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<p>RECURSOS</p><p>TERAPÊUTICOS</p><p>MANUAIS</p><p>Noura Reda Mansour</p><p>Fundamentos da osteopatia</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>� Definir os princípios da osteopatia.</p><p>� Descrever as técnicas osteopáticas.</p><p>� Aplicar a abordagem osteopática nos distúrbios cinético-funcionais.</p><p>Introdução</p><p>A osteopatia foi desenvolvida pelo americano Andrew Taylor Still, e,</p><p>atualmente, as suas técnicas são reconhecidas pela Organização Mundial</p><p>da Saúde e pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional</p><p>(COFFITO).</p><p>No Brasil, a osteopatia, assim como a quiropraxia, é uma especialidade</p><p>dos fisioterapeutas, conforme a Resolução nº 220, de 23 de maio de 2001</p><p>(COFFITO, 2001).</p><p>Neste capítulo, você vai ser apresentado a um breve histórico da osteo-</p><p>patia, conhecer as técnicas que podem ser executadas (como técnicas</p><p>estruturais, funcionais e combinadas), além de ler sobre a sua aplicação</p><p>nos distúrbios cinético-funcionais.</p><p>1 O início e os fundamentos da osteopatia</p><p>Um breve histórico</p><p>A osteopatia foi fundada em 1874, por Andrew Taylor Still (1828-1917), um</p><p>médico norte-americano que julgava incorretas as abordagens da medicina</p><p>tradicional e, atormentado por isso, pretendia aperfeiçoar a cirurgia, a obste-</p><p>trícia e o tratamento das patologias se baseando em critérios mais racionais</p><p>e científicos (O QUE É..., 2018).</p><p>Filho de pregador metodista sem conhecimentos médicos, Andrew Taylor</p><p>Still nasceu na Virgínia, nos Estados Unidos, e estudou na College of Physician</p><p>and Surgeons, no Kansas. Após perder seus três filhos, em 1864, durante a</p><p>epidemia de meningite, ele se dedicou à doutrina que compreende a saúde hu-</p><p>mana como dependente da estrutura funcional do corpo — ou seja, o equilíbrio</p><p>estrutural do organismo consegue que a força vital curativa restabeleça a saúde</p><p>sem se importar com a causa da doença (O QUE É..., 2018; ORTEGA, 1995a).</p><p>Para Still, o ser humano é uma obra da natureza, pois tem a possibilidade de</p><p>lutar contra as doenças e se curar. Em seu sistema filosófico, o médico norte-</p><p>-americano tinha como premissa, em relação à lesão, “encontre-a, corrija-a e</p><p>deixe o corpo agir”. Além disso, ele acreditava ser a coluna a peça-chave do</p><p>organismo, na qual surgem as perturbações mais frequentes e mais prejudiciais.</p><p>A causa dessas alterações seriam as subluxações vertebrais, que ele denomina</p><p>lesões osteopáticas e cuja correção leva o paciente à cura (ORTEGA, 1995a).</p><p>Em 1956, em seu livro resumido The Osteopathic Blue Book, registrado na</p><p>Grã-Bretanha, ele afirmou que a osteopatia é um sistema terapêutico baseado</p><p>no diagnóstico e no tratamento de alterações mecânicas e morfológicas. A partir</p><p>de 1874, Still inventou um grande número de técnicas para manipular a coluna</p><p>vertebral, as quais formam a base de todas as manobras que atualmente são</p><p>aplicadas pelos fisioterapeutas. Os resultados nas afecções dolorosas de suas</p><p>manobras foram maravilhosos, expandindo o seu trabalho para outras condições,</p><p>como na tuberculose pulmonar e na epilepsia (ORTEGA, 1995a). Em 1892, Still</p><p>fundou a American School of Osteopathy e, em 1919, ano em que ele faleceu,</p><p>já existiam seis escolas de cirurgia e medicina osteopática (ORTEGA, 1995a).</p><p>Princípios da osteopatia</p><p>A partir de seus conhecimentos em medicina e em engenharia, Andrew Taylor</p><p>Still criou quatro princípios fundamentais da osteopatia, desenvolvendo, dessa</p><p>forma, um estudo sobre a mecânica corporal (ORTEGA, 1995a). Veja a seguir.</p><p>� A estrutura governa a função, é indivisível: este princípio afirma</p><p>que o bom funcionamento mecânico do corpo assegura o equilíbrio.</p><p>A patologia não tem como se instalar no corpo se ele estiver em equi-</p><p>líbrio devido ao bom funcionamento de suas estruturas (pele, fáscias,</p><p>glândulas, vísceras, músculos, articulações, entre outros). Mas, quando</p><p>a mobilidade é modificada por conta da tensão fascial, é a alteração</p><p>funcional mecânica que induz processos de tensão e restrição, origi-</p><p>nando, assim, a sintomatologia.</p><p>Fundamentos da osteopatia2</p><p>� Unidade corporal: o organismo pode ser afetado pelo movimento de</p><p>qualquer outra estrutura — noção de globalidade determinada pelo</p><p>sistema fascial —, pois as estruturas do corpo se envolvem entre si e se</p><p>comunicam por meio da fáscia. Por essa razão, a alteração da mobilidade</p><p>de uma estrutura do corpo poderá comprometer o funcionamento de</p><p>todo o corpo, uma vez que a restrição da fáscia pode gerar disfunção</p><p>e, dessa forma, os sintomas podem estar distantes de sua causa.</p><p>� A autocura: o nosso corpo tem a capacidade de se autocurar ou realizar</p><p>a homeostase, pois ele tem todos os meios necessários para prevenir</p><p>ou eliminar as doenças, o que acontece se ele estiver em harmonia.