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<p>LÍNGUA PORTUGUESA:</p><p>CLASSES DE PALAVRAS</p><p>AULA 2</p><p>Prof. Caio Augusto Lima de Castro</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Terminamos a aula anterior dando início do estudo das classes de</p><p>palavras que integram o conjunto daquelas que são variáveis. Naquela ocasião,</p><p>falamos dos substantivos. Nesta aula, daremos continuidade aos nossos</p><p>estudos, discutindo outras cinco classes, conforme a organização a seguir.</p><p> Tema 1 – O artigo.</p><p> Tema 2 – O adjetivo.</p><p> Tema 3 – O numeral.</p><p> Tema 4 – Os pronomes: parte I.</p><p> Tema 5 – Os pronomes: parte II.</p><p>Muito mais do que apresentar as referidas classes e, assim, auxiliá-lo em</p><p>seus estudos, desejamos que ao final desta aula você possa levantar</p><p>questionamentos e trazer seu olhar crítico para as ideias que serão aqui</p><p>desenvolvidas.</p><p>TEMA 1 – O ARTIGO</p><p>Para iniciar nosso estudo acerca dos artigos, considere a tirinha a seguir.</p><p>Crédito: Peanuts, Charles Schulz © 1991 Peanuts Worldwide Llc / Dist. by Andrews Mcmeel</p><p>Syndication.</p><p>O efeito de humor da tirinha em questão assenta-se na alternância do uso</p><p>de um cachorro e o cachorro. Mas, afinal, que efeitos de sentido gera essa</p><p>substituição? Para responder a essa questão, recorremos à semântica, visto que</p><p>é no terreno do significado que percebemos o que está em jogo na tirinha.</p><p>Como você já deve ter percebido, no primeiro quadro da tirinha Sally diz</p><p>ter um cachorro com o desejo de entrar. O uso de um nesse enunciado traz um</p><p>sentido mais generalizante, não é verdade? Repare que, ao dizermos um</p><p>3</p><p>cachorro, a referência pode ser preenchida por qualquer um dos elementos</p><p>pertencentes ao conjunto dos cachorros.</p><p>Por sua vez, no segundo quadrinho, Snoopy deixa claro que não se trata</p><p>de qualquer cachorro. Muito pelo contrário, dentro do conjunto dos cachorros,</p><p>trata-se de um indivíduo em particular. Para deixar clara essa particularidade,</p><p>Snoopy emprega a forma o. Essa diferença semântica entre um e o pode ser</p><p>percebida visualmente por meio do esquema a seguir.</p><p>Figura 1 – Diferença semântica entre os artigos um e o</p><p>Percebidas essas nuances semânticas entre um e o, passemos, pois,</p><p>para suas respectivas definições dentro da gramática.</p><p>As formas um, uma, uns, umas são chamadas artigos indefinidos. Como</p><p>visto anteriormente, esses artigos têm uma significação generalizante, não se</p><p>referindo, portanto, a algo especificado.</p><p>Por sua vez, as formas o, a, os e as são denominadas artigos definidos.</p><p>Segundo Bechara (2001, p. 153):</p><p>o artigo definido identifica o objeto designado pelo nome a que se liga,</p><p>delimitando-o, extraindo-o de entre os objetos da mesma classe, como</p><p>aquele que já foi conhecido do ouvinte – quer através do discurso (que</p><p>4</p><p>dele faz menção), quer pela "dêixis" (que o mostra, ordenando-o</p><p>espacial e temporalmente), quer pelo contexto idiomático, no qual a</p><p>palavra é, quando não ulteriormente determinada, nome de conceito</p><p>ou de toda uma classe de objetos [...].</p><p>Podemos compreender ainda melhor as palavras de Bechara (2001),</p><p>analisando o fragmento de texto a seguir.</p><p>História de flor</p><p>Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei</p><p>a flor.</p><p>Trouxe-a para casa e a coloquei num copo. Logo senti que ela não estava</p><p>feliz. O copo destinava-se a beber, e uma flor não é para ser bebida [...].