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<p>Coordenação editorial</p><p>Projeto gráfico</p><p>Diagramação</p><p>Ilustração</p><p>Capa</p><p>Edição e Revisão</p><p>de texto</p><p>© Todos os direitos reservados.</p><p>Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização</p><p>por escrito do autor.</p><p>Impresso no Brasil</p><p>Priscila Bispo de Jesus</p><p>Nilson Bispo de Jesus Jr.</p><p>tkva.criativo</p><p>DADOS INTERNACIONAIS DA CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)</p><p>(CÂMARA BRASILEIRA DO LIVRO, SP, BRASIL)</p><p>Lorenza, Willian</p><p>De engraxate em Nova York a milionário na terra da rainha / Willian Lorenza ;</p><p>ilustração Nilson Bispo de Jesus Jr. – 1. ed. – Curitiba, PR : Ed. do Autor, 2023.</p><p>200 p.</p><p>ISBN 978-65-00-63273-6</p><p>1. Autobiografia 2. Empreendedorismo 3. Experiências de vida</p><p>4. Imigrantes - Biografia 5. Lembranças da infância 6. Relatos pessoais</p><p>7. Superação - Histórias de vida I. Jesus Jr., Nilson Bispo de. II. Título.</p><p>23-146591 CDD-920</p><p>Índices para catálogo sistemático:</p><p>1. Superação: Histórias de vida 920</p><p>Henrique Ribeiro Soares - Bibliotecário - CRB-8/9314</p><p>Sumário</p><p>Agradecimentos</p><p>Prefácio</p><p>Capítulo 1 – Uma infância pobre</p><p>Capítulo 2 – Aprendendo nas ruas</p><p>Capítulo 3 – Indo além dos limites que a vida impõe</p><p>Capítulo 4 – Em direção ao sonho americano</p><p>Capítulo 5 – A chegada aos EUA</p><p>Capítulo 6 – Saindo da zona de conforto</p><p>Capítulo 7 – De volta ao Brasil</p><p>Capítulo 8 – Competência de ação</p><p>Capítulo 9 – A ganância</p><p>Capítulo 10 – Vida saudável</p><p>Capítulo 11 – O sucesso não se limita apenas</p><p>às finanças</p><p>Capítulo 12 – Quem não tem sonhos deixou de viver</p><p>Capítulo 13 – Difíceis decisões</p><p>Capítulo 14 – O encanto europeu</p><p>5</p><p>8</p><p>13</p><p>21</p><p>35</p><p>43</p><p>53</p><p>67</p><p>79</p><p>85</p><p>91</p><p>97</p><p>103</p><p>111</p><p>119</p><p>125</p><p>Capítulo 15 – Dia a dia em Londres</p><p>Capítulo 16 – Chegando a Manchester</p><p>Capítulo 17 – A mente humana</p><p>Capítulo 18 – Dicas importantes</p><p>Capítulo 19 – Equilíbrio</p><p>Capítulo 20 – Futilidade da vida</p><p>Capítulo 21 – Preconceito, omissão, o que lhe impede</p><p>de ser feliz?</p><p>135</p><p>145</p><p>157</p><p>165</p><p>171</p><p>179</p><p>191</p><p>6</p><p>Agradecimentos</p><p>Quero agradecer a todas as pessoas que passaram</p><p>pela minha vida. Ás que já fazem parte da minha vida,</p><p>e também às pessoas maravilhosas que cruzarão o</p><p>meu caminho no futuro. Quero agradecer aos meus</p><p>irmãos Pablo e Kauany que sempre foram especiais</p><p>para mim; a meus sobrinhos Arthur e Sophia; a meus</p><p>pais Rosângela e Braz que me fizeram enxergar a vida</p><p>de um ângulo diferente; ao meu tio Claudemir que me</p><p>ajudou na minha chegada aos EUA; aos meus cunhados</p><p>Leila, por ter participado da revisão do livro e Mário,</p><p>o advogado da família. Para todos que, fazendo coisas</p><p>boas ou não, de certa forma, me fortaleceram.</p><p>Agradeço também à PRA Assessoria Cleber e Cris, por</p><p>terem ajudado ao longo do meu processo de cidadania</p><p>na Itália. Agradeço a você, que está lendo este livro, que</p><p>fiz com muito carinho e que levei quase dois anos para</p><p>deixar de uma tal forma que a leitura ficasse agradável e</p><p>que somasse para a sua vida.</p><p>Não posso deixar de agradecer ao Rafael, do “Moto</p><p>Filmadores UK”; ao Rodrigo, do “Viver em Londres”;</p><p>ao Luiz Freire, do canal “Londres na Lata”; e ao casal</p><p>do canal “Destino Inglaterra”. Um forte abraço para o</p><p>grande Otávio, do canal “Uai Londres”, e meu muito</p><p>obrigado à Maísa, do canal “Chef Planet”. Bruno Perini,</p><p>do “Você mais Rico”, e Érico Rocha, da “Fórmula do</p><p>Lançamento”, também meu muito obrigado!</p><p>Desejo agradecer, ainda, aos meus alunos, por</p><p>confiarem no meu trabalho.</p><p>Uma gratidão enorme, sobretudo, à minha esposa</p><p>Maíra, que me ajudou em vários aspectos desta vida.</p><p>Certamente, sem ela, eu não teria essa visão de mundo.</p><p>É incrível como cada pessoa boa que passa na sua vida,</p><p>ajuda a construir um pedaço do seu castelo.</p><p>Agradeço a essa Força Poderosa que nos guia e</p><p>que faz com que consigamos sempre alcançar nosso</p><p>máximo!</p><p>Quero que você nunca esqueça que pode estar a</p><p>apenas um passo do sucesso. E, nesse momento, agra-</p><p>deça a essa Força Poderosa que faz este mundo existir.</p><p>Independentemente da sua fé, saiba que temos um Ser</p><p>grande administrando tudo.</p><p>Lembro, também, que de certa forma você ajudou</p><p>algumas pessoas neste planeta, pois no mínimo 10% de</p><p>todo o valor líquido arrecadado com royalties e venda</p><p>deste livro será revertido para causas filantrópicas.</p><p>8</p><p>Sempre que vocês quiserem, podem me acompanhar</p><p>pelas minhas redes sociais.</p><p>Instagram, YouTube, Facebook: @williankindness</p><p>Cuidado com perfis fakes.</p><p>Encontro vocês nos caminhos da vida!</p><p>Willian</p><p>9</p><p>E</p><p>sta é uma história real. Aconteceu comigo, mas</p><p>também é a realidade de vários brasileiros e tal-</p><p>vez de muitos outros espalhados pelo mundo. A</p><p>maioria que vive esse tipo de história, acaba desistindo</p><p>no começo e caminhando igual a todo resto das pesso-</p><p>as, ou seja, sem futuro. Em outras palavras, imaginam</p><p>que estão predestinadas a uma vida em que devem tra-</p><p>balhar durante o mês inteiro apenas para pagar con-</p><p>tas. Assim, vivendo sempre endividadas e com péssima</p><p>saúde. Achando que somente o rico fica mais rico e que</p><p>o pobre fica mais pobre, crescem pensando que quem</p><p>tem dinheiro fez algo de errado, ou ilícito.</p><p>Um ditado muito conhecido por nós brasileiros é</p><p>“Vender o almoço para comprar o jantar!”. Verdade</p><p>para muitos, inclusive para mim, há tempos atrás...</p><p>Em países com um índice de pobreza muito alto,</p><p>a ignorância paira. Nesses lugares, a desigualdade é</p><p>enorme entre ricos e pobres, de modo que o pobre, em</p><p>Prefácio</p><p>10</p><p>sua maior parte, não tem acesso a coisas básicas do dia</p><p>a dia, a ponto de muitos morarem na rua por não terem</p><p>opção, debaixo de pontes ou em qualquer outro lugar</p><p>onde possam se abrigar. Enquanto outros, moram em</p><p>casas precárias, vendo a fome bater à sua porta.</p><p>Geralmente, o grande problema em países menos</p><p>desenvolvidos, é a ignorância financeira, a falta de</p><p>conhecimento ou o conhecimento obsoleto. Muitos não</p><p>sabem o que fazer com o dinheiro e, por incrível que</p><p>pareça, outros têm preguiça de aprender.</p><p>Claro que há aqueles que gostam de incorporar o</p><p>personagem do “coitadinho”, culpando o governo, o</p><p>chefe, o país ou até mesmo seus pais. Alguns chegam</p><p>a culpar a falta de sorte em vez de achar uma solução</p><p>para sair do buraco. Não temos culpa de termos</p><p>nascido pobres, mas temos culpa de morrermos pobres</p><p>ou ignorantes.</p><p>Como disse mais acima, sobre o fato de que muitos</p><p>culpam a falta de sorte, saiba que a sorte somos nós</p><p>que fazemos. E, quanto mais praticarmos nossas</p><p>habilidades, em uma determinada área, maior sorte</p><p>teremos.</p><p>Você acha que um bom pianista se sentou em frente</p><p>ao piano e tocou com um pouco por sorte? Aquilo</p><p>foram anos de prática, anos calejando o traseiro e os</p><p>dedos. Ou melhor, quanto mais prática, mais sortudos</p><p>ficamos.</p><p>11</p><p>Uns aparentam ter mais sorte, talvez porque acre-</p><p>ditem mais em seus objetivos, lutem mais pelo que que-</p><p>rem e não desistam facilmente. Colocando, dessa ma-</p><p>neira, menos empecilhos em seu caminho.</p><p>O grande ensinamento do mundo, e que muitos</p><p>não enxergam ainda, é que tudo o que fazemos, forma</p><p>uma energia invisível, mas que é possível ser sentida.</p><p>Essas mesmas pessoas, talvez, não tenham parado</p><p>para pensar que existe um tipo de punição para as</p><p>coisas erradas e bonificações para as coisas certas.</p><p>Mas existe! Um exemplo é o que acontece com pessoas</p><p>que pegam algo que não lhes pertence. Pode ser que já</p><p>tenha acontecido com você ou com alguém.</p><p>Observe, uma pessoa vai à padaria e o funcionário</p><p>do caixa devolve um troco a mais. O indivíduo, silencio-</p><p>samente, sai de lá e comemora como se tivesse ganho</p><p>na loteria... E esse é só um dos inúmeros possíveis ca-</p><p>sos! Quem sabe sejam testes da vida? Porém, o preço</p><p>daquela má ação pode vir a ser muito caro ao longo</p><p>dos anos. Por isso, um dos mais importantes princípios</p><p>desta vida é a honestidade para com o próximo e para</p><p>consigo mesmo. Espero que a honestidade não seja</p><p>algo em extinção!</p><p>Antes de tudo, precisamos entender a diferença en-</p><p>tre ter sucesso e de ser bem-sucedido. Gosto de dar</p><p>Lá, ele viu miséria extrema, pessoas que não</p><p>vivem, apenas sobrevivem, e o primeiro pensamento</p><p>dele foi: “Se Deus existe, por que Ele abandonou essas</p><p>pessoas?”.</p><p>Conheceu, ainda, uma senhora com mais de 90 anos</p><p>que era cega e “amarrava” o estômago para não sentir</p><p>fome. Quando a conheceu, ela já não comia há 3 dias.</p><p>Essa senhora disse que estava muito grata a Deus, por</p><p>Ele ter ouvido as suas preces e por eles estarem lá para</p><p>ajudá-la. E Alok pensou: “Mas como assim? Deus não</p><p>existe. Olha o estado em que vocês vivem...”.</p><p>69</p><p>Analisando toda a situação, Alok disse ter percebi-</p><p>do que ao contrário do que poderia parecer, em todo</p><p>aquele contexto, o miserável era apenas ele! No mes-</p><p>mo momento, ele percebeu que Deus mantém aquelas</p><p>pessoas fortes e que não foi Deus que as abandonou,</p><p>fomos nós! Isso é um tapa na cara da sociedade. Alok e</p><p>o projeto Fraternidade Sem Fronteiras levaram aquela</p><p>senhora para verificar qual seria o problema que lhe</p><p>causava cegueira e descobriram que era uma simples</p><p>catarata. O projeto pagou todo o tratamento e hoje ela</p><p>enxerga novamente. Com essa história, aprendemos</p><p>que existe um Ser Superior acima de todos nós. Inde-</p><p>pendentemente da sua religião, existe um Criador, uma</p><p>Energia que faz todas as coisas boas deste planeta.</p><p>Imagine uma senhora que não teve a mesma oportu-</p><p>nidade que nós, sem dinheiro, sem comida, amarrando</p><p>o estômago para não sentir fome, ensinando a pessoas</p><p>instruídas, o real significado da vida.</p><p>Vemos a ganância pairando na vida de muitos. Quer</p><p>um exemplo? A pandemia. Pessoas desesperadas no</p><p>mercado comprando tudo o que o cartão de crédito po-</p><p>dia comprar, esvaziando prateleiras, pensando apenas</p><p>no próprio umbigo.</p><p>Espero que este livro faça você pensar diferente.</p><p>Pensar que nem tudo é dinheiro ou trabalho. A vida é</p><p>mais do que isso, é sair da zona de conforto e ajudar</p><p>quem não teve a mesma sorte que você. Sorte, somos</p><p>nós que fazemos, mas talvez alguns não tenham tido a</p><p>70</p><p>perseverança de fazer a própria sorte. Ou vivem em pa-</p><p>radigmas diferentes. O mais triste foi ver, após uma se-</p><p>mana, os lixos na frente das casas abarrotados de comi-</p><p>da, pacotes de pães fechados, porque, quem na ganância</p><p>comprou desesperado, acabou esquecendo de ver que</p><p>muitos produtos possuem data de validade. Esgotaram</p><p>até mesmo o estoque de papel higiênico dos mercados.</p><p>Teve gente que, se ao contrário de papel higiênico, tives-</p><p>se comprado cryptos moedas, hoje não teria rolos esto-</p><p>cados, possivelmente, teria uma fábrica deles!</p><p>Contudo, o que me intriga muito, são regras sem</p><p>sentido, pessoas que apenas querem ter um motivo para</p><p>dizer não. Não pode fazer isso, não pode fazer aquilo...</p><p>direitos? Será que os temos? Quer um exemplo de uma</p><p>regra sem sentido? Um único exemplo dentre milhares.</p><p>Na pandemia de Covid 19, ao ir a um pub, no qual os</p><p>funcionários ou seguranças não estavam com máscaras,</p><p>mas que antes de entrar, eles exigem a sua. Ou seja, para</p><p>entrar no estabelecimento, você coloca a máscara e ao</p><p>sentar, a tira para comer. Sério? Não consigo entender</p><p>essas regras. O ser humano precisa provar para si mes-</p><p>mo que pode mandar e desmandar. Isso se chama massa-</p><p>gear o ego. Vivemos em um mundo onde, ocasionalmen-</p><p>te, é proibido entrar em um restaurante por se estar de</p><p>tênis. Isso aconteceu comigo em Manchester. Fui entrar</p><p>em um pub que possui várias redes espalhadas pelo país</p><p>e o segurança não me deixou entrar. Disse que estava de</p><p>tênis e que não era seguro. Eu me dei ao trabalho de ir</p><p>71</p><p>em casa trocar e colocar um sapato e, quando voltei, o</p><p>segurança disse: “Você não entendeu, você não vai en-</p><p>trar”. E eu disse: “Por que não?”. Ele respondeu: “Porque</p><p>eu mando aqui!”. Chamei o gerente do pub e ele disse</p><p>que não podia fazer nada. Mandei e-mail para o pub e</p><p>disseram que era regra, mas eu escrevi: “Se for regra,</p><p>por que não está estampada no site ou na entrada?”. Ali</p><p>não era regra, era puro preconceito. Alguns na fila dis-</p><p>seram que ele não me deixou entrar por eu ser careca.</p><p>Risadas à parte… Que culpa tenho eu de não ter cabelos?</p><p>Mas o fato é que essa foi uma forma de preconceito. Um</p><p>homem determina se você entra ou não pela sua vesti-</p><p>menta ou por sua aparência. Os homens mais ricos que</p><p>conheço usam as roupas mais simples possíveis. Deplo-</p><p>ravelmente, nunca recebi um pedido de desculpas dessa</p><p>rede de pubs. O grande problema é que ainda vivemos</p><p>em uma sociedade muito preconceituosa. Muitos falam:</p><p>“Deixa isso pra lá...”. Mas como fazer isso? Não podemos</p><p>deixar o lado errado vencer o lado certo. Se está errado,</p><p>precisa ser corrigido. E o mais triste era que enquanto</p><p>eu falava com o segurança, ele ligava uma câmera que</p><p>estava no seu peito, mas, quando era ele quem falava, ele</p><p>desligava. Faz sentido? Somente para ele.</p><p>Abusos vemos a todo momento. Posso contar mais</p><p>um exemplo, certa vez, eu e minha esposa, ao passe-</p><p>armos pela Espanha, quando ainda não era exigido o</p><p>uso de máscaras, visto que seria obrigatório somente</p><p>na segunda-feira e que aquele dia era o domingo an-</p><p>72</p><p>terior, fomos abordados por uma viatura com dois po-</p><p>liciais sem máscaras exigindo que eu e minha esposa</p><p>as usássemos. No momento, estava fazendo algumas</p><p>filmagens e nem prestei atenção nos policiais. Então,</p><p>minha esposa disse: “Cadê as máscaras de vocês tam-</p><p>bém?”. Pronto! Eles poderiam cobrar, mas não pode-</p><p>riam ser cobrados. Rapidamente, saltaram de sua via-</p><p>tura e vieram para cima de mim, que até então nem</p><p>entendia o que estava acontecendo. Falaram: “Agora</p><p>você vai entrar no camburão”. Eu disse: “Por quê? Por</p><p>estar sem máscara? Mas é exigido somente em lugares</p><p>fechados e somente a partir de amanhã em qualquer</p><p>lugar...?”. Um dos policiais pediu para apagar o vídeo</p><p>que eu estava fazendo, pois poderia conter abuso de</p><p>autoridade. Eles pegaram meu celular e checaram para</p><p>ver se não tinha nada, até que foram embora. Abuso</p><p>de poder? Preconceito? Talvez os dois. Alguns poli-</p><p>ciais e seguranças confundem a função, confundem</p><p>que eles estão ali sendo pagos por nós e que precisam</p><p>nos respeitar – e nós a eles. Vou mais além, quando</p><p>estávamos em Portugal, o meu e todos os outros car-</p><p>ros, praticamente, entraram em uma rua onde não era</p><p>permitido entrar, segundo os policiais. Logo após essa</p><p>entrada, havia uma blitz. Eles mandaram todos encos-</p><p>tarem os carros para conversar: “Você viu que entrou</p><p>nesta rua cuja entrada não era permitida?”. Na minha</p><p>vez, eu disse que não havia placa e que não tinha como</p><p>saber. Então disseram: “Pois é, a multa é de 50 euros e</p><p>73</p><p>precisa ser paga na hora”. Todos pagaram e eu pedi um</p><p>recibo. Meu carro foi o único que demorou para sair,</p><p>porque realmente eles tiveram que fazer um recibo da</p><p>forma correta. Após isso, dei a volta na rua para ver se</p><p>havia placa dizendo que era proibida a conversão, e, se</p><p>admirem, não tinha! Fomos assaltados por pessoas que</p><p>deveriam nos proteger, e essa é a realidade em muitos</p><p>países. Ou você segue algumas regras sem sentido, ou</p><p>você será punido. Existem inúmeras histórias de co-</p><p>nhecidos que dariam um outro livro. Talvez você tenha</p><p>alguma história parecida. Espero que realmente as pes-</p><p>soas percam essa vontade de querer mandar somente</p><p>para satisfazer o próprio ego.</p><p>Deixando o desabafo de lado e voltando à minha his-</p><p>tória em New York… Sem saber que meu rumo milioná-</p><p>rio estava começando, isso desde que iniciei a ideia de</p><p>ir morar nos EUA, vivia no gingado brasileiro, sempre</p><p>alegre dentro dos escritórios em Manhattan. E tinha o</p><p>carinho de muitos por onde passava. Sem brincadeira,</p><p>quase todos os dias recebia a mesma pergunta: “Por</p><p>que você sempre está sorrindo?”. E a minha respos-</p><p>ta era sempre a mesma: “Porque eu tenho vida, tenho</p><p>saúde e estou tendo uma oportunidade única de engra-</p><p>xar sapatos em uma das maiores cidades do planeta”.</p><p>Alguns clientes me ligavam na hora do almoço, con-</p><p>vidando para almoçar nos escritórios,</p><p>já que lá era prá-</p><p>tica normal. Alguns escritórios compravam comida para</p><p>todos os seus funcionários. E, verdade seja dita, eu era</p><p>74</p><p>um dos poucos engraxates que era convidado para o al-</p><p>moço nos escritórios. Pode ser que a minha atitude mu-</p><p>dasse a vida das pessoas, era um simples gesto, um sim-</p><p>ples sorriso. Em alguns escritórios, via vários monitores</p><p>com números piscando a todo momento. Aquilo chama-</p><p>va muito a minha atenção. Depois de algum tempo, con-</p><p>segui descobrir o que eles estavam fazendo. Descobri</p><p>que alguns escritórios trabalhavam com investimentos</p><p>na bolsa de valores. Aos poucos, ia fazendo perguntas,</p><p>como quem não quer nada, tentando descobrir o que era</p><p>aquilo. Muitos, é claro, não tinham a paciência de ensi-</p><p>nar, mas, em contrapartida, existiam vários investidores</p><p>que me davam livros, mostravam sites, entre outras di-</p><p>cas, coisas que me ajudam até os dias de hoje. Passei</p><p>a aprender muito sobre investimentos. Constatei que o</p><p>Brasil é um dos melhores lugares para se investir, por</p><p>ser um país emergente. Mas, como nem tudo são flores,</p><p>existem riscos, e descobri isso por meio de vários inves-</p><p>tidores americanos. Disseram que havia várias empre-</p><p>sas valiosas no Brasil, mas com o valor de suas ações</p><p>baixo demais e que isso era uma oportunidade de inves-</p><p>tir. Que eu deveria focar no meu país, por entender mais</p><p>a língua e também por ter acesso a investimentos que</p><p>os investidores internacionais não teriam. Hoje, entendo</p><p>melhor isso e sei que investir em países emergentes é</p><p>uma ótima estratégia, mas sem ignorar os países mais</p><p>seguros ou com as moedas mais fortes, como é o caso</p><p>dos EUA e da Inglaterra. O primeiro passo que dei foi</p><p>75</p><p>abrir uma conta em uma corretora de valores. Em segui-</p><p>da, mandei algum dinheiro para essa conta e comecei a</p><p>fazer day trade. O fato é que não me fazia bem, achava</p><p>que investir não era para mim. Cheguei a perder algumas</p><p>semanas de trabalho tentando me sair bem fazendo esse</p><p>tipo de investimento.</p><p>Trabalhava de segunda a sexta de engraxate e, nos</p><p>finais de semana, fazia alguns extras de garçom ou la-</p><p>vando construções recém-terminadas, tirando os res-</p><p>tos de cimento grudados nas janelas e nos pisos. Lem-</p><p>bro que um amigo me ligou pedindo urgentemente a</p><p>minha ajuda, já que alguém o havia deixado sem mão de</p><p>obra. Era para trabalhar de garçom em um píer, numa</p><p>festa de pessoas que possuíam barcos de luxo. Aceitei,</p><p>logo. Um extra nunca é demais. Chegando lá, o organi-</p><p>zador da festa me deu uma vara de pescar e, onde fica-</p><p>va o anzol, colocou uma cesta com canapés. Eu, muito</p><p>envergonhado com aquela situação, tinha que sair an-</p><p>dando pela festa inteira equilibrando aquela engenho-</p><p>ca para não bater nos convidados. Fui alvo de piadas,</p><p>inevitavelmente. Era cômico, uma ideia maluca. Hoje</p><p>vejo como fazemos cada coisa incrível para vencermos</p><p>na vida. Mas, quando qualquer pensamento negativo</p><p>vinha à minha cabeça, falava: “Independentemente do</p><p>que aconteça, já estou no lucro, então, vou aproveitar</p><p>cada segundo”. Tive a oportunidade de trabalhar em</p><p>dois Brazilian Days: um em Newark e outro em New</p><p>York. Mais uma experiência incrível. Por dois dias, virei</p><p>76</p><p>vendedor de acarajé, um dos pratos típicos da região</p><p>Nordeste do Brasil.</p><p>Aproveitei realmente a minha estadia nos EUA,</p><p>porém gastava muito com moradia e com a escola e</p><p>me arriscava nos investimentos com o que restava,</p><p>precisava pagar o que fiquei devendo quando fui para</p><p>os Estados Unidos. Apesar de ter feito um dinheiro no</p><p>Brasil, vendendo sanduíches e trabalhando registrado.</p><p>No entanto, quando a moeda Real foi convertida para</p><p>o dólar, houve uma diminuição drástica no que havia</p><p>sido economizado. O fato é que consegui pagar tudo e</p><p>fazer meus investimentos. Fiquei feliz quando pensei</p><p>que voltando para o Brasil as portas estariam abertas</p><p>em qualquer empresa em que chegasse. Pensei que</p><p>arrumar emprego seria mais fácil do que antes, por ter a</p><p>experiência de morar fora do país e por dominar o inglês.</p><p>A parte mais difícil do processo de se despedir</p><p>das pessoas em New York foi a seguinte: existiam</p><p>pessoas maravilhosas que cruzaram meu caminho, que</p><p>me ensinaram não só como ser bem-sucedido, mas</p><p>como não perder a essência. Passei de escritório em</p><p>escritório, agradecendo a oportunidade que me foi dada.</p><p>Em um deles, recebi um valor em dinheiro para viver</p><p>um tempo no Brasil, um presente pelo qual até hoje sou</p><p>grato. Recebi também uma carta de duas mulheres, que</p><p>pediram para eu ler apenas depois, quando estivesse</p><p>no avião. Elas me abraçaram chorando. Isso mesmo,</p><p>um engraxate que saiu do Brasil e em pouco tempo</p><p>77</p><p>ganhou o carinho dos americanos, arrancou lágrimas</p><p>na sua despedida.</p><p>A carta dizia: “Muito obrigada por alegrar as nossas</p><p>manhãs”, e tudo isso escrito em português. Foi emocio-</p><p>nante e gratificante, me dando uma sensação de dever</p><p>cumprido. Queria muito encontrar essas pessoas nova-</p><p>mente. Sei que a tarefa não é fácil, porque já faz mais</p><p>de 10 anos...</p><p>De qualquer modo, a moral dessa história é que po-</p><p>demos abraçar a causa. Seja engraxando um sapato,</p><p>seja escrevendo um livro, devemos fazer com vontade</p><p>e não somente pelo dinheiro. Dinheiro é importante,</p><p>mas nossa satisfação e a satisfação do próximo tam-</p><p>bém. Se for fazer algo, faça com vontade! Imagine que</p><p>é um aprendizado, algo que pode transformar sua vida,</p><p>algo que pode fazer você tornar-se o título de um livro</p><p>como: DE ENGRAXATE EM NEW YORK A MILIONÁ-</p><p>RIO NA TERRA DA RAINHA.</p><p>Muitos dizem: “Quando eu tiver a minha empresa, me</p><p>dedico de verdade”. Será mesmo? Você está tendo uma</p><p>oportunidade de se dedicar como se estivesse fazendo</p><p>para a sua empresa. Se assim o fizer, no dia em que</p><p>realmente você tiver seu próprio negócio – espero que</p><p>venha a ter –, você já saberá como seguir o caminho,</p><p>pois terá a experiência de como agir corretamente.</p><p>Então, leve essa dica para a sua vida: tudo o que for</p><p>fazer, faça com maestria.</p><p>78</p><p>Os homens mais</p><p>ricos que conheço</p><p>usam as roupas</p><p>mais simples</p><p>possíveis.</p><p>79</p><p>80</p><p>Capítulo 7</p><p>De volta ao Brasil</p><p>V</p><p>oltar ao Brasil tinha sido uma decisão bastante</p><p>difícil! Havia recebido uma ligação de meu ir-</p><p>mão, avisando que minha mãe havia sido leva-</p><p>da para o hospital às pressas e inconsciente, disse que</p><p>precisaria fazer uma cirurgia urgente, na qual teria de</p><p>retirar o útero. Enquanto meu irmão me contava toda</p><p>aquela história, minhas pernas ficavam bambas. E fa-</p><p>lei: “Vou deixar tudo e voltar!”. Imagine se algo de pior</p><p>acontecesse? Será que me perdoaria por estar longe?</p><p>Quem mora fora da própria pátria, geralmente, vai</p><p>levar consigo o sentimento de culpa por estar longe,</p><p>mas esse sentimento tem que ser deixado de lado. Você,</p><p>que foi atrás de outros ares, de outros conhecimentos,</p><p>não pode se culpar por ter seguido esse caminho. Com</p><p>frequência, muitos não se dão bem em seu país de</p><p>origem, mas, quando conhecem outro lugar, faz parecer</p><p>que a chave das oportunidades caiu em seu colo, de</p><p>modo que conseguem mudar suas vidas da água para o</p><p>vinho. Porém, muitos que ficam no Brasil não entendem</p><p>81</p><p>porque fomos tentar outras oportunidades. Alguns até</p><p>acham egoísmo de nossa parte, mas poucos sabem que</p><p>somos nós que sentimos mais saudades, pois eles que</p><p>continuaram no país de origem, têm uns aos outros</p><p>para sanar a falta e normalmente nós precisamos nos</p><p>juntar com amigos que conhecemos no caminho para</p><p>tentar amenizar a dor de estarmos longe.</p><p>Voltando à história de minha mãe, eu não podia</p><p>largar tudo e ir correndo para o Brasil. Meu irmão disse:</p><p>“Calma que ela já está fora do risco de vida”. Entretanto,</p><p>eu não acreditava, parecia que estavam escondendo</p><p>algo. Depois descobri que não estavam. Felizmente,</p><p>99% dos sofrimentos que colocamos com frequência</p><p>em nossa mente, por antecipação, não acontecem, mas,</p><p>mesmo assim, tudo aquilo me fez acordar. Cogitei estar</p><p>sendo egoísta, como se estivesse</p><p>somente pensando</p><p>em mim mesmo. São coisas que vez ou outra passam</p><p>pela cabeça de quem mora fora do país. Passaram-se</p><p>alguns meses e minha mãe já estava bem, mesmo assim</p><p>estava decidido a voltar.</p><p>Comuniquei a Doctor Shine e agradeci a oportunidade</p><p>e a confiança. Lembro que um dos donos, um homem</p><p>muito inteligente, conhecido como Guto, disse assim:</p><p>“Cara, vá para o Brasil, fique de férias, volte e seu</p><p>trabalho aqui estará garantido!”. No tempo em que tinha</p><p>trabalhado para ele, havia colocado na empresa novas</p><p>pessoas que estudavam comigo em uma outra instituição,</p><p>no Harvest Institute, para serem seus funcionários.</p><p>82</p><p>Muito embora, houvesse vários brasileiros que faziam</p><p>trabalhos pesados e que acabaram gostando da ideia</p><p>de fazer um serviço mais simples. No entanto, um dos</p><p>rapazes que indiquei havia falado: “Todo dinheiro que eu</p><p>fizer, vou dar metade para o dono da empresa e a outra</p><p>metade é minha”. Não gostei da ideia, pois na empresa,</p><p>os engraxates cobravam o dinheiro e no final do dia</p><p>entregavam tudo para a Doctor Shine, de modo que na</p><p>sexta-feira era recebido o valor fixo mais a comissão –</p><p>ou seja, poderia acontecer, ocasionalmente, não termos</p><p>ao menos arrecadado o valor do nosso fixo, mas, mesmo</p><p>assim, recebíamos o salário integral. Costumo dizer: “O</p><p>combinado nunca sai caro”. Infelizmente, precisei avisar</p><p>o dono da empresa que aquela minha indicação não tinha</p><p>sido de uma pessoa confiável. De certa forma, meu ex-</p><p>chefe percebeu que poderia confiar em mim. Quando ele</p><p>soube que ia embora, fez de tudo para que ficasse, até</p><p>aumentou meu salário, mas eu precisava voltar.</p><p>Ao voltar, me arrependi logo nos primeiros dias.</p><p>Quando conhecemos a realidade de um país de primeiro</p><p>mundo, fica mais difícil voltarmos à nossa realidade.</p><p>Quando cheguei ao Brasil, achei que até o “presi-</p><p>dente da república” estaria me esperando, mas, nem a</p><p>minha mãe tinha vindo ao aeroporto. Ela estava zanga-</p><p>da comigo por uma discussão que ocorreu meses antes</p><p>de eu voltar. Bem melhor de saúde, nem ao menos quis</p><p>me ver. Foi uma discussão boba! Ela havia recebido uma</p><p>pequena quantidade de dinheiro de uma herança que</p><p>83</p><p>acabou rapidamente. Na época, eu a questionei: “Por</p><p>que acabou tão rápido?”. Aí ela ficou brava comigo e</p><p>ficamos sem nos falar. Quando cheguei em sua casa,</p><p>levei uma câmera fotográfica de presente. Ela simples-</p><p>mente abriu a porta, viu quem era e fechou. Obviamen-</p><p>te, fiquei muito triste. Já estava há mais de um ano fora</p><p>do Brasil e fui recebido desse jeito? As pessoas que</p><p>ficam no Brasil não têm 1% da ideia do que é viver longe</p><p>de quem amamos. Por isso é que sempre falo: “Quem</p><p>nunca morou fora ou sentiu a saudade doer nunca</p><p>compreenderá esse sentimento!”.</p><p>Fui para a casa do meu irmão e fiquei por algum</p><p>tempo lá. Depois que voltei dos Estados Unidos, tive</p><p>várias desilusões. Estava triste, desanimado, parecia</p><p>que havia jogado fora todo o tempo que tinha ficado</p><p>no estrangeiro. As pessoas pareciam que estavam</p><p>diferentes. Mas estavam? Acho que sim! Talvez, eu</p><p>tenha mudado mais do que todos, tendo adquirido</p><p>visão e mentalidade diferentes pela experiência que</p><p>tinha alcançado. A sensação era de ter estado apenas</p><p>uma semana fora. As pessoas que conhecia estavam</p><p>tendo a mesma vida, fazendo as mesmas coisas e tendo</p><p>as mesmas reclamações. Modo automático? Robô? Não</p><p>sei. Só sei que tenho sempre a mesma sensação quando</p><p>volto a visitar o Brasil. A impressão que tenho, é que</p><p>muitos pararam no tempo.