Prévia do material em texto
<p>239</p><p>Capítulo 15</p><p>O processo de</p><p>expansão das</p><p>multinacionais</p><p>brasileiras</p><p>Conforme visto anteriormente, os planos de estabilização</p><p>pós-cruzado (1986) tinham como pressuposto o compromisso de man-</p><p>ter a moeda brasileira valorizada e as reservas cambiais em alta. Essa</p><p>estratégia de uso da âncora cambial para o combate à inflação implica-</p><p>va em uma política ativa de atração de capitais externos, por meio do</p><p>aumento das exportações, por meio da atração de investimentos dire-</p><p>tos estrangeiros ou ainda por meio da internacionalização de empresas</p><p>brasileiras.</p><p>A partir da década de 1990, assiste-se a uma ampliação da inter-</p><p>nacionalização da economia global, e o Brasil não ficou de fora des-</p><p>se contexto. A combinação entre o aumento de investimentos diretos</p><p>estrangeiros (IDE), a expansão dos fluxos de comércio (exportação e</p><p>importação) e o aumento das reservas internacionais brasileiras aca-</p><p>bou, conforme é possível constatar, valorizando o real de tal modo</p><p>que essa moeda cumpriu o seu papel de moeda resistente à volta da</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo.</p><p>240 Contexto econômico M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.hiperinflação. Dessa maneira, pode-se deduzir que a expansão dos ne-</p><p>gócios das empresas brasileiras no exterior faz parte de um movimento</p><p>de internacionalização estimulado não apenas pela ampliação dos ne-</p><p>gócios no Brasil a partir da década de 1990, mas também pelas mu-</p><p>danças no ambiente institucional global, que passou a estimular e ser</p><p>estimulado pelos tratados e acordos comerciais, e que contou com a</p><p>participação do Estado brasileiro.</p><p>Vale destacar que a ação estatal brasileira vem ocorrendo ativamen-</p><p>te desde o governo Sarney (1985-1990). Alianças institucionais-comer-</p><p>ciais, como as propugnadas pelo governo Sarney em parceria com o</p><p>governo Alfonsín da Argentina, resultaram na formação do Mercado</p><p>Comum do Sul (Mercosul) – o que estimulou a ampliação da partici-</p><p>pação das multinacionais brasileiras, no comércio regional e global. O</p><p>mesmo empenho parece ter sido seguido pelos governos de Fernando</p><p>Henrique Cardoso (1995-2002) e de Lula (2003-2010), que ampliaram</p><p>os acordos comerciais para além do espaço do Mercosul. Esse movi-</p><p>mento de internacionalização, ainda que não se dispense o amparo es-</p><p>tatal, parece ter obtido renovado dinamismo no Brasil a partir da década</p><p>de 1990.</p><p>De acordo com dados da Fundação Dom Cabral (FDC),</p><p>O Brasil, tradicionalmente exportador de commodities, começa a</p><p>figurar no cenário mundial como provedor de serviços e produtos</p><p>de maior valor agregado, como por exemplo, produtos alimentícios</p><p>industrializados, tecidos e não tecidos, maquinário para indústria,</p><p>software, consultoria, entre outros. (BARAKAT et al., 2016, p. 11)</p><p>Este capítulo foi organizado em três partes. A primeira se inicia com</p><p>uma exposição geral dos mecanismos de internacionalização das em-</p><p>presas brasileiras – que vem se dando por meio da maior inserção do</p><p>Brasil nos fluxos de comércio internacional. Na segunda, é analisada a</p><p>expansão dos investimentos brasileiros no exterior; e na parte seguinte,</p><p>241</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo. O processo de expansão das multinacionais brasileiras</p><p>analisa-se o processo de expansão das multinacionais brasileiras a par-</p><p>tir da década de 1990.</p><p>1 A inserção brasileira nos fluxos de</p><p>comércio internacional</p><p>A política externa brasileira, desde a década de 1990, vem sendo mar-</p><p>cada pela participação ativa do país no processo de integração regional.