</p><p>A alteração da autocura pode estar envolvida com restrições articula-</p><p>res, fasciais, musculares ou viscerais (SCHORNE; BITTENCOURT;</p><p>HOLLER, 2014).</p><p>� A lei da artéria é absoluta: a saúde é garantida pela livre circulação</p><p>dos fluidos e das informações ao sistema nervoso, ou seja, quando não</p><p>há restrições nos movimentos do corpo, os nervos conseguem enviar</p><p>informações corretas (O QUE É..., 2018). O sangue serve como meio de</p><p>transporte de todos os elementos do nosso corpo para garantir a imuni-</p><p>dade natural. Qualquer alteração pode afetar a função em determinadas</p><p>regiões do nosso corpo, acarretando a lentidão do retorno venoso e,</p><p>como consequências, o acúmulo de toxinas e a debilidade do segmento</p><p>corporal afetado (SCHORNE; BITTENCOURT; HOLLER, 2014).</p><p>2 As técnicas osteopáticas</p><p>A osteopatia é uma terapia manual que visa a restabelecer as superfícies de</p><p>deslizamento do corpo e seus sistemas de sustentação e suspensão constituídos</p><p>pelo tecido conjuntivo, a fim de oferecer elasticidade, mobilidade e flexibilidade.</p><p>De acordo com a Resolução nº 398, de 3 de agosto de 2011, o fisioterapeuta,</p><p>para exercer a especialidade profissional em osteopatia, deve ter domínio da</p><p>anatomia geral dos órgãos, dos sistemas e, em especial, do sistema musculo-</p><p>esquelético, assim como da biomecânica, da fisiologia geral, da fisiopatologia</p><p>das doenças musculoesqueléticas (COFFITO, 2011), de modo que ele possa</p><p>entender o esquema da lesão e o modo como liberar a restrição do movimento</p><p>— após uma minuciosa avaliação, será possível constatar se o problema é</p><p>causado por um quadro inflamatório, rupturas, instabilidade articular, entre</p><p>outros (ORTEGA, 1995a).</p><p>3Fundamentos da osteopatia</p><p>As técnicas de osteopatia são classificadas em três categorias, descritas a</p><p>seguir (ORTEGA, 1995a).</p><p>� Técnicas diretas ou estruturais: consistem em pressões diretas sobre</p><p>os segmentos articulares que devem ser normalizados. Nessas técnicas,</p><p>o fisioterapeuta deve aplicar a pressão com o pisiforme de sua mão,</p><p>a região hipotenar e as polpas dos dedos. As técnicas estruturais devem</p><p>ser seguidas de um relaxamento mais rápido que a pressão.</p><p>� Técnicas indiretas ou funcionais: são realizadas utilizando-se os braços</p><p>de alavanca do corpo (pelve, cabeça, ombro e extremidades inferiores).</p><p>São várias as técnicas que permitem, com uma força aceitável, manipular</p><p>em todos os sentidos os segmentos articulares lesionados.</p><p>� Técnicas combinadas: combinam as técnicas diretas e indiretas.</p><p>Os três tipos de técnicas podem ser aplicados em vários tipos de tecidos</p><p>encontrados em vários sistemas, como:</p><p>� sistema musculoesquelético — músculos, ligamentos, cápsulas, fáscias</p><p>superficiais e profundas e o periósteo;</p><p>� sistema neuromeníngeo — fáscias neurais da meninge dura-máter</p><p>craniana e medular e do epineuro;</p><p>� sistema visceral — envolve as fáscias viscerais.</p><p>As técnicas osteopáticas têm como objetivos liberar as aderências, restaurar</p><p>a função mecânica do corpo, fortalecer a dinâmica dos fluidos, normalizar</p><p>o tônus muscular, melhorar a viscoelasticidade e a densidade teciduais e</p><p>estimular o processo de reparação tecidual.</p><p>Descrição das técnicas diretas ou estruturais</p><p>Independentemente do tecido tratado, as técnicas apresentadas nesta seção</p><p>são executadas no sentido</p><p>das restrições, tanto em um quanto em diversos</p><p>parâmetros fisiológicos restritos. Essas técnicas se subdividem em técnicas</p><p>rítmicas e técnicas de thrust.</p><p>Durante as técnicas rítmicas, o fisioterapeuta controla o ritmo, a intensidade,</p><p>a velocidade e o tempo de realização da técnica, sendo que esses parâmetros</p><p>podem ser alterados dependendo dos objetivos da técnica. São consideradas</p><p>técnicas rítmicas: técnicas de energia muscular, stretching (alongamento</p><p>Fundamentos da osteopatia4</p><p>rítmico), G.O.T. — General Osteopathic Treatment (em português, Trata-</p><p>mento Osteopático Global) —, técnicas neuromusculares, tensão sustentada,</p><p>percussão de Fulford e bombeamento.</p><p>A seguir, serão descritas as técnicas mais utilizadas pelos fisioterapeutas</p><p>osteopatas na prática: as TEM, o thrust e stretching.</p><p>Técnicas de energia muscular (TEM)</p><p>As técnicas de energia muscular (TEM) surgiram a partir da osteopatia e são</p><p>constituídas por um grupo de métodos que evolvem contrações isométricas</p><p>ou contrações excêntricas isotônicas no tratamento e na reabilitação das dis-</p><p>funções musculoesqueléticas. Essas técnicas são descritas como “uma forma</p><p>de diagnóstico osteopático manipulativo e de tratamento na qual os músculos</p><p>do paciente são ativamente usados a partir de uma posição precisamente</p><p>controlada, em uma direção específica e oposta a uma contrafaça executada”</p><p>(CHAITOW, 2017, p. 169).