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AMAMENTAÇÃO E ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA UNIDADE IV MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Segunda atualização Susiane Gusi Boin e Oliveira Primeira atualização Flávia Bulgarelli Vicentini Elaboração Katherine Maria de Araújo Veras Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO UNIDADE IV MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR .....................................................................................................................5 CAPÍTULO 1 ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR .......................................................................................................................................... 5 CAPÍTULO 2 MÉTODO BLW: INTRODUÇÃO ALIMENTAR ..................................................................................................................... 29 CAPÍTULO 3 ALIMENTAÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR E DO ESCOLAR: ASPECTOS GERAIS............................................................... 36 CAPÍTULO 4 ALIMENTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA: ASPECTOS GERAIS .......................................................................................... 51 REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................63 ANEXO ...........................................................................................................................................................75 5 UNIDADE IV MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR CAPÍTULO 1 ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Por volta dos seis meses de idade, a necessidade de energia e nutrientes de um bebê começa a exceder o que é fornecido pelo leite materno, e alimentos complementares são necessários para atender essas necessidades. Uma criança dessa idade também está pronta para a fase de introdução de outros alimentos. Tal transição é chamada de alimentação complementar. A OMS recomenda que os bebês comecem com os alimentos sólidos, semi-sólidos ou moles aos 6 meses de idade para garantir que a ingestão de nutrientes seja suficiente para alimentar o cérebro e o corpo em desenvolvimento. Os alimentos consumidos entre 6 meses e 2 anos de vida são chamados de alimentos complementares, pois complementam idealmente uma dieta já baseada no leite materno, e o espaço de 18 meses entre 6 meses e 2 anos de idade é chamado de período de alimentação complementar. É um período crítico de crescimento, durante o qual deficiências e doenças de nutrientes contribuem globalmente para taxas mais altas de desnutrição entre crianças menores de 5 anos de idade. Se os alimentos complementares não forem introduzidos por volta dos seis meses de idade ou se forem dados de forma inadequada, o crescimento de uma criança poderá sofrer falha. Garantir que as necessidades nutricionais dos bebês sejam atendidas exige que os alimentos complementares sejam: » oportunos – significa que eles serão introduzidos quando a necessidade de energia e nutrientes excede o que pode ser fornecido pela amamentação exclusiva; 6 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR » adequados – significa que eles fornecerão energia, proteína e micronutrientes suficientes para atender às necessidades nutricionais de uma criança em crescimento; » seguros – significa que eles serão armazenados e preparados higienicamente e alimentados com mãos limpas, usando utensílios limpos e não mamadeiras e bicos; » ofertados adequadamentes – o significa que eles serão administrados de acordo com os sinais de apetite e saciedade de uma criança e que a frequência e a alimentação das refeições são adequadas para a idade. Durante o período de alimentação complementar, recomenda-se que as crianças tenham uma dieta frequente e diversificada de alimentos complementares ricos em nutrientes e preparados de forma higiênica, além do leite materno. As evidências mostram que uma dieta que compreende pelo menos quatro grupos de alimentos por dia está associada a um crescimento melhorado em crianças pequenas. Apresentar às crianças alimentos saudáveis e diversos desde a tenra idade também ajuda a estabelecer preferências de gosto e bons hábitos alimentares mais tarde na vida. Os princípios orientadores para a alimentação complementar apropriada são: » continuar amamentando sob livre demanda até dois anos de idade ou mais; » praticar alimentação responsiva (por exemplo, alimente os bebês diretamente e ajude as crianças mais velhas. Alimente devagar e com paciência, incentive-os a comer, mas não os force, converse com a criança e mantenha contato visual); » praticar boa higiene e manuseio adequado dos alimentos; » começar aos seis meses com pequenas quantidades de comida e aumentar gradualmente à medida que a criança envelhece; » aumentar gradualmente a consistência e variedade dos alimentos; » aumentar o número de vezes que a criança é alimentada: 2 a 3 refeições por dia para bebês de 6 a 8 meses de idade e 3 a 4 refeições por dia para bebês de 9 a 23 meses de idade, com um a dois lanches adicionais, conforme necessário; » usar alimentos complementares fortificados ou suplementos de vitaminas e minerais, conforme necessário; durante uma doença, aumentar a ingestão de líquidos, incluindo mais amamentação e oferecendo alimentos macios e favoritos. 7 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV O papel do cuidador durante a alimentação é tão importante quanto a própria comida. Os cuidadores precisam interagir e se envolver com a criança, responder a seus sinais de fome e incentivá-la a comer. Nos primeiros anos, é importante atenção e cuidado na alimentação da criança; é nesse momento que os hábitos alimentares estão sendo formados. Algumas recomendações de alimentos devem ser respeitadas até os dois anos de idade ou mais. A seguir, apresentaremos um esquema publicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em 2019 que orienta resumidamente o momento de introdução e modificação da dieta do bebê. Tabela 4. Esquema sucinto para introdução dos alimentos complementares em lactentes em aleitamento materno ou em uso de fórmula infantil. Faixa etária Tipo de alimento Até 6º mês Leite materno exclusivo 6o a 24o mês Leite materno complementado (mais alimentação complementar) 6º mês Frutas (amassadas ou raspadas) Primeira papa principal (almoço ou jantar) 7º a 8º mês Segunda papa principal (almoço ou jantar) 9º a 11º mês Gradativamente, passar para a refeição da família com ajuste da consistência 12º mês Comida da família – observando a adequação dos alimentos consumidos pela família Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019. Em bebês a termo, a alimentação complementar precoce pode ser um fator de risco para a obesidade infantil. Uma revisão sistemática e metanálises de fatores de risco para excesso de peso na infância identificáveis durante a infância encontraram algumas evidências que apoiam a introdução precoce de alimentos sólidos como fator de risco para excesso de peso posterior. No entanto, uma revisão sistemática determinando se o momento da introdução de alimentos sólidos está associado à obesidade na infância e na adolescência não encontrou associação clara entre o momento da introdução de alimentos sólidos e a obesidade na infância e adolescência. Outros autores demonstraram em uma revisão sistemática sobre o momento da introdução da alimentação complementar em bebês a termo e o risco de obesidade infantil, e concluíram que o momento dos alimentos complementares não tem associação clara com a obesidade infantil, embora a introdução muito precoce de alimentos sólidos (menores de quatro meses de idade) possa resultar em aumento no IMC infantil. 8 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Essas revisões e recomendações dizem respeito a bebês nascidos a termo saudáveis e os resultados não podem ser traduzidos para bebês prematuros. Os prematuros são uma população heterogênea porque a idade gestacional ao nascimento pode variar entre23 e 36 semanas. Vários fatores podem estar associados à obesidade em prematuros, como o momento da alimentação complementar, ganho rápido de peso, maior peso ao nascer, maior idade gestacional, supernutrição materna, resultando em um fenótipo característico da síndrome metabólica e fatores epigenéticos. As evidências existentes são limitadas sobre a idade ideal para a introdução de alimentos sólidos em prematuros e implicações para a saúde a curto e longo prazos e, em particular, a obesidade. Em um estudo de coorte longitudinal, verificou-se que o alto ganho de peso no primeiro ano de vida é um importante preditor do desenvolvimento da obesidade aos oito anos de idade em prematuros com baixo peso ao nascer. Outro estudo mostrou que a introdução de alimentos semissólidos antes dos quatro meses de idade em crianças a termo e pré-termo resultou em uma maior prevalência de excesso de peso aos dois anos de idade, em comparação com a introdução após os quatro meses de idade em crianças que visitam centros comunitários de saúde. Nesse estudo, a prevalência geral de excesso de peso foi de 4,7%. Estudos observacionais em países desenvolvidos descobriram que alimentos sólidos foram introduzidos na maioria dos prematuros antes dos quatro meses de idade corrigida. O que podemos concluir é que a idade em que os alimentos sólidos são introduzidos é crucial para as crianças aprenderem a comer. Os bebês que não têm a oportunidade de praticar várias habilidades alimentares em idades apropriadas parecem correr o risco de ter problemas alimentares mais tarde. A recomendação da SBP é que se espere até os quatro ou seis meses de idade corrigida para introduzir novos alimentos aos prematuros, pois, nessa fase, a maioria dos bebês deverá ter desenvolvimento dos órgãos fonoarticulatórios compatível com a função de deglutição. Na prática, o que se vê é que os bebês prematuros acabam amadurecendo mais rápido, abreviando esse passo. O acompanhamento do pediatra e nutricionista durante esse processo é fundamental. O profissional que conhece o histórico do bebê e acompanha sua evolução saberá se ele está apto para dar os próximos passos. 9 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV Orienta-se que, desde a primeira papa, a refeição deve conter cereais ou tubérculos, proteína vegetal ou leguminosas (feijão, soja, lentilha, grão de bico), proteína animal (todos os tipos de carnes, vísceras e ovos) e hortaliças (verduras de folhas e legumes) (BRASIL, 2019). Segundo o Manual de Alimentação da SBP publicado em 2018, a primeira papa deve ser iniciada no horário do almoço ou jantar, devendo respeitar o horário de refeição da família. A segunda será oferecida a partir do sétimo mês de vida (Tabela 4). As papas devem ser variadas e respeitar os grupos alimentares e número de porções/dia para as crianças de 6 a 11 meses, segundo a pirâmide de alimentos. As preparações devem ser temperadas com ervas: salsa, cebolinha, alecrim, manjericão, e sem adição de sal. Da mesma forma, não há indicação de açúcar simples antes do segundo ano de vida; mesmo após essa idade, o consumo deve ser esporádico e não rotineiro. ESPGHAN, AAP e SBP indicam fórmulas infantis na impossibilidade do leite materno, porque o leite de vaca integral comprovadamente está associado a maior índice de obesidade e várias outras consequências. Essa indicação está respaldada em estudos científicos que evidenciam a inadequação do leite de vaca integral no primeiro ano (excesso de proteína, sódio, potássio e cloro, além de falta de vitaminas, ferro e ácidos graxos poli-insaturados de cadeias longas – L-PUFAS, que são precursoras do ômega 3 e 6). O alto índice de proteína está associado a maior carga de soluto renal, a alterações da microbiota intestinal e ao aumento da prevalência da obesidade (SBP, 2019). Há evidências irrefutáveis de que, diante da impossibilidade do aleitamento materno ou da relactação, as fórmulas estão associadas com o melhor desenvolvimento do cérebro, do intestino e do sistema imune, quando comparados ao uso do leite de vaca integral (não modificado). Destaque-se que o objetivo da alimentação do lactente não é mimetizar o leite materno, qualitativamente incomparável, mas sim fazer com que a alimentação se aproxime dos efeitos e benefícios funcionais que o leite materno oferece. Salienta-se que a orientação de qualquer outro alimento para a criança só deve ser feita por médico pediatra ou nutricionista, como informa a legislação (Lei n. 11.265, de 3 de janeiro de 2006). Seu capítulo III, art. 10, § 1o (texto modificado pela Lei n. 11.474 de maio de 2007) determina que os rótulos desses produtos exibirão no painel principal, de forma legível e de fácil visualização, conforme disposto em regulamento, o seguinte destaque: 10 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR AVISO IMPORTANTE: Este produto somente deve ser usado na alimentação de crianças menores de 1 (um) ano de idade com indicação expressa de médico ou nutricionista e não de outros profissionais. O aleitamento materno evita infecções e alergias e fortalece o vínculo mãe-filho, assim conforme redigido na Lei n. 11.474, de 15 de maio de 2007. O guia alimentar para crianças menores de dois anos (disponível no material complementar da Unidade IV) salienta questões importantes sobre a alimentação da criança. A seguir, breve resumo do guia. No entanto, recomenda-se leitura do material na íntegra e que se leve em consideração as ressalvas feitas pela SBP. Alimentos e seu processamento O tipo de processamento na produção do alimento interferirá na composição de nutrientes, sabor e presença de aditivos. A classificação dos alimentos pelo Guia alimentar para as crianças brasileiras menores de 2 anos (BRASIL, 2019) são: in natura ou minimamente processados, ingredientes culinários processados; alimentos processados; ingredientes culináros processados e alimentos ultraprocessados. Alimentos in natura ou minimamente processados In natura são os alimentos obtidos diretamente das plantas ou animais, que não sofrem alteração. Alimentos minimamente processados são os que passam por alguma modificação, como limpeza, remoção de partes indesejáveis, divisão, moagem, secagem, fermentação, pasteurização, refrigeração, congelamento ou processos semelhantes que não envolvam a adição de sal, açúcar, óleos, gorduras ou qualquer outra substância ao alimento original (BRASIL, 2019). Esses devem ser a base da alimentação da criança e de toda a família. Exemplos: » feijões (leguminosas): feijões de todos os tipos, ervilhas, lentilhas, grão de bico e outras leguminosas; » cereais: arroz (todos os tipos), milho, trigo, farinhas de trigo, de mandioca, de milho, de centeio, aveia (farelo, flocos); macarrão ou massas frescas ou secas feitas com as farinhas citadas e água; 11 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV » raízes e tubérculos: batata, mandioca, cará, inhame, batata doce etc. in natura ou embalados, fracionados, refrigerados ou congelados; » legumes e verduras: frescos ou embalados, fracionados, refrigerados ou congelados; » carnes e ovos: carnes vísceras e outras partes internas do gado, porco, aves, pescados, frutos do mar e demais animais, bem como ovos; » leites: leite humano, leite animal (líquido ou em pó), iogurte e coalhada (sem adição de açúcar ou outra substância); » oleaginosas: castanha, amêndoas, amendoim, avelã, nozes e outras oleaginosas sem sal ou açúcar; » água própria para o consumo; » outros: cogumelos frescos ou secos; especiarias e ervas frescas ou secas; sementes como linhaça, gergelim e chia; chás (camomila, erva cidreira, capim limão, hortelã etc) café* e erva-mate* (sem adição de açúcar); *itens não recomendados para a criança. Ingredientes culinários processados Segundo Brasil (2019), os ingredientes culinários processados são produtos usados para preparar as refeições. Fabricados pela indústria a partir dosalimentos in natura. Exemplos Sal de cozinha iodado, açúcar (de coco, demerara, mascavo, cristal e branco), melado e rapadura, mel de abelha, óleos vegetais (soja, girassol, milho, canola etc.), manteiga (com ou sem sal), banha, amido extraído do milho e de outras plantas, vinagre. Lembrando que açúcares, mel, melado e rapadura não devem ser ofertados às crianças menores de dois anos de idade. Alimentos processados Elaborados a partir de alimentos in natura, porém geralmente adicionados de sal ou de açúcar (de outro ingrediente culinário) para durarem mais ou para permitir outras formas de consumo. 