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<p>CURSO DE MEDICINA</p><p>ROTEIRO DO LABORATÓRIO</p><p>MORFOFUNCIONAL</p><p>MÓDULO</p><p>I</p><p>SUPERVISORA DO LMF</p><p>Profa. Dra. Renata Dellalibera-Joviliano</p><p>COLABORADORES NESTE MÓDULO:</p><p>Profª. Drª. Camila T. V. da Silva</p><p>Profª. Drª. Rita de Cassia Viu Carrara</p><p>Profº. Drº. Caio Tales A. da Costa</p><p>TÉCNICOS DO LMF:</p><p>Ugo Pocai e Reinaldo Costa</p><p>MICROSCOPIA</p><p>RIBEIRÃO PRETO</p><p>2017/1(1)</p><p>GASTO</p><p>ENERGÉTICO</p><p>P</p><p>B</p><p>L</p><p>1</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 2</p><p>CRONOGRAMA DE ATIVIDADES</p><p>Data</p><p>Módulo I:</p><p>Gasto Energético</p><p>Módulo II:</p><p>Armazenamento</p><p>Energético</p><p>Módulo III:</p><p>Excreção</p><p>30/01 1.Introdução à Microscopia 1.Introdução à Microscopia 1.Introdução à Microscopia</p><p>30/01</p><p>2. Tecido Epitelial.</p><p>3. Tecido conjuntivo</p><p>propriamente dito.</p><p>2. Tecido Epitelial.</p><p>3. Tecido conjuntivo</p><p>propriamente dito.</p><p>2. Tecido Epitelial.</p><p>3. Tecido conjuntivo</p><p>propriamente dito.</p><p>06/02</p><p>4. Tecidos de sustentação:</p><p>cartilagem e osso.</p><p>4. Cavidade oral: lábio,</p><p>dente, língua e glândulas</p><p>salivares</p><p>4. Pele e anexos</p><p>13/02</p><p>5. Tecidos musculares:</p><p>estriado esquelético,</p><p>estriado cardíaco e liso.</p><p>5. Trato gastro-intestinal:</p><p>esôfago, estômago e</p><p>intestino delgado.</p><p>5. Sistema urinário: rim,</p><p>ureter, bexiga urinária e</p><p>uretra.</p><p>20/02</p><p>6. Vasos sanguíneos:</p><p>artérias, capilares e veias.</p><p>6. Glândulas digestivas</p><p>anexas: fígado, vesícula</p><p>biliar e pâncreas.</p><p>6. Trato gastro-intestinal:</p><p>intestino grosso</p><p>06/03 PROVA PRÁTICA – LAB. MORFOFUNCIONAL</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>GARTNER, L. P. ; HIATT, J. L. Tratado de Histologia. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2007.</p><p>JUNQUEIRA, L. C. U. ; CARNEIRO, J. Histologia básica. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2013.</p><p>OVALLE, W.K. ; NAHIRNEY P.C. NETTER. Bases da Histologia. 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2008.</p><p>ROSS, M. H. ; WOJCIECH, P. Histologia. Texto e Atlas. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan . 2012.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 3</p><p>1. INTRODUÇÃO À MICROSCOPIA</p><p>INDICAÇÃO DE LEITURA</p><p>GARTNER e HIATT, Capítulo 01, páginas 1-10.</p><p>JUNQUEIRA e CARNEIRO, Capítulo 01, páginas 1-20.</p><p>ROSS e WOJCIECH, Capítulo 01, páginas 1-23.</p><p>OBJETIVOS</p><p>1. Identificar as partes de um microscópio óptico.</p><p>2. Descrever o trajeto da luz no microscópio, nomeando, pela ordem, os objetos que se encontram nesse trajeto, durante a</p><p>observação microscópica.</p><p>3. Colocar uma lâmina corretamente na mesa do microscópio e realizar todas as operações subsequentes para a adequada</p><p>observação microscópica do material, com cada uma das objetivas secas.</p><p>4. Definir, operacionalmente, a expressão “objetivas parafocais”.</p><p>5. Definir que parte do microscópio é responsável pelo embaçado ou falta de nitidez da imagem observada na ocular do</p><p>microscópio de luz.</p><p>6. Explicar o significado do que está escrito na armadura das objetivas.</p><p>7. Explicar a relação entre abertura numérica e poder de resolução (limite de resolução) de uma objetiva e definir a expressão</p><p>“poder de resolução”.</p><p>8. Citar os elementos que regulam o poder de resolução do microscópio óptico.</p><p>9. Enumerar as etapas para a obtenção de um corte histológico permanente.</p><p>10. Justificar a necessidade da coloração dos cortes histológicos para observação ao microscópio óptico.</p><p> MICROSCÓPIO ÓPTICO</p><p>As estruturas de um microscópio óptico são divididas nas partes mecânica e óptica, como mostra a tabela</p><p>abaixo.</p><p>Parte Mecânica Parte Óptica</p><p>- Pé ou base - Oculares</p><p>- Tubo (encaixe das oculares) - Objetivas</p><p>- Mesa com charriot - Condensador</p><p>- Revólver (encaixe das objetivas)</p><p>- Macrométrico e micrométrico</p><p> OCULARES</p><p>O microscópio que será utilizado é um microscópio binocular, ou seja, ele possui duas oculares que são a</p><p>parte do microscópio por onde se observa a imagem. Por isso, a maneira correta de se observar a imagem neste</p><p>tipo de microscópio é com os dois olhos abertos.</p><p>As oculares possuem a capacidade de ampliar a imagem em 10 vezes e elas estão encaixadas numa estrutura</p><p>denominada tubo ou canhão.</p><p>As oculares podem se aproximar ou se distanciar e essa regulagem permite que você as posicione</p><p>corretamente de acordo com a distância entre seus olhos.</p><p>Em microscópios binoculares há, na base de uma ou de ambas oculares, um anel de ajuste denominado anel</p><p>de dioptria, usado para equalizar possíveis diferenças no ponto de foco entre os olhos.</p><p> MESA</p><p>A mesa do microscópio (ou platina) possui um dispositivo usado para prender a lâmina que contém o material</p><p>histológico a ser observado.</p><p>Esta mesa possui uma abertura por onde atravessa a luz que sai do condensador para que o material</p><p>histológico seja iluminado. O dispositivo que prende a lâmina é movimentado por dois reguladores que se</p><p>encontram abaixo da mesa à direita que recebem o nome de charriot. Um destes reguladores movimenta a</p><p>lâmina para frente e para trás e o outro para a esquerda e direita. Desta forma o charriot serve para posicionar</p><p>corretamente a lâmina de modo que o material a ser observado seja iluminado pela luz que sai do condensador</p><p>e atravessa a abertura da mesa.</p><p> CONDENSADOR</p><p>O condensador é a parte do microscópio que converge a luz em direção à lâmina e se encontra abaixo da</p><p>mesa alinhado com a abertura da mesma. Abaixo da mesa e à esquerda existe um regulador para abaixar ou</p><p>levantar o condensador. Esta regulagem modifica o contraste da imagem. Você deverá deixar o condensador</p><p>levantado ao máximo principalmente nos casos de cortes histológicos bem corados e abaixá-lo quando os cortes</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 4</p><p>estiverem pouco corados ou não corados. Como veremos mais a frente, existe outra regulagem para controla o</p><p>contraste da imagem.</p><p> OBJETIVAS</p><p>O revólver é a parte do microscópio onde estão encaixadas as quatro objetivas: 4 (de pequeno aumento ou</p><p>panorâmica), 10 (de médio aumento), 40 (de grande aumento) e 100 (de imersão). Esses números que estão</p><p>inscritos nas objetivas indicam a capacidade de ampliação de cada uma delas. As objetivas 4, 10 e 40 são</p><p>denominadas objetivas secas e são parafocais, isto é, se o objeto está focalizado com uma, estará muito perto</p><p>de sê-lo com as outras. A objetiva 100 é usada com óleo de imersão, cujo índice de refração é maior que o do</p><p>ar, permitindo um melhor aproveitamento dos raios luminosos que incidem sobre o corte produzindo,</p><p>consequentemente, uma imagem de melhor qualidade.</p><p>O revólver pode girar em sentido horário ou anti-horário e essa característica permite o engate correto</p><p>de cada uma das objetivas.</p><p>Ampliação Total</p><p>A ampliação total é obtida multiplicando-se o aumento da objetiva pelo aumento da ocular. Assim, as</p><p>objetivas 04, 10, 40 e 100 produzem, respectivamente, ampliações de 40, 100, 400 e 1000 vezes.</p><p>Limite de Resolução</p><p>Além de ampliar, as objetivas possuem a função de aumentar a definição da imagem. Esta função se torna</p><p>importante já que conforme se amplia uma imagem, ocorre uma perda de sua definição.</p><p>Limite de resolução corresponde à menor distância existente entre dois pontos, que permite que eles</p><p>sejam observados individualmente. Por exemplo, em um sistema óptico com limite de resolução de 0,2 µm, dois</p><p>pontos separados por 0,1 µm são vistos como um ponto único. Porém, se esses pontos estiverem separados por</p><p>0,3 µm aparecem individualizados. O limite de resolução de uma objetiva é inversamente proporcional a sua</p><p>abertura numérica, ou seja, quanto maior a abertura numérica, menor o limite de resolução e, consequentemente,</p><p>maior será a definição (riqueza em detalhes) da imagem observada. Observe a fórmula a seguir.</p><p>LR: limite de resolução.</p><p>K: constante cujo valor é de 0,61.</p><p>L: comprimento de onda da luz empregada, aproximadamente 0,55 µm.</p><p>AN: abertura numérica.</p><p>O limite de resolução da objetiva 100 é de 0,2 µm, o que permite a obtenção de imagens nítidas aumentadas</p><p>entre 1000 e 1500 vezes. Objetos menores que 0,2 µm não são vistos com nitidez no microscópio óptico,</p><p>endocondral, citar os ossos que passam por esse processo de formação óssea e</p><p>indicar periósteo, cartilagem calcificada, osso primário, osteoblastos, osteócitos e osteoclastos.</p><p>8) Diferenciar as quatro zonas de cartilagem (normal, seriada, hipertrófica e calcificada) e a zona de ossificação no disco</p><p>epifisário indicando sua participação no crescimento ósseo.</p><p>O osso é um tecido conjuntivo especializado que, diferentemente dos tecidos conjuntivos propriamente</p><p>ditos e do tecido cartilaginoso, possui uma parte de seu peso seco formada por componentes inorgânicos, ou</p><p>seja, após a desidratação do osso ainda permanece uma parte inorgânica na matriz óssea.</p><p>O osso é estrutura básica de proteção de alguns órgãos do corpo, incluindo o encéfalo, a medula espinhal,</p><p>os pulmões e o coração. Os ossos servem, também, como alavancas para os músculos que estão aderidos a</p><p>eles, multiplicando a força dos músculos para realizar os movimentos. O osso é um reservatório para muitos</p><p>minerais do corpo, por exemplo, ele armazena cerca de 99% do cálcio do organismo. Além disso, possui uma</p><p>cavidade central, a cavidade medular, que abriga a medula óssea, um órgão hematopoiético.</p><p>O osso é recoberto na sua face externa, pelo periósteo, um tecido conjuntivo denso não modelado que</p><p>contém células osteogênicas (osteoprogenitoras) e amplo suprimento sanguíneo. A cavidade central do osso</p><p>denominada cavidade medular é revestida internamente pelo endósteo, uma fina camada de tecido conjuntivo,</p><p>semelhante ao periósteo, que também contém células osteogênicas.</p><p> MATRIZ ÓSSEA</p><p>A matriz óssea é dividida em duas partes: a parte inorgânica e a parte orgânica.</p><p>A porção inorgânica do osso, com cerca de 65% de seu peso seco, é constituída, principalmente, de cálcio</p><p>e fosfato. O cálcio e o fosfato existem, basicamente, na forma de cristais de hidroxiapatita [Ca10(PO4)6(OH)2]. O</p><p>osso é um dos componentes mais duros do corpo humano e sua dureza está relacionada aos cristais de</p><p>hidroxiapatita. Se o osso for descalcificado, isto é, se todos os minerais forem retirados, ele ainda mantém sua</p><p>forma original, mas se torna tão flexível que poderá ser dobrado como um pedaço de borracha.</p><p>O componente orgânico da matriz óssea, que constitui aproximadamente 35% do peso seco do osso, é</p><p>constituído principalmente por fibras colágenas formadas por colágeno do tipo I. Cerca de 90% do componente</p><p>orgânico do osso é formado por fibras colágenas. A substância fundamental possui glicosaminoglicanas que</p><p>formam pequenas moléculas de proteoglicanas, com pequenos eixos de proteína, aos quais as</p><p>glicosaminoglicanas se ligam. Muitas glicoproteínas adesivas também estão presentes na matriz óssea</p><p>promovendo a ligação entre os componentes da matriz. Se o componente orgânico for retirado do osso, o</p><p>esqueleto mineralizado ainda mantém sua forma original, mas ele se torna extremamente quebradiço e pode ser</p><p>fraturado com grande facilidade. Portanto a parte orgânica do osso oferece resistência a ele.</p><p> CÉLULAS DO OSSO</p><p>O tecido ósseo é formado por quatro tipos de células diferentes: as células osteogênicas, os osteoblastos,</p><p>os osteócitos e os osteoclastos.</p><p>As células osteogênicas estão localizadas no periósteo e no endósteo. Estas células, derivadas do</p><p>mesênquima embrionário, podem sofrer divisão mitótica e possuem a potencialidade de se diferenciar em</p><p>osteoblastos.</p><p>Os osteoblastos, derivados de células osteogênicas, são responsáveis pela síntese dos componentes</p><p>orgânicos da matriz óssea, incluindo o colágeno, proteoglicanas e glicoproteínas adesivas, participando também</p><p>da mineralização da matriz. Os osteoblastos, conforme sintetizam a matriz óssea, emitem prolongamentos</p><p>citoplasmáticos e se tornam aprisionados pela própria matriz que eles mesmos sintetizaram e, a partir desse</p><p>momento, passam a ser chamados de osteócitos.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 31</p><p>Os osteócitos são as células maduras do osso, derivadas dos osteoblastos, que ficam situadas em lacunas</p><p>no interior da matriz óssea calcificada e embora pareçam ser células inativas, eles secretam substâncias</p><p>necessárias para a manutenção do osso. Os prolongamentos citoplasmáticos dos osteócitos que se irradiam em</p><p>todas as direções formam túneis na matriz óssea, denominados canalículos. Os canalículos facilitam a difusão</p><p>de nutrientes e de escórias pela matriz óssea o que seria praticamente impossível numa matriz calcificada. Os</p><p>prolongamentos de um osteócito entram em contato com prolongamentos de osteócitos vizinhos, formando</p><p>junções abertas entre eles.</p><p>Os osteoclastos são células grandes, móveis, multinucleadas e derivados da fusão de células precursoras</p><p>dos monócitos localizadas na medula óssea. Os osteoclastos transporta ativamente íons H+ para o ambiente</p><p>extracelular, reduzindo o pH da matriz óssea e dessa forma dissolvendo a sua parte inorgânica. Os íons liberados</p><p>são absorvidos pelos capilares sanguíneos mais próximos. As colagenases, que são secretadas pelos</p><p>osteoclastos degradam os componentes orgânicos da matriz óssea. Os aminoácidos liberados são também</p><p>absorvidos pelos capilares vizinhos. Como os produtos dessa degradação da matriz óssea retornam ao sangue,</p><p>o processo realizado pelos osteoclastos é denominado reabsorção óssea. Os osteoclastos ocupam depressões</p><p>na superfície óssea, chamadas lacunas de Howship, que caracterizam regiões de reabsorção óssea.</p><p>Pelo fato do osso apresentar células que sintetizam a matriz óssea e células que degradam a matriz, o</p><p>osso possui a particularidade de alterar a sua forma de acordo com a força que lhe é aplicada, propriedade</p><p>denominada plasticidade.</p><p>A figura abaixo mostra, à esquerda, a origem dos osteócitos a partir das células osteogênicas e a emissão</p><p>dos prolongamentos citoplasmáticos que explicam a formação de canalículos na matriz óssea e, à direita, um</p><p>osteoclasto.</p><p> ESTRUTURA MACROSCÓPICA DO OSSO</p><p>Observando-se um osso cortado a olho nu, verifica-se que ele é formado por uma parte sem canais visíveis</p><p>chamada osso compacto, e por uma parte com muitos canais intercomunicantes chamada osso esponjoso.</p><p>Nos ossos longos, as extremidades ou epífises são formadas por osso esponjoso com uma fina camada</p><p>superficial compacta abaixo da cartilagem articular. A diáfise é quase toda compacta com uma pequena</p><p>quantidade de osso esponjoso revestindo o canal medular.</p><p>Os ossos curtos têm o centro esponjoso sendo recoberto em toda a sua periferia por uma camada</p><p>compacta.</p><p>Nos ossos planos da caixa craniana existem duas camadas de osso compacto denominadas tábuas</p><p>externa e interna separadas por osso esponjoso.</p><p>Em todos esses ossos, a presença de canais intercomunicantes que caracteriza o osso esponjoso é</p><p>explicada pela ação dos osteoclastos, tanto que esses canais são referidos como canais internos de reabsorção</p><p>óssea. A própria cavidade medular que aloja a medula óssea também é formada pela ação dos osteoclastos</p><p>sendo considerada um grande canal interno de reabsorção.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 32</p><p> PRÁTICA 06: ESTRUTURA MICROSCÓPICA DO OSSO: SISTEMAS DE HAVERS</p><p> INTRODUÇÃO</p><p>As observações microscópicas revelam dois tipos de ossos: osso primário, conhecido também como osso</p><p>imaturo ou osso trabecular, e osso secundário, conhecido também, como osso maduro ou lamelar.</p><p>O osso primário é uma forma imatura de osso, visto que é o primeiro osso a se formar durante o</p><p>desenvolvimento embrionário, durante a fase de crescimento e durante a reparação óssea após uma fratura. O</p><p>osso primário possui osteócitos e fibras colágenas distribuídos aleatoriamente na matriz óssea e possui</p><p>quantidade da parte inorgânica bem abaixo do normal. Na verdade, o osso sintetizado inicialmente pelos</p><p>osteoblastos é exclusivamente formado pela parte orgânica e denominado osteoide. Esse osso passa</p><p>gradualmente por um processo de calcificação, aumentando sua quantidade da parte inorgânica. Com o passar</p><p>do tempo, o osso primário</p><p>se transforma em osso secundário.</p><p>O osso secundário é um osso maduro constituído de lamelas. Os osteócitos, no interior de suas lacunas,</p><p>estão localizados geralmente entre as lamelas. Além de ser mais calcificada, a matriz do osso secundário,</p><p>diferentemente do que ocorre no osso primário, não possui as fibras colágenas distribuídas aleatoriamente.</p><p>Dentro de uma mesma lamela, as fibras colágenas são todas paralelas entre si, porém são perpendiculares às</p><p>fibras colágenas das lamelas vizinhas. Essa distribuição das fibras colágenas que se alternam em ângulo de 90</p><p>graus entre uma lamela e outra, aumenta a resistência do osso, lembrando a disposição das barras de aço</p><p>incorporadas ao concreto reforçado de uma construção civil.</p><p>Estrutura Microscópica do Osso Compacto</p><p>Ao se observar microscopicamente a parte compacta da diáfise de um osso longo em corte transversal é</p><p>possível verificar a existência de lamelas arrumadas em três sistemas lamelares diferentes: sistema</p><p>circunferencial externo (lamelas circunferenciais externas), sistema circunferencial interno (lamelas</p><p>circunferenciais internas) e sistemas de Havers (lamelas concêntricas)</p><p>O sistema circunferencial externo, formado por lamelas paralelas, situa-se logo abaixo do periósteo e</p><p>forma a região mais externa da diáfise.</p><p>O sistema circunferencial interno, formado também por lamelas paralelas, é análogo ao sistema</p><p>circunferencial externo, mas não tão extenso quanto ele, circundando completamente a cavidade medular.</p><p>Entre o sistema circunferencial externo e o interno se encontram vários sistemas de Havers. Cada sistema</p><p>de Havers é um cilindro constituído de lamelas concentricamente arrumadas ao redor de um canal chamado</p><p>canal de Havers por onde passam vasos sanguíneos e nervos. Canais de Havers de sistemas de Havers vizinhos</p><p>estão conectados um ao outro por canais de Volkmann que também possuem vasos sanguíneos e nervos e</p><p>estão orientados perpendicularmente aos canais de Havers. Os canais de Volkmann também ligam os canais de</p><p>Havers aos vasos sanguíneos do periósteo e aos vasos sanguíneos da cavidade medular.</p><p>Os sistemas intermediários são formados por lamelas pertencentes à sistemas de Havers antigos</p><p>parcialmente degradados pelos osteoclastos localizadas entre os sistemas de Havers. Observe na figura a seguir</p><p>a organização do osso compacto da diáfise de um osso longo.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 33</p><p>Um dos problemas de um tecido que possui uma matriz calcificada como é a matriz óssea é de não permitir</p><p>a difusão de nutrientes. Dificilmente os nutrientes que circulam no interior dos vasos sanguíneos localizados nos</p><p>canais de Havers e de Volkmann chegariam aos osteócitos se dependessem apenas de difusão pela matriz</p><p>óssea. Assim, os osteócitos adquiriram prolongamentos citoplasmáticos e esses prolongamentos produzem na</p><p>matriz óssea os chamados canalículos. Os prolongamentos dos osteócitos localizados próximos aos canais de</p><p>Havers e de Volkmann atingem os vasos sanguíneos desses canais. Os prolongamentos de osteócitos mais</p><p>distantes se comunicam por junções abertas com os prolongamentos de osteócitos mais próximos desses canais</p><p>e assim os nutrientes podem atingir todos os osteócitos sem necessitar de difusão pela matriz. O esquema a</p><p>seguir mostra um segmento de um sistema de Havers com as lamelas concêntricas ao canal de Havers, as</p><p>lacunas contendo osteócitos localizadas geralmente entre as lamelas e os canalículos formados pelos</p><p>prolongamentos dos osteócitos que se distribuem por toda a matriz do osso secundário. No detalhe, observe que</p><p>os prolongamentos de osteócitos vizinhos se comunicam entre si através de junções abertas.</p><p> MATERIAIS</p><p>1) Lâmina 119 H: OSSO DESGASTADO – SISTEMA DE HAVERS</p><p> PROCEDIMENTO</p><p>Utilizar a objetivas 04, 10 e 40.