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<p>A Deus, ao Todo Poderoso, criador dos céus e da terra, ao Deus</p><p>de Abraão, ao Deus de Jacó, ao Senhor dos Exércitos, ao Deus</p><p>do impossível. Àquele que conforme sua graça nos fornece</p><p>bençãos e segundo sua misericórdia concede o perdão.</p><p>À minha mãe, Maria Sonha de Oliveira, por ter</p><p>nos conduzido pelos trilhos dos estudos.</p><p>À minha amada esposa, Ativina Ervelly Ventura de Moura, presente</p><p>de Jesus Cristo, por ter me ladeado durante todo esse tempo, sempre</p><p>com amor, dedicação, compromisso, paciência e companheirismo.</p><p>Às minhas filhas, Sofia Ventura de Moura Oliveira e Sara Ventura</p><p>de Moura Oliveira, por tornar nossos dias mais leves.</p><p>Ao meu filho Rodrigo Cavalcante de Oliveira Filho, o qual está porvir.</p><p>Ao meu saudoso avô, Antônio da Alcântara Oliveira, por todos os</p><p>ensinamentos e, sobretudo, pela honestidade, simplicidade e alegria,</p><p>marcos inesquecíveis de sua trajetória. Eternamente em nossos corações.</p><p>À Polícia Militar do Estado do Ceará, gloriosa instituição</p><p>que amo e zelo, desempenhada por homens e mulheres</p><p>abnegados e corajosos, verdadeiros heróis.</p><p>LISTA DE SIGLAS</p><p>ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade</p><p>APFDM – Auto de Prisão em Flagrante Delito Militar</p><p>APJM – Autoridade de Polícia Judiciária Militar</p><p>CBM – Corpo de Bombeiros Militar</p><p>CF – Constituição Federal</p><p>CFO – Curso de Formação de Oficiais</p><p>CP – Código Penal</p><p>CPM – Código Penal Militar</p><p>CPP – Código de Processo Penal</p><p>CPPM – Código de Processo Penal Militar</p><p>DF – Distrito Federal</p><p>DH – Direitos Humanos</p><p>EC – Emenda Constitucional</p><p>EDD – Estado Democrático de Direito</p><p>FFAA – Forças Armadas</p><p>GLO – Garantia da Lei e da Ordem</p><p>HC – Habeas Corpus</p><p>IN – Instrução Normativa</p><p>IP – Inquérito Policial</p><p>IPD – Instrução Provisória de Deserção</p><p>IPI – Instrução Provisória de Insubmissão</p><p>IPM – Inquérito Policial Militar</p><p>JC – Justiça Comum</p><p>JM – Justiça Militar</p><p>JME – Justiça Militar Estadual</p><p>JMF – Justiça Militar Federal</p><p>JMU – Justiça Militar da União</p><p>MP – Ministério Público</p><p>MPDFT – Ministério Público do Distrito Federal e Territórios</p><p>MPF – Ministério Público Federal</p><p>MPM – Ministério Público Militar</p><p>MPT – Ministério Público do Trabalho</p><p>MPU – Ministério Público da União</p><p>OAB – Ordem dos Advogados do Brasil</p><p>PC – Polícia Civil</p><p>PCCE – Polícia Civil do Estado do Ceará</p><p>PF – Polícia Federal</p><p>PGJ – Procurador-Geral de Justiça</p><p>PJC – Polícia Judiciária Comum</p><p>PJM – Polícia Judiciária Militar</p><p>PM – Polícia Militar</p><p>PMCE – Polícia Militar do Estado do Ceará</p><p>STF – Supremo Tribunal Federal</p><p>STJ – Superior Tribunal de Justiça</p><p>STM – Superior Tribunal Militar</p><p>TCO – Termo Circunstanciado de Ocorrência</p><p>TJ – Tribunal de Justiça</p><p>TJM – Tribunal de Justiça Militar</p><p>UF – Unidade Federativa</p><p>PREFÁCIO</p><p>“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”</p><p>Jean Cocteau</p><p>Prefaciar esta obra é motivo de imenso privilégio e orgulho. O autor, amigo e</p><p>oficial da Polícia Militar do Ceará, Capitão Oliveira, agrega as qualidades</p><p>operacionais, teóricas, morais e éticas que julgamos fundamentais ao exercício</p><p>da profissão policial militar em nível de excelência. É daqueles que chamamos</p><p>na caserna de “coco cheio”. É, sem qualquer dúvida, um oficial completo.</p><p>Realizar um traço inicial em breves linhas sobre o perfil do autor é</p><p>imprescindível para que o leitor tenha a plena convicção de suas bases teóricas e</p><p>práticas. Na perspectiva da prática policial, iniciou a carreira militar ocupando o</p><p>cargo de Soldado de fileiras da PMCE, quando vivenciou o exercício da</p><p>segurança pública na “linha de frente”, executando a árdua e, por vezes,</p><p>incompreendida missão de servir e proteger as pessoas, seus bens e direitos</p><p>como o primeiro interventor do Estado, agindo no calor do momento, nas frações</p><p>de segundos existentes entre a tomada da decisão e suas indissociáveis</p><p>consequências, naquele momento que pode resultar no mero reconhecimento de</p><p>ter procedido não mais do que conforme sua obrigação profissional ou na</p><p>execração pública por errar na tentativa de acertar.</p><p>Inquieto, tratou de ser aprovado no concurso para a carreira de Oficiais</p><p>combatentes da PMCE, passando ao posto de 1º Tenente no ano de 2016. Como</p><p>oficial, desde os primeiros momentos da carreira foi designado para as funções</p><p>de Comandante e Subcomandante de importantes Subunidades da Região do</p><p>Cariri, no Sul do Estado do Ceará. É “cavalariano” formado no 14º Curso de</p><p>Policiamento Montado (CPMont) e “guerreiro de caatinga”, forjado no 7º Curso</p><p>de Operações Táticas Rurais (COTAR), uma das unidades operacionais com a</p><p>“porta mais estreita” da Polícia Militar do Ceará, figurando entre as mais</p><p>respeitadas forças de segurança pública no Brasil.</p><p>O conhecimento teórico do autor tem bases compostas por elementos colhidos</p><p>em ecléticas fontes do saber, indo do conhecimento na área da saúde, onde</p><p>possui graduação em Enfermagem, ao conhecimento jurídico no curso de Direito</p><p>da Universidade Regional do Cariri – URCA e na sua especialização em</p><p>segurança pública.</p><p>Desinquieto com a constatação da necessidade da presença dos operadores da</p><p>segurança pública, notadamente de Oficiais da polícia militar, no ambiente</p><p>acadêmico e na produção de conhecimento teórico e científico, abandonou o</p><p>mero discurso, saiu da inércia, venceu o estado apático que a rotina operacional</p><p>tende a impor e, “não sabendo que era impossível, foi lá e fez.”</p><p>O livro traz ao leitor conhecimento de temas de natureza teórica e prática com o</p><p>emprego da necessária linguagem técnica, porém com sucesso na tarefa de tornar</p><p>fácil a compreensão, de maneira que os assuntos versados na obra condicionam</p><p>o leitor a elaborar um inquérito policial militar do início ao fim, disponibilizando</p><p>modelos de peças usualmente utilizadas pelas autoridades de polícia judiciária</p><p>militar no curso do feito inquisitorial, como portaria de instauração, relatórios,</p><p>juntada, certidões, termos de compromisso, despacho, termos de oitivas de</p><p>testemunhas, ofendidos ou investigados, entre outros modelos básicos. Vai além,</p><p>aprofunda o tema e disponibiliza peças que não são comumente presentes na</p><p>maioria dos inquéritos policiais militares, mas que são indispensáveis no</p><p>repertório de conhecimento das autoridades de polícia judiciária militar, tais</p><p>como os modelos de carta precatória com a apresentação de quesitos, solicitação</p><p>de exame de corpo de delito, solicitação de assistência de membro do ministério</p><p>público, representação por mandado de busca e apreensão, termo de busca e</p><p>apreensão, termo de restituição de coisa apreendida, modelos de representação</p><p>pela prisão preventiva, pela quebra do sigilo das comunicações telefônicas, pela</p><p>condução coercitiva de testemunha ou ofendido, além de termos de acareação,</p><p>de reconhecimento de coisa, de reconhecimento fotográfico, entre tantos outros</p><p>verdadeiramente importantes na feitura do IPM.</p><p>Repleto de jurisprudência atualizada, aprecia detidamente a doutrina consolidada</p><p>e contextualiza os assuntos explorados ao exercício prático da atividade de</p><p>polícia judiciária militar, com enfoque na esfera de atuação da polícia militar.</p><p>Define detalhadamente o conceito de PJM, estabelecendo pormenorizadamente</p><p>as atribuições de suas autoridades. Explora ponto-a-ponto as características,</p><p>formas de instauração, prazos, atribuições de encarregado e escrivão, bem como</p><p>escrutina temas dispostos no CPPM com atenção à necessária adequação à</p><p>Constituição Federal de 1988.</p><p>Importa observar a preocupação do literato em elevar o assunto ao nível em que</p><p>merece ser tratado pelos legisladores e pela academia, quando constata a</p><p>inegável e equivocada ausência nas grades curriculares dos cursos de Direito no</p><p>Brasil, assim como quando observa o evidente menosprezo com que a doutrina e</p><p>jurisprudência brasileira tratam o inquérito, quando o impõe a característica de</p><p>“mero procedimento administrativo”. Posicionamento que com fervor</p><p>convergimos, dado que é muito próximo de zero o número de denúncias</p><p>apresentadas pelo Ministério Público Militar sem se fundamentar em elementos</p><p>colhidos através do inquérito policial militar.</p><p>Não menos importante, é a demonstração da preocupação</p><p>seja elaborado por derradeiro.</p><p>O comparecimento do ofendido é obrigatório, podendo haver condução</p><p>coercitiva determinada pela autoridade judiciária. Insta comunicar que a vítima</p><p>não presta o compromisso legal de falar a verdade.</p><p>As testemunhas e os acusados deverão ser ouvidos, exceto em caso de urgência,</p><p>constado no IPM, durante o dia, entre as sete (7) e as dezoito (18) horas, sendo</p><p>que, a cada 4 (quatro) horas de colheita de prova, terão 30 (trinta) minutos de</p><p>descanso. O depoimento que não for concluso até as dezoito (18) horas será</p><p>encerrado, reiniciando noutro dia.</p><p>A testemunha que, devidamente intimada, não comparece para depor, só comete</p><p>o crime de desobediência depois de esgotadas outras medidas, como a condução</p><p>coercitiva e a multa (NEVES, 2018).</p><p>Algumas testemunhas estão desobrigadas a depor, por exemplo, as que tenham</p><p>grau de parentesco ou afetividade com o indiciado ou em razão de seu mister, de</p><p>acordo com os arts. 354 e 355 do CPPM (BARBOSA, 2007).</p><p>O indiciado ou investigado não presta compromisso legal de dizer a verdade,</p><p>podendo invocar seu direito ao silêncio, bem como o de mentir. De igual modo,</p><p>estão desobrigados a comparecer ao ato.</p><p>É extremamente importante esclarecer que a compreensão do direito ao silêncio</p><p>fora recentemente ampliada pelo STF, devendo ser informado e garantido não</p><p>apenas no interrogatório formal, mas também no momento da abordagem</p><p>policial, quando do recebimento da voz de prisão no contexto de flagrante delito.</p><p>Analisemos:</p><p>Agravo regimental no recurso ordinário em habeas corpus. 2. Agravo da</p><p>Procuradoria-Geral da República. 3. Condenação baseada exclusivamente em</p><p>supostas declarações firmadas perante policiais militares no local da prisão.</p><p>Impossibilidade. Direito ao silêncio violado. 4. Aviso de Miranda. Direitos e</p><p>garantias fundamentais. A Constituição Federal impõe ao Estado a obrigação de</p><p>informar ao preso seu direito ao silêncio não apenas no interrogatório formal,</p><p>mas logo no momento da abordagem, quando recebe voz de prisão por policial,</p><p>em situação de flagrante delito. Precedentes. 5. Agravo a que se nega</p><p>provimento.</p><p>(STF - RHC: 170843 SP, Relator: GILMAR MENDES, Data de Julgamento:</p><p>04/05/2021, Segunda Turma, Data de Publicação: 01/09/2021).</p><p>É mister comunicar que o STF reconheceu, por unanimidade, que a celeuma</p><p>sobre a obrigatoriedade de os policiais informarem ao preso do direito ao</p><p>silêncio no momento da abordagem policial, e não somente no interrogatório</p><p>formal, é tema constitucional digno de submissão à sistemática da repercussão</p><p>geral, RE 1177984, Tema 1185, o qual encontra-se em andamento, na fase de</p><p>conclusos ao Relator.</p><p>Não permanece em vigor a necessidade de nomeação de curador para</p><p>acompanhar a oitiva do indiciado maior de 18 e menor de 21 anos, em virtude do</p><p>art. 5º do Código Civil.</p><p>O Pretório Excelso assegurou a impossibilidade de condução coercitiva do réu</p><p>ou investigado para interrogatório, pois representaria restrição à liberdade de</p><p>locomoção e violaria a presunção de não culpabilidade, sendo, portanto,</p><p>incompatível com a CF. Entretanto, poderá ser conduzido para outros atos, como</p><p>qualificação e reconhecimento (BRASIL, 2018). Não há sentido em se</p><p>constranger a liberdade do indiciado/acusado, afetando a sua dignidade humana,</p><p>a fim de que compareça a um interrogatório em que poderá permanecer em</p><p>silêncio. Observemos:</p><p>1. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. Constitucional.</p><p>Processo Penal. Direito à não autoincriminação. Direito ao tempo necessário à</p><p>preparação da defesa. Direito à liberdade de locomoção. Direito à presunção de</p><p>não culpabilidade. 2. Agravo Regimental contra decisão liminar. Apresentação</p><p>da decisão, de imediato, para referendo pelo Tribunal. Cognição completa da</p><p>causa com a inclusão em pauta. Agravo prejudicado. 3. Cabimento da ADPF.</p><p>Objeto: ato normativo pré-constitucional e conjunto de decisões judiciais.</p><p>Princípio da subsidiariedade (art. 4º, § 1º, da Lei nº 9.882/99): ausência de</p><p>instrumento de controle objetivo de constitucionalidade apto a tutelar a situação.</p><p>Alegação de falta de documento indispensável à propositura da ação, tendo em</p><p>vista que a petição inicial não se fez acompanhar de cópia do dispositivo</p><p>impugnado do Código de Processo Penal. Art. 3º, parágrafo único, da Lei</p><p>9.882/99. Precedentes desta Corte no sentido de dispensar a prova do direito,</p><p>quando “transcrito literalmente o texto legal impugnado” e não houver dúvida</p><p>relevante quanto ao seu teor ou vigência – ADI 1.991, Rel. Min. Eros Grau,</p><p>julgada em 3.11.2004. A lei da ADPF deve ser lida em conjunto com o art. 376</p><p>do CPC, que confere ao alegante o ônus de provar o direito municipal, estadual,</p><p>estrangeiro ou consuetudinário, se o juiz determinar. Contrario sensu, se</p><p>impugnada lei federal, a prova do direito é desnecessária. Preliminar rejeitada.</p><p>Ação conhecida. 4. Presunção de não culpabilidade. A condução coercitiva</p><p>representa restrição temporária da liberdade de locomoção mediante condução</p><p>sob custódia por forças policiais, em vias públicas, não sendo tratamento</p><p>normalmente aplicado a pessoas inocentes. Violação. 5. Dignidade da pessoa</p><p>humana (art. 1º, III, da CF/88). O indivíduo deve ser reconhecido como um</p><p>membro da sociedade dotado de valor intrínseco, em condições de igualdade e</p><p>com direitos iguais. Tornar o ser humano mero objeto no Estado,</p><p>consequentemente, contraria a dignidade humana (NETO, João Costa. Dignidade</p><p>Humana: São Paulo, Saraiva, 2014. p. 84). Na condução coercitiva, resta</p><p>evidente que o investigado é conduzido para demonstrar sua submissão à força,</p><p>o que desrespeita a dignidade da pessoa humana. 6. Liberdade de locomoção. A</p><p>condução coercitiva representa uma supressão absoluta, ainda que temporária, da</p><p>liberdade de locomoção. Há uma clara interferência na liberdade de locomoção,</p><p>ainda que por período breve. 7. Potencial violação ao direito à não</p><p>autoincriminação, na modalidade direito ao silêncio. Direito consistente na</p><p>prerrogativa do implicado a recursar-se a depor em investigações ou ações</p><p>penais contra si movimentadas, sem que o silêncio seja interpretado como</p><p>admissão de responsabilidade. Art. 5º, LXIII, combinado com os arts. 1º, III; 5º,</p><p>LIV, LV e LVII. O direito ao silêncio e o direito a ser advertido quanto ao seu</p><p>exercício são previstos na legislação e aplicáveis à ação penal e ao interrogatório</p><p>policial, tanto ao indivíduo preso quanto ao solto – art. 6º, V, e art. 186 do CPP.</p><p>O conduzido é assistido pelo direito ao silêncio e pelo direito à respectiva</p><p>advertência. Também é assistido pelo direito a fazer-se aconselhar por seu</p><p>advogado. 8. Potencial violação à presunção de não culpabilidade. Aspecto</p><p>relevante ao caso é a vedação de tratar pessoas não condenadas como culpadas –</p><p>art. 5º, LVII. A restrição temporária da liberdade e a condução sob custódia por</p><p>forças policiais em vias públicas não são tratamentos que normalmente possam</p><p>ser aplicados a pessoas inocentes. O investigado é claramente tratado como</p><p>culpado. 9. A legislação prevê o direito de ausência do investigado ou acusado</p><p>ao interrogatório. O direito de ausência, por sua vez, afasta a possibilidade de</p><p>condução coercitiva. 10. Arguição julgada procedente, para declarar a</p><p>incompatibilidade com a Constituição Federal da condução coercitiva de</p><p>investigados ou de réus para interrogatório, tendo em vista que o imputado não é</p><p>legalmente obrigado a participar do ato, e pronunciar a não recepção da</p><p>expressão “para o interrogatório”, constante do art. 260 do CPP. (STF - ADPF:</p><p>444 DF, Relator: GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 14/06/2018,</p><p>Tribunal Pleno, Data de Publicação: 22/05/2019).</p><p>Embora a decisão supracitada declare a não recepção da expressão “para</p><p>interrogatório”, descrita no art. 260 do CPP, é plenamente aplicada à seara</p><p>militar.</p><p>Ademais, no curso do IPM poderá o encarregado requisitar exame de corpo de</p><p>delito e demais exames periciais, determinar a avaliação e identificação da coisa</p><p>subtraída, destruída ou danificada, ou da qual houve indébita apropriação,</p><p>proceder a buscas e apreensões, nos termos dos arts. 170 e seguintes</p><p>do CPPM,</p><p>tomar medidas necessárias à proteção de testemunhas, peritos ou do ofendido,</p><p>quando coagidos ou ameaçados de coação que lhes tolha a liberdade de depor ou</p><p>a independência para a realização de perícias e exames (NEVES, 2018).</p><p>Acerca da reprodução simulada dos fatos, é permitida desde que não ofenda a</p><p>moralidade ou a ordem pública, nem atente contra a hierarquia ou a disciplina</p><p>militar, sendo que o investigado/indiciado não está obrigado a participar da</p><p>reconstituição do crime.</p><p>3.9 Assistência de membro do Ministério Público</p><p>As funções do Parquet não se limitam apenas à de fiscalização ou destinatário do</p><p>IPM, mas também pode contribuir com o encarregado do inquérito, conforme o</p><p>art. 14 do CPPM.</p><p>Neves (2018) declara:</p><p>Embora o art. 14 do CPPM resuma essa possibilidade, primeiro, na solicitação</p><p>do encarregado, e, segundo, aos casos de excepcional importância ou difícil</p><p>elucidação, entendemos que esse acompanhamento pode tomar corpo por ato de</p><p>ofício do Ministério Público, bem como em outras situações que não as</p><p>enumeradas, por exemplo, quando haja suspeita de não ser escorreita a condução</p><p>do inquérito. (NEVES, 2018, p. 373).</p><p>O Conselho Superior do Ministério Público Militar, através da Resolução</p><p>nº 69/2011, considera inaplicável o art. 14 do CPPM em face dos artigos 7º, I, e</p><p>9º da Lei Complementar nº 75/93, haja vista já ser da incumbência do MPU a</p><p>possibilidade de acompanhar as investigações, mesmo sem solicitação por parte</p><p>da autoridade encarregada da investigação (CSMPM, 2011).</p><p>A Lei Complementar nº 75/93 minucia que é franqueado ao MPU acompanhar as</p><p>diligências investigatórias e a instauração dos inquéritos, inclusive podendo</p><p>apresentar provas (BRASIL, 1993).</p><p>O termo “assistente” não pode ser confundido com a atribuição de servir de</p><p>assistente do encarregado no IPM, no sentido de auxiliar ou assessorar, mas sim</p><p>na acepção de acompanhar, fiscalizar, examinar e supervisionar.</p><p>No Estado do Ceará, compete ao Procurador-Geral de Justiça (PGJ) a tarefa de</p><p>indicar membro do MP para acompanhar os IPs (CEARÁ, 2008).</p><p>3.10 Incomunicabilidade do indiciado</p><p>A maior parte dos estudiosos concorda em afirmar que o art. 17 do CPPM não</p><p>foi recepcionado pela Carta Magna. Entre eles, podemos citar Nucci (2019a), o</p><p>qual declara que, até mesmo durante o Estado de Defesa, não pode o preso ficar</p><p>incomunicável (art. 136, § 3º, IV, CF), quiçá numa situação de normalidade.</p><p>Mesmo para a minoria que defende a incomunicabilidade, é unânime o</p><p>posicionamento de que ela não é possível em relação ao advogado, conforme o</p><p>estatuto da advocacia.</p><p>3.11 Detenção do indiciado</p><p>A CF assegura que ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem</p><p>escrita da autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão</p><p>militar ou crime propriamente militar (grifo nosso) (BRASIL, 1988).</p><p>O CPPM dispõe:</p><p>Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido, durante</p><p>as investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a detenção à</p><p>autoridade judiciária competente. Êsse prazo poderá ser prorrogado, por mais</p><p>vinte dias, pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante</p><p>solicitação fundamentada do encarregado do inquérito e por via hierárquica.</p><p>(BRASIL, 1969, art. 18).</p><p>Ao analisar os dois institutos citados, conclui-se que o investigado pelo</p><p>cometimento de delito pode ser detido, independentemente de flagrante delito ou</p><p>ordem judicial, somente no caso de crime militar próprio.