12 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Exemplos Conservas em geral, extrato ou concentrado de tomate (com açúcar e sal); castanhas com sal ou açúcar; carnes salgadas; peixe conservado em óleo ou água e sal; frutas em calda ou cristalizadas; queijos (minas, prato, mussarela, ricota, gouda, brie, coalho, canastra, provolone e cottage) e pães (feitos de farinha de trigo refinada ou integral, leveduras, água e sal) (BRASIL, 2019). Poucos alimentos desse grupo podem ser consumidos pelas crianças menores de dois anos. Alimentos ultraprocessados São produzidos pela indústria por meio de várias técnicas e etapas de processamento, levam muitos ingredientes, como sal, açúcar, óleos, gorduras e aditivos alimentares (corantes artificiais, conservantes, adoçantes, aromatizantes, realçadores de sabor, dentre outros, não utilizados em casa). Nesses alimentos, o açúcar pode estar presente de diferentes formas. As mais comuns são: maltodextrina, dextrose, xarope de milho, xarope de malte e açúcar invertido. Exemplos Refrigerantes; pós para refresco; bebidas adoçadas prontas para o consumo (chá, concentrado de guaraná, açaí, e outros sabores), bebidas prontas à base de fruta com ou sem soja (suco, néctar, refrescos); bebidas com sabor de chocolate e sabor de frutas; bebidas “energéticas”; “salgadinhos de pacote”; sorvetes, chocolates, balas e guloseimas em geral; gelatinas em pó; pães doces, de forma para hamburguer ou hot dog; biscoitos, bolos e misturas para bolo; “cereais matinais” e “barra de cereais”; achocolatados e misturas em pó saborizantes; farinhas de cereais instantâneas (espessantes) com açúcar; iogurte de sabores e tipo petit suisse; queijo processado UHT (queijo fundido embalado em pequenos quadrados); queijo cheddar; compostos lácteos, temperos “instantâneos” de carne, frango ou legumes (em cubo, em pó, ou líquidos); maioneses e molhos prontos; produtos congelados prontos para aquecer, como tortas, massas e pizzas pré-congeladas; empanados de carne, de frango ou de peixe tipo nuggets, salsicha, hambúrguer e outros produtos de carne reconstituída e sopas, macarrão e sobremesas “instantâneos”. Estão também incluídos nesse grupo os produtos compostos apenas por alimentos in natura, minimamente processados ou processados quando eles contiverem aditivos com função de modificar cor, odor, sabor ou textura do produto final, como iogurte com corantes ou com adoçantes e pães com emulsificantes. Esses alimentos devem ser evitados tanto pelas crianças quanto pelos adultos (BRASIL, 2019). 13 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV *Aditivos alimentares, adoçantes, corantes não devem ser ofertados as crianças menores de dois anos. O Guia alimentar para as crianças brasileiras menores de 2 anos (BRASIL, 2019) recomenda que papinhas industrializadas não sejam ofertadas para as crianças pelas seguintes razões: » textura não favorece o desenvolvimento da mastigação, mesmo havendo diferença de consistência para as idades; » são compostas por diferentes alimentos misturado ao mesmo tempo no potinho, o que dificulta a percepção de sabores; » dificultam que a criança se habitue aos temperos e comida da família e com os alimentos de sua região; » as vitaminas são melhor aproveitadas dos alimentos in natura do que das papinhas. A pipoca não deve ser ofertada para crianças menores de dois anos, por ser mais dura e dificultar a mastigação da criança de forma segura; as cascas também podem causar risco de engasgo e sufocamento. Alimentos que contêm glúten, proteína encontrada no centeio, na cevada e no trigo, podem ser ofertados às crianças menores de dois anos, pois, até o momento, não existe comprovação de que seja nocivo para elas e adultos, exceto aqueles com diagnóstico de intolerância ao glúten ou doença celíaca. Deve-se tomar cuidado com a procedência do açaí, pelo risco de essa fruta estar contaminada pelo parasita, transmitido pelo barbeiro, que causa a doença de Chagas. Em crianças com problemas de insuficiencia renal, a carambola não deve ser ofertada, pois contém a enzima caramboxina, que não é filtrada pelos rins. Não é recomendado que seja ofertado qualquer suco de fruta às crianças menores de dois anos. Embora seja do hábito do brasileiro o leite com café, essa bebida não deve ser ofertada a crianças menores de dois anos, pois a cafeína, presente tanto no café quanto nos chá-mate, chá-verde, chá-preto e refrigerantes à base de cola, é uma substância estimulante que pode deixar a criança agitada. Chás como camomila, erva cidreira, hortelã podem ser oferecidos para crianças de seis meses, sem adição de açúcar ou adoçante, desde que não substituam nenhuma refeição. 14 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR As oleaginosas: nozes, castanhas, amendoim, avelãs, amêndoas, castanha-do-pará, pistache etc., apesar de serem fonte de vitaminas, fibras, ácidos graxos saudáveis e substâncias antioxidantes, têm consistência dura, que pode causar engasgo e sufocamento, sendo, pois, contraindicados para o consumo das crianças. Caldos em cubos, em pó ou líquidos, e molhos prontos são alimentos ultraprocessados com grande quantidade de sal, gordura, açúcares, glutamato monossódico e outros aditivos químicos. Não devem ser utilizados nas preparações culinárias que serão servidas para a criança. Segundo a nota da SBP referente ao Guia alimentar para as crianças brasileiras menores de 2 anos: » a aquisição de hábitos alimentares saudáveis é determinante para a saúde do indivíduo. O sal, além de aumentar o risco de hipertensão arterial no futuro, modula a percepção das papilas gustativas e, com isso, as crianças desenvolvem preferências alimentares por alimentos ricos nesse produto; » por sua vez, o cheiro-verde (salsa e cebolinha), por ser aromatizante natural, deve ser introduzido no final do cozimento, como as folhas, para não perder suas vitaminas e realçar o sabor dos alimentos. Sublinha-se ainda que a adição de açúcar, além de seu alto teor glicêmico e energético, estimula o paladar mais receptivo ao sabor doce, com interferências nas opções alimentares futuras e riscos advindos do seu consumo inapropriado e excessivo; » com relação ao óleo utilizado para o preparo, recomenda-se que seja do tipo que contém ácido linoleico e alfa-linolênico em proporções adequadas (5 a 15:1) para melhor absorção do ômega 3, como óleo de soja, canola e azeite de oliva (SBP, 2019). Hidratação De acordo com a SBP em vigência de aleitamento materno exclusivo, não existe a necessidade de ser ofertado outro tipo de líquido ao bebê, incluindo água. Não se recomenda a introdução de outro tipo de leite ou fórmula diferente do leite materno, pois pode provocar o desmame precoce. Sempre que for impossível à mãe amamentar a criança, ela deve tirar o leite do peito e deixar para que seja ofertado à criança. 15 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV A partir da introdução de novos alimentos, a água deve ser ofertada para hidratar a criança. Lembrando que água de coco, sucos, chás, sucos artificiais etc. não são recomendados para matar a sede, pois, além de acostumar a criança a se hidratar com bebidas saborizadas e açúcaradas, podem ser um fator de risco para o excesso de peso. Tabela 5. Oferta hídrica na faixa etária pediátrica (Regra de Holliday-Segar,1957). Peso da criançaRecomendação de líquidos Até 10kg 100ml/kg/dia >10-20kg 1000ml + 50ml/kg/dia >20kg 1500ml + 20ml/kg/dia Fonte: Holliday-Segar, 1957. Tabela 6. Recomendação de água para lactentes. Idade Recomendação (litros/dia) Particularidades 0-6 meses 0,7 Leite humano 7-12 meses 0,8 Leite humano e/ou fórmula infantil e alimentação complementar 1-3 anos 1,3 0,9 litros de líquido (águas e bebidas*) *lembrando que sucos naturais/artificiais, água de coco, refrigerantes, etc, não são recomendados para crianças. Fonte: Institute of Medicine, 2005. Um momento de aprendizagem para todos O momento da alimentação da criança é de responsabilidade coletiva, envolvendo todos da família e também os que convivem com a criança. Nesse momento, é importante o reconhecimento das necessidades de alimentação, interação e afeto. Por isso, é importante que se determinem as tarefas e se dividam as responsabilidades. Esse deve ser um momento de aprendizado e experiências positivas. Um ambiente acolhedor que transmita segurança para a criança pode influenciar de forma positiva na aceitação dos alimentos. Portanto, a pessoa responsável por alimentar a criança deve ter uma relação de afeto, confiança e paciência com ela. Respeitando os sinais de saciedade É importante ficar atento aos sinais que a criança demonstra quando pode estar com fome, pois, como não consegue falar, ela demonstrará isso chorando, dando 16 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR risada, fazendo movimentos com as mãos, cabeça e corpo e emitindo sons com a boca. Também é importante ficar atendo aos sinais que a criança emite ao estar satisfeita, como virar o rosto ou não querer mais abrir a boca. É muito importante ter respeito aos sinais de fome e saciedade da criança, que são fundamentais para sua aprendizagem com relação à alimentação e ao seu pleno desenvolvimento. Os sinais de fome e saciedade variam de acordo com a idade. Sobre a atenção aos sinais de saciedade, não se deve insistir nem forçar a criança a comer. O ato de forçar a “limpar o prato” pode prejudicar posteriormente sua habilidade de controlar o apetite e favorecer o ganho de peso excessivo. Deve-se orientar ao cuidador a prestar atenção no comportamento da criança, pois algumas vezes ela pode parar de comer por algum tempo, como um descanso, mas depois voltar a comer; ou também pode se distrair com o ambiente e parar de comer por essa razão. Assim, a atenção deve estar voltada para a criança no momento da refeição. A interação com a criança durante a refeição Existe um tempo para a construção da relação com a comida pela criança. Isso exige paciência e atenção dos cuidadores. Comer junto, elogiar a comida, olhar para a criança, falar sobre o alimento, tudo isso a incentiva a gostar de comer. A criança não deve ser apressada, tampouco pressionada ou chantageada a se alimentar, e alimentos não devem ser oferecidos em resposta ao choro. Isso contribui para uma relação negativa com os alimentos. Não se deve oferecer recompensas se a criança comer o alimento que não gosta, pois isso pode criar uma relação entre a comida e a recompena. Também não se deve mascarar o alimento. A recomendação é de que a criança deve ter a atenção voltada para o momento da alimentação; ela não deve ser alimentada enquanto brinca pela casa, ou distraída com TV, celular, tablet ou computador. Enquanto distraída, a criança come de forma automática, sem prestar atenção aos alimentos, e pode comer em excesso, perdendo futuramente seu controle sobre o mecanismo de fome e saciedade. Formas para estimular a criança: » a criança deve estar com a família, que deve ser paciente, no momento da refeição, com um prato somente para ela; 17 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV » sempre ter liberdade para manusear sozinha os alimentos e utensílios como o talher; » deve haver variedade de apresentação dos alimentos: o prato deve ser colorido, cheiroso, bonito e saboroso, isso a incentivará a comer; » a família deve interagir com a criança, falar o nome dos alimentos que ela está ingerindo e elogiar seu consumo. Algumas atitudes devem ser evitadas: » forçar ou chantagear a criança a comer (evitar frases como – “Se raspar o prato todo, vai ganhar sobrememesa!”; – “Vou ficar triste se você não comer!”; – “Se não comer, não vai brincar!”; – “Por favor, mais uma colherzinha!”); » oferecer atrativos como TV, celular, tablet ou qualquer outro aparelho eletrônico que distraiam a criança no momento da refeição; » disfarçar ou esconder alimentos que a criança não gosta em outras preparações; » alimentar a criança enquanto ela brinca ou anda pela casa. A família e as outras pessoas que cercam a criança serão sempre modelos: ela aprenderá a repetir as mesmas atitudes. Com relação à amamentação, a criança deve ser livre para mamar o leite materno. No início, os novos alimentos podem ser oferecidos depois das mamadas; se a criança estiver muito agitada ou chorosa, isso pode acalmá-la antes da oferta. Se o bebê adormecer após a mamada, não existe problema; quando ele acordar, a refeição adequada ao horário deverá ser ofertada. Como se trata de um período de transição, a família deve observar qual a melhor estratégia a ser utilizada para que a criança continue mamando. Caso a criança ofereça mais resistência em aceitar novos alimentos, é preciso que haja paciência e persistência. No início da introdução dos outros alimentos, não é necessário se preocupar com a quantidade, pois o leite materno continua sendo a principal fonte alimentar da criança. A recomendação é de que a introdução dos alimentos não seja adiada, porque isso pode dificultar a aceitação alimentar da criança no futuro. 18 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Consistência da alimentação da criança Segundo o Guia alimentar para as crianças brasileiras menores de 2 anos (BRASIL, 2019), a consistência da papa deve ser incialmente amassada e, em seguida, evoluir para pequenos pedaços, raspados e desfiados, para que a criança aprenda a mastigar. Se houver alimentos mais macios, esses poderão ser ofertados em tamanhos maiores para que ela pegue com a mão e leve a boca. Quando estiver um pouco maior, ela poderá comer a comida da família, cortando-a em pedaços grandes quando necessário. As papas não devem ser liquidificadas, nem trituradas em mixer, nem peneirada; esse tipo de consistência fará com que a criança tenha dificuldades em aceitar alimentos mais sólidos no futuro, podendo apresentar engasgo e ânsia de vômito. Além do mais, preparações mais líquidas fornecem menor quantidade de nutrientes e energia do que a criança necessita. Figura 11. Exemplos de refeições com consistências diferentes por idade da criança. 