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1 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 Principais Vasos Sanguíneos do Tronco e Pescoço Anatomia dos Sistemas FONTES: “ANATOMIA ORIENTADA PARA A CLÍNICA”, KEITH L. MOORE ET AL (7ª ED., 2014) “GRAY’S ANATOMIA”, STANDRING SUSAN (40ª ED., 2010) TÓRAX E PESCOÇO GRANDES VASOS NO MEDIASTINO SUPERIOR Uma parte dos vasos sanguíneos do tórax se encontra no mediastino superior, região que situa-se superiormente ao plano transverso do tórax, que atravessa o ângulo do esterno e a junção (disco IV) das vértebras TIV e TV. Em direção anteroposterior, o conteúdo do mediastino superior é: Timo; Grandes vasos, com as veias (veia braquiocefálica e VCS) anteriores às artérias (arco da aorta e as raízes de seus principais ramos — tronco braquiocefálico, artéria carótida comum esquerda e artéria subclávia esquerda) e nervos relacionados (nervos vago e frênico e o plexo cardíaco de nervos); Continuação inferior das vísceras cervicais (traqueia anteriormente e esôfago posteriormente) e nervos relacionados (nervo laríngeo recorrente esquerdo); Ducto torácico e troncos linfáticos. 2 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 Para resumir de modo organizado, a ordem das principais estruturas no mediastino superior, em sentido anteroposterior, é: (1) timo, (2) veias, (3) artérias, (4) vias respiratórias, (5) sistema digestório e (6) troncos linfáticos. Veias Braquiocefálicas [Pranchas 203 e 209 do Netter] As veias braquiocefálicas direita e esquerda formam-se posteriormente às articulações esternoclaviculares (EC) pela união das veias jugular interna e subclávia. No nível da margem inferior da 1ª cartilagem costal direita, as veias braquiocéfalicas unem-se para formar a veia cava superior (VCS). As veias braquiocefálicas conduzem o sangue da cabeça, pescoço e membros superiores para o átrio direito. OBS: o comprimento da veia braquiocefálica esquerda é maior que o dobro do comprimento da veia braquiocefálica direita, porque passa do lado esquerdo para o lado direito, anteriormente às raízes dos três principais ramos do arco da aorta. Veia Cava Superior (VCS) [Pranchas 203, 209 e 212 do Netter] A veia cava superior (VCS) conduz o sangue de todas as estruturas superiores ao diafragma, exceto os pulmões e o coração. Segue inferiormente e termina no nível da 3ª cartilagem costal, quando entra no átrio direito do coração. A VCS situa-se no lado direito do mediastino superior, anterolateral à traqueia e posterolateral à parte ascendente da aorta. O nervo frênico direito situa-se entre a VCS e a parte mediastinal da pleura parietal. A metade terminal da VCS situa-se no mediastino médio, onde está ao lado da parte ascendente da aorta e forma o limite posterior do seio transverso do pericárdio. Parte ascendente da aorta [Prancha 212 do Netter] A parte ascendente da aorta, com diâmetro aproximado de 2,5 cm, começa no óstio da aorta. Seus únicos ramos são as artérias coronárias, originadas nos seios da aorta. A parte ascendente da aorta é intrapericárdica; por isso e porque se situa inferiormente ao plano transverso do tórax, é considerada um conteúdo do mediastino médio (parte do mediastino inferior). 3 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 Arco da aorta [Pranchas 203, 209 e 212 do Netter] O arco da aorta, a continuação curva da parte ascendente da aorta; inicia-se posteriormente à 2ª articulação esternocostal (EC) direita, no nível do ângulo do esterno. Curva-se em sentido superior, posterior, para a esquerda e, depois, inferior. O arco da aorta ascende anteriormente à artéria pulmonar direita e à bifurcação da traqueia, atingindo seu ápice no lado esquerdo da traqueia e esôfago, quando passa sobre a raiz do pulmão esquerdo. O arco desce posteriormente à raiz esquerda do pulmão, ao lado da vértebra TIV, e termina formando a parte torácica (descendente) da aorta, posteriormente à 2ª articulação esternocostal esquerda. Veia ázigo O arco da veia ázigo ocupa uma posição correspondente à aorta, à direita da traqueia, sobre a raiz do pulmão direito, embora o sangue esteja fluindo na direção oposta. OBS: o ligamento arterial, o remanescente do canal arterial fetal, segue da raiz da artéria pulmonar esquerda até a face inferior do arco da aorta. Ramos do arco da aorta [Prancha 204 do Netter] Os ramos habituais do arco da aorta são o tronco braquiocefálico, a artéria carótida comum esquerda e a artéria subclávia esquerda. Tronco braquiocefálico O tronco braquiocefálico, o primeiro e maior ramo do arco da aorta, origina-se posteriormente ao manúbrio do esterno, onde está anterior à traqueia e posterior à veia braquiocefálica esquerda. Ascende superolateralmente até alcançar o lado direito da traqueia e a articulação EC direita, onde se divide nas artérias carótida comum direita e subclávia direita. Artéria subclávia direita Originada do tronco braquiocefálico, a artéria subclávia direita é formada por trás da borda superior da articulação esternoclavicular direita. Ela ascende acima da clavícula em posição superomedial, e em seguida posteriormente ao músculo escaleno anterior. A 4 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 seguir, ela desce lateralmente até o músculo escaleno anterior, até a borda externa da primeira costela, onde ela se torna a artéria axilar. Artéria carótida comum direita À direita, a artéria carótida comum origina-se do tronco braquiocefálico quando este passa posteriormente à articulação esternoclavicular. A carótida comum direita tem, portanto, apenas uma parte cervical, enquanto a carótida comum esquerda (que vem do arco da aorta) tem partes cervical e torácica. Artéria carótida comum esquerda A artéria carótida comum esquerda, o segundo ramo do arco da aorta, origina-se posteriormente ao manúbrio do esterno ligeiramente posterior e à esquerda do tronco braquiocefálico. Ascende anteriormente à artéria subclávia esquerda e inicialmente situa- se anterior à traqueia e depois à sua esquerda. Entra no pescoço passando posteriormente à articulação EC esquerda. Sobre as duas carótidas comuns: Após um curso semelhante em ambos os lados, a artéria carótida comum sobe, divergindo lateralmente a partir da parte posterior da articulação esternoclavicular no nível da margem superior da cartilagem tireóidea da laringe (articulação CIII-CIV), onde se divide em artérias carótidas interna e externa. Esta bifurcação pode ser, por vezes, em um nível superior. Na parte inferior do pescoço, as artérias carótidas comuns são separadas