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VALORAÇÃO AMBIENTAL DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Reconhecer a biodiversidade. > Descrever as atividades humanas e os tipos de poluição. > Identificar os impactos negativos e positivos das atividades humanas na biodiversidade. Introdução Desde o final da década de 1960, tem havido debates mundiais acerca dos proble- mas ambientais e da perda da diversidade biológica. Em meados dos anos 1980, a comunidade científica e outros setores da sociedade começaram a se preocupar com a intensidade do impacto que as ações humanas estavam exercendo sobre os sistemas biológicos do planeta. A redução da biodiversidade é causada por destruição dos hábitats, introdução de espécies invasoras, exploração excessiva da natureza, entre outros aspectos. A derrubada de florestas e o uso de grandes porções de terra pelo agronegócio são as principais causas das extinções. A diminuição da diversidade biológica no mundo se reflete também na redução de serviços ecossistêmicos, tais como disponibilidade de água, alimentos e ar limpos, o que interfere diretamente na saúde do ser humano e na sustentabilidade econômica mundial. Além disso, Atividades humanas e a biodiversidade Claudia Elisa Alves Ferreira essa situação torna as populações humanas suscetíveis ao colapso da oferta de alimentos devido aos surtos de pragas agrícolas. Os ecossistemas empobrecidos aumentam a possibilidade de dispersão de hospedeiros e vetores de diversos tipos de doenças. A Política Nacional da Biodiversidade (BRASIL, 2002, documento on-line) des- creve que: [...] as nações são responsáveis pela conservação de sua biodiversidade e por assegurar que atividades sob sua jurisdição não causem dano ao meio ambiente e à biodiversidade de outras nações ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional. Afirma, também, que a manutenção da diversidade biológica é fundamental para manter os sistemas necessários à vida da biosfera. A biodiversidade é um bem coletivo, de modo que é preciso conservar os seus recursos para não comprometer o bem-estar de gerações futuras. Neste capítulo, você conhecerá o conceito de biodiversidade e sua importância para a manutenção da vida na Terra. Além disso, verá como as intervenções hu- manas causam impactos no meio ambiente. Por fim, você verá que os efeitos das intervenções humanas podem ser positivos ou provocar desequilíbrios ambientais, com a consequente perda de espécies ao redor do mundo. A importância da biodiversidade para a preservação da vida A biodiversidade, ou diversidade biológica, representa toda a variedade de vida no planeta, incluindo os genes, as espécies e os ecossistemas que sustentam a vida. O Brasil é um país megadiverso, ou seja, concentra grande parte das espécies do mundo e tem uma enorme variedade de paisagens entre os seus biomas (MOSSRI, 2012). A Figura 1, a seguir, apresenta quais são e onde estão concentrados os biomas brasileiros. Atividades humanas e a biodiversidade2 Figura 1. Os biomas do Brasil. Fonte: Tereza Ferreira/Shutterstock.com. A biodiversidade engloba os serviços ecossistêmicos que a natureza pro- porciona, sendo, portanto, um bem coletivo que necessita ser conservado para a manutenção da própria vida no planeta e o bem-estar das gerações futuras. Um levantamento realizado em 2011 mostrou que existem cerca de 8 milhões de espécies no mundo, distribuídas entre espécies terrestres e marinhas. Essa estimativa resulta de uma pesquisa em mais de 80 países, realizada por 10 anos, e evidencia que as taxas de extinção de espécies estão acelerando, de modo que muitas delas podem desaparecer antes mesmo que saibamos de sua existência, seu hábitat e sua função nos ecossistemas (CIENTISTAS..., 2011). A riqueza da biodiversidade vem sendo superexplorada nas últimas déca- das, devido ao processo civilizatório, à ocupação dos espaços e à urbanização, reflexos dos modelos econômicos empregados pelas nações. Atividades humanas e a biodiversidade 3 A conservação da biodiversidade é fundamental para o bem-estar do ser humano e para o planeta. A destruição da diversidade biológica traz consequências, como crises socioeconômicas e ambientais. Há, também, problemas indiretos que resultam desse processo, como: retrocessos sociais, corrupção, intolerância, violência, doença e