</p><p>O encarregado do IPM não poderá determinar a detenção por tempo superior ao</p><p>da pena cominada em abstrato para o ilícito ou quando a pena desse crime não</p><p>for privativa de liberdade (SARAIVA, 2017).</p><p>Também não será permitida a detenção nos casos cabíveis de liberdade</p><p>provisória, segundo o art. 5º, inciso LXVI, da CF (BARBOSA, 2007).</p><p>A detenção do indiciado só ocorrerá quando for indispensável para a</p><p>investigação ou para garantir a ordem militar (SARAIVA, 2017).</p><p>A decisão da APJM que determina a detenção deverá ser fundamentada,</p><p>indicando quais circunstâncias fixaram tal medida e informando de imediato ao</p><p>Juiz e ao Parquet, que passarão a se manifestar (BARBOSA, 2007).</p><p>A autoridade judiciária não deve intervir na conveniência da detenção, salvo se</p><p>houver afronta à CF, como, por exemplo, não se tratar de crime militar próprio</p><p>(Nucci, 2019a).</p><p>Todavia, Gorrilhas (2010) expressa que não existe uma lei que conceitue o que</p><p>vem a ser crime propriamente militar, e, por essa razão, a dita prisão é</p><p>inconstitucional. Ademais, o art. 18 do CPPM representa um retrocesso.</p><p>Por outro lado, Alvarenga (2013) aponta que, embora pouco comum a utilização</p><p>da detenção, nada impede sua aplicação, e que não há vícios de recepção ou de</p><p>constitucionalidade com relação ao art. 18 do CPPM, podendo ser perfeitamente</p><p>usado no dia a dia dos encarregados de inquérito, desde que respeitadas as</p><p>demais determinações constitucionais relacionadas à prisão.</p><p>Posicionamo-nos conforme o entendimento de Gorrilhas, ou seja, enquanto não</p><p>vier uma lei para especificar quais são os crimes propriamente militares, as</p><p>prisões baseadas nesse instituto são ilegais.</p><p>3.12 Prisão preventiva e menagem</p><p>O Parágrafo único do art. 18 do CPPM relata que o encarregado do IPM poderá</p><p>representar perante a autoridade judiciária no sentido de determinar a prisão</p><p>preventiva ou a menagem em desfavor do indiciado (BRASIL, 1969).</p><p>A prisão preventiva é uma medida cautelar restritiva de liberdade especificada</p><p>do art. 254 ao art. 261 do CPPM. E a menagem é um instituto descrito do</p><p>art. 263 ao art. 269 do CPPM.</p><p>A prisão preventiva pode ser decretada pelo Juiz ou pelo Conselho de Justiça, de</p><p>ofício em qualquer fase do inquérito ou do processo, mediante requerimento do</p><p>MP ou através de representação do encarregado do IPM (BRASIL, 1969).</p><p>A Lei 13.964/2019 (conhecida como “Pacote Anticrime”) alterou o CPP com o</p><p>objetivo de vedar a decretação de prisão preventiva de ofício pelo magistrado,</p><p>seja na fase de inquérito policial ou da instrução criminal. Apesar de o legislador</p><p>não ter realizado a mesma mudança no CPPM, acreditamos que tal proibição</p><p>será estendida à área castrense.</p><p>Deliberar acerca da prisão preventiva é atribuição do Juiz Auditor da JMU, do</p><p>Juiz de direito da JME ou do Conselho de Justiça dos tribunais, sendo, neste</p><p>caso, de competência do relator (NEVES, 2018).</p><p>Observa-se que a APJM competente para representar pela prisão preventiva é o</p><p>encarregado do IPM, e não a APJM originária.</p><p>Para a decretação da prisão preventiva, é imprescindível que haja prova do fato</p><p>delituoso e indícios suficientes de autoria, somados a algumas das situações</p><p>descritas no art. 255 do CPPM, a saber: garantia da ordem pública, conveniência</p><p>da instrução criminal, periculosidade do indiciado, segurança da aplicação da lei</p><p>penal militar e exigência de manutenção das normas ou princípios de hierarquia</p><p>e disciplina militares.</p><p>É pertinente explanar que, após a conclusão do IPM e remessa ao Poder</p><p>Judiciário, o Parquet pode requerer devolução dos autos para novas diligências,</p><p>nesse caso, o Juiz não poderá, mesmo diante de solicitação do encarregado ou do</p><p>próprio MP, decretar a prisão, pois, se não há elementos suficientes para</p><p>propositura da ação penal, consequentemente, também não há fundamentos para</p><p>emitir o mandado de prisão. Consideremos o julgado:</p><p>HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. DECRETAÇÃO.</p><p>FUNDAMENTAÇÃO SUCINTA. NULIDADE. ARTIGO 93, INCISO IX, DA</p><p>CONSTITUIÇÃO FEDERAL. REQUISITOS. ARTS. 254 E 255 DO CPPM.</p><p>DENÚNCIA NÃO OFERECIDA. EXCESSO DE PRAZO.</p><p>CONSTRANGIMENTO ILEGAL. RELAXAMENTO. HABEAS CORPUS</p><p>CONCEDIDO. UNANIMIDADE. O caráter extraordinário de que se reveste a</p><p>custódia preventiva exige, para a sua efetivação, a necessária fundamentação, a</p><p>qual deve apoiar-se em elementos concretos e ajustados aos pressupostos</p><p>abstratos definidos pelos arts. 254 e 255 do CPPM, sob pena de violação do</p><p>Princípio da Presunção de Inocência, haja vista que a segregação cautelar</p><p>presume pena não personificada. O artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal,</p><p>exige que a decisão prolatada</p><p>pelo Magistrado seja fundamentada, ainda que</p><p>sucintamente, sem determinar, contudo, o exame aprofundado da matéria</p><p>submetida a exame, não sendo possível declarar a nulidade de uma decisão com</p><p>fundamentação concisa, mas sim aquela que carece da devida motivação.</p><p>Presentes os indícios de autoria e de materialidade delitivas na conduta do</p><p>Paciente, o não oferecimento da Denúncia, passados mais de 7 (sete) meses</p><p>desde a constrição da sua liberdade, constitui constrangimento ilegal apto a</p><p>justificar a concessão da ordem de habeas corpus para o relaxamento da custódia</p><p>cautelar. Habeas corpus concedido. Unanimidade.</p><p>(STM - HC: 70001937320187000000, Relator: Ministro Cleonilson Nicácio</p><p>Silva, Data de Julgamento: 24/04/2018, Data de Publicação: 14/05/2018).</p><p>A menagem é um instituto próprio do Direito Processual Penal Militar, tendo</p><p>natureza jurídica híbrida, eclética ou mista, não podendo ser classificada nem</p><p>como modalidade de prisão, nem liberdade provisória, nem comparecimento</p><p>espontâneo, nem medida de segurança. É uma forma de homenagem benéfica ou</p><p>favor castrense oferecido ao autor de determinados crimes, se preenchidos</p><p>alguns requisitos de ordens objetiva e subjetiva, antes do julgamento final, em</p><p>face da posição do instituto em sede de medidas preventivas ou assecuratórias</p><p>(PEREIRA, 2020).</p><p>Trata-se de uma evolução histórica do instituto da “homenagem”, concedida aos</p><p>nobres na época da Grécia e de Roma (SILVA, 2011).</p><p>A autoridade judiciária poderá aplicar a medida durante a fase do IPM ou do</p><p>processo, desde que os requisitos do art. 263 do CPPM sejam atendidos, são</p><p>eles: crimes cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro)</p><p>anos, a natureza do delito e os antecedentes do acusado.</p><p>Ao reincidente não será concedida a menagem. Nem será contada no</p><p>cumprimento de pena quando concedida em residência ou cidade, e o Parquet</p><p>deverá ser ouvido, previamente, acerca da concessão, emitindo parecer no prazo</p><p>de 3 (três) dias (BRASIL, 1969).</p><p>O instituto é de competência do Juiz, todavia, o legislador previu a exceção ao</p><p>insubmisso (art. 266 do CPPM), cuja pena cominada é a do impedimento, de 3</p><p>(três) meses a 1 (um) ano, deixando, nesse caso, que a autoridade militar recolha</p><p>o indiciado ao quartel, cujo benefício pode ser cassado pela mesma autoridade,</p><p>sem interferência judicial, se for conveniente à disciplina, situações essas que</p><p>estão em conformidade com a regra do artigo 5º, LXI, da CF (ROTH, 2002).</p><p>A menagem divide-se, conforme o art. 264 do CPPM, em intramuros ou</p><p>extramuros, a depender do local aplicado, sendo que a menagem intramuros é a</p><p>modalidade cumprida sujeita a administração militar, seja quartel, navio ou vila</p><p>militar. Já a menagem extramuros é a modalidade fixada durante o processo</p><p>judicial, sendo o local a ser cumprido designado pelo Juiz ou Conselho de</p><p>Justiça, podendo ser onde residia o acusado no tempo do delito ou na sede do</p><p>juízo em que ele estiver sendo processado (CASTRO; NASCIMENTO, 2018).</p><p>Será cassada a menagem daquele que se retirar do lugar para o qual foi</p><p>concedido ou que faltar, sem justificativa, a ato judicial ao qual deva estar</p><p>presente, mediante intimação ou não (NEVES, 2018).</p><p>3.13 Nulidades do inquérito policial militar</p><p>Em regra, não é cabível alegação de nulidade durante o desenvolvimento do</p><p>IPM, por se tratar de um procedimento informativo, o qual não é capaz de</p><p>macular a ação penal. No máximo, irregularidades podem invalidar um ato</p><p>específico. Esse é o entendimento pacífico da doutrina e da jurisprudência.</p><p>Analisemos:</p><p>EMENTA. HABEAS CORPUS. AMEAÇA E TENTATIVA DE HOMICÍDIO</p><p>(ARTS. 223 E 205, C/C O ART. 30, II, TODOS DO CPM). NULIDADE DE</p><p>ATOS DE INQUÉRITO POLICIAL MILITAR. INEXISTÊNCIA.</p><p>PROCEDIMENTO MERAMENTE INFORMATIVO. DECRETAÇÃO DE</p><p>NULIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA INCIDÊNCIA DO PREJUÍZO</p><p>(PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF). DENEGAÇÃO DA ORDEM. DECISÃO</p><p>UNÂNIME. 1. Trata-se de Habeas Corpus impetrado em favor de militar da</p><p>Reserva do Exército em prestação de tarefa certa que é investigado em Inquérito</p><p>Policial Militar (IPM) por cometimento, em tese, dos crimes de ameaça e</p><p>tentativa de homicídio, sob a alegação de constrangimento ilegal e abuso de</p><p>autoridade. 2. O presente writ é impetrado em face de Decisão do Juiz Federal</p><p>Substituto da Justiça Militar da Auditoria da 10ª CJM que não acolheu, em sede</p><p>de habeas corpus, o pleito de suspensão e nulidade de atos do referido IPM. 3. O</p><p>Paciente, com o seu agir, deu ensejo ao referido IPM, regularmente instaurado</p><p>sem sobressaltos de ilegalidade. O Inquérito Policial é peça meramente</p><p>informativa para propositura da ação penal, de modo que eventual irregularidade</p><p>na fase inquisitorial não contamina o processo. Precedentes deste Tribunal. 4.</p><p>Para a decretação de nulidade da investigação, necessária, além da devida</p><p>caracterização do suposto vício de legalidade insanável, a demonstração do</p><p>prejuízo (pas de nullité sans grief), o que não ocorre no caso em tela. 5. Ordem</p><p>denegada. Decisão unânime.</p><p>(STM - HC: 70006486720207000000, Relator: Lúcio Mário de Barros Góes,</p><p>Data de Julgamento: 19/11/2020, Data de Publicação: 10/12/2020).</p><p>Além disso, a edição nº 69 da Jurisprudência em Teses do Superior Tribunal de</p><p>Justiça (STJ), entre outras, relata que “As nulidades surgidas no curso da</p><p>investigação preliminar não atingem a ação penal dela decorrente”. (BRASIL,</p><p>2016).</p><p>Embora, ordinariamente, não possam contaminar a ação penal decorrente, as</p><p>colheitas de provas durante o IPM devem obedecer às legislações pertinentes ao</p><p>tema, sob pena de desentranhamento dos autos, o que causará sérios danos à</p><p>ação penal, principalmente no que se refere a provas cautelares, irrepetíveis e</p><p>antecipadas e essas forem as únicas fontes de informações para propositura da</p><p>ação penal militar.</p><p>A Segunda Turma do STF, julgando o Recurso Ordinário em Habeas Corpus</p><p>nº 122.279/RJ, anulou, por unanimidade de votos, processo penal em que o</p><p>investigado foi ouvido na condição de testemunha, compromissado a dizer a</p><p>verdade, durante a fase de IPM, sendo a confissão da autoria delitiva a única</p><p>prova de que o MP se valeu para ofertar a denúncia. Vejamos:</p><p>Recurso ordinário em habeas corpus. 2. Furto (art. 240 do CPM). Recebimento</p><p>da denúncia. 3. Alegação de nulidade do processo por ofensa ao princípio do</p><p>nemo tenetur se detegere em razão da confissão da autoria durante a inquirição</p><p>como testemunha. 4. Denúncia recebida apenas com base em elementos obtidos</p><p>na confissão. 5. Garantias da ampla defesa e do contraditório no curso da ação</p><p>penal. 6. Recurso provido. (grifo nosso).</p><p>(STF - RHC: 122279 RJ, Relator: Min. Gilmar Mendes, Data de Julgamento:</p><p>12/08/2014, Segunda Turma, Data de Publicação: Acórdão Eletrônico DJe-213</p><p>DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10- 2014).</p><p>3.14 Encerramento do inquérito policial militar</p><p>O IPM será encerrado através de um detalhado relatório, elaborado</p><p>exclusivamente pelo encarregado, acerca das diligências, das pessoas e dos</p><p>resultados obtidos, indicando o dia, a hora e o lugar do suposto cometimento do</p><p>crime. Ao final, pronunciará se há indícios de transgressão disciplinar e de</p><p>crime, manifestando-se sobre a necessidade de prisão preventiva do indiciado.</p><p>Saraiva (2017) alega que o encarregado deve privar-se de fazer juízo de valor</p><p>acerca do delito e de questões de direito ou da suposta culpabilidade do</p><p>investigado, prestando apenas informações coletadas.</p><p>Todavia, entendemos, assim como a doutrina moderna e majoritária proclamam,</p><p>que o encarregado deve externar avaliação sobre as razões fáticas e jurídicas, a</p><p>fim de fundamentar seu convencimento, podendo, por exemplo, citar a</p><p>existência de excludente de antijuricidade, concluindo pelo não indiciamento.</p><p>No caso de delegação, o encarregado remeterá os autos à APJM delegante para</p><p>que esta homologue ou não o resultado investigativo.</p><p>Em discordância, pode a autoridade delegante avocar o procedimento, dando-</p><p>lhe solução diferente. Porém, o MP não é vinculado às opiniões do encarregado</p><p>ou da APJM originária, pois o opinio delicti é de exclusividade do órgão</p><p>acusatório.</p><p>O § 1º do art.</p><p>22 também aponta que a autoridade originária poderá determinar</p><p>novas diligências (BRASIL, 1969). Entendemos que é uma determinação que</p><p>somente pode ser efetuada se o prazo para conclusão do IPM não tiver sido</p><p>extrapolado. Caso contrário, tal autoridade estaria exercendo funções privativas</p><p>do MP e do Juiz.</p><p>Concluído o IPM, a APJM delegante o envia ao juízo competente, ou seja, à</p><p>JMU ou à JME.</p><p>No Estado do Ceará, a APJM originária remete o IPM à Coordenadoria de</p><p>Polícia Judiciária Militar, e esta o encaminha à JME.</p><p>3.15 Indiciamento</p><p>É indispensável haver informações objetivas e fidedignas que indiquem que uma</p><p>pessoa cometeu, em tese, um fato tipicamente militar. É um estado superior ao</p><p>de suspeito/investigado, pressupõe um grau mais elevado de certeza.</p><p>Não obstante o CPPM explanar que o Encarregado deve ouvir o “indiciado” (art.</p><p>13, alínea “c”), corroborando com o entendimento de que o ato de indiciamento</p><p>pode surgir a qualquer momento, defendemos a tese de que somente deve ser</p><p>realizado quando da confecção do relatório final, em obediência ao art. 22 do</p><p>códex e, especialmente, por haver nesse estágio mais elementos concretos que</p><p>possam fundamentar melhor o posicionamento do Encarregado. Portanto,</p><p>observa-se que há uma límpida antinomia entre o art. 13, alínea “c” e o art. 22,</p><p>ambos do CPPM.</p><p>Trata-se de um ato administrativo fundamentado vinculado, isto é, se presentes</p><p>elementos que indiquem que o policial cometeu determinado crime militar, a</p><p>APJM deve indiciá-lo por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica</p><p>do fato que deverá indicar autoria, materialidade, classificação do tipo penal e</p><p>suas circunstâncias.</p><p>Além disso, por ser ato administrativo, devem ser observados seus elementos:</p><p>competência, forma, finalidade, motivo e objeto, quando de sua elaboração.</p><p>O indiciamento ausente de fundamentação, bem como de indícios de autoria e</p><p>materialidade e suas circunstâncias, configura constrangimento ilegal, podendo</p><p>ser remediado através de Habeas Corpus.</p><p>Interessante frisar que o policial militar indiciado será ouvido em termo de</p><p>interrogatório e, não havendo ainda o indiciamento, deverá o investigado ser</p><p>ouvido em termo de declarações.</p><p>O MP e o Juiz não podem requisitar o indiciamento de determinado indivíduo,</p><p>pois esse é um ato exclusivo do encarregado e/ou da APJM originária.</p><p>Além disso, o indiciamento não vincula a manifestação do MP. Assim, é possível</p><p>que o agente ministerial promova a denúncia contra alguém que não foi</p><p>indiciado, como também se admite o arquivamento de IPM em relação a</p><p>indivíduo ou fato que conste em indiciamento.</p><p>3.16 Arquivamento do inquérito policial militar</p><p>A APJM não pode arquivar o IPM, mesmo conclusivo para a inexistência de</p><p>delito ou de inimputabilidade do investigado. O inquérito só poderá ser</p><p>arquivado por decisão fundamentada do magistrado, ouvido o MP.</p><p>Nem mesmo a autoridade judiciária arquivará o inquérito sem anuência explícita</p><p>do MP (NUCCI, 2019a). Observemos a jurisprudência:</p><p>CORREIÇÃO PARCIAL - DESARQUIVAMENTO DA IPD E</p><p>ATENDIMENTO DE DILIGÊNCIA REQUERIDA PELO MPM. Na espécie,</p><p>houve violação do princípio, segundo o qual, o juiz não procede de ofício, dado</p><p>que para que se efetue arquivamento de IPM ou IPD, faz-se necessário que o</p><p>MPM o requeira, posto que é o titular da ação penal e só a ele cabe exercê-la ou</p><p>requerer à autoridade judiciária o arquivamento dos autos. Inteligência do</p><p>art. 397 do CPM. II - Também houve equívoco ao ser indeferido pedido de</p><p>diligência formulado pelo MPM, objetivando retificação da data da exclusão do</p><p>desertor. III - Correição Parcial deferida para, desconstituindo-se a decisão</p><p>recorrida, determinar-se o desarquivamento dos autos da IPD nº 291/92 e o</p><p>cumprimento da diligência requerida pelo Ministério Público Militar. IV -</p><p>Decisão unânime.</p><p>(STM - Cparcfe: 2016 PA 2008.01.002016-5, Relator: Ministro Sérgio Ernesto</p><p>Alves. Conforto. Data de Julgamento: 27/11/2008. Data de Publicação:</p><p>03/02/2009 Vol: Veículo).</p><p>Associamo-nos a tese de sentindo oposto:</p><p>PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. ARQUIVAMENTO DE</p><p>INQUÉRITO. PREVARICAÇÃO. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE NA</p><p>PRÁTICA DO ATO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. PRINCÍPIO DA</p><p>SUBSIDIARIEDADE. DESPROVIMENTO DO AGRAVO.</p><p>1. No caso dos autos, verifica-se, de plano, a atipicidade da conduta, tendo em</p><p>vista a legalidade do ato praticado pelo indiciado, na medida em que competente</p><p>para proferir a decisão apontada como ilegal. 2. Decisão que ostenta</p><p>fundamentação razoável. Observância dos princípios da independência e da livre</p><p>convicção motivada dos magistrados. Ausência de excesso de linguagem.</p><p>Impossibilidade de se criminalizar a atividade hermenêutica. 3. Inexistência de</p><p>vício declarada, em sede administrativa, pelo Conselho Nacional de Justiça.</p><p>Circunstância que reclama a observância do princípio da subsidiariedade do</p><p>Direito Penal. Ausência de razoabilidade no prosseguimento da persecução penal</p><p>para apuração de conduta considerada lícita e não viciada por órgão de controle</p><p>administrativo específico da atividade objeto da investigação. 4. O art. 28 do</p><p>Código de Processo Penal se limita a impedir que, pedido o arquivamento pelo</p><p>Ministério Público e confirmado este entendimento no âmbito do próprio</p><p>Ministério Público, possa o juiz se negar a deferi-lo, mas não obriga o Juiz a</p><p>arquivar o inquérito somente quando o arquivamento for expressamente</p><p>requerido pelo Ministério Público. 5. Desprovimento do recurso.</p><p>(STF - AgR Inq: 4744 DF - Distrito Federal 0006202- 74.2018.1.00.0000,</p><p>Relator: Min. Roberto Barroso, Data de Julgamento: 27/09/2019, Primeira</p><p>Turma).</p><p>Havendo discordância entre o Juiz e o Parquet, os autos devem ser remetidos ao</p><p>Procurador-Geral (ou Procurador-Geral de Justiça). No caso da JMU, o</p><p>Procurador-Geral, compreendendo que há fundamentos para a ação penal,</p><p>nomeia outro promotor a fim de denunciar; em caso contrário, requisitará</p><p>arquivamento, só restando ao Juiz atender ao pedido (NEVES, 2018).</p><p>Em âmbito estadual, o PGJ pode oferecer denúncia diretamente ou designar</p><p>outro membro do MP para tal, ou então mandar arquivar, o que obrigaria o Juiz a</p><p>fazê-lo (SANTOS, 2018).</p><p>Arquivado o IPM pelo Juiz, a requerimento do MP, a APJM poderá realizar</p><p>outras diligências, se de outras provas tiver notícias e que sejam capazes de</p><p>mudar o entendimento anteriormente proferido. Comprovando-se informações</p><p>originais que modifiquem a percepção do MP, este pode requisitar a instauração</p><p>de novo IPM.</p><p>O CPPM não relata possibilidades de desarquivamento de IPM, mas sim de</p><p>instauração de novo inquérito caso surjam fatos novos, com exceção de casos</p><p>julgados e extintos de punibilidade. No entanto, o IPM arquivado pode ser</p><p>aproveitado no novo inquérito, por exemplo, juntando-se aos autos uma cópia.</p><p>Muito embora o CPPM não relate a admissibilidade de desarquivamento de IPM,</p><p>a Súmula nº 524 do STF é aplicável ao tema: “Arquivado o inquérito policial,</p><p>por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação</p><p>penal ser iniciada, sem novas provas”.