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<p>UNISUL - UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CURSO DE MEDICINA</p><p>Facilitador: Ana Carolina</p><p>Coordenador: Pedro Leal Relator: Damaris Rost</p><p>Alunos: Pedro Hilsendeger Leal, Pedro Buss Martins, Rafaela Correa da Silva, Ryane</p><p>Pacheco Pitigliani, Valentina Pessi Feldens, Sarah Floriano Marques, Raquel Oliveira</p><p>Santos, Taila Santana Machado, Vinicius Garcindo Goncalves, Taíse da Rosa Perozzo,</p><p>Ayslin Goulart Machado, Jayana Luiz Rosa, Elizângela Santos Araújo, Érica Damas</p><p>Francelino, Damaris Rost Prass</p><p>SP 1.1- Retrato…</p><p>Problemas: …………………………………………………………………………………………….</p><p>O poema retrata a experiência subjetiva da depressão da autora</p><p>A autora retrata no poema o luto que está passando</p><p>A autora não percebeu as mudanças que sofreu</p><p>Hipóteses: ……………………………………………………………………………………………..</p><p>A depressão pode alterar como a pessoa vê o mundo e a si mesma</p><p>Apesar da dor a autora teve que continuar seu trabalho</p><p>Questões de aprendizado: ………………………………………………………………………</p><p>1. Conceitue depressão e sua epidemiologia</p><p>2. Diferencie tristeza e a depressão e qual a conduta</p><p>3. Quais os tipos de depressão e quais os processos diagnósticos das depressões e</p><p>diagnóstico diferencial das mesmas?</p><p>4. Quais são os sinais e sintomas da depressão?</p><p>5. Qual a fisiopatologia envolvida na gênese e evolução da doença?</p><p>6. Qual a conduta médica e como identificar um paciente potencialmente suicida?</p><p>7. O que é e quais as fases do luto fisiológico e a diferença de um luto patológico</p><p>(episódio depressivo)?</p><p>8. Quais as complicações da depressão?</p><p>9. Quais os fatores psicossociais envolvidos no tratamento da depressão (tratamento</p><p>não medicamentoso)?</p><p>10. Descreva o tratamento medicamentoso da depressão mecanismos de ação de cada</p><p>classe, usos terapêuticos e seus efeitos colaterais dos fármacos antidepressivos</p><p>1.Conceitue depressão e sua epidemiologia</p><p>Conceito:</p><p>Distúrbio de saúde mental caracterizado pela tristeza persistente e pela falta de interesse ou</p><p>prazer em atividades anteriormente gratificantes e agradáveis. (Organização Mundial da</p><p>Saúde - OMS)</p><p>Epidemiologia</p><p>↪ Mais de 300 milhões de pessoas no mundo sofrem com este transtorno.</p><p>↪ A prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil está em torno de 15,5%.</p><p>↪ Mulheres > Homens.</p><p>↪ No pior dos casos, pode levar ao suicídio → Cerca de 800 mil pessoas morrem por</p><p>suicídio a cada ano - sendo essa a segunda principal causa de morte entre pessoas com</p><p>idade entre 15 e 29 anos.</p><p>↪ Menos da metade das pessoas afetadas recebem o tratamento adequado.</p><p>↪ 3ª doença mais onerosa para a sociedade (causa mais prejuízo do que angina, asma,</p><p>artrite, diabetes) e, em 2030 será a 1ª causa de incapacidade.</p><p>Fontes:</p><p>https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2022/11/o-que-e-a-depressao</p><p>https://www.paho.org/pt/topicos/depressao</p><p>https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/depressao</p><p>(Organização Mundial da Saúde - OMS)</p><p>2.Diferencie tristeza e a depressão e qual a conduta</p><p>→ Por que difere-se da tristeza</p><p>Os sintomas depressivos costumam comprometer a qualidade de vida da pessoa, levando à</p><p>incapacitação funcional e comprometimento da saúde física.</p><p>Tristeza:</p><p>A tristeza é uma emoção normal desencadeada por um evento adverso específico ou</p><p>experiência ruim. Em outras palavras, ficamos tristes com algo específico. Esse estado</p><p>emocional se dissipa depois de algum tempo ou depois de algo bom, substitui o evento</p><p>doloroso que desencadeou a tristeza inicial. A tristeza é temporária.</p><p>Depressão:</p><p>A depressão é um transtorno de humor que causa um sentimento persistente de tristeza e</p><p>perda de interesse.</p><p>Os sintomas de depressão incluem componentes emocionais e biológicos. Os sintomas</p><p>emocionais incluem:</p><p>• humor depressivo, ruminação excessiva de pensamento negativo, infelicidade, apatia e</p><p>pessimismo;</p><p>• autoestima baixa: sentimentos de culpa, inadequação e sentimento de feiura;</p><p>• indecisão, perda de motivação;</p><p>• anedonia, perda da sensação de recompensa.</p><p>Os sintomas biológicos incluem:</p><p>• retardo do pensamento e da ação;</p><p>• perda de libido;</p><p>• distúrbios do sono e perda de apetite.</p><p>Fontes:</p><p>Tristeza como parte integrante da depressão - PMC (nih.gov)</p><p>A diferença entre tristeza e depressão | Psicologia Hoje Canadá (psychologytoday.com)</p><p>Depressão versus tristeza: como saber a diferença (medicalnewstoday.com)</p><p>3 e 4. Quais os tipos de depressão e quais os processos</p><p>diagnósticos das depressões e diagnóstico diferencial das</p><p>mesmas e quais são os sinais e sintomas da depressão?