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1 TUTORIA EDUCACIONAL: ATENDIMENTO PRESENCIAL E ONLINE 2 Sumário EaD E O SISTEMA TUTORIAL ..................................................................................... 4 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE TUTORIA NAS POLÍTICAS PARA EaD ............. 8 OS ATORES E FORMA DE ATUAÇÃO NO ATENDIMENTO PRESENCIAL E ONLINE ......................................................................................................................... 10 Professor e Tutor ..................................................................................................... 10 Níveis de Atuação do Tutor .................................................................................... 15 Formação do Tutor .................................................................................................. 17 As Funções do Tutor ............................................................................................... 17 Competências do Tutor Presencial ....................................................................... 20 Competências do tutor a distância ........................................................................ 22 PRINCÍPIOS DA TUTORIA ......................................................................................... 24 Aprendizagem na prática ........................................................................................ 24 Parceria ................................................................................................................... 24 Customização ......................................................................................................... 25 Protocolos e combinados ........................................................................................ 25 Intencionalidade e transparência ............................................................................ 25 Foco na aprendizagem dos alunos .......................................................................... 26 ESTRATÉGIAS DE TUTORIA .................................................................................... 27 Observação Características ......................................................................................... 27 Feedback ..................................................................................................................... 28 Caminhadas pedagógicas pela escola ......................................................................... 30 Role play/dramatização .............................................................................................. 31 Ação modelar .............................................................................................................. 32 Comunicação: escuta ativa e questionamento ............................................................ 33 Escuta ativa ................................................................................................................. 34 FUNÇÃO DOS AMBIENTES VIRTUAIS DE ENSINO E APRENDIZAGEM ......... 37 REFERÊNCIA ............................................................................................................... 39 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre- sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere- cendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici- pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra- vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 EaD E O SISTEMA TUTORIAL Na modalidade de Educação a Distância existem três elementos fundamentais em interação: aluno, material didático e professor. A experiência com EaD, independente da concepção de educação adotada e das ferramentas didáticas utilizadas (televisão, rádio, internet, material impresso), tem demonstrado que o sistema tutorial é cada vez mais indispensável ao desenvolvimento de aulas a distância. Nesse processo, cabe ao tutor acompanhar as atividades discentes, motivar a aprendizagem, orientar e proporcionar ao aluno condições de uma aprendizagem autônoma. A Educação a Distância, é importante observar, pressupõe um sistema de transmissão e estratégias pedagógicas adequadas às diferentes tecnologias utilizadas. A estratégia didática da Educação a Distância, de acordo com Brande (1993) significa a escolha dos métodos e meios instrucionais estruturados para produzir um aprendizado efetivo. Não deve merecer atenção apenas o conteúdo do curso, mas também decisões sobre o suporte ao aluno, acesso e escolha dos meios. A forma como o tutor e o aluno se comunicam e interagem dependerá do esquema de aprendizado a ser usado. O autor revela ainda três fatores indispensáveis para que a Educação a Distância aconteça: o modelo de aprendizagem, a infraestrutura tecnológica e infraestrutura física propiciada pelo setor. Qualquer estratégia, para atingir suas finalidades deve disponibilizar e gerenciar os conhecimentos de forma crítica, priorizando a educação para trabalhar os conteúdos de forma significativa, criando todas as condições à formação de indivíduos gestores da informação. A escola ainda não esclareceu as dúvidas que possui sobre a utilização da tecnologia como fator fundamental para melhorar o desempenho dos alunos, ou até aprimorar a qualidade da educação. A qualificação do corpo docente continua sendo sempre a primeira prioridade. A utilização das tecnologias como recurso didático trouxe à tona uma série de desafios tais como: a seleção dos diferentes tipos de textos elaborados e/ ou produzidos para um curso de EaD, a articulação dos núcleos temáticos, 5 interdisciplinaridade, coordenação didático-pedagógica, renovação metodológica dos docentes, fundamentos teóricos de aprendizagem e do pro- cesso de avaliação. É possível encontrar classificações relativas a EaD em que são utilizados critérios similares aos das tecnologias, cuja visão de homem está posta numa concepção linear de mundo. Segundo Aparici (1999, p. 3), tanto a informática como os sistemas tecnológicos de comunicação podem proporcionar a igualdade de oportunidades para promover a cidadania. A crise da sociedade contemporânea exige que os países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, não se limitem a apenas lutar de forma racional e estratégica contra a pobreza, mas direcionem seus investimentos em políticas de educação, até para resgatar a dívida social, acumulada ao longo da história. A década de 90 trouxe à tona um novo modelo cultural, em que o saber passa a desempenhar papel relevante. Daí a relevância de os profissionais da educação serem formados numa perspectiva de superação da sociedade que está posta, evidenciando a necessidade de revisão nas concepções de ensino e de educação, nos procedimentos, nos modelos de gestão e de ações. Revisões estasque passam, sobretudo, pela compreensão do relacionamento orgânico entre as universidades e instituições quase milenares e a sociedade. No campo da tecnologia educacional, a abordagem do processamento da informação tem sido usada especificamente na pesquisa sobre meios educacionais. A comunicação docente/discente no ensino aberto e a distância exige dos professores novos esquemas mentais e novas concepções acerca do saber que envolve diálogos constantes, intercâmbios singulares, criatividade e disponibilidade para investigação, indispensáveis ao cumprimento do compromisso real com as políticas democráticas e de equidade social. Para dar conta deste compromisso, a universidade precisa ser constantemente lugar de produção do saber, fato este que requer também tempo de reflexão crítica, já que o núcleo de qualidade da vida acadêmica se diferencia pela produção própria/coletiva e crítica, num contexto pluralista e democrático. 