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Capa Aero Comunicação/Danilo Zanott Produção do E-pub Guilherme Henrique Martins Salvador ISBN 9786555595086 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) ANGÉLICA ILACQUA CRB-8/7057 C582 Civil / Bárbara Pavan ... [et al.]. – São Paulo: Saraiva Educação (Coleção Prática Jurídica), 2021. 1. Direito. 2. Direito Civil. I. Pavan, Bárbara. II. Leão, Leandro. III. Bunazar, Maurício. IV. Rosio, Roberto. V. Título. VI. Série. 2021-527 CDD 347 CDU 347 Índices para catálogo sistemático: 1. Direito civil 347 2. Direito civil 347 Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da Saraiva Educação. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei n. 9.610/98 e punido pelo art. 184 do Código Penal. Data de fechamento da edição: 5-5-2021 Sumário PRIMEIRA PARTE - TEORIA E MODELOS 1. INTRODUÇÃO 2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 2.1. Honorários contratuais 2.2. Honorários de sucumbência 2.3. Modelo de contrato de honorários 3. PROCURAÇÃO 3.1. MODELO DE PROCURAÇÃO 4. PARTES, PROCURADORES, CAPACIDADE, LITISCONSÓRCIO E SUCESSÃO 4.1. Sujeitos do processo 4.2. Partes e procuradores I. Capacidades das partes II. Procuradores 4.3. MODELO DE PETIÇÃO DE JUNTADA DE PROCURAÇÃO III. Deveres das partes e procuradores IV. Responsabilidade das partes por dano processual 4.4. MODELO DE PETIÇÃO DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ 4.5. Sucessão das partes e procuradores 4.6. Juiz e auxiliares I. Atribuições dos magistrados II. Impedimento e suspeição 4.7. MODELO DE PETIÇÃO DE IMPEDIMENTO 4.8. MODELO DE PETIÇÃO DE SUSPEIÇÃO 4.9. Litisconsórcio I. Limitação do litisconsórcio (ou litisconsórcio multitudinário) 4.10. MODELO DE PETIÇÃO PARA LIMITAÇÃO DE LITISCONSÓRCIO 5. COMPETÊNCIA 6. TUTELAS PROVISÓRIAS 6.1. Introdução 6.2. Liminares Específicas 6.3. Tutelas Provisórias de Urgência – Antecipada ou Cautelar 6.4. Tutela Antecipada 6.5. MODELO De TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE 6.6. Aditamento da Tutela Antecipada Antecedente 6.7. MODELO DE ADITAMENTO 6.8. Tutela Cautelar Antecedente 6.9. MODELO DE TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE 7. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 7.1. ASSISTÊNCIA 7.1.1. Modelo de petição de assistência 7.2. DENUNCIAÇÃO DA LIDE 7.3. CHAMAMENTO AO PROCESSO 7.4. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 7.4.1. Modelo de incidente de desconsideração da personalidade jurídica 7.5. AMICUS CURIAE 8. PROCEDIMENTO COMUM 8.1. PETIÇÃO INICIAL I. Dicas de identificação da peça II. Requisitos (arts. 319, 320 e 77, V, do CPC) 8.2. MODELO DE PETIÇÃO INICIAL 8.3. EMENDA À INICIAL 8.4. MODELO DE EMENDA À INICIAL 8.5. DEFESAS DO RÉU 8.5.1. Contestação 8.5.2. Reconvenção 8.6. MODELO De CONTESTAÇÃO 8.7. MODELO DE CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO 8.8. MODELO DE RECONVENÇÃO AUTÔNOMA 8.9. MEMORIAIS 8.10. MODELO DE MEMORIAIS 9. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 9.1. Introdução 9.2. AÇÕES POSSESSÓRIAS I. Introdução II. Modalidades de Possessórias III. Aspectos Gerais da Ações Possessórias IV. Procedimentos das Possessórias (art. 558 do CPC) 9.3. MODELO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE 9.4. MODELO DE INTERDITO PROIBITÓRIO 9.5. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO 9.6. MODELO DE AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO 9.7. AÇÃO DE EXIGIR CONTAS I. Legitimidade 9.8. MODELO DE AÇÃO DE EXIGIR CONTAS 9.9. EMBARGOS DE TERCEIRO 9.10. MODELO DOS EMBARGOS DE TERCEIRO 9.11. AÇÃO DE DIVISÃO E DEMARCAÇÃO DE TERRAS 9.12. MODELO DE AÇÃO DE DEMARCAÇÃO de terras 9.13. MODELO DE AÇÃO DE DIVISÃO de terras 9.14. AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE 9.15. MODELO DE AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE 9.16. INVENTÁRIO E PARTILHA 9.17. MODELO DE REQUERIMENTO DE INVENTÁRIO (ARROLAMENTO COMUM) 9.18. MODELO DE AÇÃO DE INVENTÁRIO (ARROLAMENTO SUMÁRIO) 9.19. OPOSIÇÃO 9.20. MODELO DE OPOSIÇÃO 9.21. HABILITAÇÃO 9.22. MODELO DE HABILITAÇÃO 9.23. AÇÃO DE ALIMENTOS 9.24. MODELO DE AÇÃO DE ALIMENTOS 9.25. ALIMENTOS GRAVÍDICOS 9.26. MODELO DE AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS 9.27. JUSTIFICATIVA EM AÇÃO DE ALIMENTOS 9.28. MODELO DE JUSTIFICATIVA em AÇÃO DE ALIMENTOS 9.29. GUARDA 9.30. MODELO DE AÇÃO DE GUARDA 9.31. SEPARAÇÃO E DIVÓRCIO 9.31.1. Separação 9.31.2. Divórcio 9.31.2.1. Divórcio extrajudicial 9.31.2.2. Divórcio judicial 9.32. Procedimento das ações de separação e divórcio 9.33. MODELO DE AÇÃO DE DIVÓRCIO CONSENSUAL 9.34. RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL 9.35. MODELO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL 9.36. PEDIDO DE ADOÇÃO 9.37. MODELO DE PEDIDO DE ADOÇÃO 9.38. AÇÃO MONITÓRIA 9.39. MODELO DE AÇÃO MONITÓRIA 9.40. HOMOLOGAÇÃO De PENHOR LEGAL 9.41. MODELO DE AÇÃO DE HOMOLOgAÇãO DE PENHOR LEGAL 9.42. REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA 9.43. RESTAURAÇÃO DE AUTOS 9.44. MODELO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS 9.45. ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS 9.46. MODELO DE ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS 10. AÇÕES LOCATÍCIAS 10.1. AÇÃO DE DESPEJO 10.2. MODELO DE AÇÃO DE DESPEJO 10.3. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO DE ALUGUEL 10.4. MODELO DE ação de CONSIGNAÇÃO DE ALUGUEL 10.5. AÇÃO REVISIONAL DE ALUGUEL 10.6. MODELO DE AÇÃO REVISIONAL DE ALUGUEL 10.7. AÇÃO RENOVATÓRIA 10.8. MODELO DE AÇÃO RENOVATÓRIA 10.9. BUSCA E APREENSÃO 10.10. MODELO DE BUSCA E APREENSÃO 11. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E PROCESSO DE EXECUÇÃO 11.1. MODELO De CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DE PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA 11.2. MODELO De CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER OU NÃO FAZER 11.3. MODELO De CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DE OBRIGAÇÃO DE ENTREGA DE COISA 11.4. MODELO De CUMPRIMENTO DE SENTENÇA de AÇÃO DE ALIMENTOS 11.5. MODELO De CUMPRIMENTO DE SENTENÇA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA 11.6. MODELO De AÇÃO DE EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA 11.7. MODELO De AÇÃO DE EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA CERTA 11.8. MODELO De AÇÃO DE EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA INCERTA 11.9. MODELO De AÇÃO DE EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER 11.10. MODELO De AÇÃO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS 11.11. RESISTÊNCIAS DO EXECUTADO CONTRA O PROCESSO DE EXECUÇÃO 11.12. MODELO De EMBARGOS À EXECUÇÃO 11.13. MODELO DE IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 11.14. JUSTIFICAÇÃO EM AÇÃO DE ALIMENTOS 11.15. MODELO DE JUSTIFICAÇÃO EM AÇÃO DE ALIMENTOS 11.16. EXCEÇÃO DE PRÉ- EXECUTIVIDADE 11.17. MODELO DE EXCEÇÃO DE PRÉ- EXECUTIVIDADE PARA SER APRESENTADA CONTRA AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL OU EXTRAJUDICIAL91 11.18. MODELO DE LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO 11.19. MODELO DE LIQUIDAÇÃO PELO RITO COMUM 12. PROCESSOS NOS TRIBUNAIS 12.1. MODELO DE HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA 12.2. MODELO DE AÇÃO RESCISÓRIA 12.3. MODELO DE RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL 13. RECURSOS 13.1. Teoria Geral 1. Pressupostos recursais 1.1. Cabimento recursal 1.2. Legitimidade 1.3. Interesse 1.4. Tempestividade 1.5. Contagem de prazo 1.6. Preparo 1.7. Forma do recurso 2. Efeitos do recurso 3. Honorários recursais 13.2. APELAÇÃO 13.3. MODELO DE APELAÇÃO 13.4. AGRAVO DE INSTRUMENTO 13.5. MODELO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO 13.6. AGRAVO INTERNO 13.7. MODELO DE AGRAVOINTERNO 13.8. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 13.9. MODELO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 13.10. RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL 13.11. MODELO DE RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL 13.12. RECURSO ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO 13.13. MODELO DE RECURSO ESPECIAL 13.14. MODELO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO 13.15. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO 13.16. MODELO De AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 13.17. MODELO De AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO 13.18. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA 13.19. MODELO DE EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA 13.20. RECURSO ADESIVO 13.21. MODELO DE RECURSO ADESIVO 14. AÇÕES ESPECIAIS 14.1. Ação Civil Pública 14.2. MODELO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA 14.3. AÇÃO DE USUCAPIÃO 14.4. MODELO DE AÇÃO DE USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA 14.5. AÇÃO PAULIANA 14.6. MODELO DA AÇÃO PAULIANA 14.7. AÇÃO POPULAR 14.8. MODELO DE AÇÃO POPULAR 14.9. AÇÃO QUANTI MINORIS 14.10. MODELO DE AÇÃO QUANTI MINORIS 14.11. AÇÃO REDIBITÓRIA 14.12. MODELO DA AÇÃO REDIBITÓRIA 14.13. DIREITO DE RESPOSTA AO OFENDIDO OU RETIFICAÇÃO 14.14. MODELO DE DIREITO DE RESPOSTA AO OFENDIDO OU retificação 14.15. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE 14.16. MODELO DE AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE CUMULADA COM ALIMENTOS 14.17. MANDADO DE SEGURANÇA 14.18. MODELO DE MANDADO DE SEGURANÇA 14.19. MANDADO DE INJUNÇÃO 14.20. MODELO DE MANDADO DE INJUNÇÃO 14.21. PETIÇÃO DE HERANÇA 14.22. MODELO DE AÇÃO DE PETIÇÃO DE HERANÇA 14.23. RECURSO INOMINADO JEC 14.24. MODELO DE RECURSO INOMINADO 14.25. RÉPLICA 14.26. MODELO DE RÉPLICA 14.27. PEDIDO DE ESCLARECIMENTOS DA DECISÃO SANEADORA 14.28. MODELO DO PEDIDO DE ESCLARECIMENTOS DA DECISÃO SANEADORA 14.29. IMPUGNAÇÃO À JUSTIÇA GRATUITA 14.30. MODELO DE IMPUGNAÇÃO À JUSTIÇA GRATUITA POR SIMPLES PETIÇÃO 14.31. PRECEDENTES 1. Introdução 2. Incidente de assunção de competência 3. Incidente de resolução de demandas repetitivas 14.32. MODELO DE REQUERIMENTO DE INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA 14.33. MODELO DE REQUERIMENTO DE INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS SEGUNDA PARTE - PEÇAS PRÁTICAS E QUESTÕES DISCURSIVAS 1. PEÇAS PRÁTICAS E QUESTÕES DISCURSIVAS DAS PROVAS DO EXAME DA OAB 2. RESOLUÇÃO DAS PEÇAS PRÁTICAS E QUESTÕES DISCURSIVAS REFERÊNCIAS kindle:embed:0001?mime=image/jpg PRIMEIRA PARTE TEORIA E MODELOS 1 INTRODUÇÃO O estudo do direito civil se volta para uma infinidade de questões presentes no cotidiano de todo e qualquer indivíduo. Como bem lembrado por Pontes de Miranda, “o direito serve à vida: é regramento da vida. É criado por ela e, de certo modo, a cria”1. Entretanto, ainda que próximo à realidade das pessoas, a sua aplicação carece de estudo teórico que possibilite a sua efetividade, tanto judicial quanto extrajudicialmente. Sendo, por natureza, o direito uma ciência social aplicada, a prática não pode ser dissociada da teoria. Desta sorte, as obras de prática civil são um instrumento valioso no auxílio do estudante, e também do profissional de direito. Apesar da diversidade dos temas e da extensão das matérias relacionadas ao direito civil e ao direito processual civil, temos na presente obra ferramentas que serão capazes de auxiliar estudantes de direito de todos os níveis, a compreenderem os principais temas tratados no exame da OAB e concursos públicos. Além de explicações claras e objetivas, o livro traz modelos atuais de instrumentos necessários ao cotidiano do advogado, que vão desde o contrato de honorários até os recursos que podem ser interpostos perante os Tribunais Superiores. Os capítulos acompanham, ainda, tabelas que contêm a estrutura básica de cada peça jurídica analisada. Buscamos aqui, sobretudo, ajudar a desenvolver o raciocínio jurídico de estudantes e profissionais, tanto na parte material como na parte processual, de modo que, ao elaborar uma peça, não haja dúvidas acerca das teses ou dos procedimentos que deverão ser adotados. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Legislação aplicável Arts. 85 e ss. do CPC A grande maioria das demandas judiciais necessariamente precisa ser assistida por advogados, que se tornam parte importante e fundamental para o desenvolvimento do processo. Como observado, nas palavras de Piero Calamandrei2: Os advogados fornecem ao juiz as substâncias elementares a partir de cuja combinação é gerada, no justo meio, a decisão imparcial, síntese química de duas parcialidades contrapostas. Estas devem ser sempre consideradas como “par”, inclusive no sentido que essa expressão tem em mecânica: sistema de duas forças equivalentes, as quais, agindo em linhas paralelas em direção oposta, geram o movimento que dá vida ao processo e encontra repouso na justiça. O art. 1333 da Constituição Federal dispõe acerca da indispensabilidade do advogado à administração da justiça. Sendo indispensável, a prestação de serviços do advogado deve ser remunerada, e esta remuneração é feita através dos honorários advocatícios. Os honorários estão previstos nos arts. 82 a 97 do Código de Processo Civil, nos arts. 22 a 26 do Estatuto da OAB, e nos arts. 35 a 43 do Código de Ética e Disciplina da OAB. O § 1.º do art. 85 do CPC prevê que os honorários advocatícios serão devidos na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou defi nitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente. Além dos casos citados acima, o advogado deve ser remunerado pelos demais atos jurídicos que praticar, que visem ao andamento das causas em que trabalha, tanto na esfera consultiva como na contenciosa, sendo, assim, importante a elaboração do contrato de honorários junto ao cliente. O caput do art. 22 do Estatuto da OAB determina expressamente que: A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência4. Desta forma, observa-se que a remuneração do advogado, pode ser feita de 3 (três) formas: (i) convencionados – ou seja, o advogado trata diretamente com o cliente como sua prestação de serviço será paga, por meio de um contrato de honorários; (ii) fixados ou por arbitramento judicial – quer dizer que o juiz vai determinar o valor dos honorários que serão pagos, quando não houver consenso entre o advogado e seu cliente, oportunidade em que o juiz observará a compatibilidade do trabalho realizado com o valor a ser fixado; e (iii) de sucumbência – os honorário de sucumbência, serão os que a parte vencida deverá pagar ao advogado da parte vencedora, sendo que este valor é unicamente do advogado, e não da parte. Os honorários contratuais e os sucumbenciais serão melhor analisados nos tópicos a seguir. 2.1. Honorários contratuais Os honorários contratuais ou convencionais, como o próprio nome já diz, são aqueles previstos no contrato de honorários pactuado entre o cliente e o advogado, podendo ser por forma verbal ou por escrito. Como dito alhures, a atividade profissional do advogado não se limita somente à elaboração de peças processuais e à realização de audiências. Por este motivo, é mister que haja um contrato, preferencialmente por escrito, determinando exatamente como será feita a prestação dos serviços e toda sua abrangência, conforme previsto no caput do art. 355 do Código de Ética e Disciplina da OAB. Embora preferencialmente por escrito, o contrato não é solene, podendo surgir, inclusive, da troca de correspondências entre o cliente e o advogado6. Não há necessidade de presença de testemunhas quando da celebração do contrato de honorários advocatícios, bastando que o advogado e o cliente o assinem para que passe a ser título executivo7. Ao pactuar os honorários com o cliente, o advogado deve operar com moderação, atendendo ao que dispõe o art. 368 do Código de Ética e Disci plina da OAB. A referência à moderação quer dizer que os honorários contratuais devem ser acordados em proporcionalidade aos serviços prestados. Por essa razão, o mesmo art. 36 do Código de Ética e Disciplina da OAB, aponta os critérios que devem ser seguidos no arbitramento da remuneração devida aocausídico. Dentre outros, devem ser levados em consideração: a complexidade do caso, o valor da causa, o lugar da prestação de serviço. É, ainda, vedada a celebração de convênios que importe na cobrança de valores inferiores aos da Tabela de Honorários fixada pela OAB, implicando na captação de clientes ou de causas9. 2.2. Honorários de sucumbência Os honorários de sucumbência são aqueles devidos pela parte vencida ao advogado da parte que venceu e estão previstos no caput do art. 85, do CPC, ou seja, são pautados pelo resultado da atuação processual do advogado, sendo fixados ao final do processo. Também, o art. 2310 do Código de Ética e Disciplina da OAB prevê que os honorários incluídos na condenação pertencem ao advogado. Embora o Código de Processo Civil ainda faça a relação entre sucumbência e dever de pagar os honorários ao advogado da parte vencedora, há hipóteses em que o princípio da causalidade impõe o pagamento de honorários advocatícios ao advogado da parte vencida, por aquele que deu origem ao processo. É o caso do autor de cautelar de exibição de documentos, tendo o réu apresentado o documento requerido no prazo de contestação, sem que tenha havido pedido extrajudicial para a exibição. O mesmo ocorre quando há perda do objeto, cabendo à parte que deu causa ao processo o pagamento dos honorários advocatícios (CPC, art. 85, § 10)11. O Código de Processo Civil pôs fim a importante discussão, reconhecendo os honorários de sucumbência como verba de natureza alimentar12. Cassio Scarpinella Bueno13, destaca a importância deste tipo específico de honorários, ensinando que: Dentro desse contexto, por serem os honorários a forma, por excelência, de remuneração pelo trabalho desenvolvido pelo advogado, um trabalho humano que merece a tutela do ordenamento jurídico, correta sua qualificação como verba de natureza alimentar, eis que também vitais ao desenvolvimento e à manutenção (necessarium vitae) do profissional, do qual o advogado provê o seu sustento. O STF defendeu o mesmo entendimento, tendo sido consolidado na Súmula Vinculante 47: Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza. Temos, ainda, que o advogado que atuar em causa própria, também receberá honorários de sucumbência (CPC, art. 85, § 17). A fixação dos honorários, será definida entre 10% e 20%, obedecendo o rol previsto no art. 85, § 2.º, do CPC14. Os honorários de sucumbência também podem ser fixados de forma recíproca, nos termos do art. 8615 do CPC, sendo distribuídos entre ambos os litigantes de maneira proporcional. Nas ações havendo mais de um autor ou mais de um réu sucumbente, todos os vencidos repartirão proporcionalmente entre si o ônus de sucumbência, na forma de honorários ou despesas, conforme previsão do art. 8716 do CPC. Em todos os casos abordados, observa-se que os honorários pertencem única e exclusivamente ao advogado, e não ao cliente. Isto quer dizer que, se o cliente ganhou R$ 100.000,00 e o juiz convencionou honorários equivalentes a 20% do valor total da condenação, o cliente recebe os R$ 100.000,00, e o advogado recebe R$ 20.000,00, sendo que nada altera o valor da condenação paga ao cliente. 2.3. Modelo de contrato de honorários CONTRATO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NOME DO CLIENTE, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do RG de n. (número do RG), inscrito no CPF sob o n. (número do CPF), residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), doravante denominado CONTRATANTE, acorda este CONTRATO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, cujo teor encontra-se nas cláusulas abaixo, junto com NOME DO ADVOGADO OU DA SOCIEDADE DE ADVOGADOS, doravante denominado CONTRATADO, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional (X), Subseção (Y), sob o n. (número de inscrição da OAB), inscrito no CPF ou no CNPJ sob o n. (número do CPF do advogado ou do CNPJ da sociedade de advogados), com endereço profissional em (ENDEREÇO DO ADVOGADO OU DA SOCIEDADE DE ADVOGADOS). 1. Cláusula Primeira – DO OBJETO DO CONTRATO 1.1. Constitui objeto do presente Contrato, a prestação, por parte do CONTRATADO em favor do CONTRATANTE, de serviços profissionais advocatícios, consultivos e/ou contenciosos, judiciais e/ou extrajudiciais, que consistem em: (Descrever os serviços que serão realizados). 2. Cláusula Segunda – DAS RESPONSABILIDADES DO CONTRATADO 2.1. Praticar todo e qualquer ato e medida necessários à causa, perante quaisquer pessoas jurídicas de direito público, seus órgãos, ministérios ou repartições, autarquias e entidades paraestatais; assim como praticar quaisquer atos perante particulares, empresas privadas, sociedades de economia mista, entre outros. 2.2. O CONTRATADO, para o cumprimento do presente Contrato, se obriga a praticar os seguintes atos relacionados abaixo, em cada consulta realizada pelo CONTRATANTE: (i) elaborar propostas e soluções, em sede de assessoria, consultoria e advocacia preventiva, métodos alternativos de solução de conflitos e ferramentas legais, com o intuito de defender e aconselhar o CONTRATANTE acerca das diversas situações jurídicas que possam vir a ocorrer; (ii) elaborar e examinar contratos, minutas e notificações; e (iii) manter sob sigilo quaisquer informações a que tenha acesso em função deste Contrato, inclusive, mas não limitadas, ao modo de operação e atividades de negócios presentes, passados e futuros do CONTRATANTE. 3. Cláusula Terceira – DAS RESPONSABILIDADES DO CONTRATANTE 3.1. O CONTRATANTE, para o cumprimento do presente Contrato, se obriga a entregar todos os documentos solicitados, com no mínimo 3 dias de antecedência ou imediatamente após qualquer notificação ou solicitação que impliquem na prestação dos serviços do CONTRATADO. 4. Cláusula Quarta – DA VIGÊNCIA E RESCISÃO 4.1. O Contrato terá início a partir de sua assinatura, com vigência por prazo determinado de XX meses. 4.2. O presente Contrato poderá ser resilido por qualquer das partes, a qualquer tempo, desde que a parte interessada esteja adimplente com suas obrigações, mediante prévio aviso escrito, com 30 (trinta) dias de antecedência, sem o pagamento de nenhum tipo de ônus, multa ou indenização, sendo devido apenas o valor correspondente aos serviços prestados até a data da resilição, de forma proporcional aos serviços até então prestados. 4.3. Incorrerá em multa de 10% (dez por cento) sobre o valor contratado ao mês, a parte que descumprir qualquer das cláusulas ou condições ora estipuladas, sem prejuízo da cobrança de indenização pelos demais prejuízos a que der causa. 5. Cláusula Quinta – DA REMUNERAÇÃO 5.1. Pelos serviços descritos no Contrato, o CONTRATADO receberá a importância, certa e determinada, equivalente a R$ XXX (valor por extenso, em reais), sendo esta paga (inserir forma de pagamento, e.g., parcelas mensais ou em outra periodicidade, mediante transferência bancária, depósito, cheque etc.). 5.2. Todas as despesas e custas judiciais que se fizerem necessárias à condução do presente mandato, serão arcadas pelo CONTRATANTE. 5.3. Os honorários de sucumbência pertencem integralmente ao CONTRATADO, sem que se compensem ou se excluam os honorários ora pactuados. 5.4. O presente Contrato não implica em vínculo empregatício de qualquer natureza, não se enquadrando no estabelecido no art. 3.º da Consolidação das Leis do Trabalho. 5.5. O presente instrumento será reajustado anualmente pelo índice do INPC ou outro que vier a substituí-lo. 6. Cláusula 6 – DO FORO 6.1. As partes elegem o Foro da Comarca de XXX, Estado de XXX, para dirimir quaisquer dúvidas ou questões resultantes deste instrumento, em caráter irretratável, com expressa renúncia de outro juízo, por mais privilegiado que seja, ou que vier a ser. E, por estarem justas e contratadas, firmam o presente instrumento em caráter irretratável e irrevogável,obrigando-se por si e seus sucessores a darem pleno cumprimento às suas cláusulas e condições, em 2 (duas) vias com o mesmo teor e a mesma forma. Local e data... ________________________ Cliente ________________________ Advogado PROCURAÇÃO Legislação aplicável Arts. 103 e ss. do CPC A procuração é o negócio jurídico unilateral pelo qual o declarante, chamado outorgante, transfere poderes jurídicos ao destinatário, chamado outorgado ou procurador, para que este possa praticar atos jurídicos em seu nome e à sua custa. É importante salientar que a procuração não se confunde com o contrato de honorários advocatícios, este último é espécie de mandato, que pode vir ou não acompanhado de procuração. Quando acompanhado de procuração, o mandatário poderá, com seus atos, repercutir na esfera jurídica do mandante. Há diversos tipos de procuração, a depender da extensão dos poderes concedidos ao outorgado. Nesse sentido, a procuração pode ser de poderes gerais ou especiais. Quando a procuração for de poderes gerais, só se concede ao outorgado poderes de administração, não podendo alienar, hipotecar, transigir, ou praticar quaisquer outros atos que exorbitem da administração ordinária, para os quais é preciso que haja uma procuração com poderes especiais, em que se delimitem os atos jurídicos que podem ser praticados pelo procurador, com qual finalidade e em quais circunstâncias. No que tange ao tipo de atuação do advogado, a procuração pode ser feita ad judicia, extra judicia, ou ad judicia et extra, a depender de os poderes concedidos limitarem-se ao exercício da representação em juízo e/ou fora dele. No processo, “a parte será representada em juízo, por advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil”17. Assim, para que o advogado possa representar seus clientes, atuar em seu nome e realizar atos relativos aos processos, é preciso juntar a procuração aos autos, sob pena de ineficácia dos atos praticados, prevista no § 2.º do art. 10418 do CPC. A procuração pode ser realizada por instrumento público ou particular. O art. 10519 do Código de Processo Civil, determina expressamente que a procuração habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto para aqueles que devem constar em cláusulas específicas. A procuração pode ser cessada nos seguintes casos: pela revogação ou pela renúncia (o advogado pode renunciar ao mandato a qualquer tempo, conforme previsto no art. 11220 do CPC); pela morte de uma das partes; ou pela mudança de estado que impeça às partes de conferir e exercer os poderes. 3.1. MODELO DE PROCURAÇÃO PROCURAÇÃO “AD JUDICIA e ET EXTRA” NOME DO CLIENTE, (qualificação completa), doravante denominado OUTORGANTE, vem, por meio do presente instrumento de procuração, conceder a NOME DO ADVOGADO, (qualificação completa), amplos poderes para, no foro em geral, com as cláusulas ad judicia e extrajudicial, representar o outorgante em qualquer Juízo ou Tribunal, podendo propor contra quem de direito as ações competentes, defendê-lo nas contrárias, seguindo umas e outras até o final da decisão, recorrendo a todos os recursos legais e acompanhando-os; conferindo- lhe, ainda, poderes especiais para confessar, desistir, transigir, firmar compromissos ou acordos, receber e dar quitações, em juízo ou extrajudicialmente, assinar termo de compromisso, e, enfim, praticar todos os atos necessários ao fiel desempenho deste mandato, inclusive substabelecer, com ou sem reserva dos poderes aqui conferidos, especialmente para defesa de seus interesses nos autos da ação (especificar a ação) movida contra o Réu (especificar o réu, n. do processo e Tribunal). Local e data... Assinatura... PARTES, PROCURADORES, CAPACIDADE, LITISCONSÓRCIO E SUCESSÃO Legislação aplicável Arts. 70 e ss. do CPC 4.1. Sujeitos do processo O processo, como relação jurídica, apenas se desenvolve pela atuação de indivíduos que praticam atos processuais em conformidade com suas funções e interesses no desenvolver da causa. Na sistemática do Código de Processo Civil, em sua Parte Geral, Livro III, foi regulada a atuação dos seguintes sujeitos do processo: (i) Partes e seus procuradores, inclusive as situações de litisconsórcio; (ii) Juiz e seus auxiliares; (iii) Ministério Público; (iv) Advocacia Pública; e (v) Defensoria Pública. 4.2. Partes e procuradores I. Capacidades das partes A parte poderá atuar em juízo quando tiver legitimidade, que é uma das condições da ação, e capacidade processual. A capacidade processual representa a possibilidade de um sujeito ser parte de uma relação jurídica processual. Em regra, a capacidade processual confunde-se com a capacidade de fato, isto é, com a possibilidade de ser titular de direitos e obrigações, em geral. Por isso mesmo, o art. 70 do Código de Processo Civil dispõe que “toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade de estar em juízo”. Estão incluídas no permissivo legal não só as pessoas naturais, mas também as pessoas jurídicas. Entretanto, ocorre, excepcionalmente, de entidades desprovidas de personalidade jurídica gozarem de capacidade processual, limitada a determinados atos processuais. O reconhecimento dessa capacidade processual excepcional é feito expressamente pela legislação. Como exemplo, pode-se citar a massa falida, o espólio, o condomínio, a herança jacente ou vacante, a sociedade de fato e o nascituro (CPC, art. 75, V, VI, IX, XI). a) Capacidade processual: é a aptidão para praticar atos no processo. A capacidade processual tem relação com a capacidade civil. Nas situações de falta de capacidade processual, o indivíduo poderá ser representado ou assistido em juízo (CPC, art. 71), a depender da incapacidade que possui, relativa ou absoluta, assim como ocorre para os atos da vida civil em geral. Nesses casos, será necessário qualificar tanto a parte quanto o seu representante ou assistente. Exemplo de qualificação de pessoa física absolutamente incapaz: NOME DO AUTOR..., nacionalidade..., menor absolutamente incapaz, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., neste ato representado por seu genitor NOME DO REPRESENTANTE... nacionalidade ..., estado civil..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo). Exemplo de qualificação de pessoa física relativamente incapaz: NOME DO AUTOR..., nacionalidade..., menor relativamente incapaz, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. .., neste ato assistido por seu assistente legal NOME DO ASSISTENTE... nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo). Também é necessário destacar que, em havendo cônjuge ou companheiro do autor ou do réu, haverá situações em que será exigida a sua outorga conjugal (CC, art. 1.647, II), tal como previsto pelas regras do regime de bens adotado e dependendo do polo que ocupem na demanda. São elas (art. 73 do CPC): Polo Ativo Polo Passivo Em ação que verse sobre direito imobiliário, salvo se forem casados sob regime de separação absoluta. Em ação que verse sobre direito imobiliário, salvo se forem casados sob regime de separação absoluta. Em ação que seja resultado de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles. Em ação fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família. Em ação que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges. Em ações possessórias, nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado. b) Capacidade postulatória: é a habilidade necessária para se dirigir ao magistrado. Postular significa pleitear algo perante o magistrado, ou seja, quem tem capacidade postulatória opera como “interface da parte com o órgão jurisdicional e do órgão jurisdicional com a parte”21. Como regra, conforme trataremos no tópico seguinte, a capacidade postulatória é conferidaao advogado (CPC, art. 103). É por essa razão que o preâmbulo da peça processual contém a indicação de a parte estar representada por um advogado. A peça processual deverá vir sempre acompanhada de instrumento de procuração que comprove a outorga de poderes ao advogado. Em decorrência do direito fundamental ao devido processo legal e, em especial, à ampla defesa, há casos em que deverá ser nomeado um curador especial, advindo da Defensoria Pública, para representar a parte no processo em questão. São hipóteses em que pode haver conflito de interesses entre a parte e o seu representante legal, como é o caso da ação cujo objeto são as relações entre o incapaz e seu representante, ou em que não há representante constituído, algo que pode ocorrer tanto com o incapaz quanto com o réu revel (CPC, art. 72, I e II). Nesses casos, é importante indicar a representação pelo curador especial. II. Procuradores O art. 133 da Constituição Federal afirma ser a advocacia função essencial à administração da Justiça, e assim, por sua vez, a legislação infraconstitucional conferiu ao advogado a capacidade postulatória para levar em juízo as pretensões (ação e defesa) em favor daqueles que necessitarem de provimentos judiciais. No processo civil, o art. 103 determina que a parte será representada em juízo por advogado, respeitadas as exceções expressamente previstas em lei, podendo inclusive o profissional advogado postular em causa própria. Para atuar no processo cível, o advogado deverá fazer prova do mandato, com a juntada do respectivo instrumento de procuração. Ver modelo de petição inicial no Capítulo 8. Excepcionalmente, o art. 104 admite a prática de atos reputados urgentes sem a juntada de procuração, desde que o advogado se obrigue a exibir o instrumento no prazo de 15 dias, prorrogáveis por mais 15, mediante deliberação judicial. A mesma regra está prevista no art. 5.º, § 1.º, do Estatuto da OAB. 4.3. MODELO DE PETIÇÃO DE JUNTADA DE PROCURAÇÃO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CURITIBA DO ESTADO DO PARANÁ Processo n. ... NOME DA PARTE A SER REPRESENTADA, já devidamente qualificado nos autos da presente demanda, que move em face de NOME DA PARTE OPOSTA, por seu advogado (procuração anexa), vem com fundamento no art. 104, § 1.º, do Código de Processo Civil, requerer a juntada do presente instrumento de PROCURAÇÃO, procedendo-se nos autos as devidas anotações. Termos em que, Pede deferimento. Local e data... Advogado... OAB n. ... Observação: o instrumento de procuração é tratado no Capítulo 3 deste livro. ATENÇÃO Se estiver atuando em causa própria, o advogado deverá declarar na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá suas intimações, bem como tem o dever de comunicar ao juízo eventual mudança de endereço, em conformidade com os arts. 77, V, e 106 do CPC. III. Deveres das partes e procuradores É princípio do processo civil que as partes e seus procuradores atuem em juízo ou fora dele com observância da máxima da boa-fé e lealdade processual (CPC, art. 5.º). Em concreção a esse dever de observância da boa-fé objetiva, os arts. 77 e 78 do CPC determinam os deveres das partes e de seus defensores. Dentre os deveres elencados, as partes são obrigadas a “cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação”, bem como “não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso”. O descumprimento desses dois deveres específicos configura ato atentatório à dignidade da Justiça (CPC, art. 77, § 2.º), e o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, imporá multa sobre a pessoa do responsável pelo descumprimento da ordem judicial, cujo valor será fixado de acordo com a gravidade da conduta, não sendo superior a 20% do valor da causa. Essa responsabilidade não se aplica aos advogados, públicos ou privados, à Defensoria ou ao Ministério Público. Para essas pessoas, o juiz deverá oficiar o respectivo órgão de classe ou corregedoria, a quem caberá verificar a responsabilidade disciplinar do profissional. IV. Responsabilidade das partes por dano processual O art. 80 do CPC elenca uma série de atos caracterizadores da litigância de má-fé (como, por exemplo, deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei e alterar a verdade dos fatos). A responsabilidade do litigante de má-fé contempla: a) perdas e danos, pagos por aquele que litigar de má-fé, como autor, réu ou interveniente (CPC, art. 79). A indenização será fixada pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-la, haverá liquidação nos próprios autos (CPC, art. 81, § 3.º); e b) multa por litigância de má-fé, fixada de ofício ou a requerimento do interessado, em valor superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, sem prejuízo da indenização por perdas e danos e honorários advocatícios (CPC, art. 81). Assim, nos casos em que estiver presente uma das condutas descritas pelo art. 80 do CPC, é possível inserir na petição o requerimento de reconhecimento de litigância de má-fé da parte contrária, com a consequente imposição de multa, que consista em 1% a 10% do valor corrigido da causa, e a condenação a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu, arcando, ainda, com os honorários advocatícios e com todas as despesas processuais. 4.4. MODELO DE PETIÇÃO DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE ANÁPOLIS DO ESTADO DE GOIÁS Processo n. ... JOÃO ANDRADE, devidamente qualificada nos autos em epígrafe, por seu advogado (procuração anexa), com fundamento nos arts. 80 e ss. do Código de Processo Civil, vem manifestar-se conforme segue. I. DOS FATOS O Autor ajuizou ação indenizatória em face do Réu, alegando que saiu ferido de seu vizinho, por ter sido atacado por seu animal de estimação, requerendo indenização por danos materiais, em virtude dos gastos com medicamentos, bem como danos morais e estéticos, por ter sofrido ferimentos. Todavia, em depoimento pessoal realizado em audiência de instrução e julgamento, o Autor confessou que não gastou com medicamentos, tendo inventado tal relato para aumentar os valores indenizatórios. Essa é a breve síntese fática em que há de se aplicar o direito. II. DO DIREITO Como visto, o Autor, por meio de seu advogado, resolveu formular pedido sem apresentar qualquer fundamento para tanto. Isto demonstra clara má-fé, vez que sabe que o pleito não se baseia na verdade dos fatos. O CPC, através de vários dispositivos, impõe padrões de comportamento, os quais deverão ser respeitados pelos diversos atores processuais; e, ainda, punições específicas para eventuais infrações a tais padrões preestabelecidos. O art. 80 do CPC elenca as hipóteses em que se reconhece a litigância de má-fé. Uma delas é alterar a verdade dos fatos: “Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que: I – deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II – alterar a verdade dos fatos”. É exatamente o presente caso, em que a Autora tenta, sem qualquer propósito definido, alterar a verdade dos fatos para obter vantagem processual. Pior, não junta qualquer comprovante com gastos de medicamentos, mas se limita a alegar de forma genérica e leviana que efetuou os gastos. Gastos estes que reconheceu, em depoimento pessoal, não ter realizado. Desta forma, requer-se a condenação da autora ao pagamento da multa pela qual responde o litigante de má-fé (CPC, art. 81), em quantia a ser atribuída por Vossa Excelência. III. DOS PEDIDOS Do exposto, requer a Vossa Excelência o reconhecimento da prática de ato configurador de litigância de má-fé, com a condenação do Autor ao pagamento de multa, a ser arbitrada por Vossa Excelência em montante superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, bem como ao pagamento de indenização pelos prejuízos causados, honorários advocatícios e despesasrealizadas. Termos em que, Pede deferimento. Local e data... Advogado... OAB n. ... 4.5. Sucessão das partes e procuradores Em determinados casos previstos em lei, será possível a sucessão das partes e/ou de seus procuradores, isto é, a sua substituição por outros sujeitos, que passarão a ocupar a mesma posição jurídica na relação jurídico-processual. São duas as hipóteses em que a sucessão é admitida pela legislação: a) sucessão inter vivos (art. 109 do CPC): Com a citação do réu, há a estabilização da demanda (CPC, art. 239), de modo que o autor não pode alterar o elemento objetivo da lide, que consiste no pedido e na causa de pedir, sem o consentimento do réu. Do mesmo modo, o elemento subjetivo, isto é, as partes da relação processual se estabilizam com a citação do réu. Assim, a alienação do direito subjetivo sobre o qual funda a ação não permite a transmissão automática da situação de réu ou autor para o adquirente. É o que dispõe o art. 109 do CPC, ainda que um tanto imprecisamente, ao dizer que “a alienação da coisa – rectius, do direito subjetivo real sobre a coisa – ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não altera a legitimidade das partes”. A sucessão em vida tem como pressuposto a alienação do direito subjetivo que fundamenta a ação, mas isso não basta. É preciso que a parte contrária consinta com a alteração em um dos polos da relação processual (CPC, art. 109, § 1.º). De qualquer forma, caso não se obtenha o consentimento da parte contrária, o adquirente poderá intervir no processo como assistente litisconsorcial do alienante ou cedente (CPC, art. 109, § 2.º). Importante destacar que a alienação da coisa litigiosa – o que poderia caracterizar fraude – não tem efeito sobre a relação processual originária e, por expressa previsão legal, a sentença proferida nos autos terá efeito também sobre o adquirente ou cedente (terceiro), conforme dispõe o § 3.º do art. 109 do CPC. b) sucessão por morte (art. 110 do CPC): Em caso de morte de qualquer das partes, caberá ao juiz determinar a suspensão do processo com a fixação de prazo para sucessão do morto por seu espólio ou seus sucessores (art. 110 do CPC). Com a morte da parte, ocorrerá automaticamente a extinção do mandato outorgado ao advogado, que também perde seus poderes nos autos. O art. 330, §§ 1.º e 2.º, do CPC estabelece que o processo será suspenso em caso de morte ou perda da capacidade processual da parte, de seu representante legal ou de seu procurador. No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz concederá o prazo de 15 dias para a constituição de novo patrono, sob pena de: (i) extinção do processo sem resolução do mérito, se o autor não nomear novo procurador; (ii) prosseguimento do processo à revelia, caso o réu deixe de nomear novo advogado. Importante destacar que a parte poderá revogar o mandato outorgado ao advogado, e, se não constituir um novo imediatamente, será intimada a fazê-lo no prazo de 15 dias, sob pena de extinção (se do autor), revelia (se do réu ou do terceiro a ele vinculado) – art. 111 c/c art. 76 do CPC. O próprio advogado também pode renunciar ao mandato a qualquer tempo, comunicando a renúncia ao mandante para que nomeie outro sucessor, continuando a representar seu cliente durante os 10 dias seguintes. A comunicação será dispensada, caso a procuração tenha sido outorgada a vários advogados e a parte continuar representada pelos outros (CPC, art. 112). 4.6. Juiz e auxiliares I. Atribuições dos magistrados Os juízes têm a atribuição de condução dos processos, pugnando pela administração da Justiça e pela aplicação do direito ao caso concreto, em típica função de atividade jurisdicional do Estado. O art. 139 do CPC impõe ao magistrado as seguintes funções: a) assegurar às partes igualdade de tratamento; b) velar pela duração razoável do processo; c) prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias; d) determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; e) promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; f) dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; g) exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais; h) determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso; i) determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais; j) quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5.º da Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva. Importante destacar que, apesar de o juiz ter o poder de dilatar os prazos, deverá fazê-lo antes que aqueles se encerrem. O juiz não poderá se eximir de decidir sob alegação de lacuna ou obscuridade, podendo decidir por equidade somente nos casos permitidos por lei. A atividade decisória do juiz está restrita aos limites propostos pelas partes, sendo vedado conhecer de questões não suscitadas e a cujo respeito não poderia reconhecer de ofício (CPC, art. 141). Há responsabilidade pessoal do juiz, civil e regressiva, por perdas e danos, quando proceder com dolo ou fraude no exercício de suas funções; ou retardar, recusar, ou omitir, sem justo motivo, providência que deveria ordenar, de ofício ou a requerimento da parte, e sem apreciação em 10 dias. II. Impedimento e suspeição A imparcialidade do juiz decorre do próprio direito fundamental ao devido processo legal, ou seja, o julgador não pode mostrar-se favorável a uma das partes do processo, devendo decidir de acordo com o seu livre convencimento, baseado nas provas produzidas e nas regras da experiência prática. Buscando evitar a parcialidade do juiz, o CPC prevê as hipóteses de impedimento e suspeição, que, reconhecidas, devem levar ao seu afastamento do processo. Impedimento Suspeição Art. 144 do CPC Art. 145 do CPC Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: I – em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou Há suspeição do juiz: I – amigo íntimo ou inimigo de qualquer das prestou depoimento como testemunha; II – de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; III – quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; IV – quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; V – quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; VI – quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; VII – em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; VIII – em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; IX – quando promover ação contra a parte ou seu advogado. partes ou de seusadvogados; II – que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; III – quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; IV – interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. Circunstâncias objetivas que geram uma parcialidade absoluta Circunstâncias subjetivas que geram uma parcialidade relativa Rol taxativo Rol exemplificativo Pode ser reconhecida a qualquer tempo ou grau de jurisdição, inclusive em ação rescisória Deve ser alegada pela parte interessada no prazo de 15 dias, sob pena de preclusão O art. 146 do CPC prevê que a parte deverá alegar impedimento ou suspeição no prazo de 15 dias a contar do conhecimento do fato, por petição específica ao juiz do processo (não há mais exceção de impedimento ou suspeição). Caso o juiz reconheça o impedimento ou a suspeição, deverá ordenar imediatamente a remessa dos autos a seu substituto. Do contrário, ao recusar o impedimento ou a suspeição, o juiz apresentará suas razões, autuando em apartado a petição, acompanhada de documentos e rol de testemunhas, ordenando a remessa do incidente ao Tribunal. O incidente será distribuído ao relator, declarando seus efeitos (com ou sem efeito suspensivo). Acolhida a alegação, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos a um substituto legal, podendo o juiz recorrer, fixando o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado, declarando a nulidade dos atos praticados até esse momento. CUIDADO Se dois ou mais juízes forem parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro que conhecer do processo impede que o outro nele atue, caso em que o segundo se afastará, remetendo os autos ao seu substituto legal. ATENÇÃO As situações de impedimento e suspeição também são aplicáveis (art. 148 do CPC): a) aos membros do Ministério Público; b) aos auxiliares da justiça; e c) aos outros sujeitos imparciais do processo. 