</p><p>1) Na lâmina 119 H: (a) indicar sistemas de Havers, lamelas concêntricas, lacunas, canalículos, canal de</p><p>Volkman e canal de Havers.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 34</p><p>LÂMINA 119 H: OSSO DESGASTADO – SISTEMA DE HAVERS</p><p>Objetiva 04 Objetiva 10</p><p>Objetiva 40</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 35</p><p> PRÁTICA 07: OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA</p><p> INTRODUÇÃO</p><p>A formação do osso tem início por volta da oitava semana do desenvolvimento embrionário e pode ocorrer</p><p>de duas maneiras denominadas ossificação intramembranosa e ossificação endocondral. Os ossos formados</p><p>por qualquer um desses dois processos são idênticos histologicamente. O primeiro osso formado é sempre osso</p><p>primário, que é gradativamente reabsorvido e substituído por osso secundário, que continua a ser reabsorvido e</p><p>substituído ao longo da vida, porém num ritmo mais lento.</p><p>A maioria dos ossos planos do crânio é formada por ossificação intramembranosa que ocorre num tecido</p><p>mesenquimal ricamente vascularizado. As células mesenquimais começam a sofrer uma série de divisões</p><p>celulares, porém as células produzidas por essas divisões não são mais células mesenquimais e sim</p><p>osteoblastos. Esses osteoblastos se colocam em posição formando uma membrana que delimita um espaço</p><p>interno e iniciam a síntese de matriz óssea para o lado de dentro dessa membrana de osteoblastos, daí o nome</p><p>ossificação intramembranosa. Essa região de formação óssea é um centro de ossificação. O osso primário</p><p>inicialmente formado, denominado osteoide, sofre calcificação ao mesmo tempo em que alguns osteoblastos se</p><p>tornam aprisionados pela matriz óssea e se transformam em osteócitos. A atividade mitótica contínua das células</p><p>mesenquimais proporciona uma fonte constante de osteoblastos. Vários centros de ossificação são formados,</p><p>que se fundem entre si para formar, no final do processo, um osso único. As fontanelas (moleiras) observadas</p><p>entre os ossos frontal e parietal de um recém-nascido são regiões de mesênquima que ainda não sofreram</p><p>ossificação. Observe na figura a seguir o processo de ossificação intramembranosa iniciando com a formação</p><p>de um centro de ossificação no mesênquima.</p><p> MATERIAIS</p><p>1) Lâmina 29 U – OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA (HE)</p><p> PROCEDIMENTO</p><p>Utilizar a objetivas 04, 10 e 40.</p><p>1) Na lâmina 29 U: (a) indicar osso primário com vasos sanguíneos, osteoblastos, osteócitos, osteoclastos</p><p>e mesênquima com vasos sanguíneos.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 36</p><p> LÂMINA 29 U – OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA (HE)</p><p>Objetiva 04 Objetiva 10</p><p>Objetiva 40 Objetiva 40</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 37</p><p> PRÁTICA 08: OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL</p><p> INTRODUÇÃO</p><p>A maioria dos ossos longos e curtos do corpo se desenvolve por ossificação endocondral. Este tipo de</p><p>ossificação ocorre na vida intrauterina e pode ser dividido em duas etapas: (1) primeiramente, na região em que</p><p>está para se formar osso no embrião, o mesênquima se diferencia em cartilagem hialina e então o esqueleto se</p><p>torna cartilaginoso. Durante certo tempo, esta cartilagem cresce tanto aposicional quanto intersticialmente; (2)</p><p>num segundo momento, a cartilagem serve como base para o desenvolvimento do osso, sendo a cartilagem</p><p>reabsorvida e substituída por osso. É bom salientar que as peças cartilaginosas do esqueleto fetal possuem</p><p>formas semelhantes aos respectivos ossos do indivíduo adulto. Portanto, o fêmur cartilaginoso, por exemplo, tem</p><p>forma bem semelhante ao fêmur ósseo encontrado no indivíduo adulto.</p><p>Durante o processo de substituição de cartilagem por osso, o pericôndrio no centro da diáfise da cartilagem</p><p>se torna muito vascularizado e se transforma em periósteo. Quando isso ocorre, as células condrogênicas se</p><p>tornam células osteogênicas, formando osteoblastos</p><p>ósseo na superfície externa do osso,</p><p>abaixo do periósteo. Esse processo é acompanhado pela reabsorção óssea dos osteoclastos na superfície</p><p>interna da cavidade medular. Como consequência, o diâmetro da cavidade medular aumenta à medida que o</p><p>diâmetro externo do osso aumenta. Já o processo que promove o aumento do comprimento de um osso inicia</p><p>no lado epifisário da placa epifisária, com a atividade dos condrócitos. Sob influência do hGH, esses condrócitos</p><p>se dividem por mitose formando a zona de cartilagem seriada e depois ainda aumentam de volume formando a</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 40</p><p>zona de cartilagem hipertrófica provocando uma dilatação da placa epifisária. A medida que nova cartilagem se</p><p>forma no lado epifisário da placa epifisária, condrócitos no lado diafisário da placa morrem e osteoblastos</p><p>invadem essa região e começam a substituir a cartilagem por osso.</p><p>No momento em que o grau de atividade mitótica na zona de cartilagem seriada iguala ao grau de formação</p><p>óssea na zona de ossificação, o disco epifisário permanece de mesma largura, e o osso continua a crescer em</p><p>comprimento. Aos cerca de 20 anos de idade, o ritmo de mitose diminui na zona de cartilagem seriada e toda a</p><p>cartilagem do disco epifisário é substituída pela zona de ossificação, não sendo mais possível o crescimento</p><p>ósseo em comprimento. Nesse momento, as placas epifisárias ficam completamente preenchidas por tecido</p><p>ósseo, num processo denominado fechamento da placa epifisária. Quando o fechamento está concluído, o hGH</p><p>não consegue mais estimular o alongamento ósseo, e os ossos param de crescer. O fechamento da placa</p><p>epifisária é influenciado pelos hormônios sexuais (testosterona e estrógeno) durante a puberdade.</p><p> MATERIAL</p><p>1) Lâmina 51 H: OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL (Tricômico de Mallory).</p><p> PROCEDIMENTO</p><p>Utilizar as objetivas 04, 10 e 40.</p><p>1) Na lâmina 51 H: (a) indicar no disco epifisário o pericôndrio e as quatro zonas de cartilagem: zona de</p><p>cartilagem normal, zona de cartilagem seriada, zona de cartilagem hipertrófica e zona de cartilagem calcificada;</p><p>(b) indicar na zona de ossificação periósteo, cartilagem calcificada, vasos sanguíneos osso primário,</p><p>osteoblastos, osteócitos e osteoclastos; (c) observar a figura do processo de ossificação endocondral e comparar</p><p>com as fotomicrografis e com as imagens observadas no microscópio óptico.</p><p>Ossificação Endocondral</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 41</p><p> LÂMINA 51 H: OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL (TRICÔMICO DE MALLORY).</p><p>Objetiva 04 Objetiva 10</p><p>Objetiva 10 Objetiva 40</p><p>Lâminas Descrição Coloração</p><p>20 H Traquéia/Esôfago; Hematoxilina-Eosina (HE)</p><p>43 H Orelha - Cartilagem elástica; Verhoeff</p><p>81 H Menisco Hematoxilina-Eosina (HE)</p><p>93 H Disco Intervertebral Hematoxilina-Eosina (HE)</p><p>119 H Osso desgastado Sistema Haversian</p><p>29 U Ossificação intramenbranosa Hematoxilina-Eosina (HE)</p><p>51 H Ossificação endocondral Tricrômico Mallory (TM)</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 42</p><p>PROBLEMA 02</p><p>ESTUDO MICROSCÓPICO E FUNCIONAL DOS TECIDOS MUSCULARES</p><p>INDICAÇÃO DE LEITURA</p><p>GARTNER e HIATT, Capítulo 08, páginas 161-188.</p><p>JUNQUEIRA e CARNEIRO, Capítulo 10, páginas 177-198.</p><p>ROSS e WOJCIECH, Capítulo 11, páginas 318-359.</p><p>OBJETIVOS</p><p>1) Descrever as principais funções dos tecidos musculares e suas propriedades.</p><p>2) Reconhecer nos músculos estriados esquelético e cardíaco a importância dos túbulos T e das cisternas terminais para o</p><p>processo de contração.</p><p>3) Diferenciar músculo estriado esquelético, músculo estriado cardíaco e músculo liso, descrevendo as características das</p><p>fibras, a constituição e o modo de organização de suas miofibrilas, e a capacidade de regeneração de cada tipo muscular.</p><p>4) Indicar no músculo estriado esquelético núcleo das fibras, estriações nos cortes longitudinais das fibras, miofibrilas nos</p><p>cortes transversais das fibras e os tecidos conjuntivos envolventes epimísio, perimísio e endomísio.</p><p>5) Indicar no músculo estriado cardíaco núcleo das fibras, estriações nos cortes longitudinais das fibras, capilares</p><p>sanguíneos, região de ramificação da fibra e discos intercalares.</p><p>6) Reconhecer a importância dos discos intercalares para o músculo cardíaco.</p><p>7) Caracterizar os dois tipos principais de células do músculo cardíaco, células contráteis e células auto-rítmicas.</p><p>8) Indicar no músculo liso o núcleo das fibras musculares, fibras em corte longitudinal e fibras em corte transversal e observar</p><p>a ausência de estriações.</p><p>9) Descrever o modo de contração dos músculos estriados enfatizando as principais diferenças em relação ao modo de</p><p>contração do músculo liso.</p><p>Embora os ossos sirvam de alavancas e formem o arcabouço do corpo, eles não podem, por si mesmos,</p><p>mover as partes do corpo. O movimento resulta da contração e do relaxamento alternados dos músculos, que</p><p>representam 40-50% do peso corporal total. A força muscular reflete a função primária do músculo em modificar</p><p>a energia química em energia mecânica, para gerar força, realizar trabalho e produzir movimento.</p><p>Existem dois tipos principais de tecido muscular: o músculo estriado e o músculo liso. As células do</p><p>músculo estriado possuem faixas claras e escuras alternadas denominadas estriações, visíveis somente quando</p><p>esse músculo é examinado ao microscópio em corte longitudinal. Já o músculo liso não exibe essas estriações.</p><p>O músculo estriado pode ainda ser classificado em três tipos tomando como base a sua localização: (1)</p><p>músculo estriado esquelético, (2) músculo estriado visceral e (3) músculo estriado cardíaco. O músculo estriado</p><p>esquelético está fixado aos ossos e é responsável pelo movimento do esqueleto e pela manutenção da posição</p><p>e da postura do corpo. O músculo estriado visceral é histologicamente idêntico ao músculo estriado esquelético,</p><p>porém está ligado a tecidos moles e não ao esqueleto como, por exemplo, os músculos da língua, da faringe, do</p><p>diafragma, da porção superior do esôfago e de alguns esfíncteres como o esfíncter externo da uretra e o externo</p><p>do ânus. Por fim, o músculo estriado cardíaco encontrado no coração é o principal constituinte da parede dos</p><p>átrios e dos ventrículos.</p><p>As estriações do músculo estriado são formadas pelo arranjo extremamente ordenado e organizado dos</p><p>filamentos finos e grossos. Esse arranjo é o mesmo em todas as células musculares estriadas. As principais</p><p>diferenças ocorrem entre as células estriadas esqueléticas e cardíacas, diferenças relacionadas ao tamanho das</p><p>células, ao formato e também no modo de comunicação entre elas.</p><p>As células musculares lisas não possuem estriações porque os filamentos finos e grossos não se arranjam</p><p>tão ordenadamente como ocorre nas células musculares estriadas. O músculo liso é encontrado nas estruturas</p><p>ocas internas, como nos vasos sanguíneos e nos tratos respiratório, gastrointestinal (GI), urinário e reprodutor.</p><p>Também é encontrado nos músculos eretores dos pelos e nos músculos intrínsecos do olho responsáveis pela</p><p>dilatação e contração da pupila.</p><p> FUNÇÕES DO TECIDO MUSCULAR</p><p>Por meio de contrações sustentadas, ou por contrações alternadas com relaxamentos, o tecido muscular</p><p>exerce cinco funções chaves: produção dos movimentos corporais, estabilização das posições do corpo,</p><p>regulação do volume dos órgãos, movimentação de substâncias dentro do corpo e produção de calor.</p><p>Produção dos movimentos corporais: os movimentos do corpo, como andar ou correr, e os movimentos</p><p>localizados, como o segurar um lápis ou inclinar a cabeça, dependem do funcionamento integrado de ossos,</p><p>articulações e músculos esqueléticos.</p><p>Estabilização das posições corporais: as contrações dos músculos esqueléticos estabilizam as</p><p>articulações e participam da manutenção das posições corporais,</p><p>como ficar de pé ou sentado. Os músculos</p><p>posturais se mantêm contraídos como, por exemplo, os músculos do pescoço mantendo a posição da cabeça.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 43</p><p>Regulação do volume dos órgãos: a contração sustentada de músculos lisos, chamados esfíncteres, pode</p><p>impedir a saída do conteúdo de órgão oco. O armazenamento temporário de alimento no estômago, de urina na</p><p>bexiga ou de fezes no reto, é possível porque os esfíncteres de músculo liso ou estriado fecham as vias de saídas</p><p>desses órgãos.</p><p>Movimento de substâncias dentro do corpo: as contrações do músculo cardíaco bombeiam o sangue para</p><p>os vasos sanguíneos do corpo. A contração e o relaxamento do músculo liso nas paredes dos vasos sanguíneos,</p><p>ajudam a regular seus diâmetros e, dessa forma, a regular a intensidade do fluxo sanguíneo. As contrações do</p><p>músculo liso também movem o alimento e substâncias, como a bile e as enzimas digestivas, ao longo do trato</p><p>gastrintestinal, empurram os gametas (espermatozoides e ovócitos) pelos sistemas reprodutivos e propelem a</p><p>urina pelo sistema urinário. As contrações do músculo esquelético promovem o fluxo de linfa e o retorno do</p><p>sangue para o coração.</p><p>Produção de calor: quando o tecido muscular se contrai, ele também produz calor. Grande parte desse</p><p>calor, liberado pelo músculo, é usado na manutenção da temperatura corporal normal. As contrações</p><p>involuntárias do músculo esquelético, referidas como calafrios, podem aumentar a intensidade da produção de</p><p>calor equilibrando a temperatura corporal.</p><p> PROPRIEDADES DO TECIDO MUSCULAR</p><p>O tecido muscular tem quatro propriedades específicas, que lhe permitem funcionar e contribuir para a</p><p>homeostasia: excitabilidade elétrica, contratibilidade, extensibilidade e elasticidade.</p><p>Excitabilidade elétrica: propriedade comum às fibras musculares, aos neurônios e às células glandulares,</p><p>é a capacidade de responder a certos estímulos, a partir de sinais elétricos, como por exemplo, potenciais de</p><p>ação (impulso nervoso). Os potenciais de ação se propagam ao longo da membrana plasmática da célula, devido</p><p>à presença de canais iônicos específicos. Além do impulso nervoso, algumas fibras musculares são estimuladas</p><p>por sinais elétricos gerados pelo próprio tecido muscular, como acontece, por exemplo, com o músculo cardíaco,</p><p>ou por hormônios distribuídos pelo sangue como acontece, por exemplo com o músculo liso e o próprio músculo</p><p>cardíaco.</p><p>Contratibilidade: é a capacidade do tecido muscular de se contrair com bastante força, quando estimulado</p><p>por um potencial de ação.</p><p>Extensibilidade: é a capacidade do músculo de ser estirado, sem ser lesionado. Exemplos de estiramento</p><p>muscular ocorre quando o estômago se enche com alimento ou quando o coração se enche de sangue. Durante</p><p>as atividades normais, ocorre também o estiramento do músculo esquelético.</p><p>Elasticidade: é a capacidade do tecido muscular de retomar a seu comprimento original, após contração</p><p>ou extensão.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 44</p><p> PRÁTICA 09: MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO</p><p> INTRODUÇÃO</p><p>Cada célula da musculatura esquelética, comumente denominada fibra muscular, é formada por células</p><p>individuais chamadas mioblastos. Durante o desenvolvimento embrionário, vários mioblastos se fundem</p><p>formando uma fibra muscular esquelética madura que, por isso, é multinucleada. Os núcleos da fibra muscular</p><p>estão localizados no citoplasma logo abaixo da membrana plasmática, que também recebe um nome especial</p><p>de sarcolema. Uma vez tendo ocorrido essa fusão, a fibra muscular perde sua capacidade de passar por divisão</p><p>celular. Assim, o número de células musculares esqueléticas é determinado antes do nascimento, e a maioria</p><p>dessas fibras dura por toda a vida. O crescimento muscular que ocorre após o nascimento, é realizado,</p><p>principalmente, por aumento de volume das fibras existentes. Alguns mioblastos persistem no músculo</p><p>esquelético maduro como células satélites, que conservam a capacidade de se fundir entre si ou com fibras</p><p>musculares lesionadas para regeneração. Uma fibra muscular não deve ser confundida com uma fibra do tecido</p><p>conjuntivo. As fibras musculares são células do músculo, enquanto as fibras do tecido conjuntivo são formadas</p><p>por proteínas produzidas pelas células desse tecido. Observe na figura a seguir o processo de formação de uma</p><p>fibra muscular esquelética.</p><p>Componentes de Tecido Conjuntivo</p><p>As fibras musculares esqueléticas são mantidas unidas por tecido conjuntivo que circunda as fibras</p><p>musculares individuais como também circunda feixes de fibras musculares. Esse tecido conjuntivo é essencial</p><p>para a transmissão de força durante a contração. No final do músculo, esse tecido conjuntivo continua além do</p><p>músculo para formar o tendão. Além disso, um rico suprimento de vasos sanguíneos e nervos viaja por esse</p><p>tecido conjuntivo. O tecido conjuntivo que circunda o músculo esquelético é denominado, de acordo com sua</p><p>relação com as fibras musculares, em endomísio, perimísio e epimísio.</p><p>O endomísio é uma camada delicada de fibras reticulares que circunda cada fibra muscular. Apenas vasos</p><p>sanguíneos de pequeno diâmetro e axônios de neurônios estão presentes no endomísio correndo paralelamente</p><p>com as fibras musculares. O perimísio é uma camada de tecido conjuntivo mais espessa que circunda um grupo</p><p>de fibras musculares para formar um feixe ou fascículo. Os fascículos são unidades de fibras musculares que</p><p>tendem a se contrair em conjunto. Vasos sanguíneos mais calibrosos e nervos seguem seu curso no perimísio.</p><p>O epimísio é formado de tecido conjuntivo denso que circunda um conjunto de feixes que constituem o músculo.</p><p>O principal suprimento vascular e nervoso do músculo penetra nele pelo epimísio. Observe na figura abaixo em</p><p>(a) o endomísio visto pela microscopia eletrônica e em (b) organização estrutural de um músculo esquelético</p><p>com os seus tecidos conjuntivos que o envolvem e seus constituintes internos.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 45</p><p>Anatomia Microscópica da Fibra Muscular Esquelética</p><p>No interior do sarcolema, fica o citoplasma da fibra muscular denominado sarcoplasma que contém</p><p>glicogênio, que pode ser quebrado a glicose e usado para a síntese de ATP. Além disso, o sarcoplasma contém</p><p>mioglobina, proteína de coloração avermelhada presente apenas nas fibras musculares, que armazena</p><p>moléculas de O2, necessárias à síntese de ATP nas mitocôndrias.</p><p>O sarcoplasma é repleto de miofibrilas formadas por conjuntos de filamentos finos e grossos. As estriações</p><p>observadas nas miofibrilas que se estendem por todo o comprimento da fibra muscular fazem com que toda a</p><p>fibra muscular pareça estriada.</p><p>Milhares de pequenas invaginações da sarcolema, chamadas túbulos T (túbulos transversos), mergulham</p><p>desde a superfície até o centro de cada fibra muscular. Após a chegada de um impulso nervoso, o potencial de</p><p>ação muscular se propaga pelo sarcolema e pelos túbulos T, se espalhando rapidamente pela parte interna de</p><p>toda a fibra muscular. Essa disposição assegura que todas as miofibrilas, até mesmos as mais distantes da</p><p>sarcolema sejam excitadas quase que simultaneamente quando a fibra muscular esquelética recebe um impulso</p><p>nervoso.</p><p>Sistema de sacos membranosos semelhante ao retículo endoplasmático liso, chamado retículo</p><p>sarcoplasmático (RS), circunda as miofibrilas em diferentes regiões. As partes dilatadas desses sacos são</p><p>chamadas cisternas terminais. Os túbulos T alcançam duas cisternas terminais e as envolvem formando uma</p><p>tríade. Em uma fibra muscular relaxada, as cisternas terminais armazenam íons cálcio (Ca++). A liberação de íon</p><p>cálcio no sarcoplasma banhando as miofibrilas desse íon é condição essencial para iniciar o processo de</p><p>contração muscular. Observe na figura a seguir a anatomia interna de uma fibra muscular esquelética.