</p><p>Logo após a assinatura do Tratado de Assunção, que deu origem ao</p><p>Mercosul, em 1991, o governo brasileiro passou a defender, já em 1993,</p><p>a construção da Área de Livre Comércio Sul-Americana (ALCSA). Em</p><p>2000, ocorreu em Brasília uma histórica reunião que congregou os pre-</p><p>sidentes de todos os países sul-americanos para se lançar a Iniciativa</p><p>para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), que</p><p>passou a perseguir o objetivo de integrar fisicamente os transportes,</p><p>a energia e as telecomunicações mediante ações coordenadas pelos</p><p>países da região.</p><p>PARA SABER MAIS</p><p>A IIRSA é uma iniciativa proposta pelo governo brasileiro, formatada a</p><p>partir do planejamento e estudos desenvolvidos, com foco na integra-</p><p>ção da infraestrutura logística do país, financiados pelo BNDES. A IIRSA</p><p>é financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), pela</p><p>Corporação Andina de Fomento (CAF), o Fundo Financeiro para Desen-</p><p>volvimento da Bacia do Prata (FONPLATA) e Banco Nacional de Desen-</p><p>volvimento Econômico e Social (BNDES). Trata-se, portanto, de uma</p><p>iniciativa multinacional, multissetorial e multidisciplinar que contempla</p><p>mecanismos de coordenação entre governos, instituições financeiras</p><p>multilaterais e o setor privado (COSIPLAN, [s.d.]).</p><p></p><p>242 Contexto econômico M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.</p><p>Dentro desse espírito de integração de fato que se realizou o encon-</p><p>tro de Cuzco, em dezembro de 2004, cujo objetivo era o de unificar os</p><p>blocos comerciais da região, do Mercosul e da Comunidad Andina de</p><p>Naciones (CAN), por meio do lançamento de uma iniciativa de constru-</p><p>ção da Comunidad Sudamericana de Naciones (CSN), posteriormente</p><p>renomeada União de Nações Sul-Americanas (Unasul).</p><p>Conforme argumenta Iglesias (2008), as intenções diplomáticas bra-</p><p>sileiras eram claramente as de ampliar a venda de produtos brasileiros</p><p>para a América do Sul. De acordo com esse autor, “não há muitas dúvi-</p><p>das sobre as vantagens da integração da infraestrutura de transporte e</p><p>energia para o Brasil1” (IGLESIAS, 2008, p. 162). Assim, esses interesses</p><p>não se limitariam somente aos efeitos diretos do aumento dos fluxos</p><p>de comércio, visto que o Brasil possui grandes empresas na área de</p><p>serviços de engenharia, fabricação de equipamentos e materiais de</p><p>construção, e conta ainda com um setor de produtos de bens de capi-</p><p>tais bastante diversificado. Tais iniciativas estariam, portanto, bastante</p><p>alinhadas com os esforços do governo brasileiro de expansão dos ne-</p><p>gócios das empresas brasileiras no espaço geográfico da América do</p><p>Sul (IGLESIAS, 2008).</p><p>Esse aumento do fluxo de comércio brasileiro não se limita ao espaço</p><p>regional; conforme apresentado a seguir, a inserção da economia brasi-</p><p>leira no mundo, desde a década de 1990, vem sendo marcada por uma</p><p>considerável evolução – tanto no tocante ao volume de mercadorias</p><p>transacionadas quanto ao aumento dos valores dessas mercadorias.</p><p>Quando se toma o ano de 1990 como base, verifica-se que as expor-</p><p>tações totais brasileiras foram ampliadas de uma média de 164 milhões</p><p>de toneladas em 1990/1991 para mais de 227 milhões de toneladas</p><p>médias, entre 1991 e 2004; na etapa seguinte, 2005 e 2017, esse mon-</p><p>tante subiu para aproximadamente 511 milhões de toneladas.</p><p>1 Tradução livre do original em espanhol: No hay muchas dudas sobre las ventajas de la integración de la</p><p>infraestructura de transporte y de energía para Brasil.