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previdência. Integram sua administração, representantes dos trabalhadores e patronais. Percentual signi�cativo é adminis- trado por departamentos de benefícios/recursos humanos da própria empresa. Os planos de autogestão organizam suas redes de serviços, fundamentalmente, mediante o credencia- mento de provedores. O subsegmento comercial compreende as cooperativas de trabalho médico – Unimed’s e cooperativas odontológicas, as empresas de medicina de grupo (incluindo as �lantrópi- cas) e as seguradoras. As seguradoras, vinculadas ou não a bancos, representam a modalidade empresarial mais recente no mercado de assistência médica suplementar, com 16% do contingente de pessoas cober-tas através de planos privados de saúde. Esse segmento utiliza-se da lógica atuarial para o cálculo das prestações dos planos e realiza uma seleção de riscos mais rigorosa, dado que se referenciam na lógica se- curitária. As cooperativas de trabalho médico, as Unimed’s, possuem 25% dos clientes de planos de saúde e se organiza- ram, a partir da iniciativa de médicos, com a argumentação da ameaça de perda da autonomia da prática médica e da mercantilização da medicina. As medicinas de grupo, cons- tituídas ini-cialmente por grupos médicos aliados ao empre- sariado paulista, são atualmente responsáveis por quase 40% dos bene�ciários da assistência médica supletiva. Esse seg- mento se organizou em torno de proprietários/acionistas de hospitais, criando redes de serviços e credenciando hospitais e laboratórios, dado que existia um comprador de serviços que lhes garantia um mercado se-guro. O surgimento do se- tor se deu a partir de meados da década de 1960, com o de- nominado convênio-empresa entre a empresa empregadora e a empresa médica (medicina de grupo), estimulados pela Previdência Social, que repassava subsídios per capita pelo serviço prestado, prática essa que foi decisiva no empresaria- mento da medicina. Resposta a. 123. A observância do sigilo médico constitui-se numa das mais tradicionais características da pro�ssão médica. O segre- do médico é um tipo de segredo pro�ssional e pertence ao pa- ciente. Sendo o médico o seu depositário e guardador, somente podendo reve-lá-lo em situações muito especiais como: dever legal, justa causa ou autorização expressa do paciente. Revelar o segredo sem a justa causa ou dever legal, causando dano ao paciente, além de antiético é crime, capitulado no artigo 154 do Código Penal Brasi-leiro. “A justa causa abrange toda a situ- ação que possa ser utilizada como justi�cativa para a prática de um ato excepcional, fun-damentado em razões legítimas e de interesse coletivo, ou seja, uma razão superior relevante, a um estado de necessidade”. Como exemplo de justa causa, para a revelação do segredo médico, temos a situação de um paciente portador de uma doença contagiosa incurável de transmissão sexual e que se recusa a informar e proteger seu parceiro sexual do risco de transmissão, ou ainda, que deliberadamente prati- ca o sexo de forma a contaminar outras pessoas. O dever le- gal se con�gura quando compulsoriamente o segredo médico tem de ser revelado por força de disposição legal expressa que assim determine. Por exemplo: atestado de óbito, noti�cação compulsória de doenças etc. Outra situação especí�ca de re- velação de segredo médico por dever legal é a comunicação de crime de ação pública, especialmente os ocasionados por arma de fogo ou branca, e as lesões corporais que apresentam gravi- dade. Nesse caso, a comunicação deverá recorrer à autoridade policial ou ao Ministério Público da cidade onde se procedeu o atendimento, observando a preservação da paciente. Vale lem- brar que o médico não é obrigado a comunicar às autoridades o crime pelo qual seu paciente possa ser processado. O dever de manutenção do segredo médico decorre de necessidade do pacien-te em con�ar em ter em quem con�ar, irrestritamente no médico, para que o tratamento se estabeleça da melhor for- ma possível e com a menor possibilidade de agravo à saúde. Neste sentido, o médico não pode revelar à autoridade, por exemplo, um aborto criminoso, posto que isso ensejará proce dimento criminal contra a sua paciente. Resposta c. 124. Trata-se de uma atribuição da Agência Nacional de Saú- de (Anvisa), ligada ao Ministério da Saúde, a autorização pela incor-poração e comercialização de novos medicamentos no sistema de saúde brasileiro. Resposta b. 125. As questões que permeiam a necessidade da manu- tenção do sigilo pro�ssional, do direito à privacidade e da con�dencialidade na relação do médico com o paciente adolescente envolvem aspectos de grande complexidade. A assistência à saúde implica em cuidados voltados ao rápido processo de desenvolvimento biopsicossocial porque natu- ralmente passam os adolescentes, bem como a atenção es- pecial em situações que envolvem, por exemplo, as doenças sexualmente transmissíveis, a gravidez indesejada e o uso de drogas. A con�dencialidade é um direito do paciente ado- lescente e gera uma obrigação especí�ca nos pro�ssionais da saúde. Em nosso país, o sigilo é regulamentado pelo artigo 103 do Código de Ética Médica. Em todas as situações em que se caracterizar a necessidade de sua quebra (por exem- plo, quando este coloca em risco a sua saúde ou de outrem), o paciente deve ser informado, justi�cando-se os motivos para essa atitude. Os Departamentos de Bioética e Adoles- cência da Sociedade de Pediatria de São Paulo e da Sociedade Brasileira de Pediatria apresentam a recomendação de que o médico deva respeitar a individualidade de cada adoles- cente, identi�cado como capaz de avaliar seu problema e de conduzir-se por seus próprios meios para solucioná-lo, tendo o direito de ser atendido sem a presença dos pais ou respon- sáveis no ambiente da consulta. No entanto, surge entre os pro�ssionais de saúde o questionamento a respeito do quanto e quando o sigilo deva ser mantido. Essa preocupação cresce na medida em que o atendimento envolve a atenção de pro- blemas como comportamentos de risco, depressão, violência, abuso sexual, uso de drogas e risco de gravidez. Em situações como essas �ca necessariamente questionada a autonomia do adolescente e em consequência, sua capacidade de tomar de- cisões. Leone defende que essas situações devam merecer um estudo individual, construindo-se uma “verdade para aquele momento”. A bioética contemporânea leva a importância da autonomia a extremos perigosos. Estes autores pedem que se restitua o princípio da bene�cência na forma da “bene�cên- cia �duciária” (�duciária – �dúcia: con�ança, atrevimento, segurança e ousadia). Isso quer dizer que os médicos e os pa cientes mantenham em con�ança a meta de atuar em prol de melhores interesses mútuos. Quando o adolescente procura 297 14 Medicina Preventiva SJT Residência Médica – 2016