</p><p>ANDRADE, C.D. de. Contos plausíveis.</p><p>Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.</p><p>Ao voltarmos nossa atenção para as palavras destacadas no fragmento</p><p>apresentado, percebemos claramente como a (in)determinação atua,</p><p>colaborando para a construção da coerência da narrativa. Logo no início, na</p><p>primeira vez em que vai apresentar o referente flor, o autor vale-se do artigo</p><p>indefinido: uma flor. No instante seguinte, quando este já é conhecido do leitor,</p><p>o artigo definido aparece precedendo o termo flor. O mesmo pode ser dito a</p><p>respeito de (n)um copo e o copo.</p><p>Como os artigos integram a classe das palavras variáveis, no que diz</p><p>respeito à morfologia flexional, verificamos neles a flexão de número e de</p><p>gênero. Por sua vez, ao contrário dos substantivos, os artigos não apresentam</p><p>flexão de grau.</p><p>Vimos aqui a discussão acerca dos artigos e como eles são classificados</p><p>dentro do estudo gramatical. No próximo tema, abordaremos outra classe de</p><p>palavras, a saber, os adjetivos. Antes, apresentamos um mapa mental do que</p><p>acabamos de discutir.</p><p>5</p><p>Figura 2 – Tipos de artigos e suas flexões</p><p>TEMA 2 – O ADJETIVO</p><p>Para iniciar a apresentação da classe de palavras dos adjetivos, vamos</p><p>ler alguns fragmentos da letra da canção Tempo perdido, uma das composições</p><p>da banda Legião Urbana.</p><p>Nosso suor sagrado</p><p>É bem mais belo que esse sangue amargo</p><p>E tão sério</p><p>[...]</p><p>Veja o sol dessa manhã tão cinza</p><p>A tempestade que chega é da cor dos teus</p><p>Olhos castanhos</p><p>Voltando o nosso olhar para as palavras que se encontram destacadas na</p><p>letra da canção, a saber, sagrado, belo, amargo, sério, cinza e castanhos, a que</p><p>conclusões podemos chegar? Pensamos que a primeira delas diz respeito ao</p><p>fato de que cada uma dessas palavras está diretamente associada a um</p><p>substantivo. Assim, belo, sagrado e sério relacionam-se a suor; por sua vez,</p><p>amargo relaciona-se a sangue. O termo cinza associa-se a sol; por fim,</p><p>castanhos, a olhos.</p><p>Além disso, concluímos também que, ao associarem-se aos substantivos,</p><p>essas palavras atuam como modificadores das primeiras. A esses modificadores</p><p>ARTIGOS</p><p>Definidos</p><p>masculino</p><p>singular</p><p>o</p><p>plural</p><p>os</p><p>feminino</p><p>singular</p><p>a</p><p>plural</p><p>as</p><p>Indefinidos</p><p>masculino</p><p>singular</p><p>um</p><p>plural</p><p>uns</p><p>feminino</p><p>singular</p><p>uma</p><p>plural</p><p>umas</p><p>6</p><p>chamamos adjetivos. Logo, segundo Bechara (2001, p.142), adjetivo “é classe</p><p>de lexema que se caracteriza por constituir a delimitação, isto é, por caracterizar</p><p>as possibilidades designativas do substantivo, orientando delimitativamente a</p><p>referência a uma parte ou a um aspecto do denotado”.</p><p>Agora, vamos analisar o que ocorre nos exemplos a seguir.</p><p>(a) Nosso suor sagrado é bem mais belo que esse sangue amargo.</p><p>(b) Nossa luta sagrada é bem mais bela que essa tristeza amarga.</p><p>(c) Nossos sonhos sagrados são bem mais belos que esses desencantos</p><p>amargos.</p><p>(d) Nossas conquistas sagradas são bem mais belas que essas ilusões</p><p>amargas.</p><p>Iniciemos estabelecendo uma comparação entre (a) e (b). O que</p><p>verificamos nessa comparação é que em (a) temos formas masculinas dos</p><p>adjetivos. Por sua vez, em (b) localizamos as formas femininas dos adjetivos.