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<p>Subáreas da linguística</p><p>Apresentação</p><p>Linguística é a ciência que estuda a linguagem verbal humana, ou seja, é uma disciplina que</p><p>descreve e explica as manifestações linguísticas. Mas por que ela é considerada uma ciência? Com a</p><p>publicação do curso de linguística geral de Saussure, delimitou-se um objeto de estudo, a língua, e</p><p>elegeu-se um método de análise: coleta, seleção, manipulação e classificação dos dados.</p><p>Esse foi o primeiro passo para a emancipação da Linguística à ciência. Suas subáreas confirmam e</p><p>desenvolvem esse método e, ao mesmo tempo, surgem novas possibilidades de uso. Esse é o caso</p><p>da Linguística aplicada (LA), cujo foco está no uso prático da língua.</p><p>Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar sobre a Linguística como disciplina científica,</p><p>suas subáreas e a relação entre a Linguística aplicada e a Linguística teórica.</p><p>Bons estudos.</p><p>Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>Reconhecer a Linguística como disciplina científica. •</p><p>Descrever as subáreas da Linguística. •</p><p>Relacionar a Linguística aplicada à Linguística teórica.•</p><p>Desafio</p><p>A Linguística é considerada uma ciência, pois descreve e explica fatos de uma ou mais línguas, ou</p><p>seja, o linguista é capaz de comparar línguas e identificar seus princípios de funcionamento, suas</p><p>semelhanças e diferenças. O linguista é, portanto, um cientista, pois não julga pronúncias,</p><p>vocabulários, etc.; ele apenas estuda os fenômenos, os descreve e tenta explicá-los. Para tanto, os</p><p>fatos podem ser observados quanto ao seu funcionamento em um dado momento (sincronia) e suas</p><p>transformações podem ser estudadas em uma perspectiva diacrônica.</p><p>Imagine a seguinte situação:</p><p>Você é professor de português dos anos finais do Ensino Fundamental e gostaria que seus alunos</p><p>tivessem um espírito investigativo, isto é, que agissem como os linguistas: cientistas que estudam</p><p>os fenômenos e os descrevem sem julgamento.</p><p>Pensando nisso, você deve elaborar uma proposta de atividade que leve os alunos a atuarem como</p><p>um linguista, ou seja, como um cientista. Para tanto, proponha uma estratégia em que os alunos</p><p>devam analisar, com fundamentação científica, o vocabulário utilizado por eles e seus familiares nas</p><p>redes sociais.</p><p>Infográfico</p><p>A Linguística estuda o funcionamento das línguas naturais em diferentes níveis e perspectivas.</p><p>Nesse sentido, surgiram subáreas que revelam uma metodologia interdisciplinar. As divisões da</p><p>Linguística que consideram a constituição da língua estão em sintonia com a atuação dessa ciência,</p><p>ao mesmo tempo em que imprimem suas especificidades.</p><p>Confira, no Infográfico a seguir, as principais linhas de investigação na Linguística.</p><p>Aponte a câmera para o</p><p>código e acesse o link do</p><p>conteúdo ou clique no</p><p>código para acessar.</p><p>https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/40edc88c-39a9-4272-a6a4-0f7d268d47ba/f7be6e26-036f-4e94-b9bf-588e52cb136e.png</p><p>Conteúdo do livro</p><p>O interesse pela linguagem é muito antigo, porém, apenas no século XIX é que se intensificou o</p><p>interesse pelas línguas vivas e esse interesse fundamentou os estudos denominados como</p><p>Linguística. Atualmente, essa disciplina que estuda a linguagem humana é considerada uma ciência.</p><p>Você sabe por quê? Conhece suas subáreas? Reconhece o papel da Linguística aplicada nas</p><p>pesquisas mais recentes?</p><p>No Capítulo Subáreas da Linguística, da obra Introdução à Linguística, você poderá conhecer a</p><p>Linguística como disciplina científica, suas subáreas e a relação entre a Linguística aplicada e a</p><p>Linguística teórica.</p><p>Boa leitura.</p><p>INTRODUÇÃO À</p><p>LINGUÍSTICA</p><p>Aline Azeredo Bizello</p><p>Subáreas da linguística</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Reconhecer a linguística como disciplina científica.</p><p> Descrever as subáreas da linguística.</p><p> Relacionar a linguística aplicada à linguística teórica.</p><p>Introdução</p><p>O percurso histórico da linguística inicia com os estudos sobre linguagem</p><p>na Antiguidade. Esses estudos, no entanto, eram muito abstratos. Com o</p><p>passar do tempo, foram sendo estabelecidas pesquisas que objetivavam</p><p>analisar os fatos observáveis. Isso deu início aos estudos comparativos</p><p>entre as línguas e consolidou, muitos séculos depois, a linguística como</p><p>ciência. Dessa forma, foi possível analisar, descrever e explicar os fenôme-</p><p>nos linguísticos, o que pressupõe uma reflexão crítica bem fundamentada</p><p>teoricamente.</p><p>Compondo a área da linguística, existem subáreas para tratar desses</p><p>fenômenos, a saber: fonética, fonologia, morfologia, semântica, sintaxe,</p><p>pragmática e estudos do discurso. No século XX, surgiu a linguística</p><p>aplicada, visando empregar os estudos linguísticos às situações reais de</p><p>uso da linguagem.</p><p>Neste capítulo, você vai estudar como a linguística se firmou como</p><p>ciência, acompanhando o percurso histórico da disciplina e suas subá-</p><p>reas. Além disso, você vai conhecer a relação entre linguística aplicada e</p><p>linguística teórica, vendo como a teoria é adotada à realidade concreta</p><p>da linguagem.