por um intervalo estreito que contém a traqueia. Acima deste, as artérias são separadas pela glândula tireoide, laringe e faringe. Cada artéria carótida é contida dentro da bainha carótica da fáscia cervical profunda, que também inclui a veia jugular interna e o nervo vago. A veia situa-se lateral à artéria, e o nervo situa-se entre elas e posterior a ambas. A veia jugular anterior cruza a artéria carótida comum acima da clavícula, separada dela pelo esterno-hióideo e pelo esternotireóideo. Posteriores à bainha carótica estão os processos transversos da quarta à sexta vértebras cervicais, aos quais estão inseridos o longo do pescoço, o longo da cabeça e as faixas tendíneas do escaleno anterior. A veia jugular interna situa-se lateral e, na parte inferior do pescoço também anterior, à artéria, enquanto o nervo vago situa-se posterolateralmente no ângulo entre a artéria e a veia. Artéria carótida externa e artéria carótida interna A artéria carótida externa começa lateral à margem superior da cartilagem tireóidea, ao nível do disco intervertebral entre a terceira e quarta vértebras cervicais. Um pouco curvada e com um suave espiral, ela5 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 primeiro ascende ligeiramente à frente e, em seguida, inclina para trás e um pouco lateralmente, passando a meia distância entre a extremidade do processo mastoide e o ângulo da mandíbula. Aqui, na substância da glândula parótida atrás do colo da mandíbula, divide-se em seus ramos terminais, as artérias temporal superficial e maxilar. À medida que sobe, dá origem a vários ramos grandes e diminui rapidamente de calibre. Na sua origem, está no trígono carotídeo e situa-se anteromedial à artéria carótida interna. Mais tarde, ela torna-se anterior; em seguida, lateral à carótida interna na medida em que sobe. Nos níveis mandibulares, o processo estiloide e suas estruturas anexas passam pelos vasos: a carótida interna é profunda, e a carótida externa superficial, ao processo estiloide. A partir de sua origem na bifurcação carótica, onde, geralmente, tem um seio carotídeo, a artéria carótida comum sobe anterior aos processos transversos das três vértebras cervicais superiores à abertura inferior do canal carótico na parte petrosa do osso temporal. Aqui, entra na cavidade craniana e curva-se anteriormente através do seio cavernoso no sulco carótico na parte lateral do corpo do osso esfenoide. Ela termina abaixo da substância perfurada anterior pela divisão em artérias cerebral anterior e média. Pode ser convenientemente dividida em partes cervical, petrosa, cavernosa e cerebral. OBS: uma ponta do dedo colocada no trígono carótico percebe uma pulsação arterial poderosa, que representa o término da carótida comum, as origens das carótidas interna e externa, e os troncos dos ramos iniciais da carótida externa. Artéria subclávia esquerda A artéria subclávia esquerda, o terceiro ramo do arco, origina-se da parte posterior do arco da aorta, imediatamente posterior à artéria carótida comum esquerda. Ascende lateralmente à traqueia e à artéria carótida comum esquerda no mediastino superior; não emite ramos no mediastino. Quando sai do tórax e entra na raiz do pescoço, passa posteriormente à articulação EC esquerda. A artéria subclávia esquerda sobe em direção ao pescoço, lateralmente à borda medial do músculo escaleno anterior, cruza por trás deste músculo e em seguida desce em direção à borda externa da primeira costela, onde ela se torna a artéria axilar. No tórax, a artéria subclávia esquerda está relacionada anteriormente com a artéria carótida comum esquerda e a veia braquiocefálica esquerda, da qual está separada pelo nervo vago esquerdo e pelos nervos cardíacos e frênicos. Mais superficialmente, a margem anterior do pulmão, a pleura e os músculos esternotireóideo e esterno-hióideo se encontram entre o vaso e a área esquerda superior 6 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 do manúbrio do esterno. O lado esquerdo do esôfago, o ducto torácico e o músculo longo do pescoço são posteriores. A artéria subclávia esquerda está em contato posterolateralmente com o pulmão e a pleura esquerdos. A traqueia, o nervo laríngeo recorrente esquerdo, o esôfago e o ducto torácico estão mediais. Lateralmente, a artéria forma um sulco na parte mediastinal da pleura e do pulmão esquerdos, e também invadindo suas faces anterior e posterior. Veia subclávia A veia subclávia, o principal canal venoso que drena o membro superior, curva-se através da parte inferior da região cervical lateral. Passa anteriormente ao músculo escaleno anterior e ao nervo frênico e une-se, na margem medial do músculo, com a veia jugular interna para formar a veia braquiocefálica, posteriormente à extremidade medial da clavícula. Veia jugular interna A veia jugular interna recolhe sangue do crânio, cérebro, partes superficiais da face e grande parte do pescoço. Ela começa na base do crânio no compartimento posterior do forame jugular, onde é contínua com o seio sigmoide. A veia jugular interna desce na bainha carótica e une-se com a veia subclávia, posterior à extremidade esternal da clavícula, formando a veia braquiocefálica. REVISÃO - ARTÉRIAS PARTE ASCENDENTE DA AORTA → ARTÉRIAS CORONÁRIAS DIREITA E ESQUERDA ARCO DA AORTA → TRONCO BRAQUIOCEFÁLICO, ARTÉRIA CARÓTIDA COMUM ESQUERDA E ARTÉRIA SUBCLÁVIA ESQUERDA TRONCO BRAQUIOCEFÁLICO → ARTÉRIA CARÓTIDA COMUM DIREITA E ARTÉRIA SUBCLÁVIA DIREITA ARTÉRIA CARÓTIDA COMUM → ARTÉRIA CARÓTIDA EXTERNA E ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA ARTÉRIA SUBCLÁVIA → ARTÉRIA AXILAR → ARTÉRIA BRAQUIAL → ARTÉRIA RADIAL E ARTÉRIA ULNAR - VEIAS VEIA BRAQUIOCEFÁLICA ← VEIA JUGULAR INTERNA E VEIA SUBCLÁVIA VEIA CAVA SUPERIOR ← VEIAS BRAQUIOCEFÁLICAS (D/E) 7 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 GRANDES VASOS NO MEDIASTINO POSTERIOR O mediastino posterior (a parte posterior do mediastino inferior) está localizado inferiormente ao plano transverso do tórax, anteriormente às vértebras TV–TXII, posteriormente ao pericárdio e ao diafragma e entre a pleura parietal dos dois pulmões. O mediastino posterior contém a parte torácica da aorta, o ducto torácico e os troncos linfáticos, os linfonodos mediastinais posteriores, as veias ázigo e hemiázigo, o esôfago e o plexo nervoso esofágico. Parte torácica da aorta [Prancha 229 do Netter] A parte torácica da aorta é a continuação do arco da aorta. Começa à esquerda da margem inferior do corpo da vértebra TIV e desce no mediastino posterior à esquerda das