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<p>CURSO DE CAPACITAÇÃO 5 exemplares EDIÇÃO ESPECIAL KENOSIS</p><p>CURSO DE CAPACITAÇÃO exemplare EDIÇÃO ESPECIAL KENOSIS editora</p><p>CURSO DE CAPACITAÇÃO EDIÇÃO ESPECIAL KENOSIS</p><p>CURSO DE CAPACITAÇÃO exemplar 2. ed. rev. e atual. 2012 EDIÇÃO ESPECIAL</p><p>OEditor e coordenador do projeto: Pr. José Roberto O. Chagas - Kenosis Editora ODistribuidor oficial: Rodrigo Stabile Scanhuela - Mundial Editora Fone: (18) 3641-1105 - OCoordenação IBITEK - Instituto Kenosis Fone: (67) 3026-2848/3027.2797 - www.ibitek.com.br ORevisão de texto: Prof Elisângela Leal da Silva Amaral OCapa: Inventus Criação e Comunicação - kleber@inventuscria.com.br Wellington de Almeida Gomes - workwelldesign@hotmail.com Mota Junior - www.motajunior.com.br OFoto capa: Banco de imagens *Proibida a reprodução por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos, fotográficos, gravação, estocagem em banco de dados, etc.), a não ser em citações breves com indicação de fonte. *As referências bíblicas têm indicação específica nas próprias citações. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Chagas, José Roberto O. C433c Curso de capacitação teológica. 2. ed. rev. e atual. /José Roberto O. Chagas. Campo Grande-MS: Kenosis, 2012. 412 p. ISBN 978-85-64401-15-0 1. Teologia 2. Teologia Prática 3. Cristianismo 4. Bíblia I. Título CDD 230.071 Bibliotecária responsável: Josiane de Oliveira - CRB 1/1524 Direitos Reservados à: Kenosis Editora Fones: (67) 3026.2122/8428.3733 Campo Grande - Mato Grosso do Sul KENOSIS E-mail: kenosiseditora@hotmail.com Site: www.kenosiseditora.com.br CONTATO COM o IBITEK INSTITUTO BÍBLICO-TEOLÓGICO KENOSIS Rua: Albert Sabin, n° 721 Vila Belo Horizonte - Campo Grande/MS CEP: 79.090-160 Site: www.ibitek.com.br E-mail: secretaria@ibitek.com.br IBITEK FONES: (67) 3026.2848/8428.3733 (VIVO)</p><p>SOBRE AUTOR José Roberto O. Chagas: Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Sul Americana [FTSA), Londrina/PR. Doutor em Ministério (DMin), também pela FTSA. Diretor da Kenosis Editora. Presidente da Associação Beneficente Kenosis (A.B.K.). Diretor do CECTEKE - Centro de Capacitação Teológica da Kenosis Editora - e do IBITEK - Instituto Bíblico- Teológico Kenosis. Através do Curso Básico de Capacitação Teológica, cerca de 180 mil pessoas estão se reciclando ou tendo o primeiro contato com a Teologia. Professor de Teologia. Pesquisador na área de Teologia Econômica. Autor de vários livros, sobre diversas tematizações; suas obras, reunidas, já venderam mais de 1 milhão de exemplares, em 03 anos apenas. Casado com Carolline e tem duas filhas: Valeska e Kíria.</p><p>AGRADECIMENTOS À Mundial Editora, pela longeva parceria. À Genesis Editora, que abraçou o projeto de capacitação bíblica e teológica, quando estava ainda em fase embrionária. Aos vários departamentos de vendas e seus profissionais que, acreditando no poder transformador da educação teológica e cientes da relevância deste projeto, são éticos e transparentes, e tratam nossos estimados clientes com todo desvelo, pois são nossos irmãos e irmãs em Cristo. Às equipes de secretariado e coordenação acadêmica do IBITEK que, com notável empenho, dedicação e alegria, se desdobram para atender o amplo alunado que fez, faz e fará parte desta enorme família. À cada irmão em Cristo Jesus, que procura conciliar espiritualidade e qualificação bíblica e teológica, para a edificação tanto pessoal quanto de outros (as) irmãos À liderança, de diversas denominações evangélicas, que bondosamente tem nos dado a oportunidade e o privilégio de auxiliar seus membros e obreiros (as) na construção e socialização do saber teológico, para que Deus, o próximo e a criação, sejam amados e servidos, com excelência.</p><p>REFLEXÃO "Por que é que Ele nos dá estes talentos especiais para fazermos melhor determinadas coisas? É que o povo de Deus estará mais bem aparelhado para fazer uma obra melhor para Ele, edificando a igreja - o corpo de Cristo - e elevando-a a uma condição de vigor e maturidade; até que finalmente todos creiamos do mesmo modo quanto à nossa salvação e ao nosso Salvador, o Filho de Deus, e todos nos tornemos amadurecidos no Senhor. Sim, crescermos a ponto de que Cristo ocupe completamente todo o nosso ser. Então não seremos mais como crianças, sempre mudando nossa idéia a respeito daquilo que cremos porque alguém nos disse uma coisa diferente, ou habilmente nos mentiu, e fez que a mentira soasse como verdade. Em vez disso, seguiremos com amor a verdade em todo tempo - falando com verdade, tratando com verdade, vivendo em verdade e assim nos tornaremos cada vez mais, e de todas as maneiras, semelhantes a Cristo, que é o Cabeça do seu corpo, a igreja. Sob sua direção o corpo inteiro se ajusta perfeitamente, e cada um dos membros em sua maneira particular auxilia os outros membros, de tal modo que todo o corpo saudável, está em crescimento e cheio de amor". Paulo, apóstolo Ef. 4.12-16 Fonte: Bíblia Viva</p><p>SUMÁRIO Sobre o Autor 07 Agradecimentos 09 Prefácio 15 MÓDULO 03 - PROLEGÔMENOS: Síntese da Relevância, Natureza e Tarefa da Teologia 21 3.1. A Teologia e Povo de Deus - Panorama Histórico 23 3.2. Prolegômenos - Iniciação à Teologia Disciplinar 39 Minhas Anotações 55 MÓDULO 04 - TEONTOLOGIA: Síntese Bíblica e Teológica da Pessoa e Obras do Deus Único e Verdadeiro 57 4.1. Deus é Brasileiro? Introdução à Teontologia 59 4.2. Estudo Panorâmico do Ser de Deus - Nomes e Atributos 75 Minhas Anotações 99 MÓDULO 05 - CRISTOLOGIA: Síntese Bíblica e Teológica da Pessoa e Obras de Jesus Cristo 101 5.1. Noções Fundamentais de Cristologia 103 5.2. Síntese Cristológica- Pessoa e Obras de Jesus no Novo Testamento 119 Minhas Anotações 143 MÓDULO 06 - PARACLETOLOGIA Síntese Bíblica e Teológica da Pessoa e Obras do Espírito Santo 145 6.1. A Notável Redescoberta da Pessoa e Obras do Espírito Santo 147 6.2. Presença, Personalidade e Manifestações do Espírito na Bíblia 167 Minhas Anotações 185 MÓDULO 07 - Síntese Histórica, Crítica e Teológica da Interpretação Bíblica 187 7.1. Desafios do Nosso Tempo à Interpretação Bíblica 189 7.2. Síntese de Alguns Princípios que Regem a Interpretação Bíblica 203 Minhas Anotações 225</p><p>MÓDULO 08 - LIDERANÇA Pistas Para a Construção e a de Uma Filosofia Ministerial de Liderança Vitoriosa 227 8.1. Por que Fracassa a Liderança Pós-Moderna 229 8.2.Pistas Sólidas Para Uma Filosofia de Liderança Vitoriosa 245 Minhas Anotações 259 MÓDULO 09 - HOMILÉTICA: Síntese Crítica, Histórica, Bíblica e Teológica da Pregação 261 9.1. Pregadores - e Pregação - em Crise: Sumarização das Causas 263 9.2. Como Enfrentar e Superar a Crise na Arte de Pregar 281 Minhas Anotações 301 MÓDULO 10 - GESTÃO MINISTERIAL: Como Gerar e Administrar Com Eficiência e Eficácia 0 Erário Sagrado 303 10.1. Introdução à Gestão Eclesial e à Geração de Receita 305 10.2. Lições Extraordinárias de Um Mestre em Geração de Receita 321 Minhas Anotações 341 MÓDULO 11 - HISTÓRIA DA IGREJA I: Síntese Histórica, Bíblica e Teológica da Igreja Primitiva à Igreja Imperial 343 11.1. O Papel Indispensável do Estudo da História da Igreja 345 11.2. A Expansão e a Decadência da Igreja 359 Minhas Anotações 373 MÓDULO 12 - TEOLOGIA ECONÔMICA I: Teologia da Contribuição Cristã Síntese Histórica, Bíblica e Teológica de Princípios da Contribuição Crista 375 12.1. Iniciação ao Estudo da Teologia da Contribuição 377 12.2. Fundamentos do Princípio da Alegria Plena e Incondicional 385 Minhas Anotações 403 Contatos 409</p><p>PREFÁCIO À EDIÇÃO COMEMORATIVA DO CURSO DE CAPACITAÇÃO TEOLÓGICA stamos, com esta edição especial, comemorando um feito histórico: E a venda de 180 mil exemplares do Curso de Capacitação Teológica e do Manual de Iniciação à Teologia, em um ano aproximadamente! De um lado, é fato que o mercado literário evangélico no Brasil tem sido promissor; primeiro, porque o crescimento numérico da Igreja Evangélica ainda é expressivo; segundo, porque os cristãos, embora precisem melhorar nível de seu letramento, ocupam posição considerável no "ranqueamento" dos grupos que mais leem, e estão acima da média nacional. Porém, de outro lado, também existem muitas dificuldades no ramo editorial. Qualquer profissional que atua na área, ou quem tem conhecimento do amplo processo que abrange da escrita à venda de um livro, reconhecerá que poucos títulos conseguiram feito similar.