</p><p>Organização Estrutural das Miofibrilas</p><p>Como</p><p>dito anteriormente, uma fibra muscular é repleta de subunidades estruturais dispostas</p><p>longitudinalmente denominadas miofibrilas que se estendem por todo o comprimento da fibra muscular. Fazendo</p><p>parte da formação das miofibrilas, existem dois tipos de estruturas ainda menores, chamadas filamentos que são</p><p>de dois tipos, os filamentos grossos, formados pela miosina e os filamentos finos formados principalmente pela</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 46</p><p>actina. A miosina e actina estão presentes também em outras células, porém em quantidades menores,</p><p>desempenhando papel na citocinese (divisão do citoplasma), exocitose e migração celular. Ao contrário, as</p><p>células musculares contêm uma grande quantidade desses filamentos, se utilizando deles para realizar</p><p>unicamente a contração. Esses filamentos se distribuem de modo ordenado formando compartimentos</p><p>chamados sarcômeros, que são as unidades que se repetem ao longo de uma miofibrila. Os filamentos finos e</p><p>grossos que são elementos contráteis verdadeiros do músculo estriado, se sobrepõem, em maior ou menor grau,</p><p>dependendo se o músculo está contraído, relaxado ou estirado. O padrão dessa sobreposição cria as estriações,</p><p>que podem ser vistas quando o músculo é observado na microscopia em preparações de cortes longitudinais</p><p>das fibras musculares. A linha central do sarcômero é denominada linha M e as extremidades do sarcômero</p><p>denominadas discos Z.</p><p>Os filamentos finos se originam no disco Z e se projetam em direção ao centro de dois sarcômeros</p><p>adjacentes, portanto, apontando para direções opostas. Sendo assim, um único sarcômero possui dois grupos</p><p>de filamentos finos, cada um deles fixado em um disco Z, com todos os filamentos de cada grupo apontados</p><p>para o centro do sarcômero, porém esses dois grupos de filamentos finos não se encontram no centro do</p><p>sarcômero.</p><p>Os filamentos grossos também formam arranjos paralelos e também não se estendem por todo o</p><p>comprimento do sarcômero. Eles se originam no centro do sarcômero e se projetam em direções às duas</p><p>extremidades desse mesmo sarcômero mas não atingindo as extremidades. Portanto, existem regiões de cada</p><p>sarcômero, a cada lado do disco Z, onde somente filamentos finos estão presentes denominadas banda I. Da</p><p>mesma forma, existem regiões a cada lado do centro do sarcômero onde somente filamentos grossos estão</p><p>presentes denominadas banda H. A região de cada sarcômero na qual está contida toda a extensão dos</p><p>filamentos grossos é a banda A. A banda H é dividida pela linha M.</p><p>Durante a contração, os filamentos finos e grossos não se encurtam. Em vez disso, os dois discos Z nas</p><p>extremidades dos sarcômeros se aproximam no momento em que os filamentos finos deslizam por sobre os</p><p>filamentos grossos (teoria do deslizamento dos filamentos). Portanto, quando a contração ocorre, o movimento</p><p>dos filamentos finos em direção ao centro do sarcômero cria uma grande sobreposição entre os dois grupos de</p><p>filamentos, efetivamente reduzindo a espessura das bandas I e H, mas sem influenciar a espessura da banda A.</p><p>O arranjo dos filamentos grossos e finos possui uma relação constante e específica. Nas células</p><p>musculares estriadas esqueléticas de mamíferos, cada filamento grosso é circundado, de forma equidistante, por</p><p>seis filamentos finos. Cortes transversais da região de sobreposição entre os filamentos finos e grossos mostram</p><p>um padrão hexagonal, sendo o centro ocupado por um filamento grosso A organização estrutural das miofibrilas</p><p>é mantida principalmente por cinco tipos de proteínas: titina, miomesina, α-actinina e nebulina.</p><p>Os filamentos grossos estão posicionados de forma precisa dentro do sarcômero com o auxílio da titina e</p><p>da miomesina. A grande proteína titina se estende a partir de um filamento grosso até o disco Z e, devido a sua</p><p>propriedade elástica, oferece ao sarcômero a capacidade de se expandir e de retrair. A miomesina interconecta</p><p>aos filamentos grossos a fim de manter seu arranjo específico.</p><p>Os filamentos finos são mantidos em paralelo por uma proteína em forma de bastão denominada α-</p><p>actinina, um componente do disco Z. Além disso, moléculas de nebulina, uma longa proteína não elástica, estão</p><p>enoveladas em torno de todo o comprimento do filamento fino, ancorando-o ao disco Z e assegurando a</p><p>manutenção do arranjo específico dos filamentos finos. Observe a figura a seguir.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 47</p><p>Filamentos Grossos e Finos</p><p>Os filamentos grossos são compostos por moléculas de miosina unidas umas às outras pelas suas</p><p>extremidades. Cada filamento grosso é composto por cerca de 300 moléculas de miosina. Cada molécula de</p><p>miosina é composta por duas cadeias idênticas. Essas cadeias se assemelham a dois tacos de golfe enovelados</p><p>em hélice. As cabeças dos tacos recebem a adenosina trifosfato (ATP) e podem se ligar aos filamentos finos</p><p>atuando na formação de pontes cruzadas. As cabeça da miosina também possui atividade ATPase e motora, ou</p><p>seja, elas podem quebrar a ligação entre o fosfato e o ADP e liberar energia para gerar movimento. Observe a</p><p>figura a seguir.</p><p>O principal componente de cada filamento fino é a actina F, um polímero de unidades globulares de actina</p><p>G. Embora as moléculas de actina G sejam globulares, elas estão todas polimerizadas na mesma orientação</p><p>espacial, impondo uma específica polaridade ao filamento. Uma das extremidades de cada filamento fino está</p><p>ligada ao disco Z pela α-actinina, a outra extremidade se estende em direção ao centro do sarcômero. Cada</p><p>molécula de actina G também contém um sítio, denominado sítio ativo, onde a cabeça da miosina se liga. Duas</p><p>cadeias da actina F se entrelaçam fortemente uma ao redor da outra formando uma dupla hélice como dois</p><p>cordões de pérolas.</p><p>Moléculas de tropomiosina, que tem a forma de um lápis, também faz parte do filamento fino. Essas</p><p>moléculas se polimerizam para formar filamentos que envolvem a dupla hélice da actina F cobrindo os sítios</p><p>ativos das moléculas de actina G. Ligada a cada molécula de tropomiosina encontra-se uma molécula de</p><p>troponina, que contém três subunidades: TnT, TnC e TnI. A subunidade TnT está ligada à molécula de</p><p>tropomiosina, a subunidade TnC possui grande afinidade pelo íon cálcio e a subunidade Tnl também impede a</p><p>ligação entre a cabeça da miosina e a actina. A ligação do cálcio à subunidade TnC induz a uma mudança</p><p>conformacional da tropomiosina, liberando os sítios ativos da actina G previamente bloqueados de modo que as</p><p>cabeças das moléculas de miosina possam se ligar a esses sítios ativos da actina G. Observe a figura a seguir.</p><p>Contração das Fibras Musculares Esqueléticas</p><p>Quando os cientistas examinaram as primeiras micrografias eletrônicas do músculo esquelético, no meio</p><p>da década de 50, eles ficaram surpresos ao ver que os comprimentos dos filamentos finos e grossos eram os</p><p>mesmos, tanto no músculo relaxado, como no contraído. Até então, admitia-se que a contração era um processo</p><p>de dobradura, algo semelhante a uma sanfona. Contudo, os pesquisadores descobriram que o músculo</p><p>esquelético se encurtava durante a contração, porque os filamentos finos e grossos deslizavam uns sobre os</p><p>outros. O modelo que descreve a contração do músculo recebeu o nome de mecanismo dos filamentos</p><p>deslizantes.</p><p>Ocorre a contração muscular porque as cabeças de miosina se ligam na actina nas duas extremidades do</p><p>sarcômero, puxando progressivamente os filamentos finos em direção à linha M. Como resultado, os filamentos</p><p>finos deslizam em direção ao centro do sarcômero, onde se encontram. À medida que os filamentos finos</p><p>deslizam em direção ao centro, os discos Z se aproximam e o sarcômero se encurta. O encurtamento dos</p><p>sarcômeros produz o encurtamento de toda a miofibrila, o encurtamento de todas as miofibribrilas de uma fibra</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 48</p><p>produz a contração dessa fibra muscular e o encurtamento</p><p>de todas as fibras de um músculo produz a contração</p><p>de todo o músculo.</p><p>A contração reduz de forma efetiva o comprimento de repouso da fibra muscular e é iniciado por impulsos</p><p>nervosos que são transmitidos por uma junção neuromuscular. A força de contração de um músculo como o</p><p>bíceps, por exemplo, ocorre em função do número de fibras musculares que se contraem. É importante que se</p><p>saiba que antes do início do processo de contração, ou seja, na fibra muscular em repouso, o ATP já se ligou na</p><p>cabeça da miosina e, como a cabeça da miosina possui atividade ATPásica, ele já foi hidrolisado em adenosina</p><p>difosfato (ADP) e fosfato inorgânico (Pi). Acompanhe a sequência descrita observando a figura a seguir.</p><p>1) No repouso, antes de se iniciar o processo de contração, o ATP já se ligou na cabeça da miosina e se</p><p>transformou em ADP + Pi. No entanto, a cabeça da miosina não consegue se ligar na actina pois a troponina e</p><p>a tropomiosina estão impedindo essa ligação.</p><p>2) Com a chegada do impulso nervoso e consequentemente a despolarização da fibra muscular</p><p>esquelética, os íons cálcio (Ca++) são liberados no sarcoplasma a partir das cisternas terminais. Os íons cálcio</p><p>se ligam no sítio C (TnC) da troponina permitindo que a cabeça da miosina se ligue na actina com liberação do</p><p>fosfato (Pi).</p><p>3) Em seguida a cabeça da miosina usa a energia do ATP hidrolisado e empurra o filamento fino em</p><p>direção ao centro do sarcômero. Durante esse movimento a cabeça da miosina perde o ADP mas continua ligada</p><p>na actina.</p><p>4) Um nova molécula ATP se liga na cabeça da miosina o que faz com que a cabeça da miosina de</p><p>desligue da actina.</p><p>5) Na cabeça da miosina a ATPase quebra o ATP em ADP + Pi e a cabeça da miosina volta a sua posição</p><p>inicial podendo se ligar novamente no filamento fino, porém numa região mais a frente e assim o ciclo se repete</p><p>enquanto um impulso nervoso estiver excitando a fibra muscular e os íon cálcio estiverem em grande</p><p>concentração no sarcoplasma.</p><p>Ao mesmo tempo que algumas cabeças de miosina estão se desprendendo do filamento fino, outras estão</p><p>se ligando nesse mesmo filamento fino, impedindo que os filamentos finos retornem a sua posição de repouso.</p><p>Como as cabeças da miosina estão dispostas como imagem em espelho em cada lado do sarcômero, essa ação</p><p>puxa os filamentos finos para o centro do sarcômero, aproximando os disco Z e encurtando, dessa forma o</p><p>sarcômero.</p><p>O ciclo de ligação e desconexão entre a cabeça da miosina e a actina deve ser repetido inúmeras vezes</p><p>para que a contração seja completada. Cada ciclo de ligação e desconexão requer ATP para a conversão de</p><p>energia química em movimento. Enquanto a concentração de cálcio no citosol estiver elevada o suficiente, os</p><p>filamentos de actina permanecem em estado ativo e os ciclos de contração continuam. Uma vez que o impulso</p><p>nervoso é interrompido, o relaxamento muscular ocorre, envolvendo uma inversão das etapas que levaram à</p><p>contração.</p><p>Primeiramente, bombas de cálcio localizadas na membrana das cisternas terminais devolvem ativamente</p><p>os íons cálcio para o interior das cisternas terminais. Os níveis reduzidos de cálcio no citosol causam a</p><p>desconexão do cálcio da subunidade TnC da troponina. Em seguida, a tropomiosina retoma à posição na qual</p><p>ela recobre o sítio ativo da actina, impedindo a interação entre a cabeça da miosina e a actina. Observe a figura</p><p>a seguir.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 49</p><p>Lesão e Reparo do Músculo Esquelético</p><p>As células satélites estão interpostas por entre as fibras musculares esqueléticas. Elas são pequenas</p><p>células com citoplasma escasso. Normalmente, o citoplasma das células satélites se confunde com o</p><p>sarcoplasma das fibras musculares esqueléticas na visão da microscopia óptica, tornando as células satélites</p><p>difíceis de serem identificadas. As células satélites são responsáveis pela capacidade do músculo esquelético</p><p>de se regenerar, porém sua capacidade regenerativa é limitada. Essas células estão normalmente inativas mas,</p><p>após a lesão do tecido muscular esquelético, elas tornam-se ativadas, se proliferam e dão origem a novos</p><p>mioblastos. Os mioblastos fundem-se e para formar uma nova fibra.</p><p>As distrofias musculares são caracterizadas pela degeneração progressiva das fibras musculares</p><p>esqueléticas, impondo uma necessidade constante às células satélites no sentido de repor as fibras</p><p>degeneradas. Finalmente, a reserva de células satélites se esgota. Novos dados experimentais indicam que</p><p>durante esse processo outras células miogênicas são recrutadas da medula óssea. A velocidade de</p><p>degeneração, entretanto, supera a regeneração, resultando em perda muscular. Uma futura estratégia</p><p>terapêutica para distrofias musculares pode incluir o transplante de células satélites ou de células miogênicas da</p><p>medula óssea para o músculo lesionado.</p><p> MATERIAL</p><p>1) Lâmina 11 H: LÍNGUA – PAPILAS FUNGIFORMES (HE)</p><p> PROCEDIMENTO</p><p>Utilizar as objetivas 04, 10 e 40.</p><p>1) Na lâmina 11 H: (a) indicar no músculo estriado esquelético núcleo das fibras, estriações nos cortes</p><p>longitudinais das fibras, miofibrilas nos cortes transversais das fibras e os tecidos conjuntivos envolventes</p><p>perimísio e endomísio com vasos sanguíneos; (b) observar a figura do músculo estriado esquelético e comparar</p><p>com as fotomicrografias e com as imagens observadas no microscópio óptico.</p><p>Músculo Estriado Esquelético</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 50</p><p> LÂMINA 11 H: LÍNGUA – PAPILAS FUNGIFORMES (HE)</p><p>Objetiva 04 Objetiva 10</p><p>Objetiva 40 Objetiva 40</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 51</p><p> PRÁTICA 10: MÚSCULO ESTRIADO CARDÍACO</p><p> INTRODUÇÃO</p><p>O músculo estriado cardíaco é encontrado somente no coração e é composto por uma rede de células</p><p>musculares cardíacas ramificadas e separadas umas das outras por finos septos de tecido conjuntivo por onde</p><p>penetram vasos sanguíneos, nervos e o sistema autogerador do impulso cardíaco. Vasos sanguíneos maiores</p><p>se ramificam e invadem o tecido conjuntivo, formando uma rica e densa rede de capilares que envolvem cada</p><p>fibra muscular cardíaca.</p><p>O músculo estriado cardíaco difere do músculo estriado esquelético e do músculo liso por a capacidade</p><p>de se contrair por si próprio e independente do sistema nervoso. Um sistema de células musculares cardíacas</p><p>modificadas, denominadas células auto-rítmicas, é responsável pela contração do coração. Este sistema</p><p>especializado será abordado em Sistema Orgânicos Integrados II.</p><p>Quase metade do volume de uma célula muscular cardíaca é ocupada por mitocôndrias, o que está de</p><p>acordo com o metabolismo essencialmente aeróbico desse músculo. Como a necessidade de oxigênio para as</p><p>células musculares estriadas cardíacas é alta, elas contêm uma abundante quantidade de mioglobina.</p><p>Comparadas às fibras musculares esqueléticas, as fibras musculares cardíacas têm menor comprimento,</p><p>maior diâmetro e não são tão circulares na secção transversa. São ramificadas, o que dá, às fibras individuais,</p><p>aparência de um Y. Cada célula muscular cardíaca possui um único e grande núcleo central de formato oval,</p><p>embora algumas células possam apresentar dois núcleos. As células musculares dos átrios cardíacos são um</p><p>pouco menores do que as dos ventrículos. Algumas células musculares cardíacas possuem também função</p><p>endócrina (especialmente as do átrio direito) secretando um hormônio denominado peptídeo natriurético atrial</p><p>(PNA), que funciona como redutor da pressão arterial. Este peptídeo atua na redução da capacidade dos túbulos</p><p>renais em reabsorver sódio e água diminuindo, dessa forma, o volume sanguíneo.</p><p>Estrutura do Músculo Cardíaco</p><p>As células musculares cardíacas formam junções altamente</p><p>especializadas que unem uma célula à outra</p><p>através de suas extremidades, denominadas discos intercalares. Os discos intercalares possuem grande</p><p>quantidade de desmossomas que mantem unidas as fibras musculares cardíacas e de junções comunicantes</p><p>(junções do tipo gap) que permitem um fluxo rápido de informação de uma célula para outra.</p><p>Embora as fibras musculares se comuniquem entre si, elas formam duas redes funcionais distintas: a rede</p><p>atrial e a rede ventricular. As extremidades de cada fibra, em cada uma dessas redes, conectam às extremidades</p><p>das fibras vizinhas por discos intercalares. Como consequência, quando uma fibra, em qualquer uma dessas</p><p>redes, for estimulada, todas as outras fibras da mesma rede, também serão. Desse modo, cada rede se contrai</p><p>como uma única unidade. Quando as fibras do átrio se contraem, o sangue se desloca para os ventrículos.</p><p>Quando as fibras ventriculares se contraem, elas ejetam sangue para fora do coração. Observe a figura a seguir</p><p>que esquematiza um disco intercalar.</p><p>Diferenças Entre a Fibra Muscular Cardíaca e a Fibra Muscular Esquelética</p><p>O padrão de estriações das fibras musculares estriadas cardíacas é idêntico ao das fibras musculares</p><p>estriadas esqueléticas uma vez que esses dois tipos de tecido muscular são formados por miofibrilas constituídas</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 52</p><p>por sequência de sarcômero. Cada sarcômero da fibra muscular cardíaca possui a mesma estrutura básica que</p><p>o sarcômero da fibra muscular esquelética. Assim, o modo e o mecanismo de contração são idênticos nos dois</p><p>tipos de tecidos musculares estriados. Entretanto, algumas diferenças devem ser enfatizadas.</p><p>O retículo sarcoplasmático (retículo endoplasmático liso da fibra muscular) das fibras esqueléticas não</p><p>forma cisternas terminais tão grandes e não é tão extenso quanto o das fibras musculares cardíacas. As cisternas</p><p>terminais são estruturas originadas do retículo endoplasmático liso que armazenam íons cálcio. Como veremos</p><p>em Sistemas Orgânicos Integrados I, as miofibrilas devem ser banhadas pelos íons cálcio para que o processo</p><p>de contração se inicie. Essas pequenas cisternas terminais se aproximam dos túbulos T mas não ocorre a</p><p>formação das tríades observadas nas fibras musculares esqueléticas. Na verdade, a associação entre as</p><p>cisternas terminais e os túbulos T é, normalmente, composta por dois componentes, formando uma díade. Além</p><p>disso, os túbulos T das fibras musculares cardíacas são menos numerosos e possui um diâmetro quase duas</p><p>vezes e meia maior do que o diâmetro dos túbulos T do músculo esquelético. Observe a figura a seguir.</p><p>Como o retículo sarcoplasmático da fibra muscular cardíaca é relativamente esparso, ele não pode</p><p>armazenar cálcio suficiente para conseguir executar uma contração plena. Assim, para que a fibra muscular</p><p>cardíaca realize sua contração, ela deve receber uma grande quantidade de cálcio do líquido extracelular (LEC).</p><p>Como os canais de cálcio localizados na membrana plasmática das fibras musculares cardíacas que permitem</p><p>a entrada desse íon são canais lentos, o processo de contração da fibra muscular cardíaca é muito mais</p><p>demorado quando comparado ao tempo de contração da fibra muscular esquelética. Durante o processo de</p><p>relaxamento do músculo cardíaco os íons cálcio também saem lentamente por esses canais. A consequência é</p><p>que a fibra muscular cardíaca permanece contraída por um tempo entre 10 a 15 vezes maior em comparação à</p><p>fibra muscular esquelética.</p><p>Lesão e Reparo do Músculo Cardíaco</p><p>O tecido muscular estriado cardíaco é incapaz de se regenerar. Após lesão, como por exemplo, um infarto</p><p>do miocárdio, fibroblastos invadem a região afetada, entram em divisão celular e formam um tecido conjuntivo</p><p>fibroso (cicatriz) para reparar o dano. Consequentemente, a função cardíaca é perdida no local da lesão. Este</p><p>padrão de lesão e de reparo é encontrado no infarto do miocárdio. A confirmação de infarto do miocárdio pode</p><p>ser feita através da detecção de marcadores específicos no sangue. Esses marcadores são as subunidades</p><p>estruturais da troponina cardíaca (Tnl e TnT). Elas são geralmente liberadas na corrente sanguínea dentro de 3</p><p>a 12 h após um infarto do miocárdio. Os níveis de Tnl permanecem elevados por até 2 semanas após a lesão</p><p>inicial e, portanto, ele é considerado um excelente marcador para o diagnóstico de infarto do miocárdio</p><p>recentemente ocorrido.