mortes. Atualmente, as crises que preocupam a economia mundial são ambientais e envolvem escassez de água, poluição, perda de biodiversidade, diminuição do solo arável, esgotamento de recursos naturais, bolsões de miséria, ameaça de pandemias e desigualdade. Assim, faz-se necessário perceber que todos esses problemas estão conectados, para que seja possível encontrar soluções. A existência e a manutenção da biodiversidade estão relacionadas com a forma como gerenciamos esses recursos e protegemos os ecossistemas e suas espécies. Para que haja conciliação dos interesses e das demandas da sociedade com a necessidade de preservação ambiental, foram criadas políticas públicas, com diretrizes, objetivos e metas com o intuito de que a coletividade seja favorecida. O art. 2º da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), por exemplo, tem por objetivo: [...] a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando a assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana (PEREIRA; BRITO, 2012, p. 25). A promulgação da Convenção da Diversidade Biológica, em 1998, assi- nada pelo Brasil e referendada por 180 nações, destacou a importância da diversidade biológica para a evolução e a manutenção dos sistemas neces- sários à biosfera. Esse acordo propôs que os países se responsabilizassem pela utilização e o compartilhamento justo e equitativo dos benefícios derivados da utilização dos recursos da biodiversidade. O art. 13 da refe- rida Convenção enfatiza a importância da divulgação e da inclusão desses temas em programas educacionais e a cooperação com outros estados e organizações internacionais para a “[...] conscientização pública referente à conservação e à utilização sustentável da diversidade biológica” (BRASIL, 2000, documento on-line). Houve outras políticas e acordos importantes, tais como a Política Na- cional da Biodiversidade (BRASIL, 2002), o Protocolo de Cartagena (2000) e o Protocolo de Nagoia (2010), todos visando a ações contra a redução da diversidade biológica e a medidas de proteção aos recursos da biodiversidade Atividades humanas e a biodiversidade4 global (MOSSRI, 2012). Infelizmente, a adoção de tais medidas, na prática, depende de uma série de fatores, que nem sempre são cumpridos pelos países signatários, o que dificulta a sua execução e efetividade. Desse modo, é preciso haver a utilização responsável da biodiversidade e o reconhecimento de seu valor inestimável para a humanidade, por meio da implementação de um novo modelo de desenvolvimento sustentável, que trará benefícios sociais e econômicos para toda a sociedade. A Amazônia e a importância da biodiversidade brasileira Assim como outras regiões do Brasil, a Amazônia tem sofrido impactos am- bientais significativos, devido, principalmente, ao desmatamento. A retirada da floresta traz grandes consequências para o ecossistema local e influencia os processos ecológicos de outras regiões. A floresta amazônica preservada interfere, inclusive, no clima e no volume de chuvas do país. Os rios voadores são vapores atmosféri- cos concentrados que sobrevoam as copas das árvores, formam massas de ar invisíveis e atravessam os céus do Brasil. Outra consequência do desmatamento e da falta de preservação am- biental é o surgimento de doenças, uma vez que a transformação de paisagens naturais altera os hábitats de alguns animais e os coloca em contato com os seres humanos. Isso pode ser perigoso, pois pode haver patógenos no organismo desses animais que são inofensivos a eles, mas prejudiciaisàs pessoas. Os ecossistemas são essenciais para a vida humana e a saúde ambien- tal, pois cumprem funções como: purificação do ar e da água, controle de fenômenos climáticos, manutenção de solos férteis, reprodução de espécies da flora pela dispersão de sementes e controle de erosões. Portanto, os serviços ambientais advindos da biodiversidade preservada permitem que sejam obtidos: água pura, regulação do clima, ciclagem de nutrientes, produção de alimentos, fibras e combustíveis, recursos genéticos e farmacêuticos, entre outros. A Figura 2, a seguir, exemplifica esses serviços ecossistêmicos. Atividades humanas e a biodiversidade 5 Figura 2. As funções do solo. Fonte: Embrapa (2018, documento on-line). As atividades humanas e os tipos de poluição Ao longo da história, a relação do homem com a natureza, que