</p><p>Portanto, podemos afirmar que os adjetivos, como ocorre com os substantivos,</p><p>apresentam flexão de gênero.</p><p>Agora, comparando (a) com (c) e (b) com (d) percebemos que em (a) e</p><p>em (b) os adjetivos sagrado/sagrada; belo/bela e amargo/amarga encontram-se</p><p>no singular. Por outro lado, sagrados/sagradas; belos/belas e amargos/amargas</p><p>em (c) e (d) encontram-se no plural. Logo, concluímos que, como os</p><p>substantivos, os adjetivos apresentam flexão de número.</p><p>Continuando nossa investigação acerca dos adjetivos, vamos ler o texto</p><p>a seguir.</p><p>7</p><p>Você reparou como foi empregado o adjetivo que se refere à</p><p>apresentação? A forma belíssima corresponde a um aumentativo e isso nos leva</p><p>a concluir que os adjetivos também apresentam flexão de grau. Segundo</p><p>Bechara (2001, p.148), existem três tipos de gradação expressos pelos</p><p>adjetivos: positiva, comparativa e superlativa. O grau positivo é o que vemos</p><p>neste exemplo:</p><p> O nordeste do Brasil é belo.</p><p>O comparativo apresenta-se como igualdade, superioridade e</p><p>inferioridade. Confira os exemplos, respectivamente:</p><p> O litoral de Sergipe é tão belo quanto o de Alagoas.</p><p> O litoral de Sergipe é mais belo que o do Paraná.</p><p> O litoral do Paraná é menos belo que o de Sergipe.</p><p>Por sua vez, o superlativo vem manifesto como no exemplo que vimos</p><p>extraído do texto: belíssima.</p><p>Por fim, cabe-nos dizer que quando uma preposição associa-se</p><p>como possuidoras</p><p>de alguma coisa”.</p><p>Os referidos pronomes apresentam uma morfologia flexional, visto que</p><p>variam em número (singular/plural), gênero (masculino/feminino) e pessoa</p><p>(primeira, segunda ou terceira). No quadro a seguir você pode conferir o conjunto</p><p>dos pronomes possessivos.</p><p>12</p><p>Quadro 2 – Pronomes possessivos</p><p>Vimos neste tema quais são os pronomes possessivos em língua</p><p>portuguesa e o tipo de relação semântica que estabelecem, bem como as flexões</p><p>que apresentam. Mas ainda há muitos outros pronomes. Vamos em frente!</p><p>TEMA 5 – OS PRONOMES: PARTE II</p><p>No Tema 4, abordamos dois tipos de pronomes: os pessoais e os</p><p>possessivos. Contudo, ainda faltam alguns para que o estudo dessa classe de</p><p>palavras se complete. É o que faremos neste tema.</p><p>5.1 Os pronomes indefinidos</p><p>Dando continuidade ao nosso estudo dos pronomes, vamos considerar o</p><p>texto a seguir, cuja circulação se deu de forma bastante intensa na internet.</p><p>Pronomes possessivos</p><p>Pessoa do discurso Singular Plural</p><p>1.ª pessoa do singular meu, minha meus, minhas</p><p>1.ª pessoa do plural nosso, nossa nossos, nossas</p><p>2.ª pessoa do singular teu, tua teus, tuas</p><p>2.ª pessoa do plural vosso, vossa vossos, vossas</p><p>3.ª pessoa do singular e do plural seu, sua seus, suas</p><p>13</p><p>Crédito: Thyago Macson</p><p>Você seria capaz de determinar a quem a palavra ninguém se refere</p><p>especificamente? Muito provavelmente você chegou à conclusão de que isso</p><p>não é possível e existe uma explicação para essa dificuldade. Ninguém pertence</p><p>ao conjunto dos chamados pronomes indefinidos que “são palavras que se</p><p>aplicam à terceira pessoa gramatical quando esta tem sentido vago, ou</p><p>exprimem quantidade indeterminada” (Lima, 2010, p. 161).</p><p>Esses pronomes podem ser divididos entre aqueles que não</p><p>acompanham os substantivos e aqueles que o fazem. De acordo com Rocha</p><p>14</p><p>Lima (2010), os primeiros subdividem-se entre os que se referem a pessoas, os</p><p>que se referem a coisas e os que se referem a lugares. Você pode conferi-los no</p><p>quadro a seguir.