6 Na sociedade atual, sob o primado de saberes que continuamente se superam e se reconstroem, não é mais possível pensar a educação como mero repasse de conhecimentos, seguindo uma tradição cultural. Pensar novas formas de educação exige que ultrapassemos a ideia de que ela não seja apenas um meio ou uma modalidade, mas uma possibilidade de ressignificação da educação em face das necessidades do mundo global, observa Neder (1999). Estas inovações estão exigindo assim uma mudança importante no papel do professor e uma formação específica nesse sentido. É necessário rever as dimensões: educativa, tecnológica e comunicativa, em relação ao papel e ao protagonismo que assumem os professores implicados na organização do trabalho pedagógico. É preciso insistir na ideia de que as multimídias não transformam o trabalho docente, elas apenas expressam com grande impacto os novos cenários da sociedade contemporânea e permitem um armazenamento enorme de informação, por meio de novas linguagens. Dessa forma, a educação a distância deve ser assumida como uma das utopias da educação para desenvolver as sociedades de nosso continente e superar os imperativos da cultura de consumo. Estas questões sublinham a importância da atuação docente em EaD, em que o perfil do profissional de educação deve conter competências bem mais complexas, tais como: • Saber lidar com os ritmos individuais diferentes dos alunos; • Apropriar-se de técnicas novas de elaboração do material didático impresso e do produzido por meios eletrônicos; • Dominar técnicas e instrumentos de avaliação, trabalhando em ambientes diversos daqueles já existentes no sistema presencial de educação. • Ter habilidades de investigação; • Utilizar técnicas variadas de investigação e propor esquemas mentais para criar uma nova cultura, indagadora e plena em procedimentos de criatividade. Diante desses novos paradigmas é que devem ser postos os questionamentos das instituições educacionais, suas polêmicas e preocupações sobre EaD. Os 7 educadores que pretendem lutar contra a exclusão social devem preocupar-se em adquirir uma nova cultura educacional, atualizando-se no uso de tecnologias de informação e comunicação, pois, nesse novo modelo, o professor é continuamente chamado a estabelecer múltiplas interações. Algumas escolas já vêm desenvolvendo esse trabalho social com sucesso, investindo em equipamentos, na formação docente e em processo de gestão educacional inovador. Este deve envolver uma equipe multidisciplinar, adminis- tradores, professores, pesquisadores, tutores, monitores e profissionais da área técnica. Esse é um investimento necessário a qualquer instituição que busca desenvolver EaD, é a criação de sistemas tutoriais realmente eficazes, apropri- ados a apoiar e promover o crescimento do aluno em cada uma das etapas do processo de ensino. A figura de destaque, responsável pelo bom andamento das atividades, é o tutor, profissional que assume a missão de articulação de todo o sistema de ensino-aprendizagem, quer na modalidade semipresencial ou a dis- tância. Segundo Ferreira e Rezende (2004), o tutor deve acompanhar, motivar, orientar e estimular a aprendizagem autônoma do aluno, utilizando-se de metodologias e meios adequados para facilitar a aprendizagem. Através de diálogos, de confrontos, da discussão entre diferentes pontos de vista, das diversificações culturais e/ou regionais e do respeito entre formas próprias de se ver e de se postar frente aos conhecimentos, o tutor assume função estratégica. E, estrategicamente, esse setor tem como finalidade resolver os ruídos de comunicação e os problemas que surgem ao longo do processo de ensino, procurando resolvê-los e, ao mesmo tempo, realizando a articulação e desenvolvendo ações para aperfeiçoar o sistema de EaD, que deve ser alvo de constantes reflexões. 8 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE TUTORIA NAS POLÍTI- CAS PARA EaD É necessário entender claramente o que o tutor deve fazer e qual sua importância no processo educativo. Desta forma para ajudar nesta definição, Nunes (2014), cita que os tutores são mediadores do processo de aprendizagem dos alunos e são fundamentais para criar situações que favoreçam à construção do conhecimento. A boa atuação de um tutor pode ser um impulsiona- dor para um aluno desmotivado e fundamental para todos que buscam atingir seus objetivos no curso, mas se deparam com certas dificulda- des. Por outro lado, um tutor que não cumpre com o seu papel a con- tento pode deixar muitos alunos sem o atendimento necessário e cau- sar um clima de insatisfação ou abandono. (NUNES, 2014, p.1). Nesta mesma linha de pensamento, Souza, afirma que a tutoria pode ser entendida como uma ação orientadora global, chave para articular a instrução e o educativo. O sistema tutorial compreende, desta forma, um conjunto de ações educativas que contribuem para desenvolver e potencializar as capacidades básicas dos alunos, orien- tando-os a obterem crescimento intelectual e autonomia, e para ajudá- los a tomar decisões em vista de seus desempenhos e suas circuns- tâncias de participação como aluno. (SOUZA, et al, 2004, p.2) Diante das citações acima, pode-se entender o alto grau de importância dos tutores para o bom desempenho dos estudantes e do sucesso de cursos, por isto reforça-se o papel de mediação, que deve ser exercido com afinco. Neste cenário de mediação e comunicação é importante que em suas atividades o tutor: ouça, compreenda a dúvida, responda, motive e faça a mediação das necessidades do estudante e da instituição, se preciso, reunindo a equipe e realinhando metas, auxiliando nas decisões e assegurando que a aprendizagem seja efetiva e significativa. Assim, entre diversos elementos importantes na EaD, a figura do tutor emerge como essencial, à medida que é ele que estabelece todo um relacionamento com o cursista, tendo um papel fundamental na per- manência deste no curso. A evasão é um aspecto extremamente inde- sejável em qualquer processo educativo e se constitui uma grande pre- ocupação na EaD. Cabe então ao tutor usar estratégias para anima- ção, estímulo, formação de vínculos no grupo que acompanha, para que este alcance os objetivos de aprendizagem propostos no curso (OLIVEIRA, LIMA, 2009, p. 8). Além das responsabilidades já apresentadas até aqui, Aretio (2002) coloca que o tutor deve possuir ainda algumas qualidades, tais como: autenticidade, honradez, maturidade emocional, bom caráter e cordialidade, compreensão de9 si mesmo, capacidade empática, inteligência e agilidade mental, capacidade de escutar, cultura social, estabilidade emocional, capacidade de aceitação, inquietude cultural e amplos interesses, liderança, etc. A atuação da tutoria é tida como elemento de preocupação na avaliação da qualidade de cursos desta modalidade. Tanto que muitas diretrizes do trabalho a ser realizado estão também citados nos documentos de referencial de qualidade. Para tanto, abaixo três documentos mostram um pouco do fortalecimento da função da tutoria dentro das políticas públicas e os programas criados pelo governo federal, observe a Figura 1 seguir: Figura 1: Documentos com a função da tutoria Ocorrência na história Descrição (2006) Universidade aberta do Bra- sil No Brasil, a tutoria em EaD ganhou força no contexto educaci- onal com a expansão da educação a distância e, em especial com a UAB, programa do governo federal já citado anterior- mente. Entre os métodos e metodologias implementados e consolidados pelo Sistema UAB, aparece a figura do tutor como um agente envolvido na atuação docente. Neste pro- grama se destaca que a seleção devem estabelecer as espe- cificidades das atividades a serem desenvolvidas para a exe- cução dos Projetos Pedagógicos de seus cursos, de acordo com as particularidades das áreas e de seu contexto local. (2007) Referenciais de qualidade para EaD De acordo com os Referenciais de Qualidade para a Educa- ção Superior a Distância (MEC, 2007), o corpo de tutores de- sempenha “papel de fundamental importância no processo educacional de cursos superiores a distância e compõe qua- dro diferenciado no interior das instituições” A além disso, o tu- tor “deve ser compreendido como um dos sujeitos que parti- cipa ativamente da prática pedagógica” (BRASIL, 2007, p. 21). (2015) Parecer do CNE/CES nº 564/2015 O parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) publi- cado em março de 2016, que dispõe sobre as Diretrizes e Normas Nacionais para a oferta de Programas e Cursos de Educação Superior na Modalidade a Distância, apresenta e oficializa a figura do tutor, destacando-o como um profissio- nal da educação superior integrante da equipe docente. Fonte: Adaptado pelo autor Enfim, percebe-se que a função da tutoria tem peso, exige responsabilidade e dedicação dos profissionais atuantes e devido a sua importância está amparada nos documentos que regem a qualidade na EaD. