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<p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>1</p><p>PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA</p><p>Portal Educação</p><p>CURSO DE</p><p>PERÍCIA JUDICIAL</p><p>Aluno:</p><p>EaD - Educação a Distância Portal Educação</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>2</p><p>PROGRAMA DE EDUCAÇÃO</p><p>CONTINUADA A DISTÂNCIA</p><p>CURSO DE</p><p>PERÍCIA JUDICIAL</p><p>MÓDULO I</p><p>Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para</p><p>este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou</p><p>distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do</p><p>conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências</p><p>Bibliográficas.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>3</p><p>SUMÁRIO</p><p>MÓDULO I</p><p>1 PERÍCIA</p><p>1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS</p><p>1.2 CONCEITOS E OBJETIVO</p><p>1.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PERÍCIA</p><p>1.4 PLANEJAMENTO DA PERÍCIA, NORMAS E PROCEDIMENTOS DO</p><p>PERITO</p><p>2 PERITOS E ASSISTENTES TÉCNICOS</p><p>2.1 PERITO</p><p>2.2 PERITOS OFICIAIS E NÃO OFICIAIS</p><p>2.3 ASSISTENTE</p><p>2.4 FUNÇÃO DO PERITO E ASSISTENTES</p><p>3 DESPESAS COM OS SERVIÇOS DO PERITO E DOS ASSISTENTES</p><p>4 O MERCADO DE TRABALHO DE PERÍCIAS JUDICIAIS</p><p>5 VARAS EM QUE O PERITO PODE TRABALHAR</p><p>6 TIPOS DE PERÍCIA</p><p>6.1 PERÍCIA SIMPLIFICADA</p><p>6.2 PERÍCIA POR LAUDO</p><p>MÓDULO II</p><p>7 PROVA PERICIAL</p><p>7.1 CONCEITOS</p><p>7.2 FINALIDADE</p><p>7.3 PRINCÍPIOS DA PROVA</p><p>7.4 ÔNUS DA PROVA</p><p>8 PRINCIPAIS MEIOS DE PROVA</p><p>8.1 PROVA DOCUMENTAL</p><p>8.2 PROVA TESTEMUNHAL</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>4</p><p>8.3 DEPOIMENTO PESSOAL</p><p>8.4 CONFISSÃO</p><p>8.5 INSPEÇÃO JUDICIAL</p><p>8.6 PROVA PERICIAL</p><p>9 PROVA EMPRESTADA E PROVAS INADMISSÍVEIS</p><p>10 PROVAS ILÍCITAS E PROVAS ILEGÍTIMAS</p><p>11 FOTOGRAFIA FORENSE NA PROVA PERICIAL</p><p>12 FOTOGRAMETRIA COMPUTADORIZADA (FERRAMENTA PARA</p><p>DIAGNÓSTICO FUNCIONAL)</p><p>13 PERÍCIA CALIGRÁFICA E/OU DOCUMENTOSCOPIA NA PROVA</p><p>PERICIAL</p><p>14 PERÍCIA NO CRIME DE LESÃO CORPORAL E MOMENTO PARA A</p><p>REALIZAÇÃO DO EXAME</p><p>15 QUESITOS DA PERÍCIA</p><p>MÓDULO III</p><p>16 PERÍCIAS JUDICIAIS</p><p>16.1 DEFINIÇÃO DE PERÍCIA JUDICIAL</p><p>16.2 DEFINIÇÃO DE PERÍCIAS EXTRAJUDICIAIS</p><p>17 ASPECTOS PERICIAIS</p><p>18 ASPECTO JURÍDICO DA PERÍCIA (LAUDO PERICIAL)</p><p>18.1 CONCEITO DE LAUDO PERICIAL</p><p>18.2 REQUISITOS DO LAUDO PERICIAL</p><p>18.3 ELABORAÇÃO DE LAUDO PERICIAL</p><p>18.4 LAUDO PERICIAL NOS RAMOS DE DIREITO</p><p>18.4.1 Laudo Pericial Cível</p><p>18.4.2 Laudo Pericial Criminal</p><p>18.4.3 Laudo Pericial Ambiental</p><p>18.4.4 Laudo Pericial Contábil</p><p>18.4.5 Modelo de Laudo Pericial Judicial</p><p>19 DIVISÃO DE PERÍCIA JUDICIAL (DIPEJ)</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>5</p><p>20 LAUDOS PERICIAIS EXTRAJUDICIAIS</p><p>21 ESPÉCIES DE PERÍCIAS JUDICIAIS E EXTRAJUDICIAIS</p><p>21.1 JUDICIAIS</p><p>21.2 EXTRAJUDICIAIS</p><p>22 CRIMES RELACIONADOS A PERITOS</p><p>23 O FISIOTERAPEUTA COMO PERITO JUDICIAL</p><p>MÓDULO IV</p><p>24 PERÍCIA JUDICIAL TRABALHISTA</p><p>25 PERÍCIA EM SEGURANÇA E HIGIENE NO TRABALHO</p><p>26 INSALUBRIDADE</p><p>26.1 CONCEITOS</p><p>26.2 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES</p><p>26.3 ALGUMAS SITUAÇÕES SURGIDAS EM PERÍCIAS JUDICIAIS</p><p>27 PERICULOSIDADE</p><p>28 LAUDO TÉCNICO DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE</p><p>29 AÇÕES NA JUSTIÇA DO TRABALHO</p><p>29.1 AÇÕES POR INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE</p><p>29.2 JULGADOS (ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS)</p><p>30 PERÍCIA TÉCNICA CINESIOLÓGICA-FUNCIONAL</p><p>31 PERÍCIA CLÍNICA</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>6</p><p>MÓDULO I</p><p>1 PERÍCIA</p><p>1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS</p><p>De modo amplo, entende-se por perícia um meio de prova, vez que por</p><p>intermédio dessa prova se examinam e se verificam fatos da causa. Perícia,</p><p>segundo o princípio da lei processual, é a medida que vem mostrar o fato,</p><p>quando haja meio de prova documental para revelá-lo, ou quando se quer</p><p>esclarecer circunstâncias a respeito dele e que não se achem perfeitamente</p><p>definidos.</p><p>A perícia surgiu a partir do Decreto 1.608/39, que criou o Código de</p><p>Processo Civil (CPC), alterado pelo Decreto 8.570/46, que modificou a forma</p><p>da produção da prova pericial e o papel do perito. Em 1992 foi alterado o art.</p><p>421 do CPC, por meio da Lei 8.455, que fixa os prazos para a entrega do</p><p>laudo, indicação de perito assistente pelas partes e a apresentação de</p><p>quesitos. E, por fim, a Lei 9.245/95 modificou alguns dispositivos do CPC</p><p>referentes à atuação do perito.</p><p>No Brasil a perícia apresentou diversos avanços, sempre baseados nas</p><p>normas infraconstitucionais, pois as Constituições Federais de 1824, 1891,</p><p>1934, 1937, 1946, 1967 e 1988 não destinaram espaço para tratar do tema. Já</p><p>na área penal, destacamos a legislação prevista no Decreto-Lei 3.689/1941,</p><p>que foi reformada pela Lei 8.862/1994 e, logo depois, pela Lei 11.690/1998.</p><p>O legislador enxergou a importância da perícia quando criou um</p><p>capítulo específico (do Exame do Corpo de Delito e das Perícias em Geral) em</p><p>seus artigos 158 a 184, definindo uma série de procedimentos a serem</p><p>seguidos na concretização da prova.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>7</p><p>1.2 CONCEITOS E OBJETIVO</p><p>Perícia, do latim peritia (habilidade, saber), na linguagem jurídica</p><p>designa, especialmente, em sentido lato, a diligência realizada ou executada</p><p>por peritos, a fim de que se esclareçam os fatos. Perícia é o exame realizado</p><p>por técnico, ou pessoa de comprovada aptidão e idoneidade profissional, para</p><p>verificar e esclarecer um fato, o estado, estimação da coisa que é objeto de</p><p>litígio, ou provas do processo.</p><p>A perícia deve ser sempre executada por uma pessoa que entenda do</p><p>assunto a ser examinado, analisado com atenção e minúcia, estudado. Vimos</p><p>que verificar abrange as funções do perito, verificar é provar a verdade de</p><p>alguma coisa, é examinar a verdade da coisa, é investigar a verdade, é</p><p>averiguar, é achar o que é exato.</p><p>Para Moacyr Amaral Santos (2009), “a perícia consiste no meio pelo</p><p>qual, no processo, pessoas entendidas, sob compromisso, verificam fatos</p><p>interessantes à causa, transmitindo ao Juiz o seu respectivo parecer”. Para</p><p>Amauri Mascaro Nascimento (2007, p. 538):</p><p>Perícia é uma atividade processual desenvolvida, em virtude de</p><p>encargo judicial, por pessoas distintas das partes do processo,</p><p>especialmente qualificadas por seus conhecimentos técnicos,</p><p>artísticos ou científicos, mediante a qual são ministrados ao juiz</p><p>argumentos ou razões para a formação do seu convencimento sobre</p><p>certos fatos cuja percepção ou cujo entendimento escapa das</p><p>aptidões comuns das pessoas.</p><p>A perícia designa a diligência realizada ou executada por peritos, a fim</p><p>de que se apurem, esclareçam ou se evidenciem certos fatos. Significa,</p><p>portanto, a pesquisa, o exame, a verificação acerca da verdade ou da realidade</p><p>de certos fatos, por pessoas que tenham reconhecida habilidade ou</p><p>experiência da matéria de que se trata. Portanto, a perícia importa sempre em</p><p>exame que tem de ser feito por técnicos, isto é, por peritos ou pessoas hábeis</p><p>e conhecedoras da matéria a que se refere.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>8</p><p>O objetivo primeiro da Perícia é o descobrimento da verdade objeto de</p><p>discussão da lide, esclarecendo e oferecendo informações materiais às partes</p><p>e ao juízo. Assim, perícia é atividade que envolve apuração das causas que</p><p>motivaram determinado evento ou da asserção de direitos. Quem realiza as</p><p>perícias são os peritos, que são profissionais:</p><p> Legalmente habilitados pelos Conselhos Regionais de Engenharia e</p><p>Agronomia (CREA), com atribuições para proceder à perícia.</p><p> Legalmente habilitados pelos Conselhos Regionais de Medicina (CRM),</p><p>com atribuições para proceder à perícia.</p><p> Legalmente habilitados pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo</p><p>(CAU), com atribuições para proceder à perícia.</p><p>Desta forma, os Arquitetos e Engenheiros já não dividem mais o</p><p>mesmo conselho desde 2010, quando foi criado o Conselho de Arquitetura e</p><p>Urbanismo, por meio do Projeto de Lei nº 12.378/2010, que foi sancionado pelo</p><p>presidente</p><p>ciência à parte</p><p>contrária, conforme o art. 425 CPC, que poderá impugnar quesitos do</p><p>adversário, apontando-os para o juiz, quando os entender incabíveis. É</p><p>fundamental que ao formular os quesitos nos autos o profissional operador do</p><p>direito tenha como escopo que há uma linha que dirige as indagações, e que</p><p>dela não deve se afastar, por que assim fazendo estará desvirtuando o objeto</p><p>da perícia. Os quesitos são essenciais, pois é por ele que o perito irá se guiar</p><p>para aduzir aos autos um documento que auxiliará o juízo na decisão a ser</p><p>tomada.</p><p>FIM DO MÓDULO II</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>46</p><p>PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA</p><p>Portal Educação</p><p>CURSO DE</p><p>PERÍCIA JUDICIAL</p><p>Aluno:</p><p>EaD - Educação a Distância Portal Educação</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>47</p><p>CURSO DE</p><p>PERÍCIA JUDICIAL</p><p>MÓDULO III</p><p>Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para</p><p>este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou</p><p>distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do</p><p>conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências</p><p>Bibliográficas.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>48</p><p>MÓDULO III</p><p>16 PERÍCIAS JUDICIAIS</p><p>As perícias podem ser judiciais, quando realizadas dentro do processo,</p><p>por determinação do juiz, ou extrajudiciais, quando realizadas fora do processo,</p><p>por iniciativa dos interessados.</p><p>16.1 DEFINIÇÃO DE PERÍCIA JUDICIAL</p><p>A perícia é realizada por requisição formal de instituição, pública ou</p><p>privada, ou de pessoa jurídica. Seus resultados são apresentados por meio de</p><p>parecer sucinto, apenas com respostas aos quesitos formulados, ou de laudo</p><p>técnico com exposição detalhada dos elementos investigados, sua análise e</p><p>fundamentação técnica-científica das conclusões, além da resposta aos</p><p>quesitos formulados.</p><p>Podemos definir a perícia judicial como o exame de situações ou fatos</p><p>relacionados a coisas e pessoas, praticado por especialistas na matéria que lhe</p><p>é submetida, com o objetivo de elucidar determinados aspectos técnicos. Isto</p><p>é, pode ser definida como um trabalho técnico-científico sobre fatos</p><p>controversos entre as partes, em que o perito do juiz, profissional qualificado e</p><p>de confiança do juízo, aplicará uma metodologia sistemática, precisa e</p><p>quantitativa sobre os pontos a serem analisados, estruturando assim sua</p><p>conclusão pericial.</p><p>Em resumo, perícias judiciais são aquelas que ocorrem no âmbito da</p><p>justiça, em diferentes tipos de ações, em que o perito para poder atuar no</p><p>processo precisa ser nomeado pelo juiz. Tem seu fundamento em uma ação</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>49</p><p>postulada em juízo, podendo ser determinada diretamente pelo juiz dirigente do</p><p>processo ou a ele requerida pelas partes em litígio. A principal fonte legal que</p><p>rege as perícias judiciais é o Código de Processo Civil na justiça, havendo</p><p>ainda a Lei de Falência ou recuperação judicial, a legislação trabalhista e</p><p>outras leis específicas que tratam do assunto.</p><p>A nomeação e habilitação do perito judicial encontram-se citados nos</p><p>artigos 145, 146 e 147 do CPC, pois uma vez que o perito é o representante</p><p>técnico do juiz nas causas judiciais tem de possuir e comprovar a sua</p><p>capacidade técnica para tal feito. Portanto, o CPC montra as caracterizações</p><p>essenciais em que o perito judicial tem de se enquadrar.</p><p>16.2 DEFINIÇÃO DE PERÍCIAS EXTRAJUDICIAIS</p><p>As extrajudiciais são aquelas que não envolvem a justiça e que o perito</p><p>pode ser escolhido livremente pelas partes envolvidas na questão, que podem</p><p>optar por uma forma diferente de resolver o litígio sem ser pela via judicial. Há</p><p>também a perícia arbitral, que é aquela realizada no juízo arbitral, instância</p><p>decisória criada pela vontade das partes.</p><p>17 ASPECTOS PERICIAIS</p><p>Para atuar no campo da perícia judicial é preciso tomar ciência de</p><p>alguns conhecimentos úteis, relevantes, são eles:</p><p> Lide ou Litígio: Conflito de interesses caracterizado por</p><p>uma pretensão requerida e não atendida.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>50</p><p> Ação Judicial (ou Ação): É o direito de obter um interesse pretendido por</p><p>meio da justiça. No caso da justiça do trabalho, a ação é denominada</p><p>Reclamação.</p><p> Petição Inicial (ou Inicial): É o meio legal utilizado para a apreciação do</p><p>juízo da causa pretendida por uma determinada ação.</p><p> Autor e Réu: Autor (é o interessado em requerer o julgamento do</p><p>interesse requerido) e Réu (é aquele contra qual a ação é proposta).</p><p> Competência: É a atribuição conferida a cada ramo ou instância do</p><p>poder judiciário para apreciar os diferentes tipos de ação.</p><p> Processo Judicial ou Processo: É o meio pelo qual a jurisdição</p><p>provocada pela ação de uma das partes interessadas informa-se,</p><p>analisa e decide. O processo é constituído por uma sequência de atos</p><p>interdependentes, do juízo e seus auxiliares e das partes que são</p><p>denominadas sujeitos do processo.</p><p> Procedimento Judicial (ou Procedimento): É a forma como se</p><p>desencadeia os atos do processo, isto é, o modo pelo qual o processo</p><p>se instaura, desenvolve e finaliza.</p><p> Atos Processuais: São as ações dos sujeitos do processo como, por</p><p>exemplo, a contestação do réu. O requerimento pedindo a juntada de</p><p>um documento, numerando e rubricando as folhas dos autos, a</p><p>nomeação do perito, a apresentação do laudo entre outras.</p><p> Autos do Processo (ou Autos): É o conjunto material de documentos</p><p>referentes aos diferentes atos do processo, que vão sendo juntados no</p><p>andamento.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>51</p><p> Carga dos Autos: É a retirada do processo no cartório ou na secretaria</p><p>da junta, pelos advogados ou pelo perito, por prazo determinado, para</p><p>estudo e ou fixação de honorários. A retirada do processo pelos</p><p>assistentes técnicos é vedada, podendo eles consultá-lo no balcão do</p><p>cartório ou da secretaria.</p><p> Prazo: É o tempo máximo, previsto pelo CPC ou determinado pelo juízo,</p><p>para que os sujeitos do processo se manifestem como, por exemplo:</p><p>contestar a ação, elaborar quesitos, indicar assistentes técnicos, recorrer</p><p>da sentença, entre outros.</p><p> Preclusão: Perda do direito das partes em se manifestarem devido a não</p><p>obediência dos prazos.</p><p> Intimação: O art. 234 do CPC define como o ato pelo qual se dá ciência</p><p>a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de</p><p>fazer alguma coisa.</p><p> Jurisprudência: É o conjunto de interpretações reiteradas que os</p><p>tribunais superiores dão à lei, baseado na solução de casos concretos,</p><p>submetidos a julgamento e que se transformam em Súmulas e</p><p>Enunciados.</p><p>O perito necessita dessas informações acima mencionadas, pois a</p><p>perícia constitui o conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinados</p><p>a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa</p><p>solução do litígio, mediante laudo pericial, em conformidade com as normas</p><p>jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente.</p><p>A perícia estabelece a diligência (execução de certos serviços judiciais</p><p>fora dos respectivos tribunais ou cartório) a ser realizada, a fim de que se</p><p>apurem, esclareçam ou se evidenciem certos fatos obscuros. Significa,</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>52</p><p>portanto, basicamente, a pesquisa, o exame, a verificação acerca da verdade</p><p>ou da realidade.</p><p>18 ASPECTO JURÍDICO DA PERÍCIA (LAUDO PERICIAL)</p><p>18.1 CONCEITO DE LAUDO PERICIAL</p><p>O laudo pericial é apenas uma parte dentro das diversas fases do</p><p>processo judicial. A perícia visa o convencimento do juiz por meio de</p><p>argumentações exclusivamente técnicas. Caso o laudo pericial não esclareça,</p><p>a contento, o deslinde da questão envolvida,</p><p>o juiz poderá solicitar uma nova</p><p>perícia, podendo, inclusive, substituir o perito.</p><p>O laudo pericial é uma peça técnica formal que apresenta o resultado</p><p>de uma perícia. Nele deve ser relatado tudo o que fora objeto dos exames</p><p>levado a efeito pelos peritos. É um documento técnico-formal que exprime o</p><p>resultado do trabalho do perito. Isto é, o produto final da perícia, é uma história</p><p>contada, limitadamente, sobre os fatos que motivaram e deram andamento ao</p><p>processo judicial, mais as conclusões a que chegou o perito sobre a matéria</p><p>em que se pautou independente da área de atuação.</p><p>Dentre as várias peças técnicas podemos dizer que o laudo pericial é o</p><p>documento mais completo, em razão da sua origem, que é um exame de</p><p>natureza pericial, feito por peritos.</p><p>18.2 REQUISITOS DO LAUDO PERICIAL</p><p>São eles:</p><p> Objetividade;</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>53</p><p> Rigor tecnológico;</p><p> Concisão;</p><p> Argumentação;</p><p> Exatidão;</p><p> Clareza.</p><p>É preciso ter a identificação completa do caso (número do processo,</p><p>data, partes envolvidas), do perito e da autoridade a quem se destina.</p><p> Metodologia adotada;</p><p> Resposta aos quesitos;</p><p> Conclusões;</p><p> Anexos;</p><p> Data e assinatura.</p><p>O CPC e o CPP não mencionam tal conceituação, dando ênfase</p><p>somente aos prazos de entrega.</p><p>18.3 ELABORAÇÃO DE LAUDO PERICIAL</p><p>A estrutura na elaboração do laudo deve seguir uma construção lógica</p><p>que permita o bom entendimento da linha de raciocínio do perito, no sentido de</p><p>conduzir à conclusão final.</p><p>Elaboramos um laudo da seguinte forma:</p><p>I) Cabeçalho</p><p> Identificação da Vara por onde está tramitando a ação.