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Professor Me. Lucas Delapria Dias dos Santos PROJETOS EM ENERGIAS RENOVÁVEIS 2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie. O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Caroline da Silva Marques Eduardo Alves de Oliveira Isabelly Oliveira Fernandes de Souza Jéssica Eugênio Azevedo Louise Ribeiro Marcelino Fernando Rodrigues Santos Vinicius Rovedo Bratfisch PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos Carlos Firmino de Oliveira Hugo Batalhoti Morangueira Giovane Jasper Vitor Amaral Poltronieri ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz DE VÍDEO Carlos Henrique Moraes dos Anjos Pedro Vinícius de Lima Machado Thassiane da Silva Jacinto FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP S237p Santos, Lucas Delapria dos Projetos em energias renováveis / Lucas Delapria dos Santos. Paranavaí: EduFatecie, 2024. 110 p.: il. Color. 1. Energia – Fontes renováveis. 2. Geração de energia Fotovoltaica. 3. Energia – Projetos. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD: 23. ed. 621.042 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 As imagens utilizadas neste material didático são oriundas do banco de imagens Shutterstock . 3 AUTOR Professor Me. Lucas Delapria Dias dos Santos Olá, estudantes, tudo bem? Sou o professor Lucas, e é um prazer fazer parte desta caminhada com vocês! Sou engenheiro eletricista, formado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), e engenheiro de produção, pelo Centro Universitário de Maringá. Possuo pós-graduação em engenharia e segurança do trabalho, MBA em Gestão da Qualidade, e mestrado em bioenergia e energias renováveis, também pela UEM. Durante a minha trajetória profissional, trabalhei 4 anos projetos de energia solar, onde emiti mais de 100 anotações de responsabilidade técnica para projetos fotovoltaicos por todo o Brasil. Atuo na docência desde 2018, já tendo lecionado em cursos de graduação e pós- graduação, onde tive a oportunidade de desenvolver materiais didáticos, banco de questões e vídeo aulas para as mais diversas áreas. Atualmente, sou supervisor de engenharia no quarto maior abatedouro de aves do Brasil, além de atuar como professor tutor, orientador de pós-graduação, avaliador de cursos pelo MEC/INEP, e realizar trabalhos de perícias judiciais para o estado do Paraná. Informações e contato: Currículo Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/2332132875006556 Professor Me. Lucas Delapria Dias dos Santos http://lattes.cnpq.br/2332132875006556 4 APRESENTAÇÃO Bem-vindo(a) ao estudo das energias renováveis, uma disciplina que explora a busca incessante da humanidade por fontes de energia eficientes e sustentáveis. Este livro aborda a relevância histórica e atual das diversas fontes de energia, destacando a posição única do Brasil, com sua vasta riqueza de recursos naturais renováveis e não renováveis. No contexto das preocupações ambientais e das mudanças climáticas, a diversificação da matriz energética e o desenvolvimento de tecnologias mais limpas tornam-se essenciais. Exploraremos temas fundamentais, como o dimensionamento de sistemas solares fotovoltaicos, que requer uma análise detalhada do potencial energético e da demanda de consumo, garantindo um projeto eficaz e sustentável. Também examinaremos a evolução regulatória da geração distribuída no Brasil, evidenciando a importância da legislação e das normas que promovem a adoção de fontes renováveis, como a Lei nº 14.300/2022. Além disso, discutiremos a gestão de projetos, uma competência vital para implementar com sucesso iniciativas em energias renováveis. Compreender as técnicas, ferramentas e habilidades necessárias para gerenciar projetos eficazmente é crucial para alcançar resultados positivos e promover a inovação no setor energético. Ao integrar essas abordagens, oferecemos uma visão abrangente e interconectada do cenário energético, preparando você para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades na construção de um futuro mais sustentável e equitativo. Esta jornada de aprendizado proporcionará insights valiosos e habilidades práticas, essenciais para contribuir com a transformação do setor energético. 5 SUMÁRIO Gestão de projetos Normas e legislação Sistemas fotovoltaicos e dimensionamentos Fontes de energias renováveis Professor Me. Lucas Delapria Dias dos Santos FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS1UNIDADEUNIDADE PLANO DE ESTUDO 7 Plano de Estudos • Fontes de Energias renováveis. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar Energia e Energia renovável • Estudar fontes de energia renováveis • Conhecer a matriz energética brasileira FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEISUNIDADE 1 8 INTRODUÇÃO A busca por fontes de energia tem sido uma constante desde os primórdios da vida na Terra. Desde as árvores, que utilizam a energia solar para crescer, até os avanços tecnológicos que nos permitem gerar eletricidade de diversas maneiras, a história da humanidade está entrelaçada com a busca por formas eficientes e sustentáveis de energia. No Brasil, um país de dimensões continentais e rica diversidade geográfica, essa busca assume uma relevância particular, dada a abundância de fontes de energia, tanto renováveis quanto não renováveis. Ao longo dos anos, a geração de energia elétrica tornou-se um indicador crucial do desenvolvimento de uma nação, e o Brasil destaca-se pelo uso extensivo de fontes renováveis, especialmente hidrelétricas, devido à sua vasta rede hidrográfica. No entanto, a diversificação da matriz energética e o desenvolvimento de tecnologiascentralizado; em contrapartida, a geração distribuída envolve unidades de geração de pequeno porte, localizadas na rede da distribuidora local de energia elétrica. LEGISLAÇÃO SOBRE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA NO BRASIL1 TÓPICO NORMAS E LEGISLAÇÃOUNIDADE 3 62NORMAS E LEGISLAÇÃOUNIDADE 3 Este trabalho tem como objetivo apresentar a evolução regulatória da geração distribuída no país, destacando a legislação resultante desse processo, em particular a Lei n.º 14.300/2022. Após esta introdução, a seção 2 caracteriza a energia distribuída, seus benefícios e o papel da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na regulamentação da micro e minigeração distribuída e no estímulo à expansão desse mercado no país. Na seção 3, são abordadas as normativas elaboradas com base em audiências públicas e promulgadas entre 2006 e 2022, culminando na aprovação da Lei n.º 14.300/2022, discutida na seção 4. Por fim, na conclusão, é apresentada uma síntese do cenário atual da geração distribuída no Brasil. 1.1 Geração distribuída no Brasil A geração distribuída traz uma variedade de benefícios, incluindo a redução de perdas, rápida implementação, baixo impacto ambiental, diminuição do carregamento das redes, maior confiabilidade, aumento da diversificação energética, além de promover uma postura mais sustentável na economia e na sociedade em geral (Aneel, 2014). A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) desempenha um papel crucial nesse contexto, tendo como missão “criar condições favoráveis para o desenvolvimento equilibrado do mercado de energia elétrica em benefício de todos os agentes e da sociedade” (Missão […], 2022). Cabe à agência regular os requisitos para concessão e autorização de exploração e alteração na capacidade instalada de usinas termelétricas, eólicas e de outras fontes alternativas de energia. Conforme definido pela Aneel (2014), a geração distribuída (GD) refere-se à produção de energia elétrica por meio de pequenas centrais geradoras que utilizam fontes como hidráulica, solar, biomassa ou cogeração qualificada, com conexão à rede de distribuição, caracterizando-se como minigeração ou microgeração. Em 2012, a Aneel emitiu a Resolução Normativa (REN) nº 482, com o principal propósito de diminuir as barreiras e incentivar a conexão de sistemas de micro e minigeração distribuídas, estabelecendo o modelo de compensação de energia no país. Essa resolução impulsionou o desenvolvimento da geração fotovoltaica, a mais utilizada na GD. Uma das resoluções posteriores da Aneel ([2023a]) define que a microgeração distribuída refere-se a centrais geradoras com potência instalada de até 100 kW, enquanto a minigeração distribuída abrange potências superiores a 100 kW e até 1 MW. Ambas podem utilizar diversas fontes energéticas, como hidráulica, solar, eólica, biomassa e cogeração qualificada. Essa resolução também estabelece as regras de faturamento para os consumidores que aderem ao Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE). É importante destacar que o Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE) foi concebido de forma a se adequar à realidade 63NORMAS E LEGISLAÇÃOUNIDADE 3 do setor elétrico brasileiro da maneira mais simples possível, dada a ainda elevada despesa da instalação física e a impossibilidade regulatória do consumidor cativo comercializar a energia gerada, podendo apenas a descontar do seu consumo (Aneel, 2019). Simultaneamente, para fontes solares cuja potência injetada nos sistemas de transmissão ou distribuição fosse igual, ou inferior a 30 MW, a Aneel (2012) publicou a Resolução Normativa (REN) nº 481/2012. Esta determinava um desconto de 80% nas tarifas de uso dos sistemas elétricos de transmissão e distribuição (TUST e TUSD) para os empreendimentos que entrassem em operação comercial até 31 de dezembro de 2017, aplicável nos primeiros dez anos de operação da usina, reduzindo-se para 50% após esse período. Empreendimentos que iniciassem a operação após 31 de dezembro de 2017 também teriam direito a um desconto de 50%. Em 2015, a Aneel promoveu modificações no regulamento, visando ampliar o acesso da Geração Distribuída (GD) a um número maior de consumidores e agilizar o processo. A REN nº 687/2015 elevou o limite de potência da minigeração distribuída de 1 MW para 3 MW para fontes hídricas e para 5 MW para outras fontes, além de aumentar o limite mínimo da microgeração distribuída para 75 kW. Essa resolução também introduziu novas modalidades, como a geração compartilhada e os empreendimentos com múltiplas unidades consumidoras (Aneel, [2023b]). Em 2017, com a publicação da REN nº 786, a Aneel proibiu a inclusão de geradoras já existentes no SCEE e aumentou para 5 MW o limite de potência para fontes hídricas na minigeração (Aneel, [2023c]). A Lei nº 14.300/2022 (Brasil, 2022b) alterou os benefícios tarifários para empreendimentos protocolados na distribuidora a partir de janeiro de 2023. Projetos protocolados até 12 meses após a publicação da lei mantiveram os benefícios tarifários até 2045. Já projetos aprovados entre o 13º e o 18º mês após a publicação da lei tiveram as alterações tarifárias aplicadas a partir de 2023. Segundo dados divulgados pela Aneel, o processo de difusão das tecnologias de micro e minigeração distribuída começou a acelerar em 2016. Entre 2016 e 2021, a capacidade instalada aumentou significativamente, alcançando 8.013 MW ao final de 2021, o que representa 4% da capacidade instalada total do Brasil. Desse total, 98% é proveniente de fontes solares fotovoltaicas, enquanto a fonte hídrica representa menos de 1%. Em termos absolutos, até dezembro de 2021, havia 8.771 MW de capacidade instalada fotovoltaica, 15 MW eólicos, 115 MW termelétricos e 63 MW hidrelétricos (Brasil; Empresa de Pesquisa Energética, 2022). No que diz respeito à fonte de energia, a energia solar fotovoltaica domina a participação percentual das instalações, representando atualmente 99% do total de 186.717 instalações. 64NORMAS E LEGISLAÇÃOUNIDADE 3 Na modalidade eólica, o Brasil tinha, até dezembro de 2021, 78 instalações; na modalidade hídrica, 70; e na modalidade termelétrica, 327 instalações (Brasil; Empresa de Pesquisa Energética, 2022). Quanto à classe de consumidor associada a essas conexões, destaca-se o setor residencial, que representava 46% do total em maio de 2022, seguido pelo setor de comércio e serviços com 31,8%, o rural com 13,7%, o industrial com 7,3%, o Poder Público com 1,1%, o serviço público com 0,1%, e a iluminação pública contribuindo com uma parcela insignificante de 0,02% (Brasil; Empresa de Pesquisa Energética, 2022). Quanto ao aspecto de localização dos micro e minigeradores, a Absolar (2022) fornece a potência instalada de cada estado registrada até maio de 2022. De acordo com esses dados, observa-se que a maioria das instalações está concentrada na região central do país (CUPERTINO, 2022). Em relação à modalidade de geração distribuída, destaca-se a geração na própria unidade consumidora, correspondendo a 72% do total. A modalidade de autoconsumo remoto representa 28% das conexões, a geração compartilhada 1%, e a modalidade consumidora do tipo “condomínio” com 150 conexões, representando menos de 1%. Para o Plano Decenal de Energia Elétrica 2031, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estimou a expansão da geração distribuída no país e, com base no modelo utilizado, prevê-se que em 2031 a geração distribuída no Brasil alcance 37.218 MW ((CUPERTINO, 2022). 1.2 A nova regulação de gd no Brasil Apesar de se observar uma evolução significativa no tratamento regulatório da Geração Distribuída (GD), evidenciada pelo notável crescimento dos últimos anos, ainda são necessários aprimoramentos tanto do ponto de vista regulatório quanto mercadológico para impulsionar o desenvolvimento energético e tecnológico do país. Em 2018, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) abriu a ConsultaPública (CP) nº 10 com o objetivo de “obter subsídios para o aprimoramento das regras aplicáveis à micro e minigeração distribuída” estabelecidas pela Resolução Normativa (REN) nº 482/2012. O foco específico dessa CP foi desenvolver uma metodologia para realizar uma análise de impacto regulatório (AIR) sobre a forma de compensação da energia gerada pela GD. Um dos primeiros pontos discutidos na CP foi a questão do autoconsumo remoto e da geração compartilhada introduzidos pela REN nº 687/2015. Na época da publicação dessa norma, havia debates sobre se a compensação da energia excedente deveria ser baseada apenas no custo da energia em si - isto é, exclusivamente na componente de energia da Tarifa de Energia (TE) - ou na compensação de todas as componentes da TE. Devido às discussões e à análise da expansão da GD na época, o diretor-relator do processo da REN nº 687/2015 propôs uma revisão da norma até o final de 2019, com foco no 65NORMAS E LEGISLAÇÃOUNIDADE 3 aspecto econômico, para evitar que ela fosse excessivamente benéfica para os instaladores, mas prejudicial para as distribuidoras e outros consumidores que não investiram em GD (Aneel, 2018b). O modelo de AIR desenvolvido analisou alternativas relacionadas tanto à compensação local quanto à remota de energia, mensurando seus impactos na expansão da GD e seus desdobramentos, incluindo redução do mercado, energia evitada, perdas na distribuição, perdas na transmissão, capacidade em kW, redução de emissão de CO2 e geração de empregos (Aneel, 2018b). Como resultado da análise, a Aneel apontou que, no caso da compensação local, a manutenção das regras vigentes - cobrança com base em todas as componentes da Tarifa de Uso dos Sistemas de Distribuição (TUSD) e da TE - geraria um impacto negativo para o consumidor que não investiu em GD. No entanto, o mesmo relatório indicou que seria viável manter a regra vigente até a consolidação do mercado, para depois deixar de compensar a componente TUSD Fio B (Aneel, 2018b). Quanto à compensação remota, os resultados indicaram custos acima de 68 milhões de reais para os consumidores a longo prazo, mantendo as regras vigentes. Esses custos poderiam ser reduzidos em 98% se tanto o Fio A quanto o Fio B e os encargos da TUSD deixassem de ser compensados a partir de 2020 (Aneel, 2018b). Nesse cenário, também se considerou uma mudança gradual na compensação. Para ambos os casos, a Aneel sugeriu alterações em duas etapas, mantendo inicialmente um cenário em que o investimento em GD é atrativo, até que o mercado se consolide, e posteriormente, em virtude de uma maior penetração da GD, adotar um endurecimento do ferramental regulatório para beneficiar toda a sociedade com a expansão da GD. Finalmente, o material da agência indicou que, seguindo a estratégia recomendada pela AIR, a GD alcançaria uma capacidade de 22 GW em 2035, equivalente a 13% da capacidade instalada total do país atualmente, com redução estimada de 74 milhões de toneladas de CO2 e criação de cerca de 550 mil empregos (Aneel, 2018b). Para discutir com a sociedade a AIR apresentada, a Aneel optou por abrir a Audiência Pública (AP) n.º 1 de 2019, que permanece em andamento. Dentre os diversos pontos levantados pelos contribuintes da CP e da AP, destaca-se a questão da tarifa binômia para os consumidores de baixa tensão. Algumas concessionárias de distribuição defenderam sua adoção, argumentando que a tarifa volumétrica baseada em um consumo mínimo em kWh não garante receita suficiente para cobrir os custos de capacidade das empresas de distribuição. Portanto, propuseram a criação de tarifas de referência de demanda para baixa tensão e a manutenção da estrutura vertical já empregada 66NORMAS E LEGISLAÇÃOUNIDADE 3 no desenho da tarifa de referência para fins de processo tarifário. No entanto, atualmente, nem todos os consumidores de baixa tensão têm medidores que permitem o faturamento da demanda, o que é um obstáculo para essa proposta. No que diz respeito à necessidade de implementação da tarifa binômia, outro grupo concessionário observa que o autoconsumo resultará na diminuição do mercado e, como consequência, em um aumento das tarifas para os consumidores que não adotarem a Geração Distribuída (GD). Diante desse cenário, defende-se a transição para uma tarifa binômia que leve em conta a demanda de potência da rede, visando proporcionar uma abordagem mais equitativa para todos os consumidores (Neoenergia, 2018, p. 6). Os cenários projetados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para a expansão da GD consideram a adoção da tarifa binômia para os novos microgeradores e minigeradores a partir de 2020, como forma de acompanhar as discussões e manter uma perspectiva mais cautelosa, pois “se o planejador ‘contar’ com essa energia e o cenário de menor inserção se concretizar (com a tarifa binômia), o país pode enfrentar problemas de fornecimento de energia centralizada” (Brasil; Empresa de Pesquisa Energética, 2018, p. 212). Além disso, o grupo EDP destaca a diferença entre os dois regimes regulatórios vigentes, que afetam tanto o consumidor quanto sua atividade secundária de micro e minigeração distribuída, bem como o gerador (EDP Energias do Brasil, 2018). A atual interpretação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre a GD é que a função secundária desempenhada pelo consumidor, nesse caso, se traduz como uma escolha para reduzir os custos com o fornecimento de energia elétrica e não para gerar renda própria. Por essa razão, a GD é tratada como uma unidade consumidora e não como geradora ou autoprodutora (EDP Energias do Brasil, 2018, p. 5). Portanto, a Aneel aplica à GD o regime regulatório relacionado ao procedimento de acesso à rede, responsabilidade pela qualidade, tarifação, ponto de conexão, tributação, regras de comercialização, energia excedente, entre outros, de maneira semelhante ao que é aplicado ao consumidor e diferente do que é aplicado ao gerador. Em vista disso, o grupo EDP propõe a equiparação legal da GD ao status de autoprodutor (EDP Energias do Brasil, 2018). 