Prévia do material em texto
Influenza e-Book DICA! Veja como aproveitar ao máximo o seu e-book! SUMÁRIO: Acesse rapidamente o sumário sempre que quiser ir diretamente para outra temática. QR CODE: Aponte a câmera do seu celular para o QR CODE ou clique no link.Ao longo do seu e-book, você observará o ícone do SUMÁRIO, no canto superior da tela, à direita - basta clicar e ele irá te direcionar ao sumário inicial. No decorrer do e-book você irá observar a presença de um QR Code, o qual, ao apontar a câmera do seu celular, te direcionará para os materiais complementares da Trilha de Conhecimento ou para links da web, que são relevantes para o aprofundamento do tema estudado. 2023. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. A coleção institucional do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Câmara Brasileira do Livro (CBL) - https://www.cblservicos.org.br Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente - SVSA SRTV 702, Via W5 Norte Edifício PO 700, 7º andar CEP: 70723-040 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315-3777 E-mail: gabnetesvsa@saude.gov.br CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE – Conasems Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B, Sala 144 Zona Cívico-Administrativo, Brasília/DF CEP: 70058-900 Tel.:(61) 3022-8900 Núcleo Pedagógico Conasems Rua Professor Antônio Aleixo, 756 CEP 30180-150 Belo Horizonte/MG Tel: (31) 2534-2640 Diretoria Conasems Presidente Wilames Freire Bezerra Vice Presidente Charles Cézar Tocantins de Souza Cristiane Martins Pantaleão Diretor Administrativo Geraldo Reple Sobrinho Diretor Administrativo Geraldo Reple Sobrinho Diretor Financeiro Hisham Mohamad Hamida Secretário Executivo Mauro Guimarães Junqueira Organização: Núcleo Pedagógico do Conasems Supervisão-geral: Rubensmidt Ramos Riani Coordenação Pedagógica Cristina Fatima dos Santos Crespo Valdívia França Marçal Coordenação Educacional Kelly Cristina Santana Coordenação-técnica: Edilson Correa de Moura Luisa Wenceslau Elaboração de texto: Henrique de Castro Mendes Designers Instrucionais: Pollyanna Lucarelli Jacqueline Cristina Lais German Coordenação de desenvolvimento gráfico: Cristina Perrone Diagramação e projeto gráfico: Aidan Bruno Alexandre Itabayana Bárbara Napoleão Elen Eres Alves Lucas Mendonça Ygor Baeta Lourenço Fotografias e ilustrações: Fototeca do Conasems Imagens: Envato Elements https://elements.envato.com Freepik https://br.freepik.com Revisão linguística: Keylla Manfili Fioravante Assessoria executiva: Conexões Consultoria em Saúde LTDA. Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde Ebook influenza [livro eletrônico] / Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde ; [elaboração de texto Henrique de Castro Mendes]. -- 1. ed. -- Brasília, DF : CONASEMS, 2023. PDF Vários colaboradores. Bibliografia. ISBN 978-85-63923-25-7 1. Doenças imunológicas - Prevenção 2. Educação a distância 3. Influenza I. Mendes, Henrique de Castro. CDD-614.4 23-163333 NLM-WA-100 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Tiragem: 1ª edição – 2023 – versão eletrônica Índices para catálogo sistemático: 1. Epidemiologia : Saúde pública 614.4 Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129 https://www.cblservicos.org.br DPOC | Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica GAL | Gerenciador de Ambiente Laboratorial HA ou H | Hemaglutinina LACEN | Laboratório Central de Saúde Pública MS | Ministério de Saúde NA ou N | Neuraminidase NP | Nucleoproteína OMS | Organização Mundial de Saúde PNI | Programa Nacional de Imunização RO | Reprodução Básico RT-PCR | Transcrição Reversa seguida por Reação em Cadeia da Polimerase SG | Síndrome Gripal SINAN | Sistema de Informação de Agravos de Notificação SRAG | Síndrome Respiratória Aguda Grave Siglas Lista de Tabelas Tabela 1 | Tratamento Influenza – 64 PATOGÊNESE E RESPOSTA IMUNOLÓGICA 10 16 23 26 32 35 Introdução 8 Caracterização do Agente Infeccioso 14 Epidemiologia e Características da Transmissão 21 Pandemias de Gripe 24 Origem dos Vírus Pandêmicos 30 Patogênese e Resposta Imunológica 36Características Clínicas e Laboratoriais da Infecção 33 PATOGÊNESE E RESPOSTA IMUNOLÓGICA Diagnóstico Diferencial e Definições de Caso 41 Complicações 46 53 58 63 73 71 Diagnóstico Tratamento Prevenção Conclusão Bibliografia BOAS- VINDAS Neste e-book descreveremos os aspectos históricos, epidemiológicos e clínicos da infecção pelo vírus Influenza, seu impacto na humanidade e as medidas de tratamento e de prevenção disponíveis. Além do e-book, você também terá acesso à Teleaula, à Aula Web e outros materiais complementares que compõem a trilha de conhecimento Trilha de Conhecimento. Este é o seu e-book da Influenza. Bons estudos! 7 Introdução A Influenza ou gripe, causada pelo vírus Influenza, é uma infecção respiratória aguda de grande impacto na saúde global, particularmente, caracterizada pela repetição de epidemias, em geral, de periodicidade anual. Os sintomas respiratórios são, muitas vezes, acompanhados de febre e de outros sintomas sistêmicos, como mialgias e indisposição. O impacto das epidemias inclui um excesso de hospitalização e mortalidade, particularmente, em crianças, idosos e outros grupos de risco. Além do impacto na saúde da população, ressalta-se o impacto social e econômico, bem como a necessidade de implementação e adaptação frequentes de Políticas Públicas de Saúde. 9 O que é a Influenza? 1173 a 1875 O vírus da Gripe foi identificado, inicialmente, em 1933. No entanto, a característica de sintomas e a ocorrência em epidemias permitiram inferências históricas que indicam que, nos últimos 400 anos, a humanidade foi acometida a cada 1 a 3 anos com uma epidemia de gripe. 1933 Análises históricas indicam que entre os anos de 1173 e 1875 teriam ocorrido 299 surtos de infecções (com um intervalo médio de 2,4 anos), com as mesmas características das infecções causadas pelo vírus Influenza. 10 De acordo com Harrington et. al. (2021), as pandemias ocorrem em intervalos maiores, de forma imprevisível, com taxas variadas de gravidade. Pandemias de gripe acontecem quando há a emergência de um novo vírus, para o qual a população não tem imunidade prévia e, tampouco, capacidade de prevenção com vacinação, que, atualmente, é a melhor forma de minimizar o impacto da doença. Em áreas tropicais e subtropicais, a gripe pode ocorrer durante todo o ano, com períodos de maior e menor atividade da infecção. De forma imprevisível, e em intervalos maiores, pandemias de gripe também ocorrem, com grande impacto adicional. Estima-se que cerca de 8% da população é acometida pela gripe em uma típica epidemia sazonal, que ocorre, em geral, anualmente, nos períodos de inverno. 