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<p>Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros – DERMATOLOGIA – MEDICINA P8 – 2011.1</p><p>MED RESUMOS 2011</p><p>CORREIA, Luiz Gustavo; NETTO, Arlindo Ugulino.</p><p>DERMATOLOGIA</p><p>DOENÇAS ECZEMATOSAS</p><p>(Professora Danielle Medeiros)</p><p>As doenças eczematosas abrangem um grupo de entidades clínicas que cursam com alterações cutâneas em</p><p>comum, geralmente, vesiculação, bolhas, podendo evoluir para liquenificação.</p><p>O termo eczema deriva do grego ekzein e significa ebulição ou efervescência, sendo considerado por muitos</p><p>autores como sinônimo para dermatite e/ou alergias. A maioria dos livros-textos da área descreve que o eczema é o</p><p>conjunto de quadros clínicos que possuem no seu inicio, dermatite espongiótica, que é o edema intercelular da epiderme</p><p>(vista clinicamente pela presença de vesículas, bolhas) e, mais tardiamente, liquenificação.</p><p>ASPECTOS GERAIS</p><p>As doenças eczematosas ou dermatites são grupos de patologias inflamatórias, recidivante, que cursam com</p><p>espectro variável de lesões elementares, daí o termo polimorfismo regionais, e também é desencadeada por fatores</p><p>exógenos, mas também existe certa predisposição constitucional ou endógena. No geral, o principal sintoma é o prurido,</p><p>que é o ato de coçar.</p><p>As dermatites, no geral, possuem uma sequência de alterações diante do intercurso de sua evolução. Em</p><p>poucas palavras, algumas alterações da superfície cutânea ocorrem na fase aguda da doença, enquanto que outras</p><p>ocorrem em um período mais crônico. Inicialmente, a primeira alteração evidente na dermatite é o eritema, que é o termo</p><p>dado às manchas avermelhadas, planas, sobre a superfície cutânea. Em seguida, outras alterações vão se adicionando,</p><p>de acordo com o aspecto temporal da doença: edema, infiltração, vesiculação com secreção citrina, crostas, escamas e</p><p>liquenificação.</p><p>De acordo com o que foi apresentado, considera-se a fase aguda da doença, quando, além do prurido,</p><p>coexistirem: eritema, edema, infiltração. A presença de vesículas contendo líquido citrino já fala a favor de uma condição</p><p>clínica subaguda, assim como as crostas. Já a fase crônica é a que cursa com a formação de crostas, escamas e</p><p>liquenificação. Em todas as etapas, o prurido é o sintoma comum.</p><p>Existem vários tipos de doenças eczematosas, que serão descritas ao longo do capítulo. Delas, as mais comuns</p><p>são as dermatites de contato, atópica e seborréica. Segue abaixo os principais tipos de doenças eczematosas:</p><p>✔ Dermatite (eczema) de contato</p><p>✔ Dermatite (eczema) atópica</p><p>✔ Dermatite (eczema) seborréica</p><p>✔ Eczema disidrósico</p><p>✔ Fotodermatite</p><p>✔ Eczema numular</p><p>✔ Dermatite de estase</p><p>✔ Líquen simples crônico</p><p>✔ Urticária</p><p>✔ Estrófulo (insetos)</p><p>✔ Eritema multiforme</p><p>DERMATITE DE CONTATO</p><p>A dermatite de contato é a que cursa com sintomas e sinais típicos de qualquer doença eczematosa, quando o</p><p>individuo entra em contato com determinadas substâncias. Nestes casos, o irritando é qualquer agente químico capaz de</p><p>produzir inflamação quando aplicado sobre a pele na concentração e tempo suficientes, sem a participação do</p><p>mecanismo de memória imunológica (sem sensibilização prévia).