1.3 A nova lei A Lei n.º 14.300/2022 estabeleceu o marco legal para a microgeração e minigeração distribuídas, consolidando os resultados das diversas discussões realizadas ao longo dos anos, conforme descrito nas seções anteriores deste artigo. 67NORMAS E LEGISLAÇÃOUNIDADE 3 Entre as mudanças significativas, destacam-se aquelas relacionadas à definição do porte das centrais geradoras enquadradas na referida lei. As usinas conectadas à rede de distribuição através das instalações das unidades consumidoras agora são classificadas como: • (i) Microgeração distribuída, quando a potência instalada da central geradora soma até 75 kW e utiliza cogeração qualificada ou fontes renováveis de energia elétrica; ou • (ii) Minigeração distribuída, quando a potência instalada da central geradora soma: • (ii.1) entre 75 kW e 3 MW, no caso de fontes não despacháveis de energia; ou • (ii.2) entre 75 kW e 5 MW, no caso de fontes despacháveis de energia (Brasil, 2022b). Além disso, a instituição do marco legal em 2022 ampliou as formas associativas caracterizadoras da geração compartilhada de energia elétrica. Adicionou-se à previsão inicial da REN nº 482/2012 - restrita à exploração por consórcios ou cooperativas - o condomínio civil voluntário ou edilício e qualquer outra forma de associação civil instituída com essa finalidade. A transferência da titularidade das contas e das faturas de energia elétrica das unidades consumidoras associadas aos geradores tornou-se possível, quando participantes do sistema de compensação de energia elétrica. Estabeleceu-se um conjunto de regras para permitir que, na hipótese de excedentes, a energia elétrica gerada possa ser alocada em outra unidade de consumo, desde que vinculada ao mesmo titular. Além disso, por opção do gerador, tornou-se possível a comercializaçãodos créditos da energia elétrica e a prestação de serviços ancilares para as empresas distribuidoras, caso seja identificada a necessidade pelas concessionárias. A Lei n.º 14.300/2022 também avançou ao tornar possível a destinação dos créditos de energia gerada em zona de permissão para outra área de concessão dentro do mesmo estado, refletindo o entendimento da Aneel no Despacho n.º 4.018, de 14/12/2021. Ademais, facultou-se a opção pelo faturamento da energia elétrica como grupo B às unidades consumidoras ligadas em tensão primária com geração local, cuja potência nominal total dos transformadores seja igual ou inferior a uma vez e meia o limite permitido para ligação de consumidores do Grupo B (Brasil, 2022b). Nesse novo contexto, os projetos de empreendimentos de microgeração e minigeração distribuídas foram classificados como obras de infraestrutura e, portanto, caracterizados como aptos ao aproveitamento dos benefícios do Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi), instituído pela Lei n.º 11.488/2007. Os procedimentos para a obtenção dos pareceres de acesso foram simplificados, especialmente com a diminuição 68NORMAS E LEGISLAÇÃOUNIDADE 3 do número de etapas. Agora, a solicitação da conexão à rede de distribuição é realizada junto com a solicitação do próprio parecer de acesso da Central Geradora Fotovoltaica. A transferência desses pareceres pode ser efetivada por meio da solicitação de vistoria do ponto de conexão à distribuidora após a promulgação da nova Lei. A venda dos pareceres de acesso permanece proibida, sujeita a penalidades. Com a nova lei, as condições sobre o início da vigência e o faturamento pelo uso do sistema de distribuição foram modificadas. Diferentemente do disposto na REN n.º 482/2012, caso sejam necessárias obras na rede de conexão de responsabilidade tanto do consumidor quanto da distribuidora, elas não permanecem mais vinculadas à conclusão das obras de rede. No entanto, essa condição relacionada à dilatação dos prazos depende de o empreendedor comprovar a ocorrência de eventos caracterizadores de excludentes de responsabilidade, como força maior e caso fortuito. A partir da promulgação do novo marco legislativo, tornou-se necessária a apresentação de garantias de fiel cumprimento como condicionante da solicitação de pareceres de acesso de novos empreendimentos, de forma semelhante ao regramento praticado nos casos dos leilões de energia nova para a contratação de usinas no Ambiente de Contratação Regulada (ACR). Assim, com exceção das usinas da modalidade geração compartilhada, tornou-se necessária a apresentação das garantias de fiel cumprimento para empreendimentos com potência instalada entre 500 kW e 1.000 kW, em valor equivalente a 2,5% do montante investido. Para proprietários das usinas com potência instalada superior a 1.000 kW, a somatória deve equivaler a 5% do total investido (Brasil, 2022b). Comparativamente às condições estabelecidas na REN n.º 482/2012, as principais alterações promovidas pela promulgação da Lei n.º 14.300/2022 foram: a) Em limites de potência instalada, há possibilidade de fonte não despachável, o que não era previsto anteriormente; b) Viabilidade de qualquer forma de associação civil; c) Possibilidade de transferência de contas e de comercialização de energia, condicionadas a chamadas públicas realizadas pelas distribuidoras de energia; d) Alternativa de alocação de créditos (i) numa mesma zona de concessão ou de permissão, ou (ii) numa zona de permissão para outra área de concessão, desde que no mesmo Estado; e) Como regra de transição, fica estabelecida a compensação entre a energia injetada e a consumida pela unidade. Até 31/12/2045, será afastada a incidência de todas as componentes tarifárias. 69 Para conectar sistemas de microgeração e minigeração distribuída em unidades consumidoras atendidas em baixa e média tensão, é necessário seguir os requisitos estabelecidos nas normativas de cada concessionária. Este tópico busca introduzir algumas das principais práticas encontradas nas normativas de conexão de sistemas fotovoltaicos. 2.1 Procedimento de acesso Os consumidores cativos responsáveis por unidades consumidoras podem aderir ao sistema de compensação de energia elétrica nas seguintes condições: • Possuindo microgeração ou minigeração distribuída para uso próprio e benefício individual; • Fazendo parte de empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras (EMUC); • Participando de cooperativas ou consórcios de geração compartilhada; • Envolvendo-se na modalidade de autoconsumo remoto. Para aderir ao sistema de compensação de energia elétrica, o cliente deve se enquadrar obrigatoriamente em uma dessas modalidades. A utilização da microgeração está sujeita à análise de projeto, inspeção, teste e liberação para funcionamento pela Concessionária local. Após a liberação, não devem ser realizadas quaisquer alterações no sistema de interligação da microgeração com a rede sem a aprovação prévia. Caso ocorram alterações, o interessado deve submeter um novo projeto para análise, inspeção, teste e liberação. REQUISITOS PARA A CONEXÃO DE ACESSANTES AO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO – CONEXÃO EM BAIXA TENSÃO2 TÓPICO NORMAS E LEGISLAÇÃOUNIDADE 3 70NORMAS E LEGISLAÇÃOUNIDADE 3 2.1.1 Etapas para realização do acesso As fases para efetivar o acesso estão minuciosamente descritas no Módulo 3 dos Procedimentos de Distribuição (Prodist). Englobam as diversas etapas requeridas para obter acesso ao sistema de distribuição, sendo aplicáveis tanto a novos acessantes quanto a modificações em unidades já existentes. Para viabilizar o acesso ao sistema elétrico, é imprescindível seguir as etapas de solicitação de acesso, emissão de parecer de acesso, realização de vistoria e aprovação do ponto de conexão. Essas etapas são apresentadas de forma sucinta na Figura 1 e descritas a seguir. FIGURA 1: ETAPAS DE ACESSO DE MICROGERADORES AO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO Fonte: Adaptado de CEMIG (2023) 01) a partir da solicitação de acesso por parte do acessante. 02) a partir da emissão do parecer de acesso. 03) a partir da solicitação de vistoria por parte do acessante. 04) a partir da realização da vistoria. 05) após a aprovação da vistoria. 71NORMAS E LEGISLAÇÃOUNIDADE 3 É facultado ao acessante realizar a consulta de acesso. Nesse caso, a Concessionária emitirá uma resposta formal ao acessante, por meio de um documento que contenha as informações de acesso, seguindo os procedimentos descritos na seção 3.1 do módulo 3 do Prodist. 2.2 Solicitação de acesso A etapa de Solicitação de Acesso envolve o pedido formal feito pelo acessante para conectar seu sistema de microgeração ao sistema de distribuição, realizado através da área de atendimento ao cliente da empresa distribuidora. A solicitação é formalizada por meio de um formulário específico, de acordo com a potência do sistema, que deve ser obrigatoriamente enviado à distribuidora pelo acessante. Os formulários contêm informações técnicas e básicas necessárias para os estudos de acesso, além dos dados que serão enviados à ANEEL para o registro da unidade de geração. O formulário deve ser submetido juntamente com a seguinte documentação: • Para microgeração distribuída com potência igual ou inferior a 10 kW: ◦ ART ou TRT do Responsável Técnico pelo projeto elétrico e instalação do sistema; ◦ Diagrama elétrico da instalação; ◦ Memorial Descritivo da instalação; ◦ Certificado de conformidade dos inversores ou registro do Inmetro; ◦ Dados para registro da central geradora conforme disponível no site da ANEEL; ◦ Lista de unidades consumidoras participantes do sistema de compensação; ◦ Cópia de instrumento jurídico para empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras e geração compartilhada; ◦ Documento de reconhecimento da cogeração qualificada pela ANEEL, se aplicável; ◦ Formuláriode Análise de Carga; ◦ Cópia da Carteira de Identidade do titular da UC. Para microgeração distribuída com potência superior a 10 kW, além dos itens acima, é necessário apresentar também o projeto elétrico completo das instalações de conexão, entre outros documentos adicionais. Os projetos elétricos devem seguir qualquer formato ABNT, acompanhados da ART ou TRT junto ao CREA/CRT. Essas etapas visam garantir o correto funcionamento e a segurança das instalações de microgeração distribuída conectadas ao sistema de distribuição. 72NORMAS E LEGISLAÇÃOUNIDADE 3 2.3 Parecer de acesso O parecer de acesso é um documento essencial fornecido pela distribuidora, sem custos para o acessante, no qual são detalhadas as condições técnicas e comerciais para o acesso, juntamente com os requisitos técnicos necessários para a conexão das instalações do acessante, bem como os prazos correspondentes. Quando a conexão não requer obras de reforço ou melhorias no sistema de distribuição, a concessionária emite o parecer de acesso em até 15 dias após a formalização da solicitação. Por outro lado, nos casos em que são necessárias obras de reforço ou melhorias, o prazo para emissão do parecer de acesso é de até 30 dias, contados a partir da formalização da solicitação de acesso (CUPERTINO, 2022). 2.4 Critérios e padrões técnicos As redes de distribuição em baixa tensão (BT), tanto trifásicas quanto monofásicas, possuem um neutro comum, contínuo, múltiplo e solidamente aterrado. O sistema de distribuição em baixa tensão é alimentado por transformadores de distribuição, que podem ser trifásicos ou monofásicos. Nos transformadores trifásicos, o secundário é conectado em estrela e aterrado, com uma tensão nominal de 220/127 V. Já nos transformadores monofásicos, o secundário possui um enrolamento com “tap” central, também aterrado, com uma tensão nominal de 240/120 V. As tensões padronizadas para a baixa tensão são 220/127 V para os transformadores trifásicos e 240/120 V para os transformadores monofásicos. 2.5 Conexão de microgeração em instalações de edificações individuais Para conectar a microgeração em unidades consumidoras localizadas em edificações individuais, a usina deve estar fisicamente instalada e eletricamente conectada nas dependências da própria unidade consumidora. A construção e conexão da microgeração devem ocorrer sem utilizar vias públicas, passagens aéreas ou subterrâneas, ou propriedades de terceiros não relacionados à unidade consumidora. Não é permitida a instalação física de uma usina em uma unidade consumidora e a conexão ao sistema elétrico de outra unidade consumidora. No caso de aluguel, cessão ou arrendamento de áreas, telhados ou estruturas para instalação de microgeração em edificações individuais, uma nova unidade consumidora adicional deve ser criada para conectar a usina. Além disso, é necessário comprovar o direito de posse do terreno, telhado ou estrutura pelo proprietário da usina. O titular da nova unidade consumidora com microgeração distribuída deve ser o proprietário da usina. Nesse cenário, o atendimento da nova unidade consumidora segue as diretrizes estabelecidas na 73 A nova lei traz importantes mudanças para o setor de energia solar: 1) Estabilidade nos Créditos de Energia; 2) Maior Segurança Jurídica; 3) Instalação de Sistemas Híbridos Permitida; 4) Possibilidade de Venda de Créditos de Energia; 5) Eliminação da Cobrança em Duplicidade da Taxa Mínima; 6) Facilidade na Distribuição de Créditos de Energia; 7) Abatimento de Créditos entre Concessionárias e Permissionárias; 8) Valorização e Remuneração dos Benefícios Ambientais. SAIBA MAIS A cada hora, mais atinge a superfície da Terra do que a humanidade consome em um ano. Se pudéssemos capturar apenas uma fração desta energia, podemos gerar energia suficiente para suprir as necessidades globais. REFLITA NORMAS E LEGISLAÇÃOUNIDADE 3 norma para edificações coletivas, incluindo a instalação de uma caixa de medição adicional para a usina e o cumprimento dos demais requisitos pertinentes da norma ND 5.2. Os acessantes consumidores atendidos em instalações de edificações individuais com fornecimento em baixa tensão (BT), que necessitam conectar minigeração, devem migrar para o fornecimento em média tensão (MT). 74 A evolução regulatória da geração distribuída no Brasil reflete um movimento significativo em direção a um sistema energético mais diversificado, eficiente e sustentável. A promulgação da Lei n.º 14.300/2022 representa um marco importante nesse processo, consolidando os avanços alcançados ao longo dos anos e estabelecendo novas diretrizes para o setor. A expansão da capacidade instalada de unidades geradoras nos níveis de tensão de distribuição, impulsionada pela crescente adoção de fontes renováveis, destaca a relevância desse modelo para a matriz energética brasileira. A geração distribuída não apenas contribui para a diversificação da matriz, mas também oferece uma série de benefícios, incluindo a redução de perdas, o aumento da confiabilidade do sistema e a promoção da sustentabilidade. A regulamentação da microgeração e minigeração pela Lei n.º 14.300/2022, juntamente com resoluções anteriores da Aneel, estabelece um quadro jurídico claro e favorável ao desenvolvimento da geração distribuída. A flexibilização das regras, a ampliação das formas associativas e a simplificação dos procedimentos de acesso são passos importantes para estimular ainda mais o crescimento desse mercado. No entanto, desafios ainda persistem, como a necessidade de aprimoramento do arcabouço regulatório e a busca por soluções que garantam a equidade entre os diferentes agentes do setor elétrico. A discussão em torno da tarifação, da compensação da energia excedente e da participação dos consumidores no mercado de energia continua sendo objeto de debates e consultas públicas. Diante do interesse crescente na geração distribuída e do potencial significativo de expansão desse mercado, é fundamental que as autoridades regulatórias, as concessionárias e os demais stakeholders trabalhem em conjunto para garantir um ambiente propício ao desenvolvimento sustentável da geração distribuída no Brasil. A colaboração e o diálogo entre os diversos atores do setor são essenciais para promover a inovação, a eficiência e a inclusão energética no país. CONSIDERAÇÕES FINAIS NORMAS E LEGISLAÇÃOUNIDADE 3 75 A energia solar representa a fonte de energia limpa essencial para impulsionar a transformação da matriz energética brasileira. Para fomentar o setor de energia solar no país, foi estabelecida a Lei n.º 14.300/2022, que introduziu o Marco Legal da Micro e Minigeração Distribuída, o Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE) e o Programa de Energia Renovável Social (PERS). Diante desse contexto, o artigo “A Regulação Da Energia Solar: Da Tutela Ambiental Ao Advento Da Lei n.º 14.300/2022, Que Instituiu O Marco Legal Da Energia Solar” tem como objetivo traçar um histórico da evolução da regulação desse tema, desde os estágios iniciais da proteção ambiental, sob a perspectiva do Direito Internacional. Serão analisados os principais documentos internacionais até chegar ao cenário brasileiro, investigando as leis e resoluções normativas que subsidiaram a criação do Marco Legal da Energia Solar. Além disso, serão examinados os aspectos econômicos e sociais decorrentes dessa legislação. Para saber mais, acesse: https://repositorio.ufms.br/retrieve/3c55ab5f-4925-416d- b219-ee083b00c128/7498.pdf LEITURA COMPLEMENTAR NORMAS E LEGISLAÇÃOUNIDADE 3 https://repositorio.ufms.br/retrieve/3c55ab5f-4925-416d-b219-ee083b00c128/7498.pdf https://repositorio.ufms.br/retrieve/3c55ab5f-4925-416d-b219-ee083b00c128/7498.pdf 76 MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO • Título: Captando o Sol (Catching the Sun) • Ano: 2016. • Sinopse: A cineasta e ativista ambiental Shalini Kantayya busca respostas para questõessobre como construir uma economia de energia limpa e renovável, a partir do olhar dos trabalhadores envolvidos com essa atividade. O documentário mostra o boom da indústria de energia solar, sob diversas perspectivas, desde o dono de uma fábrica de placas solares na China, até um norte-americano que faz curso de instalador na Califórnia. No filme, os empresários chineses também são citados, de olho na liderança mundial em um futuro de energias renováveis. • Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=hSJP3O9Q8Sk LIVRO • Título: Políticas Públicas, Tributação E Energia Solar • Autor: Denise Lucena Cavalcante, Paulo Caliendo. • Editora: CRV. • Sinopse: A presente obra representa o aprofundamento nas questões mais importantes relativas à tributação ambiental, notadamente sob o viés das energias de fontes renováveis, com destaque para a energia solar. Dessa forma, as temáticas aqui abordadas possuem o privilégio de margear as ideias de setores tradicionalmente antagônicos, mas que decidem aprofundar o olhar em torno da relevante temática ambiental. Nessa medida, criou-se um ambiente de intensa sinergia, com participação de representantes dos setores produtivos, do Estado e da academia. NORMAS E LEGISLAÇÃOUNIDADE 3 https://www.youtube.com/watch?v=hSJP3O9Q8Sk Professor Me. Lucas Delapria dias dos Santos GESTÃO DE PROJETOS4UNIDADEUNIDADE PLANO DE ESTUDO 78 Plano de Estudos • Conceito e definição de projeto. • Gerenciamento de projetos. • Abordagem ágil de projetos. