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Av. Paulista, 901, 3º andar Bela Vista – São Paulo – SP – CEP: 01311-100
 
SAC sac.sets@saraivaeducacao.com.br
Direção executiva Flávia Alves Bravin
Direção editorial Renata Pascual Müller
Gerência de projetos e produção editorial Fernando Penteado
Planejamento Josiane de Araujo Rodrigues
Novos projetos Sérgio Lopes de Carvalho
Dalila Costa de Oliveira
Edição Isabella Sánchez de Souza (coord.)
Liana Ganiko Brito
Produção editorial Daniele Debora de Souza (coord.)
Verônica Pivisan Reis
Arte e digital Mônica Landi (coord.)
Camilla Felix Cianelli Chaves
Claudirene de Moura Santos Silva
Deborah Mattos
Guilherme H. M. Salvador
Tiago Dela Rosa
Projetos e serviços editoriais Daniela Maria Chaves Carvalho
mailto:sac.sets@saraivaeducacao.com.br
Kelli Priscila Pinto
Laura Paraíso Buldrini Filogônio
Marília Cordeiro
Nicoly Wasconcelos Razuk
Diagramação Fabricando Ideias Design Editorial
Revisão C&C Criações e Textos Ltda.
Capa Aero Comunicação/Danilo Zanott
Produção do E-pub Guilherme Henrique Martins Salvador
ISBN 9786555595086
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
ANGÉLICA ILACQUA CRB-8/7057
C582
Civil / Bárbara Pavan ... [et al.]. – São Paulo: Saraiva Educação (Coleção Prática Jurídica),
2021.
1. Direito. 2. Direito Civil. I. Pavan, Bárbara. II. Leão, Leandro. III. Bunazar, Maurício. IV.
Rosio, Roberto. V. Título. VI. Série.
 
2021-527
CDD 347
CDU 347
Índices para catálogo sistemático:
1. Direito civil 347 
2. Direito civil 347
 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia
autorização da Saraiva Educação. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei n.
9.610/98 e punido pelo art. 184 do Código Penal.
Data de fechamento da edição: 5-5-2021
Sumário
PRIMEIRA PARTE - TEORIA E MODELOS
1. INTRODUÇÃO
2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
 
2.1. Honorários contratuais
2.2. Honorários de sucumbência
2.3. Modelo de contrato de honorários
3. PROCURAÇÃO
 
3.1. MODELO DE PROCURAÇÃO
4. PARTES, PROCURADORES, CAPACIDADE,
LITISCONSÓRCIO E SUCESSÃO
 
4.1. Sujeitos do processo
4.2. Partes e procuradores
 
I. Capacidades das partes
II. Procuradores
4.3. MODELO DE PETIÇÃO DE JUNTADA
DE PROCURAÇÃO
 
III. Deveres das partes e procuradores
IV. Responsabilidade das partes por
dano processual
4.4. MODELO DE PETIÇÃO DE
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
4.5. Sucessão das partes e procuradores
4.6. Juiz e auxiliares
 
I. Atribuições dos magistrados
II. Impedimento e suspeição
4.7. MODELO DE PETIÇÃO DE
IMPEDIMENTO
4.8. MODELO DE PETIÇÃO DE
SUSPEIÇÃO
4.9. Litisconsórcio
 
I. Limitação do litisconsórcio (ou
litisconsórcio multitudinário)
4.10. MODELO DE PETIÇÃO PARA
LIMITAÇÃO DE LITISCONSÓRCIO
5. COMPETÊNCIA
6. TUTELAS PROVISÓRIAS
 
6.1. Introdução
6.2. Liminares Específicas
6.3. Tutelas Provisórias de Urgência –
Antecipada ou Cautelar
6.4. Tutela Antecipada
6.5. MODELO De TUTELA ANTECIPADA
ANTECEDENTE
6.6. Aditamento da Tutela Antecipada
Antecedente
6.7. MODELO DE ADITAMENTO
6.8. Tutela Cautelar Antecedente
6.9. MODELO DE TUTELA CAUTELAR
ANTECEDENTE
7. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
 
7.1. ASSISTÊNCIA
 
7.1.1. Modelo de petição de
assistência
7.2. DENUNCIAÇÃO DA LIDE
7.3. CHAMAMENTO AO PROCESSO
7.4. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO
DA PERSONALIDADE JURÍDICA
 
7.4.1. Modelo de incidente de
desconsideração da personalidade
jurídica
7.5. AMICUS CURIAE
8. PROCEDIMENTO COMUM
 
8.1. PETIÇÃO INICIAL
 
I. Dicas de identificação da peça
II. Requisitos (arts. 319, 320 e 77, V,
do CPC)
8.2. MODELO DE PETIÇÃO INICIAL
8.3. EMENDA À INICIAL
8.4. MODELO DE EMENDA À INICIAL
8.5. DEFESAS DO RÉU
 
8.5.1. Contestação
8.5.2. Reconvenção
8.6. MODELO De CONTESTAÇÃO
8.7. MODELO DE CONTESTAÇÃO COM
RECONVENÇÃO
8.8. MODELO DE RECONVENÇÃO
AUTÔNOMA
8.9. MEMORIAIS
8.10. MODELO DE MEMORIAIS
9. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
 
9.1. Introdução
9.2. AÇÕES POSSESSÓRIAS
 
I. Introdução
II. Modalidades de Possessórias
III. Aspectos Gerais da Ações
Possessórias
IV. Procedimentos das Possessórias
(art. 558 do CPC)
9.3. MODELO DE REINTEGRAÇÃO DE
POSSE
9.4. MODELO DE INTERDITO
PROIBITÓRIO
9.5. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM
PAGAMENTO
9.6. MODELO DE AÇÃO DE
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
9.7. AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
 
I. Legitimidade
9.8. MODELO DE AÇÃO DE EXIGIR
CONTAS
9.9. EMBARGOS DE TERCEIRO
9.10. MODELO DOS EMBARGOS DE
TERCEIRO
9.11. AÇÃO DE DIVISÃO E
DEMARCAÇÃO DE TERRAS
9.12. MODELO DE AÇÃO DE
DEMARCAÇÃO de terras
9.13. MODELO DE AÇÃO DE DIVISÃO de
terras
9.14. AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL
DE SOCIEDADE
9.15. MODELO DE AÇÃO DE
DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE
9.16. INVENTÁRIO E PARTILHA
9.17. MODELO DE REQUERIMENTO DE
INVENTÁRIO (ARROLAMENTO
COMUM)
9.18. MODELO DE AÇÃO DE
INVENTÁRIO (ARROLAMENTO
SUMÁRIO)
9.19. OPOSIÇÃO
9.20. MODELO DE OPOSIÇÃO
9.21. HABILITAÇÃO
9.22. MODELO DE HABILITAÇÃO
9.23. AÇÃO DE ALIMENTOS
9.24. MODELO DE AÇÃO DE ALIMENTOS
9.25. ALIMENTOS GRAVÍDICOS
9.26. MODELO DE AÇÃO DE ALIMENTOS
GRAVÍDICOS
9.27. JUSTIFICATIVA EM AÇÃO DE
ALIMENTOS
9.28. MODELO DE JUSTIFICATIVA em
AÇÃO DE ALIMENTOS
9.29. GUARDA
9.30. MODELO DE AÇÃO DE GUARDA
9.31. SEPARAÇÃO E DIVÓRCIO
 
9.31.1. Separação
9.31.2. Divórcio
 
9.31.2.1. Divórcio extrajudicial
9.31.2.2. Divórcio judicial
9.32. Procedimento das ações de separação e
divórcio
9.33. MODELO DE AÇÃO DE DIVÓRCIO
CONSENSUAL
9.34. RECONHECIMENTO E
DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL
9.35. MODELO DE RECONHECIMENTO E
DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL
9.36. PEDIDO DE ADOÇÃO
9.37. MODELO DE PEDIDO DE ADOÇÃO
9.38. AÇÃO MONITÓRIA
9.39. MODELO DE AÇÃO MONITÓRIA
9.40. HOMOLOGAÇÃO De PENHOR
LEGAL
9.41. MODELO DE AÇÃO DE
HOMOLOgAÇãO DE PENHOR LEGAL
9.42. REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA
9.43. RESTAURAÇÃO DE AUTOS
9.44. MODELO DE RESTAURAÇÃO DE
AUTOS
9.45. ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS
9.46. MODELO DE ALTERAÇÃO DE
REGIME DE BENS
10. AÇÕES LOCATÍCIAS
 
10.1. AÇÃO DE DESPEJO
10.2. MODELO DE AÇÃO DE DESPEJO
10.3. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO DE
ALUGUEL
10.4. MODELO DE ação de
CONSIGNAÇÃO DE ALUGUEL
10.5. AÇÃO REVISIONAL DE ALUGUEL
10.6. MODELO DE AÇÃO REVISIONAL
DE ALUGUEL
10.7. AÇÃO RENOVATÓRIA
10.8. MODELO DE AÇÃO RENOVATÓRIA
10.9. BUSCA E APREENSÃO
10.10. MODELO DE BUSCA E
APREENSÃO
11. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E
PROCESSO DE EXECUÇÃO
 
11.1. MODELO De CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA DE PAGAMENTO DE
QUANTIA CERTA
11.2. MODELO De CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER
OU NÃO FAZER
11.3. MODELO De CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA DE OBRIGAÇÃO DE
ENTREGA DE COISA
11.4. MODELO De CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA de AÇÃO DE ALIMENTOS
11.5. MODELO De CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA CONTRA A FAZENDA
PÚBLICA
11.6. MODELO De AÇÃO DE EXECUÇÃO
POR QUANTIA CERTA
11.7. MODELO De AÇÃO DE EXECUÇÃO
PARA ENTREGA DE COISA CERTA
11.8. MODELO De AÇÃO DE EXECUÇÃO
PARA ENTREGA DE COISA INCERTA
11.9. MODELO De AÇÃO DE EXECUÇÃO
DE OBRIGAÇÃO DE FAZER
11.10. MODELO De AÇÃO DE EXECUÇÃO
DE ALIMENTOS
11.11. RESISTÊNCIAS DO EXECUTADO
CONTRA O PROCESSO DE EXECUÇÃO
11.12. MODELO De EMBARGOS À
EXECUÇÃO
11.13. MODELO DE IMPUGNAÇÃO AO
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
11.14. JUSTIFICAÇÃO EM AÇÃO DE
ALIMENTOS
11.15. MODELO DE JUSTIFICAÇÃO EM
AÇÃO DE ALIMENTOS
11.16. EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE
11.17. MODELO DE EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE PARA SER
APRESENTADA CONTRA AÇÃO DE
EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL OU
EXTRAJUDICIAL91
11.18. MODELO DE LIQUIDAÇÃO POR
ARBITRAMENTO
11.19. MODELO DE LIQUIDAÇÃO PELO
RITO COMUM
12. PROCESSOS NOS TRIBUNAIS
 
12.1. MODELO DE HOMOLOGAÇÃO DE
SENTENÇA ESTRANGEIRA
12.2. MODELO DE AÇÃO RESCISÓRIA
12.3. MODELO DE RECLAMAÇÃO
CONSTITUCIONAL
13. RECURSOS
 
13.1. Teoria Geral
 
1. Pressupostos recursais
 
1.1. Cabimento recursal
1.2. Legitimidade
1.3. Interesse
1.4. Tempestividade
1.5. Contagem de prazo
1.6. Preparo
1.7. Forma do recurso
2. Efeitos do recurso
3. Honorários recursais
13.2. APELAÇÃO
13.3. MODELO DE APELAÇÃO
13.4. AGRAVO DE INSTRUMENTO
13.5. MODELO DE AGRAVO DE
INSTRUMENTO
13.6. AGRAVO INTERNO
13.7. MODELO DE AGRAVOINTERNO
13.8. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
13.9. MODELO DOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO
13.10. RECURSO ORDINÁRIO
CONSTITUCIONAL
13.11. MODELO DE RECURSO
ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
13.12. RECURSO ESPECIAL E
EXTRAORDINÁRIO
13.13. MODELO DE RECURSO ESPECIAL
13.14. MODELO DE RECURSO
EXTRAORDINÁRIO
13.15. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL
E EXTRAORDINÁRIO
13.16. MODELO De AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL
13.17. MODELO De AGRAVO EM
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
13.18. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA
13.19. MODELO DE EMBARGOS DE
DIVERGÊNCIA
13.20. RECURSO ADESIVO
13.21. MODELO DE RECURSO ADESIVO
14. AÇÕES ESPECIAIS
 
14.1. Ação Civil Pública
14.2. MODELO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA
14.3. AÇÃO DE USUCAPIÃO
14.4. MODELO DE AÇÃO DE USUCAPIÃO
EXTRAORDINÁRIA
14.5. AÇÃO PAULIANA
14.6. MODELO DA AÇÃO PAULIANA
14.7. AÇÃO POPULAR
14.8. MODELO DE AÇÃO POPULAR
14.9. AÇÃO QUANTI MINORIS
14.10. MODELO DE AÇÃO QUANTI
MINORIS
14.11. AÇÃO REDIBITÓRIA
14.12. MODELO DA AÇÃO REDIBITÓRIA
14.13. DIREITO DE RESPOSTA AO
OFENDIDO OU RETIFICAÇÃO
14.14. MODELO DE DIREITO DE
RESPOSTA AO OFENDIDO OU retificação
14.15. INVESTIGAÇÃO DE
PATERNIDADE
14.16. MODELO DE AÇÃO DE
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE
CUMULADA COM ALIMENTOS
14.17. MANDADO DE SEGURANÇA
14.18. MODELO DE MANDADO DE
SEGURANÇA
14.19. MANDADO DE INJUNÇÃO
14.20. MODELO DE MANDADO DE
INJUNÇÃO
14.21. PETIÇÃO DE HERANÇA
14.22. MODELO DE AÇÃO DE PETIÇÃO
DE HERANÇA
14.23. RECURSO INOMINADO JEC
14.24. MODELO DE RECURSO
INOMINADO
14.25. RÉPLICA
14.26. MODELO DE RÉPLICA
14.27. PEDIDO DE ESCLARECIMENTOS
DA DECISÃO SANEADORA
14.28. MODELO DO PEDIDO DE
ESCLARECIMENTOS DA DECISÃO
SANEADORA
14.29. IMPUGNAÇÃO À JUSTIÇA
GRATUITA
14.30. MODELO DE IMPUGNAÇÃO À
JUSTIÇA GRATUITA POR SIMPLES
PETIÇÃO
14.31. PRECEDENTES
 
1. Introdução
2. Incidente de assunção de
competência
3. Incidente de resolução de demandas
repetitivas
14.32. MODELO DE REQUERIMENTO DE
INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE
COMPETÊNCIA
14.33. MODELO DE REQUERIMENTO DE
INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE
DEMANDAS REPETITIVAS
SEGUNDA PARTE - PEÇAS PRÁTICAS E
QUESTÕES DISCURSIVAS
1. PEÇAS PRÁTICAS E QUESTÕES
DISCURSIVAS DAS PROVAS DO EXAME DA
OAB
2. RESOLUÇÃO DAS PEÇAS PRÁTICAS E
QUESTÕES DISCURSIVAS
REFERÊNCIAS
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PRIMEIRA PARTE
TEORIA E MODELOS
1
INTRODUÇÃO
O estudo do direito civil se volta para uma infinidade de
questões presentes no cotidiano de todo e qualquer
indivíduo. Como bem lembrado por Pontes de Miranda, “o
direito serve à vida: é regramento da vida. É criado por ela
e, de certo modo, a cria”1.
Entretanto, ainda que próximo à realidade das pessoas, a
sua aplicação carece de estudo teórico que possibilite a sua
efetividade, tanto judicial quanto extrajudicialmente.
Sendo, por natureza, o direito uma ciência social
aplicada, a prática não pode ser dissociada da teoria. Desta
sorte, as obras de prática civil são um instrumento valioso
no auxílio do estudante, e também do profissional de
direito.
Apesar da diversidade dos temas e da extensão das
matérias relacionadas ao direito civil e ao direito processual
civil, temos na presente obra ferramentas que serão capazes
de auxiliar estudantes de direito de todos os níveis, a
compreenderem os principais temas tratados no exame da
OAB e concursos públicos.
Além de explicações claras e objetivas, o livro traz
modelos atuais de instrumentos necessários ao cotidiano do
advogado, que vão desde o contrato de honorários até os
recursos que podem ser interpostos perante os Tribunais
Superiores. Os capítulos acompanham, ainda, tabelas que
contêm a estrutura básica de cada peça jurídica analisada.
Buscamos aqui, sobretudo, ajudar a desenvolver o
raciocínio jurídico de estudantes e profissionais, tanto na
parte material como na parte processual, de modo que, ao
elaborar uma peça, não haja dúvidas acerca das teses ou
dos procedimentos que deverão ser adotados.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Legislação aplicável Arts. 85 e ss. do CPC
A grande maioria das demandas judiciais necessariamente
precisa ser assistida por advogados, que se tornam parte
importante e fundamental para o desenvolvimento do
processo.
Como observado, nas palavras de Piero Calamandrei2: Os
advogados fornecem ao juiz as substâncias elementares a
partir de cuja combinação é gerada, no justo meio, a
decisão imparcial, síntese química de duas parcialidades
contrapostas. Estas devem ser sempre consideradas como
“par”, inclusive no sentido que essa expressão tem em
mecânica: sistema de duas forças equivalentes, as quais,
agindo em linhas paralelas em direção oposta, geram o
movimento que dá vida ao processo e encontra repouso na
justiça.
O art. 1333 da Constituição Federal dispõe acerca da
indispensabilidade do advogado à administração da justiça.
Sendo indispensável, a prestação de serviços do advogado
deve ser remunerada, e esta remuneração é feita através dos
honorários advocatícios.
Os honorários estão previstos nos arts. 82 a 97 do Código
de Processo Civil, nos arts. 22 a 26 do Estatuto da OAB, e
nos arts. 35 a 43 do Código de Ética e Disciplina da OAB.
O § 1.º do art. 85 do CPC prevê que os honorários
advocatícios serão devidos na reconvenção, no
cumprimento de sentença, provisório ou defi nitivo, na
execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos,
cumulativamente.
Além dos casos citados acima, o advogado deve ser
remunerado pelos demais atos jurídicos que praticar, que
visem ao andamento das causas em que trabalha, tanto na
esfera consultiva como na contenciosa, sendo, assim,
importante a elaboração do contrato de honorários junto ao
cliente.
O caput do art. 22 do Estatuto da OAB determina
expressamente que: A prestação de serviço profissional
assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários
convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos
de sucumbência4.
Desta forma, observa-se que a remuneração do advogado,
pode ser feita de 3 (três) formas: (i) convencionados – ou
seja, o advogado trata diretamente com o cliente como sua
prestação de serviço será paga, por meio de um contrato de
honorários; (ii) fixados ou por arbitramento judicial – quer
dizer que o juiz vai determinar o valor dos honorários que
serão pagos, quando não houver consenso entre o advogado
e seu cliente, oportunidade em que o juiz observará a
compatibilidade do trabalho realizado com o valor a ser
fixado; e (iii) de sucumbência – os honorário de
sucumbência, serão os que a parte vencida deverá pagar ao
advogado da parte vencedora, sendo que este valor é
unicamente do advogado, e não da parte.
Os honorários contratuais e os sucumbenciais serão
melhor analisados nos tópicos a seguir.
2.1. Honorários contratuais
Os honorários contratuais ou convencionais, como o
próprio nome já diz, são aqueles previstos no contrato de
honorários pactuado entre o cliente e o advogado, podendo
ser por forma verbal ou por escrito.
Como dito alhures, a atividade profissional do advogado
não se limita somente à elaboração de peças processuais e à
realização de audiências. Por este motivo, é mister que haja
um contrato, preferencialmente por escrito, determinando
exatamente como será feita a prestação dos serviços e toda
sua abrangência, conforme previsto no caput do art. 355 do
Código de Ética e Disciplina da OAB.
Embora preferencialmente por escrito, o contrato não é
solene, podendo surgir, inclusive, da troca de
correspondências entre o cliente e o advogado6. Não há
necessidade de presença de testemunhas quando da
celebração do contrato de honorários advocatícios,
bastando que o advogado e o cliente o assinem para que
passe a ser título executivo7.
Ao pactuar os honorários com o cliente, o advogado deve
operar com moderação, atendendo ao que dispõe o art. 368
do Código de Ética e Disci plina da OAB. A referência à
moderação quer dizer que os honorários contratuais devem
ser acordados em proporcionalidade aos serviços prestados.
Por essa razão, o mesmo art. 36 do Código de Ética e
Disciplina da OAB, aponta os critérios que devem ser
seguidos no arbitramento da remuneração devida aocausídico. Dentre outros, devem ser levados em
consideração: a complexidade do caso, o valor da causa, o
lugar da prestação de serviço. É, ainda, vedada a celebração
de convênios que importe na cobrança de valores inferiores
aos da Tabela de Honorários fixada pela OAB, implicando
na captação de clientes ou de causas9.
2.2. Honorários de sucumbência
Os honorários de sucumbência são aqueles devidos pela
parte vencida ao advogado da parte que venceu e estão
previstos no caput do art. 85, do CPC, ou seja, são pautados
pelo resultado da atuação processual do advogado, sendo
fixados ao final do processo.
Também, o art. 2310 do Código de Ética e Disciplina da
OAB prevê que os honorários incluídos na condenação
pertencem ao advogado.
Embora o Código de Processo Civil ainda faça a relação
entre sucumbência e dever de pagar os honorários ao
advogado da parte vencedora, há hipóteses em que o
princípio da causalidade impõe o pagamento de honorários
advocatícios ao advogado da parte vencida, por aquele que
deu origem ao processo. É o caso do autor de cautelar de
exibição de documentos, tendo o réu apresentado o
documento requerido no prazo de contestação, sem que
tenha havido pedido extrajudicial para a exibição. O
mesmo ocorre quando há perda do objeto, cabendo à parte
que deu causa ao processo o pagamento dos honorários
advocatícios (CPC, art. 85, § 10)11.
O Código de Processo Civil pôs fim a importante
discussão, reconhecendo os honorários de sucumbência
como verba de natureza alimentar12.
Cassio Scarpinella Bueno13, destaca a importância deste
tipo específico de honorários, ensinando que: Dentro desse
contexto, por serem os honorários a forma, por excelência,
de remuneração pelo trabalho desenvolvido pelo advogado,
um trabalho humano que merece a tutela do ordenamento
jurídico, correta sua qualificação como verba de natureza
alimentar, eis que também vitais ao desenvolvimento e à
manutenção (necessarium vitae) do profissional, do qual o
advogado provê o seu sustento.
O STF defendeu o mesmo entendimento, tendo sido
consolidado na Súmula Vinculante 47: Os honorários
advocatícios incluídos na condenação ou destacados do
montante principal devido ao credor consubstanciam verba
de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a
expedição de precatório ou requisição de pequeno valor,
observada ordem especial restrita aos créditos dessa
natureza.
Temos, ainda, que o advogado que atuar em causa
própria, também receberá honorários de sucumbência
(CPC, art. 85, § 17).
A fixação dos honorários, será definida entre 10% e 20%,
obedecendo o rol previsto no art. 85, § 2.º, do CPC14.
Os honorários de sucumbência também podem ser
fixados de forma recíproca, nos termos do art. 8615 do CPC,
sendo distribuídos entre ambos os litigantes de maneira
proporcional.
Nas ações havendo mais de um autor ou mais de um réu
sucumbente, todos os vencidos repartirão
proporcionalmente entre si o ônus de sucumbência, na
forma de honorários ou despesas, conforme previsão do art.
8716 do CPC.
Em todos os casos abordados, observa-se que os
honorários pertencem única e exclusivamente ao advogado,
e não ao cliente. Isto quer dizer que, se o cliente ganhou R$
100.000,00 e o juiz convencionou honorários equivalentes
a 20% do valor total da condenação, o cliente recebe os R$
100.000,00, e o advogado recebe R$ 20.000,00, sendo que
nada altera o valor da condenação paga ao cliente.
2.3. Modelo de contrato de honorários
CONTRATO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
NOME DO CLIENTE, (nacionalidade), (estado civil), (profissão),
portador do RG de n. (número do RG), inscrito no CPF sob o n.
(número do CPF), residente e domiciliado na Rua ... (endereço
completo), doravante denominado CONTRATANTE, acorda este
CONTRATO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, cujo teor
encontra-se nas cláusulas abaixo, junto com NOME DO ADVOGADO
OU DA SOCIEDADE DE ADVOGADOS, doravante denominado
CONTRATADO, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil,
Seccional (X), Subseção (Y), sob o n. (número de inscrição da OAB),
inscrito no CPF ou no CNPJ sob o n. (número do CPF do advogado ou
do CNPJ da sociedade de advogados), com endereço profissional em
(ENDEREÇO DO ADVOGADO OU DA SOCIEDADE DE
ADVOGADOS).
1. Cláusula Primeira – DO OBJETO DO CONTRATO
1.1. Constitui objeto do presente Contrato, a prestação, por parte do
CONTRATADO em favor do CONTRATANTE, de serviços
profissionais advocatícios, consultivos e/ou contenciosos, judiciais e/ou
extrajudiciais, que consistem em: (Descrever os serviços que serão
realizados).
2. Cláusula Segunda – DAS RESPONSABILIDADES DO
CONTRATADO
2.1. Praticar todo e qualquer ato e medida necessários à causa, perante
quaisquer pessoas jurídicas de direito público, seus órgãos, ministérios
ou repartições, autarquias e entidades paraestatais; assim como praticar
quaisquer atos perante particulares, empresas privadas, sociedades de
economia mista, entre outros.
2.2. O CONTRATADO, para o cumprimento do presente Contrato, se
obriga a praticar os seguintes atos relacionados abaixo, em cada
consulta realizada pelo CONTRATANTE: (i) elaborar propostas e
soluções, em sede de assessoria, consultoria e advocacia preventiva,
métodos alternativos de solução de conflitos e ferramentas legais, com o
intuito de defender e aconselhar o CONTRATANTE acerca das
diversas situações jurídicas que possam vir a ocorrer;
(ii) elaborar e examinar contratos, minutas e notificações; e (iii)
manter sob sigilo quaisquer informações a que tenha acesso em função
deste Contrato, inclusive, mas não limitadas, ao modo de operação e
atividades de negócios presentes, passados e futuros do
CONTRATANTE.
3. Cláusula Terceira – DAS RESPONSABILIDADES DO
CONTRATANTE
3.1. O CONTRATANTE, para o cumprimento do presente Contrato, se
obriga a entregar todos os documentos solicitados, com no mínimo 3
dias de antecedência ou imediatamente após qualquer notificação ou
solicitação que impliquem na prestação dos serviços do
CONTRATADO.
4. Cláusula Quarta – DA VIGÊNCIA E RESCISÃO
4.1. O Contrato terá início a partir de sua assinatura, com vigência por
prazo determinado de XX meses.
4.2. O presente Contrato poderá ser resilido por qualquer das partes, a
qualquer tempo, desde que a parte interessada esteja adimplente com
suas obrigações, mediante prévio aviso escrito, com 30 (trinta) dias de
antecedência, sem o pagamento de nenhum tipo de ônus, multa ou
indenização, sendo devido apenas o valor correspondente aos serviços
prestados até a data da resilição, de forma proporcional aos serviços até
então prestados.
4.3. Incorrerá em multa de 10% (dez por cento) sobre o valor contratado
ao mês, a parte que descumprir qualquer das cláusulas ou condições ora
estipuladas, sem prejuízo da cobrança de indenização pelos demais
prejuízos a que der causa.
5. Cláusula Quinta – DA REMUNERAÇÃO
5.1. Pelos serviços descritos no Contrato, o CONTRATADO receberá a
importância, certa e determinada, equivalente a R$ XXX (valor por
extenso, em reais), sendo esta paga (inserir forma de pagamento, e.g.,
parcelas mensais ou em outra periodicidade, mediante transferência
bancária, depósito, cheque etc.).
5.2. Todas as despesas e custas judiciais que se fizerem necessárias à
condução do presente mandato, serão arcadas pelo CONTRATANTE.
5.3. Os honorários de sucumbência pertencem integralmente ao
CONTRATADO, sem que se compensem ou se excluam os honorários
ora pactuados.
5.4. O presente Contrato não implica em vínculo empregatício de
qualquer natureza, não se enquadrando no estabelecido no art. 3.º da
Consolidação das Leis do Trabalho.
5.5. O presente instrumento será reajustado anualmente pelo índice do
INPC ou outro que vier a substituí-lo.
6. Cláusula 6 – DO FORO
6.1. As partes elegem o Foro da Comarca de XXX, Estado de XXX,
para dirimir quaisquer dúvidas ou questões resultantes deste
instrumento, em caráter irretratável, com expressa renúncia de outro
juízo, por mais privilegiado que seja, ou que vier a ser.
E, por estarem justas e contratadas, firmam o presente instrumento
em caráter irretratável e irrevogável,obrigando-se por si e seus
sucessores a darem pleno cumprimento às suas cláusulas e condições,
em 2 (duas) vias com o mesmo teor e a mesma forma.
Local e data...
________________________
Cliente ________________________
Advogado
 
PROCURAÇÃO
Legislação aplicável Arts. 103 e ss. do CPC
A procuração é o negócio jurídico unilateral pelo qual o
declarante, chamado outorgante, transfere poderes jurídicos
ao destinatário, chamado outorgado ou procurador, para
que este possa praticar atos jurídicos em seu nome e à sua
custa.
É importante salientar que a procuração não se confunde
com o contrato de honorários advocatícios, este último é
espécie de mandato, que pode vir ou não acompanhado de
procuração. Quando acompanhado de procuração, o
mandatário poderá, com seus atos, repercutir na esfera
jurídica do mandante.
Há diversos tipos de procuração, a depender da extensão
dos poderes concedidos ao outorgado. Nesse sentido, a
procuração pode ser de poderes gerais ou especiais.
Quando a procuração for de poderes gerais, só se concede
ao outorgado poderes de administração, não podendo
alienar, hipotecar, transigir, ou praticar quaisquer outros
atos que exorbitem da administração ordinária, para os
quais é preciso que haja uma procuração com poderes
especiais, em que se delimitem os atos jurídicos que podem
ser praticados pelo procurador, com qual finalidade e em
quais circunstâncias.
No que tange ao tipo de atuação do advogado, a
procuração pode ser feita ad judicia, extra judicia, ou ad
judicia et extra, a depender de os poderes concedidos
limitarem-se ao exercício da representação em juízo e/ou
fora dele.
No processo, “a parte será representada em juízo, por
advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil”17.
Assim, para que o advogado possa representar seus
clientes, atuar em seu nome e realizar atos relativos aos
processos, é preciso juntar a procuração aos autos, sob pena
de ineficácia dos atos praticados, prevista no § 2.º do art.
10418 do CPC.
A procuração pode ser realizada por instrumento público
ou particular.
O art. 10519 do Código de Processo Civil, determina
expressamente que a procuração habilita o advogado a
praticar todos os atos do processo, exceto para aqueles que
devem constar em cláusulas específicas.
A procuração pode ser cessada nos seguintes casos: pela
revogação ou pela renúncia (o advogado pode renunciar ao
mandato a qualquer tempo, conforme previsto no art. 11220
do CPC); pela morte de uma das partes; ou pela mudança
de estado que impeça às partes de conferir e exercer os
poderes.
3.1. MODELO DE PROCURAÇÃO
PROCURAÇÃO “AD JUDICIA e ET EXTRA”
NOME DO CLIENTE, (qualificação completa), doravante
denominado OUTORGANTE, vem, por meio do presente instrumento
de procuração, conceder a NOME DO ADVOGADO, (qualificação
completa), amplos poderes para, no foro em geral, com as cláusulas ad
judicia e extrajudicial, representar o outorgante em qualquer Juízo ou
Tribunal, podendo propor contra quem de direito as ações competentes,
defendê-lo nas contrárias, seguindo umas e outras até o final da decisão,
recorrendo a todos os recursos legais e acompanhando-os; conferindo-
lhe, ainda, poderes especiais para confessar, desistir, transigir, firmar
compromissos ou acordos, receber e dar quitações, em juízo ou
extrajudicialmente, assinar termo de compromisso, e, enfim, praticar
todos os atos necessários ao fiel desempenho deste mandato, inclusive
substabelecer, com ou sem reserva dos poderes aqui conferidos,
especialmente para defesa de seus interesses nos autos da ação
(especificar a ação) movida contra o Réu (especificar o réu, n. do
processo e Tribunal).
Local e data...
Assinatura...
PARTES, PROCURADORES,
CAPACIDADE, LITISCONSÓRCIO E
SUCESSÃO
Legislação aplicável Arts. 70 e ss. do CPC
4.1. Sujeitos do processo
O processo, como relação jurídica, apenas se desenvolve
pela atuação de indivíduos que praticam atos processuais
em conformidade com suas funções e interesses no
desenvolver da causa.
Na sistemática do Código de Processo Civil, em sua Parte
Geral, Livro III, foi regulada a atuação dos seguintes
sujeitos do processo:
(i) Partes e seus procuradores, inclusive as situações de
litisconsórcio;
(ii) Juiz e seus auxiliares;
(iii) Ministério Público;
(iv) Advocacia Pública; e
(v) Defensoria Pública.
4.2. Partes e procuradores
I. Capacidades das partes
A parte poderá atuar em juízo quando tiver legitimidade,
que é uma das condições da ação, e capacidade processual.
A capacidade processual representa a possibilidade de um
sujeito ser parte de uma relação jurídica processual.
Em regra, a capacidade processual confunde-se com a
capacidade de fato, isto é, com a possibilidade de ser titular
de direitos e obrigações, em geral. Por isso mesmo, o art.
70 do Código de Processo Civil dispõe que “toda pessoa
que se encontre no exercício de seus direitos tem
capacidade de estar em juízo”. Estão incluídas no
permissivo legal não só as pessoas naturais, mas também as
pessoas jurídicas.
Entretanto, ocorre, excepcionalmente, de entidades
desprovidas de personalidade jurídica gozarem de
capacidade processual, limitada a determinados atos
processuais. O reconhecimento dessa capacidade
processual excepcional é feito expressamente pela
legislação. Como exemplo, pode-se citar a massa falida, o
espólio, o condomínio, a herança jacente ou vacante, a
sociedade de fato e o nascituro (CPC, art. 75, V, VI, IX,
XI).
a) Capacidade processual: é a aptidão para praticar atos
no processo. A capacidade processual tem relação com a
capacidade civil.
Nas situações de falta de capacidade processual, o
indivíduo poderá ser representado ou assistido em juízo
(CPC, art. 71), a depender da incapacidade que possui,
relativa ou absoluta, assim como ocorre para os atos da
vida civil em geral.
Nesses casos, será necessário qualificar tanto a parte
quanto o seu representante ou assistente.
Exemplo de qualificação de pessoa física
absolutamente incapaz: NOME DO AUTOR...,
nacionalidade..., menor absolutamente incapaz, portador
do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., neste ato
representado por seu genitor NOME DO
REPRESENTANTE... nacionalidade ..., estado civil...,
profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ...,
endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ...
(endereço completo).
Exemplo de qualificação de pessoa física relativamente
incapaz: NOME DO AUTOR..., nacionalidade..., menor
relativamente incapaz, portador do RG n. ... e inscrito no
CPF n. .., neste ato assistido por seu assistente legal
NOME DO ASSISTENTE... nacionalidade..., estado
civil..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no
CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado
na Rua ... (endereço completo).
Também é necessário destacar que, em havendo cônjuge
ou companheiro do autor ou do réu, haverá situações em
que será exigida a sua outorga conjugal (CC, art. 1.647, II),
tal como previsto pelas regras do regime de bens adotado e
dependendo do polo que ocupem na demanda. São elas (art.
73 do CPC):
Polo Ativo Polo Passivo
Em ação que verse sobre
direito imobiliário, salvo se
forem casados sob regime de
separação absoluta.
Em ação que verse sobre direito
imobiliário, salvo se forem casados sob
regime de separação absoluta.
Em ação que seja resultado de fato que
diga respeito a ambos os cônjuges ou de
ato praticado por eles.
Em ação fundada em dívida contraída
por um dos cônjuges a bem da família.
Em ação que tenha por objeto o
reconhecimento, a constituição ou a
extinção de ônus sobre imóvel de um ou
de ambos os cônjuges.
Em ações possessórias, nas hipóteses de
composse ou de ato por ambos
praticado.
 
b) Capacidade postulatória: é a habilidade necessária
para se dirigir ao magistrado. Postular significa pleitear
algo perante o magistrado, ou seja, quem tem capacidade
postulatória opera como “interface da parte com o órgão
jurisdicional e do órgão jurisdicional com a parte”21.
Como regra, conforme trataremos no tópico seguinte, a
capacidade postulatória é conferidaao advogado (CPC, art.
103). É por essa razão que o preâmbulo da peça processual
contém a indicação de a parte estar representada por um
advogado. A peça processual deverá vir sempre
acompanhada de instrumento de procuração que comprove
a outorga de poderes ao advogado.
Em decorrência do direito fundamental ao devido
processo legal e, em especial, à ampla defesa, há casos em
que deverá ser nomeado um curador especial, advindo da
Defensoria Pública, para representar a parte no processo em
questão. São hipóteses em que pode haver conflito de
interesses entre a parte e o seu representante legal, como é
o caso da ação cujo objeto são as relações entre o incapaz e
seu representante, ou em que não há representante
constituído, algo que pode ocorrer tanto com o incapaz
quanto com o réu revel (CPC, art. 72, I e II).
Nesses casos, é importante indicar a representação pelo
curador especial.
II. Procuradores
O art. 133 da Constituição Federal afirma ser a advocacia
função essencial à administração da Justiça, e assim, por
sua vez, a legislação infraconstitucional conferiu ao
advogado a capacidade postulatória para levar em juízo as
pretensões (ação e defesa) em favor daqueles que
necessitarem de provimentos judiciais.
No processo civil, o art. 103 determina que a parte será
representada em juízo por advogado, respeitadas as
exceções expressamente previstas em lei, podendo
inclusive o profissional advogado postular em causa
própria.
Para atuar no processo cível, o advogado deverá fazer
prova do mandato, com a juntada do respectivo instrumento
de procuração. Ver modelo de petição inicial no Capítulo 8.
Excepcionalmente, o art. 104 admite a prática de atos
reputados urgentes sem a juntada de procuração, desde que
o advogado se obrigue a exibir o instrumento no prazo de
15 dias, prorrogáveis por mais 15, mediante deliberação
judicial. A mesma regra está prevista no art. 5.º, § 1.º, do
Estatuto da OAB.
4.3. MODELO DE PETIÇÃO DE JUNTADA DE
PROCURAÇÃO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE CURITIBA DO ESTADO DO
PARANÁ
Processo n. ...
NOME DA PARTE A SER REPRESENTADA, já devidamente
qualificado nos autos da presente demanda, que move em face de
NOME DA PARTE OPOSTA, por seu advogado (procuração anexa),
vem com fundamento no art. 104, § 1.º, do Código de Processo Civil,
requerer a juntada do presente instrumento de PROCURAÇÃO,
procedendo-se nos autos as devidas anotações.
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data...
Advogado...
OAB n. ...
Observação: o instrumento de procuração é tratado no
Capítulo 3 deste livro.
ATENÇÃO
Se estiver atuando em causa própria, o advogado deverá declarar na
petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá suas
intimações, bem como tem o dever de comunicar ao juízo eventual
mudança de endereço, em conformidade com os arts. 77, V, e 106 do
CPC.
III. Deveres das partes e procuradores
É princípio do processo civil que as partes e seus
procuradores atuem em juízo ou fora dele com observância
da máxima da boa-fé e lealdade processual (CPC, art. 5.º).
Em concreção a esse dever de observância da boa-fé
objetiva, os arts. 77 e 78 do CPC determinam os deveres
das partes e de seus defensores.
Dentre os deveres elencados, as partes são obrigadas a
“cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de
natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua
efetivação”, bem como “não praticar inovação ilegal no
estado de fato de bem ou direito litigioso”. O
descumprimento desses dois deveres específicos configura
ato atentatório à dignidade da Justiça (CPC, art. 77, § 2.º), e
o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e
processuais cabíveis, imporá multa sobre a pessoa do
responsável pelo descumprimento da ordem judicial, cujo
valor será fixado de acordo com a gravidade da conduta,
não sendo superior a 20% do valor da causa. Essa
responsabilidade não se aplica aos advogados, públicos ou
privados, à Defensoria ou ao Ministério Público. Para essas
pessoas, o juiz deverá oficiar o respectivo órgão de classe
ou corregedoria, a quem caberá verificar a responsabilidade
disciplinar do profissional.
IV. Responsabilidade das partes por dano processual
O art. 80 do CPC elenca uma série de atos
caracterizadores da litigância de má-fé (como, por
exemplo, deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso
de lei e alterar a verdade dos fatos). A responsabilidade do
litigante de má-fé contempla: a) perdas e danos, pagos por
aquele que litigar de má-fé, como autor, réu ou
interveniente (CPC, art. 79). A indenização será fixada pelo
juiz ou, caso não seja possível mensurá-la, haverá
liquidação nos próprios autos (CPC, art. 81, § 3.º); e b)
multa por litigância de má-fé, fixada de ofício ou a
requerimento do interessado, em valor superior a um por
cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa,
sem prejuízo da indenização por perdas e danos e
honorários advocatícios (CPC, art. 81).
Assim, nos casos em que estiver presente uma das
condutas descritas pelo art. 80 do CPC, é possível inserir na
petição o requerimento de reconhecimento de litigância de
má-fé da parte contrária, com a consequente imposição de
multa, que consista em 1% a 10% do valor corrigido da
causa, e a condenação a indenizar a parte contrária pelos
prejuízos que esta sofreu, arcando, ainda, com os
honorários advocatícios e com todas as despesas
processuais.
4.4. MODELO DE PETIÇÃO DE LITIGÂNCIA DE
MÁ-FÉ
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE ANÁPOLIS DO ESTADO DE
GOIÁS
Processo n. ...
JOÃO ANDRADE, devidamente qualificada nos autos em epígrafe,
por seu advogado (procuração anexa), com fundamento nos arts. 80 e
ss. do Código de Processo Civil, vem manifestar-se conforme segue.
I. DOS FATOS
O Autor ajuizou ação indenizatória em face do Réu, alegando que
saiu ferido de seu vizinho, por ter sido atacado por seu animal de
estimação, requerendo indenização por danos materiais, em virtude dos
gastos com medicamentos, bem como danos morais e estéticos, por ter
sofrido ferimentos.
Todavia, em depoimento pessoal realizado em audiência de instrução
e julgamento, o Autor confessou que não gastou com medicamentos,
tendo inventado tal relato para aumentar os valores indenizatórios.
Essa é a breve síntese fática em que há de se aplicar o direito.
II. DO DIREITO
Como visto, o Autor, por meio de seu advogado, resolveu formular
pedido sem apresentar qualquer fundamento para tanto.
Isto demonstra clara má-fé, vez que sabe que o pleito não se baseia
na verdade dos fatos.
O CPC, através de vários dispositivos, impõe padrões de
comportamento, os quais deverão ser respeitados pelos diversos atores
processuais; e, ainda, punições específicas para eventuais infrações a
tais padrões preestabelecidos.
O art. 80 do CPC elenca as hipóteses em que se reconhece a
litigância de má-fé. Uma delas é alterar a verdade dos fatos: “Art. 80.
Considera-se litigante de má-fé aquele que:
I – deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato
incontroverso;
II – alterar a verdade dos fatos”.
É exatamente o presente caso, em que a Autora tenta, sem qualquer
propósito definido, alterar a verdade dos fatos para obter vantagem
processual.
Pior, não junta qualquer comprovante com gastos de medicamentos,
mas se limita a alegar de forma genérica e leviana que efetuou os
gastos. Gastos estes que reconheceu, em depoimento pessoal, não ter
realizado.
Desta forma, requer-se a condenação da autora ao pagamento da
multa pela qual responde o litigante de má-fé (CPC, art. 81), em quantia
a ser atribuída por Vossa Excelência.
III. DOS PEDIDOS
Do exposto, requer a Vossa Excelência o reconhecimento da prática
de ato configurador de litigância de má-fé, com a condenação do Autor
ao pagamento de multa, a ser arbitrada por Vossa Excelência em
montante superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor
corrigido da causa, bem como ao pagamento de indenização pelos
prejuízos causados, honorários advocatícios e despesasrealizadas.
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data...
Advogado...
OAB n. ...
 