6 meses 8 meses 12 meses Adulto Fonte: Brasil, 2019. Quando a criança começa a comer outros alimentos, geralmente ela tende a aceitar pouca quantidade. Isso pode gerar angústia na família. Pode ser que, nesse momento, a criança apenas aceite experimentar os alimentos, pois toda essa transição é muita novidade para ela. É importante tranquilizar os pais, pois, à medida que o tempo passa, a criança naturalmente aumentará a quantidade de alimentos. É fundamental respeitar o tempo e a individualidade de cada criança. Algumas definições e orientações podem auxiliar os pais com relação ao grupo de alimentos. 19 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV Tabela 7. Componentes que devem estar presentes na alimentação da criança. Ceral, tubérculo e farináceos Leguminosa Proteína animal Hortaliças Arroz Feijões Carne bovina Verduras Milho Ervilha Vísceras Alface Macarrão Lentilha Carne de frango Acelga Batata Grão-de-bico Carne suína Couve Mandioca Soja Carne de peixe Legumes Inhame Ovos Tomate Cará Cenoura Farinha de trigo Abóbora Aveia Pepino Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2018. A refeição da criança deve conter um componente de cada grupo de alimentos (sendo dois do grupo de hortaliças)preferencialmente in natura ou minimamente processados, promovendo uma combinação saudável e colorida. Para complementá-la, poderá ser ofertado um pedaço de fruta, junto ou logo após a refeição, pois a maioria das frutas contêm vitamina C, que melhora o aproveitamento do ferro das leguminosas e verduras. No decorrer da semana, é aconselhável que se varie o tipo de alimento dentro dos quatro grupos alimentares, dando preferência aos alimentos da sazonalidade, devido ao sabor e teor de nutrientes. A comida da criança pode seguir o mesmo padrão da família, desde que esta tenha hábitos saudáveis, prática essa que facilita o dia a dia de quem prepara os alimentos. Em algumas situações, basta modificar o tempero e a consistência do alimento, por exemplo: » feijão amassado; » cereais, raizes, tubérculos, verduras e legumes podem ser oferecidos à criança amassados com garfo ou em pedaços pequenos e macios; » carnes podem ser oferecidas em pedaços pequenos ou desfiadas. Para famílias acostumadas a comidas mais condimentadas ou picantes, uma boa solução é separar um pouco da comida para a criança antes de acrescentar esses tipos de tempero. 20 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Café da manhã e lanche Em pequenas refeições como café da manhã e lanches, o leite materno continua sendo importante e deve ser oferecido até os dois anos de idade ou mais, sempre que a criança quiser. A recomendação é de que, após os seis meses de idade, seja oferecido alguma fruta no meio da manhã e no meio da tarde à criança. Após um ano de idade, pode-se alternar, oferencendo, em alguns dias, um alimento do grupo dos cereais, raízes ou tubérculos. Se for do hábito da família comer algum tipo de legume ou verdura nesses horários, o mesmo alimento poderá ser ofertado à criança. Aos 6 meses No momento da introdução alimentar, podem existir alguns movimentos reflexos da criança, como cuspir a comida, parecendo não gostar. Isso ocorre porque ela está acostumada a mamar no peito e fazer esse movimento para mamar. A partir de quatro a cinco meses, esses movimentos tendem a diminuir, mas ainda está presente aos seis meses de idade. Nessa idade os dentes estão aparecendo. E mesmo que a criança ainda não tenha dentes, ela conseguirá amassar alimentos macios com a gengiva e aceitar a comida amassada com o garfo. Tabela 8. Desenvolvimento e sinais de fome e saciedade da criança aos seis meses de idade. Aspectos do desenvolvimento infantil relacionados com a alimentação Sinais de fome e saciedade mais comuns » Senta com pouco ou nenhum apoio. » Diminui o movimento de empurrar com a língua os alimentos para fora da boca. » Mastiga. » Surgem os primeiros dentes. Sinais de fome: chora e se inclina para a frente quando a colher está próxima, segura a mão da pessoa que está oferecendo a comida e abre a boca. Sinais de saciedade: vira a cabeça ou o corpo, perde interesse na alimentação, empurra a mão da pessoa que está oferecendo a comida, fecha a boca, parece angustiada ou chora. Fonte: Brasil, 2019. Aos seis meses podem ser iniciadas três refeições: almoço ou jantar e dois lanches (frutas). Até os sete meses, espera-se que essas três refeições já estejam bem estabelecidas. Recomendações: » na papa salgada, pequenas quantidades no prato, em torno de uma colher de sopa de cada grupo não misturadas, carnes bem cozidas e picadas/desfiadas; 21 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV » se houver recusa de algum alimento, deve-se esperar alguns dias e depois voltar a oferecê-lo em conjunto com algum que goste mais. Algumas alternativas como oferecer alimentos cozidos em pedaços maiores para que a criança segure com as mãos são bem-vindas; » se a papa estiver muito seca, pode ser adicionado um pouco do caldo do cozimento dos alimentos (legumes, feijões e/ou carnes). Preparações mais úmidas têm maior aceitação pela criança; » a criança poderá ser auxiliada na refeição, mas é importante que ela manuseie os alimentos com as mãos ou utilize uma colher apropriada. Sempre lembrar que o cuidador deve manter o contato visual com a criança e a tranquilidade. Entre 7 e 8 meses Conforme a criança se desenvolve, apresentando algumas habilidades como aceitar alimentos de consistência mais firme e sentar sem apoio, nota-se que ela também presta mais atenção ao alimento e aceita maiores quantidades e variedade. Tabela 9. Desenvolvimento e sinais de fome e saciedade da criança entre sete e oito meses. Aspectos do desenvolvimento infantil relacionados com a alimentação Sinais de fome e de saciedade mais comuns Senta sem apoio. Pega alimentos e leva à boca. Surgem novos dentes. Sinais de fome: inclina-se para a colher ou alimento, pega ou aponta para a comida. Sinais de saciedade: come mais devagar, fecha a boca ou empurra o alimento. Fica com a comida parada na boca sem engolir. Fonte:Brasil, 2019. Recomendações: » leite materno deve continuar a ser o principal alimento da criança e ofertado entre as refeições, não havendo necessidade de complementar com fórmulas infantis ou leite de vaca; » deve-se introduzir mais uma refeição, agora a criança realizará o almoço e jantar e dois lanches (frutas); » é importante a variedade e oferta de novos alimentos, preferindo-se que sejam alimentos regionais e da sazonalidade; » os alimentos devem ser ofertados menos amassados do que antes ou apenas bem picados. A quantidade de alimentos que a criança aceita pode variar 22 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR entre três e quatro colheres de sopa, lembrando que essa quantidade serve apenas como referência para a família, não devendo ser seguida de forma rígida. O mais importante é a atenção aos sinais de fome e saciedade; » deve-se oferecer alimentos macios em pedaços um pouco maiores para que a criança pegue com as mãos e tente comer sozinha; » deve-se continuar permitindo que a criança se alimente sozinha sempre que possível, seja com a colher seja com as mãos, o cuidador deve apenas assessorá-la. 9 aos 11 meses de idade Nessa etapa, nota-se que a criança ganha mais desenvoltura e novas habilidades: engatinhar, andar, movimentos de pinça com a mão (que permite segurar alguns objetos e alimentos), levar a colher à boca, mastigar melhor os alimentos, comer melhor sozinha, embora ainda precise de suporte do cuidador. Tabela 10. Desenvolvimento e sinais de fome e saciedade da criança entre 9 e 11 meses de idade. Aspectos do desenvolvimento infantil relacionados com a alimentação Sinais de fome e de saciedade mais comuns Engatinha ou anda com apoio. Faz movimentos de pinça com a mão para segurar pequenos objetos. Pode comer de forma independente, mas ainda precisa de ajuda. Dá dentadas e mastiga os alimentos mais duros. Sinais de fome: aponta ou pega alimentos, fica excitada quando vê o alimento. Sinais de saciedade: come mais devagar, fecha a boca ou empurra o alimento. Fica com a comida parada na boca sem engolir. Fonte: Brasil, 2019. Recomendações: » a criança deve ser encorajada a pegar os alimentos com as mãos, estimulando o movimento de pinça e cortar os alimentos com os dentes da frente, estimulando assim o desenvolvimento da mandíbula; » mantém-se a mesma quantidade de refeições: almoço, jantar e dois lanches com frutas; » a criança deve continuar a receber o leite materno; » a consistência dos alimentos já pode ser apenas picada e as carnes podem ser desfiadas; » a quantidade é um pouco maior do que aos 7-8 meses, 4 a 5 colheres de sopa no total, lembrando que é uma referência, e esta não deve ser rígida. 23 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV Entre 1 a 2 anos de idade Esse é um momento de grandes mudanças, dentre elas a redução da velocidade do ganho de peso. No primeiro ano de vida, a criança triplica de peso; dos 12 aos 24 meses, ganha bem menos (entre 2,5 a 3 kg ao longo de todo o ano). Além disso, ela aprende a andar e está mais atenta e curiosa com o ambienteao seu redor, fazendo com que o momento da refeição se torne menos interessante. Nesse período, ela aprende a falar e já consegue pedir os alimentos de sua preferência, controla melhor os movimentos com a colher e segura o copo com as duas mãos, desenvolvendo a capacidade de comer sozinha; surgem novos dentes e a capacidade de triturar os alimentos sólidos fica bem desenvolvida. No decorrer do segundo ano de vida, a resistência para experimentar novos alimentos ou recusa alimentar podem surgir por parte da criança, mas essa aceitação pode melhorar com a oferta repetida ou com a modificação das formas de preparo. Por causa dessas alterações, é comum a família achar que a criança não está comendo direito, ficar preocupada e começar a usar alternativas como ameaças, chantagens e dar com mais frequência os alimentos que a criança gosta para que coma mais. As distrações como TV, tablet, celular etc. também ocorrem. Nessa fase, a criança tem mais interações, seja na escola, seja em festas e passeios, o que pode ser favorável à oferta de guloseimas, como doces, balas, pirulitos e chocolates. Para evitar essa situação, uma boa estratégia é levar de casa opções como frutas ou outro alimento que a criança goste e oferecê-lo no lugar das guloseimas. Tabela 11. Desenvolvimento e sinais de fome e saciedade da criança entre 1 e 2 anos de idade. Aspectos do desenvolvimento infantil relacionados com a alimentação Sinais de fome e de saciedade mais comuns Anda com algum ou nenhum auxílio. Come com colher. Segura o copo com ambas as mãos. Os dentes molares começam a aparecer. Apresenta maior habilidade para mastigar. Sinais de fome: combina palavras e gestos para expressar vontade por alimentos específicos, leva a pessoa que cuida ao local onde os alimentos estão, aponta para eles. Sinais de saciedade: balança a cabeça, diz que não quer, sai da mesa, brinca com o alimento, joga-o longe. Fonte: Brasil, 2019. 24 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Recomendações: » além do leite materno, a criança recebe cinco refeições ao dia, café da manhã, almoço, jantar e dois lanches; » no lanche da tarde, em alguns dias, a fruta pode ser substituída por um alimento do grupo de raízes, tubérculos (mandioca, batata, batata-doce, inhame, milho verde cozido) ou do grupo dos cereais, como pão (caseiro ou francês); » o leite materno deve ser mantido, não havendo necessidade de introdução de fórmulas ou leite de vaca. Os derivados do leite de vaca, como queijos, coalhadas e iogurtes, podem ser introduzidos nesse momento, e o leite de vaca in natura pode estar presente em preparações caseiras; » alimentos em pedaços maiores e na mesma consistência da família devem ser ofertados na quantidade estimada de 5 a 6 colheres de sopa; » a criança deve ser estimulada a comer sozinha, em local tranquilo, sem distrações; » deve-se manter e aumentar a variedade de alimentos ofertados a elas. A alimentação de crianças vegetarianas se difere por se tratar de um regime alimentar que exclui alimentos de origem animal, principalmente as carnes e, em alguns casos, o ovo e o leite. A alimentação vegetariana é classificada de acordo com o alimento consumido, sendo: » ovolacteovegetariano: exclusão das carne e utilização de ovos, leite e latícinios na sua alimentação; » lactovegetariano: exclusão das carnes e ovos e utilização de leite e laticínios na sua alimentação; » ovovegetarianos: exclusão das carnes, leite e laticínios e utilização de ovos na sua alimentação; » vegetarianos estritos: exclusão de carnes, leite, laticínios e ovos na alimentação; » veganos: não utilizam nenhum produto de origem animal na sua alimentação ou qualquer produto que gere exploração e/ou sofrimento animal. 25 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV Assim como as demais crianças, a recomendação é de que a criança vegetariana seja amamentada até dois anos ou mais, o que suprirá a necessidade de cálcio. A outra parte deverá vir de origem vegetal, como espinafre, brócolis, couve, bertalha, alho-poró, tofu e amêndoa. Como existe a restrição dos alimentos do grupo das carnes e em alguns casos também o ovo, a atenção na combinação dos alimentos deverá ser redobrada para garantir a quantidade necessária dos nutrientes, especialmente proteínas, ferro e cálcio. O grupo das leguminosas e ao menos um vegetal folhoso verde-escuro devem sempre estar presentes no almoço e jantar. Nos primeiros seis meses, não se recomendam as bebidas vegetais, como de amêndoa, coco, aveia, gergelim, arroz, dentre outras, pois, além de serem consideradas ultraprocessadas (as que são comercializadas prontas), elas não suprem as necessidades nutricionais do bebê e podem trazer riscos ao crescimento e desenvolvimento da criança. Após os seis meses de idade, essas bebidas poderão ser incluídas na alimentação da criança. É fundamental que a criança com alimentação vegetariana seja acompanhada por um profissional da saúde que monitore seu crescimento e desenvolvimento, orientando a respeito da suplementação de vitaminas e minerais, principalmente a vitamina B12, uma vez que suas fontes são alimentos de origem animal. Alimentação da criança não amamentada Existem momentos e particularidades em que a oferta de outro alimento, diferente do leite materno, é necessária antes dos seis meses: motivo de doença, condições da criança ou materna, ou quando há uso de medicamentos específicos que podem passar pelo leite materno e afetar a criança. Há casos de mães que adotam uma criança e desejam amamentar. Existem técnicas específicas para esses casos e elas devem ser orientadas a procurar o banco de leite mais próximo para implementá-las. A fórmula infantil é classificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como um alimento para fins especiais e representa a melhor alternativa para a alimentação de crianças não amamentadas ou parcialmente amamentadas. 