</p><p> Tipo de ação e número do processo.</p><p>II) Introdução</p><p> Identificação do perito, folha dos autos onde consta sua nomeação.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>54</p><p> Espécie de perícia a que se refere o laudo.</p><p> Data e local onde a diligência fora efetuada, mencionando o dia e a hora</p><p>do seu início e do seu término.</p><p> Pessoas que assistiram à diligência.</p><p>III) Visão do conjunto</p><p> Firma ou estabelecimento comercial, atividades, etc.</p><p>IV) Documentos e livros examinados</p><p>V) Comentários periciais</p><p>VI) Resposta aos quesitos e encerramento.</p><p>Para a fundamentação dos trabalhos periciais, os quais resultam o</p><p>Laudo Pericial, faz-se necessária a aplicação de técnicas, que em sua maioria</p><p>são comuns a todas as espécies de perícia, como:</p><p> Exame: É a análise de livros e documentos ou de qualquer outro</p><p>elemento constitutivos da matéria.</p><p> Vistoria: É a diligência que objetiva a verificação e a constatação de</p><p>situação, coisa ou fato, de forma circunstancial.</p><p> Indagação: É a obtenção de testemunho de conhecedores do objeto da</p><p>perícia, ou seja, daqueles que têm ou deveriam ter conhecimento dos</p><p>fatos ou atos concernentes à matéria periciada.</p><p> Investigação: É a pesquisa que busca trazer ao laudo o que está oculto</p><p>por quaisquer circunstâncias.</p><p> Arbitramento: É a determinação de valores (procedimentos estatísticos –</p><p>média, mediana, desvio padrão) ou solução de controvérsia por critério</p><p>técnico.</p><p> Avaliação: É o ato de determinar valor de coisas, bens, direitos,</p><p>obrigações, despesas e receitas.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>55</p><p> Certificação: Em resumo, a preparação e a redação do laudo pericial são</p><p>de exclusiva responsabilidade do perito, que adotará um padrão próprio,</p><p>e deve conter no mínimo a identificação do processo e das partes (n° do</p><p>processo, vara em que tramita, nome da parte autora e da parte ré, tipo</p><p>de ação); a síntese do objeto da perícia (relato sucinto sobre as</p><p>questões básicas que resultaram na nomeação ou na contratação do</p><p>perito); a metodologia adotada para os trabalhos periciais (conjunto de</p><p>técnicas e processo utilizados); a identificação das diligências realizadas</p><p>(todos os procedimentos e atitudes adotados pelo perito na busca de</p><p>informações e subsídios necessários à elaboração do laudo pericial); a</p><p>transcrição dos quesitos formulados, na forma explícita; respostas aos</p><p>quesitos, de forma clara, objetiva, concisa e completa; a conclusão</p><p>(qualificação, quando possível, do valor da demanda, lide, litígio,</p><p>podendo reportar-se a demonstrativos apresentados, como anexos, no</p><p>corpo do laudo pericial ou em documentos auxiliares) e apresentação de</p><p>alternativas, condicionadas às teses apresentadas pelas partes, de</p><p>forma a não representar a opinião pessoal do perito.</p><p>O Laudo Pericial é o resultado do trabalho pericial, isto é, a peça final</p><p>do trabalho em que o expert se pronuncia sobre questões submetidas à sua</p><p>apreciação.</p><p>18.4 LAUDO PERICIAL NOS RAMOS DE DIREITO</p><p>Quanto ao ramo do direito, existe perícia em diversos ramos, como, por</p><p>exemplo: cível, criminal, ambiental, contábil, entre outras.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>56</p><p>18.4.1 Laudo Pericial Cível</p><p>O laudo pericial cível visa esclarecer dúvidas levantadas pelo</p><p>magistrado que esteja apreciando um processo. No exame pericial, um perito</p><p>será nomeado pelo juiz e mais dois nomeados pelas partes de interesse no</p><p>processo. A perícia realizada na esfera da justiça cível não é obrigação do</p><p>Estado. Dessa forma, se o magistrado entender necessário o auxílio</p><p>especializado, ele nomeará um profissional de nível superior, cujo pagamento</p><p>será feito inicialmente pelo autor da ação judicial cível.</p><p>De acordo com o CPC: “as partes envolvidas no processo cível</p><p>poderão nomear assistentes técnicos para atuarem no acompanhamento do</p><p>exame que o perito do juízo esteja realizando”. Importante frisar que tanto o</p><p>magistrado quanto as partes deverão procurar profissionais que, além das</p><p>exigências previstas no CPC, tenham formação e especialização adequadas ao</p><p>tipo de exame que se faça necessário naquele processo.</p><p>Em todas as esferas da justiça existem acórdãos que demonstram a</p><p>relevância do laudo pericial para as decisões judiciais.</p><p>18.4.2 Laudo Pericial Criminal</p><p>O laudo pericial tem como suporte uma série de formalidades e de</p><p>regulamentos emanados, principalmente do CPP, que o diferencia em vários</p><p>aspectos daqueles destinados à Justiça Cível. O CPP determina que qualquer</p><p>necessidade de perícia no âmbito da Justiça Criminal deve ser feita por peritos</p><p>oficiais, que são aqueles profissionais de nível superior ingressos no serviço</p><p>público (Institutos de Criminalística ou Institutos de Medicina Legal) mediante</p><p>concurso público, com a função específica de fazer perícias.</p><p>Por ser uma obrigação do Estado de prestar os serviços de perícia na</p><p>esfera da justiça criminal, os peritos oficiais devem ser funcionários públicos</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>57</p><p>com a função específica de fazer perícia, não havendo qualquer remuneração</p><p>direta aos peritos signatários do laudo pericial. Os peritos receberão seus</p><p>vencimentos normais como funcionários que são, jamais poderão ser</p><p>remunerados diretamente por cada laudo emitido, com pagamento oriundo das</p><p>partes envolvidas no processo.</p><p>18.4.3 Laudo Pericial Ambiental</p><p>O laudo ambiental é a peça mais importante para a quantificação e</p><p>caracterização da exposição do trabalhador ao agente de risco. Dependendo</p><p>de sua finalidade ele deve possuir redação e forma de abordagem diferenciada.</p><p>O levantamento ambiental pode parecer uma ação isolada no campo da</p><p>Higiene Ocupacional ou no Aspecto Pericial. Na verdade, ele possui uma</p><p>função mais nobre e abrangente do que se imagina, no campo preventivo,</p><p>estando diretamente relacionado com a PPRA (Mapa de Riscos Ambientais) e</p><p>até mesmo com o PCMSOL (Programa de Controle Médico e Saúde</p><p>Ocupacional).</p><p>De acordo com a NR n° 7 (Norma regulamentadora):</p><p>O PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas</p><p>da empresa no campo da preservação da saúde e da integridade</p><p>dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas</p><p>demais NR, em especial com o PCMSO, também previsto na NR 7.</p><p>Atualmente, é</p><p>realizado um trabalho conjunto entre o engenheiro</p><p>responsável pelo ambiente do trabalho do funcionário e o médico responsável</p><p>pela sua saúde. O PPRA foi estabelecido pela Legislação Federal, por</p><p>intermédio da Portaria 25, de 29 de dezembro de 1994.</p><p>O PCMSO está alinhado com o que prevê o inciso II do art. 198 da CF.</p><p>Este programa possui caráter preventivo muito importante, mediante</p><p>rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde, relacionados ao</p><p>trabalho. O laudo ambiental é uma obrigação a ser cumprida pelo empregador,</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>58</p><p>cuja periodicidade não foi definida pelo legislador, que simplesmente</p><p>apresentou no texto legal a NR n° 9 (PPRA) e a necessidade de monitoramento</p><p>dos agentes insalubres, sempre que necessário.</p><p>18.4.4 Laudo Pericial Contábil</p><p>Entende-se por laudo pericial contábil a peça escrita, fundamentada, na</p><p>qual os peritos expõem as observações e estudos que fizeram e registram as</p><p>conclusões da perícia. Isto é, laudo pericial contábil é uma peça escrita na qual</p><p>o perito expressa, de forma circunstanciada, clara e objetiva, as sínteses do</p><p>objeto da perícia, os estudos e as observações que realizou, as diligências</p><p>realizadas, os critérios adotados, os resultados fundamentados e as suas</p><p>conclusões.</p><p>O perito contador deve registrar no laudo pericial contábil os estudos,</p><p>as pesquisas, as diligências ou as buscas de elementos de provas necessárias</p><p>para a conclusão dos seus trabalhos e, no encerramento, deve apresentar, de</p><p>forma clara e precisa, as suas conclusões. Diante disso, o perito deve</p><p>visualizar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os</p><p>aspectos e as minudências que envolvam a demanda, a lide, o litígio, e deve</p><p>ser elaborado de forma sequencial e lógica, para que o trabalho seja</p><p>reconhecido também pela padronização estrutural.</p><p>As respostas aos quesitos serão circunstanciadas, devendo o perito</p><p>evitar respostas como sim ou não, ressalvando-se os quesitos que contemplam</p><p>especificamente este tipo de resposta. Como exemplo de resposta aos</p><p>quesitos, temos:</p><p>Quesito</p><p>O contrato celebrado entre as partes contém cláusula de estipulação de juros</p><p>de mora? Referida taxa encontra-se dentro dos limites praticados no mercado</p><p>financeiro?</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>59</p><p>Resposta</p><p>Afirmativa a resposta, com base nos documentos de fls. 30/42, constando</p><p>cláusula com estipulação de juros moratórios de 1% ao mês. Para a parte final</p><p>quesitada, a resposta é positiva, com base no mercado financeiro.</p><p>Por ocasião da elaboração do laudo pericial alguns peritos fazem uma</p><p>introdução, com base no que consta dos autos, principalmente no que faz parte</p><p>das petições inicial e contestatória. Em conformidade com o CPC, o perito</p><p>apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz.</p><p>Importante frisar que o planejamento da perícia judicial contábil requer</p><p>que o perito tenha um nível conveniente de conhecimento contábil, o que o</p><p>possibilitará exercer seu trabalho.</p><p>18.4.5 Modelo de Laudo Pericial Judicial</p><p>EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA</p><p>CÍVEL DA COMARCA DE</p><p>__________ UF ___</p><p>Natureza do Processo: Embargos à Execução</p><p>Número do Processo: 5905/2003-9</p><p>Requerente/Embargante: ________</p><p>Requerido/Embargada: _________</p><p>LAUDO PERICIAL</p><p>(Nome completo do perito) ___________, perito do juízo, já qualificado nos</p><p>autos acima identificados, tendo concluído os serviços, vem à presença de</p><p>Vossa Excelência apresentar o Laudo Pericial.</p><p>A) OBJETO</p><p>O presente laudo tem como objetivo apresentar o resultado da perícia realizada</p><p>nos livros e documentos Contábeis dos Litigantes.</p><p>B) RESPOSTA AOS QUESITOS</p><p>B.1) QUESITOS DO EMBARGANTE</p><p>1</p><p>2.</p><p>B.2) QUESITOS DO EMBARGADO</p><p>1.</p><p>2.</p><p>C) CONCLUSÕES DO PERITO</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>60</p><p>(descrever as atividades executadas e as conclusões das diligências</p><p>realizadas).</p><p>D) CONCLUSÕES FINAIS DO PERITO</p><p>Pelas pesquisas e análises feitas, conclui o Perito que:</p><p>(fazer uma síntese, concluindo o resultado da perícia)</p><p>Local e data: ____________</p><p>_____________________________</p><p>(Nome e assinatura do Perito do Juízo)</p><p>(Se houver anexos, fazer a indicação dos mesmos no laudo, numerando-os e</p><p>anexando-os).</p><p>19 DIVISÃO DE PERÍCIA JUDICIAL (DIPEJ)</p><p>A Divisão de Perícia Judicial é uma espécie de banco de dados com os</p><p>nomes de peritos que normalmente acabam sendo solicitados pelos juízes</p><p>diretamente nesse órgão.</p><p>A estrutura divide-se em:</p><p> Setor de Cadastro e Indicação de Perícias (SECAI)</p><p> Setor de Controle e Pagamento de Perícias (SECOP)</p><p> Setor de Perícias Acidentárias do INSS (SAC)</p><p> Setor de Perícias de DNA</p><p>20 LAUDOS PERICIAIS EXTRAJUDICIAIS</p><p>O laudo pericial extrajudicial é também a peça escrita na qual o perito</p><p>expressa, de forma circunstanciada, clara e objetiva, as sínteses do objeto da</p><p>perícia, os estudos e as observações que realizou, as diligências realizadas, os</p><p>critérios adotados e os resultados fundamentados, e as suas conclusões.</p><p>A exemplo da perícia judicial, a perícia extrajudicial também é de</p><p>competência exclusiva de um profissional com experiência na área, por</p><p>exemplo, a perícia contábil extrajudicial também é de alçada exclusiva de um</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>61</p><p>contador registrado no Conselho Regional de Contabilidade (CRC) e constitui o</p><p>conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinado a levar à instância</p><p>decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio,</p><p>mediante laudo pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e</p><p>profissionais, e a legislação específica no que for pertinente.</p><p>O laudo pericial extrajudicial deve sempre ser encaminhado por meio</p><p>que possa comprovar a sua entrega. Cada perito deverá estabelecer seu</p><p>próprio estilo na elaboração de seus laudos periciais, inclusive com</p><p>apresentação ou não de parte introdutória. Assim, a perícia contábil</p><p>extrajudicial, que demos como exemplo, é a que se realiza fora do processo,</p><p>extraprocesso, por encomenda, isto é, por meio de escolha, de consulta ao</p><p>profissional da área.</p><p>21 ESPÉCIES DE PERÍCIAS JUDICIAIS E EXTRAJUDICIAIS</p><p>21.1 JUDICIAIS</p><p>Nas Varas Cíveis:</p><p> Prestação de contas – Quando alguém tem o direito de exigir que</p><p>outrem lhe preste contas, porque tem o direito assegurado de exigi-las, e</p><p>tal prestação não ocorre com defeitos e simulações. Pode o interessado,</p><p>como autor, propor a ação de Prestação de Contas.</p><p> Avaliações Patrimoniais – Nas ações que visam discutir o prejuízo da</p><p>minoria sobre uma incorporação, cujos valores são contestáveis ou</p><p>discutíveis. A perícia se dá sobre o laudo, sem abandonar a hipótese de</p><p>verificar escrita contábil.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>62</p><p> Litígios entre sócios – Violação de estatuto, suspeita de irregularidade,</p><p>liberalidade excessiva.</p><p> Avaliação de fundos de comércio – Sobrevalor que se paga para adquirir</p><p>um negócio.</p><p>Nas Varas Criminais:</p><p> Fraudes e Vícios Contábeis – Exames já direcionados para detectar</p><p>fraudes. Fraudes contra sócios, contra herdeiros, contra o fisco, contra</p><p>credores, justiça etc.</p><p> Adulterações de lançamentos e registros.</p><p> Desfalques.</p><p> Apropriações indébitas.</p><p>Nas Varas de Família:</p><p> Avaliação de Pensões Alimentícias – Necessidade de apuração de</p><p>haveres de cônjuge ou responsável pela manutenção de dependentes.</p><p> Avaliação Patrimonial – Apuração de haveres dos cônjuges.</p><p>Nas Varas de Órfãos e Sucessões:</p><p> Apuração de Haveres – As causas de apuração de haveres nas Varas</p><p>de Órfãos e Sucessões podem ocorrer em razão de morte de sócio ou</p><p>de mulher de sócio.</p><p> Prestação de contas de inventariantes.</p><p>Na Justiça do Trabalho:</p><p> Indenizações de diversas modalidades.</p><p> Litígios entre empregadores e empregados de diversas espécies.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>63</p><p>Nas Varas de Falências e Concordatas:</p><p> Perícias Falimentares em Geral.</p><p>21.2 EXTRAJUDICIAIS</p><p> Transformações de sociedades de um tipo em outro.</p><p> Fusões, incorporações e cisões.</p><p> Arbitramento, avaliações e outras espécies.</p><p>22 CRIMES RELACIONADOS A PERITOS</p><p>Vimos que a perícia criminal é considerada fundamental para resolução</p><p>de crimes. São duas as áreas de atuação dentro da perícia criminal na qual se</p><p>pode desvendar um crime, são elas:</p><p> O trabalho de campo, quando os peritos saem para a rua e vão ao local</p><p>do crime coletar indícios para a produção das provas.</p><p> E o trabalho nos laboratórios, no qual os peritos fazem análise dos</p><p>materiais coletados nos locais dos crimes.</p><p>Como exemplo, podemos citar o caso de Isabella Nardoni, no qual os</p><p>peritos ajudaram a polícia a desvendar o crime. A perícia só chegou ao local</p><p>três horas depois do delito, quando muita gente já tinha entrado no</p><p>apartamento. Mas apesar disso os peritos afirmaram que foi possível trabalhar</p><p>e as conclusões que tiraram, em sua maioria, auxiliaram a polícia, que pediu o</p><p>indiciamento dos dois pela morte de Isabella.</p><p>A perícia, neste caso, aconteceu da seguinte forma:</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>64</p><p> No local foi encontrada uma fralda suja de sangue. Apesar do pouco</p><p>material, foi feito exame de DNA e a perícia constatou que era da</p><p>menina. A polícia concluiu que a fralda teria sido usada para estancar o</p><p>sangue que saiu de um pequeno corte que ela tinha na testa e</p><p>questionou: como ela se machucou? Foi machucada? A perícia técnica</p><p>também comprovou que eram dela os pingos de sangue encontrados</p><p>em outros ambientes do apartamento, como cozinha, sala e quarto.</p><p> Uma prova considerada muito importante pelo delegado que presidiu o</p><p>caso foi uma marca de solado de sapato encontrada pelos peritos na</p><p>cama do quarto, perto da janela de onde a menina foi atirada. Exames</p><p>minuciosos e com uso de equipamentos especiais constataram que a</p><p>marca é idêntica à de um calçado de Alexandre, o pai, sugerindo que ele</p><p>se apoiou sobre a cama para jogar a garota para baixo. Na camiseta</p><p>usada por ele no dia do assassinato os peritos encontraram minúsculos</p><p>e quase invisíveis pedaços da rede de proteção colocada na janela de</p><p>onde a menina foi atirada. A rede foi rasgada para que o corpo pudesse</p><p>passar pelo vão e ser arremessado para baixo, do sexto andar, onde o</p><p>casal morava com outros dois filhos. Foi o “microscópio de varredura”</p><p>que detectou os fragmentos da rede na roupa do pai.</p><p> Foram também exames periciais que concluíram que a garotinha foi</p><p>asfixiada e que quando foi jogada pela janela ainda estava viva (mas</p><p>inconsciente), tendo morrido em decorrência da queda, quando quebrou</p><p>o punho e a bacia.</p><p> A perícia confirmou que havia pingos de sangue de Isabella no carro da</p><p>família, na cadeirinha do bebê, em um estofado atrás do banco do</p><p>motorista e entre os bancos.</p><p> Ainda de acordo com a perícia, Alexandre Nardoni teria passado as</p><p>pernas e depois o tronco de Isabella pelo buraco feito na tela de</p><p>proteção da janela. Os técnicos ainda descobriram que o pai teve que</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>65</p><p>empregar grande força para segurar a filha pelos braços, pois havia</p><p>fibras da rede de proteção da janela fortemente presas à camisa dele.