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Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Unidade 1 Concepções teóricas e práticas da educação de surdos Aula 1 Trajetória histórica, historiogra�a e o embate em torno da comunicabilidade dos surdos Introdução Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! É essencial compreender como ocorreu e se consolidou o processo histórico dos surdos brasileiros e o reconhecimento linguístico desses indivíduos/sujeitos no embate da formação e da comunicabilidade. A preocupação está em identi�car a mentalidade cultural por meio da história e da historiogra�a como legitimidade e, sobretudo, sob o aspecto de uma nova perspectiva cultural-linguística que é a Língua Brasileira de Sinais – Libras. Queremos, deste modo, conceituar e interpretar o indivíduo/sujeito surdo no embate em torno de sua comunicabilidade e de sua realidade educativa, de acordo com cada época e período histórico e historiográ�co. Assim, obtemos consciência necessária para melhorar aplicar comportamentos e condutas nas relações humanas para com os surdos. Bons estudos! Surdos na Antiguidade e no período da Idade Média Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Vamos enfatizar o processo histórico dos surdos tanto na Antiguidade quanto na Idade Média de modo a trazermos informações que servirão como referência para a interpretação sobre como esses sujeitos eram conceituados pela sociedade de cada período abordado. Desta forma, compreenderemos como, por meio das mentalidades culturais, religiosas e �losó�cas, se processavam as concepções de surdos diante da conjuntura social em que estavam inseridos. Na Grécia Clássica, a educação se dividia em modelos opostos: aquela exercida no seio da família, na qual ocorre a primeira infância, perpassando pela educação heroica destinada aos adolescentes aristocráticos, do exercício da força, da astúcia e da inteligência. A educação comunitária era o lugar de representação das contradições que fustigavam costumes e ridicularizavam comportamentos por meio dos corpos, chegando ao ideal de formação humana: a Paideia. Vamos perceber que, embora houvesse discussões quanto à formação dos surdos no que diz respeito ao processo de comunicabilidade, esses indivíduos eram vistos como sem valor cultural e linguístico. Já no período da Idade Média, a forte presença da Igreja Católica enquanto instituição constituída vai empreender substancial in�uência e interferir, de forma contundente, na sociedade medieval, como um todo. De certa forma, isso repercute diretamente na formação dos surdos. Levando-se em conta, em perspectiva, a mentalidade medieval, vamos perceber como ela também foi in�uenciada pelo segmento religioso do catolicismo, pelas concepções escolásticas e, mais adiante, pelas artes com a criação de escolas e disseminação do pensamento cristão e �losó�co das concepções aristotélicas, do conhecimento e da harmonia estabelecida entre fé e razão, resgatados por Santo Agostino e Tomás de Aquino. Ao consideramos isso, vamos entender ser indiscutível o fato de que os surdos foram sujeitados a todo tipo de julgamento. Diante do exposto, perceberemos que esse resultado também é veri�cado pela exposição de motivos que nortearam a literatura sobre a qual a demanda social a educação estava direcionada Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS e a qual público objetivava atender. Nesse sentido, podemos a�rmar que os surdos foram alienados do processo educativo, seja pela negligência ostensiva com que eram tratados, seja pela alienação cultural à qual eram submetidos. Portanto, vistos como uma nódoa social, sua desumanidade relacional, pela ausência de uma moradia ordenada, tanto em sua vida interior quanto ao seu lugar no universo real, não parecia sensibilizar a honra e a plenipotência estrutural à qual estavam submetidos. É como se os surdos tivessem perdido “a bênção completa”, uma vez que, segundo mentalidade de época, poderiam ser portadores de forças malé�cas que indicavam algum poder de oposição à vida terrena que lhe nega locomoção e afetação, enquanto criatura divergente da forma social pré-estabelecida, seja na forma de se mover seja na forma de funcionar. Isso traçou um limite claramente visível em seu processo educacional com re�exos negativos que se arrastaram por séculos. Esses eventos contribuem para entendermos como se desenrolou em convergência e divergência todo o processo educacional/educativo dos surdos até chegar aos dias atuais. Surdos no contexto moderno e contemporâneo Buscamos apresentar, aqui, de modo interpretativo, os contextos moderno e contemporâneo como marcos na trajetória educacional dos surdos diante dos ajustes advindos da civilização Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS renascentista, que alteraram o comportamento social e cultural com re�exos signi�cativos nos séculos seguintes. A a�rmação de novas exigências geradas com o período moderno não expandiu apenas a própria humanidade do homem, mas o fez adquirir consciência de poder ser o agente transformador de sua própria história. Diante dos novos aspectos multiformes (social, cultural, político, econômico) se evidencia a diferença com o passado e faz brotar uma nova concepção de virtude, uma nova formatação de valores entre as quais está a problemática educativa para dar forma e concretude ao novo ideal de homem. Nesse sentido, nenhuma virtualidade humana pode permanecer na sombra. Desta forma, a multiplicação das relações e conquistas humanas e as novas exigências didáticas, em circulação, torna possível descoberta da infância e faz surgir um novo educador. Assim, o domínio racional do Estado moderno determina uma educação articulada multiforme e organizada em diversos agentes (família, escolas, associações, imprensa), com re�exos, também na educação religiosa. Os re�exos das técnicas educativas desse período virão com mais forças, no século seguinte, com escolas que assumem um papel social cada vez mais determinante, instrutivo, plani�cado. Nesse sentido, o saber pedagógico se apresenta também como um saber político em todas as suas ações, com in�uência poderosa na vida contínua e nas tomadas de decisões dos envolvidos no processo educativo, como é o caso dos educadores de surdos. Cada qual, com a sua forma e método/metodologia de ensino, busca desenvolver estratégias para melhor corresponder à formação de ensino-aprendizagem dos surdos. Inquestionavelmente, vamos perceber que todo esse processo se origina, fundamentalmente, a partir de um novo olhar sobre os surdos, no sentido de se compreender a importância da efetivação de outro corolário educativo/cultural para atender às novas demandas sociais desses sujeitos e, assim, determinar as novas formas de ensino e aprendizagem adequados à sua comunicabilidade. O que era totalmente improvável em períodos anteriores se torna realidade, no período contemporâneo, com os personagens surdos ganhando espaços e destaques no ensino e na aprendizagem de outros surdos. A partir dessa assertiva, trazemos a conhecimento alguns personagens surdos que se destacaram por suas brilhantes atuações em prol de outros surdos e que, hoje, são aclamados como referências positivas para as comunidades surdas mundo afora. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 1 | Francês Jean Ferdinand Berthier (1803-1886). Fonte: Wikipedia. O primeiro deles é o francês Jean Ferdinand Berthier (1803-1886), um erudito professor surdo, acima de tudo, um ativista que proporcionou um legado de grande contribuição para os nossos dias. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 2 | A americana Anne Sullivan Macy (1866-1936) ensinando Helen Keller. Fonte: Wikipedia. Temos também a americana Anne Sullivan Macy (1866-1936), uma professora surda-cega que tem em seu currículo, além de outras contribuições, o fato de ter ensinado HelenKeller, uma aluna surda-cega, por meio da Língua de Sinais e por intermédio do tato. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 3 | Americana Helen Adams Keller (1880-1968). Fonte: Wikipedia. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Destacamos a importância de Helen Adams Keller (1880-1968) porque, além de escritora, foi uma ativista social norte-americana que, após enfrentar inúmeras barreiras, se tornou a primeira pessoa surda-cega da história a conquistar um bacharelado. A invisibilidade desses personagens surdos, tanto pela história quanto pela historiogra�a tradicional, faz com que prestemos menos atenção em suas qualidades e características pessoais e foquemos nas colocações negativas emitidas pelos arautos da negação. Interpretamos esse processo educativo destacando que novos atores surdos vão ganhando legitimidade por meio de sua trajetória educativa na medida de seu esforço e conquista de sua formação. Surdos na educação brasileira Buscaremos compreender como se processou a formação educacional de Surdos, no Brasil, a partir do surgimento do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), considerado como sendo a “primeira escola de surdos”, 1855/1857. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 4 | Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Fonte: MAPA – Memória da Administração Pública Brasileira, 2022. Desta forma, vamos delinear as disciplinas e estratégias pedagógicas implantadas em conformidade com o modelo de ensino pretendido pelo professor surdo Ernest Huet, um francês que, a convite de Dom Pedro II, veio ao Brasil trazer uma nova concepção linguística a ser aplicada aos estudantes surdos brasileiros. Destacamos a importância social desse processo que se fez a�orar os objetivos ideológicos que nortearam a transmissão de conhecimento, de comportamento, de estilo de vida, social e individual em processo de aculturação linguística como um novo lançar de luzes sobre a aprendizagem. Aprendizagem essa promovida na diversidade do sinalário como processo para o desenvolvimento da dialogicidade entre os estudantes surdos. Como os modelos alternativos no processo educativo, para romper com práticas escolares tradicionais, descolonizou e imprimiu novos valores sociais mais abertos e capazes de dar vida aos surdos e emancipá-los sob o viés do valor da diferença. Isso implica compreender um requali�car da presenti�cação do estudante surdo e dar-lhe um sentido bem diferente daquela que ele tinha na sociedade ouvintista e oralista (de invisibilidade, de segregação e de inferioridade cognitiva). Assim, a fase contemporânea apresenta-se como oportunidade de inovações e potencialidade, um processo de transformação e de transição que conclama a um conhecimento desa�ador para o enfrentamento dos obstáculos que se encontram subliminarmente escondidos nas fronteiras Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS do que se entende por “propósito central da educação no processo da instrução objetivando o desenvolvimento de personalidades humanas” (BOWEN, 1983). Para não nos restringirmos somente ao INES como única referência de ensino aos surdos, no que pese o valor como patrimônio histórico e escolar negável dessa instituição educativa, destacamos que, no século XX, novas instituições educativas vão ganhando forças. Dessa forma, Cunha Júnior (2015) salienta que, em processo histórico para aplicação da realidade, há a preocupação, por parte das comunidades surdas, de melhorar a prática de ensino escolar e, sobretudo, toda a estrutura pedagógica e institucional para contemplar a língua de sinais nas disciplinas e a compreensão da existência de uma cultura. Consideramos a importância de se trazer novo olhar sobre o signi�cado de escola, de educação e de instrução entrelaçado com o cultural, político, o social, o econômico em processo de rearticulação e de fortalecimento da vida coletiva dos educandos surdos, diante do contexto estrutural e dos embates cultural e linguístico que nortearam as políticas educacionais para os surdos no Brasil. Videoaula: Trajetória histórica, historiogra�a e o embate em torno da comunicabilidade dos surdos Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Nesta videoaula, vamos abordar as concepções teóricas e práticas da educação de surdos no sentido de fazer relações com os conteúdos de trajetória histórica, historiográ�ca e de embate em torno da comunicabilidade dos surdos, correlacionando-as com as práticas educativas no processo de formação desses estudantes para aquisição da cultura linguística. Saiba mais Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Assista ao documentário: A História do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Assista à palestra: Trajetória Histórica e o Embate em torno da Comunicabilidade dos Surdos. Assista à videoaula: História e Historiogra�a das Línguas: Libras é uma Língua Pura? Referências https://youtu.be/nxKM_vHkzhQ https://youtu.be/aatRcg5LvmI https://youtu.be/a4lfEXGabAU https://youtu.be/a4lfEXGabAU Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS BOWEN, J. Storia dell’educazione occidentale. Milão: Mondadori, 1983. 3v. CAMBI, Franco. História da Pedagogia. São Paulo: Fundação Editora da UNESP (FEU), 1999. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. O Embate em Torno das Políticas Educacionais para Surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí, Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Os Surdos vão à escola no Brasil: Breve Histórico. In: STUMPF, Marianne Rossi; LINHARES, Ramon Santos de Almeida (orgs.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na Educação Bilíngue de Surdos: da Educação Infantil ao Ensino Superior, Vol. 1. 1ª edição. Petrópolis: Editora Arara Azul, 2021. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Surdos Professores: A Constituição de Identidades por meio de novas Categorias pelo Trabalho em Territórios Educativos. Tese de Doutorado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 2022. p. 520. Aula 2 Concepções de surdez: abordagem clínico-patológica e abordagem cultural-educacional Introdução Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Olá, estudante! Ao decorrer desta aula, você vai compreender a diferença entre a abordagem na área médica clínico-patológica e a cultural-educacional. O intuito está em re�etir sobre as inquietações e os questionamentos no tocante ao processo histórico e social em contexto de mentalidade clínico-patológica e de produções de estigma, preconceito e bullying. Assim, reconhecer as di�culdades expressas nas experiências dos surdos constitui um passo importante para a construção de uma nova realidade educativa em forma de identi�cação dos próprios surdos em uma perspectiva cultural-linguística como superação das controvérsias, as quais perpassaram a educação dos surdos brasileiros, atreladas a uma concepção clínica e patológica segundo a qual os surdos são denominados como de�cientes. Há que se superar essa concepção da surdez e alcançar o aspecto linguístico-cultural comunicativo para se dissipar a análise sobre o surdo como um problema ou como alguém a quem está faltando alguma coisa. Bons estudos! Processo histórico e social no contexto da mentalidade clínico-patológico Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS A sociedade tende a ver o surdo como um problema que precisa ser mudado ou ter uma manutenção de si próprio para fazer parte da norma, como se fosse um ser limitado ao que metaforicamente poderia se considerar como uma orelha ambulante em concepção audiológica. É um tipo de perspectiva humana introjetada na cultura social, segundo a qual o surdo deveria ouvir para ser “igual”. Assim, faz parte do contexto educativo, infelizmente, esse olhar sobre o estudante surdo advindo de cima para baixo, comose quem maneja melhor o processo auditivo estivesse em melhores condições em relação àquele que não ouve. Citando Resende (2010), autora surda que denuncia a “captura de bebês surdos por meio do teste da orelhinha”, Bagarollo e França (2015) destacam a controvérsia da chamada “saúde auditiva”, que “para determinados grupos passa a ser vista como extermínio dos surdos”. É por isso que, segundo as autoras, “alguns membros da comunidade surda contrapõem-se à indicação do implante coclear, ressaltando que o surdo não precisa ser curado, já que ele é normal, como os ouvintes” (BAGAROLLO; FRANÇA, 2015, p. 126). Não há que se culpar o fonoaudiólogo e/ou os surdos, mas o certo é que precisamos buscar auferir mais respeito a essa categoria para se pensar em condições iguais e, assim, fazer com que essas questões possam ser quebradas, esclarecidas, para que haja sentido-signi�cado não apenas em questão de inclusão escolar, mas de aceitação social, empatia e autonomia. Consideramos que isso é muito importante. A pergunta é: por que não estabelecer, então, uma relação de socialização e humanismo? A quem interessa essa questão da normalização pretendida pela abordagem médica clínico-patológica que intenta normalizar o indivíduo surdo? Assim, com uma abordagem cultural, buscamos aprofundar questões que vão além do aspecto do risco social de aceitação no sentido de que seja empreendida a valorização das relações e de entendimento humano. Nesse sentido, não é só uma questão de empatia, mas de compreensão e respeito com o outro e com as pessoas que precisam estar juntas e em conjunto para Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS partilharem o mesmo ambiente e espaço de conhecimento e saberes. A escola precisa observar que esse estudante surdo traz e faz uma compreensão de acordo com a sua realidade de mundo e que é preciso interpretar os sintomas das posições distintas que envolvem analisar os fatores linguísticos: oral e surdo, sem o�cializar os “sintomas das perdas” nesse processo de aquisição entre línguas para uma melhor ampliar o repertório tanto em Libras quanto em português para a comunicabilidade. Diante do exposto, notamos que as diferenciações de vivências e olhares sobre a realidade surda buscam seguir uma perspectiva cultural educativa de modo a quebrar os estigmas desses indivíduos/sujeitos surdos, porém, pautando o campo linguístico, uma vertente extremamente necessária dentro desse processo histórico e social. Produções de estigma, preconceito e bullying Para interpretar a sociedade sob a ótica do indivíduo e sujeito surdo, torna-se oportuno identi�car quais foram os problemas advindos dos alicerces da criação de estigma, preconceitos e bullying, seja em decorrência do conservadorismo histórico, seja daqueles fomentados nos laboratórios onde foram gestados conceitos como da eugenia social e cultural em prol da normalização. Conceitos esses que culminaram na ideia de uma limpeza social que deveria seguir padrão estipulado da perfeição humana. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Como resultado disso, orientou-se a colonização da mentalidade e da cultura do outro. Nisso, levando-se em conta a realidade experenciada pelos estudantes surdos brasileiros, encontramos comparação quando abordamos estudantes surdos e ouvintes inseridos no con�ito existencial e de presenti�cação em que se “cria apenas uma única concepção humana” viável. Diante disso, é preciso remodelar essa postura para debelar a manutenção de mentalidade de resumir o indivíduo e sujeito surdo apenas em negação, pela experiência auditiva (de escutar ou não escutar). Entendê-lo como um ser humano introjetado na cultura de relações sociais, cônscio e participativo no tocante às questões do entorno, faz com que o estigma, o preconceito e o bullying sejam substituídos por uma consciência expandida de melhor relação e interação do espaço educativo em formação como ponto necessário para maior discussão e re�exão. Nesse sentido, a escola precisa observar como é o processo de compreensão de acordo com a sua realidade de mundo: se conhece a Libras ou se não sabe língua de sinais, se tem domínio da escrita e interpretação de conteúdo, etc. Enfatizamos que o educador não pode, por essência, criar e/ou permitir estigmas, preconceitos e bullying, mas ter a percepção sobre as diferentes necessidades dos estudantes surdos para uma melhor compreensão de quem se trata, a quem se pergunta ou com quem se interage! Entender que nem sempre dispomos de suportes tecnológicos e recursos de conteúdos necessários, caso do uso de legendas ou janelas de intérpretes, e que a carência dessas ferramentas compromete a formação do estudante surdo. Daí o porquê, ao chegar em sala de aula, de esse estudante ser estigmatizado, sofrer preconceito, bullying, etc., pelos colegas. O preconceito é um julgamento contra uma pessoa antes mesmo de se conhecê-la. Essa questão nos permite re�etir sobre a necessidade de o professor conhecer com profundidade a história de vida, de cultura e o que esse estudante surdo tem feito nessa conexão do processo educacional com a realidade social experimentada. Deve-se evitar reproduzir os estigmas, preconceitos e o bullyings historicamente constituídos. Somos todos diferentes, mas, se nos colocarmos para além do processo de empatia, no lugar do outro, o contexto em que se está inserido, se amplia: seja no ambiente familiar, social e cultural. Assim, o papel do professor, por meio do repertório linguístico desses estudantes surdos, pode fazer com que as informações em ensino-aprendizagem cheguem aos indivíduos e sujeitos surdos. Abordagem cultural e linguística Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS O intuito aqui está em aplicar em prática educativa a abordagem cultural e linguística entendendo que ambas se relacionam, pois não podemos considerar a cultura e a língua de forma isolada, mas, sim, no entrelaçamento da realidade em conjunto educativo de formação. É importante considerar que a Libras apresenta sua importância do mesmo modo que o português apresenta suas qualidades. Não podemos menosprezar ou considerar de menor importância a língua de sinais, mas resolver o dilema que envolve o uso do português, não como um domínio linguístico, mas de modo a socializar a Libras, um artefato cultural dos surdos, para a formação do estudante surdo. Pensar nesse compartilhamento de línguas signi�ca considerar a cultura em que vivemos e convivemos, de acordo com as diversidades de línguas e de etnias que vão se amalgamando durante seus estágios de convivência social. Embora as comunidades surdas sejam consideradas como minoria linguística, ainda assim os indivíduos e sujeitos dessas comunidades, não obstante, fazem parte de um país plural. Portanto, há que se considerar a resistência e a luta para que o reconhecimento linguístico alcance, de fato, as comunidades surdas e que as minorias deixem de ser chamadas de minorias, mas que sejam compreendidas, em justaposição, entre as relações compartilhadas. Destarte, que os surdos não sejam vistos como estrangeiros em seu próprio país. Que tenham acessos aos bens culturais em construção coletiva nos aspectos: cognitivas e éticas. Embora a Lei de Libras (10.436/2002) tenha se ampliado e ganhado proporção, ainda há muito por fazer e conquistar. As comunidades surdas estão ancoradas nos seus direitos, no uso da língua de sinais que lhes garantiu acesso à educação, nos movimentos culturais, bem como: teatro, cinema, produções artísticas, poética, as produções acadêmicas, nos movimentos sociais para garantir meios legais, etc. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Compreendemos que a língua constitui a cultura, a qual só adquire valor e sentido em seu contexto concreto e social, bem como na escola, uma vez que ainda há falta de informações necessária para uma consciência mais ampla. Por isso, é preciso desarticular esse saber acadêmico que intenta considerar a cultura surda como subcultura, porque, no dizer da autora Sá (2006,pg. 109): “as pessoas pertencentes às consideradas subculturas geralmente são silenciadas pelo saber acadêmico, a autonomia surda, seja pelo saber acadêmico”. Daí, segundo a autora, o “surdo, na sua expressão cultural, não está se calando, está sendo calado” (SÁ, 2006, p. 110). Portanto, considerar uma abordagem cultural linguística compreende a democratização das relações de poder nas sociedades de modo geral. Disso decorre a necessidade de se chamar os surdos a manifestarem suas opiniões sobre as políticas educativas mais adequadas a atender sua necessidade cultural-linguística. Dentro da determinação pela busca da plena participação e das atuações de surdos, resgatamos o lema “nada sobre nós sem nós”. Há que se levar em conta que não é qualquer processo educacional que interessa, mas aquele que tenha a marca surda em sua elaboração e aplicação prática. Videoaula: Concepções de surdez: abordagem clínico-patológica e abordagem cultural-educacional Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. O conteúdo desta videoaula inclui: abordagem clínico-patológica e cultural; processo histórico e social em contexto de mentalidade clínico-patológica; produções de estigma, preconceito e bullying; abordagem cultural e linguística. Por último, faremos revisão pontuando aspectos mais relevantes no decorrer das nossas aulas, de modo que haja �xação de conteúdos. Saiba mais Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Vejam o vídeo: A Surdez é um Problema para o Surdo? Vejam o vídeo: Por que os Surdos são vistos de Forma Negativa pela Sociedade? Referências https://youtu.be/C33ePmDHyWI https://youtu.be/cz-TCkaIuNQ Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS BAGAROLLO, Maria Fernanda; FRANÇA, Denise Maria Vaz Romano. Surdez, Escola e Sociedade: Re�exões sobre Fonoaudiologia e Educação. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. O Embate em Torno das Políticas Educacionais para Surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Os Surdos vão à escola no Brasil: Breve Histórico. In: STUMPF, Marianne Rossi; LINHARES, Ramon Santos de Almeida (orgs.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na Educação Bilíngue de Surdos: da Educação Infantil ao Ensino Superior, Vol. 1. 1ª edição. Petrópolis: Editora Arara Azul, 2021. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Surdos Professores: A Constituição de Identidades por meio de novas Categorias pelo Trabalho em Territórios Educativos. Tese de Doutorado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 2022. p. 520. GESSER, Audrei. Capítulo III: A Surdez. In: Libras? Que Língua é essa?: Crenças e Preconceitos em Torno da Língua de Sinais e da Realidade Surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. P. 63-80. SÁ, Nídia Regina Limeira de Sá. Cultura, Poder e Educação de Surdos. São Paulo: Paulinas, 2006. (Coleção Pedagogia e Educação). Aula 3 Políticas educacionais e linguísticas de/para surdos Introdução Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Olá, estudante! Sobre as questões legais, é oportuno compreender o processo histórico de transformações ocorridas no âmbito externo e interno do Brasil, em que há diversos documentos legais e regulamentações voltadas à educação de surdos ou em torno da formação educativa de surdos. Nesse sentido destacamos: os documentos internacionais em políticas educacionais; documentos nacionais em políticas educacionais; documentos internacionais em políticas linguísticas; documentos nacionais em políticas linguísticas; documentos internacionais dos movimentos sociais surdos; e documentos nacionais dos movimentos sociais surdos. Além desses documentos, há pautas oportunas que, no âmbito legal, envolvem os direitos dos surdos enquanto cidadãos nas políticas educacionais e linguísticas de/para surdos. Desse modo, ao percorrer a trajetória do surdo e suas diferentes representações linguísticas, culturais e sociais no âmbito educacional, é possível compreender que o processo educacional deve acontecer sob uma perspectiva da educação bilíngue, sendo tais diferenças consideradas na proposição da educação de surdos. A principal delas é a importância do agrupamento dos estudantes surdos para trabalhar com seus pares. Bons estudos! Traços legislativos no Brasil Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Com o intuito de compreender conceitualmente os termos legais é que a formulação de políticas públicas e práticas pedagógicas direcionadas à educação precisam ser repensadas, destoando da política da educação especial e da inclusão, com a pauta em perspectiva bilíngue de surdos de modo que a primeira língua seja a língua de sinais e a segunda o português na modalidade escrita. Dessa forma, as políticas linguísticas reconhecem a Libras como língua nacional por meio da Lei 10.436 de 2002, possibilitada pela abertura do decreto nº 5.626 de 2005, que regulamenta a lei e assim, programa uma série de ações aos surdos para que apresentem diferentes representações linguísticas, culturais e sociais no âmbito educacional. Tais diferenças são consideradas na proposição para a legitimidade da educação de surdos. Porém, os traços legais para surdos no Brasil nem sempre estão em consonância com as demandas das políticas públicas, as quais envolvem os surdos, as comunidades surdas em planejamento linguístico favorável à valorização da Libras e ao reconhecimento de fato de seu status linguístico. Não podemos negar os atores nos trâmites burocráticos e político-partidários no movimento educacional de surdos, haja vista que o movimento social surdo, por meio da luta, tem se consolidado no âmbito legal para oferecer a Libras em todos os cursos de licenciaturas, cursos de fonoaudiologia, bem como na criação dos cursos de Letras-Libras para formar professores de Libras e de pedagogia bilíngue, Libras e língua portuguesa, para atuarem na educação infantil bilíngue de surdos e nos anos iniciais da educação básica, e de língua portuguesa para surdos como L2. A educação dos surdos historicamente foi inserida no contexto das políticas de diretrizes da educação especial, excluindo a possibilidade de ensino que pudesse de fato favorecer uma proposta que contemplasse e legitimasse a cultura surda em seu aspecto de formação- conteúdo. Nesse sentido, os estudantes surdos em escola de inclusão, quando não há infraestrutura que os favoreça de fato, têm formação que deixa a desejar. Dessa forma, não são os surdos que deverão se adaptar à sociedade, mas a sociedade – nesse contexto, as escolas – que deverão se adaptar à diversidade presente em socialização de Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS saberes e de comunicabilidade para garantir-lhes o direito à individualidade em meio à coletividade e para que haja nova consciência em benefício da causa educacional surda, seja por meio da formação de professores, dos materiais didáticos, do acesso linguístico, da infraestrutura institucional, da valorização linguística, etc. São temáticas que fazem parte das reinvindicações e da pauta do movimento surdo. Políticas educacionais para surdos Interpretar a realidade educativa de surdos, no Brasil, está em compreender as ações pedagógicas em perspectiva bilíngue (Libras/língua portuguesa). Nas políticas educacionais para surdos, percebemos que muitos espaços educativos necessitam da valorização da formação de professores aos estudantes surdos. Para possibilitar o ensino adequado que promova o aprendizado nas políticas públicas, se faz necessária a construção da política educacional voltada aos aspectos da educação viabilizando as adequações curriculares e de ações pedagógicas e estruturais. Assim, em itinerário legal, o decreto no 5.626/2005: Defende as escolas bilíngues para a educação dos surdos,ciente da singularidade linguística desse público. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Enfatiza que deve ser oferecido um ensino com a Libras como L1 e língua portuguesa como L2. Propõe a oferta de formação de professores, de intérpretes e de surdos no ensino superior com o curso de Letras/Libras (licenciatura e bacharelado). Pedagogia bilíngue e língua portuguesa como L2. A Lei nº 14.191, de 3 de agosto de 2021, dispõe sobre a educação bilíngue de surdos, modalidade de educação escolar oferecida em Libras, como primeira língua, e em português escrito, como segunda língua, para educandos com de�ciências auditivas. Determina à União a prestação de apoio técnico e �nanceiro aos sistemas de ensino para o provimento da educação bilíngue. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação. Ou seja, busca respeitar a diversidade humana em seu aspecto linguístico, cultural e identitário. Assim, a criança surda terá oportunidade para a aprendizagem do conhecimento do zero ano, na educação infantil, que se estenderá conforme as demandas e o processo educativo. Para compreender essa realidade, buscou-se confrontar com os discursos tradicionalistas que entram em contradição com a formação educativa de surdos no sentido de que há necessidade de se repensar as políticas públicas para a educação desse público, buscando ressigni�car o espaço educacional das crianças aos adultos surdos, ou seja, assegurando-lhes o direito à educação que reconheça as diferenças linguísticas, pedagógicas e culturais. Cunha Junior (2015) enfatiza que, ao se tratar de políticas educacionais, é preciso antes de tudo, destacarmos as vertentes dentro do sistema educacional: de um lado está o estudante surdo dividindo a mesma sala de aula com aluno ouvinte; há outra situação em que, apesar de dividirem o mesmo espaço físico da escola, ambos estudam em salas diferentes (sala só para surdos e sala só para ouvintes); a outra modalidade é a divisão por instituição escolar. Há ainda lacunas entre o “discurso” e a prática que destoam completamente da realidade em questão. A conjuntura que ora se apresenta, em que se promete e se propaga o slogan de “educação para todos”, uma “educação de qualidade”, de fato traz contradições externas e internas, precisamente na compreensão das políticas em educação direcionadas a este segmento da sociedade e que trazem à pauta o debate que vai envolver novos agentes no cenário interno do país que buscam suprir a lacuna deixada pelo Estado, são as chamadas associações e entidades educativas em prol das comunidades surdas, que estão preocupado em fazer a manutenção política, social e educacional. Políticas linguísticas para surdos Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS A educação de surdos só é possível de ser vislumbrada se consideradas suas peculiaridades linguísticas e culturais na organização/elaboração das ações pedagógicas e estruturais do currículo escolar, de maneira que contemple seu uso linguístico e traços culturais, utilizando-se de estratégias visuais e gestuais de apreensão e de expressão de mundo. Desse modo, é relevante a promoção de uma política linguística na construção da política pública a �m de restabelecer um ensino aos estudantes surdos com currículos reformulados, atentando à sua particularidade linguística/cultural. Ademais, que vise à promoção da sua identidade linguística e que de�na a participação das duas línguas em todo o processo de escolarização, de modo a conferir legitimidade e prestígio da Libras como língua curricular e constituidora da pessoa surda. Em documentos nacionais em políticas linguísticas, vemos que o Decreto nº5.626 de 2005 trata da formação de professores no ensino de Libras. Assim, por meio desse decreto, o professor pode lecionar em ensino fundamental e médio, porém, deve ter um curso de licenciatura de Letras, com habilitação em Libras ou Libras/língua portuguesa como L2. Para a educação infantil, além da Libras, a formação em pedagogia torna-se oportuna com a língua portuguesa sendo a L2 para a contemplação da formação e do ensino bilíngue. Trata-se de uma conquista histórica dos surdos, principalmente por prevalecer essa política linguística no âmbito educacional. Em 2013, houve as Portarias nº 1.060/2013 e nº 91/2013 do MEC/SECADI, relatório sobre a política linguística de educação bilíngue – língua brasileira de sinais e língua portuguesa, que Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS defende o direito de os surdos e as comunidades linguísticas decidir qual deve ser o grau de presença da sua língua, como língua veicular e como objeto de estudo, em todos os níveis de ensino no interior do seu território. Em 2014, o Plano Nacional de Educação garantiu a educação bilíngue Libras/língua portuguesa por meio da oferta de educação bilíngue em Libras como L1, e, na modalidade escrita, a língua portuguesa como L2, aos estudantes surdos e com de�ciência auditiva de 0 a 17 anos, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas, nos termos do art. 22 do Decreto nº 5.626/2005, e dos art. 24 e 30 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com De�ciência, bem como a adoção do sistema braile de leitura para cegos e surdos-cegos. Nesse sentido, Terezinha Maher (2013) a�rma que, para a maioria dos brasileiros, o país infelizmente “é pensado como monolíngue, mas que na verdade as demais línguas sobrevivem na condição de línguas de herança”. Para Quadros (2004, p. 1), a língua de herança “é, normalmente, a língua da família, em um contexto no qual outra língua é falada nos demais espaços sociais, tais como a escola e a mídia”. Em se tratando no caso de famílias de surdos, a grande maioria dos usuários dessa língua não herdam no contexto familiar e é justamente nesse contexto que precisamos relacionar e aplicar com às políticas linguísticas no país, ou seja, expandir para outras esferas além do núcleo familiar e pensando no espaço educativo, social e cultural. Videoaula: Políticas educacionais e linguísticas de/para surdos Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. O conteúdo desta videoaula inclui: traço legislativo no Brasil; políticas educacionais para surdos; políticas linguística para surdos. Faremos revisão pontuando aspectos mais relevantes no decorrer das nossas aulas, de modo que haja �xação de conteúdos e que todos possam estudar e aprimorar seus conhecimentos, a �m de que as pautas legais sejam conhecidas e engajadas na educação de surdos. Saiba mais Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Assista aos vídeos: A Importância da Língua de Sinais e o Sujeito Surdo no Âmbito Constitucional Brasileiro. Lei de Libras: Conquista do Povo Surdo. Experiências Surdas: 20 anos da Lei de Libras. Referências https://youtu.be/-ODYGTnllT0 https://youtu.be/LAuIQsZ9QC4 https://www.youtube.com/watch?v=qmYEMIW4Z5E Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS BAGAROLLO, Maria Fernanda; FRANÇA, Denise Maria Vaz Romano. Surdez, Escola e Sociedade: Re�exões sobre Fonoaudiologia e Educação. