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GENÉTICA 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Fernanda Eliza Toscani Burigo 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, abordaremos novos tópicos relacionados à expressão gênica, 
a fim de concretizarmos a compreensão dessa importante ciência. 
O primeiro deles é a epigenética. A epigenética estuda as mudanças na 
expressão gênica, sem alterações na sequência de nucleotídeos. Assim, ela 
possibilita a compreensão de alguns fenômenos antes não compreendidos. As 
alterações epigenéticas, como a metilação, possuem intrínseca relação com 
algumas patologias, como o câncer, daí a importância de seu entendimento para 
desvendar causas e tratamentos relacionados. 
Já o imprinting genômico caracteriza-se como um fenômeno igualmente 
relacionado à expressão gênica, no qual determinados genes são expressos por 
somente um de seus alelos, ao passo que o outro é inativado, geralmente por 
metilação; dessa forma, o imprinting é considerado um mecanismo epigenético. 
Ainda, alguns fatores importantes que podem afetar a expressão gênica devem 
ser ressaltados: a expressividade e a penetrância, processos que se relacionam 
entre si, causando desvios nos padrões previstos pela herança mendeliana. 
Por fim, abordaremos a importância da compreensão da distribuição das 
frequências gênicas, genotípicas e fenotípicas de uma população, 
estabelecendo a relação com fatores evolutivos, a partir do entendimento da 
genética de populações, cuja base é a Lei de Hardy-Weinberg. 
São objetivos desta aula: 
Geral: 
• Compreender diferentes mecanismos de regulação da expressão 
gênica, bem como suas implicações na atualidade. 
Específicos: 
• Reconhecer a epigenética como um novo campo da genética, seus 
principais conceitos e aplicabilidades. 
• Identificar processos relacionados às mudanças hereditárias que não 
envolvem alterações no DNA, como metilação e modificação das 
histonas. 
• Buscar pesquisas na área da epigenética, relacionando-as com o 
câncer. 
• Descrever o processo de imprinting genético como fator de alteração 
da expressão gênica e sua transmissão a futuras gerações. 
 
 
3 
• Destacar a importância dos conceitos de expressividade e 
penetrância na compreensão de fenômenos genéticos. 
• Abordar a importância da genética de populações, compreendendo as 
condições para o estabelecimento da Lei de Hardy-Weinberg e suas 
aplicações. 
TEMA 1 – EPIGENÉTICA: HISTÓRIA, CONCEITOS E MECANISMOS 
EPIGENÉTICOS DE REGULAÇÃO GÊNICA 
Em 1942, o geneticista, biólogo e filósofo Conrad Hal Waddington foi o 
primeiro a definir o conceito de epigenética como "o ramo da biologia que estuda 
as interações causais entre genes e seus produtos, que trazem o fenótipo a ser 
observado". Nessa época, ainda não se conhecia a natureza e papel dos genes; 
assim, Waddington usou esse conceito para demonstrar que os genes poderiam 
interagir com o ambiente para produzir determinado fenótipo, relacionando-o, 
inclusive, com os conceitos apresentados por Lamarck. 
Mais tarde, Robin Holliday descreveu a epigenética como "o estudo dos 
mecanismos de controle temporal e espacial da atividade dos genes durante o 
desenvolvimento de organismos complexos". Dessa forma, ele propunha que 
essa ciência poderia ser utilizada para descrever qualquer alteração fenotípica 
que não envolvesse alteração na sequência de DNA. Ainda, esse pesquisador, 
em conjunto com seu aluno John Pugh, e paralelamente a Arthur Riggs, 
descreveram, em 1975, a metilação do DNA como um importante mecanismo de 
regulação da expressão gênica. 
Mas, com os conhecimentos atuais, como definir a epigenética? 
A epigenética envolve mecanismos de expressão gênica que não se 
relacionam às alterações nos genes, sendo tais variações adquiridas ao longo 
da vida de um indivíduo e podendo ser passadas às futuras gerações. São 
pequenas modificações na estrutura química do DNA ou na expressão de 
determinada proteína, influenciadas por fatores ambientais e hábitos de vida. 
As mudanças epigenéticas podem ser transmitidas a outras células a 
partir da mitose e envolvem alterações químicas no DNA, bem como nas 
histonas, proteínas especiais que permitem o empacotamento do DNA. 
Sabemos que a molécula de DNA é grande em relação ao tamanho do núcleo; 
assim, para que possa ser armazenada em seu interior, precisa ser empacotada. 
 