</p><p>Por último, a perícia ainda percebeu marcas que teriam sido feitas pelo</p><p>corpo de Isabella do lado de fora da janela, logo abaixo do parapeito,</p><p>mostrando o esforço que Alexandre teria feito antes de jogá-la.</p><p>Um perito de campo, quando sai para seu trabalho, leva uma maleta</p><p>com objetos simples, mas que são fundamentais para o trabalho. Entre eles há</p><p>pinça, lanterna, dentre outros. Atualmente existem equipamentos de última</p><p>geração, por exemplo, um microscópio que é capaz de encontrar um grão de</p><p>areia nas roupas de alguém. Já houve casos em que o assassino negou o</p><p>crime, mas foi pego porque a terra encontrada na roupa dele, mesmo depois de</p><p>ele a ter lavado, era do mesmo tipo onde foi encontrado o corpo da vítima.</p><p>Outro recurso importante utilizado pela perícia para desvendar um</p><p>crime é o luminol, substância especial que quando colocada sobre a mancha</p><p>de sangue a torna fluorescente.</p><p>23 O FISIOTERAPEUTA COMO PERITO JUDICIAL</p><p>O fisioterapeuta pode atuar como serventuário da justiça em situações</p><p>que exijam o conhecimento técnico-científico sobre a funcionalidade humana e</p><p>sobre aspectos ergonômicos e biomecânicos que levaram a uma doença do</p><p>trabalho. Também pode operar tanto na justiça do trabalho, quanto na justiça</p><p>civil.</p><p>As perícias judiciais específicas para DORT têm como objetivo principal</p><p>saber se a doença de que o reclamante é portador possui nexo com as</p><p>atividades exercidas por ele na reclamada (estabelecimento do nexo causal) e</p><p>se essa doença da qual o reclamante é portador traz ou vai trazer alguma</p><p>incapacidade em uma das esferas funcionais.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>66</p><p>Segundo a NR 17 sobre DORT, “as causas de DORT são movimentos</p><p>que causam atrito excessivo entre os tendões e o paratendão circundante, pelo</p><p>uso excessivo da mão”. Lesões por Esforços Repetitivos (LER), mais</p><p>recentemente chamados de Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho</p><p>(DORT), foram definidas como traumatismo teciduais, gerando distúrbios</p><p>neuromusculoesqueléticos, consequentes de movimentos repetitivos,</p><p>biomecânica ocupacional e posturas inadequadas, tanto nas atividades do</p><p>trabalho, quanto nas atividades extracurriculares.</p><p>O perito é aquele indicado pelo juiz para, com os seus conhecimentos</p><p>técnicos e científicos, dar esclarecimentos sobre a controvérsia. Isto é, quando</p><p>a doença já está previamente diagnosticada e comprovada a sua existência, e</p><p>o fator controverso é em relação ao nexo causal dessa doença com as</p><p>atividades desenvolvidas pelo reclamante na reclamada, o fisioterapeuta tem</p><p>total habilidade para chegar a esse nexo.</p><p>O fisioterapeuta reúne características legais para a realização de</p><p>perícias judiciais. O CPC, em seu art. 145, dispõe que “quando a prova do fato</p><p>depender de conhecimento técnico, o juiz será assistido por perito, segundo o</p><p>disposto do art. 421”. Esse artigo demonstra as características essenciais em</p><p>que o perito judicial tem de se enquadrar.</p><p>O fisioterapeuta, no âmbito da sua atividade profissional, está</p><p>qualificado para prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria</p><p>especializada, mas faz-se necessário o conhecimento da fisiologia humana, da</p><p>histologia humana, da anatomia humana e do movimento humano, ciências</p><p>pelas quais o fisioterapeuta tem conhecimentos.</p><p>É bom lembrar que o fisioterapeuta é um profissional bacharel e inscrito</p><p>no seu órgão de classe CREFITO (Conselho regional de Fisioterapia e Terapia</p><p>Ocupacional). Assim, nas perícias requisitadas pela justiça do trabalho aplicam-</p><p>se os dispositivos semelhantes aos da justiça civil.</p><p>O fisioterapeuta é profissional especialista em movimento humano,</p><p>conhecedor da normalidade e anormalidade da cinesiologia e biomecânica</p><p>humana, reconhecidamente capaz de atuar na área ocupacional, de acordo</p><p>com a resolução do COFFITO 25\03. Mas, para isso, o profissional tem que ter</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>67</p><p>formação específica em perícia judicial, seja ela em forma de aprimoramento</p><p>ou de especialização profissional.</p><p>FIM DO MÓDULO III</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>68</p><p>PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA</p><p>Portal Educação</p><p>CURSO DE</p><p>PERÍCIA JUDICIAL</p><p>Aluno:</p><p>EaD - Educação a Distância Portal Educação</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>69</p><p>CURSO DE</p><p>PERÍCIA JUDICIAL</p><p>MÓDULO IV</p><p>Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este</p><p>Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição</p><p>do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido</p><p>são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>70</p><p>MÓDULO IV</p><p>24 PERÍCIA JUDICIAL TRABALHISTA</p><p>A perícia trabalhista é exercida junto à Justiça do Trabalho, iniciada nas</p><p>Juntas de Conciliação e Julgamento, embora o caso possa chegar às instâncias</p><p>superiores, e versa sobre litígios que ocorrem entre empregados e empregadores. O</p><p>§ 2° do artigo 195 da CLT estabelece que “quando a insalubridade ou periculosidade</p><p>for arguida perante a Justiça, o juiz nomeará perito habilitado (engenheiro do</p><p>trabalho ou médico do trabalho) e, onde não houver, requisitará a perícia ao órgão</p><p>competente do Ministério do Trabalho”.</p><p>Diante disso, o perito deverá cumprir bem o encargo que lhe foi conferido,</p><p>podendo, para o desempenho de sua função, utilizar-se de todos os meios</p><p>necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos</p><p>que estejam em poder de parte ou repartições públicas, bem como instruindo o</p><p>laudo com plantas, desenhos, fotografias e quaisquer outras peças, conforme os</p><p>artigos 427 e 429 do CPC.</p><p>Assim, tanto o assistente técnico como o perito oficial poderão utilizar os</p><p>meios fixados pela lei, devendo cumprir de forma ética e imparcial o encargo que</p><p>lhes foi confiado pela Justiça. É bom lembrar que o juiz não está limitado ao laudo</p><p>pericial, podendo formar a sua convicção com puros elementos ou fatos provados</p><p>nos autos, conforme o art. 436 do CPC.</p><p>Dessa forma, com esse dispositivo aumenta ainda mais a responsabilidade</p><p>do perito como colaborador da justiça, pois terá de investigar e levar aos autos</p><p>elementos e pareceres técnicos bem fundamentados, de forma a propiciar ao juiz a</p><p>decisão mais justa.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>71</p><p>25 PERÍCIA EM SEGURANÇA E HIGIENE NO TRABALHO</p><p>Segurança do trabalho é o conjunto de medidas relacionadas ao ambiente</p><p>de trabalho (práticas operacionais, equipamentos e instalações) com o objetivo de</p><p>preservar a integridade física do trabalhador nas atividades laborais. A Higiene do</p><p>Trabalho é uma das ciências que atuam no campo da Saúde Ocupacional, aplicando</p><p>os princípios e recursos da Engenharia e da Medicina na prevenção e controle das</p><p>doenças ocupacionais.</p><p>O objetivo fundamental da Higiene do trabalho é a prevenção das doenças</p><p>originadas nas atividades profissionais, em função da exposição aos agentes</p><p>ambientais. Para que esse objetivo seja alcançado é necessária uma atuação que</p><p>possa identificar precocemente alterações que resultem no comprometimento da</p><p>saúde dos trabalhadores.</p><p>A Higiene do Trabalho está relacionada direta ou indiretamente com várias</p><p>áreas profissionais, podemos citar como exemplos:</p><p> No Direito - A Higiene do Trabalho fornece subsídios técnicos para solução</p><p>de conflitos trabalhistas envolvendo insalubridade. No campo do direito</p><p>previdenciário e civil, os resultados das avaliações da exposição dos</p><p>trabalhadores aos agentes ambientais auxiliam na concessão de aposentadoria</p><p>especial e indenização por incapacidade e/ou doenças do trabalho.</p><p> Na Segurança do Trabalho - A higiene do trabalho, mediante o</p><p>reconhecimento, a avaliação e o controle da exposição aos agentes ambientais</p><p>nos locais de trabalho, constitui importante parcela das atividades desenvolvidas</p><p>por engenheiros de segurança e médicos do trabalho.</p><p>A Higiene do Trabalho não visa apenas à detecção de atividades e/ou</p><p>operações insalubres, mas o bem-estar e qualidade de vida do trabalhador no seu</p><p>ambiente de trabalho. A seguir serão abordadas as questões mais frequentes,</p><p>relacionadas aos processos trabalhistas que versam sobre insalubridade e</p><p>periculosidade.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>72</p><p>26 INSALUBRIDADE</p><p>26.1 CONCEITOS</p><p>O conceito legal é dado pelo artigo 189 da Consolidação das Leis do</p><p>Trabalho (CLT):</p><p>São consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que por sua</p><p>natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a</p><p>agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão</p><p>da natureza e da intensidade de agente e do tempo de exposição aos</p><p>efeitos.</p><p>A palavra insalubridade tem origem no latim e significa tudo que pode</p><p>originar doença.</p><p>26.2 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES</p><p>Regulamentadas pela Portaria 3.214, de 08/06/1978, por meio da Norma</p><p>Regulamentadora (NR) nº 15, servem para normatizar as atividades e operações</p><p>insalubres, fixando os limites de tolerância e tempo de exposição ao agente e, ainda,</p><p>o adicional de insalubridade, para o grau máximo, médio e leve.</p><p>Entende-se por Limite de Tolerância a concentração ou intensidade máxima</p><p>ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não</p><p>causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral. Exposições que</p><p>superem o limite de tolerância podem resultar na ocorrência de lesões bioquímicas</p><p>que inicialmente ocorrerem sem sintomas clínicos. A continuidade da exposição ou o</p><p>aumento da concentração poderá resultar nesses sintomas.</p><p>A exposição dos trabalhadores aos agentes ambientais (químicos, físicos ou</p><p>biológicos) nos locais de trabalho, pode resultar em redução da capacidade</p><p>funcional ou em doenças denominadas como Profissionais. Neste caso, o exercício</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>73</p><p>de trabalho em condições de insalubridade assegura ao trabalhador a percepção de</p><p>adicional, incidente sobre o salário base do empregado:</p><p>Insalubridade: grau máximo 40 %</p><p>Insalubridade: grau médio 20 %</p><p>Insalubridade: grau mínimo 10 %</p><p>Mas a definição da base de cálculo é polêmica, pois há diferentes decisões</p><p>(ou entendimentos) judiciais, em relação à base de cálculo a ser usada: salário-</p><p>mínimo regional, salário-base do trabalhador, piso salarial da categoria ou sobre a</p><p>remuneração total do empregado.</p><p>De acordo com a sentença do STF, de dezembro de 2007, o adicional deve</p><p>ser calculado sobre o salário recebido pelo empregado e não sobre o salário-</p><p>mínimo, com prevê o art. 192 da CLT. A decisão do Supremo considerou o inciso IV</p><p>do art. 7° da CF, que impede qualquer tipo de indexação ao mínimo. Com isso, têm</p><p>direito à correção os trabalhadores que exercem funções que os deixam expostos a</p><p>agentes químicos, biológicos, calor, ruídos, entre outros fatores estabelecidos pelo</p><p>Ministério do Trabalho. O empregado recebe de 10% a 40% de adicional.</p><p>Exemplos de atividades ou operações insalubres e o grau que determina o</p><p>adicional remunerativo, conforme Portaria 3.214, de 08 de junho de 1978, Norma</p><p>Regulamentadora 15 (NR 15), anexo 13:</p><p> Grau Máximo - Pintura a pistola com esmaltes, tintas, vernizes e solventes</p><p>contendo hidrocarbonetos aromáticos (para caracterizar a insalubridade deve-</p><p>se solicitar a composição das tintas, solventes ou tinners e verificar quais os</p><p>solventes presentes, em especial os aromáticos) e ainda, faxineiro que realiza</p><p>a limpeza em banheiro de terminal rodoviário, coletor de lixo, fabricação e</p><p>restauração de acumuladores, pilhas e baterias elétricas contendo compostos</p><p>de chumbo.</p><p> Grau Médio – Agrotóxico. Emprego na agricultura e na área urbana por</p><p>firmas de dedetização.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>74</p><p>É importante que o perito analise como ocorre a exposição nos locais de</p><p>trabalho, pois a maior parte, se não quase totalidade dos produtos contra</p><p>baratas e outros insetos, faz parte desse mesmo grupo. Não é conveniente,</p><p>entretanto, considerar a simples aspersão de inseticida doméstico, de modo</p><p>esporádico, como caracterizadora de insalubridade.</p><p>Trabalhadores expostos ao frio, sem a proteção adequada (no interior de</p><p>câmaras frigoríficas). A exposição, mesmo que por períodos curtos, pode</p><p>resultar em problemas respiratórios, reumáticos e infecciosos. Por este</p><p>motivo, a lei considera como insalubres</p><p>as atividades que exponham os</p><p>trabalhadores ao frio. Se o empregado entra somente de jaqueta térmica,</p><p>cabe ao perito analisar se esta proteção é efetiva ou se há necessidade de</p><p>utilizar equipamentos completos, como bota de borracha, roupa térmica</p><p>impermeável, gorro, meias e luvas, com lã na parte interna e borracha na</p><p>parte externa.</p><p> Grau Mínimo – trabalhadores na fabricação de cal e cimento nas fases de</p><p>grande exposição à poeira. Neste caso, o perito deve analisar se a exposição</p><p>ocorre em locais de trabalho com significativa quantidade.</p><p>26.3 ALGUMAS SITUAÇÕES SURGIDAS EM PERÍCIAS JUDICIAIS</p><p> Limpeza de peças com óleo diesel aplicado sob pressão - (GRAU MÉDIO).</p><p>Importante observar que o simples manuseio ou a manipulação do diesel não</p><p>tem o reconhecimento legal como atividade insalubre. Somente quando o</p><p>diesel for empregado sob pressão (pulverizado) há este reconhecimento.</p><p> Pintura a pincel: A insalubridade é reconhecida quando a tinta, esmalte ou</p><p>verniz possuir solvente aromático - (GRAU MÉDIO).</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>75</p><p> Pintura a pistola: A insalubridade é reconhecida quando a tinta, esmalte ou</p><p>verniz possuir solvente aromático - (GRAU MÁXIMO).</p><p> Pintura a pistola com tinta de alumínio - (GRAU MÉDIO).</p><p> Pintura manual com pigmentos de compostos de cromo em recintos fechados.</p><p>Insalubridade reconhecida quando o trabalho é desenvolvido em locais com</p><p>pouca ventilação natural.</p><p>Quando houver ventilação forçada (ventiladores) no local de trabalho, o</p><p>perito deve analisar e concluir se é suficiente para descaracterizar a exposição</p><p>insalubre - (GRAU MÉDIO).</p><p> Pintura a pistola com pigmentos de compostos de cromo em recintos</p><p>fechados. São válidos os comentários do item anterior - (GRAU MÁXIMO).</p><p> Pintura a pistola ou manual com pigmentos de compostos de chumbo ao ar</p><p>livre - (GRAU MÍNIMO).</p><p> Galvanoplastia: douração, niquelagem, cromagem, anodização de alumínio. A</p><p>insalubridade é reconhecida nos trabalhos nessas atividades - (GRAU</p><p>MÉDIO).</p><p>No caso de incidência de mais de um fator de insalubridade, será</p><p>considerado apenas o grau de insalubridade de mais elevado, para efeito de</p><p>acréscimo salarial, sendo vedada a percepção acumulativa. Os adicionais</p><p>remunerativos não são cumulativos. Isto vale mesmo quando a origem destes</p><p>adicionais é diferente, como por exemplo, no caso de coexistir no local de trabalho</p><p>exposições que legalmente sejam reconhecidas como em condição de</p><p>periculosidade e insalubridade.</p><p>A insalubridade é caracterizada ou descaracterizada por meio de laudo</p><p>técnico elaborado por engenheiro de segurança ou médico do trabalho. Estes</p><p>profissionais conhecem o que representa pagar o adicional de insalubridade por</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>76</p><p>exposições. O adicional de insalubridade é o pagamento por possíveis sequelas.</p><p>Compete sempre ao Ministério do Trabalho aprovar o quadro de atividades e</p><p>operações insalubres, os critérios para a caracterização da insalubridade, os limites</p><p>de tolerância, os meios de proteção e o tempo de exposição do trabalhador aos</p><p>agentes ambientais, é o que prevê o art. 190 da CLT.</p><p>A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá com a adoção de</p><p>medidas que conservem o ambiente de trabalho abaixo dos limites de tolerância</p><p>e/ou com o uso de equipamentos de proteção individual que reduzam a exposição a</p><p>valores inferiores a esses limites, é o que prevê o art. 191 da CLT.</p><p>O trabalho em condições insalubres assegura a percepção de adicional de</p><p>insalubridade em função do grau de insalubridade, com percentual incidindo sobre o</p><p>salário-mínimo regional, é o que prevê o art. 192 da CLT. O direito do empregado ao</p><p>adicional de insalubridade cessará com a eliminação do risco à saúde, é o que prevê</p><p>o art. 194 da CLT.</p><p>Já a caracterização e a classificação da insalubridade serão feitas por meio</p><p>de perícia técnica a cargo de médico do trabalho ou de engenheiro de segurança do</p><p>trabalho, é o que prevê o art. 195 da CLT. O empregador tem a obrigação não só de</p><p>fornecer, mas também de fiscalizar o uso do equipamento de proteção individual,</p><p>sob pena de não se ter como eliminada a insalubridade, devendo arcar com o ônus</p><p>do adicional respectivo.</p><p>A entrega do aparelho de proteção individual contra a insalubridade, sem o</p><p>uso, não retira à empresa o ônus de pagar o adicional. A insalubridade continua</p><p>existindo. Trata-se de norma que leva em consideração o bem comum,</p><p>genericamente considerado de proteger a saúde, pois de acordo com o art. 157 da</p><p>CLT, “cabe às empresas cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e</p><p>medicina do trabalho”.</p><p>Assim, a simples entrega de aparelho de proteção contra a insalubridade</p><p>não exime o empregador do pagamento do adicional respectivo, fazendo-se</p><p>necessário a fiscalização de seu uso efetivo. Finalizando, a exposição no ambiente</p><p>de trabalho insalubre tem potencial para resultar em sequelas para o trabalhador.</p><p>Estas sequelas podem se apresentar como doenças após alguns anos de</p><p>exposição. Este período depende do tipo e do tempo de exposição.