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<p>Copyright © 2021 by Arnaldo Niskier</p><p>Direitos desta edição adquiridos por</p><p>Edições Consultor</p><p>Rua Visconde de Pirajá, 142 / gr. 1201 - Ipanema</p><p>Rio de Janeiro-RJ - CEP: 22410-003</p><p>Tel.: 55 21 2523-2064</p><p>Organização: Manoela Ferrari</p><p>Revisão: Daniele Gullo</p><p>Capa e Projeto Grá�co: Isio Ghelman</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)</p><p>(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)</p><p>Niskier, Arnaldo</p><p>Pode isso, Arnaldo? / Arnaldo Niskier. - Rio de Janeiro: Edições Consultor, 2021.</p><p>ISBN 978-65-88511-06-0</p><p>1. Educação 2. Educação - Recursos de rede de computador 3. Educação à distância 4. Hibridismo</p><p>(Ciências sociais) I. Título.</p><p>21-84321 - CDD- 371.35</p><p>Índices para catálogo sistemático:</p><p>1. Educação à distância 371.35</p><p>Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964</p><p>Printed in Brazll / Impresso no Brasil</p><p>Apresentação</p><p>Indrodução</p><p>• Educação e hibridismo</p><p>• Novas habilidades</p><p>• Direitos Humanos Universais</p><p>• No Brasil</p><p>• Modismos</p><p>• Professores</p><p>• Políticas e Estratégias</p><p>• As inovações da LDB</p><p>• Indicadores Educacionais</p><p>• Crise</p><p>Pode isso, Arnaldo?</p><p>Acostumados à vibrante narração dos jogos de futebol, por parte de</p><p>Galvão Bueno, estrela da Rede Globo, sempre ouvíamos as suas dúvidas,</p><p>quando se dirigia ao comentarista de arbitragem, o ex-juiz Arnaldo Cesar</p><p>Coelho: “Pode isso, Arnaldo?”</p><p>Com a sua vastíssima experiência, Arnaldo dirimia as dúvidas</p><p>existentes, prestando preciosos esclarecimentos. Na época, ainda não</p><p>existia o controvertido sistema eletrônico de apoio à arbitragem conhecido</p><p>pela sigla em inglês VAR (Video Assistant Referee), que hoje altera tantas</p><p>vezes o resultado de uma partida.</p><p>Aproveitamos o bordão, popularizado no esporte, neste livro. Só que</p><p>as dúvidas acumuladas não são de jogos de futebol, mas do que deixa de</p><p>ser feito na área da Educação. São tantos os episódios que o texto bem</p><p>poderia servir de orientação para conduzir adequadamente os rumos da</p><p>educação brasileira. As perguntas se dirigem a outro Arnaldo, igualmente</p><p>craque em sua área: o educador Arnaldo Niskier, secretário de Estado</p><p>quatro vezes do Rio de Janeiro, e que presta, assim, uma enorme</p><p>contribuição ao país. O trabalho contou com a colaboração da professora</p><p>Manoela Ferrari.</p><p>Não se pode deixar sem resposta mais de uma centena de perguntas.</p><p>Devemos corrigir os caminhos em favor de uma educação de qualidade, de</p><p>que o Brasil tanto carece. Aqui está o roteiro, para quem deseja sanar os</p><p>problemas que, há anos, nos a�igem.</p><p>EDUCAÇÃO E HIBRIDISMO</p><p>Estamos vivendo em pleno mundo digital. Embora ainda existam</p><p>bolsões de pobreza, a verdade é que de 20 anos para cá a internet comercial</p><p>é uma realidade, hoje com cerca de três bilhões de navegantes. Ter um</p><p>celular passou a ser um direito humano para cerca de 5,2 bilhões de</p><p>pessoas, que representam % do mundo.</p><p>Quem não se adaptar à nova educação estará inexoravelmente</p><p>condenado a fracassar. O analógico deixará de existir, cedendo espaço às</p><p>inovações desse extraordinário mundo novo, com todas as atrações do</p><p>formato remoto ou do já tão falado hibridismo. Isso não vai ocorrer por</p><p>geração espontânea. Seguramente será fruto de um grande trabalho de</p><p>renovação. Sairão na frente as escolas que tiverem esse es pírito</p><p>revolucionário. A acomodação não será premiada.</p><p>O Ministério da Educação (MEC) dessa vez não dormiu no ponto. Por</p><p>meio da Portaria n° 544, autorizou a substituição das aulas presenciais</p><p>pelo uso de recursos tecnológicos, inclusive prevendo atividades práticas e</p><p>de laboratório, como é necessário. Assim se poderá evoluir no processo</p><p>ensino-aprendizagem.</p><p>O Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou, por unanimidade,</p><p>uma Resolução que permite a continuidade do ensino remoto até</p><p>dezembro de 2021, caso seja opção das redes. A proposta recomenda que</p><p>os sistemas de ensino não reprovem os estudantes. A medida prevê a</p><p>reorganização �exível dos sistemas e sugere, por exemplo, a adoção do</p><p>“continuum escolar”, ou seja, as redes poderão fundir os anos escolares dos</p><p>estudantes, de modo que eles concluam, em 2021, o conteúdo que �cou</p><p>prejudicado com a pandemia, em 2020. O reordenamento curricular será</p><p>reprogramado, podendo-se aumentar os dias letivos e a carga horária de</p><p>modo a cumprir os objetivos de aprendizagem previstos.</p><p>Não será um ano fácil. Estamos tratando de uma situação complexa</p><p>para a qual não exis-tem soluções únicas. O que se tem são possibilidades</p><p>de diversi�cação para abranger sistemas de ensino diferenciados. O texto</p><p>do CNE orienta que as atividades presenciais sejam retomadas de forma</p><p>gradual, em conformidade com as realidades sanitárias locais, com a</p><p>participação das comunidades escolares. Para essa estratégia funcionar, é</p><p>preciso garantir uma boa seleção de conteúdos indispensáveis a serem</p><p>ministrados, envolvendo preparação pedagógica, seleção de materiais</p><p>didáticos e um sequenciamento que não é trivial, mas é essencial para que</p><p>os alunos não sejam comprometidos em dois anos.</p><p>NOVAS HABILIDADES</p><p>A universidade situou-se como centro de pesquisa acadêmica e não</p><p>mais somente como fonte de atendimento ao mercado de trabalho. Dessa</p><p>forma, como diz Juliano Costa, diretor da Pearson Brasil, “será estimulada</p><p>a criação de novas habilidades. Assim se atenderá às volatilidades do</p><p>mundo atual, com a oferta de um modelo mais �uido”.</p><p>O especialista Daniel Castilho é diretor da Anima Educação e vice-</p><p>presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior</p><p>(ABMES). Para ele, o aprendizado passou a ser focado na formação de</p><p>empreendedores: “Estamos na era do pós-emprego, em que os</p><p>pro�ssionais vão trabalhar como freelancers ou contratados por projetos.</p><p>Eles precisam ser autônomos e motivados por um propósito, em</p><p>contraposição ao modelo criado pela Revolução Industrial, e com todas as</p><p>suas características.”</p><p>Segundo Castilho, devemos considerar dois aspectos: como ensinar,</p><p>com a incorporação da infraestrutura tecnológica, e o que ensinar, focando</p><p>em conteúdo personalizado adaptado às exigências pessoais e pro�ssionais</p><p>dos alunos: “O indicador a ser criado para medir a e�ciência é o</p><p>aprendizado por hora de ensino. Assim se saberá o valor da universidade</p><p>avaliada. Não basta o conteúdo técnico, é essencial o equilíbrio, com o</p><p>emprego das chamadas softskills. Devemos liderar a transformação local e</p><p>melhorar a integração na comunidade.”</p><p>Já para Fábio Negreiros, que tem as mesmas e saudáveis</p><p>preocupações, como desenvolve na Microsoft América Latina, devemos</p><p>começar pelo letramento digital, a capacitação de técnicos, professores e</p><p>alunos para o uso dos ambientes virtuais e da infraestrutura. É preciso que</p><p>haja a adoção de um currículo de inteligência arti�cial nas instituições de</p><p>ensino superior.</p><p>DIREITOS HUMANOS UNIVERSAIS</p><p>A internet continua a crescer, inclusive porque Google e Facebook</p><p>têm projetos sociais de implantar a benfeitoria em regiões carentes. É uma</p><p>forma de valorizar o que entendemos por direitos humanos universais.</p><p>Com a necessidade de atendimento educacional, sobretudo em países</p><p>socialmente desfavorecidos, esses novos mecanismos abrem perspectivas</p><p>de democratização de oportunidades como jamais se viu. Assim, pode-se</p><p>ligar a internet a uma escala planetária de ofertas, valorizando o conceito</p><p>de direitos humanos.</p><p>A que se deve agregar as potencialidades da modalidade de educação a</p><p>distância (EAD), hoje, em plena expansão, pois se trata de um fator</p><p>reconhecidamente barato e e�caz. A EAD se vale dos avanços cientí�cos e</p><p>tecnológicos e tende a um crescimento explosivo, mesmo em nações</p><p>subdesenvolvidas, onde as inovações custam mais a chegar, mas acabam se</p><p>bene�ciando também do progresso.</p><p>No Brasil, a modalidade está vencendo preconceitos iniciais e</p><p>conquista cada vez mais estudantes. Hoje, o número chega a 1,8 milhão de</p><p>matriculados. Há 1.200 cursos a distância no país e a alta nos vestibulares</p><p>é bastante signi�cativa: cresceu 80% nos últimos anos. O MEC registra que</p><p>há uma espécie de amadurecimento da modalidade, que atrai um número</p><p>cada vez maior de adeptos, embora a maioria pertença ao ensino privado</p><p>(cerca de 60% do</p><p>professor) é o método mais e�caz de</p><p>avaliação da aprendizagem. Num processo de ensino remoto ou</p><p>híbrido, a avaliação dos alunos se torna mais difícil?</p><p>• Os adeptos do homeschooling - o ensino doméstico ou domiciliar -</p><p>alegam que há brechas na legislação brasileira, o que possibilita a</p><p>defesa dessa modalidade de educação. Todavia, as crianças do</p><p>ensino doméstico seriam privadas da experiência de vida e de</p><p>socialização que só a escola proporciona?</p><p>• Cada ano de ensino a mais no Brasil representa ganho de 15% no</p><p>futuro salário e 8% de mais chance de conseguir um emprego?</p><p>• O Brasil tem cerca de 30 milhões de estudantes entre 6 e 15 anos.</p><p>Desse total, 81,7% realizaram atividades nos tempos de</p><p>pandemia. Os sacri�cados foram os alunos mais pobres?</p><p>• Cerca de 10% dos alunos do Ensino Médio não terem acesso à</p><p>internet?</p><p>• O mundo do século XXI é inconstante e exige dos cidadãos do</p><p>futuro um conhecimento interdisciplinar. As diferentes áreas do</p><p>saber não precisam dialogar, inclusive para que o aluno possa</p><p>perceber que o conhecimento adquirido em sala de aula é aplicável</p><p>em sua vida em sociedade?</p><p>• Mais da metade dos alunos brasileiros de licenciatura (53%), que</p><p>formam professores, estão em cursos a distância. A baixa</p><p>qualidade da formação dos futuros professores é apontada como</p><p>um dos entraves para a melhoria da educação básica?</p><p>• De 1,7 milhão de matrículas em licenciaturas, quase 900 mil estão</p><p>em cursos a distância?</p><p>• Não é urgente discutir a qualidade do ensino a distância na</p><p>formação dos professores?