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Resumo de Arte na Idade Média Arte medieval (século V ao XV) Está associada à religiosidade, uma vez que nesse período a Igreja tinha grande poder e influência na vida das pessoas. Assim, o teocentrismo (Deus como centro do mundo) foi a principal característica da cultura medieval. A Idade Média teve início com a queda do Império romano do Ocidente, em 476. Seu fim foi marcado com a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453. Pintura religiosa de 1308. Têmpera sobre madeira Na Idade Média (ou medievo), poucas pessoas sabiam ler. Essa atividade era exclusiva dos membros da Igreja (clero) e dos nobres. Portanto, a arte religiosa da Idade Média tinha o intuito de aproximar as pessoas da religiosidade e apresentar um caráter didático. A principal organização político-administrativa desse período estava baseada no sistema feudal. Nessas grandes extensões de terra, a mobilidade social era inexistente. A sociedade feudal era exclusivamente rural e autossuficiente. A estrutura social era estamental e fixa, dividida em rei, clero, nobreza e povo. Foi nesse contexto que a arte medieval se desenvolveu em diversos campos, como a arquitetura, pintura, música, escultura e literatura. Dois estilos foram predominantes nesse período: o Estilo Românico e o Estilo Gótico. Características da Arte na Idade Média Se dividiu em dois períodos, sendo que possuía características diferentes em cada um deles. No entanto, o principal traço em comum se deu no tema das obras, que eram basicamente religiosos. 1. Arte Românica Faz referência a um estilo que surgiu durante a Idade Média, mais precisamente na Alta Idade Média (entre os séculos XI e XIII). O termo “Românico” está intimamente relacionado com às influências do Império Romano, que dominou durante séculos quase toda a Europa Ocidental. Características da Arte Românica O estilo românico destacou-se na arquitetura, pintura e escultura. Embora tenha tido maior relevância na arquitetura das construções religiosas. Arquitetura Românica Igreja Notre-Dame la Grande de Poitiers, França Na arquitetura românica, podemos destacar alguns elementos característicos, como a horizontalidade, ou seja, as edificações não possuíam estruturas muito altas. Diversas igrejas, mosteiros, conventos e catedrais foram construídas nesse estilo. Havia ainda a utilização das abóbodas, que podiam ser de dois estilos: as de berço e as de arestas. As abóbodas de berço eram mais simplificadas, baseavam-se em uma estrutura em semicírculo chamada arco pleno. Por conta de algumas desvantagens nesse tipo de construção, como a pouca luminosidade e riscos de desabamento, foi criado um novo estilo, a abóboda de arestas. Nela, duas abóbodas de berço eram apoiadas sobre pilares, em ângulos retos. Dessa forma, conseguiram criar ambientes melhor iluminados e mais seguros. À esquerda, estrutura da abóboda de berço. À direita, abóboda de arestas Podemos sinalizar ainda outras particularidades, como as paredes grossas e um interior pouco adornado. Além disso, as plantas das construções românicas tinham formato de cruz e eram construções sólidas feitas em pedra. Apresentavam ainda poucas janelas e aberturas e tinham geralmente uma porta principal, a de entrada. Por conta de sua grandiosidade e solidez, foram chamadas de "fortalezas de Deus". Pintura românica no altar da Igreja de Santa Maria de Aviá em Barcelona, Espanha Temas bíblicos e religiosos marcam a pintura românica. Geralmente, essas pinturas adornavam as igrejas e catedrais da época. Era utilizada a técnica do afresco, em que a pintura era feita sobre uma parede úmida. Diversos murais, iluminuras e tapeçarias surgem com temas religiosos. Feitas em cores vivas e fortes, elas preenchiam as paredes dos templos religiosos. Isso porque na Idade Média, poucos sabiam ler e escrever e, assim, essas pinturas serviam de “alfabetização religiosa” para os mais leigos. Como características principais da pintura desse período, temos a deformação e o colorismo, a saber: · Deformação: para transmitir os sentimentos religiosos, as figuras nem sempre eram produzidas nas proporções certas. Assim, Jesus poderia ser retratado maior do que as outras personagens para trazer a noção de magnitude. · Colorismo: aplicação de cores puras, sem meios-tons e preocupação com jogos de luz e sombra. Escultura Românica Escultura românica no tímpano da Catedral de São Lázaro em Autun, França Da mesma forma que na pintura românica, as esculturas românicas eram produzidas para adornar os locais sagrados. Por isso, a grande temática girava em torno da religiosidade, visto que nesse período o teocentrismo (Deus como centro do mundo) foi uma forte característica. Eram esculturas anti naturalistas e normalmente representadas por figuras entalhadas nas paredes das igrejas. Alguns relevos também enfeitavam as fachadas. Na última fase da arte românica é possível encontrar um estilo mais realista nas esculturas. 