era essen- cialmente rural, com a produção para o consumo próprio, teve alterações, devido a uma sociedade em expansão, com enormes demandas por recursos. A urbanização e o desenvolvimento das cidades trouxeram desequilíbrio à relação do ser humano com o meio ambiente, insalubridade, excesso de detritos e exploração excessiva de florestas e de outros recursos naturais (ROSA; FRACETO; MOSCHINI-CARLOS, 2012). Os avanços tecnológicos propiciaram a criação de indústrias, culminando na Revolução Industrial. Esse evento revolucionou o modo de vida e de pro- dução da sociedade, trazendo novas técnicas e produtos, medicamentos, saneamento ambiental e outras formas de uso dos territórios. Contudo, o consumo indiscriminado e o crescimento ilimitado, visando a lucros incessan- tes e à acumulação de capital, acarretaram diversos problemas ambientais Atividades humanas e a biodiversidade6 e sociais. O modelo econômico de desenvolvimento praticado desde então, apesar de ter proporcionado mais conforto e melhorado a qualidade de vida em certa medida, ocasionou desigualdade, exclusão social e desarmonia entre a sociedade e o meio ambiente. De acordo com Pereira e Brito (2012, p. 9): É importante ressaltar, por exemplo, que desmatamento para construção de edifi- cações, produção de lixo e de resíduos sólidos geram grandes impactos ambientais. Algo de que não se pode fugir, mas que pode exigir posturas responsáveis em relação à conservação do meio ambiente. A intensificação dos problemas socioambientais foi induzida por ativi- dades humanas, tais como: desmatamento; atividade agrícola intensiva; má utilização e degradação do solo; e aumento de gases de efeito estufa lançados na atmosfera. Essas atividades influenciaram o destino da huma- nidade em todos os territórios do planeta. Outras atividades causadoras de impactos ambientais negativos ao meio ambiente são: mineração; produção de energia; transportes; construções civis, como estradas e cidades; e in- dústrias químicas e metalúrgicas. A seguir, são apresentados os principais tipos de poluição. Poluição do ar Atualmente, esse tipo de poluição traz grandes problemas de saúde pública e preocupações crescentes no âmbito mundial. O principal motivo é o aumento de gases de efeito estufa lançados na atmosfera por diversos processos, que contribuem com as mudanças climáticas e o aquecimento global. Esses gases são liberados pela queima de combustíveis fósseis, como o carvão mineral e o petróleo, por escapamentos de automóveis e nas indústrias. A queimada das florestas e as atividades agropecuárias também colaboram para a liberação de gases poluentes, pois geram resíduos contaminantes e vários tipos de poluição. Assim, faz-se necessário que sejam buscadas medidas para a mitigação desses efeitos negativos no ambiente e a redução progressiva de emissões de gases poluentes. Além disso, é preciso colocar em prática acordos in- ternacionais, aplicar as leis existentes e intensificar a fiscalização dessas atividades, para que sejam evitados e reduzidos os prejuízos causados pelas alterações ambientais. Atividades humanas e a biodiversidade 7 Poluição do solo De modo geral, produtos como detergentes, solventes, componentes eletrô- nicos, gasolina e óleos automotivos, lâmpadas fluorescentes, pneus, fluidos hidráulicos, hidrocarbonetos e chumbo são alguns dos principais agentes que poluem o solo. Por muito tempo, foi utilizado o controle químico de pragas para a produção agrícola. Isso ajudou a reduzir o número de doenças nas plantações, porém esses agentes químicos — presentes também em fertilizantes e agrotóxicos — poluem o solo e afetam o ecossistema, pois permanecem no meio ambiente por longos períodos. Portanto, é preciso que haja um controle rígido, bem como o monitoramento da qualidade do solo, da água e do ar, para controlar esses efeitos. Os lixos domésticos e industriais contêm diversos produtos que preju- dicam o meio ambiente (Figura 3). Quando esses lixos vão parar em lixões e aterros sanitários, eles eliminam um líquido escuro, chamado de chorume, que contamina o lençol freático e o solo. É importante ressaltar a questão do consumismo, isto é, o estímulo ao consumo inconsciente, que, incentivado pelo capitalismo, acaba gerando uma grande quantidade de resíduos sólidos descartados indevidamente, aumentando a poluição do solo. A