</p><p>Irritantes fortes (como ácidos e bases) geram dermatite em, virtualmente, todos os indivíduos, ao passo que os</p><p>mais fracos, apenas nos indivíduos mais susceptíveis ou depois de repetidas exposições. A dermatite de contato é uma</p><p>das principais causas de doenças ocupacionais (mecânicos, lavadeiros, serventes, domesticas), além da domiciliar,</p><p>ocupacional, cosmética, calçados, medicamentos. No geral, podem ser classificadas de acordo com o mecanismo</p><p>fisiopatológico envolvido, ou ainda, de acordo com o agente causador.</p><p>CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLÓGICA</p><p>Por irritante primário.</p><p>As dermatites por irritante primário não se relacionam com reações de hipersensibilidade e, na maioria das</p><p>vezes, são causadas pela exposição a algum agente irritante (água sanitária, sabões, detergentes, xampus, solventes,</p><p>1</p><p>M</p><p>ed</p><p>ic</p><p>in</p><p>a</p><p>liv</p><p>re</p><p>, v</p><p>en</p><p>da</p><p>p</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a,</p><p>tw</p><p>itt</p><p>er</p><p>@</p><p>Li</p><p>vr</p><p>em</p><p>ed</p><p>ic</p><p>in</p><p>a</p><p>Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros – DERMATOLOGIA – MEDICINA P8 – 2011.1</p><p>álcalis, plantas, pesticidas, secreção de animais). As dermatites por irritante primário ainda podem ser classificadas em:</p><p>irritante primário absoluto (necessita de apenas um contato, como ácidos e álcalis); irritante primário de efeito retardado</p><p>(podofilina, antralina) e irritante primário relativo (necessita de vários contatos).</p><p>Na clínica, alguns pacientes demonstram lesões elementares que ocorrem como uma adaptação ao contato com</p><p>o irritante primário, que são designadas como reações irritantes. A pele apresenta um aumento da espessura da camada</p><p>córnea, que é o efeito hardening, muito comum em cabeleireiros.</p><p>✔ Dermatite de contato de fraldas. Um tipo frequente de dermatite em recém-nascidos, que ocorre em</p><p>conseqüência do contato entre a superfície cutânea e a urina represada nas fraldas. Daí se faz a utilização de</p><p>pomadas do tipo “pasta d’água”, no intuito de se formar uma barreira lipofílica na superfície da pele.</p><p>✔ Dermatite de contato irritativa, obstrutiva, acneiforma, pustulosa. É um tipo de dermatite, relativamente</p><p>comum em mecânicos, que ocorre por contato do contato entre o óleo dos carros e a superfície da pele.</p><p>✔ Dermatite de contato sensorial ou subjetiva. São casos atípicos de dermatite, cuja vermelhidão e as outras</p><p>lesões da pele não são frequentes, mas o paciente refere alterações da sensibilidade local, que ocorre no rosto</p><p>de mulheres após utilização de produtos cosméticos.</p><p>Alérgica.</p><p>A dermatite de contato alérgica é a que ocorre em decorrência da exposição, tal como ocorre na forma</p><p>ocasionada por irritante primário; contudo, deve haver uma predisposição individual em desencadear reação de</p><p>hipersensibilidade tipo IV. O mecanismo da dermatite alérgica é puramente imunológico: o primeiro contato entre o</p><p>individuo e determinados antígenos (podem ser biológicos ou químicos, tal como fármacos) de tamanho pequeno faz</p><p>com que o organismo lance mão de uma resposta humoral ou celular, formando células de memória contra a estrutura</p><p>antigênica.</p><p>Em um segundo contato, os antígenos são reconhecidos pelos linfócitos após terem sido processados pelos</p><p>macrófagos especializados da superfície cutânea, células de Langerhans. Em seguida, são apresentados através das</p><p>moléculas de HLA do complexo de histocompatibilidade (MHC) de classe I ou II (HLA A, B e C), ativando linfócitos T cd8</p><p>e classe II (HLA DQ, DR, DP), ativando linfócitos T cd4. A sequência, de modo resumido seria:</p><p>Fototóxica.