</p><p>• Não é preciso despertar o real interesse, entre os pesquisadores da</p><p>área de ciências humanas, sobre questões globalizantes que</p><p>investiguem, efetivamente, como a educação pode ser usada para</p><p>a redução da desigualdade?</p><p>• Não é preciso haver claro entendimento de que as tecnologias são</p><p>recursos importantes, mas que pertencem à ordem dos meios,</p><p>não devendo constituir os �ns das ações educacionais?</p><p>• Ninguém encontrou melhor maneira de fazer as crianças</p><p>aprenderem do que colocando bons professores na frente delas.</p><p>Não é hora de o Brasil fazer a lição de casa?</p><p>ARNALDO NISKIER</p><p>Arnaldo Niskier é membro da Academia</p><p>Brasileira de Letras (ABL) desde 1984, tendo sido</p><p>presidente da ABL em dois mandatos. Professor</p><p>aposentado de História e Filoso�a da Educação da</p><p>Universidade do Estado do Rio de Janeiro</p><p>(UERJ), Doutor em Educação pela UERJ,</p><p>Professor Emérito da Universidade Cândido</p><p>Mendes, Doutor Honoris Causa da UniCarioca, da</p><p>Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro</p><p>e da Universidade da Amazônia, foi membro do</p><p>Conselho Federal de Educação, do Conselho Estadual de Educação do Rio</p><p>de Janeiro e do Conselho Nacional de Educação, secretário de Estado do</p><p>Rio de Janeiro por quatro vezes. Sócio-correspondente da Academia das</p><p>Ciências de Lisboa, é autor de mais de 100 livros, especialmente sobre</p><p>educação. Presidente do CIEE/RJ e do Instituto Antares de Cultura, é</p><p>colaborador com artigos publicados em vários jornais do país.</p><p>MANOELA FERRARI</p><p>Membro correspondente da Academia</p><p>Espírito-santense de Letras, da Academia</p><p>Feminina Espírito-santense de Letras e do</p><p>Instituto Histórico e Geográ�co do ES, Manoela</p><p>Ferrari formou-se em Comunicação Social pela</p><p>Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro</p><p>(PUC-RJ), em 1987. Em 1988, ingressou nos</p><p>quadros da TV Manchete, contratada como</p><p>repórter de vídeo. De 1989 a 1990, apresentou o</p><p>programa de Arte e Cultura “Caderno 2”, na TV</p><p>Educativa. Desde 2003, é repórter colaboradora do Jornal de Letras, onde</p><p>assina as colunas “Breves” e “Livros & autores”. Em 2010, graduou-se em</p><p>Letras na PUC-RJ. Entre os livros publicados, estão Entrelinhas (2011), Dr.</p><p>Chagas (2012), Yedda Maria Teixeira - marcas do tempo (2013), Fotobiogra�a</p><p>do Acadêmico Arnaldo Niskier (2015), Sinfonia de Sônia - vida e obra da</p><p>pianista Sônia Cabral (2016) e Ilha do Frade - paraíso capixaba (Ed.</p><p>Consultor). Entre as obras organizadas para a UniCIEE-SP, em parceria</p><p>com o acadêmico Arnaldo Niskier, estão Ética - fortalecimento de vínculos,</p><p>Inteligência Emocional, Empreendedorismo Sustentável, Gami�cação e</p><p>Assistência Social (CIEE-SP).</p><p>Capa</p><p>Folha de Rosto</p><p>Página deCréditos</p><p>Índice</p><p>Apresentação</p><p>Indrodução</p><p>• Educação e hibridismo</p><p>• Novas habilidades</p><p>• Direitos Humanos Universais</p><p>• No Brasil</p><p>• Modismos</p><p>• Professores</p><p>• Políticas e Estratégias</p><p>• As inovações da LDB</p><p>• Indicadores Educacionais</p><p>• Crise</p><p>Pode isso, Arnaldo?</p><p>total).</p><p>Como ocorre nos Estados Unidos, temos igualmente um modelo</p><p>híbrido, com matérias presenciais e a distância. Veri�ca-se um fato digno</p><p>de registro: os diplomas são iguais, mas os alunos diferentes. Há um</p><p>esforço notável para que o aluno a distância seja levado a gostar da leitura,</p><p>além de valorizar a interatividade. Há uma convicção generalizada,</p><p>entretanto, de que é preciso melhorar a qualidade do ensino a distância e</p><p>nisso os nossos mestres estão vivamente empenhados.</p><p>NO BRASIL</p><p>Data de 1904 a criação, no Brasil, dos antigos cursos por</p><p>correspondência, que tiveram uma grande divulgação, com a criação do</p><p>Instituto Monitor, em 1931, e com o Instituto Universal Brasileiro, em</p><p>1941. Tempos depois, na década de 1970, o assunto foi tratado com muita</p><p>determinação e seriedade, no âmbito do MEC, graças aos esforços de</p><p>Jarbas Passarinho e Newton Sucupira.</p><p>Com o surgimento de modernas técnicas, e também com a</p><p>massi�cação da internet, virou moda um novo nome na área: educação a</p><p>distância. Vale lembrar que, no exterior, a chamada universidade virtual</p><p>conquistou seu espaço desde a década de 1970. Na Inglaterra, por</p><p>exemplo, a EAD é uma realidade e a Open University tem o respeito de</p><p>todos. Lá estive, em Londres, em duas oportunidades.</p><p>Aqui no Brasil, somente em meados da década de 1990, com a</p><p>reforma realizada através da implantação da Lei de Diretrizes e Bases da</p><p>Educação - LDB (Lei no 9.394/96), a EAD passou a ser reconhecida</p><p>o�cialmente. Colaborei com o senador Darcy Ribeiro na elaboração desse</p><p>instrumento legal, na parte referente à EAD. Na época, pertencia ao</p><p>Conselho Nacional de Educação.</p><p>A cultura é um processo de que a educação faz parte. São grandes as</p><p>carências brasileiras em ambos os campos. Fala-se em universidade pós-</p><p>moderna, mas os nossos homens de pensamento ainda são tímidos no</p><p>reconhecimento da existência de uma cultura pós-moderna, amparada</p><p>pelos recursos da Era do Conhecimento. Ela seria forte e de grande</p><p>abrangência, permitindo que a diversidade regional ganhasse mais espaço,</p><p>preservando as raízes da identidade nacional. Isso na literatura, na música,</p><p>no teatro, no folclore etc.</p><p>Chegamos à TV Digital. Além das estações de sinais abertos, já</p><p>existentes, outras virão para dar cobertura ao Executivo, ao Legislativo e</p><p>ao Judiciário, além da Educação, da Cultura e da Cidadania. Cultura para</p><p>todos é a visão geral do processo, que tem dois ganhos extraordinários,</p><p>frutos da in�ndável competência de cientistas e pesquisadores: alta</p><p>de�nição e interatividade.</p><p>Temos evidentes carências, embora se considere a cultura um bom</p><p>negócio. O nosso povo se ressente de maior alcance do rádio, da televisão e</p><p>do cinema, principalmente no inte-rior do país. As raízes culturais em geral</p><p>não são respeitadas na sua integridade e pureza. Com os mecanismos da</p><p>EAD é possível estabelecer um sistema inteligente de trocas, com</p><p>vantagens para todos.</p><p>Na América Latina, o Brasil é um dos cinco maiores produtores de</p><p>softwares para a área e o segundo país em número de alunos, perdendo</p><p>apenas para o México, que possui universidades virtuais há mais de 30</p><p>anos.</p><p>Hoje, com o avanço tecnológico, os alvos da EAD passaram a ser os</p><p>indivíduos que já estão inseridos no processo produtivo, com faixa etária</p><p>acima dos 25 anos e problemas de tempo ou geográ�cos para frequentar</p><p>uma faculdade regular. São também gerentes de bancos ou de</p><p>supermercados, por exemplo, que se matriculam nos cursos de EAD com o</p><p>objetivo de melhorar o desempenho em seus trabalhos. E sem a</p><p>necessidade de abandono de emprego ou de afastamento da família.</p><p>O esforço para integração de plataformas deve incluir softwares,</p><p>equipamentos e serviços de telecomunicações. Somente entre os</p><p>integrantes da Universidade Virtual Pública do Brasil (UniRede), que reúne</p><p>70 instituições, já existem 20 projetos estruturados. O próprio MEC</p><p>também possui uma plataforma de EAD, chamada e-Proinfo. Num</p><p>segundo momento, a iniciativa deverá incluir as universidades privadas.</p><p>Há diversas experiências em andamento, a partir de autorizações do</p><p>Conselho Nacional de Educação. Mas o número ainda é pequeno para as</p><p>imensas necessidades pedagógicas do país.</p><p>Uma experiência notável de EAD no Brasil está sendo realizada sob a</p><p>liderança do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) de São Paulo. No</p><p>ar desde março de 2005, hoje dispõe de 37 cursos de curta duração,</p><p>contemplando um total de 2,5 milhões de matrículas registradas. Com o</p><p>selo da Editora Consultor, foram lançados livros didáticos especí�cos,</p><p>dentre os quais organizei, junto com a professora Manoela Ferrari, os</p><p>seguintes títulos: Ética Fortalecimento de vínculos, A Educação na Era do</p><p>Empreendedorismo Sustentável, Inteligência Emocional e Gami�cação - O</p><p>desa�o das novas tecnologias educacionais.</p><p>O programa, em plataforma própria, é gratuito e tem por objetivo</p><p>capacitar, aperfeiçoar, aprimorar e atualizar o estudante de ensino médio</p><p>ou superior, além dos que se devotam à educação pro�ssional. Isso facilita</p><p>muito a inserção do jovem no movimentado mercado do nosso país.</p><p>Todo esse trabalho, organizado por Humberto Casagrande Neto, já</p><p>rendeu mais de dois milhões de treinamentos, utilizando os seus cursos</p><p>classi�cados como atitudinais, conceituais e técnicos. Os primeiros se</p><p>referem a aspectos voltados ao desenvolvimento de atitudes e</p><p>comportamentos essenciais do dia a dia, ambiente acadêmico e de</p><p>trabalho. Os cursos conceituais operam assuntos variados sobre língua</p><p>portuguesa (atualização gramatical, produção de textos), métodos e</p><p>técnicas de pesquisa, atendimento ao cliente. Os últimos apresentam</p><p>conteúdos voltados à tecnologia, como pacote O�ce, Fundamentos de</p><p>Rede e Flash.</p><p>Há um grande envolvimento de empresas e instituições de ensino no</p><p>projeto, que trabalha também com um formato de tutoria, que promove a</p><p>participação dos jovens em todas as etapas dos cursos esclarecendo</p><p>dúvidas em no máximo 24 horas. Para isso, a plataforma de gerenciamento</p><p>é essencial.</p><p>São fornecidos certi�cados digitais gratuitos, assim como apostilas de</p><p>apoio. O sucesso pode ser medido pelo crescimento expressivo do</p><p>programa administrado pela Superintendência Executiva do CIEE/SP.</p><p>Entre os cursos oferecidos, podemos citar: Matemática básica,</p><p>Cidadania e meio ambiente, Métodos e técnicas de pesquisa, e-mail e</p><p>internet: uso adequado no ambiente corporativo, Microsoft Excel, o que dá</p><p>um total de cerca de 30 mil matrículas/mês. Todos com o objetivo de</p><p>capacitar, aprimorar, atualizar e promover o conhecimento,</p><p>potencializando aptidões e talentos nas empresas. Nessa empreitada, o</p><p>CIEE coloca toda a sua experiência de 55 anos, como entidade-líder no</p><p>campo da �lantropia.