</p><p>As TEM foram desenvolvidas por Fred Mitchell, sendo aplicada para</p><p>mobilizar as articulações com restrições de mobilidade e também para a</p><p>sintomatologia álgica.</p><p>Descrição da técnica</p><p>Nas TEM, são realizadas contrações isométricas ativas desde uma posição</p><p>controlada em uma direção específica contra uma barreira de superfície</p><p>(ou motora, aplicada pelo fisioterapeuta); são realizadas 3 séries de 5 segundos,</p><p>e, a cada relaxamento, o fisioterapeuta procura uma nova barreira motora</p><p>muscular (CHAITOW, 2001).</p><p>Inicialmente, é imposta uma tensão mecânica ao músculo, de uma forma</p><p>passiva, e são afastadas as suas fixações no sentido do alongamento. Esse</p><p>procedimento deve ser realizado de forma lenta e passiva para impedir ou</p><p>diminuir a possibilidade de defesa do paciente.</p><p>Ao encontrar a barreira do tecido mole, o fisioterapeuta solicita contrações</p><p>ativas do paciente, enquanto resiste ao movimento, possibilitando a isometria.</p><p>O tempo das contrações tem duração de 3 a 5 segundos, e o número de con-</p><p>trações pode ser de 3 a 5, o necessário para atingir a barreira funcional. Logo</p><p>após as contrações, o fisioterapeuta deve procurar novas barreiras e, depois,</p><p>repetir o procedimento descrito até que não haja mais barreiras de bloqueio.</p><p>5Fundamentos da osteopatia</p><p>Para tratamento do encurtamento dos isquiotibiais (Figura 1), por exemplo, o fisio-</p><p>terapeuta pode instruir o paciente da seguinte forma: “Dobre seu joelho contra a</p><p>resistência da minha mão, começando lentamente, e aumente seu esforço aplicando</p><p>apenas um terço de sua força por 3 a 5 segundos; enquanto isso, eu alongo lentamente</p><p>os músculos, e, depois disso, você relaxa”.</p><p>Figura 1. Fisioterapia com suas mãos posicionadas para a realização de um alongamento</p><p>excêntrico lento no tratamento do encurtamento dos músculos isquiotibiais.</p><p>Fonte: Chaitow (2017, p. 172).</p><p>Thrust</p><p>O thrust é uma técnica osteopática direta realizada com alta velocidade e</p><p>baixa amplitude, de modo a permitir a liberação do movimento. As técnicas</p><p>manipulativas indiretas incluem técnicas de energia muscular e fasciais.</p><p>Durante a sua realização, essa técnica produz um ruído articular, geralmente</p><p>denominado de estalo ou cavitação (LOURO, 2019).</p><p>Fundamentos da osteopatia6</p><p>São objetivos dessa técnica liberar as aderências e promover o deslizamento</p><p>das facetas articulares a fim de restaurar a função articular e normalizar a</p><p>vascularização. O thrust utiliza uma força mínima e é realizado por uma</p><p>contração breve e explosiva dos músculos peitorais e tríceps do fisioterapeuta</p><p>(COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA [CBO], c2020).</p><p>Descrição da técnica</p><p>Para a sua execução, o fisioterapeuta deve encontrar a limitação e restrição</p><p>de movimento articular e, posteriormente, realizar um movimento curto e</p><p>rápido. O paciente deve estar em uma posição confortável, estável e sem</p><p>sintomatologia álgica. Durante a técnica, o fisioterapeuta deve posicionar o</p><p>seu corpo de forma que fique por cima da articulação que será manipulada,</p><p>e o seu centro de gravidade deve estar sistemicamente localizado sobre a</p><p>disfunção articular (CBO, c2020).</p><p>Durante as manipulações, são também aplicadas as alavancas, que são duas,</p><p>a primária e a secundária. A alavanca primária serve como direção principal</p><p>na qual a força de correção deve ser aplicada; já a alavanca secundária serve</p><p>para focalizar a força de correção. Durante a aplicação do thrust, deve-se</p><p>manter um jogo articular entre as duas alavancas (CBO, c2020).</p><p>Pode-se ver uma demonstração da técnica de thrust no vídeo “Osteopatia - Tecnica</p><p>Lombare”, do canal Dr. Gabriele Benedetti, disponível no YouTube. Nele, o fisioterapeuta</p><p>realiza o thrust na coluna lombar do paciente.</p><p>A técnica de thrust é contraindicada em casos de traumatismos, como</p><p>fraturas, luxações e rompimentos ligamentares; infecções, tumores ósseos;</p><p>aneurismas; paralisia periférica ou central; osteoporose e malformações</p><p>congênitas.</p><p>7Fundamentos da osteopatia</p><p>Stretching (alongamento rítmico)</p><p>A técnica de stretching é um tipo de alongamento rítmico trabalhado sobre</p><p>os músculos, a cápsula articular, os ligamentos e os tendões. O estiramento</p><p>rítmico realizado nos tecidos moles é transmitido aos receptores sensoriais.</p><p>Essa técnica promove a inibição da hiperatividade das fibras musculares.</p><p>Descrição da técnica</p><p>O fisioterapeuta, em um primeiro momento, atribui tensão transversal ou</p><p>longitudinal sobre o tecido que vai ser tratado, até encontrar a barreira de</p><p>tecidos moles. Logo a seguir, são aplicados movimentos rítmicos oscilando o</p><p>aumento e a redução da tensão. À medida que é percebido o relaxamento dos</p><p>tecidos, o fisioterapeuta deve aumentar a amplitude dos movimentos a fim de</p><p>encontrar novas barreiras.