</p><p>Os transtornos depressivos incluem:</p><p>● transtorno disruptivo da desregulação do humor;</p><p>● transtorno depressivo maior (incluindo episódio depressivo maior),</p><p>● transtorno depressivo persistente (distimia),</p><p>● transtorno disfórico pré-menstrual,</p><p>● transtorno depressivo induzido por substância/medicamento,</p><p>● transtorno depressivo devido a outra condição médica,</p><p>● outro transtorno depressivo especificado e</p><p>● transtorno depressivo não especificado.</p><p>Transtorno Disruptivo da Desregulação do Humor</p><p>A característica central do transtorno disruptivo da desregulação do humor é a irritabilidade</p><p>crônica grave.</p><p>Essa irritabilidade grave apresenta duas manifestações clínicas proeminentes, sendo a</p><p>primeira as frequentes explosões de raiva. Essas explosões tipicamente ocorrem em</p><p>resposta à frustração e podem ser verbais ou comportamentais (estas últimas na forma de</p><p>agressão contra propriedade, si mesmo ou outros). Elas devem ocorrer com frequência (i.e.,</p><p>em média três ou mais vezes por semana) (Critério C) por pelo menos um ano em pelo</p><p>menos dois ambientes (Critérios E e F), como em casa e na escola, e devem ser</p><p>inapropriadas para o desenvolvimento (Critério B).</p><p>A segunda manifestação de irritabilidade grave consiste em humor persistentemente</p><p>irritável ou zangado que está presente entre as explosões de raiva. Esse humor irritável ou</p><p>zangado deve ser característico da criança, estando presente na maior parte do dia, quase</p><p>todos os dias, e ser observável por outras pessoas no ambiente da criança (Critério D).</p><p>Transtorno Depressivo Maior</p><p>Os sintomas dos critérios para transtorno depressivo maior devem estar presentes quase</p><p>todos os dias para serem considerados presentes, com exceção de alteração do peso e</p><p>ideação suicida. Humor deprimido deve estar presente na maior parte do dia, além de estar</p><p>presente quase todos os dias.</p><p>Insônia ou fadiga frequentemente são a queixa principal apresentada, e a falha em detectar</p><p>sintomas depressivos associados resultará em subdiagnóstico.</p><p>A característica essencial de um episódio depressivo maior é um período de pelo menos</p><p>duas semanas durante as quais há um humor depressivo ou perda de interesse ou prazer</p><p>em quase todas as atividades(Critério A). Em crianças e adolescentes, o humor pode ser</p><p>irritável em vez de triste.</p><p>O indivíduo também deve experimentar pelo menos quatro sintomas adicionais, extraídos</p><p>de uma lista que inclui mudanças no apetite ou peso, no sono e na atividade psicomotora;</p><p>diminuição de energia; sentimentos de desvalia ou culpa; dificuldade para pensar,</p><p>concentrar-se ou tomar decisões; ou pensamentos recorrentes de morte ou ideação suicida,</p><p>planos ou tentativas de suicídio.</p><p>Alteração do padrão de sono, em geral, insônia terminal</p><p>Alteração do apetite - em geral, redução</p><p>Alterações psicomotoras - principalmente "lentidão"</p><p>➨ Diagnóstico Diferencial</p><p>Episódios maníacos com humor irritável ou episódios mistos.</p><p>● Episódios depressivos</p><p>maiores com humor irritável proeminente podem ser difíceis de distinguir de episódios</p><p>maníacos com humor irritável ou de episódios mistos. Essa distinção requer uma criteriosa</p><p>avaliação clínica da presença de sintomas maníacos.</p><p>● Transtorno do humor devido a outra condição médica.</p><p>Episódio depressivo maior é o diagnóstico apropriado se a perturbação do humor não for</p><p>considerada, com base na história individual, no exame físico e em achados laboratoriais,</p><p>consequência fisiopatológica direta de uma condição médica específica (p. ex., esclerose</p><p>múltipla, AVC, hipotireoidismo).</p><p>● Transtorno depressivo ou bipolar induzido por substância/medicamento.</p><p>Este transtorno é distinguido do transtorno</p><p>depressivo maior pelo fato de que uma</p><p>substância (p. ex., uma droga de abuso, um medicamento, uma toxina) parece estar</p><p>etiologicamente relacionada à perturbação do humor. Por exemplo, o humor depressivo que</p><p>ocorre apenas no contexto da abstinência de cocaína seria diagnosticado como transtorno</p><p>depressivo induzido por cocaína.</p><p>● Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade.</p><p>Entretanto, o clínico deve ter cautela para não super diagnosticar um episódio depressivo</p><p>maior nas crianças com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade cuja perturbação no</p><p>humor se caracteriza mais por irritabilidade do que por tristeza ou perda de interesse.</p><p>Transtorno de adaptação com humor deprimido.</p><p>● Tristeza.</p><p>Por fim, períodos de tristeza são aspectos inerentes à experiência humana. Esses períodos</p><p>não devem ser diagnosticados como um episódio depressivo maior, a menos que sejam</p><p>satisfeitos os critérios de gravidade (i.e., cinco dos nove sintomas), duração (i.e., na maior</p><p>parte do dia, quase todos os dias, por pelo menos duas semanas) e sofrimento ou prejuízo</p><p>clinicamente significativos.