</p><p>O maior número de jovens encontra-se no estado de São Paulo, mas o</p><p>atendimento se faz também em outras regiões, inclusive no Nordeste,</p><p>onde é possível estabelecer um ambiente propício para o aprendizado e a</p><p>construção do conhecimento de forma correta e agradável, pois conta com</p><p>ilustrações de grande qualidade. Talvez esta seja a razão da existência de</p><p>uma evasão diminuta, que se reduz a cada ano. São utilizadas palavras-</p><p>chave estimulantes, constituídas turmas especializadas, acompanhadas de</p><p>uma tutoria altamente competente, que orienta os jovens e os incentiva a</p><p>participar dos benefícios do aprendizado. A última conquista do projeto foi</p><p>a entrada do Rio de Janeiro no circuito, com a adesão entusiástica do seu</p><p>CIEE. Há um enorme interesse da sua população, que vê a EAD como um</p><p>projeto de primeira ordem e de grande futuro.</p><p>Para que os resultados sejam positivos, sugere-se o estabelecimento</p><p>de uma estratégia de marketing cultural, com a novidade de contar</p><p>obrigatoriamente com os recursos advindos da maior circulação de ideias</p><p>via EAD. Com o cuidado natural de evitar que, pelo exagero, haja a</p><p>des�guração das nossas raízes, bem ao contrário. Elas seriam forti�cadas</p><p>com esse grande reforço, o que tornaria o Brasil maior na sua integridade,</p><p>enriquecendo todas as suas elogiadas atividades quando se trata de</p><p>música, literatura, valorização da língua portuguesa, em colaboração com a</p><p>Academia</p><p>Brasileira de Letras, folclore (Reizado, Congado, Bumba-meu-boi</p><p>etc), teatro, cinema, artes plásticas, dança etc.</p><p>Temos associações, nessas áreas, que são fabulosamente</p><p>competentes. O que a EAD pode trazer ao processo é um inteligente</p><p>intercâmbio, com proveito geral. Educação e Cultura devem caminhar lado</p><p>a lado, pois estreitam as relações com as comunidades, promovendo ações</p><p>democráticas, como deseja Marcelo Gallo, diretor do CIEE/SP.</p><p>MODISMOS</p><p>Os modismos aqui chegam com uma velocidade própria. Desde a</p><p>época do Descobrimento, as cartas com as novidades demoravam mais de</p><p>um mês, trazidas pelas valentes caravelas portuguesas. E alguma coisa para</p><p>virar modismo, naqueles tempos, não era fácil. O primeiro jornal aqui</p><p>circulou em 1808. Foi a Gazeta do Rio de Janeiro.</p><p>Há mais de 50 anos que se discute no Brasil o emprego da EAD.</p><p>Outros países foram avançando na e�ciente modalidade, como é o caso do</p><p>Canadá, da Espanha, da Bélgica, da Inglaterra e da Austrália, entre outros.</p><p>Aqui, depois de tempos espaçosos de preguiça (ou medo do novo), como o</p><p>receio de que se tornasse um supletivo de terceira classe. Felizmente</p><p>caminhamos para uma reação favorável, a partir do que foi prescrito na</p><p>LDB (no 9.394/96).</p><p>Hoje, há quase dois milhões de alunos brasileiros frequentando</p><p>cursos via EAD, no nível superior, o que já é uma prova de que acordamos</p><p>para o que é muito comum em Universidades no exterior.</p><p>Agora, a moda é citar a inclusão social, de que a digital obviamente é</p><p>parte. Cerca de 25 milhões de brasileiros com mais de 16 anos têm acesso à</p><p>internet, mas devemos pensar que somos uma população superior a 209</p><p>milhões de habitantes. Ainda é pequeno o índice dos que têm esse</p><p>privilégio, mais adstrito a escolas particulares, tornando bem visível o</p><p>fosso entre incluídos e excluídos digitais, no quadro geral de pobreza do</p><p>país.</p><p>PROFESSORES</p><p>Temos, no Brasil, cerca de três milhões de professores empregados</p><p>(quase 500 mil no ensino superior), com a média salarial de 700 dólares na</p><p>educação básica, o que é muito pouco.</p><p>Devemos valorizar a atuação dos professores e especialistas, não só</p><p>aperfeiçoando os seus cursos de formação (providência urgente), como</p><p>remunerando adequadamente esse serviço fundamental para os planos de</p><p>crescimento do país. Será sempre difícil estimular os jovens da classe</p><p>média a escolher o magistério com salários que são reconhecidamente dos</p><p>mais baixos do mundo. A estimativa é de que, nos próximos 5/6 anos,</p><p>possamos triplicar os números atuais. E, ainda, assim, estaremos abaixo de</p><p>nações como as que foram batizadas de “desenvolvidas”.</p><p>A formação de educadores, sejam ou não tecnólogos, passa hoje pela</p><p>dimensão técnica, a dimensão humana, o contexto político-econômico e a</p><p>parte de conhecimentos a serem transmitidos, tudo isso resumindo no que</p><p>se pode chamar de aquisição de competência. Esta abrange</p><p>necessariamente:</p><p>• o saber e o fazer;</p><p>• a teoria e a prática;</p><p>• os princípios e processos da tecnologia educacional.</p><p>O tecnólogo deve ser um novo tipo de educador, cuja capacidade de</p><p>ação esteja baseada em processo cientí�co. Submeter o aluno</p><p>simplesmente a uma exposição cultural não é su�ciente. Esse novo</p><p>educador deve ter o domínio dos aspectos técnico-pedagógicos dos</p><p>currículos e da metodologia.</p><p>Atualmente, há um consenso do que seja um tecnólogo educacional.</p><p>Enquanto um técnico dá ênfase à produção e usa métodos que não se</p><p>adaptam à educação, o tecnólogo da educação precisa dispor de uma boa</p><p>formação em humanidades, preparado para integrar novas técnicas a seu</p><p>trabalho, em termos de atitudes, conhecimento dos meios de comunicação</p><p>e suas possibilidades e ainda conhecimento dos objetivos didáticos. Ele</p><p>trabalha com as circunstâncias a partir de um diagnóstico de necessidades</p><p>que precisam ser satisfeitas.</p><p>Pode tratar-se de um professor para ministrar educação não formal</p><p>em programas de extensão agrária, como no Brasil, por exemplo, zonas</p><p>agricultáveis ainda não são totalmente aproveitadas devido à utilização de</p><p>métodos obsoletos. Ou ainda precisa de um planejador educacional capaz</p><p>de usar a televisão para reforçar métodos modernos de educação</p><p>fundamental. Também pode ocorrer a necessidade de um pro�ssional para</p><p>utilização de jogos de simulação, no treinamento de administradores. As</p><p>queimadas não poderiam ser evitadas com uma boa educação?</p><p>No Brasil, o termo “tecnólogo” parece estar destinado a egressos de</p><p>cursos de Matemática Aplicada à Informática, Engenharia de</p><p>Computadores, Comunicação e outros semelhantes, o que se constitui em</p><p>uma concepção distorcida das possibilidades da tecnologia da educação. A</p><p>multiplicidade de cursos relacionados com as áreas de Informática e</p><p>Comunicação não resolve o problema dos nossos 14 milhões de</p><p>analfabetos adultos nem as carências em outros setores.</p><p>Há ainda certa resistência nos cursos de Pedagogia quanto à adoção</p><p>de tecnologias educativas em seus currículos. Para uma educação</p><p>transformadora à altura do Brasil do tempo presente, a didática</p><p>tradicionalista nada mais tem a introduzir. Já para atender a um</p><p>compromisso pedagógico mobilizador, a tecnologia educacional pode ser a</p><p>alavanca impulsionadora do que precisamos.</p><p>Muitos países que usam amplamente a tecnologia educacional viram-</p><p>se obrigados a partir do zero diante da resistência e obstrução das</p><p>universidades tradicionais. Como diz um anúncio: “A�nal, já não se fazem</p><p>mais casas como antigamente. Nem avião. Nem rádio, nem jornal. Nem</p><p>mesmo bola de futebol. A tecnologia muda tudo, e faz tudo melhor.”</p><p>POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS</p><p>Para que o tema ganhe continuidade, é importante que sejam levados</p><p>em consideração os itens que propusemos ao CNE através da Indicação no</p><p>6/96, em que se previa a criação de um Sistema Nacional de Educação</p><p>Aberta e a Distância; antes, é de nossa autoria a Indicação no 1/86, do</p><p>Conselho Federal de Educação, sobre Informática na Educação. Um</p><p>documento pioneiro, com algumas sugestões importantes:</p><p>01. Estabelecer a Política Nacional de Educação Aberta e a</p><p>Distância, no âmbito do Conselho Nacional de Educação,</p><p>integrando o Plano Nacional de Educação;</p><p>02. Estimular a experiência da Universidade Virtual, com a oferta</p><p>ilimitada de cursos não presenciais e a ampla utilização de</p><p>endereços eletrônicos;</p><p>03. Integrar os esforços das redes nacionais de rádio e televisão</p><p>educativa, a �m de dar suporte aos projetos de treinamento de</p><p>capacitação de pro�ssionais, nos níveis médio e superior;</p><p>04. Criar a primeira experiência-piloto na área do magistério,</p><p>quali�cando professores e especialistas, com ênfase no</p><p>emprego da informática na educação;</p><p>05. Treinar pro�ssionais de multimídia (roteiristas, engenheiros</p><p>de software, produtores visuais, animadores, produtores de</p><p>vídeo, fotógrafos, locutores, dubladores etc., todos eles</p><p>constituindo o que hoje chamamos de pro�ssionais de</p><p>newmedia);</p><p>06. Orientar a produção de softwares educativos no país, para</p><p>distribuição nas escolas públicas, com vistas ao</p><p>aperfeiçoamento da qualidade do ensino (ênfase na educação</p><p>básica);</p><p>07. Elaborar uma estratégia nacional para o ensino por</p><p>correspondência, baseada nos princípios da educação</p><p>continuada e em perfeita consonância com a realidade</p><p>brasileira, preservada a qualidade dos serviços a serem</p><p>prestados;</p><p>08. Promover a formação de equipes multidisciplinares para a</p><p>produção de programas;</p><p>09. Ampliar o acervo das bibliotecas escolares, de modo a</p><p>incorporar também vídeos, disquetes e outros materiais;</p><p>10. Incentivar a produção de programas locais de rádio e</p><p>televisão;</p><p>11. Apoiar técnica e �nanceiramente programas e projetos de</p><p>EAD, promovidos por instituições públicas de ensino e</p><p>organizações da sociedade civil sem �ns lucrativos;</p><p>12. Aproveitar a infraestrutura de instituições de ensino de nível</p><p>médio e superior para torná-las centros de EAD regionais e/ou</p><p>estaduais;</p><p>13. Incluir a modalidade de EAD nos currículos dos cursos de</p><p>Educação e de Comunicação.</p><p>AS INOVAÇÕES DA LDB</p><p>Desde 20 de dezembro de 1996, entrou em vigor a LDB, com os seus</p><p>92 artigos.</p><p>Um dos temas mais ricos da LDB (Lei no 9394, de</p><p>20 de dezembro de</p><p>1996) é o que se refere à EAD.