</p><p>243</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo. O processo de expansão das multinacionais brasileiras</p><p>Gráfico 1 – Exportações e importações via marítima, em milhões de toneladas, no Brasil (1990-2017)</p><p>-</p><p>100,00</p><p>200,00</p><p>300,00</p><p>400,00</p><p>500,00</p><p>600,00</p><p>700,00</p><p>19</p><p>90</p><p>19</p><p>91</p><p>19</p><p>92</p><p>19</p><p>93</p><p>19</p><p>94</p><p>19</p><p>95</p><p>19</p><p>96</p><p>19</p><p>97</p><p>19</p><p>98</p><p>19</p><p>99</p><p>20</p><p>00</p><p>20</p><p>01</p><p>20</p><p>02</p><p>20</p><p>03</p><p>20</p><p>04</p><p>20</p><p>05</p><p>20</p><p>06</p><p>20</p><p>07</p><p>20</p><p>08</p><p>20</p><p>09</p><p>20</p><p>10</p><p>20</p><p>11</p><p>20</p><p>12</p><p>20</p><p>13</p><p>20</p><p>14</p><p>20</p><p>15</p><p>20</p><p>16</p><p>20</p><p>17</p><p>Exportações (ton. x milhões) Importações (ton. x milhões)</p><p>Fonte: adaptado de Brasil (2017).</p><p>Assim, quando se toma como marco comparativo os anos de 1990</p><p>e 2017, verifica-se que as exportações brasileiras cresceram mais de</p><p>300%, enquanto as importações (em toneladas) aumentaram algo em</p><p>torno de 145%, demonstrando que o volume de comércio cresceu em</p><p>ambos os sentidos – o que poderia levar à conclusão de que as em-</p><p>presas exportadoras se beneficiaram, proporcionalmente, mais que as</p><p>empresas estrangeiras que exportam para o Brasil.</p><p>Outro aspecto positivo, à primeira vista, seria o de que esse aumen-</p><p>to do quantum exportado seria responsável direto pelo saldo comercial</p><p>brasileiro médio no período analisado: de US$ 15 bilhões entre 1990 e</p><p>1994 (período anterior ao lançamento do Plano Real) ou dos recordes</p><p>obtidos de cerca de US$ 26,6 bilhões entre 1999 e 2007, e de US$ 33,1</p><p>bilhões entre 2009 e 2014. A exceção ficaria no período de 1995 a 1998,</p><p>em que o real esteve sobrevalorizado e o país obteve um resultado bas-</p><p>tante modesto de apenas US$ 248 milhões. Conforme apresentado no</p><p>gráfico 2, passada essa fase (ou seja, após a maxidesvalorização da</p><p>moeda nacional em 1999), o que se nota é a retomada do superávit</p><p>comercial que voltou a bater recordes.</p><p>244 Contexto econômico M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.Gráfico 2 – Exportações e importações via marítima, em US$, no Brasil (1990-2016)</p><p>0</p><p>50.000.000.000</p><p>100.000.000.000</p><p>150.000.000.000</p><p>200.000.000.000</p><p>250.000.000.000</p><p>1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016</p><p>Exportações totais (US$) Importações totais (US$)</p><p>Fonte: adaptado de Brasil (2017).</p><p>Nos anos 2016 e 2017, esses valores subiram para US$ 51,1 bilhões</p><p>e US$ 70,4 bilhões, respectivamente. No entanto, vale destacar, esses</p><p>valores, computados em dólares, não foram crescentes se tomado</p><p>como base os valores unitários pagos por cada tonelada exportada pe-</p><p>las empresas brasileiras ao longo do período analisado.</p><p>Desde 1990, os valores médios pagos por cada tonelada importada</p><p>pelo Brasil foram bastante superiores ao valor de cada uma das tonela-</p><p>das importadas na proporção de US$ 166,2 para US$ 250,7 naquele ano.</p><p>Gráfico 3 – Exportações e importações via marítima, em US$ por tonelada, no Brasil (1990-2017)</p><p>-</p><p>200,0</p><p>400,0</p><p>600,0</p><p>800,0</p><p>1.000,0</p><p>1.200,0</p><p>1.400,0</p><p>19</p><p>90</p><p>19</p><p>91</p><p>19</p><p>92</p><p>19</p><p>93</p><p>19</p><p>94</p><p>19</p><p>95</p><p>19</p><p>96</p><p>19</p><p>97</p><p>19</p><p>98</p><p>19</p><p>99</p><p>20</p><p>00</p><p>20</p><p>01</p><p>20</p><p>02</p><p>20</p><p>03</p><p>20</p><p>04</p><p>20</p><p>05</p><p>20</p><p>06</p><p>20</p><p>07</p><p>20</p><p>08</p><p>20</p><p>09</p><p>20</p><p>10</p><p>20</p><p>11</p><p>20</p><p>12</p><p>20</p><p>13</p><p>20</p><p>14</p><p>20</p><p>15</p><p>20</p><p>16</p><p>20</p><p>17</p><p>Exportações (US$/ton.) Importações (US$/ton.)</p><p>Fonte: adaptado de Brasil (2017).