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=31361-parecer-cne-ces-564-15-pdf&category_slug=dezembro-2015-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=31361-parecer-cne-ces-564-15-pdf&category_slug=dezembro-2015-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=31361-parecer-cne-ces-564-15-pdf&category_slug=dezembro-2015-pdf&Itemid=30192 10 OS ATORES E FORMA DE ATUAÇÃO NO ATENDIMENTO PRE- SENCIAL E ONLINE Professor e Tutor A ligação aluno-professor ainda é, no imaginário pedagógico, uma dominante, o que torna a tutoria um ponto-chave em um sistema de ensino a distância (Maia, 1998, apud Niskier, 1999;391). A tutoria como método nasceu no século XV na universidade, onde foi usada como orientação de caráter religioso aos estudantes, com o objetivo de infundir a fé e a conduta moral. Posteriormente, no século XX, o tutor assumiu o papel de orientador e acompanhante dos trabalhos acadêmicos, e é com este mesmo sentido que incorporou aos atuais programas de educação a distância (Sá, 1998). A ideia de guia é a que aparece com maior força na definição da tarefa do tutor. Podemos definir tutor como o “guia, protetor ou defensor de alguém em qualquer aspecto”, enquanto o professor é alguém que “ensina qualquer coisa” (Litwin, 2001:93). A palavra professor procede da palavra “professore”, que significa “aquele que ensina ou professa um saber” (Alves; Nova, 2003). Na perspectiva tradicional da educação a distância, era comum sustentar a idéia de que o tutor dirigia, orientava, apoiava a aprendizagem dos alunos, mas não ensinava. Assumiu-se a noção de que eram os materiais que ensinavam e o lugar do tutor passou a ser o de um “acompanhante” funcional para o sistema. O lugar do ensino assim definido ficava a cargo dos materiais, “pacotes” auto- suficientes sequenciados e pautados, que finalizava com uma avaliação seme- lhante em sua concepção de ensino (Litwin, 2001). Pensava-se desta forma quando “ensinar” era sinônimo de transmitir informa- ções, ou de estimular o aparecimento de determinadas condutas. Nesse con- texto, a tarefa do tutor consistia em assegurar o cumprimento dos objetivos, ser- vindo de apoio ao programa (Litwin, 2001). Edith Litwin (2001, p.99) destaca ainda que quem é um bom docente será tam- bém um bom tutor. Um bom docente “cria propostas de atividades para a refle- 11 xão, apoia sua resolução, sugere fontes de informação alternativas, oferece ex- plicações, facilita os processos de compreensão; isto é, guia, orienta, apoia, e nisso consiste o seu ensino”. Da mesma forma, o bom tutor deve promover a realização de atividades e apoiar sua resolução, e não apenas mostrar a res- posta correta; oferecer novas fontes de informação e favorecer sua compreen- são. “Guiar, orientar, apoiar” devem se referir à promoção de uma compreensão profunda, e estes atos são responsabilidade tanto do docente no ambiente pre- sencial como do tutor na modalidade a distância. De maneira geral, os conhecimentos necessários ao tutor não são diferentes dos que precisa ter um bom docente. Este necessita entender a estrutura do assunto que ensina, os princípios da sua organização conceitual e os princípios das no- vas ideias produtoras de conhecimento na área. Sua formação teórica sobre o âmbito pedagógico-didático deverá ser atualizada com a formação na prática dos espaços tutoriais. Shulman (1995, apud Litwin, 2001, p.103) sustenta que o saber básico de um docente inclui pelo menos: • conhecimento do conteúdo; • conhecimento pedagógico de tipo real, especialmente no que diz respeito às estratégias e à organização da classe; • conhecimento curricular; • conhecimento pedagógico acerca do conteúdo; • conhecimento sobre os contextos educacionais; e • conhecimento das finalidades, dos propósitos e dos valores educativos e de suas raízes históricas e filosóficas. O ensino a distância difere completamente, em sua organização e desenvolvi- mento, do mesmo tipo de curso oferecido de forma presencial. No ensino a dis- tância, a tecnologia está sempre presente e exigindo uma nova postura de am- bos, professores e alunos (Alves; Nova, 2003). Para que um curso seja veiculado a distância, mediado pelas novas tecnologias, é preciso contar com uma infraestrutura organizacional complexa (técnica, pe- dagógica e administrativa). O ensino a distância requer a formação de uma 12 equipe que trabalhará para desenvolver cada curso, e definir a natureza do am- biente online em que será criado (Alves; Nova, 2003). A diferença entre o docente e o tutor é institucional, que leva a consequências pedagógicas importantes. As intervenções do tutor na educação a distância, de- marcadas em um quadro institucional diferente distinguem-se em função de três dimensões de análise (Litwin, 2001, p.102), conforme pode observar abaixo: • Tempo: o tutor deverá ter a habilidade de aproveitar bem seu tempo, sempre escasso. Ao contrário do docente, o tutor não sabe se o aluno assistirá à próxima tutoria ou se voltará a entrar em contato para consultá- lo; por esse motivo aumentam o compromisso e o risco da sua tarefa. • Oportunidade: em uma situação presencial, o docente sabe que o aluno retornará; que caso este não encontre uma resposta que o satisfaça, per- guntará denovo ao docente ou a seus colegas. Entretanto, o tutor não tem essa certeza. Tem de oferecer a resposta específica quando tem a oportunidade de fazer isso, porque não sabe se voltará a ter. • Risco: aparece como consequência de privilegiar a dimensão tempo e de não aproveitar as oportunidades. O risco consiste em permitir que os alu- nos sigam com uma compreensão parcial, que pode se converter em uma construção errônea sem que o tutor tenha a oportunidade de adverti-lo. “O tutor deve aproveitar a oportunidade para o aprofundamento do tema e promover processos de reconstrução, começando por assinalar uma contradição” (idem). Tais conhecimentos dos docentes em geral nos conduzem à situação específica dos saberes requeridos ao tutor da EaD. Nestes ambientes, os contextos edu- cacionais assumem um valor especial, que requerem do tutor uma análise fluida, rica e flexível de cada situação, vista sob o ângulo do tempo, oportunidade e risco, que imprimem as condições institucionais da EaD. Iranita Sá (1998) faz um paralelo entre as várias diferenças entre as funções do professor convencional e o do tutor nos ambientes de EaD (Figura 2). A atual tendência de caracterização dos professores de ambientes de EaD é a de repro- dutora do docente tradicional ou como um suposto tutor, cuja função se limita a auxiliar na aprendizagem, sem nenhuma identidade específica. 13 Vários estudos comprovam que os professores nos ambientes de EaD tendem a reproduzir suas práticas como se estivessem em uma sala de aula convencio- nal, esquecendo das peculiaridades desses ambientes. Figura 2: Paralelo entre as Funções do Professor e do Tutor Educação Presencial Educação a Distância Conduzida pelo Professor Acompanhada pelo tutor Predomínio de exposições o tempo in- teiro Atendimento ao aluno, em consultas indi- vidualizadas ou em grupo, em situações em que o tutor mais ouve do que fala Processo centrado no professor Processo centrado no aluno Processo como fonte central de informa- ção Diversificadas fontes de informações (material impresso e multimeios) Convivência, em um mesmo ambiente fí- sico, de professores e alunos, o tempo in- teiro Interatividade entre aluno e tutor, sob ou- tras formas, não descartada a ocasião para os “momentos presenciais” Ritmo de processo ditado pelo professor Ritmo determinado pelo aluno dentro de seus próprios parâmetros Contato face a face entre professor e aluno Múltiplas formas de contato, incluída a ocasional face a face Elaboração, controle e correção das ava- liações pelo professor Avaliação de acordo com parâmetros de- finidos, em comum acordo, pelo tutor e pelo aluno Atendimento, pelo professor, nos rígidos horários de orientação e sala de aula Atendimento pelo tutor, com flexíveis ho- rários, lugares distintos e meios diversos Fonte: Sá, Iranita. Educação a Distância: Processo Contínuo de Inclusão So- cial.Fortaleza,CEC, 1998:47. Neste contexto, pode-se redefinir o papel do professor: “mais do que ensinar, trata-se de fazer aprender (...), concentrando-se na criação, na gestão e na re- gulação das situações de aprendizagem” (Perrenoud, 2000, p.139). O professor- tutor atua como mediador, facilitador, incentivador, investigador do conheci- mento, da própria prática e da aprendizagem individual e grupal (Almeida, 2001). 