</p><p>➨Critério de gravidade</p><p>-Pouco preciso</p><p>-Avalia o grau de prejuízo funcional</p><p>-Classificado em leve, moderado ou grave</p><p>Leve → O paciente não deixa de exercer as atividades do dia a dia porém realiza-as com</p><p>mais dificuldade</p><p>Moderado → O paciente já parou com atividades do dia a dia</p><p>Grave → Presença de sintomas psicóticos, geralmente vozes/alucinações, em que escuta</p><p>frases negativas ou pessoas chamando seu nome, ideação e planejamento suicida,</p><p>catatonia (não se comunica, não se alimenta e apresenta sinais de flexibilidade séria ou</p><p>sinal do travesseiro)</p><p>Transtorno Depressivo Persistente (Distimia)</p><p>A característica essencial do transtorno depressivo persistente (distimia) é um humor</p><p>depressivo que ocorre na maior parte do dia, na maioria dos dias, por pelo menos dois</p><p>anos, ou por pelo menos um ano para crianças e adolescentes (Critério A). Esse transtorno</p><p>representa uma consolidação do transtorno depressivo maior crônico e do transtorno</p><p>distímico definidos no DSM-IV.</p><p>Depressão maior pode preceder o transtorno depressivo persistente, e episódios</p><p>depressivos maiores podem ocorrer durante o transtorno depressivo persistente. Os</p><p>indivíduos cujos sintomas satisfazem os critérios para transtorno depressivo maior por dois</p><p>anos devem receber diagnóstico de transtorno depressivo persistente, além de transtorno</p><p>depressivo maior.</p><p>Os indivíduos com transtorno depressivo persistente descrevem seu humor como triste</p><p>ou “na fossa”. Durante os períodos de humor deprimido, pelo menos dois dos seis sintomas</p><p>do Critério B estão presentes.</p><p>Como esses sintomas tornaram-se uma parte tão presente na experiência cotidiana do</p><p>indivíduo, em particular no caso de início precoce (p. ex., “Sempre fui desse jeito”), eles</p><p>podem não ser relatados, a menos que diretamente investigados pelo entrevistador.</p><p>Durante o período de dois anos (um ano para crianças ou adolescentes), qualquer intervalo</p><p>livre de sintomas dura não mais do que dois meses (Critério C).</p><p>Transtorno Disfórico Pré-menstrual</p><p>↪As características essenciais do transtorno disfórico pré-menstrual são a expressão de</p><p>labilidade do humor, irritabilidade, disforia e sintomas de ansiedade que ocorrem</p><p>repetidamente durante a fase pré-menstrual do ciclo e remitem por volta do início da</p><p>menstruação ou logo depois.</p><p>↪Esses sintomas podem ser acompanhados de sintomas comportamentais e físicos.</p><p>↪Devem ter ocorrido na maioria dos ciclos menstruais durante o último ano e ter um efeito</p><p>adverso no trabalho ou no funcionamento social.</p><p>↪O diagnóstico do transtorno disfórico pré-menstrual é apropriadamente confirmado por</p><p>dois meses de avaliação prospectiva dos sintomas.</p><p>➨ Diagnóstico Diferencial</p><p>● Síndrome pré-menstrual.</p><p>A síndrome pré-menstrual *difere do transtorno disfórico pré-menstrual por não ser</p><p>necessária a presença de um mínimo de cinco sintomas e por não existir estipulação de</p><p>sintomas afetivos para as mulheres com a síndrome.* Essa condição pode ser mais comum</p><p>do que o transtorno disfórico pré-menstrual, embora a prevalência estimada da síndrome</p><p>varie.</p><p>● Transtorno bipolar, transtorno depressivo maior e transtorno depressivo persistente</p><p>(distimia).</p><p>Muitas mulheres (seja naturalmente ou induzido por substância/medicamento) com</p><p>transtorno bipolar, transtorno depressivo maior ou transtorno depressivo persistente</p><p>acreditam que têm transtorno disfórico pré-menstrual. Entretanto, quando anotam os</p><p>sintomas, percebem que estes não seguem um padrão pré-menstrual.</p><p>● Dismenorreia.</p><p>A dismenorreia é uma síndrome dolorosa da menstruação, mas é diferente de uma</p><p>síndrome caracterizada por alterações afetivas.</p><p>Transtorno depressivo induzido por substância/medicamento</p><p>Está associada a ingestão, injeção ou inalação de uma substância (p. ex., droga de</p><p>abuso, exposição a uma toxina, medicamento psicotrópico, outro medicamento) e persiste</p><p>além da duração esperada dos efeitos fisiológicos, da intoxicação ou do período de</p><p>abstinência.</p><p>Um transtorno depressivo induzido por substância/medicamento é diferenciado de</p><p>um transtorno depressivo primário mediante a consideração do início, do curso e de outros</p><p>fatores associados ao uso da substância.</p><p>Deve haver evidências a partir da história, do exame físico ou de achados</p><p>laboratoriais de uso de substância, abuso, intoxicação ou abstinência antes do início do</p><p>transtorno depressivo. O estado de abstinência de algumas substâncias pode ser</p><p>relativamente retardado, e, dessa forma, sintomas depressivos intensos podem durar um</p><p>longo período após a cessação do uso da substância.</p><p>Alguns medicamentos (p. ex., estimulantes, esteroides, L-dopa, antibióticos, drogas que</p><p>atuam no sistema nervoso central, agentes dermatológicos, agentes quimioterápicos,</p><p>agentes imunológicos) podem induzir perturbações depressivas do humor .</p><p>➨Diagnóstico diferencial</p><p>● Transtorno depressivo devido a outra condição médica.