</p><p>245</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo. O processo de expansão das multinacionais brasileiras</p><p>A partir do real (1994), o valor médio das importações chegou a</p><p>dobrar de preço: em 1995, atingiu a marca de US$ 501,9 por tonelada</p><p>contra US$ 205,0 por tonelada em média recebidos por cada tonelada</p><p>exportada – enquanto a tonelada média exportada foi aumentada em</p><p>cerca de 23%, as importações se tornaram 100% mais caras, em dóla-</p><p>res. Entre 1999 e 2007, as exportações apresentaram valores médios</p><p>por toneladas próximas de US$ 214,0 ante US$ 515,8 por tonelada mé-</p><p>dia importada. Após a crise de 2008, as exportações médias chegaram</p><p>a US$ 325, enquanto as importações bateram recordes de preços: US$</p><p>1.086,0 por tonelada.</p><p>Isso evidencia que a economia brasileira passou a importar produ-</p><p>tos com valores agregados proporcionalmente superiores e, ao mesmo</p><p>tempo, pouco conseguia agregar em suas exportações.</p><p>2 A evolução dos investimentos brasileiros</p><p>no exterior</p><p>Em que pese o processo de desvalorização das exportações média</p><p>(US$/tonelada) brasileiras, a moeda nacional seguiu entre as mais valo-</p><p>rizadas – se comparada a cesta de moedas utilizada como parâmetro</p><p>pelo Banco Central do Brasil (média aritmética ponderada das taxas de</p><p>câmbio reais do país em relação a 24 parceiros comerciais seleciona-</p><p>dos) (BRASIL, [s.d.]c).</p><p>IMPORTANTE</p><p>Taxa de câmbio é o preço de uma moeda estrangeira medido em uni-</p><p>dades ou frações (centavos) da moeda nacional. No Brasil, a moeda</p><p>estrangeira mais negociada é o dólar dos Estados Unidos, fazendo com</p><p>que a cotação comumente utilizada seja a dessa moeda. Assim, quando</p><p>dizemos, por exemplo, que a taxa de câmbio é 1,80, significa que um dó-</p><p>lar dos Estados Unidos custa R$ 1,80. A taxa de câmbio reflete, assim, o</p><p>custo de uma moeda em relação à outra. As cotações apresentam taxas</p><p>246 Contexto econômico M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.</p><p>para a compra e para a venda da moeda, as quais são referenciadas do</p><p>ponto de vista do agente autorizado a operar no mercado de câmbio</p><p>pelo Banco Central (BRASIL, 2018a; STIGLITZ, WALSH, 2003).</p><p></p><p>Gráfico 4 – Taxas de câmbio reais em relação a 24 parceiros comerciais do Brasil (1990-2017)</p><p>-</p><p>50,0</p><p>100,0</p><p>150,0</p><p>200,0</p><p>250,0</p><p>19</p><p>90</p><p>.0</p><p>1</p><p>19</p><p>90</p><p>.1</p><p>2</p><p>19</p><p>91</p><p>.1</p><p>1</p><p>19</p><p>92</p><p>.1</p><p>0</p><p>19</p><p>93</p><p>.0</p><p>9</p><p>19</p><p>94</p><p>.0</p><p>8</p><p>19</p><p>95</p><p>.0</p><p>7</p><p>19</p><p>96</p><p>.0</p><p>6</p><p>19</p><p>97</p><p>.0</p><p>5</p><p>19</p><p>98</p><p>.0</p><p>4</p><p>19</p><p>99</p><p>.0</p><p>3</p><p>20</p><p>00</p><p>.0</p><p>2</p><p>20</p><p>01</p><p>.0</p><p>1</p><p>20</p><p>01</p><p>.1</p><p>2</p><p>20</p><p>02</p><p>.1</p><p>1</p><p>20</p><p>03</p><p>.1</p><p>0</p><p>20</p><p>04</p><p>.0</p><p>9</p><p>20</p><p>05</p><p>.0</p><p>8</p><p>20</p><p>06</p><p>.0</p><p>7</p><p>20</p><p>07</p><p>.0</p><p>6</p><p>20</p><p>08</p><p>.0</p><p>5</p><p>20</p><p>09</p><p>.0</p><p>4</p><p>20</p><p>10</p><p>.0</p><p>3</p><p>20</p><p>11</p><p>.0</p><p>2</p><p>20</p><p>12</p><p>.0</p><p>1</p><p>20</p><p>12</p><p>.1</p><p>2</p><p>20</p><p>13</p><p>.1</p><p>1</p><p>20</p><p>14</p><p>.1</p><p>0</p><p>20</p><p>15</p><p>.0</p><p>9</p><p>20</p><p>16</p><p>.0</p><p>8</p><p>20</p><p>17</p><p>.0</p><p>7</p><p>Taxa de câmbio – efetiva real – INPC – exportações – índice (média 2010 = 100)</p><p>Fonte: adaptado de Brasil (2017).</p><p>Na média, comparativamente ao conjunto de países parceiros co-</p><p>merciais, a moeda brasileira valorizou 25,6% entre 1990 e 2017. No en-</p><p>tanto, o país experimentou diversas fases de valorização de sua moeda.</p><p>Essa combinação entre moeda estável e expansão das exportações, en-</p><p>tre outras, como a alta taxa de juros pagas pelo país em relação aos paí-</p><p>ses centrais somados ao aumento das reservas internacionais, acabou</p><p>por atrair uma quantia considerável de investimentos diretos estrangei-</p><p>ros que estimulou ainda mais a integração da economia brasileira ao</p><p>sistema econômico internacional.