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SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Glauber Rogério Barbieri Gonçalves Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 G643s Gonçalves, Glauber Rogério Barbieri Sistemas de informação [recurso eletrônico] / Glauber Rogério Barbieri Gonçalves ; [revisão técnica: Jeferson Faleiro Leon]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. ISBN 978-85-9502-227-0 1. Computação. 2. Sistemas de Informação. I. Título. CDU 004.78 Revisão técnica: Jeferson Faleiro Leon Graduado em Desenvolvimento de Sistemas Especialista em Formação Pedagógica Sistemas especialistas, sistemas de apoio à decisão e sistemas executivos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar os sistemas de informação. � Compreender a importância dos sistemas de informação para a to- mada de decisão. � Reconhecer os sistemas de apoio a decisão. Introdução O mundo competitivo está cada vez mais exigindo tomadas de decisão rápidas e assertivas, o espaço para erros é muito pequeno. Partindo da ideia que hoje o mundo tem muitas informações para processar, o desafio é processar as informações corretas, afinal você pode consultar várias fontes, mas não ter a certeza de qual a correta ou fundamental. Há então que se ter um mecanismo que auxilie nessa escolha, pois uma escolha errônea pode colocar tudo a perder. Com o passar do tempo, os sistemas de auxílio foram evoluindo e estão a nossa disposição para uso e uma melhor tomada de decisão. Que tal explorar esses sistemas? Neste texto, você irá estudar os sistemas de informação e de apoio à tomada de decisões, bem como compreender a grande importância desses sistemas para as empresas e as pessoas que estão à frente da tomada de decisão. Sistemas de informação Desde o século passado, principalmente na última metade, a humanidade evoluiu muito em praticamente todos os aspectos. As invenções mudaram a forma como conhecemos o mundo hoje e, é claro, que a área da informação não poderia ficar de fora, afinal, a cada dia necessitamos de mais informações para realizarmos nossas tarefas. Os sistemas de informação são os conjuntos organizados de elementos, podendo ser pessoas, dados, atividades ou recursos em geral. Esses elementos interagem entre si para o processamento de informações para depois, de alguma forma, divulgar essas informações processadas, Entre os sistemas de informação, destacam-se três: sistemas especialistas, sistemas de apoio à decisão e sistemas executivos, que são os sistemas de informação que você vai estudar neste texto. Sistemas especialistas Os chamados sistemas especialistas são programas que auxiliam na resolução de problemas complexos e que precisam, para sua solução, de um maior com- binado de informações. De acordo com o autor Feigenbaum apud Harmon e King (1988) o sistema especialista, também conhecido pela sigla SE, “[...] é um programa inteligente de computador que usa conhecimentos e procedimentos inferenciais, para resolver problemas muito complexos, de forma a requererem para sua resolução muita perícia humana.”. Os sistemas especialistas fazem então a interface da base de dados das informações sobre os conhecimentos afins, correlacionando essas informa- ções com a figura do ser humano, que esta buscando a solução para algum problema, eles não substituem o ser humano, mas sim efetuam a análise de maneira similar vindo a auxiliar nas decisões. Os sistemas especialistas normalmente são compostos por uma linguagem de expressão fornecida pelos especialistas, com uma boa base de conheci- mentos armazenada e um programa de acesso a esses dados. Assim, eles conseguem suprir a figura de um especialista para auxiliar os usuários na solução de problemas. Classificação dos sistemas especialistas Os sistemas especialistas receberam ao longo do tempo inúmeras classificações, você verá a seguir as mais citadas. Interpretação: sistemas que são utilizados para procurar e determinar relações e significados com base na análise de dados. Têm mecanismos que permitem tratar dados errôneos ou distorcidos ou até mesmo ausentes. Sistemas especialistas, sistemas de apoio à decisão e sistemas executivos110 Diagnósticos: sistemas que podem detectar falhas oriundas das análises de dados, eles têm internamente o sistema de interpretação de dados, com isso, permitem ao diagnosticador decidir sobre quais medidas tomar. Monitoramento: sistema que monitora o comportamento e avisa sobre eventuais falhas. Essa rotina é executada continuamente, sobre um compor- tamento esperado dentro de limites estabelecidos, qualquer sinal diferente deverá ser tratado para a correta interpretação. Predição: sistema utilizado para a projeção de dados futuros, de acordo com uma base de dados de acontecimentos passados e coleta de dados do presente. Podemos chamar essa fase de cenarização, ou seja, o sistema a partir da análise do comportamento dos dados utiliza raciocínios hipotéticos para essas projeções futuras, sempre se baseando na variação dos dados que estão entrando. Planejamento: sistema utilizado em primeiro plano para preparar ações a serem tomadas para que sejam alcançados os objetivos propostos. Esse sistema deve ser capaz de enfocar os aspectos mais importantes e classificar em ordem de importância os problemas para que os objetivos finais sejam alcançados. Ele tem características parecidas com as do sistema de predição e opera com grandes e complexos problemas. Projeto: sistema utilizado para preparação e/ou acompanhamento da execução de projetos, realizando o acompanhamento das suas etapas, suas características são parecidas com as dos sistemas de planejamento, pois devem produzir especificações que levem ao alcance dos objetivos propostos. Ele é capaz de apresentar uma visão global do projeto e do status de realização, podendo auxiliar para eventuais alterações de cronogramas. Depuração: auxilia no fornecimento de soluções para o mau funcionamento provocado, por exemplo, uma distorção dos dados cadastrados. Tem rotinas para que, de forma automática, verifique as diversas partes componentes para ir validando o sistema como um todo. Reparo: após a etapa de diagnóstico o sistema de reparo faz as modificações necessárias para a melhoria do processo. Instrução: é utilizado para verificação e correção de comportamento de aprendizado, e incorpora como subsistema um sistema de diagnóstico e de reparo. O sistema de instrução é focado no estudante, portanto seu funciona- mento consiste em ir interagindo com o treinando. Controle: normalmente são sistemas que apresentam controle sobre outros sistemas; é o mais complexo, pois sua base de consulta avalia todos os dados disponíveis. 111Sistemas especialistas, sistemas de apoio à decisão e sistemas executivos Ferramentas para construção de sistemas especialistas As ferramentas para construção também podem ser chamadas de linguagens de programação que são utilizadas para a implementação. A seguir você verá as principais linguagens: � LISP: utilizada pelos norte-americanos nos programas de inteligência artificial, é bastante experimentada e bem confiável. � PROLOG: utilizada pelos europeus, tem seus princípios na lógica e na matemática, hoje já esta sendo substituída pelo JAVA. � JAVA: criada na década de 1990, é orientada a objetos (comportamento dos objetos determinados por classes) e compilada em bytecode, que posteriormente são processadas. Arquitetura dos sistemas especialistas Os sistemas especialistas tem uma arquitetura própria que você verá na Figura 1. O esquema mostra como são as correlações dos componentes desses sistemas, mostrando o caminho que as informações percorrem desde o especialista até o usuário final. Figura 1. Estrutura da arquitetura de um sistema especialista. Fonte: Pamphylio (2014). Sistemas especialistas, sistemas de apoio à decisão e sistemas executivos112 O Quadro 1 mostra em detalhe os módulos da arquitetura de um sistema especialista.Base de conhecimentos É o modulo básico do sistema, contém o seu conhecimento sob a forma de regras de produção, quadros e redes semânticas. Máquina de inferência Contém o interpretador de regras e o escalonador de regras. Quadro negro É a área de trabalho, contendo informações e fatos e estruturas de suporte ao funcionamento do sistema, quando ele efetua os raciocínios. Sistema de justificação Contém os questionamentos dos usuários, por exemplo, pode responder a perguntas do tipo “Como chegou a esta conclusão?” Mecanismos de aprendizagem Apresenta recursos que permitem fazer acréscimos e alterações na base de conhecimentos. Sistema de aquisição de conhecimento Dá condições do sistema ampliar e alterar seu conhecimento, é a parte crítica de qualquer sistema especialista. Sistema de consulta Interface do sistema com o usuário. Processador de linguagem natural Torna ao usuário o sistema transparente em toda a sua complexidade, trazendo a linguagem ao nível do usuário para que o processo fique mais fácil. Quadro 1. Módulos da arquitetura de um sistema especialista. Fases para o desenvolvimento dos sistemas especialistas Pode ser desenvolvido em seis fases, conforme apresentado no Quadro 2, sendo que a aplicação depois de confeccionado está presente nas mais diversas áreas do conhecimento e nomes diferentes serão encontrados, por exemplo, na área jurídica pelo nome de JUDITH, na agricultura pelo POMME, engenharia pelo REACTOR, na física pelo GAMMA, entre muitos outros. 113Sistemas especialistas, sistemas de apoio à decisão e sistemas executivos Fases Ponderações Identificação Identificar os participantes do projeto, os recursos necessários e as características do problema e quais objetivos serão alcançados. Conceituação Definir a base conceitual do sistema especialista (quais recursos básicos necessários para descrever o problema). Formalização Envolve a expressão de conceitos e de relações-chaves, buscando identificar as estruturas de armazenamento de dados. Implementação Edição do conhecimento e a implementação dos programas que serão processados. Teste e avaliação Realizar os testes no protótipo desde a fase inicial até a fase final. Revisão Processo contínuo que acompanha todo o desenvolvimento do programa, objetiva alterar e melhorar os aspectos abordados e observados na fase de avaliação. Quadro 2. Fases de desenvolvimento de sistemas especialistas. Sendo assim, podemos observar que os sistemas especialistas podem trazer inúmeros benefícios as nossas vidas, sejam no trabalho ou em nossa vida pessoal, pois eles vêm colaborar e fornecer maiores dados na tomada de decisão, não substituem a análise do ser humano, mas sim dão mais velocidade ao complexo mundo das muitas informações. Para entender quando usar esses sistemas você tem que perceber que, quando um problema não pode ser algoritimizado por você, ou que a solução demore muito a ser processada, é o momento ideal para utiliza-los. Sabendo que os sistemas especialistas podem ser a solução, pois tem em seu mecanismo a premissa dos processos heurísticos internamente apoiados na experiência profissional de um especialista em determinada área, isso torna a solução de problemas mais acessível. Sistemas especialistas, sistemas de apoio à decisão e sistemas executivos114 Shell’s são ferramentas computacionais que utilizam técnicas de inteligência artificial para geração automática de sistemas especialistas. Os projetos têm como objetivo a construção de um ambiente computacional (Shell) para desenvolvimento de sistemas especialistas, empregando técnicas e algoritmos de inteligência artificial, permitindo ao Engenheiro do Conhecimento (especialista) a formalização e a representação se seu conhecimento de uma determinada área do saber. Sistemas de apoio à decisão Na atualidade, para permanecerem no mercado, as empresas buscam cons- tantemente mecanismos de apoio, o tempo não pode ser perdido e tem que ter retorno rápido, como você sabe a informação é fundamental nesse processo, afinal quem detém a informação sai na frente nessa corrida. Veremos agora o sistema de apoio à decisão (SAD) que faz então parte do conjunto de sistemas de informações que auxiliam as empresas no mundo todo. Normalmente, eles são encontrados no nível estratégico, pois regem as ações de planejamento. Um breve histórico sobre o SAD nos remete a duas grandes áreas de pesquisa: o estudo teórico da tomada de decisões nas organizações, realizado no Instituto de Tecnologia de Carnegie, no fim dos anos de 1950 e início dos anos de 1960, e os trabalhos técnicos em sistemas computacionais interativos, realizados pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) também nos anos de 1960. É de comum acordo que esses estudos sobre o conceito dos SAD se tornou área de pesquisa nos anos de 1970, avançando a década de 1980 com mais vigor. Ele passou pelo estudo dos sistemas de informação executiva (EIS, Executive Information System), sistemas de apoio à decisão de grupo (GDSS, Group Decision Support System), e sistemas de apoio à decisão organizacionais (ODSS, Organizational Decision Support Systems), envolvendo um único usuário e o SAD orientado à modelagem. Nos anos de 1990, já consolidado, abrigou os conceitos de data warehouse e processamento analítico on-line (OLAP, On-Line Analytical Processing). Na sequência, teve incremento das novas aplicações analíticas baseadas na web. Como esses sistemas de informação são flexíveis, o empresário passou a ter confiança na sua utilização, tanto para as complexas análises de planejamento 115Sistemas especialistas, sistemas de apoio à decisão e sistemas executivos como também para as tarefas rotineiras e, com isso, passou a ganhar tempo para resolução de problemas. Hoje eles são utilizados em todos os níveis dentro das empresas, na Figura 2 você pode observar os níveis de decisão da empresa e verá que a informação permeia por todos e que em todos devemos ter decisões rápidas para que um pequeno problema não fique maior e demande mais energia para a sua solução. Figura 2 Níveis de decisão das empresas. Fonte: Mapa da Prova (2013). Alguns autores trazem os SADs no nível tático, no qual são tomadas as decisões em nível gerencial, porém, atualmente, eles estão presentes em todos os demais níveis. A informação não é mais exclusiva da área estratégica, hoje ela tem livre acesso em todos os níveis, pela necessidade de agilidade e rapidez. Para fixar a diferença entre os níveis, você deve lembrar que, no nível estratégico são determinados os objetivos da organização; no nível tático, as decisões a nível gerencial, abaixo das estratégicas, sendo essas normalmente tomadas pela gerência média, conhecidos no Mercado como os gerentes de divisão ou de departamento; e, por fim, o nível operacional, que é o responsá- vel pela produção, pelo dia a dia da empresa realizando as tarefas que foram idealizadas pelo planejamento e buscando sempre cumprir os objetivos e metas propostas. Os sistemas de apoio à decisão configuram, então, uma das principais categorias de sistemas de informação gerencial, pois atuam diariamente dentro dessas organizações. Para seu pleno funcionamento eles utilizam os modelos analíticos, os bancos de dados especializados, as entradas e Sistemas especialistas, sistemas de apoio à decisão e sistemas executivos116 percepções do utilizador e processos interativos de modelagem, baseados em computador para o apoio na tomada de decisões, sejam elas semiestruturadas ou não estruturadas. Modelos e software de DSS Os sistemas de apoio à decisão utilizam a “base de modelos” e também os bancos de dados como recursos chave. Uma base de modelo DSS é um com- ponente de software que consiste em modelos utilizados em rotinas compu- tacionais e analíticas que expressam matematicamente uma lógica entre as diversas variáveis analisáveis, buscando com isso uma análise pautada na racionalidade. São projetados para seremsistemas ad hoc de resposta rápida, que são iniciados e controlados pelos usuários gerenciais. Esses usuários normalmente não utilizam um só sistema, mas sim um pacote de software DSS em sua estação de trabalho para realizar as consultas, providenciar respostas a demandas e emitir comandos, os quais irão solucionar os problemas apresentados. A utilização fica on-line, mas não apenas geram relatórios, são utilizados na imediata proposta de solução a problemas, o pensamento é proativo e não reativo. Para isso um DSS apresenta quatro tipos básicos de atividades em sua modelagem analítica, que você pode conferir no Quadro 3. Análise do tipo What If Nesse tipo de análise o usuário final introduz mudanças nas variáveis ou relações entre elas, observando as mudanças resultantes nos valores de outras variáveis correlacionadas. Análise de sensibilidade Trata-se de um caso especial de análise supositiva, em que o valor de uma única variável é alterado repetidas vezes e as mudanças ocasionadas em outras variáveis são observadas uma a uma. Sendo assim a análise de sensibilidade é, na verdade, um caso de análise supositiva envolvendo mudanças repetidas em apenas uma variável de cada vez. Os usuários a utilizam quando estão ou ficam em dúvida quanto às premissas assumidas na estimativa do valor de certas variáveis-chave. Quadro 3. Tipos de modelagem analítica de DSS. (Continua) 117Sistemas especialistas, sistemas de apoio à decisão e sistemas executivos Aplicações do sistema de apoio à decisão Como podemos observar, esses sistemas têm ampla possibilidade de utili- zação, os meios empresarias nas suas mais diversas formas podem se bene- ficiar de sua praticidade em auxiliar na solução de problemas. Estes podem teoricamente andar sobre qualquer área do conhecimento, por exemplo, na área da medicina, indústria e agricultura, também muito utilizados nas áreas econômico-financeiras. Para exemplificar, citamos a decisão para diagnósticos médicos, análise financeira em bancos para concessão de crédito, projeto de prédios na cons- trução civil que buscam a otimização dos materiais utilizados gerando menos sucata, entre outras tantas aplicações. Esses sistemas têm ainda muitas aplicações que podem ser descobertas, fica a você um desafio de aprofundar-se no tema e usar sua criação para desenvolver soluções que possam ainda mais auxiliar as empresas na tomada de decisão, facilitando o gerenciamento das ações pelos gerentes e demais colaboradores das empresas. Análise de busca de metas Esse tipo de análise inverte a direção da análise realizada na análise supositiva e na análise de sensibilidade. Ela não busca observar como as mudanças em uma variável afetam outras variáveis, mas sim fixa um valor alvo para uma variável e, em seguida, altera repetidas vezes as outras variáveis, até que o valor alvo seja alcançado. Análise de otimização Trata-se de uma extensão mais complexa da análise de busca de metas. Ela não fixa uma variável para um valor específico, mas em como encontrar o valor ótimo para uma ou mais variáveis-alvo, dadas certas limitações. Após, muda-se uma ou várias outras variáveis repetidas vezes, sujeitas às limitações especificadas, até que sejam descobertos os melhores valores para as variáveis-alvo. Quadro 3. Tipos de modelagem analítica de DSS. (Continuação) Sistemas especialistas, sistemas de apoio à decisão e sistemas executivos118 Os SAD também têm uma conexão com o paradigma de interface do hipertexto. Ambos os sistemas PROMIS (para tomada de decisões médicas) da Universidade de Vermont e ZOG/KMS de Carnegie (para tomada de decisões militares e comerciais) eram sistemas de apoio à decisão com o maior aprofundamento de pesquisa em interface com o usuário. Os sistemas são suporte para diferentes estruturas de problemas, que podem variam em problemas altamente estruturados (os problemas diretos, que requerem fatos em relacionamentos conhecidos) ou problemas semiestruturados (mais complexos, pois podem ter uma interface entre dados em diversos formatos e podem ser difíceis de manipular ou obter). Sistemas de informação executiva Os sistemas de informação executiva (SIE) são os sistemas que combinam muitas características dos sistemas de informação gerencial e dos sistemas de apoio à decisão. Esses sistemas normalmente estão presentes na tomada de decisão da alta direção em uma empresa, são utilizados para a tomada de grandes decisões empresariais, auxiliando na obtenção de resultados esperados e solicitados pelo planejamento estratégico. Segundo os autores Pozzebon e Freitas (1996, p. 29) o SIE “[...] é uma solução em termos de informática que disponibiliza informações corporativas e estratégicas para as decisões de uma organização, de forma a aperfeiçoar sua habilidade para tomar decisões de negócios importantes.”. Antigamente, para a tomada de decisão os executivos faziam consulta a um grande número de planilhas de fontes diversas, o que deixava o processo moroso, com o advento dos SIE as informações pertinentes passaram a serem conseguidas em segundos. Os SIE devem conter algumas características fundamentais, você verá que elas são complementares e que, segundo os autores Pozzebon e Freitas (1996, p. 21), sintetizam esses atributos: 119Sistemas especialistas, sistemas de apoio à decisão e sistemas executivos � Uma interface totalmente amigável. � Deve ser claro o objetivo, explorando intensivamente recursos gráficos – cores, símbolos, ícones, imagens e gráficos. � Drill down a partir de visualizações globais e de dados resumidos é possível um aprofundamento até o nível de detalhamento desejado. � Deve fornecer informações críticas e indicadores de desempenho. Drill Down é um processo no qual estamos olhando a informação sumarizada e decidimos que queremos ver os detalhes por trás dessas informações. Se pegarmos um relatório detalhado e escondermos a seção detalhe, temos um relatório sumarizado com capacidade drill down. Um relatório drill down é simplesmente um relatório sumarizado que você pode analisar na janela Preview, usando o recurso Drill Down. Consiste em fazer uma ex- ploração em diferentes níveis de detalhe das informações. Com o Drill Down você pode “subir ou descer” dentro do detalhamento do dado, por exemplo, analisar uma informação tanto diariamente como anualmente, partindo da mesma base de dados. Em um desktop, seria acessar pastas hierarquicamente procurando um arquivo específico. Em uma base de dados seria acessar a informação iniciando em uma categoria geral e ir caminhando hierarquicamente de campo a arquivo e a registro. O drill down ocorre quando o usuário aumenta o nível de detalhe da informação, diminuindo o grau de granularidade. Um exemplo seria quando o usuário clica na letra “F” indicando o sexo feminino e, então, seriam apresentados todos os nomes das mulheres atendidas. SIE como parte integrante do planejamento estratégico da empresa O planejamento é o começo de tudo, sem planejamento não há objetivos, metas e métodos de como alcançar, com isso o sistema de informação tem que andar junto com o planejamento estratégico, os dois lado a lado para permitir o sucesso empresarial. É o que encontramos, por exemplo, na empresa Gerdau S.A., que faz uso das duas estratégias, um bom planejamento estratégico e um sistema apurado de informações da empresa SAP. Sistemas especialistas, sistemas de apoio à decisão e sistemas executivos120 Características de um SIE Veja no Quadro 4 o detalhamento das características de um SIE. Qualidade da informação Interface com o usuário Capacidade técnica É flexível Contém interface gráfica sofisticada e amigável Acesso a informações agregadas, globais, extensivo uso de dados externos Produz informação correta Permite acesso seguro e confidencial em um curto espaço de tempo Interpretação escrita (informal) salienta indicadores de problemas, mostra tendências, taxas e desvios Produz informações no momentoda demanda por elas Minimiza o uso do teclado; alternativamente usa controles infravermelhos, mouse, touch pad e touch-screen Produz informação em vários níveis de detalhe drill down, filtra, condensa e percorre dados críticos Produz informações relevantes para a tomada de decisão Provê uma recuperação rápida da informação desejada Capacidade de previsão, planejamento e projeção, organizados considerando os fatores críticos de sucesso da organização Produz informação completa com análise total no banco de dados Contém menu de ajuda e é acessível de muitos lugares Hipertexto e hipermídia, análise ad hoc, incorpora gráfico e texto na mesma tela Produz informação validada pelos canais É adaptado individualmente ao estilo administrativo do executivo Provê acesso a dados históricos e aos mais recentes, permite administrar por relatórios de exceção Quadro 4. Características de um SIE. Para que as organizações continuem no caminho adequado e se perpetuem, precisam que as informações sejam rápidas e seguras para apoiar decisões. Utilizando os SIE, terão essa velocidade desejada, processando um grande número de informações para facilitar o trabalho de seu corpo executivo. 121Sistemas especialistas, sistemas de apoio à decisão e sistemas executivos 1. Quanto à capacidade técnica dos Sistemas de Informações Executivos é correto afirmar que: a) O acesso a dados externos é pouco utilizado. b) Têm condições de mostrar tendências, taxas e desvios. c) A informação é produzida em um nível de detalhe objetivo. d) Os textos são mostrados em telas exclusivas para a tomada de decisão gerencial. e) O acesso ao histórico é obtido por sistemas auxiliares. 2. Quanto à arquitetura dos sistemas especialistas, assinale a alternativa correta. a) A base de conhecimentos é a última parte da arquitetura, que contém o seu gráfico. b) O quadro negro é utilizado pelo programador para visualizar o banco de dados. c) O mecanismo de aprendizagem possui recursos que permitem fazer acréscimos e alterações na base de conhecimentos. d) O sistema de aquisição do conhecimento permite consultas para o usuário. e) O processador de linguagem natural se comunica por intermédio de uma linguagem computacional de última geração. 3. Os DSS têm quatro tipos básicos de atividades de modelagem analítica. Com base nessa informação, qual a alternativa está correta? a) A análise do tipo What If é uma extensão bem básica da análise. b) A análise de otimização é uma extensão complexa da análise de busca de metas. c) A análise de otimização parte do princípio de ter uma variável- alvo para o alcance das metas. d) Na análise de sensibilidade o usuário apenas introduz mudanças nas variáveis ou em suas relações. e) Na análise de busca de metas a direção da análise é diretamente proporcional a análise do tipo otimização. 4. Verificando a interface com o usuário dos Sistemas de Informação Executivos, marque a opção correta. a) A interface gráfica é simples. b) Tem no teclado a única forma de atuação. c) O menu de ajuda só é disponibilizado ao programador. d) Contém um procedimento de acesso seguro. e) É acessado somente da estação de trabalho do executivo principal da empresa. 5. Assinale a alternativa correta sobre as fases de desenvolvimento de um sistema especialista. a) Na fase de identificação é definida a base conceitual do sistema. b) Na fase de conceituação são identificadas as estruturas do sistema. c) Na fase de implementação são efetuados os testes do sistema. d) Na fase de revisão são desenvolvidos os conceitos e relações-chave. e) Na fase de revisão temos um processo contínuo que acompanha o desenvolvimento do sistema. Sistemas especialistas, sistemas de apoio à decisão e sistemas executivos122 HARMON, P. l; KING, D. Sistemas especialistas: a inteligência artificial chega ao mercado. Rio de Janeiro: Campus, 1988. MAPA DA PROVA. Questões sobre gestão estratégica. [S.l.], 2013. Disponível em: <http:// www.mapadaprova.com.br/questoes/de/tecnologia-da-informacao/governanca- -de-ti--/gestao-estrategica#>. Acesso em: 20 jul. 2017. PAMPHYLIO, T. Sistemas especialistas. [S.l.]: Engenharia de Produção-Tamille, 2014. Disponível em: <http://tamillepamphylio.blogspot.com.br/2014_05_01_archive. html>. Acesso em: 20 jul. 2017. POZZEBON, M.; FREITAS, H. M. R. Construindo um EIS (enterprise information system) da (e para a) empresa. Revista de Administração, São Paulo, v. 31, n. 4, p. 19-30, out./ dez. 1996. Leituras recomendadas BEUREN, I. M.; MARTINS, L. W. Sistema de informações executivas: suas características e reflexões sobre sua aplicação no processo de gestão. Revista de Contabilidade e Finanças, São Paulo, v. 12, n. 26, maio/ago. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-70772001000200001>. Acesso em: 20 jul. 2017. DIFERENCIAL CONSULTORES ASSOCIADOS. Sistemas de Informação Executiva (EIS). Belo Horizonte, c1996-2011. Disponível em: <https://difnet.com.br/enterprise_infor- mation_systems.html>. Acesso em: 20 jul. 2017. FERREIRA, L. R. A importância das informações no processo de tomada de decisões. Administradores, João Pessoa, 01 out. 2006. Disponível em: <http://www.adminis- tradores.com.br/artigos/economia-e-financas/a-importancia-das-informacoes-no- -processo-de-tomada-de-decisoes/12714/>. Acesso em: 20 jul. 2017. 123Sistemas especialistas, sistemas de apoio à decisão e sistemas executivos http://www.mapadaprova.com.br/questoes/de/tecnologia-da-informacao/governanca-de-ti--/gestao-estrate http://www.mapadaprova.com.br/questoes/de/tecnologia-da-informacao/governanca-de-ti--/gestao-estrate http://www.mapadaprova.com.br/questoes/de/tecnologia-da-informacao/governanca-de-ti--/gestao-estrate http://tamillepamphylio.blogspot.com.br/2014_05_01_archive.html http://tamillepamphylio.blogspot.com.br/2014_05_01_archive.html http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-70772001000200001 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-70772001000200001 https://difnet.com.br/enterprise_information_systems.html https://difnet.com.br/enterprise_information_systems.html http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/a-importancia-das-informacoes-no-proce http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/a-importancia-das-informacoes-no-proce http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/a-importancia-das-informacoes-no-proce Conteúdo: SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS Katia Cilene Neles da Silva Introdução aos sistemas de informação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Diferenciar sistemas do tipo aberto e fechado. � Entender o conceito de um sistema de informação. � Compreender o histórico da evolução dos sistemas e diferenciar sis- temas de processamento de transações (SPT) de sistemas de apoio à decisão (SAD) e de sistemas de informações gerenciais (SIG). Introdução Neste capítulo, você vai entender o contexto dos sistemas abertos e fechados, conceituar sistemas de informação e diferenciar os sistemas de processamento de transações (SPT) de sistemas de apoio à decisão (SAD) e de sistemas de informações gerenciais (SIG). Definições Lima, Gorayeb e Silva (2010) destaca que os sistemas da informação (SI) são utilizados em quase todas as áreas e profissões e que estamos no limiar de uma nova era de possibilidade e de desafios. Trata-se de uma época singular que oferece à humanidade uma transformação cultural tão forte como nos períodos do Renascimento, Iluminismo, Revolução Industrial, entre outros. O principal fator destes momentos históricos sempre é fundamentado na criação e na propagação da informação a um grande número de pessoas. Em consequência destes movimentos, novas possibilidades se abriram, a economia prosperou, aumentou a liberdade e a civilização moderna apareceu. Agora, com a difusão do acessoe do processamento da informação, existem imensas possibilidades de crescimento. As grandes transformações ocorridas nos últimos anos impulsionaram mudanças importantes, principalmente em relação ao avanço da tecnologia, provocando a passagem da antiga sociedade industrial para uma nova so- ciedade baseada na informação e no conhecimento. O avanço tecnológico acelera-se cada vez mais e resulta em uma nova realidade, caracterizada por forte competição. Clientes são cada vez mais exigentes, as leis de defesa e proteção ao ser humano, ao consumidor, às crianças e adolescentes são mais duras, e há necessidade de busca continua de qualidade, pressão para redução de custos, etc. Tudo isso torna imperativo a melhoria substancial do desempenho empresarial. A melhoria do desempenho empresarial requer a reformulação da clássica estrutura organizacional das empresas, baseada na especialização por funções, e o reconhecimento da informação e do conhecimento como alguns dos prin- cipais recursos empresarias. Isso exige profundas modificações nas práticas administrativas correntes e na condução dos processos de negócios como forma de sobrevivência no atual ambiente competitivo. Nessa perspectiva, as próximas décadas serão fundamentais para o crescimento de nova estrutura social, na qual cada indivíduo terá uma maior participação no processo decisório. Isto ocorrerá, em grande parte, pela difusão dos sistemas da informação mundiais. É imprescindível que as possibilidades oferecidas pelo processamento da informação sejam administradas por pessoas plenamente conscientes das implicações sociais dessa tecnologia. O que são sistemas? O’Brien (2004) destaca que um sistema pode ser definido simplesmente como um grupo de elementos inter-relacionados ou em interação que formam um todo unificado. Para ele, muitos exemplos de sistemas podem ser encontrados nas ciências físicas e biológicas, na tecnologia moderna e na sociedade humana. Como sistemas físicos, ele cita o sol e seus planetas, o sistema biológico do corpo humano, o sistema tecnológico de uma refinaria de petróleo e o sistema socioeconômico de uma empresa. Introdução aos sistemas de informação2 Ainda, esse autor se refere a “sistema” como um grupo de componentes inter-relacionados que trabalham rumo a uma meta, recebendo insumos e produzindo resultados em um processo organizado de transformação. Para tanto, um sistema possui três componentes, ou três funções básicas: entrada, processamento e saída, como você pode observar na Figura 1. Figura 1 Componentes de um sistema de informação. Fonte: Lima, Gorayeb e Silva (2010, p. 19). entrada processamento saída Os SI com base em computadores de alta qualidade, atualizados e mantidos de forma adequada são a essência das corporações globais. Segundo Stair e Reynolds (2010), um sistema é um conjunto de elementos que interagem para realizar objetivos. Os próprios elementos e os relacionamentos entre eles determinam como o sistema funciona. Os sistemas têm entradas, mecanismos de processamento, saídas e realimentação (Figura 1). Tempo, energia, habili- dade e conhecimento também servem como entradas do sistema, porque são necessários para operá-lo. A habilidade é a capacidade de operar com sucesso um determinado elemento do sistema, e o conhecimento é usado para definir as etapas na operação do sistema. Os mecanismos de processamento consistem em opções e escolhas do usuário/operador do sistema para executar o processamento da atividade no sistema. Por fim, a saída é o resultado do trabalho, em determinado tempo, ou seja, é o produto do sistema. Dessa forma, o sistema é um grupo de itens que interagem entre si ou de forma interdependente, gerando um todo unificado, orientado para atender a objetivos específicos, um conjunto organizado de doutrinas, ideias ou princípios, habitualmente previstos para explicar a orga- nização ou o funcionamento de um conjunto sistemático. 3Introdução aos sistemas de informação Informação Atualmente, a informação é um dos principais patrimônios de uma empresa. Pode-se afirmar que o sucesso das organizações, qualquer que seja o seu porte ou ramo de atividade, depende, cada vez mais, de informações. Elas são essenciais para as atividades de qualquer nível hierárquico empresarial, sendo todos os processos de negócios baseados em informação. Embora qualquer pessoa tenha ideia do que seja uma informação, deve-se procurar defini-la de uma maneira mais precisa. Para isso, é preciso entender um conceito intimamente relacionado à informação, o de dados. Dados podem ser vistos como a matéria-prima da informação, isto é, símbolos sequencialmente ordenados, dos quais se pode extrair informação, mas que, isoladamente, não contém nenhum significado. Se o dado for tra- tado, organizado, analisado e processado de alguma maneira, para que tenha significado em um contexto, passa-se a chamá-lo de informação. Assim, é possível definir informação como dados tratados capazes de transmitir algum conhecimento ao receptor. Informação, segundo Stair e Reynolds (2010), é um conjunto de fatos organizados de maneira que possuem valor adicional, além do valor dos fatos individuais. Transformar dados em informações depende de um processo ou um conjunto de tarefas logicamente relacionadas, realizadas para alcançar um resultado definido. O processo de definir relações entre os dados para criar informações úteis requer conhecimento. Conhecimento é a consciência e a compreensão de um conjunto de infor- mações e os modos como essas informações podem ser úteis para apoiar uma tarefa específica ou para chegar a uma decisão. Ter conhecimento significa entender as relações na informação. Sistemas abertos e fechados Audy, Andrade e Cidral (2005) afirma que quanto à interação com seu ambiente, os sistemas podem ser abertos, quando trocam algum tipo de matéria, energia ou informação com o ambiente; ou fechados, quando não sofrem influência, nem influenciam o ambiente. Introdução aos sistemas de informação4 Para esse autor, é óbvio que, no mundo dos negócios, sistemas fechados praticamente não existem, pois, se não houver uma resposta satisfatória do sistema em relação às mudanças provocadas pelo ambiente, dificilmente o sistema vai se manter competitivo, e seu fim é desaparecer. Nesse sentido, costuma-se definir o sistema como parcialmente fechado ou semiaberto, pois mantém algumas restrições a determinadas entidades externas. Quando se diz que um monopólio é um exemplo de sistema fechado, na verdade, estamos nos referindo a um tipo de transação com ambiente que restringe as interações. Sistema fechado: � não se relaciona com o meio ambiente que o circunda; � não influencia nem recebe influência do meio externo; � não recebe recursos externos; � nada produz. Sistema aberto: � relaciona-se com o ambiente por meio de entradas e saídas; � troca matéria, energia e informação com o meio ambiente; � é ajustável, ou seja, para sobreviver reajusta-se às condições do meio. Sistemas de informação De maneira simplificada, é possível dizer que um SI é um conjunto de elementos ou componentes inter-relacionados que coleta (entrada), manipula (processo), armazena e dissemina dados (saída) e informações, além de fornecer uma rea- ção corretiva (mecanismo de realimentação) para alcançar um objetivo (STAIR; REYNOLDS, 2010). São funções integradas voltadas para a transformação de dados (matéria-prima) em informações, semelhante a um sistema industrial ou agroindustrial, em que um processo transforma insumos em produtos. 5Introdução aos sistemas de informação Em uma outra definição, SI pode ser sistemas que, por meio de processos de coleta e tratamento de dados, geram e disseminam as informações necessárias aos diversos níveis e processos organizacionais. Eles consistem em organizar esforços para prover informações que permitam a uma empresa decidir e operar. Dentro desse contexto, você precisa conhecer alguns termos que sãomuito utilizados na área. � Tecnologia da Informação (TI): conjunto de conhecimento sobre toda a cadeia de valor da informação (tudo o que pode ser feito com a informação). � Entrada: atividade de captar e reunir os dados brutos, por exemplo, na produção de contracheques para pagamentos, dados brutos são horas trabalhadas, faltas, percentual de imposto a deduzir, valor do salário, entre outros. � Processamento: significa converter ou transformar dados em resultados úteis. O processamento envolve cálculo, comparação de dados, execução de ações alternativas e armazenamento de dados para utilização futura; pode ser feito manualmente ou com o auxílio de meios computacionais. Por exemplo, o processamento de contracheques pode envolver o cálculo das horas extras, do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), entre outros. � Saída: envolve a produção de informações úteis, normalmente na forma de documentos e relatórios. Em alguns casos, a saída de um sistema pode se tornar a entrada de outros, por exemplo, a saída pode ser a impressão de contracheques dos funcionários de uma empresa. � Realimentação: é a informação originada no sistema utilizada para fazer mudanças na entrada ou nas atividades de processamento. Elas podem ser utilizadas para corrigir dados, ajustando-os conforme as necessidades dos usuários do sistema. No exemplo de produção de contracheques, a realimentação pode ser necessária para gerar um novo contracheque ao funcionário que trabalhou 60 horas extras e não apenas 25 horas extras, como estavam registradas no processamento inicial do seu contracheque. Introdução aos sistemas de informação6 As informações podem ser valiosas para tomadores de decisão e devem possuir as características descritas a seguir (LIMA; GORAYEB; SILVA, 2010): � ser facilmente acessíveis aos usuários autorizados, para que possam obtê-las no formato que atenda as suas necessidades; � ser exatas, pois as informações exatas são livres de erros. Em alguns casos, as informações imprecisas são geradas porque dados imprecisos são colocados no processo de transformação (garbage in, garbage out [GIGO]); � ser completas, pois informações completas contêm todos os fatos importantes, por exemplo, um relatório de investimentos que não inclua todos os custos im- portantes não é completo; � ser relativamente econômicas para ser produzidas; os tomadores de decisões devem sempre comparar o valor da informação com o custo de produzi-las; � ser flexíveis para serem utilizadas em diversos propósitos; � ser relevantes para o tomador de decisão; � ser confiáveis, pois os usuários precisam poder acreditar nas informações que acessam. Em muitos casos a confiabilidade depende da fonte. A seguir são detalhados aspectos referentes à fonte: � devem ser seguras e garantidas contra o acesso de usuários não autorizados; � devem ser simples, e não exageradamente complexas. Informações sofisticadas e detalhadas podem não ser necessárias. Informações demais podem causar sobre- carga tornando o tomador de decisão incapaz de determinar o que é realmente importante; � devem ser apresentadas em tempo hábil, ou seja, no tempo exato, quando elas são realmente necessárias; � devem ser verificáveis, as informações devem ser asseguradas (fonte e conteúdo) de forma que possam ser verificáveis. História e evolução Veiga (2006) comenta que o século XX é considerado o século da era da informação e que, a partir dele, a informação começou a fluir por meio dos mais variados canais, a uma velocidade impressionante. Os acontecimentos, desde a Revolução Industrial até o surgimento da Internet, fizeram o ser humano aprender a lidar todos os dias com um número muito grande de informação. A informação é tida como uma fonte de poder, uma vez que, por meio da análise dos acontecimentos passados, é possível compreender o presente e tentar antever o futuro. É na informação que se baseiam os SI, que, antes mesmo da popularização dos computadores, já existiam. 