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Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Unidade 1
FUNDAMENTOS DA ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
Aula 1
Economia Como Objeto de Estudo
Economia como objeto de estudo
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Dica para você
Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua
aprendizagem ainda mais completa.
Olá, estudante!
Nesta videoaula, você irá conhecer a economia como objeto de estudo. Esse conteúdo é
importante para a sua prática pro�ssional, pois permitirá você compreender a economia como
ciência social dedicada a analisar o comportamento humano diante da escassez de recursos e
das escolhas que decorrem desse cenário.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Durante esta aula, vamos explorar dois conceitos fundamentais no campo da economia: o
Problema Econômico Fundamental e o Fluxo Circular de Renda. Esses são alicerces para
compreender como as sociedades gerenciam seus recursos escassos e como a renda �ui entre
os agentes econômicos.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Para contextualizar o conteúdo, imagine que em uma comunidade rural, a escassez de recursos,
como terra e água, desencadeia dilemas econômicos fundamentais para os agricultores. As
decisões sobre o que plantar, como produzir e a quem vender tornam-se essenciais em meio à
competição por recursos limitados. A distribuição desigual dos benefícios da produção cria
dilemas éticos na comunidade. Como lidar com a escassez de recursos e os con�itos na
alocação? Quais estratégias podem ser adotadas para promover uma distribuição mais
equitativa dos benefícios econômicos? Como conciliar e�ciência econômica e sustentabilidade
diante da escassez de recursos naturais?
Essas são questões que demandam re�exão para abordar os problemas econômicos
fundamentais nessa comunidade especí�ca. Ao longo desta aula, exploraremos os princípios
econômicos que ajudarão você a encontrar soluções para esse dilema e entender como os
recursos são alocados em uma economia.
Vamos embarcar nessa jornada juntos?
Vamos Começar!
Para iniciar o nosso estudo, vamos realizar a seguinte re�exão: seja em nosso cotidiano, na
internet, rádio ou TV, nos deparamos com termos relacionados a questões econômicas, tais
como: in�ação, taxa de juros, desemprego, crescimento econômico, impostos, taxa de câmbio,
etc. Esses temas, dentre outros, são assuntos pertencentes à economia. Mas o que de fato é a
“economia”?
O termo economia origina-se das palavras gregas oikos (casa) e nomos (normas). Na Grécia
antiga, economia signi�cava a arte de bem administrar o lar.
Modernamente, de�ne-se economia como a ciência que estuda o emprego de recursos
escassos, entre usos alternativos, com o �m de obter os melhores resultados, seja na produção
de bens ou na prestação de serviços, a �m de satisfazer as necessidades humanas
(Vasconcelos; Garcia, 2023).
Logo, a economia é uma ciência social que se dedica ao estudo das escolhas humanas no
contexto da escassez de recursos. Ela busca entender como as sociedades alocam seus
recursos limitados para satisfazer suas necessidades e seus desejos ilimitados. 
Os recursos escassos são os bens e serviços empregados na produção (mão de obra, capital,
terra e matérias-primas), mediante uma tecnologia conhecida, para a produção de outros bens e
serviços de maior valor total e destinados a atender a demanda (intenção de compra de bens e
serviços) (Vasconcelos, 2015).
Independentemente do quão ricos ou avançados tecnologicamente sejam os países, a escassez
é uma realidade inerente à condição humana. Os problemas econômicos fundamentais surgem
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
da escassez e podem ser resumidos em quatro questões principais, conforme pode-se visualizar
na Figura 1.
Figura 1 | Problemas econômicos fundamentais
Segundo Vasconcelos e Garcia (2023), os problemas econômicos fundamentais podem ser
assim compreendidos:
O que produzir? Refere-se à decisão sobre quais bens e serviços serão produzidos na
economia. Os recursos são limitados e as sociedades precisam tomar decisões sobre
quais bens e serviços são mais importantes ou prioritários para atender às necessidades e
aos desejos das pessoas.
Quanto produzir? Está relacionado à quantidade de bens e serviços que a economia deve
produzir. As decisões sobre a quantidade a ser produzida estão ligadas ao equilíbrio entre a
oferta e a demanda. Produzir muito pode levar ao excesso de oferta e desperdício de
recursos, enquanto produzir pouco pode resultar em escassez.
Como produzir? Este problema diz respeito às técnicas de produção e à alocação de
recursos para a produção de bens e serviços. As sociedades precisam decidir qual
tecnologia, métodos de produção e combinação de recursos (trabalho, terra e capital) serão
usados para produzir e�cientemente os bens desejados.
Para quem produzir? Esta questão está relacionada à distribuição dos bens e serviços
produzidos. As decisões sobre como a renda e os bens são distribuídos afetam a equidade
e a justiça social. Isso também se relaciona com a determinação de como as pessoas têm
acesso aos bens produzidos.
Compreendido o problema da escassez e os problemas econômicos fundamentais, você pode se
perguntar: quais são os recursos escassos?
Os recursos escassos são os insumos, ou fatores de produção, utilizados no processo produtivo
para obter outros bens, destinados à satisfação das necessidades dos consumidores (Silva; Luiz,
2017). Os fatores de produção são:
Trabalho (mão de obra): refere-se ao esforço humano, incluindo habilidades, conhecimento
e tempo dedicado à produção.
Terra: representa os recursos naturais, como solo, água, minerais e recursos energéticos
que são utilizados na produção e o espaço físico utilizado no processo de produção de um
bem ou uma prestação de serviços.
Capital: refere-se aos bens manufaturados que são usados para produzir outros bens e
serviços. Isso inclui máquinas, equipamentos, fábricas e tecnologia.
Capacidade empresarial: representa a capacidade de organizar os outros fatores de
produção e tomar decisões de negócios. Os empreendedores são responsáveis por
identi�car oportunidades econômicas e assumir riscos.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Na economia, portanto, para produzir bens e serviços, os agentes devem combinar os fatores de
produção da melhor forma possível, visando atender às necessidades e aos desejos dos
homens, já que a quantidade de fatores de produção disponível é �nita (Silva; Luiz, 2017).
Nesse contexto, os fatores de produção são direcionados para produzir os chamados bens
econômicos. Um bem econômico, assim, é o que possui uma raridade relativa e, portanto, um
preço e pode ser classi�cado como bem de consumo – durável, não durável e semidurável –,
bem de capital e bem intermediário, conforme o Quadro 1.
Tipo de bem Conceito
Consumo Utilizados pelas pessoas para satisfazer suas
necessidades
Semidurável Consumidos integralmente ao ser usado (Ex.:
alimentos)
Não durável Utilizados diversas vezes, mas seu período de
utilização é relativamente curto (Ex.: artigos
de vestuário)
Durável Utilizados várias vezes e durante muito tempo
(Ex.: meios de transporte, eletrodomésticos)
Capital Utilizados para produzir outros bens (Ex.:
máquinas, equipamentos)
Intermediário São os insumos utilizados na produção de
bens e serviços (Ex.: matérias-primas e
componentes)
Quadro 1 | Tipos de bens econômicos. Fonte: adaptada de Malassise e Salvalagio (2014).
Siga em Frente...
Sabemos que a economia de mercado é formada por agentes econômicos, tais como famílias e
empresas, que interagem em um complexo sistema de trocas e transações. O �uxo circular da
renda é uma representação fundamental desse processo, permitindo a visualização de como os
recursos e o dinheiro �uem entre esses dois pilares essenciais da atividade econômica
(Viceconti; Neves, 2013).
Esse conceito é uma basesólida para a compreensão de como a economia opera, destacando
como as famílias fornecem fatores de produção às empresas em troca de renda, enquanto as
empresas produzem bens e serviços que são adquiridos pelas famílias, gerando um ciclo
econômico contínuo.
Segundo Viceconti e Neves (2013), a renda, ou seja, a remuneração paga pelas empresas para as
famílias, pelo uso dos fatores de produção que são de propriedade das famílias, é classi�cada
pelos economistas em quatro grandes categorias, sendo elas:
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
1. Salários: as famílias recebem salários em troca do trabalho que fornecem às empresas.
Essa é a forma mais comum de renda para a maioria das famílias.
2. Juros: se as famílias possuem poupanças ou investimentos �nanceiros, recebem juros
sobre esses ativos.
3. Aluguéis: se possuem propriedades, como imóveis ou terras, recebem aluguéis de
empresas que utilizam esses ativos.
4. Lucros: algumas famílias também podem ser proprietárias de empresas e recebem lucros
como retorno sobre seu capital investido.
As famílias detêm os fatores de produção, fornecendo-os às empresas, enquanto as empresas
são detentoras dos bens e serviços vendendo-os para as famílias. Essa relação entre famílias e
empresas determina o “Fluxo real da economia”. Na Figura 2, pode-se visualizar a dinâmica do
�uxo circular da renda.
Figura 2 | Fluxo circular da renda. Fonte: Vasconcelos e Garcia (2023, p. 16).
Ao visualizar a Figura 2, perceba que o conceito do �uxo circular da renda nos proporciona uma
visão clara de como o mercado de bens e os fatores de produção estão interligados e como os
diversos agentes econômicos dependem uns dos outros. Nas empresas, os bens e serviços são
disponibilizados para as famílias (isto é, no mercado real) e, em contrapartida, as famílias
efetuam pagamentos por esses bens e serviços (ou seja, no mercado nominal). Por outro lado,
as famílias fornecem mão de obra e outros recursos de produção para as empresas (novamente,
no mercado real) e, em troca, recebem compensações na forma de salários, juros, aluguéis e
outros pagamentos (ainda no mercado nominal) por parte das próprias empresas (Silva; Luiz,
2017). Perceba que o �uxo monetário da economia apresenta os pagamentos (monetários) para
os fatores de produção e para os bens e serviços.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Em resumo, o �uxo circular da renda em uma economia fechada, considerando apenas as
famílias e as empresas, é um modelo conceitual que ilustra como a renda �ui entre esses dois
principais agentes econômicos. Famílias fornecem fatores de produção e recebem renda,
enquanto as empresas produzem bens e serviços e geram receita. Esse ciclo contínuo é
fundamental para o funcionamento da economia e para a manutenção da estabilidade
econômica.
Vamos Exercitar?
Durante nossa aula, abordamos o Problema Econômico Fundamental e o Fluxo Circular de Renda,
que nos fornecem as ferramentas necessárias para enfrentar o dilema dos produtores rurais com
recursos naturais limitados e demandas diversas. Agora, vamos relacionar os conceitos
discutidos com a resolução desse problema.
Na problematização inicial, vimos que a distribuição desigual dos benefícios da produção cria
dilemas éticos na comunidade, com diversos questionamentos. Vamos abordar cada um deles a
partir de agora.
1. Como lidar com a escassez de recursos e os con�itos na alocação?
Implementar políticas de gestão de recursos que promovam a e�ciência na utilização da
terra e da água, como práticas de agricultura sustentável e tecnologias de irrigação
e�cientes.
Estabelecer mecanismos de cooperação e diálogo entre os setores da comunidade para
identi�car soluções colaborativas para alocar os recursos de maneira mais equitativa.
2. Quais estratégias podem ser adotadas para promover uma distribuição mais equitativa dos
benefícios econômicos?
Desenvolver programas de treinamento e educação para capacitar todos os membros da
comunidade, permitindo que participem igualmente das oportunidades econômicas.
Estabelecer políticas de redistribuição de recursos que considerem as necessidades
especí�cas dos grupos mais vulneráveis, visando reduzir disparidades socioeconômicas.
3. Como conciliar e�ciência econômica e sustentabilidade diante da escassez de recursos
naturais?
Investir em tecnologias sustentáveis e práticas agrícolas que otimizem a produção,
minimizando impactos ambientais.
Implementar políticas de incentivo à inovação e pesquisa voltadas para práticas
econômicas sustentáveis, visando a preservação dos recursos naturais a longo prazo.
Essas soluções sugerem abordagens práticas e estratégicas para enfrentar os desa�os
econômicos fundamentais na comunidade, buscando equidade, e�ciência e sustentabilidade na
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
gestão dos recursos escassos.
Saiba mais
Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras
fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.
Leia o Capítulo 1 do livro: Fundamentos de economia, disponível na Biblioteca Virtual. Trata-se de
um livro introdutório de Economia Aplicada, no qual procura-se explicar com clareza e concisão
conceitos e problemas econômicos fundamentais, de forma que você possa ter melhor
compreensão da realidade econômica.
VASCONCELOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. São Paulo: Editora Saraiva,
2023. E-book. 
Leia o Capítulo 2 do livro: Introdução à economia, disponível na Biblioteca Virtual. Nesse capítulo,
você vai compreender como os fatores de produção são alocados no processo de produção
capitalista, dentro do contexto dos problemas econômicos fundamentais.
ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 21. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2016. E-book.
O �uxo circular da renda é um importante conceito para a compreensão do funcionamento do
sistema econômico. Para você conhecer mais sobre o assunto, te convido a ler o artigo O �uxo
circular de renda: saiba o que é e como funciona.
Referências
MALASSISE, R. L. S.; SALVALAGIO, W. Introdução à economia. Londrina: Unopar, 2014.
ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 21. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2016. E-book. ISBN
9788597008081. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597008081/. Acesso em: 18 out. 2023.
SILVA, C. R. L; LUIZ, S. Economia e mercados: introdução à economia. 20. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2017.
VASCONCELOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
VASCONCELOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. São Paulo: Editora Saraiva,
2023. E-book. ISBN 9788571441415. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571441415/. Acesso em: 18 out. 2023.
VICECONTI, P.; NEVES, S. Introdução à economia, 12. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2013.
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571441415/
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597008081/
https://dsipublicacoes.com.br/fluxo-circular-de-renda/
https://dsipublicacoes.com.br/fluxo-circular-de-renda/
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Aula 2
Conceitos Fundamentais de Economia Política
Conceitos fundamentais de economia política
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Dica para você
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Olá, estudante!
Nesta videoaula você irá conhecer conceitos fundamentais de economia política. Esse conteúdo
é importante para a sua prática pro�ssional, pois você compreenderá as origens da economia
política e a sua relação com o surgimento do capitalismo, proporcionando uma visão histórica do
sistema econômico no qual vivemos.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Nesta aula vamos estudar as origens da economia política, dentro do contexto do modo de
produção capitalista.Também, você conhecerá as três categorias teóricas da economia política:
o trabalho, a lei do valor e a mercadoria.
À medida que exploramos a evolução da economia política, dois questionamentos fundamentais
emergem, instigando uma re�exão crítica sobre os conteúdos estudados:
Transformações da burguesia: como as transformações de postura da burguesia,
inicialmente associada a princípios revolucionários e posteriormente tornando-se
conservadora, in�uenciaram a dinâmica das relações sociais e econômicas durante o
período de mudanças radicais, especialmente entre 1825 e 1850?
Modo de produção capitalista e circulação mercantil: como a transição da circulação
mercantil simples para a circulação mercantil capitalista rede�niu as relações econômicas?
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Ao buscar respostas para esses questionamentos, vamos ter uma compreensão crítica das
estruturas que moldam o sistema capitalista e suas implicações na sociedade contemporânea.
Bons estudos!
Vamos Começar!
A economia política não surgiu como uma disciplina claramente de�nida desde o início, mas
evoluiu gradualmente em resposta a desa�os políticos e econômicos.
O termo "economia política" tem raízes antigas, remontando à Grécia antiga, onde pensadores
como Aristóteles e Platão discutiam sobre a organização da polis e a distribuição de recursos.
No entanto, estudos sobre a economia política moderna começou a se desenvolver durante a
Revolução Industrial nos séculos XVIII e XIX na Europa. Esse período de mudança radical trouxe
consigo uma série de desa�os sociais e econômicos, provocando uma re�exão mais profunda
sobre a natureza da riqueza, do poder e das relações entre os indivíduos e o Estado (Silva;
Birnkott; Lopes, 2018).
Esses estudos pioneiros da economia formaram o primeiro corpo teórico do que se chamou
economia política. Destaca-se os trabalhos de François Quesnay (1694-1774), Adam Smith
(1723-1790), William Petty (1623-1687), Pierre de Boisguillebert (1646-1714), David Ricardo
(1772-1823), etc. Juntos, esses pensadores constituíram a economia política clássica (Paulo
Netto; Braz, 2007 apud Silva; Birnkott; Lopes, 2018).
Na visão da economia política clássica, o foco principal residia na compreensão das relações
sociais que se delineavam durante a crise do antigo regime feudal. Diferentemente da busca por
estabelecer uma disciplina cientí�ca formal, os pensadores clássicos desse campo não tinham,
inicialmente, a intenção de construir um corpo de conhecimento cientí�co autônomo. Seu
verdadeiro propósito era desvendar o modo como a sociedade estava se recon�gurando a partir
do declínio do mundo feudal.
Portanto, os clássicos da economia política não se posicionavam meramente como cientistas
puristas; ao contrário, almejavam objetivos intensos de intervenção política e social. De acordo
com Sandroni (2005), é por essa razão que esse campo de estudo adotou a designação
"economia política", onde o termo "política" é equiparado a "social", seguindo a tradição
aristotélica que considera o homem como um ser político, ou seja, um ser social.
Nesse contexto, pode-se observar que a economia política clássica re�etiu as ideias da
burguesia durante um período histórico em que essa classe estava à frente das lutas sociais,
liderando o processo revolucionário que resultou na queda do feudalismo (Sandroni, 2005 apud
Silva; Birnkott; Lopes, 2018).
Na segunda metade do século XIX, a economia política clássica enfrentou uma crise intrínseca.
Entre 1825 e 1850, os interesses da burguesia, anteriormente associados a princípios
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
revolucionários de liberdade, igualdade e fraternidade, passaram por uma transformação
marcante. Segundo Silva, Birnkott e Lopes (2018), embora a luta burguesa tenha emancipado as
pessoas das relações de dependência pessoal do feudalismo, a revolução não conseguiu
estabelecer plenamente a liberdade política desejada. Ainda segundo os autores, a ascensão da
burguesia resultou em uma nova dominação de classe, tornando-se conservadora e contrariando
as promessas emancipadoras da cultura revolucionária que a levou ao poder.
Essa mudança de postura da burguesia para uma classe conservadora foi essencial para a
incompatibilidade com as perspectivas da economia política clássica. O con�ito original entre
burguesia e nobreza foi substituído por um confronto entre burguesia e proletariado (os
trabalhadores) com a ascensão da burguesia (Silva; Birnkott; Lopes, 2018). As tensões atingiram
o ápice nas revoluções de 1848, marcando um momento de convulsões sociais na Europa, onde
a burguesia conservadora se viu em confronto com o proletariado revolucionário.
A partir desse ponto, surge o pensamento pioneiro relacionado ao proletariado, liderado por Karl
Marx. A economia política passa a direcionar seu foco para o caráter exploratório do capital
(representado pela burguesia) em relação ao trabalho (representado pelo proletariado). Isso dá
origem à crítica da economia política, introduzindo novos quadros teóricos destinados a explicar
os rearranjos na vida social (Paulo Netto; Braz, 2007).
Nesse contexto, a economia política se consolida como a ciência das leis que regem a produção
e a troca dos meios materiais de subsistência na sociedade humana. Cabe destacar que,
sobretudo no sistema capitalista predominante, o objeto de estudo da economia política se
concentra no modo de produção capitalista, considerando não apenas a produção em si, mas
também as relações sociais entre os indivíduos envolvidos na produção ou na estrutura social
dela (Silva; Birnkott; Lopes, 2018).
Siga em Frente...
Para entender as relações sociais próprias à atividade econômica capitalista, a economia política
utiliza três categorias teóricas, sendo elas:
O trabalho, que torna possível a produção de qualquer bem ou serviço.
A lei do valor, que constitui a noção de riqueza social.
A mercadoria, o objeto indispensável para a troca capitalista.
Vamos estudar cada uma delas a partir de agora.
O sistema capitalista se baseia na relação entre o capital e o trabalho, onde os trabalhadores
vendem sua força de trabalho em troca de salários. Essa dinâmica cria uma divisão de classes,
onde os proprietários dos meios de produção (capitalistas) detêm o controle e os trabalhadores
contribuem com seu esforço laboral. Assim, o trabalho não é apenas uma atividade produtiva,
mas também uma categoria que delineia as relações de poder e hierarquias na sociedade (Silva;
Dalcin; Stefani, 2019).
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
A evolução do trabalho impõe a demanda por habilidades e conhecimentos obtidos
primeiramente através de repetição e experimentação, os quais são subsequentemente
transmitidos por meio do aprendizado. No contexto do capitalismo, a necessidade incessante de
desenvolver novas modalidades de trabalho surge, resultando na criação de novas demandas e,
consequentemente, na emergência de novos métodos de aprendizado.
A lei do valor é um conceito fundamental que permeia a teoria econômica capitalista. Ela sugere
que o valor de um bem ou serviço é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário
para sua produção. Em outras palavras, o valor de uma mercadoria é in�uenciado pelo esforço
humano envolvido em sua criação (Silva; Dalcin; Stefani, 2019). Essa ideia implica que o valor
não é intrínseco ao objeto, mas é socialmente construído.
A lei do valor na economia política capitalista introduz uma distinção entre duas características
das mercadorias: o valor de uso e o valor de troca. O valor de uso refere-se à utilidade intrínseca
de uma mercadoria, isto é, sua capacidade de satisfazer necessidades humanas. Por exemplo,
um par de sapatos possui valor de uso porque é capaz de proteger os pés e proporcionar
conforto. No entanto, o valor de uso não é o único fator determinante do valor econômico.
O valor de troca, por outro lado, está relacionado à capacidade de uma mercadoria ser trocada
por outra no mercado, direta ou indiretamente, por intermédio do dinheiro. Esse valor é
in�uenciado pelo tempo de trabalhosocialmente necessário para a produção da mercadoria,
conforme estabelecido pela teoria do valor-trabalho. Assim, enquanto o valor de uso é uma
propriedade concreta da mercadoria, o valor de troca é uma abstração que surge das relações
sociais de produção e troca (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).
Ao longo da evolução da economia política, os conceitos de valor de uso e valor de troca
sofreram modi�cações constantes. Na fase clássica, exempli�cada por Adam Smith, a teoria do
valor-trabalho foi formulada, sustentando que o trabalho é a única medida verdadeira e de�nitiva
do valor das mercadorias, diferenciando-se de seu preço nominal (Silva; Birnkott; Lopes, 2018).
Karl Marx, por sua vez, expandiu a teoria do valor-trabalho, introduzindo o conceito de mais-valia.
Marx argumentou que, sob o capitalismo, os trabalhadores não recebem o valor total do seu
trabalho. Ele explicou que a mais-valia é a diferença entre o valor do trabalho produzido pelos
trabalhadores e o salário que recebem (Silva; Dalcin; Stefani, 2019). Esse excedente é apropriado
pelos capitalistas, resultando na exploração dos trabalhadores e no acúmulo de capital.
A mercadoria representa o produto do trabalho humano, que é destinado não apenas ao
consumo direto, mas também à troca no mercado. A mercadoria torna-se a expressão material
da relação social entre os produtores, mediada pelo valor que ela possui. Portanto, a mercadoria
emerge como o elemento central na sociedade capitalista, desempenhando o papel de
intermediária em todas as relações sociais (Silva; Birnkott; Lopes, 2018).
Para que diferentes mercadorias sejam produzidas, é essencial que exista uma divisão social do
trabalho. Contudo, essa condição necessária não é su�ciente para garantir a produção contínua
de mercadorias. A divisão social do trabalho precisa estar vinculada à propriedade privada dos
meios de produção. Em outras palavras, apenas aquele que é proprietário dos meios ou
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
instrumentos de produção pode comprar ou vender qualquer tipo de mercadoria, surgindo a
importância da propriedade privada. No sistema capitalista, a apropriação dos meios de
produção é o que motiva os capitalistas a produzirem cada vez mais e a terem o direito legal de
se apropriarem sempre da mais-valia resultante da troca de mercadorias (Silva; Birnkott; Lopes,
2018).
O modo de produção capitalista é um sistema econômico que se caracteriza pela propriedade
privada dos meios de produção, como fábricas e terras, e pela busca do lucro como principal
motor da atividade econômica. Esse sistema in�uencia não apenas a produção, mas também a
circulação de mercadorias, desempenhando um papel fundamental na compreensão da
dinâmica econômica contemporânea.
A circulação mercantil, por sua vez, é um componente essencial do modo de produção
capitalista, sendo responsável por facilitar a troca de mercadorias entre diferentes agentes
econômicos (Silva; Dalcin; Stefani, 2019). No entanto, deve-se distinguir entre a circulação
mercantil simples e a circulação mercantil capitalista para compreender melhor o funcionamento
do sistema econômico.
Na circulação mercantil simples, as trocas ocorrem com base na equivalência de valores entre as
mercadorias. Isso signi�ca que uma mercadoria é trocada por outra de valor semelhante,
re�etindo a relação direta entre os produtores e os consumidores. Assim, pode-se simbolizar o
processo de circulação característico da produção mercantil simples com a seguinte expressão:
mercadoria dinheiro outra mercadoria (ou seja, M D M).
Já na circulação mercantil capitalista, a moeda assume um papel central. A relação entre os
produtores e consumidores não é mais direta; em vez disso, a moeda torna-se o intermediário
universal nas trocas. O capitalista compra mercadorias com o objetivo de vendê-las
posteriormente, visando obter lucro. Assim, a circulação mercantil capitalista expressa-se na
seguinte fórmula: dinheiro mercadoria dinheiro acrescido (ou seja, D M D’) (Silva; Birnkott;
Lopes, 2018).
Portanto, o capitalista não está interessado apenas na troca de mercadorias, mas também no
processo produtivo que leva à criação de valor excedente. Esse valor excedente é essencial para
a acumulação de capital e para a dinâmica de crescimento econômico no sistema capitalista.
Em resumo, o modo de produção capitalista molda não apenas a produção, mas também a
circulação de mercadorias. A transição da circulação mercantil simples para a circulação
mercantil capitalista destaca a centralidade da moeda e do lucro no sistema, rede�nindo as
relações econômicas e impactando a forma como a sociedade organiza a produção e o
intercâmbio de bens e serviços.
Vamos Exercitar?
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Estudante, a partir de agora vamos retomar a problematização descrita no início da aula e
relacionar com o conteúdo estudado.
O primeiro questionamento nos levou a re�etir como a mudança de postura da burguesia,
inicialmente vinculada a princípios revolucionários, impactou a economia política clássica. Muito
bem, conforme apresentado na aula, a mudança de postura da burguesia, inicialmente associada
a princípios revolucionários durante a queda do feudalismo, é evidenciada no texto pela transição
dessa classe para uma postura conservadora entre 1825 e 1850. A análise aponta que, apesar de
emancipar-se das relações de dependência pessoal do feudalismo, a burguesia se tornou uma
classe conservadora, entrando em con�ito com as promessas emancipadoras da Revolução.
Essa mudança de perspectiva impactou diretamente a economia política clássica, substituindo o
con�ito original com a nobreza por uma confrontação com o proletariado, marcando um
momento de convulsões sociais na Europa.
O segundo questionamento nos trouxe a seguinte questão: Como a transição da circulação
mercantil simples para a circulação mercantil capitalista rede�niu as relações econômicas? Bom,
a partir da leitura do material, compreendemos que a transição da circulação mercantil simples
para a circulação mercantil capitalista rede�niu as relações econômicas ao introduzir a moeda
como intermediário universal nas trocas.
A fórmula dinheiro mercadoria dinheiro acrescido (ou seja, D M D’), destaca o papel central
da busca pelo lucro na circulação mercantil capitalista. Logo, o capitalista não está interessado
apenas na troca de mercadorias, mas também no processo produtivo que leva à criação de valor
excedente. Esse valor excedente é essencial para a acumulação de capital e para a dinâmica de
crescimento econômico no sistema capitalista.
Essas respostas baseiam-se nas informações fornecidas ao longo da aula, na qual destacam-se
os pontos essenciais relacionados às transformações da burguesia e ao modo de produção
capitalista, especialmente no contexto da circulação mercantil.
Saiba mais
Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras
fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.
Leia o capítulo Conceitos fundamentais da economia política do livro: Economia política. Nesse
capítulo, você vai ver como a economia política se consolidou como uma ciência. Para isso, vai
conhecer a história dessa disciplina desde o seu início, no século XVIII. Além disso, você vai se
dedicar ao estudo de conceitos fundamentais para essa área, como os de trabalho, valor e
mercadoria. Por �m, vai explorar os mecanismos que põem em funcionamento o modo de
produção capitalista.
SILVA, F. P. M.; BIRNKOTT, A. D.; LOPES, J. G. D. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2018. E-
book.
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595024083/
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Leia o capítulo: O padrão de acumulação contemporânea do capital e seus efeitos sociais do
livro: Economia política. Nesse capítulo, você entenderá o funcionamento do sistema capitalista
nos dias de hoje, analisando o processo de acumulação capitalista e o movimento do capital.
Além disso, você vai ver como esse processo se relaciona com a crise estruturaldo capital e vai
conhecer as bases fundamentais do sistema econômico capitalista e sua relação com a vida em
sociedade.
SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019. E-book.
Referências
PAULO NETTO, J.; BRAZ, M. Economia política: uma introdução crítica. 2. ed. São Paulo: Cortez,
2007.
SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.
SILVA, F. P. M.; BIRNKOTT, A. D.; LOPES, J. G. D. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2018.
SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019.
Aula 3
Capitalismo
Capitalismo
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Dica para você
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Olá, estudante!
Nesta videoaula você irá conhecer o surgimento do capitalismo, bem como suas fases
evolutivas.
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Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Esse conteúdo é importante para a sua prática pro�ssional, pois proporciona o entendimento das
bases econômicas que moldam as sociedades contemporâneas.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
A partir de agora vamos estudar a transição do feudalismo para o capitalismo, explorando suas
raízes históricas e as dinâmicas sociais, políticas e econômicas que delinearam esse processo.
Ao longo desse percurso, será apresentado o conceito de capitalismo, bem como as diferentes
fases do capitalismo, desde o mercantilismo até a era informacional.
Nesse contexto, convidamos você a re�etir sobre dois pontos fundamentais que guiarão as
discussões ao longo desta aula:
Diversidade na transição: como as condições sociais, econômicas e geográ�cas
in�uenciaram a diversidade na transição do feudalismo para o capitalismo na Europa
medieval?
Natureza evolutiva do capitalismo: como as diferentes fases do capitalismo, desde o
comercial até o informacional, moldaram as estruturas econômicas e sociais ao longo do
tempo?
A partir desses questionamentos, convido você a explorar as conexões entre o feudalismo, o
surgimento do capitalismo e, por �m, considerar como essas transformações históricas
continuam a impactar o nosso cotidiano pro�ssional e a estrutura da sociedade contemporânea.
Bons estudos!
Vamos Começar!
O feudalismo foi um sistema social, político e econômico predominante na Europa medieval, que
perdurou aproximadamente do século IX ao XV. Esse período foi caracterizado por uma estrutura
hierárquica complexa, na qual a sociedade estava organizada em torno da posse e do controle da
terra. O sistema feudal possuía uma fragmentação político-jurídica, sustentado por relações de
vassalagem e feudos, no qual se estabeleceu um sistema de deveres e obrigações entre
senhores e vassalos, marcada predominantemente pela servidão.
A sociedade feudal era estrati�cada em diferentes classes, com os camponeses formando a
base. Eles trabalhavam nas terras dos senhores como servos, cultivando a terra em troca de
proteção. A economia feudal era agrária, centrada na produção local para subsistência. As
comunidades eram autossu�cientes e as transações comerciais eram limitadas. A vida urbana
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
era incipiente, com a maioria da população vivendo em vilarejos ao redor dos castelos dos
senhores.
No século XIV, o sistema feudal, que havia dominado a estrutura socioeconômica da Europa
medieval, encontrou-se em meio a uma crise profunda que sinalizou o início de sua
desintegração (Silva; Birnkott; Lopes, 2018). A transição do feudalismo para o capitalismo na
Europa foi um processo complexo e heterogêneo, manifestando-se de maneira desigual em
diferentes regiões. Essa evolução histórica não ocorreu de forma universal e as disparidades na
velocidade e na natureza da transição foram in�uenciadas por uma série de fatores (Silva;
Birnkott; Lopes, 2018).
Um dos fatores que contribuíram para a diversidade na transição foi a estrutura social e
econômica preexistente em cada região. Por exemplo, áreas urbanizadas e comercialmente
desenvolvidas tiveram maior propensão para uma transição mais rápida. Cidades como Veneza,
Gênova e outras regiões da Itália, que já possuíam uma economia mais orientada para o
comércio, foram pioneiras na adoção de práticas capitalistas.
Além disso, as condições geográ�cas também desempenharam um papel signi�cativo. Regiões
costeiras e com acesso facilitado às rotas comerciais muitas vezes experimentaram uma
transição mais acelerada devido à intensi�cação do comércio. Enquanto isso, áreas remotas e
isoladas enfrentaram desa�os adicionais na incorporação de práticas capitalistas.
Para Karl Marx, o con�ito crucial durante a transição do feudalismo para o capitalismo estava
enraizado nas relações entre os camponeses e seus senhores feudais (Silva; Birnkott; Lopes,
2018). Esses senhores feudais, detentores das terras, exerciam seu poder sobre os camponeses
e extraiam o excedente da produção agrícola por meio de direitos feudais e estruturas de poder
feudais.
Os camponeses, por sua vez, eram responsáveis pela produção desses excedentes, mas
estavam sujeitos a uma série de obrigações feudais, incluindo o pagamento de rendas e taxas,
bem como a prestação de serviços para os senhores (Silva; Birnkott; Lopes, 2018). Essa relação
de exploração e dependência constituía o cerne do con�ito de classe na visão de Marx.
Maurice Dobb (1946 apud Silva; Birnkott; Lopes, 2018) propôs uma análise singular sobre o
colapso do feudalismo e o surgimento do capitalismo. Em sua perspectiva, o cerne desse
processo histórico residia na revolta dos pequenos produtores e camponeses contra as
estruturas opressivas do sistema feudal. Essa visão sugere que a gênese do capitalismo estava
intrinsecamente ligada à dinâmica das revoltas camponesas e à busca por uma ordem social que
permitisse maior liberdade e oportunidades econômicas.
A transição do feudalismo para o capitalismo ocorreu à medida que os pequenos produtores
conseguiram uma emancipação parcial da exploração feudal. Esse processo inicialmente pode
ter envolvido um abrandamento dos tributos ou uma redução da expropriação dos excedentes
por parte dos senhores feudais (Silva; Birnkott; Lopes, 2018). Esse alívio nas obrigações feudais
permitiu que os camponeses retivessem uma parcela maior do produto excedente gerado por
seu trabalho.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Com essa emancipação parcial, os camponeses encontraram-se em uma posição mais favorável
para acumular excedentes para si mesmos. Esse excedente, antes majoritariamente destinado
aos senhores feudais, passou a ser uma fonte de recursos nas mãos dos pequenos produtores.
Durante os séculos XII e XIII, as transformações econômicas não se limitaram apenas à esfera
agrícola. As pequenas manufaturas desempenharam um papel crucial nesse período de
transição do feudalismo para o capitalismo. As atividades dos artesãos, anteriormente dispersas
nas aldeias feudais, foram progressivamente concentradas em o�cinas localizadas nas
emergentes cidades.
Esse movimento de concentração das atividades manufatureiras representou uma parte
fundamental da expansão econômica geral. À medida que o�cinas especializadas se
desenvolviam, as técnicas de produção eram aprimoradas, resultando em maior e�ciência e
qualidade na manufatura de bens. Simultaneamente, o surgimento dessas o�cinas urbanas teve
implicações signi�cativas para a população rural. A fuga dos servos das propriedades feudais foi
um fenômeno observado à medida que os centros urbanos se expandiam. As cidades ofereciam
oportunidades de emprego mais diversi�cadas e, muitas vezes, uma maior liberdade em
comparação com as restrições impostas nos feudos.
Nesse contexto, à medida que a acumulação de capital crescia, tanto na produçãorural como na
produção artesã (a origem da manufatura industrial), os interesses burgueses passaram a ser
contrários ao isolamento feudal (Katz, 1993 apud Silva; Birnkott; Lopes, 2018).  O controle e a
expropriação da produção pelos senhores feudais perderam sua relevância. Além disso, a
servidão deixou de ser uma relação de trabalho satisfatória para atender às exigências do
capital.
Karl Marx (1996 apud Silva; Birnkott; Lopes, 2018) argumenta que todas essas condições
facilitaram a transição do feudalismo para o capitalismo. Não há dúvidas de que o ponto de
partida do capitalismo é a circulação de mercadorias. A produção e a circulação intensi�cada de
mercadorias, através do comércio, representam os requisitos históricos para o surgimento do
capitalismo. Esses novos fenômenos eram inconciliáveis com a manutenção do sistema feudal.
Siga em Frente...
Compreendido o processo de �m do feudalismo e as bases para o surgimento do capitalismo,
vamos compreender o que é o capitalismo.
O capitalismo é um sistema em que os bens e os serviços, inclusive as necessidades mais
básicas da vida, são produzidos para �ns de troca lucrativa. Nesse contexto, até mesmo a
capacidade humana de trabalho é tratada como uma mercadoria à venda no mercado. Logo, o
cerne do sistema capitalista gira em torno da dinâmica do mercado, das exigências da
competição e da maximização do lucro.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
As empresas e os empreendedores buscam atender às demandas do consumidor, mas não
apenas por uma questão de serviço público; a motivação subjacente é a obtenção de lucro. Essa
busca incessante pelo lucro não só impulsiona a inovação e e�ciência produtiva, mas também
cria uma atmosfera de competição intensa entre os participantes do mercado.
A capacidade humana de trabalho, vital para a produção de mercadorias e serviços, é tratada
como uma mercadoria em si mesma. Os indivíduos, nesse sistema, vendem sua força de
trabalho no mercado de emprego em troca de salários. Essa relação entre empregadores e
empregados é central para a dinâmica capitalista, onde a mão de obra é uma peça-chave no
processo produtivo. Todas as relações do capitalismo ocorrem no que se convencionou chamar
de mercado (Sandroni, 2005).
Dentro desse contexto, o sistema capitalista demonstra uma notável capacidade de se ajustar a
uma variedade de condições, incluindo aspectos políticos, sociais, tecnológicos, geográ�cos,
entre outros. Esse ajuste contínuo visa primariamente manter e impulsionar a acumulação de
capital. É exatamente essa �exibilidade que caracteriza o capitalismo como um sistema
diversi�cado, capaz de sobreviver ao longo de séculos, atravessando períodos de expansões e
enfrentando crises profundas.
A transição do feudalismo para o capitalismo marcou o início do desenvolvimento e evolução
gradual do modo de produção capitalista. Esse processo teve início no século XIV,
caracterizando-se por uma evolução desigual, com uma progressão mais acelerada na parte
ocidental da Europa (Silva; Birnkott; Lopes, 2018). À medida que os séculos XIX e XX avançaram,
o capitalismo expandiu-se para todos os continentes, consolidando-se como um fenômeno
global ao longo do século XXI.
De acordo com Bresser Pereira (2011), as principais fases do capitalismo podem ser divididas
em:
1. Fase do capitalismo comercial.
2. Fase do capitalismo industrial.
3. Fase do capitalismo �nanceiro.
4. Fase do capitalismo informacional ou capitalismo do conhecimento.
O capitalismo comercial, também conhecido como fase mercantilista, caracterizou-se pelo
acúmulo de riquezas através do comércio. Esse período teve início no século XV e estendeu-se
até o século XVIII. Foi uma época marcada pelas Grandes Navegações e descobrimentos que
ampliaram as conexões entre diferentes continentes, mantendo a Europa como o epicentro
econômico do mundo.
Durante essa fase mercantilista, as potências europeias buscavam acumular riquezas através do
comércio internacional, especialmente de especiarias, seda, ouro e outros produtos de alto valor.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
As nações europeias estabeleceram rotas comerciais, colônias e feitorias em diversas partes do
mundo, impulsionando uma intensa atividade mercantil.