2. Arte Gótica A arte gótica foi uma expressão artística da Baixa Idade Média (século XII) que perdurou até o Renascimento. Denominada de arte das catedrais, ela era realizada nas cidades. Foi uma reação ao estilo românico e pretendeu rivalizar com os mosteiros e basílicas que eram construídas no campo. Isso porque nesse momento, as cidades começaram a crescer por conta da economia fundamentada no comércio. Anteriormente, as vivências coletivas estavam concentradas no campo e os mosteiros consistiam nos locais de desenvolvimento intelectual e artístico. A Catedral de Milão, na Itália, é um exemplo de arte gótica O marco histórico desse movimento ocorreu nas imediações de Paris, quando a Abadia Real de Saint-Denis foi construída, entre os anos de 1137 e 1144. Essa basílica é considerada a primeira edificação com características da arte gótica, como sua fachada com três portais que levam às três naves dentro da igreja. Abadia da Saint-Denis, na França (cerca de 1140) é considerada o marco da arte gótica Posteriormente, a Arte Gótica irá se expandir para Inglaterra, Alemanha, Itália, Polônia e Península Ibérica. Contudo, esta arte grandiosa somente foi possível após a solidificação das monarquias. Isso permitiu o desenvolvimento comercial e urbano, levando ao desenvolvimento das rotas comerciais e favorecendo, ainda mais, o crescimento das cidades. Os recursos para obras tão magníficas eram obtidos mediante a contribuições dos fiéis, principalmente daqueles que compunham a burguesia em ascensão. Portanto, a Arte Gótica marca o triunfo das cidades, onde a Igreja percebe ter o apoio de uma grande parcela dos fiéis, para quem irá construir catedrais. Elas representavam símbolos do poder político da Igreja e econômico da burguesia. Serão as catedrais a exaltarem a beleza do ideal divino, por meio de uma harmonia permeada pela religiosidade. Origem do termo gótico Quando foi criado, esse estilo artístico não era intitulado "gótico". O termo foi criado posteriormente, quando o renascentista Giorgio Vassari se referiu de maneira pejorativa à esse tipo arte, no século XVI. Ele traça um paralelo com os godos, povo bárbaro que invadiu e destruiu Roma, em Dessa forma, ele expressa sua rejeição a esse gênero de arte. Mais tarde o termo foi incorporado, perdeu o caráter aviltante e ficou relacionado à arquitetura dos arcos curvilíneos. Arquitetura Gótica Catedral gótica em Canterbury, Inglaterra A arquitetura gótica é o resultado dos avanços técnicos obtidos pelas corporações de construtores. Eles conseguiram dominar a geometrização e suas relações matemáticas com um objetivo muito claro: a verticalidade, visto que buscavam um direcionamento para o céu. A arquitetura foi a principal expressão da arte gótica e a ela estará atrelada à pintura e à escultura. A desmaterialização das paredes, agora mais finas e leves, bem como a distribuição da luz no espaço, possibilitada por um número maior de vãos e janelas, permitiu um espaço mais livre e luminoso. A luz mística e a grandiosidade constituem o veículo para comunhão com o divino. O arco em ponta e a rosácea - também chamada de mandala- serão atributos continuamente presentes nesse estilo arquitetônico, o qual busca substituir o horizontalismo românico pela verticalidade gótica. Rosácea no interior da Abadia de Saint- Denis (França) Escultura Gótica A escultura gótica também expressa o desejo de verticalidade. Contudo, esboça também o naturalismo capaz de atribuir movimento e vida às esculturas, as quais são, quase sempre, um complemento à arquitetura. À esquerda, escultura de Giovanni Pisano (1305). À direita, O Cavaleiro, autoria desconhecida, cerca de 1235, na Catedral de Bamberg (Alemanha). Também era comum a presença de esculturas de monstros ou figuras humanas nos telhados das igrejas góticas, a fim de escoar as águas pluviais. Essas representações são intituladas gárgulas. As gárgulas eram esculturas colocadas nas construções góticas a fim de escoar as águas pluviais Pintura Gótica A pintura gótica irá se delinear claramente em meados de 1350, quando terá lugar fora da arquitetura, à qual adornava murais, afrescos e vitrais. De toda forma, ela buscou transmitir o mesmo naturalismo e simbolismo religioso da escultura e da arquitetura. Afresco A lamentação (1306), pintado por Giotto di Bondone, na Capela de Scrovegni, Pádua, Itália Os vitrais, pedaços coloridos de vidro unidos por chumbo, tinham como objetivo emocionar o expectador e ensiná-lo sobre a religião católica. De forma mais autônoma, a pintura irá se desenvolver nas iluminuras dos manuscritos, onde o volume irá se aproximar das formas escultóricas que adornam a catedral. É muito comum, nessas pinturas, a substituição da luz por fundos dourados, bem como a figuração de personagens religiosos com pouco volume. Podemos citar como grandes expoentes da pintura gótica o italiano Giotto di Bondone (1267-1337) e o holandês Jan Van Eyck (1390-1441). 