 
4 
Tal empacotamento é possível graças às histonas, proteínas em forma globular, 
nas quais o DNA se enrola, compactando-se. As unidades de DNA + histonas 
são denominadas nucleossomos, os quais, fazendo uma analogia, podem ser 
comparados a um ioiô, sendo o fio a molécula de DNA e a base, a histona, 
conforme mostra a Figura 1. 
Figura 1 – Analogia entre o nucleossomo e o ioiô 
 
Crédito: Designua/Shutterstock; Pringletta/Shutterstock. 
 A partir do momento em que determinado gene precisa ser expresso, há 
necessidade de descompactá-lo, a fim de que possa ser transcrito em RNA. 
Diversos sinais são importantes para essa ativação, como hormônios, nutrientes, 
fatores físicos (frio e calor), entre outros. Todavia, após sua transcrição, o gene 
precisa retornar à forma compactada, o que está intrinsicamente relacionado a 
mecanismos epigenéticos, tanto no DNA quanto nas histonas. Vale ressaltar que 
cada célula expressa um número limitado de genes; genes expressos em 
determinada célula serão silenciados pela epigenética em outros grupos 
celulares. Por exemplo, as fibras musculares expressam a proteína mioglobina, 
mas não expressam a dopamina, proteína característica dos neurônios. 
São mecanismos epigenéticos relacionados ao DNA e às histonas: 
a) Metilação do DNA: adição de um radical metila (CH3) a um nucleotídeo 
citosina, na região promotora do gene, isto é, em regiões que controlam a 
expressão gênica. Com a metilação, ocorre a repressão do gene, o qual 
fica impossibilitado de codificar a proteína pela qual é responsável. Uma 
enzima, a DNA metilase, é responsável pela adição do radical metila. 
Assim, o principal efeito desse mecanismo é o silenciamento do gene. 
Pode ser considerada uma estratégia evolutiva, pois promoveu a 
 
 
5 
homeostase celular ao longo das gerações; caso ocorram alterações no 
padrão de metilação, pode ocorrer a ativação de genes antes silenciados, 
sendo transmitida às células filhas, caracterizando a memória epigenética. 
b) Remodelação da cromatina: utilizando a energia da hidrólise do ATP, 
ocorre a movimentação do nucleossomo, o que altera a compactação da 
cromatina, tornando-a mais densa ou empacotada, conforme alteração 
promovida. 
c) Modificações pós-tradução de histonas: alterações que envolvem a 
metilação, acetilação, fosforilação, entre outros mecanismos. Conforme 
destacado anteriormente, a metilação inativa lócus gênicos de 
heterocromatina. Já a acetilação das histonas relaciona-se com a 
adição de um radical acetil (COCH3) na região da histona com aminoácido 
arginina e/ou lisina, sendo um mecanismo de ativação gênica. 
d) Histonas variantes: diferentes variações das histonas, com propriedades 
específicas e diferentes funções, relacionadas ao aumento ou redução da 
estabilidade das proteínas, envolvidas no reparo do DNA, inativação do 
cromossomo X, entre outras possibilidades. 
e) Noncodding RNA: pequenos, médios e longos segmentos de RNA não 
codificantes, os quais possuem diferentes funções, como o silenciamento 
de genes pós-transcrição, direcionamento da metilação do DNA e 
inativação cromossômica. 
A herança epigenética traz implicações profundas para o estudo da 
evolução, sendo fundamental para a compreensão de lacunas acerca das 
heranças genéticas; enquanto as modificações no DNA são lentas e ocorrem ao 
acaso, a mudança epigenética pode ser rápida, em respostas às sinalizações 
ambientais às quais as células são submetidas. Assim, com o final do Projeto 
Genoma em 2003, hoje o grande desafio é o sequenciamento do epigenoma, a 
fim de compreender os mecanismosepigenéticos e sua atuação sobre a 
expressão gênica, sendo imprescindível para o melhor entendimento de como a 
função do genoma é regulada na saúde e na doença, e também como a 
expressão genética é influenciada pela alimentação e pelo ambiente. 
 