</p><p>Citemos o caso de um IPM que apura homicídio decorrente de intervenção</p><p>policial militar, o qual é arquivado no dia 11 de agosto de 2020 na 1ª Vara</p><p>Criminal da Comarca de Juazeiro do Norte-CE, sendo posteriormente</p><p>desarquivado pelo magistrado, a requerimento do MP, em 24 de agosto de 2020,</p><p>haja vista o surgimento de novas provas angariadas pelo delegado no curso do</p><p>IP. Analisemos a decisão interlocutória, processo nº 0210058-38.2020.8.06.0001,</p><p>classe: Inquérito Policial, assunto: Crimes Militares:</p><p>Trata-se de Pedido de Desarquivamento formulado pelo Representante</p><p>Ministerial, com fundamento no artigo 18, do Código de Processo Penal, devido</p><p>ao surgimento de novos elementos de informações (ps.121/124). É o relato do</p><p>necessário. Decido. Diante das razões trazidas ao conhecimento deste Juízo,</p><p>observa-se a necessidade do desarquivamento do caderno inquisitorial, para fins</p><p>de prosseguimento das investigações, ante o surgimento de novos elementos de</p><p>cognição. Nesse sentido, veja-se o teor do enunciado da Súmula nº 524 do</p><p>Colendo Supremo Tribunal</p><p>Federal, in litteris: Súmula 524: “Arquivado o</p><p>inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça,</p><p>não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas”. Deste modo, o</p><p>desarquivamento do procedimento é medida que se impõe. Ante o exposto,</p><p>acolho o parecer ministerial e determino o DESARQUIVAMENTO do presente</p><p>Inquérito Policial, com consequente juntada ao processo 12283-</p><p>07.2019.8.06.0112, nos termos requeridos pelo Promotor de Justiça, para que</p><p>seja feita análise dos elementos probatórios.</p><p>Neves (2018) garante que os “casos julgados” que são referidos no art. 25 do</p><p>CPPM são aqueles que fazem coisa julgada material, que torna imutável uma</p><p>sentença de mérito naquele ou em qualquer outro processo, portanto, é uma</p><p>decisão que não pode ser revista, imutável, uma sentença absolutória, não</p><p>podendo ser instaurado novo IPM.</p><p>O arquivamento de inquérito que se fundamenta na atipicidade do fato faz coisa</p><p>julgada material, impedindo seu desarquivamento mesmo que despontem novas</p><p>provas, ainda que provenientes de magistrado absolutamente incompetente.</p><p>Vejamos os julgados:</p><p>DIREITO PENAL. HABEAS CORPUS. PEDIDO DE TRANCAMENTO DA</p><p>AÇÃO PENAL. ARQUIVAMENTO DO FEITO. RECONHECIMENTO DE</p><p>ATIPICIDADE DO FATO. DECISÃO PROFERIDA POR JUÍZO</p><p>ABSOLUTAMENTE INCOMPETENTE. PERSECUÇÃO PENAL NA</p><p>JUSTIÇA MILITAR POR FATO ANALISADO NA JUSTIÇA COMUM.</p><p>IMPOSSIBILIDADE: CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO.</p><p>INSTAURAÇÃO DE AÇÃO PENAL PERANTE O JUÍZO COMPETENTE.</p><p>IMPOSSIBILIDADE. COISA JULGADA. PRECEDENTES. HABEAS</p><p>CORPUS CONCEDIDO. 1. A teor do entendimento pacífico desta Corte, o</p><p>trancamento da ação penal pela via de habeas corpus é medida de exceção,</p><p>admissível quando emerge dos autos, de forma inequívoca, entre outras</p><p>hipóteses, a atipicidade do fato. 2. A decisão de arquivamento do inquérito</p><p>policial no âmbito da Justiça Comum, em virtude de promoção ministerial no</p><p>sentido da atipicidade do fato e da incidência de causa excludente de ilicitude,</p><p>impossibilita a instauração de ação penal perante a Justiça Especializada, uma</p><p>vez que o Estado-Juiz já se manifestou sobre o fato, dando-o por atípico</p><p>(precedentes). Ainda que se trate de decisão proferida por juízo absolutamente</p><p>incompetente, deve-se reconhecer a prevalência dos princípios do favor rei,</p><p>favor libertatis e ne bis in idem, de modo a preservar a segurança jurídica que o</p><p>ordenamento jurídico demanda. Precedentes. 4. Ordem concedida, acolhido o</p><p>parecer ministerial, para trancar a Ação Penal nº 484-00.2008.921.0004, em</p><p>trâmite perante a Auditoria Militar de Passo Fundo/RS.</p><p>(STJ - HC: 173397 RS 2010/0091949-3, Relator: Ministra Maria Thereza de</p><p>Assis Moura, Data de Julgamento: 17/03/2011, T6 - Sexta Turma, Data de</p><p>Publicação: DJe 11/04/2011).</p><p>I - Habeas corpus: cabimento. É da jurisprudência do Tribunal que não impedem</p><p>a impetração de habeas corpus a admissibilidade de recurso ordinário ou</p><p>extraordinário da decisão impugnada, nem a efetiva interposição deles. II -</p><p>Inquérito policial: arquivamento com base na atipicidade do fato: eficácia de</p><p>coisa julgada material. A decisão que determina o arquivamento do inquérito</p><p>policial, quando fundado o pedido do Ministério Público em que o fato nele</p><p>apurado não constitui crime, mais que preclusão, produz coisa julgada material,</p><p>que - ainda quando emanada a decisão de juiz absolutamente incompetente -,</p><p>impede a instauração de processo que tenha por objeto o mesmo episódio.</p><p>Precedentes : HC 80.560, 1ª T., 20.02.01, Pertence, RTJ 179/755; Inq 1538, Pl.,</p><p>08.08.01, Pertence, RTJ 178/1090; Inq-QO 2044, Pl., 29.09.04, Pertence, DJ</p><p>28.10.04; HC 75.907, 1ª T., 11.11.97, Pertence, DJ 9.4.99; HC 80.263, Pl.,</p><p>20.2.03, Galvão, RTJ 186/1040.</p><p>(STF - HC: 83346 SP, Relator: Min. Sepúlveda Pertence, Data de Julgamento:</p><p>17/05/2005, Primeira Turma, Data de Publicação: DJ 19- 08-2005 PP-00046</p><p>EMENT VOL-02201-2 PP-00246 RTJ VOL-00195-01 PP-00085).</p><p>A respeito de arquivamento de inquérito perante a constatação de excludente de</p><p>ilicitude, há divergência na jurisprudência. Senão vejamos:</p><p>RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ART. 1º, §§ 2º E 4º, DA LEI</p><p>Nº 9.455/1997. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. BIS IN IDEM.</p><p>OCORRÊNCIA. DECISÃO DA JUSTIÇA MILITAR QUE DETERMINOU O</p><p>ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL MILITAR COM BASE EM</p><p>EXCLUDENTE DE ILICITUDE. COISA JULGADA MATERIAL.</p><p>OFERECIMENTO DE DENÚNCIA POSTERIOR PELOS MESMOS FATOS.</p><p>IMPOSSIBILIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.</p><p>1. A par da atipicidade da conduta e da presença de causa extintiva da</p><p>punibilidade, o arquivamento de inquérito policial lastreado em circunstância</p><p>excludente de ilicitude também produz coisa julgada material. 2. Levando-se em</p><p>consideração que o arquivamento com base na atipicidade do fato faz coisa</p><p>julgada formal e material, a decisão que arquiva o inquérito por considerar a</p><p>conduta lícita também o faz, isso porque nas duas situações não existe crime e há</p><p>manifestação a respeito da matéria de mérito. 3. A mera qualificação diversa do</p><p>crime, que permanece essencialmente o mesmo, não constitui fato ensejador da</p><p>denúncia após o primeiro arquivamento. 4. Recurso provido para determinar o</p><p>trancamento da ação penal.</p><p>(STJ - RHC: 46666 MS 2014/0069913-3, Relator: Ministro Sebastião Reis</p><p>Júnior, Data de Julgamento: 05/02/2015, T6 - Sexta Turma, Data de Publicação:</p><p>DJe 28/04/2015).</p><p>PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. INQUÉRITO</p><p>POLICIAL ARQUIVADO POR RECONHECIMENTO DA LEGÍTIMA</p><p>DEFESA. DESARQUIVAMENTO POR PROVAS NOVAS.</p><p>IMPOSSIBILIDADE. COISA JULGADA MATERIAL. PRECEDENTES.</p><p>1. A permissão legal contida no art. 18 do CPP, e pertinente Súmula 524/STF, de</p><p>desarquivamento do inquérito pelo surgimento de provas novas, somente tem</p><p>incidência quando o fundamento daquele arquivamento foi a insuficiência</p><p>probatória - indícios de autoria e prova do crime. 2. A decisão que faz juízo de</p><p>mérito do caso penal, reconhecendo atipia, extinção da punibilidade (por morte</p><p>do agente, prescrição…), ou excludentes da ilicitude, exige certeza jurídica - sem</p><p>esta, a prova de crime com autor indicado geraria a continuidade da persecução</p><p>criminal - que, por tal, possui efeitos de coisa julgada material, ainda que contida</p><p>em acolhimento a pleito ministerial de arquivamento das peças investigatórias. 3.</p><p>Promovido o arquivamento do inquérito policial pelo reconhecimento de</p><p>legítima defesa, a coisa julgada material impede rediscussão do caso penal em</p><p>qualquer novo feito criminal, descabendo perquirir a existência de novas provas.</p><p>Precedentes. 4. Recurso especial improvido. (STJ - REsp: 791.471/RJ, Relator:</p><p>Ministro Nefi Cordeiro, Data de Julgamento: 25/11/2014, T6 - Sexta Turma).</p><p>PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. LEGÍTIMA</p><p>DEFESA. FRAUDE PROCESSUAL. ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO</p><p>POLICIAL. DESARQUIVAMENTO POSTERIOR.</p><p>NOVOS ELEMENTOS DE CONVICÇÃO COLHIDOS PELO MINISTÉRIO</p><p>PÚBLICO. POSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA. I – O arquivamento de</p><p>inquérito policial não faz coisa julgada nem causa a preclusão. II –</p><p>Contrariamente ao que ocorre quando o arquivamento se dá por atipicidade do</p><p>fato, a superveniência de novas provas relativamente a alguma excludente de</p><p>ilicitude admite o desencadeamento de novas investigações. III – Ordem</p><p>denegada. (STF - HC: 87395 PR - Paraná 0005763-20.2005.1.00.0000, Relator:</p><p>Ministro Ricardo Lewandowski, Data de Julgamento: 23/03/2017, Tribunal</p><p>Pleno).</p><p>Habeas corpus. Processual Penal Militar. Tentativa de homicídio qualificado (CP,</p><p>art. 121, § 2º, inciso IV, c/c o art. 14, inciso II). Arquivamento de Inquérito</p><p>Policial Militar, a requerimento do Parquet Militar. Conduta acobertada pelo</p><p>estrito cumprimento do dever legal. Excludente de ilicitude (CPM, art. 42,</p><p>inciso III). Não configuração de coisa julgada material. Entendimento</p><p>jurisprudencial da Corte. Surgimento de novos elementos de prova. Reabertura</p><p>do inquérito na Justiça comum, a qual culmina na condenação do paciente e de</p><p>corréu pelo Tribunal do Júri. Possibilidade. Enunciado da Súmula nº 524/STF.</p><p>Ordem denegada. 1. O arquivamento de inquérito, a pedido do Ministério</p><p>Público, em virtude da prática de conduta acobertada</p><p>pela excludente de ilicitude</p><p>do estrito cumprimento do dever legal (CPM, art. 42, inciso III), não obsta seu</p><p>desarquivamento no surgimento de novas provas (Súmula nº 5241/STF).</p><p>Precedente. 2. Inexistência de impedimento legal para a reabertura do inquérito</p><p>na seara comum contra o paciente e o corréu, uma vez que subsidiada pelo</p><p>surgimento de novos elementos de prova, não havendo que se falar, portanto, em</p><p>invalidade da condenação perpetrada pelo Tribunal do Júri. 3. Ordem denegada.</p><p>(STF - HC: 125.101/SP - Relator: Ministro Teori Zavascki, Data de Julgamento:</p><p>28/03/2015, Segunda Turma).</p><p>Nota-se que os dois principais tribunais superiores, o STF e o STJ, entendem que</p><p>o arquivamento de inquérito baseado na atipicidade do fato ocasiona coisa</p><p>julgada material, ainda que por juiz absolutamente incompetente. Por outro giro,</p><p>ou seja, o inquérito arquivado sob o manto de excludente de ilicitude, o STF,</p><p>diversamente do STJ, declara que não faz coisa julgada material, sendo</p><p>perfeitamente possível nova persecução criminal.</p><p>Neves (2018) e Nucci (2019a) deliberam no sentido de que arquivamento de</p><p>inquérito fundamentado em excludentes de ilicitude ou de culpabilidade acarreta</p><p>coisa julgada material, uma vez que estas afastam o ilícito.</p><p>Quanto ao arquivamento implícito, a doutrina e a jurisprudência consolidam que</p><p>não é permitido, devendo o Parquet se manifestar em relação a todos os fatos e</p><p>autores. Reparemos:</p><p>PRISÃO PREVENTIVA - CONCESSÃO DA ORDEM EM HABEAS CORPUS</p><p>- EXTENSÃO. Tendo ocorrido a extensão de ordem formalizada em habeas</p><p>corpus, dá-se o prejuízo da impetração em que é paciente o beneficiário do</p><p>julgamento anterior. Crime tributário - inicial - balizas. Atende ao figurino legal</p><p>denúncia imputando crime tributário presente a assertiva de não haver sido</p><p>informada a existência de certo numerário à receita federal. Inquérito -</p><p>arquivamento implícito. O ordenamento jurídico não contempla o arquivamento</p><p>implícito do inquérito mormente quando articulado a partir do fato de o</p><p>ministério público ter desmembrado a iniciativa de propor a ação considerados</p><p>vários réus e imputações diversificadas. (STF - HC: 92445 RJ, Relator: Marco</p><p>Aurélio, Data de Julgamento: 03/03/2009, Primeira Turma, Data de Publicação:</p><p>DJe-064 divulg 02- 04-2009 public 03-04-2009 ement vol-02355-02 pp-00298).</p><p>HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME DE TORTURA.</p><p>PEDIDO DE TRANCAMENTO. ALEGAÇÃO DE ARQUIVAMENTO</p><p>IMPLÍCITO. PACIENTE NÃO DENUNCIADO NA PRIMEIRA EXORDIAL</p><p>ACUSATÓRIA OFERECIDA PELO PARQUET ESTADUAL. NÃO</p><p>OCORRÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL QUANTO A ESTE</p><p>TOCANTE. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO ADVOGADO PARA A</p><p>AUDIÊNCIA DE OITIVA DE TESTEMUNHAS NO JUÍZO DEPRECADO, A</p><p>DESPEITO DE DESPACHO JUDICIAL QUE DETERMINOU A</p><p>REALIZAÇÃO DE TAL DILIGÊNCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA</p><p>CONFIGURADO.</p><p>ORDEM CONCEDIDA. 1. O não oferecimento imediato da denúncia com</p><p>relação ao Paciente não implica na renúncia tácita ao jus puniendi estatal, pois o</p><p>princípio da indivisibilidade não é aplicável à ação penal pública</p><p>incondicionada, diferentemente da ação penal privada. Segundo o ordenamento</p><p>jurídico pátrio, o arquivamento da ação penal pública depende de pedido</p><p>expresso do Ministério Público, e somente pode ser determinado pelo Juiz. 2. O</p><p>Juízo deprecado proferiu despacho determinando a intimação do Advogado da</p><p>nova data de realização da audiência de oitiva de testemunhas, que não se</p><p>realizou na primeira oportunidade. Entretanto, a audiência foi realizada</p><p>posteriormente, sem a intimação do Causídico. Evidente o prejuízo para a</p><p>Defesa no caso, que foi desonerada da incumbência de acompanhar a tramitação</p><p>da carta precatória perante o Juízo deprecado. 3. Ordem concedida, tão-somente</p><p>para anular o processo-crime desde a audiência de oitiva de testemunhas no</p><p>Juízo deprecado, garantindo-se a intimação do Advogado de defesa da realização</p><p>do ato.</p><p>(STJ - HC: 95344 RJ 2007/0280897-6, Relator: Ministro Jorge Mussi, Data de</p><p>Julgamento: 15/10/2009, T5 - Quinta Turma. Data de Publicação: DJe</p><p>15/12/2009).</p><p>CORREIÇÃO PARCIAL. JUIZ-AUDITOR CORREGEDOR. DESERÇÃO.</p><p>RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. TRÂNSFUGA. AUSÊNCIA DE</p><p>CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE. REQUERIMENTO MINISTERIAL.</p><p>EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO.</p><p>AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO MINISTERIAL. PRELIMINAR DE NÃO</p><p>CONHECIMENTO. REJEIÇÃO. MAIORIA. MÉRITO. ARQUIVAMENTO</p><p>IMPLÍCITO. SOBRESTAMENTO DA AÇÃO PENAL. CORREIÇÃO</p><p>PARCIAL DEFERIDA PARCIALMENTE. MAIORIA. É admissível o manejo</p><p>da Correição Parcial pelo Juiz-Auditor Corregedor, com fundamento na alínea b</p><p>do artigo 498 do Código de Processo Penal Militar, contra o arquivamento</p><p>irregular em inquérito ou processo. Preliminar de não conhecimento rejeitada.</p><p>Maioria. Consoante a jurisprudência deste Superior Tribunal Militar, o regular</p><p>arquivamento de Instrução Provisória de Deserção depende, necessariamente, de</p><p>requerimento do titular da ação penal militar. Comprovada a ocorrência de erro</p><p>de procedimento, configurado pelo chamado “arquivamento implícito”, ou seja,</p><p>sem manifestação expressa do Órgão ministerial, a melhor doutrina e a</p><p>jurisprudência desta Corte Superior recomendam o desentranhamento da</p><p>Instrução Provisória de Deserção, bem como o sobrestamento do seu</p><p>processamento até ulterior captura ou apresentação voluntária do trânsfuga.</p><p>Pedido de Correição Parcial deferido parcialmente. Maioria.</p><p>(STM - CP: 00002190720167110211 DF, Relator: Cleonilson Nicácio Silva,</p><p>Data de Julgamento: 03/10/2017, Data da Publicação: 17/11/2017 Vol: Veículo:</p><p>DJE).</p><p>Em caso de omissão de fatos ou de indiciados na peça da denúncia, deve o Juiz</p><p>abrir vistas dos autos ao MP para que este se enuncie explicitamente em relação</p><p>a seu propósito de arquivar ou não o inquérito em face dos indivíduos ou fatos</p><p>omitidos.</p><p>Outra questão intrigante é a respeito do arquivamento indireto. Ocasião em que</p><p>entende o Parquet no sentido de não oferecer denúncia por se tratar de juízo</p><p>incompetente, sugerindo a autoridade judiciária o declínio de competência.</p><p>Contudo, divergindo o Juiz, este interpreta a atuação do Parquet como um</p><p>pedido de arquivamento (NEVES, 2018).</p><p>Nessa situação, a doutrina majoritária e a jurisprudência sugerem a utilização do</p><p>art. 397 do CPPM e o art. 28 do Código de Processo Penal (CPP), por analogia,</p><p>para resolução do conflito, a saber, remeter os autos ao PGJ. Reparemos os</p><p>julgados:</p><p>Correição Parcial. Homicídio doloso praticado por policial militar contra vítima</p><p>civil. Lei nº 9.299/96. Requisição, pelo Promotor de Justiça, de remessa do</p><p>inquérito policial militar à Justiça Comum, indeferida pelo Juiz de Direito. Na</p><p>hipótese de discordância entre o entendimento do Parquet e do Juiz de Direito,</p><p>deve o magistrado oferecer o caso à apreciação do Exmo. Procurador-Geral de</p><p>Justiça, para consideração. Artigo 397, do CPPM. Reconhecida de ofício a</p><p>incompetência da Justiça Castrense para arquivar o feito. Determinada a remessa</p><p>dos autos à Justiça Comum. Correição parcial provida.</p><p>(TJ-MSP - COR: 0004022015, Relator: Ministro Clovis Santinon, Data de</p><p>Julgamento: 31/03/2016, 2ª Câmara).</p><p>CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA COMUM</p><p>ESTADUAL X JUSTIÇA MILITAR. HOMICÍDIO PRATICADO POR</p><p>POLICIAL MILITAR EM SERVIÇO CONTRA CIVIL. COMPETÊNCIA DA</p><p>JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. 1. Nos termos do art. 125, § 4º, da CF/88, do</p><p>art. 9º, parágrafo único, do Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1001/1969) e</p><p>do art. 82, caput e § 2º, do Código de Processo Penal Militar, é competente a</p><p>justiça comum para apurar o crime de homicídio praticado por policial militar</p><p>em serviço contra civil. 2. Também a jurisprudência desta Corte é uníssona em</p><p>reconhecer a competência da Justiça Comum, por meio do Tribunal do Júri, para</p><p>o julgamento de homicídio praticado por militar em serviço contra civil.</p><p>Precedentes: CC 144.919/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, Terceira Seção,</p><p>julgado em 22/06/2016, DJe 01/07/2016; CC 145.660/SP, Rel. Ministro</p><p>ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Terceira Seção, julgado em 11/05/2016, REPDJe</p><p>19/05/2016, DJe 17/05/2016; CC 129.497/MG, Rel. Ministro ERICSON</p><p>MARANHO (Desembargador Convocado do TJ/SP), Terceira Seção, julgado</p><p>em</p><p>08/10/2014, DJe 16/10/2014; HC 173.873/PE, Rel. Ministra LAURITA VAZ,</p><p>Quinta Turma, julgado em 20/09/2012, DJe 26/09/2012; CC 113.020/RS, Rel.</p><p>Ministro OG FERNANDES, Terceira Seção, julgado em 23/03/2011, DJe</p><p>01/04/2011. 3. “Não é conforme ao direito a iniciativa do juiz militar que, em</p><p>face de pedido do Ministério Público para a declinação de competência para a</p><p>jurisdição criminal comum, arquiva o IPM, sem a observância do procedimento</p><p>previsto no art. 397 do CPPM (Decreto-Lei Nº 1.002, de 21 de outubro de 1969),</p><p>em tudo similar ao mecanismo previsto no art. 28 do CPP, que determina a</p><p>remessa dos autos ao Procurador-Geral em caso de discordância judicial das</p><p>razões apresentadas pelo órgão de acusação (arquivamento indireto)”</p><p>(CC 145.660/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA</p><p>SEÇÃO, julgado em 11/05/2016, REPDJe 19/05/2016, DJe 17/05/2016). 4. De</p><p>consequência, revê-la inadmissível a atribuição de imutabilidade a decisão</p><p>proferida por Juízo constitucionalmente incompetente, tanto mais quando</p><p>lançada em fase ainda investigativa, onde não há ação e, portanto, não há</p><p>processo e menos ainda jurisdição, máxime em situação na qual o Ministério</p><p>Público Militar nem chegou a pleitear o arquivamento do inquérito, limitando-se</p><p>a solicitar a remessa dos autos para o Juízo comum estadual, competente para o</p><p>exame da causa. 5. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo de</p><p>Direito da 3ª Vara do Tribunal do Júri do Fórum Central Criminal - São</p><p>Paulo/SP, o suscitante.</p><p>(STJ - CC: 149195 SP 2016/0268399-3, Relator: Ministro REYNALDO</p><p>SOARES DA FONSECA, Data de Julgamento: 08/02/2017, S3 - TERCEIRA</p><p>SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 13/02/2017).</p><p>RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL MILITAR E PROCESSO PENAL</p><p>MILITAR. CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DE CIVIL. ART. 125, § 4º,</p><p>DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ART. 9º DO CÓDIGO PENAL</p><p>MILITAR. ART. 82 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR.</p><p>RECONHECIMENTO DE SUPOSTA EXCLUDENTE DE ILICITUDE.</p><p>ARQUIVAMENTO DO IPM. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI.</p><p>CASSAÇÃO DO ACÓRDÃO A QUO. 1. O cerne da controvérsia cinge-se a</p><p>saber se a Justiça Militar detém competência para - sem o expresso requerimento</p><p>do representante do Ministério Público - proceder ao arquivamento indireto de</p><p>inquérito policial militar por entender que os policiais militares indiciados</p><p>agiram acobertados supostamente por alguma excludente de ilicitude (legítima</p><p>defesa e estrito cumprimento de dever legal). 2. É de meridiana evidência que,</p><p>no Direito Penal, no qual convergem conflitos entre o direito à liberdade do</p><p>indivíduo e o ius puniendi estatal, a legalidade se destaca como um dos</p><p>princípios basilares. 3. O arquivamento indireto, ex officio, pelo Magistrado do</p><p>juízo militar implica julgamento antecipado da lide e irremediável invasão de</p><p>competência do Tribunal do Júri. 4. Não é da competência da Justiça Militar</p><p>determinar o arquivamento indireto do inquérito policial militar, no qual se</p><p>investiga crime doloso contra a vida praticado por militar contra civil, em razão</p><p>do reconhecimento de suposta excludente de ilicitude, sem a existência de</p><p>manifestação do Parquet em sentido semelhante. 5. Recurso especial provido</p><p>para, ao cassar o acórdão a quo, determinar o encaminhamento do inquérito</p><p>policial militar, em desfavor dos recorridos, ao juízo do Júri da comarca de São</p><p>Paulo/SP.</p><p>(STJ - REsp: 1689804 SP 2017/0202208-7, Relator: Ministro Sebastião Reis</p><p>Júnior, Data de Julgamento: 17/10/2017, T6 - Sexta Turma, Data de Publicação:</p><p>DJe 27/10/2017).</p><p>Verifica-se que os autos de IPM que apuram homicídios decorrentes de</p><p>intervenções policiais militares contra civis não podem ser arquivados na JME,</p><p>devendo ser remetidos à Vara do Tribunal do Júri competente. Nesse sentido,</p><p>contemplemos o resumo da decisão sobre IPM no processo nº 0210058-</p><p>38.2020.8.06.0001, do Juiz de Direito da Vara da Justiça Militar do Estado do</p><p>Ceará:</p><p>Em face do acima exposto, diante dos elementos contidos no procedimento</p><p>policial/investigativo, que indicam a morte de civil durante atividade policial</p><p>militar, DECLARO A INCOMPETÊNCIA desta Vara da Justiça Militar Estadual</p><p>- Auditoria Militar para processar e julgar o feito e determino a remessa destes</p><p>autos a Comarca de Juazeiro do Norte (Vara do Júri), o que faço com esteio no</p><p>art. 125, § 4º da CF/88, art. 9º, parágrafo único, do Código Penal Militar, e</p><p>art. 82, caput e § 2º do Código de Processo Penal Militar.</p><p>Todavia, quando o homicídio decorrente de intervenção policial militar não se</p><p>materializa, ou seja, os civis, embora lesionados por projéteis de armas fogo, não</p><p>foram a óbito, o magistrado da Vara da Justiça Militar do Estado do Ceará, a</p><p>requerimento do MP, decide pelo arquivamento do IPM. Notemos o apanhado da</p><p>decisão a respeito do IPM no processo nº 0120704-36.2019.8.06.0001,</p><p>atendendo ao requerimento do MP:</p><p>Em face do acima exposto, determino ARQUIVAMENTO deste INQUÉRITO</p><p>POLICIAL MILITAR, em face do reconhecimento da legítima defesa e estrito</p><p>cumprimento do dever legal na ação dos policiais, com exclusão da ilicitude das</p><p>condutas e a ausência de um dos substratos do crime, qual seja a</p><p>antijuridicidade, portanto, não havendo delito, com bojo no artigo 25, caput, do</p><p>Código de Processo Penal Militar.</p><p>Urge informar que o Pacote Anticrime (Lei 13.964/2019) alterou o art. 28 do</p><p>CPP, ainda que esteja com aplicabilidade suspensa, mas não modificou o art. 397</p><p>do CPPM. Cremos que, caso o novo art. 28 do CPP passe a vogar, ele será</p><p>admitido à JME, sendo os arquivamentos dos inquéritos de competência do MP.</p><p>3.17 Devolução de autos de inquérito policial militar</p><p>O art. 26 do CPPM relata sobre a devolução do IPM:</p><p>Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos a autoridade policial militar, a</p><p>não ser:</p><p>I — mediante requisição do Ministério Público, para diligências por ele</p><p>consideradas imprescindíveis ao oferecimento da denúncia;</p><p>II — por determinação do juiz, antes da denúncia, para o preenchimento de</p><p>formalidades previstas neste Código, ou para complemento de prova que julgue</p><p>necessária.</p><p>Parágrafo único. Em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo, não excedente de</p><p>vinte dias, para a restituição dos autos. (BRASIL, 1969, art. 26).</p><p>De acordo com Saraiva (2017), não faz sentido que o prazo para cumprimento de</p><p>diligências requisitadas pelo Parquet seja determinado pelo Juiz, podendo,</p><p>inclusive, violar a imparcialidade do órgão julgador. Igualmente, é equivocada a</p><p>possibilidade de devolução do IPM pelo órgão julgador, antes da denúncia, para</p><p>complemento de prova ou preenchimento de formalidades. Ele assevera que são</p><p>atribuições exclusivas do MP.</p><p>O magistrado deve deferir a requisição do MP pois nada pode fazer se não</p><p>houver denúncia ou pedido de arquivamento, salvo nos casos meramente</p><p>protelatórios, devendo o Juiz acionar o PGJ (NUCCI, 2019).</p><p>Percebamos a jurisprudência atinente ao tema:</p><p>EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO DO MAGISTRADO A</p><p>QUO. REVOGACÃO [REVOGAÇÃO] DE ATO JURISDICIONAL QUE</p><p>CONFERIA AO MPM ATRIBUIÇÃO PARA ESTABELECER PRAZO PARA</p><p>DILIGÊNCIAS INDISPENSÁVEIS AO OFERECIMENTO DA DENUNCIA.</p><p>ART. 26 DO CPPM. PREVISÃO DE COMPETÊNCIA DO JUIZ-AUDITOR</p><p>PARA DETERMINAÇÃO DE PRAZO COMPLEMENTAR PARA</p><p>DILIGÊNCIAS. SEGURANÇA DENEGADA. FALTA DE AMPARO LEGAL.</p><p>Compete ao Juiz Federal da Justiça Militar, na qualidade de supervisor das</p><p>investigações, o controle dos procedimentos investigatórios criminais. Assim, o</p><p>representante do Mistério Público Militar há de requerer ao magistrado</p><p>competente a devolução dos autos à autoridade policial, cabendo ao juízo decidir</p><p>sobre a eventual possibilidade de prorrogação de prazo, a teor do parágrafo</p><p>único do art. 26 do CPPM, haja vista a falta de previsão legal para instituição da</p><p>“Central de Inquéritos”. Mandado de Segurança conhecido e denegada a ordem.</p><p>Decisão unânime.</p><p>(STM - MS: 70009073320187000000, Relator: Ministro Francisco Joseli</p><p>Parente Camelo, Data de Julgamento: 13/02/2019, Data de Publicação:</p><p>06/03/2019).</p><p>“[…] Prefacialmente, no tocante à tese de não recepção do art. 26, parágrafo</p><p>único, do CPPM, pela Constituição Federal de 1988, não</p><p>assiste razão ao</p><p>impetrante, haja vista que o referido preceito encontra-se em perfeita harmonia</p><p>com o ordenamento jurídico pátrio, uma vez que regulamenta a devolução dos</p><p>autos de inquérito à autoridade policial militar, mediante requisição do MPM ou</p><p>por determinação do magistrado para preenchimento de formalidades ou</p><p>complementação de provas. Portanto, confirmo a constitucionalidade do</p><p>parágrafo único do art. 26 do CPPM. […]”</p><p>(STF - RMS: 36362 CE - Ceará 0000041-14.2019.1.00.0000, Relator: Min.</p><p>Cármen Lúcia, Data de Julgamento: 26/11/2019, Data de Publicação: DJe-263</p><p>03/12/2019).</p><p>O art. 22, § 1º, do CPPM aponta que a APJM delegante pode determinar novas</p><p>diligências:</p><p>No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura do inquérito, o seu</p><p>encarregado enviá-lo-á à autoridade de que recebeu a delegação, para que lhe</p><p>homologue ou não a solução, aplique penalidade, no caso de ter sido apurada</p><p>infração disciplinar, ou determine novas diligências, se as julgar necessárias.</p><p>(grifo nosso). (BRASIL, 1969, art. 22, § 1º).</p><p>Repita-se, após uma análise dos artigos 20, 22 e 26 do CPPM, entende-se que a</p><p>APJM delegante somente determinará o retorno dos autos para cumprimento de</p><p>novas diligências se o prazo para conclusão do respectivo IPM não estiver</p><p>extrapolado. Caso contrário, tal autoridade estaria exercendo funções privativas</p><p>do MP e do Juiz.</p><p>3.18 Trancamento de autos de inquérito policial</p><p>militar</p><p>Trata-se de interrupção das investigações, paralisação do inquérito, suspensão</p><p>temporária. O trancamento é obtido por meio da impetração de HC, acarretando</p><p>os mesmos efeitos do arquivamento do inquérito.</p><p>A doutrina e a jurisprudência entendem que o trancamento de IPM só é possível</p><p>em casos excepcionais, em que se verifiquem, de plano, a atipicidade da</p><p>conduta, causa extintiva de punibilidade ou ausência de indícios mínimos de</p><p>autoria e materialidade delitiva. Reparamos:</p><p>HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL</p><p>MILITAR. O trancamento de inquérito policial só se mostra cabível em casos</p><p>excepcionalíssimos, quando manifesta a atipicidade da conduta, a presença de</p><p>causa extintiva de punibilidade ou a ausência de suporte probatório mínimo de</p><p>autoria e materialidade delitivas. Ordem conhecida e denegada. Decisão por</p><p>maioria.</p><p>(STM - HC: 70000103420207000000, Relator: Artur Vidigal de Oliveira, Data</p><p>de Julgamento: 05/03/2020, Data de Publicação: 23/03/2020).</p><p>RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DE</p><p>INQUÉRITO POLICIAL MILITAR. ALEGAÇÃO DE FALTA DE JUSTA</p><p>CAUSA. INDÍCIOS DE AUTORIA E MATERIALIDADE.</p><p>PEDIDO NÃO PROVIDO. Conforme sedimentada jurisprudência do Supremo</p><p>Tribunal Federal, o trancamento de ação penal e, sobretudo, de inquérito policial,</p><p>como no caso, é excepcional, só se justificando quando ausentes indícios</p><p>mínimos de autoria e materialidade, ou quando extinta a punibilidade, o que não</p><p>é o caso. Recomendável, portanto, a continuidade das investigações. Recurso</p><p>ordinário não provido.</p><p>(STF - RHC: 96093 PA, Relator: Min. JOAQUIM BARBOSA, Data de</p><p>Julgamento: 20/10/2009, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe- 213 divulg</p><p>12-11-2009 PUBLIC 13-11-2009 ement vol-02382-02 pp- 00342).</p><p>É cediço que a ausência de justa causa constitui constrangimento ilegal, o que</p><p>permite a impetração do remédio heroico.</p><p>Carvalho (2015) entende que poderá ser concedido HC se a suposta infração</p><p>apurada não constitui ilícito penal da competência da justiça correspondente à</p><p>polícia judiciária investigante. Contudo, essa percepção não deve prosperar,</p><p>citamos como exemplos a contravenção penal em detrimento da União e o</p><p>tráfico interestadual de entorpecentes, que são investigados pela PF e são de</p><p>competência da JC.</p><p>Ademais, estamos de acordo com o trancamento de inquérito na ocasião de duas</p><p>ou mais investigações simultâneas e independentes apurando o mesmo fato.</p><p>4 CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>O IPM é um excelente instrumento para a aplicação da lei penal, assim como</p><p>pode refutar processos judiciais precipitados, isto é, engaja dupla função, uma de</p><p>fornecer elementos mínimos para propositura da ação penal e a outra de impedir</p><p>denúncias levianas.</p><p>Embora seja taxado por parte da doutrina e de juristas como mero procedimento</p><p>administrativo, o IPM demonstra, na prática, sua relevância e a contradição dos</p><p>que seguem tal afirmação, pois é improvável que os membros do MP alicercem</p><p>seus entendimentos em outra peça informativa, bem como inúmeras decisões</p><p>judiciais são fundamentadas em provas colhidas durante o curso do caderno</p><p>inquisitorial.</p><p>Assim sendo, a APJM deve ter total domínio acerca do IPM, conhecendo as</p><p>nuances que o envolvem, com o intuito de executar suas incumbências de forma</p><p>isenta e imparcial, corroborando a prática da justiça.</p><p>Por isso, para alcançar os objetivos propostos neste trabalho, buscou-se</p><p>apresentar a teoria e os modelos das principais peças que são desenvolvidas no</p><p>IPM.</p><p>Portanto, ao término desta produção, acredita-se que as metas propostas foram</p><p>alcançadas, contribuindo com o mister da PJM, o que fortalecerá nossa</p><p>instituição perante a sociedade e os demais órgãos estatais.</p><p>MODELOS DE ATOS DE INQUÉRITO POLICIAL MILITAR</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14724: Informação e</p><p>documentação. Trabalhos Acadêmicos – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT,</p><p>2002.</p><p>ALFERES, Eduardo Henrique. Manual de polícia judiciária militar: direito penal</p><p>e processual penal militar. São Paulo: Edipro, 2013. 222 p.</p><p>ALMEIDA, Eduardo José Gomes. Crime doloso contra a vida de civil praticado</p><p>por policiais militares em serviço: procedimentos preliminares adotados pelos</p><p>oficiais intermediários da PMMT. Mato Grosso. RHM. Vol. 1. Jul./dez. 2015.</p><p>Disponível em:</p><p>https://pdfs.semanticscholar.org/b835/cc6bce0cc3f3b75dabd366de87ade2e6e18e.pdf.</p><p>Acesso em: 12 maio 2020.</p><p>ALMEIDA, Robledo Moraes Peres de. A validade do inquérito policial militar</p><p>(IPM) nos crimes dolosos contra a vida praticados por militar em serviço.</p><p>Revista Jus Navigandi, ISSN: 1518-4862, Teresina, ano 19, nº 4114, 6 out. 2014.</p><p>Disponível em: https://jus.com.br/artigos/32588. Acesso em: 5 maio 2020.</p><p>ALMEIDA, Thiago Rangel de; Crime militar e suas particularidades: uma</p><p>análise constitucional da aplicação do artigo 9º, inciso II, alínea c do CPM no</p><p>tocante ao policial militar de folga, fardado e em público. Belo Horizonte,</p><p>outubro 2019. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/77224/crime-militar-e-</p><p>suas-particularidades. Acesso em: 14 maio 2020.</p><p>ALVARENGA, Arnaldo Alves de. Detenção cautelar do investigado por decisão</p><p>do encarregado do inquérito policial militar sem flagrante e sem ordem judicial.</p><p>Revista Jusmilitaris. Brasília. 2013. Disponível em:</p><p>http://jusmilitaris.com.br/sistema/arquivos/doutrinas/detencaocautelar(1).pdf.</p><p>Acesso em: 2 maio 2020.</p><p>Antônio Henrique Graciano Suxberger (Paraná). A presença do defensor técnico</p><p>do investigado nos casos de letalidade policial. In: GAMBI, Eduardo; SILVA,</p><p>Danni Sales; MARINELA, Fernanda (org.). Pacote anticrime: volume 1.</p><p>Curitiba: Escola Superior do Ministério Público do Paraná, 2020. p. 30-39.</p><p>Disponível em:</p><p>https://www.cnmp.mp.br/portal//images/Publicacoes/documentos/2020/Anticrime_Vol_I_WEB.pdf.</p><p>Acesso em: 15 out. 2021.</p><p>ASSIS, Jorge Cesar de. Considerações sobre crimes dolosos contra a vida e sua</p><p>tipificação no código penal comum e código penal militar. In: ASSIS, Jorge</p><p>Cesar de (Org). Crimes dolosos contra a vida praticados por militares contra</p><p>civis. Curitiba: Juruá, 2022. P. 15-40.</p><p>ASSIS, Jorge Cesar de. Crime militar e processo: comentários à</p><p>Lei nº 13.491/2017. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2019. 148 p.</p><p>ASSIS, José Wilson Gomes. O princípio da polícia judiciária natural nos crimes</p><p>dolosos contra a vida de civil. Revista Jus Navigandi. ISSN: 1518-4862,</p><p>Teresina, ano 20, nº 4506, 2 nov. 2015. Disponível em:</p><p>https://jus.com.br/artigos/44134/o-principio-da-policia-judiciaria-natural-nos-</p><p>crimes-militares-dolosos-contra-a-vida-de-civil. Acesso em: 29 abr. 2020.</p><p>BARBOSA, Valéria Carvalho. Inquérito policial militar. 2007. 78 f. TCC</p><p>(Graduação) – Curso de Direito, Departamento do Curso de Direito,</p><p>Universidade Federal de Rondônia, Cacoal, 2007. Disponível em:</p><p>http://www.ri.unir.br/jspui/bitstream/123456789/1230/1/INQU%C3%89RITO%20POLICIAL%20MILITAR%20-</p><p>%20Val%C3%A9ria%20Carvalho%20Barbosa.pdf. Acesso em: 20 abr. 2020.</p><p>BARCELLOS, Caco. Rota 66: a história da polícia que mata. 15. ed. Rio de</p><p>Janeiro: Record, 2014. 350 p.</p><p>BISCAIA, Ederson José. O inquérito policial militar no âmbito das polícias</p><p>militares estaduais. 2006. 84 f. TCC (Graduação) – Curso de Bacharel em</p><p>Direito, Faculdades Campo Real - Unicampo, Guarapuava, 2006. Disponível</p><p>em: http://jusmilitaris.com.br/sistema/arquivos/doutrinas/oipmnoambito.pdf.</p><p>Acesso em: 22 abr. 2020.</p><p>BORGES, Leone Pinheiro. A Lei nº 13.491/17: aspectos teóricos e práticos da</p><p>atuação da polícia judiciária militar e da justiça estadual do Rio de Janeiro. Rio</p><p>de Janeiro. 2018. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/66419/a-lei-n-13-</p><p>491-17-aspectos-teoricos-e-praticos-da-atuacao-da-policia-judiciaria-militar-e-</p><p>da-justica-estadual-do-rio-de-janeiro. Acesso em: 25 abr. 2020.</p><p>BOTELHO, Roberto. Justiça Militar – competência do juiz de direito para</p><p>requisição de instauração do inquérito policial militar – IPM. 2006. Disponível</p><p>em: http://jusmilitaris.com.br/sistema/arquivos/doutrinas/justmilitarcompet.pdf.</p><p>Acesso em: 25 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil:</p><p>promulgada em 5 de outubro de 1988.</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 1001, de 21 de outubro de 1969. Código penal militar.</p><p>Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-</p><p>Lei/Del1001Compilado.htm. Acesso em: 20 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 1002, de 21 de outubro de 1969. Código de processo</p><p>penal militar. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-</p><p>lei/Del1002.htm. Acesso em: 20 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 2848, de 07 de dezembro de 1940. Código penal.</p><p>Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-</p><p>lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 20 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 3689, de 03 de outubro de 1941. Código de processo</p><p>penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-</p><p>lei/del3689compilado.htm. Acesso em: 20 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Lei Complementar nº 75, de 20 de maio de 1993. Dispõe sobre a</p><p>organização, as atribuições e o estatuto do ministério público da união. Brasília,</p><p>20 de maio de 1993. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp75.htm. Acesso em: 25 abr.</p><p>2020.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.869, de 05 de setembro de 2019. Dispõe sobre os crimes de</p><p>abuso de autoridade; altera a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, a Lei</p><p>nº 9.296, de 24 de julho de 1996, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e a Lei</p><p>nº 8.906, de 4 de julho de 1994; e revoga a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de</p><p>1965, e dispositivos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código</p><p>Penal). Brasília, DF, 27 set. 2019a. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-</p><p>2022/2019/Lei/L13869.htm#art40. Acesso em: 5 jan. 2021.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019. Aperfeiçoa a legislação</p><p>penal e processual penal. Brasília, DF, 29 abr. 2019b. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13964.htm.</p><p>Acesso em: 15 dez. 2021.</p><p>BRASIL. Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994. Dispõe sobre o Estatuto da</p><p>Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Brasília, 4 julho 1994.</p><p>Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8906.htm. Acesso em:</p><p>1 jan. 2021.</p><p>BRASIL. Ministério Público Militar, Ministério da Defesa, Comando da</p><p>Marinha, Comando do Exército e Comando da Aeronáutica. Manual de polícia</p><p>judiciária militar. Brasília, DF: Movimento, 2019. E-book (59 p.). Disponível</p><p>em: http://www.mpm.mp.br/portal/wp-contentquploads/2019/06/manual-</p><p>pjm.pdf. Acesso em: 20 fev. 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Conflito Positivo de Competência</p><p>nº 149195 SP 2016/0268399-3. Relator: Ministro Reynaldo Soares da Fonseca.</p><p>Brasília, DF, 08 de fevereiro de 2017. Brasília, 13 fev. 2017. Disponível em:</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stj/433471440. Acesso em: 16 jun.</p><p>2021.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus nº 173.397/RS. Relatora:</p><p>Ministra Maria Thereza de Assis Moura. Brasília, DF, 17 de março de 2011.</p><p>Brasília, 11 abr. 2011. Disponível em:</p><p>https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/18806367/habeas-corpus-hc-173397-</p><p>rs-2010-0091949-3. Acesso em: 26 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus nº 341752 PR</p><p>2015/0295742-2. Relator: Ministro Rogério Schietti Cruz. Brasília, DF, 23 de</p><p>agosto de 2018. Brasília, 26 set. 2018. Disponível em:</p><p>https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/631271769/habeas-corpus-hc-341752-</p><p>pr-2015-0295742-2?ref=serp. Acesso em: 26 maio 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus nº 95344 RJ. Relator:</p><p>Ministro Jorge Mussi. Brasília, DF, 15 de outubro de 2009. Brasília, 15 dez.</p><p>2009. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8633954/habeas-</p><p>corpus-hc-95344-rj-2007-0280897-6-stj. Acesso em: 28 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Jurisprudência em Teses nº 69. Brasília,</p><p>DF. 2016. Brasília, 03 nov. 2016. Disponível em:</p><p>https://www.stj.jus.br/internet_docs/jurisprudencia/jurisprudenciaemteses/Jurisprud%C3%AAncia%20em%20teses%2069%20-</p><p>%20Nulidades%20no%20Processo%20Penal.pdf. Acesso em: 20 abr. 2023.