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MANUAL DE LICENCIATURA DO CURSO DE GESTÃO DE EMPRESAS Economia de Moçambique 2022 ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO MANUAL DE LICENCIATURA DO CURSO DE GESTÃO DE EMPRESAS Economia de Moçambique 3º ANO : Economia de Moçambique CÓDIGO ISCED32-CJURCFE037 TOTAL HORAS/ 1 SEMESTRE 125 CRÉDITOS (SNATCA) 5 NÚMERO DE TEMAS 5 UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana i Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade da Universidade Aberta ISCED (UnISCED), e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Aberta ISCED (UnISCED). A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Universidade Aberta ISCED (UnISCED) Coordenação do Programa de Licenciaturas Rua Paiva Couceiro. No, Macuti Beira - Moçambique Telefone: 23323501 Cel: +258 823055839 Fax: 23323501 E-mail: direcção@unisced.ac.mz Website: www.unisced.ac.mz mailto:direcção@unisced.ac.mz http://www.unisced.ac.mz/ UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana ii Agradecimentos A Universidade Aberta ISCED (UnISCED) agradece a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Autor José Manuel Chiteve Muchanga Coordenação Design Financiamento e Logística Revisão Científica e Linguística Ano de Publicação Local de Publicação Direcção Académica do ISCED Universidade Aberta ISCED (ISCED) Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) Esmeraldo Inácio 2018 UnISCED – BEIRA UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana iii Índice Visão geral 1 Benvindo à Disciplina/Módulo de Economia Mocambicana .............................................. 1 Objectivos do Módulo ........................................................................................................ 1 Quem deveria estudar este módulo .................................................................................. 1 Como está estruturado este módulo .................................................................................. 2 Ícones de actividade .......................................................................................................... 4 Habilidades de estudo....................................................................................................... 4 Precisa de apoio? .............................................................................................................. 6 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ............................................................................... 7 Avaliação ............................................................................................................ 7 TEMA – I: Introdução à economia de moçambique com enfoque na fase final do período colonial (anos 70‟s) 9 UNIDADE Temática 1.1. O Impacto da Liberalização .................................................... 9 1.1 Do fim do período colonial à experiência Socialista ................................................ 10 1.1.1 Economia centralmente planificada ............................................................. 12 1.2 O Impacto da Liberalização: PRE(S) e Consequências ............................................ 13 1.2.1. As políticas de desenvolvimento económico adoptadas após a independência ........................................................................................................ 17 1.3 Plano Prospectivo Indicativo (PPI) ........................................................................... 20 1.3.1. Fracasso do Plano Prospetivo Indicativo (PPI) ........................................... 21 1.4. IV Congresso da Frelimo ............................................................................. 22 UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana iv Sumário ........................................................................................................................... 23 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .............................................................................. 24 TEMA – II: Economia do ambiente em moçambique 25 Sumário ........................................................................................................................... 43 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .............................................................................. 44 EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................... 44 TEMA – III: Mega projectos e Economia Ambiental 45 Objectivos 45 Introdução 45 Fronteira Norte ............................................................................................................. 46 Fronteira Oeste ............................................................................................................. 46 Fronteira Este ................................................................................................................ 47 Fronteira Sul ................................................................................................................. 47 3.1 Características Económicas dos Mega Projectos ...................................................... 48 3.2. Economia do Ambiente ........................................................................................... 54 3.3. Conceito de economia do ambiente ......................................................................... 55 3.4. Como o ambiente entra na economia? ..................................................................... 55 Representações dos três pilares da sustentabilidade .............................................. 58 3.5. RELAÇÃO: AMBIENTE (NATUREZA)- ECONOMIA ....................................... 59 TEMA – IV: Economia de Ambiente em Moçambique 60 Objectivos .............................................................................................................. 61 4.1 Economia de Ambiente em Moçambique ....................................................... 61 4.1.1.2 Biodiversidade Terrestre (Fauna e Flora) ........................................................... 65 4.2. Contribuição do Subsector Florestal à Economia Moçambicana ................... 71 EXERCÍCIOS DE AVALIAÇ ........................................................................................ 72 SUMARIO ............................................................................................................. 72 EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃEXERCICIO DE AUTO-AVALIACAO .................... 73 EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃEXERCICIO DE AVALIACAO ................................ 73 TEMA – V: O sector financeiro: características, estrutura e evolução 74 Objectivos .............................................................................................................. 74 Introdução .............................................................................................................. 74 5.1. Sistema Financeiro Moçambicano ....................................................... 75 5.1.1. Sistema Financeiro .............................................................................. 76 5.2. Desafios da Expansão de Serviços Financeiros Em Moçambique ...... 77 5.3. Expansão dos serviços financeiros:dimensão territorial, dimensão de profundidade financeira e de meticalização. ......................................................... 79 5.3.1. Dimensão Territorial ............................................................................ 80 5.3.2. Instituições de Crédito ......................................................................... 80 UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana v SUMARIO 92 EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................... 93 EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................... 