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar gestão de projetos voltados para projetos de engenharia. • Apresentar ferramentas que podem ser aplicados na gestão de projetos de energias renováveis. • Conhecer ferramentas de gestão de projetos em geral. GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 79 Prezado (a) estudante, esta unidade marcará o início do seu processo de compreensão sobre gestão de projetos, abordando conceitos e aspectos iniciais relevantes. A prática envolve a familiarização com técnicas e métodos de gerenciamento de projetos que serão úteis tanto na sua vida pessoal quanto profissional. É fundamental entender que gerenciar projetos é uma atividade crucial nas empresas, e para desempenhá-la com eficácia, além de conhecer as ferramentas e técnicas, é necessário desenvolver habilidades e competências específicas. Ao longo desta unidade, você entenderá como a gestão de projetos evoluiu ao longo do tempo, acumulando conhecimentos essenciais para a área e destacando sua importância no cenário atual. Você também aprenderá os conceitos e definições fundamentais, como projetos, programas e portfólio, bem como a distinção entre essas atividades e as operações contínuas das empresas. É importante ressaltar que você adquirirá uma compreensão clara sobre o que é gestão de projetos, como ela se desenvolve e, especialmente, o papel e as competências essenciais de um gestor de projetos. Para isso, é crucial entender os benefícios que uma gestão de projetos adequada proporciona às organizações, reconhecendo sua importância no contexto do século XXI. Nesse sentido, também abordaremos os fatores críticos de sucesso e fracasso em projetos, pois é essencial compreender essas dinâmicas ao começar a gerenciar projetos. Este conhecimento será valioso ao longo da sua jornada profissional. Todos os conceitos e conhecimentos desta unidade podem e são empregados em projetos de engenharia ao redor do mundo, nas mais diversas áreas. Agora que você tem uma visão geral do contexto do gerenciamento de projetos, convido-o (a) a continuar nossa jornada de estudos. Nesta unidade, proponho uma reflexão sobre a importância do gerenciamento de projetos dentro das organizações. INTRODUÇÃO GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 80 Um projeto é um plano ou esquema que inclui uma descrição detalhada de um empreendimento a ser realizado. Ele pode ser conceituado como um esforço temporário, com um início e fim definidos, realizado para criar um produto, serviço ou resultado único, dentro de limitações de recursos como humanos, financeiros e materiais, seguindo uma sequência de atividades interligadas (PMI, 2017). Dessa forma, o propósito do projeto é alcançar objetivos através da geração de entregas. Esses objetivos podem variar desde a produção de um produto ou a prestação de um serviço, até a conquista de uma posição estratégica ou a realização de um propósito específico (PMI, 2017). Por outro lado, as entregas podem ser definidas como produtos, serviços ou resultados que devem ser produzidos para concluir um processo, fase ou projeto (PMI, 2017), enfatizando que os objetivos do projeto podem resultar em uma ou mais entregas. Por exemplo: • Um item único que pode ser parte integrante de outro item a ser fabricado. • Um serviço exclusivo que pode oferecer suporte à fabricação e distribuição de um produto. • Um resultado singular que pode se manifestar como uma pesquisa que sustentará um novo produto ou processo em benefício da sociedade. • Uma combinação de produtos, serviços ou resultados que podem culminar em um aplicativo de software. CONCEITO E DEFINIÇÃO DE PROJETO1 TÓPICO GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 81GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 É importante considerar que os projetos são ubíquos, estando presentes em todos os lugares simultaneamente, representando uma parte significativa do trabalho associado à introdução de novas tecnologias no contexto empresarial convencional (Webster Junior; Knutson, 2011; Hodgson et al., 2016). Assim, o desenvolvimento e a implementação de novas tecnologias são frequentemente organizadas como projetos, sendo planejados e controlados por gerentes com metodologias específicas de gerenciamento, frequentemente apoiados por tecnologias auxiliares que monitoram e relatam o progresso em relação a um cronograma e um plano (Hodgson et al., 2016). Do ponto de vista dos negócios, os projetos impulsionam a mudança - criando algo novo ou diferente - e movem uma organização de um estado para outro como uma força motriz. Nessa perspectiva, os projetos representam o padrão, até mesmo o modo universal de organização utilizado para desenvolver, aprimorar, implementar ou entregar novas tecnologias através de um esforço coletivo limitado no tempo (Hodgson et al., 2016). Exemplos de projetos incluem: • Desenvolvimento de um novo medicamento. • Construção de um edifício. • Fusão de organizações. • Desenvolvimento ou modificação de um software. • Melhorias em um processo de produção em uma indústria. • Realização de pesquisas para criação de novos processos organizacionais, entre outros. Conforme observado, os projetos são de natureza temporária, o que implica que possuem um começo e um fim definidos, sem necessariamente terem uma duração breve. Segundo o PMI (2017), o encerramento de um projeto ocorre quando: • Os objetivos do projeto são alcançados. • Os objetivos não podem ou não serão alcançados. • Os recursos estão esgotados ou não estão mais disponíveis para serem alocados ao projeto. • A necessidade que originou o projeto não existe mais. • O projeto é encerrado por questões legais ou por conveniência. Portanto, cada projeto é singular, iniciando e terminando, com um foco no cliente e sujeito a restrições de prazo, custo e recursos. De acordo com o PMI (2017), um projeto pode começar com o objetivo de atender a requisitos legais ou regulatórios, satisfazer 82GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 demandas das partes interessadas, criar, melhorar ou corrigir produtos, ou serviços, ou ainda implementar/alterar estratégias de negócios, ou tecnológicas. Assim, diversos fatores como tecnológicos, competitivos, ambientais, materiais, políticos, econômicos e de mercado podem levar à concepção de projetos. 1.1 Projetos x atividades contínuas No contexto empresarial, é importante distinguir entre projetos e atividades contínuas ou rotineiras nas organizações. Enquanto um projeto é um processo único, comde forma eficaz, entre outros (PMI, 2017, p. 10). Por outro lado, projetos mal gerenciados ou a ausência de gerenciamento de projetos podem resultar em: atrasos; estouro no orçamento; baixa qualidade; retrabalho; expansão descontrolada do projeto; danos à reputação; insatisfação das partes interessadas; e falha em alcançar os objetivos do projeto (PMI, 2017, p. 10). Segundo o PMI (2017), o gerenciamento eficaz e eficiente de projetos deve ser considerado uma competência estratégica das organizações, permitindo que elas: conectem os resultados do projeto aos objetivos de negócio; compitam de maneira mais eficaz nos mercados; sustentem a organização; e respondam de forma rápida e apropriada ao impacto das mudanças. Nessa ótica, o gerenciamento de projetos requer um processo formal para estabelecer objetivos claros de negócios. É fundamental que todos compartilhem da mesma visão, tornando os objetivos do projeto claros e explícitos. Além disso, esses objetivos devem ser mensuráveis e direcionados para a visão da organização (Do valle et al., 2010). Assim, o gerenciamento de projetos: • Requer uma grande tarefa que demanda dedicação, organização e recursos específicos. • Possui um caráter não contínuo, com início e fim definidos. • Aumenta as chances de sucesso do projeto, utilizando ferramentas que buscam a redução de riscos. • Utiliza diversas ferramentas para apoiar o gerente de projetos na medição, acompanhamento das tarefas e implementação de mudanças. Dessa forma, os projetos desempenham um papel fundamental na criação de valor e benefícios para as organizações. Para tanto, os líderes organizacionais precisam ser capazes de gerenciar orçamentos cada vez mais restritos, prazos mais curtos e recursos mais escassos em um ambiente dinâmico onde a tecnologia muda rapidamente (PMI, 2017). É importante destacar que o cliente ou o patrocinador sempre buscará obter o maior benefício possível, com o menor preço, em tempo hábil e com produtos ou serviços de qualidade. Portanto, no gerenciamento do projeto, o maior desafio é equilibrar as restrições básicas: qualidade, escopo, tempo e custos, sendo que qualquer modificação em uma dessas restrições impacta as demais. Assim, o conceito da “tríplice restrição” envolve equilibrar cada uma delas para alcançar uma conclusão bem-sucedida. Conforme o projeto avança, o gerente pode 88GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 realizar mudanças que afetam uma ou mais restrições. Por exemplo, se for necessário reduzir custos, é preciso reduzir o escopo. Se a alteração no projeto demandar a diminuição do prazo, é necessário reduzir o escopo ou aumentar o custo. Por fim, para aumentar o escopo, é necessário aumentar o custo ou o prazo. Por exemplo, suponha que você tenha sido encarregado de gerenciar a construção de uma casa: • Escopo do Projeto: construir uma residência na região serrana de Campos do Jordão. Refere-se ao planejamento das atividades necessárias para alcançar o resultado desejado, incluindo a determinação das tarefas, do tempo necessário, das entregas esperadas e dos custos associados. Por exemplo, detalha como a casa será construída, quais etapas são necessárias para entregar o produto final com suas características específicas. • Escopo do Produto: residência com 4 quartos, incluindo suíte, cozinha, 2 salas, sauna, piscina, jardim, muro e 4 vagas de garagem. Refere-se aos componentes ou materiais necessários para colocar o item em condições de uso, garantindo uma determinada qualidade. • Requisitos Funcionais: incluem características como lâmpadas com tecnologia LED, controle de ar condicionado, televisão, cortinas e iluminação controlados por meio de um aplicativo para celular. • Requisitos de Qualidade: estabelecem padrões de qualidade para os materiais e acabamentos utilizados, como o uso de piso laminado de primeira linha na cor tabaco e tintas acrílicas de qualidade superior na cor Branco Gesso. Se o patrocinador do projeto decidir cortar 30% dos recursos, diversas alternativas podem ser consideradas, tais como: 01. Reduzir o Escopo do Produto: entregar uma casa com menos quartos, eliminar certas características como o jardim e reduzir o número de vagas de garagem. 02. Estender o Prazo de Entrega: ampliar o tempo necessário para a conclusão do projeto, passando de 6 meses para 12 meses, a fim de reduzir os custos com mão de obra. 03. Manter o Escopo e Ajustar a Qualidade: substituir materiais de alta qualidade por opções mais acessíveis, como optar por um piso laminado de segunda ou terceira linha e utilizar tintas de qualidade inferior. Nessa perspectiva, todos os projetos enfrentam limitações orçamentárias; o cliente está disposto a investir uma determinada quantia de dinheiro para obter um novo produto ou serviço. No exemplo da casa, ao reduzir o custo do projeto, é necessário adaptar o escopo ou o prazo de entrega. Quanto ao tempo, os projetos têm uma data de entrega 89GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 estabelecida. Ao reduzir o tempo do projeto, é necessário aumentar os custos ou ajustar o escopo. É importante ressaltar que muitos projetos falham na gestão do escopo devido à falta de definição ou compreensão completa do projeto desde o início. Considerando ainda o exemplo da construção da casa, se houver um aumento no escopo do projeto, será necessário aumentar seu custo ou prazo de conclusão. É evidente que, como gerente deste projeto, será crucial reequilibrar o projeto para atender às novas restrições e garantir o sucesso para o cliente. Portanto, um gerente de projeto precisa ponderar uma restrição em relação à outra para alcançar o melhor resultado possível. Dessa forma, no gerenciamento do projeto, os três fatores mais importantes são o tempo, o custo e o escopo. Esses elementos formam os vértices de um triângulo, com a qualidade como tema central, uma vez que sempre será afetada pelas variações nesses três aspectos. FIGURA 5: A RESTRIÇÃO TRIPLA Fonte: O autor (2024) Isso significa que a restrição tripla engloba quatro elementos principais: • O projeto deve ser concluído dentro do orçamento estabelecido. • O projeto deve permanecer dentro do escopo definido. • O projeto deve ser entregue dentro do prazo estipulado. • O projeto deve atender aos requisitos de qualidade estabelecidos pelo cliente. Portanto, o escopo, o tempo, a qualidade e os custos são fatores cruciais para o êxito do projeto. Qualquer atraso pode resultar em aumento nos custos. Por sua vez, um aumento nos custos pode interferir no escopo e/ou nos objetivos do projeto. Além disso, a qualidade desempenha um papel fundamental na aceitação do projeto pelos patrocinadores. 90GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 É importante destacar que a metodologia de gerenciamento de projetos não se limita apenas à restrição tripla, mas também abrange outras dez áreas de conhecimento, como demonstrado na Figura 5 a seguir. FIGURA 6: METODOLOGIA DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS Fonte: PMI (2017). 91GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 2.1 Benefícios com a utilização da metodologia de gestão de projetos A gestão de projetos é uma ferramenta fundamental para as organizações executarem seus projetos de maneira eficiente e eficaz (Azzopardi, 2006). Ao adotar as melhores práticas de gestão de projetos, as organizações podem alcançar resultados significativos, como a redução de custos e prazos no desenvolvimento de novos produtos. Além disso, possibilita aumentar a vida útil dos produtos, ter maior controle sobre o progresso do projeto, expandir a base de clientes e aumentar sua satisfação, aumentando assim as chances de sucesso do projeto. Firmino (2005) ressalta os benefícios que as organizações obtêm ao utilizar as melhores práticas: • Minimiza surpresas ao documentar e compartilhar lições aprendidas. • Facilita o desenvolvimento de vantagens competitivas e a implementação de novas técnicas de alto valor agregado. • Prevê situações indesejáveis através de açõespreventivas e corretivas, evitando que essas situações se tornem problemas. • Adapta rapidamente o trabalho às necessidades do cliente. • Facilita a tomada de decisões rápida, devido à estruturação e disponibilização das informações. • Registra estimativas para projetos futuros. • Compartilha o conhecimento organizacional em toda a instituição. Mesmo seguindo rigorosamente a metodologia de gerenciamento de projetos, é impossível eliminar todos os riscos, problemas e surpresas. No entanto, os processos e procedimentos padronizados ajudam a lidar com essas situações e a evitar: • Atrasos no projeto, aumento de custos e insatisfação do cliente. • Percepção de que o gerenciamento de projetos não agrega valor à organização, sendo visto como desperdício de tempo e recursos. • Dependência de horas extras e estresse constante para alcançar o sucesso do projeto. • Impacto de eventos e riscos não identificados inicialmente. Empresas que adotam as melhores práticas de gerenciamento de projetos estão mais bem preparadas para o sucesso no mercado. No entanto, é importante ressaltar que o uso dessa ferramenta não garante automaticamente o sucesso do projeto (Azzopardi, 2006). O benefício 92GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 obtido pelas instituições com o gerenciamento de projetos está diretamente relacionado ao seu nível de maturidade em relação às boas práticas e aos conceitos que elas trazem. 2.2 Fatores críticos de sucesso em projeto Um projeto bem-sucedido é aquele que cumpre todas as entregas planejadas dentro do prazo e orçamento aprovados, além de atender a todas as especificações funcionais de desempenho e qualidade. Também alcança suas metas, objetivos e propósitos, satisfazendo as expectativas das partes interessadas (do Valle et al., 2010, p. 57). Segundo Baccarini (1999), o sucesso na gestão de projetos envolve o cumprimento de prazos e custos, a satisfação das necessidades das partes interessadas e a qualidade no processo de gestão do projeto. Ele ainda diferencia o sucesso do projeto do sucesso do produto, este último dependendo do alcance das metas organizacionais, da satisfação do cliente e/ou usuário, e da satisfação dos envolvidos no projeto. O autor ressalta que o sucesso na gestão do projeto pode influenciar o sucesso do produto, embora seja improvável que possa prevenir falhas no produto. Portanto, o sucesso na gestão de projetos está condicionado ao sucesso do produto. Consequentemente, os critérios de sucesso na gestão de projetos, como tempo, custo e desempenho, dependem do sucesso dos objetivos do projeto (Baccarini, 1999). No entanto, implementar o gerenciamento de projetos nas organizações é um desafio árduo, no qual o sucesso do projeto depende de vários fatores críticos, tais como: FIGURA 7: IMPLEMENTALÇAO E GERENCIAMENTO DE PROJETOS NAS ORGANIZAÇÕES Fonte: PMI (2017). 93GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 Segundo Borba (2015), o apoio da alta administração é fundamental para o sucesso do projeto, uma vez que sem esse respaldo não haverá patrocinador nem os recursos físicos e humanos necessários para sua execução. O autor ressalta que o projeto deve visar os objetivos que geram benefícios previstos para a organização. Para alcançar tais objetivos, é essencial estabelecer formas de medição de tempo, custo, qualidade, segurança, entre outros aspectos (Borba, 2015). As expectativas das partes interessadas em relação à execução do projeto devem ser atendidas ou superadas por meio da aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas nas atividades do projeto (Borba, 2015). Em muitos casos, um projeto é considerado bem-sucedido se cumprir os critérios de tempo, custo, eficácia e satisfação do cliente (Borba, 2015). Vale ressaltar que os processos não conduzem os projetos, mas sim as pessoas encarregadas das atividades, as quais, se gerenciadas adequadamente, resultarão no alcance dos objetivos do projeto. Dado que são as pessoas que executam o projeto, é crucial que o gerente do projeto possua habilidades de comunicação, liderança, motivação e, acima de tudo, capacidade de se relacionar com as pessoas, fatores essenciais para o sucesso de um projeto. Segundo Borba (2015), a otimização dos recursos de um projeto pode ser alcançada por meio da implementação de boas práticas de gerenciamento de projetos, visando ao equilíbrio dos recursos alocados. Além disso, para auxiliar no processo de planejamento do projeto, é crucial compreender o contexto organizacional. Da mesma forma, compreender a cultura organizacional é fundamental para a execução eficaz das atividades do projeto. Dessa forma, o gerenciamento de projetos abrange o gerenciamento de pessoas, tecnologia, negócios, riscos e expectativas. É uma tarefa de equilíbrio delicado, envolvendo múltiplas responsabilidades simultaneamente (Wiegers, 2006). Nesse contexto, o autor ressalta que para alcançar um projeto bem-sucedido, é crucial: • Estabelecer critérios de sucesso do projeto: identificar as partes interessadas, compreender seus interesses, alinhar expectativas e definir objetivos claros. Motivar a equipe e o cliente, além de cumprir os padrões da indústria e regulamentos governamentais. • Estabelecer critérios para o lançamento do produto: desde o início do projeto, determinar de forma realista os critérios que indicarão se o produto está pronto para ser lançado. • Negociar compromissos alcançáveis: Comprometer-se apenas com aquilo que se sabe que pode ser cumprido. A negociação é essencial sempre que houver discrepâncias entre o cronograma ou a funcionalidade esperada. 94GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 Portanto, é importante observar que o sucesso no gerenciamento de projetos está diretamente ligado ao sucesso do produto, o que requer o alcance dos objetivos do projeto, bem como a satisfação das partes interessadas. No entanto, como já discutimos, a implementação do gerenciamento de projetos nas organizações é um desafio significativo, no qual o sucesso do projeto depende de vários fatores críticos e das habilidades do gerente do projeto. 2.3 Fatores críticos de fracasso em projetos O elemento mais crucial de um projeto reside na sua importância suficiente para justificar a criação de uma unidade organizacional dedicada, fora da estrutura operacional regular da organização. Se o restante da organização perceber, ou até mesmo suspeitar, que isso não é verdadeiramente relevante, o projeto frequentemente está fadado ao fracasso (Meredith & Mantel Jr., 2009). Assim, os projetos enfrentam falhas quando não conseguem alcançar os objetivos dentro do prazo estipulado e os custos ultrapassam os limites aceitáveis, ou quando os níveis de qualidade definidos são comprometidos (Keelling, 2006). O autor destaca que essas áreas de falha podem surgir em todas as fases do projeto: iniciação, planejamento, execução, controle e encerramento. De acordo com Keelling (2006), na fase de iniciação, a falha pode ocorrer devido a: • Falta de dedicação de tempo e estudo suficiente por parte dos patrocinadores e proprietários do projeto na avaliação da viabilidade do projeto. • Avaliação inadequada de riscos na fase de viabilidade. • Falha em garantir a cooperação de todas as partes interessadas no projeto, como acordos entre órgãos públicos ou indivíduos, já que podem surgir oposições e obstáculos durante o projeto. • Ausência de apoio administrativo ou habilidades inadequadas nos estágios iniciais do projeto. Na fase de planejamento, Keelling (2006) ressalta que a falha ocorre devido a: • Propósito inválido do projeto, colocando-o em função de publicidade ou ganhos pessoais. • Falta de capacidade de planejamento, com objetivos mal definidos e atividades planejadas de forma inadequada. • Estrutura administrativa inadequada, com delegação de autoridade mal definida. • Falha em considerar possíveis impedimentos e em analisar riscos e planos de contingência. 95GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 • Errosna elaboração do orçamento, seja por falta de realismo ou especificação incorreta da qualidade. • Negociação deficiente de contrato. Keelling (2006) destaca que durante a fase de execução/implementação do projeto, o fracasso pode surgir devido a: • Seleção inadequada de especialistas, líderes e gerentes. • Estilos de liderança inadequados. • Monitoramento e controle deficientes por parte dos gerentes e líderes de equipe. • Coordenação frágil das atividades e incapacidade de obter a cooperação das pessoas envolvidas no projeto. • Falta de provisão de recursos, equipamentos e materiais. • Utilização de materiais e equipamentos com especificações técnicas inferiores. • Falhas na comunicação e nos relatórios de acompanhamento. • Relutância em tomar medidas corretivas e falha em realizar previsões regulares e, se necessário, redefinir o projeto. Na fase de conclusão, conforme observado por Keelling (2006), a falha pode advir de: • Não cumprimento dos prazos estabelecidos. • Incapacidade de alcançar os padrões de qualidade adequados e definidos no início do projeto. • Entregas inadequadas das atividades planejadas. • Avaliação e acompanhamento insuficientes do projeto. • Ausência de sustentação para os objetivos do projeto. É evidente que muitos desafios podem surgir no gerenciamento de projetos. Diversas barreiras, riscos e problemas podem afetar todas as fases e processos de gerenciamento de projetos. Além disso, o autor ressalta que outros fatores, como comunicação deficiente, desacordos, mal-entendidos, condições climáticas adversas, greves, conflitos de personalidade, má administração e objetivos mal definidos, podem levar ao fracasso do projeto. De acordo com Do Valle et al. (2010, p. 57), os erros mais comuns no gerenciamento de projetos incluem: • Falta de compreensão do alinhamento do projeto com os objetivos da organização e na gestão das expectativas das partes interessadas. • Falta de consenso entre as partes interessadas em relação aos fatores críticos de sucesso do projeto. 96GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 • Ausência de um cronograma realista, que leve em consideração fatores como carga de trabalho, dependências entre tarefas, estimativas de custos e distribuição adequada de recursos. • Falta de definição e comunicação claras das responsabilidades da equipe do projeto e da formalização da aceitação do cronograma. • Escassez de recursos humanos qualificados e disponíveis para o projeto, além de deficiências na definição dos requisitos e do escopo do projeto. • Ineficácia na gestão e liderança do projeto. Assim, a falta de planejamento adequado dos recursos humanos, materiais e cronograma, juntamente com deficiências na comunicação, orçamentação e alinhamento das partes interessadas com os objetivos do projeto, são fatores cruciais para o fracasso dos projetos. Ao aprendermos os conceitos iniciais sobre gestão de projetos nesta unidade, percebemos que gerenciar projetos requer conhecimentos e habilidades que abrangem desde a capacidade de planejamento e organização do gerente de projetos até a liderança e motivação da equipe. Além disso, envolve a gestão da tríplice restrição e a satisfação das expectativas dos clientes e de todas as partes envolvidas no projeto. 97 ABORDAGEM ÁGIL DE PROJETOS3 TÓPICO GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 Neste segmento, exploraremos como o gerenciamento de projetos tradicional pode mostrar-se menos eficiente em projetos de software. Isso ocorre porque pressupõe que os eventos que impactam o projeto são previsíveis e requerem uma quantidade significativa de documentação. Segue uma abordagem sequencial, de cima para baixo, onde é necessário que uma fase ou grupo de processos seja concluído antes que outro possa ser iniciado de forma ordenada, garantindo que as etapas do projeto sejam cumpridas conforme o planejado. Além disso, qualquer alteração requer aprovação por meio de um comitê de avaliação, e uma vez aprovada, os processos de planejamento devem ser revisados. Por outro lado, nos projetos de software, os requisitos tendem a ser evasivos, voláteis e suscetíveis a mudanças. Isso decorre do fato de que, frequentemente, o cliente não tem uma compreensão completa do produto ou serviço no momento da contratação. Conforme o projeto avança, a clareza aumenta e as mudanças são implementadas. Em outras palavras, os requisitos estão sujeitos a alterações frequentes ao longo do ciclo de desenvolvimento do produto. Assim, surge a necessidade de uma abordagem alternativa, mais flexível, que permita modificações imediatas do produto à medida que os requisitos surgem e se tornam necessários. É nesse contexto que nasce o Agile Project Management (APM), que teve origem no setor de tecnologia da informação, principalmente a partir do Manifesto Ágil para o desenvolvimento de software, em 2001, elaborado de forma colaborativa por 17 profissionais (Cruz, 2015). 98GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 Uma das bases das abordagens ágeis em projetos é a maximização da eficiência, evitando o desperdício de tempo e recursos. O método ágil é altamente iterativo e incremental, permitindo que os desenvolvedores e as partes interessadas do projeto trabalhem ativamente juntos para compreender o domínio, identificar o que precisa ser construído e priorizar a funcionalidade (Hass, 2007). De acordo com Cruz (2015), o Manifesto Ágil destaca quatro valores fundamentais que sustentam e formam a base das principais práticas ágeis: • Pessoas e interações entre elas são mais importantes do que processos e ferramentas: embora os processos e as ferramentas sejam necessários, eles não devem substituir as interações humanas. Além disso, é fundamental simplificar e minimizar os processos e ferramentas sempre que possível, para que não interfiram nas interações humanas e possam servir de suporte ao desenvolvimento de produtos. • Software funcionando é mais importante do que documentação extensiva: o foco deve estar em entregar um software funcional que atenda exatamente ao que o cliente solicitou. No entanto, a documentação mínima necessária também é importante e possui seu valor. • Colaboração com o cliente é mais importante do que negociação de contratos: é essencial envolver o cliente de forma próxima ao projeto, integrando-o ao Time de Desenvolvimento e compartilhando questões de sucesso, riscos e fracassos. Negociar contratos com foco em cláusulas punitivas não é benéfico para ambas as partes. Portanto, o foco deve ser na colaboração, não na negociação de contratos. • Respostas rápidas a mudanças são mais importantes do que seguir um plano rígido: Adaptar-se rapidamente a mudanças, respondendo a elas no momento adequado e na direção correta, é crucial para o sucesso de qualquer projeto. Isso pode definir a diferença entre o sucesso e o fracasso do projeto. O Gerente de Projeto deve levar em conta suas habilidades pessoais, uma vez que a implementação de métodos ágeis requer mais habilidades de liderança e menos ênfase no gerenciamento tradicional. Com um foco maior na equipe, que inclui os clientes do projeto, e tomando decisões com base nas informações fornecidas pela equipe, as contribuições do Gerente de Projeto estão mais concentradas na “Remoção de barreiras”. Isso implica em olhar adiante no cronograma do projeto e antecipar e abordar as ações que possam obstruir o progresso da equipe do projeto (Webster Jr.; Knutson, 2011). Assim, a abordagem Ágil consiste em múltiplos ciclos de planejamento e desenvolvimento iterativos e rápidos, nos quais uma equipe de projeto avalia continuamente o produto em evolução e obtém feedback imediato dos clientes, usuários ou partes interessadas (Hass, 2007). A autora 99GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 ressalta que essa abordagem possibilita que a equipe aprenda e aprimore tanto o produto ou serviço quanto seus métodos de trabalho a cada ciclo sucessivo. A metodologia ágil é altamente adaptável e aplicável a projetos dequalquer natureza. Não há uma resposta definitiva sobre qual metodologia é a melhor. Isso depende da maturidade da organização e da equipe do projeto. Os métodos ágeis são geralmente preferidos quando o valor do projeto é claro, o cliente participa ativamente ao longo do processo, os membros do cliente, designers e desenvolvedores estão fisicamente próximos, o desenvolvimento incremental de recursos é viável e a documentação visual é considerada adequada (Hass, 2007). Diante disso, torna-se evidente que um dos fundamentos da agilidade é a comunicação e a transparência entre todas as partes interessadas do projeto. Com equipes enxutas, multidisciplinares e autogerenciadas, os métodos ágeis demandam que cada colaborador assuma a responsabilidade gerencial pelas próprias tarefas delegadas. Isso capacita os indivíduos a aumentar o valor do produto ao tomar decisões sobre como realizar o trabalho. 3.1 Abordagem ágil: principais aplicações Existem diversos métodos ágeis disponíveis para utilização. Entre os mais reconhecidos, destacam-se o Scrum, a família Crystal, o FDD (Feature Driven Development), o DSDM (Dynamic System Development Method), XP (Extreme Programming), AUP (Agile Unified Process) e o Lean Software Development. 3.1.1 Scrum Entre as diversas metodologias ágeis, o Scrum é a mais difundida para o gerenciamento de projetos. Trata-se de um framework dentro do qual as pessoas podem lidar com problemas complexos e adaptativos, sendo aplicável para o planejamento, gerenciamento e desenvolvimento de qualquer produto, principalmente devido à sua abordagem iterativa e incremental (Cruz, 2015). A principal ideia por trás do Scrum é controlar processos empíricos, baseando- se em três pilares que empregam uma abordagem iterativa e incremental para otimizar a previsibilidade e o controle de riscos: transparência, inspeção e adaptação. A transparência garante que todos os aspectos do processo que afetam o resultado sejam visíveis e conhecidos pelos responsáveis pelo projeto, promovendo um entendimento compartilhado (Cruz, 2015). Por exemplo, quando uma etapa é marcada como concluída, todos os membros da equipe devem compreender o significado de “concluída” (Schwaber; Sutherland, 2013). 100GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 A inspeção é parte integrante da auto-organização da equipe, na qual os processos são completamente inspecionados com uma frequência suficiente para detectar variações e permitir ajustes. No entanto, a inspeção não deve ocorrer com tanta frequência a ponto de prejudicar a execução do trabalho (Cruz, 2015). A adaptação refere-se à capacidade de realizar ajustes rapidamente caso variações significativas sejam identificadas durante a inspeção, que possam comprometer o resultado do produto (Cruz, 2015). Para facilitar esse processo, o Scrum possui quatro eventos formais: a reunião de planejamento da Sprint, a reunião diária, a revisão da Sprint e a retrospectiva da Sprint. Na reunião de planejamento da Sprint, conduzida pelo Scrum Master e com duração máxima de oito horas, a equipe define o trabalho a ser realizado durante a Sprint de um mês. Nessa reunião, são definidos “o que” será feito e “como” será feito. As reuniões diárias, realizadas normalmente todos os dias, com duração entre 15 a 20 minutos, ocorrem sempre no mesmo local e horário, permitindo que a equipe se organize e planeje até a próxima reunião (Schwaber; Sutherland, 2013). Conforme Cruz (2015), o foco dessas reuniões é garantir alinhamento sobre o trabalho realizado, o trabalho a ser realizado e identificar oportunidades para agregar valor ao trabalho dos demais membros da equipe. A revisão da Sprint é um evento de quatro horas conduzido pelo Product Owner ou cliente, no qual são revisados todos os itens concluídos pela equipe durante a Sprint. Nessa cerimônia, são comparados os itens entregues com os itens planejados, permitindo avaliar o progresso e identificar possíveis ajustes a serem feitos (Schwaber; Sutherland, 2013). A retrospectiva da Sprint, uma reunião de três horas, oferece ao Time Scrum a oportunidade de refletir sobre o trabalho realizado durante a Sprint e identificar melhorias a serem implementadas na próxima Sprint. Essa é a reunião que mais impacta a melhoria contínua nos projetos e na equipe (Cruz, 2015). É importante destacar que o framework Scrum consiste em equipes Scrum associadas a papéis, eventos, artefatos e regras, sendo cada componente essencial para o sucesso do Scrum (Schwaber; Sutherland, 2013). O Time Scrum é composto pelo Product Owner (dono do projeto), o Time de Desenvolvimento e o Scrum Master (responsável pela aplicação do Scrum). Cruz (2015) destaca que o ciclo de vida de um projeto Scrum é definido pelos Sprints, que têm início, conteúdo, execução e fim. Os projetos podem ter fases, que podem ser subdivididas em Sprints ou agrupadas em conjunto delas. Essa estruturação pode ser observada na Figura 1. 101 O valor dos projetos para os negócios está associado aos benefícios futuros, que podem ser tangíveis e intangíveis. Exemplos de benefícios futuros tangíveis incluem: capital acionário, ativos monetários, serviços públicos, ferramentas e instalações, e participação no mercado. Por outro lado, os benefícios futuros intangíveis abrangem: reputação, reconhecimento da marca, benefício público e alinhamento estratégico. Fonte: PMI (2017, p. 5). SAIBA MAIS O melhor projeto é aquele que atende o cliente, os objetivos organizacionais, os requisitos legais, é viável economicamente, que apresenta um menor risco e/ou um maior conhecimento técnico. Fonte: O autor (2024) REFLITA GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 FIGURA 8:CICLO DE VIDA DA SCRUM Fonte: Cruz (2015, p. 96). É importante ressaltar que o Backlog consiste em uma lista compreensiva de todas as características, funcionalidades, tecnologias, melhorias e correções que compõem o produto a ser entregue. Dessa forma, o Backlog do produto abrange tudo o que será trabalhado ao longo do projeto, enquanto o Backlog da Sprint representa apenas uma porção do backlog considerada “preparada” e selecionada para ser trabalhada na iteração da Sprint (Cruz, 2015). Além disso, ao observar a Figura 1, torna-se evidente que o ciclo de vida do Scrum possibilita a condução do projeto por meio de iterações menores, seguindo um modelo sequencial e repetitivo, gerando incrementos no produto até a conclusão integral do projeto (Cruz, 2015). 102 Nesta unidade, estudamos ideias relacionadas à gestão de projetos, abordando conceitos e aspectos fundamentais sobre o tema. Agora, você compreende como essa disciplina evoluiu ao longo do tempo e como acumulou conhecimento ao longo da história, destacando sua importância no contexto atual. Aprendemos que gerenciar projetos é uma atividade crucial nas organizações e que, para um gerente de projetos, é essencial não apenas conhecer as ferramentas e técnicas, mas também desenvolver habilidades e competências específicas. Além disso, exploramos os conceitos e definições de projetos, programas e portfólios, bem como a distinção entre essas atividades e as operações contínuas das empresas. Agora, você compreende melhor o que é gestão de projetos, como ela se desenvolve e o papel e as competências essenciais de um gestor de projetos. Neste contexto, também discutimos os benefícios que uma gestão de projetos adequada traz para as organizações, como a redução de custos e prazos de desenvolvimento de novos produtos, além de apresentar os fatores críticos de sucesso e fracasso em projetos. É importante buscar aprofundar seus conhecimentos na metodologia e estudar casos de sucesso e fracasso em projetos para obter insights valiosos. CONSIDERAÇÕES FINAIS GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 103 Este artigo tem como objetivo investigar como as empresas implementam, gerenciam e coordenam seus projetos. Ao longo do trabalho, será realizada uma revisão bibliográfica sobre3. ed. New York: Crc Press, 2010. MIRANDA, Arthur Biagio Canedo Montesano. Análise de Viabilidade Econômica de um Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede. 2014. 