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 1689804 SP.</p><p>Relator: Ministro Sebastião Reis Júnior. Brasília, DF, 17 de outubro de 2017.</p><p>Brasília, 27 out. 2017. Sexta Turma. Disponível em:</p><p>https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/515565058/recurso-especial-resp-</p><p>1689804-sp-2017-0202208-7/relatorio-e-voto-515565117?ref=juris-tabs. Acesso</p><p>em: 28 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 791.471/RJ. Brasília,</p><p>DF, 25 de novembro de 2014. Brasília. Disponível em:</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/diarios/documentos/158010187/andamento-do-</p><p>processo-n-791471-rj-do-dia-16-12-2014-do-stj. Acesso em: 26 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Ordinário em Habeas Corpus</p><p>nº 46666 MS 2014/0069913-3. Relator: Ministro Sebastião Reis Júnior. Brasília,</p><p>DF, 05 de fevereiro de 2015. Brasília, 28 ago. 2015. Disponível em:</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stj/183951728. Acesso em: 12 maio</p><p>2021.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal Militar. Correição Parcial</p><p>nº 00002190720167110211 DF. Relator: Ministro Cleonilson Nicácio Silva.</p><p>Brasília, DF, 03 de outubro de 2017. Brasília, 17 nov. 2017. Disponível em:</p><p>https://stm.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/527889264/correicao-parcial-cp-</p><p>2190720167110211-df?ref=serp. Acesso em: 28 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal Militar. Correição Parcial nº 2016 PA</p><p>2008.01.002016-5. Relator: Ministro Sérgio Ernesto Alves Conforto. Brasília,</p><p>DF, 27 de novembro de 2008. Brasília, 03 fev. 2009. Disponível em:</p><p>https://stm.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/6364848/correicao-parcial-fe-cparcfe-</p><p>2016-pa-200801002016-5?ref=serp. Acesso em: 2 maio 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal Militar. Habeas Corpus nº 0000137-</p><p>33.2016.7.00.0000 RJ. Relator: Ministro Luis Carlos Gomes Mattos. Brasília,</p><p>DF, 16 de agosto de 2016. Brasília, 25 ago. 2016. Disponível em:</p><p>https://stm.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/378362078/habeas-corpus-hc-</p><p>1373320167000000-rj?ref=serp. Acesso em: 26 maio 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal Militar. Habeas Corpus nº 192-18.2015.7.00.0000 -</p><p>RJ. Relator: Ministro Fernando Sérgio Galvão. Brasília, DF, 27 de outubro de</p><p>2015. Brasília, 05 nov. 2015. Disponível em:</p><p>https://www2.stm.jus.br/pesquisa/acordao/2015/180/10356770/10356770.pdf.</p><p>Acesso em: 24 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal Militar. Habeas Corpus nº 194-</p><p>85.2015.7.00.0000/SP. Relator: Ministro José Coêlho Ferreira. Brasília, DF, 15</p><p>de outubro de 2015. Brasília, 04 nov. 2015.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal</p><p>Militar. Habeas Corpus nº 2003.01.033828-4/AM.</p><p>Relator: Ministro José Júlio Pedrosa. Brasília, DF, 26 de agosto de 2003.</p><p>Disponível em: https://stm.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1086993/habeas-</p><p>corpus-hc-33828-am-200301033828-4. Acesso em: 23 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal Militar. Habeas Corpus nº 39-14.2017.7.00.0000/RJ.</p><p>Relator: Ministro Artur Vidigal de Oliveira. Brasília, DF, 09 de maio de 2017.</p><p>Brasília, 18 ago. 2017. Disponível em:</p><p>https://www2.stm.jus.br/pesquisa/acordao/2017/180/10359397/10359397.pdf.</p><p>Acesso em: 24 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal Militar. Habeas Corpus nº 7000010-</p><p>34.2020.7.00.0000. Relator: Ministro Artur Vidigal de Oliveira. Brasília, DF, 05</p><p>de março de 2020. Brasília, 23 mar. 2020. Disponível em:</p><p>https://stm.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/823812855/habeas-corpus-hc-</p><p>70000103420207000000?ref=serp. Acesso em: 14 maio 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal Militar. Habeas Corpus nº 7000193-</p><p>73.2018.7.00.0000. Relator: Ministro Cleonilson Nicácio Silva. Brasília, DF, 24</p><p>de abril de 2018. Brasília, 14 maio 2018. Disponível em:</p><p>https://stm.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/659960562/habeas-corpus-hc-</p><p>70001937320187000000. Acesso em: 3 maio 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal Militar. Habeas Corpus nº 70006486720207000000.</p><p>Relator: Ministro Lúcio Mário de Barros Góes. Brasília, DF, 19 de novembro de</p><p>2020. Brasília, 10 dez. 2020. Disponível em:</p><p>https://stm.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1141300675/habeas-corpus-hc-</p><p>70006486720207000000. Acesso em: 3 fev. 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal Militar. Mandado de Segurança nº 2002.01.000595-</p><p>1/AM. Relator: Ministro Sergio Xavier Ferolla. Brasília, DF, 12 de setembro de</p><p>2002. Brasília, 15 out. 2002. Disponível em:</p><p>https://jurisprudencia.s3.amazonaws.com/STM/IT/MS_595_AM_12.09.2002.pdf?</p><p>Signature=GYe7VQRd89w%2F7QP40OhevmrlFK4%3D&Expires=1587852831&AWSAccessKeyId=AKIARMMD5JEAO765VPOG&response-</p><p>content-type=application/pdf&x-amz-meta-md5-</p><p>hash=6ad74852fe3d0c8b542c6660e09a144d. Acesso em: 25 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal Militar. Mandado de Segurança</p><p>nº 70009073320187000000. Relator: Ministro Francisco Joseli Parente Camelo.</p><p>Brasília, DF, 13 de fevereiro de 2019. Brasília, 06 mar. 2019. Disponível em:</p><p>https://stm.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/683719735/mandado-de-seguranca -</p><p>ms-70009073320187000000?ref=serp. Acesso em: 2 maio 2020.</p><p>BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº</p><p>6.245 e 6.264. Relator: Ministro Roberto Barroso. Brasília, DF, 17 de fevereiro</p><p>de 2023. Brasília, 01 mar. 2023. Disponível em:</p><p>https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5818350. Acesso em: 01</p><p>maio 2023.</p><p>BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Agravo Regimental no Inquérito nº 4744</p><p>DF. Relator: Ministro Roberto Barroso. Brasília, DF, 27 de setembro de 2019.</p><p>Brasília. Primeira turma. Disponível em:</p><p>https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/768219885/agreg-no-inquerito-agr-</p><p>inq-4744-df-distrito-federal-0006202-7420181000000?ref =serp. Acesso em: 2</p><p>maio 2020.</p><p>BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Arguição de Descumprimento de Preceito</p><p>Fundamental nº 444. Relator: Ministro Gilmar Mendes. Brasília, DF, 14 de junho</p><p>de 2018. Brasília, 22 maio 2019. Disponível em:</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stf/768159837. Acesso em: 12 jun.</p><p>2021.</p><p>BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus nº 125.101/SP. Relator:</p><p>Ministro Teori Zavascki. Brasília, DF, 25 de agosto de 2015. Brasília. Disponível</p><p>em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?</p><p>docTP=TP&docID=9363697. Acesso em: 26 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus nº 83346/SP. Relatora:</p><p>Ministro Sepúlveda Pertence. Brasília, DF, 17 de maio de 2005. Brasília, 19 ago.</p><p>2005. Disponível em:</p><p>https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14738557/habeas-corpus-hc-83346-sp.</p><p>Acesso em: 26 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus nº 87.395/PR. Relator:</p><p>Ministro Ricardo Lewandowski. Brasília, DF, 23 de março de 2017. Brasília.</p><p>Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/769725798/habeas-</p><p>corpus-hc-87395-pr-parana-0005763-2020051000000?ref=serp. Acesso em: 26</p><p>abr. 2020.</p><p>BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus nº 92445/RJ. Relator:</p><p>Ministro Marco Aurélio. Brasília, DF, 03 de março de 2009. Brasília, 02 abr.</p><p>2009. Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/3607530/habeas-</p><p>corpus-hc-92445-rj?ref=serp. Acesso em: 28 abr. 2020.</p><p>BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso em Habeas Corpus nº 96093 PA.</p><p>Relator: Ministro Joaquim Barbosa. Brasília, DF, 20 de outubro de 2009.</p><p>Brasília, 12 nov. 2009. Segunda turma. Disponível em:</p><p>https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/6190031/recurso-em-habeas-corpus-</p><p>rhc-96093-pa?ref=serp. Acesso em: 14 maio 2020.</p><p>BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Ordinário em Habeas Corpus</p><p>nº 122279 RJ. Relator: Ministro Gilmar Mendes. Brasília, DF, 12 de agosto de</p><p>2014. Brasília, 29 out. 2014. Disponível em:</p><p>https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/25342216/recurso-ordinario-em-</p><p>habeas-corpus-rhc-122279-rj-stf. Acesso em: 24 abr. 2022.</p><p>BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso em Habeas Corpus. nº 170.843.</p><p>Relator: Ministro Gilmar Mendes. Brasília, DF, 04 de maio de 2021. Brasília, 01</p><p>set. 2021. Disponível em:</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stf/1273358503. Acesso em: 10 dez.</p><p>2022.</p><p>BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Ordinário em Mandado de</p><p>Segurança nº 36362 CE - CEARÁ 0000041-14.2019.1.00.0000. Relatora:</p><p>Ministra Cármen Lúcia. Brasília, DF, 26 de novembro de 2019. Brasília, 03 dez.</p><p>2019. Disponível em:</p><p>https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/792500014/recurso-ord-em-mandado-</p><p>de-seguranca-rms-36362-ce-ceara- 0000041-1420191000000?ref=serp. Acesso</p><p>em: 2 maio 2020.</p><p>BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 524. Brasília, DF, 03 de</p><p>dezembro de 1969. Brasília, 10 dez. 1969. Disponível em:</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?</p><p>s1=524.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base =baseSumulas. Acesso em: 26 abr.</p><p>2020.</p><p>CABETTE, Eduardo Luiz Santos; Crimes militares praticados contra civil:</p><p>competência de acordo com a Lei 13.491/17. Guaratinguetá, 20 outubro 2017.</p><p>Disponível em: https://www.migalhas.com.br/depeso/267525/crimes-militares-</p><p>praticados-contra-civil-competencia-de-acordo-com-a-lei-13491-17. Acesso em:</p><p>14 maio 2020.</p><p>CARNEIRO, Douglas Mattoso. Especificidades do inquérito policial militar.</p><p>06/2016. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/49542/especificidades-do-</p><p>inquerito-policial-militar. Acesso em: 19 abr. 2020.</p><p>CARVALHO, José Carlos Couto de. O inquérito policial militar: vícios e</p><p>procedimentos investigatórios criminais. In: DUARTE, Antônio Pereira</p><p>(Coord.). Direito Militar em Movimento I. Curitiba: Juruá, 2015. p. 67-76.</p><p>ISBN: 978-85-362-4957-5.</p><p>CASTRO, Júlio Cezar da Silva; SILVA, Luzia Gomes da. Proibição da múltipla</p><p>persecução penal no sistema jurídico-constitucional brasileiro. Revista Âmbito</p><p>Jurídico. São Paulo. 1 set. 2011. Disponível em:</p><p>https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-92/proibicao-da-multipla-</p><p>persecucao-penal-no-sistema-juridico-constitucional-brasileiro/. Acesso em: 29</p><p>abr. 2020.</p><p>CASTRO, Ronald Prins Borges de; NASCIMENTO, Wesley de Lima</p><p>Rodrigues. Menagem e sua natureza jurídica, prisão preventiva ou liberdade</p><p>provisória. Goiânia. 14 set. 2018. Disponível em:</p><p>https://acervodigital.ssp.go.gov.br/pmgo/bitstream/123456789/960/1/Ronald%20Prins%20Borges%20De%20Castro.pdf.</p><p>Acesso em: 3 maio 2020.</p><p>CEARÁ. [Constituição (1989)]. Constituição do Estado do Ceará, 1989:</p><p>Atualizada até a Emenda Constitucional nº 94, de 17 de dezembro de 2018.</p><p>Fortaleza: INESP, 2018. 182 p. Disponível em:</p><p>https://www.al.ce.gov.br/index.php/atividades-legislativas/constituicao-do-</p><p>estado-do-ceara. Acesso em: 22 dez. 2020.</p><p>CEARÁ. 1ª Vara Criminal da Comarca de Juazeiro do Norte-CE. Decisão de</p><p>Desarquivamento nº 0210058-38.2020.8.06.0001. Relator: Juiz Gustavo</p><p>Henrique Cardoso Cavalcante. Juazeiro do Norte, CE, 24 de agosto de 2020.</p><p>Juazeiro do Norte-CE. 25 ago. 2020. Disponível em:</p><p>https://esaj.tjce.jus.br/pastadigital/abrirDocumentoEdt.do?nuProcesso=0210058-</p><p>do autor com a</p><p>proteção do policial militar, na medida que enfatiza a necessidade de se evitar a</p><p>instauração de inquéritos policiais militares que causem constrangimento ilegal,</p><p>direcionados à mera obtenção de elementos necessários à propositura da ação</p><p>penal, sem a busca da verdade.</p><p>Dessa forma, caro leitor, temos a certeza de que essa obra será a primeira de</p><p>muitas que hão de vir desse novato escritor e já maduro e brilhante oficial. Certo</p><p>também estamos de que esse livro há de servir como objeto de pesquisa nas</p><p>academias de formação de oficiais, aos estudiosos do tema e como parâmetro de</p><p>correta elaboração de inquéritos policiais militares, pois é improvável que uma</p><p>autoridade de polícia judiciária militar encarregada da confecção de um IPM não</p><p>encontre respostas às suas eventuais indagações quando da prática da PJM.</p><p>Capitão Marcos Paulo Silva Barbosa</p><p>SUMÁRIO</p><p>Capa</p><p>Folha de Rosto</p><p>Créditos</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>2 POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR</p><p>2.1 As autoridades de polícia judiciária militar (APJM)</p><p>2.2 Funções da polícia judiciária militar</p><p>3 INQUÉRITO POLICIAL MILITAR</p><p>3.1 Finalidade do inquérito policial militar</p><p>3.2 Características do inquérito policial militar</p><p>3.2.1 Procedimento administrativo</p><p>3.2.2 Procedimento provisório autônomo</p><p>3.2.3 Procedimento relativamente escrito</p><p>3.2.4 Procedimento inquisitivo mitigado</p><p>3.2.5 Procedimento sigiloso</p><p>3.2.6 Procedimento oficial</p><p>3.2.7 Procedimento oficioso</p><p>3.2.8 Procedimento discricionário</p><p>3.2.9 Procedimento indispensável</p><p>3.2.10 Procedimento indisponível</p><p>3.2.11 Procedimento informativo probatório</p><p>3.2.12 Procedimento passível de delegação</p><p>3.3 Instauração do inquérito policial militar</p><p>3.3.1 Instauração de ofício</p><p>3.3.2 Instauração por determinação ou delegação</p><p>3.3.3 Instauração por requisição do Ministério Público</p><p>3.3.4 Instauração por decisão do Superior Tribunal Militar</p><p>3.3.5 Instauração por requerimento do ofendido, de seu representante legal ou</p><p>por representação</p><p>3.3.6 Instauração resultante de sindicância</p><p>3.3.7 Instauração resultante de prisão em flagrante delito</p><p>3.3.8 Instauração proveniente de denúncia apócrifa</p><p>3.4 Prazos para conclusão do inquérito policial militar</p><p>3.5 Encarregado do inquérito policial militar</p><p>3.6 Escrivão do inquérito policial militar</p><p>3.7 Medidas preliminares ao inquérito policial militar</p><p>3.8 Formação do inquérito policial militar</p><p>3.9 Assistência de membro do Ministério Público</p><p>3.10 Incomunicabilidade do indiciado</p><p>3.11 Detenção do indiciado</p><p>3.12 Prisão preventiva e menagem</p><p>3.13 Nulidades do inquérito policial militar</p><p>3.14 Encerramento do inquérito policial militar</p><p>3.15 Indiciamento</p><p>3.16 Arquivamento do inquérito policial militar</p><p>3.17 Devolução de autos de inquérito policial militar</p><p>3.18 Trancamento de autos de inquérito policial militar</p><p>4 CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>MODELOS DE ATOS DE INQUÉRITO POLICIAL MILITAR</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>Landmarks</p><p>Capa</p><p>Folha de Rosto</p><p>Página de Créditos</p><p>Sumário</p><p>Bibliografia</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Não raras vezes, observamos Autoridades de Polícia Judiciária Militar (APJM),</p><p>bem como escrivães, denotando dificuldades quando do desenvolvimento de</p><p>atividades de Polícia Judiciária Militar (PJM), mais especificamente</p><p>relacionadas ao Inquérito Policial Militar (IPM), pois esse é o procedimento</p><p>elaborado em maior número, sobretudo após a Lei nº 13.491/2017.</p><p>Os equívocos cometidos pelos militares no curso do IPM, em grande medida,</p><p>são de responsabilidade dos legisladores e dos bancos universitários, os quais</p><p>negligenciam a relevância dos Códigos de Processo Penal Militar e Penal</p><p>Militar, não atualizando-os diretamente e dispensando-os das grades curriculares</p><p>do curso de direito.</p><p>Ademais, durante as atividades desenvolvidas na caserna, especialmente no</p><p>decorrer do Curso de Formação de Oficiais (CFO), costumeiramente os</p><p>instrutores relatavam que os Oficiais da Polícia Militar do Estado do Ceará</p><p>(PMCE), salvo raríssimas exceções, não se dedicavam aos estudos acadêmicos e</p><p>à produção literária, concentravam-se na atuação operacional.</p><p>Diante dessa realidade, não poderíamos deixar de fornecer nossa singela</p><p>contribuição, pois seria estupenda incoerência concordarmos com os fatos e</p><p>permanecermos inertes.</p><p>Dito isso, resolvemos produzir esta obra com o objetivo de tentar, ao máximo,</p><p>exaurir o tema concernente ao IPM, levando conhecimento aos leitores,</p><p>apresentando julgados relativos ao assunto, fomentando a difusão e a discussão,</p><p>e, por derradeiro, expondo modelos de atos praticados no curso do feito</p><p>inquisitorial.</p><p>Para tanto, apreciamos demasiadamente normas, jurisprudências e doutrinas</p><p>consolidadas, para, ao final, apresentarmos nosso posicionamento e</p><p>entendimento relativo ao tema. Todavia, não desejamos, sem que antes haja uma</p><p>reflexão, aquiescência por parte dos leitores, pelo contrário, respeitamos e</p><p>almejamos opiniões divergentes, as quais incentivam o debate, inclusive,</p><p>estamos perenemente receptíveis a críticas e sugestões.</p><p>2 POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR</p><p>A PJM é uma atividade repressiva, diferentemente da polícia administrativa</p><p>(preventiva), na medida em que atua após o cometimento do delito, portanto, um</p><p>mister investigativo, sendo auxiliar da Justiça Militar (JM).</p><p>Não é um polícia de acusação, frise-se, mas uma atividade pré- processual, que</p><p>deve buscar a verdade com imparcialidade, apenas indicando os elementos para</p><p>formação do dominus litis, no sentido de promover a acusação ou o</p><p>arquivamento. (NEVES, 2018, p. 253).</p><p>Percebe-se que a PJM tem seu fundamento implícito a partir da análise da</p><p>expressão “exceto militares”, descrita no art. 144, § 4º, da Constituição Federal</p><p>(CF):</p><p>A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos […]</p><p>§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,</p><p>ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração</p><p>de infrações penais, exceto as militares (grifo nosso). (BRASIL, 1988, art. 144,</p><p>§ 4º).</p><p>No âmbito estadual, a PJM é de competência das Polícias Militares e do Corpo</p><p>de Bombeiros Militar, já em nível federal, é de responsabilidade das Forças</p><p>Armadas (FFAA), a saber, a Marinha, o Exército e a Aeronáutica.</p><p>A PJM não pode ser executada pelas praças, sejam elas especiais ou não, mas</p><p>somente por oficiais integrantes do serviço ativo, específicos detentores de</p><p>APJM, ou por força de delegação.</p><p>É importante citar que, na Justiça Militar Estadual (JME), os jurisdicionados são</p><p>apenas os militares estaduais ou ex-militares estaduais, os quais tenham</p><p>cometido crime militar, naquela condição à época do fato. Contudo, na Justiça</p><p>Militar da União (JMU), os jurisdicionados são os militares das FFAA e também</p><p>os civis.</p><p>No mesmo sentido afirma Alferes (2013, p. 29):</p><p>Diferentemente da JMF, a competência da JME restringe-se a processar e julgar</p><p>o policial militar e o bombeiro militar da respectiva unidade federativa nos</p><p>crimes estabelecidos pelo Código Penal Militar. Exclui-se, portanto, o</p><p>julgamento de civil, fazendo com que também haja uma mitigação do campo de</p><p>atuação do inquérito policial militar instruído pela força auxiliar estadual</p><p>(Polícia Militar ou Corpo de Bombeiros Militar) em relação a procedimento de</p><p>mesma natureza instaurado e instruído no âmbito de atribuição da Polícia</p><p>Judiciária Militar Federal (Forças Armadas).</p><p>Assim, é impossível a adoção de medida de PJM em razão de ofensa a bem</p><p>jurídico tutelado pelo Código Penal Militar (CPM) na esfera estadual quando</p><p>esta é praticada por civil ou integrante das FFAA.</p><p>O IPM, o Auto de Prisão em Flagrante Delito Militar (APFDM), a Instrução</p><p>Provisória de Deserção (IPD) e a Instrução Provisória de Insubmissão (IPI) são</p><p>os procedimentos administrativos exercidos pela PJM, sendo este último</p><p>inadmissível perante as instituições militares estaduais, pois somente o civil</p><p>pode ser sujeito ativo do delito.</p><p>Insta informar que, embora a Polícia Militar (PM) também seja competente para</p><p>lavrar o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), tal atividade não</p><p>caracteriza exercício de PJM ou de Polícia Judiciária Comum (PJC), pois</p><p>38.2020.8.06.0001&cdProcesso=01001B4W50000&cdForo=112&baseIndice=INDDS&nmAlias=PG5CE&tpOrigem=2&flOrigem=P&cdServico=190101&acessibilidade=false&ticket=DFWCnBm3EhXXtMc5RngobtPRoZFeHEOlsPiwt%2BMT9btC2aJrCWnS6MCmf5fDd0piKfjUrwXB1PQ%2FFs0JNOmRnn01dlp92%2BGHI0iHgKWVoS2vkQg%2Fd2Uzp%2BGny%2BKR%2BYOwuTd5gBE17nK8ACfcvdctvpXYmzgLD2nf%2FCm2bOvazir4fCSM5MploZgtEePPcRLEbaXRURa2dwayOVyAm4yh%2BK69i6STN3aZLYkoZAdlbrslNQoWf%2BSkMiGU37ipFBOKUqZgRXiFaa7DI0yI7K5XXcb232VGqUoF3MfoNHH2IrWfGCK3xPVV61ocLsOFpX6CbPoSzj6n3flDvCKnKTIwq8Px6rYfcy%2BTPmJsHrfO7%2FWWbYnzA0US9b%2B3fMg7rCAo.