Logo Passei Direto
Buscar

Patrimônio Cultural 3

User badge image
Su A.

em

Ferramentas de estudo

Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

Prévia do material em texto

<p>Patrimônio Cultural</p><p>e Histórico</p><p>Material Teórico</p><p>Responsável pelo Conteúdo:</p><p>Prof. João Menoni</p><p>Revisão Textual:</p><p>Prof. Me. Luciano Vieira Francisco</p><p>Preservação, Conservação e Restauro</p><p>• Introdução;</p><p>• Identificação do Patrimônio Cultural;</p><p>• Preservação, Conservação e Restauração</p><p>de Bens Culturais Materiais;</p><p>• Limites da Restauração;</p><p>• Instituições Públicas e Privadas de Preservação</p><p>e Custódia de Acervos;</p><p>• História de Sucesso.</p><p>• Compreender a identifi cação de patrimônio cultural;</p><p>• Entender a diferença entre preservação, conservação e restauro do patrimônio cultural;</p><p>• Conhecer as instâncias que atuam na preservação do patrimônio cultural nos níveis</p><p>nacional e internacional;</p><p>• Conhecer um caso concreto no qual o Poder Público contribuiu efetivamente para a</p><p>conservação de um bem tombado.</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZADO</p><p>Preservação, Conservação e Restauro</p><p>Orientações de estudo</p><p>Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem</p><p>aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua</p><p>formação acadêmica e atuação profissional, siga</p><p>algumas recomendações básicas:</p><p>Assim:</p><p>Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte</p><p>da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e</p><p>horário fixos como seu “momento do estudo”;</p><p>Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma</p><p>alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;</p><p>No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos</p><p>e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-</p><p>bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua</p><p>interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;</p><p>Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-</p><p>são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o</p><p>contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de</p><p>aprendizagem.</p><p>Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte</p><p>Mantenha o foco!</p><p>Evite se distrair com</p><p>as redes sociais.</p><p>Mantenha o foco!</p><p>Evite se distrair com</p><p>as redes sociais.</p><p>Determine um</p><p>horário fixo</p><p>para estudar.</p><p>Aproveite as</p><p>indicações</p><p>de Material</p><p>Complementar.</p><p>Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma</p><p>Não se esqueça</p><p>de se alimentar</p><p>e de se manter</p><p>hidratado.</p><p>Aproveite as</p><p>Conserve seu</p><p>material e local de</p><p>estudos sempre</p><p>organizados.</p><p>Procure manter</p><p>contato com seus</p><p>colegas e tutores</p><p>para trocar ideias!</p><p>Isso amplia a</p><p>aprendizagem.</p><p>Seja original!</p><p>Nunca plagie</p><p>trabalhos.</p><p>UNIDADE Preservação, Conservação e Restauro</p><p>Introdução</p><p>Localizado na região portuária da Cidade do Rio de Janeiro, o Sítio Arqueoló-</p><p>gico Cais do Valongo foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas para</p><p>a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como patrimônio mundial em 2017.</p><p>O local foi o maior porto de desembarque de escravos das Américas.</p><p>Estima-se que aproximadamente um milhão de pessoas desembarcaram em seu</p><p>porto de navios negreiros, que operou entre os anos de 1811 e 1831, quando foi</p><p>fechado e transformado no Cais da Imperatriz. O local está aberto à visitação.</p><p>A preservação do patrimônio cultural visa, antes de mais nada, promo-</p><p>ver, por meio da preservação de práticas culturais e de processos de</p><p>produção, o exercício da cidadania e uma melhor qualidade de vida para</p><p>as pessoas no presente. (BRASIL, 2012, p. 33)</p><p>Figura 1 – Sítio Arqueológico Cais do Valongo</p><p>Fonte: Wikimedia Commons</p><p>Identificação do Patrimônio Cultural</p><p>A Unesco, por meio da Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial,</p><p>Cultural e Natural de 1972, identificou e determinou políticas para a promoção,</p><p>proteção e conservação de bens patrimoniais que representam valores universais.</p><p>O Brasil aderiu à Convenção em 1977, comprometendo-se a respeitar as diretrizes</p><p>do documento. O nosso país tem importante tradição jurídica relativa à identifica-</p><p>ção, preservação e conservação do patrimônio cultural, destacando-se na América</p><p>Latina como pioneiro na matéria.