</p><p>Estudos recentes em corações removidos de indivíduos que receberam transplantes revelaram a presença</p><p>de mitoses nas fibras musculares cardíacas. Embora o número de divisão nesses corações seja baixo (0,1%),</p><p>isso sugere que as fibras musculares cardíacas têm potencial para sofrer divisão celular. Talvez no futuro possa</p><p>ser desenvolvido um método para induzir um músculo cardíaco humano a se regenerar.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 53</p><p> MATERIAL</p><p>1) Lâmina 90 H: CORAÇÃO (HE)</p><p>2) Lâmina 70 H: CORAÇÃO – DISCO INTERCALAR (Hematoxilina Férrica)</p><p>3) Lâmina 57 H: CORAÇÃO – FIBRA DE PURKINJE (HE).</p><p> PROCEDIMENTO</p><p>Utilizar as objetivas 04, 10, 40 e 100.</p><p>1) Na lâmina 90 H: (a) indicar núcleo das fibras, estriações nos cortes longitudinais das fibras, capilares</p><p>sanguíneos, região de ramificação da fibra; (b) observar a figura do músculo estriado cardíaco e comparar com</p><p>as fotomicrografias e com as imagens observadas no microscópio óptico.</p><p>2) Na lâmina 70 H: (a) indicar núcleo das fibras, estriações nos cortes longitudinais das fibras, capilares</p><p>sanguíneos, região de ramificação da fibra e discos intercalares; (b) observar a figura do músculo estriado</p><p>cardíaco e comparar com as fotomicrografias e com as imagens observadas no microscópio óptico.</p><p>3) Na lâmina 57 H: indicar uma fibra contrátil e uma fibra auto-rítmica, ambas em corte transversal,</p><p>observando diferenças em relação à quantidade de miofibrila e em relação ao diâmetro da fibra.</p><p>Músculo Estriado Cardíaco</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 54</p><p> LÂMINA 90 H: CORAÇÃO (HE)</p><p>Objetiva 10 Objetiva 40</p><p> LÂMINA 70 H: CORAÇÃO – DISCO INTERCALAR (HEMATOXILINA FÉRRICA)</p><p>Objetiva 10 Objetiva 40</p><p>Objetiva 100 Objetiva 100</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 55</p><p>LÂMINA 57 H: CORAÇÃO – FIBRA DE PURKINJE (HE).</p><p>Objetiva 04 Objetiva 10</p><p>Objetiva 40</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 56</p><p> PRÁTICA 11: MÚSCULO LISO</p><p> INTRODUÇÃO</p><p>O músculo liso geralmente ocorre em feixes de células fusiformes alongadas com extremidades finamente</p><p>afiladas. Essas células também denominadas fibras, estão presentes nas paredes de vasos sanguíneos, na</p><p>parede de vísceras ocas, como o estômago, intestinos, útero, bexiga urinária, no trato respiratório, no músculo</p><p>eretor dos pelos, nos músculos da íris que ajustam o diâmetro pupilar e no corpo ciliar que ajusta o foco do</p><p>cristalino.</p><p>Como no músculo cardíaco, as células musculares lisas se conectam por junções comunicantes,</p><p>permitindo que pequenas moléculas e íons possam passar de uma célula para outra produzindo, desse modo,</p><p>uma atividade de contração coordenada da musculatura lisa.</p><p>O núcleo da célula muscular lisa está localizado no centro da célula e quando a célula está contraída ele</p><p>tem um aspecto de saca-rolhas em corte longitudinal. Na célula não contraída, um núcleo aparece como uma</p><p>estrutura alongada com extremidades afiladas, situando-se no eixo central da célula. Quando o núcleo é visto</p><p>em um corte transversal da fibra muscular lisa, ele aparece de forma circular.</p><p>Estrutura do Músculo Liso</p><p>As células musculares lisas possuem um aparelho contrátil constituído de filamentos finos, filamentos</p><p>grossos e filamentos intermediários. Os filamentos finos do músculo liso contêm actina e tropomiosina, mas não</p><p>são constituídos pela troponina.</p><p>Os filamentos grossos são também formados por miosina, mas diferem um pouco daqueles encontrados</p><p>nos músculos estriados. Nos músculos estriados, as cabeças da miosina projetam-se nas duas extremidades do</p><p>filamento ficando uma região desnuda, ou seja, sem cabeças de miosina, no centro do filamento. No músculo</p><p>liso, as moléculas de miosina são posicionadas de tal forma que não há uma região desnuda no centro do</p><p>filamento grosso, em vez disso, as cabeças de miosina são encontradas em toda a extensão do filamento grosso.</p><p>Essa organização aumenta ao máximo a interação entre os filamentos finos e grossos, possibilitando que os</p><p>filamentos finos sejam puxados por toda a extensão dos filamentos grossos. A contração da musculatura lisa</p><p>também depende da entrada de Ca++ e a entrada desse íon promove a ligação do ATP nas cabeças da miosina</p><p>o que permite com que elas se liguem na actina. Observe a figura a seguir que demonstra essa diferença de</p><p>posicionamento da molécula de miosina entre os filamentos grossos dos músculos estriados e do músculo liso.</p><p>Por entre os filamentos finos e também aderidos à membrana plasmática da fibra muscular lisa são</p><p>encontradas estruturas denominadas corpos densos. Os corpos densos são formados por um grupo de proteínas</p><p>(como, por exemplo, a α-actinina) e fornecem um local para a ligação dos filamentos finos. Os corpos densos</p><p>são análogos aos discos Z do sarcômero, pois quando se inicia o mecanismo dos filamentos deslizantes, os</p><p>corpos densos se aproximam entre si puxando a membrana plasmática em diferentes pontos, alterando, dessa</p><p>forma, o formato da fibra muscular lisa e produzindo o formato de saca-rolha no núcleo. Observe a figura a seguir.</p><p>Outra proteína denominada calmodulina é essencial para se iniciar as contrações das fibras musculares</p><p>lisas. A calmodulina, pelo fato de se ligar ao Ca++, é considerada análoga ao sítio TnC da troponina nos músculos</p><p>estriados. Após a ligação do Ca++, o complexo Ca++-calmodulina ativa a fosforilação da cabeça da miosina que</p><p>se torna capacitada a se ligar aos filamentos de actina.</p><p>Contração do Músculo Liso</p><p>Em alguns aspectos a contração da musculatura lisa é semelhante à contração da musculatura estriada</p><p>uma vez que para iniciar a contração da fibra muscular lisa também é necessária a sua despolarização. A</p><p>despolarização da fibra muscular lisa, por sua vez, provoca o aumento da concentração de Ca++ no sarcoplasma</p><p>através da abertura de canais de Ca++ regulados por voltagem localizados na membrana do retículo</p><p>endoplasmático liso (REL) e na membrana plasmática. Esse aumento da concentração de Ca++ é diretamente</p><p>responsável pela contração da fibra muscular lisa. Embora exista essa semelhança, alguns estímulos que</p><p>causam a contração da musculatura lisa são diferentes daqueles que causam a contração da musculatura</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 57</p><p>estriada como, por exemplo, os estímulos mecânicos e hormônios, embora impulsos nervosos também podem</p><p>estimular a contração da fibra muscular lisa.</p><p>No estímulo mecânico, o estiramento do músculo liso vascular provoca abertura de canais iônicos</p><p>regulados mecanicamente localizados na membrana plasmática da fibra muscular lisa provocando a sua</p><p>despolarização. Essa despolarização promove a abertura dos canais de Ca++ regulados por voltagem localizados</p><p>na membrana do REL e na membrana plasmática levando à contração da fibra muscular lisa. Isso explica o</p><p>porquê dos vasos sanguíneos se contraírem em respostas ao estiramento.</p><p>Já os estímulos químicos são desencadeados por hormônios que se ligam a receptores específicos</p><p>localizados na membrana plasmática da fibra muscular lisa. Essa ligação ativa mensageiros citoplasmáticos que</p><p>provocam diretamente a abertura dos canais de Ca++ regulados por ligantes localizados na membrana do REL</p><p>causando a depolarização da fibra muscular lisa. O hormônio ocitocina, por exemplo, estimula a contração da</p><p>célula muscular lisa e sua liberação pela neurohipófise é essencial na contração uterina durante o parto. Essa</p><p>substância frequentemente é utilizada para induzir ou intensificar o trabalho de parto.</p><p>De forma semelhante ao músculo estriado, o estímulo nervoso através da liberação dos</p><p>neurotransmissores também altera o potencial da fibra muscular lisa provocando a abertura dos canais de Ca++</p><p>regulados por voltagem localizados na membrana do REL e na membrana plasmática da fibra muscular lisa.</p><p>Essa contração geralmente é regulada pelos neurônios do sistema nervoso autônomo (SNA), tanto por nervos</p><p>simpáticos quanto parassimpáticos. Embora as células musculares lisas sejam desprovidas de túbulos T, elas</p><p>possuem um grande número de invaginações da membrana plasmática que se aproximam do REL de modo</p><p>semelhante ao túbulo T do músculo estriado favorecendo também a liberação de Ca++ pelo REL. Durante o</p><p>processo de relaxamento da fibra muscular lisa, o Ca++ é removido do sarcoplasma pelas bombas de Ca++</p><p>localizadas na membrana do REL e na membrana plasmática que transportam ativamente o Ca++ de volta ao</p><p>REL e para o meio extracelular, respectivamente</p><p>Como no músculo estriado, a contração do músculo liso é iniciada por um aumento da concentração de</p><p>Ca++ no sarcoplasma, mas por não possuir troponina, o mecanismo de contração do músculo liso é diferente. O</p><p>aumento da concentração de Ca++ no músculo liso estimula a formação do complexo Ca++-calmodulina que ativa</p><p>a fosforilação da cabeça da miosina. Esta fosforilação da cabeça da miosina não é realizada diretamente pelo</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 58</p><p>complexo Ca++-calmodulina. O complexo Ca++-calmodulina inicialmente se liga a uma cinase da cabeça da</p><p>miosina (cinase da cadeia leve de miosina). Cinase é uma enzima que transfere fosfato do ATP para outras</p><p>moléculas. Essa cinase transfere o fosfato do ATP para a cabeça da miosina. Quando essa transferência ocorre,</p><p>a miosina se torna ativa podendo se ligar na actina e iniciar o processo de contração. Quando o fosfato é retirado</p><p>da cabeça da miosina por uma fosfatase, a miosina se torna inativa se desligando da actina. Observe na figura</p><p>abaixo um resumo dos processos que iniciam a contração da fibra muscular lisa.</p><p>A transferência do fosfato do ATP para a cabeça da miosina do músculo liso ocorre numa velocidade muito</p><p>menor quando comparada ao músculo esquelético. Isso resulta na contração lenta e prolongada das células</p><p>musculares lisas. Assim, a musculatura lisa pode se contrair de uma maneira semelhante a uma onda,</p><p>produzindo movimentos peristálticos como aqueles no trato gastrintestinal e no trato genital masculino.</p><p>Renovação, Reparo e Diferenciação das Fibras Musculares Lisas</p><p>As células musculares lisas podem responder a lesões através de mitoses. Além disso, o músculo liso</p><p>contém populações celulares que se dividem regularmente. O músculo liso no útero, por exemplo, prolifera</p><p>durante o ciclo menstrual normal e durante a gravidez, atividades controladas por hormônios. As células</p><p>musculares lisas dos vasos sanguíneos também se dividem regularmente repondo células danificadas.</p><p>As células musculares lisas também mostraram desenvolver-se a partir da divisão e diferenciação das</p><p>células endoteliais e dos pericitos durante o processo de reparo após lesão vascular. Os pericitos estão</p><p>localizados nos capilares e nas vênulas e funcionam como células-tronco multipotenciais.</p><p> MATERIAL</p><p>1) Lâmina 49 U T: ESTÔMAGO CORTE TRANSVERSAL (HE)</p><p> PROCEDIMENTO</p><p>Utilizar as objetivas 04, 10 e 40.</p><p>1) Na lâmina 49 U T: (a) indicar o núcleo das fibras musculares, fibras em corte longitudinal e fibras</p><p>em corte transversal e observar a ausência de estriações; (b) observar</p><p>a figura do músculo liso</p><p>e comparar com as fotomicrografias e com as imagens observadas no microscópio óptico.</p><p>Músculo Liso</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 59</p><p>LÂMINA 49 U: ESTÔMAGO CORTE TRANSVERSAL (HE)</p><p>Objetiva 04 Objetiva 10</p><p>Objetiva 40</p><p>Lâminas Descrição Coloração</p><p>11 H Língua - Papilas Filiforme e Fungiforme Hematoxilina-Eosina (HE)</p><p>90 H Coração Hematoxilina-Eosina (HE)</p><p>70 H Coração – Disco Intercalar Hematoxilina-Eosina (HE)</p><p>57 H Coração - Fibras de Purkinje Hematoxilina-Eosina (HE)</p><p>49 U Estômago corte transversal Hematoxilina-Eosina (HE)</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 60</p><p>PROBLEMA 03</p><p>ESTUDO MICROSCÓPICO DOS VASOS SANGUÍNEOS</p><p>INDICAÇÃO DE LEITURA</p><p>GARTNER e HIATT, Capítulo 11, páginas 257-273.</p><p>JUNQUEIRA e CARNEIRO, Capítulo 11, páginas 199-212.</p><p>ROSS e WOJCIECH, Capítulo 13, páginas 419-439.</p><p>OBJETIVOS</p><p>2) Caracterizar as túnicas íntima, média e adventícia de um vaso sanguíneos.</p><p>3) Descrever os mecanismos de nutrição e inervação de um vaso sanguíneo.</p><p>4) Diferenciar histologicamente a parede de uma artéria elástica, muscular e de uma arteríola.</p><p>5) Caracterizar histologicamente a estrutura de um capilar sanguíneo.</p><p>6) Descrever as principais diferenças entre os capilares contínuos, fenestrados e sinusoides e citar os órgãos e tecidos onde</p><p>são encontrados.[</p><p>7) Diferenciar histologicamente a parede de uma vênula de uma veia de médio calibre e de uma veia de grande calibre.</p><p>8) Traçar as principais diferenças histológicas entre uma artéria e uma veia de mesmo calibre.</p><p>O sistema cardiovascular é constituído pelo coração, um órgão muscular que bombeia o sangue para dois</p><p>circuitos distintos: (1) o circuito pulmonar, que transporta o sangue do coração para os pulmões e dos pulmões</p><p>de volta ao coração e (2) o circuito sistêmico, que transporta o sangue do coração para todos os órgãos e tecidos</p><p>do corpo e desses de volta ao coração. Esses circuitos são formados por artérias, capilares e veias.</p><p>As artérias representam uma série de vasos que transportam sangue a partir do coração e que se</p><p>ramificam produzindo vasos de diâmetro cada vez menor até finalmente formar capilares.</p><p>Os capilares são vasos sanguíneos de paredes finas e de menor calibre através dos quais substâncias</p><p>passam do sangue para os tecidos e dos tecidos para o sangue.</p><p>As veias são vasos que drenam o sangue dos capilares e formam vasos cada vez maiores levando o</p><p>sangue de volta ao coração</p><p> ESTRUTURA GERAL DOS VASOS SANGUÍNEOS</p><p>A parededas artérias que conduzem o sangue sob alta pressão é mais espessa do que a parede das veias</p><p>correspondentes. Consequentemente, quando se compara veia e artéria de mesmo diâmetro, as artérias</p><p>possuem um lúmen menor. Entretanto, o diâmetro das artérias diminui a cada ramificação, enquanto o diâmetro</p><p>das veias aumenta em cada convergência. Além disso, em cortes transversais, geralmente as artérias aparecem</p><p>com seus lúmens abertos enquanto que as veias aparecem com seus lúmens fechados devido ao colabamento</p><p>de suas paredes.</p><p> TÚNICAS DOS VASOS</p><p>As paredes dos vasos sanguíneos são compostas por três camadas ou túnicas: (1) túnica íntima, (2) túnica</p><p>média e (3) túnica adventícia.</p><p>A camada mais interna, a túnica íntima, é constituída pelo epitélio simples pavimentoso denominado</p><p>endotélio que reveste o lúmen, e um tecido conjuntivo subendotelial. A túnica média é constituída principalmente</p><p>por células musculares lisas. A camada mais externa, a túnica adventícia, é constituída por tecido conjuntivo.</p><p>Na parte mais externa da túnica íntima e na parte mais externa da túnica média são encontradas as</p><p>lâminas elásticas interna e externa constituídas por um conjunto de fibras elásticas. Como veremos a seguir,</p><p>essas lâminas não são perfeitamente identificadas em alguns tipos de vasos.</p><p>Túnica Íntima</p><p>As células endoteliais formam o epitélio simples pavimentoso que reveste o lúmen dos vasos sanguíneos</p><p>e se assentam sobre uma lâmina basal. Essas células além de proporcionarem uma superfície lisa para facilitar</p><p>o fluxo sanguíneo, possuem outras funções importantes. As células endoteliais das artérias, por exemplo, contêm</p><p>corpúsculos de Weibel-Palade, que são vesículas que contém uma glicoproteína denominada fator de von</p><p>Willebrand, um fator que contribui para que o processo de coagulação sanguínea ocorra após lesão vascular. As</p><p>células endoteliais secretam no sangue óxido nítrico (NO), uma substância vasodilatadora, importante para</p><p>aumentar o fluxo sanguíneo em alguns órgãos e tecidos. Além disso, células endoteliais de alguns vasos</p><p>possuem enzimas ligadas à sua membrana plasmática como, por exemplo, a enzima conversora da angiotensina</p><p>(ECA) localizada nos capilares pulmonares que cliva a angiotensina I produzindo o vasoconstritor angiotensina</p><p>II e a lipase lipoproteica localizada nos capilares do tecido adiposo que degrada lipoproteínas permitindo que as</p><p>células adiposas possam armazenar triglicerídeos.</p><p>Uma camada de tecido conjuntivo frouxo com poucas células musculares lisas está localizada abaixo do</p><p>endotélio. Abaixo desse tecido conjuntivo há uma lâmina elástica interna, especialmente bem desenvolvida e</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 61</p><p>identificada nas artérias musculares. O fato de a lâmina elástica interna ser fenestrada permite a difusão de</p><p>substâncias do sangue para as regiões mais profundas da parede do vaso, facilitando a nutrição das células</p><p>mais distantes do lúmen.</p><p>Túnica Média</p><p>A túnica média que, nas artérias, é a camada mais espessa, é formada principalmente por fibras</p><p>musculares lisas, dispostas circularmente. Inseridas na túnica média das artérias elásticas são encontradas</p><p>várias lâminas elásticas. Já na túnica média das artérias musculares e veias de médio e pequeno calibre são</p><p>encontradas somente fibras elásticas.</p><p>Túnica Adventícia</p><p>Revestindo os vasos na sua superfície externa está a túnica adventícia, formada por tecido conjuntivo</p><p>frouxo. A túnica adventícia é a camada mais espessa das veias.</p><p> NUTRIÇÃO E INERVAÇÃO DOS VASOS</p><p>A grande espessura da parede de vasos maiores dificulta a nutrição das células mais distantes do lúmen.</p><p>Deste modo, essas células são nutridas pelos vasa vasorum, pequenas artérias que penetram na parede do vaso</p><p>e se ramificam para irrigar as células localizadas na parte mais externa da túnica média e na túnica adventícia.</p><p>Uma rede de nervos também alcança as células musculares lisas da túnica média levando impulsos</p><p>nervosos que controlam o calibre dos vasos sanguíneos promovendo vasoconstrição e vasodilatação sendo uma</p><p>importante maneira para regular pressão arterial e fluxo sanguíneo nos diferentes tecidos. Esses impulsos</p><p>propagam-se por todas as células musculares lisas através de junções comunicantes (gap junctions) mantidas</p><p>entre elas. A figura a seguir mostra a parede de um vaso dividida nas três túnicas descritas.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 62</p><p> PRÁTICA 12: ARTÉRIAS, CAPILARES E VEIAS</p><p> INTRODUÇÃO</p><p>ARTÉRIAS</p><p>As artérias são classificadas em três tipos com base em seu tamanho relativo e características</p><p>morfológicas: artérias elásticas (condutoras ou de grande calibre), artérias musculares (distribuidoras ou de</p><p>médio calibre) e arteríolas. Como existem mudanças graduais nas características morfológicas das artérias</p><p>conforme elas se ramificam, algumas possuem características de duas categorias diferentes e, por isso, não</p><p>podem ser incluídas em uma categoria específica.</p><p>Artérias Elásticas</p><p>As grandes artérias como, por exemplo, a aorta são artérias elásticas. A túnica íntima das artérias elásticas</p><p>é constituída por um endotélio, uma lâmina basal e uma estreita camada de tecido conjuntivo frouxo.</p><p>como</p><p>é o caso dos grânulos citoplasmáticos do neutrófilo humano. Objetos de dimensão igual ou maior que 0,2 µm</p><p>são nitidamente observados como os grânulos do eosinófilo humano. O que determina a definição da imagem é</p><p>o limite de resolução do sistema óptico e não o seu poder de aumento. Portanto, a resolução de uma imagem</p><p>depende essencialmente da objetiva, pois as oculares apenas ampliam a imagem nela projetada pela objetiva.</p><p>Observe na tabela abaixo que a objetiva 100 é a que possui a maior abertura numérica e consequentemente</p><p>o menor limite de resolução. Sendo assim, a objetiva 100 é a que proporciona uma maior riqueza em detalhes.</p><p>Ainda na tabela abaixo, a working distance significa a distância entre a objetiva e a lâmina na posição de foco.</p><p>Observe que a objetiva 4, na posição de foco, fica 2,5 cm da lâmina e a objetiva 100 menos de 1,5 milímetro.</p><p>Objetiva</p><p>Abertura</p><p>Numérica (AN)</p><p>Working</p><p>Distance</p><p>4 0,10 25 mm</p><p>10 0,25 5,6 mm</p><p>40 0,65 0,6 mm</p><p>100 1,25 0,14 mm</p><p> MACROMÉTRICO E MICROMÉTRICO</p><p>O macrométrico (regulador maior e externo) e o micrométrico (regulador menor e interno) são os focalizadores</p><p>da imagem. Quando eles são girados, a mesa sobe ou desce.</p><p>O macrométrico é um focalizador grosseiro, ou seja, ele não permite uma focalização precisa da imagem,</p><p>pois quando ele é girado, a mesa se movimenta rapidamente.