 
 
6 
TEMA 2 – MODELOS EXPERIMENTAIS PARA ESTUDOS DE EPIGENÉTICA E 
RELAÇÃO COM O CÂNCER 
A epigenética tem se mostrado promissora nos estudos sobre o câncer, 
em especial porque o mecanismo de metilação está diretamente relacionado 
com o silenciamento de alguns genes envolvidos nas neoplasias, principalmente 
os genes supressores de tumor (como visto em aulas anteriores). Os principais 
grupos de pesquisa na epigenética do câncer, como o grupo de epigenética de 
tumores do INCA (Instituto Nacional do Câncer), buscam determinar os padrões 
de metilação do DNA, modificações nas histonas e o perfil de expressão de 
RNAs não codificantes nos diversos tipos tumorais, a fim de identificar 
biomarcadores de diagnóstico e prognóstico. Além disso, espera-se investigar a 
contribuição dos mecanismos epigenéticos de regulação gênica no 
estabelecimento das alterações genéticas e também a realização de estudos 
pré-clínicos com as diferentes modalidades de drogas epigenéticas. 
Ainda, diversos estudos na obtenção de substâncias obtidas a partir de 
plantas, como os flavonoides, que possuem regulação epigenética sobre 
determinados tipos de neoplasias, têm sido realizados. Algumas dessas 
substâncias induzem à apoptose das células tumorais, possuem propriedades 
antitumorais e antiangiogênicas, promovem o silenciamento de genes, além de 
possuírem ação preventiva, impedindo o desenvolvimento de tumores: 
Já foi descrita uma correlação positiva e significativa entre pacientes 
com câncer e hábitos relacionados à qualidade de vida, sugerindo que 
a alimentação e o exercício físico podem influenciar nos níveis de 
metilação de DNA. Esses achados sugerem que a maquinaria 
epigenética possa exercer modulação no desenvolvimento de tipos 
específicos de câncer. (Elsner; Siqueira, 2016) 
Saiba mais 
Este tema, extremamente atual e inovador, requer maior aprofundamento 
a partir da leitura de artigos específicos. Algumas sugestões são: 
• Câncer e modelos experimentais de tumores murinos: 
<http://periodicos.ses.sp.bvs.br/pdf/rial/v69n4/v69n4a01.pdf>; 
• Mecanismos epigenéticos na carcinogênese mamária – o papel das 
sirtuínas: <http://www.uricer.edu.br/site/pdfs/perspectiva/145_478.pdf>; 
 