</p><p>A dermatite de contato fototóxica também pode ser denominada de</p><p>fitofotodermatose, ou ainda, dermatite de Berloque. O principal agente envolvido é o</p><p>componente cítrico, que é encontrado em várias frutas (limão, laranja) ou perfumes,</p><p>que é sensibilizado pela exposição solar co-associada.</p><p>Fotoalérgica.</p><p>A dermatite fotoalérgica também se utiliza dos mecanismos imunológicos para explicar a sua fisiopatologia. As</p><p>principais causas são anti-histamínicos tópicos e perfumes, que, quando em contato com os raios solares, promove</p><p>reações de hipersensibilidade tipo IV. As lesões podem ocorrer em áreas solar-expostas e ainda áreas que não são</p><p>expostas aos raios solares, por se tratar de um mecanismo imunológico sistêmico.</p><p>OBS1: As dermatites de contato também podem ser induzidas por via</p><p>sistêmica. A ingestão (castanhas cruas), inalação, injeção ou penetração</p><p>percutânea do antígeno, em pessoa já sensibilizada ao alérgeno por contato</p><p>cutâneo pode desencadear este processo. A hera venenosa, além da</p><p>2</p><p>M</p><p>ed</p><p>ic</p><p>in</p><p>a</p><p>liv</p><p>re</p><p>, v</p><p>en</p><p>da</p><p>p</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a,</p><p>tw</p><p>itt</p><p>er</p><p>@</p><p>Li</p><p>vr</p><p>em</p><p>ed</p><p>ic</p><p>in</p><p>a</p><p>Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros – DERMATOLOGIA – MEDICINA P8 – 2011.1</p><p>castanheira e da mangueira,</p><p>pode cursar com dermatite, através de sua indução sistêmica. O padrão da lesão é</p><p>bastante típico, com lesão eritematosa, vesiculosa e linear. A prevenção é com a lavagem.</p><p>CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA</p><p>A classificação etiológica é a que leva em conta o agente que causa a dermatite. É válido lembrar que, nas</p><p>crianças, a dermatite de contato possui um amplo espectro etiológico: níquel (bijouterias), borracha (calçados), bálsamo</p><p>de Peru (dermatite da mão e face), formaldeído (cosméticos e xampus) e neomicina.</p><p>Alergia ao látex.</p><p>A dermatite ao látex, apesar de se iniciar com lesões cutâneas bastante isoladas, pode evoluir com reações de</p><p>hipersensibilidade tipo 1 (mediada por IgE), com urticária, edema de glote, ou seja, condições que podem afetar a vida</p><p>do individuo. É um tipo de alergia relativamente comum em profissionais de saúde e em trabalhadores de indústria de</p><p>borracha. Nos profissionais de saúde, além do componente alérgico, também se tem relação com a irritação cutânea</p><p>pela umidade e atrito com o uso de luvas de látex.</p><p>O diagnóstico é feito através</p><p>do teste de contato, isolado, ou em</p><p>associação com a dosagem de IgE</p><p>especifica para o látex, pelo método</p><p>RAST. A terapêutica é a ausência de</p><p>contato com luvas contendo látex,</p><p>fazendo-se o uso de luvas cirúrgicas</p><p>hipoalergênicas ou vilínicas, e ainda</p><p>evitar alimentos que podem induzir</p><p>reação cruzada (abacate, banana,</p><p>tomate e kiwi). A lavagem de roupas</p><p>deve ser feito com alvejante.</p><p>Alergia aos calçados.</p><p>É uma dermatite relativamente frequente, com pouca resposta ao tratamento. O principal agente sensibilizante é</p><p>a borracha (mercaptobenzotiazol), além do cromato, colofônio, etc. O melhor suporte é o controle da transpiração e</p><p>utilização de sapatos de vinil, evitando os sapatos de borracha. O diagnóstico pode ser feito através do teste alérgico.