</p><p>8</p><p>9</p><p>Em seu Artigo 5º, o documento que instituiu a Convenção sugere medidas a se-</p><p>rem tomadas pelos países signatários “[...] com o fim de assegurar uma proteção e</p><p>conservação tão eficazes e uma valorização tão ativa quanto possível do patrimônio</p><p>cultural e natural situado no seu território e nas condições apropriadas a cada país”</p><p>(ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA</p><p>E A CULTURA, 1972, p. 3). Em cinco tópicos o texto orienta basicamente sobre</p><p>ações que as administrações públicas devem realizar para a proteção de seus patri-</p><p>mônios cultural e natural:</p><p>1. Adotar uma política geral que vise determinar uma função ao patrimô-</p><p>nio cultural e natural na vida coletiva e integrar a proteção do referido</p><p>patrimônio nos programas de planificação geral;</p><p>2. Instituir no seu território, caso não existam, um ou mais serviços de</p><p>proteção, conservação e valorização do patrimônio cultural e natu-</p><p>ral, com pessoal apropriado, e dispondo dos meios que lhe permitam</p><p>cumprir as tarefas que lhe forem atribuídas;</p><p>3. Desenvolver estudos e pesquisas técnico-científicas e aperfeiçoar os</p><p>métodos de intervenção que permitem a um Estado enfrentar os peri-</p><p>gos que ameaçam o seu patrimônio cultural e natural;</p><p>4. Tomar as medidas jurídicas, científicas, técnicas, administrativas e fi-</p><p>nanceiras adequadas para a identificação, proteção, conservação, va-</p><p>lorização e restauro do referido patrimônio; e</p><p>5. Favorecer a criação ou o desenvolvimento de centros nacionais e/ou</p><p>regionais de formação nos domínios da proteção, conservação e valori-</p><p>zação do patrimônio cultural e natural, bem como encorajar a pesquisa</p><p>científica neste domínio. (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS</p><p>PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA, 1972, p. 3-4)</p><p>Independentemente de um bem ser reconhecido mundialmente, pelo país ou</p><p>pelos Estados, é no âmbito do município que tem maior importância, pois é onde</p><p>está localizado – seja material ou imaterial. Dessa forma, a apropriação por parte</p><p>da comunidade local torna ainda mais efetiva a sua preservação.</p><p>Para que essa apropriação seja efetiva, torna-se necessária a implementação</p><p>de políticas de preservação em nível local e por meio de instrumentos como, por</p><p>exemplo, Lei municipal de tombamento, a criação de um conselho municipal de pa-</p><p>trimônio cultural, ou de um fundo de patrimônio cultural, apenas para elencarmos</p><p>ações no âmbito público, vez que associações, Organizações Não Governamentais</p><p>(ONG), fundações, entre outras, devem existir para que a comunidade unida possa</p><p>também contribuir para a preservação de seu patrimônio.</p><p>Um exemplo de tombamento municipal é o Edifício Copan, localizado no</p><p>centro da capital paulista. Projetado por Oscar Niemeyer e construído entre 1951</p><p>e 1966, é considerado a maior estrutura em concreto armado do Brasil, com 115</p><p>metros de altura e 42 pavimentos. O prédio foi tombado pelo Conselho Munici-</p><p>pal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de</p><p>São Paulo (Conpresp) em 2012, juntamente com outros prédios na mesma região,</p><p>que representam a arquitetura modernista brasileira.</p><p>9</p><p>UNIDADE Preservação, Conservação e Restauro</p><p>Figura 2 – Vista aérea do Edifício Copan</p><p>Fonte: Wikimedia Commons</p><p>Mas, como identificar se um bem é um patrimônio cultural? A definição de pa-</p><p>trimônio foi ampliada de forma significativa nos últimos cinquenta anos. Até então,</p><p>os bens considerados patrimônio tendiam a ser monumentos individuais e edifícios,</p><p>tais como locais de culto ou fortificações, praticamente sem nenhuma relação com</p><p>as paisagens que os rodeavam.</p><p>Atualmente, é reconhecido que o ambiente como um todo é afetado por sua</p><p>interação com a humanidade e, por isso, pode ser reconhecido como patrimônio.</p><p>Ao classificar os objetos, os seres humanos atribuem aos quais um valor cultural.</p><p>“Torna-se ainda mais necessário</p><p>fazer julgamentos sobre o que tem significado e o</p><p>que não tem” (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO,</p><p>A CIÊNCIA E A CULTURA, 2016, p. 15).</p><p>A classificação e sacralização dos objetos, conforme Zouain (2017), estão in-</p><p>timamente relacionadas às questões que envolvem a preservação do patrimônio</p><p>cultural, ou conjunto de bens selecionados para serem preservados como herança</p><p>para as futuras gerações: “[...] fica explícita aqui a existência de alguma forma de</p><p>seleção, entendendo que não é aceitável que se preserve tudo”. Durante muito tem-</p><p>po essa seleção foi realizada a partir da valoração do objeto como obra de arte ou</p><p>monumento, no caso dos edifícios.