98 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. PATEL, Mukund R.. Wind and Solar Power Systems: Desing, Analysis, and Operation. 2. ed. New York: Taylor & Francis, 2006. PEREIRA, Enio Bueno et al. Atlas Brasileiro de Energia Solar. 2. ed. São José dos Campos: Inpe, 2017. Disponível em: http://ftp.cptec.inpe.br/labren/publ/livros/brazil_ solar_atlas_R1.pdf. Acesso em: 25 mar. 2024. PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco Antonio. Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro: Cepel / Cresesb, 2014. Disponível em: 109 http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Manual_de_Engenharia_FV_20 14.pdf. Acesso em: 25 mar. 2024. PMI (Project Management Institute). Um Guia do Conjunto de conhecimentos de REIS, L. B. Geração de energia elétrica. 2. ed. Barueri: Manole, 2011. ROGNER, H. et al. Introduction. In: METZ, B. et al. (ed.). Climate Change 2007: Mitigation. 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Esta denominação depende da capacidade de se restaurar, ou seja, uma fonte que pode ser utilizada ao longo do tempo sem que haja esgotamento é classificada como fonte renovável; uma fonte que se esgota conforme é utilizada é conhecida como fonte não renovável. Exemplos de fontes renováveis são o vento, a água, a biomassa, o sol, as ondas, as marés, FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEISUNIDADE 1 12 a geotérmica, entre outras, enquanto, entre as fontes não renováveis, podemos citar o petróleo, o gás natural, o carvão mineral e os combustíveis nucleares. As usinas elétricas que funcionam a partir de fontes renováveis, além de gerarem energia limpa, também contribuem para o desenvolvimento social e econômico da região na qual estão inseridas e para a redução dos impactos negativos ao meio ambiente, como a diminuição na quantidade de gases nocivos liberados na atmosfera. A utilização de fontes renováveis pelos países pobres, emergentes e em desenvolvimento também proporciona a eles pontos positivos, evitando ou minimizando a possibilidade de choques de oferta, ou o impacto de eventuais elevações de preços de energéticos e matéria-prima para geração. Dentre as principais fontes de energias renováveis no mundo, destacam-se as seguintes: FIGURA 1: FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO MUNDO Fonte: O autor (2024) No Brasil, há predominância de fontes renováveis na geração de energia elétrica. A grandiosidade e a abundância dos rios brasileiros impactam a preferência por essa fonte como geradora de energia elétrica para o país. Entretanto, é preciso diversificar a matriz energética brasileira, diminuir a dependência de geração de uma única fonte e aproveitar recursos renováveis que causam menos impactos ao meio ambiente (VASCONCELOS, 2017). Atualmente, o uso da energia elétrica proveniente de fontes renováveis é a opção mais estudada. Entretanto, é importante conhecer e estudar fontes não renováveis também, FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEISUNIDADE 1 13 visto que possuem importante representatividade na matriz elétrica brasileira e global, como veremos mais adiante. Este livro abordará as seguintes fontes: termelétricas, células a combustível, sistemas de cogeração, PCH (pequenas centrais hidroelétricas), usinas nucleares e sistemas solares. Além disso, a maioria das fontes citadas anteriormente pode ser instalada junto à carga, ou seja, a geração elétrica dessas fontes alternativas ocorre junto ou próximo ao consumidor, independentemente da potência do sistema. Dessa forma, economizam-se investimentos em linhas de transmissão e reduzem-se as perdas no sistema como um todo, melhorando a estabilidade das redes de transmissão brasileiras. A descentralização da produção de energia afeta positivamente também a economia, gerando novos ciclos de trabalho e renda. De acordo com Vasconcelos (2017), no Brasil, temos o Operador Nacional do Sistema (ONS), cujo papel é a operação das formas de geração de energia elétrica, assegurando que os montantes de energia ofertados e demandados sejam iguais, promovendo a estabilidade do sistema elétrico brasileiro. Dessa forma, o ONS possui grupos de geradores de energia com capacidade para controlar a quantidade de energia a ser despachada, assim como grupos de geradores sem essa capacidade. Sendo assim, as formas de geração também podem ser classificadas da seguinte forma: • Despacháveis: são os tipos de usinas geradoras com a capacidade de controlar o montante de energia a ser injetada no sistema elétrico. Como exemplo, podemos citar usinas termelétricas, visto que o controle da geração de eletricidade ocorre pela quantidade de combustível utilizado; e as usinas hidrelétricas que, graças aos controles nos reservatórios, conseguem controlar a vazão nas barragens e, consequentemente, o montante de energia elétrica gerada. Vale ressaltar que, nas usinas nucleares, embora despacháveis, não se pode controlar a geração de energia por meio da quantidade de matéria-prima/combustível utilizada. Dessa forma, a geradora nuclear estará ou “ligada” ou “desligada”, não havendo muita flexibilidade no montante de energia gerado em valores menores do que o da potência nominal da instalação (VASCONCELOS, 2017). • Não despacháveis: são usinas geradoras que não são capazes de controlar o montante de energia gerada, visto que a produção energética varia, principalmente, devido às condições climáticas locais. Exemplos de formas de geração não despachável incluem a geração solar fotovoltaica, que depende da irradiância solar; e a eólica, que depende da velocidade dos ventos (VASCONCELOS, 2017). Em suma, o sistema elétrico brasileiro detém características muito peculiares, e a importância dos geradores a partir de fontes hídricas cresceu devido ao fato de que o FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEISUNIDADE 1 14 volume de água armazenável em nossas hidrelétricas representa uma reserva de energia equivalente a cerca de cinco meses do consumo nacional de eletricidade (ROMEIRO; ALMEIDA; LOSEKANN, 2015 apud VASCONCELOS, 2017). Nossa matriz elétrica é caracterizada pelo considerável uso de fontes renováveis de energia, principalmente a hídrica, devido à disponibilidade de recursos propícios. A Figura 1 ilustra todas as fontes utilizadas no país, em termos de potência instalada, considerando a energia importada. FIGURA 2 : PRINCIPAIS FONTES GERADORAS DE ENERGIA NA MATRIZ BRASILEIRA Fonte: EPE (2019, p. 35). Observa-se, na Figura 1, que as fontes hidrelétricas são as principais fornecedoras de eletricidade para o Brasil atualmente. Embora as usinas hidrelétricas utilizem uma fonte renovável para gerar eletricidade e não emitam gases do efeito estufa em seu processo, a construção de uma usina dessa modalidade é responsável por impactar negativamente uma grande região. Para começar, dependendo do tipo de usina hidrelétrica (conteúdo que será estudado em unidades subsequentes) e do tipo de motor, é necessário desviar o curso do rio e criar um reservatório de água para garantir a geração (REIS, 2011). Para Reis (2011), dentre os principais impactos, destaca-se o desmatamento necessário para a criação da represa (consequentemente, perdas de fauna e flora), causando mudanças no microclima da região, além dos impactos sociais, ao desabrigar diversas famílias que viviam na área. A potência instalada determina se a usina é de grande, médio ou pequeno porte. A ANEEL adota três classificações (CCEE, 2017 apud VASCONCELOS, 2017, p. 69): “Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGH): até 1 MW de potência instalada. Pequenas Centrais FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEISUNIDADE 1 15 Hidrelétricas (PCH): entre 1,1 MW e 30 MW de potência instalada. Usina Hidrelétrica de Energia (UHE): mais de 30 MW de potência instalada”. Apesar de a base da matriz elétrica brasileira ser hidráulica, estamos acompanhando, nos últimos anos, o crescimento gradativo das fontes renováveis, como as eólicas e a solar. Para os próximos anos, espera-se mais destaque para essas fontes, em função dos incentivos à livre comercialização de energia gerada por fontes renováveis (EPE, 2019). A capacidade instalada das principais fontes pode ser analisada na Tabela 1, a seguir. TABELA 1: CAPACIDADE INSTALADA (MW) Fonte: EPE (2019). • Obs.1: não inclui micro e minigeração distribuídas. • Obs. 2: inclui biomassa, gás, petróleo e carvão natural. Os dados da Tabela 1 não incluem micro e minigeração distribuídas. Com exceção da energia nuclear, todas as outras fontes tiveram aumento significativo na contribuição de eletricidade para a nossa matriz energética, sendo a solar aquela que mais cresceu, com 37,6% no último levantamento realizado pela ANEEL (EPE, 2019). Definiremos agora o Conceitode Geração Distribuída. Geração distribuída é a denominação atribuída às usinas localizadas junto ou próximas aos centros de cargas. Essas usinas são conectadas à rede da distribuidora local e podem injetar, ou não, energia elétrica na rede pública (TAVARES; FILHO, 2012). Há vários modelos de usinas geradoras empregados na geração distribuída, a partir de fontes renováveis de energia, dentre os quais podemos citar: • Pequena Central Hidrelétrica – PCH. • Central Geradora Hidrelétrica – CGH. • Biomassa. • Eólica. • Solar Fotovoltaico. • Resíduos Urbanos. FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEISUNIDADE 1 16 As vantagens e desvantagens para o sistema elétrico com a instalação de pequenas centrais geradoras junto às cargas, de acordo com Tavares e Filho (2012), são: QUATRO 1: VANTAGENS E DESVANTAGENS DE SISTEMAS SOLARES PARA O SISTEMA ELÉTRICO Fonte: Adaptado de Tavares e Filho (2012) Agora que sabemos o que é geração distribuída, podemos estudar algumas barreiras às fontes renováveis de energia. Dentre as diversas barreiras que impedem o avanço de fontes energéticas renováveis, destacam-se as falhas de mercado e barreiras econômicas, barreiras de informação e conscientização, barreiras socioculturais e barreiras institucionais e políticas (IPCC, 2011). Quando se trata de energias alternativas, encontramos as falhas de mercado e barreiras econômicas em algumas situações, tais como: falta de conhecimento, divulgação precária dos reais benefícios (como emissão reduzida ou anulada de gases poluentes); e também devemos ressaltar os investimentos iniciais de aquisição do sistema (instalação e manutenção), geralmente envolvendo custos elevados, como é o caso do sistema fotovoltaico. Também há riscos econômicos quando se trata da utilização de uma tecnologia nova, pois, com baixa demanda inicial, há elevação nos custos (TAVARES; FILHO, 2012). Devemos considerar igualmente as barreiras de informação. A falta de conhecimento também representa uma barreira na difusão de novas tecnologias. Atualmente, os dados de geração energética de fontes solares, eólicas, geotérmicas e hidráulicas não são amplamente divulgados e difundidos. Além disso, ainda sofremos com a falta de profissionais capacitados para a execução de instalações, operações e manutenções de fontes renováveis (TAVARES; FILHO, 2012). FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEISUNIDADE 1 17 Nas barreiras socioculturais, enfrentamos a resistência da sociedade em relação à inserção de novas tecnologias e adaptações. Por exemplo, a influência estética da instalação de painéis solares nos telhados de residências ou a aceitação da modificação da paisagem natural, mudança provocada pela instalação de turbinas eólicas (TAVARES; FILHO, 2012). Por fim, quanto às barreiras institucionais e políticas, devemos levar em consideração a resistência das indústrias tradicionais e consolidadas no mercado em aceitarem certa perda de participação no mercado energético. As grandes empresas deste setor, no campo da energia elétrica, do petróleo, do gás natural, ou até mesmo de biocombustíveis, podem opor forte resistência à produção descentralizada de energia renovável (TAVARES; FILHO, 2012). Bem, caro (a) aluno (a), como sabemos, a obtenção da eletricidade ocorre por meio da transformação de alguma fonte em energia elétrica, a qual pode ocorrer em uma ou em várias etapas. Vejamos o caso da energia elétrica proveniente de fontes térmicas. Na primeira etapa, uma máquina transforma um desses tipos de energia em energia cinética de rotação e, em seguida, um gerador acoplado à máquina transforma a energia cinética em eletricidade. Combustíveis importantes que podem ser citados na geração por meio de termelétricas são: gás natural, biomassa, nuclear, carvão e seus derivados, petróleo e derivados. As fontes termelétricas são extremamente importantes para o Brasil e representam cerca de 25,2% da produção de energia na matriz elétrica nacional, como ilustrado na Figura 2 a seguir. FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEISUNIDADE 1 18 FIGURA 3: FLUXO ENERGÉTICO: ELETRICIDADE Fonte: EPE (2019, p. 44). Em relação aos impactos ambientais, as termelétricas caracterizam-se por níveis altos de poluição, visto que produzem óxido de enxofre que reage com o oxigênio do ar e forma o ácido sulfúrico, o grande responsável pela produção da chuva ácida. Além disso, outros gases liberados na atmosfera, como óxido de nitrogênio, monóxido e dióxido de carbono, contribuem para o efeito estufa (VASCONCELOS, 2017). Em virtude dos impactos negativos causados na geração de energia elétrica por meio da termelétrica (principalmente, do petróleo e do carvão), essa tecnologia tem sido cada vez menos utilizada nas últimas décadas, em especial devido aos requisitos de proteção ambiental e ao aumento da competitividade de fontes alternativas (VASCONCELOS, 2017). Deve-se destacar, no entanto, que o gás natural e a biomassa impactam relativamente menos a qualidade do ar do que o carvão e o petróleo. Dentre as fontes mencionadas anteriormente, a nuclear não causa nenhum efeito. No caso da energia elétrica gerada por meio do sol e dos ventos, que também está inserida no contexto de energias alternativas e renováveis, a irradiação solar e a velocidade dos ventos funcionam como combustível para a produção de eletricidade. Essas formas de FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEISUNIDADE 1 19 energia são ainda pouco representativas na matriz elétrica nacional, mas há projeções de que, no ano de 2024, a energia eólica assuma 11,6%, e a solar, 3,3% de participação na produção de energia elétrica no país (TOMALSQUIM, 2016 apud VASCONCELOS, 2017). Em relação aos impactos ambientais causados por essas formas de geração, há alguns impactos indiretos, tais como: • Energia solar: na confecção das células fotovoltaicas, por exemplo, há a extração de grandes quantidades de minérios, como o silício, o que muitas vezes ocorre de maneira não sustentável. Outro ponto é o descarte inadequado dos módulos fotovoltaicos e de resíduos da produção, poluindo o meio ambiente com os materiais pesados presentes na composição (VASCONCELOS, 2017). • Energia eólica: neste caso, a poluição sonora e visual são as principais agravantes. Citam-se também os acidentes envolvendo aves, as quais morrem em colisão com as hélices, e a interferência que grandes parques eólicos causam nas ondas de rádio e TV, etc. (VASCONCELOS, 2017). É importante salientar que as usinas que produzem eletricidade por meio de fontes limpas e/ou renováveis são livres de emissão de gases de efeito estufa durante as suas atividades, mas não são livres das emissões de forma geral, uma vez que devem ser considerados o processo de fabricação e a eliminação dos componentes dessas formas de geração. O Plano Decenal de Expansão de Energia é um documento informativo voltado para toda a sociedade, com uma indicação, e não determinação, das perspectivas de expansão futura do setor de energia sob a ótica do Governo no horizonte decenal. Fonte: EPE (2024). REFLITA FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEISUNIDADE 1 20 O Plano Decenal de Expansão de Energia para o período de 2022 a 2031, conhecido como PDE 2031, oferece uma visão abrangente da expansão do setor energético, integrando diversas fontes de energia. Elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) com o apoio e diretrizes do Ministério de Minas e Energia, coordenado pelas Secretarias de Planejamento e Desenvolvimento Energético (SPE/ MME) e de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (SPG/MME), o plano fornece subsídios essenciais para a formulação de políticas energéticas e oferece ao mercado informações cruciais para analisar o desenvolvimento do sistema elétrico e as condições de suprimento em diferentes cenários futuros. Para saber mais sobre o Plano Decenal, acesse: https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados- abertos/publicacoes/plano-decenal-de-expansao-de-energia-2031 SAIBA MAIS FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEISUNIDADE1 https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/plano-decenal-de-expansao-de-energia-2031 https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/plano-decenal-de-expansao-de-energia-2031 21 Em conclusão, o capítulo aborda uma ampla gama de tópicos relacionados à produção de energia elétrica, desde a evolução histórica das fontes de energia até a análise das fontes renováveis e não renováveis no contexto brasileiro e global. Destaca-se a importância crescente da busca por fontes renováveis de energia, impulsionada pelas preocupações ambientais e pela necessidade de garantir a segurança energética no contexto das mudanças climáticas. A discussão sobre a matriz energética brasileira revela a predominância das hidrelétricas, mas também ressalta a importância de diversificar as fontes de energia para reduzir a dependência de uma única fonte e mitigar os impactos ambientais associados a ela. Nesse sentido, a crescente adoção de fontes renováveis, como a solar e a eólica, é destacada como uma tendência promissora para o futuro do setor energético brasileiro. Além disso, são discutidas as barreiras enfrentadas pelas fontes renováveis, desde questões econômicas até resistências socioculturais e políticas. No entanto, o capítulo ressalta a importância de superar essas barreiras para promover a transição para um sistema energético mais sustentável e resiliente. Em suma, o capítulo oferece uma visão abrangente das questões relacionadas à produção de energia elétrica, destacando a importância de considerar não apenas os aspectos técnicos e econômicos, mas também os impactos ambientais e sociais associados a cada fonte de energia. Ao entender essas complexidades, os leitores são incentivados a refletir sobre o papel crucial que desempenham na construção de um futuro energético mais sustentável e equitativo. CONSIDERAÇÕES FINAIS FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEISUNIDADE 1 LEITURA COMPLEMENTAR 22 Atualmente, os desafios ambientais, especialmente relacionados às emissões de Gases do Efeito Estufa (GEEs) provenientes da queima de combustíveis fósseis, destacam-se como uma preocupação central para grupos de pesquisa e laboratórios climáticos em todo o mundo. Essas emissões, amplamente ligadas à geração de energia e ao transporte, têm despertado um interesse crescente na busca por fontes alternativas e combustíveis mais limpos. Nesse contexto, a biomassa emerge como uma das principais alternativas na matriz energética