</p><p>Acesso em: 12 mar. 2021.</p><p>CEARÁ. Lei Complementar nº 72, de 12 de dezembro de 2008. Institui a Lei</p><p>Orgânica e o Estatuto do Ministério Público do Estado do Ceará e dá outras</p><p>providências. Fortaleza, CE, 16 dez. 2008. Disponível em:</p><p>http://www.mpce.mp.br/wp-content/uploads/2015/12/Lei.Complementar72-</p><p>2008.pdf. Acesso em: 9 mar. 2022.</p><p>CEARÁ. Vara da Justiça Militar do Estado do Ceará. Arquivamento de inquérito</p><p>policial militar no processo nº 0120704-36.2019.8.06.0001. Juiz de Direito:</p><p>Roberto Soares Bulcão Coutinho. Fortaleza, CE, 24 de abril de 2020, Fortaleza,</p><p>24 abr. 2020. 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Acesso em: 12 maio 2020.</p><p>Cover Page</p><p>Inquérito Policial Militar : teoria e prática</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>2 POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR</p><p>2.1 As autoridades de polícia judiciária militar (APJM)</p><p>2.2 Funções da polícia judiciária militar</p><p>3 INQUÉRITO POLICIAL MILITAR</p><p>3.1 Finalidade do inquérito policial militar</p><p>3.2 Características do inquérito policial militar</p><p>3.2.1 Procedimento administrativo</p><p>3.2.2 Procedimento provisório autônomo</p><p>3.2.3 Procedimento relativamente escrito</p><p>3.2.4 Procedimento inquisitivo mitigado</p><p>3.2.5 Procedimento sigiloso</p><p>3.2.6 Procedimento oficial</p><p>3.2.7 Procedimento oficioso</p><p>3.2.8 Procedimento discricionário</p><p>3.2.9 Procedimento indispensável</p><p>3.2.10 Procedimento indisponível</p><p>3.2.11 Procedimento informativo probatório</p><p>3.2.12 Procedimento passível de delegação</p><p>3.3 Instauração do inquérito policial militar</p><p>3.3.1 Instauração de ofício</p><p>3.3.2 Instauração por determinação ou delegação</p><p>3.3.3 Instauração por requisição do Ministério Público</p><p>3.3.4 Instauração por decisão do Superior Tribunal Militar</p><p>3.3.5 Instauração por requerimento do ofendido, de seu representante legal ou por representação</p><p>3.3.6 Instauração resultante de sindicância</p><p>3.3.7 Instauração resultante de prisão em flagrante delito</p><p>3.3.8 Instauração proveniente de denúncia apócrifa</p><p>3.4 Prazos para conclusão do inquérito policial militar</p><p>3.5 Encarregado do inquérito policial militar</p><p>3.6 Escrivão do inquérito policial militar</p><p>3.7 Medidas preliminares ao inquérito policial militar</p><p>3.8 Formação do inquérito policial militar</p><p>3.9 Assistência de membro do Ministério Público</p><p>3.10 Incomunicabilidade do indiciado</p><p>3.11 Detenção do indiciado</p><p>3.12 Prisão preventiva e menagem</p><p>3.13 Nulidades do inquérito policial militar</p><p>3.14 Encerramento do inquérito policial militar</p><p>3.15 Indiciamento</p><p>3.16 Arquivamento do inquérito policial militar</p><p>3.17 Devolução de autos de inquérito policial militar</p><p>3.18 Trancamento de autos de inquérito policial militar</p><p>4 CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>MODELOS DE ATOS DE INQUÉRITO POLICIAL MILITAR</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>não</p><p>possui natureza investigativa. Limita-se a registrar os fatos ocorridos quando</p><p>diante de uma contravenção penal ou de um crime com pena máxima de até dois</p><p>anos, cumulada ou não com multa. Esse é o entendimento consolidado do</p><p>Supremo Tribunal Federal (STF), através da Ação Direta de</p><p>Inconstitucionalidade (ADI) nº 6264, o qual fixou-se a seguinte tese: “O Termo</p><p>Circunstanciado de Ocorrência (TCO) não possui natureza investigativa,</p><p>podendo ser lavrado por integrantes da polícia judiciária ou da polícia</p><p>administrativa”. (STF - ADI: 6245 e 6264).</p><p>Nesse diapasão, a autoridade castrense estadual exerce a PJM com o escopo de</p><p>apurar as infrações penais militares com vistas à identificação da autoria e</p><p>materialidade delitivas, seja por meio de investigação inquisitiva, seja pelo</p><p>registro de uma deserção, através do seu procedimento específico, ou mesmo da</p><p>lavratura de uma autuação em flagrante, fornecendo elementos indispensáveis</p><p>para a formação da opinio delict do membro do Ministério Público (MP).</p><p>2.1 As autoridades de polícia judiciária militar</p><p>(APJM)</p><p>A incumbência das atividades de PJM está vinculada a função ou cargo exercido</p><p>pelo oficial. A APJM pode ser originária ou delegada.</p><p>No art. 7º do Código de Processo Penal Militar (CPPM) são expressas</p><p>taxativamente as APJM originárias. Sua aplicação às corporações militares</p><p>estaduais necessita de adaptação ou norma de equiparação.</p><p>O art. 7º do CPPM apresenta:</p><p>A polícia judiciária militar é exercida nos têrmos do art. 8º, pelas seguintes</p><p>autoridades, conforme as respectivas jurisdições:</p><p>a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o território</p><p>nacional e fora dêle, em relação às fôrças e órgãos que constituem seus</p><p>Ministérios, bem como a militares que, neste caráter, desempenhem missão</p><p>oficial, permanente ou transitória, em país estrangeiro;</p><p>b) pelo chefe do Estado-Maior das Fôrças Armadas, em relação a entidades que,</p><p>por disposição legal, estejam sob sua jurisdição;</p><p>c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos,</p><p>fôrças e unidades que lhes são subordinados;</p><p>d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos</p><p>órgãos, fôrças e unidades compreendidos no âmbito da respectiva ação de</p><p>comando;</p><p>e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos</p><p>órgãos e unidades dos respectivos territórios;</p><p>f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do</p><p>Ministério da Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes são subordinados;</p><p>g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços</p><p>previstos nas leis de organização básica da Marinha, do Exército e da</p><p>Aeronáutica;</p><p>h) pelos comandantes de fôrças, unidades ou navios. (BRASIL, 1969, art. 7º).</p><p>Fazendo-se uma analogia aos cargos e às funções exercidas nas Polícias</p><p>Militares e nos Corpos de Bombeiros Militares, são exemplos de APJM</p><p>originárias: Comandante-Geral, Subcomandante-Geral e os Comandantes de</p><p>Batalhões.</p><p>Assim, as autoridades originárias podem instaurar o IPM, presidindo o caderno</p><p>inquisitorial, bem como delegar a instrução a outros oficiais da ativa que sejam</p><p>seus respectivos subordinados.</p><p>Já a APJM delegada recai sobre qualquer oficial do serviço ativo mediante</p><p>delegação da APJM originária, a qual concede apenas atribuições, e não</p><p>competência, devendo ser para fins específicos, restritos e por tempo limitado.</p><p>Portanto, são autoridades delegadas tanto as encarregadas de feitos iniciais</p><p>(oficial de plantão de PJM ou oficial de dia/serviço) quanto o oficial encarregado</p><p>do IPM.</p><p>2.2 Funções da polícia judiciária militar</p><p>O art. 8º do CPPM emprega o termo “competência” equivocadamente, haja vista</p><p>se referir às atividades ou atribuições da PJM, e não à competência relacionada</p><p>aos limites jurisdicionais. Olhemos:</p><p>Compete à Polícia judiciária militar:</p><p>a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à</p><p>jurisdição militar, e sua autoria;</p><p>b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério</p><p>Público as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem</p><p>como realizar as diligências que por eles lhe forem requisitadas;</p><p>c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar;</p><p>d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão preventiva e da</p><p>insanidade mental do indiciado;</p><p>e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua</p><p>guarda e responsabilidade, bem como as demais prescrições deste Código, nesse</p><p>sentido;</p><p>f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à</p><p>elucidação das infrações penais, que esteja a seu cargo;</p><p>g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e</p><p>exames necessários ao complemento e subsídio de inquérito policial militar;</p><p>h) atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de</p><p>apresentação de militar ou funcionário de repartição militar à autoridade civil</p><p>competente, desde que legal e fundamentado o pedido. (BRASIL, 1969, art. 8º).</p><p>As atividades descritas no art. 8º do CPPM não são taxativas. Podem-se citar</p><p>alguns exemplos de medidas de PJM não elencadas no referido art. 8º:</p><p>representar pela prisão temporária, representar por interceptação telefônica,</p><p>medidas de proteção à mulher no âmbito da violência doméstica, cumprir</p><p>requisições e mandados de prisões oriundos da Justiça Comum (JC), etc.</p><p>Consoante Barbosa (2007), a mais importante atribuição da PJM é a investigação</p><p>dos crimes militares, buscando autoria e materialidade.</p><p>A previsão para apurar os crimes “que, por lei especial, estão sujeitos à</p><p>jurisdição militar” é letra morta de lei, pois a CF afirma que as Justiças Militares</p><p>somente processam e julgam crimes militares (NEVES, 2018).</p><p>Devemos ressaltar que, na certeza ou dúvida de prática de crime militar, deve ser</p><p>instaurado feito de PJM. No entanto, na certeza da inocorrência de crime militar,</p><p>não deve ser instaurado feito, sob pena de ilegalidade e constrangimento ilegal</p><p>ao investigado.</p><p>3</p><p>INQUÉRITO POLICIAL MILITAR</p><p>O IPM se encontra descrito na legislação castrense do art. 9º ao 28 do CPPM,</p><p>sendo um procedimento administrativo que visa apurar fatos que possam</p><p>constituir crime militar, bem como sua autoria (BRASIL, 2019).</p><p>Segundo Alferes (2013), ainda serve de instrumento contra acusações levianas,</p><p>registrando as informações acerca dos fatos investigados e sendo uma importante</p><p>ferramenta que pode subsidiar as tomadas de decisões do MP.</p><p>O caput do art. 9º do CPPM dispõe:</p><p>O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos termos legais,</p><p>configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória,</p><p>cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da</p><p>ação penal. (BRASIL, 1969, art. 9º).</p><p>De acordo com Neves (2018), o IPM consiste em um procedimento</p><p>administrativo de PJM que materializa as investigações e provas levantadas na</p><p>busca da demonstração de ocorrência ou não de um delito militar, com a</p><p>indicação, se for o caso, de sua autoria.</p><p>Portanto, nesse sentido, Saraiva (2017) relata que o IPM é o conjunto de</p><p>diligências praticadas pela PJM com o objetivo de reunir elementos suficientes</p><p>de autoria e materialidade de um ilícito militar, a fim de que o MP tenha</p><p>condições mínimas de oferecer a denúncia ou requerer o arquivamento.</p><p>3.1 Finalidade do inquérito policial militar</p><p>De pronto, percebe-se que a finalidade e o conceito do IPM apresentam,</p><p>praticamente, o mesmo significado.</p><p>Dito isso, o IPM é um instrumento que busca a apuração das infrações penais</p><p>militares e de seus prováveis autores, sendo de grande importância para a busca</p><p>da verdade dos fatos, uma vez que as provas colhidas estão contemporâneas à</p><p>ocorrência do delito, bem como podem desaparecer em virtude do decurso de</p><p>tempo.</p><p>Embora o art. 9º do CPPM anuncie que a finalidade principal do IPM é coletar</p><p>elementos necessários à propositura da ação penal, depreende-se que a legislação</p><p>carece de um redirecionamento,</p><p>haja vista que, no Estado Democrático de</p><p>Direito (EDD), deve-se buscar a revelação do que de fato ocorreu, com uma</p><p>busca autônoma da verdade real, afastando-se a ideia de procedimento destinado,</p><p>exclusivamente, a munir o MP de elementos para o futuro processo penal e</p><p>entendendo-se que se trata de procedimento concatenado ao atual ordenamento</p><p>jurídico.</p><p>Dessa forma, o IPM pode proteger os militares de acusações injustas, evitando</p><p>uma ação penal em desfavor de pessoas inocentes.</p><p>Logo, o intuito é dar conhecimento real das circunstâncias do fato ao detentor do</p><p>poder de ação, sem que isso ofenda qualquer preceito relacionado à dignidade da</p><p>pessoa humana e demais princípios aplicados ao tema.</p><p>3.2 Características do inquérito policial militar</p><p>As características mais citadas pelos doutrinadores são a inquisitoriedade e a</p><p>sigilosidade (ALFERES, 2013; BARBOSA, 2007; GRECO, 2016; NEVES</p><p>2018; SARAIVA, 2017; VASCONCELOS 2015; PERNAMBUCO, 2018).</p><p>Para Neves (2018), trata-se de um procedimento administrativo instrutório,</p><p>escrito, inquisitivo, sigiloso, oficial, oficioso e indisponível.</p><p>Conforme Saraiva (2017), o IPM é provisório, instrumental, informativo,</p><p>sigiloso, discricionário, inquisitivo, dispensável, indisponível e oficial.</p><p>Segundo Alferes (2013), deve ser escrito, sigiloso, oficial, indisponível, oficioso</p><p>e inquisitivo.</p><p>No entanto, ao nosso sentir, trata-se de um procedimento administrativo,</p><p>provisório autônomo, escrito, inquisitivo mitigado, sigiloso, oficial, oficioso,</p><p>discricionário, indispensável, indisponível e passível de delegação</p><p>A seguir, trataremos de cada característica aqui pontuada.</p><p>3.2.1 Procedimento administrativo</p><p>É uma ferramenta administrativa, ou seja, não se trata de processo judicial com o</p><p>intuito de desvendar situações que constituam, em tese, crime militar. No</p><p>entanto, o procedimento administrativo não deve ser desvalorizado e banalizado,</p><p>pois, quando bem elaborado, permite uma futura ação penal com menos erros,</p><p>dessa forma, grande parte das decisões judiciais são fundamentadas em</p><p>elementos angariados durante o curso do IPM, obviamente, reproduzidas no</p><p>processo penal, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.</p><p>3.2.2 Procedimento provisório autônomo</p><p>Visa esclarecer a existência ou não do crime militar e a respectiva autoria, sendo</p><p>um procedimento autônomo, desvinculado do processo penal militar, podendo</p><p>inibir ou subsidiar a ação penal.</p><p>Ademais, se fosse decisivo, serviria para execução da lei penal militar, assim</p><p>como há um prazo para sua conclusão, o qual será esmiuçado mais adiante.</p><p>3.2.3 Procedimento relativamente escrito</p><p>O CPPM descreve que as ações efetuadas no curso do IPM devem ser</p><p>formalizadas, reduzidas a escrito e rubricadas. Contudo, outras formas de instruir</p><p>o caderno podem ser empregadas, a depender do caso concreto, como, por</p><p>exemplo, a gravação de áudios e/ou vídeos, juntadas de mídias, etc.</p><p>Defendemos a posição que as oitivas deverão ser realizadas preferencialmente</p><p>por videoconferência, em obediência ao princípio da eficiência, da celeridade,</p><p>bem como ser mais econômica para os envolvidos, evitando, por vezes,</p><p>consideráveis deslocamentos.</p><p>Além disso, os depoimentos e as declarações por meio virtual, os quais não</p><p>necessitam de transcrição, demonstram fidelidade e transparência das</p><p>informações, ocasião em que é possível analisar com exatidão tudo o que foi dito</p><p>e como foi dito, inclusive os trejeitos, as emoções e as expressões faciais.</p><p>Ademais, é crescente o número de crimes cometidos por meio da internet, onde</p><p>faz-se indispensável a juntada de elementos que são impossíveis de serem</p><p>transcritos integralmente, como os vídeos.</p><p>Nesse diapasão, é imperioso informar que a PC de várias UF, como os Estados</p><p>do Paraná e do Ceará, já adotam, inclusive, a lavratura do auto de prisão em</p><p>flagrante através do sistema de videoconferência.</p><p>Por fim, para permitir uma melhor organização do caderno inquisitorial, é</p><p>interessante que cada volume tenha no máximo 200 (duzentas) folhas.</p><p>3.2.4 Procedimento inquisitivo mitigado</p><p>A doutrina e a jurisprudência predominantes declaram ser o IPM inquisitivo,</p><p>vocábulo que retrata à santa inquisição, período em que o investigado era</p><p>abordado como objeto banal, e não sujeito de direitos.</p><p>Todavia, ousamos em afirmar que se trata de uma inquisitoriedade mitigada,</p><p>levando em conta que todo ordenamento jurídico deve ser observado sob à ótica</p><p>da Carta Magna, fenômeno compreendido como constitucionalismo do direito.</p><p>É cediço que IPM é uma fase pré-processual, não havendo contraditório. Ainda</p><p>assim, o advogado do investigado pode estar presente, sugerir perguntas,</p><p>perícias, quesitos, laudos, etc., os quais serão deferidos ou não pela autoridade</p><p>encarregada, devendo nesta hipótese motivar suas decisões.</p><p>Igualmente, existe uma amplitude de defesa. E tal situação ocorre tendo em vista</p><p>que existem determinados atos, como as declarações defensivas (autodefesa</p><p>positiva) no interrogatório, o exercício do direito ao silêncio (autodefesa neutra)</p><p>e de mentir, como também a possibilidade de a defesa solicitar diligências de</p><p>investigação junto ao encarregado, no caso, a autoridade policial militar. Além</p><p>disso, a defesa poderá ser exercida de outras formas, por exemplo, através da</p><p>impetração de Habeas Corpus, caso surja alguma prisão ilegal ou instauração de</p><p>IPM sem justa causa; ou um Mandado de Segurança, que tenha o objetivo</p><p>assecuratório de que o defensor possa fazer vista dos autos, agindo na proteção</p><p>dos direitos do indiciado (defesa técnica).</p><p>Não obstante a inquisitoriedade mitigada, em regra, a presença do advogado não</p><p>é imprescindível durante as fases do IPM, nem mesmo o interrogatório do</p><p>indiciado deve ser necessariamente presenciado por seu defensor, embora seja</p><p>recomendável.</p><p>No entanto, o art. 18 da Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime) incluiu o art. 16-A</p><p>no CPPM. Vejamos:</p><p>Art. 18. O Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969 (Código de Processo</p><p>Penal Militar), passa a vigorar acrescido do seguinte art. 16-A:</p><p>“Art. 16-A. Nos casos em que servidores das polícias militares e dos corpos de</p><p>bombeiros militares figurarem como investigados em inquéritos policiais</p><p>militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação</p><p>de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional,</p><p>de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas nos arts. 42 a</p><p>47 do Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969 (Código Penal Militar), o</p><p>indiciado poderá constituir defensor.</p><p>§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado</p><p>da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no</p><p>prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação.</p><p>§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º com ausência de nomeação de defensor</p><p>pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a</p><p>instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos,</p><p>para que esta, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a</p><p>representação do investigado.</p><p>§ 3º (VETADO).</p><p>§ 4º (VETADO).</p><p>§ 5º (VETADO).</p><p>§ 3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do § 2º deste</p><p>artigo, a defesa caberá preferencialmente à Defensoria Pública e, nos locais em</p><p>que ela não estiver instalada, a União ou a Unidade da Federação correspondente</p><p>à respectiva competência territorial do procedimento instaurado deverá</p><p>disponibilizar profissional para acompanhamento e realização de todos os atos</p><p>relacionados à defesa administrativa do investigado. (Promulgação partes</p><p>vetadas)</p><p>§ 4º A indicação do profissional a que se refere o § 3º deste artigo deverá ser</p><p>precedida de manifestação de que não existe defensor público lotado na área</p><p>territorial onde tramita o inquérito e com atribuição para nele atuar, hipótese em</p><p>que poderá ser indicado profissional que não integre os quadros próprios da</p><p>Administração. (Promulgação partes vetadas)</p><p>§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública,</p><p>os custos com o</p><p>patrocínio dos interesses do investigado nos procedimentos de que trata esse</p><p>artigo correrão por conta do orçamento próprio da instituição a que este esteja</p><p>vinculado à época da ocorrência dos fatos investigados. (Promulgação partes</p><p>vetadas)</p><p>§ 6º As disposições constantes deste artigo aplicam-se aos servidores militares</p><p>vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde</p><p>que os fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da</p><p>Ordem.” (BRASIL, art. 18, 2019b).</p><p>De plano, nota-se que o legislador utilizou equivocadamente o termo “citação”,</p><p>tendo em vista que citação é um ato processual judicial inexistente na fase pré-</p><p>processual. Na verdade, a expressão deve ser interpretada como notificação ou</p><p>cientificação, pois o intuito do legislador é de dar ciência ao investigado de que</p><p>existe uma averiguação em curso que pode ser a ele atribuída.