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 5</p><p>Já o micrométrico permite um ajuste e uma focalização muito mais precisa, pois quando ele é girado, a mesa</p><p>se movimenta lentamente.</p><p>Nunca você poderá utilizar o macrométrico quando as objetivas 40 ou 100 estiverem posicionadas. Em outras</p><p>palavras, somente utilize o macrométrico na objetiva 4 ou 10. Isto é necessário, pois as objetivas 40 e 100 são</p><p>objetivas que, na posição de foco, ficam muito próximas da mesa do microscópio. Um movimento rápido da</p><p>mesa, neste momento, poderia facilmente danificar a objetiva ou provocar a quebra da lâmina. As objetivas 4,</p><p>10, 40 e 100 são parafocais, isto é, o foco de uma fica próximo do foco da outra, usando-se, após a focalização</p><p>na objetiva 4, somente o micrométrico para um pequeno ajuste.</p><p> OBSERVAÇÕES IMPORTANTES</p><p>1. Na passagem da objetiva 4 para a objetiva 10 e depois para a objetiva 40 ou na passagem da objetiva 4 para</p><p>a objetiva 100 é necessário aumentar a intensidade luminosa do microscópio. Esta necessidade existe, pois, a</p><p>ampliação provoca a diminuição da área observada e consequentemente da quantidade de luz que chega aos</p><p>olhos. O inverso também é verdadeiro, ou seja, na passagem da objetiva 40 para a objetiva 10 e depois para a</p><p>objetiva 4 ou na passagem da objetiva 100 para a objetiva 4 será necessário diminuir a intensidade luminosa.</p><p>2. Como observado no item anterior, a quantidade de luz que chega aos nossos olhos diminui conforme a imagem</p><p>é ampliada. Portanto, na objetiva 100 a quantidade de luz que chega aos nossos olhos é mínima. Por isso,</p><p>somente na objetiva 100 é necessário utilizar o óleo de imersão. Este óleo tem a função de recuperar a</p><p>quantidade de luz perdida com a ampliação.</p><p>3. Abaixo da mesa do microscópio existe um dispositivo metálico que regula a luz que atravessa o condensador.</p><p>Quando este dispositivo é colocado na extrema direita, o diafragma se fecha, a luz que sai do condensador</p><p>diminui e a imagem aparece com contraste máximo, ou seja, a imagem ganha em contorno, mas perde sua cor</p><p>interna. Em contrapartida, quando tal dispositivo é colocado na extrema esquerda, o diafragma se abre, a luz</p><p>que sai do condensador aumenta e a imagem perde em contorno, mas ganha na sua coloração interna. Faça</p><p>esse teste!</p><p>4. Toda a vez que se quiser ampliar uma determinada estrutura será necessário centralizar esta estrutura antes</p><p>de posicionar a próxima objetiva. Por exemplo, se você encontrar uma célula na objetiva 4 e quiser ampliá-la,</p><p>você terá primeiro que colocá-la (movimentando o charriot) no centro do campo visual da objetiva 4 e assim</p><p>posicionar a objetiva 10. O mesmo procedimento terá que ser feito da objetiva 10 para a 40.</p><p>5. Observando a imagem pelas oculares é possível ver, em qualquer uma das objetivas, uma seta. Esta seta, na</p><p>verdade, se encontra somente na ocular direita e serve para indicar as estruturas observadas. Por exemplo, se</p><p>o professor pediu para você encontrar uma determinada estrutura e se você não tem ainda certeza se a estrutura</p><p>encontrada é realmente a estrutura pedida pelo professor, você poderá (movimentando o charriot) indicar com a</p><p>seta a estrutura encontrada e chamar o professor ou o monitor para confirmar a sua indicação.</p><p> FOCALIZAÇÃO</p><p> POSIÇÃO FUNDAMENTAL DO MICROSCÓPIO</p><p>Para se iniciar o processo de focalização, sempre será necessário que o microscópio esteja na chamada</p><p>posição fundamental. A posição fundamental, descrita a seguir, inclui a verificação e o posicionamento correto</p><p>de 5 itens do microscópio.</p><p>1. Objetiva 4 posicionada.</p><p>2. Mesa abaixada ao máximo.</p><p>3. Condensador levantado ao máximo.</p><p>4. Dispositivo que regula contraste posicionado na extrema esquerda (diafragma aberto).</p><p>5. Luz ligada na intensidade mínima.</p><p> FOCALIZAÇÃO CORRETA DE UM CORTE HISTOLÓGICO</p><p>Da Objetiva 4 Até a Objetiva 40</p><p>1. Acender a lâmpada do sistema de iluminação.</p><p>2. Abrir totalmente o diafragma e colocar o condensador na posição mais elevada.</p><p>3. Se a objetiva 4 não estiver posicionada, movimentar o revólver, colocando- a na posição.</p><p>4. Coloque a lâmina com a preparação sobre a mesa do microscópio, prendendo-a pelo dispositivo apropriado.</p><p>5. Movimentando a lâmina pelo charriot posicione-a de modo que o material a ser observado fique iluminado.</p><p>Observar por fora da ocular.</p><p>6. Levante a mesa ao máximo utilizando o macrométrico. Observar por fora da ocular ainda.</p><p>7. Observando pela ocular, desça a mesa utilizando o macrométrico até que a imagem apareça no campo visual.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 6</p><p>8. Em seguida utilize a focalização micrométrica.</p><p>9. Desejando uma ampliação maior, gire o revólver em sentido horário e engate a objetiva 10.</p><p>10. Ajuste novamente o foco utilizando somente o micrométrico.</p><p>11. Desejando ampliação maior, gire o revólver em sentido horário e posicione a objetiva 40.</p><p>12. Antes de retirar a lâmina do microscópio, gire o revólver em sentido anti-horário até alinhar novamente a</p><p>objetiva 4 e abaixe a mesa do microscópio ao máximo, deixando o microscópio na posição fundamental.</p><p>Como Utilizar a Objetiva 100 (de Imersão)</p><p>1. Focalizar a estrutura a ser observada na objetiva 4 (panorâmica), 10 ou 40, como feito anteriormente.</p><p>2. Colocar uma gota de óleo de imersão sobre o centro iluminado da lâmina.</p><p>3. Virar em seguida o revólver em sentido anti-horário engatando diretamente a objetiva 100 (imersão).</p><p>4. Observar pela ocular controlando cuidadosamente somente o micrométrico (nunca o macrométrico) e</p><p>ajustando o foco.</p><p>5. Não é permitido em hipótese alguma, após a colocação da gota de óleo, posicionar a objetiva 40, pois esta</p><p>jamais poderá entrar em contato com o óleo.</p><p>6. Antes de retirar a lâmina do microscópio, gire o revólver em sentido horário e alinhe novamente a objetiva 4.</p><p>Levante a mesa do microscópio ao máximo, deixando o microscópio na posição fundamental.</p><p> PREPARAÇÃO DE UMA LÂMINA HISTOLÓGICA PERMANENTE</p><p>As etapas envolvidas na preparação de tecidos e órgãos para que sejam observados no microscópio óptico</p><p>estão descritas a seguir.</p><p> 1. COLETA DA AMOSTRA</p><p>A primeira etapa do processo de preparação de uma lâmina histológica permanente consiste em coletar uma</p><p>amostra de tamanho pequeno, ou seja, remover o tecido ou o órgão do animal experimental.</p><p> 2. FIXAÇÃO</p><p>O fixador mais comumente usado na microscopia óptica é o formol. Em caso de material calcificado como</p><p>ossos e dentes, é necessário, após a fixação, a descalcificação para que seja possível a microtomia. A fixação</p><p>é o tratamento do tecido e do órgão com agentes químicos e possui as seguintes</p><p>desenvolvidos do que nas artérias.</p><p>As veias são compostas pelas mesmas três túnicas das artérias, porém a túnica média das veias é muito</p><p>mais fina do que a das artérias. A túnica adventícia das veias é a sua camada mais espessa. Além disso, as</p><p>veias não possuem as lâminas elásticas interna e externa encontradas nas artérias. No entanto, as veias são</p><p>suficientemente distensíveis para se adaptarem às variações de volume e pressão do sangue que passa por</p><p>elas, embora não estejam preparadas para resistir a pressões tão altas. A figura a seguir compara a parede de</p><p>uma artéria (à esquerda) com a de uma veia (à direita), ambos vasos de mesmo calibre.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 65</p><p>As veias são classificadas em três grupos, com base em seu diâmetro e espessura de sua parede:</p><p>vênulas,veias de pequeno, de médio e de grande calibre.</p><p>Vênulas</p><p>O sangue do leito capilar é drenado por vênulas pós-capilares, cujas paredes são semelhantes às dos</p><p>capilares. Nas vênulas maiores, os pericitos são substituídos por células musculares lisas espaçadas. Conforme</p><p>o diâmetro da vênula aumenta, as células musculares lisas se tornam mais próximas umas das outras, formando</p><p>uma camada contínua. A troca entre o sangue e os tecidos não ocorre apenas nos capilares, mas também nas</p><p>vênulas pós-capilares, cujas paredes podem ser ainda mais permeáveis. De fato, esse é o local preferido para a</p><p>migração dos leucócitos da corrente sanguínea em direção ao tecido conjuntivo extravascular, processo</p><p>denominado diapedese ou emigração.</p><p>Veias de Pequeno e Médio Calibre</p><p>A túnica íntima de uma veia de pequeno e de médio calibre inclui o endotélio e sua lâmina basal. Algumas</p><p>vezes, fibras elásticas circundam o endotélio, mas não chegam a formar uma lâmina elástica como a lâmina</p><p>elástica interna encontrada nas artérias. As células musculares lisas da túnica média são encontradas por entre</p><p>fibras colágenas e elásticas. A túnica adventícia, a mais espessa das túnicas, é constituída por feixes de fibras</p><p>colágenas e fibras elásticas.</p><p>Veias de Grande Calibre</p><p>Exemplos de veias de grande calibre são as veias cavas, as veias pulmonares e a veia porta hepática. A</p><p>túnica íntima das veias de grande calibre é semelhante à das veias de médio calibre, exceto que as de grande</p><p>calibre possui uma camada mais espessa de tecido conjuntivo subendotelial. A túnica média da maioria das veias</p><p>de grande calibre possui uma túnica média pouco desenvolvida com exceção das veias pulmonares.</p><p>Valvas das Veias</p><p>Muitas veias de médio calibre e algumas de grande calibre possuem valvas que funcionam prevenindo o</p><p>refluxo do sangue. Essas valvas são especialmente abundantes nas veias das pernas, onde atuam contra a força</p><p>da gravidade. Uma valva venosa é composta por dois folhetos constituídos de túnica íntima que se projetam da</p><p>parede para o lúmen. Quando o sangue flui para o coração, esses folhetos curvam-se na direção do fluxo</p><p>sanguíneo, se encostando na parede do vaso e abrindo o lúmen. Se o sangue refluir, os folhetos se aproximam</p><p>um do outro, bloqueando, desta maneira, o fluxo retrógrado de sangue.</p><p>Observe a tabela a seguir que resume as principais características dos diferentes tipos de veias.</p><p>Tipo de Veia</p><p>Túnica íntima</p><p>Túnica média</p><p>Túnica adventícia</p><p>Vênulas</p><p>Endotélio, lâmina basal</p><p>(pericitos em vênulas pós-</p><p>capilares).</p><p>Ausente em vênulas pós-</p><p>capilares, tecido conjuntivo</p><p>esparso e poucas células</p><p>musculares lisas em vênulas</p><p>maiores.</p><p>Tecido conjuntivo frouxo.</p><p>Veias de Pequeno e</p><p>Médio Calibre</p><p>Endotélio, lâmina basal, valvas</p><p>em algumas, tecido conjuntivo</p><p>frouxo subendotelial.</p><p>Fibras elásticas e algumas</p><p>células musculares lisas.</p><p>Tecido conjuntivo frouxo.</p><p>Veia de Grande</p><p>Calibre</p><p>Endotélio, lâmina basal, valvas</p><p>em algumas, tecido conjuntivo</p><p>frouxo subendotelial.</p><p>Tecido conjuntivo e células</p><p>musculares lisas.</p><p>Tecido conjuntivo frouxo.</p><p> MATERIAL</p><p>1) Lâmina 40: AORTA HUMANA (Verhoeff)</p><p>2) Lâmina 117 H: ARTÉRIA DE PEQUENO E MEDIO CALIBRE (Verhoeff)</p><p>3) Lâmina 64: TIMO DE RATO (Tricômico de Mallory)</p><p>4) Lâmina 04 M: PÊNIS (HE)</p><p> PROCEDIMENTO</p><p>Utilizar as objetivas 04, 10 e 40.</p><p>1) Na lâmina 40: (a) indicar túnica íntima, túnica média com as lâminas elásticas e túnica adventícia.</p><p>2) Na lâmina 117 H: (a) indicar túnica íntima com a lâmina elástica interna, túnica média com a camada de</p><p>células musculares lisas e com a lâmina elástica externa e túnica adventícia; (b) observar a figura dos vasos e</p><p>comparar com as fotomicrografias e com as imagens observadas no microscópio óptico.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 66</p><p>3) Na lâmina 64: (a) indicar veias e comparar com a estrutura das artérias observadas nas lâminas 40 e</p><p>117 H; (b) observar a figura dos vasos e comparar com as fotomicrografias e com as imagens observadas no</p><p>microscópio óptico.</p><p>4) Na lâmina 04 M: (a) diferenciar artéria, veia e capilar; (b) nas artérias indicar túnica íntima com a lâmina</p><p>elástica interna, túnica média com a camada de células musculares lisas e túnica adventícia; (c) observar a figura</p><p>dos vasos e comparar com as fotomicrografias e com as imagens observadas no microscópio óptico.</p><p>Vasos</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 67</p><p>LÂMINA 40: AORTA HUMANA (VERHOEFF)</p><p>Objetiva 04 Objetiva 10</p><p>Objetiva 40</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 68</p><p>LÂMINA 117 H: ARTÉRIA DE PEQUENO E MEDIO CALIBRE (VERHOEFF)</p><p>Objetiva 04 Objetiva 04</p><p>Objetiva 10 Objetiva 10</p><p>Objetiva 40 Objetiva 40</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 69</p><p>LÂMINA 64: TIMO DE RATO (TRICÔMICO DE MALLORY)</p><p>Objetiva 04 Objetiva 10</p><p>Objetiva 40</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 70</p><p>LÂMINA 04 M: PÊNIS (HE)</p><p>Objetiva 04 Objetiva 10</p><p>Objetiva 40 Objetiva 40</p><p>Lâminas Descrição Coloração</p><p>40 Aorta humana Verhoeff</p><p>117 H Artéria de pequeno e médio calibre Verhoeff</p><p>64 Timo de rato Tricômico de Mallory (TM)</p><p>04 M Pênis Hematoxilina-Eosina (HE)</p><p>finalidades:</p><p>- Evitar a autólise das células, que é a destruição das mesmas por suas próprias enzimas.</p><p>- Impedir a atividade e a proliferação de bactérias.</p><p>- Endurecer as células para que elas resistam melhor às etapas seguintes da técnica histológica.</p><p>- Aumentar a afinidade das estruturas celulares pelos corantes histológicos, tornando-as, assim, mais facilmente</p><p>coráveis.</p><p> 3. DESIDRATAÇÃO E DIAFANIZAÇÃO</p><p>Como os órgãos e tecidos são naturalmente hidratados, utiliza-se uma série de banhos de álcool em</p><p>concentrações crescentes, começando com álcool 50%, aumentando gradualmente até chegar no álcool 100%,</p><p>afim de desidratar a amostra. Em seguida, o material é colocado em contato com substâncias diafanizadoras</p><p>como, por exemplo, o xilol e o benzol. A desidratação e a diafanização preparam o material para receber a</p><p>parafina na próxima etapa, já que a parafina possui bastante afinidade pelo xilol e pelo benzol.</p><p> 4. INCLUSÃO</p><p>A inclusão envolve mergulhar o material em um meio apropriado para que seja possível seccioná-lo em cortes</p><p>muito finos. O meio de inclusão mais comum é a parafina. O material é colocado em um recipiente adequado</p><p>contendo parafina fundida a 56oC e, por isso, líquida. É deixado assim até o endurecimento da parafina para</p><p>formar um bloco de parafina contendo, no seu interior, o material a ser observado no microscópio óptico sob a</p><p>forma de cortes histológicos.</p><p> 5. MICROTOMIA</p><p>A microtomia é realizada utilizando-se um micrótomo, uma máquina que contém uma lâmina de aço que</p><p>atravessa o bloco de parafina realizando cortes uniformes com espessura entre 5 e 10 µm. Nas coleções</p><p>didáticas de lâminas, os cortes apresentam uma espessura variável entre 5 e 7 µm. Quanto mais fino for um</p><p>corte histológico, maior será o número de detalhes celulares e teciduais que nele poderão ser observados. Os</p><p>cortes se aderem nas lâminas de vidro utilizando uma solução diluída de albumina de ovo.</p><p> 6. DESPARAFINIZAÇÃO E HIDRATAÇÃO</p><p>É necessário que a parafina seja retirada, pois ela barra a penetração do corante. Os cortes</p><p>desparafinizados ficam completamente desidratados e como serão utilizados corantes em solução aquosa, é</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 7</p><p>necessário hidratar o material. A desparafinização é realizada com Xilol. Já a hidratação utiliza-se uma série de</p><p>banhos de álcool em concentrações decrescentes, começando com álcool absoluto e diminuindo a concentração</p><p>gradativamente de maneira inversa à hidratação realizada no item 3.</p><p> 7. COLORAÇÃO</p><p>Os cortes nas lâminas de vidro são corados com corantes específicos que possibilitam a diferenciação de</p><p>vários componentes celulares e teciduais. Antes da coloração, a parafina deve ser removida do corte histológico.</p><p>Para isso, são utilizadas soluções de xilol. Depois, as lâminas devem ser colocadas em soluções de álcool com</p><p>concentrações decrescentes (100, 90, 80 e 70) para a reidratação do material. A remoção da parafina e a</p><p>reidratação são importantes para a coloração já que a grande maioria dos corantes é solúvel em água. Uma vez</p><p>corados, os cortes devem ser novamente desidratados para que seja possível a confecção de uma lâmina</p><p>permanente que termina com a montagem da lamínula.</p><p>A coloração Hematoxilina-Eosina (HE) é a principal técnica de coloração de tecidos em histologia. Por</p><p>meio desta técnica, podemos diferenciar partes basófilas (coradas pela hematoxilina) e acidófilas (coradas pela</p><p>eosina). A hematoxilina tem atração por substâncias ácidas (e, portanto, basófilas) dos tecidos como, por</p><p>exemplo, os núcleos e o retículo endoplasmático rugoso ricos em ácidos nucleicos. Já a eosina, sendo ácida,</p><p>tem atração por substâncias básicas (e, portanto, acidófilas) corando predominantemente o citoplasma, as fibras</p><p>de colágeno e outras estruturas compostas por substâncias de caráter básico. Nas células coradas com HE os</p><p>ácidos nucléicos presentes no núcleo são corados pela hematoxilina, dando ao núcleo um tom azul-púrpura. A</p><p>eosina é atraída pelos elementos básicos da proteína do citoplasma da célula, corando-o de róseo a vermelho.</p><p>Os componentes dos tecidos que se coram prontamente com os corantes básicos são chamados basófilos e os</p><p>que têm afinidade pelos corantes ácidos são chamados acidófilos. A hematoxilina comporta-se como um corante</p><p>básico e, portanto, cora o núcleo. A eosina é um corante ácido e cora os elementos básicos da proteína do</p><p>citoplasma.</p><p>Outros corantes utilizados que serão conhecidos estão descritos a principal finalidade e o resultado da</p><p>coloração.</p><p>Ácido Periódico-Schiff ou PAS</p><p>Finalidade: identificação de glicogênio em tecidos.</p><p>Resultado: glicogênio, mucina, membrana basal e fungos se coram em púrpura-magenta e o núcleo se cora em</p><p>azul.</p><p>Verhoeff</p><p>Finalidade: identificação de fibras elásticas no tecido.</p><p>Resultado: fibra elástica se cora em preto, fibra colágena se cora em vermelho e outros elementos se coram em</p><p>amarelo.</p><p>Tricrômio de Masson</p><p>Finalidade: identificação de fibras colágenas.</p><p>Resultado: fibra colágena se cora em azul, núcleo se cora em preto, músculo, citoplasma e queratina se coram</p><p>em vermelho.</p><p>Tricrômio de Mallory</p><p>Finalidade: identificação de fibras colágenas.</p><p>Resultados: fibra colágena se cora em azul, fibra muscular se cora em vermelho, hemácia e mielina se coram</p><p>em amarelo e núcleo se cora em azul.</p><p>Tricrômio de Gomori</p><p>Finalidade: identificação de fibras musculares e fibras colágenas.</p><p>Resultados: fibra muscular se cora em vermelho, fibra colágena se cora em verde e núcleo se cora em azul a</p><p>preto.</p><p>Azul de Toluidina</p><p>Finalidade: identificação dos mastócitos.</p><p>Resultado: mastócitos se cora em violeta.</p><p> 8. MONTAGEM DA LAMÍNULA</p><p>Uma gota de Entellan é colocada sobre o corte e uma lamínula é posicionada sobre essa gota, de uma forma</p><p>tal que cubra completamente o corte. Depois a lamínula é comprimida sobre o corte para a remoção de bolhas</p><p>de ar. Finalmente, a lâmina deve ser colocada numa platina a 40oC onde o corte será estirado e seco.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 8</p><p> REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO MICROSCÓPIO ÓPTICO</p><p>I I</p><p>1- Haste ou braço</p><p>2- Oculares</p><p>3- Tubo ou canhão</p><p>4- Objetivas</p><p>5- Condensador</p><p>6- Unidade de Lente de Campo</p><p>7- Lâmpada</p><p>8- Fusível</p><p>9- Cabo de energia</p><p>1- Anel de dioptria</p><p>2- Revolver das objetivas</p><p>3- Charriot</p><p>4- Indicador de aumento</p><p>5- Abertura do diafragma do</p><p>condensador</p><p>6- Filtro do condensador</p><p>7- Mesa ou platina</p><p>8- Interruptor de energia</p><p>9- Controle de luz</p><p>10- Movimento vertical</p><p>11- Movimento horizontal</p><p>12- Parafuso micrométrico</p><p>13- Parafuso de fixação do</p><p>condensador</p><p>14- Parafuso macrométrico</p><p>14</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 9</p><p> PRÁTICA 01: INTERPRETAÇÃO DE CORTE HISTOLÓGICO</p><p> INTRODUÇÃO</p><p>Conforme o ângulo que uma determinada estrutura é cortada pelo micrótomo, a imagem dessa estrutura</p><p>poderá ser observada de maneiras diferentes no microscópio. Assim, uma mesma estrutura poderá ser vista com</p><p>formatos diferentes quando for cortada transversalmente, obliquamente e longitudinalmente (observe a figura a</p><p>seguir). É o que acontece, por exemplo, quando observamos um testículo no microscópio. Como os túbulos</p><p>seminíferos são túbulos extremamente contorcidos, eles são cortados sob diferentes ângulos pelo micrótomo</p><p>durante a preparação da lâmina. Os túbulos seminíferos cortados transversalmente produzem imagem esférica,</p><p>túbulos seminíferos cortados obliquamente produzem imagem elíptica e túbulos seminíferos cortados</p><p>longitudinalmente produzem imagem extremamente alongada.