Prévia do material em texto
1 GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS EMPRESARIAIS 1 Sumário IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE CUSTOS ............................................ 4 CONTROLE DOS GASTOS .................................................................... 4 O QUE SÃO CUSTOS? ........................................................................... 5 O QUE SÃO DESPESAS? ...................................................................... 8 O QUE SÃO INVESTIMENTOS? ............................................................ 8 COMPORTAMENTO DOS CUSTOS....................................................... 9 DETERMINAÇÃO DO CUSTO DOS MATERIAIS E DA MÃO DE OBRA ......................................................................................................................... 10 Custo dos materiais ............................................................................... 11 Custo da mão de obra ........................................................................... 12 OUTROS CUSTOS................................................................................ 23 CUSTOS DO PONTO DE VISTA ECONÔMICO ................................... 24 LUCRO DO PONTO DE VISTA ECONÔMICO E DO PONTO DE VISTA CONTÁBIL ....................................................................................................... 25 ESTRUTURA DE CUSTOS ................................................................... 27 ANÁLISE CUSTO – VOLUME – LUCRO, MARGEM DE SEGURANÇA OPERACIONAL E ALAVANCAGEM OPERACIONAL ..................................... 29 UNIDADE II ............................................................................................ 31 GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS: A QUESTÃO DA IMPLEMENTAÇÃO .......................................................................................... 31 GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS ................................................ 31 O CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES ............................................ 34 PLANEJANDO A MUDANÇA ................................................................ 35 O FENÔMENO DA RESISTÊNCIA A MUDANÇA ................................. 39 CONCLUSÃO ........................................................................................ 41 2 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 42 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE CUSTOS A estruturação de um sistema de custos nas MPEs, não é apenas uma necessidade contábil. É uma necessidade administrativa, pois, sem conhecer os custos, diferentes decisões que se apresentam, como: que preço cobrar para um novo produto ou para um pedido especial, qual o nível de descontos que pode ser concedido a um cliente, eliminação de produtos que apresentam “prejuízos”, terceirização de atividades, aquisição de novos equipamentos, mudanças no processo de fabricação etc., são tomadas de forma intuitiva pelos gestores. Nestes casos, quais os riscos? Se os resultados alcançados forem satisfatórios, é de se imaginar que não há a necessidade de investir em um sistema de custos e novas decisões que exigem o conhecimento de custos poderão se revelar um desastre. A esse respeito, Resnik (1990) diz que uma empresa, sem entender seus custos, poderá promover mercadorias e serviços ou apostar em projetos que não sejam lucrativos. Também, as consequências podem se revelar desastrosas para essas empresas, uma vez que poderão implementar estratégias comerciais, programas de produção, políticas de estocagem etc., sem o subsídio de informações adequadas. Isso implica dizer que a estruturação de um sistema de custos pode ser a chave do sucesso para as MPEs. Para isso, estas empresas tem à disposição um amplo conjunto de ferramentas que permite modelar um sistema de custos adequado às suas necessidades. Por certo, o sistema de custos nestas empresas não necessita ser tão complexo como aquele das empresas de maior porte. CONTROLE DOS GASTOS Uma empresa, independentemente do setor em que atua, realiza uma série de gastos vinculados à administração, vendas e produção de bens ou realização de serviços. Veremos, na sequência, que os gastos podem ser classificados em custos, despesas e investimentos. Independentemente da classificação dos gastos, é importante que as empresas tenham um controle e gerenciamento eficiente sobre eles, inclusive para a correta discriminação em custos, despesas e investimentos. Sugere-se elaborar uma planilha e nela identificar todos os gastos 1 da empresa. 5 Alguns destes gastos podem ser alocados imediatamente aos departamentos que os deram origens (são específicos destes departamentos) e outros são comuns a mais de um departamento. O Quadro 1.3 apresenta os departamentos de uma empresa industrial agrupados em três grandes divisões: Administrativa, Comercial e Industrial. Assim, os gastos desta empresa que são imediatamente identificados com cada departamento, são a eles alocados sem maiores dificuldades. Entretanto, há aqueles gastos gerais, que são comuns a todos os departamentos pertencentes a uma divisão específica, ou à empresa como um todo. Neste caso, tais gastos são registrados na conta “gastos comuns” e rateados aos departamentos que os consomem, utilizando, para isso, uma base de rateio que seja razoável (a estrutura deste quadro permite adequá-lo às empresas comerciais e prestadoras de serviços). O QUE SÃO CUSTOS? O conceito de custo é associado ao montante de gastos incorridos para se obter um bem ou realizar um serviço. Os custos em uma empresa industrial correspondem ao consumo dos recursos utilizados na produção, ou seja, dos materiais (que integram os produtos – passaremos a denominá-los de matérias primas), da mão de obra direta (pessoal que atua diretamente na transformação da matéria prima em produtos) e custos indiretos (todos os demais custos vinculados à produção) 5 . Quadro 1. 4. Custos de Produção 6 Observa-se neste Quadro 1.4 que os custos de produção foram segregados em Custos Diretos e Custos Indiretos. Os custos diretos são assim chamados devido à maneira como são apropriados aos produtos. A matéria prima utilizada na fabricação dos produtos, quando tem sua quantidade objetivamente identificada (em cada produto), tem seu custo apropriado diretamente a esse produto. Para subsidiar esse processo utiliza-se a requisição de material. Para retirar o material do estoque, emite-se uma requisição, conforme modelo representado na Figura 1. 5. Nesta requisição, identifica-se onde o material será utilizado. Figura 1.5. Modelo de requisição de material A mão de obra direta pode ter seu tempo apontado nos produtos fabricados e,assim, o custo correspondente também ser apropriado a cada um desses produtos diretamente. A Figura 1.6 apresenta um modelo de Boletim de Apontamento de Produção. Figura 1.6. Modelo de Boletim de Apontamento de Produção 7 Além dos custos, que podem ser imediatamente identificados com cada um dos produtos fabricados e, portanto, ser a eles apropriados diretamente, há aqueles necessários à produção que, no entanto, não tem uma medida de consumo nos produtos. Para apropriá-los aos produtos é necessário realizar rateios, utilizando para isso uma base que seja adequada. Esse processo determina que esses custos sejam considerados como indiretos. Dos gastos constantes do Quadro 1.3 há aqueles que não estão vinculados especificamente à produção, aquisição de mercadorias ou à realização de serviços, respectivamente. São os gastos que ocorrem nos departamentos da Divisão Administrativa e Divisão Comercial. Estes gastos são denominados despesas. como tratar as despesas destas duas divisões? Veremos no capítulo 4 que existem diferentes métodos de custeio, cada qual com uma abordagem própria para tratar os custos incorridos na produção, bem como as despesas das divisões administrativa e comercial. Por enquanto, observamos que em uma Demonstração de Resultados típica, os custos e as despesas são registrados separadamente. 