</p><p>Uma vez que os indivíduos com outras condições médicas frequentemente tomam</p><p>medicamentos para esses problemas, o clínico precisa considerar a possibilidade de os</p><p>sintomas de humor serem causados pelas consequências fisiológicas da condição médica,</p><p>e não pelo medicamento, sendo que, nesse caso, se aplica um diagnóstico de transtorno</p><p>depressivo devido a outra condição médica.</p><p>Depressão Unipolar ou Depressão Bipolar</p><p>Unipolar: alterações de humor são sempre na mesma direção (para baixo, na direção da</p><p>depressão) sem a presença de episódios maníacos ou hipomaníacos.</p><p>Bipolar: A depressão se alterna com a mania. Faz parte do Transtorno Bipolar, que é</p><p>caracterizado por oscilações de humor entre dois polos: episódios depressivos e episódios</p><p>maníacos ou hipomaníacos.</p><p>- Episódio Maníaco: Inclui humor anormalmente elevado, expansivo ou irritável, aumento</p><p>de energia, grandiosidade, diminuição da necessidade de sono, impulsividade, e</p><p>comportamento de risco. Estes episódios duram pelo menos uma semana.</p><p>-Episódio Hipomaníaco: Similar à mania, mas menos intenso e de menor duração (pelo</p><p>menos quatro dias).</p><p>- Episódio Depressivo: Semelhante à depressão unipolar, mas faz parte do ciclo bipolar,</p><p>alternando com os episódios maníacos/hipomaníacos.</p><p>Psicose puerperal</p><p>Acomete menos do que 1% dos casos, tendo início até a 2 a 3 semana após o parto</p><p>* Infanticídios - 2% dos casos</p><p>* Suícidio - 1% dos casos</p><p>Fonte: DSM 5</p><p>5. Qual a fisiopatologia envolvida na gênese e evolução da</p><p>doença?</p><p>Fatores Causais e Desencadeantes das Síndromes Depressivas:</p><p>○ Fatores Genéticos</p><p>○ Fatores Biológicos</p><p>○ Fatores Neuroquímicos</p><p>Genética</p><p>→ As primeiras evidências de que fatores genéticos estão associados ao desenvolvimento</p><p>da depressão vêm de estudos realizados há mais de 70 anos.</p><p>→ Mostrou que familiares de pacientes deprimidos apresentam maior risco de desenvolver</p><p>depressão quando comparados à população geral</p><p>→ Atualmente, considera-se que a depressão é resultante de uma interação gene versus</p><p>ambiente. (Predisposição Genética + Fatores Ambientais)</p><p>→ Estudos identificaram que indivíduos submetidos a múltiplos eventos</p><p>estressores</p><p>apresentavam maior probabilidade de desenvolver depressão se fossem portadores do</p><p>alelo S em um polimorfismo do gene do transportador da serotonina (5-HTTLPR) quando</p><p>comparados aos homozigotos para o alelo L.</p><p>Neurobiologia</p><p>→ A fisiopatologia é composta por interações comple xas entre mecanismos distintos, como</p><p>neurológicos, endócrinos e imunes.</p><p>EIXO HIPOTÁLAMO HIPÓFISE ADRENAL (HHA)</p><p>→ É um compo nente fundamental da resposta neuroendócrina ao estresse.</p><p>→ Estressores na infância levam a um aumento da resposta do cortisol a novos</p><p>estressores, que persiste até a vida adulta</p><p>→ Uma causa provável de transtor nos psiquiátricos associados a traumas, incluindo o TDM.</p><p>→ A resposta do cortisol ao estresse é maior em pacientes com TDM tanto duran te os</p><p>episódios agudos quanto após a remissão</p><p>→ A secreção Prolongada ou Excessiva de Glicocorticóides pode levar à atrofia do</p><p>hipocampo e à supressão da neurogênese, além de alterações nos receptores</p><p>serotonérgicos.</p><p>MONOAMINAS</p><p>O que são monoaminas Monoaminas são neurotransmissores que atuam para</p><p>transmitir sinais de um nervo ou neurônio para uma célula. As principais monoaminas</p><p>incluem:Dopamina; Serotonina; Norepinefrina.</p><p>→ Estudos laboratoriais identificaram o efeito dos Antidepressivos nos níveis das</p><p>monoaminas (serotonina, noradrenalina e dopamina) na fenda sinápti ca.</p><p>→ Esta Teoria sugere que a depressão é causada por uma deficiência da neurotransmissão</p><p>monoaminérgica.</p><p>→ Os antidepressivos agem aumentando a disponibilidade de monoaminas na fenda</p><p>sináptica, corrigindo essa disfunção</p><p>(OBS: embora o efeito neuroquímico de aumento da concentração de monoaminas na</p><p>fenda sináptica ocorra horas após a administração dos antidepressivos, o efeito clínico é</p><p>observado apenas após algumas semanas.)</p><p>ÁCIDO GAMA-AMINOBUTÍRICO E GLUTAMATO</p><p>O que são O GABA e o glutamato são os principais neurotransmissores inibitórios e</p><p>excitatórios do sistema nervoso central</p><p>→ Diversos estudos demonstraram a associação desses neurotransmissores à</p><p>fisiopatologia do TDM.</p><p>→ As alterações observadas variam dependendo da região cerebral e, além da atividade</p><p>isolada de cada um, a interação entre eles também é relevante para a depressão.</p><p>→ Pacientes deprimidos apresentam níveis elevados de glutamato e reduzidos de GABA no</p><p>córtex occipital, aumento do glutamato nos gânglios da base e redução do glutamato e de</p><p>GABA no córtex pré-frontal.</p><p>→ A quetamina é um antagonista dos receptores NMDA do glutamato.</p><p>→ A demonstração de efeito antidepressivo rápido e significativo de doses subanestésicas</p><p>dessa medicação estimulou novos estudos sobre o glutamato na depressão.