</p><p>16 Honestamente, embora ciente da importância deste projeto, não imaginei que seria possível atingir uma quantidade de venda tão expressiva em tão pouco tempo. Isso não é algo comum em nossos dias, quando se trata de uma obra de cunho religioso, que não está disponível em livrarias e bancas, de fácil acesso. A princípio, enquanto pastor, teólogo e escritor, queria elaborar um material de educação teológica que pudesse ser útil a quem já se formou em Teologia e sabe da importância de contínuo aperfeiçoamento; a quem foi chamado por Deus para ministério pastoral e entende que a capacitação teológica é indispensável; a quem já está exercendo funções de liderança na igreja local e sente a necessidade de se qualificar ainda mais, porém não tem tempo e nem dinheiro para pagar as mensalidades em uma instituição séria e com ensino de qualidade; a quem deseja familiarizar-se com a Teologia apenas para vivenciar a fé cristã de maneira bíblica e contextual, sem as anomalias que rondam a Igreja no Brasil. Era esta a visão que meu coração acalentava. E Deus a honrou. É evidente que sucesso do nosso projeto não ocorreu por acaso; esta vitória não se realizou'sem grandes batalhas. Inicialmente, os materiais literários eram comuns e os questionários teóricos e avaliativos, simplificados; IBITEK ainda não tinha uma estrutura ideal para atender a contento crescente número de alunos e alunas, nem era conhecido suficiente no meio evangélico, que gerava dúvidas, acusações irreais e maldosas e insegurança; os departamentos de vendas, que até então vendiam outros tipos de publicações, estavam pouco familiarizados com a educação teológica e com os diferentes "rostos" das igrejas em nosso País; já os profissionais de vendas se deparavam com teste da comunicação, pois cada cliente, dependendo do segmento evangélico, tinha uma linguagem peculiar e reações diferenciadas à abordagem, sendo ora amigáveis ora hostis; a Mundial Editora também estava em fase de constantes ajustes para satisfazer as expectativas de seus numerosos clientes e dos parceiros que a procuravam no de trabalhar com a coleção evangélica. Enfim, foi uma fase de trabalho árduo, de erros reparáveis, de aprendizados duradouros e de acertos sublimes.</p><p>17 Um alvo sempre esteve claro em nossa mente: não fazer apologia a uma Teologia intelectual, academicista, técnica, conteudista, inacessível, domesticadora, para consumo interno de uma modalidade específica de igreja; nossameta é, sim, oferecer uma Teologia popular/pública, adequada ao nosso eixo contextual, porém de muita qualidade, bíblica, contextual, prática, relevante e aberta ao diálogo. E deu certo. Na primeira fase, milhares de pessoas adquiriram nosso material, que fazia parte do Kit Crescer. Apesar dos avanços e recuos, dos acertos e dos erros, milhares de pessoas, dos grandes centros urbanos aos distantes rinções do Brasil e das mais diferentes denominações, estudaram nossas singelas disciplinas. Pelo menos 80 mil alunos, em apenas três anos, se reciclaram ou tiveram primeiro contato com esta importante "ciência". Ainda em 2011, depois de constantes avaliações, conteúdo do curso foi revisto, corrigido, atualizado e ampliado. Também investimos na editoração e na impressão do material, dando a ele um acabamento de primeira linha. As mudanças revitalizaram projeto e resultaram na aprovação unânime dos departamentos de vendas, e elevaram índice de satisfação dos nossos clientes, que já era muito bom. O amplo investimento foi recompensado, pois nossa meta, que consiste em oferecer educação teológica instrumental de qualidade, recebeu elogios e aprovação da maioria massacrante dos nossos irmãos e irmãs em Cristo. Cerca de 180 mil novos clientes adquiriram nosso curso, sucesso que está sendo compartilhado, agora em 2012/2013, com esta edição especial. Novos ajustes serão feitos nas próximas edições, afinal a Teologia é dinâmica e está sempre se atualizando. Entretanto, por hora, gratos pelo divino favor, vamos celebrar esta vitória singular, que aprouve ao bom Deus com ela nos presentear. Que este curso bíblico-teológico, modesto e transformador, continue sendo um instrumento de bênção à Igreja, ao alunado, à nossa nação. A Deus, toda glória. Aos parceiros nesta egrégia causa, nossa gratidão. Pr. José Roberto O. Chagas</p><p>18 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DO CURSO DE CAPACITAÇÃO TEOLÓGICA MÓDULO 01: MANUAL DE INICIAÇÃO À TEOLOGIA Síntese das Implicações do Reconhecimento do Curso de Teologia no Brasil 1.1. Sumário das Obstruções à Valorização da Teologia Crista 1.2. Teologia Disciplinar: Enfim, Curso Superior no Brasil 1.3. Avaliação/Questionários MÓDULO 02: ATIVIDADES COMPLEMENTARES 2.1. Informações Gerais Sobre "Curso de Capacitação Teológica" 2.2. Avaliação de Cadastro, Questionários e Orientações Afins 2.3. Atividades Complementares MÓDULO 03: PROLEGÔMENOS Síntese da Relevância, Natureza e Tarefa da Teologia 3.1. A Teologia e Povo de Deus - Panorama Histórico 3.2. Prolegômenos - Iniciação à Teologia 3.3. MÓDULO 04: TEONTOLOGIA Síntese Bíblica e Teológica da Pessoa e Obras do Deus Único e Verdadeiro 4.1. Deus é Brasileiro? Introdução à Teontologia 4.2. Estudo Panorâmico do Extraordinário Ser de Deus - Nomes e Atributos 4.3.</p><p>19 MÓDULO 05: CRISTOLOGIA Síntese Bíblica e Teológica da Pessoa e Obras de Jesus Cristo 5.1. Noções Fundamentais de Cristologia 5.2. Síntese Cristológica - Pessoa e Obras de Jesus no NT 5.3. MÓDULO 06: PARACLETOLOGIA Síntese Bíblica e Teológica da Pessoa e Obras do Espírito Santo 6.1. A Notável Redescoberta da Pessoa e Obras do Espírito Santo 6.2. Presença, Personalidade e Manifestações do Espírito na Bíblia 6.3. MÓDULO 07: HERMENÊUTICA Síntese Histórica, Crítica e Teológica da Interpretação Bíblica 7.1. Desafios do Nosso Tempo à Interpretação Bíblica 7.2. Síntese dos Princípios que Regem a Interpretação Bíblica 7.3. Avaliação/Questionários MÓDULO 08: LIDERANÇA Pistas Para a Construção e a Vivência de Uma Filosofia Ministerial de Liderança Vitoriosa 8.1. Por que Fracassa a Liderança Cristã Pós-Moderna 8.2. Pistas Sólidas Para Uma Filosofia de Liderança Vitoriosa 8.3. Avaliação/Questionários (continua...)</p><p>20 MÓDULO 09: HOMILÉTICA Síntese Crítica, Histórica, Bíblica e Teológica da Pregação 9.1. Pregadores - e Pregação - em Crise: Sumarização das Causas 9.2. Como Enfrentar e Superar a Crise na Arte de Pregar 9.3. MÓDULO 10: GESTÃO MINISTERIAL Como Gerar e Administrar Com Eficiência e Eficácia Erário Sagrado 10.1. Introdução à Gestão Eclesial e à Geração de Receita 10.2. Lições Extraordinárias de Um Mestre em Geração de Receita 10.3. MÓDULO 11: HISTÓRIA DA IGREJA I Síntese Histórica, Bíblica e Teológica - da Igreja Primitiva à Igreja Imperial 11.1. O Papel Indispensável do Estudo da História da Igreja 11.2. A Expansão e a Decadência da Igreja Cristã 11.3. MÓDULO 12: TEOLOGIA ECONÔMICA I: Teologia da Contribuição Síntese Histórica, Bíblica e Teológica de Princípios da Contribuição 12.1. Iniciação ao Estudo da Teologia da Contribuição 12.2. Fundamentos do Princípio da Alegria Plena e Incondicional 12.3. Visite nosso site: www.ibitek.com.br</p><p>MÓDULO 03: SÍNTESE DA RELEVÂNCIA, NATUREZA E TAREFA DA TEOLOGIA</p><p>3.I. A TEOLOGIA E POVO DE DEUS - PANORAMA HISTÓRICO Teologia é um termo que ainda provoca diversas reações nos evangélicos, de várias confessionalidades, em plena pós- modernidade. Opiniões divergentes estão em todos os grandes segmentos da Igreja Evangélica Brasileira. No Protestantismo a Teologia ora foi vista como parceira fundamental e ora como ameaça à Igreja; no último caso, a situação agravou-se sob a égide do endeusamento da razão. E há segmento que historicamente interpretou a Teologia como possível obstrução à autêntica espiritualidade. Esse foi o caso do Pentecostalismo, sobretudo em décadas passadas. Presumia-se que "apego" às letras (ou seja, estudar com afinco) poderia sufocar "fogo" do Espírito Santo.</p><p>24 Há também a ala dita evangélica que quer libertação plena da Teologia. E há razão para tanto. A Teologia que tem como fundamento cabal e permanente a Bíblia, e não a demanda do mercado religioso, jamais aprovará certos disparates que estão sendo praticados em nome de Deus no de atrair pessoas, mantê-las cativas e se apropriar de suas posses. Esse é caso do Neopentecostalismo, no qual se encontra que temos denominado de igrejas/religião de mercado, expoentes de ensinos centrados exclusivamente na dimensão material da vida; a maioria das igrejas da referida modalidade, com pouca exceção, preconiza êxito econômico- financeiro, saúde psicofísica e felicidade às pessoas que "aceitam" Jesus Cristo e, é claro, pagam para receber as compensações terrenas almejadas. QUESTIONAMENTOS INICIAIS Afinal, por que a Teologia tem sido tão desprezada, tanto dentro quanto fora da ambiência religiosa? E que é "Teologia"? Ela tem amparo bíblico? Está restrita aos "teólogos profissionais" ou é acessível à comunidade de fé? Quais benefícios ela pode proporcionar à Igreja Evangélica Brasileira? Quais são as categorias principais da reflexão teológica? Vamos, nesta disciplina de Prolegômenos, em busca de algumas respostas para os referidos questionamentos. O primeiro desafio é procurar compreender por que a Teologia, há séculos, vem sendo mal vista e mal interpretada, tanto dentro quanto fora da ambiência religiosa. HIPÓTESES AO REPÚDIO À TEOLÓGICA Afirmar que a Teologia ainda não é bem vista no âmbito evangélico brasileiro e não analisar as possíveis razões pouco contribui na luta para superar tal problema. Logo, embora de maneira sucinta, apontarei pistas que há séculos podem estar por detrás da atual ojeriza à Teologia.