3. Arte Bizantina A Arte Bizantina é uma arte cristã que surge no período em que o Cristianismo passa a ser reconhecido como religião. Jesus, considerado uma ameaça para o Império Romano, foi perseguido e morto pelos romanos. Após sua morte, seus adeptos se escondiam em catacumbas para rezar, pois continuaram sendo perseguidos. Até que em 313 o imperador Constantino outorgou o Édito de Milão, que proibia a perseguição aos cristãos e, então, o Cristianismo começa a crescer. Surgem assim, as igrejas cristãs e um novo estilo de arte, a Arte Bizantina. Arte Paleocristã e Arte Bizantina A Arte Bizantina se contextualiza na Arte Paleocristã, que tem origem nas expressões artísticas dos convertidos na fé em Jesus Cristo. Eram manifestações feitas especialmente através das pinturas nas catacumbas e nos sepulcros. Pintura paleocristã na Catacumba de Santa Priscila, Roma, séc II A Arte Bizantina, por sua vez, surge após a aceitação do Cristianismo e, assim, revela a exuberância de uma arte que pretende ser vista, divulgada e que tinha como propósito instruir os devotos, neles incutindo a devoção ao Cristianismo. Desse modo, a Arte Bizantina pode ser considerada o primeiro estilo de arte cristã. Características e Manifestações da Arte Bizantina Em decorrência do período histórico, a Arte Bizantina expressa especialmente o caráter religioso. Além disso, o imperador era uma figura de referência sagrada uma vez que desempenhava o seu papel de governante em nome de Deus, tal como era propagado na época. Assim, muitas vezes se encontra mosaicos que retratavam o imperador e sua esposa entre Jesus e Maria. Os artistas da época não tinham liberdade para se expressar, não podiam usar sua criatividade; deviam apenas cumprir com a elaboração da obra, tal como lhes era solicitado. Podemos, dessa forma, destacar as seguintes características da arte bizantina: · Caráter majestoso que demostra poder e riqueza; · Ligação direta com a religião católica; · Demonstração clara da autoridade do imperador - ao considerá-lo sagrado; · Frontalidade - representação das figuras em posição frontal e rígida; Deste modo, Constantinopla viu muitos dos seus artistas migrarem para o Império Romano do Ocidente, cuja capital era Roma. Arquitetura Bizantina Basílica de São Vital, em Ravena, Itália O imperador mandou construir igrejas onde os convertidos pudessem se reunir para rezar. A arquitetura se destaca como expressão artística desse período pela construção de grandes e ricas igrejas, na verdade basílicas, dada a sua amplitude e riqueza expressa no revestimento de ouro e decoração com mosaicos. Os exemplos mais conhecidos de arquitetura da Arte Bizantina são: · As Basílicas de Santo Apolinário e São Vital, em Ravena; · A Igreja de Santa Sofia, em Istambul - obra da autoria do matemático Antêmio de Tralles e de Isidoro de Mileto, cuja construção foi feita entre os anos 532 e 537; · A Basílica da Natividade, em Belém - construção ordenada pela mãe do imperador Constantino na cidade onde Jesus nasceu. Foi construída entre os anos 327 e 333 e incendiada cerca de dois séculos depois. Igreja de Santa Sofia, Istambul, Turquia. Construída para agradar as classes mais abastadas Pintura Bizantina A predominância dos temas religiosos dá destaque às pinturas feitas nas igrejas. Nessa época foi criado o ícone, uma vertente da pintura bizantina. Ícone em grego significa imagem e nesse contexto representavam personagens religiosas como a Virgem e Cristo, além de santos. Uma das técnicas bastante utilizadas pelos pintores bizantinos foi a têmpera, que consiste em preparar os pigmentos junto a uma goma feita de material orgânico (como a gema de ovo) a fim de fixar melhor as cores à superfície. Os ícones eram encontrados sobretudo nas igrejas, entretanto era possível também encontrá-los nos ambientes familiares, em oratórios. Foi na Rússia que essa expressão teve maior reconhecimento, principalmente na região de Novgorod. Foi lá que viveu o renomado artista André Rublev, no início do século XV. Ícones de André Rublev. À esquerda, Solenidade da Santíssima Trindade; à direita, Nossa Senhora da Misericórdia Iconoclastia e Arte Bizantina A pintura, todavia, não foi muito além do contexto religioso, uma vez que no Império Bizantino surgiu um movimento chamado de iconoclastia. Segundos os iconoclastas, figuras humanas não podiam ser adoradas, pois a adoração cabia apenas a