11 VOCÊ SABIA? Os casos graves, as complicações e as mortes causadas pela infecção ocorrem, predominantemente, em crianças (com menos de 2 anos de idade), em gestantes, idosos e em pessoas de qualquer idade que apresentem condições clínicas crônicas, como a imunodepressão. A identificação e a triagem adequadas dos pacientes com sintomas respiratórios agudos, seguidas do diagnóstico e tratamento criterioso, é fundamental para minimizar as consequênciasdanosas da infecção, além de possibilitar a implementação de medidas de prevenção, algumas delas bem estabelecidas, como a vacinação. Apesar de ser leve e autolimitada, na maioria das vezes, a gripe também é responsável por casos graves e complicações - sendo estimadas 290.000 a 650.000 mortes, por ano, causadas pelo vírus Influenza, no mundo. 12 A prevenção por meio da vacinação tem eficácia e efetividade comprovadas, e deve ser uma das prioridades da Saúde Pública no Brasil e no mundo. O reconhecimento da possibilidade de novas pandemias de vírus Influenza reforça a importância do estudo histórico das pandemias por vírus, que acometem a humanidade. Nos últimos anos, após o advento da pandemia de um novo Coronavírus, SARS-CoV-2, com consequências inéditas para a saúde global, o diagnóstico diferencial e o reconhecimento das infecções por ambos os vírus tornaram-se ainda mais importantes. 1413 Caracterização do Agente Infeccioso Quais são os tipos de vírus Influenza? Há 4 tipos de vírus Influenza - A, B, C e D -, da família Orthomyxoviridae. Desses, os vírus A, B e C são capazes de causar infecção em humanos. O vírus Influenza é um vírus envelopado, codificado por genomas segmentados de RNA de sentido negativo. Os vírus dos tipos A e B têm 8 segmentos de RNA de fita única, que se traduzem em 12 proteínas. Os vírus Influenza A, B e C são diferentes em vários aspectos, o que resulta em diferenças clínico-epidemiológicas, mas têm em comum características como: um envelope derivado da célula hospedeira e a presença de glicoproteínas de superfície importantes para a entrada e saída da célula. Os diferentes vírus Influenza seguem uma nomenclatura na qual são incluídos, por exemplo, o local e o ano da primeira detecção. 15 Os tipos de vírus: Os vírus Influenza A são, ainda, subdivididos de acordo com os tipos das principais glicoproteínas de superfície, Hemaglutinina (HA ou H) e Neuraminidase (NA ou N). Os vírus Influenza A causam infecção em aves e em alguns mamíferos, e são os responsáveis por causar pandemias em humanos. A Os do tipo B infectam apenas humanos.B O tipo D, descrito, pela primeira vez, em 2011, está relacionado a infecções em bovinos. D 16 Os vírus do tipo C infectam humanos, suínos e cães.C EXEMPLOS Os subtipos mais relevantes são: H1N1, H2N2, H3N2. Atualmente, circulam entre as pessoas, mundialmente, os vírus A(H1N1)pdm09, A(H3N2), B/Victoria/2/87 e B/Yamagata/16/88. Causam, em geral, doenças mais leves e, em sua epidemiologia, não apresentam as características sazonais da infecção. Os vírus Influenza têm formato esférico ou filamentoso, são envelopados, e em sua superfície encontram-se as espículas que correspondem às projeções das Glicoproteínas, Hemaglutinina e Neuraminidase. A HA é a proteína de ligação do agente infeccioso. O sítio de ligação ao receptor está situado na cabeça globular de cada molécula. A NA é uma enzima que catalisa a remoção dos ácidos siálicos terminais das Glicoproteínas que contêm o ácido siálico. O formato da espícula da NA possui o formato de um cogumelo e o da HA é de um bastão. 17 Nos vírus Influenza A foram descritos, pelo menos, 16 tipos diferentes de HA (H1 a H16) e 9 tipos de NA (N1 a N9), com características antigênicas distintas. Uma terceira proteína de membrana, a proteína M2, também compõe o envelope viral. A estrutura do vírus é mantida pela proteína interna, a M1. Em cada virion se encontram 8 segmentos de nucleocapsídeos, com os correspondentes 8 segmentos de RNA. Influenza A Os vírions contêm, ainda, uma nucleoproteína (NP), um complexo de 3 polimerases (PB1, PB2 e PA), 2 proteínas não estruturais (NS1 e NS2), com funções diversas no ciclo de replicação viral. Os vírus Influenza B têm estrutura semelhante ao do tipo A, mas não têm a mesma variação genética dos antígenos HA e NA. Não há subtipos, no entanto, desde 2001, têm circulado entre os humanos duas linhagens do tipo B, denominadas “Yamagata” e “Victoria”. Influenza B 18 A entrada do vírus na célula acontece por meio da ligação da Glicoproteína HA aos receptores da membrana celular, que contêm ácido siálico. Em seguida, o vírus é internalizado, e após alterações conformacionais, os segmentos genéticos deixam o vírion e entram no citoplasma celular. Os segmentos de RNA, assim como as polimerases também presentes no vírus, são transportados para o núcleo, onde ocorre a replicação. Os novos segmentos de RNA são envoltos em nucleoproteínas e transportados para o citoplasma em conjunto com polimerases. As proteínas do envelope são glicosiladas e transportadas para a superfície celular. Para a saída dos novos vírions da célula, é requerida a ação da NA, removendo o ácido siálico dos receptores da superfície celular ou do envelope viral. 2019 Uma das mais importantes características do vírus Influenza é a sua capacidade de modificação antigênica ao longo do tempo, ocorrendo mutações e modificações em suas proteínas que impedem o pronto reconhecimento e bloqueio pelo sistema imune adaptativo. Essas alterações antigênicas comuns, que modificam o agente, permitem várias reinfecções no mesmo indivíduo ao longo da vida. As mutações e alterações pequenas, que ocorrem a cada surto ou epidemia, são chamadas de “antigenic drift”. Como o genoma do vírus Influenza é segmentado, os segmentos podem ser trocados entre dois ou mais vírus que infectam a mesma célula, em um processo chamado de rearranjo. Essa é uma característica importante na geração de novos vírus com potencial para causar pandemias, como será visto adiante. Esse rearranjo, gerando um vírus completamente novo, é chamado de “antigenic shift”. 20 Epidemologia e Características da Transmissão Como ocorre a transmissão do vírus? 22 A transmissão da infecção pelos vírus dos tipos A e B se dá por meio de gotículas ou aerossóis produzidos pela tosse, ao falar ou exalar. A transmissão acontece de pessoa para pessoa em distâncias curtas (até 2 metros). Os vírus Influenza podem continuar infectantes, em condições diversas de umidade, por, pelo menos, algumas horas após a eliminação. Objetos que podem veicular o agente etiológico entre diferentes hospedeiros. Há, também, a possibilidade de transmissão por fômites. Os vírus Influenza A e B são endêmicos na humanidade, e são responsáveis por epidemias anuais, ao longo de todo o globo. Nos locais de clima temperado, nos hemisférios norte e sul, as epidemias ocorrem nos meses de inverno, sendo essas as típicas epidemias sazonais. Em áreas tropicais e subtropicais, a infecção também ocorre em picos, mas em menor grau de associação com o inverno - as infecções podem ser encontradas ao longo de todo o ano. Estima-se que as infecções sazonais pelos vírus influenza causam 1 bilhão de casos; 3 a 5 milhões de doença grave e entre 290.000 e 650.000 mortes respiratórias a cada ano (uma taxa de letalidade de 0,1 a 0,2%). 