 
7 
• Alterações epigenéticas do gene p16 em ratos tratados com altas doses 
de l-metionina: <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60134/tde-16092009-
162116/publico/Resumida.pdf>. 
TEMA 3 – IMPRINTING GENÉTICO 
Conforme abordamos nas aulas anteriores, a expressão de determinado 
fenótipo se relaciona com a expressão de dois alelos, herdados de nossos pais, 
que se manifestam de acordo com a relação de recessividade ou dominância 
entre eles. No entanto, estudos atuais demonstram que essa relação equitativa 
entre os alelos nem sempre pode ser aplicada. Em alguns casos, somente um 
dos alelos – materno ou paterno – é expresso, comportando-se de forma distinta 
do outro que não se manifesta. A esse fenômeno, dá-se o nome de imprinting 
genético ou genômico, caracterizado pela expressão alélica de somente um 
dos alelos parentais – expressão monoalélica. Admite-se que um dos alelos 
parentais adquiriu uma marca natural (imprint) que o diferenciou. 
O imprinting foi descoberto na década de 1980, em experimentos com 
ratos, nos quais se observou a expressão diferenciada de alguns genes, 
conforme os alelos eram herdados do pai ou da mãe. Pode ser considerado um 
mecanismo epigenético, uma vez que a herança pode ser relacionada à 
metilação de alguns genes, silenciando-os, o que impede sua expressão. Os 
genes imprintados estão normalmente envolvidos no crescimento embrionário e 
desenvolvimento comportamental; entretanto, devido a uma expressão 
imprópria, eles podem funcionar como oncogenes (super expressos) ou como 
genes supressores de tumores (inativos). 
A principal conclusão para a importância desse fenômeno foi baseada em 
observações experimentais recentes de que o genoma feminino e masculino são 
complementares um ao outro e de que certos genes podem ter sua expressão 
reduzida em 50%. Isso sugere razões para que o imprinting ocorra em mamíferos 
como uma proteção evolutiva contra a reprodução assexuada, mas várias outras 
teorias também são investigadas, incluindo a participação do imprinting em 
fenômenos psicológicos e metabólicos. Assim, embora sejam necessários 
muitos estudos sobre o imprinting, já se tem certeza da importância das 
características epigenéticas na manutenção e regulação dos genes imprintados 
e no funcionamento correto dos processos biológicos. 
 
 
8 
TEMA 4 – PENETRÂNCIA E EXPRESSIVIDADE 
 Vimos em nossas aulas que os genes podem se manifestar de diferentes 
formas, promovendo variações fenotípicas bem distintas. Em alguns genes, 
como o da cor das sementes de ervilha, a manifestação alélica é bem 
determinada, ou seja, não possui fenótipos intermediários (produz somente a cor 
amarela ou verde) – variação gênica descontínua. Em outros casos, há a 
possibilidade de manifestação de fenótipos intermediários, de forma gradual, 
com a determinação de fenótipos não tão definidos. Assim, a expressão da 
característica pode se manifestar de forma diferente em um mesmo indivíduo. 
A expressão de fenótipos mais ou menos acentuados, dependendo das 
condições às quais o indivíduo é submetido, possibilita a gradação da expressão 
de determinado gene, variando de uma expressão leve à sua expressão total, o 
que se chama expressividade. Por exemplo, indivíduos portadores do alelo 
dominante P serão portadores da polidactilia, anomalia genética na qual o 
indivíduo possui um ou mais dedos (Figura 2) nas mãos e/ou pés, dependendo 
de sua expressividade. Um indivíduo polidáctilo pode possuir dois dedos a mais 
nas mãos, em uma ou nas duas, e três dedos a mais nos pés, conforme 
demonstra a Figura 3. Ainda, poderia ter a quantidade de dedos normais nas 
mãos e possuir somente a alteração em um dos pés. Essa é a gradação de 
fenótipos à qual nos referimos anteriormente. A expressividade pode ser 
graduada como porcentagem, por exemplo, quando um gene apresenta 50% 
de expressividade, apenas metade das características está presente, ou a 
gravidade é de apenas metade da que poderia ocorrer com a expressão 
completa. A expressividade pode ser influenciada pelo ambiente e por outros 
genes; assim, indivíduos com o mesmo gene podem ter fenótipos variados. A 
expressividade pode variar mesmo entre os membros da mesma família. 
 