26 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR A fórmula infantil é fabricada a partir de um processo que modifica o leite de vaca, alternando composição e qualidade de proteínas, sódio, gorduras, açúcares, vitaminas e minerais, buscando elaborar um produto compatível com a maturidade do organismo de crianças pequenas e que atenda às suas necessidades nutricionais. O cuidador deve ser orientado a seguir a forma correta de diluição indicada no rótulo do produto para evitar prejuízos ao crescimento da criança, ou seja, pouco ganho de peso, caso seja oferecida menor quantidade de fórmula do que o necessário, ou ganho de peso excessivo, caso seja oferecida uma quantidade de pó maior do que a recomendada. Existem vários tipos de fórmulas infantis, algumas com especificações destinadas às crianças que tenham necessidades alimentares especiais, por exemplo, alergia à proteína do leite de vaca. Atenção aos compostos lácteos, que contêm aditivos alimentares e açúcares. Eles não devem ser oferecidos às crianças menores de dois anos de idade. A introdução de alimentos para a criança que recebe a fórmula deve ocorrer após os seis meses, tanto alimentos quanto água. Segundo o guia alimentar para a população brasileira, que leva muito em conta as questões financeiras do público mais carente, a recomendação é de que o leite de vaca pode ser ofertado após os nove meses. Reiterando: a SBP recomenda que o leite de vaca não deve ser intoruzido na alimentação da criança no primeiro ano de vida, pelo excesso de proteína, sódio, potássio e cloro, pela falta de vitaminas, ferro e ácidos graxos poli-insaturados de cadeias longas (L-PUFAS que são precursoras do ômega 3 e 6). As recomendações de introdução alimentar são parecidas com as de uma criança amamentada com leite materno; o que modifica é a indicação da frequência da fórmula infantil substituta do leite materno. 6 a 7 meses Café da manhã – fórmula infantil. Lanche da manhã – fruta. Almoço – papa salgada. Lanche da tarde – frutae fórmula infantil. 27 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV Entre o lanche e a ceia – fórmula infantil. Ceia – fórmula infantil. 7 a 8 meses Café da manhã – fórmula infantil. Lanche da manhã – fruta. Almoço – papa salgada. Lanche da tarde – fruta e fórmula infantil. Jantar – papa salgada. Ceia – fórmula infantil. 9 a 11 meses Café da manhã – fórmula infantil. Lanche da manhã – fruta. Almoço – alimentos menos amassados ou picados, até chegar à consistência da refeição da família. Lanche da tarde – fruta e fórmula infantil. Jantar – alimentos menos amassados ou picados, até chegar à consistência da refeição da família. Ceia – fórmula infantil. 1 a 2 anos Café da manhã – leite de vaca integral e fruta ou cereais (pão, aveia, cuscuz de milho etc.) ou raízes/tubérculos (aimpim/macaxeira, batata-doce, inhame etc.). Lanche da manhã – fruta. Almoço – refeição da família. Lanche da tarde – leite de vaca integral, fruta ou cereais (pão, aveia, cuscuz de milho etc.) ou raízes/tubérculos (aimpim/macaxeira, batata-doce, inhame etc.). 28 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Jantar – refeição da família. Ceia – leite de vaca integral. O desmame O desmame natural proporciona transição mais tranquila, menos estressante para a mãe e para a criança, preenchendo as necessidades desta última nos aspectos fisiológicos, imunológicos e psicológicos, até que ela esteja madura para tal; ademais, teoricamente, fortalece a relação mãe e filho. Deve-se desencorajar o desmame abrupto. Esse tipo de procedimento pode gerar insegurança na criança, fazendo com que ela se sinta rejeitada e, muitas vezes, fique rebelde se não estiver pronta para isso. Na mãe, o desmame abrupto pode precipitar ingurgitamento mamário, estase do leite e mastite, além de tristeza, depressão ou luto pela perda da amamentação ou por mudanças hormonais (BRASIL, 2015). Existem diferenças em autodesmame natural e a chamada “greve de amamentação” do bebê. Esta última ocorre principalmente em crianças menores de um ano, é de início súbito e inesperado. A criança parece insatisfeita e, em geral, é possível identificar uma causa: doença, dentição, diminuição do volume ou sabor do leite, estresse e excesso de mamadeira ou chupeta. Essa condição usualmente não dura mais que dois a quatro dias. 29 CAPÍTULO 2 MÉTODO BLW: INTRODUÇÃO ALIMENTAR Nos últimos 15 anos (aproximadamente), uma abordagem alternativa conhecida como Baby-Led Weaning (BLW) – desmame liderado pelo bebê – cresceu em popularidade, particularmente no Reino Unido e na Nova Zelândia e, mais recentemente, também em outros países, como o Brasil. O termo Baby-Led Weaning foi cunhado por Gill Rapley em 2008. O BLW é um método alternativo de alimentação infantil que promove a autoalimentação da criança a partir dos seis meses de idade, em vez da alimentação convencional pelos pais. Embora o BLW não seja especialmente mencionado nas recomendações da OMS, ele está se tornando mais popular. As principais características do BLW são que os bebês participam das refeições da família e lhes são oferecidos alimentos integrais (tamanho do punho do bebê), para que eles se alimentem desde o início da alimentação complementar, por volta dos seis meses de idade. Isso significa que, embora os pais ofereçam alimentos, a própria criança controla o processo de desmame (portanto, o termo “liderado por bebês”): os bebês decidem qual alimento oferecido comer, quanto e com que rapidez comer. O termo sublinha o fato de que o bebê é um parceiro ativo no processo de alimentação e não um destinatário passivo para se encher com alimentos. Em contraste com o modelo tradicional, o BLW é considerado uma alternativa que incentiva a autoalimentação após o sexto mês de vida, já que os alimentos, preferencialmente aqueles consumidos pela família, são oferecidos ao bebê, como petiscos, permitindo que a criança se alimente sozinha, promovendo sua independência e uma intensa exploração sensorial, diferentemente do método tradicional, no qual os pais oferecem os alimentos em colher (consistência amassada com a evolução da textura dos alimentos). Esse método está ganhando popularidade entre os pais, principalmente porque os departamentos de saúde recomendam oferecer comidas desde o início da introdução dos alimentos e após o sétimo mês, respectivamente. O BLW também pode ser definido como desmame automático, o que significa oferecer refeições familiares picadas aos bebês. Enquanto no desmame tradicional são oferecidos alimentos para bebês na consistência de purês, que geralmente são compostos de vários ingredientes, no desmame conduzido pelo bebê, uma variedade de alimentos selecionados é oferecida a ele. 30 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Na primeira abordagem, os gostos dos alimentos únicos são misturados e a criança nem sempre é capaz de diferenciá-los; por outro lado, a abordagem BLW pode fornecer um aprendizado precoce e mais estável sobre as capacidades saciantes dos alimentos e, portanto, pode permitir melhor capacidade de resposta à saciedade. O BLW parece estar associado a outros aspectos positivos, como menor ansiedade e controle materno durante o período de desmame, mas esse ponto é controverso. Na última década, várias peças científicas de pesquisa e livros sobre BLW foram traduzidos para mais de 15 idiomas. No entanto, apesar dos benefícios divulgados sobre o método, os profissionais de saúde relutam em aconselhar a adoção dessa nova abordagem, dada a falta de evidências de alto rigor científico e possível impacto negativo na saúde da criança: maior risco de engasgo e asfixia; maior probabilidade de baixa ingestão energética; e consumo de micronutrientes (principalmente ferro), uma vez que a criança determina a quantidade e a qualidade dos alimentos ingeridos, escolhendo entre as várias opções que lhe são apresentadas nas refeições. A abordagem oferece também vários benefícios, como a prevenção da obesidade, por respeitar a autorregulação, maior consumo de frutas e vegetais, melhor desenvolvimento das habilidades motoras e efeitos positivos no comportamento dos pais. A criança é incentivada a participar de refeições em família, sem pressão quanto ao tempo e à quantidade de alimentos consumidos, e a interagir com os alimentos, explorando amplamente os aspectos sensoriais por meio de diferentes texturas, criando consequentemente melhor relacionamento com os alimentos. Uma revisão recente constatou que muitas mães usam alimentos para influenciar o crescimento, a satisfação e o sono do bebê. Elas optam pela facilidade de alimentação em detrimento das recomendações de alimentação infantil. Autorregulação Em estudo prospectivo, 14 bebês alimentados pelo método BLW demonstraram significativamente mais sensibilidade à saciedade e autonomia (p <0,01) quando comparados aos bebês alimentados da maneira tradicional (GOMEZ et al., 2020). Os supracitados autores, em outro estudo transversal, com uma amostra de 702 díades mãe-bebê, identificaram que as mães que seguiram o modelo BLW não pressionaram tanto os filhos durante as refeições e estavam menos preocupadas com o peso deles. Ademais, não interferiram diretamente 31 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV na quantidade de alimentos consumidos, o que consequentemente promoveu a autorregulação do apetite e da saciedade. Os autores sugerem o método BLW como padrão para alimentação complementar, uma vez que o autoconhecimento de saciedade e apetite contribui para um padrão alimentar e comportamental saudável no futuro (GOMEZ et al., 2020). Macro e micronutrientes Quatro estudos abordaram a ingestão de macro e micronutrientes no BLW, considerando as preocupações com o consumo adequado de ferro e energia. Destacaram um deficit na ingestão de ferro entre os bebês que seguem estritamente o BLW no início da introdução dos alimentos, quando comparados às crianças cujos pais não aderiram apenas ao métodoou que adotaram a alimentação tradicional. Segundo os autores, os pais que praticam o BLW priorizam a amamentação por até seis meses, esperando que o bebê esteja pronto para começar a se alimentar (alimentação complementar); no entanto, eles colocam em risco o consumo de alimentos ricos em ferro (SBP, 2017). A ingestão de zinco, ferro, vitamina B12, vitamina C, fibra e cálcio também foi menor no grupo de crianças alimentadas pelo método BLW, embora as diferenças não tenham sido significativas. Segundo os autores, a ingestão de ferro pode ser comprometida pela ênfase no aleitamento materno, pois a composição de ferro no leite materno diminui após o sexto mês, quando comparada às fórmulas fortificadas. O consumo de vitamina C e cálcio foi menor do que o observado no grupo tradicional, porém acima do recomendado para a faixa etária. Quanto às fibras, não há recomendações para bebês. Os autores também enfatizam o alto consumo de gordura resultante da ingestão de alimentos em conjunto, arriscando o consumo de alimentos não adequados nutricionalmente para a faixa etária. No entanto, os estudiosos reforçam os benefícios do compartilhamento de refeições em família quando os alimentos são adequados em termos de qualidade dos nutrientes. Outros pesquisadores identificaram um aumento significativo na ingestão de carboidratos entre os bebês com BLW quando comparados ao grupo alimentado com colher. Os bebês que seguem essa abordagem tiveram maior preferência por cereais da parte inferior da pirâmide alimentar, provavelmente porque eram mais fáceis de mastigar. Por outro lado, o grupo tradicional mostrou preferência por doces, sugerindo que o método BLW promove uma alimentação saudável (GOMEZ et al., 2020). 32 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Peso Vários autores associam a abordagem BLW ao ganho de peso no bebê. Para isso, foi realizado um estudo com 298 díades mãe-bebê, avaliando o peso do bebê em três momentos: ao nascer, aos seis meses e atual. A idade média das crianças foi de 8,34 meses. Esse estudo identificou que os bebês alimentados com colher eram significativamente mais pesados do que os do grupo BLW (p = 0,005). Essa relação não dependia do peso ao nascer, duração do aleitamento materno, idade de introdução de alimentos sólidos e controle materno. O grupo BLW compreendeu 86,5% de peso normal, 8,1% de excesso de peso e 5,4% de crianças com baixo peso. Por outro lado, o grupo de alimentação tradicional tinha 78,3% de peso normal, 19,2% de excesso de peso e 2,5% de crianças com baixo peso, ou seja, esse grupo apresentava porcentagem maior de bebês com excesso de peso. O peso ao nascer, aos seis meses e o atual não foram significativamente relacionados à saciedade da criança ou à capacidade de autorregulação. Corroborando esses achados, outros autores avaliaram o índice de massa corporal (IMC) de 155 crianças que seguiram BLW e alimentação tradicional (com colher). O percentil médio no grupo BLW estava perto do esperado (50º percentil), de acordo com os sistemas de classificação do National Heath Service (NHS) (curvas de crescimento no Reino Unido) (p <0,008) e do Center of Disease Control (CDC) (curvas de crescimento nos Estados Unidos) (p <0,005). Por outro lado, o percentil médio no grupo alimentado com colher foi considerado acima do peso. Assim, a incidência de crianças obesas foi maior no grupo alimentado com colher em comparação ao grupo BLW. O grupo BLW também teve prevalência significativa e maior de crianças abaixo do peso em comparação ao grupo alimentado com colher (teste exato de Fisher: p = 0,02). Portanto, esses estudiosos defendem a ideia de que o BLW promove escolhas alimentares mais saudáveis durante a infância, protegendo as crianças contra a obesidade (GOMEZ et al., 2020). Em contraste com os referidos achados, outros autores realizaram ensaio clínico randomizado com 166 crianças e não encontraram diferenças estatísticas entre o IMC e a autorregulação energética naquelas que seguem BLW quando comparadas àquelas do grupo de alimentação tradicional. Assim, são necessários mais estudos prospectivos controlados para confirmar se o método BLW interfere no ganho de peso. 33 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV Asfixia A asfixia é um dos tópicos que cria mais incerteza entre as famílias e os profissionais de saúde quando as crianças são alimentadas pelo modelo BLW. Em estudo relalizado com 1.151 crianças, não foram encontradas associações significativas entre o método de alimentação, a frequência de uso da colher (para os que seguem um modelo adaptado) e a asfixia. No entanto, em bebês cujos pais aderiram a uma abordagem tradicional, relatou-se asfixia e um número significativamente maior de episódios com petiscos (p = 0,014) e purês (p = 0,002) do que os do grupo BLW. Outros autores realizaram comparação entre dois grupos: um grupo exclusivo de BLW e outro que seguiu a Baby-Led Introduction to Solids (BLISS) considerando uma adaptação do BLW diante das preocupações com a ingestão de micro e macronutrientes e asfixia. Os estudiosos não identificaram diferenças estatísticas; no entanto o grupo BLISS apresentou menor probabilidade de oferecer alimentos com alto risco de asfixia (3,24 versus 0,17 porções/dia; p = 0,027). Esses dados corroboram os achados de outros autores. O último acrescenta que os bebês que seguem a abordagem BLISS se engasgaram com mais frequência aos seis meses de idade [risco relativo (RR) 1,56; intervalo de confiança de 95% (IC95%) 1,13-2,17], mas com menor frequência aos oito meses (RR = 0,60; IC95% 0,42-0,87), quando comparado ao grupo controle – bebês em alimentação tradicional. Apesar da necessidade de mais estudos, esses achados colocam em risco a prática do BLW, pois expõe a criança a possíveis choques e asfixia. Duração da amamentação Poucos artigos discutem a relação entre BLW e a duração do aleitamento materno. Em uma pesquisa com 3.607 participantes, os autores verificaram que o conhecimento sobre as diretrizes de BLW esteve associado ao aleitamento materno exclusivo por um período mais longo (independentemente de fatores demográficos: p <0,001); contudo, 80% das mães interromperam a amamentação exclusiva antes de o bebê atingir 24 semanas de vida e 65% antes de 17 semanas, apesar de estarem cientes das orientações. A idade materna jovem foi um fator significativo para o desmame precoce (p = 0,014). 