</p><p>10</p><p>11</p><p>A avaliação estava, portanto, restrita a um grupo de especialistas que</p><p>detinham o poder de selecionar o que era ou não representativo de um</p><p>determinado momento histórico ou estilo arquitetônico, ou ainda, du-</p><p>rante um determinado período da história, o que deveria ser preservado</p><p>como símbolo nacional de forma a construir a identidade da nação. Re-</p><p>centemente, aliado ao processo de ampliação do repertório de bens re-</p><p>conhecíveis como patrimônio cultural, nota-se a crescente reivindicação</p><p>por uma maior participação da sociedade nas escolhas dos bens a serem</p><p>protegidos. (ZOUAIN, 2017)</p><p>Para a identificação desse patrimônio é fundamental que, inicialmente, seja rea-</p><p>lizado um inventário, instrumento básico para a implementação de ações e de po-</p><p>líticas de preservação. Isso ocorre a partir da indicação de bens por membros dos</p><p>conselhos municipais de patrimônio cultural, da comunidade ou de especialistas.</p><p>Para tanto, é necessário que o grupo conheça a história local, as suas tradições, o</p><p>sítio urbano ou a área rural por meio de pesquisas, estudos e levantamentos sobre</p><p>as peculiaridades da cultura do lugar.</p><p>Entre 2001 e 2006, foi desenvolvido pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura</p><p>Popular (CNFCP), unidade vinculada ao Departamento do Patrimônio Imaterial do</p><p>Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), inventários no âmbito</p><p>do Projeto Celebrações e Saberes da Cultura Popular. O inventário de identi-</p><p>ficação e referenciamento dos feijões, por exemplo, gerou o Registro do Ofício</p><p>das Baianas de Acarajé (Figura 3). Da mesma forma, o Modo de Fazer Viola</p><p>de Cocho no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e o Complexo Cultural do</p><p>Bumba Meu Boi do Maranhão também foram registrados a partir de inventários.</p><p>Inscrito no Livro dos saberes, em 2005, o Ofício das Baianas de Acarajé é</p><p>uma prática tradicional de produção e venda, em tabuleiro, das chamadas comidas</p><p>de baiana, feitas com azeite de dendê, em Salvador, BA. O acarajé é um bolinho</p><p>de feijão fradinho preparado de maneira artesanal, na qual o feijão é moído em um</p><p>pilão de pedra – de acarajé –, temperado e, posteriormente, frito no azeite de dendê</p><p>fervente. A sua receita tem origens no Golfo do Benim, na África Ocidental, tendo</p><p>sido trazida ao Brasil com a vinda de escravos nessa região.</p><p>Figura 3 – Ofício das Baianas de Acarajé</p><p>Fonte: iphan.gov.br</p><p>11</p><p>UNIDADE Preservação, Conservação e Restauro</p><p>Os inventários estão na origem da preservação do patrimônio cultural, de modo que no</p><p>artigo disponível em: https://tinyurl.com/y6axtgwc, as autoras analisam os inventários que,</p><p>por meio da sistematização de dados, são modos de produção de conhecimento sobre bens</p><p>culturais para identificá-los e valorizá-los como patrimônios culturais.</p><p>Ex</p><p>pl</p><p>or</p><p>Deve-se fazer um inventário dos bens observando-se a sua integridade – esta-</p><p>do de conservação/possibilidade de restauração –, raridade, exemplaridade – bens</p><p>mais significativos, pois na presença de diversos com as mesmas características,</p><p>apenas alguns podem vir a ser elencados – e importância arquitetônica, cultural,</p><p>histórica, turística, científica, artística, arqueológica e paisagística, sendo que o bem</p><p>pode possuir um desses aspectos ou agregar outros.</p><p>Preservação, Conservação e Restauração</p><p>de Bens Culturais Materiais</p><p>A seguir veremos algumas definições básicas de preservação, conservação e res-</p><p>tauro, de acordo com a publicação Patrimônio histórico: como e porque preservar,</p><p>do Grupo de Trabalho Patrimônio Histórico e Arquitetônico do Conselho Regional</p><p>de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP):</p><p>Quadro 1 – Conceitos de preservação, conservação e restauro.</p><p>Qual é o significado de preservação?</p><p>É a manutenção de um bem no estado físico em que</p><p>se encontra e a desaceleração de sua degradação, visando</p><p>prolongar e salvaguardar o patrimônio cultural.</p><p>Preservar é o mesmo que tombar?</p><p>Não, a preservação pode existir sem o tombamento,</p><p>que é uma imposição legal. Porém, sem o qual não há</p><p>garantia real da preservação. Essa é uma importante ação</p><p>a ser tomada para garantir a preservação definitiva do</p><p>patrimônio, impedindo, por Lei, a sua descaracterização</p><p>ou destruição, propiciando a sua plena utilização.</p><p>O que é conservação?</p><p>É um conjunto de processos que visam à manutenção</p><p>do patrimônio, sem alteração de suas características,</p><p>de modo a preservar o seu significado cultural. São</p><p>intervenções de controle do estado de equilíbrio das</p><p>estruturas e dos materiais, dentro de padrões considerados</p><p>regulares e compatíveis com as condições presentes e</p><p>favoráveis à identidade da edificação ou da obra de arte,</p><p>não pretendendo retornar o objeto ao estado original.</p><p>O que é restauração?</p><p>É um conjunto de atividades que visa restabelecer</p><p>o estado original ou próximo deste e anterior aos danos</p><p>decorrentes da ação do tempo, ou do próprio homem</p><p>em intervenções que descaracterizam um bem imóvel</p><p>ou móvel. A restauração visa garantir a permanência</p><p>de um testemunho físico e real de épocas passadas para</p><p>gerações futuras e seus processos são orientados por</p><p>posturas consolidadas em cartas patrimoniais.