4.5. Sucessão das partes e procuradores
Em determinados casos previstos em lei, será possível a
sucessão das partes e/ou de seus procuradores, isto é, a sua
substituição por outros sujeitos, que passarão a ocupar a
mesma posição jurídica na relação jurídico-processual. São
duas as hipóteses em que a sucessão é admitida pela
legislação: a) sucessão inter vivos (art. 109 do CPC): Com
a citação do réu, há a estabilização da demanda (CPC, art.
239), de modo que o autor não pode alterar o elemento
objetivo da lide, que consiste no pedido e na causa de pedir,
sem o consentimento do réu. Do mesmo modo, o elemento
subjetivo, isto é, as partes da relação processual se
estabilizam com a citação do réu. Assim, a alienação do
direito subjetivo sobre o qual funda a ação não permite a
transmissão automática da situação de réu ou autor para o
adquirente. É o que dispõe o art. 109 do CPC, ainda que um
tanto imprecisamente, ao dizer que “a alienação da coisa –
rectius, do direito subjetivo real sobre a coisa – ou do
direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não
altera a legitimidade das partes”.
A sucessão em vida tem como pressuposto a alienação do
direito subjetivo que fundamenta a ação, mas isso não
basta. É preciso que a parte contrária consinta com a
alteração em um dos polos da relação processual (CPC, art.
109, § 1.º). De qualquer forma, caso não se obtenha o
consentimento da parte contrária, o adquirente poderá
intervir no processo como assistente litisconsorcial do
alienante ou cedente (CPC, art. 109, § 2.º).
Importante destacar que a alienação da coisa litigiosa – o
que poderia caracterizar fraude – não tem efeito sobre a
relação processual originária e, por expressa previsão legal,
a sentença proferida nos autos terá efeito também sobre o
adquirente ou cedente (terceiro), conforme dispõe o § 3.º do
art. 109 do CPC.
b) sucessão por morte (art. 110 do CPC):
Em caso de morte de qualquer das partes, caberá ao juiz
determinar a suspensão do processo com a fixação de prazo
para sucessão do morto por seu espólio ou seus sucessores
(art. 110 do CPC). Com a morte da parte, ocorrerá
automaticamente a extinção do mandato outorgado ao
advogado, que também perde seus poderes nos autos.
O art. 330, §§ 1.º e 2.º, do CPC estabelece que o processo
será suspenso em caso de morte ou perda da capacidade
processual da parte, de seu representante legal ou de seu
procurador.
No caso de morte do procurador de qualquer das partes,
ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o
juiz concederá o prazo de 15 dias para a constituição de
novo patrono, sob pena de: (i) extinção do processo sem
resolução do mérito, se o autor não nomear novo
procurador; (ii) prosseguimento do processo à revelia, caso
o réu deixe de nomear novo advogado.
Importante destacar que a parte poderá revogar o mandato
outorgado ao advogado, e, se não constituir um novo
imediatamente, será intimada a fazê-lo no prazo de 15 dias,
sob pena de extinção (se do autor), revelia (se do réu ou do
terceiro a ele vinculado) – art. 111 c/c art. 76 do CPC.
O próprio advogado também pode renunciar ao mandato
a qualquer tempo, comunicando a renúncia ao mandante
para que nomeie outro sucessor, continuando a representar
seu cliente durante os 10 dias seguintes. A comunicação
será dispensada, caso a procuração tenha sido outorgada a
vários advogados e a parte continuar representada pelos
outros (CPC, art. 112).
4.6. Juiz e auxiliares
I. Atribuições dos magistrados
Os juízes têm a atribuição de condução dos processos,
pugnando pela administração da Justiça e pela aplicação do
direito ao caso concreto, em típica função de atividade
jurisdicional do Estado.
O art. 139 do CPC impõe ao magistrado as seguintes
funções: a) assegurar às partes igualdade de tratamento; b)
velar pela duração razoável do processo; c) prevenir ou
reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e
indeferir postulações meramente protelatórias; d)
determinar todas as medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar
o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que
tenham por objeto prestação pecuniária; e) promover, a
qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com
auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; f) dilatar os
prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios
de prova, adequando-os às necessidades do conflito de
modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; g)
exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário,
força policial, além da segurança interna dos fóruns e
tribunais; h) determinar, a qualquer tempo, o
comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre
os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de
confesso; i) determinar o suprimento de pressupostos
processuais e o saneamento de outros vícios processuais; j)
quando se deparar com diversas demandas individuais
repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria
Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que
se referem o art. 5.º da Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985,
e o art. 82 da Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, para,
se for o caso, promover a propositura da ação coletiva
respectiva.
Importante destacar que, apesar de o juiz ter o poder de
dilatar os prazos, deverá fazê-lo antes que aqueles se
encerrem.
O juiz não poderá se eximir de decidir sob alegação de
lacuna ou obscuridade, podendo decidir por equidade
somente nos casos permitidos por lei.
A atividade decisória do juiz está restrita aos limites
propostos pelas partes, sendo vedado conhecer de questões
não suscitadas e a cujo respeito não poderia reconhecer de
ofício (CPC, art. 141).
Há responsabilidade pessoal do juiz, civil e regressiva,
por perdas e danos, quando proceder com dolo ou fraude no
exercício de suas funções; ou retardar, recusar, ou omitir,
sem justo motivo, providência que deveria ordenar, de
ofício ou a requerimento da parte, e sem apreciação em 10
dias.
II. Impedimento e suspeição
A imparcialidade do juiz decorre do próprio direito
fundamental ao devido processo legal, ou seja, o julgador
não pode mostrar-se favorável a uma das partes do
processo, devendo decidir de acordo com o seu livre
convencimento, baseado nas provas produzidas e nas regras
da experiência prática.
Buscando evitar a parcialidade do juiz, o CPC prevê as
hipóteses de impedimento e suspeição, que, reconhecidas,
devem levar ao seu afastamento do processo.
Impedimento Suspeição
Art. 144 do CPC Art. 145 do CPC
Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer
suas funções no processo: I – em que interveio
como mandatário da parte, oficiou como perito,
funcionou como membro do Ministério Público ou
Há suspeição do
juiz: I – amigo
íntimo ou inimigo
de qualquer das
prestou depoimento como testemunha; II – de que
conheceu em outro grau de jurisdição, tendo
proferido decisão; III – quando nele estiver
postulando, como defensor público, advogado ou
membro do Ministério Público, seu cônjuge ou
companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo
ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive; IV – quando for parte no processo
ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
colateral, até o terceiro grau, inclusive; V – quando
for sócio ou membro de direção ou de
administração de pessoa jurídica parte no processo;
VI – quando for herdeiro presuntivo, donatário ou
empregador de qualquer das partes; VII – em que
figure como parte instituição de ensino com a qual
tenha relação de emprego ou decorrente de
contrato de prestação de serviços; VIII – em que
figure como parte cliente do escritório de
advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral,
até o terceiro grau, inclusive, mesmo que
patrocinado por advogado de outro escritório; IX –
quando promover ação contra a parte ou seu
advogado.
partes ou de seusadvogados; II – que
receber presentes
de pessoas que
tiverem interesse
na causa antes ou
depois de iniciado
o processo, que
aconselhar alguma
das partes acerca
do objeto da causa
ou que subministrar
meios para atender
às despesas do
litígio; III – quando
qualquer das partes
for sua credora ou
devedora, de seu
cônjuge ou
companheiro ou de
parentes destes, em
linha reta até o
terceiro grau,
inclusive; IV –
interessado no
julgamento do
processo em favor
de qualquer das
partes.
Circunstâncias objetivas que geram uma
parcialidade absoluta
Circunstâncias
subjetivas que
geram uma
parcialidade
relativa
Rol taxativo Rol
exemplificativo
Pode ser reconhecida a qualquer tempo ou grau de
jurisdição, inclusive em ação rescisória
Deve ser alegada
pela parte
interessada no
prazo de 15 dias,
sob pena de
preclusão
 
O art. 146 do CPC prevê que a parte deverá alegar
impedimento ou suspeição no prazo de 15 dias a contar do
conhecimento do fato, por petição específica ao juiz do
processo (não há mais exceção de impedimento ou
suspeição). Caso o juiz reconheça o impedimento ou a
suspeição, deverá ordenar imediatamente a remessa dos
autos a seu substituto. Do contrário, ao recusar o
impedimento ou a suspeição, o juiz apresentará suas razões,
autuando em apartado a petição, acompanhada de
documentos e rol de testemunhas, ordenando a remessa do
incidente ao Tribunal.
O incidente será distribuído ao relator, declarando seus
efeitos (com ou sem efeito suspensivo). Acolhida a
alegação, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá
os autos a um substituto legal, podendo o juiz recorrer,
fixando o momento a partir do qual o juiz não poderia ter
atuado, declarando a nulidade dos atos praticados até esse
momento.
CUIDADO
Se dois ou mais juízes forem parentes, consanguíneos ou afins, em linha
reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro que conhecer do
processo impede que o outro nele atue, caso em que o segundo se afastará,
remetendo os autos ao seu substituto legal.
ATENÇÃO
As situações de impedimento e suspeição também são aplicáveis (art. 148
do CPC): a) aos membros do Ministério Público; b) aos auxiliares da
justiça; e c) aos outros sujeitos imparciais do processo.
4.7. MODELO DE PETIÇÃO DE IMPEDIMENTO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE MORRETES DO ESTADO DO
PARANÁ
Processo n. ...
MARCOS LEITE, devidamente qualificado nos autos da ação de
obrigação de fazer proposta por CRISTIANO SILVA, vem,
tempestivamente, por seu advogado (procuração anexa), com
fundamento nos arts. 144, 146 e ss., do Código de Processo Civil,
apresentar ARGUIÇÃO DE IMPEDIMENTO, conforme se segue.
I. DOS FATOS
O Autor propôs a presente ação de obrigação de fazer pelo rito
comum em face do Réu, em razão de contrato para construção de sua
residência, firmado por ambos (documento anexo).
Todavia, ao se verificar o nome do signatário da petição inicial,
constatou-se que o advogado do Autor tem o mesmo sobrenome deste
juiz, ao qual foi distribuída a presente demanda.
Desta forma, vale-se da presente para o reconhecimento do
impedimento conforme se verá a seguir.
II. DA TEMPESTIVIDADE
O art. 146 do Código de Processo Civil determina que a parte deverá
alegar o impedimento no prazo de 15 dias do conhecimento do fato.
Cumpre-se, portanto, o prazo estipulado em lei, sendo plenamente
tempestiva a presente arguição.
III. DO DIREITO
Como visto, o Autor, por meio de seu advogado, promoveu demanda
em face do Réu, objetivando obrigação de fazer.
No entanto, o advogado do autor, claramente, é irmão deste juiz da
causa. Ao se examinar a petição inicial e os documentos que a
acompanham, constata-se a relação de parentesco existente entre o
advogado do autor e o juiz.
Tal situação configura impedimento para o juiz exercer suas funções
no processo, conforme previsto no art. 144, III, do CPC: “Art. 144. Há
impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no
processo: [...]
III – quando nele estiver postulando, como defensor público,
advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou
companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha
reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive”.
Desta forma, requer-se o reconhecimento do impedimento deste
magistrado, remetendo-se os autos ao seu substituto legal.
IV. DOS PEDIDOS
Do exposto, requer a Vossa Excelência:
a) O reconhecimento do impedimento, com a remessa dos autos ao
seu substituto legal, nos exatos termos do art. 146, § 1.º, do CPC.
b) Caso não acolha o impedimento, que apresente suas razões de
recusa, com eventuais documentos e testemunhas, remetendo-se o
incidente ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.
c) Ao final, seja reconhecido o impedimento pelo Tribunal, fixando-
se o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado, declarando
a nulidade dos atos praticados, condenando o magistrado nas custas e
remetendo-se os autos ao seu substituto legal.
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data...
Advogado...
OAB n. ...
 
4.8. MODELO DE PETIÇÃO DE SUSPEIÇÃO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 26.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE UBATUBA DO ESTADO DE
SÃO PAULO
Processo n. ...
LUCAS LIMA, devidamente qualificado nos autos da ação
indenizatória proposta por RODRIGO RODRIGUES, vem,
tempestivamente, por seu advogado (procuração anexa), com
fundamento nos arts. 145, 146 e ss., do Código de Processo Civil,
apresentar ARGUIÇÃO DE SUSPEIÇÃO, conforme se segue.
I. DOS FATOS
O Autor propôs a presente ação de indenização pelo rito comum em
face do Réu, em razão de colisão dos veículos de ambos.
Todavia, há dois dias, o Réu verificou em rede social que o advogado
do Autor é amigo íntimo do magistrado ao qual foi distribuída a
presente demanda.
Desta forma, vale-se da presente petição para o reconhecimento da
suspeição, conforme se verá a seguir.
II. DA TEMPESTIVIDADE
O art. 146 do Código de Processo Civil determina que a parte deverá
alegar o impedimento no prazo de 15 dias do conhecimento do fato.
O Réu verificou a condição de amizade íntima há dois dias,
conforme se pode constatar do print de tela da rede social em anexo.
Cumpre-se, portanto, o prazo estipulado em lei, sendo plenamente
tempestiva a presente arguição.
III. DO DIREITO
Como visto, o Autor, por meio de seu advogado, promoveu demanda
em face do Réu objetivando ser indenizado.
No entanto, o advogado do autor, claramente, é amigo íntimo do juiz
da presente causa. Isso porque, conforme se pode constatar de fotos
extraídas das redes sociais (em anexo), é possível verificar que há
diversas situações de festas particulares em que este juiz e o advogado
do Autor são flagrados jantando juntos, com suas respectivas famílias.
Tal situação configura suspeição do juiz para exercer suas funções no
processo, conforme previsto no art. 145, I, do CPC: “Artigo 145. Há
suspeição do juiz:
I – amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus
advogados”.
Desta forma, requer-se o reconhecimento da suspeição deste
magistrado, remetendo-se os autos ao seu substituto legal.
IV. DOS PEDIDOS
Do exposto, requer a Vossa Excelência: a) O reconhecimento da
suspeição, com a remessa dos autos ao seu substituto legal, nos exatos
termos do art. 146, § 1.º, do CPC.
b) Caso não acolha a suspeição, que apresente suas razões de recusa
com eventuais documentos e testemunhas, remetendo-se o incidente ao
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
c) Ao final, seja reconhecida a suspeição pelo Tribunal, fixando-se o
momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado, decretando a
nulidade dos atos praticados, condenando o magistrado nas custas e
remetendo-se os autos ao seu substituto legal.
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data...
Advogado...
OAB n. ...
 
4.9. Litisconsórcio
O litisconsórcio representa a pluralidade de sujeitos em
um ou em ambos os polos da ação. Trata-se de modalidade
de cumulação subjetiva, ou seja, mais de um autor ou réu
na demanda (CPC, art. 113).
Duas ou maispessoas poderão figurar no mesmo polo da
ação quando: a) entre elas houver comunhão de direitos ou
de obrigações relativamente à lide; b) entre as causas
houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; e c)
ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato
ou de direito.
O art. 113 poderia ter resumido o cabimento do
litisconsórcio às situações em que houvesse conexão ou
afinidade de questões entre as pretensões dos indivíduos
que desejassem figurar como litisconsortes.
I. Limitação do litisconsórcio (ou litisconsórcio
multitudinário)
O Código de Processo Civil não prevê um número
máximo de litisconsortes, o que pode representar
dificuldade na relação processual.
Desta forma, o juiz poderá limitar o número de
litisconsortes, desde que se trate de litisconsórcio
facultativo, e quando houver comprometimento da rápida
solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento
de sentença.
O requerimento de limitação interrompe o prazo para
manifestação ou resposta, que começará a correr
novamente da intimação da decisão do juiz acerca da
limitação.
ATENÇÃO
Da decisão judicial que rejeita o pedido de limitação de litisconsorte,
caberá agravo de instrumento (CPC, art. 1.015, VIII).
4.10. MODELO DE PETIÇÃO PARA LIMITAÇÃO DE
LITISCONSÓRCIO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 26.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO DO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO
Processo n. ...
GERALDO FERNANDES, devidamente qualificado nos autos em
epígrafe, vem, tempestivamente, por seu advogado, com fundamento no
art. 113, § 2.º, do Código de Processo Civil, manifestar-se conforme
segue.
I. DOS FATOS
Os Autores propuseram demanda em face do Réu, requerendo o
ressarcimento pelos danos causados em seus imóveis em razão de
reforma realizada nos bens em questão.
Todavia, no polo ativo da demanda há trezentos autores, havendo
requerimento de oitiva de testemunhas.
O número de litigantes merece limitação, conforme se verá a seguir.
II. DO DIREITO
Como visto, os autores, por meio de seu advogado, resolveram unir-
se a fim de propor a presente demanda, totalizando trezentas pessoas no
polo ativo, requerendo a produção de prova testemunhal.
Por outro lado, o número excessivo de demandantes comprometerá a
rápida solução do litígio, bem como dificultará a defesa.
Isso porque, a princípio, o Código de Processo Civil prevê que cada
autor possui o direito de arrolar até 10 testemunhas: “Art. 357. [...]
§ 6.º O número de testemunhas arroladas não pode ser superior a 10
(dez), sendo 3 (três), no máximo, para a prova de cada fato”.
Em razão da possibilidade de ouvir-se um número de 300 (trezentas)
testemunhas, infere-se que a intimação acarretaria grave interferência na
rápida solução do processo.
Além disso, a defesa restaria severamente prejudicada para
impugnar, ouvir e comparecer às audiências a serem designadas.
Em razão disso, o art. 103, § 2.º, do CPC permite a limitação do
litisconsórcio, a fim de sanar os danos decorrentes de seu número
excessivo.
Desta forma, requer-se a limitação dos litisconsortes, em quantia a
ser atribuída por Vossa Excelência.
III. DOS PEDIDOS
Do exposto, requer-se à Vossa Excelência o reconhecimento da
necessidade de limitação do litisconsórcio, a ser realizado conforme se
entenda conveniente, esclarecendo-se que a contestação será
apresentada em tempo oportuno, tendo em vista a interrupção do prazo
(CPC, art. 113, § 2.º).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data...
Advogado...
OAB n. ...
 
5
COMPETÊNCIA
Legislação aplicável Arts. 21 a 25 e 42 a 66 do CPC
A atividade jurisdicional, em regra, é una e indivisível.
Ou seja, um mesmo juiz poderia resolver causas cíveis,
trabalhistas, eleitorais, tributárias, militares etc. Mas isso
traria uma série de inconvenientes, desde a sobrecarga de
número de processos até a ausência de prestação
jurisdicional adequada. Assim, a legislação limita a
atividade jurisdicional em competências.
Portanto, a competência é a extensão da jurisdição
concedida ao julgador, sendo sempre definida pela
legislação, seja a Constituição Federal (arts. 92 a 126), seja
a infraconstitucional (CPC), seja, ainda, as estaduais
(divisão em varas de família e sucessões, varas de registros
públicos, varas empresariais etc.) A competência pode ser
internacional ou interna. Na competência internacional
existe a concorrente, possibilitando a propositura da ação
no Brasil ou no exterior, e a exclusiva nacional, que
determina a propositura da ação exclusivamente no Brasil:
Concorrente (arts. 21 e 22,
CPC)
Exclusiva (art. 23, CPC)
I) Réu, pessoa natural ou
jurídica, de qualquer
nacionalidade, que esteja
domiciliado no Brasil
(incluem-se aqui ações de
alimentos ou decorrentes da
relação de consumo).
II) Obrigação que deva ser
cumprida no Brasil (mesmo
que ambos os contratantes
sejam estrangeiros).
III) Quando o ato ou fato
ocorreu no Brasil, ainda que
praticado por estrangeiro.
IV) Em que as partes,
expressa ou tacitamente, se
submeterem à jurisdição
nacional.
I) ações relativas a imóveis situados no
Brasil.
II) em matéria de sucessão hereditária,
ao proceder à confirmação de
testamento particular, ao inventário e à
partilha de bens situados no Brasil,
mesmo que o autor da herança seja
estrangeiro ou tenha domicílio no
exterior.
III) em divórcio, separação judicial ou
dissolução de união estável, proceder à
partilha de bens situados no Brasil,
ainda que o titular seja de nacionalidade
estrangeira ou tenha domicílio fora do
território nacional.
É bom ressaltar que, na competência internacional
concorrente, a propositura de ação perante o tribunal
estrangeiro não induz litispendência e não obsta que a
autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e
das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em
contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em
vigor no Brasil.
A competência interna, por sua vez, subdivide-se em: (i)
material; (ii) funcional; (iii) por valor da causa; (iv)
territorial. A competência material leva em consideração a
matéria que está sendo discutida, que é determinada pelo
pedido do autor e pela causa de pedir. Por exemplo: o
pedido do autor é o reconhecimento de vínculo
empregatício, portanto a ação será de competência da
Justiça do Trabalho. A competência funcional se baseia na
função do juiz no processo. Por exemplo: é funcional a
competência do juiz da ação principal para o
processamento dos embargos de terceiro. O valor da causa
também pode ser utilizado como critério de atribuição de
competência do órgão julgador. Os Juizados Especiais
Cíveis são competentes para conhecerem de causas cujo
valor não ultrapasse 40 salários mínimos. Já os Juizados
Especiais Federais e os Juizados Especiais da Fazenda
Pública têm competência para causas de até 60 salários
mínimos. Por fim, a competência territorial leva em
consideração o foro, ou seja, a comarca em que a ação
deverá ser distribuída. Em sua maioria, as distribuições de
competência territorial estão contidas nos arts. 46 a 53 do
CPC.
A competência interna é, ainda, classificada em absoluta
(material e funcional), quando o interesse é público, não
podendo ser modificada; e relativa (valor da causa e
territorial), quando o interesse é privado e pode ser
modificada. Em geral, as competências material e funcional
são absolutas, enquanto as de valor de causa e territorial
são relativas. A exceção ocorre no que diz respeito à
competência dos Juizados Especiais Federais e da Fazenda
Pública, cuja competência é sempre absoluta, nos termos do
art. 3.º, § 3.º, da Lei n. 10.259/2001, e art. 2.º, § 4.º, da Lei
n. 12.153/2009.
Para que se defina qual órgão jurisdicional é competente
para conhecer da ação, é preciso que se respondam 3 (três)
perguntas. Vejamos: 1.ª Pergunta: É competência de
Tribunal Superior ou de 2.º grau?
– Analisar se é competência dos Tribunais Superiores:
STF (art. 102, I, CF) ou do STJ (art. 105, I, CF); e – Caso
não seja, analisar se é competência do TRF (art. 108, I,
CF).
Não sendo, verificar se é competência de Tribunalde
Justiça (por exemplo, ação rescisória de seus julgados).
2.ª Pergunta: É competência da Justiça Federal ou
Estadual?
Verificar se é competência da Justiça Federal,
certificando-se se há ente federal envolvido, como autor,
réu ou interveniente, com base no art. 109 da Constituição
Federal, a saber: União, autarquia, empresa pública federal.
Por exemplo: em uma ação de execução envolvendo a
Caixa Econômica Federal, não sendo competência da
Justiça Federal, a competência será, por exclusão, da
Justiça Estadual.
CUIDADO
As ações que envolvam empresa de economia mista, como é o caso da
Petrobras, deverão ser processadas perante a Justiça Estadual.
3.ª Pergunta: Qual o Foro/Comarca competente?
Verificar as regras no CPC, principalmente os arts. 46 a
53 do CPC. É possível constatar a existência de uma regra
geral e de regras especiais, vejamos: a) regra geral (CPC,
art. 46): será competente o domicílio do Réu para o
processamento de ações que envolvam direito pessoal ou
real fundadas em bem móvel. Por exemplo: ações
relacionadas à execução de contratos sobre bens móveis,
obrigações etc.
Alguns desdobramentos da regra geral:
– se o réu possuir mais de um domicílio: a ação poderá
ser proposta em qualquer um deles; – se não se souber o
domicílio do réu: a ação poderá ser proposta onde for
encontrado ou no domicílio do autor; – se o réu não tiver
domicílio no Brasil: a ação será proposta no domicílio do
autor. Caso o autor, também não tenha domicílio no Brasil,
a ação poderá ser proposta em qualquer comarca; – se
houver mais de 2 réus: a ação será proposta no domicílio de
qualquer deles, ficando a escolha a critério do autor; – se o
réu for ausente: a ação será proposta no local de seu último
domicílio (CPC, art. 49); – se o réu for incapaz: a ação será
proposta no local do domicílio do representante (CPC, art.
50); – se o réu for pessoa jurídica: a ação será proposta na
sede da empresa (CPC, art. 53, III, a). Mas também poderá
ser o local da filial, se esta tiver contraído a obrigação
(CPC, art. 53, III, b), ou o local onde exerce a atividade, se
a sociedade não tiver personalidade jurídica (CPC, art. 53,
III, c).
b) regras especiais: – para ação envolvendo direitos reais
sobre bens imóveis será competente o foro do local do
imóvel (CPC, art. 47). Todavia, o autor pode optar pelo
foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição, se o
litígio não recair sobre direito de propriedade,
vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras ou
nunciação de obra nova.
 
ATENÇÃO
A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa,
cujo juízo tem competência absoluta.
– Nas ações de inventário, partilha, arrecadação,
cumprimento de disposições de última vontade,
impugnação ou anulação de partilha extrajudicial, e para
todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito
tenha ocorrido no estrangeiro, deverá ser observada a
seguinte regra de competência (CPC, art. 48): (i) foro do
domicílio do autor da herança (de cujus); (ii) foro do local
dos bens imóveis, se o de cujus não possuía domicílio
certo; (iii) se os bens estiverem em locais diferentes, ou
forem bens móveis, será competente o foro do local em que
se situa qualquer deles.
– O art. 53 do CPC possui várias regras especiais a serem
observadas: Art. 53. É competente o foro:
I – para a ação de divórcio, separação, anulação de
casamento e reconhecimento ou dissolução de união
estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho
incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no
antigo domicílio do casal;
d) de domicílio da vítima de violência doméstica e
familiar, nos termos da Lei n. 11.340, de 7 de agosto de
2006 (Lei Maria da Penha).
II – de domicílio ou residência do alimentando, para a
ação em que se pedem alimentos;
III – do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa
jurídica;
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às
obrigações que a pessoa jurídica contraiu;
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for
ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em
que se lhe exigir o cumprimento;
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre
direito previsto no respectivo estatuto;
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a
ação de reparação de dano por ato praticado em razão
do ofício;
IV – do lugar do ato ou fato para a ação:
a) de reparação de dano;
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios
alheios;
V – de domicílio do autor ou do local do fato, para a
ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou
acidente de veículos, inclusive aeronaves.
Deve-se observar, ainda, as seguintes regras de
competência para tutela provisória (CPC, art. 299), ações
de execução fundadas em título executivo judicial (CPC,
art. 516) e título executivo extrajudicial (CPC, art. 781):
Art. 299. A tutela provisória será requerida ao juízo da
causa e, quando antecedente, ao juízo competente para
conhecer do pedido principal.
Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, na
ação de competência originária de tribunal e nos
recursos a tutela provisória será requerida ao órgão
jurisdicional competente para apreciar o mérito.
Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á
perante:
I – os tribunais, nas causas de sua competência
originária;
II – o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de
jurisdição;
III – o juízo cível competente, quando se tratar de
sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de
sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo
Tribunal Marítimo.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o
exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do
executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens
sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser
executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos
em que a remessa dos autos do processo será solicitada
ao juízo de origem.
Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será
processada perante o juízo competente, observando-se o
seguinte:
I – a execução poderá ser proposta no foro de domicílio
do executado, de eleição constante do título ou, ainda,
de situação dos bens a ela sujeitos;
II – tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser
demandado no foro de qualquer deles;
III – sendo incerto ou desconhecido o domicílio do
executado, a execução poderá ser proposta no lugar
onde for encontrado ou no foro de domicílio do
exequente;
IV – havendo mais de um devedor, com diferentes
domicílios, a execução será proposta no foro de
qualquer deles, à escolha do exequente;
V – a execução poderá ser proposta no foro do lugar em
que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu
origem ao título, mesmo que nele não mais resida o
executado.
Além dos casos previstos no Código de Processo Civil,
existem alguns casos específicos, na Lei de Locações, que
prevê como competente para as ações locatícias o local do
imóvel ou foro de eleição (Lei n. 8.245/91, art. 58, II), e no
Código de Defesa do Consumidor, que estabelece como
sendo privilegiado o foro do domicílio do consumidor
(CDC, art. 101, I).
TUTELAS PROVISÓRIAS
Legislação aplicável Arts. 294 e ss. do CPC
6.1. Introdução
No momento em que uma parte busca do Poder Judiciário
uma resposta, dizemos que ela procura a obtenção de uma
tutela jurisdicional do Estado, que normalmente vem por
meio de uma sentença, chamada de tutela definitiva.
Todavia, sabemos que essa tutela definitiva pode
demorar22, tornando-se inútil para quem a requereu.
Sabedor da demora natural de um processo, o legislador
prevê a obtenção da tutela jurisdicional de forma
provisória, isto é, concedida por meio de cognição sumária
(superficial).
O Código de Processo Civil, seguindo esta linha, prevê
um Livro V especificamente destinado às tutelas
provisórias, dividindo-as em tutela de urgência e de
evidência (CPC, art. 294).
Tutelas provisórias de urgência são aquelas queenvolvem
perigo, risco de dano à parte ou ao resultado útil do
processo, em virtude da demora em se receber a tutela
definitiva. Por exemplo: se o autor necessita de um
medicamento, imediatamente, sob o risco de morte, o
perigo da demora surge, e, se o medicamento não for
fornecido, o requerente falecerá, de nada adiantando
aguardar até o final do processo.
Por outro lado, as tutelas provisórias de evidência não
necessitam do perigo na demora. Ao contrário, são
concedidas diante do alto grau de probabilidade do direito
do requerente, sem a demonstração de perigo de dano ou de
risco ao resultado útil do processo. As hipóteses em que se
concede a tutela de evidência estão arroladas no art. 311 do
CPC. Por exemplo, quando houver manifesto propósito
protelatório de uma parte.
Os Exames de Ordem têm exigido do candidato o pedido
de tutela provisória de urgência, vale dizer, alguma medida
a ser tomada de forma que, se assim não ocorrer, o direito
do autor corre sérios riscos de não ser atendido.
Muita confusão se tem feito acerca de quais são as tutelas
provisórias de urgência, que podem ser chamadas,
genericamente, de liminares.
Dentro das tutelas provisórias de urgência, estão inseridas
as tutelas antecipadas e as cautelares, que podem ser
requeridas antes ou incidentalmente no processo, e as
liminares específicas.
Resumo:
DICA
Para identificação da necessidade de uma liminar, devemos fazer um
raciocínio excludente, iniciando pelas liminares específicas previstas no
Código de Processo Civil ou em leis específicas. Não sendo caso de
liminar específica, a tutela provisória de urgência a ser requerida poderá
ser uma tutela antecipada ou uma tutela cautelar.
6.2. Liminares Específicas
De início, é necessário identificar se se trata de situação
específica prevista pela legislação.
O próprio Código de Processo Civil prevê liminares para
casos específicos, como no caso da Ação Possessória (CPC,
art. 562) e dos Embargos de Terceiro (CPC, art. 678).
A legislação especial também pode apresentar liminares
específicas. A título de exemplo, encontramos liminares
específicas nas seguintes leis:
(i) Mandado de segurança – art. 7.º, III, da Lei n.
12.016/2009;
(ii) Ação de Alimentos – art. 4.º da Lei n. 5.478/68
(iii) Ação Civil Pública – art. 12 da Lei n. 7.347/85; e
(iv) Ação de Despejo – art. 59, § 1.º, da Lei n. 8.425/91.
Nesses casos, como a liminar não é uma ação, mas um
mero incidente, basta abrir um capítulo na petição (que
pode ser inicial) e argumentar a presença dos requisitos
gerais da liminar, bem como a presença desses requisitos
no caso concreto.
6.3. Tutelas Provisórias de Urgência – Antecipada ou
Cautelar
Não havendo previsão de liminar específica, será
necessário observar se o caso concreto prevê uma situação
de perigo/risco. Caso a resposta seja positiva, a liminar a
ser requerida poderá ser uma tutela antecipada ou cautelar.
Sendo caso de tutela antecipada ou de cautelar, o art. 300
do CPC prevê os mesmos requisitos:
(i) probabilidade do direito: é a demonstração da razão
pela qual seu cliente merece a tutela em razão do direito
que possui; e
(ii) perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo: é
a demonstração das lesões que poderão advir da não
concessão da medida.
Observe-se que, especificamente para a tutela antecipada,
ainda será necessário comprovar que há reversibilidade da
medida (art. 300, § 3.º, do CPC), isto é, que, ao final, a
medida concedida pelo juiz poderá ser desfeita.
Em ambos os casos, o magistrado, antes de conceder a
medida, poderá exigir caução da parte requerente (garantia)
e designar audiência de justificação prévia.
Mesmo assim, a depender do caso concreto, será
necessário identificar se o requerimento terá natureza de
tutela antecipada ou cautelar, exigindo-se a diferenciação.
6.4. Tutela Antecipada
A tutela antecipada é a tutela provisória de urgência
requerida com a finalidade de antecipar os efeitos de uma
futura sentença. Isto é, trata-se de uma medida satisfativa
para obter o que, ao final, o requerente receberia em
sentença.
Importante destacar que, nos casos em que a urgência for
contemporânea à propositura da ação, será possível
requerer uma tutela antecipada antecedente, muito mais
simples que a elaboração de uma petição inicial completa.
Nesse caso, segundo o art. 303 do CPC, a petição inicial
se limitará à exposição do problema, do direito e do
requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido
de tutela final. Obtida a tutela antecipada, o autor deverá
aditar a petição inicial, com a complementação de sua
argumentação, a juntada de novos documentos e a
confirmação do pedido de tutela final, em 15 dias ou em
outro prazo, maior, que o juiz fixar. O réu será citado e
intimado para a audiência de conciliação ou de mediação.
Caso concedida, se o réu não recorrer da decisão, a tutela
se tornará estável e o processo será extinto.
ESTRUTURA DA TUTELA PROVISÓRIA ANTECIPADA
ANTECEDENTE
ENDEREÇAMENTO
Competência Juízo da ação principal. Analisar as regras de
competência dos arts. 46 a 53 do CPC, previstas no
Capítulo 5.
PREÂMBULO
Partes Autor e Réu. Qualificações completas, previstas no
Capítulo 8.
Nome da peça Tutela Provisória Antecipada Antecedente.
Fundamento
legal
Arts. 303 e 304 do Código de Processo Civil.
I. DA EXPOSIÇAO DA LIDE
– Relação jurídica que une as partes.
– Causa do litígio.
– Consequência jurídica.
II. DO DIREITO
– Demonstrar as consequências jurídicas dos fatos ocorridos. O direito
que se busca realizar imediatamente.
III. DO RISCO DE DANO
– Demonstrar os danos que advirão caso a tutela não seja concedida.
– Mencionar, também, a reversibilidade da medida (art. 300, § 3.º, CPC).
IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A concessão da tutela antecipada antecedente e sua finalidade.
b) A citação e intimação do Réu para comparecer em audiência de
conciliação ou de mediação (303, § 1.º, II, do CPC) e recorrer, se quiser,
sob pena de estabilização da demanda (art. 304, caput, do CPC).
c) A informação de que o Autor se vale da medida antecedente.
d) A juntada de custas iniciais.
e) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
f) A informação de aditamento em 15 dias (art. 303, § 1.º, I, do CPC).
Valor da
causa
Valor da ação principal – art. 303, § 4.º, do CPC
Peculiaridades – Requerimento de citação e intimação do Réu para
comparecer em audiência de conciliação ou de
mediação a ser designada (303, § 1.º, II, do CPC).
– Informar que o Autor se vale do disposto no art. 303,
caput, do CPC.
– Informar que, no prazo de 15 dias, aditará a inicial
(art. 303, § 1.º, I, do CPC).
6.5. MODELO De TUTELA ANTECIPADA
ANTECEDENTE
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 7.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE CATALÃO DO ESTADO DE
GOIÁS
DOUGLAS NOGUEIRA..., nacionalidade ..., estado civil ...,
profissão ..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço
eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo),
vem, por seu advogado (procuração anexa), com fundamento nos arts.
303 e 304 do Código de Processo Civil, requerer TUTELA
ANTECIPADA ANTECEDENTE em face de SAUDÁVEL S/A,
pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n. ... endereço
eletrônico..., com sede na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de
fato e de direito a seguir expostos.
I. DA EXPOSIÇÃO DA LIDE
O Autor firmou contrato de plano de Saúde com a Ré, cujos termos
identificam as coberturas de cirurgias e tratamentos de forma genérica,
pagando em dia todas as mensalidades contratualmente previstas.
Ao adentrar em sua residência, o Autor passou a sentir fortes dores
abdominais, dirigindo-se ao pronto-socorro mais próximo. Ao passar
por uma série de exames, o Autor foi diagnosticado com apendicite,
determinando-se a cirurgia imediata, diante da gravidade de seu quadro.
Todavia, a despeito da determinação médica, o hospital informou que
a cirurgia não teria sido aprovada pela Ré em função da inexistência de
cobertura contratual para o procedimento médico necessário, gerando aurgência da presente medida.
II. DO DIREITO
Inicialmente, cumpre destacar que se trata de relação de consumo,
uma vez que o Autor utiliza o serviço como destinatário final (art. 2.º do
CDC), e a Ré é fornecedora, por ser prestadora de serviços (art. 3.º do
CDC).
Em razão disso, o contrato de plano de saúde firmado deve ser
interpretado em favor do consumidor, nos exatos termos do art. 47 do
Código de Defesa do Consumidor: “Art. 47. As cláusulas contratuais
serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.”
Do dispositivo em questão verifica-se que, ainda que o contrato
contenha disposições genéricas a respeito da cobertura de cirurgias, suas
disposições devem ser interpretadas em favor do Autor, devendo a Ré
arcar com todas as despesas referentes ao procedimento médico a ser
realizado.
Ademais, é direito básico do consumidor a informação adequada e
clara sobre as especificações dos serviços, conforme o teor do art. 6.º,
III do CDC, não havendo qualquer cláusula contratual que exclua a
cirurgia em questão.
Portanto, presente o direito do Autor de obter a tutela antecipada.
III. DO RISCO DE DANO
Além da presença da probabilidade do direito do Autor, o art. 300 do
Código de Processo Civil dispõe que a tutela de urgência será concedida
se presente o risco de dano.
No presente caso, se o Autor não for imediatamente submetido ao
procedimento cirúrgico, sofrerá sérios danos físicos, havendo risco de
morte, conforme diagnóstico médico.
Além disso, a medida é plenamente reversível, pois, se ao final da
demanda o Autor tornar-se sucumbente, devolverá os valores
despendidos pela ré.
Desta forma, presente o risco de dano que autoriza a medida
antecipatória solicitada.
IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Diante do exposto, requer: a) A concessão da tutela antecipada
antecedente, no sentido de determinar à Ré a cobertura integral de todas
as despesas referentes ao procedimento cirúrgico necessário.
b) A citação e a intimação da Ré para comparecer em audiência de
conciliação ou mediação a ser designada (303, §1.º, II, do CPC), e
recorrer, se quiser, sob pena de estabilização da demanda (art. 304,
caput, do CPC).
c) A informação de que o Autor se vale do disposto no art. 303,
caput, do CPC, juntando-se as custas iniciais em anexo.
d) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
Informa, ao final, que, no prazo de 15 dias, aditará a inicial,
cumprindo-se com o determinado no art. 303, §1.º, I, do CPC.
Dá à causa o valor de R$ ... (valor por extenso).
Termos em que, Pede deferimento...
Local e data...
Advogado...
OAB n. ...
 
6.6. Aditamento da Tutela Antecipada Antecedente
Como visto, muito embora o Autor tenha apresentado sua
petição inicial mais sucinta, o art. 303, § 1.º, I, do Código
de Processo Civil exige do autor seu aditamento, com a
complementação da argumentação, juntada de novos
documentos e confirmação do pedido de tutela final, em 15
(quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar.
O modelo do aditamento não foge das características da
petição inicial comum (Capítulo 8 do livro) e pode ser
assim sintetizado: ESTRUTURA DO ADITAMENTO
ENDEREÇAMENTO
Competência Mesmo Juízo da tutela antecipada antecedente.
PREÂMBULO
Partes Autor e Réu já qualificados.
Nome da peça Aditamento à Inicial.
Fundamento
legal
Arts. 303, § 1.º, do Código de Processo Civil.
I. DOS FATOS
– Relatar
II. DO DIREITO
– Complementar a argumentação da inicial apresentada.
III. DOS PEDIDOS
a) A procedência da demanda, com a confirmação da tutela antecipada já
concedida.
b) A juntada de documentos novos.
Valor da
causa
– Não há (o valor da causa já foi inserido na petição
inicial de tutela antecipada antecedente).
Peculiaridades – Complementação da argumentação e juntada de
novos documentos (303, § 1.º, I, do CPC).
6.7. MODELO DE ADITAMENTO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE NATAL DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO NORTE
Processo n. ...
LEANDRO MATIAS, já qualificado nos autos da presente demanda,
vem, por seu advogado, com fundamento no art. 303, § 1.º, I, do Código
de Processo Civil, requerer o ADITAMENTO À INICIAL em ação de
obrigação de fazer, proposta em face de SAUDÁVEIS S/A, pelos
motivos a seguir expostos.
I. DOS FATOS
Conforme exposto na inicial, o Autor contratou a Ré como operadora
de seu plano de saúde, estando com todas as mensalidades em dia.
Porém, necessitou o Autor de cirurgia urgente em razão de apendicite
diagnosticada pelo próprio hospital, tendo a Ré se negado a arcar com a
cobertura dos custos do referente procedimento cirúrgico.
Para tanto, foi concedida a tutela antecipada, a fim de que a Ré
custeasse toda a cirurgia realizada, prosseguindo-se com a demanda
para o fim de reconhecimento da obrigação de pagar em definitivo por
todo o tratamento.
II. DO DIREITO
Conforme destacado, trata-se de evidente relação de consumo, regida
pelo Código de Defesa do Consumidor, cujo dispositivo determina a
interpretação favorável ao consumidor das cláusulas contratuais (art. 47
do CDC).
Veja-se que, conforme a cláusula XX do contrato ora juntado aos
autos, não há qualquer restrição ao custeio do plano quanto à cirurgia
requerida, o que leva a crer que a recusa deliberada da Ré está despida
de qualquer fundamento contratual.
Além disso, o comportamento apresentado destoa dos deveres do
prestador de serviços, previstos no art. 6.º, III, do CDC, inexistindo
disposição específica no contrato que impeça o pagamento dos valores.
“Art. 6.º São direitos básicos do consumidor: [...]
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e
serviços, com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os
riscos que apresentem”.
Desta forma, presente o direito do Autor de obter a tutela definitiva,
com a obrigação de custeio pela Ré de todas as despesas médicas
necessárias.
III. DOS PEDIDOS
Diante do exposto requer: a) A confirmação da tutela antecipada
concedida, julgando procedente a demanda para condenar a Ré ao
pagamento das despesas referentes ao tratamento médico do Autor.
b) A juntada de novos documentos, nos termos do art. 303, § 1.º, I,
do CPC, protestando-se, desde já, pela produção de todas as provas em
Direito admitidas.
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data...
Advogado...
OAB n. ...
 
6.8. Tutela Cautelar Antecedente
A tutela cautelar, diferentemente da tutela antecipada,
apenas visa a resguardar o direito do Autor em receber ao
final do processo aquilo que almeja. Em verdade, a cautelar
não antecipa ao requerente o que ele receberia ao final
(objeto da tutela antecipada), mas garante o resultado útil
do processo, que corre riscos de, ao seu término, não
entregar à parte vencedora o objeto da demanda.
Essa medida também pode ser requerida antes do
processo, por meio de petição, indicando a lide e seu
fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva
assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.
ESTRUTURA DA TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE
ENDEREÇAMENTO
Competência Juízo da ação principal. Analisar as regras de
competência dos arts. 46 a 53 do CPC, previstas no
Capítulo 5.
PREÂMBULO
Partes Autor e Réu. Qualificação completa, prevista no
Capítulo 8.
Nome da peça Tutela Provisória Antecipada Antecedente.
Fundamento
legal
Arts. 305 e ss. do Código de Processo Civil.
I. DA EXPOSIÇAO DA LIDE E SEU FUNDAMENTO
– Relação jurídica que une as partes: – Causa do litígio: – Consequência
jurídica:
II. DA EXPOSIÇAO SUMÁRIA DO DIREITO
– Demonstrar as consequências jurídicas dos fatos ocorridos. A garantia
do processo que se busca realizar imediatamente.
III. DO RISCO AO RESULTADO ÚTIL
– Demonstrar os danos processuais que advirão caso a cautelar não seja
concedida.
IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A concessão da tutela cautelar antecedente e a sua finalidade.
b) Subsidiariamente, o acolhimento da fungibilidadepara, se o magistrado
assim entender, que seja concedida a tutela antecipada (art. 305, parágrafo
único, do CPC).
c) A citação do Réu para, em 5 dias, apresentar Contestação.
d) A informação de aditamento, em 30 dias.
e) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
f) A juntada das custas.
g) Protesto por provas.
Valor da causa Valor do benefício pretendido
Peculiaridades – Requerimento de citação, para contestar no prazo de
5 dias, sob pena de presunção de veracidade dos fatos
(arts. 306 e 307 do CPC).
– Informar que, no prazo de 30 dias, aditará a inicial,
indicando-se a lide e seu fundamento (art. 308 do
CPC).
6.9. MODELO DE TUTELA CAUTELAR
ANTECEDENTE
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE MACEIÓ DO ESTADO DE
ALAGOAS
LEONARDO COSTA, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ...,
portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico...,
residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), vem, por seu
advogado (procuração anexa), com fundamento nos arts. 305 e ss. do
Código de Processo Civil, requerer TUTELA CAUTELAR
ANTECEDENTE em face de JOSÉ CAMARGO, nacionalidade ...,
estado civil ..., profissão ..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ...,
endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço
completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
I. DA EXPOSIÇÃO DA LIDE E SEU FUNDAMENTO
O Autor firmou negócio jurídico com o Réu para exercer
determinada atividade de manutenção de seus computadores, sob a
contraprestação de, ao fim, receber o valor de R$ 50.000,00.
Todavia, a despeito de o Autor ter realizado a integralidade dos
serviços, o Réu deixou de pagar o valor avençado, iniciando o
desfazimento de seus bens e avisando aos vizinhos a sua mudança de
domicílio para local distante.
Surge, daí, a necessidade de o Autor garantir o eventual pagamento
da contraprestação de suas atividades.
II. EXPOSIÇÃO SUMÁRIA DO DIREITO
Verifica-se, no caso concreto, que, a despeito do negócio jurídico
firmado entre as partes, o Réu não cumpriu com o seu dever de efetuar
o pagamento no valor de R$ 50.000,00, surgindo o débito a ser pago.
Como restou frustrado o adimplemento do Réu desde a data da
conclusão dos serviços prestados, surge sua situação de mora, prevista
nos arts. 394 e 395 do Código Civil.
Desta forma, tem o Autor direito de receber os valores acordados.
III. DO RISCO AO RESULTADO ÚTIL
Como visto, o Autor detém o direito de obter a contraprestação pelos
serviços prestados, e que não foi paga pelo Réu.
É sabido que o art. 300 do Código de Processo Civil permite a
obtenção da tutela cautelar desde que reste demonstrado o risco ao
resultado útil do processo.
No caso concreto, o Réu efetivamente está arruinando seu
patrimônio, alienando todos os seus bens, com o fim de não arcar com
seu dever de adimplir os valores devidos.
Ora, caso a presente tutela cautelar não seja concedida, a despeito de
propositura de ação de conhecimento para cobrança, eventual sentença
condenatória se tornará inócua, uma vez que o Réu já não possuirá
patrimônio apto a solver a dívida.
Portanto, é evidente o risco ao resultado útil do processo,
caracterizador da presente medida de urgência para o fim de apreender
os bens do Réu e impedi-lo de desfazer-se de seu patrimônio.
IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Diante do exposto requer: a) A concessão da tutela cautelar
antecedente, no sentido de determinar a apreensão de tantos bens quanto
bastem para resguardar o direito do Autor em receber o valor de R$
50.000,00, e, caso assim não entenda Vossa Excelência, que seja
observada a fungibilidade para a tutela antecipada, nos termos do art.
305, parágrafo único, do CPC.
b) A citação do Réu para, em 5 dias, contestar o pedido, sob pena de
presunção de veracidade dos fatos alegados (art. 307 do CPC).
Informa, ao final, que, no prazo de 30 dias, aditará a inicial,
indicando-se desde já a lide e seu fundamento, no sentido de promover
a cobrança com base no negócio jurídico firmado, cumprindo-se com o
determinado no art. 308 do CPC, juntando-se as custas iniciais em
anexo.
Protesta por provar o alegado por todos os meios em direito
admitidos.
Dá à causa o valor de R$ 50.000,00 (valor da causa do pedido
principal).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data...
Advogado...
OAB n. ...
 
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
Legislação aplicável Arts. 119 e ss. do CPC
Intervenção de terceiros é a figura processual que
possibilita a participação de um terceiro no processo. O
terceiro é aquele que não é parte na relação processual.
Essa participação poderá acontecer de duas formas, quais
sejam, voluntária ou provocada.
Na modalidade voluntária, também denominada
espontânea, o terceiro manifesta sua vontade de ingressar
na demanda. Já na provocada, uma das partes busca trazer o
terceiro para o processo independentemente de sua vontade.
Destaca-se, ainda, que existe uma única modalidade em que
o juiz poderá determinar a participação do terceiro de
ofício, qual seja, o amicus curiae.
São cinco as modalidades de intervenção de terceiros
previstas no CPC, quais sejam, a assistência, a denunciação
da lide, o chamamento ao processo, o incidente de
desconsideração da personalidade jurídica e o amicus
curiae.
A assistência e o amicus curiae são modalidades de
intervenção de terceiros voluntária. A denunciação da lide,
o chamamento ao processo, o incidente de desconsideração
da personalidade e o amicus curiae ocorrem como
intervenção de terceiros provocada.
Passemos a tratar de cada espécie de intervenção de
terceiros, individualmente, e a forma que deve ser
apresentada no processo.
7.1. ASSISTÊNCIA
Haverá assistência sempre que o terceiro tenha interesse
jurídico de que uma das partes vença a demanda. O
objetivo é ajudar, auxiliar, para que o Autor ou o Réu vença
a demanda.
A qualquer tempo, por simples petição, o assistente
formula o pedido para participar do processo,
demonstrando o interesse jurídico. É o caso, por exemplo,
de um sublocatário que formula o pedido de assistência em
uma demanda movida pelo locador contra o locatário.
7.1.1. Modelo de petição de assistência
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 27.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE RECIFE DO ESTADO DE
PERNAMBUCO
Processo n. ...
VANESSA MARIA, nacionalidade, estado civil, profissão, inscrita
no RG n. ..., CPF n. ..., residente e domiciliada na Rua ... (endereço
completo), endereço eletrônico..., por meio de seu advogado
(procuração anexa), vem a presença de Vossa Excelência, com
fundamento no art. 119 e ss. do Código de Processo Civil, apresentar
pedido de ASSISTÊNCIA, nos autos da AÇÃO DE DESPEJO PELO
RITO COMUM que ANDREIA SILVA move em face de TEREZA
ELINE, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
Trata-se de uma ação de despejo movida por ANDREIA SILVA,
locadora, em face de TEREZA ELINE, locatária, referente ao imóvel de
matrícula n. ..., situado na Rua ... (endereço completo), sob alegação de
descumprimento do disposto no art. 23, inciso II, da Lei n. 8.245/91,
qual seja, desvirtuamento da finalidade da locação.
Ocorre que a locatária firmou com VANESSA MARIA um contrato
de sublocação, conforme autorizado expressamente pelo contrato de
locação celebrado entre as partes do presente processo.
Prevê o art. 119 do Código de Processo Civil: “Art. 119. Pendendo
causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente
interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá
intervir no processo para assisti-la.
Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer
procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente
o processo no estado em que se encontre”.
O interesse jurídico é latente, já que VANESSA MARIA possui
contrato de sublocação com TEREZA ELINE, e pretende auxiliá-la na
demanda movida por ANDREIA SILVA, ficando, assim, demonstrado
que será atingida pelo provimento jurisdicional da presente demanda, o
que a permite ingressar como assistente.
Assim sendo, serve apresente petição para requerer: a) A intimação
das partes, para que se manifestem no prazo de 15 (quinze) dias acerca
do presente pedido de assistência, conforme disposto no art. 120 do
CPC.
b) Que, após o prazo de 15 (quinze) dias, com ou sem a manifestação
das partes, seja deferido o pedido para conceder a VANESSA MARIA a
participação nestes autos como assistente da Ré.
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data...
Advogado...
OAB n. ...
 