 
 
 
 
 
 
9 
Figura 2 – Raio-X demonstrando um indivíduo com polidactilia nas mãos 
 
Crédito: Flávio Oliveira. 
Figura 3 – Diferente expressividade em um indivíduo com polidactilia	
 
Crédito: Flávio Oliveira. 
 A capacidade de um gene se expressar, ou a frequência com que é 
expresso, é denominada penetrância, definida como o percentual de pessoas 
portadoras de determinado gene que desenvolvem o fenótipo correspondente, 
podendo ser incompleta ou completa. No primeiro caso, portadores de 
determinado alelo podem não o expressar; por exemplo, 15% dos portadores do 
alelo para polidactilia não o expressam. No câncer de mama, por exemplo, 85% 
dos indivíduos que possuem o alelo mutante desenvolvem esse tipo de 
neoplasia. Já na penetrância completa, 100% dos indivíduos manifestam o 
fenótipo esperado, como o albinismo – todos os seres que possuírem o genótipo 
recessivo aa serão albinos. Outro exemplo é a doença de Huntington, 
neurodegenerativa, cuja mutação encontra-se no cromossomo 4. 
Quando o fenótipo é condicionado por um alelo dominante, ele pode não 
ser expresso, pois pode ser inativado e não se manifestar. Assim, a penetrância 
 
 
10 
incompleta normalmente se relaciona a características determinadaspor alelos 
dominantes. Por outro lado, se a herança for determinada por alelo recessivo, 
não poderá ser inativado, pois o alelo recessivo já se caracteriza por não 
produzir, ou produzir em baixa quantidade, a proteína pela qual é responsável. 
Portanto, é mais comum que a penetrância completa ocorra em caracteres 
relacionados a alelos recessivos. Os fatores que se relacionam à expressividade 
e penetrância ainda não são totalmente conhecidos, mas já se pode perceber a 
sua importância em termos de variabilidade e transmissão de características. 
TEMA 5 – GENÉTICA DE POPULAÇÕES 
 Na genética, quando se aborda características dominantes e recessivas, 
é comum acreditarmos que a dominante sempre será mais frequente em uma 
população. No entanto, isso nem sempre acontece: por exemplo, a polidactilia é 
uma anomalia genética dominante, na qual o indivíduo portador possui um ou 
mais dedos a mais, seja nas mãos e/ou pés, enquanto o fenótipo recessivo 
caracteriza a normalidade. O que é mais comum: indivíduos polidáctilos ou 
normais? Normais, pois a frequência do alelo recessivo na população é muito 
maior do que a do alelo dominante. Assim, a frequência de determinado fenótipo, 
ou seja, a frequência fenotípica depende da frequência do gene em uma 
população (frequência gênica). 
 A área da genética que estuda as frequências gênicas, genotípicas e 
fenotípicas em determinado grupo de indivíduos é chamada genética de 
populações. É fundamental para a compreensão da distribuição de genes nas 
populações, bem como dos fatores que atuam sobre eles. Permite entender 
como doenças hereditárias são mantidas em determinada população, além de 
avaliar a ação de efeitos mutagênicos sobre determinado alelo. 
 A população caracteriza-se por ser a unidade evolutiva, sofrendo 
constante ação de fatores evolutivos, os quais podem afetar diretamente a 
frequência de genes (e genótipos) na população. Os principais fatores evolutivos 
que atuam sobre a população são: mutação, recombinação, migração, seleção 
natural e deriva genética. 
 É possível calcular as frequências gênicas e genotípicas de uma 
população conhecendo-se sua composição genética, a partir da estruturação de 
alguns dados. 
 