</p><p>Dermatite de metal.</p><p>Ocorre pela sensibilização ao níquel (que é o mais comum), paládio, ouro. O tratamento é a utilização de aço</p><p>inoxidável. Também pode ser induzida pela ingestão oral de níquel (enlatados, ostras, aspargos, feijões, cogumelos,</p><p>cebolas, milho, espinafre, tomates, ervilhas, chá, cacau, chocolate, fermento em pó).</p><p>Dermatite por cromo.</p><p>✔ Cromo trivalente: luvas e calçados de couro</p><p>✔ Cromo tetravalente: cimento, metal, corante</p><p>Alergia a cosméticos e fragrâncias.</p><p>No geral, as alergias são mais frequentes ao bálsamo de peru, mas também pode ser a conservantes,</p><p>fragrâncias, emulsificantes. O tratamento para dermatite por bálsamo de peru é a dieta de afastamento, que deve excluir</p><p>da dieta alimentos e temperos que contenha esta substância (frutas cítricas, doces folhados, canela, cravo, baunilha,</p><p>curi, gengibre, catchup, chocolate, tomate, coca-cola).</p><p>DIAGNÓSTICO</p><p>Diagnóstico clínico.</p><p>O diagnóstico das dermatites de contato é obtido através da avaliação clínica. O primeiro ponto a ser observado</p><p>é a morfotopografia, que deve se associar a uma anamnese que contenha a história pregressa. Indivíduos com</p><p>dermatites em dorso, do sexo feminino, provavelmente é por conta do sutiã. Além de se identificar a lesão, a avaliação</p><p>de critérios que incluam a lesão como inflamação aguda ou crônica também de ser realizada, para orientar a conduta</p><p>terapêutica.</p><p>Diagnóstico complementar.</p><p>3</p><p>M</p><p>ed</p><p>ic</p><p>in</p><p>a</p><p>liv</p><p>re</p><p>, v</p><p>en</p><p>da</p><p>p</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a,</p><p>tw</p><p>itt</p><p>er</p><p>@</p><p>Li</p><p>vr</p><p>em</p><p>ed</p><p>ic</p><p>in</p><p>a</p><p>Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros – DERMATOLOGIA – MEDICINA P8 – 2011.1</p><p>Deve ser feito o teste alérgico de contato, após a retirada do paciente da crise. Em suma, o diagnóstico é feito</p><p>pela clinica do paciente, devendo-se adotar uma conduta terapêutica. Após a remissão dos sintomas, requisita-se o teste</p><p>alérgico. Obviamente, quando a dermatite já possui uma causa lógica, tal como a dermatite pelo contato com sabão nas</p><p>donas de casa, o teste passa a ser dispensado.</p><p>✔ Teste aberto: parte externa do antebraço: 2x/dia - 2 dias</p><p>✔ Teste fechado</p><p>✔ Reação das costas furiosas (síndrome da pele excitada)</p><p>Diagnóstico diferencial.</p><p>✔ Dermatite atópica, que ocorrem mais em dobras e flexuras (adultos) e, recém-natos (face e couro cabeludo);</p><p>✔ Candidíase, que ocorrem mais em regiões de dobras e retroauriculares;</p><p>✔ Dermatite seborréica, que são lesões bem mais descamativas;</p><p>✔ Psoríase tende a ser seca (sem vesículas), com a presença de escamas;</p><p>✔ Dermatite de estase.</p><p>TRATAMENTO</p><p>Medidas gerais.</p><p>O primeiro passo é se afastar do agente contactante e observar a evolução. Se necessário, associar a utilização</p><p>de medicamentos tópicos e/ou sistêmicos.</p><p>Medicamentoso.</p><p>Se a lesão for úmida, pode se indicar banhos e compressas, podendo ainda se associar com cremes e</p><p>corticóides. No geral, a conduta terapêutica é dada de acordo com o estágio evolutivo da lesão:</p><p>✔ Lesões agudas: Banhos e compressas</p><p>✔ Lesões subagudas: Cremes de Corticosteróides</p><p>✔ Lesões crônicas: Pomadas de corticosteróides (ver OBS2) e sistêmica (anti-histamínicos, corticóides,</p><p>antibióticos).