93 BIBLIOGRAFIA 94 UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 1 Visão geral Benvindo à Disciplina/Módulo de Economia Mocambicana Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de Economia Moçambicana deverá ser capaz de: Objectivos Gerais Analisar e comparar as principais estratégias e políticas de desenvolvimento estabelecidas e implementadas após a independência nacional, bem como compreender as suas determinantes, pressupostos e o seu impacto na estrutura socioeconómica do país. Especificos Objectivos: Ao final do curso o estudante será capaz de: • Identificar as características fundamentais da estrutura económica de Moçambique, bem como os processos socioeconómicos subjacentes; • Identificar e fundamentar propostas de estratégias e políticas que contribuam para o crescimento e desenvolvimento económico de Moçambique, no panorama económico internacional, e no âmbito da integração económica regional na SADC; • Analisar os desafios da economia Moçambicana na actualidade e as suas perspectivas em prol de desenvolvimento do país; • Conhecer os desafios inerentes a economia do meio ambiente no mundo e adjacentes a Moçambique Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 3º ano do curso de licenciatura em Gestão de Empresa da UnISCED e outros como Gestão de Recursos Humanos, Administração, etc. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 2 conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. Como está estruturado este módulo Este módulo de Economia Moçambicana, para estudantes do 3º ano do curso de licenciatura em Gestão de Empresa, à semelhança dos restantes da UnISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias ▪ Um índice completo. ▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina / módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades,. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes caracteristicas: Puros exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades práticas algumas incluido estudo de caso. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 3 Outros Recursos A equipa dos académicos e pedagogos da UnISCED, pensando em si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didáticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal a UnISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para elém deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande vantagem. Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico- Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser melhorado. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 4 Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 5 reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o poucoque puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama- se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalhjo intelectual obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimento, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistemáticamente), não estudar apenas para responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 6 resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficar a a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver habito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 7 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto−avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). Avaliação Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e concistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta detalhada do regulamentada de avaliação. Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. 1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 8 Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 9 TEMA – I: Introdução à economia de moçambique com enfoque na fase final do período colonial (anos 70‟s) UNIDADE Temática 1.1 Do fim do período colonial à experiência Socialista UNIDADE Temática 1.2. O Impacto da Liberalização UNIDADE Temática 1.3. Plano Prospectivo Indicativo (PPI) UNIDADE Temática 1.1. O Impacto da Liberalização Objectivos: Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: ▪ Compreender a historia de moçambique após a independência. ▪ Descrever os objectivos do PPI, aldeias comunais e machambas do povo Introdução Conhecer a história de Moçambique é sempre fascinante sobretudo quandose olha para o período que subsequente a independência nacional, trata-se do período que parte do ano de 1977, ano da realização do III Congresso um congresso que carregou consigo uma UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 10 relevante importância pela sua natureza, pôs, foi o primeiro congresso realizado em solo pátrio independente. 1.1 Do fim do período colonial à experiência Socialista A 7 de Setembro de 1974, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e o governo português assinam o Acordo de Lusaka, com o objectivo de negociar a independência de Moçambique. Este acontecimento surge no seguimento da Revolução do 25 de Abril de 1974 que marca o fim da ditadura Salazarista, instalando o caos nas colónias portuguesas. “A Revolução de Abril trouxe a confusão e o caos a Moçambique. O exército e o governo civil não sabiam muito bem a função que desempenhavam ou sequer de quem recebiam ordens”. Com efeito, após uma década de conflitos bélicos, Portugal declara a Independência de Moçambique a 25 de Junho de 1975, sendo o poder entregue à Frelimo, após um governo de transição de nove meses, sem que se realizassem eleições. O partido político Frelimo herda assim um país deficitário, tanto a nível de recursos humanos qualificados como em infra-estruturas, profundamente marcado por um processo de ocupação colonial legitimado pela concertação dos interesses europeus em finais do séc. XIX (Conferência de Berlim 1884/85), e que viria a garantir a Portugal a administração dos territórios até 1974. Embora ainda com pouca experiência, o bem como os sectores da saúde e educação. Criou os Grupos Dinamizadores cujo principal objectivo era “mobilizar a população para aderir aos princípios e ao poder da Frelimo”, de forma a alargar a sua presença em todo o território. Desincentivou a expressão UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 11 da etnicidade por parte das diferentes etnias que caracterizam a população moçambicana, considerando-a como um travão à modernização do país. Pelas mesmas razões dificultou a acção das diferentes igrejas e reprimiu determinadas práticas sociais e ritos religiosos tradicionais. Contudo o governo da Frelimo apostou fortemente numa política de alfabetização, baseando-se no princípio da literacia universal enquanto instrumento de modernização da economia. Houve, portanto um esforço de expansão da escolarização que se estendeu às mulheres, incitando à emancipação das mesmas. Esta dinâmica foi claramente assumida pelo partido quer com a criação da Organização das Mulheres Moçambicanas (OMM), quer a elaboração de discursos oficiais sobre a importância do papel da mulher no desenvolvimento do país. A política de nacionalização da terra afectou duramente as diversas instituições religiosas. O governo retirou propriedades à Igreja Católica, bem como às outras organizações com um carácter funcional similar, destituindo-as do seu papel na educação e na saúde, e quaisquer outros poderes institucionais influentes. Para além de pretender com esta medida a concentração do poder na figura do Estado, a Frelimo procurou sempre fazer uma desconstrução das relações sociais coloniais, omitindo que se encontrava perante uma mudança de comportamentos e mentalidades, cuja durabilidade e flexibilidade são bastante rígidos. Não obstante, não podemos deixar de referir, que esta época foi palco de profundas alterações das estruturas sociais, propiciando uma intensa luta de classes, visto que havia necessidade de substituir os colonos que ocupavam posições privilegiadas. Sublinhamos que o clero secular português em Moçambique, fazendo juz à sua vasta experiência de adaptação às mudanças de poderes, toma medidas imediatas para se conformar com a nova realidade. Alguns dos seus membros com ligações ao governo fachista são afastados. Os padres pretos passam a ter os mesmos direitos que os brancos. A Igreja muda o seu discurso colonial - fachista para um discurso nacionalista. No entanto UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 12 perde a sua influência política, devido à sua evidente identificação com o colonialismo português. Recorde-se ainda que Moçambique adquire a sua independência num contexto económico internacional pouco favorável, após o primeiro choque petrolífero de 1973, que acarretou uma baixa de preços das matérias-primas exportáveis e um consequente aumento das despesas na produção, devido ao aumento do preço dos combustíveis. Acentuado o marasmo económico, no contexto do êxodo da população portuguesa, a eclosão da guerra civil logo em 1976 viria agravar a situação. Com efeito a Renamo, movimento de oposição à Frelimo, cujo objectivo era desestabilizar o governo, vai conquistando terreno e intensificando os seus ataques. Movimento inicialmente militar, que só bastante mais tarde revelou ter características políticas, a Renamo desencadeia uma guerra civil apoiada inicialmente pela Rodésia e posteriormente pela Africa do Sul (a partir de 1983) que se irá generalizar até 1992. Assiste-se assim a uma destruição calamitosa das infra-estruturas (transportes e vias de comunicação) e de vidas humanas. 