O capitalismo industrial, que teve seu auge do século XIX até meados de 1945, foi marcado pela
transição do foco econômico do comércio para a produção de mercadorias, impulsionando o
desenvolvimento de atividades industriais. Durante esse período, os negócios, os lucros, a
evolução dos meios de produção, as invenções, as máquinas e as grandes fábricas surgiram
proeminentemente na paisagem do capitalismo.
A Revolução Industrial, que teve início na segunda metade do século XVIII, foi um dos
catalisadores fundamentais dessa transformação. A introdução de máquinas movidas a vapor, a
mecanização dos processos produtivos e o aumento da e�ciência marcaram um novo estágio na
produção de mercadorias em larga escala. As fábricas tornaram-se centros de produção,
concentrando trabalhadores e máquinas para atender à crescente demanda por bens.
Com o avanço do capitalismo industrial, ocorreu uma convergência signi�cativa entre as grandes
indústrias e o capital �nanceiro. O papel do capital �nanceiro tornou-se crucial na produção
industrial, destacando-se especialmente o papel proeminente dos bancos. Esses agentes
�nanceiros eram capazes de fornecer o suporte necessário para �nanciar expansões produtivas,
fusões e incorporações. Essas estratégias não apenas impulsionaram o crescimento das
empresas, mas também contribuíram para uma maior monopolização ou oligopolização em
diversos setores da economia. Esse período, a partir de 1945, testemunhou a expansão global
dos mercados de capitais.
O conceito de capitalismo informacional refere-se a uma nova fase do capitalismo que emerge
em resposta às mudanças signi�cativas provocadas pelas novas tecnologias de informação. A
partir dos anos 1980, as Tecnologias de Informação (TIs) desempenharam um papel
fundamental na reestruturação do modo de produção capitalista, provocando simultaneamente
transformações nos paradigmas sociais em nível global.
Em outras palavras, as TIs têm sido agentes catalisadores na formação de uma nova estrutura
social, manifestando-se em uma diversidade cultural sem precedentes dentro do sistema
capitalista e contribuindo para o surgimento de novas instituições produtivas onde o
conhecimento se torna o ativo principal do capitalismo.
Vamos Exercitar?
Estudante, a partir de agora vamos retomar a problematização descrita no início da aula e
relacionar com o conteúdo estudado.
O primeiro questionamento nos levou a re�etir como as condições sociais, econômicas e
geográ�cas in�uenciaram a transição do feudalismo para o capitalismo na Europa medieval. De
acordo com o conteúdo estudado, a transição do feudalismo para o capitalismo não foi universal
e ocorreu de maneira desigual em diferentes regiões. Essa diversidade na velocidade e na
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
natureza da transição foi moldada por uma interseção de fatores, incluindo a estrutura
econômica preexistente e as características geográ�cas especí�cas de cada local.
Uma das in�uências mais destacadas foi a estrutura social e econômica preexistente em cada
região. Locais urbanizados e comercialmente desenvolvidos, como Veneza e Gênova na Itália,
mostraram maior propensão para uma transição rápida devido à economia orientada para o
comércio. Essas regiões já possuíam uma base econômica mais propícia à adoção de práticas
capitalistas, diferenciando-se de áreas mais rurais e isoladas. As condições geográ�cas também
desempenharam um papel signi�cativo. Regiões costeiras e aquelas com fácil acesso às rotas
comerciais experimentaram uma transição mais acelerada, impulsionada pela intensi�cação do
comércio. Em contraste, áreas remotas enfrentaram desa�os adicionais na incorporação de
práticas capitalistas, devido às limitações de acesso e comunicação.
O segundo questionamento nos trouxe a seguinte questão: Como as diferentes fases do
capitalismo,desde o comercial até o informacional, moldaram as estruturas econômicas e
sociais ao longo do tempo? Bom, a partir da leitura do material, compreendemos que no
capitalismo comercial, destacado nas Grandes Navegações, o sistema concentrou-se na
acumulação de riquezas por meio do comércio internacional, estabelecendo relações mercantis
globais que perduram até hoje.
A fase industrial, marcada pela Revolução Industrial, testemunhou a transformação do foco
econômico do comércio para a produção em larga escala, resultando na formação de fábricas e
na convergência entre o capital industrial e �nanceiro.
O capitalismo �nanceiro, a partir de 1945, consolidou a interdependência entre esses capitais,
promovendo uma maior monopolização em diversos setores. Por �m, a fase informacional,
desde os anos 1980, é caracterizada pelo papel fundamental das Tecnologias de Informação
(TIs), impulsionando a produção e gerando uma diversidade cultural sem precedentes.
Em síntese, a natureza evolutiva do capitalismo revela uma trajetória complexa que transcende
mudanças econômicas, in�uenciando signi�cativamente as estruturas sociais ao longo das
diferentes fases. Compreender essa evolução nos capacita para uma análise crítica do presente,
destacando como as dinâmicas do capitalismo continuam a impactar profundamente o mundo
em que vivemos.
Saiba mais
Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras
fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.
Leia o capítulo Capitalismo do livro: Economia política. Nesse capítulo, você vai entender como
foi a transição do feudalismo para o capitalismo e qual é o conceito predominante de
capitalismo. Além disso, vai ver quais são as suas principais características como um sistema
econômico e social.
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595028968/
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
SILVA, F. P. M.; BIRNKOTT, A. D.; LOPES, J. G. D. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2018. E-
book. ISBN 9788595024083. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595024083/. Acesso em: 15 jan. 2024.
Leia o capítulo A evolução do processo capitalista do livro: Economia política. Nesse capítulo,
você conhecerá as origens do modo de produção capitalista, identi�cará os seus impactos
concretos nas relações sociais, analisará os seus ciclos de crises e contradições e observará
como esse processo vem evoluindo ao longo da história.
SILVA, F. P. M; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019. E-book.
Referências
BRESSER-PEREIRA, L. C. As duas fases da história e as fases do capitalismo. São Paulo: FGV-
EESP, 2011. (Texto para Discussão, 278).
SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.
SILVA, F. P. M.; BIRNKOTT, A. D.; LOPES, J. G. D. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2018.
SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019. 
Aula 4
Evolução do Pensamento Econômico
Evolução do pensamento econômico
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Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Nesta videoaula você irá conhecer brevemente a evolução do pensamento econômico.
Esse conteúdo é importante para a sua prática pro�ssional, pois proporciona uma base para
compreender as diferentes teorias e abordagens que moldaram o campo da economia ao longo
do tempo.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Nesta aula vamos estudar a evolução do pensamento econômica. A compreensão das teorias
econômicas ao longo do tempo é essencial para analisar as raízes e o desenvolvimento das
abordagens que moldaram a economia como ciência.  
Nos últimos séculos, diversos estudiosos dedicaram-se a explorar e aprimorar conceitos
econômicos, contribuindo para a construção de um corpo teórico robusto. Porém, divergências e
debates persistem no âmbito acadêmico.
Por exemplo, em algum momento você já deve ter se deparado com o debate sobre o papel do
estado na economia, com a seguinte indagação: É preferível uma economia com maior ou menor
intervenção do Estado?
Já quanto ao sistema capitalista de produção, predominante no mundo, provavelmente você já
se deparou com análises e questionamentos sobre se de fato é o modelo mais justo em termos
de alocação e distribuição de recursos.
Esses questionamentos permeiam o arcabouço teórico econômico e, nesta aula, vamos estudar
as principais escolas econômicas que contribuíram para moldar tais debates e re�exões. Vamos
explorar as ideias fundamentais de correntes como a escola clássica, o marxismo, o
keynesianismo e outras, que desempenharam papéis signi�cativos na evolução do pensamento
econômico.
Vamos juntos para esse estudo?! Boa aula!
Vamos Começar!
Antes mesmo do iluminismo do século XVIII, diversos pensadores dedicaram-se a estudar sobre
a natureza do processo econômico. Já na Idade Média, era possível identi�car debates e estudos
econômicos que sinalizavam para a complexidade dessa ciência. No entanto, somente no século
XVIII o pensamento econômico começou a formalizar-se, marcando um ponto de virada
signi�cativo.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Foi nesse período que emergiu a in�uente Escola Clássica, caracterizada pela introdução de
teorias pioneiras que buscavam compreender o processo econômico de maneira abrangente.
Essas primeiras formulações proporcionaram as bases para o desenvolvimento posterior do
pensamento econômico, oferecendo uma estrutura conceitual que permitiu explorar as
dinâmicas do mercado, a alocação de recursos e a relação entre oferta e demanda.
A partir de agora você vai conhecer a história do pensamento econômico, da sua origem no
século XVIII aos principais avanços da teoria econômica no século XX.
Segundo Silva, Birnkott e Lopes (2018), antes do século XVIII, o debate econômico medieval
concentrava-se em questões éticas, tais como: O que constitui o preço justo? É o empréstimo
moralmente defensável? Porém, nenhum esforço era desprendido para compreender o
funcionamento do ambiente econômico.
Entre os séculos XVI e XVIII, os chamados mercantilistas exerceram in�uência sobre o
entendimento da dinâmica econômica na Europa, até então continente que predominava nas
explorações comerciais marítimas e comércio entre nações. Os registros históricos con�rmam
que o mercantilismo era, na essência, um conjunto de doutrinas econômicas caracterizado por
tradições comerciais fragmentadas e uma visão protecionista da sociedade e de Estado
Absolutista, conforme indicado por Sandroni (2005). Para os mercantilistas, o poder econômico e
a acumulação de riqueza, principalmente na forma de ouro e prata, era a chave para a
prosperidade nacional.
No entanto, os �siocratas, surgidos no século XVIII, deslocaram o foco para a natureza,
especialmente para o setor agrícola, como a principal fonte de riqueza das nações. Essa
mudança paradigmática conduziu a um embate ideológico, com os �siocratas contestando
ativamente as concepções dos mercantilistas. Assim, é a �siocracia que se destaca como
pioneira na tentativa de compreender e explicar a totalidade da economia como um sistema
interconectado (Silva; Birnkott; Lopes, 2018).
Um dos destaques da escola �siocrata, François Quesnay, elaborou o chamado “Quadro
Econômico”, no qual foi o primeiro diagrama formal capaz de explicar, por meio de linhas
cruzadas e conexões, o �uxo de dinheiro e bens entre três grupos sociais distintos: proprietários
de terras, agricultores e artesãos (Silva; Birnkott; Lopes, 2018). Apesar dos avanços cientí�cos da
escola �siocrata, é a chamadaescola clássica que vai desenvolver a economia em um caráter
cientí�co integral.
A Escola Clássica, cujas raízes remontam ao século XVIII, teve seu marco inicial com a
publicação, em 1776, do in�uente livro A riqueza das nações, por Adam Smith, um �lósofo
escocês. No entanto, foi no século XIX que a Escola Clássica se consolidou como uma
proeminente linha de pensamento econômico, à medida que novos pensadores surgiram,
ampliando as análises teóricas iniciadas por Smith (Silva; Birnkott; Lopes, 2018). Entre esses
destacados pensadores do século XIX estão Jeremy Bentham, David Ricardo, Thomas Malthus,
James Mill, Jean-Baptiste Say e John Stuart Mill.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Cabe destacar que os pensadores da Escola Clássica geralmente estavam associados à �loso�a
social, moral ou política. Um exemplo disso é Adam Smith, que lecionava na Faculdade de
Filoso�a da Universidade de Glasgow, na Escócia (Rasmussen, 2006 apud Silva; Birnkott; Lopes,
2018). Além disso, muitos dos predecessores da Escola Clássica desempenhavam papéis como
historiadores, políticos e funcionários públicos, incluindo �guras como Bernard de Mandeville,
Richard Cantillon, Jacques Turgot e David Hume. Essa é a razão pela qual a Escola Clássica
fundamentou-se em diversos princípios �losó�cos, especialmente do liberalismo e do
individualismo (Silva; Birnkott; Lopes, 2018).
Principal expoente da escola clássica, Adam Smith preocupou-se em investigar a natureza e as
causas da riqueza das nações. Nesse contexto, as riquezas eram representadas pelos bens que
possuíam valor de troca. Ele fazia uma distinção entre o valor de uso e o valor de troca das
mercadorias, sendo que este último era determinado pela quantidade de trabalho necessária
para produzi-las. Assim, a Escola Clássica enfatizava a importância da produção, relegando o
consumo e a demanda a uma posição secundária (Silva; Birnkott; Lopes, 2018).
De acordo com Sandroni (2005), a Escola Clássica propõe que o valor econômico de uma
mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho necessária para produzi-la. Essa teoria
sugere que todas as atividades econômicas contribuem para a criação de valor, uma vez que
envolvem o emprego de esforço humano. Essa é a chamada teoria do valor-trabalho.
Já outro autor da Escola Clássica, David Ricardo, também enfatizou o trabalho como um
determinante do valor de troca. Também, desenvolveu a ideia de vantagem comparativa e
evidenciou que o comércio internacional representa uma condição de benefício mútuo para as
nações participantes.
Outro conhecido pensador da Escola Clássica foi Thomas Malthus, que �cou conhecido pela sua
teoria populacional. Segundo Malthus, a população humana cresceria em uma taxa geométrica,
enquanto a produção de alimentos aumentaria apenas em uma progressão aritmética. Essa
disparidade inevitavelmente levaria a crises de escassez de alimentos, a menos que medidas
como controle da natalidade ou limites naturais à população fossem implementados.
Por outro lado, Jean-Baptiste Say é lembrado por sua Lei dos Mercados, uma proposição
fundamental na teoria econômica clássica. Say a�rmou que a oferta cria sua própria demanda,
argumentando que a produção de bens e serviços gera automaticamente a renda necessária
para comprar esses bens. Ele acreditava que as recessões eram temporárias e que a economia
eventualmente se ajustaria automaticamente, uma visão que desa�ava as ideias de demanda
insu�ciente como causa fundamental de crises econômicas.
Segundo Silva et al. (2018), durante o século XIX, o pensamento econômico se desenvolveu e
estabeleceu-se como uma disciplina cientí�ca em meio às mudanças econômicas, sociais e
tecnológicas impulsionadas pela Revolução Industrial. Esse período testemunhou um dos
eventos mais signi�cativos da história humana: a disseminação do modo de produção
capitalista.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Nessa conjuntura, a análise econômica tornou-se mais complexa, resultando no surgimento de
diversas escolas do pensamento econômico. A partir desse contexto, pelo menos três escolas
ganharam destaque: a Escola Marxista, a Escola Neoclássica (ou marginalista) e a Escola
Austríaca (Rasmussen, 2006 apud Silva; Birnkott; Lopes, 2018).
Siga em Frente...
A Escola Marxista, cujos fundadores foram Karl Marx e Friedrich Engels, pode ser resumida como
um conjunto de teorias que abrange aspectos econômicos, como a teoria da mais-valia;
�losó�cos, como o materialismo dialético; sociológicos, como o materialismo histórico; e
políticos. Segundo Sandroni (2005), essa escola de pensamento foi desenvolvida a partir da
�loso�a de Hegel, do materialismo �losó�co francês do século XVIII e da economia política
inglesa do início do século XIX, sendo que parte da análise econômica marxista está no livro O
Capital, de 1867. De acordo com a Escola Marxista, a eventual queda do sistema capitalista
resultaria de suas próprias contradições internas. No entanto, a transição de regime somente
ocorreria por meio da luta de classes, da iniciativa revolucionária da classe trabalhadora e da
adoção de um modelo socialista (Silva; Birnkott; Lopes, 2018).
De acordo com Silva et al. (2018), a Escola Neoclássica, ou marginalista, predominou entre 1870
e a Primeira Guerra Mundial. A Escola Neoclássica reuniu várias gerações de representantes,
como William Jevons, León Walras, Alfred Marshall, Vilfredo Pareto, John Bates Clark, Irving
Fisher e Jules Dupuit (Silva et al. 2018). A principal característica da abordagem neoclássica é a
ênfase no papel do indivíduo e na teoria do valor utilitário, ou seja, a análise da Escola
Neoclássica caracteriza-se por ser microeconômica. Diferentemente dos clássicos, os
neoclássicos argumentam que o valor de um bem não é determinado apenas pelo custo de
produção, mas também pela utilidade que ele proporciona aos consumidores.
A teoria do equilíbrio de mercado é fundamental para os neoclássicos, sugerindo que, em
condições ideais de concorrência, oferta e demanda se equilibram, estabelecendo preços
e�cientes e quantidades de produção. O conceito de utilidade marginal elaborado pelos
neoclássicos sugere que o valor de um bem ou serviço é determinado pela última unidade
consumida, ou seja, pela utilidade adicional que ela proporciona.
A Escola Austríaca de Economia é uma corrente de pensamento econômico que se originou na
Áustria no �nal do século XIX e se desenvolveu notavelmente com pensadores como Carl
Menger, Ludwig von Mises e Friedrich Hayek (Sandroni, 2005). Diferentemente de outras escolas,
os austríacos destacam o papel central da ação individual e do empreendedorismo na formação
da economia. Eles enfatizam a teoria subjetiva do valor, argumentando que o valor de um bem é
subjetivo e depende das preferências individuais. Além disso, a Escola Austríaca é conhecida por
suas críticas à intervenção estatal na economia, defendendo a importância dos mercados livres,
a crítica ao socialismo e a ênfase na teoria do ciclo econômico, que analisa como as
interferências monetárias podem gerar resultados econômicos.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Já no século XX, novas linhas do pensamento econômico nasceram a partir de visões
antagônicas da realidade, com destaque para o Keynesianismo, o Neoliberalismo e a Escola
Schumpeteriana.
A Escola Keynesiana, derivada das ideias do economista britânico John Maynard Keynes, ganhou
destaque no século XX como uma resposta às falhas percebidas do liberalismo clássico durante
a Grande Depressão de 1929 (Silva; Birnkott; Lopes, 2018). Keynes argumentou que os mercados
nem sempre se ajustam automaticamente e e�cientemente, particularmente em tempos de
recessão. Sua teoria defende a intervenção governamental para corrigir as de�ciências do
mercado, principalmente através de políticas �scais e monetárias.
A abordagem keynesiana destaca a importância do consumo e da demanda agregada na
determinação do nível de atividade econômica. Keynes propôs que, em situações de desemprego
e subutilização de recursos, o governo poderia estimular a demanda por meio de gastospúblicos
e políticas monetárias expansionistas. A ênfase nas políticas de demanda e na atuação do
Estado para promover o pleno emprego tornou-se característica distintiva da Escola Keynesiana,
in�uenciando a teoria e a prática econômica no período pós-Segunda Guerra Mundial e moldando
políticas econômicas em diversas partes do mundo.
O neoliberalismo é uma abordagem econômica e política que ganhou destaque nas últimas
décadas do século XX. Originando-se como uma resposta à crise econômica dos anos 1970, o
neoliberalismo é caracterizado pela defesa do livre mercado, redução da intervenção estatal na
economia e ênfase na maximização da e�ciência por meio da competição. Proponentes como
Milton Friedman e Friedrich Hayek argumentam que mercados desregulados são mais e�cientes
na alocação de recursos, estimulando o crescimento econômico.
O neoliberalismo incentiva a privatização de setores anteriormente controlados pelo Estado, a
�exibilização das leis trabalhistas e a redução de barreiras comerciais. A ideia central é que a
liberdade econômica individual e a competição levarão a um aumento geral do bem-estar,
embora críticos apontem para desigualdades resultantes e possíveis impactos negativos nas
políticas sociais. O neoliberalismo in�uenciou signi�cativamente as políticas econômicas em
muitos países ao longo das últimas décadas do século XX, moldando debates sobre a e�cácia da
intervenção governamental e o equilíbrio entre mercado e Estado.
Por �m, a Escola Schumpeteriana, fundamentada nas ideias do economista austríaco Joseph
Schumpeter, destaca-se por sua ênfase na inovação e no papel central do empreendedorismo no
processo econômico. Schumpeter introduziu o conceito de "destruição criativa", argumentando
que as inovações tecnológicas e as atividades empreendedoras são motores fundamentais do
desenvolvimento econômico. Nessa perspectiva, as empresas inovadoras possuem papel
essencial na criação de novos produtos, serviços e modelos de negócios, provocando a
obsolescência de formas mais antigas de produção.
Ao �nalizar esse conteúdo sobre as origens, a evolução e os desdobramentos do pensamento
econômico nos séculos XVIII, XIX e XX, percebe-se uma trajetória rica em mudanças e in�uências
que moldaram as bases da compreensão econômica. Desde os primórdios do século XVIII,
observa-se uma progressão contínua de teorias e correntes que buscaram decifrar os
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
mecanismos econômicos. O século XIX testemunhou a consolidação de ideias fundamentais,
enquanto o século XX introduziu novos paradigmas e desa�os, re�etindo a dinâmica de evolução
do pensamento econômico.
Vamos Exercitar?
A partir de agora vamos retomar a problematização apresentada no início da aula.
A Escola Clássica, representada por economistas como Adam Smith e David Ricardo, defende a
ideia de que o Estado deve ter uma intervenção mínima na economia. Eles acreditavam que a
economia é autorregulada pelo mercado, pelo mecanismo da oferta e demanda. O Estado
deveria limitar-se a garantir a propriedade privada e a segurança. Por outro lado, a Escola
Keynesiana, liderada por John Maynard Keynes, defende uma intervenção mais ativa do Estado
na economia. Keynes argumentou que em tempos de recessão, o Estado deve intervir através de
políticas �scais e monetárias para estimular a demanda agregada e reverter o desemprego. Ele
via o Estado como um regulador necessário para evitar crises prolongadas. Ambas as escolas
reconhecem a importância do Estado, mas diferem na intensidade e na forma de intervenção
necessária.
Karl Marx, crítico ferrenho do capitalismo, argumentava que o sistema é intrinsecamente injusto.
Ele via a exploração da classe trabalhadora como uma característica fundamental, onde os
proprietários dos meios de produção (burguesia) extraem mais valor do trabalho dos
trabalhadores do que lhes é pago. Marx previu que as contradições inerentes ao capitalismo
levariam a crises e à eventual superação do sistema.
Os economistas clássicos, como Adam Smith, e seus sucessores neoclássicos, como Alfred
Marshall, defendem o capitalismo como um sistema que, em última instância, promove e�ciência
econômica e crescimento. Eles argumentam que a busca pelo lucro, a competição e a alocação
e�ciente de recursos são características positivas do sistema, que, quando não interferidas,
levam a uma distribuição mais e�ciente dos bens e serviços.
Em síntese, as re�exões sobre a intervenção do Estado na economia e as críticas ao sistema
capitalista demonstram a diversidade de perspectivas na teoria econômica. As discussões
continuam a evoluir à medida que novas ideias e desa�os emergem na sociedade e na economia
global.
Saiba mais
Leia o capítulo História do pensamento econômico do livro: Economia política. Nesse capítulo,
você vai conhecer a história do pensamento econômico, da sua origem no século XVIII aos
principais avanços da teoria econômica no século XX. Ou seja, você vai saber quais são as
principais escolas do pensamento econômico e quais são os principais pensadores de cada uma
delas.
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595024083/
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
SILVA, F. P. M.; BIRNKOTT, A. D.; LOPES, J. G. D. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2018. E-
book.
Leia o capítulo Pressupostos e conceitos das principais correntes econômicas do livro:
Economia política. Nesse capítulo, você vai aprender sobre as escolas clássica, marxista,
neoclássica e keynesiana e vai visualizar comparações entre elas. Por �m, você vai conhecer
sobre as origens do pensamento econômico atual.
SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019. E-book.
Referências
SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.
SILVA, F. P. M.; BIRNKOTT, A. D.; LOPES, J. G. D. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2018.
SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019.
Aula 5
Encerramento da Unidade
Fundamentos de economia política
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Dica para você
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Olá, estudante!
Nesta videoaula de revisão, você conhecerá os conceitos fundamentais do capitalismo e da
economia política.
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Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Esse conteúdo é importante para a sua prática pro�ssional, pois você compreenderá o processo
de formação do sistema capitalista de produção.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!
Ponto de Chegada
Olá, estudante!
Para desenvolver a competência desta unidade, que é conhecer os fundamentos teóricos da
economia política, você deverá primeiramente entender os conceitos fundamentais que
permeiam a ciência econômica.
Inicialmente, ao explorar o problema da escassez, você adquire conhecimentos essenciais para
compreender a base da economia e as necessidades de alocação de recursos. Entender os
problemas econômicos fundamentais proporciona a habilidade de analisar as escolhas
relacionadas à produção, à distribuição e ao consumo, fundamentais para a compreensão da
economia política.
Avançando o estudo, focamos nas origens da economia política, interpretando o trabalho, a lei do
valor e a mercadoria, e discutindo o modo de produção capitalista. Desenvolver essa
competência implica compreender as raízes da teoria econômica e suas implicações no sistema
capitalista. Interpretar o trabalho e a lei do valor permite analisar as relações sociais e
econômicas subjacentes ao capitalismo.
Ao estudar a transição do feudalismo para o capitalismo, bem como discutir suas principais
características, você adquire uma compreensão mais profunda do contexto histórico e das bases
estruturais desse sistema econômico.Desenvolver essa competência envolve a capacidade de
relacionar eventos históricos à evolução do capitalismo.
Por �m, compreender as raízes do pensamento econômico proporciona uma base sólida para
analisar criticamente as teorias que moldaram a ciência econômica. A evolução e consolidação
dessas ideias entre os séculos XVIII e XX são importantes para contextualizar o pensamento
econômico contemporâneo, bem como permite a você entender as correntes que in�uenciam o
debate econômico atual.
Concluindo, ao compreender esses conteúdos, você estará apto a analisar e interpretar os
fundamentos teóricos da economia política. Desenvolver essa competência implica não apenas
adquirir conhecimento, mas também aplicar esse conhecimento na análise crítica do sistema
econômico, relacionando-o aos eventos históricos e às correntes de pensamento que o
in�uenciaram.
É Hora de Praticar!
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
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Na cidade �ctícia de Terra Nova, um grupo de estudantes de economia política se depararam
com uma problemática que desa�a a compreensão dos fundamentos teóricos da economia
política. A cidade, outrora agrícola e feudal, está passando por mudanças econômicas e os
estudantes são chamados para analisar a situação.
Terra Nova, por séculos, foi uma comunidade agrícola baseada em relações feudais, com a
produção centrada na agricultura e relações de servidão. Contudo, nos últimos anos, uma série
de transformações econômicas tumultuou a cidade. Surgiram novas indústrias, as relações de
trabalho mudaram e a busca por lucro tornou-se mais evidente. Os estudantes precisam
compreender e aplicar os fundamentos teóricos da economia política para decifrar os desa�os
que a cidade enfrenta.
Nesse contexto, surgem as seguintes problemáticas:
1. Transição de modo de produção:
Como a transição do modo de produção feudal para o capitalista impactou as relações
sociais e econômicas em Terra Nova?
Quais são os sinais mais evidentes dessa transição nas formas de trabalho, propriedade
dos meios de produção e relações comerciais?
2. Con�itos de interesse:
Como os con�itos de interesse entre os antigos senhores feudais e os novos empresários
capitalistas estão moldando as dinâmicas econômicas em Terra Nova?
De que forma a competição por recursos e mercados está in�uenciando as escolhas
econômicas na cidade?
3. Desigualdade e divisão do trabalho:
Quais são os impactos da divisão do trabalho e da busca por e�ciência na criação de
desigualdades sociais em Terra Nova?
Como as diferentes classes sociais estão sendo afetadas pelas mudanças na estrutura
econômica?
4. Desa�os na lei do valor:
Como a lei do valor está se manifestando nas transações econômicas de Terra Nova?
Quais são os desa�os enfrentados pelos agentes econômicos ao tentar determinar o valor
das mercadorias em um contexto de rápida transformação? 
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
O estudo de caso em Terra Nova desa�a os estudantes a aplicar os fundamentos teóricos da
economia política para compreender e propor soluções para os desa�os econômicos
enfrentados pela cidade. Ao explorar as problemáticas apresentadas, os estudantes
desenvolverão uma compreensão mais profunda dos princípios que regem a transição entre
modos de produção e as complexidades das mudanças econômicas.
Ao considerar os conceitos abordados sobre as origens da economia política, a interpretação do
trabalho, a lei do valor e a mercadoria, como esses elementos fundamentais in�uenciam as
relações sociais e econômicas no contexto do modo de produção capitalista?
Ao considerar os conteúdos abordados sobre a transição do feudalismo para o capitalismo e as
principais características do capitalismo, como você percebe a in�uência desses processos
históricos na con�guração do sistema econômico contemporâneo?
A competência desenvolvida ao longo deste estudo de caso foi a de conhecer os fundamentos
teóricos da economia política, aplicando-os para compreender e solucionar os desa�os
econômicos em Terra Nova. Os estudantes, ao enfrentarem as questões norteadoras,
aprimoraram sua compreensão sobre a transição de modos de produção, con�itos de interesse,
desigualdades sociais e os desa�os da lei do valor, usando os fundamentos teóricos da
economia política como guia.
Sobre as problemáticas apresentadas, os estudantes apresentam as seguintes re�exões:
1. Transição de modo de produção:
A transição em Terra Nova foi marcada por uma mudança signi�cativa nas relações de
produção. A propriedade privada dos meios de produção tornou-se dominante, e as
relações feudais cederam espaço para uma dinâmica mais capitalista. Os sinais mais
evidentes foram observados nas novas formas de trabalho assalariado e na crescente
importância do comércio.
2. Con�itos de interesse:
Os con�itos entre os antigos senhores feudais e os novos empresários capitalistas foram
analisados. Identi�cou-se que esses con�itos moldaram as dinâmicas econômicas,
in�uenciando decisões de investimento, uso de recursos e estratégias comerciais. A
competição acirrada por recursos e mercados emergentes tornou-se uma força motriz nas
escolhas econômicas.
3. Desigualdade e divisão do trabalho:
A divisão do trabalho e a busca por e�ciência foram fatores-chave na criação de
desigualdades sociais em Terra Nova. A análise revelou que algumas classes sociais foram
mais impactadas do que outras. Recomendações foram feitas para mitigar esses impactos,
buscando políticas que promovam uma distribuição mais equitativa dos benefícios
econômicos.
4. Desa�os na lei do valor:
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Os desa�os na determinação do valor das mercadorias foram explorados. A volatilidade
econômica e as mudanças rápidas tornaram complexa a aplicação da lei do valor.
Estratégias foram propostas para lidar com essa instabilidade, incluindo avaliações mais
�exíveis e dinâmicas do valor econômico das mercadorias.
A resolução desses desa�os em Terra Nova exigiu a aplicação dos fundamentos teóricos da
economia política. Os estudantes conseguiram integrar conceitos como transição de modos de
produção, con�itos de interesse, desigualdades sociais e a lei do valor para compreender e
propor soluções para os problemas econômicos enfrentados pela cidade. Dessa forma, a
competência de conhecer os fundamentos teóricos da economia política foi solidi�cada na
prática, capacitando os estudantes para análises mais profundas em contextos econômicos
complexos. 
Figura 1 | Fundamentos de economia política
SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.
SILVA, F. P. M.; BIRNKOTT, A. D.; LOPES, J. G. D. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2018.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019.
VASCONCELOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
VASCONCELOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 7. ed. São Paulo: Saraiva,
2023.
,
Unidade 2
A ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
Aula 1
Mercantilismo e Fisiocratas
Mercantilista e �siocratas
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Dica para você
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Olá, estudante!
Nesta videoaula, você irá conhecer a economia política clássica. 
Este conteúdo é importante para a sua prática pro�ssional, pois você vai conhecer as teorias que
fundamentam os sistemas econômicos. Ao compreender as bases da economia política
clássica, você estará apto a analisar criticamente os fenômenos econômicos, identi�car padrões
históricos e entender as raízes das teorias econômicas modernas.
Prepare-se para essa jornadade conhecimento! Vamos lá!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Vamos iniciar a aula sobre economia política clássica!
Neste encontro, exploraremos dois importantes períodos econômicos: o mercantilismo e a
�siocracia. Eles são fundamentais para compreender as bases do pensamento econômico e as
in�uências que moldaram as teorias modernas. O mercantilismo, centrado no poder econômico
do Estado, contrasta com a �siocracia, que destaca a importância da agricultura como a principal
fonte de riqueza.
Para contextualizar o conteúdo, imagine que você vive em uma Europa pós-feudal, onde as
estruturas tradicionais de poder estão em declínio. Nesse contexto, a busca por uma nova ordem
econômica é urgente. Surge a questão: Qual era a linha de pensamento econômico predominante
entre os pensadores e líderes da época? Como o mercantilismo e a �siocracia representam
diferentes respostas a esse desa�o? Ao compreendermos essas perspectivas, seremos capazes
de lançar luz sobre os rumos que a economia europeia tomou após o �m do feudalismo.
Estudante, ao embarcar nesta jornada de aprendizado sobre mercantilismo e �siocracia, você
está explorando as bases do pensamento econômico que moldaram a Europa pós-feudal. Esses
conceitos não são apenas peças de história, mas ferramentas valiosas para entender as raízes
do nosso sistema econômico atual.
Boa aula! 
Vamos Começar!
A Guerra dos Cem Anos (1337-1453) e a devastadora peste bubônica de 1348 foram eventos
marcantes na história europeia, cujas repercussões tiveram profundos impactos na estrutura do
poder feudal. Esses acontecimentos desencadearam uma série de mudanças que minaram
signi�cativamente o poder privado da nobreza feudal, levando ao enfraquecimento de suas
estruturas tradicionais (Gennari, 2009).
No início do século XIV, a nobreza feudal já enfrentava desa�os decorrentes de uma fase anterior
de desorganização e fragilização, marcada por con�itos internos e revoltas servis. A Guerra dos
Cem Anos, um longo con�ito entre a França e a Inglaterra, exacerbou ainda mais essas tensões.
Os nobres, que dependiam grandemente de seus domínios para sustentar seus estilos de vida e
�nanciar suas campanhas militares, viram suas terras devastadas e suas receitas diminuírem
drasticamente (Gennari, 2009).
A peste bubônica, conhecida como a Peste Negra, adicionou um golpe ainda mais severo à
nobreza feudal. A epidemia dizimou uma grande parte da população europeia, incluindo a classe
nobre. Isso resultou na escassez de mão de obra, desvalorização das terras e uma reorganização
das relações sociais.
Com as terras despovoadas e as estruturas sociais abaladas, a nobreza feudal encontrou-se
incapaz de oferecer a proteção e segurança necessárias às atividades comerciais, feiras e
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
transporte de valores e mercadorias. O sistema feudal, baseado na lealdade pessoal e na troca
de serviços militares por terras, tornou-se cada vez mais ine�caz diante das novas realidades
econômicas e sociais (Gennari, 2009).
A burguesia, emergindo como uma classe econômica dinâmica e desejosa de expandir seus
negócios, ansiava por um ambiente seguro para o comércio e as transações comerciais. A
nobreza feudal, por outro lado, enfraquecida pelas guerras e pela instabilidade interna, buscava
restaurar e consolidar seu poder diante das ameaças à sua autoridade. De acordo com Gennari
(2009), essas demandas por segurança convergiram progressivamente em direção a um novo
tipo de poder, centralizado na �gura do monarca, contribuindo para o surgimento das bases do
estado moderno.
A centralização do poder nas mãos do monarca representou uma mudança signi�cativa no
equilíbrio de forças políticas. Os monarcas, muitas vezes apoiados pela nobreza, perceberam a
oportunidade de fortalecer suas posições em detrimento dos senhores feudais locais. Essa
convergência de esferas de poder em torno do monarca deu origem ao Estado moderno,
caracterizado pela centralização do poder político e administrativo (Gennari, 2009).
Essa série de mudanças que resultou na formação de uma nova esfera de poder também
possibilitou a retomada da análise dos fenômenos relacionados à produção, à distribuição e ao
consumo, que haviam sido prejudicados pela crise do mundo clássico (Gennari, 2009). Foi nesse
contexto que surgiu o mercantilismo.
Segundo Brue e Grant (2016), o mercantilismo refere-se à política econômica implementada na
Europa durante o período absolutista, caracterizada pela signi�cativa intervenção estatal na
economia nacional. O principal objetivo desses governos era promover o máximo
desenvolvimento econômico por meio da acumulação de metais preciosos.
Claude de Seyssel emerge como um dos pioneiros na formulação do metalismo. Em sua obra La
grande monarchie de France, de 1515, a�rmava com convicção que o "poder da nação está
intrinsecamente ligado às reservas de ouro e prata" (Gennari, 2009). Posteriormente, na Espanha,
Luis Ortiz, em Para que a moeda não saia do reino, de 1558, advogava por um conjunto de
medidas destinadas a assegurar a acumulação de metais preciosos (Gennari, 2009).
Mas por qual razão a busca por metais preciosos?
A necessidade de metais preciosos desempenhou papel fundamental nesse processo de
formação do Estado moderno. De acordo com Brue e Grant (2016), para remunerar as tropas, que
se tornaram fundamentais para a manutenção da ordem interna e defesa do reino, os monarcas
precisavam de recursos �nanceiros estáveis. A busca por ouro e prata tornou-se uma prioridade,
levando ao desenvolvimento de políticas econômicas voltadas para a acumulação de riqueza.
Portanto, essa necessidade de metais preciosos in�uenciou diretamente as práticas econômicas
da época (Brue; Grant, 2016).
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Segundo Malassise et al. (2014), para impulsionar as atividades comerciais, promoveu-se o
estímulo às navegações. Um dos propósitos fundamentais dessas expedições era viabilizar o
acesso a novas fontes de matéria-prima. Esse movimento marcou o início das grandes
explorações no século XV, resultando na descoberta de novas colônias e na abertura de rotas
comerciais inéditas (Malassise et al., 2014). Além do fornecimento de matérias-primas, essas
novas colônias também contribuíram para o acesso a metais preciosos. Veja a rota comercial do
mercantilismo na �gura a seguir.
Figura 1 | Rota comercial do mercantilismo. Fonte: NASA/JPL/NIMA (2014 apud Malassise et al., 2014, p. 17).
Esse processo de expansão �cou conhecido como a Revolução Comercial, caracterizada pela
aplicação da política econômica do mercantilismo (Malassise et al., 2014).
Ainda segundo Brue e Grant (2016), os principais dogmas da escola mercantilista foram: 
Ouro e prata como a forma mais desejável de riqueza: os mercantilistas tendiam a associar
a riqueza de uma nação ao montante de ouro e prata que ela possuía, acreditando que a
acumulação desses metais preciosos fortaleceria a economia e o poder do Estado. Para
eles, a posse de ouro e prata não apenas representava prosperidade, mas também fornecia
uma reserva de valor que poderia ser utilizada para �nanciar atividades governamentais,
investimentos e a expansão do comércio (Brue; Grant, 2016).
Nacionalismo: os países não podiam importar simultaneamente mais do que exportavam.
Portanto, cada um deveria promover exportações e acumular riqueza à custa dos vizinhos.
Somente uma nação poderosa, capaz de manter um saldo comercial positivo e acumular
metais preciosos, era vista como verdadeiramente próspera e in�uente. Nessa perspectiva
mercantilista, a competição econômica entre as nações era intensa, e a busca pelo
fortalecimento econômico era intrinsecamente ligada à busca pelo poder e prestígio
internacionais.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Política comercial: isenção de taxas para a importação de matérias-primas que não podiam
ser produzidas internamente, proteção para bens manufaturados e matérias-primas que
tinham capacidade de produção interna e restrições sobre a importação de determinadas
matérias-primas.Os comerciantes recebiam �uxos de ouro como contrapartida de suas
exportações, ao passo que as restrições sobre as importações diminuíam a oferta de bens
para o consumo doméstico (Brue; Grant, 2016).
Colonização e monopolização do comércio colonial: os países mercantilistas buscavam
expandir seus impérios coloniais para garantir o controle sobre fontes estratégicas de
matérias-primas e abrir mercados exclusivos para seus produtos manufaturados. A
colonização permitia o acesso a recursos naturais, enquanto a monopolização do comércio
colonial assegurava que apenas as potências colonizadoras pudessem comercializar com
suas colônias, maximizando assim seus lucros (Brue; Grant, 2016).