23 Clique aqui e veja mais informações da Epidemiologia e Características da Transmissão ou escaneie o QR Code para fazer o download. https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/material-complementar-01-epidemiologia-e-caracteristicas-da-transmissao-1686052388.pdf Pandemias de Gripe Uma pandemia de gripe, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é o período de disseminação global da gripe humana, causada por um novo subtipo de vírus Influenza. É associada à emergência de um vírus com uma variação antigênica, para a qual a população tem pouca, ou nenhuma, imunidade prévia. As pandemias de Influenza são causadas apenas pelos vírus do tipo A. 25 Nas pandemias, que foram registradas desde meados do século 18, as características da doença são diferentes em relação às epidemias anuais de Influenza. A taxa de ataque e de impacto da doença são maiores, e, tipicamente, há umadistribuição diferente nas faixas etárias, com maior impacto nos jovens e, relativamente, menor nos idosos. Em muitas pandemias, costumam ocorrer várias ondas de transmissão durante o seu período de duração. Os intervalos entre as pandemias são muito variáveis e imprevisíveis, e seu início pode não respeitar a janela sazonal usual das epidemias. As últimas 4 pandemias ocorreram dentro de um período menor que 100 anos: Gripe espanhola Gripe asiática Gripe de Hong Kong H1N1 26 1918 1957 1968 2009 A variação antigênica do vírus Influenza ocorre, principalmente, nas duas proteínas externas do vírus (HA e NA), e, como descrito anteriormente, pode ocorrer nas formas de “antigenic drift” e “antigenic shift”. A primeira, que pode ocorrer em qualquer dos tipos do vírus Influenza, refere-se a mudanças antigênicas relativamente menores nas glicoproteínas da superfície. Como a resposta de anticorpos de infecções prévias passa a não neutralizar mais, efetivamente, as novas variantes do vírus, essas passam a ser selecionadas e suplantam as cepas anteriores, causando os próximos surtos ou epidemias sazonais. As variações, ocorrem mais comumente, em aminoácidos de sítios antigênicos da molécula de HA. Por serem RNA-vírus, não apresentam atividade de revisão de erros de transcrição, fazendo com que as mutações sejam comuns. 27 Já nas pandemias, como descrito por Treanor (2020), o que ocorre é uma mudança mais radical da antigenicidade do vírus Influenza A, quando ocorre o chamado “antigenic shift”, gerando variantes do vírus para as quais a população é muito suscetível. Surge um novo vírus, chamado HxNx, para o qual não há imunidade adquirida, causando uma nova pandemia. Passada a pandemia, esse novo vírus apresenta mutações ao longo do tempo, na forma de “antigenic drift”, até que outro vírus pandêmico surja – HyNy -, e a história vai se repetindo. 28 A pandemia de 1918, conhecida como “Gripe Espanhola”, foi causada por um vírus H1N1 e infectou mais da metade da população mundial da época, sendo responsável por cerca de 40 a 50 milhões de mortes. 1918 Os vírus H1N1 voltaram a circular em 1977, sem mudanças genéticas em relação aos vírus da década de 50 e sem causar uma nova pandemia. Continuaram circulando, desde então, os vírus do tipo A H3N2 e H1N1. 1977 A pandemia “asiática”, apesar do nome, emergiu no Kansas, nos EUA, em 1957, por meio de um vírus H2N2. 1957 A pandemia “Hong Kong” ocorreu em 1968, com um vírus H3N2. 1968 Em 2009, um novo vírus H1N1, de origem suína, causou uma nova pandemia, suplantando o H1N1 prévio - e passando a ser denominado pH1N1. 2009 29 Origem dos Vírus Pandêmicos A origem dos vírus pandêmicos já foi estudada extensamente. As espécies de aves aquáticas são reservatórios de uma grande variedade antigênica de vírus Influenza A, com documentação de 16 subtipos de HA e 9 subtipos de NA em aves migratórias. Parte desses vírus se adaptaram para infectar outros animais, como aves domésticas, cães, suínos, cavalos e outros. Assim, vários hospedeiros dessas cepas zoonóticas podem ser capazes de prover condições para adaptações do vírus, permitindo a transmissão para humanos e inter-humanos. O vírus da pandemia de 1918 foi transmitido para os humanos, provavelmente, por meio desse mecanismo. De origem aviária, o vírus emergiu de forma quase simultânea em humanos e suínos. Qual a origem dos vírus? Os vírus das pandemias de 1957 e 1968 foram vírus que resultaram de rearranjo, derivados de genes de vírus humanos que circulavam anteriormente e de outros que vieram de vírus aviário. 31 Quando dois ou mais vírus infectam a mesma célula, os 8 segmentos genéticos dos vírus Influenza podem ser trocados/substituídos por meio de rearranjo, formando um novo vírus, caracterizando o “antigenic shift”. Uma característica dos vírus aviários, que dificulta a transmissão entre humanos, é a ligação a receptores celulares com ácido siálico, que, nas células humanas, são do tipo α2,6, e nas células aviárias são do tipo α2,3. Para se adaptar, e poder circular entre humanos, o vírus deve ganhar mutações que facilitem sua entrada por meio dos receptores virais com ácido siálico do tipo α2,6. As espécies de suínos são um ótimo ambiente para tal, pois suas células contêm tanto os tipos α2,6 como os α2,3. Vírus de origem aviária dos subtipos H5 e H7, predominantemente H5N1 e H7N9, também foram causas de surtos de gravidade variável em humanos nas últimas décadas. Em geral, dependem do contato com aves contaminadas e há pouca, ou nenhuma, evidência de transmissão entre humanos. Essas infecções são monitoradas, constantemente, pela OMS, devido ao papel dos vírus aviários na geração das pandemias. Na pandemia de 2009, foi demonstrado que o vírus pH1N1, originado de suínos, resultou de uma série de eventos de rearranjo entre vírus aviário, (H3N2 humano e H1N1 suíno), que produziu um novo vírus com capacidade de transmissão entre humanos. 