4.7. MODELO DE PETIÇÃO DE IMPEDIMENTO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE MORRETES DO ESTADO DO PARANÁ Processo n. ... MARCOS LEITE, devidamente qualificado nos autos da ação de obrigação de fazer proposta por CRISTIANO SILVA, vem, tempestivamente, por seu advogado (procuração anexa), com fundamento nos arts. 144, 146 e ss., do Código de Processo Civil, apresentar ARGUIÇÃO DE IMPEDIMENTO, conforme se segue. I. DOS FATOS O Autor propôs a presente ação de obrigação de fazer pelo rito comum em face do Réu, em razão de contrato para construção de sua residência, firmado por ambos (documento anexo). Todavia, ao se verificar o nome do signatário da petição inicial, constatou-se que o advogado do Autor tem o mesmo sobrenome deste juiz, ao qual foi distribuída a presente demanda. Desta forma, vale-se da presente para o reconhecimento do impedimento conforme se verá a seguir. II. DA TEMPESTIVIDADE O art. 146 do Código de Processo Civil determina que a parte deverá alegar o impedimento no prazo de 15 dias do conhecimento do fato. Cumpre-se, portanto, o prazo estipulado em lei, sendo plenamente tempestiva a presente arguição. III. DO DIREITO Como visto, o Autor, por meio de seu advogado, promoveu demanda em face do Réu, objetivando obrigação de fazer. No entanto, o advogado do autor, claramente, é irmão deste juiz da causa. Ao se examinar a petição inicial e os documentos que a acompanham, constata-se a relação de parentesco existente entre o advogado do autor e o juiz. Tal situação configura impedimento para o juiz exercer suas funções no processo, conforme previsto no art. 144, III, do CPC: “Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: [...] III – quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive”. Desta forma, requer-se o reconhecimento do impedimento deste magistrado, remetendo-se os autos ao seu substituto legal. IV. DOS PEDIDOS Do exposto, requer a Vossa Excelência: a) O reconhecimento do impedimento, com a remessa dos autos ao seu substituto legal, nos exatos termos do art. 146, § 1.º, do CPC. b) Caso não acolha o impedimento, que apresente suas razões de recusa, com eventuais documentos e testemunhas, remetendo-se o incidente ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. c) Ao final, seja reconhecido o impedimento pelo Tribunal, fixando- se o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado, declarando a nulidade dos atos praticados, condenando o magistrado nas custas e remetendo-se os autos ao seu substituto legal. Termos em que, Pede deferimento. Local e data... Advogado... OAB n. ... 4.8. MODELO DE PETIÇÃO DE SUSPEIÇÃO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 26.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE UBATUBA DO ESTADO DE SÃO PAULO Processo n. ... LUCAS LIMA, devidamente qualificado nos autos da ação indenizatória proposta por RODRIGO RODRIGUES, vem, tempestivamente, por seu advogado (procuração anexa), com fundamento nos arts. 145, 146 e ss., do Código de Processo Civil, apresentar ARGUIÇÃO DE SUSPEIÇÃO, conforme se segue. I. DOS FATOS O Autor propôs a presente ação de indenização pelo rito comum em face do Réu, em razão de colisão dos veículos de ambos. Todavia, há dois dias, o Réu verificou em rede social que o advogado do Autor é amigo íntimo do magistrado ao qual foi distribuída a presente demanda. Desta forma, vale-se da presente petição para o reconhecimento da suspeição, conforme se verá a seguir. II. DA TEMPESTIVIDADE O art. 146 do Código de Processo Civil determina que a parte deverá alegar o impedimento no prazo de 15 dias do conhecimento do fato. O Réu verificou a condição de amizade íntima há dois dias, conforme se pode constatar do print de tela da rede social em anexo. Cumpre-se, portanto, o prazo estipulado em lei, sendo plenamente tempestiva a presente arguição. III. DO DIREITO Como visto, o Autor, por meio de seu advogado, promoveu demanda em face do Réu objetivando ser indenizado. No entanto, o advogado do autor, claramente, é amigo íntimo do juiz da presente causa. Isso porque, conforme se pode constatar de fotos extraídas das redes sociais (em anexo), é possível verificar que há diversas situações de festas particulares em que este juiz e o advogado do Autor são flagrados jantando juntos, com suas respectivas famílias. Tal situação configura suspeição do juiz para exercer suas funções no processo, conforme previsto no art. 145, I, do CPC: “Artigo 145. Há suspeição do juiz: I – amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados”. Desta forma, requer-se o reconhecimento da suspeição deste magistrado, remetendo-se os autos ao seu substituto legal. IV. DOS PEDIDOS Do exposto, requer a Vossa Excelência: a) O reconhecimento da suspeição, com a remessa dos autos ao seu substituto legal, nos exatos termos do art. 146, § 1.º, do CPC. b) Caso não acolha a suspeição, que apresente suas razões de recusa com eventuais documentos e testemunhas, remetendo-se o incidente ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. c) Ao final, seja reconhecida a suspeição pelo Tribunal, fixando-se o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado, decretando a nulidade dos atos praticados, condenando o magistrado nas custas e remetendo-se os autos ao seu substituto legal. Termos em que, Pede deferimento. Local e data... Advogado... OAB n. ... 4.9. Litisconsórcio O litisconsórcio representa a pluralidade de sujeitos em um ou em ambos os polos da ação. Trata-se de modalidade de cumulação subjetiva, ou seja, mais de um autor ou réu na demanda (CPC, art. 113). Duas ou maispessoas poderão figurar no mesmo polo da ação quando: a) entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; b) entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; e c) ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito. O art. 113 poderia ter resumido o cabimento do litisconsórcio às situações em que houvesse conexão ou afinidade de questões entre as pretensões dos indivíduos que desejassem figurar como litisconsortes. I. Limitação do litisconsórcio (ou litisconsórcio multitudinário) O Código de Processo Civil não prevê um número máximo de litisconsortes, o que pode representar dificuldade na relação processual. Desta forma, o juiz poderá limitar o número de litisconsortes, desde que se trate de litisconsórcio facultativo, e quando houver comprometimento da rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento de sentença. O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que começará a correr novamente da intimação da decisão do juiz acerca da limitação. ATENÇÃO Da decisão judicial que rejeita o pedido de limitação de litisconsorte, caberá agravo de instrumento (CPC, art. 1.015, VIII). 4.10. MODELO DE PETIÇÃO PARA LIMITAÇÃO DE LITISCONSÓRCIO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 26.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Processo n. ... GERALDO FERNANDES, devidamente qualificado nos autos em epígrafe, vem, tempestivamente, por seu advogado, com fundamento no art. 113, § 2.º, do Código de Processo Civil, manifestar-se conforme segue. I. DOS FATOS Os Autores propuseram demanda em face do Réu, requerendo o ressarcimento pelos danos causados em seus imóveis em razão de reforma realizada nos bens em questão. Todavia, no polo ativo da demanda há trezentos autores, havendo requerimento de oitiva de testemunhas. O número de litigantes merece limitação, conforme se verá a seguir. II. DO DIREITO Como visto, os autores, por meio de seu advogado, resolveram unir- se a fim de propor a presente demanda, totalizando trezentas pessoas no polo ativo, requerendo a produção de prova testemunhal. Por outro lado, o número excessivo de demandantes comprometerá a rápida solução do litígio, bem como dificultará a defesa. Isso porque, a princípio, o Código de Processo Civil prevê que cada autor possui o direito de arrolar até 10 testemunhas: “Art. 357. [...] § 6.º O número de testemunhas arroladas não pode ser superior a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo, para a prova de cada fato”. Em razão da possibilidade de ouvir-se um número de 300 (trezentas) testemunhas, infere-se que a intimação acarretaria grave interferência na rápida solução do processo. Além disso, a defesa restaria severamente prejudicada para impugnar, ouvir e comparecer às audiências a serem designadas. Em razão disso, o art. 103, § 2.º, do CPC permite a limitação do litisconsórcio, a fim de sanar os danos decorrentes de seu número excessivo. Desta forma, requer-se a limitação dos litisconsortes, em quantia a ser atribuída por Vossa Excelência. III. DOS PEDIDOS Do exposto, requer-se à Vossa Excelência o reconhecimento da necessidade de limitação do litisconsórcio, a ser realizado conforme se entenda conveniente, esclarecendo-se que a contestação será apresentada em tempo oportuno, tendo em vista a interrupção do prazo (CPC, art. 113, § 2.º). Termos em que, Pede deferimento. Local e data... Advogado... OAB n. ... 5 COMPETÊNCIA Legislação aplicável Arts. 21 a 25 e 42 a 66 do CPC A atividade jurisdicional, em regra, é una e indivisível. Ou seja, um mesmo juiz poderia resolver causas cíveis, trabalhistas, eleitorais, tributárias, militares etc. Mas isso traria uma série de inconvenientes, desde a sobrecarga de número de processos até a ausência de prestação jurisdicional adequada. Assim, a legislação limita a atividade jurisdicional em competências. Portanto, a competência é a extensão da jurisdição concedida ao julgador, sendo sempre definida pela legislação, seja a Constituição Federal (arts. 92 a 126), seja a infraconstitucional (CPC), seja, ainda, as estaduais (divisão em varas de família e sucessões, varas de registros públicos, varas empresariais etc.) A competência pode ser internacional ou interna. Na competência internacional existe a concorrente, possibilitando a propositura da ação no Brasil ou no exterior, e a exclusiva nacional, que determina a propositura da ação exclusivamente no Brasil: Concorrente (arts. 21 e 22, CPC) Exclusiva (art. 23, CPC) I) Réu, pessoa natural ou jurídica, de qualquer nacionalidade, que esteja domiciliado no Brasil (incluem-se aqui ações de alimentos ou decorrentes da relação de consumo). II) Obrigação que deva ser cumprida no Brasil (mesmo que ambos os contratantes sejam estrangeiros). III) Quando o ato ou fato ocorreu no Brasil, ainda que praticado por estrangeiro. IV) Em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. I) ações relativas a imóveis situados no Brasil. II) em matéria de sucessão hereditária, ao proceder à confirmação de testamento particular, ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, mesmo que o autor da herança seja estrangeiro ou tenha domicílio no exterior. III) em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. É bom ressaltar que, na competência internacional concorrente, a propositura de ação perante o tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. A competência interna, por sua vez, subdivide-se em: (i) material; (ii) funcional; (iii) por valor da causa; (iv) territorial. A competência material leva em consideração a matéria que está sendo discutida, que é determinada pelo pedido do autor e pela causa de pedir. Por exemplo: o pedido do autor é o reconhecimento de vínculo empregatício, portanto a ação será de competência da Justiça do Trabalho. A competência funcional se baseia na função do juiz no processo. Por exemplo: é funcional a competência do juiz da ação principal para o processamento dos embargos de terceiro. O valor da causa também pode ser utilizado como critério de atribuição de competência do órgão julgador. Os Juizados Especiais Cíveis são competentes para conhecerem de causas cujo valor não ultrapasse 40 salários mínimos. Já os Juizados Especiais Federais e os Juizados Especiais da Fazenda Pública têm competência para causas de até 60 salários mínimos. Por fim, a competência territorial leva em consideração o foro, ou seja, a comarca em que a ação deverá ser distribuída. Em sua maioria, as distribuições de competência territorial estão contidas nos arts. 46 a 53 do CPC. A competência interna é, ainda, classificada em absoluta (material e funcional), quando o interesse é público, não podendo ser modificada; e relativa (valor da causa e territorial), quando o interesse é privado e pode ser modificada. Em geral, as competências material e funcional são absolutas, enquanto as de valor de causa e territorial são relativas. A exceção ocorre no que diz respeito à competência dos Juizados Especiais Federais e da Fazenda Pública, cuja competência é sempre absoluta, nos termos do art. 3.º, § 3.º, da Lei n. 10.259/2001, e art. 2.º, § 4.º, da Lei n. 12.153/2009. Para que se defina qual órgão jurisdicional é competente para conhecer da ação, é preciso que se respondam 3 (três) perguntas. Vejamos: 1.ª Pergunta: É competência de Tribunal Superior ou de 2.º grau? – Analisar se é competência dos Tribunais Superiores: STF (art. 102, I, CF) ou do STJ (art. 105, I, CF); e – Caso não seja, analisar se é competência do TRF (art. 108, I, CF). Não sendo, verificar se é competência de Tribunalde Justiça (por exemplo, ação rescisória de seus julgados). 2.ª Pergunta: É competência da Justiça Federal ou Estadual? Verificar se é competência da Justiça Federal, certificando-se se há ente federal envolvido, como autor, réu ou interveniente, com base no art. 109 da Constituição Federal, a saber: União, autarquia, empresa pública federal. Por exemplo: em uma ação de execução envolvendo a Caixa Econômica Federal, não sendo competência da Justiça Federal, a competência será, por exclusão, da Justiça Estadual. CUIDADO As ações que envolvam empresa de economia mista, como é o caso da Petrobras, deverão ser processadas perante a Justiça Estadual. 3.ª Pergunta: Qual o Foro/Comarca competente? Verificar as regras no CPC, principalmente os arts. 46 a 53 do CPC. É possível constatar a existência de uma regra geral e de regras especiais, vejamos: a) regra geral (CPC, art. 46): será competente o domicílio do Réu para o processamento de ações que envolvam direito pessoal ou real fundadas em bem móvel. Por exemplo: ações relacionadas à execução de contratos sobre bens móveis, obrigações etc. Alguns desdobramentos da regra geral: – se o réu possuir mais de um domicílio: a ação poderá ser proposta em qualquer um deles; – se não se souber o domicílio do réu: a ação poderá ser proposta onde for encontrado ou no domicílio do autor; – se o réu não tiver domicílio no Brasil: a ação será proposta no domicílio do autor. Caso o autor, também não tenha domicílio no Brasil, a ação poderá ser proposta em qualquer comarca; – se houver mais de 2 réus: a ação será proposta no domicílio de qualquer deles, ficando a escolha a critério do autor; – se o réu for ausente: a ação será proposta no local de seu último domicílio (CPC, art. 49); – se o réu for incapaz: a ação será proposta no local do domicílio do representante (CPC, art. 50); – se o réu for pessoa jurídica: a ação será proposta na sede da empresa (CPC, art. 53, III, a). Mas também poderá ser o local da filial, se esta tiver contraído a obrigação (CPC, art. 53, III, b), ou o local onde exerce a atividade, se a sociedade não tiver personalidade jurídica (CPC, art. 53, III, c). b) regras especiais: – para ação envolvendo direitos reais sobre bens imóveis será competente o foro do local do imóvel (CPC, art. 47). Todavia, o autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição, se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras ou nunciação de obra nova. ATENÇÃO A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. – Nas ações de inventário, partilha, arrecadação, cumprimento de disposições de última vontade, impugnação ou anulação de partilha extrajudicial, e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro, deverá ser observada a seguinte regra de competência (CPC, art. 48): (i) foro do domicílio do autor da herança (de cujus); (ii) foro do local dos bens imóveis, se o de cujus não possuía domicílio certo; (iii) se os bens estiverem em locais diferentes, ou forem bens móveis, será competente o foro do local em que se situa qualquer deles. – O art. 53 do CPC possui várias regras especiais a serem observadas: Art. 53. É competente o foro: I – para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável: a) de domicílio do guardião de filho incapaz; b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; d) de domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). II – de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; III – do lugar: a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica; b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu; c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica; d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento; e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto; f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício; IV – do lugar do ato ou fato para a ação: a) de reparação de dano; b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios; V – de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves. Deve-se observar, ainda, as seguintes regras de competência para tutela provisória (CPC, art. 299), ações de execução fundadas em título executivo judicial (CPC, art. 516) e título executivo extrajudicial (CPC, art. 781): Art. 299. A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando antecedente, ao juízo competente para conhecer do pedido principal. Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, na ação de competência originária de tribunal e nos recursos a tutela provisória será requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito. Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: I – os tribunais, nas causas de sua competência originária; II – o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem. Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo competente, observando-se o seguinte: I – a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de eleição constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos; II – tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de qualquer deles; III – sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio do exequente; IV – havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do exequente; V – a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida o executado. Além dos casos previstos no Código de Processo Civil, existem alguns casos específicos, na Lei de Locações, que prevê como competente para as ações locatícias o local do imóvel ou foro de eleição (Lei n. 8.245/91, art. 58, II), e no Código de Defesa do Consumidor, que estabelece como sendo privilegiado o foro do domicílio do consumidor (CDC, art. 101, I). TUTELAS PROVISÓRIAS Legislação aplicável Arts. 294 e ss. do CPC 6.1. Introdução No momento em que uma parte busca do Poder Judiciário uma resposta, dizemos que ela procura a obtenção de uma tutela jurisdicional do Estado, que normalmente vem por meio de uma sentença, chamada de tutela definitiva. Todavia, sabemos que essa tutela definitiva pode demorar22, tornando-se inútil para quem a requereu. Sabedor da demora natural de um processo, o legislador prevê a obtenção da tutela jurisdicional de forma provisória, isto é, concedida por meio de cognição sumária (superficial). O Código de Processo Civil, seguindo esta linha, prevê um Livro V especificamente destinado às tutelas provisórias, dividindo-as em tutela de urgência e de evidência (CPC, art. 294). Tutelas provisórias de urgência são aquelas queenvolvem perigo, risco de dano à parte ou ao resultado útil do processo, em virtude da demora em se receber a tutela definitiva. Por exemplo: se o autor necessita de um medicamento, imediatamente, sob o risco de morte, o perigo da demora surge, e, se o medicamento não for fornecido, o requerente falecerá, de nada adiantando aguardar até o final do processo. Por outro lado, as tutelas provisórias de evidência não necessitam do perigo na demora. Ao contrário, são concedidas diante do alto grau de probabilidade do direito do requerente, sem a demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo. As hipóteses em que se concede a tutela de evidência estão arroladas no art. 311 do CPC. Por exemplo, quando houver manifesto propósito protelatório de uma parte. Os Exames de Ordem têm exigido do candidato o pedido de tutela provisória de urgência, vale dizer, alguma medida a ser tomada de forma que, se assim não ocorrer, o direito do autor corre sérios riscos de não ser atendido. Muita confusão se tem feito acerca de quais são as tutelas provisórias de urgência, que podem ser chamadas, genericamente, de liminares. Dentro das tutelas provisórias de urgência, estão inseridas as tutelas antecipadas e as cautelares, que podem ser requeridas antes ou incidentalmente no processo, e as liminares específicas. Resumo: DICA Para identificação da necessidade de uma liminar, devemos fazer um raciocínio excludente, iniciando pelas liminares específicas previstas no Código de Processo Civil ou em leis específicas. Não sendo caso de liminar específica, a tutela provisória de urgência a ser requerida poderá ser uma tutela antecipada ou uma tutela cautelar. 6.2. Liminares Específicas De início, é necessário identificar se se trata de situação específica prevista pela legislação. O próprio Código de Processo Civil prevê liminares para casos específicos, como no caso da Ação Possessória (CPC, art. 562) e dos Embargos de Terceiro (CPC, art. 678). A legislação especial também pode apresentar liminares específicas. A título de exemplo, encontramos liminares específicas nas seguintes leis: (i) Mandado de segurança – art. 7.º, III, da Lei n. 12.016/2009; (ii) Ação de Alimentos – art. 4.º da Lei n. 5.478/68 (iii) Ação Civil Pública – art. 12 da Lei n. 7.347/85; e (iv) Ação de Despejo – art. 59, § 1.º, da Lei n. 8.425/91. Nesses casos, como a liminar não é uma ação, mas um mero incidente, basta abrir um capítulo na petição (que pode ser inicial) e argumentar a presença dos requisitos gerais da liminar, bem como a presença desses requisitos no caso concreto. 6.3. Tutelas Provisórias de Urgência – Antecipada ou Cautelar Não havendo previsão de liminar específica, será necessário observar se o caso concreto prevê uma situação de perigo/risco. Caso a resposta seja positiva, a liminar a ser requerida poderá ser uma tutela antecipada ou cautelar. Sendo caso de tutela antecipada ou de cautelar, o art. 300 do CPC prevê os mesmos requisitos: (i) probabilidade do direito: é a demonstração da razão pela qual seu cliente merece a tutela em razão do direito que possui; e (ii) perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo: é a demonstração das lesões que poderão advir da não concessão da medida. Observe-se que, especificamente para a tutela antecipada, ainda será necessário comprovar que há reversibilidade da medida (art. 300, § 3.º, do CPC), isto é, que, ao final, a medida concedida pelo juiz poderá ser desfeita. Em ambos os casos, o magistrado, antes de conceder a medida, poderá exigir caução da parte requerente (garantia) e designar audiência de justificação prévia. Mesmo assim, a depender do caso concreto, será necessário identificar se o requerimento terá natureza de tutela antecipada ou cautelar, exigindo-se a diferenciação. 6.4. Tutela Antecipada A tutela antecipada é a tutela provisória de urgência requerida com a finalidade de antecipar os efeitos de uma futura sentença. Isto é, trata-se de uma medida satisfativa para obter o que, ao final, o requerente receberia em sentença. Importante destacar que, nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, será possível requerer uma tutela antecipada antecedente, muito mais simples que a elaboração de uma petição inicial completa. Nesse caso, segundo o art. 303 do CPC, a petição inicial se limitará à exposição do problema, do direito e do requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final. Obtida a tutela antecipada, o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 dias ou em outro prazo, maior, que o juiz fixar. O réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação. Caso concedida, se o réu não recorrer da decisão, a tutela se tornará estável e o processo será extinto. ESTRUTURA DA TUTELA PROVISÓRIA ANTECIPADA ANTECEDENTE ENDEREÇAMENTO Competência Juízo da ação principal. Analisar as regras de competência dos arts. 46 a 53 do CPC, previstas no Capítulo 5. PREÂMBULO Partes Autor e Réu. Qualificações completas, previstas no Capítulo 8. Nome da peça Tutela Provisória Antecipada Antecedente. Fundamento legal Arts. 303 e 304 do Código de Processo Civil. I. DA EXPOSIÇAO DA LIDE – Relação jurídica que une as partes. – Causa do litígio. – Consequência jurídica. II. DO DIREITO – Demonstrar as consequências jurídicas dos fatos ocorridos. O direito que se busca realizar imediatamente. III. DO RISCO DE DANO – Demonstrar os danos que advirão caso a tutela não seja concedida. – Mencionar, também, a reversibilidade da medida (art. 300, § 3.º, CPC). IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A concessão da tutela antecipada antecedente e sua finalidade. b) A citação e intimação do Réu para comparecer em audiência de conciliação ou de mediação (303, § 1.º, II, do CPC) e recorrer, se quiser, sob pena de estabilização da demanda (art. 304, caput, do CPC). c) A informação de que o Autor se vale da medida antecedente. d) A juntada de custas iniciais. e) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). f) A informação de aditamento em 15 dias (art. 303, § 1.º, I, do CPC). Valor da causa Valor da ação principal – art. 303, § 4.º, do CPC Peculiaridades – Requerimento de citação e intimação do Réu para comparecer em audiência de conciliação ou de mediação a ser designada (303, § 1.º, II, do CPC). – Informar que o Autor se vale do disposto no art. 303, caput, do CPC. – Informar que, no prazo de 15 dias, aditará a inicial (art. 303, § 1.º, I, do CPC). 6.5. MODELO De TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 7.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CATALÃO DO ESTADO DE GOIÁS DOUGLAS NOGUEIRA..., nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado (procuração anexa), com fundamento nos arts. 303 e 304 do Código de Processo Civil, requerer TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE em face de SAUDÁVEL S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n. ... endereço eletrônico..., com sede na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. I. DA EXPOSIÇÃO DA LIDE O Autor firmou contrato de plano de Saúde com a Ré, cujos termos identificam as coberturas de cirurgias e tratamentos de forma genérica, pagando em dia todas as mensalidades contratualmente previstas. Ao adentrar em sua residência, o Autor passou a sentir fortes dores abdominais, dirigindo-se ao pronto-socorro mais próximo. Ao passar por uma série de exames, o Autor foi diagnosticado com apendicite, determinando-se a cirurgia imediata, diante da gravidade de seu quadro. Todavia, a despeito da determinação médica, o hospital informou que a cirurgia não teria sido aprovada pela Ré em função da inexistência de cobertura contratual para o procedimento médico necessário, gerando aurgência da presente medida. II. DO DIREITO Inicialmente, cumpre destacar que se trata de relação de consumo, uma vez que o Autor utiliza o serviço como destinatário final (art. 2.º do CDC), e a Ré é fornecedora, por ser prestadora de serviços (art. 3.º do CDC). Em razão disso, o contrato de plano de saúde firmado deve ser interpretado em favor do consumidor, nos exatos termos do art. 47 do Código de Defesa do Consumidor: “Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.” Do dispositivo em questão verifica-se que, ainda que o contrato contenha disposições genéricas a respeito da cobertura de cirurgias, suas disposições devem ser interpretadas em favor do Autor, devendo a Ré arcar com todas as despesas referentes ao procedimento médico a ser realizado. Ademais, é direito básico do consumidor a informação adequada e clara sobre as especificações dos serviços, conforme o teor do art. 6.º, III do CDC, não havendo qualquer cláusula contratual que exclua a cirurgia em questão. Portanto, presente o direito do Autor de obter a tutela antecipada. III. DO RISCO DE DANO Além da presença da probabilidade do direito do Autor, o art. 300 do Código de Processo Civil dispõe que a tutela de urgência será concedida se presente o risco de dano. No presente caso, se o Autor não for imediatamente submetido ao procedimento cirúrgico, sofrerá sérios danos físicos, havendo risco de morte, conforme diagnóstico médico. Além disso, a medida é plenamente reversível, pois, se ao final da demanda o Autor tornar-se sucumbente, devolverá os valores despendidos pela ré. Desta forma, presente o risco de dano que autoriza a medida antecipatória solicitada. IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Diante do exposto, requer: a) A concessão da tutela antecipada antecedente, no sentido de determinar à Ré a cobertura integral de todas as despesas referentes ao procedimento cirúrgico necessário. b) A citação e a intimação da Ré para comparecer em audiência de conciliação ou mediação a ser designada (303, §1.º, II, do CPC), e recorrer, se quiser, sob pena de estabilização da demanda (art. 304, caput, do CPC). c) A informação de que o Autor se vale do disposto no art. 303, caput, do CPC, juntando-se as custas iniciais em anexo. d) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. Informa, ao final, que, no prazo de 15 dias, aditará a inicial, cumprindo-se com o determinado no art. 303, §1.º, I, do CPC. Dá à causa o valor de R$ ... (valor por extenso). Termos em que, Pede deferimento... Local e data... Advogado... OAB n. ... 6.6. Aditamento da Tutela Antecipada Antecedente Como visto, muito embora o Autor tenha apresentado sua petição inicial mais sucinta, o art. 303, § 1.º, I, do Código de Processo Civil exige do autor seu aditamento, com a complementação da argumentação, juntada de novos documentos e confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar. O modelo do aditamento não foge das características da petição inicial comum (Capítulo 8 do livro) e pode ser assim sintetizado: ESTRUTURA DO ADITAMENTO ENDEREÇAMENTO Competência Mesmo Juízo da tutela antecipada antecedente. PREÂMBULO Partes Autor e Réu já qualificados. Nome da peça Aditamento à Inicial. Fundamento legal Arts. 303, § 1.º, do Código de Processo Civil. I. DOS FATOS – Relatar II. DO DIREITO – Complementar a argumentação da inicial apresentada. III. DOS PEDIDOS a) A procedência da demanda, com a confirmação da tutela antecipada já concedida. b) A juntada de documentos novos. Valor da causa – Não há (o valor da causa já foi inserido na petição inicial de tutela antecipada antecedente). Peculiaridades – Complementação da argumentação e juntada de novos documentos (303, § 1.º, I, do CPC). 6.7. MODELO DE ADITAMENTO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE NATAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE Processo n. ... LEANDRO MATIAS, já qualificado nos autos da presente demanda, vem, por seu advogado, com fundamento no art. 303, § 1.º, I, do Código de Processo Civil, requerer o ADITAMENTO À INICIAL em ação de obrigação de fazer, proposta em face de SAUDÁVEIS S/A, pelos motivos a seguir expostos. I. DOS FATOS Conforme exposto na inicial, o Autor contratou a Ré como operadora de seu plano de saúde, estando com todas as mensalidades em dia. Porém, necessitou o Autor de cirurgia urgente em razão de apendicite diagnosticada pelo próprio hospital, tendo a Ré se negado a arcar com a cobertura dos custos do referente procedimento cirúrgico. Para tanto, foi concedida a tutela antecipada, a fim de que a Ré custeasse toda a cirurgia realizada, prosseguindo-se com a demanda para o fim de reconhecimento da obrigação de pagar em definitivo por todo o tratamento. II. DO DIREITO Conforme destacado, trata-se de evidente relação de consumo, regida pelo Código de Defesa do Consumidor, cujo dispositivo determina a interpretação favorável ao consumidor das cláusulas contratuais (art. 47 do CDC). Veja-se que, conforme a cláusula XX do contrato ora juntado aos autos, não há qualquer restrição ao custeio do plano quanto à cirurgia requerida, o que leva a crer que a recusa deliberada da Ré está despida de qualquer fundamento contratual. Além disso, o comportamento apresentado destoa dos deveres do prestador de serviços, previstos no art. 6.º, III, do CDC, inexistindo disposição específica no contrato que impeça o pagamento dos valores. “Art. 6.º São direitos básicos do consumidor: [...] III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem”. Desta forma, presente o direito do Autor de obter a tutela definitiva, com a obrigação de custeio pela Ré de todas as despesas médicas necessárias. III. DOS PEDIDOS Diante do exposto requer: a) A confirmação da tutela antecipada concedida, julgando procedente a demanda para condenar a Ré ao pagamento das despesas referentes ao tratamento médico do Autor. b) A juntada de novos documentos, nos termos do art. 303, § 1.º, I, do CPC, protestando-se, desde já, pela produção de todas as provas em Direito admitidas. Termos em que, Pede deferimento. Local e data... Advogado... OAB n. ... 6.8. Tutela Cautelar Antecedente A tutela cautelar, diferentemente da tutela antecipada, apenas visa a resguardar o direito do Autor em receber ao final do processo aquilo que almeja. Em verdade, a cautelar não antecipa ao requerente o que ele receberia ao final (objeto da tutela antecipada), mas garante o resultado útil do processo, que corre riscos de, ao seu término, não entregar à parte vencedora o objeto da demanda. Essa medida também pode ser requerida antes do processo, por meio de petição, indicando a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. ESTRUTURA DA TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE ENDEREÇAMENTO Competência Juízo da ação principal. Analisar as regras de competência dos arts. 46 a 53 do CPC, previstas no Capítulo 5. PREÂMBULO Partes Autor e Réu. Qualificação completa, prevista no Capítulo 8. Nome da peça Tutela Provisória Antecipada Antecedente. Fundamento legal Arts. 305 e ss. do Código de Processo Civil. I. DA EXPOSIÇAO DA LIDE E SEU FUNDAMENTO – Relação jurídica que une as partes: – Causa do litígio: – Consequência jurídica: II. DA EXPOSIÇAO SUMÁRIA DO DIREITO – Demonstrar as consequências jurídicas dos fatos ocorridos. A garantia do processo que se busca realizar imediatamente. III. DO RISCO AO RESULTADO ÚTIL – Demonstrar os danos processuais que advirão caso a cautelar não seja concedida. IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A concessão da tutela cautelar antecedente e a sua finalidade. b) Subsidiariamente, o acolhimento da fungibilidadepara, se o magistrado assim entender, que seja concedida a tutela antecipada (art. 305, parágrafo único, do CPC). c) A citação do Réu para, em 5 dias, apresentar Contestação. d) A informação de aditamento, em 30 dias. e) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). f) A juntada das custas. g) Protesto por provas. Valor da causa Valor do benefício pretendido Peculiaridades – Requerimento de citação, para contestar no prazo de 5 dias, sob pena de presunção de veracidade dos fatos (arts. 306 e 307 do CPC). – Informar que, no prazo de 30 dias, aditará a inicial, indicando-se a lide e seu fundamento (art. 308 do CPC). 6.9. MODELO DE TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE MACEIÓ DO ESTADO DE ALAGOAS LEONARDO COSTA, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado (procuração anexa), com fundamento nos arts. 305 e ss. do Código de Processo Civil, requerer TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE em face de JOSÉ CAMARGO, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. I. DA EXPOSIÇÃO DA LIDE E SEU FUNDAMENTO O Autor firmou negócio jurídico com o Réu para exercer determinada atividade de manutenção de seus computadores, sob a contraprestação de, ao fim, receber o valor de R$ 50.000,00. Todavia, a despeito de o Autor ter realizado a integralidade dos serviços, o Réu deixou de pagar o valor avençado, iniciando o desfazimento de seus bens e avisando aos vizinhos a sua mudança de domicílio para local distante. Surge, daí, a necessidade de o Autor garantir o eventual pagamento da contraprestação de suas atividades. II. EXPOSIÇÃO SUMÁRIA DO DIREITO Verifica-se, no caso concreto, que, a despeito do negócio jurídico firmado entre as partes, o Réu não cumpriu com o seu dever de efetuar o pagamento no valor de R$ 50.000,00, surgindo o débito a ser pago. Como restou frustrado o adimplemento do Réu desde a data da conclusão dos serviços prestados, surge sua situação de mora, prevista nos arts. 394 e 395 do Código Civil. Desta forma, tem o Autor direito de receber os valores acordados. III. DO RISCO AO RESULTADO ÚTIL Como visto, o Autor detém o direito de obter a contraprestação pelos serviços prestados, e que não foi paga pelo Réu. É sabido que o art. 300 do Código de Processo Civil permite a obtenção da tutela cautelar desde que reste demonstrado o risco ao resultado útil do processo. No caso concreto, o Réu efetivamente está arruinando seu patrimônio, alienando todos os seus bens, com o fim de não arcar com seu dever de adimplir os valores devidos. Ora, caso a presente tutela cautelar não seja concedida, a despeito de propositura de ação de conhecimento para cobrança, eventual sentença condenatória se tornará inócua, uma vez que o Réu já não possuirá patrimônio apto a solver a dívida. Portanto, é evidente o risco ao resultado útil do processo, caracterizador da presente medida de urgência para o fim de apreender os bens do Réu e impedi-lo de desfazer-se de seu patrimônio. IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Diante do exposto requer: a) A concessão da tutela cautelar antecedente, no sentido de determinar a apreensão de tantos bens quanto bastem para resguardar o direito do Autor em receber o valor de R$ 50.000,00, e, caso assim não entenda Vossa Excelência, que seja observada a fungibilidade para a tutela antecipada, nos termos do art. 305, parágrafo único, do CPC. b) A citação do Réu para, em 5 dias, contestar o pedido, sob pena de presunção de veracidade dos fatos alegados (art. 307 do CPC). Informa, ao final, que, no prazo de 30 dias, aditará a inicial, indicando-se desde já a lide e seu fundamento, no sentido de promover a cobrança com base no negócio jurídico firmado, cumprindo-se com o determinado no art. 308 do CPC, juntando-se as custas iniciais em anexo. Protesta por provar o alegado por todos os meios em direito admitidos. Dá à causa o valor de R$ 50.000,00 (valor da causa do pedido principal). Termos em que, Pede deferimento. Local e data... Advogado... OAB n. ... INTERVENÇÃO DE TERCEIROS Legislação aplicável Arts. 119 e ss. do CPC Intervenção de terceiros é a figura processual que possibilita a participação de um terceiro no processo. O terceiro é aquele que não é parte na relação processual. Essa participação poderá acontecer de duas formas, quais sejam, voluntária ou provocada. Na modalidade voluntária, também denominada espontânea, o terceiro manifesta sua vontade de ingressar na demanda. Já na provocada, uma das partes busca trazer o terceiro para o processo independentemente de sua vontade. Destaca-se, ainda, que existe uma única modalidade em que o juiz poderá determinar a participação do terceiro de ofício, qual seja, o amicus curiae. São cinco as modalidades de intervenção de terceiros previstas no CPC, quais sejam, a assistência, a denunciação da lide, o chamamento ao processo, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e o amicus curiae. A assistência e o amicus curiae são modalidades de intervenção de terceiros voluntária. A denunciação da lide, o chamamento ao processo, o incidente de desconsideração da personalidade e o amicus curiae ocorrem como intervenção de terceiros provocada. Passemos a tratar de cada espécie de intervenção de terceiros, individualmente, e a forma que deve ser apresentada no processo. 7.1. ASSISTÊNCIA Haverá assistência sempre que o terceiro tenha interesse jurídico de que uma das partes vença a demanda. O objetivo é ajudar, auxiliar, para que o Autor ou o Réu vença a demanda. A qualquer tempo, por simples petição, o assistente formula o pedido para participar do processo, demonstrando o interesse jurídico. É o caso, por exemplo, de um sublocatário que formula o pedido de assistência em uma demanda movida pelo locador contra o locatário. 7.1.1. Modelo de petição de assistência EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 27.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE RECIFE DO ESTADO DE PERNAMBUCO Processo n. ... VANESSA MARIA, nacionalidade, estado civil, profissão, inscrita no RG n. ..., CPF n. ..., residente e domiciliada na Rua ... (endereço completo), endereço eletrônico..., por meio de seu advogado (procuração anexa), vem a presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 119 e ss. do Código de Processo Civil, apresentar pedido de ASSISTÊNCIA, nos autos da AÇÃO DE DESPEJO PELO RITO COMUM que ANDREIA SILVA move em face de TEREZA ELINE, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. Trata-se de uma ação de despejo movida por ANDREIA SILVA, locadora, em face de TEREZA ELINE, locatária, referente ao imóvel de matrícula n. ..., situado na Rua ... (endereço completo), sob alegação de descumprimento do disposto no art. 23, inciso II, da Lei n. 8.245/91, qual seja, desvirtuamento da finalidade da locação. Ocorre que a locatária firmou com VANESSA MARIA um contrato de sublocação, conforme autorizado expressamente pelo contrato de locação celebrado entre as partes do presente processo. Prevê o art. 119 do Código de Processo Civil: “Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la. Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre”. O interesse jurídico é latente, já que VANESSA MARIA possui contrato de sublocação com TEREZA ELINE, e pretende auxiliá-la na demanda movida por ANDREIA SILVA, ficando, assim, demonstrado que será atingida pelo provimento jurisdicional da presente demanda, o que a permite ingressar como assistente. Assim sendo, serve apresente petição para requerer: a) A intimação das partes, para que se manifestem no prazo de 15 (quinze) dias acerca do presente pedido de assistência, conforme disposto no art. 120 do CPC. b) Que, após o prazo de 15 (quinze) dias, com ou sem a manifestação das partes, seja deferido o pedido para conceder a VANESSA MARIA a participação nestes autos como assistente da Ré. Termos em que, Pede deferimento. Local e data... Advogado... OAB n. ... 7.2. DENUNCIAÇÃO DA LIDE Consiste na possibilidade de o Autor, na petição inicial, e do Réu, na contestação, exercerem o direito de regresso contra um terceiro, nos próprios autos da ação principal. Tem por objetivo trazer ao processo o garantidor de uma relação jurídica, com a finalidade de gerar economia processual. A denunciação da lide amplia o objeto do processo, passando a existir a ação do Autor em face do Réu, e a do Denunciante em face do Denunciado. Lembrando que somente poderá ser admitida uma única denunciação sucessiva. Não é mais possível a chamada denunciação da lide per saltum, outrora admitida nas ações de evicção para que o adquirente pudesse denunciar a lide qualquer antigo proprietário do bem. O art. 125 do Código de Processo Civil prevê as hipóteses de cabimento: “Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: I – ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam; II – àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo”. O pedido de denunciação da lide será feito através de abertura de um tópico próprio, com o requerimento de citação do Denunciado, para contestar o pedido, nos termos do art. 126 do CPC. 7.3. CHAMAMENTO AO PROCESSO Consiste na possibilidade de o Réu trazer ao processo o coobrigado em determinada relação jurídica. Será feita na própria contestação. Os coobrigados serão considerados litisconsortes passivos. Deverá ser aberto um tópico próprio, destacando a relação jurídica existente entre o Réu e o chamado ao processo, requerendo sua citação para integrar o polo passivo da demanda. O cabimento é delimitado pelas hipóteses do art. 130 do CPC, quais sejam: “Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: I – do afiançado, na ação em que o fiador for réu; II – dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; III – dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum.” O réu deverá promover a citação do chamado ao processo no prazo de 30 dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento (art. 131 CPC), salvo se residir em outra comarca ou lugar incerto, hipótese em que o prazo será de 2 (dois) meses. 7.4. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA Tem por objetivo promover a responsabilização dos sócios pelos débitos da sociedade ou, de forma inversa, a da sociedade pelas dívidas dos sócios. Existem 2 (duas) modalidades de incidente de desconsideração da personalidade jurídica: (i) inicial: requerida na própria petição inicial, não necessitando, portanto, de incidente; e (ii) incidental: requerida a qualquer tempo, no processo de conhecimento ou execução, inclusive em sede recursal, sendo, nesta última hipótese, decidida pelo relator. Por meio de simples petição, à parte, ou Ministério Público, formula o pedido incidental de desconsideração da personalidade jurídica, cumprindo com os requisitos previstos no art. 5023 do Código Civil. Haverá citação dos sócios ou da sociedade, para manifestação no prazo de 15 (quinze) dias e consequente suspensão do processo principal. Posteriormente, o magistrado decidirá por meio de decisão interlocutória. Destaca-se que a única modalidade de intervenção de terceiros possível nos Juizados Especiais é a desconsideração da personalidade jurídica, conforme prevê o art. 1.062 do CPC. 7.4.1. Modelo de incidente de desconsideração da personalidade jurídica EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 27.