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<p>1</p><p>5A AULA PRATICA Geologia Sedimentar (relatório com os procedimentos de campo)</p><p>Roteiro de campo de Geologia Sedimentar em 14 de maio de 05</p><p>Litoral de Vila Velha: ambientes deposicionais</p><p>Jacqueline Albino</p><p>I Objetivos da aula de campo:</p><p>a) Coletar amostras determinar a faciologia dos sedimentos nas aulas práticas de geologia sedimentar</p><p>de diferentes ambientes de sedimentação são eles:</p><p>Dunas</p><p>Praia</p><p>Leque Aluvial (Formação Barreiras)</p><p>Estuário</p><p>Fluvial/Estuarino</p><p>b) Ter contato com técnicas de amostragens e suas exigências: como equipamentos, o número de</p><p>amostras, etiquetagem, posicionamento para mapeamento, referencias locais;</p><p>c) Levantar um perfil praial;</p><p>d) Conhecer os processos responsáveis pelas diferenças geológicas e geomorfológicas do litoral</p><p>percorrido e correlacionar com as características faciológicas dos sedimentos coletados e analisados</p><p>em laboratório.</p><p>II Geologia da área de estudo</p><p>A área de estudo corresponde ao setor 4, segundo Martin et al (1996) que vai da baía de Vitória à</p><p>desembocadura do rio Itapemirim, corresponde à zona de afloramentos de rochas pré-cambrianas que</p><p>entram em contato direto com os depósitos quaternários flúvio-costeiros . A Formação Barreiras aflora</p><p>na costa de Vila Velha e Guarapari. A Formação Barreiras está presente em toda porção centro norte</p><p>deste Estado (Fig. 1), com largura decrescendo rumo ao sul. No extremo norte, próximo à divisa com a</p><p>Bahia, a largura atinge aproximadamente 80 km e nas proximidades de Vitória, cerca de 13 km.</p><p>Como Formação Barreiras costumam ser designados os sedimentos de origem continental, pouco</p><p>consolidados, que estão dispostos em estreita faixa ao longo da área costeira, desde o Estado do Rio</p><p>de Janeiro até o Pará, invadindo ainda o vale do Amazonas (Bigarella & Andrade, 1964).</p><p>Amador & Dias (1978) identificaram três seqüências sedimentares da Formação Barreiras no Espírito</p><p>Santo, onde estes depósitos possuem significativa expressão na zona costeira (Fig. 1). A primeira</p><p>recobre a área de Guarapari-Marataízes sendo representada por uma unidade provavelmente mais</p><p>nova (Barreiras superior) em contato direto com o embasamento. Em torno de Vitória, abrangendo os</p><p>municípios de Cariacica, Fundão, Ilha e Nova Almeida, existe uma seqüência basal, capeada por</p><p>depósitos provavelmente mais novos. A terceira região, situada no norte do Estado (prolongando-se até</p><p>o sul da Bahia), entre os rios Mucuri e Itaúnas mostra situações bem distintas. A parte basal mais</p><p>antiga é constituída por camadas tabulares de arenitos arcoseanos silicificados. Uma fina capa de</p><p>2</p><p>sedimentos provavelmente mais novos cobre discordantemente a unidade. Estas camadas</p><p>sedimentares muito se assemelham com as descritas por Mabesoone et al. (1972) no Nordeste do país.</p><p>A partir dos aspectos texturais (granulometria, seleção, caráter morfoscópico e morfométrico) e</p><p>mineralógicos dos sedimentos, Mabesoone et al. (1972), sugerem tratar-se de sedimentos depositados</p><p>por águas correntes, principalmente em ambiente fluvial. Os grãos subangulosos encontram-se</p><p>geralmente sem orientação na matriz argilosa.</p><p>Bigarella (1975), baseado no reconhecimento de descontinuidades erosivas e ainda nas características</p><p>texturais e mineralógicas dos sedimentos, sugere que a Formação Barreiras teria sido depositada entre</p><p>clima úmido a semi-árido, em forma de leques aluviais, quando o nível do mar situava-se entre 100 a</p><p>200 m abaixo do atual. Amador & Dias (1978) interpretam estes sedimentos como originados em</p><p>sistemas fluviais entrelaçados em condições de clima seco.