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>77</p><p>27 PERICULOSIDADE</p><p>Para que a periculosidade possa ser estudada sob o ponto de vista legal é</p><p>necessário inicialmente situá-la. Isto porque a legislação confere o direito ao</p><p>adicional de periculosidade nas seguintes atividades e operações, em conformidade</p><p>com as condições estabelecidas na CLT, normas regulamentadoras, decretos e</p><p>portarias.</p><p>O artigo 193 da CLT conceitua a periculosidade para inflamáveis e</p><p>explosivos da seguinte forma:</p><p>São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da</p><p>regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua</p><p>natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com</p><p>inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado.</p><p>É conveniente destacar que existem outras atividades que são</p><p>desenvolvidas com exposição ao perigo (risco), entretanto não tem o</p><p>reconhecimento pelos dispositivos legais para o recebimento do adicional</p><p>remunerativo. O Ministério do Trabalho instituiu o adicional de periculosidade para</p><p>as atividades ou operações envolvendo radiações ionizantes e substâncias</p><p>radioativas, por meio da Portaria 3.393, de 17/12/1987.</p><p>Para alguns autores, a Portaria 3.393/87 ultrapassa os limites contidos no</p><p>art. 193, do mesmo diploma legal, constituindo-se então em ato ilegal, insusceptível</p><p>de gerar direitos e obrigações (LTr Supl. Trab. 29-141/88). Não podendo o Ministério</p><p>do Trabalho regulamentar como perigoso o trabalho que implique em contato com</p><p>substância que não seja explosiva ou perigosa, sob pena de total ilegalidade do</p><p>regulamento.</p><p>É bom lembrar que esse entendimento é considerado ilegal somente por</p><p>alguns profissionais da área jurídica, já que o direito ao recebimento do adicional</p><p>fora criado por uma portaria. Segundo o TST, adentrar continuamente em área de</p><p>risco determina o caráter periculoso. Sendo assim, empregado que transita</p><p>diariamente por área considerada de risco tem direito ao adicional de periculosidade.</p><p>O adicional de periculosidade é devido integralmente, ainda que o empregado não</p><p>permaneça toda a jornada trabalhando nas atividades ou nas áreas reconhecidas</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>78</p><p>como perigosas pela Norma Regulamentadora 16 (NR 16), item 3, onde são citadas</p><p>as atividades e as extensões das áreas de risco.</p><p>É importante lembrar que, para o TST, o adicional de periculosidade não</p><p>deve ser pago se a exposição a riscos for mínima. O entendimento é da 3ª turma do</p><p>Tribunal Superior do Trabalho, que entendeu não ser devido o adicional de</p><p>periculosidade depois de constatar que os empregados foram expostos a condições</p><p>de risco por tempo extremamente reduzido.</p><p>Já o entendimento da 5ª turma do TST garantiu o adicional a um eletricista</p><p>com vínculo empregatício com uma indústria de alumínio. Para a perícia,</p><p>5% das</p><p>atividades desenvolvidas pelo eletricista implicam em periculosidade. Com a jornada</p><p>de trabalho diária de oito horas de trabalho, conclui-se que o empregado era</p><p>submetido a risco durante 24 minutos por dia.</p><p>Nesse caso, a decisão sobre o pagamento do adicional remunerativo foi</p><p>fundamentada no simples fato de o empregado estar exposto ao perigo</p><p>(eletricidade), independente do tempo da exposição. A orientação Jurisprudencial n°</p><p>280 da SDI-1 do TST, que trata do tema, não define o período de tempo de</p><p>exposição, por isso, o direito ao adicional será analisado caso a caso pelo TST.</p><p>O adicional de periculosidade é devido na forma total e nunca proporcional</p><p>ao tempo de exposição. A exposição ao perigo pode resultar em consequências com</p><p>gravidade, variando do dano à integridade física ao óbito do trabalhador.</p><p>28 LAUDO TÉCNICO DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE</p><p>Um laudo técnico de insalubridade e periculosidade deve conter, no mínimo,</p><p>os seguintes itens:</p><p> Critério adotado - O perito deve mencionar a legislação, norma, etc. em que</p><p>se baseou para a elaboração da prova pericial (critério qualitativo e</p><p>quantitativo, quando aplicável).</p><p> Instrumentos utilizados - Todos os instrumentos utilizados nas medições</p><p>devem ser especificados no laudo pericial, incluindo marca, modelo, tipo,</p><p>fabricante, faixas de leitura, etc.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>79</p><p> Metodologia de avaliação - A metodologia utilizada na avaliação deve ser</p><p>descrita sucintamente no laudo pericial. A NR-15 e seus anexos estabelecem</p><p>metodologia simplificada de avaliação para os critérios quantitativos.</p><p> Descrição da atividade e condições de exposição - O perito deve descrever</p><p>detalhadamente as atividades desenvolvidas pelo reclamante, bem como as</p><p>características dos locais de trabalho. Para caracterizar ou descaracterizar a</p><p>insalubridade deve citar os agentes (químicos, físicos ou biológicos) em</p><p>conformidade com a NR 15.</p><p>Para caracterizar ou descaracterizar a periculosidade deve citar as</p><p>atividades e as áreas de riscos, em conformidade com a NR 16. Para tanto, poderá</p><p>utilizar-se de informações dos trabalhadores, ouvir testemunhas, verificar</p><p>documentos (art. 429 do Código de Processo Civil).</p><p> Dados obtidos - Todos os dados relativos aos locais de trabalho e à</p><p>exposição do reclamante devem ser especificados de forma objetiva e clara.</p><p>Esses dados devem incluir resultados de avaliações quantitativas (quando</p><p>aplicável), tempo de exposição, certificados de análises químicas, áreas de</p><p>risco, croquis, tabelas e gráficos necessários à compreensão do laudo.</p><p> Grau de insalubridade - Quando constatada a insalubridade, o perito deve</p><p>verificar o seu grau (mínimo, médio ou máximo), em conformidade com a NR</p><p>15.</p><p> Resposta aos quesitos formulados pelas partes - São de suma importância os</p><p>quesitos formulados pelas partes (reclamante e reclamada). O perito deve</p><p>estudá-los cuidadosamente antes de realizar a prova pericial e procurar</p><p>respondê-los de maneira objetiva e fundamentada. Devem ser evitadas</p><p>respostas lacônicas, a menos que já tenham sido respondidas no corpo do</p><p>laudo ou em outros quesitos. O laudo deverá ser claro, objetivo e</p><p>fundamentado, para facilitar o entendimento e a decisão.</p><p> Conclusão pericial - O perito deverá explicitar claramente se a atividade</p><p>analisada foi ou não considerada insalubre ou perigosa, no contexto legal.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>80</p><p>29 AÇÕES NA JUSTIÇA DO TRABALHO</p><p>29.1 AÇÕES POR INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE</p><p>Normalmente as instâncias começam na Vara do Trabalho, podendo chegar</p><p>ao Tribunal do Trabalho, ou até mesmo ao Tribunal Superior, caso seja de extrema</p><p>relevância. Para a insalubridade, se houver a caracterização pelo perito judicial, e o</p><p>julgamento favorável pelo juiz, o valor do adicional remunerativo será de 10%, 20%</p><p>ou 40% em função do grau da insalubridade determinada pela NR 15 (anexos 11,</p><p>12, 13, 13 A), com incidência sobre o salário-mínimo regional ou de outra base de</p><p>incidência (salário básico ou salário profissional), conforme o entendimento do Juiz.</p><p>Para a periculosidade, se houver a caracterização pelo perito judicial e o</p><p>julgamento favorável pelo juiz, o valor do adicional remunerativo será de 30% do</p><p>valor do salário básico do trabalhador. Importante citar que não é possível reivindicar</p><p>os adicionais referentes à insalubridade e periculosidade em uma mesma ação. Isso</p><p>porque a lei cita que os adicionais remunerativos não se somam.</p><p>As ações, entre audiência, perícia, elaboração de laudo judicial, novas</p><p>tentativas de acordo, podem se arrastar por anos, dependendo de sua</p><p>complexidade.</p><p>29.2 JULGADOS (ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS)</p><p> Exposição Rápida a Riscos Gera Adicional de Periculosidade</p><p>A Fiat Automóveis S/A foi condenada a pagar adicional de periculosidade a</p><p>um operador de empilhadeira que trocava o cilindro de gás GLP da máquina que</p><p>operava. A decisão é da Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1), do</p><p>Tribunal Superior do Trabalho.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>81</p><p>O empregado executava a tarefa em pouco mais de um minuto. Como a</p><p>troca era feita duas vezes por dias, a exposição à atividade perigosa ocorria por dois</p><p>minutos e meio da jornada de trabalho. A informação é do site do TST. Segundo o</p><p>relator do recurso, ministro João Oreste Dalazen, o tempo necessário para executar</p><p>a tarefa não pode ser considerado pela Justiça do Trabalho. “Em circunstâncias que</p><p>tais, frações de segundo podem significar a diferença entre a vida e a eternidade”,</p><p>afirmou o ministro.</p><p>A jurisprudência do TST, ao interpretar o artigo 193 da CLT, considera que</p><p>não só o empregado exposto permanentemente, mas também aquele que, de forma</p><p>intermitente, trabalha em área de risco, tem direito ao adicional de periculosidade. O</p><p>trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado adicional de 30%</p><p>sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou</p><p>participações nos lucros da empresa.</p><p>O adicional foi garantido pela Quinta Turma do TST, que restabeleceu a</p><p>sentença favorável ao empregado. A Fiat recorreu então para a SDI-1. Alegou que a</p><p>Turma não atentou para o fato de que o empregado permanecia na área de risco</p><p>apenas dois minutos e trinta segundos por dia. O argumento da Fiat de que o</p><p>contato era eventual foi refutado pelo ministro Dalazen. Ele afirmou que a</p><p>controvérsia gira em torno da fixação de conceitos de “eventualidade” e</p><p>“intermitência”.</p><p>Embora o artigo 193 fale em “contato permanente com inflamáveis ou</p><p>explosivos em condições de risco acentuado”, a jurisprudência do TST deu uma</p><p>interpretação extensiva ao dispositivo. (Fonte: Consultor Jurídico - 28/02/05)</p><p> Empregado que Atua Próximo a Aeronaves Tem Adicional</p><p>Goiás - A 6ª Turma do TST confirmou o direito de um recepcionista de pista</p><p>de aeroporto ao pagamento de adicional de periculosidade. A decisão foi tomada ao</p><p>negar provimento a agravo de instrumento interposto pela Viação Aérea São Paulo</p><p>S/A (VASP), o que resultou na confirmação de determinação anterior do TRT da 18ª</p><p>Região (Goiás).</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>82</p><p>A decisão judicial teve como base a previsão inscrita na Norma</p><p>Regulamentadora nº 16 do Ministério do Trabalho (NR-16), que reconhece os riscos</p><p>relativos a diversas atividades profissionais, dentre elas as desenvolvidas junto a</p><p>aviões (área de risco). A NR-16 define como perigosa a área de abastecimento das</p><p>aeronaves.</p><p>A extensão da área de risco alcança toda a área de operação, abrangendo,</p><p>no mínimo, círculo com raio de 7,5 metros com centro no ponto de abastecimento da</p><p>aeronave e faixa de 7,5 metros de largura para ambos os lados da máquina. “O risco</p><p>não está propriamente na atividade desenvolvida pelo trabalhador (no caso de</p><p>explosivos e inflamáveis), mas no local em que o mesmo exerce suas atividades em</p><p>decorrência da</p><p>proximidade com o agente perigoso”, considerou o TRT-GO.</p><p>No caso concreto, a perícia indicou que o recepcionista de pista permanecia</p><p>dentro da área de operação do abastecimento das aeronaves, o que afastou</p><p>qualquer dúvida do TRT sobre a exposição do trabalhador ao perigo. O profissional</p><p>supervisionava o reabastecimento, executava serviços diretamente nas aeronaves,</p><p>além de cumprir tarefas relativas ao embarque e desembarque de passageiros.</p><p>A VASP alegou que a decisão regional deixou de observar a jurisprudência</p><p>do TST sobre o adicional, inscrita na Súmula nº 364 do tribunal:</p><p>Faz jus ao adicional de periculosidade o empregado exposto</p><p>permanentemente ou que, de forma intermitente, se sujeita a condições de</p><p>risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim</p><p>considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo</p><p>extremamente reduzido.</p><p>Segundo o voto da ministra Rosa Maria Weber, no TST, as circunstâncias a</p><p>que o recepcionista de pista estava submetido confirmaram-lhe o direito ao adicional</p><p>de periculosidade. “O trabalhador, além de supervisionar o reabastecimento de</p><p>aeronaves, enquanto recepcionista de pista permanecia no local considerado de</p><p>risco, pela NR-16, desenvolvendo, simultaneamente, trabalho de comissário e o</p><p>controle de embarque e desembarque de passageiros”, observou a relatora. (Fonte:</p><p>Espaço Vital - 21/07/06)</p><p> Exposição a Hidrogênio Garante Adicional de Periculosidade</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>83</p><p>A 4ª Turma do TST condenou a Unilever Brasil a pagar adicional de</p><p>periculosidade a um técnico em segurança do trabalho que corria risco acentuado</p><p>por exposição ao gás hidrogênio. A empresa argumentava, em recurso de revista,</p><p>que o gás não estava listado em normas de segurança do Ministério do Trabalho,</p><p>mas tal argumentação não foi aceita.</p><p>Segundo informações do tribunal, o empregado, que trabalhava como</p><p>coordenador de emergência, alegou que, pela própria natureza do cargo, lidava com</p><p>materiais inflamáveis, fazendo medições de “explosividade”, sem utilização de</p><p>Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s), e nunca recebeu o adicional de</p><p>periculosidade.</p><p>Recurso</p><p>O técnico em segurança do trabalho recorreu ao TRT da 3ª Região (Minas</p><p>Gerais), que reformou a sentença. Por ser uma situação habitual e evidente o</p><p>perigo, o Regional reconheceu a periculosidade, mesmo não estando o caso do</p><p>hidrogênio previsto na Portaria do Ministério do Trabalho.</p><p>Para o Regional, “a mera lacuna da lei não pode sobrepor-se à razão que</p><p>inspira o direito, que é a proteção à saúde e à vida do empregado”. O TRT destacou,</p><p>inclusive, que mesmo diante da omissão da norma que regulamenta os agentes</p><p>perigosos, ainda assim é devido o adicional caso a perícia constate a exposição ao</p><p>risco acentuado.</p><p>A Unilever recorreu da decisão, mas a 4ª Turma rejeitou o apelo, seguindo o</p><p>entendimento da ministra Maria de Assis Calsing, relatora do recurso de revista.</p><p>Segundo a Ministra Calsing, a alegação da empresa de que a decisão regional</p><p>violou o artigo 5º, inciso II, da Constituição “não guarda pertinência direta com a</p><p>matéria discutida, pois o preceito não versa sobre adicional de periculosidade ou sua</p><p>forma de apuração”.</p><p>A Unilever também não teve êxito nas alegações apresentadas para</p><p>demonstrar a divergência de jurisprudência que permitisse o conhecimento do</p><p>recurso. A relatora destacou que eram inespecíficas, pois “discutem o adicional de</p><p>periculosidade sob a ótica do tempo de exposição ao risco”, enquanto, neste caso, a</p><p>discussão central se concentrou na concessão do adicional quando a atividade de</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>84</p><p>risco não se encontra entre as constantes da Portaria elaborada pelo Ministério do</p><p>Trabalho. (Revista proteção: março 2009)</p><p>30 PERÍCIA TÉCNICA CINESIOLÓGICA-FUNCIONAL</p><p>Segundo Veronesi (2008), “o conhecimento da anatomia, fisiologia,</p><p>histologia, biomecânica fisiológica, ergonomia e normas trabalhistas é fundamental</p><p>para a formulação de uma perícia estruturada, objetiva e concreta”. A perícia técnica</p><p>cinesiológica-funcional, método Veronesi para perícia judicial, surgiu da necessidade</p><p>de se realizar uma avaliação pericial mais criteriosa, com uma metodologia</p><p>sistemática para minimizar erros e principalmente elucidar as questões solicitadas</p><p>em um processo pericial.</p><p>Em perícias judiciais do trabalho ocorre normalmente uma grande</p><p>controvérsia se a doença profissional ou do trabalho, de que o reclamante em uma</p><p>ação judicial é portador, teve origem nas atividades laborais realizadas por esse</p><p>indivíduo na empresa em que está sendo reclamada. Outra questão dentro do</p><p>processo judicial é se essa doença, em caso positivo, vai trazer ou traz uma</p><p>incapacidade funcional desse indivíduo, se positivo, qual a porcentagem dessa</p><p>incapacidade funcional, se ela é permanente ou temporária.</p><p>31 PERÍCIA CLÍNICA</p><p>Na fase clínica temos os seguintes objetivos:</p><p> Avaliar o (a) reclamante, diagnosticar e quantificar a capacidade funcional</p><p>perante a doença reclamada.</p><p> Analisar e verificar a presença de má-fé do (a) reclamante perante a doença</p><p>de que é portador e sua capacidade funcional.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>85</p><p>Para conquistar esses dois objetivos, a perícia clínica adota a seguinte</p><p>metodologia:</p><p> Inicialmente é realizada uma anamnese (sequência de questionamento) com</p><p>o periciado. Isto é, são realizados questionários específicos para analisar os</p><p>dados. Esses questionamentos seguem os seguintes pontos:</p><p>Será questionado sobre a profissão atual e a anterior, atividades</p><p>desenvolvidas, questões sobre sintomatologia (sintomas de dor, falta de</p><p>sensibilidade), etc. Nesse primeiro passo a perícia é acompanhada pelos advogados</p><p>das partes, pelos assistentes técnicos e por outros representantes da reclamada.</p><p>Posteriormente à fase de questionamentos é realizado o exame físico pericial, que</p><p>tem um propósito totalmente diferenciado do exame físico realizado pelo</p><p>fisioterapeuta em um cliente para fins de tratamentos.</p><p>Esse exame físico pericial tem com princípio verificar a capacidade funcional</p><p>do reclamante e a sua idoneidade perante o processo, se ele está tentando simular</p><p>ou aumentar alguma resposta. A resposta que mais se valoriza não é a verbal e sim</p><p>a corporal. Para o exame é utilizado a fotogrametria computadorizada postural. Em</p><p>seguida aos testes palpatórios especiais.</p><p>Os testes especiais realizados dentro do protocolo pericial são os mesmos</p><p>utilizados dentro da clínica ortopédica comum, o grande diferencial é a leitura desses</p><p>testes que, para o exame pericial cinesiológico-funcional, busca a extensão da</p><p>lesão. Outros exames também serão feitos, por exemplo:</p><p> Testes de confiabilidade (serve para testar a confiabilidade do periciado</p><p>quanto à disfunção de movimento, ocasionando assim uma incapacidade</p><p>parcial ou total para a realização de suas atividades funcionais).