</p><p> MATERIAL</p><p>1) Lâmina 03 H: TESTÍCULO (HE).</p><p> PROCEDIMENTO</p><p>Utilizar a objetiva 10.</p><p>1) Na lâmina 03H identificar: (a) um túbulo seminífero em corte transversal, um túbulo seminífero em corte oblíquo</p><p>e um túbulo seminífero em corte longitudinal.</p><p> LÂMINA 03 H: TESTÍCULO (HE).</p><p>Objetiva 10</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 10</p><p> PRÁTICA 02: OBSERVAÇÃO DOS ELEMENTOS FIGURADOS DO SANGUE</p><p> INTRODUÇÃO</p><p>O sangue consiste em células e seus derivados (denominados elementos figurados) e em um líquido rico</p><p>em proteínas chamado plasma. Os elementos figurados incluem as hemácias (eritrócitos ou glóbulos vermelhos),</p><p>leucócitos (glóbulos brancos e plaquetas (trombócitos).</p><p>As hemácias são células anucleadas desprovidas de organelas típicas com a função principal de transportar</p><p>oxigênio até os tecidos.</p><p>Os leucócitos são subclassificados em dois grupos considerando a presença ou ausência de grânulos</p><p>citoplasmáticos específicos. Os leucócitos que contém grânulos específicos são denominados granulócitos e</p><p>incluem os neutrófilos, os eosinófilos e os basófilos. Já os leucócitos que não contém grânulos citoplasmáticos</p><p>específicos são denominados agranulócitos incluindo os linfócitos e os monócitos. As ações e funções dos</p><p>diferentes tipos de leucócitos serão estudadas em momento oportuno.</p><p>As plaquetas são pequenos fragmentos de células que possuem ações relacionadas à formação de coágulo</p><p>sanguíneo e ao reparo do tecido lesionado.</p><p> MATERIAL</p><p>1) Lâmina 13: ESFREGAÇO DE SANGUE HUMANO (Leishman)</p><p> PROCEDIMENTO</p><p>Utilizar a objetiva 100.</p><p>1) Na lâmina 13: (a) indicar um neutrófilo, um eosinófilo, um linfócito, um monócito, hemácias e plaquetas; (b)</p><p>observar a figura do esfregaço sanguíneo e comparar com as fotomicrografias e com as imagens do microscópio</p><p>óptico.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 11</p><p>Objetiva 100 Objetiva 100</p><p>Objetiva 100 Objetiva 100</p><p>Objetiva 100</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 12</p><p>2. EPITÉLIOS E GLÂNDULAS</p><p>INDICAÇÃO DE LEITURA</p><p>GARTNER e HIATT, Capítulo 05, páginas 87-111.</p><p>JUNQUEIRA e CARNEIRO, Capítulo 04, páginas 65-87.</p><p>ROSS e WOJCIECH, Capítulo 05, páginas 111-163.</p><p>OBJETIVOS</p><p>1. Explicar os critérios de classificação dos epitélios de revestimento.</p><p>2. Caracterizar e exemplificar os tipos mais comuns de epitélios de revestimento.</p><p>3. Explicar a origem das glândulas exócrina e endócrinas e descrever as suas diferenças.</p><p>O tecido epitelial ou epitélio consiste em células dispostas em lâminas contínuas, em camadas únicas ou</p><p>múltiplas. As células são densamente agrupadas, mantidas fortemente unidas por numerosas junções celulares,</p><p>existindo apenas pouquíssimo espaço extracelular entre as membranas plasmáticas adjacentes. A superfície</p><p>apical das células epiteliais pode estar voltada para uma cavidade corporal ou para exterior do corpo. A superfície</p><p>basal destas células adere a um tecido conjuntivo subjacente.</p><p>A maioria das células epiteliais se apoia sobre uma camada extracelular denominada membrana basal</p><p>localizada entre o epitélio e o tecido conjuntivo abaixo. Normalmente ela é mal visualizada com o corante HE. A</p><p>membrana basal suporta os epitélios, funciona como uma peneira semipermeável ou barreira de filtração seletiva</p><p>como acontece nos vasos sanguíneos e nos alvéolos pulmonares além de controlar a diferenciação das células</p><p>epiteliais durante o crescimento e o reparo tecidual. A membrana basal é formada por proteínas e glicoproteínas</p><p>filamentosas como as glicosaminoglicanas, proteoglicanas, fibronectina e colágenos. Com o advento da</p><p>microscopia eletrônica, a membrana basal passou a ser chamada também de lâmina basal. Os dois termos são</p><p>usados como sinônimos e isso tem causado alguma confusão. Na microscopia eletrônica, a membrana basal é</p><p>diferenciada em três camadas, a lâmina lúcida em contato com células epiteliais, a lâmina densa intermediária e</p><p>a lâmina reticular em contato com o tecido conjuntivo. Observe a figura abaixo que mostra um epitélio de</p><p>revestimento, sua membrana basal e o tecido conjuntivo abaixo. Repare que os vasos sanguíneos não</p><p>atravessam a membrana basal, porém os nervos atravessam e chegam nas células epiteliais. Portanto, o tecido</p><p>epitelial é avascular, isto é, não tem seu próprio suprimento sanguíneo. Os vasos sanguíneos que levam os</p><p>nutrientes e removem as escórias ficam situados no tecido conjuntivo abaixo. As trocas entre o tecido conjuntivo</p><p>e o epitélio ocorrem por difusão. Embora seja avascular, o tecido epitelial tem um suprimento nervoso abundante.</p><p>Observe a figura a seguir.</p><p>O tecido epitelial está repetidamente sujeito a ruptura física e a lesões. Mas, por ter grande velocidade de</p><p>divisão celular ele se renova constantemente descamando as células mortas ou lesionadas na superfície e</p><p>substituindo-as por novas células por mitoses na região do epitélio próxima à membrana basal. O intervalo de</p><p>tempo para a renovação completa das células epiteliais varia entre os diferentes órgãos. As células do tecido</p><p>epitelial da pele (epiderme), por exemplo, estão sendo constantemente renovadas no espaço de 28 dias. Outras</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 13</p><p>células epiteliais são renovadas num espaço mais curto de tempo. As células do intestino delgado, por exemplo,</p><p>são renovadas completamente entre 4 e 6 dias.</p><p>O tecido epitelial tem muitas funções no corpo, as mais importantes incluem: (1) revestimento e proteção,</p><p>funções realizadas pelos epitélios de revestimento em geral; (2) absorção, função realizada, por exemplo, pelo</p><p>epitélio de revestimento do intestino delgado; (3) filtração, função realizada pelo epitélio de revestimento dos</p><p>capilares sanguíneos como acontece, por exemplo, nos capilares glomerulares dos rins; (4) reabsorção, função</p><p>realizada pelo epitélio de revestimento dos túbulos renais e (5) secreção, função realizada pelos epitélios</p><p>glandulares em geral.</p><p>O tecido epitelial pode ser dividido em dois tipos: epitélio de revestimento e epitélio glandular. O epitélio</p><p>de revestimento reveste o nosso corpo externamente e praticamente todas as nossas cavidades internas como,</p><p>por exemplo, as cavidades dos sistemas digestório, respiratório, urinário e reprodutor e o revestimento interno</p><p>dos vasos sanguíneos. O epitélio glandular, originado do epitélio de revestimento, é responsável pela formação</p><p>de todas as nossas glândulas, sejam elas exócrinas ou endócrinas.</p><p> EPITÉLIO DE REVESTIMENTO</p><p>Os epitélios de revestimento são classificados de acordo com duas características: a forma das células</p><p>epiteliais e o número de camadas do epitélio.</p><p> CLASSIFICAÇÃO EM RELAÇÃO ÀS FORMAS DAS CÉLULAS:</p><p>a) As células cúbicas têm forma de cubos e núcleo redondos.</p><p>b) As células cilíndricas (colunares ou prismáticas) são compridas com os núcleos elípticos.</p><p>c) As células pavimentosas (ou escamosas) são achatadas e dispostas como ladrilhos com os núcleos também</p><p>achatados.</p><p>d) As células de transição são células que mudam de forma, de cúbica para pavimentosa conforme o órgão</p><p>esteja relaxado ou distendido.</p><p>Na visão da microscopia óptica normalmente os limites das células não são observados e a forma da célula pode</p><p>ser inferida pela observação da forma do núcleo, normalmente bem visível quando o tecido é corado com</p><p>hematoxilina-eosina (HE). Assim quando os núcleos são redondos as células são consideradas cúbicas, quando</p><p>os núcleos são elípticos as células são consideradas cilíndricas e quando os núcleos são achatados as células</p><p>são consideradas pavimentosas.</p><p> CLASSIFICAÇÃO EM RELAÇÃO À DISPOSIÇÃO EM CAMADAS:</p><p>a) O epitélio simples é formado por camada única de células, com os núcleos normalmente posicionados numa</p><p>única altura e com todas as células tocando a membrana basal.</p><p>b) O epitélio estratificado consiste em duas ou mais camadas de células com os núcleos posicionados em</p><p>diferentes alturas e com apenas algumas células tocando a membrana basal.</p><p>c) O epitélio pseudo-estratificado possui os núcleos em</p><p>Propriamente Ditos</p><p>- Mesênquima - Tecido adiposo - Tecido conjuntivo frouxo</p><p>- Tecido mucoso - Tecido cartilaginoso - Tecido conjuntivo denso não modelado</p><p>- Tecido ósseo - Tecido conjuntivo denso modelado</p><p>- Tecido sanguíneo - Tecido conjuntivo elástico</p><p>- Tecido conjuntivo reticular (hematopoiético ou</p><p>linfoide)</p><p>O tecido conjuntivo é o mais abundante e o de distribuição mais ampla do corpo humano. Diferentemente</p><p>dos epitélios, os tecidos conjuntivos são geralmente muito vascularizados. Uma exceção é o tecido cartilaginoso</p><p>que é avascular. Igualmente aos epitélios, os tecidos conjuntivos são bastante inervados e, nesse caso, a</p><p>exceção também inclui o tecido cartilaginoso. Portanto, o tecido cartilaginoso é um tecido conjuntivo que não é</p><p>vascularizado e nem inervado.</p><p>O tecido conjuntivo propriamente dito consiste em dois elementos básicos: a matriz extracelular e as</p><p>células. A matriz é constituída pela substância fundamental e pelas fibras. A substância fundamental contém</p><p>moléculas que são associações de polissacarídeos e proteínas. Os três tipos principais de fibras são as fibras</p><p>colágenas, elásticas e reticulares. As principais células são os fibroblastos, no entanto, em alguns tipos de tecido</p><p>conjuntivo são encontradas células de defesa como macrófagos, plasmócitos e mastócitos.</p><p> SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL</p><p>A substância fundamental é um gel hidratado e transparente que preenche o espaço por entre as células</p><p>e as fibras, formada por glicosaminoglicanas (GAGs), proteoglicanas e glicoproteínas adesivas.</p><p>As GAGs são polissacarídeos formados por várias unidades de dissacarídeos ligados em sequência sendo</p><p>muito eficientes para resistir às forças de compressão. Uma GAG importante é o ácido hialurônico, uma</p><p>substância viscosa e escorregadia que lubrifica as articulações sendo encontrada no líquido sinovial e em quase</p><p>todos os tipos de tecido conjuntivo.</p><p>Outras GAGs estabelecem ligações covalentes com um eixo central proteico formando uma molécula</p><p>conhecida como proteoglicana. Uma molécula de proteoglicana parece uma escova de lavar frascos, com uma</p><p>parte central proteica e as GAGs como se fossem as cerdas da escova. A figura a seguir representa</p><p>esquematicamente uma molécula de proteoglicana com o eixo central proteico e as cerdas em azul</p><p>representando as moléculas de GAGs. As proteoglicanas são responsáveis pelo estado gel da matriz extracelular</p><p>e, igualmente às GAGs, oferecem ao tecido conjunto resistência às forças de compressão. Outra função</p><p>importante das proteoglicanas é a de limitar o movimento de microrganismos no tecido conjuntivo. Essa função</p><p>é possível devido à forma da molécula de proteoglicana ser semelhante a uma escova que faz com bactérias</p><p>que penetrem no tecido conjuntivo se aprisionem por entre suas cerdas, facilitando, depois disso, o ataque de</p><p>células de defesa presentes no tecido conjuntivo.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 18</p><p>As moléculas de glicoproteínas adesivas também contêm uma parte proteica que se associa aos</p><p>carboidratos. Porém, ao contrário das proteoglicanas, há uma predominância da parte proteica. As glicoproteínas</p><p>adesivas possuem regiões que aderem às células e regiões que aderem a todos os componentes da matriz</p><p>incluindo as moléculas da substância fundamental e as fibras, promovendo a ligação entre estes componentes</p><p>e oferecendo maior consistência ao tecido conjuntivo.</p><p> AS FIBRAS</p><p>Os três tipos principais de fibras encontradas nos diferentes tipos de tecido conjuntivo propriamente dito</p><p>são as fibras colágenas, elásticas e reticulares. As·fibras são responsáveis por certas propriedades do tecido</p><p>conjuntivo como, por exemplo, o tecido elástico, variedade de conjuntivo dotada de grande elasticidade por ser</p><p>rico em fibras elásticas.</p><p> FIBRAS COLÁGENAS</p><p>Sabemos que a capacidade do tecido conjuntivo de resistir às forças de compressão é devida à presença</p><p>de GAGs e de proteoglicanas na substância fundamental. No entanto, a capacidade do tecido conjuntivo de</p><p>resistir às forças de tração ocorre graças às fibras colágenas. A fibra colágena é uma fibra flexível e inelástica</p><p>cuja resistência é maior do que a do aço de mesmo diâmetro.</p><p>As fibras colágenas são formadas por proteínas conhecidas genericamente por colágeno. Esta família de</p><p>proteínas é muito abundante, constituindo cerca de 30% de todas as proteínas do corpo. Embora existam pelo</p><p>menos quinze tipos diferentes de colágeno, somente três tipos serão destacados aqui: o colágeno tipo I, o tipo II</p><p>e o tipo III. O colágeno tipo I é o mais comum e forma fibras grossas sendo encontrado no tecido conjuntivo</p><p>propriamente dito, ossos e dentes. No estado fresco são brancas, conferindo essa cor aos tecidos nos quais</p><p>predominam. A cor branca dos tendões deve-se à riqueza em fibras colágenas formadas por colágeno tipo I. O</p><p>colágeno tipo II forma fibras bem mais finas e é encontrado quase exclusivamente na matriz da cartilagem hialina</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 19</p><p>e elástica. O colágeno tipo III, conhecido, também como fibra reticular, forma fibras muito finas, sendo encontrado</p><p>na membrana basal e em órgãos moles como, por exemplo, na medula óssea.</p><p>Cada fibra colágena é formada por um conjunto de fibrilas. Cada fibrila, por sua vez, é formada por um</p><p>conjunto de moléculas de tropocolágeno que se agregam espontaneamente na matriz extracelular formando</p><p>longos filamentos. O tendão, por exemplo, é constituído por vários feixes sendo que cada feixe é formado por</p><p>um conjunto de fibras colágenas. Observe a figura anterior.</p><p> FIBRAS ELÁSTICAS</p><p>As fibras elásticas distinguem-se facilmente das colágenas por serem mais finas e por se apresentarem</p><p>ramificadas, ligando umas às outras, formando uma trama irregular. Estas fibras são formadas por moléculas da</p><p>proteína chamada elastina, circundadas por moléculas da glicoproteína chamada fibrilina, essencial para a</p><p>estabilidade da fibra elástica.</p><p>Devido à estrutura molecular das fibras elásticas, elas podem ser distendidas em até 150% do seu</p><p>comprimento relaxado, sem serem rompidas. Igualmente importante, as fibras elásticas têm a capacidade de</p><p>retornar à sua forma original, após serem estiradas, propriedade chamada elasticidade. As fibras elásticas são</p><p>abundantes na pele, nas paredes das grandes artérias e no tecido pulmonar.</p><p> FIBRAS RETICULARES</p><p>As fibras reticulares são muito delicadas e formam uma rede extensa em certos órgãos, geralmente</p><p>apoiando suas células. As fibras reticulares são formadas por colágeno tipo III e constituem o arcabouço de</p><p>sustentação dos órgãos formadores de células como o baço, linfonodos, medula óssea e fígado. O pequeno</p><p>diâmetro destas fibras e sua disposição em rede criam um suporte para as células que são formadas no interior</p><p>desses órgãos. Estas fibras também participam da formação da membrana basal.</p><p> AS CÉLULAS</p><p>As células típicas do tecido conjuntivo propriamente dito são os fibroblastos originados de células</p><p>mesenquimais. Macrófagos, plasmócitos, mastócitos, neutrófilos e eosinófilos são células que se originam na</p><p>medula óssea, caem na corrente sanguínea e atravessam a parede dos vasos sanguíneos penetrando no tecido</p><p>conjuntivo, processo denominado diapedese ou emigração. As células adiposas, igualmente aos fibroblastos são</p><p>originadas de células mesenquimais.</p><p> FIBROBLASTOS</p><p>São células achatadas presentes em todos os tecidos conjuntivos e, geralmente, são as células mais</p><p>abundantes. Os fibroblastos sintetizam todos os tipos de fibras e todas as moléculas da substância fundamental.</p><p> MACRÓFAGOS</p><p>Os macrófagos são células com capacidade de realizar fagocitose e se desenvolvem a partir de um glóbulo</p><p>branco do sangue denominado monócito.</p><p> PLASMÓCITOS</p><p>Os plasmócitos, que são células que secretam anticorpos, se desenvolvem a partir de um tipo de glóbulo</p><p>branco do sangue chamado linfócito B.</p><p> MASTÓCITOS</p><p>Os mastócitos são</p><p>células grandes, com núcleo esférico e central e com citoplasma carregado de grânulos</p><p>que contêm mediadores químicos responsáveis pela reação inflamatória e alérgica. O mastócito tem função</p><p>semelhante à do basófilo, um outro tipo de glóbulo branco do sangue, e por isso, se acreditou durante muito</p><p>tempo, serem células de origem comum. No entanto, evidências experimentais mostraram que os precursores</p><p>dessas células na medula óssea são diferentes. Os basófilos já saem maduros da medula óssea enquanto que</p><p>os mastócitos circulam no sangue na forma imatura e só amadurecem após penetrarem no tecido conjuntivo.</p><p> NEUTRÓFILOS E EOSINÓFILOS</p><p>Os glóbulos brancos neutrófilos e eosinófilos são constituintes normais do tecido conjuntivo, vindos do</p><p>sangue por diapedese que aumenta muito nos locais de invasões de microrganismos.</p><p> CÉLULAS ADIPOSAS</p><p>Também chamados células de gordura, são as células do tecido conjuntivo que armazenam energia sob</p><p>a forma de triglicerídeos (gordura), no entanto, se encontram isoladas e não juntas como ocorrem no tecido</p><p>adiposo.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 20</p><p> FUNÇÕES DO TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO</p><p>Uma das funções importantes do tecido conjuntivo é proporcionar sustentação estrutural. Os ossos, as</p><p>cartilagens e os ligamentos bem como os tendões que ligam os músculos ao osso, atuam nesta função. Da</p><p>mesma forma, os tecidos conjuntivos que formam as cápsulas que envolvem os órgãos internos, têm também</p><p>função de sustentação.</p><p>O tecido conjuntivo serve como local de atuação de muitas células de defesa do organismo como as</p><p>células fagocitárias, as células que produzem anticorpos e as células que iniciam as respostas inflamatórias e</p><p>alérgicas. Assim, o tecido conjuntivo contribui também para a proteção do organismo formando uma barreira</p><p>física contra a invasão e a disseminação de microrganismos.</p><p>O tecido conjuntivo atua também como um meio de troca entre o sangue e as células do corpo. Os</p><p>nutrientes que abandonam os vasos sanguíneos para penetrarem nas células do corpo, antes devem se difundir</p><p>pelo líquido intersticial, o líquido que banha as células do tecido conjuntivo. Isso acontece também com as</p><p>escórias que tomam sentido inverso. O tecido conjuntivo, que geralmente é muito vascularizado e inervado, não</p><p>apenas envolve nossos órgãos externamente como também penetra neles, dividindo os órgãos em</p><p>compartimentos denominados lóbulos e consequentemente levando vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos</p><p>para as células mais profundas. É comum em textos de histologia aparecerem os termos parênquima e estroma.</p><p>Parênquima se refere às células responsáveis pela função típica do órgão formando a sua parte funcional</p><p>específica do órgão. Já o estroma se refere ao tecido de sustentação geralmente formado por tecido conjuntivo.</p><p>Os únicos órgãos que não tem tecido conjuntivo como estroma são o cérebro e a medula espinhal que, nesse</p><p>caso, é formado elas células da neuroglia.</p><p> OS DIFERENTES TIPOS DE TECIDO CONJUNTIVO</p><p>Descreveremos agora as principais características e os principais locais de ocorrência dos diferentes tipos</p><p>de tecido conjuntivo, incluindo os tecidos conjuntivos embrionários e os tecidos conjuntivos propriamente ditos.</p><p>Os tecidos conjuntivos de propriedades especiais serão abordados separadamente em momento adequado.