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO DO ESTADO DE SÃO PAULO Processo n. ... MAURÍCIO SANTOS, já qualificado nos autos do presente CUMPRIMENTO DE SENTEÇA movido em face de ALLCARS LTDA., por seus advogados (procuração anexa), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos arts. 133 e ss. do Código de Processo Civil, requerer seja instaurado o competente INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas. I. DOS FATOS Constata-se, dos autos, que já foram efetuadas diversas diligências com o fito de satisfazer o crédito da Exequente. Todavia, esta ainda não logrou êxito em nenhuma delas, indicando a tentativa da Executada em furtar-se da execução. A propósito, recente pesquisa realizada via sistema “Infojud” restou infrutífera, não constando nenhuma declaração de imposto de renda (fls...), e, em consulta junto à Receita Federal do Brasil, o CNPJ da Executada encontra-se baixado pelo motivo “INEXISTENTE DE FATO” (doc. anexo). Portanto, não restam dúvidas de que a Executada foi encerrada irregularmente, sendo necessária a desconsideração de sua personalidade jurídica. II. DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA Nítida se faz a tentativa da empresa-executada, e de seus sócios, de burlar a lei, esquivando-se de suas obrigações quanto ao pagamento dos débitos junto aos seus credores, restando clara a existência de desvirtuamento do instituto da personalização, cometido pelos sócios da empresa ora executada. Assim, resta evidente que, realmente, os administradores promoveram o encerramento irregular e fraudulento da sociedade, com o firme propósito de lesar credores da Executada. A conduta representa o desleal comportamento dos sócios da Executada, perante os credores da pessoa jurídica que representam, denotando claro desinteresse pelo deslinde da presente ação. De fato, a Executada, mediante a atuação de seus sócios, causou enormes prejuízos à Exequente, que culminaram no débito ora executado, e, agora, se escusa de satisfazê-lo, sendo que, inclusive, não mais existe fisicamente, pois baixado seu CNPJ por “inexistente de fato”. Notoriamente, o presente caso configura verdadeiro abuso da personalidade jurídica. O Código Civil no art. 50, caput, assim dispõe, in verbis: “Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso”. É certo que o desvio de finalidade se caracteriza pelo uso da pessoa jurídica como escudo ou fachada, tendo em mira acobertar sócios e administradores de práticas fraudulentas, desviando-se, claramente, dos objetivos da sociedade e causando lesão a terceiros. Destarte, faz-se medida imperativa estender a responsabilidade da Executada aos bens particulares de seus sócios, pois é imprescindível coibir o abuso da personalidade jurídica ora demonstrado. O “mau uso” da personalidade jurídica da Executada caracteriza-se justamente pela utilização de sua personalidade jurídica para fins diversos dos quais deveriam ser buscados, o que, primordialmente, autoriza a sua desconsideração. Desta feita, a desconsideração, claramente positivada como uma forma de repressão ao abuso na utilização da personalidade jurídica, é medida imperativa, sob pena de comprometer toda a estabilidade proporcionada pelo ordenamento jurídico, sendo inadmissível que os credores sofram prejuízos em decorrência da má gestão dos negócios da empresa devedora, a qual culminou em sua extinção irregular. Faz-se, assim, mister a constrição de bens particularesdos sócios da Executada, os quais utilizaram a figura da pessoa jurídica da Executada para se locupletarem ilicitamente, quais sejam: – NOME DO SÓCIO 1 – CPF n. ... – NOME DO SÓCIO 2 – CPF n. ... Resta inegável a responsabilidade subsidiária dos sócios da Executada neste caso, devendo estes arcarem com o pagamento do crédito exequendo. III. DOS REQUERIMENTOS Assim sendo, serve a presente para requerer que este D. Juízo se digne em: a) determinar a imediata comunicação da instauração do presente incidente ao distribuidor para as anotações devidas, conforme previsto no § 1.º do art. 134 do CPC; b) suspender o processo até o final julgamento do presente incidente, nos termos do § 3.º do art. 134 do CPC; c) determinar a citação dos sócios da Executada para apresentarem manifestação, caso queiram, no prazo de 15 (quinze) dias, conforme previsto no art. 135 do CPC; d) ao final, desconsiderar a personalidade jurídica da Executada, integrando os seus sócios abaixo qualificados ao polo passivo da presente ação, constantes no seu contrato social (doc. anexo), possibilitando-se, assim, o alcance de seus bens, os quais garantirão o débito em litígio: – NOME DO SÓCIO 1 – CPF n. ... – NOME DO SÓCIO 2 – CPF n. ... Termos em que, Pede deferimento. Local e data. Advogado... OAB n. ... 7.5. AMICUS CURIAE O amicus curiae (art. 138 do CPC) pode ser uma pessoa, natural ou jurídica, e, até mesmo, um órgão despersonificado, que tenha um conhecimento particular a respeito do objeto da ação, e que pode ser convocado pelo juiz para auxiliá-lo na formação de seu convencimento. Para a convocação, o juiz ou relator deve levar em consideração a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia. O juiz pode convocar o amicus curiae de ofício ou mediante requerimento de qualquer das partes. Se for formulado o pedido pelas partes, poderá ser feito por simples petição. A própria entidade interessada em atuar como amicus curiae pode requerer ao juiz a sua intervenção no processo. O amicus curiae emitirá uma opinião, no prazo de 15 (quinze) dias, sobre a matéria que é objeto do processo no qual ele foi admitido. PROCEDIMENTO COMUM Legislação aplicável Arts. 318 e ss. do CPC 8.1. PETIÇÃO INICIAL O art. 2.º do Código de Processo Civil determina que o processo somente se iniciará por iniciativa da parte, e isso ocorrerá por meio do protocolo da petição inicial. É a peça mais importante, cujas consequências são essenciais para o desfecho do processo, auxiliando na definição, inclusive, dos limites da sentença. Assim, devemos estudá-la minuciosamente. Ademais, os requisitos de sua estrutura serão utilizados em outras peças, como veremos. I. Dicas de identificação da peça Para identificação do cabimento da inicial, o enunciado deverá apresentar ao menos duas dicas. A primeira delas é a de que ainda não há uma demanda proposta. Ou seja, não existe um processo em curso. A segunda dica é a de que o enunciado sugere que o candidato deverá tomar a medida judicial cabível. Destaque-se que deve ser tomada uma medida judicial. Isto porque, se não for judicial, o enunciado pode estar delineando outra medida, como um parecer. II. Requisitos (arts. 319, 320 e 77, V, do CPC) Importante destacar os requisitos da petição inicial, previstos nos arts. 319, 320 e 77, V, do CPC. Para facilitar a memorização, dividimos os requisitos conforme os dispositivos legais destacados: Requisitos Arts. 319, 320 e 77, V, do CPC Endereçamento I – o juízo a que é dirigida; Preâmbulo II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; Fatos e direito III – os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido; Pedidos IV – o pedido com as suas especificações; Valor da Causa V – o valor da causa; Ônus da prova VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; e Audiência inicial VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. Endereço Art. 77, V – declinar, no primeiro momento que lhes do Advogado couber falar nos autos, o endereço residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva. Instrução com documentos Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. 1. Endereçamento (art. 319, I, do CPC) É o início da sua peça, a quem se deve dirigi-la e para o juízo e o foro a que será enviada. Considera-se uma das partes mais importantes da inicial, vez que é o primeiro critério que o examinador irá verificar. Ao elaborar o endereçamento, é necessário estudarmos a competência, descrita no Capítulo 5. Para a correta indicação do endereçamento, especialmente em primeiro grau, será necessário indicar o Juízo e o Foro competentes. Foro corresponde à base territorial onde o juiz exerce a sua competência. Pode ser traduzido como Comarca ou Seção judiciária (a depender de se tratar de Justiça Estadual ou Federal) Juízo é a unidade judiciária onde funcionam juiz e seus auxiliares. Pode ser traduzido como Vara. Endereçamento = JUIZO + FORO Em resumo, no Brasil, há vários órgãos competentes para julgar uma demanda: Quadro de Competência Analisando o quadro acima exposto, é possível verificar a diversidade de endereçamentos que poderão ser exigidos. Assim, segue-se um resumo dos possíveis endereçamentos: Para Supremo Tribunal Federal (STF): EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO EXCELSO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Para Superior Tribunal de Justiça (STJ): EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Para Tribunal Regional Federal: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL Para Justiça Federal: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ... VARA CÍVEL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE... Para Tribunal de Justiça: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE... Para Justiça Estadual: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA DE ... DO ESTADO DE... Para Justiça Estadual – Fazenda Pública: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE... DO ESTADO DE... Para Justiça Estadual – Vara de Família: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE ... DO ESTADO DE... Para Justiça Estadual – Foro Regional: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DO FORO REGIONAL DE...DA COMARCA DE...ESTADO DE... Para Juizado Especial Federal: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ... VARA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CÍVEL DE... Para o Juizado Especial Cível: EXELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA DO JUIZADO ESPECIAL CIVEL DA COMARCA DE ... ESTADO DE ... Para Juizado Especial da Fazenda Pública: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE ... DO ESTADO DE ... 2. Preâmbulo Após o endereçamento da petição inicial, o ideal é pular aproximadamente 5 linhas e iniciar o preâmbulo, que conterá: a qualificação das partes; a representação por advogado com procuração; e o fundamento legal, o nome da peça, e o seu procedimento. De início, é importante lembrar que, ao realizar o exame, não se deve criar dado algum que já não tenha sido oferecido pelo enunciado da questão. Portanto, se o enunciado não trouxer os elementos necessários para quali ficar a parte, basta indicar o que deveria constar em reticências, para demonstrar a ausência de dados24. 2.1. Qualificação das partes (art. 319, II, do CPC) A qualificação das partes dentro da petição inicial demonstra ao juiz a legitimidade das partes, sua capacidade de ser partee a capacidade de estar em juízo (arts. 70 a 76 do CPC). Como elementos da qualificação da pessoa física, deverão constar o nome completo, a nacionalidade, o estado civil (ou existência de união estável), a profissão, os números de RG e CPF, o endereço eletrônico e o endereço de seu domicílio e residência. Lembrando que, se for pessoa incapaz, deverá estar representada ou assistida, de acordo com a sua incapacidade. OBSERVAÇÃO Caso o Autor não disponha de todos os dados do Réu, poderá requerer ao juiz que realize diligências para a sua obtenção (CPC, art. 319, § 2.º). Sendo pessoa jurídica, será necessário indicar se é de direito público ou privado, bem como o número do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), apontando o seu representante, o endereço eletrônico e o local de sua sede. São exemplos de qualificação: a) pessoa física capaz: NOME DO AUTOR..., nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado (procuração anexa)... b) pessoa física incapaz: NOME DO AUTOR..., menor incapaz25, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., neste ato representado por seu representante legal, nome completo..., nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado (procuração anexa)... c) pessoa jurídica de direito privado: NOME DO AUTOR..., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n. ..., endereço eletrônico..., com sede na Rua ... (endereço completo), neste ato representada por seu administrador, nome completo... nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrita no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), conforme ato constitutivo anexo26, vem, por seu advogado (procuração anexa)... d) pessoa jurídica de direito público: NOME DA PESSOA JURÍDICA..., pessoa jurídica de direito público, por seu procurador [...], endereço eletrônico..., vem, e) empresário individual: NOME DO AUTOR..., empresário individual, com inscrição no CNPJ n. ... e endereço na Rua ... (endereço completo) vem, por seu advogado (procuração anexa)... f) condomínio: NOME DO AUTOR..., inscrito no CNPJ n. ..., endereço eletrônico..., situado na Rua ... (endereço completo), neste ato representado por seu síndico, nome completo... nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo) conforme assembleia anexa, vem, por seu advogado (procuração anexa)... g) espólio: ESPÓLIO DE..., neste ato representado por seu inventariante, nome completo... nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo) conforme compromisso em anexo, vem, por seu advogado (procuração anexa)... h) massa falida: MASSA FALIDA DA EMPRESA..., neste ato representada por seu administrador judicial, nome completo... nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), conforme termo de compromisso em anexo, vem, por seu advogado (procuração anexa)... 3. Ação e procedimento Após indicar as partes e o advogado, é preciso apontar a ação que se está promovendo, bem como o procedimento desta ação, junto com o seu fundamento legal. A ação de conhecimento tem por objetivo obter uma sentença. Dependendo do procedimento utilizado, teremos o fundamento legal que será utilizado no preâmbulo. Para identificar o procedimento, deve-se, antes de tudo, verificar se há um procedimento especial que se aplicaria. Do contrário, o rito a ser seguido será o do procedimento comum. Alguns exemplos de procedimentos encontram-se arrolados na tabela abaixo: Procedimento Nome Fundamento Legal Especiais dentro do Código de Processo Civil Consignação em pagamento Arts. 539 e ss. do CPC Monitória Arts. 700 e ss. do CPC Embargos de Terceiro Arts. 674 e ss. do CPC Especiais fora do Código de Processo Civil (Leis Específicas) Mandado de Segurança Lei n. 12.016/2009 Ação de Alimentos Lei n. 5.478/68 Ação Civil Pública Art. 1.º da Lei n. 7.347/1985 Comum Comum Art. 318 e ss. do CPC Para a ação de conhecimento, ao ser encontrado o seu procedimento, deve-se indicar o seu respectivo fundamento legal. Lembrando que, se for de rito especial, a própria lei prevê o nome da ação, não sendo necessário informar que é de rito especial. Porém, se for de rito comum, é necessário apontar que se está obedecendo tal rito. a) Exemplo de ação de rito especial: NOME DO AUTOR..., nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado (procuração anexa)..., com fundamento nos arts. 539 e ss. do Código de Processo Civil, propor AÇAO DE CONSIGNAÇAO EM PAGAMENTO, pelos motivos a seguir expostos. b) Exemplo de ação conhecimento pelo rito comum: NOME DO AUTOR..., nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado (procuração anexa)..., com fundamento nos arts. 318 e ss. do Código de Processo Civil, propor AÇAO DE CONHECIMENTO PELO RITO COMUM, pelos motivos a seguir expostos. Vale lembrar que é frequente, nas ações de procedimento comum, o autor inserir o pedido como nome de ação. Por exemplo, pedido de indeni zação como ação indenizatória pelo rito comum, ou cobrança como ação de cobrança pelo rito comum. É aconselhável somente criar nomes em ações se tiver certeza de que ela existe. Do contrário, basta indicar o procedimento. ATENÇÃO Se houver pedido de tutela provisória antecipada ou cautelar incidental, colocá-lo logo no preâmbulo, juntamente com a ação e o rito. Assim, até agora, a petição inicial pode ser demonstrada: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA (N. DA VARA, se não for vara única) VARA CÍVEL DA COMARCA DE (NOME DA CIDADE) DO ESTADO DE (NOME DO ESTADO) NOME DO AUTOR, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado (procuração anexa) propor AÇÃO DE COBRANÇA, pelo rito comum com pedido de TUTELA ANTECIPADA, em face de NOME DO RÉU, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos: 4. Dos fatos Após o preâmbulo, é necessário expor os fatos que constituíram a demanda. Basta fazer um resumo do enunciado, em três parágrafos, lembrando-se de elaborar uma narrativa sucinta. Não se deve esquecer de que são só os fatos indicados no enunciado que devem constar da peça elaborada, não se devendo imprimir qualquer juízo de valor, nem demonstrar, nesta parte, se o autor tem razão ou não. Para auxílio na elaboração dos fatos, sugere-se a elaboração de três parágrafos utilizando-se três conteúdos. Parágrafo 1 – Relação jurídica que une as partes: indicar o que une as partes a ponto de elas figurarem em polos opostos na mesma demanda. Basta elaborar um resumo da situação de fato e/ou de direito entre as partes. Exemplo: As partes firmaram um contrato de prestação de serviços. Parágrafo 2 – Causa do litígio: indicar de onde surgiu o litígio entre as partes. Como as partes acabaram litigando entre si. Exemplo: uma das partes descumpriu seu dever contratual. Parágrafo 3 – Consequência jurídica: qual é a soluçãojurídica a ser buscada pelo Autor em razão do litígio como conclusão. Exemplo: em razão do descumprimento do contrato, surge o direito do autor em ser indenizado. Somando-se os três parágrafos, temos a seguinte redação, a título de exemplo: Lucas e Luciano firmaram contrato de prestação de serviços em que Luciano se obrigou a executar a limpeza do jardim de Lucas em até 3 dias, a fim de preparar o terreno para uma festa. Todavia, a despeito de Lucas ter adiantado o valor referente a toda a remuneração prevista em contrato, Luciano apenas executou parte da limpeza do jardim, deixando de completar o serviço acordado há mais de duas semanas. Portanto, verifica-se o cabimento da presente demanda, em razão do descumprimento do contrato por Luciano e a ocorrência da festa, surgindo o direito do Autor de ser indenizado pelo descumprimento contratual. 5. Do direito Esta é a seção da petição inicial que contém os fundamentos jurídicos que traduzem os fatos para o mundo do direito. É um dos capítulos de maior pontuação no Exame de Ordem, pois consiste em aplicar as teses aprendidas de direito material, fundamentando-se sempre na lei e, se puder, em súmulas. São as consequências jurídicas dos fatos narrados anteriormente, isto é, o porquê de o autor ter ingressado com a ação, e as consequências dela. Aconselha-se, sempre, a transcrição do dispositivo de lei mais importante para o caso concreto, sempre recuando todo o texto e entre aspas. Por exemplo, em caso de mora do devedor: “Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer”. É importante lembrar que não basta transcrever os artigos de lei, também é preciso argumentar sobre sua aplicação e explicá-los. Os critérios de correção do exame são claros ao mencionar que não será considerada a indicação de meros artigos de lei. Portanto, sempre após a transcrição do dispositivo, deve-se explicá-lo. As fundamentações jurídicas serão analisadas detidamente nos próximos capítulos, quando tratarmos das diversas petições iniciais cabíveis. 6. Dos pedidos e requerimentos Para concluir todo o raciocínio jurídico apresentado anteriormente, será necessário formular os pedidos e requerimentos ao juiz, que nada mais são do que a conclusão de sua petição. Inicialmente, é importante destacar a diferença entre pedidos e requerimentos. Pedidos referem-se, efetivamente, à tutela jurisdicional desejada. Ou seja, consistem nos provimentos buscados do Estado-juiz. Os requerimentos são as demais providências processuais decorrentes da petição inicial, como a citação, outros tipos de notificação, a produção de provas etc. Para resumir o tópico, basta utilizar uma sequência lógica dos pedidos e requerimentos, que aqui serão elencados para facilitar o raciocínio.27 6.1. Dos pedidos a) Tutela provisória de urgência: em primeiro lugar, devemos observar se há necessidade de pedido de tutela provisória de urgência na inicial. Caso a resposta seja positiva, haverá um tópico específico, e este será o primeiro pedido a ser formulado, sempre indicando qual a finalidade almejada. Exemplo: Diante de todo o exposto, requer: a) A concessão da tutela antecipada para o fim de determinar ao Réu a imediata cessação da sua atividade, sob pena de multa; b) Pedido principal: é exatamente o provimento necessário que levou o autor à propositura da demanda, estando previsto nos arts. 322 a 329 do CPC. Em regra, o pedido deve ser certo e determinado, cabendo ao autor, sempre, aliar o pedido de procedência do pedido com os pedidos imediato (condenação, declaração ou constituição) e mediato (bem da vida, e.g. automóvel, imóvel, dinheiro etc.). As espécies de pedido imediato são: condenação: é a imposição ao réu de uma obrigação de pagar, fazer, não fazer ou entregar algo; declaração: é o reconhecimento da existência ou inexistência de uma relação jurídica; constituição: é a criação, modificação ou extinção de um direito. Neste caso, é importante lembrar que, se estivermos tratando de valores monetários, ou seja, dinheiro, deve-se pedir juros e correção monetária, sempre requerendo a confirmação da tutela provisória de urgência, se houver. Exemplo de procedência de pedido: b) a procedência do pedido para o fim de condenar o Réu ao pagamento do valor de R$ 50.000,00, acrescidos de juros e correção monetária, confirmando-se a tutela antecipada concedida. IMPORTANTE É possível ao autor a cumulação de pedidos, desde que eles sejam compatíveis entre si, os procedimentos sejam adequados a todos e o juiz, competente para conhecê-los (art. 327, § 1.º, do CPC). Nesse caso, caberá analisar qual tipo de cumulação será necessária. 1.º Cumulação simples: é aquela em que o autor formula dois ou mais pedidos e deseja todos eles. Exemplo: A condenação do Réu por danos materiais e morais. 2.º Cumulação alternativa (art. 326, parágrafo único): é aquela em que o autor formula dois ou mais pedidos, mas deseja somente um deles, sem qualquer tipo de preferência. Exemplo: A condenação do Réu a devolver uma bicicleta emprestada ou uma indenização correspondente ao valor da bicicleta. 3.º Cumulação sucessiva: o autor formula dois ou mais pedidos, mas os subsequentes dependem da concessão do primeiro pedido. Exemplo: O reconhecimento de paternidade cumulado com a condenação em alimentos (primeiro o juiz deverá reconhecer a paternidade para posteriormente condenar o pai em alimentos). 4.º Cumulação subsidiária (art. 326, caput, do CPC): o autor formula dois ou mais pedidos e deseja somente um deles, mas tem preferência. Exemplo: A condenação do réu na obrigação de desfazer a obra, mas, se isso não for possível, a condenação em indenização por perdas e danos (perceba que, aqui, a preferência é pelo desfazimento da obra). OBSERVAÇÃO Tratando-se de obrigação de fazer, não fazer ou de entregar coisa, será preciso, além de se requerer a condenação, solicitar a imposição de medidas necessárias à efetivação da tutela, como a imposição de multa (ou astreintes) – arts. 497 e 536, § 1.º, do CPC. Custas e honorários: as custas e honorários são decorrências da sucumbência na ação, isto é, será preciso pedir a condenação para que a parte contrária arque com as custas e os honorários advocatícios gastos pela parte vencedora (arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC). Exemplo: c) Condenação do Réu ao pagamento das custas e honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC. 6.2. Dos requerimentos Como visto anteriormente, os requerimentos consistem em requisitos processuais a serem solicitados ao juiz, e podem ser obrigatórios (sempre estarão presentes) ou facultativos (somente serão requeridos se houver situação específica que os exija). Iniciando pelos requerimentos obrigatórios: a) citação do réu: muito embora a citação não esteja prevista mais no art. 319 do CPC, ainda é necessário requerê-la. A citação é o ato judicial pelo qual se convoca o réu para integrar a relação processual, concedendo a ele a oportunidade de exercer o seu direito de defesa. Todos os meios de citação estão previstos no art. 246 do CPC, sendo a citação pelo correio a regra. Lembre-se de que, conforme exigido pelo art. 334 do CPC, em regra, haverá uma audiência de conciliação ou de mediação a ser designada, antes mesmo de o prazo para contestação começar a correr. Assim, será necessário formular o pedido de citação do réu para que compareça em audiência ou apresente defesa nos casos em que a audiência não for designada. CUIDADO Se o enunciado trouxer um réu que esteja em outra comarca, será necessário pedir citação por carta precatória, e, se estiver em outro país, por carta rogatória. Se o enunciado mencionar que há endereço eletrônico do Réu, deve-se requerer a sua citação por meio eletrônico (art. 246, V, do CPC). a) A juntada das custas processuais da inicial: caso o autor não formule o requerimento para concessão dos benefícios da justiça gratuita,será necessário juntar as custas referentes à propositura da demanda, sob pena de cancelamento da distribuição da inicial (art. 290 do CPC). b) Opção ou não pela realização de audiência inicial: o CPC determina, no art. 334, que haja uma audiência de conciliação ou mediação logo no início do processo, salvo se o direito não comportar autocomposição ou se ambas as partes a recusarem. Desta forma, deve-se indicar a opção ou não pela audiência, conforme o caso. c) Endereço do advogado: conforme o art. 77, V, do CPC, é necessário indicar o endereço do advogado para recebimento de intimações. d) Produção de provas: por fim, em regra, basta fazer um pedido genérico de produção de provas. IMPORTANTE Se o próprio enunciado evidenciar uma prova a ser produzida, por exemplo, afirmando ser necessária a realização de perícia, não basta incluir um requerimento de produção de provas genérico. Será preciso especificar a necessidade da prova pericial. ATENÇÃO Há iniciais em que não há necessidade de requerimento de produção de provas, dada a peculiaridade do procedimento aplicável, que não admite dilação probatória, nada impedindo a juntada inicial de provas. São eles: (i) Mandado de Segurança: a prova deve vir junto à petição inicial, pois o direito deve ser demonstrável de plano, caracterizando-o como um direito líquido e certo. (ii) Execução: o título executivo já traz a certeza do direito a ser satisfeito e deve ser juntado. (iii) Ação Monitória: a prova escrita sem força de título deve instruir a inicial e levar à conclusão da evidência do direito do autor. Vejamos em resumo como serão os pedidos: “Por todo o exposto, requer a Vossa Excelência: a) A concessão da tutela provisória antecipada/ cautelar no sentido de... (se houver). b) A procedência do pedido do Autor, confirmando a tutela provisória concedida, com o fim de condenar/constituir/declarar... c) A condenação do Réu nas custas e honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência nos termos dos arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC. d) A citação do Réu para que compareça em audiência (ou apresente defesa no prazo legal). e) A juntada da inclusa guia que comprova o recolhimento das custas. f) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. g) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. Protesta por provar o alegado por todos os meios em direito admitidos”. Vale destacar que, além dos requerimentos obrigatórios, há os facultativos, que serão elaborados tão somente se o enunciado deixar clara a sua necessidade, como o pedido de justiça gratuita caso o Autor seja pobre (arts. 98 e 99 do CPC); a prioridade de tramitação caso o autor seja idoso ou tiver doença grave (art. 1.048, I, do CPC); a intimação do Ministério Público em casos previstos na lei (art. 178 do CPC). Tais pedidos serão requeridos assim: a) A concessão da justiça gratuita nos termos dos arts. 98 e 99 do CPC. b) A tramitação prioritária por se tratar de Autor idoso ou com doença grave (art. 1.048, I, do CPC). c) A intimação do representante do Ministério Público, conforme art. 178 do CPC. 7. Valor da causa O art. 291 do CPC determina que toda causa terá um valor, ainda que a ação não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível. Assim, é necessário apontar na petição inicial o valor da causa. O valor da causa, além de servir de base para o recolhimento das custas processuais, ainda tem por finalidade determinar a competência (como no caso do Juizado Especial Cível, competente para conhecer de causas cujo valor seja de até 40 salários mínimos), servir de base para os honorários advocatícios e multas processuais (como aquela pelo não comparecimento injustificado em audiência de conciliação ou de mediação – art. 334, § 8.º, do CPC). O art. 292 do CPC contém as regras para o preenchimento do valor da causa. Vale lembrar que, se o enunciado sequer trouxer o valor, basta apontar com reticências, indicando que ali deveria ser colocado um valor. Regras para valor da causa: na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, até a propositura da ação; quando a ação tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação, resolução, resilição ou rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou de sua parte controvertida; na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; na ação indenizatória, inclusive por dano moral, o valor pretendido; havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; sendo alternativos os pedidos, o de maior valor; se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal; quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, tomar- se-á em consideração o valor de umas e outras. O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado, ou por tempo superior a 1 (um) ano; se, por tempo inferior, será igual à soma das prestações. Na Lei de Locações o valor da causa será de doze meses o valor do aluguel (art. 58, III, da Lei n. 8.245/91) Desta forma, o valor da causa na petição inicial se resume a uma frase: Dá à causa o valor de R$... (valor por extenso). 8. Desfecho da petição inicial Cumpridos todos os requisitos da petição inicial, basta realizar seu desfecho, que, em verdade, é igual para todas as petições, apontando-se a data, o nome do advogado e o número de sua OAB. Vale lembrar que, de forma alguma o candidato deverá colocar o seu nome, ou inventar um número da OAB, sob pena de identificação da peça, com a consequente obtenção de nota zero. Isso também vale para a data. Não se deve indicar nenhuma data, nem o local em que o exame foi feito. Aponte esses dados com reticências. Termos em que, Pede deferimento. Local e data... Advogado... OAB n. ... ESTRUTURA DA PETIÇÃO INICIAL ENDEREÇAMENTO Competência Verificar um dos incisos do art. 53 do CPC. PREÂMBULO Partes Autor e Réu. Qualificações completas. Nome da peça Arts. 318 e ss. + ação + procedimento + tutela provisória Fundamento legal DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes. – Causa do litígio. – Consequência jurídica. DO DIREITO – Tese de direito material aplicável, legislação e súmula. DA TUTELA PROVISÓRIA / DA LIMINAR – Requisitos do art. 300. – Probabilidade do direito. – Risco de dano ou ao resultado útil do processo. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A concessão da tutela provisória antecipada/cautelar e a sua finalidade. b)A procedência do pedido e a sua finalidade. c) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios (arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC). d) A citação do Réu. e) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita. f) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. g) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). h) Protesto por provas. Valor da causa Regras: art. 292 do CPC Peculiaridades Requerimentos facultativos: – Concessão da justiça gratuita (arts. 98 e 99 do CPC); – Tramitação prioritária por se tratar de Autor idoso ou com doença grave (art. 1.048, I, do CPC); - Intimação do representante do Ministério Público (art. 178 do CPC). 8.2. MODELO DE PETIÇÃO INICIAL EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 27.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SIDNEY LOPES, nacionalidade ..., estado civil ..., taxista, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), por seu advogado (procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 318 e ss. do Código de Processo Civil, propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO PELO RITO COMUM COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA ANTECIPADA em face de PAULO ANTÔNIO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. ..., endereço eletrônico..., com sede na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e dedireito a seguir expostos. I. DOS FATOS O Autor é proprietário de táxi e trafegava na mão correta no dia 29 de maio, no mesmo momento em que o Réu também trafegava com seu veículo. Contudo, devido ao motorista do veículo do Réu estar alcoolizado, em alta velocidade e na contramão, acabou por colidir com o veículo do Autor, causando-lhe sérios prejuízos, como se pode depreender do Boletim de Ocorrência ora anexado. Assim, merece o Autor ser indenizado pelas razões seguintes. II. DO DIREITO O Autor tem direito à indenização em razão da responsabilidade civil do Réu, que trafegava com seu automóvel de forma a arriscar a segurança de outros veículos, praticando ato ilícito. É o que prevê o art. 186 do Código Civil: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. No presente caso, o Autor por ação voluntária estava alcoolizado, na contramão e em alta velocidade, atuando de forma imprudente, cometendo ato ilícito causando danos materiais ao veículo do Autor, conforme Boletim de Ocorrência e fotos anexas. Em razão da colisão, o Autor terá de substituir inúmeras peças do seu veículo, além do refazimento da pintura e realização de serviços de funilaria, pois este ficou danificado no acidente. Em consonância com o dispositivo mencionado, o art. 927 do CC impõe àquele que comete ato ilícito a reparação do dano, exatamente como ocorreu no caso. Desta forma, é imperiosa a condenação do Réu pelos danos materiais causados, no valor de R$ 60.000,00. III. DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA O art. 300 do Código de Processo Civil autoriza o juiz a conceder a antecipação dos efeitos da tutela quando estiverem presentes os requisitos da probabilidade do direito e o perigo de dano. No caso concreto, restou demonstrado que o Réu foi causador dos danos experimentados pelo Autor, corroborando a probabilidade do direito decorrente do dever de indenizar. Além disso, caso não seja concedida a tutela para pagamento do valor pretendido, o Autor sofrerá dano grave, uma vez que não terá meios de utilizar seu taxi, nem de obter o seu sustento. Ademais, a tutela a ser concedida é plenamente reversível, nos termos do art. 300, § 3.º, do CPC, uma vez que os valores despendidos podem ser devolvidos. Depreende-se, portanto, presentes os requisitos que autorizam a concessão da tutela antecipada. IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Diante de todo o exposto, requer: a) A concessão da tutela de urgência de natureza antecipada no sentido de determinar ao Réu o pagamento imediato dos valores pleiteados de plano, a fim de que o Autor conserte seu veículo e permaneça trabalhando. b) A procedência do pedido, confirmando a tutela antecipada concedida, com a condenação do Réu ao pagamento de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) acrescidos de juros e correção monetária. c) A condenação do Réu ao pagamento das custas e honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC. d) A citação do Réu para que compareça em audiência a ser oportunamente designada por esse juízo. e) O interesse pela realização de audiência de conciliação ou de mediação, nos termos do art. 334 do CPC. f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. g) A concessão da Justiça Gratuita por tratar-se de pessoa pobre na acepção jurídica do termo, não podendo arcar com as custas e demais despesas processuais sem prejuízo alimentar próprio ou de sua família nos termos dos arts. 98 e 99 do CPC. Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a juntada do Boletim de Ocorrência relatando os fatos. Dá à causa o valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). Termos em que, Pede deferimento. Local e Data... Advogado... OAB n. ... 8.3. EMENDA À INICIAL Conforme previsão do art. 321 do CPC, se o autor não cumprir os requisitos da petição inicial, previstos nos arts. 319 e 320 do CPC, ou apresentar vícios e irregularidades na peça capazes de comprometer o julgamento do mérito, o magistrado intimará o autor a emendar ou completar a inicial no prazo de 15 dias, especificando, com precisão, o que deve ser corrigido. Nesse caso, o enunciado mencionará a apresentação prévia de uma inicial, mas com defeitos indicados pelo juiz (ausência de endereço das partes, por exemplo), que ensejará uma petição simples de emenda à inicial. 8.4. MODELO DE EMENDA À INICIAL EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 25.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CATALÃO DO ESTADO DE GOIÁS BRUNO TAVARES, já qualificado nos autos, vem, por seu advogado, em atendimento ao determinado em despacho de fls..., com fundamento no art. 321 do Código de Processo Civil, requerer a EMENDA DA INICIAL em ação de obrigação de fazer, proposta em face de VICTOR LIMA, pelos motivos a seguir expostos. I. DA NECESSIDADE DA EMENDA Conforme exposto na inicial, o Autor propôs a presente demanda para a condenação do Réu em obrigação de fazer. Todavia, este juízo entendeu pela necessidade de emenda à inicial, com a inclusão dos endereços eletrônicos das partes, além da indicação pela opção ou não da audiência de conciliação ou de mediação, previstas no art. 319, II e VII, do CPC. Em atendimento ao determinado, o Autor vem informar o seu endereço eletrônico e o do réu, sendo, respectivamente: [...] e [...]. Ademais, informa o Autor seu interesse pela realização da audiência de conciliação ou de mediação, nos exatos termos do art. 334 do CPC. II. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer a admissão da petição inicial, com a emenda dos endereços eletrônicos e a inclusão do interesse pela audiência de conciliação ou de mediação, julgando procedente a demanda, para condenar o Réu à obrigação de fazer requerida na inicial. Termos em que, Pede deferimento. Local e data... Advogado... OAB n. ... 8.5. DEFESAS DO RÉU Legislação aplicável Arts. 335 e ss. do CPC O Código de Processo Civil repaginou as defesas possíveis do réu, sendo que existem, agora, somente duas: contestação e reconvenção. Ressalte-se que houve uma concentração das respostas do réu na contestação. É válido destacar que: a) a provocação da intervenção forçada de terceiros continua sendo matéria de contestação; b) a alegação de impedimento ou suspeição do juiz ocorre por meio de simples petição, no prazo de 15 (quinze) dias do conhecimento do fato (art. 146, CPC). O prazo para apresentação da resposta do réu também é de 15 (quinze) dias, contado: a) da data da audiência de conciliação ou mediação (ou da última sessão); b) do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou mediação. Se houver litisconsórcio passivo, o prazo é individual, sendo o início da contagem da data do respectivo pedido de cancelamento; e c) da juntada do comprovante de citação, quando a audiência de conciliação ou mediação não for designada. Passamos a destacar as modalidades de respostas possíveis do Réu. 8.5.1. Contestação Contestação A) PRELIMINARES: são defesas de conteúdo processual. B) MÉRITO: alegação de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor. C) RECONVENÇÃO: o contra-ataque do Réu face ao Autor. A contestação consiste na modalidade de resistência do Réu aos pedidos formulados pelo Autor na petição inicial. A contestação é dividida em 3 (três) partes: A) PRELIMINARES O rol das preliminares está previsto no art. 337 do CPC. São matérias de cunho processual que implicam no impedimento ou retardamento do julgamento do mérito posto em causa. Nesta parte, somente questões processuais são alegadas, acarretando a extinção do feito sem resolução de mérito (preliminares peremptórias) ou a necessidade de regularização (preliminares dilatórias). Preliminar Classificação Explicação Inexistência ou nulidade da citação Dilatória Para a validade do processo, é indispensável a citação do réu. Se rejeitada a alegaçãode nulidade, o réu será considerado revel. Incompetência absoluta e relativa Dilatória Além da incompetência absoluta, que pode ser alegada a qualquer tempo e grau de jurisdição, a novidade fica por conta da relativa. Acolhida a incompetência, os autos serão remetidos ao juízo competente. Incorreção do valor da causa Dilatória Caso o autor não atribua o valor correto à causa, não determinando a correção de ofício pelo juiz, poderá o réu requerer a correção com eventual complemento do valor relativo às custas processuais. Inépcia da petição inicial Peremptória A petição inicial será inepta quando faltar o pedido ou causa de pedir; o pedido for indeterminado; da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão e/ou existirem pedidos incompatíveis entre si. Perempção Peremptória Se o autor der causa, por 3 (três) vezes a sentença fundada em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto. Litispendência Peremptória Ocorre litispendência quando houver duas ou mais ações com identidade de elementos: mesmas partes, causa de pedir e pedido. Coisa Julgada Peremptória Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado. Conexão Dilatória Existe conexão quando for comum em duas ou mais ações o pedido ou a causa de pedir. Incapacidade da parte, Dilatória Para postular em juízo, a lei processual exige que as partes do processo sejam defeito de representação ou falta de autorização dotadas de capacidade de ser parte (figurar como parte no processo) e capacidade de estar em juízo (aptidão para agir em juízo sozinho, por si só). Tem capacidade todo aquele que não for absoluta, tampouco relativamente, incapaz – arts. 3.º e 4.º do Código Civil. Aqueles que não a possuírem, devem ser representados ou assistidos – art. 71, CPC). Além disso, é preciso ter capacidade postulatória (isto é, aptidão para dirigir-se ao magistrado, em regra, concedida ao advogado, que atuará representando o cliente por meio de uma procuração). Por isso, deve-se verificar se a parte está devidamente representada nos termos do art. 75 do CPC. Convenção de arbitragem Peremptória Quando as partes optarem pela solução do conflito de interesses por meio da arbitragem, caberá ao réu alegar em contestação a existência de convenção. Acolhida a preliminar, o processo será extinto sem resolução de mérito (art. 485, VII, CPC). Se rejeitada a alegação, o recurso cabível será o agravo de Instrumento (art. 1.015, III, CPC). Ausência de legitimidade ou de interesse processual Peremptória O réu, alegando ser parte ilegítima, deverá indicar, se souber, o sujeito a ser integrante do polo passivo, sob pena de arcar com as despesas processuais e indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. O autor possui duas opções: (i) requerer a substituição do réu; ou (ii) incluir o sujeito indicado, no polo passivo, em até 15 (quinze) dias. Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar Dilatória Caso o autor não seja domiciliado no Brasil e não possua bens imóveis no país que assegurem a ação, deverá prestar caução para garantir o pagamento das despesas processuais e honorários de advogado, na hipótese de sair vencido da demanda, conforme previsto no art. 83 do CPC. A falta desta caução poderá ser alegada pelo Réu como preliminar de contestação. Indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça Dilatória Houve uma simplificação quanto à forma de requerer e impugnar as benesses da gratuidade da justiça. Caso o Autor pleiteie na petição inicial e o benefício seja concedido pelo magistrado, poderá o réu impugnar em preliminar de contestação a errônea concessão. O juiz poderá conhecer todas as preliminares, de ofício, exceto a convenção de arbitragem e a incompetência relativa28. Não arguindo o Réu a incompetência relativa, esta será prorrogada. Ou seja, o juízo relativamente incompetente passa a ser competente. A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem implica em aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral. B) MÉRITO O mérito da contestação é a parte em que, efetivamente, o Réu resistirá à pretensão. Devem ser observados 2 (dois) princípios: a) Princípio da Eventualidade (CPC, art. 336): toda matéria de defesa deve ser alegada em contestação, sob pena de preclusão. O momento para o Réu rebater às pretensões do Autor é na contestação29. b) Princípio do Ônus da Impugnação Específica (CPC, art. 341): é a exigência para que o Réu se defenda, ponto a ponto, contestando tudo o que foi alegado pelo Autor na petição inicial, não podendo ser formulada defesa genérica30. A defesa de mérito poderá ser DIRETA ou INDIRETA, vejamos: a) Defesa de Mérito Direta: o Réu nega as alegações do Autor, de fato ou de direito, opondo-se diretamente à sua pretensão. b) Defesa Indireta: o Réu não negará, necessariamente, os fatos alegados pelo Autor, mas apresentará fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor. São aqueles fatos que impedem a procedência total ou parcial do direito do autor (ex.: fato impeditivo: exceção do contrato não cumprido; negócio jurídico celebrado por incapaz; fato modificativo: novação e compensação; fato extintivo: pagamento, decadência, execução plena do contrato). DICA Antes de se confeccionar a contestação, deve-se fazer uma lista das alegações do Autor e pontuar suas contraposições, buscando a fundamentação legal pertinente. C) INTERVENÇÃO DE TERCEIROS Das intervenções de terceiros existentes, apenas a denunciação da lide (CPC, art. 125) e o chamamento ao processo (CPC, art. 130) deverão ser alegados em sede de contestação, devendo ser aberto um tópico específico para tratar destas questões. A denunciação da lide é a possibilidade de o Réu, na contestação, exercer o direito de regresso contra terceiro. Lembrando que ao Autor também existe esta possibilidade na petição inicial. Não é obrigatória e somente será exercida na hipótese de garantia decorrente do risco de evicção ou garantia decorrente de contrato ou previsão legal (e.g.: acidente de veículo com um ou ambos os envolvidos possuindo contrato de seguro veicular de danos causados à terceiros). Já o chamamento ao processo é a possibilidade de o Réu trazer ao processo o coobrigado em determinada relação jurídica. Existem 3 (três) possibilidades: a) devedor trazer demais devedores solidários ao processo; b) fiador trazer o devedor principal ao processo; e c) fiador trazer os demais fiadores ao processo. 8.5.2. Reconvenção A Reconvenção nada mais é do que a possibilidade de o Réu formular pedidos contra o Autor dentro do mesmo processo, ou seja, é o contra-ataque do Réu contra o Autor. Possui natureza jurídica de ação, devendo ser elaborada uma petição inicial e distribuída por dependência ao processo principal. Somente será cabível quando houver conexão com a ação principal ou o fundamento da defesa. O novo CPC trouxe uma grande novidade quanto à forma de apresentação da contestação, permitindo que a reconvenção seja apresentada junto à contestação, em uma peça única. Entretanto, caso o réu não apresente contestação, a reconvenção fará o objeto de uma peça autônoma. A reconvenção poderá ser apresentada pelo Réu contra o Autor e um terceiro, ou, ainda, pelo Réu e um Terceiro, contra o Autor.31 CUIDADO Não cabe reconvenção nas ações de natureza dúplice (actio duplex), cabendo apenas PEDIDO CONTRAPOSTO8. Exemplo: ações possessórias (arts. 554 e ss. CPC); ação de exigir contas (arts. 550 e ss. CPC) e ações do Juizado Especial Cível. ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO ENDEREÇAMENTO Competência Juízo da ação principal PREÂMBULO Partes Réu x Autor Nome da peça Contestação Fundamento legal Arts. 335 e ss. do CPC DOS FATOS – Narrar os fatos mencionados pelo Autor na petição inicial. – Narrar os fatos sob a ótica do Réu. Conclusão ressaltando que o Autor não possui o direito que postula. DAS PRELIMINARES – Verificar a possibilidade de alegar alguma preliminar, destacandoo inciso do art. 337, definição do instituto e a consequência processual (se regularização ou extinção sem resolução de mérito). DO MÉRITO – Ressaltar a tempestividade da contestação. – Atentar-se para o princípio do ônus da impugnação específica, rebatendo ponto a ponto o alegado pelo Autor na petição inicial. A defesa poderá ser direta e/ou indireta. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS – Verificar o cabimento de a intervenção de terceiros ser alegada na contestação, seja denunciação da lide ou chamamento ao processo. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) O acolhimento da preliminar, com a consequente regularização ou extinção do processo sem resolução do mérito. b) O julgamento de improcedência dos pedidos. c) A condenação do Autor ao pagamento das custas e honorários advocatícios. d) A citação do denunciado ou chamado (na hipótese de existência de intervenção de terceiros). e) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). f) Protesto por provas. Peculiaridades – Se houver alegação de preliminar de ilegitimidade de parte, indicar o verdadeiro Réu, caso não exista tal informação, ressaltar que desconhece o verdadeiro Réu, evitando, assim, qualquer penalidade a título de despesas processuais e eventual indenização. 8.6. MODELO De CONTESTAÇÃO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 7.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE UBERLÂNDIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS Processo n. ... ANDRÉ LUCAS, já qualificado nos autos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO PELO RITO COMUM, que lhe movem PEDRO SANTIS e GABRIEL RIBAS, também já qualificados, vem, tempestivamente, por seu advogado (procuração anexa), nos termos do art. 335 e ss. do Código de Processo Civil, apresentar CONTESTAÇÃO, pelos motivos que seguem. I. DOS FATOS Trata-se de ação indenizatória movida pelos Autores em face do Réu, que alegam ter sido o causador de acidente automobilístico. Contudo, o Réu entende que é parte ilegítima, pois vendeu o carro para ..., que ainda não transferiu a documentação. Por isso, não foi o causador do acidente. Portanto, os Autores não possuem o direito que postulam, conforme passará o Réu a demonstrar. II. DA PRELIMINAR: DA ILEGITIMIDADE DE PARTE Preliminarmente, ressalta-se que o Réu é parte ilegítima para figurar no polo passivo da demanda, conforme previsto no art. 337, XI, do CPC, tendo em vista que não foi o causador do acidente, não tendo relação nenhuma com o ocorrido, já que desde o dia ... efetivou a venda do veículo para ..., como faz prova a cópia do documento de transferência em anexo (doc. ...)9. Assim, nos termos do art. 339 do CPC informa ser o verdadeiro réu ..., estado civil..., profissão..., RG n. ..., CPF n. ..., e-mail..., domiciliado na Rua ... (endereço completo) Assim, requer a extinção do processo, sem resolução de mérito, conforme dispõe o art. 485, VI, do CPC. III. DO MÉRITO A presente contestação é tempestiva, sendo apresentada no prazo de 15 dias úteis, conforme determina o art. 335 do CPC. A presente demanda versa sobre a cobrança de indenização de acidente de veículo terrestre movida pelos Autores em face do Réu. Ocorre que inexiste qualquer nexo de causalidade entre a conduta do Réu e o acidente ocorrido, mesmo porque o veículo envolvido sequer lhe pertencia. Ainda, não há que se falar em culpa, considerando a responsabilidade subjetiva envolvida no presente caso, nos termos do art. 927 do Código Civil: “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (artigos 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Fato é que os Autores, em nenhum momento, apresentaram qualquer prova de culpa do Réu pelo acidente ocorrido. Assim, serve a presente contestação para que os pedidos postulados sejam julgados improcedentes. IV. DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE O Réu possui contrato de seguro com a Seguradora ..., conforme comprova o documento anexo (doc. ...). Desta forma, caso o Réu seja condenado a pagar qualquer valor aos Autores, terá direito de regresso contra a seguradora. 32 Assim sendo, requer a citação da Seguradora ..., com sede na Rua ... (endereço completo), denunciando da lide, nos termos do art. 125, inciso II, do Código de Processo Civil. V. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Por todo o exposto serve a presente para requerer a Vossa Excelência: a) Que seja acolhida a preliminar ora arguida, sendo reconhecida a ilegitimidade do Réu, nos termos do art. 337, XI, do CPC, e a consequente extinção do processo, sem resolução de mérito, conforme art. 485, VI, do CPC. b) No mérito, requer sejam julgados improcedentes os pedidos formulados pelos Autores, ante a inexistência do dever de indenizar do Réu. c) A condenação dos Autores nas custas e honorários a serem arbitrados por Vossa Excelência. Protesta por provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente prova documental e testemunhal. Requer, por fim, a citação da Seguradora ..., no endereço situado à Rua ... (endereço completo), para que, querendo, possa apresentar contestação, sob pena de revelia. Termos em que, Pede deferimento. Local e data Advogado... OAB n. ... ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO ENDEREÇAMENTO Competência Juízo da ação principal. PREÂMBULO Partes Réu x Autor (Reconvinte x Reconvindo). Nome da peça Contestação e Reconvenção. Fundamento legal Arts. 335 e ss. e 343 do CPC. I. DOS FATOS – Narrar os fatos mencionados pelo Autor na petição inicial. – Narrar os fatos sob a ótica do Réu. – Conclusão, ressaltando que o Autor não possui o direito que postula. II. DAS PRELIMINARES – Verificar a possibilidade de alegar alguma preliminar, destacando o inciso do art. 337, definição do instituto e a consequência processual (se regularização ou extinção sem resolução de mérito). III. DO MÉRITO – Atentar-se ao princípio do ônus da impugnação específica, rebatendo ponto a ponto o alegado pelo Autor na petição inicial. A defesa poderá ser direta ou indireta. IV. DA RECONVENÇÃO – Explicar o cabimento da reconvenção (conexão com ação principal ou fundamento da defesa). Utilizar os dispositivos legais pertinentes ao caso concreto. V. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) O acolhimento da preliminar com a consequente regularização ou extinção do processo sem resolução do mérito. b) O julgamento de improcedência dos pedidos. c) A procedência do pedido reconvencional. d) A condenação do Autor ao pagamento das custas e honorários advocatícios. e) A intimação do Reconvindo, para apresentar resposta à reconvenção no prazo de 15 dias. f) A juntada da guia de custas. g) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). h) Protesto por provas. Valor da causa Art. 292 do CPC Peculiaridades – A lei não estabelece uma forma específica da Reconvenção, dentro da Contestação. Todavia, a forma proposta facilita a identificação de ambas as peças e maior facilidade de leitura pelo juiz, serventuários e reconvindo, atendendo ao princípio da cooperação disposto no art. 6.º do CPC. 8.7. MODELO DE CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 26.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE GOIÂNIA DO ESTADO DE GOIÁS Processo n. ... PEDRO PAULO já qualificado nos autos da AÇÃO DE COBRANÇA PELO RITO COMUM que lhe move JOÃO LEONARDO, também já qualificado, vem, tempestivamente, por seu advogado (procuração anexa), nos termos dos arts. 335 e ss. e 343 do Código de Processo Civil, apresentar CONTESTAÇÃO e RECONVENÇÃO, pelos motivos que seguem. I. DOS FATOS O Autor firmou contrato de mútuo com o Réu, ao qual entregou a quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais), a ser paga no prazo de 30 (trinta) dias. Alega, o Autor, que o Réu não cumpriu com o pactuado, e encontra- se em mora. Ocorre que o valor pactuado entre as partes já foi objeto de quitação dada pelo Autor, não existindo qualquer débito em aberto, conforme passará o Réu a provar. II. DAS PRELIMINARES Verifica-se que o pedido formulado pelo Autor foi de R$ 100.000,00 (cem mil reais), sendo atribuído à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Há incorreção do valor atribuído àcausa, e o momento processual de se alegar é na contestação, nos termos do art. 337, III, do CPC. O art. 292, inciso V, do CPC estabelece que o valor da causa em ação indenizatória deve ser o equivalente à quantia pleiteada. Assim sendo, serve a presente para requerer seja determinada a intimação do Autor, para o complemento do valor atribuído à causa, fazendo constar o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). III. DO MÉRITO Trata-se de ação de cobrança ajuizada pelo Autor em face do Réu, do qual alega não ter recebido o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), referente a contrato de mútuo firmado entre as partes. Ocorre que o Réu já efetuou o pagamento do valor devido, conforme se verifica de recibo de transferência bancária, em anexo. O art. 308 do Código Civil é cristalino e prevê que: “Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito”. Verifica-se, pelo comprovante de depósito bancário, que a transferência fora efetuada para a conta indicada na cláusula 3.ª do contrato de mútuo, cumprindo, assim, a obrigação assumida pelo Réu. O parágrafo único do art. 320 do Código Civil é claro, quando permite que a quitação valha se, de seus termos ou circunstâncias, resultar haver sido paga a dívida. Assim, diante da existência do pagamento, fato extintivo do direito do Autor, não restam dúvidas quanto à improcedência do pedido formulado pelo Autor na petição inicial. IV. DA RECONVENÇÃO A presente reconvenção é cabível, diante da existência de conexão com a ação principal, já que possui a mesma causa de pedir, qual seja, o mútuo firmado entre as partes. Isso ocorre, pois a dívida sobre a qual o Autor funda a sua ação já foi paga pelo Réu. Conforme dispõe o art. 940 do Código Civil, o credor que cobra dívida já paga fica obrigado a pagar o dobro do valor cobrado: Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. Assim, é mister a condenação do Autor no pagamento de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) ao Réu, a título de sanção civil pela cobrança de dívida já paga. V. DOS PEDIDOS E REQUERIMETOS Por todo exposto serve a presente para requerer a Vossa Excelência: a) Seja acolhida a preliminar de incorreção do valor da causa, com intuito de ser intimado os Autores para corrigir, nos termos do art. 292, V, do CPC, atribuindo-se à causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). b) No mérito, requer sejam julgados improcedentes os pedidos formulados pelo Autor, ante a existência de fato extintivo, qual seja, o pagamento efetuado pelo Réu. c) A procedência do pedido reconvencional para o fim de condenar o Reconvindo ao pagamento do valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), devidamente atualizados, por cobrança indevida de dívida já paga. d) A condenação do Réu ao pagamento das custas e honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos arts. 82, § 2.º, e 85 CPC. e) A intimação do Reconvindo, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 dias. f) A juntada da inclusa guia que comprova o recolhimento das custas. g) Que as intimações do advogado sejam endereçadas à Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. Protesta por provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente prova documental e testemunhal. Dá à reconvenção o valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). Termos em que, Pede deferimento. Local e Data... Advogado... OAB n. ... ESTRUTURA DA PEÇA (RECONVENÇÃO AUTÔNOMA) ENDEREÇAMENTO Competência Art. 286, parágrafo único, do CPC PREÂMBULO Partes Reconvinte x Reconvindo. Nome da peça Ação de Obrigação de Fazer pelo Rito Comum. Fundamento legal Art. 343, § 6.º, do CPC I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: descrever o contrato de prestação de serviços de corretagem em operação de valores mobiliários firmado entre as partes. – Causa do litígio: narrar a os problemas apresentados pela prestação dos serviços. – Consequência jurídica: destacar o interesse em reaver os prejuízos decorrentes da operações financeiras realizadas e não autorizadas. II. DO DIREITO – Narrar sobre o cabimento da reconvenção (existência de conexão com os fundamentos da defesa ou ação principal). – Narrar a existência de relação de consumo (arts. 2.º e 3.º do CDC). – Destacar a existência do direito à reparação de danos e vício na prestação dos serviços (arts. 6.º e 14 do CDC). III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A procedência para condenar o Reconvindo na devolução do valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). b) A condenação em custas e honorários advocatícios. c) A intimação do Reconvindo para apresentar resposta. d) A juntada da guia de recolhimento de custas. e) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). f) Protesto por provas. Valor da causa Art. 292 do CPC Peculiaridades – A reconvenção autônoma somente será apresentada caso não seja confeccionada contestação pelo Réu, pois se o Réu optar por contestar e reconvir, ambas as defesas serão apresentadas em uma peça única. 8.8. MODELO DE RECONVENÇÃO AUTÔNOMA EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 4.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS DO ESTADO DE SÃO PAULO Distribuição por Dependência ao Processo n. ... ADAM LEVI, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ... (endereço completo), nos autos da AÇÃO DE COBRANÇA PELO RITO COMUM que lhe move HOUZE LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n. ..., endereço eletrônico..., com sede na Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado (procuração anexa), tempestivamente, nos termos do art. 343, § 6.º, do Código de Processo Civil, apresentar RECONVENÇÃO, pelos motivos que seguem. I. DOS FATOS O Réu, ora Reconvinte, firmou contrato de corretagem com o Autor, ora Reconvindo, visando a operações em mercado de valores mobiliários. Para toda operação que o Reconvindo efetuasse, contratualmente, era necessária uma autorização do Reconvinte, ainda que verbal, comprovada por gravação telefônica. Ocorre que o Reconvindo efetuou diversas operações não autorizadas, perdendo todo o capital inicial investido, no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), e, ainda, resultando em um débito de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais). Assim sendo, passará o Reconvinte a demonstrar que merece ser ressarcido dos prejuízos causados. II. DO DIREITO A presente reconvenção é cabível diante da existência de conexão com a ação principal, vez que possui a mesma causa de pedir, qual seja, o contrato de corretagem para operação em mercado de valores mobiliários. A natureza da relação existente entre as partes é exclusivamente de consumo. De um lado, como contratante, figura o Reconvinte, que, através da assinatura da proposta de adesão, contratou os serviços do Reconvindo, usufruindo-os como destinatário final, nos termos do art. 2.º do Código de Defesa do Consumidor. De outro lado, como contratado, figura o corretor de valores mobiliários, que se dispõe a prestar os serviços, os quais se enquadram legalmente no art. 3.º, § 2.º, do Código de Defesa do Consumidor. O contrato de adesão firmado entre as partes prevê, na cláusula 5.7, que o Reconvindo deveria obter autorização do Reconvinte, por qualquer “meio idôneo”, antes de efetivar operações em sua conta corrente de investimentos. O art. 6.º do CDC é claro quando afirma ser direito básico do consumidor a reparação de danos patrimoniais. O art. 14 do CDC prevê que: “Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestaçãodos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”. A prestação de serviços não foi feita de acordo com o disposto no contrato, causando prejuízos no patamar de R$ 100.000,00 (cem mil reais) do patrimônio inicial do Reconvinte, em razão de operações não autorizadas e efetivadas pelo Reconvinte, gerando, ainda, o débito de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais). III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Desde logo, serve a presente para requerer a Vossa Excelência: a) A procedência do pedido para o fim de condenar o Reconvindo ao pagamento do valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), relativo aos prejuízos causados ao Reconvinte, bem como declarar inexistente o débito de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais) oriundo da desastrosa operação efetivada sem autorização. b) A condenação do Reconvindo ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios, a serem fixados por Vossa Excelência. c) A intimação do Reconvindo, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 dias. d) A designação de data para realização de audiência de conciliação ou de mediação, nos termos do art. 334 do CPC. e) A juntada da inclusa guia que comprova o recolhimento das custas de distribuição. f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. Protesta por provar o alegado por todos os meios em direito admitidos. Dá à causa o valor de R$ 135.000,00 (cento e trinta e cinco mil reais). Termos em que, Pede deferimento. Local e data... Advogado... OAB n. ... ATENÇÃO Na reconvenção, poderá haver ampliação subjetiva, seja no polo ativo ou no passivo. A qualificação das partes mudará quando da apresentação de contestação com reconvenção ou, apenas, reconvenção. LEGITIMIDADE: RÉU E TERCEIRO × AUTOR EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA (NOME DA CIDADE) DO ESTADO DE (NOME DO ESTADO) Processo n. ... NOME DO RÉU, já qualificado nos autos da AÇÃO DECLARATÓRIA DE RITO COMUM, que lhe move NOME DO AUTOR-RECONVINDO, também já qualificado, vem, tempestivamente, por seu advogado (procuração anexa), nos termos do art. 335 e ss. do CPC, apresentar CONTESTAÇÃO, além de juntamente com TERCEIRO RECONVINTE nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ... (endereço completo), oferecer RECONVENÇÃO em face de NOME DO AUTOR-RECONVINDO, conforme determina o art. 343 e § 4.º do Código de Processo Civil pelos motivos que seguem. I. DOS FATOS II. DAS PRELIMINARES III. DO MÉRITO IV. DA RECONVENÇÃO V. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Termos em que, Pede deferimento. Local e data. Advogado OAB n. ... LEGITIMIDADE: RÉU × AUTOR E TERCEIRO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA DE (NOME DA CIDADE) DO ESTADO DE (NOME DO ESTADO) Processo n. ... NOME DO RÉU-RECONVINTE, já qualificado nos autos da AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO PELO RITO COMUM, que lhe move NOME DO AUTOR, também já qualificado, vem, tempestivamente, por seu advogado (procuração anexa), nos termos do art. 335 e ss., apresentar CONTESTAÇÃO, além de oferecer RECONVENÇÃO em face de NOME DO AUTOR-RECONVINDO e NOME DO TERCEIRO-RECONVINDO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ... (endereço completo), conforme art. 343 e § 3.º do Código de Processo Civil pelos motivos que seguem. I. DOS FATOS II. DAS PRELIMINARES III. DO MÉRITO IV. DA RECONVENÇÃO V. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Termos em que, Pede deferimento. Local e data. Advogado OAB n. ... 8.9. MEMORIAIS Legislação aplicável Art. 364, § 2.º, do CPC Conforme previsão do § 2.º do art. 364 do Código de Processo Civil, nas hipóteses em que a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o debate oral poderá ser substituído por razões finais escritas, que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como pelo Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, em prazos sucessivos de 15 (quinze) dias, assegurada a vista dos autos. Conforme explica Daniel Amorim Assumpção Neves, os prazos sucessivos para a entrega dos memoriais, chamados pelo art. 364, § 2.º, de “razões finais escritas”, “respeita a dinâmica de toda a atividade desenvolvida na audiência: primeiro fala o autor, e depois fala o réu, já sabendo de antemão o que foi dito pelo autor”33. Logo, havendo questões complexas, restando difícil a argumentação oral dentro do prazo estipulado pelo Código de Processo Civil, as partes podem apresentar memoriais, garantindo, assim, maior clareza no que pretendem ainda esclarecer. 8.10. MODELO DE MEMORIAIS EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE PORTO SEGURO DO ESTADO DA BAHIA Processo n. ... WALDISNEY SANTANA, já qualificado nos autos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS em face de JOAQUIM ABREU, também já qualificado nos autos, vem tempestivamente perante Vossa Excelência, apresentar MEMORIAIS, nos termos no § 2.º do art. 346 do CPC, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. I. SÍNTESE DOS FATOS O Autor seria padrinho de casamento de seu irmão no dia XX de maio de XXXX, razão pela qual contratou os serviços do Réu para aplicação de botóx. Ocorre que devido a um erro do médico, o Autor ficou impossibilitado de comparecer ao casamento de seu irmão. II. RAZÕES FINAIS Conforme amplamente comprovado, o Autor preencheu a ficha solicitada (doc. 1) pelo médico, informando que tinha alergia a alguns produtos e mesmo assim o Réu não se atentou para o fato. Além disso, o Réu não prestou qualquer auxílio ao Autor, que teve que procurar outro médico para socorrê-lo. Na contestação (fls. XX) o Réu sequer teve o cuidado de rebater as alegações do Autor e, também, não juntou qualquer documento que comprovasse o contrário. Por fim, em audiência, o Réu confessou que não se atentou à ficha preenchida pelo Autor. O laudo médico (doc. 2) comprovou que o produto aplicado não era apropriado para o Autor. Assim, não havendo controvérsia sobre os fatos, reitera o Autor os pedidos da exordial. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Diante de todo o exposto, reitera-se aquilo que já foi pedido na inicial, a saber: a) A procedência do pedido, confirmando a tutela antecipada concedida, com a condenação do Réu ao pagamento de R$ 60.000,00 acrescidos de juros e correção monetária. b) A condenação do Réu ao pagamento das custas e honorários advocatícios, a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC. Termos em que, Pede deferimento. Local e Data... Advogado... OAB n. ... PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 9.1. Introdução O processo de conhecimento, diferentemente do processo de execução, tem por finalidade alcançar um provimento jurisdicional que reconheça um direito. O Código de Processo Civil, ao tratar do processo de conhecimento, simplifica o sistema, dividindo os procedimentos somente em Especial e Comum. A Parte Especial do novo CPC no Título III do Livro I prevê procedimentos específicos, que não se encaixam no procedimento comum. Os procedimentos especiais, que compõem o processo de conhecimento dentro do Código de Processo Civil, estão distribuídos entre: Procedimentos de jurisdição contenciosa: dos arts. 539 a 718; e Procedimentos de jurisdição voluntária: dos arts. 719 a 770. OBSERVAÇÃO Há ainda procedimentos especiais previstos em legislação especial. Importante destacar o art. 318 do CPC: “Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste Código ou de lei. Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de execução”. 9.2. AÇÕES POSSESSÓRIAS Legislação aplicável Arts. 554 e ss. do CPC I. Introdução As ações possessórias são aquelas que visam a exclusiva proteção da posse, previstano Código Civil nos arts. 1.196 e ss. II. Modalidades de Possessórias Temos 3 (três) modalidades de ações possessórias, que são diferenciadas conforme a agressão sofrida. Possessórias/Interditos Possessórios a) Reintegração de posse b) Manutenção de posse c) Interdito Proibitório A reintegração de posse volta-se contra o esbulho, isto é, a perda da posse. A manutenção de posse é dirigida à turbação, que consiste em atos que prejudicam o exercício da posse, sem que esta seja perdida pelo legítimo possuidor. Por fim, o interdito proibitório é voltado contra uma ameaça de turbação ou perda da posse. Trata-se apenas de fundada suspeita de que a posse do legítimo possuidor será prejudicada em breve. Tenta-se, com o interdito proibitório evitar a concretização desse dano. Dica para identificação: 3 passos a serem seguidos. III. Aspectos Gerais da Ações Possessórias Há certos princípios gerais aplicáveis a todas as ações possessórias. São eles: a) fungibilidade: permite-se a fungibilidade entre as ações possessórias, isto é, o juiz poderá aceitar uma ação em vez de outra – art. 554 do CPC. Esse princípio é importante, pois a posse, por ser uma situação de fato, pode mudar rapidamente de mãos, alterando a agressão sofrida pelo autor. ATENÇÃO Em petição, será possível realizar uma observação ao princípio da fungibilidade, como um requerimento específico. “Requer, ainda, a aplicação do princípio da fungibilidade, caso a situação de fato se altere, nos termos do art. 554 do CPC.” b) possibilidade de cumulação de pedidos: é possível cumular ao pedido possessório a condenação em perdas e danos; indenização dos frutos; ou imposição de medida necessária e adequada para evitar nova turbação ou esbulho, ou para cumprir-se a tutela provisória ou final – art. 555 do CPC. Para tanto, será necessário fundamentar no tópico do direito quais os motivos que levaram à cumulação do pedido com a proteção da posse. IV. Procedimentos das Possessórias (art. 558 do CPC) Tratando-se de Reintegração e Manutenção de posse, poderão seguir o procedimento comum ou o procedimento especial. Nesse caso, será extremamente importante a identificação da DATA DA AGRESSAO À POSSE. Esbulho ou turbação em até um ano e um dia (FORÇA NOVA): seguirá o procedimento especial – art. 558, caput, e arts. 560 e ss. do CPC. ATENÇÃO Nesse caso caberá o deferimento de liminar específica prevista nos arts. 562 e 563 do CPC. Esbulho ou turbação há mais de um ano e um dia (FORÇA VELHA): seguirá o procedimento comum (ver Capítulo 8) – arts. 558, parágrafo único, e 318 e ss. do CPC. ATENÇÃO Neste caso não caberá liminar específica, nada impedindo a concessão de tutela antecipada, com a comprovação de seus requisitos (arts. 300 e ss. do CPC). Interdito proibitório: seguirá exclusivamente o rito especial dos arts. 567 e 568 do CPC. IMPORTANTE Se houver litígio coletivo pela posse, em ação de força velha, haverá audiência de mediação (art. 565), com a intimação de Ministério Público, Defensoria, e órgãos de política agrária/urbana. Tratando-se de grande número de réus, deve-se requerer a citação pessoal (por oficial) dos ocupantes, e, por edital, a dos demais, com a intimação do Ministério Público e da Defensoria, caso sejam beneficiários da Justiça gratuita (art. 554, § 1.º, do CPC). De modo a qualificar os réus desconhecidos, pode-se utilizar passagem semelhante à seguinte: “Esbulhadores e/ou réus desconhecidos ou incertos do imóvel, que o autor não tem condições de qualificar...” ESTRUTURA DAS POSSESSÓRIAS ESTRUTURA DA AÇÃO DE MANUTENÇÃO E REINTEGRAÇÃO ENDEREÇAMENTO Competência Bem móvel: art. 46 do CPC – domicílio do réu. Bem imóvel: art. 47, § 2.º, do CPC – foro do local do imóvel. PREÂMBULO Partes Autor e Réu. Qualificações completas. Nome da peça Ação de Manutenção de Posse ou Reintegração de Posse. Fundamento legal Arts. 558, caput, e 560 e ss. do CPC. I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: posse do bem. – Causa do litígio: agressão à posse (turbação ou esbulho). – Consequência jurídica: manutenção ou reintegração da posse. II. DO DIREITO Tese de direito material aplicável: – Posse justa (art. 1.196 do Código Civil). – Houve turbação ou esbulho praticado pelo réu, mencionando-se a data. – Há direito de ser mantido ou reintegrado (art. 1.210 do Código Civil). III. DA LIMINAR – Requisitos do art. 562: houve a devida instrução da petição inicial. IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A concessão da liminar, com a expedição do mandado de manutenção ou reintegração (art. 562 do CPC). b) A procedência do pedido, para a devida manutenção ou reintegração da posse. c) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios (arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC). d) A citação do Réu. e) A juntada das guias das custas. f) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. g) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). h) Protesto por provas. Valor da causa Regras gerais: art. 292 do CPC Peculiaridades Cumulação de pedidos (art. 555 do CPC): – perdas e danos; – frutos; – medidas necessárias par evitar nova turbação ou para cumprir a tutela provisória. • Litígio coletivo pela posse: se houver litígio coletivo pela posse, cuja agressão ocorreu há mais de ano e dia, haverá audiência de mediação antes da concessão da tutela provisória a realizar em até 30 dias, com participação do Ministério Público e da Defensoria, se houver beneficiário da justiça gratuita, e órgãos responsáveis pela política agrária e urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio (art. 565, §§ 2.º e 4.º, do CPC). • Comparecimento do juiz se sua presença se fizer necessária (art. 565, § 3.º, do CPC). • Citação: se no polo passivo houver grande quantidade de pessoas, haverá a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais. 9.3. MODELO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 27.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE TRANCOSO DO ESTADO DA BAHIA FELIPE MARTINS, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), por seu advogado (procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 558, caput, e 560 e ss. do Código de Processo Civil, propor AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE pelo procedimento especial, com pedido de liminar, em face de GUILHERME DAVI..., nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. I. DOS FATOS O Autor é proprietário e possuidor de um terreno de 40.000 metros quadrados, há dez anos, no Município de São José dos Campos, no Estado de São Paulo. Contudo, referido terreno foi invadido por GUILHERME DAVI, que ali construiu um campo de futebol, um vestiário e um pequeno bar, ocupando aproximadamente 3.000 m², recusando-se a desocupá-lo. Assim, tem direito a ser restituído na sua posse, em razão do esbulho, como se verá a seguir. II. DO DIREITO Como se pode observar no presente caso, nos termos dos arts. 1.196 e 1.200 do Código Civil, o Autor é o justo possuidor do imóvel situado em São José dos Campos, por tê-lo adquirido há mais de 10 anos, inclusive alugando-o inúmeras vezes. Como se pode observar pelos contratos em anexo, a posse exercida pelo Autor não é violenta, clandestina ou precária. Todavia, há cerca de quinze dias, o Réu invadiu o terreno do Autor, ocupando 3.000 metros quadrados de terreno e construindo um campo de futebol, arquibancadas e vestiários, contra a vontade do possuidor, retirando seu poder sobre o bem, nos exatos termos do art. 1.223 do Código Civil. Neste raciocínio, verifica-se claro o esbulho à posse, em menos de ano e dia. Sendo que o art. 1.210 do Código Civil, combinado com o art. 560 do Código de Processo Civil,resguardam o possuidor de ser restituído na sua posse. “Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado”. Desta forma, resta claro o direito do Autor de obter a reintegração na posse do imóvel esbulhado. III. DA LIMINAR O art. 562 do Código de Processo Civil autoriza o juiz a expedir o mandado liminar quando estiver a petição inicial devidamente instruída. No caso concreto, restou demonstrada a posse em razão do direito de propriedade do Autor, inclusive juntando-se os comprovantes de aluguéis anteriores à data de esbulho. Além disso, também restou demonstrado que a posse foi esbulhada há cerca de 15 dias, com a sua respectiva perda. Depreende-se, portanto, estarem presentes os requisitos que autorizam a concessão da liminar possessória. IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Diante de todo o exposto, requer: a) A concessão da medida liminar, a fim de que seja expedido o mandado para reintegração imediata da posse, com ordem de desocupação do terreno pelo Réu, conforme o art. 562 do CPC. b) A procedência do pedido, confirmando a liminar concedida, com a restituição definitiva do imóvel. c) A condenação do Réu ao pagamento das custas e honorários advocatícios, a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC. d) A citação do Réu para que, em querendo, apresente defesa no prazo legal. e) O interesse pela audiência de conciliação ou de mediação, a ser designada por Vossa Excelência. f) A juntada da guia de custas devidamente recolhida, em anexo. g) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos. Dá à causa o valor de R$ ... (valor dos 3.000 metros quadrados de terreno). Termos em que, Pede deferimento. Local e Data... Advogado... OAB n. ... ESTRUTURA DO INTERDITO PROIBITÓRIO ENDEREÇAMENTO Competência Bem móvel: art. 46 do CPC – domicílio do réu. Bem imóvel: art. 47, § 2.º, do CPC – foro do local do imóvel. PREÂMBULO Partes Autor e Réu. Qualificações completas. Nome da peça Interdito proibitório. Fundamento legal Arts. 567 e 568 do CPC I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: posse do bem – Causa do litígio: ameaça de agressão à posse – Consequência jurídica: necessidade da propositura da demanda. II. DO DIREITO Tese de direito material aplicável: – Posse justa (art. 1.196 do Código Civil). – Houve ameaça de agressão à posse. – Há direito de impedir a agressão à posse. III. DA LIMINAR – Requisitos do art. 562: houve a devida instrução da petição inicial. IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A concessão da liminar, com impedimento de agressão imediata. b) A procedência do pedido para impedir a iminente turbação ou esbulho da posse, mediante expedição de mandado proibitório, cominando aos Réus pena pecuniária determinada. c) A condenação do réu ao pagamento das custas e honorários advocatícios (arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC). d) A citação do Réu. e) A juntada da guia das custas. f) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. g) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). h) Protesto por provas. Valor da causa Regras gerais: art. 292 do CPC Peculiaridades – Pedido de expedição de mandado proibitório, cominando pena pecuniária ao Réu se transgredir a ordem judicial (art. 567 do CPC). 9.4. MODELO DE INTERDITO PROIBITÓRIO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 7.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE VITÓRIA DA CONQUISTA DO ESTADO DA BAHIA JOE TRIB, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), por seu advogado (procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 567 e 568 do Código de Processo Civil, propor INTERDITO PROIBITÓRIO COM PEDIDO DE LIMINAR em face de ROSS GUELLY, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), e CHARLES SILVA, nacionalidade..., estado civil..., profissão, portador do documento de identidade RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo) pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. I. DOS FATOS O Autor é possuidor de uma quadra de tênis, no município de Vitória da Conquista, Bahia em terreno anexo à sua residência, local onde costuma praticar o esporte todos os domingos. Contudo, o Autor, após um churrasco, teve ciência de que os Réus estavam em conluio para invadir a sua quadra no dia seguinte, para jogar tênis, tendo acesso a inúmeros e-mails trocados entre eles. Assim, tem direito a ser segurado na sua posse, impedindo o futuro esbulho, como se verá a seguir. II. DO DIREITO Como se pode observar no presente caso, nos termos dos arts. 1.196 e 1.200 do Código Civil, o Autor é justo possuidor do imóvel, que faz parte anexa à sua casa, conforme fotos e contrato anexos. Todavia, ao saber da intenção concreta dos Réus em invadir sua quadra, verifica-se clara intenção de esbulho à posse. Desta forma, resta claro o direito do Autor de impedir a agressão à posse. III. DA LIMINAR O art. 562 do Código de Processo Civil autoriza o juiz a expedir o mandado liminar quando estiver a petição inicial devidamente instruída. O art. 568 do CPC determina a aplicabilidade do referido artigo ao caso de interdito proibitório. No caso concreto, restou demonstrada a posse. Além disso, também se demonstrou que a posse está na iminência de ser esbulhada. Depreende-se, portanto, estarem presentes os requisitos que autorizam a concessão da liminar possessória. IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Diante de todo o exposto, requer: a) A concessão da medida liminar, a fim de que seja expedido o mandado para impedir a agressão da posse. b) A procedência do pedido, confirmando a liminar concedida, para que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante expedição de mandado proibitório cominando aos Réus determinada pena pecuniária. c) A condenação dos Réus ao pagamento das custas e honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos arts. 82, § 2.º, e 85 CPC. d) A citação dos Réus para que, em querendo, apresentem defesa no prazo legal. e) O desinteresse pela audiência de conciliação ou de mediação a ser designada por Vossa Excelência. f) A juntada da guia de custas devidamente recolhida, em anexo. g) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos. Dá à causa o valor de R$ ... (valor da quadra de tênis). Termos em que, Pede deferimento. Local e Data... Advogado... OAB n. ... 9.5. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO Legislação aplicável Arts. 539 e ss. do CPC A consignação é uma forma especial de pagamento, que tem por objetivo desonerar o devedor de uma obrigação, quando este encontrar obstáculos que o impeçam de adimplir o que assumiu. O devedor não possui somente a obrigação de pagar, mas o direito, e, quando encontrar óbice que o impeça de praticar o ato de adimplemento obrigacional, poderá consignar o pagamento. A consignação consiste no pagamento forçado. Quem está em mora é o credor, não o devedor. Importante lembrar que não somente o devedor terá legitimidade para consignar o pagamento, mas também terceiros, interessados ou não. Mas o terceiro não interessado só poderá realizar o pagamento em consignação quando o fizer em nome e à conta do devedor, conforme prevê o parágrafo único do art. 304 do Código Civil. O legitimado passivo será o credor. As hipóteses de cabimento estão previstas no art. 335 do Código Civil: “Art. 335. A consignação tem lugar: I – se o credornão puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II – se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III – se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV – se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; V – se pender litígio sobre o objeto do pagamento”. Existem duas espécies de consignação: a extrajudicial e a judicial. I. Extrajudicial: na extrajudicial, somente poderá ser consignado dinheiro. O devedor comparecerá em estabelecimento bancário, efetuando o depósito do valor em conta-corrente, com atualização monetária. O credor será cientificado por carta com aviso de recebimento, para que, no prazo de 10 (dez) dias contados do retorno do AR, manifeste a recusa por escrito. Caso não haja manifestação, o devedor será liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada. Caso a recusa seja apresentada ao estabelecimento bancário, caberá ao devedor propor a ação de consignação, instruindo a petição inicial com a prova do depósito e da recusa, no prazo de 1 (um) mês. Não proposta a ação, o depósito ficará sem efeito, podendo o depositante levantá- lo. II. Judicial: a consignação em pagamento judicial será utilizada para bens móveis (inclusive dinheiro) e imóveis, devendo ser proposta no lugar do pagamento ou, caso exista previsão contratual, no foro de eleição (art. 540 do CPC). Na petição inicial, o Autor deverá observar, além dos requisitos dos arts. 319 e 320 do CPC, o seguinte: o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ou comprovar que o depósito já foi efetuado extrajudicialmente. Não efetuando o depósito, o processo será extinto sem resolução do mérito; a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação; o Réu terá o prazo de 15 (quinze) dias para contestar. Apesar de a lei não impor um prazo específico, aplica-se a regra geral na ação de consignação em pagamento. O Réu poderá alegar que: não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida; foi justa a recusa; o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; o depósito não é integral, indicando o montante que entende ser devido, sob pena de esta tese não ser admitida. Tendo sido alegada a insuficiência do depósito, poderá o autor completar em 10 (dez) dias, exceto se já não for mais o caso de mora, mas de inadimplemento absoluto, hipótese em que haverá a resolução do contrato. O valor depositado pelo Autor é considerado incontroverso, podendo desde já ser liberado em favor do Réu, e o devedor, liberado parcialmente da obrigação, prosseguindo-se o processo em relação ao saldo remanescente controvertido. Caso a sentença conclua pela insuficiência do valor depositado, o credor poderá executar a diferença no mesmo processo, por meio do cumprimento de sentença. Caso o credor, após ser citado, receba o bem objeto da ação de consignação, o pedido será julgando procedente, o juiz declarará extinta a obrigação, com a condenação do Réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios. Na hipótese de a obrigação consistir em prestações sucessivas, com a consignação da primeira, as demais poderão ser depositadas no mesmo processo, no prazo de até 5 (cinco) dias contados da data do respectivo vencimento. Em se tratando de prestação de coisa indeterminada e, cabendo ao credor a escolha, este será citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor a faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito. Quando a consignação tiver por objeto a dúvida de quem deva legitimamente receber o pagamento, o Autor requererá a citação dos possíveis titulares do crédito para que provem o respectivo direito. Não comparecendo nenhum pretendente, o depósito será convertido em arrecadação de coisa vaga. Se apenas um comparecer, o juiz decidirá de plano ou, comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os presuntivos credores, observando o rito comum. ESTRUTURA DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO ENDEREÇAMENTO Competência Local em que deveria ter sido realizado o pagamento (art. 540, CPC) ou no domicílio do devedor (art. 327, CC). PREÂMBULO Partes Autor: devedor ou terceiro × Réu (credor). Nome da peça Ação de consignação em pagamento. Fundamento legal Art. 539 e ss. do CPC. I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: existência de uma obrigação do autor para com o réu. – Causa do litígio: o autor não consegue se livrar da obrigação assumida pelos motivos do art. 335 do CC. – Consequência jurídica: a declaração da extinção da obrigação. II. DO DIREITO – A situação do Autor se encaixa em uma das hipóteses do art. 335 do Código Civil e deseja se livrar da obrigação assumida, requerendo a consignação da quantia ou coisa devida (art. 539, CPC). III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A autorização para efetuar a consignação do bem. b) A procedência para declarar extinta a obrigação. c) A condenação em custas e honorários advocatícios. d) O interesse na realização da audiência de conciliação ou mediação. e) A citação do Réu para aceitar a coisa depositada ou apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias. f) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita. g) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). h) Requerimento de produção de prova. Valor da causa Valor do bem móvel, imóvel ou do montante a ser depositado. Peculiaridades – Na hipótese da consignação de coisa indeterminada, se a escolha couber ao credor, deverá o Autor requerer a citação do Réu para exercer o direito no prazo de 5 (cinco) dias, se outro não existir ou, para aceitar que o devedor a faça, pleiteando que o magistrado fixe lugar, dia e hora em que se fará a entrega do bem, sob pena de depósito. 9.6. MODELO DE AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE NATAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE PEDRO ROCHA, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado (procuração anexa), com fundamento no art. 539 e ss. do CPC, propor a presente AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO em face de NOME DO RÉU, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. ..., com sede na Rua ... (endereço completo), endereço eletrônico..., pelos fundamentos a seguir expostos. I. DOS FATOS O Autor celebrou contrato de compra e venda de imóvel que era de propriedade de ... No ato da compra, o imóvel foi financiado pela empresa Ré em 300 (trezentas) parcelas iguais de R$ 1.000,00 (um mil reais). Já tinha sido realizado o pagamento de 100 (cem) parcelas, quando o Autor procurou a empresa Ré no seu escritório, situado em Natal – RN, para efetuar o pagamento da última parcela vencida. Nesse momento, houve a recusa na entrega do recibo de quitação da parcela. O contrato previa na cláusula 5.6.7. que o atraso em mais de 3 (três) parcelas geraria o vencimento antecipado de toda a dívida, além de multa de 40% (quarenta por cento) do valor do contrato. Assim sendo, diante da obrigação do Autor de pagar e da recusa da empresa Ré de receber a prestação, não restam dúvidas quanto ao direito de consignar os valores em pagamento, a fim de exonerar-se daquilo que assumiu. II. DO DIREITO Trata-se de ação de consignação em pagamento ajuizada pelo Autor em face da empresa Ré, em razão da recusa desta em receber o adimplemento da obrigação assumida. O art. 335, inciso I, do Código Civil prevê que: “Art. 335. A consignação tem lugar: I – se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento,ou dar quitação na devida forma”. Até o pagamento da parcela 100 (cem), os recibos foram todos entregues. Todavia, por motivo desconhecido, a empresa Ré se recusou a receber a parcela de número 101 (cento e um). Diante disso, serve a presente para requerer a consignação das parcelas pendentes em juízo, com a procedência do pedido para declarar, ao final, extinta a obrigação assumida pelo Autor. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Por todo o exposto, serve a presente para requerer a Vossa Excelência: a) A autorização de depósito judicial do valor das prestações sucessivas. b) A procedência do pedido para declarar extinta a obrigação do Autor, com a consequente condenação do Réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, a serem fixados por Vossa Excelência, nos termos dos arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC. c) A opção pela realização de audiência de conciliação ou de mediação, nos termos do art. 334 do CPC. d) A citação do Réu para realizar o levantamento ou oferecimento de contestação no prazo de 15 dias. e) A juntada da inclusa guia, que comprova o recolhimento das custas. f) Que as intimações do advogado sejam endereçadas à Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. Protesta por provar o alegado por todos os meios em direito admitidos. Dá à causa o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). Termos em que, Pede deferimento. Local e data... Advogado... OAB n. ... 9.7. AÇÃO DE EXIGIR CONTAS Legislação aplicável Arts. 550 a 553 do CPC O Código de Processo Civil de 2015 alterou a nomenclatura deste procedimento (antes denominado Ação de Prestação de Contas), que passou a não mais prever a situação daquele que deseja prestar as contas e se exonerar delas. Portanto, no Código, somente haverá procedimento especial para aquele que visa a exigir a prestação de contas a quem esteja obrigado a prestá-las. I. Legitimidade a) Ativa: o art. 550 do CPC dispõe que aquele que afirma ser titular do direito de exigir contas requererá a citação do réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) dias. Normalmente, será aquele que tem bens administrados por outra pessoa, como um condômino do prédio exigindo a prestação de contas do síndico. b) Passiva: aquele que, de algum modo, tem o dever de prestar contas. Exemplo: síndico do prédio. O procedimento desta ação é dividido em duas fases: 1.