</p><p>Pela leitura do art. 16-A do CPPM, percebe-se que há obrigatoriedade da</p><p>“citação” (entende-se notificação ou cientificação) sempre que o militar estadual,</p><p>seja policial ou bombeiro, figure como investigado em quaisquer procedimentos</p><p>extrajudiciais (IP, IPM, Procedimento Investigatório Criminal, etc.) que apurem</p><p>uso da força letal praticada no exercício profissional, na forma tentada ou</p><p>consumada. Porém, discriminada e injustificadamente, o disposto no art. 16-A só</p><p>será aplicado aos militares das FFAA quando os fatos forem resultantes de</p><p>missões de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).</p><p>Neves (2022) afirma que a obrigação de notificar o investigado é da autoridade</p><p>que instaura o IPM. Data vênia, divergimos, uma vez que defendemos a tese que</p><p>é uma atribuição do encarregado, haja vista que, não raras vezes, só é possível</p><p>revelar o investigado após uma série de diligências, sendo irrazoável encaminhar</p><p>cópias do IPM para a autoridade instauradora a fim de que se certifique de quem</p><p>se trata o investigado para que proceda à notificação e, posteriormente, a remeta</p><p>ao encarregado para ser juntada aos autos. Seria muita burocracia atrelada a um</p><p>ato simplório.</p><p>O investigado, ao ser notificado, poderá constituir advogado no prazo de 48</p><p>(quarenta e oito) horas. Esgotado o prazo sem indicação de defensor, o</p><p>encarregado do IPM deverá informar tal situação à instituição a que estava</p><p>vinculado à época dos fatos, para que, dentro de 48 (quarenta e oito) horas,</p><p>indique o defensor que representará o investigado.</p><p>A doutrina majoritária, e é esse nosso posicionamento, menciona que o art. 16-A</p><p>do CPPM não torna compulsória a presença do advogado em todos os atos</p><p>investigatórios, mas somente nos atos que necessitem da presença do</p><p>investigado. Nos demais, o encarregado poderá facultar a presença do defensor.</p><p>Portanto, o IPM, mesmo diante de algumas alterações legislativas promovidas,</p><p>mantém sua característica de procedimento inquisitivo, porém, inquisitivo</p><p>mitigado, atendendo uma imposição do EDD, ocasião em que se deve observar e</p><p>garantir o rol acentuado de direitos do investigado, a fim de impossibilitar o</p><p>tratamento anteriormente fornecido, isto é, de irrelevante objeto de investigação.</p><p>3.2.5 Procedimento sigiloso</p><p>Conforme o art. 16 do CPPM, “O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado pode</p><p>permitir que dele tome conhecimento o advogado do indiciado”. (BRASIL,</p><p>1969).</p><p>O IPM deve ser sigiloso, não havendo sentido em ser público, haja vista que o</p><p>princípio da publicidade é um princípio a ser observado em sede processual.</p><p>Portanto, não caberá a incursão, em repartição administrativa, de qualquer</p><p>pessoa que deseje ter acesso aos autos do inquérito em curso, no caso, o IPM,</p><p>sob o pretexto de exercer fiscalização e de acompanhar o trabalho do Estado,</p><p>como é perfeitamente normal quando da ocorrência de um processo em Juízo.</p><p>Inúmeras diligências policiais necessitam transcorrer às “escuras” para que</p><p>possam atingir seus objetivos, visando sempre à supremacia do interesse público.</p><p>Entretanto, o art. 16 do CPPM necessita de atualização, pois aos advogados é</p><p>garantido o acesso aos autos do IPM em conformidade com a Súmula Vinculante</p><p>nº 14 e o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).</p><p>O caráter sigiloso do IPM não impede que o advogado acesse os elementos</p><p>informativos já documentados no caderno inquisitorial (grifo nosso) (SANTOS,</p><p>2018). Isso significa dizer que o advogado terá direito à vista de todos os</p><p>elementos informativos dos autos já documentados. No entanto, eventuais</p><p>diligências futuras não estão abrangidas, nem atos que, para lograrem êxito,</p><p>necessitam de sigilo imprescindível, como é o caso da interceptação telefônica e</p><p>do mandado de busca e apreensão.</p><p>Há provas (ou meio de provas) que, por óbvias razões, não devem ser</p><p>conhecidas pelo investigado e por sua defesa antes (mandado de busca) ou</p><p>durante (interceptação telefônica) sua produção. Trata-se daquelas em que a</p><p>ingerência da defesa tornaria o resultado inócuo, infértil, para a descoberta da</p><p>verdade real.</p><p>Em verdade, somente se defende o sigilo quando este for importante para o</p><p>desenrolar das investigações, sendo que qualquer restrição, como por exemplo, o</p><p>fornecimento incompleto dos autos ao advogado, configura ato abusivo passível</p><p>de correção, mediante Mandado de Segurança, por ferir direito líquido e certo</p><p>assegurado pela CF, bem como responsabilização criminal ao autor dos fatos.</p><p>O art. 32 da Lei 13.869/19 (Lei de Abuso de Autoridade) prevê detenção para a</p><p>autoridade que negar acesso do interessado, seu defensor ou advogado aos autos</p><p>de qualquer procedimento de cunho investigativo, seja penal, civil ou</p><p>administrativo, bem como para aquele que não permitir a tiragem de cópias,</p><p>salvo as peças concernentes a diligências em curso ou que revelem providências</p><p>futuras, às quais o sigilo é indispensável para a eficácia do feito (BRASIL,</p><p>2019a). Olhemos:</p><p>Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de</p><p>investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer</p><p>outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa,</p><p>assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a</p><p>diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo</p><p>sigilo seja imprescindível:</p><p>Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. (BRASIL, art. 32,</p><p>2019a).</p><p>Alferes (2013) entende que o sigilo do IPM não se estende ao representante do</p><p>MP, à autoridade judiciária nem ao advogado, podendo qualquer um desses o</p><p>consultar.</p><p>Segundo Neves (2018), o indiciado, o advogado, a APJM (delegante), a</p><p>autoridade judiciária e o membro do MP têm acesso aos autos do IPM.</p><p>Contudo, Nucci (2019a) descreve que o indiciado não tem acesso direto aos</p><p>autos, sendo mero objeto de investigação. Além disso, caso o Juiz tenha</p><p>decretado sigilo, o advogado carece de procuração para consultá-los.</p><p>Portanto, pela exploração do tema, entendemos, data venia, que, em regra, o</p><p>sigilo do IPM não atinge o MP, o Juiz, o investigado, o indiciado, o advogado do</p><p>investigado ou indiciado, o escrivão e a APJM originária e delegada.</p><p>3.2.6 Procedimento oficial</p><p>O IPM é conduzido por uma autoridade pública, integrantes das FFAA ou das</p><p>instituições militares estaduais, tendo como encarregado um oficial da ativa, não</p><p>podendo ser delegado a particulares.</p><p>3.2.7 Procedimento oficioso</p><p>A atuação da PJM independe de provocação, devendo o procedimento ser</p><p>instaurado diante da notícia de prática de crime militar, visto que sua execução</p><p>imprescindível decorre do princípio da legalidade e da obrigatoriedade,</p><p>obviamente, concatenado com os standards probatórios, os quais são definidos</p><p>como requisitos mínimos exigidos pelo direito para que uma hipótese fática seja</p><p>levada em consideração, justificando a decisão da autoridade competente, que no</p><p>caso em tela é a inauguração do IPM pela APJM originária.</p><p>Além de que, os crimes militares são, em regra, de ação penal pública</p><p>incondicionada.</p><p>3.2.8 Procedimento discricionário</p><p>O encarregado do IPM possui discricionariedade acerca de quando e como</p><p>executar certas</p><p>diligências, conforme as necessidades da investigação. O IPM</p><p>não se encontra vinculado a um padrão ritual rigoroso para sua elaboração.</p><p>Entretanto, essa liberdade de conduzir os trabalhos está fixada dentro dos limites</p><p>legislativos.</p><p>Faz-se necessário diferenciar discricionariedade de arbitrariedade: aquela é</p><p>liberdade administrativa regulada por lei, enquanto esta é ilegal, pois fere a lei,</p><p>ultrapassando seus limites.</p><p>3.2.9 Procedimento indispensável</p><p>Malgrado a jurisprudência e a doutrina majoritária entenderem que o IPM é um</p><p>procedimento dispensável, compreendemos que a leitura do art. 28 do CPPM</p><p>afirma que pode haver sua dispensabilidade, portanto, o padrão, é que seja</p><p>indispensável. Além do que, são raríssimas as ações penais militares decorrentes</p><p>de elementos informativos consubstanciados em fonte diversa do IPM, até</p><p>mesmo nos casos em que o Parquet já detinha standards probatórios suficientes</p><p>para ofertar ou não a denúncia.</p><p>Logo, não é sapiente determinar uma característica de qualquer instituto pela sua</p><p>exceção.</p><p>Sem embargo, é oportuno explanar que caso o MP disponha de elementos</p><p>suficientes de autoria e materialidade do ilícito penal militar, a confecção do</p><p>IPM poderá ser descabida.</p><p>Neves (2018) acrescenta:</p><p>O IPM, nos termos do mesmo art. 28, também será desnecessário nos crimes</p><p>contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, cujo autor esteja</p><p>identificado, e nos crimes previstos nos arts. 341 (desacato a autoridade</p><p>judiciária) e 349 (desobediência a decisão judicial) do CPM. (NEVES, 2018,</p><p>p. 320).</p><p>3.2.10 Procedimento indisponível</p><p>O IPM não pode ser arquivado pelo encarregado ou pela APJM originária,</p><p>mesmo diante de inexistência de crime e inimputabilidade do investigado</p><p>(BRASIL, 1969).</p><p>O pedido de arquivamento de IPM é de competência exclusiva do dono da ação</p><p>penal (MP) e deve ser encaminhado ao Juiz.</p><p>Urge informar que o art. 28 do Código de Processo Penal (CPP), incluído pela</p><p>Lei 13.964/2019 e que atribuiu a competência para arquivar o Inquérito Policial</p><p>(IP) ao MP, encontra-se com sua aplicabilidade suspensa em virtude de ADI</p><p>perpetrada perante o STF, logo, é imaturo emitir parecer se tal instituto será ou</p><p>não empregado na seara do CPPM. Todavia, acreditamos que, caso o art. 28 do</p><p>CPP vigore, será utilizado na JME.</p><p>3.2.11 Procedimento informativo probatório</p><p>Trata-se de um de seus objetivos, o IPM deve oferecer um suporte probatório</p><p>mínimo para a formalização da opinio delicti do MP (destinatário imediato) e da</p><p>decisão, ainda que seja interlocutória, do magistrado (destinatário mediato). Para</p><p>tanto, a PJM estadual deve exercer sua atividade de forma laboriosa, haja vista</p><p>que, para a propositura da ação penal ou para o requerimento de arquivamento, o</p><p>Promotor de Justiça se vale das informações colhidas durante as investigações.</p><p>Não é raro notar nas doutrinas e jurisprudências a característica de “mero</p><p>procedimento informativo”, do qual veementemente divergimos, pois a palavra</p><p>“mero”, termo pejorativo, desqualifica e menospreza seu valor e sua importância</p><p>para a aplicação de lei penal militar, uma vez que, repita-se, a maior parte das</p><p>decisões judiciais são alicerçadas em elementos colhidos durante a fase pré-</p><p>processual, bem como dificilmente o MP se ancora em outro procedimento para</p><p>o oferecimento de denúncia.</p><p>Somado a isso, há situações em que o IPM não é somente informativo, mas</p><p>também probatório, uma vez que as provas cautelares, não repetíveis e</p><p>antecipadas podem ser produzidas durante o curso do inquérito.</p><p>3.2.12 Procedimento passível de delegação</p><p>Essa característica, pouco mencionada pelos estudiosos, refere-se ao fato de que</p><p>a APJM originária poderá delegar a instrução do IPM ao oficial que esteja sob</p><p>seu comando. Portanto, o IPM poderá ser conduzido pela APJM originária ou</p><p>delegada.</p><p>3.3 Instauração do inquérito policial militar</p><p>O IPM sempre será iniciado mediante portaria, peça administrativa, formal e</p><p>inaugural, instaurada por uma das APJM originárias, devendo conter</p><p>informações que subsidiarão, inicialmente, a tomada de decisões do encarregado.</p><p>É de suma relevância informar que, para cada crime militar cometido, exceto nos</p><p>casos de conexão e continência, um IPM deve ser instaurado. Igualmente, não é</p><p>possível iniciar um IPM através de despacho, sendo necessária a confecção da</p><p>portaria.</p><p>O art. 10 do CPPM dispõe:</p><p>O inquérito é iniciado mediante portaria:</p><p>a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de jurisdição ou comando</p><p>haja ocorrido a infração penal, atendida a hierarquia do infrator;</p><p>b) por determinação ou delegação da autoridade militar superior, que, em caso de</p><p>urgência, poderá ser feita por via telegráfica ou radiotelefônica e confirmada,</p><p>posteriormente, por ofício;</p><p>c) em virtude de requisição do Ministério Público;</p><p>d) por decisão do Superior Tribunal Militar, nos têrmos do art. 25;</p><p>e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a represente, ou em</p><p>virtude de representação devidamente autorizada de quem tenha conhecimento</p><p>de infração penal, cuja repressão caiba à Justiça Militar;</p><p>f) quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição militar, resulte indício da</p><p>existência de infração penal militar. (BRASIL, 1969, art. 10).</p><p>O art. 27 do CPPM estabelece, também, que a prisão em flagrante delito pode</p><p>deflagrar a abertura de IPM (BRASIL, 1969).</p><p>Para que haja instauração de IPM, é imprescindível que a APJM originária tome</p><p>conhecimento de indícios de prática de crime militar. A informação pode ser de</p><p>cognição direta (imediata), cognição indireta (mediata) e cognição coercitiva.</p><p>Diz ser de cognição direta quando a APJM toma conhecimento por meio de suas</p><p>atividades corriqueiras e habituais. De cognição indireta, quando tem ciência</p><p>através da vítima ou de terceiros; e de cognição coercitiva, quando resultante de</p><p>uma prisão em flagrante.</p><p>Porém, Nucci (2019a) declara que a notitia criminis advinda de uma prisão em</p><p>flagrante se refere à cognição indireta (mediata), tendo em vista que ela não</p><p>deixa de ser uma maneira indireta de a APJM ter percepção da ocorrência de um</p><p>ilícito.</p><p>Em regra, a competência para a inauguração de IPM é definida através do</p><p>critério territorial (aderência territorial).</p><p>Para fundamentar a deflagração do IPM deve haver um mínimo de conjunto</p><p>probatório necessário, exigido pelo ordenamento jurídico, intitulado de justa</p><p>causa ou de standard probatório, que em muitas ocasiões é suficiente a</p><p>materialidade do crime e indícios de autoria. Vejamos os julgados:</p><p>HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DE PROCEDIMENTO</p><p>INVESTIGATÓRIO INSTAURADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO</p><p>MILITAR. PACIENTE MILITAR DA ATIVA. COMPETÊNCIA DA JMU.</p><p>MEDIDA EXCEPCIONAL. MANIFESTA AUSÊNCIA DE SUPORTE</p><p>PROBATÓRIO MÍNIMO DE MATERIALIDADE DELITIVA. AUSÊNCIA DE</p><p>JUSTA CAUSA. 1. Em observância estrita ao que contempla a Constituição</p><p>Federal, é competente a Justiça Militar da União para o processamento e</p><p>julgamento de habeas corpus que tem como paciente militar da ativa, por</p><p>suposto cometimento de delitos militares, ainda que em procedimento</p><p>investigatório. 2. Ausentes os elementos indiciários mínimos, demonstrativos de</p><p>materialidade, tem-se a configuração da excepcionalidade necessária ao</p><p>trancamento de procedimento investigatório, em especial quando este se</p><p>evidencia em forma de intimidação e punição. Ordem conhecida e concedida.</p><p>Decisão unânime. (STM - HC: 39-14.2017.7.00.0000/RJ, Relator: Ministro</p><p>Artur Vidigal de Oliveira, data de julgamento: 09/05/2017, data de publicação:</p><p>18/08/2017).</p><p>HABEAS CORPUS (HC). INQUÉRITO POLICIAL MILITAR (IPM).</p><p>INVESTIGADO. DIREITO A NÃO SE AUTOINCRIMINAR.</p><p>TRANCAMENTO DA INQUISA. MEDIDA EXCEPCIONALÍSSIMA.</p><p>ARQUIVAMENTO DE PROCEDIMENTO ANTERIOR QUE APUROU OS</p><p>MESMOS FATOS. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO</p><p>DA PRETENSÃO PUNITIVA. ORDEM CONCEDIDA. UNANIMIDADE. I -</p><p>Aquele, cuja conduta é investigada pela autoridade de polícia judiciária, torna-se</p><p>materialmente indiciado, embora não ostente, formalmente, tal condição. II -</p><p>Assim sendo, o investigado em IPM não pode ser obrigado a produzir provas</p><p>contra si; tem</p><p>o direito permanecer calado em todos os procedimentos a serem</p><p>realizados, tais como oitivas, acareações e reprodução simulada de fatos.</p><p>Ademais, caso constitua advogado, a este assiste o direito ao acesso às</p><p>diligências concretizadas e materializadas nos autos. Tais garantias não o</p><p>descuram de suas características de procedimento de natureza inquisitiva e</p><p>sigilosa. III - O trancamento de IPM, por intermédio de HC, mais ainda do que</p><p>da própria Ação Penal Militar, compreende situações excepcionalíssimas, nas</p><p>quais se constate, de plano, falta de justa causa para seu prosseguimento. IV -</p><p>Não se verifica a ocorrência de justa causa da investigação criminal quando, sem</p><p>novas provas, é instaurado IPM para apuração de fatos que foram objeto de</p><p>Inquisa anterior e, à época, considerados prescritos pelo dominus litis, com o</p><p>consequente arquivamento por decisão do Juízo competente. Tampouco, subsiste</p><p>para instaurar IPM destinado a apurar fatos alcançados pela prescrição.</p><p>Situações verificadas no caso concreto. V - Ordem concedida. Decisão unânime.</p><p>(STM - HC: 192-18.2015.7.00.0000/RJ, Relator: Ministro Fernando Sérgio</p><p>Galvão, data de julgamento: 27/10/2015, data de publicação: 05/11/2015).</p><p>3.3.1 Instauração de ofício</p><p>Ocorre quando a APJM originária, no exercício de suas funções rotineiras,</p><p>diante da notitia criminis direta, toma conhecimento de indícios de crime militar</p><p>(BARBOSA, 2007).</p><p>Nos casos em que a ação penal é pública condicionada à representação, o IPM</p><p>não poderá sem ela ser iniciado.</p><p>3.3.2 Instauração por determinação ou delegação</p><p>A APJM determina ou delega a abertura do IPM a outra autoridade inferior</p><p>hierarquicamente, trata-se de notitia criminis indireta. Em casos que demandam</p><p>urgência, tal ato poderá ser realizado pelos meios disponíveis (telefone, e-mail,</p><p>aplicativos de comunicação, etc.), devendo ser formalizado por escrito</p><p>posteriormente.</p><p>Nos casos de determinação, a APJM originária emite ordem para outra APJM</p><p>originária com o objetivo de apurar os fatos em sua circunscrição. Exemplo: o</p><p>Subcomandante da PM determina ao Comandante do Batalhão que instaure IPM.</p><p>A autoridade que recebeu a ordem pode, com fundamentos ajustados, solicitar à</p><p>autoridade que emitiu a determinação que a reveja, com o intuito de não</p><p>instaurar o IPM. No entanto, se a autoridade persistir na ordenação, o inquérito</p><p>deve ser instaurado, sob pena, em tese, de responsabilização (NEVES, 2018).</p><p>A autoridade militar determinada não pode abster-se da ordem, transformando-se</p><p>em verdadeiro longa manus.</p><p>No que se refere à delegação, a autoridade delegada assume as obrigações da</p><p>APJM originária, o que é imprescindível, posteriormente, à sua homologação.</p><p>3.3.3 Instauração por requisição do Ministério Público</p><p>A Lei Complementar nº 75, de 20 de maio de 1993, assevera, no inciso I do</p><p>art. 117, que o Ministério Público Militar (MPM) tem a função de requisitar</p><p>diligências investigatórias e a instauração de IPM, podendo acompanhar e</p><p>apresentar provas (BRASIL, 1993).</p><p>O inciso VIII do art. 129 da CF relata que é função do MP requisitar diligências</p><p>investigatórias e a instauração de IP, fundamentando juridicamente suas</p><p>manifestações processuais (BRASIL, 1988).</p><p>Para que não restem dúvidas, na JMU atua o MPM, já na JME opera o MP</p><p>estadual. Interessante que o Ministério Público da União (MPU) compreende: o</p><p>Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público do Trabalho (MPT), o</p><p>Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e o Ministério</p><p>Público Militar (MPM) (BRASIL 1993).</p><p>Trata-se, também, de notitia criminis indireta, sendo que a APJM não deve se</p><p>opor a requisição do MP – embora não esteja subordinada ao Promotor de</p><p>Justiça, sua recusa pode restar responsabilização criminal e administrativa.</p><p>Entretanto, se a requisição for manifestamente ilegal, esta não deve ser atendida.</p><p>Relevante é o debate acerca da possibilidade de o Juiz requisitar a instauração de</p><p>IPM, haja vista que o CPPM só menciona a figura do MP.</p><p>Conforme Botelho (2006), o art. 10 do CPPM é meramente exemplificativo,</p><p>podendo o Juiz requisitar a instauração do IPM, consoante o art. 3º do CPPM,</p><p>tendo em vista os arts. 5º e 40 do CPP.</p><p>Nesse diapasão, Nucci (2019a) anuncia que o Juiz e o Tribunal também podem</p><p>requisitar instauração de IPM. Afinal de contas, quem pode o mais (decretar a</p><p>prisão) pode o menos. Entretanto, a APJM pode deixar de cumprir tal requisição</p><p>quando se tratar de imposição manifestamente ilegal.