Forte controle central: um forte controle governamental central era necessário para
promover metas mercantilistas. Isso envolvia a implementação de políticas que
regulamentavam o comércio, a produção e as transações econômicas, com o intuito de
otimizar a acumulação de riqueza e fortalecer a posição da nação no cenário internacional.
Essa centralização do poder permitia a coordenação efetiva das atividades econômicas de
acordo com os princípios mercantilistas, visando alcançar o máximo desenvolvimento
econômico e a supremacia nacional.
Pacto colonial: o objetivo primordial era impedir que a colônia realizasse transações
comerciais com outras nações, uma vez que isso poderia resultar em um desequilíbrio na
balança comercial em detrimento da metrópole. O Pacto Colonial consistia em estabelecer
um comércio bilateral exclusivo entre a colônia e a metrópole, estabelecendo um
monopólio que atendia aos interesses da potência colonial. 
Muito bem, essas eram as características do pensamento mercantilista, in�uente na Europa
durante os séculos XVI ao XVIII.
Siga em Frente...
A partir do século XVIII, começa a surgir uma nova linha de pensamento na economia, chamada
de �siocracia.
A �siocracia, em contraste com o mercantilismo predominante nos séculos XVII e XVIII, surge
como uma escola de pensamento econômico que apresenta abordagens distintas em relação ao
papel do Estado na economia. Enquanto o mercantilismo valorizava a acumulação de metais
preciosos, o protecionismo e o controle centralizado para fortalecer o poder do Estado, a
�siocracia, originada na França do século XVIII, direcionou sua atenção para os processos
naturais da economia agrária e da baixa intervenção do Estado na economia (Brue; Grant, 2016).
Os �siocratas, liderados por François Quesnay, acreditavam que a verdadeira fonte de riqueza
estava na agricultura. Contrariando a ênfase mercantilista em ouro e prata, os �siocratas
destacavam a importância da terra como geradora de riqueza, defendendo que a agricultura era a
única atividade produtiva capaz de criar excedentes. Em sua visão, a natureza seguia leis
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
naturais que governavam a economia de forma harmoniosa, e o Estado deveria adotar uma
postura mais liberal, permitindo que essas leis naturais operassem sem intervenções excessivas
(Malassise et al., 2014).
Enquanto os mercantilistas buscavam monopólios comerciais e promoviam regulamentações
estatais, os �siocratas advogavam por uma abordagem mais laissez-faire, defendendo a
liberdade econômica e a remoção de obstáculos à produção agrícola (Brue; Grant, 2016). Eles
propuseram a eliminação de restrições, como impostos sobre o comércio e regulamentações
excessivas, para permitir que a agricultura �orescesse organicamente, bene�ciando toda a
sociedade.
Ainda segundo Brue e Grant (2016), os principais dogmas da escola �siocrata foram:
Ordem natural: de acordo com essa ideia, as leis da natureza governam as sociedades
humanas. Os �siocratas acreditavam que, assim como na natureza, existem leis
fundamentais que regem a economia e que o Estado deveria se abster de intervenções
excessivas, permitindo que essas leis naturais operassem de forma livre e harmoniosa
(Brue; Grant, 2016).
Laissez-faire, laissez-passer: essa expressão, creditada a Vincent de Gournay (1712-1759),
na realidade, signi�ca "deixe as pessoas fazerem o que quiserem sem a interferência do
governo". Os governos nunca deveriam, segundo essa �loso�a, se intrometer
excessivamente nas atividades econômicas e individuais. Em essência, ela re�ete a crença
fundamental dos �siocratas e dos defensores do liberalismo econômico de que a economia
funciona melhor quando as forças do mercado operam livremente, sem restrições
excessivas ou intervenções estatais (Brue; Grant, 2016). A expressão tornou-se um lema
para aqueles que defendem a liberdade econômica e a limitação do papel do governo na
condução das atividades comerciais e produtivas.
Ênfase na agricultura: os �siocratas acreditavam que a verdadeira riqueza de uma nação
derivava da produção agrícola. Consideravam a agricultura como a única atividade
produtiva capaz de criar excedentes econômicos, pois envolvia a transformação direta dos
recursos naturais em produtos comercializáveis (Brue; Grant, 2016). Ao investir na
agricultura, os �siocratas acreditavam que os agricultores podiam gerar excedentes que
bene�ciariam toda a sociedade. Esses excedentes eram vistos como a verdadeira fonte de
riqueza, capazes de sustentar outras atividades econômicas e promover o desenvolvimento
geral (Malassise et al., 2014).
O contraste entre �siocracia e mercantilismo re�ete uma mudança nas perspectivas econômicas
do período. A �siocracia, embora tenha tido uma in�uência relativamente curta, lançou as bases
para futuras teorias econômicas, in�uenciando ideias como o liberalismo econômico que se
desenvolveriam nos séculos subsequentes. Enquanto o mercantilismo era centrado no poder e
na riqueza através do controle estatal, a �siocracia buscava uma ordem econômica baseada na
harmonia natural e na liberdade de atividade produtiva.
Vamos Exercitar?
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Muito bem! A partir de agora vamos retomar a problematização apresentada no começo da aula.
Ao re�etirmos sobre a linha de pensamento econômico na Europa pós-feudalismo, observamos
que o mercantilismo e a �siocracia foram duas respostas signi�cativas a esse desa�o. Na
transição após a queda do feudalismo, surgiram diversas questões sobre como estruturar a
economia e o papel do Estado. O mercantilismo, com seu foco em acumular riquezas nacionais
através do comércio e da intervenção estatal, representou uma abordagem centralizada e voltada
para o desenvolvimento econômico. Por outro lado, a �siocracia, ao destacar a agricultura como
fonte primordial de riqueza, propôs uma visão mais descentralizada e ligada à produção.
Portanto, enquanto o mercantilismo visava fortalecer o Estado acumulando riquezas e
promovendo atividades econômicas diversi�cadas, a �siocracia concentrava-se na promoção da
agricultura e advogava por uma abordagem mais livre do governo na economia, con�ando nas
forças naturais do mercado. Essas abordagens oferecem insights valiosos sobre as diferentes
perspectivas econômicas que moldaram o pensamento da época e in�uenciaram o
desenvolvimento do pensamento econômico moderno.
Saiba mais
Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras
fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.
Leia o Capítulo 2 A escola mercantilista do livro: História do pensamento econômico. Nesse
capítulo, os autores utilizam primeiro as “cinco perguntas principais” para fornecer
uma visão geral do mercantilismo e, em seguida, examinam quatro pensadores que expressaram
ideias mercantilistas: Mun, Malynes, Davenant e Colbert. Também discutem Sir William Petty, um
mercantilista que desenvolveu alguns conceitos que precederam a economia clássica.
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016. E-book.
Leia o Capítulo 3 A escola �siocrática do livro: História do pensamento econômico. Nesse
capítulo, os autores apresentam uma visão geral da escola �siocrata, bem como descreve as
ideias de François Quesnay (1694-1774) e Anne RobertJacques Turgot (1727-1781), que foram
os principais expoentes dessa escola da economia política clássica.
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016. E-book. 
Referências
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126224/
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126224/
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016.
GENNARI, A. História do pensamento econômico. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.
MALASSISE, R. L. S.; BARBOZA, S. G.; BECKEDORFF, I. A.; FORMAGI, C. Evolução do pensamento
econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.
Aula 2
Teorias Liberais
Teorias liberais
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Dica para você
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Olá, estudante!
Nesta videoaula você irá conhecer as teorias liberais.
Esse conteúdo é importante para a sua prática pro�ssional, pois você compreenderá os
fundamentos e princípios que moldaram o pensamento econômico liberal ao longo da história.
As teorias liberais destacam a importância do livre mercado, da propriedade privada e do
minimalismo do Estado na regulação da economia.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Nesta aula, vamos explorar os fundamentos das teorias liberais, um conjunto de ideias que
moldaram signi�cativamente o pensamento econômico e político ao longo dos tempos.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Abordaremos a origem do pensamento liberal, as diversas correntes que surgiram e seu papel no
desenvolvimento do capitalismo.
Agora, convido você a re�etir sobre a teoria liberal como um contraponto às ideias absolutistas
de um estado centralizador. Como essa oposição in�uencia a economia, especialmente a
emergente, no contexto capitalista? Como as correntes liberais moldaram a visão política
contemporânea? Essas são questões essenciais para entendermos o papel do liberalismo na
evolução da sociedade e da economia. Esses tópicos serão fundamentais para as discussões ao
longo da aula.
Ao compreendermos as origens do liberalismo, suas correntes e seu impacto no
desenvolvimento do capitalismo, ganhamos uma perspectiva valiosa para interpretar os desa�os
contemporâneos.
Vamos lá? Boa aula!
Vamos Começar!
O pensamento liberal teve sua origem ao longo dos séculos XVII e XVIII, como uma resposta e
crítica ao absolutismo que predominava na Europa nesse período. O contexto histórico que
impulsionou o surgimento do pensamento liberal foi marcado por eventos como a Guerra dos
Trinta Anos (1618-1648), que devastou a Europa e gerou questionamentos sobre a legitimidade e
a e�cácia do absolutismo (Silva; Dalcin; Stefani, 2019). Além disso, a Revolução Inglesa (1642-
1688) teve um papel signi�cativo ao desa�ar o poder monárquico e estabelecer princípios que
viriam a in�uenciar as ideias liberais.
Filósofos como John Locke, considerado um dos pais do liberalismo, contribuíram de maneira
fundamental para o desenvolvimento dessas ideias. Locke argumentava que os governantes
devem derivar seu poder do consentimento dos governados, defendendo princípios como a
igualdade natural, a liberdade individual e o direito à propriedade privada (Silva; Dalcin; Stefani,
2019). Essas ideias se tornaram pilares do pensamento liberal e in�uenciaram movimentos
posteriores.
O Iluminismo, um movimento intelectual que �oresceu durante o século XVIII, também
desempenhou papel relevante na propagação do pensamento liberal. Filósofos como
Montesquieu, Voltaire e Rousseau contribuíram para a formação de uma visão crítica em relação
ao absolutismo e defenderam a separação de poderes, a liberdade de expressão e outros
princípios que viriam a ser centrais para o liberalismo.
De acordo com Sandroni (2005), o liberalismo defendia um conjunto de ideias que eram,
para a época, revolucionários, a saber:
Ampla liberdade dos indivíduos.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
A democracia representativa com a separação em três poderes: Executivo, Legislativo e
Judiciário.
O direito inalienável à propriedade privada.
A livre iniciativa e a concorrência como basilares para a garantia dos interesses individuais
e para o progresso das sociedades capitalistas.
Um dos principais conceitos associados ao liberalismo é o "laissez-faire, laissez-passer", que se
traduz do francês para "deixai fazer, deixai passar". Esse princípio expressa a ideia de uma
abordagem mínima ou nula por parte do Estado na economia, defendendo que as forças do
mercado devem operar com o mínimo de intervenção governamental possível (Silva; Dalcin;
Stefani, 2019).
O laissez-faire enfatiza a crença de que os mercados são autorreguladores e que a intervenção
do Estado nas atividades econômicas pode ser prejudicial ao funcionamento e�ciente da
economia. Esse conceito teve origem durante o período do liberalismo clássico nos séculos XVII
e XVIII, especialmente associado a pensadores como Adam Smith, considerado o pai da
economia moderna.
No contexto do laissez-faire, o Estado Nacional desempenha um papel limitado, concentrando-se
principalmente em garantir um ambiente propício para a livre concorrência entre empresas e
agentes econômicos. Acredita-se que, ao permitir que as forças de mercado operem sem
restrições excessivas, a e�ciência econômica será maximizada e os recursos serão alocados de
maneira mais e�caz (Brue; Grant, 2016).
Um aspecto importante dessa abordagem é a defesa do direito à propriedade privada. Enquanto
o Estado limita sua intervenção econômica, ele é visto como responsável por proteger os direitos
de propriedade, intervindo apenas quando ameaças signi�cativas surgem, como convulsões
sociais ou revoluções que possam colocar em risco esses direitos (Brue; Grant, 2016). Nesses
casos, o papel do Estado é frequentemente justi�cado como uma medida para manter a
estabilidade social e proteger o ambiente propício aos negócios.
Naquela época, a crença predominante era de que a economia, assim como a natureza física,
seguia leis universais e imutáveis. De acordo com Silva; Dalcin; Stefani, (2019) essa visão re�etia
a con�ança no conceito do homo economicus, uma representação teórica do indivíduo
econômico, que, livre de intervenções do Estado e in�uências de grupos sociais, buscava
maximizar seus ganhos com o mínimo de esforço.
O homo economicus é concebido como um agente racional e autointeressado, guiado pela busca
otimizada de seus interesses pessoais, especialmente a maximização do lucro. Nesse contexto,
acreditava-se que, se deixado em um ambiente de livre mercado, o homo economicus contribuiria
para o funcionamento e�ciente da economia, agindo de acordo com princípios econômicos
fundamentais (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).
Uma das principais críticas dos liberais era direcionada às restrições ao comércio impostas pelo
mercantilismo. Práticas protecionistas, como tarifas e barreiras comerciais, eram vistas como
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
obstáculos à e�ciência econômica e ao desenvolvimento. Para os liberais, a liberdade de
comércio era fundamental para o crescimento econômico e a prosperidade das nações.
Outro ponto de discordância residia no foco do mercantilismo no acúmulo de metais preciosos
como medida de riqueza nacional. Os liberais argumentavam que a verdadeira riqueza provinha
da produção interna, do comércio livre e do desenvolvimento dos setores econômicos,
desa�ando o conceito de que a quantidade de ouro e prata determinava a prosperidade de uma
nação.
Segundo Silva, Dalcin e Stefani (2019), no pensamento liberal podemos destacar duas vertentes
ideológicas: as Escolas Clássica e Austríaca. Na primeira, estão os arcabouços ideológicos
formulados no século XVIII e XIX; nasegunda escola, estão os pensamentos formulados no
século XIX e XX.
Siga em Frente...
A Escola Clássica teve seu auge nos séculos XVIII e XIX, sendo marcada por pensadores que
estabeleceram os fundamentos do liberalismo econômico. Adam Smith, muitas vezes
considerado o pai da economia moderna, é uma �gura proeminente dessa escola.
Adam Smith é frequentemente considerado o pioneiro do liberalismo econômico e um dos
fundadores da economia como ciência. Em sua obra seminal A riqueza das nações (1776), Smith
articulou os princípios fundamentais do liberalismo clássico (Gennari, 2009). Ele argumentou a
favor do laissez-faire, defendendo que, quando os indivíduos buscam seus próprios interesses
egoístas, o mercado é guiado pela "mão invisível" para promover o bem-estar social. Smith
também destacou a importância da divisão do trabalho e da especialização na geração de
riqueza.
Jean-Baptiste Say, um economista francês, foi outro in�uente pensador liberal clássico. Ele é
conhecido pela Lei de Say, que postula que a produção cria sua própria demanda. Em outras
palavras, acredita-se que a oferta de bens e serviços gera automaticamente a demanda por
outros bens e serviços (Brue; Grant, 2016). Say contribuiu para a teoria do valor e da oferta
agregada, in�uenciando o pensamento econômico clássico.
John Stuart Mill, embora tenha se expandido além do liberalismo clássico em algumas áreas,
contribuiu signi�cativamente para a �loso�a econômica liberal. Em sua obra Princípios de
economia política (1848), Mill abordou questões sociais, éticas e políticas dentro do contexto
liberal. Ele enfatizou a importância de equilibrar a liberdade individual com a intervenção do
governo para corrigir desigualdades e garantir a justiça social.
A Escola Austríaca é uma tradição de pensamento liberal que se desenvolveu nos séculos XIX e
XX, notadamente na Áustria, e contribuiu signi�cativamente para a teoria econômica e política
liberal.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Considerado o fundador da Escola Austríaca, Carl Menger desenvolveu a teoria subjetiva do valor.
Em sua obra Princípios de economia política (1871), Menger argumentou que o valor de um bem
é determinado pela utilidade subjetiva que os indivíduos atribuem a ele. Essa teoria revolucionou
a compreensão do valor e in�uenciou a economia neoclássica (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).
Ludwig von Mises foi um dos principais representantes da Escola Austríaca no século XX. Ele é
conhecido por suas contribuições para a teoria do dinheiro e dos ciclos econômicos. Em Ação
humana (1949), Mises expôs uma abordagem abrangente da economia, destacando a
importância da ação humana consciente na análise econômica.
Friedrich Hayek foi outro importante expoente da Escola Austríaca. Sua obra O caminho da
servidão (1944) tornou-se uma referência na crítica aos perigos do planejamento central e da
expansão excessiva do Estado. Hayek também contribuiu para a teoria dos preços e a
compreensão dos mecanismos de mercado.
Silva, Dalcin e Stefani (2019) argumentam que o liberalismo tem moldado ideias e políticas em
diferentes partes do mundo, re�etindo-se em debates sobre o papel do Estado, liberdades
individuais, propriedade privada e funcionamento dos mercados. Uma das expressões mais
marcantes desse fenômeno é o surgimento do neoliberalismo, notadamente após 1980, que
representou uma revitalização e uma nova fase das ideias liberais.
O neoliberalismo é uma vertente do liberalismo que ganhou destaque a partir da década de 1980,
especialmente com as políticas adotadas por líderes como Ronald Reagan nos Estados Unidos e
Margaret Thatcher no Reino Unido. Essa abordagem enfatiza a con�ança no mercado livre, a
redução do papel do Estado na economia e a promoção de políticas de desregulamentação.
De acordo com Silva, Dalcin e Stefani (2019), os princípios fundamentais do neoliberalismo
incluem a crença na e�ciência do mercado, a ênfase na liberdade individual, a defesa da
propriedade privada e a redução da intervenção estatal na economia. Isso implicou em políticas
como privatizações, cortes de gastos públicos, liberalização dos mercados �nanceiros e a busca
por maior �exibilidade nas relações de trabalho.
O neoliberalismo também representou um ataque às políticas keynesianas, que predominaram
no período pós-Segunda Guerra Mundial. Enquanto o keynesianismo defendia a intervenção
estatal para combater recessões, o neoliberalismo argumentava que a intervenção do Estado
frequentemente distorcia os mercados e prejudicava o crescimento econômico.
É importante destacar que, apesar de sua in�uência generalizada, o neoliberalismo também
enfrentou críticas signi�cativas. Críticos argumentam que as políticas neoliberais podem levar a
desigualdades socioeconômicas, instabilidade �nanceira e falta de regulamentação adequada
para proteger os interesses públicos (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).
Em resumo, o liberalismo, em suas várias formas, desempenhou um papel importante na
con�guração do pensamento político e econômico contemporâneo, com o neoliberalismo sendo
uma expressão signi�cativa desse impacto nas últimas décadas. O debate em torno dessas
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
ideias continua a in�uenciar as políticas governamentais e a moldar as discussões sobre o
equilíbrio entre liberdade econômica e a responsabilidade do Estado. 
Vamos Exercitar?
Estudante, vamos retomar a problematização inicial da nossa aula.
Durante a aula, exploramos como o pensamento liberal surgiu como uma resposta às ideias
absolutistas de um estado forte. Analisamos as diferentes correntes liberais e examinamos seu
papel fundamental no desenvolvimento do capitalismo. Ao conectar esses conceitos,
percebemos que o liberalismo não apenas forneceu um contraponto ao absolutismo, mas
também estabeleceu as bases ideológicas que moldaram as estruturas políticas e econômicas
contemporâneas.
Para entender a resolução dessa problematização, é essencial reconhecer que o liberalismo
introduziu uma visão de Estado que valoriza a liberdade individual, limita a intervenção
governamental na economia e defende os princípios do livre mercado. Isso impactou a economia
capitalista, incentivando a concorrência, a inovação e a liberdade de empreender.
As correntes liberais desempenharam um papel signi�cativo na formação da visão política
contemporânea, com o neoliberalismo emergindo como uma expressão particular dessa
tradição. No contexto do neoliberalismo, as ideias liberais clássicas foram reinterpretadas e
aplicadas de maneira mais especí�ca às políticas econômicas. Esse movimento teve impactos
notáveis em várias esferas da sociedade moderna.
Ao concluirmos nosso estudo do pensamento liberal e seu impacto no desenvolvimento do
capitalismo, é importante reconhecer a relevância desses conceitos em sua compreensão do
mundo. Ao entender como o liberalismo in�uenciou a formação política contemporânea e a
economia capitalista, você adquire conhecimentos valiosos para interpretar e participar nas
discussões sociais e pro�ssionais sobre economia política. 
Saiba mais
Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras
fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.
Leia o capítulo Liberalismo do livro: Economia política. A partir da leitura desse capítulo, você vai
compreender a origem e a formação do liberalismo. Saber descrever a escola liberal clássica e
reconhecer os principais pensadores do liberalismo e suas ideias.
SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019. E-book.
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Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Leia o capítulo Intervenção do estado na economia do livro: Economia política. A partir da leitura
desse capítulo, você vai compreender o processo histórico da intervenção do Estado na
economia, bem como determinar as relações entre a ordem econômica e o direito econômico. Ao
�nal, você conseguirá relacionar as formas de intervenção do Estadona economia.
SILVA, F. P. M.; BIRNKOTT, A. D.; LOPES, J. G. D. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2018. E-
book.
Referências
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016.
GENNARI, A. História do pensamento econômico. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.
SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.
SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019.
Aula 3
Adam Smith e a Riqueza das Nações
Adam Smith e a riqueza das nações
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Dica para você
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Olá, estudante!
Nesta videoaula, você irá conhecer a obra de Adam Smith, o pai da economia.
Esse conteúdo é importante para a sua prática pro�ssional, pois vai te proporcionar a
compreensão dos princípios econômicos fundamentais que regem as bases do pensamento
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Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
liberal, presentes em diversas esferas da vida econômica, política e social.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
É um prazer iniciar mais uma aula em nosso percurso acadêmico.
Nesta aula, vamos conhecer as teorias de Adam Smith, uma �gura central na história da
economia política. Ao estudar os conceitos fundamentais desenvolvidos por Smith,
mergulharemos nas raízes do pensamento econômico moderno e compreenderemos como suas
ideias moldaram a compreensão contemporânea sobre a economia.
Agora, lançamos um desa�o para sua re�exão. Como as ideias de Adam Smith, considerado o
"pai da economia", in�uenciaram a economia política ao longo do tempo? De que maneira seus
princípios moldaram não apenas teorias econômicas subsequentes, mas também as práticas
econômicas adotadas por diversas nações?
Ao re�etir essas questões, você compreenderá que as teorias de Adam Smith não apenas
impactaram o entendimento da economia, mas também desencadearam uma revolução nas
relações sociais e políticas.
Boa aula!
Vamos Começar!
Adam Smith foi um in�uente �lósofo e economista escocês do século XVIII, conhecido como o
pai da economia moderna, nasceu em 1723, em Kirkcaldy, na Escócia. Smith estudou na
Universidade de Glasgow e depois na Universidade de Oxford. Na época, a Escócia estava
passando por transformações signi�cativas devido à Revolução Industrial e ao Iluminismo,
movimento intelectual que valorizava a razão, a ciência e a liberdade individual. Esses eventos
moldaram a perspectiva de Smith sobre a sociedade e a economia (Brue; Grant, 2016).
O pensamento de Adam Smith foi profundamente in�uenciado pelo Iluminismo, um movimento
intelectual que teve seu auge no século XVIII. Durante esse período, o Iluminismo promoveu a
ideia de que a razão, a ciência e a educação eram instrumentos poderosos para a melhoria da
sociedade. Os iluministas buscavam substituir o pensamento tradicional baseado na fé e na
autoridade pela razão e observação empírica (Brue; Grant, 2016).
Adam Smith acreditava na capacidade da razão humana para compreender e melhorar a
sociedade. Sua abordagem pragmática e baseada em evidências, como apresentado em suas
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
obras, foi moldada pela con�ança no poder da razão aplicada ao entendimento dos fenômenos
econômicos.
In�uenciado por pensadores como David Hume e Francis Hutcheson, Adam Smith desenvolveu
sua visão sobre a economia enquanto lecionava �loso�a moral em Glasgow. Sua obra mais
famosa, A riqueza das nações (1776), é considerada um marco na história do pensamento
político e econômico. Nesse trabalho seminal, Adam Smith aborda a economia política, propondo
ideias-chave que fundamentam a teoria econômica clássica. Ele introduz o conceito de mão
invisível, defendendo a ideia de que o interesse próprio individual, quando buscado livremente,
pode resultar no benefício da sociedade como um todo. O livro abrange tópicos como a divisão
do trabalho, a importância do livre mercado e a crítica às intervenções governamentais na
economia.
De acordo com Hunt e Lautzenheiser (2012):
[...] Smith se distingue de todos os economistas que o antecederam, não só por sua formação
acadêmica e pela vastidão de seus conhecimentos, como também porque foi o primeiro a
elaborar um modelo abstrato completo e relativamente coerente da natureza, da estrutura e do
funcionamento do sistema capitalista. Notava que havia importantes ligações entre as principais
classes sociais, os vários setores de produção, a distribuição da riqueza e da renda, o comércio,
a circulação da moeda, os processos de formação dos preços e o processo de crescimento
econômico. Baseava muitas de suas recomendações de política nas conclusões tiradas de seu
modelo. Esses modelos sistemáticos do capitalismo, considerados no todo ou em parte,
caracterizaram as obras da maioria dos economistas importantes, a partir de Smit [...] (Hunt;
Lautzenheiser, 2012, p. 33) 
O primeiro capítulo do livro A riqueza das nações trata sobre a divisão do trabalho. Imagine uma
fábrica de al�netes que possui 10 funcionários. Porém, cada trabalhador produz al�netes
individualmente e sem treinamentos adequados para essa atividade. Logo, cada trabalhador, mal
poderá talvez, ainda que com maior diligência, produzir um al�nete num dia e não seria, com
certeza, capaz de produzir 20 (Brue; Grant, 2016).
Nesse exemplo dado por Adam Smith, podemos observar que o nível produtivo de somente um
trabalhador, não treinando por dada função e responsável por toda a tarefa de produção, será
“muito baixo”, pois ele deverá se ocupar de todo o processo produtivo, não obtendo e�ciência de
produção. Ao �nal, essa dinâmica geraria um ciclo de pobreza econômico, conforme a Figura 1.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 1 | Impactos da ine�ciência produtiva no sistema econômico
Qual a proposta de Smith?
Imagine que nessa fábrica, um operário desenrola o arame, outro o endireita, um terceiro o corta,
um quarto faz as pontas, um quinto o a�a nas pontas para a colocação da cabeça do al�nete;
para fazer uma cabeça de al�nete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; montar a cabeça já é
uma atividade diferente e alvejar os al�netes é outra; a própria embalagem dos al�netes também
constitui uma atividade independente (Smith, 1996, p. 66).
A e�cácia e o aprimoramento do trabalho por meio de sua divisão são facilmente percebidos no
exemplo fornecido. Ao dividir o trabalho em etapas distintas, a produtividade dos trabalhadores
torna-se signi�cativamente superior em comparação com a situação em que cada trabalhador se
ocuparia autonomamente de todas as fases da produção de um al�nete. Essa abordagem
divisional possibilita que cada trabalhador se especialize e aperfeiçoe na função para a qual foi
designado. O cerne da discussão de Smith sobre a divisão do trabalho está centrado na maneira
como o aumento da especialização contribui para o aumento da produtividade dentro de um
setor.
Quanto mais especializada uma economia, maior a produtividade, resultando em um aumento na
produção e, por conseguinte, na geração de riqueza. A divisão do trabalho não apenas
impulsiona a e�ciência na produção, mas também promove a inovação, uma vez que os
trabalhadores podem aprimorar suas habilidades em tarefas especí�cas. Ao elevar a
produtividade, ocorre um aumento tanto na produção quanto no excedente. Uma porção desse
excedente se converte em lucro, enquanto outra parte é destinada à poupança. A fração
poupada, por sua vez, transforma-se em investimento para impulsionar novas iniciativas
comerciais. Portanto, o excedente econômico gerado e sua alocação determinam o ritmo do
crescimento econômico a longo prazo. Essa dinâmica pode ser visualizada na Figura 2.
DisciplinaECONOMIA POLÍTICA
Figura 2 | Impactos da e�ciência produtiva no sistema econômico
Siga em Frente...
Smith acreditava que, em um mercado livre e competitivo, os interesses individuais dos
participantes se harmonizariam naturalmente para promover o bem-estar coletivo. De acordo
Hunt e Lautzenheiser (2012), a famosa frase de Smith sobre a harmonia dos interesses expressa
esta ideia: "Não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que esperamos o
nosso jantar, mas da consideração que ele tem pelos próprios interesses” (Smith, 1996, p. 70).
Nessa observação, Smith destaca como a busca individual do interesse próprio, quando inserida
em um contexto de livre mercado, resulta na produção e�ciente de bens e serviços para atender
às necessidades da sociedade.
Segundo Adam Smith, há uma mão invisível que direciona o comportamento do interesse próprio
para um tal caminho que o bem social emerge. A mão invisível atua como um guia não planejado
que, através das interações do mercado, coordena as atividades individuais para o benefício
coletivo. Essa ideia sugere que a autorregulação do mercado, orientada pelos interesses
individuais, pode resultar em e�ciência econômica e na maximização do bem-estar geral (Brue;
Grant, 2016).
A chave para compreender a "mão invisível" de Adam Smith está ligada ao conceito de
competitividade. A competitividade é o motor que impulsiona a e�cácia da mão invisível. No
contexto do mercado, a competição entre produtores e fornecedores cria um ambiente dinâmico
no qual os participantes são motivados a oferecer produtos e serviços de melhor qualidade, a
preços mais competitivos e com maior e�ciência (Brue; Grant, 2016). Essa competição não
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
apenas atende às demandas dos consumidores, mas também estimula a inovação e a melhoria
constante.
Portanto, de acordo com Brue e Grant (2016), a mão invisível opera de maneira mais e�caz em
um cenário competitivo, onde as forças do mercado determinam os preços, a alocação de
recursos e a distribuição de bens e serviços. A concorrência fomenta a e�ciência, pois os
produtores buscam maneiras de produzir mais com menos recursos, reduzindo custos e, ao
mesmo tempo, mantendo ou aprimorando a qualidade.
É atrativo caracterizar Smith como um apoiador do laissez-faire, considerando sua clara
oposição à intervenção governamental na economia. No entanto, em contraste com algumas das
defesas mais radicais desse ponto de vista, Smith reconheceu um papel signi�cativo, embora
restrito, para o Estado.
Segundo Brue e Grant (2016), Smith argumentava que o governo deveria:
Desempenhar um papel na garantia da justiça.
Proteger os direitos de propriedade e execução de contratos.
Garantir a defesa nacional.
 Essas funções governamentais eram vistas como essenciais para a preservação de um
ambiente estável e seguro, no qual a mão invisível do mercado poderia operar e�cientemente.
No entanto, Smith tinha preocupações em relação a certas práticas governamentais de sua
época. Ele criticava a concessão de privilégios especiais a determinadas indústrias ou empresas,
que poderiam distorcer a concorrência e prejudicar o livre funcionamento do mercado. Além
disso, expressava preocupação com o risco de corrupção e ine�ciência em governos que
ultrapassassem seus limites apropriados.
Compreendido a importância da divisão do trabalho, da livre iniciativa e da ausência de
intervenção do governo na economia, vamos agora estudar outra teoria elaborada por Adam
Smith, chamada de teoria do valor do trabalho.
A teoria do valor do trabalho apresentada por Smith diz que o valor de um bem ou serviço é
determinado pelo trabalho necessário para produzi-lo.
Segundo ele, o trabalho é a fonte primária de valor e os preços dos bens e serviços re�etem o
esforço humano incorporado em sua produção. Essa abordagem foi posteriormente
desenvolvida por economistas clássicos como David Ricardo.
Segundo Smith (1996), surgem dois tipos de valor:
Valor de uso: refere-se à utilidade ou ao benefício que um bem ou serviço proporciona ao
consumidor. Em outras palavras, é a capacidade do bem de satisfazer uma necessidade
especí�ca.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Valor de troca: diz respeito à capacidade de um bem ser trocado por outros bens ou
serviços no mercado. Esse valor está relacionado à oferta e demanda, bem como às
preferências e necessidades dos consumidores. 
Smith sustenta que o valor de troca de uma mercadoria é estabelecido pela quantidade de
trabalho nela contida, somada à distribuição relativa, em diferentes ocasiões, do trabalho indireto
(que gerou os meios utilizados na produção da mercadoria) e do trabalho direto (que utiliza
esses meios na produção da mercadoria) (Hunt; Lautzenheiser, 2012). Smith pôde identi�car o
trabalho como o determinante do valor de troca apenas em economias iniciais pré-capitalistas,
nas quais não existiam capitalistas ou proprietários de terras.
Ainda segundo Hunt e Lautzenheiser (2012), à medida que os capitalistas adquiriram controle
sobre os meios de produção e os proprietários de terras monopolizaram a terra e os recursos
naturais, Smith observou que o valor de troca ou preço passou a ser a combinação de três
componentes distintos: salários, lucros e aluguéis. "Assim que o capital se acumula nas mãos de
determinadas pessoas", destacou ele.
Umas das grandes indagações de Adam Smith em suas obras era identi�car as causas para a
riqueza de uma nação. Dentro do contexto capitalista nascente no qual viveu, Smith formulou o
processo para o crescimento e desenvolvimento econômico. A Figura 3 resume os vários
elementos constituintes desse processo.
Figura 3 | A teoria do crescimento econômico de Adam Smith. Fonte: Brue e Grant (2016, p. 87).
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Conforme evidenciado pelos dois retângulos superiores na �gura, Smith considerava a divisão do
trabalho e a acumulação de capital como os principais impulsionadores do crescimento de uma
nação.
Smith a�rmou que a divisão do trabalho estimula o acúmulo de capital (seta a) e que os dois
trabalham juntos para aumentar a produtividade do trabalho (setas b e c). O crescimento na
produtividade do trabalho aumenta a produção nacional (seta d), que amplia o mercado e
justi�ca a distância entre a divisão do trabalho e o acúmulo de capital (seta f). Como um
resultado do acúmulo de capital, as reservas de salários crescem (seta g) e os salários
aumentam (seta h). Os salários mais altos motivam o crescimento ainda maior da produtividade
(seta i). O crescimento da produção nacional aumenta o número de bens disponíveis para o
consumo, o que, para Smith, constitui a riqueza de uma nação (seta e).
Em resumo, Adam Smith é considerado um dos pilares da economia política clássica devido à
sua visão pioneira sobre o funcionamento dos mercados, o valor do trabalho, a importância da
divisão do trabalho e a defesa da competição. Seu legado persiste como uma base essencial
para muitas teorias econômicas subsequentes e continua a in�uenciar as discussões e políticas
econômicas em todo o mundo.
Vamos Exercitar?
Gostou da aula até aqui? Espero que sim!
A partir de agora vamos retomar a problematização do início do conteúdo.
A primeira re�exão nos indaga como as ideias de Adam Smith, considerado o "pai da economia",
in�uenciaram a economia política ao longo do tempo.
Bom, as ideias de Adam Smith, conhecido como o "pai da economia", tiveram uma signi�cativa
in�uência na economia política ao longo do tempo. Seu conceito central da "mão invisível"
destacou como a busca individual pelo próprio interesse pode contribuir para o bem-estar
coletivo, tornando-se a base do liberalismo econômico. Smith defendeu a mínima intervenção
governamental nos mercados, promovendo a liberdade individual e a propriedade privada.
Também enfatizou a importância da divisão do trabalho e a especialização na produção como
impulsionadores da e�ciência econômica.
A segunda re�exão nos instiga e pensar de que maneira seus princípios moldaram não apenas
teorias econômicas subsequentes,mas também as práticas econômicas adotadas por diversas
nações.
Essas ideias foram fundamentais para a formação da teoria econômica clássica, in�uenciando
pensadores subsequentes e moldando a visão predominante sobre como as economias
deveriam operar. Ao longo do tempo, os princípios de Smith transcenderam as fronteiras teóricas
e foram incorporados nas práticas econômicas adotadas por diversas nações, contribuindo para
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
o desenvolvimento do capitalismo moderno e in�uenciando políticas que buscavam equilibrar o
livre mercado com a regulação estatal, marcando assim um impacto duradouro na economia
global.
Saiba mais
Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras
fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.
Leia o Capítulo 3 Adam Smith do livro: História do pensamento econômico: uma perspectiva
crítica. Nesse capítulo, você vai estudar o contexto histórico das ideias de Smith. As teorias de
História e Sociologia de Smith incluíam uma análise das origens e do desenvolvimento do
con�ito de classes na sociedade e uma análise da maneira pela qual o poder era exercido na luta
de classes. Você vai estudar também a teoria do valor, a teoria do bem-estar econômico, con�ito
de classes e harmonia social para Smith.
HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.
ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012. E-book.
Leia o Capítulo 5 A escola clássica – Adam Smith do livro: História do pensamento econômico.
Na discussão de Smith, inicialmente, o capítulo aborda alguns detalhes de sua vida e
conheceremos várias in�uências importantes que recebeu. Posteriormente, analisa seu primeiro
livro, The theory of moral sentiments, para explorar a relação entre seu pensamento sobre a
�loso�a moral e sobre a economia política. Por �m, os autores abordam com detalhes seu
monumental A riqueza das nações, destacando suas opiniões sobre (1) o laissez-faire e a
harmonia dos interesses, (2) a divisão do trabalho e (3) as leis econômicas de uma economia
competitiva.
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016. E-book.
Referências
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016.
HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.
ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.
SMITH, A. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. Santos: Editora
Nova Cultural, 1996. (Coleção os Economistas).
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595159143/
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595159143/
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Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Aula 4
Contribuições de David Ricardo
Contribuições de David Ricardo
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Dica para você
Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua
aprendizagem ainda mais completa.
Olá, estudante!
Nesta videoaula você irá conhecer os princípios básicos de economia política propostos por
David Ricardo. 
Esse conteúdo é importante para a sua prática pro�ssional, pois você compreenderá princípios
econômicos elaborados por esse autos válidos até os dias atuais.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Nesta aula, vamos estudar os princípios fundamentais da economia política propostos por David
Ricardo, abordando temas essenciais como a Teoria dos Rendimentos Marginais Decrescentes,
Teoria do Valor Trabalho e Teoria das Vantagens Comparativas.
Seu legado é fortemente associado à sistematização e expansão das ideias dos economistas
clássicos, como Adam Smith. Ricardo destacou-se não apenas pela clareza de suas teorias, mas
também pela habilidade em conectar diferentes aspectos da economia, oferecendo uma visão
abrangente das forças econômicas e sociais que moldam a sociedade.
Agora, lançamos um desa�o para sua re�exão:
Como a Teoria dos Rendimentos Marginais Decrescentes, proposta por David Ricardo,
in�uencia a alocação de recursos e a produção em diferentes setores econômicos?
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
De qual maneira a Teoria das Vantagens Comparativas pode ser aplicada na formulação de
estratégias comerciais internacionais?
Essas questões fornecem um direcionamento para o estudo, incentivando a re�exão sobre a
relevância prática desses conceitos.
Boa aula!
Vamos Começar!
David Ricardo foi um renomado economista clássico britânico, nascido em Londres em 18 de
abril de 1772 e falecido em 11 de setembro de 1823. Sua vida foi marcada por contribuições
signi�cativas para a teoria econômica, tornando-se uma �gura proeminente na história da
economia política. Ricardo iniciou sua carreira pro�ssional no mercado �nanceiro, onde obteve
considerável sucesso como corretor da Bolsa de Londres. Sua entrada no mundo dos negócios
proporcionou-lhe uma compreensão prática das dinâmicas econômicas, in�uenciando
diretamente suas futuras contribuições teóricas.
A in�uência de obras como A riqueza das nações, de Adam Smith, e Ensaio sobre a natureza do
comércio em geral, de Richard Cantillon, foi perceptível em seu pensamento econômico.
Contudo, foi com a publicação de sua obra seminal, Princípios de economia política e tributação
(1817), que Ricardo deixou uma marca no campo da economia política.