</p><p>25 1. Externamente, cenário acadêmico há décadas, tem se mostrado hostil à fé e à Teologia. Essa tendência ao emprego sistemático da razão amplificou-se após a Reforma Protestante. Os racionalistas, fazendo apologia ao livre exame da realidade, preconizaram a libertação cabal do conhecimento controlado pela tradição cristã. A Teologia, doravante, como previu Francis Bacon, deixaria de ser a forma orientadora do O Renascimento e o Iluminismo ajudaram a materializar a declaração de Bacon. Outro fator que contribuiu para conduzir e manter a Teologia numa posição marginal, inclusive no Brasil, foi o Positivismo. Veja mais detalhes, no Manual de Iniciação à Teologia,2 especialmente na primeira parte. 2. A Igreja Evangélica, por outro lado, está inserida numa sociedade cuja grande maioria da população ironicamente se apoia na Luiz Sayão explica que apesar de estar equipado com as últimas novidades da ciência, ser humano hodierno, quando se volta para a interpretação da vida, da ética, de sua expressão religiosa, a tendência generalizada é a de rejeitar uso da Em síntese, a maioria das pessoas jamais vai além do "senso comum", isto é, da forma "ametódica de observar, vivenciar e dizer a experiência". 3. Outro elemento determinante, nesta era pós-modernista, é predomínio da experiência sobre a razão. O Dr. Roldán justificou que é conveniente notar que nestes tempos, religioso se expressa com forte ênfase da experiência sobre a explicação da fé (razão). Doravante, analfabetismo cultural e a imensa ignorância teológica e bíblica proliferam em muitas igrejas enquanto experiências mirabolantes e questionáveis são aceitas e enaltecidas. Carlos B. que é sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2006, p.17. José Roberto O. Manual de iniciação à teologia. Campo Grande: Kenosis, 2011. John. Crer é também pensar. São Paulo: ABU, 2001, p.8. Luiz. Cabeças feitas. 3. ed. São Paulo: Hagnos, 2001, pp.42,43. Osvaldo & DALBERIO, Maria Célia B. Metodologia científica. São Paulus, 2009, p.14. Alberto F. " Pós-modernidade e pluralismo: desafios para a igreja hoje". In: KOHL, M. W. & BARRO, A. C. Ministério pastoral transformador. Londrina: Descoberta, 2006, pp.259-262.</p><p>26 A "TEOLÓGICA" NA HISTÓRIA DO Povo DE DEUS DA À ATUALIDADE A Teologia, embora seja uma ferramenta essencial à Igreja Evangélica no Brasil, não tem sido apreciada, reconhecida nem usada como deveria. Por isso objetivo desta disciplina do Curso de Capacitação Teológica é despertar no alunado interesse pela Teologia que responda aos desafios atuais e a se qualificar para servir a Deus e às pessoas, com excelência. É vital, portanto, compreender como essa capacitação fez parte da trajetória do povo de Deus, A Teologia se fez presente na educação religiosa do povo judaíta, desde as eras mais remotas. Especialistas em ensino religioso cristão, afirmam corretamente que os patriarcas, entre outras atribuições, foram os principais encarregados de educar os filhos nos santos caminhos de Deus. A partir de Moisés, já se percebe a formalidade presente no ensino religioso dos hebreus; libertador de Israel, além de promover ensino nacional e congregacional, teria dado ênfase à instrução O Dr. Wander de Lara Proença, ao enfatizar mote similar, explica que a ideia de preparar vocacionados se reporta aos tempos da Antiguidade; menciona na tradição do povo judaíta, a título de exemplo: 1. Formação de profetas sob mentoreamento (1 Rs 19.19; 2 Rs 2. Internato para profetas (2 Rs 4.38). 3. Internato para sacerdotes (1 Sm 1.19-28). Ressalta, em seguida, a mesma prática no que tange à preparação de pessoas vocacionadas em O Novo Testamento - João Batista, Jesus, os apóstolos, Paulo, etc. Merece destaque, nesse sentido, os essênios, ou "monges" do judaísmo:8 Claudionor C. Teologia da educação cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, pp.22,23. Jean-Claude. Enciclopédia da vida de Jesus. 2. ed. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2008, p.103.</p><p>27 [...] Nos dias de Jesus, os essênios, por exemplo, formavam uma comunidade monástica no deserto do Mar Morto, onde mantinham uma escola para a formação de novos profetas. Pais costumavam levar seus filhos ainda crianças ou adolescentes para serem educados pelos mestres daquela escola. Os que demonstravam vocação, após longo período de estudos e preparação, passavam a exercer semelhante função. Foi que certamente ocorreu com João Batista, que se tornou aluno dessa escola adquirindo ali a credencial de legitimidade para exercício profético na Palestina daqueles tempos, chegando mesmo a ter reconhecimento dos mais exigentes líderes do templo de Jerusalém (Mt E quais cuidados teve Jesus, referente a requisitos, antes de começar seu ministério? E como se comportou acerca do treinamento de sua equipe? OPrimeiro, Jesus Cristo não desprezou o preparo enquanto um dos legais do exercício da vocação nos seus dias. Esta ressalva deve-se ao fato de que, na mentalidade de alguns cristãos, Jesus não recebeu instrução antes de assumir sua nobre missão nem se preocupou com a arte de pensar. Ledo engano. Henri Daniel-Rops Em sua infância, Jesus deve ter sido certamente educado como qualquer outra criança judia; isto é, recebeu uma educação religiosa, aprendendo a ler as Escrituras na Beth ha-Sefer, a escola de sua cidadezinha. Seus pais ensinaram a ser um israelita piedoso, fazendo com que os acompanhasse desde cedo em suas peregrinações a Jerusalém. Wander L. "De casas de profetas a seminários teológicos a preparação vocacional em perspectiva histórica". In: KOHL, M. W. & BARRO, A.C. (orgs.). Educação teológica transformadora. 2. ed. rev. Londrina: Descoberta, 2006, pp.9-14.</p><p>28 [...] O episódio do Menino entre os doutores da Lei, debatendo com eles no Templo, nos diz muito sobre a instrução bíblica por ele recebida. Por mais sobrenaturais que tenham sido os seus dotes nas ciências teológicas, é razoável supor que um menino de doze anos devesse ter bastante cultura para "surpreender" os rabinos com seus conhecimentos. [...] A linguagem por ele falada não diferia de modo algum da de seus conterrâneos - aramaico, que Marcos não hesita em citar, colocando-o em seu texto grego[...]. Quanto ao hebraico, a língua litúrgica, a linguagem bíblica, não há dúvida de que também conhecia, pois fez a leitura de uma passagem das escrituras em alta na sinagoga e depois a comentou. [...] Dizer que ele possuía excelente conhecimento da Bíblia é obviamente inadequado: texto sagrado formava parte de sua própria mente; ele citava a toda hora, e mesmo quando não usava as palavras exatas da Bíblia, com que frequência se referia a ela e quantas vezes fez harmonizarem-se as suas passagens! Alguns de seus ditos mais originais não passam de citações bíblicas brilhando como uma nova luz. [...] este era um hábito mental que devia à sua educação israelita. Basta lembrar como sua mãe, Maria, ao improvisar "Magnificat" recitou do começo ao fim baseada em suas memórias do Livro[...].10 Jesus, além de preparo educacional, seguiu os principais critérios para, então, iniciar seu ministério: esperou marco temporal correto como estabelecia a Lei mosaica acerca da idade ideal para desempenho de atividades sagradas, buscou no batismo de João Batista O credenciamento para exercer seu ministério profético-sacerdotal, etc. Henri. A vida diária nos tempo de Jesus. 3. ed. rev. São Paulo: Vida Nova, 2008, p.481.</p><p>29 Segundo, a nobre arte de ensinar e de forjar discípulos fiéis, foi uma das marcas do ministério de Jesus. Ele, além de se distinguir como Mestre, treinou um grupo para levar avante sua obra. Tais "mestres", no início, eram homens imaturos, impulsivos, pecadores, perplexos, ignorantes, cheios de preconceitos e Com razão, questiona-se: "Quem escolheria, para um trabalho de implicações de âmbito mundial, um grupo de apóstolos tão destituídos de simpatia, destreinados e sem influência?" Jesus Cristo! Dos tais, no entanto, ele levantou sua notável "tropa de 12 que abalou mundo. Jesus Cristo, a priori, chama para si aqueles que ele quis (Mc 3.13). A lição parece clara: antes de ser enviado para (tarefa) é indispensável estar com (aquele que salva e envia Veja que relacionamento antecede a comissão. Esta é a sequência fixada pelo Mestre: comunhão, depois serviço. Quem despreza a primeira exigência, está desqualificado para "trabalhar" na "obra de Deus". Para Jesus, a convocação à intimidade antecede a designação de afazeres. Ademais, a missão não é mera tarefa funcional, nem simples exercício de profissão; é, acima de tudo, testemunho e se funda numa experiência Reitero, portanto: os conceitos "estar com" e "seguir o exemplo" (tornar-se como Jesus) são de importância vital na Teologia da educação Mas estar com Jesus também relaciona-se à capacitação para a realização da nobre missão que ele estabeleceu. É erro crasso enfatizar que Jesus escolheu gente despreparada para formar sua equipe ministerial e que, em seguida, nada fez para capacitá-la. Essa é a explicação de alguns que não querem pagar preço da preparação para servir a Deus e a igreja, com excelência. É preciso, sim, resgatar a dimensão da vida intelectual, como um nobre chamado e repudiar a ideia de que a identidade cristã é intelectualmente J. M. A pedagogia de Jesus. 9. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1995. J. O. Liderança espiritual. São Paulo: Mundo Cristão, 1985, p.27. Sebastião A. G. & CORREIA João L. Evangelho de Marcos. Petrópolis: Vozes, 2002, p.171. Lawrence O. Teologia da educação 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1996, p.28. James W. Hábitos da mente. São Paulo: Hagnos, 2005. Israel B. Apologética São Paulo: Vida Nova, 2006, p.11.