32 6 Patogênese e Resposta Imunológica A infecção pelo vírus Influenza se inicia pelo inóculo de secreção com partículas virais viáveis no epitélio respiratório, com a infecção das células epiteliais colunares. Antes da morte celular, há a liberação de novos vírus, por várias horas, permitindo a infecção de novas células e a presença de grande quantidade de vírus nas secreções respiratórias. Mesmo sendo característica na gripe a ocorrência de sintomas sistêmicos proeminentes, a replicação viral ocorre apenas nas vias respiratórias. A imunidade prévia a infecções pelo vírus Influenza, ou induzida pela vacinação, é um dos fatores do hospedeiro que influenciam a evolução, a extensão do acometimento e a gravidade da gripe, assim como a imunossenescência e/ou a imunossupressão do indivíduo infectado. Na maioria das vezes, a resposta do hospedeiro se inicia com uma ação balanceada da imunidade inata, seguida da resposta da imunidade adquirida, culminando com formação de anticorpos e a ativação da imunidade celular. Em algumas ocasiões, a resposta pode ser desregulada, com formação excessiva de interleucinas inflamatórias, particularmente, a IL-6 - o que pode acentuar a injúria pulmonar e a evolução para disfunção de órgãos e sepse. Outras citocinas importantes de resposta à infecção são os Interferons do tipo I e o fator de Necrose Tumoral Alfa. 34 A infecção viral induz a produção de anticorpos locais e sistêmicos, com aparecimento em duas semanas (com o pico entre quatro e sete semanas), além da imunidade celular de linfócitos CD4+ e CD8+. É comprovada a resposta de anticorpos contra os antígenos HA, NA e as proteínas M e NP. A presença e a quantidade de vírus eliminado nas secreções respiratórias se iniciam, em geral, logo antes do início dos sintomas respiratórios, rapidamente atingem um pico, e se mantêm elevadas por 24 a 48 horas, quando ocorre a queda progressiva da eliminação viral. O vírus deixa de ser encontrado entre o quinto e o décimo dia de infecção, mas em crianças e imunossuprimidos é comum a eliminação viral se prolongar por mais tempo. 35 Caraterísticas Clínicas e Laboratoriais da Infecção Os sintomas consistem, no início: Quais são os sintomas da Influenza? Congestão nasal e coriza. O quadro clínico típico de gripe, em um contexto epidemiológico adequado, permite uma alta suspeição da etiologia pelo vírus Influenza. 37 Tosse. Febre. Dor de garganta. Dor de cabeça. Mal-estar, dor no corpo e fadiga. Em muitos casos, o quadro clínico limita as atividades diárias, pois leva o indivíduo para a cama. A febre nem sempre está presente, sendo menos comum em idosos e em pacientes imunossuprimidos. Os sintomas da gripe não complicada duram, em geral, de 5 a 7 dias, embora a tosse e indisposição possam durar por duas semanas ou mais. Pode haver calafrios, dor ocular eprostração. Sintomas de laringite podem ocorrer, principalmente, em crianças. A presença de sintomas sistêmicos proeminentes é, em geral, o que diferencia a gripe da infecção por outros vírus respiratórios. O espectro clínico, no entanto, é variável e inclui desde a infecção assintomática, passando por vários níveis de gravidade dos sintomas. 38 Em pacientes idosos, ou portadores de comorbidades clínicas importantes, as manifestações da gripe podem ser diversas, como, por exemplo: ● Febre. ● Confusão mental. ● Queda do estado geral. ● Mal-estar. ● Anorexia. ● Piora dos sintomas da doença de base. Em uma situação de epidemia tais sintomas, e até mesmo condições clínicas mais sutis, devem ser considerados como suspeitas da etiologia viral em estudo. 39 O exame físico de pacientes com infecção pelo vírus Influenza pode evidenciar sinais de toxemia, sinais faciais de hiperemia, congestão e secreção nasal (sem obstrução) e olhos avermelhados. Linfonodos cervicais levemente aumentados, muitas vezes, podem ser apalpados, particularmente, em crianças. A ausculta respiratória é normal, na maioria dos casos. Laboratorialmente, a infecção pelo vírus Influenza demonstra, geralmente, uma contagem de leucócitos normal ou reduzida, podendo ocorrer Linfopenia, que é comum em pacientes hospitalizados, assim como a Plaquetopenia. A Proteína C Reativa pode ficar elevada em mais de 70% nos pacientes internados. No entanto, a Procalcitonina é normal na maior parte deles. 40 Diagnóstico Diferencial e Definições de caso Nos casos mais leves, os vírus causadores do resfriado comum devem ser lembrados, como: Infecções por diversos outros vírus respiratórios podem apresentar-se com quadro clínico semelhante ao descrito na infecção pelo vírus Influenza. 42 A Síndrome Gripal é definida como um resfriado comum. Em geral, a síndrome clínica é de gravidade leve a moderada, com sintomas predominantes de vias aéreas superiores, como: rinorreia, congestão nasal, espirros, dor e irritação na orofaringe, podendo haver tosse. Na maioria dos casos, por serem leves, não há a necessidade de diagnóstico etiológico específico. No entanto, em determinadas situações, principalmente, em pacientes de grupos de risco para infecções mais graves, o diagnóstico específico pode modificar a conduta terapêutica, com o uso precoce de antivirais direcionados ao Influenza, por exemplo. Nesse sentido, podem ser muito úteis as definições da Síndrome Gripal (SG) e da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). De acordo com o Protocolo de Tratamento da Influenza do Ministério da Saúde, a Síndrome Gripal é definida quando um indivíduo apresenta febre de início súbito, acompanhada de tosse ou dor de garganta, e de, pelo menos, um dos seguintes sintomas: cefaleia, mialgia e artralgia - na ausência de outro diagnóstico específico. 43 A Síndrome Respiratória Aguda Grave -SRAG ocorre quando um indivíduo com Síndrome Gripal desenvolve dispneia ou os seguintes sinais de gravidade: Todo o caso de SRAG hospitalizado deve ser notificado. Nos casos de surtos, a Vigilância Epidemiológica local deverá ser prontamente notificada/informada. Sinais de desconforto respiratório ou Taquipneia. Saturação de SpO2 menor que 95%. Hipotensão.Piora das condições clínicas de base. 44 AVISO IMPORTANTE! Clique aqui e veja a Ficha SINAN ou escaneie o QR Code para fazer o download. Durante o período sazonal da gripe, aqueles pacientes com quadro de Insuficiência Respiratória Aguda podem ser considerados suspeitos de SRAG. Considerando a Nota Técnica No 31/2022, da Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações, no contexto da pandemia de SARS-CoV-2, a SRAG deve ser reconhecida naquele “indivíduo com SG que apresenta dispneia/desconforto respiratório OU pressão persistente no tórax OU saturação de O2 menor que 95% em ar ambiente OU coloração azulada dos lábios ou rosto” (Nota Técnica No 31/2022-GGPNI/DEIDT/SVS/MS, 2022, p.2.). A doença causada pelo SARS-CoV-2, conhecida por Covid-19, apresentou casos de infecção respiratória aguda, com padrão de Pneumonia viral difusa, de características superponíveis aos causados por Influenza, evidenciando a importância do diagnóstico diferencial, para a definição da condução dos casos e medidas de controle epidemiológico. 45 https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/ficha-de-notificacao-influenza-humana-por-novo-subtipo-sinan-1679405077.pdf Complicações O quadro clínico da gripe, na maioria das vezes, é benigno e autolimitado, mas a ocorrência de complicações aumenta a morbidade e a mortalidade, que pode ser maior ou menor em diferentes anos, variando conforme a gravidade da infecção e da patogenicidade dos vírus predominantes a cada surto, epidemia ou pandemia. As complicações e infecções graves pela gripe, assim como a mortalidade, são maiores em grupos de risco, que incluem: 47 Idosos com mais de 65 anos. Mulheres durante a gestação e no puerpério. Crianças até 5 anos e idade. Pessoas com comorbidades cardíacas, pulmonares, neurológicas, metabólicas e imunossuprimidos. Na pandemia de 2009 a obesidade, também, foi caracterizada como um dos fatores de risco relevantes. Entre mulheres na idade fértil hospitalizadas por Influenza, 27,9% estavam grávidas, e dessas, 62% estavam no terceiro trimestre da gestação. Pessoas entre 50 e 64 anos de idade também têm maior morbimortalidade em comparação com os adultos mais jovens. As complicações mais comuns são as respiratórias. Em crianças podem ocorrer laringite, bronquiolite, traqueobronquite. Em qualquer idade, a pneumonia viral pelo Influenza pode se instalar, embora seja mais comum a pneumonia comunitária bacteriana Pós-Influenza. Nesses casos, há maior incidência de Streptococcus Pneumoniae e Staphylococcus Aureus. 