ª Fase: verifica-se se o réu está ou não obrigado a prestar contas; e 2.ª Fase: as contas são prestadas, discutindo-se sua correção ou não. 1.ª Fase: O objetivo será o de apurar se o réu tem ou não o dever de prestar as contas. CUIDADO Os valores a serem apurados não são discutidos aqui. É uma petição inicial. Julgado procedente o pedido34, inicia-se a 2.ª fase e o réu será condenado a prestar contas em 15 dias, em forma adequada (CPC, art. 550, § 5.º). 2.ª Fase: O réu tem 2 opções no prazo de 15 dias: a) apresentar as contas: nesse caso, o autor terá 15 dias para se manifestar; b) não apresentar as contas: as contas serão apresentadas pelo autor, sem direito de impugnação. Ainda que o réu não possa impugnar as contas apresentadas pelo autor, isso não impede o Juiz de mandar realizar perícia caso duvide do acerto delas (prudente arbítrio do juiz). Ao final, será proferida sentença que apurará o saldo: “Art. 552. A sentença apurará o saldo e constituirá título executivo judicial”. Perceba que a ação de exigir contas tem caráter intrinsecamente dúplice, isto é, o saldo pode ser a favor de qualquer das partes, até mesmo do réu, ainda que este não tenha apresentado reconvenção ou pedido contraposto. ATENÇÃO A cobrança do saldo seguirá as regras do cumprimento de sentença (arts. 523 e ss. do CPC). ESTRUTURA DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS ENDEREÇAMENTO Competência Lugar de cumprimento da obrigação, nos termos do art. 53, III, d, do CPC PREÂMBULO Partes Autor e Réu. Qualificações completas. Nome da peça Ação de exigir contas. Fundamento legal Arts. 550 e ss. do CPC. I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: relação de exigência de contas. – Causa do litígio: falta de prestação das contas. – Consequência jurídica: necessidade de exigir/prestar as contas. II. DO DIREITO – Afirmar ser o titular do direito de exigir contas. – Especificar as razões, detalhadas, pelas quais exige as contas (art. 550, § 1.º, do CPC). – Instruir a inicial com documentos que comprovem a necessidade das contas. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A procedência do pedido, para o fim de condenar o Réu a prestar contas de forma adequada, em 15 dias, sob pena de não lhe ser lícito impugná-las (art. 550, § 5.º, do CPC). b) A condenação ao pagamento das custas e honorários advocatícios (arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC). c) A citação do réu, para que preste as contas ou ofereça contestação, no prazo de 15 dias (art. 550, caput, do CPC). d) A juntada da guia das custas ou pedido de gratuidade de justiça. e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. f) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). g) Protesto por provas, em especial a documental. Valor da causa Estimado Peculiaridades – Se apurado saldo, será constituído título executivo judicial e será possível a sua execução por meio de cumprimento de sentença. 9.8. MODELO DE AÇÃO DE EXIGIR CONTAS EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 25.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO DO ESTADO DE SÃO PAULO ÁLVARO SAMPAIO, nacionalidade..., estado civil..., profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado (procuração anexa), com fundamento nos arts. 550 e ss. do Código de Processo Civil propor AÇÃO DE EXIGIR CONTAS em face de PETERSON SILVA, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n. ..., e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ... (endereço completo), pelos fundamentos a seguir expostos. I. DOS FATOS O Autor é condômino e membro do conselho fiscal do Condomínio Edifício Privilégio, situado na comarca da São Paulo – SP, do qual o Réu é síndico, conforme se extrai da ata da assembleia ordinária em anexo. Todavia, muito embora o exercício fiscal tenha se encerrado, o Réu deixou de apresentar ao Conselho as contas do Condomínio, gerando sérias desconfianças quanto à sua idoneidade no exercício da administração. Desta forma, não restou alternativa ao Autor senão propor a presente demanda para a obtenção das contas pretéritas. II. DO DIREITO Conforme narrado, a despeito de o ano fiscal ter se encerrado, o Réu deixou de apresentar devidamente as contas de sua administração, o que gerou desconfianças não somente por parte do Autor como também de todos os outros condôminos. Nesse sentido, o art. 1.348, VIII, do Código Civil exige do síndico a devida prestação das contas em assembleia: “Art. 1.348. Compete ao síndico: [...] VIII – prestar contas à assembleia, anualmente e quando exigidas”. Era, portanto, dever do Réu a prestação de contas de sua administração, motivo pelo qual são elas exigidas na presente demanda, cumprindo-se, assim, exigência do art. 550, § 1.º, do CPC. Ademais, o Autor, por ser membro do Conselho fiscal e condômino, também tem o direito de ter acesso às contas por haver inúmeras despesas condominiais em aberto oriundas dos orçamentos não explicados devidamente pelo síndico, conforme ata de assembleia do ano anterior ora juntada. Portanto, necessário se faz a devida prestação das contas de forma adequada, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, conforme o art. 551, caput, do CPC. III. PEDIDOS E REQUERIMENTOS Diante de todo o exposto requer: a) A procedência do pedido para condenar o Réu a prestar as contas de forma adequada no prazo de 15 dias, sob pena de não lhe ser lícito impugná-las se o autor as apresentar (art. 550, § 5.º, do CPC). b) Que as contas sejam apresentadas de forma adequada, especificando receitas, despesas e investimentos se houver,e, apurando- se saldo, seja constituído título executivo (arts. 551 e 552 do CPC). c) A citação do Réu, para que apresente contas ou ofereça contestação no prazo de 15 dias (art. 550 do CPC). d) A condenação em custas e honorários, a serem arbitrados por Vossa Excelência. e) A juntada de custas iniciais, em anexo. f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. g) A informação de que o Autor possui interesse na realização da audiência de conciliação ou mediação. Protesta por provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, em especial a prova documental, com a juntada da ata da assembleia ordinária. Dá à causa o valor de R$ ... (valor por extenso). Termos em que... Pede deferimento. Local e data... Advogado... OAB n. ... 9.9. EMBARGOS DE TERCEIRO Legislação aplicável Arts. 674 e ss. do CPC É um instrumento processual à disposição do terceiro, aquele que não é parte no processo, sempre que sofra a constrição de um bem ou direito do qual seja proprietário ou possuidor, em razão de uma decisão judicial proferida em um processo do qual não participa. O objetivo desta medida é desconstituir a penhora judicial e liberação do bem constrito indevidamente ou, de forma preventiva, evitá-la. A terminologia “constrição” é o gênero, que abrange as seguintes modalidades: penhora, arresto, sequestro, busca e apreensão, imissão na posse. Para que os embargos de terceiro sejam utilizados, já que se trata de ação acessória, há que existir um processo em curso, seja de conhecimento ou de execução. Por isso, trata- se de competência funcional e a distribuição será por dependência ao juízo que determinou a constrição. Lembrando que deverão ser apresentados a qualquer tempo antes de transitar em julgado a sentença no processo de conhecimento, bem como, na execução, até 5 (cinco) dias depois do ato expropriatório. São legitimados nos embargos de terceiro: a) legitimidade ativa: “Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro. § 1.º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor. § 2.º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos: I – o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 84335; II – o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução; III – quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte; IV – o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos”. b) legitimidade passiva: Aquele que sempre for o beneficiário da constrição será legitimado passivo. Por exemplo: em um processo de execução de pagar quantia o Exequente sempre figurará como Embargado. Entretanto, caso a indicação do bem ou direito pertencente a terceiro tenha sido feita pelo Executado, este também figurará no polo passivo, como prevê o § 4.º do art. 677 do CPC: “Artigo 677. [...] § 4.º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial”. Portanto, haverá litisconsórcio passivo necessário somente se a indicação do bem partiu da parte contrária ao beneficiário no processo principal, figurando, assim, ambas as partes no polo passivo dos embargos de terceiro. Em relação ao procedimento, deverá o Embargante confeccionar uma petição inicial, observando os requisitos gerais do art. 319 do CPC e ainda, fazer prova sumária de sua posse ou de seu domínio e qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas. A requerimento do Embargante, é possível a concessão de liminar para suspender o ato constritivo ou determinar a manutenção ou reintegração de posse, podendo o juiz exigir caução. Muito embora não conste no mencionado artigo a palavra “liminar”, o provimento que suspende a constrição antecipa os efeitos da tutela e a possibilidade de sua análise é efetivada liminarmente, ou seja, já no juízo de admissibilidade da petição inicial. A distribuição ocorrerá por dependência ao juízo do processo principal, com a citação do embargado na pessoa de seu advogado (caso não o tenha, será pessoal), para apresentação de contestação no prazo de 15 (quinze) dias. Oferecida a contestação, o processo segue o rito comum. Julgado procedente o pedido dos embargos de terceiro, haverá o cancelamento do ato de constrição judicial indevido, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante. CUIDADO Não confundir embargos de terceiro com ações possessórias. Nos embargos de terceiros, o ato de agressão à posse decorre de decisão judicial, que determina o ato constritivo. É, portanto, diferente de ação possessória, cujo ato de agressão à posse é praticado por particular ou ente estatal, mas extrajudicialmente. ESTRUTURA DOS EMBARGOS DE TERCEIRO ENDEREÇAMENTO Competência Juízo que ordenou a constrição – art. 676, CPC. PREÂMBULO Partes Embargante (terceiro proprietário ou possuidor) × Embargado (sempre o beneficiário da constrição, e o seu adversário, na hipótese de partir dele a indicação do bem ou direito constrito). Nome da peça Embargos de terceiro. Fundamento legal Art. 674 e ss. do CPC. I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: verificar a ligação existente no caso concreto. – Causa do litígio: descrever a constrição indevida e que não é partícipe da relação processual que ocasionou a constrição. – Consequência jurídica: desconstituir a constrição, com a liberação do bem/direito, ou, de forma preventiva, evitá-la. II. DO DIREITO – Destacar a tempestividade da medida, pois é apresentada antes de transitar em julgado a sentença no processo de conhecimento, se for o caso, ou, na execução, até 5 (cinco) dias depois do ato expropriatório. Comprovar que o bem ou direito pertence a terceiro estranho à relação processual, fazendo prova sumária da posse ou do domínio, nos termos do art. 677 do CPC. III. DA LIMINAR – Requerer a suspensão provisória da constrição, a manutenção ou a reintegração de posse do bem ou direito. Transcrever o art. 678 do CPC. IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A concessão da liminar para suspender os atos constritivos, manutenção ou reintegração. b) A procedência para desconstituir a constrição judicial (ou evitá-la). c) A condenação em custas e honorários advocatícios. d) O interesse na realização da audiência de conciliação ou mediação. e) A citação do embargado, na pessoa do advogado, para apresentar contestação no prazo de 15 dias. f) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita. g) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). h) Requerimento de produção de prova, com juntada do rol de testemunhas. Valor da causa Valor do bem ou direito constrito Peculiaridades – Por ser uma ação acessória, deverá ser distribuída por dependência ao processo principal. Além do art. 677, CPC, deverá ser observado, no que couber, o art. 319, CPC para confecção da petição inicial. 9.10. MODELO DOS EMBARGOS DE TERCEIRO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE PIRACICABA DO ESTADO DE SÃO PAILO Distribuição por dependência ao Processo n. ... RODRIGO CAMARGO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado (procuração anexa), com fundamento no art. 674 e ss. do CPC, opor, tempestivamente, os presentes EMBARGOSDE TERCEIRO em face de DANIEL LIMA, nacionalidade, estado civil, profissão, RG n. ..., CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ... (endereço completo), pelos fundamentos a seguir expostos. I. DOS FATOS O Embargado ajuizou ação de execução por quantia certa em face de IZABELA SOUZA, processo n. ..., em trâmite perante a 2.ª Vara Cível da Comarca de Piracicaba Com o objetivo de satisfazer o seu crédito, requereu a penhora do imóvel de matrícula ..., pertencente ao 1.º Cartório de Registro de Imóveis desta Comarca. Ocorre que, por meio de instrumento particular de venda e compra, firmado 4 (quatro) anos antes do ajuizamento da mencionada execução, o Embargante adquiriu referido imóvel de IZABELA SOUZA, pelo valor de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais) conforme documento anexo (doc. ...). Diante disso, não restam dúvidas de que a presente penhora é indevida, devendo ser desconstituída, com a consequente liberação do bem. II. DO DIREITO Trata-se de embargos de terceiro, opostos pelo Embargante em face do Embargado, em razão da penhora do bem de matrícula n. 123.456, registrado no 1.º Cartório de Registro de Imóveis desta Comarca. Ressalta-se que os presentes Embargos de Terceiro são apresentados tempestivamente, já que não houve, sequer, arrematação do bem imóvel penhorado, atendendo o disposto no art. 675 do CPC. Ocorre que a demanda executiva que deu origem a tal ato constritivo é movida pelo Embargado em face de IZABELA SOUZA, sendo, portanto, o Embargante estranho a essa relação jurídico-processual. O art. 674 do CPC é claro quando aduz: “Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro”. O Embargante adquiriu o imóvel de IZABELA SOUZA 4 (quatro) anos antes do ajuizamento da presente demanda, conforme compromisso particular de compra e venda em anexo (doc. ...). Verifica-se, por tal instrumento, que a aquisição do imóvel é anterior à dívida, bem como é prova sumária da legitimidade do Embargante para a apresentação de Embargos de Terceiro. Reforçando tal argumentação, a Súmula 84 do STJ afirma: “É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro”. Portanto, os requisitos do art. 677 do CPC foram preenchidos, não restando dúvida quanto à qualidade de terceiro e a propriedade do imóvel de matrícula n. 123.456, devendo, portanto, ser acolhido o pedido para desconstituição da penhora. III. DA LIMINAR Com a documentação acostada, é de fácil constatação o domínio do Embargante em relação ao bem imóvel de matrícula n. 123.456 penhora nos autos da ação de execução n. ... Prevê o art. 678 e parágrafo único do CPC: “Art. 678. A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido. Parágrafo único. O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de reintegração provisória de posse à prestação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente”. Diante disso, serve a presente para requerer que seja determinada a suspensão dos atos constritivos do bem imóvel que pertence ao Embargante, além da manutenção de sua posse. IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Por todo o exposto, serve a presente para requerer à Vossa Excelência: a) A concessão da medida liminar, suspendendo-se os atos constritivos, concedendo a manutenção da posse ao Embargante. b) A procedência do pedido, para desconstituição da constrição judicial e consequente liberação do bem imóvel de matrícula n. 123.456, do 1.º Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Piracicaba. c) A condenação do Embargante ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios a serem fixados por Vossa Excelência, nos termos dos arts. 82, §.2.º, e 85, CPC. d) A opção pela realização de audiência de conciliação ou de mediação, nos termos do art. 334 do CPC. e) A citação do Embargado, na pessoa do advogado, para apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias. f) A juntada da guia inclusa que comprova o recolhimento das custas. g) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. Protesta por provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, em especial prova testemunhal, cujo rol segue abaixo: NOME (qualificação completa) NOME (qualificação completa) Dá à causa o valor de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais). Termos em que, Pede deferimento. Local e data... Advogado... OAB n. ... 9.11. AÇÃO DE DIVISÃO E DEMARCAÇÃO DE TERRAS Legislação aplicável Arts. 569 e ss. do CPC A ação de demarcação de terras é movida pelo proprietário em face do vizinho para fixar limites entre os terrenos. A ação de divisão, por sua vez, é dada em favor de um condômino, para obrigar os demais condôminos a partilhar a coisa comum entre eles, extinguindo o condomínio. Temos, portanto duas modalidades de ação: a) demarcação: é aquela proposta pelo proprietário, para obrigar o seu vizinho a estremar os respectivos prédios, fixando-se novos limites entre eles ou aviventando os rumos apagados e renovando marcos destruídos ou arruinados, conforme dispõe o art. 1.297 do Código Civil; b) divisão: é aquela proposta pelo condômino, para obrigar os demais condôminos a separar os seus respectivos quinhões, com a consequente extinção do condomínio. OBSERVAÇÃO Dentro da mesma ação, será possível cumular pedido de demarcação e de divisão, sendo a demarcação julgada primeiro, com a citação dos confrontantes e condôminos. Ambas as ações se aplicam tão somente às terras particulares. Para as terras de domínio público há procedimento especial previsto na legislação específica, como é o caso da ação discriminatória prevista pela Lei n. 6.383/76. A via judicial não é imprescindível, vez que os interessados, quando capazes e de comum acordo, podem realizar a demarcação e a divisão de terras mediante a celebração de escritura pública (CPC, art. 571). A despeito da literalidade do art. 569 do CPC, não é apenas o proprietário do bem imóvel que tem legitimidade ativa para a propositura da ação demarcatória, mas também titulares de direitos reais de gozo e fruição sobre coisa alheia36. Já a ação divisória só pode ser ajuizada pelos condôminos da coisa. ESTRUTURA DA AÇÃO DE DEMARCAÇÃO ENDEREÇAMENTO Competência Juízo do local do imóvel – art. 47 do CPC. PREÂMBULO Partes Autor e Réu. Qualificações completas. Nome da peça Ação de demarcação de terras particulares. Fundamento legal Arts. 574 e ss. do CPC. I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: relação de vizinhança. – Causa do litígio: falta de limites nos prédios. – Consequência jurídica: necessidade de estremar os prédios. II. DO DIREITO – Descrição da necessidade de estremar os prédios (arts. 1.297 e 1.298 do CC). – Designação do imóvel e sua situação com juntada dos títulos de propriedade (CPC, art. 574). – Descrição dos limites e nomeação de todos os vizinhos. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A procedência do pedido para o fim de determinar os limites a serem constituídos, aviventados ou renovados, traçando-se a linha a ser demarcada. b) A juntada de custas e honorários advocatícios (arts. 82, §.2.º, e 85 do CPC). c) A citação dos réus pelo correio (art. 576 do CPC). d) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita. e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. f) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). g) Protesto por provas, em especial a pericial. Valor da causa Regra: valor do imóvel Peculiaridades Requerimento final: – Transitada em julgadoa sentença, o perito efetuará a demarcação e efetuará o traçado da linha a ser demarcada. 9.12. MODELO DE AÇÃO DE DEMARCAÇÃO de terras EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 27.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE RIO VERDE DO ESTADO DE GOIÁS RAFAEL OTTO, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), por seu advogado (procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 574 e ss. do Código de Processo Civil, e nos arts. 1.297 e 1.298 do Código Civil, propor AÇÃO DE DEMARCAÇÃO em face de LUIZ PAULO, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portador do documento de identidade RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. I. DOS FATOS O Autor é proprietário de um terreno localizado na Rua ..., como faz prova o documento regularmente registrado do 7.º Cartório de Registro de Imóveis da cidade de Rio Verde. Porém, o imóvel acima descrito, em conformidade com o respectivo título de propriedade, não se encontra devidamente delimitado por muros, estando dessa forma suas limitações livres e desimpedidas, sendo necessária a fixação de suas divisas por meio de prova técnica pericial. Esclareça-se que o Autor formulou tentativa de realizar delimitações de seu imóvel de forma consensual. Contudo, encontrou resistência do Réu, que dificultou, de todas as formas, um comum acordo, restando, apenas, a opção da via judicial. Assim, tem direito a ser delimitado em sua propriedade, como se verá a seguir. II. DO DIREITO Como se pode observar no presente caso, o Autor é justo proprietário e possuidor do imóvel, que faz parte anexa à sua casa, conforme fotos, matrícula e contrato anexos. Em razão disso, tem o direito de verificar e delimitar claramente seu terreno, nos exatos termos dos arts. 1.297 e 1.298 do Código Civil. “Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas”. “Art. 1.298. Sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se determinarão de conformidade com a posse justa; e, não se achando ela provada, o terreno contestado se dividirá por partes iguais entre os prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante indenização ao outro.” No caso concreto, restando confusos e inexistentes os limites de seu imóvel, tem o direito de ver delimitada a sua propriedade. Desta forma, resta claro o direito de formalizar a sua delimitação. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Diante de todo o exposto, requer: a) A procedência do pedido, para que se delimite e demarque as áreas do imóvel, determinando o traçado da linha a ser demarcada, consignando em planta e memorial descritivo conforme arts. 581 e 582 do CPC. b) A condenação do Réu ao pagamento das custas e honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC. c) A citação do Réu pelo correio para que, em querendo, apresente defesa no prazo legal, conforme art. 576 do CPC. d) O interesse pela audiência de conciliação ou de mediação a ser designada por Vossa Excelência. e) A juntada da guia de custas, em anexo, devidamente recolhida. f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a prova documental e pericial. Dá à causa o valor de R$ ... (valor do imóvel). Termos em que, Pede deferimento. Local e Data... Advogado... OAB n. ... ESTRUTURA DA AÇÃO DE DIVISÃO ENDEREÇAMENTO Competência Juízo do local do imóvel – art. 47 do CPC PREÂMBULO Partes Autor e Réu. Qualificações completas. Nome da peça Ação de divisão de terras particulares. Fundamento legal Arts. 588 e ss. do CPC. I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: relação de condomínio. – Causa do litígio: intenção de delimitar áreas dentro do condomínio. – Consequência jurídica: necessidade de divisão. II. DO DIREITO – Descrição da necessidade de dividir o terreno objeto do condomínio (art. 1.320 do CC). – Indicação da origem do condomínio, a denominação, a situação, os limites e as características do imóvel (art. 588, I, do CPC). – Qualificação dos condôminos, com especificação dos estabelecidos no imóvel, com suas benfeitorias e culturas (art. 588, II, do CPC). – Indicação das benfeitorias comuns (art. 588, III, do CPC). III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A procedência do pedido, para o fim de dividir a propriedade em condomínio entre os condôminos, conforme o quinhão de cada um. b) As juntada das custas e honorários advocatícios (arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC). c) A citação dos réus pelo correio (art. 589 do CPC). d) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita. e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. f) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). g) Protesto por provas, em especial a pericial. Valor da causa Regra: valor do imóvel Peculiaridades Requerimento final: – Se as partes não impugnarem, haverá divisão geodésica do imóvel, caso haja impugnação, haverá a produção de prova pericial, e o perito procederá à demarcação dos quinhões. 9.13. MODELO DE AÇÃO DE DIVISÃO de terras EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO BERNARDO DO CAMPO DO ESTADO DE SÃO PAULO JOSÉ PAULO, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), por seu advogado (procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 588 e ss. do Código de Processo Civil e art. 1.320 do Código Civil, propor AÇÃO DE DIVISÃO em face de PEDRO SILVEIRA, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão..., portadora do RG n. ... e inscrita no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliada na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. I. DOS FATOS O Autor e a Ré são proprietários de um terreno localizado na Rua ... (endereço completo), como faz prova o documento regularmente registrado do 8.º Cartório de Registro de Imóveis da cidade de São Bernardo do Campo. Contudo, a despeito de serem coproprietários, não há mais interesse em manter a propriedade comum, e o Autor, mesmo tentando dividir o imóvel consensualmente com a Ré, não obteve êxito. Assim, tem direito a ser dividida a propriedade, como se verá a seguir. II. DO DIREITO Como se pode observar no presente caso, o Autor e a Ré são justos proprietários e possuidores do imóvel, que contém benfeitorias, conforme fotos, matrícula e contrato de compra e venda, todos em anexos. Nesse sentido, apesar do condomínio existente, qualquer condômino tem o direito de dividir sua área, e delimitar claramente seu terreno, nos exatos termos do art. 1.320 do Código Civil. “Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão.” No caso concreto, há interesse no desfazimento da copropriedade, dividindo-se o imóvel. Desta forma, resta claro o direito de formalizar a sua divisão. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Diante de todo o exposto, requer: a) A procedência do pedido, para que se determine a divisão geodésica das áreas do imóvel, demarcando- se os quinhões respectivos de cada condômino, nos termos dos arts. 592, § 2.º, e 596, parágrafo único, do CPC. b) A condenação da Ré ao pagamento das custas e honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência, nostermos dos arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC. c) A citação da Ré pelo correio, para que, em querendo, apresente manifestação no prazo legal, conforme art. 589 do CPC. d) O interesse pela audiência de conciliação ou de mediação, a ser designada por Vossa Excelência. e) A juntada da guia de custas devidamente recolhida, em anexo. f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a prova documental e pericial. Dá à causa o valor de R$ ... (valor do imóvel). Termos em que, Pede deferimento. Local e Data... Advogado... OAB n. ... 9.14. AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE Legislação aplicável Arts. 599 e ss. do CPC A ação de dissolução parcial de sociedade está prevista nos arts. 599 a 609 do Código de Processo Civil. Em linhas gerais, o ajuizamento da ação se dá quando um ou alguns sócios decidem exercer seu direito de retirada da sociedade, em casos de falecimento ou exclusão, que impliquem na extinção parcial da sociedade. O caput do art. 599 dispõe que a ação pode ter por objeto: (i) – a resolução da sociedade empresária contratual ou simples em relação ao sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; e (ii) – a apuração dos haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; ou (iii) – somente a resolução ou a apuração de haveres. Percebe-se, portanto, que a ação de dissolução parcial da sociedade, uma inovação trazida pelo CPC de 2015, possui objeto amplo, abrangendo não somente a dissolução parcial em sentido estrito, mas também as hipóteses de exclusão do sócio. Com efeito, não se deve confundir a dissolução, em sentido técnico, com a exclusão de sócio. O que as aproxima é apenas a fase de apuração de haveres: “Dissolução é resolução (rompimento) judicial da sociedade em relação a um ou mais sócios – e consequente alteração do contrato social (por ofício à Junta Comercial, em execução imprópria). Há duas hipóteses de retirada: a motivada e a imotivada. A primeira tem as hipóteses enunciadas no art. 1.077 do CC (para as limitadas), art. 137 da Lei das Sociedades Anônimas, e segunda parte do art. 1.029 do CC (sociedades simples). A segunda, o rompimento imotivado, depende de duas premissas: sociedade por prazo indeterminado e regência supletiva das sociedades simples (CC, art. 1.029, parte primeira). As duas hipóteses podem ser extrajudiciais. Basta que a sociedade acolha o pedido de rompimento e promova a alteração do contrato social. Resta a apuração de haveres – que também pode ser extrajudicial. A dissolução parcial é a demanda judicial proposta para superar a resistência ao exercício de recesso ou retirada e, consequentemente, abrir caminho para pagamento de haveres”37. Com base nos motivos que impliquem a extinção parcial da sociedade, conforme previsão do rol taxativo, contido no art. 600 do CPC, a ação pode ser proposta: pelo espólio do sócio falecido, quando a totalidade dos sucessores não ingressar na sociedade; pelos sucessores, após concluída a partilha do sócio falecido; pela sociedade, se os sócios sobreviventes não admitirem o ingresso do espólio ou dos sucessores do falecido na sociedade, quando esse direito decorrer do contrato social; pelo sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso, se não tiver sido providenciada, pelos demais sócios, a alteração contratual consensual formalizando o desligamento, depois de transcorridos 10 (dez) dias do exercício do direito; pela sociedade, nos casos em que a lei não autoriza a exclusão extrajudicial; ou pelo sócio excluído. Também se permite que o cônjuge ou companheiro do sócio cujo casamento, união estável ou convivência terminou requeira a apuração de seus haveres na sociedade, que serão pagos à conta da quota social titulada por este sócio. Isso não significa, no entanto, que a ação de dissolução parcial poderá discutir a meação, com base no regime de bens do ex-casal. O pedido para a apuração de haveres deve ser feito, pelo ex-cônjuge ou ex-companheiro, após a realização da partilha. O sócio excluído tem uma legitimidade ativa limitada à apuração de haveres, vez que, por não ser mais sócio, não tem como ajuizar a ação de dissolução parcial38. A ação deverá observar os requisitos da petição inicial, elencados nos arts. 319 e seguintes do CPC, e pode versar somente sobre a dissolução parcial da sociedade, ou, também, a apuração dos haveres. Estes podem, inclusive, consistir no único pedido formulado pelo autor. É o caso de ação de apuração de haveres movida por sócio excluído da sociedade. Nos ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni, temos que: O código disciplina basicamente duas modalidades distintas de demandas: a ação para a dissolução parcial da sociedade e a ação para apuração de haveres. Elas podem ser cumuladas em um só processo, ou podem ser deduzidas de forma autônoma [...]. Em síntese, sob a premissa de que há o interesse na preservação da sociedade, ainda quando um dos sócios manifesta sua vontade de retirar-se dela, ou não pode mais vincular-se a ela, mostrou-se necessário estabelecer regime para que essa extinção parcial do vínculo com a sociedade possa fazer-se sem maiores percalços e sem prejuízo à continuidade das atividades da pessoa jurídica39. Isto quer dizer que se o contrato for omisso, no que diz respeito aos haveres da sociedade, nos casos de retirada, exclusão ou falecimento, faz-se necessária a apuração, feita por perito nomeado, para que o sócio retirante, o excluído ou a família do falecido, receba o valor que lhe cabia. Assim, na concordância dos demais sócios acerca do procedimento, o juiz pode, imediatamente, passar à fase de liquidação. Ocorre que, se o cenário for diferente, em sede contestatória, os demais sócios poderão formular uma indenização combinada com os haveres a serem apurados. Teresa Arruda Alvim, lembra em sua obra que: Se a ação de dissolução parcial de sociedade contiver pedidos cumulados de dissolução e apuração de haveres, ou apenas pedido de apuração de haveres por parte do sócio que deixa a sociedade ou dos sucessores do sócio falecido, é lícito que a sociedade formule pedido contraposto de indenização em face do sócio autor em caso de danos por este provocados à primeira40. A apuração dos haveres, tem previsão no art. 606 do Código de Processo Civil, devendo seguir o que consta no contrato e/ou no estatuto social da sociedade, sendo que cabe ao juiz nomear perito para realizar o acerto. O fim da dissolução se dá após a apuração, momento em que o sócio ou a família, serão pagos conforme previsão do contrato social, ou nos termos estabelecidos pelo art. 1.031, § 2.º, do Código Civil41, em 90 dias, contados a partir da liquidação. ESTRUTURA DA AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE ENDEREÇAMENTO Competência Local da sede da sociedade, nos termos dos arts. 46 e 53, III, alíneas a e b, do CPC. PREÂMBULO Partes Autor e Réu podem ser: sócio excluído; espólio ou sucessores do sócio falecido; sociedade; sócio retirante. Qualificações completas. Nome da peça Ação de dissolução de sociedade. Fundamento legal Arts. 599 e ss. do CPC e art. 1.029 do Código Civil. I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: sociedade. – Causa do litígio: quebra da affectio societatis. – Consequência jurídica: dissolução parcial da sociedade. II. DO DIREITO – Descrição da quebra da affectio societatis. Na hipótese de exercício de direito de retirada: – Descrição de que o sócio não tem mais interesse em permanecer na sociedade. – O desejo do sócio de se retirar, nos termos do art. 599 do CPC. Na hipótese de exclusão de sócio, por falecimento ou outra causa, justificar dentro de uma das hipóteses previstas pelos arts. 1.077 e 1.029 do Código Civil, ou pelo art. 137 da Lei das S/A. – A apuração dos haveres, nos termos do art. 1.031 do Código Civil. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A procedência dos pedidos, declarando adissolução da sociedade, determinando, ato contínuo, o início da apuração dos haveres, visando à liquidação das quotas, mediante a nomeação de liquidante. b) As custas e honorários advocatícios (art. 85 do CPC). c) A citação dos réus para que apresentem contestação sob pena de revelia. d) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita. e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. f) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). g) Protesto por provas. Valor da causa Regra: valor equivalente ao montante do capital social correspondente à participação do sócio que pretende se afastar do grupo. 9.15. MODELO DE AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 26.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE BÚZIOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO JÚLIO CÉSAR, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), por seu advogado (procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 599 e ss. do Código de Processo Civil e 1.029 do Código Civil, propor AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE em face da Sociedade 2XZ, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. ..., endereço eletrônico..., com sede na Rua ... (endereço completo), RICARDO SOUZA, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), WESLEY LIMA, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo) e PEDRO, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo) pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. I. DOS FATOS O Autor é sócio dos Réus na Sociedade 2XZ, conforme se vê do contrato social anexo. O capital social é de R$ 100.000,00, dividido em 100.000 mil quotas, no valor unitário de R$ 1,00 (um real), que foi totalmente integralizado pelos sócios, sendo dividido na proporção de 25% a cada um. O Autor integralizou, no ato de constituição da sociedade, R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), referentes às quotas por ele subscritas. A administração da sociedade cabia, isoladamente, ao sócio Wesley, que divergia bastante do Autor, claramente prejudicando a sociedade. Assim, diante dos diversos prejuízos sofridos, o Autor tentou retirar- se da sociedade amigavelmente, porém, sem êxito. Diante disso, o Autor enviou à sociedade uma notificação extrajudicial, cientificando previamente os outros sócios de sua intenção de se retirar da sociedade, conferindo também o prazo de 30 (trinta) dias para que os demais se manifestassem acerca do exercício do direito de preferência na aquisição das quotas do Autor, liberando-o, após, para tomar as medidas que julgasse convenientes à defesa de seus direitos. Sem respostas, não restou alternativa senão ajuizar a presente ação, vez que irrefutável a divergência entre os sócios. II. DO DIREITO No tocante à sociedade limitada, sabe-se que o aspecto da affectio societatis é imprescindível, por ser considerada uma sociedade de pessoas, constituída em função da qualidade pessoal dos sócios, na busca da realização do objeto social, em prol da obtenção dos lucros. Apesar disso, a confiança depositada pelo Autor nos demais sócios ficou bastante abalada, principalmente pelo fato de ele acreditar haver grande ingerência na empresa. Fato que corrobora o narrado e que evidencia a quebra da affectio societatis é a própria notificação do Autor, revelando toda a sua insatisfação e a vontade expressa de se desvincular da sociedade. Assim, resta claro que o Autor não tem mais interesse em se manter na sociedade, podendo exercer seu direito de retirada, conforme previsão do art. 599 do Código de Processo Civil, além da apuração dos haveres, prevista no art. 1.031 do Código Civil. III. DOS PEDIDOS Diante de todo o exposto, requer: a) A procedência dos pedidos, declarando a dissolução da sociedade, determinando, ato contínuo, o início da apuração dos haveres, visando à liquidação das quotas, mediante a nomeação de liquidante. b) A condenação dos réus ao pagamento de custas e honorários advocatícios (art. 85 do CPC). c) A citação dos réus para que apresentem contestação sob pena de revelia. d) A juntada da guia das custas. e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, tais como documental, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do administrador da empresa. Dá à causa o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Termos em que, Pede deferimento. Local e Data... Advogado... OAB n. ... 9.16. INVENTÁRIO E PARTILHA Legislação aplicável Arts. 610 e ss. do CPC Por força da saisine, a sucessão dos herdeiros no patrimônio do falecido ocorre instantaneamente, no exato momento de sua morte, real ou presumida (CC, art. 1.784). O termo inventário significa “ato” ou “efeito de inventariar”, indicando atividades tais como as de selecionar, catalogar, registrar, enumerar coisas, descrever, arrolar. Na definição de Francisco José Cahali: Inventário é o meio pelo qual se promove a efetiva transferência da herança aos respectivos herdeiros, embora, no plano jurídico (e fictício, como visto), a transmissão do acervo se opere no exato instante do falecimento. Através dele, faz-se a identificação dos sucessores, da herança, das eventuais dívidas e obrigações deixadas pelo falecido, para futura partilha ou adjudicação do resultado aos herdeiros. Quando judicial, em seu curso, também são promovidos os atos de posse e administração e liquidação da herança, pagamento de impostos de transmissão causa mortis, são prestadas contas, definidos e individualizados os quinhões hereditários, identificados os legados e legatários, verificadas eventuais substituições e acréscimos etc., tudo para regularizar juridicamente a sub-rogação dos sucessores na titularidade das relações jurídicas objeto da sucessão causa mortis42. Embora alguns autores tentem traçar distinções entre herança e espólio, as palavras são frequentemente utilizadas pelo legislador como sinônimas, significando a universalidade de direito, indivisível, que reúne o conjunto de situações jurídicas ativas e passivas do de cujus. Ou seja, trata-se do patrimônio deixado pelo de cujus a seus herdeiros. Essa é a herança, ou espólio, como se queira chamar. Nesse sentido, Caio Mário da Silva Pereira de fine- a como “o conjunto patrimonial transmitido causa mortis. Diz-se, também, acervo hereditário, massa ou monte. Numa especialização semântica, como equivalente a espólio, traduz a universalidade de coisas (universitas rerum), até que a sua individualização pela partilha determine os quinhões ou pagamentos dos herdeiros”43. O Código de Processo Civil, nos arts. 610 a 665, estabelece o procedimento especial, como regra, para os processos de Inventário e Partilha. O Inventário é procedimento obrigatório para a atribuição legal dos bens aos sucessores do falecido, sejam eles legítimos ou testamentários, e deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte, devendo o processo ser instaurado no foro do último domicílio do autor da herança. Caso o prazo de propositura da ação seja descumprido, haverá a imposição de multa prevista pela legislação estadual (STF, Súmula 542). Caso o autor não tenha domicílio certo, é competente o foro da situação dos bens imóveis, ou, não havendo bens imóveis, será considerado o foroda situação de qualquer dos bens do espólio. O procedimento deve ser feito pela via judicial44. Entretanto, não havendo testamento e herdeiros incapazes, poderá ser feito extrajudicialmente, desde que todos aqueles estejam de acordo. O inventário atrai as demais ações que têm por réu o de cujus, quando eventual condenação gere débito a ser satisfeito pelo espólio e desde que não haja competência absoluta de outro juízo (e.g.: ações relativas a direitos reais sobre bens imóveis). Entretanto, sendo basicamente um procedimento administrativo de arrecadação de bens do de cujus, não cabe ao inventário resolver questões de alta indagação, isto é, questões que demandem dilação probatória, mas apenas aquelas cujos “fatos relevantes estejam provados por documento, só remetendo para as vias ordinárias as questões que dependerem de outras provas”. Por isso mesmo, não são discutidas em sede de inventário questões tais como investigação e reconhecimento de paternidade, ou reconhecimento de união estável45. Não é necessário que a petição inicial já venha acompanhada de um arrolamento de todos os bens deixados pelo de cujus, bastando que nela conste quem administra o espólio, com a sua qualificação completa, ou de um dos legitimados concorrentes previstos no art. 616 do CPC. É preciso, ainda, a juntada da certidão de óbito do de cujus, embora essa falta possa ser suprida após o pedido de abertura do inventário, mediante emenda da inicial, no prazo de quinze dias, solicitada pelo juiz (CPC, art. 321). Enquanto não nomeado um inventariante, o administrador provisório (supostamente quem se encontre na posse dos bens) continuará na posse do imóvel (CPC, art. 613), mesmo que, pela saisine, os herdeiros já tenham incorporado os bens do de cujus em seus patrimônios. Nessa hipótese, estes apenas têm a posse indireta. Além disso, o administrador provisório representará ativa e passivamente o espólio, ficando obrigado pelos frutos percebidos desde a abertura da sucessão, com direito a ser reembolsado pelas despesas necessárias e úteis que fez, mas respondendo por eventuais danos a que tenha dado causa, com dolo ou culpa (CPC, art. 614). Após ter sido instaurado o inquérito, o juiz deverá nomear um inventariante, se o de cujus já não tiver indicado alguém por testamento. A nomeação do inventariante pelo juiz seguirá a seguinte ordem (CPC, art. 617): I – o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste; II – o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados; III – qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio; IV – o herdeiro menor, por seu representante legal; V – o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a herança estiver distribuída em legados; VI – o cessionário do herdeiro ou do legatário; VII – o inventariante judicial, se houver; VIII – pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial. Intimado de sua nomeação, o inventariante será convocado para prestar compromisso de bem desempenhar a sua função, em até cinco dias (CPC, art. 615). Esse compromisso é dispensado caso o procedimento adotado seja o arrolamento. O inventariante poderá praticar certos atos, em nome do espólio, sem a autorização judicial. São eles (CPC, art. 618): I – representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, observando-se, quanto ao dativo, o disposto no art. 75, § 1.º ; II – administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência que teria se seus fossem; III – prestar as primeiras e as últimas declarações pessoalmente ou por procurador com po deres especiais; IV – exibir em cartório, a qualquer tempo, para exame das partes, os documentos relativos ao espólio; V – juntar aos autos certidão do testamento, se houver; VI – trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou excluído; VII – prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe determinar; VIII – requerer a declaração de insolvência. Além disso, com autorização judicial, o inventariante poderá (CPC, art. 619): I – alienar bens de qualquer espécie; II – transigir em juízo ou fora dele; III – pagar dívidas do espólio. Em até vinte dias úteis da data em que prestou compromisso, o inventariante deverá apresentar as primeiras declarações. Essas nada mais são do que o arrolamento de todos os bens do falecido, bem como a indicação de todos os herdeiros. Elas poderão ser apresentadas por procurador com poderes especiais, mediante petição (CPC, art. 620, § 2.