8 Os Custos dos Produtos Vendidos constantes nesta Demonstração são aqueles incorridos na produção e, nesse demonstrativo, correspondem à quantidade que foi vendida, isto porque nem toda a produção de um período pode ter sido vendida e, assim, ter sido estocada para venda em outro período (este estoque é considerado um investimento (ver seção 1.8). Em uma empresa comercial teríamos o Custo das Mercadorias Vendidas e, em uma empresa prestadora de serviços teríamos o Custo dos Serviços Prestados. O QUE SÃO DESPESAS? Observa-se na Demonstração de Resultados que são deduzidas do Lucro Bruto as Despesas Administrativas e de Vendas. Diferentemente dos custos, que são os gastos incorridos para se obter o bem ou realizar o serviço, as despesas compreendem a uma classe de gastos incorridos para: • Administrar (Despesas Administrativas): são os gastos incorridos nos diversos departamentos administrativos, entre eles: Recursos Humanos, Finanças, Contabilidade, Processamento de Dados. • Realizar a Receita (Despesas de Vendas ou Despesas Comerciais): são os gastos incorridos nos departamentos de vendas, marketing e outros pelos quais as empresas se relacionam com seus clientes atuais e potenciais. As despesas compreendem uma classe importante de gastos que as empresas realizam e, por isso, devem ser controladas e gerenciadas. Para isso, podem se valer de quadros elaborados especificamente para esse fim. O Quadro 1.3 permite esse controle. O QUE SÃO INVESTIMENTOS? Investimentos, no contexto aqui apresentado, correspondem à parcela dos gastos realizados no presente cujo consumo irá ocorrer posteriormente. 9 Lembramos que este consumo poderá ocorrer tanto na produção ou na realização de serviços, como na administração da empresa ou em sua área comercial. Assim, quando do consumo, esse investimento será tratado como custo ou despesa, dependendo de sua aplicação. Os investimentos mais comuns compreendem a aquisição de materiais ou mercadorias para estoques e de bens do ativo imobilizado sujeitos a depreciação. • aquisição de materiais ou mercadorias para estoque6 : quando do recebimento e estocagem temos um investimento (no estoque). Posteriormente, quando houver a retirada de materiais do estoque para consumo na produção ou na realização do serviço, o valor correspondente será tratado como custo (ver o conceito de custo na seção 1.6). Em se tratando de mercadorias nas empresas comerciais, quando retiradas do estoque para entrega ao cliente temos o custo das mercadorias vendidas. • Aquisição de bens do ativo imobilizado (máquinas, veículos, instalações etc.): estes ativos servem as áreas em que estão ativados, por um longo período de tempo. O “consumo” destes ativos compreende a depreciação. Assim, a depreciação será considerada como custo se o ativo estiver em uso na produção ou realização do serviço e como despesa quando estiver em uso na administração da empresa ou em sua área comercial. Salientamos que, em determinadas situações, uma empresa poderá adquirir materiais cuja aplicação no produto ou serviço é imediata e, neste caso, não transitando pelo estoque. O fato de sua aplicação no produto ou serviço já o caracteriza como um custo (neste caso, custo direto). COMPORTAMENTO DOS CUSTOS Como se comportam os custos quando ocorrem alterações no volume de atividades7 das empresas? A separação dos custos em fixos e variáveis permite avaliar esse comportamento. Há custos que permanecem constantes se o volume de atividades aumentar ou diminuir, dentro de certos limites, como é o caso do aluguel. Por outro lado, há aqueles custos que acompanham o volume de atividades, aumentando ou diminuindo, como é o caso da matéria prima em uma indústria, das mercadorias no caso de uma empresa comercial ou da mão de obra no caso de uma empresa de serviços. 10 As figuras 7 e 8 representam graficamente o comportamento dos custos variáveis e fixos. Observe nestas figuras as linhas tracejadas. Elas indicam o comportamento dos custos por unidade de produtos, horas trabalhadas ou outra medida de controle. Enquanto o custo variável por unidade trabalhada (produtos, horas etc.) apresenta um comportamento estável, o mesmo não ocorre com os custos fixos. À medida que o volume de atividades aumenta o custo fixo por unidade trabalhada diminui. Assim, desde que haja demanda, uma empresa procura operar no limite de sua capacidade instalada. Figura 1.7. Custo Variável Figura 1.8. Custo Fixo DETERMINAÇÃO DO CUSTO DOS MATERIAIS E DA MÃO DE OBRA O Quadro 1.2 aponta que os materiais compreendem ao principal custo em dois setores: Comércio e Indústria. No setor de serviços, é o segundo elemento de custos mais importante. O conceito de custo é associado ao montante de gastos incorridos para obter um bem ou realizar um serviço. Neste caso, qual é o montante gasto para obter os materiais (por analogia, considerados bens)? (Lembremos que no capítulo 4 são apresentados os métodos de custeio para determinar os custos dos produtos e serviços). 11 Custo dos materiais Ao adquirir materiais, uma empresa pode incorrer em gastos além daqueles que serão pagos ao fornecedor. Poderá ela ser a responsável pelo pagamento do frete, seguro, armazenagem e outros gastos com a aquisição e, se o material for importado, pelo frete marítimo ou aéreo, despesas aduaneiras, outros gastos alfandegários e transporte até a empresa. Desse modo, todos os gastos realizados para a aquisição dos materiais incorporam o seu custo.9 No entanto, há que se considerar que nos preços pagos quando da aquisição de materiais destinados à produção (até mesmo frete, energia elétrica, entre outros), incluem-se os tributos passíveis de recuperação, como o IPI, o ICMS, o PIS e a COFINS 10. Tais tributos representam crédito, na empresa compradora, para com o governo a serem compensados com os tributos da mesma natureza por ocasião das vendas. Estes tributos deixam de ser recuperáveis no caso de materiais adquiridos por empresas industriais para o consumo da própria empresa; no caso de mercadorias adquiridas por empresas comerciais utilizadas pela própria empresa; e por empresas prestadoras de serviços, se não for contribuinte dos mesmos. Vale lembrar que as empresas industriais e de serviços, normalmente, trabalham com estoques de materiais, pelo menos, os mais utilizados. E, no caso de indústria e comércio, com estoque de produtos acabados ou mercadorias, respectivamente,para atender aos pedidos dos clientes. Assim, em uma empresa industrial o custo dos materiais compreende aqueles que foram consumidos apenas na produção. Em uma empresa prestadora de serviços, o custo dos materiais compreende aqueles que foram utilizados na realização do serviço. É comum, tanto nas empresas industriais como de serviços, que ocorram perdas de materiais durante a produção ou realização do serviço. É o caso do retalho de tecidos para confeccionar uma calça, das sobras de madeira para fazer uma mesa, do eletrodo utilizado para realizar um reparo de funilaria em um carro. Tais perdas fazem parte do processo de fabricação ou realização do serviço, podendo-se minimizá-las mas não evitá-las. São chamadas de perdas normais e, neste caso, são partes integrantes dos custos dos materiais. Contrariamente, podem ocorrer perdas de outras naturezas, como um incêndio 12 no almoxarifado, roubos, enchentes etc. Nestes casos, os custos correspondentes não são tratados como custos da produção ou do serviço e, sim, levados diretamente ao resultado do período em que tais fatos ocorrerem. Custo da mão de obra Voltemos ao Quadro 1.2. Nele observa-se que o segundo item de custos mais representativo no Comércio e na Indústria são os gastos com empregados. No setor de serviços este é o item mais importante. Inicialmente, convém distinguir