1.1.1 Economia centralmente planificada A expressão economia centralmente planificada designa um tipo de sistema económico em que as principais decisões quanto ao quê, ao como e ao para quem devem ser produzidos os bens são tomadas ao nível central pelo Estado (Filho et all 1996). Neste sistema, a propriedade dos factores de produção é colectiva ou estatal e o mecanismo regulador da economia são os planos efectuados pelo próprio Estado, desenvolvidos com o objectivo de maximizar a satisfação das necessidades da população, definindo-se toda orientação económica nomeadamente, os preços, as quantidades de bens a produzir, os locais de produção, etc., retirando toda a liberdade de actuação aos agentes económicos UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 13 1.2 O Impacto da Liberalização: PRE(S) e Consequências Foi em consequência de inúmeras manifestações de descontentamento( greves e mobilização de cidadãos e trabalhadores), acontecidas nas principais cidades, que aconteceu, em 1990, a transformação de PRE em PRES( programa de reabilitação Económica e Social). O fim do regime de partido único e a realização de eleições, sugeriam a necessidade de recuperação de algum apoio popular da Frelimo e do seu governo. Os anos 80 foram marcados por uma ideologia baseada na convicção de que a estabilidade económica traria desenvolvimento, omitindo-se com esta premissa a influência dos factores externos e a complexidade do desenvolvimento. De acordo com Rolph Van Der Hoeven e Richard Jolly (1990), as políticas de ajustamento envolvem geralmente medidas económicas que visam a estabilidade económica para evitar desequilíbrios da balança de pagamentos, que sejam capazes de ajustar e reestruturar a economia de forma a mudar as condições nacionais e internacionais, incentivando o crescimento económico. Os autores identificam os principais UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 14 instrumentos políticos utilizados pelos típicos programas de estabilidade e ajustamento que são os seguintes: a) Constrangimento monetário e políticas de crédito com o objectivo de conter a inflação e o PIB nominal a fim de reduzir as importações; b) Redução salarial, uma medida de estabilização utilizada, de forma a reduzir a procura e a pressão sobre as importações. De acordo com os autores, “há uma vasta literatura que questiona se de facto a reduçãosalarial é a longo prazo a melhor via para alcançar um crescimento equilibrado, uma vez que a redução salarial assumida como temporária visa atrair o investimento, aumentar as exportações e construir uma economia mais competitiva, que na realidade se transforma numa redução de salários permanente com efeitos negativos na produção ou no trabalho, especialmente quando há uma depressão do mercado. c) A desvalorização é um procedimento, que embora considerado pela maioria dos especialistas conveniente quando a inflação nacional resulta numa forte sobrevalorização da moeda nacional, um dos efeitos desta desvalorização resulta na discrepância da distribuição do rendimento proveniente das exportações. Nota-se que a desvalorização apresenta melhores resultados quando conjugada com outras medidas políticas, especialmente políticas que dizem respeito ao mercado de trabalho e à distribuição de rendimentos. Os autores consideram que existe uma clara hiperbolização do instrumento desvalorização, que na realidade potencia situações de desvalorização cíclicas. d) A Liberalização das importações cujo objectivo é tornar a economia mais competitiva, é também uma das medidas políticas dos PAE mais apreciadas. Segundo Rolph Van Der Hoeven e Richard Jolly, não há uma grande discordância sobre esta medida, mas há controvérsias e desacordos sobre o tempo e o momento de aplicação da medida de liberalização. Antecipar a liberalização das importações durante o UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 15 programa de estabilização resulta muitas vezes na redução da capacidade de utilização dos níveis industriais. e) A Liberalização do mercado de capitais externos, outra acção característica dos PAE, nem sempre resultou num aumento de fluxo de capital, predispondo antes um aumento de deslocação do capital, tendo- se verificado nalguns países (onde foram implementados os PAE) uma acentuação da deslocação de capital, chegando por vezes a ser comparável com a dívida externa. f) A Privatização de empresas públicas tende a ser uma prática menos utilizada, uma vez que alguns economistas consideram que uma excessiva preocupação na privatização pode ser interpretada como uma mudança de perspectivas políticas dos países industrializados, mais do que ineficiência das empresas públicas. O objectivo desta medida é o aumento da eficiência, no entanto não é condição siné qua non de que a intervenção pública seja menos eficiente que a privada. Por conseguinte, a necessidade do aumento de eficiência surge independentemente da natureza jurídica da empresa, o que de uma certa forma põe em causa a premência desta medida. g) O aumento das exportações é frequentemente apontado como meio para equilibrar a balança de pagamentos, porém recaem dúvidas sobre esta medida. O sucesso dos NIC (New Industrialising Countries) vem questionar este modelo, uma vez que o seu êxito se deve à sistematização de políticas económicas e ao bom direccionamento do investimento, centrando-se inicialmente na substituição das importações e só mais tarde na promoção das exportações, sempre com base em reformas agrária e educacional. O FMI, principal promotor dos Programas de Ajustamento Estrutural, é a instituição que define os programas de ajustamento estrutural de cada país, em negociação com as entidades governamentais dos mesmos. Deste modo, é executado um estudo prévio sobre a situação económica do país que permite por sua vez apurar as medidas que melhor se UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 16 adequam às necessidades económicas do país em causa. Por sua vez o Banco Mundial tem por objectivo reduzir situações de pobreza concedendo aos países empréstimos com taxas de juro reduzidas, a fim de desenvolverem projectos e actividades que possam melhorar a sua situação social e económica. J. Stiglitz (2002) tem uma opinião bastante crítica sobre o FMI e as suas práticas, considerando que “As políticas de reajuste estrutural do FMI – políticas projectadas para ajudar um país a se adaptar a crises e a desequilíbrios mais persistentes – resultavam em fome e em tumultos em muitos lugares; e o mesmo quando os resultados não eram catastróficos, (...) quem desfrutava desses benefícios era, em geral, os que se encontravam em melhores condições de vida, enquanto aqueles que viviam à margem tinham, muitas vezes, que enfrentar um estado de miséria maior”. Iremos, nas linhas que seguem, procurar averiguar se de facto as políticas do FMI foram benéficas ou prejudiciais ao desenvolvimento socioeconómico de Moçambique. Moçambique irá aplicar o PAE denominado Programa de Reabilitação Económica (PRE) em 1987, após o reconhecimento de uma situação de colapso económico. Perante o fracasso de uma economia de planificação central cujas principais medidas foram: a) criar planos anuais globais, b) aumentar o investimento nos grandes complexos agro-industriais estatais, c) formar aldeias comunais e d) financiamento compulsivo dos bancos às empresas com prejuízos42, conjugando-se com uma situação bélica desastrosa e uma dívida externa de 2,4 milhões de USD (1984), o governo moçambicano vê-se na necessidade de recorrer à ajuda técnica e financeira do FMI e do Banco Mundial. Será então no período de 1986 a 1990, que o Programa de Reabilitação Económica (liberalizante) irá ser aplicado, sendo os principais objectivos deste programa os seguintes: UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 17 1. Aumentar a produção e restaurar um nível mínimo de consumo e de salários para toda a população, em particular nos meios rurais; 2. Reduzir os desequilíbrios financeiros internos e reforçar as contas e reservas externas; 3. Melhorar a eficiência económica a fim de atingir um crescimento económico logo que haja um aumento da segurança; 4. Reintegrar os mercados oficiais e paralelos; Para que isso acontecesse, era imprescindível que medidas políticas ao nível financeiro, monetário e comercial fossem tomadas. As empresas estatais deviam ser reestruturadas e, tanto quanto possível, privatizadas. Deviam ser introduzidos critérios rígidos de rentabilidade em toda a gestão económica. Deviam ser depositados mais esforços na agricultura privada, de pequena escala e familiar, através de melhores termos de troca e de um aumento de oferta de bens. O comércio devia ser liberalizado e o sistema de preços fixos abolido (Liesegang;2009:17). 