David Ricardo era notável pela sua capacidade única de construir modelos abstratos que
elucidavam as complexidades do sistema capitalista. Sua abordagem teórica era fundamentada
em princípios analíticos, permitindo-lhe formular leis econômicas gerais que transcenderam a
sua época.
A Teoria dos Rendimentos Decrescentes e a Teoria da Renda da Terra são conceitos
fundamentais na análise econômica, especialmente no contexto da obra de David Ricardo.
A Teoria dos Rendimentos Decrescentes é um princípio econômico que descreve como a adição
de mais insumos a uma unidade �xa de produção resulta em retornos marginais decrescentes.
Essa teoria é particularmente relevante na análise da produção agrícola, onde a quantidade de
terra disponível é um fator �xo. Em termos simples, ela argumenta que, à medida que mais
esforço, trabalho e capital são aplicados a uma área de terra �xa, os retornos adicionais tornam-
se progressivamente menores.
Para ilustrar, imagine um agricultor que está cultivando um campo. Inicialmente, ao adicionar
mais trabalhadores ou mais fertilizantes, a produção pode aumentar signi�cativamente. Contudo,
chega um ponto em que a área de terra não pode acomodar mais inputs e�cientemente,
resultando em rendimentos marginais (adicionais) decrescentes. Isso re�ete a ideia de que,
eventualmente, a aplicação adicional de insumos não proporciona ganhos proporcionais.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Segundo Ricardo, os agricultores optam por cultivar terras mais férteis e bem localizadas, onde
os rendimentos marginais são mais altos. No entanto, à medida que a demanda por alimentos
cresce, a produção se expande para terras menos produtivas, onde os rendimentos decrescentes
entram em jogo.
A Teoria da Renda da Terra de David Ricardo está profundamente relacionada a essa análise.
Ricardo postulou que a terra é um recurso natural com características variáveis, como fertilidade
e localização. À medida que a demanda por alimentos cresce, agricultores se voltam para terras
menos férteis, onde os rendimentos são afetados pelos rendimentos decrescentes. A diferença
nos rendimentos entre terras mais e menos produtivas resulta na renda diferencial, que é a base
da Teoria da Renda da Terra.
A renda diferencial ocorre quando agricultores estão dispostos a pagar uma renda adicional aos
proprietários de terras mais férteis, apesardos rendimentos decrescentes associados a essas
terras. Esse fenômeno decorre da necessidade de cultivar terras menos produtivas para atender
à crescente demanda por alimentos, evidenciando a escolha estratégica dos agricultores diante
dos rendimentos decrescentes. Em síntese, a Teoria dos Rendimentos Decrescentes é
fundamental para entender a distribuição de recursos na agricultura, enquanto a Teoria da Renda
da Terra de Ricardo fornece uma estrutura conceitual para explicar como a renda diferencial
surge da interação entre a qualidade variável da terra e os rendimentos decrescentes.
Siga em Frente...
David Ricardo também abordou a teoria do valor-trabalho, que inicialmente havia sido
apresentada por Adam Smith.
Em sua obra Princípios de economia política e tributação (1817), Ricardo argumentou que, para
uma mercadoria adquirir valor de troca, é necessário que ela possua valor de uso. De acordo com
sua perspectiva, a utilidade (satisfação subjetiva de uma necessidade) não constitui a medida do
valor de permuta, embora seja fundamental para esse processo.
Possuindo utilidade, ou valor de uso, as mercadorias derivam seu valor de troca de duas origens:
Sua escassez.
A quantidade de trabalho exigida para obtê-las.
O valor de bens não reprodutíveis, como obras de arte raras, livros clássicos e antigas moedas, é
exclusivamente determinado pela sua escassez. Nesses casos, a oferta é constante, tornando a
demanda o fator principal na de�nição do valor de troca. No entanto, a maioria das mercadorias
é reproduzível e Ricardo pressupôs que essas mercadorias são produzidas sem restrições sob as
condições de competitividade. Foi para esses bens que Ricardo adotou sua Teoria do Valor-
Trabalho.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
O princípio central da Teoria do Valor-Trabalho de David Ricardo a�rma que o valor de troca de
uma mercadoria está intrinsecamente ligado ao tempo de trabalho necessário para produzi-la.
Segundo essa perspectiva, o trabalho não se limita apenas ao esforço físico direto na fabricação
da mercadoria, mas abrange também o trabalho incorporado na obtenção da matéria-prima e nos
bens de capital utilizados no processo de produção.
Ao considerar não apenas o trabalho direto, mas também o trabalho incorporado em todas as
etapas da produção, a Teoria do Valor-Trabalho de Ricardo destaca a interconexão e a
interdependência entre diferentes setores da economia. Isso proporciona uma base mais
completa para entender as causas das variações no valor de troca ao longo do tempo.
Ricardo argumenta que essa abordagem permite uma análise mais precisa das mudanças no
valor de troca ao longo do tempo. Ao considerar o tempo de trabalho em todas as fases da
produção, é possível identi�car as in�uências especí�cas que afetam o valor de uma mercadoria.
Por exemplo, variações na produtividade, mudanças nas condições tecnológicas ou �utuações
na oferta de matéria-prima podem ser analisadas em termos de seu impacto no tempo total de
trabalho necessário para produzir uma mercadoria.
Ricardo denomina como preço natural o valor intrínseco de uma mercadoria resultante da
incorporação de trabalho nela, enquanto o preço de mercado é aquele formado pelas forças de
oferta e demanda no mercado. Ele chega à conclusão de que o preço, conforme o conhecemos, é
o preço de mercado, e seu valor está condicionado à interação entre oferta e demanda, e não aos
salários pagos aos trabalhadores.
Em sua teoria, Ricardo justi�ca o comércio entre países mesmo quando uma nação é mais
e�ciente na produção de todos os produtos, ou seja, mesmo que possua vantagens absolutas
em todos os bens considerados. Portanto, para David Ricardo, o comércio internacional é
justi�cável mesmo quando um país não detém vantagens absolutas em comparação com outros,
uma vez que é o princípio da vantagem comparativa que determina o comércio, e não as
vantagens absolutas (Krugman; Obstfeld, 2015).
Mas a�nal, o que signi�ca vantagem comparativa?
Segundo essa teoria, mesmo quando um país é menos e�ciente do que outra nação na produção
de ambos os produtos, ainda assim há uma fundamentação para o comércio mutuamente
bené�co. Como a produção de um determinado bem implica renunciar a produção de outro bem,
a nação deve se especializar naquele produto em que seu custo de oportunidade é menor
(Krugman; Obstfeld, 2015).
O que é o custo de oportunidade?
O custo de oportunidade refere-se à análise da escolha que precisamos fazer, considerando o
que devemos renunciar para obter outro bem. No contexto de países, o custo de oportunidade é
o valor econômico da melhor alternativa sacri�cada ao optar pela produção de um determinado
bem ou serviço (Krugman; Obstfeld, 2015).
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Logo, de acordo com a teoria, as relações comerciais entre duas nações ocorrem quando
apresentam custos de produção distintos. Em seguida, sugere que uma nação sempre exportará
o produto que envolve custos relativamente menores do que o de outro. Por �m, com base
nesses resultados, argumenta-se que o comércio entre dois países é bené�co para ambos. Essa
teoria busca estabelecer os princípios que regem a divisão internacional do trabalho e, ao
mesmo tempo, promover a mais ampla liberdade de comércio entre países (Krugman; Obstfeld,
2015).
Para aprofundar a compreensão da teoria das vantagens comparativas, David Ricardo elaborou
um exemplo envolvendo dois países (Inglaterra e Portugal), dois produtos (tecido e vinho) e
apenas um fator produtivo (mão de obra). A Tabela 4 apresenta o total de horas trabalhadas
pelos dois países na produção dos dois bens destinados ao consumo próprio.
Países Tecido Vinho Total de horas
Inglaterra 100 120 220
Portugal 90 80 170
Total de horas 190 200 390
Tabela 1 | Quantidade de Homens/Hora para a produção de uma unidade de mercadoria. Fonte:
adaptada de Vasconcellos (2011).
 
Sem o comércio internacional, na Inglaterra, são necessárias 100 horas de trabalho para produzir
uma unidade de tecido e 120 horas para produzir uma unidade de vinho. Em Portugal, são
necessárias 90 horas de trabalho para produzir uma unidade de tecido e 80 horas para produzir
uma unidade de vinho. Assim, Portugal é absolutamente mais e�ciente na produção de ambos os
bens, o que parece paradoxal. Sob a ótica das vantagens absolutas, não haveria motivo para
comércio entre os dois países, já que Portugal apresenta vantagem absoluta em ambos os
produtos. Contudo, David Ricardo demonstra que o comércio internacional ainda pode ocorrer
nesse cenário, proporcionando benefícios mútuos para ambos os países.
Em termos relativos, o custo produtivo de tecidos em Portugal é mais alto do que o da produção
de vinho, enquanto na Inglaterra o custo produtivo do vinho é superior ao da produção de tecidos.
Dessa forma, em comparação, os portugueses têm vantagem relativa na produção de vinho, e a
Inglaterra tem vantagem relativa na produção de tecido. Segundo Ricardo, ambas as nações
podem obter benefícios ao se especializarem na produção da mercadoria na qual possuem
vantagem comparativa, independentemente do fato de Portugal ter vantagem absoluta em
ambos os produtos.
Para compreender melhor essa linha de raciocínio, é possível observar a Tabela 5, que apresenta
o cálculo do custo de oportunidade de produção. Esse custo é calculado em função da
quantidade do outro bem que será deixado de produzir.
Países Tecido Vinho
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Inglaterra 100/120
0,83
120/100
 1,20
Portugal 90/80
 1,13
80/90
0,89
Tabela 2 | Cálculo do custo de oportunidade. Fonte: adaptada de Vasconcellos (2011).
 
Conforme a perspectiva de David Ricardo, cada país deve dedicar-se à produção do bem que seja
comparativamente mais e�ciente do que o outro, ou seja, que apresente menor custo de
oportunidade. Dessa maneira, ao produzir tecidos, a Inglaterra tem um custo de oportunidade de
0,83, enquanto Portugal, para produzir tecidos, tem um custo de oportunidade de 1,13. Logo, a
Inglaterra possui um custo de oportunidade mais baixo, tornando-se mais competitiva e,
portanto, deveespecializar-se na produção de tecidos. Ao analisar o produto vinho, a Inglaterra
apresenta um custo de oportunidade de 1,20, enquanto Portugal possui um custo de
oportunidade de 0,89. Assim, Portugal deve especializar-se na produção de vinho, pois seu custo
de oportunidade é menor que o da Inglaterra (Vasconcellos, 2011).
Nesse contexto, se houver comércio entre as nações, a Inglaterra poderá importar uma unidade
de vinho por um valor inferior a 1,2 unidades de tecido e Portugal poderá adquirir mais que 0,89
unidade de tecido ao vender seu vinho (Vasconcellos, 2011). Dessa forma, se a relação de troca
entre o vinho e o tecido for de 1 para 1, ambos os países alcançarão benefícios. Sem o comércio,
a Inglaterra gastará 120 horas de trabalho para obter uma unidade de vinho; com o comércio com
Portugal, poderá utilizar apenas 100 horas de trabalho, produzir 1 unidade de tecido e trocá-la por
1 unidade de vinho, economizando, portanto, 20 horas de trabalho. O mesmo princípio se aplica a
Portugal, pois em vez de gastar 90 horas produzindo uma unidade de tecido, poderia utilizar
apenas 80 horas produzindo uma unidade de vinho e trocá-la no mercado internacional por uma
unidade de tecido, economizando assim 10 horas de trabalho (Vasconcellos, 2011).
Resumindo, para David Ricardo é necessária a comparação entre produtores de um produto,
levando em consideração seus custos de oportunidade. O produtor que renuncia a menor
quantidade de outros produtos para produzir o bem X e possui menor custo de oportunidade de
produção desse bem, diz-se, portanto, que desfruta de uma vantagem comparativa na sua
produção.
Vamos Exercitar?
Gostou da aula até aqui? Espero que sim!
A partir de agora vamos retomar a problematização do início da aula.
A primeira re�exão nos indaga como a Teoria dos Rendimentos Marginais Decrescentes,
proposta por David Ricardo, in�uencia a alocação de recursos e a produção em diferentes
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
setores econômicos.
A Teoria dos Rendimentos Marginais Decrescentes de David Ricardo argumenta que, à medida
que mais recursos são dedicados à produção de um bem, os retornos adicionais diminuem. Isso
in�uencia a alocação de recursos e a produção em diferentes setores econômicos de maneiras
práticas.
Na agricultura, por exemplo, ao cultivar mais terras, os agricultores podem experimentar
rendimentos decrescentes devido a limitações naturais. Isso implica que, para otimizar a
produção, é mais e�ciente especializar-se na produção de culturas onde os recursos podem ser
mais produtivos.
Em setores industriais, a teoria destaca a importância de avaliar constantemente a e�ciência dos
recursos. Quando os rendimentos marginais diminuem em um setor, os produtores podem
considerar realocar recursos para áreas mais produtivas, buscando maximizar os retornos.
Essa teoria também está relacionada à ideia de vantagem comparativa, sugerindo que países e
empresas devem se especializar na produção do que fazem relativamente melhor. Isso contribui
para uma alocação mais e�ciente de recursos em escala global, promovendo a especialização
econômica.
A segunda re�exão nos instiga a pensar de qual maneira a Teoria das Vantagens Comparativas
pode ser aplicada na formulação de estratégias comerciais internacionais.
A Teoria das Vantagens Comparativas, proposta por David Ricardo, sugere que países devem se
especializar na produção de bens nos quais possuem vantagens comparativas, ou seja, onde
podem produzir de maneira mais e�ciente em relação a outros. Essa teoria tem implicações
práticas importantes na formulação de estratégias comerciais internacionais.
Ao aplicar essa teoria, países e empresas podem identi�car suas competências distintivas, como
recursos naturais, habilidades da mão de obra e tecnologia e concentrar-se na produção em que
se destacam. Isso leva à especialização produtiva e ao comércio internacional baseado em
vantagens comparativas, resultando em ganhos mútuos.
Na prática, isso signi�ca que as empresas podem buscar parcerias estratégicas e participar de
acordos comerciais que aproveitem as vantagens comparativas mútuas entre os países. Além
disso, a identi�cação de mercados internacionais especí�cos, onde as vantagens comparativas
podem ser mais bem exploradas, é crucial. A adaptação às mudanças tecnológicas também é
essencial, pois inovações podem criar vantagens comparativas em setores especí�cos.
Saiba mais
Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras
fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Leia o Capítulo 7 A escola clássica – David Ricardo do livro: História do pensamento econômico.
Nesse capítulo os autores apresentam detalhes importantes da vida de Ricardo, bem como
discutem seu ponto de vista sobre a questão da moeda na Inglaterra. Posteriormente,
desenvolvem sua Teoria da Renda da Terra e a Teoria Relacionada aos Rendimentos
Decrescentes. Essas duas teorias são relevantes para os dois importantes tópicos a seguir: o
primeiro, a Teoria do Valor de Troca; e o segundo, a Teoria da Distribuição de Renda da Terra. O
capítulo prossegue com artigos sobre a lei da vantagem comparativa de Ricardo, com seus
pontos de vista sobre a possibilidade do desemprego e com uma breve avaliação de toda a sua
contribuição.
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016. E-book. 
Leia o Capítulo 5 David Ricardo do livro: História do pensamento econômico: uma perspectiva
crítica. Nesse capítulo, os autores apresentam inicialmente a Teoria da Renda da Terra e primeira
abordagem dos lucros. Posteriormente, apresentam a base econômica do con�ito entre
capitalistas e proprietários de terras, bem como a Teoria do Valor-Trabalho. Por �m, é abordada a
maquinaria como causa de desemprego involuntário e a teoria das vantagens comparativas e
comércio internacional.
HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.
ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.
Referências
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016.
HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.
ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.
KRUGMAN, P. R.; OBSTFELD, M. Economia internacional: teoria e política. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2015.
VASCONCELLOS, M. A. S. de. Economia: micro e macro. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
Aula 5
Encerramento da Unidade
Economia política clássica
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126224/
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595159143/
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595159143/
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
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aprendizagem ainda mais completa.
Olá, estudante!
Nesta videoaula você irá conhecer as bases da economia política clássica.
Esse conteúdo é importante para a sua prática pro�ssional, pois ao compreender a economia
política clássica, você estará mais bem preparado para analisar e interpretar as dinâmicas
econômicas atuais, identi�cando padrões e entendendo como as teorias do passado ainda
impactam as discussões contemporâneas.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!
Ponto de Chegada
Olá, estudante!
Para desenvolver a competência desta unidade, que é compreender, analisar e aplicar os
princípios centrais da economia política clássica, a �m de examinar criticamente as interações
entre produção, distribuição e consumo de bens e serviços, você deverá primeiramente conhecer
os conceitos fundamentais dos precursores do pensamento econômico clássico.
Inicialmente, ao conhecer as basesdo mercantilismo você compreende o processo de formação
do estado absolutista europeu nos séculos XVI e XVII, no qual destaca-se a importância da
acumulação de metais preciosos e o papel do Estado na regulação da economia.
Posteriormente, ao estudar a escola �siocrata, você compreende a ideia do "laissez-faire", bem
como a importância da agricultura como fonte primária de riqueza econômica.
Ao avançarmos para as teorias liberais, desde seu surgimento até as escolas clássica e
neoclássica, busca-se aprofundar a compreensão sobre os princípios fundamentais que
moldaram a visão econômica capitalista. Nesse contexto, ao explorar conceitos como a mão
invisível do mercado e a importância da livre concorrência, você obtém as ferramentas analíticas
necessárias para examinar criticamente as dinâmicas entre produção, distribuição e consumo.
Adam Smith, em sua obra A riqueza das nações, é central para o desenvolvimento da
competência desta unidade. Analisar suas ideias sobre a divisão do trabalho, a busca pelo
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
interesse próprio e os benefícios para a sociedade é crucial para aplicar os princípios da
economia política clássica na análise das interações econômicas.
Finalmente, direcionamos nossa atenção para as contribuições de David Ricardo. Ao estudar as
teorias da renda diferencial e da vantagem comparativa, você desenvolve a capacidade de aplicar
os princípios clássicos na análise das interações entre produção, distribuição e consumo,
compreendendo as complexidades da alocação de recursos em uma economia.
Dessa forma, ao percorrer esses conteúdos, você fortalecerá sua competência em compreender,
analisar e aplicar os princípios centrais da economia política clássica, essenciais para uma
avaliação crítica das relações econômicas fundamentais.
É Hora de Praticar!
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A cidade de Prosperidade, no século XVIII, é fortemente in�uenciada pelos princípios
mercantilistas. No entanto, a comunidade enfrenta desa�os na produção agrícola e distribuição
desigual de riqueza. Em busca de soluções, os líderes locais decidem explorar as teorias
econômicas emergentes, como as dos �siocratas e dos teóricos liberais. 
Desa�o econômico:
Prosperidade se depara com uma estagnação econômica devido à dependência excessiva do
comércio internacional e à desigualdade na distribuição de recursos. A população está dividida
entre manter as práticas mercantilistas tradicionais e abraçar mudanças para impulsionar o
crescimento econômico.
Introdução às teorias econômicas:
Os líderes da cidade iniciam uma análise das teorias mercantilistas, que enfatizam a acumulação
de riqueza através do comércio. Ao reconhecerem as limitações dessa abordagem, eles também
se voltam para as ideias dos �siocratas, que destacam a importância da agricultura na
economia.
Desenvolvimento da Escola Clássica:
Diante das lacunas nas teorias anteriores, os líderes decidem explorar as teorias liberais em
ascensão. Eles estudam o surgimento da escola clássica, focando nas ideias de Adam Smith e
sua obra A riqueza das nações. A perspectiva de um mercado livre e a importância da busca do
interesse próprio despertam interesse.
No entanto, surgem desa�os na adaptação da comunidade a esse novo modelo, incluindo
resistência de alguns membros e incertezas sobre como garantir uma distribuição justa dos
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
benefícios.
Problematização:
Como os princípios liberais poderiam impulsionar o desenvolvimento econômico da
comunidade?
Quais as mudanças econômicas que a comunidade deverá adotar para mudar de um
modelo mercantilista para um modelo liberal?
Este estudo de caso ilustra a complexidade da transição econômica, analisando criticamente as
teorias da economia política clássica. As perguntas propostas estimulam a re�exão sobre os
desa�os enfrentados pela comunidade de Prosperidade na busca por um modelo econômico
mais e�ciente e equitativo.
Analise criticamente as abordagens mercantilistas e �siocratas em relação ao papel do Estado
na economia. Em que medida as ideias dessas correntes ainda têm relevância nas discussões
contemporâneas sobre a intervenção estatal na economia?
Considerando as ideias de Adam Smith sobre a divisão do trabalho e a mão invisível, como esses
conceitos in�uenciam a produção, a distribuição e o consumo de bens e serviços na sociedade
contemporânea?
Com base na competência de compreender, analisar e aplicar os princípios centrais da economia
política clássica, a resolução deste estudo de caso visa examinar criticamente as interações
entre produção, distribuição e consumo de bens e serviços.
A cidade de Prosperidade, no século XVIII, enfrenta uma estagnação econômica devido à
dependência excessiva do comércio internacional e à desigualdade na distribuição de recursos.
Diante desse desa�o, os líderes locais buscam soluções explorando teorias econômicas
emergentes, como as dos �siocratas e dos teóricos liberais.
As questões norteadoras são:
1. Como os princípios liberais poderiam impulsionar o desenvolvimento econômico da
comunidade?
2. Quais as mudanças econômicas que a comunidade deverá adotar para mudar de um
modelo mercantilista para um modelo liberal?
Resolução:
Para impulsionar o desenvolvimento econômico da comunidade, os líderes de Prosperidade
devem considerar uma transição gradual e bem gerenciada dos princípios mercantilistas para os
liberais.
  Inicialmente, os princípios liberais, como propostos por teóricos como Adam Smith, destacam a
importância do mercado livre e da busca do interesse próprio como motores do desenvolvimento
econômico. Na perspectiva liberal, a remoção de restrições ao comércio e a promoção da
concorrência podem aumentar a e�ciência econômica. Os líderes de Prosperidade podem
esperar um aumento na produtividade e na inovação à medida que adotam esses princípios.
A transição de um modelo mercantilista para um liberal implica várias mudanças. Isso pode
incluir a remoção de restrições comerciais, a promoção da liberdade individual para buscar
interesses econômicos próprios e a implementação de políticas que incentivem a concorrência e
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
a inovação. A comunidade também precisará lidar com a distribuição desigual de riqueza,
buscando meios de garantir que os benefícios do novo modelo sejam distribuídos de maneira
mais equitativa.
Figura 1 | Economia política clássica
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016.
GENNARI, A. História do pensamento econômico. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.
HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.
ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.
SANDRONI, P. Dicionário de economia do século XXI. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.
SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
,
Unidade 3
KARL MARX E A CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA E A ESCOLA NEOCLÁSSICA
Aula 1
A Crítica ao Capitalismo
A crítica ao capitalismo
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Olá, estudante!
Nesta videoaula você irá conhecer a crítica ao capitalismo de Karl Marx.
Esse conteúdo é importante, pois você entenderá as bases teóricas que fundamentam a crítica
marxista ao sistema econômico predominante em nossa sociedade, permitindo uma análise
mais profunda das estruturas sociais e econômicas.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!
Ponto de Partida
Olá, estudante! Vamos iniciar mais uma aula?
Hoje, vamos mergulharem um tema fundamental para compreendermos as dinâmicas sociais,
econômicas e políticas que permeiam nossa sociedade: a crítica marxista ao sistema capitalista
e os pressupostos da escola neoclássica. Vamos explorar as ideias de Karl Marx, um dos mais
in�uentes pensadores do século XIX, e entender como suas análises impactaram o entendimento
das relações de classe, da exploração econômica e das lutas sociais.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Durante esta aula, vamos nos concentrar em duas questões centrais:
Como as condições socioeconômicas do século XIX in�uenciaram o pensamento de Karl Marx e
suas críticas ao sistema capitalista? Explore os aspectos da Revolução Industrial, das
transformações nas relações de trabalho e das desigualdades sociais da época.
Qual é o conceito de alienação em Marx e como ele se aplica à análise das relações de trabalho e
da sociedade capitalista? Re�ita sobre as diferentes formas de alienação descritas por Marx e
como elas se manifestam na vida contemporânea.
Muito bem! Essas questões nos convidam a re�etir sobre as bases teóricas do pensamento de
Marx e sua relevância para analisar os desa�os e as contradições do mundo contemporâneo.
Esteja aberto ao conhecimento e preparado para expandir seus horizontes. Boa aula!
Vamos Começar!
Karl Marx, um dos mais in�uentes �lósofos, economistas e pensadores políticos do século XIX,
nasceu em 5 de maio de 1818, na cidade de Tréveris, na então Província do Reno, no Reino da
Prússia, atualmente parte da Alemanha. Desde cedo, Marx demonstrou um interesse intelectual
excepcional, destacando-se em seus estudos primários e secundários. Posteriormente,
ingressou na Universidade de Bonn e, mais tarde, na Universidade de Berlim, onde se dedicou ao
estudo do direito, história e �loso�a, campos que in�uenciariam profundamente seu pensamento
e suas contribuições para a teoria social e política (Brue; Grant, 2016).
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 1 | Retrato de Karl Marx. Fonte: Wikimedia Commons. 
Durante seus anos de estudo, Marx desenvolveu parcerias intelectuais signi�cativas, mais
notavelmente com Friedrich Engels, com quem estabeleceu uma colaboração intelectual
duradoura e frutífera. Juntos, eles exploraram uma variedade de ideias �losó�cas e políticas,
compartilhando uma visão crítica da sociedade capitalista emergente e buscando entender suas
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
contradições internas e dinâmicas de classe (Brue; Grant, 2016). Essa parceria intelectual
resultou em várias obras conjuntas e em uma in�uente amizade que moldou o curso de seus
pensamentos e suas ações.
As obras de Karl Marx abrangem uma vasta gama de temas, desde �loso�a e economia até
política e história. Seu trabalho mais conhecido, O Capital, publicado em várias partes ao longo
de sua vida e posteriormente compilado por Engels após sua morte, é uma análise crítica do
sistema capitalista, destacando suas contradições internas, a exploração da classe trabalhadora
e os processos de acumulação de capital (Hunt; Lautzenheiser, 2012).
 Além disso, Marx também escreveu uma série de ensaios e obras sobre a luta de classes, o
materialismo histórico e a crítica da ideologia burguesa, deixando um legado intelectual que
continua a in�uenciar o pensamento político e social até os dias atuais.
Karl Marx viveu em um período de intensas transformações sociais, econômicas e políticas, que
moldaram profundamente suas ideias e in�uenciaram suas obras. O século XIX foi marcado pela
expansão da Revolução Industrial na Europa, que trouxe consigo mudanças radicais na
organização da produção, na estrutura social e nas relações de trabalho. O surgimento de
fábricas e a urbanização rápida levaram a condições de trabalho desumanas nas cidades
industriais, com longas jornadas, salários baixos e moradias precárias. Essas condições serviram
de catalisador para o surgimento de movimentos operários e de uma consciência de classe entre
os trabalhadores, elementos fundamentais para a formação das ideias de Marx sobre a luta de
classes (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 2 | Trabalhadores no processo produtivo em fábrica do século XIX. Fonte: GetArchive. 
Além disso, o século XIX foi marcado por movimentos sociais e políticos, incluindo as
Revoluções de 1848, que varreram grande parte da Europa. Esses eventos tumultuados levaram
Marx a analisar criticamente as dinâmicas de poder e as contradições do sistema capitalista,
inspirando-o a desenvolver uma teoria revolucionária da mudança social. Sua participação e
observação atenta desses acontecimentos históricos o levaram a aprofundar sua compreensão
da dinâmica entre as classes sociais e a buscar alternativas ao sistema capitalista dominante.
Siga em Frente...
Segundo Silva, Dalcin e Stefani (2019), Karl Marx procurava examinar a dinâmica da produção no
sistema capitalista, expressando críticas à teoria econômica tradicional formulada pelos
economistas clássicos. Inicialmente, Marx (1996) organizou as concepções sobre as condições
que propiciam o surgimento do processo de produção capitalista. Marx observou que a produção
capitalista necessitava considerar três mudanças econômicas e sociais:
1. A separação dos produtores dos seus meios de produção e subsistência.
2. A formação de uma classe social que monopoliza esses meios de produção, a burguesia.
3. A transformação da força de trabalho em mercadoria.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Na primeira circunstância, Karl Marx observou que a separação dos produtores de seus meios de
produção e, consequentemente, da produção de sua própria subsistência, ocorreu inicialmente
na agricultura. Esse fenômeno também foi evidente no artesanato antigo, quando as ferramentas
foram separadas dos artesãos e as corporações medievais foram substituídas por outras formas
produtivas, como as indústrias de manufatura (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).
Na segunda circunstância, Karl Marx identi�cou que a ascensão da burguesia surgia da
acumulação de capitais na forma de dinheiro, seguida pela transformação dos meios de
produção em algo tão dispendioso que somente os detentores de capital monetário poderiam
adquiri-los (Mandel, 1982 apud Silva; Dalcin; Stefani, 2019). Isso implica que duas classes sociais
se tornam nitidamente discerníveis: os burgueses capitalistas, que possuem capital e controlam
os meios de produção, e os trabalhadores, que possuem apenas a sua força de trabalho e não
têm controle sobre os meios de produção (Marx, 1996).
Na terceira circunstância, Karl Marx expõe que o sistema capitalista de produção converte o
trabalhador ou a sua força de trabalho em uma mercadoria. Essa conversão sustenta uma classe
social que não tem outra coisa para oferecer na sociedade capitalista além da sua capacidade de
trabalho. Consequentemente, o trabalhador é compelido a vender essa força de trabalho aos
proprietários dos meios de produção (Marx, 1996).
Portanto, a produção capitalista não se destina apenas a maximizar o lucro do capitalista, mas
também a promover o que Karl Marx denominou de acumulação de capital. Isso implica que, na
perspectiva do capital, uma parte substancial do excedente produzido é acumulada de forma
produtiva, ou seja, convertida em capital na forma de maquinário, matéria-prima e mão de obra
adicional (Silva; Dalcin; Stefani, 2019). Dentro dessa lógica, apenas uma parcela pequena é
consumida de forma improdutiva, como no caso do consumo privado da burguesia.
Ainda segundo Silva, Dalcin e Stefani (2019), é relevante ressaltar que são esses traços
característicos do capitalismo que, de acordo com Marx, geram resultados contraditórios no
sistema. O contínuo avanço das máquinas implica numa ampliação das forças produtivas e da
e�ciência do trabalho, gerando crescentes riquezas em um processo que demanda cada vez
menos trabalhadores. Surge então a questão: como o trabalhador irá subsistir? Como ganhará
seu sustento "com o suor do seu rosto"? (Marx, 1996, p. 339).
Surge então a crítica de Karl Marx ao capitalismo!
Karl Marx foium crítico contundente do sistema capitalista, defendendo os interesses da classe
proletária, que, segundo ele, era expropriada e explorada pela classe capitalista em ascensão.
Observando o enriquecimento e a crescente concentração de poder da burguesia, Marx viu uma
ordem social injusta, em que os trabalhadores se tornavam meras engrenagens no
funcionamento da máquina capitalista, alienados de seu trabalho e de seu verdadeiro potencial
humano.
Mas o que seria essa alienação?
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
A alienação no capitalismo, conforme entendida por Karl Marx, é um fenômeno complexo que
transcende a mera perda de identidade ou estranhamento individual. Para Marx, a alienação é um
processo intrínseco ao modo de produção capitalista, no qual os trabalhadores se tornam
estranhos em relação ao produto do seu trabalho, ao processo de trabalho em si, a si mesmos
como seres humanos e às relações sociais estabelecidas na sociedade (Malassise et al., 2014).
Em primeiro lugar, Marx observa que os trabalhadores se alienam do produto do seu trabalho. Em
um sistema capitalista, os trabalhadores vendem sua força de trabalho em troca de um salário,
mas não têm controle sobre o que é produzido, como é produzido ou para quem é produzido. O
produto �nal pertence ao capitalista, que o utiliza para obter lucro, enquanto os trabalhadores
têm pouco ou nenhum vínculo emocional ou sentido de realização com o que produziram.
Além disso, Marx destaca a alienação dos trabalhadores em relação ao próprio processo de
trabalho. No capitalismo, o trabalho é fragmentado e especializado, resultando em uma falta de
conexão entre os diferentes aspectos do trabalho. Os trabalhadores não têm autonomia ou
controle sobre o processo de produção, o que leva a uma sensação de despersonalização e falta
de signi�cado em relação ao seu trabalho (Malassise et al., 2014).
Outra forma de alienação descrita por Marx é a alienação em relação a si mesmo como ser
humano. No capitalismo, os trabalhadores são tratados como meros meios de produção, em vez
de seres humanos completos. Eles são reduzidos a uma única função dentro do sistema de
produção e são despojados de sua individualidade, criatividade e capacidade de autorrealização.
Por �m, Marx aponta a alienação dos trabalhadores em relação às relações sociais na sociedade
capitalista. A competição e a busca pelo lucro resultam em uma falta de solidariedade e empatia
entre os membros da sociedade. Os trabalhadores são alienados uns dos outros, em vez de se
unirem em solidariedade contra as injustiças do sistema.
Esse desenvolvimento do conceito de alienação por Marx foi uma clara crítica à divisão do
trabalho proposta por Adam Smith.
A análise de Karl Marx sobre a divisão do trabalho e suas implicações no sistema capitalista
revela uma visão crítica e profunda sobre a dinâmica socioeconômica da época. Contrapondo-se
à perspectiva de Adam Smith, que via na divisão do trabalho uma fonte de e�ciência e riqueza
para o sistema, Marx destacava os efeitos negativos dessa divisão sobre os trabalhadores
(Oliveira; Gennari, 2019).
Para Marx, a divisão do trabalho não apenas limitava a capacidade produtiva do homem, mas
também restringia seu desenvolvimento intelectual e físico. Ao serem relegados a tarefas
repetitivas e monótonas nas fábricas, os trabalhadores perdiam sua capacidade de pensar de
forma criativa e crítica, tornando-se alienados de seu próprio trabalho e de sua própria
humanidade (Oliveira; Gennari, 2019).
Essa questão da alienação foi abordada no �lme tempos modernos de Charles Chaplin,
conforme você pode conferir na Figura 3.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 3 | Divisão do trabalho. Fonte: Research Gate.  
Além disso, Marx observava que, apesar do aumento da produtividade impulsionado pela
tecnologia, os trabalhadores não viam uma melhoria proporcional em suas condições de vida.
Enquanto os patrões lucravam com o aumento da produção, os trabalhadores continuavam a
receber salários estagnados, perpetuando assim a desigualdade social e a concentração de
poder nas mãos dos detentores do capital.
Para Marx, o liberalismo econômico exacerbava ainda mais essa exploração, ao permitir que os
donos do capital acumulassem riqueza à custa da miséria e da alienação dos trabalhadores.
Nesse contexto, o capitalismo era visto como um sistema intrinsecamente exploratório, onde a
classe dominante mantinha seu poder por meio da opressão e da exploração da classe
trabalhadora.
Para Marx, o capitalismo era o cerne da desordem humana, sendo responsável pelas crises
crescentes e pelas profundas desigualdades sociais. Ele acreditava �rmemente na necessidade
de união da classe operária para desa�ar e derrubar a dominação capitalista, visando a
instauração de um sistema mais justo e igualitário. A�rmava que essa luta de classes era o
motor da história, impulsionando as transformações sociais fundamentais.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 4 | Luta de classes
Karl Marx propôs que a luta de classes era o motor da história e a força impulsionadora por trás
das transformações sociais fundamentais. Para ele, a sociedade era dividida em duas classes
antagônicas: a burguesia, detentora dos meios de produção, e o proletariado, que vendia sua
força de trabalho em troca de salário. Essas duas classes estavam em constante con�ito,
lutando pelo controle dos recursos e pela defesa de seus interesses opostos.
Segundo Marx, a luta de classes era inevitável dentro do sistema capitalista, pois os interesses
da burguesia estavam intrinsecamente ligados à exploração dos trabalhadores, enquanto o
proletariado buscava melhorar suas condições de vida e alcançar uma distribuição mais justa da
riqueza produzida. Essa luta não se limitava apenas ao âmbito econômico, mas se estendia a
todas as esferas da vida social e política, moldando o curso da história e impulsionando as
mudanças revolucionárias necessárias para a emancipação dos trabalhadores.
Portanto, para Marx, a luta de classes não era apenas uma questão de confronto entre grupos
sociais, mas uma luta pela transformação radical das estruturas de poder e pela criação de uma
sociedade sem classes, onde o trabalho humano seria valorizado e os meios de produção seriam
controlados democraticamente pela comunidade. Essa visão revolucionária da luta de classes
serviu como base para o movimento operário e para as lutas por justiça social ao longo da
história, inspirando gerações de ativistas e pensadores a buscar uma ordem social mais
equitativa e solidária. 
Vamos Exercitar?
Estudante, espero que tenha aproveitado o conteúdo até aqui!
A partir de agora vamos retomar a problematização do início da aula.
Na problematização proposta, exploramos duas questões importante relacionadas aos
conteúdos da aula sobre Karl Marx. A primeira questão nos levou a re�etir sobre como as
condições socioeconômicas do século XIX in�uenciaram o pensamento de Marx e suas críticas
ao sistema capitalista. Durante a aula, discutimos extensivamente o contexto histórico da época,
destacando a Revolução Industrial, as condições de trabalho desumanas nas fábricas e as
crescentes desigualdades sociais. Ao relacionarmos esses aspectos com as obras de Marx,
compreendemos como ele desenvolveu sua teoria crítica da sociedade, identi�cando as
contradições do capitalismo e buscando alternativas para uma ordem social mais justa.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
A segunda questão abordou o conceito de alienação em Marx e sua aplicação na análise das
relações de trabalho e da sociedade capitalista. Durante a aula, exploramos as diferentes formas
de alienação descritas por Marx, como a alienação do produto do trabalho, do próprio processo
de trabalho, de si mesmo como ser humano e das relações sociais. Ao compreendermos esses
conceitos, pudemos re�etir sobre como a divisão do trabalho e a busca pelo lucro no sistema
capitalista contribuem para a alienação dos trabalhadores e para a perpetuação das
desigualdades sociais, segundo Marx.
Como re�exão adicional, você pode considerar comoas ideias de Marx continuam relevantes
hoje e como podem ser aplicadas na análise de questões sociais, econômicas e políticas
contemporâneas.
Saiba mais
Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras
fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.
Leia o capítulo Teoria Marxista do livro: Economia política. Ao �nal desse texto, você deve
apresentar os seguintes aprendizados: analisar o processo de produção do capital a partir da
teoria marxista; descrever a transformação do dinheiro em capital e explicar a produção do mais-
valor absoluto e do mais-valor relativo de Marx.
SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre. Grupo A, 2019. E-book.
Uma sugestão de �lme que aborda Karl Marx e suas ideias é O Jovem Karl Marx (2017), dirigido
por Raoul Peck. Esse �lme biográ�co retrata a juventude de Marx, seu encontro com Friedrich
Engels e o desenvolvimento de suas teorias políticas e sociais que revolucionaram o pensamento
ocidental. O Jovem Karl Marx oferece uma visão interessante sobre os desa�os e as
circunstâncias históricas que in�uenciaram Marx e Engels, além de destacar suas contribuições
para a compreensão das dinâmicas sociais e econômicas da época.
Referências
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016.
HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.
ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.
MALASSISE, R. L. S.; BARBOZA, S. G.; BECKEDORFF, I. A.; FORMAGI, C. Evolução do pensamento
econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.
MARX, K. O Capital: volume I e II. São Paulo: Nova Cultura, 1996.
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595028968/
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2019.
SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019. 
Aula 2
Materialismo Histórico e Mais-Valia
Materialismo Histórico e Mais-Valia
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Olá, estudante!