</p><p>Normas para uso de corticóides.</p><p>Os corticóides tópicos são classificados, segundo a sua ação, em três formas: 1) baixa potência, 2) média</p><p>potência e 3) alta potência. Devem ser utilizados por um período de, no máximo, 15 dias.</p><p>● Menos potentes: São os indicados para utilização em crianças, principalmente, em uso prolongado. Além disto,</p><p>também são os de eleição para manutenção. Na face, sempre utilizar os não-fluorados.</p><p>o Hidrocortisona (Berlison®, Stiefcortil®, Therasona®)</p><p>o Desonida (Desonol®, Desowen®)</p><p>o Aceponato de metilprednisolona (Advantan®)</p><p>o Mometasona (Elocom®, Topison®)</p><p>● Média potência</p><p>o Dexametasona</p><p>o Betametasona(Betnovate®)</p><p>o Triancinolona (Theracort®)</p><p>● Alta potência: São indicados por períodos curtos e na exacerbação dos sintomas. Devem ser evitados em face,</p><p>dobras e genitália. Seu esquema de utilização segue o seguinte ritmo: uma vez ao dia, de 2/2 dias, intercalando</p><p>com menos potentes.</p><p>o Desoximetasona (Esperson®)</p><p>o Dipropionato de betametasona (Diprosone®)</p><p>o Clobetasol (Psorex®, Dermacare®)</p><p>4</p><p>M</p><p>ed</p><p>ic</p><p>in</p><p>a</p><p>liv</p><p>re</p><p>, v</p><p>en</p><p>da</p><p>p</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a,</p><p>tw</p><p>itt</p><p>er</p><p>@</p><p>Li</p><p>vr</p><p>em</p><p>ed</p><p>ic</p><p>in</p><p>a</p><p>Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros – DERMATOLOGIA – MEDICINA P8 – 2011.1</p><p>DERMATITE ATÓPICA</p><p>A dermatite atópica é uma dermatite alérgica constitucional, co-associada, na maioria das vezes, a outras</p><p>doenças atópicas, tais como a asma e a rinite. Nesta situação, o indivíduo possui um desequilíbrio do sistema</p><p>imunológico, geneticamente determinado, que cursa com a liberação de IgE pela reação de hipersensibilidade. Acomete</p><p>com maior freqüência recém-nascidos e crianças de pouca idade, até 2 anos de idade, a partir da infância,8 a 10 anos,</p><p>sobressaem os sintomas da asma.</p><p>Alguns autores descrevem que a dermatite atópica ocorre em decorrência de estímulos multifatoriais, desde os</p><p>que constituem o próprio individuo (genéticos), imunológicos e ambientais. Os fatores genéticos, mais precisamente, a</p><p>herança poligênica está ligada diretamente ao quadro de dermatite atópica. Estudos mais atualizados mostram que, em</p><p>70% dos casos, existe história familiar associada. Não existem ao certo os tipos de HLA envolvido, mas sabe-se, de</p><p>certeza, que o mecanismo genético participa desta patologia.</p><p>Os fatores imunológicos são ligados, bem como os ambientais, psicológicos, etc. Alguns estudos demonstram</p><p>que os indivíduos com dermatite atópica possuem algumas características: labilidade emocional, inteligência superior a</p><p>média, hiperatividade, agressividade reprimida. Além disto, as pessoas com dermatite atópica possuem baixo limiar de</p><p>prurido, aliada a vasodilatação que precede o prurido, além do ressecamento da pele (xerose).</p><p>DIAGNÓSTICO</p><p>Critérios maiores.</p><p>✔ Prurido</p><p>✔ Morfologia e distribuição das lesões</p><p>✔ Acometimento facial / extensora</p><p>✔ Liquenificação flexural</p><p>✔ História familiar / pessoal</p><p>Critérios menores.