</p><p>Como procuramos demonstrar no livro LDB: A nova lei da educação</p><p>(Edições Consultor, Rio, 1997), o assunto pode ser considerado a partir do</p><p>Art. 5°, § 5°, quando, de forma indireta, a�rma-se que “para o</p><p>cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público criará formas</p><p>alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente</p><p>da escolarização anterior”. Foi o primeiro desa�o que se colocou diante dos</p><p>nossos educadores.</p><p>Mais adiante, o Art. 32 diz que “o ensino fundamental será</p><p>presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da</p><p>aprendizagem ou em situações emergenciais”. É a entrada objetiva da</p><p>modalidade no processo, embora a Lei tenha utilizado</p><p>indiscriminadamente, como se fosse a mesma coisa (e sabemos que não é)</p><p>ensino a distância e EAD. Uma falha.</p><p>O ensino médio, com três anos mínimos de duração, “adotará</p><p>metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos</p><p>estudantes” (Art. 36) e por aí se vê que, indiretamente, também será</p><p>possível o emprego da EAD, desde que de forma controlada, com</p><p>autorização do respectivo Conselho Estadual de Educação e veri�cando-se</p><p>ainda, para os alunos de educação de jovens e adultos (EJA), que “os</p><p>conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios</p><p>informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.” (Art. 38).</p><p>O Art. 40 cita a existência de diferentes estratégias de educação</p><p>continuada, expressão sinônima de educação permanente. No capítulo da</p><p>educação superior, o Art. 37, § 3°, exige que seja obrigatória a frequência</p><p>de alunos e professores, “salvo nos programas de educação a distância”. Há</p><p>uma previsão de programas de educação continuada para os pro�ssionais</p><p>da educação dos diversos níveis (Art. 63) e o Art. 80 é bem claro quando</p><p>determina que “o Poder Público incentivará o desenvolvimento e a</p><p>veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e</p><p>modalidades de ensino, e de educação continuada”. As instituições do setor</p><p>deverão ser especi�camente credenciadas pela União, ou seja, pelo CNE,</p><p>em cooperação e entendimento com os diferentes sistemas de ensino.</p><p>Ainda no mesmo artigo, prevê-se que a EAD gozará de tratamento</p><p>diferenciado, com custos de transmissão reduzidos em canais comerciais e</p><p>concessão de canais exclusivamente educativos. No Art. 87, é possível</p><p>prever a realização de cursos a distância para jovens e adultos</p><p>insu�cientemente escolarizados e programas de capacitação para todos os</p><p>professores em exercício.</p><p>Ou seja, desde que garantida a qualidade, objetivo número um da</p><p>LDB, pode-se caminhar para o pleno uso da EAD, prevista em nove artigos,</p><p>direta ou indiretamente, no instrumento legal.</p><p>O respeito à educação como direito subjetivo, aliado ao incrível</p><p>avanço cientí�co e tecnológico, com a disponibilização de canais e satélites</p><p>para a massi�cação da educação, sem perda da qualidade, são fatores que</p><p>obrigam a uma nova atitude de adesão ao moderno, colocando o Brasil no</p><p>rol das nações que aderiram com decisão à Sociedade do Conhecimento.</p><p>INDICADORES EDUCACIONAIS</p><p>Não se pode a�rmar que o CNE tenha silenciado quanto às</p><p>orientações para a realização de aulas e atividades pedagógicas presenciais</p><p>e não presenciais no contexto da pandemia. O Parecer 11/2020 desde 7 de</p><p>julho é um guia precioso, elaborado sob a presidência de Luiz Roberto Liza</p><p>Curi e tendo como relatora Maria Helena Guimarães de Castro. Os seus</p><p>conselhos são extremamente válidos, com o objetivo de preservar a vida,</p><p>diminuir desigualdades e desenvolver uma sociedade brasileira plural,</p><p>assentada sobre princípios e valores de promoção da cidadania.</p><p>A volta às aulas poderá provocar uma perda de aprendizagem da</p><p>ordem de 30% em leitura e 50% em matemática, o que exigirá desde logo</p><p>um elenco de providências compensatórias, como aconteceu em outros</p><p>países do mundo. Devemos proteger os nossos 48 milhões de estudantes</p><p>de educação básica e os 8,5 milhões de estudantes de ensino superior, além</p><p>de pensar principalmente nos nossos 2,6 milhões de professores. Sem eles,</p><p>como garantir a qualidade necessária? Devemos estar preparados para o</p><p>ensino virtual.</p><p>Como a�rma o parecer do CNE n° 5/20, devemos superar o desa�o da</p><p>grande desigualdade no acesso à internet e a di�culdade dos mestres em</p><p>desenvolver atividades remotas. É indispensável investir na infraestrutura</p><p>das escolas e na formação dos professores para o uso de novas</p><p>metodologias e de tecnologias. Será muito comemorado o dia em que se</p><p>possa garantir internet de alta velocidade a todas as escolas públicas.</p><p>Enquanto isso, vale a pena mergulhar a fundo no que representam as</p><p>nossas 20 metas educacionais e os 57 indicadores do pouco respeitado</p><p>Plano Nacional de Educação. O atendimento dessas prioridades não chega</p><p>a 20% do total, o que indiscutivelmente é média muito baixa.</p><p>Há indicadores razoáveis na educação infantil, mas os itens</p><p>despencam quando se trata de alunos dos 4 aos 17 anos com de�ciência.</p><p>Temos graves problemas com os alunos do 3° ano do ensino fundamental</p><p>em nível de pro�ciência em Leitura, na Escrita e em Matemática. Há</p><p>providências o�ciais para corrigir isso? Não são conhecidas.</p><p>É precária a escolaridade média, em anos de estudo, da população de</p><p>18 a 29 anos de idade, daí a triste conclusão de que temos a lamentar uma</p><p>enorme geração “nem-nem”, aqueles que não estudam, nem trabalham. E</p><p>isso vitima especialmente os mais pobres. Há também um elevado número</p><p>de analfabetos acima dos 15 anos de idade, com predominância de negros.</p><p>No ensino superior, a situação não é menos grave. Houve expansão na</p><p>concessão de títulos de mestres, mas não nos títulos de doutor. Temos</p><p>nítida de�ciência no percentual de professores que realizaram cursos de</p><p>formação continuada.</p><p>Na parte política, há incríveis dissonâncias, como o fato de que</p><p>somente 6% das escolas públicas escolherem diretores por meio de</p><p>processo seletivo quali�cado e eleição com participação da comunidade</p><p>escolar. E a existência de lamentáveis absurdos na escolha dos Conselhos</p><p>Estaduais e Municipais de Educação.</p><p>Prevê-se que o investimento em educação proporcionalmente ao</p><p>Produto Interno Bruto deveria chegar em breve aos 10%, mas no ritmo em</p><p>que andam as coisas isso é improvável que ocorra. Estamos em torno de</p><p>5,4%, com poucas probabilidades de aumento expressivo em virtude da</p><p>crise vivida pela nossa economia, por causa da pandemia.</p><p>Como se pode concluir, esses Indicadores Educacionais constituem</p><p>um verdadeiro programa de trabalho em que se deve empenhar,</p><p>prioritariamente, o MEC.</p><p>CRISE</p><p>A crise do coronavírus provocou uma série de mudanças em nosso</p><p>sistema escolar. O con�namento necessário levou à valorização da</p><p>modalidade de EAD, onde já tínhamos algumas experiências notáveis. Na</p><p>verdade, no Brasil, já são quase 2 milhões de alunos estudando on-line,</p><p>num atestado de que se trata de uma iniciativa muito bem-sucedida.</p><p>A pandemia não tem prazo �xo, por isso a EAD tem que trabalhar a</p><p>plena carga, em todos os níveis, como ocorre em 157 países, segundo</p><p>dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a</p><p>Cultura (UNESCO), em que férias foram antecipadas, ao lado do emprego</p><p>de plataformas digitais e do ensino a distância. As Secretarias de Educação</p><p>foram instadas a preparar materiais adequados, obedecendo às lições de</p><p>John Dewey do “aprender fazendo” (learning by doing).</p><p>Estamos vivendo uma época de ruptura necessária, a caminho das</p><p>transformações sociais exigidas pelo povo brasileiro. A educação entrou</p><p>nesse processo irreversível. Atinge a universalização do ensino</p><p>fundamental e agora vive a explosão de demanda do ensino médio, com as</p><p>duas vertentes propostas na nova lei: o ensino médio propedêutico e a</p><p>formação pro�ssional que conduz à existência de técnicos formados em</p><p>nível intermediário, como há muito reclama o nosso desenvolvimento</p><p>econômico e social.</p><p>Os gastos do Governo Federal com o programa (que preferimos</p><p>chamar de “investimentos”) passaram de R$ 1,1 bilhão, em 2010, para R$</p><p>13,7 bilhões em 2014. Mas o ritmo de crescimento</p><p>do número de alunos</p><p>nas universidades privadas acabou caindo para 2,5% ao ano.</p><p>Não podemos e não queremos ser caudatários de nações pós-</p><p>industrializadas ou dos surpreendentes e assustadores “tigres asiáticos”. A</p><p>educação farta, generosa e de qualidade é o melhor caminho a ser trilhado,</p><p>pois a especialização traz como consequência imediata os ganhos de</p><p>produtividade.</p><p>O mundo vive a dicotomia cruel: de um lado, altas tecnologias e, de</p><p>outro, mão de obra de baixa quali�cação (no caso da China, com salários</p><p>miseráveis pagos aos trabalhadores, provocando uma competição</p><p>perversa).</p><p>O simples adestramento de trabalhadores não parece o ideal. Ele</p><p>resolve questões de momento, com oportunismo, não levando a soluções</p><p>duradouras.</p><p>A globalização da economia, muito boa para certos países, já nos</p><p>trouxe problemas internos graves, como os que ocorrem na indústria</p><p>naval, a indústria de brinquedos e a indústria têxtil. Apresenta-se uma</p><p>perspectiva favorável para o Brasil em produtos agropecuários e produtos</p><p>minerais (minério de ferro, bauxita e manganês).</p><p>Devemos levar a nossa política de recursos humanos a considerar</p><p>todos esses fatos, na diversi�cação necessária. Sob esse aspecto, o papel do</p><p>novo ensino médio é estratégico e essencial, podendo elevar a qualidade</p><p>dos nossos produtos, valorizando a mão de obra indispensável e</p><p>distribuindo melhor e de forma bem mais equitativa a renda nacional.</p><p>Concluímos a�rmando que tudo será possível - e em curto espaço de</p><p>tempo - caso se mantiver o empenho das autoridades e se professores e</p><p>especialistas, numa escola renovada e com os equipamentos necessários,</p><p>estiverem formados e dispostos, com uma remuneração mais compatível, a</p><p>vencer esse desa�o nada quixotesco. Assim poderá prevalecer, para o bem</p><p>do país, o que vimos denominando de novo humanismo tecnológico.