</p><p>Já Neves (2018) relata que não há previsão legal para que o Juiz requisite a</p><p>instauração do IPM e que o sistema é, em regra, acusatório, não se podendo</p><p>inovar no sentido inquisitivo; portanto, contribui para a imparcialidade do órgão</p><p>julgador. Somado a isso, o doutrinador ainda cita o § 1º do art. 25 e o art. 442,</p><p>ambos do CPPM, explanando que os autos devem ser remetidos ao MP.</p><p>Julgados relevantes sobre o tema:</p><p>HABEAS CORPUS - REQUERIMENTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO</p><p>DIRIGIDO AO JUIZ, PARA INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL</p><p>MILITAR VISANDO A APURAR PRÁTICA DO CRIME DE</p><p>PREVARICAÇÃO - ALEGAÇÃO DE PRÁTICA DE ATO PRIVATIVO DE</p><p>JUIZ, AO DEIXAR DE RATIFICAR A PRISÃO EM FLAGRANTE DE</p><p>MILITAR QUE, A PRIORI, AGIU EM LEGÍTIMA DEFESA -</p><p>DETERMINAÇÃO JUDICIAL DE INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO</p><p>POLICIAL MILITAR - A conduta do paciente não se afastou da legalidade,</p><p>constituindo verdadeira obrigação da autoridade militar - § 2º do art. 247 do</p><p>CPPM - ausência de fatos que, ao menos em tese, possam ser considerados como</p><p>crime militar - ausência de justificativa para a instauração de inquérito policial</p><p>militar (ipm) contra o paciente - A instauração de um ipm somente é aceitável na</p><p>hipótese de necessidade de apuração sumária de fato que configure crime militar</p><p>- A determinação judicial da instauração de inquérito policial é medida</p><p>incompatível com a imparcialidade do julgador, que caracteriza o sistema</p><p>acusatório - Ordem concedida para trancamento do ipm instaurado por</p><p>determinação do ofício judicial. (grifo nosso). (TJMMG – HC: 0001183-</p><p>97.2014.9.13.000, Data de Julgamento: 03/06/2015, Data de Publicação:</p><p>11/06/2014).</p><p>IPM. INSTAURAÇÃO. REQUISIÇÃO. JUIZ-AUDITOR. ILEGALIDADE DO</p><p>ATO. ATIVIDADE PRIVATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR. 1.</p><p>Não é atribuição de juiz-auditor requisitar a instauração de Inquérito Policial</p><p>Militar, uma vez que esta não é uma atividade jurisdicional e, sim, investigatória,</p><p>afeta ao Ministério Público e às autoridades administrativas com poder de</p><p>polícia judiciária. 2. A investigação levada a efeito no inquérito tem por</p><p>finalidade desencadear a inquisa, cabendo ressaltar o significado desta como</p><p>sendo instrução provisória para a propositura da ação penal. 3. A competência do</p><p>juiz-auditor limita-se às hipóteses elencadas, exaustivamente, no artigo 30 da Lei</p><p>nº 8.457/92 (LOJM) dentre as quais, por óbvio, não se encontra a possibilidade</p><p>de requisição de instauração de IPM, por não fazer parte da atividade judicante</p><p>e, sim, investigatória, cuja titularidade desta é do Ministério Público, ex vi do</p><p>art. 129, VIII, da Constituição Federal. Concedida a segurança, declarando nulo,</p><p>por ilegal, o ato do juiz-auditor que requisitou instauração de IPM. Decisão</p><p>unânime. (grifos meus).</p><p>(STM - MS: 595 AM 2002.01.000595-1, Relator: Sergio Xavier Ferolla, Data de</p><p>Julgamento: 12/09/2002, Data da Publicação: 15/10/2002 Vol: Veículo: DJ).</p><p>Defendemos a tese que o Magistrado não pode requisitar a instauração de IPM.</p><p>A uma, pelo motivo de inexistir previsão legal. A duas, que prevalece em nosso</p><p>ordenamento jurídico o sistema acusatório. A três, que a determinação de</p><p>instauração pelo Juiz pode ferir sobremaneira sua imparcialidade. A quatro, nota-</p><p>se que inovações legislativas caminham nesse sentido, a exemplo do Juiz das</p><p>Garantias e da vedação da decretação de prisão preventiva de ofício pelo órgão</p><p>julgador. E, por último, deve-se buscar um CPPM constitucional, de acordo com</p><p>o fenômeno do constitucionalismo do direito.</p><p>3.3.4 Instauração por decisão do Superior Tribunal</p><p>Militar</p><p>Novamente, estamos diante de notitia criminis indireta. No caso das Unidades</p><p>Federativas (UF), tal decisão deverá ser proveniente do Tribunal de Justiça</p><p>Militar (TJM) ou, na ausência deste, do Tribunal de Justiça (TJ). (NEVES,</p><p>2018).</p><p>Ainda de acordo com Neves (2018), o Superior Tribunal Militar (STM), o TJM e</p><p>o TJ correspondente não podem requisitar a inauguração de IPM, pois a</p><p>legislação fala em “decisão”, e não em “requisição”. Os autos deverão ser</p><p>encaminhados ao MP para que este requisite ou não a instauração, conforme seu</p><p>entendimento.</p><p>Repita-se, em âmbito estadual, não existe MPM, esse órgão especializado é</p><p>integrado apenas na JMU.</p><p>Em suma, quem irá decidir, de fato, sobre a abertura ou não do IPM é o MP, e</p><p>não os magistrados, mesmo que se encontrem ocupando cargos de Ministros ou</p><p>Desembargadores.</p><p>Todavia, Nucci (2019a) entende que o STM, havendo fundamentação, pode</p><p>requisitar a instauração de IPM.</p><p>3.3.5 Instauração por requerimento do ofendido, de</p><p>seu representante legal ou por representação</p><p>Igualmente, trata-se de situação de notitia criminis indireta. Requerimento é uma</p><p>parte solicitando a instauração do IPM. Já representação diz respeito a informes,</p><p>que supostamente consistem em crime militar e são conduzidos até a APJM por</p><p>qualquer do povo que não tenha interesse direto no caso.</p><p>A APJM pode não atender à solicitação, e o CPPM não descreve recursos para o</p><p>indeferimento do requerimento. No entanto, o interessado poderá solicitar à</p><p>autoridade superior hierarquicamente ou ao MP, o que, na prática, não deixa de</p><p>ser um recurso.</p><p>3.3.6 Instauração resultante de sindicância</p><p>Podemos estar perante uma notitia criminis indireta ou direta, conforme a</p><p>autoridade que instaurou a sindicância.</p><p>Sindicância é um procedimento administrativo que observa a ampla defesa e o</p><p>contraditório, sendo utilizada para apurar transgressões disciplinares e aplicar a</p><p>respectiva reprimenda.</p><p>Não só a sindicância pode gerar um IPM, mas qualquer outro procedimento,</p><p>como investigação preliminar e outros processos administrativos.</p><p>No entanto, se a sindicância dispuser de elementos suficientes para a formação</p><p>da opinião do MP, a instauração do IPM será desnecessária, conforme a alínea a</p><p>do art. 28 do CPPM.</p><p>Para concluir, a sindicância não pode investigar infração penal militar, porém, se</p><p>no decorrer da apuração administrativa emergirem indícios de prática de crime</p><p>militar, uma cópia do bojo deve ser remetida para a APJM originária.</p><p>3.3.7 Instauração resultante de prisão em flagrante</p><p>delito</p><p>Se o APFDM reunir elementos suficientes para elucidar o crime e sua respectiva</p><p>autoria, o próprio auto constituirá o inquérito (BRASIL, 1969).</p><p>Após a prisão em flagrante, os autos se materializam em IPM caso não</p><p>necessitem de mais diligências. Na hipótese de pendência de diligência, os autos</p><p>originais poderão ser mantidos com a PJM por até 5 (cinco) dias, remetendo-se</p><p>apenas a sua cópia para as autoridades competentes (NEVES, 2018).</p><p>Na realidade, dificilmente o APFDM carece de outras diligências para a</p><p>propositura da ação penal militar, uma vez que já apresenta elementos suficientes</p><p>de materialidade e autoria delitiva para restringir a liberdade do miliciano.</p><p>3.3.8 Instauração proveniente de denúncia apócrifa</p><p>A denúncia anônima, por si só, não é suficiente para justificar a</p><p>instauração de IPM, no entanto, deve a APJM averiguar o</p><p>conteúdo da denúncia.</p><p>Somente deve ser instaurado o IPM após apurada a credibilidade</p><p>do conteúdo da delação anônima por meio de uma investigação</p><p>preliminar.</p><p>Esse também é o entendimento jurisprudencial:</p><p>HABEAS CORPUS. CORRUPÇÃO ATIVA. CORRUPÇÃO PASSIVA.</p><p>ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. DENÚNCIA ANÔNIMA. NÃO</p><p>OCORRÊNCIA. DILIGÊNCIAS PRELIMINARES. INTERCEPTAÇÃO</p><p>TELEFÔNICA. FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA DA MEDIDA. ORDEM</p><p>DENEGADA. 1. Consoante entendimento deste Superior Tribunal e do Supremo</p><p>Tribunal Federal, a denúncia anônima pode ser usada para dar início a</p><p>diligências com o intuito de averiguar os fatos nela noticiados para,</p><p>posteriormente, dar lastro à persecução penal. Vale dizer, a autoridade policial,</p><p>ao receber uma denúncia anônima, deve antes realizar diligências preliminares</p><p>para averiguar se os fatos narrados nessa denúncia são materialmente</p><p>verdadeiros, para, só então, iniciar as investigações, conforme ocorreu no caso.</p><p>2. A decisão que decretou a quebra do sigilo telefônico dos pacientes descreveu,</p><p>com clareza, a situação objeto da investigação, havendo sido efetivamente</p><p>demonstrado que a interceptação telefônica seria uma medida adequada e</p><p>necessária para a apuração da infração penal noticiada e para o prosseguimento</p><p>das investigações, de maneira que está preservada, integralmente, a validade das</p><p>provas colhidas. 3. Habeas corpus denegado.</p><p>(STJ - HC: 341752 PR 2015/0295742-2, Relator: Ministro Rogério Schietti</p><p>Cruz, Data de Julgamento: 23/08/2018, T6 - Sexta Turma, Data de Publicação:</p><p>DJe 26/09/2018).</p><p>HABEAS CORPUS. INQUÉRITO POLICIAL MILITAR. INSTAURAÇÃO</p><p>COM BASE EM DENÚNCIA ANÔNIMA. EXCEPCIONAL</p><p>POSSIBILIDADE. PRESENÇA DE JUSTA CAUSA. AUSÊNCIA DE</p><p>CONSTRANGIMENTO ILEGAL. Não é cabível, como regra, a instauração de</p><p>inquérito com base exclusivamente em denúncia anônima. Nessa linha de</p><p>entendimento, é necessário, pois, que seja a denúncia anônima de um crime</p><p>submetida, cautelarmente, ao crivo de investigações preliminares que, afinal,</p><p>possam lhe emprestar um mínimo de credibilidade. Trata-se, à evidência, de</p><p>entendimento que, embora não exima a autoridade pública do dever de proceder</p><p>ativamente diante da notícia de um crime que lhe chegue ao conhecimento,</p><p>impõe-lhe a obrigação de fazê-lo com as cautelas devidas, equilibrando, destarte,</p><p>o indeclinável interesse público na preservação da ordem e da paz social e o</p><p>igualmente inarredável direito do indivíduo de não ser molestado na sua</p><p>privacidade e na sua própria liberdade sem razões e motivações consistentes e</p><p>estritamente legais. Hipótese em que, todavia, a Inquisa foi instaurada para</p><p>apurar fato genérico, ou seja, “fatos afetos a denúncias em mídias sociais</p><p>relatando malversação do dinheiro público, causando dano ao erário”, o que</p><p>equivale a dizer que não o foi para apurar conduta específica atribuída ao</p><p>Paciente, resultando daí, inclusive, que o seu indiciamento somente ocorreu bem</p><p>mais tarde e após concluídas diversas investigações. Ausência, pois, de qualquer</p><p>constrangimento ilegal a pairar sobre o Paciente, por conta de,</p><p>excepcionalmente, não ter sido a deflagração da Inquisa precedida de</p><p>investigações preliminares. Caso em que já se fazem presentes na Inquisa sérios</p><p>elementos probatórios da materialidade e satisfatórios indícios de autoria quanto</p><p>ao Paciente, os quais bem justificam o seu indiciamento; ausente, por outro lado,</p><p>indicação de que esteja sendo alvo de qualquer tipo de discriminação por parte</p><p>da autoridade administrativa militar. Denegação da Ordem. Unânime. (STM -</p><p>HC: 00001373320167000000 RJ, Relator: Luis Carlos Gomes Mattos, Data de</p><p>Julgamento: 16/08/2016, Data da Publicação: 25/08/2016 Vol: Veículo: DJE).</p><p>3.4 Prazos para conclusão do inquérito policial militar</p><p>O CPPM estabelece o prazo de 20 (vinte) dias para conclusão e remessa dos</p><p>autos do IPM, no caso de indiciado preso, e 40 (quarenta) dias para investigado</p><p>solto. Sendo que, nesse último caso, o prazo poderá ser prorrogado por mais 20</p><p>(vinte) dias.</p><p>O posicionamento ímpar de Rossetto (2021) merece ser destacado, pois descreve</p><p>que o disposto no art. 20, § 1º, CPPM, o qual possibilita a prorrogação de prazo</p><p>para conclusão do IPM pela autoridade delegante, não foi recepcionado pela CF,</p><p>tendo em vista que o MP é o destinatário de todas as investigações, bem como é</p><p>o titular da ação penal pública. Entretanto, tal prorrogação ainda é uma prática</p><p>corriqueira.</p><p>O IPM deve ser concluído em 20 (vinte) dias, a contar da data em que se</p><p>executou a ordem de prisão (SARAIVA, 2017). No caso de indiciado preso, o</p><p>prazo de 20 (vinte) dias será fatal. Decorrido o lapso temporal, caso não ocorra o</p><p>devido encaminhamento dos autos ao MP, restará configurado o constrangimento</p><p>ilegal, cuja solução deverá ser dada pelo nosso remédio heroico, o habeas corpus</p><p>(HC).</p><p>Referindo-se ao indiciado preso, trata-se de norma processual penal material,</p><p>devendo a contagem de tempo incluir o primeiro dia e excluir o último.</p><p>Para que ocorra a prorrogação pela APJM originária, é imprescindível que haja</p><p>necessidade de diligências indispensáveis à elucidação dos fatos.</p><p>Anunciam Martins e Capano (1996 apud SARAIVA, 2017) que, se durante o</p><p>IPM o investigado vier a ser preso, o Encarregado terá 20 (vinte) dias, a partir</p><p>desse feito, para concluir o procedimento, desde que não tenham transcorrido</p><p>mais de 20 (vinte) dias da data da instauração.</p><p>A título de informação, em tempo de guerra, o prazo para conclusão do IPM é de</p><p>5 (cinco) dias, prorrogáveis por mais 3 (três) dias (NEVES, 2018).</p><p>3.5 Encarregado do inquérito policial militar</p><p>O art. 15 do CPPM dispõe:</p><p>Será encarregado do inquérito, sempre que possível, oficial de pôsto não inferior</p><p>ao de capitão ou capitão-tenente; e, em se tratando de infração penal contra a</p><p>segurança nacional, sê-lo-á, sempre que possível, oficial superior, atendida, em</p><p>cada caso, a sua hierarquia, se oficial o indiciado. (BRASIL, 1969, art. 15).</p><p>O encarregado ou APJM delegada do IPM sempre será um oficial da ativa</p><p>responsável pelas investigações, sendo vedada a delegação para as praças.</p><p>Tratando-se de investigado oficial, o encarregado será de posto superior àquele.</p><p>Sendo isso impossível, um oficial do mesmo posto poderá ser delegado, desde</p><p>que seja mais antigo.</p><p>Não é vedado que a delegação recaia sobre oficiais subalternos (1º Tenente e 2º</p><p>Tenente), porém, aconselha-se que seja, no mínimo, uma autoridade no posto de</p><p>Capitão. Todavia, na práxis, a nomeação, em regra, incide sobre os oficiais</p><p>subalternos.</p><p>Se, durante o curso do IPM, o encarregado obtiver indícios de cometimento de</p><p>crime por parte de oficial de posto superior ou mais antigo que o seu, os autos</p><p>deverão ser remetidos à autoridade delegante para que se realize outra delegação,</p><p>incidindo sobre superior hierárquico do agente.</p><p>Vigora-se, na Administração Pública, o princípio da hierarquia, e com mais rigor</p><p>na área militar, não podendo um subordinado investigar um delito cometido por</p><p>seu superior.</p><p>O art. 142 do CPPM afirma que não caberá suspeição do investigado em relação</p><p>ao encarregado do IPM, porém este deverá declarar-se suspeito quando houver</p><p>motivos legais (BRASIL, 1969).</p><p>Vejamos uma decisão do STM:</p><p>EMENTA. HABEAS CORPUS. IPM. IMPEDIMENTO DE POLÍCIA</p><p>JUDICIÁRIA MILITAR. DEVIDO PROCESSO LEGAL. Não há falar em</p><p>impedimento ou suspeição da Autoridade policial. Precedentes do STF.</p><p>Inconfundíveis o processo administrativo ou o processo administrativo</p><p>disciplinar com o Inquérito Policial Militar. O processo administrativo é um</p><p>conjunto de atos coordenados que se destina à solução de controvérsias no</p><p>âmbito administrativo; e o processo administrativo disciplinar é o meio de</p><p>apuração e punição de faltas graves dos servidores públicos. Já o Inquérito</p><p>Policial Militar é procedimento policial - instrução provisória, preparatória,</p><p>informativa - destinada à coleta de elementos que permitam ao MP formar a</p><p>opinio delicti para a propositura da ação penal. Os princípios constitucionais do</p><p>conrtraditório [contraditório] e da ampla defesa que informam os processos</p><p>judicial e administrativos não incidem sobre o IPM (doutrina e jurisprudência).</p><p>Ordem denegada por falta de amparo legal. Unânime. (STM - HC: 33828 AM</p><p>2003.01.033828-4, Relator: José Júlio Pedrosa, data de Julgamento: 26/08/2003,</p><p>Data de Publicação: 17/09/2003 Vol: Veículo: DJ).</p><p>As causas de suspeição são aquelas descritas no art. 38 do CPPM relativas ao</p><p>Juiz.</p><p>Os doutrinadores Neves (2018) e Saraiva (2013) entendem que deve haver,</p><p>também, declaração de impedimento, embora não citado no CPPM.</p><p>3.6 Escrivão do inquérito policial militar</p><p>É o auxiliar do encarregado na confecção do IPM, não necessita ser superior</p><p>hierárquico do investigado. Poderá ser designado pela APJM originária ou pelo</p><p>próprio encarregado.</p><p>O art. 11 do CPPM é taxativo e relata que, em caso de indiciado oficial, o</p><p>Escrivão será oficial subalterno e, nos demais casos, a designação recairá sobre</p><p>sargentos e subtenentes. O escrivão prestará compromisso legal de manter sigilo</p><p>do IPM e de cumprir as determinações do CPPM (NEVES, 2018).</p><p>São algumas atribuições do escrivão: autuação, juntada de documentos,</p><p>certidões, confecção de ofícios, numerar e rubricar as folhas, digitar</p><p>depoimentos e declarações, desentranhamento, entre outras. Entretanto, cautela,</p><p>pois o relatório do IPM é de competência exclusiva do encarregado.</p><p>Depreende-se que o escrivão não é um cargo, mas sim uma função exercida</p><p>temporariamente pelos ocupantes dos cargos de Sargento, Subtenente, além de</p><p>oficiais subalternos.</p><p>3.7 Medidas preliminares ao inquérito policial militar</p><p>Cuida-se de um conjunto de ações praticadas após o cometimento, em tese, do</p><p>delito, visando fundamentar a tomada de decisões, bem como a produção de</p><p>provas que podem ser perdidas.</p><p>Essas medidas preliminares são de responsabilidade do oficial da ativa,</p><p>respeitando a competência territorial (SARAIVA, 2017).</p><p>O art. 12 do CPPM traduz:</p><p>Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verificável na</p><p>ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do art. 10 deverá, se possível:</p><p>a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a</p><p>situação das coisas, enquanto necessário; (Vide Lei nº 6.174, de 1974)</p><p>b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato;</p><p>c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244;</p><p>d) colhêr tôdas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas</p><p>circunstâncias. (BRASIL, 1969, art. 12).</p><p>Cabe destacar que só devem ser apreendidos os objetos e instrumentos</p><p>relacionados com o ilícito se não houver imprescindibilidade de preservação do</p><p>local do crime ou, havendo, após a liberação do local pelos peritos.</p><p>3.8 Formação do inquérito policial militar</p><p>As diligências previstas estão descritas no art. 13 do código processual castrense.</p><p>Os procedimentos serão desempenhados pelo encarregado do IPM, ocasião em</p><p>que pode apurar os fatos na sucessão mais conveniente, ou seja, as diligências</p><p>citadas no art. 13 do CPPM não estão obrigatoriamente em ordem. Reparemos o</p><p>julgado:</p><p>HABEAS CORPUS. CRIME DE AMEAÇA. ALEGAÇÃO DE NULIDADE</p><p>DE ATOS PRATICADOS NO IPM. INVERSÃO DA OITIVA DO OFENDIDO</p><p>E DO INDICIADO. ATOS DISCRICIONÁRIOS PRATICADOS PELO</p><p>ENCARREGADO DO IPM. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO</p><p>SUSCITADA PELA PGJM. REJEIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE NA</p><p>FASE INQUISITORIAL. HABEAS CORPUS DENEGADO.</p><p>1- Rejeita-se a preliminar de não reconhecimento do habeas corpus, tendo em</p><p>vista que a alínea “i” do art. 467 do CPPM preconiza o cabimento do referido</p><p>remédio jurídico na situação em que se alega, em tese, a existência de</p><p>constrangimento ilegal “quando o processo estiver evidentemente nulo”. 2- Não</p><p>há falar em constrangimento ilegal por parte da autoridade apontada como</p><p>coatora, considerando que o encarregado do IPM não está adstrito ao</p><p>cumprimento cronológico dos atos elencados no art. 13 do CPPM. Ao contrário,</p><p>na fase inquisitiva, o encarregado do inquérito detém uma parcela de</p><p>discricionariedade na condução das investigações, não significando violação do</p><p>devido processo legal a oitiva antecipada do indiciado, ou seja, antes do</p><p>colhimento das declarações do ofendido (alíneas “b” e “c” do referido</p><p>dispositivo legal). Ademais, é pacífico no âmbito da jurisprudência dos tribunais</p><p>que eventuais vícios no inquérito policial não têm o condão de alcançar a ação</p><p>penal. (STM - HC: 194-85.2015.7.00.0000/SP, Relator: Ministro José Coêlho</p><p>Ferreira, Data de Julgamento: 15/10/2015, Data de Publicação: 04/11/2015, v.u.).</p><p>Devem-se adotar, de início, as medidas preliminares do art. 12 do CPPM, se</p><p>ainda não tiverem sido executadas (SARAIVA, 2017).</p><p>A autoridade responsável pelas investigações deverá ouvir o ofendido, interrogar</p><p>o indiciado e inquirir testemunhas. Não há uma imposição sequencial desses</p><p>atos. Entretanto, aconselha-se que o interrogatório</p>