</p><p>Quadro 3 – Pronomes indefinidos</p><p>Por sua vez, os pronomes indefinidos que acompanham os substantivos</p><p>são em maior quantidade e</p><p>estão incluídos</p><p>neste conjunto:</p><p>todo(os), toda(as),</p><p>algum(uns), alguma(s),</p><p>vários(as), nenhum(a),</p><p>nenhuns(umas), certo(a), certos(as), outro(a), outros(as)3 etc. Como podemos</p><p>perceber, os pronomes indefinidos apresentam morfologia flexional de número e</p><p>pessoa.</p><p>Vimos neste item a organização dos pronomes indefinidos e suas flexões</p><p>de número e gênero. No próximo item, veremos outros dois tipos de pronomes:</p><p>os interrogativos e os demonstrativos.</p><p>3 Você poderá encontrar outros pronomes indefinidos em Lima (2010, p. 162).</p><p>Pronomes indefinidos referentes a</p><p>pessoas coisas lugares</p><p>quem que onde</p><p>alguém algo algures</p><p>ninguém tudo alhures</p><p>outrem nada nenhures</p><p>15</p><p>5.2 Pronomes interrogativos e pronomes demonstrativos</p><p>O conjunto dos pronomes interrogativos é composto por: que, quem, qual</p><p>e quanto(s). Como o nome já diz, eles são utilizados para a realização de</p><p>perguntas, como em: “Qual o seu nome”?</p><p>Agora, quem não se lembra do poema Ou isto ou aquilo, escrito por</p><p>Cecília Meireles?</p><p>Ou isto ou aquilo</p><p>Ou se tem chuva e não se tem sol,</p><p>ou se tem sol e não se tem chuva!</p><p>Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,</p><p>ou compro o doce e gasto o dinheiro.</p><p>Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...</p><p>e vivo escolhendo o dia inteiro!</p><p>MEIRELES, C.</p><p>No clássico poema da célebre escritora, vemos tematizada a angústia</p><p>gerada pela dúvida e incerteza no momento de uma escolha. Ao longo do texto,</p><p>verificamos a ênfase no verso (o qual intitula o poema) ou isto ou aquilo que,</p><p>linguisticamente, constrói-se a partir de dois dos chamados pronomes</p><p>demonstrativos. Segundo Lima (2010, p. 159), esses pronomes indicam “a</p><p>posição dos objetos designados, relativamente às pessoas do discurso”. Os</p><p>elementos que integram esse conjunto são: este(a), estes(as), esse(a),</p><p>esses(as), aquele(a), aqueles(as), mesmo(a), mesmos(as), próprio(a),</p><p>próprios(as), tal(is), semelhante(es), isto, isso, aquilo e, em alguns contextos,</p><p>o(a), os(as).</p><p>No que diz respeito à morfologia flexional, de maneira geral os pronomes</p><p>demonstrativos expressam flexão de gênero e número. Para fechar o estudo dos</p><p>pronomes, na próxima seção discutiremos os pronomes relativos.</p><p>5.3 Os pronomes relativos</p><p>Finalizando nosso estudo sobre os pronomes, vamos observar a sentença</p><p>a seguir.</p><p>16</p><p> Os livros que lemos nos levam ao conhecimento.</p><p>Na sentença, a palavra que se refere a que elemento? Não é difícil</p><p>percebermos que o referido termo se refere a livros, não é verdade? Podemos</p><p>afirmar, portanto, que a palavra que pertence ao grupo dos pronomes relativos.</p><p>Rocha Lima (2010, p.162) assim os definiu: “são palavras que reproduzem, numa</p><p>oração, o sentido de um termo ou da totalidade de uma oração anterior”.</p><p>Os pronomes que constituem o conjunto dos pronomes relativos são: que,</p><p>quem, onde, quanto(os), quanta(as), cujo(a), cujos(as), o qual, a qual, os quais,</p><p>as quais. Por fim, a morfologia flexional desses elementos nos revela que, no</p><p>geral, eles podem variar em número e em gênero.