7Introdução aos sistemas de informação Em sua origem, os SI se restringiam a técnicas de arquivamento e pesquisa de informação em grandes arquivos. Era normal existir uma pessoa encar- regada de registar os dados, organizá-los, catalogá-los e quando necessário recuperá-los. O desenvolvimento de aplicações foi, durante muito tempo, a principal preocupação dos SI, mas hoje em dia foca-se na gestão de TI como um todo, sendo as próprias estratégias de desenvolvimento de SI cada vez mais variadas e complexas, incluindo métodos orientados a objetos, sistemas empresariais integrados e outsourcing, para além do tradicional autodesenvolvimento e compra de pacotes de software. O Quadro 1 apresenta uma evolução histórica dos SI, desde sistemas de processamento de dados até os sistemas de informação interconectados pela internet. Fonte: Rossetti (2007). Processamento de dados: de 1950 a 1960 (’50-’60) Sistemas de processamento eletrônico de dados: processamento de transações, manutenção de registros e aplicações contábeis tradicionais. Relatórios administrativos: de 1960 a 1970 (’60-’70): SI gerencial: relatórios administrativos de informações pré-estipuladas para apoiar a tomada de decisão. Apoio à decisão: de 1970 a 1980 (’70-’80) SAD: apoio interativo e ad hoc ao processo de tomada de decisão gerencial. Apoio estratégico e ao usuário final: de 1980 a 1990 (’80-’90) Sistemas de computação do usuário final: apoio direto à computação para produtividade do usuário final e colaboração de grupos de trabalho. Sistemas de suporte a executivos: informações críticas para a alta gerência. Sistemas especialistas: conselho especializado baseado em conhecimento para os usuários finais. Sistemas de informação estratégica. Produtos e serviços estratégicos para obtenção de vantagem competitiva. Empresa e conexão em rede global: a partir de 1990 (’90-) SI interconectados: sistemas direcionados ao usuário final, à empresa, à computação, às comunicações e à colaboração interorganizacionais, incluindo operações e administração globais nas Internet, intranets, extranets e outras redes empresariais e mundiais. Quadro 1. Evolução dos sistemas de informação. Introdução aos sistemas de informação8 No artigo intitulado “O papel da tecnologia da informação na gestão do conhecimento”, Rossetti (2007) destaca o papel histórico da evolução dos sistemas de informação. Disponível em: https://goo.gl/9tJdQ1 Tipos de sistemas de informação As três principais categorias de sistemas são: operacional, tático (gerencial) e estratégico (alta administração). Nível operacional SI operacionais, também conhecidos como STP — ou Transaction Processing System (TPS) — são sistemas de apoio às operações empresariais ou sistemas de controle que: � atuam no processamento de operações e transações rotineiras cotidianas, no seu detalhe, incluindo seus respectivos procedimentos; � controlam os dados detalhados das operações das funções empresarias imprescindíveis ao funcionamento da empresa, auxiliando a tomada de decisão do corpo técnico das unidades departamentais. � possuem como usuários o corpo técnico (engenheiros, assistentes), dividido em setores ou subunidades departamentais. As características destes sistemas são: � Foco – transações rotineiras. � Função básica – registrar transações. � Origem dos dados – operações internas no contexto empresarial. � Nível de agregação – dados analíticos precisos. � Volume de dados gerados – grande (devem ser tratados rapidamente). 9Introdução aos sistemas de informação � Pessoal – pouca ou nenhuma responsabilidade gerencial. � Operadores – exigência de pouca decisão. Exemplos: transações bancárias, emissão de contas telefônicas mensais, folha de pagamento com emissão de contracheque. Nível tático Sistemas de Informações Gerenciais (SIG), ou Manage Information System (MIS), também são conhecidos como sistemas de apoioà gestão empresarial ou sistemas gerenciais. São definidos como o estudo dos SI nas empresas e a na administração. Atendem gerentes do nível médio, resumem e relatam as operações básicas da empresa. Os dados básicos de transações obtidos dos SPT são comprimidos e comumente apresentados em relatórios. Produzidos segundo uma programação periódica, eles: � executam o processamento de grupo de dados das operações e transações operacionais, transformando-os em informações para gestão; � trabalham com dados agrupados (ou sintetizados), auxiliando a tomada de decisão do corpo gestor ou gerencial, em sinergia com outros setores; � utilizam as informações produzidas para otimizar uma determinada área ou função e não a empresa inteira; � possuem como usuários os técnicos com funções de supervisão e ge- rência organizacional. As características destes sistemas são: � Foco – informações para decisões gerenciais. � Função básica – consulta a informações. � Nível de agregação – dados agregados. � Origem dos dados – operações internas e fontes externas. � Volume dos dados – dados agregados. Exemplos: orçamento anual, sistemas de planejamento, controle de produção. Introdução aos sistemas de informação10 Nível estratégico Os SAD ajudam os gerentes de nível médio a tomar decisões não usuais. Eles focam problemas únicos e que se alteram com rapidez, para os quais não existe um procedimento de resolução totalmente definidos. Embora os SAD usem informações internas, obtidas do SPT e do SIG, frequentemente recorrem a informações de outros sistemas e de fontes externas. Esses sistemas usam uma série de modelos para analisar os dados, ou então condensam grandes quantidades de dados em um formato que possa ser analisado pelos tomadores de decisão. São projetados de modo que os usuários possam trabalhar com eles diretamente – utilizam software de fácil interação com o usuário. O SAD apoia decisões relacionadas à determinação de preços, utilização de ativos, gerenciamento da cadeia de suprimentos e gerenciamento do rela- cionamento com o cliente, além de formatar cenários de negócios alternativos. SAD direcionados a consumidores e gerentes podem ser encontrados na WEB. O sistema de software SAD contém as ferramentas de software emprega- das para análise de dados. Pode conter várias ferramentas Online Analytical Processing (OLAP), ou processamento de dados analítico, ferramentas de mineração de dados ou um conjunto de modelos matemáticos e analíticos que pode ser disponibilizado para o usuário SAD. Pensando no futuro São 5:00 horas da tarde e o inspetor Almeida está indo para o hotel, depois de um dia no centro de treinamento na matriz do banco. Ele está achando que sua vida profissional vai sofrer uma grande transformação. Quando Almeida começou a trabalhar como inspetor no banco, há cerca de 15 anos, a profissão já era bem diferente do que é hoje. Naquele tempo, os inspetores faziam visitas periódicas às agências, eram chamados pelos gerentes ou enviados pelos inspetores-chefes para fazer inspeções de rotina ou resolver problemas. Seu trabalho consistia basicamente em procurar e evitar irregularidades. Por isso, os inspetores eram vistos como emissários da administração central, que viviam caçando coisas erradas. Tendo sido funcionário, Almeida sabia que os funcionários não gostavam dos inspetores e os temiam. De uns tempos para cá, o banco passou a treinar os inspetores para serem menos fiscais e mais parceiros dos funcionários. Dentro das diretrizes da qualidade total, os 11Introdução aos sistemas de informação inspetores deveriam orientar os funcionários para fazer as coisas certas da primeira vez, de maneira a seguir corretamente os procedimentos do banco e trabalhar para a satisfação do cliente. Agora, o banco está propondo o que Almeida acha uma revolução. Ele vai trabalhar praticamente sem chefe, monitorando as agências de sua região por meio de um computador portátil. O computador vai lhe dar acesso a todas as operações e ele poderá detectar as irregularidades a distância. Porém, como as operações são muito numerosas, ele deverá ser capaz de selecionar aquelas que pareçam fugir dos padrões normais para determinadas agências, por exemplo, depósitos muito elevados em agências de pequeno movimento devem ser pesquisados. Antes, o inspetor só descobria essas operações quando visitava a agência, ou quando o gerente chamava; agora, ele deverá ser capaz de criar seus próprios critérios de análise e decisão, de modo a descobrir problemas que indiquem a necessidade de orientação ou correção. Além disso, ele deverá ser dono de seu próprio tempo, de sua programação de visitas e de suas tarefas. Ele deverá ser capaz até mesmo de escolher as tarefas a realizar. Enfim, ele deverá ser seu próprio administrador e depender menos do inspetor-chefe de sua região. Aliás, no treinamento de hoje, os chefes insistiram nesse ponto. Até mesmo um dos diretores do banco esteve presente, dizendo que a cultura da autogestão deve substituir a cultura da subordinação em nossa empresa. E, assim, no caminho para o hotel, Almeida vai pensando nas mudanças em seu trabalho e sua vida profissional. Fonte: Marco Antônio (2007). AUDY, J. L. N.; ANDRADE, G. K.; CIDRAL, A. Fundamentos de sistemas de informação. Porto Alegre: Bookman, 2005. LIMA, A. T. P.; GORAYEB, D. M. C.; SILVA, K. C. N. Sistemas de Informação. Manaus: UEA Edições, 2010. MARCO ANTÔNIO. Estudo de caso: pensando no futuro. [S.l.]: Sistemas de Informa- ção Gerencial. Disponível em: <http://sigmarcoantonio.blogspot.com.br/2007/02/ exerccio-002-estudo-de-caso-001.html>. Acesso em: 15 jn. 2018. O’BRIEN, J. A. Sistemas de informação e as decisões gerencias na era da internet. –2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. ROSSETTI, A. G.; Morales, A. B. T. O papel da tecnologia da informação na gestão do conhecimento. Ciência da Informação, Brasília, v. 36, n. 1, p. 124-135, jan./abr. 2007. Introdução aos sistemas de informação12 Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v36n1/a09v36n1.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2018. STAIR, R. M.; REYNOLDS, G. W. Princípios de sistemas de informação. São Paulo: Cengage Learning, 2010. VEIGA, F. J. A. Evolução dos sistemas de informação. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2006. Disponível em: <https://student.dei.uc.pt/~fveiga/GSI/Evolucao_Sist_Inf.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2018. Leituras recomendadas LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P. Sistemas de informação gerenciais. 11. ed. Rio de Janeiro: Pearson, 2014. PLANEZ, P. Um pouco de história para entender os sistemas de informação. [S.l.]: TI Espe- cialista, 2015. Disponível em: <https://www.tiespecialistas.com.br/2015/10/um-pouco- -de-historia-para-entender-os-sistemas-de-informacao/. Março de 2016. Visitado em Novembro de 2017. 13Introdução aos sistemas de informação Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. INTRODUÇÃO A BIG DATA E INTERNET DAS COISAS (IOT) Izabelly Soares de Morais Aplicações da ciência de dados Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Discutir onde aplicar ciência de dados. Descrever exemplos de aplicação da ciência de dados. Relacionar Business Intelligence (BI) e ciência de dados. Introdução A era tecnológica possui como característica forte os dados, que são gerados pelos diversos contextos sociais. Esse movimento trouxe diversas possibilida- des na descoberta de novos valores tanto aos produtos quanto aos serviços oferecidos pelas grandes corporações. É nesse ponto que a ciência de dados se relaciona com outras tecnologias, como a Business Intelligence (BI). Neste capítulo, você vai conhecer algumas aplicações da ciência de dados e vai ver como a Business Intelligence pode agir com essa ciência, colaborando na geração de uma melhor compreensão desses valores, que, antes, não eram tão explícitose, hoje, atrelam valores financeiros ao mundo dos negócios. Aplicação da ciência de dados A ciência de dados é utilizada com o intuito de aplicar, nos dados, conceitos multidisciplinares, que, na maioria das vezes, estão inseridos no contexto de uma grande quantidade de dados. O termo “ciência” é utilizado quando aplicamos um cunho investigativo sobre algo; aqui, ele está atrelado aos dados, já que, a partir do uso de métodos científi cos, de busca, questionamentos e pesquisas, visa explorar os dados e, com isso, formular possíveis hipóteses por meio da aplicação de técnicas e de ferramentas estatísticas. Um olhar mais atento aos dados traz a aplicação de processos e técnicas apropriadas para categorizá-los. É importante ressaltar que essas metodologias podem ser aplicadas a diversos contextos e com objetivos diferentes. Muitas vezes, quando mencionamos coleta de dados, temos a sensação de que são dados oriundos apenas do mundo externo do negócio. Porém, a ciência de dados se aplica tanto ao conjunto de dados internos da empresa quanto aos externos. Em função da grande diversidade de situações, dos tipos de dados e das necessidades das empresas, podemos dizer que essa ciência consegue lidar com os dados independentemente da maneira como eles estejam sendo apresentados devido à sua multidisciplinaridade. A sua aplicação é trabalhada com tecnologias e ferramentas apropriadas, como uso de técnicas estatísticas, aprendizado de máquina, análise de dados utilizando as linguagens Python e R, plataformas fundamentadas na nuvem, entre outros. A Figura 1 contextualiza bem ações presentes no cotidiano das corpora- ções ao longo dos anos. Devido à globalização, os consumidores passaram a demonstrar maior necessidade diante das funcionalidades que os recursos tecnológicos vinham, e vem, disponibilizando. Com a alta demanda, novas leis regulamentárias também passaram a fazer parte desse contexto. Figura 1. Modelo de pressões — reações — suporte de negócios. Fonte: Turban et al. (2012, p. 21). Toda novidade surge diante da demonstração de sua necessidade; atual- mente, estamos sempre sendo pressionados pela possibilidade de que haja oportunidades em diversas vertentes do negócio. Com a competitividade, toda Aplicações da ciência de dados2 nova metodologia ou ideia passa a ser considerada válida quando o objetivo é trazer sucesso ao negócio e, consequentemente, aos seus processos. A aplicação da ciência de dados deve ocorrer de forma conveniente aos negócios, já que o principal objetivo é o de prever os próximos passos que podem ser tomados. Por esse motivo, os dados se fazem tão presentes na tomada de decisões atualmente dentro de uma empresa. Enquanto as análises realizadas por tecnologias Big Data, ou seja, que lidam com grandes volumes de dados, norteiam as empresas diante de novos desafios por meio da estruturação dos dados, a Business Intelligence traz a interpretação dessas informações presentes nos processos empresariais, contribuindo para a formulação de novos cenários. Exemplos de aplicação da ciência de dados Junto às tecnologias e ferramentas existentes, a ciência de dados tem diversos exemplos de aplicações. Dentre eles, podemos citar algumas aplicações abstratas mais específi cas, como a busca pela fi delização do cliente ao negócio, por meio de análise de suas necessidades específi cas, e programas voltados a atendê-las. Na prática, isso ocorre quando, por exemplo, o supermercado onde você realiza com- pras e que, na maioria das vezes, faz parte de uma grande rede, oferece descontos em produtos específi cos, seja por meio de um aplicativo, os quais possuem como objetivos obter uma maior quantidade de dados dos clientes (como geolocalização, gostos pessoais, dentre outros) ou até mesmo por outras formas. As facilidades tecnológicas trazem, também, uma maior frequência de tentativas de burlar o sistema, ou seja, por meio de diferentes tipos de análises aplicadas dentro de uma empresa, a detecção de fraudes se torna mais eficiente, evitando, assim, a minimização dos déficits que podem ser causados. A ciência de dados tem muito a ver com as possibilidades de análises que podem ser aplicadas; a escolha de qual aplicar ocorre após um tempo de amadurecimento não só dos processos do negócio, mas, também, de toda equipe envolvida, ou seja, exige um trabalho em conjunto tanto dos recursos tecnológicos quanto dos humanos. Existem diversos exemplos que podem ser citados, porém, é interessante que você compreenda como a ciência de dados pode ser aplicada em alguns 3 Aplicações da ciência de dados contextos corporativos diversos. Por exemplo, o contexto do e-commerce tem grande atuação na busca pela fidelização dos clientes; dessa forma, por meio da disponibilização de serviços personalizados e de recomendação, as empresas conseguem atender e atingir as particularidades dos clientes. Um exemplo prático disso é quando realizamos alguma busca: você já notou que, posteriormente, o produto ou algo relacionado ao que pesquisamos começa a surgir em nossas redes sociais, sites, e-mails? Então, por meio de metadados e outros recursos contidos nos sites que acessamos, as empresas acabam tendo uma fonte de dados para atuar com essa forma de abordagem. Desse modo, conseguem aplicar ações de marketing digital. As redes sociais são campos ricos de dados: nelas, as empresas, por meio das autorizações que nós mesmos acabamos dando, criam perfis de usuários, particularmente e por grupos, para contribuir com a atuação mais presente na detecção de padrões, comportamento e até mesmo análises de sentimentos do usuário. Hoje, podemos acessar nossos computadores, tablets ou smarthphones por meio de reconhecimento facial, biometria, dentre outros. Muitas vezes, não conseguimos visualizar tão claramente como essas grandes empresas lucram com nossos dados, mas, por trás, o mercado finan- ceiro tem possibilidade de detectar fraudes, já que praticamente tudo o que fazemos está conectado a uma rede, a análises de crédito, gerenciamento de risco, dentre outros. Uma outra atuação que tem se mostrado bastante eficiente na ciência de dados é quando ela é aplicada a alguns setores de prestação de serviços, como para economia de energia e detecção de melhorias dessa rede, na personalização de serviços hospitalares, em que pode haver a possibili- dade de detecção antecipada de diagnósticos por meio de análises genéticas, personalização nos atendimentos médicos, dentre outros. Como exemplo, podemos citar um case das varejistas do ramos de medica- mentos dos EUA, mencionado por Machado (2018), que tem de mais de 6 mil lojas. Porém, podemos notar que, atualmente, as farmácias não vendem mais apenas remédios, como antigamente. Hoje, e não poderia ser diferente nas lojas dessas redes, os produtos são bastante variados e vão desde medicamentos a produtos em geral. Outro ponto comum dessa rede e das demais é a aquisição de cadeias menores, que, com o tempo, trouxe observações importantes, como a expansão geográfica não representava mais um caminho para seu crescimento e que seus estoques haviam atingido mais de 1 bilhão de dólares. A empresa tinha como objetivo trazer uma maior eficácia de capital de giro e reduzir os valores atribuídos ao estoque, aplicando melhorias nos níveis de serviço. Esse objetivo, em números, seria a redução de 10% do estoque no período de 1 ano, o que, em dinheiro, seria o equivalente a 1 bilhão de dólares. Aplicações da ciência de dados4 Tudo isso gerou mais de 7 terabytes de informações de inventário e de diversas transações oriundas de fontes variadas. Após a análise, a equipe chegou a algumas conclusões: os processos de entrega de produtos dos fornecedores para as lojas deveriam ser revistos com o intuito de privilegiar a centralização de diversos itens nos centros de distribuição da companhia; necessidade do processamento dos dados com o objetivo de ajustar as transições dos produtos entre aslojas. Ou seja, identificar estoque extra de itens em algumas das suas 6 mil lojas e falta ou baixo estoque em outras para redistribuí-los, transportando o produto certo para o lugar certo e no momento certo. Para colocar tudo isso em prática, a empresa teve que se certificar de que todos os dados eram reais para que, posteriormente, aplicasse o cruzamento dos dados de predição de vendas, que só ocorreu devido a técnicas específicas de análise. Com isso, todos os históricos de transações e identificação de tendências de vendas de produtos foram detectados, conforme suas respectivas regiões, ou seja, trouxeram as características particulares para cada loja, tendo como resultado uma previsão de venda de cada item. Como resultado final, a empresa reduziu em mais de 100 milhões de dólares o estoque em excesso na primeira redistribuição realizada, atingindo 10% do objetivo geral de ajuste de estoque. A redução final em 1 ano foi de 1,5 bilhão de dólares. As outras soluções encontradas e executadas pela empresa foram: otimização dos níveis de serviço para diferentes categorias de produto; melhor definição de processos, limitando o estoque de produtos em promoção; criação de um novo processo de gerenciamento e acompanhamento dos pedidos junto aos fornecedores; monitoramento ainda mais específico dos pedidos em categorias de alto risco. A ciência de dados, junto a outras tecnologias, como Big Data e Business Intelligence, busca trazer atuações eficazes no tratamento e nos objetivos do uso do dado em um negócio. Hoje, as grandes corporações estão utilizando esses recursos para se mostrarem presentes diante da concorrência no mundo dos negócios. 5 Aplicações da ciência de dados Business Intelligence (BI) e ciência de dados Em um ambiente corporativo, o objetivo do uso e da aplicação da ciência de dados se assemelha ao do Business Intelligence (BI), tendo em vista que ambos buscam utilizar a conversão de dados — caracterizados como brutos, já que, de início, não passaram por nenhuma fi ltragem — em co- nhecimento para que os profi ssionais responsáveis pela gestão do negócio possam tomar decisões. Podemos afirmar, com base em Turban et al. (2012, p. 27), que o termo Business Intelligence significa uma expressão livre de conteúdo e, portanto, representa coisas diferentes para pessoas diferentes. Parte da confusão relacionada ao BI é causada pela enxurrada de acrônimos e palavras da moda associadas a ele e suas ferramentas (como Business Performance Management — BPM). Ainda sob o ponto de vista dos autores, os principais objetivos do BI sã o permitir o acesso interativo aos dados (às vezes, em tempo real), proporcionar a manipulação desses dados e fornecer aos gerentes e analistas de negócios a capacidade de realizar a aná lise adequada. Ao ana- lisarem dados, situações e desempenhos históricos e atuais, os tomadores de decisã o conseguem valiosos insights que podem servir como base para decisões melhores e mais informadas. O BI trabalha, primeiramente, com a transformação dos dados — que, quando vistos de forma individualizada, não trazem nenhum sentido — em informações, de modo que já podemos compreender melhor do que se tratam. Depois, essas informações são utilizadas em decisões e, posteriormente, são postas em ação. Muitas vezes, o uso dessas tecnologias está associado tanto ao modo como elas operam quanto a se fornecem alguma informação relevante a ser aplicada no contexto presente. Quando falamos de BI e ciência de dados, podemos mencionar que, enquanto o BI analisa descritivamente ou até mesmo de forma retórica o que houve no decorrer do tempo nos processos do negócio, a ciência de dados questiona o que irá ocorrer, ou seja: o BI traz mais um conceito do que ocorreu, enquanto a ciência de dados tenta prever os próximos passos a serem tomados, como mostra a Figura 2. Aplicações da ciência de dados6 Figura 2. Business intelligence versus ciência de dados. Fonte: Schmarzo (2016). Podemos notar que, enquanto a ciência de dados traz um olhar para o futuro, por meio de análises preditivas e prescritivas, e se baseia em questionamentos como por quê, o que devo fazer e o que irá ocorrer, a inteligência de negócios, ou seja, o BI, traz análises descritivas, relatórios padrão e questionamentos sobre o que já aconteceu. Porém, não podemos deixar de mencionar que ambas ainda conseguem trabalhar em conjunto e com outras tecnologias. Conforme Turban et al. (2012, p. 35), a equipe de BI lidará com as seguintes questões: criar categorias de projetos (estratégicos, obrigatórios, de investimento, de oportunidades de negócios, etc.); definir critérios de seleção de projetos; determinar e estabelecer uma estrutura para gerenciar o risco do projeto; gerenciar e fazer uso das interdependências do projeto; monitorar e ajustar continuamente a composição do portfólio. 7 Aplicações da ciência de dados Eckerson (2003) traz resultados de uma pesquisa feita entre 510 corporações que indica os benefí cios do BI conforme a visão dos participantes. Sã o eles: economia de tempo (61%); versã o ú nica da verdade (59%); melhores estraté gias e planos (57%); melhores decisõ es tá ticas (56%); processos mais eficientes (55%); economia de custos (37%). MACHADO, F. N. R. Big Data: o futuro dos dados e aplicações. São Paulo: Érica, 2018. SCHMARZO, B. Big Data MBA: driving business strategies with data science. New Jersey: Wiley, 2016. TURBAN, E. et al. Business Inteligence: um enfoque gerencial para a inteligência do negócio. Porto Alegre: Bookman, 2012. Leitura recomendada ECKERSON, W. Smart Companies in the 21st Century: the secrets of creating successful business intelligent solutions. Seattle: The Data Warehousing Institute, 2003. Aplicações da ciência de dados8 Conteúdo: GESTÃO DE INFORMAÇÕES NO SETOR PÚBLICO Glauber Rogério Barbieri Gonçalves E-business Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar meios eletrônicos para a efetividade da gestão pública. � Reconhecer a importância da informação e da transparência para os cidadãos. � Compreender o business intelligence na gestão pública. Introdução As formas de relacionamento entre as pessoas mudaram muito nos últi- mos tempos e, entre esses relacionamentos, há um muito importante, que é o relacionamento do cidadão com os governantes do país em que vive. Trata-se de um tema complexo, que deve ser estudado e acompanhado. Por ser de domínio público, surge a necessidade latente da transparência nas ações. Hoje, as informações são produzidas e distribuídas quase que instantaneamente, e as ações dos entes públicos podem e devem ser monitoradas, visando à melhoria do coletivo e não só para alguns. Para que a informação chegue a todos com transparência, temos em mãos os meios virtuais, que cumprem papel fundamental nesse contexto. Neste capítulo, você vai estudar o e-business, verificando os for- matos disponíveis, suas transações e impactos no dia a dia da gestão pública para melhorar as condições de informação e transparência para todos. E-business O e-business, ou negócio eletrônico, é definido como todos os negócios que utilizam a rede de computadores para sua realização. Sua definição pode ser confundida com a definição de comércio eletrônico (e-commerce), que trata do comércio eletrônico de empresas e consumidores, ou seja, da compra e venda de produtos ou serviços pela rede de computadores. Por exemplo, um usuário coloca para comercialização um produto que faz ou que comprou usando como canal de oferta para outros usuários a internet. O negócio eletrônico trata desse comércio, mas também das outras tran- sações dentro de uma empresa, como transações logísticas, transações de relacionamento com clientes e transações de produção, mais conhecidas por supply chain management (SCM), além das financeiras, contábeis e de controle de estoques.Assim, o negócio eletrônico trata de todas as transações efetuadas de forma eletrônica dentro de uma organização e da comunicação dessa organização com os demais públicos. Os entes públicos não ficam de fora desse universo, por exemplo, o Governo Federal tem diversos portais que auxiliam os cidadãos em consultas, solicitações diversas e esclarecimento de várias questões do dia a dia de seus direitos e obrigações. Essas e outras variáveis que mudaram com o mundo globalizado, trouxeram para as empresas novos desafios, como a busca pela redução de riscos e melhor produtividade em seus processos. As empresas devem, portanto, focar em uma economia de escala e não temerem a troca de tecnologia, mas, ao contrário, devem incentiva-la para ganhar tempo de processamento. Com isso, as instituições irão obter melhores relações com parceiros e sinergias para conquistar melhores resultados, de acordo com António (2006), todas as organizações devem procurar melhores condições de busca por re- sultados positivos, respeitando a transparência em suas ações. Podemos classificar em seis grupos funcionais de sistemas as partes internas do e- -business, não exclusivamente internos à empresa, mas integradas por processos que, muitas vezes, relacionam-se externamente à empresa: � E-commerce (comércio eletrônico); � SCM (gerenciamento de cadeia de fornecimento); � Enterprise Resourse Planning (ERP) (planejamento de recursos empresariais); � E-CRM (customer relationship management, ou gerenciamento de relacionamentos com o cliente); � E-procurement (sistema eletrônico de busca de itens para fornecimento); � Decision support system (DSS) (sistema de suporte às decisões). Fonte: Administradores (c2003-2018). E-business2 Governos no e-business Para existirem negócios, é necessário que existam empresas, consumidores e agentes de regulação ou governos. Cada um dos envolvidos tem um papel fundamental, e para os negócios eletrônicos não é diferente, pois eles só facilitam as interações entre esses agentes. O setor público utiliza uma metodologia para a realização de transações com os demais entes do mercado e também para melhorar o relacionamento com os cidadãos, seja na forma de prestar melhores serviços ou de deixar transparentes suas ações. Você verá, no Quadro 1, as combinações possíveis dos mercados no e-business. As siglas são oriundas do inglês e cada uma será explicada no Quadro 2 a seguir. Fonte: adaptado de Chaffey (2014). Administração pública Empresas Consumidores Administração pública G2G G2B G2C Empresas B2G B2B B2C Consumidores C2G C2B C2C Quadro 1. Combinações de mercado no e-business. Essas combinações ocorrem em nosso dia a dia e, de acordo com nossa posição, seremos mais ou menos sensíveis a alguma delas. Por exemplo, se estamos trabalhando em uma empresa no setor de compras dessas, poderemos praticar o B2B e, assim, realizarmos de forma eficiente nossa tarefa. Veja as especificidades de cada uma das interações referentes à administração pública, com exemplos práticos da utilização pelos governos, no Quadro 2. 3E-business Fonte: adaptado de Chaffey (2014). Government to Government (G2G) Compreende as transações entre entes governamentais, como transações entre os poderes Executivo e Legislativo ou entre autarquias e Ministérios. Por exemplo, o Ministério da Educação envia ao Ministério do Planejamento informações eletrônicas sobre projetos de ampliação de escolas para atender à população. Government to Business (G2B) Compreende as transações entre participantes do governo e empresas. Por exemplo, pode ocorrer que determinada autarquia queira solicitar projetos de parceria com universidades particulares, ou entes do governo que solicitam colaboradores para suprir suas demandas e precisam fazer isso via edital para concurso público. Government to Consumers (G2C) Compreende as transações eletrônicas entre a administração pública e os cidadãos. Por exemplo, convocação para participação em trabalhos eleitorais, comunicações de aprovação em concursos públicos ou processos seletivos em universidades públicas. Quadro 2. Significado das siglas utilizadas nas relações de mercado na administração pública. As relações entre os usuários da rede têm um futuro promissor, pois a tecnologia da informação (TI) oferta, a cada dia, novas ferramentas e constante evolução nos meios de comunicação. Os dados trocados entre as organizações crescem em progressão geométrica, exigindo da TI novas e seguras tecnologias para o seu processamento. Não há mais como os entes públicos, sejam municipais, estaduais ou fede- rais ficarem de fora da rede, pelo contrário os governos necessitam entender e planejar suas ações dentro desse novo mercado, alinhando suas estratégias para obter vantagens competitivas, conforme apresenta António (2006). E-business4 Conheça um dos canais governamentais que expressa bem a importância do Estado e é um meio utilizado para intensificar melhorias para o país. Acesse o link ou código a seguir (BANCO..., c2018). https://goo.gl/UXp3cf Acesso à informação e transparência pública A informação sempre foi pauta de estudos durante a evolução da humanidade, quanto mais o homem domina a informação, mais resultados positivos ele obtém. Portanto, quanto menos informações o cidadão detém, menos ele pode verificar se os governantes por ele empossados estão direcionando recursos para o bem coletivo. Além do que você viu sobre as operações comerciais do governo serem claras, todos os serviços prestados e as políticas adotadas por esse governo, como políticas tributárias que afetam a vida de todos os cidadãos enquanto consumidores, também devem ser transparentes. Todos os atos e fatos gover- namentais devem ter transparência, afinal, os governantes são representantes de uma maioria de cidadãos imbuídos de cuidarem do coletivo, como podemos verificar nos sites oficiais de transparência. Um exemplo disso é o Portal da Transparência (BRASIL, c2018d). No Brasil, desde a década de 1990, sofremos grandes mudanças na estrutura política, social e econômica. Atualmente, vivenciamos uma era de transparência nunca vista antes, a modernização veio em um caminho sem volta, trazendo boas e más práticas de um governo jovem, mas que ainda está bem aquém de ser referência em termos mundiais de transparência. Em um primeiro momento, foram disponibilizadas inúmeras informações, mas sem uma organização adequada. Como você já sabe, dados organizados geram informações que contribuem para o conhecimento, e, atualmente, estamos caminhando para o fortalecimento dessas informações com a geração de conhecimento gerencial. 5E-business https://goo.gl/UXp3cf A transparência é fundamental para que as informações sejam coerentes com os atos governamentais, nos Estados Unidos, por exemplo, em 1966, já havia leis de acesso à informação pública (Freedom of Information Act [FOIA]). Em nosso país, podemos caracterizar como marco de melhoria nesse sentido a promulgação da Constituição Federal, de 1988. A participação social tem papel fundamental no processo de transparência, visto que a melhoria da governabilidade só se dará com o aval da sociedade. Um exemplo disto é a pesquisa apresentada pela Controladoria-Geral da União (CGU), demonstrando que a transparência é fundamental para que o ente público foque em ações para a melhoria do coletivo e não em função de uma ou um pequeno grupo de privilegiados. Confira a pesquisa no link ou código a seguir (BRASIL, 2017). https://goo.gl/Tc1iws Um país tem enormes problemas decorrentes da falta de controle e de instrumentos de fiscalização, caso seus atos não sejam transparentes. Podem haver conflitos de interesses entre a sociedade civil e os gestores públicos e, por isso, é que quanto mais transparente a gestão pública for, melhor ela será. Incorporamos na administração pública o termo governança pública, que é o conjunto de princípios básicos e práticas que conduzema admi- nistração pública ao alcance da eficácia, eficiência e efetividade de suas ações, promovendo uma prestação de contas transparente e a altura dos anseios de uma população tão necessitada de boas práticas como a nossa, concordando com textos do portal da transparência do Governo Federal (BRASIL, c2018d). Quanto mais os cidadãos perceberem que o ente público é transparente, mais eles apoiam e participam socialmente nos projetos coletivos. A confia- bilidade da informação fornecida pelos governos é base para que o cidadão E-business6 https://goo.gl/Tc1iws consiga acreditar na transparência governamental. Contudo, trata-se de um processo lento, que aos poucos estamos começando a visualizar em nosso país. Em comparação com outros países, vemos que eles já ofertam aos seus habitantes melhores práticas nesse quesito, como a Dinamarca e a Noruega com leis de 1970; a França e a Holanda desde 1978; a Austrália, o Canadá e a Nova Zelândia desde 1982; e o México em 2002. Nosso país tem sido estimulado a melhorar suas práticas, a exemplo de outros países. Em nível mundial, uma organização não governamental deno- minada “Transparency Internacional” (c2018), criada em 1993, tem o objetivo de unir esforços contra a corrupção e está presente em uma centena de países, promovendo a transparência, o acesso a informações, a responsabilidade com atos públicos, a integridade e a democracia em todos os níveis e setores da sociedade. O Brasil ainda é o 73º no quadro de países mais transparentes. Porém, estamos no caminho, pois estamos melhorando nossas leis, a confiabili- dade da informação, a participação mais ativa dos cidadãos nas questões coletivas de controle das ações e as contas públicas. No Quadro 3, você verá as ferramentas disponíveis para alcançar melhores informações e transparência pública. Conselhos de política pública Trata-se de instâncias de discussão e deliberação de políticas públicas amparadas por legislação nacional e que apresentam um desenho estruturado, podendo atuar nas três esferas (municipal, estadual e federal). Por exemplo, em um determinado município pode ser criado o conselho para desenvolvimento local, atuando em deliberações de ações que promovam o crescimento de determinada atividade comercial no município. Observatório social Os observatórios são instituições independentes (organizações não governamentais – ONGs) que se ocupam das tarefas de acompanhamento de gastos e fiscalização das contas públicas. São formados com participantes sem vínculo partidário e que desenvolvem papel fundamental para os controles das informações e contas públicas, como o observatório nacional , por exemplo (OBSERVATÓRIO SOCIAL DO BRASIL, c2018). Quadro 3. Ferramentas para transparência da administração pública. (Continua) 7E-business Fonte: adaptado de António (2006) e Chaffey (2014). Orçamento participativo Permite que o poder público e os moradores de determinada cidade formulem proposta orçamentária debatida e planejada, para que os recursos sejam investidos em projetos que realmente façam a diferença na vida das pessoas, garantindo que, em audiências públicas, o cidadão seja ouvido antes da realização do ato administrativo. Como exemplo, podemos considerar o portal do orçamento da cidade de Porto Alegre (c2018), que é referência no assunto. Audiência pública As audiências públicas propiciam à sociedade interagir com o poder público para decidir alguma questão. Elas um são forte canal democrático de manifestação de opinião, permitindo que indivíduos ou representantes de associações, fundações, conselhos de classe e sindicatos expressem suas aprovações ou rejeições ao assunto que está sendo discutido. Por exemplo, um debate em um determinado município sobre a aceitação ou não de uma nova indústria, que pode trazer consequências nocivas ao meio ambiente em razão de seu processo produtivo, mas pode, ao mesmo tempo, gerar emprego e renda à sociedade. Ouvidoria Busca dar, assim como nas empresas, transparência à gestão pública, com a participação dos usuários na melhoria dos serviços públicos ofertados pelo Estado e na avaliação das políticas públicas. É um excelente instrumento para aprimorar o sistema como um todo, visto que pode auxiliar rapidamente na correção de determinado assunto, modernizando a relação existente entre os servidores públicos e os cidadãos e consolidando o país democrático. Quadro 3. Ferramentas para transparência da administração pública. É necessário que a utilização desses mecanismos seja intensificada, para que o processo de conscientização da sociedade alcance resultados positivos, e a implantação de novos formatos de acompanhamento e controle faça, cada vez mais, parte do dia a dia dos habitantes de um país, com intuito de que o coletivo sempre seja prioridade, as políticas estejam ao alcance de todos e, cada vez menos, tenhamos escândalos de corrupção e favorecimento de minorias. (Continuação) E-business8 Quanto à disponibilidade governamental em aumentar a transparência, buscando a utilização dos meios eletrônicos para melhorar a gestão pública, foram criados diversos portais de informação ao cidadão e de prestação de serviços públicos, como o portal de compras do governo (BRASIL, c2018c), o portal de convênios do Estado do Rio Grande do Sul (c2018), o portal Brasil (c2018b) e outros. Você pode acessar inúmeras informações sobre o governo por meio do portal “Acesso à informação” (BRASIL, c2018a). Por ele, qualquer cidadão pode fazer um cadastro e solicitar informações. https://goo.gl/YdHg3g A lei de acesso à informação, Lei nº 12.527/2011 (BRASIL, 2011), é leitura obrigatória para aumentar seus conhecimentos no quesito transparência. Faça a leitura na íntegra acessando o link a seguir. https://goo.gl/Xk4co Business intelligence na gestão pública Dados geram informações que geram conhecimento. O conceito de business intelligence surgiu, oficialmente, nos anos de 1980, apesar de haver relatos de utilização semelhante pelos povos do Oriente Médio em seus cruzamen- tos de informações para negociações. Ele pode ser utilizado por todos os níveis organizacionais da pirâmide organizacional, conforme demonstrado no Quadro 4. 9E-business https://goo.gl/YdHg3g https://goo.gl/Xk4co Fonte: adaptado de António (2006). Nível estratégico Para o estabelecimento das metas orçamentárias e estimativas de receitas de tributos e impostos. Nível tático Para contribuir com licitações eletrônicas para melhor adequar as compras do ente público às necessidades dos contribuintes em relação aos orçamentos e à responsabilidade fiscal dos governantes. Nível operacional Para tratamento de dados e detalhes de clientes, por exemplo, no ente público, para auditar serviços prestados aos contribuintes. Quadro 4. Business intelligence na pirâmide organizacional. As necessidades de processamento de informações são fundamentais para que as organizações alcancem seus objetivos, pois quem domina a informação tem maiores probabilidades de permanecer no mercado. No serviço público não é diferente, as informações são importantes para que haja melhoria no acesso aos serviços por parte dos contribuintes e transparências nas ações feitas pelos governantes para o controle realizado pelos meios eletrônicos disponíveis aos organismos de fiscalização, concordando com as ações do portal da transparência disponível pelo Governo Federal (BRASIL, c2018d). A utilização do business intelligence vem em segundo plano, ou seja, é necessária para que se possa gerar conhecimento ao ente público de um sistema gerenciador de banco de dados e informações armazenadas. Assim, os gestores que o utilizam têm acesso a sistemas que os auxiliarão na tomada de decisão. Com isso, as decisões podem ser pautadas em consultas mais assertivas e com um maior número de informações processadas, se ganha velocidade e escala na análise e compilação de dados. Têm-se inúmeras vantagens para se utilizar obusiness intelligence, mas, para isso, os dados devem ser de fontes seguras e armazenados de forma também segurança e restrita por nível de ação. A gestão pública necessita de mecanismos e meios eletrônicos para melhorar suas performances em atender às demandas da população, pois fornecerá: E-business10 � maior velocidade na resolução das necessidades dos usuários em formato on-line, democratizando a utilização dos serviços públicos; � facilidade ao acesso a dados e informações, com isso as informações são consolidadas e servem para avalizar os formatos pré-determinados pelos gestores; � melhor controle de segurança das informações, permitindo um melhor gerenciamento no controle de acesso às informações, sendo beneficiados os usuários que necessitam da informação; � melhor processamento das informações com ganhos de tempo e exatidão nas informações necessárias à tomada de decisão, além de propiciar ao ente público melhores condições de atendimento às demandas da população, concordando com Chaffey (2014). Veja um caso de aplicação direta do business intelligence. A Superintendência de Arquivo Público, em parceria com a Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan), promoveu a primeira reunião com 70 servidores públicos atuantes nas áreas de arquivo e protocolo. O objetivo do encontro foi expor aos representantes de todos os órgãos e entidades do Poder Executivo de Mato Grosso medidas para melhorar a política de gestão documental. No evento, foi apresentada a solução de business intelligence, que caracteriza a ferramenta desenvolvida pela Empresa Mato-Grossense de Tecnologia da Informação (MTI) e implantada em parceria com a Seplan, objetivando prover importante insumo para a melhoria da gestão pública. O termo business intelligence, ou inteligência de negócios, refere-se ao processo de coleta, análise, organização, compartilhamento e monitoramento de informações tran- sacionais, que oferecem suporte à gestão de negócios, em que se utiliza um conjunto de teorias, metodologias, processos, estruturas e tecnologias que transformam uma grande quantidade de dados transacionais em informação gerencial para tomadas de decisões estratégicas e gestão organizacional. Fonte: Salles (2017). 