dois tipos de mão de obra nas empresas: direta e indireta. A mão de obra direta está associada àqueles funcionários que atuam diretamente na fabricação do produto (empresa industrial), realização dos serviços (empresa prestadora de serviços) e na venda ao cliente (empresa comercial). A mão de obra indireta corresponde àqueles funcionários que atuam em atividades de apoio, por exemplo na supervisão, no almoxarifado, no acompanhamento da produção, na limpeza etc. Esta distinção entre mão de obra direta e mão de obra indireta é necessária tendo em vista os critérios utilizados para apropriação de seus custos aos produtos ou serviços, conforme será visto nos próximos capítulos deste trabalho. Ainda em relação à mão de obra, há que se destacar que, conforme fixado na Constituição Federal de 1988, em seu artigo art. 7º inciso XIII e CLT art. 58, a jornada de trabalho não ultrapassasse 8 horas diárias e 44 horas semanais. Importante salientar que existem outros tipos de jornada de trabalho, aquelas chamadas jornadas especiais com duração de tempo menor. No Brasil há duas grandes categorias de funcionários, segundo a forma de contrato de trabalho (registro na carteira profissional), os mensalistas (salário pago por mês) e os horistas (salário pago por hora). Quanto à remuneração destas duas categorias, é importante destacar como será tratada no âmbito do presente trabalho. A remuneração, conforme disposto no artigo 457 da Consolidação das Leis do Trabalho, é toda importância paga pelo empregador ao empregado em decorrência da contraprestação de serviços. Compõem a remuneração, além do salário correspondente, a contraprestação de serviços em decorrência do contrato de trabalho, outros valores decorrentes de horas extras, adicional noturno, adicional periculosidade, 13 adicional insalubridade, descanso semanal remunerado (em se tratando de contrato de trabalho com salário fixado por hora), prêmios de assiduidade e demais vantagens recebidas pelo empregado na vigência do contrato de trabalho. Assim, o funcionário cujo contrato de trabalho é formalizado com remuneração mensal, em um mês completo de contraprestação de serviços, recebe um salário correspondente a 30 dias em qualquer mês do ano (seja mês de 28, 29, 30 ou 31 dias) acrescido de horas extras, adicional periculosidade etc., se houver, conforme descrito acima. Por sua vez, o funcionário contratado com salário fixado por hora, em um mês completo de contraprestação de serviços, terá sua remuneração composta pelo número de horas comparecidas no mês, acrescido do descanso semanal remunerado e feriados, perfazendo 28, 29, 30 ou 31 dias, aos quais são somados horas extras, adicional periculosidade etc., se houver, conforme descrito acima. Entretanto, o custo que representa o funcionário para a empresa não corresponde apenas a remuneração mensal. Além dela, há os encargos sociais e trabalhistas, os quais representam parcela importante do custo da mão de obra. Para determinar o custo da mão de obra há que provisionar a parcela correspondente ao décimo terceiro salário, férias, abono de férias e os valores recolhidos na guia da previdência social, o FGTS e indenizações trabalhistas. A título de ilustração, vamos admitir que uma empresa fabricante de móveis contrate um montador com salário R$ 10,00 por hora. Caso ele gaste 1,5 horas para montar uma mesa, parcela do custo da mão de obra com a montagem dessa mesa seria R$ 15,00, ou seja, 1,5 h x R$ 10,00 por hora, correspondente ao salário. Ainda, há que se acrescentar a esse valor demais custos associados aos salários que a empresa incorre para com os funcionários, como: • salários que a empresa incorre para com os funcionários, como: • férias, abono de férias, 13º salário etc.; • que além das horas trabalhadas, os funcionários, no caso horistas, recebem os domingos/feriados como complementação de sua remuneração; • as faltas justificadas, por motivos previstos em lei, que as empresas são obrigadas a pagar; 14 • os valores que as empresas são obrigadas a recolher a título de contribuição ao INSS sobre a folha de pagamentos e ao FGTS. • que, quando da rescisão do contrato de trabalho, as empresas pagam multas sobre o FGTS, aviso prévio etc., em se tratando de dispensa sem justa causa. Além dos salários e dos encargos associados aos salários acima mencionados, as empresas assumem outros, como alimentação, transporte, seguro de vida, assistência médica etc. Normalmente, estes custos representam valores fixos mensais e não proporcionais aos salários acima mencionados. Estes custos fixos mensais costumam ser tratado como custos indiretos, como será visto nos próximos capítulos deste trabalho. Importante salientar que nem todos os encargos sociais e trabalhistas ocorrem de forma homogênea durante o ano. Por exemplo, férias e abonos de férias, em algumas empresas são concentradas nos primeiros meses do ano, por sua vez, o décimo terceiro salário, se concentra nos últimos meses do ano. Os custos que representam esses encargos sazonais devem ser distribuídos a todos os meses do ano. Para facilitar o cálculo e a distribuição dos encargos sazonais a todos os meses do ano, costuma-se determinar uma taxa que aplicada aos salários constantes da folha de pagamentos fornece o custo dos encargos sociais e trabalhistas. A somatória dos salários e dos encargos determina o custo da mão de obra. Os quadros 1.7, 1.8, 1.9 e 1.10 são modelos de cálculos dos encargos para horistas e mensalistas, respectivamente, de empresas não optantes pelo SIMPLES nacional e empresas optantes enquadradas nos anexos I, II, III e, IV e V.11 Nestes quadros não constam aqueles encargos acima listados que representam valores fixos mensais (alimentação, transporte, seguro de vida, assistência médica etc.). Após os quadros são apresentados os critérios utilizados para o cálculo de cada um dos encargos. IMPORTANTE: Lembramos que para aplicação prática há a necessidade de adequação desses cálculos para cada empresa, tendo em vista que cada uma possui suas próprias particularidades. Assim, procuramos oferecer apenas 15 um roteiro básico para o cálculo dos principais encargos incidentes sobre a mão de obra. Nestes quadros os encargos são segregados em: • Grupo A: São as contribuições fixas mensais incidentes sobre a folha de pagamentos. Incidem também sobre os encargos do Grupo B, uma vez que estes são integrantes da folha de pagamentos. Essa incidência cumulativaestá demonstrada na linha 18.12 • Grupo B: São os encargos que integram a remuneração dos funcionários e, desse modo, incluídos na folha de pagamentos, sofrendo, portanto a taxação dos encargos do Grupo A. • Grupo C: Formado pelas obrigações trabalhistas que “não” incidem sobre outros encargos, nem sofrem influências deles, ou seja, não influenciam e nem são influenciados pelos encargos dos grupos A e B. Quadro 1.7. Encargos relativos a funcionários horistas 16 Com base neste cálculo, seria acrescido ao salário dos funcionários remunerados por hora das empresas não optantes pelo SIMPLES nacional, 116,09% referentes aos encargos para se obter o custo da mão de obra. Quadro 1.8. Encargos relativos a funcionários mensalistas Com base neste cálculo, seria acrescido ao salário dos funcionários com remuneração mensal, não optantes pelo SIMPLES nacional, 79,06% referentes aos encargos, para se obter o custo da mão de obra. Quadro 1.9. Encargos relativos a funcionários horistas 17 Com base neste cálculo, seria acrescido ao salário dos funcionários remunerados por hora das empresas optantes pelo SIMPLES nacional e enquadradas nos Anexos I, II e III, 72,24% referentes aos encargos, para se obter o custo da mão de obra. Quadro 1.10. Encargos relativos a funcionários mensalistas 18 Com base neste cálculo, seria acrescido ao salário dos funcionários com remuneração mensal das empresas optantes pelo SIMPLES nacional e enquadradas nos Anexos I, II e III, 42,73% referentes