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Ministério da Educação Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano Campus Bom Jesus da Lapa Bacharelado em Engenharia Agronômica ALUNOS RELATÓRIO: ANÁLISE DA POROSIDADE TOTAL DO SOLO E DA MACROPOROSIDADE E MICROPOROSIDADE Relatório de Aula Prática apresentado como requisito parcial para obtenção de aprovação na disciplina Física do Solo no Curso Bacharelado em Engenharia Agronômica, No Instituto Federal Baiano - Campus Bom Jesus da Lapa Professor Antonio Helder Rodrigues Bom Jesus da Lapa 2024 INTRODUÇÃO A porosidade do solo é uma propriedade física essencial que descreve a fração do volume total do solo ocupado por poros ou espaços vazios entre as partículas sólidas, como areia, silte e argila. Esses poros podem variar em tamanho, desde microporos, que são menores e geralmente retêm água, até macroporos, que são maiores e permitem a circulação de ar e a drenagem da água. A porosidade é influenciada por vários fatores, como a textura do solo, a estrutura, o conteúdo de matéria orgânica e o manejo do solo. Os poros desempenham um papel fundamental na regulação de diversos processos que afetam a produtividade agrícola. Por exemplo, a capacidade do solo de armazenar água disponível para as plantas depende da presença de microporos, enquanto os macroporos são essenciais para a infiltração de água e a troca gasosa, que são críticos para o crescimento das raízes e a saúde geral das plantas. Além disso, a porosidade do solo está intimamente ligada à compactação do solo. Solos compactados possuem menor porosidade, o que pode limitar a infiltração de água, reduzir a disponibilidade de oxigênio para as raízes e aumentar o risco de erosão. O manejo adequado do solo, como a manutenção de uma boa estrutura e o uso de práticas que promovam a agregação do solo, é fundamental para manter uma porosidade ideal e, consequentemente, a fertilidade do solo. No contexto ambiental, a porosidade do solo também é um fator determinante na gestão de águas subterrâneas e na prevenção de poluição ambiental. Solos com boa porosidade têm maior capacidade de filtrar contaminantes, protegendo aquíferos e corpos d'água superficiais. Além disso, a manutenção da porosidade do solo é vital na mitigação dos impactos das mudanças climáticas, pois solos bem manejados podem atuar como sumidouros de carbono, contribuindo para a redução dos gases de efeito estufa na atmosfera. Por fim, a porosidade também influencia a microbiologia do solo, pois os poros fornecem habitats para microrganismos benéficos que desempenham papéis importantes na decomposição da matéria orgânica, ciclagem de nutrientes e melhoria da saúde do solo. Portanto, entender e manejar a porosidade do solo é crucial para a sustentabilidade da produção agrícola e a conservação dos recursos naturais OBJETIVOS Analisar e quantificar a porosidade total (PT), a macroporosidade (MP) e a microporosidade (mp) nas amostras coletadas do IF baiano Campus Bom Jesus da Lapa e do Projeto formoso em campo. Obter compreensão para distinguir entre os tipos de poros presentes no solo e discutir sobre como cada tipo afeta a capacidade do solo de reter água e permitir a circulação de ar. Além de entender como a composição física do solo, como o tamanho das partículas e a formação de agregados, influencia diretamente a porosidade e, consequentemente, a produtividade agrícola. MATERIAIS · Amostra de solo indeformada; · Bandeja de plástico; · Bacia de plástico; · Balança analítica; · Água desairada; · Barbante; · Tecido TNT; · Faca; · Pincel; · Estufa com ajuste de temperatura para 104,9ºC; · Mesa de tensão; · Papel mata borrão; · Recipiente kitassato com 3 vias. MÉTODOS Para a realização das análises, amostras foram obtidas em dois locais distintos: no Projeto Formoso e no IF Baiano, Campus Bom Jesus da Lapa. As amostras foram extraídas de duas profundidades específicas, entre 0 e 20 centímetros e entre 20 e 40 centímetros, utilizando-se triplicatas para cada profundidade com umidade de 0%. A coleta de três amostras por profundidade visou aumentar a precisão dos resultados e minimizar possíveis erros. O processo analítico foi conduzido em três etapas principais. Na primeira