</p><p>A linguística como disciplina científica</p><p>Para compreender o percurso histórico da linguística, vamos partir da defi -</p><p>nição de André Martinet, que diz que “A linguística é o estudo científi co da</p><p>linguagem humana”. Um estudo é considerado científi co na medida em que se</p><p>propõe a observar fatos e “[…] se abstém de propor qualquer escolha entre tais</p><p>fatos, em nome de certos princípios estéticos ou morais”. O autor contrapõe</p><p>científi co a prescritivo. Não é objetivo da linguística, portanto, prescrever</p><p>normas, e sim descrever os fenômenos que ocorrem na linguagem. Ele explica</p><p>que […] como o objeto desta ciência constitui uma atividade humana, é grande</p><p>a tentação de abandonar o domínio da observação imparcial para recomendar</p><p>determinado comportamento, de deixar de notar o que realmente se diz para</p><p>passar a recomendar o que deve dizer-se (MARTINET, 1978, p. 23).</p><p>No entanto, com essa definição, constata-se o caráter científico da lin-</p><p>guística e sua finalidade: registrar as observações dos fatos linguísticos. Que</p><p>caminhos, então, foram trilhados antes para que a linguística se tornasse o</p><p>que é?</p><p>O interesse pela linguagem é muito antigo: no século IV a.C., os hindus</p><p>estudaram a língua para que os textos sagrados não sofressem modificações.</p><p>Seus gramáticos descreveram a língua como forma de registro de modelo.</p><p>Os gregos, representados pela figura de Platão, tentavam relacionar palavra</p><p>e sentido e centravam-se nas questões filosóficas da linguagem, ignorando</p><p>as variações linguísticas. Os filólogos alexandrinos elaboraram gramáticas</p><p>que visavam perpetuar a linguagem dos textos clássicos e consideravam as</p><p>variações linguísticas como desvios.</p><p>Durante o Império Romano, o gramático Varrão destacou-se na produção</p><p>de uma gramática, que foi tratada como obra de arte. Na Idade Média, houve</p><p>um reforço no uso e na importância das regras gramaticais e a perspectiva</p><p>doutrinária se mantinha. Com a Reforma no século XVI, os livros sagrados</p><p>foram traduzidos para várias línguas. Nos séculos seguintes, a preocupação</p><p>com as regras e com um modelo ideal de língua continua.</p><p>No século XIX, surgiu o interesse maior pelas línguas vivas. Dessa forma,</p><p>aos poucos, os estudos abstratos sobre a linguagem foram cedendo espaço aos</p><p>estudos comparativos entre línguas. Margarida Petter (2003, p. 7) explica que:</p><p>O pensamento linguístico contemporâneo, mesmo que em novas bases,</p><p>formou-se a partir dos princípios metodológicos elaborados nessa época,</p><p>que preconizavam a análise dos fatos observados. O estudo comparado das</p><p>línguas vai evidenciar o fato de que as línguas se transformam com o tempo,</p><p>independentemente da vontade dos homens, seguindo uma necessidade própria</p><p>da língua e manifestando-se de forma regular.</p><p>Nesse contexto de interesse pela comparação entre o modo de falar é</p><p>que surge a linguística. O marco inicial é a publicação de Franz Bopp (1816)</p><p>Subáreas da linguística2</p><p>que compara sânscrito e</p><p>grego. Nessa época, portanto, a linguística fazia</p><p>investigações históricas e encontrava relações de parentesco entre as línguas</p><p>indo-europeias. Para essas investigações, utilizava-se o método histórico-</p><p>-comparativo. Borges Neto (2004) afirma que o método histórico se dedica</p><p>ao caráter histórico dos fenômenos da língua. O objeto de estudo é a variação</p><p>linguística no tempo e no espaço. Deixa-se de lado então o pensamento de</p><p>que a linguística deveria buscar uma essência da língua para se ocupar da</p><p>língua como um fenômeno humano e social e que, portanto, sofre alterações</p><p>ao longo da história. O propósito passou a ser a descrição dessas mudanças</p><p>e das leis que as regem.</p><p>Essa observação marca duas questões: a perspectiva de tomar a linguística</p><p>como ciência e a necessidade de investigar a existência de uma língua-mãe</p><p>a qual outras línguas estariam associadas. Para as duas questões, a resposta</p><p>é linguística histórico-comparativa. Afinal, o método histórico rendeu um</p><p>caráter científico, e a comparação gerou o desejo de conhecer mais as línguas.</p><p>Aliás, com esse método, os estudiosos notaram não só que a língua muda com o</p><p>tempo, mas também que a fala tem peso significativo nessas mudanças. Assim,</p><p>a linguística moderna passou a dar prioridade ao estudo da língua falada.</p><p>No início do século XX, foram divulgados os trabalhos de Ferdinand Saus-</p><p>sure, e sua obra Curso de linguística geral (1916) legitima a denominação de</p><p>ciência para os estudos linguísticos. Antes disso, as exigências de áreas como</p><p>lógica, filosofia, retórica, história e crítica literária não davam autonomia à</p><p>linguística. Com as observações dos fatos da linguagem, o método científico</p><p>se concretizou. Como afirma Margarida Petter (2003, p. 8):</p><p>O trabalho científico consiste em observar e descrever os fatos a partir de</p><p>determinados pressupostos teóricos formulados pela linguística, ou seja, o</p><p>linguista aproxima-se dos fatos orientado por um quadro teórico específico.</p><p>Daí ser possível que para o mesmo fenômeno haja diferentes descrições e</p><p>explicações, dependendo do referencial teórico escolhido pelo pesquisador.</p><p>Além disso, a linguística tem como objeto de estudo as línguas naturais.</p><p>Desse modo, de acordo com alguns estudiosos (PETTER, 2003), é definida</p><p>como uma área da semiótica, pois investiga os sistemas de signos utilizados</p><p>para a comunicação humana, ou seja, detém-se na investigação científica da</p><p>linguagem verbal humana.</p><p>A linguística é uma ciência, porque descreve e explica fatos de uma ou</p><p>mais línguas. Os linguistas são capazes de comparar línguas e identificar seus</p><p>princípios de funcionamento, suas semelhanças e diferenças. São, portanto,</p><p>3Subáreas da linguística</p><p>cientistas, pois não julgam pronúncias e vocabulários, por exemplo. Apenas</p><p>estudam os fenômenos, descrevem e tentam explicá-los. Dessa forma, a língua</p><p>é examinada empiricamente, isto é, principalmente na fala das comunidades.