</p><p>Para assistir a uma demonstração do alongamento rítmico stretching no músculo</p><p>quadrado lombar, acesse o vídeo “Stretching quadrado lombar”, do canal Edgar Nunes,</p><p>disponível no YouTube.</p><p>Descrição das técnicas indiretas, ou funcionais</p><p>Assim como as técnicas diretas, as técnicas indiretas, ou funcionais, têm como</p><p>objetivos restaurar a mobilidade articular e normalizar o tônus miofascial e</p><p>vascular. As principais técnicas indiretas são a técnica balanced ligamentous</p><p>tension (BLT) e a técnica de counterstrain.</p><p>BLT</p><p>A BLT — conhecida no português como tensão articular ligamentosa — é uma</p><p>técnica da osteopatia bastante comum e não invasiva. Foi criada por Andrew</p><p>Taylor Still e desenvolvida por W. G. Sutherland Do, o criador da osteopatia</p><p>craniana, para quem a técnica emprega os princípios do tratamento craniano</p><p>ao resto do corpo e das extremidades (CHAITOW, 2017).</p><p>Fundamentos da osteopatia8</p><p>A BLT é uma técnica indireta que trata as tensões articulares. Segundo</p><p>seus princípios, todas as articulações do corpo podem perder o equilíbrio,</p><p>sendo alteradas após lesão, estresse mecânico ou infecção. É um tratamento</p><p>agradável e relaxante cujos objetivos são corrigir a tensão articular, promover</p><p>a liberação da tensão articular e ligamentosa, restaurar a disfunção articular,</p><p>promover a circulação do líquido sinovial, ofertar alívio à congestão vascular</p><p>e liberar a compressão nervosa (CHAITOW, 2017).</p><p>Essa técnica é indicada para afecções como lombalgia aguda, asma, os-</p><p>teoporose, cefaleia, edema local, congestão linfática, dor pélvica e disfunção</p><p>articular. Conforme Chaitow (2017), para a realização da BLT, é necessário</p><p>obedecer ao protocolo apresentado a seguir.</p><p>1. Diagnóstico diferencial: o fisioterapeuta deve realizar uma avaliação</p><p>das estruturas envolvidas a fim de localizar a restrição de movimento,</p><p>mudança de textura tecidual, assimetria posicional e sensibilidade</p><p>local.</p><p>2. Separar: inicialmente, nesta etapa, são aplicadas uma tração ou uma</p><p>compressão para separar a lesão envolvida e permitir que o movimento</p><p>aconteça com menos resistência. Essa força vai auxiliar o fisioterapeuta</p><p>a sentir o movimento tecidual específico enquanto procura por um</p><p>movimento neutro.</p><p>3. Exagerar: a articulação é trazida na direção da lesão, exagerando-se</p><p>a posição de liberdade referente a fim de permitir a expressão dos</p><p>tecidos sob tensão somente até o ponto em que todas as forças estejam</p><p>equilibradas uma na outra a um ponto neutro. Na prática, o fisioterapeuta</p><p>deve levar os ligamentos, as membranas e a fáscia para uma posição</p><p>de relaxamento e de mínima resistência; saliente-se que o profissional</p><p>não deve exagerar a tensão além do ponto de equilíbrio.</p><p>4. Equilibrar: há uma sensação de equilíbrio no ponto neutro, já que</p><p>todas as tensões do tecido conectivo foram equilibradas, bem como os</p><p>vetores de movimento articular.</p><p>5. Segurar: nesta fase, o ponto de equilíbrio é mantido; além disso,</p><p>a mensagem de tensão neurológica é desenvolvida até resultar em um</p><p>ponto imóvel antes das alterações corretivas. A partir do momento em</p><p>que os ligamentos não estão sob o controle voluntário, é recomendada</p><p>a realização de uma manobra que intensifique a técnica. A assistência</p><p>do paciente pode ser espontânea, como, por exemplo, um movimento</p><p>muscular involuntário ou uma respiração profunda, contanto que seja</p><p>útil para se opor à resistência do mecanismo de defesa do corpo à</p><p>liberação da lesão.</p><p>9Fundamentos da osteopatia</p><p>6. Liberar: uma liberação é perceptível nesta fase, e a articulação é trazida</p><p>novamente à posição normal pela própria tensão ligamentar equilibrada.</p><p>Há, então, uma sensação de amolecimento e reorganização de líquido no</p><p>interior dos tecidos, a qual é percebida juntamente com calor, expansão</p><p>e restauração da linha média da articulação.</p><p>7. Reavaliar: a articulação é devolvida à sua posição neutra e novamente</p><p>reavaliada.</p><p>Técnica de counterstrain ou técnica de contratensão</p><p>A técnica de contratensão (TCT) foi desenvolvida nos Estados Unidos, em</p><p>1997, pelo médico osteopata Lawrence Jones. Nesse método, é necessário que</p><p>seja identificada, mediante uma leve pressão, a área de lesão nos tecidos dis-</p><p>funcionais — área chamada ponto sensível na técnica TCT (CHAITOW, 2017).</p><p>Esses pontos sensíveis são descritos como pequenas áreas que medem entre</p><p>3 mm e 10 mm de diâmetro, localizadas no interior do músculo, do tendão, do</p><p>ligamento ou da fáscia, sendo tensas, sensíveis ou edemaciadas. Os pontos são</p><p>conhecidos como manifestações sensoriais da disfunção musculoesquelética</p><p>ou neuromuscular, e não são, necessariamente, considerados pontos gatilho,</p><p>podendo às vezes produzir dor irradiada ou local (CHAITOW, 2017).