</p><p> Teste temporal (é o teste que se analisa o tempo de fadiga do periciado com</p><p>auxílio de um equipamento de leitura intrínseca da atividade neuromuscular,</p><p>chamado de eletromiógrafo de superfície).</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>86</p><p>Na segunda fase, para as perícias judiciais, é realizada a inspeção ou</p><p>perícia in loco, essa análise tem como objetivo analisar o local de trabalho, escutar</p><p>testemunhas (caso necessário), verificar documentos (exame admissional,</p><p>periódicos, PPRA - programa de prevenção dos riscos ambientais, PCMSO –</p><p>programa de controle médico e saúde ocupacional), avaliar o risco biomecânico que</p><p>a tarefa traz para o ser humano, analisar o cumprimento das normas</p><p>regulamentadoras do trabalho pela empresa, etc.</p><p>Para chegar aos objetivos dentro da fase da perícia in loco, usamos como</p><p>metodologia:</p><p> Solicitação de todos os documentos que envolvem a atividade laboral do</p><p>reclamante na reclamada.</p><p> Utilização de recursos audiovisuais, como filmadoras</p><p>e câmera fotográfica</p><p>digital para coleta dos dados quanto à atividade laboral desenvolvida pelo</p><p>reclamante na reclamada.</p><p> Entrevistas com testemunhas (trabalhadores e ex-trabalhadores) para se</p><p>obter informações verdadeiras sobre as atividades laborais exercidas pelo</p><p>reclamante na reclamada.</p><p>Esse processo é muito importante, pois pode acontecer que a empresa,</p><p>após a demissão do reclamante, modificou todo seu layout, interferindo nas</p><p>informações necessárias para a construção de um laudo imparcial. Na terceira fase</p><p>do processo pericial as informações são analisadas por meio de um processo</p><p>programado e organizado.</p><p>É bom lembrar, quanto à capacidade funcional para o trabalho, que é</p><p>necessário analisar o indivíduo como um todo e não somente o segmento ou</p><p>estrutura corporal que se encontra lesionado. Exemplo:</p><p> Indivíduo, 40 anos, professor universitário, com uma determinada conquista</p><p>dentro da área docente, sofre um acidente e perde a mão dominante. Mesmo</p><p>com essa perda anatômica, se o indivíduo tem um bom suporte psicológico e</p><p>uma boa estrutura de trabalho, na qual possa realizar suas aulas de forma</p><p>mais verbalizada, ele não terá nenhum prejuízo em sua capacidade para o</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>87</p><p>trabalho, pois o segmento da mão perdida não é o principal para o</p><p>desenvolvimento de suas atividades e, sim, a mente e fala.</p><p> Já um homem de 57 anos, trabalhador braçal a vida toda, sem estudo,</p><p>analfabeto funcional, sabe apenas e muito mal assinar o nome, sofre um</p><p>acidente e perde a mão dominante, instrumento real de trabalho. Nesse caso,</p><p>o indivíduo encontra-se totalmente incapaz para o laboro, a não ser que</p><p>aconteça uma série de providências em sua vida, como estudar novamente,</p><p>aprender uma profissão que utilize mais a mente do que os braços. Porém,</p><p>sabemos que para a realidade de um homem de 57 anos, com uma vida toda</p><p>de experiência em trabalhos braçais, isso é muito difícil.</p><p>Por isso, para ter alguns parâmetros quanto à quantificação da capacidade</p><p>funcional laboral do periciado, tem que ser seguido alguns passos a fim de minimizar</p><p>o erro. É necessário analisar o indivíduo como um todo. Dessa forma, o</p><p>fisioterapeuta pode atuar como perito e quando ocorre a necessidade do</p><p>conhecimento técnico do fisioterapeuta, chama-se de perícia funcional.</p><p>Portanto, o fisioterapeuta é o profissional com conhecimento científico</p><p>suficiente para entender e proferir um laudo sobre fisiologia, anatomia ou semiologia</p><p>do corpo humano, baseado na Biofísica, Bioquímica, Cinesiologia, Biomecânica e</p><p>etc. Pode, perfeitamente, fazer um laudo pericial sobre o assunto, não sendo muito</p><p>lembrar que o COOFITO (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional)</p><p>o autoriza a fazer perícias judiciais, como previsto na Resolução n° 259/03.</p><p>Por fim, a necessidade do trabalho pericial pelo fisioterapeuta ocorre na</p><p>maioria das vezes por dois processos, nos quais a controvérsia em questão é sobre</p><p>a capacidade funcional do periciado.</p><p>FIM DO MÓDULO IV</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>88</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>ABUNAHMAN, Sérgio. Curso Básico de Engenharia Legal e de Avaliações, São</p><p>Paulo: Pini, 2008.</p><p>ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia Contábil. São Paulo: Atlas, 2012.</p><p>ARAÚJO, Giovanni Moraes. Perícia e Avaliação de Ruído e Calor. Rio de Janeiro:</p><p>Plínio Marcos A. Cruz, 1999.</p><p>AYRES, Dennis de Oliveira; CORRÊA, José Aldo. Manual de prevenção de</p><p>acidentes do trabalho. São Paulo: Atlas, 2001.</p><p>BADARÓ, Gustavo Henrique. Ônus da Prova no Processo Penal. São Paulo:</p><p>Revista dos Tribunais, 2003.</p><p>BAÚ, L. M. S. Fisioterapia do Trabalho: Ergonomia, Legislação, Reabilitação,</p><p>Curitiba: Cladosilva, 2002.</p><p>CARVALHO, Sérgio Américo Mendes. Apostilas do Curso de Engenharia de</p><p>Segurança do Trabalho. Cadeiras: Agentes químicos e Perícia judicial de</p><p>Periculosidade por inflamáveis. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de</p><p>Janeiro, 2002.</p><p>DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. São</p><p>Paulo: Malheiros, 2003.</p><p>FUHRER, Maximilianus Cláudio Américo. Resumo de Processo Civil. São Paulo:</p><p>Malheiros, 2004.</p><p>MAGALHÃES, Antonio de Deus Farias. Perícia Contábil. São Paulo: Atlas, 2001.</p><p>MARQUES SILVA, Ivan Luís. Reforma Processual Penal. São Paulo: Revista dos</p><p>Tribunais, 2008.</p><p>MICHEL, Osvaldo. Acidentes do Trabalho e Doenças Ocupacionais. São Paulo:</p><p>LTr, 2001.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>89</p><p>NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2007.</p><p>NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Curso Completo de Processo Penal. São Paulo:</p><p>Saraiva, 2006.</p><p>PEREIRA, Fernandes José; FILHO, Orlando Castello. Manual Prático (Como</p><p>elaborar uma perícia de insalubridade e periculosidade). São Paulo: LTR, 1998.</p><p>PEREIRA, Fernandes José; FILHO, Orlando Castello. Manual Prático Segurança e</p><p>Medicina do Trabalho - Manuais de Legislação. São Paulo: Atlas, 2004.</p><p>REIS, Albani Borges dos. Metodologia Científica em Perícia Criminal. São Paulo:</p><p>Millennium, 2010.</p><p>SANTOS, Moacyr Amaral. Comentários ao Código de Processo Civil. Rio de</p><p>Janeiro: Forense, 2009.</p><p>SAVINO FILHO, Cármine António. Direito Processual Civil Resumido. Rio de</p><p>Janeiro: Lúmen Júris, 2010.</p><p>SILVA, Jefferson Jorge Da. Direito Processual Penal. São Paulo: Barros, Fischer e</p><p>Associados, 2009.</p><p>THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Rio de</p><p>Janeiro: Forense, 2002.</p><p>VERONESI JUNIOR, José Ronaldo. Perícia Judicial para Fisioterapeutas, São</p><p>Paulo: Andreoli, 2009.</p><p>VIEIRA, Sebastião Ivone. Guia Prático do Perito Trabalhista. Belo Horizonte: Ergo</p><p>editora, 1997.</p><p>FIM DO CURSO!</p><p>Lula no fim do mandato.</p><p>Ter um conselho próprio era uma reivindicação antiga dos arquitetos,</p><p>pois na área da saúde o médico tem um conselho próprio, a enfermagem</p><p>também, da mesma forma a nutrição, embora todos sejam de uma mesma área</p><p>de atuação.</p><p>Segundo a Resolução CAU/BR 10/2012:</p><p>O exercício da especialização de Engenharia de Segurança do</p><p>Trabalho pelo Arquiteto e urbanista dependerá do registro profissional</p><p>em um dos Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do</p><p>Distrito Federal (CAU/UF), nos termos previstos no art. 5º da Lei nº</p><p>12.378, de 31 de dezembro de 2010. (Art. 2º).</p><p>Denomina-se, então, perícia o exame feito em pessoas ou coisas, por</p><p>profissional portador de conhecimentos técnicos e com a finalidade de obter</p><p>informações capazes de esclarecer dúvidas quanto a fatos. Assim, perícia pode</p><p>ser entendida como sendo qualquer trabalho de natureza específica, podendo</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>9</p><p>existir em qualquer área. Sua origem é no interesse de pessoas litigantes, no</p><p>interesse da justiça e no interesse público, podendo ser: arbitral, judicial,</p><p>extrajudicial, administrativa ou operacional, sendo as mais conhecidas de</p><p>natureza criminal, contábil, trabalhista e outras que necessitem de constatação,</p><p>prova ou demonstração, científica ou técnica, da veracidade de situações,</p><p>coisas e fatos.</p><p>O pedido de perícia pode ser formulado na inicial, na contestação ou</p><p>na reconvenção, bem como na réplica do autor à resposta do réu. Isto é, o</p><p>momento adequado para requerer a perícia pelo autor é na petição inicial, pelo</p><p>réu é na contestação. Para ambas as partes o momento adequado pode ser,</p><p>também, na fase de especificação de prova durante as providências</p><p>preliminares.</p><p>O prazo para a realização da perícia é determinado pelo Juiz, podendo</p><p>ser prorrogado por uma única vez, a seu prudente arbítrio, conforme o art. 432</p><p>do CPC. Segundo o art. 437 do CPC, “quando entender que o laudo pericial</p><p>não esclareceu suficientemente a matéria controvertida, o juiz poderá de ofício</p><p>ou a requerimento da parte, determinar a realização de nova perícia”.</p><p>Diz o art. 438 que “a segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos</p><p>sobre que recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou</p><p>inexatidão dos resultados a que esta conduziu”. Importante lembrar que o</p><p>segundo laudo não anula ou invalida o primeiro, segundo § único do art. 439.</p><p>Ambos permanecerão nos autos e o juiz fará a comparação entre eles,</p><p>apreciando livremente o valor de um e de outro, a fim de formar seu</p><p>convencimento, segundo o art. 131 do CPC.</p><p>A função da perícia é levar ao processo conhecimentos científicos ou</p><p>práticos que o juiz podia conhecer e que são necessários para fundamentar a</p><p>decisão.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>10</p><p>1.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PERÍCIA</p><p>São elas:</p><p> É uma atividade humana, que consiste na intervenção transitória, no</p><p>processo, de pessoas que devem realizar certos atos para dar</p><p>posteriormente um conceito ou ditame.</p><p> É uma atividade processual, porque deve ocorrer no curso do processo</p><p>ou em diligências processuais prévias ou posteriores e complementares</p><p>(os conceitos similares, que se solicitam e emitem extrajudicialmente,</p><p>não são juridicamente perícias).</p><p> É uma atividade de pessoas especialmente qualificadas, em razão da</p><p>sua técnica, sua ciência, seus conhecimentos de arte, quer dizer, de sua</p><p>experiência em matérias que não são conhecidas pelo comum das</p><p>pessoas.</p><p> Exige um encargo judicial prévio, porque não se concebe a perícia</p><p>espontânea, que se distingue do testemunho e da confissão (se um</p><p>perito apresenta-se espontaneamente perante o juiz que conhece um</p><p>processo e emite declarações técnicas, científicas ou artísticas sobre os</p><p>fatos que se investigam, existirá um testemunho técnico e não uma</p><p>perícia).</p><p> Esses fatos devem ser especiais, em razão das suas condições</p><p>técnicas, artísticas ou científicas, quer dizer, cuja verificação, valoração</p><p>ou interpretação não seja possível com os conhecimentos ordinários de</p><p>pessoas medianamente cultas e de juízes cuja preparação é</p><p>fundamentalmente jurídica.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>11</p><p> É uma declaração de ciência, porque o perito expõe o que sabe por</p><p>percepção e por dedução ou indução dos fatos sobre os quais versa seu</p><p>ditame, sem pretender nenhum efeito jurídico concreto com sua exposição.</p><p>Diferencia-se da declaração de ciência testemunhal, que tem por objeto o</p><p>conhecimento que a testemunha possui dos fatos que existem no momento</p><p>de declarar ou que existiram antes. Ao passo que o perito conceitua</p><p>também sobre as causas e os efeitos de tais fatos e sobre o que sabe de</p><p>fatos futuros, em virtude de suas deduções técnicas ou científicas.</p><p> Deve versar sobre os fatos e não sobre questões jurídicas, nem sobre</p><p>exposições abstratas que não incidam na verificação, valoração ou</p><p>interpretação de fatos do processo.</p><p> Essa declaração contém, ademais, uma operação valorativa, porque é</p><p>essencialmente um conceito ou ditame técnico, artístico ou científico do</p><p>que o perito deduz sobre a existência, as características e a apreciação</p><p>do fato, ou sobre as suas causas e seus efeitos, e não uma simples</p><p>narração de suas percepções (no que também se distingue do</p><p>testemunho, inclusive quando é técnico).</p><p> É um meio de prova.</p><p>1.4 PLANEJAMENTO DA PERÍCIA, NORMAS E PROCEDIMENTOS DO</p><p>PERITO</p><p>A perícia deve ser planejada cuidadosamente, visando ao cumprimento</p><p>do prazo, inclusive o da legislação relativa ao laudo pericial ou parecer técnico.</p><p>O planejamento deve ser revisado e atualizado sempre que novos fatos o</p><p>exigirem ou recomendarem no decorrer da realização da prova pericial.</p><p>Quando do planejamento dos trabalhos, deve ser realizada a estimativa</p><p>dos honorários de forma fundamentada, considerando os custos e a justa</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>12</p><p>remuneração do profissional. O planejamento da perícia deve ser mantido por</p><p>qualquer meio de registro que facilite o entendimento dos procedimentos a</p><p>serem adotados e que sirva de orientação adequada à execução do trabalho</p><p>pericial.</p><p>O planejamento deve ser realizado pelo perito, ainda que o trabalho</p><p>venha a ser realizado de forma conjunta com o assistente técnico, podendo</p><p>este orientar-se com base no mesmo. O perito deve levar em consideração que</p><p>o planejamento da perícia, quando for o caso, iniciar-se-á antes da elaboração</p><p>da proposta de honorários, considerando-se que, para apresentar a mesma ao</p><p>juízo, árbitro ou às partes no caso de perícia extrajudicial, há necessidade de</p><p>se especificar as etapas do trabalho a serem realizadas.</p><p>Isto implica que o perito deve ter conhecimento prévio de todas as</p><p>etapas, salvo aquelas que somente serão identificadas quando da execução da</p><p>perícia, inclusive a possibilidade de apresentação de quesitos suplementares, o</p><p>que será objeto do ajuste no planejamento.</p><p>A conclusão do planejamento da perícia ocorrerá quando o perito</p><p>completar as análises preliminares, dando origem, quando for o caso, à</p><p>proposta de honorários, nos casos em que o juízo ou o árbitro não tenham</p><p>fixado, previamente, honorários definitivos, aos termos de diligências que serão</p><p>efetuadas e aos programas de trabalho.</p><p>Considerando que o planejamento da perícia deve evidenciar as etapas</p><p>e as épocas em que serão executados os trabalhos, em conformidade com o</p><p>conteúdo da proposta de honorários apresentada, incluindo-se a supervisão e</p><p>revisão do próprio planejamento, os programas de trabalho quando aplicáveis,</p><p>até a entrega do laudo pericial ou parecer técnico.</p><p>Por normas do perito, entende-se um conjunto de condições, requisitos</p><p>básicos, métodos e regras para que o perito possa exercer a atividade. Por</p><p>procedimento do perito entende-se um conjunto de técnicas (atos a serem</p><p>praticados) que os profissionais utilizam para conseguir realizar a perícia.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>13</p><p>2 PERITOS E ASSISTENTES TÉCNICOS</p><p>2.1 PERITO</p><p>O perito é escolhido pelo Juiz e os assistentes técnicos pelas partes.</p><p>Isto é, as perícias são realizadas por peritos e as partes podem indicar</p><p>assistentes técnicos. O art. 145 do CPC diz que:</p><p>Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou</p><p>científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art.</p><p>421.</p><p>§ 1° Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível</p><p>universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente,</p><p>respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll, deste Código.</p><p>(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984).</p><p>§ 2° Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que</p><p>deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que</p><p>estiverem inscritos. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.270, de</p><p>10.12.1984).</p><p>§ 3° Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que</p><p>preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos</p><p>peritos será de livre escolha do juiz. (Parágrafo acrescentado pela Lei</p><p>nº 7.270, de 10.12.1984).</p><p>Assim, o CPC dispõe que quando a prova do fato depende de</p><p>conhecimento técnico ou científico, o juiz é assistido por perito, conforme o art.</p><p>145 do CPC, escolhido entre profissionais de nível universitário inscritos nos</p><p>órgãos de classe (art. 145, § 1°) e que comprovem sua especialidade na</p><p>matéria sobre a qual devam opinar, mediante certidão do órgão profissional em</p><p>que estejam inscritos, conforme o art. 145, § 2°.</p><p>O juiz pode indeferir o pedido de prova pericial quando o fato não</p><p>depende do conhecimento especial de técnico ou a perícia é desnecessária ou</p><p>impraticável a verificação, de acordo com o art. 420 do CPC, ou quando as</p><p>partes, na inicial e na contestação, apresentem sobre as questões de fato</p><p>pareceres técnicos ou documentos elucidativos suficientes, conforme o art. 427</p><p>do CPC.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>14</p><p>Desta forma, podemos conceituar perito como a pessoa dotada de</p><p>conhecimentos especializados sobre determinada matéria, que é nomeada</p><p>pela autoridade judiciária para auxiliar a justiça, dando sua apreciação técnica</p><p>sobre o objeto do litígio ou algo com ele relacionado. Isto é, nomeado pelo juiz</p><p>para dirimir questões que envolvam conhecimento técnico ou científico.</p><p>Perito é o expert em matérias técnicas, que realiza exames em</p><p>documentos ou coisas, auxiliando o juiz na análise técnica que o juiz não</p><p>conhece. É a pessoa nomeada pela autoridade, juiz ou autoridade policial, com</p><p>conhecimento técnico suficiente em determinada área do conhecimento, para</p><p>examinar fatos, pessoas ou coisas e esclarecer questões relacionadas à prova,</p><p>apresentando relatório e respondendo aos quesitos.