</p><p>✔ História pessoal de alergia</p><p>✔ Positividade aos testes cutâneos</p><p>✔ Dermografismo branco,</p><p>a pressão sobre a pele</p><p>determina a sua coloração esbranquiçada</p><p>✔ Xerose</p><p>✔ Ictiose, que é um ressecamento mais grave do</p><p>que a xerose, determinado geneticamente;</p><p>✔ Palidez centro-facial</p><p>✔ Prega de Dennie-Morgan: Presença de dupla linha</p><p>abaixo das pálpebras.</p><p>✔ Sinal de Hertogue: Rarefação dos supercílios em</p><p>sua porção lateral.</p><p>✔ Tendência a infecções de pele</p><p>EVOLUÇÃO DA DERMATITE ATÓPICA</p><p>Conforme foi dito anteriormente, a dermatite atópica se inicia na idade neonatal e se estende até a vida adulta.</p><p>Durante a evolução, ocorrem alterações típicas, que seguem uma especificidade da faixa etária.</p><p>Eczema infantil.</p><p>Ocorre entre 3º mês e 2 anos. São lesões eritematosas, papulosas,</p><p>com predisposição para faces, bochechas. O aspecto da lesão, durante a</p><p>palpação, é áspero e, geralmente, no couro cabeludo, também ocorrem</p><p>manifestações descamativas. Complicações: Infecções, erupção</p><p>variceliforme de Kaposi</p><p>Pré-puberal.</p><p>Vai desde os 2 aos 10 anos de idade. Segue o quadro clínico da infância ou, ainda</p><p>pode surgir após o desaparecimento na infância. Ocorre com maior freqüência na região cubital</p><p>ou por trás do joelho.</p><p>5</p><p>M</p><p>ed</p><p>ic</p><p>in</p><p>a</p><p>liv</p><p>re</p><p>, v</p><p>en</p><p>da</p><p>p</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a,</p><p>tw</p><p>itt</p><p>er</p><p>@</p><p>Li</p><p>vr</p><p>em</p><p>ed</p><p>ic</p><p>in</p><p>a</p><p>Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros – DERMATOLOGIA – MEDICINA P8 – 2011.1</p><p>Adolescência/adulto.</p><p>No adulto, as lesões, geralmente, comprometem as dobras de flexão do membro superior e inferior, além do</p><p>pescoço, axilas, etc. O que predomina é a xerodermia, que é o ressecamento da superfície cutânea.</p><p>OBS2: Existem três formas diferentes do eczema atópico: dermatite crônica das mãos, polpite descamativa crônica e</p><p>prurigo-eczema.</p><p>TRATAMENTO</p><p>Medidas gerais.</p><p>✔ Esclarecer ao paciente, bem como a sua família que a dermatite atópica é uma doença crônica, de difícil</p><p>tratamento.</p><p>✔ Apoio psicológico ao paciente e a sua família</p><p>✔ Ambiente adequado e limpo.</p><p>✔ Afastar o paciente de possíveis fatores ambientais, climáticos, alérgenos, domiciliares, profissionais, retirando-o</p><p>do ambiente angustiante da família</p><p>✔ Prevenir o prurido</p><p>Tratamento tópico.</p><p>O tratamento tópico tem por objetivos: 1) controlar o prurido, 2) reduzir a inflamação, 3) controlar a infecção, 4)</p><p>umectação da pele. A conduta terapêutica deve levar em conta a fase em que se encontra o eczema, além de respeitar</p><p>as regras da corticoterapia tópica. Na vigência de pele seca com ictiose, associar cremes emolientes e lembrar que não</p><p>respondem ao uso de corticóides tópicos.</p><p>✔ Lesões agudas: Banhos e compressas</p><p>✔ Lesões subagudas: Cremes de corticóide e imunomoduladores</p><p>✔ Lesões crônicas: Cremes ou pomadas de corticóides, respeitando as normais para sua implementação</p><p>tópica ou sistêmica.</p><p>Tratamento sistêmico.</p><p>✔ Anti-histamínicos: São utilizados, principalmente, pela sua ação sedativa, tal como a hidroxizina.</p><p>✔ Corticosteróides: São úteis em curto espaço de tempo, sendo o medicamento de exceção, por não atuar</p><p>sobre a causa, que é genética.</p><p>✔ Antibióticos</p><p>PITIRÍASE ALBA</p><p>Também denominada de eczemátide, doença que cursa</p><p>com manchas brancas, arredondadas, que ocorrem por conta da</p><p>descamação fina em áreas de óstios foliculares após contato com</p><p>o sol, no dorso ou membros superiores. É uma doença</p><p>relativamente comum em pacientes atópicos, mas não é regra.