11E-business 1. O processamento de informações é fundamental para o bom andamento das organizações, no setor público esse processamento, além de necessário, é base para a transparência das ações efetuadas pelos servidores públicos. Partindo desse princípio, assinale a alternativa correta. a) Um cidadão vai até um posto de saúde e não consegue informações sobre um atendimento e considera isso normal. b) Um gestor utiliza ferramentas de business intelligence para auxiliar na prestação do serviço com excelência. c) Um cidadão tem dificuldades em navegar no site oficial de determinado município. d) O ente público, por não acreditar em meios eletrônicos, só disponibiliza informações via correio a seus usuários. e) Um usuário liga para a ouvidoria e o telefone não completa a ligação. 2. A utilização do business intelligence na gestão pública é hoje uma das melhores práticas a serem realizadas. Assinale a alternativa correta quanto às vantagens da utilização do business intelligence. a) Garante a variabilidade das informações. b) Tem processos de decisão sem amparo. c) Deixa o agente público como passivo na tomada de decisão. d) Auxilia no acompanhamento de indicadores estratégicos de forma gráfica. e) Não permite a gestão integrada. 3. Sobre o orçamento participativo, é correto afirmar que: a) permite o acesso parcial à informação. b) garante ao ente público a tomada de decisão unilateral dos projetos. c) não utiliza audiências públicas para debater os projetos. d) garante que os recursos utilizados realmente modifiquem a vida das pessoas nas comunidades. e) muda a destinação dos recursos de acordo com a vontade única do ente público. 4. São exemplos de meios eletrônicos disponíveis à população para melhor entender o ente público e buscar informações sobre assuntos que dizem respeito ao coletivo: a) www.comprasgovernamentais. gov.br. b) www.bradesco.com.br. c) www.soudobrasil.gov.br. d) www.terra.com.br. e) www.google.com.br. 5. Os setores públicos utilizam metodologias para a realização de transações com os demais entes do mercado. Como se chamam essas transações no e-business? a) G2G, A2G e R2G. b) G2B, B2B e R2G. c) C2C, B2B e G2G. d) G2G, G2B e G2C. e) G2C, R2G e B2B. E-business12 http://gov.br/ http://www.bradesco.com.br/ http://www.soudobrasil.gov.br/ http://www.terra.com.br/ http://www.google.com.br/ ADMINISTRADORES. João Pessoa, c2003-2018. Disponível em: <http://www.adminis- tradores.com.br/>. Acesso em: 27 jan. 2018. ANTÓNIO, N. S. Estratégia organizacional: do posicionamento ao movimento. 2. ed. Lisboa: Sílabo, 2006. BANCO Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Brasília, DF: BNDES, c2018. 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E-business14 http://www.mti.mt.gov/ https://www.transparency/ https://exame.abril.com.br/negocios/dino/administracao-publica- https://www.ecommercebrasil.com/ http://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/1fb2b554ec8 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Glauber Rogério Barbieri Gonçalves Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 G643s Gonçalves, Glauber Rogério Barbieri Sistemas de informação [recurso eletrônico] / Glauber Rogério Barbieri Gonçalves ; [revisão técnica: Jeferson Faleiro Leon]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. ISBN 978-85-9502-227-0 1. Computação. 2. Sistemas de Informação. I. Título. CDU 004.78 Revisão técnica: Jeferson Faleiro Leon Graduado em Desenvolvimento de Sistemas Especialista em Formação Pedagógica E-business e comércio eletrônico Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Explicar o impacto do comércio eletrônico nos modelos de negócios tradicionais. � Identificar as aplicações práticas do comércio eletrônico nas empresas. � Diferenciar os tipos de transações de comércio eletrônico. Introdução Neste texto, você irá estudar como o comércio eletrônico gerou con- sideráveis mudanças nos mercados e proporcionou novas formas de negócios para as empresas e governos. Visão geral Há pouco tempo, quando você tinha vontade de consumir algo, por exemplo, uma pizza, se não tivesse os ingredientes em casa, teria que sair para com- prar ou consumir em algum estabelecimento, hoje você tem em suas mãos a facilidade de consumir essa ou qualquer outro produto ou serviço de seu sofá. Não é um, nem dois consumidores que domingo tem a brilhante ideia de adquirir um sofá, uma televisão, ou um celular novo fazendo a pesquisa e a aquisição desse produto na sala de sua residência. Tudo isso é fruto da evolução do comércio eletrônico. A tecnologia da informação (TI), atualmente, proporciona essas vantagens aos consumidores e, para atender essa demanda, proporciona as empresas esse novo canal de comunicação com seus clientes. As fronteiras foram rompidas por essa nova forma de relacionamento entre empresa e cliente, que não exclui as demais, mas cria uma poderosa ferramenta de sucesso para as empresas e os clientes. As empresas que entram nesse mercado não saem mais, devido às grandes oportunidades criadas pelo modelo. Os grandes desafios hoje são melhorar essa rede de comunicação, criada para atender aos anseios de um público cada vez mais exigente e sabedor de seus direitos e obrigações. O virtual tem papel fundamental nessas relações. Você, enquanto con- sumidor, pode pesquisar e utilizar as informações disponíveis para tomar a melhor decisão na aquisição de produtos que atendam as suas necessidades; já as empresas ganham escala na oferta e divulgação de seus produtos nesse mercado. E-business O e-business ou negócio eletrônico é definido como todos os negócios que utilizam a rede de computadores para sua realização. Sua definição se con- funde com a definição de comércio eletrônico. Para uma diferenciação, o comércio eletrônico (E-commerce) trata do comércio eletrônico de empresas e consumidores, ou seja, da compra e venda de produtos ou serviços pela rede de computadores, por exemplo, um usuário coloca para comercialização um produto que faz ou que comprou e não mais utiliza, usando a rede como canal de oferta para outros usuários. Por sua vez, negócio eletrônico trata desse comércio, mas também das outras transações dentro da empresa, como transações logísticas, transações de rela- cionamento com clientes e transações de produção, mais conhecidas por supply chain management (SCM), além das financeiras e de controle de estoques. Assim, o negócio eletrônico trata de todas as transações efetuadas de forma eletrônica dentro da organização e na comunicação dessa organização com os demais públicos. O mercado de uma maneira em geral proporcionou a chegada dessa nova ferramenta, pois as economias cresceram de forma geométrica, seus volumes hoje não mais permitem controles ou processamentos isolados, afinal, o volume de informações necessárias ultrapassa os controles manuais. A TI impulsiona as organizações por intermédio de suas ferramentas e o e-business auxilia na interface dessas transações com os demais componentes do sistema. O mundo globalizado lançou os caminhos a serem percorridos pelas organi- zações e a TI evoluiu e trouxe os mecanismos necessários para essa evolução. E-business e comércio eletrônico126 Hoje, consumidores podem consumir 24 horas por dia produtos de empresas que fisicamente nem conhece, mas que realizam a entrega desses produtos na residência desses consumidores, tudo de acordo com o solicitado, criando, assim, esse poderoso canal de comunicação. Da mesma forma, empresas podem se comunicar com outras empresas para tornarem seus processos mais dinâmicos e com custos reduzidos, otimizando, assim, os seus resultados. Veja ilustração da Figura 1. Há muito ainda que avançarmos na infraestrutura para manter o ambiente virtual sempre on-line, mas são fatos que devem e estão sendo tratadas, para manter o máximo possível estável as comunicações. Figura 1. E-business. Fonte: Eugênio (2015). No Quadro 1, você verá algumas das diferenças do antigo mercado para o novo mercado. 127E-business e comércio eletrônico Variáveis Economia antiga Economia atual Mercados Estáveis com os mesmos clientes e demandas ao longo do tempo Dinâmico e complexo com consumidores cada vez mais exigentes e conhecedores de seus direitos Competição Poucos concorrentes e locais ou nacionais Muitos concorrentes a nível global Estrutura de mercado Baseadas em sistemas de manufaturas Essencialmente fornecimento de serviços agregados ao produto TI Surgindo com poucas ferramentas e interações Essencial pela quantidade de informações a serem processadas e infinitas possibilidades na rede Organização e produção Hierárquica com produção em massa Trabalho em regime de Network ou virtual, flexível e customizado Meios de produção Máquinas pesadas Formatos digitais e eletrônicos Fatores educacionais Pouca orientação, educação em massa Princípios de educação para a vida toda, multiorientada Quadro 1. Relação entre economia antiga × atual. Essas e outras variáveis que mudaram com o mundo globalizado, trouxeram para as empresas novos desafios a serem superados, como buscar a redução de riscos, focar em uma melhor economia de escala, não temerem a troca de tecnologia, pelo contrário incentiva-la para ganhar tempo de processamento, obter melhores relações com parceiros e obter sinergias para conquistar me- lhores resultados. Basicamente podemos classificar em seis grupos funcionais de sistemas as partes internas do E-business, que não são exclusivamente internos à empresa, mas integrados por processos que, muitas vezes, se relacionam externamente à empresa, sendo elas: E-commerce (Comércio Eletrônico); gerenciamento de cadeia de fornecimento (SCM); Enterprise Resourse Planning (ERP), ou planejamento de recursos empresariais; Customer Relationship Management (e-CRM), ou gerenciamentode relacionamentos com o cliente; e-Procurement E-business e comércio eletrônico128 (sistema eletrônico de busca de itens para fornecimento); e Decision Support System (DSS), ou sistema de suporte às decisões (PAULA, 2010). Mercados do e-business Para existir negócios, é necessário existir empresas, consumidores e agentes de regulação ou governos, cada um tem papel fundamental para os negócios. Em negócios eletrônicos não é diferente, pois eles só facilitam as interações entre esses mercados. O setor da empresa que utiliza muito esses mercados em suas formas é o marketing, pois é o responsável pela oferta ativa de produtos e serviços. Atualmente, a rede é forte aliada para as ações propostas por ele, por exemplo, o marketing viral que se bem desenvolvido e aplicado pode trazer benefícios de prospectar vários possíveis consumidores ao mesmo tempo. Veja, no Quadro 2, as combinações possíveis dos mercados no e-business. Administração pública Empresas Consumidores Administração pública G2G G2B G2C Empresas B2G B2B B2C Consumidores C2G C2B C2C Quadro 2. Combinações de mercado no e-business. Essas combinações ocorrem em nosso dia a dia, de acordo com nossa posição seremos mais sensíveis a alguma ou não, por exemplo, se estamos trabalhando no setor de compras em uma empresa, poderemos praticar a B2B e, assim, realizar de forma eficiente nossa tarefa, para deixar mais claro, você agora irá acompanhar um exemplo prático de cada uma delas nos Quadros 3, 4 e 5. 129E-business e comércio eletrônico G2G – Government to Government Compreende as transações entre entes governamentais, transações entre o poder executivo e legislativo, ou entre autarquias e ministérios. Por exemplo, o ministério da educação envia ao ministério do planejamento informações eletrônicas sobre projetos de ampliação de escolas para atender a população. G2B – Government to Business Compreende as transações entre participantes do governo e empresas. Por exemplo, pode ocorrer que determinada autarquia queira solicitar projetos de parceria com universidades particulares, ou entes do governo que solicitam colaboradores para suprir suas demandas e tem que fazer isso via edital para concurso público. G2C – Government to Consumers Compreende as transações eletrônicas entre a administração pública e os cidadãos. Por exemplo, convocação para participação em trabalhos eleitorais, ou comunicações de aprovação em concursos públicos ou processos seletivos em universidades públicas. Quadro 3. Governos. B2G – Business to Government Compreende as transações entre organizações e entes públicos, como o fluxo inverso às solicitações governamentais de participação em editais públicos, em informações sobre impostos a serem recolhidos ou informações sobre declaração de imposto de renda de pessoa jurídica. B2B – Business to Business Compreende as transações entre empresas, trata de todas as comunicações entre as organizações, como solicitações de matérias-primas, informações de pagamentos, atendimento de orçamentos ou desenvolvimento de parcerias logísticas. B2C – Business to Consumers Compreende as transações entre as organizações e os consumidores, aqui encontramos as ofertas que buscam atender a demanda crescente de serviços por parte dos consumidores, todas as áreas estão representadas nessas opções de transações eletrônicas, como aquisição de produtos ou serviços, intermediações financeiras, como serviços de homebanking (transações de contas correntes), ou home broker (transações no mercado de ações). Quadro 4. Empresas. E-business e comércio eletrônico130 C2G – Consumers to Government Compreende as transações entre os cidadãos e os entes governamentais, realizando o fluxo inverso, por exemplo, entrega de declarações do imposto de renda de pessoa física, ou emissão de guias para pagamento de impostos diversos. C2B – Consumers to Business Compreende as transações eletrônicas entre os consumidores ou usuários e as organizações, por exemplo, a inserção de material publicitário de uma determinada empresa em sites ou espaços pessoais como redes sociais (Empresa X que comercializa sabão em pó tem seu produto anunciado em um blog de uma dona de casa especialista em roupas coloridas seria um caso prático). C2C – Consumers to Consumers Compreende as transações entre consumidores ou usuários, como um determinado usuário de uma rede social, em seu espaço oferta um produto que não atende mais suas necessidades, mas que pode ser útil para outro usuário. Quadro 5. Consumidores. As relações entre os usuários da rede têm um futuro promissor, pois a cada dia a TI oferta novas ferramentas e evolução constante nos meios de comu- nicação, e os dados trocados entre as organizações crescem em progressão geométrica exigindo da TI novas e seguras tecnologias para o processamento. Não há mais como ficar de fora da rede, pelo contrario as organizações tem que entender e planejar suas ações dentro desse novo mercado, alinhando suas estratégias a fim de obter vantagens competitivas. O home broker é um sistema que permite que você dê as ordens de compra e venda de títulos diretamente no pregão da bolsa de valores. Lembrando que a facilidade que a tecnologia traz nos faz ter a ilusão de que é fácil investir por meio do home broker. Como você que está administrando a própria carteira, é preciso conhecer bem sobre investimentos de maneira geral, como fazer a gestão de seus investimentos, ter conhecimento sobre as empresas e os setores em que atuam (GALLO, 2011). 131E-business e comércio eletrônico Modelos de negócios eletrônicos Os modelos de negócios eletrônicos são definidos pelas organizações em atendimento ao modelo de negócio de cada organização, ou seja, atendendo como ferramenta a ser utilizada para o atingimento das metas e objetivos empresariais. Não há como ter um modelo de negócios eletrônicos que fique diferente dos anseios gerais da organização. Por exemplo, uma empresa que não coloca em seu planejamento investimentos em TI e marketing e quer resultados positivos pela utilização dos meios eletrônicos, com certeza irá ter resultados negativos, pois para o correto funcionamento desses canais, são necessários investimentos em material publicitário e de infraestrutura de rede e hardware e software que contemplem a transmissão de dados e segurança das informações geradas. Além desses fatores, a velocidade com que as evoluções na área da TI chegam às organizações traz a preocupação em estar sempre preparadas para os novos desafios, que surgem do dia para a noite. A competitividade aumenta e os cenários trocam muito rapidamente, forçando as empresas a estarem sempre prontas para trocarem de rumo ou, até mesmo, de metas durante a realização de suas atividades. Por exemplo, uma organização que acredita que a capacitação é funda- mental para seus colaboradores pode utilizar esses modelos de interação para proporcionar treinamentos on-line a seus funcionários, assim ganhando escala e otimizando seus recursos. Classificação de modelos de negócios eletrônicos Entre os modelos que estão surgindo, cabe uma classificação para que você os identifique em seu dia a dia, os itens a seguir contempla os tipos e uma breve descrição dos modelos hoje encontrados na literatura. Internet-enabled business models São os modelos baseados da rede de computadores, atualmente tanto os usu- ários como as empresas não ficam mais fora desse modelo, são baseados na evolução da TI com o incremento de funcionalidades, interação entre os agentes e valor agregado pelas transações disponíveis. Veja, no Quadro 6, os dez mais utilizados pelos B2B e B2C. E-business e comércio eletrônico132 E-shop Esse modelo traz todas as empresas que tem lojas on- line para comercialização de seus produtos ou serviços, realizando o processo todo ou partes dele, por exemplo, as ofertas, separação do pedido e finalização da compra. Além desses, também se encontram nesse modeloos sites que fazem a oferta ou demonstração de produtos para as organizações, porém sem comercializar diretamente. E-procurement Esse modelo tem o objetivo de aquisição de produtos ou serviços, ele auxilia as organizações nos processos de procura e compra de itens necessários aos seus processos. E-mall Esse modelo potencializa o e-shop, sendo um centralizador de lojas para buscas por produtos ou serviços. E-auctions Trata-se de leilões que atendem aos mercados B2C e B2B, realizando virtualmente os leilões para aquisição de mercadorias ou serviços. Por exemplo, nos leilões reversos a proposta mais qualificada e de menor valor vence a disputa. Third-party marketplace Esse modelo abriga um ponto de encontro virtual entre compradores e vendedores, com objetivo de realizar as transações de compra e venda. Virtual community Nesse modelo temos as comunidades formadas por usuários ou empresas que tem os mesmos objetivos, assim, sendo alvo para as ações de marketing das empresas, como condensam mais usuários, as ações direcionadas acabam por atingir um número maior de pessoas. Collaboration platform Trata-se de uma plataforma que colabora com empresas e usuários fornecendo espaço e ferramentas que auxiliam na interação desses usuários. Value-chain integrator Compreende as ações pelos entes participantes com objetivo claro na geração de valor às organizações, realizam os passos constantes na cadeia de valor de produtos ou serviços. Por exemplo, na cadeia do agronegócio, fazem ações desde a plantação, passando pela distribuição e comercialização do produto final junto ao cliente. Value-chain service provider Nesse modelo, os usuários especializam-se em uma parte da cadeia de valor, por exemplo, realizam a distribuição dos produtos, ou os recebimentos de determinada transação financeira. Information brokerage Nesse modelo verificamos as informações das interações, por exemplo, empresas que realizam o teste nas informações para atestar a sua veracidade para o emissor e receptor. Quadro 6. Internet-enabled business models. 133E-business e comércio eletrônico Esses modelos normalmente são utilizados pelas empresas em conjunto, ou em partes, é comum verificarmos mais de um sendo utilizados pelas organi- zações. O mercado eletrônico veio para ficar e, cada vez mais, será utilizado pelas organizações. Value Web business models São compreendidos os modelos que utilizam a rede para agregar valor, esse framework (estrutura conceitual) utiliza os blocos de construção que você verá no Quadro 7, com objetivo de agir na integração dos usuários. Markets Compreendem os mercados que tem como objetivo a aproximação de vendedores e compradores. Hierarchies Compreende a evolução das antigas hierarquias clássicas das empresas, com a evolução das estruturas mais ágeis e flexíveis que o mercado exige. Networks Se hoje as pessoas físicas não ficam mais sem sua rede de relacionamentos, para futuros empregos ou oportunidades, você tem que perceber que as empresas também tem que estar sempre realizando atividades de networks, pois o tempo é curto para agir só, a interação vai proporcionar melhores resultados para a organização. Information technology A TI tem papel fundamental nesses modelos de interação pela rede, sem a TI as organizações ficariam ineficientes. New-old business models As experiências das antigas formas de interação têm seus fundamentos garantidos pela evolução dos meios de interação proporcionados pela TI, ou seja, o antigo serve de base para o novo. Quadro 7. Value Web business models. E-business-enabled business models Essa classificação traz os modelos que são utilizados pelas empresas dentro das interações proporcionadas pela utilização do e-business, quanto mais utilizam, mais valor agregam a organização. Veja os modelos no Quadro 8. E-business e comércio eletrônico134 Tele-working model Compreende o modelo que trás um grande número de empresas, grupos ou usuários interligados em uma rede. Virtual organization model Compreende o modelo que tem a união de usuários ou empresas agrupados por um modelo ou afinidade, independentemente da localização geográfica de cada ente. Process outsourcing model Compreende o modelo que tem como premissa a confiança entre os entes envolvidos, por exemplo, há uma confiança entre a empresa e seu fornecedor, assim a interação eletrônica é segura em regime de outsourcing (terceirização). Collaborative product development model Com esse modelo as organizações ganharam a oportunidade de desenvolver produtos que podem ser confeccionados por vários fornecedores e em várias partes do mundo, por exemplo, a empresa DELL de computadores que tem unidades no Brasil de montagem e seus componentes vem de diversos países. Value Chain integration model Esse modelo caracteriza-se pela interação proporcionada pela rede para a cadeia de suprimentos ser realizada de forma mais eficiente. Quadro 8. E-business-enabled business models. Market participants business model Trata das classificações das empresas no mercado, ele caracteriza os diversos tipos de empresas no mercado, por exemplo, as indústrias, os distribuidores e os pontos de venda. Assim, cada um cumpre seu papel e utiliza a rede para uma melhor interação comercial, tanto de informações do fornecedor para o cliente como retroalimentando o sistema com as informações do cliente para o fornecedor. Cybermediaries business model O futuro já está em nossa porta, o cyber espaço veio para consolidar novas formas de interação, as empresas e as pessoas em geral utilizaram cada vez mais esse novo formato proporcionado pela evolução da TI. 135E-business e comércio eletrônico Novas descobertas serão feitas, novas formas de relacionamento entre os entes da rede, você deve ficar atento para essas mudanças, o que conhecemos hoje, amanhã já não mais dominamos e teremos cada vez mais a necessidade de atualização, começa por você, mantenha a cabeça aberta ao novo e sempre permanecerá no mercado. Cadeia de valor é um modelo de estruturação das atividades desenvolvidas pelas empresas, visando garantir a máxima qualidade do serviço e do produto ao cliente final, além de criar vantagem competitiva no mercado. O conceito da cadeia de valor foi criado pelo professor estadunidense Michael Eugene Porter, e consiste na criação de um fluxograma dos conjuntos de atividades essenciais para a agregação de valor ao produto ou serviço de determinada empresa. Na cadeia de valor de Porter, cada etapa do processo de desenvolvimento do produto ou serviço é essencial para a sua valorização total, desde o modo como é mantida a relação com os fornecedores da matéria-prima, até o modo como o produto final é entregue aos consumidores. Com a cadeia de valor, a empresa consegue identificar quais as etapas de produção responsáveis por agregar valor ao produto e, com isso, desenvolver uma estratégia que ajude a potencializar esses setores. Fonte: Significados (c2011-2017). 1. O comércio eletrônico já responde por considerável parte da movimentação financeira das empresas, inclusive das brasileiras. Esse novo modelo de negócios vem gerando diversas transformações no ambiente organizacional, proporcionando agilidade e eficiência nas transações. Do lado dos usuários, a comodidade oferecida pelo comércio eletrônico é um dos principais atrativos. Se considerarmos o crescente número de equipamentos eletrônicos vendidos em nível mundial e que a maioria deles dispõe de conexão com a internet, temos um cenário em que o comércio eletrônico pode ser expandido e se transformar no principal canal de negócios da era moderna. Em relação ao comércio eletrônico, identifique a alternativa correta. a) A disponibilidade é um dos principais desafios enfrentados pelas empresas que utilizam comércio eletrônico, pois o tempo que um ambiente virtual fica fora do ar ocasiona muitas perdas, especialmente financeiras. E-business e comércio eletrônico136b) As negociações estão mais seguras no ambiente digital, pois os crimes comuns não se repetem nesse ambiente, em função do uso de certificados específicos de segurança. c) Atualmente, o único canal para realização de transações eletrônicas é a internet, pois ela é utilizada globalmente. d) Este novo modelo de negócios vem sendo muito utilizado em pequenas e médias empresas, pois não gera impactos na estrutura organizacional. e) O comércio eletrônico tradicional envolve exclusivamente processos de compras via internet ou redes corporativas privadas. 2. As recentes tecnologias da web e das redes sem fio, em conjunto com a criação de lojas on-line de aplicativos, possibilitam oportunidades para o surgimento de empresas e novas formas de se fazer negócio no ambiente virtual. O comércio eletrônico tem aproveitado essa nova estrutura para se expandir, alcançando desde usuários comuns, interessados em apenas fazer compras em sites, até usuários corporativos, como empresas participantes de leilões eletrônicos em ambientes virtuais de órgãos governamentais. O comércio eletrônico é universal e diversificado, permitindo tanto a participação de empresas e de usuários como de agentes governamentais. Analise as informações a seguir que tratam dos tipos básicos de transações de comércio eletrônico. I. Transações do tipo B2B (empresa para empresa) são permitidas apenas para organizações empresariais de grande porte, ou seja, com faturamento acima de R$10.000.000,00 (dez milhões de reais), pois o custo para sua implantação é alto. II. Nas transações do tipo B2C (empresa para consumidor) os fornecedores de produtos e/ou serviços são as organizações e os compradores são pessoas físicas. III. No tipo de transação C2B (consumidor para empresa) as empresas demonstram uma necessidade específica por um produto ou serviço, e as pessoas físicas competem para fornecê-lo. Está correto o que se afirma somente em: a) I. b) II. c) III. d) I, II e III. e) Nenhuma das afirmações. 3. Um dos maiores desafios das empresas que desejam operar no ambiente virtual é integrar os sistemas de comércio eletrônico com outros sistemas empresariais, já utilizados pelos funcionários da organização em suas tarefas rotineiras. Além disso, é fundamental integrar essa nova plataforma tecnológica para atender, ao mesmo tempo, às necessidades empresariais relacionadas ao comércio eletrônico e às necessidades dos clientes que irão utilizá-las. A figura abaixo apresenta um esquema do modelo de comércio eletrônico. É importante lembrar que um modelo de negócio corresponde à forma pela qual a empresa gera lucro. 137E-business e comércio eletrônico Com base na análise da figura e no entendimento das relações existentes entre as diversas entidades que a compõem, identifique a afirmação correta. a) A empresa pode desenvolver estratégias de aprendizado eletrônico e disponibilizá-las, tanto para seus funcionários internos como para seus parceiros externos. b) A integração dos sistemas de comércio eletrônico da empresa com seus sistemas de suporte precisa ser feita visando, essencialmente, os usuários internos, pois os acessos externos normalmente representam um percentual pequeno do volume de tráfego mensal do ambiente virtual. c) As comunidades on-line fazem parte da maioria dos modelos de comércio eletrônico, especialmente pelo seu relacionamento direto com as licitações eletrônicas. d) O Customer Relationship Management (CRM) é um serviço de suporte utilizado pela empresa para iniciar sua atuação em mercados eletrônicos. e) Os mercados eletrônicos funcionam a partir da atuação de intermediários privados, pois os agentes públicos não podem atuar em ambientes virtuais devido a seu regime de trabalho. 4. Um dos principais objetivos do comércio eletrônico é simplificar e automatizar o máximo de processos de negócio quanto for possível. Para que isso se torne uma realidade, e os novos processos de negócio estejam aderentes à estratégia organizacional, o modelo de comércio eletrônico a ser adotado pela empresa precisa ser bem planejado e estar completamente adequado a sua realidade. Em outras palavras, de nada adianta a empresa construir um ambiente virtual para realização de leilões on-line, se ela não for trabalhar com esse modelo de comércio eletrônico como parte de sua estratégia. Analise as afirmações a seguir sobre os diferentes modelos de negócio eletrônicos. I. No leilão reverso são os compradores que informam quais produtos ou serviços desejam adquirir, recebendo a partir daí as propostas de fornecimento. II. A maior vantagem do modelo de negócio denominado associação é que ele permite a participação sem restrições de pessoas e empresas, facilitando o processo de divulgação e aquisição de produtos e serviços. E-business e comércio eletrônico138 III. O marketing viral possui como principal vantagem o fato de os próprios indivíduos que recebem uma mensagem encaminharem o seu conteúdo para seu círculo de contatos. Está correto o que se afirma somente em: a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) I, II e III. e) Nenhuma das afirmações. 5. Considere que você foi contratado pela empresa Penta S.A., atuante no ramo de marketing esportivo, como consultor externo pelos próximos seis meses. Sua principal atribuição é elaborar o planejamento da implantação de um modelo de comércio eletrônico para a empresa, que pretende oferecer serviços relacionados a sua área de atuação para governos e órgãos públicos. Neste contexto, o tipo de transação de comércio eletrônico mais indicado para a organização é o: a) Business to Business (B2B). b) Business to Customer (B2C). c) Business to Government (B2G). d) Customer to Government (C2G). e) Government to Business (G2B). 139E-business e comércio eletrônico EUGÊNIO, M. E-business o que é? São Paulo: D Loja Virtual, 2015. Disponível em: <https:// www.dlojavirtual.com/como-vender/e-business-o-que-e>. Acesso em: 08 set. 2017. GALLO, F. Home broker facilita a negociação de ações, mas é preciso cuidado. Es- tadão, São Paulo, 03 jan. 2011. Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/ noticias/geral,home-broker-facilita-a-negociacao-de-acoes-mas-e-preciso-cuidado- -imp-,661284>. Acesso em: 08 set. 2017. PAULA, W. E-business. Administradores, João Pessoa, 30 mar. 2010. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/producao-academica/e-business/2845/>. Acesso em: 08 set. 2017. SIGNIFICADOS. Significado de cadeia de valor. Matosinhos: 7Graus, c2011-2017. Disponível em: <https://www.significados.com.br/cadeia-de-valor/>. Acesso em: 08 set. 2017. Leituras recomendadas ABCOMM/SC. Sobre a ABCOMM Santa Catarina. [S.l.], c2017. Disponível em: <http:// abcommsc.com.br/sobre/>. Acesso em: 07 set. 2017. CHAFFEY, D. Gestão de e-business e e-commerce: estratégia, implementação e prática. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. E-COMMERCE Brasil. [S.l.: s.n.], c2017. Disponível em: <https://www.ecommercebrasil. com.br/>. Acesso em: 07 set. 2017. ESTADÃO CONTEÚDO. Carrefour lançará e-commerce de alimentos no Brasil. Exame. com, São Paulo, 11 ago. 2017. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/negocios/ carrefour-lancara-e-commerce-de-alimentos-no-brasil/>. Acesso em: 07 set. 2017. PERIARD, G. Cadeia de valor: o que é e pra que serve? [S.l.]: Sobre Administração, 2007. Disponível em: <http://www.sobreadministracao.com/cadeia-de-valor-o-que-e-e- -pra-que-serve/>. Acesso em: 07 set. 2017. SEBRAE. Aspectos legais do e-commerce. Brasília, DF, c2014. Disponível em: <http:// www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/1fb2b 554ec81cb7a7da2eeab6ecef4c3/$File/5051.pdf>. Acesso em: 07 set. 2017. E-business e comércio eletrônico140 https://www.dlojavirtual.com/como-vender/e-business-o-que-e https://www.dlojavirtual.com/como-vender/e-business-o-que-e http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,home-broker-facilita-a-negociacao-de-acoes-mas-e-preci http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,home-broker-facilita-a-negociacao-de-acoes-mas-e-precihttp://economia.estadao.com.br/noticias/geral,home-broker-facilita-a-negociacao-de-acoes-mas-e-preci http://www.administradores.com.br/producao-academica/e-business/2845/ https://www.significados.com.br/cadeia-de-valor/ http://abcommsc.com.br/sobre/ http://abcommsc.com.br/sobre/ https://www.ecommercebrasil.com.br/ https://www.ecommercebrasil.com.br/ http://exame.abril.com.br/negocios/carrefour-lancara-e-commerce-de-alimentos-no-brasil/ http://exame.abril.com.br/negocios/carrefour-lancara-e-commerce-de-alimentos-no-brasil/ http://www.sobreadministracao.com/cadeia-de-valor-o-que-e-e-pra-que-serve/ http://www.sobreadministracao.com/cadeia-de-valor-o-que-e-e-pra-que-serve/ http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/1fb2b554ec81cb7a7da2eeab6e http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/1fb2b554ec81cb7a7da2eeab6e http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/1fb2b554ec81cb7a7da2eeab6e http://www.administradores.com.br/producao-academica/e-business/2845/ https://www.significados.com.br/cadeia-de-valor/ Conteúdo: SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Glauber Rogério Barbieri Gonçalves Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 G643s Gonçalves, Glauber Rogério Barbieri Sistemas de informação [recurso eletrônico] / Glauber Rogério Barbieri Gonçalves ; [revisão técnica: Jeferson Faleiro Leon]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. ISBN 978-85-9502-227-0 1. Computação. 2. Sistemas de Informação. I. Título. CDU 004.78 Revisão técnica: Jeferson Faleiro Leon Graduado em Desenvolvimento de Sistemas Especialista em Formação Pedagógica Questões legais do E-business Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar implicações de questões legais e éticas no comércio eletrônico. � Diferenciar os principais tipos de crimes virtuais. � Reconhecer as características básicas do marco civil da internet e seu impacto sobre os usuários. Introdução As relações de compras entre consumidores e fornecedores passam por várias fases. No meio físico, normalmente o consumidor pesquisa, entra de estabelecimento em estabelecimento, compara produto e atendimento, encontra o produto ou serviço que atende a sua necessidade, negocia e adquire o produto, podendo, até mesmo, tocar no produto, abrir e em alguns casos o experimentar. Esse tipo de relacionamento sempre existirá e não é excludente da nova forma de relacionamento entre cliente e fornecedor, que hoje cha- mamos de comércio eletrônico, também conhecido por e-commerce. Outra denominação que está presente atualmente para esse termo é o e-business “negócio eletrônico”, que também promove o comércio eletrônico entre fornecedores e empresa, mas engloba as negociações da empresa na internet não sendo necessariamente comercial, essa é a diferença básica dos dois termos. Dessa forma, tanto o e-commerce como o e-business são alvos de tentativas de golpes e crimes virtuais, os quais precisam ser conhecidos, combatidos e punidos. Neste texto, você irá conhecer algumas questões éticas e legais e os instrumentos que podemos utilizar para minimizar os impactos negativos desses crimes. Comércio eletrônico Para definirmos comércio eletrônico, precisamos unir o comércio tradicional às ferramentas da tecnologia da informação (TI), dessa união teremos processos mais rápidos com aplicações inovadoras e revolucionárias para o atingimento das metas e objetivos empresariais. O comércio eletrônico está presente em todos os ramos da economia, atuando fortemente para melhorar as relações entre os consumidores e fornecedores de bens e serviços. A evolução do termo modernizou essas relações em um caminho sem volta. Cerca de 40 anos (décadas de 1970-1980) atrás tínhamos casos de que um consumidor fazia uma lista de compras, se deslocava ate um estabelecimento comercial chamado de “venda”, comprava os itens que necessitava, anotava esses itens em um caderno de compras chamado de “livreta” durante todo o mês, no mês seguinte ele voltava, pagava as compras anteriores e repetia a ação. Hoje, um consumidor em casa pode adquirir os produtos que atendam a sua necessidade e os receber em casa, efetuando o pedido e o pagamento eletronicamente. As empresas, então, podem realizar seus negócios e suas comercializações pela rede de computadores. Ganhou-se o tempo, agilidade e confiança nos processos. Não há mais como ficar sem utilizar os recursos da TI para a integração dos mercados, a TI proporciona para as pessoas e, principalmente, para as empresas as melhores formas de se adaptarem, sobreviverem e obterem van- tagens nesta nova realidade econômica. Figura 1. Comércio eletrônico. Fonte: FecomercioSP (2016). Questões legais do E-business174 O mercado eletrônico que se formou, é o responsável pela coordenação do fluxo de materiais e serviços entre os fornecedores e os consumidores, ou seja, atua na oferta e demanda dos mais variados itens ofertados e demandados, além das transações resultantes dessas interações. Tem em si as facilidades de ser onipresente, facilidade de acesso à infor- mação e baixos custos de transações. Veja no Quadro 1 as principais carac- terísticas desse mercado. Redução de custos Os custos podem ser reduzidos no caso dos fornecedores no que tange a distribuição e oferta massificada de seus produtos ou serviços; e no caso dos consumidores podem ser reduzidos, por exemplo, pela obtenção de informações sobre fornecedores e produtos alternativos, buscando uma melhor concorrência entre os ofertantes das mercadorias. Melhor concorrência na oferta O mercado eletrônico fica mais atraente com a entrada de novos fornecedores, com isso, quanto maior for a base de consulta, melhor será para os consumidores adquirirem produtos que atendam as suas necessidades. Inovação constante O mercado eletrônico requer inovação constante aos seus participantes, principalmente buscando formas de processamento com menores custos operacionais. Investimento Essa forma de mercado requer um bom investimento para ser implantado e processado, com isso o retorno virá pelas economias de escala e escopo. Ponderações sobre incertezas As incertezas sobre os benefícios sempre irão existir se os mesmos não puderem ser mensurados. As organizações terão que constantemente avaliar a participação no mercado de uma forma quantitativa e qualitativa. Meios de pagamentos eletrônicos As inovações realizadas nos meios de pagamento on-line permitiram a evolução e o crescimento das transações comerciais, servindo de base para todo o comércio eletrônico, facilitando, por exemplo, para os clientes que podem pagar contas na rede, por intermédio de um serviço on-line de pagamentos e realizar todos os pagamentos por um único site. Quadro 1. Características do mercado eletrônico. Assim sendo, os mercados eletrônicos vieram para não mais voltar, estão presentes em nosso dia a dia, tanto em nossas relações pessoais de interação 175Questões legais do E-business eletrônica como nas relações das empresas com outras empresas ou com seus consumidores. Eles promovem a coordenação dessas atividades negociais pelas formas de mecanismos de mercado, pela real globalização das informações e pela simplicidade na oferta aos usuários. Entre benefícios desse tipo de comércio podemos citar: � promoção de produtos, feita por meio de um contato direto e interativo; � novo canal de vendas, podendo ser utilizado como forma alternativa para demonstração dos produtos ofertados pela organização, pois tem uma ligação direta e rápida com os potenciais consumidores; � economia direta, pois tem redução significativa de custos por utilizar processos compartilhados com informação e integração eletrônica; � redução do tempo de comercialização, como ele aproxima o consumidor do produto, acaba por eliminar algumas etapas do processo, por exemplo, um consumidorpode pesquisar o produto em casa, ver imagens desse produto, tomar a decisão de compra e até mesmo já efetuar a compra, ou ir a uma loja física para concretizar a compra; � novas oportunidades de negócios, pois viabiliza negócios antes não sonhados pelas organizações, como uma empresa que tem lojas físicas em um número pequeno de municípios, com o comércio eletrônico oferta seus produtos a um número bem maior de municípios. Cyberspace: o ciberespaço é o ambiente criado de forma virtual por meio do uso dos meios de comunicação modernos, destacando-se, entre eles, a internet. Esse ambiente tornou-se possível em razão de uma grande infraestrutura técnica na área de telecomunicação composta por cabos, fios, redes, computadores, etc. O termo surgiu como o autor de ficção científica Willian Gibson, em 1984, no livro Neuromancer, sendo utilizado para designar um ambiente artificial onde trafegam dados e relações sociais de forma indiscriminada. Para Gibson, ciberespaço é um espaço não físico no qual uma alucinação consensual pode ser experimentada diariamente pelos usuários. Já para Lévy, o ciberespaço é definido como o espaço de comunicação formado pela interconexão mundial dos computadores e das suas memórias. Constituindo-se em um espaço virtual de trocas simbólicas entre pessoas e que pode ser entendido como o espaço de troca de informação na cultura contemporânea (SÓ PEDAGOGIA, c2008-2017). Questões legais do E-business176 TI e o mercado eletrônico Você verá agora os principais conceitos das aplicações da TI no mercado eletrônico. Sem essas interações não haveria mercado ou comércio eletrônico, nem mesmo negociações eletrônicas. � Comunicação eletrônica: trata da troca de informações entre as partes envolvidas em um processo, podendo ser duas empresas, uma empresa e um consumidor ou vários agentes. Essa comunicação ganha velocidade, segurança e tempo de processamento pelas tecnologias envolvidas, além de redução de custos. � Intermediação eletrônica: as informações têm livre acesso, tanto por parte do fornecedor para o cliente, do cliente para o fornecedor e entre fornecedores, com isso há uma redução de custos em todas as etapas do processamento. Como a intermediação ocorre no formato eletrônico, também há um ganho nas possibilidades de alternativas disponíveis, aumentando o leque de opções para os envolvidos, completando as vantagens da redução de custos com o aumento da qualidade. � Integração eletrônica: é o fator que permite que todos estejam co- nectados eletronicamente, sem essa integração não haveria mercado eletrônico. Esses processos vão definir o atendimento das demandas da empresa, e o formato escolhido vai ser distrito no planejamento estratégico (nele a empresa vai dizer qual a expectativa e nível de serviço escolhido), com isso irá realizar os investimentos necessários para deixar o sistema funcional, prevalecendo às decisões sobre o desenvolvimento relacional com parceiros, fornecedores e clientes. O aspecto segurança também vai estar no planejamento da empresa, visto que, para proteger o serviço ofertado ou demandado, a empresa terá que tomar alguns cuidados com as informações processadas, como monitorar e-mails recebidos e enviados e alguns tipos de rastreamento na web, para verificarem os acessos ao seu site ou ambiente de comércio eletrônico. A integração eletrônica utiliza uma relação entre a troca eletrônica de dados Electronic Data Interchange (EDI) e Interorganizational Systens (IOS). O EDI é uma plataforma técnica baseada em um conjunto de padrões estruturados e conhecidos por todas as organizações, ou seja, os arquivos, por exemplo, de uma carteira de cobranças, sai de uma empresa qualquer e é transmitido e recebido em uma organização financeira qualquer, havendo, obviamente 177Questões legais do E-business um contrato entre elas. O IOS estabelece os padrões dessas comunicações e as interconecta. O EDI é hoje uma das formas mais importante de comércio eletrônico existente, pois possui o potencial de aumentar a velocidade das operações, a eficiência dos processos e de reduzir os custos operacionais e de processamento de informações entre as organizações. Contudo, a implementação do EDI não é fácil, exigindo mudanças no modus operandi da organização quanto à padronização dos processos, além da existência de vários protocolos de transmissão, o que leva muitos a não adotarem o processo (DIAS, 2011). Crimes virtuais Os crimes virtuais são atos dirigidos contra um usuário ou um conjunto de usuários que utilizam sistemas de informática para realizar suas atividades pessoais ou empresariais, podem ser atos contra o computador propriamente dito ou atos contra os dados ou programas armazenados nessas unidades. Figura 2. Crime virtual. Fonte: Corrêa (c2017). Os crimes virtuais também são chamados de Cyber crimes, ou crimes eletrônicos ou cibernéticos, contudo, independentemente do nome, são fatos Questões legais do E-business178 e atos ocorridos no ambiente da rede de computadores considerados pela legislação penal como crimes ou contravenções penais. Essas infrações, normalmente são contra o patrimônio da pessoa ou em- presa, ocasionando de alguma forma perdas financeiras ou materiais. Além disso, encontramos também as infrações contra a liberdade individual e a propriedade intelectual das pessoas ou organizações. Em nosso país, esse tipo de crime aumentou em progressão geométrica, com o aumento de usuários e empresas que utilizam a rede de computadores para o seu dia a dia, porém, os dados podem ser ainda mais altos, pois há o fator de que por vergonha de assumir que foi enganada a pessoa não faz a denúncia aos órgãos competentes. Assim como as pessoas de bem e as empresas sérias aumentaram suas participações na rede de computadores, também entraram nesse processo algumas pessoas ou empresas que são criminosos e deslumbraram uma forma de se beneficiar com essas novidades. O campo ficou fértil para os golpes, porque ainda hoje muitos usuários não sabem se proteger desses crimes, tornando-se vítimas fáceis para esses criminosos. A legislação brasileira, em razão do aumento desse tipo de crime, teve que criar leis para eventuais punições aos crimes praticados. Em novembro do ano de 2012, foi promulgada a Lei nº 12.737, da qual transcrevemos o pri- meiro artigo: “Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a tipificação criminal de delitos informáticos e dá outras providências” (BRASIL, 2012). Em geral, dividimos os crimes virtuais em três tipos: o puro, o comum e o misto. O comum é aquele que utiliza da rede de computadores para ser feito, sendo a rede um instrumento para cometer o delito; o puro é aquele que tem as condutas ilícitas direcionadas à parte virtual de um computador ou até mesmo a sua parte física; e os mistos são a união desses dois, praticados pela internet e afetando o software ou hardware. São alguns exemplos desses crimes: ameaça, difamação, injúria, calúnia, discriminação, estelionato, pedofilia e falsa identidade. Segue uma relação com os crimes que mais ocorrem e são praticados por criminosos. 