vértebras TV a TXII. Na descida, aproxima-se do plano mediano e desloca o esôfago para a direita. É circundada pelo plexo aórtico torácico, uma rede nervosa autônoma [Prancha 206 do Netter]. A parte torácica da aorta situa-se posteriormente à raiz do pulmão esquerdo, pericárdio e esôfago. Termina (com a mudança de nome para parte abdominal da aorta) anteriormente à margem inferior da vértebra TXII e entra no abdome através do hiato aórtico no diafragma. O ducto torácico e a veia ázigo ascendem à sua direita e a acompanham através desse hiato. OBS: em um padrão que é mais evidente no abdome, os ramos da parte descendente da aorta se originam e seguem em três “planos vasculares”: Um plano mediano anterior de ramos viscerais ímpares para o intestino (sistema digestório embrionário) e seus derivados; Planos laterais de ramos viscerais pares que irrigam outras vísceras além do intestino e seus derivados; Planos posterolaterais de ramos parietais (segmentares) pares que suprem a parede do corpo. As exceções a esse padrão incluem: Artérias frênicas superiores, ramos parietais pares que seguem anterolateralmente até a face superior do diafragma (que, na verdade, está voltada posteriormente nesse nível, devido à convexidade do diafragma), onde se anastomosam com os ramos musculofrênico e pericardicofrênico da artéria torácica interna; Ramos pericárdicos, ramos ímpares que se originam anteriormente, mas em vez de seguirem para o intestino, enviam ramos para o pericárdio. O mesmo é válido para as 8 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 pequenas artérias mediastinais que suprem os linfonodos e outros tecidos do mediastino posterior. Sistema Venoso Ázigo [Prancha 189 do Netter] O sistema venoso ázigo, situado de cada lado da coluna vertebral, drena as paredes do dorso e toracoabdominais e as vísceras do mediastino. O sistema ázigo apresenta grande variação em sua origem, trajeto, tributárias e anastomoses. A veia ázigo e sua principal tributária, a veia hemiázigo, geralmente têm origem em “raízes” oriundas da face posterior da VCI e/ou veia renal, respectivamente, que se fundem com as veias lombares ascendentes. A veia ázigo forma uma via colateral entre a VCS e a VCI e drena sangue das paredes posteriores do tórax e abdome. Ascende no mediastino posterior, passando perto das faces direitas dos corpos dasoito vértebras torácicas inferiores. Curva-se sobre a face superior da raiz do pulmão direito para se unir à VCS, de modo semelhante ao modo como o arco da aorta passa sobre a raiz do pulmão esquerdo. A veia hemiázigo origina-se no lado esquerdo pela união das veias subcostal esquerda e lombar ascendente. Ascende no lado esquerdo da coluna vertebral, posteriormente à parte torácica da aorta, até a vértebra TIX. Aqui, cruza para a direita, posteriormente à aorta, ducto torácico e esôfago, e se une à veia ázigo. A veia hemiázigo recebe as três veias intercostais posteriores inferiores, as veias esofágicas inferiores e várias pequenas veias mediastinais. A veia hemiázigo acessória começa na extremidade medial do 4º ou 5º espaço intercostal e desce à esquerda da coluna vertebral de TV a TVIII. Cruza sobre a vértebra TVII ou TVIII, posteriormente à parte torácica da aorta e ducto torácico, onde se une à veia ázigo. 9 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 ABDOME Parte abdominal da aorta [Prancha 259 do Netter] A parte abdominal da aorta tem aproximadamente 13 cm de comprimento. Começa no hiato aórtico no diafragma, no nível da vértebra TXII, e termina no nível da vértebra LIV, dividindo-se nas artérias ilíacas comuns direita e esquerda. OBS: a parte abdominal da aorta pode ser representada na parede anterior do abdome por uma faixa (com cerca de 2 cm de largura) que se estende de um ponto mediano, aproximadamente 2,5 cm superiormente ao plano transpilórico, até um ponto ligeiramente (2 a 3 cm) inferior e à esquerda do umbigo, no nível do plano supracristal (plano dos pontos mais altos das cristas ilíacas). Em crianças e adultos magros, a porção inferior da parte abdominal da aorta está suficientemente próxima da parede anterior do abdome para que suas pulsações possam ser detectadas ou aparentes quando a parede está relaxada. Da parte superior para a inferior, as relações anteriores importantes da parte abdominal da aorta são [Pranchas 260 e 268 do Netter]: Plexo e gânglio celíacos; Corpo do pâncreas e veia esplênica; Veia renal esquerda; Parte horizontal do duodeno; Alças de intestino delgado. A parte abdominal da aorta desce anteriormente aos corpos das vértebras TXII a LIV. As veias lombares esquerdas seguem posteriormente à aorta para chegar à VCI. À direita, a aorta está relacionada com veia ázigo, cisterna do quilo, ducto torácico, pilar direito do diafragma e gânglio celíaco direito. À esquerda, a aorta está relacionada com o pilar esquerdo do diafragma e o gânglio celíaco esquerdo. Tronco celíaco [Pranchas 260 e 268 do Netter] O tronco celíaco é o primeiro ramo anterior da aorta abdominal e se origina logo abaixo do hiato aórtico ao nível dos corpos vertebrais de TXII/LI. Ele tem 1,5-2 cm de comprimento e passa quase horizontalmente para a frente e levemente para a direita, acima do pâncreas e da veia esplênica. Ele se divide em artérias gástrica esquerda, hepática comum e esplênica [macete do HGE]. O tronco celíaco também pode dar origem a uma ou ambas as artérias frênicas inferiores. O plexo celíaco circunda o tronco celíaco e envia extensões ao longo de seus ramos. 10 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 À direita localizam- se o gânglio celíaco direito, o pilar direito do diafragma e o lobo caudado do fígado. À esquerda localizam-se o gânglio celíaco esquerdo, o pilar esquerdo do diafragma e a extremidade cárdica do estômago. OBS: a artéria mesentérica superior pode ter uma origem comum com o tronco celíaco. Um ou mais dos ramos mesentéricos superiores pode se originar do tronco celíaco. O pilar direito pode comprimir a origem do tronco celíaco, o que dá a aparência de um estreitamento. O corpo do pâncreas e a veia esplênica estão inferiores ao tronco celíaco. Artéria mesentérica superior [Pranchas 260 e 268 do Netter] A artéria mesentérica superior (AMS) origina-se a partir da aorta abdominal aproximadamente a 1 cm abaixo do tronco celíaco, ao nível do disco intervertebral entre LI e LII. Ela localiza-se posteriormente à veia esplênica e ao corpo do pâncreas e está separada da aorta pela veia renal esquerda. Ela segue inferior e anteriormente, anterior