</p><p>Os linguistas precisam ter uma organização sistemática para que a pesquisa se</p><p>concretize. Ele então coleta, organiza, seleciona e analisa os dados linguísticos.</p><p>Com os resultados que obtêm, eles comparam as línguas. Assim, é desenvolvida</p><p>uma teoria geral da linguagem.</p><p>Nessa perspectiva, há dois campos distintos: linguística geral, que concei-</p><p>tua e cria modelos para respaldar a análise da língua; e linguística descritiva,</p><p>que propicia dados, confirmando ou negando as teorias da linguística geral.</p><p>De acordo com Petter (2003, p. 16), “[…] são duas tarefas interdependentes:</p><p>não pode haver linguística geral ou teórica sem a base empírica da linguística</p><p>descritiva”.</p><p>Evidencia-se, assim, a mudança de ponto de vista nos estudos linguísticos:</p><p>no século XIX, havia um estudo diacrônico, centrado na história das línguas</p><p>para efetivar a comparação. Depois das postulações de Saussure, surgiu uma</p><p>perspectiva sincrônica: analisar os fatos em dado momento. Entretanto, a</p><p>complementaridade entre diacronia e sincronia é clara: os fatos podem ser</p><p>observados quanto ao seu funcionamento em um dado momento (sincronia),</p><p>mas suas transformações só podem ser estudadas considerando as transfor-</p><p>mações da língua ao longo do tempo (diacronia).</p><p>Para que esses estudos permitissem a descrição de uma língua, foi neces-</p><p>sário desenvolver uma metodologia. Para tanto, estabeleceu-se um corpus</p><p>formado por frases utilizadas pelos nativos, independentemente de estarem</p><p>de acordo com a gramática normativa.</p><p>Corpus é um conjunto de dados linguísticos coletados para análise. Nesse caso, as frases</p><p>dos nativos de uma região foram coletadas, formando um corpus, para examinar fatos</p><p>da língua falada. No entanto, um corpus pode ser composto por textos se o objetivo</p><p>for estudar a língua escrita, por exemplo.</p><p>Essa finalidade de depreender a estrutura de frases, morfemas, fonemas e</p><p>regras de combinação revelam uma postura teórico-metodológica. Esse caráter</p><p>científico se fundamenta em dois princípios: o empirismo e a objetividade.</p><p>Subáreas da linguística4</p><p>Segundo Petter (2003, p. 21), “[…] a linguística é empírica porque trabalha</p><p>com dados verificáveis por meio de observação; é objetiva porque examina</p><p>a língua de forma independente, livre de preconceitos sociais ou culturais</p><p>associados a uma visão leiga da linguagem”.</p><p>Em suma, a linguística pode ser considerada uma ciência, pois tem um</p><p>objeto de estudo determinado (a língua humana, que permite a comunicação),</p><p>uma metodologia científica (histórico-comparativa). Desses estudos, surgiram</p><p>subdivisões da linguística.</p><p>Subáreas da linguística</p><p>A linguística é uma disciplina científi ca que estuda o funcionamento da lin-</p><p>guagem e das línguas naturais em diferentes níveis e perspectivas. As linhas</p><p>de investigação se tornaram subáreas dentro da linguística que atuam sob</p><p>uma metodologia interdisciplinar. As principais linhas de investigação na</p><p>linguística contemporânea são: fonética, fonologia, morfologia, semântica,</p><p>sintaxe, pragmática e estudos do discurso.</p><p>A fonética estuda os segmentos sonoros, privilegiando as características</p><p>físicas e fisiológicas, ou seja, os sons divisíveis que podem ser medidos fisi-</p><p>camente. Eles são chamados de fones, unidades mínimas que se organizam</p><p>linearmente em variadas línguas. Esses fones ocorrem um após o outro,</p><p>não podem ser pronunciados ao mesmo tempo. A descrição desses sons é</p><p>feita por meio de três dimensões: articulatória-motora, auditiva, perceptual</p><p>e acústica. A primeira analisa as reações do aparelho fonador, a segunda</p><p>lida com a percepção do ouvinte, e a terceira observa as propriedades físicas</p><p>da onda sonora produzida pela passagem pelo aparelho articulador. Cada</p><p>uma dessas dimensões apresenta um componente: frequência, amplitude e</p><p>tempo. Esses três componentes permitem a análise dos aspectos segmentais</p><p>e suprassegmentais da fala.</p><p>A fonologia lida com os aspectos segmentais e suprassegmentais dos sons</p><p>da fala. Os aspectos segmentais são aqueles que podem ser detectados nos</p><p>próprios sons. Esse é o caso do modo de articulação e dos articuladores que</p><p>o produzem (ativo e passivo). Já os aspectos suprassegmentais não podem ser</p><p>detectados nos sons. É necessário que eles estejam em um sintagma para que</p><p>as propriedades sejam percebidas. É o caso do acento e do tom.</p><p>Se na fonética o som é visto sob o ponto de vista físico, na fonologia, é visto</p><p>sob o ponto de vista da semiótica. Nas palavras de Paulo Chagas de Souza e</p><p>Raquel Santana (2003, p. 35) “[…] os sons não são vistos apenas como sons</p><p>5Subáreas da linguística</p><p>em si mesmos, mas em termos das relações que estabelecem entre si e das</p><p>relações que os unem ao plano do conteúdo”.</p><p>Nas análises fonológicas se evidencia o caráter linguístico da pesquisa.</p><p>Por exemplo, constata-se que:</p><p>[…] dois sons diferentes, mas materialmente semelhantes podem funcionar</p><p>como se fossem o mesmo elemento ou como se fossem elementos diferentes.</p><p>É o que Saussure tinha em mente quando elaborou o conceito de valor, que</p><p>é algo relativo a cada sistema linguístico. O mesmo som encontrado em sis-</p><p>temas linguísticos distintos pode apresentar valores diferentes, dependendo</p><p>de suas relações com os demais elementos existentes. Assim, o valor de um</p><p>elemento não é apenas aquilo que é, mas também aquilo que ele não é, ou seja,</p><p>a quais outros elementos ele é igual e de que outros elementos ele é diferente</p><p>(SOUZA; SANTANA, 2003, p. 37).