</p><p>FIGURA 1 Depósitos da Formação Barreiras na Estado do Espírito Santo. Amador & Dias (1978).</p><p>Hoje, na paisagem capixaba, estes depósitos apresentam-se em forma de tabuleiros, com superfície</p><p>relativamente plana e com declividade de 1,2 km/m, rumo ao mar, obedecendo a inclinação imposta</p><p>pelas estruturas escalonadas presentes na costa, em forma de falésias mortas e vivas e em forma de</p><p>terraço de abrasão.</p><p>Sobre o tabuleiro a drenagem da área é feita por rios que apresentam padrões subparalelos e</p><p>angulares. O padrão subparalelo é unidirecional e definido pelo gradiente inicial da superfície, enquanto</p><p>que o angular corresponde à imposição de zonas de fraturamento (Bandeira et al., 1975). Entre os rios</p><p>que entalham vales fundos e chatos sobre a Formação Barreiras destacam-se o rio Jucu. Existem ainda</p><p>pequenos riachos que cortam os tabuleiros e deságuam nas praias, após percorrer porção da planície</p><p>costeira quaternária.</p><p>3</p><p>As falésias da Formação Barreiras foram formadas por ocasião das transgressões marinhas, entre elas</p><p>a ocorrida há 120.000 a .p. (antes do presente), quando o nível do mar alcançou 8 metros acima do</p><p>nível médio atual (figura 2D). Estas transgressões erodiram parte dos sedimentos continentais e</p><p>formaram falésias, por solapamento. As posteriores elevações do nível relativo do mar causaram o</p><p>retrabalhamento dos cordões litorâneos formados por ocasião da descida do nível do mar (Figura 2E) e</p><p>afogamento de estuários e formação de lagunas (Figura 2F), (Dominguez et al., 1981).</p><p>A deposição de sedimentos e desenvolvimento de planícies costeiras dependem da disponibilidade de</p><p>sedimentos, do transporte destes pelas correntes litorâneas, armadilhas para a retenção dos</p><p>sedimentos e da variação do nível relativo do mar (Suguio & Tessler, 1984).</p><p>Estas condições conjugadas permitiram o desenvolvimento da planície de cordões litorâneos onde</p><p>situa-se o Parque Estadual Paulo Vinha. Ainda neste arco praial, os cordões litorâneos retrabalhados</p><p>pelos ventos assumem aspecto de dunas, como as "Dunas do Lê. Já as dunas frontais interagem com</p><p>as praias nas ocasiões de maior energia das ondas funcionando como reserva de sedimentos,</p><p>dissipadoras de energia e como barreiras para o espraiameto (Leartheman, 1979). A eficaz troca</p><p>sedimentar entre as dunas frontais e a praia é verificada nas praias do litoral de Vila Velha, na Praia do</p><p>Sol (Albino, 1996).</p><p>Figura 2: Modelo da evolução geológica das feições litorâneas da costa leste do Brasil. (Dominguez et</p><p>al., 1981).</p><p>4</p><p>III – Material e métodos</p><p>3.1 Material do aluno</p><p>- Material para campo: prancheta, caderno (anotações) de campo, roteiro de campo, lápis e borracha.</p><p>- Material pessoal: roupas velhas e tênis ou qualquer outro sapato fechado, chapéu, filtro solar e água.</p><p>- Material para as analíses laboratorias: fichas de análises (disponíveis para xerox no roteiro),</p><p>calculadora, lápis, borracha, agulha e pinça.</p><p>3.2 Levantamento de perfil praial</p><p>1 Levantar o perfil topográfico da praia por dois métodos</p><p>1 a) Balizas de EMERY (1961) que são duas estacas de 1,50 m graduadas. Tendo como referência fixa</p><p>a linha do horizonte, a leitura da topografia consiste em colocar o topo de uma baliza alinhada ao</p><p>horizonte e a diferença é lida da outra baliza Sempre a baliza alinhada é a mais baixa. Exemplificando:</p><p>No caso da topografia ser negativa, a baliza alinhada ao horizonte é a distante do observador e a leitura</p><p>e feita na baliza próxima (Fig. 1 A), onde pode ser conhecida da diferença da declividade. Caso a</p><p>topografia seja positiva, a baliza alinhada é a próxima do observador e a diferença é lida na baliza</p><p>distante (Fig. 1 B).