” Almeida 1. Objectivos e Especificações Técnicas “Compatibilização do Plano com outros instrumentos de planeamento que se encontram em elaboração, nomeadamente os Planos de Salvaguarda dos Centros Históricos de Almeida, Castelo Mendo e Castelo Bom, bem como no que respeita ao estudo para uma Estratégia de Ordenamento, Reabilitação e Desenvolvimento para a vila de Vila Formoso” Garantir a disponibilidade de terrenos devidamente inseridos na estrutura urbana, de modo a permitir a concretização de uma estratégia de localização de equipamentos e a criação de zonas de lazer e recreio” Cuba 1. Objectivos e Especificações Técnicas; Objectivos da Revisão do Plano Director Municipal “... evidente inadequação do mesmo aos novos prssupostos em que assentará o desenvolvimento do Concelho, dos quais se destacam os seguintes:  a construção da barragem do Alqueva;  Terminal Internacional de Contentores em Sines;  Base Aérea de Beja;  O turismo, principalmente nas suas vertentes cultural e de natureza;  ...” “A necessidade de articulação do Plano com outras estratégias de âmbito Regional e Municipal” “Aprofundamento e actualização dos estudos sectoriais, com o objectivo de se redefinirem as perspectivas de desenvolvimento económico e social a curto e médio prazo, bem como a integração dos estudos, projectos para compatibilização com os planos que têm vindo a ser realizados, a fim de se criarem os contextos mais adequados ao desenvolvimento global do território concelhio” “Definição de estratégias e objectivos que promovam o desenvolvimento, a qualidade de vida das populações e a preservação dos recursos naturais” “Revisão das estratégias e das propostas de ordenamento definidas no PDM, adaptandoas à evolução das perspectivas de desenvolvimento económico e social previstas para o concelho” Lamego 1. Cláusulas Técnicas – Par te II; Ar tigo 25º  Objectivoda Revisão do Plano Director Municipal de Lamego “A necessidade de articulação do Plano com outras estratégias de âmbito Regional e Municipal” “Aprofundamento e actualização dos estudos sectoriais, com o objectivo de se redefinirem as perspectivas de desenvolvimento económico e social a curto e médio prazo, bem como a integração dos estudos, projectos e compatibilização com os planos que têm vindo a ser realizados, dado que introduzem uma nova perspectiva de evolução e desenvolvimento do território concelhio” “Definição de estratégias e objectivos que promovam o desenvolvimento, a qualidade de vida das populações e a preservação dos recursos naturais” “Revisão das estratégias e das propostas de ordenamento definidas no PDM, adaptandoas à evolução das perspectivas de desenvolvimento económico e social previstas para o concelho” Pombal 1. Disposições Técnicas; Elementos a Apresentar “A equipa técnica seleccionada terá de apresentar um documento justificativo da necessidade de revisão do Plano Director Municipal, que deverá traduzir, por um lado, as limitações e os problemas sebtidos na implementação do actual Plano e, por outro, as principais estratégias e objectivos de desenvolvimento do concelho” “Compatibilização e articulação do Plano com outros instrumentos de planeamento, nomeadamente com o Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro Litoral e o Plano de Ordenamento da Orla Costeira (a Câmara Municipal de Pombal tem também disponível o Plano Estratégico da Cidade de Pombal)” Seia 1. Anexo I – Documento de Enquadramento à Decisão de Alteração/Revisão do Plano Director Municipal do Concelho de Seia  Enquadramento “Em síntese, um processo de alteração/revisão do PDM justificase, neste momento entre outras razões, nas perspectivas fundamentais, de um processo de avaliação e de um processo de actualização/evolução do modelo de ordenamento na sua dimensão regulamentar e estratégica” “Considerase de suscitar uma evolução ao papel do actual PDM, numa perspectiva de acrescentar ao seu papel regulamentador as funções de orientação e promoção activa do desenvolvimento concelhio. Tais objectivos apenas serão viáveis pela introdução de uma dimensão estratégica no conteúdo do Plano” Vidigueir a 1. Objectivos e Especificações Técnicas; Nota Prévia “ O PDM com âmbito territorial concelhio tem como propósito estabelecer o modelo de estrutura espacial, assente na classificação do solo, consubstanciandose numa síntese da estratégia de desenvolvimento e de ordenamento local, integrando as opções e outros ditames de âmbito nacional e regional” “Identificação das áreas e a definição de estratégias de localização, distribuição e desenvolvimento das actividades industriais, turísticos, comerciais e de serviços” “... evidente inadequação do mesmo aos novos prssupostos em que assentará o desenvolvimento do Concelho face à nova realidade, entretanto surgida, de que se destaca:  a construção da barragem do Alqueva;  Base Aérea de Beja;  O turismo, principalmente nas suas vertentes cultural e de natureza;  ...” 1. Objectivos e Especificações Técnicas; Objectivos “A necessidade de articulação do Plano com outras estratégias de âmbito Regional e Municipal” “Aprofundamento e actualização dos estudos sectoriais, com o objectivo de se redefinirem as perspectivas de desenvolvimento económico e social a curto e médio prazo, bem como a integração dos estudos, projectos para compatibilização com os planos que têm vindo a ser realizados, a fim de se criarem os contextos mais adequados ao desenvolvimento global do território concelhio” “Definição de estratégias e objectivos que promovam o desenvolvimento, a qualidade de vida das populações e a preservação dos recursos naturais” “Revisão das estratégias e das propostas de ordenamento definidas no PDM, adaptandoas à evolução das perspectivas de desenvolvimento económico e social previstas para o concelho”