</p><p>30 Na verdade, agente pastoral que quer adotar modelo de liderança de Jesus Cristo, não pode ignorar treinamento e O preparo de outros líderes. Sobre essa questão, Dr. Wander Jesus não atuou sozinho e nem quis exercer liderança isoladamente. Por isso, chamou discípulos, dividindo com eles a tarefa de propagar reino de Deus. Nesse sentido, vale destacar a sua estratégia de constituir também uma escola para a formação teológica e ministerial dos seus discípulos, seus primeiros pastores e missionários. Quis Ele mesmo exercer papel de educador e mestre de doze alunos, por aproximadamente três anos, tendo a preocupação de bem treiná-los antes que fossem enviados ao Ali aprenderam a desenvolver uma espiritualidade cristocêntrica e solidária; a elaborar uma teologia prática voltada para contexto em que viviam, tendo como fundamento a Palavra que lhes era transmitida no dia a dia; e a conhecer a importância e necessidade premente de um ministério desenvolvido sob poder e a capacitação do Espírito Santo (Lc Paulo, após ser convertido a Cristo, parece que foi rever a formação judaica que até então defendera e se aperfeiçoar teologicamente na Arábia (GI 1.17,18). Depois de passar um período considerável revendo os fundamentos de sua Teologia, ele mesmo foi mentor teológico de Timóteo, Tito, Epafras, entre outros. Em Éfeso, usou retórico grego ou "sala de palestras", um local de estudo e instrução intelectual, para a educação (At 19.9,10). Paulo, apóstolo gestado fora de tempo, tornou-se principal sistematizador das doutrinas da Igreja Wander L. "O ministério de Jesus como modelo de liderança para os nossos dias". In: KOHL, M. W. & BARRO, A. C. (orgs.). Liderança transformadora. Londrina: Descoberta, 2006, p.22. Merril F. Manual bíblico Unger. São Paulo: Vida Nova, 2006, p.484.</p><p>31 A capacitação teológica não cessa depois de Paulo. Ainda nos primeiros séculos surgem escolas teológicas em Alexandria (Egito) e Antioquia (da Síria), inicialmente com ideais nobres e cristãos. Em dados momentos, também por conta da extraordinária expansão numérica da Igreja, uma das funções dos bispos era avaliar a vocação, capacitar e ordenar a nova liderança. E ela, tendo notável visibilidade, aliou-se ao poder dominante, transformou-se numa instituição religiosa com acentuado ministério sacerdotal hierárquico. 19 Na Idade Média, com a institucionalização e a clericalização da Igreja, a Teologia passou a ser controlada pelo influente e tendencioso clero. O saber teológico naquela periodização foi empregado em muitos lugares e em épocas diferentes para atender interesses particulares ao invés de ser uma ferramenta útil ao Reino de Deus. A dominação estendeu-se basicamente até a Reforma Protestante; em tal época a Igreja fiel experimentou algumas importantes revitalizações. O Dr. Sérgio Lyra justifica que os reformadores, entre outras coisas, se opuseram à ideia distorcida da autoridade e sacerdócio exclusivo de uma classe especial. Martinho Lutero declarou que Cristo é único mediador e, doravante, todos são sacerdotes na Igreja; ainda realçou a doutrina da suficiência das Escrituras, defendendo que "todos os cristãos tinham direito e privilégio de ler, entender e ser ensinado pela Palavra, sem a necessidade de um sacerdote ordenado". João Calvino, por sua vez, com ressalvas, admitiu que os leigos são ministros na vida particular e na comunidade cristã. Em síntese, "leigo" reconquista pela Reforma: 1) autoridade para exercer a sua parcela de serviço na igreja em prol da edificação do todo; 2) ler e examinar as Escrituras sem a tutela de uma classe especial; 3) pelas Escrituras, até julgar e corrigir alguém que tenha sido Mathias Q. Cortina Rasgada. Londrina: Ministério Multiplicação da Palavra, 2005, p.95. Sérgio P. R. "O ministério leigo: uma perspectiva histórico-missiológica". In: KOHL, M. W. & BARRO, A. C. Ministério pastoral transformador. Londrina: Descoberta, 2006, pp.166-169.</p><p>32 A capacitação teológica não desapareceu do seio da Igreja depois da Reforma Protestante. Nem deixou de ser uma prática importante no preparo de novos e fiéis líderes. A Teologia, porém, passaria por fases delicadas nos séculos vindouros. Externamente, se fortaleceu a corrente de pensamento que buscava, entre outras coisas, substituir antigos conceitos teológicos e filosóficos no que tange a explicação da realidade humana. Internamente, na fase do Confessionalismo, Protestantismo estava dividido em várias facções e credos diferentes. De um lado, a exegese se tornou a serva do dogmatismo e degenerou em mera pesquisa de Do outro, como resposta, houve desprezo à ciência seguido de tendência ao misticismo. Outros danos floresceram no período Crítico-Histórico e nos séculos posteriores. E a Teologia foi sendo relegada a uma posição marginal. Alguns desses pontos serão retomados posteriormente, na disciplina de Paracletologia. A DA TEOLÓGICA NA IGREJA EVANGÉLICA BRASILEIRA Na concepção de alguns crentes, educação teológica é coisa recente, idealizada por eruditos que provavelmente não tinham algo mais importante para fazer na vida. Todavia, como sumarizado recentemente, a história da religião prova exatamente contrário. A Bíblia nos fala de um processo educacional religioso que antecede ao Cristianismo. Esse dado irrefutável pode ser confirmado no estudo da importante História da Educação Cristã, pois certamente ela ratifica com E, hoje, analisando a Igreja Evangélica no Brasil, constata-se a real necessidade de mais capacitação teológica. Protestantes Históricos, Pentecostais, Neopentecostais e Independentes são convocados à valorização e à construção de uma Teologia bíblica, atual e relevante. Louis. Princípios de interpretação 3. ed. rev. São Paulo; Cultura 2008, p.26. Madalena O. Educação São Paulo: Vida Nova, 2007, pp.27-39.</p><p>33 Desde as eras mais remotas do próprio povo judaíta, embora inicialmente sem a intenção de formar uma categoria privilegiada e especializada na administração do sagrado, havia preocupação legítima com a preparação dos escolhidos para servir no ministério. Esse cuidado perpassa as páginas do Antigo e do Novo Testamento, os primeiros séculos da era cristã, adentra à Idade Média até ser revitalizado na Reforma Protestante, e, apesar de sentir os terríveis efeitos, consegue sobreviver ao Renascimento, ao Iluminismo e ao Positivismo e, atualmente, à própria Conquanto a Teologia autêntica ainda seja tratada com menosprezo, por pessoas que não a conhecem suficiente ou a desprezam por outros motivos, está clara sua presença e importância na história do povo de Deus, do Antigo Testamento aos nossos dias. Sempre houve, ao longo das gerações, preocupação com a capacitação bíblica e teológica das pessoas vocacionadas por Deus. E essa preocupação precisa ser retomada. Ferreira e Myatt, respeitados teólogos, asseguram que estudo da Teologia foi fator essencial na vida da Igreja. Paulo, João e os demais autores do Novo Testamento foram os primeiros teólogos cristãos; os pais da Igreja seguiram seus passos, ensinando as doutrinas bíblicas para alimentar as almas dos fiéis e evangelizar mundo não cristão. Mas muitos desafios surgiram (heresias e seitas, por exemplo), ameaçando a jovem Igreja. Novas perguntas surgiam, conduzindo o desenvolvimento doutrinário além dos enunciados do Novo Testamento. As passagens mais complexas das Escrituras precisaram ser interpretadas e explicadas, para a edificação dos santos e para a defesa da fé. O crescimento da fé e da igreja necessitava do contínuo crescimento da Se a Igreja Cristã, desde seu nascedouro, reconheceu a importância da reflexão bíblica e teológica, não deveríamos fazer mesmo? Franklin & MYATT, Alan. Teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2007,</p><p>34 A TEOLOGIA COMO PARCEIRA DA IGREJA Líderes libertários, profetas, sacerdotes, pregadores carismáticos autônomos, apóstolos, cristãos comuns, reformadores, dentre outros, via de regra recorreram a alguma capacitação no de servir melhor a Deus e as pessoas. É, então, injustificável repúdio à Teologia séria, arraigada na Bíblia. Urge, portanto, superar a atual onda de irracionalismo que predomina em nossa sociedade e, é claro, nas igrejas. Ameaças e desafios rondam a Igreja nesses dias conturbados. E a reflexão é vital porque a Igreja precisa interpretar a Bíblia e a realidade atual e lhe oferecer respostas concretas. Ariovaldo Ramos, egrégio teólogo, ratifica: A igreja precisa se incomodar com a fome, a miséria, o descalabro, a mendicância, fenômeno da favelização da cidade, envolvendo-se com os famintos e os excluídos, enxergando a si mesma como resposta de Deus para a vida das Outras tematizações, de caráter interno, também colocam a Igreja em estado de alerta. O crescimento numérico em detrimento da qualidade é uma delas. Hoje a ala que mais cresce no Brasil é a que prioriza a dimensão material da vida, que promete dinheiro, saúde e felicidade às pessoas. E os resultados são desastrosos. Está certo Dr. José Miguez Bonino, célebre teólogo metodista, ao enfatizar que a Teologia talvez não seja a mais importante nem a primeira que deve ocupar-nos, porém ela é indispensável. Afinal, a igreja não pode existir sem interrogar-se constantemente, à luz da Escritura, acerca da fidelidade do seu testemunho e da coerência entre sua mensagem, sua vida e seu Ariovaldo. Ação da igreja na cidade. São Paulo: Hagnos, 2009, p.29. Alberto F. Para que serve a teologia? 