</p><p>Assim, o Perito detém certo conhecimento técnico, isto é, profissional</p><p>possuidor de conhecimentos técnicos. De acordo com o art. 139 do CPC:</p><p>“peritos são auxiliares da justiça, além de outros, cujas atribuições são</p><p>determinadas pelas normas de organização judiciária”. São aqueles que</p><p>auxiliam o juízo, como escrivão, oficial de justiça, etc.</p><p>Tem ele o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe assina a lei,</p><p>empregando toda a sua diligência, de acordo com o art. 146 do CPC e pode,</p><p>todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo, se recusado pelas</p><p>partes por impedimento ou suspeição, conforme o art. 423 do CPC, substituído</p><p>quando carecer de conhecimentos técnicos ou científicos ou deixar de cumprir</p><p>o encargo no prazo que lhe foi fixado, conforme o art. 424 do CPC.</p><p>Deve, ainda, possuir diversificada quantidade de virtudes, entre as</p><p>quais:</p><p> Honestidade;</p><p> Caráter;</p><p> Personalidade;</p><p> Imparcialidade;</p><p> Equilíbrio emocional;</p><p> Independência;</p><p> Autonomia funcional;</p><p> Obediência irrestrita aos princípios da ética e da moral.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>15</p><p>Dessa forma, o perito deve agir honesta e imparcialmente no que tange</p><p>à busca da verdade dos fatos. Conforme o art. 147 do CPC, “o perito que, por</p><p>dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que</p><p>causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras</p><p>perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer”.</p><p>De acordo com Sérgio Abunahman (2008, p. 486):</p><p>As legislações do mundo inteiro obedecem a três sistemas principais</p><p>no que diz respeito à escolha do Perito, quais sejam: primeiro,</p><p>naquele em que podem servir como peritos somente as pessoas</p><p>inscritas com registro próprio e que preencham determinadas</p><p>condições. Segundo, aquele em que o escolhido possuísse um título</p><p>oficial na arte ou ciência a que se relacionasse a matéria versada na</p><p>perícia. Finalmente, o terceiro, o da livre escolha pelo juiz, é o</p><p>princípio da liberdade, que infelizmente, é o que reina no direito</p><p>brasileiro.</p><p>O Perito, em algumas atividades, lidará muito com o público,</p><p>necessitando relacionar-se bem com as pessoas, transmitindo uma boa</p><p>imagem de sua atividade. A atividade do perito se exerce no sentido de</p><p>satisfazer à finalidade da perícia. É encarregado de verificar fatos relativos à</p><p>matéria em que é versado, bom conhecedor, experimentado ou prático, quer</p><p>apenas certificando-os ou interpretando-os, num e noutro caso transmitindo ao</p><p>juiz um relato ou um parecer.</p><p>O perito deverá ter domínio pleno sobre o campo do qual deverá emitir</p><p>opinião, por exemplo, para uma perícia contábil, não pode ser levada a cabo</p><p>por um engenheiro, assim como um contador não pode, por exemplo, executar</p><p>uma perícia para explicar as razões pelas quais um edifício possa ter</p><p>desabado. A missão do perito pode consistir na apuração de suas causas ou</p><p>consequências.</p><p>Ou ainda, sua função será a de, conhecidos os fatos, compreendê-los,</p><p>distingui-los, caracterizá-los, fornecendo ao juiz regras técnicas, científicas ou</p><p>mesmo de experiência não ordinária, capazes de servir para a interpretação</p><p>dos mesmos fatos. O perito, além de relatar os fatos, formula, justificadamente,</p><p>conclusões, pareceres, mesmo conselhos e advertências.</p><p>É bom frisar que tanto o perito quanto o assistente técnico devem</p><p>respeitar e assegurar o sigilo do que apurarem durante a execução de seu</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>16</p><p>trabalho, proibida a sua divulgação, salvo quando houver obrigação legal de</p><p>fazê-lo. Além disso, eles devem cumprir os prazos estabelecidos no processo</p><p>ou contrato e zelar por suas prerrogativas profissionais, nos limites de suas</p><p>funções, fazendo-se respeitar e agindo sempre com seriedade e discrição.</p><p>Devem conhecer responsabilidades sociais, éticas, profissionais e legais, às</p><p>quais estão sujeitos no momento em que aceitam o encargo para a execução</p><p>de perícias judiciais e extrajudiciais e arbitrais.</p><p>O termo responsabilidade refere-se à obrigação do perito e do</p><p>assistente técnico em respeitar os princípios da moral, da ética e do direito,</p><p>atuando com lealdade, idoneidade e honestidade no desempenho de suas</p><p>atividades, sob pena de responder civil, criminal, ética e profissionalmente</p><p>pelos seus atos.</p><p>2.2 PERITOS OFICIAIS E NÃO OFICIAIS</p><p>Os peritos podem ser oficiais (funcionários públicos) ou não oficiais</p><p>(particulares). O exame de corpo de delito e as perícias em geral são</p><p>realizados pelo perito, apreciador técnico, assessor do juiz com a função de</p><p>fornecer dados instrutórios de ordem técnica e proceder à verificação e</p><p>formação do corpo de delito. A perícia deve ser realizada por perito oficial, o</p><p>que constitui regra.</p><p>Não havendo perito oficial, o exame deve ser realizado por duas</p><p>pessoas idôneas que, obrigatoriamente, devem ser portadoras de diploma de</p><p>nível superior. Devem ainda, ser escolhidas, de preferência, entre aquelas que</p><p>tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do exame, por exemplo:</p><p>médicos para exames necroscópicos e de lesões corporais, ou economistas,</p><p>administradores de empresas para laudos de avaliação, etc. A nomeação</p><p>é da</p><p>autoridade policial ou judiciária. Hoje se admite no processo penal peritos</p><p>particulares ou assistentes técnicos.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>17</p><p>Importante lembrar que os peritos não oficiais devem prestar o</p><p>compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mas a ausência de</p><p>compromisso constitui mera irregularidade.</p><p>2.3 ASSISTENTE</p><p>O assistente é o técnico que a parte tem o direito de indicar. Isto é,</p><p>escolhido pela parte, pelo critério da confiança, e tem como função</p><p>acompanhar o trabalho pericial, fiscalizando-o em nome da parte que o</p><p>constituiu. O artigo 421 do CPC declara que:</p><p>Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a</p><p>entrega do laudo. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992).</p><p>§ 1° Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da</p><p>intimação do despacho de nomeação do perito:</p><p>I - indicar o assistente técnico;</p><p>II - apresentar quesitos.</p><p>O assistente é um consultor técnico da parte. Atua como assistente</p><p>técnico nos processos judiciais</p><p>2.4 FUNÇÃO DO PERITO E ASSISTENTES</p><p>Os assistentes exercem uma função processual, na medida em que,</p><p>indicados pelas partes, passam a funcionar no assessoramento do perito, isto</p><p>é, a função do assistente é acompanhar e assessorar o trabalho do perito,</p><p>auxiliando-o quanto aos aspectos técnicos favoráveis à parte que o indicou. De</p><p>acordo com o art. 429 do CPC,</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>18</p><p>Para o desempenho da função podem o perito e os assistentes</p><p>utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas,</p><p>obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder</p><p>da parte ou em repartições públicas, bem como instruindo o laudo</p><p>com plantas, desenhos, fotografias e outras peças.</p><p>A principal função do perito do juízo é fornecer ao magistrado todos os</p><p>elementos esclarecedores das questões controvertidas encontradas nos</p><p>documentos sob exame, proporcionando ao juízo subsídios para poder</p><p>pronunciar-se de forma precisa, com exatidão.</p><p>3 DESPESAS COM OS SERVIÇOS DO PERITO E DOS ASSISTENTES</p><p>O Código do Processo Civil dispõe que a sentença condena o vencido</p><p>a pagar ao vencedor as despesas que abrangem não só a custa dos atos do</p><p>processo como também a remuneração do assistente técnico. Os honorários</p><p>periciais estão previstos pelo CPC em seu art. 19:</p><p>Salvo as disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às partes</p><p>prover as despesas dos atos que realizam ou requerem no processo,</p><p>antecipando-lhes o pagamento desde o início até sentença final; e</p><p>bem ainda, na execução, até a plena satisfação do direito declarado</p><p>pela sentença.</p><p>Declara também que a remuneração do perito é paga pela parte que</p><p>haja requerido o exame ou pelo autor, quando requerido por ambas as partes,</p><p>ou determinado de ofício pelo juiz, conforme os (art.20 e 33 do CPC). Os</p><p>tribunais do trabalho têm apreciado alguns dos aspectos relacionados com o</p><p>tema e decidiram que a parte vencida é responsável pelas despesas com o</p><p>assistente do perito, sem qualquer vinculação com a circunstância alusiva à</p><p>indicação do técnico, por força do disposto no CPC, em seus artigos 20 e 33.</p><p>De acordo com o CPC em seu art. 20:</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>19</p><p>§ 2º As despesas abrangem não só à custa dos atos do processo,</p><p>como também a indenização de viagem, diária de testemunha e</p><p>remuneração do assistente técnico. (Redação dada pela Lei nº 5.925,</p><p>de 1.10.1973).</p><p>CPC Art. 33 - Cada parte pagará a remuneração do assistente</p><p>técnico que houver indicado; a do perito será paga pela parte que</p><p>houver requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido por</p><p>ambas às partes ou determinado de ofício pelo juiz.</p><p>Parágrafo único - O juiz poderá determinar que a parte responsável</p><p>pelo pagamento dos honorários do perito deposite em juízo o valor</p><p>correspondente a essa remuneração. O numerário, recolhido em</p><p>depósito bancário à ordem do juízo e com correção monetária, será</p><p>entregue ao perito após a apresentação do laudo, facultada a sua</p><p>liberação parcial, quando necessária.</p><p>Segundo Abunahman (2008, p. 538):</p><p>Quando a prova pericial for requerida pelo Autor, por ambas as</p><p>partes, pelo Ministério Público ou for ordenada de ofício pelo Juiz, é</p><p>da responsabilidade do autor o adiantamento dos honorários do</p><p>Perito. Quando requerida pelo réu, será deste a responsabilidade</p><p>pelo adiantamento dos honorários (art.33 do CPC). Os honorários do</p><p>assistente técnico são da responsabilidade da parte que o indicou.</p><p>Cada perícia abrange ou encerra muitos elementos ou partes, com</p><p>número de quesitos e graus de complexidade distintos, despendendo,</p><p>consumindo por tal motivo, determinado número de horas para a realização do</p><p>trabalho pericial, não se podendo fixar previamente um valor para todas as</p><p>perícias que serão realizadas, uma vez que, como sabido, cada processo tem</p><p>suas peculiaridades.</p><p>Assim, o perito cobrará honorário, observando alguns detalhes de</p><p>suma importância, como a responsabilidade que terá o valor do objeto que é a</p><p>causa da demanda judicial, tempo de trabalho e o nível de complexidade da</p><p>perícia, devendo arbitrar o valor a ser cobrado após analisar os autos do</p><p>processo.</p><p>A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte</p><p>sucumbente na pretensão relativa ao objeto da perícia. O juiz poderá</p><p>determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do perito</p><p>deposite a quantia em juízo, juntamente com o valor correspondente a essa</p><p>remuneração.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L5925.htm#art20</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L5925.htm#art20</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>20</p><p>4 O MERCADO DE TRABALHO DE PERÍCIAS JUDICIAIS</p><p>O mercado de trabalho de perícias judiciais é farto para</p><p>administradores, contadores, economistas e na área específica da engenharia</p><p>o campo de atuação do Perito é amplíssimo. O trabalho é remunerado e</p><p>geralmente cabe adiantamento de honorários, quando solicitados na devida</p><p>forma.</p><p>Há certos critérios a ponderar para chegar à dedução dos honorários</p><p>do perito, como por exemplo: a lide nos autos, o valor requerido pelo autor, o</p><p>grau de elevada responsabilidade do perito e outros. A importância do trabalho</p><p>a ser executado é vital para que se faça uma avaliação dos honorários para</p><p>posteriormente ser aprovado pelas partes e até mesmo pelo juiz.</p><p>A proposta de honorários do Perito deve ser formulada após tomar o</p><p>mesmo conhecimento do trabalho a ser desenvolvido, o que ocorre, em regra,</p><p>após a apresentação dos quesitos pelas partes.</p><p>5 VARAS EM QUE O PERITO PODE TRABALHAR</p><p>Na área cível envolve matérias de natureza comercial, como litígio</p><p>entre sócios, ações de liquidações societárias, falências, demandas de marcas</p><p>e patentes, ações de seguros, créditos, avaliação de pensão alimentícia, ações</p><p>possessórias, ações rescisórias, etc.</p><p>Na área do trabalho, a perícia trabalhista é exercida junto à justiça do</p><p>trabalho, iniciada nas Juntas de Conciliação. A maior parte das questões na</p><p>perícia trabalhista se refere a assuntos de salários ou ordenados, horas extras,</p><p>férias, aviso prévio, indenizações, comissões e dispensa. Já na área criminal, a</p><p>perícia trata de exames para detectar fraudes, acidente de trânsito com vítimas,</p><p>roubos, homicídios, etc.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>21</p><p>6 TIPOS DE PERÍCIA</p><p>6.1 PERÍCIA SIMPLIFICADA</p><p>Na perícia simplificada, de acordo com o art. 421, § 1° do CPC,</p><p>O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega</p><p>do laudo. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992).</p><p>§ 1° Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da</p><p>intimação do despacho de nomeação do perito:</p><p>I - indicar o assistente técnico;</p><p>II - apresentar quesitos.</p><p>Isso quer dizer que a perícia simplificada, na qual a diligência do perito</p><p>e assistente não tem de ser formalizada em laudo escrito, é quando,</p><p>pela</p><p>natureza do fato, basta sua investigação pelo juiz por ocasião da audiência de</p><p>instrução e julgamento a respeito das coisas que haja informalmente</p><p>examinado. Isto é, não há necessidade de laudo escrito e detalhado. A opinião</p><p>do perito e dos assistentes é apresentada oralmente, expondo ao juiz as suas</p><p>conclusões técnicas.</p><p>O juiz pode resumi-las em ata, não sendo comuns nos processos</p><p>trabalhistas. Deveriam ser mais utilizadas, porque em alguns casos são</p><p>adequadas. O número elevado de audiências trabalhistas praticamente impede</p><p>a sua utilização. Não obstante, abreviariam o tempo de duração do processo.</p><p>6.2 PERÍCIA POR LAUDO</p><p>Na perícia por laudo, de acordo com os arts. 826 e 827 da CLT:</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>22</p><p>Art. 826 - É facultado a cada uma das partes apresentarem um perito</p><p>ou técnico.</p><p>Art. 827 - O juiz ou presidente poderá arguir os peritos</p><p>compromissados ou os técnicos, e rubricará, para ser junto ao</p><p>processo, o laudo que os primeiros tiverem apresentado.</p><p>Isso quer dizer que o juiz, ao deferir a perícia, designa perito e fixa</p><p>prazo para entrega de laudo. Permite-se a cada parte a indicação de um</p><p>assistente. O prazo para indicação de assistentes pelas partes é de cinco dias,</p><p>contados da intimação do despacho de nomeação do perito e no mesmo prazo</p><p>se apresentam quesitos. Estes, os quesitos, são questões propostas ao perito</p><p>e assistente na forma de perguntas específicas e que são respondidas e</p><p>fundamentadas pelos peritos no laudo acompanhado ou não de anexos.</p><p>Podem as partes durante a diligência apresentar quesitos</p><p>suplementares, de cuja juntada é dada ciência à parte contrária, conforme o</p><p>art. 425 do CPC. Compete ao juiz indeferir quesitos impertinentes e formular os</p><p>que entenderem necessários ao esclarecimento da causa, conforme o art. 426</p><p>do CPC.</p><p>Quando a prova tem de realizar-se por carta pode-se proceder à</p><p>nomeação de perito e indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se</p><p>requisita a perícia, conforme o art. 428 do CPC. O juiz pode prorrogar uma vez</p><p>o prazo para a apresentação do laudo, conforme o art. 432 do CPC. O perito</p><p>apresenta este em secretaria no prazo fixado pelo juiz, pelo menos vinte dias</p><p>antes da audiência de instrução e julgamento conforme o art. 433 do CPC.</p><p>Os assistentes oferecem seus laudos no mesmo prazo fixado pelo juiz</p><p>para o perito, conforme o art. 826, parágrafo único. O juiz deve dar ciência a</p><p>juntada da perícia às partes para manifestações ou pedido de quesitos</p><p>suplementares. Quando o exame tenha por objeto a autenticidade da letra e</p><p>firma o perito pode requisitar, para efeito de comparação, documentos</p><p>existentes em repartições públicas. Na falta destes, pode requerer ao juiz que a</p><p>pessoa a que se atribui a autoria do documento lance em folha de papel, por</p><p>cópia ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação, conforme o</p><p>art. 434 do CPC.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>23</p><p>O juiz pode arguir perito e assistente em audiência, conforme o art. 827</p><p>da CLT, por iniciativa própria ou a requerimento da parte, que formula, desde</p><p>logo, as perguntas complementares que deseja apresentar sob a forma de</p><p>quesitos, segundo o art. 435 do CPC.</p><p>O laudo não é vinculante para o juiz, que não está adstrito às suas</p><p>conclusões, podendo rejeitá-las e formular a sua convicção com outros</p><p>elementos ou fatos provocados nos autos, conforme o art. 437 do CPC: “o juiz</p><p>poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova</p><p>perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida”. Ou</p><p>ordenar, de acordo com o art. 438 do CPC, segunda perícia destinada a corrigir</p><p>eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que a primeira conduziu.</p><p>A complexidade de algumas perícias contábeis em laudos</p><p>informatizados e acompanhados de inúmeros anexos com diversas colunas e</p><p>milhares de números inviabiliza praticamente qualquer possibilidade de</p><p>verificação pelo juiz. Daí a prática, tão inevitável quanto condenável, de simples</p><p>remissão pelo juiz ao laudo pericial, com o que a decisão fica praticamente</p><p>transferida do juiz para o perito, o que pode gerar, em alguns processos,</p><p>prejuízos a uma das partes quando o levantamento pericial, apesar de</p><p>volumoso, é incorreto ou inadequado ou quando o perito fixa premissas</p><p>jurídicas invadindo a área reservada ao juiz.