</p><p>Passadas algumas semanas, tudo começou a se</p><p>normalizar. Voltei a falar com a minha mãe, achei um</p><p>84</p><p>trabalho e a vida assim seguia. Porém, algo não estava</p><p>certo. Eu estava ali, mas a minha cabeça continuava</p><p>nos EUA. Pensava: “Aprendi muito em pouco tempo”.</p><p>Comecei a sentir algumas diferenças entre o poder de</p><p>compra que havia lá e no Brasil. Entre as facilidades para</p><p>coisas essenciais e a dificuldade vivida aqui. Acredito</p><p>que todos que vão morar fora do país, passam a ser um</p><p>tipo “condenado”. Mas, como assim, um condenado?</p><p>Tornamo-nos condenados por saber da realidade de</p><p>um país de primeiro mundo. Por ter conhecido um lugar</p><p>onde se tem grande acesso a coisas tão simples, coisas</p><p>que são bem mais difíceis de conseguir em um país de</p><p>terceiro mundo. Ao mesmo tempo, sentimos falta de</p><p>nosso país de origem e de pessoas que amamos. Pensei,</p><p>várias vezes em voltar para os EUA, mas lembrava da</p><p>solidão que sentia quando vivia lá, dá saudade das</p><p>pessoas que amo e aos poucos essa ideia saiu da minha</p><p>cabeça, ou melhor, apenas deixei em stand-by.</p><p>85</p><p>86</p><p>Capítulo 8</p><p>Competência de Ação</p><p>A</p><p>lguns anos depois, como era muito conhecido</p><p>na região em que morava, decidi ser candidato</p><p>a vereador. Poucos sabem, mas um candidato</p><p>a vereador – mesmo sem ter dinheiro – é obrigado a</p><p>ficar sem trabalho, pois, no Brasil, para ser candidato</p><p>não se pode estar trabalhando na época de campanha</p><p>eleitoral. Sem sentido, não é? No entanto, tive ajuda</p><p>de várias pessoas que acreditaram em mim e na mi-</p><p>nha história. Fiz um material publicitário com alguns</p><p>projetos que achava essenciais. Naquele tempo, quem</p><p>me ajudou com esses materiais foi o grande Cassiano</p><p>Groove, um amigo que “manda bem” na criação de ar-</p><p>tes e editorações.</p><p>Em minhas ideias, existiam projetos como a criação</p><p>de um hospital veterinário público, a implantação</p><p>em escolas de matérias como educação no trânsito</p><p>e educação financeira, entre outros. Como não tinha</p><p>dinheiro para pagar pessoas para me ajudar, eu e meu</p><p>pai saímos caminhando para fazer campanha, até que</p><p>87</p><p>me veio a ideia de usar uma caixa de som nos pontos</p><p>de ônibus que ficam lotados na hora do rush. Na</p><p>Inglaterra, quase não se vê muita gente nos pontos de</p><p>ônibus, enquanto no Brasil, as filas são gigantescas e</p><p>poderia ser uma estratégia de marketing ousada – uma</p><p>estratégia que nenhum candidato ainda tinha feito.</p><p>Contudo, será que o povo me receberia de uma forma</p><p>harmoniosa? Foi quando chegou o primeiro dia. Liguei</p><p>minha caixa de som e comecei a falar. Contei minha</p><p>experiência nos EUA, falei dos meus projetos e, no</p><p>final, entreguei meus panfletos. Todos pegaram – todos</p><p>mesmo!</p><p>Fiz isso o dia todo, todos os dias da semana. Rece-</p><p>bemos ajuda de comerciantes, com comida e água. Eu e</p><p>meu pai chegávamos exaustos em casa. Tendo um car-</p><p>ro muito, mas muito velho, a ponto de não saber se ele</p><p>iria funcionar no dia ou não – às vezes o carro não que-</p><p>ria trabalhar. Lembro, ainda, que ele estragou de vez e</p><p>minha mãe, que tinha uma corrente de ouro de anos</p><p>atrás, foi até um banco penhorar – prática bastante</p><p>comum no Brasil. Ela conseguiu uns U$70 dólares, o</p><p>que deu para consertar meu carro. Assim, continuamos</p><p>com a campanha. O carro ajudava nossa locomoção até</p><p>os shoppings, de maneira que íamos fazendo campanha</p><p>de loja em loja…</p><p>No dia da votação, lembro que recebi muitas mensa-</p><p>gens de pessoas dizendo que votariam em mim. Como</p><p>em tudo na vida, sempre tento enxergar os ensinamen-</p><p>88</p><p>tos e ao ser candidato não foi diferente, pois, consegui</p><p>descobrir nos que estavam comigo, quais eram realmen-</p><p>te meus amigos, os parentes fiéis de verdade e, pasmem,</p><p>muitos mostraram suas garras. Por quê? Eu não sei, tal-</p><p>vez inveja? Talvez medo de um sonhador, como muitos</p><p>me chamavam, que queria conseguir um cargo impor-</p><p>tante e de altíssima responsabilidade… Quando saiu o</p><p>resultado, havia feito 1.400 votos, ou seja, 1.400 pessoas</p><p>saíram de suas casas em um domingo acreditando na mi-</p><p>nha intenção, tendo votado em mim. Um número de vo-</p><p>tos expressivo. Algo inimaginável para mim, algo raro no</p><p>Brasil, porque em época eleitoral muitos se candidatam,</p><p>muitos mesmo – o seu vizinho, o porteiro do prédio, o</p><p>seu amigo etc., mas poucos têm votos! Acredito que vá-</p><p>rios que se candidatam querem apenas um salário alto,</p><p>bem acima da média dos brasileiros. Todavia, são cargos</p><p>importantes, entregues para qualquer pessoa,</p><p>normal-</p><p>mente sem conhecimento algum. Muitos ganham por ser</p><p>conhecidos em seu bairro. Enfim, seria plausível pensar</p><p>em mudar algumas estratégias na política do Brasil para</p><p>conseguirmos andar em frente. E pararmos de retroce-</p><p>der no tempo!</p><p>Alguns países em que passei, eram tão bem</p><p>estruturados que me levavam querer descobrir qual</p><p>mágica faziam para que os seus cidadãos tivessem mais</p><p>acesso a coisas essenciais. Isto é, sem sofrer igual a</p><p>muitos brasileiros. Mas confesso que a única resposta</p><p>que veio à mente é que isso que acontece no Brasil é</p><p>89</p><p>cultural e que por ser um país extremamente grande é</p><p>muito difícil de ser administrado.</p><p>Crescemos achando que o culpado é o político, a</p><p>polícia e o patrão. Nos pensamentos precários do Brasil,</p><p>o cidadão é ensinado a entrar no mercado de trabalho,</p><p>mas não é ensinado a lidar com o dinheiro, inventam uma</p><p>vida “melhor” inalcançável e acabam colocando barreiras</p><p>em suas mentes, de modo que depois, é quase impossível</p><p>quebrá-las. Poderíamos tirar, ou trocar, parte da carga</p><p>horária de algumas matérias na escola por educação</p><p>financeira, educação no trânsito, empreendedorismo e</p><p>aprofundamento no inglês. Em algumas escolas, inglês</p><p>já existe, mas a carga horária é tão baixa e o método</p><p>de ensino é tão arcaico que dificilmente alguma criança</p><p>ficará interessada em aprender.</p><p>Antes de tudo, seria necessário ensiná-los mostran-</p><p>do o porquê é importante aprender, qual a diferença</p><p>que um idioma novo fará na vida deles, Isso, para que</p><p>eles compreendam que uma língua estrangeira é essen-</p><p>cial e que o inglês é universal. Confesso que sempre</p><p>tive dificuldade para aprender o inglês e o mais traba-</p><p>lhoso para mim é que em cada lugar que vou a pronún-</p><p>cia é diferente. Nas escolas seria muito mais simples</p><p>se, em vez de durante muitas horas, tentarem me fazer</p><p>decorar alguma matéria, tivessem me ensinado inglês.</p><p>Depois que aprendi o pouco de inglês que sei, conheci</p><p>dois mundos distintos. Em que se pode expandir o co-</p><p>nhecimento, conseguir viajar para qualquer lugar des-</p><p>90</p><p>te planeta, sem passar apertos, porque geralmente em</p><p>qualquer lugar do mundo alguém fala inglês. Mas, em</p><p>algumas instituições de ensino, somos verdadeiramen-</p><p>te doutrinados. Tive grande sorte por discordar do que</p><p>me ensinavam, por ir atrás de uma segunda ou terceira</p><p>resposta. Sempre pensando fora da caixinha! Rico ou</p><p>não, eu seria alguém com conhecimento, conhecimento</p><p>que jamais teria se ficasse apenas na sala de aula. Não</p><p>estou dizendo que a escola não é importante! É impor-</p><p>tante, porém perdemos boa parte da vida, decorando</p><p>matérias que em sua maioria seriam esquecidas ao lon-</p><p>go dos anos.</p><p>A escola dá informação, mas a vida exige Competência</p><p>de Ação. Porque, nem tudo que cai na prova cai na vida.</p><p>Incentivo sempre o autodidatismo! Pois, se ficar apenas</p><p>no aprendizado daquele professor, no máximo, vai</p><p>chegar até o conhecimento dele. Mas, se for autodidata,</p><p>o céu é o limite! Na maioria dos países onde passei, seu</p><p>povo ama seu país, sua cultura, sua comida… No Brasil</p><p>a impressão é ao contrário. Tudo o que é estrangeiro</p><p>é melhor! De modo que esquecem que o Brasil é um</p><p>país lindo, abençoado, com ótimas pessoas e comida</p><p>maravilhosa. É preciso mudar muita coisa? Sim, mas</p><p>podemos começar por essas mudanças: mudarmos</p><p>a nossa mente e sabermos que somos uma potência.</p><p>Necessitamos trocar crenças obsoletas por crenças que</p><p>fazem o nosso país prosperar. E isso serve para qualquer</p><p>nação, não somente o Brasil.</p><p>91</p><p>92</p><p>Capítulo 9</p><p>A Ganância</p><p>M</p><p>uitos confundem a ganância com a ambição</p><p>e a ambição com o desejo. Quando terminei</p><p>a campanha política, comecei a procurar tra-</p><p>balho. Estava sem dinheiro no bolso e desempregado.</p><p>Consegui uma vaga dentro de um dos maiores jornais</p><p>da minha cidade. Lá, cuidava das propagandas, mon-</p><p>tava anúncios, atendia clientes, entre outras funções.</p><p>Um certo dia, entrou um rapaz querendo anunciar. Ele</p><p>pediu minha ajuda a respeito de qual tipo de anúncio</p><p>seria ideal para a sua pizzaria, até que, em meio a nossa</p><p>conversa, ele desabafou dizendo que seu restaurante</p><p>estava falindo, que devia muito e que não sabia mais o</p><p>que fazer, desesperado, me pediu ajuda. Simplesmente</p><p>falei: “Claro, vou à sua pizzaria hoje!” – Algumas sema-</p><p>nas depois, me tornei sócio dele.</p><p>Naquele dia, após meu expediente no jornal, fui até</p><p>a pizzaria. Chegando lá, conheci alguns de seus funcio-</p><p>nários, fiz análises da situação e comecei os trabalhos.</p><p>Sentei-me na frente do computador em que ficava todo</p><p>93</p><p>o sistema deles e passei a puxar dados de clientes que</p><p>há meses não compravam pizza lá. Comecei a ligar e a</p><p>me apresentar, em seguida, perguntei por qual motivo</p><p>cada cliente não consumia mais os produtos daquela</p><p>pizzaria, recebendo, como era de se esperar, várias</p><p>respostas. Muitos diziam que a pizza chegava gelada,</p><p>que demorava e outras respostas do gênero. Comprei</p><p>um mapa para fazer o mapeamento e ter ideia sobre</p><p>em qual região da cidade havia mais clientes. Pedi, tam-</p><p>bém, para saber qual o custo para fazer cada pizza. Em</p><p>alguns aspectos eram bem desorganizados, não era à</p><p>toa que o estabelecimento não dava lucro: todo o di-</p><p>nheiro que entrava era misturado. Era algo totalmente</p><p>sem controle. Muitas empresas, no mundo todo, per-</p><p>dem clientes por besteira e depois gastam milhares de</p><p>dólares para conseguir captar novos clientes. Não faz</p><p>muito sentido, mas essa é a realidade de milhares de</p><p>empresas ao redor do mundo. Não conseguem manter</p><p>o cliente e precisam de propagandas mirabolantes para</p><p>trazer novos clientes, os quais, sem dúvida, serão futu-</p><p>ros ex-clientes.</p><p>Mas, voltando à história da pizzaria, o dono tinha</p><p>feito uma proposta para eu ser seu sócio. O seu fatura-</p><p>mento era de 800 dólares no mês inteiro, ao passo que</p><p>suas despesas chegavam a 2 mil dólares. Aceitei a pro-</p><p>posta! Estudei algumas estratégias, fiz alguns panfletos</p><p>e saí para entregar nos semáforos perto da pizzaria, a</p><p>fim de prospectar novos clientes. Algumas vezes, leva-</p><p>94</p><p>va mini pizzas para os clientes que estavam passando</p><p>por perto, experimentarem. Três meses depois de fazer</p><p>tudo isso, a pizzaria saiu de 800 dólares para mágicos,</p><p>quase 10 mil dólares de receita. Isso apenas com um</p><p>marketing simples, combinado com venda casada para</p><p>aumentar o faturamento. Pense como é fácil. O cliente</p><p>está com fome e liga pedindo uma pizza. Nesse momen-</p><p>to, qualquer coisa que você oferecer, é provável que ele</p><p>aceite. Então, fazíamos praticamente 100% de vendas</p><p>casadas, isto é, com algum outro produto junto. Além</p><p>disso tudo, o restaurante estava mais organizado. Nas</p><p>vendas casadas que fazíamos, quando o cliente com-</p><p>prava uma pizza salgada, com mais 50%, levava uma</p><p>pizza doce. Se você nunca comeu uma pizza doce do</p><p>Brasil, não deixe de provar um dia, é maravilhosa!</p><p>Bem, o fato é que fiz milagre. Fiz em três meses a</p><p>pizzaria bater o recorde de quase 10 mil dólares. Estava</p><p>indo tudo bem, dando para liquidar as dívidas, até que</p><p>um dia – é nessa parte em que se separam os meninos</p><p>dos homens e as meninas das mulheres – chegaram al-</p><p>guns convidados do meu ex-sócio para um evento que</p><p>fiquei sabendo apenas na hora. Meu ex-sócio deu uma</p><p>festa para comemorar o sucesso, um fato histórico na-</p><p>quela pizzaria. E eu ali, atendendo aos pedidos pelo te-</p><p>lefone! Estava trabalhando intensamente e tendo que</p><p>ver aquela festa tola! Vendo as pessoas dando parabéns</p><p>a ele, afirmando que era só o começo… Quando me de-</p><p>parei com aquilo, eu entendi que havia ajudado a pes-</p><p>95</p><p>soa errada. Isto é, um homem, cujo pai havia bancado</p><p>toda a pizzaria, sem noção de mercado. Ele também ti-</p><p>nha uma namorada que o ajudava bastante no trabalho.</p><p>Enfim, apenas com esse fato, quero deixar um ensina-</p><p>mento: que muitos que são gananciosos e usam pesso-</p><p>as somente como escada e acabam ficando sem nada.</p><p>No outro dia, cheguei à pizzaria, expliquei meu</p><p>ponto de</p><p>vista, disse que havia saído do emprego no</p><p>jornal e ido para a pizzaria, que estava me dedicando</p><p>ao máximo e que ele estava em outra dimensão. Foi</p><p>quando ele falou: “Cara, pode ir embora. Veja aí, eu te</p><p>pago como se você tivesse sido um funcionário, com</p><p>direito a férias, entre outros encargos, e tchau”. Eu</p><p>apenas constatei o que havia imaginado. E fui embora!</p><p>Ele estava com dinheiro, afinal, havia vendido quase 10</p><p>mil dólares. Aquilo subiu para a cabeça. Mas, eu sabia</p><p>que eram 10 mil em valor bruto e não líquido! Existia</p><p>ainda, aluguel, fornecedores, contador, impostos,</p><p>funcionários, dívidas e o meu acerto de funcionário, já</p><p>que ele optou por esse caminho.</p><p>Só sei que, em menos de dois meses, ele fechou</p><p>as portas e deixou de pagar alguns funcionários que</p><p>entraram na Justiça pedindo o que eles tinham direito.</p><p>O que eu quero dizer com essa história é que vivemos</p><p>em um mundo de energias. Coisas boas atraem coisas</p><p>boas, mas, quando a ganância entra na mente de alguém,</p><p>as consequências entram junto. O restaurante poderia</p><p>ter crescido cada vez mais? Sim, mas não foi essa a</p><p>96</p><p>escolha dele. Ele provavelmente pensou: “Agora eu sei</p><p>a fórmula para vender mais!”. Mas esqueceu que era eu</p><p>que possuía o poder de comunicação, o conhecimento,</p><p>a experiência de vida e a curiosidade de sempre querer</p><p>aprender mais. O que falta na vida de muita gente é</p><p>equilíbrio!</p><p>97</p><p>98</p><p>Capítulo 10</p><p>Vida Saudável</p><p>Quando foi a última vez que aprendeu alguma</p><p>coisa nova? Eu espero que esteja gostando e</p><p>aprendendo com este livro, porque costumo dizer</p><p>que uma ideia boa, só é boa, quando você consegue passar</p><p>para outra mente, por isso, este livro precisa ser lido no</p><p>mínimo 3 vezes. A repetição é a mãe do aprendizado!</p><p>Vou fazer uma comparação do corpo humano com</p><p>um dos aviões-caça mais potentes no mundo, daqueles</p><p>chegam a mais de 2 mil km por hora. Imagine uma má-</p><p>quina dessas, voando a 300 km por hora. Não faz muito</p><p>sentido passar anos e anos, sempre nessa velocidade,</p><p>sem aproveitar a velocidade máxima para a qual ele foi</p><p>propositalmente construído. O que digo é que milhões</p><p>de seres humanos, vivem a vida inteira, sem utilizar a</p><p>velocidade máxima que lhes foi concedida. Vou mais</p><p>além, somos tão capazes de tudo que, se a velocidade</p><p>máxima correndo fosse de 45 km por hora, teríamos</p><p>sabedoria para construir algo mais veloz, algo que ul-</p><p>trapassasse até a barreira do som.</p><p>99</p><p>A inteligência humana não tem limites! Aquilo que era</p><p>impossível, deixa de ser impossível, quando alguém vier</p><p>a quebrar aquela barreira. Mas, todos os dias, colocamos</p><p>limites em nossos afazeres, procrastinamos mais do que</p><p>realizamos algo. Quantos sonhos e vontades vão embora</p><p>com seus donos? Quantos querem fazer algo, mas desa-</p><p>creditam de seu próprio potencial? Quantas habilidades</p><p>são perdidas no mundo por pessoas que não se arriscam e</p><p>nem sequer descobriram quais eram suas aptidões ao lon-</p><p>go da vida? Vemos por aí, algumas vidas sem objetivos. A</p><p>falta de conhecimento, a falta de aprender algo novo, a fal-</p><p>ta de se nutrir bem... Vemos pessoas com dificuldades de</p><p>andar, porque não aguentam carregar o próprio peso que</p><p>adquiriram ao longo da vida, através da indústria alimentí-</p><p>cia e do sedentarismo. A indústria dos alimentos adoece as</p><p>pessoas e a indústria farmacêutica cria viciados!</p><p>Vejo muitos reclamarem de problemas respiratórios.</p><p>Passei boa parte da minha vida com esses problemas,</p><p>até que lendo livros atrás de livros, descobri que ao eli-</p><p>minar alguns produtos, melhoraria meu sistema respira-</p><p>tório, minha paciência e minha vida. Ao cortar o glúten,</p><p>laticínios e todos os produtos cujos ingredientes lidos</p><p>na embalagem, eu não entendia o que era, minha vida</p><p>mudou drasticamente! Claro que vieram as “consequên-</p><p>cias”. Tem ideia de quais eram? Encarar as pessoas que</p><p>achavam aquilo uma perda de tempo, desistir de comer</p><p>um cheeseburger, batata-frita com refrigerante... Isso, é</p><p>um absurdo para alguns!</p><p>100</p><p>Muitos não sabem, mas o refrigerante é um dos maio-</p><p>res venenos do universo! Eu fico abismado quando entro</p><p>na sessão de água do supermercado, vejo meia dúzia de</p><p>garrafas de água e o resto do corredor somente com su-</p><p>cos, que são piores que bebidas alcoólicas. Ou com refri-</p><p>gerantes, que chegam a mudar o PH do seu corpo. Para</p><p>se ter ideia, a cada copo de refrigerante tomado, você</p><p>precisa tomar 30 copos de água para elevar o PH do seu</p><p>corpo à normalidade. E um corpo com PH baixo, vira ter-</p><p>ritório de células cancerígenas! Outro detalhe, não me-</p><p>nos importante, é que milhares de pessoas tomam esses</p><p>sucos industrializados e esquecem que ao fazer todas</p><p>as coisas, o Poderoso deste universo fez a frutose, e fez</p><p>também o antídoto, que são as fibras que vêm com a</p><p>fruta. Assim, seu fígado vai ter que trabalhar muito para</p><p>eliminar esse líquido industrializado que você bebeu.</p><p>Sei que parece mais difícil ter uma vida saudável,</p><p>cortar o glúten e o açúcar, bem como os laticínios e tudo</p><p>o que você não entender do que é feito, ou por não co-</p><p>nhecer cada ingrediente que forma determinado alimen-</p><p>to processado. Parece loucura, mas sua vida mudará</p><p>drasticamente se tentar. A sua capacidade de absorver</p><p>conhecimento aumenta, ou seja, a capacidade cogniti-</p><p>va, a capacidade de ser mais feliz, a sua energia muda</p><p>muito, porque você colocará o combustível certo no seu</p><p>cérebro.</p><p>O mundo se tornou dependente químico da indústria</p><p>alimentícia e da indústria farmacêutica. Pessoas tomam</p><p>101</p><p>remédio que, como o nome já diz, remedia, e na maioria</p><p>dos casos, causa outro problema no seu corpo. Fico</p><p>pensando: “Como somos cômicos!” – Se eu pegar a água</p><p>de um rio, colocar em um copo e ela estiver meio turva,</p><p>mas for uma água pura, muitos não vão querer beber.</p><p>Contudo, se eu pegar um copo de refrigerante de cola,</p><p>totalmente escuro, com ingredientes que não temos ideia</p><p>de quais sejam, geralmente você aceita e ainda me diz um</p><p>obrigado. Muitos, não se hidratam da forma que o corpo</p><p>merece. Não comem da forma correta, não dormem</p><p>da forma correta. Não existe nada mais reparador no</p><p>mundo, do que uma noite de sono bem-dormida.</p><p>Passamos 1/3 das nossas vidas dormindo, ou seja,</p><p>se você tem 30 anos, 10 anos foram dormindo. Então</p><p>podemos aproveitar e usarmos esse tempo em que es-</p><p>tamos dormindo para aprender. Como assim? Apren-</p><p>der enquanto estou dormindo?</p><p>Como já disse, tudo o que você assiste próximo de</p><p>ir dormir rumina em sua mente durante a noite toda.</p><p>A maioria das pessoas, antes de dormir, vê apenas</p><p>notícias que não são tão boas, programas que não</p><p>fazem com que você evolua. O correto para aproveitar</p><p>esse momento dormindo é ler bons livros ou assistir</p><p>a algum vídeo que possa fazer sua vida alavancar. Por</p><p>incrível que pareça, o cérebro não pára nem quando</p><p>estamos dormindo. Já o nosso coração trabalha apenas</p><p>8 horas por dia, apesar de você achar que ele trabalha</p><p>24 horas. Isso é incrível, não é?</p><p>102</p><p>É óbvio que se você for correto e normal, você vai</p><p>se tornar um chato diante do olhar da sociedade: “Puxa,</p><p>ele não come glúten... frescura! Ele não come nada com</p><p>açúcar... frescura!” – Mas eu digo: “De que adianta vi-</p><p>vermos até os 100 anos de idade, se dos 70 em diante,</p><p>ou até menos, a pessoa não vai ter uma boa qualidade de</p><p>vida, devido a péssima alimentação?”. Ou melhor, viverá</p><p>30% da vida doente? Não faz sentido, a meu ver. Existem</p><p>inúmeras coisas prazerosas e saudáveis de serem comi-</p><p>das, basta você descobrir quais são as que lhe agradam.</p><p>Sei que tive por pouco tempo uma pizzaria. Meus</p><p>hábitos alimentares não eram tão bons quanto hoje.</p><p>Ainda preciso melhorar, porque, volta e meia, eu abro</p><p>uma exceção e como alguma junk food. Mas refrigerante</p><p>nunca mais! Não estou falando para parar, estou falando</p><p>para diminuir drasticamente, até que você chegue a um</p><p>momento em que consiga eliminar essas toxinas 100%</p><p>da sua vida ou, talvez, viver em um equilíbrio.</p><p>Acredito</p><p>que, se a sociedade começar a ser mais exigente, a</p><p>indústria alimentícia vai precisar melhorar na qualidade</p><p>dos produtos. Passará a produzir produtos que vão</p><p>nutrir e não apenas alimentar.</p><p>Você deve estar se perguntando: “Um livro ensinan-</p><p>do como tornar-se bem-sucedido, falando sobre alimen-</p><p>tação? Não faz muito sentido”. E eu respondo que é aí</p><p>que você se engana, porque faz total sentido. O combus-</p><p>tível certo não vai deixá-lo falhar no meio do caminho.</p><p>103</p><p>104</p><p>Capítulo 11</p><p>O Sucesso não se limita</p><p>apenas às finanças</p><p>V</p><p>ou contar minha experiência de jejum intermi-</p><p>tente. Na Inglaterra, sempre quando falo que</p><p>faço jejum intermitente ou fasting, como eles</p><p>dizem em inglês, a primeira pergunta é: “Faz por causa</p><p>de religião?”. Não, é por saúde mesmo! Mas, claro, que</p><p>me sinto mais energizado espiritualmente. Neste mo-</p><p>mento em que escrevo, já estou há dois dias sem comer,</p><p>fazendo autofagia ou a cura natural por meio do jejum.</p><p>Dou tempo para o meu sistema digestório digerir tudo</p><p>aquilo que comi. Agora estou bebendo somente água</p><p>– água com PH elevado: UM VENENO para as células</p><p>cancerígenas e um remédio natural para o nosso corpo.</p><p>O câncer é consequência da alimentação e do estilo de</p><p>vida de uma pessoa. Uma alimentação baseada em ali-</p><p>mentos acidificantes, associada ao sedentarismo, cria,</p><p>em nosso organismo, um ambiente de acidez, e a acidez</p><p>expulsa o oxigênio das células. A falta de oxigênio e a</p><p>acidez são as duas caras de uma mesma moeda: quando</p><p>você tem um, tem o outro.</p><p>105</p><p>Um ambiente ácido é um ambiente sem oxigênio! As</p><p>substâncias ácidas repelem o oxigênio, as substâncias</p><p>alcalinas atraem o oxigênio. Privar uma célula de 35%</p><p>de seu oxigênio, por 48 horas, pode convertê-la em</p><p>cancerígena – tese do grande Otto Heinrich Warburg</p><p>(1883-1970), que recebeu o Prêmio Nobel por seu projeto.</p><p>Hábitos alimentares influenciam! Tudo o que come-</p><p>mos ou ingerimos cria uma condição ácida ou alcalina</p><p>em nosso corpo. Muitas vezes, mudamos nossa alimen-</p><p>tação, mas, esquecemos da água que bebemos, sem</p><p>darmos a ela a devida importância no contexto geral da</p><p>nossa alimentação. Vou mais além: muitos dizem que é</p><p>caro comprar água alcalina ou transformá-la em alca-</p><p>lina, mas não acham caro comprar uma junk food, se</p><p>nas embalagens de comida viesse escrito o estrago que</p><p>elas podem causar, acredito que muitos que querem ter</p><p>qualidade de vida deixariam esse vício de lado.</p><p>Sem esconder nenhum fato, antes de começar o je-</p><p>jum, passei em uma hamburgueria artesanal e comi um</p><p>cheeseburger. Sei que é bom, é prazeroso, mas não é</p><p>saudável. O artesanal, entretanto, é mais saudável que</p><p>os produzidos em grande escala. No primeiro dia de je-</p><p>jum, parecia que estava de ressaca, mas não senti fome,</p><p>senti muito sono umas duas horas antes do horário em</p><p>que normalmente durmo. No outro dia, isto é, no dia em</p><p>que escrevo esta parte do livro, estou com uma dor de</p><p>cabeça muito forte e com ânsia de vômito – talvez seja</p><p>meu corpo eliminando as toxinas. O certo para fazer</p><p>106</p><p>um jejum mais correto é comer de maneira bastante</p><p>saudável antes de dar início ao jejum. E, sem dúvida, o</p><p>mais correto é você fazer com acompanhamento de um</p><p>profissional da área de saúde.</p><p>No primeiro dia, tomei 4 litros de água e duas xícaras</p><p>de café pequeno sem açúcar – somente café preto. No</p><p>segundo dia, tomei 4 litros de água e um copo de chá</p><p>verde sem açúcar. Tento não usar nenhum creme para</p><p>a pele, porque nessa fase seu corpo está afiado para</p><p>absorver tudo. O corpo entra em estado de alerta, mas,</p><p>mesmo assim, ele já está treinado.</p><p>Agora, no terceiro dia, já tomei o primeiro litro de</p><p>água com um pouco de sal rosa, para conseguir absorver</p><p>seus nutrientes. Sinto o mundo desacelerado, vejo as</p><p>coisas com mais calma.</p><p>Costumeiramente, quando leio livros, meus pen-</p><p>samentos se desfocam e acabo fugindo da leitura, mas</p><p>quando estou fazendo jejum, isso muda e consigo real-</p><p>mente focar e fixar o meu pensamento exclusivamente</p><p>no livro. Idem para escrever, as palavras vêm mais fa-</p><p>cilmente para mim… Não sinto fome nenhuma, já perdi</p><p>mais de 3 kg, minha respiração está perfeita, já fiz meu</p><p>treino matinal e agora é passar o dia em foco para ver se</p><p>consigo prolongar o jejum.</p><p>Acabei quebrando o jejum no final do dia. Como estava</p><p>na semana de lançamento da minha turma de investidores</p><p>– quando faço várias lives no YouTube, no Instagram e</p><p>107</p><p>no Facebook – estive a todo momento fazendo algo ou</p><p>falando com alguém. Então, por normalmente ser bom</p><p>que você fique sem fazer nada quando está de jejum, isto</p><p>é, somente desintoxicando o corpo, dessa vez, precisei</p><p>terminar minha autofagia. Deixei para uma próxima</p><p>tentativa de fazer 7 dias sem comer. Mas 3 dias já está</p><p>perfeito. Nosso corpo é uma máquina poderosíssima.</p><p>Tente fazer com acompanhamento médico e, depois,</p><p>me diga se você se sentiu melhor. E lembre-se: É muito</p><p>importante que após o jejum, o que você coma seja</p><p>algo leve e saudável, lembrando também que jejum</p><p>intermitente não é para todos.</p><p>Só tome muito cuidado ao começar a fazer jejum e</p><p>continuar comendo muita porcaria após esse período,</p><p>pois o impacto no seu corpo poderia ser ainda pior. Não</p><p>se esqueça da suplementação. Não posso passar dosa-</p><p>gens, por isso sempre falo para as pessoas procurarem</p><p>um médico da área, mas, as vitaminas que tomo e fazem</p><p>diferença são: D3, você nunca mais vai ter cáries, de tão</p><p>poderosa que ela é; Ômega 3; óleo de coco com alta con-</p><p>centração de ácido láurico – substância com ação an-</p><p>tioxidante e anti-inflamatória. Para quem ainda diz que</p><p>não há estudos suficientes sobre os benefícios do óleo</p><p>de coco, eu gostaria de contar que há mais de mil livros</p><p>na Amazon.com e pelo menos 170 mil citações no Google</p><p>Acadêmico – que só concentra artigos científicos – mais</p><p>de 9 mil artigos publicados no Mercola.com, o maior site</p><p>médico do mundo.</p><p>108</p><p>Um dos estudos mais impressionantes foi feito pela</p><p>médica americana Mary Newport. Ao ver seu marido,</p><p>Steven, diagnosticado com o Mal de Alzheimer, Mary</p><p>decidiu incluir o coco na dieta dele. E em alguns meses,</p><p>Steven retomou atividades que havia perdido, como</p><p>leitura e corrida. A melhora do marido fez com que</p><p>Mary escrevesse um livro Alzheimer disease: what if</p><p>there is a cure? (Doença de Alzheimer: e se existir uma</p><p>cura? - traduação do autor). Esse livro foi um best-</p><p>seller na lista dos mais vendidos do New York Times.</p><p>Outra vitamina importantíssima é a Vitamina K2,</p><p>nada mais que o GPS do cálcio. Quando a pessoa toma</p><p>um cálcio inorgânico, o corpo geralmente não sabe o</p><p>que fazer e é comum que esse cálcio acabe indo para os</p><p>tecidos moles e calcificando – como, por exemplo, a veia</p><p>carótida, causando AVC em várias pessoas pelo mundo.