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. O Embate em Torno das Políticas Educacionais para Surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí. Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da, LIMA, Marisa. Marcos Legais e Documentais: Bases para um Projeto Educacional Especí�co. In: STUMPF, Marianne Rossi; LINHARES, Ramon Santos de Almeida (orgs.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na Educação Bilíngue de Surdos: da Educação Infantil ao Ensino Superior, Vol. 1. 1ª edição. Petrópolis: Editora Arara Azul, 2021. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Surdos Professores: A Constituição de Identidades por meio de novas Categorias pelo Trabalho em Territórios Educativos. Tese de Doutoradoda Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 2022. p. 520. GESSER, Audrei. Capítulo III: A Surdez. In: Libras? Que Língua é essa?: Crenças e Preconceitos em Torno da Língua de Sinais e da Realidade Surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. MAHER, Terezinha Machado. Ecos de resistência: políticas linguísticas e línguas minoritárias no Brasil. In: NICOLAIDES, Christine; et al. Política e Políticas Linguísticas. Campinas: Pontes Editores, 2013. QUADROS, R. M. O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa. Brasília: MEC; SEESP, 2004. SÁ, Nídia Regina Limeira de Sá. Cultura, Poder e Educação de Surdos. São Paulo: Paulinas, 2006. (Coleção Pedagogia e Educação). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Aula 4 Diversidade cultural e linguística: identidade linguística e identidade surda Introdução Olá, estudante! No entrelaçamento do que vem a constituir a diversidade cultural linguística tanto no que diz respeito às identidades linguísticas quanto à identidade surda, historicamente situadas diante dos processos sociais, algumas características que envolvem essa diversidade devem ser consideradas em prática re�exiva e crítica a �m de facilitar e trazer maior visibilidade aos posicionamentos que os surdos têm a esse respeito. Por diversidade cultural entendemos a qualidade de diversas culturas em processo de convivência humana e em compartilhamento de conhecimento, tão essenciais para a sobrevivência multicultural das diversas comunidades que dividem a vida na Terra. Diante disso, devemos estar atentos para sabermos que não deve existir homogeneização nesse processo, uma vez que há presença de grupos culturalmente dominados. Entretanto, há que se levar em conta que, não obstante essa situação marginal, esses grupos, conforme sua trajetória histórica, têm buscado alterar essa lógica por suas ações, posicionamentos e discursos e pela produção de sentido e signi�cado ao empreenderem embates e lutas políticas para fugirem às tentativas de negação que lhes tentam impor uma condição subalterna no processo cultural em evidência. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Bons estudos! O que é cultura surda? Conceituar cultura surda é importante para trazer à tona estudos sobre os grupos culturais, precisamente dos surdos, que estão em resistência ao processo de dominação da cultura tradicional conservadora. Buscamos apresentar subsídios a uma proposta educacional que se interesse e se baseie em preceitos constitucionais para atendimento a um direito ao qual devem ser acolhidos todos os grupos culturais, estabelecidos em mesmo espaço de convivência. Segundo Lacerda, (2009, p. 15), o acesso ao conhecimento que não leve em conta a realidade cultural dos surdos não garante desenvolvimento em condição sociolinguística e isso pode acarretar um desajuste socioeducacional. Para o desenvolvimento linguístico e autonomia do indivíduo surdo, consideramos ser oportuno levar em conta os saberes necessários que pretendem respeitar a língua de sinais como primeira língua e ensinar a língua portuguesa na modalidade escrita considerando a realidade (familiar, escolar e entorno do grupo social, etc.) e o espaço de tempo, pois cada estudante carrega uma reserva psicossocial, cultural e linguística que incidirá em discussões e re�exões para a construção de sua subjetividade. Segundo Cunha Júnior (2022), é justamente pela necessidade de se compreender a realidade que precisamos diagnosticar o tempo todo. Assim, no âmbito educativo a identidade e aprendizagem Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS de línguas (ou aprendizagem por meio da língua) vai tornando-se oportuna por meio de comunicação e compreensão. (CUNHA JÚNIOR, 2022, p. 340) Retomando Castro (2007, p.147), Cunha Júnior (2022) rea�rma que “considerar uma língua padrão é instrumentalizar a exclusão, em nome de uma tão defendida identidade”. Considera-se não existir uma de�nição única de identidade, uma vez que ela depende do ambiente e do tempo histórico com que cada sujeito surdo está, dialeticamente, envolvido, incluindo a maneira como carregamos a percepção do outro sobre nós e nossa realidade. Podemos dizer que existem identidades surdas, que estão em evidência, mas que se mantêm, subliminarmente, escondidas sob as amarras de um sistema excludente que as invisibiliza para o mundo das ideias, das práticas, das re�exões, das a�rmações. A cultura surda não nasce pronta, mas vai se constituindo por meio das relações sociais em envolvimento familiar, social, teatro, cinema, produções artísticas, literárias, esportivas, associações, política e, sobretudo, linguístico na produção em espaço educativo e acadêmico. Por essas razões, é fundamental o acolhimento e a participação de todos de modo que os saberes culturais sejam socializados. Então, ao nos aproximarmos da realidade surda pela vivência e pelo estudo, conjuntamente vamos descobrir elementos culturais caracterizados pelas formas interativas dos surdos com a sociedade. A cultura abre espaço para novas re�exões e construções sociais e linguísticas das experiências e convivências de modo entrelaçado e respeitoso, entre as entidades envolvidas em suas diferenças e diversidades como re�exo de traços culturais ou étnicos em momento de transformação histórica. Diferentes identidades surdas Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Há importância de buscar sentido diante daquilo que é induzido pelo social como informação para aprofundamento da objetividade-subjetividade da existência do ser social surdo, diante do processo cultural em evidência. Ele pode ser compreendido por meio dos comportamentos, tradições e conhecimentos de um determinado grupo social, incluindo a língua e os demais artefatos culturais, em seus diversos aspectos simbólicos naturais e/ou arti�ciais. Traremos aqui informações que tratam das diferentes identidades surdas para compreensão de que os surdos não fazem parte de um mesmo grupo de identidade, pois, embora tragam em seu gene uma formação simbiótica, devemos considerar que essa formação é variável na medida em que sua con�guração está moldada pela diversidade de identidades que a compõem (surdos- cegos, surdos negros, surdos cadeirantes, surdos autistas, de�cientes auditivos, etc.). Assim, Claudio, Guarinello e Schelp (2016 p. 40-41), que não acreditam em uma identidade surda ou cultura surda, apresentam a a�rmação da autora surda Gládis Perlim (2006) de que a identidade surda é concedida ao surdo que tem envolvimento com a política surda, que tem comportamento, cultura e língua determinados pela experiência visual, que usam a língua de sinais, que têm consciência de que são surdos e aceitam isso, que têm di�culdade de compreender a língua falada, mas os que não se encaixam nesse per�l são outros surdos que vivem como ouvinte e, por isso, estão sujeitos a uma identidade incompleta ou intermediária. Entendemos, também, que a identidade é ininterruptamente concebida por meio da convivência social e, daí, advém sua heterogeneidade e diversidade, no que pese as características em comum, di�culdades e semelhanças. Partindo do pressuposto de que “somos vidas pulsantes em trajetória histórica de mudanças, re�exões e percepções de mundo cultural-linguístico”, Cunha Júnior (2022, p. 138-140), a�rma que “a identidade não pode ser compreendida de forma introspectiva, subjetivista, mas por meio de diversas apropriações do entorno”. Assim também, no que diz respeito às “relações em convivência, o processo nos contextos em que está inserido”. Consequentemente, ser surdo para Cunha Júnior (2022) “é estar em processo dialético em identidades, seja do particular para o geral e/ou vice-versa, se constituindo em resistência diante do estigma”. Da mesma maneira, isso ocorre “diante da realidade educativa e linguística que enfrentamos no embate cultural-linguístico que compartilhamos”. Nesse prisma, há o entendimento de que, quando o indivíduo/sujeito surdo adentra o ambiente escolar, a despeitodas barreiras que envolvem o processo linguístico, ele vai reinterpretando essa realidade e vai também, remodelando a cultura acumulada, modi�cando-a e incorporando-a a novos elementos em sua evolução linguística por meio das experiências socializadas, comportamentos, gestuais e dos sinalários em processo de ensino-aprendizagem, enquanto artefatos culturais, em articulação social-cognitiva. Isso implica, de modo consciente, (re)signi�car as dimensões social, cultural e política, em junção àquelas que compõem a realidade do entorno, em conectividade com as concepções linguísticas adquiridas e a�rmadas, nesse processo cultural-linguístico. Artefatos culturais no âmbito educativo e linguístico Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Aplicar, na prática, as estratégias didáticas de ensino é explorar o campo visual, a produção linguística, a valorização artística, o teatro, a literatura, etc., produções culturais pelos próprios surdos em prol da comunidade surda como um todo. Assim, o intuito é expandir a relação da cultura com a interação de conteúdos de aulas para a formação educativa por meio da transversalidade e da interdisciplinaridade em processo de saberes compartilhado. Strobel (2008, p. 24) apresenta a existência da cultura surda, pautando oito artefatos culturais em sua obra: A Imagem do Outro sobre a Cultura Surda. Explica que “o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modi�cá-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que contribuem para a de�nição das identidades surdas (...) abrange a língua, as ideias, as crenças, os costumes e os hábitos de povo surdo”. Consideramos que a experiência visual vem acompanhada dos mais diversos artefatos culturais e que vai (re) signi�cando as dimensões sociais, culturais e políticas, em junção àquelas que compõem a realidade do entorno, em conectividade com as concepções linguísticas adquiridas e a�rmadas, nesse processo cultural-linguístico surdo. Assim, segundo Campos (2016), “constatou-se que a vida da comunidade surda brasileira tenciona por uma cultura própria”, que em árdua reivindicação na sociedade majoritária ouvinte buscar dar ênfase aos “artefatos como língua de sinais, teatro, poesia, entretanto o reconhecimento ainda está distante de ser alcançado, por conta do grande estigma social imposto pelos não surdos”. Dessa forma, Campos (2016) compreende-o como um “grande processo de exclusão e diminuição do surdo frente ao ouvinte”. Aos educadores, é importante considerar a forma como os surdos experimentam o mundo em suas relações de convivências e aprendizagens, ou seja, por meio do visual considerando a língua de sinais em que suas práticas são extremamente signi�cativas para as construções da Libras em todos os espaços que permitem acessos informativos de cultura. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Vale destacar que, segundo Strobel (2013), os “artefatos não pode ser confundidos apenas com o materialismo cultural, mas também são o modo em que o sujeito entende, vê e transforma o mundo”. Dessa forma, enfatiza que são baseados nas experiências visuais em ausência de audição que os surdos percebem tudo a sua volta a partir da visão. Embora haja essa preocupação de visualidade, oportuno destacar que a Libras não é universal, mas cada país apresenta a sua cultura linguística, como é o caso da Língua Brasileira de Sinais (Brasil), Língua Francesa de Sinais (França), Língua Americana de Sinais (EUA), Língua Gestual Portuguesa (Portugal). Assim ocorre nos demais locais e países, ou seja, cada qual com suas experiências visuais em decorrência as comunidades surdas envolvidas. Nesse sentido, devemos pensar nos espaços educativos para quebrar paradigmas e recriar novas experiências, embates e construções de aprendizagens. Videoaula: Diversidade cultural e linguística: identidade linguística e identidade surda Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. O conteúdo desta videoaula inclui: o que é cultura surda, diferentes identidades surdas, artefatos culturais surdos no âmbito educativo e linguístico. Saiba mais Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Assista aos vídeos: A Importância da Língua de Sinais e o Sujeito Surdo no Âmbito Constitucional Brasileiro Lei de Libras: Conquista do Povo Surdo Experiências Surdas: 20 anos da Lei de Libras. Referências https://youtu.be/-ODYGTnllT0 https://youtu.be/-ODYGTnllT0 https://youtu.be/LAuIQsZ9QC4 https://www.youtube.com/watch?v=qmYEMIW4Z5E Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS BAGAROLLO, Maria Fernanda; FRANÇA, Denise Maria Vaz Romano. Surdez, Escola e Sociedade: Re�exões sobre Fonoaudiologia e Educação. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2015. CLAUDIO, D. P.; GUARINELLO, A. C.; SCHELP, P. P.2016. Tramas Dialógicas nos discursos sobre os surdos e a surdez. In: R. ROCHA; J. P. OLIVEIRA e M. R.dos REIS (org.). Surdez, Educação Bilingue e Libras: perspectivas atuais. Curitiba: CRV, p. 29-48. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. O Embate em Torno das Políticas Educacionais para Surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da, LIMA, Marisa. Marcos Legais e Documentais: Bases para um Projeto Educacional Especí�co. In: STUMPF, Marianne Rossi; LINHARES, Ramon Santos de Almeida (orgs.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na Educação Bilíngue de Surdos: da Educação Infantil ao Ensino Superior, Vol. 1. 1ª edição. Petrópolis: Editora Arara Azul, 2021. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Surdos Professores: A Constituição de Identidades por meio de novas Categorias pelo Trabalho em Territórios Educativos. Tese de Doutorado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 2022. p. 520. GESSER, Audrei. Capítulo III: A Surdez. In: Libras? Que Língua é essa?: Crenças e Preconceitos em Torno da Língua de Sinais e da Realidade Surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. Intérprete de Libras em atuação na educação infantil e no ensino fundamental. Porto Alegre: Editora Mediação, 2009. MAHER, Terezinha Machado. Ecos de resistência: políticas linguísticas e línguas minoritárias no Brasil. In: NICOLAIDES, Christine; et al. Política e Políticas Linguísticas. Campinas: Pontes Editores, 2013. PERLIN, Gladis. A cultura surda e os intérpretes de língua de sinais (ILS). ETD – Educação Temática Digital, 2006. Disponível em: https://www.ssoar.info/ssoar/handle/document/10165. https://www.ssoar.info/ssoar/handle/document/10165 Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Acesso em: 09 nov. 2022. QUADROS, R. M. O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa. Brasília: MEC; SEESP, 2004. CAMPOS, R. M. R.; Ecos do silêncio: culturas e trajetórias de surdos em Macapá. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades, Programa de Pós- Graduação em Sociologia, Fortaleza, 2016. SÁ, Nídia Regina Limeira de Sá. Cultura, Poder e Educação de Surdos. São Paulo: Paulinas, 2006. (Coleção Pedagogia e Educação). STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. UFSC, 2008, p.118. ISBN 978-85-328- 0428-0. Aula 5 Revisão da unidade Competências e habilidades: discernir as concepções de surdez Olá, estudante! Atribuir competências de conhecimento e engajamento histórico-linguístico aos surdos remete diretamente às habilidades para a interpretação dos Estudos de casos a serem resolvidos. Nesse sentido, é preciso re�nar os conceitos fundamentais, já mencionados, para se ir além das abordagens conceituais, ou seja, resgatar os pontos pertinentes para a resolução de Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Situação-problema que há de vir! Assim, é importante re�etir modos que sejam contemplativos para a formação de educadoresem sua criticidade. Buscamos incorporar para melhor compreensão a concepção teórica e prática para que os exemplos, que já foram abordados, sejam úteis para re�exão de modo a serem aplicados de outra maneira na reconstrução prática e promoverem o desenvolvimento de competências e habilidades na forma dialógica com os estudantes surdos. As competências e habilidades para a prática de ensino, em repertório de mobilidade pedagógica e linguística, dessa Unidade, estão amalgamados por meio dos diferentes materiais didáticos elaborados pelos professores, pelas diversas formas de ensino em sua realidade pro�ssional, pela atribuição partilhada em conhecimento. Por isso, é oportuno instigar os estudantes, apresentar os conteúdos programáticos como forma de desenvolver e solucionar a complexa realidade que, historicamente, a educação vem apresentando. Vale ressaltar que, tanto historicamente quanto socialmente, desde a Antiguidade até a contemporaneidade, seja no mundo, seja no Brasil, a pauta linguística e cultural-educativa dos surdos sempre sofreu embates para a formação em comunicabilidade. O verdadeiro problema está em limitar as questões culturais e linguísticas dos surdos no processo educativo por conta da mentalidade cultural ouvintista que foi estabelecida historicamente. A �m de proporcionar uma nova história, torna-se oportuno resgatar a legitimidade dos surdos em suas potencialidades pela Língua Brasileira de Sinais (Libras), reinterpretar a personalidade do indivíduo/sujeito surdo, comportamentos e condutas, nas relações humanas, de modo a nos permitir obter a consciência social e humana, necessárias, para com os surdos. Embora tenhamos a dimensão da importância de se obter a consciência em potencialidade para a transformação educativa, ainda assim, a abordagem na área médica clínico-patológica e a abordagem cultural-educacional são pautas de situação problemas, que, para os professores, tornam-se oportunidades para discernir potencialidades de modo a não subjugar esses estudantes surdos. Assim, é imprescindível buscar a superação dessa mentalidade clínico- patológica e de produções de estigma, preconceito e bullying. É preciso reconhecer, por meio das experiências surdas, a atuação político-legal engajada para constituir um passo importante da construção de uma nova realidade educativa em forma de identi�cação dos próprios surdos, em uma perspectiva cultural-linguística. Isso signi�ca buscar entender o caminho das controvérsias pelas quais perpassou a educação dos surdos brasileiros, atrelada a uma concepção clínica e patológica na qual eles são denominados como “de�cientes”. Há que se superar essa concepção em que os surdos estão presentes. É preciso encarar seu aspecto linguístico-cultural comunicativo, para se dissipar a análise distorcida que vê o surdo como um problema ou como alguém a quem está faltando alguma coisa. Enfrentar a caótica realidade, em suas contradições, é uma oportunidade de reconhecer a diversidade cultural-linguística tanto no que diz respeito às identidades linguísticas quanto às identidades surdas, para trazer maior visibilidade aos posicionamentos que os surdos têm a esse respeito. Destarte, devemos estar atentos para sabermos que não deve existir homogeneização nesse processo, uma vez que, por meio da atuação de professores, as competências e habilidades no processo pedagógico precisam ser discernidas e valorizadas de modo a estimular a presença de grupos em consciência libertária entrelaçada com as pautas sociais e culturais. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Videoaula: Revisão da unidade Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. As concepções teóricas e práticas da educação de surdos serão apresentadas de forma objetiva, de modo que a prática, via re�exões, contribua para reconstrução da teoria. Assim, a práxis (teoria-prática) pode ocorrer de modo simultâneo. A competência, aqui desenvolvida, tem como preocupação destacar os conceitos fundamentais: concepções de surdez, nas abordagens clínico-patológicas e nas abordagens educacional-linguísticas; bem como as políticas educacionais e linguísticas de/para surdos; diversidade cultural e linguística: identidade linguística e identidade surda. Estudo de caso Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para instigar a re�exão sobre a realidade surda no âmbito familiar, social e educacional, imagine duas situações envolvendo uma criança surda: a primeira diz respeito à criança que é surda em família de ouvintes e a segunda diz respeito à criança surda em família de surdos. Primeiro relato: A criança surda com a família ouvinte tem os olhares desnorteados, pois tudo lhe chama a atenção. Ela observa bocas se movendo ao olhar para os pais e as expressões raivosas em advertência! Dedo indicador apontado na cara e os braços estendidos para o lado, ao mesmo tempo para o rosto, o menear a cabeça de forma negativa. A criança surda, sem entender, simplesmente, desloca-se para outra dependência da casa e, de imediato, é puxada pelo braço, sofre safanões nas orelhas. Em outro momento, instantaneamente, tapas e chineladas, nos glúteos. A criança surda, sem entender nada, chora, aos berros. Outro dia, em escola infantil, no intervalo da educação, crianças em plena correria no pátio da escola, bagunças em tempos infantis, para lá e para cá, inocências em brincadeiras de corre- corre. Apenas brincadeiras. Mas em seguida, todas as crianças, em grupos, se deslocam para outra repartição da escola. A criança surda continua ali sentada, focada em seu carrinho de brinquedo, sem ao menos se preocupar em seguir os demais. Continua ali até sentir, em seu ombro, o toque da professora e o dedo indicador apontado em direção à sala de aula. Preocupada com aquela situação, a professora conversou com os pais dessa criança, querendo saber se a criança tinha surdez, pois não ela correspondeu quando foi chamada para retornar à sala de aula. Às pressas, os pais levaram-na ao médico para a realização de exames. Testes de audiometria con�rmaram a surdez! A orientação médica aos pais foi para evitar o uso da língua de sinais, pois acreditavam que isso geraria atraso cognitivo que prejudicaria o desenvolvimento intelectual da criança; a orientação foi para tratá-la como normal; se possível, com uso de aparelho auditivo. Procurar uma fonoaudióloga para desenvolvimento da fala. Caso não houvesse condições de acompanhar aprendizado, em escola normal, deveriam migrar para uma escola especial. Em busca de melhor corresponder à orientação médica, a criança surda frequentou a escola de inclusão, onde conheceu as di�culdades e precariedade educativa para a formação de aprendizagem. A professora mexia os lábios, em sua explicação, e, às vezes, escrevia no quadro. Porém, para a criança, o aprendizado era nulo. Para ela, devido à falta de orientação, o uso do caderno, para escrever, não fazia sentido. Diante disso, risos em tons de ironias, naquele “espaço educativo”. Ela era tratada como “coitadinha” que estava ali apenas �gurativamente, mas sem interagir com os demais. Somente aos dezesseis anos de idade, quando já adolescente, por meio de visita em escola de surdos foi que a língua de sinais (Libras), as comunicações, interações e as histórias, em semelhanças com outros surdos, trouxeram entendimento e clareza sobre aquele universo. Tudo começava a fazer sentido, o processo humanístico de compreensão descortinou um novo horizonte de possibilidades. Segundo relato: Olhares �xos, mãos em movimentos, risos, expressões e espontaneidade! Criança surda com seus familiares surdos, em pátio de casa com seus amigos surdos, o correr, o brincar e o comunicar era de tal forma, inebriante, que �uía a dinâmica comunicativa entre criança e adultos! Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Membros da família se reúnem com as crianças, contamhistórias, emitem expressões corporais e faciais em movimentos diversos, curiosidades de perguntas em contextos narrativos sinalizados. Assim também, na escola, com os demais amigos surdos, enquanto as aulas são expostas em sinais. As excursões em locais de visita possibilitam a aquisição de conhecimento por meio da língua. Em processo estudantil, o teatro surdo possibilita o encontro entre surdos e a relação com os professores �ui, naturalmente. No entanto, durante o ensino médio, já em fase de adolescência, o estudante surdo precisou migrar para o ensino de inclusão, onde nem sempre pôde contar com a presença de intérprete. Nessa condição, os ouvintes eram os estranhos, pois não sabiam se comunicar em Libras. Esses estudantes ouvintes “de�cientes” por não saberem se comunicar com os surdos representavam uma contradição para os familiares e amigos surdos. Embora o aluno surdo estivesse nesse novo espaço escolar, ainda assim, sentia as barreiras, os preconceitos, o bullying. Porém, mesmo diante disso, empreendendo todo seu esforço, o estudante surdo buscou superar essas contradições educativas. Esses dois relatos servem de aporte para re�etirmos sobre Situações-problema que enfrentaremos, quando em condição de professor. Porém, precisamos superar esses desa�os que se manifestam quando do ingresso, desses estudantes, nos espaços educativos. _______ Re�ita Para responder com criticidade, você pesquisará e contextualizará o que é preconceito e bullying escolar, de modo a re�etir sobre a situação dos surdos no espaço social, familiar, escolar, etc. Qual seria o seu papel para conscientizar, minimizar ou até mesmo banir posturas inconvenientes que atrapalham a formação da criança e dos estudantes surdos? Mediante essas re�exões e as feitas a seguir, contextualizadas em condição de professor, sugerimos realizar duas atividades: Na primeira, pesquisar duas notícias de jornais ou revistas ou relatos ou depoimentos para depois descrever, em um único texto, de que forma essas notícias, têm relação com as abordagens que foram estabelecidas no decorrer das aulas. A segunda diz respeito à criação de uma tabela identi�cando as duas abordagens mencionadas em aula, de modo que você deverá preencher sua tabela (linhas/colunas) com os temas que combinam, com cada uma das abordagens, de forma contextualizada ou topicalizada. Observações: Para essas pesquisas, você poderá usar como apoio os vídeos A surdez é um problema para o Surdo? e Por que os Surdos são vistos de forma Negativa pela Sociedade?, e os textos que estão nas referências bibliográ�cas. Videoaula: Resolução do estudo de caso Este conteúdo é um vídeo! https://youtu.be/C33ePmDHyWI https://youtu.be/C33ePmDHyWI https://youtu.be/cz-TCkaIuNQ Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Conforme os conceitos abordados em aula: preconceito, bullying, abordagem médica e abordagem cultural; vamos perceber que todo Estudo de caso requer pesquisa e análise re�nada para os caminhos de resoluções em práticas sociais, familiares, culturais, educativas, etc. No decorrer das nossas aulas, entendemos que o processo histórico, por meio das ações humanas, de conscientização política, vai moldando a realidade social, ou seja, novas mentalidades vão emergindo, as leis vão sendo implantadas, as condutas educativas são repensadas coletivamente, superando a individualidade. Dessa forma, o preconceito traz um julgamento das pessoas antes mesmo de conhecê-las, ou seja, de associá-la a uma forma que imaginam como ela é, e não de fato a sua essência e percepção de vida e de mundo. Em condição de professor, não se pode carimbar e ou rotular antes mesmo de conhecer com profundidade o contexto desses estudantes, mas deve-se entender a sua vida em conexão com seu processo histórico e educacional. Julgamento de que um determinado estudante não terá condições de aprender impõe barreiras para a potencialidade surda. Infelizmente, a maioria dos professores criam barreiras a esses alunos ao invés de libertá-los. Assim, em havendo a presença de estudantes surdos, torna-se oportuno fazer valer uma percepção de mundo que contribua para socialização do seu repertório cultural e linguístico. Conhecer o histórico da pessoa é pensar qual o modelo social e o histórico de cada estudante. O professor não pode criar um modelo, pois somos todos diferentes. Não basta apenas manifestar empatia, meramente se colocar no lugar do outro, é preciso mais do que isso! Signi�ca compreender o contexto familiar, cultural e também o social desses estudantes como um todo. Quando tratamos a questão bullying, entendemos que ele pode ser analisado em níveis de agressividade, ou seja, começa com as intimidações físicas, depois passa para a humilhação, atos de violência e até mesmo a tortura psicológica que afeta a estrutura emocional dos estudantes surdos. O bullying pode ser descrito como processo de humor não consensual à pessoa que está sofrendo por essa pressão psicológica e que se encontra em con�ito emocional e psicológico interno na escola, na família ou até mesmo em ato ou conduta impensável do professor com seus estudantes. O preconceito e o bullying são frutos de mentalidade arraigada a concepção médica, clínica, terapêutica e de normatização social. Por outro lado, a área cultural busca valorizar a condição humana, a língua de sinais, a vida social, esportiva, cotidiana. Fazer entender essa realidade no sentido de valorizar a característica da língua de sinais para o desenvolvimento do surdo e a sua superação no aspecto visual, em conectividade, com o pensamento e suas re�exões de mundo. Isso é de extremo valor! Assim, conseguir separar essas abordagens signi�ca superar as barreiras para se fazer entender as perspectivas de análise em que esses estudantes surdos estão inseridos. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Resumo visual Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 1 | Políticas educacionais e políticas linguísticas. Fonte: elaborada pelo autor. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 2 | Abordagem clínico-patológica. Fonte: elaborada pelo autor. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 3 | Abordagem cultural-educacional. Fonte: elaborada pelo autor. Referências Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS BOWEN, J. Storia dell’Educazione Occidentale. Milão: Mondadori, 1983. BAGAROLLO, Maria Fernanda; FRANÇA, Denise Maria Vaz Romano. Surdez, Escola e Sociedade: Re�exões sobre Fonoaudiologia e Educação. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2015. CAMBI, Franco. História da Pedagogia. São Paulo: Fundação Editora da UNESP (FEU), 1999. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. O Embate em Torno das Políticas Educacionais para Surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Os Surdos vão à escola no Brasil: Breve Histórico. In: STUMPF, Marianne Rossi; LINHARES, Ramon Santos de Almeida (org.). Referenciais para o Ensino de Língua Brasileira de Sinais como Primeira Língua para Surdos na Educação Bilíngue de Surdos: da Educação Infantil ao Ensino Superior, Vol. 1. 1ª edição. Petrópolis: Editora Arara Azul, 2021. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Surdos Professores: A Constituição de Identidades por meio de novas Categorias pelo Trabalho em Territórios Educativos. Tese de Doutorado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 2022. p. 520. ERNSEN, Bruno Pierin. Bullying e Surdez no Cotidiano Escolar. 1. Ed. Curitiba: Appris, 2018. GESSER, Audrei. Capítulo III: A Surdez. In: Libras? Que Língua é essa?: Crenças e Preconceitos em Torno da Língua de Sinais e da Realidade Surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. MANASSÉS, Ronaldo. A Cultura e os Artefatos Culturais Surdos. Volume Línguas de Sinais: Cultura, Educação, Identidade.Portugal: Edições Exlibris, 2020. MAHER, Terezinha Machado. Ecos de resistência: políticas linguísticas e línguas minoritárias no Brasil. In: NICOLAIDES, Christine; et al. Política e Políticas Linguísticas. Campinas: Pontes Editores, 2013. QUADROS, R. M. O Tradutor e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa. Brasília: MEC; SEESP, 2004. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS PEREGRINO, Gisselly dos Santos. Preconceito e Educação: Desa�os à Escolarização de Surdos no Século XXI. Curitiba: CRV, 2018. SÁ, Nídia Regina Limeira de Sá. Cultura, Poder e Educação de Surdos. São Paulo: Paulinas, 2006. (Coleção Pedagogia e Educação). STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a Cultura Surda. Editora Ufsc, Florianópolis, 2013. , Unidade 2 Linguísticos e Culturais da Libras Aula 1 Os primeiros passos da Libras na aula prática Introdução Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Caro estudante, para a introdução dessa aula, compreenderemos os primeiros passos da Libras na aula prática. Libras é possível por meio de interações comunicativas, expressivas e, sobretudo, de entendimento cultural linguístico, que envolve a vida cotidiana e a vida escolar formativa. Dessa forma, engajar linguisticamente é compreender a nossa função social e histórica enquanto formadores de educadores e fazer espaços educativos mais humanos e agregadores de valores. Assim, abordaremos o alfabeto em Libras e a soletração rítmica e as diferenças entre datilologia e sinais e compreenderemos a Libras para comunicação com os surdos por meio dos cumprimentos. Alfabeto em Libras e soletração rítmica Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para conceituarmos o alfabeto em Libras e a soletração rítmica, é oportuno compreendermos que o alfabeto não substitui a Libras, mas faz empréstimos da Língua Portuguesa. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 1 | Alfabeto manual - Libras. Fonte: https://www.gov.br/ines/pt-br/central-de-conteudos/publicacoes-1/alfabeto- manual-e-con�guracao-de-maos. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Deve-se identi�car a importância do alfabeto para entender que a datilologia é utilizada para expressar, por exemplo, nome de pessoas e topônimos, que é um nome derivado do nome de um lugar ou o estudo de nomes de lugares, especi�camente em seus signi�cados, tipologia, uso e origens. Assim, o termo topônimo é derivado da palavra grega topos, que signi�ca “região”, e onoma, que signi�ca “nomear”. Dessa forma, marcas e outras palavras que não possuem um sinal especí�co devem ser identi�cadas pela datilologia, que é a junção das letras do alfabeto. Vale ressaltar que a Libras apresenta sua complexidade linguística, que não deve se resumir apenas à datilologia, mas que deve ser compreendida em sua importância em algumas ocasiões (local, nome), quando não se tem um sinal especí�co para identi�carmos essas palavras. Assim, não queira fazer tudo em datilologia, porque cansa e a comunicação não se torna compreensível. Vejamos o exemplo a seguir da datilologia e modo sinalizado. Em datilologia: V-O-U P-A-R-A C-A- S-A D-O M-E-U A-M-I-G-O. Agora, veja como é sinalizado em Libras: CASA AMIGO VOU. Percebeu a diferença? Destaca-se que, ao utilizarmos as mãos por meio de cada letra do alfabeto, estamos representando o alfabeto das línguas orais para tornar compreensível para quem está iniciando a Libras. É muito comum o uso do alfabeto para depois se compreender os sinais, ou seja, cada letra ou número é representado por con�gurações de mão especí�cas. O alfabeto também é conhecido como datilologia ou soletração de palavras que não tenham um sinal especí�co na Libras, mas que é considerado um empréstimo linguístico da língua portuguesa. É uma forma de criar comunicações no processo de aprendizado nas inter-relações. Utilizar apenas o alfabeto manual seria, além de cansativo, muito lento e difícil de entender. Reforça-se que o usamos somente em caso de soletrar o seu nome ou de outra uma pessoa; o nome de uma marca de roupa, carro ou outros nomes próprios; nomes técnicos relacionados a uma determinada área especí�ca; palavras que ainda não possuem um sinal próprio em Libras; perguntar os sinais que ainda não conhecemos; explicar ao surdo a forma escrita de uma palavra da língua portuguesa; fazer um sinal, que é a própria soletração da palavra em português etc. São exemplo que nos permitem compreender quando usamos o alfabeto dentro da própria datilologia em formação de palavras. Por outro lado, quando mencionamos sobre soletração rítmica, fazemos referência às palavras expressadas em soletração rítmica que se transformam em sinais e que possuem seu ritmo próprio, pois é o timbre das palavras em uma soletração com forma e ritmo diferentes. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 2 | Soletração. Fonte: SEMEDI, 2013. Vejamos os exemplos: OU, VOU e OBA. São palavras que, por meio da soletração, apresentam seus movimentos e, por essa razão, isso é conhecido como soletração rítmica. Mediante esse contexto de alfabetização e soletração rítmica, oportuniza-se a compreensão para quem está aprendendo Libras e, do mesmo modo, para as crianças surdas em processo de aquisição da língua. Tanto as crianças surdas quanto os adultos surdos adquirem a língua de sinais no mesmo tempo em que as crianças e os adultos ouvintes em ambientes que concentram falantes da língua portuguesa. No entanto, essa é uma realidade pouco observada em diversos lugares do mundo. A maioria das crianças surdas (cerca de 95% dessa populaço) nasce em contextos familiares de ouvintes que desconhecem a Libras ou têm di�culdades para aceitá-la. Essas crianças geral- mente passam por um período sem acesso à língua, o qual poderá ser mais breve ou mais longo, a depender das condições familiares de acesso e aceitação da surdez e das próprias necessidades de seus �lhos. (CONCEIÇÃO; MARTINS, 2019, s.p.) Diante dessa realidade, não somente as crianças surdas de pais ouvintes mas também os adultos surdos em realidade em que a sociedade majoritária é ouvinte têm um desa�o, precisando estar em constante luta e resistência e conscientizar em nome da empatia, da solidariedade e da aprendizagem linguística e somar com as culturas de formação comunicativa. Diferenças entre datilologia e sinais Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para interpretar essa aula, precisamos saber que as diferenças entre datilologia e sinais são oportunas à medida que o educador saiba diferenciar os processos que serão usados em seus respectivos contextos educativos, visto que nem sempre usamos datilologia ou os sinais, pois isso varia de acordo com a estrutura comunicativa. De um lado, temos a datilologia, que é usada para tratar de substantivos próprios, como nomes, marcas, lugares e palavras, que não têm sinal conhecido. Nesse sentido, só usamos a datilologia em último caso, de modo a não tornar cansativo, pois ela é a junção de letras e palavras por meio do alfabeto da con�guração de mão. É oportuno destacar que a datilologia não substitui a Libras, pois, se a datilologia ocorresse com base no alfabeto letra por letra, a comunicação se tornaria cansativa, demorada e de difícil compreensão, assim como perderia o sentido para ser captada a informação. A datilologia em soletração pode ser considerada como uma etapa ou um estágio apresentado em forma, em ritmo de entendimento, porém não podemos confundir como sinônimo de Libras. Algumas palavras em Libras acabam nascendo inspiradas justamente nesses sinais soletrados, que são o que chamamos de soletração rítmica com aglutinação de letras, por exemplo: V-A-I, V-I, O-I etc. No entanto, para a maioria das palavras, existe um sinal especí�co em Libras. Assim, os sinais fazem parte da própria Libras, que permite maior entendimento paraexplicar a um surdo o processo de comunicação. Os sinais não perdem seu prestígio porque têm o mesmo valor que o português em sua modalidade escrita. Então, os sinais são as línguas naturais das comunidades surdas. Ao contrário do que muitos pensam, não são mímicas e gestos soltos, isolados, utilizados pelos surdos para facilitar a comunicação, mas são línguas com estruturas gramaticais próprias que tiveram a sua origem na Língua de Sinais Francesa. Nessa direção, a Língua Brasileira de Sinais Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS não é universal, mas cada país possui a sua própria língua de sinais, a qual vai moldando conforme a realidade cultura nacional. A língua de sinais também possui expressões que diferem de região para região, o que chamamos de regionalismos, e é o que a legitima ainda mais quando se trata de sinais. É importante compreender que os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde eles são feitos, logo, na língua de sinais, podemos encontrar cinco parâmetros: Con�guração de Mão, Ponto de Articulação ou Localização, Movimento, Orientação/Direcionalidade, Expressão Facial e/ou Corporal. Entende-se como se processa até se legitimarem os sinais; são processos linguísticos e envolvimentos culturais que permeiam na realidade cotidiana dos surdos e que envolvem os ouvintes, estimulando-os a socializar e adquirir conhecimento linguístico e cultural dos surdos para a efetiva comunicação. Libras e a base para se comunicar com os surdos por meio dos cumprimentos em Libras A Libras, como base para se comunicar com os surdos, só foi possível graças ao movimento surdo e à legitimidade da comunidade surda no Brasil, tendo como meio legal de expressão e de reconhecimento a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS A Libras é um sistema de regras e de elementos gramaticais que permite o processo de comunicação e a compreensão de forma efetiva. Nessa direção, ela é uma língua natural, porque surge de forma espontânea, conforme a própria necessidade de comunicação dos membros da comunidade surda. Ela é importante à medida que é adquirida na interação com os pares, com o trabalho social ativo, para que o seu acesso se faça a partir das relações humanas e das necessidades de seus usuários para a liberdade �uida de entendimento. Assim, os sinais são organizados foneticamente pelos parâmetros que se combinam, na maioria das vezes, de forma simultânea, mas, dependendo do contexto, isso só é possível por meio dos cincos parâmetros da Libras: Con�guração das Mãos (CM), Movimento (M), Ponto de Orientação (PA), Orientação (O) e Expressão Facial e/ou Corporal (EF/C). A aprendizagem da Libras, sem sua base, pode não ser um processo simples, já que se trata de aprender uma língua de modalidade gesto-visual, mas é oportuno para adentrar culturalmente e historicamente como qualquer aprendizagem de língua e percepções de cultura, de modo que a língua faça sentido para os envolvidos. A Libras não está baseada nos sinalários, mas tem seu contexto que favorece a �uência, o entendimento, a interação e a aprendizagem. Para os surdos de família de surdos, a Libras é considerada a primeira língua, enquanto o português é a segunda língua; já para os ouvintes em processo de aprendizagem da Libras, essa é considerada a segunda língua, enquanto o português é a primeira língua. Essa exempli�cação nos permite compreender do que se trata e qual comunicação estamos mencionando. Assim, escolas e instituições ligadas às comunidades surdas e aos espaços culturais são formas oportunas de ampliar a socialização de vivências com os surdos, possibilitando um favorecimento em seu desenvolvimento comunitário educativo. O processo comunicativo se aprende e se aprimora do básico ao avançado, e tudo isso dependerá de cada estudante, de cada pesquisador e de cada envolvido na comunidade surda. Colocaremos, a seguir, alguns sinais referentes aos cumprimentos em Libras. Figura 3 | Sinais de cumprimentos em Libras. Fonte: SEMEDI, (2013, p. 57). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 4 | Sinais de cumprimentos em Libras. Fonte: SEMEDI (2013, p. 57). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 5 | Sinais de cumprimento em Libras. Fonte: SEMEDI (2013, p. 58). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 6 | Sinais de cumprimento em Libras. Fonte: Secretaria de Educação (2013, p. 58). Figura 7 | Sinais de cumprimento em Libras. Fonte: SEMEDI, (2013, p. 59). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 8 | Sinais de cumprimento em Libras. Fonte: Secretaria de Educação (2013, p. 59). Diante desses sinais, vimos os tipos de cumprimentos em Libras que permeiam na contextualização sinalizada, ou seja, não são sinais isolados, e é na interação que o envolvimento linguístico e de comunicação constituem o entendimento. Videoaula: Os primeiros passos da Libras na aula prática Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. A videoaula “Os primeiros passos da Libras na aula prática em torno da comunicabilidade dos surdos” tona-se de extrema relevância à medida que, ao compreender os aspectos linguísticos e culturais, permite-se fazer relação com as práticas educativas no processo de formação desses estudantes, relacionando com a realidade cotidiana. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Saiba mais Para complementar seus estudos, assista à palestra Trajetória histórica e o embate em torno da comunicabilidade dos surdos. Referências https://youtu.be/aatRcg5LvmI https://youtu.be/aatRcg5LvmI https://youtu.be/aatRcg5LvmI Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS BAGAROLLO, M. F.; FRANÇA, D. M. V. R. Surdez, Escola e Sociedade: re�exões sobre fonoaudiologia e educação. Rio de Janeiro, RJ: Wak, 2015. BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2023]. 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O desenvolvimento desse estudo por meio das bases teóricas das pesquisas linguísticas permite compreender as concepções linguísticas, bem como os aspectos fonológicos, que são contemplados por cincos parâmetros da Libras: Con�guração das Mãos; Localizada e/ou Ponto de Articulação; Movimento; Orientação e/ou Direção; Expressões Faciais e/ou Corporal. Dessa forma, saber utilizar os aspectos linguísticos característicos da Libras permite promover, dentro dos aspectos culturais, a comunicabilidade com os surdos. Para aplicar a Libras no modo de se comunicar com os surdos por meio dos cumprimentos, torna-se relevante lembrar-se dos cinco parâmetros da Libras e, em seguida, compreender os sinais e contextos de cumprimentos, de modo a fazer sentido na vida de quem está se comunicando. Con�gurações de Mão e Localização e/ou Ponto de Articulação Con�guração das Mãos (CM) são formas das mãos que representam um determinado sinal ou pode até ser a datilologia (como o alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita, para quem é destro, ou mão esquerda, para os canhotos), ou pelas duas mãos. Vale destacar que a Con�guração das Mãos não se resume somente ao alfabeto, mas são os tipos de posições dos dedos e das mãos, assim, observamos as posições na imagem a seguir. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 1 | Dicionário de Libras (Numerais). Fonte: Felipe e Monteiro (2007, pg. 21) Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Diante do exposto, identi�car essas posições dos dedos e da mão é uma forma de veri�car como se processa até chegar à de�nição de um sinal. Assim, nessa perspectiva, consideramos como ponto crucial para a análise de como sinalizar de forma correta. Dessa forma, trazer essa importância da con�guração das mãos é dar sentido à construção de performance, à sinalização, para dar visibilidade a esse processo de comunicação. A con�guração pode ser feita pela mão dominante (mão direita, para os destros, e mão esquerda, para os canhotos) ou pelas duas mãos, dependendo do sinal. Isso dependerá do que se sinaliza. Nos sinais de Homem (Con�guração de Mão em C), Mulher (Con�guração de Mão em A), Biblioteca (Con�guração de mão em B) e Papel (Con�guração de Mão em palma e em L), perceberemos o diferencial tanto na Con�guração de Mão quanto na localização onde a Con�guração de Mão está composta. Diante desse contexto explicativo sobre a Con�guração de Mãos, precisamos entender a importância da Localização e/ou Ponto de Articulação (L/PA), assim, o segundo parâmetro da Libras é a Localização, ou o que podemos chamar de Ponto de Articulação, pois é o lugar onde incide a mão predominante con�gurada, ou seja, o local onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro (sem tocar propriamente no corpo). Ferreira (1995, p. 38) menciona que “os sinais realizados em contato ou próximos a determinadas partes do corpo pertencem, muitas vezes, a um campo semântico especí�co, organizado a partir de características icônicas”. Vejamos os exemplos de Localização e/ou Ponto de Articulação. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 2 | Localização e/ou Ponto de Articulação. Fonte: Lacerda, Santos e Martins (2019, p.). Observamos que, em “Aprender”, a Con�guração de Mão em C-S �ca localizada na testa; em “Banco”, a Con�guração de Mão em B �ca localizada no pescoço; em “Amor”, a Con�guração de Mão em C-S �ca localizada no coração. Percebemos que cada sinal apresenta suas características Movimento e Orientação e/ou Ponto de Articulação Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS O terceiro parâmetro a que nos referimos é o Movimento. Alguns sinais são estáticos em um local, enquanto outros contêm algum movimento, logo o movimento refere-se ao modo como as mãos se movimentam (movimento linear, movimento da forma de seta arqueada, circular, simultânea ou alternada com ambas as mãos etc.) e para onde estão movimentando (para frente, em direção à direita, à esquerda etc.). O Movimento é outro parâmetro de nível fonológico que constitui o sinal e pode ser executado de diferentes formas. Segundo Brito (1995, p.), “o tipo de movimento pode estar nas mãos, pulsos e antebraço quanto à direcionalidade do movimento, pode ser unidirecional, bidirecional ou multidirecional”. O movimento em sinais apresenta seus movimentos e sua velocidade no movimento e refere-se também ao número de repetições de um determinado movimento. Dessa forma, temos as características dos sinais de forma em: retilíneo, circular, ondulatório, helicoidal, angular e zigue- zague. Vejamos os exemplos. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 4 | Características dos sinais. Fonte: Lacerda, Santos e Martins (2019, p. 91). Os exemplos dos movimentos estão expostos nas imagens de Trabalho, Hora 1 e Grá�co. Percebemos a diferença no modo em que sinalizará as diferenciações dos movimentos. O movimento é outro parâmetro do nível fonológico que constitui o sinal e pode ser executado de diferentes formas. Os movi mentos podem variar em função do tipo, da direcionalidade, bem como da maneira e frequência com que são executados. Conforme Brito, ‘O tipo do movimento pode estar nas mãos, pulsos e antebraço. Quanto à direcionalidade do movimento, pode ser unidirecional, bidirecional ou multidirecional’ (Brito, citado por Quadros; Karnopp, 2004, p. 55). Brito (1995) é uma grande referência na produção acadêmica. Nessa direção, é plausível compreender que um dos parâmetros, o Movimento, apresenta suas características no contexto de sinalização, ou seja, na forma da mão, no pulso, no antebraço, na direcionalidade e nas diversas formas que são representadas. Segundo Quadros e Karnopp (2004), entende-se por maneira a descrição da qualidade, tensão e velocidade do movimento; já a frequência refere-se ao número de repetições de um determinado movimento. Existem vários tipos de movimentos nos sinais, sendo os mais comuns: retilíneo, circular, ondulatório, helicoidal, angular e zigue-zague. O quarto parâmetro é a Orientação/Direcionalidade, que é o plano em direção ao qual a palma da mão é orientada. Alguns sinais têm a mesma con�guração, o mesmo ponto de articulação e o mesmo movimento, porém se diferem na orientação da mão.Vejamos os exemplos de Trabalhar e Televisão. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 5 | Orientação e direcionalidade. Fonte: Lacerda, Santos e Martins (2019, p. 92). A orientação da palma da mão pode distinguir um sinal de outro, assim, a palma da mão pode estar orientada para baixo, para cima, para o lado, para a frente, para a esquerda ou para a direita; são posições das mãos ou da mão, ou seja, ordena por meio dos parâmetros. Expressão Facial e/ou Corporal Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS O quinto parâmetro diz respeito à Expressão Facial e/ou Corporal, que inclui as expressões faciais, a linguagem corporal, os movimentos da cabeça e os olhares e representa o modo de como a pessoa está, por exemplo, com raiva de alguém ou de algo. Nem sempre há necessidade de usar os sinais, e sim apenas a expressão facial e corporal, que já representam a forma comunicativa. Diante do exposto desses cinco parâmetros, para quem está em processo de aprendizagem da Libras, os sinais vão fazendo sentido a partir do contexto de comunicação. Nessa direção, os cumprimentos em Libras apresentam suas características de formalidade e informalidade em contextos que envolvem tanto os surdos e ouvintes ou surdo-surdo etc., ou seja, quando nos encontramos com alguém ou conhecemos uma pessoa, as informações básicas de um cumprimento precisa fazer sentido para uma conversa inicial em saudações, como: nome, idade, onde mora e o sinal pessoal, que é próprio da identidade surda, que representa uma característica física ou comportamental (nessa interação, muitos recebem um novo sinal). Então, é necessário conhecer os sinalários de saudações e compreender diálogos de cumprimentos para entender o contexto da Libras. Observaremos as expressões faciais de Triste/Tristeza, Alegre/Alegria e Tédio a seguir. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 6 | Expressões faciais. Fonte: Dicionário de Libras Online do INES. Cada expressão é entoada por meio do contexto e nem sempre precisa sinalizar, mas o contexto, às vezes, já está incorporado na própria expressão facial. Quadros e Karnopp (2004, p. 60) mencionam que "podem ser representadas por movimentos faciais, dos olhos, da cabeça ou tronco e prestam-se a dois importantes papéis nas línguas de sinais: marcação de construções sintáticas e diferenciação de itens lexicais". Entendemos que as expressões são a base para fazer marcações de sentenças, sejam a�rmativas ou negativas, perguntas, orações condicionais e relativas e topicalizações. Isso são as referências especí�cas simultaneamente marcadas na interrogação, negação e/ou a�rmação e exclamação utilizada na Libras. Assim, no nosso entender, a expressão facial e corporal é de extrema importância porque não basta apenas fazer o sinal de triste, mas precisa representar a face de que estamos tristes, se for o caso contextual, e o mesmo ocorre com se �zermos o sinal de alegre. A expressão precisa corresponder aos sinais, pois não podemos sinalizar triste com a expressão de alegre ou de dor, pois isso não condiz com o entendimento. Vale destacar que o surdo presta muita atenção no visual, logo não basta apenas fazer o sinal e não ter expressão facial e corporal. Ocasionalmente, apenas uma expressão já basta para o surdo compreender, assim, sem expressão, �ca difícil o entendimento. Nesse sentido, as expressões facial e corporal são importantes para a vida. Videoaula: Fonologia da Libras Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS O vídeo resumo permitirá a compreensão prática dos sinais em seu desenvolvimento de estudo para além da concepção prática. De fato, treinar e incorporar a Libras na prática é, sem dúvida, dar ênfase aos aspectos fonológicos, que são contemplados por cincos parâmetros da Libras: Con�guração das Mãos; Localizada e/ou Ponto de Articulação; Movimento; Orientação e/ou Direção; Expressões Faciais e/ou Corporal, para as percepções das características da Libras. Saiba mais Para maior aprofundamento, aconselhamos assistir aos vídeos a seguir: Aspectos fonológicos da Libras. Parâmetros da Libras. Referências https://youtu.be/i49E_tpgmFs https://youtu.be/siljA-_dt2U Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS BAGAROLLO, M. F.; FRANÇA, D. M. V. R. Surdez, Escola e Sociedade: re�exões sobre fonoaudiologia e educação. Rio de Janeiro, RJ: Wak, 2015. CAMBI, F. História da Pedagogia. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999. CUNHA JÚNIOR, E. P. da. O embate em torno das políticas educacionais para surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí, SP: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, E. P. da. Os surdos vão à escola no Brasil: breve histórico. In: CUNHA JÚNIOR, E. P. da; TUMPF, M. R.; LINHARES, R. S. de A. (org.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na educação bilíngue de surdos: da Educação Infantil ao Ensino Superior. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2021. p. 36-51. CUNHA JÚNIOR, E. P. da. Surdos Professores: a constituição de identidades por meio de novas categorias pelo trabalho em territórios educativos. 2022. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2022. ERNSEN, B. P. Bullying e surdez no cotidiano escolar. Curitiba, PR: Appris, 2018. FERREIRA, L. B.; Por uma gramática de Língua de Sinais. R.J.: Tempo Brasileiro, 1995. GESSER, A. Capítulo III: A Surdez. In: GESSER, A. Libras? Que Língua é essa?: crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo, SP: Parábola Editorial, 2009. p. 63-80. MANASSÉS, R. A cultura e os artefatos culturais surdos. Volume Línguas de Sinais: Cultura, Educação, Identidade. Portugal: Edições Exlibris, 2020. MAHER, T. M. Ecos de resistência: políticas linguísticas e línguas minoritárias no Brasil. In: NICOLAIDES, C. et al. Política e Políticas Linguísticas. Campinas, SP: Pontes Editores, 2013. p. 117-134. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS QUADROS, R. M. O Tradutor e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa. Brasília, DF: MEC/SEESP, 2004. PEREGRINO, G. dos S. Preconceito e Educação: desa�os à escolarização de surdos no século XXI. Curitiba, PR: CRV, 2018. SÁ, N. R. L. de S. Cultura, Poder e Educação de Surdos. São Paulo, SP: Paulinas, 2006. (Coleção Pedagogia e Educação). STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis, SC: Editora UFSC, 2013. Aula 3 Morfologia da Libras Introdução Entendendo de que maneira as concepções morfológicas evidenciam como o plural se forma e como o gênero é marcado, perceberemos como são processadas as relações entre os sinais. Daí, a morfologia estudar isoladamente os sinais, não considerando o contexto da frase, mas a formação de novos sinais, em que são envolvidos diferentes processos, como a su�xação, a pre�xação, a composição, entre outros. Destarte, este mecanismo é oportuno para compreendermos a formação de sinais e de sinais compostos, as incorporações na Libras e a contextualização morfológica enquanto contribuições Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS para a inclusão de informações gramaticais e de comunicação que servirão de aporte para um melhor aprofundamento de estudos. Para compreensão dessa aula, torna-se necessário o acompanhamento desse material em consonância com os vídeos das aulas em Libras, pois a ênfase é o acompanhamento das aulas práticas em formação educativa. Dessa forma, a observação, o treino e a re�exão para a aplicação prática fazem da realidade de ensino uma prática transformadora de ação cultural linguística. Formação de sinais e de sinais compostos Para se compreender a Língua Brasileira de Sinais (Libras), devemos considerar quea formação dos sinais não são invenções aleatórias, pois se con�guram enquanto processo de formação em decorrência dos cinco parâmetros da Libras: Con�guração de Mão; Localização e/ou Ponto de Articulação; Movimento; Orientação e/ou Direção; Expressão Facial e/ou Corporal. Assim, no método fonético, a fonologia, em seu processo, permite legitimar a morfologia na con�guração do próprio sinal (estrutura, formação e classi�cação). A Libras apresenta léxico com recursos que permitem a criação de novos sinais, que são formados também pela adição de um pre�xo ou su�xo. Dessa forma, em contexto, deriva na criação de sinais por meio de nomes de verbos, e vice-versa, por meio da mudança no movimento, conforme os exemplos a seguir. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 1 | Criação de sinais (Sentar, Cadeira, Ouvir e Ouvinte). Fonte: Choi et al. (2011, p. 25). Diante dos sinais “Sentar” e “Cadeira”, exempli�cados, percebemos que eles apresentam a mesma con�guração de mão, localização, direção e orientação de mão. Porém, o movimento é diferente, e a expressão facial e corporal está neutra. Então, o movimento, por apresentar suas diferenças no modo de repetições, muda o verbo ou o sinal de contexto comunicativo. Assim também nos sinais de “Ouvir” e “Ouvinte”, em que percebemos que o movimento de fechar e abrir a mão, próximo ao ouvido, diferencia cada movimento, em que um é curto e o outro é repetitivo, ou seja, podemos perceber como o sinal, em contexto, diferencia o entendimento. Há outro contexto na morfologia que se estabelece quando são criados sinais novos, que chamamos de composição, isto é, são dois sinais que se combinam dando origem a um novo sinal. Vejamos os exemplos. Figura 2 | Composição dos sinais (Escola e Igreja). Fonte: Choi et al. (2011, p. 27). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Conforme observamos nas imagens apresentadas, o sinal de “Escola” é composto pelos sinais de “Casa” mais o sinal “Estudar”. Similar interpretação pode ser auferida, também, por procedimento de composição, quando sinalizamos a palavra “Igreja”, aqui representada pelo sinal “Casa” mais o sinal “Cruz”. Diante do exposto, a língua de sinais reorganiza-se no processo de desenvolvimento do homem, seja numa função em especí�co, seja para o desenvolvimento em modo humano e cultural que se constitui na e pela língua, ou seja, não é possível que ela seja entendida somente como instrumento comunicativo, mas como processo pertencente à própria cultura. Para compreender a formação de sinais e de sinais compostos, é necessária a aquisição de línguas pelos sujeitos envolvidos no processo de comunicação e a aquisição pela interação com o grupo social de um ambiente cultural e linguístico especí�co. Assim, a aquisição da língua de seu grupo social acontecerá pelas interações, no contato com os membros mais experientes, a partir da convivência no processo de ensino-aprendizagem, materializando a modalidade gesto- visual, que é a única língua possível de ser adquirida nas interações sociais para os envolvidos na comunidade surda. Incorporações na Libras Outro ponto que precisamos destacar diz respeito às incorporações na Libras, ou seja, ao procedimento que se estabelece por meio da criação de novos sinais na Libras que podem ser incorporados por meio de um argumento, de um numeral etc. Esses procedimentos são frequentes na Libras, enquanto língua, por causa de suas características visuais e espaciais. O Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS próprio modo de sinalizar ou expressar em espaço neutro ou corporal permite compreender como são legitimadas as diversas formas de incorporação na Libras. Podemos citar, como exemplo, o sinal de “Lavar”, que varia na forma contextual e no modo como a incorporamos para que esteja em acordo com o objeto (cabelo, prato, roupa) que foi, está ou será lavado. Vejamos exemplos. Figura 3 | Incorporação na Libras (Sinal de “Lavar”). Fonte: Choi et al. (2011, p. 29). Percebemos, nos exemplos apresentados sobre a forma de apresentação do verbo lavar, que podemos incorporar diversas formas, como lavar os cabelos, lavar prato e lavar roupa, e os sinais são modi�cados para apresentarem sinalização especí�ca para cada ação contextualizada. Outros exemplos são as incorporações de numerais, que se caracterizam pela mudança na con�guração de mão, que simboliza o sinal adequado para expressar a hora, a duração, os dias e os meses em quantidade. A incorporação da negação é outro processo na Libras de alteração do movimento do sinal, caracterizado por mudança de direção. As formas negativas são realizadas por meio do meneio negativo de cabeça e da expressão facial de negação, assim como pelo indicador em sinalização de negação. Vejamos os exemplos. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 4 | Incorporação da negação na Libras. Fonte: Choi et al. (2011, p. 27). Vimos que, no sinal “Não Querer”, a direção e a orientação da mão mudam, conjuntamente a isso a expressão de negativismo faz parte do contexto. O mesmo ocorre com o sinal “Não Gostar”, em que a palma da mão �ca para fora. Ambos os sinais, ao incorporarem a negação, apresentam-se em consonância com as expressões e os movimentos de negação. Embora haja o modo expressivo em contexto de sinalização em suas Incorporações, na Libras são partilhadas convenções sociais da comunidade surda para que as diferenças de comunicação partilhem de espaços comuns. Assim, a incorporação está na consciência dos envolvidos, de modo que as condições sociais possam superar as barreiras e estabelecer uma comunicação plena de direito e dignidade. Desse modo, os efeitos de modalidade nas línguas de sinais correspondem a um remanejamento de estruturas resultante da introdução de elementos estrangeiros nos campos mais fortemente estruturados da língua, ou seja, incorporar áreas do vocabulário em comunidades bilíngues. Contextualização morfológica Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Oportuno legitimar que a morfologia estuda a estrutura, a formação e a classi�cação dos sinais em Libras. Dessa forma, entendemos que as concepções morfológicas apresentam como o plural se forma, como o gênero é marcado, e percebemos as relações entre os sinais, enquanto a sintática sabe onde o sinal se encaixa na estrutura e na informação semântica, de modo que apresenta seus signi�cados ou os signi�cados do sinal. A morfologia estuda a estrutura, a formação e a palavras (na língua portuguesa) ou dos sinais (em Libras). Para identi�carmos e compreendermos uma palavra, precisamos contar com a informação fonética/fonológica (dominar a pronúncia, com a sequência de sons), a informação morfológica (saber como o plural se forma, como o gênero é marcado, perceber as relações entre as palavras), a informação sintática (saber onde a palavra se encaixa na estrutura) e a informação semântica (compreender o signi�cado ou os signi�cados- da palavra). (QUADROS, 2004, p. 33) Assim, a morfologia estuda isoladamente os sinais, isto é, não considera o contexto da frase. A formação de novos sinais envolve diferentes processos, tais como a su�xação, a pre�xação, a composição, entre outros. Diferentemente da Língua Portuguesa, na Libras não há desinências para o uso especí�co de gênero (masculino e feminino) e número (plural), mas o sinal utilizado para representar essas marcas é o próprio @, que reforça a ideia de ausência. Algumas palavras são monomorfêmicas, isto é, formadas por apenas um elemento, um morfema, por exemplo, os substantivos que não podem ser divididos, como sol, pai, mãe e céu. Em Libras, temos como exemplo os sinais constituídos com apenas um elemento, tais como AMIG@ [amiga(s) ou amigo(s)] e AV@ [avó(s) ou avô(s)]. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Na Libras, em contexto morfológico, há derivação dos nomes de verbos quando ocorre mudança no tipo de movimento,isto é, quando produzimos o substantivo, ou quando o movimento é curto, repetido ou expressa de forma rápida ou lenta. A morfologia estuda isoladamente as palavras, ou seja, não considera o contexto da frase. Morfemas são as unidades mínimas de signi�cado que formam as palavras. Eles podem ser simples ou complexos (nesse caso, constituídos de mais de um elemento). A formação de novas palavras envolve diferentes processos na língua portuguesa, tais como a su�xação, a pre�xação, a composição, entre outros. (QUADROS, 2004, p. 37) Este mecanismo que apresentamos é necessário para compreendermos o contexto morfológico e suas mudanças de um sinal ou de mais parâmetros evidenciados na exploração do espaço, na incorporação e na simultaneidade, para a inclusão de informações gramaticais e de comunicação. Videoaula: Morfologia da Libras Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Para a introdução do nosso vídeo resumo, o conteúdo será importante para que possamos compreender a formação de sinais simples e de sinais compostos, incorporações na Libras e contextualização morfológica, além de diversos exemplos, de modo a trazerem contribuições que façam sentido tanto para a inclusão de informações gramaticais quanto para a comunicação. Saiba mais Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para maior aprofundamento, aconselhamos assistir aos vídeos a seguir: Aspectos morfológicos da Libras. Verbos em Libras. Referências https://youtu.be/Y616FpUhDCk https://youtu.be/KvJZQ6GodBo Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS BAGAROLLO, M. F.; FRANÇA, D. M. V. R. Surdez, Escola e Sociedade: re�exões sobre fonoaudiologia e educação. Rio de Janeiro, RJ: Wak, 2015. CAMBI, F. História da Pedagogia. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999. CHOI, D. et al. Libras: conhecimento além dos sinais. São Paulo, SP: Pearson Prentice Hall, 2011. CUNHA JÚNIOR, E. P. da. O embate em torno das políticas educacionais para surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí, SP: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, E. P. da. Os surdos vão à escola no Brasil: breve histórico. In: CUNHA JÚNIOR, E. P. da; TUMPF, M. R.; LINHARES, R. S. de A. (org.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na educação bilíngue de surdos: da Educação Infantil ao Ensino Superior. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2021. p. 36-51. CUNHA JÚNIOR, E. P. da. Surdos Professores: a constituição de identidades por meio de novas categorias pelo trabalho em territórios educativos. 2022. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2022. ERNSEN, B. P. Bullying e surdez no cotidiano escolar. Curitiba, PR: Appris, 2018. GESSER, A. Capítulo III: A Surdez. In: GESSER, A. Libras? Que Língua é essa?: crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo, SP: Parábola Editorial, 2009. p. 63-80. MANASSÉS, R. A cultura e os artefatos culturais surdos. Volume Línguas de Sinais: Cultura, Educação, Identidade. Portugal: Edições Exlibris, 2020. MAHER, T. M. Ecos de resistência: políticas linguísticas e línguas minoritárias no Brasil. In: NICOLAIDES, C. et al. Política e Políticas Linguísticas. Campinas, SP: Pontes Editores, 2013. p. 117-134. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS QUADROS, R. M. O Tradutor e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa. Brasília, DF: MEC/SEESP, 2004. PEREGRINO, G. dos S. Preconceito e Educação: desa�os à escolarização de surdos no século XXI. Curitiba, PR: CRV, 2018. SÁ, N. R. L. de S. Cultura, Poder e Educação de Surdos. São Paulo, SP: Paulinas, 2006. (Coleção Pedagogia e Educação). STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis, SC: Editora UFSC, 2013. Aula 4 Diálogo em Libras (aula prática) Introdução O objetivo desta aula é compreender que o aprendizado da Libras não leva em conta somente o sinalário de modo isolado mas também a vida cotidiana dos surdos, por meio dos sinalários nas inter-relações, entre as quais, o ambiente de formação, que está presente na vida estudantil dos surdos e, sobretudo, no tocante à importância do professor em preparar a aula, o conteúdo e as informações de ensino. Para isso, o preparo e a pesquisa de materiais são oportunos por meio de análise de vídeos, em Libras, no processo educativo dos surdos, de modo a contribuir para a Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS ampliação do repertório linguístico tanto do professor quanto do estudante e possibilitar diálogo, convivência, criticidade e formação humana. Vida cotidiana dos surdos por meio dos sinalários Para melhor conceituar a formação comunicativa entre surdos e ouvintes, é oportuno considerar essa expansão a partir da vida cotidiana como fonte produtora de repertório linguístico e de formação nas relações sociais, ou seja, no compreender e no partilhar informações nas esferas comunicativas e culturais e/ou nos eventos do dia a dia, como: no trabalho, na escola, em casa, nas relações comerciais e nos serviços públicos. Considerando que o cotidiano dos surdos não pode estar dissociado de sua história de vida e de convivência, no contexto em que se encontra, devemos levar em conta as di�culdades e barreiras de acesso a oportunidades enfrentadas por eles, no mercado de trabalho, para o desenvolvimento educativo, para a formação acadêmica. Porém, como essas barreiras vão, aos poucos, sendo descortinadas e superadas por meio da atuação dos próprios surdos, que não retrocedem diante das condições insatisfatórias e desiguais, entendemos ser preciso empreender mudanças políticas para eliminar barreiras de atitudes e de comunicação concernentes às relações de poder entre surdo e ouvinte. A vida cotidiana dos surdos está arraigada com as di�culdades, daí, urge considerarmos a efetivação de diretrizes que considerem o respeito às diferenças, às identidades e às culturas como possibilidade para a compreensão da realidade de vida dos diversos grupos sociais e linguísticos. Neste sentido, o espaço educativo está posto como norte para contribuir para o conhecimento sobre os surdos e as oportunidades que estes têm de serem inseridos em Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS algumas esferas de atividade laborais, nas quais os diferentes segmentos da população circulam em seu dia a dia. Destarte, o projeto bilíngue, nas políticas públicas, deve efetivar o reconhecimento às comunidades surdas, seja em seu aspecto linguístico, seja pelas peculiaridades culturais, de modo que o caráter social condicionador do desenvolvimento humano de relações entre vida social possibilita efeitos recíprocos de igualdade de condições de respeito. Compreender cada humano surdo signi�ca identi�car essas peculiaridades linguística-culturais. No que tange, especi�camente, à educação, é oportuno o professor saber a língua de sinais e compreender qual o momento adequado para se comunicar com grupos de jovens, idosos ou outros segmentos sociais. Haja vista, a Libras, em sua forma comunicativa, apresenta suas caracterizações de entendimento e de relações cotidianas, logo não se pode ignorar a importância desse ambiente gerador dos sinalários como oportunidade para agregar valores à formação. Por isso, a formação dos professores não pode ser pensada e estudada às margens das condições culturais surdas em seus espaços educativos, mas entrelaçada nas relações das forças culturais, surdas e ouvintes, de modo a não se negligenciar a dinâmica do convívio e o desenrolar das práticas sociais para a construção de conhecimento individual e/ou coletivo. A formação individual se dá em relações que se vinculam por meio da estrutura social de coletivos, de personalidade, ou seja, onde a organização da vida humana é da ordem da culturasão construídas e transformadas as práticas sociais e educativas ao longo do tempo. Assim, nas condições de formação dos estudantes surdos, especi�camente, tomamos como foco suas experiências de inserção e participação em algumas esferas da vida e do seu dia a dia em expansão para o âmbito de aprendizagem maior, em que estão sendo construídas suas características para con�guração de suas diferenças em repertório linguístico. Análise de vídeos em Libras Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Todo professor precisa, de modo antecipado, preparar a aula que trabalhará com seus alunos, lecionar os conteúdos, pesquisar os sinalários, estudar os princípios norteadores, treinar a aplicação prática e, depois, garantir que a aula seja bem fundamentada de conteúdo e de propósitos. Diante desse quadro, então, qual é a formatação desse processo? A questão está em como fazer isso. No que se refere às análises, pesquisar vídeos de sinais que correspondam à aula não signi�ca apenas assisti-lo, mas explorar o conteúdo de sinais e de roteiro prévio do conteúdo, ou seja, ver o que os vídeos em Libras proporcionam em termos de sinais conhecidos e/ou desconhecidos. De que modo podemos trabalhar isso? O ideal pausar a imagem e, ao mesmo tempo, aprofundar a informação sobre cada sinal destacado no sentido de ampliar o repertório linguístico de sinais. Para que a dinâmica da apresentação possa ser processada a contento, o professor precisa estabelecer uma organização de pesquisa dos dados que foram constituídos durante a prospecção dos conjuntos temáticos e por onde serão reproduzidos todos os sinalários que compõem o cenário e a mensagem pretendida. Portanto, o docente deve considerar in�nitas possibilidades de aplicação prática daquilo que foi desenvolvido, de modo a entender que o que foi prospectado não apenas lhe traga subsídios mas também lhe proporcione condições de expandir o potencial cognitivo e informativo como contribuição à sua inserção no trabalho educativo e no cotidiano, no sentido de contribuir com a formação dos estudantes para ambientes de trabalho para o acesso a serviços de locais públicos e benefícios da cultura escolar. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Analisar os vídeos em Libras para a inserção em ambientes de trabalho é uma dentre várias modalidade de vivenciar a própria realidade com a qual se tem contato, não apenas na condição de professor que quer oferecer interações, atenção e oportunizar a importância dos conteúdos, de modo a potencializar as capacidades e os talentos dos estudantes surdos, para construir relações interpessoais em dinâmica do espaço educativo, mas também como cidadão consciente de sua função social e contributiva para o ser social surdo. Assim, o local de trabalho é apresentado como mais um espaço em que há desa�o para a implementação de uma prática comunicativa, diferenciada, introjetada, no sentido de garantir acesso àqueles brasileiros que foram invisibilizados historicamente e, assim, quebrar o modelo ouvinte, submetido ao olhar comparativo ou desigual, mas que vai se constituindo no cumprimento de compromissos realizados para seu desempenho nos aspectos culturais. Considerando que o trabalho digni�ca o homem, de modo que este possa, por meio de suas ações, empreender transformação para proporcionar-lhe melhor condição para in�nitas oportunidades. Portanto, desde que o trabalho não se transforme em um fardo pesado, como sinônimo de sobrecarga, ele contribui para a concretização da dignidade humana, para a realização de seus objetivos e fortalece a autoestima para construir novas amizades. Logo, não se pode considerar apenas a importância que o trabalho tem nas vidas das pessoas surdas mas também a importância das pessoas que trabalharam e trabalham para que tenhamos vida digna, segura, libertária, como é o caso dos educadores e professores que �zeram parte da nossa trajetória. Processo educativo dos surdos e diálogo Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS No processo educativo dos surdos, precisa-se considerar que, conforme as di�culdades se manifestam na prática educativa, o professor precisa, explícita ou implicitamente, estabelecer diálogo com os estudantes surdos nos ambientes de formação de ensino-aprendizagem na relação de tratamento. Essa forma de tratamento como uma interação comunicativa da conversa, em dialogicidade, contribui para acabar com os preconceitos e trazer re�exão crítica sobre determinadas posturas excludentes diante da interação e das trocas empreendidas entre os sujeitos que interagem. Essa ação de reciprocidade entre o enunciado e o processo de recepção e percepção da transmissão pretendida faz brotar toda indignação para com a conduta excludente e confere signi�cados reais à prática educativa para humanizar a relação e modi�car os meios de expressão do pensamento para trazer à luz todos os empecilhos ou limitações de vivências e, assim, conscientizar para questionar, reivindicar para transformar e estimular a autonomia em defesa do respeito às características de personalidade. A conscientização no processo educativo é oportuno, mas, para que isso ocorra, é preciso se estabelecer um diálogo para se conhecer a realidade contextual e social desse estudante, de modo que cada um possa internalizar o discurso proclamado e estabelecer novas experiências diante da diferença de coletivos. Assim, promover a dinâmica das relações sociais que considere as ações, as atitudes e os valores de uma pessoa surda e leve em consideração sua conduta como se fosse um instrumento, em resistência, para se libertar das amarras que a torne ser de segunda categoria e, assim, lhe garanta maior visibilidade, conquista de autonomia, cidadania plena e qualidade de vida. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS O diálogo não está somente em saber se comunicar com os estudantes surdos mas também em conscientizá-los e conscientizar-se (no caso do professor), conforme o espaço educativo que está sendo abordado e no qual as partes interessadas interagem. Dessa forma, avaliando as experiências formativas na escola, consideramos ser importante levar em conta caminhos alternativos que fujam do caminho paternalista, mas proclamem um ato de coragem para "multiplicar saberes" nos encontros, nas relações com outros surdos e com ouvintes por meio de variadas situações. Destarte, é necessário que o sujeito surdo seja despertado não apenas para exercer uma ação consciente e re�exiva de pertencer ao grupo educativo mas também tenha certeza de que essa conquista não é um sonho distante, mas uma realidade que está posta na medida em que ele, enquanto conscientizado, e o professor, enquanto conscientizador, articulem resistência para expandir mediante o exercício dialógico por meio do pensar, criticar, agir e ressigni�car as concepções normatizadoras. Assim, obter compreensão de que é preciso mais políticas públicas e educativas comprometidas com as práticas socioeducacionais, em que todos possam se manifestar igualmente e, assim, incentivar para vivenciar interações mediadas pela Libras, principalmente as destinadas aos estudantes surdos. Videoaula: Diálogo em Libras (aula prática) Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. A videoaula tem como intuito compreender a Libras não de modo isolado, mas as inter-relações, entre as quais, o ambiente de formação presente na vida estudantil dos surdos e, sobretudo, no tocante à importância do professor em preparar a aula, o conteúdo e as informações de ensino. Dessa forma, o processo educativo dos surdos tem muito a contribuir para a ampliação do repertório linguístico tanto do professor quanto do estudante, possibilitando a comunicação e a formação humana. Saiba mais Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para maior aprofundamento, assista aos vídeos a seguir: https://youtu.be/Y616FpUhDCk(aspectos morfológicos da Libras) https://youtu.be/KvJZQ6GodBo (verbos em Libras). Referências https://youtu.be/Y616FpUhDCk https://youtu.be/KvJZQ6GodBo Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS BAGAROLLO, M. F.; FRANÇA, D. M. V. R. Surdez, Escola e Sociedade: re�exões sobre fonoaudiologia e educação. Rio de Janeiro, RJ: Wak, 2015. CAMBI, F. História da Pedagogia. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999. CUNHA JÚNIOR, E. P. da. O embate em torno das políticas educacionais para surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí, SP: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, E. P. da. Os surdos vão à escola no Brasil: breve histórico. In: CUNHA JÚNIOR, E. P. da; TUMPF, M. R.; LINHARES, R. S. de A. (org.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na educação bilíngue de surdos: da Educação Infantil ao Ensino Superior. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2021. p. 36-51. CUNHA JÚNIOR, E. P. da. Surdos Professores: a constituição de identidades por meio de novas categorias pelo trabalho em territórios educativos. 2022. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2022. ERNSEN, B. P. 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(Coleção Pedagogia e Educação). STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis, SC: Editora UFSC, 2013. Aula 5 Revisão da unidade Interações nos aspectos culturais para a comunicabilidade com os surdos Para o desenvolvimento das competências em aspectos linguísticos e culturais da Libras, buscamos, nesta unidade, reconhecer, descrever e contextualizar os aspectos gerais enquanto características da Libras, no sentido de processar interações nos aspectos culturais para a comunicabilidade com os surdos. Assim, obter a capacidade de identi�car particularidades de uma comunidade minoritária, não sob o ponto de vista quantitativo, mas enquanto minoria linguística, como o caso dos surdos no uso da Libras. As habilidades estão inseridas no desenvolvimento sócio-histórico dos surdos como conquistas na construção do ser surdo, para o acesso cultural, social e educacional, de modo que a comunicação básica, via Língua Brasileira de Sinais (Libras), favoreça a inclusão social e o Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS aprimoramento educativo, evidenciando as diferenças da estrutura gramatical entre a Língua Portuguesa e a Libras. Vale ressaltar que, por muito tempo, havia a ideia de que a forma como os surdos conversavam era manifestada apenas por meio de mímicas, ou seja, gestuais desconexos e sem sentido. Porém, no contexto social e educativo atual, há a compreensão de que a Libras é uma língua, e não apenas um compilado de gestos e mímicas. Nesse sentido, a estrutura gramatical, própria para o aprimoramento de formação de formadores para a comunicação e entendimento interativo, se apresenta em vários níveis de abordagens linguísticas, tais como fonológico, morfossintático, semântico (conjunto de palavras da língua) e pragmático. Portanto, preenche todos os requisitos cientí�cos para ser considerada uma língua, ou seja, como trata a linguística, é uma língua viva e independente. O alfabeto e o processo de alfabetização em Libras é inserido por meio da soletração e da soletração rítmica, assim, é oportuno compreender que o alfabeto não substitui a Libras, mas faz empréstimo da Língua Portuguesa. O alfabeto e a datilologia (as junções das letras) são usados quando não se tem um sinal especí�co para designar uma dada palavra. Porém, é preciso considerar que, quando a Libras apresenta sua complexidade linguística, ela não se resume apenas à datilologia. Por isso, a importância no seu uso ocorrerá para designar palavras em algumas ocasiões (local, nome), por exemplo, quando não se tem um sinal especí�co para identi�car essas palavras. Entretanto, não é linguisticamente aceitável fazer tudo em datilologia, porque isso torna a comunicação incompreensível. É importante destacar que a fonologia da Libras se con�gura a partir da combinação do movimento das mãos com um formato especí�co, em que os seguintes parâmetros são considerados: con�guração das mãos, localização, movimento, orientação das palmas das mãos e traços não manuais. Já a morfologia tem a preocupação de estudar as palavras de forma isolada, e não a frase em si. Ademais, propicia o entendimento da Língua Portuguesa e da Libras, de modo a trazer compreensão de como se dá a formação de novas palavras, no que concerne à su�xação, pre�xação, composição, entre outros. Portanto, obter essa compreensão do alfabeto, da fonologia e da morfologia é o caminho para um diálogo em Libras em vida cotidiana dos surdos, seja por meio dos sinalários, seja para se analisar vídeos em Libras. Videoaula: Revisão da unidade Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para a revisão da nossa videoaula, torna-se imprescindível considerar a quem será direcionada a comunicação em Libras, para que o alfabeto, a fonologia e a morfologia façam sentido. Por isso, é imprescindível ter compreensão de quais caminhos seguir para se chegar ao nível de diálogo em Libras, seja em contexto da vida cotidiana e/ou educativo dos surdos. Estudo de caso Para adquirirmos como exemplo o estudo de caso, demonstraremos, adiante, as realidades sociais, culturais e educativas em que estão presentes as di�culdades e barreiras. Buscaremos entender como superar esses problemas, de modo a valorizar a comunicação por meio da Libras e, sobretudo, a cultura surda em perspectiva visuoespacial. Infelizmente, os surdos, socialmente, estão na invisibilidade, mesmo empreendendo existência por meio de suas marcas e de seu jeito de ser e perceber o mundo. Assim, busca-se dar sentido às diferentes formas para representar a cultura, a língua e a consciência, de modo a dar visibilidade à comunidade e aos cidadãos surdos. Outro ponto, além do social, diz respeito às questões educativas. Imagine que você é um professor de História. Ao combinar com os estudantes sobre a importância de visitar e conhecer um espaço que compartilha conhecimentos e saberes, por meio de várias épocas, deparou-se com uma situação constrangedora ao chegar ao local. Infelizmente, não havia suporte de monitoria para comunicação em Libras nem a presença de intérprete para mediar a comunicação entre o monitor educativo e os estudantes. Contextualizar aos estudantes esses espaços educativos para fora do espaço institucional escolar como atividade extracurricular escolar, ou seja, para além do muro da escola, contribui Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS para desenvolver as potencialidades de cada estudante, a comunicação, a interação, os recursos em contextual e narrativo etc. ______ Re�ita Diante dos problemas que os surdos enfrentamsocialmente e na educação, imagine você, na condição de professor, ao visitar um museu com um grupo de estudantes, se deparar com uma exposição sem aporte de comunicação. Quais são os pontos de atenção que você deve ter ao escolher o local de visita? Videoaula: Resolução do estudo de caso Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Mediante a essa situação-problema, os estudantes são prejudicados, e a instituição educativa não está cumprindo uma exigência legal em garantir acesso linguístico e demandas às comunidades surdas, não disponibilizando acesso às informações dos objetos e das pinturas, pois não tinha RQ para acessar essas informações por meio de vídeo em Libras. Assim, o professor precisa estar atento às demandas surdas, para entender que, além de desagradável e desrespeitoso, a ausência desse aporte prejudica a formação desses estudantes. Quando mencionamos a questão da acessibilidade e do acesso linguístico em espaço público, cultural e social, estamos nos referindo também aos museus e eventos culturais. Dessa forma, a acessibilidade e o acesso linguístico nesses espaços são desenvolvidos pela iniciativa de quem organiza, monitora e explica/contextualiza. Os museus e espaços culturais têm como uma de suas principais funções a comunicação, então, haja vista que a Libras faz parte desse processo de seu conteúdo ao público, para superar as barreiras em seus espaços, são necessárias estratégias e formas de comunicação. Compreendendo as relações sociais compostas por pessoas com diferentes condições, necessidades e contextos dos estudantes surdos, torna-se necessário entender a importância de se eliminar as barreiras, para garantir o amplo acesso aos espaços e ao conhecimento. Destarte, é preciso acompanhar e avaliar se há adequações por meio do acesso linguístico e da acessibilidade institucional aos espaços e conteúdos desenvolvidos pelas instituições educativas. Pensar em novos contextos educativos signi�ca comprometer-se com a ética e a cidadania, ou seja, ofertar acesso linguístico em museus e eventos culturais, uma vez esses espaços têm como uma de suas principais funções a comunicação de seu conteúdo ao público, e onde as Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS estratégias e formas de comunicação, para com que a sociedade e o contexto educativo, sejam ofertadas em condições necessárias para eliminar as barreiras e garantir, de fato, o amplo acesso aos espaços e ao conhecimento. Os pro�ssionais que já atuam nessa área precisam se atentar para o público-alvo, de modo a corresponder a todos. Por isso, o conteúdo programático precisa corresponder aos diferentes tipos de de�ciências, como aos surdos, devido à importância da acessibilidade e do acesso linguístico universal nos museus e eventos culturais. Não apenas compreender o contexto histórico por meio de roteiro de visita/circulação acessível em experiência espacial inclusiva, acessibilidades, institucional e acesso linguístico aos surdos, mas buscar mediações de comunicação acessível para o atendimento ao público de modo geral. A instituição precisa contemplar recursos e adaptações físicas aplicadas aos espaços de uso público e ao ambiente dos museus, com elaboração de roteiro de visita acessível, de modo a contemplar, nas exposições, os recursos sensoriais e educacionais, como ações educativas e culturais acessíveis. Resumo visual Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 1 | Alfabeto Manual - Libras. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 2 | Parâmetros de Libras Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 3 | Con�gurações de mãos Referências Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS CAMPOS, M. de L. I. L.; ALMEIDA, J. C. Sistema Linguístico da Libras. In: LACERDA, C. B. F. de; SANTOS, L. F. dos; MARTINS, V. R. de O. Libras: aspectos fundamentais. Curitiba, PR: InterSaberes, 2019. CUNHA JÚNIOR, E. P. da. O embate em torno das políticas educacionais para surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí, SP: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, E. P. da. Os surdos vão à escola no Brasil: breve histórico. In: CUNHA JÚNIOR, E. P. da; TUMPF, M. R.; LINHARES, R. S. de A. (org.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na educação bilíngue de surdos: da Educação Infantil ao Ensino Superior. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2021. p. 36-51. CUNHA JÚNIOR, E. P. da. Surdos Professores: a constituição de identidades por meio de novas categorias pelo trabalho em territórios educativos. 2022. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2022. FELIPE, T. A. Libras em Contexto: Curso Básico – Livro de Estudantes. 9. Ed. 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Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! É importante, nessa aula, compreendermos os pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos; advérbios de lugar; e contextos de negação; para que, no contexto linguístico, a forma comunicativa torne-se mais legitima e possamos melhor apresentar, nas evidências semânticas, a compreensão comunicativa sinalizada. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Assim, os pronomes, advérbios, as interrogações e o contexto de negação possibilitam o modo discursivo em suas caracterizações e funções dialógica e contextual na Libras. Destarte, descortinaremos cada uma com suas características por meio de exemplos, sinais, sintaxe e, sobretudo, contexto em Libras. Bons estudos! Pronomes pessoais Partiremos dos pronomes pessoais e, em seguida, dos pronomes possesivos, para maior compreensão conceitual. Os pronomes pessoais da Libras tonam-se legítimos a partir do momento queos analisamos por meio de seu contexto linguístico, e não como uma simples forma de identi�cação em referenciais associados a cada indivíduo. É importante o modo como podemos apresentá-los nas evidências semânticas, e, em seguida, formalizar esses pronomes pessoais para sustentar a compreensão comunicativa sinalizada. Ferreira (2010) identi�ca os pronomes em Libras no modo em que preenchem a de�nição em sua comunicação. Enfatiza que a orientação de pronomes apresenta parâmetro importante para os sistemas pronominais, ou seja, o modo como é indicada e referenciada a sinalização. Assim, a localização em Libras representa mais do que apenas uma locação e sim a direção, o espaço, o olhar e o modo discursivo. O livro Por uma Gramática de Língua de Sinais, de Lucinda Ferreira (2010), destaca que devemos analisar os pronomes por meio de dois tipos categorias: a primeira é o protótipo de pessoas do discurso; e o segundo é o modelo de conversação. Embora haja essas subdivisões em Ferreira (2010), também há em seus estudos as contribuições de Lyons: Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS De acordo com Lyons (1981), existem três classes principais de expressões referentes: nomes próprios, sintagmas nominais tendo núcleo substantivos comuns e pronomes. Tradicionalmente, os pronomes têm sido concebidos como substitutos dos substantivos, mas sua função mais básica é a função indexical ou dêitica - ou seja, os pronomes devem ser de�nidos, como a dêixis, antes e sobretudo em termos de localização espaço-temporal no contexto do enunciado. Paralelamente, os pronomes podem ser analisados em termos da egocentricidade do contexto dêitico, que é, em sua natureza fundamental, subjetivo. (FERREIRA, 2010, p. 86) Esse trecho de Ferreira (2010) em que cita Lyons nos permite identi�car que, nessa categorização, os pronomes apresentam suas características, bem como os “nomes próprios, sintagmas nominais tendo núcleo substantivos comuns e pronomes”. Porém, Ferreira (2010) destaca que os pronomes têm suas funções, a que chama de “dêitico”, “dêixis” e “index”. O “dêitico” está centrado no momento em que se encontra o falante. Assim, o pronome de primeira pessoa refere-se ao próprio enunciador, ou seja, “o papel de enunciador passa de uma pessoa para outra no decurso da conversação”, enquanto os termos “‘deixis’ e ‘index’ originam-se da noção de referência gestual”, ou seja, na identi�cação do referente por meio de gestos, de sinalização corporal da parte do enunciador e no ato de apontar que estabelece um método de identi�cação da expressão corporal, em contexto culturalmente estabelecido. Assim, Ferreira (2010) destaca que se os pronomes são essencialmente dêiticos e se a deixis é “localização espaço-temporal” relacionada etimologicamente com a referência gestual, então os pronomes pessoais em Libras são exatamente o que os pronomes devem ser. Diante do exposto, vamos compreender os pronomes pessoais, uma vez que a Libras possui um sistema pronominal para representar as pessoas do discurso. A seguir, na Figura 1, vamos apresentar: a primeira pessoa do singular – apontar para o peito do enunciador – a pessoa que fala. Figura 1 | Primeira pessoa do singular. Fonte: Felipe (2009, p. 38-40). A seguir, na Figura 2, vamos apresentar: a primeira pessoa do plural – NÓS-2; NÓS-3; NÓS-4; NÓS/NÓS-TOD@S Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 2 | Primeira pessoa do plural. Fonte: Felipe (2009, p. 38-40). Vamos apresentar, nas Figuras 3 e 4, a segunda pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural), ou seja: VOCÊ; VOCÊ-2; VOCÊ-3; VOCÊ-4; VOCÊ-GRUPO; VOCÊS/VOCÊS-TOD@S. Vejamos a seguir, na Figura 3: a segunda pessoa do singular: VOCÊ (apontar para o interlocutor, ou seja, a pessoa com quem se fala). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 3 | Segunda pessoa do singular. Fonte: Felipe (2009, p. 38-40). Vejamos a seguir, na Figura 4: segunda pessoa do plural – VOCÊ-2; VOCÊ-3; VOCÊ-4; VOCÊS- TOD@S. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 4 | Segunda pessoa do plural. Fonte: Felipe (2009, p. 38-40). Vejam a seguir: a terceira pessoa do singular e plural – El@; El@S-2; EL@S-3; EL@S-4; EL@S/EL@S-TOD@S; EL@S-GRUPO. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 5 | Terceira pessoa do singular e do plural. Fonte: Felipe (2009, p. 38-40). Pronomes possessivos, demonstrativos e advérbios Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para interpretar os pronomes possessivos, demonstrativos e advérbios de lugar, conseguimos identi�cá-los, por meio do contexto em processo de comunicação. Ou seja, suas sinalizações são formas para que o discurso de fato possibilite entendimento próprio da cultura surda, diferente do português. Assim, Felipe (2009) explica que: Os pronomes possessivos, como os pessoais e demonstrativos, também não possuem marca para gênero e estão relacionados às pessoas do discurso e não à coisa possuída, como acontece em português. (FELIPE, 2009, p. 43) Oportuno observar que, na Libras, não há desinência de gênero, mas conseguimos interpretar as marcas de gênero por meio do discurso e o modo como emitimos o comunicado para o entendimento. Quanto ao sinal ME@, “pode haver duas con�gurações de mão: uma é a mão aberta com os dedos juntos, que bate levemente no peito do emissor; a outra é a con�guração da mão em P com o dedo médio batendo no peito - MEU-PRÓPRIO” (FELIPE, 2009, p. 43). Quando tratamos da segunda e da terceira pessoa, vemos que “a mão tem esta segunda con�guração em P, mas o movimento é em direção à pessoa com que se fala (segunda pessoa) ou está sendo mencionada (terceira pessoa)” (FELIPE, 2009, p. 43). Vejamos a seguir, na Figura 6, os sinais ME@, PRÓPRI@, SE@: Figura 6 | Pronomes possessivos. Fonte: Felipe (2009, p. 43). É oportuno destacarmos que “não há sinal especí�co para os pronomes possessivo no dual, trial, quadrial e plural (grupo); nestas situações são usados os pronomes pessoais correspondentes. Exemplo: NOS FILH@ ‘nosso(a) �lho(a)’” (FELIPE, 2009, p. 43). Os sinais estão sempre no in�nitivo, mas é justamente no modo como sinalizamos que vamos construir e perceber não os Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS sinais em si, mas o modo como essa comunicação se processa e se torna possível por meio dos pronomes possesivos. Figura 7 | Uso dos pronomes possessivos. Fonte: Felipe (2009, p. 43). Ao observamos as imagens expostas, notamos que os pronomes possesivos estão caracterizados em primeira pessoa, segunda pessoa e terceira pessoa. Nesse sentido, o modo comunicativo diferencia-se do português, pois o pronome se apresenta no �nal. Quando tratamos dos pronomes demonstrativos e advérbios de lugar, é oportuno compreender que, na Libras, eles estão relacionados às pessoas do discurso, que representam a perspectiva do emissor, marcando o que está bem próximo, perto ou distante. Dependendo do contexto, apresenta-se a mesma con�guração de mãos dos pronomes pessoais, mas “os pontos de articulação e as orientações do olhar são diferentes”. Para clari�car a explicação, vejamos a seguir exemplos de: pronomes demonstrativos, pessoa do discurso e advérbio de lugar: Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 8 | Pronomes demonstrados e advérbio de lugar. Fonte: Felipe (2009, p. 42). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Como se pode ver nas imagens expostas, os pronomes demonstrativos e os advérbios de lugar estão relacionados à primeira pessoa do discurso. Entendemos o discurso e o advérbio de lugar como “estou aqui”, ou seja, são representados por um apontar para o lugar perto e em frente do emissor, acompanhado de um olhar. Enquanto o demonstrativo (o EST@) do livro, no exemplo, está sendo sinalizado ao lado do emissor apontando para o objeto mencionado. Vamos observar que o modo com que se aponta para a pessoa/objeto e o olhar direcionado faz toda a diferença no contexto sinalizado, ou seja,permite-nos identi�car a segunda e a terceira pessoa no contexto discursivo. É oportuno destacar que, como os pronomes pessoais, os pronomes demonstrativos também não possuem marca para gênero: nem masculino nem feminino. Pronomes interrogativos e contexto de negação Quanto aos pronomes interrogativos em seu processo de comunicação, é necessário perceber a diferença estrutural na frase, ou seja, dependendo do contexto, os interrogativos aparecem no início ou no �nal da frase. Vejamos a citação da Felipe (2009, p. 37) sobre os pronomes interrogativos: QUE e QUEM geralmente são usados no início da frase, mas o pronome interrogativo ONDE e o pronome QUEM, quando está sendo usado com o sentido de "quem é" ou "de quem é" são mais usados no �nal. Todos os três sinais têm uma expressão facial interrogativa feita simultaneamente com eles. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS São formas comunicativas que dependem das variações linguísticas e do contexto comunicativo de quem e para quem se expressa. Para maior identi�cação dos sinais interrogativos, vejamos a Figura 9 a seguir: Figura 9 | Pronomes interrogativos. Fonte: Felipe (2009, p. 42). Diante do exposto, os pronomes interrogativos que notamos na Libras apresentam suas categorias no modo como são constituídos por meio de sinais para interrogar, seja na ênfase de pergunta ou dentro do próprio contexto comunicativo em que se fazem perguntas. Nesse sentido, os pronomes estão sempre acompanhados pela expressão facial de dúvida, questionamento, interrogação, etc. É de extrema importância que as expressões faciais se combinem com um movimento do rosto e da cabeça. Outro aspecto que gostaríamos de destacar diz respeito ao contexto de negação, ou seja, a negação tem sua incorporação por meio da expressão facial ou do modo como é sinalizada. Assim, a alteração do movimento do sinal pode caracterizar mudança de direção gerando outra interpretação comunicativa. É oportuno destacar que os verbos e as formas negativas são acompanhados de meneio negativo de cabeça, expressão facial de ação pela sinalização. Vejamos a seguir os sinais de QUERER e NÃO QUERER. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 10 | Querer e não querer. Fonte: Cunha (2021, p. 74). Percebemos que a sinalização QUERER e NÃO QUERER apresenta diferenças. Ou seja, a produção sinalizada difere, pois, em “QUERER as palmas estão voltadas para cima e em NÃO QUERER elas iniciam o movimento com as palmas para cima e se voltam para baixo”. Outro exemplo que vamos destacar é o sinal de GOSTAR e NÃO GOSTAR, que também demandam incorporação facial. De um lado, a expressão de positivo, e de outro a expressão negativa. A seguinte mudança ocorre na sinalização: a direção das palmas da mão em sua con�guração está diferenciada. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 11 | Gostar e não gostar. Fonte: Cunha (2021, p. 74) Reiterando a imagem, a negação de NÃO GOSTAR está incorporada à negação: a mão se fecha na altura do peito e passa a aberta sobre o peito de modo que a palma da mão se volta para fora. Assim, outra forma de incorporação negativa em que o parâmetro movimento apresenta sua oscilação da partícula negativa está na sinalização NÃO TER. A sinalização em L �ca localizada no espaço neutro e a expressão facial corresponde ao modo negativo. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 12 | Ter e não ter. Fonte: Cunha (2021, p. 75) Assim, podemos observar que, na produção de NÃO TER, há oscilação da mão direita ao realizar o sinal no ponto de articulação do sinal negativo NÃO. A forma negativa está explícita tanto na expressão quanto na sinalização. Outros sinais que gostaríamos de destacar são ENTENDER; NÃO ENTENDER; CONHECER; NÃO CONHECER. O sinal ENTENDER não se modi�ca na forma negativa, mas o que se acrescenta, nesse contexto, é a expressão tanto de forma a�rmativa quanto do movimento negativo com a cabeça e a expressão facial de negação dando o entendimento necessário ao processo de diálogo ou explicações. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 13 | Entender, não entender; conhecer, não conhecer. Fonte: Cunha (2021, p. 75) Videoaula: Pronomes e adjetivos Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Esta videoaula trata dos pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, interrogativos; advérbios de lugar; e contextos de negação. Eles permitem identi�car as características em cada contexto linguístico no processo de formação comunicativa para melhor apresentar nas evidências semânticas de compreensão comunicativa sinalizada, ou seja, o modo discursivo em suas funções dialógica na Libras. Saiba mais Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para mais informações e compreensão do modo sinalizado para dêiticos – pronomes possessivos, demonstrativos e alguns advérbios de lugar em Libras, vejam o vídeo a seguir: Dêiticos - Pronomes Possessivos, Demonstrativos e alguns Advérbios de Lugar em Libras, do canal Ellen Oliveira - Língua de Sinais Referências https://youtu.be/QnA4t4Zvmq4 Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. O Embate em Torno das Políticas Educacionais para Surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Os Surdos vão à escola no Brasil: Breve Histórico. In: STUMPF, Marianne Rossi; LINHARES, Ramon Santos de Almeida (org.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na Educação Bilíngue de Surdos: Da Educação Infantil ao Ensino Superior, Vol. 1ª edição. Petrópolis: Editora Arara Azul, 2021. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Surdos Professores: A Constituição de Identidades por meio de novas Categorias pelo Trabalho em Territórios Educativos. Tese de Doutorado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 2022. FELIPE, Tanya A. Libras em Contexto: Curso Básico – Livro de Estudantes. 9ª edição. Rio de Janeiro: WalPrint Grá�ca e Editora, 2009. FERREIRA, Lucinda. Por uma Gramática de Língua de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2010. PINTO, Charridy Max Fontes. A Interpretação da Sentença com Verbos Simples (plain verbs): A Ambiguidade em Construções com os Verbos Abraçar e Conversar em Libras. Dissertação de Mestrado em Linguística. Universidade Federal de Alagoas. 2017. PREIRA, Maria Cristina da Cunha; et al. Libras: Conhecendo Além dos Sinais. Editora Paerson, 2011. QUADROS, R.; PIZZIO, A.; REZENDE, P. Língua Brasileira de Sinais IV. Florianópolis: Curso de Letras Libras, 2009. QUADROS, R.; QUER, J. A caracterização da concordância nas Línguas de Sinais. In: LIMA- SALLES, H.; NAVES, R. (Orgs.). Estudos Gerativos da língua de sinais brasileira e aquisição do Português (L2) por surdos. Goiânia: Cânone Editorial, 2010. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS QUADROS, R.; QUER, J. Revertendo os verbos reversos e seguindo em frente: sobre concordância, auxiliares e classes verbais em línguas de sinais. In: QUADROS, R.; VASCONCELLOS, M. L. (Orgs.). 9th Theoretical Issues in sign language research conference, Florianópolis: Arara Azul, p. 65-81, dez. 2006. QUADROS, R.; VASCONCELLOS, M. (Orgs.). 9th Theoretical Issues in Sign Language research conference. Petrópolis: Arara Azul, 2006. Aula 2 Verbos Introdução Olá, estudante! É importante compreender que os tipos de verbos (simples, direcionais e espaciais) são formas de sinalização, cada qual em seu contexto. O professor precisa entender não apenas a dimensão de suas funções e caracterizações, mas sua estruturação, em processo educativo, para melhor adequar sua pedagogia ao processo de ensino-aprendizagem. Portanto, há que se ter consciência da presença dos verbos no processo comunicativo, no contexto explicativo e nasargumentações. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Por isso, o ensino realizado no processo explicativo, em consonância com a matéria dada, deve ir além dos sinais de modo a proporcionar conhecimento e�ciente para formação dos estudantes surdos. Desse modo, a cultura surda, ao ser oportunizada na construção didática e pedagógica, cumprirá sua função comunicativa de forma e�ciente, auxiliando a formação dos futuros pro�ssionais de educação e proporcionando consciência e aprofundamento de conhecimento. Bons estudos! Verbos O conceito de verbo em Libras apresenta sua importância para a comunicação, principalmente, para a construção de frases. Vale ressaltar que, como a Libras não tem conjugação verbal, o verbo sempre vai ser apresentado no in�nitivo. Quando apresentamos o sinal de ensinar, não temos o sinal conjugado como no português: “ensinava”, “ensinou”, “ensinaremos”, etc. Em Libras, o verbo vai permanecer no in�nitivo (ensinar). Então, independentemente do tempo verbal, o sinal ensinar será sempre apresentado da mesma forma, mesmo se o contexto de comunicabilidade estiver retratando o passado, o presente ou o futuro. Então, demonstraremos, a seguir, os verbos sinalizados que combinam com a formação e processo estudantil: Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 1 | Alguns verbos em Libras. Fonte: Capovilla, Raphael e Mauricio (2013). Verbos simples e verbos direcionais Na Libras, os verbos estão basicamente divididos em três classes: simples, direcionais (com concordância) e espaciais. Vamos exempli�car, a seguir, cada uma delas. Verbos simples: são os que não se �exionam em pessoa e número e não incorporam a�xos locativos. Vejamos os exemplos: comer, dirigir (carro), parecer: Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 2 | Exemplos de verbos simples. Fonte: Cunha (2011, p. 76). Verbos direcionais (com concordância): são verbos que se �exionam em pessoa, número e aspecto, mas não incorporam a�xos locativos. Vejamos os exemplos: “eu pergunto para você”; “você pergunta para mim”; “eu dou para você”; “você dá para mim”; “eu respondo para você”; “você responde para mim”. Vejamos as formas sinalizadas, a seguir: Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 3 | Exemplos de verbos direcionais. Fonte: Cunha (2011, p. 77). Mediante os exemplos anteriores, percebemos que o movimento parte do locutor para o interlocutor, ou seja, o eu perguntando a você ou o eu dando (algo) a você. Quando a direção muda, vamos perceber que essa mudança produz sentido contrário, ou seja, do interlocutor para o locutor: você faz a pergunta, você dá para mim ou você responde para mim. Assim, o sujeito da frase está na origem do movimento, enquanto o objeto, no destino. Verbos espaciais: são aqueles verbos que têm a�xos locativos. Vejamos os exemplos: ir; chegar; pôr. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 4 | Exemplos de verbos espaciais. Fonte: Cunha (2011, p. 78). Embora tenhamos mencionado os verbos espaciais, há de se compreender, também, os verbos de movimentos e locomoção que apresentam suas características espaciais. Vejamos alguns exemplos: ir, chegar, voltar e viajar. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 5 | Mais exemplos de verbos espaciais. Fonte: Figueira (2011, p. 114). Verbos espaciais Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Verbo espacial em Libras é aquele que marca os sinais em suas espacialidades, porém, sem contato com os membros do corpo: ombro, barriga, peito. O sinal acontece em seu espaço neutro contextualizado. Vejam o exemplo a seguir: Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 6 | Exemplos de sinais de verbos espaciais. Fonte: Gaspar Scangarelli no Youtube. Na forma com a qual ocorre a comunicação, encontramos os verbos em seus espaços neutros. Imaginemos a seguinte sinalização: “�quei na casa de um amigo”. Ao sinalizar “�quei lá”, está fortemente marcado o espaço neutro, dentro da frase, em sua forma de comunicação. Outro exemplo é: “você �ca lá no cinema e eu, aqui em casa”. Na Libras, �caria da seguinte forma: “cinema �car lá, casa eu, �co! ” Então, ao sinalizar “�car lá” e “�car aqui”, ambas representam espaços neutros em verbo espaciais. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Vamos perceber que, embora haja verbos espaciais em espaços neutros, há conectividade na sintaxe e compreensão de comunicação. Cada espaço tem a sua marca verbal. Exemplo: “vou buscar meu �lho na escola”. Em Libras: “escola buscar” (“buscar” é outro exemplo de verbo espacial direcionando outro espaço em que foi sinalizada a escola). Compreendendo os verbos espaciais, vamos identi�car, por meio da própria sintaxe, as características dos verbos presentes, que também podem ser conhecidos como verbos com concordância. Vejamos a seguir a explicação de Charridy Max Fontes Pinto: Os verbos com concordância são verbos que mantém uma relação de concordância com o sujeito. Portanto, são verbos que possuem �exão de pessoa e número (ibidem, 2014, p. 343). (PINTO, 2017, p. 33). Conforme a explicação de Charridy Max Fontes Pinto (2017), é possível perceber a concordância com o sujeito e que o verbo não se apresenta de modo isolado, mas que, ao sinalizar, há �exão tanto de pessoa quanto de número. Outro ponto importante, trazido por Débora Campos Wanderley (2017), em sua tese intitulada A Classi�cação dos Verbos com Concordância da Língua Brasileira de Sinais: Uma Análise a partir do Signwriting, é a explicação de que a Libras tem sua complexidade por apresentar três categorias de verbos: verbos simples, verbos com concordância e verbos espaciais. Em se tratando em verbos espaciais, Wanderley compreende que “alguns verbos simples podem ter suas características comparativas nos verbos espaciais”, ou seja, retomando Quadros e Karnopp (2004, p. 116), “verbos espaciais: são verbos que têm a�xos locativos, exemplos dessa classe são: colocar, ir, chegar”. Outro ponto, defendido pelos autores Quadros e Quer (2010), nos esclarece que a concordância locativa refere-se aos locais associados com os argumentos locativos. Aqui os verbos espaciais apresentam-se em contexto. Enquanto a concordância morfológica tem suas posições de sujeito ou de objeto, ou seja, ligados aos seus referentes, aqui o verbo espacial se faz presente em conjunto com a sintaxe. Videoaula: Verbos Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Esta videoaula oportunizará a compressão sobre os tipos de verbos: simples; direcionais e espaciais; cada qual em seu contexto de sinalização. Nesse sentido, o professor em processo educativo demonstrará as funções e as caracterizações de cada um deles, para melhor adequá- los ao processo de ensino-aprendizagem. É importante lembrar que os verbos estão sempre Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS presentes no processo comunicativo, no contexto explicativo, nas argumentações e, sobretudo, nos contextos educativos. Saiba mais Para conhecer 150 verbos em Libras, aconselhamos entrar no vídeo 150 verbos em Libras - 2020, do canal Fabio Freitas | LIBRAS, no Youtube. Lá você encontrará a forma de sinalizar e, assim, compreender o contexto que já foi explicado em aula. Referências https://www.youtube.com/watch?v=eacFwESQ8zc Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D; MAURICIO, A. C. L. Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue. Vol. I e II. 3° edição. São Paulo: Edusp, 2013. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. O Embate em Torno das Políticas Educacionais paraSurdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Os Surdos vão à escola no Brasil: Breve Histórico. In: STUMPF, Marianne Rossi; LINHARES, Ramon Santos de Almeida (org.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na Educação Bilíngue de Surdos: Da Educação Infantil ao Ensino Superior, Vol. 1. 1ª edição. Petrópolis: Editora Arara Azul, 2021. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Surdos Professores: A Constituição de Identidades por meio de novas Categorias pelo Trabalho em Territórios Educativos. Tese de Doutorado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 2022. p. 520. FERREIRA, Lucinda. Por uma Gramática de Língua de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2010. PINTO, Charridy Max Fontes. A Interpretação da Sentença com Verbos Simples (plain verbs): A Ambiguidade em Construções com os Verbos Abraçar e Conversar em Libras. Dissertação de Mestrado em Linguística. Universidade Federal de Alagoas. 2017. p. 88. PREIRA, Maria Cristina da Cunha; et al. Libras: Conhecendo Além dos Sinais. Editora Paerson, 2011. QUADROS, R. M.; KARNOPP, L. B. Língua de Sinais Brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. QUADROS, R.; PIZZIO, A.; REZENDE, P. Língua Brasileira de Sinais IV. Florianópolis: Curso de Letras Libras, 2009. QUADROS, R.; QUER, J. A caracterização da concordância nas Línguas de Sinais. In: LIMA- SALLES, H.; NAVES, R. (orgs.). Estudos Gerativos da língua de sinais brasileira e aquisição do Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Português (L2) por surdos. Goiânia: Cânone Editorial, 2010. QUADROS, R.; QUER, J. Revertendo os verbos reversos e seguindo em frente: sobre concordância, auxiliares e classes verbais em línguas de sinais. In: QUADROS, R.; VASCONCELLOS, M. L. (orgs.). 9th Theoretical Issues in sign language research conference. Florianópolis: Arara Azul, p. 65-81, dez. 2006. QUADROS, R.; VASCONCELLOS, M. (orgs.). 9th Theoretical Issues in Sign Language research conference. Petrópolis: Arara Azul, 2006. WANDERLEY, Débora Campos. A Classi�cação dos Verbos com Concordância da Língua Brasileira de Sinais: Uma Análise a partir do Signwriting. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Linguística. Florianópolis. 2017. p. 336. Aula 3 Flexão verbal e nominal na Libras Introdução Olá, estudante! Levando-se em consideração os aspectos gramaticais da Libras, a língua das comunidades surdas brasileiras, podemos dizer que a �exão verbal, elemento que designa a pessoa do discurso (ou seja, se primeira, segunda ou a terceira), bem como o número (que pode se tratar do Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS singular ou do plural), ocorre por mecanismos discursivos, contextuais e especiais que apontam sua importância naquilo que representa o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes surdos. Por esses princípios, consideramos que a magnitude do que aqui está exposto diz respeito, também, ao modo pelo qual o estudante empreende seu relacionamento pessoal com o aprendizado que recebe. Bons estudos! Flexão verbal Há várias formas de se compreender o conceito de �exão. Aqui daremos ênfase sobre �exão verbal, que se refere à distinção entre: um, dois, três ou mais referentes. Quando o verbo apresenta mais de três referentes, tende-se a direcionar de acordo com os espaços incluindo todos os referentes integrantes do discurso em que a comunicação se processa. Vejamos, a seguir, os exemplos que melhor ilustram a �exão verbal, no caso a sinalização do verbo DAR, que pode ser interpretada na ação de DAR (algo) para uma pessoa, DAR (algo) para duas pessoas ou DAR (algo) para três pessoas. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 1 | Flexão do verbo DAR. Fonte: Cunha (2011, p. 84). Conforme as sinalizações expostas nessa �gura, identi�camos que o sinal DAR é o mesmo; porém, o que os diferencia é a posição do espaço em que esse sinal se apresenta. Consequentemente, produz-se mudança no sentido da frase e no contexto de modo que a �exão de aspectos vem relacionada às formas e à duração dos movimentos. Segundo Ferreira (1995), os “aspectos pontual, continuativo, durativo e iterativo são obtidos por meio de alterações do movimento e/ou da con�guração da mão”. Outro exemplo que podemos mencionar é a sinalização FALAR, que dependerá do espaço e da direção em que se processa a comunicação. Podendo sinalar FALAR de modo pontual ou sinalizar FALAR sem parar no sentido em direcionar olhar e a duração desse olhar. O mesmo o ocorre quando pensamos no sinal de OLHAR: pode ser OLHAR ou o direcionamento dos olhares em representação do contexto comunicativo. Ou seja, “eu olho” ou “ele �ca olhando” ou “observando”; “ele olha de cima a baixo”. Vejamos a seguir o exemplo de �exão verbal: Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 2 | Exemplo de �exão no verbo OLHAR. Fonte: Cunha (2011, p. 85). Além do que foi exposto acerca do mesmo verbo, mas em seu contexto diferenciado no direcionamento e no espaço sinalizado, vamos perceber que, na Libras, também, há formas verbais por meio da marca de tempo. Ou seja, o tempo pode ser marcado por meio de advérbios de tempo, que indicam se a ação está ocorrendo no presente, se ocorreu no passado (ontem, anteontem) ou se ocorrerá no futuro. Essas formas de comunicação proporcionam entendimento do tempo e espaço em que ocorrem essas sinalizações. Para se compreender melhor o tempo verbal inde�nido, utilizamos os sinais referentes ao passado e futuro. Por exemplo, podemos utilizar o sinal de AINDA marcando assim o tempo presente. Quando sinalizamos JÁ, estamos fazendo referência ao tempo passado. Para a marcação do futuro, sinalizamos o sinal VAI. Para fazer referência ao presente, vejamos o exemplo a seguir: Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 3 | Sinal AINDA usado para marcar o presente. Fonte: Cunha (2011, p. 86). Observamos que o sinal de BEBER tem relação com o sinal “AINDA”, que é feito com a con�guração de mão em P se movimentando para frente, referindo-se ao presente. A seguir vamos perceber que, para expressar a ideia de passado, o sinal de “JÁ” antecedendo o verbo com o manear da cabeça, concomitante, também, faz parte do contexto do sinal. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 4 | Sinal JÁ usado para marcar o passado. Fonte: Cunha (2011, p. 86). O exemplo da sinalização “JÁ” expressa uma forma que o sinal de BEBER, combinado ao sinal de JÁ em mãos abertas, com movimento para baixo, faz referência ao passado. Vejamos, a seguir, a sinalização BEBER em referência ao futuro: Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 5 | Sinal VAI usado para marcar o futuro. Fonte: Cunha (2011, p. 87). Observamos, nesse último exemplo, o sinal de BEBER combinado ao sinal de VAI (posição da mão em V passando para I, movendo-se para frente de modo a indicar futuro). Flexão nominal Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Quanto à interpretação da �exão nominal na Libras, ainda são necessárias mais pesquisas, dados e, sobretudo, estudos teóricos que proporcionem novas construções na categoria gramatical, ou seja, ir além do senso comum da �exão nominal para uma percepção linguística e de estudos de modo a compreendê-la, em sua totalidade, como uma modalidade espaço-visual da cultura surda. Conforme salienta Fabrício (2018), quando discorre sobre pesquisa no campo da �exão nominal, há limitações na formação da �exão nominal em Libras. É nesse sentido que o autor esclarece que a morfologia tem seu papel fundamental para a interpretação de dados, assim, São muitas as teorias, no entanto, existem poucas pesquisas acerca da �exão nominal em Libras, ou seja, há algumas limitações, o estudo teórico em busca da construção e ampliação da categoria gramatical, especialmente na área da morfologia que se baseia especi�camente, no item lexical e na internalizaçãoda formação de palavras\sinais, em especial, a �exão nominal em Libras. (FABRÍCIO, 2018, p. 31) Dessa forma, Fabrício (2018) explica que a pesquisa deve ter por �nalidade observar, registrar e analisar como acontecem os processos morfológicos da �exão nominal de formação de sinais nos quais estão presentes os diferentes aspectos morfológicos em substantivos: “in�exão, �exão direta e �exão indireta da Libras”. Esses fenômenos pertencem à área de morfologia, especi�camente no estudo de formação de sinais. Fabrício (2018) salienta ainda que, na Libras, na categoria morfológica de uma �exão nominal há necessidade de se acompanhar “os níveis linguísticos de componentes da gramática que são obrigatórios no estudo do léxico e fonologia” para a identi�cação dos sinais. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Assim, também, Xavier (2016) propicia a compreensão de que o sinal nominal deriva para outro sinal nominal em determinado contexto de comunicação. Para entendermos como isso acontece, vejamos o exemplo destacado, (...) o movimento que faz com que as duas mãos se toquem pelas pontas dos dedos no sinal CASA é modi�cado em VIZINH@ e FAVELA. Percebem-se que os três sinais nominais em Libras acontecem por meio de um sinal de origem como “CASA”, derivado para dois sinais, desses, os mesmos são substantivos e possuem outros signi�cados, como acontece em VIZINH@ e FAVELA, ambos utilizados com movimentos e vários direcionais. Um sinal substantivo é derivado e passa para outros, ou seja, são sinais substantivos, outros signi�cados têm as mesmas con�gurações de mãos e diferentes movimentos e direcionais. Essa ocorrência é quando um sinal nominal não muda de sua categoria gramatical. (FABRÌCIO, 2018, p. 62) A partir da pesquisa aqui destacada pelo pesquisador Fabrício (2018), apresentamos, a seguir, exemplos de sinais derivados da modi�cação do movimento, conforme os dados coletados por Xavier (2016): Figura 6 | Exemplos de sinais derivados através da modi�cação do movimento. Fonte: Xavier (2016, p. 142). Esse registro em Libras sobre o contexto da �exão nominal contribui grandemente para a nossa percepção de que o que se manifesta na Libras é bem diferente daquela concepção da língua portuguesa na modalidade oral. É oportuno destacarmos que, em Libras, a �exão nominal apresenta �exão de gênero modi�cando os nomes, a indicação de sexo e, principalmente, a marcação por um sinal que indica se é gênero feminino ou masculino de modo que antecede o próprio nome. Vejamos os exemplos, a seguir, de que o que muda é o gênero, mas o que prevalece é a con�guração de mão em C na testa. De acordo com essa perspectiva e como a Libras é uma língua que precisa ser construída diariamente por seus usuários, é preciso interpretar o contexto da �exão nominal, em Libras, Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS entendendo, além da marcação de gênero, a importância dos recursos, como movimento do corpo, das mãos e expressão facial que são evidências da cultura e das identidades das comunidades surdas. Vejamos os exemplos a seguir: Figura 7 | Flexão de gênero da palavra TIO. Fonte: Cunha (2011, p. 87). Conforme vimos a sinalização, o gênero masculino e feminino antecede o nome de Tio e Tia. Nesse sentido, essa marcação de gênero masculino e feminino sinalizado nos ajuda a identi�car o contexto. Da mesma forma, podemos interpretar a �exão de plural, obtida na repetição do sinal ou pela proposição contextualizada que antecipa os referentes no que abrange às pessoas. Vejamos a seguir o mesmo ocorre com a sinalização casa, mas o que muda são as posições do sinal dando a compreender outro contexto da comunicação. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 8 | Flexão de número na palavra CASA. Fonte: Cunha (2011, p. 88). Percebemos, nas imagens expostas, por exemplo, como são sinalizadas as repetições. A seguir, vamos identi�car outro contexto que trata da marcação de plural do sinal CARRO, para o qual as a con�guração de mãos, utilizadas para representar os veículos, se repetem, movendo-se para o lado, o que nos traz a ideia da existência de vários carros. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 9 | Flexão de número na palavra CARRO. Fonte: Cunha (2011, p. 88) Semântica, sinonímia, homonímia e outros Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para compreender a semântica em suas características na estrutura da Libras, vamos retomar o “real signi�cado das palavras e da sentença” (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 21), em seus diferentes níveis linguísticos: morfológico, lexical, sintático e, sobretudo, nos aspectos semânticos (sinonímia, antonímia, homonímia, paronímia e polissemia) quanto ao signi�cado das palavras que compõem o sinalário da Libras em razão dos contextos envolvidos. Desta forma, abordaremos cada um desses aspectos semânticos em exemplos expostos para as explicações, começando por sinonímia: Sinonímia: Relação semântica estabelecida entre duas ou mais palavras/sinais que apresentam o mesmo signi�cado. Por exemplo, na língua portuguesa, carro e automóvel tem signi�cados muito parecidos. O mesmo se observa em moradia e residência; delicioso e saboroso etc. Na Libras, há dois sinais para o signi�cado de gostar. (CAMPOS; ALMEIDA, 2019, p. 103) Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 10 | Exemplo de sinonímia em Libras. Fonte: Campos e Almeida (2019, p. 103). Mediante essa foto, �ca claro como se processa a diferença na con�guração de mão. Do lado esquerdo, podemos compreender a sinalização amar, e, do lado direito, gostar. Antonímia é o fato de duas ou mais palavras possuírem signi�cados apostos, ou seja, uma relação de oposição e contrariedade entre os termos que são formados pelos antônimos. Antonímia: Relação semântica entre palavras/sinais que apresentam signi�cação oposta. Por exemplo, antônimos são acender/apagar, abrir/fechar e amar/odiar. (CAMPOS; ALMEIDA, 2019, p. 104) Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 11 | Exemplo de antonímia em Libras. Fonte: Campos e Almeida (2019, p. 104). Mediante a imagem sinalizada, percebemos que o movimento e a con�guração da mão é a mesma, porém o que as diferencia é o movimento dos sinais. A seguir, temos a homonímia, na qual, embora se apresente mesma sinalização, há diferenciação no sentido e na origem da sinalização. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 12 | Exemplo de homonímia em Libras. Fonte: Campos e Almeida (2019, p. 105). Mediante esses exemplos de homônimos entre os sinais de laranja e sábado, dezembro e Natal, percebemos que cada um apresenta suas características contextuais, porém o sinal é o mesmo. Paronímia indica que dois ou mais sinais sinalizados em um mesmo local, porém, com a con�guração ou movimento e sentido diferenciados. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 13 | Exemplo de homonímia em Libras. Fonte: Campos e Almeida (2019, p. 106). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Embora a paronímia apresente dois ou mais sinais em suas diferenciações, por outro lado, a polissemia busca relacionar os sinais com os resultados de signi�cados diferentes. Vale ressaltar que, para os sinais polissêmicos, não basta ter os mesmos parâmetros e conjunto de expressões e movimentos, pois é preciso considerar os diferentes contextos sinalizados. Videoaula: Flexão verbal e nominal na Libras Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Nesta videoaula, perceberemos que, diante das possibilidades das diversas combinações que as palavras estabelecem entre si, e mediante a especi�cidade que a Libras requer, seja na mudança/substituição seja na forma da exposição do sinal para especi�car �exão verbal, �exão nominal, �exão de número-grau e �exão de pessoa, elas contribuem para a inserção de informaçõesque reportem os sinais pertencentes aos diferentes níveis linguísticos: do morfológico ao sintático; assim, de�ne-se o signi�cado das palavras. Saiba mais Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para saber mais, acesse o vídeo 3. Morfologia da Libras: Composição, Incorporação, Dêixis, Tipos de verbos e Flexões verbais, do canal Fernando Parente Jr., no Youtube. Referências https://www.youtube.com/watch?v=UGC7ZhjI1ME https://www.youtube.com/watch?v=UGC7ZhjI1ME Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS CAMPOS, Mariana de Lima Issac Leandro; Almeida, Joyce Cristina. Sistema Linguístico da Libras. In: LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de; SANTOS, Lara Ferreira dos; MARTINS, Vanessa Regina de Oliveira. Libras: Aspectos Fundamentais. Curitiba: InterSaberes, 2019. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. O Embate em Torno das Políticas Educacionais para Surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Os Surdos vão à escola no Brasil: Breve Histórico. In: STUMPF, Marianne Rossi; LINHARES, Ramon Santos de Almeida (org.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na Educação Bilíngue de Surdos: Da Educação Infantil ao Ensino Superior, Vol. 1. 1ª edição. Petrópolis: Editora Arara Azul, 2021. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Surdos Professores: A Constituição de Identidades por meio de novas Categorias pelo Trabalho em Territórios Educativos. Tese de Doutorado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 2022. p. 520. FABRÍCIO, Rivael Mateus. (2018). Flexão nominal na Libras: análise do corpus de Libras da grande Florianópolis. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2018. FELIPE, Tanya A. Libras em Contexto: Curso Básico – Livro de Estudantes. 9º edição. Rio de Janeiro: WalPrint Grá�ca e Editora, 2009. FERREIRA, Lucinda. Por uma Gramática de Língua de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995. MARCHESIN, Glaucia Ester Pereira. Caminhos para Inclusão Escolar de Alunos Surdos. 1ª ed. Curitiba, 2018. PINTO, Charridy Max Fontes. A Interpretação da Sentença com Verbos Simples (plain verbs): A Ambiguidade em Construções com os Verbos Abraçar e Conversar em Libras. Dissertação de Mestrado em Linguística. Universidade Federal de Alagoas. 2017. p. 88. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS PREIRA, Maria Cristina da Cunha; et al. Libras: Conhecendo Além dos Sinais. Editora Paerson, 2011. QUADROS, R.; PIZZIO, A.; REZENDE, P. Língua Brasileira de Sinais IV. Florianópolis: Curso de Letras Libras, 2009. QUADROS, R.; QUER, J. A caracterização da concordância nas Línguas de Sinais. In: LIMA- SALLES, H.; NAVES, R. (Orgs.). Estudos Gerativos da língua de sinais brasileira e aquisição do Português (L2) por surdos. Goiânia: Cânone Editorial, 2010. QUADROS, R.; QUER, J. Revertendo os verbos reversos e seguindo em frente: sobre concordância, auxiliares e classes verbais em línguas de sinais. In: QUADROS, R.; VASCONCELLOS, M. L. (orgs.). 9th Theoretical Issues in sign language research conference. Florianópolis: Arara Azul, p. 65-81, dez. 2006. QUADROS, R.; VASCONCELLOS, M. (orgs.). 9th Theoretical Issues in Sign Language research conference. Petrópolis: Arara Azul, 2006. SIPANS, Priscila; HOUCH, Izildinha. O Grande Livro de Libras: Projetos Escolares - Atividades para Trabalhar a Língua de Sinais. Barueri: Camelot, 2021. WANDERLEY, Débora Campos. A Classi�cação dos Verbos com Concordância da Língua Brasileira de Sinais: Uma Análise a partir do Signwriting. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Linguística. Florianópolis. 2017. p. 336. XAVIER, A. N.; NEVES, S. L. G. DESCRIÇÃO DE ASPECTOS DA MORFOLOGIA DA LIBRAS. Revista Sinalizar, Goiânia, v. 1, n. 2, p. 130–151, 2016. DOI: 10.5216/rs.v1i2.43933. Disponível em: https://revistas.ufg.br/revsinal/article/view/43933. Acesso em: 3 nov. 2022. Aula 4 A sintaxe na Libras Introdução Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Olá, estudante! Nesta aula, os aspectos gramaticais da Libras, enquanto adensamento teórico e conceitual, serão os norteadores para re�etirmos sobre a importância da língua de sinais na constituição de sujeitos surdos. É importante lembrar que a Libras não é uma adaptação da gramática da língua portuguesa, pois possui estrutura gramatical própria na qual estão presentes todos os elementos gramaticais que compõem seu sistema linguístico. Portanto, devemos considerar que, para a comunicação em Libras, precisamos ir além do conhecimento sobre os sinais. Por isso, torna-se imprescindível conhecer como está estruturada sua gramática e como será realizada a articulação visual-gestual na comunicação e na expressão de qualquer pensamento na Libras para as diversas disciplinas, como: história, sociologia, literatura, �loso�a, matemática, etc. Bons estudos! Estrutura sintática da Libras Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para aprofundamento de estudos sobre a estrutura sintática da Libras, apresentaremos as informações sobre como as palavras se organizam, na estrutura do texto, pois, Segundo Campos e Almeida (2019), citando Quadros e Karnopp (2004): A sintaxe permite a combinação de palavras, mas com um olhar sempre atento às restrições impostas por princípios (regras) que a determinam (...) tendo em vista a ordem estrutural e gramatical em português sujeito (S), verbo (V) e objeto (O) – estrutura conhecida como SVO. Nas línguas de sinais, essa exigência em manter as sentenças estruturadas no formato SVO não acontece, pois, diferentemente do que ocorre nas línguas orais, as de sinais são organizadas no espaço e podem ser estruturadas na ordem SOV, SVO ou VSO. (CAMPO; ALMEIDA, 2019, p. 108) Seguindo essa dinâmica, podemos considerar diferentes maneiras de a língua de sinais estabelecer relações gramaticais no espaço utilizado para que as combinações lexicais aconteçam de maneira a legitimar a demarcação tanto de seres quanto de objetos, num dado espaço, onde ocorre o ajuste do local da sinalização. Assim, estabelecida a relação com os referentes do discurso e os pontos especí�cos no espaço, Campos e Almeida (2019, p. 108-109) enfatizam que esses referentes podem ser retomados, no discurso, quantas vezes forem necessárias. Ademais, segundo Quadros e Karnopp (2004, p. 127-130), “o local onde acontece a realização do sinal pode ser referido por meio de vários mecanismos espaciais”. Por exemplo: fazer o sinal em um determinado local, de forma que tal sinal acompanhe o local estabelecido pelo referente. Assim, direcionar a cabeça e olhar (às vezes, o corpo também) para localização em que o sinal foi executado. Utilizar apontamentos (como dedo indicador) antes de um sinal referente Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS especí�co. Usar verbo direcional (com concordância), incorporando os referentes previamente introduzidos no espaço. Com o objetivo de delinear algumas considerações sobre os mecanismos citados, Campos e Almeida (2019, p, 109-112) apresentam como exemplo um texto em língua portuguesa, para, em seguida, apresentá-lo em Libras, de forma que é percebida a relação dos elementos gramaticais estruturais da Libras com os referentes do discurso. Vejamos a seguir o texto em português e, em seguida, em Libras: (texto em português) Laura está muito feliz, pois se mudou com seus pais para uma casa nova na cidade. O pai de Laura se chama João, e sua mãe se chama Maria. Ele é formado em química, e ela, em pedagogia (CAMPOS, ALMEIDA, 2019. p. 110-112) Nessa citação, vimos como está estruturado o contexto em português em sua estrutura sintática. A seguir, vamos compreender como se processa a estrutura sintática da Libras. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 1 | Exemplo em Libras. Fonte: Campos e Almeida (2019, p. 110). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Observamos, no texto, que algumas estratégias podem ser adotadas para que o discurso�que evidente para o interlocutor. Daí a necessidade de o texto ser “espacialmente mais organizado”. Assim, quem soletrar o nome do pai de Laura, João, deve direcionar levemente o corpo e o olhar para a esquerda do leitor (conforme indicação da seta). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 2 | Exemplo de soletração em Libras. Fonte: Campos e Almeida (2019, p. 111). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Quem for soletrar o nome de Maria, a mãe de Laura, deve direcionar levemente o corpo e o olhar para o lado oposto ao de João, ou seja, para a direita do leitor. Assim, também, para indicar a formação dos pais de Laura, retomando os referentes descritos anteriormente nos espaços por meio de apontamentos e direcionamento do tronco e dos olhos. Figura 3 | Exemplo do uso do espaço para referenciação. Fonte: Campos e Almeida (2019, p. 112). Recursos narrativos da Libras Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS O discurso narrativo tem como recurso os materiais em histórias em quadrinhos, recriação de história em quadrinho produzida pelos estudantes para uma perspectiva cultural bilíngue surda, vídeos em Libras com roupas de personagens, contextos, complementariedade de ideias em narrativa de acordo com as imaginações e em expressões linguísticas. Outro ponto importante, para o entendimento da literatura ou da narrativa como um todo, está na organização dos principais pontos da obra. Ou seja, em varal ou mapeamento conceitual, destacar as histórias e o que mais importa para o entendimento imagético, material e, sobretudo, sinalizado. Destarte, não podemos interpretar a sinalização ou a comunicação em língua de sinais como sinônimo de recursos, pois não é disso que se trata. Os recursos são formas pelas quais se cria e recria a materialidade para legitimar o entendimento narrativo. A Libras é o processo natural e comunicativo na cultura surda. A Libra tem a sua importância cultural para a formação de conhecimento e de linguagem, assim, por meio dos personagens, do contexto, das questões sociais, re�exões em moralidade e precisamente na forma comunicativa de se fazer entender no espaço de sinalização é que precisamos olhar e reinterpretar novamente as referências de narrativa. A narrativa não trata somente de contar a história, mas do uso e processo linguístico de personagens em relação a um referente mencionado por meio de classi�cadores, ou seja, o próprio classi�cador faz parte do contexto narrativo quando estabelecemos um tipo de concordância em uma língua. Assim, na Libras, as classi�cações podem se manifestar de várias formas, em uma desinência, seja em masculino e feminino para estabelecer concordância em consonância com o verbo, por exemplo. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Quando em narrativa ou em contexto se atribui uma qualidade, seja: arredondada, quadrado, cheio de bolas, de listras, etc., esses são tipos de classi�cação, porque é uma adjetivação descritiva. Quando se trata de narrativa e do processo na comunicação, classi�cadores são formas necessárias para estabelecer clareza dos signi�cados do que se quer explicar. Assim, na Libras, os classi�cadores são formas representadas por con�gurações de mãos que, relacionadas à coisa, pessoa e animal, funcionam como marcadores de concordância. Vale ressaltar que os classi�cadores podem ter plural, que é marcado ao se representar em movimento repetido. Dessa forma, os classi�cadores para um determinado objeto podem representar concordância e característica do objeto por meio da ação verbal. O classi�cador descritivo faz referência ao tamanho e forma de objeto ou contexto, seja pela aparência de um objeto, do tamanho, da textura ou do desenho, etc. Em uma narrativa, isso pode ser simpli�cado no contexto da forma e do desenho de um vaso, da descrição da roupa ou dos itens que estão no corpo de um determinado personagem, por exemplo. O classi�cador que especi�ca o tamanho e a forma de uma parte do corpo serve similarmente para a forma, o tamanho, e a textura de uma parte do corpo de pessoas ou animais ou outro contexto em que faz sentido com a temática, por exemplo: as orelhas, bicos de aves, penteado de uma pessoa, e outras partes que merecem descrições. Assim, o classi�cador de uma parte do corpo, por exemplo, retrata a forma de uma parte desse corpo, ou do corpo inteiro. O classi�cador locativo tem o intuito de retratar um objeto como lugar determinado em relação a outro objeto, por exemplo: a biblioteca onde todos os livros estão presentes. O classi�cador semântico tem a função de retratar um objeto em um lugar ou o modo como é retratado. O classi�cador instrumental mostra como se usa um determinado objeto ou alguma coisa: uso de caderno, limpando com um apagar o quadro negro, etc. O classi�cador do plural indica a posição de um número de objetos, pessoas, ou animais. Isso depende da forma como é sinalizada, por exemplo: �la comprida de pessoas avançando lentamente, quantidade de estudantes sentados em sala de aula, etc. O classi�cador de elemento retrata os elementos ou coisas que não são sólidas, por exemplo: ar, fumaça, água/líquido, chuva, fogo, luz. O classi�cador de nome e número são parte de uma descrição sobre números e nome, por exemplo, na camisa de futebol, título de um livro, uma sigla, etc. Vimos vários tipos de classi�cadores que, dependendo do contexto, podem ser utilizados em narrativa em referência aos personagens, aos jogos de mudança de papéis, ou seja, caracterizando sempre mudança na posição do corpo, na expressão facial e no olhar e no papel de um personagem, de modo a mapear a disposição desses mesmos objetos ou pessoas no espaço. As relações espaciais entre os sinais correspondem às relações reais entre objetos descritos. Elas são representadas pela característica visual-espacial, em vez de oral-auditiva, ou seja, pela formação dos sinais, que responde pela organização em estruturas frasais e em textos. Classi�cadores e contexto Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS É fundamental compreender os classi�cadores no contexto explicativo da aula, pois os aplicar não signi�ca isolá-los do contexto, mas inseri-los nele. Assim, ao referirmos o modo sinalizado, estamos representando e apresentando formas em descrição que substituem o nome que as precedem. Ou seja, a maneira como é incorporada a sinalização descrita que pode “vir junto com o verbo para classi�car o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo” (FELIPE, 2009). Para Ferreira (2010), os classi�cadores funcionam, em uma sentença, como partes dos verbos de movimento, localização, ou seja, os movimentos e localização sinalizada permite campo de representações por meio de categoriais que revelam o tamanho, formato, objeto, descrição de animação corporal seja em personagens, animais, ou até mesmo em um instrumento que é usado. O que questionamos é: em que momento e para que os classi�cadores devem ser utilizados? Para explicar a importância do uso dos classi�cadores, Morgan (2005) faz referência aos exemplos de narrativas quando um classi�cador é usado para manter em destaque a referência de um objeto ou de um personagem, mesmo que não tenha um sinal próprio. Para o autor, o sinal utilizado vai buscar se adequar ao que está sendo abordado para trazer melhor entendimento do contexto. Para sairmos do plano teórico e compreender na aplicação prática da sinalização, mostraremos, a seguir, alguns exemplos para entendimento de como isso pode ser incorporado por meio contextual de sinalização seja em narrativa ou em explicação. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 4 | Exemplo de marcador com objeto. Fonte: Pereira (2011, p. 83). Mediante a imagem, vimos que, com a con�guração da mão em C, além do COPO, há de se compreender a descrição e a forma como esse copo caiu. Ou seja, descreve-se o objeto em queda. Esse classi�cador descritivo do objeto em determinada situação nos permite compreender que o COPO sofreu queda, ouseja, o movimento de CAIR é interpretado como COPO CAIR e, em português, “o copo caiu”. Outra explicação que consideramos oportuna está na descrição de como a pessoa anda e depois cai. Vejamos a seguir quando queremos nos referir a duas pessoas andando e, depois, caindo: a con�guração de mão está em V e o movimento em ziguezague ou reto ou inclinado, ou caso queira, fazer em ritmo lento, etc. São várias formas e características que dependem do contexto da explicação e interpretação. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 5 | Exemplo de marcador com pessoas. Fonte: Pereira (2011, p. 83). Diante do exposto, podemos perceber duas diferentes situações e diferentes frases. Dessa forma, não está inserido somente o sinal, mas o modo como se descreve a situação para se compreender o contexto, ou seja, são modi�cações observadas, em cada sinal, para referenciar as características que as compõem. Nos classi�cadores da Libras, como uma língua viso-espacial, temos seus componentes de contextualização relacionados ao verbo para o seu referente de modo a realizar o contexto expresso. Exemplos: MESA; COPO em formato arredondado; colocar COPO na mesa; pessoa CAIR; etc. Vejamos a seguir a forma sinalizada para se compreender os exemplos mencionados. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 6 | Mais exemplos de marcadores. Fonte: Felipe (2009, p. 168-169). Essas caracterizações têm seu modo de ser quando consideramos a ordem estrutural das línguas de sinais em contraposição às línguas orais. Nesse sentido, quando usamos os classi�cadores, vemos que eles apresentam três fatores importantes: princípios universais linguísticos; especi�cidades linguístico-culturais de cada língua e restrições devidas ao canal de manifestação dessas duas modalidades de língua; o terceiro fator está em considerar as línguas espaço-visuais, línguas de sinais, como pertencentes à própria concepção cultural que tem o potencial linguístico a ser manifesto. Videoaula: A sintaxe de Libras Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Para essa videoaula, devemos considerar que, para a comunicação em Libras, torna-se imprescindível conhecer como está estruturada a gramática dessa língua e como será realizada a articulação visual-gestual na comunicação e na expressão de qualquer pensamento, em Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS diversas disciplinas, como: história, sociologia, literatura, �loso�a, matemática, etc. Também devemos entender como se processa o conceito, a interpretação e a aplicação das estruturas sintáticas da Libras; dos recursos narrativos; dos classi�cadores; e dos classi�cadores em contexto. Saiba mais Veja a seguir as diversas produções, projetos e materiais didáticos disponibilizados no site Desenvolvimento de Instrumentos Didáticos na Perspectiva Surda - DIDAPS. Referências https://debasi.ines.gov.br/didaps-instrumentos-did%C3%A1ticos-e-paradid%C3%A1ticos Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS CAMPOS, Mariana de Lima Issac Leandro; Almeida, Joyce Cristina. Sistema Linguístico da Libras. In: LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de; SANTOS, Lara Ferreira dos; MARTINS, Vanessa Regina de Oliveira. Libras: Aspectos Fundamentais. Curitiba: InterSaberes, 2019. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. O Embate em Torno das Políticas Educacionais para Surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Os Surdos vão à escola no Brasil: Breve Histórico. In: STUMPF, Marianne Rossi; LINHARES, Ramon Santos de Almeida (org.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na EducaçãoBilíngue de Surdos: Da Educação Infantil ao Ensino Superior, Vol. 1. 1ª edição. Petrópolis: Editora Arara Azul, 2021. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Surdos Professores: A Constituição de Identidades por meio de novas Categorias pelo Trabalho em Territórios Educativos. Tese de Doutorado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 2022. p. 520. FELIPE, Tanya A. Libras em Contexto: Curso Básico – Livro de Estudantes. 9ª edição. Rio de Janeiro: WalPrint Grá�ca e Editora, 2009. FERREIRA, Lucinda. Por uma Gramática de Língua de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2010. MARCHESIN, Glaucia Ester Pereira. Caminhos para Inclusão Escolar de Alunos Surdos. 1ª ed. Curitiba, 2018. MORGAN, G. The development of narrative in British Sign Language. In SCHICK, B., MARSCHARK, M. e SPENCER, P. (eds.) Advances in Sign Language Development Revista Trama | Volume 14 | Número 32 | Ano 2018 | p. 27 – 39 | e-ISSN 1981-4674 Página 39 in Deaf Children. Oxford University Press, 2005. PINTO, Charridy Max Fontes. A Interpretação da Sentença com Verbos Simples (plain verbs): A Ambiguidade em Construções com os Verbos Abraçar e Conversar em Libras. Dissertação de Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Mestrado em Linguística. Universidade Federal de Alagoas. 2017. p. 88. PEREIRA, Maria Cristina da Cunha; et al. Libras: Conhecendo Além dos Sinais. Editora Paerson, 2011. QUADROS, R. M.; KARNOPP, L. B. Língua de Sinais Brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. QUADROS, R.; PIZZIO, A.; REZENDE, P. Língua Brasileira de Sinais IV. Florianópolis: Curso de Letras Libras, 2009. QUADROS, R.; QUER, J. A caracterização da concordância nas Línguas de Sinais. In: LIMASALLES, H.; NAVES, R. (Orgs.). Estudos Gerativos da língua de sinais brasileira e aquisição do Português (L2) por surdos. Goiânia: Cânone Editorial, 2010. QUADROS, R.; QUER, J. Revertendo os verbos reversos e seguindo em frente: sobre concordância, auxiliares e classes verbais em línguas de sinais. In: QUADROS, R.; VASCONCELLOS, M. L. (orgs.). 9th Theoretical Issues in sign language research conference. Florianópolis: Arara Azul, p. 65-81, dez. 2006. QUADROS, R.; VASCONCELLOS, M. (Orgs.). 9th Theoretical Issues in Sign Language research conference. Petrópolis: Arara Azul, 2006. SIPANS, Priscila; HOUCH, Izildinha. O Grande Livro de Libras: Projetos Escolares - Atividades para Trabalhar a Língua de Sinais. Barueri: Camelot, 2021. WANDERLEY, Débora Campos. A Classi�cação dos Verbos com Concordância da Língua Brasileira de Sinais: Uma Análise a partir do Signwriting. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Linguística. Florianópolis. 2017. p. 336 Aula 5 Revisão da unidade Competências e habilidades em perspectiva cultural surda e em sua gramaticalidade linguística Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Olá, estudante! Compreender as competências e habilidades em perspectiva cultural surda, em sua gramaticalidade linguística, signi�ca promover a capacidade de mobilizar as habilidades nas relações sociais, precisamente no contexto educacional, ou seja, o modo como devem ser aprendidas enquanto formação de educadores e, ao mesmo tempo, permitir a aplicação prática da comunicabilidade na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Por outro lado, quando nos pautamos nas competências que devem ser desenvolvidas na educação e formação desses estudantes surdos, estamos, sem dúvida, valorizando o conhecimento tanto do professor quanto dos estudantes; o pensamento cientí�co, crítico e criativo; a precisão maior no repertório linguístico, comunicativo e cultural; e pontualmente, o sentido e projeto de vida para a argumentação de modo a dar sentido não pela simples empatia, mas pelo autoconhecimento de cada estudante e de todos, inseridos nos espaços educativos, para o respeito e legitimidade enquanto cidadão. Oportuno ressigni�car o papel do professor no contexto de formação educativa e de comunicação para com os estudantes surdos. Para isso, temáticas bem como: os pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos; advérbios de lugar; e contextos de negaçãosão importantes para compreendermos como o contexto linguístico e a forma comunicativa adquire legitimidade nas evidências semânticas. Em processo de aula, embasamos o nosso aporte teórico em consonância com a prática social, ou seja, características e mudanças por meio de exemplos da comunicação cotidiana, sinais, sintaxe e, sobretudo, contexto em Libras. É essencial compreender que os tipos de verbos (simples, direcionais e espaciais) são formas de sinalização, cada qual em seu contexto. O professor precisa entendê-las não apenas em razão da dimensão de suas funções e caracterizações, mas para estruturá-las, em processo educativo, para melhor adequar sua pedagogia ao processo de ensino-aprendizagem. Portanto, há que se Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS ter consciência da presença dos verbos no processo comunicativo, no contexto explicativo e nas argumentações. Levando-se em consideração os aspectos gramaticais da Libras, a língua das comunidades surdas brasileiras, podemos a�rmar que a �exão verbal, elemento que designa a pessoa do discurso (ou seja, se primeira, segunda ou a terceira), bem como o número (que pode se tratar do singular ou do plural), ocorre por mecanismos discursivos, contextuais e especiais que apontam sua importância no processo de ensino e de aprendizagem dos estudantes surdos. Por esses princípios, consideramos que a magnitude do alcance do que aqui está exposto diz respeito, também ao modo pelo qual o estudante empreende seu relacionamento pessoal com o aprendizado que recebe. Nesta aula de revisão, compreendemos os aspectos gramaticais da Libras enquanto adensamento teórico-prático e conceitual que serão os norteadores para re�etirmos sobre a importância da língua de sinais, a Libras, na constituição dos sujeitos surdos. Lembrando que a Libras não é uma adaptação da gramática da língua portuguesa, pois possui estrutura gramatical própria na qual estão presentes todos os elementos gramaticais que compõem seu sistema linguístico. Portanto, devemos considerar que, para a comunicação em Libras, precisamos ir além do conhecimento sobre os sinais. Por isso, torna-se imprescindível conhecer como está estruturada sua gramática e como será realizada a articulação visual-gestual na comunicação e na expressão de qualquer pensamento em Libras nas diversas disciplinas, como: história, sociologia, literatura, �loso�a, matemática, etc. Videoaula: Revisão da unidade Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Para revisão nessa videoaula, destacamos o papel do professor no processo de formação educativa e de comunicação para com os estudantes surdos, pela exposição dos aspectos gramaticais da Libras: pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos; advérbios de lugar; e contextos de negação. Isso trará compreensão do contexto linguístico e a forma comunicativa adequada para a legitimidade nas evidências semânticas. Ilustraremos, em exemplos, a gramaticalidade da Libras na comunicação, no processo de ensino-aprendizagem e em praticidade educativa na formação aos surdos. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Estudo de caso A seguir, em contextualização da realidade educativa, veremos que é comum nos depararmos com a chegada de novos estudantes surdos, ingressos nos espaços educativos. Assim, levando- se em conta que nem todos tiveram o mesmo ponto de partida no processo educativo e de oferta de capital cultural, alguns foram mais instruídos enquanto outros menos, cultural e linguisticamente. Embora haja um descompasso social e educativo, há situação em que o estudante surdo não sabe se comunicar em Libras e nem em português escrito e oral. Nesse ambiente, além da defasagem de comunicação, esse estudante está lá, apenas preenchendo o espaço escolar, como mais um em sala de aula. Aqui, a contradição se manifesta. Outra situação encontrada na realidade educativa, que precisamos entender e acompanhar de perto, é aquela em que o professor saber Libras não é su�ciente, pois ele precisa despertar nos estudantes surdos novos vocabulários, para além da formalidade, seja no processo comunicativo seja na contextualização em conversa, etc. Por isso, quando o professor recebe esses estudantes surdos, o dilema está em realizar a leitura e interpretar o texto, estimular a escrita em processo de alfabetização ou aprimorar a língua de sinais em forma de comunicação. Diante dessa situação-problema, em sala de aula, propomos: Como primeiro passo, para a evolução do estudante, o professor precisa ser pro�ciente na língua de sinais – no básico, no intermediário e avançado; caso o professor não tenha domínio ou �uência em comunicabilidade, ele deve, conscientemente, enquanto pro�ssional, buscar, em pesquisas e/ou estudos diversos, obter esse aporte linguístico dos sinais, das diversas formas comunicativas, e de entendimento comunicativo, etc. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Como segundo passo, identi�car e conhecer cada estudante, a sua forma de se comunicar, de interagir, os vocábulos em gírias, informal, formal, etc. Com base nisso, interagir em comunicação para compreender o nivelamento desse estudante e, a partir daí, saber qual o ponto em se avançar o conteúdo ou não. Como terceiro passo, identi�car como é o desenvolvimento de escrita desse estudante e, assim, considerar as estratégias de ensino pertinentes ao aprimoramento dela. Outra situação-problema, apresentada aqui, é que alguns considerarem o oralismo como status superior à língua de sinais, o que revela ainda falta consciência crítica mais profunda. Atrelado à mentalidade médica, ao conservadorismo e ao monolinguismo, esse olhar negativo, compromete o itinerário estudantil desses estudantes surdos. Por isso, o professor precisa considerar a importância da Libras, em formação, valorizando o aporte cultural-linguístico surdo, também, para o aprendizado de outras disciplinas, do mesmo modo que o português tem em seu repertório. ______ Re�ita Mediante o contexto da situação-problema exposto e os passos necessários para superar essas problemáticas, você, em condição de professor, deverá produzir 5 vídeos em Libras de modo que haja contexto educativo, para o envio dessa atividade. Videoaula: Resolução do estudo de caso Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Ao receber estudantes surdos oriundos de famílias, escolas e condições sociais diferentes, o professor precisa recriar materiais, dinâmicas e produções, ainda não implementadas, no campo da prática de ensino. Para colocar a mão na massa, vamos discorrer sobre diversos pontos pedagógicos, a seguir, em valorização à cultura surda, enquanto contexto linguístico. Ou seja, criar projetos articulando-os ao ensino, aos conteúdos e ao lúdico – uma maneira de expressar sentimentos para além da empatia, de forma a permitir a potencialidade signi�cativa no processo de ensino- aprendizagens. Em se tratando de educação infantil ou fundamental I, um exemplo são as cartas em jogos de memórias, que possibilitarão assimilar não apenas os sinais, mas as correspondentes do que se trata e como desenvolver a sinalização ou o desenho daquela carta em processo do português escrito. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS A temática, para identi�cação das cartas, em jogo de memória, pode ser diversa: natureza e sociedade; artes visuais; matemática linguagens; personagens narrativos; etc. A produção desse material lúdico apenas requer gastos com colagens de imagens e tesoura com ponta arredondada para o corte de cartolina. O professor pode produzir esses materiais em coletividade, deixando para turma a escolha das temáticas. O objetivo dessa dinâmica está emdesenvolver a autoestima, valorizar os sentimentos das crianças e dos estudantes inseridos no ambiente escolar. A interação coletiva para o desenvolvimento estudantil vai além dessas produções lúdicas, uma vez que, quando cada grupo apresenta suas respectivas temáticas sobre o jogo de memória, expande suas expectativas. Conveniente deixar claro que as crianças e os estudantes manifestem as expressões faciais adequadas à representação sinalizada. Mediante esse contexto, o professor explicará como desenvolver a escrita daquela imagem, o contexto em que está inserida, como podemos pensar na formação de frase para o processo da escrita e os sentimentos que traduzem. Embora tenhamos demostrado exemplos de como criar materiais lúdicos para crianças de ensino infantil e fundamental I para o desenvolvimento dos sinais, da escrita, do contexto, das expressões, essas dinâmicas são importantes para aprimorar o conteúdo trabalhado em sala der aula. Por outro lado, ao tratarmos de narrativa para o ensino médio, o processo de leitura e acesso de vocabulário, perceberemos que nem sempre os estudantes têm um repertório apurado para compreenderem o contexto. Nesse sentido, eles necessitam de recursos estratégicos para potencializar o entendimento. Daí a importância da participação desses estudantes em sala de aula. Dinamizar atividades, em grupo, de modo que cada um traga uma imagem com um resumo no verso do que representa aquele contexto, é uma forma de estimular o debate. Feito isso, o professor mediará a apresentação dos grupos, de forma sequencial, para exporem o entendimento em aprofundamento a explicação. Posto isso, cada grupo colará no quadro as imagens para que, ao �nal da narrativa discutida, a sala tenha plena compreensão do contexto. Diante do exposto a respeito desses materiais lúdicos, de narrativas literárias, tanto para o ensino infantil, fundamental I e ensino médio, em dinâmicas interativas, valorizadas pela cultura surda em sua visualidade cultural, aqui �ca sugerido o compromisso e a responsabilidade de o professor pensar em como utilizar materiais didáticos de maneira lúdica. Quando você, em condição de professor, escolher uma turma para recriar esse material, atividade ou dinâmica, torna-se necessário explicar, passo a passo, por escrito ou em vídeo por meio da Libras, o que você pretende com essa atividade. Resumo visual Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Fonte: elaborado pelo autor. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Referências CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. O Embate em Torno das Políticas Educacionais para Surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Os Surdos vão à escola no Brasil: Breve Histórico. In: STUMPF, Marianne Rossi; LINHARES, Ramon Santos de Almeida (org.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na Educação Bilíngue de Surdos: Da Educação Infantil ao Ensino Superior, Vol. 1. 1ª edição. Petrópolis: Editora Arara Azul, 2021. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Surdos Professores: A Constituição de Identidades por meio de novas Categorias pelo Trabalho em Territórios Educativos. Tese de Doutorado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 2022. p. 520. FELIPE, Tanya A. Libras em Contexto: Curso Básico – Livro de Estudantes. 9ª edição. Rio de Janeiro: WalPrint Grá�ca e Editora, 2009. FERREIRA, Lucinda. Por uma Gramática de Língua de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2010. MARCHESIN, Glaucia Ester Pereira. Caminhos para Inclusão Escolar de Alunos Surdos. 1ª ed. Curitiba, 2018. PINTO, Charridy Max Fontes. A Interpretação da Sentença com Verbos Simples (plain verbs): A Ambiguidade em Construções com os Verbos Abraçar e Conversar em Libras. Dissertação de Mestrado em Linguística. Universidade Federal de Alagoas. 2017. p. 88. PREIRA, Maria Cristina da Cunha; et al. Libras: Conhecendo Além dos Sinais. Editora Paerson, 2011. QUADROS, R.; PIZZIO, A.; REZENDE, P. Língua Brasileira de Sinais IV. Florianópolis: Curso de Letras Libras, 2009. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS QUADROS, R.; QUER, J. A caracterização da concordância nas Línguas de Sinais. In: LIMA- SALLES, H.; NAVES, R. (orgs.). Estudos Gerativos da língua de sinais brasileira e aquisição do Português (L2) por surdos. Goiânia: Cânone Editorial, 2010. QUADROS, R.; QUER, J. Revertendo os verbos reversos e seguindo em frente: sobre concordância, auxiliares e classes verbais em línguas de sinais. In: QUADROS, R.; VASCONCELLOS, M. L. (orgs.). 9th Theoretical Issues in sign language research conference. Florianópolis: Arara Azul, p. 65-81, dez. 2006. QUADROS, R.; VASCONCELLOS, M. (orgs.). 9th Theoretical Issues in Sign Language research conference. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2006. SIPANS, Priscila; HOUCH, Izildinha. O Grande Livro de Libras: Projetos Escolares - Atividades para Trabalhar a Língua de Sinais. Barueri, SP: Camelot, 2021. WANDERLEY, Débora Campos. A Classi�cação dos Verbos com Concordância da Língua Brasileira de Sinais: Uma Análise a partir do Signwriting. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Linguística. Florianópolis. 2017. p. 336. , Unidade 4 Prática de Ensino para Surdos em Transdisciplinaridade Aula 1 Ensino de português e literatura para surdos Introdução Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! Introduzir o conteúdo para a dimensão do português e da literatura signi�ca construir sentidos na formação dos estudantes surdos, no processo de ensino-aprendizagem, no contexto da compreensão do conteúdo explicativo, da leitura, da escrita, da aquisição de aprendizagens de Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS modo entrelaçado ou isolado, ou seja, em convergência para conceituar, interpretar e aplicar nos espaços de formação de conhecimento. Nessa direção, a percepção cultural linguística da Libras, em intermediação de comunicabilidade e de ensino-aprendizagens, fortalece sentido e re�exões para a prática educativa. O professor, diante dos desa�os escolares em análise e autocrítica, tem que reconstruir suas práticas de ensino, diante das diversidades de estudantes que buscam possibilidades para português e a literatura no ensino ganharem sua legitimidade. Bons estudos! Sinalários de português, literatura e escrita de estudantes surdos Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS É preciso compreender os sinais nas disciplinas de português e literatura para a educação de formadores no sentido de ampliar o repertório de ensino em sala de aula. Neste ambiente, o estudante identi�cará os sinalários de português e literatura não apenas enquanto sinais em si mesmos, mas também sua importância para o aprofundamento pedagógico que os conceitos trazem em seus respectivos contextos educativos. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 1 | Sinalário de português. Fonte: Albres e Neves (2008, p. 32-35). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 2 | Sinalário de literatura. Fonte: Albres e Neves (2008, p. 41-42). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS A prática de ensino do professor de língua portuguesa para surdos, ao dispor desse material, se construirá enquanto forma de orientação para o atendimento e o respeito às diferenças linguísticas e socioculturais dos estudantes, diante do papel social que eles desempenharão nos diferentes processos e projetos educativos. Dessa forma, em aprofundamento teórico e prático, podemos dizer que o caminho para a prática condiciona não apenas para a questão viso- espacial, mas também em processo de aquisição e desenvolvimento cognitivo. É oportuno reforçar que a língua portuguesa, aqui apresentada,está con�gurada como uma segunda língua para o surdo, não somente quando a abordamos em processo linguístico e cultural, mas, também, levando-se em conta a aquisição psicossocial subentendida no ensino de português como segunda língua, para os surdos, diante do que está proposto no âmbito das políticas linguísticas e educacionais. As temáticas educacionais para o ensino de língua portuguesa para surdos requerem, em determinado contexto educativo, etapas enquanto ações necessárias para a elaboração de ensino, a saber: Perspectiva linguística do uso da Libras não como recurso de ensino, mas como o próprio contexto cultural linguístico da Libras requer, na forma em como se deve ensinar o português. Coleta de materiais ilustrativos dos assuntos abordados e desenvolvidos. Situações reais que pertencem ao contexto cultural: imagens, desenhos, textos, vídeos, etc., e servirão como reforço de sustentação didática e cultural pedagógica do que se está tratando, para o desenvolvimento educativo. Nas atividades propostas, devemos considerar que a realização de intercâmbio nas dinâmicas em multiculturalidade, em disponibilização democrática, do que se está apresentando, em sala de aula, se consolide pela aprendizagem e pelo conhecimento compartilhado. Quanto ao ensino-aprendizagem de português, conforme as questões: gramaticais, de leituras, de produção texto na formação estudantil, o objetivo está pautado na ampliação do repertório linguístico de modo a desenvolver competências e habilidades para se recriarem especi�cidades adequadas às distintas situações nas quais os estudantes se deparam em ensino-aprendizagem diante da contextualização de seu entorno, seja pela abordagem interdisciplinar, transdisciplinar, de conhecimento, seja em transversalidade do cotidiano para o contexto educativo e/ou vice- versa. No que diz respeito às questões literárias, há que se considerar que não podemos nos limitar somente a uma única fonte cultural de literatura, mas explorar recursos que sejam necessários para o entendimento, pelos estudantes, da diversidade pretendida. Ou seja, entender que a segunda língua, que é o português escrito, para surdos, apresenta suas complexidades nas dinâmicas de ensino que, por isso mesmo, não devem ser descartadas. Desta forma, é preciso aprofundar estudos para se compreender melhor do que se está tratando: As crônicas, os poemas, as narrativas. Fragmentos de textos narrativos e poéticos são oportunos para seguirmos ao que se refere à identi�cação de obras, autores e contextos. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Embora não tenhamos inúmeros materiais próprios direcionados à cultura surda, ainda assim, precisamos oferecer alternativas no sentido de corresponder aos estudantes registros literários e históricos. O professor pode separar trechos mais oportunos da literatura para que sejam analisados e debatidos pelos diferentes grupos, de estudantes. Utilizar fragmentos de vídeos literários com legendas, além de propiciar discussão textual faz desse recurso didático uma excelente ferramenta para trazer melhor compreensão do contexto abordado. Ademais, a imagem visualizada, além de se �xar na memória, permitirá aos estudantes obter um olhar abrangente do contexto das produções literárias e em línguas de sinais e, sobretudo, dos autores, de suas obras e do público ao qual se quer alcançar, seja ele infantil e/ou adulto. Estratégias didáticas de ensino de língua portuguesa como segunda língua para surdos Em se tratando de processo sócio educacional, nas relações de ensino-aprendizagem e desenvolvimento da segunda língua (L2), para maior interpretação do que este assunto requer, trazemos a abordagem da autora Resi Damhuis (1994), a qual nos explica que, em ambiente linguístico para o desenvolvimento da L2, existem três aspectos importantes a serem Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS considerados: o input (que diz respeito à recepção que é utilizada pelo aluno nativo em sua própria língua, como é o caso do input visual pelos surdos, o qual, por isso, deve ser analisado de modo qualitativo nesse processo de aquisição); o output (a produção, que diz respeito ao uso da própria língua e a maneira como ela é produzida em suas comunicações, como é o caso, por exemplo, da produção da escrita); e o terceiro aspecto, que diz respeito ao feedback nas interações, ou seja, o retorno que vai acontecer por meio de avaliação daquilo que foi produzido, aqui, subentendido, na relação empreendida pelo professor para com os estudantes surdos. Além disso, em ensino da L2 aos alunos surdos, temos outros dois modos a serem destacados: o tradicionalista, que se apresenta na maneira de seguir as regras gramaticais, e o outro, na apropriação da forma escrita pelos estudantes em processo de aperfeiçoamento dele. Aprofundar as explicações de modo a valorizar o aspecto do visual cultural surdo, em consonância com o ensino do português escrito, vai facilitar o entendimento. Rod Ellis (2008) traz explicações sobre as diferenças de aquisição, destacando: Primeiro, que é preciso o estudante ter percepção e consciência do aspecto linguístico por meio do input (usando pelo estudante surdo nativo com sua própria língua). Segundo, que a análise comparativa do aspecto linguístico seja percebida como processo da gramática. Terceiro, que haja integração como forma de se agregar novas informações linguísticas dentro de um processo de aprimoramento gramatical da segunda língua, o português escrito. Essas diferentes aquisições, segundo a explicação de Rod Ellis (2008), se processarão por meio da intervenção do professor, para que os estudantes possam se aprimorar, e poderão ser mediadas de diversas formas em variadas situações de ensino, em compartilhamento formal/informal. Compreender abordagem comunicativa da língua de sinais e as diferenças entre aquisição e aprendizagem do português L2 por alunos que tenham Libras como língua natural signi�ca codi�car as principais características dos estudantes surdos em contexto de ensino/aprendizagem. Assim, a escrita dos estudantes pode ser percebida por meio da interferência da língua de sinais na escrita, ou seja, do português, de modo que, para a grande maioria dos estudantes, o modo de sinalizar tende a ser transportado para a forma com que se escreve. A abordagem comunicativa de ensino-aprendizagem para melhorar a L2 signi�ca utilizar o que o estudante escreveu e aproveitá-lo com estratégias para o ensino e o aprimoramento da escrita do português. A escrita que o estudante elaborou servirá de referência para que se possa orientar ajustes necessários para o emprego adequado das frases e, dessa forma, mostrar o que se escreveu e como se deveria escrever. Esta abordagem contribui, sobremaneira, no entendimento, mas, para que isso aconteça, outras opções devem ser apresentadas para que, da reconstrução da frase, um novo texto possa ser reescrito. Esta prática dará ao estudante surdo maior percepção sobre a diferença textual que ele está elaborando. Outro aspecto importante para o aprimoramento da segunda língua é compreender o processo dinâmico das aulas nas quais os estudantes surdos estão inseridos, por meio da interação, da socialização e da produção. Deste modo, o professor poderá fazer um roteiro por escrito, ou diretamente na lousa, colocando as palavras chaves em forma de um mapa conceitual de Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS conteúdo para que o estudante possa se apropriar dessas condições e transcrevê-las em processo de reforço e compreensão da aula. O professor pode utilizar o teatro, dramatizações, imagens, desenhos e fotos como recursos para despertar o canal visual do estudante surdo e para que a participação na forma de comunicação não seja realizada de modo isolado. Neste caso, o professor pode elencar palavras e contextos chaves como subsídio à construção, desenvolvimento e produção da escrita, ou seja, dos sinais, das frases. Essa dinâmica fará aumentar o repertório por escrito, imprescindível,ao aprendizado da língua portuguesa como segunda língua. Construção imagética de linha do tempo no contexto de ensino Para uma verdadeira aplicação educativa, o professor precisa considerar o aspecto cultural surdo em sua construção imagética de linha do tempo no contexto de ensino, ou seja, valorizar técnicas didáticas para a construção do tempo contextual e estudantil. Dessa forma, o estudante vai diferenciar o passado, o presente e o futuro. Essa dinâmica em cartaz, ou exposições em sala de aula, vai ajudar a identi�car a diversidade tanto do ponto de vista gramatical quanto do ponto de vista literário. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS No âmbito gramatical, é preciso demonstrar exemplos do tempo frasal em que a ordem discursiva corresponda ao entendimento dos estudantes surdos no português escrito. No âmbito literário, a linha do tempo serve de ferramenta para que, cada obra ou escola literária seja, situada contextualmente. Ajustar essa linha do tempo de acordo com a sala de aula e com o conteúdo programático é, sem dúvida, organizar no âmbito concreto o entendimento e a clareza do tempo: passado, presente e futuro. Sem essas referências cronológicas em visualidade cultural surda, os estudantes podem ser prejudicados em seu aprendizado. Essa concretude em correspondência cultural surda propicia novas habilidades e experiências educativas tanto para o estudante, para que possa organizar sua linha de raciocínio, quanto para o professor, quando sinaliza tendo como referência o espaço de marcação sobre os personagens envolvidos, tempos em contextos e referências cronológicas do assunto tratado. O processo de ensino-aprendizagem nessa visualidade por meio das produções culturais faz com os estudantes possam incorporar novas experiências subjetivas sobre o tempo. Isso, em sala de aula, é uma forma de conscientizar os estudantes para criar mentalmente um tempo subjetivo e, ao mesmo tempo, �xação de conteúdo. A construção imagética de linha do tempo no próprio contexto de ensino não cria apenas a linha do tempo em si, mas revela o quanto isso é importante para a formação estudantil como instrumentalização didática para organizar a representação de conteúdos e de conceitos que fazem parte do próprio tempo. Quando tratamos a linha do tempo na questão literária, temos como propósito buscar no próprio texto literário em sala de aula aspectos do tempo (linha do tempo) e leitura de poemas, contos e trechos literários para a interpretação. Assim, evitamos aquela velha mentalidade de que Libras não passa de um sistema de comunicação incompleta, mas que tem seu uso no espaço de sinalização de modo a referenciar, mapear e, sobretudo, explicar contextos históricos e literários. Para a construção da linha do tempo em contexto de ensino, ela deve ser pensada e elaborada coletivamente entre estudantes e professor. Ou seja, é nessa interação linguística de conteúdo- aprendizagem que as características correspondentes ao que foi tratado em sala de aula vão surgindo de modo que estudantes e professor vão complementando essa linha cronológica. Videoaula: Ensino de português e literatura para surdos Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Para a nossa videoaula sobre português e literatura, os contextos interligados buscam dar sentidos e signi�cados para além dos sinais. Pretende-se valorizar a visualidade no processo de Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS ensino-aprendizagem para identi�car a importância das estratégias de ensino e, sobretudo, caminhos para o aprimoramento de conhecimento, diversos contextos didáticos e de recursos que são oportunas para aplicar na realidade educativa. Saiba mais Para maiores informações, recomendamos que você acesse o site do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Lá, encontrará conteúdos didáticos pertinentes aos contextos educativos. Veja também os seguintes vídeos no canal de Elias Paulino da Cunha Junior no Youtube: Ponto de Vista Sobre: Ensino de Português e o Processo de Aprendizagem. Diferenças entre Aquisição e Aprendizagem do Português para alunos Surdos. Referências https://debasi.ines.gov.br/p%C3%A1gina-inicial https://debasi.ines.gov.br/p%C3%A1gina-inicial https://www.youtube.com/watch?v=njJ0kWrVz0I https://www.youtube.com/watch?v=njJ0kWrVz0I https://www.youtube.com/watch?v=njJ0kWrVz0I https://www.youtube.com/watch?v=2HmYU0OuRGA Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS ALBRES, Neiva de Aquino; NEVES, Sylvia Lia Grespan. De Sinal em Sinal: Comunicação em Libras para aperfeiçoamento do Ensino dos componentes Curriculares. 1ª edição. São Paulo, 2008. CARVALHO, José Wanderson de; MENEZES, Gabrielle Janaina Barros de. O Ensino de Ciências para Surdos: Experiências Visuais. V Congresso Paraense de Educação Especial, 17 a 19 de outubro de 2018 – UNIFESSPA/ Marabá-PA. CUNHA JÚNIOR; Elias Paulino da. O Embate em Torno das Políticas Educacionais para Surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Os Surdos vão à escola no Brasil: Breve Histórico. In: STUMPF, Marianne Rossi; LINHARES, Ramon Santos de Almeida (org.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na Educação Bilíngue de Surdos: da Educação Infantil ao Ensino Superior, Vol. 1. 1ª edição. Petrópolis: Editora Arara Azul, 2021. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Surdos Professores: A Constituição de Identidades por meio de novas Categorias pelo Trabalho em Territórios Educativos. 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In RODRIGUES SILVA, https://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/aquisicaoSegundaLingua/scos/cap26708/1.html https://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/aquisicaoSegundaLingua/scos/cap26708/1.html Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Ivani; MARINHO SILVA, Marília P. (orgs). Letramento na Diversidade: Surdos Aprendendo a Ler/Escrever. Campinas: Mercado de Letras, 2018. Aula 2 Ensino de história, sociologia, �loso�a, geogra�a e artes Introdução Olá, estudante! Pensar o cotidiano escolar é entendê-lo não somente em atuações por meio das respectivas disciplinas em sala de aula, mas também o professor no exercício da sua função e na mediação de sua prática relacionada às outras disciplinas para com os estudantes surdos na comunicabilidade da Libras. Isso faz repensar a interdisciplinaridade, com maior aprofundamento, e não apenas enquanto disciplinas isoladas, de modo a intercalar temáticas em processos educativos e de formação estudantil. As disciplinas de história, ciências sociais, geogra�a, �loso�a e artes utilizadas para a formação dos estudantes surdos em processo de interdisciplinaridade, conforme a temática envolvida, em sala de aula, pode se estabelecer nas con�gurações do que elas têm em comum. Isso ocorre porque os professores dessas disciplinas, cada um, por seu turno, se apropriarão dos conteúdos Disciplina LIBRAS - LÍNGUABRASILEIRA DE SINAIS de outras áreas em processo de ressigni�cação do conhecimento interconectado para, assim, estimular e garantir a formação dos estudantes surdos. Bons estudos! Sinalários da história, sociologia, �loso�a e arte; linearidade e simultaneidade na produção dos sinais em Libras Para nova construção pedagógica, as disciplinas de história, ciências sociais, geogra�a, �loso�a e artes trazem suas contribuições, enquanto instituição social, articulando os valores políticos, econômicos e espaços culturais. Os estudantes surdos, inseridos nesse contexto em valorização do conteúdo histórico, conseguem obter maior conscientização para as futuras gerações exercerem a cidadania plena e produções de saberes. Para maior legitimidade na atuação em sala de aula, torna-se importante pensar qual o papel do professor nas respectivas disciplinas no uso da Libras, em prática de ensino. Sabendo-se que está na postura do professor bilíngue, é preciso valorar a cultura surda por meio dessa inter- relação entre enunciado e enunciador; assim, a prática de ensino possibilitará maior conhecimento em formação e criticidade. Diante do exposto, colocaremos a seguir os sinalários correspondentes ao contexto de ensino: Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 1 | Sinalário de história. Fonte: Albres e Neves (2008, p. 110-117). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 2 | Sinalário de geogra�a. Fonte: Albres e Neves (2008, p. 139-151). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 3 | Sinalário de artes. Fonte: Albres; Neves (2008, p. 157-160). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Diante do exposto, esses sinalários por disciplina contribuem para a contextualização de ensino. Nesse sentido, compreendemos que a complexidade linguística e comunicativa não é meramente de sinais por sinais, mas compreende o dia a dia em que o contexto educativo e de discussão educativa legitima o processo de ensino. Além dessa dinâmica de comunicabilidade em processo de ensino, transformar a vida estudantil no cotidiano escolar requer uma dinâmica e uma didática que valorize a linearidade e simultaneidade na produção dos sinais em Libras. Nas línguas de sinais, isso se processa por meio de dois eixos, conforme a abordagem trazida por Viotti (2007): um que faz referência à linearidade e outro à simultaneidade, delineadas nas explicações a seguir: No eixo da linearidade, há sequências de suspensões e movimentos. Suspensões ocorrem quando os sinais, ou partes deles, são realizados com a(s) mão (s) parada(s). Os movimentos e suspensões, por meio dos traços que os compõem, podem ser distintivos de signi�cado. No eixo da linearidade, a diferença está em compreender que a suspensão ocorre quando um sinal não tem movimento, mas corresponde com expressão facial, corporal, etc., enquanto o movimento acontece quando as mãos estão em movimento, representando o determinado sinal. No eixo da simultaneidade, está condicionada a própria estrutura linguística da Libras quando vários aspectos linguísticos estão em simultâneo, ou seja, sinais em movimento em simultâneo com as expressões em movimento mediante um conjunto de fenômenos que vão estruturando o sinal e o contexto, de modo simultâneo. O olhar, as expressões, a direcionalidade dos sinais, o corpo, etc. que ajudam, por exemplo, na contextualização de uma aula. Incorporação, comparativos e construção hipotética de personagens em Libras Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Em sala de aula, ao contextualizar o assunto do conteúdo, é oportuna a incorporação de personagens e de espaços para estabelecer diferentes formas e dinâmicas nas narrativas, que permite à Libras �car mais �uida. Vale ressaltar que o modo de sinalização permite recursos visuais e incorporações de personagens, seja por parte dos narradores, seja de quem a contextualiza. É possível incorporar personagens em elementos típicos da língua sinalizada, ou seja, caracterizações que são fenômenos fundamentais no qual o narrador incorpora as sensações e as falas de outros personagens. A mudança de um personagem para outro se processará pelos movimentos sutis do narrador- sinalizador, que vai alternando: o direcionamento, o olhar e o corpo, como uma forma discreta de mudança na expressão facial e de toda sequência a ser produzida, na comunicação com o interlocutor, de modo que o discurso dos personagens faça sentido para quem o acompanha. Assim, a incorporação de personagens e objetos é considerada como um mecanismo produtivo para expressar localização, número e pessoa que envolve um papel representativo, seja ativamente, seja em processo instrutivo, em que o enunciado apresenta uma ou mais ações. Realizada pela entidade representativa, seja referente aos seres humanos, animais e objetos, podem-se, assim, expor papéis para se narrar uma história ou ações em um determinado contexto. Precisamos também destacar a importância dos comparativos em Libras, os quais são elementos que estabelecem previamente o espaço de sinalização no qual vai representar o lado positivo e/ou negativo, retomando os referentes locais. Assim, se, de um lado, estabelece-se a incorporação do personagem como heróis e sua positividade na história, do outro, trata-se da incorporação desse mesmo personagem como vilão. Vejamos a seguir a explicação de Albres e Neves (2009): Eu, como o sinalizador, posso dizer que pesquisadores (movimento de corpo para direita) vêem os bandeirantes positivamente e outros pesquisadores (movimento de corpo para esquerda) vêem os bandeirantes negativamente. No lado direito uso a apontação para espaço neutro, nesse espaço construo "ideariamente" as ações boas desenvolvidas pelos bandeirantes e no lado esquerdo as ações ruins. (ALBRES; NEVES, 2009, p. 97) Essa comparação de construção hipotética das versões em que os personagens são incorporados depende da perspectiva do conhecimento contextual que se tem. Por exemplo: os bandeirantes são considerados por alguns como heróis, de forma positiva, porque expandiram os territórios e foram verdadeiros desbravadores. Por outro lado, há aqueles que os consideram de forma negativa pelo modo violento com que caçaram e escravizaram os indígenas. O mesmo ocorre com várias personalidades históricas. Compreendemos que o corpo é a personi�cação por meio da qual o narrador exporá os espaços delimitados com mão à frente do sinalizador representando ações que contribuem para a formação de opiniões. Uso de correferência e construção do texto narrativo Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS A correferência é marcada na língua de sinais pela localização real do referente, ou seja, pode ser realizada como locações distintas no espaço de sinalização, em que se apresentam dois pronomes com o mesmo índice. Neste caso, eles deverão ser realizados no mesmo local. Conforme Britto (2005, p. 115): fazer uma referência é o mesmo que relacionar um nome ao seu referente. Assim, na Libras, quando mencionamos que “os nomes próprios são descritivos” é o mesmo que “dizer aquele com pescoço curto para se referir ao sinal de Dom João VI, essa é uma forma de fazer uma referência” (ALBRES; NEVES, 2008, p. 98). Quando a ideia de descrever um objeto ou pessoa vai perdendo a iconicidade ou descritividade, perceptível por meio da própria sinalização, de forma direta, ela passa a ser meramente referencial. Conforme salientam Quadros, Pizzio e Rezende (2009, p. 16): Na Libras, os referentes não presentes são referidos de forma anafórica no sentido de estabelecerem co-referência com o seu antecedente. Sua interpretação completa depende dos elementos introduzidos durante a conversação. Vimos que a própria anáfora estabelece a correferência com o referente em contextualização por meio de diálogo, conversação, narrativa, etc. Além disso, os pronomes de terceira pessoa são dêiticos ao localizarem o referente fora do discurso. “Essa caracterização anafóricaestá claramente estabelecida quando a forma da terceira pessoa é acompanhada pela direção do olhar” (QUADROS; PIZZIO; REZENDE, 2009, p. 16). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Assim, ao apresentar a direção do olhar, a Libras mostra uma função de nível discursivo que resulta em gramaticalização discursiva e atenção ao interlocutor para o objeto que está sendo indicado. Ou seja, na Libras, o olhar têm uma função anafórica porque a sua interpretação completa uma relação linguística e de correferência com um antecedente. A correferência em LIBRAS pode ser usada por meio de pronomes pessoais, demonstrativos e possessivos, mas especialmente na língua de modalidade espaço visual são apresentados também pelo uso do termo comparativo, da mudança de posição do corpo, do uso de classi�cadores, como também no uso de olhadelas. (BRITTO, 2005, p. 116) Ferreira (2005) enfatiza que, no processo de correferência, quando o comparativo se faz presente na mudança de posição do corpo, isso é fundamental para o entendimento, para os classi�cadores e, sobretudo, para a identi�cação do que se explica. Embora a correferência tenha sua concretude na visualidade, há de se destacar que o professor, em processo de sinalização, precisa organizar contextualmente e didaticamente os espaços mentais onde os discursos se processarão em Libras no espaço físico, ou seja, no espaço de sinalização. Quando mencionamos espaços mentais nos discursos em Libras, queremos reforçar que o “mapeamento cognitivo do espaço físico que rodeia o sinalizador, são representações mentais das pessoas que estão presentes �sicamente no local e no tempo em que ocorre a sinalização” (MOREIRA, 2007, p. 46). Ou seja, é espaço mental que pode ser estruturado mentalmente de modo organizativo para corresponder na concretude aos interlocutores. Toda a prática de ensino requer uma organização, ou seja, um pre�xo mental e processual de como ocorrerá um determinado conteúdo ou dinâmica. Nesse sentido, fazer o mapeamento mental signi�ca representar forma e ponto �xo no espaço físico, ou seja, representações mentais para que haja posições realistas e de incorporação contextual. Essa realidade sinalizada em processo de ensino, por meio de conteúdos na respectiva disciplina, busca explorar tanto espaço mental quanto espaço real, ou seja, facilitar a compreensão para quem está acompanhando, propriamente, aos estudantes em sua formação, por absorver a clareza de conteúdo socializado pelo professor. A clareza de conteúdo e da explicação do contexto tratado em aula, quando recontextualizada pelos estudantes, permitirá maior desenvolvimento e repertório para a explicação, contextualização-conceito, sobretudo, no processo de escrita (por exemplo: texto narrativo). Para construir um texto narrativo e expositivo, sempre devemos priorizar a primeira língua, a de sinais, com clareza e entendimento e, a segunda língua, o português, no contexto escrito. Ou seja, na construção de texto narrativo, podemos recorrer à alteração da estrutura da forma como interrogamos os nossos estudantes como processo de re�exão do que já foi abordado. Essa técnica de estruturação no meio do contexto permite aos estudantes (re)contextualizarem por meio de argumentos e posicionamentos. Videoaula: Ensino de história, sociologia, �loso�a, geogra�a e artes Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Nesta videoaula, compreenderemos as disciplinas de história, ciências sociais, geogra�a, �loso�a e artes por meio do processo transdisciplinar, ou seja, pensar o cotidiano desses estudantes de modo que a cultura surda em visualidade tenha sentido em repertório, para maior aprofundamento de ensino-aprendizagem em formação dos estudantes surdos. Saiba mais Para maiores informações, recomendamos que você acesse o site do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Lá, encontrará conteúdos didáticos pertinentes aos contextos educativos. Para maior apropriação didática, veja os seguintes vídeos no canal de Elias Paulino da Cunha Junior no Youtube: Centro de São Paulo. https://debasi.ines.gov.br/p%C3%A1gina-inicial https://debasi.ines.gov.br/p%C3%A1gina-inicial https://youtu.be/Nv1Bf9S54qw https://youtu.be/Nv1Bf9S54qw https://youtu.be/Nv1Bf9S54qw Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Prática de Ensino de História para o 1º Ano do Ensino Médio: Pré-História (Paleolítico/Neolítico). Sócrates e o Signi�cado para a nossa Atualidade. Referências ALBRES, Neiva de Aquino; NEVES, Sylvia Lia Grespan. De Sinal em Sinal: Comunicação em Libras para aperfeiçoamento do Ensino dos componentes Curriculares. 1a edição. São Paulo, 2008. BRITTO, Lucinda Ferreira. Por uma Gramática de Língua de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. O Embate em Torno das Políticas Educacionais para Surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Os Surdos vão à escola no Brasil: Breve Histórico. In: STUMPF, Marianne Rossi; LINHARES, Ramon Santos de Almeida (orgs.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na Educação Bilíngue de Surdos: da Educação Infantil ao Ensino Superior, Vol. 1. 1ª edição. Petrópolis: Editora Arara Azul, 2021. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Surdos Professores: A Constituição de Identidades por meio de novas Categorias pelo Trabalho em Territórios Educativos. Tese de Doutorado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 2022. p. 520. MOREIRA, Renata Lúcia. Uma Descrição de dêixis de Pessoa na Língua de Sinais Brasileira: Pronomes Pessoais e Verbo Indicadores. Dissertação de Mestrado em Linguística. Faculdade de Filoso�a, Letras e Ciência Humanas (FFLCH) – USP, 2007. https://youtu.be/S37MqzcvSm4 https://youtu.be/S37MqzcvSm4 https://youtu.be/S37MqzcvSm4 https://www.youtube.com/watch?v=3R_wSNB_y1o https://www.youtube.com/watch?v=3R_wSNB_y1o https://www.youtube.com/watch?v=3R_wSNB_y1o Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS QUADROS, Ronice. A expressividade das Línguas de Sinais. In: STROBELL, Karin Lilian; DIAS, Silvania Mara. Surdez: Abordagem Geral. Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos: Rio de Janeiro, 1995. QUADROS, Ronice Muller de. Educação de Surdos: A Aquisição da Linguagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. QUADROS, Ronice Muller de; PIZZIO, Aline Lemos; REZENDE, Patrícia Luiza Ferreira. Língua Brasileira de Sinais I. Florianópolis, 2009. VIOTTI, Evani. Curso de Licenciatura em Letras-Libras-UFSC (USP): Introdução aos Estudos Linguísticos, 2007. Aula 3 Ensino de matemática e física Introdução Olá, estudante! Quanto às disciplinas de matemática e física, é importante compreender as questões numéricas não de modo isolado, mas interligadas à realidade vivida por esses estudantes surdos, com o contexto de conteúdos, ou seja, levando em conta a cultura surda em sua visualidade no processo de ensino-aprendizagens. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Aprender as estratégias de ensino, de jogos-didáticos, de raciocínio lógico, etc., possibilita novas formas e modos que vão moldando os estudantes surdos. Nesse sentido, os recursos, utilizados em sala de aula, mostram os diversos caminhos para o aprimoramento e conhecimento, tanto de quem aprende quanto ao se aplicar na realidade educativa. Bons estudos! Sinalários de matemática, física e jogos matemáticos para a formação estudantil Para melhor compreensão em sala de aula, mostraremos, a seguir, os sinalários de matemática e física: Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 1 | Sinalário de matemática e física. Fonte: Albres e Neves (2008, p. 53-58). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Diante do exposto, podemosdizer que esses sinalários são constitutivos de expressão para compreensão em sentido amplo e em comunicabilidade em sala de aula de forma a contribuir para a ampliação do repertório relacionado aos conteúdos tanto em área de matemática quanto de física. Embora haja diferenciações entre essas disciplinas, o objetivo é apresentá-las em transdisciplinaridade, con�gurando o conjunto como um todo, na busca de aproximação entre os conteúdos escolares e o universo da cultura surda. Para maior interação e �xação de conteúdo, a matemática e a física são consideradas uma área lógica, objetiva, pois essa objetividade permite praticidade em constantes treinos e exercícios por meio da ótica cultural surda cotidiana, relacionadas às experiências que o professor vai promovendo, conjuntamente com os estudantes em sala de aula. Ou seja, trata-se da parte mais visível do processo do ensinar matemático por meio da língua de sinais. O método de ensino é sempre pautado tendo como ponto de partida a experiência dos estudantes, por meio da consciência linguística e da consciência crítica advinda da convivência cotidiana no exercício tanto da matemática quanto da física, em ambiente de comunicação e de aprendizagem para expressar e socializar novos repertórios. Construir jogos e reinventar dinâmicas em sala de aula por meio de ensino, além de despertar o interesse e a expectativa dos estudantes em relação ao assunto da disciplina, contribui para romper o círculo vicioso e, assim, estimular a formação estudantil dos surdos em múltiplas formas lúdicas de modo que tanto o sinalizado quanto artefatos sejam essenciais para corresponder com o conteúdo programático e, ao mesmo tempo, com a expectativa do professor. Destarte, jogos matemáticos e de física, em produções próprias para a educação de surdos em perspectiva cultural e linguística, contribuem para incentivar e desenvolver o raciocínio lógico, para resolução de problemas de cálculos, de multiplicação, para obter compreensão sobre distância e altura, etc. Portanto, se apresentam como inúmeras possibilidades para o professor construir tarefas e dinâmicas de modo a permitir ao estudante aprender a praticar as disciplinas não apenas em consonância com a língua, mas tornando essas interações do brincar, do material, do lúdico, uma ferramenta importante para a formação dos surdos. Em decorrência dessas atividades, a nossa preocupação não está somente no ponto de vista do ensinar e praticar os exercícios, mas sempre com o entendimento do assunto trabalhado. Nesse sentido, há necessidade de compreender como se dá esse processo de ensino diante dos aspectos estruturais da língua e da base comunicativa. Assim, pelos aspectos lúdicos, os estudantes surdos poderão apreender situações de uso construindo sistematização que entrelaça a diversão e aprimora o conhecimento. Portanto, essa dinâmica dará aporte de interesse, motivação, vontade de aprender e praticar a brincadeira. Considerando o envolvimento dos estudantes, no âmbito interdisciplinar, essa ferramenta vigorosa contribuirá, sobremaneira, para a formação dos estudantes surdos. Números e situações-problema Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para maior interpretação sobre o que signi�cam os números, o professor precisará partir da realidade cognitiva desses estudantes de modo a acompanhar não apenas suas necessidades, mas, também, ter compreensão do aporte de informação e de conhecimento prévio desses estudantes para problematizar, quanti�car, contabilizar e medir. Mediante essa concepção das necessidades dos estudantes, percebemos a importância da cultura linguística sinalizada se fazer presente com os recursos didáticos e, assim, permitir que números, símbolos e ícones sejam prospectados em compreensão cognitiva e de representação tanto em matemática quanto em física. Assim, dada a importância da simbologia numérica em visualidade cultural surda, é oportuno destacar que as civilizações antigas, para o seu desenvolvimento, historicamente, traziam a noção de números, usos e estratégias para a compreensão de soma e divisão, utilizando o próprio corpo para representar a contagem, via símbolos diferentes, a �m de representá-los na forma escrita, etc. Portanto, conhecendo esses fenômenos corporais culturais, o professor pode ressigni�car a aprendizagem. Nesse sentido, para organizar as etapas para a realização das disciplinas matemática e física com os estudantes surdos, vale considerar a apropriação teórica, ou seja, a Libras em consonância com a linguagem matemática e física; fazer planejamento das atividades para os exercícios e treinos; elaborar, criar recursos didáticos e lúdicos, conjuntamente (professor e estudantes), em consonância como o conteúdo tratado de modo que resulte em efetivação desses recursos didáticos enquanto processo de aplicação prática. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Processando na prática educativa a formação desses estudantes surdos, poderemos descortinar os diferentes contextos e, assim, obter melhor compreensão sobre a importância dos recursos didáticos que poderão facilitar a abordagem e a apresentação dos elementos essenciais para a elaboração adequada da aprendizagem. Há que se levar em conta, também, a quantidade de conceitos com os quais os estudantes conseguem lidar e a capacidade para analisar questões sob diversas perspectivas para que eles não �quem limitados à habilidade de analisar por um único ponto de vista. À medida que essas questões são observadas, os efeitos especí�cos da aprendizagem podem ser percebidos pelo professor na forma como os estudantes empregam conceitos abstratos e pensamento lógico. Ademais, deve-se levar em consideração o que propõe Vygotski (1997) sobre o pensamento surgir da necessidade de comunicação, resultante das adaptações necessárias da vida. Nesse sentido, a escola se apresenta como mais um espaço de aprendizagem e não se deve desconsiderar a necessidade de diversidade de sinalário que abarque termos diversos. Por isso, uma vez que a construção da relação ensino e aprendizagem perpassa pelo aporte linguístico da pessoa que vai emitir as informações, no caso, o professor, ou o intérprete, como mediador, torna-se imprescindível que essa pessoa possa corpori�car o conhecimento linguístico em Libras para que a comunicação não �que entrecortada e traga prejuízo ao aprendizado dos surdos. Multiplicidade e medidas Para aplicar em contexto educativo a qualidade formativa desses estudantes surdos em sala de aula, as temáticas de multiplicação, tipos de cálculo e medidas são essenciais para que possamos analisar a lógica dos conteúdos abordados. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para que ocorra o compartilhamento de saberes nessa empreitada de ensino-aprendizagem, é preciso que os conteúdos que foram abordados na relação entre a adição e a multiplicação sejam aprimorados pelo aporte material-visual dos estudantes a �m de promover desenvolvimento, e, sobretudo, ampliar o cabedal de informações que permita aos estudantes reconhecerem a utilidade da multiplicação e da adição nas questões do dia a dia. Potencializar a aprendizagem desses estudantes surdos signi�ca buscar diversos recursos no âmbito concreto e cotidiano. Nesse sentido, as brincadeiras por meio de jogos são oportunas para a realização das dinâmicas em percepções de visualidade cultural que façam de fato sentido. Por isso, não podemos considerar apenas uma única vertente de ensino no memorizar, na abstração, pois esses instrumentos são atro�adores da formação estudantil. Ao mediar o processo de ensino-aprendizagem, em dinâmica de conteúdo, o professor deve buscar oferecer uma estrutura coerente e alguns princípios básicos ao estudo do desenvolvimento das competências. Como enfatiza Vergnaud (2009), um conjunto de situações em que o domínio requer conhecimento de outros conceitos de naturezas distintas ou da combinação delas. É preciso compreender a multiplicação partindo da realidade desses estudantes, pois, dessa forma,permite-se re�etir e retornar para a realidade não de modo cíclico, mas em expansão, quando vários tipos de conceitos matemáticos estão entrelaçados, mas que só fazem sentido quando transformam um conhecimento-em-ação ou, do conhecimento, uma experiência cientí�ca. Ou seja, é necessário utilizar-se da matemática para possibilitar descobertas e empreendimento do conhecimento. Gitirana (2014) explica que as “relações multiplicativas apontam vários tipos de multiplicação e várias classes de problemas: comparação multiplicativa, proporção simples, produto cartesiano, função bilinear e proporcionalidade múltipla”. Mediante a esses vários tipos de multiplicação, há de se considerar, também, a importância dos cálculos e medidas. Não basta, apenas, apresentar o conceito de medidas, mas é preciso entender como isso se aplica tanto na matemática quanto na física, ambas com suas diferenças. Assim, teremos as mediadas de comprimentos que de�nem a distância percorrida durante um determinado intervalo de tempo e de um segundo, por exemplo. Podemos identi�car o quilômetro (km), hectômetro (hm), decâmetro (dam), decímetro (dm), centímetro (cm) e milímetro (mm). A medida de capacidade é utilizada, por exemplo: em litro de galão, de barril, etc. As medidas de massa signi�cam o quilograma (kg) em cilindro. Enquanto medidas de volume permitem compreender os múltiplos e submúltiplos do m3, que são: quilômetro cúbico (km3), hectômetro cúbico (hm3), decâmetro cúbico (dam3), decímetro cúbico (dm3), centímetro cúbico (cm3) e milímetro cúbico (mm3), etc. São características possíveis de serem compreendidas por meio de experiências práticas e diversas dinâmicas em sala de aula para que, passo a passo, o estudante consiga identi�car as diferenças de cada uma. Para materialidade de entendimento, colocaremos a seguir, por meio de imagens, exemplos de aula em que o raciocínio lógico não depende meramente da abstração, mas dos recursos e mecanismo de entendimento. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 2 | Exemplo de aula com raciocínio lógico. Fonte: Grutzmann e Bohm (2020, p. 115). As imagens expostas foram extraídas da pesquisa realizada pelas professoras: Thais Philipsen Grutzmann e de Fabiane Carvalho Bohm (2020), no artigo intitulado O ensino de matemática para alunos surdos: foco na multiplicação. Nelas, percebemos, além das comparações de tabela para a identi�cação numérica, a contagem em mãos e várias formas de pensar, construir e reconstruir o ensino de matemática, em perspectiva cultural surda. Videoaula: Ensino de matemática e física Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Nessa videoaula, procuramos compreender as questões numéricas, não de modo isolado, mas interligado com a realidade vivida por esses estudantes surdos com o contexto de conteúdos da matemática e da física. Apresentamos os sinalários oportunos para legitimar a cultura surda em sua visualidade em relação a essas disciplinas. Dessa forma, pode-se aprender as estratégias de Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS ensino, de jogos-didáticos, de raciocínio lógico, etc. Os recursos utilizados em sala de aula são formas de moldar e mostrar os diversos caminhos de ensino-aprendizagem. Saiba mais Para aprimorar o processo de ensino prático, sugerimos os links de projetos pedagógicos nas disciplinas de matemática e de física no site do Instituto Nacional de Educação de Surdos: O�cina de Matemática. Materiais Educativos. Referências https://debasi.ines.gov.br/oficina-de-matem%C3%A1tica https://debasi.ines.gov.br/oficina-de-matem%C3%A1tica https://debasi.ines.gov.br/oficina-de-matem%C3%A1tica https://debasi.ines.gov.br/p%C3%A1gina-inicial https://debasi.ines.gov.br/p%C3%A1gina-inicial Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS ALBRES, Neiva de Aquino; NEVES, Sylvia Lia Grespan. De Sinal em Sinal: Comunicação em Libras para Aperfeiçoamento do Ensino dos Componentes Curriculares. 1ª edição. São Paulo, SP. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. O Embate em Torno das Políticas Educacionais para Surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Os Surdos vão à escola no Brasil: Breve Histórico. In: STUMPF, Marianne Rossi; LINHARES, Ramon Santos de Almeida (orgs.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na Educação Bilíngue de Surdos: da Educação Infantil ao Ensino Superior, Vol. 1. 1ª edição. Petrópolis: Editora Arara Azul, 2021. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Surdos Professores: A Constituição de Identidades por meio de novas Categorias pelo Trabalho em Territórios Educativos. Tese de Doutorado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 2022. p. 520. GITIRANA, Veronica. Repensando multiplicação e divisão: contribuições da teoria dos campos conceituais. São Paulo: PROEM, 2014. GUIMARÃES, Antônio Edson Rocha; ALBUQUERQUE, Marcos Lázaro de Souza. Matemática para Surdos: O Uso de Animação como Recurso Metodológico no Ensino de Aritmética. 1ª edição. Bragança: PA, 2018. GRUTZMANN, Thais Philipsen; BOHM, Fabiane Carvalho. O Ensino de Matemática para Alunos Surdos: Foco na Multiplicação. v.9, n.1, janeiro / abril 2020. SILVA, Márcia Cristina Amaral. Os Surdos e as Notações Numéricas. Maringá: Eduem, 2010. VERGNAUD, G. A criança, a Matemática e a Realidade: Problemas do Ensino da Matemática na Escola Elementar. Curitiba: Editora da UFPR, 2009. VYGOTSKY. L. V. Aprendizado e Desenvolvimento, um Processo Sócio Histórico. 4ª edição.1997. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Aula 4 Ensino de ciência, biologia e química Introdução Olá, estudante! Ensinar ciência, biologia e química signi�ca compreender os contextos interligados com a realidade vivida por esses estudantes surdos. Desse modo, os conteúdos no âmbito da cultura surda, em sua visualidade no processo de ensino-aprendizagem, farão sentido para a formação. Sobretudo as estratégias de ensino, de jogos-didáticos, de materiais lúdicos vão moldando esses estudantes surdos. Os recursos utilizados em sala de aula nos permitem mostrar os diversos caminhos para o aprimoramento de conhecimento, tanto no que se aprendeu quanto no que se aplica na realidade educativa. Ou seja, são disciplinas não isoladas, mas processuais em e para o conhecimento. Bons estudos! Sinalários de ciência, biologia e química; simultaneidade Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS É importante que o professor de ensino de ciências, biologia e/ou química possa, além de conhecer o conteúdo, incorporar os sinalários de modo que o ensino não seja apresentado de forma isolada apenas pelo conteúdo em si, mas possibilite compreensão por meio do processo linguístico de comunicação e resulte em entendimento de como esse processo cientí�co, biológico e químico se manifesta no cotidiano e no contexto de ensino-aprendizagem. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 1 | Sinalário de ciências, biologia e química. Fonte: Albres e Neves (2008, p. 76-90). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Conceituar a ciência, a biologia e a química envolve compreender as áreas abordadas pelas ciências naturais, como: �ores e frutos, animais, corpo humano, alimentos, meio ambiente, elementos químicos, etc., inseridas no meio cotidiano. O papel do professor no processo de ensino-aprendizagens desses conteúdos vai permitir contextualizar não apenas em equivalência de sinais por sinais ou palavra por palavra, mas também, em conexão explicativa: lexical; gramatical; aspectos da simultaneidade; referentes locais; descrição de sistemas; interpretação de textos didáticos, etc., uma vez que, conforme Albres e Neves (2008): a língua de modalidade espaço-visual tem uma propriedade especí�ca de simultaneidade. Referentesdo discurso são produzidos ao mesmo tempo, cada qual por uma das mãos. Exemplo: Ao explicar sobre crescimento de uma planta, a mão esquerda (E) pode permanecer estática representando a planta, enquanto isso a mão direita (D) representa o sol, a noite, a chuva, o vento, etc. Por isso, considerar a Libras como modalidade espaço-visual signi�ca dar sentido e propriedade especí�ca a um assunto tratado em sala de aula, como é o exemplo do processo do crescimento da planta, para o qual a sinalização de uma das mãos deve estar em consonância com a outra. Ou seja, a mão esquerda pode permanecer estática representando a planta, enquanto a mão direita faz todo o contexto representativo do sol, da noite, da chuva, do vento, do ambiente, do clima, etc. Compreender a simultaneidade que a Libras requer em processo linguístico atrelado à própria cultura surda, além de contemplar a pedagogia surda, permite ao professor entrelaçar as explicações das ciências biológicas em interdisciplinaridade. Essa dinâmica abre espaço para produções de atividades e demonstrações de simultaneidade. Vejamos o exemplo destacado por Albres e Neves (2008, p. 60). Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 2 | Exemplo de simultaneidade. Fonte: Albres e Neves (2008, p. 60). Essas orientações servem de referência e ilustração para que os alunos, “em dupla, discutam sobre a propriedade da simultaneidade. Por exemplo: Aluno A expressa em sinais uma explicação sobre a reprodução das �ores e o Aluno B expressa uma explicação sobre a fotossíntese” (ALBRES; NEVES, 2008). Nesse contexto, o professor pode mostrar duas imagens diferentes que serviram de aporte para debate e contextualização, aumentando a capacidade dos estudantes empregarem novos conceitos. Considerando que um programa escolar atualizado traz benefícios para os envolvidos nesse processo, o professor precisa estar sintonizado com o seu tempo de modo a perceber que, assim como em outras línguas, a Libras também passa por evolução, de acordo com o vocabulário empregado pelas novas gerações de estudantes, região ou o contexto abordado. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Portanto, o comportamento social, a dinâmica das relações, a ousadia e o ímpeto dos estudantes podem demandar maior atenção do professor quanto às mudanças necessárias para saber intervir no processo de aprendizagem e, assim, contribuir não apenas para enriquecer e dar maior aporte linguístico, mas, principalmente, para desenvolver o processo cognitivo. Referentes locais e descrição Para interpretar as disciplinas de ciências, biologia e química em processo de ensino sinalizado, é preciso destacar bem os referentes locais, ou seja, os “nominais podem ser estabelecidos a prior com a indicação de um ponto espacial no espaço de sinalização e execução do sinal” (QUADROS, 1997). Para melhor compreensão em uma aula de ciências e biologia, sobre a cadeia alimentar, os seres produtores, compositores e decompositores, a interação estudantes/professor vai permitir expandir conhecimento sobre o papel de cada ser vivo nessa cadeia alimentar. A produção didática de material em dinâmica de aula, acrescida do aporte de um esquema de cadeia alimentar em equilíbrio e socializada em ensino aprendizagem com os referentes locais utilizados, podem, na interpretação, em comunicabilidade surda, facilitar e delimitar espacialmente os seres. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 3 | Representação de uma cadeia alimentar terrestre. Fonte: Batista (2022). Outro exemplo importante em material didático, a ser compartilhado, diz respeito a um esquema de cadeia alimentar que está em desequilíbrio. A diversidade na forma de apresentar esses materiais vai preencher as lacunas da compreensão de como identi�car os diferentes locais, suas características e o contexto abordado. A diversidade da fauna pode ser abordada para trazer as características e classi�cações de qual reino animal está se tratando: herbívoros, ovíparos, mamíferos, répteis, aves, anfíbios, etc. A apresentação dessas classi�cações em quadros, cartazes, cartolinas, mosaicos, e/ou outros recursos em construção visuais, permite ao estudante um maior entendimento e oportuniza um melhor entendimento dos referentes locais. Quando tratamos da descrição em Libras, há que se levarem em conta as variadas formas de se descrever a aula e o conteúdo. Portanto, não se trata de sinal por sinal, mas do uso dos classi�cadores no desenhar do contexto descritivo de modo a socializar o conteúdo em sua visualidade pedagógica. O professor pode descrever, por exemplo: o corpo humano, ou seja, descrição de sistemas, representando a célula, o tecido, o órgão e o sistema. É oportuno destacar que, quando das explicações, as con�gurações de mãos serão utilizadas para representar a forma e tamanho dos referentes, ou seja, as características, tendo a função de descrever o referente em aspecto de pronomes, de adjetivos, ou até mesmo, os locativos desses referentes para melhor interpretação e entendimento do corpo humano. Para maior re�namento da aula, além da forma como a comunicação é processada pelo ensino, a datilologia, a escrita, os sinais, os referentes locais e, principalmente, as descrições, as atividades e as dinâmicas empregadas, são oportunas para a clareza das aulas. Por exemplo, em Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS uma aula de química, há necessidade de se compreender a tabela periódica, mas como interpretar essas abstrações? Embora abstração seja possível na língua de sinais em contexto, torna-se oportuno – em estratégia de ensino – pensar em localizar, por exemplos, as imagens da formulação grá�ca (blocos, períodos, grupos) e os elementos representados na tabela periódica: os não metais; gases nobres; metais alcalinos; metais alcalino-terrosos; semimetais; halogênios; metais de transição; lantanídeos; actinídeos; e outros. Assim, os estudantes vão identi�cando, conjuntamente os sinalários e as imagens enquanto o professor vai descrevendo as imagens e as siglas. Figura 4 | Tabela ilustrativa dos elementos químicos. Fonte: Borges (2017). Diante do exposto, entendemos que tanto os referentes locais quanto a descrição vão revelando o signi�cado do elemento químico e o formato do sinalário a ser empregado como um registro pelo estudante. Isso permitirá maior interpretação e sistematização cultural surda em perspectiva visual, o que inclui a contextualização em característica transdisciplinar. Descrevendo funções e interpretação de textos Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para aplicar em maior profundidade os conteúdos disciplinares da ciência, da biologia e da química, individualizadas, ou em interações, o modo de descrever os assuntos por meio de recursos didáticos é muito importante. É oportuno destacar que as estratégias para a interpretação serão uma ferramenta indicativa muito útil quando chegar o momento de aplicação prática necessária à cultura surda. Quando o professor explicar o conteúdo fazendo uso de iconicidade, isso signi�ca identi�car a relação entre o uso de verbos icônicos para demonstrar um contexto, “ou uma ideia, ou seja, reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso de recursos de associação com o espaço do corpo que se quer destacar produzindo o sinal nesse ponto de articulação” (ALBRES; NEVES, 2008, p. 65). A iconicidade é uma forma de descrever o sinal e trazer melhor compreensão, por exemplo: o sinal “proteger” é produzido no espaço de sinalização em frente ao peito, no entanto quando se destaca alguma parte do corpo, a explicação precisa ser minuciosa de modo a especi�car onde acontece a proteção, descrevendo suas características e mudanças, ou seja, o ponto de articulação que se quer demonstrar. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 5 | Exemplos de iconicidade. Fonte: Shutterstock. Outro exemplo a ser destacado está relacionado à forma como o professor vai explicar sobre as funções dos órgãos do corpo humano de modo descritivo;por exemplo: descrevendo uma dor de dente; uma dor nas costas; a função dos ossos; a função do cérebro, etc. Mediante os exemplos expostos, os estudantes surdos podem desenvolver o processo de escrita em sua representação de comunicação para que a primeira língua, Libras, seja contemplada. Depois descreverá em segunda língua, o português. Ou seja, em processo de desenvolvimento educacional no qual o bilinguismo se faz presente para proporcionar aos estudantes melhor acesso a comunicação e, sobretudo, espaços para à informação e conhecimento. Por exemplo, quando o texto trata sobre produtos químicos que poluem os rios e causam prejuízos a saúde das pessoas, o professor deve fazer a interpretação do contexto para obter compreensão dos vocabulários em interpretação interlíngua que engloba texto de partida, interpretação, tradução de vocábulos e ponto de chegada por meio do entendimento de cada estudantes. Interpretar textos didáticos para Libras signi�ca, primeiramente, identi�car qual o conhecimento prévio desses estudantes. Não é recomendável texto extenso para que o entendimento não �que disperso; valorizar a cultura linguística em contexto para um papel importante de mensagem. O professor não se deve cobrar o tempo, em prazo, mas identi�car que o tempo é considerado como exercício nos processos mentais, seja de curto em longo prazo. Assim, fazer interpretação adequada signi�ca de�nir em termos de como podemos transliterar para a língua de sinais como legitimidade a cultura linguística surda. Em suma, aplicar na prática a dinâmica de atividades e de interpretação de texto signi�ca desenvolver as formas de compreensão e de mudanças de estrutura; identi�car componentes lexicais e gramaticais para superar o processo de escrita. Videoaula: Ensino de ciência, biologia e química Este conteúdo é um vídeo! Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Nesta videoaula, tratamos do ensino de ciência, biologia e química. Temos a preocupação com a formação compreensiva para os contextos interligados com a realidade vivida por esses estudantes surdos, de modo que a aula lhes dê sentidos e signi�cados para além dos sinais, mas valorizando a visualidade no processo de ensino-aprendizagem, identi�cando a importância das estratégias de ensino, de jogos-didáticos, de materiais lúdicos e, sobretudo, de caminhos para o aprimoramento de conhecimento para aplicar na realidade educativa. Saiba mais Sugerimos acessar os Materiais de ciências do site do Instituto Nacional de Educação de Surdos. Neles, você encontrará diversos conteúdos de aula prática e materiais didáticos de ensino de ciências, biologia e química. Referências https://debasi.ines.gov.br/materiais-did%C3%A1ticos/materiais-de-ci%C3%AAncias Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS ALBRES, Neiva de Aquino; NEVES, Sylvia Lia Grespan. De Sinal em Sinal: Comunicação em Libras para aperfeiçoamento do Ensino dos componentes Curriculares. 1ª edição. São Paulo, 2008. BATISTA, Carolina. Representação de uma cadeia alimentar terrestre. Toda Matéria, 2022. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/cadeia-alimentar/. Acesso em: 07 nov. 2022. BORGES, Gessica. Tabela periódica ilustrada mostra como os elementos são parte da vida cotidiana: Finalmente a resposta para a pergunta “como isso será útil na minha vida?”. B9, 2017. Disponível em: https://www.b9.com.br/76151/tabela-periodica-ilustrada-mostra-como-os- elementos-sao-parte-da-vida-cotidiana/. Acesso em: 07 nov. 2022. CARVALHO, José Wanderson de; MENEZES, Gabrielle Janaina Barros de. O Ensino de Ciências para Surdos: Experiências Visuais. V Congresso Paraense de Educação Especial, 17 a 19 de outubro de 2018 – UNIFESSPA/Marabá-PA. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. O Embate em Torno das Políticas Educacionais para Surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Os Surdos vão à escola no Brasil: Breve Histórico. In: STUMPF, Marianne Rossi; LINHARES, Ramon Santos de Almeida (orgs.). Referenciais para o ensino de Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para surdos na Educação Bilíngue de Surdos: da Educação Infantil ao Ensino Superior, Vol. 1. 1ª edição. Petrópolis: Editora Arara Azul, 2021. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. Surdos Professores: A Constituição de Identidades por meio de novas Categorias pelo Trabalho em Territórios Educativos. Tese de Doutorado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 2022. p. 520. LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de; SANTOS, Lara Ferreira dos (orgs). Tenho um Aluno Surdo, e Agora? Introdução à Libras e Educação de Surdos. São Carlos: EduFSCar, 2013. SILVA, Ivani Rodrguês; KUMADA, Kate Mamhy; AMADO, Beatriz Criteli. Libras, Português e Ciência para Surdos: Re�exões Necessárias para uma Prática Escolar Bilíngue. 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Atribuímos as competências aos pro�ssionais da educação para esta unidade: entrelaçar disciplinas por meio da Libras signi�ca articular as disciplinas de modo dialógico, convergindo para o entendimento amplo, ou seja, repertório para além do aspecto linguístico. É preciso que o professor tenha habilidades necessárias na disciplina em que ministra, para atravessar fronteiras, envolvendo outras áreas do conhecimento aos diversos segmentos de conteúdos temáticos, teórico-práticos. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS É necessário reinterpretar a educação na prática de ensino, no âmbito conceitual em termos estritos de conteúdos, de interpretação e, precisamente, das aplicações práticas de exemplos concretos e de desenvolvimento de competências, a ser realizado na ação, de forma dialógica com os estudantes surdos. Destarte, é oportuno que o professor, em suas habilidades nas aulas práticas em contexto de ensino-aprendizagem, desperte os estudantes surdos de modo a empreenderem maior envolvimento com os conteúdos tanto em perspectivas culturais quanto linguísticas surdas. Vale ressaltar que o material didático ofertado por meio de apostila, ilustrações, sinalários, vídeos e orientações necessárias devem ser elaborados a partir da realidade surda, para os pro�ssionais da educação trabalhá-los com os estudantes surdos. Destarte, estes podem não apenas incorporar os conteúdos, mas desenvolver a competência esperada para buscar solucionar qualquer situação por mais complexa que seja em vista da realidade contraditória em que os surdos estão inseridos social e educativamente. É importante, inclusive, instigar aos estudantes surdos uma ação re�exiva que envolva a realidade complexa, tanto no âmbito social quanto educacional e conteudístico. Nesse sentido, questionamos como entrelaçar as diversas disciplinas por meio da Libras? Em processo de aula prática, a dimensão do português e da literatura está em construir sentidos na formação dos estudantes surdos, no processo de ensino-aprendizagem, no contexto da compreensão do conteúdo explicativo, da leitura, da escrita,da aquisição de aprendizagens de modo entrelaçado. Ou seja, a percepção cultural linguística da Libras, em intermediação de comunicabilidade e de ensino-aprendizagens, fortalece sentido e proporciona re�exões para a prática educativa. Considerar as disciplinas de história, ciências sociais, geogra�a, �loso�a e artes para além da interdisciplinaridade, mas em transdisciplinaridade, subentende-se processar e ressigni�car o conhecimento de modo a estimular e garantir a formação desses estudantes surdos. Em se tratando de matemática e física, não signi�ca somente compreender as questões numéricas, mas a interligação da realidade vivida por esses estudantes surdos com o contexto social e cultural com propósito de aproximações de conteúdos pertinentes às questões de visualidade no ensino-aprendizagem. Ou seja, reconstruir suas práticas de ensino mediante as diversidades desses estudantes para que as estratégias de ensino, de jogos-didáticos, de raciocínio lógico, etc., criem possibilidades de novas maneiras de se aprimorar conhecimentos tanto de quem aprende quanto ao que se aplicar na realidade de ensino. O conteúdo investigado pelas disciplinas de ciência, biologia e química proporciona aos estudantes surdos compreenderem os contextos da vida que desfrutam com os outros seres vivos de modo a trazer sentido para a formação, sobretudo, quando as estratégias de ensino, por meio de materiais lúdicos e pela habilidade do professor no uso de recursos de materiais didáticos e de apoio, consubstancia uma pedagogia libertadora por conta do aporte instrucional que disponibiliza em sala de aula, ou seja, diversos caminhos para o aprimoramento de conhecimento. Videoaula: Revisão da unidade Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Para legitimar o entendimento em revisão da nossa Unidade 4: prática de ensino para surdos em transdisciplinaridade, apresentamos, de forma objetiva, a importância da Libras em perspectiva cultural, para melhor entendimento de ensino-aprendizagem, nas diversas áreas do conhecimento. Assim, a competência de quem ensina e processa o contexto explicativo signi�ca desenvolver formação de conceitos pertinentes para o engajamento de conteúdos programáticos, para com a aplicação em sala de aula. Ou seja, a praticidade de forma dialógica direciona um verdadeiro engajamento de interesses aos estudantes surdos sobre os assuntos abordados. Estudo de caso Para o engajamento da praticidade educativa, em estudo de caso, imagine você, professor de educação básica, ingressante, ao se deparar com: a instituição sucateada, falta recursos de materiais didáticos, ausência de intérpretes de Libras em sala de aula, multiplicidade cultural e linguística de estudantes oriundos de outras regiões e bairros. Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Nesse ínterim, em condição de professor, você conhecerá cada estudante em seu contexto social, cultural, familiar e educativo. A preocupação está sempre em como aproximar-se desses estudantes para estabelecer vínculo, em garantia de credibilidade tanto do seu trabalho como professor quanto da realidade de vivência desses estudantes, ali alocados, em sala de aula. Embora haja diversos estudantes, você, em condição de professor neó�to dessa instituição escolar, aos poucos conhecerá os indivíduos inseridos nesse espaço educativo. Em sala de aula, para o processo de leitura e dinâmica, um estudante começa a ler o texto; no meio da leitura, você interrompe e escreve no quadro e ao mesmo tempo fala e comenta sobre o conteúdo. Para dinamizar a aula, você resolve trabalhar com música em seu contexto histórico, trechos de �lmes e cada qual com suas opiniões e articulações de ideias e opiniões. A �m de dinamizar o conteúdo, você esquematiza em parágrafos o resumo do que foi tratado na aula. Reconhecendo a precariedade institucional, ainda não podemos negar a potencialidade dos estudantes. Entretanto, na condição de professor, observa que há uma estudante quieta e que, em nenhum momento, participou da aula, das conversas e nem dos conteúdos. Quase ao �ndar a aula, você pergunta para a estudante por que ela não está participando? Os demais alunos mencionam que ela é surda! De imediato, você �ca chocado por não ter obtido essa informação com antecedência. Tomado por uma angústia, diante do ocorrido, você percebeu que todo aquele conteúdo, para aquela estudante, não fez nenhum sentido, que não obteve aquisição de conhecimento e de valores, ou seja, tudo o que foi tratado, programado e preparado como roteiro para ser usado, na aula, estava condicionado ao público composto por estudantes ouvintes. Diante dessa realidade, você abordará e contextualizará, em condição de professor, o seu papel na conduta em sala de aula: como compreender a educação bilíngue para os estudantes surdos em uma perspectiva cultural? Qual o papel do professor na prática de ensino para surdos? Como contemplar a metodologia e a didática de ensino para os estudantes surdos? Como processar uma explicação na qual há diferenças entre aquisição e aprendizagem do português para os estudantes surdos? Diante do exposto, você responderá em contexto a esse desa�o proposto, e deverá produzir um texto de 350 a 450 palavras. _______ Re�ita Diante dessa situação-problema, pedimos que veja os quatros vídeos a seguir no canal de Elias Paulino da Cunha Junior no Youtube: Diferenças entre Aquisição e Aprendizagem do Português para alunos Surdos. Metodologia e Didática de Ensino para os Alunos Surdos. Papel do Professor na Prática de Ensino para Surdos. A Educação Bilíngue para Alunos Surdos em uma Perspectiva Cultural. Videoaula: Resolução do estudo de caso https://www.youtube.com/watch?v=2HmYU0OuRGA https://www.youtube.com/watch?v=2HmYU0OuRGA https://www.youtube.com/watch?v=a_CjJODIZWU https://www.youtube.com/watch?v=a_CjJODIZWU https://youtu.be/ayiYoKjYwAQ https://youtu.be/ayiYoKjYwAQ https://www.youtube.com/watch?v=DC28WqsY6qw https://www.youtube.com/watch?v=DC28WqsY6qw Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Embora tenhamos a situação-problema em realidade concreta, em sala de aula, há de se compreender que a questão não se trata somente ao contexto social educativo, mas ao processo cultural-linguístico que permite novos repertórios de conhecimento em partilha, habilidades e competências necessárias por parte do professor em atuação para a resolução de problemas. A resolução de problemas, ao considerar a fragilidade social, cultural, linguística e institucional enquanto estrutura, necessita de aporte de materiais didáticos para pensar a praticidade de ensino, de modo que corresponda aos estudantes e, precisamente, aos surdos, nesse processo pedagógico. O professor, para trabalhar em sala de aula, precisa, com antecedência, preparar o plano de aula, os conteúdos, pesquisar os sinais, contexto sinalizado, conhecer os materiais didáticos tanto em Libras quanto em português; caso não os tenha, oportuno será recriar esses materiais. A questão está em compreender, como o professor prepara o plano de aula que corresponda aos estudantes surdos? Traçar esse itinerário aos futuros formadores de educadores oportuniza a praticidade de ensino, em processo de qualidade cultural e linguística. Para o plano de aula, o professor precisa ter, antes de tudo, o domínio do conteúdo, do assunto e do ensino de formação que se tem para ensinar, assim, há de se considerar o conhecimento necessário que a formação exigiu para fazer valer o conteúdo a quem se ensina. Conhecer a turma é extremamente relevante para compreender o itinerário sociale histórico de cada estudante; assim, socializar experiências e conhecimentos potencializa laços para além da sala de aula, nas percepções de mundo. O fato de haver situações inusitadas, em que a própria formação não lhe garantiu os conhecimentos necessários, por exemplo: sobre cultura indígena, cultura dos quilombolas, cultura surda, etc., signi�ca que a formação deve ser continuada, pesquisada, inovada e repensada para se autorreestruturar com a mudança histórica e social que a engendrou conforme as mudanças curriculares de ensino. Então, os pro�ssionais da educação devem abraçar a causa e enfrentar os desa�os de transformar a educação, propósito pelo qual se responsabilizou. Diante dessas diversidades, conhecer a turma oportuniza dinamizar o tema a ser tratado em sala de aula. Ou seja, o que será trabalhado em sala de aula e/ou o capítulo do livro didático. O tema é fundamental para o processo de ensino-aprendizado; caso haja uma montagem realizada pelo próprio professor, ele deve escolher o que de fato importa para a formação desses estudantes e para a vida! Caso, contrário, tem que seguir a proposta curricular e didática que seja necessário à identi�cação do tema não de modo isolado, mas de forma que o processo explicativo faça sentido tanto quanto ao assunto que será tratado quanto à formação desses estudantes. Não basta apenas obter o tema da aula seguindo o currículo disciplinar ou escolha do tema, mas considerar em objetivo geral a relevância social e/ou educativa, assim, pensar e re�etir a quem se Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS destina o ensino, ou seja, se somente aos estudantes surdos e/ou surdos e ouvintes no processo de ensino-aprendizagens e de que modo buscar contemplar a todos. Por outro lado, quanto aos objetivos especí�cos, como o professor pretende relacionar o conteúdo em sala de aula com a realidade de vida desses estudantes surdos; como convergir às diferenças e diversidades culturais e linguísticas em sala de aula por meio dos conteúdos. Elencar os conteúdos programáticos em topicalização dentro do próprio assunto de aula ou do capítulo, a ser trabalhado em sala, signi�ca programar do que se trata ou a que se refere aquele determinado assunto. Para isso, consideramos um passo necessário para desenvolvimento metodológico o passo a passo da aula em atuação de ensino. Embora o professor tenha os conteúdos programáticos, como roteirização do que se trata daquele capítulo ou do assunto temático, para que de fato as aulas sejam contempladas na prática, ele deve pensar quais os recursos didáticos para o ensino usará em sala de aula, exemplos: fontes documentais de época, fotos, imagens, lousa, mapas, projetor, livros, maquete, �lmes, documentário, jogos interativos, história em quadrinhos, etc., ou seja, a organização desses recursos oportuniza uma boa praticidade de ensino. Assim, em se tratando de praticidade de ensino, no desenvolvimento metodológico devemos fazer as descrições de ações, de forma contextualizada, expondo a dinâmica detalhada em sala de aula, com exemplos para a caracterização de ensino-aprendizagem, ou seja, deverá apresentar o contexto contemplando as diversidades e os aspectos culturais, em sala de aula. Nessa direção, é importante sempre fazer a relação com os autores pesquisados para que o ensino esteja em consonância com as abordagens teóricas e práticas no processo educativo. Então, para facilitar e melhor subdividir a explicação da aula, detalhar a cada momento, passo a passo da/ou das aulas, permite compreender como será a dinâmica e o resultado que se espera obter naquela aula. Assim, o professor precisa decidir na avaliação do aprendizado quais são as atividades e modelos avaliativos que abordará com os estudantes em sala de aula e como pretende avaliar, as expectativas em resposta sobre a prática de ensino e o que se espera desses estudantes, etc. Destarte, para além da língua de sinais, a Libras não é um recurso didático e muito menos um recurso linguístico, mas é próprio processo cultural-linguístico que devemos compreender na dinâmica de ensino-aprendizagem. Diante a essa situação, você elaborará um plano de aula em perspectiva cultural surda de modo transdisciplinar, ou seja, articulando as disciplinas no plano de aula no qual contextualizará: a turma (sala de aula ou série); o tema a ser tratado em sala de aula (título do assunto ou do capítulo do livro didático); objetivos: geral e especí�cos; conteúdos programáticos; os recursos didáticos; desenvolvimento metodológico e avaliação do aprendizado. Escreva de 350 a 450 palavras, contextualizando o plano de aula. Resumo visual Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Fonte: elaborada pelo autor. Referências Disciplina LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS ALBRES, Neiva de Aquino; NEVES, Sylvia Lia Grespan. De Sinal em Sinal: Comunicação em Libras para aperfeiçoamento do Ensino dos componentes Curriculares. 1ª edição. São Paulo, 2008. BATISTA, Carolina. Representação de uma cadeia alimentar terrestre. Toda Matéria, 2022. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/cadeia-alimentar/. Acesso em: 07 nov. 2022. BORGES, Gessica. Tabela periódica ilustrada mostra como os elementos são parte da vida cotidiana: Finalmente a resposta para a pergunta “como isso será útil na minha vida?”. B9, 2017. Disponível em: https://www.b9.com.br/76151/tabela-periodica-ilustrada-mostra-como-os- elementos-sao-parte-da-vida-cotidiana/. Acesso em: 07 nov. 2022. BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma Gramática de Língua de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995. CARVALHO, José Wanderson de; MENEZES, Gabrielle Janaina Barros de. O Ensino de Ciências para Surdos: Experiências Visuais. V Congresso Paraense de Educação Especial 17 a 19 de outubro de 2018 – UNIFESSPA/Marabá-PA. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. O Embate em Torno das Políticas Educacionais para Surdos: Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Jundiaí: Editorial PACO, 2015. CUNHA JÚNIOR, Elias Paulino da. 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