aos encargos, para se obter o custo da mão de obra. Quadro 1.11. Encargos relativos a funcionários horistas 19 Com base neste cálculo, seria acrescido ao salário dos funcionários remunerados por hora das empresas optantes pelo SIMPLES nacional e enquadradas nos Anexos IV e V, 106,94% referentes aos encargos, para se obter o custo da mão de obra. Quadro 1.12. Encargos relativos a funcionários mensalistas 20 Com base neste cálculo, seria acrescido ao salário dos funcionários com remuneração mensal das empresas optantes pelo SIMPLES nacional e enquadradas nos Anexos IV e V, 71,48% referentes aos encargos, para se obter o custo da mão de obra. A seguir, são discriminados como os percentuais de cada encargo constante desses quadros são determinados. Grupo A: os percentuais são fixados em leis para aqueles encargos discriminados nas linhas de 1 a 8. Por isso recomenda-se às empresas estarem atentas à Legislação relativamente a alterações nas alíquotas desses encargos. Grupo B: para os cálculos dos encargos deste grupo consideramos 276 dias de trabalho ao ano, assim calculados13: Linha 9 – DSR – Descanso Semanal Remunerado: considerados 52 domingos para 276 dias de trabalho Linha 10 – Férias + 1/3 de férias: a. de horistas As férias são fixadas em 30 dias corridos. Excluindo-se os domingos (pois os mesmos foram considerados no cálculo do DSR, linha 9) tem-se 26 dias úteis. 21 Como a remuneração das férias é 1/3 maior que a normal, temos que considerá- la no cálculo deste encargo. Este adicional incide sobre os 30 dias das férias. Linha 11 – Feriados: agrupa os feriados nacionais, estaduais e municipais, bem como os dias santificados. Linha 12 – Aviso Prévio: o aviso prévio corresponde a 30 dias de remuneração, podendo ser trabalhado ou não. Para determinar o seu percentual, recomendase recorrer ao histórico de avisos prévios da empresa. a. Aviso prévio não trabalhado: o funcionário é dispensado do trabalho durante o período do aviso prévio. Assim, deixa de comparecer à empresa 25 dias: 30 dias – (4 domingos + 1 feriado). Considerado que tenha um(1) feriado durante o período de aviso prévio. b. Aviso prévio trabalhado: o funcionário trabalha 25 dias durante o período do aviso prévio, ausentando-se 2 horas diariamente. 22 c. Ponderação: considerando que 90% dos demitidos não trabalhem no período de aviso e que 10% trabalhem: Linha 13 – Auxílio-doença: este encargo representa os 15 primeiros dias de licença, que são pagos pelo empregador. Caso o afastamento dure tempo maior, ele será custeado pelo INSS. Admitindo que a média dos empregados que recorrem a esta licença seja:horistas = 20% e mensalistas = 2%, tem-se: Linha 14 – 13o Salário: corresponde a remuneração de 220 horas para horistas e 30 dias para os mensalistas Linha 15 – Faltas abonadas: correspondem aos dias em que os funcionários não comparecem na empresa, quer por motivos legais (tirar título 23 de eleitor, doação de sangue, alistamento militar etc.) ou pessoais (acompanhar parente ao médico etc.), que são justificados e abonados pela empresa. Consideramos nos quadros de cálculo dos encargos que as faltas abonadas representam 1,5% dos dias de trabalho para os horistas e 1% para os mensalistas, respectivamente. Grupo C – Compreende a 50% de multa sobre o montante de depósitos efetuados do FGTS, quando ocorre rescisão do contrato de trabalho sem justa causa (esta multa é fixada em legislação). Linha 16 – Depósito do FGTS por rescisão motivada por dispensa sem justa causa: suponhamos que das demissões ocorridas, 30% são sem justa causa. O cálculo será: Linha 18 – Incidências Cumulativas: os encargos do Grupo A são aplicados sobre a remuneração do funcionário. Como os encargos do Grupo B integram essa remuneração, os mesmos são taxados pelos encargos do Grupo A; daí o cálculo destas incidências cumulativas. OUTROS CUSTOS Após descrever sobre os custos dos materiais e da mão de obra, passamos a descrever a respeito dos “outros custos”. No Quadro 1.2, os gastos que formam os “outros custos” (aluguel, água, energia elétrica etc.), no contexto do presente trabalho, compreendem os custos indiretos. São assim chamados pelo fato de não terem seu consumos identificados por cada um dos produtos fabricados. São custos gerais ou comuns e, assim, a apropriação aos produtos ou serviços ocorre por intermédio de rateios, isto é, de forma indireta. Com 24 exceção da matéria prima e da mão de obra direta, praticamente todos os outros custos de uma empresa são tratados como indiretos (Atenção: as despesas administrativas e de vendas ou comerciais tem tratamento diferente – ver seção 1.7). Assim, podemos subdividir os custos indiretos em três grupos: • materiais indiretos: são aqueles que não integram fisicamente o produto ou o reparo realizado (em se tratando de serviços). São exemplos de materiais indiretos: lixas, brocas, estopas etc. • mão de obra indireta: contemplam aqueles funcionários que não atuam diretamente na fabricação do produto ou realização do serviço. Integram esse grupo de mão de obra os supervisores, almoxarifes, ajudantes etc. • outros custos indiretos: compreendem todos os demais custos necessários para realizar a produção ou serviço. Inclui energia elétrica, seguros, depreciação, aluguel, combustíveis etc. Importante salientar que, com a redução gradativa do número de funcionários considerados mão de obra direta tanto pela eliminação de postos de trabalho como pela automatização de processos, na prática tem ocorrido uma mudança na composição dos custos de modo que os custos indiretos vêm aumentando sua participação relativa nos custos totais das empresas. Consequentemente, nos seus produtos e serviços os custos diretos tem sua participação reduzida. Isso implica na necessidade de um gerenciamento eficiente da ocorrência dos custos indiretos e dos valores que eles representam. Para isso as empresas podem se valer de quadros elaborados especificamente para controlar e gerenciar esses custos. No Quadro 1.3 estão discriminados todos eles, inclusive os indiretos. CUSTOS DO PONTO DE VISTA ECONÔMICO Em geral, nos estudos que envolvem custos os cálculos são elaborados a partirde técnicas e conceitos contábeis. Isso implica que, independentemente do método de custeio utilizado (capítulo 4), os custos compreendem aqueles gastos que em algum momento geram desembolsos, ou seja, há saídas de dinheiro do caixa da empresa para saldar os compromissos assumidos com os fornecedores dos recursos utilizados na produção e mesmo na administração e 25 vendas. Assim, são denominados custos explícitos. Os economistas, por sua vez, consideram outra classe de custos existentes nas empresas e os denominam de custos implícitos, os quais não são objetos de mensuração contábil. Esses custos são aqueles associados às oportunidades de usos alternativos de determinados recursos. São exemplos de custos implícitos:  Remuneração do proprietário da empresa, quando ele atua nela.  Aluguel do prédio próprio.  Remuneração do capital investido pelo proprietário na empresa. Quanto à remuneração do proprietário que atua na empresa, McGuigan, Moyer e Harris (2004, p. 156), defendem que deve corresponder ao salário mais atraente ou outra forma de remuneração que o mesmo receberia se estivesse atuando em outra empresa similar a sua. Quando a empresa está instalada em prédio pertencente ao proprietário, ele renuncia a uma remuneração correspondente ao aluguel que poderia receber caso tal espaço fosse alugado para outra empresa. Pindyck e Rubinfeld (1994, p. 257), consideram que este aluguel não realizado representa o custo de oportunidade de utilização do espaço, devendo, portanto, ser tratado como parte do custo econômico da empresa. A remuneração do capital investido na empresa pelo proprietário consiste no ganho que o proprietário receberia caso houvesse optado por empregar seu capital no melhor investimento alternativo de risco comparável (McGUIGAN; MOYER; HARRIS, 2004, p. 156). LUCRO DO PONTO DE VISTA ECONÔMICO E DO PONTO DE VISTA CONTÁBIL Sendo que os custos do ponto de vista contábil e do ponto de vista econômico apresentam diferenças, os lucros sob estes dois pontos de vista também são diferentes.  