2. ed. Londrina: Descoberta, 2004, p.63.</p><p>35 O Dr. McGrath afirma que a maioria dos cristãos não acha importante a Teologia. Ela é vista, até entre cristãos aplicados, como especulações sem sentido vindas de pessoas que deveriam estar fazendo algo mais útil de sua vida - como pastorear igreja, trabalhar no campo missionário, etc. Entretanto, justifica ele, a Teologia é muito importante algo que traz profundidade e maravilhamento para nossa QUEM, AFINAL, PRECISA DE TEOLÓGICA? 1. A Igreja Cristã - coletivamente. Há quem pense que a Teologia é irrelevante à comunidade de fé e, doravante, ao crente que ainda não exerce função ministerial na sua igreja. Ledo engano. A comunidade de fé precisa de sólida capacitação teológica. Externamente, ela precisa apresentar respostas concretas e coerentes aos numerosos e cruciais questionamentos que seu eixo contextual está fazendo na pós-modernidade. Internamente, ela precisa de identidade e de base para nortear sua reflexão e sua ação, ou fracassará na sua egrégia por Deus confiada, que seria terrivelmente trágico. Precisamos, portanto, de uma Igreja viva e poderosa, mas com Jürgen Moltmann, renomado teólogo, afirma que a Teologia é uma tarefa conjunta de todo povo de Deus; a fé de toda a cristandade na Terra busca por conhecimento e compreensão, senão não é fé assim, o fundamento de toda especialização teológica é ministério teológico geral de todos os crentes, como correspondente à tese reformatória de "sacerdócio geral de todos os todos os cristãos, jovens ou velhos, mulheres ou homens, que creem e fazem alguma reflexão sobre isso, são Alister. Teologia para amadores. São Paulo: Mundo Cristão, 2008, pp.7,8. John. A missão crista no mundo moderno. Viçosa: Ultimato, 2010. Antonio. Uma igreja com teologia. São Paulo: Fonte Editorial, 2006. Timothy. Teologia dos reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1993, Jürgen. Experiências de reflexão teológica. São Leopoldo: Unisinos, 2004, p.23.</p><p>36 2. Cada discípulo de Jesus - individualmente. A Teologia é útil à Igreja enquanto comunidade de fé e é de importância e utilidade primárias na vida de cada pessoa que reconheceu e confessou Jesus como seu Senhor e Salvador. Aliás, a igreja é a junção de indivíduos que dela fazem parte. Logo, se a Teologia não estiver inserida no micromundo dos fiéis, dificilmente terá maior espaço na igreja. Há vários fatores que ratificam os benefícios da Teologia na vida do discípulo cristão e, por conseguinte, da própria comunidade de fé. Por hora, pelo menos dois serão sumarizados: A reflexão teológica correta pode desembocar numa prática correta da Palavra de Deus. grassa no meio do povo de Deus descompasso entre crença e prática; há crente que promete e não cumpre, fala e não faz, assina contrato e não honra. Há crente que até tem pensamento bíblico- teológico legítimo e cuja prática, porém, é equivocada. Certamente esse é o longevo e destrutivo problema, responsável por parte do descrédito dos cristãos conhecer e não praticar. Há muito tempo já se tem percebido que existe crente com credo ortodoxo e com ética mesquinha; sua Teologia está em descompasso com a E há outro extremo, também preocupante: crente que não pratica com precisão a Bíblia por não conhecê-la corretamente. Zelo desprovido de entendimento não é novidade na religião judaico-cristã. John Stott afirmou que que o apóstolo Paulo escreveu acerca dos judeus não crentes de seu tempo certamente poderia ser dito com respeito a alguns crentes de hoje: "Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento" (Rm 10.2) muitos têm zelo sem conhecimento, entusiasmo sem esclarecimento. Cita ainda uma afirmação do Dr. John Mackay: "A entrega sem reflexão é fanatismo em ação, mas a reflexão sem entrega é a paralisia de toda a Hernandes D. Jonas. São Paulo: Hagnos, 2008, p.27. John, op. cit., p.7.</p><p>37 Q2.2. Todo cristão, conscientemente ou não, segue algum sistema doutrinário/ teológico. Cada súdito de Jesus Cristo pentecostal, neopentecostal ou independente) tem um sistema doutrinário, isto é, teológico. Inclusive quem repudia a Teologia, que a classifica pejorativamente, decerto segue alguns pressupostos que foram elaborados por alguém, de maneira correta ou não! Portanto, O ideal é que a práxis do cristão seja decorrente de reflexão coerente. Isso, porém, nem sempre ocorre. Há crente que, não raro, segue doutrinas que sequer questionou. O Dr. Ryrie assevera que toda pessoa tem um sistema doutrinário, mesmo que não se de conta desse fato ou não admita; pode ser algo sistemático, desorganizado ou até mesmo desleixado, mas todos nós operamos com base em algum esquema doutrinário; é evidente que tanto ateu liberal e agnóstico quanto os calvinistas e os arminianos mais estruturados têm seus sistemas; por isso, pregador e professor, profissional e leigo precisam ler sobre Teologia não importa tipo, lugar ou nível de seu Quem deseja servir a Deus e as pessoas, com excelência. A Teologia ainda é vital a qualquer pessoa que foi chamada por Deus para exercer ministérios na igreja local. Aliás, desejo de Deus é dar a cada geração liderança segundo seu coração, que conduza povo com inteligência e vida piedosa (Jr 3.15), que agrega espiritualidade e capacidade, poder e saber, que tem coração aquecido e mente iluminada e esclarecida. Lamento que tenha florescido na mente de muitos líderes evangélicos a noção de que não precisam de capacitação teológica alguma para exercício ministerial. Essa percepção só conduz à mediocridade, a ensinos e atitudes divorciados do Cristianismo original. Se a séria preparação bíblico-teológica não fizer parte da base de legitimação ministerial, os descalabros permanecerão nas igrejas E oportunidades externas também serão perdidas. Charles C. Como pregar doutrinas bíblicas. São Paulo: Mundo Cristão, 2007, p.14.</p><p>38 Quando vejo, depois de tantas batalhas, as portas do Ensino Religioso se reabrindo, logo penso como a Igreja poderia abençoar a vida de milhões de alunos(as). Então me convenço de que esta será uma oportunidade para outras religiões. Por quê? Quem, no meio evangélico, tem estudado com afinco culturas e tradições religiosas, textos "sagrados", tradições orais, ritos, ethos, teologias, sem pensar em proselitismo? Claro que a dimensão testemunhal faz parte da vida cristã, mas não ao ponto de reduzir os discentes a meros objetos de conquista. Internamente, como a liderança da igreja conseguirá ser instrumento de na vida das pessoas diante da multicausalidade do sofrimento que acomete a sociedade hodierna, se continuar repudiando a capacitação teológica? Ora, as demandas do nosso tempo impõe à liderança pastoral e às comunidades de fé evolução nas pilastras teóricas e práticas atinentes à relação de ajuda. O da orientação depende assaz do consiliário, por isso ele igualmente precisa ser cuidado. E cuidar do cuidador implica em capacitá-lo bíblica e teologicamente, ponderar seus poderes, saberes e práticas. A outra ala a ser capacitada é a própria igreja; ela precisa aprender a cuidar de quem cuida, afinal o cuidador também enfrenta crises existencial, econômica, profissional, conjugal, familiar, espiritual, ética, etc.; e se a igreja for imatura ou refratária à educação teológica, como poderá ser um instrumento de apoio e cura? Outrossim, Anders Ruuth explica que não é estudo em si que transforma um pregador em um bom pregador, nem é a honra de ser Doutor em Teologia que garante em absoluto a condição de profeta; mas estudo confere ao pregador conhecimentos formais necessários para exercer seu ofício de pregador. Charles H. Spurgeon afirmou: "Sejam bem instruídos em Teologia, e não façam caso do desprezo dos que fazem troça porque a ignoram. Muitos pregadores não são teólogos, e disso procedem os erros que cometem. Em nada pode prejudicar mais dinâmico evangelista ser também um teólogo sadio, e com frequência pode ser meio que salva de cometer enormes disparates". op. cit., 2004, pp.68,74.