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O vírus alterou hábitos e trouxe para o dia a 
dia o conceito de distanciamento social, com 
recomendações como não abraçar nem beijar 
e permanecer a no mínimo 2 metros de outras 
pessoas. “As medidas de isolamento social re-
duziram pela metade a taxa de contágio do 
vírus”, observou o médico infectologista Júlio 
Croda, [...], com base em um estudo em fase 
de conclusão no �nal de março. De acordo 
com esse trabalho, a taxa de transmissão en-
tre pessoas teria caído de 4 para 2. Segundo 
Croda, a taxa de isolamento social, com base 
em dados de operadoras de telefones celula-
res, cresceu de 15% antes do registro do pri-
meiro caso de Covid-19 no Brasil para 60% no 
�nal de março. [...]
[...] O Sars-CoV-2 é transmitido por meio 
de gotículas de saliva. Altamente contagioso, 
infecta tanto pessoas que adoecem rapida-
mente como aquelas que permanecem as-
sintomáticas, embora continuem a favorecer 
sua propagação. Seu impacto tornou-se mui-
to maior do que o de outros vírus causadores 
de epidemias recentes, como a febre zika e a 
dengue. Ambas são disseminadas por meio do 
mosquito Aedes aegypti, comum nas regiões 
tropicais e subtropicais. Já o atual surto de sa-
rampo atinge as pessoas não vacinadas. A Co-
vid-19 é, portanto, potencialmente mais peri-
gosa pela transmissão direta entre indivíduos, 
por ainda não existir vacina e se propagar em 
qualquer clima.
FIORAVANTI, Carlos. Coronavírus avança no 
Brasil: a Covid-19 chega com força ao país, que já 
enfrenta uma epidemia de dengue. Pesquisa Fapesp, 
São Paulo, 22 maio 2012. Disponível em: https://
revistapesquisa.fapesp.br/coronavirus-avanca-no-
brasil/. Acesso em: 25 jun. 2020.
REFLEXÃO
 1. Em sua opinião, o que os três problemas atuais 
relatados teriam em comum? Responda no ca-
derno.
 2. Discuta com os colegas e proponha uma possível 
forma de solucionar esses problemas. Justifique a 
solução escolhida. 
 3. Escolha uma das três reportagens e faça um le-
vantamento sobre a busca de soluções para o 
problema, potenciais soluções ainda sob investi-
gação e/ou soluções já encontradas.
 4. Para você, qual seria uma potencial solução com 
maior chance de sucesso? Justifique sua respos-
ta. Caso alguma solução já tenha revelado gran-
de potencial para solucionar o problema, expli-
que qual foi a razão de seu sucesso.
 Ideias �xistas: uma visão estática do mundo 
É interessante notar como muitas narrativas de diversos povos sobre a origem da vida falam de um momen-
to de criação. Assim, por exemplo, na crença cristã, há um Deus criador de um mundo que, de modo geral, 
apresenta as mesmas características que observamos atualmente, inclusive com as mesmas formas de vida que 
conhecemos. Essa narrativa não fala, portanto, de transformações dos seres vivos. A religião influenciou signifi-
cativamente o desenvolvimento da ciência e a perspectiva de que os seres vivos não passavam por transforma-
ções desde sua origem – o �xismo predominou por muito tempo.
O fixismo também prevaleceu entre os naturalistas, como o zoólogo francês Georges Cuvier (1769-1832) e 
o geólogo e zoólogo suíço Louis Agassiz (1807-1873). Cuvier foi diretor do Museu de História Natural de Paris 
(�gura 1.5) e responsável pela caracterização minuciosa de diversos grupos de seres vivos, tendo descrito vários 
fósseis de vertebrados. Seus estudos de registros fósseis 
tornaram-no um dos principais responsáveis por de-
monstrar a ocorrência de extinções. Já Agassiz desen-
volveu estudos sobre as geleiras e descreveu as carac-
terísticas de vários organismos invertebrados. Ambos, 
mesmo tendo conhecimento de eventos com ocorrên-
cia em grande escala temporal e informações aprofun-
dadas sobre animais do passado e da diversidade dos 
seres vivos do presente, eram fixistas. 
Paralelamente, a ideia de que os seres vivos se trans-
formavam foi defendida em vários momentos por ou-
tros cientistas, mas o grande desafio era propor um 
mecanismo para explicar essas transformações com 
base em evidências.
 # Figura 1.5 – Museu de História Natural de Paris, na 
França, onde Georges Cuvier trabalhou. Os acervos dos 
museus são um importante material de estudo para 
cientistas que pesquisam seres vivos. Foto de 2018. 
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15Fundamentos dos processos evolutivos
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A teoria do catastro�smo
Para defender o �xismo e explicar a ocorrência de formas de vida extintas, como os fósseis, Cuvier propôs a teo-
ria do catastro�smo. Segundo ele, a Terra passara por uma série de catástrofes que a devastaram e causaram 
extinções em larga escala. Os fósseis seriam evidências de organismos que existiam anteriormente e morreram 
com a devastação. Após cada catástrofe, Deus criou um conjunto de novas espécies para substituir as anteriores. 