48 A Pneumonia Viral Primária pelo vírus Influenza é caracterizada pela progressão da doença inicial, ocorrendo infiltrado pulmonar, em geral bilateral e intersticial, acompanhado de dispneia, hipoxemia, tosse e, em muitas casos, evolução para achados da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). A análise do escarro não demonstra bactérias além da flora normal e a cultura de vírus pode demonstrar títulos elevados do agente. A mortalidade é alta, não havendo resposta ao uso de antibióticos. A Pneumonia por Influenza é mais comum em pessoas com doença cardiovascular. No entanto, na pandemia de 1918, grande parte da mortalidade em indivíduos considerados, previamente, saudáveis (jovens) pode ter se dado pelo desenvolvimento de Pneumonia Viral Grave. 49 Na Pneumonia Bacteriana Pós-Influenza, o paciente, em geral, tem uma melhora inicial dos sintomas de gripe, e, após um período de até 14 dias, pode voltar a apresentar febre, associada a sintomas e sinais clássicos da Pneumonia Bacteriana Comunitária,como a tosse produtiva e os sinais de consolidação pulmonar. O Staphylococcus Aureus, incomum na Pneumonia Comunitária em geral, nessa situação se torna umagente importante - além do Pneumococo e do Haemophilus Influenzae. No paciente hospitalizado, e com coinfecção pelo vírus Influenza e Pneumonia Bacteriana, o Acinetobacter Baumannii foi o agente bacteriano mais encontrado em alguns estudos. 50 A coinfecção do vírus Influenza com outros vírus respiratórios também pode ocorrer, sendo que no caso da associação com o SARS-CoV-2, por exemplo, a doença pode ser mais grave que a infecção isolada de um ou de outro agente. As complicações não respiratórias da gripe são de grande relevância, principalmente, as cardiovasculares, podendo ocorrer exacerbação de doenças cardíacas de base em muitos pacientes, Miocardite em pacientes previamente hígidos, bem como Pericardite. As complicações cardiovasculares mais comuns são a Doença Isquêmica Miocárdica Aguda, incluindo Infarto do Miocárdioe Insuficiência Cardíaca. 51 Exacerbações de Asma Brônquica e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, seguidas àinfecção pelo vírus Influenza são comuns, com piora da função pulmonar e necessidade de aumento do tratamento. Sinusite Bacteriana e Otite Média, principalmente em crianças, também ocorrem como complicações da Influenza. Outras complicações não respiratórias menos comuns são as musculoesqueléticas e as neurológicas. A Miosite, algumas vezes com Rabdomiólise, é mais vista em crianças. Complicações neurológicas diversas podem ocorrer, como Encefalopatia, Encefalite, Mielite Transversa e Convulsões Febris em crianças. São incomuns a Síndrome de Guillain-Barré e a Síndrome de Reye (primariamente, em crianças em uso de salicilatos). A Síndrome de Reye ocorre, também, em associação com outros vírus, e, tipicamente, manifesta-se como uma piora do estado mental alguns dias após a infecção viral, podendo haver letargia, torpor, delírio, coma e parada respiratória. 52 Diagnóstico Como é feito o diagnóstico? A acurácia do diagnóstico clínico durante um surto de Influenza pode chegar a 80-90%. Todavia, um estudo demonstrou que a sensibilidade e especificidade do diagnóstico clínico em um Pronto Atendimento de hospital terciário foram baixas, com a sensibilidade menor que 40%. O diagnóstico da infecção pelo vírus Influenza é, na maioria das vezes, feito em bases clínicas, considerando as características do quadro clínico apresentado, o histórico de contato e a presença de surto, epidemia ou pandemia em curso na região. No entanto, o diagnóstico clínico é, frequentemente, impreciso, devido à superposição de outros vírus respiratórios circulando ao mesmo tempo, podendo causar infecção na mesma população, incluindo o SARS-CoV-2. 54 Os testes diagnósticos para a detecção do vírus Influenza em espécimes respiratórios incluem um teste rápido de antígeno, que detecta proteínas virais nos espécimes de vias aéreas superiores. O teste é rápido e tem alta especificidade, no entanto, a sensibilidade é relativamente baixa, em torno de 40-80%. Os testes moleculares, de amplificação de ácidos nucleicos, como o RT-PCR, têm alta sensibilidade e especificidade, podem detectar o vírus por mais tempo que os testes de antígeno e demorar de 15 a 20 minutos (ou até algumas horas), para obter o resultado. Alguns testes podem pesquisar, no mesmo espécime, vários vírus respiratórios ao mesmo tempo. A cultura de vírus é importante para investigações epidemiológicas e para estudos de vacinas, mas não traz resultados a tempo de modificar a conduta clínica, como descrito por Uyeki et. al. (2022). Qual é a função do diagnóstico? 55 Testes diagnósticos rápidos e prontamente disponíveis (“point-of-care testing”) podem ser realizados, inclusive, fora do ambiente hospitalar. Podem ser comprados em farmácias e podem facilitar algumas tomadas de decisão clínica, como a rápida prescrição do tratamento após o início dos sintomas. Já são comuns testes que investigam os antígenos para Influenza e SARS-CoV-2 no mesmo kit. A confirmação do diagnóstico laboratorial da infecção por Influenza pode trazer diversos benefícios clínicos aos pacientes. O uso e a adequada interpretação dos testes disponíveis permitem identificar precocemente o diagnóstico em pacientes com Influenza, e, com isso, reduzir testes diagnósticos adicionais desnecessários, reduzir o uso de antibióticos e aumentar o uso apropriado de tratamento antiviral, além de permitir realizar a prevenção por meio de medidas de controle da transmissão. 56 Alguns grupos de pacientes devem ser priorizados para a realização dos testes diagnósticos de identificação do vírus, pois os resultados podem ser relevantes nas decisões clínicas. Pacientes hospitalizados, com febre, durante uma epidemia de Influenza devem ser testados independentemente do início dos sintomas. Os hospitalizados admitidos por motivo de piora de condições crônicas, como DPOC e Insuficiência Cardíaca, devem ser testados em períodos de surtos ou atividade da gripe sazonal, mesmo na ausência de febre ou Síndrome Gripal. Pacientes ambulatoriais de maior risco para complicações podem se beneficiar do diagnóstico, sendo que os testes em espécimes respiratórios devem ser coletados dentro do período 4 a 5 dias do início dos sintomas, lembrando que crianças e imunossuprimidos podem permanecer positivos por mais tempo. Mesmo em pacientes ambulatoriais de menor risco e sem gravidade, o teste, positivo ou negativo, pode trazer informações relevantes, tanto para o início de tratamento antiviral, quanto para o isolamento ou outras medidas preventivas, como tratamento profilático de contatos. 