34 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Esses dados reforçam os achados de outro estudo. Eles indicam uma duração significativamente mais longa do aleitamento materno exclusivo entre as mães que adotaram práticas de BLW em comparação com as que aderiram ao método tradicional (p <0,001; 127,36 dias para BLW versus 82,11 para o método tradicional). Apesar da necessidade de estudos mais extensos, esses dados sugerem a maior duração potencial da amamentação entre aqueles que seguem o modelo BLW. O BLW favorece positivamente as refeições compartilhadas pela família, a saciedade do bebê e o controle materno em relação à ansiedade sobre a quantidade de comida consumida; promove mais exposição a maior variedade de alimentos; cria interação mais alta com a comida, permitindo exploração de diferentes texturas; e inicia a introdução de alimentos na idade apropriada, conforme sugerido pela SBP, OMS e Diretrizes Dietéticas para crianças menores de dois anos, do Ministério da Saúde. Os principais recursos do BLW são: » alimentação com leite materno – idealmente, o bebê será amamentado exclusivamente até os seis meses de idade, embora se reconheça que alguns bebês serão alimentados com fórmula (na impossibilidade do aleitamento materno). Quando a alimentação complementar começa (quando a criança está pronta, por volta dos seis meses de idade), a criança continua a receber mamadeiras (leite materno ou fórmula infantil) sob demanda; » guiado pelo bebê– o bebê se autoalimenta desde o início do período de alimentação complementar. De modo geral, os alimentos tipo puré não são consumidos porque precisam de colher e também de alguém que não seja o bebê. Algumas famílias podem oferecer utensílios para as crianças a fim de que possam se alimentar com papas ou alimentos com consistência fina (por exemplo, iogurte e creme), mas isso é improvável nos primeiros meses por razões de desenvolvimento; » alimentos para a família – o bebê recebe os mesmos alimentos que a família, mas com tamanho diferenciado. Os alimentos são cortados em tamanho de salgadinhos grandes, como petiscos, o suficiente para serem recolhidos com as mãos e consumidos. Essas “peças” de alimentos podem ficar menores com o aumento da idade do desenvolvimento; » horário das refeições – juntamente com a família (no mesmo horário). 35 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV O Método BLISS (Baby-Led Introduction to Solids) foi uma adaptação do método original BLW para oferecer melhor qualidade da alimentação (preocupação com o baixo consumo de energia e ferro) e reduzir os riscos de engasgos. As características do método BLISS são: » alimentos cortados em pedaços grandes, que o lactente consiga pegar sozinho, seguindo a mesma abordagem do BLW; » um alimento rico em ferro em cada refeição; » um alimento com alta densidade energética em cada refeição; » oferecer o alimento preparado de forma adequada ao estágio de desenvolvimento, para reduzir risco de engasgo (deve-se evitar alimentos listados como alto risco de engasgo); » evitar alimentos com alto risco de aspiração; » o cuidador deverá experimentar o alimento para verificar se não forma bolo dentro da cavidade oral; » evitar oferecer alimentos redondos ou em formato de moedas, que podem obstruir a garganta; » a criança deverá ser alimentada sentada, de forma ereta, sob supervisão contínua de um adulto. Considerando esses achados, e de acordo com a avaliação da SBP, o BLW não pode ser recomendado como o único método de alimentação complementar. A combinação dos dois métodos, BLW e tradicional, poderia levar a um modelo de alimentação que possibilite a autonomia do bebê, com participação mais ativa durante as refeições, porém orientada e assistida pelos pais, o que seria uma alternativa segura para o desenvolvimento integral do bebê. 36 CAPÍTULO 3 ALIMENTAÇÃO DO PRÉ-ESCOLAR E DO ESCOLAR: ASPECTOS GERAIS Nos dois primeiros anos de vida, o crescimento é intenso, seguido de redução gradativa do primeiro para o segundo ano. Após os dois anos, a velocidade de crescimento se estabiliza e, com a adolescência, há novamente aumento no ritmo de crescimento O período denominado pré-escolar compreende entre dois e seis anos de idade. Esse período é considerado crítico na vida da criança, pois se torna necessária e importante a sedimentação de hábitos, incluindo os alimentares. Na fase pré-escolar, a criança apresenta ritmo de crescimento regular e inferior ao lactente. A velocidade de crescimento estatural e de ganho de peso é menor do que nos dois primeiros anos de vida, com consequente declínio nas necessidades nutricionais e no apetite. Muitas vezes, por desconhecimento, os familiares atribuem esse fato a uma doença e não a um fator fisiológico, chegando à consulta pediátrica com a queixa de inapetência (SILVA; MURA, 2011). Nessa fase, as crianças tendem a comer com menos frequência durante o dia, diminuem o consumo de vegetais e carnes, têm preferência por doces e guloseimas, prolongam bastante as refeições e se distraem com facilidade. O comportamento da criança torna-se imprevisível e variável, que pode ser grande em alguns momentos e nula em outros; algumas vezes, ela pode aceitar o alimento, e haverá outras situações que ela não aceita de forma alguma o mesmo alimento. Se nesse momento os pais ficarem angustiados e tomarem medidas coercitivas e não entenderem que esse é um período transitório, poderão gerar na criança um distúrbio alimentar real, que pode perdurar em fases posteriores. A reação dos pais é muito importante na formação do hábito alimentar da criança e, por isso, é muito importante que tenham conhecimento sobre alguns aspectos da evolução do comportamento alimentar infantil nessa fase. » O apetite é momentâneo, variável e depende de vários fatores, como condição física e emocional, idade, temperatura ambiente, ingestão de alimentos na refeição anterior. A criança quando está muito cansada, ou muito agitada, ou superestimulada com brincadeiras pode recusar a alimentação. As influências climáticas podem também interferir na alimentação da criança. Em dias mais quentes, pode-se comer menos do que em dias mais frios. 37 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV » Os amigos e a mídia passam a exercer influência nos hábitos alimentares da criança. » A neofobia alimentar, que é classificada pela dificuldade da criança em aceitar novos alimentos ou desconhecidos, pode ser apresentada. Nesses casos, a criança se nega a experimentar qualquer tipo de alimento que não faça parte de suas preferências alimentares. Para auxiliá-la na mudança desse comportamento, é importante que o alimento novo seja ofertado de oito a dez vezes, mesmo sendo em quantidades mínimas, isso justamente para que a criança comece a conhecer o alimento. Geralmente, quanto mais neofóbica a criança for, mais os pais tendem a usar persuasão, recompensa, contingência e preparos especiais para ela. » O apetite da criança pode diminuir, caso a ingestão calórica seja maior na refeição anterior. » A criança, na maioria das vezes, preferirá sabores mais doces e muito calóricos. Isso ocorre porque o sabor doce é inato ao ser humano e, portanto, não precisa ser aprendido como os outros demais sabores. Esse aprendizado será influenciado pela socialização alimentar da criança e depende, em grande parte, dos padrões da cultura alimentar e do grupo social ao qual ela pertence. Cabe aos pais orientar o que consumir e a quantidade ofertada de açúcar por dia, que não deverá ultrapassar as recomendações para a faixa etária. Os sentidos (visão, tato, odor) da criança em idade pré-escolar devem ser estimulados, mas é fundamental que a ela experimente diferentes alimentos, mesmo que em pequenas quantidades, para que, aos poucos, comece a aceitar maiores quantidades desse alimento. A exposição frequente do alimento em diferentes preparações contribui para a redução da neofobia. » A criança deve ser respeitada na alimentação, como a quantidade para que se sinta satisfeita, nas preferências e aversões e na escolha do modo (utensílio) que o alimento lhe é oferecido. Os pais determinam o que, onde e como a criança deve ser alimentar. » A criança tem mecanismos internos de saciedade que determinam a quantidade de alimentos de que necessita. É importante que os pais ou cuidadores identifiquem esses sinais e evitem “forçar” a criança a comer mais. » Se mesmo após a criança ter feito toda a experimentação com novos alimentos e ainda não aceitar algum, tendo-o provado da forma recomendada, com 38 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR repetições e mudanças no preparo, é aconselhado que esse alimento seja substituído. Caso o alimento reprovado seja imprescindível para a criança, recomenda-se que ele seja associado com alimentos de preferência. » A alimentação ou recusa alimentar pode ser um mecanismo para chamar a atenção e expressar que existe algum conflito nas relações familiares e na relação mãe-filho ou cuidador-criança. Os cuidadores devem ter atenção a essas situações. Os conflitos não devem ser tratados na hora da alimentação; não fazer o uso do alimento para negociações e resoluções de problemas. » Deve-se evitar comportamentos de ameaças, chantagens, subornos, punições ou castigos e recompensas para que a criança coma. A maneira como os pais reagem quando a criança rejeita algum tipo de alimento podeimpactar positiva ou negativamente na qualidade e quantidade da alimentação. » A alimentação deve ser um momento lúdico, em que a criança seja ativa nas refeições com a família, no preparo de alimentos, sendo estimulada pela curiosidade sobre aromas, texturas, cores e sabores dos alimentos. O fato de ela poder se alimentar sozinha, sem a coerção de um adulto, é uma excelente estratégia para bons hábitos alimentares. Picky/fussy eating é o termo utilizado para definir como o consumo de uma variedade ou quantidade inadequada de alimentos pela rejeição de uma quantidade substancial de alimentos familiares e não familiares. Em português, o termo Picky/fussy eating traz o significado da seletividade e exigência no ato do comer, podendo haver inquietação. No entanto, as definições de picky/fussy eating variam amplamente entre os estudos e uma definição operacional de agitação na alimentação não existe. Da mesma forma, as medidas de seletividade na alimentação variam consideravelmente, resultando em relatórios inconsistentes da prevalência de comportamentos alterados e exigentes na alimentação, variando de 5,6 a 59%. Uma metanálise recente de seletividade em crianças com mais de 30 meses de idade estimou a prevalência em 22%. Embora o consumo excessivo de alimentos seja relatado com pico na primeira infância, a trajetória de desenvolvimento do consumo excessivo de alimentos é amplamente desconhecida. Apesar das inconsistências na definição e mensuração da seletividade, ela tem sido associada ao estresse e conflito da família nas refeições, bem como a altos níveis de preocupação e frustração dos pais. Picky/fussy eating e neofobia 39 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV alimentar também têm sido associados à ansiedade infantil e a sentimentos de repulsa. Os riscos à saúde associados à alimentação exigente são geralmente baixos; no entanto, os picky/fussy eating (seletivos) tendem a ter menor consumo de vitamina E, vitamina C, folato e fibra, o que pode levar a uma fraca resposta imune e problemas digestivos. Outros estudos também evidenciaram a deficiência de ferro, vitamina A, zinco, cálcio e vitamina D, além de alto consumo de sódio. Com base nas percepções dos pais, foi proposto em dez estudos que fussy eating é um termo genérico que descreve a rejeição de um ou mais itens alimentares, a ingestão ou variedade limitada de alimentos e/ou mudanças frequentes nas preferências alimentares devido a novidade, sensibilidade sensorial, contexto/apresentação dos alimentos, temperamento/personalidade, idade/estágio de desenvolvimento e/ou preferências alimentares aprendidas e genéticas O acompanhamento da curva de crescimento é essencial para avaliar a adequação alimentar da criança nessa faixa etária (WEFFORT; LAMOUNIER, 2017). A faixa etária escolar corresponde a crianças com idades entre sete e dez anos. Nesse período, ocorre maior atividade física e o ritmo de crescimento torna-se lento e constante: sendo maior em membros inferiores que na região do tronco, com ganho mais acentuado de peso próximo ao estirão da adolescência. A dentição permanente inicia-se nessa fase. Bons hábitos de saúde, relacionados à alimentação e higiene, devem ser reforçados a fim de prevenir a ocorrência de cáries dentárias (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2010). Além disso, existem pequenas diferenças entre os sexos quanto à composição corporal. Meninos apresentam maior massa magra que meninas. Após os sete anos de idade, ocorre aumento de tecido adiposo em ambos os sexos, como preparo para o estirão puberal. Em relação ao desenvolvimento, o escolar apresenta maior maturidade nos aspectos psicomotor, emocional, social e cognitivo. As atividades diárias, incluindo as culturais, de crescimento pessoal, desportivas e de recreação, acompanham a vida escolar. Além da grande importância da família, a escola passa a desempenhar papel de destaque na manutenção da saúde física e psíquica da criança (WEFFORT; LAMOUNIER, 2017). Algumas recomendações são necessárias para que a conduta alimentar da criança seja saudável e a formação de hábitos, adequada. » Deve-se ofertar as refeições em horários fixos diariamente, com intervalos para que a criança tenha fome na próxima refeição. Isso pode variar entre 40 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR duas e três horas, dependendo da criança. Um dos maiores erros cometidos é oferecer ou deixar a crianças se alimentar sempre que deseja. » Nessa fase, o esquema alimentar deve ser composto por cinco ou seis refeições: café da manhã, lanche, almoço, lanche, jantar e ceia. » Um tempo de duração da refeição deve ser estabelecido; se nesse período a criança não aceitar todos os alimentos, a refeição programada deverá ser encerrada e apenas na próxima será oferecido algum alimento. » A proporção do prato e o tamanho das porções devem estar de acordo com o grau de aceitação da criança. O que ocorre com certa frequência é a mãe, por precaução, servir uma quantidade maior do que a criança consegue ingerir. O ideal é servir proporcional e perguntar se ela deseja mais. A criança não deve ser obrigada a comer tudo que está no prato. » A sobremesa deve ser servida como uma preparação da refeição, jamais como uma recompensa ao consumo de demais alimentos. Para a sobremesa, dê preferência a frutas. » Sucos, água e refrigerantes no momento da refeição vão distender o estômago, dando sinal de saciedade precocemente, o que favorece o baixo consumo alimentar da criança. O ideal, se necessário, e de preferência água, é oferecer após a refeição: › sucos (limitados a no máximo 120 ml/dia para crianças de 2 a 3 anos; 175 ml/dia de 4 a 6 anos; e 250 ml/dia de 7 a 18 anos); › refrigerantes devem ter seu consumo evitado, pois, além do prejuízo à saúde, podem reduzir ou substituir o consumo de leite e água; refrigerante: xarope de milho rico em frutose (55% frutose e 45% glicose). a frutose não suprime a grelina; frutose é convertida no fígado a acetilCoA, cujo acúmulo promove: • aumento da malonil CoA (tóxico para as células beta pancreáticas); • aumento dos ácidos graxos livres; • aumento da gordura hepática; • aumento do LDL-col e TG; • aumento da resistência insulínica. 