</p><p>→ Estudos mostrando que o estresse agudo aumenta a concentração extracelular de</p><p>glutamato no córtex pré-frontal medial e no hipocampo levaram à hipótese de que esse</p><p>aumento seja responsável pela atrofia de neurônios dessas regiões por meio de um</p><p>mecanismo conhecido como excitotoxi cidade.</p><p>NEUROTROFISMO E NEUROPLASTICIDADE</p><p>O que são neurotrofinas No cérebro adulto regula a plasticidade sináptica, a função e a</p><p>sobrevivência dos neurônios</p><p>As mais estudadas são as da família do fator de crescimento neural entre as quais, a mais</p><p>expressa é o BDNF</p><p>Exposição crônica a estressores tem como consequência diminuição da expressão de</p><p>BDNF no córtex pré-frontal e no hipocampo-> resultando em redução de sinapses e atrofia</p><p>neural nessas regiões</p><p>Uso de antidepressivos resulta em aumento do BDNF</p><p>Esses achados contribuem para a hipótese neurotrófica da depressão. Segundo essa</p><p>hipótese, a exposição crônica a estressores diminui a expressão de BDNF no córtex</p><p>pré-frontal e em regiões límbicas, resultando em perda de sinapses e atrofia de neurônios</p><p>Uso agudo de antidepressivos monoaminérgicos não altera os níveis de BDNF, os quais só</p><p>aumentam após administração continuada.</p><p>Tratamentos antidepressivos de efeito mais rápido, co mo a eletroconvulsoterapia (ECT) e a</p><p>quetamina, estão associados com um rápido aumento na secreção de BDNF</p><p>Fontes:</p><p>Nardi, Antonio, E. et al. Tratado de psiquiatria da associação brasileira de psiquiatria.</p><p>Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2021.</p><p>6.Qual a conduta médica e como identificar um paciente</p><p>potencialmente suicida?</p><p>Ideação suicida: a ideação suicida pode ser definida como pensamentos passivos sobre</p><p>desejar estar morto ou pensamentos ativos sobre se matar, não acompanhados de</p><p>comportamento preparatório.</p><p>Tentativa de suícidio: Comportamento com potencial para autolesão associado a, pelo</p><p>menos, alguma intenção de morrer, como resultado desse comportamento.</p><p>Planos de suicido: se a ideação suicida estiver presente,a próxima pergunta deve ser</p><p>sobre quais os planos para atos suicidas. Planos mais específicos indicam maior risco.</p><p>Propósito do suicidio: determine o que o paciente acredita que seu suicídio alcançaria</p><p>(ex: alivio para a dor psiquica)</p><p>Potencial para homícidio: qualquer questão de suicidio também deve ser acompanhada</p><p>de uma investigação sobre o potencial de homicídio de pessoas.</p><p>A Escala de Avaliação do Risco de Suicídio de Columbia caracteriza a ideação suícida</p><p>em:</p><p>1. desejo de estar morto</p><p>2.pensamentos suicidas ativos não específicos (pensamentos suicidas não específicos</p><p>de querer colocar fim à vida/tentar o suicídio sem ideia sobre como se matar/métodos</p><p>associados, intenções ou planos)</p><p>3.ideação suicida ativa com algum método (sem plano), sem intenção de agir (o</p><p>paciente confirma o pensamento de suícidio e já pensou pelo menos um método- isso difere</p><p>de uma plano específico, com elaboração de detalhes de hora, lugar ou método)</p><p>4.ideação suicida ativa com alguma alguma intenção de agir, sem plano especifico</p><p>(pensamentos suicidas ativos de se matar e o paciente relata ter alguma intenção de</p><p>coloca-los em prática)</p><p>5.ideação suicida ativa, com plano especifico e intenção (pensamentos sobre se matar,</p><p>com detalhes do plano, total ou parcialmente elaborados e o paciente em alguma intenção</p><p>de executá-lo)</p><p>Indivíduos suicidas têm várias características incluindo as seguintes:</p><p>Uma preocupação com a morte</p><p>Uma sensação de isolamento e retraimento</p><p>Poucos amigos ou familiares</p><p>Uma distância emocional dos outros</p><p>Distração e falta de humor</p><p>Assombrados e dominados pela desesperança e desamparo</p><p>Tratamento/Gestão</p><p>O tratamento de um paciente suicida envolve um processo de duas fases</p><p>1° segurança do paciente deve ser garantida: em muitos casos, uma intervenção rápida</p><p>e decisiva pode impedir uma pessoa de cometer suicidio. Com base na avaliação clínica e</p><p>todas as informações disponíveis, se a pessoa realmente for suicida intervenção devem</p><p>constituir em várias etapas:</p><p>↪Indivíduo não deve ser deixado sozinho</p><p>↪Remova qualquer coisa que o paciente possa usar para se machucar ou se matar</p><p>↪O paciente suicida deve ser tratado em local seguro, protegido e altamente supervisionado</p><p>2°tratamento destinado a diagnosticar e tratar o transtorno mental subjacente:</p><p>Após a intervenção inicial, que geralmente inclui hospitalização, é fundamental que haja um</p><p>plano de tratamento contínuo. O cerne da segunda fase da intervenção é abordar a causa</p><p>subjacente do comportamento autodestrutivo. Se o paciente selecionou o suicídio para</p><p>escapar da dor física, um programa abrangente de controle da dor deve ser iniciado. Se o</p><p>paciente estiver deprimido, a depressão deve ser tratada com medicamentos e psicoterapia.