</p><p>Fonte: creasp.org.br</p><p>12</p><p>13</p><p>As recomendações da Carta de Veneza, que difundiu mundialmente o concei-</p><p>to de patrimônio e as práticas de preservação, editada em 1964, beneficiou-se</p><p>dos trabalhos dos historiadores da arte Camillo Boito (1836-1914) e Alois Riegel</p><p>(1858-1905), os quais aconselhavam uma via intermediária entre as restaurações de</p><p>Eugène Viollet-le-Duc (1814-1879), quem propunha restabelecer o edifício em um</p><p>estado completo que pode não ter nem existido em momento algum, contrária a</p><p>vontade de John Ruskin (1819-1900) em abandonar os monumentos em seu estado</p><p>característico de ruína, pois lhe era preferível deixar à morte um edifício a lhe tirar</p><p>a “alma” com tantas restaurações (BENHAMOU, 2016).</p><p>A carta destaca os princípios que devem definir a preservação e restauração dos</p><p>monumentos em medidas para salvaguardar tanto a obra de arte quanto o testemu-</p><p>nho da história. Em seu Artigo 9º, define que</p><p>[...] a restauração é um tipo de operação altamente especializado. O seu</p><p>objetivo é a preservação dos valores estéticos e históricos do monumen-</p><p>to, devendo ser baseado no respeito pelos materiais originais e pela do-</p><p>cumentação autêntica. Qualquer operação desse tipo deve terminar no</p><p>ponto em que as conjecturas comecem; qualquer trabalho adicional que</p><p>seja necessário efetuar deverá ser distinto da composição arquitetônica</p><p>original e apresentar marcas que o reportem claramente ao tempo pre-</p><p>sente. O restauro deve ser sempre precedido e acompanhado por um</p><p>estudo arqueológico e histórico do monumento. (BRASIL, 1964)</p><p>No mesmo sentido, o documento lembra que os elementos de escultura, de</p><p>pintura ou de decoração, que fazem parte integrante do monumento, somente</p><p>podem ser separados quando essa medida é a única suscetível de assegurar a sua</p><p>preservação. Quando as técnicas tradicionais se revelarem inadequadas, “[...] a con-</p><p>solidação de um monumento pode ser efetuada através do recurso a outras técnicas</p><p>modernas de conservação ou de construção, cuja eficácia tenha sido demonstrada</p><p>cientificamente e garantida através da experiência de uso” (BRASIL, 1964).</p><p>Limites da Restauração</p><p>Todavia, essa disputa está longe de ter fim. Conforme Benhamou (2016, p. 25),</p><p>isso não tem somente relação</p><p>com o grau da restauração, pois “[...] a economia</p><p>do patrimônio encontra-se dividida entre as opções dos conservadores (manter,</p><p>preservar, facilitar o acesso) e os projetos dos desenvolvimentistas (modernizar,</p><p>transformar, valorizar)”.</p><p>De acordo com Rhoden (2013, p. 32), os caminhos para serem atingidos os</p><p>objetivos da preservação não são consoantes, uma vez que, atualmente, existem</p><p>várias tendências, citando três das vertentes principais:</p><p>• Crítico-conservativa e criativa, ou posição central: alicerçada nas ideias de</p><p>Cesare Brandi (1906-1988) – historiador e crítico de arte nascido em Siena,</p><p>Itália, diretor do Instituto Central de Restauração (ICR) de Roma –, defende que</p><p>a restauração deve visar o restabelecimento da obra de arte entendida como pa-</p><p>13</p><p>UNIDADE Preservação, Conservação e Restauro</p><p>trimônio material, desde que não seja cometido um “falso artístico ou histórico”</p><p>e sem cancelar nenhum traço da passagem do tempo. Como resultado do fazer</p><p>humano, essa obra de arte “[...] não deve depender do gosto ou da moda para</p><p>ser reconhecida” (RHODEN, 2013, p. 30);</p><p>• Pura conservação ou conservação integral: privilegia a instância histórica e</p><p>considera antagônicos a restauração e conservação;</p><p>• Manutenção-repristinação, que restaura a forma ou o aspecto primitivo,</p><p>ou ainda a hipermanutenção: preconiza o tratamento da obra de arte por</p><p>meio de manutenções com formas e técnicas do passado.</p><p>Para Rhoden (2013, p. 32), o que se percebe hoje é “[...] o empirismo preva-</p><p>lecendo em relação à teoria. Como resultado temos danos irreparáveis nos bens</p><p>culturais”. O restauro, alerta esse autor, é uma atividade que requer muito preparo</p><p>técnico a partir de um forte conhecimento teórico. “Só assim é possível enfrentar</p><p>os constantes desafios que a atividade nos apresenta”, finaliza.</p><p>Instituições Públicas e Privadas de</p><p>Preservação e Custódia de Acervos</p><p>A Unesco e o Patrimônio Mundial</p><p>O conceito de patrimônio mundial de valor universal excepcional surgiu em</p><p>1972, quando a Unesco adotou a Convenção do Patrimônio Mundial. O texto</p><p>introduziu na legislação internacional a ideia de que uma parte do patrimônio do</p><p>mundo era tão importante que tinha valor para toda a humanidade e a responsa-</p><p>bilidade por sua gestão ia além da esfera nacional, ainda que a responsabilidade</p><p>primária coubesse à nação que abrigasse o bem. O conceito era tão importante</p><p>que 190 Estados-partes ratificaram a Convenção e quase mil bens foram inscritos</p><p>na lista do patrimônio mundial.