1.2.1. As políticas de desenvolvimento económico adoptadas após a independência Internacionalização e Dependência Apesar do grande protecionismo que acompanha todo o processo de privatização, a globalização e internacionalização da economia moçambicana aprofundou-se, aumentado a dependência. Os críticos do ajustamento estrutural argumentam que UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 18 um dos objectivos da plano de ajustamento estrutural(PAE) é a integração subordinada dos países em desenvolvimento na economia mundial no quadro das novas reconfigurações da divisão internacional do trabalho. A integração dos países na globalização realiza-se, na maior parte dos casos, de forma indirecta. Através das funções de Moçambique no âmbito da divisão regional do trabalho, designadamente nos sectores dos transportes e das comunicações, na agricultura e no turismo. No caso de existirem mudanças das situações de estabilidade e de perdas de compectividade em outras economias, Moçambique pode ser uma alternativa para investimentos privados externos. Pode-se verificar que estas funções são aquelas que existiam no momento da independência e que foram recuperados com ajustamento estrutural e com a integração económicana SADC. Moçambique é o pais coordenador das áreas de transporte e comunicações nesta organização económica regional. Os investimentos de âmbito regional são principalmente os seguintes: Os supranacionais que se concentram nos sectores do transportes( recuperação e reabilitação dos portos, caminhos- de- ferro e rodovias). Que conectam a costa com as economias do inteland e das comunicações, realizaram-se com fundos de cooperação internacional. Embora estes investimentos sejam considerados regionais e obtidos através da SADC, beneficiam directamente as infra-estruturas moçambicanas. O Investimento directo estrangeiro é principalmente proveniente da africa do sul e concentra-se nas seguintes áreas: Na industria e Agroindústria. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 19 Na agricultura, sobretudo para suprir os conflitos da terra dos sul africanos e zimbabwianos brancos abrangidos pelas reformas agraria Chossudovsky(2003). No turismo, através de investimentos em restaurantes, em hotéis nas ilha do pais e em algumas estâncias turísticas ao longo da costa, recuperando assim o fenómeno verificado nos fins do período colonial e interrompido após a independência de Moçambique. A nacionalização foi uma das primeiras áreas a merecer atenção logo após a independência e, de acordo com Newitt (2012), durante os anos subsequentes a independência, registou-se um êxodo massivo dos colonos brancos, trabalhadores especializados, e profissionais negros e indianos precipitados pela confusão e violência que acompanharam a ocupação da Frelimo. O Decreto Lei nº 16/76, de 13 de Fevereiro de 1975, permitia a intervenção e tutela do Estado sobre as empresas e as propriedades agrícolas abandonadas e sabotadas pelos seus antigos proprietários. Foi assim que os grandes monopólios. Os Ministérios da Agricultura, da Industria e do Comércio, responsáveis pela tutela das empresas abandonadas e sabotadas, criaram os Gabinetes de Apoio (GAPO) Mosca (2005;148, citado por Matsinhe;2011:23). Estes gabinetes, enfatiza ainda o autor que tinham como função: centralizar a gestão, a solicitação de financiamentos à banca, assistência técnica, apresentação de planos de investimento e de bens de consumo de equipamentos a importar e elaboração da contabilidade. Foi ai que começou a nacionalização realizada pelo governo da Frelimo abrangendo as empresas privadas, facto que deu início a uma série de instalação de equipas administrativas para as por a funcionar. Em breve, o estado controlava um enorme sector da economia, que ia desde as UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 20 principais plantações e fábricas até aos armazéns de aldeia e postos de venda a retalho (Newitt;2012). Em consequência da nacionalização, entre 1977 a 1981 conseguiu-se deter a queda nos níveis de produção e com isso, o aumento da exportação em 83%, onde em 1978, 50% de todas empresas estavam sob controlo do estado e que, em 1981, 65% da produção industrial, 85% dos transportes e 90% da construção se encontrassem inseridos no sector estatal. 1.3 Plano Prospectivo Indicativo (PPI) O PPI era definido como guia de acção e instrumento fundamental para a construção de uma economia socialista relativamente desenvolvida. Para esse objectivo eram defendidos três eixos centrais na materialização do PPI: i) A socialização do campo e o desenvolvimento agrário através do desenvolvimento acelerado do sector estatal agrário (com base na grande exploração agrária e na mecanização, a realizar principalmente através dos grandes projectos) e da cooperativização do campo (transformação de milhões de camponeses num forte campesinato socialista edificado sob novas relações de produção; fortalecer, expandir e apoiar a criação de cooperativas e envolver os camponeses num modo de vida colectivo nas Aldeias Comunais); ii) A Industrialização, com maior enfoque no desenvolvimento da indústria pesada; e iii) A formação e qualificação da força de trabalho, através da adopção de normas e metodologias que permitissem a UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 21 massificação da formação dos trabalhadores, incluindo a alfabetização e educação de adultos FRELIMO, ( Liesegang;2009). Antes sequer de terminar a organização e sistematização da estratégia de construção da nação e do plano de reconstrução nacional, Moçambique teve de desviar parte dos seus recursos para enfrentar uma acção de desestabilização desencadeada pelo regime minoritário da Rodésia do Sul e coordenada pelo regime do apartheid da África do Sul (Liesegang;2009:14). Os ataques militares directos aos objectivos económicos e sociais desencadeados contra Moçambique viriam a transformar as acções de desestabilização numa guerra civil, que acabou dilacerando o país por cerca de 16 anos. 1.3.1. Fracasso do Plano Prospetivo Indicativo (PPI) Uma combinação de factores internos e externos inviabilizou a implementação do Plano Prospectivo Indicativo (PPI), instrumento através do qual se “sonhava” acabar com o subdesenvolvimento de Moçambique em 10 anos, e, a partir de 1982, a produção global do país, que havia recuperado da crise de transição (1974-77), começa a registar um declínio quase em queda livre. De entre alguns factores internos que concorreram para o fracasso apontam-se: i) Reduzido número de técnicos moçambicanos, erros e insuficiências próprias de quadros que adquirem experiência de direcção e gestão político-económica no próprio processo de gestão macroeconómica e social; ii) Calamidades naturais (cheias e secas cíclicas) e falta de capacidade para as mitigar; UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 22 iii) Actos de agressão e destruição de infra-estruturas económicas e a consequente instabilidade, particularmente nas zonas rurais (Liesegang;2009:15). No que refere aos factores externos diz respeito, podem ser eleitos os seguintes: i) Não confirmação de Moçambique como membro de pleno direito do Conselho de Ajuda Mútua Económica (CAME); ii) Aplicação integral de sanções ao regime rebelde de Ian Smith, em cumprimento da Resolução 253 (1968), aprovada em 29 de Maio de 1968 pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas; iii) Redução do recrutamento de mineiros moçambicanos para uma terça parte do nível anterior e rescisão unilateral, por parte da África do Sul, do acordo que tinha com Moçambique, sobre o pagamento dos salários dos mineiros em ouro; iv) Diminuição drástica da utilização dos caminhos-de-ferro e dos portos moçambicanos pela África do Sul, o que, a par do encerramento de fronteiras com a Rodésia do Sul, reduziu para metade o tráfego ferroviário internacional através de Moçambique entre 1975 e 1981 (Liesegang;2009:15-16). 