7.2. DENUNCIAÇÃO DA LIDE
Consiste na possibilidade de o Autor, na petição inicial, e
do Réu, na contestação, exercerem o direito de regresso
contra um terceiro, nos próprios autos da ação principal.
Tem por objetivo trazer ao processo o garantidor de uma
relação jurídica, com a finalidade de gerar economia
processual.
A denunciação da lide amplia o objeto do processo,
passando a existir a ação do Autor em face do Réu, e a do
Denunciante em face do Denunciado. Lembrando que
somente poderá ser admitida uma única denunciação
sucessiva. Não é mais possível a chamada denunciação da
lide per saltum, outrora admitida nas ações de evicção para
que o adquirente pudesse denunciar a lide qualquer antigo
proprietário do bem.
O art. 125 do Código de Processo Civil prevê as hipóteses
de cabimento:
“Art. 125. É admissível a denunciação da lide,
promovida por qualquer das partes:
I – ao alienante imediato, no processo relativo à coisa
cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de
que possa exercer os direitos que da evicção lhe
resultam;
II – àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo
contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de
quem for vencido no processo”.
O pedido de denunciação da lide será feito através de
abertura de um tópico próprio, com o requerimento de
citação do Denunciado, para contestar o pedido, nos termos
do art. 126 do CPC.
7.3. CHAMAMENTO AO PROCESSO
Consiste na possibilidade de o Réu trazer ao processo o
coobrigado em determinada relação jurídica.
Será feita na própria contestação. Os coobrigados serão
considerados litisconsortes passivos. Deverá ser aberto um
tópico próprio, destacando a relação jurídica existente entre
o Réu e o chamado ao processo, requerendo sua citação
para integrar o polo passivo da demanda.
O cabimento é delimitado pelas hipóteses do art. 130 do
CPC, quais sejam:
“Art. 130. É admissível o chamamento ao processo,
requerido pelo réu:
I – do afiançado, na ação em que o fiador for réu;
II – dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou
alguns deles;
III – dos demais devedores solidários, quando o credor
exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida
comum.”
O réu deverá promover a citação do chamado ao processo
no prazo de 30 dias, sob pena de ficar sem efeito o
chamamento (art. 131 CPC), salvo se residir em outra
comarca ou lugar incerto, hipótese em que o prazo será de 2
(dois) meses.
7.4. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
Tem por objetivo promover a responsabilização dos
sócios pelos débitos da sociedade ou, de forma inversa, a da
sociedade pelas dívidas dos sócios.
Existem 2 (duas) modalidades de incidente de
desconsideração da personalidade jurídica: (i) inicial:
requerida na própria petição inicial, não necessitando,
portanto, de incidente; e (ii) incidental: requerida a
qualquer tempo, no processo de conhecimento ou
execução, inclusive em sede recursal, sendo, nesta última
hipótese, decidida pelo relator.
Por meio de simples petição, à parte, ou Ministério
Público, formula o pedido incidental de desconsideração da
personalidade jurídica, cumprindo com os requisitos
previstos no art. 5023 do Código Civil. Haverá citação dos
sócios ou da sociedade, para manifestação no prazo de 15
(quinze) dias e consequente suspensão do processo
principal. Posteriormente, o magistrado decidirá por meio
de decisão interlocutória.
Destaca-se que a única modalidade de intervenção de
terceiros possível nos Juizados Especiais é a
desconsideração da personalidade jurídica, conforme prevê
o art. 1.062 do CPC.
7.4.1. Modelo de incidente de desconsideração da
personalidade jurídica
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 27.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO DO ESTADO DE
SÃO PAULO
Processo n. ...
MAURÍCIO SANTOS, já qualificado nos autos do presente
CUMPRIMENTO DE SENTEÇA movido em face de ALLCARS
LTDA., por seus advogados (procuração anexa), vem, respeitosamente,
à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos arts. 133 e ss. do
Código de Processo Civil, requerer seja instaurado o competente
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.
I. DOS FATOS
Constata-se, dos autos, que já foram efetuadas diversas diligências
com o fito de satisfazer o crédito da Exequente. Todavia, esta ainda não
logrou êxito em nenhuma delas, indicando a tentativa da Executada em
furtar-se da execução.
A propósito, recente pesquisa realizada via sistema “Infojud” restou
infrutífera, não constando nenhuma declaração de imposto de renda
(fls...), e, em consulta junto à Receita Federal do Brasil, o CNPJ da
Executada encontra-se baixado pelo motivo “INEXISTENTE DE
FATO” (doc. anexo).
Portanto, não restam dúvidas de que a Executada foi encerrada
irregularmente, sendo necessária a desconsideração de sua
personalidade jurídica.
II. DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
Nítida se faz a tentativa da empresa-executada, e de seus sócios, de
burlar a lei, esquivando-se de suas obrigações quanto ao pagamento dos
débitos junto aos seus credores, restando clara a existência de
desvirtuamento do instituto da personalização, cometido pelos sócios da
empresa ora executada.
Assim, resta evidente que, realmente, os administradores
promoveram o encerramento irregular e fraudulento da sociedade, com
o firme propósito de lesar credores da Executada.
A conduta representa o desleal comportamento dos sócios da
Executada, perante os credores da pessoa jurídica que representam,
denotando claro desinteresse pelo deslinde da presente ação.
De fato, a Executada, mediante a atuação de seus sócios, causou
enormes prejuízos à Exequente, que culminaram no débito ora
executado, e, agora, se escusa de satisfazê-lo, sendo que, inclusive, não
mais existe fisicamente, pois baixado seu CNPJ por “inexistente de
fato”.
Notoriamente, o presente caso configura verdadeiro abuso da
personalidade jurídica.
O Código Civil no art. 50, caput, assim dispõe, in verbis: “Art. 50.
Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio
de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento
da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no
processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de
administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou
indiretamente pelo abuso”.
É certo que o desvio de finalidade se caracteriza pelo uso da pessoa
jurídica como escudo ou fachada, tendo em mira acobertar sócios e
administradores de práticas fraudulentas, desviando-se, claramente, dos
objetivos da sociedade e causando lesão a terceiros.
Destarte, faz-se medida imperativa estender a responsabilidade da
Executada aos bens particulares de seus sócios, pois é imprescindível
coibir o abuso da personalidade jurídica ora demonstrado.
O “mau uso” da personalidade jurídica da Executada caracteriza-se
justamente pela utilização de sua personalidade jurídica para fins
diversos dos quais deveriam ser buscados, o que, primordialmente,
autoriza a sua desconsideração.
Desta feita, a desconsideração, claramente positivada como uma
forma de repressão ao abuso na utilização da personalidade jurídica, é
medida imperativa, sob pena de comprometer toda a estabilidade
proporcionada pelo ordenamento jurídico, sendo inadmissível que os
credores sofram prejuízos em decorrência da má gestão dos negócios da
empresa devedora, a qual culminou em sua extinção irregular.
Faz-se, assim, mister a constrição de bens particularesdos sócios da
Executada, os quais utilizaram a figura da pessoa jurídica da Executada
para se locupletarem ilicitamente, quais sejam: – NOME DO SÓCIO 1
– CPF n. ...
– NOME DO SÓCIO 2 – CPF n. ...
Resta inegável a responsabilidade subsidiária dos sócios da
Executada neste caso, devendo estes arcarem com o pagamento do
crédito exequendo.
III. DOS REQUERIMENTOS
Assim sendo, serve a presente para requerer que este D. Juízo se
digne em: a) determinar a imediata comunicação da instauração do
presente incidente ao distribuidor para as anotações devidas, conforme
previsto no § 1.º do art. 134 do CPC; b) suspender o processo até o final
julgamento do presente incidente, nos termos do § 3.º do art. 134 do
CPC; c) determinar a citação dos sócios da Executada para
apresentarem manifestação, caso queiram, no prazo de 15 (quinze) dias,
conforme previsto no art. 135 do CPC; d) ao final, desconsiderar a
personalidade jurídica da Executada, integrando os seus sócios abaixo
qualificados ao polo passivo da presente ação, constantes no seu
contrato social (doc. anexo), possibilitando-se, assim, o alcance de seus
bens, os quais garantirão o débito em litígio: – NOME DO SÓCIO 1 –
CPF n. ...
– NOME DO SÓCIO 2 – CPF n. ...
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data.
Advogado...
OAB n. ...
 
7.5. AMICUS CURIAE
O amicus curiae (art. 138 do CPC) pode ser uma pessoa,
natural ou jurídica, e, até mesmo, um órgão
despersonificado, que tenha um conhecimento particular a
respeito do objeto da ação, e que pode ser convocado pelo
juiz para auxiliá-lo na formação de seu convencimento.
Para a convocação, o juiz ou relator deve levar em
consideração a relevância da matéria, a especificidade do
tema objeto da demanda ou a repercussão social da
controvérsia.
O juiz pode convocar o amicus curiae de ofício ou
mediante requerimento de qualquer das partes. Se for
formulado o pedido pelas partes, poderá ser feito por
simples petição. A própria entidade interessada em atuar
como amicus curiae pode requerer ao juiz a sua
intervenção no processo.
O amicus curiae emitirá uma opinião, no prazo de 15
(quinze) dias, sobre a matéria que é objeto do processo no
qual ele foi admitido.
PROCEDIMENTO COMUM
Legislação aplicável Arts. 318 e ss. do CPC
8.1. PETIÇÃO INICIAL
O art. 2.º do Código de Processo Civil determina que o
processo somente se iniciará por iniciativa da parte, e isso
ocorrerá por meio do protocolo da petição inicial.
É a peça mais importante, cujas consequências são
essenciais para o desfecho do processo, auxiliando na
definição, inclusive, dos limites da sentença. Assim,
devemos estudá-la minuciosamente. Ademais, os requisitos
de sua estrutura serão utilizados em outras peças, como
veremos.
I. Dicas de identificação da peça
Para identificação do cabimento da inicial, o enunciado
deverá apresentar ao menos duas dicas.
A primeira delas é a de que ainda não há uma demanda
proposta. Ou seja, não existe um processo em curso.
A segunda dica é a de que o enunciado sugere que o
candidato deverá tomar a medida judicial cabível.
Destaque-se que deve ser tomada uma medida judicial. Isto
porque, se não for judicial, o enunciado pode estar
delineando outra medida, como um parecer.
II. Requisitos (arts. 319, 320 e 77, V, do CPC)
Importante destacar os requisitos da petição inicial,
previstos nos arts. 319, 320 e 77, V, do CPC.
Para facilitar a memorização, dividimos os requisitos
conforme os dispositivos legais destacados:
Requisitos Arts. 319, 320 e 77, V, do CPC
Endereçamento I – o juízo a que é dirigida;
Preâmbulo II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência
de união estável, a profissão, o número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional
da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e
a residência do autor e do réu;
Fatos e direito III – os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido;
Pedidos IV – o pedido com as suas especificações;
Valor da Causa V – o valor da causa;
Ônus da prova VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a
verdade dos fatos alegados; e
Audiência
inicial
VII – a opção do autor pela realização ou não de
audiência de conciliação ou de mediação.
Endereço Art. 77, V – declinar, no primeiro momento que lhes
do Advogado couber falar nos autos, o endereço residencial ou
profissional onde receberão intimações, atualizando
essa informação sempre que ocorrer qualquer
modificação temporária ou definitiva.
Instrução com
documentos
Art. 320. A petição inicial será instruída com os
documentos indispensáveis à propositura da ação.
1. Endereçamento (art. 319, I, do CPC)
É o início da sua peça, a quem se deve dirigi-la e para o
juízo e o foro a que será enviada. Considera-se uma das
partes mais importantes da inicial, vez que é o primeiro
critério que o examinador irá verificar.
Ao elaborar o endereçamento, é necessário estudarmos a
competência, descrita no Capítulo 5.
Para a correta indicação do endereçamento,
especialmente em primeiro grau, será necessário indicar o
Juízo e o Foro competentes.
Foro corresponde à base territorial onde o juiz exerce a
sua competência. Pode ser traduzido como Comarca ou
Seção judiciária (a depender de se tratar de Justiça
Estadual ou Federal) Juízo é a unidade judiciária onde
funcionam juiz e seus auxiliares. Pode ser traduzido
como Vara.
Endereçamento = JUIZO + FORO
Em resumo, no Brasil, há vários órgãos competentes para
julgar uma demanda: Quadro de Competência
Analisando o quadro acima exposto, é possível verificar a
diversidade de endereçamentos que poderão ser exigidos.
Assim, segue-se um resumo dos possíveis
endereçamentos: Para Supremo Tribunal Federal (STF):
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO
PRESIDENTE DO EXCELSO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL
Para Superior Tribunal de Justiça (STJ):
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO
PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA.
Para Tribunal Regional Federal: EXCELENTÍSSIMO
SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR
PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL
FEDERAL
Para Justiça Federal: EXCELENTÍSSIMO SENHOR
DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ... VARA CÍVEL DA
SEÇÃO JUDICIÁRIA DE...
Para Tribunal de Justiça: EXCELENTÍSSIMO
SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR
PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DE...
Para Justiça Estadual: EXCELENTÍSSIMO SENHOR
DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA
COMARCA DE ... DO ESTADO DE...
Para Justiça Estadual – Fazenda Pública:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE
DIREITO DA ... VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA
COMARCA DE... DO ESTADO DE...
Para Justiça Estadual – Vara de Família:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE
DIREITO DA ... VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES
DA COMARCA DE ... DO ESTADO DE...
Para Justiça Estadual – Foro Regional:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE
DIREITO DA ... VARA CÍVEL DO FORO REGIONAL
DE...DA COMARCA DE...ESTADO DE...
Para Juizado Especial Federal: EXCELENTÍSSIMO
SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ... VARA DO
JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CÍVEL DE...
Para o Juizado Especial Cível: EXELENTÍSSIMO
SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA
DO JUIZADO ESPECIAL CIVEL DA COMARCA DE
... ESTADO DE ...
Para Juizado Especial da Fazenda Pública:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE
DIREITO DA ... VARA DO JUIZADO ESPECIAL DA
FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE ... DO
ESTADO DE ...
2. Preâmbulo
Após o endereçamento da petição inicial, o ideal é pular
aproximadamente 5 linhas e iniciar o preâmbulo, que
conterá: a qualificação das partes; a representação por
advogado com procuração; e o fundamento legal, o nome
da peça, e o seu procedimento.
De início, é importante lembrar que, ao realizar o exame,
não se deve criar dado algum que já não tenha sido
oferecido pelo enunciado da questão. Portanto, se o
enunciado não trouxer os elementos necessários para quali
ficar a parte, basta indicar o que deveria constar em
reticências, para demonstrar a ausência de dados24.
2.1. Qualificação das partes (art. 319, II, do CPC) A
qualificação das partes dentro da petição inicial
demonstra ao juiz a legitimidade das partes, sua
capacidade de ser partee a capacidade de estar em juízo
(arts. 70 a 76 do CPC).
Como elementos da qualificação da pessoa física, deverão
constar o nome completo, a nacionalidade, o estado civil
(ou existência de união estável), a profissão, os números de
RG e CPF, o endereço eletrônico e o endereço de seu
domicílio e residência. Lembrando que, se for pessoa
incapaz, deverá estar representada ou assistida, de acordo
com a sua incapacidade.
OBSERVAÇÃO
Caso o Autor não disponha de todos os dados do Réu, poderá requerer ao
juiz que realize diligências para a sua obtenção (CPC, art. 319, § 2.º).
Sendo pessoa jurídica, será necessário indicar se é de direito público ou
privado, bem como o número do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica), apontando o seu representante, o endereço eletrônico e o local
de sua sede.
São exemplos de qualificação: a) pessoa física capaz:
NOME DO AUTOR..., nacionalidade..., estado civil...,
profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ...,
endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ...
(endereço completo), vem, por seu advogado (procuração
anexa)...
b) pessoa física incapaz: NOME DO AUTOR..., menor
incapaz25, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ...,
neste ato representado por seu representante legal, nome
completo..., nacionalidade..., estado civil..., profissão...,
portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço
eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço
completo), vem, por seu advogado (procuração anexa)...
c) pessoa jurídica de direito privado: NOME DO
AUTOR..., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ n. ..., endereço eletrônico..., com sede na Rua ...
(endereço completo), neste ato representada por seu
administrador, nome completo... nacionalidade..., estado
civil..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrita no
CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado
na Rua ... (endereço completo), conforme ato
constitutivo anexo26, vem, por seu advogado (procuração
anexa)...
d) pessoa jurídica de direito público: NOME DA
PESSOA JURÍDICA..., pessoa jurídica de direito
público, por seu procurador [...], endereço eletrônico...,
vem, e) empresário individual: NOME DO AUTOR...,
empresário individual, com inscrição no CNPJ n. ... e
endereço na Rua ... (endereço completo) vem, por seu
advogado (procuração anexa)...
f) condomínio: NOME DO AUTOR..., inscrito no CNPJ
n. ..., endereço eletrônico..., situado na Rua ... (endereço
completo), neste ato representado por seu síndico, nome
completo... nacionalidade..., estado civil..., profissão...,
portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço
eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço
completo) conforme assembleia anexa, vem, por seu
advogado (procuração anexa)...
g) espólio: ESPÓLIO DE..., neste ato representado por
seu inventariante, nome completo... nacionalidade...,
estado civil..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito
no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e
domiciliado na Rua ... (endereço completo) conforme
compromisso em anexo, vem, por seu advogado
(procuração anexa)...
h) massa falida: MASSA FALIDA DA EMPRESA...,
neste ato representada por seu administrador judicial,
nome completo... nacionalidade..., estado civil...,
profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ...,
endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ...
(endereço completo), conforme termo de compromisso
em anexo, vem, por seu advogado (procuração anexa)...
3. Ação e procedimento
Após indicar as partes e o advogado, é preciso apontar a
ação que se está promovendo, bem como o procedimento
desta ação, junto com o seu fundamento legal.
A ação de conhecimento tem por objetivo obter uma
sentença. Dependendo do procedimento utilizado, teremos
o fundamento legal que será utilizado no preâmbulo.
Para identificar o procedimento, deve-se, antes de tudo,
verificar se há um procedimento especial que se aplicaria.
Do contrário, o rito a ser seguido será o do procedimento
comum.
Alguns exemplos de procedimentos encontram-se
arrolados na tabela abaixo:
Procedimento Nome Fundamento
Legal
Especiais dentro do Código de
Processo Civil
Consignação
em pagamento
Arts. 539 e ss.
do CPC
Monitória Arts. 700 e ss.
do CPC
Embargos de
Terceiro
Arts. 674 e ss.
do CPC
Especiais fora do Código de
Processo Civil (Leis Específicas)
Mandado de
Segurança
Lei n.
12.016/2009
Ação de
Alimentos
Lei n. 5.478/68
Ação Civil
Pública
Art. 1.º da Lei
n. 7.347/1985
Comum Comum Art. 318 e ss.
do CPC
Para a ação de conhecimento, ao ser encontrado o seu
procedimento, deve-se indicar o seu respectivo fundamento
legal. Lembrando que, se for de rito especial, a própria lei
prevê o nome da ação, não sendo necessário informar que é
de rito especial. Porém, se for de rito comum, é necessário
apontar que se está obedecendo tal rito.
a) Exemplo de ação de rito especial: NOME DO
AUTOR..., nacionalidade..., estado civil..., profissão...,
portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço
eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço
completo), vem, por seu advogado (procuração anexa)...,
com fundamento nos arts. 539 e ss. do Código de
Processo Civil, propor AÇAO DE CONSIGNAÇAO
EM PAGAMENTO, pelos motivos a seguir expostos.
b) Exemplo de ação conhecimento pelo rito comum:
NOME DO AUTOR..., nacionalidade..., estado civil...,
profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ...,
endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ...
(endereço completo), vem, por seu advogado (procuração
anexa)..., com fundamento nos arts. 318 e ss. do
Código de Processo Civil, propor AÇAO DE
CONHECIMENTO PELO RITO COMUM, pelos
motivos a seguir expostos.
Vale lembrar que é frequente, nas ações de procedimento
comum, o autor inserir o pedido como nome de ação. Por
exemplo, pedido de indeni zação como ação indenizatória
pelo rito comum, ou cobrança como ação de cobrança pelo
rito comum. É aconselhável somente criar nomes em ações
se tiver certeza de que ela existe. Do contrário, basta
indicar o procedimento.
ATENÇÃO
Se houver pedido de tutela provisória antecipada ou cautelar incidental,
colocá-lo logo no preâmbulo, juntamente com a ação e o rito.
Assim, até agora, a petição inicial pode ser demonstrada:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA (N.
DA VARA, se não for vara única) VARA CÍVEL DA COMARCA DE
(NOME DA CIDADE) DO ESTADO DE (NOME DO ESTADO)
NOME DO AUTOR, nacionalidade..., estado civil..., profissão...,
portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico...,
residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), vem, por seu
advogado (procuração anexa) propor AÇÃO DE COBRANÇA, pelo
rito comum com pedido de TUTELA ANTECIPADA, em face de
NOME DO RÉU, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador
do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e
domiciliado na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e de
direito a seguir expostos:
4. Dos fatos
Após o preâmbulo, é necessário expor os fatos que
constituíram a demanda. Basta fazer um resumo do
enunciado, em três parágrafos, lembrando-se de elaborar
uma narrativa sucinta.
Não se deve esquecer de que são só os fatos indicados no
enunciado que devem constar da peça elaborada, não se
devendo imprimir qualquer juízo de valor, nem demonstrar,
nesta parte, se o autor tem razão ou não.
Para auxílio na elaboração dos fatos, sugere-se a
elaboração de três parágrafos utilizando-se três conteúdos.
Parágrafo 1 – Relação jurídica que une as partes: indicar
o que une as partes a ponto de elas figurarem em polos
opostos na mesma demanda. Basta elaborar um resumo
da situação de fato e/ou de direito entre as partes.
Exemplo: As partes firmaram um contrato de prestação
de serviços.
Parágrafo 2 – Causa do litígio: indicar de onde surgiu o
litígio entre as partes. Como as partes acabaram litigando
entre si.
Exemplo: uma das partes descumpriu seu dever
contratual.
Parágrafo 3 – Consequência jurídica: qual é a soluçãojurídica a ser buscada pelo Autor em razão do litígio
como conclusão.
Exemplo: em razão do descumprimento do contrato,
surge o direito do autor em ser indenizado.
Somando-se os três parágrafos, temos a seguinte redação,
a título de exemplo: Lucas e Luciano firmaram contrato de
prestação de serviços em que Luciano se obrigou a executar
a limpeza do jardim de Lucas em até 3 dias, a fim de
preparar o terreno para uma festa.
Todavia, a despeito de Lucas ter adiantado o valor
referente a toda a remuneração prevista em contrato,
Luciano apenas executou parte da limpeza do jardim,
deixando de completar o serviço acordado há mais de duas
semanas.
Portanto, verifica-se o cabimento da presente demanda,
em razão do descumprimento do contrato por Luciano e a
ocorrência da festa, surgindo o direito do Autor de ser
indenizado pelo descumprimento contratual.
5. Do direito
Esta é a seção da petição inicial que contém os
fundamentos jurídicos que traduzem os fatos para o mundo
do direito. É um dos capítulos de maior pontuação no
Exame de Ordem, pois consiste em aplicar as teses
aprendidas de direito material, fundamentando-se sempre
na lei e, se puder, em súmulas.
São as consequências jurídicas dos fatos narrados
anteriormente, isto é, o porquê de o autor ter ingressado
com a ação, e as consequências dela.
Aconselha-se, sempre, a transcrição do dispositivo de lei
mais importante para o caso concreto, sempre recuando
todo o texto e entre aspas. Por exemplo, em caso de mora
do devedor: “Art. 394. Considera-se em mora o devedor
que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser
recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção
estabelecer”.
É importante lembrar que não basta transcrever os artigos
de lei, também é preciso argumentar sobre sua aplicação e
explicá-los. Os critérios de correção do exame são claros ao
mencionar que não será considerada a indicação de meros
artigos de lei. Portanto, sempre após a transcrição do
dispositivo, deve-se explicá-lo.
As fundamentações jurídicas serão analisadas
detidamente nos próximos capítulos, quando tratarmos das
diversas petições iniciais cabíveis.
6. Dos pedidos e requerimentos
Para concluir todo o raciocínio jurídico apresentado
anteriormente, será necessário formular os pedidos e
requerimentos ao juiz, que nada mais são do que a
conclusão de sua petição.
Inicialmente, é importante destacar a diferença entre
pedidos e requerimentos. Pedidos referem-se, efetivamente,
à tutela jurisdicional desejada. Ou seja, consistem nos
provimentos buscados do Estado-juiz. Os requerimentos
são as demais providências processuais decorrentes da
petição inicial, como a citação, outros tipos de notificação,
a produção de provas etc.
Para resumir o tópico, basta utilizar uma sequência lógica
dos pedidos e requerimentos, que aqui serão elencados para
facilitar o raciocínio.27
6.1. Dos pedidos a) Tutela provisória de urgência: em
primeiro lugar, devemos observar se há necessidade de
pedido de tutela provisória de urgência na inicial. Caso a
resposta seja positiva, haverá um tópico específico, e este
será o primeiro pedido a ser formulado, sempre
indicando qual a finalidade almejada.
Exemplo:
Diante de todo o exposto, requer:
a) A concessão da tutela antecipada para o fim de
determinar ao Réu a imediata cessação da sua atividade,
sob pena de multa;
b) Pedido principal: é exatamente o provimento
necessário que levou o autor à propositura da demanda,
estando previsto nos arts. 322 a 329 do CPC.
Em regra, o pedido deve ser certo e determinado, cabendo
ao autor, sempre, aliar o pedido de procedência do pedido
com os pedidos imediato (condenação, declaração ou
constituição) e mediato (bem da vida, e.g. automóvel,
imóvel, dinheiro etc.).
As espécies de pedido imediato são: condenação: é a
imposição ao réu de uma obrigação de pagar, fazer, não
fazer ou entregar algo; declaração: é o reconhecimento da
existência ou inexistência de uma relação jurídica;
constituição: é a criação, modificação ou extinção de um
direito.
Neste caso, é importante lembrar que, se estivermos
tratando de valores monetários, ou seja, dinheiro, deve-se
pedir juros e correção monetária, sempre requerendo a
confirmação da tutela provisória de urgência, se houver.
Exemplo de procedência de pedido:
b) a procedência do pedido para o fim de condenar o
Réu ao pagamento do valor de R$ 50.000,00, acrescidos
de juros e correção monetária, confirmando-se a tutela
antecipada concedida.
IMPORTANTE
É possível ao autor a cumulação de pedidos, desde que eles sejam
compatíveis entre si, os procedimentos sejam adequados a todos e o juiz,
competente para conhecê-los (art. 327, § 1.º, do CPC). Nesse caso, caberá
analisar qual tipo de cumulação será necessária.
1.º Cumulação simples: é aquela em que o autor formula
dois ou mais pedidos e deseja todos eles. Exemplo: A
condenação do Réu por danos materiais e morais.
2.º Cumulação alternativa (art. 326, parágrafo único):
é aquela em que o autor formula dois ou mais pedidos, mas
deseja somente um deles, sem qualquer tipo de preferência.
Exemplo: A condenação do Réu a devolver uma bicicleta
emprestada ou uma indenização correspondente ao valor
da bicicleta.
3.º Cumulação sucessiva: o autor formula dois ou mais
pedidos, mas os subsequentes dependem da concessão do
primeiro pedido. Exemplo: O reconhecimento de
paternidade cumulado com a condenação em alimentos
(primeiro o juiz deverá reconhecer a paternidade para
posteriormente condenar o pai em alimentos).
4.º Cumulação subsidiária (art. 326, caput, do CPC): o
autor formula dois ou mais pedidos e deseja somente um
deles, mas tem preferência. Exemplo: A condenação do réu
na obrigação de desfazer a obra, mas, se isso não for
possível, a condenação em indenização por perdas e danos
(perceba que, aqui, a preferência é pelo desfazimento da
obra).
OBSERVAÇÃO
Tratando-se de obrigação de fazer, não fazer ou de entregar coisa, será
preciso, além de se requerer a condenação, solicitar a imposição de
medidas necessárias à efetivação da tutela, como a imposição de multa (ou
astreintes) – arts. 497 e 536, § 1.º, do CPC.
Custas e honorários: as custas e honorários são
decorrências da sucumbência na ação, isto é, será preciso
pedir a condenação para que a parte contrária arque com as
custas e os honorários advocatícios gastos pela parte
vencedora (arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC).
Exemplo:
c) Condenação do Réu ao pagamento das custas e
honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa
Excelência, nos termos dos arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC.
6.2. Dos requerimentos Como visto anteriormente, os
requerimentos consistem em requisitos processuais a
serem solicitados ao juiz, e podem ser obrigatórios
(sempre estarão presentes) ou facultativos (somente serão
requeridos se houver situação específica que os exija).
Iniciando pelos requerimentos obrigatórios: a) citação do
réu: muito embora a citação não esteja prevista mais no
art. 319 do CPC, ainda é necessário requerê-la.
A citação é o ato judicial pelo qual se convoca o réu para
integrar a relação processual, concedendo a ele a
oportunidade de exercer o seu direito de defesa.
Todos os meios de citação estão previstos no art. 246 do
CPC, sendo a citação pelo correio a regra.
Lembre-se de que, conforme exigido pelo art. 334 do
CPC, em regra, haverá uma audiência de conciliação ou de
mediação a ser designada, antes mesmo de o prazo para
contestação começar a correr. Assim, será necessário
formular o pedido de citação do réu para que compareça em
audiência ou apresente defesa nos casos em que a audiência
não for designada.
CUIDADO
Se o enunciado trouxer um réu que esteja em outra comarca, será
necessário pedir citação por carta precatória, e, se estiver em outro país,
por carta rogatória.
Se o enunciado mencionar que há endereço eletrônico do
Réu, deve-se requerer a sua citação por meio eletrônico
(art. 246, V, do CPC).
a) A juntada das custas processuais da inicial: caso o
autor não formule o requerimento para concessão dos
benefícios da justiça gratuita,será necessário juntar as
custas referentes à propositura da demanda, sob pena de
cancelamento da distribuição da inicial (art. 290 do
CPC).
b) Opção ou não pela realização de audiência inicial: o
CPC determina, no art. 334, que haja uma audiência de
conciliação ou mediação logo no início do processo,
salvo se o direito não comportar autocomposição ou se
ambas as partes a recusarem. Desta forma, deve-se
indicar a opção ou não pela audiência, conforme o caso.
c) Endereço do advogado: conforme o art. 77, V, do
CPC, é necessário indicar o endereço do advogado para
recebimento de intimações.
d) Produção de provas: por fim, em regra, basta fazer
um pedido genérico de produção de provas.
IMPORTANTE
Se o próprio enunciado evidenciar uma prova a ser produzida, por
exemplo, afirmando ser necessária a realização de perícia, não basta
incluir um requerimento de produção de provas genérico. Será preciso
especificar a necessidade da prova pericial.
ATENÇÃO
Há iniciais em que não há necessidade de requerimento de produção de
provas, dada a peculiaridade do procedimento aplicável, que não admite
dilação probatória, nada impedindo a juntada inicial de provas. São eles:
(i) Mandado de Segurança: a prova deve vir junto à petição inicial, pois o
direito deve ser demonstrável de plano, caracterizando-o como um direito
líquido e certo.
(ii) Execução: o título executivo já traz a certeza do direito a ser satisfeito
e deve ser juntado.
(iii) Ação Monitória: a prova escrita sem força de título deve instruir a
inicial e levar à conclusão da evidência do direito do autor.
Vejamos em resumo como serão os pedidos:
“Por todo o exposto, requer a Vossa Excelência: a) A concessão da
tutela provisória antecipada/ cautelar no sentido de... (se houver).
b) A procedência do pedido do Autor, confirmando a tutela
provisória concedida, com o fim de condenar/constituir/declarar...
c) A condenação do Réu nas custas e honorários advocatícios a
serem arbitrados por Vossa Excelência nos termos dos arts. 82, § 2.º, e
85 do CPC.
d) A citação do Réu para que compareça em audiência (ou apresente
defesa no prazo legal).
e) A juntada da inclusa guia que comprova o recolhimento das
custas.
f) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de
mediação.
g) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
Protesta por provar o alegado por todos os meios em direito
admitidos”.
Vale destacar que, além dos requerimentos obrigatórios,
há os facultativos, que serão elaborados tão somente se o
enunciado deixar clara a sua necessidade, como o pedido de
justiça gratuita caso o Autor seja pobre (arts. 98 e 99 do
CPC); a prioridade de tramitação caso o autor seja idoso ou
tiver doença grave (art. 1.048, I, do CPC); a intimação do
Ministério Público em casos previstos na lei (art. 178 do
CPC). Tais pedidos serão requeridos assim:
a) A concessão da justiça gratuita nos termos dos arts. 98 e 99 do
CPC.
b) A tramitação prioritária por se tratar de Autor idoso ou com
doença grave (art. 1.048, I, do CPC).
c) A intimação do representante do Ministério Público, conforme art.
178 do CPC.
7. Valor da causa
O art. 291 do CPC determina que toda causa terá um
valor, ainda que a ação não tenha conteúdo econômico
imediatamente aferível. Assim, é necessário apontar na
petição inicial o valor da causa.
O valor da causa, além de servir de base para o
recolhimento das custas processuais, ainda tem por
finalidade determinar a competência (como no caso do
Juizado Especial Cível, competente para conhecer de
causas cujo valor seja de até 40 salários mínimos), servir de
base para os honorários advocatícios e multas processuais
(como aquela pelo não comparecimento injustificado em
audiência de conciliação ou de mediação – art. 334, § 8.º,
do CPC).
O art. 292 do CPC contém as regras para o
preenchimento do valor da causa. Vale lembrar que, se o
enunciado sequer trouxer o valor, basta apontar com
reticências, indicando que ali deveria ser colocado um
valor.
Regras para valor da causa: na ação de cobrança de
dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos
juros de mora vencidos e de outras penalidades, até a
propositura da ação; quando a ação tiver por objeto a
existência, validade, cumprimento, modificação, resolução,
resilição ou rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou de
sua parte controvertida; na ação de divisão, de demarcação
e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem
objeto do pedido; na ação indenizatória, inclusive por dano
moral, o valor pretendido; havendo cumulação de pedidos,
a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;
sendo alternativos os pedidos, o de maior valor; se houver
também pedido subsidiário, o valor do pedido principal;
quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, tomar-
se-á em consideração o valor de umas e outras. O valor das
prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a
obrigação for por tempo indeterminado, ou por tempo
superior a 1 (um) ano; se, por tempo inferior, será igual à
soma das prestações.
Na Lei de Locações o valor da causa será de doze meses o
valor do aluguel (art. 58, III, da Lei n. 8.245/91) Desta
forma, o valor da causa na petição inicial se resume a
uma frase: Dá à causa o valor de R$... (valor por
extenso).
8. Desfecho da petição inicial
Cumpridos todos os requisitos da petição inicial, basta
realizar seu desfecho, que, em verdade, é igual para todas
as petições, apontando-se a data, o nome do advogado e o
número de sua OAB.
Vale lembrar que, de forma alguma o candidato deverá
colocar o seu nome, ou inventar um número da OAB, sob
pena de identificação da peça, com a consequente obtenção
de nota zero.
Isso também vale para a data. Não se deve indicar
nenhuma data, nem o local em que o exame foi feito.
Aponte esses dados com reticências.
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data...
Advogado...
OAB n. ...
ESTRUTURA DA PETIÇÃO INICIAL
ENDEREÇAMENTO
Competência Verificar um dos incisos do art. 53 do CPC.
PREÂMBULO
Partes Autor e Réu. Qualificações completas.
Nome da peça Arts. 318 e ss. + ação + procedimento + tutela
provisória
Fundamento
legal
DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes.
– Causa do litígio.
– Consequência jurídica.
DO DIREITO
– Tese de direito material aplicável, legislação e súmula.
DA TUTELA PROVISÓRIA / DA LIMINAR
– Requisitos do art. 300.
– Probabilidade do direito.
– Risco de dano ou ao resultado útil do processo.
DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A concessão da tutela provisória antecipada/cautelar e a sua finalidade.
b)A procedência do pedido e a sua finalidade.
c) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios
(arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC).
d) A citação do Réu.
e) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita.
f) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação.
g) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
h) Protesto por provas.
Valor da
causa
Regras: art. 292 do CPC
Peculiaridades Requerimentos facultativos: – Concessão da justiça
gratuita (arts. 98 e 99 do CPC); – Tramitação
prioritária por se tratar de Autor idoso ou com doença
grave (art. 1.048, I, do CPC); - Intimação do
representante do Ministério Público (art. 178 do CPC).
 
8.2. MODELO DE PETIÇÃO INICIAL
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 27.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO DO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO
SIDNEY LOPES, nacionalidade ..., estado civil ..., taxista, portador
do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e
domiciliado na Rua ... (endereço completo), por seu advogado
(procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 318 e ss. do Código
de Processo Civil, propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO PELO RITO
COMUM COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA ANTECIPADA
em face de PAULO ANTÔNIO, pessoa jurídica de direito privado,
inscrita no CNPJ sob o n. ..., endereço eletrônico..., com sede na Rua ...
(endereço completo), pelos motivos de fato e dedireito a seguir
expostos.
I. DOS FATOS
O Autor é proprietário de táxi e trafegava na mão correta no dia 29
de maio, no mesmo momento em que o Réu também trafegava com seu
veículo.
Contudo, devido ao motorista do veículo do Réu estar alcoolizado,
em alta velocidade e na contramão, acabou por colidir com o veículo do
Autor, causando-lhe sérios prejuízos, como se pode depreender do
Boletim de Ocorrência ora anexado.
Assim, merece o Autor ser indenizado pelas razões seguintes.
II. DO DIREITO
O Autor tem direito à indenização em razão da responsabilidade civil
do Réu, que trafegava com seu automóvel de forma a arriscar a
segurança de outros veículos, praticando ato ilícito.
É o que prevê o art. 186 do Código Civil: “Art. 186. Aquele que, por
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito”.
No presente caso, o Autor por ação voluntária estava alcoolizado, na
contramão e em alta velocidade, atuando de forma imprudente,
cometendo ato ilícito causando danos materiais ao veículo do Autor,
conforme Boletim de Ocorrência e fotos anexas.
Em razão da colisão, o Autor terá de substituir inúmeras peças do seu
veículo, além do refazimento da pintura e realização de serviços de
funilaria, pois este ficou danificado no acidente.
Em consonância com o dispositivo mencionado, o art. 927 do CC
impõe àquele que comete ato ilícito a reparação do dano, exatamente
como ocorreu no caso.
Desta forma, é imperiosa a condenação do Réu pelos danos materiais
causados, no valor de R$ 60.000,00.
III. DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA O art. 300 do
Código de Processo Civil autoriza o juiz a conceder a antecipação dos
efeitos da tutela quando estiverem presentes os requisitos da
probabilidade do direito e o perigo de dano.
No caso concreto, restou demonstrado que o Réu foi causador dos
danos experimentados pelo Autor, corroborando a probabilidade do
direito decorrente do dever de indenizar.
Além disso, caso não seja concedida a tutela para pagamento do
valor pretendido, o Autor sofrerá dano grave, uma vez que não terá
meios de utilizar seu taxi, nem de obter o seu sustento.
Ademais, a tutela a ser concedida é plenamente reversível, nos
termos do art. 300, § 3.º, do CPC, uma vez que os valores despendidos
podem ser devolvidos.
Depreende-se, portanto, presentes os requisitos que autorizam a
concessão da tutela antecipada.
IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Diante de todo o exposto, requer: a) A concessão da tutela de
urgência de natureza antecipada no sentido de determinar ao Réu o
pagamento imediato dos valores pleiteados de plano, a fim de que o
Autor conserte seu veículo e permaneça trabalhando.
b) A procedência do pedido, confirmando a tutela antecipada
concedida, com a condenação do Réu ao pagamento de R$ 60.000,00
(sessenta mil reais) acrescidos de juros e correção monetária.
c) A condenação do Réu ao pagamento das custas e honorários
advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos
arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC.
d) A citação do Réu para que compareça em audiência a ser
oportunamente designada por esse juízo.
e) O interesse pela realização de audiência de conciliação ou de
mediação, nos termos do art. 334 do CPC.
f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
g) A concessão da Justiça Gratuita por tratar-se de pessoa pobre na
acepção jurídica do termo, não podendo arcar com as custas e demais
despesas processuais sem prejuízo alimentar próprio ou de sua família
nos termos dos arts. 98 e 99 do CPC.
Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, em especial a juntada do Boletim de Ocorrência relatando os
fatos.
Dá à causa o valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e Data...
Advogado...
OAB n. ...
 
8.3. EMENDA À INICIAL
Conforme previsão do art. 321 do CPC, se o autor não
cumprir os requisitos da petição inicial, previstos nos arts.
319 e 320 do CPC, ou apresentar vícios e irregularidades na
peça capazes de comprometer o julgamento do mérito, o
magistrado intimará o autor a emendar ou completar a
inicial no prazo de 15 dias, especificando, com precisão, o
que deve ser corrigido.
Nesse caso, o enunciado mencionará a apresentação
prévia de uma inicial, mas com defeitos indicados pelo juiz
(ausência de endereço das partes, por exemplo), que
ensejará uma petição simples de emenda à inicial.
8.4. MODELO DE EMENDA À INICIAL
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 25.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE CATALÃO DO ESTADO DE
GOIÁS
BRUNO TAVARES, já qualificado nos autos, vem, por seu
advogado, em atendimento ao determinado em despacho de fls..., com
fundamento no art. 321 do Código
de Processo Civil, requerer a EMENDA DA INICIAL em ação de
obrigação de fazer, proposta em face de VICTOR LIMA, pelos motivos
a seguir expostos.
I. DA NECESSIDADE DA EMENDA Conforme exposto na inicial, o
Autor propôs a presente demanda para a condenação do Réu em
obrigação de fazer.
Todavia, este juízo entendeu pela necessidade de emenda à inicial,
com a inclusão dos endereços eletrônicos das partes, além da indicação
pela opção ou não da audiência de conciliação ou de mediação,
previstas no art. 319, II e VII, do CPC.
Em atendimento ao determinado, o Autor vem informar o seu
endereço eletrônico e o do réu, sendo, respectivamente: [...] e [...].
Ademais, informa o Autor seu interesse pela realização da audiência
de conciliação ou de mediação, nos exatos termos do art. 334 do CPC.
II. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer a admissão da petição inicial, com a
emenda dos endereços eletrônicos e a inclusão do interesse pela
audiência de conciliação ou de mediação, julgando procedente a
demanda, para condenar o Réu à obrigação de fazer requerida na inicial.
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data...
Advogado...
OAB n. ...
 
8.5. DEFESAS DO RÉU
Legislação aplicável Arts. 335 e ss. do CPC
O Código de Processo Civil repaginou as defesas
possíveis do réu, sendo que existem, agora, somente duas:
contestação e reconvenção. Ressalte-se que houve uma
concentração das respostas do réu na contestação.
É válido destacar que: a) a provocação da intervenção
forçada de terceiros continua sendo matéria de contestação;
b) a alegação de impedimento ou suspeição do juiz ocorre
por meio de simples petição, no prazo de 15 (quinze) dias
do conhecimento do fato (art. 146, CPC).
O prazo para apresentação da resposta do réu também é
de 15 (quinze) dias, contado: a) da data da audiência de
conciliação ou mediação (ou da última sessão); b) do
protocolo do pedido de cancelamento da audiência de
conciliação ou mediação. Se houver litisconsórcio passivo,
o prazo é individual, sendo o início da contagem da data do
respectivo pedido de cancelamento; e c) da juntada do
comprovante de citação, quando a audiência de conciliação
ou mediação não for designada.
Passamos a destacar as modalidades de respostas
possíveis do Réu.
8.5.1. Contestação
Contestação
A) PRELIMINARES:
são defesas de conteúdo processual.
B) MÉRITO:
alegação de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do
autor.
C) RECONVENÇÃO:
o contra-ataque do Réu face ao Autor.
A contestação consiste na modalidade de resistência do
Réu aos pedidos formulados pelo Autor na petição inicial.
A contestação é dividida em 3 (três) partes:
A) PRELIMINARES
O rol das preliminares está previsto no art. 337 do CPC.
São matérias de cunho processual que implicam no
impedimento ou retardamento do julgamento do mérito
posto em causa. Nesta parte, somente questões processuais
são alegadas, acarretando a extinção do feito sem resolução
de mérito (preliminares peremptórias) ou a necessidade de
regularização (preliminares dilatórias).
Preliminar Classificação Explicação
Inexistência
ou nulidade da
citação
Dilatória Para a validade do processo, é
indispensável a citação do réu. Se
rejeitada a alegaçãode nulidade, o réu
será considerado revel.
Incompetência
absoluta e
relativa
Dilatória Além da incompetência absoluta, que
pode ser alegada a qualquer tempo e
grau de jurisdição, a novidade fica por
conta da relativa. Acolhida a
incompetência, os autos serão
remetidos ao juízo competente.
Incorreção do
valor da causa
Dilatória Caso o autor não atribua o valor
correto à causa, não determinando a
correção de ofício pelo juiz, poderá o
réu requerer a correção com eventual
complemento do valor relativo às
custas processuais.
Inépcia da
petição inicial
Peremptória A petição inicial será inepta quando
faltar o pedido ou causa de pedir; o
pedido for indeterminado; da narração
dos fatos não decorrer logicamente a
conclusão e/ou existirem pedidos
incompatíveis entre si.
Perempção Peremptória Se o autor der causa, por 3 (três) vezes
a sentença fundada em abandono da
causa, não poderá propor nova ação
contra o réu com o mesmo objeto.
Litispendência Peremptória Ocorre litispendência quando houver
duas ou mais ações com identidade de
elementos: mesmas partes, causa de
pedir e pedido.
Coisa Julgada Peremptória Há coisa julgada quando se repete
ação que já foi decidida por decisão
transitada em julgado.
Conexão Dilatória Existe conexão quando for comum em
duas ou mais ações o pedido ou a
causa de pedir.
Incapacidade
da parte,
Dilatória Para postular em juízo, a lei processual
exige que as partes do processo sejam
defeito de
representação
ou falta de
autorização
dotadas de capacidade de ser parte
(figurar como parte no processo) e
capacidade de estar em juízo (aptidão
para agir em juízo sozinho, por si só).
Tem capacidade todo aquele que não
for absoluta, tampouco relativamente,
incapaz – arts. 3.º e 4.º do Código
Civil. Aqueles que não a possuírem,
devem ser representados ou assistidos
– art. 71, CPC). Além disso, é preciso
ter capacidade postulatória (isto é,
aptidão para dirigir-se ao magistrado,
em regra, concedida ao advogado, que
atuará representando o cliente por
meio de uma procuração). Por isso,
deve-se verificar se a parte está
devidamente representada nos termos
do art. 75 do CPC.
Convenção de
arbitragem
Peremptória Quando as partes optarem pela solução
do conflito de interesses por meio da
arbitragem, caberá ao réu alegar em
contestação a existência de convenção.
Acolhida a preliminar, o processo será
extinto sem resolução de mérito (art.
485, VII, CPC). Se rejeitada a
alegação, o recurso cabível será o
agravo de Instrumento (art. 1.015, III,
CPC).
Ausência de
legitimidade
ou de interesse
processual
Peremptória O réu, alegando ser parte ilegítima,
deverá indicar, se souber, o sujeito a
ser integrante do polo passivo, sob
pena de arcar com as despesas
processuais e indenizar o autor pelos
prejuízos decorrentes da falta de
indicação. O autor possui duas opções:
(i) requerer a substituição do réu; ou
(ii) incluir o sujeito indicado, no polo
passivo, em até 15 (quinze) dias.
Falta de
caução ou de
outra
prestação que
a lei exige
como
preliminar
Dilatória Caso o autor não seja domiciliado no
Brasil e não possua bens imóveis no
país que assegurem a ação, deverá
prestar caução para garantir o
pagamento das despesas processuais e
honorários de advogado, na hipótese
de sair vencido da demanda, conforme
previsto no art. 83 do CPC. A falta
desta caução poderá ser alegada pelo
Réu como preliminar de contestação.
Indevida
concessão do
benefício de
gratuidade de
justiça
Dilatória Houve uma simplificação quanto à
forma de requerer e impugnar as
benesses da gratuidade da justiça.
Caso o Autor pleiteie na petição inicial
e o benefício seja concedido pelo
magistrado, poderá o réu impugnar em
preliminar de contestação a errônea
concessão.
 