Lucro Contábil: Receita Líquida de Impostos menos os Custos Explícitos e Despesas Explícitas  Lucro Econômico: Lucro Contábil menos Custos Implícitos 26 Para ilustrar esses cálculos, consideremos que um empreendedor abra mão de uma aplicação no mercado financeiro no valor de R$ 200.000,00 que lhe proporcionava rendimento líquido de 2,0% ao mês para constituir uma empresa fabricante de sofás. Adicionalmente, tem-se que este empreendedor estava empregado em uma empresa do comércio de móveis com remuneração mensal de R$ 8.000,00 e, agora, passou a dedicar-se integralmente a sua empresa fabricante de sofás. As instalações desta fábrica ocupam um imóvel pertencente a esse empreendedor, cujo aluguel é estimado em R$ 4.000,00 mensais. Mensalmente, toda a produção é vendida, o que proporciona uma receita líquida de R$ 100.000,00. Os custos de fabricação totalizaram R$ 70.000,00. As despesas administrativas totalizam R$ 20.000,00 mensais e, as despesas com vendas totalizam R$ 10.000,00. No Quadro 1.13 tem-se que o lucro líquido contábil da empresa é de R$ 18.000,00. Quadro 1.13. Demonstração de resultados Para se chegar ao lucro econômico deduz-se desse lucro líquido contábil os custos implícitos:  R$ 4.000,00 referentes ao custo de oportunidade do capital investido na empresa.  R$ 8.000,00 referentes ao salário de gerente na empresa em que trabalhava.  R$ 4.000,00 referentes ao aluguel do imóvel onde a fábrica está instalada. 27 Deduzindo-se estes custos implícitos do lucro líquido contábil, tem-se o lucro econômico de R$ 2.000,00. O quadro 1.14 apresenta o cálculo do lucro econômico desta empresa. Quadro 1.14 Demonstração de resultados ESTRUTURA DE CUSTOS Quanto o Contador realiza o processo de contabilização, ele obtém um conjunto de informações, que mesmo sendo simples, podem ser utilizadas para realizar algumas análises de interesse dos gestores das pequenas e microempresas. Assim, supondo que se tenha acesso a todas as informações sobre receitas e gastos, pode-se elaborar um quadro que mostre por período de tempo a importância e a evolução das principais contas de custos e despesas com relação às receitas. Neste quadro os custos podem ser classificados por função (produção, comerciais, administrativos, financeiros e tributários) e por variabilidade (fixos e variáveis). A análise da evolução de cada conta ao longo do tempo, sua importância com relação às receitas, a importância dos custos e despesas por função, possibilitam alertar os gestores da evolução desfavorável de algum item ou grupo de custos ou despesas ao longo do tempo. Além disso o quadro permite verificar o resultado do período e sua tendência. Quadro 2.1. Industrializa. Média mensal de custos e despesas conforme importância no faturamento. Período: janeiro; abril 20XX. 28 O Quadro 2.1 mostra a importância de cada item de custo ou despesa com relação ao Faturamento. Observa-se que poucas contas chegam a representar 70% do Faturamento. Sobre essas contas os gestores devem prestar mais atenção. São considerados variáveis os custos decorrentes do nível de atividades. Observe na Figura 7 do Capítulo 1 a reta representativa do custo variável. Se o volume de atividades for nulo, ou seja, nada for trabalhado, não há o consumo de recursos que geram os custos variáveis (matéria prima e mão de obra direta, por exemplo). No entanto, o montante que representa os custos variáveis é dependente do volume de atividades. Quanto maior o volume de atividades, maior o consumo de recursos variáveis. Também, neste gráfico, observa-se que o custo variável por unidade trabalhada não se altera. Isto porque cada unidade trabalhada consome a mesma quantidade de recursos (quilos de matéria prima, horas de mão de obra direta, por exemplo). Observa-se na Figura 8 do Capítulo 1 que a reta representativa dos custos fixos permanece constante, independentemente do volume de atividades que a empresa esteja trabalhando. Isto porque, os recursos que dão origem aos custos fixos são aqueles dimensionados para suportar uma determinada capacidade produtiva (prédios, máquinas, mão de obra indireta etc.). Ainda neste gráfico, observa-se que o custo fixo por unidade trabalhada diminui à medida que o nível 29 de atividades aumenta, uma vez que o custo de um mesmo montante de recursos é distribuído por níveis de atividades maiores. IMPORTANTE: Em relação aos recursos que geram os custos fixos, deve- se ter em mente que, se o nível de atividades oscilar dentro de certo intervalo de capacidade instalada, esses recursos não precisam ser redimensionados, de modo que os custos fixos permanecerão constantes. Entretanto, caso a demanda aumente e a empresa pretenda atendê-la, há a necessidade de investir em novos recursos, como a aquisição de máquinas, aluguel de instalações, contratação de supervisores etc. Estes novos recursos farão aumentar os custos fixos. Situação oposta pode ser possível caso a demanda diminua e o nível de atividades se estabilize em patamar inferior. Neste caso, a empresa pode alienar máquinas, instalações, demitir funcionários etc., o que determina um montante de custos fixos menor. ANÁLISE CUSTO – VOLUME – LUCRO, MARGEM DE SEGURANÇA OPERACIONAL E ALAVANCAGEM OPERACIONAL A classificação segundo variabilidade dentro da estrutura de custos permite efetuar uma série de análises que são importantes para subsidiar os gestores de pequenas e microempresas; Margem de contribuição Um conceito importante para subsidiar decisões é da margem de contribuição. A margem de contribuição pode ser descrita como a contribuição dos produtos ou serviços para a cobertura dos custos e despesas fixos e para o lucro da empresa. A equação básica da margem de contribuição é: Margem deContribuição = Receita – (Custos Variáveis + Despesas Variáveis) Portanto, Margem de Contribuição = Custo Fixo + Resultado (lucro ou prejuízo). Ponto de equilíbrio 30 Como visto, a margem de contribuição é o que resta das Receitas após a dedução dos custos e despesas variáveis. Tem dupla finalidade: cobertura dos custos e despesas fixos e o lucro da empresa. Isso implica que em dado volume de atividades a margem de contribuição gerada se iguala aos custos e despesas fixos e, a partir desse ponto, o que sobrar constitui o lucro da empresa. O estudo desta situação é mais bem entendido pelo conceito do Ponto de Equilíbrio. O Ponto de Equilíbrio compreende a uma situação pela qual determinado montante de receita é suficiente para cobertura de todos os custos e despesas (quer sejam variáveis ou fixos). Neste caso, temos uma situação caracterizada pela ausência de lucro. Abaixo deste ponto temos a Área de Prejuízo e, acima, a Área de Lucro. O gráfico a seguir ilustra esta situação: Alguns pressupostos devem ser considerados para o entendimento do Ponto de Equilíbrio: • existência de uma estrutura de custos representável por uma função do tipo a + bx, onde: a = Custos e Despesas Fixos; b = Custos e Despesas Variáveis por unidade; e x = quantidade; • que os custos e despesas fixos são constantes, considerando uma determinada capacidade de produção instalada; • que o mix de produtos ofertados não seja alterado; 31 • que no período analisado, a composição e o volume físico da produção seja igual à das vendas; • que a margem de contribuição seja positiva; • que os custos variáveis unitários e os preços de venda sejam uniformes a distintos níveis de produção; • que a produtividade dos recursos utilizados na produção não varie; • que a capacidade produtiva da empresa não se altere. UNIDADE II GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS: A QUESTÃO DA IMPLEMENTAÇÃO GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS Ainda que de origem militar, o conceito de estratégia adequa-se perfeitamente às condições empresariais porque, a exemplo da guerra, nos negócios faz-se necessário um "conjunto de decisões formuladas, com o objetivo de orientar o posicionamento da empresa no ambiente"1 . Segundo Oliveira, existem quatro tipos de estratégias: de sobrevivência, manutenção, crescimento e desenvolvimento, e cada uma delas é certa para um determinado momento do negócio e deve levar em conta o seu ciclo de vida, assim como do produto. A estratégia de sobrevivência é apropriada quando a empresa encontra-se sem alternativas e, por isso, adota políticas de redução de custos, desinvestimento e/ou liquidação. A estratégia de manutenção se faz necessária quando a empresa esta de frete a um conjunto de ameaças, e por isso, age através de políticas de estabilidade, busca de nichos ou especialização, procurando reduzir o perigo potencial. A estratégia de crescimento é adequada quando a empresa identifica situações favoráveis e antecipa-se as mudanças do ambiente através de inovação, internacionalização, "joint venture" e expansão. 