Essa teoria foi totalmente descartada com base em vários aspectos que serão discutidos ao longo deste e de 
outros capítulos: há explicações mais simples e mais coerentes para a presença dos fósseis no registro geológico. 
Porém, é importante mencionar particularmente uma evidência surgida no Brasil no século XIX e que colocou em 
xeque essa teoria. Ironicamente, foi um discípulo de Cuvier, o naturalista dinamarquês Peter Lund (1801-1880), 
quem trouxe a evidência à tona.
Na trilha de Peter Lund
[...] Em 1825, Peter Lund desembarcou pela primeira vez no Rio de Janeiro, para enviar coleções de plantas e 
animais ao Museu Real de Copenhague. O retorno à Europa, em 1829, proporcionou ao dinamarquês o convívio 
com célebres naturalistas europeus, como Alexander von Humboldt (1769-1859) e Georges Cuvier (1769-1832). 
O princípio do catastro�smo de Cuvier, segundo o qual as regiões destruídas por catástrofes no passado foram 
repovoadas por Deus por organismos mais modernos – o ser humano só teria surgido na última dessas criações, 
descrita no livro bíblico do Gênese – orientaria grande parte dos trabalhos de Peter Lund. 
O regresso ao Brasil se deu em 1833. No ano seguinte, Lund alcançou Minas Gerais e, visitando cavernas na 
região de Curvelo, defrontou-se com o potencial de pesquisas dos ossos fósseis ali depositados e revolvidos pela 
extração do salitre. A partir de 1835, Lund �xou residência em Lagoa Santa e iniciou suas pesquisas sobre as 
ossadas encontradas nas cavernas da região. 
Peter Lund reconheceu mais de 800 sítios paleontológicos, onde foram coletados mais de 12 mil fragmentos 
ósseos de mamíferos, pertencentes a cem gêneros e 149 espécies fósseis, sendo 19 gêneros e 32 espécies extin-
tos. Ossos humanos, segundo o próprio Lund, foram encontrados em seis sítios. Um deles, a gruta do Sumidou-
ro, forneceu vestígios que mudariam o curso da pesquisa de Lund – e a própria pré-história americana.
A descoberta do Sumidouro
Localizada no sopé de um maciço calcário que margeia uma lagoa, �ca parcialmente submersa duran-
te a maior parte do ano, o que impossibilita a exploração de suas câmaras internas. No inverno de 1843, 
aproveitando uma estiagem que causou o esvaziamento da lagoa, Lund entrou na gruta e encontrou um 
verdadeiro baú de ossos.
Ele sabia que a gruta do Sumidouro poderia lhe fornecer dados importantes sobre as idades relativas dos 
fósseis. Três anos antes ele já obtivera ali restos de animais e os dois primeiros esqueletos humanos de suas 
pesquisas, que apresentavam alto grau de fossilização e “extraordinária idade”. Mas, naquele momento, 
Lund havia descartado qualquer possibilidade de interpretação das idades relativas desses restos mistura-
dos, já que os mesmos não se encontravam em seus estratos (camadas de solo) originais.
As escavações no Sumidouro duraram 13 dias, durante os quais foram descobertos, segundo Lund, “pelo 
menos 30 indivíduos humanos de várias idades”. A maioria dos ossos estava fraturada e espalhada. O na-
turalista reconhece, no entanto, que “uma parte desses ossos tinha sido encontrada na posição natural, 
indicando que entraramna caverna ainda envolvidos de suas partes macias”.
Lund, em seguida, elabora uma ampla discussão sobre os processos cíclicos de preenchimento e esva-
ziamento dos sedimentos na caverna. E chega a uma interpretação decisiva. Todos os sedimentos, mesmo 
os mais agitados pelas águas, eram restos do velho aterro original da gruta. Os diversos tipos de sedimento 
achados seriam consequência dos graus diferenciados de alteração da argila, causados pela ação da água.
Analisando um tipo de argila cinza-amarelada com manchas pretas existente nos depósitos escavados, 
Lund arrematou: “Foi nessa mistura de espécies extintas e recentes que os restos misteriosos de cavalos e se-
res humanos apareceram, e todos em estado de decomposição precisamente igual, de modo que não há dúvi-
das de que todos os indivíduos, cujos restos aqui foram enterrados juntos, também viviam na mesma época.”
Era a primeira vez que alguém propunha a coexistência de seres humanos – fruto da última criação di-
vina, segundo Cuvier – com as bestas extintas da Idade do Gelo (como preguiças-gigantes, cavalos e tigres 
dente-de-sabre). A percepção dessa relação entre a fauna extinta e a atual levaria Lund a direcionar seu 
pensamento no caminho contrário ao do catastro�smo. [...] 
PILÓ, Luis Beethoven; NEVES, Carlos. Na trilha de Peter Lund. Folha de S.Paulo, São Paulo, 6 jan. 2002. Caderno 
Ciência. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0601200201.htm. Acesso em: 26 jun. 2020.
UM POUCO DE HISTÓRIAUM POUCO DE HISTÓRIA
16 Capítulo 1
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