</p><p>Um dos indicadores dessa capacidade da economia brasileira de de-</p><p>monstrar estabilidade econômica e capacidade de atrair negócios glo-</p><p>bais pode ser verificado com a expansão das reservas internacionais</p><p>do país.</p><p>247</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo. O processo</p><p>de expansão das multinacionais brasileiras</p><p>Gráfico 5 – Evolução das reservas internacionais no Brasil (1990-2015)</p><p>0,00</p><p>50.000,00</p><p>100.000,00</p><p>150.000,00</p><p>200.000,00</p><p>250.000,00</p><p>300.000,00</p><p>350.000,00</p><p>400.000,00</p><p>19</p><p>90</p><p>19</p><p>91</p><p>19</p><p>92</p><p>19</p><p>93</p><p>19</p><p>94</p><p>19</p><p>95</p><p>19</p><p>96</p><p>19</p><p>97</p><p>19</p><p>98</p><p>19</p><p>99</p><p>20</p><p>00</p><p>20</p><p>01</p><p>20</p><p>02</p><p>20</p><p>03</p><p>20</p><p>04</p><p>20</p><p>05</p><p>20</p><p>06</p><p>20</p><p>07</p><p>20</p><p>08</p><p>20</p><p>09</p><p>20</p><p>10</p><p>20</p><p>11</p><p>20</p><p>12</p><p>20</p><p>13</p><p>20</p><p>14</p><p>20</p><p>15</p><p>US$ (milhões)</p><p>Fonte: adaptado de Brasil (2016).</p><p>As reservas internacionais brasileiras, que em 1990 correspondiam a</p><p>US$ 8,7 bilhões, mais que duplicaram em 1992. Em 1994, já haviam su-</p><p>perado mais de US$ 36,4 bilhões. Em 1996, esse total se aproximou da</p><p>casa dos US$ 60 bilhões. No entanto, passou a subir substancialmente</p><p>a partir de 2006 (US$ 85,8 bilhões). Em 2007, atingiu a marca de US$</p><p>180,3 bilhões, chegando a uma marca histórica em 2012, quando o total</p><p>das reservas atingiram US$ 373,1 bilhões.</p><p>É neste contexto de fundamentos macroeconômicos elogiados pelo</p><p>“mercado” que o país passa a receber uma crescente onda de investi-</p><p>mentos diretos estrangeiros. Conforme pode-se observar no gráfico 6,</p><p>os investimentos diretos estrangeiros ganharam um visível dinamismo</p><p>a partir de 1994, ampliando-se de pouco mais de US$ 3 bilhões para</p><p>algo em torno a US$ 40 bilhões em 2000; montante superado somente</p><p>em 2007.</p><p>248 Contexto econômico M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.Gráfico 6 – Investimentos diretos estrangeiros, em milhões de US$, no país (1990-2014)</p><p>0,00</p><p>20.000,00</p><p>40.000,00</p><p>60.000,00</p><p>80.000,00</p><p>100.000,00</p><p>120.000,00</p><p>19</p><p>90</p><p>19</p><p>91</p><p>19</p><p>92</p><p>19</p><p>93</p><p>19</p><p>94</p><p>19</p><p>95</p><p>19</p><p>96</p><p>19</p><p>97</p><p>19</p><p>98</p><p>19</p><p>99</p><p>20</p><p>00</p><p>20</p><p>01</p><p>20</p><p>02</p><p>20</p><p>03</p><p>20</p><p>04</p><p>20</p><p>05</p><p>20</p><p>06</p><p>20</p><p>07</p><p>20</p><p>08</p><p>20</p><p>09</p><p>20</p><p>10</p><p>20</p><p>11</p><p>20</p><p>12</p><p>20</p><p>13</p><p>20</p><p>14</p><p>Fonte: adaptado de Brasil (2015).</p><p>O auge desse tipo de investimento foi atingido em 2011 (US$ 101,7</p><p>bilhões); no entanto, os valores médios de US$ 88,1 bilhões, entre 2012</p><p>e 2014, chegaram a superar em cerca de 6.600% os valores que o país</p><p>recebia de recursos, nesta modalidade, no início da década de 1990.</p><p>3 A expansão das multinacionais brasileiras</p><p>a partir da década de 1990</p><p>As empresas multinacionais brasileiras estão presentes em quase</p><p>cem países, distribuídas entre todos os continentes, onde atuam por</p><p>meio de unidades próprias ou de franquias, conforme pode-se constatar</p><p>na tabela 1.</p><p>249</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo. O processo de expansão das multinacionais brasileiras</p><p>Tabela 1 – Empresas multinacionais brasileiras (2016)</p><p>POSIÇÃO PAÍS QUANTIDADE DE EMPRESAS</p><p>1 Estados Unidos 40</p><p>2 Argentina 31</p><p>3 Chile 25</p><p>4 Colômbia 23</p><p>5 China 22</p><p>6 México 21</p><p>7 Peru 20</p><p>8 Uruguai 19</p><p>9 Reino Unido 16</p><p>10 Paraguai 15</p><p>11 Alemanha 12</p><p>11 Espanha 12</p><p>11 França 12</p><p>11 Japão 12</p><p>Total 280</p><p>Fonte: adaptado de Barakat et al. (2016).