</p><p>A altura do perfil topográfico é determinada pela soma das diferenças altimétricas e após a correção do</p><p>nível da maré na ocasião do levantamento, para tanto é anotada a hora que o levantamento passa pelo</p><p>máximo recuo da onda.</p><p>(A) (B)</p><p>Figura 1 Levantamento topográfico, conforme Emery (1961): (A) Topografia negativa (B) Topografia</p><p>negativa.</p><p>Observar alinhamento (azimute), referencias locais, referencial de inicio fixo, as feições praiais, o</p><p>horário do levantamento do máximo recuo da onda para posterior correção da maré Os dados serão</p><p>anotados nas planilhas I e II, em anexo. Identificar as feições no perfil praia.</p><p>Correção do nível de maré e topografia e confeccionar os perfis em papel milimetrado e/ou</p><p>utilizando</p><p>excel, em escala de 1:5.</p><p>Horário da maré no Sábado 14/05/05 DHN http://www.dhn.mar.mil.br/</p><p>00:23 1.4 06:41 0.2 12:47 1.3 18:53 0.2</p><p>5</p><p>3.3 Coletas de sedimentos</p><p>Os sedimentos serão armazenados em sacolas plásticas previamente etiquetadas. Posicionamento,</p><p>referencias, descrição do ponto de coleta serão anotados no “ caderno de campo”.</p><p>3.3 1 Praia e duna</p><p>Coletar areias na duna, superficilamente, no berma praial, por um pequena trincheira e no máximo</p><p>recuo da onda (degrau da praia) superficialmente para posterior análise faciológica (granulometria,</p><p>composição bio X lito, morfoscopia dos graos de quartzo e identificação da composição dos bioclastos).</p><p>3.3.2 Formação Barreiras</p><p>Limpar superficialmente a seção estratigráfica e coletar verticalmente, de baixa para cima, para não</p><p>haver contaminação do material. A seção da Formação Barreiras deveria ser medida e desenhada.</p><p>3.3.3 Laguna e estuário</p><p>A coleta se dará manualmente no ambiente deposicional com auxílio de um coletor (vasilhame de big</p><p>coke 2 litros)</p><p>3.3.4 Rio</p><p>A coleta se dará com auxílio de um busca fundo tipo Emery ao longo da seção do canal. Serão</p><p>coletadas 2 a 3 amostras e armazenadas na mesma sacola plástica.</p><p>IV Analises Laboratoriais (Estarão descritas no relatório/arquivo de aulas praticas)</p><p>4.1 Análise granulométrica: Consiste na determinação do tamanho dos grãos. Expressa a distribuição</p><p>quantitativa em escalas estabelecidas, sendo a mais utilizada a escala de Wentworth (1922), tabela 1,</p><p>que adota a unidade phi (φ) que corresponde : φ = - log2 mm.</p><p>Tabela 1: Intervalos de classes estabelecidos por Wentworth (1922).</p><p>CLASSIFICAÇÃO Phi (Φ ) (mm)</p><p>Areia muito grossa -1 a 0 2 a 1</p><p>Areia grossa 0 a 1 1 a 0,5</p><p>Areia média 1 a 2 0,5 a 0,25</p><p>Areia fina 2 a 3 0,25 a 0,125</p><p>Areia muito fina 3 a 4 0,125 a 0,062</p><p>Silte 4 a 8 0,062 a 0,00394</p><p>Argila 8 a 12 0,00394 a 0,0002</p><p>Os sedimentos coletados serão lavados, secados, quarteados (subdivididos até atingirem 50g),</p><p>peneirados e pesado o material retido em cada peneira (Ficha 1). A partir dos valores obtidos e dos</p><p>cálculos das percentagens acumuladas, será traçada a curva de freqüência acumulada (em folha</p><p>logarítmica, ficha 2) de onde serão obtidos os percentis que permitirão a classificação dos parâmetros</p><p>estatísticos granulométricos segundo Folk & Ward (1957). Vide Muehe (1994 E 1996).</p><p>Sedimentos com presença de lama serão submetidos a separação via umida com auxílio da peneira de</p><p>abertura de 0,062mm (4 fi) e água corrente. Os sedimentos retidos serão secos em estufa e levados a</p><p>peneiramento a seco.