</p><p>É preciso estar atento ao tamanho do desa�o imposto pelo destino. A</p><p>crise certamente não será eterna. Em algum momento, ela passará e, como</p><p>num revezamento, devemos estar preparados para a retomada do</p><p>crescimento. A EAD emergirá disso tudo como um mecanismo (ou</p><p>modalidade) com o qual devemos nos acostumar, para utilizar como</p><p>reforço escolar. Mais uma vez, recorremos ao talento do escritor israelense</p><p>Yuval Noah Harari: “Devemos aprender com a história para enfrentar os</p><p>obstáculos.”</p><p>A seguir, as indagações e questionamentos que não devemos calar.</p><p>• Existir 14 milhões de desempregados por causa da pandemia?</p><p>• O Brasil contar com 13,4 milhões de adultos analfabetos?</p><p>• Termos só 2 milhões de alunos no ensino a distância?</p><p>• Os salários dos professores serem dos mais baixos do mundo?</p><p>• Não haver um projeto estruturado para a formação e a carreira</p><p>docente?</p><p>• Faltar internet em 50% das escolas brasileiras?</p><p>• Haver 5,5 milhões de estudantes nas favelas brasileiras?</p><p>• Posicionado entre os 10 países mais desiguais do mundo, o Brasil</p><p>possuir quase dois milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos</p><p>fora da escola e 6,8 milhões de crianças de 0 a 3 anos sem vaga em</p><p>creche?</p><p>• Haver ainda sérios problemas com a alfabetização na idade certa?</p><p>As crianças e jovens continuarem sem aprender o que é esperado?</p><p>• Não considerar a necessária interdisciplinaridade nas aulas?</p><p>• Não evitar a debandada dos idosos (mais de 600 mil entre o �m</p><p>de 2019 e o 2° trimestre de 2021)?</p><p>• Não valorizar o pensamento matemático?</p><p>• Não levar às escolas subsídios para novas pro�ssões - como</p><p>mecânico de veículos híbridos, técnico em impressão de alimentos</p><p>e designer em tecidos avançados?</p><p>• O Plano Nacional de Educação que não aconteceu? Das suas 20</p><p>metas, só evoluímos em cerca de 20%?</p><p>• Como alcançar uma política pública de conectividade?</p><p>• Como ampliar os investimentos em educação?</p><p>• Investimos 3.066 dólares por aluno. Como triplicar esse valor?</p><p>• Como fugir do modelo defasado de antenas parabólicas?</p><p>• Desquali�car a ciência?</p><p>• Não ter um Fundo de Pensão de Professores, a exemplo do que</p><p>ocorre em muitos países no mundo, para melhorar os salários da</p><p>categoria quando se aposentarem?</p><p>• Precariedade no atendimento aos nossos 25 milhões de</p><p>de�cientes?</p><p>• Falta de preparo adequado para lidar com os indivíduos</p><p>portadores de altas habilidades (superdotados)?</p><p>• Não termos um projeto de valorização da Língua Portuguesa,</p><p>trabalhando melhor e mais intensamente o idioma em todos os</p><p>graus de ensino?</p><p>• Não ter modernizado todo o sistema de ensino, com amplo</p><p>emprego das tecnologias educacionais?</p><p>• Na escola, além de aprender conteúdos, os alunos devem ser</p><p>preparados para o futuro, para o mundo que irão encontrar daqui</p><p>a 10 anos. Por isso é tão importante que a escola tenha uma visão</p><p>futurista. Não estarmos empenhados na modernização?</p><p>• As crianças de hoje estão completamente imersas num universo</p><p>tecnológico e não concebem viver em sociedade sem algum tipo</p><p>de tecnologia no cotidiano. O ensino tradicional não pode</p><p>oferecer resistências. Oferecer práticas educativas atreladas às</p><p>metodologias do passado?</p><p>• Resistência de alguns professores, que pensam a internet apenas</p><p>como fonte de entretenimento e não como a poderosa ferramenta</p><p>de educação que é?</p><p>• Não oferecer educação em tempo integral nas escolas públicas de</p><p>educação básica?</p><p>• Existir desigualdade educacional entre pessoas de raças</p><p>diferentes?</p><p>• Má qualidade da educação superior?</p><p>• Existir ainda professores da Educação Básica sem formação</p><p>especí�ca de nível superior?</p><p>• Não garantir aos professores formação continuada em sua área de</p><p>Educação?</p><p>• Não ter assegurados planos de carreira para os pro�ssionais do</p><p>magistério em todos os níveis de ensino?</p><p>• Colocar mordaça em professores?</p><p>• Não garantir a nomeação comissionada de diretores de escola</p><p>vinculada a critérios técnicos de mérito e desempenho, além de</p><p>participação da comunidade escolar?</p><p>• Desempenho do ensino médio com décadas de estagnação?</p><p>• Burocracia e política que atrasam a implantação do 5G, tecnologia</p><p>de altíssima velocidade de conexão que mudará nossa forma de</p><p>interagir com o mundo?</p><p>• Existir um abismo digitalentre crianças e jovens com e sem acesso</p><p>a internet de qualidade e dispositivos como computadores e</p><p>celulares?</p><p>• O uso mais intensivo de tecnologianão é o demagógico conceito</p><p>de entregar tablets e computadores para crianças sem saber o que</p><p>fazer com eles, nem providenciar acesso à rede?</p><p>• Desigualdades históricas em relação ao acesso a um ensino de</p><p>qualidade?</p><p>• Corte de gastos para o ensino (determinado pela Proposta de</p><p>Emenda à Constituição (PEC) 241, que congelou os gastos</p><p>públicos por 20 anos)?</p><p>• Falta de perspectiva para um setor tão crucial para o</p><p>desenvolvimento do país?</p><p>• Permanência da crise no ensino brasileiro?</p><p>• O desenvolvimento educacional brasileiro estar entre os últimos</p><p>no ranking de alguns países avaliados pela Organização para a</p><p>Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)? Em 53°</p><p>lugar, o Brasil explicitar o quanto a educação está sendo relegada a</p><p>segundo plano nas políticas públicas do país?</p><p>• Afrontar a Constituição Federal de 1988 e falhar nos</p><p>compromissos internacionais �rmados com organismos</p><p>multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a</p><p>Organização dos Estados Americanos (OEA), que exigem que o</p><p>país promova avanços sempre progressivos?</p><p>• A falta de propostas do atual governo para a área da Educação?</p><p>• Pedidos superiores para que escolas �lmassem alunos cantando o</p><p>Hino Nacional e enviassem os vídeos ao MEC?</p><p>• Querer mudar os livros didáticos para revisar a forma com que a</p><p>ditadura militar e o golpe de 1964 são ensinados nas escolas?</p><p>• Desperdiçar energia contra a chamada “ideologia de gênero” e</p><p>com a defesa da Escola Sem Partido, tirando o foco do que</p><p>realmente é importante para trazer soluções concretas na agenda</p><p>desa�adora da educação?</p><p>• Falar de meritocracia em uma sociedade cuja distribuição de</p><p>oportunidades possui as mais profundas assimetrias?</p><p>• Briga por in�uência entre grupos dentro do próprio MEC.</p><p>Conduta de teor ideológico dentro da pasta da Educação?</p><p>• Auditoria concluída pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no</p><p>�nal de 2017, que envolveu Municípios</p><p>de 17 Estados, veri�cou</p><p>que 45% dos gestores dos municípios pesquisados não sabem ao</p><p>certo quantas crianças de 0 a 5 anos estão fora da escola, sua</p><p>condição de vulnerabilidade socioeconômica, e, o que é mais</p><p>grave, 47% deles não possuem critérios de priorização de crianças</p><p>para o acesso à rede de educação infantil?</p><p>• Evidências cientí�cas comprovam que as experiências vividas de 0</p><p>a 6 anos de idade impactam a arquitetura do cérebro humano e,</p><p>por consequência, o desenvolvimento cognitivo e socioemocional</p><p>futuro da criança. Não investir na educação infantil, que é</p><p>fundamental?</p><p>• Apenas 45% das crianças alfabetizadas na idade certa e somente</p><p>7% dos adolescentes que concluem o ensino médio adquirirem</p><p>conhecimentos adequados em matemática?</p><p>• Apenas 18,8% dos jovens entre 18 e 24 anos estão em faculdades</p><p>(de acordo com Censo da educação superior, divulgado pelo MEC</p><p>em 2018), enquanto a meta do Plano Nacional de Educação é</p><p>chegar a 33%, em 2024?</p><p>• Em levantamento divulgado pelo Exame Nacional do Ensino</p><p>Médio (Enem), no início de 2019, entre os candidatos com</p><p>melhores condições socioeconômicas, um em cada quatro</p><p>estudante conseguir uma nota su�ciente o bastante para</p><p>ingressar nas universidades mais concorridas? Entre os jovens de</p><p>baixa renda, este número ser de um a cada 600?</p><p>• Identi�car os pontos fracos na aprendizagem dos alunos, traçar</p><p>metas claras para superá-los e aprimorar a gestão não seriam</p><p>sugestões de boas práticas?</p><p>• Persistir, no Brasil, com a indicação política para os cargos de</p><p>diretor de escolas públicas? O método só ser adotado por 42% das</p><p>secretarias estaduais, trazendo malefícios quando comparados à</p><p>eleição direta pela comunidade escolar ou por concurso público?</p><p>• Falta de �nanciamento para o desenvolvimento e cumprimento</p><p>das metas do Plano Nacional de Educação pelos estados e</p><p>municípios?</p><p>• Falta de coordenação federal, articulação e cooperação</p><p>interfederativa?</p><p>• Não garantir o necessário apoio federal, técnico e �nanceiro, para</p><p>que as escolas estaduais estejam estruturadas para a oferta dos</p><p>diferentes percursos formativos eletivos, previstos na nova lei do</p><p>ensino médio?</p><p>• As taxas de repetência no Brasil são coisa séria na rede pública:</p><p>14,1% no ensino médio e 10,6% no ensino fundamental. Signi�ca</p><p>que, de cada 100 alunos, 13 estão cursando a mesma série do ano</p><p>anterior. A taxa estar entre as maiores da América Latina e ser</p><p>bem distante da de países desenvolvidos?</p><p>• Cenário econômico conturbado em que não se vislumbra a</p><p>educação como ponto de partida prioritário para alterar esse</p><p>quadro?</p><p>• Modelo escolar que forma para a subalternidade, estimulando os</p><p>jovens para uma educação secundária, impedindo a formação de</p><p>pensadores e quadros na ciência de ponta?</p><p>• A educação ser vista como preparo de mão de obra,</p><p>exclusivamente, embora ela, direta ou indiretamente, forme</p><p>também para o trabalho?</p><p>• Com as amplas desigualdades sociais e econômicas do Brasil, não</p><p>�ca claro que o modelo educacional acaba sendo um re�exo da</p><p>realidade brasileira, na mesma medida em que serve para</p><p>reproduzir as assimetrias presentes na sociedade?</p><p>• O Brasil ter maus resultados nas avaliações internacionais de</p><p>educação dos últimos anos, �cando atrás de países com IDH</p><p>(Índice de Desenvolvimento Humano) bem mais baixo que o</p><p>nosso? A di�culdade dos alunos em sequer chegar ao �m de</p><p>provas como a do Programa Internacional de Avaliação de</p><p>Estudantes (PISA), revelando a precariedade do nosso sistema de</p><p>ensino?