O juiz poderá conhecer todas as preliminares, de ofício,
exceto a convenção de arbitragem e a incompetência
relativa28.
Não arguindo o Réu a incompetência relativa, esta será
prorrogada. Ou seja, o juízo relativamente incompetente
passa a ser competente.
A ausência de alegação da existência de convenção de
arbitragem implica em aceitação da jurisdição estatal e
renúncia ao juízo arbitral.
B) MÉRITO
O mérito da contestação é a parte em que, efetivamente, o
Réu resistirá à pretensão. Devem ser observados 2 (dois)
princípios: a) Princípio da Eventualidade (CPC, art.
336): toda matéria de defesa deve ser alegada em
contestação, sob pena de preclusão. O momento para o Réu
rebater às pretensões do Autor é na contestação29.
b) Princípio do Ônus da Impugnação Específica (CPC,
art. 341): é a exigência para que o Réu se defenda, ponto
a ponto, contestando tudo o que foi alegado pelo Autor
na petição inicial, não podendo ser formulada defesa
genérica30.
A defesa de mérito poderá ser DIRETA ou INDIRETA,
vejamos: a) Defesa de Mérito Direta: o Réu nega as
alegações do Autor, de fato ou de direito, opondo-se
diretamente à sua pretensão.
b) Defesa Indireta: o Réu não negará, necessariamente,
os fatos alegados pelo Autor, mas apresentará fatos
impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do
autor. São aqueles fatos que impedem a procedência total
ou parcial do direito do autor (ex.: fato impeditivo:
exceção do contrato não cumprido; negócio jurídico
celebrado por incapaz; fato modificativo: novação e
compensação; fato extintivo: pagamento, decadência,
execução plena do contrato).
DICA
Antes de se confeccionar a contestação, deve-se fazer uma lista das
alegações do Autor e pontuar suas contraposições, buscando a
fundamentação legal pertinente.
C) INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
Das intervenções de terceiros existentes, apenas a
denunciação da lide (CPC, art. 125) e o chamamento ao
processo (CPC, art. 130) deverão ser alegados em sede de
contestação, devendo ser aberto um tópico específico para
tratar destas questões.
A denunciação da lide é a possibilidade de o Réu, na
contestação, exercer o direito de regresso contra terceiro.
Lembrando que ao Autor também existe esta possibilidade
na petição inicial. Não é obrigatória e somente será
exercida na hipótese de garantia decorrente do risco de
evicção ou garantia decorrente de contrato ou previsão
legal (e.g.: acidente de veículo com um ou ambos os
envolvidos possuindo contrato de seguro veicular de danos
causados à terceiros).
Já o chamamento ao processo é a possibilidade de o Réu
trazer ao processo o coobrigado em determinada relação
jurídica. Existem 3 (três) possibilidades: a) devedor trazer
demais devedores solidários ao processo; b) fiador trazer o
devedor principal ao processo; e c) fiador trazer os demais
fiadores ao processo.
8.5.2. Reconvenção
A Reconvenção nada mais é do que a possibilidade de o
Réu formular pedidos contra o Autor dentro do mesmo
processo, ou seja, é o contra-ataque do Réu contra o Autor.
Possui natureza jurídica de ação, devendo ser elaborada
uma petição inicial e distribuída por dependência ao
processo principal.
Somente será cabível quando houver conexão com a ação
principal ou o fundamento da defesa.
O novo CPC trouxe uma grande novidade quanto à forma
de apresentação da contestação, permitindo que a
reconvenção seja apresentada junto à contestação, em uma
peça única. Entretanto, caso o réu não apresente
contestação, a reconvenção fará o objeto de uma peça
autônoma.
A reconvenção poderá ser apresentada pelo Réu contra o
Autor e um terceiro, ou, ainda, pelo Réu e um Terceiro,
contra o Autor.31
CUIDADO
Não cabe reconvenção nas ações de natureza dúplice (actio duplex),
cabendo apenas PEDIDO CONTRAPOSTO8.
Exemplo: ações possessórias (arts. 554 e ss. CPC); ação de exigir contas
(arts. 550 e ss. CPC) e ações do Juizado Especial Cível.
ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO
ENDEREÇAMENTO
Competência Juízo da ação principal
PREÂMBULO
Partes Réu x Autor
Nome da peça Contestação
Fundamento
legal
Arts. 335 e ss. do CPC
DOS FATOS
– Narrar os fatos mencionados pelo Autor na petição inicial.
– Narrar os fatos sob a ótica do Réu.
Conclusão ressaltando que o Autor não possui o direito que postula.
DAS PRELIMINARES
– Verificar a possibilidade de alegar alguma preliminar, destacandoo
inciso do art. 337, definição do instituto e a consequência processual (se
regularização ou extinção sem resolução de mérito).
DO MÉRITO
– Ressaltar a tempestividade da contestação.
– Atentar-se para o princípio do ônus da impugnação específica,
rebatendo ponto a ponto o alegado pelo Autor na petição inicial. A defesa
poderá ser direta e/ou indireta.
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
– Verificar o cabimento de a intervenção de terceiros ser alegada na
contestação, seja denunciação da lide ou chamamento ao processo.
DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) O acolhimento da preliminar, com a consequente regularização ou
extinção do processo sem resolução do mérito.
b) O julgamento de improcedência dos pedidos.
c) A condenação do Autor ao pagamento das custas e honorários
advocatícios.
d) A citação do denunciado ou chamado (na hipótese de existência de
intervenção de terceiros).
e) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
f) Protesto por provas.
Peculiaridades – Se houver alegação de preliminar de ilegitimidade de
parte, indicar o verdadeiro Réu, caso não exista tal
informação, ressaltar que desconhece o verdadeiro
Réu, evitando, assim, qualquer penalidade a título de
despesas processuais e eventual indenização.
 
8.6. MODELO De CONTESTAÇÃO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 7.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE UBERLÂNDIA DO ESTADO DE
MINAS GERAIS
Processo n. ...
ANDRÉ LUCAS, já qualificado nos autos da AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO PELO RITO COMUM, que lhe movem PEDRO
SANTIS e GABRIEL RIBAS, também já qualificados, vem,
tempestivamente, por seu advogado (procuração anexa), nos termos do
art. 335 e ss. do Código de Processo Civil, apresentar
CONTESTAÇÃO, pelos motivos que seguem.
I. DOS FATOS
Trata-se de ação indenizatória movida pelos Autores em face do Réu,
que alegam ter sido o causador de acidente automobilístico.
Contudo, o Réu entende que é parte ilegítima, pois vendeu o carro
para ..., que ainda não transferiu a documentação. Por isso, não foi o
causador do acidente.
Portanto, os Autores não possuem o direito que postulam, conforme
passará o Réu a demonstrar.
II. DA PRELIMINAR: DA ILEGITIMIDADE DE PARTE
Preliminarmente, ressalta-se que o Réu é parte ilegítima para figurar
no polo passivo da demanda, conforme previsto no art. 337, XI, do
CPC, tendo em vista que não foi o causador do acidente, não tendo
relação nenhuma com o ocorrido, já que desde o dia ... efetivou a venda
do veículo para ..., como faz prova a cópia do documento de
transferência em anexo (doc. ...)9.
Assim, nos termos do art. 339 do CPC informa ser o verdadeiro réu
..., estado civil..., profissão..., RG n. ..., CPF n. ..., e-mail..., domiciliado
na Rua ... (endereço completo) Assim, requer a extinção do processo,
sem resolução de mérito, conforme dispõe o art. 485, VI, do CPC.
III. DO MÉRITO
A presente contestação é tempestiva, sendo apresentada no prazo de
15 dias úteis, conforme determina o art. 335 do CPC.
A presente demanda versa sobre a cobrança de indenização de
acidente de veículo terrestre movida pelos Autores em face do Réu.
Ocorre que inexiste qualquer nexo de causalidade entre a conduta do
Réu e o acidente ocorrido, mesmo porque o veículo envolvido sequer
lhe pertencia.
Ainda, não há que se falar em culpa, considerando a responsabilidade
subjetiva envolvida no presente caso, nos termos do art. 927 do Código
Civil: “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (artigos 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.
Fato é que os Autores, em nenhum momento, apresentaram qualquer
prova de culpa do Réu pelo acidente ocorrido.
Assim, serve a presente contestação para que os pedidos postulados
sejam julgados improcedentes.
IV. DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE
O Réu possui contrato de seguro com a Seguradora ..., conforme
comprova o documento anexo (doc. ...).
Desta forma, caso o Réu seja condenado a pagar qualquer valor aos
Autores, terá direito de regresso contra a seguradora.
 
32
 
Assim sendo, requer a citação da Seguradora ..., com sede na Rua ...
(endereço completo), denunciando da lide, nos termos do art. 125,
inciso II, do Código de Processo Civil.
V. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Por todo o exposto serve a presente para requerer a Vossa
Excelência: a) Que seja acolhida a preliminar ora arguida, sendo
reconhecida a ilegitimidade do Réu, nos termos do art. 337, XI, do
CPC, e a consequente extinção do processo, sem resolução de mérito,
conforme art. 485, VI, do CPC.
b) No mérito, requer sejam julgados improcedentes os pedidos
formulados pelos Autores, ante a inexistência do dever de indenizar do
Réu.
c) A condenação dos Autores nas custas e honorários a serem
arbitrados por Vossa Excelência.
Protesta por provar o alegado por todos os meios de provas em
direito admitidos, especialmente prova documental e testemunhal.
Requer, por fim, a citação da Seguradora ..., no endereço situado à
Rua ... (endereço completo), para que, querendo, possa apresentar
contestação, sob pena de revelia.
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data Advogado...
OAB n. ...
ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO
ENDEREÇAMENTO
Competência Juízo da ação principal.
PREÂMBULO
Partes Réu x Autor (Reconvinte x Reconvindo).
Nome da peça Contestação e Reconvenção.
Fundamento
legal
Arts. 335 e ss. e 343 do CPC.
I. DOS FATOS
– Narrar os fatos mencionados pelo Autor na petição inicial.
– Narrar os fatos sob a ótica do Réu.
– Conclusão, ressaltando que o Autor não possui o direito que postula.
II. DAS PRELIMINARES
– Verificar a possibilidade de alegar alguma preliminar, destacando o
inciso do art. 337, definição do instituto e a consequência processual (se
regularização ou extinção sem resolução de mérito).
III. DO MÉRITO
– Atentar-se ao princípio do ônus da impugnação específica, rebatendo
ponto a ponto o alegado pelo Autor na petição inicial. A defesa poderá ser
direta ou indireta.
IV. DA RECONVENÇÃO
– Explicar o cabimento da reconvenção (conexão com ação principal ou
fundamento da defesa).
Utilizar os dispositivos legais pertinentes ao caso concreto.
V. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) O acolhimento da preliminar com a consequente regularização ou
extinção do processo sem resolução do mérito.
b) O julgamento de improcedência dos pedidos.
c) A procedência do pedido reconvencional.
d) A condenação do Autor ao pagamento das custas e honorários
advocatícios.
e) A intimação do Reconvindo, para apresentar resposta à reconvenção no
prazo de 15 dias.
f) A juntada da guia de custas.
g) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
h) Protesto por provas.
Valor da
causa
Art. 292 do CPC
Peculiaridades – A lei não estabelece uma forma específica da
Reconvenção, dentro da Contestação. Todavia, a forma
proposta facilita a identificação de ambas as peças e
maior facilidade de leitura pelo juiz, serventuários e
reconvindo, atendendo ao princípio da cooperação
disposto no art. 6.º do CPC.
 
8.7. MODELO DE CONTESTAÇÃO COM
RECONVENÇÃO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 26.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE GOIÂNIA DO ESTADO DE
GOIÁS
Processo n. ...
PEDRO PAULO já qualificado nos autos da AÇÃO DE
COBRANÇA PELO RITO COMUM que lhe move JOÃO
LEONARDO, também já qualificado, vem, tempestivamente, por seu
advogado (procuração anexa), nos termos dos arts. 335 e ss. e 343 do
Código de Processo Civil, apresentar CONTESTAÇÃO e
RECONVENÇÃO, pelos motivos que seguem.
I. DOS FATOS
O Autor firmou contrato de mútuo com o Réu, ao qual entregou a
quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais), a ser paga no prazo de 30
(trinta) dias.
Alega, o Autor, que o Réu não cumpriu com o pactuado, e encontra-
se em mora.
Ocorre que o valor pactuado entre as partes já foi objeto de quitação
dada pelo Autor, não existindo qualquer débito em aberto, conforme
passará o Réu a provar.
II. DAS PRELIMINARES
Verifica-se que o pedido formulado pelo Autor foi de R$ 100.000,00
(cem mil reais), sendo atribuído à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez
mil reais).
Há incorreção do valor atribuído àcausa, e o momento processual de
se alegar é na contestação, nos termos do art. 337, III, do CPC.
O art. 292, inciso V, do CPC estabelece que o valor da causa em ação
indenizatória deve ser o equivalente à quantia pleiteada. Assim sendo,
serve a presente para requerer seja determinada a intimação do Autor,
para o complemento do valor atribuído à causa, fazendo constar o valor
de R$ 100.000,00 (cem mil reais).
III. DO MÉRITO
Trata-se de ação de cobrança ajuizada pelo Autor em face do Réu, do
qual alega não ter recebido o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais),
referente a contrato de mútuo firmado entre as partes.
Ocorre que o Réu já efetuou o pagamento do valor devido, conforme
se verifica de recibo de transferência bancária, em anexo.
O art. 308 do Código Civil é cristalino e prevê que: “Art. 308. O
pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente,
sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto
reverter em seu proveito”.
Verifica-se, pelo comprovante de depósito bancário, que a
transferência fora efetuada para a conta indicada na cláusula 3.ª do
contrato de mútuo, cumprindo, assim, a obrigação assumida pelo Réu.
O parágrafo único do art. 320 do Código Civil é claro, quando
permite que a quitação valha se, de seus termos ou circunstâncias,
resultar haver sido paga a dívida.
Assim, diante da existência do pagamento, fato extintivo do direito
do Autor, não restam dúvidas quanto à improcedência do pedido
formulado pelo Autor na petição inicial.
IV. DA RECONVENÇÃO
A presente reconvenção é cabível, diante da existência de conexão
com a ação principal, já que possui a mesma causa de pedir, qual seja, o
mútuo firmado entre as partes. Isso ocorre, pois a dívida sobre a qual o
Autor funda a sua ação já foi paga pelo Réu.
Conforme dispõe o art. 940 do Código Civil, o credor que cobra
dívida já paga fica obrigado a pagar o dobro do valor cobrado: Art. 940.
Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem
ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará
obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver
cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se
houver prescrição.
Assim, é mister a condenação do Autor no pagamento de R$
200.000,00 (duzentos mil reais) ao Réu, a título de sanção civil pela
cobrança de dívida já paga.
V. DOS PEDIDOS E REQUERIMETOS
Por todo exposto serve a presente para requerer a Vossa Excelência:
a) Seja acolhida a preliminar de incorreção do valor da causa, com
intuito de ser intimado os Autores para corrigir, nos termos do art. 292,
V, do CPC, atribuindo-se à causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil
reais).
b) No mérito, requer sejam julgados improcedentes os pedidos
formulados pelo Autor, ante a existência de fato extintivo, qual seja, o
pagamento efetuado pelo Réu.
c) A procedência do pedido reconvencional para o fim de condenar o
Reconvindo ao pagamento do valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil
reais), devidamente atualizados, por cobrança indevida de dívida já
paga.
d) A condenação do Réu ao pagamento das custas e honorários
advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos
arts. 82, § 2.º, e 85 CPC.
e) A intimação do Reconvindo, na pessoa de seu advogado, para
apresentar resposta no prazo de 15 dias.
f) A juntada da inclusa guia que comprova o recolhimento das custas.
g) Que as intimações do advogado sejam endereçadas à Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
Protesta por provar o alegado por todos os meios de provas em
direito admitidos, especialmente prova documental e testemunhal.
Dá à reconvenção o valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e Data...
Advogado...
OAB n. ...
 
ESTRUTURA DA PEÇA (RECONVENÇÃO AUTÔNOMA)
ENDEREÇAMENTO
Competência Art. 286, parágrafo único, do CPC
PREÂMBULO
Partes Reconvinte x Reconvindo.
Nome da peça Ação de Obrigação de Fazer pelo Rito Comum.
Fundamento
legal
Art. 343, § 6.º, do CPC
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: descrever o contrato de prestação de
serviços de corretagem em operação de valores mobiliários firmado entre
as partes.
– Causa do litígio: narrar a os problemas apresentados pela prestação dos
serviços.
– Consequência jurídica: destacar o interesse em reaver os prejuízos
decorrentes da operações financeiras realizadas e não autorizadas.
II. DO DIREITO
– Narrar sobre o cabimento da reconvenção (existência de conexão com
os fundamentos da defesa ou ação principal).
– Narrar a existência de relação de consumo (arts. 2.º e 3.º do CDC).
– Destacar a existência do direito à reparação de danos e vício na
prestação dos serviços (arts. 6.º e 14 do CDC).
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A procedência para condenar o Reconvindo na devolução do valor de
R$ 100.000,00 (cem mil reais).
b) A condenação em custas e honorários advocatícios.
c) A intimação do Reconvindo para apresentar resposta.
d) A juntada da guia de recolhimento de custas.
e) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
f) Protesto por provas.
Valor da
causa
Art. 292 do CPC
Peculiaridades – A reconvenção autônoma somente será apresentada
caso não seja confeccionada contestação pelo Réu, pois
se o Réu optar por contestar e reconvir, ambas as
defesas serão apresentadas em uma peça única.
 
8.8. MODELO DE RECONVENÇÃO AUTÔNOMA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 4.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS DO
ESTADO DE SÃO PAULO
Distribuição por Dependência ao Processo n. ...
ADAM LEVI, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG
n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ...
(endereço completo), nos autos da AÇÃO DE COBRANÇA PELO
RITO COMUM que lhe move HOUZE LTDA., pessoa jurídica
de direito privado, inscrita no CNPJ n. ..., endereço eletrônico..., com
sede na Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado
(procuração anexa), tempestivamente, nos termos do art. 343, § 6.º, do
Código de Processo Civil, apresentar RECONVENÇÃO, pelos motivos
que seguem.
I. DOS FATOS
O Réu, ora Reconvinte, firmou contrato de corretagem com o Autor,
ora Reconvindo, visando a operações em mercado de valores
mobiliários.
Para toda operação que o Reconvindo efetuasse, contratualmente, era
necessária uma autorização do Reconvinte, ainda que verbal,
comprovada por gravação telefônica.
Ocorre que o Reconvindo efetuou diversas operações não
autorizadas, perdendo todo o capital inicial investido, no valor de R$
100.000,00 (cem mil reais), e, ainda, resultando em um débito de R$
35.000,00 (trinta e cinco mil reais).
Assim sendo, passará o Reconvinte a demonstrar que merece ser
ressarcido dos prejuízos causados.
II. DO DIREITO
A presente reconvenção é cabível diante da existência de conexão
com a ação principal, vez que possui a mesma causa de pedir, qual seja,
o contrato de corretagem para operação em mercado de valores
mobiliários.
A natureza da relação existente entre as partes é exclusivamente de
consumo. De um lado, como contratante, figura o Reconvinte, que,
através da assinatura da proposta de adesão, contratou os serviços do
Reconvindo, usufruindo-os como destinatário final, nos termos do art.
2.º do Código de Defesa do Consumidor.
De outro lado, como contratado, figura o corretor de valores
mobiliários, que se dispõe a prestar os serviços, os quais se enquadram
legalmente no art. 3.º, § 2.º, do Código de Defesa do Consumidor.
O contrato de adesão firmado entre as partes prevê, na cláusula 5.7,
que o Reconvindo deveria obter autorização do Reconvinte, por
qualquer “meio idôneo”, antes de efetivar operações em sua conta
corrente de investimentos.
O art. 6.º do CDC é claro quando afirma ser direito básico do
consumidor a reparação de danos patrimoniais.
O art. 14 do CDC prevê que: “Art. 14. O fornecedor de serviços
responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestaçãodos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos”.
A prestação de serviços não foi feita de acordo com o disposto no
contrato, causando prejuízos no patamar de R$ 100.000,00 (cem mil
reais) do patrimônio inicial do Reconvinte, em razão de operações não
autorizadas e efetivadas pelo Reconvinte, gerando, ainda, o débito de
R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais).
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Desde logo, serve a presente para requerer a Vossa Excelência: a) A
procedência do pedido para o fim de condenar o Reconvindo ao
pagamento do valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), relativo aos
prejuízos causados ao Reconvinte, bem como declarar inexistente o
débito de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais) oriundo da desastrosa
operação efetivada sem autorização.
b) A condenação do Reconvindo ao pagamento das custas, despesas
processuais e honorários advocatícios, a serem fixados por Vossa
Excelência.
c) A intimação do Reconvindo, na pessoa de seu advogado, para
apresentar resposta no prazo de 15 dias.
d) A designação de data para realização de audiência de conciliação
ou de mediação, nos termos do art. 334 do CPC.
e) A juntada da inclusa guia que comprova o recolhimento das custas
de distribuição.
f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
Protesta por provar o alegado por todos os meios em direito
admitidos.
Dá à causa o valor de R$ 135.000,00 (cento e trinta e cinco mil
reais).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data...
Advogado...
OAB n. ...
 
ATENÇÃO
Na reconvenção, poderá haver ampliação subjetiva, seja no polo ativo ou
no passivo. A qualificação das partes mudará quando da apresentação de
contestação com reconvenção ou, apenas, reconvenção.
LEGITIMIDADE: RÉU E TERCEIRO × AUTOR
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...
VARA CÍVEL DA COMARCA (NOME DA CIDADE) DO ESTADO
DE (NOME DO ESTADO) Processo n. ...
NOME DO RÉU, já qualificado nos autos da AÇÃO
DECLARATÓRIA DE RITO COMUM, que lhe move NOME DO
AUTOR-RECONVINDO, também já qualificado, vem,
tempestivamente, por seu advogado (procuração anexa), nos termos do
art. 335 e ss. do CPC, apresentar CONTESTAÇÃO, além de juntamente
com TERCEIRO RECONVINTE nacionalidade, estado civil, profissão,
portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico...,
residente na Rua ... (endereço completo), oferecer RECONVENÇÃO
em face de NOME DO AUTOR-RECONVINDO, conforme determina
o art. 343 e § 4.º do Código de Processo Civil pelos motivos que
seguem.
I. DOS FATOS
II. DAS PRELIMINARES
III. DO MÉRITO
IV. DA RECONVENÇÃO
V. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data.
Advogado OAB n. ...
 
LEGITIMIDADE: RÉU × AUTOR E TERCEIRO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...
VARA CÍVEL DA COMARCA DE (NOME DA CIDADE) DO
ESTADO DE (NOME DO ESTADO) Processo n. ...
NOME DO RÉU-RECONVINTE, já qualificado nos autos da AÇÃO
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO PELO RITO
COMUM, que lhe move NOME DO AUTOR, também já qualificado,
vem, tempestivamente, por seu advogado (procuração anexa), nos
termos do art. 335 e ss., apresentar CONTESTAÇÃO, além de oferecer
RECONVENÇÃO em face de NOME DO AUTOR-RECONVINDO e
NOME DO TERCEIRO-RECONVINDO, nacionalidade, estado civil,
profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço
eletrônico..., residente na Rua ... (endereço completo), conforme art.
343 e § 3.º do Código de Processo Civil pelos motivos que seguem.
I. DOS FATOS
II. DAS PRELIMINARES
III. DO MÉRITO
IV. DA RECONVENÇÃO
V. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data.
Advogado OAB n. ...
 
8.9. MEMORIAIS
Legislação aplicável Art. 364, § 2.º, do CPC
Conforme previsão do § 2.º do art. 364 do Código de
Processo Civil, nas hipóteses em que a causa apresentar
questões complexas de fato ou de direito, o debate oral
poderá ser substituído por razões finais escritas, que serão
apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como pelo
Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, em
prazos sucessivos de 15 (quinze) dias, assegurada a vista
dos autos.
Conforme explica Daniel Amorim Assumpção Neves, os
prazos sucessivos para a entrega dos memoriais, chamados
pelo art. 364, § 2.º, de “razões finais escritas”, “respeita a
dinâmica de toda a atividade desenvolvida na audiência:
primeiro fala o autor, e depois fala o réu, já sabendo de
antemão o que foi dito pelo autor”33.
Logo, havendo questões complexas, restando difícil a
argumentação oral dentro do prazo estipulado pelo Código
de Processo Civil, as partes podem apresentar memoriais,
garantindo, assim, maior clareza no que pretendem ainda
esclarecer.
8.10. MODELO DE MEMORIAIS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE PORTO SEGURO DO ESTADO
DA BAHIA Processo n. ...
WALDISNEY SANTANA, já qualificado nos autos da AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS em face de
JOAQUIM ABREU, também já qualificado nos autos, vem
tempestivamente perante Vossa Excelência, apresentar MEMORIAIS,
nos termos no § 2.º do art. 346 do CPC, pelos motivos de fato e de
direito a seguir expostos.
I. SÍNTESE DOS FATOS
O Autor seria padrinho de casamento de seu irmão no dia XX de
maio de XXXX, razão pela qual contratou os serviços do Réu para
aplicação de botóx.
Ocorre que devido a um erro do médico, o Autor ficou
impossibilitado de comparecer ao casamento de seu irmão.
II. RAZÕES FINAIS
Conforme amplamente comprovado, o Autor preencheu a ficha
solicitada (doc. 1) pelo médico, informando que tinha alergia a alguns
produtos e mesmo assim o Réu não se atentou para o fato.
Além disso, o Réu não prestou qualquer auxílio ao Autor, que teve
que procurar outro médico para socorrê-lo.
Na contestação (fls. XX) o Réu sequer teve o cuidado de rebater as
alegações do Autor e, também, não juntou qualquer documento que
comprovasse o contrário.
Por fim, em audiência, o Réu confessou que não se atentou à ficha
preenchida pelo Autor.
O laudo médico (doc. 2) comprovou que o produto aplicado não era
apropriado para o Autor.
Assim, não havendo controvérsia sobre os fatos, reitera o Autor os
pedidos da exordial.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Diante de todo o exposto, reitera-se aquilo que já foi pedido na
inicial, a saber: a) A procedência do pedido, confirmando a tutela
antecipada concedida, com a condenação do Réu ao pagamento de R$
60.000,00 acrescidos de juros e correção monetária.
b) A condenação do Réu ao pagamento das custas e honorários
advocatícios, a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos
arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC.
Termos em que, Pede deferimento.
Local e Data...
Advogado...
OAB n. ...
 
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
9.1. Introdução
O processo de conhecimento, diferentemente do processo
de execução, tem por finalidade alcançar um provimento
jurisdicional que reconheça um direito.
O Código de Processo Civil, ao tratar do processo de
conhecimento, simplifica o sistema, dividindo os
procedimentos somente em Especial e Comum.
A Parte Especial do novo CPC no Título III do Livro I
prevê procedimentos específicos, que não se encaixam no
procedimento comum.
Os procedimentos especiais, que compõem o processo de
conhecimento dentro do Código de Processo Civil, estão
distribuídos entre: Procedimentos de jurisdição
contenciosa: dos arts. 539 a 718; e Procedimentos de
jurisdição voluntária: dos arts. 719 a 770.
OBSERVAÇÃO
Há ainda procedimentos especiais previstos em legislação especial.
Importante destacar o art. 318 do CPC: “Art. 318. Aplica-se a todas as
causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste
Código ou de lei.
Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos
demais procedimentos especiais e ao processo de execução”.
9.2. AÇÕES POSSESSÓRIAS
Legislação aplicável Arts. 554 e ss. do CPC
I. Introdução
As ações possessórias são aquelas que visam a exclusiva
proteção da posse, previstano Código Civil nos arts. 1.196
e ss.
II. Modalidades de Possessórias
Temos 3 (três) modalidades de ações possessórias, que
são diferenciadas conforme a agressão sofrida.
Possessórias/Interditos Possessórios a) Reintegração de posse b)
Manutenção de posse c) Interdito Proibitório A reintegração de posse
volta-se contra o esbulho, isto é, a perda da posse.
A manutenção de posse é dirigida à turbação, que
consiste em atos que prejudicam o exercício da posse, sem
que esta seja perdida pelo legítimo possuidor.
Por fim, o interdito proibitório é voltado contra uma
ameaça de turbação ou perda da posse. Trata-se apenas de
fundada suspeita de que a posse do legítimo possuidor será
prejudicada em breve. Tenta-se, com o interdito proibitório
evitar a concretização desse dano.
Dica para identificação: 3 passos a serem seguidos.
III. Aspectos Gerais da Ações Possessórias
Há certos princípios gerais aplicáveis a todas as ações
possessórias. São eles: a) fungibilidade: permite-se a
fungibilidade entre as ações possessórias, isto é, o juiz
poderá aceitar uma ação em vez de outra – art. 554 do CPC.
Esse princípio é importante, pois a posse, por ser uma
situação de fato, pode mudar rapidamente de mãos,
alterando a agressão sofrida pelo autor.
ATENÇÃO
Em petição, será possível realizar uma observação ao princípio da
fungibilidade, como um requerimento específico.
“Requer, ainda, a aplicação do princípio da fungibilidade, caso a situação
de fato se altere, nos termos do art. 554 do CPC.”
b) possibilidade de cumulação de pedidos: é possível
cumular ao pedido possessório a condenação em perdas e
danos; indenização dos frutos; ou imposição de medida
necessária e adequada para evitar nova turbação ou
esbulho, ou para cumprir-se a tutela provisória ou final –
art. 555 do CPC.
Para tanto, será necessário fundamentar no tópico do
direito quais os motivos que levaram à cumulação do
pedido com a proteção da posse.
IV. Procedimentos das Possessórias (art. 558 do CPC)
Tratando-se de Reintegração e Manutenção de posse,
poderão seguir o procedimento comum ou o procedimento
especial. Nesse caso, será extremamente importante a
identificação da DATA DA AGRESSAO À POSSE.
Esbulho ou turbação em até um ano e um dia (FORÇA
NOVA): seguirá o procedimento especial – art. 558,
caput, e arts. 560 e ss. do CPC.
ATENÇÃO
Nesse caso caberá o deferimento de liminar específica prevista nos arts.
562 e 563 do CPC.
Esbulho ou turbação há mais de um ano e um dia
(FORÇA VELHA): seguirá o procedimento comum (ver
Capítulo 8) – arts. 558, parágrafo único, e 318 e ss. do
CPC.
ATENÇÃO
Neste caso não caberá liminar específica, nada impedindo a concessão de
tutela antecipada, com a comprovação de seus requisitos (arts. 300 e ss. do
CPC).
Interdito proibitório: seguirá exclusivamente o rito
especial dos arts. 567 e 568 do CPC.
IMPORTANTE
Se houver litígio coletivo pela posse, em ação de força velha, haverá
audiência de mediação (art. 565), com a intimação de Ministério Público,
Defensoria, e órgãos de política agrária/urbana.
Tratando-se de grande número de réus, deve-se requerer a
citação pessoal (por oficial) dos ocupantes, e, por edital, a
dos demais, com a intimação do Ministério Público e da
Defensoria, caso sejam beneficiários da Justiça gratuita
(art. 554, § 1.º, do CPC).
De modo a qualificar os réus desconhecidos, pode-se
utilizar passagem semelhante à seguinte: “Esbulhadores
e/ou réus desconhecidos ou incertos do imóvel, que o autor
não tem condições de qualificar...”
ESTRUTURA DAS POSSESSÓRIAS
ESTRUTURA DA AÇÃO DE MANUTENÇÃO E REINTEGRAÇÃO
ENDEREÇAMENTO
Competência Bem móvel: art. 46 do CPC – domicílio do réu.
Bem imóvel: art. 47, § 2.º, do CPC – foro do local do
imóvel.
PREÂMBULO
Partes Autor e Réu. Qualificações completas.
Nome da peça Ação de Manutenção de Posse ou Reintegração de
Posse.
Fundamento
legal
Arts. 558, caput, e 560 e ss. do CPC.
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: posse do bem.
– Causa do litígio: agressão à posse (turbação ou esbulho).
– Consequência jurídica: manutenção ou reintegração da posse.
II. DO DIREITO
Tese de direito material aplicável: – Posse justa (art. 1.196 do Código
Civil).
– Houve turbação ou esbulho praticado pelo réu, mencionando-se a data.
– Há direito de ser mantido ou reintegrado (art. 1.210 do Código Civil).
III. DA LIMINAR
– Requisitos do art. 562: houve a devida instrução da petição inicial.
IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A concessão da liminar, com a expedição do mandado de manutenção
ou reintegração (art. 562 do CPC).
b) A procedência do pedido, para a devida manutenção ou reintegração da
posse.
c) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios
(arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC).
d) A citação do Réu.
e) A juntada das guias das custas.
f) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação.
g) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
h) Protesto por provas.
Valor da
causa
Regras gerais: art. 292 do CPC
Peculiaridades Cumulação de pedidos (art. 555 do CPC): – perdas e
danos; – frutos;
– medidas necessárias par evitar nova turbação ou para
cumprir a tutela provisória.
• Litígio coletivo pela posse: se houver litígio coletivo
pela posse, cuja agressão ocorreu há mais de ano e dia,
haverá audiência de mediação antes da concessão da
tutela provisória a realizar em até 30 dias, com
participação do Ministério Público e da Defensoria, se
houver beneficiário da justiça gratuita, e órgãos
responsáveis pela política agrária e urbana da União,
de Estado ou do Distrito Federal e de Município onde
se situe a área objeto do litígio (art. 565, §§ 2.º e 4.º, do
CPC).
• Comparecimento do juiz se sua presença se fizer
necessária (art. 565, § 3.º, do CPC).
• Citação: se no polo passivo houver grande quantidade
de pessoas, haverá a citação pessoal dos ocupantes que
forem encontrados no local e a citação por edital dos
demais.
 
9.3. MODELO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 27.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE TRANCOSO DO ESTADO DA
BAHIA FELIPE MARTINS, nacionalidade ..., estado civil ...,
profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço
eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), por
seu advogado (procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 558,
caput, e 560 e ss. do Código de Processo Civil, propor AÇÃO DE
REINTEGRAÇÃO DE POSSE pelo procedimento especial, com pedido
de liminar, em face de GUILHERME DAVI..., nacionalidade ..., estado
civil ..., profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ...,
endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço
completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
I. DOS FATOS
O Autor é proprietário e possuidor de um terreno de 40.000 metros
quadrados, há dez anos, no Município de São José dos Campos, no
Estado de São Paulo.
Contudo, referido terreno foi invadido por GUILHERME DAVI, que
ali construiu um campo de futebol, um vestiário e um pequeno bar,
ocupando aproximadamente 3.000 m², recusando-se a desocupá-lo.
Assim, tem direito a ser restituído na sua posse, em razão do esbulho,
como se verá a seguir.
II. DO DIREITO
Como se pode observar no presente caso, nos termos dos arts. 1.196
e 1.200 do Código Civil, o Autor é o justo possuidor do imóvel situado
em São José dos Campos, por tê-lo adquirido há mais de 10 anos,
inclusive alugando-o inúmeras vezes. Como se pode observar pelos
contratos em anexo, a posse exercida pelo Autor não é violenta,
clandestina ou precária.
Todavia, há cerca de quinze dias, o Réu invadiu o terreno do Autor,
ocupando 3.000 metros quadrados de terreno e construindo um campo
de futebol, arquibancadas e vestiários, contra a vontade do possuidor,
retirando seu poder sobre o bem, nos exatos termos do art. 1.223 do
Código Civil.
Neste raciocínio, verifica-se claro o esbulho à posse, em menos de
ano e dia. Sendo que o art. 1.210 do Código Civil, combinado com o
art. 560 do Código de Processo Civil,resguardam o possuidor de ser
restituído na sua posse.
“Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso
de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente,
se tiver justo receio de ser molestado”.
Desta forma, resta claro o direito do Autor de obter a reintegração na
posse do imóvel esbulhado.
III. DA LIMINAR
O art. 562 do Código de Processo Civil autoriza o juiz a expedir o
mandado liminar quando estiver a petição inicial devidamente instruída.
No caso concreto, restou demonstrada a posse em razão do direito de
propriedade do Autor, inclusive juntando-se os comprovantes de
aluguéis anteriores à data de esbulho.
Além disso, também restou demonstrado que a posse foi esbulhada
há cerca de 15 dias, com a sua respectiva perda.
Depreende-se, portanto, estarem presentes os requisitos que
autorizam a concessão da liminar possessória.
IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Diante de todo o exposto, requer:
a) A concessão da medida liminar, a fim de que seja expedido o
mandado para reintegração imediata da posse, com ordem de
desocupação do terreno pelo Réu, conforme o art. 562 do CPC.
b) A procedência do pedido, confirmando a liminar concedida, com a
restituição definitiva do imóvel.
c) A condenação do Réu ao pagamento das custas e honorários
advocatícios, a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos
arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC.
d) A citação do Réu para que, em querendo, apresente defesa no
prazo legal.
e) O interesse pela audiência de conciliação ou de mediação, a ser
designada por Vossa Excelência.
f) A juntada da guia de custas devidamente recolhida, em anexo.
g) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos.
Dá à causa o valor de R$ ... (valor dos 3.000 metros quadrados de
terreno).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e Data...
Advogado...
OAB n. ...
 
ESTRUTURA DO INTERDITO PROIBITÓRIO
ENDEREÇAMENTO
Competência Bem móvel: art. 46 do CPC – domicílio do réu.
Bem imóvel: art. 47, § 2.º, do CPC – foro do local do
imóvel.
PREÂMBULO
Partes Autor e Réu. Qualificações completas.
Nome da peça Interdito proibitório.
Fundamento
legal
Arts. 567 e 568 do CPC
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: posse do bem – Causa do litígio:
ameaça de agressão à posse – Consequência jurídica: necessidade da
propositura da demanda.
II. DO DIREITO
Tese de direito material aplicável: – Posse justa (art. 1.196 do Código
Civil).
– Houve ameaça de agressão à posse.
– Há direito de impedir a agressão à posse.
III. DA LIMINAR
– Requisitos do art. 562: houve a devida instrução da petição inicial.
IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A concessão da liminar, com impedimento de agressão imediata.
b) A procedência do pedido para impedir a iminente turbação ou esbulho
da posse, mediante expedição de mandado proibitório, cominando aos
Réus pena pecuniária determinada.
c) A condenação do réu ao pagamento das custas e honorários
advocatícios (arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC).
d) A citação do Réu.
e) A juntada da guia das custas.
f) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação.
g) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
h) Protesto por provas.
Valor da
causa
Regras gerais: art. 292 do CPC
Peculiaridades – Pedido de expedição de mandado proibitório,
cominando pena pecuniária ao Réu se transgredir a
ordem judicial (art. 567 do CPC).
 
9.4. MODELO DE INTERDITO PROIBITÓRIO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 7.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE VITÓRIA DA CONQUISTA DO
ESTADO DA BAHIA JOE TRIB, nacionalidade ..., estado civil ...,
profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço
eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), por
seu advogado (procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 567 e
568 do Código de Processo Civil, propor INTERDITO PROIBITÓRIO
COM PEDIDO DE LIMINAR em face de ROSS GUELLY,
nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portador do RG n. ... e
inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na
Rua ... (endereço completo), e CHARLES SILVA, nacionalidade...,
estado civil..., profissão, portador do documento de identidade RG n. ...
e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado
na Rua ... (endereço completo) pelos motivos de fato e de direito a
seguir expostos.
I. DOS FATOS
O Autor é possuidor de uma quadra de tênis, no município de Vitória
da Conquista, Bahia em terreno anexo à sua residência, local onde
costuma praticar o esporte todos os domingos.
Contudo, o Autor, após um churrasco, teve ciência de que os Réus
estavam em conluio para invadir a sua quadra no dia seguinte, para
jogar tênis, tendo acesso a inúmeros e-mails trocados entre eles.
Assim, tem direito a ser segurado na sua posse, impedindo o futuro
esbulho, como se verá a seguir.
II. DO DIREITO
Como se pode observar no presente caso, nos termos dos arts. 1.196
e 1.200 do Código Civil, o Autor é justo possuidor do imóvel, que faz
parte anexa à sua casa, conforme fotos e contrato anexos.
Todavia, ao saber da intenção concreta dos Réus em invadir sua
quadra, verifica-se clara intenção de esbulho à posse.
Desta forma, resta claro o direito do Autor de impedir a agressão à
posse.
III. DA LIMINAR
O art. 562 do Código de Processo Civil autoriza o juiz a expedir o
mandado liminar quando estiver a petição inicial devidamente instruída.
O art. 568 do CPC determina a aplicabilidade do referido artigo ao caso
de interdito proibitório.
No caso concreto, restou demonstrada a posse. Além disso, também
se demonstrou que a posse está na iminência de ser esbulhada.
Depreende-se, portanto, estarem presentes os requisitos que
autorizam a concessão da liminar possessória.
IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Diante de todo o exposto, requer: a) A concessão da medida liminar,
a fim de que seja expedido o mandado para impedir a agressão da posse.
b) A procedência do pedido, confirmando a liminar concedida, para
que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante expedição de
mandado proibitório cominando aos Réus determinada pena pecuniária.
c) A condenação dos Réus ao pagamento das custas e honorários
advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos
arts. 82, § 2.º, e 85 CPC.
d) A citação dos Réus para que, em querendo, apresentem defesa no
prazo legal.
e) O desinteresse pela audiência de conciliação ou de mediação a ser
designada por Vossa Excelência.
f) A juntada da guia de custas devidamente recolhida, em anexo.
g) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos.
Dá à causa o valor de R$ ... (valor da quadra de tênis).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e Data...
Advogado...
OAB n. ...
 
9.5. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
Legislação aplicável Arts. 539 e ss. do CPC
A consignação é uma forma especial de pagamento, que
tem por objetivo desonerar o devedor de uma obrigação,
quando este encontrar obstáculos que o impeçam de
adimplir o que assumiu. O devedor não possui somente a
obrigação de pagar, mas o direito, e, quando encontrar
óbice que o impeça de praticar o ato de adimplemento
obrigacional, poderá consignar o pagamento. A
consignação consiste no pagamento forçado. Quem está em
mora é o credor, não o devedor.
Importante lembrar que não somente o devedor terá
legitimidade para consignar o pagamento, mas também
terceiros, interessados ou não. Mas o terceiro não
interessado só poderá realizar o pagamento em consignação
quando o fizer em nome e à conta do devedor, conforme
prevê o parágrafo único do art. 304 do Código Civil. O
legitimado passivo será o credor.
As hipóteses de cabimento estão previstas no art. 335 do
Código Civil: “Art. 335. A consignação tem lugar:
I – se o credornão puder, ou, sem justa causa, recusar
receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II – se o credor não for, nem mandar receber a coisa no
lugar, tempo e condição devidos;
III – se o credor for incapaz de receber, for
desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar
incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV – se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente
receber o objeto do pagamento;
V – se pender litígio sobre o objeto do pagamento”.
Existem duas espécies de consignação: a extrajudicial e a
judicial.
I. Extrajudicial: na extrajudicial, somente poderá ser
consignado dinheiro. O devedor comparecerá em
estabelecimento bancário, efetuando o depósito do valor em
conta-corrente, com atualização monetária. O credor será
cientificado por carta com aviso de recebimento, para que,
no prazo de 10 (dez) dias contados do retorno do AR,
manifeste a recusa por escrito. Caso não haja manifestação,
o devedor será liberado da obrigação, ficando à disposição
do credor a quantia depositada.
Caso a recusa seja apresentada ao estabelecimento
bancário, caberá ao devedor propor a ação de consignação,
instruindo a petição inicial com a prova do depósito e da
recusa, no prazo de 1 (um) mês. Não proposta a ação, o
depósito ficará sem efeito, podendo o depositante levantá-
lo.
II. Judicial: a consignação em pagamento judicial será
utilizada para bens móveis (inclusive dinheiro) e imóveis,
devendo ser proposta no lugar do pagamento ou, caso
exista previsão contratual, no foro de eleição (art. 540 do
CPC).
Na petição inicial, o Autor deverá observar, além dos
requisitos dos arts. 319 e 320 do CPC, o seguinte: o
depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no
prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ou
comprovar que o depósito já foi efetuado
extrajudicialmente. Não efetuando o depósito, o processo
será extinto sem resolução do mérito; a citação do réu para
levantar o depósito ou oferecer contestação; o Réu terá o
prazo de 15 (quinze) dias para contestar. Apesar de a lei
não impor um prazo específico, aplica-se a regra geral na
ação de consignação em pagamento.
O Réu poderá alegar que: não houve recusa ou mora em
receber a quantia ou a coisa devida; foi justa a recusa; o
depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do
pagamento; o depósito não é integral, indicando o montante
que entende ser devido, sob pena de esta tese não ser
admitida. Tendo sido alegada a insuficiência do depósito,
poderá o autor completar em 10 (dez) dias, exceto se já não
for mais o caso de mora, mas de inadimplemento absoluto,
hipótese em que haverá a resolução do contrato.
O valor depositado pelo Autor é considerado
incontroverso, podendo desde já ser liberado em favor do
Réu, e o devedor, liberado parcialmente da obrigação,
prosseguindo-se o processo em relação ao saldo
remanescente controvertido. Caso a sentença conclua pela
insuficiência do valor depositado, o credor poderá executar
a diferença no mesmo processo, por meio do cumprimento
de sentença.
Caso o credor, após ser citado, receba o bem objeto da
ação de consignação, o pedido será julgando procedente, o
juiz declarará extinta a obrigação, com a condenação do
Réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios.
Na hipótese de a obrigação consistir em prestações
sucessivas, com a consignação da primeira, as demais
poderão ser depositadas no mesmo processo, no prazo de
até 5 (cinco) dias contados da data do respectivo
vencimento.
Em se tratando de prestação de coisa indeterminada e,
cabendo ao credor a escolha, este será citado para exercer o
direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar
de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor a faça,
devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar,
dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito.
Quando a consignação tiver por objeto a dúvida de quem
deva legitimamente receber o pagamento, o Autor
requererá a citação dos possíveis titulares do crédito para
que provem o respectivo direito. Não comparecendo
nenhum pretendente, o depósito será convertido em
arrecadação de coisa vaga. Se apenas um comparecer, o
juiz decidirá de plano ou, comparecendo mais de um, o juiz
declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação,
continuando o processo a correr unicamente entre os
presuntivos credores, observando o rito comum.
ESTRUTURA DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
ENDEREÇAMENTO
Competência Local em que deveria ter sido realizado o pagamento
(art. 540, CPC) ou no domicílio do devedor (art. 327,
CC).
PREÂMBULO
Partes Autor: devedor ou terceiro × Réu (credor).
Nome da peça Ação de consignação em pagamento.
Fundamento
legal
Art. 539 e ss. do CPC.
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: existência de uma obrigação do autor
para com o réu.
– Causa do litígio: o autor não consegue se livrar da obrigação assumida
pelos motivos do art. 335 do CC.
– Consequência jurídica: a declaração da extinção da obrigação.
II. DO DIREITO
– A situação do Autor se encaixa em uma das hipóteses do art. 335 do
Código Civil e deseja se livrar da obrigação assumida, requerendo a
consignação da quantia ou coisa devida (art. 539, CPC).
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A autorização para efetuar a consignação do bem.
b) A procedência para declarar extinta a obrigação.
c) A condenação em custas e honorários advocatícios.
d) O interesse na realização da audiência de conciliação ou mediação.
e) A citação do Réu para aceitar a coisa depositada ou apresentar
contestação no prazo de 15 (quinze) dias.
f) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita.
g) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
h) Requerimento de produção de prova.
Valor da
causa
Valor do bem móvel, imóvel ou do montante a ser
depositado.
Peculiaridades – Na hipótese da consignação de coisa indeterminada,
se a escolha couber ao credor, deverá o Autor requerer
a citação do Réu para exercer o direito no prazo de 5
(cinco) dias, se outro não existir ou, para aceitar que o
devedor a faça, pleiteando que o magistrado fixe lugar,
dia e hora em que se fará a entrega do bem, sob pena
de depósito.
 