 
11 
 Considere as seguintes características hipotéticas de uma população: 
• Uma população é constituída por 24.000 indivíduos e um total de 48.000 
alelos, uma vez que cada indivíduo possui duas cópias do referido gene, 
sendo: 7.200 homozigotos dominantes (AA), totalizando 14.400 alelos A 
(pois cada indivíduo possui 2 alelos), 12.000 heterozigotos (Aa), sendo 
12.000 alelos A e 12.000 alelos a e 4.800 homozigotos recessivos (aa), 
caracterizando 9.660 alelos a. Um resumo dessa população pode ser 
explicitada na tabela a seguir: 
Tabela 1 – População exemplo 
Genótipos Número de 
indivíduos 
Número de 
alelos A 
Número de 
alelos a 
AA 7.200 14.400 0 
Aa 12.000 12.000 12.000 
aa 4.800 0 9.600 
 A frequência de um gene (frequência gênica) pode ser calculada 
dividindo-se o número total desse alelo pelo número total de alelos para tal lócus, 
conforme a fórmula: 
Frequência de um alelo = nº total do alelo 
 nº total de alelos 
 Por exemplo, a frequência do alelo A é: nº de alelos A = 14. 400 (AA) + 
12.000 (aa) = 26.400, dividido pelo total de alelos = 48.000. Assim, tem-se: 
 f(A) = 26.400 / 48.000 = 0,55 ou 55% 
 A frequência do alelo a poderia ser calculada pelo mesmo raciocínio ou 
utilizando-se uma fórmula que estabelece a relação entre os alelos: 
 f(A) + f(a) = 1 – Substituindo-se o valor de f(A) por 0,55, obtém-se que: 
 f(a) = 1 – 0,55 = 0,45 ou 45% 
 Já a frequência genotípica, cujo objetivo é o estudo da frequência de cada 
um dos genótipos, pode ser calculada pela fórmula: 
 
 
 
12 
Frequência genotípica = nº de indivíduos com o genótipo 
 nº de indivíduos da pop. 
 Para a população em análise, as frequências dos genótipos AA, Aa e aa 
são, respectivamente: 
• AA = 7.200/24.000 = 0,30 
• Aa = 12.000/24.000 = 0,50 
• aa = 4.800/12000 = 0,20 
 Esse cálculo é utilizado principalmente quando a população não é muito 
grande ou está sofrendo a ação de algum fator evolutivo. Para outros casos, a 
Lei de Hardy-Weinberg é mais utilizada. 
 O alicerce no estudo da genética de populações é a Lei de Hardy-
Weinberg, demonstrada pelo matemático Hardy e o médico Weinberg, cujo 
enunciado é: “para qualquer lócus gênico, as frequências relativas dos 
genótipos, em populações de cruzamento ao acaso, permaneceram constantes, 
de geração a geração, a menos que certos fatores perturbem este equilíbrio”. 
 Os fatores aos quais se referem são os fatores evolutivos. Assim, para 
que esta lei seja válida e caracterize a população como em equilíbrio, deve 
obedecer algumas condições: 
• a população deve ser infinitamente grande; 
• deve estar isenta de fatores evolutivos; 
• os cruzamentos devem se dar ao acaso, ou seja, ser uma população 
panmítica; 
• o número de indivíduos do sexo feminino e masculino deve ser 
proporcional, em torno de 1:1; 
• deve ser formada por indivíduos da mesma espécie, capazes de se 
reproduzir sexuadamente e situarem-se dentro dos mesmos limites 
geográficos, favorecendo o intercruzamento. 
 Hardy e Weinberg estabeleceram as seguintes relações matemáticas 
entre os alelos A e a: 
 O alelo a tem sua frequência representada pela letra q, ou seja, q = f(a); 
já o alelo A é representado pela letra p, isto é, p = f(A). Dessa forma, conclui-se: 
a) p + q = 1 → f(A) + f(a) = 1 
b) aa = a2 = q2 
 