</p><p> MESÊNQUIMA</p><p>O mesênquima é encontrado no embrião e é altamente vascularizado contendo algumas fibras reticulares</p><p>esparsas. É um tecido conjuntivo que possui a capacidade de originar todos os diferentes tipos de tecido</p><p>conjuntivo. Durante o desenvolvimento embrionário, as células mesenquimais, dão origem às células dos</p><p>diferentes tipos de tecido conjuntivo como os condroblastos (células da cartilagem), adipócitos (células do tecido</p><p>adiposo), fibroblastos (células do tecido conjuntivo propriamente dito) e os osteoblastos (células do osso).</p><p>Observe a figura a seguir.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 21</p><p> TECIDO MUCOSO</p><p>O tecido mucoso é de consistência gelatinosa e apresenta predomínio da substância fundamental. Contém</p><p>poucas fibras colágenas e raras fibras elásticas e reticulares. As células encontradas são os fibroblastos. O tecido</p><p>mucoso é o principal componente do cordão umbilical, onde é chamado de gelatina de Wharton, sendo</p><p>encontrado também na polpa dental jovem.</p><p> TECIDO CONJUNTIVO FROUXO</p><p>O tecido conjuntivo frouxo contém todos os elementos estruturais típicos do conjuntivo propriamente dito.</p><p>As células mais comuns são os fibroblastos, macrófagos e mastócitos, mas todos os outros tipos descritos estão</p><p>presentes. Não há predomínio acentuado de nenhum tipo de fibra, ou seja, fibras colágenas, elásticas e</p><p>reticulares estão presentes em quantidades equivalentes. Esse tecido preenche espaços entre as fibras</p><p>musculares, serve de apoio para os epitélios das membranas mucosas e serosas, forma uma camada em torno</p><p>dos vasos sanguíneos e linfáticos e é encontrado na derme superficial.</p><p> TECIDO CONJUNTIVO DENSO NÃO MODELADO</p><p>O tecido conjuntivo denso não modelado possui grande quantidade de fibras colágenas dispostas sem</p><p>orientação fixa, o que confere certa resistência às trações exercidas em qualquer direção. O conjuntivo denso</p><p>não modelado é encontrado, por exemplo, na derme profunda da pele, nas cápsulas articulares, nas cápsulas</p><p>que envolvem vários órgãos internos como o coração, os rins, o fígado, os testículos e os linfonodos, nas válvulas</p><p>cardíacas e revestindo ossos e cartilagens.</p><p> TECIDO CONJUNTIVO DENSO MODELADO</p><p>O tecido conjuntivo denso modelado possui predominância acentuada de fibras colágenas dispostas</p><p>paralelamente e por isso trata-se de um tecido muito resistente às forças de tração. Os tendões, ligamentos e</p><p>aponeuroses representam exemplos típicos de tecido denso modelado.</p><p> TECIDO CONJUNTIVO ELÁSTICO</p><p>O tecido elástico é formado por feixes paralelos de fibras elásticas. O espaço entre estas fibras é ocupado</p><p>por fibras colágenas e fibroblasto. A riqueza em fibras elásticas confere ao tecido elástico sua cor amarela típica</p><p>e uma grande elasticidade. O tecido elástico é pouco frequente, sendo encontrado, por exemplo, nos pulmões e</p><p>nas grandes artérias.</p><p> TECIDO CONJUNTIVO RETICULAR</p><p>O tecido reticular, também denominado tecido hematopoiético ou linfoide, é constituído por fibras</p><p>reticulares e é encontrado nos órgãos formadores de células como a medula óssea e os órgãos e tecidos</p><p>linfoides, constituindo um arcabouço que sustenta as células.</p><p>Lâminas Descrição Coloração</p><p>03 H Testículo Hematoxilina-Eosina (HE)</p><p>13 Esfregaço de sangue humano Leishman</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 22</p><p>PROBLEMA 01</p><p>ESTUDO MICROSCÓPICO DOS TECIDOS DE SUSTENTAÇÃO:</p><p>TECIDO CARTILAGINOSO E TECIDO ÓSSEO</p><p> TECIDO CARTILAGINOSO</p><p>INDICAÇÃO DE LEITURA</p><p>GARTNER e HIATT, Capítulo 07, páginas 133-138.</p><p>JUNQUEIRA e CARNEIRO, Capítulo 07, páginas 125-130.</p><p>ROSS e WOJCIECH, Capítulo 07, páginas 204-223.</p><p>OBJETIVOS</p><p>1. Descrever as principais funções do tecido cartilaginoso.</p><p>2. Caracterizar a matiz da cartilagem hialina, elástica e fibrosa, citar os locais de ocorrência de cada tipo de cartilagem e</p><p>descrever a participação de suas células.</p><p>3. Indicar na cartilagem hialina o pericôndrio, as células condrogênicas, os condroblastos, os condrócitos e grupos isógenos.</p><p>4. Indicar na cartilagem elástica o pericôndrio, as fibras elásticas, as células condrogênicas, os condroblastos, os condrócitos</p><p>e grupos isógenos.</p><p>5. Indicar na cartilagem fibrosa, as fibras colágenas, condrócitos, os grupos isógenos e observar ausência de pericôndrio.</p><p>6. Diferenciar crescimento aposicional de intersticial e indicar o tipo principal de crescimento em diferentes cartilagens.</p><p>7. Classificar as articulações cartilaginosas indicando os exemplos principais.</p><p>8. Diferenciar anel fibroso e núcleo pulposo no disco intervertebral.</p><p>A cartilagem é um tecido conjuntivo de consistência rígida, sólido e firme não sendo vascularizado e nem</p><p>suprido com nervos ou vasos linfáticos. No entanto, a matriz cartilaginosa permite a difusão de nutrientes até as</p><p>células da cartilagem dispersas pela matriz através de vasos sanguíneos localizados em tecido conjuntivo</p><p>circundante denominado pericôndrio.</p><p>Existem três tipos de cartilagem com base nas fibras que são encontradas na matriz: cartilagem hialina,</p><p>cartilagem elástica e cartilagem fibrosa. A cartilagem hialina contém fibras colágenas formadas por colágeno do</p><p>tipo II, glicosaminoglicanas (GAG), proteoglicanas e glicoproteínas adesivas. A cartilagem elástica contém</p><p>grande quantidade de fibras elásticas além do material encontrado na matriz da cartilagem hialina. A cartilagem</p><p>fibrosa possui grande quantidade de fibras colágenas formadas por colágeno tipo I além do material encontrado</p><p>na matriz da cartilagem hialina.</p><p> ARTICULAÇÕES CARTILAGINOSAS</p><p>Nas articulações cartilaginosas, o tecido que se interpõe é a cartilagem. Existem dois tipos de articulação</p><p>cartilaginosa, as sincondroses e as sínfises. Nas sincondroses, o tecido que se interpõe é a cartilagem hialina.</p><p>Nas sínfises, é a cartilagem é fibrosa. Em ambas a mobilidade é reduzida. As sincondroses são raras e o exemplo</p><p>mais típico é a sincondrose esfeno-occipital que pode ser visualizada na base do crânio. Exemplo de sínfise é a</p><p>união, no plano mediano, entre as porções púbicas dos ossos do quadril, constituindo a sínfise púbica. Também</p><p>as articulações que se fazem entre os corpos das vértebras podem ser consideradas como sínfise, uma vez que</p><p>se interpõe entre eles um disco de fibrocartilagem, o disco intervertebral.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 23</p><p> PRÁTICA 03: CARTILAGEM HIALINA</p><p> INTRODUÇÃO</p><p>A cartilagem hialina, uma substância cinza-azulada e semi-transparente, é a cartilagem mais comum do</p><p>corpo. Ela está localizada no nariz, na laringe (cartilagens cricoide e tireoide), nos anéis da traqueia e dos</p><p>brônquios oferecendo suporte a estes órgãos. Ocorre também nas extremidades ventrais das costelas onde se</p><p>articulam com o esterno e nas cartilagens articulares das articulações sinoviais, onde absorve choques e evita</p><p>desgaste ósseo. Forma o esqueleto fetal durante o desenvolvimento embrionário e constitui os discos epifisários</p><p>dos ossos longos participando de seu crescimento.</p><p>Células da Cartilagem Hialina</p><p>As células da cartilagem hialina recebem nutrição e eliminam as escórias a partir dos vasos sanguíneos</p><p>do pericôndrio, uma membrana formada por tecido conjuntivo denso não modelado que reveste quase todas as</p><p>peças de cartilagem hialina. Em muitos aspectos, o pericôndrio assemelha-se às capsulas de tecido conjuntivo</p><p>que circunda os órgãos. As trocas entre o pericôndrio e as células cartilaginosas ocorrem por difusão pela matriz.</p><p>Nas cartilagens articulares das articulações sinoviais, onde não há pericôndrio, as células cartilaginosas recebem</p><p>nutrição do líquido sinovial que banha as superfícies articulares. O pericôndrio também serve como fonte de</p><p>novas células da cartilagem e normalmente aparece dividido em duas camadas, a camada celular interna que</p><p>serve como fonte de novas células para a cartilagem e a camada fibrosa externa com fibroblastos.</p><p>Três tipos de células estão relacionados com a cartilagem: células condrogênicas, condroblastos e</p><p>condrócitos.</p><p>As células condrogênicas estão localizadas na camada celular do pericôndrio e são células mesenquimais</p><p>ainda indiferenciadas podendo se multiplicar por mitose e se diferenciar em condroblastos.</p><p>Os condroblastos são células que sintetizam e secretam intensamente a matriz cartilaginosa e conforme</p><p>secretam ficam aprisionados pela própria matriz que eles mesmos secretaram e neste momento passam a ser</p><p>chamados de condrócitos.</p><p>Os condrócitos não possuem grande atividade de síntese de matriz cartilaginosa e apenas mantém uma</p><p>pequena atividade de síntese. Durante o processo de elaboração das lâminas histológicas os condrócitos sofrem</p><p>retração, o que faz com que eles fiquem menores do que os espaços por eles ocupados na matriz, e por isso,</p><p>quando observados na microscopia, são referidos como condrócitos no interior de lacunas. Observe na figura a</p><p>seguir as células condrogênicas do pericôndrio, os condroblastos e os condrócitos no interior de lacunas.</p><p>Matriz Extracelular da Cartilagem Hialina</p><p>A matriz extracelular da cartilagem hialina, como acontece no tecido conjuntivo propriamente dito, é</p><p>constituída por substância fundamental e pelas fibras. A substância fundamental da cartilagem é também</p><p>formada por glicosaminoglicanas (GAGs), proteoglicanas e por glicoproteínas adesivas.</p><p>As proteoglicanas, como já discutido anteriormente, são moléculas semelhantes à escova de lavar tubos,</p><p>constituídas de uma cadeia central proteica onde se ligam as GAGs formando as cerdas dessas moléculas. A</p><p>grande quantidade de cargas negativas presentes nessas GAGs atrai cátions, principalmente íons Na+ que, por</p><p>sua vez, atraem moléculas de água. Dessa forma, a matriz da cartilagem hialina torna-se muito hidratada o que</p><p>faz com que ela possa atuar como um sistema de absorção contra choques mecânicos. A glicoproteína adesiva</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 24</p><p>da cartilagem hialina, denominada condronectina, possuem grande capacidade de realizar ligação entre os</p><p>diferentes componentes da matriz, capacidade muito maior do que as glicoproteínas adesivas encontradas no</p><p>tecido conjuntivo. A grande quantidade de moléculas de água encontrada na substância fundamental e a grande</p><p>capacidade de ligação das glicoproteínas adesivas são fatores que fazem da cartilagem hialina um tecido mais</p><p>rígido e firme do que o tecido conjuntivo propriamente dito.</p><p>Os componentes da matriz da cartilagem hialina não estão distribuídos homogeneamente e, por isso, a</p><p>matriz da cartilagem hialina também não se cora homogeneamente sendo possível diferenciar duas regiões: a</p><p>matriz capsular e a matriz interterritorial. A matriz capsular está localizada ao redor da lacuna e se torna</p><p>densamente corada devido à alta concentração de proteoglicanas e de glicoproteínas adesivas mas é pobre em</p><p>colágeno. A maior parte da matriz é a interterritorial que é rica em fibras colágenas formadas por colágeno do</p><p>tipo II e se cora menos intensamente do que a matriz capsular. As fibras colágenas formadas por colágeno do</p><p>tipo II são extremamente finas e, por isso, não são observadas na microscopia óptica.</p><p>Crescimento da Cartilagem Hialina</p><p>Os condrócitos no interior de lacunas são células que ainda são capazes de se dividir, formando um grupo</p><p>de duas, quatro ou mais células dentro de uma mesma lacuna. Esses grupos são conhecidos como grupos</p><p>isógenos e são formados por divisões celulares de um único condrócito original. À medida que as células de um</p><p>grupo isógeno produzem matriz, elas são empurradas para longe umas das outras, formando lacunas separadas,</p><p>proporcionando o crescimento da cartilagem a partir do seu interior. Este tipo de crescimento é chamado</p><p>crescimento intersticial.</p><p>No outro tipo de crescimento da cartilagem, as células condrogênicas do pericôndrio sofrem divisão e se</p><p>diferenciam em condroblastos, que começam a elaborar a matriz se transformando depois em condrócitos. Dessa</p><p>forma, a cartilagem cresce por adição de células em sua periferia a partir do pericôndrio, um processo</p><p>denominado crescimento aposicional.</p><p>O crescimento intersticial ocorre somente na fase inicial da formação da cartilagem hialina. Entretanto, a</p><p>cartilagem articular, que não possui pericôndrio, cresce somente por crescimento intersticial. A cartilagem do</p><p>resto do corpo cresce, principalmente, devido ao crescimento aposicional.</p><p>Regeneração da Cartilagem Hialina</p><p>A cartilagem pode suportar um estresse intenso e repetitivo considerável. Porém, quando lesionada,</p><p>manifesta uma incapacidade</p><p>marcante de regeneração. Essa falta de resposta à lesão é atribuída a sua falta de</p><p>vascularização e à capacidade limitada de proliferação dos condrócitos. Em algumas lesões, o reparo resulta da</p><p>atividade das células condrogênicas do pericôndrio, mas, assim mesmo, poucas células cartilaginosas são</p><p>produzidas. Em adultos, durante o processo de cicatrização, novos vasos sanguíneos geralmente se</p><p>desenvolvem no local da lesão, o que estimula o crescimento de tecido conjuntivo denso não modelado em vez</p><p>de reparo cartilaginoso verdadeiro.</p><p>A cartilagem hialina também está sujeita à processos de calcificação no indivíduo adulto como parte do</p><p>processo de envelhecimento como ocorre, por exemplo, com os anéis cartilaginosos da traqueia.</p><p> MATERIAIS</p><p>1) Lâmina 20 H: TRAQUEIA E ESÔFAGO (HE)</p><p> PROCEDIMENTO</p><p>Utilizar a objetivas 04, 10 e 40.</p><p>1) Na lâmina 20 H indicar: (a) o pericôndrio, as células condrogênicas, os condroblastos, os condrócitos,</p><p>os grupos isógenos, a matriz capsular e a matriz interterritorial.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 25</p><p> LÂMINA 20 H: TRAQUEIA E ESÔFAGO (HE)</p><p>Objetiva 04 Objetiva 10</p><p>Objetiva 40 Objetiva 40</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 26</p><p> PRÁTICA 04: CARTILAGEM ELÁSTICA</p><p> INTRODUÇÃO</p><p>A cartilagem elástica contém os mesmos componentes da matriz da cartilagem hialina incluindo a presença</p><p>de uma densa rede de fibras elásticas ramificadas ausentes na cartilagem hialina.</p><p>A cartilagem elástica está localizada na orelha externa, nas tubas auditivas externa e interna e na</p><p>cartilagem epiglote da laringe. Em todas essas localizações, a cartilagem elástica é circundada por um</p><p>pericôndrio semelhante àquele encontrado ao redor das cartilagens hialinas. A cartilagem elástica também possui</p><p>as mesmas células encontradas na cartilagem hialina, sendo também encontrados os grupos isógenos, porém</p><p>os condrócitos da cartilagem elástica são mais numerosos e maiores e por isso, os grupos isógenos são mais</p><p>facilmente observados na microscopia. Além disso, a cartilagem elástica passa pelos mesmos processos de</p><p>crescimento da cartilagem hialina (aposicional e intersticial) e possui a mesma dificuldade de regeneração em</p><p>caso de lesões. Por outro lado, a cartilagem elástica está menos sujeita a processos degenerativos e não sofre</p><p>calcificação durante o processo de envelhecimento.</p><p> MATERIAIS</p><p>1) Lâmina 43 H: ORELHA – CARTILAGEM ELÁSTICA (Verhoeff)</p><p> PROCEDIMENTO</p><p>Utilizar a objetivas 04, 10 e 40.</p><p>1) Na lâmina 43 H: (a) indicar o pericôndrio, as fibras elásticas, as células condrogênicas, os condroblastos,</p><p>os condrócitos e grupos isógenos.</p><p> LÂMINA 43 H: ORELHA – CARTILAGEM ELÁSTICA (VERHOEFF)</p><p>Objetiva 04 Objetiva 10</p><p>Objetiva 40 Objetiva 40</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 27</p><p> PRÁTICA 05: CARTILAGEM FIBROSA</p><p> INTRODUÇÃO</p><p>A cartilagem fibrosa, ou fibrocartilagem, é uma combinação entre tecido conjuntivo denso modelado e</p><p>cartilagem hialina tendo, além das fibras colágenas formadas por colágeno do tipo II comumente encontradas</p><p>nas cartilagens, fibras colágenas formadas por colágeno do tipo I comumente encontradas no tecido conjuntivo</p><p>propriamente dito. Os condrócitos estão localizados por entre as fibras colágenas isoladamente ou em fileiras.</p><p>As cartilagens fibrosas não possuem pericôndrio e, por isso, só podem realizar o crescimento intersticial.</p><p>A cartilagem fibrosa é encontrada nos discos intervertebrais, nos discos das articulações esterno-clavicular</p><p>e temporo-mandibular (ATM), nos meniscos da articulação do joelho e na sínfise púbica. Essas cartilagens, como</p><p>não são revestidas pelo pericôndrio, são nutridas pelo líquido sinovial. No caso da cartilagem fibrosa dos discos</p><p>intervertebrais, que não é banhada pelo líquido sinovial, depende de um processo de difusão dos tecidos</p><p>vizinhos, para receber substâncias nutritivas. A presença de cartilagem fibrosa nesses locais indica a importante</p><p>função desse tecido de oferecer resistência às forças de compressão.</p><p>O disco intervertebral, também chamado de fibrocartilagem intervertebral, é um disco de cartilagem</p><p>localizado entre duas vértebras adjacentes, que atua possibilitando a propagação dos movimentos às vértebras,</p><p>além de atuar como ligamento, assegurando que as vértebras permaneçam unidas. O disco intervertebral é</p><p>formado por dois componentes: o anel fibroso, no qual se encontra em seu interior o núcleo pulposo.</p><p>O anel fibroso é composto por uma porção periférica de tecido conjuntivo denso, porém em sua maior</p><p>extensão é composto por diversas camadas de fibrocartilagem, cujos feixes de fibras colágenas se dispõem em</p><p>camadas concêntricas.</p><p>O núcleo pulposo é um gel semifluido que, ao nascimento, consiste de material mucoide. Após a primeira</p><p>década, o material mucoide é gradualmente substituído por fibrocartilagem, passando a haver menor distinção</p><p>entre ele e o anel fibroso. Enquanto fluido, o núcleo pode ser deformado sob pressão e, portanto, absorver os</p><p>impactos diários. Mas, conforme vai sendo substituído por fibrocartilagem, diminui a capacidade de absorção de</p><p>choques mecânicos se desgastando com o tempo, o que facilita a formação de hérnias de disco, ou seja, parte</p><p>dele sai da posição normal e comprime as raízes nervosas que emergem da coluna. O problema é mais frequente</p><p>nas regiões lombar e cervical, por serem áreas de maior movimento e que suportam mais carga. Observe a figura</p><p>a seguir.</p><p> MATERIAIS</p><p>1) Lâmina 81 H: MENISCO (HE)</p><p>2) Lâmina 93 H: DISCO INTERVERTEBRAL (HE)</p><p> PROCEDIMENTO</p><p>Utilizar a objetivas 04, 10, 40 e 100.</p><p>1) Na lâmina 43 H: (a) indicar pericôndrio, fibras colágenas, células condrogênicas, condroblastos,</p><p>condrócitos e grupos isógenos; (b) observar a figura da cartilagem fibrosa e comparar com as fotomicrografias e</p><p>com as imagens do microscópio óptico.</p><p>Utilizar a objetivas 04, 10 e 40.</p><p>2) Na lâmina 93H: (a) indicar o anel fibroso e o núcleo pulposo.</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 28</p><p>Cartilagem Fibrosa</p><p> LÂMINA 81 H: MENISCO (HE)</p><p>Objetiva 04 Objetiva 10</p><p>Objetiva 40 Objetiva 100</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 29</p><p> LÂMINA 93 H: DISCO INTERVERTEBRAL (HE)</p><p>Objetiva 04 Objetiva 10</p><p>Objetiva 40 Objetiva 100</p><p>Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1)</p><p>MEDICINA 30</p><p> TECIDO ÓSSEO</p><p>INDICAÇÃO DE LEITURA</p><p>GARTNER e HIATT, Capítulo 07, páginas 138-159.</p><p>JUNQUEIRA e CARNEIRO, Capítulo 08, páginas 131-148.</p><p>ROSS e WOJCIECH, Capítulo 08, páginas 224-261.</p><p>OBJETIVOS</p><p>1) Caracterizar a matriz óssea indicando os seus constituintes e suas propriedades.</p><p>2) Descrever as participações das células do osso: células osteogênicas, osteoblastos e osteócitos.</p><p>3) Diferenciar osso esponjoso de osso compacto e citar seus locais de ocorrência.</p><p>4) Diferenciar osso primário de osso secundário.</p><p>5) Descrever a unidade do osso secundário denominada sistema de Havers e indicar lamelas concêntricas, lacunas,</p><p>canalículos, canal de Volkman e canal de Havers.</p><p>6) Descrever o processo de ossificação intramembranosa, citar os ossos que passam por esse processo de formação óssea</p><p>e indicar osso primário, osteoblastos, osteócitos, osteoclastos e mesênquima.