</p><p>Mas, quando é feita a suplementação de K2, você está</p><p>ajudando a levar o cálcio para os lugares corretos. Ou-</p><p>tro alimento que chamo de vitamina é o ovo. Ele é um</p><p>dos melhores alimentos do planeta. É bem embalado e</p><p>dentro tem tudo que é necessário para gerar uma vida.</p><p>Muitos dizem que não comem ovo porque aumenta o co-</p><p>lesterol ou engorda. O quê? O ovo não aumenta o coles-</p><p>terol. O que aumenta o colesterol é o ovo frito em óleo</p><p>hidrogenado. O ovo não vai te engordar, a não ser que</p><p>você coma com pão – aí a culpa não é do ovo.</p><p>Os ovos também são uma fonte rica em selênio,</p><p>um antioxidante importante para o funcionamento</p><p>109</p><p>da tireoide, do nosso sistema imunológico e da nossa</p><p>saúde mental, junto com as vitaminas D, B6, B12, com o</p><p>zinco e com o ferro. Muitos jogam fora a gema do ovo</p><p>por acharem que aquilo é o que aumenta o colesterol,</p><p>mas a gema é um alimento poderoso para os olhos. Uma</p><p>gema possui luteína e zeaxantina – algo em torno de</p><p>0,2 mg de cada uma dessas substâncias –, entre outros</p><p>inúmeros benefícios.</p><p>Veja que trato, neste livro, de vários detalhes no que</p><p>concerne a ser bem-sucedido – não é simplesmente fi-</p><p>car</p><p>rico. Aproveito para deixar meus agradecimentos</p><p>ao grande médico e nutrólogo brasileiro – e cujos en-</p><p>sinamentos podem ser aproveitados por pessoas do</p><p>mundo inteiro – Dr. Lair Ribeiro. Ele é autor de mais de</p><p>100 trabalhos científicos publicados em revistas médi-</p><p>cas americanas indexadas, tendo também publicado 38</p><p>livros, sendo 15 deles best-sellers, 26 traduzidos para</p><p>outros idiomas, disponíveis em mais de 40 países. Um</p><p>dos livros dele que você não pode deixar de ler é “O su-</p><p>cesso não ocorre por acaso”. O Dr. Lair Ribeiro morou</p><p>durante 17 anos nos Estados Unidos, período em que</p><p>trabalhou em três universidades americanas: Harvard</p><p>Medical School, Baylor College of Medicine e Thomas</p><p>Jefferson University. Nesse período, também exerceu</p><p>os cargos de diretor-médico na Merck Sharp & Dohme</p><p>e de diretor-executivo, alcançando a vice-presidência</p><p>na Ciba Corporation, hoje Novartis. Dessa forma, sou</p><p>110</p><p>totalmente grato, pois, talvez nem todos os brasileiros</p><p>saibam que temos vários gênios que carregam a nossa</p><p>bandeira verde e amarela.</p><p>111</p><p>112</p><p>Capítulo 12</p><p>Quem não tem sonhos</p><p>deixou de viver</p><p>E</p><p>u e Maíra nos conhecemos há quase 10 anos e,</p><p>de tanto eu falar em morar fora do Brasil, aca-</p><p>bei convencendo-a. Novamente, tentei ir para os</p><p>EUA com visto de estudante, mas no dia de tirar o visto,</p><p>um rapaz da imigração disse que eu não teria mais di-</p><p>reito de ir dessa forma e negou. Foi nesse momento que</p><p>decidimos pela Inglaterra, por ser de língua inglesa tam-</p><p>bém, bem como por outros fatores importantes da cul-</p><p>tura e por eu ter direito à cidadania italiana, já que meus</p><p>bisavós e trisavós migraram para o Brasil, advindos de</p><p>motivos econômicos e socioculturais. Quero, ainda, dei-</p><p>xar expresso meus agradecimentos aos meus antepas-</p><p>sados, porque, tenho o direito de morar legalmente em</p><p>qualquer lugar da Europa, entre outros países.</p><p>Assim, eu e minha esposa, havíamos decidido ir</p><p>embora do Brasil em busca de uma vida menos difícil.</p><p>Quando digo menos difícil, não quero me referir que</p><p>113</p><p>chegar a um país como imigrante seja fácil, quero</p><p>dizer que ir morar em um país desenvolvido é ter mais</p><p>acessibilidade a coisas simples de maneira mais fácil. Eu</p><p>já havia morado nos EUA, mas minha esposa nunca tinha</p><p>viajado mais que uma hora de avião. Foi quando entrei</p><p>em contato com algumas faculdades em Connecticut, e</p><p>nós dois fomos aceitos por uma instituição. Com a carta</p><p>da universidade em mãos, fomos até São Paulo, Brasil,</p><p>tirar o visto de estudante. Estávamos imensamente</p><p>felizes. Eu já havia organizado as coisas, até já tinha</p><p>saído da empresa em que trabalhava, nós dois realmente</p><p>estávamos largando tudo. Eu tinha passado no concurso</p><p>da Polícia – isso mesmo, para você entrar para a polícia</p><p>no Brasil, precisa passar em provas escritas e exames</p><p>físicos –, mas resolvi não assumir o cargo. Já estávamos</p><p>decididos. Foi quando chegou o momento da entrevista</p><p>e o funcionário da imigração disse: “Willian, você já</p><p>esteve nos EUA como estudante. Infelizmente com</p><p>esse visto você não vai poder entrar. Talvez com o de</p><p>turista você consiga”. Desse modo, apenas o da minha</p><p>esposa foi aceito. Voltei para Curitiba arrasado.</p><p>Mas, como um bom brasileiro nunca desiste, esperei</p><p>o prazo de uma semana e voltei para tentar o visto de</p><p>turismo. Entretanto, infelizmente, foi negado novamente.</p><p>Jogaram-nos um banho de água gelada. Nós estávamos</p><p>decididos a ir e eu já havia organizado tudo. E é claro que</p><p>a culpa não é do rapaz da imigração, mas quero ressaltar</p><p>como uma pessoa pode mudar o rumo total da sua vida,</p><p>114</p><p>e talvez guiá-lo para o lado certo. Naquele momento,</p><p>pudemos achar que foi a pior coisa que poderia nos ter</p><p>acontecido, mas, com o passar do tempo, descobrimos</p><p>que era a vida nos colocando no caminho certo.</p><p>Voltei para Curitiba, bastante triste, pois havia gas-</p><p>to uma quantia considerável de dinheiro nessas ten-</p><p>tativas. Falei para minha esposa: “Bem, vou esperar</p><p>me chamarem no concurso que passei da Polícia e aí</p><p>vamos pensar em algo” – foi quando as coisas, finan-</p><p>ceiramente, começaram a mudar para nós, acho que eu</p><p>nunca tinha conseguido ganhar mais do que R$2500,</p><p>equivalente a U$500 dólares por mês em meu país,</p><p>mas, aos poucos, sem perceber, fui alterando meu “ter-</p><p>mostato”. Vou contar como foi: Eu precisava trabalhar</p><p>ou teria que mexer nos investimentos que havia feito</p><p>desde 2008 – e já estávamos em 2014, mais ou me-</p><p>nos –, os quais estavam rendendo maravilhas. Porém,</p><p>precisava ter controle. Havia momentos em que fazia</p><p>questão de esquecer dos meus investimentos para fu-</p><p>gir da tentação de pegá-los e viver o presente. Eu já</p><p>sabia que o futuro é consequência do passado, então</p><p>isso me deixava firme. Mas, o meu problema era não ter</p><p>uma reserva de emergência.</p><p>Alguns chamam de “abastança”, isto é, a quantidade</p><p>de tempo que você pode ficar sem trabalhar. Uma reserva</p><p>de emergência que indico para todos que investem e para</p><p>quem não quer passar por desesperos é a seguinte: você</p><p>junta de seis meses a um ano o valor que precisa para</p><p>115</p><p>sobreviver por mês e coloca em algum investimento,</p><p>seguro e com liquidez rápida – liquidez é tudo aquilo que</p><p>você consegue transformar em dinheiro rapidamente.</p><p>Normalmente, a maioria das pessoas não consegue</p><p>montar a reserva de emergência por possuir muitas</p><p>dívidas ou pulam a parte desse “colchão” financeiro e</p><p>já entram direto na renda variável, que é um risco maior</p><p>ainda, porque o nome já diz tudo, renda variável – ela</p><p>varia! Imagine que eu invista em uma ação 1.000 dólares</p><p>e que essa ação de repente caia para 800. Como eu não</p><p>preciso do dinheiro, vou deixar lá esperando voltar a</p><p>subir – o verdadeiro Buy and Hold, comprar e segurar.</p><p>Mas, se surgir uma emergência e eu não tiver reserva e</p><p>acabar por precisar do dinheiro, ficaria tentado a fazer</p><p>como muitos, que vão lá e mexem em algo que poderia</p><p>mudar a vida deles, que poderia valorizar múltiplas</p><p>vezes! Esses indivíduos, pela falta de conhecimento e</p><p>por pularem etapas, culpam o mercado de investimentos,</p><p>dizem que não funciona, que não dá para ganhar e</p><p>que somente perderam dinheiro. Realmente, antes de</p><p>qualquer investimento, você precisa de uma estratégia</p><p>e de objetivos. Se você investir às cegas, aí eu te digo:</p><p>Você está apostando em um cassino! Hoje em dia,</p><p>temos várias oportunidades para nos tornarmos ricos:</p><p>cryptos, ações, fundos imobiliários, ETFs, tesouro etc.</p><p>Lembrando que cada um tem sua estratégia.</p><p>Voltando ao relato da minha vida de desempregado</p><p>– com meu visto para os EUA negado – precisava fa-</p><p>116</p><p>zer algo urgente. No outro dia, comecei a mandar cur-</p><p>rículos para todos os lugares – todos os lugares mes-</p><p>mo. Quem quer trabalhar arruma um jeito! Até que me</p><p>chamaram para duas empresas: um restaurante muito</p><p>conhecido e um restaurante pequeno, para trabalhar</p><p>de chapeiro, fazendo hambúrguer e cachorro-quente,</p><p>onde fui fazer um teste. Ao sair de lá, me sentia como</p><p>se tivesse estado em uma máquina de bronzeamento</p><p>artificial. Descartei essa hipótese, porque ainda tinha</p><p>um pouco de tempo para escolher algo que fosse me</p><p>satisfazer mais, afinal, a reserva que iríamos gastar</p><p>no exterior, poderia nos ajudar a sobreviver por um</p><p>tempo no Brasil. E, “detalhe”, parabéns para quem tra-</p><p>balha nessa função!</p><p>Fui fazer outro teste em um restaurante bem conhe-</p><p>cido na região onde eu morava. Quando eu entrei, em</p><p>uma das mesas do restaurante, havia um grupo de pes-</p><p>soas que me reconheceu da campanha política. Eles dis-</p><p>seram que votaram em mim e que votariam novamente.</p><p>Agradeci e fui atrás do gerente para pegar meu unifor-</p><p>me. Eu não estava feliz, aquilo não era o que eu queria</p><p>para mim. Tinha feito tudo isso há muito tempo atrás e</p><p>já possuía experiência para outras funções, em que con-</p><p>seguiria um salário maior. Quando o gerente me viu, já</p><p>veio logo me dando o uniforme, e eu rapidamente dis-</p><p>se: “Só quero agradecer</p><p>a oportunidade, mas estou indo</p><p>embora”. Sabia que conseguiria emprego na área que eu</p><p>queria, mas precisava de paciência.</p><p>117</p><p>Tive uma sensação que nunca havia sentido</p><p>antes, algo cultural, senti vergonha de ficar naquele</p><p>restaurante por ser frequentado por vários conhecidos.</p><p>Hoje, já teria outra percepção, mas aprendi com o</p><p>tempo. Tenho amigos com poderes aquisitivos altos que</p><p>não precisam trabalhar e ao passarem uma temporada</p><p>em um determinado país, se jogam na cultura de lá,</p><p>trabalham para aprender outro idioma e conhecer</p><p>novas pessoas, o que não é uma ideia nada ruim.</p><p>Quando cheguei a Londres, além de ter trabalhado</p><p>de motoboy, trabalhei dentro do restaurante KFC</p><p>e foi uma experiência incrível. Passei por testes de</p><p>habilidades, pois tudo tinha que ser muito rápido,</p><p>bem como por testes de paciência, recebendo ordens</p><p>de pessoas que na maioria das vezes não sabiam</p><p>dialogar. Era um trabalho do qual, após apenas 5 horas</p><p>trabalhadas por dia, eu saia como se tivesse trabalhado</p><p>15 horas. O trabalho era muito intenso, mas servia para</p><p>conhecer melhor a si e a seus colegas. No período em</p><p>que trabalhei lá, era chamado de chefe-espião, pois</p><p>sempre estava feliz e perguntava qual era o sonho dos</p><p>meus colegas. O mais surpreendente é que a maioria</p><p>não tinha sonhos – e quem não tem sonhos infelizmente</p><p>deixou de viver.</p><p>118</p><p>Havíamos decidido ir</p><p>embora do Brasil em</p><p>busca de uma vida</p><p>menos difícil, quando</p><p>digo menos difícil,</p><p>não estou dizendo</p><p>que seria fácil!</p><p>119</p><p>120</p><p>Capítulo 13</p><p>Difíceis decisões</p><p>V</p><p>oltando à minha realidade no Brasil em bus-</p><p>ca de um trabalho, depois de tantas tentativas,</p><p>cheguei em casa meio cabisbaixo, mas já em</p><p>seguida meu telefone tocou. Era uma empresa que en-</p><p>tregava materiais pesados em construções. O salário</p><p>não era alto, mas já era o dobro daquele que ganharia</p><p>no restaurante. Fui fazer um teste, mas o trabalho era</p><p>muito pesado, com maquinários pesados, e mais uma</p><p>vez me perguntei: “O que estou fazendo aqui?”.</p><p>Retornei para casa pensativo e fui tomar um banho.</p><p>Nunca vi tanta sujeira sair com a água. Estava todo sujo</p><p>de barro. Terminei de tomar banho, sentei na cama e</p><p>falei para minha esposa: “E agora?”. Quando ela ia falar</p><p>algo, o telefone tocou.</p><p>Era uma entrevista em uma grande agência de</p><p>viagens. Eu precisava daquela vaga! Faria de tudo por</p><p>ela. Eles estavam precisando com urgência de um novo</p><p>funcionário.</p><p>121</p><p>Chegando lá, fui entrevistado por um homem que</p><p>é meu amigo até hoje. Ele me fez algumas perguntas,</p><p>até que perguntou: “Vejo que já passou por várias</p><p>empresas, por que não ficou em nenhuma por mais de</p><p>um ano?”.</p><p>Eu disse: “Nenhuma delas merecia o meu serviço!”</p><p>Fui bem modesto! Brincadeiras à parte, deu certo. Ele</p><p>disse que me ligaria e ligou. Era um salário de uns mil</p><p>reais, mais comissão equivalente a 200 dólares. No meu</p><p>primeiro dia, conheci a minha chefe, que também é minha</p><p>amiga até hoje. Sou imensamente grato por ter conhecido</p><p>o Arlei, que me entrevistou, e a Regiane, que também</p><p>comandava tudo. Nos 3 primeiros meses, eu ganhava</p><p>uma média de 2 mil reais mensais, cerca de 350 dólares,</p><p>a média de salário dos brasileiros. Mas, após os 3 meses</p><p>iniciais, já conhecia os 9 sistemas que precisávamos</p><p>saber para conseguir vender e coloquei meu dom de</p><p>vendas em prática, bem como o meu conhecimento e,</p><p>pronto, a mágica aconteceu. O meu salário passou a ser</p><p>mais de 15 mil reais mensais. $2.800 dólares. Era muito</p><p>dinheiro! Eu nunca tinha recebido tanto assim por mês.</p><p>Era gratificante, mas como sempre queremos mais,</p><p>eu e minha esposa estávamos decididos, e tínhamos</p><p>a ideia de irmos embora para algum país da Europa.</p><p>Como disse, meus avós maternos eram italianos e eu</p><p>tinha direito ao reconhecimento da cidadania italiana.</p><p>Comecei a ir em busca das certidões de nascimento e</p><p>a levantar toda a papelada. Foi quando insistimos em</p><p>122</p><p>escolher um país que falasse inglês para morarmos.</p><p>Assim, optamos definitivamente pela Inglaterra, país que</p><p>possui uma história interessante e que também me daria</p><p>a oportunidade de morar em uma terra diferente das que</p><p>conheci, na qual nunca havia vivido, até então.</p><p>Junto com esse trabalho que me proporcionava</p><p>ganhar praticamente 15 mil reais e trabalhar apenas 6h</p><p>por dia, consegui um emprego na parte da manhã que me</p><p>pagava 2 mil reais, mais ou menos $400 dólares, a fim de</p><p>acelerar meus investimentos e a nossa ida para o exterior.</p><p>Esse trabalho pela manhã era para cortar o fornecimento</p><p>de água de um determinado local. Isso mesmo, no Brasil</p><p>existe a prática de “corte de água!”. Não pagou a conta,</p><p>vai alguém e corta sua água. Essa era a minha função,</p><p>durante as manhãs, mas eu não conseguia, não tinha</p><p>coragem! Chegava até as casas simples e vinha na minha</p><p>mente a imagem de quando eu era criança, dos meus pais</p><p>tentando manter as contas em dia, inclusive as contas</p><p>de água. Desse modo, apenas fingia que tinha cortado o</p><p>fornecimento de água e colocava o lacre de corte, como</p><p>se fosse um selo, mas deixava a água funcionando. Eram</p><p>poucas as casas que eu conseguia “cortar a água” sem</p><p>sair com o coração partido. As que estavam para alugar</p><p>eu cortava tranquilamente, mas, quando chegava nas</p><p>casas simples e via as crianças comendo uma banana,</p><p>eu pensava: “Talvez essa seja a única refeição do dia</p><p>dessa criança, e vou tirar um dos bens mais preciosos</p><p>deles? Não!”. Durei 6 meses nessa empresa, até me</p><p>123</p><p>mandarem embora por não estar cumprindo o serviço</p><p>adequadamente. Ao menos consegui evitar o corte de</p><p>água de muita gente.</p><p>Certa vez, fui a uma casa de classe média que estava</p><p>com o portão aberto; entrei, “cortei a água” e, na hora</p><p>em que eu estava saindo, a senhora que ali morava per-</p><p>guntou: “Você cortou minha água, moço?”. Eu respondi:</p><p>“Sim, por falta de pagamento”. E ela disse: “É que não</p><p>estou podendo trabalhar”. E abriu a porta da cozinha: o</p><p>marido dela estava vegetando em uma cama dentro da</p><p>cozinha, talvez pelo fato de o ambiente ter mais ven-</p><p>tilação. Não sei por qual motivo, realmente, ele estava</p><p>na cozinha, mas me caiu uma lágrima. Eu quase estava</p><p>deixando aquela senhora sem água. Claro que eu voltei e</p><p>liguei a água novamente. Era um trabalho simples de se</p><p>fazer, mas eu não conseguia. Acredito que poderiam ser</p><p>criados outros métodos, e não tirar esse bem tão impor-</p><p>tante. E veja só que incrível! Após um tempo, eu traba-</p><p>lhei junto com o ex-presidente dessa empresa de água,</p><p>contei-lhe o que acontecia e perguntei se haveria uma</p><p>solução para esse problema? Ele disse que se conseguis-</p><p>se voltar à presidência dessa empresa, ele daria um jeito,</p><p>mas de fato ele não voltou a presidi-la.</p><p>Passou-se mais de um ano. Eu havia juntado mais de</p><p>50 mil reais, pouco mais de 10 mil dólares, fora todo o</p><p>dinheiro que eu destinava para os nossos investimentos.</p><p>Então, cheguei para os meus chefes e disse: “Este mês</p><p>será meu último mês aqui”.</p><p>124</p><p>Nunca, mas nunca na minha vida, havia saído de</p><p>uma empresa tão triste quanto estava por sair dessa</p><p>agência de viagens. Lá, havia pessoas boas, pessoas</p><p>maravilhosas, pessoas com as quais se pode aprender</p><p>tudo sobre ser empreendedor. Acima de tudo, sobre</p><p>ser um ser humano de verdade! Eu sabia que faria falta</p><p>para eles e que seria um tanto difícil achar alguém</p><p>rápido para vender o que eu vendia, mas ninguém</p><p>é insubstituível. Enfim, vida e sonhos que seguem.</p><p>De tantas coisas que já havia feito nessa vida, largar</p><p>um emprego que me proporciona ganhar tão bem e</p><p>conviver com pessoas tão maravilhosas era algo que</p><p>soava assustador. Eu pensava: “E se me arrepender? E</p><p>se der errado? E se não gostar? Vou ter que voltar para</p><p>o Brasil desempregado? Tendo que procurar trabalho?</p><p>Refazer a vida?”. Minha amiga e ex-chefe me disse algo</p><p>reconfortante. Mesmo triste com a minha saída da</p><p>empresa, ela falou que se eu quisesse voltar, o lugar</p><p>era meu. Nossa! Isso foi tão agradável,</p><p>tão energizante,</p><p>porém, acho que ela nem teve essa noção do quanto foi</p><p>bom para mim.</p><p>125</p><p>126</p><p>Capítulo 14</p><p>O encanto Europeu</p><p>F</p><p>izemos uma viagem magnífica para a Europa. Se</p><p>foi possível para nós, é possível para qualquer</p><p>um. Eu e minha esposa havíamos nos programa-</p><p>do completamente para essa mudança de vida. Resol-</p><p>vemos, em vez de irmos de avião, fazer a travessia de</p><p>navio. E, não! Não era navio cargueiro – pasmem, al-</p><p>guns nos perguntaram isso. Na verdade, era um navio</p><p>magnífico da MSC de 16 andares, com vários restau-</p><p>rantes e bares, algo que eu nunca havia experimentado</p><p>antes. Era surreal entrar em solo europeu com o pé</p><p>direito assim. Foram 23 dias de viagem. Passamos por 5</p><p>países diferentes e por várias cidades. Saímos do por-</p><p>to de Santos, paramos no Rio de Janeiro, cidade linda,</p><p>depois paramos em Salvador, em Recife e ficamos uns</p><p>4 dias em alto-mar até chegarmos em Santa Cruz de</p><p>Tenerife, Espanha, lugar lindo demais.</p><p>Então, passamos em Málaga. Nos apaixonamos pela</p><p>cidade. Depois, passamos pela Grécia, por Malta, pela</p><p>Croácia, até chegarmos à linda e bela Veneza, Itália,</p><p>127</p><p>lugar esplêndido. Lembro do rosto da minha esposa na</p><p>estação de trem vendo a diversidade de pessoas, já que</p><p>era a primeira viagem dela para fora do Brasil. Aquela</p><p>foi uma viagem incrível, que eu indico para todos –</p><p>tanto sair da Europa indo para o Brasil quanto sair do</p><p>Brasil vindo para a Europa. De Veneza, pegamos o trem</p><p>e fomos até a bela cidade de Mantova, onde ficaríamos</p><p>por mais ou menos 4 meses, até que pegasse meu</p><p>passaporte italiano por direito, presente dos meus</p><p>antepassados italianos.</p><p>Fascinantes foram os primeiros passos em solo eu-</p><p>ropeu. Especificamente em Mantova, na Itália, lindíssi-</p><p>ma e com várias histórias e lendas. Inclusive, uma das</p><p>lendas, segundo o catolicismo, narra que um cálice com</p><p>o sangue de Cristo foi depositado na Igreja de Sant’An-</p><p>drea Apostolo, no ano de 36 d.C., trazido por um sol-</p><p>dado romano de nome Longino que teria presenciado</p><p>a agonia de Cristo na cruz. Conta a lenda que Longino</p><p>atingiu a costela de Jesus com a ponta de sua lança, fa-</p><p>zendo o sangue jorrar (em 33 d.C.). Esse sangue o curou</p><p>de uma enfermidade. Então, ele se ajoelhou aos pés de</p><p>Jesus, arrependido de seu ato, e percebeu o poder divi-</p><p>no do homem crucificado. Imediatamente, ele recolheu</p><p>parte da terra molhada pelo sangue, colocando numa</p><p>pequena caixa e partindo, levando consigo essa pre-</p><p>ciosidade. Três anos depois, a tradição diz que Longino</p><p>chega à Mantova e, antes de ser decapitado, ele escon-</p><p>de a relíquia junto ao templo romano de Diana, onde</p><p>128</p><p>hoje fica a cripta da magnífica Basílica de Sant’Andrea</p><p>Apostolo. Em 804, o papa Leão III autenticou a relíquia.</p><p>O fato caiu no esquecimento do povo e mais tarde ela</p><p>foi novamente encontrada. Em 1048, sua veracidade foi</p><p>novamente confirmada pelo papa. Mantova, então, tor-</p><p>nou-se local de peregrinação de massas e passou a ser</p><p>visitada por papas e por imperadores. Atualmente, uma</p><p>vez ao ano, na Sexta-Feira Santa, duas cópias do cálice</p><p>sagrado são expostas à visitação.</p><p>Conhecemos também Verona, Lago di Garda,</p><p>que também é sensacional, Borghetto, Roma, entre</p><p>outras cidades. Tínhamos levado um bom dinheiro,</p><p>para ficarmos uns 3 meses na Itália passeando e ainda</p><p>nos sobraria para irmos para Londres, cidade onde</p><p>queríamos recomeçar. Contudo, minha cidadania</p><p>demorou um pouco para sair e precisamos estender</p><p>mais a nossa estadia na Itália. Não que fosse ruim, era</p><p>ótimo, porém quanto mais tempo ficássemos, menos</p><p>dinheiro teríamos em Londres – lembrando que Londres</p><p>é uma das cidades mais caras do mundo. Quando saiu</p><p>minha identidade italiana, finalmente pude viajar para a</p><p>Inglaterra. Porém, ainda não podíamos ir, pois tínhamos</p><p>feito uma solicitação para minha esposa morar comigo</p><p>no UK, e o visto dela não havia chegado ainda. Foi</p><p>quando tomamos uma decisão maluca. Eu iria na frente</p><p>e ela iria assim que chegasse o seu visto. Nossa, que</p><p>arrependimento! A propósito, vale mencionar que a</p><p>nossa assessoria na Itália nos prestou todo o suporte</p><p>129</p><p>necessário e, inclusive, no final deste livro, deixo o</p><p>contato para quem quiser alguém de confiança.</p><p>Quando deixei minha esposa sozinha, senti que um</p><p>pedaço meu havia ficado para trás – e de fato ficou. Fui</p><p>para Londres preocupado e arrependido. Quando che-</p><p>guei naquele aeroporto gigante, simplesmente falei co-</p><p>migo mesmo: “Aqui vai começar uma nova vida”. Havia</p><p>combinado com um brasileiro para me pegar no aero-</p><p>porto, mas, chegando lá, meu telefone não funcionava.</p><p>Encontrei uma senhora e pedi seu celular emprestado</p><p>e ela, muito generosa, me emprestou. Consegui contato</p><p>com ele e, pronto, fui levado até um estúdio onde eu</p><p>iria ficar pelos próximos meses, quase de frente para</p><p>o estádio de Wembley. Ele me indicou um trabalho na</p><p>Amazon, em uma Van, algo que nem imaginava. Fiquei</p><p>ali naquele trabalho por uma semana, até receber o pri-</p><p>meiro salário de 33 libras. Tinha caído na mão de bra-</p><p>sileiros exploradores. Quero dizer que não são todos,</p><p>mas é bom ficar esperto! Eu trabalhava muito; chegava</p><p>às 6 da manhã e ia embora umas 8 horas da noite. Havia</p><p>deixado minha esposa sozinha para ganhar 33 pounds</p><p>equivalente a R$ 201 por semana. Quando terminou</p><p>aquela semana desapontadora, minha esposa estava</p><p>para chegar. Logo, fui buscá-la no aeroporto. O voo</p><p>dela já havia chegado fazia mais de uma hora e nada</p><p>de ela aparecer. Foi quando o meu telefone tocou: era</p><p>um agente da imigração perguntando se eu conhecia</p><p>minha esposa, o endereço que ela apresentou e tudo</p><p>130</p><p>mais. Após alguns minutos dessa ligação, ela já estava</p><p>comigo. Ao nos encontrarmos, demos o abraço mais</p><p>gostoso de todos. Aqueles momentos anteriores foram</p><p>de uma aflição gigantesca.</p><p>Nós dois em solo britânico sabíamos que tínhamos</p><p>uma jornada grande pela frente. Cometemos vários erros,</p><p>como, por exemplo, termos escolhido Londres como a</p><p>cidade para morarmos. Londres é bela, maravilhosa,</p><p>mas é uma das cidades mais caras do mundo para se</p><p>viver. Eu pagava mil libras, equivalente a R$ 6 mil reais,</p><p>em um estúdio pequeno, no qual a diminuta cozinha</p><p>era acoplada com o quarto, sem quaisquer divisões.</p><p>Como você já deve imaginar, larguei o trabalho com</p><p>a terceirizada da Amazon e fui trabalhar de motoboy.</p><p>Trabalhava muito, o serviço não parava, mas parecia</p><p>que estávamos fazendo algo de errado. Eu trabalhava e</p><p>trabalhava, no entanto não via sobrar dinheiro. Sempre</p><p>tinha que dar a manutenção necessária da moto e,</p><p>além disso, precisávamos nos sustentar. Foi quando</p><p>tivemos um problema no estúdio onde morávamos. A</p><p>minha esposa colocou algumas roupas para lavar em</p><p>uma lavanderia que era destinada para os moradores e,</p><p>após uns 30 ou 40 minutos, quando foi pegar as roupas</p><p>para colocá-las na máquina de secar, as peças estavam</p><p>todas jogadas no chão, pisoteadas, algo triste – mas,</p><p>mais triste para quem fez isso; imagine qual a vida de</p><p>uma pessoa que faz isso com o próximo? Mas, enfim,</p><p>foi um dos estopins para sairmos daquele complexo</p><p>131</p><p>de estúdios. Lamentavelmente, tivemos problemas</p><p>com uma agência que locava esse tipo de imóveis</p><p>para brasileiros. Uma das proprietárias da agência,</p><p>irritada com minha reclamação sobre a desorganização</p><p>do complexo de estúdios, falou para eu ir embora e</p><p>passar na agência a fim de receber meu depósito –</p><p>prática normal na Inglaterra, uma vez que, quando se</p><p>aluga uma casa, se deixa um depósito geralmente de</p><p>um mês do valor do aluguel. Ao chegar na agência, fui</p><p>surpreendido pela proprietária, a qual me disse que eu</p><p>não tinha direito a nada. E falei: “Só vou sair daqui com</p><p>o que é meu de direito”. Lamentavelmente, não foi bem</p><p>assim e me trataram muito mal – eu não era o único e</p><p>decerto não seria o último. Precisei pensar: ou ligava</p><p>para a polícia, ou tentava algum meio que talvez fosse</p><p>mais rápido.</p><p>Bem, eu</p><p>já conhecia dois youtubers influentes e</p><p>lembrei deles, pois quem sabe poderiam me dar uma</p><p>ajuda na solução daquele problema. Liguei para o</p><p>Rodrigo do canal “Viver em Londres” e para o Rafael</p><p>do canal “Moto filmadores UK”, e de prontidão eles me</p><p>atenderam. Os dois fizeram um vídeo dizendo o nome</p><p>daquela agência, mencionando que não estavam agindo</p><p>de boa-fé conosco. Em minutos após o vídeo ir ao ar,</p><p>recebi uma ligação do irmão da mulher dizendo que era</p><p>o dono da agência. Ele, muito educado ao telefone, pediu</p><p>desculpas, afirmando que eu iria ser pago e que era para</p><p>tirar o vídeo do ar, já que aquele vídeo poderia acabar</p><p>132</p><p>com a imagem da agência. Nós havíamos combinado</p><p>que, assim que o dinheiro caísse na minha conta, o</p><p>vídeo sairia do ar. Após um dia, o dinheiro estava lá!</p><p>Algo que poderia ter sido resolvido no mesmo dia em</p><p>que fui, praticamente, expulso de uma agência gerida</p><p>por brasileiros que deploravelmente não cumpriram</p><p>com a palavra dada e não agiram com honestidade, isso</p><p>foi resolvido somente graças a pessoas incríveis como o</p><p>Rafael e o Rodrigo – por sinal, o Rodrigo é autor do livro</p><p>“Imigrar”, vale muito a pena a leitura. E o Rafael, hoje,</p><p>tem uma das maiores mecânicas de moto de Londres</p><p>LMC – de modo que só por intermédio deles tive meu</p><p>dinheiro de volta. Não era nem somente pelo dinheiro,</p><p>e sim por não ficarmos calados para as covardias que</p><p>vivemos neste mundo.</p><p>Após tudo isso, eu e minha esposa nos olhamos e,</p><p>somente através do olhar, pensamos em voltar para o</p><p>Brasil. Mas... voltar para o Brasil? Desistir é tão fácil</p><p>assim? Sem ter podido conhecer bem o Reino Unido? Ou</p><p>conhecer bem a Europa? Nós poderíamos mudar essa</p><p>história. Conto tudo isso em alguns detalhes, para que</p><p>consiga converter qualquer objeção que possa surgir</p><p>nem sua cabeça, dizendo que para você é impossível</p><p>ou imaginando que para mim foi fácil. Como muitos</p><p>que falavam que eu havia nascido com a “bunda virada</p><p>para lua”, um termo brasileiro muito usado para dizer</p><p>que alguém tem muita sorte. Demonstro com isso que</p><p>todos temos problemas, mas o que nos faz prosseguir</p><p>133</p><p>são as metas estipuladas. Nossos sonhos eram maiores</p><p>do que as lombadas que encontrávamos no caminho.