</p><p>3.2. PROLEGÔMENOS: INICIAÇÃO À TEOLOGIA DISCIPLINAR Teologia ainda é tema dúbio, polêmico, controverso, apesar de fazer parte da Igreja desde os alvores. Na ambiência acadêmica atual, é só uma "ciência" em situação marginal. No meio evangélico, é definida de várias maneiras. Para um grupo menor de crentes, a Teologia é apropriada, legítima, construtiva, límpida, oportuna, relevante, essencial. Outro grupo a vê como má, distorcida, destrutiva, abstrusa, irrelevante, periférica. Há também um grupo que a define apenas como uma "ciência" neutra, imprecisa, que pode ser ou maldição, favorável ou maléfica, construtiva ou destrutiva. Mas a Teologia, que se respalda coerentemente na Bíblia e que consegue dialogar com outros saberes no de interpretar e transformar a realidade do seu marco temporal e espacial, é indispensável:</p><p>40 À Igreja - já analisamos que, desde os alvores, a liderança da religião reconheceu a importância de preparar aqueles que foram vocacionados por Deus para exercício de alguma função. O2. A cada súdito de Jesus Cristo o conhecimento correto das Escrituras pode desembocar em crenças, sentimentos, ensinos e práticas condizentes na vida dos cristãos, firmá-los na fé e ainda influenciar positivamente quem ainda não confessou Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador. A cada pessoa chamada por Deus para desempenhar ministérios específicos naigreja ou fora dela- Ajith Fernando afirma que a autoridade da Teologia emana da Bíblia; e a Bíblia ministra às nossas vidas e enriquece nosso ministério. Paulo disse a "Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus, nutrido pelas palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido" (1 Tm 4.6); pessoas que não estão sendo constantemente treinadas e nutridas pela Palavra perderão seu frescor no ministério; se forem pregadores tornar-se-ão secos e repetitivos; e apesar de serem bons oradores, eles deixarão seus ouvintes mal alimentados e Ministérios externos, que ocorrem além das paredes dos templos cristãos, também podem ser mais relevantes quando orientados por uma boa Teologia. O QUE É Neste capítulo vamos conhecer melhor a Teologia. Nosso objetivo, primeiro, é conceituá-la e, segundo, resumir suas principais categorias. Antes, porém, é indispensável responder a pergunta: que é Prolegômenos? Uma maneira de defini-lo objetivamente é "conjunto de noções preliminares de uma ciência ou arte", ou seja, "as coisas que são ditas antes". Ajith. "Preparando ministros da palavra para</p><p>41 O termo é empregado como prefácio a um estudo pormenorizado, uma análise introdutória no de lançar luz sobre assunto que será enfocado numa exploração posterior. Vem do grego "pro" "antes de" e "dizer", "falar", por conseguinte, "falar" ou "dizer antes". "PROLEGÔMENOS", NA TEOLOGIA CRISTA O vocábulo supracitado, como já explicado, refere-se às exposições introdutórias, às noções preliminares, a um ensaio formal, aos princípios básicos fundamentais à análise de um mote científico ou artístico. Portanto é certo sua importância no âmbito teológico. Ademais, a Teologia, assim como outras áreas vitais do conhecimento humano, não pode ser construída e disseminada de maneira ametódica, irrefletida e irresponsável. Aliás, é por falta de pilastras bíblicas e métodos consistentes que muitas heresias estão aflorando e expandindo- se em muitas comunidades de fé. Está claro que vocábulo "Prolegômenos", teologicamente falando, "está relacionado à questão metodológica da Teologia". E que isso realmente significa? O tratado teológico, principalmente sistemático, para ser construído, depende de procedimentos técnicos específicos. Aqui entra Prolegômenos, indicando sobretudo algo que é colocado em primeiro lugar, que é exposto por antecedência. Sumarizando, refere-se às questões metodológicas geralmente encontradas nas seções de abertura de uma Teologia Sistemática, relacionadas à natureza e à tarefa da Teologia, e talvez à natureza e ao objetivo principal da revelação. 36 Sua função no âmbito teológico sistemático é ajudar O teólogo a responder algumas indagações cruciais, tais como: O que é Teologia? Por que a Teologia é importante? Teologia é ciência? Entendido esse ponto importante, vamos conhecer melhor que é "Teologia". Stanley [et al.]. Dicionário de teologia. São Paulo: Vida, 2002, p.112.</p><p>42 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE "TEOLOGIA" No Manual de Teologia Econômica, apresento uma série definições de Teologia, na concepção de eruditos de várias correntes O referido compêndio é a conjunção de vários estudos sobre espiritualidade e prosperidade cristã, com ênfases bíblica, teológica, prática, histórica, filosófica e sociológica, opostos à economização do sagrado e à deificação do dinheiro na sociedade e cultura de consumo atual. Vale a pena conferir. O Dr. Ryrie assegura que a palavra Teologia significa, simplesmente, pensar sobre Deus e expressar esses pensamentos de alguma maneira; a palavra "teologia" é formada das partes: "theos", que quer dizer "Deus" e "logos", a "expressão racional, os meios de interpretação racional da fé então, podemos concluir que Teologia significa "a interpretação racional da fé Os três elementos incluídos no conceito de Teologia são: O1. Teologia é inteligível - pode ser compreendida pela mente humana, ordenada e racionalmente. O2. Teologia requer explicação - isso envolve exegese (análise dos textos originais) e a sistematização das ideias. A fé tem a sua base na Bíblia - por isso a Teologia é um estudo baseado na Bíblia. Logo, Teologia é a descoberta, a sistematização e a apresentação das verdades a respeito de O Dr. Erickson esclarece que "estudo da doutrina" é conhecido como "Teologia", "o estudo de Deus", a "análise e a declaração cuidadosa e sistemática da doutrina A seguir acrescenta certas características primordiais da natureza do labor teológico; eis algumas delas: A Teologia é bíblica - ela toma seu conteúdo principal do Antigo e do Novo Testamento. José Roberto O. Manual de teologia Campo Grande: Kenosis, 2011. Charles C. Teologia básica ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004, p.15.</p><p>43 O2. A Teologia é sistemática - ela não examina cada livro da Bíblia separadamente, mas procura juntar em um todo coerente. A Teologia é alvo do labor teológico é reconceituar verdades bíblicas atemporais de forma que sejam compreensíveis às pessoas que vivem hoje, Teologia, para Railey Jr. e Aker, teólogos pentecostais, definida com simplicidade, é estudo de Deus e do seu relacionamento com tudo quanto Ele criou"; acrescentam que a Teologia deve referendar como crença obrigatória somente que a Bíblia ensina explícita ou implicitamente; a Teologia deve também importar-se com a interpretação correta da Bíblia e sua aplicação apropriada.40 A Teologia, como "ciência", tem objeto de estudo: Deus. Todavia, como delimitar e estudar alguém que não pode ser visto nem tocado? Ora, fato de Deus não ser visto nem tocado pelos humanos não inviabiliza conhecimento sobre sua pessoa e obras. Objetivamente, a Teologia investiga as afirmações sobre Deus, o que se falou ou escreveu sobre Deus, através de textos, cartas, narrativas, etc. A Teologia tenta conhecê-lo, sobretudo através da Bíblia e de Jesus, "a imagem do Deus invisível" (Cl 1.15). Como disse Karl Barth, Teologia é como um falar "a partir de Deus". A PALAVRA "TEOLOGIA" AO LONGO DOS SÉCULOS A palavra "Teologia" não é de origem bíblica, como pode presumir algum evangélico que ainda não teve oportunidade (ou interesse) de estudá-la. Foram os gregos, e não os apóstolos, que cunharam termo para designar o discurso que os poetas elaboravam para os deuses. Por isso, não deve surpreender-nos que Orfeu e Homero eram chamados de "teólogos". Millard J. Introdução à teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997, pp.16,17. 40In: HORTON, Stanley [et al.]. Teologia sistemática. 3. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1997, p.50. Valtair. Fundamentos da teologia bíblica. São Paulo: Mundo Cristão, 2011, p.11.</p><p>44 Historiadores confirmam que termo "Teologia" foi usado pela primeira vez por Platão, em A República, para referir-se à compreensão da natureza divina de forma racional em oposição à compreensão literária própria da poesia tal como era conduzida pelos conterrâneos. Aristóteles, mais tarde, empregou em numerosas ocasiões com dois significados principais: Teologia como o ramo fundamental da ciência filosófica, também chamada filosofia primeira ou ciência dos primeiros princípios, mais tarde chamada de metafísica por seus seguidores. Teologia como denominação do pensamento mitológico imediadamente anterior à Filosofia, com uma conotação pejorativa e, sobretudo, utilizado para referir-se aos pensadores antigos não filósofos. Dr. Roldán reitera que uso do referido vocábulo pelos Pais da Igreja (os escritores cristãos dos primeiros séculos) e pelos teólogos da Idade Média levou a Teologia a se constituir em ciência e em tarefa fundamental à Igreja. Podemos dizer que, de certo modo, a partir do momento em que começamos a refletir e a falar acerca de Deus, estamos fazendo Bentho, outro teólogo pentecostal, ratifica que um estudo diacrônico revelará que vocábulo "Teologia" não constitui um monopólio dos cristãos. Os poetas, no grego clássico, eram chamados de "teólogos" e, através de suas narrações mitológicas, criaram uma "teologia do mito". Platão, mais tarde, contribuiu com a Teologia do "logos" filosófico. A Teologia, na época da escolástica medieval, era entendida de duas maneiras: em sentido literal (doutrina de Deus) e como a afirmação da verdade concernente a todos os ensinamentos sagrados da Igreja. Deste modo, justifica Bentho, a Teologia tratava desde a Teologia própria até os assuntos pertinentes à fé e à moral da pp.23,24. Esdras C. Hermenêutica fácil e descomplicada. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.15,16.