eliminação de resíduos industriais, material radioativo ou lixo hospitalar no solo de maneira imprópria também causa uma enorme contaminação. A atividade mineradora deixa rastros irreversíveis de poluição e contamina, com rejeitos tóxicos e radioativos, o solo, as águas e o ar. Para minimizar a poluição do solo, é preciso obedecer à legislação, moder- nizar os equipamentos, apostar em tecnologia e utilizar novas metodologias que permitam o gerenciamento ambiental adequado de resíduos. Poluição da água O descarte de resíduos sólidos pela população de forma inadequada nas margens dos rios e nos cursos d’água gera poluição e consequências negativas, tais como enchentes e outros transtornos. A falta de saneamento básico é outro fator responsável pela poluição das águas. Assim, é preciso investir em políticas públicas, projetos, parcerias e educação ambiental para minimizar esses problemas. Atividades humanas e a biodiversidade8 As indústrias causam a poluição de hábitats, a contaminação química da água e a disposição de rejeitos sólidos e esgoto nas águas de entorno, afe- tando córregos, rios e até mesmo bacias hidrográficas (Figura 3). No entanto, é possível dispor de processos mais sustentáveis e técnicas avançadas para evitar a poluição causada pelos processos industriais. Técnicas como recicla- gem, reaproveitamento da água, colocação de filtros e tratamento do esgoto, por exemplo, podem colaborar para evitar os danos aos recursos naturais. Outra atividade que polui as águas é a petrolífera, uma vez que episódios de acidentes e vazamento de óleo nas águas têm ocorrido nos últimos anos. Para minimizar as consequências dos vazamentos de petróleo e derivados ao meio ambiente, é preciso ter instalações adequadas, seguir a legislação e investir na prevenção e preparação para a resposta rápida no caso de ocor- rências desse tipo. Além disso, faz-se essencial o treinamento de pessoal e aquisição de equipamentos apropriados para conter e recolher as manchas de óleo próximo à fonte poluidora, a fim de evitar que áreas sensíveis sejam contaminadas. O vazamento de óleo de motores ou petróleo no mar afeta plantas, peixes, mamíferos e toda a vida animal e vegetal de determinado ecossistema. O óleo derramado pode matar o plâncton, ou seja, os microrga- nismos vegetais e animais dos quais os peixes se alimentam. A mancha do óleo derramado bloqueia a luz do sol, de modo que as algas não conseguem realizar a fotossíntese, e os peixes morrem por falta de oxigênio ou intoxicados pelo óleo vazado. Além disso, tartarugas e peixes ficam com substâncias tóxicas acumuladas nos tecidos, assim como as penas das aves ficam impregnadas com o líquido tóxico. Os mangues da região são contaminados pelo petróleo, matando esse ecossistema e os seresque dependem dele. Poluição radioativa A poluição radioativa causa problemas respiratórios e circulatórios, defor- midades, perturbações mentais, envenenamento, hemorragias, vários tipos de câncer, entre outras anomalias. Apesar de a energia gerada pela energia atômica e por materiais radioativos ser útil e ajudar a diagnosticar e tratar doenças, a sua utilização incorreta e irresponsável causa grandes problemas. Além disso, esse tipo de poluição afeta a fauna e a flora, causando desequilí- Atividades humanas e a biodiversidade 9 brios permanentes ao meio ambiente. Outro fator agravante é que não existem métodos de remediação dos problemas, tampouco formas de limpeza dos ambientes afetados. Portanto, para prevenir a poluição radioativa, é preciso fazer um manuseio correto e consciente dos equipamentos, reduzir ao máximo os testes nucleares e monitorar o descarte dos resíduos. Poluições sonora e visual A vida moderna trouxe as poluições sonora e visual para o cotidiano, de- vido ao excesso de barulho das grandes cidades e aos estímulos visuais de propagandas, cartazes e painéis eletrônicos, que podem causar esses tipos de poluição, afetando a saúde física e mental da população. O barulho em demasia, por exemplo, atormenta a vida dos moradores nas metrópoles. Além de prejudicar a saúde humana, a poluição sonora causa desequilíbrios na natureza. A poluição sonora afeta o ritmo biológico de animais e plantas. Os animais ficam estressados e têm afetados os seus instintos de caça, a sua reprodução e a sua comunicação. No mar, motores de barcos e