</p><p>Seu diagnóstico diferencial é com a pitiríase versicolor, que possui</p><p>descamação fina. O tratamento é com emolientes ou coltar,</p><p>podendo associar com corticóide de baixa potencia.</p><p>6</p><p>M</p><p>ed</p><p>ic</p><p>in</p><p>a</p><p>liv</p><p>re</p><p>, v</p><p>en</p><p>da</p><p>p</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a,</p><p>tw</p><p>itt</p><p>er</p><p>@</p><p>Li</p><p>vr</p><p>em</p><p>ed</p><p>ic</p><p>in</p><p>a</p><p>Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros – DERMATOLOGIA – MEDICINA P8 – 2011.1</p><p>ECZEMA MICROBIANO</p><p>É provocado pelo microorganismo ou seus produtos, no caso, os antígenos. Quando se erradica a infecção,</p><p>ocorre o desaparecimento do eczema, muito comum em crianças com molusco contagioso. O tratamento principal é o</p><p>controle da infecção.</p><p>ECZEMA ASTEATÓSICO</p><p>É associado ao ressecamento da pele, xerodermia, causada pela diminuição de lipídios na pele. Ocorre com</p><p>maior freqüência em pessoas idosas, clima frio, diuréticos, diabéticos, nefropatas, deficientes de zinco e excesso de</p><p>banhos. Geralmente, as lesões ocorrem no local ressecado, apresentando fissuras, que podem ser hemorrágicas,</p><p>possuindo bordas levemente eritematosas e elevadas e prurido. O tratamento é evitar lã, usar emolientes, corticóides</p><p>não-fluorados.</p><p>ECZEMA NUMULAR</p><p>O eczema numular possui esta nomenclatura pela sua morfologia símile a</p><p>uma moeda. Possui duas principais causas: xerodermia e stress. O quadro clínico é</p><p>clássico, com placas em formas de moeda, eritematosa, com vesículas de parede fina</p><p>e pruriginosa exsudato-crostoso e descamação, com clareamento central e extensão</p><p>periférica.</p><p>Ocorre mais comumente em membros inferiores, mãos, braços e tronco,</p><p>sendo uma condição rara em crianças. O tratamento é através da associação entre</p><p>corticóides e antibióticos que cubram Estafilococcos.</p><p>ECZEMA DE ESTASE</p><p>É um tipo de dermatite que ocorre em conseqüência de uma hipertensão venosa, com diminuição da oferta aos</p><p>tecidos, seqüestro de leucócitos, e liberação de enzimas proteolíticas e radicais livres. O quadro clínico é o de formação</p><p>de placas eritematodescamativas, em parte interna do 1/3 distal da perna, ocorrendo mais em mulheres idosas com</p><p>insuficiência venosa. O tratamento é com uso de corticóides tópicos e sistêmico para melhorar a circulação sanguinea</p><p>(pentoxifilina).</p><p>ECZEMA DISIDRÓTICO</p><p>Também denominado de desidrose, ocorrendo em 5 a 20% dos casos</p><p>nas mãos e pés. O diagnóstico diferencial é bastante rico, incluem-se:</p><p>dermatite atópica, farmacodermia, psoríase. Possui algumas causas, não tão</p><p>bem elucidadas, tais como ingesta de níquel, piora com estresse e hiperidrose.</p><p>O quadro clínico caracteriza-se por</p><p>vesículas claras e profundas (grãos de sagu),</p><p>pruriginosas, não-eritematosas e que pode</p><p>complicar com infecções importantes. O</p><p>quadro cede em 2 a 3 semanas. O tratamento</p><p>é com o repouso, permanganato, corticóide</p><p>tópico ou coatar.</p><p>7</p><p>M</p><p>ed</p><p>ic</p><p>in</p><p>a</p><p>liv</p><p>re</p><p>, v</p><p>en</p><p>da</p><p>p</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a,</p><p>tw</p><p>itt</p><p>er</p><p>@</p><p>Li</p><p>vr</p><p>em</p><p>ed</p><p>ic</p><p>in</p><p>a</p>