</p><p>A linguística estuda as formas das palavras por meio da morfologia. No</p><p>século XIX, investigou-se as raízes do indo-europeu para tentar encontrar</p><p>a origem da linguagem. Porém, o que esse estudo permitiu foi, por meio do</p><p>estudo comparativo entre línguas, a formulação de uma tipologia morfológica.</p><p>As línguas poderiam ser de três tipos: isolantes (as palavras não podem</p><p>ser segmentadas em partes menores), aglutinantes (as palavras combinam</p><p>raízes e afixos) e flexionais (as raízes se combinam a elementos gramaticais,</p><p>que indicam a função das palavras). Com o tempo, viu-se que as línguas não</p><p>podem ser totalmente de um tipo, principalmente, com os estudos de línguas</p><p>que não faziam parte do domínio indo-europeu.</p><p>Constatou-se, também, que o critério sintático é a melhor opção para de-</p><p>terminar a definição de palavra: “[…] o elemento mínimo que pode ocorrer</p><p>livremente no enunciado ou pode sozinho constituir um enunciado” (PETTER,</p><p>2003, p. 62). Os critérios semântico e fonológico são considerados pela maioria</p><p>dos linguistas como insuficientes, pois não determinam o que é uma palavra,</p><p>por exemplo, nas línguas polissintéticas.</p><p>Subáreas da linguística6</p><p>Línguas polissintéticas são aquelas que apresentam uma quantidade grande de</p><p>morfemas. É o caso de várias línguas da família tupi-guarani. Morfema é a menor</p><p>unidade linguística com significado, incluindo raízes, afixos, formas livres, formas presas</p><p>e vocábulos gramaticais (preposições, conjunções).</p><p>Nesse caso, entende-se por palavra uma sequência sonora que corresponde</p><p>a uma resposta mínima a uma pergunta. Além disso, percebeu-se que há</p><p>unidades mínimas com significado, chamadas de morfemas. Se o morfema</p><p>é considerado a unidade mínima, é sinal de uma pesquisa relacionada ao</p><p>estruturalismo, que buscava identificar os morfemas nas diferentes línguas.</p><p>Nos estudos de morfologia, há dois campos: morfologia lexical e morfologia</p><p>flexional. A primeira investiga os mecanismos de formação de palavras novas,</p><p>e a segunda estuda os mecanismos de informações gramaticais.</p><p>Já a sintaxe estuda o conhecimento inato do usuário da língua sobre a</p><p>organização dos itens lexicais para formar itens lexicais complexos, sequências</p><p>complexas e formações cada vez mais complexas até chegar ao nível da sen-</p><p>tença. Essa competência linguística diz respeito também às combinações</p><p>intermediárias: na formação de uma sentença, não há linearidade e sim hie-</p><p>rarquia. Esmeralda Vailati Negrão e Ana Paula Scher Evani de Carvalho Viotti</p><p>(2003, p. 82) afirmam:</p><p>Essa nossa competência também nos indica que uma sentença se constitui</p><p>de dois tipos de itens lexicais: de um lado, estão aqueles que fazem um tipo</p><p>particular de exigência e determinam os elementos que podem satisfazê-la; e,</p><p>de outro, estão os itens lexicais que satisfazem as exigências impostas pelos</p><p>primeiros. Portanto, a finalidade dos estudos de sintaxe é verificar como</p><p>esse conhecimento linguístico pode ser usado na análise das estruturas das</p><p>sentenças de uma língua.</p><p>Os estudos de sintaxe observam todos os itens lexicais de uma língua para</p><p>organizá-los em grupos, de acordo com os comportamentos comuns. São as</p><p>chamadas categorias gramaticais. Estudar a estrutura das sentenças é uma</p><p>tarefa que envolve a ativação de um conhecimento que o usuário da língua</p><p>já tem. Para tanto, é preciso enfatizar que a sentença surge da estruturação</p><p>hierárquica entre categorias gramaticais.</p><p>7Subáreas da linguística</p><p>A língua é viva. Por isso, é preciso observá-la e analisá-la constantemente.</p><p>A semântica, por sua vez, estuda sistematicamente o sentido das línguas</p><p>naturais. Que sentido é esse? Para começar, é importante lembrar da definição</p><p>de signo: é a relação entre um significante e um significado, ou seja, de uma</p><p>imagem acústica (de ordem fonológica) desse signo e de seu conceito (de ordem</p><p>semântica). Pietroforte e Lopes (2003, p. 115) afirmam que:</p><p>Se as expressões das línguas humanas apontam para conceitos situados fora</p><p>delas e concebidos como independentes desta ou daquela língua natural,</p><p>isso quer dizer que tais conceitos são universais, logo imutáveis para todo e</p><p>qualquer ser humano, pouco importando em que cultura este tenha nascido</p><p>e sido criado.</p><p>Saussure e os estudiosos que compartilham de suas ideias postulam que a</p><p>linguagem está presente em todas as atividades humanas. Logo, ela pode ser</p><p>a fonte de inspiração, de sentido, e não as coisas. Eles tratam, dessa forma, do</p><p>mundo de sentido construído pelo homem, por isso defendem que as línguas</p><p>sejam estudadas a partir da forma como elas interpretam e categorizam o mundo</p><p>material, atribuindo-lhe sentido. Isso significa que a semântica linguística,</p><p>na atualidade, está mais voltada à retórica do que às questões filosóficas e</p><p>mentais (o que é real, como o cérebro funciona, por exemplo).</p><p>Atualmente, valorizam-se também traços semânticos provenientes do</p><p>contexto. Nesse sentido, as acepções de dicionários não são rechaçadas e sim</p><p>transformadas parcialmente, de acordo com a intersubjetividade do discurso.</p><p>O desenvolvimento de várias semânticas (textual, semântica cognitiva,</p><p>lexical, argumentativa, discursiva) revela que existem diferentes percepções do</p><p>que é significado e que o estudo do sentido pode ser realizado sob diferentes</p><p>fundamentos e perspectivas.