</p><p>Desde então, o conceito de patrimônio cultural foi sendo ampliado, com a cria-</p><p>ção da definição de patrimônio imaterial, por exemplo. Foram incluídos como pa-</p><p>trimônio não apenas os grandes edifícios e centros urbanos das classes dominantes</p><p>ao longo do tempo, mas também as evidências dos processos básicos pelos quais a</p><p>humanidade desenvolveu a sociedade e as suas bases econômicas. Como resultado,</p><p>a natureza dos bens inscritos na lista do patrimônio mundial se expandiu, incluindo</p><p>evidências da Ciência e tecnologia, indústria e agricultura e criando o conceito de</p><p>paisagens culturais.</p><p>O Conjunto Moderno da Pampulha, situado em Belo Horizonte, MG, recebeu o</p><p>título de Patrimônio Mundial durante a 40ª Reunião do Comitê do Patrimônio</p><p>Mundial da Unesco, que aconteceu no dia 16 de julho de 2016 em Istambul, Turquia.</p><p>O conjunto é formado pelas quatro primeiras obras assinadas pelo arquiteto Oscar</p><p>Niemeyer, projetadas na década de 1940.</p><p>14</p><p>15</p><p>Figura 4 – Igreja de São Francisco de Assis, vista da Lagoa da Pampulha</p><p>Fonte: iphan.gov.br</p><p>A lista do patrimônio mundial é resultado de um processo no qual os países sig-</p><p>natários da Convenção do Patrimônio Mundial indicam bens culturais e naturais</p><p>a serem inscritos.</p><p>Por que a Torre de Pisa, cujo início da construção se deu no século XII,</p><p>nunca foi derrubada, embora já tivesse nascido com problemas técnicos,</p><p>ou seja, inclinada, e mesmo não havendo durante os séculos que segui-</p><p>ram ao seu surgimento uma legislação de proteção do patrimônio tal</p><p>como dispomos hoje? A resposta é simples e vale para a Acrópole grega,</p><p>para as pirâmides do Egito, para incontáveis castelos medievais espalha-</p><p>dos pelo interior da Europa bem como para o quadro da Monalisa, as</p><p>pinturas de Michelângelo, o Carnaval, o samba e assim por diante, ou</p><p>seja, muitos “produtos” da cultura sobreviveram ao tempo porque suas</p><p>sociedades envolventes, pelas razões mais diversas, incluindo-se o pró-</p><p>prio desprezo, permitiram sua permanência. (CRUZ, 2012, p. 96)</p><p>O Iphan e Patrimônio Nacional</p><p>No dia 13 de janeiro de 2019, o Iphan comemorou 82 anos de existência,</p><p>celebrando conquistas e desafios vividos ao longo dessas décadas. A instituição</p><p>governamental, criada em 1937 como Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico</p><p>Nacional (Sphan), identifica, reconhece e valoriza o conjunto dos bens culturais do</p><p>País, com o desafio de, cada vez mais, dialogar com os gestores e a sociedade civil,</p><p>incentivar o turismo e apoiar o desenvolvimento das cidades históricas brasileiras.</p><p>A sua missão é preservar o patrimônio cultural nacional, com os seus ofícios, as</p><p>suas artes, edificações, os seus costumes e as suas tradições, que formam a nossa</p><p>rica identidade.</p><p>A autarquia, atualmente vinculada ao Ministério da Cidadania, está presente em</p><p>todos os Estados e no Distrito Federal, em um trabalho que abrange o patrimônio</p><p>material, imaterial, ferroviário, arqueológico, documental e toda uma diversidade que</p><p>reflete a história da formação do povo brasileiro e sua produção artística e cultural.</p><p>A estrutura do Iphan comporta 27 superintendências estaduais que respondem</p><p>pela coordenação, pelo planejamento, pela operacionalização e execução das ações</p><p>do Instituto, em âmbito estadual, e supervisão técnica e administrativa de seus</p><p>28 escritórios técnicos.</p><p>15</p><p>UNIDADE Preservação, Conservação e Restauro</p><p>Figura 5 – Selo relativo aos 82 anos do Iphan</p><p>Fonte: iphan.gov.br</p><p>O prédio da 12ª Superintendência Regional do Iphan, com sede em Porto Alegre, RS, é co-</p><p>nhecido como Palacete Argentina e foi construído em 1901, a partir do projeto de Theó-</p><p>philo Borges de Barros. O requintado sobrado urbano tem características ecléticas e está</p><p>localizado na Avenida Independência, onde restam poucos exemplares de sua época. Pos-</p><p>suía paredes pintadas com padrão geométrico e com motivos florais, executados com cores</p><p>fortes e barras decorativas junto aos forros. O destaque fica para os vitrais art nouveau, art</p><p>déco e elementos trabalhados em madeira de jacarandá. A partir de 1940, abrigou o Grupo</p><p>Escolar Argentina, sendo desapropriado pelo Governo do Estado em 1971. O prédio foi utili-</p><p>zado como escola até 1978, quando foi cedido, em 1984, em regime de comodato, ao Iphan.</p><p>As obras de restauração iniciaram em janeiro de 1985 e terminaram em maio de 1987. Em 14</p><p>de março de 1990, o imóvel foi inscrito no Livro tombo de belas artes do Iphan.