179Questões legais do E-business � Furto de dados, promoções e estelionato: os criminosos podem criar situações para furtar dados dos usuários e depois utilizar esses dados de alguma forma para ganhar vantagem, podem, por exemplo, criar promoções falsas para iludir os usuários, facilitando a obtenção desses dados. Utilizam para isso páginas falsas, perfis falsos em redes sociais entre outros. Podem ser enquadrados no crime de estelionato, art. 171 do código penal que é “Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.” (BRASIL, 2012). � Difamação, calúnia e injúria: neste caso podemos encontrar cam- panhas contra empresas, por exemplo, difamando seus produtos com informações não verdadeiras; e no caso de pessoas físicas, em redes sociais,por antigos companheiros depois de uma separação, colocar falsas ou informações íntimas do outro sem a devida permissão. Segue o artigo penal que fala sobre esse assunto: “Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro...” E temos a difamação como nos mostra o art. 139 do Código Penal “Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação” (BRASIL, 2012). � Pedofilia: essa é uma grande chaga da sociedade que deve ser punida, infelizmente há um grande número de casos para serem tratados, existem muitos sites com esses conteúdos e muitos pedófilos que se passam por outras pessoas com perfis falsos com o objetivo de atrair vítimas para satisfazer suas perversas necessidades. Segue um exemplo de juris- prudência sobre esses casos: “Penal. Pedofilia ou pseudosexualidade. Reprodução fotográfica. Fotografar ou publicar fotos de crianças e adolescentes em pose eróticas. Inserção em rede bbs/internet de com- putadores. Crime. Art. 241 do estatuto da criança e do adolescente com a redação ditada pela Lei 10.764, de 2003. Crime de ação múltipla.” � Ameaça: é o crime de escrever ou mostrar uma imagem que ameace alguém para conseguir alguma vantagem ou criar um constrangimento, mesmo que por brincadeira ou piada. � Falsa identidade: ocorre quando uma pessoa mente dados de seu nome, idade, estado civil, sexo e outras características para cometer algum dos atos ilícios descritos acima, para enganar ou prejudicar outra pessoa. � Pirataria: quando uma pessoa ou empresa copia ou reproduz algum conteúdo sem autorização do autor, há muitos exemplos desse crime os mais usuais são realizados com músicas, livros e criações artísticas, no âmbito das pessoas físicas, e nas empresas furto de projetos e processos industriais e utilização de softwares sem o pagamento das licenças de uso. Questões legais do E-business180 Para que um crime ocorra são necessários basicamente dois sujeitos: os passivos, que são as pessoas ou empresas que sofrem algum tipo de dano a imagem ou ao patrimônio; e os sujeitos ativos que são aqueles que cometem diretamente os crimes, algumas vezes fáceis de serem identificados, ou- tras vezes com difícil identificação e localização. O crime de racismo, por exemplo, pode ser praticado na forma de envio de mensagens com conteúdo discriminatório, entre outras formas disfarçadas em figuras ou imagens, outro exemplo seria a sabotagem, que consiste em destruir ou danificar as estações de trabalho dos usuários com objetivo de encobrir delitos. Figura 3. Sujeitos do crime. Fonte: Abril Branded Content (2017). Esses criminosos podem receber vários nomes, os mais conhecidos são hacker, phreaker e pirate. O pirate normalmente atua na produção de cópias e distribuição de softwares sem autorização dos proprietários (protegidos por copyright); o phreaker atua na área de captura de dados via rede de telefonia e o hacker atua invadindo sistemas e máquinas sem a autorização do proprietário, seja uma pessoa física ou uma organização. Esses crimes são penalizados pelo Código Penal (BRASIL, 2012), contudo alguns ainda não têm um artigo específico, visto que a cada dia surgem ma- neiras diferentes e mais revolucionárias. Esses novos crimes acabam por entrar de forma analógica nos artigos do Código Penal (arts. 138, 139 e 140), como crime de ameaça (art. 147 do CP); furto (art. 155 do CP); extorsão (art. 158 do CP); extorsão indireta (art. 160 do CP); apropriação indébita (art. 168 do CP). 181Questões legais do E-business Maiores golpes da internet Partindo do pressuposto que existem inúmeros crimes virtuais, você verá, agora, seis golpes que são praticados atualmente na rede de computadores, eles possuem várias modelagens para chegar ao usuário final ou dentro das organizações, e a formação do conhecimento sobre eles é que vai definir as melhores formas de evitar e reconhecer os mesmos, evitando assim os dissabores das perdas ocasionadas por eles. � Boletos bancários: atualmente não há mais uma data certa para esse tipo de golpe, antigamente eles vinham no começo do ano, na forma de registro de entidades de classe, impostos a pagar ou doações a entidades filantrópicas. Hoje eles estão todo o dia, seja na caixa de entrada de e-mails pessoas ou e-mails coorporativos, são provenientes de empresas falsas, com dados bancários falsos e aparentemente reais, algumas vezes os pagadores têm seus dados interceptados e os criminosos se fazem passar pelo próprio fornecedor real, mas os dados dos boletos são redirecionados a contas fantasmas e seus valores são perdidos. O sistema financeiro está tomando medidas para minimizar esse tipo de golpe, inclusive acabando com as cobranças sem registro e adotando medidas para processamento on-line das cobranças, com o objetivo de minimizar esse tipo de golpe. � Falsos e-mails de instituições financeiras: como é bom receber um e-mail de uma instituição financeira que lembrou que eu não atualizei os dados, solicita meus dados bancários e senhas para agilizar o pro- cesso e, depois, vem a notícia, sua conta foi acessada, muito cuidado. Normalmente as instituições financeiras não enviam malas diretas, não enviam links para acesso e essas solicitações sempre devem ser confirmadas com a instituição antes de qualquer fornecimento de dados. Esses e-mails devem ser evitados e seus anexos nunca abertos, são uma porta de entrada para os criminosos capturarem seus dados e fazerem uma má utilização deles como acesso a contas bancárias ou compras em outras instituições. � Oportunidades de emprego falsas: na mesma proporção dos golpes financeiros, também encontramos os golpes que prometem vantagens ou empregos on-line, com vagas de trabalho em casa ou em grandes corporações, com ganhos acima da media de mercado. Os golpistas têm mecanismos para iludir as vítimas prometendo ganhos financeiros e fazem com que ela de alguma maneira envie para eles algum tipo de Questões legais do E-business182 reembolso ou adiantamento de receitas a processar. Antigamente, esse golpe era chamado de “golpe do bilhete”, alguém afirmava que tinha um bilhete premiado, mas que não tinha tempo para aguardar o prêmio ou tinha que se ausentar e pedia uma pequena quantia pelo bilhete, assim a vítima com a possiblidade de ganho fácil comprava esse bilhete por um preço baixo para ganhar futuramente um valor maior e eis que esse bilhete era falso. Mudaram os nomes, mudaram as tecnologias, mas os golpes ainda estão no mercado, portando você teve ser muito cuidado. � Furto de identidade: acontece quando, de alguma forma, seus dados são furtados e outra pessoa assume a sua identidade para, por exemplo, abrir uma conta bancária ou contratar algum serviço de telefonia ou mesmo internet, podem ocorrer até casos de aberturas de empresas na rede de computadores, podem ser criadas contas nas redes sociais e e-mails para envio de mensagens passando-se por você. Quando mais informações você deixa disponível na internet, maiores são as chances dessas informações caírem em mãos erradas. � Phishing: É uma de fraude eletrônica que tem como objetivo adquirir informações sigilosas dos usuários e empresas, como números de car- tões de crédito e senhas. A palavra significa “pescar”, os criminosos tentam pescar esses dados, por meio de e-mails falsos, páginas falsas, sites duplicados, telas de login falsas entre outras formas. A URL é uma identificação que determinado elemento obtém na internet com a finali- dade de ser referido e dar acesso aos usuários. Na verdade, o uso da internet continua usando este tipo de referência, embora não seja percebido. Um caso emblemático é o das páginas web, que devem ser identificadas com o nome de domínio do servidor e o caminho a seguir de um arquivo. Neste caso, a URL precisa também do protocolo utilizado para fazer uso desse elemento (CONCEITOS, c2010-2017). Marco civil da internet O marco civil da internet data de 2014, e é hoje um forte instrumento para regulamentaçãode um serviço que, até então, não contava com um documento exclusivo de regulamentação, as boas ações e más ações praticadas por esse 183Questões legais do E-business canal de comunicação não tinham um norte a seguir, ele é um compilado de tentativas anteriores. Desde os anos de 1999 tínhamos uma primeira proposta feita pelo deputado Luiz Piauhyino, que ficou conhecido como o PL dos Crimes Digitais. Infelizmente, a velocidade das inovações na área de TI é bem superior do que a velocidade que a legislação consegue acompanhar, ficando, assim, muitos delitos sem previsão legal e contando com a insegurança jurídica. Como todo o cuidado é pouco, você deve saber que se tratando de pessoas físicas o dano pode ser grande, agora, imaginem em empresas, em que os dados podem ser bem maiores. Por um longo período o marco civil foi discutido no Brasil, é um texto pioneiro no que se refere às regras, direitos e deveres os usuários pessoas físicas e jurídicas no ambiente virtual. Mesmo tendo sido sancionado em 2014, até hoje uma grande parte dos usuários desconhece o seu conteúdo e as alterações que essa lei causa nesse ambiente. Ele assegura a liberdade de expressão, a privacidade e a garantia da neutralidade da rede, definindo os atores que interagem neste ambiente, e, o principal, os direitos e deveres de cada um. Por exemplo, um provedor de internet pode coletar usar, armazenar e tratar os dados pessoais de seus usuários, desde que essas tarefas estejam especificadas no contrato de prestação de serviços ou nos termos de uso das aplicações da internet. No texto, em seu art. 29, a Lei (BRASIL, 2014) diz que o usuário terá a opção de livre escolha na utilização de programa de computador em seu terminal para exercício do controle parental de conteúdo entendido por ele como impróprio a seus filhos menores, essa medida é uma forte aliada para o combate a pornografia infantil por exemplo. Lembrando os grandes administradores, só geren- ciamos o que conhecemos e, para conhecermos, usamos os sistemas de informação para nos auxiliar. Para você que irá atuar fortemente na área de TI, recomendamos a leitura da lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 (Brasil, 2014), que você pode acessar pelo link ou código a seguir: https://goo.gl/fj8a4q Questões legais do E-business184 https://goo.gl/fj8a4q Lembre-se dos possíveis riscos da internet (CENTRO DE ESTUDOS, RESPOSTA E TRATAMENTO DE INCIDENTES DE SEGURANÇA NO BRASIL, 2017): � Acesso a conteúdos impróprios ou ofensivos: ao navegar você pode se deparar com páginas que contenham pornografia, que atentem contra a honra ou que incitem o ódio e o racismo. � Contato com pessoas mal-intencionadas: existem pessoas que se aproveitam da falsa sensação de anonimato da internet para aplicar golpes, tentar se passar por outras pessoas e cometer crimes. � Furto de identidade: assim como você pode ter contato direto com impostores, também pode ocorrer de alguém tentar se passar por você e executar ações em seu nome, levando outras pessoas a acreditarem que estão se relacionando com você, o que coloca em risco a sua imagem. � Furto e perda de dados: os dados presentes em seus equipamentos conectados à internet podem ser furtados e apagados pela ação de ladrões, atacantes e códigos maliciosos. � Invasão de privacidade: a divulgação de informações pessoais pode comprometer a sua privacidade, de seus amigos e familiares e, mesmo que você restrinja o acesso, não há como controlar que elas não serão repassadas. � Divulgação de boatos: as informações na internet podem se propagar rapidamente e atingir um grande número de pessoas em curto período de tempo. Enquanto isso pode ser desejável em certos casos, também pode ser usado para a divulgação de informações falsas, que podem gerar pânico e prejudicar pessoas e empresas. � Dificuldade de exclusão: aquilo que é divulgado na internet nem sempre pode ser totalmente excluído ou ter o acesso controlado. Uma opinião dada em um momento de impulso pode ficar acessível por tempo inde- terminado e pode, de alguma forma, ser usada contra você e acessada por diferentes pessoas, desde seus familiares até seus chefes. � Dificuldade de manter sigilo: na internet, caso não sejam tomados os devidos cuidados, as informações podem trafegar ou ficar armazenadas de forma que outras pessoas tenham acesso ao conteúdo. � Plágio e violação de direitos autorais: cópia, alteração ou distribuição não autorizada de conteúdos e materiais protegidos pode contrariar a lei de direitos autorais e resultar em problemas jurídicos e em perdas financeiras. 185Questões legais do E-business 1. O ritmo das inovações tecnológicas é mais intenso do que a legislação consegue acompanhar, ocasionando problemas como crimes sem previsão legal e insegurança jurídica. Se tratando de comércio eletrônico, o impacto desses problemas é ainda maior, pois os valores financeiros envolvidos atualmente são muito grandes. Além dos aspectos legais, o uso de Tecnologias da Informação (TI) ainda está diretamente relacionado a questões éticas que, direta ou indiretamente, causam conflitos com seus usuários. Analise as afirmações sobre aspectos éticos relacionados com TI e comércio eletrônico: I. Muitas empresas utilizam programas capazes de monitorar todos os e-mails recebidos e enviados por seus funcionários, o que necessariamente não caracteriza um crime. II. O rastreamento web é um recurso frequentemente utilizado pelas empresas para se obter informações específicas de cada visitante do seu site ou ambiente de comércio eletrônico. III. A diminuição de postos de trabalho e a maneira como são tratados os trabalhadores que perdem seus cargos são exemplos práticos dos benefícios sociais ocasionados pelo comércio eletrônico. Está correto o que se afirma apenas em: a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) I, II e III. e) Nenhuma das afirmativas. 2. Os meios de pagamento estão diretamente relacionados aos aspectos legais do comércio eletrônico. Como a maioria dos sistemas de pagamento tradicionais não atendem às demandas do comércio eletrônico, ou seja, das empresas e de seus clientes, foram desenvolvidos métodos mais adequados aos processos eletrônicos. A partir de inovações realizadas nos meios de pagamento on-line, eles ficaram relativamente seguros e confiáveis, permitindo a evolução e o crescimento das transações comerciais tendo como base a estrutura da internet. Analise as afirmações a seguir sobre pagamentos eletrônicos e identifique a correta. a) A transferência eletrônica de fundos é um método de pagamento no qual o dinheiro é transferido da conta do pagador para uma conta intermediária até que ele receba o produto comprado. b) O método da cobrança direta permite que o cliente efetue um único pagamento para compras realizadas em diferentes sites, agilizando todo o processo de aprovação de crédito e envio dos produtos. c) Os micropagamentos são faturas eletrônicas geradas a partir da acumulação de dívidas do cliente com compras de alto valor. Questões legais do E-business186 d) Para pagar contas na internet, o cliente pode se cadastrar em um serviço on-line de pagamento de contas e realizar todos os pagamentos a partir de um único site. e) Todos os cartões de crédito eletrônicos utilizados em transações no ambiente virtual são encriptados, aumentando o nível de segurança para os usuários. 3. O Brasil avança, mesmo que lentamente, no combate aos crimes pela internet. Desde fraudes localizadas e de menor dano até crimes envolvendo pedofilia e tráfico de drogas, é possível rastrear os autores e processá-los pelos seus atos. Entretanto, esse rastreamento não é simples e demanda profissionais altamente qualificados, além de tempo e equipamentos adequados para essa tarefa. Em relação aos crimes virtuais, analise as seguintes afirmações: I. Em função de restrições legais, no Brasil ainda não é permitida a realizaçãode investigações no submundo da rede mundial de computadores (a internet), o que faz com que criminosos continuem a utilizar esse ambiente para praticarem seus crimes. II. Um aspecto positivo das inovações tecnológicas é que elas estão disponíveis apenas para empresas e pessoas idôneas. III. O crime de racismo praticado por meio da rede mundial de computadores consuma-se com o envio das mensagens com conteúdo discriminatório. Está correto somente o que se afirma em: a) I. b) II. c) III. d) I, II e III. e) Nenhuma das afirmações. 4. Crimes virtuais são aqueles em que o computador ou equipamentos tecnológicos são utilizados como meio ou instrumento para atingir propósitos ilícitos. Assim como ocorre nos crimes tradicionais, os crimes virtuais precisam de provas para serem julgados. No caso do ambiente virtual, essas provas podem variar de formato, sendo aceitas desde uma mídia com arquivos até postagens comprovadas em uma rede social. Infelizmente, os criminosos já descobriram como tirar proveito das inovações tecnológicas para alcançarem seus objetivos de diversas maneiras e na aplicação de variados crimes. A sabotagem é um dos crimes virtuais mais cometidos e consiste em: a) alteração, inclusão ou omissão de dados com o objetivo de conseguir vantagens econômicas. b) destruição ou danificação de computadores ou seus componentes. c) distribuição pela internet de material ofensivo a uma pessoa ou empresa. d) utilização de meios fraudulentos para conseguir alguma vantagem ilícita. e) utilização e acesso indevidos a um ambiente ou sistema de computação. 5. Durante quatro anos, o marco civil da internet foi discutido no Brasil, 187Questões legais do E-business ABRIL BRANDED CONTENT. Ameaças digitais exigem novas soluções de segurança em empresas. Exame, São Paulo, 17 fev. 2017. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/ tecnologia/ameacas-digitais-exigem-novas-solucoes-de-seguranca-em-empresas/>. Acesso em: 14 set. 2017. BRASIL. Lei nº 12.737, de 30 de novembro de 2012. Brasília, DF, 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm>. Acesso em: 10 ago. 2017. sendo atualmente considerado um texto pioneiro no que se refere a regras, direitos e deveres das pessoas e empresas no ambiente virtual. O projeto recebeu sugestões em diversas audiências públicas realizadas no país, além de contribuições enviadas por meio de plataformas on-line, como o Twitter. A lei foi sancionada pela Presidência da República em 2014. Mesmo com ampla divulgação, a maioria dos usuários da internet ainda desconhece o conteúdo da lei e as alterações que ela provoca neste ambiente. Sua principal característica é o reforço da liberdade de expressão, a proteção da privacidade e a garantia da neutralidade da rede. Além disso, a lei define os atores que interagem neste ambiente e os direitos e deveres de cada um. Em relação ao marco civil da internet, identifique a afirmativa correta. a) A conexão com a internet pode ser suspendida pela operadora a qualquer momento, mesmo que o cliente não possua débito diretamente decorrente de sua utilização. b) A disciplina do uso da internet no Brasil tem por objetivo a promoção da inovação e do direito de acesso exclusivo à rede mundial de computadores por pessoas com renda mensal familiar per capita superior a um salário mínimo. c) Em relação à neutralidade de rede, o responsável pela transmissão dos dados pode (mesmo sem regulamentação) tratar de forma diferenciada determinados pacotes de dados. d) O provedor responsável pela guarda poderá disponibilizar os registros de conexão e de acesso às aplicações de internet, inclusive nos casos que envolvem ordens judiciais. e) Um provedor de internet pode coletar, usar, armazenar e tratar os dados pessoais de seus usuários, desde que essas tarefas estejam especificadas no contrato de prestação de serviços ou nos termos de uso das aplicações de internet. Questões legais do E-business188 http://exame.abril.com.br/tecnologia/ameacas-digitais-exigem-novas-solucoes-de-seguranca-em-empresas http://exame.abril.com.br/tecnologia/ameacas-digitais-exigem-novas-solucoes-de-seguranca-em-empresas http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Brasília, DF, 2014. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm>. Acesso em: 10 ago. 2017. CENTRO DE ESTUDOS, RESPOSTA E TRATAMENTO DE INCIDENTES DE SEGURANÇA NO BRASIL. Cartilha de segurança para internet: 1. Segurança na internet. [S.l.]: CERT.br, 2017. Disponível em: <https://cartilha.cert.br/seguranca/>. Acesso em: 10 ago. 2017. CONCEITOS. URL: conceito, o que é, significado. [S.l.], c2010-2017. Disponível em: <https://conceitos.com/url/>. Acesso em: 10 ago. 2017. CORRÊA, R. Delegacia de crimes virtuais. Entenda melhor! 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Acesso em: 10 ago. 2017. 189Questões legais do E-business http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm https://cartilha.cert.br/seguranca/ https://conceitos.com/url/ http://rafaelcorrea.com.br/delegacia-de-crimes-virtuais/ http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/electronic-data-interchange-edi-benefi http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/electronic-data-interchange-edi-benefi http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/electronic-data-interchange-edi-benefi http://www.fecomercio.com.br/noticia/comercio-eletronico-fatura-r-3-6-bilhoes-no-estado-de-sao-paulo http://www.fecomercio.com.br/noticia/comercio-eletronico-fatura-r-3-6-bilhoes-no-estado-de-sao-paulo http://www.fecomercio.com.br/noticia/comercio-eletronico-fatura-r-3-6-bilhoes-no-estado-de-sao-paulo http://www.pedagogia.com.br/artigos/ciberespaco_cibercultura/?pagina=1 http://www.pedagogia.com.br/artigos/ciberespaco_cibercultura/?pagina=1 http://br.ccm.net/faq/17615-e-comercio-como-verificar-se-um-site-e-seguro http://br.ccm.net/faq/17615-e-comercio-como-verificar-se-um-site-e-seguro https://carmo311.jusbrasil.com.br/artigos/307607071/crimes-virtuais-conceito-e-seus-tipos https://carmo311.jusbrasil.com.br/artigos/307607071/crimes-virtuais-conceito-e-seus-tiposhttps://cartilha.cert.br/seguranca/ https://conceitos.com/url/ http://rafaelcorrea.com.br/delegacia-de-crimes-virtuais/ Conteúdo: EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO Aguinaldo Ferreira dos Santos Business model canvas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir canvas e as suas características. Identificar as etapas de desenvolvimento de um canvas. Aplicar o business model canvas como ferramenta de gerenciamento estratégico. Introdução A partir da tese de doutorado do suíço Alexander Osterwalder, teve origem o modelo de negócios canvas, que revolucionou a forma como empreendedores e empresas pensam, organizam e montam a estratégia de novos negócios e produtos. Com uma interface simples e amigável, o usuário pode observar todas as estratégias do negócio em um mesmo quadro, formado por nove blocos. Neste capítulo, você terá contato com o business model canvas, co- nhecendo seu histórico e evolução, para, então, entender a aplicação dessa ferramenta de gestão no alcance de objetivos estratégicos, com- preendendo as suas características. Além disso, você vai aprender sobre as etapas do desenvolvimento da metodologia canvas, vendo como se deve pensar cada uma e em quais casos devem ser utilizadas. Finalmente, você verá como utilizar o business model canvas como ferramenta de gerenciamento estratégico, reconhecendo como colocar os objetivos da organização em uma perspectiva futura de forma gráfica e clara, para que todos os envolvidos no processo compreendam como cada etapa se constitui. Identificação interna do documento NH8I46L0Z4-NFBR1A1 Canvas e suas características De acordo com o Portal Administração (2014), o canvas teve origem em meados dos anos 2000, com a tese de doutorado do suíço Alex Osterwalder na prestigiada HEC Lausanne (Faculdade de Altos Estudos Comerciais de Lausanne). Recebeu, inicialmente o nome de Business Model Generation, que, inclusive, nomeia o livro do mesmo autor, para apenas posteriormente receber a denominação que o tornou mundialmente conhecido: canvas. Segundo seu próprio criador, Osterwalder, e Pigneur (2011), o canvas consiste em uma ferramenta visual de gerenciamento e identificação de valor na proposta de negócio da empresa. A metodologia permite que seja descrita e pensada a forma como o negócio é concebido e imaginado pelo empreendedor, mas se ressalta que os concorrentes também podem utilizar (e geralmente o fazem) a mesma ferramenta devido à sua facilidade de aplicação. Conforme Osterwalder e Pigneur (2011, p. 15), o canvas “[...] já foi aplicado e testado em todo o mundo e já é utilizado por grandes organizações, como IBM, Ericsson, Deloitte, Public Works, entre outras”. Assim, embora tenha surgido como uma tese de doutorado, de uma inquietação pessoal do seu criador, acabou tornando-se mundialmente conhecido e amplamente utilizado, inclusive em instituições de ensino e de educação profissionalizante. Toda a abrangência e amplitude de utilização mundial da metodologia canvas se deve ao aspecto visual e à forma como é construída. Esta metodologia consiste, basicamente, em dividir a proposta de negócio nos seguintes nove elementos (blocos) diferentes: proposta de valor; parcerias-chave; atividades-chave; recursos-chave; relacionamento com clientes; segmentos de clientes; canais de distribuição; estrutura de custos; fluxo de receitas. Esses elementos e a forma como estão divididos na metodologia canvas podem ser observados na Figura 1, a seguir. Business model canvas2 Identificação interna do documento NH8I46L0Z4-NFBR1A1 Figura 1. Modelo gráfico do canvas. Fonte: Adaptada de Fluke Cha/Shutterstock.com. Elementos da metodologia business model canvas (BMC) Dornelas et al. (2018) expõem que, para entender melhor cada componente da metodologia canvas, deve-se responder alguns questionamentos em cada um dos blocos, e essas respostas farão com que o bloco seja entendido por quem precisa efetuar alguma ação naquele bloco. São exemplos de questões que podem ser utilizadas para elucidar cada elemento do canvas as que você confere a seguir. Proposta de valor ■ Que valor entregamos a nossos clientes? ■ Qual problema do nosso cliente ajudamos a resolver? Parcerias-chave ■ Quem são meus parceiros-chave? ■ Quais são meus fornecedores-chave? Atividades-chave ■ Quais atividades nossa proposta de valor requer para que aconteça? ■ Quais são os nossos canais de distribuição? Recursos-chave ■ Quais são os recursos-chave da nossa proposta de valor? ■ Quais são os canais, modelos de receita que vamos adotar? 3Business model canvas Identificação interna do documento NH8I46L0Z4-NFBR1A1 Relacionamento com clientes ■ Como nós conquistamos, mantemos e aumentamos nosso número de clientes? ■ Qual relacionamento temos e mantemos com nosso cliente? Segmentos de clientes ■ Para quem nós vamos criar valor? ■ Quem são nossos clientes mais importantes? Canais de distribuição ■ Através de quais canais nossos clientes serão atingidos? ■ Como outras empresas chegam até o segmento de clientes que pre- tendo atingir? Estrutura de custos ■ Quais são os custos mais importantes de nosso modelo de negócio? ■ Quais recursos-chave são considerados mais caros e difíceis de se obter? Fluxo de receitas ■ Quanto nossos clientes potenciais estão dispostos a pagar por nossa proposta de valor? ■ Quais são as políticas de preços a serem adotadas? Os mesmos autores (DORNELAS et al., 2018) ressaltam que essas per- guntas não são estanque e podem ser mudadas para que melhor se adaptem à necessidade e mesmo ao entendimento da empresa e das pessoas que vão operacionalizar a proposta. Sousa Neto (2015) ressalta que o primeiro passo para a eficácia da aplicação da metodologia canvas é conseguir o envolvimento das pessoas, e que a melhor forma de conseguir isso pode ser iniciar com um brainstorming (chuva de ideias) com as mais variadas pessoas de diferentes níveis e cargos da organização. No link a seguir, você pode acessar um material que demonstra como montar um modelo canvas na prática. Observe que, mesmo de forma genérica, é possível identificar cada etapa do modelo canvas e como preencher cada uma delas. https://qrgo.page.link/Gxn9X Business model canvas4 Identificação interna do documento NH8I46L0Z4-NFBR1A1 As etapas de elaboração de um canvas Segundo Sousa e Bortoli Neto (2018), o BMC tem como principal aspecto o auxílio ao empreendedor em relação à visão da sua ideia, trazendo à tona pensamentos como: formas de descrever o negócio; formas de obter a interação entre as áreas da empresa que impactarão nos resultados e, por fi m, qual seria o melhor desenho do negócio. Os autores ainda apontam vantagens da utilização da metodologia can- vas, como propiciar um ambiente de desafios, ajudar a escolher, discutir e até promover ideias e novas oportunidades entre as pessoas que estiverem participando do projeto. Além dos blocos já definidos e tratados aqui, Sousa e Bortoli Neto (2018) trazem como fundamental para o funcionamento de metodologia canvas dois pontos importantes e que devem ser operacionalizados juntamente para aumentar a eficácia no todo: CHA: conhecimento, habilidade e atitude; quatro perspectivas internas: pessoas, estrutura, sistema ou cultura. CHA (conhecimento, habilidade e atitude) Sousa e Bortoli Neto (2018) trazem como composto paralelo ao canvas o uso do CHA (conhecimento, habilidade, atitude), que, se for bem elaborado e estudado, pode ajudar a responder a questão: quais competências (quais conhecimentos, habilidades e atitudes) são necessárias para cada papel que o indivíduo precisa desempenhar? O ideal é que em cada bloco do canvas seja feita a relação com o CHA, especialmente no que tange aos funcionários que irão efetuar as atividades. Veja, a seguir, cada um dos elementos do CHA. Conhecimento (C): diz respeito ao saber adquirido,isto é, o que o indivíduo aprendeu sobre os conceitos e técnicas que são necessários para atingir seus objetivos e que são adquiridos por meio de diferentes recursos. As formas de aprender são diversas, mas o que se aprende é conhecimento. Habilidade (H): consiste em saber fazer ou poder fazer. O indivíduo representa a sua aptidão em atividade prática para o desempenho e a capacidade de produzir a partir do conhecimento adquirido. 5Business model canvas Identificação interna do documento NH8I46L0Z4-NFBR1A1 Atitude (A): tem a ver com o indivíduo e a decisão consciente e emo- cional para agir e reagir no dia a dia em relação a fatos e outras pessoas de seu ambiente. Você sabe a diferença entre habilidade e atitude? Sousa e Bortoli Neto (2018) apresentam como exemplo para ilustrar essa diferença aprender a andar de bicicleta: tanto a habilidade quanto a atitude são necessárias para aprender essa atividade, não é mesmo? Quatro perspectivas internas: pessoas, estrutura, sistema ou cultura As pessoas têm ligação direta com a competências, isto é, o negócio necessita de determinadas competências que precisam ser preenchidas por indivíduos que consigam executar as atividades necessárias nas áreas relacionadas ao produto e ao mercado, nas operações e em qualquer momento da execução do plano e do próprio negócio. A estrutura é a forma como se organiza a empresa, com suas operações centralizadas ou descentralizadas, se possui estrutura por funções, por projeto ou matricial. Como ficam as barreiras dentro da organização é um elemento fundamental, pois, quanto mais barreiras existirem, menor será a chance de se ter integração entre os setores, dessa forma, diminuindo a chance de sucesso. Os sistemas são a forma com a qual a empresa trabalha e entrega valor. São vários os sistemas existentes e que a empresa pode operar, mas os mais conhecidos são: os sistemas de planejamento, os sistemas de contabilidade e custos, de captação, armazenagem e distribuição da informação, entre outros. Assim como a estrutura, quanto mais integrados esses sistemas estiverem, maiores são as chances de sucesso. A cultura define quais são os valores individuais e compartilhados dentro da organização — não se trata de valor financeiro, mas de valores morais e éticos, como transparência, honestidade e licitude na operação. O modelo de gestão tam- bém tem grande importância, pois define as normas e regras a serem respeitadas. Sousa Neto (2015) compactua com o pensamento de Sousa e Bortoli Neto (2018) no tocante à importância de outros aspectos que cercam a metodologia canvas e auxiliam na sua execução e efetividade. A metodologia canvas por si só é muito eficiente, mas tem um potencial muito maior em empresas com pessoas qualificadas, estrutura bem estabe- lecida, sistema definido e integrado e uma cultura (principalmente no que se relaciona ao ambiente empresarial) boa, amigável e de confiança. Business model canvas6 Identificação interna do documento NH8I46L0Z4-NFBR1A1 Por outro lado, o canvas não consegue fazer “milagres” em empresas que não possuem estrutura alguma. Nesses casos, pode-se, sim, utilizar a metodologia canvas, mas não se pode culpá-la completamente por possíveis falhas. Para identificar quais partes compõem o business model canvas, acesse o link a seguir, em que você pode assistir a um vídeo que mostra a diferenciação das etapas separadas em blocos, que devem responder questões como: o quê? Como? Para quem? Quanto? https://qrgo.page.link/fVVDf Mesmo identificando metodologias que auxiliam a aplicação do business model canvas, não se pode tirar a responsabilidade e a importância dessa metodologia de forma individual. Para Martins (2018), o canvas pode ser utilizado em qualquer área. Inclusive, em seu livro, o autor trata exclusivamente do uso da metodologia na criação de eventos esportivos e aponta, também, outra forma de utilizar o canvas, que, segundo ele, não é uma forma de modificar o original. Assim, para Martins (2018), a metodologia canvas se dividiria nos termos a seguir. Preparo: preparar o ambiente de desenvolvimento do trabalho, que seja positivo e acolhedor, definindo-se procedimento quanto às dúvidas que surgirem no processo. Foco: conduzir sessões curtas e produtivas. Visualização: explorar o pensamento visual. Ordem: responder as questões do projeto respeitando a sequência e de forma ordenada. Agrupar: diminuir o número de itens, agrupando os conceitos. Integrar: integrar os itens dois a dois. Relacionar: manter os conceitos necessários no mesmo desenho, de maneira que possam ser imediatamente relacionados. Participar: dar autonomia às partes interessadas na participação do processo. Atenção: manter a atenção em nível máximo. 7Business model canvas Identificação interna do documento NH8I46L0Z4-NFBR1A1 Aplicação do business model canvas como ferramenta estratégica Dornelas (2018) destaca diversos exemplos de empresas que utilizaram a me- todologia canvas e obtiveram retorno nas suas operações e, por consequência, nos seus resultados. Já segundo Sousa e Bortoli Neto (2018), a criação e a utilização do business model canvas se assemelham a um plano de negócios tradicional no tocante à forma de elaborá-lo e oficializá-lo, principalmente em relação ao seu sumário executivo, que os autores trazem separado nos seguintes itens: capa; sumário; síntese executiva; descrição da empresa; descrição de produtos e serviços; análise estratégica; plano de marketing; plano operacional; plano financeiro; anexos. São itens que, à primeira vista, talvez não lembrem o business model canvas, mas, pensando de forma sistemática e visual, podemos estabelecer a ligação apontada no Quadro 1 entre o sumário executivo de um plano de negócios “convencional” e o de um canvas. Convencional Canvas Sumário Síntese executiva Descrição da empresa Segmentos de clientes Descrição de produtos e serviços Proposta de valor Quadro 1. Convencional vs. Canvas (Continua) Business model canvas8 Identificação interna do documento NH8I46L0Z4-NFBR1A1 Existe, ainda, a aplicabilidade da ferramenta de business model canvas (adaptado) para a educação, seja ela em nível superior (graduação e pós- -graduação) ou mesmo em educação de crianças (Figura 2). Figura 2. Metodologia canvas adaptada para educação de crianças e adolescentes. Fonte: Esag Kids (2019, documento on-line). Convencional Canvas Análise estratégica Recursos-chave, atividades-chave Plano de marketing Relacionamento com clientes Plano operacional Parcerias-chave, canais de distribuição Plano financeiro Fluxo de receitas, estrutura de custos Anexos Quadro 1. Convencional vs. Canvas (Continuação) 9Business model canvas Identificação interna do documento NH8I46L0Z4-NFBR1A1 Por se tratar de uma adaptação, não pode refletir exatamente o que prima a ideia original de Alex Osterwalder, mas, ainda sim, demonstra que a apli- cabilidade da ferramenta de business model canvas (ou a sistemática que ele trouxe) pode auxiliar em várias frentes nas organizações. O business model canvas pode ajudar os líderes no enfrentamento de dificuldades para conseguirem as mudanças que desejam, seja em virtude da dificuldade imposta pelo mercado, pelas situações, pelas diferentes pessoas envolvidas, que vêm com experiências prévias e “costumes”, seja pela falta de soluções passadas que possam ser reproduzidas (conhecimento armazenado ao longo do tempo). Diante disso, novas estruturas, novos procedimentos, novas formas de pensar os processos são necessários para novas respostas. O canvas surgiu nesse contexto, na esteira de inovações, e está sendo bem aceito e utilizado. Em algum momento, surgirá uma nova metodologia, mas, por enquanto, pode-se fazer excelente uso do modelo e da metodologia criados por Alex Osterwalder em sua tese de doutorado na Suíça. Acessando o link a seguir, você terá acesso a uma aplicação prática do businessmodel canvas na criação e produção de eventos, vendo que a metodologia pode (e deve) ser utilizada em várias áreas e negócios, assim como pode ser aplicada em suas atividades rotineiras. https://qrgo.page.link/Ha7Zo Business model canvas10 Identificação interna do documento NH8I46L0Z4-NFBR1A1 CHAMASQUINI, R. canvas para eventos: uma metodologia colaborativa para criação e produção de eventos. Florianópolis, 2019. Disponível em: https://www.moblee.com. br/blog/canvas-para-eventos/. Acesso em: 19 ago. 2019. DORNELAS, J. et. al. Plano de negócios com o modelo canvas: guia prático de avaliação de ideias de negócio a partir de exemplos. Rio de Janeiro: LTC, 2018. ESAG KIDS. canvas kids. Florianópolis, 2019. Acesso em: http://www.esagkids.com.br/ agende-visita.html. Disponível em: 19 ago. 2019. MARTINS, D. J. Q. Planejamento de eventos esportivos e recreativos. Curitiba: Intersaberes, 2018. OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation: inovação em modelos de negócios: um manual para visionários, inovadores e revolucionários. Rio de Janeiro: Alta Books, 2011. PORTAL ADMINISTRAÇÃO. Modelo de negócios canvas, você já conhece? 