</p><p>O ideal seria o juiz, ao ordenar a perícia, já estabelecer as premissas</p><p>jurídicas a serem observadas pelo perito e formular os quesitos centrais</p><p>necessários para a elucidação dos aspectos técnicos.</p><p>FIM DO MÓDULO I</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>24</p><p>PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA</p><p>Portal Educação</p><p>CURSO DE</p><p>PERÍCIA JUDICIAL</p><p>Aluno:</p><p>EaD - Educação a Distância Portal Educação</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>25</p><p>CURSO DE</p><p>PERÍCIA JUDICIAL</p><p>MÓDULO II</p><p>Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para</p><p>este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou</p><p>distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do</p><p>conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências</p><p>Bibliográficas.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>26</p><p>MÓDULO II</p><p>7 PROVA PERICIAL</p><p>7.1 CONCEITOS</p><p>Prova significa formar a convicção do juiz sobre a existência ou não de</p><p>fatos relevantes no processo, isto é, o conjunto de motivos produtores da</p><p>certeza, é a demonstração legal da verdade de um fato. Prova vem do latim</p><p>proba, de probare (demonstração, reconhecer, formar juízo de). Segundo De</p><p>Plácido e Silva (1995), “a prova consiste na demonstração de existência ou de</p><p>veracidade daquilo que se alega como fundamento do direito que se defende</p><p>ou se contesta”.</p><p>Prova é o convencimento de fatos e a convicção de alguém, são os</p><p>fatos da causa, ou seja, os fatos deduzidos pelas partes como fundamentos da</p><p>ação ou execução (prova judiciária). Dessa forma, é todo e qualquer meio de</p><p>percepção empregado pelo homem com a finalidade de se comprovar a</p><p>veracidade de uma alegação. Isto é, um instrumento por meio do qual se forma</p><p>a convicção do juiz (finalidade) a respeito da ocorrência de fatos controvertidos</p><p>(objeto) no processo.</p><p>No sentido processual, designa os meios, indicados em lei, para a</p><p>realização dessa demonstração, isto é, a soma de meios para a constituição da</p><p>própria prova, ou seja, para conclusão ou produção da certeza. Provar é</p><p>demonstrar a verdade de uma proposição. Podemos dizer que a prova judicial</p><p>é a confrontação da versão de cada parte, com os meios produzidos para</p><p>aboná-la.</p><p>O juiz procura reconstituir os fatos valendo-se dos dados que lhe são</p><p>oferecidos e dos que pode procurar por si mesmo nos casos em que está</p><p>autorizado a proceder de ofício.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>27</p><p>7.2 FINALIDADE</p><p>A prova tem a finalidade de transportar, para o processo judicial, a</p><p>realidade externa dos fatos que geraram a demanda, traduzindo-os, para que</p><p>possam ser conhecidos pelo juiz e para que sirvam de base para os debates</p><p>entre as partes. Como meio destinado a levar para o processo a reconstituição</p><p>dos fatos, poderá ter falhas e não cumprir com exatidão esse fim, situação na</p><p>qual haverá a verdade real (concreta), diferente da realidade formal</p><p>(imaginária), e esta prevalecerá. De nada adianta ter ocorrido ou não um fato</p><p>se não pode ser provado.</p><p>Assim, finalidade da prova judiciária é a formação da convicção quanto</p><p>à existência dos fatos da causa. Em primeiro lugar, verifica-se a correção dos</p><p>fatos afirmados, ou seja, cria-se a natureza quanto à sua existência. O</p><p>destinatário da prova é o juiz. Para esse fim é que se produz a prova, pela qual</p><p>o juiz virá a formar sua convicção. Na convicção</p><p>que formar o juiz, assentará a</p><p>sentença.</p><p>Desse modo, a importância da prova e da sua análise pelas partes e</p><p>pelo juiz é fundamental para que o processo possa cumprir os seus fins.</p><p>7.3 PRINCÍPIOS DA PROVA</p><p>No processo penal, os princípios gerais da prova, segundo Paulo Lúcio</p><p>Nogueira (2000), são:</p><p> Princípio da autorresponsabilidade das partes está relacionado com o</p><p>ônus da prova, cabendo a cada uma apresentar as provas que lhe</p><p>pareçam necessárias.</p><p> Princípio da comunhão da prova, pelo qual toda prova produzida na</p><p>esfera penal teria interesse comum, portanto, mesmo que fosse a</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>28</p><p>testemunha arrolada pela acusação, não poderia ser dispensada sem</p><p>concordância da defesa, ou vice-versa. Mas tal princípio não pode ser</p><p>levado a extremo, pois permitiria um aumento do número máximo de</p><p>testemunhas de cada parte.</p><p> Princípio da oralidade implica a realização de todas as provas em uma</p><p>só audiência de instrução e julgamento, exceto nas perícias.</p><p> Princípio da concentração consiste na realização da instrução e do</p><p>julgamento em uma só audiência. Tal princípio já está implícito na</p><p>oralidade.</p><p> Princípio do livre convencimento motivado exige decisão fundamentada</p><p>do julgador, em face da relatividade das provas e do princípio da</p><p>verdade real.</p><p>Já a prova, em processo trabalhista, submete-se aos seguintes</p><p>princípios:</p><p> Princípio da necessidade da prova, em que os fatos de interesse das</p><p>partes devem ser demonstrados em juízo. A prova deve ser a base e a</p><p>fonte da sentença. O juiz deve julgar de acordo com o alegado e</p><p>provado.</p><p> Princípio da unidade da prova, que, embora constituída de diversas</p><p>modalidades, forma uma só unidade a ser apreciada em conjunto,</p><p>globalmente.</p><p> Princípio da contradição, porque a parte contra a qual é apresentada</p><p>uma prova deve gozar da oportunidade processual de conhecê-la e</p><p>discuti-la, inclusive impugná-la, pelos meios processuais adequados.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>29</p><p> Princípio da igualdade de oportunidade de prova, garantindo-se às</p><p>partes idêntica oportunidade para pedir a realização de uma prova ou de</p><p>exercitá-la.</p><p> Princípio da legalidade, em decorrência do qual, se a lei prevê uma</p><p>forma específica para a produção da prova, ela não pode ser produzida</p><p>de outra maneira.</p><p> Princípio da imediação, significando não só a direção da prova pelo juiz,</p><p>mas a sua intervenção direta na instrução probatória, mais facilitada</p><p>quando o processo é fundado na oralidade, como no caso trabalhista.</p><p> Princípio da obrigatoriedade de prova, segundo o qual, sendo a prova de</p><p>interesse não só das partes, mas também do Estado, que quer o</p><p>esclarecimento da verdade, as partes podem ser compelidas pelo juiz a</p><p>apresentar no processo determinada prova, sofrendo sanções no caso</p><p>de omissão, especialmente as presunções que passam a militar contra</p><p>aquele que se omitiu e a favor de quem solicitou.</p><p>7.4 ÔNUS DA PROVA</p><p>A palavra ônus vem do latim “onus, oneris”, que significa carga, peso</p><p>fardo, encargo, aquilo que sobrepesa. Existe ônus da prova quando um</p><p>determinado comportamento é exigido da parte para alcançar um fim jurídico</p><p>desejado. O ônus é aquilo que implica uma sobrecarga, que se tornou uma</p><p>incumbência ou compromisso de alguém, um dever. Daí pode-se concluir que o</p><p>ônus da prova é a incumbência que a parte possui de demonstrar a verdade de</p><p>um fato ou de uma alegação feita no processo penal, por exemplo.</p><p>A regra do CPP é a de que o ônus da prova incumbe a quem o alega:</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>30</p><p>Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo,</p><p>porém, facultado ao juiz de ofício:</p><p>I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção</p><p>antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes,</p><p>observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da</p><p>medida;</p><p>II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença,</p><p>a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.</p><p>Desse modo, as provas possuem a finalidade de convencer o julgador</p><p>a respeito de determinado fato que se apura no processo, podendo ser</p><p>produzida de forma ampla e irrestrita, observado o disposto no art. 155,</p><p>parágrafo único do CPP. Assim, no processo penal, toda vez que o fato a ser</p><p>demonstrado estiver vinculado ao estado das pessoas, o código impõe a</p><p>produção da prova de acordo com a prescrição da lei civil, por exemplo: se</p><p>determinado indivíduo alega ser casado, a prova contundente será a certidão</p><p>de casamento.</p><p>Ônus da prova é a responsabilidade atribuída à parte para produzir</p><p>uma prova e que, uma vez não desempenhada satisfatoriamente, traz, como</p><p>consequência, o não reconhecimento, pelo órgão jurisdicional da existência do</p><p>fato que a prova se destina a demonstrar.</p><p>Segundo o art. 818 da CLT: “o ônus da prova é atribuído a quem alega</p><p>a existência de um fato: a prova das alegações incumbe à parte que as faz”.</p><p>Desta forma, compete ao empregador que despede por justa causa a prova</p><p>desta. Os pagamentos efetuados ao empregado têm de ser provados pelo</p><p>empregador, o que abrange salários, remuneração das férias, do repouso</p><p>semanal, verbas rescisórias, etc.</p><p>Nem sempre a igual distribuição do ônus da prova atende às</p><p>necessidades do processo trabalhista, porque sobrecarrega o empregado, que</p><p>não tem as mesmas condições e facilidades do empregador. Outras vezes,</p><p>acarreta cômoda posição para o empregador. Basta negar todos os fatos e o</p><p>empregado tem de prová-los, o que não é fácil.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>31</p><p>8 PRINCIPAIS MEIOS DE PROVA</p><p>Meio de prova é expressão de duplo significado. Tanto pode designar a</p><p>atividade do juiz ou das partes para a produção das provas, como também os</p><p>instrumentos ministrados ao juiz no processo para formar o seu</p><p>convencimento. De acordo com o art. 332 do CPC, “todos os meios legais, bem</p><p>como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são</p><p>hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa.</p><p>(verdade formal)”.</p><p>Dessa forma, o compromisso do juiz é com a verdade formal, revelada</p><p>pela prova. O CPC admite todos os meios legais, entretanto, especifica em seu</p><p>art. 342 a 443 diversos tipos de provas, assim como o Código de Processo</p><p>Penal, nos artigos 158 a 250. De acordo com o art. 332 do CPC, existem</p><p>provas consideradas moralmente legítimas, que embora não previstas em lei,</p><p>não ferem os princípios éticos de captação, tais como: escuta telefônica,</p><p>gravação em meio magnético, filmagens, dentre outras.</p><p>8.1 PROVA DOCUMENTAL</p><p>Documento é todo objeto, produto de um ato humano, que representa</p><p>outro fato ou um objeto, uma pessoa ou uma cena natural ou humana. O</p><p>documento pode conter uma simples declaração de ciência ou um ato de</p><p>vontade, como também uma confissão extrajudicial, uma declaração de</p><p>terceiros e, quando a lei o exige, deve ter forma especial.</p><p>Prova documental abrange os instrumentos e documentos, públicos e</p><p>privados. Os instrumentos são documentos confeccionados com o objetivo de</p><p>servir de prova e documentos são gêneros a que pertencem todos os registros</p><p>materiais de fatos jurídicos.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>32</p><p>De acordo com o art. 365 do CPC, na prova documental fazem os</p><p>originais a mesma prova que:</p><p>I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do protocolo das</p><p>audiências, ou de outro livro a cargo do escrivão, sendo extraídas por</p><p>ele ou sob sua vigilância e por ele subscritas;</p><p>II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público, de</p><p>instrumentos ou documentos lançados em suas notas;</p><p>III - as reproduções dos documentos públicos, desde que</p><p>autenticadas por oficial público ou conferidas em cartório, com os</p><p>respectivos originais;</p><p>IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial</p><p>declaradas autênticas pelo próprio</p><p>advogado sob sua</p><p>responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade;</p><p>(Acrescentado pela L-011.382-2006).</p><p>V - os extratos digitais de bancos de dados, públicos e privados,</p><p>desde que atestado pelo seu emitente, sob as penas da lei, que as</p><p>informações conferem com o que consta na origem; (Acrescentado</p><p>pela L-011.419-2006).</p><p>VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento, público ou</p><p>particular, quando juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus</p><p>auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelas</p><p>procuradorias, pelas repartições públicas em geral e por advogados</p><p>públicos ou privados, ressalvada a alegação motivada e</p><p>fundamentada de adulteração antes ou durante o processo de</p><p>digitalização. (Acrescentado pela L-011.419-2006).</p><p>Vimos acima que a Lei 11.419/2006 incluiu ao art. 365 novos incisos e</p><p>dois parágrafos. Prova documental não se trata apenas de documento escrito,</p><p>mas são coisas que transmitem diretamente um registro físico a respeito de um</p><p>fato, como por exemplo: tela, pedra, fotos, contratos, desenhos, fita de vídeo,</p><p>etc. Os documentos podem ser apresentados como originais e cópias, salvo</p><p>em casos específicos.</p><p>Algumas legislações só admitem como prova os instrumentos, outras,</p><p>os documentos em geral, como discos, radiografias, plantas, quadros, etc.</p><p>como no processo trabalhista. A prova documental apresenta vantagens e</p><p>defeitos. Do mesmo modo que pode trazer maior segurança quanto à</p><p>existência do fato que produz, pode, de outro lado, ser uma falsa atestação de</p><p>ato a que não corresponde.</p><p>Nessas condições, o documento, em especial no processo trabalhista,</p><p>deve ser recebido com reservas e o seu valor apreciado em conjunto com as</p><p>demais provas.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>33</p><p>8.2 PROVA TESTEMUNHAL</p><p>Testemunho é um meio de prova que consiste na declaração</p><p>representativa que uma pessoa, que não é a parte no processo, faz ao juiz,</p><p>com fins processuais, sobre o que sabe a respeito de um fato de qualquer</p><p>natureza. E testemunha é a pessoa capaz, estranha ao processo, que é</p><p>chamada a declarar sobre os fatos que caíram sob o domínio dos seus</p><p>sentidos.</p><p>A prova testemunhal é tão velha quanto à humanidade e a mais antiga</p><p>de todas. É a que se obtém por meio do relato prestado em juízo, por pessoas</p><p>que conhecem o fato litigioso. A condição de testemunha impõe deveres como</p><p>os de comparecimento, depoimento e veracidade, podendo inclusive incorrer</p><p>em tipo penal se faltar intencionalmente com a verdade.</p><p>A testemunha deve comparecer quando intimada ou pode comparecer</p><p>quando a parte que a arrolou se comprometer a levar independentemente de</p><p>intimação. Essa testemunha não pode ter interesse na causa. Ela não é</p><p>obrigada a depor sobre fatos que acarretem grave dano para si, seu cônjuge,</p><p>parentes consanguíneos ou afins, em linha reta ou colaterais até o 2° grau,</p><p>conforme dispõe o art. 406 do CPC.</p><p>Com relação a esta prova, não podem depor os incapazes, os</p><p>impedidos e os suspeitos. Se for necessário, o juiz ouvirá testemunhas</p><p>impedidas ou suspeitas, mas os seus depoimentos serão prestados</p><p>independentemente de compromisso, conforme o art. 415 do CPC. Prova</p><p>testemunhal seria a prova mais frágil, mais sujeita às fraquezas humanas. Há</p><p>inclusive o crime de falso testemunho.</p><p>No processo trabalhista, o testemunho é de largo uso à prova principal.</p><p>A prova testemunhal continua sendo básica no processo trabalhista, mesmo</p><p>porque o documento também apresenta riscos. São inúmeros os processos</p><p>nos quais se discute a autenticidade ideológica de documentos e não são raras</p><p>as questões nas quais fica evidenciado o preenchimento de documentos pelo</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>34</p><p>empregador, assinados em branco pelo empregado por ocasião da sua</p><p>admissão.</p><p>8.3 DEPOIMENTO PESSOAL</p><p>Um dos meios de prova é o depoimento pessoal das partes do</p><p>processo, que é uma declaração, prestada pelo autor ou pelo réu, sobre os</p><p>fatos objetos do litígio, perante o juiz. Equipara-se ao interrogatório do</p><p>processo penal, de modo que é possível falar em interrogatório recíproco das</p><p>partes.</p><p>O depoimento pessoal é ato personalíssimo, isto é, o meio de prova</p><p>destinado a realizar o interrogatório das partes no curso do processo. Aplica-se</p><p>tanto ao autor como ao réu, pois ambos se submetem ao ônus de comparecer</p><p>em juízo e responder ao que lhe for interrogado pelo juiz (art. 340, I do CPC).</p><p>As diferenças entre interrogatório judicial e depoimento pessoal são as</p><p>seguintes: o depoimento pessoal é requerido pela parte, é meio de prova, há</p><p>pena de confesso, é realizado apenas uma vez e em audiência de instrução. Já</p><p>o interrogatório é determinado de ofício, é meio de convencimento, não há</p><p>pena de confesso, pode ser realizado a qualquer tempo e no curso do</p><p>processo. Isto é, consiste em um meio de defesa e de prova. O silêncio do</p><p>acusado não importará confissão e não poderá ser interpretado em juízo da</p><p>defesa.</p><p>8.4 CONFISSÃO</p><p>A confissão é quando a parte admite a verdade do fato, pode ser</p><p>simples, complexa, qualificada, judicial ou extrajudicial. É um meio de prova</p><p>judicial que consiste em uma declaração de ciência ou conhecimento,</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>35</p><p>expressa, terminante e séria, feita conscientemente, sem coações que</p><p>destruam a voluntariedade do ato por quem é parte no processo em que ocorre</p><p>ou é aduzida, sobre fatos pessoais ou sobre o conhecimento de outros fatos</p><p>prejudiciais a quem a faz ou ao seu representante, conforme o caso, ou</p><p>simplesmente favoráveis à sua contraparte no processo.</p><p>Ocorre a confissão quando a parte admite a verdade de um fato</p><p>contrário ao seu interesse e favorável ao adversário (art. 348 do CPC). É uma</p><p>declaração judicial ou extrajudicial, que pode ser provocada ou espontânea, em</p><p>que os litigantes, capazes e com ânimo de se obrigar, fazem da verdade</p><p>(integral ou parcial) dos fatos alegados pela parte contrária, como fundamentais</p><p>na ação.