9.6. MODELO DE AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM
PAGAMENTO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE NATAL DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO NORTE
PEDRO ROCHA, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do
RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua
... (endereço completo), vem, por seu advogado (procuração anexa),
com fundamento no art. 539 e ss. do CPC, propor a presente AÇÃO DE
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO em face de NOME DO RÉU,
pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. ..., com
sede na Rua ... (endereço completo), endereço eletrônico..., pelos
fundamentos a seguir expostos.
I. DOS FATOS
O Autor celebrou contrato de compra e venda de imóvel que era de
propriedade de ... No ato da compra, o imóvel foi financiado pela
empresa Ré em 300 (trezentas) parcelas iguais de R$ 1.000,00 (um mil
reais).
Já tinha sido realizado o pagamento de 100 (cem) parcelas, quando o
Autor procurou a empresa Ré no seu escritório, situado em Natal – RN,
para efetuar o pagamento da última parcela vencida. Nesse momento,
houve a recusa na entrega do recibo de quitação da parcela.
O contrato previa na cláusula 5.6.7. que o atraso em mais de 3 (três)
parcelas geraria o vencimento antecipado de toda a dívida, além de
multa de 40% (quarenta por cento) do valor do contrato.
Assim sendo, diante da obrigação do Autor de pagar e da recusa da
empresa Ré de receber a prestação, não restam dúvidas quanto ao
direito de consignar os valores em pagamento, a fim de exonerar-se
daquilo que assumiu.
II. DO DIREITO
Trata-se de ação de consignação em pagamento ajuizada pelo Autor
em face da empresa Ré, em razão da recusa desta em receber o
adimplemento da obrigação assumida.
O art. 335, inciso I, do Código Civil prevê que: “Art. 335. A
consignação tem lugar:
I – se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o
pagamento,ou dar quitação na devida forma”.
Até o pagamento da parcela 100 (cem), os recibos foram todos
entregues. Todavia, por motivo desconhecido, a empresa Ré se recusou
a receber a parcela de número 101 (cento e um).
Diante disso, serve a presente para requerer a consignação das
parcelas pendentes em juízo, com a procedência do pedido para
declarar, ao final, extinta a obrigação assumida pelo Autor.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Por todo o exposto, serve a presente para requerer a Vossa
Excelência: a) A autorização de depósito judicial do valor das
prestações sucessivas.
b) A procedência do pedido para declarar extinta a obrigação do
Autor, com a consequente condenação do Réu ao pagamento das custas
processuais e honorários advocatícios, a serem fixados por Vossa
Excelência, nos termos dos arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC.
c) A opção pela realização de audiência de conciliação ou de
mediação, nos termos do art. 334 do CPC.
d) A citação do Réu para realizar o levantamento ou oferecimento de
contestação no prazo de 15 dias.
e) A juntada da inclusa guia, que comprova o recolhimento das
custas.
f) Que as intimações do advogado sejam endereçadas à Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
Protesta por provar o alegado por todos os meios em direito
admitidos.
Dá à causa o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data...
Advogado...
OAB n. ...
 
9.7. AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
Legislação aplicável Arts. 550 a 553 do CPC
O Código de Processo Civil de 2015 alterou a
nomenclatura deste procedimento (antes denominado Ação
de Prestação de Contas), que passou a não mais prever a
situação daquele que deseja prestar as contas e se exonerar
delas.
Portanto, no Código, somente haverá procedimento
especial para aquele que visa a exigir a prestação de contas
a quem esteja obrigado a prestá-las.
I. Legitimidade
a) Ativa: o art. 550 do CPC dispõe que aquele que afirma
ser titular do direito de exigir contas requererá a citação
do réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo
de 15 (quinze) dias. Normalmente, será aquele que tem
bens administrados por outra pessoa, como um
condômino do prédio exigindo a prestação de contas do
síndico.
b) Passiva: aquele que, de algum modo, tem o dever de
prestar contas. Exemplo: síndico do prédio.
O procedimento desta ação é dividido em duas fases: 1.ª
Fase: verifica-se se o réu está ou não obrigado a prestar
contas; e 2.ª Fase: as contas são prestadas, discutindo-se
sua correção ou não.
1.ª Fase: O objetivo será o de apurar se o réu tem ou não o
dever de prestar as contas.
CUIDADO
Os valores a serem apurados não são discutidos aqui.
É uma petição inicial.
Julgado procedente o pedido34, inicia-se a 2.ª fase e o réu
será condenado a prestar contas em 15 dias, em forma
adequada (CPC, art. 550, § 5.º).
2.ª Fase: O réu tem 2 opções no prazo de 15 dias: a)
apresentar as contas: nesse caso, o autor terá 15 dias para
se manifestar; b) não apresentar as contas: as contas
serão apresentadas pelo autor, sem direito de
impugnação. Ainda que o réu não possa impugnar as
contas apresentadas pelo autor, isso não impede o Juiz de
mandar realizar perícia caso duvide do acerto delas
(prudente arbítrio do juiz).
Ao final, será proferida sentença que apurará o saldo:
“Art. 552. A sentença apurará o saldo e constituirá título
executivo judicial”.
Perceba que a ação de exigir contas tem caráter
intrinsecamente dúplice, isto é, o saldo pode ser a favor de
qualquer das partes, até mesmo do réu, ainda que este não
tenha apresentado reconvenção ou pedido contraposto.
ATENÇÃO
A cobrança do saldo seguirá as regras do cumprimento de sentença (arts.
523 e ss. do CPC).
ESTRUTURA DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
ENDEREÇAMENTO
Competência Lugar de cumprimento da obrigação, nos termos do art.
53, III, d, do CPC
PREÂMBULO
Partes Autor e Réu. Qualificações completas.
Nome da peça Ação de exigir contas.
Fundamento
legal
Arts. 550 e ss. do CPC.
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: relação de exigência de contas.
– Causa do litígio: falta de prestação das contas.
– Consequência jurídica: necessidade de exigir/prestar as contas.
II. DO DIREITO
– Afirmar ser o titular do direito de exigir contas.
– Especificar as razões, detalhadas, pelas quais exige as contas (art. 550, §
1.º, do CPC).
– Instruir a inicial com documentos que comprovem a necessidade das
contas.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A procedência do pedido, para o fim de condenar o Réu a prestar contas
de forma adequada, em 15 dias, sob pena de não lhe ser lícito impugná-las
(art. 550, § 5.º, do CPC).
b) A condenação ao pagamento das custas e honorários advocatícios (arts.
82, § 2.º, e 85 do CPC).
c) A citação do réu, para que preste as contas ou ofereça contestação, no
prazo de 15 dias (art. 550, caput, do CPC).
d) A juntada da guia das custas ou pedido de gratuidade de justiça.
e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação.
f) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
g) Protesto por provas, em especial a documental.
Valor da
causa
Estimado
Peculiaridades – Se apurado saldo, será constituído título executivo
judicial e será possível a sua execução por meio de
cumprimento de sentença.
 
9.8. MODELO DE AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 25.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO DO ESTADO DE
SÃO PAULO
ÁLVARO SAMPAIO, nacionalidade..., estado civil..., profissão,
portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico...,
residente na Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado
(procuração anexa), com fundamento nos arts. 550 e ss. do Código de
Processo Civil propor AÇÃO DE EXIGIR CONTAS em face de
PETERSON SILVA, nacionalidade..., estado civil..., profissão...,
portador do RG n. ..., e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico...,
residente na Rua ... (endereço completo), pelos fundamentos a seguir
expostos.
I. DOS FATOS
O Autor é condômino e membro do conselho fiscal do Condomínio
Edifício Privilégio, situado na comarca da São Paulo – SP, do qual o
Réu é síndico, conforme se extrai da ata da assembleia ordinária em
anexo.
Todavia, muito embora o exercício fiscal tenha se encerrado, o Réu
deixou de apresentar ao Conselho as contas do Condomínio, gerando
sérias desconfianças quanto à sua idoneidade no exercício da
administração.
Desta forma, não restou alternativa ao Autor senão propor a presente
demanda para a obtenção das contas pretéritas.
II. DO DIREITO
Conforme narrado, a despeito de o ano fiscal ter se encerrado, o Réu
deixou de apresentar devidamente as contas de sua administração, o que
gerou desconfianças não somente por parte do Autor como também de
todos os outros condôminos.
Nesse sentido, o art. 1.348, VIII, do Código Civil exige do síndico a
devida prestação das contas em assembleia: “Art. 1.348. Compete ao
síndico: [...]
VIII – prestar contas à assembleia, anualmente e quando exigidas”.
Era, portanto, dever do Réu a prestação de contas de sua
administração, motivo pelo qual são elas exigidas na presente demanda,
cumprindo-se, assim, exigência do art. 550, § 1.º, do CPC.
Ademais, o Autor, por ser membro do Conselho fiscal e condômino,
também tem o direito de ter acesso às contas por haver inúmeras
despesas condominiais em aberto oriundas dos orçamentos não
explicados devidamente pelo síndico, conforme ata de assembleia do
ano anterior ora juntada.
Portanto, necessário se faz a devida prestação das contas de forma
adequada, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os
investimentos, conforme o art. 551, caput, do CPC.
III. PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Diante de todo o exposto requer: a) A procedência do pedido para
condenar o Réu a prestar as contas de forma adequada no prazo de 15
dias, sob pena de não lhe ser lícito impugná-las se o autor as apresentar
(art. 550, § 5.º, do CPC).
b) Que as contas sejam apresentadas de forma adequada,
especificando receitas, despesas e investimentos se houver,e, apurando-
se saldo, seja constituído título executivo (arts. 551 e 552 do CPC).
c) A citação do Réu, para que apresente contas ou ofereça
contestação no prazo de 15 dias (art. 550 do CPC).
d) A condenação em custas e honorários, a serem arbitrados por
Vossa Excelência.
e) A juntada de custas iniciais, em anexo.
f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
g) A informação de que o Autor possui interesse na realização da
audiência de conciliação ou mediação.
Protesta por provar o alegado por todos os meios em direito
admitidos, em especial a prova documental, com a juntada da ata da
assembleia ordinária.
Dá à causa o valor de R$ ... (valor por extenso).
Termos em que...
Pede deferimento.
Local e data...
Advogado...
OAB n. ...
 
9.9. EMBARGOS DE TERCEIRO
Legislação aplicável Arts. 674 e ss. do CPC
É um instrumento processual à disposição do terceiro,
aquele que não é parte no processo, sempre que sofra a
constrição de um bem ou direito do qual seja proprietário
ou possuidor, em razão de uma decisão judicial proferida
em um processo do qual não participa.
O objetivo desta medida é desconstituir a penhora judicial
e liberação do bem constrito indevidamente ou, de forma
preventiva, evitá-la. A terminologia “constrição” é o
gênero, que abrange as seguintes modalidades: penhora,
arresto, sequestro, busca e apreensão, imissão na posse.
Para que os embargos de terceiro sejam utilizados, já que
se trata de ação acessória, há que existir um processo em
curso, seja de conhecimento ou de execução. Por isso, trata-
se de competência funcional e a distribuição será por
dependência ao juízo que determinou a constrição.
Lembrando que deverão ser apresentados a qualquer
tempo antes de transitar em julgado a sentença no processo
de conhecimento, bem como, na execução, até 5 (cinco)
dias depois do ato expropriatório.
São legitimados nos embargos de terceiro: a)
legitimidade ativa:
“Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer
constrição ou ameaça de constrição sobre bens que
possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com
o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou
sua inibição por meio de embargos de terceiro.
§ 1.º Os embargos podem ser de terceiro proprietário,
inclusive fiduciário, ou possuidor.
§ 2.º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos
embargos:
I – o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse
de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o
disposto no art. 84335;
II – o adquirente de bens cuja constrição decorreu de
decisão que declara a ineficácia da alienação realizada
em fraude à execução;
III – quem sofre constrição judicial de seus bens por
força de desconsideração da personalidade jurídica, de
cujo incidente não fez parte;
IV – o credor com garantia real para obstar
expropriação judicial do objeto de direito real de
garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos
legais dos atos expropriatórios respectivos”.
b) legitimidade passiva:
Aquele que sempre for o beneficiário da constrição será
legitimado passivo. Por exemplo: em um processo de
execução de pagar quantia o Exequente sempre figurará
como Embargado. Entretanto, caso a indicação do bem ou
direito pertencente a terceiro tenha sido feita pelo
Executado, este também figurará no polo passivo, como
prevê o § 4.º do art. 677 do CPC: “Artigo 677. [...]
§ 4.º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de
constrição aproveita, assim como o será seu adversário
no processo principal quando for sua a indicação do
bem para a constrição judicial”.
Portanto, haverá litisconsórcio passivo necessário
somente se a indicação do bem partiu da parte contrária ao
beneficiário no processo principal, figurando, assim, ambas
as partes no polo passivo dos embargos de terceiro.
Em relação ao procedimento, deverá o Embargante
confeccionar uma petição inicial, observando os requisitos
gerais do art. 319 do CPC e ainda, fazer prova sumária de
sua posse ou de seu domínio e qualidade de terceiro,
oferecendo documentos e rol de testemunhas.
A requerimento do Embargante, é possível a concessão
de liminar para suspender o ato constritivo ou determinar a
manutenção ou reintegração de posse, podendo o juiz exigir
caução. Muito embora não conste no mencionado artigo a
palavra “liminar”, o provimento que suspende a constrição
antecipa os efeitos da tutela e a possibilidade de sua análise
é efetivada liminarmente, ou seja, já no juízo de
admissibilidade da petição inicial.
A distribuição ocorrerá por dependência ao juízo do
processo principal, com a citação do embargado na pessoa
de seu advogado (caso não o tenha, será pessoal), para
apresentação de contestação no prazo de 15 (quinze) dias.
Oferecida a contestação, o processo segue o rito comum.
Julgado procedente o pedido dos embargos de terceiro,
haverá o cancelamento do ato de constrição judicial
indevido, com o reconhecimento do domínio, da
manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem
ou do direito ao embargante.
CUIDADO
Não confundir embargos de terceiro com ações possessórias. Nos
embargos de terceiros, o ato de agressão à posse decorre de decisão
judicial, que determina o ato constritivo. É, portanto, diferente de ação
possessória, cujo ato de agressão à posse é praticado por particular ou ente
estatal, mas extrajudicialmente.
ESTRUTURA DOS EMBARGOS DE TERCEIRO
ENDEREÇAMENTO
Competência Juízo que ordenou a constrição – art. 676, CPC.
PREÂMBULO
Partes Embargante (terceiro proprietário ou possuidor) ×
Embargado (sempre o beneficiário da constrição, e o
seu adversário, na hipótese de partir dele a indicação
do bem ou direito constrito).
Nome da peça Embargos de terceiro.
Fundamento
legal
Art. 674 e ss. do CPC.
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: verificar a ligação existente no caso
concreto.
– Causa do litígio: descrever a constrição indevida e que não é partícipe
da relação processual que ocasionou a constrição.
– Consequência jurídica: desconstituir a constrição, com a liberação do
bem/direito, ou, de forma preventiva, evitá-la.
II. DO DIREITO
– Destacar a tempestividade da medida, pois é apresentada antes de
transitar em julgado a sentença no processo de conhecimento, se for o
caso, ou, na execução, até 5 (cinco) dias depois do ato expropriatório.
Comprovar que o bem ou direito pertence a terceiro estranho à relação
processual, fazendo prova sumária da posse ou do domínio, nos termos do
art. 677 do CPC.
III. DA LIMINAR
– Requerer a suspensão provisória da constrição, a manutenção ou a
reintegração de posse do bem ou direito.
Transcrever o art. 678 do CPC.
IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A concessão da liminar para suspender os atos constritivos, manutenção
ou reintegração.
b) A procedência para desconstituir a constrição judicial (ou evitá-la).
c) A condenação em custas e honorários advocatícios.
d) O interesse na realização da audiência de conciliação ou mediação.
e) A citação do embargado, na pessoa do advogado, para apresentar
contestação no prazo de 15 dias.
f) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita.
g) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
h) Requerimento de produção de prova, com juntada do rol de
testemunhas.
Valor da
causa
Valor do bem ou direito constrito
Peculiaridades – Por ser uma ação acessória, deverá ser distribuída por
dependência ao processo principal. Além do art. 677,
CPC, deverá ser observado, no que couber, o art. 319,
CPC para confecção da petição inicial.
 
9.10. MODELO DOS EMBARGOS DE TERCEIRO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE PIRACICABA DO ESTADO DE
SÃO PAILO
Distribuição por dependência ao Processo n. ...
RODRIGO CAMARGO, nacionalidade, estado civil, profissão,
portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico...,
residente na Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado
(procuração anexa), com fundamento no art. 674 e ss. do CPC, opor,
tempestivamente, os presentes EMBARGOSDE TERCEIRO em face
de DANIEL LIMA, nacionalidade, estado civil, profissão, RG n. ...,
CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ... (endereço
completo), pelos fundamentos a seguir expostos.
I. DOS FATOS
O Embargado ajuizou ação de execução por quantia certa em face de
IZABELA SOUZA, processo n. ..., em trâmite perante a 2.ª Vara Cível
da Comarca de Piracicaba Com o objetivo de satisfazer o seu crédito,
requereu a penhora do imóvel de matrícula ..., pertencente ao 1.º
Cartório de Registro de Imóveis desta Comarca.
Ocorre que, por meio de instrumento particular de venda e compra,
firmado 4 (quatro) anos antes do ajuizamento da mencionada execução,
o Embargante adquiriu referido imóvel de IZABELA SOUZA, pelo
valor de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais) conforme
documento anexo (doc. ...).
Diante disso, não restam dúvidas de que a presente penhora é
indevida, devendo ser desconstituída, com a consequente liberação do
bem.
II. DO DIREITO
Trata-se de embargos de terceiro, opostos pelo Embargante em face
do Embargado, em razão da penhora do bem de matrícula n. 123.456,
registrado no 1.º Cartório de Registro de Imóveis desta Comarca.
Ressalta-se que os presentes Embargos de Terceiro são apresentados
tempestivamente, já que não houve, sequer, arrematação do bem imóvel
penhorado, atendendo o disposto no art. 675 do CPC.
Ocorre que a demanda executiva que deu origem a tal ato constritivo
é movida pelo Embargado em face de IZABELA SOUZA, sendo,
portanto, o Embargante estranho a essa relação jurídico-processual.
O art. 674 do CPC é claro quando aduz: “Art. 674. Quem, não sendo
parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre
bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato
constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio
de embargos de terceiro”.
O Embargante adquiriu o imóvel de IZABELA SOUZA 4 (quatro)
anos antes do ajuizamento da presente demanda, conforme
compromisso particular de compra e venda em anexo (doc. ...).
Verifica-se, por tal instrumento, que a aquisição do imóvel é anterior à
dívida, bem como é prova sumária da legitimidade do Embargante para
a apresentação de Embargos de Terceiro.
Reforçando tal argumentação, a Súmula 84 do STJ afirma: “É
admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de
posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que
desprovido do registro”.
Portanto, os requisitos do art. 677 do CPC foram preenchidos, não
restando dúvida quanto à qualidade de terceiro e a propriedade do
imóvel de matrícula n. 123.456, devendo, portanto, ser acolhido o
pedido para desconstituição da penhora.
III. DA LIMINAR
Com a documentação acostada, é de fácil constatação o domínio do
Embargante em relação ao bem imóvel de matrícula n. 123.456 penhora
nos autos da ação de execução n. ...
Prevê o art. 678 e parágrafo único do CPC: “Art. 678. A decisão que
reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará
a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos
embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da
posse, se o embargante a houver requerido.
Parágrafo único. O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção
ou de reintegração provisória de posse à prestação de caução pelo
requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente
hipossuficiente”.
Diante disso, serve a presente para requerer que seja determinada a
suspensão dos atos constritivos do bem imóvel que pertence ao
Embargante, além da manutenção de sua posse.
IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Por todo o exposto, serve a presente para requerer à Vossa
Excelência: a) A concessão da medida liminar, suspendendo-se os atos
constritivos, concedendo a manutenção da posse ao Embargante.
b) A procedência do pedido, para desconstituição da constrição
judicial e consequente liberação do bem imóvel de matrícula n.
123.456, do 1.º Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de
Piracicaba.
c) A condenação do Embargante ao pagamento das custas, despesas
processuais e honorários advocatícios a serem fixados por Vossa
Excelência, nos termos dos arts. 82, §.2.º, e 85, CPC.
d) A opção pela realização de audiência de conciliação ou de
mediação, nos termos do art. 334 do CPC.
e) A citação do Embargado, na pessoa do advogado, para apresentar
contestação no prazo de 15 (quinze) dias.
f) A juntada da guia inclusa que comprova o recolhimento das custas.
g) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
Protesta por provar o alegado por todos os meios em direito
admitidos, em especial prova testemunhal, cujo rol segue abaixo:
NOME (qualificação completa) NOME (qualificação completa) Dá à
causa o valor de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data...
Advogado...
OAB n. ...
9.11. AÇÃO DE DIVISÃO E DEMARCAÇÃO DE
TERRAS
Legislação aplicável Arts. 569 e ss. do CPC
A ação de demarcação de terras é movida pelo
proprietário em face do vizinho para fixar limites entre os
terrenos. A ação de divisão, por sua vez, é dada em favor
de um condômino, para obrigar os demais condôminos a
partilhar a coisa comum entre eles, extinguindo o
condomínio. Temos, portanto duas modalidades de ação: a)
demarcação: é aquela proposta pelo proprietário, para
obrigar o seu vizinho a estremar os respectivos prédios,
fixando-se novos limites entre eles ou aviventando os
rumos apagados e renovando marcos destruídos ou
arruinados, conforme dispõe o art. 1.297 do Código Civil;
b) divisão: é aquela proposta pelo condômino, para obrigar
os demais condôminos a separar os seus respectivos
quinhões, com a consequente extinção do condomínio.
OBSERVAÇÃO
Dentro da mesma ação, será possível cumular pedido de demarcação e de
divisão, sendo a demarcação julgada primeiro, com a citação dos
confrontantes e condôminos.
Ambas as ações se aplicam tão somente às terras
particulares. Para as terras de domínio público há
procedimento especial previsto na legislação específica,
como é o caso da ação discriminatória prevista pela Lei n.
6.383/76.
A via judicial não é imprescindível, vez que os
interessados, quando capazes e de comum acordo, podem
realizar a demarcação e a divisão de terras mediante a
celebração de escritura pública (CPC, art. 571).
A despeito da literalidade do art. 569 do CPC, não é
apenas o proprietário do bem imóvel que tem legitimidade
ativa para a propositura da ação demarcatória, mas também
titulares de direitos reais de gozo e fruição sobre coisa
alheia36. Já a ação divisória só pode ser ajuizada pelos
condôminos da coisa.
ESTRUTURA DA AÇÃO DE DEMARCAÇÃO
ENDEREÇAMENTO
Competência Juízo do local do imóvel – art. 47 do CPC.
PREÂMBULO
Partes Autor e Réu. Qualificações completas.
Nome da peça Ação de demarcação de terras particulares.
Fundamento
legal
Arts. 574 e ss. do CPC.
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: relação de vizinhança.
– Causa do litígio: falta de limites nos prédios.
– Consequência jurídica: necessidade de estremar os prédios.
II. DO DIREITO
– Descrição da necessidade de estremar os prédios (arts. 1.297 e 1.298 do
CC).
– Designação do imóvel e sua situação com juntada dos títulos de
propriedade (CPC, art. 574).
– Descrição dos limites e nomeação de todos os vizinhos.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A procedência do pedido para o fim de determinar os limites a serem
constituídos, aviventados ou renovados, traçando-se a linha a ser
demarcada.
b) A juntada de custas e honorários advocatícios (arts. 82, §.2.º, e 85 do
CPC).
c) A citação dos réus pelo correio (art. 576 do CPC).
d) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita.
e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação.
f) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
g) Protesto por provas, em especial a pericial.
Valor da
causa
Regra: valor do imóvel
Peculiaridades Requerimento final: – Transitada em julgadoa
sentença, o perito efetuará a demarcação e efetuará o
traçado da linha a ser demarcada.
 
9.12. MODELO DE AÇÃO DE DEMARCAÇÃO de
terras
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 27.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE RIO VERDE DO ESTADO DE
GOIÁS
RAFAEL OTTO, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão...,
portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico...,
residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), por seu
advogado (procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 574 e ss.
do Código de Processo Civil, e nos arts. 1.297 e 1.298 do Código Civil,
propor AÇÃO DE DEMARCAÇÃO em face de LUIZ PAULO,
nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portador do documento de
identidade RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico...,
residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), pelos motivos
de fato e de direito a seguir expostos.
I. DOS FATOS
O Autor é proprietário de um terreno localizado na Rua ..., como faz
prova o documento regularmente registrado do 7.º Cartório de Registro
de Imóveis da cidade de Rio Verde.
Porém, o imóvel acima descrito, em conformidade com o respectivo
título de propriedade, não se encontra devidamente delimitado por
muros, estando dessa forma suas limitações livres e desimpedidas,
sendo necessária a fixação de suas divisas por meio de prova técnica
pericial.
Esclareça-se que o Autor formulou tentativa de realizar delimitações
de seu imóvel de forma consensual. Contudo, encontrou resistência do
Réu, que dificultou, de todas as formas, um comum acordo, restando,
apenas, a opção da via judicial.
Assim, tem direito a ser delimitado em sua propriedade, como se
verá a seguir.
II. DO DIREITO
Como se pode observar no presente caso, o Autor é justo proprietário
e possuidor do imóvel, que faz parte anexa à sua casa, conforme fotos,
matrícula e contrato anexos.
Em razão disso, tem o direito de verificar e delimitar claramente seu
terreno, nos exatos termos dos arts. 1.297 e 1.298 do Código Civil.
“Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou
tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode
constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre
dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos
destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os
interessados as respectivas despesas”.
“Art. 1.298. Sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se
determinarão de conformidade com a posse justa; e, não se achando
ela provada, o terreno contestado se dividirá por partes iguais entre os
prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um
deles, mediante indenização ao outro.”
No caso concreto, restando confusos e inexistentes os limites de seu
imóvel, tem o direito de ver delimitada a sua propriedade.
Desta forma, resta claro o direito de formalizar a sua delimitação.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Diante de todo o exposto, requer: a) A procedência do pedido, para
que se delimite e demarque as áreas do imóvel, determinando o traçado
da linha a ser demarcada, consignando em planta e memorial descritivo
conforme arts. 581 e 582 do CPC.
b) A condenação do Réu ao pagamento das custas e honorários
advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos
arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC.
c) A citação do Réu pelo correio para que, em querendo, apresente
defesa no prazo legal, conforme art. 576 do CPC.
d) O interesse pela audiência de conciliação ou de mediação a ser
designada por Vossa Excelência.
e) A juntada da guia de custas, em anexo, devidamente recolhida.
f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, em especial a prova documental e pericial.
Dá à causa o valor de R$ ... (valor do imóvel).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e Data...
Advogado...
OAB n. ...
 
ESTRUTURA DA AÇÃO DE DIVISÃO
ENDEREÇAMENTO
Competência Juízo do local do imóvel – art. 47 do CPC
PREÂMBULO
Partes Autor e Réu. Qualificações completas.
Nome da peça Ação de divisão de terras particulares.
Fundamento
legal
Arts. 588 e ss. do CPC.
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: relação de condomínio.
– Causa do litígio: intenção de delimitar áreas dentro do condomínio.
– Consequência jurídica: necessidade de divisão.
II. DO DIREITO
– Descrição da necessidade de dividir o terreno objeto do condomínio (art.
1.320 do CC).
– Indicação da origem do condomínio, a denominação, a situação, os
limites e as características do imóvel (art. 588, I, do CPC).
– Qualificação dos condôminos, com especificação dos estabelecidos no
imóvel, com suas benfeitorias e culturas (art. 588, II, do CPC).
– Indicação das benfeitorias comuns (art. 588, III, do CPC).
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A procedência do pedido, para o fim de dividir a propriedade em
condomínio entre os condôminos, conforme o quinhão de cada um.
b) As juntada das custas e honorários advocatícios (arts. 82, § 2.º, e 85 do
CPC).
c) A citação dos réus pelo correio (art. 589 do CPC).
d) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita.
e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação.
f) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
g) Protesto por provas, em especial a pericial.
Valor da
causa
Regra: valor do imóvel
Peculiaridades Requerimento final: – Se as partes não impugnarem,
haverá divisão geodésica do imóvel, caso haja
impugnação, haverá a produção de prova pericial, e o
perito procederá à demarcação dos quinhões.
 
9.13. MODELO DE AÇÃO DE DIVISÃO de terras
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
DO ESTADO DE SÃO PAULO
JOSÉ PAULO, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão..., portador
do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e
domiciliado na Rua ... (endereço completo), por seu advogado
(procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 588 e ss. do Código
de Processo Civil e art. 1.320 do Código Civil, propor AÇÃO DE
DIVISÃO em face de PEDRO SILVEIRA, nacionalidade ..., estado
civil ..., profissão..., portadora do RG n. ... e inscrita no CPF n. ...,
endereço eletrônico..., residente e domiciliada na Rua ... (endereço
completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
I. DOS FATOS
O Autor e a Ré são proprietários de um terreno localizado na Rua ...
(endereço completo), como faz prova o documento regularmente
registrado do 8.º Cartório de Registro de Imóveis da cidade de São
Bernardo do Campo.
Contudo, a despeito de serem coproprietários, não há mais interesse
em manter a propriedade comum, e o Autor, mesmo tentando dividir o
imóvel consensualmente com a Ré, não obteve êxito.
Assim, tem direito a ser dividida a propriedade, como se verá a
seguir.
II. DO DIREITO
Como se pode observar no presente caso, o Autor e a Ré são justos
proprietários e possuidores do imóvel, que contém benfeitorias,
conforme fotos, matrícula e contrato de compra e venda, todos em
anexos.
Nesse sentido, apesar do condomínio existente, qualquer condômino
tem o direito de dividir sua área, e delimitar claramente seu terreno, nos
exatos termos do art. 1.320 do Código Civil.
“Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão
da coisa comum, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas
despesas da divisão.”
No caso concreto, há interesse no desfazimento da copropriedade,
dividindo-se o imóvel.
Desta forma, resta claro o direito de formalizar a sua divisão.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Diante de todo o exposto, requer: a) A procedência do pedido, para
que se determine a divisão geodésica das áreas do imóvel, demarcando-
se os quinhões respectivos de cada condômino, nos termos dos arts.
592, § 2.º, e 596, parágrafo único, do CPC.
b) A condenação da Ré ao pagamento das custas e honorários
advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência, nostermos dos
arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC.
c) A citação da Ré pelo correio, para que, em querendo, apresente
manifestação no prazo legal, conforme art. 589 do CPC.
d) O interesse pela audiência de conciliação ou de mediação, a ser
designada por Vossa Excelência.
e) A juntada da guia de custas devidamente recolhida, em anexo.
f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, em especial a prova documental e pericial.
Dá à causa o valor de R$ ... (valor do imóvel).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e Data...
Advogado...
OAB n. ...
 
9.14. AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE
SOCIEDADE
Legislação aplicável Arts. 599 e ss. do CPC
A ação de dissolução parcial de sociedade está prevista
nos arts. 599 a 609 do Código de Processo Civil.
Em linhas gerais, o ajuizamento da ação se dá quando um
ou alguns sócios decidem exercer seu direito de retirada da
sociedade, em casos de falecimento ou exclusão, que
impliquem na extinção parcial da sociedade.
O caput do art. 599 dispõe que a ação pode ter por objeto:
(i) – a resolução da sociedade empresária contratual ou
simples em relação ao sócio falecido, excluído ou que
exerceu o direito de retirada ou recesso; e (ii) – a apuração
dos haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o
direito de retirada ou recesso; ou (iii) – somente a resolução
ou a apuração de haveres.
Percebe-se, portanto, que a ação de dissolução parcial da
sociedade, uma inovação trazida pelo CPC de 2015, possui
objeto amplo, abrangendo não somente a dissolução parcial
em sentido estrito, mas também as hipóteses de exclusão do
sócio.
Com efeito, não se deve confundir a dissolução, em
sentido técnico, com a exclusão de sócio. O que as
aproxima é apenas a fase de apuração de haveres:
“Dissolução é resolução (rompimento) judicial da
sociedade em relação a um ou mais sócios – e consequente
alteração do contrato social (por ofício à Junta Comercial,
em execução imprópria). Há duas hipóteses de retirada: a
motivada e a imotivada. A primeira tem as hipóteses
enunciadas no art. 1.077 do CC (para as limitadas), art. 137
da Lei das Sociedades Anônimas, e segunda parte do art.
1.029 do CC (sociedades simples). A segunda, o
rompimento imotivado, depende de duas premissas:
sociedade por prazo indeterminado e regência supletiva das
sociedades simples (CC, art. 1.029, parte primeira). As
duas hipóteses podem ser extrajudiciais. Basta que a
sociedade acolha o pedido de rompimento e promova a
alteração do contrato social. Resta a apuração de haveres –
que também pode ser extrajudicial. A dissolução parcial é a
demanda judicial proposta para superar a resistência ao
exercício de recesso ou retirada e, consequentemente, abrir
caminho para pagamento de haveres”37.
Com base nos motivos que impliquem a extinção parcial
da sociedade, conforme previsão do rol taxativo, contido no
art. 600 do CPC, a ação pode ser proposta: pelo espólio do
sócio falecido, quando a totalidade dos sucessores não
ingressar na sociedade; pelos sucessores, após concluída a
partilha do sócio falecido; pela sociedade, se os sócios
sobreviventes não admitirem o ingresso do espólio ou dos
sucessores do falecido na sociedade, quando esse direito
decorrer do contrato social; pelo sócio que exerceu o direito
de retirada ou recesso, se não tiver sido providenciada,
pelos demais sócios, a alteração contratual consensual
formalizando o desligamento, depois de transcorridos 10
(dez) dias do exercício do direito; pela sociedade, nos casos
em que a lei não autoriza a exclusão extrajudicial; ou pelo
sócio excluído.
Também se permite que o cônjuge ou companheiro do
sócio cujo casamento, união estável ou convivência
terminou requeira a apuração de seus haveres na sociedade,
que serão pagos à conta da quota social titulada por este
sócio. Isso não significa, no entanto, que a ação de
dissolução parcial poderá discutir a meação, com base no
regime de bens do ex-casal. O pedido para a apuração de
haveres deve ser feito, pelo ex-cônjuge ou ex-companheiro,
após a realização da partilha.
O sócio excluído tem uma legitimidade ativa limitada à
apuração de haveres, vez que, por não ser mais sócio, não
tem como ajuizar a ação de dissolução parcial38.
A ação deverá observar os requisitos da petição inicial,
elencados nos arts. 319 e seguintes do CPC, e pode versar
somente sobre a dissolução parcial da sociedade, ou,
também, a apuração dos haveres. Estes podem, inclusive,
consistir no único pedido formulado pelo autor. É o caso de
ação de apuração de haveres movida por sócio excluído da
sociedade.
Nos ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni, temos
que: O código disciplina basicamente duas modalidades
distintas de demandas: a ação para a dissolução parcial da
sociedade e a ação para apuração de haveres. Elas podem
ser cumuladas em um só processo, ou podem ser deduzidas
de forma autônoma [...]. Em síntese, sob a premissa de que
há o interesse na preservação da sociedade, ainda quando
um dos sócios manifesta sua vontade de retirar-se dela, ou
não pode mais vincular-se a ela, mostrou-se necessário
estabelecer regime para que essa extinção parcial do
vínculo com a sociedade possa fazer-se sem maiores
percalços e sem prejuízo à continuidade das atividades da
pessoa jurídica39.
Isto quer dizer que se o contrato for omisso, no que diz
respeito aos haveres da sociedade, nos casos de retirada,
exclusão ou falecimento, faz-se necessária a apuração, feita
por perito nomeado, para que o sócio retirante, o excluído
ou a família do falecido, receba o valor que lhe cabia.
Assim, na concordância dos demais sócios acerca do
procedimento, o juiz pode, imediatamente, passar à fase de
liquidação.
Ocorre que, se o cenário for diferente, em sede
contestatória, os demais sócios poderão formular uma
indenização combinada com os haveres a serem apurados.
Teresa Arruda Alvim, lembra em sua obra que: Se a ação
de dissolução parcial de sociedade contiver pedidos
cumulados de dissolução e apuração de haveres, ou apenas
pedido de apuração de haveres por parte do sócio que deixa
a sociedade ou dos sucessores do sócio falecido, é lícito
que a sociedade formule pedido contraposto de indenização
em face do sócio autor em caso de danos por este
provocados à primeira40.
A apuração dos haveres, tem previsão no art. 606 do
Código de Processo Civil, devendo seguir o que consta no
contrato e/ou no estatuto social da sociedade, sendo que
cabe ao juiz nomear perito para realizar o acerto.
O fim da dissolução se dá após a apuração, momento em
que o sócio ou a família, serão pagos conforme previsão do
contrato social, ou nos termos estabelecidos pelo art. 1.031,
§ 2.º, do Código Civil41, em 90 dias, contados a partir da
liquidação.
ESTRUTURA DA AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE
SOCIEDADE
ENDEREÇAMENTO
Competência Local da sede da sociedade, nos termos dos arts. 46 e 53,
III, alíneas a e b, do CPC.
PREÂMBULO
Partes Autor e Réu podem ser: sócio excluído; espólio ou
sucessores do sócio falecido; sociedade; sócio retirante.
Qualificações completas.
Nome da
peça
Ação de dissolução de sociedade.
Fundamento
legal
Arts. 599 e ss. do CPC e art. 1.029 do Código Civil.
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: sociedade.
– Causa do litígio: quebra da affectio societatis.
– Consequência jurídica: dissolução parcial da sociedade.
II. DO DIREITO
– Descrição da quebra da affectio societatis.
Na hipótese de exercício de direito de retirada: – Descrição de que o sócio
não tem mais interesse em permanecer na sociedade.
– O desejo do sócio de se retirar, nos termos do art. 599 do CPC.
Na hipótese de exclusão de sócio, por falecimento ou outra causa,
justificar dentro de uma das hipóteses previstas pelos arts. 1.077 e 1.029
do Código Civil, ou pelo art. 137 da Lei das S/A.
– A apuração dos haveres, nos termos do art. 1.031 do Código Civil.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A procedência dos pedidos, declarando adissolução da sociedade,
determinando, ato contínuo, o início da apuração dos haveres, visando à
liquidação das quotas, mediante a nomeação de liquidante.
b) As custas e honorários advocatícios (art. 85 do CPC).
c) A citação dos réus para que apresentem contestação sob pena de
revelia.
d) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita.
e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação.
f) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
g) Protesto por provas.
Valor da
causa
Regra: valor equivalente ao montante do capital social
correspondente à participação do sócio que pretende se
afastar do grupo.
 
9.15. MODELO DE AÇÃO DE DISSOLUÇÃO
PARCIAL DE SOCIEDADE
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 26.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE BÚZIOS DO ESTADO DO RIO
DE JANEIRO
JÚLIO CÉSAR, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portador
do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e
domiciliado na Rua ... (endereço completo), por seu advogado
(procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 599 e ss. do Código
de Processo Civil e 1.029 do Código Civil, propor AÇÃO DE
DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE em face da Sociedade
2XZ, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. ...,
endereço eletrônico..., com sede na Rua ... (endereço completo),
RICARDO SOUZA, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão,
portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico...,
residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), WESLEY
LIMA, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portador do RG n. ...
e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado
na Rua ... (endereço completo) e PEDRO, nacionalidade ..., estado civil
..., profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço
eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo)
pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
I. DOS FATOS
O Autor é sócio dos Réus na Sociedade 2XZ, conforme se vê do
contrato social anexo.
O capital social é de R$ 100.000,00, dividido em 100.000 mil quotas,
no valor unitário de R$ 1,00 (um real), que foi totalmente integralizado
pelos sócios, sendo dividido na proporção de 25% a cada um.
O Autor integralizou, no ato de constituição da sociedade, R$
25.000,00 (vinte e cinco mil reais), referentes às quotas por ele
subscritas.
A administração da sociedade cabia, isoladamente, ao sócio Wesley,
que divergia bastante do Autor, claramente prejudicando a sociedade.
Assim, diante dos diversos prejuízos sofridos, o Autor tentou retirar-
se da sociedade amigavelmente, porém, sem êxito.
Diante disso, o Autor enviou à sociedade uma notificação
extrajudicial, cientificando previamente os outros sócios de sua intenção
de se retirar da sociedade, conferindo também o prazo de 30 (trinta) dias
para que os demais se manifestassem acerca do exercício do direito de
preferência na aquisição das quotas do Autor, liberando-o, após, para
tomar as medidas que julgasse convenientes à defesa de seus direitos.
Sem respostas, não restou alternativa senão ajuizar a presente ação,
vez que irrefutável a divergência entre os sócios.
II. DO DIREITO
No tocante à sociedade limitada, sabe-se que o aspecto da affectio
societatis é imprescindível, por ser considerada uma sociedade de
pessoas, constituída em função da qualidade pessoal dos sócios, na
busca da realização do objeto social, em prol da obtenção dos lucros.
Apesar disso, a confiança depositada pelo Autor nos demais sócios
ficou bastante abalada, principalmente pelo fato de ele acreditar haver
grande ingerência na empresa.
Fato que corrobora o narrado e que evidencia a quebra da affectio
societatis é a própria notificação do Autor, revelando toda a sua
insatisfação e a vontade expressa de se desvincular da sociedade.
Assim, resta claro que o Autor não tem mais interesse em se manter
na sociedade, podendo exercer seu direito de retirada, conforme
previsão do art. 599 do Código de Processo Civil, além da apuração dos
haveres, prevista no art. 1.031 do Código Civil.
III. DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer: a) A procedência dos pedidos,
declarando a dissolução da sociedade, determinando, ato contínuo, o
início da apuração dos haveres, visando à liquidação das quotas,
mediante a nomeação de liquidante.
b) A condenação dos réus ao pagamento de custas e honorários
advocatícios (art. 85 do CPC).
c) A citação dos réus para que apresentem contestação sob pena de
revelia.
d) A juntada da guia das custas.
e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de
mediação.
f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, tais como documental, testemunhal, pericial e depoimento
pessoal do administrador da empresa.
Dá à causa o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e Data...
Advogado...
OAB n. ...
 