Nesta videoaula você irá conhecer os conceitos de materialismo histórico e mais-valia.
Esse conteúdo é importante, pois você entenderá como as relações de produção e as forças
produtivas moldam a história e in�uenciam as estruturas sociais.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Nesta aula sobre Karl Marx, vamos avançar e conhecer dois conceitos importantes da estrutura
teórica elaborado por Marx: Materialismo histórico e mais-valia.
Vamos começar com uma visão geral do materialismo histórico, uma abordagem analítica que
busca entender a história humana através das relações sociais e das condições materiais de
existência. Além disso, exploraremos o conceito de mais-valia, que nos permite compreender a
exploração do trabalho no sistema capitalista e as contradições inerentes a esse modo de
produção.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Para estimular nossa re�exão ao longo da aula, gostaria de levantar duas questões importantes:
Como as relações de produção e a propriedade dos meios de produção in�uenciam as
estruturas sociais e políticas de uma sociedade? Re�ita sobre como as relações
econômicas moldam as relações de poder e as hierarquias sociais.
Qual é o papel da mais-valia na reprodução das desigualdades econômicas e sociais?
Pense sobre como a exploração do trabalho contribui para a concentração de riqueza nas
mãos de poucos e para a perpetuação das disparidades sociais.
Lembre-se de manter-se atento aos tópicos discutidos ao longo da aula, pois serão fundamentais
para responder a essas questões e para ampliar sua compreensão sobre o assunto.
Agora, prepare-se para uma jornada de conhecimento e re�exão! Vamos explorar esses
conceitos e suas implicações em nossa sociedade. Boa Aula! 
Vamos Começar!
O materialismo histórico, uma teoria fundamental desenvolvida por Karl Marx, é uma abordagem
analítica que busca compreender a dinâmica da história humana, focando nas relações sociais e
nas condições materiais de existência. Em essência, o materialismo histórico postula que as
estruturas econômicas de uma sociedade, como as relações de produção e a propriedade dos
meios de produção, são determinantes para o desenvolvimento histórico e social. Esse conceito
implica que as ideias, instituições e formas de organização política e cultural de uma sociedade
são moldadas pelos aspectos materiais da vida, como a economia, o trabalho e a tecnologia
(Malassise et al., 2014).
Para Marx, o materialismo histórico oferece uma explicação crítica das transformações
históricas ao longo do tempo, destacando o papel central do con�ito de classes na mudança
social. Ele argumenta que as sociedades humanas passam por diferentes estágios de
desenvolvimento, cada um caracterizado por relações de produção especí�cas e pelas
contradições inerentes a essas relações. Essas contradições, por sua vez, levam a con�itos entre
as classes sociais, impulsionando mudanças revolucionárias e a transição para novas formas de
organização social (Malassise et al., 2014).
De acordo com Oliveira e Gennari (2019), o materialismo histórico também enfatiza a
importância da análise das forças produtivas, ou seja, dos recursos materiais e tecnológicos
disponíveis em uma sociedade e das relações de produção, que determinam como esses
recursos são utilizados e distribuídos. Essa análise permite entender como as estruturas
econômicas moldam as relações sociais e políticas, bem como as ideias e os valores que
permeiam uma determinada sociedade.
Além disso, o materialismo histórico destaca a natureza dialética do desenvolvimento histórico,
sugerindo que as contradições internas de uma sociedade impulsionam mudanças progressivas
ao longo do tempo. Marx argumenta que cada estágio de desenvolvimento contém as sementes
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
de sua própria destruição, à medida que as contradições entre as classes se tornam cada vez
mais agudas, levando eventualmente a transformações revolucionárias e à emergência de novas
formas de organização social (Marx, 1996).
Para aplicar o materialismo histórico na análise da história, Marx e seus seguidores
desenvolveram uma metodologia de investigação que examina as condições materiais de
existência de uma sociedade, sua estrutura econômica e as contradições internas que
impulsionam o processo de mudança social (Oliveira; Gennari, 2019). Essa abordagem analítica
tem sido amplamente utilizada em diversas áreas do conhecimento, incluindo a sociologia, a
economia, a história e a ciência política, fornecendo insights importantes sobre as dinâmicas
sociais e históricas que moldam o mundo em que vivemos.
O materialismo histórico, além de analisar as relações econômicas, destaca a importância da
infraestrutura e da superestrutura na compreensão da sociedade. A infraestrutura refere-se às
forças produtivas e às relações de produção, ou seja, aos aspectos materiais da economia, como
tecnologia, recursos naturais, modos de produção e relações de trabalho. Esses elementos
formam a base sobre a qual a superestrutura é construída.
Por sua vez, a superestrutura engloba todas as instituições, ideologias, normas e práticas
culturais que surgem da infraestrutura econômica de uma sociedade. Isso inclui o governo, a
religião, a educação, a arte, a �loso�a, os sistemas legais e as formas de organização política e
social. A superestrutura re�ete e legitima as relações de poder estabelecidas na infraestrutura,
reproduzindo assim as condições sociais existentes. Essa dinâmica pode ser visualizada na
Figura1.
Figura 1 | Superestrutura e a infraestrutura no pensamento marxista. Fonte: adaptada de Malassise et al. (2014, p. 103).
No contexto do materialismo histórico, Marx argumenta que a superestrutura não é autônoma,
mas está intimamente ligada à infraestrutura econômica. Ele enfatiza que a classe dominante
em uma sociedade – aquela que controla os meios de produção – também controla as
instituições e ideologias dominantes que sustentam sua posição de poder. Isso implica que as
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
ideias e os valores predominantes em uma sociedade são moldados pelos interesses da classe
dominante e servem para perpetuar sua dominação sobre as classes subalternas.
Para compreendermos um pouco mais sobre as duas bases, vamos ver numa outra perspectiva o
que menciona Aranha e Martins (1993, p. 241 apud Malassise et al., 2014, p. 104):
[...] Para Marx, a sociedade se estrutura em níveis. O primeiro nível, chamado de infraestrutura,
constitui a base econômica (que é determinante, segundo a concepção materialista). Engloba as
relações do homem com a natureza, no esforço de produzir a própria existência, e as relações
dos homens entre si. Ou seja, as relações entre os proprietários e não proprietários, e entre os
não proprietários e os meios e objetos do trabalho. O segundo nível, político-ideológico, é
chamado de superestrutura. É constituído pela estrutura jurídico-política representada pelo
Estado e pelo direito. Pela estrutura ideológica referente às formas da consciência social, tais
como a religião, as leis, a educação, a literatura, a �loso�a, a ciência, a arte etc. Também nesse
caso ocorre a sujeição ideológica da classe dominada, cuja cultura e modo de vida re�etem as
ideias e os valores da classe dominante [...] 
Ao examinar a relação entre infraestrutura e superestrutura, Karl Marx busca desvelar as
contradições e os con�itos que permeiam uma sociedade, revelando como as estruturas
econômicas in�uenciam as instituições e práticas sociais. Por exemplo, a ideologia dominante
em uma sociedade capitalista pode promover a ideia de meritocracia e individualismo,
justi�cando assim a desigualdade de classe e a concentração de riqueza nas mãos de poucos.
Portanto, ao considerar tanto a infraestrutura quanto a superestrutura, Marx fornece uma visão
abrangente das dinâmicas sociais e históricas, destacando como as condições materiais de
existência moldam as ideias, instituições e práticas culturais de uma sociedade. Essa abordagem
analítica permite uma compreensão mais profunda das relações de poder e das lutas de classe
que permeiam a história humana, fornecendo insights importantes para a transformação social e
a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Siga em Frente...
Compreendida a forma no qual Karl Marx interpretava a sociedade por meio do materialismo
histórico, vamos agora estudar uma das maiores preocupações de Marx, exposto em seu livro O
capital: a transformação do dinheiro em capital. Segundo Marx (1996), a circulação de
mercadorias era o ponto de partida do capital, ou seja, o capitalista vende mercadorias para
transformá-las em mais dinheiro (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).
Inicialmente, Marx descreve o ciclo de circulação de mercadorias como M–D–M, que signi�ca
Mercadoria (M) transformada em Dinheiro (D) e depois revertida em outra Mercadoria (M). Isso
re�ete o movimento básico do sistema econômico, onde os produtores vendem suas
mercadorias no mercado por dinheiro, que por sua vez é usado para comprar outras mercadorias.
No entanto, para Marx, essa forma de circulação de mercadorias é apenas a aparência super�cial
do processo (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
O aspecto essencial para Marx é o ciclo D–M–D', onde o dinheiro (D) é usado para comprar
mercadorias (M), que são posteriormente vendidas por um valor maior, resultando em um retorno
de dinheiro ampliado (D'). Aqui, o objetivo do processo não é apenas a troca de mercadorias por
seu valor de uso, mas sim a geração de lucro através da compra e venda de mercadorias (Silva;
Dalcin; Stefani, 2019). Essa busca pelo lucro é o que impulsiona a produção e a circulação de
mercadorias no sistema capitalista.
Marx argumenta que a essência do capitalismo reside nesse ciclo de acumulação de capital,
onde o dinheiro é investido na produção de mercadorias com o objetivo de obter mais dinheiro no
�nal do processo. Esse movimento contínuo de investimento, produção, venda e reinvestimento é
o que alimenta o crescimento econômico e a expansão do capitalismo, ao mesmo tempo que
gera desigualdades econômicas e sociais.
A teoria da circulação de mercadorias de Karl Marx está intimamente relacionada ao conceito de
"fetiche da mercadoria". De acordo com Oliveira e Gennari (2019), o fetiche da mercadoria refere-
se à tendência das pessoas no sistema capitalista de atribuir qualidades místicas ou
sobrenaturais às mercadorias, tratando-as como se tivessem valor intrínseco e
independentemente das relações sociais subjacentes de produção.
No contexto da circulação de mercadorias, o fetiche da mercadoria pode ser observado no
processo de troca entre dinheiro e mercadoria (M–D) e de mercadoria de volta para dinheiro (D–
M'). As pessoas tendem a ver o valor das mercadorias como algo dado e natural, sem questionar
as relações sociais de produção que determinam esse valor. Isso leva à noção de que o valor das
mercadorias é resultado de suas características físicas ou de seu valor de uso, ignorando o papel
do trabalho humano e das relações sociais na determinação do valor econômico (Oliveira;
Gennari, 2019). Essa dinâmica pode ser visualizada na �gura a seguir.
Figura 2 | Fetiche da mercadoria
A mais-valia surge da exploração do trabalho no processo de produção capitalista, que está
intrinsecamente ligado à circulação de mercadorias e ao fetiche da mercadoria. Para
entendermos como isso acontece, é importante revisitar o processo de produção e circulação de
mercadorias.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
No sistema capitalista, os capitalistas compram a força de trabalho dos trabalhadores por meio
do pagamento de um salário (Dinheiro - Mercadoria, ou D-M). Os trabalhadores então realizam o
trabalho necessário para produzir mercadorias (M). No entanto, o valor do trabalho necessário
para a reprodução da força de trabalho (ou seja, o salário pago aos trabalhadores) é menor do
que o valor adicionado pelo trabalho dos trabalhadores durante o processo de produção. Essa
diferença entre o valor do trabalho necessário e o valor criado pelo trabalhador é o que Marx
chama de mais-valia (Silva; Dalcin; Stefani, 2019).
O fetiche da mercadoria desempenha um papel crucial nesse processo, pois obscurece a
verdadeira fonte de valor das mercadorias. Os capitalistas exploram essa falsa percepção de
valor, pagando aos trabalhadores apenas uma fração do valor total que eles criam durante o
processo de produção. Enquanto isso, os capitalistas se apropriam da mais-valia, aumentando
seus lucros e acumulando capital.
Sobre esse termo “mais-valia”, trouxe duas de�nições: mais-valia absoluta e mais-valia relativa.
Vamos estudá-los a partir de agora! 
Mais-valia absoluta
Conforme Brue e Grant (2016), a mais-valia absoluta refere-se ao aumento da quantidade de
trabalho excedente extraído dos trabalhadores, prolongando a jornada de trabalho. Isso signi�ca
que os trabalhadores são obrigados a trabalhar mais horas do que o necessário para produzir o
valor equivalente ao seu salário. Marx argumenta que, historicamente, os capitalistas buscavam
principalmente essa forma de mais-valia, estendendo a jornada de trabalho através de leis,
regulamentos ou simples coerção (Brue; Grant, 2016). Com a mais-valia absoluta, o valor total do
trabalho excedente aumenta simplesmente pelo aumento do tempo de trabalho.
Um exemplo de mais-valia absoluta seria um empregador exigindo que os funcionários
trabalhem 10 horas por dia, mas pagando apenas o equivalente a 8 horas de trabalho. Nesse
caso, os trabalhadores produziriam um valor adicionaldurante as 2 horas extras não
remuneradas, que é a mais-valia absoluta extraída pelo empregador. 
Mais-valia relativa
Ainda segundo Brue e Grant (2016), a mais-valia relativa, por outro lado, surge quando os
capitalistas aumentam a produtividade do trabalho, permitindo que eles produzam mais
mercadorias em menos tempo. Isso é alcançado através do uso de tecnologia, automação,
métodos de produção mais e�cientes, entre outros. Com a mais-valia relativa, os capitalistas
conseguem aumentar a quantidade de valor produzido pelos trabalhadores em um período
especí�co sem aumentar o tempo total de trabalho (Silva; Dalcin; Stefani, 2019). Portanto, a
proporção de tempo de trabalho necessário para reproduzir o valor dos salários diminui em
relação ao tempo de trabalho total.
Por exemplo, se um trabalhador antes produzia 10 unidades de mercadorias em 8 horas e depois
com a introdução de máquinas e métodos mais e�cientes passa a produzir 20 unidades de
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
mercadorias em 8 horas, a mais-valia relativa é obtida pela redução do tempo necessário para
reproduzir o valor dos salários.
Na �gura a seguir, abordaremos de forma detalhada a dinâmica entre Trabalho, Valor e Lucro,
demonstrando como ocorre a mais-valia para os capitalistas por meio da utilização da mão de
obra assalariada.
Figura 3 | Trabalho, valor e lucro. Fonte: Malassise et al. (2014, p. 107).
Vamos considerar uma fábrica na qual o capitalista investe uma determinada quantia de
dinheiro/capital (D) para adquirir mercadorias (M), como matéria-prima, máquinas e força de
trabalho. Ao iniciar a produção (P), novas mercadorias são geradas (M') e posteriormente
vendidas, convertendo-as novamente em dinheiro (D'). Esse processo pode ser resumido no
Quadro 1.
INSUMO DA PRODUÇÃO: Capital Constante (CC) = gastos com máquinas, ferramentas,
tecnologia etc.
CAPITAL VARIÁVEL (CV): Gastos com pagamentos de salários aos trabalhadores.
MAIS-VALIA: O lucro retirado da riqueza gerada pela força de trabalho dos trabalhadores
assalariados.
EQUAÇÃO
CC + CV = Gastos de produção (—) M’ (Valor da nova mercadoria criada) = MAIS-VALIA
A diferença entre a soma do (CC + CV) = -D e o dinheiro ganho no �nal da produção (D’),
chamamos de lucro ou mais-valia.
D = Capital inicial; D’= Capital valorizado; M’ = Nova mercadoria
Quadro 1 | Equação - Mais-valia. Fonte: Malassise et al. (2014, p. 107).
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
O propósito do capitalista é produzir uma mercadoria com valor de uso e valor de troca,
destinada à venda. Ele busca produzir uma mercadoria com valor mais elevado do que a soma
do valor dos meios de produção e da força de trabalho (CC+CV) que ele adiantou no mercado
como capital inicial. Além de criar valor de uso, o capitalista almeja gerar um valor excedente,
conhecido como mais-valia. Essa diferença entre a riqueza gerada pelo trabalho do operário e o
salário pago pelo capitalista é precisamente o valor M, que Marx identi�ca como a mais-valia: é
por meio do conceito de mais-valia que podemos explicar cienti�camente a exploração
capitalista. 
Como deveria ser a mais-valia para Marx?
Segundo Malassise et al. (2014), Marx argumenta que os trabalhadores deveriam receber uma
porcentagem justa do valor total produzido por seu trabalho, o que não ocorre no sistema de
mais-valia. Na concepção marxista, a parte do lucro bruto que vai para o patrão deveria ser
distribuída de forma equitativa entre todos os funcionários. Dessa forma, o trabalhador receberia
uma compensação justa pelo seu esforço, em vez de apenas gerar lucro para o patrão. Ainda
segundo os autores, essa abordagem implicaria uma relação mais justa e igualitária entre capital
e trabalho, onde cada parte seria recompensada de acordo com sua contribuição real para a
produção de riqueza.
Muito bem, chegamos ao término do conteúdo!
Ao concluir nossa jornada de estudo sobre o materialismo histórico, exploramos as
complexidades das relações sociais, econômicas e políticas que moldam a sociedade humana.
Além disso, re�etimos sobre a dinâmica entre infraestrutura e superestrutura, reconhecendo
como a classe dominante exerce in�uência sobre as ideias e os valores predominantes em uma
sociedade, segundo Marx. Por �m, compreendemos o processo de formação da mais-valia e a
crítica do autor sobre esse processo no sistema capitalista de produção. 
Vamos Exercitar?
Estudante, gostou do conteúdo até aqui? Agora vamos �nalizar retomando a problematização
inicial da aula.
Ao relacionarmos as problematizações levantadas no Ponto de Partida com os conteúdos
abordados em nossa aula sobre materialismo histórico e mais-valia, podemos identi�car
diversas conexões signi�cativas.
Vamos lá?!
1. Como as relações de produção e a propriedade dos meios de produção in�uenciam as
estruturas sociais e políticas de uma sociedade?
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Durante a aula, discutimos como o materialismo histórico postula que as estruturas econômicas
de uma sociedade são determinantes para seu desenvolvimento histórico e social. As relações
de produção, como a exploração do trabalho assalariado e a propriedade dos meios de produção,
moldam não apenas a distribuição de riqueza, mas também as relações de poder e as
hierarquias sociais. Para resolver essa questão, é essencial analisar criticamente as estruturas
econômicas de uma sociedade e compreender como elas in�uenciam outras esferas da vida
social, como a política e a cultura.
2. Qual é o papel da mais-valia na reprodução das desigualdades econômicas e sociais?
A teoria da mais-valia, discutida em nossa aula, nos ajuda a entender como a exploração do
trabalho contribui para a concentração de riqueza nas mãos dos capitalistas e para a
perpetuação das desigualdades econômicas e sociais. Ao explorar as formas de mais-valia,
como a absoluta e a relativa, podemos re�etir sobre como os trabalhadores são sub-
remunerados pelo valor que produzem, enquanto os capitalistas acumulam lucros. Para resolver
essa questão, é importante questionar as relações de poder no sistema capitalista e buscar
alternativas que promovam uma distribuição mais justa da riqueza e do poder econômico.
Em resumo, ao compreendermos os conceitos de materialismo histórico e mais-valia, somos
capazes de analisar criticamente as estruturas sociais e econômicas que moldam nossa
sociedade.
Finalizamos esta aula! Até a próxima!
Saiba mais
Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras
fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.
Leia o Capítulo 9 Karl Marx do livro: História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica.
Nesse capítulo os autores realizam uma extensa revisão da obra de Karl Marx, apresentando as
principais contribuições do autor para a economia política, tais como os conceitos de
materialismo histórico, mais-valia e acumulação de capital.
HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica.
São Paulo: Grupo GEN, 2012. E-book.
Assista ao �lme O Capital (2012), dirigido por Costa-Gavras. Embora não seja estritamente uma
biogra�a de Karl Marx, o �lme aborda questões relacionadas ao capitalismo e às injustiças
sociais, temas centrais nas obras de Marx. O Capital oferece uma visão crítica do sistema
econômico contemporâneo e pode proporcionar insights sobre as ideias de Marx, mesmo que
não seja uma representação direta de sua vida ou obra.
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595159143/
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Referências
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016.
HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.
ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.
MALASSISE, R. L. S.; BARBOZA, S. G.; BECKEDORFF, I. A.; FORMAGI, C. Evolução do pensamento
econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.
MARX, K. O Capital: volume I e II. São Paulo: Nova Cultura, 1996.
OLIVEIRA, R. de;GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2019.
SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto
Alegre: Grupo A, 2019.
Aula 3
A Circulação Capitalista de Karl Marx
A circulação capitalista de Karl Marx
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Dica para você
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Olá, estudante!
Nesta videoaula você irá conhecer o conceito de circulação capitalista desenvolvida por Karl
Marx.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Esse conceito é importante para compreender como, segundo Marx, o sistema capitalista se
desenvolve e ao mesmo tempo leva aos con�itos de classes.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
A partir de agora, vamos dar continuidade à sequência dos nossos estudos sobre Karl Marx.
Nesta aula, o objetivo será compreender o chamado processo de circulação capitalista. Esse é o
nome dado por Marx para se referir à maneira como o capital se move e se transforma ao longo
das diferentes etapas da produção e troca de mercadorias em uma economia capitalista.
Ao longo da aula, vamos nos deparar com duas questões centrais. Primeiro: Como a teoria do
valor-trabalho de Marx desa�a as noções convencionais de valor e preço no sistema econômico?
Estaremos atentos às diferentes perspectivas sobre a determinação do valor das mercadorias e
como essa teoria se aplica às relações de produção capitalistas. Em segundo lugar: Como a
exploração do trabalhador in�uencia a acumulação de capital e a queda da taxa de lucro no
sistema capitalista? Investigaremos a dinâmica da mais-valia e como ela impacta as relações de
classe e as crises econômicas.
É com entusiasmo que iniciamos esta jornada de aprendizado! Compreender as teorias de Marx
não apenas ampliará nossos horizontes acadêmicos, mas também nos capacitará a analisar o
sistema capitalista sob uma perspectiva crítica e re�exiva. Ao mergulharmos nos conceitos de
exploração do trabalhador, acumulação de capital e dinâmicas econômicas, estaremos mais
preparados para compreender as complexidades das relações sociais e econômicas que
moldam a sociedade.
Boa aula!
Vamos Começar!
Ao integrar a teoria do valor-trabalho à sua análise da exploração, Marx lançou luz sobre o
movimento do capital e as dinâmicas de acumulação. Ele demonstrou como os capitalistas
extraem mais valor do que pagam aos trabalhadores, uma vez que estes últimos produzem bens
que excedem o valor de sua própria força de trabalho. Essa exploração é o motor que impulsiona
o ciclo de acumulação de capital, onde o capital investido inicialmente é multiplicado através da
apropriação do trabalho excedente dos trabalhadores. Assim, Marx ofereceu uma visão
perspicaz das contradições inerentes ao sistema capitalista e das tensões entre capital e
trabalho.
Para compreender essa dinâmica, vamos começar com a teoria do valor-trabalho.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Teoria do valor-trabalho
Para Marx, o valor de uma mercadoria não é determinado pelo seu preço de mercado, como
argumentavam os economistas clássicos, mas sim pelo tempo de trabalho socialmente
necessário para produzi-la, considerando-se as condições normais de produção, a competência
média e a intensidade do trabalho no tempo (Brue; Grant, 2016). O tempo de trabalho
socialmente necessário compreende não apenas o trabalho direto envolvido na produção da
mercadoria, mas também o trabalho incorporado nos equipamentos e na matéria-prima
utilizados ao longo do processo produtivo, além do valor transferido à mercadoria durante esse
processo.
 Em outras palavras, o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho
incorporada a ela durante todo o ciclo produtivo. Essa concepção é conhecida como teoria do
valor-trabalho e constitui a base da crítica de Marx ao sistema capitalista. Brue e Grant (2016)
apresentam o seguinte exemplo para essa teoria:
Suponha que o tempo de trabalho médio contido em um par de sapatos seja de 10 horas. Esse
trabalho socialmente necessário determina o valor dos sapatos. Se um trabalhador for
incompetente e precisar de 20 horas para produzir um par de sapatos, esse valor ainda será de
10 horas. Imagine que um trabalhador ou um funcionário lidere o campo da tecnologia e
e�ciência e produza um par de sapatos em cinco horas de trabalho. Seu valor, no entanto, é 10
horas, o custo médio do trabalho para toda a sociedade – isto é, o tempo de trabalho
socialmente necessário. (Brue; Grant, 2016, p. 194)
O valor de um produto é avaliado em termos de unidades simples de trabalho médio. O trabalho
especializado é quanti�cado como múltiplas unidades de trabalho não especializado. Portanto,
uma hora de trabalho produtivo de um engenheiro pode contribuir tanto para uma mercadoria
quanto cinco horas de trabalho não especializado. O mercado de trabalho iguala o tempo de
trabalho de diversas habilidades para um denominador comum de trabalho não especializado
(Brue; Grant, 2016).
A teoria do valor-trabalho abriu as portas para a teoria da exploração do trabalho.
Teoria da exploração do trabalho
Para compreender essa teoria, primeiramente vamos distinguir a diferença entre força de
trabalho e tempo de trabalho.
Força de trabalho: refere-se à habilidade de um indivíduo em trabalhar e produzir
mercadorias.
Tempo de trabalho: é o processo e a duração reais do trabalho.
Marx argumenta que o tempo de trabalho socialmente necessário para produzir os bens culturais
essenciais consumidos pelos trabalhadores e suas famílias é o que determina o valor da força de
trabalho. Se essas necessidades pudessem ser produzidas em três horas por dia, o valor da
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
força de trabalho da mercadoria seria de três horas de trabalho por dia. Se a produtividade do
trabalhador dobrasse, esses artigos de subsistência poderiam ser produzidos em uma hora e
meia por dia, resultando em uma queda de 50% no valor da força de trabalho [(3 – 1,5)/3] (Brue;
Grant, 2016).
Inicialmente, os empregadores remuneram os trabalhadores com salários correspondentes ao
valor da força de trabalho do trabalhador, ou seja, eles pagam o salário conforme o preço vigente
no mercado. Em segundo lugar, esse salário de mercado, no entanto, é apenas o bastante para
adquirir os bens culturais essenciais necessários para a sobrevivência e continuidade da força de
trabalho (Brue; Grant, 2016).
No capitalismo, a exploração dos trabalhadores, caracterizada pela extração da mais-valia pelos
capitalistas, está diretamente ligada à produtividade da mão de obra. Quando os trabalhadores
produzem mais do que precisam para sua sobrevivência e de suas famílias, surge a oportunidade
para os empregadores extrair lucro. De acordo com Marx, a exploração aumenta quando os
trabalhadores podem produzir além do necessário para sua subsistência (Silva; Dalcin; Stefani,
2019).
 Os empregadores pagam um salário de mercado pela força de trabalho, mas esse pagamento é
apenas uma fração do valor que os trabalhadores realmente criam. Assim, os capitalistas detêm
o poder de determinar a duração da jornada de trabalho, forçando os trabalhadores a aceitarem
suas condições sob ameaça de perderem o emprego (Silva; Dalcin; Stefani, 2019). Essa dinâmica
leva os trabalhadores a gastarem mais tempo de trabalho do que o necessário para cobrir seus
próprios custos de subsistência, gerando um excedente de valor que é apropriado pelos
empregadores.
De acordo com Brue e Grant (2016), Marx classi�cou a parte do capital investida em
equipamentos e matéria-prima como capital constante, representado por c. O valor desse capital
é transferido para o produto �nal sem aumento. Por outro lado, o capital destinado aos salários,
utilizado para adquirir a força de trabalho, é denominado capital variável, representadopor v.
Esse capital gera um valor maior do que o próprio investimento. A mais-valia, representada por s,
é o valor adicional que o capitalista obtém sem recompensar o trabalhador que o produziu. A
taxa da mais-valia s` é dado por:
Note que a taxa de mais-valia é a relação entre a mais-valia e o capital variável. Também pode ser
entendida como a proporção entre o tempo de trabalho não remunerado e o tempo de trabalho
remunerado.
Já a taxa de lucro (p`) na fórmula de Marx é a razão entre a mais-valia e o total de capital
investido, ou seja:
s′=   sv
s′=   s
v
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
O acúmulo de capital e a queda da taxa de lucro
Segundo Brue e Grant (2016), a taxa de lucro, p', obtida pelos capitalistas, tende a diminuir ao
longo do tempo. Isso ocorre devido à pressão para aumentar a e�ciência por meio da
mecanização e das inovações, que reduzem a necessidade de mão de obra. Esse fenômeno
provoca o que Marx denomina de composição orgânica do capital, representada pela letra Q na
equação a seguir:
Ao realizar manipulações algébricas das duas equações anteriores, pode-se chegar a uma
equação alternativa para a taxa de lucro, dada por:
Veja que essa nova equação indica que a taxa de lucro, p`, varia diretamente com a taxa da mais-
valia, s`, e inversamente com a composição orgânica do capital, Q. Logo, quando os capitalistas
investem relativamente mais em equipamento e menos na força de trabalho, Q aumenta e p` cai.
A pressão para aumentar o uso de capital diminui a taxa de lucro; os trabalhadores são a fonte
de todo o valor, inclusive da mais-valia, e quanto menos trabalhadores são empregados, a taxa de
lucro diminui (Brue; Grant, 2016).
Marx acreditava que a dinâmica do capitalismo inevitavelmente leva a um aumento da
composição orgânica do capital, por dois motivos principais. Em primeiro lugar, as empresas que
buscam uma produção e�ciente através do uso de mais e melhor capital constante, obtêm
temporariamente lucros extras, reduzindo seus custos de produção. Isso leva à queda dos
preços dos produtos para re�etir os custos menores, e os empregadores que não acompanham a
mecanização em um mercado especí�co acabam não sobrevivendo. Em segundo lugar, quanto
mais e�ciente for a produção, menor será o valor da força de trabalho – o número de horas
necessárias para produzir a subsistência – e maior será o lucro total produzido por dia de
trabalho (Brue; Grant, 2016).
Marx identi�cou a queda da taxa de lucro como um dos problemas insolúveis do capitalismo
(Hunt; Lautzenheiser, 2012). Ele argumentava que, à medida que o capitalismo se desenvolve, há
uma tendência natural para a taxa de lucro diminuir ao longo do tempo. Isso ocorre devido à
concorrência entre os capitalistas, que os leva a investir em tecnologias mais avançadas e
p′=   s
c+v
p′=   s
c+v
Q =   c
c+v
Q =   c
c+v
p′=  s′ (1 − Q)
p′=  s′ (1 − Q)
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
aumentar a composição orgânica do capital, ou seja, a proporção de capital constante
(máquinas, equipamentos) em relação ao capital variável (salários). Essa mudança na
composição do capital reduz a taxa de lucro, uma vez que o valor criado pelo trabalho humano é
diluído pelo aumento do investimento em capital �xo (Hunt; Lautzenheiser, 2012).
Siga em Frente...
Acúmulo de capital e a crise
Vimos anteriormente que no processo de circulação de mercadorias, representado pela fórmula
M - C - M', o capitalista inicialmente investe um capital (M) para comprar mercadorias (C),
incluindo matérias-primas e força de trabalho. Após o processo produtivo, essas mercadorias
são vendidas (M') por um valor maior do que o investimento inicial, gerando lucro (Silva; Dalcin;
Stefani, 2019).  Esse processo de acumulação de capital é essencial para o capitalismo,
impulsionando a busca por lucro e crescimento econômico contínuo.
No entanto, a dinâmica cíclica do capitalismo, conforme descrita por Marx, revela um padrão
recorrente de expansão e contração econômica. Inicialmente, investimentos rápidos em capital e
mão de obra impulsionam a demanda e elevam os salários, reduzindo temporariamente as taxas
de mais-valia e lucro (Brue; Grant, 2016).
No entanto, esse aumento nos salários diminui a rentabilidade do capital, levando à interrupção
do crescimento e ao início de uma recessão. Durante esse período de depressão, o valor do
capital �xo é depreciado, permitindo que grandes capitalistas adquiram empresas menores a
preços vantajosos. Como resultado, algumas fábricas fecham, os preços caem e os salários são
reduzidos. Essas medidas restauram as taxas de mais-valia e lucro, reiniciando o ciclo de
investimento e expansão econômica. Cada ciclo subsequente tende a ser mais forte,
contribuindo para a intensi�cação das lutas de classes e as condições propícias para mudanças
sociais e revoluções.
Centralização de capital e a concentração de riqueza
A centralização de capital e a concentração de riqueza são fenômenos intrínsecos ao sistema
capitalista, conforme observado por Karl Marx. A centralização de capital refere-se ao processo
pelo qual o capital se concentra em poucas mãos, resultando na formação de grandes
conglomerados �nanceiros e industriais (Hunt; Lautzenheiser, 2012). Esse processo é
impulsionado pela concorrência entre os capitalistas, onde os mais e�cientes absorvem os
menos competitivos, consolidando seu poder econômico. À medida que empresas menores são
engolidas por corporações maiores, ocorre uma concentração de riqueza nas mãos de uma
minoria privilegiada.
Marx via na centralização de capital e na concentração de riqueza um agravamento das
desigualdades sociais e econômicas. À medida que o poder econômico se concentra em poucas
empresas e indivíduos, aumenta-se a disparidade de renda e de acesso aos recursos. Isso resulta
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
em uma sociedade cada vez mais dividida entre uma pequena elite rica e uma grande massa de
trabalhadores empobrecidos (Brue; Grant, 2016).
Con�ito de classes
A concentração de riqueza entre poucos capitalistas e o empobrecimento dos trabalhadores
semeiam as bases para o con�ito de classes. À medida que os trabalhadores enfrentam
condições precárias, sua solidariedade cresce, impulsionando o desejo por mudança. Esse
cenário alerta os detentores do capital, provocando uma luta entre as relações de produção e as
forças produtivas.
Nesse estágio avançado do capitalismo, os trabalhadores buscam derrubar a dominação
capitalista e estabelecer o controle do proletariado, onde os meios de produção são controlados
pelo Estado. Com essa mudança, a exploração dos trabalhadores é eliminada e a sociedade
avança em direção a uma estrutura mais justa e igualitária (Brue; Grant, 2016).
Toda essa dinâmica que estudamos pode ser resumida no quadro esquemático apresentado na
Figura 1.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 1 | “Lei de movimento” do capitalismo de Marx. Fonte: Brue e Gant (2016, p. 204).
A Figura 1 resume a dinâmica do desenvolvimento capitalista de Marx. Sua teoria do valor-
trabalho é o ponto de partida, destacando os trabalhadores como fonte de todo o valor. No
entanto, a mão de obra não recebe todo esse valor, como indicado pela seta a; em vez disso, o
capitalista paga apenas o valor da força de trabalho, resultando em uma mais-valia, representada
pela diferença entre o valor da produção e o valor pago aos trabalhadores. Essa mais-valia,
conforme mostrado pela seta b, é a base do acúmulo de capital. No entanto, esse processo
desencadeia uma queda na taxa de lucro (seta c), crises econômicas mais severas (seta d) e
desemprego tecnológico (seta e), todos contribuindo para o empobrecimento dos trabalhadores
(setas h, i e j). Além disso, a queda na taxa de lucro e as crises comerciais levam à centralização
de capital e concentração de riqueza (setas f e g). O resultado desse processo é o con�ito de
classes, representado pelas setas k e l.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Vamos Exercitar?
Estudante, gostou do conteúdo até aqui? Agora vamos �nalizar retomando a problematização
inicial da aula.Vamos lá?!
Durante a aula, exploramos a primeira questão ao analisar como a teoria do valor-trabalho de
Marx desa�a as noções convencionais de valor e preço no sistema econômico. Concluímos que,
para Marx, o valor de uma mercadoria não é determinado pelo preço de mercado, mas sim pelo
tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-la. Isso desa�a a ideia de que o valor é
intrinsecamente ligado ao preço de mercado e nos leva a compreender as relações de produção
capitalistas sob uma nova perspectiva, na qual o trabalho desempenha um papel central na
criação de valor.
Em relação à segunda questão, investigamos como a exploração do trabalhador in�uencia a
acumulação de capital e a queda da taxa de lucro no sistema capitalista. Ao examinar a dinâmica
da mais-valia, entendemos como os trabalhadores são sub-remunerados em relação ao valor que
realmente produzem, permitindo que os empregadores acumulem capital à custa do trabalho
excedente dos trabalhadores. Essa exploração não apenas gera desigualdades sociais, mas
também contribui para a queda da taxa de lucro ao longo do tempo, conforme destacado por
Marx.
Portanto, ao analisarmos essas duas questões, podemos concluir que a teoria do valor-trabalho
de Marx e a compreensão da dinâmica da mais-valia nos fornecem ferramentas fundamentais
para entender as complexidades do sistema capitalista e suas consequências socioeconômicas.
Saiba mais
Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras
fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.
Leia o Capítulo 10 O socialismo marxista do livro: História do pensamento econômico. O objetivo
desse capítulo é desenvolver as ideias de Marx de maneira sistêmica. Após examinar os detalhes
biográ�cos e observar as in�uências intelectuais, desenvolve-se a teoria da história de Marx. Em
seguida, é apresentado os componentes de sua “lei do movimento” do capitalismo. Para concluir,
os autores avaliam criticamente seu pensamento.
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016. E-book.
Marx tratou da acumulação primitiva, no penúltimo capítulo (o XXIV) do Livro 1 de O Capital. A
assim chamada acumulação primitiva é dos capítulos mais estudados de O Capital, certamente
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126224/
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
pela importante apresentação da separação entre homens e meios de produção. Você poderá
conhecer a íntegra do texto, com grifos que não são nossos, em:
MARX, K. Capítulo XXIV: a assim chamada acumulação primitiva. In: MARX, K. O capital. Liv. 1, v.
2. Trad. Regis Barbosa e Flávio R. Kothe. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988.
Referências
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016.
HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.
ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.
MALASSISE, R. L. S.; BARBOZA; S. G.; BECKEDORFF, I. A.; FORMAGI, C. Evolução do pensamento
econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.
MARX, K. Capítulo XXIV: a assim chamada acumulação primitiva. In: MARX, K. O capital. Liv. 1, v.
2. Trad. Regis Barbosa e Flávio R. Kothe. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988.
SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto Alegre: Grupo A, 2019.
Aula 4
Escola Neoclássica
Escola neoclássica
Este conteúdo é um vídeo!
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para assistir mesmo sem conexão à internet.
Dica para você
Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua
aprendizagem ainda mais completa.
Olá, estudante!
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Nesta videoaula você irá conhecer a escola marginalista e as contribuições de Alfred Marshall na
escola neoclássica.
Esse conceito é importante para compreender as bases da teoria moderna da �rma e do
comportamento do consumidor.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Na aula de hoje, exploraremos os fundamentos da teoria econômica, com foco especial nos
conceitos da escola marginalista e suas contribuições para o desenvolvimento da economia
neoclássica. Esses conceitos são importantes para entendermos como os mercados funcionam,
como são determinados os preços dos bens e serviços e como as decisões individuais dos
consumidores e das empresas impactam a economia como um todo.
Durante nossa aula, estaremos constantemente nos questionando sobre como esses conceitos
econômicos podem ser aplicados para entender e solucionar problemas do mundo real. Como os
princípios da escola marginalista nos ajudam a compreender as decisões individuais dos
agentes econômicos e as interações de mercado? De que forma a teoria da �rma de Alfred
Marshall pode esclarecer os desa�os enfrentados pelas empresas e as dinâmicas da
concorrência?
Ao longo da aula, você descobrirá como esses conceitos podem ser aplicados no seu cotidiano
pro�ssional, proporcionando melhor compreensão dos fenômenos econômicos que moldam o
mundo à nossa volta. Então, vamos embarcar juntos nessa jornada de aprendizado e descoberta!
Boa aula!
Vamos Começar!
O século XIX foi um período de transformação radical na Europa. A Revolução Industrial
desencadeou um processo de urbanização maciça, com a migração em massa das áreas rurais
para as cidades em busca de oportunidades de trabalho nas fábricas. Essa mudança
demográ�ca criou dinâmicas sociais e econômicas, dando origem a desigualdades de classe e
con�itos entre capital e trabalho (Oliveira; Gennari, 2019).