</p><p>45 TEOLOGIA DA RELIGIÃO" Teologia, então, não é simplesmente estudo da religião? Teólogos são cientistas da religião? Essa é a concepção de Teologia presente no imaginário de muitas pessoas, inclusive E é preciso submetê-la à revisão cuidadosa. Primeiro, como argumentou Hermisten Maia, teólogo reformado, definir Teologia como "ciência da religião" exige também uma conceituação do que significa 44 Esta tarefa é complexa. Há muitas possibilidades de conceituar religião,45 principalmente nesta era pós-moderna, marcada pela consolidação do pluralismo religioso. Religião é uma das palavras chaves no Novo Testamento. Barclay, estudioso de expressões gregas, relaciona diversas palavras para religião: eusebeia (religião, piedade), eusebes (piedoso, religioso, de mentalidade religiosa), eusebein (adorar, cumprir os deveres da religião verdadeira), theosebes (cultuando a Deus). Todas elas, contudo, provêm de uma mesma raiz, cujo significado basilar é temor na "presença daquilo que é mais do que humano", que é "majestoso e divino". 46 Segundo, teólogo não é necessariamente cientista da religião. Há notáveis distinções entre tais estudiosos. Hans-Jürgen Greschat, docente emérito de História da Religião na Universidade de Marburgo, esclarece a contento a questão: teólogos são especialistas religiosos; cientistas da religião são especialistas em religião. Greschat acrescenta: O1. O teólogo investiga sobretudo a religião à qual pertence. Já cientista da religião geralmente se ocupa de outra que não a sua própria. O cientista da religião opta pela pesquisa de uma específica religião. O teólogo não tem essa liberdade ele se ocupa de uma religião alheia quando há a necessidade de uma comparação com a sua. 44MAIA, Hermisten. Fundamentos da teologia reformada. São Paulo: Mundo Cristão, 2007, p.8. Robert. O que é religião? Petrópolis, RJ: Vozes, 2005, pp.13-20. 46BARCLAY, William. Palavras chaves do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2009, p.73.</p><p>46 O3. Quando teólogo estuda religião alheia, parte da própria fé; investiga como os outros concebem seu deus, crença ou pecado, toma a sua religião como referência. Já cientista da religião não avalia outra fé com base na própria; ele tem a liberdade de pesquisar crença alheia sem preconceito, etc.47 Logo, com instrumentos de orientação e liberdade, do universo de divindades, mitos, ritos e símbolos,48 podem extrair conclusões diferentes do teólogo. Vale acrescentar em tempo oportuno aos interessados nesta tematização que até espectro disciplinar da Ciência da Religião é diferenciado, haja vista seus amplos conectivos com a Etnologia, a Antropologia, a História, a Sociologia, a Psicologia, a Geografia, a Estética, as Ciências Naturais, a Filosofia e, é claro, a própria Teologia. Ferreira e Myatt explicam que a Teologia, no contexto da fé cristã, não é estudo de Deus como algo abstrato, mas sim estudo do Deus pessoal revelado na Bíblia. Necessariamente isso inclui tudo que é revelado sobre Deus, suas obras e relações com as criaturas. E estudo da Teologia, corrigem com precisão, é diferente do estudo da religião (o estudo da religião inclui todas as religiões mundiais e seitas), e usa várias metodologias (Sociologia, Antropologia, História, Psicologia, etc.) a Teologia é mais especializada, sendo ela estudo das doutrinas ou temas que os adeptos de uma determinada religião Finalizando, é crucial que fique claro para os estudantes de Teologia que, para a Ciência da Religião, a "religião" é concebida sobretudo como objeto de análise científica sem tradicional pressuposto da fé. A Teologia segue a premissa da reflexão orientada sobretudo pela fé, fator vital na elaboração/construção e de seu relevante discurso. Hans-Jürgen. que é ciência da religião? São Paulo: Paulinas, 2005, pp. 155-157. 48MARCONI, Momolina. Prelúdio à história das religiões. São Paulo: Paulus, 2008. & MYATT, op. cit., p.21.</p><p>47 Outra ressalva importante é que a Teologia cristã tem viés científico, todavia nasce a partir da fé, pois seu objeto primeiro é Deus que se revelou e se fez (e se faz) conhecer na História; ele é o Deus de Abraão, de Isaque, de Jacó, ou seja, o Deus cujos registros históricos estão evidentes e abundantes na religião judaico-cristã. Há, portanto, nesta egrégia tarefa - conhecer Deus Pai - extremos sutis e perniciosos a serem evitados: O1. Senso de que é impossível saber mais sobre Deus e contentar-se em conhecê-lo apenas de "ouvir falar", à distância. O problema é que, dependendo de quem expõe e como expõe sua narrativa sobre Deus, ouvinte forje ou assimile uma divindade que não se ajusta a revelação da Bíblia e dos ensinos e vivências de Jesus Cristo. Para citar exemplo, os meios midiáticos, com suas abordagens triunfalistas, decerto estão ajudando na construção de um "Deus" estranho, submisso aos devotos, realizador de seus caprichos. O2. Senso de prepotência racional - presumir que a investigação teológica por si só será suficiente para dissecar Deus totalmente. O endeusamento da razão jamais conseguirá estudar a "anatomia de Deus", desvendar os mistérios eternos e apresentá-lo com mais autenticidade ao ser humano. Aliás, sob a égide do racionalismo, que se obteve foi uma série de caricaturas deformadas, como veremos neste Curso de Capacitação Teológica, mais especificamente na disciplina de Teontologia. É impossível esgotar todos os mistérios de Deus. Deus é mais do que as palavras podem descrever, mais do que a mente pode abarcar! Um Deus que se submetesse a uma dissecação teológica, filosófica ou argumentativa não seria Deus; e um Deus concebível pela mente humana seria menor do que a própria mente, já que conseguiu abarcá-lo; esse deus seria, portanto, resultado dos raciocínios um Ricardo. que é teologia? Disponível em: <www.ricardogondim.com.br> Acessado para revisão em 25/03/2010.</p><p>48 ANÁLISE PANORÂMICA DAS TRADICIONAIS DA TEOLOGIA E DOS QUATRO PRINCIPAIS EIXOS DA "TEOLOGIA DISCIPLINAR" A Teologia, elaborada com responsabilidade e sob a orientação do Espírito Santo, pode ser muito útil à Igreja e à sociedade em geral. Aliás, a Teologia é inevitável na medida em que o cristão pensa de modo coerente e inteligente acerca de E esse "pensar inteligente sobre Deus" engloba outras áreas essenciais. E aqui temos um outro grave problema: não estamos pensando de forma cristã sobre política, afazeres sociais, indústrias, cultura, educação...52 Pretendo, no desfecho desta relevante disciplina, apresentar de maneira panorâmica como a referida ciência está distribuída na atualidade. A proposta não é enfocar os paradigmas reguladores da Teologia, contudo ir direto ao ponto, ou seja, mostrar os quatro grandes eixos disciplinares da mesma e como eles se organizam e se complementam. Outras informações importantes sobre Teologia Disciplinar estão no meu Manual de Iniciação à Teologia. Releia-o, quando necessário. A Teologia, como toda a ciência devidamente ordenada e metódica, também possui suas divisões. Organizaram-na, enquanto atividade acadêmica, em quatro eixos disciplinares. Tradicionalmente vem sendo disposta em quatro partes distintas, contudo, intimamente interligadas: Teologia Sistemática. Teologia Bíblica. Teologia Histórica. Teologia Roger E. História da teologia São Paulo: Vida, 2001, p.14. Harry. A mente São Paulo: Vida Nova, 2006, p.47. Claudionor C. Dicionário teológico. 11. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p.14.</p><p>49 1. Teologia Disciplina que empenha-se em sumarizar e reformular a doutrina de um texto ou autor bíblico sem a imposição alguma de categorias modernas de pensamento. O objetivo é entender a "teologia" de um livro ou autor da Bíblia em seus antecedentes históricos.54 Evans declara que a Teologia Bíblica se esforça para extrair Teologia com base no estudo de textos bíblicos e subdivide-se em ramos específicos, como Teologia do Novo Testamento, Teologia Paulina, Para Dr. Carson, Teologia Bíblica é ramo da Teologia cuja preocupação é estudar cada segmento das Escrituras individualmente, especialmente quanto ao seu lugar na história da revelação de A Teologia Bíblica é entendida sob a perspectiva dos próprios escritores bíblicos e do seu eixo contextual (temporal-espacial) A referida Teologia é dita "bíblica" por explicar a "teologia" da Bíblia, limitando-se à língua, às categorias e perspectivas dos escritores bíblicos; sua finalidade é obter entendimento sem suposições ou preconceitos teológicos 2. Teologia Histórica - É ramo da investigação teológica que objetiva explorar o desenvolvimento histórico das doutrinas cristãs e identificar fatores que influenciaram sua formulação.58 Trata do desenvolvimento histórico da doutrina e se preocupa com as variações sectárias e afastamentos heréticos da verdade bíblica que aparecem durante a era cristã. Contém duas divisões principais: O1. estudo do desenvolvimento progressivo das doutrinas da Bíblia; O2. o exame do desenvolvimento histórico das doutrinas da Igreja desde a era apostólica; a Teologia Histórica destaca a importância da história secular, bíblica e eclesiástica devido à contribuição que podem oferecer à compreensão do desenvolvimento doutrinário. Abrange, em suma: [et op. cit., p.128. C. Stephen. Dicionário de apologética e filosofia da São Paulo: Vida, 2004, p.133. A. Teologia ou teologia sistemática? São Paulo: Vida Nova, 2001, p.22. Ronald [et al.]