</p><p>Descrição da técnica</p><p>Durante a técnica, o fisioterapeuta osteopata aplica uma pressão digital sobre</p><p>o ponto sensível do músculo, ligamento ou tecido de maior sensibilidade,</p><p>conforme se pode observar na Figura 2. O paciente, ou a área envolvida, é</p><p>disposto em uma postura confortável ou de relaxamento, em que o segmento</p><p>palpado deve ter o seu desconforto reduzido em aproximadamente 70%. Para</p><p>garantir a posição de relaxamento, a pressão digital deve ser mantida por</p><p>90 segundos; depois, ser retirada gradativamente, levando os tecidos novamente</p><p>à sua posição neutra. O fisioterapeuta deve orientar o paciente a evitar o uso</p><p>ativo do segmento tratado por aproximadamente 24 horas e informar que o</p><p>aumento da dor local é normal dentro de 24 a 48 horas (CHAITOW, 2017).</p><p>Fundamentos da osteopatia10</p><p>Figura 2. Fisioterapeuta pressionando o ponto sensível no músculo glúteo médio.</p><p>Fonte: Chaitow (2017, p. 208).</p><p>Osteopatia visceral</p><p>Ao final do século XIX, o empirista Thure Brandt criou um método manual</p><p>diagnóstico e terapêutico para as disfunções dos órgãos abdominais, mais</p><p>especificamente para o grupo genital. Esse método é baseado nas manipu-</p><p>lações ativas e passivas dos órgãos e em exercícios musculares específicos</p><p>para descongestionar, deter, irrigar e remodelar as zonas mais profundas do</p><p>corpo (ROULIER, 1995).</p><p>Frantz Glènard, outro médico francês, se aprofundou nos estudos dos</p><p>órgãos e das vísceras do abdome, desenvolvendo métodos de avaliação que</p><p>permitiram diagnosticar as anomalias de funcionamento das estruturas. Para</p><p>ele, um abdome normal é aquele que, quando palpado, mostra leveza e homo-</p><p>geneidade, permitindo que seja sentida a presença dos órgãos. Sendo assim,</p><p>um estômago doloroso, intestinos rígidos, um fígado aumentado constituem</p><p>fenômenos anormais que são indicadores de tensões, circulação sanguínea</p><p>lenta, distúrbios metabólicos, fibrose ou aderências e espasmos dos músculos</p><p>viscerais (ROULIER, 1995).</p><p>11Fundamentos da osteopatia</p><p>Glènard chegou a realizar um cálculo da amplitude dos movimentos</p><p>realizados pelas vísceras em uma vida normal e de seus eixos de mobilidade;</p><p>com isso, ele determinou que o fígado percorre, a cada respiração, um deter-</p><p>minado trajeto em relação ao movimento diafragmático. Esse pesquisador foi</p><p>o primeiro a estudar a relação entre os órgãos, que é uma relação em cadeia,</p><p>na qual um órgão disfuncional, congestionado, com imobilidade, pode gerar</p><p>o aparecimento de perturbações dos órgãos vizinhos com os quais mantém</p><p>vínculos mecânicos, hormonais e sanguíneos (ROULIER, 1995).</p><p>O acometimento de um órgão pode implicar também o de outros. A cistite, por</p><p>exemplo, pode gerar compressão da bexiga e do útero, assim como um fígado con-</p><p>gestionado e decaído pode comprimir o rim direito (ROULIER, 1995).</p><p>As técnicas de manipulação visceral foram desenvolvidas por Jean-Pierre</p><p>Barral, um médico osteopata francês (ALMEIDA et al., 2014). A manipulação</p><p>visceral age nos desequilíbrios funcionais e estruturais de diversos sistemas do</p><p>nosso corpo (MANIPULAÇÃO..., c2017). Além de avaliar, ela trata também</p><p>as dinâmicas em movimento e suspensão relacionadas aos órgãos, às fáscias,</p><p>às membranas e aos ligamentos. Conforme o Barral Institute (MANIPULA-</p><p>ÇÃO..., c2017), as técnicas viscerais se baseiam na aplicação específica de</p><p>forças manuais leves que promovem a melhora do movimento e o tônus dos</p><p>órgãos e seus tecidos conjuntivos associados, como se pode ver na Figura 3.</p><p>A osteopatia visceral pode atuar nas superfícies de deslizamento das arti-</p><p>culações viscerais, que são constituídas de membranas serosas, as quais, por</p><p>sua vez, podem estar relacionadas com a parede muscular de alguns órgãos</p><p>(como, por exemplo, diafragma e fígado), com o esqueleto (caixa torácica e</p><p>pulmões) ou com outras vísceras (como fígado e rins). As membranas serosas</p><p>são as meninges que protegem o sistema nervoso central, as pleuras que cobrem</p><p>os pulmões e a caixa torácica, o peritônio que recobre a cavidade abdominal</p><p>e o pericárdio que envolve o coração (ORTEGA, 1995b).</p><p>Fundamentos da osteopatia12</p><p>Figura 3. Fisioterapeuta realizando manipulação visceral.</p><p>Fonte: sunlight19/Shutterstock.com.</p><p>3 Abordagem osteopática nos distúrbios</p><p>cinético-funcionais</p><p>A osteopatia se baseia no diagnóstico específico, assim como no tratamento</p><p>de diversos distúrbios cinético-funcionais. Antes da execução das técnicas,</p><p>o fisioterapeuta especialista em osteopatia deve realizar uma avaliação mi-</p><p>nuciosa, bem como a aplicação de testes ortopédicos de acordo com a queixa</p><p>principal do paciente (ORTEGA, 1995a).