14 O novo papel do professor-tutor precisa ser repensado para que não se repro- duzam nos atuais ambientes de educação a distância concepções tradicionais das figuras do professor/aluno. Pierre Lévy (2000) faz uma reflexão sobre inte- ração, novas linguagens e instrumentos de mediação. É preciso superar a postura ainda existente do professor transmissor de conhecimentos. Passando, sim, a ser aquele que imprime a direção que leva à apropriação do conhecimento que se dá na interação. Inte- ração entre aluno/aluno e aluno/professor, valorizando-se o trabalho de parceria cognitiva; elaborando-se situações pedagógicas onde as diversas linguagens estejam presentes. As linguagens são, na ver- dade, o instrumento fundamental de mediação, as ferramentas regula- doras da própria atividade e do pensamento dos sujeitos envolvidos (http://www.sesc.org.br). O papel do professor como repassador de informações deu lugar a um agente organizador, dinamizador e orientador da construção do conhecimento do aluno e até da sua auto-aprendizagem. Sua importância é potencializada e sua res- ponsabilidade social aumentada. “Seu lugar de saber seria o do saber humano e não o do saber informações” (Alves; Nova, 2003:19), sendo a comunicação mais importante do que a informação. Sua função não é passar conteúdo, mas orientar a construção do conhecimento pelo aluno. Hanna (apud Alves; Nova, 2003, p.37) apresenta algumas sugestões para o pro- fessor que deseja iniciar algum curso a distância. Sugere que, logo no início, ele deve: • conhecer sua fundamentação pedagógica; • determinar sua filosofia de ensino e aprendizagem; • ser parte de uma equipe de trabalho com diversas especialidades; • desenvolver habilidades para o ensino online; • conhecer seus aprendizes; • conhecer o ambiente online; • aprender sobre os recursos tecnológicos; • criar múltiplos espaços de trabalho, de interação e socialização; • estabelecer o tamanho de classe desejável; • criar relacionamentos pessoais online; • desenvolver comunidades de aprendizagem; • definir as regras vigentes para as aulas online; e • esclarecer suas expectativas sobre os papéis dos aprendizes. 15 Para exercer competentemente estas funções, necessita-se de formação espe- cializada. Hoje, a ideia da formação permanente vigora para todas as profissões, mas especialmente para os profissionais da educação. “O tutor se encontra diante de uma tarefa desafiadora e complexa” (Litwin, 2001, p. 103). O bom desempenho desses profissionais repousa sobre a crença de que “só ensina quem aprende”, o alicerce do construtivismo pedagógico (Grossi; Bordin,1992). “Exige-se mais do tutor de que de cem professores convencionais” (Sá, 1998, p. 46), pois este necessita ter uma excelente formação acadêmica e pessoal. Na formação acadêmica, pressupõem-se capacidade intelectual e domínio da ma- téria, destacando-se as técnicas metodológicas e didáticas. Além disso, deve conhecer com profundidade os assuntos relacionados com a matéria e área profissional em foco. A habilidade para planejar, acompanhar e avaliar ativida- des, bem como motivar o aluno para o estudo, também são relevantes. Na for- mação pessoal, deve ser capaz de lidar com o heterogêneo quadro de alunos e ser possuidor de atributos psicológicos e éticos: maturidade emocional, empatia com os alunos, habilidade de mediar questões, liderança, cordialidade e, espe- cialmente, a capacidade de ouvir. Segundo o Livro Verde (SocInfo, 2000), para que o ensino a distância alcance o potencial de vantagem que pode oferecer, é preciso investir no aperfeiçoamento do tutor e, sobretudo, regulamentar a atividade, além de definir e acompanhar indicadores de qualidade (Alves; Nova, 2003). Neste sentido, sugere algumas iniciativas: • alfabetização digital: em todos os níveis de ensino, através da renova- ção curricular para todas as áreas de especialização, de cursos comple- mentares e de extensão; • geração de conhecimentos: voltado para a pós-graduação; e • aplicação da tecnologia da informação e comunicação: desde o nível médio, especialmente nas áreas próximas das novas tecnologias. Níveis de Atuação do Tutor Conforme Preti (1996, p.27), 16 “o tutor, respeitando a autonomia da aprendizagem de cada cursista, estará constantemente orientando, dirigindo e supervisionando o pro- cesso de ensino-aprendizagem[...]. É por intermédio dele, também, que se garantirá a efetivação do curso em todos os níveis”. A tutoria visaa orientação acadêmica, acompanhamento pedagógico e avaliação da aprendizagem dos alunos a distância. Para isso o tutor deve possuir um papel profissional com capacidades, habilidades e competências inerentes à função. Precisa expressar uma atitude de excelente receptividade diante do aluno e assegurar um clima motivacional. O subsistema de tutoria, muito mais que um aspecto estrutural e de assistência ao estudante, deve ser visto como o atendimento à educação individualizada e cooperativa e numa abordagem pedagógica centrada no ato de aprender que põe à disposição do estudante-adulto recursos que lhe permitem alcançar seus objetivos no curso, de forma mais autônoma possível. O professor tutor deve diferenciar e sequenciar as diversas informações que proporciona aos estudantes, sistematizando as seguintes ações: • No primeiro encontro com o aluno, o tutor deve expressar uma atitude de excelente receptividade para assegurar um clima motivacional de enten- dimento pleno; • Em seguida, informar o estudante sobre a estrutura e o funcionamento do sistema de EaD, dos meios didáticos utilizados e sistema de avaliação, etc. Comentar, ainda, o sentido e o papel da tutoria no processo de ensino e aprendizagem em EaD; • Analisar, com o estudante, os níveis de responsabilidade dos professores da sede central, dos professores-tutores e de suas contribuições em dife- rentes atividades para garantir um processo de aprendizagem individual consistente; • Diferenciar para o estudante as funções de tutoria e de presencialização dos professores, já que o sistema de EaD foi planejado para promover auxílio aos alunos em dificuldades de aprendizagem e não sistematizar encontros semanais de tutoria. Para exercer o seu papel, o tutor deve, portanto, possuir um perfil profissional com certo número de capacidades, habilidades e competências inerentes à função. A importância e a complexidade da posição que ocupa o tutor dentro de 17 um sistema de EaD exige que ele possua o domínio de uma prática política educativa, formativa e mediatizada. Formação do Tutor Conforme Ibanez, citado em Aretio (1996), é também muito importante a relação pessoal entre os tutores e entre estes e os demais profissionais envolvidos com EaD. Como educador que é, do tutor são requeridas certas qualidades, como maturidade emocional, capacidade de liderança, bom nível cultural, capacidade de empatia, cordialidade e ser um “bom ouvinte”. A relação tutor-aluno pode ser mediatizada pelas mais diversas modalidades de comunicação. A educação e formação de adultos são, portanto, uma atividade específica, comprometida com a realização do sujeito em todas as perspectivas de vida: humana, social, política, laboral, tecnológica, sob uma visão axiológica, ética e crítica da sociedade. As Funções do Tutor As funções desse profissional dependem de seu perfil e ambiente de avaliação. Um tutor alocado para auxiliar um professor na educação básica terá o papel de acompanhar e facilitar o aproveitamento da classe, dedicando tempo, principal- mente, às crianças com atrasos de aprendizagem. Já um tutor atuante em cursos de educação a distância tem um papel mais cen- tral, pois conecta o estudante ao conteúdo, professores e à instituição de ensino, substituindo o educador no contato pessoal com o estudante. Assim, vale apresentar agora as diversas funções dos tutores, sistematizamos, a seguir: 18 Funções Similares — Tutores Presenciais e a Distância • Participar das atividades de capacitação e atualização promovidas pela instituição de ensino. • Conhecer o projeto pedagógico do curso, o material didático e o conteúdo específico dos conteúdos sob sua responsabilidade, a fim de auxiliar os estudantes no desenvolvimento de suas atividades individuais e em grupo. • Apoiar o professor da disciplina no desenvolvimento das atividades docentes. • Mediar a comunicação de conteúdos