</p><p>6</p><p>4.2 Matéria orgânica</p><p>Sedimentos contendo material orgânica passarão pela sua determinação e remoção desta antes da</p><p>analise granulométrica. Os 50 gramas de sedimentos serão dissolvidos com Peroxido de Hidrogenio</p><p>(H2O2, 30% ou 50%) e estimulados em placa aquecida, até a total eliminação da matéria orgânica. Pela</p><p>diferença do peso final e inicial tem-se o percentual da matéria orgânica na amostra.</p><p>4.3 Composição bio x lito</p><p>Adotando-se a dissolução dos carbonatos por ácido clorídrico (HCl), utiliza-se uma placa aquecida e</p><p>realiza-se o processos em 15 a 25 g de sedimentos das areias (previamente querteadas e pesadas. Os</p><p>teores de bioclastos e litoclastos será conhecida pela diferença do peso inicial e final, após a dissolução</p><p>das areias das praias.</p><p>4.4 Análises visuais</p><p>A morfoscopia dos grãos e sua classifcação quanto o aspecto superfcial consiste em classificar os</p><p>grãos de acordo com seu grau de arredondamento, entre as classes angulosa, subangulosa,</p><p>subarrendondada, arredondada e bem arredondada (Pettijohn, 1957) pela escala de Powers (1953). A</p><p>forma e aspecto superficial indicam o grau de maturidade e ajudam inferir no ambiente de sedimentação</p><p>Por analise visual também é possível identificar as diferenças da composição dos grãos biolclastos.</p><p>4.5 Analise e discussão dos dados (Seminário de Ambientes de sedimentação)</p><p>Comparar as características sedimentológicas das amostras ao ambiente deposicional.</p><p>Em anexo as fichas de campo e laboratório e parte do texo de Suguio , K “ Introdução “a</p><p>Sedimentologia” 1973 Ed Brucher. Para embasar os procedimento de amostragem do relatório de aulas</p><p>práticas.</p><p>Referências bibliográficas</p><p>ALBINO, J., 1996 Morphodynamic and Coastal Processes on Baleia, Fruta and Sol beaches in the State of Espírito</p><p>Santo, Brazil. An. Acad. Bras. Cien. 68(3): 425-438.</p><p>AMADOR, E.S. e DIAS, G.T., 1978. Considerações preliminares sobre depósitos do Terciário Superior do norte do</p><p>Espírito Santo. An. Acad. bras. Cienc. 50(1):121-122.</p><p>BIGARELLA, J.J e ANDRADE, G.O. 1964. Considerações sobre a estratigrafia dos sedimentos cenozóicos em</p><p>Pernambuco (Grupo Barreiras). Arquivos do Instituto das Ciências da Terra 2:2-14.</p><p>BIGARELLA, J.J. 1975 The Barreiras Group in northeastern Brasil. An. Acad. Bras. Cienc. 47:365-393.</p><p>DOMINGUEZ, J.M.L., BITTENCOURT, A.C.S.P., MARTIN, L. 1981. Esquema evolutivo da sedimentação</p><p>quaternária nas feições deltaicas dos rios São Franscisco (SE/AL), Jequitinhonha (BA), Doce (ES) e Paraíba</p><p>do Sul (RJ). Rev. Brasil. Geoc. 11(4): 227-237.</p><p>EMERY, K.O. 1961. A simple method of measuring beach profile. Limnol. Ocean. 6:90-93.</p><p>MABESOONE, J.M., CAMPOS e SIILVA, A., BEURLEN 1972. Estratigrafia e origem do Grupo Barreiras em</p><p>Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Rev. bras. Geoc. 2(3):173-188.</p><p>MARTIN, L., SUGUIO, K. FLEXOR, J.M., ARCHANJO, J.D. 1996. Coastal Quaternary formations of the southern</p><p>part of the State of Espírito Santo (Brazil). Na. Acad. Bras. Cien. 68(3):389-404.</p><p>MUEHE, D. 1996 Geomorfolologia Costeira. In Cunha e Guerra org. Bertrand Brasil.</p><p>MUEHE, D. 1994. Geomorfologia costeira. In GUERRA, A.J.T. e CUNHA, S.B. da (orgs). Geomorfologia: uma</p><p>atualização de bases e conceitos (capítulo 6). Bertrand Brasil, RJ. p.253-308.</p><p>MUEHE, D. 1996 . Geomorfologia costeira. In CUNHA, S.B. da e GUERRA, A..J.T orgs. Geomorfologia:</p><p>exercícios, técnicas e aplicações . (capítulo 6) Bertrand Brasil, RJ. 191-238.</p><p>PETTJONH, F.J. 1957 Sedimentary rocks: New York, Harper e Bros. 718p.</p><p>SUGUIO, K. 1973 Introdução à Sedimentologia. Ed. Blucher. São Paulo. 317 p.</p><p>WENTWORTH, C.K. (1922) A scale of grade and class terms for clastic sediments. Journal of Geology, 30: 377-</p><p>392.</p>

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