</p><p>A avaliação osteopática inclui coleta de dados pessoais do paciente, ana-</p><p>mnese, inspeção e palpação. Além disso, o paciente deve ser questionado em</p><p>relação à sua demanda; muitos dos pacientes se queixam de quadro álgico,</p><p>o qual deve ser investigado cuidadosamente pelo fisioterapeuta. As perguntas</p><p>sobre o quadro álgico devem incluir duração da dor, tipo de dor, intensidade,</p><p>se a dor é localizada ou irradia para os membros, se a dor é contínua ou</p><p>é aliviada com posturas (ORTEGA, 1995a).</p><p>Na inspeção, o fisioterapeuta deve observar a pele: se há, por exemplo,</p><p>cicatrizes, manchas, edemas, equimoses, nódulos, etc. Da mesma forma,</p><p>devem</p><p>ser observadas assimetrias nos planos anterior, posterior e perfil.</p><p>Durante a palpação, é necessário avaliar a sensibilidade da pele, contraturas,</p><p>13Fundamentos da osteopatia</p><p>limitação de movimentos, rigidez; além disso, devem ser realizados os testes</p><p>osteopáticos de acordo com o quadro do paciente a fim de esclarecer e apoiar</p><p>a hipótese diagnóstica, como, por exemplo, encontrar áreas com diminuição</p><p>da amplitude de movimento ou de dor (ORTEGA, 1995a).</p><p>Para ilustrar essa parte da avaliação voltada à osteopatia, serão apresentados</p><p>a seguir alguns testes osteopáticos.</p><p>Teste de quick scanning</p><p>O teste de quick scanning avalia as regiões com hipomobilidade da coluna</p><p>cervical ao sacro. Com o paciente sentado, o fisioterapeuta se posiciona atrás</p><p>dele e apoia uma das mãos sobre o seu ombro, enquanto, com a outra, aplica</p><p>pressão póstero-anterior com o punho fechado sobre a região da coluna a ser</p><p>avaliada, a fim de verificar locais de mobilidade diminuída ou pouca elastici-</p><p>dade (MELO; MONTEIRO, 2014). Conforme a Figura 4, o fisioterapeuta pode</p><p>realizar esse teste palpando, com 3, 4 e 5 dedos, lateralmente aos processos</p><p>transversos; o paciente deve estar sentado na beira da maca com os braços</p><p>cruzados em V (CBO, c2020).</p><p>Figura 4. Fisioterapeuta realizando o teste de quick scanning na região da coluna lombar.</p><p>Fonte: CBO (c2020, p. 54).</p><p>Fundamentos da osteopatia14</p><p>Spring test</p><p>O spring test tem como objetivo investigar áreas de restrição de movimento.</p><p>Com o paciente em decúbito ventral, o fisioterapeuta, em pé, ao lado da maca,</p><p>posiciona sua mão (região tenar ou hipotenar) sobre os processos espinhosos a</p><p>fim de deslocar as vértebras no sentido anterior, conforme a Figura 5. Durante</p><p>esse movimento, é possível buscar restrições que podem indicar disfunção</p><p>local (CBO, c2020).</p><p>Figura 5. Fisioterapeuta realizando spring test na coluna lombar.</p><p>Fonte: Atstock Productions/Shutterstock.com.</p><p>Teste de mobilidade global</p><p>O teste de mobilidade global objetiva buscar áreas de restrição de movimento</p><p>em toda a extensão da coluna vertebral. Com o paciente em decúbito ventral,</p><p>o fisioterapeuta espalma suas mãos sobre o sacro e gera um movimento de</p><p>ritmo lateral que se estende por toda a coluna vertebral, enquanto a outra mão</p><p>15Fundamentos da osteopatia</p><p>palpa os processos transversos (vértebra por vértebra) das vértebras da região</p><p>a ser avaliada, conforme a Figura 6. Caso a região seja móvel, o fisioterapeuta</p><p>vai perceber o deslocamento lateral do processo espinhoso, e, se for imóvel,</p><p>o profissional vai notar a ausência do movimento.</p><p>Figura 6. Teste de mobilidade global — fisioterapeuta avaliando a mobilidade das vértebras</p><p>lombares.</p><p>Fonte: CBO (c2020, p. 57).</p><p>Existe uma infinidade de distúrbios cinético-funcionais que se beneficiam</p><p>das estratégias de intervenção baseada na osteopatia. A seguir, são apresen-</p><p>tadas algumas disfunções cinético-funcionais que, de certa forma, ilustram</p><p>a aplicação da osteopatia nelas.</p><p>Fundamentos da osteopatia16</p><p>Cefaleia cervicogênica</p><p>A cefaleia cervicogênica é causada por afecções funcionais que atingem a</p><p>coluna cervical. Caracteriza-se por episódios de dor em peso, aperto, quei-</p><p>mação, podendo ser uma dor irradiada ou uma pontada na região occipital</p><p>que irradia para as regiões temporal, frontal do crânio e ocular. Esse tipo de</p><p>cefaleia pode ser confundido com a enxaqueca comum.</p><p>Um indivíduo é diagnosticado com cefaleia cervicogênica quando relata</p><p>sentir dor unilateral episódica e de intensidade variável, cuja origem se situa</p><p>na região cervical. Além disso, essa cefaleia provoca modificações no relevo</p><p>da musculatura e no tônus, e os pacientes que a relatam geralmente apresentam</p><p>história de trauma cervical.</p><p>Antes da execução da técnica, o fisioterapeuta pode realizar o teste de</p><p>Mitchell (Figura 7) a fim de verificar as vértebras cervicais em translação</p><p>lateral. Para a sua realização, o paciente é posicionado em decúbito ventral,</p><p>com seu queixo relaxado em cima das mãos; o fisioterapeuta, sentado na</p><p>cadeira, atrás da cabeça do paciente, apalpa bilateralmente, com a ponta dos</p><p>seus dedos indicador e médio, a face lateral dos processos transversos das</p><p>vértebras cervicais a serem avaliadas a fim de encontrar desvios.