32 A estratégia de desenvolvimento ocorre quando a empresa possui pontos fortes e procura explorá-los para aumentar suas potencialidades e isto ela faz através do segmento mercadológico e/ou tecnológico. Existem ainda as estratégias funcionais, ou seja aquelas relacionadas com políticas de Marketing (produtos e mercado), financeiras, de produção e recursos humanos. Para a formulação de estratégias faz-se necessário compreender os fatores de limitação ou estratégicos ligados a cada uma das funções da empresa, ou seja: a partir de fatores e condições devemos considerar a evolução e solução de problemas, assim como a busca de alternativas diante de contingências, valores, informações e pressões. A formulação de estratégias, portanto, pressupõe a existência de objetivos, recursos disponíveis e condições de implementação, a partir de alternativas que visam reforçar as vantagens competitivas. Segundo Chiavenatto2 , "estratégia é um conjunto de políticas capaz de orientar e guiar o comportamento da empresa a longo prazo". Para Igor Ansoff3 , uma mudança estratégica requer preparação das condições que garantam a sua concretização, enfatizando a importância do comportamento estratégico orientado e administrado para as empresas em ambiente competitivo e que se divide em três categorias: reativo, pró-ativo ad hoc e pró-ativo sistemático. No modo reativo a administração minimiza as mudanças estratégicas e não faz uma busca planejada mas, obedece a um processo sucessivo de tentativa e erro. No modo pró-ativo ad hoc não existe desenvolvimento estratégico com orientação central ou planejada. As idéias são geradas de baixo para cima, na área de P&D ou Marketing. O modo planejado e sistemático baseia-se em previsões explícitas de tendências, ameaças e oportunidades do ambiente. formulação e implementação de estratégias, de modo que definam e percorram caminhos, utilizando-se dos recursos disponíveis ou potenciais, considerando as condições ambientais e perseguindo objetivos de longo prazo. O processo de gestão deve ser analisado sob uma ótica tridimensional, que contemple os aspectos operacional, definindo uma dimensão física ou da engenharia do negócio; os aspectos econômicos identificando a capacidade de geração de valor e resultados; e aspectos financeiros, definindo o fluxo monetário. Visão tridimensional da gestão estratégica 33 A gestão estratégica procura alinhar estas três dimensões, com o objetivo de atingir os resultados perseguidos pela organização. No contexto da administração de custos, trata-se de uma abordagem que ressalta explicitamente as informações para o desenvolvimento de estratégia superior. Diante do atual quadro de competitividade e globalização da economia, torna-se vital à sobrevivência da empresa, qualquer que seja o seu porte, estabelecer-se estrategicamente no mercado. Para tanto, ela necessita de ferramentas eficientes para a tomada de decisões, ou seja, mecanismos e informações que permitam aos seus gestores o pronto monitoramento, a identificação oportuna de problemas e adequada interferência para o seu equacionamento, visando minimizar perdas do esforço conjunto da produção. Mais do que mero instrumento de controle, a Contabilidade precisa ser entendida como um mecanismo de orientação, de forma a permitir que o processo de gestão estratégica possa ser conduzido no sentido de se obter a melhor qualificação dos produtos, maior eficiência dos processos, enfim a exigência global da unidade empresarial. Nos sistemas tradicionais as despesas gerais são combinadas em grandes grupos e então apropriadas por centros de custo, conforme concebido por modelos criados a 30 anos atrás, cujo propósito principal era o de dar valor aos estoques, item que tende a ser minimizado dentro da concepção de eficiência e lucratividade. Cooper & Kaplan4 , enfatizam a necessidade de informações qualificadas para que a empresa possa apoiar suas estratégias competitivas, dado que um grande problema na realidade empresarial é tomar decisões relevantes sobre: preços, mix de produtos, tecnologia de processos, em busca de competitividade e lucratividade. A necessidade de um sistema com estas características torna- 34 se uma exigência do modelo tecnológico da indústria atual, onde a rapidez na tomada de decisões é tão importante quanto a capacidade de mover-se estrategicamente dentro do segmento, devido a filosofia de excelência e qualidade que se alastra e dissemina por todos os cantos do mundo moderno. No entanto, segundo Kaplan & Jonhson5 , os sistemas contábeis gerenciais em uso estão obsoletos, quando dão ênfase para a mão-de-obra direta que tem perdido seu significado no quadro geral de custos. O problema dos sistemas tradicionais está em não atender os propósitosatuais de fazer a empresa entender o “valor adicionado” do seu processo de produção para avaliação da sua produtividade. Segundo definem Berliner & Brimsom6 , “o objetivo de um sistema de gerenciamento de custos é proporcionar informações que auxiliem as empresas a utilizar seus recursos lucrativamente a fim de produzir serviços ou produtos competitivos em termos de custos, qualidade, funcionalidade e prazos, no mercado mundial. O CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES O sistema ABC foi desenvolvido como uma solução para os problemas inerentes ao uso de métodos de custeio tradicional nas empresas na década de 90. Segundo fundamenta Hicks7 , trata-se de um "conceito baseado na premissa de que produtos requerem uma organização do desempenho das atividades e que estas atividades requerem uma organização para custos incorridos". Pelo ABC os sistemas são definidos de modo que nenhum custo que não pode ser atribuído diretamente a um fluxo de produto dentro da atividade, não possa fluir para os produtos que fazem a atividade necessária, baseado em seu respectivo consumo de atividades. Os custos, que tanto podem ser atribuídos a produtos quanto a atividades, pelo método do custeio por atividades não podem ser "carregados" diretamente para um produto, antes são lançados às atividades que lhes deram origem. Uma vez a organização tenha estabelecido a necessidade de melhorar a qualidade do seu sistema de informações e determinado que uma abordagem baseada em atividades torna-se o modo mais apropriado de atingir aquele fim, a empresa deve tomar os passos necessários para efetivar a sua implementação, conforme sugere Hicks: 35 - Identificar e definir atividades relevantes. - Organizar atividades por centros de custos. - Identificar maiores elementos de custos. - Determinar as relações entre atividades e custos. - Identificar direcionadores de custos, para definir custos por atividades e atividades por produtos. - Estabelecer o padrão de fluxo de custos. - Selecionar a ferramenta