ao processo uncinado do pâncreas e à terceira parte do duodeno. Artéria mesentérica inferior [Pranchas 260 e 268 do Netter] A artéria mesentérica inferior (AMI) é usualmente menor em calibre do que a artéria mesentérica superior. Ela se origina a partir da face anterior ou anterolateral esquerda da aorta abdominal ao nível da terceira vértebra lombar (LIII), 3 ou 4 cm acima da bifurcação da aorta e posteriormente à parte horizontal do duodeno. Artéria sacral mediana Pode-se considerar que a artéria sacral mediana, um ramo parietal ímpar da aorta abdominal, ocupa um quarto plano (posterior), porque se origina na face posterior da aorta imediatamente proximal à sua bifurcação. Embora seja bem menor, também poderia ser considerada uma “continuação” mediana da aorta. Artéria ilíaca comum [Pranchas 379, 380 e 381 do Netter] A aorta abdominal bifurca-se nas artérias ilíacas comuns direita e esquerda, anterolateralmente ao lado esquerdo do corpo da quarta vértebra lombar. Essas artérias divergem à medida que descem e se dividem no nível das articulações sacroilíacas em artérias ilíacas externas e internas. 11 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 A artéria ilíaca externa é a principal artéria para o membro inferior. A artéria ilíaca interna fornece o principal suprimento para as paredes e vísceras da pelve, para o períneo e para a região glútea. A artéria ilíaca comum direita tem aproximadamente 5 cm de comprimento. Ela passa obliquamente sobre parte dos corpos das quarta e quinta vértebras lombares e é cruzada anteriormente pelos ramos simpáticos para o plexo pélvico e, em sua divisão em artérias ilíacas interna e externa, pelo ureter. Ela é coberta pelo peritônio parietal, que a separa das alças do intestino delgado. A artéria ilíaca comum esquerda é mais curta que a direita e tem aproximadamente 4 cm de comprimento. Dispostos anteriormente a ela, encontram-se os ramos simpáticos para o plexo pélvico, a artéria retal superior e, em sua bifurcação terminal, o ureter. Artéria ilíaca interna [Pranchas 379, 380 e 381 do Netter] Cada artéria ilíaca interna, com aproximadamente 4 cm de comprimento, inicia-se na bifurcação da artéria ilíaca comum, no nível do disco intervertebral lombossacral e anteriormente à articulação sacroilíaca. Ela desce posteriormente à margem superior do forame isquiático maior, onde divide- se em um tronco anterior, que se estende na mesma linha em direção à espinha isquiática, e um tronco posterior, que passa de volta para o forame ciático maior. Anteriormente à artéria, estão o ureter e, em mulheres, o ovário e a extremidade fimbriada da tuba uterina. A veia ilíaca interna, o tronco lombossacral e a articulação sacroilíaca localizam-se em posição posterior. Lateralmente, localizam-se a veia ilíaca externa, entre a artéria e o músculo psoas maior, e o nervo obturatório disposto inferiormente à veia. Artéria ilíaca externa [Pranchas 379, 380 e 381 do Netter] As artérias ilíacas externas são de calibre maior que as artérias ilíacas internas. Cada artéria desce lateralmente ao longo da borda medial do músculo psoas maior, a partir da bifurcação ilíaca comum, até um ponto a meio caminho entre a espinha ilíaca anterossuperior e a sínfise púbica, e entra na coxa posteriormente ao ligamento inguinal para se tornar a artéria femoral. Em sua origem, a artéria ilíaca externa pode ser cruzada pelo ureter e é também cruzada pelos vasos gonadais, pelo ramo genital do nervo genitofemoral, pela veia circunflexailíaca profunda e pelo canal deferente (no homem) ou pelo ligamento redondo (na mulher). Posteriormente, a artéria está separada da borda medial do músculo psoas maior pela fáscia ilíaca. A veia ilíaca externa localiza-se parcialmente posterior à sua parte superior, mas localiza- se mais medialmente abaixo. Lateralmente, ela está relacionada ao músculo psoas maior, que é coberto pelas fáscias ilíaca e do psoas. 12 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 Veia ilíaca comum [Pranchas 379, 380 e 381 do Netter] A veia ilíaca comum é formada pela união das veias ilíacas externa e interna, anteriores às articulações sacroilíacas. Ela ascende obliquamente para terminar do lado direito da quinta vértebra lombar e une- se em um ângulo agudo ao vaso contralateral para formar a veia cava inferior. A veia ilíaca comum direita é mais curta e mais aproximadamente vertical, disposta posteriormente e em seguida lateralmente à sua artéria correspondente. O nervo obturatório direito passa posteriormente. A veia ilíaca comum esquerda é mais longa e mais oblíqua, e localiza-se primeiro medialmente e em seguida posteriormente à sua artéria correspondente. Ela é cruzada anteriormente pela inserção do mesocólon sigmoide e pelos vasos retais superiores. OBS: não existem valvas nestas veias. Veia ilíaca interna [Pranchas 379, 380 e 381 do Netter] A veia ilíaca interna é formada pela convergência de várias veias acima do forame isquiático maior. Ela não apresenta os troncos e ramos previsíveis da artéria ilíaca interna correspondente, mas suas tributárias drenam os mesmos territórios. Ela ascende posteromedialmente à artéria ilíaca interna para se unir à veia ilíaca externa, formando a veia ilíaca comum na margem pélvica, anterior à parte inferior da articulação sacroilíaca ipsilateral. Ela é coberta anteromedialmente pelo peritônio parietal. Veia ilíaca externa [Pranchas 379, 380 e 381 do Netter] A veia ilíaca externa é a continuação proximal da veia femoral. Ela se inicia profundamente ao ligamento inguinal, ascende ao longo da margem pélvica e termina anteriormente à articulação sacroilíaca através da junção com a veia ilíaca interna ipsilateral para formar a veia ilíaca comum. À direita, ela localiza-se medialmente à artéria ilíaca externa e inclina-se gradualmente por trás desta à medida que ascende. À esquerda, ela localiza-se toda medialmente. A veia ilíaca externa é cruzada medialmente pelo ureter e pela artéria ilíaca interna. Em homens, ela é cruzada pelo canal deferente, e em mulheres pelo ligamento redondo do útero e pelos vasos ovarianos. O músculo psoas maior localiza-se lateralmente, exceto por onde a artéria passa entre eles. OBS: a veia normalmente não apresenta valvas, mas pode conter uma única valva. Artérias gonadais [Prancha 308 do Netter] As artérias gonadais são dois longos vasos delicados que se originam a partir da aorta um pouco inferiormente às artérias renais. Cada uma passa inferolateralmente sob o peritônio parietal sobre o músculo psoas maior. Nos homens, elas são chamadas de artérias testiculares direita e esquerda e, nas mulheres, artérias ovarianas direita e esquerda. 