</p><p>Se a tentativa de suicídio foi em resposta ao paciente com esquizofrenia lutando com</p><p>alucinações e delírios destrutivos, então estes devem ser tratados agressivamente</p><p>Fontes:</p><p>https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK441982/</p><p>ABP Tratado de Psiquiatria</p><p>Comentário Ana: em todos os estágio importante o apoio da família. É importante só</p><p>liberar o paciente acompanhado de seu familiar.</p><p>7.O que é e quais as fases do luto fisiológico e a diferença</p><p>de um luto patológico (episódio depressivo)?</p><p>Fases do luto</p><p>Luto é uma reação normal, física e emocional, que ocorre quando vivenciamos uma perda</p><p>importante em nossa vida, como a morte de um ente querido. O processo do luto é vivido e</p><p>sentido de forma individual, isto é, cada pessoa</p><p>sente as perdas do seu jeito, de acordo com</p><p>as suas características psíquicas e emocionais.</p><p>1. Negação e isolamento → mecanismos de defesa temporários</p><p>2. Raiva → emoções projetadas no ambiente externo e nas relações familiares e</p><p>pessoais</p><p>3. Barganha → busca-se fazer algum tipo de acordo para as coisas voltarem a ser como</p><p>antes. Começa uma tentativa desesperada de negociação com a emoção ou com quem</p><p>achar ser o culpado de sua perda</p><p>4. Depressão → sofrimento profundo, desesperança, medo, culpa, isolamento</p><p>5. Aceitação → consciência das limitações, não nega a realidade, as emoções não</p><p>estão mais à flor da pele</p><p>Kübler-Ross originalmente aplicou estes estágios para qualquer forma de perda pessoal</p><p>catastrófica, desde a morte de um ente querido até o divórcio, qualquer mudança pessoal</p><p>significativa pode levar a estes estágios. Também alega que estes estágios nem sempre</p><p>ocorrem nesta ordem, nem todos são experimentados pelas pessoas, mas afirmou que uma</p><p>pessoa sempre apresentará pelo menos dois.</p><p>Luto X Depressão</p><p>Ao diferenciar luto de um episódio depressivo maior (EDM), é útil considerar que, no luto, o</p><p>afeto predominante inclui sentimentos de vazio e perda, enquanto no EDM há humor</p><p>deprimido persistente e incapacidade de antecipar felicidade ou prazer.</p><p>A disforia no luto pode diminuir de intensidade ao longo de dias a semanas, ocorrendo em</p><p>ondas , conhecidas como “dores do luto”. Essas ondas tendem a estar associadas a</p><p>pensamentos ou lembranças do falecido. O humor deprimido de um EDM é mais persistente</p><p>e não está ligado a pensamentos ou preocupações específicos.</p><p>A dor do luto pode vir acompanhada de emoções e humor positivos que não são</p><p>característicos da infelicidade e angústia generalizadas de um EDM. O conteúdo do</p><p>pensamento associado ao luto geralmente apresenta preocupação com pensamentos e</p><p>lembranças do falecido, em vez das ruminações autocríticas ou pessimistas encontradas no</p><p>EDM.</p><p>8.Quais as complicações da depressão?</p><p>TDM está associado ao aumento do risco para</p><p>Mortalidade na população em geral e em pessoas com doenças médicas</p><p>→suícidio e ideação suicida</p><p>→tensão social com a família e amigos</p><p>→perdas de dias de trabalho e/ou capacidade para o trabalho</p><p>→qualidade de vida significativamente reduzidas para o paciente e sua familia</p><p>→comprometimento cognitivo</p><p>↪As áreas podem incluir função executiva, memória, atenção, aprendizado visual e</p><p>velocidade psicomotora</p><p>↪Comprometimentos leve no controle executivo e na memória podem ser</p><p>persistentes após a remissão em pacientes com TDM</p><p>→diabetes mellitus</p><p>→cardiopatia</p><p>→derrame</p><p>→hipertensão</p><p>→obesidade</p><p>→fibromialgia</p><p>Comprometimento cognitivo</p><p>➪O TDM está associado a déficits cognitivos objetivos, alguns dos quais podem ser</p><p>melhorados, mas persistem após a remissão do episódio</p><p>➪As áreas associadas ao comprometimento em pacientes com TDM incluem</p><p>● função executiva</p><p>● memória</p><p>● atenção</p><p>● aprendizagem visual</p><p>● velocidade psicomotora</p><p>➪agravamento da gravidade da depressão associada a aumento do risco de</p><p>comprometimento cognitivo</p><p>Artigo sobre depressão e acidente vascular cerebral incidente em mulheres teve como</p><p>resultado: Nossos resultados sugerem que a depressão está associada a um risco</p><p>moderadamente aumentado de acidente vascular cerebral subsequente.</p><p>Fontes:</p><p>Depressão e acidente vascular cerebral incidente em mulheres - PubMed (nih.gov)</p><p>Transtorno Depressivo Maior (TDM) - DynaMed</p><p>9. Quais os fatores psicossociais envolvidos no</p><p>tratamento da depressão (tratamento não</p><p>medicamentoso)?</p><p>A escolha entre o tratamento farmacológico e a psicoterapia deve levar em conta, além da</p><p>gravidade do quadro, o perfil de cada paciente, suas preferências pessoais, história e</p><p>presença de fatores ambientais significativos.</p><p>→ Como exemplo temos:</p><p>Mudança do estilo de vida;</p><p>→Dieta adequada.</p><p>↪Uma dieta equilibrada, rica em nutrientes essenciais, pode ajudar a melhorar o</p><p>humor e a energia. Deficiências nutricionais, como a falta de ômega-3 e vitamina D, têm</p><p>sido associadas à depressão.