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DISCIPLINA: CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS DO CORPO Professora Alexandra Rodrigues Ribeiro AULA 3 ➢ O Corpo na perspectiva filosófica. Ao longo de toda história da Filosofia, contextualizada pela própria história da humanidade, o corpo tem sido apresentado sob diferentes conceituações e problematizações. Já foi considerado como prisão da alma, fonte de pecados e tentações, máquina, objeto de poder, objeto de prazer. Todas essas concepções, ao responderem à pergunta do que venha a ser o corpo, deram pistas ao que vem a ser o próprio ser humano. Os primeiros estudos ➢ Apresentavam o corpo na sua dualidade corpo/alma. Essa dualidade não apresentava somente duas dimensões, mas uma hierarquia em que a alma se sobrepunha sobre o corpo. ➢ Sustentando essa visão dualista, Platão afirmava que o corpo era o cárcere da alma. No corpo, encontra-se, a raiz de todo mal: paixões, loucuras, patologias e discórdias. O corpo era, para ele, a realidade sensível, enquanto que a alma era a realidade inteligível. ➢ A morte seria, portanto, a libertação da alma de seu cárcere, o corpo. Neste sentido, para Platão, o bom filósofo é aquele que consegue realizar duas fugas: fuga do corpo e fuga do mundo. A fuga do corpo representa o desejo do filósofo pela verdadeira vida, a morte do corpo. A fuga do mundo revela-se no desejo do filósofo em tornar-se virtuoso, viver segundo o espírito, longe das paixões do mundo. Na Idade Média, o corpo é compreendido como dimensão de pecado e que atrapalha a relação com Deus. Nos conventos e mosteiros, eram comuns as práticas de mortificações e penitências corporais em que os monges tinham que infligir dores no próprio corpo para fugir da tentação do desejo carnal. A atividade seria de aplicar em si mesmo chicotadas; ficar de joelhos em pedras ou objetos pontiagudos; passar fome durante um tempo significativo; e, em experiências mais extremas, mutilar de partes do corpo. Todas essas experiências deveriam provocar sofrimento, visando ao desprezo do Corpo. Principalmente na Filosofia de René Descartes, o corpo passa a ser visto como uma máquina com leis mecânicas perfeitamente calculáveis. A perfeição da máquina apresenta-se tanto em seu conjunto quanto em suas partes. Essa visão mecanicista do corpo está baseada no método científico e numa visão matematizada da vida, em que tudo deve ser calculado e mensurado. Esta ótica, passa-se na Idade Moderna. ➢Não podemos definir o corpo a partir de um só conceito, assim como feito até a Idade Moderna. O corpo possui diversificadas dimensões, assim como funções. ➢O corpo humano é um organismo vivo, assim como o dos outros animas que fazem parte do ecossistema. Mas, diferente dos animais, o ser humano nasce com seu corpo em construção. Nascemos totalmente dependentes de cuidados. Funções como falar, caminhar, entre outras que desenvolvemos, precisam ser aprendidas dentro de tempos específicos, , as chamadas as fases compreendidas dentro da Psicologia do Desenvolvimento. ➢ Somos bípedes, nos posicionamos e caminhamos com dois pés. Nossa postura física é vertical e não horizontal como a maioria dos outros animais. Para a ciência, essa postura vertical permitiu que o homem desenvolvesse seus membros superiores, os braços, e favoreceu um olhar e uma relação diferente com a natureza, o desenvolvimento de habilidades mentais. SER HUMANO: DIMENSÕES MATERIAL E IMATERIAL Para compreendermos sobre as dimensões materiais e imateriais do ser humano, especialmente no que diz respeito ao corpo, é importante termos em mente que somos (enquanto seres humanos), marcados de diversas formas. Sabemos que possuímos um corpo ou que somos corpo. Esta consciência nos permite uma relação diferenciada conosco mesmos. Assim, o corpo nasce e vai se constituindo, a partir das relações e das identificações históricas, sociais, culturais, econômicas, de gênero e de representação, que compõem sua identidade, tanto individual quanto coletiva. A dimensão imaterial e cultural é vivenciada pelo ser humano desde as suas origens. Portanto, todo ato do homem deve ser analisado sob a luz de um referencial e um contexto cultural, já que sua história se produz e reproduz a cultura. CORPOREIDADE Falar de corporeidade é falar da forma como o ser humano se reconhece e utiliza seu corpo para se relacionar com o mundo. Assim, falamos também de identidade corporal, que constituí uma complexa teia de relações, com particularidades locais, projeções sociais e possibilidades globais. A pessoa manifesta no corpo, adquire consciência de si a partir de práticas que expressam a cultura e os valores da comunidade a qual pertence, aumentando assim seu desenvolvimento e suas capacidades, em todas as esferas e dimensões, num processo permanente. Assim, o corpo é influenciado pela cultura e produz cultura, na medida em que se relaciona com o meio e com o outro. Temos o corpo como espaço de potência e acontecimento, onde a maneira como o sujeito se relaciona, se comporta com o outro, em suas dimensões sociais e identitárias, representa a maneira ativa do indivíduo constituir sua subjetividade, compreendendo por subjetividade “a maneira pela qual o sujeito faz a experiência de si mesmo em um jogo de verdade, no qual ele se O corpo é, portanto, formado pelas práticas exteriores que o determinam e, ao mesmo tempo, pelas práticas de si que se constituem em relações interiores e autônomas. As formas de construção do corpo e sua subjetividade passam pelo encontro entre forças externas e movimentos internos. Definição das funções da corporeidade humana ➢ Mundanizante: o corpo humano ocupa uma posição espacial no mundo. Através do corpo, o ser humano apresenta-se ao mundo e dele faz parte. ➢ Epistemológica: através do corpo, o homem conhece o mundo e conhece a si mesmo. É possuidor de autoconsciência. ➢ Econômica: através do corpo, o homem toma posse dos objetos. Expande-se aos objetos como prolongamento do próprio corpo. ➢ Ascética: a partir do corpo, o ser humano exerce domínio de suas ações. Controla seus hábitos e seus vícios. Uma das características mais presentes na dimensão corpórea é a noção de finitude. O ser humano sabe que se o seu corpo não for cuidado, ele adoece e pode perecer. A morte faz parte da consciência humana, ou seja, o ser humano sabe-se finito. Esta consciência lhe abre para o medo do fim e, ao mesmo tempo, para o adiamento do mesmo. Mas, mesmo com a morte, o corpo ainda permanece como sinal de identidade. Uma pessoa só é considerada morta depois de encontrado seu corpo. Em caso de desaparecimentos em que se encerram as buscas, ainda resta, nos parentes, a sensação de que a pessoa não morreu. DESEJO A VOCÊS, UMA EXCELENTE JORNADA!! UM ABRAÇO E ATÉ MAIS! Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18