</p><p>• De 15 a 19 anos, mais de 50% dos jovens alemães têm aulas de</p><p>ensino pro�ssionalizante com a educação regular. No Brasil,</p><p>�camos em 6,6%. Não seria preciso acelerar a reversão deste</p><p>cenário, para o bem da empregabilidade dos jovens e do</p><p>desenvolvimento econômico brasileiro?</p><p>• Confusão entre reforma do Estado e projeto nacional de</p><p>desenvolvimento?</p><p>• Recursos públicos destinados à educação sendo usados para</p><p>objetivos que não interessam ao país?</p><p>• Escolas com estrutura física incompatível, tais como prédios</p><p>pequenos demais para o número de alunos, falta de pátio,</p><p>biblioteca, laboratórios de informáticas, quadra para as aulas de</p><p>educação física, muros para garantir a segurança dos discentes,</p><p>entre outras? Problemas estruturais que persistem?</p><p>• Professores sem formação adequada ou capacitação, criando um</p><p>abismo entre professor e aluno?</p><p>• Não é absolutamente improdutivo estabelecer qualquer</p><p>animosidade na relação professor-aluno-família?</p><p>• Não desenvolver projetos que permitam aos alunos ter contato</p><p>com a cultura de sua própria região? Levá-los para fora dos muros</p><p>da escola, viabilizar contato com as diversas formas de</p><p>manifestação cultural existentes em nosso país, entre si, entre as</p><p>comunidades da própria cidade ou das cidades vizinhas?</p><p>• Não atualizar as práticas pedagógicas desenvolvidas dentro de</p><p>sala de aula para conectá-las com a realidade e a vida dos alunos?</p><p>• Não seria um retrocesso incluir no currículo escolar as matérias</p><p>de educação, moral e cívica e organização social e política</p><p>brasileira (OSPB), disciplinas que foram ensinadas durante o</p><p>período da ditadura militar?</p><p>• Temos uma boa LDB. Por que não conseguimos implementá-la</p><p>integralmente?</p><p>• Ter 2,46 milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos fora da</p><p>escola? Entre esses, estarem mais de 1,7 milhões de jovens entre</p><p>15 e 17 anos?</p><p>• Os estudantes matriculados em instituições públicas ou privadas</p><p>apresentarem desempenho inferior às metas estabelecidas pelas</p><p>avaliações nacionais realizadas - como Prova Brasil e Sistema de</p><p>Avaliação da Educação Básica (SAEB)?</p><p>• Segundo o Censo Escolar de 2017, realizado pelo Instituto</p><p>Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira</p><p>(INEP)/MEC, 20,7% dos alunos do ensino fundamental das</p><p>escolas públicas brasileiras estão com defasagem escolar. A</p><p>formação continuada não poderia auxiliar o professor a lidar</p><p>melhor com a defasagem no aprendizado dos alunos?</p><p>• O país disparar no ranking de violência em sala de aula? Estima-se</p><p>que 12,5% dos professores sofrem pelo menos um tipo de</p><p>agressão verbal ou intimidação a cada semana de aula?</p><p>• Estímulos adequados na primeira infância impulsionam a</p><p>aprendizagem nas etapas educacionais seguintes e trazem</p><p>re�exos comprovados na qualidade de vida futura. Não é preciso</p><p>reduzir a propensão à violência e os índices de pobreza?</p><p>• Um baixo nível do índice que sintetiza a renda, escolarização e</p><p>ocupação do estudante - o Nível Socioeconômico (NSE) - afetando</p><p>grandemente a chance de o aprendizado ser concretizado?</p><p>• Alunos com conhecimentos abaixo da média demandam mais</p><p>atenção e tempo do professor, que acaba sendo obrigado a nivelar</p><p>a turma pelo conhecimento desses alunos?</p><p>• A educação brasileira apresentar uma distorção idade-série média</p><p>de 28%? De 100 alunos, cerca de 28 estarem com até 2 anos a</p><p>mais do que o esperado para a série em que está matriculado? O</p><p>único estado em que a taxa de distorção está abaixo de 15% é São</p><p>Paulo, com 13,8%?</p><p>• A distorção idade-série, considerada como um fator de</p><p>desmotivação para o estudo, provocando taxas signi�cativas de</p><p>abandono do estudo no Brasil? Cerca de 8,6% dos alunos do 1°</p><p>ano do Ensino Médio saem da escola e 17,3% reprovam essa</p><p>série?</p><p>• Em pleno século XXI, 14,3% das escolas não possuem energia</p><p>elétrica, esgoto, água e banheiro dentro do prédio e 55,2% não</p><p>possuem biblioteca ou sala de leitura?</p><p>• Estudos recentes mostram que 24 milhões de crianças e</p><p>adolescentes no Brasil (41% da população dessa faixa etária)</p><p>moram em residências sem escoamento de esgoto adequado.</p><p>Alunos sem acesso a banheiro tendo uma nota média 24% menor</p><p>em português e matemática do que os demais alunos no 5° ano do</p><p>ensino fundamental?</p><p>• Ter 99% dos professores do ensino básico no país ganhando</p><p>menos de quatro salários-mínimos por mês e trabalhando 40</p><p>horas semanais?</p><p>• Uma das pro�ssões com maior número de pro�ssionais no país</p><p>(temos mais de 2 milhões de professores) não torna urgente que</p><p>esforços sejam envidados para garantir a formação inicial e</p><p>continuada de qualidade?</p><p>• Conhecer e estar por dentro das novidades do mundo digital</p><p>não é</p><p>fundamental? Saber fazer uso pedagógico e�ciente de</p><p>dispositivos eletrônicos para incluí-los de forma natural nas</p><p>atividades curriculares?</p><p>• Não estruturar um plano de carreira mais atrativo para o</p><p>magistério, de modo que os melhores alunos do ensino médio</p><p>possam se interessar por seguir essa pro�ssão?</p><p>• Na esfera pública, ser comum haver atrasos em repasses para os</p><p>governos?</p><p>• Não sintonizar atos administrativos e pedagógicos? A</p><p>burocratização dos processos de participação da comunidade na</p><p>construção, efetivação e avaliação dos projetos pedagógicos não</p><p>deveria ser evitada, com mudanças na relação entre os órgãos</p><p>superiores e as escolas?</p><p>• Valorização das escolas que inovam, tornando-as polos de</p><p>formação de suas redes? Elas não deveriam servir de referência na</p><p>formação inicial de professores, na formação continuada, na</p><p>organização de seminários e na sistematização de novas práticas</p><p>capazes de orientar políticas públicas?</p><p>• Os professores não deveriam ir além daquela antiga função de</p><p>ensinar dentro dos muros da escola: mediar a aquisição de novos</p><p>conhecimentos e acompanhar a transformação do aluno em um</p><p>cidadão pleno e atuante na sociedade, conhecedor de seus deveres</p><p>e capaz de lutar por seus direitos?</p><p>• Procedimentos de registro de aula e frequência, além de formas de</p><p>documentação das práticas docentes, ainda exigirem grande</p><p>atenção de muitas equipes escolares? Tais documentos ainda</p><p>serem escritos à mão, demandando que funcionários das</p><p>secretarias gastem tempo transferindo os dados para um sistema</p><p>uni�cado? Este é um exemplo real de burocracia que ainda</p><p>persiste. Não poderia ser substituído por um programa de</p><p>computador único e integrado?</p><p>• Os órgãos educacionais não precisam dialogar e estabelecer uma</p><p>linha de ordem para que a comunicação entre eles seja efetiva? O</p><p>MEC e a União detêm maior autonomia em relação aos outros.</p><p>Depois, na pirâmide organizacional, tem-se o nível estadual e,</p><p>então, chega-se às redes municipais, que dependem das decisões</p><p>das demais esferas para que possam funcionar. A lógica dessa</p><p>hierarquização não é claramente aplicada?</p><p>• Cidades onde as redes estadual e municipal oferecem ensino</p><p>fundamental, que acabam competindo pelo mesmo público e,</p><p>consequentemente, gerando vagas que não são ocupadas?</p><p>• A existência exagerada de processos de autorização entre os</p><p>agentes coordenadores da educação brasileira não faz com que</p><p>muitos programas federais demorem a chegar nas escolas?</p><p>• Enquanto países como os EUA tiveram a criação de suas</p><p>universidades praticamente paralela ao nascimento da nação (pois</p><p>sabiam os seus fundadores que, sem ensino, sem educação, uma</p><p>nação não se sustentaria), o Brasil só foi ter sua primeira</p><p>universidade após mais de 400 anos do seu nascimento o�cial?</p><p>• Apenas no século XX, com mais de um século de atraso em relação</p><p>aos EUA, o Brasil universalizou a educação fundamental, mesmo</p><p>assim, de modo bastante precário?</p><p>• Estima-se que somente 1% dos alunos de escolas públicas no</p><p>Brasil são capazes de resolver uma simples equação usando o</p><p>Teorema de Pitágoras?</p><p>• Mais de 60% dos alunos do quinto ano não conseguem</p><p>interpretar textos simples, tampouco fazer cálculos matemáticos</p><p>básicos?</p><p>• Ainda fazemos feio em avaliações internacionais e só</p><p>conseguimos fazer com que 1 em cada 10 estudantes termine o</p><p>ensino fundamental sabendo o que deveria em matemática?</p><p>• A existência daqueles que apostam na militarização das escolas</p><p>como alternativa para uma revolução no ensino?</p><p>• O caráter claramente utópico de muitas de nossas políticas</p><p>educacionais, responsável pelo seu fracasso, se devendo, em</p><p>grande parte, ao fato de não terem sido associadas a uma política</p><p>social de longo alcance?</p><p>• As notas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica</p><p>(Ideb) por escola mostram anomalias que não deveriam existir:</p><p>instituições distintas que ensinam crianças da mesma idade, com</p><p>mesmo per�l socioeconômico em uma mesma região arrancam</p><p>desempenhos díspares dos alunos. Essa troca de informação -</p><p>homogeneizando o que dá certo em uma determinada área - é</p><p>obrigação para a educação brasileira, e um equalizador de</p><p>qualidade fácil de ser observado e alcançado. A Finlândia, um dos</p><p>melhores sistemas educacionais do mundo, não é conhecida,</p><p>justamente, pela quase irrelevante discrepância entre suas escolas</p><p>públicas?</p><p>• Muitos alunos numa única sala, sem estrutura, passando poucas</p><p>horas com professores mal remunerados. Não seria preciso</p><p>controlar a superlotação nas salas de aula, aplicando-se a</p><p>exigência máxima dos padrões internacionais que determinam 25</p><p>alunos nos primeiros anos do ensino fundamental; 30 nos</p><p>últimos anos e 35 no ensino médio?</p><p>• A carreira de professor costuma ser mais procurada por</p><p>estudantes da rede pública, muitas vezes vindos de um panorama</p><p>menos favorecido em termos escolares, culturais e �nanceiros.</p><p>Não é uma diferença brutal para países como Finlândia e Coreia</p><p>do Sul, onde os melhores alunos querem ser professores, até</p><p>mesmo do ensino básico?