</p><p>A pragmática estuda o uso da língua, isto é, refere-se à utilização prática</p><p>da linguagem. Suas pesquisas estão diretamente ligadas à dimensão chamada</p><p>de enunciação (capacidade do falante de produzir enunciados). Isso signi-</p><p>fica que há fatos linguísticos que dependem da enunciação para que sejam</p><p>entendidos. Esse é o caso de palavras utilizadas para marcar tempo e lugar,</p><p>Subáreas da linguística8</p><p>como “agora”, “amanhã”, “eu”, “isto”: o sentido delas dependerá da situação</p><p>de enunciação. José Luiz Fiorin (2003, p. 163) afirma que há dois conjuntos</p><p>em um texto: “[…] a enunciação enunciada, que é o conjunto de marcas, nele</p><p>identificáveis, que remetem à instância de enunciação; o enunciado, que é a</p><p>sequência enunciada desprovida de marcas de enunciação”. Além disso, há</p><p>dois elementos essenciais para a enunciação: o tempo e o espaço, pois uma</p><p>pessoa realiza um enunciado em um lugar e um momento. Esse sujeito é,</p><p>portanto, o ponto de referência.</p><p>Entretanto, nem sempre a pessoa do discurso evidencia quem é esse sujeito.</p><p>É comum que os brasileiros misturem as flexões dos verbos conjugados na</p><p>segunda e na terceira pessoa do singular, por exemplo, como em: “Tu encontrou</p><p>aquele livro”, em vez de “Tu encontraste aquele livro”. Daí a importância da</p><p>situação de enunciação. Ela especifica e determina quem são os participantes</p><p>do ato de comunicação.</p><p>Os estudos do discurso examinam a linguagem enquanto discurso, ou seja,</p><p>observam a organização global do texto: as relações entre a enunciação e o</p><p>discurso enunciado e entre o discurso enunciado e os fatores sócio históricos</p><p>que o compõem. Portanto, a análise do discurso aproxima-se da semiótica,</p><p>pois ambos analisam o texto (e não palavras ou frases) e buscam os sentidos</p><p>do texto, isto é, o que constrói os sentidos desse texto. Nessa perspectiva:</p><p>[…] o texto se organiza e produz sentidos, como um objeto de significação, e</p><p>também se constrói na relação com os demais objetos culturais, pois está inse-</p><p>rido em uma sociedade, em um dado momento histórico e é determinado por</p><p>formações ideológicas específicas, como um objeto de comunicação. Definido,</p><p>dessa forma, por uma organização linguístico-discursiva e pelas determinações</p><p>sócio históricas, e construído, portanto, por dois tipos de mecanismos e de</p><p>procedimentos que muitas vezes se confundem e misturam, o texto, objeto</p><p>da semiótica, pode ser tanto</p><p>um texto linguístico, indiferentemente oral ou</p><p>escrito, quanto um texto visual, olfativo ou gestual, ou, ainda, um texto em</p><p>que se sincretizam diferentes expressões, como nos quadrinhos, nos filmes</p><p>ou nas canções populares (BARROS, 2003, p. 188).</p><p>Em síntese, a linguística atua em diversos campos relacionados à linguagem.</p><p>Suas principais subáreas são, na realidade, oriundas das partes constituintes da</p><p>língua. Entretanto, de acordo com o enfoque dos estudos linguísticos, surgem</p><p>diferentes áreas, como a linguística aplicada.</p><p>9Subáreas da linguística</p><p>Linguística aplicada e linguística teórica</p><p>Em meados do século XX, a linguística passou a ser vista como ciência e, junto</p><p>com esse destaque para a análise das questões relacionadas à língua, surgiram</p><p>diferentes estudos que partiam da abstração do conhecimento linguístico. A</p><p>linguística aplicada apareceu como uma dessas possibilidades, visando aplicar</p><p>esse conhecimento linguístico em situações reais de uso da linguagem.</p><p>O marco inicial da linguística aplicada foi o curso ministrado por Charles</p><p>Fries e Robert Lado na Universidade de Michigan. O foco do curso era o ensino</p><p>de línguas por meio da linguística contrastiva. O cenário histórico era propício</p><p>a isso, pois, com a Segunda Guerra Mundial, foi necessário que falantes de</p><p>diferentes línguas conseguissem se comunicar. Entretanto, nessa época, os</p><p>métodos de ensino e aprendizagem de língua estrangeira foram questionados.</p><p>As propostas da linguística aplicada passaram a ser ouvidas. Inicialmente era</p><p>chamada de linguística aplicada ao ensino de línguas.</p><p>Nessa época, os estudos de linguística e de linguística aplicada foram subsi-</p><p>diados pelo interesse no treinamento linguístico para fins militares. De qualquer</p><p>maneira, as pesquisas linguísticas foram conduzidas porque havia expectativas</p><p>quanto a suas aplicações. Todavia, não se pode negar que esses investimentos</p><p>contribuíram também com a linguística teórica. O linguista Noam Chomsky,</p><p>inclusive, recebeu subsídios por organizações ligadas às questões de guerra.</p><p>Nos anos 1950, Chomsky apresentou a teoria linguística gerativo-transfor-</p><p>macional, contra a qual a linguística aplicada se posicionou. A intenção era</p><p>mostrar que o interesse primordial da linguística aplicada era a resolução de</p><p>problemas linguísticos, por isso se focou na linguagem em uso. Contudo, esse</p><p>posicionamento se apresentou na mesma época em que Chomsky se tornava</p><p>mundialmente conhecido. Ele analisava a língua em sua abstração e não no</p><p>uso que dela fazem os falantes de uma determinada comunidade linguística</p><p>em situações reais de fala. Dessa forma, passaram a predominar os estudos</p><p>formalistas com base gerativista.</p><p>Esse predomínio se deve à aproximação da linguística aos estudos das</p><p>ciências naturais, o que a tornou mais científica. Além disso, havia uma ênfase</p><p>na imanência da língua: o gerativismo propõe representações para as estruturas</p><p>das línguas chamadas de universais linguísticos. Elas seriam características</p><p>compartilhadas por todas as línguas do mundo e que constituiriam uma Gra-</p><p>mática Universal, condição inata a todos os seres humanos.