</p><p>Finalizamos aqui a investigação das classes dos pronomes. Agora, para</p><p>avaliar nossos conhecimentos, prestemos atenção à atividade prática.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Considere a seguinte oração:</p><p> O continente europeu foi o local onde começou a Segunda Guerra</p><p>Mundial.</p><p>Quanto ao uso dos pronomes relativos, o que você teria a dizer sobre o</p><p>emprego do pronome onde no enunciado apresentado? Discuta com seus</p><p>colegas e professor e faça o registro das conclusões a que chegaram.</p><p>FINALIZANDO</p><p>Vimos nesta aula quatro classes de palavras que integram o conjunto das</p><p>variáveis: artigo, adjetivo, numeral e pronomes. Foram analisadas as</p><p>particularidades de cada uma. Para concluirmos este estudo, falta analisarmos</p><p>a classe dos verbos. Essa temática será abordada na próxima aula.</p><p>17</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ANDRADE, C. D. de Contos plausíveis. Rio de janeiro: José Olympio, 1985.</p><p>BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro:</p><p>Lucerna, 2001.</p><p>LIMA, C. H. R. Gramática normativa da língua portuguesa. 48. ed. Rio de</p><p>Janeiro: José Olympio, 2010.</p>como possuidoras de alguma coisa”. Os referidos pronomes apresentam uma morfologia flexional, visto que variam em número (singular/plural), gênero (masculino/feminino) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). No quadro a seguir você pode conferir o conjunto dos pronomes possessivos. 12 Quadro 2 – Pronomes possessivos Vimos neste tema quais são os pronomes possessivos em língua portuguesa e o tipo de relação semântica que estabelecem, bem como as flexões que apresentam. Mas ainda há muitos outros pronomes. Vamos em frente! TEMA 5 – OS PRONOMES: PARTE II No Tema 4, abordamos dois tipos de pronomes: os pessoais e os possessivos. Contudo, ainda faltam alguns para que o estudo dessa classe de palavras se complete. É o que faremos neste tema. 5.1 Os pronomes indefinidos Dando continuidade ao nosso estudo dos pronomes, vamos considerar o texto a seguir, cuja circulação se deu de forma bastante intensa na internet. Pronomes possessivos Pessoa do discurso Singular Plural 1.ª pessoa do singular meu, minha meus, minhas 1.ª pessoa do plural nosso, nossa nossos, nossas 2.ª pessoa do singular teu, tua teus, tuas 2.ª pessoa do plural vosso, vossa vossos, vossas 3.ª pessoa do singular e do plural seu, sua seus, suas 13 Crédito: Thyago Macson Você seria capaz de determinar a quem a palavra ninguém se refere especificamente? Muito provavelmente você chegou à conclusão de que isso não é possível e existe uma explicação para essa dificuldade. Ninguém pertence ao conjunto dos chamados pronomes indefinidos que “são palavras que se aplicam à terceira pessoa gramatical quando esta tem sentido vago, ou exprimem quantidade indeterminada” (Lima, 2010, p. 161). Esses pronomes podem ser divididos entre aqueles que não acompanham os substantivos e aqueles que o fazem. De acordo com Rocha 14 Lima (2010), os primeiros subdividem-se entre os que se referem a pessoas, os que se referem a coisas e os que se referem a lugares. Você pode conferi-los no quadro a seguir. Quadro 3 – Pronomes indefinidos Por sua vez, os pronomes indefinidos que acompanham os substantivos são em maior quantidade e estão incluídos neste conjunto: todo(os), toda(as), algum(uns), alguma(s), vários(as), nenhum(a), nenhuns(umas), certo(a), certos(as), outro(a), outros(as)3 etc. Como podemos perceber, os pronomes indefinidos apresentam morfologia flexional de número e pessoa. Vimos neste item a organização dos pronomes indefinidos e suas flexões de número e gênero. No próximo item, veremos outros dois tipos de pronomes: os interrogativos e os demonstrativos. 