º). Em virtude da dificuldade de se arrolar todos os bens do falecido em vinte dias, ainda que úteis, é comum que seja pedida – e concedida – uma dilação de prazo, bastando que se justifique, por exemplo, que os bens se encontram em localidades distintas, que certos documentos ainda não foram expedidos etc.46. Embora o art. 620, IV, h, indique que o valor dos bens a ser apresentado seja o “corrente”, é razoável admitir que as partes lancem valores que estejam em documentos oficiais, por exemplo “os lançamentos fiscais para os imóveis urbanos (IPTU) e rurais (ITR), os saldos das aplicações financeiras constantes de extratos bancários, o valor nominal das participações societárias, o valor das ações negociadas em bolsa, tabelas e índices de institutos reconhecidos (Tabela Fipe, para carros), ou, ainda, os valores lançados nas declarações de bens e rendimentos do de cujus etc.”47. A partilha é a fase seguinte ao inventário, que atribui, a cada um dos herdeiros, a parte que lhes cabe, repartindo os bens entre eles. A partilha poderá ser amigável, judicial ou em vida. A partilha amigável é feita, geralmente, quando não há questões a serem discutidas entre os herdeiros. Segundo ensina Humberto Theodoro Júnior, acerca do tema: A partilha amigável é aquela que se faz por acordo de vontades entre todos os sucessores. Requer capacidade de exercício dos interessados e acordo unânime entre eles. Pode tomar a forma de escritura pública ou de termo nos autos do inventário, ou, ainda, de escrito particular homologado pelo juiz. Tem cabimento tanto no caso de inventário completo como no de arrolamento48. A partilha em vida é feita pelo autor da herança, mediante ato entre vivos ou de última vontade. Quando feita inter vivos, a partilha será instrumentalizada por uma ou mais doações. Por ato de última vontade, faz parte do conteúdo de testamento deixado pelo autor da herança. Tanto em um quanto em outro caso, poderá haver redução das liberalidades ou das disposições testamentárias, caso a partilha feita em vida pelo de cujus venha a prejudicar a legítima de um ou mais herdeiros necessários. A partilha judicial, prevista no art. 64749 do CPC, determina caber ao juiz proferir decisão acerca da partilha dos bens, designando, para tanto, o que constituirá o quinhão de cada herdeiro e legatário. O procedimento deve observar as regras explícitas no art. 648 do CPC, que implicam, basicamente em: I – a máxima igualdade possível quanto ao valor, à natureza e à qualidade dos bens; II – a prevenção de litígios futuros; III – a máxima comodidade dos coerdeiros, do cônjuge ou do companheiro, se for o caso. A sentença da partilha é proferida homologando-se a partilha, após a comprovação do pagamento do imposto de transmissão de causa mortis, bem como a comprovação de que todos os demais compromissos tributários e eventuais débitos foram devidamente quitados. Por fim, após o trânsito em julgado, cada herdeiro recebe o que lhe couber, juntamente com um formal de partilha, que consiste em uma carta de sentença extraída, contendo: I – termo de inventariante e título de herdeiros; II – avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro; III – pagamento do quinhão hereditário; IV – quitação dos impostos; V – sentença, nos termos do art. 655 do CPC. ESTRUTURA DA AÇÃO DE INVENTÁRIO ENDEREÇAMENTO Competência Forodo último domicílio do autor da herança (CPC, art. 48, caput). Caso não tenha tido domicílio certo: I – o foro de situação dos bens imóveis; II – havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; III – não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. PREÂMBULO Partes Autor: quem estiver na posse e na administração do espólio (CPC, art. 615); o cônjuge ou companheiro supérstite; o herdeiro; o legatário; o testamenteiro; o cessionário do herdeiro ou do legatário; o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança; o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; a Fazenda Pública, quando tiver interesse; o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite. Nome da peça Requerimento de inventário e da partilha. Fundamento legal Arts. 615 e ss. do CPC. DOS REQUERIMENTOS a) A instauração do inventário, com a nomeação de inventariante, nos termos do art. 617 do CPC. b) Nomeado o inventariante, que seja intimado para prestar as primeiras declarações no prazo previsto pelo art. 620 do CPC. c) Feitas as primeiras declarações, que sejam citados o cônjuge, o companheiro, os herdeiros e os legatários do autor da herança, conforme dispõe o art. 626 do CPC. d) Também, após as primeiras declarações, que seja intimada a Fazenda Pública. e) No mesmo momento, que seja intimado o testamenteiro (caso haja testamento). Valor da causa Regra: valor equivalente ao monte-mor (conforme a Lei estadual n. 11.608/2003, do Estado de São Paulo)1. Entretanto, na abertura de inventário pelo arrolamento comum, pode não haver ainda um valor estimado do patrimônio deixado pelo de cujus. Nessa hipótese, deve- se dar um valor genérico, como por exemplo R$ 1.000,00. 50 9.17. MODELO DE REQUERIMENTO DE INVENTÁRIO (ARROLAMENTO COMUM) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2.ª VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE SÃO PAULO DO ESTADO DE SÃO PAULO SANDRA ROSA, brasileira, viúva, do lar, portadora do RG n. ... e inscrita no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliada na Rua ... (endereço completo); vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 615 do CPC e no art. 1.784 e ss. do CC, requerer a abertura do INVENTÁRIO dos bens deixados por YURI LIMA, falecido no dia ..., na cidade de ..., conforme comprova certidão de óbito anexa (doc...), deixando bens e herdeiros, sem deixar testamento ou qualquer disposição de última vontade. Estando a autora do presente requerimento na posse dos bens do falecido, apresentando-se, portanto, como administradora provisória, podendo representar o espólio até a nomeação do inventariante, requer, em resumo: a) A instauração do inventário, com a nomeação de inventariante, nos termos do art. 617 do CPC. b) Nomeado o inventariante, que seja intimado para prestar as primeiras declarações no prazo previsto pelo art. 620 do CPC. c) Feitas as primeiras declarações, que sejam citados o cônjuge, o companheiro, os herdeiros e os legatários do autor da herança, conforme dispõe o art. 626 do CPC. d) Também, após as primeiras declarações, que seja intimada a Fazenda Pública. e) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. Informa que as intimações deverão ser encaminhadas, ao endereço profissional... Por oportuno, requer a juntada da anexa guia de custas iniciais devidamente quitada. Dá à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais). Termos em que, Pede deferimento. Local e Data... Advogado... OAB n. ... 9.18. MODELO DE AÇÃO DE INVENTÁRIO (ARROLAMENTO SUMÁRIO) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2.ª VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE SÃO PAULO DO ESTADO DE SÃO PAULO SANDRA ROSA, brasileira, viúva, do lar, portadora do RG n. ... e inscrita no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliada na Rua ... (endereço completo); PEDRO CESAR, brasileiro, solteiro, comerciante portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico, residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo); e LUCAS LIMA, brasileiro, solteiro, comerciante portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico, residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), por seu advogado (procuração anexa), vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos arts. 610 e ss., do CPC e no art. 1.784 e ss. do CC, requerer a abertura do INVENTÁRIO dos bens deixados por YURI LIMA, que deverá ser processado na forma de ARROLAMENTO SUMÁRIO, falecido no dia ..., na cidade de ..., conforme comprova certidão de óbito anexa (doc. ...), deixando bens e herdeiros, sem deixar testamento ou qualquer disposição de última vontade. Outrossim, requerem seja nomeado para o cargo de inventariante o herdeiro (nome completo), que, em cumprimento ao disposto no art. 659 do CPC, declara o título dos herdeiros, qualificando o inventariado, bem como os bens do espólio, sua avaliação, e o plano de partilha com pedido de quinhões, nos seguintes termos: INVENTARIADO YURI LIMA, que era titular da Cédula de Identidade RG n. ... e inscrito no CPF/MF sob o n. ..., brasileiro, industrial, casado pelo regime da comunhão universal com SANDRA ROSA (doc. 3), residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo). HERDEIROS São herdeiros necessários do falecido todos os filhos legítimos, maiores e capazes: 1) PEDRO CÉSAR, brasileiro, solteiro, comerciante, titular da Cédula de Identidade RG n. ... e inscrito no CPF/MF sob o n. ..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo). 2) LUCAS LIMA, brasileiro, solteiro, comerciante, titular da Cédula de Identidade RG n ... e inscrito no CPF n. ..., casado pelo regime da comunhão universal de bens com LIA LIMA, brasileira, do lar, titular da Cédula de Identidade RG n. ..., inscrita no CPF n. ..., ambos residentes e domiciliados na Rua ... (endereço completo) CÔNJUGE SOBREVIVENTE O de cujus era casado pelo regime da comunhão universal de bens com SANDRA ROSA, brasileira, viúva, do lar, titular da Cédula de Identidade RG n. ..., inscrita no CPF n. ..., residente e domiciliada na Rua ... (endereço completo) BENS A PARTILHAR Direitos sobre imóvel: o apartamento ..., localizado no (descrição de acordo com o registro de imóveis). O referido imóvel foi adquirido a título oneroso na constância do matrimônio e acha-se incorporado em terreno caracterizado na matrícula n. ..., devidamente registrado no ... Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de ..., sob a matrícula de n. ..., ficha ..., livro ... de Registro Geral (doc. ...), inscrito no Cadastro dos Contribuintes da Prefeitura Municipal sob n. ... VALOR VENAL: R$ ... (doc. ...). MONTE-MOR PARTILHÁVEL Valor total do monte-mor: R$ ... PLANO DE PARTILHA Os pagamentos deverão ser efetuados nos seguintes termos: a) Pagamento à cônjuge sobrevivente SANDRA ROSA, de sua parte, a título de meação, no valor de R$ ..., da seguinte maneira: (especificar meação de ½ sobre o imóvel). b) Pagamento ao herdeiro PEDRO CÉSAR, de sua parte, a título de herança, no valor de R$ ..., da seguinte maneira: (especificar quota de ¼ sobre o imóvel). c) Pagamento ao herdeiro LUCAS LIMA, de sua parte, a título de herança, no valor de R$ ..., da seguinte maneira: (especificar quota de ¼ sobre o imóvel). d) Nestas condições, requerem os herdeiros do falecido, bem como a cônjuge sobrevivente, se digne Vossa Excelência nomear ... para o cargo de Inventariante, bem como homologar a presente partilha, para os devidos fins e efeitos de direito. e) Requerem, ainda, a juntada das inclusas certidões de quitação dos tributos federais, estaduais e municipais. f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. Por oportuno, requer a juntada da anexa guia de custas iniciais devidamente quitada. Dá à causa o valor de R$... Termos em que, Pede deferimento. Local e Data... Advogado... OAB n. ... 9.19.OPOSIÇÃO Legislação aplicável Arts. 682 e ss. do CPC A oposição será cabível na hipótese do terceiro que pretenda obter o mesmo bem ou direito que é objeto de disputa entre Autor e Réu na ação originária, ou seja, o Opoente litigará com as partes do processo principal, por entender que aquilo que estão disputando lhe pertença. Imagine uma ação reivindicatória na qual Autor e Réu disputam a propriedade de um automóvel. Todavia, esse bem pertence ao terceiro (Opoente) que, através da oposição, poderá pretender o automóvel discutido pelas partes na ação reivindicatória. Lembrando que a oposição é possível para pretender a totalidade da coisa ou parte dela. E o prazo para ser apresentada é até a sentença. O Opoente deverá confeccionar uma petição inicial, que será distribuída por dependência ao processo principal. Haverá a formação de litisconsórcio passivo necessário entre as partes do processo principal. Assim, os Opostos serão citados na pessoa de seus respectivos advogados, para contestar o pedido no prazo de 15 (quinze) dias. O parágrafo único do art. 683 do CPC estabelece que o prazo é comum, não se aplicando o disposto no art. 22951 do CPC. A oposição correrá em apenso ao processo principal e ambas serão julgadas pela mesma sentença. Caso a oposição seja apresentada após o início da audiência de instrução e julgamento do processo principal, o juiz suspenderá o curso do processo ao fim da produção das provas, exceto se concluir que a unidade da instrução atende melhor ao princípio da duração razoável do processo. O juiz, ao julgar simultaneamente, deverá primeiro apreciar a oposição e, posteriormente, a ação originária. Pode acontecer de o julgamento não ocorrer de forma simultânea, na hipótese, por exemplo, de a oposição ser extinta sem resolução do mérito, por falta de alguma das condições da ação. Há possibilidade de um dos Opostos reconhecer a procedência do pedido do Opoente, continuando a oposição em relação ao outro. ESTRUTURA DA OPOSIÇÃO ENDEREÇAMENTO Competência Juízo competente para o julgamento da ação originária (parágrafo único do art. 683 do CPC). PREÂMBULO Partes Opoente: terceiro x Opostos: Autor e Réu da ação originária (formação de litisconsórcio passivo necessário). Nome da peça Oposição. Fundamento legal Arts. 682 e ss. do CPC. I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: existência de uma ação originária na qual há disputa de bem ou direito entre Autor e Réu. – Causa do litígio: bem ou direito que é objeto de disputa pertence ao terceiro Opoente. – Consequência jurídica: o reconhecimento do direito do Opoente em relação ao bem ou direito. II. DO DIREITO O direito do Opoente em relação ao bem que é objeto de disputa entre Autor e Réu na ação originária, seja por ser possuidor ou proprietário. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A Procedência para declarar a posse ou propriedade do bem ou direito. b) A condenação em custas e honorários advocatícios. c) O Interesse na realização da audiência de conciliação ou mediação. d) A citação dos opostos na pessoa do advogado para apresentarem contestação no prazo comum de 15 dias. e) A juntada do recolhimento de custas ou pedido de justiça gratuita. f) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). g) Requerimento de produção de prova. Valor da causa Valor do bem ou direito que pertença a terceiro. Peculiaridades – Deverá ser confeccionada uma petição inicial observando, no que couber, os requisitos do art. 319 do CPC, e deverá ser distribuída por dependência ao processo principal. 9.20. MODELO DE OPOSIÇÃO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 21.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO DO ESTADO DE SÃO PAULO Distribuição por dependência ao Processo n. ... VANESSA PIERS, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora do RG n. ..., e inscrita no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado (procuração anexa), com fundamento no art. 682 e ss. do CPC, apresentar OPOSIÇÃO em face de MARCOS FRONT, nacionalidade, estado civil, profissão, RG n. ..., CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ... (endereço completo), JOAQUIM TAVOROLA, nacionalidade, estado civil, profissão, RG n. ..., CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ... (endereço completo), pelos fundamentos a seguir expostos. I. DOS FATOS Os Opostos são litigante na ação originária Reivindicatória n. ..., em trâmite perante este mesmo juízo, referente à do Imóvel de matrícula n. 123 pertencente ao 1.º Cartório de Registro de Imóveis desta Comarca, que o primeiro Oposto move em face do segundo. Ocorre que o imóvel objeto de disputa entre os Opostos pertence ao Opoente, conforme pode-se verificar do incluso recibo de quitação recebido das mãos do antigo proprietário que consta na matrícula do imóvel, com a firma devidamente reconhecida (doc. ...), cujo valor constante é de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). Diante disso, não restam dúvidas que o imóvel pertença ao Opoente, devendo ser declarada sua propriedade. II. DO DIREITO Trata-se de oposição ajuizada pelo Opoente em face dos Opostos, em razão da disputa, por eles, do bem imóvel de matrícula n. 123, inscrito no 1.º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo. Ocorre que o imóvel objeto de disputa não pertence a nenhum dos opostos, e sim, ao Opoente. Determina o art. 682 do CPC: “Art. 682. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que autor e réu poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos”. No processo principal não houve prolação da sentença, bem como o documento anexo comprova a aquisição do bem imóvel que é objeto de disputa pelos Opostos, pertencente ao Opoente. Além disso, o art. 1.228 do Código Civil permite ao proprietário reaver o imóvel do poder de quem quer que injustamente o possua ou detenha. Diante disso, não restam dúvidas quanto ao direito do Opoente em relação ao imóvel de matrícula n. 123, devendo a presente demanda ser julgada procedente. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Por todo o exposto, serve a presente para requerer a Vossa Excelência: a) A procedência do pedido reconhecendo ser o Opoente o proprietário do imóvel de matrícula n. 123, do 1.º Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de São Paulo – SP. b) A condenação dos Opostos ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios a serem fixados por Vossa Excelência. c) A opção pela realização de audiência de conciliação ou de mediação, nos termos do art. 334 do CPC. d) A citação dos Opostos, na pessoa dos respectivos advogados, para apresentar contestação no prazo comum de 15 (quinze) dias. e) A juntada da inclusa guia que comprova o recolhimento das custas. f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. Protesta por provar o alegado por todos os meios em direito admitidos. Dá à causa o valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). Termos em que, Pede deferimento. Local e data... Advogado... OAB n. ... 9.21. HABILITAÇÃO Legislação aplicável Arts. 687 a 692 do CPC Com a morte de uma das partes, o processo será suspenso (art. 313, I e § 1.º, do CPC). Ocorre que a relação processual precisa ser regularizada para continuidade do processo e para tanto há o procedimento especial de habilitação. ESTRUTURA DA HABILITAÇÃO ENDEREÇAMENTO Competência Juízo do processo em curso. PREÂMBULO Partes Requerente e Requerido. Qualificações completas. Nome da peça Ação de habilitação. Fundamento legal Arts. 687 e ss. do CPC. I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: existência de processo anterior, falecimento da parte e relação com a parte a ser sucedida. – Causa do litígio: necessidade de correção do polo – Consequência jurídica: propositura da demanda para regularização do processo II. DO DIREITO – Ocorrência da morte da parte e a necessidade de sucessão – art. 110 do CPC. – Suspensão do processo em razão da morte– art. 313, I e § 1.º, do CPC. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A procedência do pedido para o fim de determinar a habilitação dos sucessores e a retomada do curso do processo principal. b) Suspensão imediata do processo principal. c) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios (arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC). d) A citação dos requeridos para manifestação em 5 dias, e, havendo impugnação, a autuação em apartado. e) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita. f) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. g) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). h) Protesto por provas. Valor da causa Valor para fins de alçada. Peculiaridades Requerimento final: – Se as partes não impugnarem, haverá a habilitação no processo. Se houver impugnação, haverá dilação probatória, com autuação em apartado. 9.22. MODELO DE HABILITAÇÃO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 13.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE DO ESTADO DE MINAS GERAIS Processo n. ... FELISTIANO JUNIOR..., nacionalidade ..., estado civil ..., profissão..., portador do documento de identidade RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), por seu advogado (procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 687 e ss. do Código de Processo Civil, requerer a HABILITAÇÃO nos autos do processo em epígrafe, do herdeiro de FELISTIANO, ora Requerido nessa ação de cobrança proposta por MALICIANO..., nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do CPF... e do RG ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), conforme os fundamentos que seguem. I. DOS FATOS Maliciano, já qualificado nos autos do processo de numeração em epígrafe propôs ação de cobrança em face de Felistiano, alegando ser credor na quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais). Ocorre que, no decorrer do processo, Felistiano veio a falecer, conforme se verifica na certidão de óbito que segue anexa, restando o processo suspenso. O Autor da presente habilitação é filho do Réu da presente demanda, conforme se demonstra na certidão de nascimento em anexo. Assim, vem requerer a habilitação de seu herdeiro como Réu na presente demanda, a fim de regularização do processo. II. DO DIREITO Como visto, há necessidade de regularização do processo em função do falecimento da parte integrante de seu polo passivo. Nesse sentido, o art. 687 do Código de Processo Civil permite a habilitação em razão de falecimento de qualquer das partes: “Art. 687. A habilitação ocorre quando, por falecimento de qualquer das partes, os interessados houverem de suceder-lhe no processo”. E ainda, o art. 688, II, do CPC prevê a habilitação pelos sucessores do falecido. Portanto, é plenamente cabível a habilitação do herdeiro de Felistiano Junior nestes autos. III. DOS PEDIDOS Diante de todo o exposto, requer-se: a) Seja procedente o presente incidente, habilitando Felistiano Junior, herdeiro de Felistiano, nos autos da ação de cobrança, retomando o seu curso nos termos dos arts. 691 e 692 do Código de Processo Civil. b) A citação do Requerido, para, querendo, apresente sua manifestação em 5 dias, conforme previsão do art. 690 do Código de Processo Civil. c) Após o trânsito em julgado da sentença destes autos, requer seja esta juntada nos autos principais, dando prosseguimento naqueles autos em face do Requerido, nos termos do art. 692 do Códex processualista. d) A condenação do Réu ao pagamento das custas e honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos arts. 82, § 2.º, e 85 CPC. e) O interesse pela audiência de conciliação ou de mediação a ser designada por Vossa Excelência. f) A juntada da inclusa guia de custas devidamente recolhida em anexo. g) Que as intimações seja enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC). h) Havendo necessidade de dilação probatória, a autuação em apartado do presente incidente, nos termos do art. 691 do Código de Processo Civil, com a produção de todos os meios de prova admitidos em direito. Dá à causa o valor de R$ ... Termos em que, Pede deferimento. Local e Data... Advogado... OAB n. ... 9.23. AÇÃO DE ALIMENTOS Legislação aplicável Lei n. 5.478/68, arts. 1.694 e ss. do CC e arts. 528 e ss. do CPC Os alimentos dividem-se em provisórios, quando estabelecidos por decisão interlocutória ou pelo procedimento previsto pela Lei n. 5.478/68 (Lei de Alimentos), e definitivos, quando fixados por sentença. De todo modo, por se fundarem no binômio “necessidade- possibilidade”, dependem sempre da manutenção das circunstâncias nas quais foram concedidos. Portanto, a sentença que fixa os alimentos definitivos goza apenas de coisa julgada formal. Os alimentos estão sempre sujeitos a revisão (Lei de Alimentos, art. 15). Os alimentos provisórios têm a função de suprir a necessidade atual do alimentado no decorrer do processo. A fixação de alimentos provisórios pelo juiz é a regra, conforme se extrai da literalidade do art. 4.º da Lei de Alimentos. Não serão arbitrados apenas quando o alimentado declarar expressamente não ter interesse por eles. Assim como os alimentos definitivos, os provisórios também podem ser revistos a qualquer tempo, mas o pedido de revisão será processado em apartado (Lei de Alimentos, art. 13, § 1.º). Os alimentos provisórios serão devidos até a data da decisão final, inclusive o julgamento do recurso extraordinário. A Lei de Alimentos estabelece o Rito Especial para a Ação de Alimentos, desde que haja prova pré-constituída do parentesco, casamento ou união estável. Supletivamente, aplicam-se as regras do rito comum, previsto pelo Código de Processo Civil (Lei de Alimentos, art. 27). A ação busca o pagamento de alimentos, sem a necessidade de eventual investigação de paternidade. Conforme bem observado por Sérgio Carlos Covello: Trata-se, portanto, de ação que compete a uma pessoa para exigir de outra, em razão de parentesco, casamento ou união estável, os recursos de que necessita para subsistência, na impossibilidade de prover por si o próprio sustento52. A legitimidade para a ação de alimentos está relacionada à obrigação alimentar. O rol de obrigados consta do art. 1.69453 do CC: ascendentes, descendentes e irmãos, além do cônjuge ou companheiro. A ordem sucessiva é perceptível, no que diz respeito à obrigação alimentar: em primeiro plano estão os ascendentes; em seguida estão os descendentes; por fim estão os irmãos. O foro competente para a instauração da ação é o domicílio do alimentando, nos termos do art. 53, II, do CPC. O valor da causa corresponde a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor, conforme disposto no art. 292, III, do CPC. ESTRUTURA DA AÇÃO DE ALIMENTOS ENDEREÇAMENTO Competência Residência do alimentando, nos termos do art. 53, II, do CPC. PREÂMBULO Partes Requerente e Requerido. Nome da peça Ação de alimentos. Fundamento legal Lei n. 5.478/68. DOS FATOS – Relação de parentesco havida entre as partes (ascendentes, descendentes, cônjuges, companheiros, irmãos). – Presença da necessidade de o Autor receber apoio financeiro, visto não poder arcar sozinho com os gastos para a sua subsistência; – Condição financeira do Réu que permite auxiliar economicamente o Autor. DO DIREITO – Os pais devem contribuir para o sustento dos filhos – arts. 1.694 e 1.696 do Código Civil. – A comprovação do parentesco – art. 2.º da Lei n. 5.478/68. – Trata-se de obrigação alimentar, prevista no art. 229 da Constituição Federal. – Comprovação do parentesco, necessidade e possibilidade – art. 4.º da Lei de Alimentos. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A fixação a título de alimentos provisórios, liminarmente, o valor de R$... mensais, com depósitos na conta-corrente em nome do(a) representante legal. b) A procedência da demanda para, confirmando os alimentos fixados provisoriamente, torná-los definitivos, condenando o Requeridoao pagamento de alimentos no importe de R$... mensais. c) A condenação do Requerido ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios. d) A citação do Requerido, por oficial de justiça, para que, no prazo legal, apresente defesa. e) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita. f) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. g) A intimação do Ministério Público. h) Protesto por provas. Valor da causa Art. 292, III, do CPC: deve corresponder à soma de 12 (doze) prestações mensais, perseguidas na ação. 9.24. MODELO DE AÇÃO DE ALIMENTOS EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 10.ª VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DE ANÁPOLIS DO ESTADO DE GOIÁS ELAINE, nacionalidade, menor impúbere, portadora do RG n. ... e inscrita no CPF n. ..., neste ato representada por sua mãe Clarice, nacionalidade, casada, secretária, portadora do RG n. ... e inscrita no CPF sob n. ..., endereço eletrônico.., residentes e domiciliados na Rua ... (endereço completo), por meio de seu advogado (procuração anexa), com escritório onde receberá suas intimações (endereço completo), vem, respeitosamente, propor a presente AÇÃO DE ALIMENTOS, com fulcro na Lei n. 5.478/68, em face de CRISTIANO, nacionalidade, casado, profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF sob n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e direito a seguir aduzidos. I. DOS FATOS O Requerido Cristiano e a representante legal da Requerente, Clarice, foram casados por 5 (cinco) anos. Como fruto do casamento, tiveram a pequena ELAINE, ora Requerente (conforme certidão de nascimento – doc. ...). Houve, no entanto, o término das relações conjugais, vez que ambos se encontram separados de fato há 1 (um) ano. Ocorre que, estando separados de fato, o Requerido vem se furtando ao cumprimento de sua obrigação como pai, deixando de colaborar com o custeio da filha ELAINE, estimado em R$ 600,00 (seiscentos reais) (doc. ...). Referido valor compromete o orçamento familiar da Requerente e sua genitora, estando a situação insustentável. Mesmo diante de tantos apelos, o Requerido tem se mostrado indiferente às necessidades da própria filha. Exercendo a profissão de cabeleireira, Clarice percebe a renda mensal de R$ 800,00 (oitocentos reais). O Requerido tem renda mensal no importe de R$ 1.600,00 (mil e seiscentos reais), trabalhando como professor (docs. ...). Portanto, a título de alimentos, o Requerido deverá participar com a quantia de R$ 400,00 (quatrocentos reais) mensais. II. DO DIREITO A teor do disposto nos arts. 1.694 e 1.696 do Código Civil, os pais devem contribuir para o sustento dos filhos, presentes os demais requisitos. A obrigação alimentar, portanto, recai sobre o Réu, na medida em que ele é pai da Autora, comprovado assim o parentesco, conforme determinado no art. 2.º da Lei n. 5.478/68. Além disso, a obrigação alimentar do Réu também encontra previsão no art. 229 da Constituição Federal. A Requerente demonstrou ter necessidade da quantia de R$ 600,00 mensais, ao passo que a possibilidade de o Requerido arcar com a quantia de R$ 400,00 também foi demonstrada. Portanto, estando presentes os requisitos da necessidade do Requerente e da possibilidade do Requerido, previstos nos arts. 1.694, § 1.º, e 1.695, ambos do Código Civil, de rigor a fixação da verba alimentar pleiteada. III. DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS A teor do art. 4.º da Lei de Alimentos, comprovados o parentesco, a necessidade e a possibilidade, de rigor se impõe a fixação de alimentos provisórios: “Art. 4.º Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita”. Ademais, no caso em análise, restou comprovada a necessidade de fixação de tal provisão legal, face à dificuldade financeira enfrentada pela genitora da requerente, comprometendo sua subsistência e seu desenvolvimento. IV. DO PEDIDO Diante do exposto, é a presente para requerer digne-se Vossa Excelência: a) Fixar a título de alimentos provisórios, liminarmente, o valor de R$ 400,00 (quatrocentos reais) mensais, com depósitos na conta-corrente em nome da representante legal, Sra. Clarice. b) Julgar procedente a demanda para, confirmando os alimentos fixados provisoriamente, torná-los definitivos, condenando o Requerido ao pagamento de alimentos no importe de R$ 400,00 (quatrocentos reais) mensais. c) Condenar o Requerido ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios em montante a ser arbitrado por Vossa Excelência. d) Determinar a citação do Requerido, por oficial de justiça, para que, no prazo legal, apresente defesa. O Autor não se opõe a designação da audiência de conciliação ou de mediação. Requer, ainda, a intimação do membro do Ministério Público, para que se manifeste nos autos, a teor do disposto no art. 9.º da Lei n. 5.478/68. Por fim, requer a produção de todas as provas admitidas em direito. Por oportuno, requer a juntada da anexa guia de custas iniciais devidamente quitada. Dá-se à causa o valor de R$ 4.800,00 (quatro mil e oitocentos reais). Termos em que, Pede deferimento. Local e Data... Advogado... OAB n. ... 9.25. ALIMENTOS GRAVÍDICOS Legislação aplicável Lei n. 11.804/2008 Os alimentos gravídicos estão previstos na Lei n. 11.804/2008. São destinados a cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive os referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes. Embora a Lei n. 11.804/2008 fale em “alimentos da mulher gestante”, os alimentos gravídicos são devidos ao nascituro54. Afinal de contas, a depender das circunstâncias, pode ocorrer que apenas este último tenha alguma relação jurídica com o alimentante. Pense-se na hipótese de a mãe gestante não ser companheira nem cônjuge do réu. Fosse, de fato, ela a destinatária dos alimentos, estes não poderiam ser reconhecidos, por força do que dispõe o art. 1.694 do Código Civil. A despeito disso, a legitimidade ativa é da gestante, ainda que extraordinária, pois defende interesses alheios em nome próprio. Como toda e qualquer espécie de alimentos, os gravídicos também se pautam pelo binômio da necessidade e da possibilidade (CC, art. 1.694, § 1.º). Assim sendo, ao se fixarem os alimentos devidos pelo futuro pai, levar-se-á em consideração, também, a contribuição que puder ser dada pela mãe gestante. Não há necessidade de exame de DNA que estabeleça, com certeza, a paternidade daquele a quem se pleiteia os alimentos. Para a fixação dos alimentos gravídicos, basta a existência de indícios de paternidade, seguindo a terminologia empregada pela própria Lei n. 11.804/2008 (art. 6.º). Os alimentos gravídicos são fixados, dado indício da existência da paternidade, perdurando até o nascimento da criança, conforme binômio necessidade-paternidade. Após o nascimento do filho, os alimentos gravídicos são convertidos em pensão alimentícia, até que uma das partes requeira a revisão. Nessa hipótese, a legitimidade ativa, outrora concedida à gestante, será automaticamente transmitida para o alimentado. É o que entende o STJ, nas palavras do Ministro Marco Aurélio Bellizze: Isso significa que, após o nascimento, passará a ser o recém-nascido a parte legítima para requerer a execução, seja da obrigação referente aos alimentos gravídicos, seja da pensão alimentícia eventualmente inadimplida. Nessa linha de raciocínio, o nascimento ocasionará o fenômeno da sucessão processual, de maneira que o nascituro (na figura da sua mãe) será sucedido pelo recém-nascido”, concluiu o ministro ao negar o recurso especial do suposto pai55. Após a propositura da ação, o réu será citado para apresentar em cinco dias a sua resposta. Trata-sede um prazo exíguo, mas que se justifica diante da premência da situação. Para dirimir eventuais lacunas legais, aplicam-se, subsidiariamente, o Código de Processo Civil e a Lei n. 5.478/68. ESTRUTURA DA AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS ENDEREÇAMENTO Competência Foro do alimentando, nos termos do art. 53, II, do CPC. PREÂMBULO Partes Autora (grávida) e Réu. Nome da peça Ação de alimentos gravídicos. Fundamento legal Lei n. 11.804/2008. I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: relacionamento entre as partes, bem como outros indícios de paternidade. – Consequência jurídica: gravidez e dever de pagar alimentos. II. DO DIREITO – A previsão do art. 2.º da Lei n. 11.804/2008 (legalidade dos alimentos). – Indício de paternidade (art. 6.º da Lei n. 11.804/2008). – Binômio necessidade do alimentando e possibilidade do alimentante (art. 1.694, § 1.º, do CC. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A concessão dos benefícios da justiça gratuita. b) A intimação do Ministério Público, por se tratar de interesse de menor, nos moldes do art. 82, I, do CPC. c) A concessão, de imediato, dos alimentos. d) A citação do réu para contestar no prazo de 5 dias, sob pena de revelia. e) O julgamento procedente, para condenar o Réu a pagar à Autora o valor mensal de R$..., durante toda a gravidez. Após o nascimento com vida, que sejam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor. f) A condenação do réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios no montante de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa. g) Protesto por provas. Valor da causa Art. 292, III, do CPC: Na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor. 9.26. MODELO DE AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DE SANTOS DO ESTADO DE SÃO PAULO MARIA SANTOS, nacionalidade, solteira, desempregada, secretária, portadora do RG n. ... e inscrita no CPF sob n. ..., endereço eletrônico.., residente e domiciliada na Rua ... (endereço completo), por meio de seu advogado (procuração anexa), com escritório onde receberá suas intimações (endereço completo), vem, respeitosamente, propor a presente AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS, com fulcro na Lei n. 11.804/2008, em face de FERNANDO SOUZA, nacionalidade, solteiro, profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF sob n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e direito a seguir aduzidos. I. DOS FATOS Conforme se comprova das trocas de mensagens anexadas a esta petição inicial, o Réu e a Autora mantiveram um relacionamento por mais de três anos. Desta relação, a Autora engravidou, encontrando-se atualmente em fase pré-natal. Após o término do relacionamento, o Réu recusou-se a prestar auxílio à Autora nos gastos necessários com o desenvolvimento da gravidez. Estando desempregada, a Autora não tem como arcar com esses custos. Além disso, do que se extrai dos documentos anexados, o réu é empresário, tendo a sua empresa um lucro mensal estimado em R$ ..., sem restar dúvidas acerca de sua condição financeira para prestar auxílio à Autora. II. DOS ALIMENTOS GRAVÍDICOS Conforme dispõe o art. 6.º da Lei n. 11.804/2008: “Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré”. Bastando indícios de paternidade para a concessão dos alimentos gravídicos, vê-se satisfeita a condição para a procedência da presente ação, vez que a Autora teve, até pouco tempo atrás, uma relação estável e duradoura com o Réu, comprovada pelos documentos em anexo, sem qualquer outro parceiro sexual. Ademais, estão também presentes os requisitos da necessidade do alimentando e da possibilidade do alimentado (CC, art. 1.694, § 1.º), pois a Autora não possui vínculo empregatício atual que permita custear as necessidades básicas da gravidez. O Réu, por sua vez, tem condição financeira bastante confortável, possibilitando-o de auxiliar a Autora. Conclui-se, portanto, pelo dever de o Réu pagar alimentos gravídicos à Autora, no valor de R$ ..., fixados para a duração da gravidez e convertidos, após o nascimento, em alimentos devidos à criança. III. DOS PEDIDOS Ante o exposto requer: a) A concessão dos benefícios da justiça gratuita, por ser a autora pobre em sentido legal, conforme os preceitos da Lei n. 1.060/50 e declaração de pobreza anexa. b) A intimação do Ministério Público, por se tratar de interesse de menor, nos moldes do art. 82, I, do CPC. c) A concessão, de imediato, dos alimentos, no importe de R$... mensais a serem descontados diretamente em folha de pagamento. d) A citação do réu para contestar no prazo de 5 dias, sob pena de revelia. e) O julgamento procedente para condenar o Réu a pagar a Autora o valor mensal de R$ ... durante toda a gravidez. Após o nascimento com vida, que sejam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor. f) A condenação do réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios no montante de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa. Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, em especial a documental, a testemunhal e, após o nascimento com vida, a pericial. Da à presente causa o valor de ... (equivalente a doze prestações mensais). Termos em que, Pede deferimento. Local e Data... Advogado... OAB n. ... 9.27. JUSTIFICATIVA EM AÇÃO DE ALIMENTOS Legislação aplicável Arts. 528 e ss. do CPC O art. 52856 do CPC, prevê que, caso o Réu, executado, por algum motivo não pagar os alimentos fixados, em 3 (três) dias, deverá justificar a impossibilidade de efetuá-lo, sob pena de protesto, nos termos do art. 51757 do mesmo diploma legal. O Réu deverá apresentar impossibilidade que seja absoluta, mas temporária, pois a definitiva, que ensejaria a extinção da obrigação alimentar por desaparecimento do binômio “necessidade-adequação”, deve fundar ação própria de extinção de alimentos58. 9.28. MODELO DE JUSTIFICATIVA em AÇÃO DE ALIMENTOS EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3.ª VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DE PERNAMBUCO DO ESTADO DE RECIFE Processo n. ... Fernando, nacionalidade, solteiro, profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF sob n. ..., endereço eletrônico.., residente e domiciliados na Rua ... (endereço completo), por meio de seu advogado (procuração anexa), com escritório onde receberá suas intimações (endereço completo), vem, respeitosamente, propor a presente JUSTIFICATIVA EM AÇÃO DE ALIMENTOS, com fulcro no art. 528 do CPC, em face de Joana, menor impúbere, neste ato, representada pela sua genitora, Maria, nacionalidade, solteira, desempregada, portadora do RG n. ... e inscrita no CPF sob n. ..., endereço eletrônico..., residentes e domiciliadas na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e direito a seguir aduzidos. I. DOS FATOS O Executado havia firmado acordo com a Exequente para pagar alimentos no importe de R$ 2.000,00 (dois mil reais), sendo o acordo devidamente homologado. O Executado cuida de seus pais, que são idosos e doentes, necessitando de integral ajuda financeira do filho, conforme comprovação anexa. Em decorrência de complicações na saúde da mãe do Executado, este teve de realizar uma série de despesas médicas urgentes que o impediram de realizar o pagamento integral dos valores devidos a título de pensão alimentícia. Assim, o Executado, que nunca deixou de honrar nenhum de seus compromissos com a sua filha, pôde pagar apenas metade do acordado, nos últimos três meses. O Executado pede ao juízo que aceite proposta de pagamento do débito em três prestações de R$ 1.000,00, cada, a serem pagas a partir do próximo mês. II. DO DIREITO Diante dos fatos relatados, demonstra aqui, o Executado, que nos termos do § 1.º do art. 1.694 do CC, os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante edos recursos da pessoa obrigada. Assim, espera-se que Vossa Excelência, em face da impossibilidade absoluta do pagamento da pensão nos moldes do acordo, outrora pactuado, compreenda e aceite a presente justificativa. III. DOS PEDIDOS Diante de todo o exposto requer: a) a improcedência do pedido de prisão, em face do Executado, bem como do protesto, tendo em vista a presente justificativa; b) a procedência do pedido, levando-se em consideração o que fora esclarecido, para permitir o pagamento do débito alimentar em três prestações de R$ 1.000,00 (hum mil reais), cada; e c) os benefícios na justiça gratuita. Protesta por provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, especialmente a juntada dos documentos mencionados acima. Termos em que, Pede deferimento. Local e Data... Advogado... OAB n. ... 9.29. GUARDA Legislação aplicável Arts. 1.583 e ss. do CC, Lei n. 13.058/2004 e arts. 33 e ss. do ECA. A guarda está prevista nos arts. 1.583 a 1.590 do Código Civil, na Lei n. 13.058/2004 e nos arts. 33 a 35 do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. A guarda é simples companhia fática de uma pessoa com relação à outra a qual a lei atribui efeitos jurídicos. Quem tem a guarda, tem, faticamente, a companhia do menor e, portanto, tem o dever de cuidar do menor e zelar por sua segurança59. O Código Civil dispõe que a “guarda pode ser unilateral ou compartilhada”60, já o ECA preceitua que “a guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros”61. Em linhas gerias, a guarda serve para regularizar a companhia, convivência e cuidado do menor, não, necessariamente implicando em adoção. A doutrina majoritária entende que a guarda estipulada no ECA, “tem caráter protetivo, no sentido de risco pessoal e social”62, diferentemente do que prevê o Código Civil. Atualmente, admitem-se, como modalidades de guarda, a compartilhada, a alternada e a unilateral. a) Guarda compartilhada Também chamada de guarda conjunta, foi objeto de lei específica (Lei n. 13.058/2004), que modificou os arts. 1.583, 1.584, 1.585 e 1.634 do Código Civil. O art. 1.583, § 1.º, do CC, dispõe que a guarda compartilhada é “a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns”. Rodrigo da Cunha Pereira, acerca da guarda compartilhada, preceitua que: É um modelo novo, cuja proposta é a tomada conjunta de decisões mais importantes em relação à vida do filho, mesmo após o término da sociedade conjugal63. A lei visa, sobretudo, a preservar os interesses dos filhos, principalmente quando não houver acordo entre os pais quanto à guarda, ou quando eles não viverem sob o mesmo teto, sem ferir o poder familiar. Assim, neste caso, ambos têm a guarda jurídica dos filhos e dividem as responsabilidades sobre eles, devendo o tempo e o convívio de cada um com seus filhos ser distribuídos de forma equilibrada, sempre levando em consideração as condições fáticas e os interesses dos menores, como preceitua o § 2.º da Lei n. 13.058/2004. Após o advento da lei, a guarda compartilhada passou a ser prioridade em relação aos outros tipos de guarda, principalmente pelo fato de que não é necessário estabelecer regras de visitas, pois os pais estarão sempre presentes na vida dos filhos. b) Guarda alternada A guarda alternada não tem previsão legal. Contudo, a doutrina e a jurisprudência entendem que é a alternância de residências dos pais, onde o menor fica ora com um, ora com outro. Desta forma, aquele que estiver com o filho terá a guarda de maneira exclusiva, sem quaisquer interferências do outro. A principal crítica acerca da guarda alternada é a de que, mudando de residência diária, semanal ou quinzenalmente, como é usual, a rotina do menor fica prejudicada, tendo em vista que ele não tem uma residência fixa estabelecida. c) Guarda unilateral A guarda unilateral tem previsão legal no art. 1.583, § 1.º, do CC, e deve ser fixada, caso não seja possível que seja compartilhada. Exercida unilateralmente por um dos pais, ou por um maior, é requerida quando um dos pais, por algum motivo não pode ou não consegue criar ou cuidar do menor. O genitor que não ficou com a guarda tem direito de visitação (incluindo os avós, a critério do juiz, observados os interesses da criança ou do adolescente) poderá visitar o filho, desde que cumpra o que foi acordado com o genitor detentor da guarda ou o que for fixado em juízo, além do direito de fiscalizar sua manutenção e educação64. A guarda unilateral não impede o direito de visitas do genitor que não ficou com a guarda. Diferentemente da guarda compartilhada, na unilateral somente um dos genitores tem autonomia para tomar decisões sobre os atos da vida do filho, por ele devendo responder. Em todos os casos citados, tanto a legislação como a doutrina e a jurisprudência, visam a manter intacto, dentro dos limites possíveis, o poder familiar, e, principalmente, os interesses e o bem-estar dos filhos. ESTRUTURA DA AÇÃO DE GUARDA ENDEREÇAMENTO Competência Juízo do local de residência de quem exerce a guarda. PREÂMBULO Partes Autor e Réu. Nome da peça Ação de guarda. Fundamento legal Arts. 1.583 e ss. do Código Civil c/c arts. 300 e 693 e ss. do Código de Processo Civil. I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: relação entre as partes e o interesse na guarda do menor. – Consequência jurídica: requerimento da guarda e regularização das visitas. II. DO DIREITO – Guarda unilateral ou compartilhada. – A obrigação dos pais, conforme art. 22 do ECA. – Regularização das visitas. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A concessão da gratuidade de justiça. b) A concessão da tutela provisória de urgência, deferindo-se a Guarda Provisória Unilateral do menor lavrando-se o respectivo termo. c) A intimação de membro do Ministério Público. d) O interesse na realização da audiência de mediação e conciliação prevista no art. 334 do CPC. e) A citação do Réu, para apresentar contestação. f) A procedência do pedido, deferindo-se a guarda definitiva unilateral. g) A condenação do Réu no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência. h) Protesto por provas. Valor da causa Como o bem da vida pleiteado não tem valor econômico, deve-se dar qualquer valor simbólico à causa, por força do que exige o art. 291 do CPC. 9.30. MODELO DE AÇÃO DE GUARDA EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DE SÃO PAULO DO ESTADO DE SÃO PAULO ELISA SOUZA, nacionalidade, casada, secretária, portadora do RG n. ... e inscrita no CPF sob n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliada na Rua ... (endereço completo), por meio de seu advogado (procuração anexa), com escritório onde receberá suas intimações (endereço completo), vem, respeitosamente, propor a presente AÇÃO DE GUARDA, nos termos dos arts. 1.583 e ss. do Código Civil c/c arts. 300 e 693 e ss. do Código de Processo Civil, em face de CAIO SANTOS, nacionalidade, solteiro, profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF sob n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e direito a seguir aduzidos. I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA A Requerente é pobre na concepção da justiça, não tendo condições de arcar com as custas do processo sem prejudicar seu sustento próprio, e assim, pede que Vossa Excelência conceda os benefícios da gratuidade de justiça, com fulcro no art. 5.º, LXXIV, da CF, bem como o art. 98 e ss. da Lei n. 13.105/2015 c/c a Lei n. 1.060/50, declarando, assim, ser pobre sob as penas da lei. II. DOS FATOS A Autora é genitora da menor em questão, fruto de um relacionamento daquela com o Réu. O casal decidiu se separar e, desde então, a menor reside com a Autora, que exerce todos os cuidados necessários para com a filha. Aconteceque no mês passado, o Réu pegou a filha para passear e se recusou a devolver a criança à Autora, de forma arbitrária e sem sequer estabelecer qualquer contato. Quando devolvida, a criança se encontrava em péssimas condições de higiene e muito agitada. A Autora é pessoa idônea, maior e capaz, possuindo plenas condições de criar sua filha adequadamente. Ante ao exposto, a Autora pretende a regularização da posse de fato da menor, com a concessão da guarda unilateral da criança. III. DO DIREITO a) Da guarda Ultrapassados os esclarecimentos, temos, de acordo com o art. 1.583 do Código Civil brasileiro, que a guarda será unilateral ou compartilhada, sendo esta última regulamentada pelo § 2.º do art. 1.583 do Código Civil: “§ 2.º Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos”. Ainda, é expresso no Estatuto da Criança e do Adolescente, nos termos de seu art. 22: “Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei.” Como visto, o Réu não tem condições de deter a guarda da menor, pois não presta os cuidados necessários. Além disso, não respeita a guarda compartilhada, privando a Autora do convívio com a sua filha. Nesse sentido, a Autora pugna pela alteração da guarda compartilhada para a unilateral. b) Das visitas Fixada a guarda unilateral em prol da genitora, autora da presente ação, sugere-se, ainda, em aplicação do art. 1.589 do Código Civil, a regulamentação do direito de visitação do Réu, permitindo o seu convívio com a menor com a seguinte distribuição de datas: a) durante finais de semana, quinzenalmente, devendo o menor ser retirado da casa da genitora às 10 (dez) horas do sábado e entregue às 18 (dezoito) horas do domingo; b) durante a primeira metade das férias escolares, nos anos pares, e durante a segunda metade, nos ímpares; c) durante os natais dos anos pares e ano novo dos anos ímpares; d) durante o Dia dos Pais e aniversários do genitor; e e) durante os aniversários da menor, poderá ser exercido o direito de visitação pelo genitor, devendo o período de companhia com a criança ser igualmente dividido com a genitora. IV. DOS PEDIDOS Diante do exposto requer: a) A concessão da gratuidade de justiça. b) A concessão, desde logo, da tutela provisória de urgência, deferindo-se a Guarda Provisória Unilateral do menor à Autora, lavrando-se o respectivo termo. c) A intimação de membro do Ministério Público para se manifestar no feito. d) A requerente informa que tem interesse na realização da audiência de mediação e conciliação prevista no art. 334, do CPC. e) A citação do Réu, para apresentar contestação. f) Seja julgado procedente o pedido, deferindo-se a guarda definitiva unilateral à Autora, com a fixação de visitas à menor para o Réu. g) A condenação do Réu no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência. Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente oral, consubstanciada na oitiva de testemunhas e depoimento pessoal do Réu e prova de demais documentos que se fizerem necessários. Da à presente causa o valor de R$ ... Termos em que, Pede deferimento. Local e Data... Advogado... OAB n. ... 9.31. SEPARAÇÃO E DIVÓRCIO Legislação aplicável Arts. 1.571 e ss. do CC, e arts. 693 e ss. do CPC A separação e o divórcio são formas de dissolução da sociedade e do vínculo conjugal, reguladas pelo Código Civil (arts. 1.571 a 1.582) e pelo Código de Processo Civil (arts. 693 a 699). O art. 1.571 do Código Civil prevê que a sociedade conjugal termina pela morte de um dos cônjuges, pela nulidade ou anulação do casamento, pela separação judicial ou pelo divórcio. A separação deverá observar seus próprios requisitos para que se adeque ao modelo que melhor encaixe na situação do casal. Apesar de serem considerados semelhantes, veremos a seguir que são institutos diferentes e que existem diversas regras que tratam de modo peculiar cada um dos casos. Embora não sejam o objeto principal das ações de divórcio e separação, a discussão acerca da guarda dos filhos e questões a eles relacionadas podem ser discutidas em ambas as ações. 9.31.1. Separação A separação é a ruptura da sociedade conjugal, isto é, das repercussões patrimoniais que os cônjuges possuíam em virtude do regime de bens escolhido quando do casamento. A separação não significa, necessariamente, o fim da coabitação. Há casais que, sem se separar, não vivem na mesma residência. Reversamente, é possível que cônjuges separados convivam em um mesmo local, ainda que por um certo período, sobretudo por questões econômicas. Há grande discussão doutrinária sobre a permanência do processo de separação judicial após a promulgação da Emenda Constitucional n. 66/2010, que deu nova redação ao § 6.º do art. 226 da Constituição Federal. Com a alteração, não se exige mais a separação de fato, por mais de dois anos, ou a judicial, por mais de um ano, como antecedente necessário para o divórcio. O divórcio direto passou a ser uma possibilidade. Diante da alteração, muitos autores sugeriram ter havido uma derrogação tácita dos dispositivos acerca da separação no Código Civil e no Código de Processo Civil. Ocorre que o Código de Processo Civil de 2015, posterior à Emenda n. 66/2010, continuou a dispor acerca da ação de separação65, razão pela qual o debate continuou sendo relevante. O STJ já teve oportunidade de discutir a respeito, manifestando-se em favor da permanência do processo de separação judicial no ordenamento jurídico brasileiro, como opção concedida aos cônjuges, não como requisito para a ação de divórcio, que continua podendo ser ajuizado diretamente. Nas palavras da Ministra Isabel Gallotti: O texto constitucional dispõe que o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, imprimindo faculdade aos cônjuges, e não extinguindo a possibilidade de separação judicial. Ademais, sendo o divórcio permitido sem qualquer restrição, forçoso concluir pela possibilidade da separação ainda subsistente no Código Civil, pois quem pode o mais, pode o menos também66. Mas o assunto ainda voltará a ser debatido, vez que o STF reconheceu repercussão geral da questão67. Ainda que se decida, definitivamente, pela manutenção da separação judicial em nosso ordenamento jurídico, não é de se excluir a possibilidade de o Réu, em reconvenção, pedir o divórcio. Nessa hipótese, não haverá como dar prosseguimento à separação, vez que o pedido de divórcio é exercício de um direito potestativo concedido a ambos os cônjuges. 9.31.2. Divórcio O divórcio, diferentemente da separação, não põe fim apenas à sociedade conjugal, mas também ao vínculo outrora existente entre os cônjuges. Enquanto a separação é reversível, o divórcio é definitivo. Caso os ex-cônjuges queiram restabelecer os laços que antes os uniam, deverão se casar novamente. Antes da EC n. 66/2010, exigia-se a separação de fato, por mais de dois anos, ou judicial, por mais de um ano, para que o pedido de divórcio pudesse ser aceito. Com a alteração, o divórcio direto passou a ser admitido. O divórcio pode ser realizado de forma judicial ou extrajudicial. 9.31.2.1. Divórcio extrajudicial Também chamado de consensual, esta modalidade é a mais simples, além de mais célere e menos onerosa, podendo ser feita através de escritura pública, no cartório. O divórcio extrajudicial é comumente utilizado por casais que não têm filhos menores ou incapazes e que estão se divorciando em comum acordo, sem qualquer tipo de litígio.Caso o casal tenha filhos menores e incapazes, mas estejam de acordo, sem qualquer questão a ser decidida, basta a comprovação de que todos as questões envolvendo os filhos estejam resolvidas, para que a modalidade seja utilizada. Por fim, faz-se necessária a presença de um advogado para representar os interesses dos clientes, ainda que a separação ocorra no Cartório. Mas esse advogado poderá representar o casal, em comum. 9.31.2.2. Divórcio judicial O divórcio judicial é realizado quando as partes não entram em consenso e/ou têm filhos menores ou incapazes e não tenham resolvido a situação deles, como guarda e pensão, por exemplo. O processo é mais demorado do que o do divórcio extrajudicial e requer um advogado para cada uma das partes, principalmente pelo fato de que, provavelmente, será necessário fazer a partilha de bens, que acontecerá de acordo com o regime de bens escolhido pelo casal. Neste caso, é preciso que uma das partes ajuíze a ação de divórcio em face da outra, expondo seus pedidos e argumentos. O juiz designará audiên cia de mediação ou de conciliação para tentar celebrar acordo entre as partes, mas se não houver acordo, deverá ser marcada audiência de instrução, para posterior análise do processo e por fim, proferir a sentença. Não é necessário, embora comum, que a partilha de bens ocorra no processo de divórcio, podendo ser deixada para ser discutida posteriormente (CC, art. 1.581; CPC, art. 731, parágrafo único). 9.32. Procedimento das ações de separação e divórcio A separação e o divórcio judiciais, consensuais ou não, receberam um rito próprio, previsto pelos arts. 693 e ss. do CPC, e que se aplica a ambas as ações do mesmo modo, priorizando a solução consensual. Conforme dispõe o art. 694, “todos os esforços serão empreendidos para a solução consensual da controvérsia”. Por isso, o procedimento centra-se na audiência de mediação e conciliação, que pode ocorrer em tantas seções quantas necessárias para o deslinde do caso (CPC, art. 696). As principais diferenças do rito especial aplicável às ações de separação e divórcio, em relação ao procedimento comum, são sumarizadas por Gustavo Tepedino e Ana Carolina Brochado Teixeira68: a) a possibilidade de suspensão do processo pelo tempo que for necessário para que as partes se submetam à mediação judicial ou atendimento multidisciplinar (CPC, art. 694, parágrafo único); b) o mandado de citação deverá seguir desacompanhado da petição inicial, apenas com os dados relevantes para a audiência de conciliação ou de mediação (CPC, art. 695, § 1.º), de modo a tentar desarmar a parte ré e não acirrar o ânimo das partes que, normalmente, já está exaltado com a situação, na tentativa de facilitar um acordo na audiência; c) não há limite para o fracionamento da audiência de conciliação ou de mediação (CPC, art. 696). Se, apesar de todos os esforços, não se chegar a um acordo, o processo passará a ser regido pelo procedimento comum (CPC, art. 697). A sentença das ações de separação e divórcio tem natureza constitutiva. Assim sendo, caso um dos cônjuges morra antes do fim do processo, a extinção do casamento será por morte, não pelo divórcio. A distinção será importante para fins sucessórios. ESTRUTURA DA AÇÃO DE DIVÓRCIO ENDEREÇAMENTO Competência Observar os requisitos do art. 53 do CPC. PREÂMBULO Partes Requerentes (ex-casal). Nome da peça Ação de divórcio. Fundamento legal Art. 226, § 6.º, da CF/88 e art. 1.580 do Código Civil, arts. 693 a 699 do Código de Processo Civil e art. 40 da Lei n. 6.515/77. I. DOS FATOS – As partes eram casadas e desejam se divorciar. – Não há, mais, discussão de culpa no âmbito das ações de separação e divórcio, basta que uma (ou ambas) as partes estejam decididas a extinguir a sociedade conjugal ou o vínculo. II. DO DIREITO O direito dos Requerentes de se divorciarem, nos termos do art. 1.571, IV, do CC, dos arts. 20 e 40, § 2.º, ambos da Lei n. 6.515/77 e do art. 226, § 6.º, da CF. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A concessão do divórcio, pondo fim à sociedade e ao vínculo conjugais. b) Protesto por provas. Valor da causa Art. 292, VII, do CPC: Na ação em que há cumulação de pedidos, o valor da causa será a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles. 9.33. MODELO DE AÇÃO DE DIVÓRCIO CONSENSUAL EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 9.ª VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DE TAUBATÉ DO ESTADO DE SÃO PAULO HENRIQUE SOL, nacionalidade, casado, profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., e LETÍCIA LUZ, nacionalidade, casada, profissão, portadora do RG n. ... e inscrita no CPF sob n. ..., endereço eletrônico..., ambos com endereço na Rua ... (endereço completo), casados pelo regime de ..., vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 226, § 6.º, da CF/88, no art. 1.580 do Código Civil, nos arts. 731 a 734 do Código de Processo Civil e no art. 40 da Lei n. 6.515/77, requerer a homologação do DIVÓRCIO CONSENSUAL do casal, o que fazem nos termos a seguir aduzidos. I. DOS FATOS Os Requerentes contraíram núpcias no dia ..., adotando o regime de ..., conforme Certidão de Casamento n. ..., às fls. ..., do livro ..., de Registros de Casamentos do ... Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais da Capital do Estado de São Paulo (doc. ...). Desta união não houve filhos. Por estarem separados de fato e por não haver possibilidade de manutenção da sociedade conjugal, os Requerentes decidiram, por mútuo consentimento, requerer a decretação do divórcio. II. DO DIREITO O pedido de divórcio encontra fundamento no art. 1.571, IV, do CC, nos arts. 20 e 40, § 2.º, ambos da Lei n. 6.515/77, e no art. 226, § 6.º, da CF/88. Não há bens adquiridos na constância do casamento e não há comunicação dos bens já possuídos por cada um dos Requerentes, não havendo, portanto, bens a partilhar. Considerando que ambos os cônjuges possuem rendimentos e bens próprios, abrem mão, mutuamente, da prestação de pensões alimentícias, de parte a parte. A Requerente passará a adotar o seu nome de solteira, qual seja ... III. DOS PEDIDOS Posto isso, preenchidos os requisitos legais e demonstrada a determinação de se divorciarem, requerem e aguardam os Requerentes, após oitiva do ilustre representante do Ministério Público, a homologação do presente pedido, decretando-se o divórcio do casal, expedindo-se, ao final, o competente mandado para averbação no ... Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais de ..., Capital do Estado do ..., para os devidos fins de direito. Protestam por provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos. Por oportuno, requerem a juntada da anexa guia de custas iniciais devidamente quitada. Dá-se à causa o valor de R$ ... Termos em que, Pedem deferimento. Local e data. Nome do cônjuge... Nome do cônjuge... Advogado ... OAB n. ... 9.34. RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL Legislação aplicável Arts. 1.723 e ss. do CC e art. 226 da CF A união estável está prevista nos arts. 1.723 a 1.727 do Código Civil, e também no art. 226 da Constituição Federal69. A união estável não exige grandes solenidades, diferentemente do que acontece no casamento. Ocorre que, na dissolução da união estável, alguns requisitos devem ser observados, sobretudo no que diz respeito ao patrimônio do casal e à guarda dos filhos. Para que a união estável seja reconhecida, basta que seja configurada a convivência pública, contínua e duradoura, e estabelecida com o objetivo de constituição familiar, conforme previsto no art. 1.723 do Código Civil, observando-se os casos impeditivos70 e suspensivos, previstos no mesmo diploma legal. A união estável pode ser convertida em casamento a qualquer tempo, mediante requerimento do casal, em cartório. Quanto às relações patrimoniais, aplica-se, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens, salvo previsão contratual diversa. A dissolução da união estável poderá ser feita extrajudicial ou judicialmente. Na dissolução extrajudicialda união estável deve-se observar os mesmos requisitos do divórcio extrajudicial, ou seja, o casal não pode ter nenhum tipo de litígio, filhos melhores ou incapazes e, se os tiver, precisam comprovar que todas as questões que os envolvam já foram previamente resolvidas. É preciso, ainda, que um advogado, ao menos, esteja presente para assinar a escritura de dissolução da união estável. Na dissolução judicial também deve-se observar os mesmos requisitos do divórcio consensual, pois somente é requerida em casos de litígio, como partilha de bens e que envolvam menores e/ou incapazes, que necessitem de discussão acerca de guarda, pensão, alimentos etc. ESTRUTURA DA AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL ENDEREÇAMENTO Competência Observar regras previstas no inciso I do art. 53 do CPC. PREÂMBULO Partes Requerente e Requerido. Nome da peça Ação de reconhecimento e dissolução de união estável. Fundamento legal Arts. 1.723 e ss. do Código Civil I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: relacionamento afetivo entre os requerentes. – Consequência jurídica: declaração da união estável para reconhecimento e/ou dissolução. II. DO DIREITO – O reconhecimento da união estável – art. 1.723 do Código Civil. – Regime de bens adotado. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) O recebimento da ação. b) A citação do Requerido, por carta com Aviso de Recebimento (AR). c) A intimação no Ministério Público. d) A condenação do requerido ao pagamento de custas e honorários advocatícios (arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC). e) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita. f) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. g) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). h) Protesto por provas. Valor da causa Aplicar a regra do art. 292, VI: a quantia correspondente à soma dos valores de todos os pedidos. 9.35. MODELO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 4.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO LAURA CARDOSO, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portadora do RG n. ... e inscrita no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliada na Rua ... (endereço completo), por seu advogado (procuração anexa), propor AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DE DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL, nos termos dos arts. 1.723 e ss. do Código Civil, em face de JOÃO NAVES, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. I. DOS FATOS A Requerente e o Requerido mantiveram união estável durante 10 anos, porém, o desgaste da relação tornou insustentável a manutenção da vida em comum. Diante disso, a Requerente e o Requerido separaram-se de fato em 20 de março de 2019, com a saída do Requerido da residência do casal. Não obstante o fim da relação tenha sido de forma amigável, as partes não conseguiram chegar a uma composição a respeito da divisão do bem comum. Dessa forma, não restou alternativa à Requerente, senão propor a presente demanda. II. DO DIREITO a) Do reconhecimento e da dissolução da união estável A Requerente e o Requerido conviveram maritalmente pelo período de 10 anos, configurando uma união estável, nos termos do art. 1.723 do Código Civil: “Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”. Importante salientar que, logo no início da relação afetiva, decidiram morar juntos na cidade de XXXXX, bem como adquiriram bens na constância da relação, sendo notória a sua relação, conhecida de vizinhos e parentes, como comprovam os documentos acostados aos autos. Dessa forma, resta plenamente configurada a existência de união estável entre as partes. b) Dos bens adquiridos onerosamente durante a relação Acerca dos bens adquiridos, temos no art. 1.725 do Código Civil que: “Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica- se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens”. Constata-se, assim, uma vez verificada a união estável, que os bens adquiridos onerosamente na constância da relação deverão ser partilhados ao término do vínculo, nos termos do art. 1.658 da Lei Civil: “Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes”. In casu, as partes adquiriram de forma conjunta, exclusivamente, o seguinte bem imóvel, registrado no nome do Requerido, e avaliado em R$ ... reais. Portanto, finda a relação, deve-se partilhar o referido imóvel, com os bens móveis nele presentes. III. DO PEDIDO Diante do exposto, requer: a) O recebimento da presente ação e seu trâmite no rito comum ordinário, ante a cumulação de pedidos. b) A citação do Requerido, por carta com aviso de recebimento para, querendo, apresentar resposta, sob pena de revelia. c) A intimação do Ministério Público (art. 178, II, do novo Código de Processo Civil) para que apresente as manifestações que julgar pertinentes. d) A produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a documental e a testemunhal. e) A total procedência do pedido para reconhecer a existência de união estável e de sua dissolução, e realizar partilha do imóvel adquirido na constância da relação. f) A condenação do Requerido ao pagamento de custas e honorários advocatícios em 20% (vinte por cento) sobre o valor atualizado da causa. g) A concessão do benefício da assistência judiciária gratuita. Informa, ainda, em atenção ao art. 77, V, do novo Código de Processo Civil, que todas as intimações deverão ser feitas em nome do patrono da Requerente, no endereço ... Por fim, protestam por provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos. Termos em que, Pedem deferimento. Local/Data. Nome do cônjuge... Nome do cônjuge... Advogado ... OAB n. ... 9.36. PEDIDO DE ADOÇÃO Legislação aplicável Lei n. 8.069/90 – ECA A adoção no Brasil, sempre foi vista como um procedimento que impunha muitas dificuldades àqueles que pretendiam adotar. A previsão legal está na Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como na Lei n. 13.509/2017. Há previsão no art. 227, § 6.º, da Constituição Federal, que garante que “os filhos havidos por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”71, demonstrando que, atualmente, não há qualquer distinção entre os filhos biológicos e os adotados. Segundo Orlando Gomes, a adoção “é o ato jurídico pelo qual se estabelece, independentemente de procriação, o vínculo da filiação”72. O art. 4273 do ECA estabelece que podem adotar os maiores de 18 anos, independentemente do estado civil, desde que o adotante seja, pelo menos, 16 anos mais velho do que o adotando. O interessado em adotar deve seguir os passos determinados no site do Conselho Nacional de Justiça74: (i) Procurar o Fórum ou a Vara da Infância e da Juventude da cidade ou região do adotante, portando os documentos necessários; (ii) os documentos serão autuados pelo cartório e posteriormente remetidos ao Ministério Público para análise; (iii) o adotante passará por uma avaliação feita pela equipe técnica multidisciplinar do Poder Judiciário, que esclarecerá todas as dúvidas acerca da adoção, além de conhecer e analisar o candidato para verificar se ele está apto a receber uma criança ou adolescente; (iv) o adotante deverá participar do programa de preparação para adoção; (v) após o estudo psicossocial, a participação no programa e o parecer do Ministério Público, o juiz profere decisão, deferindo ou não a habilitação para adoção, (vi) deferido o pedido, os dados do adotante serão inseridos no Sistema Nacional, que obedeceráa ordem cronológica da decisão judicial; (vii) após estes processos, o Poder Judiciário buscará uma criança ou adolescente que corresponda ao perfil definido pelo adotante, que passarão pelo estágio de convivência monitorado pela Justiça e pela equipe técnica, sendo permitidas visitas e passeios breves para que adotante e adotado se aproximem; (viii) se o estágio de convivência monitorado for bem-sucedido, eles iniciarão o estágio de convivência onde o adotado passará a morar com a família, ainda acompanhado pela equipe técnica; e (ix) a partir do término do estágio de convivência, o adotante terá o prazo de 15 dias para propor a ação de adoção. Proposta a ação de adoção, o juiz deverá verificar as condições de adaptação do adotado com a nova família e, sendo favorável, deferirá a adoção, determinando a expedição de novo registro do adotado, sendo que este passará a ter os mesmos direitos dos filhos biológicos, caso existam, conforme previsão do § 6.º do art. 227 da CF. ESTRUTURA DO PEDIDO DE ADOÇÃO ENDEREÇAMENTO Competência Domicílio dos pais ou responsáveis e na ausência deles, o processo deve ser analisado pelo lugar onde mora a criança. PREÂMBULO Partes Adotando(a) e adotado(a). Nome da peça Pedido de adoção. Fundamento legal Arts. 39 e ss. da Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança de do Adolescente (ECA), c/c art. 1.618 do Código Civil I. DOS FATOS – Intenção de adotar. – Descrição de suas condições afetivas e materiais para a adoção. – Descrição de preenchimento dos requisitos, sobretudo os etários, para adotar. II. DO DIREITO – O requerimento de adoção (art. 43 do ECA). – A convivência prevista no caput e § 1.º do art. 46 do ECA. – Informar que não é necessário o consentimento da família biológica. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A intimação de representante do Ministério Público, para que acompanhe o presente processo e manifeste-se caso entenda necessário. b) A dispensa do consentimento dos pais biológicos, haja vista que eles foram destituídos do poder familiar. c) Ao final, a Ação julgada procedente, proferindo-se sentença constitutiva para o fim de conceder aos requerentes a Adoção Plena do(a) menor ..., determinando-se o cancelamento da inscrição de Registro Civil, e a consequente lavratura de novo registro no Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais de ..., conforme dispõe o art. 47 e §§ do ECA, alterando-se o nome da criança para ... (sobrenome dos pais adotantes). d) Protesto por provas. Valor da causa – Valor para fins fiscais. Peculiaridades – Deverá ser confeccionada uma petição inicial observando, no que couber, os requisitos do art. 319 do CPC, e deverá ser distribuída por dependência ao processo principal. 9.37. MODELO DE PEDIDO DE ADOÇÃO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3.ª VARA DA FAMÍLIA DA COMARCA DE CURITIBA DO ESTADO DO PARANÁ SIDNEY LOPEZ nacionalidade, casado, empresário, portador do RG n. ... e inscrito no CPF sob n. ..., endereço eletrônico, e ALBA, nacionalidade, casada, professora, portadora do RG n. ... e inscrita no CPF sob n. ..., endereço eletrônico.., residentes e domiciliados na Rua ... (endereço completo), por meio de seu advogado (procuração anexa), vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 39 e ss. da Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança de do Adolescente (ECA), c/c art. 1.618 do Código Civil, requerer a ADOÇÃO da menor VALENTINA, pelas razões de fato e de direito a seguir declinadas. I. DOS FATOS Os requerentes casaram-se em 1984, sob o regime da comunhão parcial de bens (doc. 1), tendo já dois filhos biológicos. Entretanto, ambos os filhos já se encontram fora do lar do casal, tendo formado seus núcleos familiares próprios, com economias também próprias. Assim sendo, o casal passou a desejar adotar uma criança, visto que possuem condições financeiras para arcar com os custos de seu sustento, educação e moradia. Com efeito, o casal habita imóvel próprio, sendo que ambos são aposentados, conforme consta de documentos ora acostados. Além disso, cumprem o requisito etário, vez que ambos têm idade superior a 18 anos. Assim sendo, fizeram a sua inscrição no Cadastro Nacional de Adoção. Após diversas visitas a abrigos, tiveram contato com a adotanda, cuja guarda provisória lhes foi concedida em ... (doc. em anexo). Como sempre nutriram o desejo de ter filhos, inscreveram-se no Cadastro Nacional de Adoção e, após cumprirem todas as etapas exigidas, foram até um abrigo em São Bernardo do Campo – SP, onde conheceram a adotanda, que vive no abrigo desde que seus pais foram destituídos do poder familiar. Com o convívio entre os requerentes e a adotanda, já há uma afetividade muito grande entre eles. Por isso, e sempre no melhor interesse da menor, pede-se que a guarda provisória seja convertida em adoção. II. DO DIREITO Os requerentes são casados há mais de 30 anos, são maiores de 18 anos, tendo ambos uma diferença superior a 16 anos em comparação com a idade da adotanda. Além disso, conforme comprovado pelos fatos narrados e pelos documentos acostados, cumprem com os requisitos do art. 43 do ECA, podendo assegurar à criança educação, cultura, lazer e esporte, conforme garantido pelos arts. 53 e ss. do ECA. Outrossim, cumpriu-se o prazo mínimo de convivência para que se pudesse pleitear a adoção da criança, de acordo com o art. 46 do ECA. III. DO PEDIDO Ante todo o exposto, requer a Vossa Excelência: a) A intimação de representando do Ministério Público, para que acompanhe o presente processo e manifeste-se caso entenda necessário. b) A dispensa do consentimento dos pais biológicos, haja vista que eles foram destituídos do poder familiar. c) Ao final, seja a presente Ação julgada procedente, proferindo-se sentença constitutiva para o fim de conceder aos requerentes a Adoção Plena da menor Valentina, determinando-se o cancelamento da inscrição de Registro Civil, e a consequente lavratura de novo registro no Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais de São Bernardo do Campo, conforme dispõe o art. 47 e §§ do ECA, alterando-se o nome da criança para VALENTINA (sobrenome dos pais adotantes). Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a testemunhal e documental. Dá-se à causa o valor de R$ ... Termos em que, Pedem deferimento. Local e data. Advogado ... OAB n. ... 9.38. AÇÃO MONITÓRIA Legislação aplicável Arts. 700 e ss. do CPC Tem por finalidade obter mais rápido um título executivo judicial, desde que o credor possua um documento escrito, sem eficácia de título executivo75. Um exemplo de documento escrito são os títulos executivos prescritos ou, como já decidido pelo STJ76, qualquer documento escrito e idôneo, a demonstrar a obrigação assumida, como por exemplo um e-mail. Poderá ser objeto de ação monitória o documento escrito, sem eficácia executiva, que possua obrigação de pagar quantia certa; entrega de bem móvel ou imóvel, fungível ou infungível; além de adimplemento de obrigação de fazer ou não fazer. A grande novidade fica por conta da possibilidade de a prova escrita ser obtida através de prova oral documentada, produzida de forma antecipada, nos termos do § 1.º do art. 700 do CPC. Caso o magistrado tenha dúvida quanto à idoneidade da prova escrita apresentada, será o Autor intimado para emenda da petição inicial para adaptá-la ao rito comum. A Súmula 33977 do STJ, que permitia a ação monitória contra a Fazenda Pública, foi tipificada no CPC (§ 6.º do art. 70078). Possui legitimidade para a propositura o titular do crédito constante de documentação escrita sem efetividade executiva, a ser demandada em face daquele que se atribui a condição de devedor. Será competente para o processamento da demanda monitória o local onde a obrigação deve ser satisfeita (art. 53, III, d, CPC), podendo haver foro de eleição. Na petição inicial, deverá o Autor observar além dos requisitos do art. 319 do CPC, o disposto no § 2.º do art. 700 do CPC: “Na petição inicial, incumbe ao autorexplicitar, conforme o caso: I – a importância devida, instruindo-a com memória de cálculo; II – o valor atual da coisa reclamada; III – o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido”. Lembrando que o valor da causa deverá corresponder ao conteúdo econômico que está sendo discutido (seja obrigação de pagar quantia, fazer, não fazer ou entrega de coisa). No juízo de admissibilidade, sendo evidente o direito do autor, determinará o juiz a expedição de mandado de pagamento, entrega de coisa ou execução de obrigação de fazer ou não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias, que possuirá as seguintes opções: a) cumprir a obrigação: acarretará a extinção do processo, com pagamento de honorários em 5% do valor atribuído à causa, ficando isento das custas processuais (art. 701 e § 1.º do CPC); b) pagar parcelado (se a obrigação for de pagamento de dinheiro): efetuar o depósito de 30% do valor devido, acrescido de honorários advocatícios e custas processuais, o restante, parcelado em até 6 (seis) vezes com juros de 1% ao mês e atualização monetária (§ 5.º do art. 701, CPC); c) apresentar embargos monitórios: independentemente de garantia do juízo. Será apresentado nos próprios autos, possuindo natureza jurídica de defesa. Poderá ser formulada reconvenção, sendo vedado o oferecimento de reconvenção à reconvenção. A estrutura a ser observada para confecção será de uma contestação de rito comum, conforme já estudado. Assim que apresentados, suspende a eficácia da decisão que determina a ordem de cumprimento da obrigação constante no documento escrito sem eficácia de título executivo; d) permanecer inerte: não optando por nenhuma das hipóteses anteriores, haverá a conversão da decisão inicial em título executivo judicial, seguindo-se o cumprimento de sentença. Apesar de não ter qualquer formalidade, como previsto no § 2.º do art. 701 (“independentemente de qualquer formalidade”), uma vez convertido em título executivo judicial, será passível de ação rescisória (§ 3.º do art. 701). Apresentados embargos monitórios, o Autor será intimado para manifestar-se no prazo de 15 (quinze) dias. Da sentença que acolher ou rejeitar os embargos caberá apelação. Os embargos monitórios serão apresentados nos próprios autos da ação monitória, todavia, poderá o magistrado determinar a autuação em apartado, se apresentados de forma parcial, ou seja, quando alegado o excesso de cobrança. Assim, a parcela incontroversa processará nos autos da ação monitória, convertendo aquela parcela do crédito em título executivo judicial. Já o montante controvertido, lembrando que deverá indicar o valor que o Réu entende devido, será autuado em apartado, para que, após eventual instrução probatória, o magistrado possa decidir. A propositura de ação monitória manifestamente indevida acarretará litigância de má-fé, com pagamento em favor do réu de multa de 10% do valor da causa. Igualmente ocorrerá na oposição protelatória de embargos monitórios, com multa de 10% do valor da causa revertida em favor do Autor. ESTRUTURA DA AÇÃO MONITÓRIA ENDEREÇAMENTO Competência Local onde a obrigação deve ser satisfeita (art. 53, III, d, CPC) Pode existir foro de eleição (art. 63, CPC). Caso não exista previsão do local do cumprimento da obrigação, utiliza-se a regra geral: domicílio do Réu (art. 46, CPC). PREÂMBULO Partes Autor: credor x Réu: devedor. Nome da peça Ação monitória. Fundamento legal Arts. 700 e ss. do CPC. I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: decorrerá da obrigação existente no documento escrito sem eficácia executiva. – Causa do litígio: inadimplência da obrigação assumida pela Réu. – Consequência jurídica: a condenação ao cumprimento da obrigação constante do documento escrito. II. DO DIREITO – A existência do documento escrito sem eficácia de título executivo. – Inadimplemento (arts. 394 e 395 do CC). Observação: dependendo do negócio jurídico realizado, outros dispositivos da legislação material poderão ser utilizados. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A expedição de mandado para pagamento, entrega de coisa ou execução de obrigação de fazer ou não fazer no prazo de 15 dias, com a condenação ao percentual de 5% do valor da causa, na hipótese de cumprimento. b) A opção pelo oferecimento dos embargos monitórios, sob pena de conversão do mandado inicial em título executivo judicial. c) O protesto por provas caso sejam apresentados embargos monitórios. d) A rejeição dos embargos monitórios. e) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios (arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC). f) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita. g) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. h) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). i) Protesto por provas. Valor da causa Valor da obrigação constante do documento escrito. Peculiaridades – O fundamento material da ação monitória será o inadimplemento, a mora, previsto nos arts. 394 e 395 do Código Civil. 9.39. MODELO DE AÇÃO MONITÓRIA EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO BERNARDO DO CAMPO DO ESTADO DE SÃO PAULO PAULO, nacionalidade ..., estado civil ..., dentista, portador do RG n. ... e inscrito no CPF sob n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), Santo André – SP, por seu advogado (procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 700 e ss. do Código de Processo Civil, propor AÇÃO MONITÓRIA em face de ANTONIO, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão..., portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), São Bernardo do Campo – SP, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. I. DOS FATOS O Autor firmou contrato de venda e compra com o Réu de uma cadeira odontológica no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) dividido em 3 (três) parcelas iguais de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Ocorre que, após a entrega da cadeira o Réu houve por bem inadimplir as parcelas, vencidas no dia 22 dos meses de junho, julho e agosto de 20XX. Diante da prova escrita cabal e o inadimplemento do Réu, não restam dúvidas quanto ao direito do Autor no recebimento do crédito de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). II. DO DIREITO A presente demanda versa sobre o inadimplemento do contrato firmado entre Autor e Réu no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) referente a compra de uma cadeira de dentista. O Réu comprometeu-se a efetuar o pagamento do montante total de R$ 15.000,00, em 3 (três) parcelas iguais de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) cada. Ocorre que, nenhuma das parcelas constantes do contrato foi quitada no dia acordado. O art. 700 do CPC é claro quando aduz que ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor o pagamento da quantia em dinheiro. As partes firmaram contrato escrito, prova documental, e não possui eficácia de título executivo, já que não fora assinado por 2 (duas) testemunhas. Ademais, os arts. 394 e 395 do Código Civil são claros: “Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer. Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos”. Desta forma, não restam dúvidas quanto a obrigação do Réu no pagamento do montante de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Por todo o exposto serve a presente para requerer a Vossa Excelência: a) Seja determinada a expedição de mandado de pagamento para quitação do débito no valor de R$ 15.000,00 (quinze milreais), devidamente atualizado, no prazo de 15 (quinze) dias, conforme planilha de cálculo em anexo, somando-se o percentual de 5% a título de honorários advocatícios. b) Ou ainda, que o Réu ofereça embargos, no mesmo prazo, sob pena de conversão do mandado inicial em título executivo judicial, e continuidade com o cumprimento de sentença. c) Apresentados Embargos Monitórios, protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, e, ao final, sejam rejeitos com a consequente condenação ao pagamento das custas e honorários advocatícios a serem fixados por Vossa Excelência, nos termos dos arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC. d) A juntada da inclusa guia de custas em anexo. e) A opção pela realização de audiência de conciliação ou de mediação, nos termos do art. 334 do CPC. f) Que as intimações do advogado sejam endereçadas à Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. Dá à causa o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). Termos em que, Pede deferimento. Local e data. Advogado... OAB n. ... 9.40. HOMOLOGAÇÃO De PENHOR LEGAL Legislação aplicável Arts. 703 e ss. do CPC Penhor legal é a garantia que a lei prevê para que em determinados casos, haja apreensão de bens, independente de convenção entre as partes. Ex.: hotel que apreende as bagagens de seus hospedes pelas despesas de consumo efetuadas. Assim prevê o art. 1.467 do Código Civil: “Art. 1.467. São credores pignoratícios, independentemente de convenção: I – os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, joias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito; II – o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino estiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas”. Após realizado o penhor, o credor deverá buscar sua homologação, e para tanto há a expressa previsão do presente procedimento especial. ESTRUTURA DA HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL ENDEREÇAMENTO Competência Domicílio do réu – art. 46 do CPC. PREÂMBULO Partes Autor e Réu. Qualificações completas. Nome da peça Homologação do penhor legal. Fundamento legal Arts. 703 e ss. do CPC. I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: relação de hospedagem ou locação. – Causa do litígio: não pagamento das despesas. – Consequência jurídica: necessidade de homologação do penhor. II. DO DIREITO – Descrição da relação contratual, instruindo-se com o instrumento contratual e a conta pormenorizada das despesas, tabela dos preços e a relação dos objetos retidos. – Direito de realização do penhor (art.1.467 do CC). – Necessidade de homologação (arts. 1.471 do CC e 703 do CPC). III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A procedência do pedido para o fim de homologar o penhor realizado com a consolidação da posse sobre o objeto. b) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios (arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC). c) A citação do réu para pagar ou contestar em audiência preliminar designada (art. 703, § 1.º, do CPC). d) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita. e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. f) A informação do endereço para intimações do advogado (art. 77, V, do CPC). g) Protesto por provas. Valor da causa Regra: valor dos bens Peculiaridades Requerimento final: – Contra a sentença proferida caberá apelação, podendo o relator, na pendência do recurso, ordenar que a coisa permaneça depositada ou em poder do autor. 9.41. MODELO DE AÇÃO DE HOMOLOgAÇãO DE PENHOR LEGAL EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 7.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE JOINVILLE DO ESTADO DE SANTA CATARINA HOTEL BATES..., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n. ..., endereço eletrônico..., com sede na Rua ... (endereço completo), neste ato representado por seu administrador MARCOS JANELAS, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portador do documento de identidade RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), conforme ato constitutivo anexo, por seu advogado (procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 703 e ss. do Código de Processo Civil e 1.467 do Código Civil, propor HOMOLOGAÇAO DE PENHOR LEGAL em face de OMAR ..., nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. I. DOS FATOS O Autor, hotel conhecido na região, acabou por hospedar o Réu, como faz prova a ficha preenchida no momento de sua entrada (em anexo). Porém, três dias depois do início da hospedagem, o Réu mudou-se para o hotel vizinho sem qualquer aviso ou pagamento, deixando em seu quarto uma câmera fotográfica e uma mala de viagem. Assim, tem direito de reter os objetos deixados, como se verá a seguir. II. DO DIREITO Como visto, o Réu, ao abandonar as dependências do Autor, simplesmente sumiu deixando uma câmera fotográfica e uma mala de viagem, conforme fotos, matrícula e contrato anexos. Porém, o Réu também não arcou com a conta da hospedagem (que ora exibe pormenorizada em anexo – art. 1.468 do Código Civil), conforme a tabela de preços exposta em vários pontos do hotel e no quarto número 231, que o hóspede ocupou. Em razão disso, o Autor tem o direito, com a finalidade de assegurar o pagamento da dívida contraída, à retenção dos bens do devedor, sendo credor pignoratício do Réu, independentemente de prévia convenção, nos termos do art. 1.467, I, do Código Civil: “Art. 1.467. São credores pignoratícios, independentemente de convenção: I – os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, joias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito”. No caso concreto, realizado o penhor legal, necessário se faz, nos termos do art. 703, caput do CPC, a sua homologação. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Diante de todo exposto, requer: a) A procedência do pedido para o fim de homologar o penhor realizado com a consolidação da posse sobre os objetos, conforme art. 706 do CPC. b) A condenação do Réu ao pagamento das custas e honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos dos arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC. c) A citação do Réu para que, em querendo, pague ou apresente defesa no prazo legal, conforme art. 704 do CPC. d) O interesse pela audiência de conciliação ou de mediação a ser designada por Vossa Excelência. e) A juntada da inclusa guia de custas devidamente recolhida em anexo. f) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC). Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a prova documental com a conta pormenorizada das despesas, a tabela dos preços e a relação dos objetos retidos. Dá à causa o valor de R$ ... (valor da dívida). Termos em que, Pede deferimento. Local e Data... Advogado... OAB n. ... 