</p><p>Figura 6 – Palacete Argentina, sede do Iphan, em Porto Alegre, RS</p><p>Fonte: iphan.gov.br</p><p>Ex</p><p>pl</p><p>or</p><p>16</p><p>17</p><p>Os Estados e a Defesa do Patrimônio</p><p>Outro nível de proteção do patrimônio cultural brasileiro é o estadual, por meio</p><p>de institutos e conselhos comumente vinculados a secretarias de cultura. Um dos</p><p>mais antigos é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio</p><p>Grande do Sul (Iphae), cuja origem remonta ao ano de 1964, quando foi criada a</p><p>Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul.</p><p>Além das ações de tombamento, o Instituto estabelece para esses bens as áreas</p><p>de entorno e as diretrizes e orientações às intervenções. Realiza ainda convênios e</p><p>parcerias com municípios, com o objetivo de inventariar os bens edificados de valor</p><p>cultural, auxiliando-os na implementação de legislações municipais de tombamento</p><p>e de ações de proteção do patrimônio cultural em parceria com o Iphan e de asso-</p><p>ciações civis.</p><p>No website do Iphae, constam inúmeras</p><p>publicações para download gratuito como,</p><p>por exemplo, uma cartilha com orientações</p><p>para a preservação do patrimônio edificado</p><p>com legislação, causas da deterioração dos</p><p>prédios, problemas e soluções da cobertura,</p><p>pisos, esquadrias, entre outros elementos.</p><p>No mesmo local, encontramos também</p><p>a minuta de um Projeto de Lei de tomba-</p><p>mento municipal.</p><p>Disponível em:</p><p>https://tinyurl.com/yy57amqz</p><p>Figura 7 – Prédio do Santander Cultural,</p><p>no centro de Porto Alegre, RS</p><p>Fonte: Wikimedia Commons</p><p>Ex</p><p>pl</p><p>or</p><p>Ainda na década de 1960, mais precisamente em 1967, foi criado um impor-</p><p>tante órgão de defesa do patrimônio, justamente onde o Brasil foi descoberto:</p><p>o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac). As suas atividades</p><p>contemplam obras de restauração e conservação predial em toda a Bahia, bem</p><p>como a promoção científica, educação patrimonial, publicação de livros e produ-</p><p>ção de videodocumentários.</p><p>Além disso, a autarquia se responsabilizou por várias etapas de recuperação do</p><p>Centro Histórico de Salvador, BA, que, por seu conjunto arquitetônico, paisagístico</p><p>e urbanístico passou à condição de patrimônio nacional, em 1984 e de patrimônio</p><p>mundial pela Unesco um ano depois.</p><p>17</p><p>UNIDADE Preservação, Conservação e Restauro</p><p>O Ipac também disponibiliza material para download gratuito em seu website,</p><p>tais como as cinco apostilas resultantes de uma série de eventos denominados Con-</p><p>versas sobre patrimônio, visando colher elementos para balizar as ações voltadas</p><p>à preservação do patrimônio cultural na Bahia, a saber: Salvaguarda do patrimônio</p><p>cultural afro-brasileiro; Patrimônio e festas populares; Patrimônio material e imate-</p><p>rial do Cortejo do Dois de Julho; Construindo um sistema estadual de patrimônio</p><p>– a experiência do ICMS cultural de Minas Gerais; e Circuitos arqueológicos da</p><p>Chapada Diamantina.</p><p>Figura 8 – O Cortejo do Dois de Julho</p><p>Fonte: ipac.ba.gov.br</p><p>Há também o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas</p><p>Gerais (Iepha), criado em 1971, cabendo-lhe pesquisar, proteger e promover os</p><p>bens culturais de natureza material e imaterial de Minas Gerais, em parceria com</p><p>os órgãos municipais e federal. Em sua trajetória, o Iepha vem ampliando o contato</p><p>junto aos coletivos de cultura e às comunidades locais, fortalecendo a participação</p><p>popular no reconhecimento do patrimônio cultural do Estado. Entre as suas prin-</p><p>cipais iniciativas, o Instituto acompanha e realiza obras de restauração de bens cul-</p><p>turais, implementa ações de cooperação municipal, por meio do ICMS Patrimônio</p><p>Cultural, e produz inventários, dossiês de registro e tombamento, além das ações</p><p>de salvaguarda do patrimônio mineiro.</p><p>Um de seus destaques é a Revista Cadernos do Patrimônio, utilizada para di-</p><p>vulgar e promover o patrimônio cultural do Estado. A sua última edição, de 2015,</p><p>apresenta um inventário cultural do Rio São Francisco, que praticamente corta</p><p>todo o Estado, onde são apresentados detalhes dos modos de vida reinventados e</p><p>ressignificados no cotidiano da água e do sertão que se materializam por meio das</p><p>crenças, comidas, festas, dos afazeres, das organizações coletivas, lutas pela terra,</p><p>pelo rio. O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, MG, no Município de</p><p>São Roque de Minas.