</p><p>Quando se analisa a origem dessas empresas, verifica-se que 56%</p><p>delas são do estado de São Paulo, 12% são originárias de Minas Gerais,</p><p>outras 12% são de Santa Catarina e 10% são do Rio Grande do Sul</p><p>(BARAKAT et al., 2016). Quanto aos países de destinos, destacam-se</p><p>os Estados Unidos como o país onde se concentra a maior quantidade</p><p>de empresas brasileiras. O segundo lugar da preferência das empresas</p><p>brasileiras é a América do Sul, com destaque para a Argentina, onde</p><p>250 Contexto econômico M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.estão erradicadas ao menos 31 empresas nacionais. Na Ásia, principal</p><p>mercado-alvo fora das Américas, a China de destaca com a presença</p><p>de 22 empresas, enquanto o Japão aparece como receptor de 12 em-</p><p>presas brasileiras.</p><p>De acordo com a mesma fonte, a primeira empresa brasileira a se</p><p>internacionalizar foi o Banco do Brasil para o Paraguai, em 1941. No</p><p>entanto, nesta fase, a atuação das empresas brasileiras no exterior era</p><p>bastante tímida, em geral limitada aos mercados latino e norte-ameri-</p><p>canos. Entre a década de 1960 e começo da década de 1980, outras 13</p><p>empresas se lançaram à internacionalização. A Magnesita S.A. (minera-</p><p>dora que produz e comercializa materiais refratários) passou a operar</p><p>na Argentina em 1960; a Petrobrás, na Colômbia em 1972; a Tupy (in-</p><p>dústria de fundição), nos Estados Unidos em 1976; a Tigre (fabricação</p><p>de tubos, conexões e acessórios), no Paraguai em 1977; a Camargo</p><p>Corrêa S.A. chegou à Venezuela em 1978; no ano seguinte, ocorreram a</p><p>internacionalização da Embraer, para os Estados Unidos; do Itaú, para a</p><p>Argentina e da Odebrecht, para o Peru; em 1982, a Gerdau passou a ope-</p><p>rar no Uruguai; em 1981, o Bradesco passou a funcionar nos Estados</p><p>Unidos; em 1982, foi a vez da Natura se inserir no mercado chileno; em</p><p>1983, a Andrade Gutierrez chegou ao Congo; e em 1985, a Romi passou</p><p>a atuar nos Estados Unidos (BARAKAT et al., 2016).</p><p>A partir da década de 1990, com a liberalização da economia e maior</p><p>entrada de investimento externo, as empresas brasileiras ampliaram</p><p>sua presença em outros países, principalmente por meio de greenfield</p><p>(ou seja, por projetos menores, em que o investidor aplica recursos</p><p>apenas na construção da estrutura necessária para a operação) ou por</p><p>meio de fusões e aquisições.</p><p>No entanto, a partir de 2004, os dados indicam que as empresas</p><p>brasileiras passaram a se expandir para além da fronteira nacional, com</p><p>muito mais desenvoltura, conforme pode-se observar no gráfico 7.</p><p>251</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo. O processo de expansão das multinacionais brasileiras</p><p>Gráfico 7 – Brasil: investimento direto no exterior (2001-2017)</p><p>0,00</p><p>50.000,00</p><p>100.000,00</p><p>150.000,00</p><p>200.000,00</p><p>250.000,00</p><p>300.000,00</p><p>350.000,00</p><p>400.000,00</p><p>20</p><p>01</p><p>T</p><p>4</p><p>20</p><p>02</p><p>T</p><p>3</p><p>20</p><p>03</p><p>T</p><p>2</p><p>20</p><p>04</p><p>T</p><p>1</p><p>20</p><p>04</p><p>T</p><p>4</p><p>20</p><p>05</p><p>T</p><p>3</p><p>20</p><p>06</p><p>T</p><p>2</p><p>20</p><p>07</p><p>T</p><p>1</p><p>20</p><p>07</p><p>T</p><p>4</p><p>20</p><p>08</p><p>T</p><p>3</p><p>20</p><p>09</p><p>T</p><p>2</p><p>20</p><p>10</p><p>T</p><p>1</p><p>20</p><p>10</p><p>T</p><p>4</p><p>20</p><p>11</p><p>T</p><p>3</p><p>20</p><p>12</p><p>T</p><p>2</p><p>20</p><p>13</p><p>T</p><p>1</p><p>20</p><p>13</p><p>T</p><p>4</p><p>20</p><p>14</p><p>T</p><p>3</p><p>20</p><p>15</p><p>T</p><p>2</p><p>20</p><p>16</p><p>T</p><p>1</p><p>20</p><p>16</p><p>T</p><p>4</p><p>20</p><p>17</p><p>T</p><p>3</p><p>US$ (milhões)</p><p>Fonte: adaptado de Brasil (2018b).