57 Tratamento O tratamento do paciente com gripe deve incluir medidas não farmacológicas, como repouso, hidratação e medicações sintomáticas (antipiréticos e antitussígenos), quando indicadas. Em pacientes hospitalizados, o tratamento inclui medidas de suporte clínico e respiratório, abordagens das complicações, incluindo a antibioticoterapia, em caso de suspeita de infecção bacteriana concomitante. 59 Os medicamentos, atualmente, em uso são os inibidores da neuraminidase - ativos contra os vírus Influenza A e B. Um novo agente, Baloxavir, inibidor da polimerase, também está aprovado em alguns países para uso, em dose única, com efeito nos tipos A e B da infecção. O benefício do uso de agentes antivirais para o tratamento da infecção pelo vírus Influenza é maior quando iniciado precocemente - logo após o início dos sintomas. Atualmente, os medicamentos Amantadina e Rimantadina, inibidores da atividade do canal iônico na proteína M2, com atividade apenas nos vírus Influenza A, não são mais utilizados, devido ao desenvolvimento de resistência e à perda da sua efetividade na grande maioria dos vírus circulantes. 60 Clique aqui e veja mais informações sobre Tratamento ou escaneie o QR Code para fazer o download. Os inibidores da NA bloqueiam, competitivamente, a atividade da enzima dos vírus Influenza A e B, impedindo a remoção dos ácidos siálicos terminais das glicoproteínas na superfície das células e, com isso, bloqueiam a liberação dos novos vírus da célula infectada, reduzindo a propagação do vírus no trato respiratório. O inibidor de NA mais prescrito no mundo é o Oseltamivir, usado por via oral. O Zanamivir é utilizado por via inalatória. A maior parte dos estudos clínicos com inibidores da neuraminidase também utilizaram o Oseltamivir, com demonstração de eficácia para alguns desfechos clínicos, como será descrito no material complementar. 61 https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/material-complementar-02-tratamento-1686052398.pdf Clique aqui e veja o Protocolo de tratamento de Influenza 2017 ou escaneie o QR Code para fazer o download. O Ministério da Saúde publicou, em 2017, o Protocolo de Tratamento de Influenza, no qual há informações adicionais sobre o tratamento antiviral recomendado no Brasil. Nesse protocolo, a posologia e a administração das drogas antivirais para crianças e adultos foram resumidas na tabela abaixo: Fonte: BVSMS. Protocolo de Tratamento de Influenza, 2017. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_tratamento_influenza_2017.pdf. Acesso em: 13 mar. 2023. Tabela 1 - Tratamento Influenza 62 https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/protocolo-tratamento-influenza-2017-1679405097.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_tratamento_influenza_2017.pdf Prevenção As medidas de prevenção da gripe podem ser não-farmacológicas, como a prevenção de contato com pacientes sintomáticos, ou farmacológicas, como o uso de antivirais em pessoas que tiveram contato com pessoas infectadas. No entanto, a principal arma de prevenção, atualmente, é a vacinação de pessoas acima de 6 mesesde idade, principalmente, aquelas com fatores de risco para infecção mais grave e mortalidade. Nos anos de 2020 e 2021, quando houve, pela pandemia de Covid-19, a implementação de extensas medidas não farmacológicas, que restringiram o contato entre as pessoas e a transmissão de gotículas respiratórias, houve uma drástica redução da atividade de infecção pelo vírus Influenza. Por apresentar, basicamente, o mesmo mecanismo de transmissão, o fechamento de escolas, a proibição de eventos públicos, a instituição de trabalho remoto, o distanciamento pessoal e o uso de máscaras faciais em locais públicos foram medidas que se associaram a uma redução das infecções e o seu impacto na população. Após a retirada da maioria dessas medidas, o vírus voltou a circular nos moldes anteriores no último ano. Recomenda-se o controle da fonte, com o uso de máscaras faciais por pacientes ambulatoriais e pacientes com sintomas respiratórios agudos em departamentos de emergência, incluindo aqueles com suspeita de gripe. 64 Tratamento preventivo O uso de Oseltamivir, na dose de 75 mg/dia, por 10 dias, pode ser indicado como tratamento preventivo para pacientes com fatores de risco que tiveram contato com pacientes com o diagnóstico de gripe. A profilaxia deve ser iniciada entre 1 e 2 dias do contato próximo. O medicamento pode ser utilizado, preventivamente, em pacientes de risco residentes em instituições fechadas e hospitais de longa permanência para o controle de surtos nessas instituições. 65 Vacinas contra o vírus Influenza têm sido produzidas, de forma regular, desde os anos 1940. Vários tipos de vacinas já foram e são utilizados, como, por exemplo, as vacinas de vírus vivo atenuado, as inativadas, com vírus inteiro Os métodos para cultura dos vírus Influenza foram desenvolvidos na década de 1930. 1930 1935 Vacinação Em 1935, foi sugerida a cultura em ovos embrionados. Por meio dessa técnica, conseguiu-se concentrações maiores de vírus do que aquela verificada em hospedeiros animais, inicialmente utilizados. A partir da mesma época, métodos para cultura usando células foram desenvolvidos. 1942 Em 1942, a resposta imune a uma vacina de vírus inteiro inativado foi avaliada em um estudo, que continha um vírus do tipo A e outro do tipo B. ou partes fragmentadas, e as vacinas recombinantes, podendo ser produzidas por meio da reprodução viral em ovos ou em cultura de células. 66 Em 1943, um estudo clínico maior utilizou uma vacina trivalente de vírus inteiro inativado, demonstrando a proteção. 1943 1945 As doses foram testadas e estabelecidas em outros estudos e, em 1945, a primeira vacina de vírus Influenza inativado foi licenciada nos EUA. Os métodos para a produção de vacinas foram melhorando com o tempo. Foram utilizadas, inicialmente, vacinas com vírus inteiro; em seguida, com partes do vírus separadas por detergentes, e, posteriormente, vacinas fragmentadas em subunidades purificadas compostas dos antígenos de superfície, HA e NA. A segurança e a indução de reações adversas melhoraram, progressivamente, com essas modificações. 1960 As vacinas de vírus inativado também sofreram melhoramentos, como o desenvolvimento, nos anos 1960, de atenuação em ovos embrionados em baixa temperatura, o que gerou variantes sensíveis à temperatura, com a capacidade de se reproduzir na mucosa nasal, mas não no restante do trato respiratório. A vacina mais utilizada no mundo, e no Brasil, é a vacina de Influenza inativada e fragmentada. Ela é produzida pela replicação viral em ovos embrionados podendo ser trivalente ou tetravalente. 