13 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 Veias gonadais [Prancha 308 do Netter] No que diz respeito às veias gonadais, somente a veia gonadal direita se une à veia cava inferior diretamente. Ela se abre em sua face anterolateral direita em um ângulo agudo, logo inferior ao nível da veia renal esquerda. Ela é frequentemente dupla durante todo o trajeto até o nível de entrada na veia cava inferior. A veia gonadal esquerda é tributária da veia renal esquerda. Veia cava inferior [Prancha 308 do Netter] A veia cava inferior (VCI) conduz o sangue para o átrio direito a partir de todas as estruturas abaixo do diafragma. A maior parte de seu trajeto encontra-se no interior do abdome, porém uma pequena parte encontra-se dentro do pericárdio fibroso no tórax. A veia cava inferior é formada pela junção das veias ilíacas comuns, anteriores ao corpo de LV, um pouco para a sua direita. Ela ascende anteriormente à coluna vertebral, à direita da aorta, e está contida em um profundo sulco na superfície posterior do fígado, ou às vezes em um túnel fechado por uma faixa de tecido hepático. Em seguida, ela cruza a parte tendinosa do diafragma entre seus “folhetos” mediano e direito, inclina-se levemente anteromedialmente e passa através do pericárdio fibroso e de uma reflexão posterior do pericárdio seroso, para se abrir na parte inferoposterior do átrio direito. OBS: a porção abdominal da veia cava inferior é desprovida de valvas. Anteriormente, a veia cava inferior está relacionada à artéria ilíaca comum direita em sua origem. Ela é cruzada obliquamente pela raiz do mesentério e seus vasos e nervos contidos, e pela artéria gonadal direita. 14 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 Ela se localiza atrás do peritônio da parede abdominal posterior e da terceira parte do duodeno e ascende por trás da cabeça do pâncreas e em seguida da primeira parte do duodeno, separada dessas estruturas pelo ducto biliar comum e pela veia porta. Acima do duodeno, ela é novamente coberta pelo peritônio da parede abdominal posterior, que forma a parede posterior do forame epiploico e separa a veia cava inferior da borda livre direita do omento menor e de seus conteúdos. Acima deste, ela está intimamente relacionada ao fígado anteriormente. Os corpos das três vértebras lombares inferiores e seus discos intervertebrais, o ligamento longitudinal anterior, o músculo psoas maior, o tronco simpático e as terceira e quarta artérias lombares direitos estão todos posteriores à veia cava inferior. Superiormente a estas estruturas, a veia cava inferior está relacionada posteriormente ao pilar direito do diafragma, à parte medial da glândula suprarrenal direita, ao gânglio celíaco direito e às artérias renal, suprarrenal média e frênica inferior direitas. O ureter direito, a segunda parte do duodeno, a borda medial do rim direito e o lobo direito do fígado estão todos lateralmente ao lado direito da veia cava inferior. A aorta, o pilar direito do diafragma e o lobo caudado do fígado estão todos do lado esquerdo da veia cava inferior. Veia mesentérica superior [Pranchas 291 e 292 do Netter] A veia mesentérica superior drena todo o intestino delgado, o ceco, e as partes ascendente e transversa do cólon. Ela é formada na parte inferior direita do mesentério do intestino delgado pela união de tributárias derivadas do íleo terminal, do ceco, e do apêndice vermiforme. Ela sobe no mesentério à direita da artéria mesentérica superior, passa anteriormente ao ureter direito, à veia cava inferior, à terceira parte do duodeno e ao processo uncinado do pâncreas, e finalmente se une à veia esplênica posterior ao colo do pâncreas para formar a veia porta. Veia mesentérica inferior [Pranchas 291 e 292 do Netter] A veia mesentérica inferior drena o reto, o colo sigmoide, o colo descendente e a parte distal do colo transverso. Ela se inicia como a veia retal superior, a partir do plexo retal, através do qual ela se conecta com as veias retais média e inferior. A veia mesentérica inferior se encontra à esquerda da artéria mesentérica inferior, sobe por baixo do peritônio e anteriormente ao músculo psoas maior esquerdo e pode cruzar os vasos testiculares ou ováricos ou subir medialmente a eles. Ela geralmente se encontra lateralmente ou ocasionalmente posterior à flexura duodenojejunal, e a prega peritoneal diretamente lateral à flexura é um útil guia para localizar a veia durante uma cirurgia. Ela geralmente drena para a veia esplênica, mas ocasionalmente drena para a confluência das veias esplênica e mesentéricasuperior, ou diretamente para a veia mesentérica superior. 15 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 Artérias e veias renais [Pranchas 308 e 310 do Netter] As artérias renais direita e esquerda originam-se da aorta abdominal no nível do disco intervertebral entre as vértebras LI e LII. A artéria renal direita, que é mais longa, passa posteriormente à VCI. Tipicamente, cada artéria divide-se perto do hilo renal em cinco artérias segmentares, que são artérias terminais (i. e., não fazem anastomoses significativas com outras artérias segmentares, de modo que a área suprida por cada artéria segmentar é uma unidade independente, cirurgicamente ressecável ou segmento renal). OBS: é comum haver várias artérias renais, que geralmente entram no hilo renal. Artérias renais extra-hilares, ramos da artéria renal ou da aorta, podem entrar na face externa do rim, muitas vezes em seus polos. Diversas veias renais drenam cada rim e se unem de modo variável para formar as veias renais direita e esquerda; estas situam-se anteriormente às artérias renais direita e esquerda. Todas as veias renais drenam para a VCI. Veia porta A veia porta, curta e larga, é formada pela união das veias mesentérica superior e esplênica, posteriormente ao colo do pâncreas. Ascende anteriormente à VCI como parte da tríade portal no ligamento hepatoduodenal. OBS: a artéria hepática, um ramo do tronco celíaco, pode ser dividida em artéria hepática comum, do tronco celíaco até a origem da artéria gastroduodenal, e artéria hepática própria, da origem da artéria gastroduodenal até a bifurcação da artéria hepática. Na porta do fígado, ou perto dela, a artéria hepática e a veia porta terminam dividindo-se em ramos direito e esquerdo; esses ramos primários suprem as partes direita e esquerda do fígado, respectivamente. Nas partes direita e esquerda do fígado, as ramificações secundárias simultâneas da veia porta e da artéria hepática suprem as divisões medial e lateral das partes direita e esquerda do fígado, com três dos quatro ramos secundários sofrendo ramificações adicionais (terciárias) para suprirem independentemente sete dos oito segmentos hepáticos. 