41 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV › refrigerante tipo cola: • presença da cafeína (aumenta a diurese) + sódio (50 mg/lata): favorecendo o aumento da sede, que consequentemente aumenta seu consumo; • presença de ácido fosfórico, que pode causar a desmineralização óssea e dentária, além de favorecer o aumento da excreção urinária de cálcio, aumentado, assim, o risco de doenças ósseas futuras. › refrigerantes e água carbonatadas: • promove aumento da excreção urinária de cálcio. » Guloseimas (salgadinhos, balas e doces) devem ser evitados, mas uma atitude radical e de proibição pode gerar maior interesse da criança por eles. É importante nesse momento que os pais orientem a criança sobre os prejuízos que podem causar e que também tenham hábitos saudáveis, pois as crianças aprendem por imitação. A frequência e a quantidade acordadas entre os pais e a criança podem ser eficientes para evitar o consumo exagerado. » Compostos lácteos desenvolvidos para a faixa etária, em sua maioria, têm maior quantidade de soro do leite e são enriquecidos com vitaminas e minerais, especialmente ferro, vitamina A, ômega 3 e probióticos, contribuindo com a oferta de nutrientes e minimizando possíveis carências nutricionais. Recomenda-se que esses não contenham frutose, aromatizantes e que tenham redução de sódio e gordura saturada. » A criança deve sentar-se à mesa com a família; ela deve estar confortável e ser estimulada não apenas pela repetição, mas pela influência social. Ela aprenderá com a família, por exemplo, a imitar as preferências e os hábitos alimentares. O ambiente deve ser calmo e sem estímulos de TV. Tablet, celular, computador etc., enfim, nada que a distraia no momentoda refeição. » Os pais devem ser orientados a envolver a criança em tarefas em que haja a alimentação, como escolha de alimentos em feiras/supermercados, e na preparação dos alimentos, sempre com a ajuda de um adulto. » Deve-se sempre haver variedade no tipo e na preparação de alimentos (cores, texturas e formas), pois a monotonia pode provocar na criança desinteresse pela comida. É desaconselhável que a criança somente aceite o alimento se estiver “enfeitado”. 42 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR » Os pais ou quem prepara os alimentos devem ser orientados a limitar a quantidade de gordura (principalmente saturada), sal e açúcar. Segundo a OMS, a sugestão é de até 2g de sal na refeição. » Soja e produtos à base de soja, como bebidas, não devem ser consumidos de forma indiscriminada. O consumo exagerado pode levar à oferta excessiva de proteína, além disso são desconhecidas as consequências em longo prazo da ingestão de fitoestrógenos (presentes na soja) para a saúde reprodutiva e a carcinogênese. » É muito importante ficar atento à qualidade dos ácidos graxos consumidos. Ácidos graxos saturados e trans devem ter seu consumo limitado ou nulo. A alimentação rica em guloseimas, salgadinhos, sorvete de massa (junk food) leva a distúrbios nutricionais a curto, médio e longo prazos, como anemia, desnutrição, hipertensão arterial sistêmica, doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes tipo 2, osteoporose, dentre outras. Ácidos graxos trans são um tipo de gordura natural (ocorrido no lúmen dos animais) ou industrial. Elas estão presentes em biscoito recheado, salgadinhos, bolos, frituras, dentre outros; nos alimentos de origem animal, estão presentes em pequena quantidade (carnes e leite). Em 2003, a Anvisa estabeleceu, em regulamento técnico, normas sobre rotulagem que determinaram a obrigatoriedade da informação total de gorduras trans quando for maior ou igual a 0,2 g na porção e que não se deve consumir mais do que 2 g de gordura trans por dia. É importante não ultrapassar 1% do valor energético total; também se deve ter cuidado com a informação zero gordura trans, o que não significa que não contenha, já que a porção pode ter menos que 0,2 g e a indústria não é obrigada a informar. Um exemplo: bolacha recheada contém 0 g na porção de três bolachas. E para aqueles que comem o pacote todo? Ou que consome outro tipo de alimento que também contém gorduras trans: será que no final do dia não terá consumido além dos 2 g permitidos? Os pais ou cuidadores devem ser orientados a olhar o rótulo: se houver indicação nos ingredientes de gordura vegetal hidrogenada, isso é o mesmo que ácidos graxos trans ou gorduras trans. Atenção também deve ser dada às preparações caseiras; deve-se ter cuidado no exagero de óleos na cocção, consumo frequente de frituras (em substituição a alimentos grelhados ou assados), consumo de carnes com aparas de gordura e pele (no caso de aves, como o frango), uso de bacon 43 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV em quantidades excessivas nas preparações nutritivas, como o feijão, e, por fim, uso de condimentos industrializados com quantidade excessiva de sal. Cuidado deve ser dado igualmente aos embutidos e frios (salsicha, linguiça, presunto, dentre outros), pela quantidade de gordura, excesso de sal e aditivos alimentares. Em contrapartida, deve-se estimular o consumo de ácidos graxos mono e poli-insaturados, principalmente na forma de ômega 3. » Alimentos ricos em ferro, cálcio, vitamina A e D, zinco e fibras devem ser consumidos por serem essenciais nessa fase. A carne deverá ser oferecida em pedaços pequenos e na consistência macia, adequada à idade. Lembre-se de que a criança apenas chupar a carne e consumir o caldo não garante as adequações necessárias de nutriente. As necessidades diárias de proteína e cálcio podem ser atingidas com dois copos de leite e uma porção de carne ou um alimento alternativo como queijo e ovos (SBP, 2018). A ingestão diária recomendada de cálcio para crianças de 1 a 3 anos é de 500 a 700 mg/dia; para crianças de quatro a oito anos, é de 800 a 1000 mg/dia. Deve-se ter atenção a alimentos que possam provocar engasgos. como uva inteira, pedaços grandes de cenoura crua, pipoca, dentre outros Tabela 12. Distribuição de macronutrientes. Nutrientes/idade 1 a 3 anos 4 a 18 anos Proteína 5 a 20% 10 a 30% Lipídios 30 a 40% 25 a 30% Carboidratos 45 a 65% 45 a 65% Fonte: Institute of Medicine – Dietary Reference Intake, 2005. A saúde nutricional na fase pré-escolar e escolar será refletida na adolescência e na vida adulta, sendo, pois, fundamental que sejam atendidas as necessidades nutricionais nessas faixas etárias. A desnutrição pode provocar alterações físicas, funcionais e até anatômicas, com consequências sobre o crescimento e o desenvolvimento da criança, muitas vezes levando à apatia, ao retardo da linguagem, à diminuição da capacidade de concentração e à baixa resposta a estímulos. Nas últimas décadas tem ocorrido o processo de transição nutricional. As mudanças no padrão alimentar e o estilo de vida mais sedentário das 44 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR sociedades ocidentais contribuem para o aumento da prevalência mundial da obesidade, principalmente em crianças. A obesidade está relacionada a alterações metabólicas, como dislipidemia, hipertensão e intolerância à glicose, considerados fatores de risco para o desenvolvimento do Diabetes Melittus tipo 2 e de doenças cardiovasculares (ABRANTES; LAMOUNIER; COLOSIMO, 2002; GUPTA et al., 2012). O foco de preocupação com a alimentação das crianças deixa de ser apenas sobre a desnutrição e passa a ser também sobre a obesidade. Basicamente as recomendações nutricionais para uma dieta equilibrada seguem o guia da pirâmide alimentar (Figura 12, Tabela 13). Nelas, os alimentos estão agrupados em ordem da necessidade de ingestão a partir da base da pirâmide com o objetivo de sustentar o crescimento e o desenvolvimento adequados, além de evitar excessos alimentares. Figura 12. Pirâmide alimentar. Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019. 45 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV Tabela 13. Número de porções diárias recomendadas, de acordo com a faixa etária, por grupo da pirâmide alimentar. Nível pirâmide Grupo alimentar Idade: 6 a 11 meses Idade: 1 a 3 anos Idade pré-escolar e escolar Adolescentes e adultos 1 Cerais, pães, tubérculos e raízes 3 5 5 5 a 9 2 Verduras e legumes 3 3 3 4 a 5 Frutas 3 4 3 4 a 5 3 Leite, queijos e iogurtes (derivados) Leite materno 3 3 3 Carnes e ovos 2 2 2 1 a 2 Feijões (leguminosas) 1 1 1 1 4 Óleos e gorduras 2 2 1 1 a 2 Açúcar e doces 0 1 1 1 a 2 Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019. Quantidade de alimentos que corresponde a uma porção, segundo a SBP (2019). Carboidratos (cerais, pães, tubérculos e raízes) » 2 colheres de sopa de aipim cozido (macaxeira ou mandioca) (48 g), ou arroz branco cozido (62 g), ou aveia em flocos (18 g); » 1 unidade de batata cozida (88 g); » 1/2 unidade de pão tipo francês (25 g); » 3 unidades de biscoito de leite ou tipo “cream craker” (16 g); » 4 unidades de biscoito tipo “maria” ou “maisena” (20 g). Frutas » 1/2 unidade de banana nanica (43 g), ou caqui (50 g), ou fruta do conde (33 g), ou pera (66 g), ou maçã (60 g); » 1 unidade de caju (40 g), ou carambola (110 g), ou kiwi (60 g), ou laranja lima, ou pera (75 g), ou nectarina (69 g), ou pêssego (85 g); » 2 unidades de ameixa preta (15 g) /vermelha (70 g) ou limão (126 g); » 4 gomos de laranja bahia ou seleta (80 g); » 6 gomos de mexerica ou tangerina (84 g); » 9 unidades de morango (115 g). 46 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Hortaliças (verduras e legumes) » 1 colher de sopa de beterraba crua ralada (21 g), ou cenoura crua (20 g), ou chuchu cozido (28 g), ou ervilha fresca (10 g), ou couve-manteiga cozida (21 g); » 2 colheresde sopa de abobrinha (40 g) ou brócolis cozido (27 g); » 2 fatias de beterraba cozida (15 g); » 4 fatias de cenoura cozida (21 g); » 1 unidade de ervilha torta ou vagem (5 g); » 8 folhas de alface (64 g). Leguminosas (feijões) » 1 colher de sopa de feijão cozido (26 g), ou ervilha seca cozida (24 g), ou grão-de-bico cozido (12 g); » 1/2 colher de sopa de feijão branco cozido (16 g), ou lentilha cozida, ou soja cozida (18 g); Carnes em geral e ovos » 1/2 unidade de bife bovino grelhado (21 g), ou filé de frango grelhado (33 g), ou omelete simples (25 g), ou ovo frito (25 g), ou sobrecoxa de frango cozida (37 g), ou hambúrguer (45 g); » 1 unidade de espetinho de carne (31 g), ou ovo cozido (50 g), ou moela (27 g); » 2 unidades de coração de frango (40 g); » 1/2 fatia de carne bovina cozida ou assada (26 g); » 2 colheres de sopa rasas de carne bovina moída refogada (30 g). Leite e derivados » 1 xícara de chá de leite fluido (182 g); » 1 pote de bebida láctea, ou iogurte de frutas (120 g), ou iogurte de polpa de frutas (130 g); » 2 colheres de sopa de leite em pó (30 g); » 3 fatias de muçarela (45 g); » 2 fatias de queijo minas (50 g), ou pasteurizado, ou prato (40 g); 47 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV » 3 colheres de sopa de queijo parmesão (30 g). Óleos e gorduras » 1 colher de sobremesa de azeite de oliva (4 g), ou óleo de soja, ou canola, ou milho, ou girassol (4 g); » 1 colher de sobremesa de manteiga ou margarina (5 g). Açúcares – após 1 ano de idade » 1 colher de sopa de açúcar refinado (14 g); » 1 colher de sopa de doce de leite cremoso (20 g) ou açúcar mascavo (18 g); » 2 colheres de sobremesa de geleia (23 g); » 3 colheres de chá de açúcar cristal (15 g). Quantidade de água de acordo com DRI » 0 a 6 meses – 700 ml (incluindo leite materno ou fórmula infantil). » 7 a 12 meses – 800 ml (incluindo leite materno, fórmula e alimentação complementar); » 1 a 3 anos – 1300 ml (900 ml como sucos, outras bebidas e água); » 4 a 8 anos – 1700 ml (1200 ml como bebidas e água); » 9 a 13 anos – 2400 ml (meninos, 1800 ml como bebidas e água) e 2100 ml (meninas, 1600ml como bebidas e água); » 14 a 18 anos – 3300 ml (meninos, 2600 ml como bebidas e água) e 2300 ml (meninas, 1800 ml como bebidas e água). Na idade escolar, a criança necessita de uma boa formação em termos de educação alimentar. Nessa fase, a escola pode contribuir orientando-as sobre melhores escolhas alimentares e também na opção de melhor qualidade de vida e o que isso impactará na sua vida. A família também continua a exercer influência nos hábitos das crianças. Quando se faz a comparação do consumo familiar de 1974 com a de 2019, houve aumento crescente no consumo de bebidas e infusões: 8,5% em 2002- 2003 para 9,7% em 2008-2009 e 10,6% em 2017-2018. No mesmo intervalo, o grupo de alimentos preparados evoluiu de 2,3% para 2,9% e chegou a 3,4%. 48 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Em contrapartida, o grupo de cerais, leguminosas e oleaginosas vem caindo ao longo do tempo: de 10,4%, em 2002-2003 para 8,0% em 2008-2009 e 5% em 2017-2018. Óleos e gorduras também seguem em queda: respectivamente 3,4%, 2,3% e 1,7% (ESTATÍSTICAS SOCIAIS – IBGE, 2019). O consumo de refrigerantes e bebidas à base de soja, assim como já citado anteriormente, nos horários de refeições ou lanches, pode comprometer a ingestão de cálcio, além do aumento da excreção urinária (refrigerantes), podendo contribuir para o comprometimento de massa óssea. Os escolares, assim como os adolescentes, são os mais expostos a transtornos alimentares de distintas formas. É muito importante se atentar ao fato de que a preocupação excessiva ou malconduzida com o ganho de peso pode causar transtornos alimentares como bulimia e anorexia. Algumas mudanças de comportamento como diminuição do tempo e regularidade da atividade física e o uso de eletrônicos como computadores, tablet, celulares em âmbito doméstico favorecem o sedentarismo e o aumento de distúrbios nutricionais, dentre eles a obesidade. Esse fato, além de contribuir para inatividade física, pode causar problemas psicológicos e emocionais. A televisão, ademais de contribuir para o sedentarismo, pode sugerir, por parte da mídia, consumo alimentar desaconselhável, em especial as crianças em idade escolar, com destaque para lanches e guloseimas. Necessidade e recomendações nutricionais As necessidades estimadas para crianças de sete a dez anos são baseadas nas recomendações da OMS/FAO/ONU, que determinaram os requerimentos energéticos a partir de estudos com água duplamente marcada, para todas as faixas etárias, incluindo a escolar. As necessidades energéticas variam de acordo com a idade do indivíduo, sexo e atividade física que é realizada durante o dia. Nas Dietary References Intakes (IOM, 2005), estão publicadas o gasto médio estimado por faixa etária: meninos de 3 a 8 anos com recomendação 1742 kcal/dia, de 9 a 13-2279 kcal/dia. Para meninas de 3 a 8 anos, a recomendação é de 1642 kcal/dia; de 9 a 13 anos – 2071 kcal/dia. Esses dados não substituem as equações individualizadas. 