67 Clique aqui e veja mais informações sobre prevenção ou escaneie o QR Code para fazer o download. Desde o início, foi demonstrado que a eficácia da vacina dependia da correlação entre os antígenos presentes nos vírus da vacina e aqueles das cepas circulantes na estação subsequente. Como os vírus da gripe são instáveis geneticamente, as mutações frequentes – “antigenic drift” - passaram a ser objeto de monitoramento pela OMS, desde 1952, indicando, desde então, quais são as recomendações de vírus para as vacinas dos hemisférios norte e sul. Inicialmente, eram recomendadas vacinas trivalentes, com dois vírus do tipo A e um do tipo B, mas após a constatação de cocirculação de duas linhagens do vírus B, a maior parte das vacinas disponíveis no mundo passou a ser a quadrivalente. Nem sempre a vacinação vai ter a efetividade esperada, pois a previsão dos vírus que serão predominantes na epidemia sazonal não é sempre acurada, podendo haver incompatibilidade antigênica. Por isso, existem esforços para se desenvolver uma vacina universal ou de maior abrangência. A modificação antigênica, que ocorre entre as epidemias sazonais, por meio do “antigenic drift”, e a consequente necessidade de atualização das vacinas de acordo com o monitoramento, leva à necessidade de vacinação anual. Além disso, a perda da imunidade com o tempo é uma das justificativas para a recomendação da repetição anual da vacinação. Os anticorpos séricos têm um pico entre 2 e 4 semanas após a vacinação, mas reduzem rapidamente em seguida, voltando à situação basal antes da próxima estação de Influenza. Como os anticorpos podem reduzir ainda durante a estação de gripe, a vacinação, também, não deve ser antecipada. A época de vacinação deve ser coordenada para que se atinja o pico de anticorpos, coincidindo com o início previsto da epidemia. 68 https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/material-complementar-03-prevencao-1686052408.pdf A segurança das vacinas de vírus inativados foram, repetidamente, confirmadas e centenas de milhões dessas vacinas são administradas, a cada ano, para crianças, adultos e idosos. Os eventos adversos mais comuns são a sensibilidade ou a dor no local da aplicação. A maioria dessas reações são leves e sem interferência nas atividades das pessoas vacinadas. Reações sistêmicas são raras, e a taxa de incidência foi similar em pacientes que tomaram vacina e placebo, em estudos controlados. As vacinas contra Influenza são, também, consideradas seguras em todo o período da gestação. Reações de hipersensibilidade podem ocorrer. É contraindicada a vacinação em pessoas que, anteriormente, apresentaram reações alérgicas graves à vacina. A vacinação contra a gripe foi associada, ocasionalmente, à ocorrência da Síndrome de Guillain-Barré. Em uma meta-análise, de 39 estudos, entre 1981 e 2014, houve um risco, ligeiramente, maior da Síndrome após a vacinação contra Influenza – risco relativo de 1,41 (95%IC, 1,20 – 1,66). 69 Existem esforços para o desenvolvimento de vacinas mais efetivas, mais duradouras e que possam, em tempo hábil, serem efetivas nas pandemias. As vacinas, atualmente disponíveis, são seguras e oportunizam, como visto, não só a redução do número de infecções, bem como os desfechos importantes, como a admissão na UTI e a mortalidade, com redução de risco de 26% e 31%, respectivamente, conforme observado em estudos de efetividade com desenho de teste negativo. Há recomendações para vacinação em diferentes países. No Brasil, as recomendações são, anualmente, atualizadas pelo Ministério da Saúde (MS), por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI). 70 Conclusão Chegamos ao final do conteúdo da Influenza! Você viu que a gripe é uma infecção que pode acometer até 10% da população, a cada ano. A infecção, mesmo que na maioria das vezes, seja leve e autolimitada, tem impacto na qualidade de vida da população. Além disso, particularmente, em pessoas com fatores de risco, a infecção pelo vírus Influenza aumenta a morbidade, podendo ser a causa de eventos cardiovasculares agudos e descompensação de doenças crônicas. O aumento da mortalidade causado pela infecção, muitas vezes, é subestimado,mas já demonstrado, de forma clara, na literatura médica. A gripe é considerada uma doença imunoprevenível e, como demonstrado, há vacinas seguras e com eficácia/efetividade comprovadas, que podem reduzir o impacto da doença. O tratamento antiviral também é seguro e traz benefícios. Entretanto, em estudos controlados e randomizados não se comprovou, por meio dele, a redução da mortalidade - o que torna ainda mais importante a prevenção pela vacinação. Tanto na vacinação como no tratamento existem esforços contínuos, para o aprimoramento e desenvolvimento de opções com maior efetividade. Esforços também são requeridos para o desenvolvimento de opções para a prevenção do impacto das raras pandemias de gripe, que aparecem de forma imprevisível e com impacto variável, algumas vezes, de grande magnitude. Consulte, também, a Teleaula, a Aula Web e os Materiais Complementares disponíveis no AVA. 72 Bibliografia ARIAS L. H. M. et al. Guillain-Barré syndrome and Influenza vaccines: A meta-analysis. Vaccine, vol. 33, p. 3773-3778, 2015. BIGGERSTAFF, M. et. al. Estimates of the reproduction number for seasonal, pandemic and zoonotic Influenza: a systematic review of the literature. BMC Infectious Diseases, vol. 14, art. 480, 2014. BASSETTI M. et. al. Neuraminidase inhibitors as a strategy for Influenza treatment: pros, cons and future perspectives. Expert Opinion on Pharmacotherapy, vol. 20, p. 1711-1718, 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Protocolo de Tratamento da Influenza 2017. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_tratamento_influen za_2017.pdf. Acesso em: 17 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. 24ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza (Versão Atualizada). Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/calendario-naci onal-de-vacinacao/arquivos/informe-da-24a-campanha-nacional-de-vacinac ao-contra-a-influenza.pdf. Acesso em: 17 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Nota Técnica No 31/2022-GGPNI/DEIDT/SVS/MS. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus/publicacoes-tecnicas/notas-tecnic as/nota-tecnica-no-31-2022-cgpni-deidt-svs-ms.pdf. Acesso em: 17 nov. 2022. 74 https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus/publicacoes-tecnicas/notas-tecnicas/nota-tecnica-no-31-2022-cgpni-deidt-svs-ms.