</p><p>Confissão é uma prova que pesa sobre quem a faz e em favor da parte</p><p>contrária, mera confirmação das alegações do adversário. Observa-se, em</p><p>consequência, que o depoimento pessoal e a confissão não são a mesma</p><p>coisa. Pode haver depoimento sem confissão. Como também pode haver</p><p>confissão extrajudicial, esta admitida com muita reserva no processo</p><p>trabalhista. Mas pode haver confissão, no processo trabalhista, fora do</p><p>depoimento pessoal na contestação, desde que haja o reconhecimento parcial</p><p>ou total de fatos alegados pelo autor.</p><p>Da mesma forma, também por petição nada impede que o autor admita</p><p>fatos alegados na contestação. Confissão é, portanto, a aceitação dos fatos</p><p>apontados pela parte como verdadeiros, produzida quer no depoimento</p><p>pessoal, como é mais comum, quer em outros atos processuais e mesmo</p><p>extrajudicialmente.</p><p>A confissão, de acordo com o art. 352 do CPC, será revogável quando:</p><p>“emanar de erro, dolo ou coação”. O meio é a ação anulatória, se pendente o</p><p>processo em que foi feita, ou a ação rescisória, depois de transitada em julgado</p><p>a sentença.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>36</p><p>8.5 INSPEÇÃO JUDICIAL</p><p>É o meio de prova em que o próprio juiz comparece no local para</p><p>verificar coisas ou pessoas relacionadas ao litígio, consiste na percepção</p><p>sensorial e direta do juiz. Seu objeto pode ser pessoas, coisas ou lugares. A</p><p>inspeção judicial ocorrerá quando o juiz entender necessário. Durante essa</p><p>inspeção o magistrado pode ser assistido de um ou mais peritos; às partes</p><p>também é assegurado o direito de assistir a inspeção.</p><p>Assim, podem ser objeto da inspeção judicial:</p><p> Pessoas vivas - inspeção judicial de pessoas (ad personam) ou subtipo</p><p>inspectio corporis (no corpo da pessoa) ou mortas – os cadáveres.</p><p> Coisas - inspeção judicial real (ad rem).</p><p>Por fim, a inspeção judicial é simplesmente um reconhecimento ou uma</p><p>diligência processual com a função de obter provas, mediante</p><p>uma verificação</p><p>direta. Tem por finalidade permitir ao juiz esclarecimento sobre fatos de</p><p>interesse da causa, de acordo com o art. 440 do CPC.</p><p>O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do</p><p>processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que</p><p>interesse à decisão da causa.</p><p>8.6 PROVA PERICIAL</p><p>Por meio da prova pericial colhem-se percepções e fazem-se</p><p>apreciações, não só para a direta demonstração ou constatação dos fatos que</p><p>interessam a lide, das causas ou consequências desses fatos, como também</p><p>para o esclarecimento dos mesmos.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>37</p><p>Prova pericial é aquela que surge para apurar fatos que envolvem</p><p>matéria técnica e científica. Vimos que a prova pericial não é a única prova</p><p>válida admitida, existem outras, como as testemunhais e as documentais, que</p><p>também devem ser levadas em consideração. Segundo Humberto Theodoro</p><p>Junior (2002), a prova pericial “é o meio de suprir a carência de conhecimentos</p><p>técnicos de que se ressente o juiz para apuração dos fatos litigiosos”.</p><p>De acordo com o art. 420 do CPC, a prova pericial consiste em exame,</p><p>vistoria ou avaliação:</p><p>§ único. O juiz indeferirá a perícia quando:</p><p>I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de</p><p>técnico;</p><p>II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;</p><p>III - a verificação for impraticável.</p><p>Assim, o exame é relativo à pessoa, às coisas móveis e semoventes</p><p>(animais). A vistoria é a mesma inspeção só que aplicada a imóveis. Quando o</p><p>assunto é valor ou obrigações, chama-se arbitramento. E a avaliação é estimar</p><p>valores para coisas, direitos e obrigações. A função da prova pericial é</p><p>subministrar a experiência técnica ao processo, para que seja empregada na</p><p>dedução judicial.</p><p>9 PROVA EMPRESTADA E PROVAS INADMISSÍVEIS</p><p>A prova de um fato, produzida em um processo, seja por documentos,</p><p>testemunhas, confissão, depoimento pessoal ou exame policial, pode ser</p><p>transladada para outro, por meio de certidão extraída daquele. A essa prova,</p><p>assim transferida de um processo para outro, a doutrina e a jurisprudência dão</p><p>o nome de prova emprestada.</p><p>Segundo a doutrina, são também inadmissíveis as provas que sejam</p><p>incompatíveis com os princípios do respeito ao direito de defesa e à dignidade</p><p>humana, os meios cuja utilização se opõe às normas reguladoras do direito</p><p>que, em caráter geral, regem a vida social de um povo.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>38</p><p>Nesse caso, estaremos diante de provas inadmissíveis, ou seja, provas</p><p>ilegais, quando ocorrer violação do ordenamento jurídico, quer seja material</p><p>(prova ilícita) ou processual (prova ilegítima).</p><p>10 PROVAS ILÍCITAS E PROVAS ILEGÍTIMAS</p><p>As provas ilícitas são aquelas obtidas com violação às normas de</p><p>direito material. Na área do Processo Penal temos os exemplos da confissão</p><p>obtida mediante a tortura, provas adquiridas com violação de</p><p>correspondências, etc. Tais provas são ilícitas por ferirem o direito material,</p><p>pois tanto a tortura como a violação de correspondência são condutas</p><p>tipificadas no direito material, conforme o art. 5°, XII da CF de 1988.</p><p>Assim, não pode o juiz fundamentar sua decisão em prova obtida</p><p>ilicitamente. Não são ilícitas as provas, entretanto, quando o interessado</p><p>consente na violação de seus direitos assegurados constitucionalmente ou pela</p><p>legislação ordinária, desde que sejam bens ou direitos disponíveis. Nessas</p><p>hipóteses a conduta do autor da prova deixa de ter a ilicitude exigida na</p><p>Constituição para a sua proibição.</p><p>Assim, há entendimento na doutrina nacional e estrangeira de que é</p><p>possível a utilização de prova favorável ao acusado, ainda que colhida com</p><p>infringência a direitos fundamentais seus ou de terceiros, quando</p><p>indispensáveis e quando produzida pelo próprio interessado, como a de</p><p>gravação de conversa telefônica em caso de extorsão, por exemplo, que traduz</p><p>hipótese de legítima defesa, excluindo a ilicitude.</p><p>Já as provas ilegítimas são aquelas produzidas ou apresentadas em</p><p>infringência às normas de direito processual (formal). É prova obtida</p><p>ilegitimamente, afrontando preceitos do direito processual, tanto na produção</p><p>quanto na introdução da prova no processo.</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>39</p><p>Como exemplo de prova ilegítima temos a prova emprestada, “aquela</p><p>produzida num processo para nele gerar efeitos, sendo depois transportada</p><p>documentalmente para outro, com fim de gerar efeitos neste”. Para sua</p><p>admissibilidade no processo é necessário que tenha sido produzida em</p><p>processo formado entre as mesmas partes e, portanto, submetida ao</p><p>contraditório.</p><p>O compromisso do juiz é com a verdade formal, revelada pela prova,</p><p>contudo, a verdade real é a sua busca permanente, podendo, nesta busca</p><p>ideal, determinar provas. Temos como ideal a verdade real, ou seja, a realidade</p><p>dos fatos, não pode o julgador afastar-se da prova. Pode ele, inclusive,</p><p>determinar diligências, contudo, não lhe é permitido presumir verdades.</p><p>Assim, o fundamental para o julgador é a prova que os autos encerram,</p><p>não lhe cabendo procurar a verdade fora dos autos. As verdades processuais</p><p>se estabelecem pelas várias formas de prova em direito permitidas, como</p><p>documentos, perícias, testemunhas e constituem pequenas parcelas de</p><p>verdade que, combinadas e analisadas, se ajustam e se encaixam de modo a</p><p>formar uma verdade maior. O juiz deve analisar cada um destes fragmentos</p><p>isoladamente, antes de fazê-las integrar ao todo.</p><p>11 FOTOGRAFIA FORENSE NA PROVA PERICIAL</p><p>Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, cinematográfica,</p><p>fonográfica ou de qualquer espécie, faz prova dos fatos ou das coisas</p><p>representadas se aquele contra quem foi produzida lhe admite conformidade.</p><p>Impugnada a autenticidade da reprodução mecânica, o juiz ordena a realização</p><p>de exame pericial.</p><p>Segundo o Conselho Nacional dos Peritos Judiciais (CONPEJ):</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>40</p><p>A fotografia forense, que é também conhecida como fotografia de</p><p>evidências, tem o seu destaque como prova pericial, sendo</p><p>necessária para todos os peritos judiciais e criminais independentes</p><p>de sua especialidade pericial, pois constitui uma excelente ferramenta</p><p>de produção de prova, enriquecendo o laudo pericial e os pareceres</p><p>técnicos elaborados pelos peritos.</p><p>Havia certa desconfiança ao se utilizar fotos digitais como meio de</p><p>produção de prova pericial, devido à qualidade das fotos e também à</p><p>autenticidade das mesmas. Hoje, com o avanço tecnológico, foi superado pela</p><p>credibilidade e qualidade das imagens obtidas por meios digitais. Dentre as</p><p>dezenas de aplicações para a fotografia forense podemos citar: fotografia</p><p>grafotécnica, fotografia papiloscópica, de local de crime, de acidentes,</p><p>cadáveres, etc.</p><p>Para a realização de uma boa fotografia forense o perito deve</p><p>primeiramente se preocupar com o tipo de câmera que irá utilizar, pois a</p><p>escolha do equipamento apropriado será fundamental para o sucesso da</p><p>obtenção de prova. Importante frisar que o perito deve ter em mente que o</p><p>objetivo da fotografia forense será sempre produzir provas, ajudando assim a</p><p>esclarecer as possíveis dúvidas que possam existir e enriquecer o laudo</p><p>pericial.</p><p>12 FOTOGRAMETRIA COMPUTADORIZADA (FERRAMENTA PARA</p><p>DIAGNÓSTICO FUNCIONAL)</p><p>A fotogrametria pode ser realizada em qualquer lugar, porém é ideal</p><p>que se tenha um lugar apropriado e específico. Esse espaço pode ser</p><p>chamado de laboratório de fotogrametria, sendo instalado dentro do consultório</p><p>do perito, de algum consultório que seja específico para a perícia ou mesmo</p><p>posto de trabalho, para a análise da atividade laboral.</p><p>Nas perícias, a importância e responsabilidade do exame físico pericial</p><p>são de grande amplitude, devido à grande quantia financeira que está em jogo</p><p>e porque o resultado da perícia pode definir o ganhador dessa questão. De</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>41</p><p>acordo com cada perícia para a realização da fotogrametria computadorizada</p><p>postural, o exame físico inicia-se com a colocação de marcadores de pele em</p><p>pontos ósseos predeterminados. Após a fotogrametria computadorizada são</p><p>realizados os testes palpatórios específicos para o exame pericial. Esse exame</p><p>tem como objetivo verificar a extensão da lesão para chegar a um parecer final</p><p>quanto à capacidade funcional.</p><p>13 PERÍCIA CALIGRÁFICA E/OU DOCUMENTOSCOPIA NA PROVA</p><p>PERICIAL</p><p>A perícia caligráfica e/ou documentoscópica é um dos objetos de prova</p><p>mais importantes e também dos mais usuais com que conta a justiça. Com</p><p>relação ao exame escrito ou perícia caligráfica, prevê o art. 174 do CPP que as</p><p>diligências para o exame de reconhecimento de escritos, por comparação de</p><p>letra, destinam-se a autenticar documento, ou então, proclamar sua falsidade.</p><p>As regras previstas no art. 174, que se referem à perícia de escritos, podem ser</p><p>estendidas, como orientação, às perícias datilográficas.</p><p>De acordo com o art. 339 do CPC, “ninguém pode se eximir, sem justo</p><p>motivo, do dever de colaborar com a justiça para o descobrimento da verdade”.</p><p>A perícia caligráfica judicial conta hoje com muitos recursos para poder</p><p>detectar qualquer falsificação ou alteração que se tenha produzido.</p><p>A documentoscopia ajuda na prova pericial, pois se aplicam técnicas e</p><p>métodos óticos e computacionais para identificação dos meios utilizados para</p><p>adulterar ou falsificar um documento. Ou seja, é a ciência que estuda, analisa e</p><p>identifica os diversos tipos de falsificações e adulterações em documentos,</p><p>moedas, selos, cartões de crédito, cheques, contratos, procurações, certidões</p><p>de nascimento, óbito etc..</p><p>Desta forma, os processos que envolvem as questões acima serão</p><p>solucionados por meio de um perito em documentoscopia forense, que tem</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>42</p><p>como objetivo desvendar falsificações em diversos tipos de documentos. Para</p><p>ser perito dessa especialização, é necessário:</p><p> Uso de equipamentos;</p><p> Ser um grande estudioso da matéria, conhecendo profundamente os</p><p>dispositivos gráficos de segurança (talho-doce, microletras, fundos</p><p>numismáticos, rosáceas, imagens latentes, etc.);</p><p> Tintas especiais, sem contar no notório conhecimento das fases de</p><p>produção gráfica e fotografia.</p><p>14 PERÍCIA NO CRIME DE LESÃO CORPORAL E MOMENTO PARA A</p><p>REALIZAÇÃO DO EXAME</p><p>Como vimos anteriormente, a perícia é o exame realizado por pessoa</p><p>que tem determinados conhecimentos técnicos, científicos, artísticos ou</p><p>práticos acerca dos fatos, circunstâncias objetivas ou condições pessoais</p><p>inerentes ao fato punível, a fim de comprová-los. No caso de crime de lesão</p><p>corporal, dispõe o art. 168 do CPP que:</p><p>Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido</p><p>incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação</p><p>da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do</p><p>Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.</p><p>Na ausência ou deficiência do exame complementar, ele é suprido pela</p><p>prova testemunhal, mas esta só é possível quando, comprovadamente,</p><p>desapareceram os vestígios, o que impossibilita o exame direto. Havendo</p><p>divergências dos peritos nas conclusões ou mesmo em aspectos</p><p>circunstanciais do exame, o laudo deve registrar a opinião e as respostas de</p><p>cada um deles. Por escolha deles também podem redigir laudos isolados.</p><p>Havendo tal divergência, o juiz deve nomear perito desempatador,</p><p>conforme o art. 180 do CPP. Divergindo este da conclusão dos primeiros, o juiz</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>43</p><p>pode ordenar novo exame por outros peritos. Pode, porém, optar por uma das</p><p>opiniões emitidas.</p><p>No momento da realização da prova pericial em uma perícia contábil,</p><p>por exemplo, verifica-se a eficácia de uma contabilidade com registros</p><p>atualizados e se os mesmos encontram-se de acordo com os Princípios</p><p>Fundamentais de Contabilidade. Os livros comerciais e fiscais que preencham</p><p>os requisitos exigidos por lei são prova, contra ou a favor, do seu autor. Isto é,</p><p>todos os meios legais e moralmente legítimos podem ser apresentados ao</p><p>perito para a apuração dos fatos.</p><p>Já as perícias, especialmente o exame de corpo de delito direto, devem</p><p>ser realizadas logo que o fato se torna conhecido da autoridade policial, pois</p><p>mais perfeita será a perícia quanto mais próxima do delito for realizada. Além</p><p>disso, sempre há o risco de desaparecerem os vestígios, obrigando a</p><p>realização do corpo de delito indireto. Por isso, o código permite que seja ele</p><p>realizado em qualquer dia e a qualquer hora, ou seja, inclusive aos domingos e</p><p>feriados e à noite.</p><p>O exame de corpo de delito pode ser direto ou indireto e será feito em</p><p>pessoas ou em coisas, sempre em que a infração penal deixar vestígios.</p><p>Deixando o crime vestígios materiais é indispensável o exame de corpo de</p><p>delito direto, elaborado por peritos para se comprovar a materialidade do crime,</p><p>sob pena de nulidade.</p><p>O exame destina-se à comprovação, por perícia, dos elementos</p><p>objetivos do tipo, que diz respeito, principalmente, ao evento produzido pela</p><p>conduta delituosa, ou seja, do resultado de que depende a existência do crime.</p><p>Por vezes, as infrações não deixam vestígios materiais ou estes não são</p><p>encontrados, impossibilitando o exame direto.</p><p>Assim, dispensa-se a perícia, fazendo-se então a prova do crime por</p><p>outros meios, em regra por testemunhas, conforme o art. 167 do CPP. Forma-</p><p>se, então, o corpo de delito indireto, que também não pode ser suprido apenas</p><p>pela confissão do réu. Desse modo, não sendo possível o exame de corpo de</p><p>delito direto – por terem desaparecido os vestígios –, dispensa-se a perícia,</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>44</p><p>fazendo-se a prova do crime inclusive pelo depoimento de testemunhas. Deve</p><p>haver, porém, uma prova testemunhal cabal sobre a materialidade do delito.</p><p>O exame de corpo de delito é obrigatório, mas quanto às demais</p><p>perícias há uma faculdade da autoridade policial ou judiciária na sua</p><p>realização. Requerida pela parte, cabe à autoridade deferi-la ou não, conforme</p><p>a considera ou não necessária para a elucidação dos fatos ou de suas</p><p>circunstâncias; evitando-se, assim, a realização de perícias desnecessárias.</p><p>Permanece indispensável o exame de corpo de delito, direto ou</p><p>indireto, nas infrações que deixam vestígios, conforme o art. 158 do CPP.</p><p>Contudo, pela nova redação do art. 159 do CPP, a perícia pode ser feita por</p><p>apenas um perito oficial. Nesse aspecto, a prova pericial foi simplificada e</p><p>tornou-se mais ágil. Nos locais em que não houver perito oficial permanecem</p><p>as regras do art.159, § 1º e § 2º do CPP.</p><p>15 QUESITOS DA PERÍCIA</p><p>Determinada a realização do exame, a autoridade policial ou judiciária</p><p>e as partes podem formular quesitos, ou seja, perguntas pertinentes à perícia e</p><p>que versem sobre pontos a serem esclarecidos. Tais quesitos podem ser</p><p>formulados até o ato da diligência, consequentemente não podem ser</p><p>propostos durante sua realização. Cabe o oferecimento tempestivo de quesitos</p><p>em qualquer espécie de perícia.</p><p>No caso de perícia judicial, constitui o indeferimento do pedido</p><p>ilegalidade e restrição ao direito das partes, que importa nulidade da decisão e</p><p>da perícia que assim se realizar. Não cabe quesito do acusado quando se trata</p><p>de perícia realizada em inquérito policial.</p><p>Quesitos são os elaborados pelas partes para obtiverem respostas,</p><p>esclarecimentos sobre o laudo pericial. Isto é, a parte requer ao juiz que mande</p><p>intimar o perito e o assistente técnico para comparecerem à audiência,</p><p>formulando desde logo as perguntas, sob forma de quesitos. Compete ao juiz</p><p>AN02FREV001/REV 4.0</p><p>45</p><p>indeferir quesitos impertinentes e formular os que entender necessários ao</p><p>esclarecimento da causa.</p><p>Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão</p>