</p><p>→ Atividades prazerosas.</p><p>→ Evitar álcool e drogas ilícitas.</p><p>→ Diminuir doses diárias de cafeína.</p><p>→ Rotina de sono regular.</p><p>↪Estabelecer e manter um padrão de sono regular é crucial para a saúde mental. A</p><p>falta de sono pode exacerbar os sintomas depressivos, enquanto um sono adequado pode</p><p>ajudar na recuperação.</p><p>→ Estruturação da rotina.</p><p>↪Criar e seguir uma rotina diária pode fornecer uma sensação de normalidade e</p><p>propósito, o que pode ser particularmente útil em casos de depressão.</p><p>Prática de exercício físico</p><p>↪ A atividade física regular tem sido comprovada como um potente tratamento auxiliar</p><p>para a depressão. Ela libera endorfinas, que podem melhorar o humor, e também ajuda a</p><p>reduzir a ansiedade e o estresse.</p><p>Psicoterapia (cognitiva e interpessoal);</p><p>→ Oportunidade de expressar e discutir sentimentos.</p><p>→ Objetivo: trabalhar a resolução de questões de vida que possam estar relacionadas</p><p>com a gênese da depressão, promovendo o desenvolvimento de atitudes mais positivas e</p><p>formas de lidar com as situações.</p><p>→ Em alguns casos a resposta é maior associada com medicamentos.</p><p>↪ Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): É uma das formas mais eficazes de</p><p>psicoterapia para tratar a depressão. A TCC ajuda os pacientes a identificar e modificar</p><p>padrões de pensamento negativos e comportamentos que contribuem para a depressão.</p><p>↪ Terapia Interpessoal (TIP): Foca em melhorar as relações interpessoais e</p><p>habilidades de comunicação, uma vez que conflitos e problemas relacionais podem ser</p><p>tanto uma causa quanto um efeito da depressão.</p><p>↪ Terapias complementares;</p><p>- Mindfulness e Meditação: Essas práticas podem ajudar os pacientes a se</p><p>concentrarem no presente e a reduzir a ruminação, um sintoma comum da depressão.</p><p>- Terapia de Arte ou Musicoterapia: Essas abordagens podem proporcionar uma saída</p><p>criativa para a expressão emocional e ajudar no tratamento de traumas ou estresse</p><p>emocional.</p><p>- Acupuntura e Yoga: Estas práticas podem ajudar a aliviar o estresse e melhorar o</p><p>bem-estar geral, servindo como tratamentos complementares à terapia tradicional.</p><p>Espiritualidade e propósito;</p><p>- Conexão Espiritual: Para algumas pessoas, a espiritualidade ou a prática</p><p>religiosa pode oferecer conforto, esperança e um senso de propósito, todos</p><p>os quais podem ser úteis no enfrentamento da depressão.</p><p>- Sentido de Vida: Explorar o significado e o propósito na vida, através da</p><p>reflexão pessoal ou com a ajuda de um terapeuta, pode ajudar a combater o</p><p>vazio existencial que muitas vezes acompanha a depressão.</p><p>Apoio social.</p><p>- Rede de Suporte: Ter um sistema de apoio social forte é fundamental no</p><p>tratamento da depressão. Amigos, familiares e grupos de apoio podem</p><p>oferecer o suporte emocional necessário para o enfrentamento da doença.</p><p>- Grupos de Apoio: Participar de grupos de apoio com outras pessoas que</p><p>estão passando por situações similares pode ajudar o paciente a sentir-se</p><p>menos isolado e mais compreendido.</p><p>10.Descreva o tratamento medicamentoso da depressão</p><p>mecanismos de ação de cada classe, usos terapêuticos e</p><p>seus efeitos colaterais dos fármacos antidepressivos</p><p>O objetivo do tratamento é a remissão dos sintomas, recuperação da funcionalidade e da</p><p>qualidade de vida e prevenção de recorrência. Pacientes que atingem a remissão têm</p><p>menor risco de recaída.</p><p>O tratamento é composto de duas fases: aguda e de manutenção</p><p>A remissão dos sintomas é o objetivo do tratamento agudo</p><p>Evitar recaídas é o objetivo do tratamento de manutenção</p><p>Caso seja necessário iniciar uma medicação, pergunte ao paciente se já usou algum</p><p>antidepressivo anteriormente e qual foi o resultado. Se foi eficaz, dê preferência a escolha</p><p>dessa medicação novamente.</p><p>Escolha do Tratamento: objetivo remissão dos sintomas</p><p>As recomendações baseiam-se na gravidade do episódio, mas outros fatores, como</p><p>resposta nos episódios prévios, preferência do paciente e disponibilidade do tratamento,</p><p>devem ser considerados.</p><p>Manutenção: objetivo evitar recaídas</p><p>Manter a terapia e o tratamento farmacológico são estratégias eficientes para evitar</p><p>recorrência. A manutenção deve</p><p>ser feita com a mínima dose efetiva para atingir a</p><p>remissão.</p><p>Todos os pacientes tratados com antidepressivos devem continuar o tratamento</p><p>medicamentoso por 6-12 meses após a remissão dos sintomas (novas evidências mostram</p><p>superioridade da manutenção por 12 meses frente a 6 meses).</p><p>Pacientes com fatores de risco para recorrência (sintomas residuais persistentes, história de</p><p>maus-tratos na infância, maior gravidade dos episódios depressivos, episódios depressivos</p><p>crônicos, presença de comorbidades médicas ou psiquiátricas, maior número de episódios</p><p>prévios, baixo suporte social, eventos de vida estressantes persistentes) devem continuar o</p><p>tratamento antidepressivo por 2 anos ou mais.