1.4. IV Congresso da Frelimo Ironicamente afirma Matsinhe (2011), que “depois da bonança veio a tempestade”. A seca e guerra de desestabilização provocaram uma crise que levou ao decrescimento da economia inviabilizando de forma clara o PPI. O desequilíbrio ecológico que assolou a região da África Austral entre 1982 e 1983, que provocou a seca e a guerra de desestabilização política e económica movida primeiro pela Rodésia do Sul, depois pela África do Sul e mais tarde pela RENAMO, foram responsáveis pela crise económica. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 23 Em 1983, o IV Congresso da Frelimo reuniu-se para analisar a crise económica e social que o país vivia e decidiu adoptar novas Directivas Económicas e Sociais para contrariar o declínio. O IV Congresso reconheceu que a vitória sobre o subdesenvolvimento assentavano apoio concentrado e integrado do sector de produção familiar, em especial na actividade agro-pecuária, assegurando os recursos necessários em instrumentos de trabalho, meios de produção e bens essenciais para a troca no campo. Por outro lado, recomendava uma forte combinação dos pequenos e grandes projectos para o combate à fome e o aumento de receitas em divisas para o país (Liesegang;2009:16). Sumário 25 de Junho é uma referência na vida de todos os moçambicanos já que foi nesse dia que se oficializou por completo a independência de Moçambique. Oficialmente, a guerra teve início a 25 de Setembro de 1964, com um ataque ao posto administrativo de Chai no então distrito (actualmente província) de Cabo Delgado, e terminou com um cessar- fogo a 8 de Setembro de 1974, resultando numa independência negociada em 1975. Moçambique era considerado já um País subdesenvolvido, mesmo pelos padrões das nações africanas. Entre 1970 e 1975 o PIB Moçambicano rondava os 1. 25 biliões de dólares, espelhados mais ou menos em 132 dólares per capita. Cinco anos depois da independência (1980) o PIB per capita chegou a 196 dólares e a agricultura e pescas eram os grandes contribuintes da economia com base em empresas do estado, pequeno produtor e associações. O sector privado tinha se desmoronado nos primeiros anos da independência e o seu regresso não era bem visto. Este pequeno crescimento económico dos primeiros cinco anos acontece já em período de guerra desde 1976 com a Rodésia (hoje Zimbabwe) e o sistema do apartheid da África do Sul. Com a UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 24 intensificação da guerra já transformada em guerra civil, começam a faltar de reservas de capital para continuar a subsidiar a economia e fazer investimentos. A economia inicia um declínio a pico e atinge 115 dólares per capita em 1990, altura em que o PRE já tinha 3 anos de implementação. O ano de 1992 trouxe alento a economia com o fim da guerra e de uma seca que já durava há 10 anos. Entre a introdução do PRE em 1987 e 1996 o PIB cresceu em média a 5.5% ao ano e em 11% entre 1996 e 1999. Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1. Quando que foi proclamada a independência de Moçambique? 2. Quem proclamou a independência? 3. Descreva a agricultura no período pós independência? 4. Fale dos programas de produção agrícolas implementados neste período? 5. Quais foram os impactos socioeconómicos destes programas? 6. Fale da nacionalização no período pós- independência. 7. Descreva os objectos da criação da PPI. 8. Quais foram os impactos Plano Prospetivo Indicativo (PPI). 9. Que data foram assinado o acordo de Lusaka. 10. Descreva a governação centralizada. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 25 TEMA – II: Economia do ambiente em moçambique UNIDADE Temática 2.1: Introdução a Economia de Moçambique UNIDADE Temática 2.2: A Guerra Pela Independencia e a Economia UNIDADE Temática 2.3: O Perfil das PMEs Em Moçambique Objectivos Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: ▪ Compreender as estratégias de desenvolvimento económico adoptadas após a independência. ▪ Identificar as estratégias de desenvolvimento económico adoptadas em Moçambique depois da independência. Introdução Moçambique independente herdou uma estrutura económica colonial caracterizada por uma assimetria entre o Norte e o Sul do País e entre o campo e a cidade. O Sul mais desenvolvido que o Norte e a cidade mais desenvolvida que o campo. A ausência duma integração económica e a opressão extrema da mão-de-obra constituíam as características mais dominantes dessa assimetria. A estratégia de desenvolvimento formulada para inverter esta assimetria apostou numa economia socialista centralmente planificada. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 26 No entanto, as conjunturas regional e internacionais desfavoráveis, as calamidades naturais e um conflito militar interno de 16 anos inviabilizaram a estratégia. 2.1.1. ECONOMIA DE MOÇAMBIQUE Moçambique possui importantes recursos naturais, entre eles destacam-se a energia hidroeléctrica (cahora bassa), gás, carvão, minerais, madeiras e extensas terras agrícolas. As pescas possuem um enorme potencial. Os principais produtos exportados para além da electricidade de cahora bassa são: camarão, algodão, cajú, chá, copra. Moçambique possui três importantes portos que servem de entrada e saída dos produtos destinados a países vizinhos, e lhes poderão permitir obter importantes receitas: ➢ porto de nacala, porta de entrada do Malawi; porto da Beira, porta de entrada da Botswana, Zimbabwe, Zâmbia, e Zaire; porto de Maputo, o segundo maior porto de Africa, e que foi amplamente modernizado em 1989 de forma a poder servir as regiões do sul de Africa. Serve de porta de entrada da Suazilândia e de África do sul (norte). 2.1.2. DA CRISE A RECUPERACAO UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 27 1975-1985. a seguir da independência em 1975, a economia moçambicana entrou em declínio, entre as razoes para explicar esta apontam-se as seguintes: ➢ O êxodo da maioria dos seus quadros técnicos e empresários, a maioria dos quadros de origem portuguesa; ➢ As opções politicas marxistas-leninistas da frelimo o único partido, e que eram contrarias a uma economia de mercado e privilegiavam o relacionamento com os países socialistas (ex: União soviética, China, RDA, etc.)os antigos empresários, sobretudo os portugueses, são encarados como neocolonialistas; ➢ O apoio dado por Moçambique aos movimentos de libertação na região, o que provocou o boicote e represalias de paises visinhos, como a Rodesia (Zimbabwe) e sobretudo a Africa do sul. ➢ A guerra civil que alastrou por todo o pais a partir de 1980 e contribuiu para destruir e paralisar as suas infra-estruturas económicas. A produção não tardou a entrar em ruptura e a balança de pagamentos rapidamente se tornou deficitária. ➢ Apesar de tudo entre 1977 e1981 registaram-se alguns sinais de abrandamento da crise mas com o alastramento da guerra civil a situação não tardou a prorar. Assim, entre 1982 e 1985, o crescimento do PBI foi de 5,9%. As condições de vida proraram de forma dramática, centenas de milhares de moçambicanos morreram a fome. A situação da balança comercial tornou-se insustentavel. O país tinha de mudar de rumo para poder subster. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 28 2.2. A GUERRA PELA INDEPENDENCIA E A ECONOMIA A evolução da economia nos últimos anos, durante a guerra colonial, teve alterações estruturais pouco sensíveis, mas aconteceram aspectos conjuntunturas importantes e que influenciaram a economia apos a independência. As opções havidas a partir da década dos anos 1960 aprofundou-se: o investimento público aumentou, a política monetária expansiva intensificou-se a edificação de colonatos-tampão, a construção civil, sobretudo da habitação e de infra-estruturas, cresceu e a indústria de substituição de importações teve um grande impulso devido ao crescimento rápido da população colona. Os custos de realização de grandes empreendimentos aumentaram devido aos efeitos da guerra e em muitas zonas a articulação da economia e dos espaços foi dificultada ou mesmo impedida com consequências sobre a rentabilidade dos agentes económicos e sobre a eficiência do conjunto da economia. Estes aspectos afetaram as funcionalidades entre os sectores e espaços, entre a economia tradicional e a economia moderna,entre o campo e a cidade, em alguns casos, as rupturas de comunicação introduziram graves distorções no funcionamento da economia. A administração e o exercito concentraram as populações das zonas afectadas pela guerra em aldeamentos. Pretendia-se retirar a guerrilha a possibilidade de mobilizar as populações e reduzir o apoio social ao movimento de libertação. Não obstante alguns sintomas de crise serem visíveis, existem evidencias que a economia de Moçambique cresceu a ritmos elevados durante o período da guerra. O crescimento foi suportado pelo investimento publico pela politica monetária expansiva, pela intensificação da colonização e pelos UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 29 efeitos inter-sectoriais da presença de grandes contingentes do exercito. A industria não foi directamente afectada de forma significativa por se localizar nas cinturas urbanas. Realçar ainda que a guerra apenas alcançou zonas economicamente importantes a partir de 1968-69 apos a operação No-Gordio. Começaram a ser atingidas directamente as zonas da alta Zambézia, produtora de chá e com grande importância na produção de milho e de tabaco, e de Manica e Sofala, importante na produção de cereais e de produtos frescos. As empresas produtoras de açúcar da Zambézia e de Sofala sofreram igualmente efeitos directos da guerra. As principais vias de comunicação do centro e norte do país estavam sujeitas a constantes ataques. Paralelamente, nas zonas libertadas, a frelimo procura aplicar novas formas de organização da economia. Realizam-se experiencia de trabalho colectivo em cooperativas de produção, o abastecimento rural e a extração dos excedentes produtivos são realizados através de uma rede de lojas da frelimo. Este movimento de libertação possuía o departamento de produção e comercio, que procurou orientar a produção agrícola no interior e vender no exterior os excedentes comercializados aos camponeses, sobretudo na Tanzânia. Estes aspectos sao abordados, quando se apresentam as aldeias comunais e o processo de cooperativizacao apos a independência. As populações são aglomeradas em redor das bases de guerrilha ou em zonas próprias, considerando a situação de guerra. Estas aldeias tinham múltiplos objectivos: defender e proteger as populações, simultaneamente que estas participavam na defesa e autodefesa, tendo-se iniciado a criação das milícias populares; mobilizar ou obrigar as populações para o transporte de material de guerra e de mantimentos transformando as aldeias em reservas de mão-de-obra; dificultar as acções das forças opostas em consequência da presença de populações. Existia assim uma dupla UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 30 dependências guerrilheiros necessitavam da população e esta vivia protegida pelos guerrilheiros. Em1973, Samora Machel escreve, porque a produção se encontrava submetida aos princípios do pacto colonial, isto e, destinava-se a satisfazer os interesses exclusivos da metrópole colonial, foi-nos necessário substituir produtos destinados a economia colonial, algodão e oleaginosas, por produtos alimentares. O facto de termos encontrado mercados nos países amigos, permitiu-nos a produção de oleaginosas. A frelimo esforçou-se por diversificar a produção introduzindo e generalizando a produção de hortícolas. Fazem-se continuo esforços no sentido de melhorar as técnicas agrícolas e introduzir outras novas, como a de fertilização dos terrenos pela utilização de adubos. As experiencias das zonas libertadas, os discursos e os documentos da Frelimo, depois de conhecer o período da experiencia socialista moçambicana, permite encontrar muitos dos fundamentos e das opções politicas e económicas do pós-independência. Primeiro, são evidentes os sinais para a intervenção da Frelimo na economia fundamentada na rejeição das iniciativas de comercio privado nas zonas libertadas. Segundo, as cooperativas indicam as opções futuras da socialização do meio rural e da criação de aldeias comunais. Terceiro, a produção alimentar e a agrícola surgem como prioritárias, o que foi confirmado durante os primeiros anos apos a independência. Para a compreensão da historia económica do período da experiencia socialista e importante conhecer a historia da frelimo, sobretudo a luta pelo poder, as alianças e nao-aliancas, estes aspectos são abordados quando relacionados com as opções fundamentais do pós- independência. À altura da independência nacional (1975), a estrutura económica de Moçambique apresentava UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 31 características gerais muito semelhantes com a de qualquer país colonizado, nomeadamente: 1. AGRICULTURA - fonte de rendimento para a maioria da população. 2. INDÚSTRIA - pouco desenvolvida. 3. COMÉRCIO - mercado nacional limitado e subdesenvolvido. - dependência do exterior: importação de bens, equipamento e matérias-primas à indústria; exportação de produtos agrícolas. 4. TRANSPORTES - sistema orientado para o mercado internacional. 5. CLASSE OPERÁRIA - pequena (incipiente) e desorganizada. 6. PRODUTIVIDADE - baixa e baixo nível de desenvolvimento das forças produtivas. 1. Agricultura Ocupando cerca de 75% da mão-de-obra activa, a produtividade na agricultura era baixíssima devido à utilização de tecnologias e técnicas agrícolas rudimentares. A mecanização era quase inexistente e a utilização de agro-químicos e de outros factores modernos muito reduzida. O sector da agricultura caracterizava-se pela existência de um dualismo de estruturas que compreendia: • Um sector com 4700 propriedades agrícolas, nas quais centenas de milhares de moçambicanos trabalhavam para os colonos, cuja produção se destinava ao mercado (ex: açúcar, sisal e chá). Esta era a mão-de-obra assalariada usando técnicas relativamente avançadas de cultivo e dedicando-se à produção mercantil. Indústria Base industrial muito fraca. A indústria existente em Moçambique não surgiu em consequência da evolução da estrutura económica global do país, mas como UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 32 uma actividade subsidiária da exportação, isto é, imposta pela necessidade de transformar produtos primários até à fase exportável. Tendo em conta a aptidão ecológica do país para as culturas de cana- de-açúcar, do sisal, do coqueiro, do algodoeiro, do chá, entre outros, são as indústrias do início do ciclo de transformações industriais destes produtos que primeiro apareceram em Moçambique. Os complexos agro-industriais do açúcar e do sisal são anteriores à grande guerra de 1914. São também antigas e correspondem igualmente à objectivos de exportação as indústrias de extracção de óleos vegetais, do descaroçamento e prensagem de algodão, da preparação do chá e da serração de madeira. Nos finais da década de “40”, embora lentamente, assistiu-se à expansão do mercado interno (25.000 europeus) que tornou viáveis algumas indústrias que respondiam à sua procura. Assim surgiram as indústrias do sabão e do tabaco; depois, as da cerveja, do cimento e do vestuário; mais tarde e já na década de “50”, a moagem de trigo e a fiação e tecelagem de algodão e juta; e, por fim, já nos anos “60”, a refinação de petróleos, a laminagem de ferro e aço, a construção e montagem de material de caminho-de-ferro, e o descasque da castanha de cajú. O sector da indústria pesada para a produção de máquinas para outros sectores da economia era muito incipiente, com um peso de apenas 11.7% no valor bruto da produção em 1973. A indústria existente, basicamente de transformação primária de produtosagrícolas estava equipada com maquinaria importada, frequentemente em segunda mão ou mesmo obsoleta. Sendo assim, só era capaz de efectuar pequenas transformações finais, de acabamento ou de embalagem de produtos importados. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 33 estrutura da indústria herdada da era colonial a indústria era: subdesenvolvida, desequilibrada, Débil, dependente, vulnerável e ineficiente. O algodão foi a matéria prima que permitiu o lançamento da indústria têxtil portuguesa no mercado internacional. O atraso tecnológico da indústria transformadora era tal que em 1975 mais de 70% de equipamento industrial tinha um tempo de uso superior de 15 anos. Era incapaz de enfrentar mercados competitivos e desafios tecnológicos. Em 1975, 80% da força de trabalho no sector da indústria era analfabeta e não qualificada. A propriedade industrial era controlada pelos capitais e cidadãos estrangeiros portugueses e não portugueses residentes em Moçambique. Durante a colonização e apesar da existência dos planos de fomento não se adoptou nenhuma política da industrialização corrente E de acordo com dados estatísticos disponíveis e actuais, o sector agrário como um todo, contribui para o Produto Interno Bruto com cerca de 25.9% (a preços de 1996). A Agricultura sozinha, contribui com cerca de 22.1% no Produto Interno Bruto Os desafios do sector agrícola em Moçambique são: aumento da produção e Produtividade; uso de tecnologias melhoradas, disseminação e adopção das mesmas; prevenção das calamidades naturais nomeadamente : a seca e as inundações; escoamento de produtos agrícolas das zonas de maior produção para as deficitárias( devidos ás más condições de transitabilidade das vias em muitas zonas do País); acesso ao mercado de insumos e transformação da agricultura de subsistência em agricultura virada para o mercado. A agricultura constitui a base da segurança alimentar da população, principalmente nas zonas rurais onde a pratica desta actividade constitui uma das formas de sobrevivência dos agregados familiares cultivando em grande medida culturas UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 34 alimentares básicas, nomeadamente: Milho, arroz, Mapira, amendoim, meixoera, feijões e mandioca. Da produção obtida, cerca de 90% se destina ao autoconsumo. O remanescente é comercializado com objectivo de adquirir outros bens, principalmente manufacturados. Por outro lado, os agregados familiares que praticam culturas de rendimento utilizam as receitas provenientes das suas vendas na aquisição, entre outros bens, de alimentos para garantir a segurança alimentar em épocas de fome. As Culturas de rendimento mais produzidas em Moçambique são a Cana de Açucar, Algodão, Tabaco, Chá, Girassol, Copra, Gergelim, Gengibre, Soja, Paprica, Castanha de cajú, etc. Repare-se que alguns produtos agrícolas de Moçambique já concorrem para o mercado externo, contudo, ainda tem que responder a novos desafios da oportunidades de colocação desses mesmos produtos e outros para concorrer em pé de igualdade com os outros países. 2. Comércio Toda a rede comercial na cidade e no campo pertencia e era gerida por estrangeiros (desde a venda por grosso até à venda à retalho). Daí que, neste sector, era visível a discriminação racial. Era vedada aos moçambicanos negros qualquer actividade comercial de conta própria, cabendo a estes assegurar a troca desigual de produtos das suas machambas com os produtos industriais. O poder de compra da população camponesa era limitado devido a um sistema de preços que fazia com que os colonos portugueses recebessem mais que as famílias camponesas quando vendiam os seus produtos agrícolas. A Evolução da economia entre 1977 e 1986 esteve assenta em importações ( veja-se a taxa de cobertura no quadro a abaixo) e a evolução dos volumes em valor das exportações e importações. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 35 A tendência da evolução mais rápido do valor das exportações ente 1978 e 1980 foi invertida, não obstante os termos de troca positivos do comercio externo entre 1980 e 1986; segundo o World Bank(1990), é considerado o índice 100 para 1980, os valores para 1985 e 1986 foram respectivamente de 105 e 106. Deve-se no entanto destacar que as variações podem ser grandes e não existe dados globais para restantes anos do período em referência. 3. Serviços A economia colonial assentava em dois alicerces: o primeiro era a função de prestação de serviços que Moçambique desempenhava em relação a outros países da região, o que correspondia a cerca de metade dos rendimentos externos da colónia. Por volta de um quarto desses rendimentos das tarifas portuárias e de caminhos de ferro. A outra quarta parte vinha do trabalho dos emigrantes, sendo o grupo dos mineiros na África do Sul o mais importante. Os portos e caminhos de ferro foram orientados quase que exclusivamente para os países do “hinterland” (África do Sul, Swazilândia, Zimbabwe, Malawi, Zâmbia), como reflexo da política colonial de subordinação aos interesses dos países vizinhos, sem terem conta as necessidades do comércio e desenvolvimento dentro de Moçambique. Contudo, os desenvolvimento do sector terciário criou uma desintegração espacial da economia por carências da rede de transportes (quer rodoviários, quer ferroviários) e ausência de centros polarizantes em vastas regiões do território. As linhas férreas foram construídas na direcção Este-Oeste e não na direcção Norte-Sul. Nem as linhas férreas, nem as estradas, ligam as diversas zonas do país. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 36 O crescimento de Moçambique de 1992 a 2012: Factos estilizados Compreende-se melhor a experiência de crescimento de Moçambique distinguindo dois quadros temporais. Na década subsequente à guerra (1992–2002), as políticas do Governo dedicaram-se à reabilitação e à criação das bases da economia de mercado. Desde então, o enfoque tem sido a consolidação dos resultados e a manutenção de elevadas taxas de crescimento económico. O desempenho económico global foi vigoroso durante ambos esses períodos, embora nos dez primeiros anos o crescimento tenha sido mais volátil, com quebras consideráveis do desempenho económico em 1995 e em 2000 devido a choques associados às condições meteorológicas (cheias). O desempenho económico resultou em grande medida da liberalização do mercado e das políticas de privatização levadas a cabo. No segundo período, o crescimento foi impulsionado em maior medida pelos investimentos feitos em mega projetos. De igual modo, os doadores proporcionaram um elevado nível de apoio durante todo esse período. A produção económica não é muito diversificada, embora se tenham dado mudanças estruturais na economia. Durante a década da reconstrução subsequente à guerra, a participação da agricultura (setor primário) desceu de 38% do PIB em 1992 para 20% em 2001, refletindo o reerguer da economia, a reabilitação da central hidroelétrica de Cahora Bassa (1995–97) e a construção da fundição de alumínio da Mozal (1998– 2003). Aliás, a Mozal constitui o primeiro mega projeto de Moçambique no pós-guerra, e os investidores estrangeiros foram atraídos pela generosidade dos incentivos fiscais. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 37 Concedidos e pelo acesso a tarifas elétricas reduzidas. Assim, a participação do setor secundário (mineração, transformação, eletricidade e construção) aumentou continuamente até aos 25% do PIB em 2004. Desde então, com o arranque de vários investimentosavultados em explorações comerciais, o crescimento agrícola ultrapassou o crescimento de outros setores, inclusive em 2012 o setor primário ascendia aproximadamente a 28% do PIB. O setor terciário (sobretudo comércio, transportes e serviços públicos) atingiu cerca de 45% do PIB nesse período. O investimento, em especial a aposta nos mega projetos, estimulou o crescimento, representando um aumento estimado entre 2 a 4 pontos percentuais do crescimento em cada ano de construção ativa (Figura 1.3).2 O investimento nos primeiros anos após o conflito evidenciou a UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 38 reconstrução financiada pela ajuda, mas rapidamente a atenção virou- se para projetos de infraestruturas e para o investimento direto estrangeiro (IDE), sobretudo projetos como Cahora Bassa, Mozal e Sasol (gasoduto para a África do Sul). Desde 2004, iniciaram-se vários projetos no setor extrativo, exploração ou processamento de minérios, nomeadamente o projeto das areias pesadas da Kenmare, as minas de carvão da Vale e Rio Tinto e, mais recentemente, a bem sucedida exploração de gás pela ENI e Anadarko na bacia de Rovuma no mar ao largo do norte de Moçambique. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 39 A recuperação do investimento e das entradas de IDE desde 2007 tem estado ligada ao crescimento das importações, e as exportações líquidas voltaram a abrandar após 2011. A base das exportações afastou-se dos produtos de exportação tradicionais como sejam o camarão, o algodão, a madeira, a castanha de caju em bruto e o açúcar, que predominaram na primeira década após a guerra, prevalecendo as exportações. 