</p><p>Figura 7. Fisioterapeuta realizando teste de Mitchell nas vértebras cervicais superiores.</p><p>Fonte: granata68/Shutterstock.com.</p><p>17Fundamentos da osteopatia</p><p>No tratamento da cefaleia cervicogênica, após a realização da avaliação</p><p>e dos testes osteopáticos, o fisioterapeuta pode, entre as abordagens osteopá-</p><p>ticas, utilizar as TEM e a técnica de thrust, sempre respeitando as condições</p><p>individuais de cada paciente e seu quadro clínico.</p><p>TEM</p><p>� O paciente deve ser posicionado confortavelmente em decúbito dorsal</p><p>(Figura 8), ao passo que o fisioterapeuta se posiciona na cabeceira da</p><p>maca e segura a cervical do paciente, apoiando a cabeça deste em seu</p><p>abdome.</p><p>� Primeiramente, o fisioterapeuta deve identificar a limitação do mo-</p><p>vimento, solicitando ao paciente que realize movimentos de rotação</p><p>cervical para os dois lados.</p><p>� Se o paciente apresentar uma limitação de movimento (por exemplo,</p><p>para a rotação cervical direita), o fisioterapeuta deve solicitar a ele que</p><p>realize rotação contralateral — nesse instante, o fisioterapeuta aplica</p><p>uma resistência, gerando, dessa forma, uma contração isométrica.</p><p>� A técnica deve ser repetida até a restauração do movimento.</p><p>Figura 8. Fisioterapeuta realizando a TEM na coluna cervical.</p><p>Fonte: Chaitow (2017, p. 171).</p><p>Fundamentos da osteopatia18</p><p>Técnica de thrust (BIENFAIT, 1991)</p><p>� O paciente deve ser sentado confortavelmente na cadeira.</p><p>� O fisioterapeuta se posiciona em pé, de frente para o paciente, posicio-</p><p>nando seu dedo médio sob a região lateral da vértebra a ser corrigida,</p><p>enquanto apoia a sua outra mão na face do paciente.</p><p>� Logo a seguir, o fisioterapeuta deita a cabeça do paciente sobre a palma</p><p>de sua mão, próximo ao local afetado, posicionando a cervical em late-</p><p>roflexão; posteriormente, por meio de um movimento de circundação,</p><p>leva a cabeça para uma rotação corretiva.</p><p>� O bloqueio deve ser mantido cuidadosamente, e a correção deve ser</p><p>alcançada por uma inspiração mediante uma tração ligeira do dedo</p><p>médio e um thrust sobre a massa lateral da vértebra.</p><p>A técnica de thrust pode ser realizada com o paciente tanto sentado quanto deitado,</p><p>como se pode observar no vídeo “Dificuldades em Manipular na Osteopatia”, do canal</p><p>Escuela de Osteopatia de Madrid Brasil, disponível no YouTube.</p><p>Técnicas osteopáticas na entorse de tornozelo</p><p>em atletas</p><p>Em atletas, a entorse de tornozelo é uma lesão frequente. Nela, o mecanismo</p><p>de lesão é por supinação exagerada do complexo tornozelo-pé, que ocorre</p><p>quando esse complexo passa pelos movimentos de inversão e plantiflexão</p><p>excessivas durante a descarga de peso no membro inferior afetado. Nessa</p><p>situação, podem ocorrer lesões ligamentares, alterações proprioceptivas e de</p><p>posicionamento articular. Problemas no tornozelo podem se tornar crônicos</p><p>e associados à instabilidade da articulação do tornozelo, a qual é classificada</p><p>em dois tipos: mecânica e funcional (BECHE, 2018).</p><p>19Fundamentos da osteopatia</p><p>A instabilidade mecânica está relacionada à frouxidão anormal dos estabi-</p><p>lizadores ligamentares, e a instabilidade funcional se refere a estabilizadores</p><p>normais, mas com a função anormal associada com períodos de falseio da</p><p>articulação. Diversos deficits funcionais e mecânicos podem gerar sintomas,</p><p>perdas funcionais e sequelas, e uma dessas deficiências é a limitação da ampli-</p><p>tude de movimento (ADM) do movimento da flexão dorsal. Nesses casos, as</p><p>manipulações osteopáticas têm como objetivo restaurar a mobilidade articular</p><p>normal, diminuir os espasmos e normalizar o tônus muscular (BECHE, 2018).</p><p>Para verificar a presença de lesões no tornozelo, deve-se lançar mão do</p><p>teste de mobilidade. Ele pode ser realizado com o paciente posicionado em</p><p>decúbito dorsal. O fisioterapeuta posiciona o membro inferior</p><p>a ser tratado em</p><p>rotação externa e, com uma de suas mãos (dedos polegar e indicador), realiza</p><p>uma preensão no osso tálus e alterna, apertando logo em seguida, com seus</p><p>dedos polegar e indicador, os maléolos. Com a outra mão, o fisioterapeuta</p><p>deve prender a tuberosidade maior do calcâneo com seus dedos polegar e</p><p>indicador (BIENFAIT, 1991).</p><p>Segundo Chaitow (2017), uma abordagem osteopática que pode ser utilizada na</p><p>entorse de tornozelo, respeitando-se as condições individuais de cada paciente e</p><p>seu quadro clínico, é a técnica de BLT para o tornozelo (Figura 9), conforme os passos</p><p>apresentados a seguir.</p><p>1. Diagnóstico funcional: avaliar o tornozelo e buscar vetores disfuncionais dos mo-</p><p>vimentos de flexão plantar, adução e inversão.</p><p>2. Separar: posicionar o paciente em decúbito dorsal, segurar seu tornozelo e aplicar</p><p>uma tração ou compressão.