2014. Disponível em: https://www.portal-administracao.com/2014/05/modelo-negocio-canvas-o-que-e. html. Acesso em: 18 ago. 2019. SOUSA, A. F; BORTOLI NETO, A. (Org.). Manual prático para gestão de pequenas e médias empresas. Barueri: Manole, 2018. SOUSA NETO, M. V. Gerenciamento de Projetos: Project Model canvas (PMC). Rio de Janeiro: Brasport, 2015. Leituras recomendadas COMO usar o canvas da forma mais fácil. [S. l.: s. n.], 2014. 1 vídeo (8 min). Publicado pelo canal Dale Brant. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DNObU2o584Q. Acesso em: 19 ago. 2019. HSM. O “canvas” do modelo de negócios. 2013. Disponível em: https://experience.hsm. com.br/posts/o-canvas-do-modelo-de-negocio. Acesso em: 18 ago. 2019. MEUSUCESSO.COM. canvas: passo a passo para o modelo de negócios. 2017. Disponível em: https://meusucesso.com/noticias/canvas-passo-a-passo-para-o-modelo-de- -negocios-1616/. Acesso em: 19 ago. 2019. PIZE, A. Planejamento estratégico e alinhamento estratégico de projetos: um guia prático aplicando os modelos SPcanvas e PSAcanvas. Rio de Janeiro: Brasport, 2015. 11Business model canvas Identificação interna do documento NH8I46L0Z4-NFBR1A1 MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Henrique Martins Rocha Modelagem de processos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Expressar os conceitos envolvidos na metodologia de modelagem de processos. � Diferenciar os conceitos de gestão de processos e gestão por processos. � Construir modelos utilizando a simbologia BPMN. Introdução Você sabia que é possível prever como um processo vai funcionar antes mesmo de colocá-lo em prática? Isso é possível por meio da modelagem do processo, ou seja, por meio da criação de um modelo que representa da realidade e que pode ser avaliado e testado, prevendo o funcionamento do processo. Para isso, são utilizadas ferramentas e técnicas específicas. Neste capítulo, você vai ler a respeito dos conceitos relacionados à mo- delagem de processos e diferenciar os conceitos de gestão por processos e de gestão de processos. Além disso, vai analisar uma simbologia própria para modelar processos: a Business Process Modeling Notation (BPMN). Metodologia de modelagem de processos A acirrada competição no mundo atual exige que as organizações estejam cons- tantemente reformulando os seus produtos, serviços, as suas estratégias e, em especial, todos os processos relacionados. Antigamente, barreiras geográficas, limitações logísticas e de comunicação criavam barreiras mercadológicas que protegiam organizações instaladas em determinadas regiões. Por exemplo, obter bens e serviços de um fornecedor mais distante re- presentava um prazo muito mais longo para aquisição e recebimento, bem como severos impactos no custo, devido à distância a ser percorrida, ao frete, entre outros. O cenário atual, porém, é completamente diferente: modernos sistemas produtivos, aliados a avançados métodos de logística e distribuição, fazem a competição deixar de ser local para se tornar global. Um exemplo claro está no fato de encontrarmos tantos produtos fabricados em países asiáticos comercializados no Brasil a preços tão baixos. Além disso, os avanços em tecnologias de informação e comunicação, com destaque para a massificação do uso da internet, permitiram que houvesse uma mudança substancial na dinâmica de mercado: empresas, fornecedores e clientes têm acesso instantâneo a bens e serviços. Dessa forma, a velocidade exigida para as organizações se adaptarem às novas situações e oportunidades é cada vez maior. Porém, criar novos produtos, serviços e processos reais em um ambiente tão mutável é algo bastante desafiador e, em muitos casos, praticamente invi- ável, devido aos custos envolvidos e ao alto risco de perdas substanciais pela quantidade de variáveis envolvidas. Surge, assim, como estratégia, a modela- gem, caracterizada como uma representação total ou parcial de um elemento, conjunto ou sistema físico e real, que pode ser utilizada para descrever, testar ou predizer o comportamento do sistema físico em situações específicas. Como destaca Ferreira (2013a, p. 47): As organizações do século XXI para permanecerem ativas precisam estar em constante mudança. Tais mudanças acontecem por meio de implementação de novos conceitos, os quais surgem geralmente na forma de modelos, que são bastante diversificados e incluem um conjunto de técnicas aplicadas à melhoria das atividades organizacionais sempre buscando retratar a realidade do que se deseja modelar. A modelagem seria o ato de criar tal representação: maquete, modelo eletrô- nico, equação ou algoritmo, modelos matemáticos, gráficos ou textuais, entre outros. Especificamente abordando o contexto de processos, Baldam, Valle e Rozenfeld (2014) definem um modelo como uma representação (com maior ou menor grau de formalidade) abstrata da realidade, em um dado contexto. De acordo com a Associação dos Profissionais de Gerenciamento de Pro- cessos de Negócios (ABPMP) (2013), a modelagem de processos compõe (junto à análise, ao desenho, ao gerenciamento de desempenho e à transformação de processos) as atividades-chave e o conjunto de habilidades necessárias ao gerenciamento de processos do negócio, como mostrado na Figura 1. 85Modelagem de processos Figura 1. Ciclo de gerenciamento de processos. Fonte: ABPMP (2013, p. 52). Com essa representação simplificada da realidade (o modelo), é possível suportar o estudo da atual situação (conhecida como AS–IS), analisá-la, redesenhá-la, medir seu desempenho e prover as transformações necessárias para a sua melhoria, levando a novos patamares de desempenho dos processos (conhecido como TO–BE) e, por conseguinte, das organizações (ABPMP, 2013). De acordo com Ferreira (2013a, p. 77), a modelagem TO–BE “[...] consiste na representação gráfica de um processo a ser implementado ou a proposição de um novo [...]. Nesta etapa, as interações com os clientes, as diferentes oportunidades de melhorias identificadas na situação atual do processo, e a da caixa-preta devem ser observadas”. Modelagem de processos86 Mais do que um exercício de construção de um modelo, a modelagem deve considerar o detalhamento da representação e a padronização na sua constru- ção, de forma que o modelo possa ser compreendido por todos os envolvidos. Para isso, há associações que estabeleceram simbologias específicas para mapeamento e modelagem de processos, além de serem fóruns de discussão e troca de experiências e práticas sobre o gerenciamento de processos: a ABPMP, a American Productivity & Quality Center (APQC) e a Business Process Management Group (BPMG). Para saber mais sobre gerenciamento e modelagem de processos, explore o site da ABPM Brasil: http://www.abpmp-br.org/ A ABPMP é umaassociação internacional de profissionais de business process manage- ment (BPM), sem fins lucrativos, independente de fornecedores e dedicada à promoção de conceitos e práticas de gerenciamento de processos de negócio. Pavani Junior e Scucuglia (2011, p. 49) destacam que “um modelo nunca será uma representação integral e completa do processo real, mas se concentrará em focalizar atributos que suportem uma análise continuada”. Da mesma forma, Baldam, Valle e Rozenfeld (2014, p. 248) defendem que “Nenhum modelo corresponde exatamente à realidade, com todas as facetas e complexidade que o mundo real pode apresentar; todos apenas a representam, de um modo que parecerá mais adequado ou menos adequado, de acordo com o contexto, os atores e as finalidades da modelagem”. Assim, a modelagem permite que possamos estudar e prever o comporta- mento de determinado fenômeno sem a necessidade de produzi-lo de fato, o que seria complexo, caro e demorado. No lugar disso, a criação de um modelo, configurado conforme a necessidade da análise, podendo ser bastante simples ou mais completo e sofisticado, torna-se uma escolha sensata. A modelagem do processo é, dessa forma, uma parte importante da gestão de processos, que, na opinião de Ferreira (2013b, p. 22), “[...] é uma aborda- gem administrativa e se apresenta com uma abrangência muito reduzida em 87Modelagem de processos comparação com a gestão por processos, que é um estilo de gerenciamento da própria organização”. Gestão de processos e gestão por processos Ferreira (2013b, p. 18) define a gestão (ou gerência) de processos como “o conjunto de ações sistemáticas, baseadas em métodos, técnicas e ferramentas de análise, modelação e controle, que permitem manter estável a rotina e implantar melhorias na qualidade dos processos”. A noção de estabilidade da rotina está relacionada a processos previsíveis, ou seja, processos que gerem continuamente as saídas esperadas e previstas, sem desvios acentuados. Por exemplo, se o processo de controle da tempera- tura do ambiente de trabalho foi desenvolvido para garantir temperaturas por volta dos 23°C, adequado ao conforto das pessoas e à manutenção do bom funcionamento dos equipamentos instalados no local, a entrada e saída de pessoas do ambiente, o ato de ligar e desligar determinados equipamentos, as limitações nas vedações, as perdas térmicas e as próprias variações nos equipamentos de controle de temperatura farão com que ocorram variações da temperatura do ambiente, por exemplo, para mais ou menos 2°C. No entanto, ainda que compreendamos que ocorram variações, elas não podem ser excessivas. Por exemplo, não seria aceitável uma variação, para mais ou para menos, de 10°C, visto que, se há uma temperatura ideal, o afas- tamento excessivo comprometeria o conforto, por tornar o ambiente muito frio ou muito quente, podendo, também, comprometer o funcionamento de computadores e outros equipamentos eletrônicos. Ou seja, se a temperatura ideal é 23°C, afastamentos começam a compro- meter o bom andamento e os resultados dos processos, gerando insatisfação crescente dos envolvidos quanto maior for tal afastamento. Genichi Taguchi (1924–2012) caracterizou tal aspecto com o conceito de perdas para a socie- dade (COLLIN; PAMPLONA, 1997), visto que os desvios do ideal compro- metem processos, que comprometem o desempenho de produtos, serviços, instalações, pessoas e sistemas, gerando perdas para todos. Tais perdas podem ser calculadas pela denominada função perda, que representaria, por exemplo, insatisfação, reclamações, gastos com devoluções ou assistência técnica, perdas de vendas, entre outros, como observado na Figura 2. Modelagem de processos88 Figura 2. Variação da insatisfação em função da temperatura. Fonte: Adaptada de Fowlkes e Creveling (1995, p. 35). Repare que ficar dentro dos limites considerados normais e aceitáveis, como, por exemplo, mais ou menos 2°C (ou seja, entre 21 e 25°C), não garante a plena satisfação (o que só acontece quando estamos no valor nominal, referente à temperatura de 23°C). Na realidade, intuitivamente, é fácil perceber que a satisfação/insatisfação não ocorre em degraus ou saltos súbitos: se assim fosse, a temperatura de 25°C seria geradora de 100% de satisfação, por estar dentro dos limites, enquanto um décimo de grau acima disso, ou seja, a temperatura de 25,1°C, traria total insatisfação por estar fora dos limites. Observamos que, conforme a Figura 2, o grau de insatisfação começa a subir conforme nos afastamos dos 23°C: inicialmente, há pouca insatisfação, mas ela cresce muito rapidamente conforme nos afastamos mais. Além disso, os limites (21 e 25°C) representam algo como 50% de satisfação, o que faz sentido, por estar justamente no limite do aceitável: uma situação limítrofe. Afastamentos maiores fazem a insatisfação crescer fortemente, chegando ao limite de total recusa/inaceitação das condições. 89Modelagem de processos Note que alcançar e manter a estabilidade, citada por Ferreira (2013b), não deve ser o único foco: para se manter competitiva, a organização deve buscar a constante melhoria dos seus processos, afinal, como defendido por Baldam, Valle e Rozenfeld (2014), o processo excelente de ontem torna-se bom hoje e obsoleto amanhã. Ou seja, a organização deve implantar melhorias na quali- dade dos processos, as quais podem estar relacionadas à redução da variação: por exemplo, ainda utilizando o exemplo da temperatura, um processo mais robusto poderia garantir que a temperatura variasse somente um grau para cima ou para baixo. Pelo conceito explorado pela função perda, isso garante maior satisfação dos envolvidos. Plan, Do, Check, Act (PDCA), Kaizen, benchmarking, Método de Análise e Solução de Problemas (MASP), Desdobramento de Função Qualidade (QFD), Método Taguchi, Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos (FMEA) e Define, Measure, Analyse, Improve e Control (DMAIC) são algumas ferramentas e métodos utilizados para melhoria contínua de processos. A gestão de processos corresponde, então, conforme Ferreira (2013b, p. 21), ao “esforço de estabelecer sistemas de trabalho submetidos a descrições, mensurações e controles das atividades em função do que foi planejado”, ou seja, conforme o autor, monitorar os processos para manter a conformidade e os resultados pretendidos. Assim, conforme Pavani Junior e Scucuglia (2011, p. 61), o gerenciamento de processos engloba: Modelagem de processos90 Estudo do trabalho — processo de observação e levantamento de informações de um fenômeno, com o objetivo de detalhar sua lógica (mapeamento). Entendimento do trabalho — observar o fenômeno após o levantamento de informações obtidas no estudo do trabalho, com o objetivo de compreender suas particularidades e entender sua lógica. Otimização do trabalho — procedimento contínuo de aperfeiçoamento sistêmico e sistemático da estrutura de trabalho, com base nos conhecimentos obtidos no entendimento do mesmo; Manutenção do trabalho — manter o trabalho dentro dos padrões de eficácia e eficiência previstos, bem como a melhoria contínua. Por outro lado, segundo Ferreira (2013b, p. 21), a gestão por processo se aplica a algo bem mais abrangente: “gerir a organização, considerando a interação entre os processos e entre esses e o ambiente”. Para tanto, passamos a ter organizações orien- tadas (ou estruturadas) por processos, nas quais suas estruturas organizacionais são pensadas, desenhadas e aplicadas com base nos seus processos estratégicos. “A lógica é a dinâmica da organização em prol de resultados efetivos e não mais a visão compartimentada de uma abordagem funcional” (FERREIRA, 2013b, p. 20), na qual as organizações constituem unidades funcionais verticalizadas, isoladas, porém organizadas de forma hierárquica, operando com pouquíssima interação. Ferreira (2013b, p. 22) destaca que, apesar das diferenças entre os conceitos de gestão de processos e gestão por processos, há forte vínculo entreeles, uma vez que “A organização orientada por processos precisa, necessariamente, de processos bem monitorados, caso contrário inviabiliza a possibilidade de tê-los funcionando eficientemente em rede ou de forma sistêmica”. Características e vantagens da gestão por processos De acordo com Ferreira (2013a), a gestão por processos exige que a organi- zação atenda a alguns requisitos, quais sejam: 1. clareza de missão e objetivos; 2. identificação e definição dos processos críticos (relacionados aos fatores críticos de sucesso da organização e aos seus objetivos estratégicos); 3. definição dos serviços e/ou produtos que pretendem oferecer em função de um público determinado (cliente ou usuários); 91Modelagem de processos 4. disponibilidade dos recursos necessários para gerar os serviços ou produtos pretendidos; 5. capacidade para gerenciar o fluxo de informações e as atividades necessárias para atingir os resultados pretendidos e a satisfação dos clientes ou usuários. A aderência da organização a tais características e a sua decisão de se redesenhar para se tornar uma organização de gerenciamento por processos trazem as seguintes vantagens para a organização (FERREIRA, 2013b): � inserir-se em um contexto de organizações mais versáteis e dinâmicas; � a organização se desenvolve além do seu desempenho básico; � direciona os esforços para resultados, por meio da melhoria efetiva dos processos essenciais; � mudança cultural (de visão por função para visão do todo, holística e integradora); � facilita a gestão do conhecimento organizacional; � permite a compreensão de como funciona a organização, revelando problemas, estrangulamento e ineficiências; � redução de custos (retrabalho e problemas logísticos, por exemplo) e conflitos; � aumento da satisfação dos clientes ou usuários (cidadãos e colaboradores); � concentra o foco no que realmente interessa; � facilita a gestão das competências; � proporciona flexibilidade organizacional (descentralização, organização em rede, alianças estratégicas entre organizações). Simbologia BPMN Ainda que existam inúmeras metodologias para modelar processos, a BPMN (também conhecida como Business Process Model and Notation, que cor- responde respectivamente à notação de modelagem de processos de negócio, à notação e ao modelo de processos de negócio) é dominante (BALDAM, VALLE, ROZENFELD, 2014), por resolver uma série de lacunas existentes em outros métodos de modelagem (PAVANI JUNIOR. SCUCUGLIA, 2011). BPMN (Business Process Modeling Notation) é uma notação que permite representar todas as atividades internas de um processo de forma que o mes- Modelagem de processos92 mo possa ser analisado e simulado. A notação é formada por um conjunto de imagens que são dispostas na forma de diagrama para representar os proces- sos, e dessa forma, demonstrar o seu real funcionamento (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO, 2017, p. 16). Ao escolher uma notação, devemos considerar as especificidades da orga- nização, uma vez que os símbolos podem ser utilizados para modelagem de diferentes aspectos de processos de negócios, descrevendo relacionamentos cla- ramente definidos. O BPMN utiliza os seguintes grupos de notações (ABPMP, 2013; UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO, 2017, p. 17-24): Eventos — podem ser de início, término ou intermediários em um processo. A Figura 3 apresenta os eventos de início. Figura 3. Eventos de início. Fonte: Universidade Federal de Mato Grosso (2017). 93Modelagem de processos A Figura 4 apresenta os eventos intermediários. Figura 4. Eventos intermediários. Fonte: Universidade Federal de Mato Grosso (2017). Modelagem de processos94 A Figura 5 apresenta os eventos de término. Figura 5. Eventos de término. Fonte: Universidade Federal de Mato Grosso (2017). 95Modelagem de processos Desvios de fluxo — indicam razões para as tomadas de decisões em fluxos de processos (Figura 6). Figura 6. Desvios de fluxo. Fonte: Universidade Federal de Mato Grosso (2017). Modelagem de processos96 Tarefas — unidade de trabalho a ser executada por uma pessoa ou sistema (Figura 7). Figura 7. Tarefas. Fonte: Universidade Federal de Mato Grosso (2017). 97Modelagem de processos Subprocessos — conjuntos de atividades executadas dentro de um processo de negócio (Figura 8). Figura 8. Subprocessos. Fonte: Universidade Federal de Mato Grosso (2017). Modelagem de processos98 Conectores — elos lógicos entre outros elementos (Figura 9). Figura 9. Conectores. Fonte: Universidade Federal de Mato Grosso (2017). Piscinas — organizam os processos em um diagrama, com cada piscina contendo um único processo de negócio. Cada piscina deve ter um evento de início (seu primeiro elemento) e pelo menos um evento de fim (seu último elemento, mesmo que o processo continue em outra piscina). Na comunicação entre piscinas, deve-se usar fluxo de mensagem (seta pontilhada) e evento de mensagem na piscina que recebe a informação. O fluxo da piscina deve ser totalmente relacionado pelas setas (Figura 10). Figura 10. Piscinas. Fonte: Universidade Federal de Mato Grosso (2017). Raias — não representam uma notação específica, mas uma construção útil, pois separam os participantes internos de uma piscina (áreas funcionais, 99Modelagem de processos papel ou organizações externas), ou seja, cada raia é definida como um papel desempenhado por um ator na realização do trabalho (Figura 11). Figura 11. Raias. Fonte: Universidade Federal de Mato Grosso (2017). Milestones — linhas tracejadas utilizadas para separar o processo em diferentes partes ou em sequência (início, meio e fim) (Figura 12). Figura 12. Milestones. Fonte: Universidade Federal de Mato Grosso (2017). Modelagem de processos100 Um fluxo simples, como o mostrado na Figura 13, não necessita de piscinas ou raias. Figura 13. Processo simples. Fonte: ABPMP (2013, p. 93). No entanto, se você deseja mapear ou modelar processos mais complexos ou quer detalhá-los, outros elementos começam a ser utilizados, como podemos ver nas Figuras 14 a 17. Figura 14. Processo com mais detalhes. Fonte: ABPMP (2013, p. 93). 101Modelagem de processos Figura 15. Processo com piscinas. Fonte: Universidade Federal de Mato Grosso (2017, p. 25). Figura 16. Processo com raias. Fonte: ABPMP (2013, p. 104). Modelagem de processos102 Figura 17. Processo com raias. Fonte: ABPMP (2013, p. 94). Os símbolos de subprocessos contraídos podem ser utilizados, também, para simplificar o fluxo e facilitar a visualização e compreensão dos processos, como mostrado na Figura 18. Figura 18. Processo em alto nível. Fonte: ABPMP (2013, p. 93). 103Modelagem de processos ABPMP. BPM CBOK Guia para o gerenciamento de processos de negócio corpo comum de conhecimento. V3.0. [São Paulo]: BPM, 2013. Disponível em: <http://c.ymcdn.com/ sites/www.abpmp.org/resource/resmgr/Docs/ABPMP_CBOK_Guide__Portuguese. pdf>. Acesso em: 21 set. 2017. BALDAM, R.; VALLE, R.; ROZENFELD, H. Gerenciamento de processos de negócio — BPM: uma referência para implantação prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. COLLIN, L. R. O; PAMPLONA, E. O. A utilização da função perda de Taguchi na prática do controle estatístico de processo. ENEGEP, 32. Bento Gonçalves, 1997. Anais... Rio de Janeiro: Abepro, 1997. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ enegep1997_t4410.pdf>. Acesso em: 21 set. 2017. FERREIRA, E. A. Modelo para condução de mapeamento de processo organizacional: uma abordagem BPM com base no MAIA. 233f. 2013. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Universidade de Brasília, Brasília, 2013a. FERREIRA, A. R. Gestão de processos; módulo 3. Apostila do programa de desenvolvi- mento de gerentes operacionais – DGO. Brasília: ENAP / DDG, 2013b. FM2S. Taguchi: conheça a função perda de Taguchi. 2016. Disponível em: <http://www. fm2s.com.br/taguchi-conheca-funcao-perda-de-taguchi/>. Acesso em: 21 set. 2017. FOWLKES, W. Y.; CREVELING, C. M. Engineering methods forrobust product design: using taguchi methods in technology and product development. Nova Jersey: Prentice Hall, 1995. PAVANI JUNIOR, O.; SCUCUGLIA, R. Mapeamento e gestão por processos — BMP (Business Process Management). São Paulo: M.Book, 2011. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO. Manual de gestão de processos: escritório de projetos e processos. Cuiabá: UFMT, 2017. Leituras recomendadas ABREU, F. de S. QFD — desdobramento da função qualidade — estruturando a satisfação do cliente. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 37, n. 2, jun. 1997. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- -75901997000200005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 21 set. 2017. CARVALHO, M. M. de; HO, L. L.; PINTO, S. H. B. 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Acesso em: 21 set. 2017. 105Modelagem de processos Conteúdo: MAPEAMENTO E MODELAGEM DE PROCESSOS Henrique Martins Rocha Ligia Maria Fonseca Affonso Jeanine Barreto Ciclo de vida de um processo Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer os ciclos de Business Process Management (BPM), a de- composição de processos e a agregação de valor. � Analisar as necessidades dos clientes e os requisitos do processo. � Identificar os modelos de referência para o ciclo de gerenciamento de processos de negócio. Introdução No contexto do Business Process Management (BPM), é fundamental o comprometimento de todas as áreas da organização para que os pro- cessos permaneçam alinhados aos objetivos estratégicos, sem deixar de manter o foco no cliente e no mercado. Entre as melhores práticas de BPM, os ciclos de vida de processos de negócio têm um papel essencial, pois definem diversas etapas que buscam implementar a melhoria contínua dos processos, com foco nas necessidades e nas expectativas dos clientes. Neste capítulo, você vai estudar os ciclos de BPM, a decomposição de processos e a agregação de valor, assim como as necessidades dos clientes diante dos requisitos de processo e os modelos de referência para o ciclo de gerenciamento de processos de negócio. Os ciclos de BPM, a decomposição de processos e a agregação de valor Para o BPM, ou gerenciamento de processos de negócios, é essencial que haja comprometimento permanente de toda a organização, permitindo que sejam atendidas as demandas de modelagem, análise, desenho, medição de desempenho e transformação dos processos. Para que isso aconteça de forma apropriada, deve haver um ciclo que assegure que os processos organizacio- nais permaneçam alinhados à estratégia da organização e ao foco no cliente (ABPMP, 2013). O ciclo de vida usual do gerenciamento de processos de negócio envolve as fases de planejamento, análise, desenho, implementação, monitoramento e controle, e refinamento (Figura 1). Figura 1. O ciclo de vida usual do gerenciamento de processos de negócio. Contudo, o Guia ABPMP (2013) funciona apenas como uma referência para a aplicação do BPM, por isso a literatura apresenta outros modelos de ciclo de vida, que também são aceitos. Dentre os ciclos de BPM descritos, está o PDCA, sigla em inglês para as palavras plan, do, check e act, que em português significam planejar, fazer, verificar e agir. As fases do PDCA se caracterizam da seguinte forma. Planejar: ■ estabelece os objetivos para a entrega de resultados de acordo com o que foi projetado; ■ define os objetivos e os processos fundamentais para a entrega dos resultados, de acordo com as metas organizacionais. Ciclo de vida de um processo2 Fazer: ■ coloca em ação a execução do plano, do processo, do produto; ■ exige o comprometimento de todos os envolvidos nos processos para que tudo saia conforme o planejado. Verificar: ■ estuda o resultado que foi coletado e medido na etapa fazer, para comparar com as expectativas da organização; ■ identifica desvios na aplicação do plano; ■ consiste no monitoramento e na avaliação constante dos resultados obtidos na fase anterior, em relação aos resultados esperados. Agir: ■ envolve a tomada de ações que visem corrigir as inconsistências encontradas na fase de verificação; ■ identifica onde devem ser feitas mudanças para a melhoria dos processos; ■ tomada de providências com relação às avaliações e relatórios re- sultantes das demais etapas, para adequar os processos às metas da organização. É importante salientar que as fases do gerenciamento de processos de negócio compõem um ciclo porque, a partir do momento em que a última fase é executada, é preciso que a primeira fase seja reiniciada, e isso deve acontecer de forma contínua na empresa, visando ao alinhamento dos pro- cessos à estratégia organizacional e à entrega de resultados adequados às expectativas do cliente. Conheça um pouco mais sobre as fases do ciclo BPM descritas pelo Guia ABPMP (2013) a partir de agora. Fase de planejamento: compreende a análise de toda a documentação dispo- nível sobre os processos, para que se possa entender como eles ser alinham à missão da organização, aos serviços prestados e aos interesses dos clientes. O objetivo dessa fase é obter uma visão global dos processos da empresa, 3Ciclo de vida de um processo compreendendo a sua apropriação à cadeia de valor gerada pela organização. Essa fase envolve quatro atividades: ■ o entendimento da organização como um todo; ■ a identificação dos processos principais, de gestão e de apoio; ■ a identificação dos principais indicadores de medição de desempenho; ■ a preparação para a análise dos processos da organização. Fase de análise: nessa fase, é essencial que os processos sejam observados da maneira real como acontecem na organização. Isso servirá para ter uma visão mais realista, que vai possibilitar a modelagem e a avaliação de todos os processos da organização. O estado atual e real dos processos é conhecido como AS-IS, que pode ser traduzido literalmente como “assim está”. É pela análise do processo como ele se encontra que vai ser possível compreender em quais pontos ele pode ser melhorado, para que as próximas fases do ciclo BPM sejam executadas.Essa fase envolve as seguintes atividades: ■ entrevistar as pessoas envolvidas nos processos. ■ analisar a documentação dos processos. ■ documentar tudo o que foi feito durante a fase de análise. ■ validar o entendimento e documentá-lo também. Fase de desenho: envolve a tomada de decisões com relação ao que foi con- cluído na fase de análise, pois agora já devem ser conhecidos, de forma de- talhada, os pontos de gargalo, as falhas, os atrasos, os retrabalhos e todas as inconsistências dos processos analisados. Essa é a fase em que se promove o alinhamento dos processos aos objetivos estratégicos da organização, fa- zendo adequações que tragam melhorias aos processos ou desenhando novos processos. O estado que define o que é desejável para um processo se chama TO-BE, que pode ser traduzido literalmente como “como deverá ser”. Essa fase inclui as seguintes atividades: ■ analisar as lacunas identificadas, tecendo comparações com o que deveria ser feito. ■ desenhar o processo, analisando o uso de tecnologia de informação. ■ executar os procedimentos de aceite das melhorias sugeridas e dos novos processos. ■ criar um plano de implantação para as melhorias e novos processos. Ciclo de vida de um processo4 O mapeamento envolve dois estados básicos possíveis para os processos. O primeiro é caracterizado pela situação atual, chamado de AS-IS, e o segundo representa um estado futuro, definido por TO-BE): AS-IS. Essa expressão pode ser traduzida como “como está”, e se refere à situação presente do processo. Proporciona o entendimento de como ele está sendo executado atualmente na organização, isto é, visa descrever a operação atual. TO-BE. A melhor tradução para essa expressão é “como deverá ser”, pois projeta as mudanças que serão realizadas no processo, visando otimizar atividades em busca de melhor qualidade e produtividade, e também o desenho de um novo processo. Fase de implementação: compreende a colocação dos processos em prática, da maneira como foram definidos e documentados, entrando na rotina do trabalho da organização. Fase de monitoramento e controle: permite uma verificação sobre o ali- nhamento dos processos aos objetivos estratégicos da organização. É nessa etapa que são monitorados os indicadores de medição de desempenho para avaliar quais foram os resultados obtidos com os processos. Os indicadores de desempenho mais utilizados costumam fazer a medição de aspectos como o tempo de duração do processo, o custo operacional do processo, a capacidade de geração de resultado de um processo e a qualidade na geração do resultado. Fase de refinamento: caracteriza o início do procedimento de melhoria con- tínua dos processos. Aqui são analisados todos os resultados esperados e o que está sendo atingido na prática, para que os processos sejam evoluídos de forma planejada e sejam constantemente monitorados com relação aos resultados e ao valor que entregam. O objetivo dessa fase deve ser a melhoria no desempenho dos processos, visando à redução de custos e o atendimento das expectativas do cliente. Decomposição de processos Para que possam ser melhor compreendidos, os modelos de processos de negócio devem ser elaborados em vários níveis. Como o CBOK tem a pre- tensão de servir somente de referência para o gerenciamento de processos de negócios da organização, cada uma pode usar um número diferente de níveis 5Ciclo de vida de um processo de detalhamento de processo e também chamá-los por nomes diferentes, que podem se adaptar melhor à realidade organizacional. É essencial que os processos sejam decompostos em níveis baixos o sufi- ciente para que as tarefas possam ser compreendidas, levando ao entendimento do processo como um todo. Ao passo em que as informações dos processos forem coletadas, elas precisam ser atribuídas a um dos níveis de detalhamento, pois isso vai permitir que a equipe identifique informações que faltam nos dife- rentes níveis dos processos ou que precisam ser questionadas aos responsáveis. O Guia CBOK (ABPMP, 2013) apresenta os níveis de decomposição de processos apresentados na Figura 2. Figura 2. Decomposição de processos. Fonte: ABPMP (2013, p. 163). Nível 1 — Processo de negócio: fornece uma visão global do processo. É um trabalho que entrega valor ao cliente. Nível 2 — Subprocesso: decomposição do processo por afinidade, objetivo ou resultado desejado. Ciclo de vida de um processo6 Nível 3 — Função de negócio: inter-relacionamento com as áreas funcionais, onde as atividades são realizadas. É o grupo de atividades e competências especializadas. Nível 4 — Atividade: conexão dos subprocessos às atividades que serão executadas. É o conjunto de tarefas necessárias para entregar uma parte de um resultado. Nível 5 — Tarefa: decomposição da atividade, a fim de gerar os resultados desejados. São os passos seguidos ou as instruções de trabalho. Nível 6 — Cenário: é a modalidade de execução de uma tarefa. Nível 7 — Passo: faz referência ao menor nível de uma ação que é executada. A decomposição de processos é a ação que permite um melhor geren- ciamento dos processos de negócios da organização, ou uma aplicação mais efetiva do BPM. A agregação de valor Atualmente, ainda existem muitas empresas que trabalham com foco no produto ou serviço que os seus processos geram, não nos seus clientes. Os funcionários geralmente são valorizados pelo cumprimento das metas e pelo aumento do lucro proporcionado, sendo poucas as que premiam pela satisfação do cliente. Um dos grandes motivos pelos quais as empresas vêm adotando o gerencia- mento de processos de negócio é levar o foco para o cliente, pois as pessoas já deixaram de se tornar clientes das empresas pelo simples fato de cobrirem o preço menor que é ofertado pelas concorrentes. É necessário que a empresa agregue valor ao resultado que oferece ao cliente por meio dos seus produtos e serviços. Portanto, o foco hoje deve ser o cliente e o valor agregado ao produto ou serviço que são oferecidos. A agregação de valor não se refere aos valores monetários, mas à satis- fação do cliente, à capacidade da empresa em atender às suas expectativas com relação aos produtos e serviços oferecidos e, se possível, até superá-las, surpreendendo positivamente o cliente e, assim, promovendo a sua conquista e fidelização. De nada adianta ter o melhor preço e a entrega mais rápida da região, se a empresa não consegue oferecer aquilo que o cliente deseja. 7Ciclo de vida de um processo Transformar o cliente no foco da empresa significa, em um primeiro mo- mento, conhecer e compreender as suas necessidades, oferecendo produtos e serviços adequados às suas expectativas. Mas vai além disso: significa oferecer informações, ser transparente, prestar consultoria sem custo adicional, ficar à disposição para tirar dúvidas e solucionar problemas. Todos esses elementos agregam valor ao resultado oferecido pela empresa. A estratégia para agregar valor ao cliente consiste em manter a gestão e o envolvimento com todos os processos e níveis da estrutura da empresa, ou seja, exige que toda a empresa se comprometa com esse propósito, pois é por meio do cliente que a empresa vai garantir a sua permanência no mercado. Em outras palavras, é essencial que os processos sejam gerenciados do início ao fim, mantendo uma perspectiva global da sua interação e integração (ABPMP, 2013). As necessidades dos clientes e os requisitos do processo Para que o resultado produzido pela empresa agregue valor ao cliente, é ne- cessário que haja uma aproximação com as suas necessidades reais, por meio de identificação, coleta e interpretação das suas expectativas, durante todas as fases dos processos. A identificação das necessidades dos clientes vai proporcionar a sua transformação nos requisitos do processo. Ciclo de vida de um processo8 O termo necessidade traduz uma falta de algo que é essencial, uma carência de algo, que é preciso ser satisfeita. São as necessidades que motivamo ser humano a agir e a procurar a sua satisfação. Heirich et al. (2011) destacam três características para as necessidades: � multiplicidade — existem muitos tipos de necessidades, e por mais que um indi- víduo as tenha satisfeito, outras necessidades sempre vão surgir; � substituibilidade — indica que uma necessidade pode ser satisfeita por diferentes formas; � saciabilidade — uma necessidade passa a ser sentida em menor intensidade, à medida em que é satisfeita, até que desapareça completamente. Á área da economia elenca ainda duas outras características para as necessidades: � possibilidade de hierarquização — a necessidade pode ser priorizada, segundo a intensidade pela qual é sentida; � interdependência — quando uma necessidade é satisfeita, ela pode originar outras necessidades. O perfil e o comportamento dos clientes podem ser influenciados por diversos fatores, como os sociais e culturais. Contudo, as necessidades dos clientes só vão efetivamente gerar reflexos ou efeitos para a empresa quando fizerem parte da tomada de decisão — para identificar essa importância, é necessário implementar de maneira rotineira a coleta dos requisitos dos clientes, fazer uma análise detalhada, priorizar os requisitos e, então, fazer com que eles sejam considerados de maneira adequada ao longo do processo organizacional (HEIRICH et al., 2011). 9Ciclo de vida de um processo As necessidades dos clientes surgem para atender a um problema ou resolver alguma carência para algo específico. Quando as necessidades do cliente são identificadas, elas se transformam nas especificações ou requisitos do processo. A satisfação de um cliente pode ser medida pelo nível de sentimento que ele possui como consequência da comparação entre o desempenho ou resultado percebido de algo, em relação às suas expectativas. A diferença entre o que o cliente esperava e o que lhe foi apresentado fica menor à medida que as suas necessidades e expectativas são conhecidas e transmitidas para as características do produto ou serviço oferecido pela empresa (KOTLER, 2000). Isso é feito por meio dos processos. Atualmente, já não é mais possível pensar em qualidade e valor agregado se o foco da empresa não estiver no cliente. O produto ou o serviço ofertado pela empresa tende a ter mais sucesso à medida que estiver alinhado às expectativas dos clientes, por isso é essencial a correta identificação das necessidades dos clientes, para que se tornem informações úteis aos processos; nesse caso, os seus requisitos. As necessidades do cliente vão se transformar em requisitos, que vão ori- ginar as especificações do processo, que, por sua vez, vão resultar no produto ou serviço. Para que as especificações do processo sejam elaboradas, é preciso adotar alguns passos (HEIRICH et al., 2011): Definição do requisito — de início, as necessidades devem ser identificadas e escritas com a linguagem do cliente. Depois que as necessidades forem escritas, agrupadas, analisadas e classificadas, elas podem ser reescritas na forma de requisitos dos clientes: ■ funcionais — indicam o que o produto ou serviço precisa fazer; ■ não funcionais — indicam as qualidades que o produto tem que ter. Definição das especificações — as especificações de um produto ou serviço dizem respeito aos parâmetros mensuráveis que o produto ou serviço deve ter, e que vão estabelecer qual o desempenho requerido. As especificações são o fundamento para a montagem dos critérios de avaliação do produto ou serviço, e também para a tomada de decisão. A transformação de uma necessidade de cliente em um requisito de processo é uma tarefa que deve ser feita em equipe. Primeiramente, as necessidades devem ser identificadas, analisadas e podem ser separadas com a finalidade de identificar a real necessidade do cliente, devendo ser escritas de forma objetiva e compreensível. Ciclo de vida de um processo10 Requisito é toda condição necessária para que algum propósito seja atendido — quando se trata de um cliente informando as suas necessidades, nem sempre é possível obter detalhes claros das suas expectativas. A norma ISO 9001 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2008) apre- senta um item chamado de Determinação de Requisitos, em que menciona os tipos de requisitos de cliente que devem ser levados em conta no momento de pensar os produtos e serviços que serão oferecidos: � Requisitos Declarados pelo Cliente — são solicitações claras e objetivas, feitas de forma verbal ou escrita, através de um pedido ou contrato com a especificação do tipo de produto ou serviço, quantidade, forma e prazo de entrega. � Requisitos não Declarados pelo Cliente — são aqueles requisitos que, apesar de não serem determinados pelo cliente, são essenciais para a utilização do produto ou serviço, como as baterias, o manual do usuário, algum suporte para fixar o produto na parede, chave reserva para veículos, entre outros. � Requisitos de Pós-venda — são requisitos que já são oferecidos pela empresa, mas que o cliente precisa expressar que os deseja, como a garantia estendida e o seguro. � Requisitos Regulamentares Aplicáveis ao Produto — são requisitos impostos por lei, para determinar atributos que os produtos ou serviços devem possuir, de forma obrigatória. Normalmente são regulamentados por instituições habilitadas pelo governo para tal atividade, como é o exemplo da ANVISA para a indústria alimentícia e da PETROBRAS para os produtos e serviços que envolvem petróleo no processo. Depois disso, o momento é de priorizar as necessidades, elencando as mais importantes, o que servirá como base para a priorização das decisões do projeto, de maneira favorável aos requisitos de maior relevância. Finalizada a priorização, o momento então é de transformar as necessidades dos clientes em requisitos para o processo. Normalmente devem ser considera- dos os seguintes aspectos, ao se definir um requisito (HEIRICH et al., 2011): � modo de funcionamento; � nível de confiabilidade; � necessidade de ergonomia; � facilidade de fabricação, montagem e manutenção; � meta a ser atingida pelo requisito em forma quantitativa; � forma de avaliação da meta para verificar o seu cumprimento. Desde a concepção dos processos, a organização deve estabelecer proce- dimentos próprios que levem o foco no cliente em consideração, garantindo 11Ciclo de vida de um processo que as suas necessidades sejam satisfeitas. As necessidades dos clientes têm relação direta com o processo organizacional, desde a fabricação do produto ou a idealização do serviço até a sua entrega. Se o resultado entregue ao cliente não atender às suas expectativas, a cadeia produtiva da empresa não estará agregando valor ao cliente, o que coloca em risco inclusive a permanência da empresa no mercado, da forma como se encontra atualmente. Visando à promoção de processos organizacionais capazes de absorver as necessidades dos clientes, é preciso fazer o gerenciamento dos processos por meio da adoção de um modelo, escolhido para que se adapte da melhor forma à estrutura e aos objetivos estratégicos. Os modelos de referência para o ciclo de gerenciamento de processos de negócio Existem inúmeros modelos de referência que as organizações podem adotar para fazer o gerenciamento do ciclo de vida dos seus processos organizacionais. Por isso, a partir de agora você vai conhecer alguns dos modelos de referência mais utilizados na prática empresarial. O modelo Seis Sigma O Seis Sigma é um modelo reconhecido internacionalmente, muito utilizado para identificar e implementar melhorias nos processos organizacionais, asse- gurar que os custos de operação sejam menores e, em vista disso, proporcionar aumento de lucro para a empresa. O sigma é uma letra do alfabeto grego, mas no mundo empresarial é usado para estatísticas, fazendo referência à frequência com que algo absorve mais do que os recursos mínimos necessários para obter a satisfação do cliente, ou seja, é como umataxa que indica a quantidade de desperdício ocorrido a cada etapa do processo. Cada um dos sigmas representa uma escala de qualidade, sendo o 1-sigma o nível mais baixo, com maior taxa de defeitos, e grande possibilidade de perda nas vendas por falta de qualidade. Ao contrário, quando uma empresa Ciclo de vida de um processo12 está no 6-sigma, que é o nível mais alto dentro desse modelo, ela costuma apresentar uma média de apenas 3 defeitos em um milhão de operações. Atingir o 6-sigma traduz alto padrão de qualidade e baixíssimo índice de defeito para uma empresa. O modelo Seis Sigma tem como objetivos a melhora na eficiência dos processos, a redução de custos com os defeitos dos processos, melhoria no resultado oferecido ao cliente, tomada mais ágil de decisões. Basicamente, seu funcionamento se baseia nas fases de definição de metas, medição de desempenho, análise de resultados, implementação de melhorias, monitoração e controle das atividades, retornando à fase de definição novamente. O modelo Seis Sigma envolve equipes que têm alguns papéis especiais, pois são desempenhados por pessoas que possuem certificação nessa metodologia (ENDEAVOR BRASIL, 2015): Master Black Belt ou Champion — é a pessoa que garante a remoção dos obstáculos que impedem o sucesso da implementação do processo. Além disso, ele aprova ou reprova as propostas de melhoria nos processos e implementa suas alterações. Black Belt — é o líder da equipe de implementação do projeto. Conduz a equipe no desenvolvimento, ensina a aplicar ferramentas e identifica pontos de melhoria no processo. Green Belt — é o professional que realiza projetos de complexidade média. É orientado pelo black belt na condução de seus projetos. Yellow Belt — é o professional que realiza projetos de baixa complexidade. Os processos em que está envolvido não dependem de muitas interações outros processos e áreas da empresa. São projetos de rápida implementação, com prazos que normalmente não ultrapassam dois meses. Membros da equipe — são os que trabalham efetivamente na execução do processo, que precisam estar envolvidos e comprometidos com o resultado. O modelo Juran O modelo Juran foi idealizado por Joseph Moses Juran, entre as décadas de 1940 e 1950. Por conta desse feito, ele se tornou uma referência internacional na área de gestão da qualidade. 