entre o professor e os estudantes, acompanhando as atividades discentes, conforme o cronograma do curso. • Elaborar relatórios mensais de acompanhamento dos alunos e encaminhar à coordenação de tutor. • Comunicar-se, de forma permanente, com os estudantes, os professores e os gestores pedagógicos. Colaborar com a coordenação do curso na avaliação dos estudantes. https://moodle.ead.ifsc.edu.br/mod/resource/view.php?id=68789 19 Figura 3: Comparativo das Funções de Tutores presenciais e a distância Funções específicas Tutores presenciais Funções específicas Tutores a distância Atuar no polo de apoio presencial, mediando o processo pedagógico presencialmente junto aos estudantes. Atuar a partir da instituição, mediando o processo pedagógico junto a estudantes geograficamente distantes. Apoiar operacionalmente a coordenação do curso e a equipe docente (professores e tutores a distância) nas atividades presenci- ais nos polos. Esclarecimento de dúvidas — através de fóruns de discussão do Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem, pelo telefone ou qualquer outro recurso interativo disponibilizado pela instituição Atender e esclarecer dúvidas dos estudantes (sejam elas administrativas, de conteúdo ou relacionadas ao uso da tecnologia) nos polos, em horários preestabelecidos. Manter regularidade de acesso ao Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem e responder às solicitações dos alunos no prazo máximo de 24 horas. Promover espaços de construção coletiva de conhecimento, entre os estudantes, no polo de apoio presencial. Promover espaços de construção coletiva de conhecimento, entre os estudantes, via Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem. Participar de momentos presenciais obrigatórios, tais como aplicação de avaliações, realização de aulas práticas em laboratórios, estágios supervisionados, apresentação de trabalhos, realização de seminários etc. Selecionar material de apoio e sustentação teórica aos conteúdos. Participar dos processos avaliativos de ensino-aprendizagem, junto com os docentes. Fomentar o hábito da pesquisa e acompa- nhar os estudantes presencialmente nos pro- cessos formativos. Fomentar a pesquisa e acompanhar os estudantes nos processos formativos, incluindo o de uso das tecnologias potencializadas em ambientes virtuais multimídias e interativos disponíveis. Fonte: Adaptado pelo Autor Ao analisar as funções descritas, é possível inferir que são indispensáveis algumas competências básicas para a realização das mesmas. Tais competências estão descritas nos tópicos a seguir, considerando as especificidades do tutor presencial e do tutor a distância. 20 Competências do Tutor Presencial Os autores Moore e Kearsley, no livro “Educação a Distância: sistemas de aprendizagem online” (2013), discorrem que os tutores presenciais, denominados de responsáveis locais por eles, devem ser competentes o suficiente para congregar saberes técnicos, administrativos e instrucionais aliados a uma certa experiência com a função e com os processos de mediação necessários (p. 193-195). Observe a Figura 4. Competências técnicas Ter competência técnica significa ser capaz de instalar sozinho a tecnologia ou discutir e supervisionar a instalação.Para a maioria das tecnologias utilizadas em cursos EaD, não haverá técnicos imediatamente disponíveis durante o tempo real de instrução e, portanto, será o responsável local que deverá disponibilizar a tecnologia, testá-la e operá-la durante a sessão. Ele precisa ter conhecimento técnico suficiente para reconhecer falhas potenciais que possam ocorrer durante o curso ou em determinada sessão do curso e ser capaz de tomar medidas corretivas apropriadas. Trata-se de uma compe- tência muito importante, pois uma falha técnica inesperada e não corrigida pode resultar em uma sessão interrompida e na consequente perda de confiança dos alunos – algo difícil de ser reconquistado. Geralmente, a maior parte dos problemas desse tipo são originados por questões simples e insignificantes, como uma conexão de cabo desligada, que poderia facilmente ser resolvida por alguém com um mínimo de competência técnica para a função. Competências administrativas Entre as competências administrativas mais importantes, estão a recepção eficiente de materiais e sua distribuição aos estudantes e a manutenção de registros, de forma a manter sempre uma comunicação atualizada com a instituição de origem. Competências instrucionais Será muito vantajoso para a instituição e para os alunos se o tutor local for competente em termos do conteúdo que é ensinado no curso. Isso ajudará na interpretação das explicações do professor e das perguntas dos estudantes. 21 Experiência Embora cada grupo de estudantes seja formado por indivíduos diferentes, seus problemas geralmente são parecidos com aqueles de grupos anteriores. Um tutor experiente, com base em sua experiência prévia, pode conhecer esses problemas e explicá-los ao professor ou, ainda, imediatamente resolvê-los, sem precisar do instrutor. Dessa forma, se ele tiver desenvolvido de modo suficiente suas competências técnicas, administrativas e instrucionais, possuirá um bom controle do que acontece no local de ensino (no polo de apoio presencial). Os estudantes percebem isso, geralmente, de modo positivo, o que transmite credibilidade ao curso ou programa ofertado, aumenta a satisfação dos envolvidos e diminui os índices de desistência. Mediação na comunicação O tutor presencial tem de ser alguém que se importa com a tranquilidade e o bem-estar dos alunos e que é capaz de comunicar essa preocupação. Essa mediação na comunicação pode ser realizada de diferentes formas: cumpri- mentando sempre os estudantes na chegada e na saída; assegurando que todos tenham liberdade de participar das discussões; dialogando reservadamente com qualquer pessoa que tenha se saído mal durante uma apresentação oral, uma avaliação ou uma atividade de qualquer ordem; verbalizando apreciação, aprovação ou congratulações pelos sucessos dos estudantes; observando o comportamento do grupo de estudantes de modo a perceber estudantes desmotivados ou com algum tipo de problema. 22 Competências do tutor a distância A principal diferença entre o tutor presencial e o tutor a distância está representada pela própria denominação dada a cada um. Embora ambos atuem na importante função de mediação entre alunos, professores e instituição, o tutor presencial atua no polo de apoio presencial e o tutor a distância é aquele que atua, geralmente, na sede da instituição que oferece o curso ou programa, interagindo com os estudantes a distância, normalmente através do ambiente virtual de ensino-aprendizagem, ou seja, virtualmente, o que lhe possibilita uma outra nomenclatura - tutor virtual. Essa característica que os diferencia é o que determina que os tutores a distância tenham responsabilidades e papéis diferenciados dos tutores presenciais. O tutor a distância desempenha diferentes papéis simultaneamente, de acordo com Mattar (2012). Contudo, seu principal papel é acompanhar o aprendizado dos alunos a distância. Para desempenhar esse papel com qualidade, os tutores a distância também devem congregar algumas competências essenciais. A Figura 5 abaixo, adaptada de Lenzi (2014) e Aretio (2002), descreve em que consiste cada uma dessas competências. Competências na orientação As funções de orientação envolvem a supervisão e o acompanhamento do aluno, de forma que ele possa adotar as alternativas disponibilizadas pela instituição de modo satisfatório para o seu processo de aprendizagem. Competências institucionais e ad- ministrativas As funções institucionais e de conexão aludem à própria formação do tutor, à ligação que ele estabelece entre aluno e instituição e às questões burocráticas e institucionais. Competências acadêmicas Na função acadêmica, os tutores a distância devem ser selecionados e capacitados para promover e facilitar a aprendizagem do aluno, mas de forma distinta de um professor tradicional, pois o tutor deve encontrar um meio de ajudar e reforçar o processo de autoaprendizagem, evitando a relação de dependência que ocorre quando só há transmissão da informação por parte do tutor. 