</p><p>3. Exagerar: exagerar o padrão disfuncional do tornozelo e realizar os movimentos</p><p>de flexão plantar, adução e inversão, dentro do movimento permitido pelo tecido.</p><p>4. Equilibrar: localizar um ponto de equilíbrio dentro do limite da flexão plantar, da</p><p>adução e da inversão da articulação.</p><p>5. Segurar: observar a anatomia do tornozelo e solicitar ao paciente uma respiração</p><p>profunda para promover a liberação local.</p><p>6. Liberar: sentir o colapso do padrão de tensão ao redor e dentro da articulação do</p><p>tornozelo juntamente com os sinais de liberação; se ainda houver limitação de</p><p>movimento, o procedimento deve ser repetido desde a fase 4.</p><p>7. Reavaliar: trazer o tornozelo à sua posição neutra e voltar a avaliar a articulação</p><p>em todas as direções.</p><p>Fundamentos da osteopatia20</p><p>Figura 9. Técnica de BLT aplicada pelo fisioterapeuta.</p><p>Fonte: Chaitow (2017, p. 155).</p><p>ALMEIDA, D. A. et al. Efeitos da técnica osteopática de inibição do fígado na dor e</p><p>alteração de amplitude de movimento na flexão ativa de ombro direito nos profes-</p><p>sores da rede municipal de ensino da cidade de Sete Barras/São Paulo/Brasil. Inspirar:</p><p>Movimento & Saúde, [s. l.], v. 6, n. 4, p. 34-38, jul./set. 2014.</p><p>BECHE, A. O. Efeitos imediatos da manipulação e mobilização em jovens com instabilidade</p><p>crônica de tornozelo. 2018. Dissertação (Mestrado em Fisioterapia) — Escolar Superior</p><p>de Saúde, Instituto Politécnico do Porto, Porto, 2018.</p><p>BIENFAIT, M. Bases elementares técnicas de terapia manual e osteopatia. São Paulo: Sum-</p><p>mus, 1991.</p><p>CHAITOW, L. Técnicas de palpação avaliação e diagnóstico pelo toque. Barueri: Manole,</p><p>2001.</p><p>21Fundamentos da osteopatia</p><p>CHAITOW, L. Terapia manual para disfunção fascial. Porto Alegre: Artmed, 2017.</p><p>COLÉGIO BRASILEIRO DE OSTEOPATIA (CBO). Bases fisiológicas da osteopatia. [S. l.]:</p><p>CBO, c2020.</p><p>CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL (COFFITO). Resolução</p><p>nº 220, de 23 de maio de 2001. Dispõe sobre o reconhecimento da Quiropraxia e da</p><p>Osteopatia como especialidades do profissional Fisioterapeuta e dá outras providên-</p><p>cias. Brasília, DF: COFFITO, 2001. Disponível em: http://www.crefito2.gov.br/legislacao/</p><p>resolucoes-coffito/resolucao-220--de-%2023-de-maio-de-2001-91.html. Acesso em:</p><p>3 jun. 2020.</p><p>CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL (COFFITO). Resolução</p><p>nº 398, de 3 de agosto de 2011. Disciplina a especialidade profissional osteopatia e dá</p><p>outras providências. Brasília, DF: COFFITO, 2011. Disponível em: https://www.coffito.</p><p>gov.br/nsite/?p=3161. Acesso em: 3 jun. 2020.</p><p>LOURO, S. M. Desenvolvimento de técnicas manipulativas osteopáticas para tratamento da</p><p>síndrome do impacto do ombro baseado na biomecânica. 2019. Dissertação (Mestrado em</p><p>Engenharia Biomédica) — Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2019.</p><p>MANIPULAÇÃO Visceral. In: BARRAL Institute Portugal. [S. l.], c2017. Disponível em: https://</p><p>www.barralinstitute.pt/manipulacao-visceral/. Acesso em: 3 jun. 2020.</p><p>MELO, G. G.; MONTEIRO, J. M. Os efeitos da terapia manual com técnicas osteopáticas</p><p>em indivíduos portadores de lombalgia. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE CIÊNCIA,</p><p>TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO, 3., 2014, São Paulo. Anais eletrônicos [...]. São Paulo:</p><p>Universidade de Taubaté, 2014. Disponível em: http://www.unitau.br/files/arquivos/</p><p>category_154/MPB1253_1427286044.pdf. Acesso em: 3 jun. 2020.</p><p>O QUE É osteopatia e quais são seus princípios fundamentais. In: FBEO Brasil. Floria-</p><p>nópolis, 26 mar. 2018. Disponível em: https://fbeobrasil.com.br/o-que-e-osteopatia/.</p><p>Acesso em: 3 jun. 2020.</p><p>ORTEGA, P. M. Tratado de osteopatía: pelvis, iliaco, sacro. Madrid: Editora Centro de</p><p>Gaia, 1995a. v.1.</p><p>ORTEGA, P. M. Tratado de osteopatía: visceral. Madrid: Editora Centro de Gaia, 1995b. v. 4.</p><p>ROULIER, G. La práctica de la osteopatía: principios, técnicas e indicaciones terapéuticas.</p><p>Madrid: Plus vitae, 1995.</p><p>SCHORNE, G.; BITTENCOURT, D. C.; HOLLER, A. Aplicabilidade das técnicas holísticas</p><p>na prática fisioterapêutica. Saúde Integrada, Santo Ângelo, v. 7, n. 13-14, p. 90-105, 2014.</p><p>Leitura recomendada</p><p>DA SILVA, W. B. et al. A eficácia da técnica da osteopatia visceral no diabetes tipo 2.</p><p>Fisioterapia Brasil, São Paulo, v. 21, n. 2, p. 28-33, abr. 2020.</p><p>Fundamentos da osteopatia22</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-</p><p>cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a</p><p>rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de</p><p>local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade</p><p>sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>23Fundamentos da osteopatia</p>

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