13Ciclo de vida de um processo A gestão de qualidade foi um conceito criado por Joseph Moses Juran A sua primeira experiência profissional nessa área foi na Western Eletric Company. Juran, onde foi engenheiro eletricista. Trabalhou também como executivo de indús- trias, administrador do governo americano e realizou consultorias. Foi responsável pelo desenvolvimento do método Juran Management System (JMS), que aliava uma estratégia empresarial à gestão da qualidade, e participou de forma ativa na história da Toyota, colaborando para o desenvolvimento do Sistema Toyota de Produção que, por sua vez, influenciou o surgimento da filosofia just-in-time (importante referência na busca pela eliminação dos desperdícios e atingimento da qualidade total). O seu modelo conta com 10 passos que, segundo ele, garantem a qualidade nos resultados entregues pelas empresas, caso sejam executados (FERREIRA, 2013). 1. Criar a consciência da necessidade e da oportunidade para me- lhorar: envolve a motivação e o comprometimento da equipe para o cumprimento das metas. 2. Estabelecer metas para melhoria: as metas da empresa devem ser estabelecidas de forma que proporcionem maneiras de melhorar sempre os processos, para que não sejam apenas medidas e nada seja feito com os indicadores. 3. Organizar para estabelecer metas: definir claramente o papel das pessoas envolvidas nos processos, podendo identificar facilitadores que possam apoiar no processo de organização e gerenciamento das atividades dos processos. 4. Treinamento: treinar os membros da equipe, de forma teórica e prática, para as atividades que desempenham, de maneira que possam apresentar excelência na sua realização. 5. Desenvolver projetos para solucionar problemas: a equipe deve estar preparada para desenvolver estratégias para identificar e solucionar os problemas que acontecerem ao longo do processo. 6. Relatar o progresso: devem ser aplicadas ações de medição de desem- penho, sendo que todo progresso deve ser relatado para toda a equipe. 7. Reconhecimento: reconhecer os resultados apresentados pela equipe, para que ela se motive e se mantenha no seu nível máximo de rendimento. Ciclo de vida de um processo14 8. Divulgar os resultados: devem ser utilizadas maneiras de expor os resultados para todos, visando a sua participação nos processos de melhoria e conscientização. 9. Manter os resultados: o resultado obtido com as melhorias deve ser mantido, por isso deve ser monitorado e controlado permanentemente. 10. Manter o momento: o processo de melhoria não deve ser encarado como uma atividade extraordinária para a equipe, e sim como uma rotina. Juran dizia que é o trabalho que traz efeito para a solução. Com esse modelo, Juran pretendia esclarecer a importância de assegurar que os processos organizacionais serão capazes de chegar aos resultados corretos, através da otimização de processos e do envolvimento de todos. Modelo de Jost e Scheer Os criadores desse modelo têm grande experiência, pois fazem parte de uma grande empresa da área de modelagem de processos organizacionais. Seu modelo tem a ideia de ciclo, conforme a figura a seguir: Figura 3. Modelo de Jost & Scheer. Fonte: Baldam, Valle e Rozenfeld (2014, p. 11). 15Ciclo de vida de um processo As fases envolvidas no modelo criado por Jost e Scheer são as seguintes (BALDAM; VALLE; ROZENFELD, 2014): Design — nessa fase ocorre a modelagem, a integração e a documentação do processo, levando em conta a estrutura global dos processos da organização, pois eles devem estar integrados aos sistemas e métodos gerenciais utilizados. Implantação — utiliza os dados elaborados na fase de design para desenvol- ver ferramenta, manuais ou informatizadas, fazer o treinamento da equipe, executar a gestão de mudanças e outras atividades que impliquem no início do processo desejado e no monitoramento do que é utilizado por ele. Controle — utiliza dados coletados do processo em operação para saber se o funcionamento está de acordo com o que foi estabelecido. Esses dados servem também para fazer o redesenho do processo, se necessário. Modelo de Smith e Fingar O modelo criado por Smith e Fingar, que são autores de renome nas áreas acadêmica e de consultoria, está descrito nas seguintes fases (BALDAM; VALLE; ROZENFELD, 2014): Ciclo de vida de um processo16 Figura 4. Modelo de Smith e Fingar. Fonte: Baldam, Valle e Rozenfeld (2014, p. 13). 17Ciclo de vida de um processo Descoberta — é a fase em que é divulgada a forma como as atividades estão sendo executadas. Pode ser feita por meio da análise de códigos de programas ou procedimentos manuais, a fim de possibilitar uma visão clara do modo como os processos trabalham interna e externamente. Design — é a fase em que o processo é divulgado, por meio da sua modelagem, manipulação e possível redesenho. São explicitadas as atividades, regras, participantes, interações e relações envolvidas, bem como a indicação das melhores métricas para a medição do seu desempenho. Desenvolvimento — é a fase em que o novo processo é implantado para todos os envolvidos. Execução — é a fase que envolve a certificação de que o novo processo está tendo o seu fluxo encaminhado de forma adequada por cada um dos partici- pantes envolvidos. Interação — é a fase que envolve a utilização de interfaces informatizadas, que vão possibilitar às pessoas a interação com os processos do negócio. Inclui também o gerenciamento dessas interfaces. Monitoramento — é a fase aplicada para todos os processos que se encontram em execução. As atividades envolvem toda intervenção necessária para que o controlede um processo seja mantido, a identificação de erros e o planejamento de resposta a eles. Análise — é a fase em que se mede o desempenho do processo, para que sejam identificados pontos de melhoria e oportunidades de inovações. Otimização — é a fase que envolve a melhoria do processo, encerrando um ciclo que une a fase de design com a de análise do desempenho atual. Propor- ciona a detecção de gargalos, retrabalhos, paradas e outras inconsistências. Ciclo de vida de um processo18 Para conhecer outros modelos de referência para o ciclo de gerenciamento de processos de negócio, como os modelos de Harrington, Esseling & Nimwegen (1997), Burlton (2001), Khan (2003), Muehlen (2005), Havey (2005), Schurter (2006) e Jestan & Nelis (2006), leia o livro Gerenciamento de Processos de Negócio BPM: uma referência para implantação prática, de Baldam, Valle e Rozenfeld. ABPMP. BPM CBOK Guia para o gerenciamento de processos de negócio corpo comum de conhecimento. V3.0. [São Paulo]: BPM, 2013. Disponível em: <http://c.ymcdn.com/ sites/www.abpmp.org/resource/resmgr/Docs/ABPMP_CBOK_Guide__Portuguese. pdf>. Acesso em: 4 out. 2017. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9001. Rio de Janeiro: ABNT, 2008. BALDAM, R.; VALLE, R.; ROZENFELD, H. Gerenciamento de Processos de Negócio BPM: uma referência para implantação prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. FERREIRA, G. A. Os 10 passos para a melhoria da qualidade – J. M. Juran. Jornal Online Folha Vitória. 2013. Disponível em: <http://www.folhavitoria.com.br/economia/blogs/ gestaoeresultados/2013/09/19/os-10-passos-para-a-melhoria-da-qualidade-j-m- -juran/>. Acesso em: 4 out. 2017. ENDEAVOR BRASIL. Como o Seis Sigma pode ajudar sua empresa a alcançar a excelência. 2015. Disponível em: <https://endeavor.org.br/seis-sigma/>. Acesso em: 4 out. 2017. HEIRICH, A. M. et al. Processo de transformação das necessidades dos clientes em especi- ficações de um produto. 2011. Disponível em: <http://www.fahor.com.br/publicacoes/ sief/2011_Processo_transformacao_necessidades_clientes_produto.pdf>. Acesso em: 2 out. 2017. KOTLER, P. Administração de marketing. 10. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000. 19Ciclo de vida de um processo Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. EMPREENDEDORISMO SOCIAL Ricardo da Silva e Silva Modelo C: abordagem integrada Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deverá apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer o significado de soluções de impacto social e/ou ambiental. Apresentar como as ferramentas denominadas teoria da mudança e business model canvas, aliadas a outros elementos, podem ser aplicadas para modelar soluções de impacto social e/ou ambiental. Explicar o papel do modelo C na transformação social e na geração de valor social. Introdução Amenizar os impactos sociais e ambientais da ação do homem é de suma importância. A melhor forma de fazê-lo é a promoção de melhorias e do bem-estar social. Neste capítulo, você vai estudar as ferramentas denominadas teoria da mudança e business model canvas. Estas, aliadas a outros elementos, podem ser aplicadas para modelar soluções de im- pacto social e/ou ambiental. Você também vai verificar como o modelo C promove a transformação social e a geração de valor social, de maneira integrada, a partir de uma lógica de mercado. 1 Soluções de impacto social e ambiental Quando se fala de impacto social ou ambiental, geralmente vêm à mente assuntos como desmatamento, poluição dos rios e oceanos, emissão de gases poluentes. Mas essa é a origem do problema. Seu impacto recai sobre a mo- bilidade urbana, sobre as moradias, nas desigualdades sociais, de gênero, de raça, entre outros. Para Netto et al. (2009), a própria saúde da população sofre quando há uma ruptura no equilíbrio entre homem e ambiente. O Brasil já dispõe de legislação para garantir a mitigação de ações negativas contra o meio ambiente. Segundo a Resolução nº. 1, de 23 de janeiro de 1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), é considerado impacto ambiental: [...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II – as atividades sociais e econômicas; III – a biota; IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V – a qualidade dos recursos ambientais (BRASIL, 1986, documento on-line). Alguns instrumentos regulam os impactos ambientais no Brasil, conforme Verdum e Medeiros (2006) e Berté (2009). Por exemplo, temos a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), instituída pela Lei Federal de nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981, que tem por finalidade ser suporte legal para os sistemas de licenciamento em relação às atividades poluidoras ou modificadoras do meio ambiente. O art. 225, IV, §1° “[...] exige o estudo prévio de impacto ambiental para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de degradação do meio ambiente” (BRASIL, 1988, documento on-line). Esse artigo assegura a execução do Estudo do Impacto Ambiental (EIA), criado a partir da resolução do Conama nº. 1/1986 (BRASIL, 1986), que engloba várias atividades, como diagnóstico ambiental, identificação de fatores impactantes, previsão e medição de impactos, além de incentivar ações para a amenização dos impactos ambientais. Também temos o Relatório de Impactos Ambientais (RIMA), um documento que faz parte do processo da AIA e oferece ferramentas para as conclusões do EIA. Tanto os EIAs como o RIMA são instrumentos avaliadores de impacto ambiental preconizados pela AIA. Além dessas ferramentas legais, temos a Resolução Conama nº. 1/1986 como exemplo de solução para os impactos ambientais, e o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Conforme Medeiros (2002), esse documento tem como foco o princípio da não geração e/ou minimização da geração de resíduos. Outro exemplo positivo é a norma nº. 14020 da Organização Internacional de Normalização (ISO). A ISO 14020 normatiza a rotulagem e as declarações ambientais sobre produtos e serviços, estabelecendo que as informações inseridas nesses materiais são de caráter ambiental global. “Compradores ou potenciais compradores podem usar essa informação na escolha de produtos Modelo C: abordagem integrada2 ou serviços que desejem, baseados em considerações ambientais ou de outra ordem” (BERTÉ, 2009, p. 182). O impacto ambiental é a alteração significativa no meio ambiente, enquanto o dano ambiental é a reação adversa ao equilíbrio ecológico. As atividades econômicas executadas por empresas, por meio de seus processos produtivos, podem gerar impactos ambientais. Na perspectiva social, analisada do ponto de vista de uma economia emer- gente, orientada por impacto positivo, considera-se uma visão sistêmica dos problemas socioambientais, conforme aponta o documento “O que são Negócios de Impacto”, do Instituto de Cidadania Empresarial (2019). Essa visão propõe o desenvolvimento de modelos econômicos mais democráticos, colaborativos, que procuram gerar oportunidades para todos e reduzir desigualdades. Ou seja, trata-se de modelos de organizações que priorizam as pessoas e o meio ambiente na formulação de suas estratégias de produção, comercialização, finanças e consumo e que são diferentes do mainstream da economia. A ideia de avaliar o impacto de um negócio tem como intuito aperfeiçoar o modelo de negócio e os projetos sociais desenvolvidos. De acordo com Lazzarini e Barki (2019), existem diferentes metodologias e métricas que podem ser aplicadas, o que depende muito do que se pretende avaliar. Alguns indicadores utilizados em negócios — inclusive com perspectiva social — são: inputs — recursos investidos no negócio; outputs — resultados imediatos do negócio; outcome — resultados de médio e longo prazo do negócio e efeitos das medidas implementadas sobre as pessoas; impacto — efetividade promovida pela intervenção do negócio, ou se foram outros fatores que geraram as mudanças ocorridas para a população. As avaliações da perspectiva social do impacto dos negócios podem considerar metodologias qualitativas ou quantitativas. Alguns exemplos de metodologias utilizadas são: 3Modelo C: abordagem integrada Impact Reporting and Investment Standards; Global Impact Investing Report System; alinhamento de indicadores de impacto de negócios — os indicadores- -chave de desempenho — aos objetivos de desenvolvimento sustentável desenvolvidos pela Organização das Nações Unidas. Globalização, capitalismo e impactos ambientais Os impactos ambientais e sociais da ação do homem estão vinculados ao consu- mismo exagerado. Nesse modelo, as empresas procuram atender o consumidor de forma desmedida, gerando poluição, desmatamento e o esgotamento dos recursos naturais, dentre outros problemas. Ou seja, as práticas de consumo impactam de forma intensa o meio ambiente e a sociedade como um todo. A globalização, sob a perspectiva de Mário Murteira (2003), interpretada por Campos e Canavezes (2007, documento on-line), consiste em: [...] um processo que tem conduzido ao condicionamento crescente das políticas econômicas nacionais pela esfera megaeconômica, ao mesmo tempo que se adensam as relações de interdependência, dominação e dependência entre os atores internacionais e nacionais, incluindo os próprios governos nacionais que procuram pôr em prática as suas estratégias no mercado global. Assim, ela possibilita que sejam acentuados os efeitos do capitalismo. Isso porque muitas organizações exploram diferentes mercados, no quais, muitas vezes, há carência na implementação de legislações ambientais adequadas. Para Scholte (2002), as mudanças do sistema capitalista de produção são, geralmente, ocasionadas pelos avanços tecnológicos. A evolução dos recursos tecnológicos, no contexto globalizado, aumenta o volume de processos pro- dutivos em que a demanda a ser atendida é global. Mesmo em um contexto globalizado, porém, e como aponta Murteira (2003), existem alternativas viáveis e possíveis para se minimizarem os impactos ambientais. Ações de impacto socioambiental As ações existentes que visam a solucionar os problemas sociais e ambientais, além de propiciar a redução de impactos gerados pelo homem, podem seguir uma lógica de mercado. Nesse sentido, parte-se da análise de demandas que representam problemas, sociais ou ambientais, em que há um tensionamento, para que tais problemas sejam sanados ou reduzidos de alguma forma. Modelo C: abordagem integrada4 Os projetos sociais ou ambientais, na concepção dos negócios de impacto, são impulsionados por mudanças positivas e podem partir de indivíduos motivados por ideias inovadoras, sustentáveis, comprometidas com a efeti- vidade de soluções sociais e ambientais, com retornos financeiros. Por outro lado, nos empreendimentos tradicionais, poderão ser encabeçadas ações de responsabilidade social, a fim de minimizar os impactos gerados por suas ações, entretanto, essa lógica difere dos pressupostos que fundam os negócios de impacto, por não modificarem a trajetória insustentável da economia global (BARKI; COMINI; TORRES, 2019, documento on-line). A Figura 1 apresenta o mapa de negócios sociais em atividade no Brasil no ano de 2017. Esse mapa apresenta informações censitárias em relação aos negócios sociais modelados e implementados no país, com base no seguinte questionamento: “qual problema seu negócio resolve no mundo?”. Figura 1. Mapeamento de negócios sociais no Brasil em 2017. Fonte: Coimbra (2017, documento on-line). Como podemos perceber na Figura 1, a maior área de impacto social é a educação. Cabe destacar que o Brasil ainda tem muito para avançar nos negócios sociais, conforme aponta Rocha (2018a). 2 Modelagem de soluções de impacto social e ambiental As ações de foco socioambiental podem ser modeladas, tendo como ponto de partida o problema que se deseja atender. Posteriormente, são formulados 5Modelo C: abordagem integrada planos de ação, para que as ideias saiam do papel e, de fato, tenham o alcance desejado. Entretanto, para que haja êxito nas ações de impacto socioambiental, é importante perceber a necessidade do uso de ferramentas que possibilitem a modelagem de planos de ação frente ao impacto socioambiental. Business model canvas para negócios sociais Uma das ferramentas que possibilitam a modelagem de negócios, dando um caráter mercantil para novas ideias ou reestruturação de ideias de negócios, é o canvas do modelo de negócio ou business model canvas para negócios sociais. Esse canvas representa por meio de um diagrama (Figura 2) os prin- cipais elementos de negócios sociais. A ferramenta serve como guia para o planejamento de negócios de forma visual, favorecendo o simples e rápido entendimento. Figura 2. Business model canvas para negócios sociais. Fonte: Adaptada de Osterwalder e Pigneur (2011) Segundo Kallás (2012), o business model canvas é uma ferramenta que descreve como uma organização idealiza, concede e retém recursos. O Quadro 1 traz os conceitos dos elementos que devem compor o canvas do modelo de negócio. Modelo C: abordagem integrada6 Segmento/Elemento Descrição Visão Definição dos objetivos que se deseja atingir por meio da ação ou ideia. Oportunidade Definição das formas de se valer do atual cenário para inovar por meio de ações de impacto socioambiental. Proposta de valor Definição de qual valor social será gerado e quais pessoas serão beneficiadas com a ação ou o negócio. Stakeholders Definição de quem são os clientes, os apoiadores do negócio, os fornecedores e, caso haja, os competidores. Relacionamentos Definição do tipo de relacionamento que cada stakeholder terá com a empresa, o negócio ou a ideia. Canais Definição de como os produtos ou serviços, criados por meio da ideia de negócios, serão distribuídos para os beneficiados pela ideia ou pelo negócio. Principais resistências Definição dos principais obstáculos que podem afetar os negócios a longo prazo. Fontes de recursos Definição de recursos para a elaboração e implementação da ideia e de como estes serão captados. Recursos principais Definição da lista de recursos necessários para a implementação da ideia ou do negócio, podendo ser recursos humanos, materiais, etc. Atividades principais Definição de quais serão as atividades principais da empresa ou do negócio de impacto socioambiental. Consequências potenciais Há possibilidade de impactos negativos por meio da implementação do negócio? Quadro 1. Elementos que compõem o business model canvas O canvas voltado para negócios sociais traz uma variação do modelo já conhecido do canvas, adaptando a ferramenta aos negócios de impacto socio- ambiental. Isso oportuniza maior flexibilidade na estruturação do negócio, 7Modelo C: abordagem integrada para que os objetivos organizacionais sejam alcançados. Vejamos essa variação no exemplo ilustrado na Figura 3. Figura 3. Canvas do modelo de negócio tradicional. Fonte: Adaptada de Osterwalder e Pigneur (2011, p. 44). O que podemos perceber é que o canvas do modelo de negócio tradicional é mais resumido, enquanto o canvas do modelo de negócio para negócios sociais apresenta diferenças no conteúdo e é mais detalhado (Figura 2). O canvas tradicional é mais superficial — a empresa vai criar valor, entregar valor aos clientes e gerar renda nesse processo. No canvas para negócios sociais, é identificado o problema social ou ambiental que a empresa pretende resolver. Teoria da mudança Outra ferramenta que visa à construção de estratégias para a modelagem de negócios de impacto socioambiental é a teoria da mudança. Essa ferramenta parte de um mapa que organiza a estrutura da mudança, defi nindo as dire-ções que serão tomadas em projetos de ação ou negócios socioambientais. A teoria da mudança possibilita mensurar as ações de impacto socioambiental realizadas. A Figura 4 apresenta a estrutura da teoria da mudança, em que o ponto de partida é um problema a ser resolvido, e são apontados os atores envolvidos na mudança desejada e as hipóteses. Modelo C: abordagem integrada8 Figura 4. Estrutura da teoria da mudança. Fonte: Brandão (2019, documento on-line). Em relação aos elementos que envolvem a metodologia da teoria da mu- dança, é possível a utilização de outras ferramentas para a geração de ideias e o desenho da mudança desejada. Um exemplo são as ferramentas utilizadas pelo design thinking. Brown (2009) define o design thinking como um sistema de sobreposição de espaços, em vez de uma sequência ordenada de etapas. O autor aponta ainda os recursos ferramentais do design thinking listados a seguir. Brainstorming: tempestade de ideias, que consiste em estimular a gera- ção de ideias de forma livre ou a apresentação de ideias para problemas de forma inovadora e criativa. Mapa mental: organiza e estimula ideias, traz uma visão ampla a partir de um nó central, que pode ser representado por um problema, criando conexões que derivam deste para ampliar o entendimento de uma situação. Mapa de empatia: possibilita sintetizar e organizar informações, a partir da prática baseada das necessidades do outro, a fim de ter a real percepção de um problema de impacto social. Prototipagem: por meio da criação de um protótipo de produto, serviço ou ideia, possibilita agregar melhorias a esses protótipos, até se chegar a uma versão final. Esses mesmos recursos podem ser utilizados em conformidade com as ferramentas da teoria da mudança. 9Modelo C: abordagem integrada Conforme a Figura 4, o primeiro item a ser estudado é o resultado, que está posicionado à direita. O resultado que é previsto para longo prazo deve ser pensado primeiro. Somente após esse item ter sido preenchido, será dada atenção ao primeiro item, que diz respeito aos problemas que se deseja re- solver. Na sequência, serão preenchidos os benefícios, seguindo em direção ao problema. Dessa forma, garante-se a efetividade da real mudança: é ela que define todo o processo. Mantendo o foco no resultado, as demais etapas do empreendimento são encaminhadas na sua direção, garantindo que os resultados de longo prazo sejam alcançados. 3 Modelo C: a integração da teoria da mudança com o business model canvas As ferramentas teoria da mudança e business model canvas apresentam visões distintas da forma como um negócio social deve ser modelado. Cada uma dessas ferramentas tem diferentes formas de uso e diferentes utilidades. Contudo, é possível planejar e implementar os negócios de impacto socioambiental unindo o planejamento, a estratégia e a visão de negócios com um caráter mais mercadológico à visão do negócio social e de seus impactos. Desse modo, no intuito de atingir os objetivos das propostas de caráter socioambiental, será apresentado a seguir um modelo que integra a teoria da mudança e o business model canvas, na tentativa de contemplar e implementar negócios de impacto socioambiental de forma mais assertiva. Integração da teoria da mudança com o business model canvas O modelo C possibilita a integração entre as ferramentas teoria da mudança e business model canvas — como visto anteriormente, cada uma tem uma perspectiva e abordagem. O modelo C permite que haja tanto o planejamento de negócios como a mensuração do impacto social gerado. Conforme infor- mações do documento “Manifesto por um modelo completo” (C MODEL, c2018), o modelo C apresenta uma lógica em que é possível observar o fl uxo de negócios, a capacidade organizacional e, ainda, a capacidade de gerar mudanças sociais, de forma integrada. A ideia da ferramenta é reunir as áreas relacionadas a negócios, como os resultados financeiros, com o impacto social, possibilitando, ainda, observar de que forma o negócio será implementado, levando-se em conta os recursos Modelo C: abordagem integrada10 disponíveis. A Figura 5 representa o modelo C. O fluxo azul representa o business model canvas e o aspecto mercadológico do negócio. O fluxo verde representa a teoria da mudança e os aspectos relativos aos impactos gerados. Ainda, há um fluxo cinza, que apresenta os elementos relativos à operação do negócio de impacto socioambiental. Figura 5. Estrutura do modelo C. Fonte: C Model (c2018). Na prática, a estrutura do modelo C deve ser pensada a partir de algumas questões norteadoras, conforme apresenta a Figura 6. 11Modelo C: abordagem integrada Figura 6. Guia para utilização do modelo C. Fonte: Grupo de Institutos Fundações e Empresas (2017, documento on-line). Como podemos observar, o modelo C parte de algumas perguntas que têm por objetivo estimular a reflexão. Em cada item, poderão ser inseridas mais questões, conforme o objetivo a ser atingido; a resposta a todas. porém, pode ser única. Como cada negócio social tem suas características específicas, todas as respostas devem partir “[...] da vontade de mudar para melhor alguma realidade que incomoda” (C MODEL, c2018, documento on-line). Assim, é preciso que cada questão seja respondida com muito cuidado, partindo do contexto e do profundo conhecimento do problema a ser enfrentado. BARKI, E.; COMINI, G. M.; TORRES, H. G. Negócios de impacto socioambiental no Brasil: como empreender, financiar e apoiar. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2019. (E-book). BERTÉ, R. Gestão socioambiental no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2009. BRANDÃO, L. Teoria da mudança: o que é e como aplicar. 2019. Disponível em: https:// blog.sementenegocios.com.br/teoria-da-mudanca/. Acesso em: 13 abr. 2020. BRASIL. 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Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Modelo C: abordagem integrada14 Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 H967s Hurt, Robert L. Sistemas de informações contábeis [recurso eletrônico] : conceitos básicos e temas atuais / Robert L. Hurt ; tradução: Rodrigo Dubal ; revisão técnica: André Luís Martinewski. – 3. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2014. Editado também como livro impresso em 2014. ISBN 978-85-8055-331-4 1. Sistemas de informação. 2. Contabilidade. I. Título. CDU 004.775:657 Dr. Robert L. Hurt é Professor de Ciências Contábeis na Faculdade de Administração de Empresas da California State Polytechnic University Pomona, onde ministra cursos sobre Sis- temas de Informações Contábeis, Contabilidade Forense e Contabilidade Governamental. O Dr. Hurt obteve seu Ph.D em Gestão com ênfase em ciências da informação na Claremont Graduate University. Ele também tem mestrado em Administração de Empresas (ênfase em educação empresarial) pela Cal Poly Pomona e bacharelado em Administração de Empresas (ênfase em contabilidade) pela Southeast Missouri State University. As marcas da abordagem do ensino do Dr. Hurt incluem o uso de aprendizagem ativa, o desenvolvimento das habilidades de pensamento crítico dos alunos e a incorporação de tecno- logia da informação para aprimorar o ambiente de ensino/aprendizado. As disciplinas do Dr. Hurt também são baseadas em competências, a fim de ajudar os alunos a concentrar esforços em habilidades importantes. O Dr. Hurt tem artigos publicados no Journal of Accounting Case Research, no Strategic Finance, no NACADA Journal e no Journal of Education for Business. Bob é membro ativo da Association of Certified Fraud Examiners e da National Academic Advising Association. O autor Hurt_Iniciais_3ed_eletronica.indd iiHurt_Iniciais_3ed_eletronica.indd ii 10/01/14 13:5410/01/14 13:54 Capítulo 1 Papel e Finalidade dos Sistemas de Informações Contábeis (SIC) SIC no mundo dos negócios Richie’s Diner Praticamente todo domingo pela manhã, meu irmão e eu saímos para tomar café. Nossa “toca” costumeira é o Richie’s Diner, em Rancho Cucamonga, na Califórnia. Você pode saber mais sobre o local no site www.richiesdiner.com/. Sempre somos atendidos por uma das nossas garçonetes favoritas (Nicole ou Yolanda), que conhecemos há vários anos. O Richie’s tem um processo bastante padronizado para servir os clientes, que é mais ou menos assim: 1. Acomodar os clientes. 2. Dar um cardápio a cada cliente. 3. Receber o pedido de bebida do cliente. 4. Receber o pedido de comida do cliente. 5. Preparar a comida. 6. Levar a comida até a mesa. 7. Entregar a conta ao final da refeição. 8. Receber o pagamento. Os atendentes registram os pedidos de bebida e de comida em uma folha de papel; a co- zinha usa esses pedidos para preparar a comida. Os atendentes usam cópias dos pedidos para preparar a conta. Os clientes devem pagar na caixa registradora, mas muitos deles entregam o cartão de crédito ou o dinheiro para o atendente. O objetivo deste texto é ajudar você a entender como empresas como a Richie’s calculam suas diversas operações – não apenas os débitos e créditos, mas os documen- tos, as ferramentas e os controles que eles usam que, ao final, geram demonstrações contábeis para fins gerais e outros relatórios. Cada capítulo inicia com uma breve vinheta, como esta aqui, seguida por algumas questões para discussão, a fim de estimular o seu raciocínio. Questões para discussão 1. Quais são os elementos essenciais de um sistema de informações contábeis? 2. Como os exemplos desses elementos mudam de acordo com as diferentes empresas? 3. A presença ou a ausência de computadores e outras formas de tecnologia da informação determinam se uma empresa tem ou não um sistema de informações contábeis? _Book_Hurt.indb 2_Book_Hurt.indb 2 25/11/13 10:4725/11/13 10:47 Capítulo 1 ♦ Papel e Finalidade dos Sistemas de Informações Contábeis (SIC) 3 Bem-vindo ao estudo dos sistemas de informações contábeis (SIC)! Os SIC são uma área de estudo extremamente importante para futuros contadores. Eles unem o que os estudantes de contabilidade, muitas vezes, consideram áreas separadas e independentes da contabilidade: a financeira, a gerencial, a fiscal e a governamental. Além disso, os SIC recebem contribui- ções das áreas de gerenciamento, finanças e sistemas de informação. Por fim, a compreen- são aprofundada e fundamental dos sistemas de informações contábeis é uma grande ajuda no estudo da auditoria. Muitos estudantes de contabilidade são atraídos pela disciplina por causa de sua obje- tividade evidente. Eles gostam de resolver problemas que têm “respostas certas”; o estudo prévio que você teve de contabilidade pode ter se concentrado em problemas desse tipo. Mas, na prática, esses problemas são raros e pouco parecidos entre si. Mesmo quando eles existem, você não será capaz de achar a resposta certa em um livro ou manual de soluções. Problemas e questões em sistemas de informações contábeis raramente têm respostas únicas, corretas e deterministas. Assim, para prepará-lo para enfrentar e responder a esses tipos de problemas na prática, estou incluindo muitos deles neste livro. Um dos principais objetivos deste livro é ajudá-lo a desenvolver o discernimento e a confiança profissionais em sua capacidade de ana- lisar perguntas não estruturadas. Entre os exemplos de perguntas estruturadas com respostas deterministas, podemos citar as seguintes: quanto dinheiro há no banco em um determinado instante? Quais são as três par- tes de um balanço? As perguntas não estruturadas e não deterministas, por outro lado, exigem pensamento crítico. Entre esse tipo de pergunta, podemos citar: Que ferramenta de documen- tação devo usar para criar um SIC e/ou descrever um processo de negócio? Que controles internos devem ser implementados em um processo de negócios? Ao terminar de estudar este capítulo e completar as atividades no final,você deverá ser capaz de: 1. Definir o que são “sistemas de informações contábeis”. 2. Examinar os motivos pelos quais os SIC são uma área de estudo importante para futuros contadores. 3. Comparar e diferenciar os SIC de outras áreas de estudo em contabilidade. 4. Explicar a estrutura da maioria dos sistemas de informações contábeis. 5. Localizar e avaliar as fontes de informação nos sistemas de informações contábeis. 6. Descrever a estrutura e o conteúdo do restante do texto. Diferentes programas universitários de contabilidade posicionam a disciplina de SIC de modo diferente. Em algumas instituições, SIC é a primeira disciplina a que os estudantes de contabilidade assistem após o curso introdutório. Em outros programas, o estudo de SIC situa-se no final do período obrigatório. Também é possível encontrar algumas faculdades que permitem aos alunos escolher o momento de estudo dos SIC. Na minha universidade, os alunos estudam SIC no início do curso de contabilidade, um ou dois trimestres antes de concluir o curso introdutório. Contudo, este livro pode ser usado em qualquer uma das três opções mencionadas. Como você provavelmente já notou, tenho a tendência de escrever em um tom colo- quial, como se estivesse conversando com você. Encontrei alunos que gostam desse tipo de abordagem, e isso os motiva a ler o texto de forma mais sistemática e regular. Se algo no texto não parecer claro ou puder ser descrito de forma diferente para melhorar a sua com- preensão, sinta-se à vontade para me encaminhar suas considerações. Meu endereço de e-mail é RLHurt@csupomona.edu. Embora não possa prometer uma resposta para cada e-mail que receber, posso prometer que cada um receberá a devida atenção para as futuras edições do li- vro. Você também é bem-vindo a ligar para o meu escritório, se houver alguma coisa que você gostaria de discutir em “tempo real”. Visite meu site (www.csupomona.edu/~rlhurt) e veja o telefone do escritório e o horário de funcionamento. Examinaremos diversos tipos de auditorias e sua relação com os SIC no Ca- pítulo 17. Muitas vezes, você verá a frase “respostas únicas, corretas e deterministas” neste livro – o que é outra maneira de dizer que há “uma só resposta correta”. Você encontrará um pará- grafo como este no início de cada capítulo do livro. Os itens enumerados são, muitas vezes, referidos como “objetivos de apren- dizagem” ou “resultados esperados dos alunos”. _Book_Hurt.indb 3_Book_Hurt.indb 3 25/11/13 10:4725/11/13 10:47 4 Parte 1 ♦ Princípios Básicos dos Sistemas de Informações Contábeis (SIC) DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA DOS SIC Um sistema de informações contábeis é um conjunto de atividades inter-relacionadas, do- cumentos e tecnologias destinados a coletar dados, processá-los e relatar informações para um grupo diversificado de tomadores de decisões internos e externos nas organizações. Um SIC bem projetado pode melhorar significativamente a tomada de decisões nas organizações de vá- rias maneiras, inclusive respondendo a diversos elementos da estrutura conceitual do Financial Accounting Standards Board. O FASB desenvolveu a estrutura conceitual no final dos anos 1970 como guia para o desenvolvimento de princípios contábeis futuros. Embora não se tenha chegado a uma con- clusão quanto ao fato de a estrutura conceitual ter realizado esse propósito ou não, ela é uma parte fundamental da prática contábil. Também posso garantir que você vai encontrar pergun- tas sobre a estrutura conceitual na maioria dos exames profissionais de contabilidade (CPA, CMA, entre outros). O estudo detalhado da estrutura conceitual, muitas vezes, compreende a primeira parte da contabilidade intermediária, por isso, não vamos entrar em grandes detalhes sobre isso agora. Basicamente, a estrutura conceitual se parece com o mostrado na Figura 1.1. A estrutura tem três níveis. O primeiro, na parte superior do triângulo, explica o que a contabilidade vem ten- tando fazer: fornecer informações para a tomada de decisões. O segundo nível apresenta dois conjuntos de ideias: Que informações a contabilidade fornece (os elementos das demonstra- ções contábeis) e quais são as características que a informação deve ter para se tornar útil para decisões (características qualitativas)? O terceiro nível da estrutura destaca algumas ideias que permeiam a contabilidade e o modelo dos sistemas de informações contábeis (pressupostos, princípios e restrições). Reflexão e autoavaliação 1.1 Quais são os termos da estrutura conceitual que você co- nheceu em disciplinas de contabilidade anteriores? Quais são os termos que você está vendo pela primeira vez? Faça uma pesquisa e defina ou dê exemplos de três termos deste último tipo. Um sistema de informações contábeis bem projetado refere-se ao quadro conceitual ao • Coletar dados sobre os elementos das demonstrações contábeis. Quaisquer que sejam a forma assumida ou as tecnologias de informação usadas, os sistemas de informações contábeis documentam as mudanças em ativos, passivos, patrimônio, receitas, despesas, ganhos e perdas. Muitos continuam a usar um formato tradicional de débito/crédito para fazer isso, embora alguns estudiosos da área tenham sugerido que débitos e créditos pos- sam ter menos importância no futuro. • Transformar esses dados em informações relevantes e confiáveis. Sistemas de informa- ções contábeis bem projetados também podem coletar dados que ultrapassam os dos ele- mentos das demonstrações contábeis. Itens como vendas por área geográfica, caracterís- ticas dos clientes e históricos de transações, demanda por itens de estoque e avaliações de qualidade dos fornecedores podem melhorar a tomada de decisão, reforçando os ele- mentos de importância: valor preditivo, valor de feedback e oportunidade. Além disso, os controles internos no sistema de informações contábeis geram confiabilidade (verificabili- dade, neutralidade e fidelidade de representação), como você verá nos próximos capítulos. • Reconhecer e adaptar-se a restrição de custo-benefício. Os sistemas de informações con- tábeis são feitos de escolhas e decisões: Quais dados devo coletar? Quais tecnologias da informação devo usar para processá-los? Quais informações devo relatar? Ao examinar o diagrama da estrutura conceitual na Figura 1.1, você verá o “custo-benefício” como uma das restrições de informações contábeis. O custo-benefício nos lembra que não podemos Provavelmente, você já ouviu falar do FASB nesta etapa de seus estudos de contabilidade. A entidade desenvolve as regras que usamos para preparar de- monstrações contábeis. Você pode saber mais so- bre o FASB no site da enti- dade (www.fasb.org). _Book_Hurt.indb 4_Book_Hurt.indb 4 25/11/13 10:4725/11/13 10:47 Capítulo 1 ♦ Papel e Finalidade dos Sistemas de Informações Contábeis (SIC) 5 projetar o sistema de informações contábeis perfeito para o mundo. Mesmo nas melhores organizações com os sistemas mais eficazes, você encontrará gestores que querem mais dados ou dados diferentes, que questionam a integridade do sistema e/ou que querem que os processos de negócio sejam estruturados de forma diferente. Como planejador, imple- mentador e intérprete de sistemas de informações contábeis, tenha sempre em mente que o benefício de ter dados, processos e informações deve compensar os custos de obtê-los ou implementá-los. Esses custos e benefícios podem ser econômicos, comportamentais, psicológicos ou financeiros, mas devem ser sempre considerados. Em seguida, vamos pensar sobre a estrutura de um sistema de informações contábeis “típico”. ESTRUTURA DOS SIC Um sistema de informações contábeis é um conjunto de atividades, documentos e tecno- logias inter-relacionados que se destina a coletar dados, processá-los e relatar informações para um grupo diversificado de tomadores de decisões internos e externos nas organizações. A maioria dos sistemas de informações contábeis compreende cinco partes, conforme mostrado na Figura 1.2. Geralmente,uso o termo “organizações” em vez de “empresas” ou “negó- cios”, porque toda organi- zação precisa de um SIC, mas nem todas as organi- zações são “negócios”. Objetivo dos relatórios financeiros: fornecer informações para decisões Elementos das demonstrações contábeis: • Ativos, passivos, patrimônio • Receita, despesa • Ganhos, perdas • Lucro abrangente Características qualitativas: • Primárias: relevância e confiabilidade • Secundárias: comparabilidade e consistência Premissas: • Entidade econômica • Continuidade • Periodicidade • Unidade monetária Princípios: • Custo histórico • Realização • Competência • Divulgação completa Restrições: • Relação custo-eficácia • Materialidade • Conservadorismo • Práticas do setor FIGURA 1.1 Visão geral e resumo da estrutura conceitual do FASB. Controles internos Dados de entrada Processos Informações de saída Armazenamento FIGURA 1.2 Estrutura genérica de um SIC. _Book_Hurt.indb 5_Book_Hurt.indb 5 25/11/13 10:4725/11/13 10:47 6 Parte 1 ♦ Princípios Básicos dos Sistemas de Informações Contábeis (SIC) Cada parte da estrutura do SIC desempenha um papel vital na sua eficiência e sua efeti- vidade gerais. Cada parte é preenchida com os tipos de opções de modelo e decisões de custo- -benefício mencionados anteriormente. Considere as questões abaixo para descrevê-las: 1. Dados de entrada. Os dados de entradas para um SIC podem incluir documentos como notas fiscais de vendas e pedidos de compra. Os contadores também devem fazer pergun- tas como as seguintes para projetar e/ou auditar o sistema: a. De que tipos de documentos originais os usuários do sistema precisarão? b. Os documentos originais devem ser impressos, eletrônicos ou ambos? c. Quantas cópias de cada documento original serão necessárias? d. Que informações os documentos devem conter? 