</p><p>Tenha sonhos grandes, para você não desistir durante</p><p>a sua jornada. Sempre, no começo de qualquer objetivo,</p><p>precisamos tomar cuidado com pessoas que querem</p><p>tomar proveito de nossas fragilidades. De qualquer</p><p>forma, aquele episódio só serviria de lição para ficarmos</p><p>ainda mais atentos.</p><p>134</p><p>Quando deixei minha</p><p>esposa sozinha, senti</p><p>que um pedaço meu</p><p>havia ficado para trás</p><p>e de fato ficou. Fui para</p><p>Londres preocupado e</p><p>arrependido.</p><p>135</p><p>136</p><p>Capítulo 15</p><p>Dia a dia em Londres</p><p>C</p><p>om muita dificuldade, achamos um local que era</p><p>compartilhado, mas o nosso quarto era uma suí-</p><p>te. Essa prática de alugar quartos na Inglaterra</p><p>é muito forte. Usamos todo o dinheiro que tínhamos pa-</p><p>gando o depósito e o aluguel da nossa nova casa pelos</p><p>próximos meses. O apartamento que havíamos alugado</p><p>ficava perto de Canary Wharf, precisamente próximo à</p><p>estação de Pontoon Dock, região boa e tranquila. O apar-</p><p>tamento ficava dentro de um complexo que tinha sauna</p><p>e academia. Eu estava adorando a ideia. Conhecemos</p><p>as pessoas que dividiram a casa conosco: um casal com</p><p>uma criancinha bem pequena, e um rapaz que dormia no</p><p>quarto ao lado do nosso. O casal com a criança saía cedo</p><p>para trabalhar e levava a criança junto. Eu tinha muita</p><p>dó dela, pois nunca tinha visto um bebê com olheiras. Os</p><p>pais e a criança acordavam muito cedo e dormiam bas-</p><p>tante tarde. Espero que a vida deles tenha melhorado. Já</p><p>no mês seguinte, eles saíram do apartamento, entrou um</p><p>casal novo e sem filhos.</p><p>137</p><p>Como já citei anteriormente, o custo de vida em Lon-</p><p>dres era alto e o meu vizinho de quarto praticamente não</p><p>trabalhava. Quando ele saía, o fazia com um carro aluga-</p><p>do. Pensei comigo: “Não gosto de me meter na vida de nin-</p><p>guém, mas, quando uma pessoa divide comigo o mesmo</p><p>teto, é necessário”. Um dia ele foi tomar banho e deixou</p><p>a porta do quarto aberta. Eu achava que ele vendia dro-</p><p>gas, mas acabei descobrindo um arsenal de documentos</p><p>falsos e uma máquina de impressão desses documentos.</p><p>Entrei em desespero completamente com aquilo. Imagi-</p><p>ne se a polícia aparecesse lá? Como iríamos provar que</p><p>não tínhamos nada a ver com aquilo? Ali, percebi que um</p><p>sonho poderia se tornar um pesadelo. Ao mesmo tempo</p><p>imaginei: “Um cara sai do país dele para tentar ter acesso</p><p>a coisas com mais dignidade e vem fazer este tipo de ban-</p><p>didagem?”. Ao voltar para o meu quarto, minha esposa me</p><p>viu pálido e perguntou se tinha visto um fantasma. E falei:</p><p>“Não, foi pior!” – contando o que havia visto. Na mes-</p><p>ma hora ela disse: “Precisamos sair daqui urgentemente</p><p>e avisar ao outro casal, para que eles não sejam pegos de</p><p>surpresa”. Essa foi a oportunidade de irmos para Man-</p><p>chester. Minha esposa trabalhava limpando escritórios e</p><p>casas em Londres e precisou avisar que sairia da empre-</p><p>sa para nos mudarmos. Mas, após comunicarmos sobre o</p><p>acontecido à mulher que locava o quarto para nós, perce-</p><p>bemos que nos dias que se seguiram o menino já não es-</p><p>tava mais lá. Descobrimos depois que ela o havia colocado</p><p>em outra casa que também alugava.</p><p>138</p><p>As aventuras em Londres não pararam por aí. Em</p><p>um determinado dia, estava chovendo muito, como é</p><p>comum na Inglaterra. Eu havia saído cedo para fazer</p><p>entregas, então, quando cheguei para fazer uma das</p><p>primeiras entregas do dia, constatei que ela continha</p><p>bebida alcoólica. E, chegando em um court, que são</p><p>complexos onde vive muita gente de várias classes</p><p>sociais, algumas ajudadas pelo governo, havia um rapaz</p><p>sentado na escada, dizendo que aquela entrega era</p><p>dele. Eu simplesmente pedi para ele confirmar o nome</p><p>e mostrar um ID (documento), isso por causa da bebida</p><p>alcoólica. Ele não confirmou o nome e muito menos</p><p>provou quem era com um ID. Ao falar que precisaria</p><p>voltar para o restaurante, ele me desferiu um soco. Eu</p><p>me defendi e, nessa situação toda, a comida e a garrafa</p><p>de bebida voaram longe, se espalhando no chão.</p><p>Esse rapaz, transtornado, saiu correndo. E informei</p><p>a empresa sobre o acontecido. Na verdade, estava</p><p>totalmente sem noção de como agir, pois deveria ter</p><p>chamado a polícia, mas estava chovendo e tinha o dia</p><p>todo pela frente, de modo que dei continuidade às</p><p>entregas, que não paravam. Porém, após alguns dias,</p><p>quando fui trabalhar em Finsbury Park, Londres, não</p><p>consegui entrar no aplicativo de entregas. Ao abrir o app,</p><p>aparecia uma mensagem dizendo o seguinte: “Contate</p><p>o suporte!”. Achei estranho, liguei para lá e me disseram</p><p>que só poderia trabalhar depois do problema ocorrido</p><p>ser resolvido com a polícia. O rapaz que estava sentado</p><p>139</p><p>na escada do court, fez um boletim na polícia alegando</p><p>que eu havia batido nele. Algumas horas se passaram e</p><p>a polícia entrou em contato comigo. Combinei para eles</p><p>irem até a minha casa.</p><p>Mais algum tempo e a polícia bateu na minha por-</p><p>ta. Eram dois rapazes novos, com um caderninho de</p><p>anotações. Disseram para ficar tranquilo, que não seria</p><p>preso, e eu disse: “Ainda bem né? Depois de tantas in-</p><p>justiças que vemos por aí...”. Eles pegaram minha ver-</p><p>são e disseram: “Olhe, a sua versão faz mais sentido.</p><p>Como pode um entregador chegar, entregar a comida</p><p>e dar de brinde um soco?”. Foram algumas semanas re-</p><p>cebendo vários e-mails da polícia, até que marcaram</p><p>uma data na qual eu precisava comparecer para contar</p><p>minha versão. O policial-chefe havia me informado que</p><p>o sujeito que fez toda essa bagunça na minha vida tinha</p><p>sumido, mudado de endereço e que eles não consegui-</p><p>ram mais o contato. Afirmaram que, se eu quisesse dar</p><p>continuidade, poderia, eles dariam um jeito e achariam</p><p>o rapaz. Eu disse: “Senhor policial, desmarquei uma</p><p>viagem para vir nesta audiência. Eu fiquei sem dormir</p><p>direito,</p><p>o</p><p>exemplo dos jogadores de futebol, pois, muitos vivem</p><p>o sucesso, mas poucos são bem-sucedidos. Sucesso</p><p>12</p><p>é ser bom no que faz, ser reconhecido, ao passo que</p><p>ser bem-sucedido está ligado a todas as áreas de nos-</p><p>sa vida: saúde, mentalidade, viver de bem com a vida,</p><p>ter paz de espírito, cultivar o amor à vida, bem como</p><p>o amor ao próximo, ter uma mente saudável... Isto é,</p><p>colocar em prática tudo aquilo que você deseja, viver</p><p>realmente a vida, aproveitá-la de fato, porque a vida</p><p>não é somente acumular riquezas – lembre-se de que</p><p>caixão não tem gaveta! Muitos fazem tanto dinheiro</p><p>que suas próximas gerações ficarão tranquilas apro-</p><p>veitando cada segundo da vida delas. Certamente, os</p><p>herdeiros aproveitarão mais do que os que deixaram a</p><p>herança. Muitos esqueceram o propósito! Antes, o so-</p><p>nho de um dentista, era encher a agenda de clientes,</p><p>depois que isso acontece, quer apenas esvaziar, porque</p><p>não consegue mais ter tempo para si próprio. Essa é a</p><p>realidade dos que deixam o dinheiro mandar no jogo.</p><p>Neste livro, vou contar um pouco de minha história</p><p>e de alguns envolvidos nela, para que você leitor en-</p><p>tenda como me transformei em um homem rico. Mas,</p><p>lembre-se, sua vida começa a mudar quando você man-</p><p>da no jogo: O dinheiro é um ótimo funcionário, porém</p><p>um péssimo patrão! Em vez de você trabalhar pelo di-</p><p>nheiro, aprenda as muitíssimas maneiras que existem</p><p>de fazer o dinheiro trabalhar para você – quando digo</p><p>muitíssimas não estou brincando e faço questão de ex-</p><p>por algumas delas ao longo deste livro.</p><p>14</p><p>Capítulo 1</p><p>Uma infância pobre</p><p>V</p><p>ivíamos no subúrbio de Campo Magro, região</p><p>metropolitana da cidade de Curitiba, no esta-</p><p>do do Paraná, no sul do Brasil. Morávamos em</p><p>uma casa de madeira simples, com algumas frestas,</p><p>onde batia o vento em dias frios. Durante as tempesta-</p><p>des, costumava pedir a Deus para a casa não voar, le-</p><p>vando a todos nós. Essa casa ficava em cima de alguns</p><p>tijolos, o terreno era bem grande, havendo também no</p><p>mesmo lote uma pequena plantação de milho. Ali vivi</p><p>boa parte da minha infância.</p><p>Era uma vida simples em que via sempre meus pais</p><p>trabalhando duro para pagar as contas e sobreviver.</p><p>Passávamos altos e baixos, mas repetidamente havia</p><p>mais contas a pagar. Parecia que eles estavam pro-</p><p>gramados para receber aquela mesma quantidade de</p><p>dinheiro todos os meses. Parecia ou estavam de fato</p><p>programados? Se eles recebessem algum valor a mais</p><p>em um determinado mês, rapidamente o dinheiro desa-</p><p>pareceria, juntamente com a nova conta que surgiria.</p><p>15</p><p>Tinham dinheiro suficiente apenas para pagar o</p><p>mínimo do cheque especial, sempre comprando fiado</p><p>nos mercadinhos de bairro, prática que era normal e</p><p>que talvez ainda seja comum em algumas regiões do</p><p>Brasil. O dono do mercado anotava o que era pego e</p><p>no final do mês meus pais acertavam as contas. Para</p><p>entender melhor, na minha casa, nós éramos 5 e</p><p>sobrevivemos com a renda equivalente a $250 por mês.</p><p>Em boa parte deste livro, vou me referir à moeda dólar</p><p>para ficar mais fácil de entender em qualquer lugar do</p><p>mundo. Embora esse valor fosse pouco, costumo dizer</p><p>que nos adaptávamos bem.</p><p>Meu pai era rigoroso. Algumas vezes eu e meus</p><p>irmãos éramos repreendidos com a força por fugir</p><p>de suas regras. Às vezes merecíamos, outras, nem</p><p>tanto – afinal, qual criança nunca fez algo errado?</p><p>Não estou julgando meu pai. Com frequência, nos dias</p><p>de hoje, vejo muitos pais não terem controle sobre a</p><p>situação que enfrentam com seus filhos. Antigamente,</p><p>os filhos tinham que dividir a atenção com outros 10</p><p>irmãos e aceitar a realidade em que viviam. Na época</p><p>atual, por conta de vários pais que não sabem o que</p><p>estão fazendo, os jovens acabam tendo medo da vida</p><p>real. Vejo crianças dominando mais seus pais do que</p><p>pais a seus filhos. Não duvido que num futuro bem</p><p>próximo vejamos crianças levando seus pais para a</p><p>“escola”. Deixando a brincadeira de lado – quer dizer,</p><p>eu espero que seja brincadeira –, vejo também crianças</p><p>16</p><p>revoltadas com a vida, justamente elas que têm tantas</p><p>possibilidades pela frente.</p><p>Essa não é a realidade de países emergentes apenas,</p><p>países de primeiro mundo, do mesmo modo, sofrem</p><p>muito com isso. Na Inglaterra, achei que encontraria</p><p>mais adolescentes felizes, mas vi muitos revoltados,</p><p>querendo aparentar ser bandidos, quebrando tudo</p><p>que veem pela frente, gritando, xingando. Queria que</p><p>esses mesmos adolescentes revoltados passassem uma</p><p>semana na favela mais violenta do Rio de Janeiro e que</p><p>tivessem uma ideia da oportunidade que estão deixando</p><p>passar por terem tido a sorte de ter nascido em um país</p><p>de primeiro mundo, com inúmeras oportunidades. Pois,</p><p>cantar de galo, ou tentar dar ordens, com um tênis de</p><p>marca no pé é fácil. Boa parte desses jovens são apenas</p><p>os reflexos dos pais, que em sua grande maioria, servem</p><p>como um péssimo exemplo, muitas vezes, sendo piores</p><p>que os adolescentes, sempre enfatizando o erro de seus</p><p>filhos, deixando de dar importância para momentos</p><p>felizes. Tudo isso, me fez recordar aquele livro Podres</p><p>de Mimados – As consequências do sentimentalismo</p><p>tóxico, de Theodore Dalrymple.</p><p>Em Manchester, no noroeste da Inglaterra, cheguei</p><p>a salvar a vida de uma criança que estava prestes a</p><p>se jogar de um viaduto. Quando o vi naquela situação,</p><p>parei o carro, desci, e sem pensar duas vezes, o agarrei</p><p>e puxei para o chão. Ele gritava, pedia para largar</p><p>enquanto eu lhe dizia: “Calma, vamos conversar,</p><p>17</p><p>talvez pular do viaduto não seja a melhor solução...”.</p><p>Comecei a contar a minha história e aos poucos foi se</p><p>acalmando. Logo em seguida, chegou a polícia e ele</p><p>ficou desesperado novamente, nesse momento, passou</p><p>a gritar que não queria voltar para lá... Em seguida,</p><p>descobri que ele havia fugido de um reformatório.</p><p>O menino teve que ficar com os agentes e não pude</p><p>fazer mais nada. Quando conversei com alguns amigos</p><p>policiais sobre o assunto, me disseram que esses casos</p><p>são comuns na Inglaterra, mas os jornais não noticiam</p><p>para não dar ênfase ao caso e, assim, encorajar mais</p><p>pessoas a cometer o mesmo ato.</p><p>Quero, também, alertar dizendo que uma criança</p><p>que foi educada de forma errada, pode acumular vários</p><p>problemas para o futuro, como crenças antigas ou</p><p>pressupostos inadequados, fazendo achar que tudo e</p><p>todos, devem ser tratados da mesma forma que ela foi</p><p>tratada. Vou mais além! Quero dizer que se a criança vê</p><p>as pessoas que ama, ralando e ralando sem parar, atrás</p><p>do dinheiro apenas para pagar contas, é bem provável</p><p>que ao crescer e tiver que enfrentar a vida adulta, com</p><p>todas as responsabilidades advindas dessa fase, pense</p><p>que a existência é só isso. Podendo até chegar a viver</p><p>uma realidade bem pior.</p><p>Quando somos pequenos e somos repreendidos,</p><p>independentemente da causa, aquela ferida nunca se</p><p>fecha, a não ser que entendamos que existem feridas</p><p>abertas para serem curadas e as tratemos. Eu nem</p><p>18</p><p>sabia que isso poderia existir. Isto é, curar feridas da</p><p>alma. Descobri fazendo algumas terapias depois de</p><p>adulto. Tratando com psicólogos alguns sentimentos</p><p>em mim que traziam barreiras, cicatrizes ou feridas</p><p>abertas do meu passado. Porque só enxergamos algo</p><p>quando decidimos dizimar aquelas crenças erradas e</p><p>atitudes antigas que não nos fazem bem atualmente.</p><p>No entanto, como educar as crianças nos dias de</p><p>hoje sem dar umas palmadas? Basicamente, existem</p><p>inúmeras formas de educar sem levantar a mão e sem</p><p>dizer tantos nãos ou palavras negativas, já que ouvimos</p><p>mais palavras de repreensão quando somos pequenos</p><p>do que palavras de encorajamento.</p><p>É comum vermos os adultos com medo de se</p><p>entregar para o mundo por causa do julgamento alheio,</p><p>ou da repreensão, a ponto de muitos viverem apenas</p><p>uma vida virtual, trocando a vida física pelos games.</p><p>Assim, torna-se difícil manter o equilíbrio, uma vez que</p><p>a pessoa na vida real não tem o mesmo poder que tem</p><p>quando</p><p>porque já havia visto várias injustiças e estava</p><p>achando que essa poderia ser mais uma, mas não quero</p><p>dar continuidade. Eu tenho muito mais o que fazer do</p><p>que perder meu tempo com este tipo de sujeito”.</p><p>Só para não perder o fio da meada, referente à</p><p>história do rapaz que queria se passar por vítima,</p><p>outra vez, estava eu indo trabalhar e, parado no sinal,</p><p>140</p><p>quando o semáforo abriu, acelerei e o carro da frente</p><p>não. Assim, acabei encostando no carro, mas apenas</p><p>encostando mesmo. Rapidamente, desci, olhei e vi que</p><p>não havia acontecido nada. O dono do veículo falou:</p><p>“Vamos parar naquele complexo de lojas e eu vejo”.</p><p>Fomos até o tal complexo, ele pegou meu número, mas,</p><p>papo vai e papo vem, ele falou que não tinha nada e foi</p><p>embora.</p><p>Após uma semana, recebi uma ligação. Era o rapaz</p><p>dizendo que havia mandado o carro para o conserto e</p><p>que eu tinha que pagar o valor. Eu, rapidamente, disse:</p><p>“Mas você falou que nada tinha acontecido, agora vem</p><p>me dizer que preciso pagar! Como isso?” – ao que ele</p><p>retrucou: “É, então você paga, ou eu aciono o seu se-</p><p>guro!”. Eu pensei muito, porque, se ele acionasse o meu</p><p>seguro, eu pagaria muito mais caro em uma renovação.</p><p>Perguntei o valor e ele me disse que custou 300 libras,</p><p>equivalente a R$1500. Pedi para pagar diretamente no</p><p>mecânico e ele disse que já havia consertado. Logo pedi</p><p>a nota, mas ele disse que não tinha. Meu maior medo</p><p>era pagar e ele acionar o seguro assim mesmo, já que ti-</p><p>nha sentido que ele estava de má-fé. Por isso, eu disse:</p><p>“Acione o meu seguro, então”. Passou-se uma semana e</p><p>minha seguradora entrou em contato pedindo informa-</p><p>ções do ocorrido, alegando que o outro motorista dizia</p><p>que havia se machucado na batida. Eu disse: “O quê?</p><p>Não fez nada no carro, que dirá nele! Eu não acredi-</p><p>to!” - e continuei: “Eu posso mostrar como está o meu</p><p>141</p><p>carro e vocês podem tirar suas próprias conclusões”.</p><p>Mandei a foto do meu carro e, com outras provas, can-</p><p>celaram a reclamação do outro motorista. Eu até hoje</p><p>estou sem acreditar que um ser humano quer ganhar</p><p>dinheiro fácil à base de mentira. E, o pior! Descobri</p><p>que esta prática é normal aqui, e talvez não somen-</p><p>te no Reino Unido, mas no mundo inteiro. As pessoas</p><p>esquecem que um dinheiro ganho dessa forma, à base</p><p>da mentira, vai simplesmente desaparecer rápido, ou</p><p>vai surgir algo mais caro a ser pago com a quantia, ou</p><p>poderá até mesmo ser cobrado futuramente na forma</p><p>de uma doença. Na realidade, as seguradoras deveriam</p><p>ter uma cláusula: se você não conseguir provar que se</p><p>machucou como disse, você precisa pagar uma indeni-</p><p>zação pelo incômodo, ou algo parecido. Acredito que</p><p>assim, diminuiria esse tipo de reclamação, tanto para a</p><p>seguradora quanto para o motorista.</p><p>Como na Inglaterra chove muito, o asfalto vive</p><p>molhado, então é muito fácil cair de moto. Quantos</p><p>tombos levei de moto! E, em cada derrapagem no</p><p>asfalto, sentia vontade de voltar para o Brasil, era como</p><p>cair em câmera lenta. Porém, nesse tempo, pensando</p><p>em desistir, tinha objetivos que não podia abandonar.</p><p>O que precisava, sim, era mudar de trabalho, visto que</p><p>trabalhar de moto já não estava dando mais. Já haviam</p><p>tentado me assaltar em Londres com faca, várias vezes,</p><p>para levar minha moto. Também, muitos clientes em</p><p>Londres recebiam a comida e falavam que o motoboy</p><p>142</p><p>não tinha entregado. Quantas vezes, as empresas de</p><p>aplicativos, entraram em contato comigo alegando que</p><p>o cliente não havia recebido a comida? E, fico pensando,</p><p>tamanha pobreza de um ser humano ao fazer isso, não</p><p>pobreza de dinheiro, pobreza de espírito mesmo. As</p><p>pessoas não entenderam o princípio da vida: quanto</p><p>mais coisas ruins você faz, mais atolado você fica.</p><p>Que vida infeliz de quem faz esse tipo de coisa! Eu não</p><p>aguentava mais trabalhar de moto no inverno rigoroso</p><p>do UK...</p><p>Quando se entra em Londres, parece que estamos</p><p>dentro de um filme em plena gravação. Estava eu em</p><p>uma mecânica de motos para fazer a manutenção de</p><p>rotina, quando, de repente, chegam vários policiais</p><p>ordenando: “imigração! Todo mundo para a parede!”.</p><p>Eles revistaram todos, pediram documentos de todos;</p><p>alguns saíram correndo, mas o quarteirão estava</p><p>abarrotado de policiais. Eu fiquei ali algumas horas até</p><p>verem os meus documentos e me liberarem. Conto essa</p><p>história porque, se eu fosse ilegal, ali tinha acabado o</p><p>sonho no UK.</p><p>Outro fato importante é ressaltar que, aqui no UK, a</p><p>maioria não tem o hábito de dar gorjeta. Eles possuem</p><p>o hábito mais de reclamar do que de elogiar, no lugar</p><p>de dar gorjeta – isso foi algo que me surpreendeu</p><p>negativamente, depois de ter morado nos EUA, onde</p><p>a gorjeta era um costume frequente. Aliás, acho que</p><p>os brasileiros dão mais gorjetas do que os britânicos,</p><p>143</p><p>mas não quero que fiquem chateados com isso, apenas</p><p>estou expressando o que senti quando prestava algum</p><p>serviço, no qual o complemento do meu salário era a</p><p>gorjeta.</p><p>As empresas de aplicativos pagavam cada vez</p><p>menos e, vale mencionar, um fato incrível que me</p><p>aconteceu. Não sei se foi até por ideia minha, mas</p><p>algumas empresas de entrega de comida, mandavam</p><p>formulários perguntando o que poderiam fazer para</p><p>mudar, ou melhorar, e eu sempre respondia que</p><p>deixassem o cliente dar gorjeta no final da entrega.</p><p>Até que, depois de um certo tempo, isso começou a</p><p>acontecer. Se foi por minha ideia ou não, o fato é que</p><p>achei que iria melhorar, pois o cliente pagaria por</p><p>um serviço feito com maior esmero, caso a comida</p><p>chegasse mais rápido ou algo assim – embora, às vezes,</p><p>a demora fosse do restaurante e não do entregador.</p><p>Também acontecia da empresa de aplicativos, mandar</p><p>dois pedidos em endereços diferentes, demorando</p><p>assim um pouco mais. No entanto, mesmo com esse</p><p>novo sistema, a maioria não passou a dar gorjeta. As</p><p>pessoas esquecem que tudo o que se dá, se recebe em</p><p>dobro. “Faças o bem e em dobro receberás!”</p><p>Eu fazia uma média de 30 a 40 entregas por dia.</p><p>Se ganhasse 1 dólar de gorjeta por entrega, em um</p><p>ano, eu teria mais de 10 mil dólares. Não estou aqui</p><p>pretendendo lhe obrigar a fazer isso, faça se for de</p><p>coração e, pronto! O universo vai entender que você</p><p>144</p><p>merece ser recompensado igual a mim. Fui muito bem</p><p>recompensado, ganhei uma quantia de dinheiro que</p><p>não imaginava ganhar, mas estava preparado para isso!</p><p>145</p><p>146</p><p>Capítulo 16</p><p>Chegando a Manchester</p><p>R</p><p>esolvemos sair da cidade mais cara em que eu já</p><p>tinha vivido na minha vida, embora fosse muito</p><p>linda! Locamos uma van e contratamos um mo-</p><p>torista para nos ajudar com a pouca mudança: apenas</p><p>minha moto e nossas roupas, somente isso.</p><p>Fizemos quase quatro horas de viagem até eu avistar</p><p>o Hilton Hotel, um prédio icônico de Manchester, que</p><p>possui um restaurante no qual você consegue ter a</p><p>vista da cidade inteira. Vale a pena a experiência de um,</p><p>afternoon tea, com toda certeza.</p><p>Chegamos a um bairro com nome de Eccles, onde</p><p>havíamos alugado um apartamento por uma semana</p><p>pelo Airbnb. Eu tinha uma semana para achar um</p><p>lugar para morar ou teríamos que pagar muito caro</p><p>se ficássemos mais tempo ali. Começamos a procurar</p><p>vários lugares, e a maioria era horrível. As casas que</p><p>eu visitava estavam sujas. Teve uma até que ao chegar</p><p>vimos que tinha uma pilha de sujeira. Simplesmente</p><p>147</p><p>horrível! Nunca tinha visto nada parecido. Procuramos</p><p>muito, até que achei um estúdio, que chamamos de</p><p>mausoléu, ficava em uma casa grande, muito antiga,</p><p>suja também, porém nosso tempo estava se esgotando</p><p>e o bairro era uma região boa, em Salford, uma área</p><p>onde havia uma comunidade muito grande de judeus.</p><p>O locador queria £$450 por mês no aluguel – era um</p><p>ambiente bem pequeno que cabia a cama, uma mesinha</p><p>e uma cozinha, lugar em que não passava um único</p><p>indivíduo direito. Além disso, estava sujo, muito sujo…</p><p>Fechamos o contrato e levei minha esposa sem</p><p>ela ter visto o local antes. Ela sabia que era aquilo</p><p>ou nada.</p><p>Ela adorou o bairro, mas detestou a sujeira.</p><p>Como pode uma imobiliária não entregar limpo um</p><p>estúdio tão pequeno como aquele? Falta de amor ao</p><p>próximo? Não sei. Talvez para eles aquilo poderia ser</p><p>algo que estivesse limpo – risos à parte. Passamos um</p><p>dia inteiro limpando e tirando algumas coisas velhas.</p><p>Deixamos aquilo um brinco, impecável, irreconhecível,</p><p>e estávamos pagando bastante barato em algo que não</p><p>precisávamos dividir com ninguém.</p><p>Quando as coisas começaram a fluir, tudo foi</p><p>melhorando… Passado um tempo, nós nos mudamos</p><p>dali para um apartamento quatro vezes maior, mais</p><p>aconchegante, a três quadras dele. Porém, pagamos</p><p>um pouco mais caro. Ficamos ali por um bom tempo.</p><p>Gostávamos do apartamento e da região.</p><p>148</p><p>Tudo melhorou, absurdamente, quando a liberdade</p><p>geográfica começou a chegar.</p><p>A liberdade geográfica nada mais é que poder viver</p><p>muito bem em qualquer lugar deste planeta e ainda</p><p>trabalhando em algo, geralmente, remoto, mas não é</p><p>regra. Já pensou em explorar a experiência que cada país</p><p>pode proporcionar? Isso é sensacional! Meus países da</p><p>lista são: China – Hong Kong, Japão, Austrália, EUA,</p><p>Itália (novamente), Portugal, Espanha, entre outros.</p><p>Algo de um valor imenso para mim, mas como chegar a</p><p>esse patamar?</p><p>Parece fácil alcançar a liberdade financeira e parece</p><p>que a liberdade geográfica vem junto. Tenho por hábito</p><p>dizer que isso depende de inúmeros fatores. Pode ser</p><p>também que você consiga antes a liberdade geográfica</p><p>se achar uma forma de trabalhar 100% online, e isso</p><p>é cada vez mais possível nos dias de hoje. Mas quero</p><p>que saiba que essa possibilidade não está somente</p><p>no serviço on-line. Vou dar um exemplo de um dos</p><p>meus mestres de Jiu-Jitsu, Lúcio Sérgio. Ele pode ter a</p><p>liberdade geográfica se ele quiser, tendo a possibilidade</p><p>de ficar, por exemplo, seis meses em cada país ou cidade,</p><p>fazendo seminários, ou dando aulas. É bem possível. Já</p><p>quando fazemos algo on-line, precisamos prestar um</p><p>serviço de maior qualidade do que encontramos no</p><p>serviço presencial. Precisamos acrescentar algo à vida</p><p>de alguém. Lembre-se de que, assim, você estará no</p><p>caminho certo.</p><p>149</p><p>Ter a liberdade de escolha, de mudar de casa – caso</p><p>aquela não esteja lhe agradando – de cidade, ou até</p><p>mesmo de país, é algo maravilhoso! Mas, de fato, muitos</p><p>acreditam que estão predestinados a terem aquela vida</p><p>cheia de dificuldades, de apenas pagar contas, de viver</p><p>reclamando, e, pasmem, isso acontece no mundo todo.</p><p>Imagine assim: eu, um brasileiro, tive todo o trabalho e</p><p>as despesas para conseguir morar na Inglaterra, país</p><p>ao qual sou grato demais, mas cheguei aqui quase sem</p><p>dinheiro – claro que eu já tinha minhas aplicações no</p><p>Brasil, mas não podia nem sequer pensar em mexer</p><p>nelas – no entanto, eu e minha esposa tínhamos e ainda</p><p>temos objetivos muito parecidos. Em resumo… Viemos</p><p>simplesmente para vencer! Ela chegou a trabalhar</p><p>limpando casas, limpando privadas, e eu, como já disse,</p><p>trabalhava de motoboy: fiz mais de 10 mil entregas.</p><p>Tenho uma lembrança que jamais será apagada da</p><p>minha mente. Aconteceu quando fizemos a transição de</p><p>mudança da casa de Wembley, Londres, para Pontoon</p><p>Dock. Ainda estávamos em Londres e todo o dinheiro</p><p>que trouxemos para o UK já havia acabado. Após</p><p>fazermos a pequena mudança de trem, nos sentamos</p><p>em um banco e falei para minha esposa: “Sobrou um</p><p>pound para comer”, equivalente a seis reais. Pensamos</p><p>em comprar um sanduíche de algum fast-food; então,</p><p>quando faltavam poucos metros de distância do</p><p>restaurante, duas notas de libras que equivaliam a 60</p><p>reais, rolaram no meu pé. Eu peguei aquele presente e</p><p>150</p><p>olhei para o céu agradecendo, sabendo que não estamos</p><p>abandonados, sabendo que sempre tem alguém nos</p><p>guiando e apesar de praticamente não comer fast-food,</p><p>nos deliciamos pedindo um combo para cada um – não</p><p>é um incentivo para você comer esse tipo de comida,</p><p>é apenas para relatar que o mundo gira através de</p><p>energias, e quem é bom jamais será abandonado. Logo</p><p>no dia seguinte cairia o salário das minhas entregas de</p><p>motoboy... Mas, aonde quero chegar com essa história?</p><p>É que cada um busca a vida que quer e normalmente</p><p>vive a vida que busca. Muitos se precipitam em terem</p><p>filhos, algo que acredito mudar toda a estrutura de um</p><p>casal, mas filhos não são desculpa para não conseguir</p><p>sair da média. Acredito que isso deveria fortalecer cada</p><p>vez mais o poder que Deus nos concedeu: o poder de</p><p>mudança, o poder da renovação, o poder de uma boa</p><p>noite de sono. Como sempre digo, não existe nada</p><p>melhor no mundo que uma noite de sono bem-dormida.</p><p>Após alguns anos nessa batalha contínua, traba-</p><p>lhando em serviços que muitos não querem fazer, pas-</p><p>sando por muitos apertos, nós chegamos a um patamar</p><p>no qual, seria muito mais difícil, chegarmos estando no</p><p>Brasil. Eu disse difícil, não impossível! Em vez de recla-</p><p>marmos, precisamos fazer mais e entendermos que se</p><p>faz necessário jogar o jogo das nossas vidas, e não ape-</p><p>nas assistir ao jogo da vida de outras pessoas. Se minha</p><p>mente me traz alguma reclamação, na mesma hora jogo</p><p>uma objeção contra esse pensamento ou atitude auto-</p><p>151</p><p>mática, pois isso é o normal do ser humano. Quando</p><p>atendo pessoas com baixo valor patrimonial, com um</p><p>salário baixo, ou seja, na linha de pobreza, mas com</p><p>interesse grande em sair daquele buraco, eu vejo que</p><p>a esperança delas está em minhas palavras, para onde</p><p>vou guiá-las. Acredito que muitos precisam apenas de</p><p>um empurrão para subir sem retroceder, uma das per-</p><p>guntas que mais recebo é: “Como não ser pobre?”.</p><p>Simples: não sendo um deles! Você não sendo</p><p>mais um pobre, você ajuda muito! Já disse isso antes.