global, oferecendo uma solução promissora para mitigar os impactos ambientais. O Brasil, com seu vasto potencial energético, destaca-se como um ator chave nessa revolução energética em curso. Este estudo, de natureza empírica e qualitativa, empregou uma abordagem baseada na revisão da literatura, com ênfase na investigação exploratória. Os resultados revelam que o Brasil, de fato, possui um potencial significativo em diversas fontes energéticas, especialmente as renováveis, posicionando-se como um importante protagonista nesse cenário de transição energética. Para entender melhor, continue a sua leitura no artigo “energias renováveis: uma contextualização da biomassa como fonte de energia”. Link: http://www.revistarede.ufc.br/ rede/article/view/239 FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEISUNIDADE 1 http://www.revistarede.ufc.br/rede/article/view/239 http://www.revistarede.ufc.br/rede/article/view/239 23 MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: Energias Renováveis • Autor: José Goldemberg, Francisco Carlos Paletta. • Editora: Blucher. • Sinopse: Esta obra tem por base a 1ª Conferência de Energias Renováveis para o Ensino de Engenharia, realizada pela Faculdade de Engenharia e pelo Centro de Estudos de Energia e Sustentabilidade da Fundação Armando Álvares Penteado FAAP em outubro de 2009, com o objetivo de promover o debate, fomentar o conhecimento tecnológico e apoiar a inovação no uso e no potencial das energias renováveis. Nas palavras do Professor José Goldemberg, “energias renováveis representam hoje apenas 13% do consumo mundial de energia; combustíveis fósseis 80% e energia nuclear 7%. Carvão, petróleo e gás foram a base energética do desenvolvimento tecnológico do século XX, mas criaram os problemas com os quais nos defron- tamos hoje: exaustão das reservas, problemas geopolíticos e po- luição. Energias renováveis não criam esses problemas e estão crescendo, no seu conjunto, mas rapidamente do que o consumo de combustíveis fósseis: elas são a energia do futuro”. FILME/VÍDEO • Título: Sol de Norte a Sul • Ano: 2016. • Sinopse: Este é um webdocumentário produzido pela organização ambientalista Greenpeace, de uma beleza fotográfica marcante. Trata-se de uma viagem “de norte a sul” do país para conhecer as diferentes experiências de brasileiros que já são beneficiados pelo aproveitamento da energia solar. Dividido em quatro seções, o documentário mostra os benefícios sociais da utilização da energia solar, as dificuldades enfrentadas para sua consolidação como fonte de energia, as histórias de brasileiros que apostaram no segmento e, finalmente, um mapa interativo. • Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=2rgu- LHu0Y44&list=PLgypAGt9KjpBiOSWPrPSdvQdjSw3TCCdT- FONTES DE ENERGIAS RENOVÁVEISUNIDADE 1 https://www.youtube.com/watch?v=2rguLHu0Y44&list=PLgypAGt9KjpBiOSWPrPSdvQdjSw3TCCdT- https://www.youtube.com/watch?v=2rguLHu0Y44&list=PLgypAGt9KjpBiOSWPrPSdvQdjSw3TCCdT- Professor Me. Lucas Delapria Dias dos Santos SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOS2UNIDADEUNIDADE PLANO DE ESTUDO 25 Plano de Estudos • Conhecendo o sistema fotovoltaico. • Dimensionamento. Objetivos da Aprendizagem • Entender as principais variáveis de um sistema solar. • Conhecer os principais equipamentos de um sistema fotovoltaico. • Aprender a dimensionar um sistema fotovoltaico. SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 26 Neste capítulo, abordaremos os requisitos fundamentais para o dimensionamento de um sistema solar conectado à rede elétrica. Serão discutidos aspectos como o potencial energético do local, carga e demanda energética da residência, escolha dos equipamentos e outros temas pertinentes. Ao longo dos tópicos desta unidade, dimensionamentos juntos um sistema fotovoltaico, desde a concepção até o projeto. O potencial energético de um local é um fator crucial a ser considerado no dimensionamento de um sistema solar. Consultamos o potencial energético do local de instalação a partir das coordenadas do endereço da residência, utilizando dados obtidos através de serviços de mapas e do software SunData, do CRESESB. Esses dados são atualizados com base no Atlas Brasileiro de Energia Solar, produzido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A análise dessa irradiação solar média é essencial para estimar a capacidade de geração fotovoltaica do local. O dimensionamento adequado de um sistema solar requer uma compreensão clara da demanda diária de energia. Utilizando dados históricos de consumo ou estimativas baseadas nas cargas instaladas, calculamos a demanda diária média de energia. Isso nos permite determinar a potência necessária dos painéis fotovoltaicos a serem conectados à rede elétrica. Além disso, levamos em consideração a taxa de desempenho do sistema, que influencia diretamente na eficiência do sistema fotovoltaico. A escolha dos módulos fotovoltaicos adequados é crucial para o desempenho do sistema. Ao abordar esses aspectos fundamentais do dimensionamento de um sistema solar, estabelecemos as bases para um projeto eficaz e sustentável, alinhado com as necessidades específicas da residência e otimizado para aproveitar ao máximo o potencial energético do local. INTRODUÇÃO SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 27 Uma vez que o presente trabalho tem como foco dimensionar um sistema que utiliza o recurso solar como geração de energia, neste tópico serão tratados assuntos que embasam as teoriasque sustentam esta tecnologia, como recurso solar, características dos painéis, especificações dos componentes e outras informações relevantes para o sistema fotovoltaico. 1.1 Radiação O Sol, a estrela mais próxima da Terra, é a principal fonte de energia do nosso planeta. Essa energia é gerada por meio do processo de fusão nuclear, no qual quatro átomos de hidrogênio se combinam para formar átomos de hélio, liberando uma grande quantidade de energia no processo. A diferença de massa entre os átomos de hidrogênio e hélio é a fonte dessa energia, sendo que fótons altamente energéticos são emitidos durante esse processo. Essa energia é transferida da parte interna do Sol para sua superfície através de radiação eletromagnética (YAMASOE; CORRÊA, 2016). A temperatura na superfície do Sol é de aproximadamente 5778 K (ou 5505 °C), e a energia que ele irradia abrange uma ampla faixa do espectro eletromagnético (ver Figura 3). Cerca de 81% da energia solar que alcança a Terra está contida na faixa que vai do visível ao infravermelho. Essa energia é fundamental para diversos processos naturais e artificiais, alimentando o ciclo hidrológico, a fotossíntese, o aquecimento solar, a geração de eletricidade e muitos outros processos térmicos, químicos e dinâmicos, tanto em contextos teóricos quanto em tecnologias desenvolvidas pela sociedade (PEREIRA et al., 2017). CONHECENDO O SISTEMA FOTOVOLTAICO1 TÓPICO SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 28 FIGURA 1: ESPECTRO DA RADIAÇÃO SOLAR INCLUINDO UM DETALHAMENTO DA FAIXA VISÍVEL AO SER HUMANO Fonte: Pereira et al. (2017) 1.2 Efeito fotovoltaico O efeito fotovoltaico foi inicialmente observado pelo cientista francês Alexandre- Edmond Becquerel em 1839, quando iluminou uma solução ácida e percebeu uma diferença de potencial nos eletrodos imersos. Mais tarde, em 1876, W. G. Adams e R. E. Day também identificaram um efeito semelhante ao de Becquerel em um dispositivo feito de selênio em estado sólido. Em 1883, os primeiros dispositivos que poderiam ser considerados células fotovoltaicas foram produzidos utilizando selênio, desenvolvidos por C. E. Frits. Somente após mais de 110 anos da descoberta de Becquerel, nos Estados Unidos, as primeiras células fotovoltaicas baseadas em avanços tecnológicos de dispositivos semicondutores foram fabricadas (PINHO; GALDINO, 2014). Na natureza, existem materiais classificados como semicondutores, os quais possuem uma banda de valência totalmente preenchida por elétrons e uma banda de condução “vazia”, quando a temperatura está próxima do zero absoluto (0 K) (ver Figura 2). Em outras palavras, esses materiais semicondutores comportam-se como isolantes a 0 K. Ao contrário dos materiais isolantes, os semicondutores têm uma separação entre as duas bandas de energia, conhecida como banda proibida (Eg), que pode atingir até 3 eV (elétron-volt) (PINHO; GALDINO, 2014). SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 29 FIGURA 2: ESTRUTURA DE BANDAS DE ENERGIA EM CONDUTORES, SEMICONDUTORES E ISOLANTES Fonte: Pinho; Galdino (2014) As bandas de energia consistem em conjuntos de valores discretos de energia que estão muito próximos e são frequentemente tratados como contínuos. Por exemplo, o silício (Si) e o germânio (Ge) têm valores de banda proibida (Eg) de 1,12 eV e 0,66 eV, respectivamente. Devido à existência dessas bandas de energia, os semicondutores exibem uma característica peculiar: sua condutividade aumenta com a temperatura devido à excitação térmica dos elétrons da banda de valência para a banda de condução (PINHO; GALDINO, 2014). A dissipação do excesso de energia na forma de calor no material ocorre devido à absorção de fótons com energia superior à Eg. Os elétrons e lacunas fotogerados movem- se dentro do material, aumentando sua condutividade elétrica, fenômeno conhecido como efeito fotocondutivo (PINHO; GALDINO, 2014). Para que o efeito fotovoltaico ocorra nas células solares, elas devem ser compostas por dois tipos diferentes de semicondutores - um tipo-p e outro tipo-n - que juntos formam a junção P-N. Essa junção cria um campo elétrico, uma vez que os elétrons livres do lado negativo (N) começam a migrar para preencher as lacunas do lado positivo (P). Como resultado, o campo elétrico faz com que as partículas carregadas negativamente e positivamente se movam em direções opostas (HANANIA; STENHOUSE; DONEV, 2015). Esse conceito pode ser visualizado na Figura 8. SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 30 FIGURA 3: EFEITO FOTOVOLTAICO NA JUNÇÃO P-N Fonte: CRESESB (2008) 1.2.1 Células Fotovoltaicas Existem várias variedades de células fotovoltaicas, fabricadas com diferentes materiais e em diferentes configurações. Apesar de suas distinções, todas compartilham o mesmo propósito: converter energia solar em energia elétrica. O material mais comumente utilizado na fabricação dessas células é o silício (Si), devido às suas propriedades semicondutoras. Atualmente, no mercado global, existem três tipos principais de células fotovoltaicas: silício monocristalino, silício policristalino e película fina (AFEWORK et al., 2018). 1.2.2 Silício Monocristalino O silício monocristalino é um dos materiais semicondutores mais comuns na fabricação de células fotovoltaicas (ver Figura 9). Sua eficiência varia de 14 a 18%, e o método predominante para produzir células monocristalinas envolve a extração do cristal a partir do dióxido de silício, seguido pelo derretimento em um cadinho, onde é também purificado. Esse processo resulta em um lingote cilíndrico de silício monocristalino (Processo de Czochralski) (ver Figura 10), que então é cortado em finas fatias utilizando SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 31 um diamante de 200 a 400 μm. Essas fatias são polidas e moldadas em formato retangular para maximizar o número de células presentes nos painéis (PATEL, 2006). É importante destacar que, para que as células monocristalinas sejam utilizadas na geração de energia, é necessário dopar as fatias com materiais adicionais para criar uma junção P-N. Embora as células monocristalinas sejam altamente eficientes, o custo de fabricação é elevado, o que torna as células policristalinas e de película fina opções mais viáveis para os consumidores (AFEWORK et al., 2018). 1.2.3 Silício Policristalino O processo de fabricação das células de silício policristalino é consideravelmente mais econômico em comparação com o das células monocristalinas. Embora sua eficiência seja menor, o custo por watt de energia é mais baixo, o que compensa essa diferença (PATEL, 2006). Essas células são produzidas a partir de pequenos grãos de cristais que são fundidos em um lingote de silício com formato cúbico. Posteriormente, são fatiadas e montadas de maneira semelhante às células de silício monocristalino, embora com menos rigor no processo (AFEWORK et al., 2018). A Figura 4 ilustra a comparação entre os dois tipos de materiais. FIGURA 4: IMAGEM COMPARANDO UMA CÉLULA POLICRISTALINA (ESQUERDA) COM UMA CÉLULA MONOCRISTALINA (DIREITA) Fonte: Afework et al. (2018) 1.2.4 Curvas Características dos Módulos Fotovoltaicos O comportamento elétrico dos módulos fotovoltaicos é frequentemente representado pela curva de corrente (I) em função da tensão (V). A Figura 5 mostra a curva característica IxV de uma célula fotovoltaica sob condições de iluminação e escuridão. Observa-se que ISC representa a corrente de curto-circuito (do inglês short-circuit), onde a tensão é igual a zero. Por outro lado, na parte inferior direita, é possível observar a tensão de circuito aberto SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 32 VOC (do inglês open-circuit), que é a tensão medida nos terminais abertos, com corrente igual a zero (PATEL, 2006). Outros parâmetros importantes incluem a potência máxima (Pm), a tensão de potência máxima (Vmp) e a corrente de potência39SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 de uso dos aparelhos eletroeletrônicos, sistemas de iluminação, bombas e considerar previsões de novas cargas que possam ser instaladas. Para seguirmos com o nosso exemplo, vamos considerar os seguintes equipamentos: TABELA 2: LEVANTAMENTO DE CARGA E CONSUMO DA RESIDÊNCIA Fonte: O autor (2024) Para calcular a capacidade da unidade geradora fotovoltaica, é essencial inicialmente determinar o consumo diário anual (em kWh/dia), a fim de dimensionar a potência dos painéis que serão conectados à rede elétrica. Esse valor pode ser obtido através da análise das faturas mensais anteriores ou levantando as cargas instaladas (PINHO; GALDINO, 2014). Para o sistema deste projeto, consideraremos o consumo médio diário estimado em cerca de 15,3 kWh/dia (ver Tabela 2). Utilizando a equação (2), é possível calcular a potência máxima dos painéis fotovoltaicos (PFV), expressa em kWp (quilowatt-pico). 40SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 Para a equação 2, tem-se E (kWh/dia) como sendo o consumo diário médio anual da edificação, TD (adimensional) a eficiência de desempenho e HPSMA (h) a média diária anual das horas de sol pleno incidentes no painel fotovoltaico. Vale ressaltar a importância da eficiência de desempenho, conhecida como índice de rendimento, pois essa variável influencia diretamente na eficácia do sistema fotovoltaico, sendo determinada pela relação entre o desempenho real do sistema em comparação ao seu desempenho teórico máximo. Além disso, essa eficiência considera a potência real do sistema em diversas situações de operação e perdas energéticas. Em um estudo envolvendo 527 sistemas fotovoltaicos conectados à rede, predominantemente instalados na Alemanha, observou-se uma eficiência de desempenho média entre 70 e 75% durante os anos de 2001 a 2005 (sistemas com potência inferior a 10 kWp) (PINHO; GALDINO, 2014). Baseando-se no conceito teórico apresentado, é possível calcular a potência dos painéis que serão instalados no sistema do projeto em questão. O valor das horas de sol pleno adotado será de 5,42 horas e a eficiência de desempenho será estimada em 75%, pois, conforme Pinho e Galdino (2014), para sistemas fotovoltaicos residenciais conectados à rede instalados no Brasil, quando bem ventilados e sem sombreamento, apresentam uma eficiência de desempenho entre 70 e 80%. Ao comparar a potência dos painéis fotovoltaicos determinada pela equação anterior com a máxima potência estimada na curva de carga, cerca de 4,43 kWp, observa-se que a PFV equivale a aproximadamente 84,9% da potência máxima estimada. 2.3 Escolha e disposição do módulo fotovoltaico Os módulos fotovoltaicos escolhidos que irão compor os arranjos dos painéis deste projeto foram os da marca Canadian Solar, modelo MAXPOWER CS6U-330P com potência nominal de 330 Wp cada e fabricados em silício policristalino. As especificações mais importantes a serem abordadas neste tópico estão disponíveis na Figura 9, porém, informações mais detalhadas podem ser consultadas no Anexo A. 41SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 FIGURA 9: ESPECIFICAÇÕES ELÉTRICAS DO MÓDULO MAXPOWER CS6U-330P Fonte: Solar (2018) Aspectos relevantes para destacar incluem a eficiência do módulo, que é de 16,97%, a potência máxima nominal de 330 W e a tensão de circuito aberto de 45,6 V (em corrente contínua). A seguir, será realizada a determinação da área do módulo com base em suas dimensões de 1960x992x35 mm, utilizando a equação (3). Portanto, cada módulo cobre uma área de cerca de 1,95 m². Para determinar a área total do arranjo, é necessário calcular quantos módulos serão requeridos para alcançar a potência total do sistema fotovoltaico, que já foi calculada anteriormente. Para isso, dividir-se-á o valor PFV, equação (2), pelo valor da potência de pico do módulo escolhido para o projeto: Portanto, ao multiplicar a área de um módulo pela quantidade necessária no sistema, os painéis ocuparão uma área de 23,4 m². O próximo passo é determinar as configurações de ligação dos módulos e painéis: série, paralelo ou uma combinação de ambos. É crucial garantir que a tensão de saída e a corrente gerada nos módulos não ultrapassem os valores máximos permitidos na entrada do inversor. A tensão de entrada do inversor pode ser calculada com base no número de módulos ligados em série. A tensão máxima do sistema ocorre quando o painel está em 42SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 circuito aberto (VOC). Esse fenômeno pode ocorrer durante o inverno, quando, devido à baixa irradiância, o sistema pode se desconectar da rede, deixando os módulos em circuito aberto e resultando em uma elevação da tensão. Portanto, o cálculo do número máximo de módulos em série deve considerar a tensão de circuito aberto e a tensão de entrada máxima permitida no inversor (Vimáx), conforme a equação (6) (PINHO; GALDINO, 2014). Para este projeto, o sistema será composto por 6 módulos fotovoltaicos conectados em série. Ao consultar o catálogo do fabricante do módulo, observa-se que o VOC é de 45,6 V, enquanto no manual do inversor, apresentado no anexo B, identifica-se que Vimáx é de 1000 V. Com base no resultado obtido na equação anterior, verifica-se que a relação foi respeitada. No entanto, de acordo com Pinho e Galdino (2014), o número de módulos conectados em série também deve estar dentro da faixa de tensão de rastreamento do ponto de máxima potência (MPPT) do inversor, conforme o critério estabelecido. Isso é crucial porque durante o verão no Brasil, as temperaturas dos módulos podem atingir até 70 °C, reduzindo o valor da tensão CC gerada pelo sistema. Portanto, é essencial avaliar se os módulos conectados em série podem atender à tensão mínima de MPPT do inversor (ViMPPTmin). Por outro lado, durante períodos frios, os módulos alcançam sua máxima eficiência, e a tensão gerada pelo sistema não deve exceder a máxima operacional do MPPT do inversor (ViMPPTmáx). Essa condição pode ser estabelecida pela equação (8), onde VmpTmáx representa a tensão de potência máxima de um módulo na temperatura de operação mais elevada e VmpTmin representa a temperatura de operação mais baixa. Com a consideração de 6 módulos fotovoltaicos conectados em série e a substituição dos valores na equação (8) pelas especificações técnicas do módulo (conforme anexo A) e do inversor (conforme anexo B), obtém-se a seguinte equação (9): 43SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 Portanto, com base em todas essas análises de critérios, conclui-se que é viável realizar a conexão em série de 6 módulos fotovoltaicos. O próximo passo é analisar o critério de ligação em paralelo dos módulos que serão conectados em série, como exemplificado na Figura 10 a seguir. FIGURA 10: LIGAÇÃO EM PARALELO DOS MÓDULOS CONECTADOS EM SÉRIE Fonte: O autor (2024) Para garantir que o valor máximo de corrente na entrada do inversor (Iimáx) não seja excedido, a equação (9) deve ser atendida. Sendo ISC a corrente de curto-circuito do módulo nas condições de teste padrão (STC), temos: O máximo de ligações em paralelo para os módulos em série será de 2. A Figura 11 ilustra a conexão dos módulos fotovoltaicos, com duas fileiras em paralelo, e em cada uma delas, há 6 módulos conectados em série. Além disso, é possível visualizar o fluxo da corrente gerada pelos painéis, que pode alimentar tanto a residência quanto injetar o excedente na rede pública. 44SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 FIGURA 11: ESQUEMA DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADOÀ REDE (ADAPTADO) Fonte: Energy (2018) 2.4 Escolha do inversor A seleção do inversor deve considerar a potência do sistema fotovoltaico, bem como outros aspectos ambientais, econômicos e de desempenho (PINHO; GALDINO, 2014). Para este projeto, o inversor escolhido foi o modelo Primo 4.0-1 da marca Fronius, conforme mostradono anexo B. Na Figura 12, são apresentadas as especificações técnicas do equipamento, que possui um grau de eficiência de 98,1%. O dimensionamento do inversor foi realizado com base na potência de pico do sistema fotovoltaico, que é de 3,76 kWp. Portanto, foi selecionado um inversor com capacidade de fornecer 4000 W de potência nominal. 45SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 FIGURA 12: ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO INVERSOR FRONIUS PRIMO 4.0-1 Fonte: Fronius (2018) 46SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 O planejamento elétrico da instalação fotovoltaica é um aspecto crucial do dimensionamento do projeto, abrangendo desde a seleção dos condutores até a especificação de dispositivos de proteção, como diodos de desvio e corrente reversa, disjuntores e sistemas de aterramento, entre outros. É essencial que o projeto esteja em conformidade com as condições estabelecidas pela Norma Técnica NBR 5410 para instalações elétricas de baixa tensão (PINHO; GALDINO, 2014). 2.5 Análise de perdas Com base nas especificações do catálogo do módulo utilizado neste projeto, observa- se que a temperatura média de operação é de 43°C, 18°C acima do valor estabelecido pelas condições de teste padrão (STC). Além disso, o módulo apresenta uma redução de 0,40% em sua eficiência para cada grau de elevação na temperatura, resultando em uma perda total de 7,2%. Para baixas irradiâncias, na faixa entre 200 e 1000 W/m², a eficiência média do módulo é de 96%, resultando em uma queda de 4% no rendimento. Quanto ao inversor utilizado, sua eficiência é de 98,1%, conforme as especificações no catálogo, o que implica em uma perda de 1,9%. Outros parâmetros que influenciam na eficiência do sistema estão listados na Tabela 3, conforme indicado por Miranda (2014), que baseou seus resultados em artigos científicos para chegar às estimativas. TABELA 3: PERDAS CONSIDERADAS NO SISTEMA FOTOVOLTAICO Fonte: O Autor (2024) Após todos os cálculos e análises necessários para o dimensionamento do sistema fotovoltaico, tem-se um projeto com potência total de 3,76 kWp capaz de suprir a demanda de 47SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 energia dos moradores da residência onde este será instalado. Ao todo, foram necessários 12 módulos fotovoltaicos que foram dispostos em duas fileiras em paralelo, cada uma com 6 módulos ligados em série. Além disso, é importante ressaltar a área necessária para a disposição dos painéis, de 23,4 m², na qual a residência passará por uma reforma para receber o sistema já incluído no projeto arquitetônico do novo telhado. O esquema de como ficará a disposição dos painéis em uma instalação qualquer pode ser observado na figura 13. Esse tipo de simulação pode ser obtido através de softwares como PVSyst, Solergo, Revit, entre outros. FIGURA 13: ESQUEMA DO SISTEMA FOTOVOLTAICO A SER INSTALADO Fonte: O Autor (2024) A quantidade de energia que cada módulo será capaz de produzir depende de fatores como sua área, eficiência e a média de incidência solar do local. Em média, os módulos fotovoltaicos possuem uma eficiência situada entre 6% e 20%. Para calcular a capacidade de geração de energia, basta multiplicar esses valores, conforme indicado na equação (10) (MESSENGER; VENTRE, 2010). 48SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 Considerando A (m²) como a área de cada módulo, 𝜂 (adimensional) como a eficiência do módulo e ES (kWh/m².dia) como a insolação do local, conforme os valores previamente calculados e consultados em catálogos de especificações, a energia diária produzida por cada módulo é aproximadamente: Para o cálculo da geração diária/mensal/anual de um sistema fotovoltaico, deve-se levar em consideração a radiação solar que atingirá os módulos em cada época do ano. Sabemos que em épocas mais frias, como no inverno, a radiação solar é consideravelmente mais baixa, ao passo que, no verão, a radiação é mais intensa. Dessa forma, considerando a radiação solar, temos a seguinte fórmula para cálculo da geração: Onde: R = radiação média do mês de análise kWh/m².dia n°mod.sist. é o Número de módulos do sistema a ser instalado Pmód é a potência individual de cada módulo, em Watts Dessa forma, considerando a radiação média mensal, o número de dias de cada mês, e sabendo que o nosso sistema dimensionado possui 12 módulos de 330 W cada, podemos montar a seguinte tabela: TABELA 4: ÍNDICES DE RADIAÇÃO MÊS Radiação média [kWh/m².dia] N.° dias mês Geração/mês [kWh/ mês] Janeiro 5,80 31 712,01 Fevereiro 5,50 28 609,84 Março 5,20 31 638,35 Abril 4,50 30 534,60 Maio 3,60 31 441,94 Junho 3,20 30 380,16 Julho 3,50 31 429,66 Agosto 4,30 31 527,87 Setembro 4,70 30 558,36 Outubro 5,30 31 650,63 Novembro 5,90 30 700,92 Dezembro 5,90 31 724,28 Fonte: O Autor (2024) 49SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 Graficamente, teremos: TABELA 5: RADIAÇÃO MENSA L Fonte: O autor, 2024 Onde observamos a mair quantidade de energia gerada nos meses mais quentes (verão), e uma menor quantidade de energia nos meses de inverno. Importante ressaltar que, neste material, não demos ênfase no dimensionamento dos sistemas de proteção ou no cálculo de bitolas de circuito, que deve ser feito levando em consideração a queda de tensão. 50SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 ANEXO A – CATÁLOGO PAINEL FOTOVOLTAICO CANADIAN SOLAR 51SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 52SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 ANEXO B – CATÁLOGO INVERSOR FRONIUS PRIMO 53SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 Fonte: CANADIAN, 2019 54 O impacto do sistema fotovoltaico na indústria é amplo e inclui: • Redução de custos operacionais, especialmente em setores intensivos em energia. • Compromisso com a sustentabilidade ambiental, reduzindo emissões de gases de efeito estufa. • Garantia de estabilidade energética com sistemas de armazenamento. • Descentralização da geração de energia, aumentando a resiliência. • Crescimento da indústria solar, gerando empregos e impulsionando a inovação. • Vantagem competitiva para empresas com práticas sustentáveis. • Facilidades como incentivos fiscais e regulamentações favoráveis. Fonte: O autor (2024) REFLITA Muitas pessoas têm dúvidas sobre o funcionamento da energia solar fotovoltaica em dias nublados ou chuvosos. Será que, em locais úmidos ou durante as estações chuvosas, quem investe nesse tipo de energia fica sem energia? A resposta é surpreendente: a energia solar continua funcionando mesmo em dias nublados! Isso ocorre porque o combustível não é a luz solar em si, nem mesmo o calor, mas sim a radiação. Essa radiação consegue penetrar através das nuvens e alcançar a superfície ao longo do dia. Para ilustrar, pense na sensação de “mormaço” em um dia nublado. Você ou alguém que conhece já pode ter experimentado a sensação de se queimar na praia mesmo quando o sol não está visível. Isso acontece porque a radiação solar consegue atravessar as nuvens, e é essa mesma radiação que alimenta os sistemas de energia solar fotovoltaica. Fonte: O autor (2024) SAIBA MAIS SISTEMAS FOTOVOLTAICOS E DIMENSIONAMENTOSUNIDADE 2 55 Após abordarmos os requisitos fundamentais para o dimensionamento de um sistema solar conectado à rede elétrica, podemos concluir que a análise do potencial energético do local é crucial para estimar a capacidade de geração fotovoltaica. Consultamos dados atualizados com base no Atlas Brasileiro de Energia Solar, garantindo uma análise precisa da irradiação solar média. Além disso, compreendemos a importância de uma análise detalhada dos equipamentos instalados na residência para entender o padrão de consumo de energia dos residentes. Isso nos permitiu calcular a carga instalada total e, consequentemente, dimensionar adequadamente o sistema fotovoltaico. A compreensão clara da demanda diária de energia, obtida por meio de dados históricospreventivas e corretivas, evitando que essas situações se tornem problemas. • Adapta rapidamente o trabalho às necessidades do cliente. • Facilita a tomada de decisões rápida, devido à estruturação e disponibilização das informações. • Registra estimativas para projetos futuros. • Compartilha o conhecimento organizacional em toda a instituição. Mesmo seguindo rigorosamente a metodologia de gerenciamento de projetos, é impossível eliminar todos os riscos, problemas e surpresas. No entanto, os processos e procedimentos padronizados ajudam a lidar com essas situações e a evitar: • Atrasos no projeto, aumento de custos e insatisfação do cliente. • Percepção de que o gerenciamento de projetos não agrega valor à organização, sendo visto como desperdício de tempo e recursos. • Dependência de horas extras e estresse constante para alcançar o sucesso do projeto. • Impacto de eventos e riscos não identificados inicialmente. Empresas que adotam as melhores práticas de gerenciamento de projetos estão mais bem preparadas para o sucesso no mercado. No entanto, é importante ressaltar que o uso dessa ferramenta não garante automaticamente o sucesso do projeto (Azzopardi, 2006). O benefício 92GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 obtido pelas instituições com o gerenciamento de projetos está diretamente relacionado ao seu nível de maturidade em relação às boas práticas e aos conceitos que elas trazem. 2.2 Fatores críticos de sucesso em projeto Um projeto bem-sucedido é aquele que cumpre todas as entregas planejadas dentro do prazo e orçamento aprovados, além de atender a todas as especificações funcionais de desempenho e qualidade. Também alcança suas metas, objetivos e propósitos, satisfazendo as expectativas das partes interessadas (do Valle et al., 2010, p. 57). Segundo Baccarini (1999), o sucesso na gestão de projetos envolve o cumprimento de prazos e custos, a satisfação das necessidades das partes interessadas e a qualidade no processo de gestão do projeto. Ele ainda diferencia o sucesso do projeto do sucesso do produto, este último dependendo do alcance das metas organizacionais, da satisfação do cliente e/ou usuário, e da satisfação dos envolvidos no projeto. O autor ressalta que o sucesso na gestão do projeto pode influenciar o sucesso do produto, embora seja improvável que possa prevenir falhas no produto. Portanto, o sucesso na gestão de projetos está condicionado ao sucesso do produto. Consequentemente, os critérios de sucesso na gestão de projetos, como tempo, custo e desempenho, dependem do sucesso dos objetivos do projeto (Baccarini, 1999). No entanto, implementar o gerenciamento de projetos nas organizações é um desafio árduo, no qual o sucesso do projeto depende de vários fatores críticos, tais como: FIGURA 7: IMPLEMENTALÇAO E GERENCIAMENTO DE PROJETOS NAS ORGANIZAÇÕES Fonte: PMI (2017). 93GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 Segundo Borba (2015), o apoio da alta administração é fundamental para o sucesso do projeto, uma vez que sem esse respaldo não haverá patrocinador nem os recursos físicos e humanos necessários para sua execução. O autor ressalta que o projeto deve visar os objetivos que geram benefícios previstos para a organização. Para alcançar tais objetivos, é essencial estabelecer formas de medição de tempo, custo, qualidade, segurança, entre outros aspectos (Borba, 2015). As expectativas das partes interessadas em relação à execução do projeto devem ser atendidas ou superadas por meio da aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas nas atividades do projeto (Borba, 2015). Em muitos casos, um projeto é considerado bem-sucedido se cumprir os critérios de tempo, custo, eficácia e satisfação do cliente (Borba, 2015). Vale ressaltar que os processos não conduzem os projetos, mas sim as pessoas encarregadas das atividades, as quais, se gerenciadas adequadamente, resultarão no alcance dos objetivos do projeto. Dado que são as pessoas que executam o projeto, é crucial que o gerente do projeto possua habilidades de comunicação, liderança, motivação e, acima de tudo, capacidade de se relacionar com as pessoas, fatores essenciais para o sucesso de um projeto. Segundo Borba (2015), a otimização dos recursos de um projeto pode ser alcançada por meio da implementação de boas práticas de gerenciamento de projetos, visando ao equilíbrio dos recursos alocados. Além disso, para auxiliar no processo de planejamento do projeto, é crucial compreender o contexto organizacional. Da mesma forma, compreender a cultura organizacional é fundamental para a execução eficaz das atividades do projeto. Dessa forma, o gerenciamento de projetos abrange o gerenciamento de pessoas, tecnologia, negócios, riscos e expectativas. É uma tarefa de equilíbrio delicado, envolvendo múltiplas responsabilidades simultaneamente (Wiegers, 2006). Nesse contexto, o autor ressalta que para alcançar um projeto bem-sucedido, é crucial: • Estabelecer critérios de sucesso do projeto: identificar as partes interessadas, compreender seus interesses, alinhar expectativas e definir objetivos claros. Motivar a equipe e o cliente, além de cumprir os padrões da indústria e regulamentos governamentais. • Estabelecer critérios para o lançamento do produto: desde o início do projeto, determinar de forma realista os critérios que indicarão se o produto está pronto para ser lançado. • Negociar compromissos alcançáveis: Comprometer-se apenas com aquilo que se sabe que pode ser cumprido. A negociação é essencial sempre que houver discrepâncias entre o cronograma ou a funcionalidade esperada. 94GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 Portanto, é importante observar que o sucesso no gerenciamento de projetos está diretamente ligado ao sucesso do produto, o que requer o alcance dos objetivos do projeto, bem como a satisfação das partes interessadas. No entanto, como já discutimos, a implementação do gerenciamento de projetos nas organizações é um desafio significativo, no qual o sucesso do projeto depende de vários fatores críticos e das habilidades do gerente do projeto. 2.3 Fatores críticos de fracasso em projetos O elemento mais crucial de um projeto reside na sua importância suficiente para justificar a criação de uma unidade organizacional dedicada, fora da estrutura operacional regular da organização. Se o restante da organização perceber, ou até mesmo suspeitar, que isso não é verdadeiramente relevante, o projeto frequentemente está fadado ao fracasso (Meredith & Mantel Jr., 2009). Assim, os projetos enfrentam falhas quando não conseguem alcançar os objetivos dentro do prazo estipulado e os custos ultrapassam os limites aceitáveis, ou quando os níveis de qualidade definidos são comprometidos (Keelling, 2006). O autor destaca que essas áreas de falha podem surgir em todas as fases do projeto: iniciação, planejamento, execução, controle e encerramento. De acordo com Keelling (2006), na fase de iniciação, a falha pode ocorrer devido a: • Falta de dedicação de tempo e estudo suficiente por parte dos patrocinadores e proprietários do projeto na avaliação da viabilidade do projeto. • Avaliação inadequada de riscos na fase de viabilidade. • Falha em garantir a cooperação de todas as partes interessadas no projeto, como acordos entre órgãos públicos ou indivíduos, já que podem surgir oposições e obstáculos durante o projeto. • Ausência de apoio administrativo ou habilidades inadequadas nos estágios iniciais do projeto. Na fase de planejamento, Keelling (2006) ressalta que a falha ocorre devido a: • Propósito inválido do projeto, colocando-o em função de publicidade ou ganhos pessoais. • Falta de capacidade de planejamento, com objetivos mal definidos e atividades planejadas de forma inadequada. • Estrutura administrativa inadequada, com delegação de autoridade mal definida. • Falha em considerar possíveis impedimentos e em analisar riscos e planos de contingência. 95GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 • Errosna elaboração do orçamento, seja por falta de realismo ou especificação incorreta da qualidade. • Negociação deficiente de contrato. Keelling (2006) destaca que durante a fase de execução/implementação do projeto, o fracasso pode surgir devido a: • Seleção inadequada de especialistas, líderes e gerentes. • Estilos de liderança inadequados. • Monitoramento e controle deficientes por parte dos gerentes e líderes de equipe. • Coordenação frágil das atividades e incapacidade de obter a cooperação das pessoas envolvidas no projeto. • Falta de provisão de recursos, equipamentos e materiais. • Utilização de materiais e equipamentos com especificações técnicas inferiores. • Falhas na comunicação e nos relatórios de acompanhamento. • Relutância em tomar medidas corretivas e falha em realizar previsões regulares e, se necessário, redefinir o projeto. Na fase de conclusão, conforme observado por Keelling (2006), a falha pode advir de: • Não cumprimento dos prazos estabelecidos. • Incapacidade de alcançar os padrões de qualidade adequados e definidos no início do projeto. • Entregas inadequadas das atividades planejadas. • Avaliação e acompanhamento insuficientes do projeto. • Ausência de sustentação para os objetivos do projeto. É evidente que muitos desafios podem surgir no gerenciamento de projetos. Diversas barreiras, riscos e problemas podem afetar todas as fases e processos de gerenciamento de projetos. Além disso, o autor ressalta que outros fatores, como comunicação deficiente, desacordos, mal-entendidos, condições climáticas adversas, greves, conflitos de personalidade, má administração e objetivos mal definidos, podem levar ao fracasso do projeto. De acordo com Do Valle et al. (2010, p. 57), os erros mais comuns no gerenciamento de projetos incluem: • Falta de compreensão do alinhamento do projeto com os objetivos da organização e na gestão das expectativas das partes interessadas. • Falta de consenso entre as partes interessadas em relação aos fatores críticos de sucesso do projeto. 96GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 • Ausência de um cronograma realista, que leve em consideração fatores como carga de trabalho, dependências entre tarefas, estimativas de custos e distribuição adequada de recursos. • Falta de definição e comunicação claras das responsabilidades da equipe do projeto e da formalização da aceitação do cronograma. • Escassez de recursos humanos qualificados e disponíveis para o projeto, além de deficiências na definição dos requisitos e do escopo do projeto. • Ineficácia na gestão e liderança do projeto. Assim, a falta de planejamento adequado dos recursos humanos, materiais e cronograma, juntamente com deficiências na comunicação, orçamentação e alinhamento das partes interessadas com os objetivos do projeto, são fatores cruciais para o fracasso dos projetos. Ao aprendermos os conceitos iniciais sobre gestão de projetos nesta unidade, percebemos que gerenciar projetos requer conhecimentos e habilidades que abrangem desde a capacidade de planejamento e organização do gerente de projetos até a liderança e motivação da equipe. Além disso, envolve a gestão da tríplice restrição e a satisfação das expectativas dos clientes e de todas as partes envolvidas no projeto. 97 ABORDAGEM ÁGIL DE PROJETOS3 TÓPICO GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 Neste segmento, exploraremos como o gerenciamento de projetos tradicional pode mostrar-se menos eficiente em projetos de software. Isso ocorre porque pressupõe que os eventos que impactam o projeto são previsíveis e requerem uma quantidade significativa de documentação. Segue uma abordagem sequencial, de cima para baixo, onde é necessário que uma fase ou grupo de processos seja concluído antes que outro possa ser iniciado de forma ordenada, garantindo que as etapas do projeto sejam cumpridas conforme o planejado. Além disso, qualquer alteração requer aprovação por meio de um comitê de avaliação, e uma vez aprovada, os processos de planejamento devem ser revisados. Por outro lado, nos projetos de software, os requisitos tendem a ser evasivos, voláteis e suscetíveis a mudanças. Isso decorre do fato de que, frequentemente, o cliente não tem uma compreensão completa do produto ou serviço no momento da contratação. Conforme o projeto avança, a clareza aumenta e as mudanças são implementadas. Em outras palavras, os requisitos estão sujeitos a alterações frequentes ao longo do ciclo de desenvolvimento do produto. Assim, surge a necessidade de uma abordagem alternativa, mais flexível, que permita modificações imediatas do produto à medida que os requisitos surgem e se tornam necessários. É nesse contexto que nasce o Agile Project Management (APM), que teve origem no setor de tecnologia da informação, principalmente a partir do Manifesto Ágil para o desenvolvimento de software, em 2001, elaborado de forma colaborativa por 17 profissionais (Cruz, 2015). 98GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 Uma das bases das abordagens ágeis em projetos é a maximização da eficiência, evitando o desperdício de tempo e recursos. O método ágil é altamente iterativo e incremental, permitindo que os desenvolvedores e as partes interessadas do projeto trabalhem ativamente juntos para compreender o domínio, identificar o que precisa ser construído e priorizar a funcionalidade (Hass, 2007). De acordo com Cruz (2015), o Manifesto Ágil destaca quatro valores fundamentais que sustentam e formam a base das principais práticas ágeis: • Pessoas e interações entre elas são mais importantes do que processos e ferramentas: embora os processos e as ferramentas sejam necessários, eles não devem substituir as interações humanas. Além disso, é fundamental simplificar e minimizar os processos e ferramentas sempre que possível, para que não interfiram nas interações humanas e possam servir de suporte ao desenvolvimento de produtos. • Software funcionando é mais importante do que documentação extensiva: o foco deve estar em entregar um software funcional que atenda exatamente ao que o cliente solicitou. No entanto, a documentação mínima necessária também é importante e possui seu valor. • Colaboração com o cliente é mais importante do que negociação de contratos: é essencial envolver o cliente de forma próxima ao projeto, integrando-o ao Time de Desenvolvimento e compartilhando questões de sucesso, riscos e fracassos. Negociar contratos com foco em cláusulas punitivas não é benéfico para ambas as partes. Portanto, o foco deve ser na colaboração, não na negociação de contratos. • Respostas rápidas a mudanças são mais importantes do que seguir um plano rígido: Adaptar-se rapidamente a mudanças, respondendo a elas no momento adequado e na direção correta, é crucial para o sucesso de qualquer projeto. Isso pode definir a diferença entre o sucesso e o fracasso do projeto. O Gerente de Projeto deve levar em conta suas habilidades pessoais, uma vez que a implementação de métodos ágeis requer mais habilidades de liderança e menos ênfase no gerenciamento tradicional. Com um foco maior na equipe, que inclui os clientes do projeto, e tomando decisões com base nas informações fornecidas pela equipe, as contribuições do Gerente de Projeto estão mais concentradas na “Remoção de barreiras”. Isso implica em olhar adiante no cronograma do projeto e antecipar e abordar as ações que possam obstruir o progresso da equipe do projeto (Webster Jr.; Knutson, 2011). Assim, a abordagem Ágil consiste em múltiplos ciclos de planejamento e desenvolvimento iterativos e rápidos, nos quais uma equipe de projeto avalia continuamente o produto em evolução e obtém feedback imediato dos clientes, usuários ou partes interessadas (Hass, 2007). A autora 99GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 ressalta que essa abordagem possibilita que a equipe aprenda e aprimore tanto o produto ou serviço quanto seus métodos de trabalho a cada ciclo sucessivo. A metodologia ágil é altamente adaptável e aplicável a projetos dequalquer natureza. Não há uma resposta definitiva sobre qual metodologia é a melhor. Isso depende da maturidade da organização e da equipe do projeto. Os métodos ágeis são geralmente preferidos quando o valor do projeto é claro, o cliente participa ativamente ao longo do processo, os membros do cliente, designers e desenvolvedores estão fisicamente próximos, o desenvolvimento incremental de recursos é viável e a documentação visual é considerada adequada (Hass, 2007). Diante disso, torna-se evidente que um dos fundamentos da agilidade é a comunicação e a transparência entre todas as partes interessadas do projeto. Com equipes enxutas, multidisciplinares e autogerenciadas, os métodos ágeis demandam que cada colaborador assuma a responsabilidade gerencial pelas próprias tarefas delegadas. Isso capacita os indivíduos a aumentar o valor do produto ao tomar decisões sobre como realizar o trabalho. 3.1 Abordagem ágil: principais aplicações Existem diversos métodos ágeis disponíveis para utilização. Entre os mais reconhecidos, destacam-se o Scrum, a família Crystal, o FDD (Feature Driven Development), o DSDM (Dynamic System Development Method), XP (Extreme Programming), AUP (Agile Unified Process) e o Lean Software Development. 3.1.1 Scrum Entre as diversas metodologias ágeis, o Scrum é a mais difundida para o gerenciamento de projetos. Trata-se de um framework dentro do qual as pessoas podem lidar com problemas complexos e adaptativos, sendo aplicável para o planejamento, gerenciamento e desenvolvimento de qualquer produto, principalmente devido à sua abordagem iterativa e incremental (Cruz, 2015). A principal ideia por trás do Scrum é controlar processos empíricos, baseando- se em três pilares que empregam uma abordagem iterativa e incremental para otimizar a previsibilidade e o controle de riscos: transparência, inspeção e adaptação. A transparência garante que todos os aspectos do processo que afetam o resultado sejam visíveis e conhecidos pelos responsáveis pelo projeto, promovendo um entendimento compartilhado (Cruz, 2015). Por exemplo, quando uma etapa é marcada como concluída, todos os membros da equipe devem compreender o significado de “concluída” (Schwaber; Sutherland, 2013). 100GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 A inspeção é parte integrante da auto-organização da equipe, na qual os processos são completamente inspecionados com uma frequência suficiente para detectar variações e permitir ajustes. No entanto, a inspeção não deve ocorrer com tanta frequência a ponto de prejudicar a execução do trabalho (Cruz, 2015). A adaptação refere-se à capacidade de realizar ajustes rapidamente caso variações significativas sejam identificadas durante a inspeção, que possam comprometer o resultado do produto (Cruz, 2015). Para facilitar esse processo, o Scrum possui quatro eventos formais: a reunião de planejamento da Sprint, a reunião diária, a revisão da Sprint e a retrospectiva da Sprint. Na reunião de planejamento da Sprint, conduzida pelo Scrum Master e com duração máxima de oito horas, a equipe define o trabalho a ser realizado durante a Sprint de um mês. Nessa reunião, são definidos “o que” será feito e “como” será feito. As reuniões diárias, realizadas normalmente todos os dias, com duração entre 15 a 20 minutos, ocorrem sempre no mesmo local e horário, permitindo que a equipe se organize e planeje até a próxima reunião (Schwaber; Sutherland, 2013). Conforme Cruz (2015), o foco dessas reuniões é garantir alinhamento sobre o trabalho realizado, o trabalho a ser realizado e identificar oportunidades para agregar valor ao trabalho dos demais membros da equipe. A revisão da Sprint é um evento de quatro horas conduzido pelo Product Owner ou cliente, no qual são revisados todos os itens concluídos pela equipe durante a Sprint. Nessa cerimônia, são comparados os itens entregues com os itens planejados, permitindo avaliar o progresso e identificar possíveis ajustes a serem feitos (Schwaber; Sutherland, 2013). A retrospectiva da Sprint, uma reunião de três horas, oferece ao Time Scrum a oportunidade de refletir sobre o trabalho realizado durante a Sprint e identificar melhorias a serem implementadas na próxima Sprint. Essa é a reunião que mais impacta a melhoria contínua nos projetos e na equipe (Cruz, 2015). É importante destacar que o framework Scrum consiste em equipes Scrum associadas a papéis, eventos, artefatos e regras, sendo cada componente essencial para o sucesso do Scrum (Schwaber; Sutherland, 2013). O Time Scrum é composto pelo Product Owner (dono do projeto), o Time de Desenvolvimento e o Scrum Master (responsável pela aplicação do Scrum). Cruz (2015) destaca que o ciclo de vida de um projeto Scrum é definido pelos Sprints, que têm início, conteúdo, execução e fim. Os projetos podem ter fases, que podem ser subdivididas em Sprints ou agrupadas em conjunto delas. Essa estruturação pode ser observada na Figura 1. 101 O valor dos projetos para os negócios está associado aos benefícios futuros, que podem ser tangíveis e intangíveis. Exemplos de benefícios futuros tangíveis incluem: capital acionário, ativos monetários, serviços públicos, ferramentas e instalações, e participação no mercado. Por outro lado, os benefícios futuros intangíveis abrangem: reputação, reconhecimento da marca, benefício público e alinhamento estratégico. Fonte: PMI (2017, p. 5). SAIBA MAIS O melhor projeto é aquele que atende o cliente, os objetivos organizacionais, os requisitos legais, é viável economicamente, que apresenta um menor risco e/ou um maior conhecimento técnico. Fonte: O autor (2024) REFLITA GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 FIGURA 8:CICLO DE VIDA DA SCRUM Fonte: Cruz (2015, p. 96). É importante ressaltar que o Backlog consiste em uma lista compreensiva de todas as características, funcionalidades, tecnologias, melhorias e correções que compõem o produto a ser entregue. Dessa forma, o Backlog do produto abrange tudo o que será trabalhado ao longo do projeto, enquanto o Backlog da Sprint representa apenas uma porção do backlog considerada “preparada” e selecionada para ser trabalhada na iteração da Sprint (Cruz, 2015). Além disso, ao observar a Figura 1, torna-se evidente que o ciclo de vida do Scrum possibilita a condução do projeto por meio de iterações menores, seguindo um modelo sequencial e repetitivo, gerando incrementos no produto até a conclusão integral do projeto (Cruz, 2015). 102 Nesta unidade, estudamos ideias relacionadas à gestão de projetos, abordando conceitos e aspectos fundamentais sobre o tema. Agora, você compreende como essa disciplina evoluiu ao longo do tempo e como acumulou conhecimento ao longo da história, destacando sua importância no contexto atual. Aprendemos que gerenciar projetos é uma atividade crucial nas organizações e que, para um gerente de projetos, é essencial não apenas conhecer as ferramentas e técnicas, mas também desenvolver habilidades e competências específicas. Além disso, exploramos os conceitos e definições de projetos, programas e portfólios, bem como a distinção entre essas atividades e as operações contínuas das empresas. Agora, você compreende melhor o que é gestão de projetos, como ela se desenvolve e o papel e as competências essenciais de um gestor de projetos. Neste contexto, também discutimos os benefícios que uma gestão de projetos adequada traz para as organizações, como a redução de custos e prazos de desenvolvimento de novos produtos, além de apresentar os fatores críticos de sucesso e fracasso em projetos. É importante buscar aprofundar seus conhecimentos na metodologia e estudar casos de sucesso e fracasso em projetos para obter insights valiosos. CONSIDERAÇÕES FINAIS GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 103 Este artigo tem como objetivo investigar como as empresas implementam, gerenciam e coordenam seus projetos. Ao longo do trabalho, será realizada uma revisão bibliográfica sobreGestão de Projetos, que abordará as práticas, fases e ferramentas descritas na teoria, bem como a metodologia empregada na pesquisa. Também serão apresentadas a descrição dos casos, análises e conclusões do estudo. Com base na teoria de gestão de projetos, este trabalho busca responder à seguinte pergunta: como as empresas do setor de energia que receberam recursos dos programas do FINEP implementam e gerenciam seus projetos? Para saber mais, leia o artigo no seguinte link: https://www.aedb.br/seget/arquivos/ artigos13/991872.pdf LEITURA COMPLEMENTAR GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos13/991872.pdf https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos13/991872.pdf 104 MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO • Título: O Preço do Amanhã • Ano: 2011 • Sinopse: No filme “O preço do amanhã”, dirigido por Andrew Niccol, o tempo funciona como a moeda corrente da época. Aos 25 anos de idade as pessoas param de envelhecer e só têm mais tempo de vida se conseguirem ganhar mais deste recurso. Esta obra oferece uma visão única da gestão de tempo ao transformá-lo em um recurso tangível e valioso. Ela nos lembra de refletir sobre como usamos nosso tempo e como nossas escolhas diárias afetam nossa vida e sucesso a longo prazo. LIVRO • Título: Scrum: A arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo • Autor: Jeff Sutherland, J. J. Sutherland, Nina Lua • Editora: Sextante • Sinopse: O mundo vem sofrendo um processo de mudança contínuo cada vez mais acelerado. Para quem acredita que deve haver uma maneira mais eficiente de fazer as coisas, Scrum é um livro instigante sobre o processo de liderança e gestão que está transformando a maneira como vivemos. Instituições que adotaram o método Scrum já registraram ganhos de produtividade de até 1.200%. É por causa dele que a Amazon pode acrescentar um novo recurso em seu site todos os dias, que o Red River Army Depot, no Texas, consegue lançar utilitários blindados 39 vezes mais rápido e que o FBI finalmente criou um enorme banco de dados de rastreamento de terroristas. Com base em insights de artes marciais, tomadas de decisão judicial, combate aéreo avançado, robótica e muitas outras disciplinas, o método Scrum é prático e fascinante. Mas a razão mais importante para ler esse livro é que ele pode ajudar você a alcançar o que os outros consideram inatingível – seja inventando uma tecnologia pioneira, planejando um novo sistema educacional, viabilizando um caminho para ajudar os mais pobres ou mesmo estabelecendo os alicerces para a sua família prosperar. GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 4 105 CONCLUSÃO GERAL Em síntese, o estudo de energias renováveis abrange uma ampla gama de temas fundamentais para a compreensão e avanço do setor energético. Inicialmente, é crucial entender a evolução histórica das fontes de energia e a crescente importância das renováveis, especialmente em face das mudanças climáticas e da necessidade de segurança energética. A análise da matriz energética brasileira destaca a predominância das hidrelétricas e a necessidade de diversificação com fontes como solar e eólica para mitigar impactos ambientais. O dimensionamento de sistemas fotovoltaicos é essencial, exigindo uma análise precisa do potencial energético local e do padrão de consumo. A escolha adequada de módulos fotovoltaicos e a consideração da eficiência do sistema garantem um projeto sustentável e eficaz, alinhado às necessidades específicas da residência. A evolução regulatória da geração distribuída no Brasil, exemplificada pela Lei n.º 14.300/2022, representa um marco significativo, promovendo um sistema energético mais diversificado e sustentável. Essa regulamentação facilita a microgeração e minigeração, incentivando a adoção de fontes renováveis e beneficiando a matriz energética com redução de perdas e aumento da confiabilidade. Por fim, a gestão de projetos emerge como uma disciplina crucial para o sucesso de iniciativas em energias renováveis. Compreender as ferramentas, técnicas e competências necessárias para gerenciar projetos eficientemente permite reduzir custos e prazos, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do setor. Ao integrar essas abordagens, promovemos um sistema energético mais resiliente, eficiente e sustentável, crucial para enfrentar os desafios ambientais e garantir um futuro energético seguro e equitativo. 106 REFERÊNCIAS AFEWORK, Bethel et al. Types of photovoltaic cells. 2018. Disponível em: As regras do jogo. 2013. Disponível em: https://www.scrumguides.org/docs/ AZZOPARDI, S. The evolution of project management. Retrieved January, v. 28, p. BACCARINI, D. The logical framework method for defining project success. Project management journal, v. 30, n. 4, p. 25-32, 1999. CARVALHO, F. C. A. Gestão de projetos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. 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