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156 4.2. A Nova Hollywood e os cinemas pós-modernos Você se lembra dos termos que usamos para caracterizar este cinema do início dos anos 80 até nossa atualidade, como pós-moderno? Termos como cinema referencial, intertextualidade, simulacro, cópia, pastiche, paródia, transnarrativas. Primeiramente, o cinema já havia deixado de ser o principal meio audiovisual de entretenimento. A televisão e sua praticidade, as mudanças comportamentais do espectador, a reinvenção de Hollywood após sua crise, a multiplicidade de plataformas audiovisuais, tudo isso permitiu, inclusive, fortalecer este termo: audiovisual. Os blockbusters tornam-se os carros-chefes da indústria d e entretenimento. Os filmes não possuem apenas sequências, como tínhamos, por exemplo, em “O Poderoso Chefão”; eles tornam-se agora franquias, como “Guerra Nas Estrelas”. Há uma maior rede econômica que abarca um mesmo produto. Veja “Star Trek” com suas inúmeras spin-off, que são as séries derivadas, além dos próprios filmes da série. No Brasil, temos, por exemplo, “O Auto da Compadecida”, que foi uma minissérie de sucesso produzida por Guel Arraes na TV Globo e depois esta minissérie tornou-se um filme. Estas relações transnarrativas envolvem os diversos meios, derivam em produtos extra-audiovisuais; o marketing torna-se mais influente, o poderio econômico dos grandes centros de produção, seja Hollywood no mundo, ou a Globo, no Brasil, ocupam espaços hegemônicos. 157 Por outro lado, temos cineastas que se utilizam desta alta referencialidade como forma de invenção artística. Nos anos 90, temos a produção de um dos cineastas mais inventivos que consegue se utilizar de todas as diversas referências da história do cinema de uma maneira inovadora. Com certeza, você já deve ter ouvido falar de Quentin Tarantino. Os filmes de Tarantino recriam gêneros, como o policial e o noir em “Cães de Aluguel” (1992) e “Pulp Fiction – Tempo de Violência” (1994), o cinema blaxploitation norte-americano, com “Jackie Brown” (1997), o cinema asiático de kung-fu, em “Kill Bill” (2003 e 2004), o filme de guerra, em “Bastardos Inglórios” (2009). Tarantino recria e homenageia referências audiovisuais que não são apenas as dos grandes filmes da história do cinema, mas de filmes obscuros, de gêneros que não são muito estudados, como os filmes de kung-fu; o faroeste italiano, chamado de spaghetti western; os giallo filmes, que são os filmes de terror italianos. Em suma, gêneros audiovisuais muitas vezes relegados ao lixo dos estudos de pesquisadores, e que você não verá em manuais da história do cinema, mas que Tarantino fornece roupagem contemporânea. Ele não apenas copia suas referências, ele as comenta reinventando outro sentido a elas. Não há hierarquias entre uma alta e uma baixa cultura. Tudo vira motivo de paródia, homenagem, e intertextualidade. Vejamos um pequeno vídeo que mostram algumas das várias referências em seus filmes: https://youtu.be/ JHSmtle4IVk Pulp Fiction (1994). Dir.: Quentin Tarantino Disponível em: <http://bit.ly/2omMJDJ > Acesso em: 3 de mar.2018