. Dicionário ilustrado da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2004, p.1390. Alderi S. Fundamentos da teologia histórica. São Paulo: Mundo Cristão, 2008, p.17.</p><p>50 OHistória da Igreja. OHistória das Missões. OHistória dos Credos e das Confissões. OHistória das Doutrinas.59 É oportuno ressaltar que o discente de Teologia pode enriquecer seus estudos se interessar-se também pela Filosofia da História.60 3. Teologia Sistemática - É uma elaboração da cosmovisão baseada na Bíblia, definiram Ferreira e Myatt; os mesmos ainda citam outros autores e suas acepções de Teologia Sistemática: Teologia Sistemática é qualquer estudo que responda à pergunta: "O que a Bíblia como um todo nos ensina hoje?" acerca de qualquer tópico (Wayne Teologia Sistemática começa com a revelação divina na sua totalidade, aplica a mente iluminada pelo Espírito para compreender a revelação, extrai os ensinamentos das Escrituras através de uma exegese histórico-gramatical, respeita provisoriamente desenvolvimento da doutrina na igreja, coloca os resultados em ordem num conjunto coerente, e aplica os resultados a todo campo do esforço humano (Bruce Teologia Sistemática, colocada de forma mais técnica, é aquele estudo metodológico da Bíblia que vê as Escrituras Sagradas como um todo, uma revelação completa, diferentemente de disciplinas como a teologia do Antigo Testamento, a teologia do Novo Testamento e a teologia bíblica que abordam as Escrituras por partes, como uma revelação desdobrada (Robert Reymond); 59 BENTHO, pp.23,24. Rossano. Filosofia da história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.</p><p>51 Teologia Sistemática é aquela disciplina que tenta dar uma exposição coerente das doutrinas da fé baseada principalmente nas Escrituras, falando às perguntas e questões da cultura e época em que ela existe, com aplicação à vida pessoal do teólogo e outros (John 61 Como se pode perceber são muitas as conceituações da Teologia Sistemática. Outras tantas poderiam, se houvesse espaço, ser mencionadas. Mas, por enquanto, essas são suficientes. O importante é entender que a Teologia Sistemática não examina cada livro da Bíblia separadamente, mas procura juntar em um todo coerente que a Escritura afirma sobre dado ela procura sintetizar sistema de crença da religião primando pela ordem, método, sistematização e lógica; para tanto, além da Bíblia, recorre à Filosofia, à História, à Psicologia, à Apologética, etc. A respeito dos principais temas da Teologia Cristã, recomendamos outra obra de Franklin Já entre os evangélicos em nosso País, no que tange à Teologia Sistemática, possivelmente as seguintes tematizações, às vezes com ordem diferenciada, se tornaram mais populares: - Doutrina da Teologia. Teontologia Doutrina do Ser de Deus. Cristologia - Doutrina de Jesus Cristo. Paracletologia Doutrina do Espírito Santo. OHamartiologia Doutrina do Pecado. Soteriologia Doutrina da Salvação. O Antropologia Bíblica Doutrina do Homem. Escatologia Doutrina das Últimas Coisas. Eclesiologia Doutrina da Igreja. Bibliologia Doutrina da Bíblia... & MYATT, Millard J., op. cit., p.16. Franklin. Teologia cristã: uma introdução à sistematização das doutrinas. São Paulo: Vida Nova, 2011, pp.32,33.</p><p>52 4. Teologia Prática - é a parte da teologia que tem por objetivo induzir O crente a aplicar, em seu viver diário, os princípios que se encontram nas Escrituras; a Teologia Prática utiliza-se da Homilética e da Teologia Teologia Prática é a divisão da Teologia que coloca as verdades da investigação teológica em prática na vida da comunidade dos fiéis; inclui a pregação, evangelismo, as missões, atendimento e aconselhamento pastoral, a administração pastoral, a educação na igreja, OEm primeiro lugar, o enfoque no eixo prático da produção teológica é correto. Teologia que não desemboca em ação (práxis) raramente será útil à igreja. A construção teológica ordeira e benéfica seguirá as seguintes etapas: O1. Etapa Hermenêutica a escuta da fé. O2. Etapa Especulativa a experiência da fé. Etapa prática - a aplicação da fé. Dagg lembra que estudo da verdade religiosa deveria ser empreendido e continuado com base no senso do dever, tendo como escopo aprimoramento do coração; e uma vez aprendida, não deveria ser guardada em uma estante, como se fosse um objeto de pesquisa; deveria, sim, ser implantada no coração, onde O seu poder santificador pode ser Não basta apenas investigar os mistérios da fé, sistematizá-los com precisão e, doravante, ser impraticável. Se O labor teológico, embora criterioso e historicamente situado, não puder ser traduzido em vivência, como edificará povo de Deus? Disse bem Wayne Grudem: "Não creio que Deus deseje que estudo da teologia seja árido e enfadonho. (...) Teologia deve ser vivida, orada e Ela deve iluminar corretamente caminho que a comunidade de fé deve trilhar; e à comunidade de fé, com auxílio do Espírito Santo, deve permanecer no caminho que leva a Deus. 64 Claudionor C., op. cit., p.15. HORTON, STANLEY, op. cit., pp.52,53. 66 DAGG, John L. Manual de teologia. São José dos Campos: Fiel, 1989, p.1. Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2009, p.XVI.</p><p>53 OEm segundo lugar, a prática não pode estar circunscrita apenas do agente pastoral. A produção teológica deve estar acessível e ser praticável pela igreja, não ser uma propriedade do pastor ou da hierarquia eclesiástica. Entretanto, em nosso País, a Teologia Prática, ou Teologia Pastoral, consolidou-se de maneira reducionista simplesmente como a Teologia do Pastor. Uma anomalia que decerto encontrou neste equívoco um solo fértil para se desenvolver foi pastorcentrismo. Essa iconização da figura do líder majoritário da denominação teve sérios desdobramentos e ainda estão em vigência em muitas igrejas: reprodução de um modelo de liderança coronelístico (com concentração e abuso de poderes absolutos), vitalicidade no exercício de cargos eclesiásticos, mentalidade caudilhista, inibição de iniciativa e de potencial de indivíduos que estão em posição inferior na relação piramidal, no "ranqueamento" de poder institucional e simbólico, etc. É fato, contudo, que este não é um problema recente. César M. Lopes sumariza como isso ocorreu: A partir do século XIX, a distinção entre clero e laicato no exercício dos ministérios e cumprimento da missão passa a fazer parte do próprio currículo teológico. O processo se desenvolve com base na realidade de que nessa época a Teologia, ao lado de outras ciências, tentava se adaptar aos novos paradigmas iluministas. [...] As escolas de teologia começam, então, a perceber a necessidade de uma aproximação entre resultado da produção teológica acadêmica e cotidiano eclesial, ou seja, a própria vivência da fé, surgindo assim uma nova área do saber teológico voltada para questões da prática ministerial. Essa nova área seria chamada de Teologia Prática, que em alguns seminários do Brasil é também conhecida como Teologia Pastoral.</p><p>54 [...] Com o tempo, portanto, essa Teologia Prática ou Pastoral acabou de fato se tornando uma espécie de Teologia do Pastor. Em outras palavras, [...] uma teologia para o ministério na Igreja ao invés do que deveria ser: uma teologia do ministério da Igreja.68 O Dr. Júlio Zabatiero explica que, em síntese, quando se pensa em Teologia, a maioria das pessoas lembra das teorias pouco interessantes e relevantes para os desafios da vida cristã e da prática ministerial. A Teologia Prática, em muitos casos, não tem passado de uma tecnologia, de uma teologia aplicada, que acaba não sendo nem teologia, nem prática. Em ambientes acadêmicos, tende a ser relegada a segundo plano por ser pouco teológica; em ambientes eclesiais, tende a ser desconsiderada por ser teológica demais. Mas ela nasce da prática teológica, ou seja, todo e qualquer serviço que como líderes do povo de Deus realizamos para a glória de Deus, a expansão do Reino, crescimento da igreja e a edificação do Corpo de Cristo; fazer teologia prática é refletir criticamente sobre a teologia que praticamos em nosso Apesar da Teologia (que engloba Homilética, Organização e Administração da Igreja, Liturgia ou Programa de Culto, Educação Religiosa, etc.) ser tratada com desdém em alguns âmbitos acadêmicos, ela é vital à Igreja Evangélica. Afinal, a produção teológica deve resultar em prática. Finalizamos aqui esta breve iniciação à Teologia. Espero que este módulo introdutório, de alguma maneira, tenha acrescentado novos saberes e, sobretudo, despertado seu interesse pela aprendizagem profunda e contínua, afinal, universo teológico é bem mais amplo e enriquecedor. César M. "Mobilizando a igreja local para uma missão integral transformadora". In KOHL, M. W. & BARRO, A. C. Missão integral transformadora. 2. ed. Londrina: Descoberta, 2006, pp. Júlio P. T. Fundamentos da teologia prática. São Paulo: Mundo Cristão-, 2005, pp.12-15. Edson [et al.]. Fundamentos da teologia pastoral. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.</p><p>55 MINHAS ANOTAÇÕES</p>

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