</p><p>Existem pessoas que estão felizes sendo pobres, que</p><p>querem ser pobres. E, na minha concepção, em partes,</p><p>não há nada de errado nisso. Eu digo em partes, pois</p><p>muitos dizem que querem ser pobres, mas querem ser</p><p>“carregados” pelo governo sem terem feito sua parte</p><p>como cidadãos.</p><p>Quando me perguntam como ajudo os pobres,</p><p>simplesmente, respondo: “Primeiramente, ajudo não</p><p>sendo um deles”. Acredito que, se todos tivessem esse</p><p>pensamento, os pobres que realmente querem, ou que</p><p>são felizes sendo assim, teriam mais dignidade. Não sou</p><p>contra os pobres, eu sou contra o “coitadismo”. Somos</p><p>uma máquina criada por Deus. Existem oportunidades</p><p>de trabalho em quase todos os lugares do mundo:</p><p>oportunidades de empreender, de ler e de aprender, de</p><p>estudar, de sair da mediocridade.</p><p>152</p><p>A maioria dos meus novos clientes dizem gastar</p><p>tudo o que ganham e às vezes dizem estar em uma vida</p><p>acima do salário que recebem todos os meses, com o</p><p>nome negativado e tendo uma vida infeliz. Comumente,</p><p>uma vida financeira problemática, acaba destruindo</p><p>famílias e vidas por todo o mundo. O grande problema é</p><p>que frequentemente não somos ensinados sobre como</p><p>cuidar do nosso dinheiro, como viver acima da média.</p><p>Na realidade, nas escolas, somos ensinados a apenas</p><p>entrarmos para o mercado de trabalho, seguirmos as</p><p>regras, cumprirmos a jornada de trabalho e esperarmos</p><p>pela esmola do governo na aposentadoria. Essa é a</p><p>realidade de quase toda a população da Terra.</p><p>Eu não começo com um discurso para meus clientes</p><p>de que eles precisam gastar menos para sobrar dinheiro.</p><p>Começo dizendo que eles precisam ganhar mais! Se você</p><p>ganhar R$ 2 mil e eu falar para você gastar menos, você</p><p>vai ter um limite para, no máximo, conseguir economizar</p><p>quase dois mil a menos, ou seja, um limite quase impos-</p><p>sível, afinal, você tem o aluguel ou a hipoteca da casa, a</p><p>comida, entre outros gastos. Vamos entrar em um con-</p><p>senso? Você já gasta pouco; em vez de te falar para cor-</p><p>tar despesas, para cortar o café, eu falo: “Aumente seus</p><p>ganhos!”. Se existem limites para reduzir aquilo que você</p><p>gasta, não existe limite para você ganhar mais, para tirar</p><p>de dentro de si aquele ser que Deus criou com tanto ca-</p><p>rinho, com tanta</p><p>inteligência. Parece complexo, sim, mas</p><p>isso é a vida acontecendo.</p><p>153</p><p>O dinheiro para muitos é a solução, mas para a</p><p>maioria é um problema. Há quem desconte na comida,</p><p>por talvez não estarem tão de bem com a vida. Dúvida?</p><p>Olhem as estatísticas: o mundo está cada vez mais</p><p>obeso. Costumo ensinar para meus seguidores que não</p><p>adianta somente sua conta bancária estar recheada, sua</p><p>“casa” precisa estar organizada. Como, por exemplo:</p><p>sua saúde! De que adianta você ser o homem mais rico</p><p>do cemitério? A meu ver, nada. Quem vai agradecer</p><p>são as pessoas que vão herdar sua fortuna. Por isso, é</p><p>necessário ser regrado, ter objetivos, ter persistência.</p><p>Como já disse, se eu tivesse desistido lá, quando eu</p><p>morava na rua, será que eu estaria vivo? Será que eu</p><p>estaria bem? Ou estaria vivendo nas ruas ainda? Não</p><p>sei... A única certeza que tenho é que possuímos o</p><p>poder de sairmos do zero e de fazer com que nossas</p><p>vidas cheguem aonde queremos – e, se ela não for até</p><p>onde queremos, precisamos criar outros caminhos que</p><p>nos levem para lá.</p><p>Simplesmente, precisamos sair de cima do muro,</p><p>escolher um lado: o lado que esteja dentro das leis dos</p><p>homens e das leis de Deus, claro!</p><p>Gosto de citar essa metáfora sempre que me surge</p><p>uma oportunidade:</p><p>Uma certa alma foi para o céu. Chegando lá, ela per-</p><p>cebeu que estava em cima de um muro. Do lado direi-</p><p>to, os anjos gritavam: “Venha para o nosso lado, venha</p><p>154</p><p>para o lado da paz, venha para onde você irá descan-</p><p>sar!”. No lado esquerdo, havia o diabo, com os braços</p><p>cruzados, sem sequer dizer uma palavra. Enquanto os</p><p>do lado direito, os anjos, continuavam: “Venha para o</p><p>lado onde você terá o descanso merecido!”. Observan-</p><p>do que o diabo, no lado esquerdo, continuava a olhar</p><p>sem dizer nada, a alma, com dúvidas, disse: “Mas, dia-</p><p>bo, os anjos estão me chamando, falando coisas boas e</p><p>você está aí sem falar nada, com os braços cruzados?”.</p><p>E o diabo disse: “Ao estar em cima do muro, você já</p><p>está do meu lado!”.</p><p>Estamos neste plano apenas de passagem. A vida</p><p>passa tão rápido que precisamos viver intensamente e</p><p>conhecer este mundo construído com várias belezas –</p><p>não devemos apreciar somente em fotos, precisamos</p><p>estar lá, sentir, deixar mais nossos olhos ver do que nos-</p><p>sos dedos clicar, deixar mais nossas mentes recordarem</p><p>aquela paisagem, do que o HD do nosso celular.</p><p>Ao começar a ganhar bastante dinheiro, percebi que</p><p>alguns tem medo que você alcance o sucesso. Às vezes,</p><p>pessoas muito próximas, como amigos e parentes, com</p><p>frequência, podem “virar a cara” para você. Embora,</p><p>haja alguns que lhe tratem da mesma forma – esquecen-</p><p>do que mudamos ao longo da vida, como a água de um</p><p>rio…</p><p>Quando comecei a fazer a transição de mudança de</p><p>emprego no UK, trabalhava entregando comida, parce-</p><p>155</p><p>las e no KFC, como citei mais acima. Estava indo tudo</p><p>bem, estava na média, mas, a partir do momento em</p><p>que comecei a mudar… A fazer vídeos explicativos con-</p><p>tando fatos que aconteceram na minha vida e que me</p><p>fizeram chegar até onde estava naquele momento, mui-</p><p>tos “tiraram sarro”, muitos desacreditaram. Contudo,</p><p>quando comecei a mostrar os meus resultados, senti</p><p>o silêncio, senti a inveja correndo na veia de pesso-</p><p>as próximas e, pela minha experiência de vida, já sabia</p><p>qual seria o resultado: muitos se afastariam.</p><p>Agora, eu já não era mais a média dos cinco com</p><p>quem andava. Eu tinha propósitos maiores: ajudar o</p><p>próximo de verdade, sem falar palavras confortantes,</p><p>mas falando palavras que guiasse quem estivesse dis-</p><p>posto a escutá-las para uma vida mais digna. Comecei</p><p>a receber uma enxurrada de pessoas querendo saber</p><p>qual era o pó mágico que havia usado para mudar mi-</p><p>nha vida, se foi fácil ou difícil, perguntando qual seria</p><p>o caminho.</p><p>Talvez você consiga tirar essa resposta deste livro.</p><p>Talvez consiga tirar suas próprias conclusões.</p><p>Mas o fato mais incrível era ver pessoas se afastando</p><p>de mim. Triste? Sim, mas apenas no começo, hoje</p><p>jamais! Ninguém é obrigado a gostar de mim, dos meus</p><p>pensamentos. Claro que muitos achavam que o que eu</p><p>dizia eram indiretas... Talvez não fossem nem para elas</p><p>as supostas indiretas, mas para mim mesmo.</p><p>156</p><p>Nunca pensei em atingir alguém negativamente e</p><p>o mais interessante é ver a curiosidade das pessoas</p><p>tentando apurar como está a minha vida, querendo</p><p>descobrir se algo deu errado. Não quero fazer com que</p><p>julgue o próximo. O que você precisa é realmente ter</p><p>certeza de quem está à sua volta, é perceber quem quer</p><p>ver você crescer mesmo, para saber se as pessoas que</p><p>estão ao seu lado são pessoas verdadeiras contigo. Não</p><p>diga a elas que você está doente, pois a doença traz</p><p>pessoas com pena de você. Diga que você está bem, que</p><p>financeiramente nunca esteve tão bem, aí sim você vai</p><p>ver realmente quem está ao seu lado. Pessoas que não</p><p>querem acompanhá-lo em sua evolução simplesmente</p><p>ficarão para trás.</p><p>158</p><p>Capítulo 17</p><p>A mente humana</p><p>M</p><p>uitas vezes, eu passava o dia inteiro fazendo</p><p>entregas, mas tinha dias em que o movimento</p><p>estava bastante fraco. Quando, um homeless,</p><p>ou seja, um morador de rua, me pediu dinheiro e eu dis-</p><p>se que não estava conseguindo muita entrega naquele</p><p>dia e por isso não tinha. Apesar de estar chovendo mui-</p><p>to – e de eu estar todo molhado –, o morador de rua</p><p>se sentou embaixo de uma marquise com seu cachorro,</p><p>até que algo aconteceu: um carro parou ao lado da mi-</p><p>nha moto e gritou para o pedinte, com uma nota de 20</p><p>libras, balançou os braços, até que o jovem levantou-se</p><p>e correu em direção ao carro, pegando o dinheiro.</p><p>Olhei para aquela senhora e disse: “Estou aqui há 6</p><p>horas e não fiz nem 10 pounds – ou seja R$ 60,00”, e ela</p><p>me disse: “Compre um cachorro!”. Aquilo para mim foi</p><p>fantástico, um aprendizado que levo para a vida toda.</p><p>Temos que ser bons no marketing de nossas vidas. O</p><p>cartão-postal daquele morador de rua era um cachorro.</p><p>O ajudavam porque ele tinha um cachorro, outros o</p><p>159</p><p>ajudavam por se tratar de alguém da mesma terra, que</p><p>fala a mesma língua, passando por dificuldades.</p><p>Dificuldade mensurável? Não sei. Até hoje, não</p><p>sei se existe medida para este tipo de escolha. Em</p><p>países onde não falta trabalho, a meu ver, a dificuldade</p><p>está dentro da mente de quem se sujeita a isso. Uns</p><p>deixaram de ter aspirações e passaram a viver apenas</p><p>de recordações, passaram a enxergar o passado em</p><p>colorido e o presente e o futuro em preto e branco. O</p><p>passado já passou! Não há mais nada que você possa</p><p>fazer por ele. O foco deve ser no presente e no futuro.</p><p>Entender a mente humana é um caminho sem fim.</p><p>A cada ano as gerações mudam como se fossem um</p><p>vírus mutante. Atualmente as crianças têm acesso a</p><p>informações que eu, por exemplo, comecei a ter apenas</p><p>depois dos 16 ou 17 anos de idade. Se isso vai ser bom</p><p>para elas? Não sei, só o tempo dirá. Hoje, em apenas</p><p>um dia, por meio dos nossos celulares, temos mais</p><p>informações do que qualquer homem de 100 anos atrás</p><p>teve durante toda sua vida.</p><p>O problema é que as informações estão ali, mas</p><p>muitos preferem ir em busca de conteúdos fúteis. Pre-</p><p>ferem passar horas e horas vivendo a vida dos outros e</p><p>esquecem que o jogo da vida delas já começou.</p><p>Vejo mulheres cada vez mais fake, com cílios gigan-</p><p>tes, com bronzeamento artificial que deixa toda a pele</p><p>alterada, lábios que mais parecem que foram picados</p><p>160</p><p>por uma abelha e com as unhas que mais parecem gar-</p><p>ras de dragão. A beleza e a essência vêm se alterando</p><p>ao passar dos anos. A beleza, sem Photoshop, quase</p><p>não existe mais.</p><p>A gentileza está cada vez mais escassa. O “eu sou</p><p>melhor que você” está pairando em um universo no qual</p><p>deveria ser cada vez mais normal a bondade. Aqueles</p><p>que disseminam fake news adoram uma desgraça, e o</p><p>viral de uma informação sem verdades, se espalha mais</p><p>do que uma notícia boa e verdadeira. Será que gosta-</p><p>mos de ver o circo pegar fogo? Será que está no nos-</p><p>so sangue,</p><p>depois das batalhas sangrentas enfrentadas</p><p>por nossos antepassados, pensamentos assim tende-</p><p>riam a fazer parte da maioria?</p><p>De fato, eu não sei. Só sei que, com este livro, quero</p><p>colocar em sua vida um modo diferente de enxergar,</p><p>um ponto de vista de alguém que saiu do chão de um</p><p>viaduto, até atingir um patamar bem mais tranquilo de</p><p>vida. Gostaria apenas de lembrar o que disse antes:</p><p>“Estamos aqui de passagem! E, se tudo aqui for um</p><p>aprendizado, será que você passaria no teste?”.</p><p>Como está sua vida? Sua saúde? Você tem ajudado</p><p>o próximo? Vale até uma gentileza no trânsito. Não so-</p><p>mente aquela gentileza de quando o trânsito pára por</p><p>completo e você dá a vez – aliás, milhares de motoris-</p><p>tas deveriam vender seus carros para viver uma vida</p><p>menos estressante.</p><p>161</p><p>Vejo todos os dias motoristas dirigindo igual a ban-</p><p>didos, brigando a troco de nada, apenas pelo estresse</p><p>do trânsito. Aquilo não faz bem para eles, tampouco</p><p>para as pessoas que os cercam e para toda a comu-</p><p>nidade. E, quando eu falo em bondade, não podemos</p><p>nos esquecer das bondades com as palavras. E até da</p><p>bondade financeira. Seja lá qual bondade fizer, faça-a,</p><p>e faça isso se tornar um hábito. Um hábito, só se torna</p><p>um hábito, quando o praticamos todos os dias.</p><p>Dinheiro sem fim… Descubra como ganhar mais!</p><p>Você pode ser bom em algo e alguém pagará pelo seu</p><p>serviço. Eu sou bom explicando para as pessoas como</p><p>ter uma vida melhor, como investir e onde investir, mas</p><p>você pode ser bom em ensinar uma aula de canto, bom</p><p>em planilhas, bom em fazer comida... Seja lá, qual possa</p><p>ser o seu dom, o interessante é que todos temos um.</p><p>Se você ainda não sabe qual é o seu dom, chegou</p><p>a hora de descobrir: O que lhe faz bem? O que você</p><p>consegue fazer com a facilidade que a maioria não con-</p><p>segue? Algo que faça com que amigos entrem em con-</p><p>tato com você, quando precisam de uma ajuda. Ou, se</p><p>depois de todas essas dicas, você ainda falar que não</p><p>tem nada para ensinar para o próximo, chegou a hora</p><p>de aprender algo. Lembre-se! Somos a máquina mais</p><p>poderosa deste universo.</p><p>De que adianta você saber pintar, mas viver a vida</p><p>inteira com esse dom, sem saber que o tinha? Existem</p><p>162</p><p>histórias de pessoas que, depois da terceira idade, ao</p><p>se aposentarem, enxergaram realmente o sentido da</p><p>vida, quando descobriram os seus dons.</p><p>Quero dar o exemplo de Thomas Edison que inven-</p><p>tou a lâmpada incandescente. Se ele tivesse desistido</p><p>na primeira, na segunda ou na terceira vez, talvez nem</p><p>existisse a lâmpada incandescente. Vou mais além...</p><p>uma vez perguntaram como ele fez para não desistir, já</p><p>que havia errado mais de 10 mil vezes, e, com uma sabe-</p><p>doria ímpar, Thomas disse: “Eu não errei 10 mil vezes;</p><p>achei 10 mil maneiras de como não fazer uma lâmpada</p><p>incandescente”, ou seja, o problema está na forma com</p><p>que pensamos, na forma com que enxergamos a vida.</p><p>Em tudo há problema, mas há também a solução. Talvez</p><p>as grandes oportunidades da vida venham empacota-</p><p>das em forma de problema. Se eu lhe der um copo de</p><p>água, metade vazio e metade com água, caso você seja</p><p>otimista, olhará a metade cheia; em contrapartida, caso</p><p>seja pessimista, olhará e focará apenas a metade vazia.</p><p>Hoje, com as redes sociais, o céu é o limite para</p><p>você ganhar dinheiro. Você pode ensinar algo para</p><p>qualquer pessoa em qualquer lugar deste mundo ou</p><p>até mesmo para alguém que esteja no espaço. Não</p><p>existem barreiras! As únicas barreiras são impostas</p><p>por você. Por exemplo, se você tem o dom de ensinar</p><p>inglês, existe uma grande parcela de pessoas no Brasil,</p><p>querendo loucamente aprender inglês, basta você criar</p><p>suas estratégias para atingir os brasileiros, ou vice-</p><p>163</p><p>versa: se você for brasileiro e quiser ensinar português,</p><p>existe um mundo inteiro com pessoas interessadas em</p><p>aprender o português. Até mesmo você, por exemplo,</p><p>que sabe ensinar a tocar violão, pode aumentar seu</p><p>atendimento geográfico, atendendo pessoas de outros</p><p>países.</p><p>Tenho um curso sobre mentalidade e como lidar</p><p>com o dinheiro. Geralmente não libero muitas vagas que</p><p>se esgotam rapidamente. Cansei de ouvir pessoas que</p><p>diziam: “Lá vem o vendedor de cursos”. Isso é normal</p><p>escutar. Assistimos frequentemente a pessoas julgando</p><p>algo que também fazem, talvez não da mesma maneira,</p><p>porém certamente de modo semelhante, somos todos</p><p>vendedores. Não existe um ser humano neste planeta</p><p>que não seja um “vendedor”. A maioria vende o seu</p><p>tempo em troca de um salário todos os meses.</p><p>Quero mostrar com isso que, com o mundo virtu-</p><p>al, podemos ir além – além de jogos virtuais, além de</p><p>redes sociais. Podemos fazer nosso escritório ser em</p><p>qualquer lugar que tenhamos vontade nesse mundo. E,</p><p>um detalhe que vale ouro! O seu negócio só não vai dar</p><p>certo se você desistir, se você desacreditar.</p><p>O nosso corpo tende a não gostar quando saímos</p><p>da zona de conforto, então estipule metas, leia livros,</p><p>aprenda sobre negócios virtuais, tudo dentro da lei</p><p>dos homens e da lei de Deus. Lembre-se de que não</p><p>existe nada melhor no mundo do que você se deitar</p><p>164</p><p>para dormir com a cabeça limpa e tranquila. Lembre-se</p><p>também de sempre que aquele dinheiro entrar de forma</p><p>honesta, depois de você ter pago tudo o que devia,</p><p>destinar no mínimo 10% em causas que realmente irão</p><p>mudar a vida de alguém ou de várias pessoas. Faz toda</p><p>a diferença!</p><p>165</p><p>166</p><p>Capítulo 18</p><p>Dicas importantes</p><p>A</p><p>minha vida já estava indo bem, até conhecer Jeff</p><p>Walker e descobrir o poder de sua “lista”, desco-</p><p>bri também que existia um cara com o nome de</p><p>Érico Rocha que aprendeu junto com Jeff Walker e que</p><p>adaptou seus ensinamentos para o português, transfor-</p><p>mando a vida de milhares de pessoas. Esse sistema fun-</p><p>ciona para praticamente tudo e em qualquer idioma, e</p><p>fez uma grande diferença na minha vida. Parece ser algo</p><p>que não funciona num primeiro momento, mas realmen-</p><p>te tem um poder incrível, conhecido como: A Fórmula</p><p>do Lançamento. Mas isso não é para quem desiste fácil,</p><p>pois a jornada é longa, afinal, nós estamos falando de</p><p>algo que pode possibilitar que você ganhe milhões. Con-</p><p>tudo, quero mencionar que não foi daí que eu tirei meus</p><p>primeiros milhões, foram dos meus investimentos alia-</p><p>dos as minhas mentorias, porque os investimentos ser-</p><p>vem para rentabilizar aquilo que você ganhou. E, depois</p><p>que coloquei as cryptomoedas em minha vida, nunca vi</p><p>algo subir tão rápido. Inimaginável!</p><p>167</p><p>Bastava você ter um pouco de noção sobre investi-</p><p>mentos e arriscar uma porcentagem de tudo que você</p><p>já investe para investir em cryptos. Poderia ter arris-</p><p>cado mais? Sim, mas meu dilema é sempre diversificar,</p><p>sempre estar com os pés no chão. De qualquer modo,</p><p>o fato incrível foi que as cryptos que tinha, cresceram</p><p>tanto que acabaram fazendo os meus outros investi-</p><p>mentos se tornarem pequenos perto daquele cresci-</p><p>mento exponencial. Muitos dizem: “Perdi tempo ao</p><p>comprar cryptos” – perdeu? Não, venho do futuro lhe</p><p>dizer que existem inúmeras cryptos com um potencial</p><p>enorme, mesmo que tenham sofrido uma queda signifi-</p><p>cativa no ano de 2022.</p><p>No momento em que escrevo este livro, você</p><p>encontra ETHEREUM, que é a crypto que está em</p><p>segundo lugar, por um valor atrativo. Você não precisa</p><p>comprar uma moeda inteira. São inúmeras moedas a um</p><p>preço convidativo e com potencial alto para crescer ao</p><p>longo dos anos. As oportunidades estão por aí e exigem</p><p>um pouco de leitura e um pouco de dinheiro. Mas, na</p><p>mente da maioria, o mais fácil é trabalhar para alguém</p><p>e receber um salário todos os meses.</p><p>Confesso que esse caminho de trabalhar para</p><p>alguém, nunca se encaixou muito bem para mim,</p><p>apesar de ter feito isso por um bom tempo. Conheci as</p><p>cryptomoedas por meio do Bruno Perini. Ele foi uma</p><p>das primeiras pessoas que ouvi falando sobre Bitcoin,</p><p>então, me interessei sobre o assunto e hoje sou grato.</p><p>168</p><p>Devemos sempre nos lembrar daqueles que fizeram</p><p>diferença em nossas</p><p>vidas, ou melhor, que fazem</p><p>diferença para toda a nação. Investi logo em seguida na</p><p>crpto de que ele falava e em outras que fui descobrindo,</p><p>o que aumentou meu patrimônio significativamente.</p><p>Precisamos buscar investimentos que nos paguem</p><p>proventos e, de preferência, todos os meses, como</p><p>ações que são boas pagadoras de dividendos e os fun-</p><p>dos imobiliários, que pagam praticamente todos os me-</p><p>ses. Com os proventos pagos, você reinveste naque-</p><p>le fundo ou naquela ação e ativa os juros compostos.</p><p>Albert Einstein dizia: “Os juros compostos são a força</p><p>mais poderosa do universo e a maior invenção da hu-</p><p>manidade, porque permitem uma confiável e sistemáti-</p><p>ca acumulação de riqueza”.</p><p>E é por meio desses proventos pagos por fundos,</p><p>ou ações, que você consegue se aposentar mais rápido.</p><p>Quando me refiro a aposentar-se mais rápido, não</p><p>estou dizendo para você não fazer mais nada no mundo.</p><p>Estou dizendo para fazer o que lhe traz prazer. Essa</p><p>é a estratégia que levo para a minha vida. O dinheiro</p><p>que ganhei com cryptos não para por aí, agora está se</p><p>multiplicando dentro de um fundo ou de uma excelente</p><p>ação e me gerando proventos todos os meses, de modo</p><p>que reinvisto e faço a famosa bola de neve.</p><p>Parece impossível, mas não é, é mais simples do que</p><p>acordar de manhã e vender seu tempo para alguém. Ou</p><p>169</p><p>seja, ficar horas e horas trabalhando, geralmente em</p><p>algo que não lhe satisfaz. Claro que não existe mágica.</p><p>No começo, você precisa colocar dinheiro, mas, com</p><p>o tempo e se você for regrado, a mágica acontece.</p><p>Você pode estar dormindo ou em qualquer lugar: seus</p><p>proventos caem na conta da sua corretora sem hesitar.</p><p>Vamos supor que você queira se aposentar com 10</p><p>mil reais ou 2 mil dólares por mês e que você consiga</p><p>achar um Fundo Imobiliário ou Reits Real Estate Invest</p><p>Trust, como dizem nos EUA, por exemplo, que pague</p><p>1,40 reais por mês ou 60 centavos de dólares por mês.</p><p>A conta é fácil: no caso do real, você pega 10 mil e divide</p><p>por R$ 1,40 que resulta em 7.142 cotas, ou seja, agora</p><p>você sabe o quanto de cotas precisa, de um Fundo</p><p>Imobiliário no Brasil, para receber todos os meses mais</p><p>ou menos 10 mil reais. Essa quantidade de cotas varia</p><p>muito, pois depende do valor que aquele fundo está no</p><p>momento. Com muito foco e dedicação, bem como uma</p><p>boa estratégia, possivelmente você irá descobrir que</p><p>está mais perto disso do que imagina.</p><p>Já, calculando em 60 centavos de dólar, você</p><p>precisaria ter 3.334 cotas para receber mais de 2 mil</p><p>dólares todos os meses. Vamos pegar um Reits que</p><p>valha 85 dólares. Você precisaria de mais ou menos 284</p><p>mil dólares. Então, para muitos, esses valores estão ok,</p><p>ao passo que outros querem mais – não há nada de</p><p>errado nisso! Pense na mágica que acabaria ocorrendo</p><p>se todos os meses caísse esse dinheiro na sua conta e</p><p>170</p><p>você apenas comprasse mais cotas. Em 7 anos, mais que</p><p>dobraria o valor que você já tinha investido, somado a</p><p>juros compostos e aos rendimentos das novas cotas.</p><p>Para muitos, pode parecer meio confuso, todas</p><p>essas contas, mas, se você colocar em prática, verá que</p><p>é bem fácil de entender e nada difícil de alcançar.</p><p>Depois de tudo isso, precisamos colocar na receita da</p><p>vida um aprendizado: Aprender a separar generosidade</p><p>e ser gentil! Ser gentil é quando você presenteia alguém</p><p>que você ama com um tênis, com uma roupa ou com</p><p>algo do gênero. Mas generosidade é quando você</p><p>ajuda alguém estranho, alguém que realmente precisa</p><p>daquele empurrão naquele momento.</p><p>Não quero ser um brasileiro, vindo aqui, querendo</p><p>impor os meus pensamentos para você de qualquer lu-</p><p>gar desse planeta, quero vir aqui com vontade de fa-</p><p>zer a vida de muitos prosperar, a fim de que possamos</p><p>enxergar coisas importantes que deixamos passar ao</p><p>fazermos vista grossa, passando assim, a nos impor-</p><p>tarmos com tudo e com todos. Um homeless (morador</p><p>de rua), para estar naquela situação, passou por algo</p><p>que o levou a isso. Muitos, tristemente, acabam caindo</p><p>no mundo das drogas e tendo uma vida inferior à que</p><p>mereciam.</p><p>171</p><p>172</p><p>Capítulo 19</p><p>Equilíbrio</p><p>T</p><p>alvez este download da minha mente possa ser</p><p>um choque de realidade. Posso estar sendo,</p><p>por meio deste livro, um mensageiro para você</p><p>aprender a valorizar cada segundo da sua vida e ser</p><p>menos egoísta, inclusive, consigo próprio.</p><p>No mundo em que vivemos, existem cada vez mais</p><p>mendigos emocionais. Quando digo isso, não estou me</p><p>referindo aos moradores de rua, que por suas decisões</p><p>ou não, estejam morando na rua, necessitando da</p><p>ajuda do próximo. Mas, estou me referindo a milhares</p><p>de pessoas que moram em suas casas, mansões ou</p><p>em qualquer lugar, mas que estejam infelizes, não</p><p>satisfeitos com o que têm. Porque, quando vamos em</p><p>busca de algo, damos toda a nossa energia e quando</p><p>conquistamos, a tendência é que aquela sensação</p><p>desapareça em pouco tempo. E, entrar na sua mansão,</p><p>após 1 ano, talvez seja a mesma coisa que entrar na</p><p>casa simples que quem sabe um dia você possuiu.</p><p>Entrar no seu Porsche, talvez seja incrível no começo,</p><p>173</p><p>a princípio, quando todos olham, você se sente</p><p>orgulhoso, mas, após três meses, se torna tão normal</p><p>como quando você vai ao banheiro. Eu quero dizer com</p><p>isso que incansavelmente as pessoas estão em busca da</p><p>felicidade, de algum tipo de satisfação, e para ser feliz,</p><p>basta você aceitar o que tem. Quando descobri isso?</p><p>Após ter feito muito dinheiro! Dinheiro é bom, traz uma</p><p>certa liberdade, mas a sociedade precisa entender que,</p><p>independentemente da classe social, todos podemos</p><p>ser felizes, não importa onde estivermos.</p><p>Costumo dizer: “O que uma pessoa com 1 milhão não</p><p>consegue ter que uma pessoa com 10 milhões tem?”.</p><p>Isso não quer dizer também que uma pessoa pobre</p><p>financeiramente não seja tão feliz quanto um rico –</p><p>talvez possa ser até mais.</p><p>Sim, depois de um certo grau de conhecimento e de</p><p>ter bastante dinheiro, fica difícil você conseguir enten-</p><p>der se todos que se aproximam de você, querem ser seu</p><p>amigo por quem você é, ou pelo tamanho da sua conta</p><p>bancária, bem como pela sua fama nas redes sociais. A</p><p>pessoa pobre ou de classe média em geral, não precisa</p><p>se preocupar muito com isso, apenas aceita o que tem</p><p>e é feliz. Mas isso não quer dizer que não devemos ir</p><p>atrás de algo a mais, algo que vá nos satisfazer.</p><p>O que é necessário, é saber que aquela Ferrari, não</p><p>será a solução para a sua felicidade e que a solução está</p><p>em aceitar o que você tem e o que você é. Se você acha</p><p>174</p><p>que o dinheiro vai trazer felicidade, se imagine rico:</p><p>imagine chegando até sua mansão, quais carros teria</p><p>na garagem, em qual cidade você moraria... Observe</p><p>se isso vai lhe fazer bem, se sim, “bora correr atrás”!</p><p>O mundo está com milhares de oportunidades dando</p><p>“sopa”, mas exige que você saia da zona de conforto.</p><p>Digo tudo isso, porque durante minha adolescên-</p><p>cia inteira, eu queria morar nos EUA. Alcançando esse</p><p>sonho, passei a ter outras metas e à medida que ia al-</p><p>cançando essas metas, eu via que nada mudava no que</p><p>tange a ser feliz. Ser feliz está nas coisas simples da</p><p>vida, como um café da tarde com as pessoas que ama-</p><p>mos ou um futebol com os amigos.</p><p>A vida vem e nos caleja. Uma vez, minha esposa me</p><p>perguntou: “Você não chora?”. Fiquei meio desconcerta-</p><p>do com aquela pergunta, e por muito tempo fiquei sem</p><p>resposta. Na minha mente, tinha um sentimento muito</p><p>forte por tudo, uma emoção gigante a ponto de parecer</p><p>que meu peito iria explodir, mas as lágrimas não vinham.</p><p>E em outra vez ouvi: “As lágrimas que não choramos</p><p>talvez sejam muito mais dramáticas do que as lágrimas</p><p>que se encenam no teatro do nosso rosto!” – (gran-</p><p>de Augusto Cury). Com vários livros espalhados pelo</p><p>mundo todo, esse autor é um dos gênios que temos em</p><p>nosso planeta.</p><p>São assuntos difíceis ou mais pessoais? Ou não, ou</p><p>você tira de letra tudo isso? A opinião tende a mudar,</p><p>175</p><p>mas o fato é que existem mais cárceres</p><p>na mente</p><p>humana do que nas metrópoles mais violentas do</p><p>mundo (mais uma vez ele aqui, Augusto Cury).</p><p>Nós, seres humanos, tendemos a exaltar aquilo</p><p>de ruim que acontece no mundo. Quer um exemplo?</p><p>Suponhamos que você esteja em um pub e que esteja</p><p>passando na televisão algo como uma floresta linda.</p><p>Poucas pessoas vão se importar. Porém, se a imagem</p><p>muda para uma perseguição policial com troca de tiros,</p><p>acredito que o pub inteiro pára para assistir, ou seja, a</p><p>nossa mente está vinculada ao horror, como um viciado</p><p>em drogas está às substâncias de que é dependente.</p><p>Nós temos a eficiência e a compulsão por imagens e</p><p>atitudes como essa.</p><p>Mais de 80% das correções feitas por terceiros nos</p><p>fazem piorar, ao invés de melhorarmos. Até os 10 anos</p><p>de idade, nós ouvimos mais palavras de repreensão</p><p>do que palavras de encorajamento. Estamos ainda na</p><p>idade da pedra, em termos de gestão da emoção. Tudo</p><p>isso faz com que as pessoas cresçam com limitações.</p><p>Limitações de se tornarem o que desejam, o que mais</p><p>lhes dará felicidade.