Ao mesmo tempo, as ideias do Iluminismo continuavam a in�uenciar o pensamento europeu,
promovendo a razão, a liberdade individual e o progresso cientí�co. Esses princípios alimentaram
o surgimento de movimentos políticos e sociais, incluindo o liberalismo econômico, que defendia
a livre concorrência e o livre mercado como o caminho para o progresso econômico e social.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
No entanto, à medida que a Revolução Industrial avançava, os problemas sociais associados a
ela se tornavam mais evidentes. A concentração de riqueza nas mãos dos proprietários de
fábricas e a exploração da mão de obra geraram crescente descontentamento entre os
trabalhadores. Movimentos sindicais e socialistas surgiram para lutar pelos direitos dos
trabalhadores e contestar a ideologia liberal dominante (Hunt; Lautzenheiser, 2012).
Além disso, a escola clássica de economia, representada por �guras como Adam Smith e David
Ricardo, enfrentava críticas cada vez mais agudas. Embora esses economistas tenham fornecido
insights importantes sobre a natureza do valor, da distribuição e do crescimento econômico,
suas teorias pareciam incapazes de lidar adequadamente com os desa�os colocados pela
industrialização e pela crescente complexidade da economia moderna.
De acordo com Oliveira e Gennari (2019), o marxismo, em particular, representava uma ameaça
signi�cativa para a ortodoxia econômica dominante. Karl Marx e Friedrich Engels argumentavam
que as relações de produção capitalistas inevitavelmente levavam à exploração da classe
trabalhadora e à concentração de riqueza nas mãos de uma elite capitalista. Sua análise crítica
do capitalismo in�uenciou profundamente o pensamento político e econômico da época,
desa�ando os fundamentos da economia clássica.
Foi nesse contexto de mudança e contestação que surgiram os economistas marginalistas.
In�uenciados pelo utilitarismo, pelo método cientí�co e pela matemática, esses pensadores
buscavam reformular a teoria econômica de uma maneira que pudesse dar conta das
complexidades da economia moderna e responder às críticas levantadas pelo marxismo e outros
movimentos sociais (Brue; Grant, 2019).
Ainda segundo Brue e Grant (2019), os principais autores da escola marginalista foram:
1. Carl Menger: Menger,um economista austríaco, é frequentemente considerado o fundador
da escola marginalista. Em sua obra seminal Princípios de economia política (1871),
Menger introduziu o conceito de utilidade marginal, argumentando que o valor de um bem é
determinado pela sua utilidade para o indivíduo. Essa abordagem subjetiva do valor foi
fundamental para a crítica às teorias anteriores baseadas no valor-trabalho.
2. William Stanley Jevons: Jevons, um economista britânico, desenvolveu independentemente
ideias semelhantes às de Menger. Em seu livro A teoria da economia política (1871),
Jevons enfatizou a importância da utilidade marginal na formação de preços e na alocação
de recursos. Ele também introduziu o conceito de curvas de indiferença, que descrevem as
preferências dos consumidores em relação a diferentes combinações de bens.
3.  Léon Walras: Walras, um economista suíço, contribuiu signi�cativamente para a
formalização da teoria marginalista. Em sua obra Elementos de economia política pura
(1874), Walras propôs um modelo matemático de equilíbrio geral, no qual a oferta e a
demanda são igualadas em todos os mercados. Seu trabalho estabeleceu as bases para a
análise microeconômica moderna e in�uenciou profundamente a Escola Neoclássica.
Essa escola introduziu uma série de dogmas e conceitos que in�uenciaram profundamente o
desenvolvimento da escola neoclássica. De acordo com Brue e Grant (2016), os principais
dogmas da escola marginalista são:
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ECONOMIA POLÍTICA
1. Foco na margem: a importância de analisar as decisões econômicas e as mudanças nas
margens, ou seja, as decisões feitas em relação a pequenas variações adicionais nas
quantidades de bens ou recursos. Em vez de olhar para mudanças totais, como o aumento
ou a diminuição absoluta de recursos, os marginalistas se concentram nas decisões feitas
em relação a pequenas mudanças incrementais.
2. Comportamento econômico racional: acreditam que os agentes econômicos, como
consumidores e empresas, agem de forma racional, buscando maximizar sua satisfação ou
seu lucro, dadas as restrições que enfrentam. Isso signi�ca que as decisões econômicas
são tomadas com base em uma avaliação cuidadosa dos custos e benefícios esperados.
3. Ênfase na microeconomia: grande importância ao estudo do comportamento individual dos
agentes econômicos e das interações entre eles. A análise microeconômica é central para
compreender como os preços são determinados nos mercados e como as decisões
individuais afetam a alocação de recursos.
4. Uso do método abstrato e dedutivo: adotam uma abordagem dedutiva, partindo de
princípios básicos e utilizando a lógica para derivar conclusões sobre o funcionamento da
economia. Eles tendem a desenvolver modelos simpli�cados e abstratos para analisar
questões econômicas, buscando identi�car padrões gerais de comportamento.
5. Ênfase na livre concorrência: defendem a importância da livre concorrência como um
mecanismo que leva a uma alocação e�ciente de recursos. Eles argumentam que a
concorrência entre empresas leva à redução de preços e ao aumento da qualidade e da
variedade dos produtos, bene�ciando os consumidores.
�. Teoria do preço orientado pela demanda: enfatizam que os preços são determinados pela
interação entre oferta e demanda. Eles argumentam que os preços tendem a se ajustar de
modo a equilibrar a quantidade demandada e a quantidade oferecida de um bem ou serviço
em um mercado.
7. Ênfase na utilidade subjetiva: introduziu o conceito de utilidade subjetiva, que a�rma que a
utilidade de um bem ou serviço é determinada pela percepção individual de cada pessoa.
Isso signi�ca que a utilidade não pode ser medida objetivamente, mas sim avaliada com
base nas preferências e necessidades individuais.
�. Enfoque no equilíbrio: buscam entender os mecanismos que levam a um equilíbrio
econômico, no qual a oferta e a demanda se igualam e não há pressões para mudanças
nas quantidades produzidas e nos preços. Eles analisam como as forças do mercado,
como a concorrência e a �exibilidade de preços, tendem a levar os mercados a um estado
de equilíbrio ao longo do tempo.
As contribuições dos economistas marginalistas foram fundamentais para a formação da escola
neoclássica de economia. Essa escola, que emergiu no �nal do século XIX e início do século XX,
combinou conceitos da teoria marginalista com elementos da escola clássica, formando uma
síntese abrangente que dominaria o pensamento econômico no início do século XX.
Siga em Frente...
Alfred Marshall, nascido em 26 de julho de 1842, em Londres, foi um dos economistas mais
in�uentes e renomados do �nal do século XIX e início do século XX. Reconhecido como o
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ECONOMIA POLÍTICA
principal autor da escola neoclássica de economia, Marshall deixou um legado duradouro que
continua a moldar o pensamento econômico moderno (Brue; Grant, 2016). Sua vida e obra são
marcadas por uma dedicação incansável ao estudo da economia e uma profunda compreensão
dos princípios fundamentais que regem a atividade econômica.
Nascido em uma família de classe média, Marshall mostrou desde cedo um interesse
pronunciado pela economia e pela matemática. Ele frequentou a Merchant Taylors' School e mais
tarde o St. John's College, em Cambridge, onde se formou com honras em matemática. Sua
educação em matemática teve um impacto signi�cativo em seu pensamento econômico,
levando-o a adotar uma abordagem mais formal e rigorosa para analisar os problemas
econômicos (Oliveira; Gennari, 2019).
Após concluir seus estudos em Cambridge, Marshall passou um tempo lecionando na University
College, em Bristol, antes de retornar a Cambridge como palestrante em economia moral (um
termo que abrangia a economia política da época). Foi lá que ele começou a desenvolver suas
ideias revolucionárias que viriam a de�nir a escola neoclássica de economia.
Em 1890, Marshall publicou sua obra-prima, Princípios de economia. Esse livro representou uma
ruptura com as teorias econômicas dominantes da época, como a teoria do valor-trabalho de Karl
Marx e a teoria do valor subjetivo de William Jevons. Marshall introduziu o conceito de curva de
demanda e oferta, enfatizando a interação entre oferta e demanda como determinantes dos
preços e das quantidades de equilíbrio em um mercado. Sua análise rigorosa e sua abordagem
baseada em matemática trouxeram uma nova clareza e precisão para a economia como
disciplina.
A teoria da utilidade marginal decrescente, formulada pelo economista Alfred Marshall no �nal
do século XIX, é uma das pedras angulares da economia neoclássica e ainda é amplamente
aplicada e discutida nos dias de hoje. Marshall desenvolveu essa teoria para explicar como os
indivíduos tomam decisões de consumo e como os preços são determinados em mercados
competitivos.
De acordo com Brue e Grant (2016), a utilidade marginal é o benefício adicional que um
consumidor obtém ao consumir uma unidade adicional de um bem ou serviço. Por exemplo, se
você está com sede e toma o primeiro gole de água, a utilidade marginal desse primeiro gole é
alta, pois satisfaz sua sede imediata. No entanto, à medida que continua a beber mais água, a
utilidade marginal de cada gole subsequente diminui, já que a sede está sendo cada vez mais
saciada e o benefício adicional é menor.
A ideia central da utilidade marginal decrescente é que, à medida que uma pessoa consome mais
de um bem, a satisfação adicional que ela obtém diminui gradualmente. Isso signi�ca que, para
um consumidor racional, o valor que ele atribui a cada unidade adicional de um bem diminuirá à
medida que ele consuma mais desse bem (Hunt; Lautzenheiser, 2012). Em outras palavras, a
pessoa está disposta a pagar menos por cada unidade adicional, porque o benefício adicional
que ela recebe é menor.
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ECONOMIA POLÍTICA
A utilidade marginal decrescente tem implicações importantes para a determinação dos preços e
para a alocação de recursos na economia. Em um mercado competitivo, os preços são
determinados pela interação entre a oferta e a demanda. A oferta de um bemestá relacionada
aos custos de produção, enquanto a demanda por esse bem está relacionada à utilidade que os
consumidores atribuem a ele (Oliveira; Gennari, 2019).
De acordo com a teoria da utilidade marginal decrescente, a curva de demanda de um bem tende
a inclinar-se para baixo, re�etindo o fato de que os consumidores estão dispostos a comprar
menos unidades de um bem à medida que o preço aumenta. Isso ocorre porque, à medida que o
preço de um bem sobe, o benefício adicional que os consumidores obtêm ao consumi-lo diminui,
tornando-os menos dispostos a pagar um preço mais alto.
Por outro lado, a curva de oferta de um bem tende a inclinar-se para cima, pois os produtores
estão dispostos a ofertar mais unidades de um bem à medida que o preço aumenta. Isso ocorre
porque os produtores podem obter maiores lucros ao vender suas mercadorias a preços mais
altos, o que compensa os custos adicionais de produção.
Assim, o equilíbrio de mercado ocorre quando a quantidade demandada de um bem é igual à
quantidade ofertada desse bem, e o preço de mercado é determinado pela interseção das curvas
de oferta e demanda. Nesse ponto, a utilidade marginal do consumidor é igual ao custo marginal
do produtor, garantindo que não haja excedente de demanda ou oferta no mercado. Essa
dinâmica pode ser visualizada na Figura 1.
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ECONOMIA POLÍTICA
Figura 1 | Equilíbrio de mercado do bem “X”
Ao analisar a Figura 1, o equilíbrio de mercado ocorre no ponto “A”. Nesse ponto, as Curvas da
Oferta e da Demanda se interceptam e a quantidade ofertada iguala à quantidade demandada.
Na Figura, esse equilíbrio ocorre ao preço de R$ 4,00 com a quantidade de 400 unidades do bem
“X”.
A elasticidade é um conceito fundamental na economia e sua elaboração por Alfred Marshall
trouxe contribuições signi�cativas para a compreensão do comportamento dos preços e da
demanda. Marshall desenvolveu o conceito de elasticidade como uma medida da sensibilidade
da demanda ou da oferta em relação às mudanças nos preços (Brue; Grant, 2016). Sua
abordagem ajudou a re�nar a compreensão das forças que in�uenciam o equilíbrio de mercado e
a alocação e�ciente de recursos.
A Elasticidade Preço da Demanda (EPD) mede o quanto a quantidade demandada de um bem
muda em resposta a uma alteração percentual em seu preço (Mankiw, 2019). A fórmula básica
da EPD é a seguinte:
Se a EPD for maior do que 1 (EPD > 1), dizemos que o bem é elástico. Isso signi�ca que as
mudanças no preço têm um impacto signi�cativo na quantidade demandada.
Por outro lado, se a EPD for menor do que 1 (EPD < 1), o bem é inelástico, o que indica que as
mudanças de preço têm pouco impacto na quantidade demandada (Mankiw, 2019).
Suponha que, com o aumento de 10% nos preços, o consumidor passe a demandar 5% a menos
de gasolina. Isso signi�ca que a alteração na quantidade demandada ocorre em uma intensidade
menor do que a alteração nos preços. Para calcular o valor da elasticidade basta dividir a
variação da demanda (-5%) pela variação no preço (10%), conforme a seguir:
Pode-se interpretar, desse resultado que, a cada 1% de aumento na gasolina, a demanda é
reduzida em 0,5%, ou seja, é inelástico, pois, seu valor em módulo é menor do que 1.
Já a Elasticidade Renda da Demanda (ERD), por sua vez, se concentra na relação entre a
quantidade demandada de um bem e as mudanças na renda do consumidor. Ela é expressa
como a variação percentual na quantidade demandada de um bem, dividida pela variação
percentual na renda do consumidor (Mankiw, 2019). A fórmula é a seguinte:
EPD =  
V ariação Percentual na Quantidade Demandada
V ariação Percentual no Preço =  
ΔQ
ΔP
EPD =   =  
ΔQ
ΔP = −5%
10%
= − 0,5 = 0,5∣ ∣ERD =  
V ariação Percentual na Quantidade Demandada
V ariação Percentual na Renda
=  
ΔQ
ΔR
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ECONOMIA POLÍTICA
O valor da Elasticidade Renda pode ser positivo ou negativo. Uma Elasticidade Renda positiva
indica que, à medida que a renda do consumidor aumenta, a quantidade demandada do bem
também aumenta (Mankiw, 2019).
Inserido nessas condições, temos os chamados bens normais, que apresentam ERD maiores do
que zero e menores do que um (0 < ERD < 1) e os bens superiores, que apresentam ERD maior do
que 1 (ERD > 1). Já uma Elasticidade Renda negativa (ERD < 0) sugere que, com o aumento da
Renda, a quantidade demandada diminui. Esses bens são chamados de inferiores (Mankiw,
2019). Vamos a um exemplo?
Considere que a renda de uma família seja ampliada em 20%. O mais provável é que o aumento
no consumo de feijão seja em um percentual menor do que 20%. Se for de 4%, a ERD será igual a
0,2, caracterizando o feijão como um bem normal.
Pode-se interpretar, desse resultado, que a cada 1% de aumento na Renda, a demanda por feijão
aumenta em 0,2%, ou seja, é um bem normal.
A teoria da �rma elaborada por Alfred Marshall é um dos pilares da economia microeconômica,
fornecendo um arcabouço analítico essencial para entender o comportamento das empresas em
diferentes horizontes temporais, considerando variáveis como custos, produção, oferta e
maximização de lucros (Hunt; Lautzenheiser, 2012).
Para compreender o comportamento das �rmas, Marshall distingue entre curto e longo prazo. No
curto prazo, algumas variáveis de produção são �xas, enquanto outras são variáveis, por
exemplo, a capacidade da fábrica é �xa no curto prazo, mas a quantidade de mão de obra e
matéria-prima pode ser ajustada (Brue; Grant, 2016). Já no longo prazo, todas as variáveis de
produção são variáveis, o que signi�ca que a �rma pode ajustar sua capacidade produtiva,
expandindo ou reduzindo a quantidade de fábricas, equipamentos e mão de obra.
Marshall classi�ca os custos em três categorias principais: custos �xos, custos variáveis e
custos totais. Os custos �xos são aqueles que permanecem constantes, independentemente do
nível de produção, como aluguel de instalações. Os custos variáveis, por outro lado, aumentam
ou diminuem conforme a produção aumenta ou diminui, como os custos de matéria-prima e mão
de obra. Os custos totais são a soma dos custos �xos e variáveis. Para determinar a quantidade
ótima de produção e maximizar o lucro, a �rma deve comparar a receita marginal (a mudança na
receita total decorrente de uma unidade adicional de produção) com o custo marginal (a
mudança no custo total decorrente de uma unidade adicional de produção). A �rma maximizará
o lucro produzindo até o ponto em que a receita marginal é igual ao custo marginal (Hunt;
Lautzenheiser, 2012).
Além disso, Marshall discute a importância da diferenciação do produto na determinação do
poder de mercado de uma empresa. Ele argumenta que as empresas que conseguem criar
produtos diferenciados, seja por meio de características únicas, qualidade superior ou branding
ERD =   4%
20%
= 0,2
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ECONOMIA POLÍTICA
e�caz, têm uma vantagem competitiva que lhes permite cobrar preços mais altos e manter
margens de lucro mais elevadas.
Outro aspecto da teoria da �rma de Marshall é a noção de equilíbrio de longo prazo. Ele
argumentou que, em um mercado competitivo, as empresas entrarão ou sairão até que os lucros
sejam iguais a zero no longo prazo. Isso ocorre porque, se houver lucros positivos, novas
empresas serão atraídas para o mercado, aumentando a concorrência e reduzindo os lucros. Da
mesma forma, se houver prejuízos, algumas empresas sairão do mercado, reduzindo a
concorrência e aumentando os lucros restantes (Hunt; Lautzenheiser, 2012).
A teoria da �rma de Marshall também abordou questões como economias de escala e escopo.
Economias de escala referem-se à redução no custo médio de produção à medida que o volume
de produção aumenta. Marshall explicou como as empresas podem se bene�ciar das economias
de escala através da especialização da mão de obra, da divisão do trabalho e da utilização
e�ciente dos equipamentos. Por outro lado, economias de escopo referem-se à redução no custo
médio de produção quando uma empresa produz múltiplos produtos em vez de um único
produto. Marshall argumentou que as empresas podem se bene�ciardas economias de escopo
compartilhando recursos e conhecimentos entre diferentes linhas de produtos.
Em suma, a teoria da �rma de Alfred Marshall representa uma contribuição signi�cativa para a
compreensão do funcionamento das empresas e sua interação com o mercado. Suas ideias
sobre custos de produção, maximização de lucros, concorrência e elasticidade da demanda
continuam a ser relevantes para os economistas e empresários de hoje. Ao analisar os desa�os e
as oportunidades enfrentados pelas empresas em diferentes contextos de mercado, a teoria de
Marshall fornece insights valiosos que podem ajudar a informar decisões de negócios e políticas
econômicas. 
Vamos Exercitar?
Estudante, gostou do conteúdo até aqui? Agora vamos �nalizar retomando a problematização
inicial da aula.
Ao relacionarmos as problematizações levantadas no Ponto de Partida com os conteúdos
abordados em nossa aula sobre a escola marginalista e as contribuições de Alfred Marshall na
escola neoclássica, podemos trazer algumas re�exões a seguir:
1. Princípios da escola marginalista e as decisões individuais dos agentes econômicos e as
interações de mercado:
A escola marginalista introduziu o conceito de utilidade marginal, que é fundamental para
entender as decisões individuais dos agentes econômicos. Segundo esse princípio, as
pessoas tomam decisões racionais com base na utilidade adicional que esperam obter de
uma unidade adicional de um bem ou serviço.
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ECONOMIA POLÍTICA
Compreender a utilidade marginal permite analisar como os consumidores avaliam e
tomam decisões de consumo, escolhendo entre diferentes bens e serviços com base em
suas preferências e nas restrições orçamentárias.
Além disso, os marginalistas destacaram a importância da oferta e da demanda na
determinação dos preços e na alocação de recursos. Ao considerar as preferências dos
consumidores e as restrições de produção, podemos entender como as interações de
mercado ocorrem e como os preços são determinados de acordo com a lei da oferta e da
demanda.
2. Teoria da �rma de Alfred Marshall e os desa�os enfrentados pelas empresas e as dinâmicas
da concorrência:
A teoria da �rma de Alfred Marshall oferece insights sobre como as empresas enfrentam
desa�os em um ambiente competitivo. Marshall distinguiu entre curto e longo prazo,
destacando que as empresas precisam ajustar suas operações de acordo com as
condições de mercado.
No curto prazo, as empresas enfrentam custos �xos e variáveis e precisam decidir sobre a
produção e os preços com base na receita marginal e no custo marginal. Essa análise ajuda
as empresas a maximizar seus lucros e a determinar a quantidade ótima de produção.
No longo prazo, todas as variáveis de produção são variáveis, o que signi�ca que as
empresas podem ajustar sua capacidade produtiva. A teoria de Marshall sugere que, em
um mercado competitivo, as empresas entrarão ou sairão até que os lucros sejam iguais a
zero, re�etindo a busca pelo equilíbrio de longo prazo.
Além disso, a teoria de Marshall aborda a importância da diferenciação do produto na
determinação do poder de mercado de uma empresa. Empresas que conseguem criar
produtos diferenciados podem cobrar preços mais altos e manter margens de lucro mais
elevadas, in�uenciando as dinâmicas da concorrência em um mercado.
Essas re�exões mostram como os princípios da escola marginalista e a teoria da �rma de Alfred
Marshall são fundamentais para compreender as decisões individuais dos agentes econômicos,
as interações de mercado e os desa�os enfrentados pelas empresas em um ambiente
competitivo. Ao aplicarmos esses conceitos, podemos desenvolver uma compreensão mais
profunda do funcionamento da economia e suas implicações no mundo dos negócios. 
Saiba mais
Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras
fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.
Leia o Capítulo 11 A escola neoclássica do livro: História do pensamento econômico. Nesse
capítulo você conhecerá uma síntese dos principais conceitos elaborados por Alfred Marshall, o
principal expoente da escola neoclássica.
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440166/
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2019. E-book.
Leia o capítulo Teorias neoclássicas da �rma e da distribuição de renda do livro: História do
pensamento econômico - uma perspectiva crítica. Nesse capítulo, você conhecerá as principais
contribuições de Marshall para a teoria da �rma, bem como o estudo de John Bates Clark e a
teoria da distribuição, segundo a produtividade marginal. Por �m, você vai estudar a as relações
de classe capitalistas, segundo a teoria neoclássica da distribuição.
HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica.
São Paulo: Grupo GEN, 2012. E-book. 
Referências
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016.
HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.
ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.
MANKIW, N. G. Introdução à economia. 8. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2019.
OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2019.
Aula 5
Encerramento da Unidade
Karl Marx e a crítica da economia política e a escola neoclássica
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595159143/
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595159143/
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ECONOMIA POLÍTICA
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computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo
para assistir mesmo sem conexão à internet.
Dica para você
Aproveite o acesso para baixar os slides do vídeo, isso pode deixar sua
aprendizagem ainda mais completa.
Olá, estudante!
Nesta videoaula você verá um resumo da Unidade 3 do estudo: Karl Marx e a crítica da economia
política e a escola neoclássica.
Esses conceitos são importantes para compreender as diferentes abordagens teóricas sobre a
economia, suas críticas e evoluções ao longo do tempo, fornecendo uma base sólida para a
compreensão das dinâmicas econômicas contemporâneas.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!
Ponto de Chegada
Olá, estudante!
Para desenvolver a competência desta unidade que é compreender e analisar a crítica Marxista
ao sistema capitalista e conhecer os pressupostos da escola neoclássica, você deverá
primeiramente conhecer as bases teóricas da corrente marxista.
Na aula sobre a crítica ao capitalismo de Marx, você desenvolve a habilidade de compreender o
contexto histórico no qual Marx desenvolveu suas teorias, as críticas contundentes direcionadas
às estruturas fundamentais do capitalismo e a análise profunda sobre o fenômeno da alienação,
destacando suas implicações sociais e individuais.
Avançando para os tópicos sobre materialismo histórico e mais-valia, você compreende a base
teórica fundamental de Marx para analisar as dinâmicas sociais e econômicas, incluindo a
relação entre as forças produtivas e as relações de produção, bem como o processo de
exploração capitalista através da extração da mais-valia do trabalho humano. Além disso, você
entende sobre o fenômeno da circulação da mercadoria e o conceito de fetiche da mercadoria,
que destacam a forma como as relações sociais são obscurecidas no contexto da economia
capitalista.
Ao estudar o processo de circulação capitalista de Karl Marx, você conseguirá analisar as
relações entre a teoria do valor-trabalho e o processo de acumulação de capital, compreendendo
como a exploração da força de trabalho resulta na extração de mais-valia e na determinação da
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ECONOMIA POLÍTICA
taxa de lucro. Além disso, você será capaz de examinar a dinâmica da queda da taxa de lucro ao
longo do tempo e sua relação com as contradições inerentesao sistema capitalista, incluindo a
emergência e a intensi�cação da luta de classes como resposta às injustiças econômicas e
sociais.
Por �m, no conteúdo sobre a escola neoclássica, você desenvolve a habilidade de avaliar a
e�ciência dos mercados na alocação de recursos, entender os determinantes da oferta e da
demanda, analisar as consequências das políticas de intervenção governamental na economia e
identi�car possíveis falhas de mercado e suas soluções propostas. Essa análise detalhada da
interação entre agentes econômicos individuais e o funcionamento dos mercados permite uma
compreensão mais profunda das forças que moldam a economia.
É Hora de Praticar!
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para assistir mesmo sem conexão à internet.
Considere a TecnoAvanço Ltda., uma empresa de tecnologia que recentemente implementou
mudanças em sua linha de produção de smartphones visando aumentar a e�ciência e reduzir os
custos. Essa fábrica, localizada em um país desenvolvido, emprega uma grande equipe de
trabalhadores na linha de montagem.
Nos últimos meses, a administração da TecnoAvanço Ltda. decidiu aumentar a jornada de
trabalho dos operários de 8 para 10 horas por dia, sem um correspondente aumento salarial.
Além disso, introduziu metas de produção mais rigorosas, aumentando a pressão sobre os
trabalhadores para atingir esses objetivos em um tempo mais curto.
Desdobramento do Estudo de Caso:
1. Alienação e desconexão com o trabalho: os trabalhadores da TecnoAvanço Ltda., agora
enfrentando jornadas de trabalho mais longas e metas de produção mais exigentes, começam a
sentir uma crescente alienação em relação ao seu trabalho. A conexão entre o esforço que eles
investem e o produto �nal torna-se mais distante, reduzindo o signi�cado e a satisfação no
trabalho.
Pergunta de re�exão: como essa crescente alienação dos trabalhadores pode afetar sua
motivação, produtividade e bem-estar no trabalho?
2. Exploração laboral e distribuição de renda: a prolongação da jornada de trabalho sem um
aumento correspondente nos salários levanta questões sobre a justiça e a equidade na
distribuição de renda na TecnoAvanço Ltda. Os trabalhadores percebem que estão contribuindo
com um valor signi�cativo para a empresa, porém não estão sendo adequadamente
recompensados por seus esforços adicionais.
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ECONOMIA POLÍTICA
Pergunta de re�exão: quais são as implicações éticas e sociais de uma distribuição desigual de
renda dentro da empresa? Como isso pode afetar a coesão social e o ambiente de trabalho?
3. Consequências sociais e éticas: as práticas adotadas pela administração da TecnoAvanço
Ltda. levantam questões éticas sobre o tratamento justo dos trabalhadores e o respeito aos seus
direitos e bem-estar. Os alunos podem re�etir sobre as implicações sociais mais amplas dessas
práticas em termos de desigualdade de renda, exploração laboral e justiça econômica.
Pergunta de re�exão: como essas práticas podem afetar a imagem e reputação da empresa
perante a sociedade e seus stakeholders? Existem alternativas mais éticas e sustentáveis que a
empresa poderia considerar para atingir seus objetivos de e�ciência e redução de custos? 
Essas questões colocam em evidência os desa�os enfrentados pelos trabalhadores em uma
economia capitalista contemporânea e convida você a considerar as implicações éticas, sociais
e econômicas das políticas adotadas pela TecnoAvanço Ltda
Como as críticas de Marx ao capitalismo, especialmente em relação à alienação e à exploração
da mais-valia, podem in�uenciar a forma como percebemos e interpretamos as relações sociais
e econômicas em nossa sociedade contemporânea? 
De que maneira a compreensão das teorias marxistas sobre o processo de acumulação de
capital e a queda da taxa de lucro pode nos ajudar a analisar os desa�os econômicos e as
disparidades sociais presentes nos sistemas econômicos atuais?
Com base na competência de compreender e analisar a crítica marxista ao sistema capitalista, a
resolução deste Estudo de Caso visa examinar criticamente as políticas adotadas pela
TecnoAvanço Ltda.
Nos últimos meses, a administração da TecnoAvanço Ltda. decidiu aumentar a jornada de
trabalho dos operários de 8 para 10 horas por dia, sem um correspondente aumento salarial.
Além disso, introduziu metas de produção mais rigorosas, aumentando a pressão sobre os
trabalhadores para atingir esses objetivos em um tempo mais curto. Com essa ação, surgem as
seguintes indagações sobre a empresa:
Como essa crescente alienação dos trabalhadores pode afetar sua motivação,
produtividade e bem-estar no trabalho?
    A crescente alienação dos trabalhadores pode levar a uma diminuição da motivação e
engajamento no trabalho. Eles podem se sentir desvalorizados e desvinculados do propósito de
seu trabalho, o que pode resultar em uma queda na produtividade e qualidade do trabalho
realizado. Além disso, a falta de satisfação no trabalho pode contribuir para um ambiente de
trabalho negativo e aumentar a rotatividade de funcionários.
Quais são as implicações éticas e sociais de uma distribuição desigual de renda dentro da
empresa? Como isso pode afetar a coesão social e o ambiente de trabalho?
    A distribuição desigual de renda dentro da empresa pode gerar ressentimento e
descontentamento entre os trabalhadores, criando tensões e con�itos no local de trabalho. Além
disso, pode contribuir para disparidades socioeconômicas mais amplas na sociedade,
exacerbando a desigualdade de renda e aumentando a divisão entre ricos e pobres. Em última
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
análise, uma distribuição injusta de renda pode minar a coesão social e prejudicar a estabilidade
econômica a longo prazo.
Como essas práticas podem afetar a imagem e reputação da empresa perante a sociedade
e seus stakeholders? Existem alternativas mais éticas e sustentáveis que a empresa
poderia considerar para atingir seus objetivos de e�ciência e redução de custos?
As práticas adotadas pela empresa podem afetar negativamente sua reputação e imagem
perante os consumidores, investidores e comunidade em geral. A percepção de exploração
laboral e injustiça pode levar à alienação dos clientes e à perda de con�ança no negócio,
afetando sua viabilidade a longo prazo. Portanto, é importante que a empresa considere não
apenas os objetivos de e�ciência e redução de custos, mas também o impacto ético e social de
suas decisões. Alternativas como o aumento dos salários, melhorias nas condições de trabalho e
diálogo transparente com os funcionários podem promover uma cultura empresarial mais ética e
sustentável. 
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 1 | Karl Marx e a escola neoclássica
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016.
HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. 3.
ed. 11ª Reimpr. Rio de Janeiro: GEN, 2012.
MALASSISE, R. L. S.; BARBOZA, S. G.; BECKEDORFF, I. A.; FORMAGI, C. Evolução do pensamento
econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.
MARX, K. O Capital: volume I e II. São Paulo: Nova Cultura, 1996.
OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2019.
SILVA, F. P. M.; DALCIN, A. K.; STEFANI, R. Economia política. Porto
Alegre: Grupo A, 2019.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
,
Unidade 4
ECONOMIA POLÍTICA CONTEMPORÂNA
Aula 1
Contribuições de John Maynard Keynes
Contribuições de John Maynard Keynes
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Dica para você
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Olá, estudante!
Nesta videoaula você conhecerá as contribuições de John Maynard Keynes paraa economia
política.
Esta aula é fundamental para você compreender a importância de Keynes na revolução do
pensamento econômico do século XX e suas in�uências nas políticas econômicas adotadas
pelos governos após a crise de 1929.
Prepare-se para aprofundar seus conhecimentos! Assista à videoaula e fortaleça seus
conhecimentos em economia política.
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Nesta aula, vamos estudar as contribuições de John Maynard Keynes para a economia política.
Inicialmente, conheceremos a biogra�a do autor e suas principais in�uências acadêmicas.
Posteriormente, vamos conhecer o contexto histórico que in�uenciou as obras de Keynes: a crise
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
de 1929. Foi diante do cenário de crise inaugurado com a Quebra da Bolsa de Valores em Nova
York – e que se estendeu durante a década de 1930 – que as ideias de Keynes ganharam
destaque. Por �m, apresentaremos os principais dogmas do pensamento keynesiano.
Para contextualizar a aula, considere uma situação hipotética no qual o professor de história,
chamado Joaquim, começou sua aula explicando os postulados da economia clássica e sua
aceitação como política econômica no mundo capitalista do �nal do século XIX e primeiras
décadas do XX. Mas, como lembrou o professor Joaquim, a Crise de 1929 abalou essas
certezas. John Keynes criticou fortemente os princípios da economia clássica, criando uma nova
doutrina econômica que supostamente manteria o sistema capitalista distante de novas grandes
crises. Ao �nal da aula, um dos alunos foi à mesa do professor com os seguintes
questionamentos:
Como a teoria keynesiana está relacionada à Grande Depressão?
Suas ideias evitam as crises econômicas de fato?
Quais são as explicações que o professor Joaquim poderá dar a esse aluno?
A partir de agora o nosso objetivo é te apresentar a obra e vida de Keynes e sua in�uência na
evolução da economia política. Após a leitura do conteúdo, vamos ajudar o professor Joaquim a
trazer as respostas às dúvidas do seu aluno.
Você perceberá que muitos dos temas tratados aqui fazem parte do nosso dia a dia, como a
intervenção do governo na economia.
Vamos juntos nessa jornada! Boa aula! 
Vamos Começar!
John Maynard Keynes nasceu em 5 de junho de 1883, em Cambridge, Inglaterra, �lho de uma
família acadêmica. Seu pai, John Neville Keynes, foi um economista distinto e um membro
respeitado da comunidade acadêmica, enquanto sua mãe, Florence Ada Keynes, era uma
reconhecida ativista social e prefeita de Cambridge.
Keynes recebeu sua educação primária na escola St. Faith's e posteriormente frequentou o
renomado Eton College, onde se destacou academicamente. Em 1902, ingressou no King's
College, na Universidade de Cambridge, onde estudou matemática e economia. Foi lá que ele
teve a oportunidade de ser orientado por Alfred Marshall, um dos principais economistas da
época e uma in�uência fundamental em sua formação intelectual. Sob a tutela de Marshall,
Keynes desenvolveu uma compreensão profunda dos princípios da economia clássica e
neoclássica, que mais tarde moldaria suas próprias teorias (Malassise et al., 2014).
Após completar seus estudos em Cambridge, Keynes embarcou em uma viagem à Índia, onde
trabalhou para o Serviço Civil Indiano por um curto período. Essa experiência proporcionou a ele
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
uma visão única dos desa�os econômicos e sociais enfrentados por uma colônia britânica,
in�uenciando seu pensamento posterior sobre questões coloniais e desenvolvimentistas.
Retornando à Inglaterra, Keynes concentrou-se em sua carreira acadêmica e pro�ssional. Em
1908, foi nomeado para o cargo de professor de economia na Universidade de Cambridge, onde
lecionou e conduziu pesquisas pelo resto de sua vida. Sua reputação como um pensador
brilhante e provocador logo se espalhou, e ele se tornou uma �gura central nos círculos
intelectuais de Cambridge (Malassise et al., 2014).
Durante as décadas de 1910 e 1920, Keynes publicou uma série de obras que o estabeleceram
como um dos principais economistas de sua geração, tais como o Tratado sobre a reforma
monetária (1923) e As consequências econômicas da paz (1919). No entanto, foi com a
publicação de sua obra magistral, A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, em 1936, que
Keynes alcançou um status verdadeiramente icônico no mundo da economia.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 1 | John Maynard Keynes. Fonte: Wikipédia.
Em seu livro revolucionário, Keynes desa�ou os fundamentos da teoria econômica clássica e
propôs um novo paradigma para entender e lidar com as crises econômicas e o desemprego em
larga escala. O impacto de A teoria geral no meio acadêmico e nas políticas econômicas foi
profundo e duradouro, estabelecendo Keynes como uma �gura central na economia moderna e
sua obra como uma das mais in�uentes no campo da teoria econômica (Brue; Grant, 2016).
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ECONOMIA POLÍTICA
Siga em Frente...
Após esse passeio na biogra�a de Keynes, vamos conhecer o contexto econômico que
in�uenciou a sua principal obra A teoria geral do emprego, do juro e da moeda.
A década de 1920 foi caracterizada por uma pujança econômica, especialmente nos Estados
Unidos, após o término da Primeira Guerra Mundial. Durante este período, a economia americana
experimentou um crescimento sem precedentes, impulsionado pela expansão industrial, pelos
avanços tecnológicos e por um aumento signi�cativo na produção agrícola. No entanto, por trás
dessa aparente prosperidade, surgiram sérias contradições que se revelariam catastró�cas com
a eclosão da Crise de 1929.
A in�uência da escola neoclássica, que dominava o pensamento econômico na época, também
foi um elemento importante no contexto que levou à crise. A escola neoclássica defendia
princípios como a e�ciência dos mercados, a autorregulação econômica e a ideia de que os
mercados sempre encontrariam um equilíbrio entre oferta e demanda. Uma das teorias mais
proeminentes dentro da escola neoclássica era a Lei de Say, que a�rmava que toda oferta geraria
sua própria demanda, ou seja, a produção de bens e serviços automaticamente criaria renda
su�ciente para comprar esses mesmos bens e serviços.
No entanto, Keynes discordava fundamentalmente dessa visão otimista da economia. Ele
argumentava que a economia poderia entrar em um estado de desequilíbrio persistente, com
desemprego involuntário e subutilização de recursos, contradizendo assim a Lei de Say (Brue;
Grant, 2016).
A quebra da bolsa de valores em 1929 foi o catalisador que expôs as fraquezas subjacentes ao
modelo econômico vigente. A superprodução agrícola e industrial, combinada com uma redução
no consumo interno e europeu, resultou em um desequilíbrio entre a oferta e a demanda.
Enquanto a indústria americana crescia exponencialmente, o poder aquisitivo da população não
acompanhava esse ritmo de crescimento, levando a uma situação em que havia excesso de bens
produzidos, mas uma demanda insu�ciente para absorvê-los (Boechat; Moraes; Leite, 2018). Isso
levou à queda nos preços, à redução na produção e ao aumento do desemprego em uma espiral
descendente.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 2 | Multidões reunidas em frente à Bolsa de Valores de Nova York em 1929. Fonte: GetArchive.
De acordo com Boechat, Moraes e Leite (2018), a quebra da Bolsa de Valores em 1929, que
marcou o início da Grande Depressão, foi o resultado de uma série de fatores complexos que
culminaram em uma crise �nanceira e econômica sem precedentes.
Boechat, Moraes e Leite (2018) e Malassise et al. (2014) apresentam alguns dos principais
fatores que contribuíram para esse evento, conforme tópicos a seguir:
1. Euforia e especulação desenfreada: durante a década de 1920, os Estados Unidos
experimentaram um período de forte crescimento econômico e otimismo. Isso levou a um
aumento na especulação no mercado de ações, onde investidores compravam ações na
expectativa de vendê-las por um lucro rápido, em vez de investir com base nos
fundamentos das empresas.
2. Crédito fácil: o acesso fácil ao crédito permitiuque muitos investidores comprassem ações
utilizando empréstimos, muitas vezes alavancando suas posições no mercado de ações.
Isso aumentou a bolha especulativa, tornando o mercado de ações cada vez mais
vulnerável a qualquer sinal de desaceleração econômica.