etapa, o preparo das amostras envolveu a nivelação das superfícies dos cilindros e a fixação de um tecido TNT na base inferior de cada cilindro, preso com um barbante previamente pesado. A seguir, foram determinados os pesos do conjunto formado por tecido, barbante, cilindro e amostra. Em seguida, as amostras, juntamente com o tecido e o barbante, foram colocadas em uma bacia plástica cuja altura excedia a dos cilindros. Água foi adicionada até que a amostra estivesse saturada por ascensão capilar. Assim que a água atingiu a parte superior da amostra, mais água foi acrescentada até quase cobrir o cilindro, sem imergi-lo completamente (Imagens 1 e 2). As amostras permaneceram nessa condição por um mínimo de 12 horas para assegurar o completo preenchimento de seus poros. Imagem 1 Imagem 2 Na segunda etapa, o conjunto amostra, cilindro, tecido e barbante foi removido rapidamente e pesado (Imagem 3), sendo então colocado sobre a mesa de tensão (Imagem 4). As amostras foram deixadas na mesa de tensão por cerca de 24 horas, ou até que a água drenasse completamente por ação natural, atingindo a drenagem máxima. Imagem 3 Imagem 4 Finalmente, na terceira etapa, o conjunto amostra-cilindro-tecido-barbante foi submetido à secagem em estufa a uma temperatura de 105°C por um período mínimo de 48 horas (Imagem 5). Após a secagem, o conjunto foi novamente pesado, e a amostra foi removida do cilindro para que o peso do cilindro vazio pudesse ser determinado. Esses procedimentos permitiram a coleta de dados essenciais para a análise e interpretação dos resultados. Imagem 5 RESULTADOS Após pesarmos os pesos do tecido TNT e do barbante tanto úmidos quanto secos e registramos os valores encontrados: PESO DO TNT E BARBANTE – SOLO DO IF BAIANO Amostras Profundidade(cm) Seco (g) Úmido (g) 1 0 - 20 1,4044 4,6944 2 0 - 20 1,4272 4,5822 3 20 - 40 1,3516 4,3835 4 20 - 40 1,5692 5,3047 PESO DO TNT E BARBANTE – SOLO DO PROJETO Amostras Profundidade(cm) Seco (g) Úmido (g) 1 0 - 20 1,5601 4,1698 2 0 - 20 1,3947 4,4270 3 20 - 40 1,5606 4,8508 1 4 20 - 40 1,5839 4,7734 Em seguida registramos também a massa do solo saturado, massa do solo pós tensão e massa do solo seco em estufa somados junto ao peso do cilindro e do tecido TNT e barbante tanto úmidos quanto secos: SOLO DO IF BAIANO A. Prof. (cm) Mssat + Me+Tc+Be/U (g) Mst+ Me+Tc+Be/U (g) Mss+ Me+Tc+Be/S (g) Me (g) Tc+Be/U (g) Tc+Be/S (g) 1 0 – 20 619,2 557,5 477,5 137,3 4,6944 1,4044 2 0 – 20 593,2 534,3 451,2 137,2 4,5822 1,4272 3 20 – 40 606,2 546,6 467,6 138,2 4,3835 1,3516 4 20 - 40 621,2 563,2 486,2 137,3 5,3047 1,5692 SOLO DO PROJETO FORMOSO A. Prof. (cm) Mssat + Me+Tc+Be/U (g) Mst+ Me+Tc+Be/U (g) Mss+ Me+Tc+Be/S (g) Me (g) Tc+Be/U (g) Tc+Be/S (g) 1 0 – 20 645,4 586,4 521,1 137,6 4,1698 1,5601 2 20 – 40 664,4 615,0 549,9 136,9 4,4270 1,3947 3 0 - 20 639,9 573,1 513,7 138,0 4,8508 1,5606 4 20 - 40 661,7 607,9 551,0 137,5 4,7734 1,5839 Mssat = massa do solo saturado; Me = peso do cilindro; Mst = massa do solo pós tensão; Tc+Be/U = peso do TNT e barbante úmidos; Tc+Be/S = peso do TNT e barbante secos Após descontarmos o peso dos cilindros, do tecido TNT e barbante em condições úmidas e secas, obtivemos os valores da massa do solo saturado, massa do solo seco e a massa do solo úmido e também calculamos o volume do solo, utilizando as medidas dos cilindros: Calculo de volume do solo: V = 3,14 x 3,5² x 7 = 269,26 cm³ Volume do solo = 269,26 cm³Em seguida registamos na tabela abaixo: SOLO DO IF BAIANO A. Prof. (cm) Mssat (g) Mss (g) Msu (g) V. do solo (cm³) 1 0 – 20 477,2056 338,7956 415,5056 269,26 2 0 – 20 451,4178 312,5728 392,5178 269,26 3 20 – 40 463,6145 328,0484 404,0165 269,26 4 20 - 40 478,5953 347,3308 420,5953 269,26 SOLO DO PROJETO FORMOSO A. Prof. (cm) Mssat (g) Mss (g) Msu (g) V. do solo (cm³) 1 0 – 20 503,6302 381,9399 444,6302 269,26 2 20 – 40 523,073 411,6053 473,6730 269,26 3 0 – 20 497,0492 374,1394 430,2492 269,26 4 20 - 40 519,4266 411,9161 465,6266 269,26 Mssat = massa do solo saturado; Mss = massa do solo seco; Msu = massa do solo úmido Utilizando os valores obtidos na tabela anterior, fizemos os cálculos de porosidade total (PT), microporosidade (mp) e macroporosidade (Mp), com o uso das seguintes fórmulas: Solo Profundidade(cm) Porosidade total (g/ cm³) Macroporosidade Microporosidade Método pesagem Solo do IF Baiano 0 - 20 0,514 ou 51,4% 0,23 ou 23% 0,284 ou 28,4% 0 - 20 0,515 ou 51,5% 0,219 ou 21,9% 0,296 ou 29,6% Média 0,5145 ou 51,45 % 0,2245 ou 22,45% 0,29 ou 29% 20 - 40 0,503 ou 50,3% 0,221 ou 22,1% 0,282 ou 28,2% 20 - 40 0,487 ou 48,7% 0,215 ou 21,5% 0,272 ou 27,2% Média 0,495 ou 49,5% 0,218 ou 21,8% 0,277 ou 27,7% Solo Profundidade(cm) Porosidade total (g/ cm³) Macroporosidade Microporosidade Método pesagem Solo do Projeto Formoso 0 – 20 0,451 ou 45,1% 0,219 ou 21,9% 0,232 ou 23,2% 20 – 40 0,413 ou 41,3% 0,183 ou 18,3% 0,230 ou 23% 0 – 20 0,456 ou 45,6% 0,248 ou 24,8% 0,208 ou 20,8% 20 - 40 0,399 ou 39,9 % 0,20 ou 20% 0,199 ou 19,9% Média 0 -20 0,4535 ou 45,35% 0,2335 ou 23,35% 0,22 ou 22% Média 20 - 40 0,406 ou 40,6% 0,1915 ou 19,15% 0,2145 ou 21,45% DISCURSÕES O solo do Instituto Federal, com uma média de 21,8% de macroporos e 27,7% de microporos, possui uma alta capacidade de infiltração de água. Isso ocorre porque os macroporos permitem que a água penetre rapidamente no solo, facilitando a entrada da água após eventos de chuva. Além disso, a maior quantidade de microporos confere a esse solo uma boa capacidade de retenção de água, o que é benéfico para as plantas, especialmente durante períodos de seca, quando a disponibilidade de água no solo é crucial. Por outro lado, o solo do Projeto Formoso, que apresenta 19,15% de macroporos e 21,45% de microporos, tem uma capacidade reduzida de infiltração de água devido à menor quantidade de macroporos. Isso pode resultar em maior escoamento superficial durante chuvas intensas, o que diminui a quantidade de água disponível para as plantas. Embora esse solo também possua microporos, a retenção de água é inferior à do solo do Instituto Federal, o que pode levar a um maior estresse hídrico para as plantas em condições de seca. Em termos de desenvolvimento radicular, o solo do Instituto Federal oferece um ambiente mais favorável. A presença equilibrada de macroporos e microporos permite que as raízes das plantas cresçam e se expandam, ao mesmo tempo em que encontram água e nutrientes disponíveis. Já no solo do Projeto Formoso, a menor quantidade de macroporos pode dificultar a penetração das raízes em profundidade, potencialmente limitando o crescimento das plantas. No entanto, a presença de microporos ainda proporciona um certo nível de água e nutrientes às raízes. A lixiviação de nutrientes é outro aspecto influenciado pela estrutura do solo. No solo do Instituto Federal, a maior infiltração de água proporcionada pelos macroporos pode aumentar a lixiviação de nutrientes, como nitrogênio e potássio, para as camadas mais profundas do solo ou até para os lençóis freáticos. Isso pode resultar na perda de nutrientes essenciais para o crescimento das plantas. Em contraste, o solo do Projeto Formoso, com menos macroporos, tende a ter menor lixiviação, o que ajuda a manter os nutrientes na zona radicular. Embora isso seja positivo para a conservação da fertilidade do solo, é preciso considerar que a menor infiltração de água também pode impactar negativamente a disponibilidade hídrica para as plantas CONCLUSÃO Em resumo, a porosidade do solo é uma característica multifacetada que impacta diretamente a capacidade do solo de sustentar vida vegetal, regular o ciclo da água e contribuir para a saúde do ecossistema. O entendimento profundo e o manejo eficaz da porosidade são essenciais para a agricultura sustentável e a conservação dos recursos naturais, sendo, portanto, uma área de estudo vital para engenheiros agrônomos e profissionais da agricultura. REFERÊNCIAS RIBEIRO, Kátia Daniela et al. Propriedades físicas do solo, influenciadas pela distribuição de poros, de seis classes de solos da região de Lavras-MG. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 31, n. 4, p. 1167-1175, jul./ago. 2007. Manual de métodos de análise de solo / Paulo César Teixeira ... [et al.], editores técnicos. – 3. ed. rev. e ampl. – Brasília, DF : Embrapa, 2017. image2.jpeg image20.jpeg image3.jpeg image30.jpeg image4.jpeg image40.jpeg image5.jpeg image50.jpeg image6.jpeg image60.jpeg image7.jpg image70.jpg image1.jpg