</p><p>A tendência humana é excluir as pessoas que não</p><p>nos dizem palavras reconfortantes. O que vejo hoje em</p><p>dia é o fanatismo por religiões, mas todas as religiões</p><p>falharam, não estudaram como fazer com que o mundo</p><p>fosse um mundo melhor para todos, sem cárceres men-</p><p>176</p><p>tais. Eu aprendi a aplaudir aqueles que, mesmo não me</p><p>agradando tanto, diziam coisas sensatas em determi-</p><p>nado momento. Quem não faz esse tipo de coisa, estará</p><p>apenas sendo um ser humano comum – crianças e ado-</p><p>lescentes vivendo em belas casas, mas tendo uma vida</p><p>de vícios desde cedo. Por isso, a cada duas pessoas,</p><p>uma vai desenvolver algum tipo de problema psiquiátri-</p><p>co. Não sou eu que digo, são pesquisas internacionais</p><p>que o fazem.</p><p>Ainda na minha geração, eu brincava nas ruas, sol-</p><p>tava pipa, jogava bola com os pés descalços no chão</p><p>e raramente jogava videogame. Hoje, os pais precisam</p><p>negociar firmemente com seus filhos para que eles</p><p>saiam da frente do computador ou de seus smartpho-</p><p>nes, haja vista existirem jogos cada vez mais atrativos,</p><p>criando pequenos “viciados”, de modo que essas crian-</p><p>ças se esquecem de apreciar a vida e os prazeres deste</p><p>planeta. Vejo muitos pais conseguindo momentos de</p><p>paz, quando deixam seus filhos jogar ou, simplesmente,</p><p>ficar por horas em frente de um celular.</p><p>Mas como fazer uma criança seguir outro caminho</p><p>sem repreendê-la? Na sociedade, há a tendência de se</p><p>copiar o gesto do próximo. Se os colegas da escola o</p><p>incentivam com muito entusiasmo, os pais, ao tentarem</p><p>mostrar outro caminho, tendem a ser vistos como</p><p>“chatos”.</p><p>177</p><p>Aí vai da sua criatividade, vai de você mostrar que</p><p>fazer as coisas no estado físico é mais prazeroso do</p><p>que no estado virtual. Estamos vivendo a era do auto</p><p>abandono. As pessoas às vezes são boas com os outros,</p><p>mas péssimas para si mesmas.</p><p>Vivem a vida de forma desequilibrada e acabam</p><p>aceitando uma vida medíocre. Ninguém merece viver na</p><p>mediocridade. Mas, você está lendo este livro ou outro</p><p>em busca de aprendizado e de conhecimento, logo, já</p><p>está acima da média! Imagine a maioria do planeta, que</p><p>nunca abriu um livro ou que nunca foi em busca do que</p><p>lhe faz bem, do que lhe faz verdadeiramente feliz – a</p><p>maioria vive o passado e esquece de aspirar ao futuro.</p><p>178</p><p>A tendência</p><p>humana é</p><p>excluir as</p><p>pessoas que</p><p>não nos dizem</p><p>palavras</p><p>reconfortantes.</p><p>179</p><p>180</p><p>Capítulo 20</p><p>Futilidade da vida</p><p>Quem diria que eu, um ex-engraxate em New</p><p>York, um ex-motoboy em Londres, um ex-fun-</p><p>cionário do KFC, estaria aqui falando para</p><p>você o que fazer, e quão boa minha vida é hoje, e quan-</p><p>to sempre foi? O título do meu livro remete a dinheiro:</p><p>“De engraxate em New York a milionário na terra da</p><p>rainha”. Mas a vida é muito mais que dinheiro!</p><p>A vida é muito mais que andar com um carrão nos</p><p>finais de semana, depois de ter trabalhado 15 horas</p><p>por dia de segunda a sexta. A vida é muito mais que</p><p>você ter somente o sábado e o domingo livres para</p><p>enfrentar filas em restaurantes – porque a maioria vive</p><p>as mesmas vidas e lotam shoppings e restaurantes nos</p><p>finais de semana.</p><p>Conheço pessoas acima da média que não possuem</p><p>poder aquisitivo, mas são anos-luz mais felizes que</p><p>muitos com sucesso! Como sempre falo, você pode</p><p>comprar uma casa, mas não um lar! Você pode pagar o</p><p>181</p><p>casamento mais lindo, mas não o amor! Você pode ter</p><p>o melhor plano de saúde, mas não pode pagar para ter</p><p>saúde!</p><p>O dinheiro abre várias portas, mas a porta principal</p><p>é você quem comanda: A porta da sua mente! Se você</p><p>não criar o seu futuro da forma que quer, talvez alguém</p><p>o crie para você de uma forma que não goste.</p><p>Quando eu estudava, era o pior aluno. Não por</p><p>minha concepção, mas pela dos professores. Eu era</p><p>o aluno “chato” que sempre questionava algo que me</p><p>ensinavam. Era o único da sala de aula que não possuía</p><p>um caderno. Já pensou em estudar sem caderno? Pois é,</p><p>eu era um desses. Quando os professores perguntavam</p><p>onde guardaria todas as informações ali ensinadas, eu</p><p>respondia que, mesmo todos que estão anotando, ano</p><p>que vem, ou talvez em menos tempo, não lembrariam</p><p>mais nada do que foi ensinado. Eu estava certo? Eu era</p><p>o patinho feio? O mau exemplo?</p><p>Quando a professora perguntou o que cada um se-</p><p>ria mais tarde, todos seriam advogados, médicos, entre</p><p>outras carreiras. Quando chegou a minha vez, a classe</p><p>inteira se virou para prestar atenção, e eu disse: “Que-</p><p>ro ser diferente de tudo que vocês, professores, ensi-</p><p>nam em sala de aula”. O que foi imediatamente retruca-</p><p>do por ela: “Mas como assim, Willian?” – Eu disse: “As</p><p>escolas nos preparam para trabalhar como soldados,</p><p>como robôs, e não ensinam o que é mais importante,</p><p>182</p><p>como ser feliz, como lidar com o dinheiro, como viver</p><p>dignamente…”.</p><p>A escola passa informação e a vida exige, Com-</p><p>petência de Ação, nisso, tenho que insistir! Quer um</p><p>exemplo? Você está em um hospital e precisa fazer uma</p><p>cirurgia, de repente, aparece um médico e fala: “Olha,</p><p>eu tenho muita informação de como fazer essa cirurgia,</p><p>li vários livros”. Você simplesmente vai sair correndo</p><p>de lá, porque você não quer um médico que tenha ape-</p><p>nas informações, quer alguém que tenha Competência</p><p>de Ação, ou seja, horas e horas de prática.</p><p>Novamente, não estou dizendo para não estudar.</p><p>Sim, estudar é bom, mas depende muito da escola. No</p><p>Brasil, depende muito de quem está no poder – ou</p><p>dependia, hoje não sei. O que sei é que não mudou</p><p>muita coisa, pois recebo milhares de perguntas todos</p><p>os dias de pessoas sem terem ideia de como alcançar</p><p>uma vida feliz, de como sair das dívidas, de como ter</p><p>dinheiro…</p><p>Esperava que essa realidade fosse diferente em</p><p>países de primeiro mundo. Mas o fato intrigante, a meu</p><p>ver, é o seguinte: quando estava conversando com um</p><p>amigo que mora na Inglaterra também, ele me disse</p><p>que na escola onde o filho dele estudava, eles davam</p><p>hambúrguer com batata frita na hora do lanche para as</p><p>crianças. Nossa! Um sonho para a maioria das crianças</p><p>no Brasil, mas isso não é nem um pouco saudável. Faz</p><p>183</p><p>com que as crianças se tornem dependentes de um</p><p>alimento que alimenta, mas não nutre, que atrapalha o</p><p>sistema cognitivo, ou melhor, que atrapalha a criança</p><p>em adquirir conhecimento por meio da percepção.</p><p>Aí pergunto: “Como acreditar em escolas que</p><p>não sabem nem o que estão dando de comer para os</p><p>alunos?”.</p><p>São dúvidas que sempre surgem, pelo menos em</p><p>minha mente. Um mundo onde restaurantes de comidas</p><p>mais fitness fecham as portas e 10 fast-foods abrem</p><p>as suas. Um mundo cheio de carboidratos ruins que</p><p>encaminham para a doença do século, a depressão,</p><p>que mesmo sendo causada por vários fatores, inclui</p><p>também a péssima alimentação.</p><p>Quando eu entregava comida em Londres, chegava</p><p>a entregar para a mesma pessoa umas duas a três ve-</p><p>zes por dia. Quando o cliente abria a porta, vinha um</p><p>cheiro de casa suja, junto com o</p><p>cheiro da pessoa, que</p><p>mais parecia mofo, em vez do que deveria realmente</p><p>aparentar. Triste? Bastante. As pessoas acabam des-</p><p>contando a falta de algo na comida. Não estou dizendo</p><p>que não é bom comer uma junk food, é bom. Mas tem</p><p>que ter limites. Falo novamente: refrigerante é um ve-</p><p>neno permitido para venda. Não sei como isso é per-</p><p>mitido! Igual a óleo hidrogenado, entre outros venenos</p><p>permitidos, coisas que vemos nas gôndolas de super-</p><p>mercados, muito mais do que produtos saudáveis.</p><p>184</p><p>Se você, que está lendo este livro, ainda não possui</p><p>uma vida saudável, lembre-se de que ainda há tempo.</p><p>O nosso corpo tem um poder absurdo de eliminar as</p><p>toxinas e de voltar a ser um corpo saudável. Faça, em</p><p>casa mesmo, 30 minutos de exercícios todos os dias –</p><p>faz uma ótima diferença em sua vida. Comer de forma</p><p>saudável não custa caro, ao contrário, sai até mais em</p><p>conta. Inclusive, sai ainda mais em conta se você aderir</p><p>ao jejum intermitente, como fiz, uma ou duas vezes</p><p>por semana. Quando o pratiquei, foi por problemas</p><p>respiratórios. Havia tentado de tudo, até finalmente</p><p>eliminar alguns alimentos, como farinha de trigo, óleo</p><p>hidrogenado e açúcar refinado, e, finalmente aderir ao</p><p>jejum, posteriormente, também comendo menos do que</p><p>estava habituado a comer. Então, o que aconteceu? Uma</p><p>melhora absurda no meu humor, na minha capacidade</p><p>de raciocínio e na minha respiração.</p><p>E é uma forma de descobrirmos se um alimento</p><p>nos faz bem ou não. Se você – com o tempo e com</p><p>acompanhamento médico –, conseguir ficar 40 horas</p><p>sem comer, só bebendo água, mas muita água, chá e</p><p>café, sem açúcar e claramente sem leite, para após</p><p>às 40 horas terminadas, tentar ingerir um pedaço de</p><p>pizza, por exemplo, verá quão ruim você irá se sentir.</p><p>Procure um nutrólogo, que não deixa de ser um mé-</p><p>dico. Ele vai ensinar a não ter medo de gordura animal,</p><p>de sal – mas não o sal refinado, que é um veneno, e</p><p>sim o sal puro. Vai ensinar a não ter medo de oleagino-</p><p>185</p><p>sas, entre outros produtos. Se prestar atenção, vai ver</p><p>que, no meu livro, existem segredos usados por muitas</p><p>pessoas bem-sucedidas que passaram por este planeta</p><p>ou que ainda nele habitam. São segredos simples, mas</p><p>extraordinários, que fazem uma diferença absurda em</p><p>nossas vidas, que fazem com que muitos acordem do</p><p>“transe” e vivam a vida de verdade.</p><p>Vivemos em uma sociedade com muitos preconceitos</p><p>e prejulgamentos. Existem países onde o julgamento</p><p>acontece antes de a pessoa abrir a boca – é curioso</p><p>que no Brasil as pessoas julguem muito pela aparência.</p><p>Para ser sincero, em vários lugares do planeta, mas no</p><p>Brasil, eu digo mais, pois já fui prejulgado várias vezes.</p><p>Na Inglaterra, o julgamento geralmente começa quando</p><p>você abre a boca. A pessoa está ali falando contigo e,</p><p>quando chega a sua hora de falar, ela praticamente vira</p><p>as costas, sem paciência de ouvir seu inglês imperfeito.</p><p>De todo modo, isso acontece nos quatro cantos do</p><p>mundo. Se você não estiver conforme aquela sociedade</p><p>exige, será jogado para “escanteio”. Mas, o importante</p><p>de tudo isso, é estar bem consigo, estar bem com o seu</p><p>eu. O mundo pode lhe rejeitar, mas a única pessoa que</p><p>não pode lhe rejeitar é você mesmo. Gostando de si</p><p>próprio, você nunca vai se sentir só.</p><p>Quando comecei meus trabalhos nas redes sociais,</p><p>como havia dito, meus vídeos tinham pouquíssimas vi-</p><p>sualizações e eram vídeos com conteúdo explicativo</p><p>e gratuito. Na realidade, nunca foquei muito em redes</p><p>186</p><p>sociais. Meus vídeos não tinham muitas visualizações,</p><p>mas o problema não estava em mim, tampouco em</p><p>quem assistia ou no algoritmo das redes sociais. A todo</p><p>momento, cada palavra que você fala é julgada por um</p><p>robô, um software que estabelece se seu conteúdo vai</p><p>ser espalhado ou não. Então, no começo, eu pensava</p><p>que era ruim demais para ensinar alguém. Até pensei</p><p>em parar de tentar ensinar algo on-line, mas aí me veio</p><p>uma ideia: Patrocinar meu conteúdo! Se ninguém cur-</p><p>tir, comentar e compartilhar, não estou bom ainda para</p><p>ensinar. Mas, no primeiro dia, gastando apenas 2 dóla-</p><p>res, eu tive milhares de curtidas no vídeo e comentá-</p><p>rios com compartilhamentos – algo surreal! Então, eu</p><p>estava deixando uma plataforma ditar quem sou? Ima-</p><p>gine se tivesse desistido?</p><p>Essas plataformas querem, cada vez mais, mostrar</p><p>vida fútil. Quando postava uma foto viajando de cabine</p><p>executiva, aconteciam milhares de curtidas sem patro-</p><p>cínio. Em contrapartida, quando falava de algo impor-</p><p>tante para dar um choque de realidade em quem me</p><p>seguia, era banido por 14 dias ou mais! Nunca falava</p><p>palavrões, apenas palavras para melhorar a vida das</p><p>pessoas, como, por exemplo: viver de aluguel é mais</p><p>rentável que comprar uma casa financiada – isso foi</p><p>bloqueado, pois eu estava mexendo com os sonhos das</p><p>pessoas. Mas, ao contrário, estava fazendo com que as</p><p>pessoas economizassem o ativo mais precioso da vida</p><p>delas, o tempo.</p><p>187</p><p>O problema do ser humano é querer tudo para</p><p>ontem, é não ter paciência de esperar. As pessoas</p><p>acham que morar em uma casa financiada é a melhor</p><p>alternativa e acham que a casa é deles. Contudo, a</p><p>casa somente será deles após o pagamento de todas</p><p>as parcelas. Uma casa alugada geralmente traz menos</p><p>dor de cabeça que uma casa financiada, ou seja, aquele</p><p>bairro onde você comprou hoje a sua casa pode não</p><p>estar tão bom daqui a uns anos, ou então, às vezes, os</p><p>seus vizinhos se foram e os seus novos vizinhos são</p><p>pessoas barulhentas, mal-educadas etc. Quando você</p><p>aluga, você se muda quando precisa. Quando é a sua</p><p>casa ou, melhor, a casa que pertence ao banco, fica</p><p>mais difícil tomar essa decisão. Mas, enfim, não quero</p><p>convencê-lo a comprar uma casa financiada ou a morar</p><p>de aluguel. O que quero é mostrar que não devemos</p><p>nos convencer apenas com o que querem nos impor.</p><p>É sempre bom uma segunda, até mesmo uma terceira</p><p>opinião. E, claro, os cálculos do financiamento mudam</p><p>de pessoa para pessoa. Existe a amortização também,</p><p>algo que pode diminuir os juros do financiamento.</p><p>Pode ser que você não consiga guardar a diferença</p><p>do aluguel e aí talvez seja melhor, de fato, optar pelo</p><p>financiamento de uma casa. Mas, do ponto de vista</p><p>matemático, os juros que você ganha são melhores do</p><p>que os juros que você paga.</p><p>Se eu levasse em consideração o que as redes so-</p><p>ciais faziam com os meus conteúdos, talvez estivesse</p><p>188</p><p>entregando comida ainda. Então, não deixe a primei-</p><p>ra lombada no seu caminho fazê-lo desistir. Você pode</p><p>não estar bom ainda, mas mesmo assim, faça que aos</p><p>poucos com a prática a perfeição aparece.</p><p>Muitos são bons com os outros, mas consigo são</p><p>carrascos, se cobram demais, exigem demais, tudo dei-</p><p>xam para amanhã, tudo deixam para depois, e esque-</p><p>cem que a vida está passando de uma forma acelerada</p><p>e que, se você pudesse conversar com as almas no ce-</p><p>mitério, haveria milhares delas arrependidas por não</p><p>terem tido tempo para realizar seus objetivos.</p><p>Gosto de citar como exemplo o filme “Os fantasmas</p><p>de Scrooge”. Se você não assistiu, vale a pena assistir.</p><p>Muitos levam a vida igual à daquele senhor, mas não</p><p>possuem a mesma sorte que ele teve ao ser alertado</p><p>para mudar de vida ou seu fim teria sido horrível.</p><p>Um ser humano consegue mudar a mente, mudar</p><p>a chave da mente, principalmente quando fica cara a</p><p>cara com a morte. Meu irmão Pablo, radialista de uma</p><p>das maiores rádios do Brasil, sempre teve esse sonho</p><p>de ser locutor, mas, talvez devido ao estresse do dia</p><p>a dia, ele acabou por sofrer um AVC, com 34 anos de</p><p>idade, e foi às pressas para o hospital. Ficou internado</p><p>por vários dias, fizeram todos os tipos de exames,</p><p>até descobrirem que ele tinha um buraco pequeno no</p><p>coração. Aquilo foi um choque para a família. Todos já</p><p>estavam estarrecidos pelo AVC que ele havia sofrido</p><p>189</p><p>– que graças a Deus não deixou nenhuma sequela –,</p><p>mas, então acharam esse problema que poderia ser</p><p>o motivo do AVC. Marcaram</p><p>a cirurgia para a mesma</p><p>semana. Foi tudo fantástico, deu tudo certo, e hoje ele</p><p>está bem melhor, mas tudo isso fez ele ver o “túnel”, o</p><p>túnel que nos leva deste plano para um plano superior,</p><p>o que chamo de a nossa viagem cósmica, se é que você</p><p>acredita. Ele se transformou em outra pessoa – uma</p><p>pessoa mais “de boa”, uma pessoa menos crítica e</p><p>menos chata com suas coisas pessoais. Infelizmente,</p><p>muitos não têm a mesma sorte, muitos não têm a mesma</p><p>oportunidade de se tornarem melhores e de continuar</p><p>em busca de seus objetivos, mas ele teve! Pode ser que</p><p>este livro, faça você pensar diferente, de modo que</p><p>também possa mudar sua própria sorte.</p><p>190</p><p>Você pode comprar</p><p>uma casa, mas não</p><p>um lar! Pode pagar o</p><p>casamento mais lindo,</p><p>mas não o amor! Pode</p><p>ter o melhor plano de</p><p>saúde, mas não pode</p><p>comprar saúde!</p><p>191</p><p>192</p><p>Capítulo 21</p><p>Preconceito, omissão, o que lhe</p><p>impede de ser feliz?</p><p>D</p><p>epois de todas essas histórias, espero que</p><p>você esteja apreciando a leitura...</p><p>Neste momento, quero citar um dos gran-</p><p>des problemas da sociedade: A dificuldade que as pes-</p><p>soas têm em ouvir! Aprendi em um livro que precisamos</p><p>ouvir mais e falar menos, por isso, temos dois ouvidos</p><p>e uma boca – mas normalmente acontece o contrário.</p><p>Comecei a aderir essa ideia para minha vida e perce-</p><p>bi que as pessoas se sentem bem quando conseguem</p><p>concluir o raciocínio delas com êxito. Mas não poderia</p><p>exigir o mesmo comigo! Muitos vinham e falavam: “Nos-</p><p>sa, Willian, me conte sobre seus investimentos; foram</p><p>as cryptos que o deixaram rico?”. E eu começava a falar</p><p>e, já em seguida, era interrompido. Até que, na segunda</p><p>tentativa frustrada de explicar, eu mudava de assunto.</p><p>Pensava comigo mesmo: “Essa pessoa precisa primei-</p><p>193</p><p>ramente aprender a ouvir para depois aprender sobre</p><p>investimentos”. Eu sei que muitos têm medo de esque-</p><p>cer o que queriam dizer, mas talvez não tenha tido tan-</p><p>ta importância naquele momento, e o que me deixava</p><p>mais intrigado era responder à pergunta que me faziam</p><p>e, depois, a pessoa nem me olhar nos olhos. Eu, talvez,</p><p>também fizesse o mesmo, até aprender que ouvir era um</p><p>entendimento, que embora pareça básico, funciona mui-</p><p>to bem.</p><p>Então, escute. Após a pessoa terminar o raciocínio</p><p>dela, você fala! E, se a pessoa não respeitar o seu</p><p>momento, talvez ela ainda não mereça ouvir as</p><p>suas palavras. Pode ser que a mente dela esteja</p><p>transbordando de informações obsoletas. Mas, como</p><p>com toda história que conto, quero chegar a algum</p><p>lugar, com essa não poderia ser diferente. Vivemos em</p><p>constante guerra, e a que me chama mais a atenção, é</p><p>entre negros e brancos. Pessoas se odeiam por causa</p><p>de uma cor?</p><p>O mundo seria tão melhor se o branco deixasse o ra-</p><p>cista falar sozinho e se o negro fizesse o mesmo. Tudo</p><p>que um racista quer é dominar a sua mente e a partir do</p><p>momento em que você se ofende com uma pessoa po-</p><p>bre emocionalmente, o racista conseguiu o seu maior</p><p>lucro: Ter dominado a sua mente! Um exemplo sensa-</p><p>cional foi o que fez Daniel Alves. Em um jogo de futebol</p><p>alguém jogou uma banana nele e em vez de reclamar,</p><p>xingar, ou seja, de ter sua mente controlada, ele des-</p><p>194</p><p>cascou a banana e comeu. Acabou deixando quem fez</p><p>isso sem reação, provavelmente envergonhado.</p><p>Tenho vários amigos gays, negros, brancos, ruivos,</p><p>de diferentes etnias e religiões. Eles sabem que comigo</p><p>não existe esse tipo de preconceito, pois isso é atraso</p><p>de vida. E não só atraso da sua vida, às vezes, atraso de</p><p>toda uma nação!</p><p>É a realidade que se vê em muitos países, onde os</p><p>criminosos são protegidos, como se fossem somar para</p><p>a sociedade. Alguns sim, mudam, mas a maioria volta a</p><p>cometer outros delitos e a tirar vidas de inocentes. Eu</p><p>acho que estamos errando tanto, que vamos ter que</p><p>retroceder tudo para ver se acertamos da próxima vez.</p><p>As pessoas estão sempre com pressa. Você já reparou?</p><p>Ficam 11 horas em um voo cansativo, mas o avião nem</p><p>bem pousa e já tiram os cintos, levantam-se correndo</p><p>para pegar as malas antes de qualquer um e ficam de pé</p><p>esperando a aeronave taxiar. Desesperados sempre, por</p><p>motivos quase nulos.</p><p>No tempo em que trabalhava de motoboy e de entre-</p><p>gador para a Amazon, sentia na pele o que a maioria das</p><p>pessoas sentem. A uma luta atrás de dinheiro, competi-</p><p>ções entre profissionais da mesma área, para ver quem</p><p>pega antes o pedido ou quem pega antes as parcelas.</p><p>Sentia na pele os restaurantes que respeitavam os dri-</p><p>vers e os que desrespeitavam. Passava horas esperando</p><p>por um trabalho, mas usava esse tempo para ler e estu-</p><p>195</p><p>dar, porque não queria estar na corrida dos ratos para</p><p>sempre. Ser driver exige muita paciência – paciência no</p><p>trânsito, paciência nos restaurantes e paciência com</p><p>os clientes. E, já que neste livro, não quero abandonar</p><p>nenhum fato, vale mencionar que muitos clientes com</p><p>poder aquisitivo mais baixo, eram aqueles que mais re-</p><p>clamavam, eram aqueles que queriam abrir a sacola de</p><p>comida na sua frente para ter certeza de que o driver</p><p>não pegou nada, ou se o restaurante não esqueceu de</p><p>enviar algo. Mas também sentia falta de generosidade</p><p>da parte dos ricos – poderia ser algo cultural aqui da</p><p>Inglaterra, não sei, mas as gorjetas fariam uma grande</p><p>diferença no meu salário da época, como já disse antes.</p><p>Saindo da “corrida dos ratos”, na qual a maioria da</p><p>população vive, queremos chegar à vida merecida ou</p><p>no propósito de vida que merecemos. Você acha que</p><p>o Ser que nos criou, se é que você acredita Nele, teria</p><p>dedicado tamanha perfeição em tudo, para você desistir</p><p>na primeira lombada que surgisse no seu caminho? Não</p><p>existe máquina mais perfeita que o corpo humano e olha</p><p>que fomos criados há milhares de anos. Tem como dizer</p><p>que não existe um Ser Maior por trás de tudo isso?</p><p>Você acorda pelas manhãs e agradece o seu dia?</p><p>Agradece por sua vida? Ou você entra no ritmo frenético</p><p>da maioria, liga o modo robô e entra no carro, correndo</p><p>por mais um dia, torcendo para que chegue a sexta-feira</p><p>novamente? Se esse for seu caso, você precisa repensar.</p><p>196</p><p>Nós não precisamos de muito para viver, basta aceitar-</p><p>mos o que temos. Mas, se quisermos algo a mais, se qui-</p><p>sermos ficar ricos, ter uma renda passiva, precisamos</p><p>fazer estratégias inteligentes.</p><p>Seremos cobrados depois, por tudo que fizermos</p><p>neste plano. Quero entrar em um detalhe que me cha-</p><p>ma muito a atenção. Talvez seja difícil mudar o mun-</p><p>do, pois, a mudança teria que vir através das empre-</p><p>sas. Poucas pessoas no planeta fazem a reciclagem</p><p>de lixo, então, uma solução poderia ser as indústrias</p><p>mudarem as embalagens para algo biodegradável, que</p><p>em pouco tempo se desmancha com a chuva. Digo</p><p>isso porque, além de os rios estarem muito poluídos</p><p>– não somente com lixos, mas com dejetos humanos</p><p>também –, as cidades estão sujas. Educar uma nação</p><p>a respeito de que o lugar do lixo, é no lixo! É bastan-</p><p>te difícil porque, depois de uma certa idade, o adulto</p><p>pensa que a crítica é pessoal.</p><p>Como sempre digo, muitos não querem obedecer</p><p>às regras, a não ser que isso mexa no bolso. Mas, por</p><p>exemplo, apesar de na Inglaterra haver leis que multam</p><p>pessoas que descartam lixo nas ruas, isso acontece com</p><p>frequência! Existem lugares de Manchester que são mais</p><p>sujos do que se entrasse em um lixão. Sei que existem</p><p>muitos refugiados e imigrantes, e eu sou um deles, mas</p><p>muitos deles não tiveram a oportunidade de aprender</p><p>sobre isso nos países onde nasceram. Aqui, todavia, se-</p><p>ria um bom lugar para ensiná-los e para ensinar seus</p><p>197</p><p>filhos. Colocar todas as crianças para limpar a cidade e</p><p>mostrar a importância de mantê-la limpa, faria com que</p><p>quando elas se tornassem adultas. Não descartem o lixo</p><p>em qualquer lugar!</p><p>Um exemplo que gosto de dar é o seguinte: Uma</p><p>certa vez, eu e minha esposa pegamos um café e ficamos</p><p>parados perto de um restaurante que vende frango frito.</p><p>Quando um carro que havia comprado comida nesse</p><p>restaurante parou próximo a nós, após eles comerem</p><p>– quando digo eles, me refiro também às crianças –,</p><p>jogaram todo o lixo para fora do carro como se fosse</p><p>normal – e o pior, quando terminaram de comer e</p><p>jogaram todas as caixas e copos de bebidas para fora,</p><p>ainda saíram mostrando o dedo para nós. Eles achavam</p><p>que nós iríamos ficar bravos com aquilo – jamais! Se</p><p>esses pais não aprenderam com a vida, se eles estão</p><p>sendo o exemplo ruim, daquelas crianças no carro, eu</p><p>com poucas palavras não conseguiria mudá-los. Eles</p><p>provavelmente foram mais agressivos jogando tudo para</p><p>fora do carro porque viram que ficamos ali olhando. Mas</p><p>tento levar tudo isso como experiência, tento aprender o</p><p>comportamento humano, visto que sempre tem alguém</p><p>tentando provar algo. O mais triste, é que eles foram</p><p>embora gritando feito animais, fiquei comovido pelas</p><p>crianças. É provável que aquilo tenha acontecido com</p><p>aqueles adultos quando eram crianças também.</p><p>Tento fazer minha parte: Uma vez por semana, saio</p><p>juntando lixo e olha que 15 minutos é o suficiente para</p><p>198</p><p>encher uma sacola de lixo. Hoje, as pessoas estão em</p><p>um estado que nem sabem o que estão fazendo. Já faz</p><p>parte do hábito delas. Por exemplo, abrem a janela</p><p>do carro e jogam a bituca de cigarro como se as ruas</p><p>fossem lixões. Quanto a esse cigarro nojento, deveria</p><p>haver casinhas em todos os restaurantes para quem</p><p>quisesse fumar. Pense só... quando eu chego a um bar</p><p>com aquele jardim lindo, o funcionário me diz assim: “O</p><p>jardim é a área para fumantes, lá dentro é para quem</p><p>não quer sentir o cheiro de cigarro”. E logo penso:</p><p>“Cara, está tudo errado. Lá fora, com um sol lindo,</p><p>com o barulho da natureza, com o cheiro da natureza,</p><p>e quem tem prioridade é quem fuma?”. Não faz sentido</p><p>e nunca fará.</p><p>A pessoa acende um cigarro e acaba com sua ex-</p><p>periência de apreciar aquele ar limpo, por isso sou to-</p><p>talmente a favor de colocarem umas casinhas, igual</p><p>já existem em aeroportos e pronto! Quer fumar, vá lá</p><p>dentro, o vício é seu, e não meu. Espero que um dia es-</p><p>sas leis mudem completamente e que existam lugares</p><p>específicos para fumar, pois quem não fuma consegue</p><p>sentir o cheiro melhor das coisas do que aqueles que</p><p>fumam. Então, qualquer cigarro aceso atrapalha quem</p><p>odeia cigarro e isso serve para aqueles eletrônicos</p><p>também. Pessoas dentro de restaurantes dão uma olha-</p><p>dinha e, se notam que não tem ninguém olhando, dão</p><p>aquela tragada de sabor de morango – o hábito de pôr</p><p>algo na boca é mais forte do que o vício da nicotina. Na</p><p>199</p><p>Inglaterra, esse cigarro eletrônico está sendo um pro-</p><p>blema entre as crianças. Frequentemente vemos crian-</p><p>ças entre 10 e 15 anos de idade fumando – uma ver-</p><p>dadeira epidemia! Sob a óptica deles, tornou-se legal</p><p>fumar, e as autoridades nada fazem. A nicotina contida</p><p>dentro de um cigarro tem o poder de matar duas rãs</p><p>instantaneamente e diminui 14 minutos de vida daquele</p><p>ser que estiver fumando.</p><p>Então, se você está lendo este livro e ainda fuma,</p><p>faça de tudo para deixar esse vício de lado, e não leve</p><p>esse comentário para o lado pessoal.</p><p>Agora, uma dica que funciona muito para mim: sem-</p><p>pre que termino de ler um livro, eu espero alguns dias</p><p>e o leio novamente. Assim, obtenho outra perspectiva.</p><p>Indique este livro para as pessoas que você ama.</p><p>Nas redes sociais, pode marcar meu Instagram em uma</p><p>foto com você segurando o livro. Ficarei bem feliz,</p><p>lembre-se: Um livro ou um gesto pode salvar vidas!</p><p>Precisamos melhorar a cada dia, precisamos evoluir a</p><p>cada segundo. Entenda que nada ocorre por acaso. Saiba</p><p>que este livro caiu na sua vida por algum motivo. Tudo</p><p>que acontece neste plano tem um objetivo. Lembre-se</p><p>que para ser feliz, você não precisa de dinheiro, apenas</p><p>precisa aceitar o que você tem.</p><p>Willian Kindness</p><p>williankind</p><p>osbons.com.br</p><p>está jogando. Alguém pode ter mais habilidade</p><p>no futebol com seus dedos do que com os seus pés!</p><p>Para que você entenda este livro e que compreen-</p><p>da como me tornei um milionário, vindo de um cotidia-</p><p>no de batalhas e de uma família sem poder aquisitivo,</p><p>porém com muitos valores morais, preciso contar re-</p><p>sumidamente as respectivas histórias dos envolvidos.</p><p>Com isso, quero tirar a objeção de qualquer um que</p><p>19</p><p>pense que só fica rico quem vem de família rica ou</p><p>quem ganhou na loteria. A minha história não é isolada</p><p>e, certamente, existem milhares de outras histórias, de</p><p>qualquer um, em qualquer lugar, dignas de fazer parte</p><p>de um livro, mas talvez acabem somente na mente de</p><p>quem as carrega. Pode ser até por essas pessoas não se</p><p>acharem boas o bastante para escrevê-las. O que é um</p><p>mito ou mais uma barreira imposta, provavelmente, por</p><p>crenças antigas. Infelizmente, o cemitério está cheio de</p><p>“tesouros” que são as ideias e biografias das pessoas</p><p>que lá estão.