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ECONOMIA POLÍTICA
3. Superprodução e endividamento agrícola: o setor agrícola dos Estados Unidos enfrentou
di�culdades durante a década de 1920 devido à superprodução e aos baixos preços das
commodities agrícolas. Muitos agricultores acumularam dívidas signi�cativas para
�nanciar suas operações, e quando os preços caíram ainda mais, muitos foram incapazes
de pagar suas dívidas.
4. Redução do consumo e da demanda interna: apesar do crescimento econômico, uma parte
signi�cativa da população americana não compartilhava dos benefícios. A desigualdade de
renda estava aumentando e a classe média estava lutando para manter seu padrão de vida.
Isso levou a uma redução no consumo e na demanda interna, enfraquecendo ainda mais a
economia.
5. Ações de grandes investidores: em setembro e outubro de 1929, grandes investidores
começaram a vender suas ações, levando a uma queda abrupta nos preços delas. O pânico
se espalhou rapidamente entre os investidores, levando a uma venda em massa de ações.
�. Falta de regulamentação: o mercado de ações na década de 1920 era em grande parte não
regulamentado, permitindo práticas arriscadas e especulativas que exacerbaram a
situação.
Em 24 de outubro de 1929, conhecido como "Quinta-Feira Negra", o mercado de ações sofreu
uma queda acentuada. Isso foi seguido por mais quedas nos dias seguintes, culminando em 29
de outubro, conhecido como "Segunda-Feira Negra" ou "Crash da Bolsa", quando o mercado de
ações sofreu sua maior queda na história até então. Os valores das ações despencaram, levando
à ruína �nanceira de muitos investidores, bancos e empresas. O colapso do mercado de ações
foi o gatilho que desencadeou uma série de eventos que levaram à Grande Depressão, uma das
crises econômicas mais devastadoras da história moderna.
Agora que você conheceu um pouco mais sobre o contexto histórico da Grande Depressão,
vamos discutir como as ideias de Keynes ajudaram a tirar a economia americana desse cenário.
A crise de 1929 desa�ou diretamente as suposições da escola neoclássica e forneceu o terreno
fértil para o surgimento das ideias de Keynes. Em contraste com a crença na autorregulação dos
mercados, Keynes argumentou que o governo deveria desempenhar um papel ativo na
estabilização da economia, através de políticas �scais e monetárias que visavam estimular a
demanda agregada e reduzir o desemprego.
Nesse contexto, inspirados pelos princípios de Keynes, um grupo de economistas do governo de
Franklin Delano Roosevelt, propôs o chamado New Deal (Novo Acordo).
O New Deal foi um conjunto de políticas econômicas e sociais implementadas nos Estados
Unidos durante a administração do presidente Franklin D. Roosevelt, em resposta à Grande
Depressão que assolava o país. Lançado na década de 1930, o New Deal tinha como objetivo
principal promover a recuperação econômica, aliviar a pobreza e reformar as instituições
�nanceiras e regulatórias.
Entre as medidas adotadas estavam programas de obras públicas para gerar empregos,
regulação do sistema �nanceiro, proteção aos direitos dos trabalhadores e assistência social aos
mais necessitados. Essas políticas representaram uma intervenção sem precedentes do Estado
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
na economia e na vida social, buscando estabilizar a economia e restaurar a con�ança nas
instituições.
A in�uência de John Maynard Keynes no New Deal foi signi�cativa. Suas teorias econômicas,
especialmente sua ênfase na demanda efetiva e na necessidade de intervenção governamental
para estimular a economia durante períodos de recessão, in�uenciaram diretamente a
formulação das políticas do New Deal. Keynes argumentava que o governo deveria aumentar os
gastos públicos para estimular a demanda agregada e reduzir o desemprego.
Essa abordagem se re�etiu em muitas das iniciativas do New Deal, como os programas de obras
públicas �nanciados pelo governo, que visavam criar empregos e injetar dinheiro na economia.
Assim, a implementação do New Deal nos Estados Unidos marcou uma das primeiras grandes
aplicações das ideias keynesianas em políticas econômicas em escala nacional.
Muito bem, agora que você compreendeu a in�uência de Keynes para a implementação do New
Deal, vamos conhecer os principais postulados da teoria keynesiana.
De acordo com Brue e Grant (2016), as principais características e princípios da economia
keynesiana são:
1. Ênfase macroeconômica: a escola keynesiana coloca uma forte ênfase na análise da
economia em nível macro, ou seja, na economia como um todo, em vez de se concentrar
em unidades individuais, como empresas ou consumidores. Keynes argumentou que
entender as tendências e os fenômenos macroeconômicos, como o nível de emprego, a
in�ação e o produto interno bruto, era essencial para formular políticas econômicas
e�cazes.
2. Demanda efetiva: um dos conceitos-chave na teoria keynesiana é o da demanda efetiva.
Keynes argumentou que a demanda agregada, ou seja, o total de gastos na economia, era
um motor importante do crescimento econômico. Ele enfatizou a importância de estimular
a demanda por meio de políticas �scais e monetárias expansionistas, especialmente
durante períodos de recessão ou desemprego.
3. Instabilidade na economia: contrariamente à visão dos economistas clássicos, que
acreditavam na autorregulação dos mercados e na tendência natural da economia em
direção ao equilíbrio, Keynes argumentou que a economia poderia experimentar períodos
de instabilidade e desequilíbrio persistentes. Ele destacou a possibilidade de �utuações
cíclicas na atividade econômica, como booms seguidos de recessões, e defendeu a
intervenção governamental para mitigar essas instabilidades.
4. Taxa de juros: Keynes contestou a ideia de que a taxa de juros seria o principal mecanismo
de equilíbrio entre a poupança e o investimento, como a�rmavam os economistas
neoclássicos. Em vez disso, ele argumentou que a taxa de juros poderia permanecer
ine�caz em estimular o investimento durante períodos de baixa demanda agregada,
especialmente quando as expectativas empresariais eram pessimistas.
5. In�exibilidade nos salários: Keynes observou que os salários não se ajustavam
rapidamente às mudanças nas condições de mercado, o que poderia resultar em
desemprego involuntário. Ele argumentou que, durante períodos de recessão, os salários
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ECONOMIA POLÍTICA
nominais tendiam a ser rígidos para baixo, o que di�cultava a redução do desemprego por
meio de ajustes nos preços dos fatores de produção.
�. Política monetária e �scal: Keynes defendeu a utilização de políticas �scais e monetárias
para estimular a demanda efetiva e combater o desemprego. Isso incluía o aumento dos
gastos do governo em tempos de recessão para impulsionar a demanda agregada, bem
como a redução das taxas de juros e medidas de expansão monetária para estimular o
investimento e o consumo.
7. Políticas sociais de redistribuição de renda: Keynes reconheceu a importância da
redistribuição de renda para promover a estabilidade econômica e reduzir as desigualdades
sociais. Ele argumentou que uma distribuição mais equitativa da renda poderia aumentar a
demanda agregada, já que os indivíduos com rendas mais baixas tendem a gastar uma
maior proporção de sua renda. Além disso, ele via a provisão de serviços públicos, como
saúde e educação, como formas de melhorar o bem-estar social e promover o crescimento
econômico a longo prazo.
Portanto, a obra de Keynes, A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, publicada em 1936,
representou uma ruptura radical com o pensamento econômico predominante da época. Keynes
introduziu o conceito de demanda efetiva, destacando a importância dos gastos do governo e
dos investimentos para impulsionar a atividade econômica e combater o desemprego. Suas
ideias foram fundamentaispara tirar a economia americana da crise dos anos 1930.
A visão de Keynes sobre a intervenção estatal na economia teve um impacto profundo no
pensamento econômico e nas políticas públicas. Suas ideias in�uenciaram a adoção de políticas
keynesianas em muitos países, especialmente durante períodos de recessão e crise econômica.
O papel ativo do Estado na regulação da economia e na promoção do pleno emprego tornou-se
uma parte essencial do consenso econômico do pós-guerra e moldou o desenvolvimento das
políticas econômicas em todo o mundo.  
Vamos Exercitar?
Estudante, espero que tenha gostado do conteúdo até aqui.
A partir desse momento, voltemos então ao nosso estudante que buscava uma resposta do
professor Joaquim.
O professor destacou que, apesar de já ter enfrentado algumas críticas desde o início da Primeira
Guerra Mundial, como a necessidade de uma abordagem mais abrangente da economia e o uso
de estatísticas para explicar o crescimento da produção e do comércio em larga escala, o
pensamento econômico clássico ainda era amplamente aceito por muitos intelectuais e
governos. No entanto, quando a maior crise do sistema capitalista até então eclodiu em 1929, os
princípios clássicos foram ainda mais questionados.
Nesse contexto, John Keynes elaborou de forma analítica as ideias que estavam em discussão e
liderou o que �cou conhecido como a "revolução keynesiana", desa�ando a ideia de que a oferta
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
gera automaticamente sua própria demanda e argumentando que a economia não tenderia
naturalmente à harmonia sem a intervenção do Estado. Para Keynes, os princípios clássicos até
então aceitos falharam em explicar a Grande Depressão.
O professor também esclareceu que muitos economistas e governantes até os dias de hoje
defendem o keynesianismo como um meio de evitar grandes crises do capitalismo. No entanto,
como destacou o professor Joaquim ao seu aluno, as premissas do keynesianismo continuariam
sendo desa�adas por novas perspectivas econômicas, e, portanto, não existe uma fórmula
infalível que previna as crises econômicas no sistema capitalista.
Saiba mais
Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras
fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.
Leia o capítulo A Escola Keynesiana – John Maynard Keynes do livro: História do pensamento
econômico. Nesse capítulo, os autores apresentam uma visão geral das ideias de Keynes,
detalhes biográ�cos e contextualização histórica, bem como as principais ideias da chamada
“economia Keynesiana”.
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016. E-book.
Falamos muito em ruptura das ideias clássicas com o surgimento da teoria keynesiana, mas isso
é real? Para entender essa ruptura (ou não), leia o artigo intitulado Continuidade ou ruptura? Uma
análise de alguns aspectos da �loso�a social de John Stuart Mill, Alfred Marshall e John
Maynard Keynes, da pesquisadora Laura Valladão Matos.
MATTOS, L. V. D. Continuidade ou ruptura? Uma análise de alguns aspectos da �loso�a social de
John Stuart Mill, Alfred Marshall e John Maynard Keynes. Brazilian Journal of Political Economy,
v. 35, n. 2, p. 360-383, abr. 2015.
Referências
BOECHAT, A. M. F.; MORAES, L. E.; LEITE, L. B. R. História do pensamento político e econômico.
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016.
MALASSISE, R. L. S.; BARBOZA, S. G.; BECKEDORFF, I. A.; FORMAGI, C. Evolução do pensamento
econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126224
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126224
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572015000200360&lang=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572015000200360&lang=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572015000200360&lang=pt
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
MATTOS, L. V. D. Continuidade ou ruptura? Uma análise de alguns aspectos da �loso�a social de
John Stuart Mill, Alfred Marshall e John Maynard Keynes. Brazilian Journal of Political Economy,
v. 35, n. 2, p. 360-383, abr. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0101-31572015000200360&lang=pt. Acesso em: 23 abr. 2024.
Aula 2
Economia Keynesiana
Economia keynesiana
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Olá, estudante!
Nesta videoaula você conhecerá o modelo básico da economia keynesiana. Esse conceito é
fundamental para compreender como as decisões de gasto e investimento afetam o
funcionamento da economia, especialmente em períodos de instabilidade e desequilíbrio.
Assista à videoaula e aprofunde os seus conhecimentos sobre a teoria keynesiana.
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Nesta aula vamos estudar os elementos básicos da Teoria Geral de Keynes. Essa teoria
revolucionou a forma como entendemos e analisamos os fenômenos econômicos,
especialmente no que diz respeito ao papel do Estado na regulação da atividade econômica.
Vamos abordar conceitos-chave como demanda efetiva, propensão ao consumo e investimento,
e�ciência marginal do capital, preferência pela liquidez e intervenção estatal na economia.
Durante esta aula, vamos nos concentrar em duas questões:
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Como a demanda efetiva in�uencia o nível de emprego e produção em uma economia?
Qual é o papel do Estado na regulação macroeconômica, especialmente em tempos de
crise?
Ao longo do estudo re�ita sobre como os conceitos discutidos por Keynes podem ser aplicados
para entendermos os desa�os econômicos contemporâneos, como desemprego, in�ação e
crescimento econômico.
Ao entender os princípios da Teoria Geral de Keynes, você adquirirá ferramentas valiosas para
analisar e interpretar os movimentos da economia, além de estar se preparando para enfrentar
desa�os e propor soluções no ambiente pro�ssional. Boa aula!
Vamos Começar!
Entender os principais desa�os macroeconômicos é essencial para identi�car caminhos e
soluções alternativas. É nesse contexto que, em 1936, a publicação da obra A teoria geral do
emprego, do juro e da moeda assume um papel central na teoria econômica. O destaque
atribuído ao autor e à obra decorre tanto do contexto histórico da época quanto dos estudos
prévios de Keynes, delineando sua trajetória teórica até o momento da publicação da Teoria
Geral. Vamos a partir de agora conhecer alguns tópicos importantes dessa obra.
Apresentada no livro A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, a função consumo descreve
a relação entre a renda disponível e o consumo das famílias em uma economia. Em sua forma
mais básica, ela postula que o consumo das famílias é uma função positiva da renda disponível,
ou seja, à medida que a renda disponível aumenta, o consumo também tende a aumentar, mas a
uma taxa menor.
Nesse caso, há uma relação funcional positiva entre consumo (C) e renda nacional (Y):
Keynes introduziu o conceito de propensão marginal a consumir (PMC), que representa a fração
adicional da renda que as famílias consomem quando há um aumento na renda disponível (Brue;
Grant, 2016). A razão entre a mudança no consumo e a mudança na renda – a propensão
marginal ao consumo (PMC) – é positiva e menor que 1.
Isso implica que as poupanças (S) também surgem com a renda; são, também, uma função
positiva da renda.
C = f(Y )
PMC =   Δ C /  Δ Y
S = f(Y )
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Assim como a (PMC), a propensão marginal a poupar (PMS) é maior que zero e menor que 1.
Essa relação pode ser representadagra�camente na Figura 1, que apresenta os gastos com
consumo a determinados níveis de renda. A inclinação da curva (ΔC/ΔY) é a propensão marginal
a consumir.
Figura 1 | Função consumo. Fonte: Brue e Grant (2016, p. 462).
Keynes de�ne o investimento econômico como a compra de bens de capital e o investimento
�nanceiro como, por exemplo, aplicações em títulos ou em ações. Segundo a visão keynesiana
as empresas investem em capital com o intuito de obterem maiores lucros.
S = f(Y )
PMS =   Δ S /  Δ Y
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Keynes destacou que o investimento é guiado principalmente pela expectativa de lucro das
empresas, e não apenas pela taxa de juros como sugerido pelas teorias econômicas clássicas.
Logo, ele apresentou o conceito de E�ciência Marginal do Capital (EMC) (Brue; Grant, 2016).
A e�ciência marginal do capital (EMC) refere-se à taxa de retorno esperada de um investimento
adicional. Em outras palavras, é a quantidade adicional de produção que se espera que um
investimento adicional gere.
Keynes argumentou que enquanto a EMC for maior que a taxa de juros, os investimentos
adicionais serão considerados lucrativos e, portanto, as empresas estarão dispostas a investir
mais. Porém, quando a EMC for menor que a taxa de juros, os investimentos adicionais não são
mais lucrativos, e as empresas reduzem seus investimentos (Malassise et al., 2014).
O impacto da e�ciência marginal do capital na economia é signi�cativo. Keynes argumentou que
em períodos de incerteza ou pessimismo, a EMC pode diminuir, levando a uma redução nos
investimentos privados. Isso pode resultar em um ciclo econômico negativo, em que a queda dos
investimentos reduz a demanda agregada, levando a uma redução na produção e no emprego
(Malassise et al., 2014). As ideias de Keynes sobre a e�ciência marginal do capital podem ser
utilizadas para construir uma curva da demanda por investimento, como a curva I = f(i), na Figura
2.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 2 | A curva da demanda por investimento. Fonte: Brue e Grant (2016, p. 464).
Essa curva ilustra a relação inversa entre a taxa de juros (i) e o investimento total (I) em uma
economia na qual todos os projetos de investimento relevantes foram sistemáticos em ordem
decrescente de e�ciência marginal do capital. Quando a taxa de juros de mercado é i1, o volume
de investimento é I1. Para todos os investimentos acima de I1, a e�ciência marginal do capital
excederá o custo do empréstimo, enquanto para todos os investimentos além de I1, o custo
excederá a e�ciência marginal do capital (Brue; Grant, 2016).
Siga em Frente...
A preferência pela liquidez é um conceito chave na teoria econômica de Keynes, que
complementa sua análise sobre investimento e e�ciência marginal do capital. Keynes
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
argumentou que os agentes econômicos, em particular os tomadores de decisão, têm uma
preferência natural por ativos líquidos, como dinheiro, em vez de investir em ativos de longo
prazo que podem ser menos facilmente convertidos em dinheiro (Brue; Grant, 2016).
Essa preferência pela liquidez in�uencia diretamente a decisão de investimento das empresas e
dos indivíduos. Em períodos de incerteza econômica, os agentes econômicos podem optar por
manter mais dinheiro em vez de investir em projetos de longo prazo, mesmo que a e�ciência
marginal do capital seja alta. Isso ocorre porque eles podem estar preocupados com a
capacidade de converter esses investimentos em dinheiro quando necessário, dada a incerteza
sobre as condições futuras do mercado.
Essa aversão ao risco afeta a relação entre taxa de juros e investimento. Mesmo que a taxa de
juros diminua, o investimento pode não aumentar signi�cativamente se a preferência pela
liquidez permanecer alta. Isso pode levar a uma situação de "armadilha de liquidez", na qual a
política monetária expansionista pode ser ine�caz para estimular o investimento e impulsionar a
demanda agregada.
De acordo com Brue e Grant (2016), Keynes destaca que existem três motivos pelos quais as
pessoas podem preferir pela liquidez:
1. Motivo transação: refere-se à necessidade de manter dinheiro disponível para despesas do
dia a dia, como pagamento de contas, compras regulares e outras transações �nanceiras.
Quanto maior a atividade econômica e os gastos, maior é a demanda por liquidez para
facilitar essas transações.
2. Motivo precaução: re�ete a preferência por manter reservas de liquidez para enfrentar
imprevistos �nanceiros ou incertezas futuras. As pessoas podem optar por manter uma
quantidade maior de dinheiro disponível em caso de emergências, como desemprego,
doença ou outras circunstâncias inesperadas.
3. Motivo especulação: este motivo envolve a preferência por manter liquidez como uma
forma de aproveitar oportunidades de investimento futuras. Quando as expectativas em
relação ao futuro são incertas ou quando surgem oportunidades de investimento
potencialmente lucrativas, as pessoas podem optar por manter mais dinheiro disponível
para aproveitar essas oportunidades quando surgirem.
Esses motivos podem ser traduzidos em uma curva de demanda por dinheiro ou moeda “L” na
Figura 3. A curva é decrescente, o que indica que as pessoas tendem a preferir manter mais
dinheiro à medida que as taxas de juros diminuem. Quando a taxa de juros está abaixo da taxa
normal, as pessoas esperam que ela aumente. Conforme a taxa de juros aumenta, os preços dos
títulos diminuem e os detentores desses títulos sofrem perdas. Por isso, em períodos de baixa
taxa de juros, as pessoas tendem a manter mais dinheiro em espécie e menos em títulos. Por
outro lado, em períodos de alta taxa de juros, elas tendem a adquirir mais títulos e manter menos
dinheiro em mãos.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 3 | Preferência pela liquidez, oferta de moeda e taxa de juros. Fonte: Brue e Grant (2016, p. 465).
A curva da demanda por moeda (L) apresenta um declínio devido ao fato de que taxas de juros
mais baixas diminuem o custo associado à manutenção de dinheiro em espécie. Por outro lado,
a curva da oferta de moeda (M) é representada verticalmente, indicando a quantidade especí�ca
de moeda em circulação determinada pelo banco central. A taxa de juros de equilíbrio
(representada aqui como i1) é estabelecida no ponto de interseção entre a curva da preferência
pela liquidez (a curva da demanda por moeda) e a curva da oferta de moeda.
Em suma, o nível de investimento na economia é determinado pela interação entre dois fatores
principais: (1) a e�ciência marginal do capital, que estabelece a curva da demanda por
investimentos, e (2) a taxa de juros de mercado. Esta última é in�uenciada pela demanda por
moeda (preferência pela liquidez) e pela oferta de moeda.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Compreendida essa dinâmica, vamos conhecer o esquema básico da Teoria Geral de Keynes.
Na análise Keynesiana, o que determina o nível de emprego numa economia industrial é o nível
de produção. Keynes informa que o que determina o nível de produção é a existência da
demanda efetiva. De acordo com Malassise et al. (2014), a demanda efetiva consiste na
demanda concretizada através do consumo somado aos gastos destinados à perspectiva de
consumo futuro, ou seja, os investimentos. Nesse contexto, as expectativas dos empresários em
relação ao futuro da economia desempenham papel fundamental.
Inicialmente, Keynes apresenta os determinantes da demanda efetiva. Para uma economia
fechada (sem governo), ou seja, modelo simples, Keynes conclui que o nível de produção é
determinado pelo Consumo (C) e pelo Investimento (I), lembrando que:
C = f (Y) Consumo é função da renda. Keynes refere-se ao consumo agregado, isto é, o
consumo de toda a sociedade.
I = f (E,i) O investimento é função das Expectativas (E) e das taxas e juros (i).
Logo, Keynes conclui que o nível de produção é determinado por:
Essencialmente, o princípio da demanda efetiva se resume à ação de gastar em investimentos e
consumo, o que, por sua vez, determina a renda, ou seja, é a demanda que in�uenciaa oferta.
Nisso reside a distinção fundamental entre os economistas keynesianos e os economistas
clássicos (Malassise et al., 2014). A Figura 4 apresenta o modelo básico da economia
keynesiana.
Y = C + I
Y = C + I
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 4 | O esquema básico da economia keynesiana. Fonte: adaptada de Mendes (2009, p. 159 apud Malassise et al., 2014,
p. 138).
Conforme a Figura 4, quando ocorre a produção (Y), há também a distribuição dos resultados
entre pagamento de salários (S) e lucros (L).
Keynes pressupôs que os trabalhadores recebiam baixos salários e não poupavam; assim, todo o
salário era direcionado ao consumo (C). Por outro lado, os empresários, que obtinham lucro,
poderiam gastar uma parte de sua renda com consumo e poupar outra parte (S). Era
precisamente o destino dessa parte não utilizada para consumo, a poupança, que gerava
instabilidade na economia.
A poupança pode permanecer em forma de entesouramento, isto é, guardada sem aplicação;
pode ser direcionada para aplicações �nanceiras e remunerada com juros; ou pode ser
reinvestida, retornando ao processo produtivo como investimento.
Quanto maior a parcela da poupança destinada ao investimento (I), maior é o nível de produção.
No entanto, Keynes argumenta que o investimento também pode ser �nanciado pelo sistema
�nanceiro, que pode criar moeda secundária para essa �nalidade. Portanto, para Keynes, não é
necessário que haja poupança para �nanciar o investimento, mas sem investimento não há
poupança.
De acordo com Keynes, o funcionamento normal da economia só ocorre se a poupança for
investida para aumentar o nível de produção e, assim, garantir o crescimento econômico. Porém,
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
os empresários tomam duas decisões com bases em expectativas quanto ao futuro econômico.
Se a perspectiva da atividade econômica for positiva, os capitalistas vão investir. Porém, se a
perspectiva da atividade econômica for negativa, não haverá investimentos e, por consequência,
reduz o emprego e a renda.
Ainda de acordo com Malassise et al., 2014:
[...] a obra de Keynes permite a�rmar que para melhorar os níveis de emprego deve-se ampliar a
produção. Para isso é necessário que haja mais consumo e investimento. O consumo tem
consequências positivas no crescimento. A economia precisa ter um �uxo de investimentos
organizados e, para isto, a política monetária deve ser adequada no sentido de prover taxas de
juros baixas que permitam aos empresários recorrer ao crédito favorecendo os investimentos.
Porém, argumenta que em época de crise, cujo diagnóstico seja superprodução a política e juros
baixos para investimento, seria ine�caz. Quando a situação chega a um ponto de alto
desemprego e superprodução é necessário ter investimento público. (Malassise et al., 2014, p.
139)
Portanto, é imperativo que o estado reassuma seu papel por meio de uma política de intervenção
ativa, contrabalançando as ações do setor privado. Essa intervenção deve ser anticíclica, o que
signi�ca que, quando as decisões capitalistas tendem ao sobreinvestimento e ao
superaquecimento da economia, o estado deve reduzir seus investimentos para evitar uma
in�ação por demanda e gastos públicos desnecessários (Malassise et al., 2014).
Por outro lado, se houver subinvestimento e uma crise de desemprego, o estado deve
implementar uma política de investimentos e gastos para evitar uma recessão econômica. Ao
agir dessa maneira, a intervenção estatal poderia contribuir signi�cativamente para a
estabilização dos investimentos. É nesse contexto que se delineia uma regulação
macroeconômica de cunho keynesiano.
Vamos Exercitar?
Estudante, espero que tenha gostado do conteúdo até aqui.
A partir de agora vamos retomar a problematização do início da nossa aula. Vejamos as
re�exões para cada questionamento deixado no começo da aula.
Como a demanda efetiva in�uencia o nível de emprego e produção em uma economia?
A análise keynesiana nos leva a compreender que a demanda efetiva, composta pelo consumo
agregado e os investimentos, desempenha um papel crucial na determinação do nível de
emprego e produção. Quando a demanda efetiva é robusta, ou seja, quando os consumidores
estão gastando e as empresas estão investindo, isso cria um ambiente propício para a expansão
econômica.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Aumenta-se a produção para atender à demanda, o que leva as empresas a contratarem mais
trabalhadores para manter o ritmo da produção. Por outro lado, quando a demanda efetiva é
fraca, com consumidores reticentes em gastar e empresas hesitantes em investir, isso pode levar
a uma redução na produção e, consequentemente, ao desemprego. Assim, a compreensão da
dinâmica da demanda efetiva é essencial para formular políticas econômicas que visem
estimular o crescimento e reduzir o desemprego.
Qual é o papel do Estado na regulação macroeconômica, especialmente em tempos de crise?
Keynes argumenta que o Estado desempenha um papel crucial na estabilização da economia,
especialmente durante períodos de crise. Em tempos de recessão, o setor privado pode se retrair,
reduzindo os investimentos e exacerbando o desemprego.
Nesse contexto, cabe ao Estado intervir, por meio de políticas monetárias e �scais
expansionistas, para estimular a demanda efetiva e reverter a tendência recessiva. Isso pode
incluir a redução das taxas de juros, o aumento dos gastos públicos e a implementação de
incentivos �scais para estimular o consumo e o investimento. Ao agir de forma anticíclica, o
Estado pode ajudar a estabilizar a economia e evitar recessões prolongadas.
Em suma, compreendemos que a demanda efetiva, combinada com o papel regulador do Estado,
são essenciais na determinação do nível de emprego e produção em uma economia. Ao entender
como esses conceitos se entrelaçam, os formuladores de políticas econômicas podem
desenvolver estratégias e�cazes para promover o crescimento econômico e garantir o pleno
emprego. 
Saiba mais
Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras
fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.
Leia o capítulo A escola keynesiana do livro: História do pensamento econômico. Com uma
linguagem didática, os autores apresentam em poucas páginas uma síntese das ideias de
Keynes, bem como diversos trechos da obra A teoria geral do emprego, do juro e da moeda.
OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2019. E-book.
Leia o artigo A “teoria geral do emprego, do juro e da moeda”, um resumo crítico do livro de J. M.
Keynes, do autor José Maria Dias Pereira. Esse artigo tem o propósito de resumir, de forma
crítica, o conteúdo dos capítulos da Teoria Geral. Pode ser interpretado como uma espécie de
“guia de leitura”, permitindo, a qualquer um que se empenhe nessa tarefa, criar coragem para
enfrentar os originais dessa importantíssima e polêmica obra e, assim, formar a sua própria
opinião sobre ela ou de seu autor.
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440166/
https://doi.org/10.5007/2175-8085.2023.e93423
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
PEREIRA, J. M. D. A “teoria geral do emprego, do juro e da moeda”, um resumo crítico do livro de
J. M. Keynes. TEC Textos de Economia. v. 26, n. 1, 2023.
Referências
BOECHAT, A. M. F.; MORAES, L. E.; LEITE, L. B. R. História do pensamento político e econômico.
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016.
MALASSISE, R. L. S.; BARBOZA, S. G.; BECKEDORFF, I. A.; FORMAGI, C. Evolução do pensamento
econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.
OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2019. E-book. ISBN 9788571440166. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440166/. Acesso em: 21 fev. 2024. 
PEREIRA, J. M. D. A “teoria geral do emprego, dojuro e da moeda”, um resumo crítico do livro de
J. M. Keynes. TEC Textos de Economia. v. 26, n. 1, 2023. Disponível em:
https://doi.org/10.5007/2175-8085.2023.e93423. Acesso em: 23 abr. 2024.
Aula 3
Neoliberalismo
Neoliberalismo
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Dica para você
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Olá, estudante!
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Nesta videoaula você conhecerá os preceitos da escola neoliberal.
Esse conteúdo é fundamental para compreender as ideias e políticas econômicas que defendem
a livre iniciativa, a redução do papel do Estado na economia, a liberalização dos mercados e a
privatização de empresas estatais. Assista à videoaula e fortaleça seus conhecimentos sobre a
economia política.
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Nesta aula vamos continuar nossa discussão sobre o pensamento econômico no século XX.
Vamos concentrar nossos estudos no mundo pós-Segunda Guerra, os impactos das ideias de
Keynes e a crítica ao keynesianismo por meio do neoliberalismo.
Para introduzir o contexto do nosso estudo, iremos contar com a orientação do professor
Joaquim, que está conduzindo suas explicações aos alunos sobre a teoria keynesiana e suas
implicações. Durante uma das aulas, Joaquim se deparou com uma discussão em sala na qual
um estudante argumentou que é responsabilidade do Estado intervir na economia e que as ideias
neoliberais surgiram apenas devido aos países desenvolvidos buscarem dominar as nações em
desenvolvimento. Ele a�rmou que, por esse motivo, essas ideias não foram implementadas nos
países centrais do capitalismo.
De que maneira o professor João poderia elucidar para este aluno o contexto histórico que deu
origem à doutrina neoliberal e seus fundamentos? Como ele poderia abordar o assunto de forma
a promover uma compreensão menos simplista, sem adotar uma narrativa que favoreça ou
condene essa ideologia?
Muito bem, ao longo da aula vamos buscar subsídios que nos ajudem a responder esses
questionamentos. Compreender a evolução da economia política ao longo do século XX é
essencial para o entendimento das políticas econômicas adotadas pelas nações.
Vamos juntos para mais essa aula! Bons estudos! 
Vamos Começar!
Conforme já estudamos, de acordo com os princípios do keynesianismo, a solução para prevenir
as grandes crises do sistema capitalista seria a intervenção do Estado na economia, com o
intuito de gerar empregos, estimular a demanda e reduzir as disparidades sociais. Essa doutrina,
que serviu de base para muitas propostas de políticas econômicas pós-Segunda Guerra Mundial
e tornou-se um elemento central no mundo capitalista do período pós-guerra: na Europa, viu o
fortalecimento do Estado de bem-estar social, enquanto na América Latina, o
desenvolvimentismo cepalino destacou-se como um exemplo da in�uência do keynesianismo
(Boechat; Moraes; Leite, 2018).
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Após o término da Segunda Guerra Mundial (1945), surgiu um desa�o considerável à teoria
econômica predominante da época com a publicação de O caminho da servidão, de Friedrich
Hayek (1899-1992). A "nova" doutrina proposta por Hayek foi uma atualização dos princípios do
liberalismo econômico, originando assim o termo "neoliberalismo", que começou a ganhar
destaque a partir da década de 1970 em todo o mundo capitalista.
Teóricos como Milton Friedman (1912-2006) e Friedrich Hayek não compartilhavam da visão de
um Estado intervencionista e de bem-estar social proposto por Keynes, reintroduzindo as
propostas liberais. Eles buscavam preservar a liberdade do comércio e os princípios liberais
estabelecidos por economistas clássicos em séculos passados, associando-os aos valores de
democracia e liberdade política (Boechat; Moraes; Leite, 2018).
Vamos conhecer essas propostas a partir de agora!
Friedrich Hayek e a Escola Austríaca: uma visão abrangente
Friedrich August von Hayek, renomado economista e �lósofo, é um dos principais expoentes da
Escola Austríaca de Economia e uma �gura proeminente no pensamento econômico do século
XX. Sua vida e trabalho são intrinsecamente ligados à defesa da liberdade individual, ao
liberalismo clássico e à crítica ao intervencionismo estatal.
Nascido em Viena, Áustria, em 1899, Hayek estudou na Universidade de Viena, onde teve contato
com importantes �guras intelectuais, como Ludwig von Mises e Friedrich von Wieser, que
in�uenciaram profundamente sua formação intelectual. Graduou-se em Direito e Economia e
posteriormente obteve seu doutorado em Direito em 1921. Desde cedo, Hayek demonstrou
interesse pela teoria econômica e pelas questões sociais, o que o levou a se dedicar ao estudo e
à pesquisa nesses campos (Oliveira; Gennari, 2019).
Em 1944, Hayek publicou sua obra mais famosa, O caminho da servidão, na qual argumentava
contra o planejamento centralizado e a favor da liberdade individual e econômica. O livro teve
grande impacto e foi considerado uma crítica contundente ao socialismo e ao coletivismo. Hayek
alertou sobre os perigos do controle estatal excessivo, argumentando que isso inevitavelmente
levaria à tirania e à perda de liberdade individual (Oliveira; Gennari, 2019).
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 1 | Retrato de Friedrich Hayek. Fonte: Wikimedia Commons. 
Um dos principais alvos das críticas de Hayek era o Partido Trabalhista inglês e suas políticas
intervencionistas. Ele via com preocupação o crescimento do Estado de bem-estar social e
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
defendia uma abordagem mais liberal para a economia, baseada na livre concorrência e na
iniciativa privada (Boechat; Moraes; Leite, 2018).
Em 1947, Hayek foi um dos fundadores da Sociedade Mont Pèlerin, uma organização dedicada à
promoção dos princípios do liberalismo clássico e à defesa da economia de mercado. A
sociedade reuniu intelectuais de diversas áreas, incluindo Economia, Filoso�a, Direito e Ciências
Sociais, e teve um papel fundamental na disseminação das ideias liberais em todo o mundo
(Boechat; Moraes; Leite, 2018).
Os princípios econômicos defendidos por Hayek e pela Escola Austríaca incluem a importância
da livre concorrência, do mercado como mecanismo de alocação e�ciente de recursos, da
propriedade privada e da limitação do poder estatal. Eles argumentam que a intervenção do
governo na economia geralmente leva a distorções e ine�ciências, prejudicando o funcionamento
natural do mercado.
De acordo com Brue e Grant (2016), nos anos 1970, o mundo enfrentou uma crise econômica,
marcada por estagnação, in�ação e desemprego, que levou a uma crítica generalizada ao
keynesianismo e às políticas de intervenção estatal. Os neoliberais, in�uenciados pelas ideias de
Hayek e outros pensadores liberais, argumentaram que as políticas keynesianas haviam falhado
em resolver os problemas econômicos e, pelo contrário, contribuíram para agravá-los.
As propostas neoliberais para superar a crise incluíam a redução do papel do Estado na
economia, a desregulamentação dos mercados, a privatização de empresas estatais e a adoção
de políticas monetárias restritivas para controlar a in�ação.
Além disso, propõe-se realizar reformas �scais para estimular os agentes econômicos.
Preconizadas pelos neoliberais, tais reformas envolvem a redução de impostos sobre os
rendimentos mais elevados e sobre as receitas (Oliveira; Gennari, 2019). Essa abordagem visa
fornecer incentivos aos empresários para investir, impulsionando a criação de empregos e o
aumento de renda. Essas medidas visam restaurar uma forma renovada e equilibrada de
desigualdade, revitalizando as economias mais avançadas. Dessa forma, espera-se que o
crescimento econômico seja revitalizado através da estabilidade monetária e dos estímulos ao
mercado (Boechat; Moraes; Leite, 2018).
Essas ideias ganharam força durante os governos de Margaret Thatcherno Reino Unido e Ronald
Reagan nos Estados Unidos, que implementaram uma série de reformas econômicas inspiradas
no liberalismo de Hayek.
Margaret Thatcher, conhecida como a "Dama de Ferro", foi uma defensora fervorosa do livre
mercado e da redução do Estado. Durante seu governo, ela promoveu privatizações em larga
escala, cortes de impostos e medidas para restringir o poder dos sindicatos. Ronald Reagan, por
sua vez, adotou políticas semelhantes nos Estados Unidos, buscando reduzir a intervenção do
governo na economia e estimular o crescimento econômico por meio da iniciativa privada.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Siga em Frente...
Milton Friedman e a Escola de Chicago
Milton Friedman, um dos economistas mais in�uentes do século XX, nasceu em 31 de julho de
1912, em Brooklyn, Nova York. Ele estudou na Universidade Rutgers e depois na Universidade de
Chicago, onde obteve seu doutorado em economia em 1946. Sua carreira acadêmica o levou a se
tornar um dos líderes da Escola de Chicago, um centro de pensamento econômico associado ao
liberalismo econômico (Brue; Grant, 2016).
Friedman é conhecido principalmente por sua obra Capitalismo e liberdade, publicada em 1962.
Nesse livro, ele defende vigorosamente os princípios do liberalismo clássico, argumentando que
a liberdade econômica é essencial para a liberdade política e individual. Ele advoga por um papel
limitado do governo na economia e defende a privatização de muitos serviços governamentais
(Oliveira; Gennari, 2019).
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 2 | Retrato de Milton Friedman. Fonte: Wikimedia Commons. 
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Uma das críticas mais notáveis de Friedman foi dirigida ao New Deal, o conjunto de políticas
implementadas nos Estados Unidos durante a Grande Depressão para combater o desemprego e
a recessão. Friedman argumentava que as intervenções do governo durante o New Deal, como
regulamentações e políticas de controle de preços, prolongaram a depressão em vez de aliviar
seus efeitos. Ele acreditava que o livre mercado era o melhor mecanismo para determinar os
preços e a alocação de recursos (Oliveira; Gennari, 2019).
Além disso, Friedman propôs uma série de reformas para o sistema econômico. Uma de suas
propostas mais conhecidas foi a defesa da teoria monetarista, que argumentava que a
quantidade de dinheiro em circulação era o principal determinante da in�ação. Ele argumentou
que o governo deveria seguir uma política monetária estrita, controlando o suprimento de
dinheiro para manter a estabilidade de preços (Boechat; Moraes; Leite, 2018).
Outra reforma proposta por Friedman foi a eliminação dos programas de bem-estar do governo.
Ele argumentava que tais programas desencorajavam o trabalho e a responsabilidade individual e
propunha substituí-los por um imposto de renda negativo, onde as pessoas abaixo de certo nível
de renda receberiam um pagamento do governo em vez de pagar impostos.
A Escola de Chicago, da qual Friedman foi uma �gura proeminente, é uma tradição de
pensamento econômico associada à Universidade de Chicago e seus adeptos. A escola ganhou
destaque nas décadas de 1950 e 1960, com uma abordagem in�uente que enfatizava o livre
mercado, o individualismo e a crença na e�ciência dos mercados.
Os principais princípios da Escola de Chicago incluem a crença na importância da liberdade
econômica e do livre mercado, a ênfase na teoria dos preços como um mecanismo de alocação
e�ciente de recursos e a descon�ança em relação à intervenção do governo na economia (Brue;
Grant, 2016). 