49 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV Recomendações nutricionais Os hábitos alimentares da criança devem ser baseados nos hábitos da família e nas características regionais. Deve ser composto de 5-6 refeições diárias, incluindo: café da manhã; lanche (dependendo do horário do café da manhã); almoço; lanche; jantar; e ceia, respeitando as porções indicadas na pirâmide de alimentos. Algumas diretrizes devem ser seguidas na alimentação do escolar: » deve-se manter a ingestão de nutrientes adequada a fim de promover energia e nutrientes em quantidade e qualidade adequadas ao crescimento, ao desenvolvimento e à prática de atividades físicas; » manter a alimentação variada, que abranja todos os grupos alimentares, evitando o consumo de refrigerantes e guloseimas; » reduzir o consumo de carboidratos simples e preferir carboidratos complexos. Recomenda-se que o consumo de carboidratos simples seja inferior a 25% do valor energético total; » o consumo de frutas, verduras e legumes deve ser variado e atingir pelo menos cinco porções ou mais ao dia. Sucos devem ser limitados, máximo de 120 ml/dia para crianças de um a três anos; 175 ml/dia para crianças de quatro a seis anos; e 250 ml/dia dos 7 aos 18 anos; » gorduras saturadas devem ter seu consumo restrito a no máximo 10% do valor energético total e menos do que 2% para gorduras trans, 10% de monoinsaturadas, menos do que 300 g de colesterol e 10% de gorduras poli-insaturadas (n-6:n-3; 5 a 10:1). Uma boa estratégia é oferecer peixes marinhos duas vezes por semana; » controle do consumo de sal – até 5 g/dia; » o cálcio merece destaque para a formação óssea e crescimento adequado, além da prevenção da osteoporose na vida adulta. Recomenda-se ingestão de aproximadamente 600 ml de leite/dia e/ou derivados; » ressaltar a importância de ler e interpretar corretamente os rótulos de alimentos industrializados; » evitar substituir as grandes refeições por lanches; » controlar o ganho excessivo de peso mantendo hábitos alimentares saudáveis e atividade física regular; 50 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR » reduzir o tempo gasto em atividades sedentárias (TV, videogame e computador). Limitar o tempo de assistir à TV em duas horas/dia ou menos; » ter como meta bons hábitos alimentares e estilo de vida saudável para toda a família; » a criança deve ter sua autonomia para que consiga se servir sozinha, mas orientada pelos pais nas porções adequadas, ou seja, uma “autonomia orientada”. 51 CAPÍTULO 4 ALIMENTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA: ASPECTOS GERAIS Segundo a OMS, os limites cronológicos da adolescência são as idades entre 10 e 20 anos. A adolescência é um período de transição durante o qual os jovens enfrentam muitas mudanças. Seu desejo de se afirmar e se diferenciarse reflete até mesmo em suas escolhas alimentares. Essas escolhas podem ter impactos sobre a vida adulta. Além disso, a mídia influencia e induz, de maneira sedutora, o consumo de alimentos altamente calóricos na rotina da alimentação de crianças, jovens e adultos. A OMS define “adolescentes” como indivíduos na faixa etária de 10 a 19 anos e “juventude” como a faixa etária de 15 a 24 anos. Enquanto “jovens” cobre a faixa etária de 10 a 24 anos. Os adolescentes não são uma população homogênea. Eles existem em uma variedade de circunstâncias e têm necessidades diversas. A transição da infância para a vida adulta envolve mudanças dramáticas no desenvolvimento físico, sexual, psicológico e social, todas ocorrendo ao mesmo tempo. Além de oportunidades de desenvolvimento, essa transição apresenta riscos à sua saúde e bem-estar. A idade é uma maneira conveniente de definir a adolescência. Mas é apenas uma característica que delineia esse período de desenvolvimento. A idade costuma ser mais apropriada para avaliar e comparar as mudanças biológicas (por exemplo, a puberdade), que são razoavelmente universais, do que as transições sociais, que variam mais com o ambiente sociocultural. As mudanças biológicas durante a adolescência, não em todos, começam aos 10 anos ou param aos 20 anos. Algumas mudanças endócrinas importantes começam antes dos 10 anos (por exemplo, a produção de andrógenos adrenais), e algumas alterações no desenvolvimento neurológico que ocorrem durante a adolescência continuam no início dos 20 anos. Ainda assim, em geral, as mudanças puberais mais profundas e rápidas ocorrem durante a segunda década. Obviamente, uma criança de 10 anos é muito diferente de uma de 19 anos. Para acomodar as diferentes fases do desenvolvimento na segunda década de vida, a adolescência é frequentemente dividida em adolescência precoce (10 a 13 anos), média (14 a 16 anos) e tardia (17 a 19 anos). É importante salientar que as meninas adolescentes tendem a atingir marcos de desenvolvimento biologicamente definidos até dois anos à frente dos meninos. 52 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Segundo Accioly, Saunders e Lacerda (2010), a puberdade é um período anabólico intenso, com aumentos na estatura e alterações na composição corporal. Inicia-se com o aparecimento dos caracteres sexuais secundários e é finalizada com o crescimento somático. Em ambos os sexos, a puberdade é caracterizada pelo aumento substancial tanto no tamanho como no número total dos adipócitos e por mudança centrípeta (localizada na região intra-abdominal ou visceral) na distribuição de gordura, que ocorre de forma acentuada nos meninos. Em termos de percentual de gordura, os meninos atingem o pico no início da adolescência e mostram diminuição durante o crescimento rápido (estirão pubertário); as meninas evidenciam um crescimento constante no percentual de gordura até os 18 anos de idade (BALLABRIGA; CARRASCOSA, 2001). Os meninos tendem a ganhar mais massa muscular, pois o seu crescimento ósseo continua por um período maior que o das meninas. Já as meninas aumentam mais a gordura corporal. Sabendo-se que a massa muscular é a parte metabolicamente ativa e que é constituída principalmente por nitrogênio, cálcio e ferro. A diferença entre os sexos feminino e masculino durante a fase do estirão resultará em diferenças importantes sobre as necessidades nutricionais na adolescência, que serão maiores para os meninos. Outro fator que influencia as necessidades nutricionais durante a adolescência é a realização de exercício físico, que varia, sobretudo, em função do sexo e do momento em que ocorre o estirão puberal. Os atletas de competição e gestantes adolescentes apresentam exigências nutricionais ainda mais específicas e merecem considerações nutricionais especiais com condutas individualizadas. Alterações psicológicas e sociais A adolescência é um período da vida com necessidades e direitos específicos de saúde e desenvolvimento. É também um momento de desenvolver conhecimentos e habilidades, aprender a gerenciar emoções e relacionamentos e adquirir atributos e habilidades que serão importantes para desfrutar da adolescência e assumir papéis quando adultos. Todas as sociedades reconhecem que há uma diferença entre ser criança e se tornar adulto. Como esta transição da infância para a vida adulta é definida e reconhecida difere entre culturas e ao longo do tempo. No passado, costumava ser relativamente rápido e, em algumas sociedades, ainda é. Em muitos países, no entanto, isso está mudando. 53 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV Ao mesmo tempo, os adolescentes estão desenvolvendo e consolidando seu senso de si. Com essa autoidentidade crescente, incluindo o desenvolvimento da identidade sexual, surge uma crescente preocupação com as opiniões de outras pessoas, particularmente as de seus pares. Além disso, os adolescentes querem maior independência e responsabilidade. Eles querem cada vez mais reivindicar mais autonomia sobre suas decisões, emoções e ações e se libertar do controle dos pais e/ou responsáveis. Seu ambiente social e cultural afeta de maneira importante a maneira como os adolescentes expressam esse desejo de autonomia. Adolescentes mais jovens podem ser particularmente vulneráveis quando suas capacidades ainda estão se desenvolvendo, mas ao mesmo tempo, começam a sair dos limites de suas famílias e a tomar decisões independentes, como escolher suas companhias e os alimentos que consomem. Alterações no desenvolvimento neurológico Importantes desenvolvimentos neuronais também estão ocorrendo durante a adolescência. Esses desenvolvimentos estão ligados a alterações hormonais, mas nem sempre dependem delas. Desenvolvimentos estão ocorrendo em regiões do cérebro, como o sistema límbico, responsáveis pela busca de prazer e pelo processamento de recompensas, respostas emocionais e regulação do sono. Ao mesmo tempo, mudanças estão ocorrendo no córtex pré-frontal, a área responsável pelas chamadas funções executivas: tomada de decisão, organização, controle de impulsos e planejamento para o futuro. As mudanças no córtex pré-frontal ocorrem mais tarde na adolescência do que as mudanças no sistema límbico. O neurodesenvolvimento tem implicações para a exploração e experimentação que ocorrem durante a adolescência, pois a maturidade biológica precede a maturidade psicossocial e, em certa medida, há desconexão entre as capacidades físicas dos adolescentes, sua busca por sensações e sua capacidade de autocontrole. Obviamente, a maioria dos adolescentes é capaz de explorar e experimentar maneiras que contribuem para o seu desenvolvimento e não adotam comportamentos que prejudicam sua saúde. O cérebro adolescente tem plasticidade neural significativa, ou seja, ainda é capaz de mudar. Isso significa que existe, na adolescência, o potencial de melhorar o impacto de experiências negativas vividas mais cedo, por exemplo, abuso quando 54 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR crianças, e promover desenvolvimentos positivos que aumentem a capacidade intelectual e o funcionamento emocional. Implicações na saúde e no comportamento As mudanças no desenvolvimento neurológico dos adolescentes e as capacidades em evolução afetam como eles percebem o risco, como agem na comunicação sobre comportamentos de risco, como pensam sobre o presente e o futuro, e o que influencia suas ideias e ações. As mudanças durante a puberdade afetam a incidência e as manifestações clínicas de várias doenças. Estes incluem síndrome do ovário policístico, distúrbios alimentares, depressão, epilepsia, diabetes tipo 1 e outras doenças autoimunes. Ao mesmo tempo, embora as mudanças durante a puberdade possam ter impacto sobre doenças crônicas, as condições crônicas, por sua vez, influenciam o desenvolvimento do adolescente. Além disso, os processos de desenvolvimento que ocorrem afetam as causas e as respostasà incapacidade durante a adolescência. Ademais, as mudanças sociais e emocionais durante a adolescência aumentam os riscos de problemas comportamentais, como abuso de substâncias prejudiciais, danos pessoais e comportamentos socialmente perturbadores. Por exemplo, o início precoce da puberdade tem sido associado a problemas emocionais e comportamentais subsequentes em meninas e meninos adolescentes. O tamanho do corpo durante a adolescência pode ser usado como precursor do estado nutricional, como a manifestação da desnutrição, do sobrepeso e da obesidade. A desnutrição pode se manifestar como atrofia, diminuição grave e/ou desperdício ou como deficiências nutricionais sem alteração no tamanho do corpo, a chamada fome oculta. O sobrepeso e a obesidade afetam um em cada três adolescentes em todo o mundo. A prevalência de sobrepeso e obesidade entre crianças e adolescentes de 5 a 19 anos aumentou drasticamente de apenas 4% em 1975 para pouco mais de 18% em 2016. O aumento ocorreu de maneira semelhante entre meninos e meninas: em 2016, 18% das meninas e 19 % de meninos estavam acima do peso. Enquanto pouco menos de 1% das crianças e adolescentes de 5 a 19 anos eram obesos em 1975, mais 124 milhões de crianças e adolescentes (6% das meninas e 8% dos meninos) eram obesos em 2016. Esses números demonstram grande 55 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV impacto na saúde da população, uma vez que o sobrepeso e obesidade estão relacionados a mais mortes no mundo do que o baixo peso. Muitos dos comportamentos relacionados à saúde que surgem durante a adolescência têm implicações para a saúde e o desenvolvimento presente e futuro. Por exemplo, o uso de álcool e a obesidade no início da adolescência não apenas comprometem o desenvolvimento do adolescente, mas também predizem o uso de álcool e a obesidade na idade adulta, comprometendo a saúde em um período posterior da vida, com implicações sérias para a saúde pública. Manejo nutricional e recomendações O manejo nutricional do adolescente deve, portanto, considerar o crescimento rápido, a maturação e as mudanças psicossociais de cada indivíduo. Além disso, é importante considerar as variações interindividuais do crescimento puberal e os estilos de vida da maioria dos adolescentes (JACOBSON, 1995). O consumo em excesso de gorduras, principalmente provenientes de lanches tipo fast food por parte dos adolescentes, afeta não somente a ingestão diária de macronutrientes, mas também de vitaminas, minerais e fitoquímicos, e geralmente ocorre deficiência de cálcio, fósforo e magnésio. Esse hábito frequente está evidentemente relacionado à obesidade. O padrão alimentar rico em gorduras, principalmente saturadas e trans, aumenta o risco de doenças cardiovasculares e também favorece o desenvolvimento de resistência à insulina, diabetes tipo 2, hipertensão arterial e câncer. Por outro lado, adolescentes também tendem a seguir modismos com dietas vegetarianas, sem leite, sem glúten, que podem levar a prejuízos à saúde. Necessidades nutricionais As necessidades nutricionais na adolescência aumentam devido ao rápido desenvolvimento fisiológico, no qual aumenta a massa muscular (em maior quantidade no sexo masculino) e os tecidos estruturais pelo crescimento, existem modificações na forma do corpo e alterações hormonais. Como descrito na idade pré-escolar e escolar, as necessidades energéticas dos adolescentes variam de acordo com a idade do indivíduo, sexo e atividade física que é realizada durante o dia. Nas Dietary References Intakes (DRIs) (IOM, 2005), estão publicadas o 56 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR gasto médio estimado por faixa etária. Meninos de 9 a 13 anos – 2279 kcal/dia; e de14 a 18 – 3152 kcal/dia. Para meninas de 9 a 13 anos, a recomendação é de 2071 kcal/dia; e de 14 a 18 – 2368 kcal/dia. Esses dados não substituem as equações individualizadas. A distribuição da proporção dos macronutrientes se mantém igual ao dos escolares: carboidratos de 45 a 65% do consumo das energias diárias; gorduras de 25 a 35% do consumo das energias diárias priorizando ácidos graxos poli-insaturados e monoinsaturados; proteínas de 10 a 30% do consumo das energias. A recomendação da ingestão proteica é de 0,85 g/kg/dia, e que seja, de preferência, de alto valor biológico. Energia Na adolescência, a necessidade energética aumenta de acordo com a velocidade de crescimento estatural. Existem diferenças entre os sexos masculino e feminino, que ficam evidentes no início da puberdade e acentuam-se de acordo com a atividade física realizada, segundo as DRIs relativas à ingestão de energia. A exigência calórica dos adolescentes do sexo masculino é maior que a das adolescentes do sexo feminino, devido a maiores aumentos de altura, peso e massa corporal magra. A OMS (FAO/WHO/ONU, 2004) disponibilizou tabelas de requerimento de energia baseadas em estudos que avaliam o trabalho cardíaco e utilizam a técnica da água duplamente marcada. Proteína Os requisitos de proteína são mais altos para mulheres na faixa etária de 11 a 14 anos e para homens na faixa etária de 15 a 18 anos, correspondendo ao momento usual do estirão pubertário (velocidade máxima de crescimento). Até o momento, não existem dados exatos sobre as necessidades individuais de aminoácidos dos adolescentes; por isso, tem-se utilizado uma extrapolação dos valores obtidos para crianças e adultos. Segundo as DRIs, uma dieta que atenda esse período de crescimento acelerado pode requerer cerca de 10-14% da ingestão total de proteína de alta qualidade. Como descrito anteriormente, utiliza-se a recomendação de 0,85 g/kg/dia, sendo preferencialmente de alto valor biológico. 