9.16. INVENTÁRIO E PARTILHA
Legislação aplicável Arts. 610 e ss. do CPC
Por força da saisine, a sucessão dos herdeiros no
patrimônio do falecido ocorre instantaneamente, no exato
momento de sua morte, real ou presumida (CC, art. 1.784).
O termo inventário significa “ato” ou “efeito de
inventariar”, indicando atividades tais como as de
selecionar, catalogar, registrar, enumerar coisas, descrever,
arrolar.
Na definição de Francisco José Cahali: Inventário é o
meio pelo qual se promove a efetiva transferência da
herança aos respectivos herdeiros, embora, no plano
jurídico (e fictício, como visto), a transmissão do acervo se
opere no exato instante do falecimento. Através dele, faz-se
a identificação dos sucessores, da herança, das eventuais
dívidas e obrigações deixadas pelo falecido, para futura
partilha ou adjudicação do resultado aos herdeiros. Quando
judicial, em seu curso, também são promovidos os atos de
posse e administração e liquidação da herança, pagamento
de impostos de transmissão causa mortis, são prestadas
contas, definidos e individualizados os quinhões
hereditários, identificados os legados e legatários,
verificadas eventuais substituições e acréscimos etc., tudo
para regularizar juridicamente a sub-rogação dos sucessores
na titularidade das relações jurídicas objeto da sucessão
causa mortis42.
Embora alguns autores tentem traçar distinções entre
herança e espólio, as palavras são frequentemente utilizadas
pelo legislador como sinônimas, significando a
universalidade de direito, indivisível, que reúne o conjunto
de situações jurídicas ativas e passivas do de cujus. Ou seja,
trata-se do patrimônio deixado pelo de cujus a seus
herdeiros. Essa é a herança, ou espólio, como se queira
chamar. Nesse sentido, Caio Mário da Silva Pereira de fine-
a como “o conjunto patrimonial transmitido causa mortis.
Diz-se, também, acervo hereditário, massa ou monte. Numa
especialização semântica, como equivalente a espólio,
traduz a universalidade de coisas (universitas rerum), até
que a sua individualização pela partilha determine os
quinhões ou pagamentos dos herdeiros”43.
O Código de Processo Civil, nos arts. 610 a 665,
estabelece o procedimento especial, como regra, para os
processos de Inventário e Partilha.
O Inventário é procedimento obrigatório para a atribuição
legal dos bens aos sucessores do falecido, sejam eles
legítimos ou testamentários, e deve ser instaurado dentro de
2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão,
ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o
juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de
parte, devendo o processo ser instaurado no foro do último
domicílio do autor da herança. Caso o prazo de propositura
da ação seja descumprido, haverá a imposição de multa
prevista pela legislação estadual (STF, Súmula 542).
Caso o autor não tenha domicílio certo, é competente o
foro da situação dos bens imóveis, ou, não havendo bens
imóveis, será considerado o foroda situação de qualquer
dos bens do espólio.
O procedimento deve ser feito pela via judicial44.
Entretanto, não havendo testamento e herdeiros incapazes,
poderá ser feito extrajudicialmente, desde que todos
aqueles estejam de acordo.
O inventário atrai as demais ações que têm por réu o de
cujus, quando eventual condenação gere débito a ser
satisfeito pelo espólio e desde que não haja competência
absoluta de outro juízo (e.g.: ações relativas a direitos reais
sobre bens imóveis).
Entretanto, sendo basicamente um procedimento
administrativo de arrecadação de bens do de cujus, não
cabe ao inventário resolver questões de alta indagação, isto
é, questões que demandem dilação probatória, mas apenas
aquelas cujos “fatos relevantes estejam provados por
documento, só remetendo para as vias ordinárias as
questões que dependerem de outras provas”. Por isso
mesmo, não são discutidas em sede de inventário questões
tais como investigação e reconhecimento de paternidade,
ou reconhecimento de união estável45.
Não é necessário que a petição inicial já venha
acompanhada de um arrolamento de todos os bens deixados
pelo de cujus, bastando que nela conste quem administra o
espólio, com a sua qualificação completa, ou de um dos
legitimados concorrentes previstos no art. 616 do CPC. É
preciso, ainda, a juntada da certidão de óbito do de cujus,
embora essa falta possa ser suprida após o pedido de
abertura do inventário, mediante emenda da inicial, no
prazo de quinze dias, solicitada pelo juiz (CPC, art. 321).
Enquanto não nomeado um inventariante, o administrador
provisório (supostamente quem se encontre na posse dos
bens) continuará na posse do imóvel (CPC, art. 613),
mesmo que, pela saisine, os herdeiros já tenham
incorporado os bens do de cujus em seus patrimônios.
Nessa hipótese, estes apenas têm a posse indireta. Além
disso, o administrador provisório representará ativa e
passivamente o espólio, ficando obrigado pelos frutos
percebidos desde a abertura da sucessão, com direito a ser
reembolsado pelas despesas necessárias e úteis que fez,
mas respondendo por eventuais danos a que tenha dado
causa, com dolo ou culpa (CPC, art. 614).
Após ter sido instaurado o inquérito, o juiz deverá nomear
um inventariante, se o de cujus já não tiver indicado
alguém por testamento. A nomeação do inventariante pelo
juiz seguirá a seguinte ordem (CPC, art. 617): I – o cônjuge
ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse
convivendo com o outro ao tempo da morte deste; II – o
herdeiro que se achar na posse e na administração do
espólio, se não houver cônjuge ou companheiro
sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados; III –
qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e
na administração do espólio; IV – o herdeiro menor, por
seu representante legal; V – o testamenteiro, se lhe tiver
sido confiada a administração do espólio ou se toda a
herança estiver distribuída em legados; VI – o cessionário
do herdeiro ou do legatário; VII – o inventariante judicial,
se houver; VIII – pessoa estranha idônea, quando não
houver inventariante judicial.
Intimado de sua nomeação, o inventariante será
convocado para prestar compromisso de bem desempenhar
a sua função, em até cinco dias (CPC, art. 615). Esse
compromisso é dispensado caso o procedimento adotado
seja o arrolamento.
O inventariante poderá praticar certos atos, em nome do
espólio, sem a autorização judicial. São eles (CPC, art.
618): I – representar o espólio ativa e passivamente, em
juízo ou fora dele, observando-se, quanto ao dativo, o
disposto no art. 75, § 1.º ; II – administrar o espólio,
velando-lhe os bens com a mesma diligência que teria se
seus fossem; III – prestar as primeiras e as últimas
declarações pessoalmente ou por procurador com po deres
especiais; IV – exibir em cartório, a qualquer tempo, para
exame das partes, os documentos relativos ao espólio; V –
juntar aos autos certidão do testamento, se houver; VI –
trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente,
renunciante ou excluído; VII – prestar contas de sua gestão
ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe determinar; VIII
– requerer a declaração de insolvência.
Além disso, com autorização judicial, o inventariante
poderá (CPC, art. 619): I – alienar bens de qualquer
espécie; II – transigir em juízo ou fora dele; III – pagar
dívidas do espólio.
Em até vinte dias úteis da data em que prestou
compromisso, o inventariante deverá apresentar as
primeiras declarações. Essas nada mais são do que o
arrolamento de todos os bens do falecido, bem como a
indicação de todos os herdeiros. Elas poderão ser
apresentadas por procurador com poderes especiais,
mediante petição (CPC, art. 620, § 2.º).
Em virtude da dificuldade de se arrolar todos os bens do
falecido em vinte dias, ainda que úteis, é comum que seja
pedida – e concedida – uma dilação de prazo, bastando que
se justifique, por exemplo, que os bens se encontram em
localidades distintas, que certos documentos ainda não
foram expedidos etc.46.
Embora o art. 620, IV, h, indique que o valor dos bens a
ser apresentado seja o “corrente”, é razoável admitir que as
partes lancem valores que estejam em documentos oficiais,
por exemplo “os lançamentos fiscais para os imóveis
urbanos (IPTU) e rurais (ITR), os saldos das aplicações
financeiras constantes de extratos bancários, o valor
nominal das participações societárias, o valor das ações
negociadas em bolsa, tabelas e índices de institutos
reconhecidos (Tabela Fipe, para carros), ou, ainda, os
valores lançados nas declarações de bens e rendimentos do
de cujus etc.”47.
A partilha é a fase seguinte ao inventário, que atribui, a
cada um dos herdeiros, a parte que lhes cabe, repartindo os
bens entre eles.
A partilha poderá ser amigável, judicial ou em vida.
A partilha amigável é feita, geralmente, quando não há
questões a serem discutidas entre os herdeiros. Segundo
ensina Humberto Theodoro Júnior, acerca do tema: A
partilha amigável é aquela que se faz por acordo de
vontades entre todos os sucessores. Requer capacidade de
exercício dos interessados e acordo unânime entre eles.
Pode tomar a forma de escritura pública ou de termo nos
autos do inventário, ou, ainda, de escrito particular
homologado pelo juiz. Tem cabimento tanto no caso de
inventário completo como no de arrolamento48.
A partilha em vida é feita pelo autor da herança, mediante
ato entre vivos ou de última vontade. Quando feita inter
vivos, a partilha será instrumentalizada por uma ou mais
doações. Por ato de última vontade, faz parte do conteúdo
de testamento deixado pelo autor da herança. Tanto em um
quanto em outro caso, poderá haver redução das
liberalidades ou das disposições testamentárias, caso a
partilha feita em vida pelo de cujus venha a prejudicar a
legítima de um ou mais herdeiros necessários.
A partilha judicial, prevista no art. 64749 do CPC,
determina caber ao juiz proferir decisão acerca da partilha
dos bens, designando, para tanto, o que constituirá o
quinhão de cada herdeiro e legatário.
O procedimento deve observar as regras explícitas no art.
648 do CPC, que implicam, basicamente em: I – a máxima
igualdade possível quanto ao valor, à natureza e à qualidade
dos bens; II – a prevenção de litígios futuros; III – a
máxima comodidade dos coerdeiros, do cônjuge ou do
companheiro, se for o caso.
A sentença da partilha é proferida homologando-se a
partilha, após a comprovação do pagamento do imposto de
transmissão de causa mortis, bem como a comprovação de
que todos os demais compromissos tributários e eventuais
débitos foram devidamente quitados.
Por fim, após o trânsito em julgado, cada herdeiro recebe
o que lhe couber, juntamente com um formal de partilha,
que consiste em uma carta de sentença extraída, contendo: I
– termo de inventariante e título de herdeiros; II – avaliação
dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro; III –
pagamento do quinhão hereditário; IV – quitação dos
impostos; V – sentença, nos termos do art. 655 do CPC.
ESTRUTURA DA AÇÃO DE INVENTÁRIO
ENDEREÇAMENTO
Competência Forodo último domicílio do autor da herança (CPC, art.
48, caput).
Caso não tenha tido domicílio certo: I – o foro de
situação dos bens imóveis; II – havendo bens imóveis
em foros diferentes, qualquer destes; III – não havendo
bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do
espólio.
PREÂMBULO
Partes Autor: quem estiver na posse e na administração do
espólio (CPC, art. 615); o cônjuge ou companheiro
supérstite; o herdeiro; o legatário; o testamenteiro; o
cessionário do herdeiro ou do legatário; o credor do
herdeiro, do legatário ou do autor da herança; o
Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; a
Fazenda Pública, quando tiver interesse; o administrador
judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da
herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite.
Nome da
peça
Requerimento de inventário e da partilha.
Fundamento
legal
Arts. 615 e ss. do CPC.
DOS REQUERIMENTOS
a) A instauração do inventário, com a nomeação de inventariante, nos
termos do art. 617 do CPC.
b) Nomeado o inventariante, que seja intimado para prestar as primeiras
declarações no prazo previsto pelo art. 620 do CPC.
c) Feitas as primeiras declarações, que sejam citados o cônjuge, o
companheiro, os herdeiros e os legatários do autor da herança, conforme
dispõe o art. 626 do CPC.
d) Também, após as primeiras declarações, que seja intimada a Fazenda
Pública.
e) No mesmo momento, que seja intimado o testamenteiro (caso haja
testamento).
Valor da
causa
Regra: valor equivalente ao monte-mor (conforme a Lei
estadual n. 11.608/2003, do Estado de São Paulo)1.
Entretanto, na abertura de inventário pelo arrolamento
comum, pode não haver ainda um valor estimado do
patrimônio deixado pelo de cujus. Nessa hipótese, deve-
se dar um valor genérico, como por exemplo R$
1.000,00.
50
9.17. MODELO DE REQUERIMENTO DE
INVENTÁRIO (ARROLAMENTO COMUM)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2.ª
VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE SÃO
PAULO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SANDRA ROSA, brasileira, viúva, do lar, portadora do RG n. ... e
inscrita no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliada na
Rua ... (endereço completo); vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, com fundamento no art. 615 do CPC e no art. 1.784 e ss. do
CC, requerer a abertura do INVENTÁRIO dos bens deixados por YURI
LIMA, falecido no dia ..., na cidade de ..., conforme comprova certidão
de óbito anexa (doc...), deixando bens e herdeiros, sem deixar
testamento ou qualquer disposição de última vontade.
Estando a autora do presente requerimento na posse dos bens do
falecido, apresentando-se, portanto, como administradora provisória,
podendo representar o espólio até a nomeação do inventariante, requer,
em resumo: a) A instauração do inventário, com a nomeação de
inventariante, nos termos do art. 617 do CPC.
b) Nomeado o inventariante, que seja intimado para prestar as
primeiras declarações no prazo previsto pelo art. 620 do CPC.
c) Feitas as primeiras declarações, que sejam citados o cônjuge, o
companheiro, os herdeiros e os legatários do autor da herança, conforme
dispõe o art. 626 do CPC.
d) Também, após as primeiras declarações, que seja intimada a
Fazenda Pública.
e) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
Informa que as intimações deverão ser encaminhadas, ao endereço
profissional...
Por oportuno, requer a juntada da anexa guia de custas iniciais
devidamente quitada.
Dá à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e Data...
Advogado...
OAB n. ...
9.18. MODELO DE AÇÃO DE INVENTÁRIO
(ARROLAMENTO SUMÁRIO)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2.ª
VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE SÃO
PAULO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SANDRA ROSA, brasileira, viúva, do lar, portadora do RG n. ... e
inscrita no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliada na
Rua ... (endereço completo); PEDRO CESAR, brasileiro, solteiro,
comerciante portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço
eletrônico, residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo); e
LUCAS LIMA, brasileiro, solteiro, comerciante portador do RG n. ... e
inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico, residente e domiciliado na
Rua ... (endereço completo), por seu advogado (procuração anexa),
vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com
fundamento nos arts. 610 e ss., do CPC e no art. 1.784 e ss. do CC,
requerer a abertura do INVENTÁRIO dos bens deixados por YURI
LIMA, que deverá ser processado na forma de ARROLAMENTO
SUMÁRIO, falecido no dia ..., na cidade de ..., conforme comprova
certidão de óbito anexa (doc. ...), deixando bens e herdeiros, sem deixar
testamento ou qualquer disposição de última vontade.
Outrossim, requerem seja nomeado para o cargo de inventariante o
herdeiro (nome completo), que, em cumprimento ao disposto no art.
659 do CPC, declara o título dos herdeiros, qualificando o inventariado,
bem como os bens do espólio, sua avaliação, e o plano de partilha com
pedido de quinhões, nos seguintes termos: INVENTARIADO
YURI LIMA, que era titular da Cédula de Identidade RG n. ... e
inscrito no CPF/MF sob o n. ..., brasileiro, industrial, casado pelo
regime da comunhão universal com SANDRA ROSA (doc. 3),
residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo).
HERDEIROS
São herdeiros necessários do falecido todos os filhos legítimos,
maiores e capazes: 1) PEDRO CÉSAR, brasileiro, solteiro, comerciante,
titular da Cédula de Identidade RG n. ... e inscrito no CPF/MF sob o n.
..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo).
2) LUCAS LIMA, brasileiro, solteiro, comerciante, titular da Cédula
de Identidade RG n ... e inscrito no CPF n. ..., casado pelo regime da
comunhão universal de bens com LIA LIMA, brasileira, do lar, titular
da Cédula de Identidade RG n. ..., inscrita no CPF n. ..., ambos
residentes e domiciliados na Rua ... (endereço completo) CÔNJUGE
SOBREVIVENTE
O de cujus era casado pelo regime da comunhão universal de bens
com SANDRA ROSA, brasileira, viúva, do lar, titular da Cédula de
Identidade RG n. ..., inscrita no CPF n. ..., residente e domiciliada na
Rua ... (endereço completo) BENS A PARTILHAR
Direitos sobre imóvel: o apartamento ..., localizado no (descrição de
acordo com o registro de imóveis). O referido imóvel foi adquirido a
título oneroso na constância do matrimônio e acha-se incorporado em
terreno caracterizado na matrícula n. ..., devidamente registrado no ...
Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de ..., sob a matrícula de n.
..., ficha ..., livro ... de Registro Geral (doc. ...), inscrito no Cadastro dos
Contribuintes da Prefeitura Municipal sob n. ...
VALOR VENAL: R$ ... (doc. ...).
MONTE-MOR PARTILHÁVEL
Valor total do monte-mor: R$ ...
PLANO DE PARTILHA Os pagamentos deverão ser efetuados nos
seguintes termos: a) Pagamento à cônjuge sobrevivente SANDRA
ROSA, de sua parte, a título de meação, no valor de R$ ..., da seguinte
maneira: (especificar meação de ½ sobre o imóvel).
b) Pagamento ao herdeiro PEDRO CÉSAR, de sua parte, a título de
herança, no valor de R$ ..., da seguinte maneira: (especificar quota de ¼
sobre o imóvel).
c) Pagamento ao herdeiro LUCAS LIMA, de sua parte, a título de
herança, no valor de R$ ..., da seguinte maneira: (especificar quota de ¼
sobre o imóvel).
d) Nestas condições, requerem os herdeiros do falecido, bem como a
cônjuge sobrevivente, se digne Vossa Excelência nomear ... para o
cargo de Inventariante, bem como homologar a presente partilha, para
os devidos fins e efeitos de direito.
e) Requerem, ainda, a juntada das inclusas certidões de quitação dos
tributos federais, estaduais e municipais.
f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
Por oportuno, requer a juntada da anexa guia de custas iniciais
devidamente quitada.
Dá à causa o valor de R$...
Termos em que, Pede deferimento.
Local e Data...
Advogado...
OAB n. ...
9.19.OPOSIÇÃO
Legislação aplicável Arts. 682 e ss. do CPC
A oposição será cabível na hipótese do terceiro que
pretenda obter o mesmo bem ou direito que é objeto de
disputa entre Autor e Réu na ação originária, ou seja, o
Opoente litigará com as partes do processo principal, por
entender que aquilo que estão disputando lhe pertença.
Imagine uma ação reivindicatória na qual Autor e Réu
disputam a propriedade de um automóvel. Todavia, esse
bem pertence ao terceiro (Opoente) que, através da
oposição, poderá pretender o automóvel discutido pelas
partes na ação reivindicatória.
Lembrando que a oposição é possível para pretender a
totalidade da coisa ou parte dela. E o prazo para ser
apresentada é até a sentença.
O Opoente deverá confeccionar uma petição inicial, que
será distribuída por dependência ao processo principal.
Haverá a formação de litisconsórcio passivo necessário
entre as partes do processo principal. Assim, os Opostos
serão citados na pessoa de seus respectivos advogados, para
contestar o pedido no prazo de 15 (quinze) dias. O
parágrafo único do art. 683 do CPC estabelece que o prazo
é comum, não se aplicando o disposto no art. 22951 do CPC.
A oposição correrá em apenso ao processo principal e
ambas serão julgadas pela mesma sentença. Caso a
oposição seja apresentada após o início da audiência de
instrução e julgamento do processo principal, o juiz
suspenderá o curso do processo ao fim da produção das
provas, exceto se concluir que a unidade da instrução
atende melhor ao princípio da duração razoável do
processo.
O juiz, ao julgar simultaneamente, deverá primeiro
apreciar a oposição e, posteriormente, a ação originária.
Pode acontecer de o julgamento não ocorrer de forma
simultânea, na hipótese, por exemplo, de a oposição ser
extinta sem resolução do mérito, por falta de alguma das
condições da ação.
Há possibilidade de um dos Opostos reconhecer a
procedência do pedido do Opoente, continuando a oposição
em relação ao outro.
ESTRUTURA DA OPOSIÇÃO
ENDEREÇAMENTO
Competência Juízo competente para o julgamento da ação originária
(parágrafo único do art. 683 do CPC).
PREÂMBULO
Partes Opoente: terceiro x Opostos: Autor e Réu da ação
originária (formação de litisconsórcio passivo
necessário).
Nome da peça Oposição.
Fundamento
legal
Arts. 682 e ss. do CPC.
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: existência de uma ação originária na
qual há disputa de bem ou direito entre Autor e Réu.
– Causa do litígio: bem ou direito que é objeto de disputa pertence ao
terceiro Opoente.
– Consequência jurídica: o reconhecimento do direito do Opoente em
relação ao bem ou direito.
II. DO DIREITO
O direito do Opoente em relação ao bem que é objeto de disputa entre
Autor e Réu na ação originária, seja por ser possuidor ou proprietário.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A Procedência para declarar a posse ou propriedade do bem ou direito.
b) A condenação em custas e honorários advocatícios.
c) O Interesse na realização da audiência de conciliação ou mediação.
d) A citação dos opostos na pessoa do advogado para apresentarem
contestação no prazo comum de 15 dias.
e) A juntada do recolhimento de custas ou pedido de justiça gratuita.
f) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
g) Requerimento de produção de prova.
Valor da
causa
Valor do bem ou direito que pertença a terceiro.
Peculiaridades – Deverá ser confeccionada uma petição inicial
observando, no que couber, os requisitos do art. 319 do
CPC, e deverá ser distribuída por dependência ao
processo principal.
 
9.20. MODELO DE OPOSIÇÃO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 21.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO DO ESTADO DE
SÃO PAULO
Distribuição por dependência ao Processo n. ...
VANESSA PIERS, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora
do RG n. ..., e inscrita no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na
Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado (procuração
anexa), com fundamento no art. 682 e ss. do CPC, apresentar
OPOSIÇÃO em face de MARCOS FRONT, nacionalidade, estado civil,
profissão, RG n. ..., CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua
... (endereço completo), JOAQUIM TAVOROLA, nacionalidade,
estado civil, profissão, RG n. ..., CPF n. ..., endereço eletrônico...,
residente na Rua ... (endereço completo), pelos fundamentos a seguir
expostos.
I. DOS FATOS
Os Opostos são litigante na ação originária Reivindicatória n. ..., em
trâmite perante este mesmo juízo, referente à do Imóvel de matrícula n.
123 pertencente ao 1.º Cartório de Registro de Imóveis desta Comarca,
que o primeiro Oposto move em face do segundo.
Ocorre que o imóvel objeto de disputa entre os Opostos pertence ao
Opoente, conforme pode-se verificar do incluso recibo de quitação
recebido das mãos do antigo proprietário que consta na matrícula do
imóvel, com a firma devidamente reconhecida (doc. ...), cujo valor
constante é de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais).
Diante disso, não restam dúvidas que o imóvel pertença ao Opoente,
devendo ser declarada sua propriedade.
II. DO DIREITO
Trata-se de oposição ajuizada pelo Opoente em face dos Opostos, em
razão da disputa, por eles, do bem imóvel de matrícula n. 123, inscrito
no 1.º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo.
Ocorre que o imóvel objeto de disputa não pertence a nenhum dos
opostos, e sim, ao Opoente.
Determina o art. 682 do CPC: “Art. 682. Quem pretender, no todo ou
em parte, a coisa ou o direito sobre que autor e réu poderá, até ser
proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos”.
No processo principal não houve prolação da sentença, bem como o
documento anexo comprova a aquisição do bem imóvel que é objeto de
disputa pelos Opostos, pertencente ao Opoente.
Além disso, o art. 1.228 do Código Civil permite ao proprietário
reaver o imóvel do poder de quem quer que injustamente o possua ou
detenha.
Diante disso, não restam dúvidas quanto ao direito do Opoente em
relação ao imóvel de matrícula n. 123, devendo a presente demanda ser
julgada procedente.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Por todo o exposto, serve a presente para requerer a Vossa
Excelência: a) A procedência do pedido reconhecendo ser o Opoente o
proprietário do imóvel de matrícula n. 123, do 1.º Cartório de Registro
de Imóveis da Comarca de São Paulo – SP.
b) A condenação dos Opostos ao pagamento das custas, despesas
processuais e honorários advocatícios a serem fixados por Vossa
Excelência.
c) A opção pela realização de audiência de conciliação ou de
mediação, nos termos do art. 334 do CPC.
d) A citação dos Opostos, na pessoa dos respectivos advogados, para
apresentar contestação no prazo comum de 15 (quinze) dias.
e) A juntada da inclusa guia que comprova o recolhimento das
custas.
f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
Protesta por provar o alegado por todos os meios em direito
admitidos.
Dá à causa o valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data...
Advogado...
OAB n. ...
 
9.21. HABILITAÇÃO
Legislação aplicável Arts. 687 a 692 do CPC
Com a morte de uma das partes, o processo será suspenso
(art. 313, I e § 1.º, do CPC).
Ocorre que a relação processual precisa ser regularizada
para continuidade do processo e para tanto há o
procedimento especial de habilitação.
ESTRUTURA DA HABILITAÇÃO
ENDEREÇAMENTO
Competência Juízo do processo em curso.
PREÂMBULO
Partes Requerente e Requerido. Qualificações completas.
Nome da peça Ação de habilitação.
Fundamento
legal
Arts. 687 e ss. do CPC.
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: existência de processo anterior,
falecimento da parte e relação com a parte a ser sucedida.
– Causa do litígio: necessidade de correção do polo – Consequência
jurídica: propositura da demanda para regularização do processo
II. DO DIREITO
– Ocorrência da morte da parte e a necessidade de sucessão – art. 110 do
CPC.
– Suspensão do processo em razão da morte– art. 313, I e § 1.º, do CPC.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A procedência do pedido para o fim de determinar a habilitação dos
sucessores e a retomada do curso do processo principal.
b) Suspensão imediata do processo principal.
c) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios
(arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC).
d) A citação dos requeridos para manifestação em 5 dias, e, havendo
impugnação, a autuação em apartado.
e) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita.
f) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação.
g) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
h) Protesto por provas.
Valor da
causa
Valor para fins de alçada.
Peculiaridades Requerimento final: – Se as partes não impugnarem,
haverá a habilitação no processo. Se houver
impugnação, haverá dilação probatória, com autuação
em apartado.
9.22. MODELO DE HABILITAÇÃO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 13.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE DO
ESTADO DE MINAS GERAIS
Processo n. ...
FELISTIANO JUNIOR..., nacionalidade ..., estado civil ...,
profissão..., portador do documento de identidade RG n. ... e inscrito no
CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ...
(endereço completo), por seu advogado (procuração anexa), vem, com
fundamento nos arts. 687 e ss. do Código de Processo Civil, requerer a
HABILITAÇÃO nos autos do processo em epígrafe, do herdeiro de
FELISTIANO, ora Requerido nessa ação de cobrança proposta por
MALICIANO..., nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador
do CPF... e do RG ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na
Rua ... (endereço completo), conforme os fundamentos que seguem.
I. DOS FATOS
Maliciano, já qualificado nos autos do processo de numeração em
epígrafe propôs ação de cobrança em face de Felistiano, alegando ser
credor na quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais).
Ocorre que, no decorrer do processo, Felistiano veio a falecer,
conforme se verifica na certidão de óbito que segue anexa, restando o
processo suspenso. O Autor da presente habilitação é filho do Réu da
presente demanda, conforme se demonstra na certidão de nascimento
em anexo.
Assim, vem requerer a habilitação de seu herdeiro como Réu na
presente demanda, a fim de regularização do processo.
II. DO DIREITO
Como visto, há necessidade de regularização do processo em função
do falecimento da parte integrante de seu polo passivo.
Nesse sentido, o art. 687 do Código de Processo Civil permite a
habilitação em razão de falecimento de qualquer das partes: “Art. 687.
A habilitação ocorre quando, por falecimento de qualquer das partes,
os interessados houverem de suceder-lhe no processo”.
E ainda, o art. 688, II, do CPC prevê a habilitação pelos sucessores
do falecido.
Portanto, é plenamente cabível a habilitação do herdeiro de
Felistiano Junior nestes autos.
III. DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer-se: a) Seja procedente o presente
incidente, habilitando Felistiano Junior, herdeiro de Felistiano, nos
autos da ação de cobrança, retomando o seu curso nos termos dos arts.
691 e 692 do Código de Processo Civil.
b) A citação do Requerido, para, querendo, apresente sua
manifestação em 5 dias, conforme previsão do art. 690 do Código de
Processo Civil.
c) Após o trânsito em julgado da sentença destes autos, requer seja
esta juntada nos autos principais, dando prosseguimento naqueles autos
em face do Requerido, nos termos do art. 692 do Códex processualista.
d) A condenação do Réu ao pagamento das custas e honorários
advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos
arts. 82, § 2.º, e 85 CPC.
e) O interesse pela audiência de conciliação ou de mediação a ser
designada por Vossa Excelência.
f) A juntada da inclusa guia de custas devidamente recolhida em
anexo.
g) Que as intimações seja enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC).
h) Havendo necessidade de dilação probatória, a autuação em
apartado do presente incidente, nos termos do art. 691 do Código de
Processo Civil, com a produção de todos os meios de prova admitidos
em direito.
Dá à causa o valor de R$ ...
Termos em que, Pede deferimento.
Local e Data...
Advogado...
OAB n. ...
 
9.23. AÇÃO DE ALIMENTOS
Legislação
aplicável
Lei n. 5.478/68, arts. 1.694 e ss. do CC e arts. 528 e
ss. do CPC
Os alimentos dividem-se em provisórios, quando
estabelecidos por decisão interlocutória ou pelo
procedimento previsto pela Lei n. 5.478/68 (Lei de
Alimentos), e definitivos, quando fixados por sentença. De
todo modo, por se fundarem no binômio “necessidade-
possibilidade”, dependem sempre da manutenção das
circunstâncias nas quais foram concedidos. Portanto, a
sentença que fixa os alimentos definitivos goza apenas de
coisa julgada formal. Os alimentos estão sempre sujeitos a
revisão (Lei de Alimentos, art. 15).
Os alimentos provisórios têm a função de suprir a
necessidade atual do alimentado no decorrer do processo. A
fixação de alimentos provisórios pelo juiz é a regra,
conforme se extrai da literalidade do art. 4.º da Lei de
Alimentos. Não serão arbitrados apenas quando o
alimentado declarar expressamente não ter interesse por
eles. Assim como os alimentos definitivos, os provisórios
também podem ser revistos a qualquer tempo, mas o pedido
de revisão será processado em apartado (Lei de Alimentos,
art. 13, § 1.º). Os alimentos provisórios serão devidos até a
data da decisão final, inclusive o julgamento do recurso
extraordinário.
A Lei de Alimentos estabelece o Rito Especial para a
Ação de Alimentos, desde que haja prova pré-constituída
do parentesco, casamento ou união estável. Supletivamente,
aplicam-se as regras do rito comum, previsto pelo Código
de Processo Civil (Lei de Alimentos, art. 27). A ação busca
o pagamento de alimentos, sem a necessidade de eventual
investigação de paternidade.
Conforme bem observado por Sérgio Carlos Covello:
Trata-se, portanto, de ação que compete a uma pessoa
para exigir de outra, em razão de parentesco, casamento
ou união estável, os recursos de que necessita para
subsistência, na impossibilidade de prover por si o próprio
sustento52.
A legitimidade para a ação de alimentos está relacionada
à obrigação alimentar. O rol de obrigados consta do art.
1.69453 do CC: ascendentes, descendentes e irmãos, além
do cônjuge ou companheiro.
A ordem sucessiva é perceptível, no que diz respeito à
obrigação alimentar: em primeiro plano estão os
ascendentes; em seguida estão os descendentes; por fim
estão os irmãos.
O foro competente para a instauração da ação é o
domicílio do alimentando, nos termos do art. 53, II, do
CPC.
O valor da causa corresponde a soma de 12 (doze)
prestações mensais, pedidas pelo autor, conforme disposto
no art. 292, III, do CPC.
ESTRUTURA DA AÇÃO DE ALIMENTOS
ENDEREÇAMENTO
Competência Residência do alimentando, nos termos do art. 53, II, do
CPC.
PREÂMBULO
Partes Requerente e Requerido.
Nome da
peça
Ação de alimentos.
Fundamento
legal
Lei n. 5.478/68.
DOS FATOS
– Relação de parentesco havida entre as partes (ascendentes,
descendentes, cônjuges, companheiros, irmãos).
– Presença da necessidade de o Autor receber apoio financeiro, visto não
poder arcar sozinho com os gastos para a sua subsistência; – Condição
financeira do Réu que permite auxiliar economicamente o Autor.
DO DIREITO
– Os pais devem contribuir para o sustento dos filhos – arts. 1.694 e 1.696
do Código Civil.
– A comprovação do parentesco – art. 2.º da Lei n. 5.478/68.
– Trata-se de obrigação alimentar, prevista no art. 229 da Constituição
Federal.
– Comprovação do parentesco, necessidade e possibilidade – art. 4.º da
Lei de Alimentos.
DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A fixação a título de alimentos provisórios, liminarmente, o valor de
R$... mensais, com depósitos na conta-corrente em nome do(a)
representante legal.
b) A procedência da demanda para, confirmando os alimentos fixados
provisoriamente, torná-los definitivos, condenando o Requeridoao
pagamento de alimentos no importe de R$... mensais.
c) A condenação do Requerido ao pagamento das custas, despesas
processuais e honorários advocatícios.
d) A citação do Requerido, por oficial de justiça, para que, no prazo legal,
apresente defesa.
e) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita.
f) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação.
g) A intimação do Ministério Público.
h) Protesto por provas.
Valor da
causa
Art. 292, III, do CPC: deve corresponder à soma de 12
(doze) prestações mensais, perseguidas na ação.
9.24. MODELO DE AÇÃO DE ALIMENTOS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 10.ª
VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DE ANÁPOLIS DO ESTADO
DE GOIÁS
ELAINE, nacionalidade, menor impúbere, portadora do RG n. ... e
inscrita no CPF n. ..., neste ato representada por sua mãe Clarice,
nacionalidade, casada, secretária,
portadora do RG n. ... e inscrita no CPF sob n. ..., endereço eletrônico..,
residentes e domiciliados na Rua ... (endereço completo), por meio de
seu advogado (procuração anexa), com escritório onde receberá suas
intimações (endereço completo), vem, respeitosamente, propor a
presente AÇÃO DE ALIMENTOS, com fulcro na Lei n. 5.478/68, em
face de CRISTIANO, nacionalidade, casado, profissão, portador do RG
n. ... e inscrito no CPF sob n. ..., endereço eletrônico..., residente e
domiciliado na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e
direito a seguir aduzidos.
I. DOS FATOS
O Requerido Cristiano e a representante legal da Requerente,
Clarice, foram casados por 5 (cinco) anos. Como fruto do casamento,
tiveram a pequena ELAINE, ora Requerente (conforme certidão de
nascimento – doc. ...).
Houve, no entanto, o término das relações conjugais, vez que ambos
se encontram separados de fato há 1 (um) ano.
Ocorre que, estando separados de fato, o Requerido vem se furtando
ao cumprimento de sua obrigação como pai, deixando de colaborar com
o custeio da filha ELAINE, estimado em R$ 600,00 (seiscentos reais)
(doc. ...). Referido valor compromete o orçamento familiar da
Requerente e sua genitora, estando a situação insustentável.
Mesmo diante de tantos apelos, o Requerido tem se mostrado
indiferente às necessidades da própria filha.
Exercendo a profissão de cabeleireira, Clarice percebe a renda
mensal de R$ 800,00 (oitocentos reais). O Requerido tem renda mensal
no importe de R$ 1.600,00 (mil e seiscentos reais), trabalhando como
professor (docs. ...).
Portanto, a título de alimentos, o Requerido deverá participar com a
quantia de R$ 400,00 (quatrocentos reais) mensais.
II. DO DIREITO
A teor do disposto nos arts. 1.694 e 1.696 do Código Civil, os pais
devem contribuir para o sustento dos filhos, presentes os demais
requisitos.
A obrigação alimentar, portanto, recai sobre o Réu, na medida em
que ele é pai da Autora, comprovado assim o parentesco, conforme
determinado no art. 2.º da Lei n. 5.478/68.
Além disso, a obrigação alimentar do Réu também encontra previsão
no art. 229 da Constituição Federal.
A Requerente demonstrou ter necessidade da quantia de R$ 600,00
mensais, ao passo que a possibilidade de o Requerido arcar com a
quantia de R$ 400,00 também foi demonstrada.
Portanto, estando presentes os requisitos da necessidade do
Requerente e da possibilidade do Requerido, previstos nos arts. 1.694, §
1.º, e 1.695, ambos do Código Civil, de rigor a fixação da verba
alimentar pleiteada.
III. DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS
A teor do art. 4.º da Lei de Alimentos, comprovados o parentesco, a
necessidade e a possibilidade, de rigor se impõe a fixação de alimentos
provisórios: “Art. 4.º Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo
alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor
expressamente declarar que deles não necessita”.
Ademais, no caso em análise, restou comprovada a necessidade de
fixação de tal provisão legal, face à dificuldade financeira enfrentada
pela genitora da requerente, comprometendo sua subsistência e seu
desenvolvimento.
IV. DO PEDIDO
Diante do exposto, é a presente para requerer digne-se Vossa
Excelência: a) Fixar a título de alimentos provisórios, liminarmente, o
valor de R$ 400,00 (quatrocentos reais) mensais, com depósitos na
conta-corrente em nome da representante legal, Sra. Clarice.
b) Julgar procedente a demanda para, confirmando os alimentos
fixados provisoriamente, torná-los definitivos, condenando o Requerido
ao pagamento de alimentos no importe de R$ 400,00 (quatrocentos
reais) mensais.
c) Condenar o Requerido ao pagamento das custas, despesas
processuais e honorários advocatícios em montante a ser arbitrado por
Vossa Excelência.
d) Determinar a citação do Requerido, por oficial de justiça, para
que, no prazo legal, apresente defesa.
O Autor não se opõe a designação da audiência de conciliação ou de
mediação.
Requer, ainda, a intimação do membro do Ministério Público, para
que se manifeste nos autos, a teor do disposto no art. 9.º da Lei n.
5.478/68.
Por fim, requer a produção de todas as provas admitidas em direito.
Por oportuno, requer a juntada da anexa guia de custas iniciais
devidamente quitada.
Dá-se à causa o valor de R$ 4.800,00 (quatro mil e oitocentos reais).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e Data...
Advogado...
OAB n. ...
 
9.25. ALIMENTOS GRAVÍDICOS
Legislação aplicável Lei n. 11.804/2008
Os alimentos gravídicos estão previstos na Lei n.
11.804/2008. São destinados a cobrir as despesas adicionais
do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da
concepção ao parto, inclusive os referentes a alimentação
especial, assistência médica e psicológica, exames
complementares, internações, parto, medicamentos e
demais prescrições preventivas e terapêuticas
indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz
considere pertinentes.
Embora a Lei n. 11.804/2008 fale em “alimentos da
mulher gestante”, os alimentos gravídicos são devidos ao
nascituro54. Afinal de contas, a depender das circunstâncias,
pode ocorrer que apenas este último tenha alguma relação
jurídica com o alimentante. Pense-se na hipótese de a mãe
gestante não ser companheira nem cônjuge do réu. Fosse,
de fato, ela a destinatária dos alimentos, estes não poderiam
ser reconhecidos, por força do que dispõe o art. 1.694 do
Código Civil.
A despeito disso, a legitimidade ativa é da gestante, ainda
que extraordinária, pois defende interesses alheios em
nome próprio.
Como toda e qualquer espécie de alimentos, os gravídicos
também se pautam pelo binômio da necessidade e da
possibilidade (CC, art. 1.694, § 1.º). Assim sendo, ao se
fixarem os alimentos devidos pelo futuro pai, levar-se-á em
consideração, também, a contribuição que puder ser dada
pela mãe gestante.
Não há necessidade de exame de DNA que estabeleça,
com certeza, a paternidade daquele a quem se pleiteia os
alimentos. Para a fixação dos alimentos gravídicos, basta a
existência de indícios de paternidade, seguindo a
terminologia empregada pela própria Lei n. 11.804/2008
(art. 6.º).
Os alimentos gravídicos são fixados, dado indício da
existência da paternidade, perdurando até o nascimento da
criança, conforme binômio necessidade-paternidade.
Após o nascimento do filho, os alimentos gravídicos são
convertidos em pensão alimentícia, até que uma das partes
requeira a revisão. Nessa hipótese, a legitimidade ativa,
outrora concedida à gestante, será automaticamente
transmitida para o alimentado. É o que entende o STJ, nas
palavras do Ministro Marco Aurélio Bellizze: Isso significa
que, após o nascimento, passará a ser o recém-nascido a
parte legítima para requerer a execução, seja da obrigação
referente aos alimentos gravídicos, seja da pensão
alimentícia eventualmente inadimplida. Nessa linha de
raciocínio, o nascimento ocasionará o fenômeno da
sucessão processual, de maneira que o nascituro (na figura
da sua mãe) será sucedido pelo recém-nascido”, concluiu
o ministro ao negar o recurso especial do suposto pai55.
Após a propositura da ação, o réu será citado para
apresentar em cinco dias a sua resposta. Trata-sede um
prazo exíguo, mas que se justifica diante da premência da
situação.
Para dirimir eventuais lacunas legais, aplicam-se,
subsidiariamente, o Código de Processo Civil e a Lei n.
5.478/68.
ESTRUTURA DA AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS
ENDEREÇAMENTO
Competência Foro do alimentando, nos termos do art. 53, II, do CPC.
PREÂMBULO
Partes Autora (grávida) e Réu.
Nome da
peça
Ação de alimentos gravídicos.
Fundamento
legal
Lei n. 11.804/2008.
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: relacionamento entre as partes, bem
como outros indícios de paternidade.
– Consequência jurídica: gravidez e dever de pagar alimentos.
II. DO DIREITO
– A previsão do art. 2.º da Lei n. 11.804/2008 (legalidade dos alimentos).
– Indício de paternidade (art. 6.º da Lei n. 11.804/2008).
– Binômio necessidade do alimentando e possibilidade do alimentante
(art. 1.694, § 1.º, do CC.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A concessão dos benefícios da justiça gratuita.
b) A intimação do Ministério Público, por se tratar de interesse de menor,
nos moldes do art. 82, I, do CPC.
c) A concessão, de imediato, dos alimentos.
d) A citação do réu para contestar no prazo de 5 dias, sob pena de revelia.
e) O julgamento procedente, para condenar o Réu a pagar à Autora o valor
mensal de R$..., durante toda a gravidez. Após o nascimento com vida,
que sejam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor.
f) A condenação do réu ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios no montante de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa.
g) Protesto por provas.
Valor da
causa
Art. 292, III, do CPC: Na ação de alimentos, a soma de
12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor.
 
9.26. MODELO DE AÇÃO DE ALIMENTOS
GRAVÍDICOS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª
VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DE SANTOS DO ESTADO
DE SÃO PAULO
MARIA SANTOS, nacionalidade, solteira, desempregada, secretária,
portadora do RG n. ... e inscrita no CPF sob n. ..., endereço eletrônico..,
residente e domiciliada na Rua ... (endereço completo), por meio de seu
advogado (procuração anexa), com escritório onde receberá suas
intimações (endereço completo), vem, respeitosamente, propor a
presente AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS, com fulcro na Lei
n. 11.804/2008, em face de FERNANDO SOUZA, nacionalidade,
solteiro, profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF sob n. ...,
endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço
completo), pelos motivos de fato e direito a seguir aduzidos.
I. DOS FATOS
Conforme se comprova das trocas de mensagens anexadas a esta
petição inicial, o Réu e a Autora mantiveram um relacionamento por
mais de três anos.
Desta relação, a Autora engravidou, encontrando-se atualmente em
fase pré-natal.
Após o término do relacionamento, o Réu recusou-se a prestar
auxílio à Autora nos gastos necessários com o desenvolvimento da
gravidez.
Estando desempregada, a Autora não tem como arcar com esses
custos.
Além disso, do que se extrai dos documentos anexados, o réu é
empresário, tendo a sua empresa um lucro mensal estimado em R$ ...,
sem restar dúvidas acerca de sua condição financeira para prestar
auxílio à Autora.
II. DOS ALIMENTOS GRAVÍDICOS
Conforme dispõe o art. 6.º da Lei n. 11.804/2008: “Convencido da
existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos
que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as
necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré”.
Bastando indícios de paternidade para a concessão dos alimentos
gravídicos, vê-se satisfeita a condição para a procedência da presente
ação, vez que a Autora teve, até pouco tempo atrás, uma relação estável
e duradoura com o Réu, comprovada pelos documentos em anexo, sem
qualquer outro parceiro sexual.
Ademais, estão também presentes os requisitos da necessidade do
alimentando e da possibilidade do alimentado (CC, art. 1.694, § 1.º),
pois a Autora não possui vínculo empregatício atual que permita custear
as necessidades básicas da gravidez. O Réu, por sua vez, tem condição
financeira bastante confortável, possibilitando-o de auxiliar a Autora.
Conclui-se, portanto, pelo dever de o Réu pagar alimentos gravídicos
à Autora, no valor de R$ ..., fixados para a duração da gravidez e
convertidos, após o nascimento, em alimentos devidos à criança.
III. DOS PEDIDOS
Ante o exposto requer: a) A concessão dos benefícios da justiça
gratuita, por ser a autora pobre em sentido legal, conforme os preceitos
da Lei n. 1.060/50 e declaração de pobreza anexa.
b) A intimação do Ministério Público, por se tratar de interesse de
menor, nos moldes do art. 82, I, do CPC.
c) A concessão, de imediato, dos alimentos, no importe de R$...
mensais a serem descontados diretamente em folha de pagamento.
d) A citação do réu para contestar no prazo de 5 dias, sob pena de
revelia.
e) O julgamento procedente para condenar o Réu a pagar a Autora o
valor mensal de R$ ... durante toda a gravidez. Após o nascimento com
vida, que sejam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor.
f) A condenação do réu ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios no montante de 20% (vinte por cento) sobre o
valor da causa.
Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova admitidos
em direito, em especial a documental, a testemunhal e, após o
nascimento com vida, a pericial.
Da à presente causa o valor de ... (equivalente a doze prestações
mensais).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e Data...
Advogado...
OAB n. ...
 
9.27. JUSTIFICATIVA EM AÇÃO DE ALIMENTOS
Legislação aplicável Arts. 528 e ss. do CPC
O art. 52856 do CPC, prevê que, caso o Réu, executado,
por algum motivo não pagar os alimentos fixados, em 3
(três) dias, deverá justificar a impossibilidade de efetuá-lo,
sob pena de protesto, nos termos do art. 51757 do mesmo
diploma legal.
O Réu deverá apresentar impossibilidade que seja
absoluta, mas temporária, pois a definitiva, que ensejaria a
extinção da obrigação alimentar por desaparecimento do
binômio “necessidade-adequação”, deve fundar ação
própria de extinção de alimentos58.
9.28. MODELO DE JUSTIFICATIVA em AÇÃO DE
ALIMENTOS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3.ª
VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DE PERNAMBUCO DO
ESTADO DE RECIFE
Processo n. ...
Fernando, nacionalidade, solteiro, profissão, portador do RG n. ... e
inscrito no CPF sob n. ..., endereço eletrônico.., residente e domiciliados
na Rua ... (endereço completo), por meio de seu advogado (procuração
anexa), com escritório onde receberá suas intimações (endereço
completo), vem, respeitosamente, propor a presente JUSTIFICATIVA
EM AÇÃO DE ALIMENTOS, com fulcro no art. 528 do CPC, em face
de Joana, menor impúbere, neste ato, representada pela sua genitora,
Maria, nacionalidade, solteira, desempregada, portadora do RG n. ... e
inscrita no CPF sob n. ..., endereço eletrônico..., residentes e
domiciliadas na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e
direito a seguir aduzidos.
I. DOS FATOS
O Executado havia firmado acordo com a Exequente para pagar
alimentos no importe de R$ 2.000,00 (dois mil reais), sendo o acordo
devidamente homologado.
O Executado cuida de seus pais, que são idosos e doentes,
necessitando de integral ajuda financeira do filho, conforme
comprovação anexa.
Em decorrência de complicações na saúde da mãe do Executado, este
teve de realizar uma série de despesas médicas urgentes que o
impediram de realizar o pagamento integral dos valores devidos a título
de pensão alimentícia.
Assim, o Executado, que nunca deixou de honrar nenhum de seus
compromissos com a sua filha, pôde pagar apenas metade do acordado,
nos últimos três meses.
O Executado pede ao juízo que aceite proposta de pagamento do
débito em três prestações de R$ 1.000,00, cada, a serem pagas a partir
do próximo mês.
II. DO DIREITO
Diante dos fatos relatados, demonstra aqui, o Executado, que nos
termos do § 1.º do art. 1.694 do CC, os alimentos devem ser fixados na
proporção das necessidades do reclamante edos recursos da pessoa
obrigada.
Assim, espera-se que Vossa Excelência, em face da impossibilidade
absoluta do pagamento da pensão nos moldes do acordo, outrora
pactuado, compreenda e aceite a presente justificativa.
III. DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto requer: a) a improcedência do pedido de
prisão, em face do Executado, bem como do protesto, tendo em vista a
presente justificativa; b) a procedência do pedido, levando-se em
consideração o que fora esclarecido, para permitir o pagamento do
débito alimentar em três prestações de R$ 1.000,00 (hum mil reais),
cada; e c) os benefícios na justiça gratuita.
Protesta por provar o alegado por todos os meios em direito
admitidos, especialmente a juntada dos documentos mencionados
acima.
Termos em que, Pede deferimento.
Local e Data...
Advogado...
OAB n. ...
 