2. Processos. As ferramentas de processamento podem incluir computadores e satélites. Aqui estão algumas perguntas que você pode fazer sobre ferramentas de processamento: a. Que ferramentas de processamento o SIC deve usar? b. As ferramentas devem ser manuais, em computadores ou dos dois tipos? c. Se forem utilizadas ferramentas em computadores no SIC, que pacotes de software e hardware devem ser implementados? 3. Informações de saída. As informações de saída do sistema, para a maioria das organiza- ções, devem incluir demonstrações contábeis para fins gerais, além de relatórios internos, como análise de desvios. Outras considerações incluem a. Além das demonstrações contábeis para fins gerais, de que outros relatórios os gesto- res e usuários do sistema precisarão? b. Como o SIC deve ser projetado para facilitar a produção desse material? 4. Armazenamento. Os dados em um sistema de informações contábeis podem ser armazena- dos em papel, eletronicamente ou em uma mistura dos dois tipos. Se os dados forem arma- zenados eletronicamente, muitas vezes serão divididos em três tipos de arquivos grandes. Os arquivos-mestres geralmente contêm dados sobre “coisas”, como inventário, clientes e fornecedores. Os arquivos de transação geralmente se concentram em “atividades”, como auferir receitas e incorrer em despesas. Os arquivos de junção reúnem outros arquivos, como você verá mais adiante. Perguntas importantes sobre o armazenamento incluem a. Como os dados devem ser armazenados? Em papel? Eletronicamente? De ambos os modos? b. Onde os dados devem ser armazenados? Localmente? Remotamente? Ambos? c. Por quanto tempo os dados devem ser armazenados? d. Sob quais condições os dados podem/devem ser destruídos? 5. Controles internos. Vamos explorar os controles internos de forma muito mais detalhada ao longo do livro. A maioria das organizações utiliza controles internos, como backup diário dos dados e separação de funções (custódia, autoridade e manutenção de regis- tros), para manter o controle sobre ativos específicos. Outras questões podem ser a. Que controles são necessários para promover a integridade da informação no SIC? b. Que efeitos comportamentais os controles podem gerar? c. Os controles são economicamente viáveis? Essas perguntas não têm respostas claras, fáceis e simplistas. Elas têm respostas “co- muns” ou “usuais”, e isso é parte do que você vai aprender no decorrer desta disciplina. Con- tudo, o restante do que você vai aprender pode ser ainda mais importante. Você vai aprender a fazer escolhas e a tomar decisões no âmbito dos sistemas de informações contábeis – escolhas e decisões que podem não ser perfeitas, mas que você será capaz de explicar, juntamente com os seus custos e benefícios. Além disso, você vai ser capaz de criticar e avaliar as escolhas fei- tas por outros. À primeira vista, esse tipo de pensamento pode parecer assustador. Tente conter _Book_Hurt.indb 6_Book_Hurt.indb 6 25/11/13 10:4725/11/13 10:47 Hurt_Iniciais.indd viiiHurt_Iniciais.indd viii 25/11/13 15:0325/11/13 15:03 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS Katia Cilene Neles da Silva Banco de dados, data warehouse e business intelligence Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir as características de banco de dados, data warehouse e bu- siness intelligence. � Analisar como um sistema de data warehouse é construído. � Relacionar a utilização de um data warehouse em conjunto com uma área de business intelligence para auxiliar na estratégia de uma empresa. Introdução Vivemos em um mundo envolvido pela tecnologia, e a base dessa infra- estrutura tecnológica é a informação. Mais importante do que o avanço e a modernização dos meios tecnológicos, deve-se ter a compreensão de como toda informação gerada é objetivamente manipulada e armazenada. Para que o acesso a essa informação gerada seja eficaz, rápido e seguro, foram criados meios para alcançar esses objetivos. Neste capítulo, você identificará as características destes principais meios, como o conceito de banco de dados, data warehouse e business intelligence, analisará como um sistema de data warehouse é construído e poderá relacionar sua utilização em conjunto com uma área de business intelligence para auxiliar na estratégia de uma empresa. Características do banco de dados, do data warehouse e do business intelligence Banco de dados Banco de dados ou base de dados é um conjunto de dados que armazenam in- formações de forma relacionada e organizada, a fim de facilitar o seu tratamento e a sua pesquisa. Esses dados são operados pelos sistemas gerenciadores de bancos de dados (SGBD), que surgiram na década de 1970. Antes dos SGBD, se utilizavam arquivos comuns dos sistemas operacionais para armazenar as informações. Dados versus informação Os dados são fragmentos de informações em um formato bruto, sem organiza- ção e, muitas vezes, não sem sentido algum; já a informação é a organização dos dados de modo em que se possa obter as informações com coerência e sentido. Para que você entenda a diferença entre eles, analise a frase a seguinte frase: “Um relatório sobre economia digital divulgado hoje (3) pela Confe- rência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês) colocou o Brasil em quarto lugar no ranking mundial de usuários de internet”. Se selecionarmos apenas a palavra ranking, ela não representará muito significado, mas ao analisarmos a frase inteira, teremos a informação de que precisamos, ou seja, ranking é apenas um dado, mas, em conjunto com outros dados, apresenta sentido e uma informação. Todo dado relativo a outro dado é chamado de metadado. Por exemplo, no dado “Nome” existem características como tipo, tamanho, obrigatoriedade, etc., que, por serem relativas ao “Nome” são consideradas metadados. Banco de dados, data warehouse e business intelligence2 Data warehouse Um data warehouse é um conjunto de banco dedados relacionado de forma consolidada e detalhada de uma organização, gerando um histórico de dados que auxiliará a empresa na tomada de decisões, com base em todas as infor- mações armazenadas nele. Vantagens e desvantagens As vantagens do data warehouse são: � ter inconsistências que são identificadas e solucionadas antes dos dados serem carregados, o que facilita a execução de análise e relatórios; � contribuir para o processo de tomada decisões, por meio de relatórios de tendências, de exceção e que revelam os objetivos vs. o desempenho real. As desvantagens do data warehouse são: � não ser uma solução adequada para dados não estruturados; � ter custos elevados e ficar ultrapassado com alguma rapidez. Na Figura 1, você verá a arquitetura do data warehouse. 3Banco de dados, data warehouse e business intelligence Figura 1. Ilustração da arquitetura de um data warehouse. Fonte: adaptada de Lyra et al. (2014). OLAPData Marts Data Warehouse Análise Data Mining Relatórios Extração Transformação Carga Atualização Fontes externas BDs Operacionais OLAP Fontes de dados Ferramentas de consulta Meta Dados Data warehouse e business intelligence Business intelligence ou inteligência empresarial é o processo de extração, organização, análise e tratamento das informações para suporte nas decisões de negócios no âmbito empresarial. É comum as informações extraídas para business intelligence virem de um data warehouse, mas nem todos eles são utilizados. Funcionamento do business intelligence Após um processo de captação dos dados, a informação é extraída, manipulada e salva em um banco de dados modelado, principalmente, a fim de auxiliar na tomada de decisões específicas da organização. Essa modelagem possui o nome de modelagem dimensional, na qual é possível trabalhar com uma enorme quantidade de informações sem a perda de performance. O business intelligence é utilizado geralmente para se encontrar dados e informações contundentes para a tomada de decisões, mas também para detectar informações desconexas, confusas e descobrir falhas de processos, Banco de dados, data warehouse e business intelligence4 proporcionando, assim, o ajuste de determinadas rotinas e decisões. Veja na Figura 2 uma ilustração do funcionamento do business intelligence. Figura 2. Ilustração do funcionamento do business intelligence. Fonte: adaptada de Know Solutions (2015). Dados Informação Business Intelligence Tomada de decisão Vendas Custos Escala de funcionários Chamados de clientes Redes sociais Dados de produção Planilha Faturamento Produtividade Indicadores de relacionamento comercial Reputação nas rede sociais BRASIL é o 4º país em número de usuários de internet. EXAME. Disponível em: <ht- tps://exame.abril.com.br/tecnologia/brasil-e-o-4o-pais-em-numero-de-usuarios-de- internet>. Acesso em: 07 mar. 2018. DICAS DE PROGRAMAÇÃO. O que é um Banco de Dados?. Disponível em: <https://di- casdeprogramacao.com.br/o-que-e-um-banco-de-dados/>. Acesso em: 07 mar. 2018. KNOW SOLUTIONS. O que é Business Intelligence (BI)?. 2015. Disponível em: <http:// knowsolution.com.br/o-que-e-business-intelligence-bi/>. Acesso em: 07 mar. 2018. LYRA, K. T. et al. Data Mining, Data Warehousing e OLAP. 2014. Disponível em: <http:// slideplayer.com.br/slide/1348720/>. Acesso em: 07 mar. 2018. SIGNIFICADOS. O que é Data Warehouse. Disponível em: <https://www.significados. com.br/data-warehouse/>. Acesso em: 07 mar. 2018. Leitura recomendada SANTOS, M. Y.; RAMOS, I. Business Intelligence: da informação ao conhecimento. 3. ed. Lisboa: FCA, 2017. 5Banco de dados, data warehouse e business intelligence tps://exame.abril.com.br/tecnologia/brasil-e-o-4o-pais-em-numero-de-usuarios-de- http://casdeprogramacao.com.br/o-que-e-um-banco-de-dados/ http://knowsolution.com.br/o-que-e-business-intelligence-bi/ http://slideplayer.com.br/slide/1348720/ https://www.significados/ http://com.br/data-warehouse/ Conteúdo: SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS Katia Cilene Neles da Silva Sistemas especialistas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir e identificar um sistema especialista. Compreender os passos e a estrutura macro para construção de um sistema especialista. Reconhecer a aplicação e a necessidade de uso de um sistema especialista. Introdução Entender a estrutura e a estratégia global de uma empresa e analisar o histórico do emprego da tecnologia da informação, são importantes elementos a serem observados como influenciadores da administração e do conhecimento. A partir dessa ótica, você pode entender a relevância na caracteriza- ção e estudo na gestão estratégica da informação e do conhecimento como fatores decisivos no emprego de sistemas de informação (SI) em organizações. Portanto, é fundamental que conceitos básicos como dado, informação e conhecimento sejam adquiridos de maneira a compreender como eles interligam SI e sistemas especialistas (SE). Neste capítulo, você irá conceituar e identificar os elementos de um SE. Os passos e a estrutura macro para construção de um sistema serão apresentados, bem como a aplicação e a necessidade de uso de um SE. Contexto dos sistemas especialistas Estratégia é um termo herdado de aplicações bélicas, mas amplamente em- pregado em diversas áreas, inclusive na de SI. Os SI são mais do que um conjunto de tecnologias que poiam a colaboração entre grupos de trabalho e empresa, operações efi cientes ou a tomada de decisões gerenciais efi cazes, são responsáveis pela alteração no modo como as empresas competem. Nesse sentido, gerir estrategicamente a informação, portanto, signifi ca o uso da informação com fi ns estratégicos para obter vantagem competitiva. Na gestão de uma empresa, para se atingir os objetivos organizacionais, é necessário informação em três níveis: estratégico, tático e operacional. A Figura 1 destaca os níveis organizacionais. Figura 1. Níveis organizacionais e tipos de decisões. Fonte: Adaptada de Lima (2010). Nível estratégico Nível tático Nível operacional Decisões estratégicas; de nição dos objetivos e a elaboração de políticas gerais da organização Decisões táticas: informação pormenorizada, responsabilidade na interpretação da informação Pequenas decisões ou decisões operacionais Como gestão estratégia do conhecimento, entende-se o conjunto de processos desenvolvidos em uma organização para criar, armazenar, transferir e aplicar conhecimento. Portanto, você pode perceber que a tecnologia da informação tem um papel muito importante na gestão do conhecimento, e é dentro desse contexto que se encontram os SEs, objeto de estudo deste capítulo. O que são sistemas especialistas? Um SE pode ser caracterizado como um sistema que reproduz e explora os conhecimentos fornecidos por especialistas em áreas de conhecimento deli- mitadas (TRAHAND; HOPPEN 1988 Apud HOPPEN; TRAHAND, 1990). Para Hoppen e Trahand (1990), os especialistas têm a capacidade de resolver problemas difíceis, explicar os resultados obtidos, aprender, reestruturar o conhecimento e determinar as suas características relevantes. Sistemas especialistas2 Os SEs procuram mimetizar a resolução de problemas e são capazes de explicar alguns aspectos ligados à solução encontrada (LEONARD-BARTON, 1988, apud HOPPEN; TRAHAND, 1990). Esses problemas normalmente são difíceis de ser representados, pois os especialistas são raros nas empresas e, muitas vezes, têm dificuldades em explicitar o seu modo de raciocínio de maneira sistemática. Consequentemente, um dos aspectos favoráveis da utilização de SE é a normatização de conhecimentos restritos e a sua difusão em toda a organização. Para Gonçalves (2009), os SEs são aplicações da Inteligência Artificial muito usadas em empresas. Segundo O´Brien (2004 apud GONÇALVES, 2009), situa-se na área de aplicação da Ciência Cognitiva, que se utiliza de disciplinas como biologia, neurologia, psicologiae matemática para verificar como os seres humanos aprendem, criam, e desenvolvem aplicações baseadas no conhecimento. São, ainda, sistemas que agem e se comportam como um ser humano, utilizados para solucionar problemas em áreas específicas da empresa. Para O´Brien (2004 apud GONÇALVES, 2009) os SE fornecem respostas a perguntas de uma área muito específica, por meio de inferências humanas sobre conhecimento contido em uma base de conhecimento especializado. Deve haver a capacidade de o sistema explicar ao usuário o processo de raciocínio utilizado e as conclusões atingidas. As respostas que os SEs fornecem são restritas às áreas específicas de aplicação, não tendo, portanto, a geração de novos conhecimentos, pois são criados com base em conhecimento especializado. As respostas aos usuários são baseadas em respostas previamente programadas. Segundo Turban et al (2004 apud GONÇALVES, 2009) “[...] sistema espe- cialista é um sistema de computador que tenta imitar especialistas humanos aplicando metodologias de raciocínio ou conhecimento sobre uma área especí- fica [...]”. Com isso, concluiu-se que o SE é muito útil para os diversos setores da empresa, podendo ser utilizado de acordo com a necessidade específica, facilitando a tomada de decisão de maneira precisa e eficaz. Sistemas especialistas – estrutura e construção Rodrigues (2017) destaca que o local ou a base do conhecimento é o destino no qual os fatos e as regras são representados pelas regras de inferência do especialista humano. Muitos se utilizam essas regras como bases para a suas operações, por isso são chamados de “sistemas baseados em regras”; outros 3Sistemas especialistas se utilizam de esquemas para representar o conhecimento, como frames ou redes semânticas. Essa base de conhecimento é formada por regras e procedimentos usados pelo especialista humano na solução de problemas. O conhecimento de um es- pecialista humano pode ser capturado por meio de observação ou de entrevistas e sintetizado. A base do conhecimento é separada da máquina de inferência, sendo que o conhecimento permanece na base, ficando mais fácil para ser modificado. Quando são realizadas mudanças nas bases de conhecimento, podem-se adicionar as regras, modificando-as ou removendo as mais antigas. A representação do conhecimento por regras de produção é de fato uma opção muito útil para diversos SEs já existentes. Neles, o conhecimento pode ser representado por meio dos pares de condição e ação, IF - THEN. IF <condição> THEN <ação> Sua condição é estabelecer um teste em que o resultado será dependente, ou não, de seu estado na base de conhecimento. Essa tese verifica a presença, ou não, das informações em sua base. Sua ação altera seu estado atual na base de conhecimento. Essas ações podem acarretar diversos efeitos externos a sua base, podendo alterar até mesmo uma escrita de mensagem no vídeo, por exemplo (SENNE 1986 apud RODRIGUES, 2017). Estrutura de um sistema especialista Rodrigues (2017) afi rma que um SE comum pode ser estruturado por módulos, nos quais é possível observar os seguintes elementos: uma base de conhecimentos, contendo os fatos e as regras que reúnem o conhecimento do especialista; um interpretador de conhecimentos, também denominado motor ou mecanismo de inferência, que contém as estratégias de inferência e os controles que um especialista usa quando manipula fatos e regras; um módulo de explicação dos resultados obtidos pelo sistema; uma interface homem-máquina, com funcionalidades específicas para a interação usuário-SE e engenheiro do conhecimento-SE, quando da aquisição do conhecimento do especialista. Sistemas especialistas4 Veja a ilustração da Figura 2. Figura 2. Arquitetura de base de um SE. Fonte: Hoppen e Trahand (1990). Módulo de explicação Motor de inferência Memória de trabalho Base de conhecimentos Interface homem - máquina Usuário Aquisição de conhecimento Segundo Mendes (1997), a estrutura do SE pode ser entendida conforme os itens a seguir. Base de conhecimento A tradicional base de dados, contendo dados, arquivos, registros e seus re- lacionamentos estáticos é, aqui, substituída por uma base de regras e fatos, também heurísticas e que correspondem ao conhecimento do especialista, ou dos especialistas do domínio sobre o qual foi construído o sistema. 5Sistemas especialistas Essa base de regras e fatos interage com o usuário e com o motor de infe- rência, permitindo identificar o problema a ser resolvido, as possibilidades de solução e o processo de raciocínio e inferência que levam a conclusões sobre o problema submetido ao sistema. Na interação com a base de fatos e regras e com o usuário, obtêm-se as informações necessárias para a resolução do problema. Devido à utilização de heurísticas, o usuário é requerido pelo sistema para prestar informações adi- cionais e, a cada pergunta respondida pelo usuário ou a cada nova informação, o espaço de busca a ser percorrido pelo sistema é reduzido, encurtando-se o caminho entre o problema e sua solução. Pode-se, também, desencadear-se um processo de aprendizagem automática internamente no sistema. Isso significa que o sistema especialista provido de mecanismos de aprendizagem é capaz de analisar e gerar novas regras na base conhecimento, ou armazenar informações sobre novos fatos, ampliando a capacidade do sistema em resolver problemas em cada vez que for utilizado. O usuário não percebe que todo este processo acontece durante uma sessão de utilização do SE. Diante disso, é importante que o sistema seja cuidadosamente projetado, de forma a ser capaz de analisar novas situações, extrair novas regras e analisar e deletar regras redundantes e complementar regras conflitantes, permitindo uma depuração constante da base de conhecimento. Caso contrário, a base de conhecimento poderá crescer indiscriminadamente, promovendo uso extensivo da memória e possibilitando uma degradação no desempenho do sistema, bem como tornando-o custoso e inviável. Dessa forma, inicialmente, uma base de conhecimento pode ser construída com poucas regras, mas, dependendo da complexidade do ambiente e das necessidades de informações variadas, poderá crescer para milhares de regras e fatos. Assim, é preciso que se tenha o cuidado de implementar instrumentos internos de refinamento que possibilitem “podas na árvore de decisão” e cortes na base de conhecimento, para que o processo de busca localize segmentos cujas regras e fatos contemplem os instrumentos necessários que conduzam à solução dos problemas em questão. Os mecanismos de aprendizagem que podem ser implementados nos siste- mas especialistas permitem que o sistema aprenda cada vez que for utilizado ao se deparar com regras e fatos novos. Isso é possível em virtude da estrutura modular da base de conhecimento, permitindo a adição ou a deleção de novos elementos sem alterar a lógica global do sistema. Sistemas especialistas6 Motor de inferência O motor de inferência é um elemento essencial para a existência de um SE. É o núcleo do sistema. Por intermédio dele, os fatos, as regras e a heurística que compõem a base de conhecimento são aplicados no processo de resolução do problema. A capacidade do motor de inferência é baseada em uma combinação de pro- cedimentos de raciocínios que se processam de forma regressiva e progressiva. Na forma de raciocínio progressivo, as informações são fornecidas ao sistema pelo usuário, que com suas respostas, estimulam o desencadeamento do processo de busca, navegando pela base de conhecimento, procurando por fatos, regras e heurísticas que melhor se aplicam a cada situação. O sistema continua nessa interação com o usuário até encontrar a solução para o problema a ele submetido. No modelo de raciocínio regressivo, os procedimentos de inferência se dão de forma inversa. O sistema parte de uma opinião conclusiva sobre o assunto, que pode ser oriunda do próprio usuário, e inicia uma pesquisapelas informações por meio das regras e fatos da base de conhecimento, procurando provar se aquela conclusão é a mais adequada para o problema analisado. Se uma premissa (IF) é consistente para o problema, o sistema continua com a cláusula IF (condição), tornando-a THEN (conclusão) para a próxima pesquisa na base de conhecimento, até que encontre uma regra em que o (IF) não seja considerado conclusão para outra regra. Ao mesmo tempo, o sistema poderá iniciar uma nova pergunta ao usuário para obter informações adicionais. Interface com o usuário A interface com o usuário fi nal é talvez o elemento em que os desenvolve- dores de SEs dedicam mais tempo projetando e implementando. Como os procedimentos heurísticos são informais, um problema submetido a um SE é endereçado por estratégias de busca. O sistema sempre retém elementos de memória que permitam o encaixe e o desencadeamento com outra estratégia, sempre marcando o caminho percorrido. Para que isso ocorra, é necessário que a interface com o usuário seja bastante flexível. Assim, a interação entre SE e usuário conduz um processo de navegação eficiente na base de conhecimento, durante o processamento das heurísticas. 7Sistemas especialistas A interface com o usuário flexível permite que o usuário descreva o pro- blema ou os objetivos que deseja alcançar. Permite, ainda, que usuário e sistema adotem um modelo estruturado de consultas. Isso facilita o processo de recuperação do caminho percorrido pelo sistema em tentativas de solucionar o problema. Esse caminho, denominado trace, é a base de pesquisa para o desenvolvimento do processo de explanação. O processo de explanação consiste na explicação, quando requerida pelo usuário, sobre “porquê” e “como” o sistema chegou a determinada conclusão, rumo à solução do problema analisado. Nesse momento, o sistema realiza um processo inverso de busca, percorrendo as trilhas utilizadas e marcadas durante a sessão de consulta e apresentando todos os argumentos que o levaram à solução apresentada. Esse processo é muito importante, pois proporciona ao usuário subsídios para julgar se adota ou não a solução apresentada pelo SE. O processo de explanação pode, também, ser um instrumento utilizado no treinamento do usuário, uma vez que apresenta conceitos teóricos e aplicações práticas. A interface com o usuário pode assumir formas variadas, dependendo de como foi implementado o SE. De qualquer forma, a interface com o usuário procura tornar o uso do sistema fácil e agradável, eliminando as complexidades. Os SEs são empregados, essencialmente, em problemas de gestão do tipo interpretação, diagnóstico, previsão, planejamento, concepção e formação. As principais aplicações nessas áreas são: Interpretação: de normas e regulamentos administrativos, jurídicos e fiscais, com o objetivo de prestar uma assistência. Diagnóstico: análise financeira por meio de indicadores, análise e gestão de riscos de crédito, análise do risco que representam os fornecedores, manutenção de equipamentos (este último tipo de aplicação está situado entre a administração e a engenharia de produção). Previsão: escolha de investimentos, gestão do plano de carreira do pessoal, consi- derando mutações tecnológicas. Planejamento e concepção: desenvolvimento de novas configurações de produtos, desenvolvimento de projetos. Formação: suporte “inteligente” à instrução programada. Sistemas especialistas8 Construção de um sistema especialista Rodrigues (2017) destaca que o processo de desenvolvimento de um sistema especialista deve observar o fluxo da informação dentro do sistema, iniciando pelo especialista e capturado pela interface de aquisição, com armazenamento dentro da base de conhecimento, processamento dentro do mecanismo de inferência e, fi nalmente, visualização na interface do usuário, conforme re- presentado na Figura 3. Figura 3. Arquitetura de base de um SE. Fonte: Rodrigues (2017). Especialista Interface de aquisição Banco de conhecimento Mecanismo de inferência Interface de usuário Perguntas Respostas Segundo Rodrigues (2017), a importância dos elementos que compõem o processo envolvido no desenvolvimento de um SE pode ser analisada conforme os itens a seguir. 9Sistemas especialistas Interface com o usuário Em todos os tipos de software, a interface com o usuário é fundamental para o seu bom funcionamento. Um SE que apresente uma interface bem projetada deve considerar o seu grau de familiarização com o usuário e com o domínio de trabalho desse sistema em geral, fornecendo uma maior acessibilidade em relação aos programas desenvolvidos. Algumas técnicas tornam a interface com o usuário ainda mais amigável, utilizando janelas, menus, animação, cores, detalhes, etc., de modo que as telas sejam apresentadas aos seus usuários de forma fácil e que suas explicações sejam bem claras, disponibilizando sempre algumas características essenciais para a interface do usuário. Interface de desenvolvimento A interface de desenvolvimento é utilizada pela equipe de desenvolvimento de um SE e é, em geral, representada por um arcabouço de sistema especialista (ASE), isto é, uma estrutura arquitetural que suporta o SE como a maior parte do código. O ASE pode ser determinante na execução dos projetos desenvolvidos. Com a possibilidade de poder customizar o ambiente de introdução de novas capacidades ou mesmo daquelas pré-existentes, essa customização pode ser feita por meio da escrita do código ou pela linguagem da implementação do ASE. Essa possibilidade é bastante útil e facilitada se os programas fonte do arcabouço estiverem disponíveis. Outras características bem relevantes e positivas para uma boa interface de desenvolvimento são, por exemplo, o editor de regras, o índice cruzado de símbolos e regras, a correção de erros, a visualização gráfica dos encade- amentos de regras utilizadas na solução, a manutenção da lista de comandos da seleção, e uma boa documentação. Sistemas especialistas10 Interface com o sistema operacional Atualmente, as plataformas de SEs encontram-se rodando em microcompu- tadores do tipo PC e até mainframes, também passando por diversas estações de trabalho e máquinas especializadas no processamento simbólico, as de- nominadas Lisp Machines. Cerca de 70% dos SEs pesquisados por Stylianou foram desenvolvidos e implantados para os microcomputadores. Contudo, ainda existem diversas outras ferramentas disponíveis no mercado rodando em outras plataformas diferentes. A linguagem de progra- mação existente e os ASEs foram escritos em assembler ou linguagem de montagem, C, Basic, Pascal e Cobol, além, daqueles escritos em linguagens para IA como Lisp, Prolog e Smalltalk. Outros ASE, originalmente escritos em Lisp, também foram traduzidos para as linguagens como C ou C++, aumentando, assim, a sua portabilidade, eficiência e compatibilidade com os demais softwares criados. A facilidade de comunicação com as demais aplicações convencionais, como bancos de dados, planilhas e sistemas de rede também são conside- radas importantes características em um ASE. No entanto, o fato de que essas facilidades terem sido relegadas como um segundo plano nos primeiros ASEs, representou uma grande dificuldade em relação a sua disseminação no ambiente comercial. Outra característica diretamente ligada ao sistema operacional é o grau de segurança que um ASE pode oferecer. Como é possível que um SE se envolva com informações confidenciais ou únicas que podem ser acessadas e modificadas por um usuário qualquer, sua chave principal de desempenho está ligada ao conhecimento armazenado em suas regras e na sua memória de trabalho. O conhecimento deve ser obtido junto a um especialista humano do domínio e ser representado, de acordo com suas regras formais e definidas para a codificação de regras no SE em que se atua. Dessa forma, o SE pode ser dividido em duas partes: a ferramenta de programação que definirá o formato do conhecimentoda memória de trabalho e das regras, além é claro dos aspectos operacionais de sua utilização; e o conhecimento de domínio. (FLORES 2003 apud RODRIGUES, 2017). 11Sistemas especialistas Fonte: Turban (2004 apud GONÇALVES, 2009). Conhecimento humano Conhecimento artificial Perecível Permanente Difícil de transferir Fácil de transferir Difícil de documentar Fácil de documentar Imprevisível Consistente Caro Razoável Discriminatório Imparcial Social Individualizado Criativo Sem inspiração Adaptável Inflexível Enfoque amplo Enfoque restrito Baseado em senso comum Técnico Q uadro 1. Considere a seguinte relação entre computação convencional e computação com inteligência artificial. Aplicação e necessidade de uso de sistemas especialistas Segundo Rezende (2003 apud GONÇALVES, 2009), os SEs podem ser apli- cados em várias áreas das empresas, promovendo maior agilidade na tomada de decisões por parte dos gestores, oferecendo, assim, soluções produtivas e mantendo a empresa com vantagem competitiva diante dos concorrentes. A mesma autora comenta ainda que essa tecnologia é mais necessária em sistemas de informação que tenham um domínio específico, pois não possuem conhecimentos de domínios múltiplos. Por essa razão, pode-se concluir que ainda não há possibilidade de substituírem os humanos, mas sim alavancar a eficácia, auxiliando nos processos de tomada de decisão rotineiros para que os objetivos estratégicos da organização sejam atingidos, e esta se mantenha sustentável no ambiente em que atua. Nos dias atuais, são encontradas várias aplicações da inteligência artifi- cial, como programas de computador, aplicativos de segurança para sistemas Sistemas especialistas12 informacionais, jogos, robótica na indústria automobilística, dispositivos em prédios e instituições bancárias para reconhecimentos de escrita, mão e voz, atendimento de saúde, programas de diagnósticos médicos e outros. Você precisa considerar também que todas as empresas, para obterem o retorno almejado e se manterem no mercado, necessitam de controles e informações eficientes para que os gestores possam estar cientes do que está acontecendo e possam tomar suas decisões em momento oportuno. É importante considerar, portanto, que os SEs são uma aplicação da inteligência artificial muito eficaz para as empresas e sua contribuição tem promovido muitos resultados positivos. Segundo O´Brien (2004 apud GONÇALVES, 2009), a utilização de um SE envolve uma interação, baseada em um sistema de informação computa- dorizado, no qual o usuário busca uma solução para um problema, e o SE age como um consultor especialista, um sócio ou um colega, fazendo perguntas, consultando suas bases de conhecimento e fornecendo conselhos especialistas consistentes com sua aplicação. O sistema tenta trabalhar como especialista humano, baseado em princípios de conhecimento humano criados pelo en- genheiro do conhecimento. O autor explica, ainda, que os SEs atuam em diversas aplicações, pro- movendo maior agilidade e soluções produtivas para as empresas. Algumas categorias de aplicação são: Gerenciamento de decisões. Diagnóstico de problemas de operação. Projeto/configuração. Seleção/classificação. Monitoração/controle de processo. Para Stair (1996 apud GONÇALVES, 2009), os SEs estão sendo aplicados em várias áreas funcionais de negócios das empresas, como você verá a seguir. Sistemas relacionados à contabilidade: usados na análise do fluxo de caixa, contas a pagar e receber, lançamentos contábeis gerais, informa- ções sobre legislação federal de impostos e outras áreas relacionadas à contabilidade. Planejamento de recursos de capital: importante nas decisões de in- vestimentos na organização para novas aquisições, decidir o aumento da capacidade de produção da fábrica, atualização de máquinas e equipamentos. 13Sistemas especialistas Produção: na produção há tarefas repetitivas e perigosas que podem ser operadas precisamente por robôs. O controle e a qualidade dos produtos são mantidos. Gestão financeira: os SEs têm capacidade de resolver problemas espe- cíficos e complexos em diversos níveis de riscos na área financeira. São usados na análise de investimentos para levantar fundos e alocar bens. Estratégias de marketing: são muito importantes para auxiliar o plane- jamento e a tomada de decisão de alto nível na determinação de metas de vendas, lucros, desenvolvimento de produtos, serviços e enfatizar o perfil de futuros clientes. Gerenciamento de materiais: controla a entrada de matérias no processo produtivos das fábricas, estoques e produção. Gerenciamento e recuperação de informações: é utilizado como um agente, um programa que funciona pelo comando do usuário para executar tarefas e funções. O agente gerencia, recupera e filtra infor- mações, identificando e reunindo dados importantes e corretos para os tomadores de decisão. No artigo intitulado “Sistema Especialista para Gestão de Empresas do Terceiro Setor”, Fernando Sarturi Prass apre- senta um software especialista de gestão para empresas do Terceiro Setor. Disponível em: https://goo.gl/GfjQiA Vantagens da utilização de sistemas especialistas Mendes (1997) destaca as vantagens de se utilizar os SEs relatando que seus benefícios são diferentes daqueles obtidos pelos sistemas tradicionais, por se tratarem de sistemas dotados de inteligência e conhecimento. Dentre outras vantagens, podemos destacar: Sistemas especialistas14 capacidade de estender as facilidades de tomada de decisão para mui- tas pessoas. O conhecimento dos especialistas pode ser distribuído e utilizado por um grande número de pessoas; melhorar da produtividade e do desempenho de seus usuários, consi- derando que o provê com um vasto conhecimento, que, certamente, em condições normais, demandaria mais tempo para assimilá-lo e, consequentemente, utilizá-lo em suas tomadas de decisão; redução do grau de dependência que as organizações mantêm quando se veem em situações críticas, inevitáveis, como a falta de um especialista. As pessoas morrem, ficam doentes, tiram férias e até optam por melhores ofertas de trabalhos; ao assim proceder, tornam as organizações em que trabalham vulneráveis e extremamente dependentes de suas decisões. Registrando o conhecimento de empregados nos SEs, promove-se uma significativa redução no grau de dependência entre empresa e presença física do empregado; são ferramentas adequadas para treinamentos de grupos de pessoas, de forma rápida e agradável, podendo servir, após o treinamento, como instrumento para coleta de informações sobre o desempenho dos treinados, obtendo subsídios para reformulação das lições para a obtenção de melhor desempenho, além de prestar suporte imediato para os treinados durante a utilização dos conhecimentos na realização de suas tarefas diárias. Classificação dos sistemas especialistas Em seus estudos, Rodrigues (2017) destaca uma classifi cação para SE, con- forme descrição a seguir. Interpretação: sistemas que inferem descrições das suas situações a partir da observação de seus fatos, realizando uma analisem bem de- talhada dos dados, procurando sempre determinar as relações entre os seus significados e objetivos, devendo, assim, considerar suas possíveis interpretações destacando as que se mostrarem inconsistentes. Diagnósticos: são sistemas que realizam buscas capazes de detectar falhas oriundas das interpretações de seus dados. Sua análise detecta falhas podendo conduzir a uma conclusão diferente da interpretação de dados. Também detectam os problemas escondidos ou mascarados 15Sistemas especialistas pelas falhas de seus equipamentos e erros do próprio diagnóstico, que não foi capaz de detectar pela falha ocorrida. Monitoramento: o monitoramento interpreta observações dos sinais, referindo-se sempre ao comportamento do monitorado. Realiza verifi- cações continuamente em seus conhecimentos, determinando compor-tamentos com limites pré-estabelecidos ou pré-existentes, sinalizados sempre que forem requeridas intervenções imediatas na obtenção do sucesso para sua execução. Planejamento: empregam métodos para a preparação de programas com iniciativas a serem tomadas, atingindo um determinado objetivo. Etapas e sub-etapas são estabelecidas e, nos casos de etapas conflitantes, serão definidas suas prioridades. Seu princípio de funcionamento é por sua vez capaz de tentar se solucionar, cabendo sempre à uma análise mais profunda em conjunto ao sistema. Desenvolvendo um sistema especialista A MacMillan Bloedel Corporation é um conglomerado de produtos de silvicultura da Columbia Britânica – Canadá que produz diversos tipos de madeira utilizados em estantes para livros, mobília e armários de cozinha. Devido à elevada taxa de rotatividade e reorganização do pessoal da fábrica de aglomerados, apenas dois funcionários possuíam know-how e treinamento abrangente e operacional necessário para a operação das instalações. Após suas aposentadorias, a MacMillan teve de chamar de volta um ex-gerente, chamado Herb, como consul- tor para manter a fábrica em funcionamento. Por esse motivo, a MacMillan decidiu desenvolver um SE para capturar seu conhecimento das operações da fábrica. O SE resultante documenta os procedimentos necessários para uma operação eficiente das instalações, além de ser utilizado para treinamento e atualização dos funcionários. Para desenvolverem o sistema, os engenheiros do conhecimento utilizaram a shell de SE Acquire, da Acquired Intelligence. O sistema de aquisição baseada em conhe- cimento foi utilizado para apanhar do cérebro de Herb seu conhecimento de como acionar, depurar e montar a linha de revestimento das pranchas de aglomerados. A linha consistia em máquinas cujos parâmetros de operações mudavam de acordo com o revestimento a ser aplicado. Herb conseguiu fornecer informações especializadas, na forma de fatos e regras, que foram capturados na base de conhecimento do SE. O SE resultante fornece conselho consistentes em manutenção de qualidade e operações para os operadores de fábrica. Fonte: O’Brien (2004). Sistemas especialistas16 GONÇALVES, A. Inteligência artificial e sistemas especialistas. Administradores, 17 set. 2009. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/ inteligencia-artificial-e-sistemas-especialistas/33860/>. Acesso em: 16 jan. 2018. HOPPEN, N.; TRAHAND, J. Os sistemas especialistas em gestão no Brasil: um de- safio. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 30, n. 3, p. 47-55, jul./set. 1990. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi d=S0034-75901990000300005>. Acesso em: 16 jan. 2018. LIMA, A. T. P.; GORAYEB, D. M. C.; SILVA, K. C. N. Sistemas de informação. Manaus: UEA Edições, 2010. MENDES, R. D. Inteligência artificial: sistemas especialistas no gerencia- mento da informação. Revista Ciência da Informação, Brasília, v. 26, n. 1, jan./abr. 1997. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi d=S0100-19651997000100006>. Acesso em: 16 jan. 2018. O’BRIEN, J. A. Sistemas de informação e as decisões gerencias na era da internet. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. RODRIGUES, V. S. Estudo sobre sistemas especialistas. 2010. 46 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Sistemas de Informação) – Faculdade do Litoral Sul Pau- lista, Praia Grande, 2010. Disponível em: <http://www.fals.com.br/tcc/Sistema%20 de%20Informa%C3%A7%C3%A3o/2010/ESTUDO_SOBRE_SISTEMAS_ESPECIALIS- TAS_SDI2010.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2018. Leituras recomendadas LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P. Sistemas de informação gerenciais. 11. ed. [S.l.]: Pearson, 2014. TRAHAND, J.; HOPPEN, N. Sistemas especialistas e apoio à decisão em administração. Revista de Administração, São Paulo, v. 23, n. 2, p. 11-20, abr./jun.1988. ZENONE, L. C. Marketing estratégico e competitividade empresarial: formulando estraté- gias mercadológicas para organizações de alto desempenho. São Paulo: Novatec, 2007. 