</p><p>Os investimentos diretos no exterior que, entre 2001 e 2003, estavam</p><p>em torno de US$ 53 bilhões se elevaram para aproximadamente US$ 61</p><p>bilhões. E, a partir daí, com exceção de uns poucos semestres, segui-</p><p>ram crescentes. Entre o primeiro trimestre de 2005 e o quarto de 2008,</p><p>a média desses investimentos subiram para quase US$ 111 bilhões.</p><p>Passados os primeiros três semestres iniciais de 2009, a expansão dos</p><p>investimentos brasileiros no exterior voltou a crescer substancialmente:</p><p>na média, em torno de US$ 290 bilhões/ano. Mesmo durante a recessão</p><p>econômica brasileira (2015-2016), os investidores brasileiros seguiram</p><p>crescentes, período em que esses investimentos acumularam, em mé-</p><p>dia, US$ 335,5 bilhões. O que evidencia que:</p><p>A decisão empresarial de expandir as atividades a outros países e</p><p>continentes tem se revelado particularmente importante em perío-</p><p>dos adversos da economia brasileira, oferecendo às empresas a</p><p>possibilidade de garantir resultados, lucratividade e competitivida-</p><p>de a partir das operações</p><p>no exterior. (BARAKAT et al., 2016, p. 103)</p><p>252 Contexto econômico M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.</p><p>Ao final de 2017, esse montante já havia ultrapassado a casa dos</p><p>US$ 350 bilhões; quantia sete vezes superior ao que havia se atingido</p><p>no início dessa série em 2001 (BRASIL, 2018b).</p><p>Há que se considerar que as empresas brasileiras se utilizam de di-</p><p>ferentes modalidades de ação no exterior. Algumas dessas empresas</p><p>abrem um escritório comercial para dar suporte às vendas de merca-</p><p>dorias produzidas no Brasil, outras enviam produtos desmontados e os</p><p>finalizam nos mercados de atuação, e outras ainda realizam as diversas</p><p>etapas da cadeia de valor no país de destino. Empresas do setor de</p><p>serviços, como bancos, construtoras e consultorias, geralmente abrem</p><p>subsidiárias para atender a seus clientes ou deslocam parte de seu pes-</p><p>soal para realizarem os trabalhos diretamente no local contratado.</p><p>De acordo com Barakat et al. (2016), uma modalidade de internacio-</p><p>nalização que vem atraindo a atenção de empresas brasileiras é a de</p><p>franquias, principalmente as que já atuam com esse modelo no Brasil,</p><p>considerando-se que a franchising não demanda, necessariamente, o in-</p><p>vestimento de capital próprio para a abertura da franquia, e sim a trans-</p><p>ferência de ativos intangíveis, como a marca, o know-how e o sistema de</p><p>negócios para um parceiro.</p><p>O processo decisório na internacionalização de multinacionais e das</p><p>franquias brasileiras parece, segundo Barakat et al. (2016), que vem</p><p>resultando em estratégias bem-sucedidas de expansão internacional,</p><p>pois permitem a tomada de decisões rápidas e “glocais” (globais e lo-</p><p>cais), que tem sido a chave do sucesso das mais variadas empresas</p><p>brasileiras que vêm conquistando posições, inclusive de liderança, no</p><p>mercado global.</p><p>Considerações finais</p><p>Neste capítulo, tratou-se do processo de internacionalização de</p><p>empresas brasileiras a partir da década de 1990. O período, conforme</p><p>253</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo. O processo de expansão das multinacionais brasileiras</p><p>pôde-se observar, é marcado pela abertura econômica e pela expansão</p><p>do processo de globalização – conjuntura em que o governo brasileiro</p><p>passou a participar ativamente dos acordos comerciais na América do</p><p>Sul e fora dela, pois o comércio brasileiro neste período não se limitou</p><p>ao espaço sul-americano.</p><p>Neste contexto de expansão comercial global, assiste-se à amplifica-</p><p>ção dos negócios das empresas brasileiras em outros países. De acor-</p><p>do com dados da Fundação Dom Cabral, em uma primeira etapa, 1941</p><p>a 1983, apenas 14 empresas haviam se internacionalizado. Ao longo da</p><p>década de 1990, verifica-se que um montante de 23 empresas nacio-</p><p>nais passou para a categoria de multinacional.