</p><p>18</p><p>19</p><p>Figura 9 – O conjunto arquitetônico e paisagístico da Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, MG</p><p>Fonte: iepha.mg.gov.br</p><p>Chegou a Vez do Município</p><p>Um dos mais atuantes órgãos de preservação do patrimônio cultural é, sem</p><p>dúvida, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e</p><p>Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), criado em 1985. As suas atribui-</p><p>ções, definidas em Lei, determinam que o Conselho:</p><p>• Delibere sobre o tombamento de bens móveis e imóveis;</p><p>• Defina o espaço envoltório desses bens e promova a preservação da paisagem,</p><p>dos ambientes e espaços ecológicos importantes para a cidade, instituindo</p><p>áreas de proteção ambiental;</p><p>• Formule diretrizes que visem à preservação e valorização dos bens culturais;</p><p>• Comunique o tombamento aos órgãos assemelhados nas outras instâncias de</p><p>governo e aos cartórios de registro – de imóveis ou de documentos;</p><p>• Pleiteie benefícios aos proprietários desses bens;</p><p>• Solicite apoio a organizações de fomento para a obtenção de recursos e coo-</p><p>peração técnica, visando à revitalização do conjunto protegido; e</p><p>• Fiscalize o uso apropriado desses bens, arbitrando e aplicando as sanções pre-</p><p>vistas na forma da legislação em vigor.</p><p>Para se aprofundar nos termos utilizados nas resoluções emitidas pelo Conselho, o website</p><p>dessa instituição traz um glossário com as expressões mais frequentemente empregadas</p><p>nos textos legais. Acesse: https://tinyurl.com/y5gk3go5</p><p>Ex</p><p>pl</p><p>or</p><p>19</p><p>UNIDADE Preservação, Conservação e Restauro</p><p>Figura 10 – Pateo do Collegio, São Paulo</p><p>Fonte: saopaulo.sp.gov.br</p><p>História de Sucesso</p><p>Um trabalho bem realizado deve servir de exemplo. É o caso da publicação Vila</p><p>Economizadora: cartilha de orientação aos moradores para reforma, restau-</p><p>ro e conservação, editada em 2013 por técnicos da Unidade de Preservação do</p><p>Patrimônio Histórico (UPPH/Condephaat) da capital paulista, e do Departamento</p><p>de Patrimônio Histórico (DPH/Conpresp) do Governo do Estado de São Paulo,</p><p>cujo objetivo é fornecer as diretrizes para a realização de intervenções em imóveis</p><p>localizados na área desse importante bem tombado, na capital paulista.</p><p>A prévia aprovação de projetos pelos órgãos de preservação visa a proteção das</p><p>características do bem que justificaram a sua proteção pelo tombamento, além de</p><p>possibilitar ao seu proprietário entrar em contato com arquitetos especialistas da Pre-</p><p>feitura e do Governo do Estado, que podem fornecer orientações técnicas à realização</p><p>adequada de intervenções nos imóveis, tais como obras de conservação e restauro.</p><p>Entre as orientações gerais para preservação dos imóveis, destacam-se as seguintes:</p><p>• Manter a forma original das casas;</p><p>• Recompor as aberturas de janelas e portas de acordo com o desenho original,</p><p>ou conforme as orientações do Condephaat/UPPH, ou Conpresp/DPH;</p><p>• Restaurar e/ou substituir as portas e janelas de acordo com o desenho original,</p><p>ou conforme as orientações do Conpresp e Condephaat;</p><p>• Se necessário, instalar grades nas janelas para segurança – opcional –, mas os</p><p>desenhos das grades deverão ser de acordo com a orientação do Conpresp/</p><p>DPH e Condephaat/UPPH;</p><p>• Recompor e desobstruir os porões para permitir ventilação.</p><p>Eis um aviso importante, que consta na cartilha: se durante alguma obra for en-</p><p>contrada pintura decorativa com motivos florais ou outros nas paredes internas, de-</p><p>verá ser contatado imediatamente o DPH ou UPPH para obter orientação técnica.</p><p>20</p><p>21</p><p>Verifique as páginas 24 e 25 da Publicação Vila Economizadora (2013).</p><p>Disponível em: https://bit.ly/2Hq8hMKEx</p><p>pl</p><p>or</p><p>História de uma Vila Operária</p><p>A Vila Economizadora, construída entre 1908 e 1915 pela Sociedade Mútua</p><p>Economizadora Paulista e pelo empreiteiro Antonio Bocchini, é um elemento de</p><p>grande importância do patrimônio cultural de São Paulo, tendo sido tombada pelo</p><p>Condephaat em 1980 e, pelo Conpresp em 1991.</p><p>Figura 11 – Fachada da Rua dos Cantores, Vila Economizadora (1978)</p><p>Fonte: CONDEPHAAT</p><p>A Vila localiza-se na área central da Cidade, no Bairro da Luz, entre as avenidas</p><p>do Estado e Tiradentes. Originalmente, possuía 147 edificações, das quais 127</p><p>eram residenciais e 20 comerciais. Posteriormente, 12 residências foram desapro-</p><p>priadas e demolidas pela Prefeitura.</p><p>Figura 13 – Capa da publicação A Economisadora Paulista</p><p>Fonte: CONDEPHAAT</p><p>21</p><p>UNIDADE Preservação, Conservação e Restauro</p><p>A Cidade de São Paulo foi marcada no início do século XX por grandes trans-</p><p>formações, em função dos lucros gerados pelo café, da construção das estradas de</p><p>ferro, da presença da mão de obra dos imigrantes e do início da industrialização.</p><p>Essas mudanças se fizeram presentes diretamente no aspecto da capital paulista e</p><p>em suas novas construções, tendo como características desse período as vilas ope-</p><p>rárias construídas em grandes áreas próximas às várzeas dos rios e das estradas de</p><p>ferro (SÃO PAULO, 2013).