17Sistemas especialistas Conteúdo: SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS Kátia Cilene Neles da Silva Sistemas CRM (Customer Relationship Management) Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer o conceito e a necessidade de uso de um CRM na empresa. � Diferenciar CRM estático e dinâmico. � Identificar como CRM pode auxiliar no atendimento e seu impacto no processo produtivo. Introdução Você sabia que os sistemas Customer Relationship Management (CRM) capturam e integram dados do cliente provenientes de toda a organi- zação, consolidam e analisam essas informações e, depois, distribuem os resultados por vários sistemas e pontos de contato com o cliente espalhados por toda a empresa? Neste capítulo, você compreenderá o conceito de um sistema CRM e suas contribuições dentro de uma organização, bem como entender o conceito e a necessidade de uso de um CRM na empresa, diferenciando CRM estático e dinâmico e percebendo como CRM auxilia o atendimento e seu impacto no processo. Sistemas Customer Relationship Management Laudon e Laudon (2014) iniciam a seção sobre os sistemas de gestão de rela- cionamento com o cliente relembrando alguns bordões empregados quando se trabalha com clientes, que são: “O cliente tem sempre razão” e “O cliente vem em primeiro lugar”. Esse autor destaca como a vantagem competitiva baseada em um produto ou serviço inovador tem, na maioria das vezes, um tempo de vida muito curto, por isso as empresas estão percebendo que a única força competitiva duradoura pode estar no relacionamento com os clientes. Segundo Laudon e Laudon, a base da concorrência deixou de ser quem vende mais produtos e serviços para ser quem é o “dono” do cliente, e os relacio- namentos com o público representam o ativo mais valioso de uma empresa. Alves Júnior (2018) destaca que o raciocínio desenvolvido pela autora é o de que o CRM usa a tecnologia que permite enriquecer o relacionamento com os clientes. Essa tecnologia propicia, ainda, a coleta de informações sobre qualquer contato do estabelecimento em que ocorra o relacionamento com os clientes, por quaisquer meios, inclusive o modo on-line e em tempo real. Isso gera oportunidades para que os dados financeiros e de vendas subsidiem análises e estudos acerca das práticas, posturas e comportamentos dos clientes. Richers (2000Richers (2000 apud ALVES JÚNIOR, 2018) concorda com o raciocínio de Bretzke (2000 apud ALVES JÚNIOR, 2018) e acrescenta que a finalidade do CRM é elevar a lucratividade e a receita das empresas por meio de automação do nível de satisfação daqueles que utilizam os bens e os serviços comercializados. Borges (2004 apud ALVES JÚNIOR, 2018) comunga desses mesmos pensamentos e sentencia que o CRM visa conhecer o cliente por meio de seu histórico de consumo para direcionar produtos ou serviços prestados, obtendo alta taxa de retenção. Gestão do relacionamento com o cliente Laudon e Laudon (2014) destacam que em uma pequena empresa de bairro, os proprietários e gerentes podem de fato conhecer seus clientes pessoalmente, face a face. Entretanto, em uma grande empresa, que atua em escala metropo- litana, regional, nacional ou mesmo global, é impossível “conhecer o cliente” de maneira tão estreita. Nesses tipos de empresa, existe uma quantidade imensa de compradores e de maneias pelas quais eles interagem com a organização (via web, telefone, e-mail, blogs e face a face). O autor ressalta que se tornou incrivelmente difícil integrar as informações de todas essas fontes para lidar com o grande número de clientes. Ainda, Laudon e Laudon (2014) descrevem que um grande processo de negócios, que envolva vendas, serviços e marketing, tende a ser altamente compartimentado, e esses departamentos não compartilham muitas infor- mações essenciais sobre clientes. Algumas informações sobre determinado Sistemas CRM (Customer RelationshipManagement)2 cliente podem estar armazenadas e organizadas em relação à conta daquela pessoa com a empresa. Outras informações sobre o mesmo cliente podem estar organizadas segundo os produtos por ele adquiridos. Não há como consolidar todas as informações de modo a oferecer uma visão unificada de um cliente na empresa. É nesse cenário que o autor ressalta que entram em cena os sistemas de gestão do relacionamento com o cliente, o CRM. Um ponto de contato é um canal de interação com o cliente, como telefone, e-mail, serviços de atendimento, correspondência convencional, Facebook, Twitter, site, dispositivo sem fio ou loja de varejo. Sistemas CRM bem proje- tados oferecem uma visão única dos clientes, que serve para melhorar tanto as vendas como o atendimento. Para Laudon e Laudon (2014), os bons sistemas de CRM fornecem dados e ferramentas analíticas para responder a perguntas como: � Qual é o valor, ao longo do tempo, de determinado cliente para a empresa? � Quem são os mais fiéis? � Custa seis vezes mais vender para um cliente novo do que para um já existente? � Quem são os clientes mais lucrativos e o que desejam comprar? As empresas podem, então, usar as respostas para conquistar novos clientes, oferecer melhores serviços e suporte aos atuais, personalizar suas ofertas com maior precisão em relação às preferências do comprador e oferecer valor contínuo para reter os clientes lucrativos. A Figura 1 destaca os sistemas CRM que examinam os clientes sob uma perspectiva multifacetada. Usam um conjunto de aplicações integradas para abordar todos os aspectos do relacionamento com o cliente, inclusive atendi- mento, vendas e marketing. 3Sistemas CRM (Customer Relationship Management) Figura 1. Gestão do relacionamento com o cliente — CRM. Fonte: adaptada de Laudon e Laudon (2014, p. 307). Vendas por telefone Vendas pela web Vendas no varejo Vendas em campo Vendas Cliente Dados de campanha Conteúdo Análise de dados Marketing Central de atendimento Dados de autoatendimento Dados por equipamentos sem �o Dados por atendimento em campo Atendimento ao cliente Software Customer Relationship Management Laudon e Laudon (2014) destacam que os pacotes de software CRM comer- ciais vão desde ferramentas de nicho, que executam apenas algumas funções, como personalizar sites específicos, até aplicações integradas de larga escala, que capturam inúmeras interações com os clientes, realizam análise com sofisticadas ferramentas de relatório e interligam-se a outras grandes aplica- ções, como sistemas integrados e de gestão da cadeia de suprimentos. Para o referido autor, os pacotes CRM mais abrangentes contêm módulos para gestão de relacionamento com parceiro, Partner Relationship Management (PRM), e gestão do relacionamento com o funcionário, Employee Relationship Management (ERM). Sistemas CRM (Customer Relationship Management)4 O PRM usa, em grande parte, os mesmos dados, ferramentas e sistemas que a gestão do relacionamento com o cliente, mas seu objetivo é melhorar a colaboração entre a empresa e seus parceiros de vendas. Se uma organização não vende diretamente aos clientes, mas por meio de distribuidores ou vare- jistas, o PRM ajuda esses canais na venda direta. Com ele, a empresa e seus parceiros podem trocar informações e distribuir indicações de vendas e dados sobre os clientes, integrando elementos como geração de indicação, determi- nação de preços, promoções, configurações de pedido e disponibilidade. O PRN também proporciona à empresa ferramentas para avaliar o desempenho de parceiros, para que assim ela possa garantir que seus melhores parceiros recebam o apoio necessário para fechar mais negócios. Já o ERM é descrito por Laudon e Laudon (2014) como um sistema que lida com assuntos de recursos humanos (RH) e estritamente relacionados ao CRM, como estabelecimento de objetivos, gestão de desempenho do funcio- nário, remuneração baseada no desempenho e treinamento. Entre os principais fornecedores de software aplicativos CRM estão a Oracle, a SAP, a Salesforce e a Microsoft Dynamics CRM. O autor finaliza destacando que, geralmente, os sistemas de gestão do relacionamento com o cliente oferecem softwares e ferramentas on-line para as áreas de vendas, atendimento ao cliente e marketing. Automação da força de vendas Os módulos de automação da força de vendas nos sistemas CRM ajudam a equipe de vendas a aumentar a produtividade, concentrando seus esforços nos clientes mais lucrativos, aqueles com maior probabilidade de adquirir produtos e serviços. Os sistemas CRM oferecem informações relativas aos contratos, às prospecções de vendas e aos produtos, além de recursos para configuração de produtos e geração de cotações. Esses softwares podem reunir informações sobre o histórico de compras de determinado cliente, ajudando o vendedor a fazer recomendações personalizadas. 5Sistemas CRM (Customer Relationship Management) Atendimento ao cliente Os módulos de atendimento de clientes nos sistemas CRM oferecem in- formações e ferramentas para aumentar a eficiência de call centers, help desk e da equipe de suporte. Possuem recursos para encaminhar e gerenciar solicitações de serviços feitas pelos clientes. Um desses serviços pode ser uma linha telefônica para consultas ou marcação de visitas, em que quando o comprador liga para um determinado número de telefone, o sistema encaminha a chamada ao atendente adequado, que insere no sistema informações sobre aquele cliente uma única vez. Os sistemas CRM também podem incluir recursos de autoatendimento baseados na web, em que o site da empresa pode ser configurado para oferecer suporte personalizado, assim como a opção de contatar a equipe de atendimento ao cliente para assistência adicional. Marketing Os sistemas CRM colaboram com as campanhas de marketing direto, pois permitem captar dados de clientes e de clientes potenciais, fornecer informações sobre produtos e serviços, classificar indicações para marketing direcionado e programar e monitorar e-mails ou correspondência de marketing direto. Os módulos de marketing também incluem ferramentas para análise de marketing e dados de clientes com os interesses de consumidores específicos, além de identificar oportunidades para cross-selling (venda cruzada). Cross-selling é o marketing de produtos complementares. Na área de serviços financeiros, por exemplo, pode-se vender a um cliente que tenha conta corrente um título de capitalização ou um financiamento imobiliário. As ferramentas de CRM também ajudam as empresas a gerenciar e a executar todas as etapas de suas campanhas de marketing, desde o planejamento até a determinação da taxa de sucesso de cada campanha. A Figura 2 ilustra os recursos mais importantes para os processos de vendas, atendimento e marketing que podem ser encontrados nos principais produtos de software CRM. Sistemas CRM (Customer Relationship Management)6 Figura 2. Como os sistemas CRM colaboram com o marketing. Fonte: adaptada de Laudon e Laudon (2014, p. 308). Mensagem de texto por celular E-mail WebMala Direta Telefone Respostas por canal em janeiro de 2014 Campanha promocional Telefone: 30,8% Mala direta: 29,2% Web: 16,0% E-mail: 17,3% Mensagem de texto por celular: 6,7% Requisitos do Customer Relationship Management Alves Júnior (2018) destaca que o sucesso do CRM está ligado não só ao parque tecnológico a ser implantado, mas também à forma de relacionamento com o cliente e ao comprometimento dos colaboradores com o projeto. Brambilla (2006 apud ALVES JÚNIOR, 2018) relata que CRM “é uma estratégia e não uma tecnologia”. Nesse mesmo raciocínio, Brambilla (2006 apud ALVES JÚNIOR, 2018) afirma que no projeto de implantação do CRM, todos os funcionários da empresa, em menor ou maior grau de envolvimento no projeto, devem ter consciência da importância da sua contribuição em detrimento dos resultados. Por mais que a dimensão tecnológica seja importante, deve-seconsiderar o caráter organizacional, já que poderá agir no sentido de facilitar ou destruir os esforços da implementação do sistema do CRM. Nesse sentido, a dimensão organizacional engloba as seguintes variáveis: 7Sistemas CRM (Customer Relationship Management) � Planejamento e monitoramento do projeto de CRM: durante o momento da implantação do CRM é importante que a definição de estratégia de relacionamento esteja sintonizada com o cliente. É nessa fase que se define como ele deverá ser tratado, quais os eventos de relacionamento gerarão resposta e como o plano de comunicação deverá ser construído para se estabelecer o relacionamento. Assim, é preciso que se realize periodicamente o monitoramento do projeto de CRM. Por meio desse monitoramento, pode-se fazer uma comparação entre os resultados previstos e os obtidos, propiciando mudanças para otimizar esses resultados. � Recursos humanos: o requisito do bom funcionamento do CRM é que os colaboradores estejam envolvidos com o projeto e que tenham pleno conhecimento das ferramentas que o sistema pode oferecer. É preciso que eles passem por um rigoroso sistema de treinamento, a fim de que possam operar o sistema da maneira adequada. Brambilla (2009 apud ALVES JÚNIOR, 2018) concorda com essa tese, sobretudo quando afirma que o adequado planejamento e treinamento em todo o ambiente da empresa é um fator chave para uma bem-sucedida implantação. Em outro ponto, o autor assegura que é preciso que o colaborador organi- zacional tenha consciência do seu papel em relação à empresa, sendo primordial sua valorização e motivação para obter um bom resultado. � Mudança na filosofia empresarial: essa mudança ocorre devido à ado- ção do CRM e é necessário reavaliar como fator principal os objetivos, os valores e a missão da empresa, para que a solução adotada esteja em sintonia com os valores culturais da organização. É fundamental também que todos os gestores e colaboradores tenham o total compromisso com a organização para que a mudança, de fato, obtenha todos os resultados desejados. Brambilla (2009 apud ALVES JÚNIOR, 2018) argumenta que o CRM não obterá sucesso se for apenas uma aspiração da média e alta gerencias ou da cúpula organizacional. � Poder: nessa variável, aborda-se o apoio e o incentivo da alta admi- nistração da empresa para o projeto, isto é, os executivos devem estar amplamente envolvidos com o projeto, já que eles servem como exemplo aos demais colaboradores. Outra vez, Brambilla (2009 apud ALVES JÚNIOR, 2018) menciona que os executivos se caracterizam como o referencial de comportamento, exercendo influências na modelagem dos padrões culturais necessários à adoção da filosofia do CRM. Sistemas CRM (Customer Relationship Management)8 Nesse contexto, outra vertente do CRM é o empowerment, que corresponde à concessão de poder aos colaboradores, de forma que tenham autonomia na tomada de decisão perante aos clientes. Para Brambilla (2009 apud ALVES JÚNIOR, 2018), a satisfação do cliente está diretamente ligada à confiança que possui no colaborador e, para que possa passar esse sentimento, é necessário que se sinta apto a tomar decisões. Além destes pontos, convém destacar que o projeto do CRM requer uma liderança para comandar e que deve estar apta a minimizar os conflitos que possam existir entre os diversos setores da empresa. Segundo Brambilla (2009 apud ALVES JÚNIOR, 2018), o líder deve entender as diferenças individuais de cada um dos elementos participantes do projeto de implantação do sistema de CRM e, dessa forma, agir segundo os níveis de competências dos liderados, assumindo papéis diferenciados. Afirma também que é necessário que os líderes e colaboradores estejam capacitados a receber feedback, já que este processo, se não for bem conduzido, não cumprirá sua função, que é avaliar os pontos fortes do desempenho e aqueles que precisam ser mudados em detrimento do alcance das metas estabelecidas. A Figura 3 apresenta um esquema dos recursos dos softwares CRM. Figura 3. Recursos dos softwares CRM. Fonte: adaptada de Laudon e Laudon (2014, p. 308). Dados de cliente Vendas Gestão de conta Gestão de campanha Prestação de servios Gestão de eventos Gestão dedevoluções Gestão de promoções do canal Gestão da satisfação do cliente Planejamento de mercado Planejamento de serviços Operações de marketing Gestão de indicações Gestão de pedidos Planejamento de vendas Vendas de campo Analítica de vendas Analítica de Marketing Analítica de serviços Call center e help desk Marketing Atendimento 9Sistemas CRM (Customer Relationship Management) Tipos de Customer Relationship Management Welter et al. (2018) trazem uma interessante descrição acerca dos sistemas CRM. Para esses autores, o CRM é definido como uma estratégia empresarial que permite as empresas selecionarem e administrarem seus clientes com a finalidade de maximizar seu valor em longo prazo. Esse fato requer a adoção de uma filosofia de processos de negócio focada nos clientes, que suporte efetivamente marketing, vendas e os processos interdepartamentais que atuam, direta ou indiretamente, com os canais de interação com os clientes (EKSTAM et al., 2001 apud WELTER et al., 2018). É uma estratégia de negócio para selecionar e gerenciar clientes e otimizar valor de longo prazo. CRM exige uma filosofia de negócio centrada no cliente e cultura para apoiar processos de marketing, vendas e serviços efetivos. “Aplicações de CRM podem propiciar o gerenciamento eficaz do relacionamento com o cliente, desde que a organização tenha liderança, estratégia e cultura compatíveis.” (GREENBERG, 2012 apud WELTER et al., 2018). CRM operacional Segundo Greenberg (2012 apud WELTER et al., 2018), no CRM operacional encontram-se funções que envolvem serviço a clientes, gerenciamento de pedidos, faturamento e cobrança e automação e gestão de marketing e vendas. O CRM operacional trata da automação dos processos de relacionamento, e é no que hoje a maioria das empresas está focada. Envolve o back office, como o gerenciamento de pedidos, produção, gerência de cadeia de fornecimento e sistemas legados; o front office, pela automação de vendas, de marketing e de atendimento; e o sistema móvel de vendas e o atendimento em campo (AUTRAN, 2012 apud WELTER et al., 2018). CRM colaborativo Segundo Greenberg (2012 apud WELTER et al., 2018), trata-se do centro de comunicação, da rede de coordenação que fornece os caminhos para clientes e fornecedores. Abrange as funções de CRM que proveem pontos de interação entre cliente e canal. Sistemas CRM (Customer Relationship Management)10 É toda a interação com o cliente por meio de contato por voz, con- ferências e conferências via web, e-mail, gerenciamento de respostas, fax, cartas e interação direta (lojas físicas, quiosques, distribuidores, lojas virtuais). Engloba todos os pontos de contato com o cliente em que ocorre a interação entre ele e a empresa. É fundamental que esses pontos de contato estejam preparados para interagir com o cliente e transmitir as informações levantadas para os sistemas do CRM operacional (AUTRAN, 2012 apud WELTER et al., 2018). CRM analítico Segundo Greenberg (2012 apud WELTER et al., 2018) é aqui que ocorrem a captação, a armazenagem, a extração, o processamento, a interpretação e a apresentação dos dados do cliente a um usuário. É o estratégico do CRM, pois contempla as funções de análise do desempenho e da inteligência dos negócios. Com o CRM analítico é possível identificar os clientes e deter- minar como cada um deve ser tratado (AUTRAN, 2012 apud WELTER et al., 2018). Alves Júnior (2018) apresenta um estudo sobre os tipos de CRM, em que diz que existem basicamente três tipos de CRM: o operacional, o analítico e o colaborativo (PEPPERS; ROGERS, 2004 apud ALVES JÚNIOR, 2018). Com o advento do mundo web, uma outra categoria surgiu e os autores a denominam e-CRM5. Segundo este autor, o modelo operacional compreendemódulos de call center, serviço de atendimento ao cliente, automatização da força de vendas, entre outros. Dessa forma, fica a cargo do CRM operacional integrar-se com todas as ferramentas tecnológicas, provendo um melhor atendimento ao cliente, por meio da racionalização e da otimização dos processos da empresa, conforme assevera Valente (2002 apud ALVES JÚNIOR, 2018). O modo colaborativo, descrito por Peppers e Rogers (2004 apud ALVES JÚNIOR, 2018), envolve todos os pontos de interação com o cliente. A tecno- logia da informação (TI) permite automatizar esses pontos de contato, bem como disseminar as informações deles por meio do sistema CRM. Nesse mesmo sentido, Valente (2002 apud ALVES JÚNIOR, 2018) men- ciona que o modelo colaborativo permite que as empresas respondam a desafios específicos em cada etapa do ciclo de vida do cliente, seja em prospecção, venda, atendimento ou retenção. Vale ressaltar que o cliente é visto em sua totalidade e que o atendimento passa por fases que devem ser feitas seguida- 11Sistemas CRM (Customer Relationship Management) mente e com zelo, para que o cliente perceba o atendimento como completo e preciso. O modelo analítico é a fonte de toda a inteligência do processo, servindo, principalmente, para determinar a estratégia de diferenciação de clientes, bem como para acompanhar hábitos e identificar necessidades, o que torna a relação com os melhores clientes o mais fácil possível, conforme relato de Peppers e Rogers (2004 apud ALVES JÚNIOR, 2018). O Quadro 1 apresenta um comparativo entre esses três tipos de sistemas CRM. Fonte: Alves Júnior (2018). Tipos de CRM e suas características Operacional Colaborativo Analítico Visa à criação de canais de relacionamento com os clientes × Visa a obter o valor dos clientes através do conhecimento × Visa a obter o conhecimento dos clientes × Quadro 1. Comparativo entre os sistemas CRM: operacional, colaborativo e analítico. Importantes aspectos no CRM Veyrat (2016, p. 1 apud NAVAJAS, 2018) afirma que o sistema CRM apareceu como uma evolução das ferramentas de automação de vendas, contudo, trata-se de um sistema mais complexo, “capaz de minerar dados de clientes e prospects, a partir de pontos de contato com o cliente, e transformar esses dados em inteligência”. Esse autor afirma ainda que o CRM se transformou na ferramenta central da gestão do marketing, e relaciona alguns aspectos que considera importantes a respeito do assunto: Sistemas CRM (Customer Relationship Management)12 � integração de informações proporcionada pelo CRM — cria a comunicação direta entre os setores dentro das empresas, por exemplo, com a área de logística, sempre com o objetivo de melhorar o relacionamento com os clientes; � evolução do CRM — com o surgimento de ferramentas de manipulação de da- dos mais potentes e abrangentes, o CRM permite entender o comportamento dos clientes, detectando padrões e maneiras de comprar, transformando-se de “customer relationship” em “customer intelligence”; � internet e redes sociais — atuam como ampliadoras dos horizontes do CRM, gerando o atendimento aos clientes em tempo real, a criação de programas de fidelidade, a customização e a personalização de pedidos, a criação de comuni- dades, etc.; � melhor gestão dos processos de vendas — todos os avanços inseridos nos sistemas de CRM permitem que se interfira ou se modifique partes dele, sempre buscando a obtenção de melhores resultados, a partir da mesma quantidade de clientes potenciais estabelecida; � base para o estabelecimento de modelos de negócio — uma vez que qual- quer modelo adotado passa, obrigatoriamente, pela análise dos dados geridos por esses sistemas; � construção de um CRM estratégico — é realizada por estágios, nos quais, em primeiro lugar, se decide a forma como os dados serão armazenados e processados; em segundo lugar a automação de vendas é gerada por meio da aplicação de novas ferramentas; e em terceiro lugar, a empresa passa a compreender o comportamento de seus clientes e ocorre o processo de sua retenção; � CRM social — no qual se aproveita o potencial das redes sociais para se conseguir mais informações para os sistemas de CRM de uma empresa, tornando esse pro- cesso inteiramente centrado nos clientes por meio da criação de interações com eles, geridas a partir de suas decisões e de seus hábitos; � aprofundamento no entendimento do cliente e suas relações com a empresa e com outros clientes — se traduz na produção de um volume de dados cada vez maior e mais complexo, trazendo, na sua evolução, uma série de desafios, relacionados, por exemplo, à privacidade e à segurança dos dados dos clientes, à confiabilidade e à qualidade dos dados contidos em seus sistemas de CRM, à utilização do cloud computing (computação em nuvem), à aplicação de inteligência artificial e outros avanços tecnológicos aos sistemas de CRM, etc. Fonte: Navajas (2018). Atuações do Customer Relationship Management Welter et al. (2018) destacam que o objetivo do CRM é gerenciar a carteira de clientes e, a cada dia, melhorar o atendimento a partir de uma relação mais próxima, portanto é possível afirmar que a sua grande vantagem é estabelecer uma relação mais vantajosa com o cliente, quando bem implantado na empresa. 13Sistemas CRM (Customer Relationship Management) Batista (2006, apud WELTER et al., 2018) destaca que um CRM, quando bem implantado e bem utilizado, permite melhorar vários pontos dentro de uma empresa, como as informações, a automatização de processos, o foco em parceiros, as vendas cruzadas, o marketing O2O (um a um), e o feedback do produto ou serviço. Assim, o sistema proporciona vendas casadas e mensa- gens direcionadas a cada cliente, aumentando o faturamento da organização, principalmente o lucro, por meio das melhores satisfação e retenção do cliente, bem como os melhores custos para adquirir e manter seus clientes fiéis. Segundo o site Revista Inf., ao orientar os processos e fornecer ao pessoal do departamento comercial, de marketing e de assistência uma melhor e mais completa informação sobre o cliente, o CRM permite às organizações estabe- lecer relações mais lucrativas com os clientes e reduzir os custos operacionais. Em todos os setores, o CRM efetivo é um imperativo estratégico para o crescimento e sobrevivência empresarial. Conforme Laudon e Laudon (2007, apud WELTER et al., 2018), quando uma empresa faz uso do CRM, ele pode colaborar com as campanhas de marketing direto, pois oferecem a possibilidade de capturar dados de clientes e prospects, fornecer informações sobre produtos e serviços, classificar indicações para marketing direcionado e programar e monitorar e-mails ou correspondências de marketing direto. Dessa forma, a empresa pode utilizar esse conhecimento ao interagir com o cliente, prestando-lhe melhor atendimento, ou oferecendo-lhe novos produtos e serviços. Contudo, esse sistema também pode identificar clientes lucrativos e não lucrativos. A partir dessa informação, é possível direcionar a comunicação para aqueles que mais contribuem para o faturamento da empresa, ou formatar estratégias para aumentar a lucratividade dos clientes de menor faturamento. Implementação do Customer Relationship Management nas empresas Segundo Kunrath (2012 apud WELTER et al., 2018), o primeiro passo para a implementação de uma sistemática de CRM é dado na área comercial, pois são os vendedores que se relacionam diretamente com os clientes. Para isso, devem ser geradas informações relevantes que sejam distribuídas em todas as áreas da organização, já que todos os membros e departamentos da empresa devem conhecer o seu cliente. Enfatizando essa ideia, o administrador António Godinho (2012 apud WEL- TER et al., 2018) afirma que na primeira fase é essencial definir o tipo de relação que a empresa possui com o cliente e, após, definir a solução informática mais Sistemas CRM (Customer Relationship Management)14 apropriada,determinando o grau de integração que o software deverá desem- penhar entre os departamentos da empresa. Depois disso, é possível chegar à fase da implementação, que pode ser demorada, uma vez que é necessário, por um lado, que todas as informações sejam integradas, e, por outro, que todos os colaboradores aprendam a trabalhar e a se comportar segundo uma nova lógica. Um projeto CRM, para ser eficaz, tem que ser capaz de integrar as infor- mações recolhidas nos vários pontos de contato com os clientes base comum e controlável, sempre direcionada para o cliente. O primeiro passo trata da identificação de cada cliente. Sem a identifica- ção de cada um, é impossível iniciar uma relação individual com aqueles que realmente valem a pena. Identificar o cliente significa conhecer sua identidade, a maneira de contato preferida, suas necessidades, interações realizadas com a empresa, suas reclamações e as atitudes tomadas. Após a identificação, vem o segundo passo, que é a diferenciação dos clientes para que você saiba com quais vale a pena desenvolvermos uma relação duradoura e de aprendizado. O objetivo da diferenciação é encontrar os clientes de maior valor e os clientes de maior potencial. Não há desenvolvimento de um programa de relacionamento com o cliente se não houver uma estratégia clara e objetiva de diferenciação. A partir do momento que diferenciamos nossos clientes de maior valor e maior potencial, precisamos incentivá-los a interagir com a empresa. A interação é o terceiro passo desse processo, e é a forma de conhecer cada vez melhor os clientes. Com esses clientes, é preciso desenvolver uma relação em que, cada vez mais, se personalizam serviços e produtos, para que eles vejam vantagem em continuar. A partir do conhecimento que se tem das necessidades dos clientes, devemos personalizar nossos produtos e serviços e fazer com que a experiência de fazer negócios com nossa empresa seja única. Quanto mais personalizamos, maior valor agregamos ao cliente. Por isso, construímos um ciclo de personalização e retroalimentação, para que possamos oferecer ao cliente o que ele espera e da forma que ele espera. Essa estratégia exige muita flexibilidade da empresa e treinamento das pessoas que têm contato com o cliente. Elas devem se preparar para mudar o seu comportamento de acordo com cada cliente (MARCON, 2008 apud WELTER et al., 2018). Contudo, a implementação do CRM dentro de uma empresa deve ocorrer em conjunto com todos os seus colaboradores, a fim de explicar os benefícios e as vantagens estratégicas, para que todos possam enfrentar as dificuldades de curto e médio prazo. O CRM é uma excelente ferramenta estratégica a ser implementada, porém um processo mal elaborado e sem o comprometimento 15Sistemas CRM (Customer Relationship Management) das pessoas da organização e sem uma análise precisa de processos, pode transformar uma ótima proposta em um fracasso de alto custo e difícil de ser amenizado (KUNRATH, 2012 apud WELTER et al., 2018). A Figura 4 destaca o processo de formação de cultura de CRM. Figura 4. Processo de formação de cultura de CRM. Fonte: Peppers e Rogers (2004 apud ALVES JÚNIOR, 2018). Anderson Wenningkamp destaca que o CRM é uma estra- tégia de negócio voltada ao entendimento e antecipação das necessidades e potenciais de uma empresa. Confira seus comentários no link a seguir. https://goo.gl/ChSM9i Sistemas CRM (Customer Relationship Management)16 A Medcenter é uma empresa multinacional especializada no desenvolvimento soluções de educação médica e serviços de marketing para a indústria farmacêutica. Possui operações nos Estados Unidos, Espanha, Brasil, México, Argentina, Colômbia e Chile, e clientes em outros 15 países. A empresa, que inova o setor na internet, com educação e suporte em soluções de educação e informação para a comunidade médica e seus pacientes, estava em processo de expansão internacional e buscava uma ferramenta para integração das suas informações de negócios. Desafio Segundo REIS (2012), o desafio era ter, em tempo real e em todos os países, informações corretas e atualizadas sobre os negócios da empresa, para que todas as operações mundiais soubessem o que acontecia em cada localidade em termos de clientes e vendas, compartilhando informações por toda a empresa. Antes da implementação do CRM, todas as informações estavam em planilhas do Microsoft Excel. Solução REIS (2012) afirma que a Medcenter precisava de uma ferramenta que não exigisse compra de hardware nem aumento da infraestrutura da tecnologia. O Software de CRM que a empresa implantou foi o Salesforce, pois ele oferecia baixo custo inicial de implementação da solução, rapidez na adoção e no uso da nova tecnologia. Resultados Segundo Carlos Eduardo Reis, presidente e principal executivo da Medcenter Solutions, os resultados foram uma mudança cultural da empresa para a utilização da ferramenta, acesso a informações de desenvolvimento de negócios em outros países, acesso rápido e completo a esses dados críticos para o desenvolvimento de negócios e capacidade de utilizar informações consolidadas, centralizadas e consistentes, melhorando muito a eficiência. “Não posso ir para uma reunião em outro país sem saber o que acontece lá. Hoje tenho acesso rápido e completo a esses dados críticos para o desenvolvimento de negócios, tenho a capacidade de utilizar informações consolidadas, centralizadas e consistentes, melhorando muito nossa eficiência por um custo bastante acessível.” Reis (2012) afirma que precisam, para tomar decisões sobre novos produtos, cam- panhas de propaganda ou outras iniciativas. “Se um gerente sempre precisar localizar algumas peças-chave de informação, seremos capazes de construir um painel para isso”, diz Gerbus. “Mas também forneceremos as ferramentas para que consigam a aplicação ou fonte de dados para uma análise mais profunda”. Fonte: Welter, F. A., 2018. 17Sistemas CRM (Customer Relationship Management) ALVES JÚNIOR, F. A. Um estudo de caso do discador automático em uma empresa de cobrança. Disponível em: <http://www.softium.com.br/mais-artigos/66-um-estudo- de-caso-do-discador-automatico-em-uma-empresa-de-cobranca.html>. Acesso em: 07 mar. 2018. LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P. Sistemas de informação gerenciais.11. ed. São Paulo: Pearson, 2014. NAVAJAS, P. F. A gestão do relacionamento com os clientes (CRM) como ferramenta de marketing. Disponível em: <http://fics.edu.br/index.php/integraacao/article/down- load/521/569/>. Acesso em: 07 mar. 2018. WELTER, F. A. et al. A importância do CRM nas organizações. Disponível em: <http:// docplayer.com.br/431723-A-importancia-do-crm-nas-organizacoes.html>. Acesso em: 07 mar. 2018. Leituras recomendadas LIMA, A. T. P; GORAYEB, D. M. C; SILVA, K. C. N. Sistemas de Informação. Manaus (AM): UEA Edições, 2010. O’BRIEN, J. A. Sistemas de informação e as decisões gerencias na era da internet. Tradução Célio Knipel Moreira e Cid Knipel Moreira. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. Sistemas CRM (Customer Relationship Management)18 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS Cristiano Barbosa Ciclos de desenvolvimento de sistemas, metodologia ágil e scrum Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Analisar as diferenças entre as principais metodologias de desenvol- vimento de software e suas etapas. � Diferenciar os papéis, os artefatos e as cerimônias da metodologia ágil para o desenvolvimento de software e projetos. � Construir histórias para solicitar funcionalidades para o desenvolvi- mento de produtos. Introdução O mundo evoluiu de forma intensa nos últimos anos, em grande parte, devido aos sistemas de computador que automatizaram as rotinas e, em muitos casos, substituíram completamente a interação humana. As softhouses, empresas que desenvolvem sistemas, cresceram e, hoje, fazem parte de uma fatia do mercado sólida e promissora. Elas são responsáveis pela criação e pelodesenvolvimento dos softwares e, para isso, utilizam várias metodologias. Neste capítulo, você entenderá as diferenças entre as principais meto- dologias de desenvolvimento de software e suas etapas, compreenderá os diferentes papéis, artefatos e cerimônias da sua metodologia ágil e aprenderá a construir histórias para solicitar funcionalidades para o desenvolvimento de produtos. Metodologias de desenvolvimento de software Para se desenvolver um software, é preciso muito mais que apenas linhas de código, pois deve-se ter uma metodologia de trabalho. Segundo o dicionário Webster’s (1998), metodologia é um conjunto de métodos, regras e postulados empregados por uma disciplina: um procedimento particular ou conjuntos de procedimentos. A metodologia de desenvolvimento de software possui a missão de definir de forma clara e objetiva os papéis de todos os envolvidos, por exemplo, usu- ários, desenvolvedores e administradores, e determinar como, quando e onde ele será realizado. Ela serve como uma ferramenta que harmoniza e coordena todas as áreas envolvidas no processo de desenvolvimento. Modelo cascata ou sequencial linear O modelo cascata ou sequencial linear é realizado sistemática e sequencial- mente, em que, primeiro, é feito o levantamento de requisitos ou necessidades e, depois, a fase de planejamento na qual são definidas as estimativas, o cronograma e o acompanhamento. Em seguida, realiza-se a modelagem, com a análise e o projeto, depois a construção na qual são desenvolvidos o código e os testes. Logo após, são realizadas a implantação e entrega, o suporte e feedback do sistema terminado. Você verá na Figura 1 as etapas desse modelo. Figura 1. Ilustração com as etapas do modelo cascata ou sequencial (linear). Fonte: Adaptada de Kolb (2013). Análise Testes Implementação Projeto Codi�cação Ciclos de desenvolvimento de sistemas, metodologia ágil e scrum2 As metodologias de desenvolvimento servem para não tornar a tarefa, complexa por natureza, um verdadeiro caos. Desenvolvimento por prototipação A prototipação é um processo que objetiva o esclarecimento de todos os requi- sitos, apresentando conceitos e funcionalidades do sistema e possibilitando, assim, a proposta de uma solução adequada para o problema. Os protótipos podem ser divididos basicamente em três categorias, como você verá a seguir. � Wireframes & rascunhos: são de baixa fidelidade e permitem alterações rápidas. Eles não mostram detalhes visuais ou interações, mas permitem validar regras de negócios de maneira muito eficiente. � Protótipos visuais: são criados com softwares de edição gráfica. Embora possuam maior apelo visual, não possuem interações e demandam muito mais tempo para ajustes. � Protótipos interativos: são muito completos, pois além da parte visual, englobam uma série de detalhes e efeitos de interação. Permitem também que os desenvolvedores identifiquem novos requisitos, oportunidades e futuros problemas. Embora tragam inúmeras vantagens, demandam desenvolvedores experientes e demoram mais tempo para serem criados. Metodologia ágil ou scrum Scrum é uma metodologia ágil para desenvolvimento e planejamento de pro- jetos de sistemas, na qual esses projetos são divididos em ciclos, geralmente mensais, chamados de sprints. O sprint representa um time box dentro do qual uma série de rotinas devem ser executadas. Todas as funcionalidades a serem desenvolvidas são mantidas em uma lista chamada product backlog. No início de cada sprint, é realizado um sprint planning meeting, uma reunião na qual o product owner (proprietário do projeto) prioriza os itens do product backlog e a equipe escolhe as atividades 3Ciclos de desenvolvimento de sistemas, metodologia ágil e scrum que irá desenvolver, assim sendo, as tarefas escolhidas são transferidas do product backlog para o sprint backlog. A cada dia de sprint, a equipe faz uma breve reunião chamada daily scrum, cujo objetivo é discutir e inteirar a equipe sobre o que foi desenvolvido no dia anterior, identificando impedimentos e priorizando o trabalho do dia. Ao final de um sprint, os desenvolvedores apresentam as funcionalidades implementadas em uma sprint review meeting. Finalmente, é realizada uma sprint retrospective, e a equipe começa o planejamento do próximo sprint. Papéis O product owner é responsável por maximizar o valor de retorno do produto para o cliente e fornecer o trabalho ao development team. Já o development team são os profissionais, de três a cinco, que entregarão uma versão incre- mentada do produto feito, ao final de cada iteração. Por fim, o scrum master é responsável por assegurar que o scrum seja entendido e disseminado, resolver impedimentos e ajudar o product owner e o development team. Artefatos Os artefatos são documentos responsáveis pela transparência sobre os itens que precisam ser feitos e entregues de um produto ou incremento, e existem quatro deles. � Product backlog: engloba todos os requisitos que precisam ser imple- mentados, seja de negócio (user stories), melhorias, questões técnicas ou erros. Esse artefato é controlado pelo product owner e ordenado de acordo com o valor de negócio para o cliente. � Sprint backlog: é uma lista de itens que define o objetivo da sprint. Retirados do product backlog, esses itens são os que estão na frente. Os itens que entram no sprint backlog são os de maior valor de negócio apresentado pelo product owner. � Definition of done: é um documento que explica quais serão as definições de pronto para as user stories. � Burndown: é um gráfico que mostra o andamento do desenvolvimento do produto. Pode ser usado para monitorar o andamento tanto do product Ciclos de desenvolvimento de sistemas, metodologia ágil e scrum4 backlog como do sprint backlog, indicando se ambos serão completados de acordo com o planejamento. Na Figura 2, você acompanhará as etapas do modelo ágil ou scrum. Figura 2. Ilustração com as etapas do modelo ágil ou scrum. Fonte: Adaptada de DesenvolvimentoAgil.com.br (2016). Product backlog Sprint backlog Daily scrum meeting 24 hours 2-4 weeks Potentially shippable product increment Cerimônias As cerimônias são alguns eventos descritos no scrum, cada qual com o seu objetivo, a fim de evitar reuniões desnecessárias. Elas devem ter um tempo máximo de duração, chamado time box, permitindo a oportunidade de praticar a inspeção e adaptação. Existem quatro cerimônias: sprint planning; daily scrum; sprint review meeting; e sprint retrospective. Esses eventos são o princípio que diz “o método mais eficiente e eficaz de transmitir informações para, e por dentro de um time de desenvolvimento, é através de uma conversa cara a cara”. 5Ciclos de desenvolvimento de sistemas, metodologia ágil e scrum http://com.br/ Você verá, detalhadamente, na Figura 3 as cerimônias e os papéis do scrum. Figura 3. Cerimônias e papéis do scrum. Fonte: Rodrigues (2016). História de usuário A história de usuário é uma curta e simples descrição da necessidade do cliente, geralmente contada a partir da perspectiva de quem precisa da nova necessidade. Ela deve explicar bem para quem, o que e por que está sendo criada. Quanto mais explicativa ela for, melhor os desenvolvedores poderão entender e construir softwares com menos dificuldade e mais qualidade. INVEST Para garantir a qualidade na criação de uma história de usuário, foi criado o acrônimo INVEST, o qual você verá o significado a seguir. I de idenpendent (independente): a história de usuário precisa ser indepen- dente e não depender de outras histórias. Ciclos de desenvolvimento de sistemas, metodologia ágil e scrum6 N de negotiable (negociável): a história de usuário não é apenas uma narrativa com as características que o product owner espera, mas também um ponto de partida para uma discussão a fim de que a equipe proponha melhorias. V de valuable (de grande valor): a história de usuário precisa possuir valor, se não for descrito o valor queo cliente terá com ela, não terá muita serventia. E de estimable (estimável): a história de usuário precisa conter informações suficientes para permitir que os desenvolvedores façam uma estimativa, caso contrário, ela não poderá ser iniciada. S de small (pequena): a história de usuário necessita ser pequena, pois deve caber na duração de um sprint. T de testable (testável): a história de usuário precisa ser testável, pois caso não possua informações suficientes para testes, ela não poderá ser colocada no backlog. KOLB, J. J. O modelo em cascata. Compartilhando, 7 nov. 2013. Disponível em <http:// jkolb.com.br/o-modelo-em-cascata/>. Acesso em: 9 mar. 2018. METHODOLOGY. In: WEBSTER’S ninth new collegiate dictionary. Springfield (MA), Merriam-Webster, 1998. RODRIGUES, E. Cerimônias e papéis do Scrum: quem faz o que e quando. Gestão de projetos na prática, 30 set. 2016. Disponível em: <https://www.elirodrigues. com/2016/09/30/cerimonias-e-papeis-do-scrum-quem-faz-o-que-e-quando/>. Acesso em: 9 mar. 2018. SCRUM. DesenvolvimentoAgil.com.br, 25 maio 2016. Disponível em: <http://www. desenvolvimentoagil.com.br/scrum/>. Acesso em: 22 fev. 2018. Leituras recomendadas BERNARDO, K. Estória de usuário: você saberia contar? Cultura Ágil, 8 dez. 2014. Dispo- nível em <https://www.culturaagil.com.br/estoria-de-usuario-voce-saberia-contar/>. Acesso em: 23 fev. 2018. MORALLES, F. Metodologia ágil e framework Scrum. Matera, 11 mar. 2013. Disponível em: <http://matera.com/br/2013/03/11/metodologia-agil-framework-scrum-2/>. Acesso em: 23 fev. 2018. 7Ciclos de desenvolvimento de sistemas, metodologia ágil e scrum http://jkolb.com.br/o-modelo-em-cascata/ https://www.elirodrigues/ http://com.br/ http://desenvolvimentoagil.com.br/scrum/ https://www.culturaagil.com.br/estoria-de-usuario-voce-saberia-contar/ http://matera.com/br/2013/03/11/metodologia-agil-framework-scrum-2/ Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.