</p><p>• A maioria dos pais não tem noção do peso que têm no</p><p>comportamento dos �lhos. Alguns acham que só colocar em uma</p><p>boa escola é su�ciente. Pesquisas comprovam que o nível de</p><p>envolvimento das famílias nos estudos tem total impacto no</p><p>comportamento dos alunos em sala de aula. O trabalho de</p><p>conscientização não é mais do que necessário?</p><p>• Temas, tais como bullying, depressão, transtornos de dé�cit de</p><p>atenção, entre outros, ainda serem pouco trabalhados nas</p><p>escolas? Professores bem informados e preparados para lidar com</p><p>essas situações não poderiam obter muito mais sucesso em sala</p><p>de aula?</p><p>• O brasileiro passando pouco tempo nos bancos escolares, durante</p><p>sua vida como aluno? Ao contrário da maioria dos países</p><p>desenvolvidos, onde o aluno �ca em tempo integral?</p><p>• Trinta e três por cento dos gestores escolares reconhecendo que</p><p>os professores faltam muito? Pesquisadores da Fundação Getulio</p><p>Vargas (FGV) observaram que a nota média dos alunos em</p><p>Matemática piora 5% a cada 10 dias faltados pelos professores. As</p><p>consequências não são desastrosas?</p><p>• Estudo do Banco Mundial divulgado no ano passado, realizado a</p><p>partir da observação in loco de pesquisadores da instituição,</p><p>mostrou que apenas 66% do tempo de sala de aula no Brasil é</p><p>gasto efetivamente com o ensino. Outros 34% são desperdiçados</p><p>com atividades burocráticas, como chamada, a cópia de deveres de</p><p>casa ou pedindo disciplina. A cota de “desperdício” em países da</p><p>OCDE é de apenas 15%. Usar sabiamente o tempo em sala de aula</p><p>não é uma das mais baratas e e�cientes maneiras de melhorar a</p><p>educação no Brasil?</p><p>• Um dos desa�os da gestão escolar para melhorar a aprendizagem</p><p>e desempenho dos alunos é a aplicação periódica de simulados,</p><p>além de uma correção rápida das provas e um balanço dos</p><p>resultados. Isso não acontece em muitas escolas. A maioria</p><p>utilizando o processo manual de correção não impede uma</p><p>avaliação geral mais precisa?</p><p>• Países como França e Alemanha, por exemplo, têm instituições</p><p>dedicadas exclusivamente à formação de professores. No Brasil, o</p><p>professor aprender o conteúdo que precisa ensinar (como</p><p>Português, Geogra�a e História), mas não aprender</p><p>especi�camente didática e pedagogia?</p><p>• As necessidades do futuro ainda são em parte desconhecidas?</p><p>Várias das pro�ssões que conhecemos hoje deixarão de existir. O</p><p>modelo de ensino atual não deveria preparar os jovens para serem</p><p>criativos, ousados e disruptivos? Algo além do que existe hoje?</p><p>• A escola não tem o dever de desconstruir a imagem rígida e pouco</p><p>atrativa que se construiu em torno do aprendizado durante muito</p><p>tempo, principalmente com os modelos de ensino centrados na</p><p>transmissão de conteúdo que enxergavam o aluno como alguém</p><p>passivo e pouco in�uente no desenvolver das aulas?</p><p>• Fazer dos alunos meros depositários de informações? Testes</p><p>padronizados ainda envolvem muita memorização mecânica de</p><p>conteúdo. O problema do ensino pesado em conteúdo não se</p><p>restringe ao ensino básico. Também no superior o conhecimento</p><p>teórico, muitas vezes, não passa do exigido pela carreira?</p><p>• Não incentivar o debate, permitindo</p><p>que os alunos se expressem</p><p>com fundamentação e tenham como rotina o questionamento, a</p><p>�m de criarem e consolidarem diferentes argumentos e novas</p><p>visões?</p><p>• Não investir na transparência da comunicação com a comunidade</p><p>escolar? Com base em dados precisos, não seria melhor garantir</p><p>uma boa comunicação interna, permitindo que todos �quem por</p><p>dentro das ações para melhorar os desempenhos?</p><p>• Passamos por uma forte crise de identidade e paradigmas. A</p><p>transformação educacional está descrita em projetos e livros. Mas</p><p>ações, quando ocorrem, são em número su�cientes?</p><p>• Fazer mais dever de casa é um bom impulsionador para o aluno. O</p><p>problema é que os pais se preocupam somente se os �lhos estão</p><p>fazendo a lição. Há acompanhamento se ela está sendo corrigida?</p><p>• Do estado preocupante da educação brasileira, nenhum é tão ruim</p><p>quanto do ensino médio. Entre as notas do Ideb, a do ensino</p><p>médio ser a mais baixa: 3,1, de 10?</p><p>• Um estudo já antigo dos economistas Ricardo Paes de Barros e</p><p>Lauro Ramos estimava que, se todos os brasileiros tivessem o</p><p>mesmo nível educacional, a desigualdade de renda seria até 50%</p><p>menor no país. De meados dos anos 1990 - quando foi realizada a</p><p>pesquisa - para cá, o país se tornou a sexta maior economia do</p><p>mundo e ganhou relevância política. E a educação? Não parece ter</p><p>�cado patinando no caminho?</p><p>• Independentemente do valor, o ralo por onde escoam os custos</p><p>que o Brasil perde com a corrupção é particularmente grande na</p><p>saúde e educação. Não é preciso fechar essa torneira, com maior</p><p>�scalização e, principalmente, punição a quem desvia dinheiro da</p><p>chave essencial do desenvolvimento brasileiro?</p><p>• Os ganhos para quem tem diploma no Brasil são três vezes</p><p>superiores à média da OCDE, onde os graduados já ganham 67% a</p><p>mais. Dados recentes mostrarem que, no grupo entre 35 e 44</p><p>anos, somente 12% dos brasileiros têm diploma, contra 24% no</p><p>Chile e 43% nos EUA?</p><p>• A China é o país que mais envia estudantes ao exterior</p><p>(atualmente, mais de 300 mil). Metade deles vai para os Estados</p><p>Unidos. Isso é também parte da receita que tornou a Índia forte</p><p>em engenharia, por exemplo. O Brasil está atrasado em relação</p><p>aos demais BRICS neste aspecto. Não há que se valorizar mais a</p><p>Ciência no país?</p><p>• Para cada aluno do ensino superior, o Brasil investe hoje 11,7 mil</p><p>dólares anualmente, próximo aos 13,7 da média dos países da</p><p>OCDE. Quando se chega ao ensino básico, no entanto, é que a</p><p>situação �ca ruim: os 2,4 mil dólares anuais são três vezes menos</p><p>do que esses países investem (7,7 mil dólares). Já não é sabido</p><p>que nenhum investimento gera tanto retorno social e econômico</p><p>quanto investir na criança?</p><p>• Quase nada se sabe sobre o acompanhamento dos estudantes em</p><p>atividades remotas ou aulas a distância durante a pandemia do</p><p>novo coronavírus. Os jovens �caram praticamente um ano</p><p>parados. Alguns vão sair da escola e não vão voltar. Crianças</p><p>pequenas não podem ter problemas de desenvolvimento infantil,</p><p>submetidas, em muitos casos, a um ambiente estressado, com</p><p>pais desempregados ou com renda menor?</p><p>• Mais de 80% dos alunos do ensino fundamental e médio estudam</p><p>na rede pública. Em função da crise provocada pela pandemia do</p><p>novo coronavírus, o governo declarou a intenção de cortar R$ 4,2</p><p>bilhões do MEC num ano de aumento de gastos em escolas</p><p>públicas para organizar a volta às aulas presenciais, suspensas</p><p>desde março. A queda na arrecadação de impostos, que são</p><p>repassados para a educação, poderá tirar R$ 31 bilhões das escolas</p><p>municipais e R$ 28 bilhões das estaduais?</p><p>• Sete porcento da população brasileira não terem acesso à internet</p><p>(dados do Itaú Cultural)?</p><p>• O curso de Pedagogia está defasado com os novos tempos? Precisa</p><p>de uma reforma profunda, com revisão nos objetivos e métodos</p><p>da educação?</p><p>• Não deveria ser fundamental deslocar a ênfase do ensino para a</p><p>aprendizagem, valorizando o desenvolvimento de competências</p><p>socioemocionais, como a autoestima, a empatia, a curiosidade, a</p><p>motivação e a inovação?</p><p>• Requali�car o magistério não dependeria de os cursos de</p><p>formação docente serem reinventados?</p><p>• A gestão escolar também não precisaria ser aperfeiçoada com o</p><p>propósito de garantir foco do currículo na formação continuada,</p><p>no exercício de liderança e na gestão dos resultados, tudo isso</p><p>orquestrado no projeto pedagógico?</p><p>• Cursos de Pedagogia não formam gestores. Não é preciso um</p><p>curso de especialização para gestores com per�l de liderança, que</p><p>saibam administrar con�itos e serem formadores de professores</p><p>na própria escola?</p><p>• Não é essencial aprovar um Código de Ética para as escolas</p><p>brasileiras, valorizando a ação de alunos e professores?</p><p>• A escola depende de seu contexto e da relação que estabelece com</p><p>a comunidade onde atua. Pensar a escola em sua circunstância é</p><p>apoiá-la naquilo que ela necessita. Numa região de intensa</p><p>criminalidade, alto desemprego, a escola não é o equipamento</p><p>social mais importante?</p><p>• Não deixar de atentar para o fato de que algumas competências</p><p>socioemocionais não são passíveis de serem desenvolvidas a</p><p>distância com crianças pequenas? Boa parte do que aprendemos</p><p>na escola não se dá na interação com outras crianças e jovens?</p><p>• Não termos um programa consistente de valorização da negritude</p><p>na cultura brasileira? Não seria preciso criar um, ressigni�cando a</p><p>presença da África, a partir do ensino fundamental?</p><p>• Formular incentivos para que nasçam, na escola, os futuros</p><p>escritores de literatura brasileira?</p><p>• Como estimular o hábito de leitura dos estudantes? Maratonas</p><p>escolares, concursos de redação, o�cinas de teatro, escrita de</p><p>livros e outras práticas lúdicas ligadas à interpretação de textos</p><p>não são projetos que estimulam o hábito da leitura nos alunos,</p><p>desenvolvendo a criatividade, a capacidade crítica e analítica dos</p><p>estudantes?</p><p>• A neurociência revela, hoje, o que se passa na mente de uma</p><p>criança: ler e escrever modi�ca signi�cativamente o cérebro,</p><p>precipitando sinapses em série. Não é a partir daí que se alavanca</p><p>o rumo ao conhecimento?</p><p>• Não fortalecer os laços de colaboração com a cultura lusófona?</p><p>Não promover visitas a países da comunidade internacional de</p><p>língua portuguesa?</p><p>• Pesquisa da FGV mostrando que brasileiros passam pouco tempo</p><p>em sala de aula (cerca de 2 horas) e crianças pobres �cam menos</p><p>ainda? Isso não aumenta as desigualdades educacionais?</p><p>• Não oferecer aulas de contraturno? Disponibilizar aulas de reforço</p><p>e atividades extracurriculares (como xadrez, atletismo etc.) para</p><p>alunos que desejam sanar suas di�culdades e ter opções para</p><p>estimular o aprendizado fora da sala de aula. Essas ações não</p><p>poderiam trazer maior motivação por atividades que, além de</p><p>entreter, aceleram o desenvolvimento cognitivo dos alunos?