navios, atividades de plataformas petrolíferas e até esportes realizados nesse meio afetam principalmente golfinhos e baleias, que sofrem alterações em sua comunicação por sonares. As ondas sonoras do volume excessivo de ruídos atrapalham também o crescimento das plantas, fazendo-as perder água. Impactos negativos e positivos das atividades humanas na biodiversidade De acordo com a Resolução nº 001 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) (1986), o impacto ambiental é definido como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por matéria ou energia resultante das atividades humanas. Ainda, conforme o art. 1º da referida Resolução, são consideradas as atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais (CONAMA, 1986). Atividades humanas e a biodiversidade10 É possível estimar o impacto ambiental das atividades humanas, porém não há como medir exatamente esses efeitos, uma vez que o meio ambiente é complexo e os impactos nem sempre são previsíveis. Pode ocorrer, tam- bém, impacto ambiental positivo ou benéfico, quando a atividade desempe- nhada resulta na melhoria da qualidade de um fator ou parâmetro ambiental. Alguns exemplos de impacto positivo são: recuperação de áreas degradadas e reflorestamento; criação de áreas de preservação ambiental; e reposição de matas ciliares. Além disso, a instalação de empreendimentos em uma região pode trazer obras de revitalização, gerar empregos e melhoria da qualidade de vida e saúde da população local, além de possibilitar projetos de educação ambiental e programas educativos em parceria com escolas ou organizações não governamentais (ONGs). No entanto, os efeitos ambientais mais comuns e conhecidos são os im- pactos ambientais negativos. O Quadro 1, a seguir, apresenta a relação das atividades humanas e seus principais impactos. Quadro 1. Atividades humanas versus impactos ambientais Atividade Impactos ambientais Desmatamento � Alterações climáticas � Danos à flora e à fauna � Erosão do solo � Empobrecimento do solo � Assoreamento de recursos hídricos � Aumento do escoamento da água � Redução da infiltração da água � Inundações Impermeabilização do solo � Aumento do escoamento das águas � Redução da infiltração da água � Problemas de drenagem � Inundações Aterramento de rios, riachos, lagoas, etc. � Problemas de drenagem � Assoreamentos � Inundações � Prejuízos sociais e econômicos Escavações e aterros � Alterações nas drenagens das águas � Erosão do solo � Assoreamento dos recursos hídricos (Continua) Atividades humanas e a biodiversidade 11 Atividade Impactos ambientais Destruição de ecossistemas � Danos à fauna e à flora � Desfiguração da paisagem � Problemas ecológicos � Prejuízos às atividades do homem � Danos sociais e econômicos Emissão de resíduos � Poluição ambiental � Prejuízos à saúde do homem � Danos à fauna e à flora � Prejuízos às atividades humanas � Danos materiais Emissão de gás carbono, clorofluorcarbono, metano, etc. � Alterações de caráter global: efeito estufa — aumento da temperatura; elevação do nível dos oceanos; alterações na precipitação; inundações; desaparecimento de espécies animais e vegetais � Destruição da camada de ozônio: aumento da radiação ultravioleta; câncer de pele; riscos à diversidade genética; catarata, entre outras doenças Fonte: Adaptado de Guss (2011). Um dos maiores desafios que enfrentamos atualmente é a ameaça ao sistema climático global, devido ao aumento de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. A elevação do nível atmosférico desses gases poluentes, princi- palmente o CO2, causa o aquecimento do planeta e o aumento do nível do mar. O efeito estufa é um fenômeno natural que sempre ocorreu e serve para manter aquecida e possibilitar a vida na Terra. Entretanto, o excesso desses gases torna o planeta cada vez mais quente, afetando a biodiversidade e o meio ambiente como um todo. Outro aspecto preocupante, intensificado pelo aquecimento global, é a maior incidência de catástrofes, como inundações, enchentes, furacões, entre outras alterações ambientais. Atividades antró- picas, tais como queima de combustíveis fósseis, atividades agropecuárias, desmatamento e queimadas, provocam esses efeitos adversos. A Figura 3, a seguir, relaciona o efeito estufa com o aquecimento global. (Continuação) Atividades humanas e a biodiversidade12 Figura 3. O