</p><p>O programa de Chomsky apresentava formalizações precisas e de abstração</p><p>pura, o que proporcionou à linguística um caráter formal. O reconhecimento</p><p>mundial desse programa levou os teóricos da língua que a tratavam como</p><p>Subáreas da linguística10</p><p>representação cultural a uma dificuldade de visibilidades. Aliás, muitos pes-</p><p>quisadores passaram a conceber esse tipo de estudo da língua como uma</p><p>atividade menor de pesquisa.</p><p>Mesmo assim, a linguística Aplicada permaneceu enfatizando os aspectos</p><p>sociais de forma densa. Segundo Rajagopalan (2006, p. 157), “[…] a questão</p><p>social não é uma preocupação da linguística teórica: mesmo quando a questão</p><p>social é invocada, é como se o social entrasse como acréscimo a considerações</p><p>já feitas sobre o indivíduo concebido ‘associalmente’”.</p><p>Coube à linguística aplicada tomar emprestadas, da linguística formal,</p><p>teorias abstratas prestigiadas para, com base nelas, propor alternativas de</p><p>solução a questões práticas de uso da linguagem. Portanto, como a linguística</p><p>aplicada não criava teorias, teria, apenas, de aplicar as teorias produzidas nos</p><p>estudos formalistas. Nesse sentido, Widdowson (1996, p. 125) afirma que a</p><p>linguística aplicada é “[…] uma área de investigação que procura estabelecer</p><p>a relevância de estudos teóricos da linguagem para problemas cotidianos nos</p><p>quais a linguagem está implícita”. Enquanto Brumfit (1995, p. 27) diz que</p><p>é uma “[…] investigação teórica e empírica de problemas reais nos quais a</p><p>linguagem é uma questão central […]”.</p><p>Por sua natureza prática, a linguística aplicada foi muita utilizada nas</p><p>escolas, como uma forma de atender às demandas de revisão dos postulados</p><p>de ensino da língua focados nas normas gramaticais. Além disso, o linguista</p><p>aplicado se envolveu com questões relacionadas às políticas educacionais, à</p><p>avaliação e à aquisição de uma segunda língua.</p><p>Maingueneau (1996) afirma que a linguística aplicada tem três caracte-</p><p>rísticas principais:</p><p>1. responde a uma demanda social;</p><p>2. faz empréstimos a diferentes domínios científicos e técnicos;</p><p>3. é avaliada por seus resultados.</p><p>Evidencia-se, assim, que o foco da linguística aplicada estava relacionado</p><p>a acessar os problemas de linguagem conforme eles ocorriam na realidade.</p><p>Nas escolas, começou-se a enfatizar a investigação da produção textual, isto</p><p>é, na análise da produção da linguagem em detrimento da análise do produto</p><p>(a redação). Esse contexto favoreceu a ligação da linguística aplicada com</p><p>outras áreas das ciências humanas, como a psicologia e a psicolinguística,</p><p>principalmente. Entretanto, convocou também outros campos, e essa relação</p><p>identificou a linguística aplicada como articuladora de diversos domínios do</p><p>saber que estejam ligados à linguagem.</p><p>11Subáreas da linguística</p><p>Esses avanços da linguística aplicada contribuíram para que ela fosse tratada</p><p>como uma forma de refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem de</p><p>língua, avaliando, por exemplo, qual a melhor metodologia e estratégias de</p><p>ensino. A partir de seus estudos, surgiram pesquisas sobre produção textual,</p><p>material didático, bilinguismo, aprendizagem de segunda língua, interação</p><p>verbal, avaliação e metodologia de ensino, análise do discurso pedagógico,</p><p>socioconstrução da aprendizagem, compreensão e leitura. Como se vê, o foco</p><p>das pesquisas do linguista aplicado passou a ser temas de relevância social. A</p><p>finalidade passou a ser encontrar respostas teóricas que gerassem benefícios</p><p>sociais. Disso, surgiram investigações sobre as relações de poder na formação</p><p>do sujeito na linguagem e por meio dela.</p><p>Os estudos linguísticos aplicados, portanto, focaram no olhar crítico sobre</p><p>a linguagem. Isso provocou uma responsabilidade a esses estudiosos: a neces-</p><p>sidade de criar um projeto político pedagógico que tentasse transformar uma</p><p>sociedade estruturada de forma desigual. Houve, dessa forma, uma expansão</p><p>da atuação da linguística aplicada, que passou a tratar de conscientização</p><p>linguística, formas de aprendizagem de línguas a partir de interações dialógicas,</p><p>aprendizagem baseada no contexto, entre outros.</p><p>Desse modo, áreas dos estudos linguísticos (sociolinguística interacional,</p><p>linguística textual, análise do discurso, entre outras) auxiliaram no estudo do</p><p>caráter social, cultural e histórico do uso da língua. Evidencia-se, assim, que</p><p>a redefinição do objeto de estudo da linguística aplicada extrapola o universo</p><p>escolar e ocupa um espaço mais amplo na sociedade por focar nos usos da</p><p>língua, considerando contextos diferentes e interações variadas. Moita Lopes</p><p>(2006, p. 18) questiona:</p><p>Como é possível pensar que teorias linguísticas, independentemente das con-</p><p>vicções dos teóricos, poderiam apresentar respostas para a problemática do</p><p>ensinar e do aprender em sala de aula? Uma teoria linguística pode fornecer</p><p>uma descrição mais acurada de um aspecto linguístico do que outra, mas ser</p><p>completamente ineficiente do ponto de vista do ensinar e do aprender línguas.</p><p>Para esse estudioso, a linguística aplicada contemporânea seria capaz de</p><p>interagir com outras áreas do conhecimento para relacionar teoria e prática,</p><p>porque “[…] é inadequado construir teorias sem considerar as vozes daqueles</p><p>que vivem as práticas sociais que queremos estudar; mesmo porque, no mundo</p><p>de contingências e de mudanças velozes em que vivemos, a prática está adiante</p><p>da teoria […]” (LOPES, 2006, p. 31).