</p><p>Classe de antidepressivos</p><p>Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS):</p><p>Exemplos: Fluoxetina, Sertralina, Paroxetina, Fluvoxamina, Citalopram, Escitalopram</p><p>Usos terapêuticos:</p><p>Os ISRS são eficazes no tratamento da depressão maior. Eles também são ansiolíticos,</p><p>com eficácia demonstrado no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada, do</p><p>transtorno do pânico, da ansiedade social e do transtorno obsessivo-compulsivo. A</p><p>sertralina e a paroxetina foram aprovadas para o tratamento do TEPT (Transtorno de</p><p>estresse pós-traumático)</p><p>Mecanismo de ação:</p><p>A recaptação da 5-HT nas terminações nervosas é mediada pelo SERT.</p><p>Os ISRS bloqueiam a recaptação e aumentam e prolongam a neurotransmissão</p><p>serotoninérgica.</p><p>Efeitos colaterais:</p><p>Náuseas; Anorexia; Insônia; Perda da libido e frigidez.</p><p>Inibidores da recaptação de serotonina-norepinefrina:</p><p>Exemplos: venlafaxina, desvenlafaxina e duloxetina</p><p>Usos terapêuticos:</p><p>também é utilizada para o tratamento de dor neuropática e fibromialgia. Independentemente</p><p>da dose, tem ação antidepressiva</p><p>Os IRSN foram desenvolvidos com o fundamento lógico de que poderiam melhorar a</p><p>resposta global ao tratamento em comparação com os ISRS. A taxa de remissão para a</p><p>venlafaxina parece ser ligeiramente melhor do que para os ISRS em ensaios clínicos</p><p>comparativos. A duloxetina, além de estar sendo aprovada para uso no tratamento da</p><p>depressão e ansiedade, é utilizada no tratamento da fibromialgia e da dor neuropática</p><p>associada à neuropatia periférica. Os usos sem indicação na bula incluem incontinência</p><p>urinária de estresse (duloxetina), autismo, transtornos de compulsão alimentar, ondas de</p><p>calor, síndromes dolorosas, transtornos disfóricos pré-menstruais e TEPT (venlafaxina).</p><p>Mecanismo de ação: Os IRSN inibem tanto o SERT quanto o NET e causam aumento da</p><p>neurotransmissão serotoninérgica e noradrenérgica.</p><p>Efeitos colaterais:</p><p>Cefaleia; Insônia; Disfunção sexual; Boca seca; Tontura; Sudorese; Perda de apetite.</p><p>Antidepressivos tricíclicos:</p><p>Exemplos: imipramina, desipramina, amitriptilina, nortriptilina, clomipramina</p><p>Usos terapêuticos:</p><p>Embora os ADT tenham eficácia estabelecida há muito tempo, eles apresentam efeitos</p><p>colaterais graves e, em geral, não são usados como fármacos de primeira escolha para o</p><p>tratamento da depressão</p><p>Indicação: depressão psicótica, insônia (dose baixa), condições dolorosas</p><p>Mecanismo de ação:</p><p>Como foi discutido anteriormente, o principal efeito imediato dos ADTs é bloquear a</p><p>captura das aminas pelas terminações nervosas, por competição pelo ponto de ligação do</p><p>transportador de aminas</p><p>Efeitos adversos:</p><p>O antagonismo dos receptores muscarínicos de ACh contribui para o entorpecimento</p><p>cognitivo, bem como para uma variedade de efeitos adversos mediados pelo sistema</p><p>nervoso parassimpático (visão turva, boca seca, taquicardia, constipação intestinal,</p><p>dificuldade para urinar). Ocorre alguma tolerância a esses efeitos anticolinérgicos. O</p><p>antagonismo de receptores α1-adrenérgicos contribui para a hipotensão ortostática e a</p><p>sedação. O ganho de peso é outro efeito colateral desta classe de antidepressivos.</p><p>Inibidores da monoaminoxidase:</p><p>Exemplos: fenelzina, tranilcipromina e iproniazida.</p><p>Usos terapêuticos:</p><p>Inibidores da MAO B usado para tratamento da doença de Parkinson</p><p>Usado para o tratamento de depressão resistente</p><p>Mecanismo de ação:</p><p>Nas terminações nervosas pré-sinápticas, a MAO metaboliza os neurotransmissores</p><p>monoamínicos por desaminação oxidativa.</p><p>A monoamino-oxidase é encontrada em quase todos os tecidos, e existe em duas formas</p><p>moleculares semelhantes, codificadas por genes separados.</p><p>A MAO-A tem preferência de substrato pela 5-HT e é o principal alvo para os IMAOs</p><p>antidepressivos.</p><p>A MAO-B tem preferência de substrato pela feniletilamina e a dopamina. O tipo B é inibido</p><p>seletivamente pela selegilina, usada no tratamento da doença de Parkinson</p><p>Efeitos adversos:</p><p>● A ocorrência de crise hipertensiva em consequência de interações alimentares ou</p><p>medicamentosas constitui uma das toxicidades potencialmente fatais associadas ao</p><p>uso de IMAO. Alimentos que contêm tiramina são um fator contribuinte.</p><p>● O uso concomitante de IMAO e medicamentos que contêm compostos</p><p>simpaticomiméticos também resulta em elevação da pressão arterial, que é</p><p>potencialmente fatal.</p><p>● Outra questão grave e com risco de vida devido à administração crônica de IMAO é</p><p>a hepatotoxicidade.</p><p>Comentários Ana:</p><p>aumento de serotonina: por feedback ocorre a redução da dopamina</p><p>dopamina diminuída: desmotivação, falta de prazer, diminuição da libido</p><p>Dessa forma, é esperado esses efeitos nos inibidores de serotonina</p>