16 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 Entre as divisões estão as veias hepáticas direita, intermédia e esquerda, que são intersegmentares em sua distribuição e função, drenando partes dos segmentos adjacentes. As veias hepáticas, formadas pela união das veias coletoras que, por sua vez, drenam as veias centrais do parênquima hepático, abrem-se na VCI logo abaixo do diafragma. CORRELAÇÕES CLÍNICAS Variações dos ramos do arco da aorta - o padrão habitual de ramos do arco da aorta é encontrado em aproximadamente 65% das pessoas. Em aproximadamente 27% das pessoas, a artéria carótida comum esquerda origina-se do tronco braquiocefálico. O tronco braquiocefálico não se forma em cerca de 2,5% das pessoas; nesses casos, cada uma das quatro artérias (carótidas comuns e subclávias direitas e esquerdas) tem origem independente no arco da aorta. A artéria vertebral esquerda origina-se do arco da aorta em cerca de 5% das pessoas. Os troncos braquiocefálicos direito e esquerdo originam-se do arco em cerca de 1,2% das pessoas. Algumas vezes, uma artéria subclávia direita retroesofágica origina-se como o último (à extrema esquerda) ramo do arco da aorta. A artéria cruza posteriormente ao esôfago para chegar ao membro superior direito e pode comprimir o esôfago, causando dificuldade à deglutição (disfagia). Uma artéria acessória para a glândula tireoide, a artéria tireoidea ima, pode originar-se do arco da aorta ou da artéria braquiocefálica. Anomalias do arco da aorta - a parte mais superior do arco da aorta geralmente está cerca de 2,5 cm inferior à margem superior do manúbrio do esterno, mas pode estar mais superior ou inferior. Às vezes o arco da aorta curva-se sobre a raiz do pulmão direito e segue inferiormente no lado direito, formando um arco da aorta à direita. Em alguns casos, o arco anormal, após passar sobre a raiz do pulmão direito, pode seguir posteriormente ao esôfago, até alcançar sua posição habitual do lado esquerdo. Com menor frequência, um arco da aorta duplo forma um anel vascular ao redor do esôfago e da traqueia. Quando há compressão da traqueia a ponto de afetar a respiração pode ser necessário realizar a divisão cirúrgica do anel vascular. 17 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 Aneurisma da aorta ascendente - a porção distal da parte ascendente da aorta recebe um forte impulso de sangue quando o ventrículo esquerdo se contrai. Como sua parede não é reforçada pelo pericárdio fibroso (o pericárdio fibroso funde-se à túnica externa da aorta no início do arco), pode haver desenvolvimento de um aneurisma (dilatação localizada). O aneurisma aórtico pode ser visto à radiografia ou angiografia por RM do tórax como uma área aumentada da silhueta da parte ascendente da aorta. Indivíduos com aneurisma geralmente se queixam de dor torácica com irradiação para o dorso. O aneurisma pode comprimir a traqueia, o esôfago e o nervo laríngeo recorrente, causando dificuldade respiratória e à deglutição. Coartação da aorta - nessa situação, o arco da aorta ou a sua parte torácica tem um estreitamento anormal (estenose) que diminui o calibre da luz, provocando uma obstrução ao fluxo sanguíneo para a parte inferior do corpo. O local mais comum de coartação é perto do ligamento arterial. Quando a coartação situa-se inferiormente a esse local (coartação pós-ductal), geralmente há desenvolvimento de boa circulação colateral entre as partes proximal e distal da aorta através das artérias intercostais e torácicas internas. Esse tipo de coartação é compatível com muitos anos de vida porque a circulação colateral conduz sangue para a parte torácica da aorta inferior à estenose. Os vasos colaterais podem tornar-se tão grandes que causam pulsação notável nos espaços intercostais e erosão das superfícies adjacentes das costelas, que é visível em radiografias do tórax. Vias de circulação colateral venosa no coração - as veias ázigo, hemiázigo e hemiázigo acessória são meios alternativos (colaterais) de drenagem venosa das regiões torácica, abdominal e dorsal quando há obstrução da VCI. Em algumas pessoas, há uma veia ázigo acessória paralela à veia ázigo no lado direito. Outras pessoas não têm sistema venoso hemiázigo. Uma variação clinicamente importante, embora rara, ocorre quando o sistema ázigo recebe todo o sangue da VCI, exceto o sangue proveniente do fígado. Nessas pessoas, o sistema ázigo drena quase todo o sangue inferior ao diafragma, exceto o sangue do trato digestório. Se houver obstrução da VCS acima da entrada da veia ázigo, o sangue pode drenar inferiormente para as veias da parede abdominal e voltar ao átrio direito pelo sistema venoso ázigo e pela VCI. Radiografia do mediastino - o coração forma a maior parte da imagem radiopaca central em incidências PA, mas não é possível distinguir as câmaras cardíacas individualmente. É importante conhecer as estruturas que formam a silhueta cardiovascular porque alterações nessa silhueta podem indicar doença ou anomalias funcionais. Em radiografias PA (vistas AP), as margens da silhueta cardiovascular são: Margem direita - veia braquiocefálica direita, VCS, átrio direito e VCI; Margem esquerda - parte terminal do arco da aorta, tronco pulmonar, aurícula esquerda e ventrículo esquerdo. A parte inferior esquerda da silhueta cardiovascular representa a região do ápice. Quando presente, o ápice anatômico típico costuma estar situado inferiormente à imagem do diafragma. Existem três tipos principais de silhuetas cardiovasculares, que dependem basicamente do biotipo: Tipo transversal - observado em pessoas obesas,gestantes e lactentes; 18 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 Tipo oblíquo - característico da maioria das pessoas; Tipo vertical - encontrado em pessoas com tórax estreito. TC e RM do mediastino - a TC e a RM são muito usadas para exame do tórax. Às vezes a TC é associada à mamografia para examinar as mamas. Antes de obter imagens na TC, administra-se um contraste por via intravenosa. Como as células cancerosas da mama têm uma afinidade incomum pelo iodeto, podem ser reconhecidas. A RM geralmente é melhor para detecção e delimitação das lesões nos tecidos moles. É muito útil para exame das vísceras e linfonodos do mediastino e das raízes dos pulmões, por meio de imagens planares e reconstruídas. As imagens de TC e RM transversais (axiais) são sempre orientadas para mostrar como pareceria a secção horizontal do corpo de um paciente deitado sobre uma mesa de exame para o médico posicionado aos pés do paciente. Portanto, o topo da imagem é anterior, e a margem lateral esquerda da imagem representa a superfície lateral direita do corpo do paciente. Dados de TC e RM podem ser reconstruídos graficamente pelo computador como cortes transversais, sagitais, oblíquos ou coronais do corpo. 