23 Soma-se a tais competências a necessidade de se ter familiaridade com a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), como as plataformas que suportam os Ambientes Virtuais de Ensino e Aprendizagem (AVAs) – recurso mais utilizado como forma de promover a interação entre alunos e equipe docente pelas instituições que promovem EAD no nosso país atualmente (ABED, 2015, p.09). 24 PRINCÍPIOS DA TUTORIA A rotina de trabalho do tutor se pauta em alguns princípios, apoiados pelo que as pesquisas sobre aprendizagem de adultos apontam: Aprendizagem na prática Adultos aprendem mais intensamente a partir da experiência e da reflexão sobre sua prática. O aprendizado vem à medida que saímos da zona de conforto do que já sabemos e dominamos, desde que com suporte para lidar com a frustra- ção e os erros inerentes ao processo de aprendizado. Na tutoria, a aprendiza- gem se dá no cotidiano da escola e da sala de aula, no fazer. Assim, um profis- sional que recebeu orientações técnicas da Secretaria de Educação, e/ou parti- cipou de uma palestra, oficina ou curso, consegue se apropriar melhor desses conteúdos ao aplicá-los no seu cotidiano, ao vivenciar erros e acertos, ter espaço para refletir sobre o que não deu certo, tentar de novo, fazer ajustes, adaptações. O tutor pode fazer toda a diferença, como um par avançando ao lado do tutorado, para observar, modelar, refletir sobre a prática inclusive para estimulá-lo a não desistir em frente a desafios de um novo aprendizado e reconhecer os avanços, que muitas vezes podem passar despercebidos pelo tutorado. Parceria A construção de parceria se baseia no relacionamento de confiança, honesti- dade e respeito profissional entre tutor e tutorado, a partir de ações e aprendiza- dos conjuntos. Ser parceiro não é ser condescendente ou passivo em relação ao que o tutorado traz ou faz. O tutor, sendo um formador, é parceiro na medida em que não abre mão da responsabilidade de questionar e dar feedback, de 25 introduzir conceitos e estratégias novos para o tutorado, de estimular seu desen- volvimento.Esse processo é uma via de mão dupla, pois requer que tanto tutor quanto tutorado tenham disposição para rever suas práticas e transformá-las. Customização Parte do aprendizado na tutoria deve-se ao seu diferencial de formação custo- mizada. O tutor precisa olhar atentamente cada tutorado em suas especificida- des para construir com ele um diagnóstico e um plano de formação de tutoria. Para isso, identifica desafios e estratégias a partir do que emerge nas conversas com o tutorado e nas observações da sua prática. Em vez de ter uma “receita pronta” para todos, o tutor treina o seu olhar para reconhecer os pontos fortes, as áreas de desenvolvimento e o estilo de aprendizagem de seu tutorado. Protocolos e combinados Para manter e preservar a parceria na tutoria, é fundamental que o tutor garanta alguns combinados e protocolos básicos com seu tutorado. A integridade da par- ceria vai exigir um compromisso de tempo, energia e esforço de ambas as par- tes. Embora os combinados precisem ser acertados no início da relação, é fun- damental que sejam trabalhados, relembrados e reforçados ao longo do trabalho conjunto. A tutoria, embora se apoie num alto nível de customização e, portanto, de flexibilidade, também exige combinados, estruturas, protocolos básicos – in- clusive para que a customização e a flexibilidade sejam produtivas e tenham foco no desenvolvimento da prática do tutorado. Esses combinados e protocolos ofe- recem a estrutura básica para que a relação de tutoria seja um ambiente seguro para tutor e tutorado discutirem dilemas, receios, problemas, tomarem decisões, darem e receberem feedback. Intencionalidade e transparência Toda ação de tutoria precisa ter intencionalidade. À medida que o tutor consegue a cada sessão alinhar com o tutorado expectativas, responsabilidades/papéis das partes e combinados, o tutorado consegue visualizar e se corresponsabilizar por seu desenvolvimento. 26 Foco na aprendizagem dos alunos A tutoria trabalha para aprimorar os conhecimentos, a reflexão e a prática do tutorado (professor ou gestor pedagógico), sempre com propósito final de me- lhoria da aprendizagem dos alunos. O tutor parte do princípio de que todo aluno tem o direito de aprender, independentemente da condição socioeconômica de sua família e/ou comunidade. Seu tutorado e os demais adultos da escola têm, portanto, a responsabilidade de promover a garantia desse direito, com quali- dade e equidade. Não há espaço no trabalho de tutoria para uma postura de baixas expectativas para os alunos tampouco para os adultos tutorados. 27 ESTRATÉGIAS DE TUTORIA Observação Características A observação da prática profissional funda o processo de formação pela tutoria e, nesse sentido, tem algumas características essenciais para que contribua de fato com o desenvolvimento do tutorado. É importante que o tutor garanta alguns passos antes, durante e depois da observação: • Estabelecimento de pré-combinados com o tutorado sobre o que vai ser observado e por quê/para quê; • Uso de um roteiro semiestruturado para focar seu olhar no que é prio- ritário; • Garantia de tempo adequado para um feedback, se não imediata- mente após a sessão, no máximo um ou dois dias depois; • Comunicação clara, direta, para os presentes na ação observada de- pendendo do tutorado, podem ser alunos e/ou profissionais sobre qual o papel do tutor enquanto observador. Propósitos Observar o tutorado nas suas práticas diárias é peça-chave para realizar um diagnóstico mais apurado sobre quais são as áreas prioritárias a serem traba- lhadas. Observar o tutorado em diferentes contextos pode nos dar informações precio- sas sobre: 28 • Áreas de desenvolvimento: Que práticas ele já domina bem? Quais são as áreas prioritárias de desenvolvimento que precisam de mais atenção para que outras deslanchem depois? • Seu estilo de liderança (sobretudo no caso de gestores pedagógicos): Na relação com seus pares, o tutorado busca criar um ambiente de colaboração e partilha, ou apenas indica como se deve fazer? Quando há relação hierárquica, delibera para a execução ou busca conjunta- mente elaborar soluções, criando um senso de equipe no grupo? No caso de professores, é possível observar como ele compartilha seus conhe- cimentos com os colegas, o tipo de interação que estabelece com seus pares nos momentos de formação coletiva, seu interesse pelo trabalho desenvolvido por colegas iniciantes, dentre outros. A sala de aula e a forma como se relaciona com seus alunos também trazem indicadores da sua postura de liderança: a forma como envolve os alunos na aula através do espaço dado para participação e fala, se encara as dúvidas com olhar investigativo sobre o processo de apren- dizagem, se busca resolver problemas de maneira conjunta, e não apenas indi- cando a resposta correta. Para os gestores pedagógicos, observar a forma como realiza a gestão da sua equipe. Identifica a diversidade da equipe como um potencial de troca e apren- dizagem, de forma que os profissionais se complementem no fazer cotidiano e aprendam uns com os outros? Centraliza as decisões da escola ou consegue delegar? A colaboração entre professores permeia as ações de formação cole- tiva? A observação dessas evidências colabora com a construção de um perfil de li- derança do tutorado. Feedback Características Presença diária no trabalho de tutoria, trata-se de uma conversa pautada pela observação e coleta de evidências observadas por tutor e/ou tuto- rado que vai subsidiar um processo de reflexão e encaminhamentos para apri- moramento da prática. Feedback é uma via de mão dupla. Na relação de tutoria, 29 o tutor também precisa solicitar feedback, que o ajuda a perceber o que naquele momento está funcionando ou não no trabalho com o tutorado. • Objetivo: foca nas evidências observadas no trabalho do tutorado, nos seus esforços para a melhoria da aprendizagem dos alunos da escola. Não é para compartilhar experiências pessoais ou profissio- nais passadas, ou opiniões gerais, mas sim focar no que mobiliza ou dificulta o trabalho em questão. As observações têm como base a prá- tica, com o objetivo bastante claro de melhoria do desempenho do tu- torado. • Significativo: resulta em um aprendizado que pode ser posto em prática não termina com uma mera constatação. Tira o tutorado da zona de conforto de forma estratégica, transparente, com encaminha- mentos e apoio para a experimentação do novo. Todo feedback gera combinados e encaminhamentos para