</p><p>• O mínimo previsto de aprendizado, segundo a LDB, é de 4 horas</p><p>diárias. Estamos perto disso?</p><p>• As escolas precisam ter um projeto político pedagógico baseado</p><p>em metas reais em curto, médio e longo prazo. É importante</p><p>realizar diagnósticos contínuos para avaliar os erros e propor</p><p>estratégias de melhoria?</p><p>• Promover encontros que aproximem os funcionários da escola,</p><p>professores, pais e estudantes, como feiras culturais e</p><p>convenções? É importante esse entrosamento para que todos se</p><p>sintam seguros com a escola. Não se deveria manter um diálogo</p><p>aberto com a instituição?</p><p>• A educação precisa ser encarada como área prioritária do governo.</p><p>O apoio �nanceiro é su�ciente?</p><p>• Incentivar a Ciência, fomentando a iniciação cientí�ca de</p><p>estudantes de graduação, com mais bolsas concedidas a alunos e</p><p>professores-tutores. A inserção precoce do aluno em projetos de</p><p>pesquisa se torna um instrumento valioso para aprimorar</p><p>qualidades desejadas em um pro�ssional de nível superior?</p><p>• De acordo com um estudo realizado pela Sociedade Brasileira para</p><p>o Progresso da Ciência (SBPC), mais de 8 mil bolsas permanentes</p><p>de pesquisa oferecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de</p><p>Pessoal de Nível Superior (Capes) foram cortadas? Uma queda de</p><p>10,4%, passando de 77,6 mil para 69,5 mil bolsas desde março de</p><p>2020?</p><p>• Corrigir a defasagem na bagagem da iniciação à pesquisa</p><p>desde o</p><p>ensino básico. A maior parte dos alunos chegando às</p><p>universidades sem saber o que é pesquisa cientí�ca?</p><p>• O conceito de iniciação cientí�ca deve trazer a ideia de que o</p><p>estímulo à pesquisa deve começar o mais cedo possível e ser</p><p>permanente. A condição para isso acontecer não seria a formação</p><p>do professor como um pesquisador?</p><p>• Apesar dos avanços relacionados à produção cientí�ca, o Brasil</p><p>ainda está muito atrasado com relação aos trâmites legais e aos</p><p>investimentos. Em comparação com países mais avançados, os</p><p>impostos altos quase triplicam o valor dos insumos usados em</p><p>pesquisas? Outra reclamação que não pode: a lentidão e a</p><p>burocracia da Receita Federal e da Agência Nacional de Vigilância</p><p>Sanitária (Anvisa) quando se trata de materiais importados?</p><p>• O país precisa deixar de ser um mero consumidor de novas</p><p>tecnologias para se tornar uma nação que desenvolve produtos,</p><p>processos e técnicas. As universidades têm pessoal capacitado. O</p><p>que falta é aplicar esse conhecimento cientí�co nos diversos</p><p>setores?</p><p>• O valor da ciência precisa ir muito além de um produto �nal ou de</p><p>uma patente. Não se pode deixar de lado as ciências humanas,</p><p>correndo o risco de desmantelar todo um sistema de construção</p><p>de conhecimento. Não é fundamental pensar no valor do próprio</p><p>conhecimento?</p><p>• Não aproximar a população e as empresas privadas das</p><p>universidades públicas e dos outros centros de pesquisa? Esse</p><p>diálogo não é essencial para a valorização da ciência brasileira?</p><p>• Não empregar as novas tecnologias para criar um ensino mais</p><p>personalizado, �exível, inclusivo e motivador?</p><p>• A presença da educação pública na prisão representa um</p><p>posicionamento positivo no enfrentamento quanto à questão do</p><p>encarceramento. As experiências no Brasil são pontuais, mas</p><p>alguns trabalhos implementados com sucesso servem de</p><p>inspiração para as instituições de ensino. Não efetivar ações</p><p>educativas em unidades prisionais?</p><p>• O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade)</p><p>evidenciar que há um abismo entre instituições públicas e</p><p>privadas de ensino superior?</p><p>• Somente 6,3% dos cursos de graduação avaliados no Enade 2019</p><p>alcançarem conceito 5, nota máxima da avaliação (80% são de</p><p>universidades públicas)?</p><p>• Cerca de 35,3% dos 8.368 cursos avaliados na última edição do</p><p>Enade serem “reprovados”, ou seja, obtiveram conceito 1 ou 2, os</p><p>mais baixos da avaliação? A maior parte dos cursos avaliados</p><p>(58,5%) pontuarem nas faixas 3 e 4?</p><p>• Dos cursos avaliados, 76% estão em instituições privadas. Desses,</p><p>36% receberam �nanciamento do Governo Federal, por meio do</p><p>PROUNI (Programa Universidade para Todos) ou do FIES</p><p>(Financiamento Estudantil). Não é preciso ampliar esses</p><p>recursos?</p><p>• O foco da Educação não deveria ser mais a qualidade do que a</p><p>quantidade?</p><p>• A matemática e a língua portuguesa não precisam ser maiores do</p><p>que uma simples necessidade de boa classi�cação e notas no</p><p>ENEM?</p><p>• O professor também deve ensinar os alunos a pensar, com</p><p>estratégias que ajudem na aplicação prática dos assuntos</p><p>abordados em sala de aula. A pesquisa conteudística não deveria</p><p>se centrar em torno do entendimento prático da realidade,</p><p>expandindo os assuntos para além das provas e discussões,</p><p>trazendo-os para o cotidiano?</p><p>• O IDD (Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado</p><p>e Esperado) compõe o Sistema Federal de Avaliação. Compara os</p><p>resultados do Enade com o Enem dos estudantes, quando eles</p><p>ingressam nos cursos. Não é preciso saber avaliar esses números?</p><p>• A divulgação anual dos resultados do Enade não é uma boa</p><p>oportunidade para as instituições avaliarem e aperfeiçoarem seus</p><p>cursos?</p><p>• Há uma grande de�ciência nas habilidades adquiridas. A pior</p><p>pontuação dos cursos avaliados pelo Enade é das instituições</p><p>privadas (377)?</p><p>• Apenas 94 cursos de instituições privadas de ensino superior</p><p>registrarem nota máxima, na edição de 2019 do Enade? Isso</p><p>representar 1% das 6.360 instituições avaliadas?</p><p>• O curso com o maior número de matrículas no ensino superior é o</p><p>de Direito, com 831.350 alunos. Depois vêm Pedagogia (815.350)</p><p>e Administração (645.777). Deve ser isso mesmo, na escala de</p><p>prioridades?</p><p>• As instituições públicas e particulares formaram 1.250.076</p><p>pessoas, queda de 1% em relação ao ano anterior. A primeira</p><p>baixa desde 2003?</p><p>• O censo de 2019 mostrar um aumento de matrículas de alunos</p><p>com de�ciência no ensino superior?</p><p>• Faltar uma Política Nacional de Tecnologias Educacionais, onde</p><p>sejam �xadas as competências digitais de professores e alunos,</p><p>com a garantia de computadores e conexão à internet como</p><p>direito de todos?</p><p>• Como aperfeiçoar a educação sem os adequados investimentos</p><p>em infraestrutura?</p><p>• Um dos modelos de aula não presencial mais bem-sucedido é</p><p>aquele que combina atividades dos professores ao vivo, aulas</p><p>gravadas, indicações de vídeos, textos, músicas e outros recursos e</p><p>o desenvolvimento por parte de alunos de projetos, inclusive de</p><p>forma cooperada com outros colegas, com o auxílio das novas</p><p>tecnologias. Essa mudança vai ao encontro de estudos realizados</p><p>por professores da Universidade de Washington, revelando que</p><p>abordagens de ensino que transformam os alunos em</p><p>participantes ativos, em vez de apenas ouvintes, reduzem</p><p>consideravelmente as taxas de reprovação. O papel do aluno não</p><p>mudou de sujeito passivo para sujeito ativo?</p><p>• Para implementar o curso híbrido (“blended learning”) não seria</p><p>preciso ter escolas conectadas, com investimentos signi�cativos,</p><p>dando vida ao PIEC (Programa de Inovação da Educação</p><p>Conectada), lançado em 1997?</p><p>• Não se deve o�cializar o ensino híbrido?</p><p>• A criança que não tiver uma educação digital estará despreparada</p><p>para o futuro? Com a mediação adequada de um professor, a</p><p>criança poderá explorar o universo tecnológico com maturidade,</p><p>aprendendo a fazer uma seleção coerente de informações que</p><p>enriqueçam o seu leque de saberes?</p><p>• O ensino remoto ou as atividades a distância na Educação Básica</p><p>não serão breves e nem se trata de modismo. É preciso estruturar</p><p>melhor as políticas públicas nesse sentido, tornando e�cazes</p><p>todos os recursos tecnológicos disponíveis na atualidade. A maior</p><p>parte dos problemas relacionados a travamentos durante</p><p>videoaulas ou ameaças de vírus que prejudicam o computador</p><p>podem ser resolvidas otimizando a conexão à internet?</p><p>• Não seria possível desenvolver ações que possam aumentar o</p><p>interesse dos alunos pela escola e pela sala de aula? As atividades</p><p>não devem, dessa forma, proporcionar o aumento do</p><p>comprometimento dos alunos com elas e serem mais atrativas do</p><p>que o que há fora da escola?</p><p>• O fechamento das escolas durante a pandemia de Covid-19</p><p>agravou as di�culdades regionais no Brasil. Qual deve ser o</p><p>impacto sobre a renda futura dos atuais estudantes?</p><p>• Questões como cativar, motivar, garantir a resiliência dos alunos</p><p>são básicas para um programa de formação que esteja atrelado à</p><p>nova realidade da escola. Se já falávamos no desenvolvimento de</p><p>competências socioemocionais, agora, com o advento da crise</p><p>provocada pelo isolamento social obrigatório, o professor não</p><p>precisa ter capacidade para lidar com essas competências em um</p><p>ambiente de peso histórico?</p><p>• Com a pandemia, a aprendizagem entrou num processo de quebra</p><p>de paradigmas, de redução de estigmas e preconceitos. É preciso</p><p>reforçar essa nova forma de ensinar, não mais centrada na sala de</p><p>aula e nem nos métodos pedagógicos até então utilizados. O</p><p>aluno se tornou protagonista do seu processo de aprendizagem.</p><p>Não está na hora de explorar múltiplas possibilidades de ensino?</p><p>• As novas tecnologias vieram para �car e estão cada vez mais</p><p>presentes no trabalho, nas relações pessoais, nos hábitos de</p><p>consumo, entre outros. Sendo assim, qual o melhor lugar para</p><p>aprender a utilizar a tecnologia de forma saudável e produtiva</p><p>senão na escola?</p><p>• É preciso adotar jogos, quizzes e outras estratégias de avaliação</p><p>disponíveis em plataformas na internet. Mas, ainda assim, nada</p><p>se compara à observação direta do professor em sala de aula ao</p><p>longo de um período letivo. O contato com o aluno (o fazer</p><p>pedagógico do dia a dia do</p>