9.29. GUARDA
Legislação
aplicável
Arts. 1.583 e ss. do CC, Lei n. 13.058/2004 e arts. 33
e ss. do ECA.
A guarda está prevista nos arts. 1.583 a 1.590 do Código
Civil, na Lei n. 13.058/2004 e nos arts. 33 a 35 do Estatuto
da Criança e do Adolescente – ECA.
A guarda é simples companhia fática de uma pessoa
com relação à outra a qual a lei atribui efeitos jurídicos.
Quem tem a guarda, tem, faticamente, a companhia do
menor e, portanto, tem o dever de cuidar do menor e
zelar por sua segurança59.
O Código Civil dispõe que a “guarda pode ser unilateral
ou compartilhada”60, já o ECA preceitua que “a guarda
destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser
deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de
tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros”61.
Em linhas gerias, a guarda serve para regularizar a
companhia, convivência e cuidado do menor, não,
necessariamente implicando em adoção.
A doutrina majoritária entende que a guarda estipulada no
ECA, “tem caráter protetivo, no sentido de risco pessoal e
social”62, diferentemente do que prevê o Código Civil.
Atualmente, admitem-se, como modalidades de guarda, a
compartilhada, a alternada e a unilateral.
a) Guarda compartilhada
Também chamada de guarda conjunta, foi objeto de lei
específica (Lei n. 13.058/2004), que modificou os arts.
1.583, 1.584, 1.585 e 1.634 do Código Civil.
O art. 1.583, § 1.º, do CC, dispõe que a guarda
compartilhada é “a responsabilização conjunta e o exercício
de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o
mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos
comuns”.
Rodrigo da Cunha Pereira, acerca da guarda
compartilhada, preceitua que: É um modelo novo, cuja
proposta é a tomada conjunta de decisões mais importantes
em relação à vida do filho, mesmo após o término da
sociedade conjugal63.
A lei visa, sobretudo, a preservar os interesses dos filhos,
principalmente quando não houver acordo entre os pais
quanto à guarda, ou quando eles não viverem sob o mesmo
teto, sem ferir o poder familiar.
Assim, neste caso, ambos têm a guarda jurídica dos filhos
e dividem as responsabilidades sobre eles, devendo o
tempo e o convívio de cada um com seus filhos ser
distribuídos de forma equilibrada, sempre levando em
consideração as condições fáticas e os interesses dos
menores, como preceitua o § 2.º da Lei n. 13.058/2004.
Após o advento da lei, a guarda compartilhada passou a
ser prioridade em relação aos outros tipos de guarda,
principalmente pelo fato de que não é necessário
estabelecer regras de visitas, pois os pais estarão sempre
presentes na vida dos filhos.
b) Guarda alternada
A guarda alternada não tem previsão legal. Contudo, a
doutrina e a jurisprudência entendem que é a alternância de
residências dos pais, onde o menor fica ora com um, ora
com outro.
Desta forma, aquele que estiver com o filho terá a guarda
de maneira exclusiva, sem quaisquer interferências do
outro.
A principal crítica acerca da guarda alternada é a de que,
mudando de residência diária, semanal ou quinzenalmente,
como é usual, a rotina do menor fica prejudicada, tendo em
vista que ele não tem uma residência fixa estabelecida.
c) Guarda unilateral
A guarda unilateral tem previsão legal no art. 1.583, § 1.º,
do CC, e deve ser fixada, caso não seja possível que seja
compartilhada.
Exercida unilateralmente por um dos pais, ou por um
maior, é requerida quando um dos pais, por algum motivo
não pode ou não consegue criar ou cuidar do menor.
O genitor que não ficou com a guarda tem direito de
visitação (incluindo os avós, a critério do juiz, observados
os interesses da criança ou do adolescente) poderá visitar o
filho, desde que cumpra o que foi acordado com o genitor
detentor da guarda ou o que for fixado em juízo, além do
direito de fiscalizar sua manutenção e educação64.
A guarda unilateral não impede o direito de visitas do
genitor que não ficou com a guarda. Diferentemente da
guarda compartilhada, na unilateral somente um dos
genitores tem autonomia para tomar decisões sobre os atos
da vida do filho, por ele devendo responder.
Em todos os casos citados, tanto a legislação como a
doutrina e a jurisprudência, visam a manter intacto, dentro
dos limites possíveis, o poder familiar, e, principalmente,
os interesses e o bem-estar dos filhos.
ESTRUTURA DA AÇÃO DE GUARDA
ENDEREÇAMENTO
Competência Juízo do local de residência de quem exerce a guarda.
PREÂMBULO
Partes Autor e Réu.
Nome da
peça
Ação de guarda.
Fundamento
legal
Arts. 1.583 e ss. do Código Civil c/c arts. 300 e 693 e ss.
do Código de Processo Civil.
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: relação entre as partes e o interesse
na guarda do menor.
– Consequência jurídica: requerimento da guarda e regularização das
visitas.
II. DO DIREITO
– Guarda unilateral ou compartilhada.
– A obrigação dos pais, conforme art. 22 do ECA.
– Regularização das visitas.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A concessão da gratuidade de justiça.
b) A concessão da tutela provisória de urgência, deferindo-se a Guarda
Provisória Unilateral do menor lavrando-se o respectivo termo.
c) A intimação de membro do Ministério Público.
d) O interesse na realização da audiência de mediação e conciliação
prevista no art. 334 do CPC.
e) A citação do Réu, para apresentar contestação.
f) A procedência do pedido, deferindo-se a guarda definitiva unilateral.
g) A condenação do Réu no pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência.
h) Protesto por provas.
Valor da
causa
Como o bem da vida pleiteado não tem valor econômico,
deve-se dar qualquer valor simbólico à causa, por força
do que exige o art. 291 do CPC.
9.30. MODELO DE AÇÃO DE GUARDA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª
VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DE SÃO PAULO DO
ESTADO DE SÃO PAULO
ELISA SOUZA, nacionalidade, casada, secretária, portadora do RG
n. ... e inscrita no CPF sob n. ..., endereço eletrônico..., residente e
domiciliada na Rua ... (endereço
completo), por meio de seu advogado (procuração anexa), com
escritório onde receberá suas intimações (endereço completo), vem,
respeitosamente, propor a presente AÇÃO DE GUARDA, nos termos
dos arts. 1.583 e ss. do Código Civil c/c arts. 300 e 693 e ss. do Código
de Processo Civil, em face de CAIO SANTOS, nacionalidade, solteiro,
profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF sob n. ..., endereço
eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo),
pelos motivos de fato e direito a seguir aduzidos.
I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA A Requerente é pobre na
concepção da justiça, não tendo condições de arcar com as custas do
processo sem prejudicar seu sustento próprio, e assim, pede que Vossa
Excelência conceda os benefícios da gratuidade de justiça, com fulcro
no art. 5.º, LXXIV, da CF, bem como o art. 98 e ss. da Lei n.
13.105/2015 c/c a Lei n. 1.060/50, declarando, assim, ser pobre sob as
penas da lei.
II. DOS FATOS
A Autora é genitora da menor em questão, fruto de um
relacionamento daquela com o Réu.
O casal decidiu se separar e, desde então, a menor reside com a
Autora, que exerce todos os cuidados necessários para com a filha.
Aconteceque no mês passado, o Réu pegou a filha para passear e se
recusou a devolver a criança à Autora, de forma arbitrária e sem sequer
estabelecer qualquer contato.
Quando devolvida, a criança se encontrava em péssimas condições
de higiene e muito agitada.
A Autora é pessoa idônea, maior e capaz, possuindo plenas
condições de criar sua filha adequadamente.
Ante ao exposto, a Autora pretende a regularização da posse de fato
da menor, com a concessão da guarda unilateral da criança.
III. DO DIREITO
a) Da guarda Ultrapassados os esclarecimentos, temos, de acordo
com o art. 1.583 do Código Civil brasileiro, que a guarda será unilateral
ou compartilhada, sendo esta última regulamentada pelo § 2.º do art.
1.583 do Código Civil: “§ 2.º Na guarda compartilhada, o tempo de
convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a
mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os
interesses dos filhos”.
Ainda, é expresso no Estatuto da Criança e do Adolescente, nos
termos de seu art. 22:
“Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação
dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a
obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos
iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na
educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão
familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança
estabelecidos nesta Lei.”
Como visto, o Réu não tem condições de deter a guarda da menor,
pois não presta os cuidados necessários. Além disso, não respeita a
guarda compartilhada, privando a Autora do convívio com a sua filha.
Nesse sentido, a Autora pugna pela alteração da guarda
compartilhada para a unilateral.
b) Das visitas Fixada a guarda unilateral em prol da genitora, autora
da presente ação, sugere-se, ainda, em aplicação do art. 1.589 do
Código Civil, a regulamentação do direito de visitação do Réu,
permitindo o seu convívio com a menor com a seguinte distribuição de
datas: a) durante finais de semana, quinzenalmente, devendo o menor
ser retirado da casa da genitora às 10 (dez) horas do sábado e entregue
às 18 (dezoito) horas do domingo; b) durante a primeira metade das
férias escolares, nos anos pares, e durante a segunda metade, nos
ímpares; c) durante os natais dos anos pares e ano novo dos anos
ímpares; d) durante o Dia dos Pais e aniversários do genitor; e e)
durante os aniversários da menor, poderá ser exercido o direito de
visitação pelo genitor, devendo o período de companhia com a criança
ser igualmente dividido com a genitora.
IV. DOS PEDIDOS
Diante do exposto requer: a) A concessão da gratuidade de justiça.
b) A concessão, desde logo, da tutela provisória de urgência,
deferindo-se a Guarda Provisória Unilateral do menor à Autora,
lavrando-se o respectivo termo.
c) A intimação de membro do Ministério Público para se manifestar
no feito.
d) A requerente informa que tem interesse na realização da audiência
de mediação e conciliação prevista no art. 334, do CPC.
e) A citação do Réu, para apresentar contestação.
f) Seja julgado procedente o pedido, deferindo-se a guarda definitiva
unilateral à Autora, com a fixação de visitas à menor para o Réu.
g) A condenação do Réu no pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência.
Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos,
especialmente oral, consubstanciada na oitiva de testemunhas e
depoimento pessoal do Réu e prova de demais documentos que se
fizerem necessários.
Da à presente causa o valor de R$ ...
Termos em que, Pede deferimento.
Local e Data...
Advogado...
OAB n. ...
9.31. SEPARAÇÃO E DIVÓRCIO
Legislação aplicável Arts. 1.571 e ss. do CC, e arts. 693 e ss. do CPC
A separação e o divórcio são formas de dissolução da
sociedade e do vínculo conjugal, reguladas pelo Código
Civil (arts. 1.571 a 1.582) e pelo Código de Processo Civil
(arts. 693 a 699).
O art. 1.571 do Código Civil prevê que a sociedade
conjugal termina pela morte de um dos cônjuges, pela
nulidade ou anulação do casamento, pela separação judicial
ou pelo divórcio.
A separação deverá observar seus próprios requisitos para
que se adeque ao modelo que melhor encaixe na situação
do casal.
Apesar de serem considerados semelhantes, veremos a
seguir que são institutos diferentes e que existem diversas
regras que tratam de modo peculiar cada um dos casos.
Embora não sejam o objeto principal das ações de
divórcio e separação, a discussão acerca da guarda dos
filhos e questões a eles relacionadas podem ser discutidas
em ambas as ações.
9.31.1. Separação
A separação é a ruptura da sociedade conjugal, isto é, das
repercussões patrimoniais que os cônjuges possuíam em
virtude do regime de bens escolhido quando do casamento.
A separação não significa, necessariamente, o fim da
coabitação. Há casais que, sem se separar, não vivem na
mesma residência. Reversamente, é possível que cônjuges
separados convivam em um mesmo local, ainda que por um
certo período, sobretudo por questões econômicas.
Há grande discussão doutrinária sobre a permanência do
processo de separação judicial após a promulgação da
Emenda Constitucional n. 66/2010, que deu nova redação
ao § 6.º do art. 226 da Constituição Federal. Com a
alteração, não se exige mais a separação de fato, por mais
de dois anos, ou a judicial, por mais de um ano, como
antecedente necessário para o divórcio. O divórcio direto
passou a ser uma possibilidade.
Diante da alteração, muitos autores sugeriram ter havido
uma derrogação tácita dos dispositivos acerca da separação
no Código Civil e no Código de Processo Civil.
Ocorre que o Código de Processo Civil de 2015, posterior
à Emenda n. 66/2010, continuou a dispor acerca da ação de
separação65, razão pela qual o debate continuou sendo
relevante.
O STJ já teve oportunidade de discutir a respeito,
manifestando-se em favor da permanência do processo de
separação judicial no ordenamento jurídico brasileiro,
como opção concedida aos cônjuges, não como requisito
para a ação de divórcio, que continua podendo ser ajuizado
diretamente.
Nas palavras da Ministra Isabel Gallotti: O texto
constitucional dispõe que o casamento civil pode ser
dissolvido pelo divórcio, imprimindo faculdade aos
cônjuges, e não extinguindo a possibilidade de separação
judicial. Ademais, sendo o divórcio permitido sem qualquer
restrição, forçoso concluir pela possibilidade da separação
ainda subsistente no Código Civil, pois quem pode o mais,
pode o menos também66.
Mas o assunto ainda voltará a ser debatido, vez que o STF
reconheceu repercussão geral da questão67.
Ainda que se decida, definitivamente, pela manutenção
da separação judicial em nosso ordenamento jurídico, não é
de se excluir a possibilidade de o Réu, em reconvenção,
pedir o divórcio. Nessa hipótese, não haverá como dar
prosseguimento à separação, vez que o pedido de divórcio é
exercício de um direito potestativo concedido a ambos os
cônjuges.
9.31.2. Divórcio
O divórcio, diferentemente da separação, não põe fim
apenas à sociedade conjugal, mas também ao vínculo
outrora existente entre os cônjuges. Enquanto a separação é
reversível, o divórcio é definitivo. Caso os ex-cônjuges
queiram restabelecer os laços que antes os uniam, deverão
se casar novamente.
Antes da EC n. 66/2010, exigia-se a separação de fato,
por mais de dois anos, ou judicial, por mais de um ano,
para que o pedido de divórcio pudesse ser aceito. Com a
alteração, o divórcio direto passou a ser admitido.
O divórcio pode ser realizado de forma judicial ou
extrajudicial.
9.31.2.1. Divórcio extrajudicial
Também chamado de consensual, esta modalidade é a
mais simples, além de mais célere e menos onerosa,
podendo ser feita através de escritura pública, no cartório.
O divórcio extrajudicial é comumente utilizado por casais
que não têm filhos menores ou incapazes e que estão se
divorciando em comum acordo, sem qualquer tipo de
litígio.Caso o casal tenha filhos menores e incapazes, mas
estejam de acordo, sem qualquer questão a ser decidida,
basta a comprovação de que todos as questões envolvendo
os filhos estejam resolvidas, para que a modalidade seja
utilizada.
Por fim, faz-se necessária a presença de um advogado
para representar os interesses dos clientes, ainda que a
separação ocorra no Cartório. Mas esse advogado poderá
representar o casal, em comum.
9.31.2.2. Divórcio judicial
O divórcio judicial é realizado quando as partes não
entram em consenso e/ou têm filhos menores ou incapazes
e não tenham resolvido a situação deles, como guarda e
pensão, por exemplo.
O processo é mais demorado do que o do divórcio
extrajudicial e requer um advogado para cada uma das
partes, principalmente pelo fato de que, provavelmente,
será necessário fazer a partilha de bens, que acontecerá de
acordo com o regime de bens escolhido pelo casal.
Neste caso, é preciso que uma das partes ajuíze a ação de
divórcio em face da outra, expondo seus pedidos e
argumentos. O juiz designará audiên cia de mediação ou de
conciliação para tentar celebrar acordo entre as partes, mas
se não houver acordo, deverá ser marcada audiência de
instrução, para posterior análise do processo e por fim,
proferir a sentença.
Não é necessário, embora comum, que a partilha de bens
ocorra no processo de divórcio, podendo ser deixada para
ser discutida posteriormente (CC, art. 1.581; CPC, art. 731,
parágrafo único).
9.32. Procedimento das ações de separação e divórcio
A separação e o divórcio judiciais, consensuais ou não,
receberam um rito próprio, previsto pelos arts. 693 e ss. do
CPC, e que se aplica a ambas as ações do mesmo modo,
priorizando a solução consensual. Conforme dispõe o art.
694, “todos os esforços serão empreendidos para a solução
consensual da controvérsia”. Por isso, o procedimento
centra-se na audiência de mediação e conciliação, que pode
ocorrer em tantas seções quantas necessárias para o
deslinde do caso (CPC, art. 696).
As principais diferenças do rito especial aplicável às
ações de separação e divórcio, em relação ao procedimento
comum, são sumarizadas por Gustavo Tepedino e Ana
Carolina Brochado Teixeira68: a) a possibilidade de
suspensão do processo pelo tempo que for necessário para
que as partes se submetam à mediação judicial ou
atendimento multidisciplinar (CPC, art. 694, parágrafo
único); b) o mandado de citação deverá seguir
desacompanhado da petição inicial, apenas com os dados
relevantes para a audiência de conciliação ou de mediação
(CPC, art. 695, § 1.º), de modo a tentar desarmar a parte ré
e não acirrar o ânimo das partes que, normalmente, já está
exaltado com a situação, na tentativa de facilitar um acordo
na audiência; c) não há limite para o fracionamento da
audiência de conciliação ou de mediação (CPC, art. 696).
Se, apesar de todos os esforços, não se chegar a um
acordo, o processo passará a ser regido pelo procedimento
comum (CPC, art. 697).
A sentença das ações de separação e divórcio tem
natureza constitutiva. Assim sendo, caso um dos cônjuges
morra antes do fim do processo, a extinção do casamento
será por morte, não pelo divórcio. A distinção será
importante para fins sucessórios.
ESTRUTURA DA AÇÃO DE DIVÓRCIO
ENDEREÇAMENTO
Competência Observar os requisitos do art. 53 do CPC.
PREÂMBULO
Partes Requerentes (ex-casal).
Nome da
peça
Ação de divórcio.
Fundamento
legal
Art. 226, § 6.º, da CF/88 e art. 1.580 do Código Civil,
arts. 693 a 699 do Código de Processo Civil e art. 40 da
Lei n. 6.515/77.
I. DOS FATOS
– As partes eram casadas e desejam se divorciar.
– Não há, mais, discussão de culpa no âmbito das ações de separação e
divórcio, basta que uma (ou ambas) as partes estejam decididas a
extinguir a sociedade conjugal ou o vínculo.
II. DO DIREITO
O direito dos Requerentes de se divorciarem, nos termos do art. 1.571, IV,
do CC, dos arts. 20 e 40, § 2.º, ambos da Lei n. 6.515/77 e do art. 226, §
6.º, da CF.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A concessão do divórcio, pondo fim à sociedade e ao vínculo
conjugais.
b) Protesto por provas.
Valor da
causa
Art. 292, VII, do CPC: Na ação em que há cumulação de
pedidos, o valor da causa será a quantia correspondente à
soma dos valores de todos eles.
 
9.33. MODELO DE AÇÃO DE DIVÓRCIO
CONSENSUAL
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 9.ª
VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DE TAUBATÉ DO ESTADO
DE SÃO PAULO
HENRIQUE SOL, nacionalidade, casado, profissão, portador do RG
n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., e LETÍCIA LUZ,
nacionalidade, casada, profissão, portadora do RG n. ... e inscrita no
CPF sob n. ..., endereço eletrônico..., ambos com endereço na Rua ...
(endereço completo), casados pelo regime de ..., vêm, respeitosamente,
à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 226, § 6.º, da
CF/88, no art. 1.580 do Código Civil, nos arts. 731 a 734 do Código de
Processo Civil e no art. 40 da Lei n. 6.515/77, requerer a homologação
do DIVÓRCIO CONSENSUAL do casal, o que fazem nos termos a
seguir aduzidos.
I. DOS FATOS
Os Requerentes contraíram núpcias no dia ..., adotando o regime de
..., conforme Certidão de Casamento n. ..., às fls. ..., do livro ..., de
Registros de Casamentos do ... Ofício de Registro Civil das Pessoas
Naturais da Capital do Estado de São Paulo (doc. ...).
Desta união não houve filhos.
Por estarem separados de fato e por não haver possibilidade de
manutenção da sociedade conjugal, os Requerentes decidiram, por
mútuo consentimento, requerer a decretação do divórcio.
II. DO DIREITO
O pedido de divórcio encontra fundamento no art. 1.571, IV, do CC,
nos arts. 20 e 40, § 2.º, ambos da Lei n. 6.515/77, e no art. 226, § 6.º, da
CF/88.
Não há bens adquiridos na constância do casamento e não há
comunicação dos bens já possuídos por cada um dos Requerentes, não
havendo, portanto, bens a partilhar.
Considerando que ambos os cônjuges possuem rendimentos e bens
próprios, abrem mão, mutuamente, da prestação de pensões
alimentícias, de parte a parte.
A Requerente passará a adotar o seu nome de solteira, qual seja ...
III. DOS PEDIDOS
Posto isso, preenchidos os requisitos legais e demonstrada a
determinação de se divorciarem, requerem e aguardam os Requerentes,
após oitiva do ilustre representante do Ministério Público, a
homologação do presente pedido, decretando-se o divórcio do casal,
expedindo-se, ao final, o competente mandado para averbação no ...
Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais de ..., Capital do Estado
do ..., para os devidos fins de direito.
Protestam por provar o alegado por todos os meios de prova em
direito admitidos.
Por oportuno, requerem a juntada da anexa guia de custas iniciais
devidamente quitada.
Dá-se à causa o valor de R$ ...
Termos em que, Pedem deferimento.
Local e data.
Nome do cônjuge...
Nome do cônjuge...
Advogado ...
OAB n. ...
 
9.34. RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE
UNIÃO ESTÁVEL
Legislação aplicável Arts. 1.723 e ss. do CC e art. 226 da CF
A união estável está prevista nos arts. 1.723 a 1.727 do
Código Civil, e também no art. 226 da Constituição
Federal69.
A união estável não exige grandes solenidades,
diferentemente do que acontece no casamento. Ocorre que,
na dissolução da união estável, alguns requisitos devem ser
observados, sobretudo no que diz respeito ao patrimônio do
casal e à guarda dos filhos.
Para que a união estável seja reconhecida, basta que seja
configurada a convivência pública, contínua e duradoura, e
estabelecida com o objetivo de constituição familiar,
conforme previsto no art. 1.723 do Código Civil,
observando-se os casos impeditivos70 e suspensivos,
previstos no mesmo diploma legal.
A união estável pode ser convertida em casamento a
qualquer tempo, mediante requerimento do casal, em
cartório.
Quanto às relações patrimoniais, aplica-se, no que couber,
o regime da comunhão parcial de bens, salvo previsão
contratual diversa.
A dissolução da união estável poderá ser feita
extrajudicial ou judicialmente.
Na dissolução extrajudicialda união estável deve-se
observar os mesmos requisitos do divórcio extrajudicial, ou
seja, o casal não pode ter nenhum tipo de litígio, filhos
melhores ou incapazes e, se os tiver, precisam comprovar
que todas as questões que os envolvam já foram
previamente resolvidas. É preciso, ainda, que um
advogado, ao menos, esteja presente para assinar a escritura
de dissolução da união estável.
Na dissolução judicial também deve-se observar os
mesmos requisitos do divórcio consensual, pois somente é
requerida em casos de litígio, como partilha de bens e que
envolvam menores e/ou incapazes, que necessitem de
discussão acerca de guarda, pensão, alimentos etc.
ESTRUTURA DA AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO
DE UNIÃO ESTÁVEL
ENDEREÇAMENTO
Competência Observar regras previstas no inciso I do art. 53 do CPC.
PREÂMBULO
Partes Requerente e Requerido.
Nome da
peça
Ação de reconhecimento e dissolução de união estável.
Fundamento
legal
Arts. 1.723 e ss. do Código Civil
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: relacionamento afetivo entre os
requerentes.
– Consequência jurídica: declaração da união estável para reconhecimento
e/ou dissolução.
II. DO DIREITO
– O reconhecimento da união estável – art. 1.723 do Código Civil.
– Regime de bens adotado.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) O recebimento da ação.
b) A citação do Requerido, por carta com Aviso de Recebimento (AR).
c) A intimação no Ministério Público.
d) A condenação do requerido ao pagamento de custas e honorários
advocatícios (arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC).
e) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita.
f) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação.
g) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
h) Protesto por provas.
Valor da
causa
Aplicar a regra do art. 292, VI: a quantia correspondente
à soma dos valores de todos os pedidos.
9.35. MODELO DE RECONHECIMENTO E
DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 4.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO DO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO
LAURA CARDOSO, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão,
portadora do RG n. ... e inscrita no CPF n. ..., endereço eletrônico...,
residente e domiciliada na Rua ... (endereço completo), por seu
advogado (procuração anexa), propor AÇÃO DE
RECONHECIMENTO E DE DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL,
nos termos dos arts. 1.723 e ss. do Código Civil, em face de JOÃO
NAVES, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portador do RG n.
... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado
na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e de direito a
seguir expostos.
I. DOS FATOS
A Requerente e o Requerido mantiveram união estável durante 10
anos, porém, o desgaste da relação tornou insustentável a manutenção
da vida em comum.
Diante disso, a Requerente e o Requerido separaram-se de fato em 20
de março de 2019, com a saída do Requerido da residência do casal.
Não obstante o fim da relação tenha sido de forma amigável, as
partes não conseguiram chegar a uma composição a respeito da divisão
do bem comum.
Dessa forma, não restou alternativa à Requerente, senão propor a
presente demanda.
II. DO DIREITO
a) Do reconhecimento e da dissolução da união estável A Requerente
e o Requerido conviveram maritalmente pelo período de 10 anos,
configurando uma união estável, nos termos do art. 1.723 do Código
Civil: “Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união
estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública,
contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de
família”.
Importante salientar que, logo no início da relação afetiva, decidiram
morar juntos na cidade de XXXXX, bem como adquiriram bens na
constância da relação, sendo notória a sua relação, conhecida de
vizinhos e parentes, como comprovam os documentos acostados aos
autos.
Dessa forma, resta plenamente configurada a existência de união
estável entre as partes.
b) Dos bens adquiridos onerosamente durante a relação Acerca dos
bens adquiridos, temos no art. 1.725 do Código Civil que: “Art. 1.725.
Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-
se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão
parcial de bens”.
Constata-se, assim, uma vez verificada a união estável, que os bens
adquiridos onerosamente na constância da relação deverão ser
partilhados ao término do vínculo, nos termos do art. 1.658 da Lei Civil:
“Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens
que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as
exceções dos artigos seguintes”.
In casu, as partes adquiriram de forma conjunta, exclusivamente, o
seguinte bem imóvel, registrado no nome do Requerido, e avaliado em
R$ ... reais.
Portanto, finda a relação, deve-se partilhar o referido imóvel, com os
bens móveis nele presentes.
III. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer: a) O recebimento da presente ação e seu
trâmite no rito comum ordinário, ante a cumulação de pedidos.
b) A citação do Requerido, por carta com aviso de recebimento para,
querendo, apresentar resposta, sob pena de revelia.
c) A intimação do Ministério Público (art. 178, II, do novo Código de
Processo Civil) para que apresente as manifestações que julgar
pertinentes.
d) A produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a
documental e a testemunhal.
e) A total procedência do pedido para reconhecer a existência de
união estável e de sua dissolução, e realizar partilha do imóvel
adquirido na constância da relação.
f) A condenação do Requerido ao pagamento de custas e honorários
advocatícios em 20% (vinte por cento) sobre o valor atualizado da
causa.
g) A concessão do benefício da assistência judiciária gratuita.
Informa, ainda, em atenção ao art. 77, V, do novo Código de
Processo Civil, que todas as intimações deverão ser feitas em nome do
patrono da Requerente, no endereço ...
Por fim, protestam por provar o alegado por todos os meios de prova
em direito admitidos.
Termos em que, Pedem deferimento.
Local/Data.
Nome do cônjuge...
Nome do cônjuge...
Advogado ...
OAB n. ...
 
9.36. PEDIDO DE ADOÇÃO
Legislação aplicável Lei n. 8.069/90 – ECA
A adoção no Brasil, sempre foi vista como um
procedimento que impunha muitas dificuldades àqueles que
pretendiam adotar.
A previsão legal está na Lei n. 8.069/90 – Estatuto da
Criança e do Adolescente, bem como na Lei n.
13.509/2017.
Há previsão no art. 227, § 6.º, da Constituição Federal,
que garante que “os filhos havidos por adoção, terão os
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
designações discriminatórias relativas à filiação”71,
demonstrando que, atualmente, não há qualquer distinção
entre os filhos biológicos e os adotados.
Segundo Orlando Gomes, a adoção “é o ato jurídico pelo
qual se estabelece, independentemente de procriação, o
vínculo da filiação”72.
O art. 4273 do ECA estabelece que podem adotar os
maiores de 18 anos, independentemente do estado civil,
desde que o adotante seja, pelo menos, 16 anos mais velho
do que o adotando.
O interessado em adotar deve seguir os passos
determinados no site do Conselho Nacional de Justiça74: (i)
Procurar o Fórum ou a Vara da Infância e da Juventude da
cidade ou região do adotante, portando os documentos
necessários; (ii) os documentos serão autuados pelo
cartório e posteriormente remetidos ao Ministério Público
para análise; (iii) o adotante passará por uma avaliação feita
pela equipe técnica multidisciplinar do Poder Judiciário,
que esclarecerá todas as dúvidas acerca da adoção, além de
conhecer e analisar o candidato para verificar se ele está
apto a receber uma criança ou adolescente; (iv) o adotante
deverá participar do programa de preparação para adoção;
(v) após o estudo psicossocial, a participação no programa
e o parecer do Ministério Público, o juiz profere decisão,
deferindo ou não a habilitação para adoção, (vi) deferido o
pedido, os dados do adotante serão inseridos no Sistema
Nacional, que obedeceráa ordem cronológica da decisão
judicial; (vii) após estes processos, o Poder Judiciário
buscará uma criança ou adolescente que corresponda ao
perfil definido pelo adotante, que passarão pelo estágio de
convivência monitorado pela Justiça e pela equipe técnica,
sendo permitidas visitas e passeios breves para que
adotante e adotado se aproximem; (viii) se o estágio de
convivência monitorado for bem-sucedido, eles iniciarão o
estágio de convivência onde o adotado passará a morar com
a família, ainda acompanhado pela equipe técnica; e (ix) a
partir do término do estágio de convivência, o adotante terá
o prazo de 15 dias para propor a ação de adoção.
Proposta a ação de adoção, o juiz deverá verificar as
condições de adaptação do adotado com a nova família e,
sendo favorável, deferirá a adoção, determinando a
expedição de novo registro do adotado, sendo que este
passará a ter os mesmos direitos dos filhos biológicos, caso
existam, conforme previsão do § 6.º do art. 227 da CF.
ESTRUTURA DO PEDIDO DE ADOÇÃO
ENDEREÇAMENTO
Competência Domicílio dos pais ou responsáveis e na ausência
deles, o processo deve ser analisado pelo lugar onde
mora a criança.
PREÂMBULO
Partes Adotando(a) e adotado(a).
Nome da peça Pedido de adoção.
Fundamento
legal
Arts. 39 e ss. da Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança
de do Adolescente (ECA), c/c art. 1.618 do Código
Civil
I. DOS FATOS
– Intenção de adotar.
– Descrição de suas condições afetivas e materiais para a adoção.
– Descrição de preenchimento dos requisitos, sobretudo os etários, para
adotar.
II. DO DIREITO
– O requerimento de adoção (art. 43 do ECA).
– A convivência prevista no caput e § 1.º do art. 46 do ECA.
– Informar que não é necessário o consentimento da família biológica.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A intimação de representante do Ministério Público, para que
acompanhe o presente processo e manifeste-se caso entenda necessário.
b) A dispensa do consentimento dos pais biológicos, haja vista que eles
foram destituídos do poder familiar.
c) Ao final, a Ação julgada procedente, proferindo-se sentença
constitutiva para o fim de conceder aos requerentes a Adoção Plena do(a)
menor ..., determinando-se o cancelamento da inscrição de Registro Civil,
e a consequente lavratura de novo registro no Cartório de Registro Civil
de Pessoas Naturais de ..., conforme dispõe o art. 47 e §§ do ECA,
alterando-se o nome da criança para ... (sobrenome dos pais adotantes).
d) Protesto por provas.
Valor da
causa
– Valor para fins fiscais.
Peculiaridades – Deverá ser confeccionada uma petição inicial
observando, no que couber, os requisitos do art. 319 do
CPC, e deverá ser distribuída por dependência ao
processo principal.
 
9.37. MODELO DE PEDIDO DE ADOÇÃO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3.ª
VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DE CURITIBA DO ESTADO
DO PARANÁ
SIDNEY LOPEZ nacionalidade, casado, empresário, portador do RG
n. ... e inscrito no CPF sob n. ..., endereço eletrônico, e ALBA,
nacionalidade, casada, professora, portadora do RG n. ... e inscrita no
CPF sob n. ..., endereço eletrônico.., residentes e domiciliados na Rua ...
(endereço completo), por meio de seu advogado (procuração anexa),
vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento
no art. 39 e ss. da Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança de do
Adolescente (ECA), c/c art. 1.618 do Código Civil, requerer a
ADOÇÃO da menor VALENTINA, pelas razões de fato e de direito a
seguir declinadas.
I. DOS FATOS
Os requerentes casaram-se em 1984, sob o regime da comunhão
parcial de bens (doc. 1), tendo já dois filhos biológicos.
Entretanto, ambos os filhos já se encontram fora do lar do casal,
tendo formado seus núcleos familiares próprios, com economias
também próprias.
Assim sendo, o casal passou a desejar adotar uma criança, visto que
possuem condições financeiras para arcar com os custos de seu
sustento, educação e moradia.
Com efeito, o casal habita imóvel próprio, sendo que ambos são
aposentados, conforme consta de documentos ora acostados.
Além disso, cumprem o requisito etário, vez que ambos têm idade
superior a 18 anos.
Assim sendo, fizeram a sua inscrição no Cadastro Nacional de
Adoção. Após diversas visitas a abrigos, tiveram contato com a
adotanda, cuja guarda provisória lhes foi concedida em ... (doc. em
anexo).
Como sempre nutriram o desejo de ter filhos, inscreveram-se no
Cadastro Nacional de Adoção e, após cumprirem todas as etapas
exigidas, foram até um abrigo em São Bernardo do Campo – SP, onde
conheceram a adotanda, que vive no abrigo desde que seus pais foram
destituídos do poder familiar.
Com o convívio entre os requerentes e a adotanda, já há uma
afetividade muito grande entre eles. Por isso, e sempre no melhor
interesse da menor, pede-se que a guarda provisória seja convertida em
adoção.
II. DO DIREITO
Os requerentes são casados há mais de 30 anos, são maiores de 18
anos, tendo ambos uma diferença superior a 16 anos em comparação
com a idade da adotanda. Além disso, conforme comprovado pelos
fatos narrados e pelos documentos acostados, cumprem com os
requisitos do art. 43 do ECA, podendo assegurar à criança educação,
cultura, lazer e esporte, conforme garantido pelos arts. 53 e ss. do ECA.
Outrossim, cumpriu-se o prazo mínimo de convivência para que se
pudesse pleitear a adoção da criança, de acordo com o art. 46 do ECA.
III. DO PEDIDO
Ante todo o exposto, requer a Vossa Excelência: a) A intimação de
representando do Ministério Público, para que acompanhe o presente
processo e manifeste-se caso entenda necessário.
b) A dispensa do consentimento dos pais biológicos, haja vista que
eles foram destituídos do poder familiar.
c) Ao final, seja a presente Ação julgada procedente, proferindo-se
sentença constitutiva para o fim de conceder aos requerentes a Adoção
Plena da menor Valentina, determinando-se o cancelamento da
inscrição de Registro Civil, e a consequente lavratura de novo registro
no Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais de São Bernardo do
Campo, conforme dispõe o art. 47 e §§ do ECA, alterando-se o nome da
criança para VALENTINA (sobrenome dos pais adotantes).
Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, em especial a testemunhal e documental.
Dá-se à causa o valor de R$ ...
Termos em que, Pedem deferimento.
Local e data.
Advogado ...
OAB n. ...
 
9.38. AÇÃO MONITÓRIA
Legislação aplicável Arts. 700 e ss. do CPC
Tem por finalidade obter mais rápido um título executivo
judicial, desde que o credor possua um documento escrito,
sem eficácia de título executivo75. Um exemplo de
documento escrito são os títulos executivos prescritos ou,
como já decidido pelo STJ76, qualquer documento escrito e
idôneo, a demonstrar a obrigação assumida, como por
exemplo um e-mail.
Poderá ser objeto de ação monitória o documento escrito,
sem eficácia executiva, que possua obrigação de pagar
quantia certa; entrega de bem móvel ou imóvel, fungível ou
infungível; além de adimplemento de obrigação de fazer ou
não fazer.
A grande novidade fica por conta da possibilidade de a
prova escrita ser obtida através de prova oral documentada,
produzida de forma antecipada, nos termos do § 1.º do art.
700 do CPC.
Caso o magistrado tenha dúvida quanto à idoneidade da
prova escrita apresentada, será o Autor intimado para
emenda da petição inicial para adaptá-la ao rito comum.
A Súmula 33977 do STJ, que permitia a ação monitória
contra a Fazenda Pública, foi tipificada no CPC (§ 6.º do
art. 70078).
Possui legitimidade para a propositura o titular do crédito
constante de documentação escrita sem efetividade
executiva, a ser demandada em face daquele que se atribui
a condição de devedor.
Será competente para o processamento da demanda
monitória o local onde a obrigação deve ser satisfeita (art.
53, III, d, CPC), podendo haver foro de eleição.
Na petição inicial, deverá o Autor observar além dos
requisitos do art. 319 do CPC, o disposto no § 2.º do art.
700 do CPC: “Na petição inicial, incumbe ao autorexplicitar, conforme o caso:
I – a importância devida, instruindo-a com memória de
cálculo;
II – o valor atual da coisa reclamada;
III – o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito
econômico perseguido”.
Lembrando que o valor da causa deverá corresponder ao
conteúdo econômico que está sendo discutido (seja
obrigação de pagar quantia, fazer, não fazer ou entrega de
coisa).
No juízo de admissibilidade, sendo evidente o direito do
autor, determinará o juiz a expedição de mandado de
pagamento, entrega de coisa ou execução de obrigação de
fazer ou não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze)
dias, que possuirá as seguintes opções: a) cumprir a
obrigação: acarretará a extinção do processo, com
pagamento de honorários em 5% do valor atribuído à causa,
ficando isento das custas processuais (art. 701 e § 1.º do
CPC); b) pagar parcelado (se a obrigação for de
pagamento de dinheiro): efetuar o depósito de 30% do
valor devido, acrescido de honorários advocatícios e custas
processuais, o restante, parcelado em até 6 (seis) vezes com
juros de 1% ao mês e atualização monetária (§ 5.º do art.
701, CPC); c) apresentar embargos monitórios:
independentemente de garantia do juízo. Será apresentado
nos próprios autos, possuindo natureza jurídica de defesa.
Poderá ser formulada reconvenção, sendo vedado o
oferecimento de reconvenção à reconvenção. A estrutura a
ser observada para confecção será de uma contestação de
rito comum, conforme já estudado. Assim que
apresentados, suspende a eficácia da decisão que determina
a ordem de cumprimento da obrigação constante no
documento escrito sem eficácia de título executivo; d)
permanecer inerte: não optando por nenhuma das
hipóteses anteriores, haverá a conversão da decisão inicial
em título executivo judicial, seguindo-se o cumprimento de
sentença. Apesar de não ter qualquer formalidade, como
previsto no § 2.º do art. 701 (“independentemente de
qualquer formalidade”), uma vez convertido em título
executivo judicial, será passível de ação rescisória (§ 3.º do
art. 701).
Apresentados embargos monitórios, o Autor será
intimado para manifestar-se no prazo de 15 (quinze) dias.
Da sentença que acolher ou rejeitar os embargos caberá
apelação.
Os embargos monitórios serão apresentados nos próprios
autos da ação monitória, todavia, poderá o magistrado
determinar a autuação em apartado, se apresentados de
forma parcial, ou seja, quando alegado o excesso de
cobrança. Assim, a parcela incontroversa processará nos
autos da ação monitória, convertendo aquela parcela do
crédito em título executivo judicial. Já o montante
controvertido, lembrando que deverá indicar o valor que o
Réu entende devido, será autuado em apartado, para que,
após eventual instrução probatória, o magistrado possa
decidir.
A propositura de ação monitória manifestamente indevida
acarretará litigância de má-fé, com pagamento em favor do
réu de multa de 10% do valor da causa. Igualmente
ocorrerá na oposição protelatória de embargos monitórios,
com multa de 10% do valor da causa revertida em favor do
Autor.
ESTRUTURA DA AÇÃO MONITÓRIA
ENDEREÇAMENTO
Competência Local onde a obrigação deve ser satisfeita (art. 53, III,
d, CPC) Pode existir foro de eleição (art. 63, CPC).
Caso não exista previsão do local do cumprimento da
obrigação, utiliza-se a regra geral: domicílio do Réu
(art. 46, CPC).
PREÂMBULO
Partes Autor: credor x Réu: devedor.
Nome da peça Ação monitória.
Fundamento
legal
Arts. 700 e ss. do CPC.
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: decorrerá da obrigação existente no
documento escrito sem eficácia executiva.
– Causa do litígio: inadimplência da obrigação assumida pela Réu.
– Consequência jurídica: a condenação ao cumprimento da obrigação
constante do documento escrito.
II. DO DIREITO
– A existência do documento escrito sem eficácia de título executivo.
– Inadimplemento (arts. 394 e 395 do CC).
Observação: dependendo do negócio jurídico realizado, outros
dispositivos da legislação material poderão ser utilizados.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A expedição de mandado para pagamento, entrega de coisa ou
execução de obrigação de fazer ou não fazer no prazo de 15 dias, com a
condenação ao percentual de 5% do valor da causa, na hipótese de
cumprimento.
b) A opção pelo oferecimento dos embargos monitórios, sob pena de
conversão do mandado inicial em título executivo judicial.
c) O protesto por provas caso sejam apresentados embargos monitórios.
d) A rejeição dos embargos monitórios.
e) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios
(arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC).
f) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita.
g) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação.
h) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
i) Protesto por provas.
Valor da
causa
Valor da obrigação constante do documento escrito.
Peculiaridades – O fundamento material da ação monitória será o
inadimplemento, a mora, previsto nos arts. 394 e 395
do Código Civil.
9.39. MODELO DE AÇÃO MONITÓRIA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
DO ESTADO DE SÃO PAULO
PAULO, nacionalidade ..., estado civil ..., dentista, portador do RG
n. ... e inscrito no CPF sob n. ..., endereço eletrônico..., residente e
domiciliado na Rua ... (endereço completo), Santo André – SP, por seu
advogado (procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 700 e ss.
do Código de Processo Civil, propor AÇÃO MONITÓRIA em face de
ANTONIO, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão..., portador do
RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e
domiciliado na Rua ... (endereço completo), São Bernardo do Campo –
SP, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
I. DOS FATOS
O Autor firmou contrato de venda e compra com o Réu de uma
cadeira odontológica no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais)
dividido em 3 (três) parcelas iguais de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
Ocorre que, após a entrega da cadeira o Réu houve por bem
inadimplir as parcelas, vencidas no dia 22 dos meses de junho, julho e
agosto de 20XX.
Diante da prova escrita cabal e o inadimplemento do Réu, não restam
dúvidas quanto ao direito do Autor no recebimento do crédito de R$
15.000,00 (quinze mil reais).
II. DO DIREITO
A presente demanda versa sobre o inadimplemento do contrato
firmado entre Autor e Réu no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais)
referente a compra de uma cadeira de dentista.
O Réu comprometeu-se a efetuar o pagamento do montante total de
R$ 15.000,00, em 3 (três) parcelas iguais de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais) cada.
Ocorre que, nenhuma das parcelas constantes do contrato foi quitada
no dia acordado.
O art. 700 do CPC é claro quando aduz que ação monitória pode ser
proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem
eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor o
pagamento da quantia em dinheiro.
As partes firmaram contrato escrito, prova documental, e não possui
eficácia de título executivo, já que não fora assinado por 2 (duas)
testemunhas.
Ademais, os arts. 394 e 395 do Código Civil são claros: “Art. 394.
Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o
credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a
convenção estabelecer.
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der
causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao
credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e
danos”.
Desta forma, não restam dúvidas quanto a obrigação do Réu no
pagamento do montante de R$ 15.000,00 (quinze mil reais).
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Por todo o exposto serve a presente para requerer a Vossa
Excelência: a) Seja determinada a expedição de mandado de pagamento
para quitação do débito no valor de R$ 15.000,00 (quinze milreais),
devidamente atualizado, no prazo de 15 (quinze) dias, conforme
planilha de cálculo em anexo, somando-se o percentual de 5% a título
de honorários advocatícios.
b) Ou ainda, que o Réu ofereça embargos, no mesmo prazo, sob pena
de conversão do mandado inicial em título executivo judicial, e
continuidade com o cumprimento de sentença.
c) Apresentados Embargos Monitórios, protesta por provar o alegado
por todos os meios de prova em direito admitidos, e, ao final, sejam
rejeitos com a consequente condenação ao pagamento das custas e
honorários advocatícios a serem fixados por Vossa Excelência, nos
termos dos arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC.
d) A juntada da inclusa guia de custas em anexo.
e) A opção pela realização de audiência de conciliação ou de
mediação, nos termos do art. 334 do CPC.
f) Que as intimações do advogado sejam endereçadas à Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
Dá à causa o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data.
Advogado...
OAB n. ...
 
9.40. HOMOLOGAÇÃO De PENHOR LEGAL
Legislação aplicável Arts. 703 e ss. do CPC
Penhor legal é a garantia que a lei prevê para que em
determinados casos, haja apreensão de bens, independente
de convenção entre as partes. Ex.: hotel que apreende as
bagagens de seus hospedes pelas despesas de consumo
efetuadas.
Assim prevê o art. 1.467 do Código Civil: “Art. 1.467.
São credores pignoratícios, independentemente de
convenção:
I – os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou
alimento, sobre as bagagens, móveis, joias ou dinheiro
que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo
nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas
despesas ou consumo que aí tiverem feito;
II – o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens
móveis que o rendeiro ou inquilino estiver guarnecendo
o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas”.
Após realizado o penhor, o credor deverá buscar sua
homologação, e para tanto há a expressa previsão do
presente procedimento especial.
ESTRUTURA DA HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL
ENDEREÇAMENTO
Competência Domicílio do réu – art. 46 do CPC.
PREÂMBULO
Partes Autor e Réu. Qualificações completas.
Nome da peça Homologação do penhor legal.
Fundamento
legal
Arts. 703 e ss. do CPC.
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: relação de hospedagem ou locação.
– Causa do litígio: não pagamento das despesas.
– Consequência jurídica: necessidade de homologação do penhor.
II. DO DIREITO
– Descrição da relação contratual, instruindo-se com o instrumento
contratual e a conta pormenorizada das despesas, tabela dos preços e a
relação dos objetos retidos.
– Direito de realização do penhor (art.1.467 do CC).
– Necessidade de homologação (arts. 1.471 do CC e 703 do CPC).
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A procedência do pedido para o fim de homologar o penhor realizado
com a consolidação da posse sobre o objeto.
b) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios
(arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC).
c) A citação do réu para pagar ou contestar em audiência preliminar
designada (art. 703, § 1.º, do CPC).
d) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita.
e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação.
f) A informação do endereço para intimações do advogado (art. 77, V, do
CPC).
g) Protesto por provas.
Valor da
causa
Regra: valor dos bens
Peculiaridades Requerimento final: – Contra a sentença proferida
caberá apelação, podendo o relator, na pendência do
recurso, ordenar que a coisa permaneça depositada ou
em poder do autor.
 