O neoliberalismo na prática: de Pinochet a Thatcher
Do Chile sob Pinochet à Grã-Bretanha sob Thatcher e aos Estados Unidos sob Reagan, essa
ideologia moldou o curso da economia global, marcando uma mudança signi�cativa na
abordagem do Estado em relação ao mercado. Vamos explorar como o neoliberalismo se
manifestou na prática, examinando os casos do Chile de Pinochet e do Reino Unido e dos
Estados Unidos de Thatcher e Reagan, respectivamente.
1.  Neoliberalismo no Chile e a in�uência dos Chicago Boys
O Chile foi um dos primeiros países a implementar políticas neoliberais de maneira abrangente,
sob a ditadura militar de Augusto Pinochet, a partir de meados da década de 1970. Uma �gura-
chave por trás dessas reformas foi o economista chileno Milton Friedman, da Escola de
Economia de Chicago, cujas ideias foram disseminadas por um grupo de economistas chilenos
conhecidos como os "Chicago Boys".
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
As políticas neoliberais adotadas no Chile incluíam a privatização de empresas estatais, a
liberalização do comércio e dos mercados �nanceiros, a redução dos gastos públicos e a
diminuição da intervenção estatal na economia. Essas reformas foram acompanhadas por uma
ênfase na estabilidade monetária, com o Banco Central do Chile implementando políticas para
conter a in�ação. O modelo neoliberal enfatizava o livre mercado e a competição, mas falhou em
abordar as disparidades socioeconômicas e proporcionar proteção social adequada para os
mais vulneráveis.
2. Políticas neoliberais adotadas por Thatcher
No Reino Unido, Margaret Thatcher liderou uma revolução neoliberal durante seu mandato como
Primeira-Ministra, de 1979 a 1990. Suas políticas foram profundamente in�uenciadas pelo
pensamento neoliberal e visavam reduzir o papel do Estado na economia e promover a livre
iniciativa e a competitividade.
Thatcher implementou uma série de medidas neoliberais, incluindo a elevação das taxas de juros
para combater a in�ação, a redução dos impostos sobre altos rendimentos para estimular o
empreendedorismo e o investimento, a privatização de empresas estatais em setores como
energia, telecomunicações e transporte e a redução dos gastos sociais.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 3 | Retrato de Margaret Thatcher. Fonte: Wikimedia Commons. 
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Essas políticas foram acompanhadas por uma retórica de individualismo, meritocracia e
responsabilidade pessoal, re�etindo a crença neoliberal na primazia do mercado e na liberdade
individual. No entanto, as consequências dessas reformas foram controversas, com críticos
apontando para o aumento da desigualdade, o enfraquecimento dos sindicatos e a erosão dos
serviços públicos.
3. Políticas adotadas por Reagan
Nos Estados Unidos, o presidente Ronald Reagan também adotou uma abordagem neoliberal
durante seu mandato, de 1981 a 1989. Reagan buscou reduzir o tamanho e o alcance do governo,
promovendo políticas de desregulamentação, cortes de impostos e privatização.
Reagan implementou cortes signi�cativos nos impostos sobre as corporações e os mais ricos,
argumentando que isso estimularia o crescimento econômico e a criação de empregos. Ele
também buscava reduzir a burocracia governamental e desmantelar regulamentações
consideradas excessivas, especialmente nos setores �nanceiro e de energia. Além disso, Reagan
promoveu uma agenda de defesa agressiva, aumentando os gastos militares e adotando uma
postura �rme em relação à União Soviética, como parte de sua visão de fortalecimento do
poderio americano e promoção dos interesses dos Estados Unidos no cenário global.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 4 | Retrato de Ronald Reagan. Fonte: Wikimedia Commons. 
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
No entanto, as políticas de Reagan também foram criticadas por exacerbarem a desigualdade
econômica e enfraquecerem as proteções sociais, especialmente para os mais pobres e
vulneráveis. O legado do neoliberalismo nos Estados Unidos incluiu uma crescente disparidade
de renda, uma diminuição do poder dos sindicatos e uma crescente �nanceirização da economia.
A política neoliberal, apesar de amplamente dominante, enfrentou várias contestações em
diferentes cenários, destacando a questão da intervenção estatal na economia como ponto
central do debate político-econômico. Embora tenha incorporado elementos do ideário neoliberal,
o Partido Democrata nos Estados Unidos adotou uma abordagem mais cautelosa em relação ao
Estado Mínimo proposto pelo PartidoRepublicano a partir da presidência de Reagan (Boechat;
Moraes; Leite, 2018). Dessa forma, nos Estados Unidos, o ímpeto do neoliberalismo diminuiu
com a derrota do republicano George Bush (pai) nas eleições presidenciais de 1993 e a ascensão
do democrata Bill Clinton, que governou até 2000 (Boechat; Moraes; Leite, 2018). 
A América Latina e o neoliberalismo
Os princípios fundamentais do neoliberalismo podem ser resumidos no Consenso de
Washington, um conjunto de dez diretrizes desenvolvidas por economistas de instituições como
o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos
Estados Unidos, que tinha como objetivo principal propagar a conduta neoliberal para combater
as crises econômicas dos países em desenvolvimento, principalmente na América Latina.
Essas diretrizes foram estabelecidas em novembro de 1989 e serviram como um guia para os
países que buscavam �nanciamento junto ao FMI para lidar com seus dé�cits �scais (Silveira,
2019 apud Medeiros, 2020). Segundo o autor, as diretrizes são:
Disciplina �scal.
Redução dos gastos públicos.
Reforma �scal e tributária.
Abertura comercial e econômica.
Taxa de câmbio de mercado competitivo.
Liberalização do comércio exterior.
Eliminação das restrições ao investimento estrangeiro direto.
Privatização, com a venda das empresas estatais.
Essas políticas foram amplamente adotadas por muitos países em desenvolvimento, incluindo o
Brasil, com o objetivo de promover o crescimento econômico e a estabilidade �nanceira. 
O governo Collor de Mello
O governo de Fernando Collor de Mello, que teve início em 1990, foi marcado por uma série de
reformas econômicas radicais, muitas das quais estavam alinhadas com os princípios do
Consenso de Washington. Collor implementou políticas de abertura econômica, privatização de
empresas estatais, desregulamentação e estabilização monetária. 
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
O governo FHC
Com a eleição de Fernando Henrique Cardoso em 1994, teve início uma nova fase na
implementação das políticas neoliberais no Brasil. FHC, que foi ministro da Fazenda durante o
governo Itamar Franco, adotou uma abordagem mais gradual e pragmática em relação às
reformas econômicas, buscando equilibrar a estabilidade econômica com a inclusão social.
Uma das principais realizações de FHC foi o Plano Real, lançado em 1994, que estabilizou a
moeda brasileira e controlou a hiperin�ação. O plano envolveu a introdução de uma nova moeda,
o real, e medidas de controle monetário e �scal. Embora tenha sido elogiado por sua e�cácia na
estabilização econômica, o Plano Real também enfrentou críticas por contribuir para o aumento
da desigualdade social e da dívida pública.
Durante o governo FHC, o Brasil continuou a adotar políticas neoliberais, incluindo a privatização
de empresas estatais, a abertura econômica e a adoção de políticas de austeridade �scal. No
entanto, essas políticas também foram acompanhadas por uma crescente resistência social e
críticas ao aumento da desigualdade e à falta de investimentos em áreas como saúde, educação
e infraestrutura.
Portanto, para �nalizar esse conteúdo, cabe destacar que a evolução da economia como ciência
testemunhou uma mudança signi�cativa nas perspectivas sobre o papel do Estado na economia,
com a teoria liberal dos economistas clássicos e a teoria keynesiana representando dois
extremos desse espectro. A teoria neoliberal aparece ao �nal do século XX como o
ressurgimento das ideias clássicas. É importante ressaltar que, na prática, muitas economias
adotam uma abordagem mista, combinando elementos do liberalismo econômico com
intervenções estatais quando necessário. A chave está em encontrar um equilíbrio que permita
alcançar os objetivos econômicos e sociais de forma e�ciente e sustentável.
Vamos Exercitar?
Estudante, espero que tenha gostado da aula até aqui. Vamos agora retomar a problematização
do início do nosso estudo!
Pensamos, então, como o professor Joaquim que, em uma de suas aulas, depara-se com uma
discussão na qual um aluno a�rmava que o Estado tem como obrigação intervir na economia e
que as ideias neoliberais surgiram somente porque os países desenvolvidos desejavam dominar
as nações em desenvolvimento, tanto que não foram postas em práticas.
Para auxiliar seu aluno, o professor Joaquim fez uma re�exão sobre a origem do pensamento
neoliberal. Ele destacou que não se originou nos anos 1980, como muitos pensam, mas teve
suas raízes muito antes, como uma resposta teórica e política às ideias de Keynes, que foram
amplamente adotadas por diversos países após a Grande Depressão.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
O professor revisitou a obra de Friedrich Hayek, O caminho da servidão, publicada em 1944, e
apresentou seus argumentos sobre a importância da não intervenção do governo na economia,
argumentando que os mecanismos de mercado impostos pelo Estado restringiam tanto a
liberdade econômica quanto política.
Como observado, esse debate intelectual ocorreu no epicentro do capitalismo europeu e não
como uma reação posterior à dominação. De fato, foi na mesma década de 1940, como
mencionado, que a Sociedade Mont Pèlerin foi fundada com o propósito de combater o avanço
do keynesianismo.
Nesse contexto, o professor João se viu diante de uma situação complexa. Ao discutir, por
exemplo, o caso chileno – a interação entre a Escola de Chicago e a ditadura de Pinochet – ou as
imposições do FMI após o Consenso de Washington, poderíamos vislumbrar elementos de uma
dominação do centro do capitalismo sobre os países periféricos na adoção do neoliberalismo.
No entanto, é importante recordar que tais políticas foram implementadas igualmente em países
centrais desse sistema, como os Estados Unidos de Reagan e a Inglaterra de Thatcher.
Buscamos, ao longo das últimas aulas, uma compreensão aprofundada do tema, evitando
simpli�cações das diferentes doutrinas econômicas. É importante lembrar que não existe uma
teoria econômica "absoluta". As perspectivas do pensamento econômico estão ligadas ao
contexto histórico em que foram desenvolvidas e aos interesses em jogo em cada período. Ao
compreendermos esses contextos, somos capacitados a adotar uma visão mais crítica não
apenas da economia, mas também do debate político-econômico que nos envolve
constantemente.
Saiba mais
Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras
fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.
Leia o Capítulo 21 A escola Neoliberal do livro: História do pensamento econômico. Nesse
capítulo, você vai conhecer as ideias precursoras de Friedrich von Hayek e a contribuição da
escola de Chicago de Milton Friedman.
OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2019. E-book.
Assista ao �lme “Chicago Boys”, de 2015. Um grupo de economistas chilenos (que vieram a ser
conhecidos como "Chicago Boys") retorna ao seu país natal – após uma temporada na
Universidade de Chicago e sob a in�uência das teorias econômicas de Milton Friedman – para
concretizar o plano econômico do ditador Augusto Pinochet, que transformou o Chile no polo
mais extremado do neoliberalismo mundial.
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440166/
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Para saber mais sobre as políticas neoliberais adotadas pelo governo dos países na América do
Sul e suas consequências, leia o artigo As políticas neoliberais e a crise na América do Sul.
BANDEIRA, L. A. M. As políticas neoliberais e a crise na América do Sul. Revista Brasileira de
Política Internacional, v. 45, n. 2, p. 135-146, jul. 2002.
Referências
BANDEIRA, L. A. M. As políticas neoliberais e a crise na América do Sul. Revista Brasileira de
Política Internacional, v. 45, n. 2, p. 135-146, jul. 2002. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S0034-73292002000200007. Acesso em: 23 abr. 2024
BOECHAT, A. M. F.; MORAES, L. E.; LEITE, L. B. R. História do pensamento político e econômico.
Londrina: Editora e DistribuidoraEducacional S.A., 2018.
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016.
MEDEIROS, F. B. S. Economia para negócios. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A.,
2020.
Aula 4
O Pensamento Econômico na América Latina e no Brasil
O pensamento econômico na América Latina e no Brasil
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Dica para você
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Olá, estudante! Nesta videoaula você conhecerá o pensamento econômico na América Latina e
no Brasil.
https://doi.org/10.1590/S0034-73292002000200007
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Esse conteúdo é importante para compreendermos as diversas abordagens teóricas e práticas
que in�uenciaram o desenvolvimento econômico da região. Entenderemos as principais
correntes de pensamento, como a abordagem da CEPAL e suas contribuições para a formulação
de políticas econômicas voltadas para o crescimento e a redução das desigualdades.
Prepare-se para aprofundar seus conhecimentos! Assista à videoaula e fortaleça seus
conhecimentos em economia política. 
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Nesta seção, você terá acesso a uma análise do pensamento econômico das últimas décadas,
com um enfoque na economia brasileira. Vamos explorar uma corrente de pensamento
econômico in�uenciada por intelectuais latino-americanos, como o argentino Raúl Prebisch e o
brasileiro Celso Furtado. Esses pensadores foram fundamentais na formação da Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a qual se dedicou a explicar a realidade
econômica e social dos países latino-americanos. Além da CEPAL, iremos analisar as diferentes
correntes de pensamento econômico que foram adotadas e/ou debatidas em relação à
economia brasileira.
Para contextualizar o estudo, retomamos a ajuda do professor Joaquim, que avançou os estudos
sobre o pensamento econômico e político na América Latina no século XX e resolveu aplicar uma
atividade junto aos seus alunos. Um grupo de alunos a�rmou de forma equivocada que o
pensamento econômico predominante no Brasil no século XX foi o neoliberalismo, baseando-se
na crença de que o Estado raramente intervém na economia. Esse grupo discordou da nota baixa
na atividade e foi argumentar com o professor, que explicou pacientemente os pontos que
deveriam ser abordados no texto. Quais argumentos poderiam ser utilizados para convencer os
alunos do equívoco cometido?
Muito bem, ao longo dessa aula vamos abordar conceitos, fato e teorias que vão nos ajudar a
apoiar o professor Joaquim nessa problemática. Também, esse conteúdo é importante para você
compreender quais fundamentos econômicos in�uenciaram a evolução da economia do Brasil e
da América Latina no século XX.
Vamos juntos nessa última jornada! Bons estudos! 
Vamos Começar!
Ao analisarmos o pensamento econômico da América Latina, é essencial compreendermos sua
corrente mais proeminente: o pensamento da Comissão Econômica para a América Latina e o
Caribe (CEPAL). Embora a abordagem cepalina não cubra integralmente o espectro do
pensamento latino-americano, ela se destaca como a principal corrente ao incorporar os
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
princípios fundamentais relacionados à realidade social e econômica desses países a partir da
década de 1950.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, mais conhecida pela sigla CEPAL, é
uma das mais importantes organizações internacionais dedicadas ao estudo e promoção do
desenvolvimento econômico na região. Surgida no contexto pós-Segunda Guerra Mundial, em
1948, como parte das Nações Unidas, a CEPAL teve como objetivo primordial contribuir para o
desenvolvimento econômico da América Latina, buscando soluções para os desa�os
enfrentados pelos países latino-americanos e caribenhos (Boechat; Moraes; Leite, 2018).
Atualmente, os 33 países da América Latina e do Caribe são membros da CEPAL, junto com
algumas nações da América do Norte, Europa e Ásia, que mantêm vínculos históricos,
econômicos e culturais com a região. No total, há 46 estados-membros e 14 membros
associados (condição jurídica atribuída a alguns territórios não independentes do Caribe)
(CEPAL, 2024).
Figura 1 | Países-membros da CEPAL. Fonte: Wikimedia Commons. 
Um dos aspectos mais importantes da atuação da CEPAL é o chamado "método histórico-
estrutural", também conhecido como "gradualismo estruturalista". Desenvolvido pelo economista
argentino Raúl Prebisch, um dos fundadores da CEPAL e uma de suas �guras mais in�uentes,
esse método propõe uma abordagem crítica às relações de poder na economia mundial e
defende a adoção de políticas de desenvolvimento que promovam a industrialização e a
diversi�cação produtiva, reduzindo a dependência dos países latino-americanos em relação às
exportações de commodities (Oliveira; Gennari, 2019).
Raúl Prebisch foi uma �gura central na história da CEPAL e exerceu uma forte in�uência sobre o
pensamento econômico latino-americano. Sua crítica ao modelo de desenvolvimento centrado
na exportação de matérias-primas, conhecida como "teoria da deterioração dos termos de troca",
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
teve um impacto duradouro na formulação de políticas econômicas na região. Prebisch também
defendia a necessidade de uma maior intervenção do Estado na economia, especialmente por
meio do investimento em infraestrutura e da regulação dos mercados, como forma de promover
o desenvolvimento industrial e reduzir as desigualdades sociais (Brue; Grant, 2016).
Figura 2 | Raúl Prebisch. Fonte: Wikimedia Commons. 
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Além de Raúl Prebisch, outros economistas latino-americanos in�uentes contribuíram
signi�cativamente para o pensamento econômico da região e tiveram papel importante na
história da CEPAL. No Brasil, por exemplo, destacam-se nomes como Celso Furtado, Ignácio
Rangel e Maria da Conceição Tavares, que também defenderam uma abordagem crítica ao
desenvolvimento econômico e formularam propostas inovadoras para superar os desa�os
enfrentados pelos países latino-americanos.
Como um dos fundadores da CEPAL e um dos principais expoentes do pensamento estruturalista
na região, Celso Furtado in�uenciou signi�cativamente o desenvolvimento de políticas
econômicas voltadas para o crescimento e a equidade social. Sua abordagem enfatizava a
necessidade de políticas públicas ativas e intervenções estatais para promover o
desenvolvimento econômico, com ênfase na industrialização, diversi�cação produtiva e
redistribuição de renda (Oliveira; Gennari, 2019).
Além disso, suas ideias ajudaram a estabelecer a CEPAL como um centro de re�exão crítica
sobre o modelo de desenvolvimento latino-americano, oferecendo alternativas aos paradigmas
predominantes. A contribuição de Celso Furtado para a CEPAL e para a formulação de políticas
econômicas na região foi fundamental para moldar o debate e in�uenciar as trajetórias de
desenvolvimento econômico na América Latina (Oliveira; Gennari, 2019).
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 3 | Celso Furtado. Fonte: Wikimedia Commons. 
Ignácio Rangel, por sua vez, desenvolveu uma abordagem original para a análise da economia
brasileira, destacando a importância do Estado como promotor do desenvolvimento e propondo
políticas de intervenção estatal para corrigir distorções e promover o crescimento econômico.
Maria da Conceição Tavares, uma das principais discípulas de Celso Furtado, dedicou-se ao
estudo das relações entre o desenvolvimento econômico e a distribuição de renda, defendendo
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
políticas de inclusão social e de combate à concentração de riqueza como elementos
fundamentais para o crescimento sustentável e a estabilidade econômica.
Siga em Frente...
Muito bem, compreendida a in�uência desses autores sobre a CEPAL, como essas interpretaçõesse manifestaram nos países latino-americanos?
Ao se analisar de forma simpli�cada o período colonial, destacando as dinâmicas políticas e
econômicas da época, reitera-se o papel da colonização na América como o cerne dos desa�os
que surgiriam posteriormente nessas regiões. Sob essa ótica, o processo colonial foi
amplamente impulsionado pelo mercantilismo, caracterizado por fases de expansão e outras de
recessão na economia das nações americanas, e não promoveu a diversi�cação nem estimulou
a criação de bases econômicas autossustentáveis (Boechat; Moraes; Leite, 2018).
A partir do século XIX, houve uma mudança signi�cativa na dinâmica econômica dos países do
continente americano. Enquanto os Estados Unidos embarcaram no processo de
industrialização, outros países seguiram caminhos distintos, alguns retardando ou até mesmo
não aderindo a esse processo. A industrialização, que se tornou a principal atividade econômica
em muitos países, como o Brasil, só começou a se destacar após 1930, principalmente por meio
do Processo de Substituição de Importações (PSI) (Boechat; Moraes; Leite, 2018).
A política de substituição de importação (PSI) é uma das políticas industriais mais conhecidas,
principalmente na América Latina. Esse modelo de crescimento consiste na produção interna de
um bem antes importado. É um processo que promove o aumento da produção interna de uma
nação e a redução das suas importações (principalmente manufaturas) (Souza, 2009).
Na PSI, setores industriais são desenvolvidos especi�camente para o atendimento do mercado
interno, sem preocupação com exportação, e são protegidos da concorrência internacional
através de medidas típicas de proteção da indústria nacional. As importações são reduzidas por
meio de quotas, licenciamentos, elevação de tarifas e proibições, assim como através da política
cambial. 
Segundo Souza (2009), a PSI apresenta-se como um instrumento para promover o crescimento e
a aquisição tecnológica. Contudo, a longo prazo, atingindo maior base industrial e diversi�cação,
a própria economia produz posteriormente especialização e vantagens comparativas,
proporcionando aumento da base exportadora. No longo prazo, cada setor poderá produzir para
exportação, com liberalização gradativa das importações. Isso deve ocorrer com a maturidade
da indústria.  
Ainda de acordo com Souza (2009), a PSI é importante nos estágios iniciais do processo de
industrialização. As formas mais comuns de instaurar essa política são por meio das seguintes
ações:
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Aumento das tarifas alfandegárias para produtos concorrentes.
Estabelecimento de quotas máximas ou proibições de importar determinado produto.
Desvalorização cambial, que encarece as importações.
Limitações do investimento estrangeiro em setores especí�cos.
De 1960 ao �nal de 1970, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL)
acreditava que o desenvolvimento dos países subdesenvolvidos e emergentes, se daria pela
prática da PSI. Essa política visa a acumulação de capitais internos, que levam a um processo de
crescimento e desenvolvimento autossustentável.
Nesse contexto, a PSI foi elaborada e executada em vários países da América Latina (inclusive o
Brasil) e da África. As nações que implementaram essa política de industrialização vislumbraram
a evolução tecnológica e social, pois os condutores de política econômica apostavam que o
Estado também deveria investir em infraestrutura, saneamento básico, educação, saúde,
segurança, transporte, etc.
Uma das críticas ao modelo de substituição de importações refere-se ao fato de que a proteção à
indústria nacional gera ine�ciências no sistema econômico ao se viabilizar projetos com altos
custos e baixas taxas de retorno. 
O pensamento econômico brasileiro 
Corrente neoliberal
Os economistas neoliberais, encabeçados por Eugênio Gudin (1886-1986), consideravam
fundamental o combate à in�ação, o estímulo às exportações, maior liberdade ao capital
internacional e mínima presença do Estado na condução da economia. Essa corrente tinha como
objetivo o crescimento equilibrado das contas públicas e apoiava-se no livre mercado.
No entanto, os neoliberais apoiavam o planejamento, mas o Estado liberal tem como função
“estabelecer as regras jogo, mas não jogar”. O Estado poderia intervir na economia para corrigir
falhas de mercado, principalmente em período de crise. As principais variáveis para a promoção
do crescimento econômico são:
Atração do capital estrangeiro.
 Formação do mercado de capitais.
Assistência técnica e concessão de crédito seletivo para a agricultura.
Educação geral e pro�ssionalizante.
Incentivos ao aumento da produtividade.
Promoção das exportações.
Para os neoliberais, o governo precisaria preservar a estabilidade monetária e cambial, deixando
ao mercado a tarefa de assegurar a máxima e�ciência do sistema. 
Corrente desenvolvimentista
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
O pensamento desenvolvimentista compreende a corrente ligada ao setor privado e a linha
vinculada ao setor público. Para essa escola, a transformação da economia brasileira seria
impossível sem industrialização, planejamento econômico e ampla participação do Estado no
processo produtivo (Souza, 2009).
Na corrente desenvolvimentista ligada ao setor privado, destaca-se Roberto Simonsen (1889-
1948), fundador do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da
Indústria (Sesi). Simonsen defendeu a criação de indústrias de base, como a siderurgia e a
química. Defendia a implantação de um capitalismo moderno no Brasil, com decisivo apoio do
governo, por meio de políticas protecionistas e planejamento econômico.
Os desenvolvimentistas ligados ao setor privado defendiam a política de substituição de
importação, transformação de matérias-primas no próprio país, ampliação da capacidade
portuária e abertura de rodovias para induzir investimentos industriais (Souza, 2009).
Os defensores dessa corrente propunham:
Preservação do mercado interno para o setor privado nacional.
Controle de salários.
Tributação mínima dos lucros.
Crédito barato e acessível para a indústria.
A corrente nacionalista desenvolvimentista ligada ao setor público teve como principal expoente
Celso Furtado. Ele defendia a participação de empresas estatais para estimular a
industrialização e o desenvolvimento de projetos prioritários, como mineração, extração de
petróleo, energia, transportes, telecomunicações e indústrias básicas.
Os defensores dessa corrente apoiavam a industrialização por substituição de importação, a
ampla participação do Estado na correção de desequilíbrios estatais e na eliminação dos pontos
de estrangulamento do crescimento. Celso Furtado considerava fundamental a participação do
Estado na economia por meio das seguintes ações:
Atuando diretamente no setor produtivo, por meio de empresas estatais.
Planejando a distribuição regional e setorial dos investimentos.
Subordinando a política monetária ao desenvolvimento.
Promovendo uma distribuição de renda mais equitativa para dinamizar o setor de mercado
interno.
Controlando o a�uxo de capital estrangeiro, para evitar aumento do endividamento externo.
No século XXI discute-se, nos meios acadêmicos, um novo debate entre diferentes estratégias de
desenvolvimento para o Brasil. Entre as décadas de 1930 a 1980, a política nacional brasileira
teve caráter intervencionista do Estado, com características e proporções distintas. Pode-se
destacar os governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck e o Regime Militar.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Porém, ao �nal do século XX, principalmente após o Plano Real, a política econômica foi marcada
pelo afastamento do Estado dos objetivos do crescimento e do desenvolvimento econômico em
uma política neoliberal, conforme as orientações do Consenso de Washington. A presença mais
destacada do Estado (desenvolvimentista) na dinâmica da economia a partir de 2003, contribuiu
para uma taxa média de crescimento econômico mais elevada e para a melhora nos indicadoresde distribuição de renda.
Nos anos 2000, o pensamento econômico adotado pelo governo brasileiro é o social-
desenvolvimentista, porém a discussão sobre o neoliberalismo ganha cada vez mais destaque,
principalmente a partir de 2014.
Vamos Exercitar?
Estudante, chegamos ao término da aula! Espero que tenha gostado!
Para �nalizar, vamos retomar brevemente a problematização do início da aula. Lembra do
professor Joaquim? Pois bem, após a aplicação de uma atividade, um grupo de alunos a�rmou
de forma equivocada que o pensamento econômico predominante no Brasil no século XX foi o
neoliberalismo, baseando-se na crença de que o Estado raramente intervém na economia. Esse
grupo discordou da nota baixa na atividade e foi argumentar com o professor, que explicou
pacientemente os pontos que deveriam ser abordados no texto. Quais argumentos poderiam ser
utilizados para convencer os alunos do equívoco cometido?
O professor Joaquim poderia utilizar uma série de argumentos para corrigir o equívoco dos
alunos e explicar por que o neoliberalismo não foi o pensamento econômico predominante no
Brasil no século XX. Aqui estão alguns pontos que ele poderia abordar: 
1. Desenvolvimentismo e CEPAL: o Brasil, assim como muitos países da América Latina,
adotou uma abordagem desenvolvimentista para sua economia durante boa parte do
século XX. O desenvolvimentismo preconiza uma intervenção ativa do Estado na economia
para promover o desenvolvimento industrial e econômico. Essa abordagem foi in�uenciada
pelas ideias da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), que propôs
políticas de industrialização e substituição de importações como formas de promover o
crescimento econômico.
2. Substituição de importações: um dos pilares do desenvolvimentismo foi o processo de
substituição de importações. Isso envolvia a criação de indústrias nacionais para produzir
bens que antes eram importados. O Estado desempenhava um papel central nesse
processo, através de políticas de proteção à indústria nacional, como tarifas de importação
e subsídios.
3. Intervenção estatal: ao contrário do que os alunos a�rmaram, o Estado brasileiro teve uma
presença signi�cativa na economia ao longo do século XX. Além das políticas de
substituição de importações, o Estado também estava envolvido em setores-chave da
economia, como energia, transporte e comunicações, através de empresas estatais.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
4. Críticas ao neoliberalismo: o neoliberalismo, ao contrário do desenvolvimentismo,
preconiza a minimização da intervenção do Estado na economia em favor do livre mercado.
Essa abordagem ganhou mais destaque no Brasil a partir dos anos 1990, com políticas de
privatização, desregulamentação e liberalização econômica. No entanto, é importante
ressaltar que o neoliberalismo não foi predominante ao longo do século XX e que as
políticas desenvolvimentistas tiveram um papel central na formação econômica do país.
Portanto, o professor Joaquim poderia argumentar que, apesar de as políticas neoliberais terem
ganhado mais destaque em determinados períodos, como nos anos 1990, o pensamento
econômico predominante no Brasil ao longo do século XX foi o desenvolvimentismo, in�uenciado
pela CEPAL e caracterizado pela intervenção estatal na economia e pelo processo de
substituição de importações. 
Saiba mais
Vamos conhecer um pouco mais sobre o que aprendemos? É importante que você tenha outras
fontes de pesquisa para ser capaz de pensar de forma crítica o conteúdo abordado nesta aula.
Para conhecer mais sobre a evolução da economia política brasileira, leia os capítulos 22, 23, 24
e 25 do livro: História do pensamento econômico. Nesses capítulos você vai conhecer as
diferentes linhas de pensamento econômico no Brasil, in�uenciadas pelo desenvolvimentismo,
pelo neoliberalismo, pelo marxismo e pela heterodoxia.
OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2019. E-book..
Assista ao vídeo: Economia e política no século XX disponível no portal da Câmara dos
Deputados. Este vídeo aborda a industrialização como estratégia de substituição de exportações
no governo Vargas, o Plano de Metas de JK, o “milagre econômico” do regime militar e os planos
de estabilização da in�ação. Economistas polemizam sobre as consequências do �nanciamento
do desenvolvimento com a poupança externa, a situação que levou à formulação do Plano
Cruzado e a implantação do Plano Real (sinopse fornecida pelo canal).
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/tv/materias/HISTORIAS-DO-
PODER/172261-5-EPISODIO-A-ECONOMIA-E-A-POLITICA.html. Acesso em: 23 abr. 2024.
Referências
BOECHAT, A. M. F.; MORAES, L. E.; LEITE, L. B. R. História do pensamento político e econômico.
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016.
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440166/
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/tv/materias/HISTORIAS-DO-PODER/172261-5-EPISODIO-A-ECONOMIA-E-A-POLITICA.html
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
CEPAL. Estados Membros. Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, 2024.
Disponível em: https://www.cepal.org/pt-br/sobre/estados-membros. Acesso em: 23 abr. 2024.
OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2019.
SOUZA, N. J. Desenvolvimento econômico. 5. ed. 4º reimpr. São Paulo: Atlas, 2009.
Aula 5
Encerramento da Unidade
Economia política contemporânea
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Olá, estudante!
Nesta videoaula você verá um resumo da unidade quatro do estudo: Economia Política
Contemporânea.
Esse conteúdo é fundamental para você compreender e analisar a relevância da escola
keynesiana na economia política, bem como a crítica dessa escola formulada pelos neoliberais.
Por �m, poderá compreender a in�uência da Comissão Econômica para a América Latina e o
Caribe (CEPAL) na economia brasileira.
Prepare-se para essa jornada de conhecimento! Vamos lá!
Ponto de Chegada
Olá, estudante!
Para desenvolver a competência desta unidade que é compreender o pensamento econômico do
século XX, mais exatamente entre os anos 1930 e 2000, incluindo a realidade e os impactos
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
político-econômicos em nosso país, você deverá primeiramente conhecer as bases da escola
keynesiana.
Na aula sobre as contribuições de John Maynard Keynes, você desenvolve a habilidade de
compreender o contexto histórico no qual Keynes desenvolveu suas teorias, assim como as
in�uências que moldaram seu pensamento econômico. Isso inclui a compreensão das condições
econômicas da época, como a Grande Depressão dos anos 1930, que serviu de cenário para a
formulação de suas ideias revolucionárias. Além disso, você será capaz de analisar o impacto
das teorias keynesianas nas políticas econômicas implementadas em diferentes países e em
diferentes momentos históricos, destacando sua relevância e aplicabilidade em contextos
diversos.
Avançando para os tópicos sobre a estrutura da economia keynesiana, você compreende a base
teórica fundamental desse modelo, tais como a relação entre a propensão marginal a consumir e
a poupar. Ao estudar a e�ciência marginal do capital, você compreende como as decisões de
investimentos dos empresários impacta a produção e o emprego. Além disso, você entende
sobre a importância da demanda efetiva e da intervenção do estado na regulação da atividade
econômica, especialmente durante períodos de recessão ou desemprego. Ao explorar os
conceitos de política �scal e monetária, você aprende como o governo pode utilizar instrumentos
como gastos públicos, impostos e taxasde juros para estimular a demanda agregada e promover
o pleno emprego.
Ao estudar o neoliberalismo, você consegue identi�car e avaliar a importância de Milton
Friedman e Friedrich Hayek como duas �guras proeminentes nessa corrente de pensamento
econômico. Além disso, você é capaz de compreender como o neoliberalismo foi empregado em
diversas partes do mundo a partir da década de 1970 como resposta à crise econômica e ao
esgotamento do modelo keynesiano.
Através do estudo do legado de Friedman e Hayek, você entende como suas ideias in�uenciaram
políticas econômicas em países como os Estados Unidos, Reino Unido, Chile e Brasil, incluindo a
ênfase na desregulamentação dos mercados, a privatização de empresas estatais, a redução do
papel do Estado na economia e a promoção da liberalização comercial e �nanceira.
Por �m, no conteúdo sobre a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL),
você desenvolve a habilidade de avaliar a in�uência das teorias desenvolvidas por essa
instituição sobre as políticas econômicas adotadas pelos países da região. Ao compreender os
princípios do pensamento cepalino, como a promoção da industrialização, a busca pela equidade
social e a preocupação com a dependência econômica, você é capaz de analisar criticamente os
impactos dessas políticas na dinâmica econômica e social dos países latino-americanos e
caribenhos, especialmente no Brasil.
É Hora de Praticar!
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
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Imagine uma cidade �ctícia chamada Prosperidade, que enfrenta uma crise econômica
signi�cativa. Nos últimos anos, a indústria local enfrentou uma queda na demanda por seus
produtos devido à concorrência estrangeira e à desaceleração econômica global. Como
resultado, várias fábricas foram fechadas, deixando milhares de trabalhadores desempregados.
Com o aumento do desemprego, houve uma redução na renda disponível das famílias, levando a
uma diminuição no consumo e, por sua vez, a uma diminuição na demanda agregada na cidade.
O prefeito de Prosperidade está preocupado com o bem-estar dos cidadãos e deseja
implementar medidas para reverter a situação econômica desfavorável. Ele acredita que as
ideias keynesianas podem oferecer uma solução viável para impulsionar a economia local. O
prefeito está particularmente interessado em explorar a teoria da demanda efetiva de Keynes e a
possibilidade de utilizar políticas �scais para estimular a demanda agregada e,
consequentemente, gerar empregos e aumentar a renda na cidade.
Como consultor econômico do prefeito de Prosperidade, você é encarregado de desenvolver um
plano abrangente para revitalizar a economia local. Considerando os princípios da teoria
keynesiana, bem como as políticas �scais disponíveis, proponha estratégias especí�cas que o
governo municipal pode adotar para aumentar a demanda efetiva e estimular o crescimento
econômico. Além disso, leve em consideração os possíveis desa�os e limitações que podem
surgir ao implementar essas políticas. Sua proposta deve abordar questões como gastos
públicos, redução de impostos e investimentos em infraestrutura, com o objetivo �nal de criar um
ambiente econômico mais próspero e sustentável para os cidadãos de Prosperidade.
Quais foram as principais in�uências e eventos históricos que moldaram o pensamento
econômico de John Maynard Keynes e levaram à formulação de suas ideias revolucionárias
durante a Grande Depressão dos anos 1930?
Como a intervenção do Estado na economia, conforme proposto pela escola Keynesiana, difere
das ideias defendidas pelo neoliberalismo, representado por �guras como Milton Friedman e
Friedrich Hayek?
Como os princípios do pensamento cepalino, como a promoção da industrialização e a busca
pela equidade social, se re�etiram nas políticas adotadas, especialmente no Brasil?
Estudante, a competência dessa unidade é compreender o pensamento econômico do século XX,
mais exatamente entre os anos 1930 e 2000, incluindo a realidade e os impactos político-
econômicos em nosso país. Umas das teorias mais importantes no século XX foi a teoria
keynesiana. Essa teoria é amplamente empregada em atuações do estado na atividade
econômica. Para contextualizar vamos retomar ao estudo de caso no qual o prefeito de
Prosperidade está preocupado com o bem-estar dos cidadãos e deseja implementar medidas
para reverter a situação econômica desfavorável. Ele acredita que as ideias keynesianas podem
oferecer uma solução viável para impulsionar a economia local.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Como consultor econômico do prefeito de Prosperidade, você é encarregado de desenvolver um
plano abrangente para revitalizar a economia local. Logo, nesse plano econômico com viés
keynesiano, você poderá propor:
1. Aumento dos gastos públicos em infraestrutura: recomenda-se ao governo municipal que
aumente os investimentos em projetos de infraestrutura, como a construção e manutenção
de estradas, pontes, escolas e hospitais. Esses investimentos não apenas estimulam a
demanda agregada no curto prazo, por meio da criação de empregos na construção civil,
mas também aumentam a produtividade e a capacidade produtiva da cidade no longo
prazo.
2. Programas de subsídios para empresas locais: propõe-se a implementação de programas
de subsídios e incentivos �scais para empresas locais que estejam dispostas a expandir
suas operações ou contratar mais trabalhadores. Isso pode incluir a redução de impostos
sobre as empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento, bem como subsídios
para treinamento de mão de obra e modernização de equipamentos.
3. Redução de impostos para consumidores de baixa renda: sugere-se uma redução
temporária nos impostos sobre bens de consumo básico para os consumidores de baixa
renda. Isso pode estimular o consumo desses grupos demográ�cos, aumentando a
demanda por produtos e serviços locais e, por sua vez, incentivando as empresas a
aumentarem a produção e contratarem mais trabalhadores.
4. Parcerias público-privadas para investimentos em energias renováveis: recomenda-se ao
governo municipal estabelecer parcerias público-privadas para investir em projetos de
energias renováveis, como parques eólicos ou solares. Além de contribuir para a redução
das emissões de carbono, esses projetos podem criar empregos na instalação,
manutenção e operação das infraestruturas de energia limpa.
5. Estímulo ao setor de serviços e turismo: incentiva-se o desenvolvimento de políticas para
promover o turismo e o setor de serviços na cidade. Isso pode incluir campanhas de
marketing para atrair turistas, investimentos em atrações culturais e eventos locais, bem
como a melhoria da infraestrutura turística, como hotéis e restaurantes. O aumento do
turismo pode impulsionar a demanda por serviços locais e criar oportunidades de emprego
em áreas como hospitalidade e entretenimento. 
Essas propostas visam utilizar os princípios da teoria keynesiana, especialmente em relação à
demanda efetiva e à política �scal, para revitalizar a economia de Prosperidade, estimulando o
crescimento econômico e a criação de empregos na cidade. Cada uma dessas medidas pode ser
adaptada e implementada de acordo com as necessidades especí�cas e os recursos disponíveis
do município.
Veja neste mapa mental os tópicos estudados nesta unidade.
Disciplina
ECONOMIA POLÍTICA
Figura 1 | Economia política contemporânea
BOECHAT, A. M. F.; MORAES, L. E.; LEITE, L. B. R. História do pensamento político e econômico.
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.
BRUE, S. L.; GRANT, R. R. História do pensamento econômico. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2016.
OLIVEIRA, R. de; GENNARI, A. M. História do pensamento econômico. 2. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2019.
SOUZA, N. J. Desenvolvimento econômico. 5. ed. 4ª reimpr. São Paulo: Atlas, 2009.

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