Deus. De acordo com a prática monoteísta a veneração dos santos consistia no pecado da idolatria. Assim, para acabar com o culto a figuras humanas, o imperador proibiu a reprodução de toda representação humana, ordenando, inclusive, a destruição das obras artísticas que existissem nessas condições. Mosaico Bizantino Exemplo de mosaico bizantino Os mosaicos foram bastante destacados no período e constituem a expressão máxima da arte bizantina, atingindo nesse momento a mais impecável realização. Entre outras coisas, eles retratavam o imperador, bem como profetas. Eram aplicados no interior das igrejas e exibiam cores intensas e materiais nobres que refletiam a luz, concedendo suntuosidade aos templos. Eram criados a partir de pequenos pedaços de pedras em cores distintas, colocados sobre cimento fresco em uma parede e que compunham, assim, um desenho. 4. Arquitetura Medieval A arquitetura medieval foi desenvolvida durante o período da Idade Média, ou seja, entre os séculos V e XV. Foi um longo período da história em que prevaleceu os estilos românico e gótico. Uma vez que a Idade Média esteve essencialmente controlada pela religião e o poder da Igreja, as obras arquitetônicas religiosas cristãs dessa época expressam essa caraterística, com diversas construções como igrejas, catedrais, basílicas, mosteiros, dentre outros. Além disso, muitos castelos foram erigidos no contexto feudal e teocêntrico do medievo. Características As principais características da arquitetura medieval são: · Temas religiosos · Arte monumental · Estilo românico · Estilo gótico · Uso de arcos e abóbodas Estilo Românico Igreja Notre-Dame la Grande de Poitiers, França O estilo românico surgiu na Itália e na França e se desenvolveu na Alta Idade Média (entre os séculos XI e XIII) na Europa. As construções, geralmente feitas empedra, agregavam algumas características singulares como por exemplo: grande espessura de paredes, pouca iluminação interior com a presença de poucas janelas. As igrejas eram construídas em formato de cruz e possuíam um único portal de entrada. O interior era pouco ornado e havia a presença do uso de abóbadas e arcos de volta-perfeita Em relação ao estilo gótico, a arte românica apresentava um caráter mais austero e inflexível com planos maciços e fortes donde suas construções seguiam o padrão da horizontalidade. A arte românica recebe esse nome uma vez que suas construções estiveram inspiradas no estilo desenvolvido durante o império romano. Estilo Gótico Paralelo ao estilo românico, o estilo gótico surgiu na França e teve um papel preponderante na cultura medieval. Se desenvolveu entre os séculos XII e XV, denominado de Baixa Idade Média. As construções arquitetônicas góticas são majoritariamente altas, ou seja, nota-se uma forte presença da verticalidade, em detrimento da horizontalidade românica, o que indicava a necessidade de permanecer cada vez mais perto de Deus. Diversas igrejas foram erigidas no estilo gótico e muitas permanecem até os dias atuais, marcando esse período da história da arte. Por esse motivo, a arte gótica é lembrada como a “Arte das Catedrais”. Basílica de Saint Denis, na França Outros fatores determinantes e que se distanciam da arte românica são: · a espessura das paredes, uma vez que surgem mais finas e leves; · o aumento do número de janelas e vãos nas construções, que permitiam a maior entrada da luz; · o aumento do número de portais de entrada, cerca de três em cada construção; · o arco também se diferenciava com o uso do arco de volta-quebrada e as ogivas. Vale lembrar que a disseminação dos vitrais nas igrejas góticas também facilitou a entrada de luz além de adornar o interior das construções. A primeira construção que aponta para o nascimento do estilo gótico na Europa é a Basílica de Saint-Denis, na França. 5. Arquitetura Gótica no Brasil Antes de mais nada, devemos salientar que durante a Idade Média não foram erigidas no Brasil construções de estilo gótico. Portanto, quando falamos de “gótico no Brasil” estamos nos referindo ao “neogótico”. Esse estilo surgiu em fins do século XIX e esteve inspirado na arte gótica do medievo. Catedral da Sé, em São Paulo No Brasil, as principais construções que carregam características desse estilo são: · Catedral da Sé (SP) · Catedral de Santos (SP) · Catedral Nossa Senhora da Boa Viagem (MG) · Igreja do Santuário do Caraça (MG) · Catedral Metropolitana de Fortaleza (CE) · Catedral Metropolitana de Vitória (ES) · Catedral de Petrópolis (RJ) · Palácio da Ilha Fiscal (RJ) image6.jpeg image7.jpeg image8.jpeg image9.jpeg image10.jpeg image11.jpeg image12.jpeg image13.jpeg image14.jpeg image15.jpeg image16.jpeg image17.jpeg image18.jpeg image19.jpeg image20.jpeg image1.jpeg image2.jpeg image3.jpeg image4.jpeg image5.jpeg