9.41. MODELO DE AÇÃO DE HOMOLOgAÇãO DE
PENHOR LEGAL
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 7.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE JOINVILLE DO ESTADO DE
SANTA CATARINA HOTEL BATES..., pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ n. ..., endereço eletrônico..., com sede na Rua
... (endereço completo), neste ato representado por seu administrador
MARCOS JANELAS, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão,
portador do documento de identidade RG n. ... e inscrito no CPF n. ...,
endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço
completo), conforme ato constitutivo anexo, por seu advogado
(procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 703 e ss. do Código
de Processo Civil e 1.467 do Código Civil, propor HOMOLOGAÇAO
DE PENHOR LEGAL em face de OMAR ..., nacionalidade ..., estado
civil ..., profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ...,
endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço
completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
I. DOS FATOS
O Autor, hotel conhecido na região, acabou por hospedar o Réu,
como faz prova a ficha preenchida no momento de sua entrada (em
anexo).
Porém, três dias depois do início da hospedagem, o Réu mudou-se
para o hotel vizinho sem qualquer aviso ou pagamento, deixando em
seu quarto uma câmera fotográfica e uma mala de viagem.
Assim, tem direito de reter os objetos deixados, como se verá a
seguir.
II. DO DIREITO
Como visto, o Réu, ao abandonar as dependências do Autor,
simplesmente sumiu deixando uma câmera fotográfica e uma mala de
viagem, conforme fotos, matrícula e contrato anexos.
Porém, o Réu também não arcou com a conta da hospedagem (que
ora exibe pormenorizada em anexo – art. 1.468 do Código Civil),
conforme a tabela de preços exposta em vários pontos do hotel e no
quarto número 231, que o hóspede ocupou.
Em razão disso, o Autor tem o direito, com a finalidade de assegurar
o pagamento da dívida contraída, à retenção dos bens do devedor, sendo
credor pignoratício do Réu, independentemente de prévia convenção,
nos termos do art. 1.467, I, do Código Civil:
“Art. 1.467. São credores pignoratícios, independentemente de
convenção:
I – os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre
as bagagens, móveis, joias ou dinheiro que os seus consumidores ou
fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos,
pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito”.
No caso concreto, realizado o penhor legal, necessário se faz, nos
termos do art. 703, caput do CPC, a sua homologação.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Diante de todo exposto, requer: a) A procedência do pedido para o
fim de homologar o penhor realizado com a consolidação da posse
sobre os objetos, conforme art. 706 do CPC.
b) A condenação do Réu ao pagamento das custas e honorários
advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos
arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC.
c) A citação do Réu para que, em querendo, pague ou apresente
defesa no prazo legal, conforme art. 704 do CPC.
d) O interesse pela audiência de conciliação ou de mediação a ser
designada por Vossa Excelência.
e) A juntada da inclusa guia de custas devidamente recolhida em
anexo.
f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC).
Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, em especial a prova documental com a conta pormenorizada
das despesas, a tabela dos preços e a relação dos objetos retidos.
Dá à causa o valor de R$ ... (valor da dívida).
Termos em que, Pede deferimento.
Local e Data...
Advogado...
OAB n. ...
9.42. REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA
Legislação aplicável Arts. 707 e ss. do CPC
Trata-se de demanda afeta ao direito marítimo. É o
reconhecimento de determinada avaria, ou determinado
dano resultante do transporte maríti mo de cargas causado
pelo capitão do navio, gerando despesas extraordinárias ao
navio ou à carga.
O procedimento especial tem por finalidade apurar o
valor dos danos causados para que possam ser rateados.
ESTRUTURA DE REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA
ENDEREÇAMENTO
Competência Juízo da comarca do primeiro porto onde o navio atracar
– art. 707 do CPC.
PREÂMBULO
Partes Autor e Réu. Qualificações completas.
Nome da
peça
Ação de regulação de avaria grossa.
Fundamento Arts. 707 e ss. do CPC.
legal
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: existênciade transporte marítimo.
– Causa do litígio: ocorrência da avaria grossa.
– Consequência jurídica: necessidade de regulação.
II. DO DIREITO
– Descrição da necessidade de regulação da avaria ocorrida.
– Nomeação de um regulador de avarias de notório conhecimento (art.
707 do CPC).
– A declaração da possibilidade de rateio dos valores.
– A apresentação de garantias para liberação de mercadorias (art. 708,
caput, do CPC).
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A procedência do pedido para o fim de homologar o regulamento da
avaria grossa, com a nomeação de regulador de avarias.
b) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios
(arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC).
c) A citação dos réus.
d) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita.
e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação.
f) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
g) Protesto por provas, em especial a documental para regulação.
Valor da
causa
Regra: valor estimado.
9.43. RESTAURAÇÃO DE AUTOS
Legislação aplicável Arts. 712 e ss. do CPC
A restauração dos autos está prevista nos arts. 712 e ss.
do CPC e visa a restaurar autos, físicos ou eletrônicos, que
foram danificados ou que estão desaparecidos.
De acordo com o entendimento majoritário, a ação de
restauração de autos é incidental à ação principal,
suspendendo o processo por motivo de força maior (CPC,
art. 313, VI)79.
As partes, o Ministério Público ou o juiz (de ofício)
podem requerer a restauração dos autos.
Além dos requisitos previstos pelos arts. 319 e 320 do
CPC, a petição inicial deverá declarar o estado do processo
quando do desaparecimento dos autos, apresentando: (i)
certidões dos atos constantes do protocolo de audiências do
cartório por onde haja corrido o processo; (ii) cópia das
peças que tenha em seu poder; (iii) qualquer outro
documento que facilite a restauração.
Dada a ciência do desaparecimento ou do dano, o
requerente deve declarar o estado em que o processo se
encontrava, bem como comprovar, por meio de
documentos, todas as suas alegações.
A parte contrária será citada para contestar em 5 (cinco)
dias, devendo exibir todos os documentos que tiver acerca
do processo, que podem contribuir para a restauração dos
autos.
Caso o processo se instaure após a produção de provas, se
necessário, o juiz mandará repeti-las.
Julgada a restauração, o processo seguirá normalmente.
Por fim, aquele que deu causa ao desaparecimento,
responderá pelas custas de restauração e pelos honorários
advocatícios, sem prejuízo da responsabilidade civil ou
penal em que incorrer o caso.
ESTRUTURA DA RESTAURAÇÃO DOS AUTOS
ENDEREÇAMENTO
Competência A competência é do juízo em que os autos foram
extraviados.
PREÂMBULO
Partes Autor e Réu. Qualificações completas.
Nome da peça Ação de restauração dos autos.
Fundamento
legal
Arts. 712 e ss. do CPC.
I. DOS FATOS
– A constatação do desaparecimento dos autos.
II. DO DIREITO
– Descrição do direito à restauração dos autos, previsto no art. 712 do
CPC.
– O oferecimento de peças para viabilizar a restauração dos autos.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A procedência do pedido e a sua finalidade.
b) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios
(arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC).
c) A citação do Réu.
d) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita.
e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação.
f) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
g) Protesto por provas.
Valor da causa Igual ao valor da ação principal.
 
9.44. MODELO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO DO ESTADO DE
SÃO PAULO
Distribuição por dependência ao processo n.
SARA FREITAS, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão,
portadora do RG n. ... e inscrita no CPF n. ..., endereço eletrônico...,
residente e domiciliada na Rua ... (endereço completo), por seu
advogado (procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 712 e ss.
do Código de Processo Civil, propor AÇÃO DE RESTAURAÇÃO DE
AUTOS em face da CONSTRUTORA CONSTRUIRE..., pessoa
jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. ..., endereço
eletrônico..., com sede na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de
fato e de direito a seguir expostos.
I. DOS FATOS
A Autora propôs demanda em face da Ré. Ocorre que no dia 25 do
mês de setembro do corrente ano a Autora tomou conhecimento de que
houvera andamento do processo.
Chegando ao cartório, constatou-se que se tratava de remessa à
publicação de sentença proferida no referido processo. Como a sentença
havia sido proferida em desfavor da ora Autora, naquela mesma data
(dia de mês de ano) seu advogado, realizou carga dos autos para
interpor recurso da (documento anexo).
Acontece que o escritório do advogado da Autora foi furtado no fim
de semana, tendo os autos sumido do local onde estavam, conforme se
constata pelo Boletim de Ocorrência e pelas fotos, que indicam a
invasão ao local, resultando inclusive em vidros danificados, conforme
comprovação anexa.
Desta forma, necessário se faz a restauração.
II. DO DIREITO
As partes têm direito à restauração dos autos em razão de seu
perdimento, conforme arts. 712 e ss. do CPC.
Nota-se que, na ocasião do crime praticado, a totalidade das peças
processuais se extraviaram, sendo impossível prosseguir a marcha
processual sem antes se fazer a sua restauração.
Ademais, no momento de seu desaparecimento, os autos do processo
encontravam-se com prazo para interposição do recurso, com o
proferimento de sentença de mérito, quando julgada improcedente a
ação.
Conforme disposição do art. 713, incisos I, II e III, do CPC, a Autora
oferece os seguintes documentos/peças processuais, todos com a
finalidade de viabilizar a restauração dos autos: (especificar
documentos).
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Diante de todo o exposto requer: a) A procedência do pedido, para a
restauração dos autos, prosseguindo o feito nos seus regulares termos.
b) A citação da Ré para contestar o pedido no prazo de 5 dias,
cabendo-lhe exibir as cópias, as contrafés e as reproduções dos atos e
dos documentos que estiverem em seu poder.
c) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ...
(endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC.
Informa a Autora que possui interesse na realização da audiência de
conciliação ou de mediação a ser designada por Vossa Excelência, nos
termos do art. 344 do CPC.
Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, em especial a juntada do Boletim de Ocorrência, relatando os
fatos.
Dá à causa o valor de R$ ...
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data.
Advogado...
OAB n. ...
 
9.45. ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS
Legislação aplicável Art. 1.639, § 2.º, do CC, e arts. 734 e ss. do CPC
Através de ação de jurisdição voluntária os cônjuges
podem alterar o regime de bens que, até o advento do
Código Civil de 2002, era imutável.
Entretanto, a imutabilidade do regime escolhido foi
substituída por uma mutabilidade motivada, condicionada à
observância de certos requisitos. Por isso, parte da doutrina
demonstra cautela ao estudar a inovação introduzida pelo
Código Civil: Não será tão simples conseguir a passagem
de um regime para outro, em razão dos requisitos legais a
serem preenchidos, por mais perdulário e negligente no
tocante ao patrimônio comum que seja um dos cônjuges,
pois o dispositivo em apreço não admite pedido isolado de
um deles80.
Com efeito, alguns requisitos são necessários para que a
alteração no regime de bens seja deferida.
O Código de Processo Civil disciplina, através do art.
734, que: “A alteração do regime de bens do casamento,
observados os requisitos legais, poderá ser requerida,
motivadamente, em petição assinada por ambos os
cônjuges, na qual serão expostas as razões que justificam a
alteração, ressalvados os direitos de terceiros”.
Nos termos do § 2.º do art. 1.639 do Código Civil, é
admissível alteraçãodo regime de bens, mediante
autorização judicial, em pedido motivado de ambos os
cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e
ressalvados os direitos de terceiros.
O parágrafo supracitado estabelece claramente as regras
para a alteração de regime de bens: (i) mediante
autorização judicial, em (ii) pedido motivado de ambos os
cônjuges, (iii) apurada a procedência das razões invocadas
e (iv) ressalvados os direitos de terceiros.
O primeiro ponto a ser destacado, é o fato de que a
alteração só poderá ser feita mediante autorização judicial,
sendo vedado ao casal o requerimento via cartório ou por
qualquer outra via extrajudicial.
É preciso, ainda, que ambos os cônjuges estejam de
acordo com a alteração solicitada. Nada mais natural, já
que qualquer mudança de regime de bens irá afetar os
direitos do casal.
A ressalva quanto aos direitos de terceiros diz respeito ao
fato de que a alteração de regimes, consequentemente,
interfere no patrimônio dos cônjuges, e os efeitos da
alteração não podem prejudicar o casal ou terceiros, seja
por dívidas ou por quaisquer outras causas que impliquem
em lesar direito de outrem.
Deferido o pedido, a alteração produz efeitos ex nunc, ou
seja, a partir do trânsito em julgado da decisão.
ESTRUTURA DA ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS
ENDEREÇAMENTO
Competência Domicílio dos interessados – Vara de Família (na
ausência, Vara Cível).
PREÂMBULO
Partes Requerentes (qualificações completas).
Nome da
peça
Alteração de regime de bens.
Fundamento
legal
Arts. 1.639 e ss. do CC e 734 e ss. do CPC.
I. DOS FATOS
– Os requerentes casaram-se sob um regime de bens e desejam alterá-lo.
II. DO DIREITO
– A possibilidade da alteração do regime de bens prevista no Código Civil
e no Código de Processo Civil.
III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A intimação do Ministério Público, nos termos do § 1.º do art. 734 do
CPC, para se manifestar.
b) A publicação da alteração pleiteada em editais, nos termos do § 1.º do
art. 734 do CPC.
c) A procedência do pedido com a homologação da alteração do regime
de ... no casamento para o regime ...
d) A expedição de mandados de averbação aos cartórios de imóveis e
registro civil após o trânsito em julgado.
e) Protesto por provas.
Valor da
causa
Regra: valor dos bens ou valor simbólico.
9.46. MODELO DE ALTERAÇÃO DE REGIME DE
BENS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE VITÓRIA DO ESTADO DO
ESPÍRITO SANTO
Distribuição por dependência ao processo n.
CLARA, nacionalidade, casada, profissão, portadora do RG n. ... e
inscrita no CPF n. ..., endereço eletrônico..., e FRANCISCO,
nacionalidade, casado, profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF
n. ..., endereço eletrônico..., domiciliados e residentes na Rua ...
(endereço completo), por seu advogado (procuração anexa), vêm, com
fundamento no art. 1.639, § 2.º, do CC e no art. 734 e ss. do CPC pedir
ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS, baseada no que se expõe a
seguir.
I. DOS FATOS
Clara e Francisco casaram-se sob o regime de separação
convencional de bens, nos idos de 2002, pois Francisco era sócio-diretor
em uma sociedade anônima e precisava preservar a sua futura esposa,
bem como dar segurança aos demais sócios e credores sociais.
Entretanto, tendo vendido suas ações e deixado a diretoria da
sociedade em 2020, Francisco não encontra mais qualquer óbice que o
impeça de escolher um regime de bens que corresponda à comunhão de
esforços e de vida que estabeleceu com sua esposa e que vem sendo
mantida há quase duas décadas.
Por essas razões, é o desejo do casal, ora trazido diante de Vossa
Excelência, alterar seu regime de bens, da separação absoluta para a
comunhão parcial.
II. DO DIREITO
O pedido de alteração de regime de bens é possível, vez que o
Código Civil de 2002 substituiu a imutabilidade do regime de bens pela
mutabilidade motivada.
Com efeito, o art. 1.639, § 2.º, do Código Civil, apresenta os
requisitos para a concessão da alteração do regime de bens do casal, in
verbis: “§ 2.º É admissível alteração do regime de bens, mediante
autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges,
apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos
de terceiros”.
O presente pedido preenche os requisitos legais para que seja
deferido. Trata-se de pedido de alteração perfeitamente motivado, vez
que a causa que havia determinado a escolha do atual regime de bens do
casal já não mais existe. Além disso, a alteração do regime de bens é da
vontade de ambos os cônjuges, razão pela qual os dois apresentam-se
como autores deste requerimento.
Por fim, não se antevê qualquer prejuízo, eventual que seja, a
terceiros. Muito pelo contrário. O regime da separação absoluta de bens
foi mantido pelo casal, até a presente data, precisamente para que
fossem preservados os agora ex-sócios de um dos cônjuges, bem como
os credores da sociedade anônima na qual era acionista e diretor.
Entretanto, tendo já vendido as suas ações e se retirado da diretoria da
empresa, não há mais qualquer risco a terceiros que seja criado pela
alteração do regime de bens do casal.
Assim sendo, é de se reconhecer a validade do pedido ora formulado,
concedendo-o para que o casal possa, a partir de agora, gozar do regime
da comunhão parcial de bens.
III. PEDIDOS
Pelo que expuseram, requer-se: a) Seja concedido o pedido principal
ora formulado, para que o casal passe a ter o regime da comunhão
parcial de bens, a contar da data da decisão judicial.
b) Seja intimado o Ministério Público e publicado o edital
mencionado pelo art. 734, § 1.º, do CPC.
c) Tendo transitado em julgado a decisão judicial, sejam expedidos
mandados de averbação para o Registro Civil das Pessoas Naturais e os
Registros de Imóveis nos quais se encontram matriculados os bens em
nome do casal.
Os autores reservam-se o direito de provar todos os fatos alegados
por quaisquer meios de prova legais.
É dado à presente causa o valor de R$ ...
Termos em que, Pede deferimento.
Local e data.
Advogado...
OAB n. ...
 
10
AÇÕES LOCATÍCIAS
Legislação aplicável Lei n. 8.245/91 e arts. 565 a 578 CC
A locação é o contrato que tem por escopo proporcionar a
alguém o uso e gozo temporários, de uma coisa infungível,
móvel ou imóvel, mediante contraprestação pecuniária.
Há 2 (dois) diplomas que regem a temática da locação,
quais sejam: i) Código Civil (arts. 565 a 578): locação de
bem móvel e bens imóveis quando forem rurais
(arrendamento rural); ii) Lei do Inquilinato (n. 8.245/91):
locação de imóvel urbano. O art. 1.º define o escopo de
aplicação desta lei especial. Todavia, mesmo em se
tratando de locação de imóveis urbanos, o parágrafo único
do art. 1.º informa as exceções das locações que não serão
regidas pela lei do inquilinato81. Serão ações previstas nesta
lei a serem tratadas na presente obra.
A Lei do Inquilinato é uma legislação híbrida, possuindo
uma parte destinada ao direito material, e outra ao direito
processual: TÍTULO I – DA LOCAÇÃO (arts. 1.º a 57):
regras materiais.
TÍTULO II – DOS PROCEDIMENTOS (art. 58 e ss.)
regras processuais.
Em relação às regras de direito material da Lei do
Inquilinato, é de extrema importância atentarmo-nos aos
seguintes aspectos: a) PARTES NO CONTRATO:
LOCADOR × LOCATÁRIO
O Locatário (ou inquilino) será aquele que terá o uso e
gozo temporários do imóvel urbano.
Já o Locador poderá ser o proprietário ou outro titular de
direito real ou obrigacional. Vejam que, para ser locador,
não necessariamente precisa ser o dono do imóvel; outras
pessoas podem estar envolvidas na relação locatícia, como
é o caso dos genitores, enquanto no exercício do poder
familiar possuem o usufruto legal dos bens dos filhos (art.
1.689, CC).
A própria Lei do Inquilinato menciona no art. 7.º a
possibilidade de o usufrutuário e o fiduciário denunciarem
uma locação.
Importante ressaltar a regra de solidariedade na hipótese
de existência de mais de um locador ou locatário, nos
termos do art. 2.º da Lei do Inquilinato.
Poderá, ainda, surgir um contrato derivado envolvendoa
sublocação, daí temos 2 (duas) relações jurídicas: Contrato
de Locação: LOCADOR × LOCATÁRIO
Contrato de Sublocação: SUBLOCADOR
(LOCATÁRIO) × SUBLOCATÁRIO
Ressalte-se que qualquer cessão da locação, sublocação e
empréstimo do imóvel, total ou parcialmente, depende do
consentimento prévio e escrito do locador.
b) ALUGUEL (arts. 17 a 21): é a forma de
remuneração no contrato de locação.
Ressalte-se que não existe locação gratuita, pois se não
houver contraprestação pecuniária, haverá um comodato.
Alguns aspectos importantes sobre o aluguel precisam ser
ressaltados: vedação expressa na fixação com base em
moeda estrangeira, variação cambial ou salário mínimo;
fixação do valor é livre entre as partes; cláusula de reajuste
deve ser escrita, não tendo validade se for verbal;
possibilidade de revisão do valor da locação, para
majoração ou minoração, após transcorrido 3 (três) anos da
relação locatícia; vedação de pagamento antecipado do
aluguel, exceto na locação para temporada; limite de
cobrança do valor da sublocação será o valor cobrado na
locação.
c) DEVERES DAS PARTES (arts. 22 e 23): a Lei do
Inquilinato estabelece os deveres de cada parte na
relação locatícia, muito bem delineados nos arts. 22 e
23:
DEVERES DO LOCADOR:
“Art. 22. O locador é obrigado a:
I – entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de
servir ao uso a que se destina;
II – garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico
do imóvel locado;
III – manter, durante a locação, a forma e o destino do
imóvel;
IV – responder pelos vícios ou defeitos anteriores à
locação;
V – fornecer ao locatário, caso este solicite, descrição
minuciosa do estado do imóvel, quando de sua entrega,
com expressa referência aos eventuais defeitos
existentes;
VI – fornecer ao locatário recibo discriminado das
importâncias por este pagas, vedada a quitação
genérica;
VII – pagar as taxas de administração imobiliária, se
houver, e de intermediações, nestas compreendidas as
despesas necessárias à aferição da idoneidade do
pretendente ou de seu fiador;
VIII – pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de
seguro complementar contra fogo, que incidam ou
venham a incidir sobre o imóvel, salvo disposição
expressa em contrário no contrato;
IX – exibir ao locatário, quando solicitado, os
comprovantes relativos às parcelas que estejam sendo
exigidas;
X – pagar as despesas extraordinárias de condomínio.
Parágrafo único. Por despesas extraordinárias de
condomínio se entendem aquelas que não se refiram aos
gastos rotineiros de manutenção do edifício,
especialmente:
a) obras de reformas ou acréscimos que interessem à
estrutura integral do imóvel;
b) pintura das fachadas, empenas, poços de aeração e
iluminação, bem como das esquadrias externas;
c) obras destinadas a repor as condições de
habitabilidade do edifício;
d) indenizações trabalhistas e previdenciárias pela
dispensa de empregados, ocorridas em data anterior ao
início da locação;
e) instalação de equipamento de segurança e de
incêndio, de telefonia, de intercomunicação, de esporte e
de lazer;
f) despesas de decoração e paisagismo nas partes de uso
comum;
g) constituição de fundo de reserva.”
DEVERES DO LOCATÁRIO:
“Art. 23. O locatário é obrigado a:
I – pagar pontualmente o aluguel e os encargos da
locação, legal ou contratualmente exigíveis, no prazo
estipulado ou, em sua falta, até o sexto dia útil do mês
seguinte ao vencido, no imóvel locado, quando outro
local não tiver sido indicado no contrato;
II – servir – se do imóvel para o uso convencionado ou
presumido, compatível com a natureza deste e com o fim
a que se destina, devendo tratá-lo com o mesmo cuidado
como se fosse seu;
III – restituir o imóvel, finda a locação, no estado em
que o recebeu, salvo as deteriorações decorrentes do seu
uso normal;
IV – levar imediatamente ao conhecimento do locador o
surgimento de qualquer dano ou defeito cuja reparação
a este incumba, bem como as eventuais turbações de
terceiros;
V – realizar a imediata reparação dos danos verificados
no imóvel, ou nas suas instalações, provocadas por si,
seus dependentes, familiares, visitantes ou prepostos;
VI – não modificar a forma interna ou externa do imóvel
sem o consentimento prévio e por escrito do locador;
VII – entregar imediatamente ao locador os documentos
de cobrança de tributos e encargos condominiais, bem
como qualquer intimação, multa ou exigência de
autoridade pública, ainda que dirigida a ele, locatário;
VIII – pagar as despesas de telefone e de consumo de
força, luz e gás, água e esgoto;
IX – permitir a vistoria do imóvel pelo locador ou por
seu mandatário, mediante combinação prévia de dia e
hora, bem como admitir que seja o mesmo visitado e
examinado por terceiros, na hipótese prevista no art. 27;
X – cumprir integralmente a convenção de condomínio e
os regulamentos internos;
XI – pagar o prêmio do seguro de fiança;
XII – pagar as despesas ordinárias de condomínio.
§ 1.º Por despesas ordinárias de condomínio se
entendem as necessárias à administração respectiva,
especialmente:
a) salários, encargos trabalhistas, contribuições
previdenciárias e sociais dos empregados do
condomínio;
b) consumo de água e esgoto, gás, luz e força das áreas
de uso comum;
c) limpeza, conservação e pintura das instalações e
dependências de uso comum;
d) manutenção e conservação das instalações e
equipamentos hidráulicos, elétricos, mecânicos e de
segurança, de uso comum;
e) manutenção e conservação das instalações e
equipamentos de uso comum destinados à prática de
esportes e lazer;
f) manutenção e conservação de elevadores, porteiro
eletrônico e antenas coletivas;
g) pequenos reparos nas dependências e instalações
elétricas e hidráulicas de uso comum;
h) rateios de saldo devedor, salvo se referentes ao
período anterior ao início da locação;
i) reposição do fundo de reserva, total ou parcialmente
utilizado no custeio ou complementação das despesas
referidas nas alíneas anteriores, salvo se referentes ao
período anterior ao início da locação.
§ 2.º O locatário fica obrigado ao pagamento das
despesas referidas no parágrafo anterior, desde que
comprovadas a previsão orçamentária e o rateio mensal,
podendo exigir a qualquer tempo a comprovação das
mesmas.
§ 3.º No edifício constituído por unidades imobiliárias
autônomas, de propriedade da mesma pessoa, os
locatários ficam obrigados ao pagamento das despesas
referidas no § 1.º deste artigo, desde que comprovadas.”
d) GARANTIAS LOCATÍCIAS (arts. 37 a 42):
somente é admitida uma única modalidade de
garantia locatícia dentre as abaixo possíveis:
caução de bens móveis, imóveis e dinheiro (até 3 meses de
aluguel depositados em conta-poupança); fiança;
seguro de fiança locatícia, que abrangerá a totalidade das
obrigações do locatário.; cessão fiduciária de quotas de
fundo de investimento.
Qualquer das garantias locatícias se estende até a efetiva
devolução do imóvel, ainda que prorrogada a locação por
prazo indeterminado, salvo disposição contratual em
sentido diverso.
Poderá o locador exigir novo fiador ou a substituição da
modalidade de garantia nos casos previstos no art. 40 da
Lei do Inquilinato: “Art. 40. O locador poderá exigir novo
fiador ou a substituição da modalidade de garantia, nos
seguintes casos:
I – morte do fiador;
II – ausência, interdição, recuperação judicial, falência
ou insolvência do fiador, declaradas judicialmente;
(Redação dada pela Lei n. 12.112, de 2009.) III –
alienação ou gravação de todos os bens imóveis do
fiador ou sua mudança de residência sem comunicação
ao locador;
IV – exoneração do fiador;
V – prorrogação da locação por prazo indeterminado,
sendo a fiança ajustada por prazo certo;
VI – desaparecimento dos bens móveis;
VII – desapropriação ou alienação do imóvel.
VIII – exoneração de garantia constituída por quotas de
fundo de investimento; (Incluído pela Lei n. 11.196, de
2005.) IX – liquidação ou encerramento do fundo de
investimento de que trata o inciso IV do art. 37 desta Lei.
(Incluído pela Lei n. 11.196, de 2005.) X –prorrogação
da locação por prazo indeterminado uma vez notificado
o locador pelo fiador de sua intenção de desoneração,
ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante
120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador.
(Incluído pela Lei n. 12.112, de 2009.) Parágrafo único.
O locador poderá notificar o locatário para apresentar
nova garantia locatícia no prazo de 30 (trinta) dias, sob
pena de desfazimento da locação. (Incluído pela Lei n.
12.112, de 2009.)”
Na hipótese de inexistência de qualquer modalidade de
garantia locatícia, o locador poderá exigir do locatário o
pagamento do aluguel e encargos até o sexto dia útil do
mês vincendo.
e) NULIDADES (art. 45): sempre que tratarmos de
irregularidade no contrato de locação, estaremos diante
de uma nulidade, ou seja, envolve interesse público;
pode ser alegada por qualquer interessado ou
reconhecido de ofício pelo juiz; não pode ser
convalidado; é imprescritível, podendo ser alegado a
qualquer tempo; gera efeito ex tunc.
f) PENALIDADES CRIMINAIS E CIVIS (arts. 43 e
44):
“Art. 43. Constitui contravenção penal, punível com
prisão simples de cinco dias a seis meses ou multa de
três a doze meses do valor do último aluguel atualizado,
revertida em favor do locatário:
I – exigir, por motivo de locação ou sublocação, quantia
ou valor além do aluguel e encargos permitidos;
II – exigir, por motivo de locação ou sublocação, mais
de uma modalidade de garantia num mesmo contrato de
locação;
III – cobrar antecipadamente o aluguel, salvo a hipótese
do art. 42 e da locação para temporada.
Art. 44. Constitui crime de ação pública, punível com
detenção de três meses a um ano, que poderá ser
substituída pela prestação de serviços à comunidade:
I – recusar – se o locador ou sublocador, nas habitações
coletivas multifamiliares, a fornecer recibo discriminado
do aluguel e encargos;
II – deixar o retomante, dentro de cento e oitenta dias
após a entrega do imóvel, no caso do inciso III do artigo
47, de usá-lo para o fim declarado ou, usando-o, não o
fizer pelo prazo mínimo de um ano;
III – não iniciar o proprietário, promissário comprador
ou promissário cessionário, nos casos do inciso IV do
artigo 9.º, inciso IV do artigo 47, inciso I do artigo 52 e
inciso II do artigo 53, a demolição ou a reparação do
imóvel, dentro de sessenta dias contados de sua entrega;
IV – executar o despejo com inobservância do disposto
no § 2.º do art. 65.
Parágrafo único. Ocorrendo qualquer das hipóteses
previstas neste art., poderá o prejudicado reclamar, em
processo próprio, multa equivalente a um mínimo de
doze e um máximo de vinte e quatro meses do valor do
último aluguel atualizado ou do que esteja sendo
cobrado do novo locatário, se realugado o imóvel.”
g) MODALIDADES DE LOCAÇÃO (arts. 46 a 57):
existem, tecnicamente, 3 (três) modalidades de locação:
Locação residencial: Existem 2 (dois) tipos de locação
residencial:
(i) ajustada por escrito, por prazo igual ou superior a 30
meses (art. 46).
A resolução do contrato ocorrerá com o término do prazo
estipulado, independentemente de notificação ou aviso.
Terminado o prazo ajustado, na hipótese de o locatório
continuar na posse do imóvel alugado por mais de trinta
dias sem oposição do locador, a locação se presume
prorrogada por prazo indeterminado, mantendo-se as
demais cláusulas e condições do contrato.
Com a prorrogação, o locador poderá denunciar o
contrato a qualquer tempo, concedendo o prazo de 30
(trinta) dias para desocupação.
(ii) ajustada por escrito ou verbal, com prazo inferior a 30
meses (art. 47).
Com o término do prazo estabelecido, a locação prorroga-
se automaticamente, por prazo indeterminado, somente
podendo ser retomado o imóvel nas seguintes hipóteses
previstas no art. 47 da Lei do Inquilinato: “Art. 47. Quando
ajustada verbalmente ou por escrito e como prazo inferior
a trinta meses, findo o prazo estabelecido, a locação
prorroga-se automaticamente, por prazo indeterminado,
somente podendo ser retomado o imóvel:
I – Nos casos do artigo 9.º82;
II – em decorrência de extinção do contrato de trabalho,
se a ocupação do imóvel pelo locatário relacionada com
o seu emprego;
III – se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou
companheiro, ou para uso residencial de ascendente ou
descendente que não disponha, assim como seu cônjuge
ou companheiro, de imóvel residencial próprio;
IV – se for pedido para demolição e edificação
licenciada ou para a realização de obras aprovadas pelo
Poder Público, que aumentem a área construída, em, no
mínimo, vinte por cento ou, se o imóvel for destinado a
exploração de hotel ou pensão, em cinquenta por cento;
V – se a vigência ininterrupta da locação ultrapassar
cinco anos.
§ 1.º Na hipótese do inciso III, a necessidade deverá ser
judicialmente demonstrada, se:
a) O retomante, alegando necessidade de usar o imóvel,
estiver ocupando, com a mesma finalidade, outro de sua
propriedade situado na mesma localidade ou, residindo
ou utilizando imóvel alheio, já tiver retomado o imóvel
anteriormente;
b) o ascendente ou descendente, beneficiário da
retomada, residir em imóvel próprio.
§ 2.º Nas hipóteses dos incisos III e IV, o retomante
deverá comprovar ser proprietário, promissário
comprador ou promissário cessionário, em caráter
irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título
registrado junto à matrícula do mesmo.”
Locação para temporada: o que caracteriza é o prazo
não superior a 90 (noventa) dias, bem como por ser
aquela locação destinada à residência temporária do
locatário, para prática de lazer, realização de cursos,
tratamento de saúde, feitura de obras em seu imóvel e
outros fatos que decorrem de determinado tempo.
É possível que o imóvel esteja ou não mobiliado, sendo
que nesta última hipótese, obrigatoriamente, constará no
contrato a descrição dos móveis e utensílios que o
guarnecem, bem como o estado em que se encontram.
Com o término do prazo ajustado, permanecendo o
locatário no imóvel sem oposição do locador por mais de
30 dias, a locação presume-se prorrogada por prazo
indeterminado, não mais sendo exigível o pagamento
antecipado do aluguel e dos encargos. Além disso, o
locador somente poderá denunciar o contrato após trinta
meses de seu início ou se ocorrer algumas das hipóteses do
art. 47 da Lei n. 8.245/91.
Locação não residencial: vulgarmente chamada de
comercial, destinada à locação de imóveis voltados para
o comércio, sendo peculiar a possibilidade de o locatário
renovar o contrato, assegurando o chamado ponto
comercial.
“Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao
comércio, o locatário terá direito a renovação do
contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente:
I – o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito
e com prazo determinado;
II – o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos
prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco
anos;
III – o locatário esteja explorando seu comércio, no
mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três
anos.
§ 1.º O direito assegurado neste artigo poderá ser
exercido pelos cessionários ou sucessores da locação;
no caso de sublocação total do imóvel, o direito a
renovação somente poderá ser exercido pelo
sublocatário.
§ 2.º Quando o contrato autorizar que o locatário utilize
o imóvel para as atividades de sociedade de que faça
parte e que a esta passe a pertencer o fundo de
comércio, o direito a renovação poderá ser exercido
pelo locatário ou pela sociedade.
§ 3.º Dissolvida a sociedade comercial por morte de um
dos sócios, o sócio sobrevivente fica sub-rogado no
direito a renovação, desde que continue no mesmo ramo.
§ 4.º O direito a renovação do contrato estende-se às
locações celebradas por indústrias e sociedades civis
com fim lucrativo, regularmente constituídas, desde que
ocorrentes os pressupostos previstos neste artigo.
§ 5.º Do direito a renovação decai aquele que não
propuser a ação no interregno de um ano, no máximo,
até seis meses, no mínimo, anteriores à data da
finalização do prazo do contrato em vigor.
Art. 52. Olocador não estará obrigado a renovar o
contrato se:
I – por determinação do Poder Público, tiver que
realizar no imóvel obras que importarem na sua radical
transformação; ou para fazer modificações de tal
natureza que aumente o valor do negócio ou da
propriedade;
II – o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para
transferência de fundo de comércio existente há mais de
um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador,
seu cônjuge, ascendente ou descendente.
§ 1.º Na hipótese do inciso II, o imóvel não poderá ser
destinado ao uso do mesmo ramo do locatário, salvo se a
locação também envolvia o fundo de comércio, com as
instalações e pertences.
§ 2.º Nas locações de espaço em shopping centers, o
locador não poderá recusar a renovação do contrato
com fundamento no inciso II deste artigo.
§ 3.º O locatário terá direito a indenização para
ressarcimento dos prejuízos e dos lucros cessantes que
tiver que arcar com mudança, perda do lugar e
desvalorização do fundo de comércio, se a renovação
não ocorrer em razão de proposta de terceiro, em
melhores condições, ou se o locador, no prazo de três
meses da entrega do imóvel, não der o destino alegado
ou não iniciar as obras determinadas pelo Poder
Público ou que declarou pretender realizar.
Art. 53. Nas locações de imóveis utilizados por hospitais,
unidades sanitárias oficiais, asilos, estabelecimentos de
saúde e de ensino autorizados e fiscalizados pelo Poder
Público, bem como por entidades religiosas devidamente
registradas, o contrato somente poderá ser rescindido.
(Redação dada pela Lei n. 9.256, de 9-1-1996)
I – nas hipóteses do artigo 9.º;
II – se o proprietário, promissário comprador ou
promissário cessionário, em caráter irrevogável e
imitido na posse, com título registrado, que haja quitado
o preço da promessa ou que, não o tendo feito, seja
autorizado pelo proprietário, pedir o imóvel para
demolição, edificação, licenciada ou reforma que venha
a resultar em aumento mínimo de cinquenta por cento da
área útil.
Art. 54. Nas relações entre lojistas e empreendedores de
shopping center, prevalecerão as condições livremente
pactuadas nos contratos de locação respectivos e as
disposições procedimentais previstas nesta lei.
§ 1.º O empreendedor não poderá cobrar do locatário
em shopping center:
a) as despesas referidas nas alíneas a, b e d do
parágrafo único do art. 22; e
b) as despesas com obras ou substituições de
equipamentos, que impliquem modificar o projeto ou o
memorial descritivo da data do habite – se e obras de
paisagismo nas partes de uso comum.
§ 2.º As despesas cobradas do locatário devem ser
previstas em orçamento, salvo casos de urgência ou
força maior, devidamente demonstradas, podendo o
locatário, a cada sessenta dias, por si ou entidade de
classe exigir a comprovação das mesmas.
Art. 54-A. Na locação não residencial de imóvel urbano
na qual o locador procede à prévia aquisição,
construção ou substancial reforma, por si mesmo ou por
terceiros, do imóvel então especificado pelo pretendente
à locação, a fim de que seja a este locado por prazo
determinado, prevalecerão as condições livremente
pactuadas no contrato respectivo e as disposições
procedimentais previstas nesta Lei. (Incluído pela Lei n.
12.744, de 2012.) § 1.º Poderá ser convencionada a
renúncia ao direito de revisão do valor dos aluguéis
durante o prazo de vigência do contrato de locação.
(Incluído pela Lei n. 12.744, de 2012.) § 2.º Em caso de
denúncia antecipada do vínculo locatício pelo locatário,
compromete-se este a cumprir a multa convencionada,
que não excederá, porém, a soma dos valores dos
aluguéis a receber até o termo final da locação.
(Incluído pela Lei n. 12.744, de 2012.) Art. 55.
Considera se locação não residencial quando o locatário
for pessoa jurídica e o imóvel, destinar-se ao uso de seus
titulares, diretores, sócios, gerentes, executivos ou
empregados.
Art. 56. Nos demais casos de locação não residencial, o
contrato por prazo determinado cessa, de pleno direito,
findo o prazo estipulado, independentemente de
notificação ou aviso.
Parágrafo único. Findo o prazo estipulado, se o
locatário permanecer no imóvel por mais de trinta dias
sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a
locação nas condições ajustadas, mas sem prazo
determinado.
Art. 57. O contrato de locação por prazo indeterminado
pode ser denunciado por escrito, pelo locador,
concedidos ao locatário trinta dias para a
desocupação.”
h) SUCESSÃO LOCATÍCIA: na hipótese do
falecimento do locador, a locação transmite-se aos
herdeiros.
Já, se o falecimento for do locatário, o art. 11 da Lei do
Inquilinato estabelece que ficarão sub-rogados nos direitos
e obrigações: i) nas locações com finalidade residencial, o
cônjuge sobrevivente ou o companheiro e, sucessivamente,
os herdeiros necessários e as pessoas que viviam na
dependência econômica do de cujus, desde que residentes
no imóvel; ii) nas locações com finalidade não residencial,
o espólio e, se for o caso, seu sucessor no negócio.
Em casos envolvendo separação, divórcio ou dissolução
de união estável, a locação residencial prosseguirá
automaticamente com o cônjuge ou companheiro que
permanecer no imóvel.
Seja na hipótese de falecimento ou rompimento de
matrimônio/união estável, a sub-rogação deverá ser
comunicada por escrito ao locador e ao fiador, na hipótese
de existência desta modalidade locatícia. É bom ressaltar
que nesta hipótese, o fiador poderá exonerar-se das suas
responsabilidades no prazo de 30 (trinta) dias contados do
recebimento da comunicação oferecida pelo sub-rogado,
ficando responsável pelos efeitos da fiança durante 120
(cento e vinte) dias após a notificação ao locador.
Já, no que diz respeito as regras de direito processual, a
Lei do Inquilinato indica a existência de 4 (quatro)
modalidades de ações locatícias: AÇÃO DE DESPEJO
(arts. 59 a 66): visa à restituição de imóvel locado, livre e
desimpedido de pessoas e coisas.
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO DE ALUGUEL E
ACESSÓRIOS DA LOCAÇÃO (art. 67): tem por
objetivo viabilizar o pagamento dos alugueres e
acessórios já que, por algum motivo legalmente previsto
(art. 335, CC), o locatário encontrou obstáculo para
adimplir com a obrigação assumida.
AÇÃO REVISIONAL DE ALUGUEL (arts. 68 a 70):
tem por objetivo revisar o valor do aluguel para majorar
ou reduzir, aproximan do-o do real valor de mercado, em
decorrência das circunstâncias valorizadoras ou
depreciativas do aluguel.
AÇÃO RENOVATÓRIA (arts. 71 a 75): utilizada nas
locações não residenciais, é proposta pelo inquilino, no
período de no máximo um ano e mínimo de seis meses
da data da finalização do contrato, com objetivo de
renovar a locação em decorrência da negativa ou
intenção de retomada do imóvel pelo locador.
As chamadas ações locatícias possuem um regramento
geral de procedimento, previsto no art. 58 da Lei n.
8.245/91, que deverá ser observado quando da propositura
de qualquer modalidade, qual sejam: tramitação durante as
férias ou recesso forense; competência: local da situação do
imóvel com possibilidade de alterar, na hipótese de foro de
eleição estabelecido no contrato de locação; valor da causa
corresponderá a 12× (doze vezes) o valor da locação. Na
hipótese de locação efetivada em razão de um contrato de
trabalho, o valor será equivalente a 3 (três) salários vigentes
por ocasião do ajuizamento da ação; comunicação
processual poderá ser efetivada pelas mesmas formas
estabelecidas no Código de Processo Civil, quais seja,
eletrônica, diário da justiça eletrônico, pessoal, carta, edital
etc.
recurso de apelação somente será dotado de efeito
devolutivo, possibilitando a execução provisória da
sentença83.
10.1. AÇÃO DE DESPEJO
Finalidade A própria legislação estabelece: “Art. 5.º Seja qual for
o fundamento do término da locação, a ação do locador
para reaver o imóvel é a de despejo”. O pressuposto
para ajuizamento desta ação é a violação de um dever
legal ou contratual pelo locatário.
Fundamento
legal
Arts. 59 e ss. da Lei n. 8.245/91
Rito Comum.
Com a entrada em vigordo novo CPC, a subdivisão do
rito comum em sumário e ordinário não mais existe.
Assim, em atenção ao disposto no § 4.º do art. 1.046 do
CPC, à ação de despejo aplicam-se as regras do rito
comum. Levando-se em consideração que a ação de
despejo possui algumas peculiaridades, como é o caso
da liminar específica, teremos um procedimento
comum com algumas especificidades estabelecidas pela
legislação extravagante.
Legitimidade
ativa
Locador.
Legitimidade
passiva
Locatário4 e fiador (quando houver cumulação com
pagamento de aluguel e acessório)
Peculiaridades – Liminar: poderá ser concedida sem oitiva da parte
contrária, para desocupação do imóvel em quinze dias5,
com a necessidade do oferecimento de caução no valor
equivalente a 3 (três) meses de aluguel, e
fundamentação prevista em alguma das hipóteses do §
1.º do art. 59 da Lei do Inquilinato6.
– Possibilidade de cumular ao pedido de despejo, o de
cobrança dos aluguéis e acessórios não quitados. Nesta
hipótese, o valor da causa será 12× o valor do aluguel,
somando-se ao montante devido quando da propositura
da ação. Necessidade de indicar na inicial cálculo
atualizado do débito, para viabilizar eventual purgação
da mora pelo locatário e/ou fiador, no prazo de 15 dias
(art. 62, incisos I e II, da Lei n. 8.245/91).
– Se o fundamento da ação de despejo for o término do
prazo da locação para temporada, com a propositura da
demanda até 30 dias após o vencimento do contrato ou;
no caso da morte do locatário sem deixar sucessor
legítimo, havendo concordância do locatário (ou
sucessores) em desocupar o imóvel, manifestado no
prazo da contestação, o juiz acolhe o pedido, fixando o
prazo de 6 meses para desocupação do imóvel,
contados da citação (art. 61 da Lei do Inquilinato).
– Nas locações residenciais podem ser por: i) denúncia
vazia (art. 46 da Lei n. 8.245/91): não há necessidade
de motivar o despejo, a retomada do imóvel se dá pelo
término do prazo contratual ou, se prorrogado por
prazo indeterminado, após o envio da notificação
concedendo o prazo de 30 dias para o locatário sair do
imóvel; ii) denúncia cheia (art. 47 da Lei n. 8.245/91):
quando a locação é verbal ou por prazo inferior a 30
meses e prorroga-se por prazo indeterminado, deverá
ocorrer alguma das situações previstas no art. 47.
– Nas locações não residenciais os seguintes fatores
devem ser observados: i) prazo determinado (art. 56 da
Lei n. 8.245/91): findo o prazo estipulado no contrato e
o locatário permanecer no imóvel por mais de 30 dias
sem oposição do locador, presume-se a prorrogação da
locação, mas sem prazo determinado; e ii) prazo
indeterminado (art. 57 da Lei n. 8.245/91): basta a
notificação prévia por escrita, concedendo trinta dias
para a desocupação do imóvel pelo locador. Nesta
hipótese, deve-se esperar o fim do prazo contratual para
pedir a restituição do imóvel, exceto na hipótese de
violação de dever legal ou contratual.
 
848586
ESTRUTURA DA AÇÃO DE DESPEJO
ENDEREÇAMENTO
Competência Art. 58 da Lei n. 8.245/91.
PREÂMBULO
Partes Locador × Locatário (se envolver cobrança, o Fiador).
Nome da peça Ação de despejo pelo rito comum.
Fundamento
legal
Art. 59 e ss. da Lei n. 8.245/91.
I. DOS FATOS
– Relação jurídica que une as partes: descrever o contrato de locação
firmado entre as partes, contendo os dados gerais como o tipo de contrato,
valor do aluguel, prazo etc.
– Causa do litígio: narrar a infração contratual ou legal praticada pelo
Réu.
– Consequência jurídica: destacar o interesse em rescindir o contrato e
reaver o imóvel.
II. DO DIREITO
– Narrar sobre a possibilidade de despejo, já que o Réu não cumpriu um
dever legal ou contratual, fundamentando no art. 5.º da Lei n. 8.245/91; –
Destacar qual dever não foi cumprido pelo Réu (vide art. 23 da Lei n.
8.245/91).
– Se houver cobrança, destacar os valores em aberto (art. 62 da Lei n.
8.245/91) e a mora (arts. 394 e 395 do CC).
III. DA LIMINAR
– Deverá destacar algum dos fundamentos do § 1.º do art. 59 da Lei n.
8.245/91 e oferecer caução de 3 (três) meses de aluguel.
IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
a) A concessão da liminar, expedindo o competente mandado de despejo.
b) A procedência para confirmar a liminar de despejo para reaver de
forma definitiva o imóvel e rescindir o contrato de locação (e se houver
cobrança) bem como a condenação ao pagamento do valor de R$...
c) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios
(arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC).
d) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita.
e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação.
f) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC).
g) Protesto por provas.
Valor da
causa
12× (doze vezes) o valor do aluguel
Peculiaridades – Quando o despejo for cumulado com cobrança o
valor da causa não altera, continua prevalecendo a
regra especial em detrimento à regra geral. Assim,
pouco importa o montante da cobrança, o valor da
causa será sempre o equivalente a apenas 12× o valor
do aluguel, conforme já pacificado pelo STJ (REsp
673.231/SP).
10.2. MODELO DE AÇÃO DE DESPEJO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE PETRÓPOLIS DO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO
LUAN LUCAS, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do
RG n. ...e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua
... (endereço completo), vem, por seu advogado (procuração anexa),
com fundamento no art. 59 e ss. da Lei n. 8.245/91, ajuizar a presente
AÇÃO DE DESPEJO C/C COBRANÇA PELO RITO COMUM COM
PEDIDO LIMINAR em face de CÉSAR PIRES, nacionalidade, estado
civil, profissão, portador do RG n. ..., e inscrito no CPF n. ..., endereço
eletrônico..., residente na Rua ... (endereço completo), e CÍNTIA
MARTINS, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora do RG n.
... e inscrita no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ...
(endereço completo), pelos fundamentos a seguir expostos.
I. DOS FATOS
Autor e Réus firmaram contrato de locação residencial pelo prazo de
36 (trinta e seis) meses, com valor pactuado de R$ 1.000,00 (um mil
reais).
Entretanto, o Réu houve por bem descumprir a obrigação legal e
contratual que consiste no pagamento dos encargos e acessórios
locatícios.
Assim, o Autor pleiteia, não só a rescisão do contrato para reaver o
imóvel, como, também, cobrar dos Réus os valores em aberto, conforme
passará a melhor expor.
II. DO DIREITO
Trata-se de uma ação de despejo por falta de pagamento em que o
Autor move em face dos Réus, em razão do não cumprimento da
contraprestação pecuniária assumida como obrigação no contrato de
locação não residencial em anexo (doc. ...).
A Lei do Inquilinato no art. 5.º é clara quando permite o despejo em
qualquer situação quando o locatário não cumprir um dever legal ou
contratual.
Pois bem, o Réu não efetuou o pagamento dos alugueres dos meses
de janeiro a outubro de 200X, que, somados com o condomínio e IPTU
também não pagos, chega à quantia de R$ ______________ (por
extenso), conforme demonstrativos de cálculo em anexo. (doc. ...).
Os deveres do locatário estão elencados no art. 23 da Lei n. 8.245/91,
destacando-se o seguinte: “Art. 23. O locatário é obrigado a:
I – pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou
contratualmente exigíveis, no prazo estipulado ou, em sua falta, até o
sexto dia útil do mês seguinte ao vencido, no imóvel locado, quando
outro local não tiver sido indicado no contrato;
[...]
XII – pagar as despesas ordinárias de condomínio”.
Diante disso, os Réus encontram-se em mora com a obrigação
assumida, nos termos do art. 394 do CC, sendo um fator motivacional
para o desfazimento da locação, como prevê o art. 9.º, inciso III, da Lei
do Inquilinato: “Art. 9.º A locação também poderá ser desfeita:
[...]
III – em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais
encargos;”
Diante disso, não restam dúvidas quanto à possibilidade de o Autor
reaver o imóvel, através do despejo do Réu, além da condenação de
ambos ao pagamento dos alugueres e encargos vencidos

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