</p><p>7) Descrever o processo de ossificação</p>a figura do músculo liso e comparar com as fotomicrografias e com as imagens observadas no microscópio óptico. Músculo Liso Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1) MEDICINA 59 LÂMINA 49 U: ESTÔMAGO CORTE TRANSVERSAL (HE) Objetiva 04 Objetiva 10 Objetiva 40 Lâminas Descrição Coloração 11 H Língua - Papilas Filiforme e Fungiforme Hematoxilina-Eosina (HE) 90 H Coração Hematoxilina-Eosina (HE) 70 H Coração – Disco Intercalar Hematoxilina-Eosina (HE) 57 H Coração - Fibras de Purkinje Hematoxilina-Eosina (HE) 49 U Estômago corte transversal Hematoxilina-Eosina (HE) Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1) MEDICINA 60 PROBLEMA 03 ESTUDO MICROSCÓPICO DOS VASOS SANGUÍNEOS INDICAÇÃO DE LEITURA GARTNER e HIATT, Capítulo 11, páginas 257-273. JUNQUEIRA e CARNEIRO, Capítulo 11, páginas 199-212. ROSS e WOJCIECH, Capítulo 13, páginas 419-439. OBJETIVOS 2) Caracterizar as túnicas íntima, média e adventícia de um vaso sanguíneos. 3) Descrever os mecanismos de nutrição e inervação de um vaso sanguíneo. 4) Diferenciar histologicamente a parede de uma artéria elástica, muscular e de uma arteríola. 5) Caracterizar histologicamente a estrutura de um capilar sanguíneo. 6) Descrever as principais diferenças entre os capilares contínuos, fenestrados e sinusoides e citar os órgãos e tecidos onde são encontrados.[ 7) Diferenciar histologicamente a parede de uma vênula de uma veia de médio calibre e de uma veia de grande calibre. 8) Traçar as principais diferenças histológicas entre uma artéria e uma veia de mesmo calibre. O sistema cardiovascular é constituído pelo coração, um órgão muscular que bombeia o sangue para dois circuitos distintos: (1) o circuito pulmonar, que transporta o sangue do coração para os pulmões e dos pulmões de volta ao coração e (2) o circuito sistêmico, que transporta o sangue do coração para todos os órgãos e tecidos do corpo e desses de volta ao coração. Esses circuitos são formados por artérias, capilares e veias. As artérias representam uma série de vasos que transportam sangue a partir do coração e que se ramificam produzindo vasos de diâmetro cada vez menor até finalmente formar capilares. Os capilares são vasos sanguíneos de paredes finas e de menor calibre através dos quais substâncias passam do sangue para os tecidos e dos tecidos para o sangue. As veias são vasos que drenam o sangue dos capilares e formam vasos cada vez maiores levando o sangue de volta ao coração  ESTRUTURA GERAL DOS VASOS SANGUÍNEOS A parededas artérias que conduzem o sangue sob alta pressão é mais espessa do que a parede das veias correspondentes. Consequentemente, quando se compara veia e artéria de mesmo diâmetro, as artérias possuem um lúmen menor. Entretanto, o diâmetro das artérias diminui a cada ramificação, enquanto o diâmetro das veias aumenta em cada convergência. Além disso, em cortes transversais, geralmente as artérias aparecem com seus lúmens abertos enquanto que as veias aparecem com seus lúmens fechados devido ao colabamento de suas paredes.  TÚNICAS DOS VASOS As paredes dos vasos sanguíneos são compostas por três camadas ou túnicas: (1) túnica íntima, (2) túnica média e (3) túnica adventícia. A camada mais interna, a túnica íntima, é constituída pelo epitélio simples pavimentoso denominado endotélio que reveste o lúmen, e um tecido conjuntivo subendotelial. A túnica média é constituída principalmente por células musculares lisas. A camada mais externa, a túnica adventícia, é constituída por tecido conjuntivo. Na parte mais externa da túnica íntima e na parte mais externa da túnica média são encontradas as lâminas elásticas interna e externa constituídas por um conjunto de fibras elásticas. Como veremos a seguir, essas lâminas não são perfeitamente identificadas em alguns tipos de vasos. Túnica Íntima As células endoteliais formam o epitélio simples pavimentoso que reveste o lúmen dos vasos sanguíneos e se assentam sobre uma lâmina basal. Essas células além de proporcionarem uma superfície lisa para facilitar o fluxo sanguíneo, possuem outras funções importantes. As células endoteliais das artérias, por exemplo, contêm corpúsculos de Weibel-Palade, que são vesículas que contém uma glicoproteína denominada fator de von Willebrand, um fator que contribui para que o processo de coagulação sanguínea ocorra após lesão vascular. As células endoteliais secretam no sangue óxido nítrico (NO), uma substância vasodilatadora, importante para aumentar o fluxo sanguíneo em alguns órgãos e tecidos. Além disso, células endoteliais de alguns vasos possuem enzimas ligadas à sua membrana plasmática como, por exemplo, a enzima conversora da angiotensina (ECA) localizada nos capilares pulmonares que cliva a angiotensina I produzindo o vasoconstritor angiotensina II e a lipase lipoproteica localizada nos capilares do tecido adiposo que degrada lipoproteínas permitindo que as células adiposas possam armazenar triglicerídeos. Uma camada de tecido conjuntivo frouxo com poucas células musculares lisas está localizada abaixo do endotélio. Abaixo desse tecido conjuntivo há uma lâmina elástica interna, especialmente bem desenvolvida e Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1) MEDICINA 61 identificada nas artérias musculares. O fato de a lâmina elástica interna ser fenestrada permite a difusão de substâncias do sangue para as regiões mais profundas da parede do vaso, facilitando a nutrição das células mais distantes do lúmen. Túnica Média A túnica média que, nas artérias, é a camada mais espessa, é formada principalmente por fibras musculares lisas, dispostas circularmente. Inseridas na túnica média das artérias elásticas são encontradas várias lâminas elásticas. Já na túnica média das artérias musculares e veias de médio e pequeno calibre são encontradas somente fibras elásticas. Túnica Adventícia Revestindo os vasos na sua superfície externa está a túnica adventícia, formada por tecido conjuntivo frouxo. A túnica adventícia é a camada mais espessa das veias.  NUTRIÇÃO E INERVAÇÃO DOS VASOS A grande espessura da parede de vasos maiores dificulta a nutrição das células mais distantes do lúmen. Deste modo, essas células são nutridas pelos vasa vasorum, pequenas artérias que penetram na parede do vaso e se ramificam para irrigar as células localizadas na parte mais externa da túnica média e na túnica adventícia. Uma rede de nervos também alcança as células musculares lisas da túnica média levando impulsos nervosos que controlam o calibre dos vasos sanguíneos promovendo vasoconstrição e vasodilatação sendo uma importante maneira para regular pressão arterial e fluxo sanguíneo nos diferentes tecidos. Esses impulsos propagam-se por todas as células musculares lisas através de junções comunicantes (gap junctions) mantidas entre elas. A figura a seguir mostra a parede de um vaso dividida nas três túnicas descritas. Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1) MEDICINA 62  PRÁTICA 12: ARTÉRIAS, CAPILARES E VEIAS  INTRODUÇÃO ARTÉRIAS As artérias são classificadas em três tipos com base em seu tamanho relativo e características morfológicas: artérias elásticas (condutoras ou de grande calibre), artérias musculares (distribuidoras ou de médio calibre) e arteríolas. Como existem mudanças graduais nas características morfológicas das artérias conforme elas se ramificam, algumas possuem características de duas categorias diferentes e, por isso, não podem ser incluídas em uma categoria específica. Artérias Elásticas As grandes artérias como, por exemplo, a aorta são artérias elásticas. A túnica íntima das artérias elásticas é constituída por um endotélio, uma lâmina basal e uma estreita camada de tecido conjuntivo frouxo.A lâmina elástica interna não costuma ser nítida nas artérias elásticas, pois ela é apenas a primeira das muitas lâminas elásticas presentes na túnica média. Essas lâminas elásticas são formadas por um conjunto de fibras elásticas produzidas pelas células musculares lisas. A túnica média das artérias elásticas é constituída por muitas lâminas elásticas fenestradas, conhecidas como membranas fenestradas, que se inserem por entre as células musculares lisas dispostas circularmente. Essas fenestrações permitem difusão de oxigênio e nutrientes a partir do lúmen do vaso. A lâmina elástica externa também está presente na túnica média, mas também não é tão evidente devido à grande quantidade de lâminas elásticas por entre as células musculares lisas. Artérias Musculares As artérias musculares incluem a maioria dos vasos originários da aorta, exceto os grandes troncos que se originam do arco da aorta e da bifurcação terminal da aorta abdominal, que são classificados como artérias elásticas. A lâmina elástica interna das artérias musculares é proeminente e apresenta uma superfície ondulada que é acompanhada pelo endotélio. A túnica média das artérias musculares é composta por células musculares lisas. As artérias musculares de maior calibre podem ter até 40 camadas de células musculares lisas dispostas circularmente, enquanto que as artérias musculares de pequeno calibre têm 4 camadas de células musculares lisas. Cada célula muscular lisa forma junções comunicantes com outras células musculares, garantindo contrações coordenadas da túnica média. Uma lâmina elástica externa está evidente em cortes histológicos de artérias musculares de maior calibre, mas está ausente nas artérias musculares menores. Arteríolas As arteríolas são os vasos que possuem a capacidade de regular o fluxo sanguíneo para os capilares. O endotélio da túnica íntima é sustentado por uma fina camada de tecido conjuntivo. Uma delgada lâmina elástica interna está presente nas arteríolas maiores, mas desaparece nas menores. As arteríolas não possuem uma lâmina elástica externa. Nas arteríolas maiores, a túnica média consiste em 3 camadas de células musculares lisas. As menores arteríolas possuem a túnica média formada por uma única camada de células musculares lisas envolvendo as células endoteliais. A túnica adventícia das arteríolas é escassa e é representada por tecido conjuntivo frouxo com poucos fibroblastos. Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1) MEDICINA 63 As arteríolas terminais que levam o sangue para os capilares são denominadas metarteríolas. As metarteríolas diferem das arteríolas, pois sua camada de músculo liso não é contínua e as células musculares lisas estão separadas umas das outras. Na extremidade final da metarteríola, a última célula muscular lisa circunda o endotélio formando um esfíncter denominado esfíncter pré-capilar. Esse esfíncter tem a função de regular o fluxo sanguíneo do leito capilar. Observe a figura anterior. Observe a tabela a seguir que resume as principais características dos diferentes tipos de artérias. Tipo de Artéria Túnica íntima Túnica média Túnica adventícia Artéria Elástica Endotélio com corpúsculos de Weibel-Palade, lâmina basal, tecido conjuntivo frouxo subendotelial, lâmina elástica interna pouco evidente. Células musculares lisas espalhadas por entre as várias lâminas elásticas, lâmina elástica externa pouco evidente.Vasa vasorum na parte externa. Tecido conjuntivo frouxo, vasa vasorum e fibras nervosas. Artéria Muscular Endotélio com corpúsculos de Weibel-Palade, lâmina basal, tecido conjuntivo frouxo subendotelial, lâmina elástica interna bastante evidente. De 4 à 40 camadas de células musculares lisas, lâmina elástica externa bastante evidente nas artérias musculares maiores. Tecido conjuntivo frouxo, vasa vasorum e fibras nervosas. Arteríola Endotélio com corpúsculos de Weibel-Palade, lâmina basal, tecido conjuntivo frouxo subendotelial pouco desenvolvido, lâmina elástica interna evidente nas arteríolas maiores desaparecendo nas menores. Até 3 camadas de células musculares lisas. Lâmina elástica externa ausente. Tecido conjuntivo frouxo escasso e fibras nervosas. Metarteríola Endotélio e lâmina basal Células musculares lisas formam esfíncteres pré- capilares Tecido conjuntivo frouxo escasso. CAPILARES Os capilares se originam das extremidades terminais das metarteríolas, que se ramificam e se anastomosam formando um leito capilar entre as metarteríolas e as vênulas. Os capilares são os menores vasos sanguíneos e formados por uma camada única de células endoteliais pavimentosas. As células endoteliais dos capilares formam um tubo cujo diâmetro varia de 8 a 10 µm mas que permanece constante por toda a extensão do capilar. A superfície externa das células endoteliais está envolvida por uma lâmina basal secretada pelas próprias células endoteliais. Ao longo do capilar as células endoteliais se mantêm unidas entre si por zônulas oclusivas (junções fechadas). Um tipo de célula-tronco denominado pericito está presente na superfície externa dos capilares e das pequenas vênulas. Após lesões vasculares, os pericitos podem se diferenciar em células musculares lisas e em células endoteliais participando, dessa maneira, da regeneração de arteríolas, capilares e vênulas. Existem autores que acreditam que os pericitos possuem capacidade de realizar contração e assim regular o fluxo de sanguíneo nos capilares. A microscopia eletrônica revelou três tipos de capilares: (1) contínuos, (2) fenestrados e (3) sinusoides. Capilares Contínuos Os capilares contínuos não têm poros nem fenestras em sua parede e estão presentes nos tecidos muscular, nervoso e conjuntivo. No tecido cerebral, eles são considerados capilares contínuos modificados pois suas células endoteliais apresentam zônulas oclusivas (junções fechadas) que impedem a passagem de muitas moléculas, formando a barreira hematoencefálica. Capilares Fenestrados Os capilares fenestrados possuem poros (fenestras) de cerca de 70 nm de diâmetro que contém diafragma, uma membrana proteica fina que cobre o poro. O diafragma possui pequenos canais com uma abertura de cerca de 5 nm de diâmetro. Dessa maneira, a maior parte da parede endotelial dos capilares fenestrados não tem fenestras verdadeiras. Esses capilares são encontrados no pâncreas, no intestino e nas glândulas endócrinas. Uma exceção é o glomérulo renal, composto por capilares fenestrados sem diafragma. Sinusoides Os capilares sinusoides possuem células endoteliais e lâmina basal descontínuas e contêm muitas fenestras grandes sem diafragma, aumentando as trocas entre o sangue e o tecido. São encontrados na medula óssea, no fígado, no baço, em órgãos linfoides e em algumas glândulas endócrinas. Esses capilares são tão Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1) MEDICINA 64 permeáveis que permitem até mesmo a passagem de células como, por exemplo, acontece com as células sanguíneas formadas na medula óssea que penetram no sangue pelos sinusoides. A figura a seguir esquematiza os três tipos de capilares. VEIAS No final dos capilares, pequenas vênulas iniciam o retorno do sangue para o coração. À medida que o sangue se aproxima do coração, as veias se convergem formando veias cada vez maiores. Em razão do número de veias excederem o número de artérias e também pelo fato das veias possuírem um lúmen maior, quase 70% do volume total do sangue está no interior de veias. A parede das veias é mais fina e menos elástica do que a parede das artérias e, as alterações das veias conforme aumentam de espessura não são tão marcantes como as alterações observadas nas artérias conforme elas se ramificam. A túnica média das veias não é desenvolvida tendo uma menor quantidade de músculo liso, porém seus componentes de tecido conjuntivo são maisdesenvolvidos do que nas artérias. As veias são compostas pelas mesmas três túnicas das artérias, porém a túnica média das veias é muito mais fina do que a das artérias. A túnica adventícia das veias é a sua camada mais espessa. Além disso, as veias não possuem as lâminas elásticas interna e externa encontradas nas artérias. No entanto, as veias são suficientemente distensíveis para se adaptarem às variações de volume e pressão do sangue que passa por elas, embora não estejam preparadas para resistir a pressões tão altas. A figura a seguir compara a parede de uma artéria (à esquerda) com a de uma veia (à direita), ambos vasos de mesmo calibre. Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1) MEDICINA 65 As veias são classificadas em três grupos, com base em seu diâmetro e espessura de sua parede: vênulas,veias de pequeno, de médio e de grande calibre. Vênulas O sangue do leito capilar é drenado por vênulas pós-capilares, cujas paredes são semelhantes às dos capilares. Nas vênulas maiores, os pericitos são substituídos por células musculares lisas espaçadas. Conforme o diâmetro da vênula aumenta, as células musculares lisas se tornam mais próximas umas das outras, formando uma camada contínua. A troca entre o sangue e os tecidos não ocorre apenas nos capilares, mas também nas vênulas pós-capilares, cujas paredes podem ser ainda mais permeáveis. De fato, esse é o local preferido para a migração dos leucócitos da corrente sanguínea em direção ao tecido conjuntivo extravascular, processo denominado diapedese ou emigração. Veias de Pequeno e Médio Calibre A túnica íntima de uma veia de pequeno e de médio calibre inclui o endotélio e sua lâmina basal. Algumas vezes, fibras elásticas circundam o endotélio, mas não chegam a formar uma lâmina elástica como a lâmina elástica interna encontrada nas artérias. As células musculares lisas da túnica média são encontradas por entre fibras colágenas e elásticas. A túnica adventícia, a mais espessa das túnicas, é constituída por feixes de fibras colágenas e fibras elásticas. Veias de Grande Calibre Exemplos de veias de grande calibre são as veias cavas, as veias pulmonares e a veia porta hepática. A túnica íntima das veias de grande calibre é semelhante à das veias de médio calibre, exceto que as de grande calibre possui uma camada mais espessa de tecido conjuntivo subendotelial. A túnica média da maioria das veias de grande calibre possui uma túnica média pouco desenvolvida com exceção das veias pulmonares. Valvas das Veias Muitas veias de médio calibre e algumas de grande calibre possuem valvas que funcionam prevenindo o refluxo do sangue. Essas valvas são especialmente abundantes nas veias das pernas, onde atuam contra a força da gravidade. Uma valva venosa é composta por dois folhetos constituídos de túnica íntima que se projetam da parede para o lúmen. Quando o sangue flui para o coração, esses folhetos curvam-se na direção do fluxo sanguíneo, se encostando na parede do vaso e abrindo o lúmen. Se o sangue refluir, os folhetos se aproximam um do outro, bloqueando, desta maneira, o fluxo retrógrado de sangue. Observe a tabela a seguir que resume as principais características dos diferentes tipos de veias. Tipo de Veia Túnica íntima Túnica média Túnica adventícia Vênulas Endotélio, lâmina basal (pericitos em vênulas pós- capilares). Ausente em vênulas pós- capilares, tecido conjuntivo esparso e poucas células musculares lisas em vênulas maiores. Tecido conjuntivo frouxo. Veias de Pequeno e Médio Calibre Endotélio, lâmina basal, valvas em algumas, tecido conjuntivo frouxo subendotelial. Fibras elásticas e algumas células musculares lisas. Tecido conjuntivo frouxo. Veia de Grande Calibre Endotélio, lâmina basal, valvas em algumas, tecido conjuntivo frouxo subendotelial. Tecido conjuntivo e células musculares lisas. Tecido conjuntivo frouxo.  MATERIAL 1) Lâmina 40: AORTA HUMANA (Verhoeff) 2) Lâmina 117 H: ARTÉRIA DE PEQUENO E MEDIO CALIBRE (Verhoeff) 3) Lâmina 64: TIMO DE RATO (Tricômico de Mallory) 4) Lâmina 04 M: PÊNIS (HE)  PROCEDIMENTO Utilizar as objetivas 04, 10 e 40. 1) Na lâmina 40: (a) indicar túnica íntima, túnica média com as lâminas elásticas e túnica adventícia. 2) Na lâmina 117 H: (a) indicar túnica íntima com a lâmina elástica interna, túnica média com a camada de células musculares lisas e com a lâmina elástica externa e túnica adventícia; (b) observar a figura dos vasos e comparar com as fotomicrografias e com as imagens observadas no microscópio óptico. Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1) MEDICINA 66 3) Na lâmina 64: (a) indicar veias e comparar com a estrutura das artérias observadas nas lâminas 40 e 117 H; (b) observar a figura dos vasos e comparar com as fotomicrografias e com as imagens observadas no microscópio óptico. 4) Na lâmina 04 M: (a) diferenciar artéria, veia e capilar; (b) nas artérias indicar túnica íntima com a lâmina elástica interna, túnica média com a camada de células musculares lisas e túnica adventícia; (c) observar a figura dos vasos e comparar com as fotomicrografias e com as imagens observadas no microscópio óptico. Vasos Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1) MEDICINA 67 LÂMINA 40: AORTA HUMANA (VERHOEFF) Objetiva 04 Objetiva 10 Objetiva 40 Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1) MEDICINA 68 LÂMINA 117 H: ARTÉRIA DE PEQUENO E MEDIO CALIBRE (VERHOEFF) Objetiva 04 Objetiva 04 Objetiva 10 Objetiva 10 Objetiva 40 Objetiva 40 Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1) MEDICINA 69 LÂMINA 64: TIMO DE RATO (TRICÔMICO DE MALLORY) Objetiva 04 Objetiva 10 Objetiva 40 Laboratório Morfofuncional PBL 1 Gasto Energético(1) MEDICINA 70 LÂMINA 04 M: PÊNIS (HE) Objetiva 04 Objetiva 10 Objetiva 40 Objetiva 40 Lâminas Descrição Coloração 40 Aorta humana Verhoeff 117 H Artéria de pequeno e médio calibre Verhoeff 64 Timo de rato Tricômico de Mallory (TM) 04 M Pênis Hematoxilina-Eosina (HE)