</p><p>Subáreas da linguística12</p><p>Resumidamente, a linguística é concebida como ciência, porque tem um</p><p>objeto de estudo estabelecido, que é a língua, e um método de estudo, que é</p><p>histórico-comparativo. É uma área que está presente em muitos outros campos</p><p>relacionados à linguagem. Conforme o enfoque dos estudos linguísticos, então,</p><p>surgem diferentes áreas, como a linguística aplicada. Com a expansão dos</p><p>princípios e das fronteiras, a linguística aplicada passou a se preocupar com</p><p>as alternativas para problemas de linguagem a fim de que os seres humanos</p><p>tivessem acesso a diferentes aspectos que envolvem suas vidas: políticos,</p><p>econômicos, sociais e culturais.</p><p>BARROS, D. L. P. Estudos do discurso. In: FIORIN, J. L. (org.). Introdução à linguística. São</p><p>Paulo: Contexto, 2003.</p><p>BORGES NETO, J. Ensaios da filosofia da linguística. São Paulo: Parábola, 2004.</p><p>BRUMFIT, C. Theoretical practice: applied linguistics as pure and practical science.</p><p>AILA Review, v. 12, 1995.</p><p>FIORIN, J. L. (org). Introdução à linguística. São Paulo: Contexto, 2003.</p><p>LOPES, L. P. M. (org.). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006.</p><p>MAINGUENEAU, D. Aborder la linguistique. Paris: Seuil, 1996.</p><p>MARTINET, A. Elementos de linguística geral. 8 ed. Lisboa: Martins Fontes, 1978.</p><p>NEGRÃO, E. V.; VIOTTI, A. P. S. E. C. Sintaxe: explorando a estrutura da sentença. In: FIORIN,</p><p>J. L. (org.). Introdução à linguística. São Paulo: Contexto, 2003.</p><p>PETTER, M. M. T. Linguagem, língua, linguística. In: FIORIN, J. L. (org.). Introdução à</p><p>linguística. São Paulo: Contexto, 2003a.</p><p>PETTER, M. M. T. Morfologia. In: FIORIN, J. L. (org). Introdução à linguística. São Paulo:</p><p>Contexto, 2003b.</p><p>PIETROFORTE, A. V. S.; LOPES, I. C. A semântica lexical. In: FIORIN, J. L. (org). Introdução</p><p>à linguística. São Paulo: Contexto, 2003.</p><p>RAJAGOPALAN, K. The language issue in Brazil: when local knowledge clashes with</p><p>expert knowledge. In: CANAGARAJAH, S. (org.). Local knowledge globalization and</p><p>language teaching. New York: Lawrence Erlbaum Associates, 2005.</p><p>SOUZA, P. C.; SANTANA, R. Fonética. In: FIORIN, J. L. (org). Introdução à linguística. São</p><p>Paulo: Contexto, 2003.</p><p>WIDDOWSON, H. G. Linguistics. Oxford: Oxford University Press, 1996.</p><p>13Subáreas da linguística</p><p>Dica do professor</p><p>A Linguística aplicada surgiu como uma forma de aplicar o conhecimento linguístico em situações</p><p>reais de uso da linguagem. Uma das suas atuações refere-se ao exercício de aplicação do aparato</p><p>dos estudos linguísticos ao ensino-aprendizagem da língua materna. Você já refletiu sobre como a</p><p>Linguística aplicada pode contribuir para a elaboração e a concretização de suas aulas de língua</p><p>portuguesa? A Linguística aplicada é uma aliada na discussão sobre o ensino-aprendizagem de</p><p>língua materna, principalmente sobre as questões relacionadas à escrita e à leitura.</p><p>Nesta Dica do Professor, você verá quais problemas na produção e na compreensão de textos</p><p>surgem nas aulas de português e quais propostas a Linguística aplicada constrói para solucioná-los.</p><p>Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.</p><p>https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/4a5fa12a376278afd79011f8c0ee9efd</p><p>Exercícios</p><p>1) O percurso histórico da Linguística inicia com os estudos sobre linguagem desde a</p><p>Antiguidade. Mas ela se constituiu como ciência muitos séculos depois.</p><p>Reflita sobre a história da linguística e assinale a afirmação correta:</p><p>A) A Linguística é o estudo científico da linguagem humana e se baseia na observação e na</p><p>eleição de fatos, em nome de certos princípios estéticos ou morais.</p><p>B) A Linguística tem um caráter científico e prescritivo do estudo: como o objeto dessa ciência</p><p>constitui uma atividade humana, é possível notar o que realmente se diz para passar a</p><p>recomendar o que se deve dizer.</p><p>C) O marco inicial da Linguística é a publicação de Franz Bopp (1816), que compara sânscrito e</p><p>grego. Nessa época, a Linguística fazia investigações históricas e encontrava relações de</p><p>parentesco entre as línguas indo-europeias.</p><p>D) A divulgação dos trabalhos de Saussure contribuiu com a denominação de ciência para os</p><p>estudos linguísticos. Antes disso, as exigências de outras áreas não davam autonomia à</p><p>Linguística. Com as observações das gramáticas tradicionais, o método científico se</p><p>concretiza.</p><p>E) A Linguística é uma ciência, pois descreve e explica fatos de apenas uma língua, ou seja, o</p><p>linguista é capaz de identificar os princípios de funcionamento da língua pesquisada.</p><p>2) A Linguística se tornou ciência quando definiu um objeto de estudo e um método para</p><p>analisar a língua.</p><p>Analisando as características da Linguística, assinale a afirmação correta:</p><p>A) Nas pesquisas linguísticas, a língua é examinada de forma abstrata, isto é, principalmente na</p><p>fala das comunidades.</p><p>B) Os critérios de coleta, organização, seleção e análise dos dados linguísticos obedecem aos</p><p>princípios de uma teoria Linguística expressamente formulada para esse fim.</p><p>C) Os resultados obtidos nas pesquisas linguísticas são correlacionados às informações</p><p>disponíveis sobre a língua pesquisada com o objetivo de elaborar uma teoria geral da</p><p>linguagem.</p><p>D) A Linguística geral é um dos campos de estudos da Linguística. Ela oferece as ferramentas</p><p>empíricas para a análise das línguas.</p><p>E) A Linguística descritiva é um dos campos de estudos da Linguística e fornece as teorias que</p><p>servirão de fundamentação para a Linguística geral.</p><p>3) A Linguística é uma disciplina científica que estuda o funcionamento da linguagem e das</p><p>línguas naturais em diferentes níveis e perspectivas.