3 Você poderá encontrar outros pronomes indefinidos em Lima (2010, p. 162). Pronomes indefinidos referentes a pessoas coisas lugares quem que onde alguém algo algures ninguém tudo alhures outrem nada nenhures 15 5.2 Pronomes interrogativos e pronomes demonstrativos O conjunto dos pronomes interrogativos é composto por: que, quem, qual e quanto(s). Como o nome já diz, eles são utilizados para a realização de perguntas, como em: “Qual o seu nome”? Agora, quem não se lembra do poema Ou isto ou aquilo, escrito por Cecília Meireles? Ou isto ou aquilo Ou se tem chuva e não se tem sol, ou se tem sol e não se tem chuva! Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e gasto o dinheiro. Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... e vivo escolhendo o dia inteiro! MEIRELES, C. No clássico poema da célebre escritora, vemos tematizada a angústia gerada pela dúvida e incerteza no momento de uma escolha. Ao longo do texto, verificamos a ênfase no verso (o qual intitula o poema) ou isto ou aquilo que, linguisticamente, constrói-se a partir de dois dos chamados pronomes demonstrativos. Segundo Lima (2010, p. 159), esses pronomes indicam “a posição dos objetos designados, relativamente às pessoas do discurso”. Os elementos que integram esse conjunto são: este(a), estes(as), esse(a), esses(as), aquele(a), aqueles(as), mesmo(a), mesmos(as), próprio(a), próprios(as), tal(is), semelhante(es), isto, isso, aquilo e, em alguns contextos, o(a), os(as). No que diz respeito à morfologia flexional, de maneira geral os pronomes demonstrativos expressam flexão de gênero e número. Para fechar o estudo dos pronomes, na próxima seção discutiremos os pronomes relativos. 5.3 Os pronomes relativos Finalizando nosso estudo sobre os pronomes, vamos observar a sentença a seguir. 16  Os livros que lemos nos levam ao conhecimento. Na sentença, a palavra que se refere a que elemento? Não é difícil percebermos que o referido termo se refere a livros, não é verdade? Podemos afirmar, portanto, que a palavra que pertence ao grupo dos pronomes relativos. Rocha Lima (2010, p.162) assim os definiu: “são palavras que reproduzem, numa oração, o sentido de um termo ou da totalidade de uma oração anterior”. Os pronomes que constituem o conjunto dos pronomes relativos são: que, quem, onde, quanto(os), quanta(as), cujo(a), cujos(as), o qual, a qual, os quais, as quais. Por fim, a morfologia flexional desses elementos nos revela que, no geral, eles podem variar em número e em gênero. Finalizamos aqui a investigação das classes dos pronomes. Agora, para avaliar nossos conhecimentos, prestemos atenção à atividade prática. NA PRÁTICA Considere a seguinte oração:  O continente europeu foi o local onde começou a Segunda Guerra Mundial. Quanto ao uso dos pronomes relativos, o que você teria a dizer sobre o emprego do pronome onde no enunciado apresentado? Discuta com seus colegas e professor e faça o registro das conclusões a que chegaram. FINALIZANDO Vimos nesta aula quatro classes de palavras que integram o conjunto das variáveis: artigo, adjetivo, numeral e pronomes. Foram analisadas as particularidades de cada uma. Para concluirmos este estudo, falta analisarmos a classe dos verbos. Essa temática será abordada na próxima aula. 17 REFERÊNCIAS ANDRADE, C. D. de Contos plausíveis. Rio de janeiro: José Olympio, 1985. BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001. LIMA, C. H. R. Gramática normativa da língua portuguesa. 48. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010.