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus/publicacoes-tecnicas/notas-tecnicas/nota-tecnica-no-31-2022-cgpni-deidt-svs-ms.pdf 75 CAVALLAZZI, R. Influenza and Viral Pneumonia. Clinics in Chest Medicine, vol. 39, p. 703-721, 2018. DIAZGRANADOS C. A. et. al. Efficacy of high-dose versus standard-dose Influenza vaccine in older adults. The New England Journal of Medicine, Vol. 371, p. 635-645, 2014. DOBSON J. et. al. Oseltamivir treatment for Influenza in adults: a meta-analysis of randomized controlled trials. The Lancet, vol. 385, p. 1729-1937, 2015. FREY S. et. al. Clinical efficacy of cell culture-derived and egg-derived inactivated subunit Influenza vaccines in healthy adults. Clinical Infectious Diseases, vol. 51, p. 997-1004, 2010. GARTEN, R. J. et. al. Antigenic and genetic characteristics of the early isolates of swine-origin 2009 A(H1N1) Influenza viruses circulation in humans. Science, vol. 325, p. 197-201, 2009. GROHSKOPF L. A. et. al. Prevention and Control of Seasonal Influenza with Vaccines: Recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices — United States, 2022–23 Influenza Season. CDC. Centers for Disease Control and Prevention. MMWR Recommentations and Reports, vol. 71, p. 1–28. Disponível em: http://dx.doi.org/10.15585/mmwr.rr7101a1. Acesso em: 17 nov. 2022. JAISWAL V. et. al. Cardioprotective effects of influenza vaccination among patients with established cardiovascular disease or at high cardiovascular risk: a systematic review and meta-analysis. European Journal of Preventive Cardiology, zwac152, 2022. Disponível em: https://academic.oup.com/eurjpc/advance-article-abstract/doi/10.1093/eurjpc/z wac152/6647454?redirectedFrom=fulltext. Acesso em: 25 set. 2022. HARRINGTON, W. N. et. al. The evolution and future of influenza pandemic preparedness. Experimental & Molecular Medicine, Vol. 53, p. 737 – 749, 2021. http://dx.doi.org/10.15585/mmwr.rr7101a1 https://academic.oup.com/eurjpc/advance-article-abstract/doi/10.1093/eurjpc/zwac152/6647454?redirectedFrom=fulltext https://academic.oup.com/eurjpc/advance-article-abstract/doi/10.1093/eurjpc/zwac152/6647454?redirectedFrom=fulltext https://academic.oup.com/eurjpc/advance-article-abstract/doi/10.1093/eurjpc/zwac152/6647454?redirectedFrom=fulltext JAISWAL V. et. al. Cardioprotective effects of Influenza vaccination among patients with established cardiovascular disease or at high cardiovascular risk: a systematic review and meta-analysis. European Journal of Preventive Cardiology, zwac152, 2022. Disponível em: https://academic.oup.com/eurjpc/advance-article-abstract/doi/10.1093/eurjpc/z wac152/6647454?redirectedFrom=fulltext. Acesso em: 25 set. 2022. KORMUTH, K. A. et. al. Influenza virus infectivity is retained in aerosols and droplets independent of relative humidity. The Journal of Infectious Diseases, vol. 218, p. 739-747, 2018. LAFOND K. E. Global burden of Influenza-associated lower respiratory tract infections and hospitlizations among adults: a systematic review and meta-analysis. PLoS Medicine 18 (3): e1003550, 2021. LI. H. et. al. Pandemic and avian Influenza A viruses in humans. Epidemiology, virology, clinical characteristics, and treatment strategy. Clinics in Chest Medicine, vol. 38, p. 59-70, 2017. LUIE J. K. et. al. Treatment with neuraminidase inhibitors for critically ill patients with Influenza A (H1N1) pdm09. Clinical Infectious Diseases, vol. 55, p. 1118-1204, 2012. MALOSH R. E. et. al. Efficacy and safety of oseltamivir in children: systematic review and individual data meta-analysis of randomized controlled trials. Clinical Infectious Diseases, vol. 66, p. 1942-1500, 2018. OSTERHOLM M. T. et. al. Efficacy and effectiveness of Influenza vaccines: a systematic review and meta-analysis. The Lancet Infectious Disease, vol. 12, p. 36-40, 2012. TOOTS M. et. al. Next-generation direct-acting Influenza therapeutics. Translational research, vol. 2020, p. 33 – 42, 2020. TREANOR, J. J. Influenza Vaccination. The New England Journal of Medicine, Vol. 375, p. 1261-1268, 2016. 76 https://academic.oup.com/eurjpc/advance-article-abstract/doi/10.1093/eurjpc/zwac152/6647454?redirectedFrom=fulltext https://academic.oup.com/eurjpc/advance-article-abstract/doi/10.1093/eurjpc/zwac152/6647454?redirectedFrom=fulltext TREANOR, J. J. Influenza Viruses, Including Avian Influenza and Swine Influenza. In: MANDELL, DOUGLAS, AND BENNETT’S PRINCIPLES AND PRACTICE OF INFECTIOUS DISEASES, NINTH EDITION, Ed. Elselvier, 2020. UYEKI, T. M. et. al. Clinical practice guidelines by the Infectious Diseases Society of America: 2018 update on diagnosis, treatment, chemoprophylaxis, and institutional outbreak management of seasonal Influenza. Clinical Infectious Diseases, vol. 68, p. 895-902, 2019. UYEKI, T. M. et. al. Influenza. The Lancet, vol. 400, p. 693-706, 2022. WHO. World Health Organization. Vaccines against Influenza: WHO position paper – May 2022. Weekly Epidemiological Record, N. 19, 13 de maio de 2022. ZIMMER S. M. et. al. Historical Perspective – Emergence of Influenza A (H1N1) viruses. The New England Journal of Medicine, vol. 361, p. 279-285, 2009. 77 Indicação de Materiais complementares: (vídeos, artigos, sites, revistas científicas etc.): BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis.Protocolo de Tratamento da Influenza 2017. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_tratamento_influenza_2 017.pdf. Acesso em: 17 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. 24ª Campanha Nacional de Vacinação contra a influenza (Versão Atualizada). Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/calendario-nacional -de-vacinacao/arquivos/informe-da-24a-campanha-nacional-de-vacinacao-contra -a-influenza.pdf. Acesso em: 17 nov. 2022. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Influenza. Disponível em: https://www.cdc.gov/flu/. Acesso em: 17 nov. 2022. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Imunizações, Vacinas e Biológicos – Influenza. Disponível em: https://www.who.int/teams/immunization-vaccines-and-biologicals/diseases/se asonal-influenza. Acesso em: 17 nov. 2022. 78 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_tratamento_influenza_2017.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_tratamento_influenza_2017.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_tratamento_influenza_2017.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/calendario-nacional-de-vacinacao/arquivos/informe-da-24a-campanha-nacional-de-vacinacao-contra-a-influenza.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/calendario-nacional-de-vacinacao/arquivos/informe-da-24a-campanha-nacional-de-vacinacao-contra-a-influenza.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/calendario-nacional-de-vacinacao/arquivos/informe-da-24a-campanha-nacional-de-vacinacao-contra-a-influenza.pdf https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/calendario-nacional-de-vacinacao/arquivos/informe-da-24a-campanha-nacional-de-vacinacao-contra-a-influenza.pdf https://www.cdc.gov/flu/ https://www.cdc.gov/flu/ https://www.who.int/teams/immunization-vaccines-and-biologicals/diseases/seasonal-influenza https://www.who.int/teams/immunization-vaccines-and-biologicals/diseases/seasonal-influenza https://www.who.int/teams/immunization-vaccines-and-biologicals/diseases/seasonal-influenza