apropriada para efetivar o padrão de fluxo de custo. - Planejar o modelo de acumulação de custos. - Reunir os dados necessários para direcionar o modelo de acumulação de custos. - Estabelecer o modelo de acumulação para simular a estrutura e fluxo de custos da organização e desenvolver taxas de custeio. As atividades relevantes, podem ser identificadas pela revisão dos quadros da organização e lay-out das instalações, assim como por entrevistas com o pessoal da organização. Organizar as atividades por cento de custo requer levar em conta uma variedade de fatores, tais como: - materialidade presente e futura; - perfil de custo - principais direcionadores e taxas de aplicação; Para identificar os maiores elementos de custo, especificamente os indiretos, excluindo-se os materiais diretos, aquisições diversas e outros serviços diretos porque podem ser definidos diretamente por produto, sem necessidade de uma análise do fluxo. PLANEJANDO A MUDANÇA Robin Cooper, um dos destacados defensores da relevância do papel da contabilidade de custos para fins decisoriais, desenvolveu vários estudos a respeito da capacidade de geração de informações mais realísticas e dentre eles 36 a aplicação com sucesso do sistema ABC em diversas empresas e a correspondente documentação, conforme descreve em Implementing an Activity Cost System8 Neste trabalho, o citado autor descreve um modelo típico de uma abordagem estruturada de implementação, a partir de uma equipe multidisciplinar composta por quatro elementos, que foi desenvolvida em duas etapas: - Decisões antecipadas para determinação das características do sistema, com vistas a reduzir o tempo de implementação; e - Metodologia de implementação estruturada, através de passos que ajudaram a determinar o desenho real do sistema e de como ele seria aceito. As decisões antecipadas, conforme relata Cooper, tiveram como objetivo definir previamente a respeito da integração do novo sistema ao existente, da necessidade de um desenho formal, da posse do sistema final, o grau de precisão desejado, da ótica do registro, se passado ou futuro, assim como do grau de complexidade do desenho inicial. A primeira decisão foi pela elaboração de um sistema isolado, porque seria necessário um extenso processo para aprovação das mudanças requeridas na sua integração ao existente, além de requerer a aprovação dos auditores externos. Esta decisão, além de permitir a instalação mais rápida e com pouco dispêndio, removeu também a necessidade de se desenvolver interfaces com outros sistemas de informação e de obter a aprovação dos auditores para tolerância de um certo grau de imprecisão. Os inconvenientes desta decisão foi a necessidade de realimentação e dupla estocagem de dados, assim como da sua manutenção e atualização, além de gerar, em certo momento dois dados diferentes, sugerindo dois cursos de ação. A segunda decisão foi pela não elaboração de um documento formal, tendo em vista que pouco se sabia sobre o desenho do sistema para que se pudesse colocá-lo no papel, sem comprometer as fases de coleta e análise dos dados. A formalização poderia dificultar mudanças que se fizessem necessárias logo que novas informações fossem obtidas, restringindo a habilidade do controller em agregar sua experiência. 37 A terceira decisão foi optar por um sistema gerencial e não financeiro, através de equipes multidisciplinares onde os elementos não financeiros pudessem contribuir com o conhecimento detalhado a respeito da produção, para a sua definição. Neste caso não foi possível definir a alta qualidade pessoal de trabalho da equipe além de que os elementos não financeiros demandaram treinamento intensivo sobre a definição de sistemas de custeio, inconveniência contornada pela realização de seminários, como será comentado adiante. Para a seleção dos membros destas equipes foram considerados como critérios: inteligência, flexibilidade na abordagem para solução de problemas; e conhecimento sobre a fábrica, sendo que pelo menos um dos membro precisava conhecer o sistema contábil existente. Na quarta decisão optou-se pela redução na precisão, baseado na premissa de que "é melhor ser aproximadamente certo do que exatamente errado". Esta redução foi aceita para o custo de produtos que seria usado para decisões estratégicas do tipo: que negócios perseguir ou evitar, decisões que seriam baseadas em outros fatores além do custo. A quinta decisão foi por um custo histórico médio anual e não futuro, a fim de garantir que o dado registrado captaria todas as economias da produção e refletiria o processo de produção real. Por outro lado, alguma distorção possível seria aceita porque as mudanças no processo e mix de produtos não eram tão rápidas que tornassem os dados obsoletos, para fins de decisões estratégicas. Além do mais, os gerentes possuíam intuição a respeito dos custos reais para os próximos anos e, confirmando estas "intuições" aumentaria a credibilidade do novo sistema, sendo que o tradicional poderia ser usado como base de comparação. Como medida de tempo, a ser removida tão logo fosse estabelecido o novo sistema, o período de um ano foi escolhido como apropriado, porque: - a precisão da mensuração anual é maior do que a mensal; - é um tempo suficiente para avaliar as variações de curto prazo do consumo de recursos, em relação à média; - o orçamento por ser anual, permite medir a variabilidade aparente de muitos custos; 38 - os registros do passado estavam em base anual; e - os processos de produção estavam em mudança rápida o suficiente para introduzir distorções, se adotado um período superior a um ano. Finalmente, decidiu-se por um sistema complexo que poderia ser simplificado posteriormente. A preocupação foi assegurar que o novo sistema não contaria a "históriaerrada". Por ser o primeiro, era necessário explorar o equilíbrio entre precisão e mensuração, mesmo correndo-se o risco de sobrecarregar os usuários com detalhes e onerar sua implementação e manutenção. O plano de implementação teve como objetivo assegurar conhecimento suficiente a respeito da teoria, prática e benefícios do ABC, para os encarregados da definição do sistema, assim como para os membros da administração, de modo a estabelecer uma definição e coleta de dados eficiente. A implementação foi desenvolvida em sete passos ou fases como segue: - Seminário sobre o ABC, definindo conceitos, características da fábrica e requisitos dos membros da equipe. - Seminário de desenho, para identificação de centros de custos, métodos de custeio e coleta de dados, como o objetivo de educar a equipe a respeito dos conceitos de ABC e suas implicações criando, ainda, identidade para o grupo, o que ficou provado ser o maior fator de sucesso da implementação. - Desenho e coleta de dados para exame e padrões de material direto e mão-de-obra diretos, e em seguida fazer a análise de despesas gerais para identificar seus direcionadores de custos. A definição das despesas gerais representou a fase de maior complexidade, desenvolvendo-se durante três meses, a partir de 200 entrevistas de aproximadamente uma hora, e que levaram a identificação de 50 bases potenciais e 630 atividades. - Reuniões de progresso realizadas mensalmente com o "staff" de fábrica para relatar descobertas e discutir problemas, com o objetivo de assegurar a definição do sistema apropriado e permitir ao gerente da fábrica desenvolver alguma participação no sistema desenhado. 