19 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 1. Veia braquiocefálica direita 2. Veia braquiocefálica esquerda 3. Artéria braquiocefálica 4. Artéria carótida comum esquerda 5. Artéria subclávia esquerda 6. Esôfago 7. Traqueia 8. Brônquio principal direito 9. Brônquio principal esquerdo 10. Cartilagem costal 11. Esterno 12. Clavícula 13. Veia axilar 14. Pulmão direito 15. Pulmão esquerdo 16. Corpo vertebral de T IV 17. Corpo vertebral de T V 18. Corpo vertebral de T VI 19. Corpo vertebral de T VIII 20. Arco da aorta 21. Mediastino anterior (região do remanescente tímico) 22. Veia cava superior 23. Arco da veia ázigo 24. Parte ascendente da aorta 25. Parte descendente da aorta 26. Cone arterial 27. Tronco pulmonar 28. Artéria pulmonar direita 29. Artéria pulmonar esquerda 30. Veia hemiázigo 31. Vasos torácicos internos 32. Átrio direito 33. Ventrículo direito 34. Átrio esquerdo 35. Ventrículo esquerdo 36. Veia pulmonar direita inferior 37. Veia pulmonar esquerda inferior 20 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 Punção da veia subclávia - muitas vezes a veia subclávia direita ou esquerda é o ponto de entrada no sistema venoso para acesso central, como um cateter de Swan-Ganz. Os acessos centrais são instituídos para administrar líquidos parenterais (nutrição venosa) e medicamentos e também para aferir a pressão venosa central. Em um acesso infraclavicular da veia subclávia, o profissional de saúde coloca o polegar de uma das mãos na parte média da clavícula e o dedo indicador na incisura jugular no manúbrio. A agulha punciona a pele inferiormente ao polegar (meio da clavícula) e é empurrada medialmente em direção à ponta do dedo indicador (incisura jugular) até que a extremidade entre no ângulo venoso direito, posteriormente à articulação esternoclavicular. Nesse local, as veias jugular interna e subclávia unem-se para formar a veia braquiocefálica. Se a agulha não for introduzida com cuidado, pode perfurar a pleura e o pulmão, com consequente pneumotórax; Além disso, se o local de inserção da agulha for muito posterior, ela pode entrar na artéria subclávia; Quando a agulha é introduzida corretamente, um cateter macio e flexível é introduzido na veia subclávia, usando-se a agulha como guia. Cateterismo cardíaco direito - no cateterismo cardíaco direito (para aferir a pressão nas câmaras direitas do coração), pode-se usar a punção da VJI para introduzir um cateter através da veia braquiocefálica direita até a veia cava superior (VCS) e o lado direito do coração. Embora a via preferida seja a VJI ou a veia subclávia, pode ser necessário puncionar a VJE em alguns pacientes. Esta veia não é ideal para cateterização porque seu ângulo de junção com a veia subclávia dificulta a passagem do cateter. Proeminência da veia jugular externa - a VJE pode servir como “barômetro interno”. Quando a pressão venosa está na faixa normal, geralmente apenas um pequeno segmento da VJE é visível acima da clavícula. Entretanto, quando a pressão venosa aumenta (p. ex., como na insuficiência cardíaca), a veia é proeminente em todo o trajeto ao longo da face lateral do pescoço. Logo, a observação rotineira das VJE durante o exame físico pode oferecer sinais diagnósticos de insuficiência cardíaca, obstrução da VCS, linfadenopatia supraclavicular ou aumento de pressão intratorácica. Secção da veia jugular externa - se a VJE for seccionada ao longo da margem posterior do ECM, onde perfura o teto da região cervical lateral (p. ex., em uma agressão por faca), seu lúmen é mantido aberto pela lâmina superficial resistente da fáscia cervical, e a pressão aérea intratorácica negativa aspira o ar para o interior da veia. Esta ação produz um ruído semelhante ao de uma batedeira no tórax e cianose (coloração azulada da pele e das mucosas resultante da concentração excessiva de hemoglobina reduzida no sangue). A embolia gasosa venosa produzida desse modo enche o lado direito do coração com espuma, o que quase interrompe o fluxo sanguíneo através dele, resultando em dispneia. A aplicação de pressão firme à veia jugular seccionada até que possa ser suturada interrompe a hemorragia e a entrada de ar no sangue. Ligadura da artéria carótida externa - às vezes é necessário ligar uma artéria carótida externa para controlar a hemorragia de um de seus ramos relativamente inacessíveis. Esse procedimento reduz o fluxo sanguíneo pela artéria e por seus ramos, mas não o elimina. O sangue flui em direção retrógrada da artéria carótida externa para a artéria no outro lado por intermédio de comunicações entre seus ramos (p. ex., na face e no couro cabeludo) e através da linha mediana. Quando as artérias carótida externa ou subclávia são ligadas, o 21 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 ramo descendente da artéria occipital é o principal responsável pela circulação colateral, anastomosando-se com as artérias vertebral e cervical profunda. Dissecção cirúrgica do trígono carótico - o trígono carótico é um importante acesso cirúrgico ao sistema carótico de artérias. Também garante o acesso à VJI, aos nervos vago e hipoglosso, e ao tronco simpático cervical. A lesão ou compressão dos nervos vago e/ou laríngeo recorrente durante a dissecção cirúrgica do trígono carótico pode alterar a voz, porque esses nervos suprem os músculos laríngeos. Oclusão da artéria carótida e endarterectomia - o espessamento aterosclerótico da túnica íntima da artéria carótida interna pode obstruir o fluxo sanguíneo. Os sinais e sintomas resultantes dessa obstrução dependem do grau de obstrução e da quantidade de fluxo sanguíneo colateral para o encéfalo e estruturas na órbita proveniente de outras artérias. A oclusão parcial da artéria carótida interna pode causar ataque isquêmico transitório (AIT), perda focal súbita da função neurológica (p. ex., tonteira e desorientação) que desaparece em 24 horas. A oclusão arterial também pode causar um pequeno acidente