</p><p>22</p><p>23</p><p>Material Complementar</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:</p><p>Vídeos</p><p>Caboclos da Liberdade</p><p>O documentário foi produzido por meio do Edital de Apoio à Produção de</p><p>Documentários Etnográficos sobre o Patrimônio Cultural Imaterial (Etnodoc). Tem</p><p>como tema a manifestação popular Caboclos Guaranis da Cidade de Itaparica, na</p><p>Ilha de Itaparica, Recôncavo Baiano.</p><p>https://tinyurl.com/y45zw3xr</p><p>Conhecendo museus: Museu Imperial</p><p>O vídeo apresenta, com detalhes, os principais museus do Brasil.</p><p>https://youtu.be/BIjjh61O06E</p><p>Leitura</p><p>Revista Sítio Arqueológico Cais do Valongo</p><p>Produzida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a</p><p>publicação propõe o reconhecimento do bem à Organização das Nações Unidas para</p><p>a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como patrimônio mundial.</p><p>https://tinyurl.com/yyg7nx9y</p><p>Preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro</p><p>A publicação apresenta 70 dos 170 monumentos que receberam apoio do Banco</p><p>Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao longo de quase vinte</p><p>anos; tratam-se de capelas, igrejas, mosteiros, conventos e complexos; teatros e salas</p><p>de concerto; bibliotecas e academias; arquivos, museus, memoriais, cinematecas e</p><p>palácios; mercados, praças, parques e ruínas; e centros de empreendedorismo, espaços</p><p>culturais, hotel-escolas, fábricas de elementos cênicos e fortalezas.</p><p>https://tinyurl.com/yxbtbumz</p><p>23</p><p>UNIDADE Preservação, Conservação e Restauro</p><p>Referências</p><p>BENHAMOU, F. Economia do patrimônio cultural. São Paulo: Sesc, 2016.</p><p>BRASIL. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Revista Sítio Ar-</p><p>queológico Cais do Valongo. Brasília, DF, 2012. Disponível em: <http://portal.</p><p>iphan.gov.br/uploads/publicacao/cartilha_1__parasabermais_web.pdf>. Acesso em:</p><p>3 jan. 2019.</p><p>_________. Carta de Veneza. Brasília, DF, 1964. Disponível em: <http://portal.</p><p>iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Veneza%201964.pdf>.</p><p>Acesso em: 18 jan. 2019.</p><p>CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DO ESTADO DE</p><p>SÃO PAULO. Patrimônio histórico: como e porque preservar. São Paulo, 2008.</p><p>Disponível em: <http://www.creasp.org.br/arquivos/publicacoes/patrimonio_his-</p><p>torico.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2019.</p><p>CRUZ, R. C. A. da. Patrimonialização do patrimônio: ensaio sobre a relação entre</p><p>turismo, patrimônio cultural e produção do espaço. GeoUsp: Espaço e Tempo,</p><p>São Paulo, n. 31, 2012. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/geousp/arti-</p><p>cle/view/74255/77898>. Acesso em: 25 jan. 2019.</p><p>LUZ, M. Antiga Escola Militar de Rio Pardo. Porto Alegre, RS: Defender, 2007.</p><p>MIRANDA, J. O restauro na atualidade e a atualidade dos restauradores.</p><p>[S.l.: s.n.], 2015. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/</p><p>Artigos_do_patrimonio_O_restauro_na_atualidade_e_a_atualidade_dos_restaura-</p><p>dores_JuliaMiranda.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2019.</p><p>MOTTA, L.; REZENDE, M. B. Inventário. In: GRIECO, B.; TEIXEIRA, L.; THOMPSON,</p><p>A. (Org.). Dicionário Iphan de patrimônio cultural. 2. ed. Rio de Janeiro; Brasília, DF:</p><p>Iphan; DAF; Copedoc, 2016. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfin-</p><p>der/arquivos/Invent%C3%A1rio%20pdf.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2019.</p><p>ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A</p><p>CULTURA. Gestão do patrimônio mundial cultural. Brasília, DF, 2016. Dispo-</p><p>nível em: <https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000244283>. Acesso em:</p><p>18 jan. 2019.</p><p>_________. Convenção para a proteção do patrimônio mundial, cultural e</p><p>natural. Paris, 1972. Disponível em: <https://whc.unesco.org/archive/convention-</p><p>-pt.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2019.</p><p>RHODEN, L. F. A evolução da ideia da preservação de bens culturais e do conceito</p><p>de restauração. In: ARISTIMUNHA, C. P.; FAGUNDES, L. K.; MATTOS, L. (Org.).</p><p>Preservação de patrimônio cultural. Porto Alegre, RS: Museu da UFRGS, 2013.</p><p>SÃO PAULO. Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico. Departamento de</p><p>Patrimônio Histórico. Vila Economizadora – cartilha de orientação aos moradores</p><p>24</p><p>25</p><p>para reforma, restauro e conservação. São Paulo, 2013. Disponível em: <http://</p><p>vgnweb.publica.sp.gov.br/SEC/Condephaat/Bens%20Tombados/vila%20econo-</p><p>mizadora_cartilha_ultima%202013%2005%2029.pdf>. Acesso em: 22 jan. 2019.</p><p>ZOUAIN, R. S. Memória, cultura material e a preservação do patrimônio cultural.</p><p>Blog Grupo de Estudos Memória, Informação e Sociedade. 13 abr. 2017. Dispo-</p><p>nível em: <http://www.memoriaesociedade.ibict.br/486-2>. Acesso em: 14 jan. 2019.</p><p>25</p>

Mais conteúdos dessa disciplina