39 - Nestas reuniões os gerentes tiveram um papel importante, por ajudar a identificar diversos erros da equipe nos procedimentos de desenho e coleta de dados, ajudando também a resolver dificuldades encontradas. - Seminário executivo para obter o comprometimento da alta administração, preparação para utilização dos resultados e sugerir tipos de ação quando os resultados estivessem disponíveis. - Reunião de resultados com gerentes e engenheiros, para discussão do impacto geral da mudança, identificação de produtos com alta prioridade de atenção e investigação da diferença de custos deste produtos. - Reuniões de interpretação para orientar a compreensão do custo dos produtos, assim como as ações que deveriam ser desencadeadas com base nele. O FENÔMENO DA RESISTÊNCIA A MUDANÇA Desde o surgimento da administração sistemática da estratégia, segundo Ansoff9 , a atenção tanto dos praticantes quanto dos estudiosos tem se voltado para dois aspectos: - a formulação de estratégias compreendendo a lógica e as técnicas de análise; e - o planejamento estratégico, através do qual os administradores interagem e contribuem para a implementação. As recomendações desenvolvidas para o planejamento estratégico estão baseadas em três premissas: - "pessoas razoáveis farão coisas razoáveis" e que os administradores, portanto, serão receptivos às inovações e cooperarão de modo irrestrito. - o problema-chave em estratégia é tomar as decisões certas, e os sistemas e procedimentos existentes de operação e implantação traduziram eficazmente as decisões estratégicas em ações. - a formulação e a implantação de estratégias são atividades sequenciais e independentes. 40 Deste modo, a preocupação com a implantação poderia começar após terem sido tomadas as decisões estratégicas, e não interferiria assim com o, por si só, difícil e complexo processo decisório estratégico. A experiência acumulada nos últimos vinte anos, tem lançado dúvidas cada vez mais sérias a respeito das três premissas. A prática mostra que mudanças significativas na orientação estratégica de uma empresa, sejam introduzidas pelo planejamento formal ou por um processo informal, encontram resistência organizacional. Nem sempre "as pessoas razoáveis fazem coisas razoáveis", ocorrendo resistência sempre que uma mudança organizacional introduz um afastamento descontínuo em relação a comportamento, cultura e estrutura de poder anteriores. Trata-se de um fenômeno de múltiplas facetas, que introduz atrasos, custos e instabilidades inesperadas no processo de mudança estratégica, sendo considerada do ponto de vista do analista como uma manifestação de irracionalidade. Mas, para um especialista em comportamento ou um cientista político, é uma manifestação natural de racionalidade, de acordo com as quais os grupos e indivíduos interagem. Para Lammert & Ehrsam10, o maior desafio da implementação não é de natureza tecnológica mas, sociológica sendo o fator humano o elemento chave no processo. Os novos sistemas podem ser definidos para reconhecer adequadamente a nova realidade do comportamento dos custos e associar os direcionadores de custos, mas o ponto crucial é o envolvimento e treinamento dos participantes. Se, no estágio de implementação, a importância do elemento humano for ignorada, todo o esforço e talento anterior tende a ser um grande prejuízo. O sucesso da transição requer o comportamento e apoio da alta administração e intenso programa de educação e treinamento que inclui contadores, analistas e gerentes de custos ou financeiros. Infelizmente, estes indivíduos podem não ser receptivos a mudança. Muitos deles construíram suas carreiras nos sistemas tradicionais e freqüentemente estão tão envolvidos nos detalhes do cotidiano que não percebem o enorme quadro de mudanças na fábrica. Estes profissionais precisam sair dos seus escritórios e familiarizar-se como “chão da fábrica” e entender as suas transformações e repercussões no modelo contábil, assim como aprender a reconhecer os benefícios da nova sistemática. Assim, como outras inovações organizacionais, a implantação de um sistema de 41 gerenciamento de custos, implica numa série de mudanças. No entanto, neste caso o impacto direto sobre a avaliação de desempenho pessoal, de produtos e processos afeta toda a empresa e não apenas um ou dois subsistemas. CONCLUSÃO O atual quadro de competitividade exige da gestão empresarial uma atitude estratégica com vistas a busca de excelência na produção de bens e serviços, através de melhorias contínuas. O gerenciamento de custos tem como objetivo identificar oportunidades e monitorar os progressos em busca destas melhorias contínuas, sendo papel do sistema de custos prover informações relevantes para orientar o processo de gestão. Algumas destas decisões, aquelas relacionadas ao mix de produtos, estabelecimento de preços, e entrada ou abandono de produtos, estão bastante comprometidas com a manutenção do empreendimento a longo prazo, em razão do que a empresa tem que tomar decisões estratégicas. O sistema ABC, cujo aspecto chave consiste no modelo de acumulação, tem sido apontado como o modo mais eficaz de oferecer maior transparência dos eventos dentro da organização, assim como tempestividade da informação. O espírito que norteou a concepção do custeio por atividades foi o mesmo que favoreceu a disseminação, no ambiente de manufatura de classe mundial, do princípio de excelência empresarial. Para se chegar ao nível de qualidade total e perseguir melhorias contínuas, tornase fundamental contar com o envolvimento de todos os níveis da organização e , em conseqüencia, obter o seu comprometimento com esta filosofia. Estas idéias desenvolveram-se no ambiente de indústrias de tecnologia avançadas, porque a velocidade das mudanças evidenciaram rápida e claramente os problemas acarretados pelas informações produzidas atraves métodos de custeio tradicionais, exigindo soluções urgentes. Contudo, nada impede que as mesmas sejam usadas por sistemas operacionais menos complexos que, de modo similar, necessitam de informações qualificadas. Possivelmente, a implementação de um sistema ABC numaindústria de classe mundial, deverá encontrar um ambiente mais receptivo à mudanças do que nas 42 empresas tradicionais. No entanto, em qualquer uma delas o aspecto comportamental assume papel extremamente importante. Em qualquer dos subsistemas - operacional ou administrativo - o fator humano precisa estar envolvido e comprometido com a mudança e este estágio a ser perseguido pelos gestores irá requerer muita habilidade e poder de persuasão. O subsistema administrativo ou burocrático mostra-se menos receptivo à mudança que o operacional, apresentando maior tendência para o conservadorismo. Estas barreiras só poderão ser vencidas pelo uso de sensibilização e processo educativo, através do esclarecimento dos benefícios de um novo método de trabalho, ao mesmo tempo que se aprende a respeito do ambiente operacional. Em resumo, os administradores e gerentes precisam estar conscientes de que o sucesso da implementação do ABC deve levar em conta os problemas de natureza comportamental que assume importância tão expressiva quanto as mudanças tecnológicas. REFERÊNCIAS ANSOFF, Igor. A Nova Estratégia Empresarial, São Paulo:Atlas, 1990. BERLINER, C. & BRIMSOM, J. A. Gerenciamento de Custos em Indústrias avançadas. São Paulo:T.A.Queiroz, 1992. CHIAVENATTO, Idalberto. Administração: Teoria, Processo e Prática, São Paulo. COOPER, Robin Implementing an Acctitity-Based Cost System in The Design of Cost Management Systems. New Jersey: Pretence Hall, KAPLAN, R. S. Measure Costs Right: Make the Right Decisions. Harvard Business Review. Set-Oct, 1988. HICKS, T. Douglas Activity-Based Costing for Small and Mid-Sized Businesses: An Implementation Guide. New York: John Willey & Sons,Inc,1992. JOHNSON, H. Thomas & KAPLAN, Robert. S. Relevance Lost: The Rise and fall of Management Accounting. Boston, Massachusetts: Harvard Business School Press, 1991. 43 LAMMERT, T. & EHRSAM, R. The Human Element: The Real Challenge in Modernizing Cost Management Systems. New Jersey: Pretence Hall. NAKAGAWA, Masayuki. Gestão Estratégica de Custos. São Paulo:Atlas, 1991. OLIVEIRA, Djalma de P. R. Planejamento Estratégico São Paulo: 1983. SHIELDS, Michel D. & YOUNG, Mark. A Behavioral Model for Implementing Cost Management Systems. New Jersey: Pretence Hall.