</p><p>20</p><p>Quando pequenos e somos</p><p>repreendidos de maneira</p><p>errada, independentemente</p><p>da causa, aquela ferida</p><p>nunca se fecha, a não ser</p><p>que entendamos que existem</p><p>feridas abertas para serem</p><p>curadas e as tratemos.</p><p>22</p><p>Capítulo 2</p><p>Aprendendo nas ruas</p><p>O</p><p>resumo da história de meu pai, começa quando</p><p>ele era um menino pobre, que cresceu sem o</p><p>pai dele e que dividia a atenção de minha avó</p><p>com outros inúmeros irmãos. Por isso, hoje em dia,</p><p>entendo completamente algumas atitudes dele. Não</p><p>tinham dinheiro para comprar roupas e usavam sacos</p><p>de pão de pano como calção, além de chinelos feitos</p><p>com pneu velho de caminhões. Minha avó inventou</p><p>uma receita que dava vigor aos filhos, já que comida</p><p>no Brasil, naquela época, era artigo de luxo. Na receita,</p><p>tinha farinha de trigo, ovo, água e açúcar. Ela fazia na</p><p>frigideira com um pouco de óleo – e, vou confessar, é</p><p>uma delícia! Depois, era só polvilhar açúcar e canela.</p><p>Calma, este não é um livro de receitas, apesar de contar</p><p>alguns caminhos que trilhei até descobrir a receita de</p><p>ser bem-sucedido. Lembrando de tudo isso, deu uma</p><p>saudade de minha avó, que já fez sua viagem cósmica.</p><p>Voltando à história, meus pais foram jogados ao</p><p>mundo com poucas oportunidades de estudo e precisa-</p><p>23</p><p>ram trabalhar cedo para ajudar no sustento da família.</p><p>O grande problema é que muitos crescem com crenças</p><p>e paradigmas limitantes que fazem uma pessoa desistir</p><p>de seus sonhos, de ir mais além – uma vida totalmente</p><p>desprogramada e sem propósitos. Depois de adultos,</p><p>o único sonho costuma ser sair das dívidas. Meu pai</p><p>cresceu com algumas crenças que o fizeram deixar de</p><p>arriscar mais alto, como ter saído do Brasil em bus-</p><p>ca de uma qualidade de vida melhor. Ou talvez, por ter</p><p>sido pai muito novo e ter que se dedicar a trabalhar dia</p><p>e noite para o sustento da casa, já que um pacote de</p><p>fraldas no Brasil, por exemplo, custava horrores.</p><p>Sempre penso que apesar de meus pais não terem</p><p>estudado muito, eram bem instruídos em alguns as-</p><p>pectos, absorviam as informações rapidamente, porém</p><p>existiam crenças que não os permitia passar de certos</p><p>limites e quando estavam prosperando, acontecia algo</p><p>que os trazia para a estaca zero novamente. Realidade</p><p>de muitos no planeta Terra.</p><p>Vou usar um termostato como metáfora para você</p><p>entender de que modo percebo que funcionam alguns</p><p>aspectos de nossa vida: Imagine que você esteja regu-</p><p>lando um termostato em uma sala e que quer que essa</p><p>sala fique a 20 graus. Mesmo que alguém abra uma ja-</p><p>nela para esquentar, ou esfriar, o termostato vai traba-</p><p>lhar para manter a temperatura que você estipulou. Em</p><p>nossa vida, não é diferente! Quando você compreende e</p><p>consegue controlar, é como se estivesse regulando ape-</p><p>24</p><p>nas a temperatura de um ar-condicionado. A primeira</p><p>dica infalível que faz com que o termostato de sua vida</p><p>altere é a Autoestima.</p><p>Depois, vem o Poder de Comunicação: Saber comu-</p><p>nicar-se é importantíssimo! Aprendi isso cedo, quando</p><p>era muito criança e saía para vender sanduíche natu-</p><p>ral com meu pai. Era incrível! Ali começou a faculdade</p><p>da vida para mim. O poder de comunicação é tão forte</p><p>que é pouco provável que uma pessoa que possua tanto</p><p>a autoestima, quanto o poder de comunicação, esteja</p><p>com uma conta bancária no negativo.</p><p>Geralmente, quando você tem a destreza de falar</p><p>bem, consegue baixar a voz crítica contrária até mesmo</p><p>na cabeça alheia. Sabe aquela voz que a todo momen-</p><p>to está falando e que talvez esteja lhe acompanhando</p><p>agora nesta leitura? Outro fator, não menos importan-</p><p>te, é saber se essa voz aí, que conversa com você a</p><p>todo tempo, é sua amiga ou é uma voz que apenas traz</p><p>críticas negativas.</p><p>Para que não perca nenhum pormenor e entenda</p><p>como cheguei a Nova York ou à Inglaterra, conseguindo</p><p>destaque, até me tornar bem de vida, preciso contar</p><p>que em minha adolescência, aos 16 anos, tive uma</p><p>discussão muito grande com meu pai – acho que o</p><p>motivo veio de mim, por ser na época um adolescente</p><p>rebelde, muito embora pudesse ter vindo dele também,</p><p>por não ter paciência em dialogar, sempre querendo</p><p>25</p><p>resolver “na força” – de qualquer modo, o fato é que</p><p>após essa discussão, decidi sair de casa somente com a</p><p>roupa do corpo, dizendo: “Agora eu vou viver sozinho!”</p><p>Lembro da resposta do meu pai como se fosse hoje:</p><p>“Não quero ver você correndo para casa de nenhum</p><p>parente! ”</p><p>Bem, comecei a caminhar pelo centro da capital,</p><p>Curitiba, pensando no que fazer. Foi quando decidi:</p><p>“Vou na casa de alguns amigos e pronto!” – Porém,</p><p>percebi que os meus amigos não poderiam me deixar</p><p>ficar mais que um dia em suas casas e estavam longe</p><p>de onde eu estava. Além disso, o que os pais deles iriam</p><p>pensar? E o meu orgulho, onde ficaria se corresse</p><p>para a casa de alguém? Esses eram meus pensamentos</p><p>naquele momento.</p><p>Até que começou a escurecer… Eu olhava as pes-</p><p>soas indo para as suas casas, parecendo tão felizes,</p><p>mesmo a maioria estando dentro de seus carros ou de</p><p>um ônibus, presas no trânsito e cansadas depois de um</p><p>dia de trabalho. Eu achava que naquele momento tudo</p><p>havia acabado para mim, me imaginei vivendo nas ruas,</p><p>vivendo de esmola. Até quando ficaria nessa situação?</p><p>Será que cairia no mundo das drogas? Tudo isso vinha</p><p>furtivamente à minha cabeça.</p><p>Passei a vagar pela cidade, até achar um lugar ao</p><p>lado de um viaduto, perto de um estádio de futebol. Ali</p><p>seria minha casa pelos próximos dias. Fiquei todas as</p><p>26</p><p>noites naquele lugar, dormindo muito mal, somente de</p><p>bermuda e camiseta. Ao cair da noite, a temperatura</p><p>caía também. Eu entrava em estado de alerta sempre</p><p>que ouvia vozes, ficava mais atento, afinal, poderiam</p><p>ser pessoas boas ou não. As noites eram longas e</p><p>praticamente não conseguia me desligar por completo.</p><p>O chão era duro e inclinado, com algumas imperfeições,</p><p>dormia sempre com o enorme barulho dos carros</p><p>passando pelo viaduto.</p><p>Com o tempo consegui comida em estabelecimentos.</p><p>Alguns diziam que não podiam dar, mas a maioria das</p><p>pessoas era generosa, logo que comecei a morar na rua</p><p>um dos restaurantes em que pedi comida me ofereceu</p><p>trabalho, mas eu não quis aceitar, porque em minha</p><p>mente tudo aquilo iria acabar e logo voltaria para casa.</p><p>Imaginava que tudo seria muito rápido. Quer dizer, até</p><p>que foi rápido, mas, mais de 30 dias nas ruas nos faz</p><p>sentir como se o relógio parasse e os dias se tornassem</p><p>meses e às horas se tornassem dias.</p><p>Certo momento, olhando ao meu lado, vi um grupo</p><p>de formigas trabalhando noite adentro e pensei: “Até as</p><p>formigas têm objetivos, e eu aqui simplesmente largado,</p><p>sem saber o que fazer...” – Mal eu sabia que tudo isso</p><p>serviria de aprendizado para a minha vida toda. Con-</p><p>tudo, sabia que não queria mais estar nessa situação.</p><p>Estava desistindo, estava fraco, desanimado, prestes</p><p>a usar qualquer tipo de droga que pudesse amortecer</p><p>aquele momento. Porém, eu já tinha consciência de que</p><p>27</p><p>a droga apenas</p><p>iria anestesiar a minha dor, de modo</p><p>que depois, a dor seria ainda mais intensa, talvez um</p><p>caminho sem fim ou com um fim trágico. Lembro bem</p><p>de uma noite em que cuidei de alguns carros e ganhei</p><p>umas gorjetas – prática normal no Brasil, em qualquer</p><p>lugar que você estacionar, vai ter alguém querendo co-</p><p>brar para cuidar de seu carro – e também, senti desejo</p><p>de comprar uma bebida alcoólica para me esquentar</p><p>nas noites frias, mas, mais uma vez, fui bastante forte,</p><p>resisti e troquei a bebida por balas e doces. Acredito</p><p>que sempre tive um anjo forte ao meu lado, uma voz,</p><p>geralmente amiga, me dizendo coisas boas. Digo geral-</p><p>mente, pois ao longo dos anos precisamos aprender</p><p>a regular essa voz interior, para não se tornar apenas</p><p>uma crítica negativa e com isso vivermos uma vida que</p><p>não gostaríamos – como quando se tem vários TOCs</p><p>(Transtornos Obsessivos Compulsivos). Essa voz inter-</p><p>na pode tornar-se uma influência negativa e fazer com</p><p>que você se torne escravo dela. Talvez, essa voz que foi</p><p>criada por você, seja de sua avó, de sua mãe, ou uma</p><p>mistura de tudo isso e um pouco mais. Talvez, precise</p><p>descobrir se essa voz está do seu lado ou não, se está</p><p>fazendo você prosperar ou não, e se for o caso de estar</p><p>lhe prejudicando, resetar essa voz para que uma outra,</p><p>melhor, esteja ao seu lado...</p><p>A vida na rua continuou difícil, quando em uma noite</p><p>específica, senti bastante dor nas costas e resolvi que</p><p>aquela seria a minha última noite nas ruas! Assim, final-</p><p>28</p><p>mente tomei uma decisão: Tentar algum trabalho! Algo</p><p>que pudesse me tirar dali. Mas quem me daria trabalho</p><p>naquelas condições? Pense, estava na rua, sujo, com</p><p>cheiro forte, com cabelos e unhas sem cortar, usan-</p><p>do só bermuda e camiseta! Mesmo assim, falei comigo</p><p>mesmo: “Tenho o dom de me comunicar, para mim não</p><p>existem limites, qualquer pessoa que me ouvir vai en-</p><p>xergar a verdade em minhas palavras! ”</p><p>Dito e feito! Quando cheguei a uma loja que vendia</p><p>óculos e alguns produtos como câmeras digitais, con-</p><p>segui conversar com o próprio dono. Na realidade, ele</p><p>era filho do dono, mas me deu uma oportunidade, um</p><p>lugar para tomar banho e até para dormir. Na primeira</p><p>tentativa, acertei na mosca, pois aos 14 anos já havia</p><p>trabalhado em uma loja desse ramo, assim, com minha</p><p>experiência, facilitaria. O dono da loja pediu para eu</p><p>voltar depois de algumas horas, que ele iria providen-</p><p>ciar tudo.</p><p>Quando saí daquela ótica, feliz por ter um lugar</p><p>para morar e trabalhar, a vida me preparou mais uma</p><p>surpresa, encontrar com a minha mãe... Quando ela me</p><p>viu naquele estado, me deu um abraço e começou a</p><p>chorar, pois imaginava que eu estava na casa de alguém</p><p>e não realmente morando nas ruas, muito menos com</p><p>uma aparência muito magra e com um odor muito forte</p><p>de quem há dias não tomava banho. A primeira pergunta</p><p>que ela me fez, foi se eu queria comer e aceitei. Quando</p><p>estava nas ruas e pedia comida, muitos me davam, mas</p><p>29</p><p>eu não sentia fome, tentava digerir, perguntando a mim</p><p>mesmo se aquela seria minha vida para sempre ou se</p><p>teria a chance de mudar o roteiro, mudar a direção. Mas,</p><p>uma vez que era a minha mãe que me havia oferecido</p><p>a comida, simplesmente aceitei, principalmente porque</p><p>estava com muita saudade dela. Naquele dia, minha mãe</p><p>pediu para eu voltar para casa, disse que tudo seria</p><p>diferente, contudo, por lembrar como eram as brigas,</p><p>não gostei da ideia. Pensava comigo: “Vou ser mais</p><p>forte! ” Claro que no final de nossa conversa, acabei</p><p>cedendo a esse pedido irrecusável. Principalmente, por</p><p>essas palavras terem vindo da boca de minha mãe e ter</p><p>experimentado que morar na rua não era tarefa fácil.</p><p>Quando alguém vive nas ruas, está à mercê de</p><p>julgamentos alheios, que são feitos sem as pessoas</p><p>terem noção do real motivo que levou esse indivíduo</p><p>àquela situação. Alguns podem preferir viver na rua,</p><p>mas a maioria gostaria, sim, de ter um teto, um lugar</p><p>para descansar. O grande problema de muitos que</p><p>vivem na rua é o seguinte: “Não foi a sociedade que</p><p>os abandonou, foram eles próprios! ” É igual consertar</p><p>um carro, fazendo sempre a manutenção, o conserto</p><p>fica fácil durante cada ano, mas, se deixar acumular ao</p><p>longo dos anos, só o ferro velho vai aceitá-lo.</p><p>Idem para nós. A todo momento precisamos nos</p><p>atualizar, precisamos melhorar. Não importa se você</p><p>quer dinheiro ou não. Vivemos em um mundo de</p><p>oportunidades e pode ser que você esteja no lugar</p><p>30</p><p>certo, na hora certa, mas não esteja preparado. Se não</p><p>tiver estudos, pode ainda haver tempo para estudar, se</p><p>gostaria de aprender outro idioma, pode ser a hora de</p><p>começar. A vida é perfeita demais para deixarmos de</p><p>aproveitar e vivermos em prol de lamentações.</p><p>Um detalhe importante que não posso deixar pas-</p><p>sar despercebido, neste livro, é frisar o poder do nosso</p><p>subconsciente. Somos muito poderosos, mas infeliz-</p><p>mente, várias pessoas não têm essa noção. Aprender</p><p>a fazer o nosso subconsciente trabalhar a nosso favor,</p><p>faz com que consigamos alavancar nossa vida incon-</p><p>táveis vezes. Não sei se você sabe, mas a nossa mente</p><p>não para.</p><p>Muitos vão dormir depois de terem assistido a</p><p>programas de violência e aquilo, durante o sono, rumina</p><p>em suas mentes à noite toda, todavia, quando você</p><p>descobre como deixar seu subconsciente trabalhando</p><p>a seu favor, sente sua vida mudar drasticamente.</p><p>O problema é que as pessoas focam no que não</p><p>querem, em vez de focar no que querem. Culpam a</p><p>Deus por algum problema, mas esquecem que esses</p><p>conceitos negativos são advindos de seu subconsciente</p><p>e que você, enquanto pessoa, estará se autopunindo se</p><p>continuar pensando e agindo dessa forma.</p><p>Quer alavancar sua vida? Deixe de assistir a tantos</p><p>jornais e ver tantas desgraças. A mídia quer a sua aten-</p><p>ção e vai fazer de tudo para conseguir. A mídia ficou</p><p>31</p><p>dois anos falando sobre o COVID-19 e quando começou</p><p>a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, simplesmente pa-</p><p>recia que o vírus havia desaparecido, num passe de má-</p><p>gica, visto que agora só se falava da guerra. Conheço</p><p>inúmeras pessoas que só assistem a jornais, acabando</p><p>por enfatizar que vivemos em um caos e isso não é ver-</p><p>dade – você escolhe o mundo em que quer viver, você</p><p>escolhe o que assistir, o que ler, você escolhe a paz ou</p><p>a guerra.</p><p>Lembre-se: “A nossa mente é superpoderosa e</p><p>Deus é vida!” – Independentemente do que acredita,</p><p>Ele construiu um mundo cheio de maravilhas e cabe</p><p>a você decidir se seu foco está em coisas boas ou em</p><p>coisas ruins. Na Inglaterra, acredito que no mundo</p><p>todo, também, existem pessoas que moram sozinhas,</p><p>que estão fugindo de casa, porque nem elas próprias se</p><p>aguentam mais. Vejo pessoas entrando em um elevador</p><p>e transformando aquele curto trajeto de, por exemplo,</p><p>cinco andares, em uma chateação. Ficam olhando para</p><p>o teto ou para o chão, com medo de dar um “oi” ou de</p><p>começar uma conversa. A pessoa que não cumprimenta</p><p>o próximo e não é gentil está precisando fazer as pazes</p><p>consigo mesma.</p><p>Antigamente, na era da Revolução Industrial, quem</p><p>mandava no mundo era quem tinha dinheiro e, atual-</p><p>mente, a história mudou. Manda no mundo quem tem</p><p>“informação” e facilidade de “adaptação”. Com as cons-</p><p>tantes mudanças, vemos pessoas sendo atropeladas</p><p>32</p><p>pela velocidade do tempo, pois hoje, quem está corren-</p><p>do, está andando e quem está andando, na verdade, está</p><p>parado. Muitos com quem converso conjugam verbos</p><p>apenas no passado: “Eu fui, eu era, eu fiz…” – Esque-</p><p>cendo de pensar no presente ou no futuro. Aprendi com</p><p>um sábio que: “Se suas recordações são mais fortes que</p><p>suas aspirações, você está morrendo aos poucos!” – Por</p><p>isso, independentemente de sua idade, sempre tenha as-</p><p>pirações, aproveite cada segundo desta vida que lhe foi</p><p>concedida e lembre-se de que informações são impor-</p><p>tantes, porém perecíveis, haja vista ninguém querer ler</p><p>o jornal da semana passada.</p><p>E, toda aquela minha história de quando morei na</p><p>rua, encontrei minha mãe e tivemos um breve diálogo?</p><p>Entramos no restaurante mais próximo, procuramos</p><p>uma mesa no canto – para não assustar a clientela</p><p>–, por conta do meu estado de vários dias sem tomar</p><p>banho. Assim, começamos a comer e a conversar.</p><p>Pensei: “Poxa, será que acabou? Será que passei no</p><p>teste? Será que sou uma pessoa melhor agora?” Só o</p><p>tempo iria me dizer. Minha mãe me pediu para que eu</p><p>voltasse. Ela não tinha ideia de que estivesse nas ruas,</p><p>imaginou que estava na casa de amigos e reafirmou que</p><p>se voltasse tudo seria diferente.</p><p>Mas, você pode estar se perguntando, será que ele</p><p>continuou com a oportunidade de trabalho que conse-</p><p>guiu minutos antes de encontrar sua mãe? A resposta</p><p>é sim! Aceitei apenas o trabalho, pois voltei a morar</p><p>33</p><p>com meus pais, e, para alegria do dono da ótica, me</p><p>tornei um dos melhores vendedores de produtos ele-</p><p>trônicos – já que eles não vendiam somente óculos e eu</p><p>trabalhava com muito amor, principalmente pela opor-</p><p>tunidade que me deram, como talvez poucos dessem,</p><p>levando em consideração o meu estado. Junto a esse</p><p>trabalho, continuava vendendo sanduíche natural, o</p><p>que em vários momentos fez parte da minha vida para</p><p>conseguir fazer renda extra.</p><p>Alguns meses depois que voltei, no entanto, meus</p><p>pais se separaram. Cada um de nós começou a ir atrás</p><p>dos seus sonhos. Parecia que uma barreira havia se</p><p>rompido, um ciclo havia se fechado para uma nova era</p><p>começar. Foi difícil para ambas as partes, mas espero</p><p>que hoje eles estejam felizes com a decisão que foi</p><p>tomada.</p><p>Trabalhei em inúmeras empresas quando jovem.</p><p>Na mente do meu pai, eu tinha que ter um trabalho</p><p>registrado. Isso, para mim, era igual a um pai quando</p><p>quer muito que um filho curse medicina – ou qualquer</p><p>outra coisa – e o sonho na maioria das vezes é do pai e</p><p>não do filho. Costumo dizer: “Se o sonho for de seu pai,</p><p>mande-o realizar. ”</p><p>34</p><p>A vida é perfeita</p><p>demais para</p><p>deixarmos de</p><p>aproveitar e</p><p>vivermos em prol</p><p>de lamentações.</p><p>36</p><p>Capítulo 3</p><p>Indo além dos limites</p><p>que a vida impõe</p><p>V</p><p>ou parar, por um breve momento de contar a</p><p>minha história, para contar duas outras, também</p><p>de superação. Talvez, possam servir de aviso</p><p>para muitas pessoas, já que este livro tem a condição</p><p>de chegar nos quatro cantos do planeta em diversos</p><p>idiomas. É importante lembrar que ao longo deste livro,</p><p>vou citar vários nomes, porque ninguém faz sucesso</p><p>sozinho.</p><p>Se a minha resiliência lhe impressionou, tenho</p><p>certeza que o sofrimento vivido por minha mãe, vai</p><p>chamar ainda mais a sua atenção, todavia, quero que</p><p>saiba que se está lendo este texto é porque ela me</p><p>autorizou vir a público com seu relato. Esse assunto é</p><p>um tanto quanto delicado, mas acredito que isso servirá</p><p>de alerta para muitas mães e, também, será um tipo de</p><p>desabafo de nossa parte…</p><p>37</p><p>Quando criança, minha mãe morava com os pais e</p><p>os irmãos, seu pai era militar autoritário e, durante a</p><p>vida, havia aprendido muitas coisas ruins, de modo que</p><p>dificilmente podia ser contrariado. Ele se comportava</p><p>como um carrasco e sempre estava em prostíbulos.</p><p>Além disso, usava de violência contra minha avó. E,</p><p>os seus filhos que eram muito novos na época e não</p><p>podiam fazer nada. Apenas olhar, chorar e se esconder.</p><p>Meu avô, infelizmente, era um monstro!</p><p>Esse sujeito saía constantemente à noite para ir a</p><p>algum lugar onde existiam garotas de programa e só</p><p>voltava para casa quando todos estavam dormindo.</p><p>Então, ele entrava no quarto onde minha mãe dormia,</p><p>deitava-se na mesma cama, colocava seu órgão genital</p><p>para fora, se masturbava e se esfregava. Ele era um</p><p>doente pedófilo sem escrúpulos!</p><p>Vendo seu pai sair para essas casas de massagem –</p><p>se é que dá para chamar esse monstro de pai –, minha</p><p>mãe não dormia, ficava acordada morrendo de medo.</p><p>Ela tinha mais ou menos 9 anos de idade. Vivenciou</p><p>algo que seria um trauma para qualquer criança, vendo</p><p>quem deveria ser seu protetor, fazer atrocidades,</p><p>criando feridas em seu coração que levaria consigo para</p><p>a vida toda. Em um certo tempo, minha avó começou a</p><p>suspeitar de tal fato, porém minha mãe tinha medo de</p><p>contar, pois ele falava: “Se você contar, eu mato a sua</p><p>mãe! ”</p><p>38</p><p>Então, houve uma noite em que a minha avó</p><p>encontrou esse sujeito de calças abaixadas no quarto</p><p>de minha mãe. Nesse momento, o casal começou a</p><p>brigar e ele bateu em minha avó, até que ela procurou</p><p>a polícia para explicar o que estava acontecendo. A</p><p>polícia da época, no entanto, dizia que não poderia</p><p>fazer nada por não ter provas.</p><p>Desesperada, minha avó resolveu mandar minha</p><p>mãe para um convento, porém, não houve adaptação</p><p>– ela não queria ser freira –, por isso, após algum</p><p>tempo, teve que voltar para casa, estava mais velha,</p><p>com aproximadamente 12 anos. Seu corpo estava</p><p>mais desenvolvido e a perseguição de seu pai acabou</p><p>se tornando ainda pior. Ele segurava minha mãe</p><p>pelo pescoço e se masturbava, mandava bilhetes</p><p>inconvenientes a ela, até que a minha avó, sem muito</p><p>estudo, resolveu pedir para que minha mãe forjasse</p><p>uma fuga de casa – já que havia conseguido um lugar</p><p>para ela poder trabalhar em troca de moradia e de</p><p>comida.</p><p>Ela conseguiu sair de casa, mas, mais uma vez, se</p><p>viu em terríveis apuros. Seus patrões exploravam o</p><p>trabalho de uma criança de 12 anos de idade. Para se ter</p><p>ideia, ela acordava cedo, entre 6 e 7 horas da manhã,</p><p>e dormia apenas após as 11 horas da noite, servindo</p><p>seus patrões como se fosse escrava. Ao tentar mandar</p><p>cartas para sua mãe, os tais “senhores de engenho”,</p><p>ou seja, seus patrões, ordenaram que ela refizesse as</p><p>39</p><p>mensagens, desta vez, mentindo sobre o que estava</p><p>acontecendo.</p><p>Infelizmente, esse tipo de coisa existe com muita</p><p>frequência no mundo em que vivemos. Estou escrevendo</p><p>este texto com muita tristeza. Como toda criança, minha</p><p>mãe queria brincar, comer alguns doces, mas não podia.</p><p>Chegava a levar tapas no rosto se não cumprisse as</p><p>regras de seus exploradores.</p><p>Uma certa vez, ela terminou de limpar a casa</p><p>para os tais “senhores de engenho”, como me refiro</p><p>aos exploradores, e a chamaram para uma conversa,</p><p>dizendo para que se sentasse… Isso aconteceu quando</p><p>lhe informaram que sua mãe havia sido assassinada</p><p>pelo “monstro”! Ele matou a minha avó com dois tiros,</p><p>tirando a oportunidade da minha mãe de ter um ombro</p><p>amigo novamente, de ter conselhos maternos sempre</p><p>que precisasse… Da mesma forma, ela perdeu alguém</p><p>que poderia ter sido um bom pai, mas que passou</p><p>quase a vida inteira na cadeia. Esse homem, também</p><p>tirou a oportunidade de nós, os netos, de conhecermos</p><p>e convivermos com a nossa avó materna. E o mais</p><p>doloroso é saber que, naquele momento trágico, não</p><p>existia ninguém com um amor verdadeiro para abraçar</p><p>e confortar a minha mãe.</p><p>Ela continuou sofrendo nas mãos desses estranhos</p><p>que diziam ajudá-la, mas que na realidade a escravizavam</p><p>e a humilhavam. Sem motivos, mais de uma vez, sua</p><p>40</p><p>patroa lhe deu tapas no rosto, e em dado momento</p><p>minha mãe, ainda muito jovem, teve força para dizer:</p><p>“Você nunca mais vai bater em meu rosto!” Ela havia</p><p>decidido ir embora para a cidade grande e, sem dúvida,</p><p>essa foi sua melhor escolha. Penso que sua história é</p><p>triste, contudo, inspiradora.</p><p>Com essa história resumida da vida de minha</p><p>mãe, quero dizer que entendo que existem histórias</p><p>dolorosas e que às vezes, ou melhor, na maioria das</p><p>vezes, reclamamos sem motivos e só achamos que tudo</p><p>é difícil, até que conhecemos outra realidade.</p><p>Cinderela</p><p>Uma outra história de superação e que também</p><p>pode ser um alerta para as mães, é a história de minha</p><p>esposa, uma das pessoas que me ajudou a dar um boom</p><p>na vida. Por mais que também tenha tido uma história</p><p>comovente e parecida com a de minha mãe.</p><p>Novamente, se você está lendo essa parte, preciso</p><p>lhe dizer que a minha esposa me permitiu vir a público</p><p>com esse relato delicado, mas que infelizmente ocorre</p><p>com</p><p>frequência com muitas moças.</p><p>Quando pequena, minha esposa morava com</p><p>seu padrasto e sua mãe. O seu pai biológico a havia</p><p>abandonado por culpa das drogas, mas a família do pai</p><p>41</p><p>biológico de minha esposa poderia simplesmente tomar</p><p>o controle da situação e dar uma vida digna para Maíra.</p><p>Contudo, não o fizeram. Viraram as costas para uma</p><p>criança, deixando que morasse em um lugar simples,</p><p>onde se vivia com pouco, onde se chegava a passar</p><p>fome.</p><p>Mais triste, ainda, é saber que minha esposa tinha</p><p>mais duas irmãs por parte de pai, que faziam lembrar até</p><p>a história de Cinderela, porque as meninas cresceram</p><p>com todo o apoio da avó paterna, que possuía muitas</p><p>riquezas – por mérito próprio, visto que era dona de</p><p>uma das confeitarias mais renomadas da cidade de</p><p>Curitiba – enquanto minha esposa cresceu como uma</p><p>menina pobre. Ela só conheceria suas duas irmãs depois</p><p>de seus 15 anos. Após ter tido uma vida muito sofrida</p><p>em que era abusada sexualmente por seu padrasto, que</p><p>nada mais era, do que um pedófilo sem-escrúpulos.</p><p>Minha esposa chegou ao ponto de precisar ir morar</p><p>com sua avó materna para fugir dele.</p><p>Olhando para trás, fica difícil de acreditar que sua</p><p>mãe não via tudo aquilo que acontecia. Até hoje se</p><p>supõe que ela nem saiba, ou melhor, que muita gente</p><p>nem saiba, o que um homem sem princípios fazia com</p><p>aquela criança. São lembranças e feridas no coração</p><p>que a Maíra vai levar consigo por toda a vida: um velho</p><p>nojento que ao forçar beijar a sua boca, dizia que aquilo</p><p>era amor de pai. Imagino, quantas crianças sofrem esse</p><p>tipo de coisa e nem ficamos sabendo.</p><p>42</p><p>Hoje, o seu padrasto está em fase terminal. Mas</p><p>para ver como a educação faz diferença na vida de um</p><p>ser humano, dentro da casa onde minha esposa vivia,</p><p>existiam mais três irmãos, e dois deles foram presos –</p><p>um, inclusive, enquanto escrevo este livro, ainda está</p><p>preso, por furto, envolvimento com drogas e etc. Graças</p><p>a Deus, ela e sua outra irmã conseguiram escapar do</p><p>mesmo destino que seus irmãos. No entanto, minha</p><p>esposa precisou fazer vários tratamentos para fechar</p><p>as feridas que foram abertas em sua alma.</p><p>Sei que não tenho o poder de proibir nada, pois</p><p>isso iria contra os direitos humanos, mas entendo</p><p>da seguinte forma: A partir do momento em que um</p><p>casal tem um filho e não possui a mínima condição de</p><p>subsistência para si, tampouco um lugar digno para</p><p>viver, deveria, então, ser proibido de colocar uma</p><p>outra criança no mundo para sofrer, para passar fome,</p><p>para enfrentar dificuldades. E, muito provavelmente,</p><p>uma péssima educação, como dizem, criando mais</p><p>uma vítima da sociedade. Mas, enfim, essa discussão</p><p>poderia ser pauta para um outro livro.</p><p>44</p><p>Capítulo 4</p><p>Em direção ao sonho americano</p><p>R</p><p>etomando a história da caminhada em sentido</p><p>ao meu sonho e objetivo de vida, decidi mudar</p><p>para os Estados Unidos da América, desejo que</p><p>surgiu bem cedo. Meu tio que mora lá até hoje, man-</p><p>dava jornais com ofertas de supermercados e eu via</p><p>preços e produtos que me pareciam bem melhores que</p><p>no Brasil e achava isso maravilhoso. Era uma realidade</p><p>totalmente diferente da que tínhamos. Sim! Crescemos</p><p>com a cultura de que tudo o que é de fora é melhor.</p><p>Mas acredite! Mudamos essa crença quando moramos</p><p>no exterior. Passamos a enxergar que o nosso país é um</p><p>país riquíssimo, com ótimas pessoas, comidas e bele-</p><p>zas… Talvez, o termostato da maioria, não permita que</p><p>boa parcela dos brasileiros consiga se dar conta do ta-</p><p>manho do poder que temos.</p><p>Costumo dizer que as vagas para pobres no Brasil</p><p>estão esgotadas! Você pode ser pobre em diversos</p><p>45</p><p>países como Inglaterra, Estados Unidos, Suécia e por</p><p>aí vai, mas, no Brasil, o pobre passa muita dificuldade,</p><p>não vale a pena. Então, se quiser ajudar um pobre, não</p><p>seja um deles, porque isso já ajudaria muito!</p><p>Eu tinha vontade de morar fora, mas o processo ain-</p><p>da seria longo. Após ter trabalhado naquela ótica que</p><p>abriu os braços para mim em um momento tão delica-</p><p>do, necessitava, depois de me recuperar, buscar outros</p><p>ares. Precisava fazer mais dinheiro, porque o sonho de</p><p>ir para a América estava sempre em minha mente.</p><p>Para entender como a generosidade faz bem e como</p><p>o universo tende a recompensar, fiquei sabendo que o</p><p>empresário que havia me dado aquela oportunidade de</p><p>emprego, tinha sofrido um grande acidente com um</p><p>parapente e que conseguiu sobreviver à queda sem</p><p>sequelas. Incrível, não é? Eu espero que ele e a sua</p><p>família estejam muito bem, sempre.