uma nova etapa do processo formativo. • Estratégico: prioriza e seleciona a partir do foco, contexto e abertura do tutorado para receber e usar a informação. Nesse sentido, é impor- tante lembrar que o feedback precisa fazer um recorte não é eficaz quando detalha muitas áreas de uma vez só. • Equilibrado: inclui pontos de avanço, assim como pontos de atenção. O tutorado vai estar muito mais aberto se perceber que o tutor reco- nhece também suas potencialidades e o ajuda a identificar pequenos avanços. • Compartilhado: durante uma sessão de feedback, é muito importante a verificação do entendimento do que está sendo apontado. Peça ao tutorado que retome o que foi debatido e os encaminhamentos dados. Por tirar o tutorado de sua zona de conforto, pode haver uma tendência para recorrer a discursos que tendem a ser circulares e generalizantes, e que muitas vezes geram um sentimento de apatia com a situação. Falas do tipo “os alunos não se interessam pelas aulas” e “a profissão 30 do professor é solitária, não há espaço para trocas” devem ser enfren- tadas com outros exemplos que identifiquem um aluno que quis parti- cipar, trouxe dúvidas, mas acabou passando despercebido, ou um co- lega que no intervalo compartilhou uma experiência positiva,mas não obteve crédito com seus colegas. Caminhadas pedagógicas pela escola Características: Essa técnica é um tipo de observação mais usada na tutoria de gestores pedagógicos, para se obter um panorama geral do cotidiano da escola auxilia na leitura do contexto. Ao caminhar com o tutorado pela escola, o tutor observa a capacidade do tutorado de analisar dinâmicas de ensino e aprendiza- gem, mesmo se passarem rapidamente pelas salas de aula. O tutor fica atento também a como são as relações do tutorado com outros membros da equipe, alunos e pais; como ele vê a organização geral da escola, a infraestrutura física e como ela se relaciona com o uso dos diferentes espaços e rotinas; no que ele presta atenção, e o que é importante, mas lhe passa despercebido. Para um diretor ou coordenador pedagógico que não circula na escola, com pouco hábito de interagir com alunos e professores, e sem prática de observar salas de aula, as caminhadas pedagógicas podem ser um passo estratégico a ser realizado com o tutor. Assim como outras práticas de tutoria, precisa ter uma intencionalidade, um planejamento mínimo e um tempo depois da atividade para feedback com o tutorado. Uma caminhada conjunta pela escola é eficaz quando tutor e tutorado definem um propósito que é transparente para ambos. Esse pro- cesso dá ao tutorado um olhar mais ampliado sobre as rotinas de sua escola. Propósitos A caminhada pedagógica não é para avaliar o professor, tampouco os alunos. Trata-se de uma ferramenta de aprendizagem para o gestor pedagógico, para que ele fique mais próximo do que está acontecendo em termos de ensino e aprendizagem na sala de aula. Ajuda o gestor tutorado a ampliar sua compreen- são sobre os pontos positivos e desafios de sua escola é um ponto de partida 31 importante para aprofundar conversas com professores e alunos, além de ofere- cer pistas para questões que precisam ser aprofundadas em reuniões de equipe e/u observações mais longas de aulas. Role play/dramatização Características: O role play é uma técnica muito útil, aplicada mais frequente- mente na tutoria pedagógica, pois o trabalho do gestor pedagógico envolve mui- tas interações com adultos, conversas difíceis e posicionamentos de liderança junto com a equipe. Ao simularem uma situação, tutor e tutorado exploram diferentes possibilidades de abordagem e comportamento, de rever desde decisões e atitudes a aspectos como linguagem corporal, tom de voz, escolha de palavras. Na tutoria, o role play: •Tem um objetivo claro; •Foca em um dilema central; • É curto, a fim de permitir reflexão e tempo para ser refeito várias vezes, testando diferentes abordagens para a mesma situação ou simplesmente prati- cando por vezes seguidas uma mesma habilidade específica. Dependendo da situação, o tutor pode convidar o tutorado a entrar num role play, com ele, tutor, num papel que já é o seu na escola, ou no lugar de outra pessoa. Praticar uma situação no seu papel ajuda o tutorado a experimentar possíveis abordagens dentro dos limites de sua função atual. Entrar no papel do outro ofe- rece uma oportunidade ao tutorado de ter mais empatia com o que mobiliza, motiva o outro sempre com o propósito de refletir depois sobre como essa com- preensão pode ajudá-lo a pensar nas estratégias que colocará em prática. Propósitos A técnica de role play contribui para: • Ajudar o tutorado a se colocar no lugar do outro, para entender melhor um ponto de vista diferente do seu. Por exemplo: um diretor reclama para o tutor que a sua nova coordenadora pedagógica não tem visão nem iniciativa, porque 32 não traz os problemas para discutir com ele quando se reúnem. Ao fazer um role play com seu tutor, observa-se que o diretor tem o hábito de interromper o inter- locutor frequentemente para chegar logo a uma conclusão. Isso abre espaço para se levantar a hipótese de que a forma de se comunicar com sua coordena- dora pode ter efeito nas reações dela quando se reúnem. Com a ajuda do tutor, o diretor pode experimentar outras formas de interagir; • Preparar e praticar com o tutorado algumas conversas difíceis. Ajuda o tutorado a se acostumar com o desconforto inevitável em algumas interações necessárias. Para muitos gestores, dar feedback que inclua pontos negativos é uma área muito difícil sentem-se inseguros sobre como começar essas conversas, como falar de forma que ninguém se ofenda, mas que ao mesmo tempo se saia das zonas de conforto, que dificultam mudanças na prática e nos resultados na aprendizagem dos alunos. Por exemplo: um coordenador pedagógico que pre- cisa conversar individualmente com um professor que não tem planejado suas aulas e já disse em reunião que não precisa de acompanhamento. O coordenador se sente inseguro para ter essa conversa porque o professor tem mais anos de experiência docente que o coordenador e possui formação em matemática, enquanto o coordenador tem formação em educação física. O role play permite que o tutorado tente diferentes abordagens e perceba que, embora não tenha formação em matemática, consegue trazer questões impor- tantes de didática na conversa, a partir dos resultados de aprendizagem dos alunos, que não estão satisfatórios. Ação modelar Características: 3Ao modelar uma prática específica, o tutor demonstra de forma explícita (e em alguns casos, implícita) comportamentos e estratégias que o tu- torado não incorporou ainda em sua prática e que, em muitos casos, ainda não consegue visualizar. Exemplos de prática modelar podem incluir: •Aulas ou atividades específicas dentro de uma aula; • Condução de parte de uma reunião coletiva e/ou individual para modelar determinada habilidade, como, por exemplo, utilizar uma prática dialógica, 33 de fazer perguntas que estimulem a reflexão conjunta; •Demonstrar estratégias de comunicação -conversas, interações; •Role plays; • Mostrar exemplos de materiais escritos pelo tutor e discutir sobre a forma e a utilidade do mesmo. Propósitos Há situações em que modelar uma estratégia pode acelerar o processo de aprendizagem do tutorado. Ao vermos como alguém coloca algo em prática, te- mos uma ideia melhor sobre por onde podemos começar, como fazer. Além disso, mostra ao tutorado que o tutor também é um profissional que domina a prática, além da teoria. Pode ser um divisor de águas no caso de tutorados mais resistentes a serem observados. Vale ressaltar que o comportamento geral do tutor, nas suas diferentes rotinas, tem em si um caráter modelar e um potencial formativo, mesmo que não seja explicitado. Comunicação: escuta ativa e questionamento A essência da tutoria passa pela qualidade das conversas entre tutorado e tutor. O tutor usa estratégias de comunicação que o ajudam a levantar dados e infor- mações para a leitura do contexto e a construção do diagnóstico do tutorado. Ao mesmo tempo, o diálogo na tutoria não é só para colher informações senão o tutor não se diferenciaria de um pesquisador que vai para a escola e realiza entrevistas, questionários... A forma como se conduz o diálogo é chave no pro- pósito de estimular o tutorado a refletir, a construir o significado de uma situação, identificando problemas, dilemas, aprendizados. Nesse sentido, ter uma escuta ativa, atenta e saber fazer perguntas que mobilizem o tutorado são habilidades fundamentais. Desenvolvê-las ajuda o tutor a se utilizar cada vez menos do re- curso de contar e explicar detalhadamente suas próprias experiências e opini- ões. O desafio é dialogar com o tutorado de forma a estimulá-lo a refletir não sobre a experiência do tutor, mas sim a pensar e buscar soluções para o seu próprio contexto. 