 
13 
c) AA = A2 = p2 
d) Aa e aA = 2Aa = 2pq 
e) p2 + 2pq + q2 =1, ou seja, AA + 2.Aa + aa = 1 – repare que tal resultado 
relaciona-se à proporção genotípica proposta por Mendel, para o 
cruzamento entre heterozigotos, de 1AA: 2Aa: 1aa (1:2:1). 
 Antes de aplicarmos a Lei de Hardy-Weinberg, é importante ressaltar que 
os estudos da genética de populações são fundamentais para a compreensão 
de outras áreas, como a evolução. Isso porque, se os valores obtidos para as 
frequências gênicas e genotípicas forem muito diferentes do esperado, conclui-
se que a população está sob influência de fatores evolutivos e, portanto, está 
evoluindo; caso os valores forem os esperados, a população está em equilíbrio, 
ou seja, não está evoluindo. 
 A seguir, dois exemplos de aplicação da Lei de Hardy-Weinberg: 
1. Considere uma população que obedece a todas as condições impostas 
pela Lei de Hardy-Weinberg. Nela, a frequência de determinado alelo B é 
0,65. Assim, calcule as frequências genotípicas dessa população. 
• O primeiro passo, a partir do conhecimento da frequência do alelo B, é 
calcular a frequência do alelo b – f(B) + f(b) = 1→ f(b) = 1 – 0,65 → f(b) 
= 0,45. 
• A frequência de BB é igual a p2, ou seja, f(BB) = (0,65)2 = 0,4225 = 
42,25%. 
• A frequência de heterozigotos, Bb, é igual a 2.Bb, isto é, f(Bb) = 2. 0,65. 
0,45 = 0,585 = 58,5%. 
• A frequência de bb é igual q2, ou seja, f(bb) = (0,45)2 = 0,2025 ou 
20,25%. 
2. Suponha que uma população hipotética, em equilíbrio, possui 36% da sua 
população com albinismo. Qual a frequência dos alelos A e a e a 
proporção de indivíduos normais, heterozigotos, nessa população? 
• Primeiro, é preciso relembrar que o albinismo é ocasionado pelo alelo 
recessivo a, ou seja, os albinos possuem genótipo aa; 
• Dessa forma, a f(aa) = q2 = 36% ou 0,36 → q = √0,36 → q = f(a) = 0,6 
ou 60%; 
 
 
14 
• A partir do conhecimento da frequência do alelo a, é possível calcular 
a frequência do alelo A – f(A) + f(a) = 1→ p + q = 1 → p = 1 – q → p = 
f(A) = 0,4 ou 40%; 
• Vale ressaltar que, além dos valores de p e q, o exercício solicita a 
proporção de indivíduos normais, mas heterozigotos; estes são 
representados por indivíduos que possuem um alelo dominante e outro 
recessivo, ou seja, Aa. Assim sendo, a frequência deindivíduos 
heterozigotos pode ser calculada por: f(Aa) = 2pq → f(Aa) = 2. 0,4 .0,6 
→ f(Aa) = 0,48 ou 48% 
NA PRÁTICA 
 Alterações no imprinting têm sido relatadas como causa de diversas 
doenças humanas. As síndromes de Prader-Willi (PWS) e Angelman (AS) 
constituem patologias clinicamente distintas, embora ambas ocorram por perda 
(de função) de genes. Pesquise sobre essas duas síndromes, suas 
características e alterações fisiológicas e morfológicas. 
Saiba mais 
Para aprofundar os estudos sobre os temas discutidos nesta aula, acesse 
os links a seguir. 
Assista ao vídeo explicativo sobre epigenética e metilação do DNA, 
disponível em: <https://www.scienceinschool.org>content>desvendando-
epigenetica.com>. 
Leia o artigo “Metilação de DNA e câncer”, disponível em: 
<https://rbc.inca.gov.br/site/arquivos/n_56/v04/pdf/11_revisao_metilacao_dna_c
ancer.pdf>. 
 Leia mais sobre expressividade e penetrância. Disponível em: 
<http://lineu.icb.usp.br/~bbeiguel/Variabilidade%20Humana/Cap.6.1.pdf>. 
 
 
15 
FINALIZANDO 
 
 
 
 
EXPRESSÃO GÊNICA
EPIGENÉTICA:
CONCEITOS, REGULAÇÃO,
CÂNCER
IMPRINTING
GENÔMICO
PENETRÂNCIA E 
EXPRESSIVIDADE
GENÉTICA DE POPULAÇÕES 
E LEI DE HARDY-
WEINBERG
 
 
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REFERÊNCIAS 
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