efeito estufa. Fonte: Eduarda (2016, documento on-line). Uma ação humana que causa um impacto ambiental significativo é o excesso de consumo, que gera um grande volume de resíduos. A gestão inadequada desses materiais acarreta prejuízos ao solo, à água e ao ar, além de ter potencial para causar doenças para a população. A construção civil representa uma das mais importantes atividades que colaboram com o desenvolvimento econômico e social do País, porém gera um enorme impacto ambiental, devido à demanda de recursos naturais e à modificação da paisagem. Estima-se que a construção civil gere, aproximada- mente, 450 kg de resíduos por habitante anualmente (PEREIRA; BRITO, 2012). Os principais efeitos adversos que as atividades do setor de construção civil causam são: acúmulo de resíduos potencialmente perigosos; obstrução de sistemas de drenagem (piscinões, galerias, etc.); assoreamento de rios e córregos; degradação de áreas de manancial e de proteção permanente; e ocupação de logradouros públicos por resíduos, afetando a circulação de pessoas e alterando a paisagem. Portanto, essa atividade representa um desafio para a conciliação do setor produtivo com as condições necessárias ao desenvolvimento sustentável e menos agressivo ao meio ambiente. Para minimizar o problema, é preciso reduzir o desperdício e diminuir o volume Atividades humanas e a biodiversidade 13 residual, realizar coleta seletiva, reutilização de materiais, reciclagem e reaproveitamento dos resíduos para produzir novos materiais, entre outras medidas. As atividades geradoras de energia, como as usinas hidrelétricas, também causam impactos ambientais, devido a: construção da usina e da barragem; desapropriação de terras; modificação da paisagem; derrubada de vegetaçãonativa; e desalojamento de pessoas e animais para a construção do lago. A esses efeitos, somam-se os impactos sociais, pois há um aumento do con- tingente populacional da região em virtude da acomodação e das demandas dos trabalhadores do empreendimento. De acordo com a legislação brasileira, é preciso realizar o estudo de im- pacto ambiental antes da instalação de novos projetos ou empreendimentos em uma determinada região. A realização desse estudo é exigida para que as empresas responsáveis obtenham o licenciamento ambiental. Grandes empreendimentos, como a construção de estradas, indústrias, aeroportos, aterros sanitários e projetos urbanísticos, se enquadram nessa categoria. O estudo de impacto ambiental serve para o planejamento da implantação do projeto, e passa pela avaliação de equipe multidisciplinar para analisar os impactos socioambientais que a região irá sofrer. O relatório resultante desse estudo deve ser divulgado e submetido à consulta pública, com audiências das quais a população local pode participar (PHILIPPI JUNIOR; MAGLIO, 2005). Se forem constatados danos ao meio ambiente pela instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de degradação ambiental, devem ser apontadas medidas para evitar, minimizar ou eliminar o prejuízo. A avaliação de impacto ambiental foi estabelecida por meio da Lei nº 6938 (Política Nacional do Meio Ambiente) e pelo art. 225 da Constituição Federal (BRASIL, 1981, 1988). A sociedade tem pressionado as empresas e os governos para que sejam criadas políticas públicas e adotados sistemas de gestão que otimizem a utilização dos recursos naturais, diminuam a emissão de poluentes e a geração de resíduos e outros impactos no meio ambiente. É importante destacar que empresas que dão prioridade à conservação e à gestão ambiental obtêm uma grande economia, gastam menos com matérias-primas e energia, evitam o pagamento de multas, além de conquistarem certificações ambientais, au- mentarem a competitividade e melhorarem a imagem da empresa no mercado. O progresso econômico das nações não terá validade se as pessoas e o planeta não tiverem saúde e qualidade de vida. A preservação da biodi- versidade tem influência direta nessa questão. Desse modo, apenas o uso racional dos recursos naturais em prol do bem-estar social e a proteção ao meio ambiente proporcionarão o desenvolvimento sustentável. Atividades humanas e a biodiversidade14 Referências BRASIL. 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Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Atividades humanas e a biodiversidade16