vascular cerebral, uma perda da função neurológica como fraqueza ou perda da sensibilidade de um lado do corpo por mais de 24 horas, mas que desaparece em 3 semanas. A obstrução do fluxo sanguíneo pode ser observada em um estudo com Doppler colorido. O Doppler é um dispositivo que emite um feixe de ultrassom e detecta sua reflexão pelo líquido (sangue) em movimento de uma forma que distingue entre o líquido e o tecido adjacente estático, fornecendo informações sobre sua pressão, velocidade e turbulência; A oclusão da artéria carótida, que causa estenose (estreitamento)em pessoas saudáveis, pode ser aliviada pela abertura da artéria em sua origem e retirada da placa aterosclerótica com a túnica íntima. O procedimento é denominado endarterectomia carotídea. Após a cirurgia, administram-se fármacos que inibem a formação de coágulo até que o endotélio tenha voltado a crescer; Em razão das relações da artéria carótida interna, há risco de lesão de nervo craniano durante o procedimento associado a um ou mais destes nervos: NC IX, NC X (ou seu ramo, o nervo laríngeo superior), NC XI ou NC XII. Pulso carotídeo - o pulso carotídeo é facilmente percebido por meio da palpação da artéria carótida comum na face lateral do pescoço, onde está situada em um sulco entre a traqueia e os músculos infra-hióideos. Em geral, é facilmente palpado profundamente à margem anterior do músculo ECM, no nível da margem superior da cartilagem tireóidea. É avaliado rotineiramente durante a reanimação cardiopulmonar (RCP). A ausência de pulso carotídeo indica parada cardíaca. Hipersensibilidade do seio carótico - nas pessoas com hipersensibilidade do seio carótico (sensibilidade excessiva dos seios caróticos em vários tipos de doença vascular), a compressão externa da artéria carótida pode causar redução da frequência cardíaca, queda da pressão arterial e isquemia cardíaca, com consequente desmaio (síncope). Em todas as formas de síncope, os sinais e sintomas resultam da diminuição súbita e crítica da perfusão cerebral. Logo, esse método de verificação do pulso não é recomendado em pessoas com doença cardíaca ou vascular. Outros locais, como a artéria radial no punho, devem ser usados para avaliar a frequência de pulso em pessoas com hipersensibilidade do seio carótico. 22 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 Pulso da veia jugular interna - embora as pulsações estejam mais associadas às artérias, as pulsações da veia jugular interna (VJI) podem fornecer informações sobre a atividade cardíaca correspondente aos registros do eletrocardiograma (ECG) e da pressão atrial direita. O pulso da VJI não é palpável do mesma modo que os pulsos arteriais; entretanto, as pulsações venosas são transmitidas através do tecido adjacente e podem ser observadas sob o músculo ECM superiormente à extremidade medial da clavícula. Como não existem válvulas na veia braquiocefálica ou na veia cava superior, uma onda de contração ascende por esses vasos até o bulbo inferior da VJI. As pulsações são visíveis principalmente quando a cabeça da pessoa está mais baixa do que os membros inferiores (a posição de Trendelenburg). O pulso jugular interno aumenta bastante em situações como doença da valva atrioventricular esquerda (mitral), o que eleva a pressão na circulação pulmonar e no lado direito do coração. O trajeto da VJI direita até o átrio direito é mais reto e mais direto do que o da VJI esquerda; assim, é ela que é examinada. Punção da veia jugular interna - a introdução de agulha e cateter na VJI pode ter fins diagnósticos ou terapêuticos. A VJI direita é preferida porque geralmente é maior e mais reta. Durante o procedimento, o médico palpa a artéria carótida comum e introduz a agulha na VJI imediatamente lateral a ela em um ângulo de 30°, visando ao ápice do trígono entre as cabeças esternal e clavicular do músculo ECM, a fossa supraclavicular menor. Em seguida, a agulha é apontada em direção inferolateral, voltada para o mamilo ipsilateral. Pulsações da aorta e aneurisma aórtico abdominal - como a aorta está situada posteriormente ao pâncreas e ao estômago, um tumor desses órgãos pode transmitir pulsações da aorta que poderiam ser confundidas com um aneurisma aórtico abdominal, uma dilatação localizada da aorta. A palpação profunda da região média do abdome pode detectar um aneurisma, que geralmente resulta de fraqueza congênita ou adquirida da parede arterial. As pulsações de um grande aneurisma podem ser detectadas à esquerda da linha mediana; a massa pulsátil pode ser facilmente deslocada de um lado para outro. Um exame de imagem confirma o diagnóstico em casos questionáveis. A ruptura aguda de um aneurisma aórtico abdominal está associada a dor intensa no abdome ou no dorso. Quando não é diagnosticado, a taxa de mortalidade desse aneurisma é de quase 90% devido à grande perda de sangue. Os cirurgiões podem reparar um aneurisma mediante sua abertura, inserção de uma prótese e sutura da parede do aneurisma sobre o enxerto para protegê-la. Muitos problemas vasculares que antigamente eram tratados com reparo aberto, inclusive o reparo de aneurismas, estão sendo tratados agora por meio de procedimentos de cateterização endovascular; Quando a parede anterior do abdome está relaxada, sobretudo em crianças e adultos magros, a porção inferior da parte abdominal da aorta pode ser comprimida contra o corpo da vértebra LIV por pressão firme sobre a parede anterior do abdome, na região do umbigo. Essa pressão pode ser usada para controlar a hemorragia na pelve ou nos membros inferiores. Laqueadura da artéria ilíaca interna e circulação colateral na pelve: às vezes a artéria ilíaca interna sofre estenose (o lúmen torna-se estreito) em razão do depósito 23 LUCY RODRIGUES RIBEIRO - MEDICINA - UFBA - TURMA 254 aterosclerótico de colesterol ou é ligada cirurgicamente para controlar a hemorragia pélvica. Em razão das numerosas anastomoses entre os ramos da artéria e as artérias adjacentes, a ligadura não interrompe o fluxo sanguíneo, mas reduz a pressão arterial, permitindo a hemostasia (interrupção do sangramento). Os exemplos de vias colaterais para a artéria ilíaca interna incluem os seguintes pares de artérias que se anastomosam: lombar e iliolombar, sacral mediana e sacral lateral, retal superior e retal média, e glútea inferior e femoral profunda; O fluxo sanguíneo na artéria é mantido, embora possa ser invertido no ramo anastomótico. As vias colaterais podem manter a vascularização das vísceras pélvicas, região glútea e órgãos genitais.