34 Escuta ativa Atenção, abertura, colocar-se na posição do outro. Saber escutar requer um en- volvimento ativo, contínuo, a fim de buscar informações, ampliar a compreensãosobre o tutorado, checar a compreensão, identificar áreas de desenvolvimento e próximos passos para a relação de tutoria. Saber escutar exige paciência, aber- tura, evitando ao máximo pré-julgamentos, de modo a aprofundar a compreen- são de determinada percepção ou comportamento do tutorado. O que dificulta, às vezes, uma boa escuta? Há fatores internos e externos que podem dificultar uma boa escuta. Ao tomar consciência desses fatores, o tutor pode pensar como tentar reduzir seus efeitos. Nesse sentido, a escuta é uma habilidade em constante aprimoramento. Alguns fatores internos: •Diferenças de opiniões e expectativas; •Estilos de aprendizagem; • Falta de atenção – falta de foco e/ou pressa para chegar aos próximos passos antes do outro terminar de falar; • Tendência de ignorar algo que foi dito às vezes nas entrelinhas para privilegiar o que o tutor percebe como urgente ou mais importante; • Preocupação com a forma em detrimento do conteúdo – preocupado com a forma de suas perguntas, o tutor corre o risco de perder oportunidades de se envolver com o que o tutorado está trazendo, de enxergar aberturas para entradas de tutoria, de propor formas de apoiá-lo. Alguns fatores externos: •Duração da sessão de tutoria (muito curta, muito extensa); •Interrupções; •Ambiente físico – ruídos, nível de conforto básico para conversar; • Disponibilidade de tempo. Propósitos Assim, combinadas com uma escuta ativa, perguntas têm o potencial de abrir caminho para o tutor: • Diagnosticar os pontos fortes e de atenção do tutorado, de forma a iden- tificar as áreas prioritárias para seu desenvolvimento naquele momento; 35 • Avaliar os avanços do tutorado; • Apoiar o tutorado na compreensão de fatos e das consequências deles para a escola; • Estimular o posicionamento do tutor como alguém que também está sempre aprendendo, focando o trabalho no tutorado e no seu contexto especí- fico; • Promover um novo olhar do tutorado, um novo jeito de pensar sobre a mesma situação; •Estimular a prática de questionar, refletir; • Testar hipóteses, ao conseguir ter evidências que podem confirmar ou não o que imaginava; • De forma explícita ou implícita, ajudar o tutorado a focar na reflexão e na busca de soluções. Cada estratégia usada precisa sempre estar a serviço do desenvolvimento do tutorado, encaixando-se com o que emerge no diálogo tutor-tutorado e no que foi demarcado como prioridade em seu plano de formação. Nesse processo, o tutor considera o contexto em que o tutorado atua, para envolver o tutorado em um processo de reflexão focada na sua prática e nas suas habilidades. O propó- sito é estimular mudanças de paradigma ou de comportamento necessárias para que o tutorado se desenvolva. Nesse sentido, o tutor é um formador que: •Desenvolve novos hábitos de reflexão e prática; •Estimula o questionamento e a análise crítica do tutorado; • Examina como os pressupostos que o tutorado tem de si, dos outros e do ambiente influenciam suas crenças e seu comportamento na escola; • Desenvolve a capacidade do tutorado de solucionar problemas; • Estimula a autonomia do tutorado, no sentido de buscar sua própria for- mação, seu autodesenvolvimento para além da tutoria. Embora tenha o papel de apoiar o tutorado a refletir e desenvolver soluções, o tutor encontrará momentos em que precisa ser mais diretivo. Vai depender da situação, das necessidades de aprendizagem do tutorado e do contexto da es- cola e da rede. Utilizada como eixo estruturante de reformas em diferentes sis- 36 temas educacionais no mundo, a tutoria possibilita o desenvolvimento de lide- ranças pedagógicas dentro de uma rede de forma sistêmica, na medida em que tutores são selecionados entre professores e gestores que se destacam por seu desempenho e potencial formador. Tutorados reconhecem, em seus formadores, profissionais que conhecem o dia a dia da escola e o contexto da sua rede. Nesse sentido, a tutoria contribui para que o sucesso individual de um profissio- nal ou de uma escola possa se multiplicar, colaborando no fortalecimento da capacidade técnica interna da rede. Os princípios norteadores da tutoria se ba- seiam nos conhecimentos acumulados sobre formação de adultos, sempre com o propósito de colaborar na melhoria dos resultados. 37 FUNÇÃO DOS AMBIENTES VIRTUAIS DE ENSINO E APRENDIZAGEM Quando se pensa no desenvolvimento do trabalho docente, a sala de aula normalmente constitui o local de encontro entre o professor e os alunos no ensino presencial. No entanto, com as novas tecnologias da informação e comunicação, outras possibilidades interativas estão se constituindo como relevantes instrumentos para organização do trabalho docente. A incorporação de novas tecnologias computacionais de comunicação possibilitou o desenvolvimento de sistemas digitais que integram conjuntos de programas e funcionalidades em uma sofisticada arquitetura computacional que possibilitou que plataformas educacionais hospedem e gerenciem o processo de ensino e aprendizagem realizado virtualmente (FILATRO, 2008). Tais sistemas ou plataformas, capazes de gerenciar a aprendizagem e também aspectos administrativos e tecnológicos a ela relacionados, são denominados Ambientes Virtuais de Ensino e Aprendizagem (AVAs) ou somente Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs). A nomenclatura reflete o conceito de “sala de aula online”, em que “a ideia de sistema eletrônico está presente mas é extrapolada pelo entendimento de que a educação não se faz sem ação e interação entre as pessoas” (FILATRO, 2008, p. 120). De forma semelhante às salas de aula presenciais, os ambientes virtuais de ensino e aprendizagem funcionam como o local onde se realizam as ações educacionais. Eles permitem a publicação, o armazenamento e a distribuição de materiais didáticos, assim como a comunicação entre alunos e equipe de suporte (FILATRO, 2008, p. 120). Os AVAs podem ser utilizados em qualquer âmbito educacional, seja a distância ou em atividades presenciais, possibilitando aumentar as interações para além da sala de aula; encontros presenciais e atividades a distância ou mesmo oferecendo suporte para a comunicação e troca de informações e interação entre os participantes (RIBEIRO et al., 2007, p. 04). A importância destes ambientes como ferramenta para trocas de informações, comunicação, interação, disponibilização de material de estudo e como apoio na educação a distância (RIBEIRO, 2007, p. 03) é tão relevante que os AVAs são, 38 reconhecidamente, a ferramenta mais utilizada na EaD entre os recursos educa- cionais disponíveis — tanto para o compartilhamento de conteúdos quanto para a comunicação com os estudantes (ABED, 2015). Os AVAs podem ser gratuitos (geralmente criados como software livre, disponí- veis para a construção colaborativa), privados (quando são desenvolvidos por uma empresa ou organização específica e posteriormente são “alugados” para as instituições utilizarem) ou ainda podem ser desenvolvidos pelas próprias ins- tituições (ABED, 2014). 39 REFERÊNCIA ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância. Censo EAD.BR: Rela- tório Analítico da Aprendizagem a Distância no Brasil 2014. Curitiba: Ibpex, 2015. ALVES, L. Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo. Re- vista Brasileira de Aprendizagem Aberta e A Distância, São Paulo, v. 10, n. 01, p.83-92, 01 jan. 2011. Anual. ALVES, Lynn; NOVA, Cristiane. Educação a Distância: Uma Nova Concepção de Aprendizagem e Interatividade. São Paulo, Futura, 2003. ALMEIDA, Fernando Joséet al. Educação a Distância: Formação de Professo- res em Ambientes Virtuais e Colaborativos de Aprendizagem. São Paulo, Projeto NAVE, 2001. APARICI, R. 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