57 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV Vitaminas Vitaminas hidrossolúveis como tiamina, niacina e riboflavina são importantes no metabolismo energético; suas recomendações devem ser embasadas na ingestão energética. Deve-se observar que as necessidades de tiamina aumentam com o consumo de grande quantidade de açúcar refinado, o que acaba sendo muito comum na adolescência. Pode haver uma depleção maior de vitamina C em adolescentes fumantes e aquelas que usam contraceptivos orais. A vitamina B12 também merece atenção; sua carência é mais alta em casos de dietas restritivas e veganismo. O ácido fólico é importante durante os períodos de grande replicação celular e de crescimento. Os valores recomendados de folato são de 300 a 400 µg/dia. Dentre as lipossolúveis, destacam-se a vitamina A, que tem sua necessidade aumentada durante o período de crescimento acelerado, a recomendação diária é de 700 µg para meninas e 900 µg para meninos, e a vitamina D pela sua importância no metabolismo do cálcio, fósforo e na mineralização óssea. A necessidade de vitamina D no período de velocidade de crescimento acelerado é de até 600 UIs (15 µg) por dia. Minerais Cálcio O cálcio é o mineral mais abundante do corpo humano. Ele é essencial para o desempenho de diversas funções vitais do corpo e por não ser produzido de forma endógena, seus requerimentos serão somente atingidos pela ingestão diária de alimentos que o contenham. O cálcio encontra-se depositado, em sua grande totalidade (cerca de 99%), na estrutura óssea, sendo responsável por 1 a 2% do peso corporal; o restante está nos fluidos e tecidos do corpo. A adolescência é uma fase de crescimento ósseo intenso com depósito desse mineral. As alterações hormonais associadas ao período puberal promovem maior utilização de minerais, o que precisa ser satisfeito com o consumo adequado de cálcio; por isso, as necessidades dietéticas aumentam significativamente nesse período da vida. 58 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Estima-se que quase 50% da massa óssea são obtidos durante a adolescência, quando o acúmulo de cálcio é triplicado. Mas a idade correta ainda é controversa na literatura. O pico pode ocorrerentre 9 e 17 anos. Os estudos identificam que na puberdade ocorre o dobro de mineralização óssea do que na fase pré-púbere. No entanto, a maioria das crianças e adolescentes em todo o mundo não consegue atingir a ingestão recomendada de cálcio, seja pela diminuição do consumo de leite, seja pela aquisição de novos hábitos alimentares com o consumo maior de alimentos industrializados, “da moda”, que são menos nutritivos e com maior quantidade de fatores antinutricionais como cafeína, fitatos, oxalatos e taninos que, ao formarem complexos insolúveis com o cálcio, podem reduzir de maneira importante a sua absorção (SBP, 2018). A dieta deve contribuir com nutrientes em qualidade e quantidade suficientes para permitir o desenvolvimento máximo da massa óssea. A recomendação nutricional da ingestão de cálcio para crianças e adolescentes de 9 a 18 anos é de 1100 mg/dia, de acordo com as necessidades médias estimadas (EAR), que não devem exceder o nível tolerável de ingestão superior a 3000 mg/dia. Componentes da alimentação como as proteínas do leite, lactose e vitamina D melhoram a biodisponibilidade do cálcio, assim a recomendação é de que 60% das necessidades de cálcio sejam supridas pelo leite e seus derivados. A biodisponibilidade do cálcio em outros alimentos pode variar, por exemplo, de 5% (espinafre) a 50% (repolho). A alta fração de absorção de alguns desses alimentos não compensa o baixo conteúdo desse mineral, como descrito na tabela a seguir. Tabela 14. Biodisponibilidade do cálcio em alimentos comuns. Alimento Porção Teor médio de cálcio (mg) Absorção estimada (%) Cálcio absorvido (mg) Dose necessária para igualar 250 ml (1 xícara) de leite Produtos de leite Leite (integral, 2%, 1%, desnatado) 250 ml (1 xícara) 310 32.1 99,5 1 Queijo cheddar 50 g (1,5 oz) 337 32.1 108,2 1 Iogurte 175 ml (3/4 de xícara) 272 32.1 87,3 1 Legumes (cozidos) Repolho chinês 125 ml (1/2 xícara) 84 53,8 45,2 2,25 Couve 125 ml (1/2 xícara) 49. 49,3 24,2 4 Brócolis 125 ml (1/2 xícara) 33 61,3 20,2 5 59 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV Alimento Porção Teor médio de cálcio (mg) Absorção estimada (%) Cálcio absorvido (mg) Dose necessária para igualar 250 ml (1 xícara) de leite Espinafre 125 ml (1/2 xícara) 129 5.1 6.6. 15,25 Sementes de nozes Amêndoas 60 ml (1/4 xícara) 97 21,2 20,6 4,75 Leguminosas (cozidas) Feijão branco 125 ml (1/2 xícara) 85 21,8 18,5 5.5 Feijão carioca 125 ml (1/2 xícara) 42. 26,7 11,2 9 Feijão comum 125 ml (1/2 xícara) 26 24,4 6.3. 15,75 Pães e cereais Pão integral 35 g (1 fatia) 26 82 21,3 4,75 Farelo de trigo 27 g 19 38. 7.2 13,75 Alimentos fortificados Suco de laranja com cálcio 125 ml (1/2 xícara) 155 36,3 56,3 1,75 Tofu, regular, firme ou extra, cru (preparado com sulfato de cálcio) 85 g 171 * 31 53 2 Bebida de soja com fosfato tricíclico 250 ml (1 xícara) 319 24 76,6 *O teor de cálcio do tofu varia de acordo com a marca e dependendo do tipo de tofu. Fonte: Weaver, 1999. Estudos mostram que até 40% do cálcio adicionado a bebidas fortificadas à base de plantas, como bebidas de soja podem se depositar no fundo do recipiente, mesmo quando sacudidos. O valor do cálcio absorvido indicado na Tabela 14 não leva esse problema em consideração. Ferro A adolescência é um período importante de vulnerabilidade nutricional devido ao aumento das exigências alimentares para crescimento e desenvolvimento. Nessa fase, as necessidades de ferro são elevadas como resultado do crescimento intenso e do desenvolvimento muscular, o que implica aumento no volume sanguíneo, maior massa eritrocitária e de mioglobina, importante para o desenvolvimento muscular. Nessa fase, é extremamente importante que os requisitos de ferro do adolescente sejam atendidos. Durante o pico de crescimento pubertário, o adolescente do sexo masculino chega a aumentar em 33% suas células eritrocitárias; já a menina, 60 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR após a menarca, tem necessidade de ferro três vezes maior do que a dos meninos devido às perdas menstruais, que podem representar até 1,4 mg/dia. A dieta, portanto, deve fornecer ferro suficiente e, além disso, nutrientes que produzam biodisponibilidade adequada para favorecer a utilização do elemento e, pois, ser suficiente para as necessidades nessa fase da vida. Atualmente, muitos adolescentes consomem dietas monótonas e desequilibradas, o que pode limitar a ingestão e/ou a biodisponibilidade de minerais, levando à deficiência de ferro e, consequentemente, à anemia, que é muito frequente nesse período. A falta de ferro, além de provocar importantes repercussões fisiológicas, pode afetar adversamente a capacidade cognitiva e o comportamento dos adolescentes. Assim, promover o consumo de uma dieta variada, ajustada e equilibrada por adolescentes facilitará a utilização de ferro, beneficiando sua saúde no presente e na idade adulta. As recomendações de ferro, segundo as DRIs, são de 8 mg/dia para ambos os sexos entre 9 e 13 anos e 11 mg/dia e 15 mg/dia, respectivamente para meninos e meninas entre 14 e 18 anos. Os adolescentes devem ser orientados e ter a alimentação monitorada com relação à ingestão de ferro e sua biodisponibilidade. O tipo de ferro e o preparo dos alimentos implicam na biodisponibilidade do nutriente, pois diferenciam a forma de absorção. Existem dois tipos de ferro na dieta: ferro não heme, presente em alimentos vegetais e tecidos animais, e ferro heme, proveniente da hemoglobina e mioglobina em alimentos de origem animal (SBP, 2018). Estima-se que o ferro heme contribua de 10 a 15% da ingestão total de ferro nas populações que comem carne, mas, devido à sua absorção mais alta e uniforme (estimada em 15 a 35%), poderia contribuir com ≥40% do ferro absorvido total. O ferro não heme é geralmente muito menos absorvido que o ferro heme. Todo ferro alimentar não heme que passa pelo trato digestivo é absorvido na mesma extensão, o que depende do equilíbrio entre os inibidores e melhoradores de absorção e o status de ferro do indivíduo Alimentos de origem animal contêm ferro heme de alta biodisponibilidade, que também facilita a absorção do ferro não heme dos outros alimentos. O ácido ascórbico (vitamina C) aumenta a biodisponibilidade do ferro na alimentação. 61 MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR | UNIDADE IV Alimentos ricos em fitatos (cerais integrais, fibras e feijões), oxalatos (espinafre, beterraba e algumas leguminosas), compostos fenólicos (chás, café, refrigerantes, chocolate, vinho tinto) e o cálcio inibem a absorção do ferro. Para ter melhor aproveitamento do ferro não heme, é interessante a associação de alimentos com ferro heme ou com ácido ascórbico. É importante o monitoramento frequente da ingestão de ferro por adolescentes que ingerem pouca carne, ou vegetarianos. A fortificação dietética de ferro é geralmente considerada o método mais econômico para reduzir a prevalência de deficiência de ferro em populações que consomem dietas contendo quantidades abaixo do ideal de ferro biodisponível. A OMS/FAO recomenda que o nível de fortificação seja baseado na ingestão diária estimada de ferro deficiente ajustado pela biodisponibilidade. Zinco O zinco é importante na adolescência devido ao seu papel no crescimento e na maturação sexual; tem papel vital em várias funções do corpo, como visão, percepção do paladar, cognição, reprodução celular, crescimento, imunidade. A deficiência de zinco é um problema de saúde em muitas comunidades, especialmente entre os adolescentes devido ao seu crescimento puberal. Quase metade da população mundial está em risco devido à ingestão inadequada de zinco, sugerindo que programas de saúde pública são urgentemente necessários para reduzir a deficiência de zinco. Dietas que contêm grandes quantidades de fitato, o que reduz a biodisponibilidade de minerais, implicam maior risco de deficiências de ferro e zinco em adolescentes. Vários estudos realizadosno Brasil apontam que a deficiência de zinco afeta cerca de 30% de crianças e adolescentes no país. Existem relatos de atraso de crescimento e hipogonadismo em adolescentes do sexo masculino com deficiência de zinco. As recomendações diárias são de 8 a 11 mg/dia (SBP, 2018). Uma grande variedade de alimentos contém zinco. As ostras contêm mais zinco por porção do que qualquer outro alimento, mas carnes vermelhas e aves fornecem a maioria do zinco da dieta. Outras boas fontes alimentares incluem feijão, nozes, certos tipos de frutos do mar (como caranguejo e lagosta), grãos integrais, cereais fortificados e produtos lácteos. 62 UNIDADE IV | MÉTODOS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Os fitatos – presentes em pães integrais, cereais, legumes e outros alimentos, ligam o zinco e inibem sua absorção. Assim, a biodisponibilidade do zinco dos grãos e alimentos vegetais é menor do que a dos alimentos animais, embora muitos alimentos à base de grãos e vegetais ainda sejam boas fontes de zinco. Podemos concluir que a ferramenta mais eficaz para a prevenção de problemas metabólicos, decorrentes tanto de deficiências nutricionais como da obesidade, é a educação nutricional, cuja finalidade é ajudar na construção do conhecimento e incentivar o consumo de uma alimentação saudável desde a infância (quando os hábitos alimentares são formados) até a velhice. 63 REFERÊNCIAS ACCIOLY, E.; SAUNDERS, C.; LACERDA, E. Nutrição em obstetrícia e pediatria. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010, pp. 282-283. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). Banco de leite humano: funcionamento, prevenção e controle de riscos. Anvisa, Brasília, 2008. Disponível em: http://www. anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/manual_banco_leite.pdf. Acesso em: 15 mar. 2020. AHMED, K. Y. et al. Associations between infant and young child feeding practices and acute respiratory infection and diarrhoea in Ethiopia: A propensity score matching approach. 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Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/pdfs/14297e1-cartaz_ Piramide.pdf. Acesso em: 23 jun. 2021. Tabela 14. Adaptada de WEAVER CM et al. Choices for achieving adequate dietary calcium with a vegetarian diet. Am J Clin Nutr, .v. 70, suppl, pp. 543S-548S, 1999. https://www.nap.edu/catalog/10490/dietary-reference-intakes-for-energy-carbohydrate-fiber-fat-fatty-acids-cholesterol-protein-and-amino-acids https://www.nap.edu/catalog/10490/dietary-reference-intakes-for-energy-carbohydrate-fiber-fat-fatty-acids-cholesterol-protein-and-amino-acids 75 ANEXO Anexo 1. Pôster – Dez passos para o sucesso do aleitamento materno. Fonte: https://andreiatorres.com/blog/2019/6/13/10-passos-para-o-sucesso-do-aleitamento-materno. UNIDADE iv Métodos de alimentação complementar Capítulo 1 Alimentação complementar Capítulo 2 Método BLW: introdução alimentar Capítulo 3 Alimentação do pré-escolar e do escolar: aspectos gerais Capítulo 4 Alimentação na adolescência: aspectos gerais Referências Anexos