9.42. REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA Legislação aplicável Arts. 707 e ss. do CPC Trata-se de demanda afeta ao direito marítimo. É o reconhecimento de determinada avaria, ou determinado dano resultante do transporte maríti mo de cargas causado pelo capitão do navio, gerando despesas extraordinárias ao navio ou à carga. O procedimento especial tem por finalidade apurar o valor dos danos causados para que possam ser rateados. ESTRUTURA DE REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA ENDEREÇAMENTO Competência Juízo da comarca do primeiro porto onde o navio atracar – art. 707 do CPC. PREÂMBULO Partes Autor e Réu. Qualificações completas. Nome da peça Ação de regulação de avaria grossa. Fundamento Arts. 707 e ss. do CPC. legal I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: existênciade transporte marítimo. – Causa do litígio: ocorrência da avaria grossa. – Consequência jurídica: necessidade de regulação. II. DO DIREITO – Descrição da necessidade de regulação da avaria ocorrida. – Nomeação de um regulador de avarias de notório conhecimento (art. 707 do CPC). – A declaração da possibilidade de rateio dos valores. – A apresentação de garantias para liberação de mercadorias (art. 708, caput, do CPC). III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A procedência do pedido para o fim de homologar o regulamento da avaria grossa, com a nomeação de regulador de avarias. b) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios (arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC). c) A citação dos réus. d) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita. e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. f) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). g) Protesto por provas, em especial a documental para regulação. Valor da causa Regra: valor estimado. 9.43. RESTAURAÇÃO DE AUTOS Legislação aplicável Arts. 712 e ss. do CPC A restauração dos autos está prevista nos arts. 712 e ss. do CPC e visa a restaurar autos, físicos ou eletrônicos, que foram danificados ou que estão desaparecidos. De acordo com o entendimento majoritário, a ação de restauração de autos é incidental à ação principal, suspendendo o processo por motivo de força maior (CPC, art. 313, VI)79. As partes, o Ministério Público ou o juiz (de ofício) podem requerer a restauração dos autos. Além dos requisitos previstos pelos arts. 319 e 320 do CPC, a petição inicial deverá declarar o estado do processo quando do desaparecimento dos autos, apresentando: (i) certidões dos atos constantes do protocolo de audiências do cartório por onde haja corrido o processo; (ii) cópia das peças que tenha em seu poder; (iii) qualquer outro documento que facilite a restauração. Dada a ciência do desaparecimento ou do dano, o requerente deve declarar o estado em que o processo se encontrava, bem como comprovar, por meio de documentos, todas as suas alegações. A parte contrária será citada para contestar em 5 (cinco) dias, devendo exibir todos os documentos que tiver acerca do processo, que podem contribuir para a restauração dos autos. Caso o processo se instaure após a produção de provas, se necessário, o juiz mandará repeti-las. Julgada a restauração, o processo seguirá normalmente. Por fim, aquele que deu causa ao desaparecimento, responderá pelas custas de restauração e pelos honorários advocatícios, sem prejuízo da responsabilidade civil ou penal em que incorrer o caso. ESTRUTURA DA RESTAURAÇÃO DOS AUTOS ENDEREÇAMENTO Competência A competência é do juízo em que os autos foram extraviados. PREÂMBULO Partes Autor e Réu. Qualificações completas. Nome da peça Ação de restauração dos autos. Fundamento legal Arts. 712 e ss. do CPC. I. DOS FATOS – A constatação do desaparecimento dos autos. II. DO DIREITO – Descrição do direito à restauração dos autos, previsto no art. 712 do CPC. – O oferecimento de peças para viabilizar a restauração dos autos. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A procedência do pedido e a sua finalidade. b) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios (arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC). c) A citação do Réu. d) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita. e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. f) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). g) Protesto por provas. Valor da causa Igual ao valor da ação principal. 9.44. MODELO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO DO ESTADO DE SÃO PAULO Distribuição por dependência ao processo n. SARA FREITAS, nacionalidade ..., estado civil ..., profissão, portadora do RG n. ... e inscrita no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliada na Rua ... (endereço completo), por seu advogado (procuração anexa), vem, com fundamento nos arts. 712 e ss. do Código de Processo Civil, propor AÇÃO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS em face da CONSTRUTORA CONSTRUIRE..., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. ..., endereço eletrônico..., com sede na Rua ... (endereço completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. I. DOS FATOS A Autora propôs demanda em face da Ré. Ocorre que no dia 25 do mês de setembro do corrente ano a Autora tomou conhecimento de que houvera andamento do processo. Chegando ao cartório, constatou-se que se tratava de remessa à publicação de sentença proferida no referido processo. Como a sentença havia sido proferida em desfavor da ora Autora, naquela mesma data (dia de mês de ano) seu advogado, realizou carga dos autos para interpor recurso da (documento anexo). Acontece que o escritório do advogado da Autora foi furtado no fim de semana, tendo os autos sumido do local onde estavam, conforme se constata pelo Boletim de Ocorrência e pelas fotos, que indicam a invasão ao local, resultando inclusive em vidros danificados, conforme comprovação anexa. Desta forma, necessário se faz a restauração. II. DO DIREITO As partes têm direito à restauração dos autos em razão de seu perdimento, conforme arts. 712 e ss. do CPC. Nota-se que, na ocasião do crime praticado, a totalidade das peças processuais se extraviaram, sendo impossível prosseguir a marcha processual sem antes se fazer a sua restauração. Ademais, no momento de seu desaparecimento, os autos do processo encontravam-se com prazo para interposição do recurso, com o proferimento de sentença de mérito, quando julgada improcedente a ação. Conforme disposição do art. 713, incisos I, II e III, do CPC, a Autora oferece os seguintes documentos/peças processuais, todos com a finalidade de viabilizar a restauração dos autos: (especificar documentos). III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Diante de todo o exposto requer: a) A procedência do pedido, para a restauração dos autos, prosseguindo o feito nos seus regulares termos. b) A citação da Ré para contestar o pedido no prazo de 5 dias, cabendo-lhe exibir as cópias, as contrafés e as reproduções dos atos e dos documentos que estiverem em seu poder. c) Que as intimações sejam enviadas para o escritório na Rua ... (endereço completo), conforme art. 77, V, do CPC. Informa a Autora que possui interesse na realização da audiência de conciliação ou de mediação a ser designada por Vossa Excelência, nos termos do art. 344 do CPC. Protesta por provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a juntada do Boletim de Ocorrência, relatando os fatos. Dá à causa o valor de R$ ... Termos em que, Pede deferimento. Local e data. Advogado... OAB n. ... 9.45. ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS Legislação aplicável Art. 1.639, § 2.º, do CC, e arts. 734 e ss. do CPC Através de ação de jurisdição voluntária os cônjuges podem alterar o regime de bens que, até o advento do Código Civil de 2002, era imutável. Entretanto, a imutabilidade do regime escolhido foi substituída por uma mutabilidade motivada, condicionada à observância de certos requisitos. Por isso, parte da doutrina demonstra cautela ao estudar a inovação introduzida pelo Código Civil: Não será tão simples conseguir a passagem de um regime para outro, em razão dos requisitos legais a serem preenchidos, por mais perdulário e negligente no tocante ao patrimônio comum que seja um dos cônjuges, pois o dispositivo em apreço não admite pedido isolado de um deles80. Com efeito, alguns requisitos são necessários para que a alteração no regime de bens seja deferida. O Código de Processo Civil disciplina, através do art. 734, que: “A alteração do regime de bens do casamento, observados os requisitos legais, poderá ser requerida, motivadamente, em petição assinada por ambos os cônjuges, na qual serão expostas as razões que justificam a alteração, ressalvados os direitos de terceiros”. Nos termos do § 2.º do art. 1.639 do Código Civil, é admissível alteraçãodo regime de bens, mediante autorização judicial, em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. O parágrafo supracitado estabelece claramente as regras para a alteração de regime de bens: (i) mediante autorização judicial, em (ii) pedido motivado de ambos os cônjuges, (iii) apurada a procedência das razões invocadas e (iv) ressalvados os direitos de terceiros. O primeiro ponto a ser destacado, é o fato de que a alteração só poderá ser feita mediante autorização judicial, sendo vedado ao casal o requerimento via cartório ou por qualquer outra via extrajudicial. É preciso, ainda, que ambos os cônjuges estejam de acordo com a alteração solicitada. Nada mais natural, já que qualquer mudança de regime de bens irá afetar os direitos do casal. A ressalva quanto aos direitos de terceiros diz respeito ao fato de que a alteração de regimes, consequentemente, interfere no patrimônio dos cônjuges, e os efeitos da alteração não podem prejudicar o casal ou terceiros, seja por dívidas ou por quaisquer outras causas que impliquem em lesar direito de outrem. Deferido o pedido, a alteração produz efeitos ex nunc, ou seja, a partir do trânsito em julgado da decisão. ESTRUTURA DA ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS ENDEREÇAMENTO Competência Domicílio dos interessados – Vara de Família (na ausência, Vara Cível). PREÂMBULO Partes Requerentes (qualificações completas). Nome da peça Alteração de regime de bens. Fundamento legal Arts. 1.639 e ss. do CC e 734 e ss. do CPC. I. DOS FATOS – Os requerentes casaram-se sob um regime de bens e desejam alterá-lo. II. DO DIREITO – A possibilidade da alteração do regime de bens prevista no Código Civil e no Código de Processo Civil. III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A intimação do Ministério Público, nos termos do § 1.º do art. 734 do CPC, para se manifestar. b) A publicação da alteração pleiteada em editais, nos termos do § 1.º do art. 734 do CPC. c) A procedência do pedido com a homologação da alteração do regime de ... no casamento para o regime ... d) A expedição de mandados de averbação aos cartórios de imóveis e registro civil após o trânsito em julgado. e) Protesto por provas. Valor da causa Regra: valor dos bens ou valor simbólico. 9.46. MODELO DE ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE VITÓRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Distribuição por dependência ao processo n. CLARA, nacionalidade, casada, profissão, portadora do RG n. ... e inscrita no CPF n. ..., endereço eletrônico..., e FRANCISCO, nacionalidade, casado, profissão, portador do RG n. ... e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., domiciliados e residentes na Rua ... (endereço completo), por seu advogado (procuração anexa), vêm, com fundamento no art. 1.639, § 2.º, do CC e no art. 734 e ss. do CPC pedir ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS, baseada no que se expõe a seguir. I. DOS FATOS Clara e Francisco casaram-se sob o regime de separação convencional de bens, nos idos de 2002, pois Francisco era sócio-diretor em uma sociedade anônima e precisava preservar a sua futura esposa, bem como dar segurança aos demais sócios e credores sociais. Entretanto, tendo vendido suas ações e deixado a diretoria da sociedade em 2020, Francisco não encontra mais qualquer óbice que o impeça de escolher um regime de bens que corresponda à comunhão de esforços e de vida que estabeleceu com sua esposa e que vem sendo mantida há quase duas décadas. Por essas razões, é o desejo do casal, ora trazido diante de Vossa Excelência, alterar seu regime de bens, da separação absoluta para a comunhão parcial. II. DO DIREITO O pedido de alteração de regime de bens é possível, vez que o Código Civil de 2002 substituiu a imutabilidade do regime de bens pela mutabilidade motivada. Com efeito, o art. 1.639, § 2.º, do Código Civil, apresenta os requisitos para a concessão da alteração do regime de bens do casal, in verbis: “§ 2.º É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros”. O presente pedido preenche os requisitos legais para que seja deferido. Trata-se de pedido de alteração perfeitamente motivado, vez que a causa que havia determinado a escolha do atual regime de bens do casal já não mais existe. Além disso, a alteração do regime de bens é da vontade de ambos os cônjuges, razão pela qual os dois apresentam-se como autores deste requerimento. Por fim, não se antevê qualquer prejuízo, eventual que seja, a terceiros. Muito pelo contrário. O regime da separação absoluta de bens foi mantido pelo casal, até a presente data, precisamente para que fossem preservados os agora ex-sócios de um dos cônjuges, bem como os credores da sociedade anônima na qual era acionista e diretor. Entretanto, tendo já vendido as suas ações e se retirado da diretoria da empresa, não há mais qualquer risco a terceiros que seja criado pela alteração do regime de bens do casal. Assim sendo, é de se reconhecer a validade do pedido ora formulado, concedendo-o para que o casal possa, a partir de agora, gozar do regime da comunhão parcial de bens. III. PEDIDOS Pelo que expuseram, requer-se: a) Seja concedido o pedido principal ora formulado, para que o casal passe a ter o regime da comunhão parcial de bens, a contar da data da decisão judicial. b) Seja intimado o Ministério Público e publicado o edital mencionado pelo art. 734, § 1.º, do CPC. c) Tendo transitado em julgado a decisão judicial, sejam expedidos mandados de averbação para o Registro Civil das Pessoas Naturais e os Registros de Imóveis nos quais se encontram matriculados os bens em nome do casal. Os autores reservam-se o direito de provar todos os fatos alegados por quaisquer meios de prova legais. É dado à presente causa o valor de R$ ... Termos em que, Pede deferimento. Local e data. Advogado... OAB n. ... 10 AÇÕES LOCATÍCIAS Legislação aplicável Lei n. 8.245/91 e arts. 565 a 578 CC A locação é o contrato que tem por escopo proporcionar a alguém o uso e gozo temporários, de uma coisa infungível, móvel ou imóvel, mediante contraprestação pecuniária. Há 2 (dois) diplomas que regem a temática da locação, quais sejam: i) Código Civil (arts. 565 a 578): locação de bem móvel e bens imóveis quando forem rurais (arrendamento rural); ii) Lei do Inquilinato (n. 8.245/91): locação de imóvel urbano. O art. 1.º define o escopo de aplicação desta lei especial. Todavia, mesmo em se tratando de locação de imóveis urbanos, o parágrafo único do art. 1.º informa as exceções das locações que não serão regidas pela lei do inquilinato81. Serão ações previstas nesta lei a serem tratadas na presente obra. A Lei do Inquilinato é uma legislação híbrida, possuindo uma parte destinada ao direito material, e outra ao direito processual: TÍTULO I – DA LOCAÇÃO (arts. 1.º a 57): regras materiais. TÍTULO II – DOS PROCEDIMENTOS (art. 58 e ss.) regras processuais. Em relação às regras de direito material da Lei do Inquilinato, é de extrema importância atentarmo-nos aos seguintes aspectos: a) PARTES NO CONTRATO: LOCADOR × LOCATÁRIO O Locatário (ou inquilino) será aquele que terá o uso e gozo temporários do imóvel urbano. Já o Locador poderá ser o proprietário ou outro titular de direito real ou obrigacional. Vejam que, para ser locador, não necessariamente precisa ser o dono do imóvel; outras pessoas podem estar envolvidas na relação locatícia, como é o caso dos genitores, enquanto no exercício do poder familiar possuem o usufruto legal dos bens dos filhos (art. 1.689, CC). A própria Lei do Inquilinato menciona no art. 7.º a possibilidade de o usufrutuário e o fiduciário denunciarem uma locação. Importante ressaltar a regra de solidariedade na hipótese de existência de mais de um locador ou locatário, nos termos do art. 2.º da Lei do Inquilinato. Poderá, ainda, surgir um contrato derivado envolvendoa sublocação, daí temos 2 (duas) relações jurídicas: Contrato de Locação: LOCADOR × LOCATÁRIO Contrato de Sublocação: SUBLOCADOR (LOCATÁRIO) × SUBLOCATÁRIO Ressalte-se que qualquer cessão da locação, sublocação e empréstimo do imóvel, total ou parcialmente, depende do consentimento prévio e escrito do locador. b) ALUGUEL (arts. 17 a 21): é a forma de remuneração no contrato de locação. Ressalte-se que não existe locação gratuita, pois se não houver contraprestação pecuniária, haverá um comodato. Alguns aspectos importantes sobre o aluguel precisam ser ressaltados: vedação expressa na fixação com base em moeda estrangeira, variação cambial ou salário mínimo; fixação do valor é livre entre as partes; cláusula de reajuste deve ser escrita, não tendo validade se for verbal; possibilidade de revisão do valor da locação, para majoração ou minoração, após transcorrido 3 (três) anos da relação locatícia; vedação de pagamento antecipado do aluguel, exceto na locação para temporada; limite de cobrança do valor da sublocação será o valor cobrado na locação. c) DEVERES DAS PARTES (arts. 22 e 23): a Lei do Inquilinato estabelece os deveres de cada parte na relação locatícia, muito bem delineados nos arts. 22 e 23: DEVERES DO LOCADOR: “Art. 22. O locador é obrigado a: I – entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de servir ao uso a que se destina; II – garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico do imóvel locado; III – manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel; IV – responder pelos vícios ou defeitos anteriores à locação; V – fornecer ao locatário, caso este solicite, descrição minuciosa do estado do imóvel, quando de sua entrega, com expressa referência aos eventuais defeitos existentes; VI – fornecer ao locatário recibo discriminado das importâncias por este pagas, vedada a quitação genérica; VII – pagar as taxas de administração imobiliária, se houver, e de intermediações, nestas compreendidas as despesas necessárias à aferição da idoneidade do pretendente ou de seu fiador; VIII – pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de seguro complementar contra fogo, que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel, salvo disposição expressa em contrário no contrato; IX – exibir ao locatário, quando solicitado, os comprovantes relativos às parcelas que estejam sendo exigidas; X – pagar as despesas extraordinárias de condomínio. Parágrafo único. Por despesas extraordinárias de condomínio se entendem aquelas que não se refiram aos gastos rotineiros de manutenção do edifício, especialmente: a) obras de reformas ou acréscimos que interessem à estrutura integral do imóvel; b) pintura das fachadas, empenas, poços de aeração e iluminação, bem como das esquadrias externas; c) obras destinadas a repor as condições de habitabilidade do edifício; d) indenizações trabalhistas e previdenciárias pela dispensa de empregados, ocorridas em data anterior ao início da locação; e) instalação de equipamento de segurança e de incêndio, de telefonia, de intercomunicação, de esporte e de lazer; f) despesas de decoração e paisagismo nas partes de uso comum; g) constituição de fundo de reserva.” DEVERES DO LOCATÁRIO: “Art. 23. O locatário é obrigado a: I – pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou contratualmente exigíveis, no prazo estipulado ou, em sua falta, até o sexto dia útil do mês seguinte ao vencido, no imóvel locado, quando outro local não tiver sido indicado no contrato; II – servir – se do imóvel para o uso convencionado ou presumido, compatível com a natureza deste e com o fim a que se destina, devendo tratá-lo com o mesmo cuidado como se fosse seu; III – restituir o imóvel, finda a locação, no estado em que o recebeu, salvo as deteriorações decorrentes do seu uso normal; IV – levar imediatamente ao conhecimento do locador o surgimento de qualquer dano ou defeito cuja reparação a este incumba, bem como as eventuais turbações de terceiros; V – realizar a imediata reparação dos danos verificados no imóvel, ou nas suas instalações, provocadas por si, seus dependentes, familiares, visitantes ou prepostos; VI – não modificar a forma interna ou externa do imóvel sem o consentimento prévio e por escrito do locador; VII – entregar imediatamente ao locador os documentos de cobrança de tributos e encargos condominiais, bem como qualquer intimação, multa ou exigência de autoridade pública, ainda que dirigida a ele, locatário; VIII – pagar as despesas de telefone e de consumo de força, luz e gás, água e esgoto; IX – permitir a vistoria do imóvel pelo locador ou por seu mandatário, mediante combinação prévia de dia e hora, bem como admitir que seja o mesmo visitado e examinado por terceiros, na hipótese prevista no art. 27; X – cumprir integralmente a convenção de condomínio e os regulamentos internos; XI – pagar o prêmio do seguro de fiança; XII – pagar as despesas ordinárias de condomínio. § 1.º Por despesas ordinárias de condomínio se entendem as necessárias à administração respectiva, especialmente: a) salários, encargos trabalhistas, contribuições previdenciárias e sociais dos empregados do condomínio; b) consumo de água e esgoto, gás, luz e força das áreas de uso comum; c) limpeza, conservação e pintura das instalações e dependências de uso comum; d) manutenção e conservação das instalações e equipamentos hidráulicos, elétricos, mecânicos e de segurança, de uso comum; e) manutenção e conservação das instalações e equipamentos de uso comum destinados à prática de esportes e lazer; f) manutenção e conservação de elevadores, porteiro eletrônico e antenas coletivas; g) pequenos reparos nas dependências e instalações elétricas e hidráulicas de uso comum; h) rateios de saldo devedor, salvo se referentes ao período anterior ao início da locação; i) reposição do fundo de reserva, total ou parcialmente utilizado no custeio ou complementação das despesas referidas nas alíneas anteriores, salvo se referentes ao período anterior ao início da locação. § 2.º O locatário fica obrigado ao pagamento das despesas referidas no parágrafo anterior, desde que comprovadas a previsão orçamentária e o rateio mensal, podendo exigir a qualquer tempo a comprovação das mesmas. § 3.º No edifício constituído por unidades imobiliárias autônomas, de propriedade da mesma pessoa, os locatários ficam obrigados ao pagamento das despesas referidas no § 1.º deste artigo, desde que comprovadas.” d) GARANTIAS LOCATÍCIAS (arts. 37 a 42): somente é admitida uma única modalidade de garantia locatícia dentre as abaixo possíveis: caução de bens móveis, imóveis e dinheiro (até 3 meses de aluguel depositados em conta-poupança); fiança; seguro de fiança locatícia, que abrangerá a totalidade das obrigações do locatário.; cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. Qualquer das garantias locatícias se estende até a efetiva devolução do imóvel, ainda que prorrogada a locação por prazo indeterminado, salvo disposição contratual em sentido diverso. Poderá o locador exigir novo fiador ou a substituição da modalidade de garantia nos casos previstos no art. 40 da Lei do Inquilinato: “Art. 40. O locador poderá exigir novo fiador ou a substituição da modalidade de garantia, nos seguintes casos: I – morte do fiador; II – ausência, interdição, recuperação judicial, falência ou insolvência do fiador, declaradas judicialmente; (Redação dada pela Lei n. 12.112, de 2009.) III – alienação ou gravação de todos os bens imóveis do fiador ou sua mudança de residência sem comunicação ao locador; IV – exoneração do fiador; V – prorrogação da locação por prazo indeterminado, sendo a fiança ajustada por prazo certo; VI – desaparecimento dos bens móveis; VII – desapropriação ou alienação do imóvel. VIII – exoneração de garantia constituída por quotas de fundo de investimento; (Incluído pela Lei n. 11.196, de 2005.) IX – liquidação ou encerramento do fundo de investimento de que trata o inciso IV do art. 37 desta Lei. (Incluído pela Lei n. 11.196, de 2005.) X –prorrogação da locação por prazo indeterminado uma vez notificado o locador pelo fiador de sua intenção de desoneração, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador. (Incluído pela Lei n. 12.112, de 2009.) Parágrafo único. O locador poderá notificar o locatário para apresentar nova garantia locatícia no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de desfazimento da locação. (Incluído pela Lei n. 12.112, de 2009.)” Na hipótese de inexistência de qualquer modalidade de garantia locatícia, o locador poderá exigir do locatário o pagamento do aluguel e encargos até o sexto dia útil do mês vincendo. e) NULIDADES (art. 45): sempre que tratarmos de irregularidade no contrato de locação, estaremos diante de uma nulidade, ou seja, envolve interesse público; pode ser alegada por qualquer interessado ou reconhecido de ofício pelo juiz; não pode ser convalidado; é imprescritível, podendo ser alegado a qualquer tempo; gera efeito ex tunc. f) PENALIDADES CRIMINAIS E CIVIS (arts. 43 e 44): “Art. 43. Constitui contravenção penal, punível com prisão simples de cinco dias a seis meses ou multa de três a doze meses do valor do último aluguel atualizado, revertida em favor do locatário: I – exigir, por motivo de locação ou sublocação, quantia ou valor além do aluguel e encargos permitidos; II – exigir, por motivo de locação ou sublocação, mais de uma modalidade de garantia num mesmo contrato de locação; III – cobrar antecipadamente o aluguel, salvo a hipótese do art. 42 e da locação para temporada. Art. 44. Constitui crime de ação pública, punível com detenção de três meses a um ano, que poderá ser substituída pela prestação de serviços à comunidade: I – recusar – se o locador ou sublocador, nas habitações coletivas multifamiliares, a fornecer recibo discriminado do aluguel e encargos; II – deixar o retomante, dentro de cento e oitenta dias após a entrega do imóvel, no caso do inciso III do artigo 47, de usá-lo para o fim declarado ou, usando-o, não o fizer pelo prazo mínimo de um ano; III – não iniciar o proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, nos casos do inciso IV do artigo 9.º, inciso IV do artigo 47, inciso I do artigo 52 e inciso II do artigo 53, a demolição ou a reparação do imóvel, dentro de sessenta dias contados de sua entrega; IV – executar o despejo com inobservância do disposto no § 2.º do art. 65. Parágrafo único. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas neste art., poderá o prejudicado reclamar, em processo próprio, multa equivalente a um mínimo de doze e um máximo de vinte e quatro meses do valor do último aluguel atualizado ou do que esteja sendo cobrado do novo locatário, se realugado o imóvel.” g) MODALIDADES DE LOCAÇÃO (arts. 46 a 57): existem, tecnicamente, 3 (três) modalidades de locação: Locação residencial: Existem 2 (dois) tipos de locação residencial: (i) ajustada por escrito, por prazo igual ou superior a 30 meses (art. 46). A resolução do contrato ocorrerá com o término do prazo estipulado, independentemente de notificação ou aviso. Terminado o prazo ajustado, na hipótese de o locatório continuar na posse do imóvel alugado por mais de trinta dias sem oposição do locador, a locação se presume prorrogada por prazo indeterminado, mantendo-se as demais cláusulas e condições do contrato. Com a prorrogação, o locador poderá denunciar o contrato a qualquer tempo, concedendo o prazo de 30 (trinta) dias para desocupação. (ii) ajustada por escrito ou verbal, com prazo inferior a 30 meses (art. 47). Com o término do prazo estabelecido, a locação prorroga- se automaticamente, por prazo indeterminado, somente podendo ser retomado o imóvel nas seguintes hipóteses previstas no art. 47 da Lei do Inquilinato: “Art. 47. Quando ajustada verbalmente ou por escrito e como prazo inferior a trinta meses, findo o prazo estabelecido, a locação prorroga-se automaticamente, por prazo indeterminado, somente podendo ser retomado o imóvel: I – Nos casos do artigo 9.º82; II – em decorrência de extinção do contrato de trabalho, se a ocupação do imóvel pelo locatário relacionada com o seu emprego; III – se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou companheiro, ou para uso residencial de ascendente ou descendente que não disponha, assim como seu cônjuge ou companheiro, de imóvel residencial próprio; IV – se for pedido para demolição e edificação licenciada ou para a realização de obras aprovadas pelo Poder Público, que aumentem a área construída, em, no mínimo, vinte por cento ou, se o imóvel for destinado a exploração de hotel ou pensão, em cinquenta por cento; V – se a vigência ininterrupta da locação ultrapassar cinco anos. § 1.º Na hipótese do inciso III, a necessidade deverá ser judicialmente demonstrada, se: a) O retomante, alegando necessidade de usar o imóvel, estiver ocupando, com a mesma finalidade, outro de sua propriedade situado na mesma localidade ou, residindo ou utilizando imóvel alheio, já tiver retomado o imóvel anteriormente; b) o ascendente ou descendente, beneficiário da retomada, residir em imóvel próprio. § 2.º Nas hipóteses dos incisos III e IV, o retomante deverá comprovar ser proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, em caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do mesmo.” Locação para temporada: o que caracteriza é o prazo não superior a 90 (noventa) dias, bem como por ser aquela locação destinada à residência temporária do locatário, para prática de lazer, realização de cursos, tratamento de saúde, feitura de obras em seu imóvel e outros fatos que decorrem de determinado tempo. É possível que o imóvel esteja ou não mobiliado, sendo que nesta última hipótese, obrigatoriamente, constará no contrato a descrição dos móveis e utensílios que o guarnecem, bem como o estado em que se encontram. Com o término do prazo ajustado, permanecendo o locatário no imóvel sem oposição do locador por mais de 30 dias, a locação presume-se prorrogada por prazo indeterminado, não mais sendo exigível o pagamento antecipado do aluguel e dos encargos. Além disso, o locador somente poderá denunciar o contrato após trinta meses de seu início ou se ocorrer algumas das hipóteses do art. 47 da Lei n. 8.245/91. Locação não residencial: vulgarmente chamada de comercial, destinada à locação de imóveis voltados para o comércio, sendo peculiar a possibilidade de o locatário renovar o contrato, assegurando o chamado ponto comercial. “Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente: I – o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; II – o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos; III – o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos. § 1.º O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido pelos cessionários ou sucessores da locação; no caso de sublocação total do imóvel, o direito a renovação somente poderá ser exercido pelo sublocatário. § 2.º Quando o contrato autorizar que o locatário utilize o imóvel para as atividades de sociedade de que faça parte e que a esta passe a pertencer o fundo de comércio, o direito a renovação poderá ser exercido pelo locatário ou pela sociedade. § 3.º Dissolvida a sociedade comercial por morte de um dos sócios, o sócio sobrevivente fica sub-rogado no direito a renovação, desde que continue no mesmo ramo. § 4.º O direito a renovação do contrato estende-se às locações celebradas por indústrias e sociedades civis com fim lucrativo, regularmente constituídas, desde que ocorrentes os pressupostos previstos neste artigo. § 5.º Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um ano, no máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor. Art. 52. Olocador não estará obrigado a renovar o contrato se: I – por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que importarem na sua radical transformação; ou para fazer modificações de tal natureza que aumente o valor do negócio ou da propriedade; II – o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo de comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou descendente. § 1.º Na hipótese do inciso II, o imóvel não poderá ser destinado ao uso do mesmo ramo do locatário, salvo se a locação também envolvia o fundo de comércio, com as instalações e pertences. § 2.º Nas locações de espaço em shopping centers, o locador não poderá recusar a renovação do contrato com fundamento no inciso II deste artigo. § 3.º O locatário terá direito a indenização para ressarcimento dos prejuízos e dos lucros cessantes que tiver que arcar com mudança, perda do lugar e desvalorização do fundo de comércio, se a renovação não ocorrer em razão de proposta de terceiro, em melhores condições, ou se o locador, no prazo de três meses da entrega do imóvel, não der o destino alegado ou não iniciar as obras determinadas pelo Poder Público ou que declarou pretender realizar. Art. 53. Nas locações de imóveis utilizados por hospitais, unidades sanitárias oficiais, asilos, estabelecimentos de saúde e de ensino autorizados e fiscalizados pelo Poder Público, bem como por entidades religiosas devidamente registradas, o contrato somente poderá ser rescindido. (Redação dada pela Lei n. 9.256, de 9-1-1996) I – nas hipóteses do artigo 9.º; II – se o proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, em caráter irrevogável e imitido na posse, com título registrado, que haja quitado o preço da promessa ou que, não o tendo feito, seja autorizado pelo proprietário, pedir o imóvel para demolição, edificação, licenciada ou reforma que venha a resultar em aumento mínimo de cinquenta por cento da área útil. Art. 54. Nas relações entre lojistas e empreendedores de shopping center, prevalecerão as condições livremente pactuadas nos contratos de locação respectivos e as disposições procedimentais previstas nesta lei. § 1.º O empreendedor não poderá cobrar do locatário em shopping center: a) as despesas referidas nas alíneas a, b e d do parágrafo único do art. 22; e b) as despesas com obras ou substituições de equipamentos, que impliquem modificar o projeto ou o memorial descritivo da data do habite – se e obras de paisagismo nas partes de uso comum. § 2.º As despesas cobradas do locatário devem ser previstas em orçamento, salvo casos de urgência ou força maior, devidamente demonstradas, podendo o locatário, a cada sessenta dias, por si ou entidade de classe exigir a comprovação das mesmas. Art. 54-A. Na locação não residencial de imóvel urbano na qual o locador procede à prévia aquisição, construção ou substancial reforma, por si mesmo ou por terceiros, do imóvel então especificado pelo pretendente à locação, a fim de que seja a este locado por prazo determinado, prevalecerão as condições livremente pactuadas no contrato respectivo e as disposições procedimentais previstas nesta Lei. (Incluído pela Lei n. 12.744, de 2012.) § 1.º Poderá ser convencionada a renúncia ao direito de revisão do valor dos aluguéis durante o prazo de vigência do contrato de locação. (Incluído pela Lei n. 12.744, de 2012.) § 2.º Em caso de denúncia antecipada do vínculo locatício pelo locatário, compromete-se este a cumprir a multa convencionada, que não excederá, porém, a soma dos valores dos aluguéis a receber até o termo final da locação. (Incluído pela Lei n. 12.744, de 2012.) Art. 55. Considera se locação não residencial quando o locatário for pessoa jurídica e o imóvel, destinar-se ao uso de seus titulares, diretores, sócios, gerentes, executivos ou empregados. Art. 56. Nos demais casos de locação não residencial, o contrato por prazo determinado cessa, de pleno direito, findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou aviso. Parágrafo único. Findo o prazo estipulado, se o locatário permanecer no imóvel por mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a locação nas condições ajustadas, mas sem prazo determinado. Art. 57. O contrato de locação por prazo indeterminado pode ser denunciado por escrito, pelo locador, concedidos ao locatário trinta dias para a desocupação.” h) SUCESSÃO LOCATÍCIA: na hipótese do falecimento do locador, a locação transmite-se aos herdeiros. Já, se o falecimento for do locatário, o art. 11 da Lei do Inquilinato estabelece que ficarão sub-rogados nos direitos e obrigações: i) nas locações com finalidade residencial, o cônjuge sobrevivente ou o companheiro e, sucessivamente, os herdeiros necessários e as pessoas que viviam na dependência econômica do de cujus, desde que residentes no imóvel; ii) nas locações com finalidade não residencial, o espólio e, se for o caso, seu sucessor no negócio. Em casos envolvendo separação, divórcio ou dissolução de união estável, a locação residencial prosseguirá automaticamente com o cônjuge ou companheiro que permanecer no imóvel. Seja na hipótese de falecimento ou rompimento de matrimônio/união estável, a sub-rogação deverá ser comunicada por escrito ao locador e ao fiador, na hipótese de existência desta modalidade locatícia. É bom ressaltar que nesta hipótese, o fiador poderá exonerar-se das suas responsabilidades no prazo de 30 (trinta) dias contados do recebimento da comunicação oferecida pelo sub-rogado, ficando responsável pelos efeitos da fiança durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador. Já, no que diz respeito as regras de direito processual, a Lei do Inquilinato indica a existência de 4 (quatro) modalidades de ações locatícias: AÇÃO DE DESPEJO (arts. 59 a 66): visa à restituição de imóvel locado, livre e desimpedido de pessoas e coisas. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO DE ALUGUEL E ACESSÓRIOS DA LOCAÇÃO (art. 67): tem por objetivo viabilizar o pagamento dos alugueres e acessórios já que, por algum motivo legalmente previsto (art. 335, CC), o locatário encontrou obstáculo para adimplir com a obrigação assumida. AÇÃO REVISIONAL DE ALUGUEL (arts. 68 a 70): tem por objetivo revisar o valor do aluguel para majorar ou reduzir, aproximan do-o do real valor de mercado, em decorrência das circunstâncias valorizadoras ou depreciativas do aluguel. AÇÃO RENOVATÓRIA (arts. 71 a 75): utilizada nas locações não residenciais, é proposta pelo inquilino, no período de no máximo um ano e mínimo de seis meses da data da finalização do contrato, com objetivo de renovar a locação em decorrência da negativa ou intenção de retomada do imóvel pelo locador. As chamadas ações locatícias possuem um regramento geral de procedimento, previsto no art. 58 da Lei n. 8.245/91, que deverá ser observado quando da propositura de qualquer modalidade, qual sejam: tramitação durante as férias ou recesso forense; competência: local da situação do imóvel com possibilidade de alterar, na hipótese de foro de eleição estabelecido no contrato de locação; valor da causa corresponderá a 12× (doze vezes) o valor da locação. Na hipótese de locação efetivada em razão de um contrato de trabalho, o valor será equivalente a 3 (três) salários vigentes por ocasião do ajuizamento da ação; comunicação processual poderá ser efetivada pelas mesmas formas estabelecidas no Código de Processo Civil, quais seja, eletrônica, diário da justiça eletrônico, pessoal, carta, edital etc. recurso de apelação somente será dotado de efeito devolutivo, possibilitando a execução provisória da sentença83. 10.1. AÇÃO DE DESPEJO Finalidade A própria legislação estabelece: “Art. 5.º Seja qual for o fundamento do término da locação, a ação do locador para reaver o imóvel é a de despejo”. O pressuposto para ajuizamento desta ação é a violação de um dever legal ou contratual pelo locatário. Fundamento legal Arts. 59 e ss. da Lei n. 8.245/91 Rito Comum. Com a entrada em vigordo novo CPC, a subdivisão do rito comum em sumário e ordinário não mais existe. Assim, em atenção ao disposto no § 4.º do art. 1.046 do CPC, à ação de despejo aplicam-se as regras do rito comum. Levando-se em consideração que a ação de despejo possui algumas peculiaridades, como é o caso da liminar específica, teremos um procedimento comum com algumas especificidades estabelecidas pela legislação extravagante. Legitimidade ativa Locador. Legitimidade passiva Locatário4 e fiador (quando houver cumulação com pagamento de aluguel e acessório) Peculiaridades – Liminar: poderá ser concedida sem oitiva da parte contrária, para desocupação do imóvel em quinze dias5, com a necessidade do oferecimento de caução no valor equivalente a 3 (três) meses de aluguel, e fundamentação prevista em alguma das hipóteses do § 1.º do art. 59 da Lei do Inquilinato6. – Possibilidade de cumular ao pedido de despejo, o de cobrança dos aluguéis e acessórios não quitados. Nesta hipótese, o valor da causa será 12× o valor do aluguel, somando-se ao montante devido quando da propositura da ação. Necessidade de indicar na inicial cálculo atualizado do débito, para viabilizar eventual purgação da mora pelo locatário e/ou fiador, no prazo de 15 dias (art. 62, incisos I e II, da Lei n. 8.245/91). – Se o fundamento da ação de despejo for o término do prazo da locação para temporada, com a propositura da demanda até 30 dias após o vencimento do contrato ou; no caso da morte do locatário sem deixar sucessor legítimo, havendo concordância do locatário (ou sucessores) em desocupar o imóvel, manifestado no prazo da contestação, o juiz acolhe o pedido, fixando o prazo de 6 meses para desocupação do imóvel, contados da citação (art. 61 da Lei do Inquilinato). – Nas locações residenciais podem ser por: i) denúncia vazia (art. 46 da Lei n. 8.245/91): não há necessidade de motivar o despejo, a retomada do imóvel se dá pelo término do prazo contratual ou, se prorrogado por prazo indeterminado, após o envio da notificação concedendo o prazo de 30 dias para o locatário sair do imóvel; ii) denúncia cheia (art. 47 da Lei n. 8.245/91): quando a locação é verbal ou por prazo inferior a 30 meses e prorroga-se por prazo indeterminado, deverá ocorrer alguma das situações previstas no art. 47. – Nas locações não residenciais os seguintes fatores devem ser observados: i) prazo determinado (art. 56 da Lei n. 8.245/91): findo o prazo estipulado no contrato e o locatário permanecer no imóvel por mais de 30 dias sem oposição do locador, presume-se a prorrogação da locação, mas sem prazo determinado; e ii) prazo indeterminado (art. 57 da Lei n. 8.245/91): basta a notificação prévia por escrita, concedendo trinta dias para a desocupação do imóvel pelo locador. Nesta hipótese, deve-se esperar o fim do prazo contratual para pedir a restituição do imóvel, exceto na hipótese de violação de dever legal ou contratual. 848586 ESTRUTURA DA AÇÃO DE DESPEJO ENDEREÇAMENTO Competência Art. 58 da Lei n. 8.245/91. PREÂMBULO Partes Locador × Locatário (se envolver cobrança, o Fiador). Nome da peça Ação de despejo pelo rito comum. Fundamento legal Art. 59 e ss. da Lei n. 8.245/91. I. DOS FATOS – Relação jurídica que une as partes: descrever o contrato de locação firmado entre as partes, contendo os dados gerais como o tipo de contrato, valor do aluguel, prazo etc. – Causa do litígio: narrar a infração contratual ou legal praticada pelo Réu. – Consequência jurídica: destacar o interesse em rescindir o contrato e reaver o imóvel. II. DO DIREITO – Narrar sobre a possibilidade de despejo, já que o Réu não cumpriu um dever legal ou contratual, fundamentando no art. 5.º da Lei n. 8.245/91; – Destacar qual dever não foi cumprido pelo Réu (vide art. 23 da Lei n. 8.245/91). – Se houver cobrança, destacar os valores em aberto (art. 62 da Lei n. 8.245/91) e a mora (arts. 394 e 395 do CC). III. DA LIMINAR – Deverá destacar algum dos fundamentos do § 1.º do art. 59 da Lei n. 8.245/91 e oferecer caução de 3 (três) meses de aluguel. IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS a) A concessão da liminar, expedindo o competente mandado de despejo. b) A procedência para confirmar a liminar de despejo para reaver de forma definitiva o imóvel e rescindir o contrato de locação (e se houver cobrança) bem como a condenação ao pagamento do valor de R$... c) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios (arts. 82, § 2.º, e 85 do CPC). d) A juntada da guia das custas ou justiça gratuita. e) A opção pela realização da audiência de conciliação ou de mediação. f) A informação do endereço do advogado (art. 77, V, do CPC). g) Protesto por provas. Valor da causa 12× (doze vezes) o valor do aluguel Peculiaridades – Quando o despejo for cumulado com cobrança o valor da causa não altera, continua prevalecendo a regra especial em detrimento à regra geral. Assim, pouco importa o montante da cobrança, o valor da causa será sempre o equivalente a apenas 12× o valor do aluguel, conforme já pacificado pelo STJ (REsp 673.231/SP). 10.2. MODELO DE AÇÃO DE DESPEJO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1.ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE PETRÓPOLIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO LUAN LUCAS, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG n. ...e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ... (endereço completo), vem, por seu advogado (procuração anexa), com fundamento no art. 59 e ss. da Lei n. 8.245/91, ajuizar a presente AÇÃO DE DESPEJO C/C COBRANÇA PELO RITO COMUM COM PEDIDO LIMINAR em face de CÉSAR PIRES, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG n. ..., e inscrito no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ... (endereço completo), e CÍNTIA MARTINS, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora do RG n. ... e inscrita no CPF n. ..., endereço eletrônico..., residente na Rua ... (endereço completo), pelos fundamentos a seguir expostos. I. DOS FATOS Autor e Réus firmaram contrato de locação residencial pelo prazo de 36 (trinta e seis) meses, com valor pactuado de R$ 1.000,00 (um mil reais). Entretanto, o Réu houve por bem descumprir a obrigação legal e contratual que consiste no pagamento dos encargos e acessórios locatícios. Assim, o Autor pleiteia, não só a rescisão do contrato para reaver o imóvel, como, também, cobrar dos Réus os valores em aberto, conforme passará a melhor expor. II. DO DIREITO Trata-se de uma ação de despejo por falta de pagamento em que o Autor move em face dos Réus, em razão do não cumprimento da contraprestação pecuniária assumida como obrigação no contrato de locação não residencial em anexo (doc. ...). A Lei do Inquilinato no art. 5.º é clara quando permite o despejo em qualquer situação quando o locatário não cumprir um dever legal ou contratual. Pois bem, o Réu não efetuou o pagamento dos alugueres dos meses de janeiro a outubro de 200X, que, somados com o condomínio e IPTU também não pagos, chega à quantia de R$ ______________ (por extenso), conforme demonstrativos de cálculo em anexo. (doc. ...). Os deveres do locatário estão elencados no art. 23 da Lei n. 8.245/91, destacando-se o seguinte: “Art. 23. O locatário é obrigado a: I – pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou contratualmente exigíveis, no prazo estipulado ou, em sua falta, até o sexto dia útil do mês seguinte ao vencido, no imóvel locado, quando outro local não tiver sido indicado no contrato; [...] XII – pagar as despesas ordinárias de condomínio”. Diante disso, os Réus encontram-se em mora com a obrigação assumida, nos termos do art. 394 do CC, sendo um fator motivacional para o desfazimento da locação, como prevê o art. 9.º, inciso III, da Lei do Inquilinato: “Art. 9.º A locação também poderá ser desfeita: [...] III – em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos;” Diante disso, não restam dúvidas quanto à possibilidade de o Autor reaver o imóvel, através do despejo do Réu, além da condenação de ambos ao pagamento dos alugueres e encargos vencidos