</p><p>Depois de saber de momentos da minha vida e de al-</p><p>guns envolvidos nela, vou contar mais detalhes de minha</p><p>jornada rumo aos Estados Unidos. Comecei a fazer de</p><p>tudo para meu sonho tornar-se realidade. Hoje, sei que o</p><p>universo nos escuta, principalmente quando somos mais</p><p>específicos e que a nossa mente trabalha de forma efi-</p><p>ciente mesmo enquanto dormimos. Se eu pedir mais di-</p><p>nheiro, o universo pode me dar mais um dólar, mas, se eu</p><p>pedir algo específico, provavelmente, de alguma forma, o</p><p>universo vai me mostrar qual caminho preciso percorrer</p><p>46</p><p>para chegar lá. Faça isso e depois conte se sua vida me-</p><p>lhorou ou se ficou mais tangível alcançar seus desejos.</p><p>Logo após ter feito o mapeamento para realizar</p><p>os meus sonhos, comecei a dar os primeiros passos,</p><p>mesmo que humildes. Vendia sanduíche natural, sal-</p><p>gados, suco de laranja, cheguei a vender até produtos</p><p>“eróticos”. Trabalhei em diversas empresas e, depois</p><p>do esforço, de erros e acertos, em boa parte dessas</p><p>companhias, me destaquei na área de vendas. Eu ven-</p><p>dia muito! Se tinha que vender óculos, vendia muito,</p><p>rápido e com facilidade. Quando vendia anúncios na</p><p>lista telefônica para empresários, fui o maior vendedor</p><p>da empresa em nível nacional. Por quê? Alguns diziam</p><p>que era algo na voz, algum diferencial – segundo eles</p><p>– que fazia ter essa habilidade na hora de vender. Pode</p><p>até ser, mas acredito que era uma conjunção de vários</p><p>aspectos. Geralmente copiamos as pessoas com quem</p><p>mais convivemos, copiei várias coisas boas do meu</p><p>pai e da minha mãe. Acredito que esse aprendizado, o</p><p>“aprendizado da vida”, tenha sido a melhor faculdade</p><p>para mim, até porque estudei em escola normal somen-</p><p>te até a oitava série – cheguei a entrar no primeiro ano,</p><p>mas fui expulso da escola…</p><p>Como assim expulso da escola? Bem, eu não era</p><p>exatamente um anjo, claramente sei disso. Quando en-</p><p>trei nesse colégio, no primeiro ano do segundo grau,</p><p>sem querer me tornei muito popular. Todos me co-</p><p>nheciam, meu irmão e seus amigos tinham uma rádio</p><p>47</p><p>dentro do colégio, talvez tenha sido isso. Mas, já em</p><p>seguida, mudou a diretoria da escola e com ela veio um</p><p>diretor novo. Ele queria cuidar pessoalmente de todo o</p><p>dinheiro que entrava na rádio do colégio e determinar</p><p>o que fazer com ele. Naturalmente, meu irmão e seus</p><p>amigos não aceitaram, porque o valor que os alunos</p><p>pagavam na época para pedir uma música, era destina-</p><p>do a compra de equipamentos, comida e deslocamento.</p><p>E nem era tanto dinheiro assim, mas o diretor ganan-</p><p>cioso não aceitava isso. Então, o que aconteceu? Eles</p><p>foram todos expulsos! Ou seja, na palavra “amiga’’ que</p><p>eles usaram, foram todos convidados a se retirar da es-</p><p>cola. Contrariado, no dia da expulsão, fui de sala em</p><p>sala chamando os alunos para irem ao pátio e protes-</p><p>tar. Em minutos, o pátio estava lotado! Era para ser um</p><p>protesto contra a saída injusta do meu irmão e dos ami-</p><p>gos dele da escola, mas, como eu não tinha total con-</p><p>trole da multidão que se formou no pátio da escola – a</p><p>maior escola da América Latina, com milhares de alu-</p><p>nos – começaram a quebrar tudo. O que era para ser</p><p>pacífico se transformou em uma rebelião. Alguns minu-</p><p>tos depois, chegou a polícia, prendendo alguns alunos</p><p>que tinham exagerado no protesto. Os professores não</p><p>sabiam quem havia convocado a multidão naquele dia,</p><p>mas, mesmo assim, me expulsaram da escola também.</p><p>Interessantemente,</p><p>quem me expulsou, teve que tra-</p><p>balhar sob minha chefia alguns anos depois – provando</p><p>mais uma vez que as escolas são vinculadas a partidos</p><p>48</p><p>políticos. Eu chefiava o setor de call center para um se-</p><p>nador da república, quando esse político me apresentou</p><p>quem havia me expulsado da escola, dizendo que eu iria</p><p>ser seu chefe, até hoje esse indivíduo nem sonha que</p><p>eu era o aluno que ele havia expulsado. O que aconte-</p><p>ceu na escola foi ocasionado pela mudança do governo</p><p>do estado onde eu morava. Lá, quando entram novos lí-</p><p>deres, mudam sempre toda a diretoria das escolas, cre-</p><p>ches, postos de saúde e etc. – certamente isso é uma das</p><p>maiores causas do atraso no crescimento dessas áreas</p><p>em meu país. Isto é, muito interesse político e pouco in-</p><p>teresse em melhorias. Sempre digo: “Um político do alto</p><p>de sua mansão jamais enxergará o povo”.</p><p>Mais tarde, voltei aos estudos, o que foi praticamente</p><p>“pagar” para ter o diploma de segundo grau completo.</p><p>Mas onde quero chegar com essa história? É que a vida</p><p>é muito mais que ir para a escola e decorar matérias e</p><p>nem todos os que são os melhores no colégio são os</p><p>que conseguem destaque. Pois, a escola nos prepara</p><p>para o mercado de trabalho, mas não nos prepara para</p><p>a vida! O que cai na prova, geralmente, não cai no dia a</p><p>dia. Infelizmente, a maioria dos meus colegas que eram</p><p>estudiosos, não tinham muita desenvoltura para lidar</p><p>com vários aspectos da vida, como uma boa autoestima</p><p>e o poder de comunicação. Dado que praticamente</p><p>tudo que coloquei em minha mente fiz acontecer. Como</p><p>disse, já desde pequeno frequentei a faculdade da vida,</p><p>sei que meu aprendizado começou ali.</p><p>49</p><p>Não estou dizendo que não se deve estudar! Em</p><p>alguns países, as escolas estão mudando o método de</p><p>ensino para poder ensinar os jovens a lidar com vários</p><p>aspectos reais da vida. Contudo, ainda conseguimos</p><p>ver o reflexo de um ensino ruim, isto é, muitas pessoas</p><p>perdidas na vida, sem saber o que fazer. Claro que a</p><p>culpa não é somente das escolas, precisamos a todo</p><p>momento ir em busca do conhecimento, ler, aprender,</p><p>escrever, estudar, enfim, sermos autodidatas.</p><p>Com tantas coisas que já fiz nesta vida, não posso</p><p>deixar de contar a experiência, de ainda muito jovem,</p><p>ter morado em um hospital. Isso mesmo, morei em um</p><p>hospital. Era um hospital desativado, abandonado, que o</p><p>tio de um grande amigo comprou. Na época, morávamos</p><p>eu, meu irmão Pablo e o nosso amigo. Existiam mais de</p><p>100 quartos, inclusive salas de cirurgia, radiografia e</p><p>necrotério. Fazíamos tour pelo hospital, não só durante</p><p>o dia, mas também à noite – pasmem, existiam vários</p><p>barulhos e a sala onde ficava o necrotério era a mais</p><p>aterrorizante. Foi nesse hospital que meu irmão e o</p><p>nosso amigo montaram uma web rádio. Sendo, eu, o</p><p>marqueteiro da, antes pequena, rádio online, fechava</p><p>algumas permutas, ou melhor, algumas parcerias em</p><p>troca de anúncios em nossa rádio pela internet. Consegui</p><p>um fato incrível para uma pequena rádio, fazer parceria</p><p>com uma rede de fast-food conhecida mundialmente,</p><p>bem como, parcerias com restaurantes próximos para</p><p>podermos almoçar sem precisar desembolsar nada, já</p><p>50</p><p>que o que abocanhava boa parte do nosso dinheiro era</p><p>nos adequar a moradia e a alimentação.</p><p>Eu tinha facilidade em fechar essas parcerias. Basi-</p><p>camente, falava sobre a rádio com algumas empresas</p><p>que já anunciavam de outras maneiras e fazia com que</p><p>os donos das marcas quisessem estar conosco, sendo</p><p>anunciados por nós. Só fazia perguntas “abertas”, e</p><p>nunca perguntas “fechadas”. Por exemplo, em vez de</p><p>perguntar “você quer anunciar na rádio?”, de modo que</p><p>a resposta poderia ser um sim ou um não, perguntava:</p><p>“Você prefere quais horários para que sua marca apa-</p><p>reça na rádio?”. Esse é um exemplo de pergunta aberta,</p><p>que nada mais é que tudo aquilo que a pessoa não con-</p><p>segue responder apenas com um sim ou com um não,</p><p>em outras palavras, isso faz o cliente pensar em um</p><p>bom horário para colocar seu anúncio na rádio. Esse</p><p>princípio serve para tudo. Mesmo um vendedor de TV,</p><p>ao chegar um cliente na loja perguntando por TVs, deve</p><p>fugir de perguntas fechadas e argumentar: “O senhor</p><p>vai colocar na sala de jantar ou no seu quarto?”. Assim,</p><p>com uma simples pergunta, criou a imagem da TV desa-</p><p>parecendo da loja e aparecendo na casa do cliente. Sem</p><p>dúvida é um bom começo para a venda se concretizar.</p><p>Claro que existem vários gatilhos que são também ex-</p><p>celentes e que todos devemos saber, porque, mais cedo</p><p>ou mais tarde, poderemos precisar.</p><p>Ainda no hospital, cada um dormia em um dos</p><p>muitos quartos. O tio desse meu amigo, que possui</p><p>51</p><p>muitas riquezas, havia pedido que ele cuidasse do lugar</p><p>para que pessoas não invadissem o imóvel, destruindo,</p><p>ou fazendo moradia. Confesso que hoje, ao lembrar</p><p>dos barulhos e dos vultos que víamos naquele hospital,</p><p>penso como éramos loucos e o que não fazíamos para</p><p>economizar no aluguel, mas foi uma fase fantástica.</p><p>Às vezes, acordava com alguns programas ao vivo que</p><p>tinham na rádio, como o do saudoso Alborghetti. Ele</p><p>era uma figura muito conhecida no Brasil, mas que já</p><p>fez sua viagem cósmica. Após alguns anos o antigo</p><p>hospital foi vendido e demolido.</p><p>Tendo ultrapassado muitos altos e baixos, com 21</p><p>anos de idade, chegou o dia tão esperado: o dia da</p><p>viagem para realizar meu sonho de morar nos EUA.</p><p>Despedi-me aos choros de minha mãe e de meus</p><p>irmãos. Meu pai chegou tarde ao aeroporto e o avião</p><p>já havia decolado. Era minha primeira vez viajando de</p><p>avião. Com uma mochila nas costas e uma sacola de</p><p>supermercado com algumas roupas. Indo sem saber o</p><p>que encontraria, sem saber quais seriam os obstáculos,</p><p>se me tornaria alguém feliz ou não, se a minha realidade</p><p>seria diferente ou não. No entanto, tinha em mente que</p><p>minha vida mudaria e que tudo estaria em minhas mãos,</p><p>ou quase tudo!</p><p>Um fato importante é que eu já sabia que somos</p><p>nós que decidimos o caminho a trilhar, a direção</p><p>que queremos seguir, de modo que a vida apenas vai</p><p>direcionar para o lado certo. Eu, um menino pobre, que</p><p>52</p><p>pouco antes da viagem não tinha dinheiro para comprar</p><p>uma bala, agora estava dentro daquele avião gigante. Era</p><p>inacreditável! Chorava, queria muito gritar, mas gritava</p><p>por dentro, gritava de alegria. Descobri, sem perceber,</p><p>quais são os princípios da vida. Tinha entendido que</p><p>precisamos arriscar mais, que precisamos nos jogar em</p><p>direção de algo – e a palavra que faz jus a tudo isso é</p><p>“especificidade”. O universo vai te ajudar, porém você</p><p>precisa querer ser ajudado e ser específico. Cada detalhe</p><p>era especial, detalhes aos quais talvez não déssemos</p><p>importância hoje, como a comida que me serviram no</p><p>avião, me senti no luxo! Comi tudo e não deixei nada</p><p>no prato, pensei comigo mesmo: “Vou aproveitar cada</p><p>segundo de tudo!” Porque já tinha noção de que a vida</p><p>não passa, ela simplesmente voa.</p><p>53</p><p>54</p><p>Capítulo 5</p><p>A chegada aos EUA</p><p>O</p><p>avião estava pousando em Newark, New Jer-</p><p>sey, através da janela apareciam coisas dife-</p><p>rentes das que tinha costume de ver. Mal podia</p><p>esperar a hora para descer do avião, encontrar meu tio</p><p>e sair para conhecer esse país tão almejado por muitos.</p><p>Foi quando meu sonho quase veio por água abaixo! Na</p><p>imigração, resolveram perguntar onde estavam as mi-</p><p>nhas malas de roupas. Falaram que estava nevando lá</p><p>fora e carregava apenas uma sacola de plástico com al-</p><p>gumas roupas, também, uma mochila nas costas. O se-</p><p>gurança do aeroporto falou comigo, mas inglês sempre</p><p>foi meu problema, nem sabia o português direito, que</p><p>dirá inglês! Até que esse mesmo segurança começou a</p><p>perguntar para todos os passageiros que ali passaram</p><p>se sabiam português e inglês, assim, um jovem parou e</p><p>nos auxiliou. O segurança queria saber onde estavam</p><p>minhas roupas de frio, pois, da forma que me encontra-</p><p>va vestido, não poderia ficar nos EUA. Então, simples-</p><p>55</p><p>mente me mandaram para uma sala onde</p><p>alguns poli-</p><p>ciais começaram a revistar minha mochila e a sacola</p><p>de plástico. Eles rasgaram minha sacola e espalharam</p><p>todas as minhas roupas. Viram que ali estavam apenas</p><p>as minhas verdades, que realmente estava chegando</p><p>aos EUA para estudar e aumentar as possibilidades de</p><p>sucesso na minha vida. Após tudo isso, resolveram me</p><p>deixar entrar e deram uma caixa de papelão para colo-</p><p>car as minhas roupas. Havia explicado que as roupas</p><p>de frio do Brasil não dariam certo nos EUA e que com-</p><p>praria roupas apropriadas para aquele clima logo que</p><p>saísse do aeroporto.</p><p>Nossa! Parecia que estava dentro de um filme! Tudo</p><p>era díspar, desde os carros até os semáforos. Por mais</p><p>estranho que pareça, até o cheiro era diferente. Meu</p><p>tio que mora há anos nos EUA e trabalha como cami-</p><p>nhoneiro me buscou no aeroporto e me levou para um</p><p>grande supermercado para que pudesse comprar algu-</p><p>mas roupas de frio. Dentro daquele supermercado gi-</p><p>gante, tinha de tudo. Queria comprar até uma bicicleta</p><p>que por ser nova, não acreditava, mas custava apenas</p><p>60 dólares. No Brasil, antigamente, o acesso a coisas</p><p>simples como uma bícileta, era somente para os ricos</p><p>ou para quem parcelasse “a perder de vista”... No en-</p><p>tanto, no dia seguinte, eu precisava estar pela manhã</p><p>na escola, porque havia entrado nos Estados Unidos da</p><p>América com visto de estudante.</p><p>56</p><p>A escola ficava em Manhattan, bem pertinho de</p><p>onde existiam as torres gêmeas e estava bastante</p><p>ansioso para conhecer, não conseguia sequer dormir.</p><p>No primeiro dia de aula, meu tio foi me ajudar no</p><p>inglês. Pegamos um trem na estação de Newark e</p><p>descemos na estação World Trade Center. Isso para</p><p>mim foi algo inesquecível. Estávamos no começo de</p><p>2008 e o trem estava passando por dentro do buraco</p><p>que ficou após a destruição das torres gêmeas. Lembro</p><p>bem que vi o que aconteceu em 2001, havia recém</p><p>chegado da escola e minha mãe disse: “Você viu que</p><p>os EUA estão sendo atacados?” Em seguida, a segunda</p><p>torre foi atingida e ela disse: “Olha, estão reprisando.”</p><p>Quando o avião bateu, eu disse: “Não, mãe, foi um outro</p><p>avião que bateu na outra torre!”. Fiquei apavorado, foi</p><p>traumatizante, milhares de vidas se perderam ali. Todo</p><p>esse filme veio na minha cabeça e agora eu estava lá,</p><p>dentro do buraco. Ali descobri que para humanos não</p><p>existem limites.</p><p>Chegando à escola onde provavelmente era o</p><p>único que tinha dinheiro para apenas um mês. Percebi</p><p>rapidamente que a maioria dos meus colegas eram sul-</p><p>coreanos e muitos de seus pais tinham grande poder</p><p>aquisitivo, afinal, bancar uma escola no coração de</p><p>Manhattan era para ricos ou para “malucos” como eu.</p><p>Precisava arrumar um emprego urgente. Foi quando,</p><p>por meio do MSN, um sistema parecido com o WhatsApp</p><p>de hoje em dia, consegui contatar uns amigos que</p><p>57</p><p>moravam em Sandusky, Ohio, quase 24 horas de viagem</p><p>de onde eu estava. Eles me disseram: “Venha para cá,</p><p>aqui tem trabalho. Trabalhamos em um grande hotel e</p><p>há muitas vagas”. Não pensei duas vezes. Com o pouco</p><p>dinheiro que tinha, comprei a passagem de ônibus e fui.</p><p>Lembro que o motorista precisou parar o ônibus por</p><p>haver uma tempestade de neve no caminho, dizendo</p><p>que avisaria quando pudesse sair novamente. Não</p><p>consegui entender muito bem, só imaginava o que seria</p><p>aquilo. Deitei no chão da estação e, depois de horas,</p><p>acordei com alguns pequenos chutes no pé e alguém</p><p>dizendo: “Acorde, o ônibus já vai sair!” Acredito que</p><p>tenha sido isso. Na verdade, o curso de inglês começa</p><p>quando você entra no avião e passa a ouvir tudo em</p><p>outra língua – não existe melhor forma no mundo de</p><p>aprender outro idioma do que se jogando em direção a</p><p>cultura de um país.</p><p>Em Sandusky, Ohio, desci no meio de neve tão alta</p><p>que batia na metade da minha canela. Queria fazer um</p><p>boneco de neve, mas não tinha tempo e também estava</p><p>cansado, precisando achar o hotel e meus conhecidos.</p><p>Tinha conhecido esses rapazes em São Paulo, na fila</p><p>da imigração para tirar o visto, quando me disseram</p><p>que estavam indo com visto de trabalho e passaram</p><p>o contato deles. Anotei, porque sabia que poderia</p><p>precisar. Lá, estava eu novamente, com a minha</p><p>mochila e uma sacola de plástico. Comecei a fazer sinal</p><p>para pegar uma carona, porque praticamente tinha</p><p>58</p><p>descido onde não existia nada. Para qualquer carro que</p><p>passasse, fazia sinal com a mão, até que parou um carro</p><p>e mostrei um papel com o nome do hotel. Ele disse: “Eu</p><p>te levo lá, mas custa 10 dólares” – fazendo um sinal</p><p>com as mãos. Aceitei. O frio era fortíssimo e estava</p><p>com fome, já fazia 24 horas que viajava sem comer. Não</p><p>tinha conseguido comer nada porque o cheiro da fritura</p><p>dentro da estação de ônibus não era nada convidativo e</p><p>também não podia gastar muito dinheiro.</p><p>No hotel, perguntei por meus amigos, mas ninguém</p><p>os conhecia. Esperei mais um tempo e nada. O hotel</p><p>era gigante, lindo e todo fechado, com praticamente</p><p>um parque aquático dentro. Olhei as pessoas se di-</p><p>vertindo e falei comigo mesmo: “No dia em que ficar</p><p>bem financeiramente, quero voltar a esse hotel”. Era</p><p>um verdadeiro luxo por dentro (seu nome era Kalahari</p><p>Resorts Sandusky). Depois de ter apreciado aquele ho-</p><p>tel, foi como se saísse de um transe. Percebi que pre-</p><p>cisava correr, pois não tinha onde dormir. Necessitava</p><p>encontrar meus conhecidos lá. Fui até o endereço que</p><p>eles haviam passado, pois não era muito longe do hotel.</p><p>Cheguei e não havia nada também. Eu precisava pen-</p><p>sar rápido, até que compreendi: “Preciso voltar para</p><p>Newark!”. Peguei um táxi até a estação, torcendo para</p><p>que tivesse ônibus, e tinha. Comprei o bilhete com o</p><p>próprio motorista que foi muito generoso, fazendo um</p><p>valor menor e prometendo que me avisaria onde de-</p><p>veria descer, pois mostrei o endereço de uma empresa</p><p>59</p><p>perto da casa do meu tio. Gastei mais algumas horas</p><p>de viagem. Estava exausto, arrependido de ter saído de</p><p>Newark, de ter acreditado em pessoas que nem conhe-</p><p>cia muito bem. De volta a Newark, o motorista disse:</p><p>“Aqui, acho que é perto da sua casa”. Havia mostrado</p><p>a ele um folheto do DMV – Departamento de Veícu-</p><p>los em Newark – que ficava perto da casa do meu tio,</p><p>mas o endereço da casa propriamente dito não, nem o</p><p>número de celular eu tinha. Quando desci do ônibus,</p><p>não conhecia nada em volta. Então, de repente, pas-</p><p>sou um taxista e viu que eu estava perdido. Genero-</p><p>samente ele parou, perguntou algo em inglês e tentei</p><p>responder com mímicas. Logo, falando em português,</p><p>ele disse: “Pode falar português, eu sou brasileiro”. Era</p><p>o universo mais uma vez me auxiliando! Como poderia,</p><p>em uma cidade tão grande, o taxista ser justamente um</p><p>brasileiro? Fantástico! Expliquei para o taxista mais ou</p><p>menos onde era o endereço, até que, em pouco tempo,</p><p>conseguimos chegar lá.</p><p>Ufaaa! Foi a noite de sono mais bem dormida da</p><p>minha vida – depois daquela quando saí das ruas, claro!</p><p>No outro dia, fui à Manhattan. Voltei para a escola.</p><p>Lembro de o diretor da escola gritar comigo. Eu só</p><p>entendi que, se faltasse novamente, ele mandaria a</p><p>imigração atrás de mim. Nesse mesmo dia, encontrei um</p><p>brasileiro na escola. Estava falando ao telefone, mas,</p><p>sem pensar duas vezes, desesperado por um trabalho,</p><p>pulei na frente dele e falei: “Cara, é você quem vai me</p><p>60</p><p>ajudar. Estou desesperado, precisando trabalhar, não</p><p>consegui nada ainda”. Ele disse: “Legal, conheço alguns</p><p>lugares, vai nessa pizzaria… Não, melhor... Vai nessa</p><p>empresa que engraxa sapatos, a Doctor Shine” – e me</p><p>passou o endereço, que ficava na Wilson Avenue, em</p><p>Manhattan, perto da 5th. Saí da aula e fui direto para lá.</p><p>Tinha certeza de que o trabalho era meu. Lembro que</p><p>desci na estação errada, desci bem na Times Square,</p><p>e fui indo a pé, perguntando. E algumas pessoas</p><p>conheciam a Doctor Shine. Foi um alívio conseguir</p><p>chegar lá! Precisava muito daquele emprego. Expliquei</p><p>minha situação para os rapazes que lá estavam e</p><p>simplesmente me deram o</p><p>trabalho. Ali começava a</p><p>história do engraxate em New York.</p><p>Talvez o pontapé inicial para me fazer chegar à vida</p><p>que eu queria, para me fazer ter o poder aquisitivo com</p><p>que muitos sonham. Mas o melhor é ter tempo para</p><p>aproveitar tudo isso! De que adianta ter muito dinheiro,</p><p>mas ter que viver em prol da sua empresa a vida inteira</p><p>e, depois de velho, tentar correr atrás do tempo que</p><p>já ficou para trás? Sempre pensei: “Quero ter dinheiro</p><p>para viver onde quiser, em qualquer lugar deste planeta,</p><p>quero ter a liberdade que talvez poucos apreciam: a</p><p>liberdade geográfica! Não preciso ter uma mansão ou</p><p>carrões, apenas saber que a minha conta está recheada</p><p>para ter a vida que sempre quis”. Um detalhe importante</p><p>é que sempre ouvi as pessoas falarem que queriam ter</p><p>nascido ricas. Será? Nascer pobre financeiramente e</p><p>61</p><p>tornar-se rico é gratificante e inspirador. O pobre que</p><p>se tornou rico tem ideia do que é entrar em uma fila</p><p>de emprego, o que é entrar em ônibus lotado, o que é</p><p>passar vontades… Enquanto o rico, na grande maioria</p><p>das vezes, só sabe o que é ser rico e não tem nenhuma</p><p>idéia de como é lutar pela vida – por falta de algumas</p><p>experiências que a pobreza poderia lhe dar, muitos são</p><p>ricos de dinheiro e pobres mentalmente.</p><p>Mas, voltando à realidade de um desempregado em</p><p>New York, chegando à loja Doctor Shine, me apresentei</p><p>para os funcionários que em maioria eram imigrantes.</p><p>E em poucos minutos consegui o trabalho. Precisei fa-</p><p>zer um teste engraxando um sapato e, como já lustra-</p><p>va os sapatos do meu pai, tinha uma grande noção do</p><p>que fazer. Comecei no dia seguinte, quando me levaram</p><p>para conhecer a rota, porque engraxar sapatos em Ma-</p><p>nhattan é bem diferente do que em muitos lugares que</p><p>conheci. Tem que ir a diversos escritórios e perguntar</p><p>se as pessoas querem engraxar os sapatos. Caso elas</p><p>queiram, tiram os seus sapatos, lhe entregam e você</p><p>vai até uma sala vazia ou até o corredor onde deve en-</p><p>graxar. Eram bem raras as pessoas cujos sapatos eu</p><p>engraxava nos pés. Para as que preferiam nos pés, o</p><p>preço era o mesmo, mas a gorjeta era mais gorda.</p><p>Tive a oportunidade de engraxar sapatos no edifí-</p><p>cio Rockfeller, no Carnegie Hall, no Trump Tower, na</p><p>Playboy, entre outros lugares famosos. Engraxava sapa-</p><p>tos dentro dos escritórios da Playboy, dos Jets Football,</p><p>62</p><p>do Bank of America, bem como de vários advogados e</p><p>empresários, como os que trabalhavam para Madonna,</p><p>Coldplay e Fatboy Slim. Muitos dos meus colegas acha-</p><p>vam esse trabalho de engraxate sem importância, como</p><p>se fosse algo inferior a outros trabalhos. No entanto,</p><p>eu enxergava como algo extraordinário, principalmente</p><p>porque tinha contato com um número variado de pes-</p><p>soas, desde funcionário de elevador de serviços até o</p><p>CEO de uma grande empresa. Claro que não conver-</p><p>sava muito com todos, mas gostava de analisar como</p><p>se comportavam e me tratavam. Alguns eram pessoas</p><p>realmente especiais e outros estavam tão fora da re-</p><p>alidade que só olhavam para o próprio computador –</p><p>queriam, talvez, apenas mais dinheiro, pareciam babar</p><p>em frente da tela. E me perguntava: “Será que eles são</p><p>felizes?”. Recordo de um homem muito rico que adora-</p><p>va que engraxasse seus sapatos sem tirar dos pés. O</p><p>escritório dele era lindo, muito grande, com uma porta</p><p>que só podia ser atravessada por quem ele autorizava</p><p>que entrasse dentro de sua sala. Geralmente estava, ou</p><p>na frente do computador, ou falando com alguém ao</p><p>telefone. Acho que ele nunca olhou direito para mim,</p><p>apenas me pagava e fazia sinal com a mão para sair. Eu</p><p>pensava: “Será que ele é feliz? Será que sempre quer</p><p>mais e nunca está contente com o que tem? Será mais</p><p>um daqueles que vai fazer tanto dinheiro, mas quem vai</p><p>aproveitar serão os seus herdeiros?”. Não sei, mas era</p><p>o que aparentava para mim. Enfim, cada um atrás dos</p><p>63</p><p>seus objetivos… Sem se esquecer, todavia, que a vida</p><p>não passa… Voa!</p><p>Quando comemoramos 1 ano de vida, na realidade,</p><p>estamos comemorando menos 1 ano de vida! Muitos</p><p>acham que serão eternos, que vão morrer por último,</p><p>que os amigos vão antes, mas se esquecem de acordar</p><p>do transe e de entender que a vida está passando, que</p><p>o dinheiro é importante, mas que não é tudo. Talvez</p><p>devessem buscar equilíbrio. Posso dizer que já entrei</p><p>em contato com os dois lados da moeda: conheci</p><p>pessoas pobres, muito pobres, que tinham mais amor</p><p>à vida do que alguns milionários com os quais me</p><p>deparei em Manhattan. O maior problema de quem tem</p><p>um poder aquisitivo muito alto, é achar que quem não</p><p>tem, ou quem está na função de engraxate, não possui</p><p>sequer mentalidade para entender alguns aspectos</p><p>da vida. O dinheiro até pode lhe dar superpoderes,</p><p>sim, mas o maior poder está em nossa mente ou em</p><p>nosso coração: viver o agora, não adiantar os sonhos,</p><p>aproveitar a vida, ser honesto…</p><p>A honestidade parece ser algo em escassez. Infe-</p><p>lizmente, o ser humano está cada vez mais pensando</p><p>somente em si. Estamos sendo testados em todos os</p><p>momentos. E você? Será que está pronto para passar</p><p>em algum teste? Seja ele qual for, muitos talvez não es-</p><p>tejam. Ainda não descobriu que tudo o que se faz nesta</p><p>64</p><p>vida é colhido aqui mesmo? A sua vida de hoje é basea-</p><p>da no que você plantou há um tempo atrás. Quando me</p><p>referi mais acima a adiantar sonhos quis dizer que essa</p><p>é a realidade da maioria dos seres humanos. Adiantar</p><p>um sonho, neste caso, é quando alguém não tem condi-</p><p>ções para comprar à vista e parcela, financia ou faz dí-</p><p>vidas. Certamente, esse é um dos maiores causadores</p><p>de pobreza no mundo todo, o crédito. Sempre quando</p><p>passar na sua cabeça a vontade de antecipar um so-</p><p>nho, pegue o valor que você vai gastar –, por exemplo</p><p>um carro financiado – coloque todas as despesas no</p><p>papel – desde os juros do financiamento até a parcela</p><p>que será paga, o gasto com a gasolina, com a manuten-</p><p>ção, e por aí vai –, depois, pegue esse valor e calcule</p><p>pela quantidade de horas que você vai ter que trabalhar</p><p>para pagar o tal sonho adiantado. Quando você coloca</p><p>o seu ativo mais precioso em jogo, que é o seu tempo,</p><p>talvez você deixe de adiantar algo e espere pelo mo-</p><p>mento certo para obtê-lo. Pasmem, existem pessoas</p><p>que fazem os cálculos e chegam à conclusão de que vão</p><p>usar 10 anos trabalhando para liquidar a dívida que foi</p><p>criada para se obter aquele “sonho”, algo que lamenta-</p><p>velmente pode tornar-se um pesadelo. Por isso, sempre</p><p>digo que a sua atitude determina sua altitude! Tire da</p><p>sua mente a ideia de querer fazer algo para impressio-</p><p>nar terceiros, faça algo somente se for seu o sonho.</p><p>Use sempre um cartão de crédito se for a seu</p><p>favor – exemplo: quando quer comprar algo e já tem</p><p>65</p><p>o dinheiro para isso, mas seu cartão oferece a opção</p><p>de pontos que futuramente poderão ser trocados por</p><p>produtos, inclusive por passagens aéreas. Em seguida,</p><p>quando quitar aquela compra que fez no cartão, pois</p><p>já estava com o dinheiro para comprar à vista, estaria</p><p>simplesmente se beneficiando de uma vantagem que o</p><p>seu cartão oferece. Outra dica, também, é você entrar</p><p>em um clube de milhas e comprar sempre direto desse</p><p>site, então, você ganhará pontos pelo seu cartão e por</p><p>ter comprado dentro do clube. Essa é uma dica que</p><p>pode lhe fazer sair da classe econômica de um avião</p><p>para a classe executiva.</p><p>66</p><p>O pobre que se</p><p>tornou rico tem ideia</p><p>do que é entrar em</p><p>uma fila de emprego,</p><p>o que é entrar em</p><p>ônibus lotado, o que</p><p>é passar vontades…</p><p>67</p><p>68</p><p>Capítulo 6</p><p>Saindo da zona de conforto</p><p>A</p><p>ssistindo a um vídeo do DJ brasileiro Alok,</p><p>me emocionei. Ele é um cara fora da curva!</p><p>Visivelmente, todos sabemos que ele alcançou</p><p>o sucesso, a fama e o dinheiro, mas mesmo com tudo</p><p>isso, manteve seus pés cravados no chão. Faz inúmeros</p><p>trabalhos voluntários pelo mundo todo, contudo,</p><p>um em específico me chamou a atenção: foi quando</p><p>visitou a África por meio do projeto Fraternidade Sem</p><p>Fronteiras.</p>