</p><p>Reflita sobre as características da fonética, da fonologia, da morfologia, da sintaxe e da</p><p>semântica e assinale a afirmação correta:</p><p>A) Na Fonética são analisados os fones para descrevê-los em três dimensões: articulatória-</p><p>motora, auditiva ou perceptual e acústica.</p><p>B) Na Fonologia, o som é tratado na mesma perspectiva da fonética: nas relações que</p><p>estabelecem entre si e nas relações que os unem ao plano do conteúdo.</p><p>C) Nos estudos de morfologia existem dois campos: a morfologia lexical e a flexional. A primeira</p><p>investiga os mecanismos de substituição lexical e a segunda estuda os mecanismos de</p><p>informações gramaticais.</p><p>D) Com os estudos de sintaxe, evidencia-se que competência linguística diz respeito também às</p><p>combinações intermediárias: na formação de uma sentença não há sempre linearidade.</p><p>E) A Semântica Linguística, na atualidade, está mais voltada às questões filosóficas e mentais (o</p><p>que é real, como o cérebro funciona, etc.).</p><p>4) As linhas de investigação se tornaram subáreas dentro da Linguística e atuam sob uma</p><p>metodologia interdisciplinar.</p><p>Reflita sobre a sintaxe, a semântica, a pragmática e a análise do discurso e marque a</p><p>afirmação correta:</p><p>A) A finalidade dos estudos da sintaxe é verificar como esse conhecimento linguístico pode ser</p><p>usado na análise das categorias estruturais de uma língua.</p><p>B) O surgimento de várias semânticas (textual, semântica cognitiva, lexical, argumentativa,</p><p>discursiva, etc.) revela que existem diferentes percepções do que é significado e que o estudo</p><p>do sentido deve ser realizado sob um fundamento apenas.</p><p>C) Os estudos de pragmática estão diretamente ligados à dimensão chamada de estruturação de</p><p>sentenças verdadeiras.</p><p>D) A situação de enunciação é essencial à pragmática, pois especifica e determina quem são os</p><p>participantes do ato de comunicação.</p><p>E) A análise</p><p>do discurso aproxima-se da semiótica, pois ambas analisam palavras e frases e</p><p>buscam os sentidos delas.</p><p>5) Em meados do século XX, a Linguística passou a ser vista como ciência e junto com esse</p><p>destaque para a análise das questões relacionadas à língua, surgiram diferentes estudos que</p><p>partiam da abstração do conhecimento linguístico. A Linguística aplicada apareceu como</p><p>uma dessas possibilidades.</p><p>Pensando sobre as características da Linguística aplicada e suas relações com a Linguística</p><p>teórica, assinale a afirmativa correta:</p><p>A) A Linguística aplicada apareceu como uma possibilidade de aplicar o conhecimento linguístico</p><p>em situações fictícias de uso da linguagem.</p><p>B) O interesse primordial da Linguística aplicada era a resolução de problemas linguísticos, por</p><p>isso, focou-se na busca de fundamentação teórica.</p><p>C) A Linguística aplicada configurou-se como não produtora de teorias, perfil que caracterizou</p><p>esse recorte de estudos científicos ao longo das décadas anteriores a 1950.</p><p>D) A Linguística aplicada tomou emprestadas, da Linguística formal, teorias abstratas</p><p>prestigiadas para, com base nelas, elaborar novas teorias sobre o uso da linguagem.</p><p>E) Por sua natureza prescritiva, a Linguística aplicada foi muito utilizada nas escolas, como uma</p><p>forma de atender às demandas de revisão dos postulados de ensino da língua.</p><p>Na prática</p><p>A Linguística se caracteriza como um estudo científico. Portanto, pressupõe a observação do objeto</p><p>de estudo, a língua, para descrevê-lo e gerar uma reflexão sobre ele. Como levar essa atuação para</p><p>a sala de aula no processo de ensino-aprendizagem de língua portuguesa e não cair nas práticas</p><p>comuns de aplicação de normas da gramática tradicional?</p><p>Uma das subáreas da Linguística que muito pode contribuir com a produção e a compreensão de</p><p>textos é a sintaxe. Entretanto, muitas práticas docentes inadequadas afastam o estudo da língua</p><p>dos interesses dos alunos.</p><p>Na Prática, confira a aula da professora Roberta, que utilizou as diferentes possibilidades de</p><p>construção de sentenças para auxiliar seus alunos no desenvolvimento das habilidades de leitura e</p><p>escrita.</p><p>Aponte a câmera para o</p><p>código e acesse o link do</p><p>conteúdo ou clique no</p><p>código para acessar.</p><p>https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/2aec2a5c-4161-40ac-a4d9-3a980a157a94/8f8b8042-f1c0-402b-a175-911ba1099514.png</p><p>Saiba +</p><p>Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:</p><p>Linguística textual e ensino: coesão e coerência na alfabetização</p><p>A língua é um sistema vivo. Da mesma forma que ela se modifica constantemente, os estudos sobre</p><p>a língua também se transformam. Dessa maneira, surgem diferentes campos na Linguística, como a</p><p>Linguística textual. Confira este artigo, que apresenta uma pesquisa nessa área.</p><p>Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.</p><p>Linguística histórica: ciência que revela as mudanças da língua</p><p>- Jornal Futura - Canal Futura</p><p>A Linguística histórica se dedica a estudar as transformações da língua ao longo do tempo. Confira</p><p>uma reportagem sobre o assunto no link a seguir:</p><p>Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.</p><p>Linguística – ensino do português</p><p>Os estudos linguísticos são científicos, mas podem (e devem) contribuir com o ensino da língua</p><p>materna. Para compreender como a Linguística contribui com o ensino de língua portuguesa, acesse</p><p>o link a seguir.</p><p>https://seer.uenp.edu.br/index.php/claraboia/article/view/154/pdf</p><p>https://www.youtube.com/embed/3N3dcu2J9nQ</p><p>Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.</p><p>https://www.youtube.com/embed/aIywnyVxQOo</p>