</p><p>A decisão de expandir as atividades para o exterior tem ocorrido, in-</p><p>clusive, em momentos adversos à economia nacional. Ao final de 2017,</p><p>por exemplo, o total de investimentos de brasileiros no exterior já era su-</p><p>perior a US$ 350 bilhões, o que correspondeu a, pelo menos, sete vezes</p><p>o tanto que havia sido aplicado nesta modalidade de investimento fora</p><p>do país, em 2001.</p><p>O fato desse movimento de expansão das multinacionais brasileiras</p><p>terem se mantido desde a década de 1940 até o presente parece atestar</p><p>que a internacionalização tem resultado em decisões acertadas tendo</p><p>em vista que presença nestes mercados globais possibilitam a conquis-</p><p>ta de posicionamentos estratégicos no cenário internacional – o que as</p><p>vezes garantem a estas empresas nacionais, até mesmo a liderança</p><p>nestes segmentos em que atuam.</p><p>Referências</p><p>BARAKAT, Lívia Lopes et al. Ranking FDC das multinacionais brasileiras.</p><p>11. ed. 2016. Disponível em: <https://www.fdc.org.br/conhecimento/publicacoes</p><p>/relatorio-de-pesquisa-32006>. Acesso em: 20 mar. 2018.</p><p>https://www.fdc.org.br/conhecimento/publicacoes</p><p>254 Contexto econômico M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.</p><p>BRASIL. Banco Central do Brasil. Taxa de câmbio. [s.l.], 2018a. Disponível em:</p><p><http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/taxCam.asp#1>. Acesso em: 20</p><p>mar. 2018.</p><p>________. Instituto Econômico de Pesquisas Avançadas (Ipea). Ativo externo:</p><p>investimento direto no exterior. [s.l.]: Ipeadata, 8 fev. 2018b. Disponível em:</p><p><http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx>. Acesso em: 20 mar. 2018.</p><p>________. Instituto Econômico de Pesquisas Avançadas (Ipea). Conta financeira</p><p>– investimentos diretos – estrangeiros no país – ingressos (antiga metodolo-</p><p>gia - BPM5). [s.l.]: Ipeadata, 23 jan. 2015. Disponível em: <http://www.ipeadata.</p><p>gov.br/Default.aspx>. Acesso em: 20 mar. 2018.</p><p>________. Instituto Econômico de Pesquisas Avançadas (Ipea). Reservas inter-</p><p>nacionais: conceito caixa. [s.l.]: Ipeadata, 2016. Disponível em: <http://www.</p><p>ipeadata.gov.br/Default.aspx>. Acesso em: 20 mar. 2018.</p><p>________. Instituto Econômico de Pesquisas Avançadas (Ipea). Taxa de câm-</p><p>bio – efetiva real – INPC – exportações – índice (média 2010 = 100). [s.l.]:</p><p>Ipeadata, 2018c. Disponível em: <http://www.ipeadata.gov.br/ExibeSerie.aspx?-</p><p>serid=1688012623>. Acesso em: 20 mar. 2018.</p><p>________. Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Consultas.</p><p>Exportação e importação. Alice Web2, 2017. Disponível em: <http://aliceweb.</p><p>mdic.gov.br//index/home>. Acesso em: 20 mar. 2018.</p><p>COSIPLAN/UNASUR. Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional</p><p>Sul-Americana (IIRSA). [s.d.]. Disponível em <http://www.iirsa.org/>. Acesso</p><p>em: 20 mar. 2018.</p><p>IGLESIAS, Roberto M. Algunos elementos para caracterizar los intereses bra-</p><p>sileños en la integración de la infraestructura en América del Sur. Revista</p><p>Integración & Comercio. Buenos Aires, n. 28, pp. 161-190, jan.-jun. 2008.</p><p>Disponível em: <http://www.iadb.org/intal/aplicaciones/uploads/publicaciones</p><p>/e_INTAL_IYC_28_2008_Iglesias.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2018.</p><p>STIGLITZ, Joseph E.; WALSH, Carl E. Introdução à macroeconomia. São Paulo:</p><p>Campus, 2003.</p><p>http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/taxCam.asp#1</p><p>http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx</p><p>http://www.ipeadata/</p><p>http://gov.br/Default.aspx</p><p>http://ipeadata.gov.br/Default.aspx</p><p>http://www.ipeadata.gov.br/ExibeSerie.aspx?-</p><p>http://mdic.gov.br//index/home</p><p>http://www.iirsa.org/</p><p>http://www.iadb.org/intal/aplicaciones/uploads/publicaciones</p>