2.3. O PERFIL DAS PMEs EM MOÇAMBIQUE 2.3.1. Contexto O Programa Quinquenal do Governo (2015-2019) tem na prioridade III Promover o Emprego e Melhorar a Produtividade e Competitividade e na prioridade IV Desenvolver Infraesturas Económicas e Socias o direccionamento estratégico do suporte as PMEs no desenvolvimento da capacidade produtiva através do suporte empresarial para a facilitação do acesso a informação e tecnologia, desenvolvimento de habilidades de gestão e não só, acesso a financiamentos e expansão de infra-estruturas de suporte. Inserido no âmbito da promoção empresarial, a presente análise da situação actual das PMEs tem como base o censo de empresas do Instituto Nacional de Estatística, realizado UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 40 em 2004 e actualizados anualmente através de inquéritos Passados 10 anos após a realização do último censo de empresas e conforme previsto, decorre o desenvolvimento do novo censo de empresas pelo INE que irá criar condições para aprimorar melhor a avaliação dos indicadores de desempenho empresarial. Servirá igualmente não somente como veículo de complementaridade mas também de validação dos dados que constam da base de dados das PMEs tendo em consideração a sua inter-conectabilidade. Atribuições As atribuições estatutárias do IPEME como instituição pública e que foram a base-guia para as realizações do quinquénio, não só dinamizam a sua visão “Ser a plataforma institucional para promoção das micro, IPEME. O PERFIL DAS PMEs EM MOÇAMBIQUE PMEs Pequenas e Médias Empresas em Moçambique Situação e Desafios 38 pequenas e médias empresas em Moçambique” e a sua missão “Incentivar a implantação, a consolidação e o desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas” mas, como também, enformam os valores “Excelência, Ética, Assistência, Eficiência, Competitividade, Empreendedorismo, Parceria”. As atribuições do IPEME concentram-se nas seguintes áreas: i. Fomentar a criação, desenvolvimento e modernização das Pequenas e Médias Empresas; ii. Estimular a implementação de micro, pequenas e médias unidades industriais de processamento de produtos nacionais; iii. Enquadrar a actividade de promoção de equipamento de processamento apropriado para zona rural dentro das estratégias sectoriais orientadas para o desenvolvimento rural; iv. Criar capacidade de gestão empresarial das Pequenas e Médias Empresas; UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 41 v. Facilitar a assistência técnica e coordenação de acção de formação para os intervenientes; vi. Promover e criar incubadoras empresariais; vii. Assegurar a gestão das incubadoras existentes; viii. Facilitar o acesso ao financiamento, através de protocolos estabelecidos com a Banca, para disponibilização de instrumentos complementares de capitalização das empresas e acesso ao crédito; ix. Promover acordos para constituição de fundos de co-garantia assim como a sua correcta gestão; x. Mobilizar recursos financeiros para o apoio ao desenvolvimento empresarial; xi. Promover as ligações entre as PME’s e entre estas e as grandes empresas. Focalização Estratégica A Estratégia Nacional de Desenvolvimento (2015-2035) considera que a industrialização deve desempenhar um papel fundamental na dinamização da economia ao impulsionar o desenvolvimento dos principais sectores de actividade (agricultura e pesca), na criação de emprego e na capitalização dos moçambicanos, definindo deste modo o sector industrial e os a ela ligados como prioridade na dinamização e suporte pelo governo. Neste quadro o IPEME apoia o Desenvolvimento industrial a nível local com recurso a metodologia CaDUP através da qual as PMEs em particular do ramo do agro-processamento são assistidas em desenvolvimento empresarial (embalagem, qualidade, gestão, financiamento, mercados e outros) nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane. Por outro lado o IPEME assiste as PMEs em parceria com a cooperação argentina em matérias de organização e desenvolvimento industrial no quadro da promoção da melhoria da eficiência produtiva das empresas. Volume de Negócios nas Pequenas e Médias Empresas As pequenas empresas são as que alcançaram o UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 42 volume de negócios mais expressivo, tendo atingido cerca de 68 mil milhões de meticais em 2012, o que significa dizer que a contribuição de cada empresa nesta categoria contribuiu em média com cerca de 13 milhões de meticais, conforme a figura seguinte (INE, 2013). Distribuição das PMEs Por Sectores de Actividade Maior número de empresas encontra-se concentrado no sector do comércio a grosso e a retalho e nalguns serviços como reparação de veículos automóveis e motociclos no qual actuam 55% do total das PMEs, seguido do sector de alojamento e restauração (21%) e da indústria transformadora (10%). UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 43 Sumário O potencial económico do País para a atracção de investimentos na agro-indústria, agricultura, turismo, pesca e mineração é enorme. Projectos como o da Mozal, Barragem de Cahora Bassa, Corredores Ferro-Portuários e Complexos Turísticos ao longo de todo o País têm contribuído significativamente para colocar Moçambique na rota dos grandes investimentos regional e internacional. Apesar do notável crescimento económico que o País vem registando, muitos moçambicanos continuam vivendo abaixo da linha da pobreza. O combate à pobreza absoluta constitui uma das grandes prioridades do Governo para o quinquénio 2005-2009. Para o efeito foi traçado a segunda fase do Plano de Acção da Redução da Pobreza Absoluta (PARPA II). UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 44 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1. Descreve o perfil das PMEsem moçambique 2. Qual é os contributos das PMEs na Economia 3. Quais são os grandes desafios dos PMEs no contexto Moçambicano. 4. Qual São os principais factores de atracão de investimento em Moçambique 5. Quais os Principais Mega projectos estalado no país pós independência. EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO 1. Quais as grandes dificuldades encarradas pelas PMEs. 2. Qual o impacto socio económico dos megas projectos em Moçambique 3. Destaque o papel da CTA na economia Moçambicana. 4. Qual é o contributo do comercio no PIB de Moçambique. 5. Qual é o contributo do mercado informar na economia. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 45 TEMA – III: Mega projectos e Economia Ambiental UNIDADE Temática 3.1: Características Económicas dos Mega Projectos UNIDADE Temática 3.2: Economia de Ambiente UNIDADE Temática 3.3: Conceito de economia do ambiente Objectivos Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: • Compreender o contributo económico de mega projectos • Analisar o impacto sobre a Economia Moçambicana. Introdução Moçambique faz fronteira com sete países vizinhos, a saber: a Norte a Tanzania; a Noroeste o Malawi e a Zâmbia; a Oeste o Zimbabwe; a Sudeste a África do Sul e a Swaziandia; e a sul novamente a África do Sul. A este fica o Oceano Índico (Canal de Moçambique). Estas confrontações, são geograficamente definidas e de forma mais exacta pela forma que se segue: UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 46 Fronteira Norte Está estabelecida entre o curso do rio Rovuma entre a sua foz e a sua confluência do rio Messingue: deste ponto para o Oeste uma linha convencional até um ponto a meio do lago Niassa (Lat. 11° 30′ e Long 34° 48′). Fronteira Oeste Separa o território nacional de cinco países vizinhos, ao longo de cerca de 2680km, desde o seu extremo mais a Norte localizado num ponto a meio do Lago Niassa, onde começa fronteira com o Malawi, até ao extremo sul situado junto à fronteira com a Suazilândia. A fronteira Oeste, limita sucessivamente o território nacional do Malawi, através de três províncias: Niassa e Zambézia (no sentido Norte-Sul) e Tete (no sentido Sul-Noroeste), num percurso de cerca de 1200 km; a partir do paralelo de 14° Latitude Sul, tangente à província de Tete, começa a fronteira Norte-Ocidental com a Zâmbia no sentido Noroeste-Sudeste até ao rio Aruagua, prosseguindo ao longo do curso deste no sentido Norte-Sul, até à confluência com o rio Zambeze, percorrendo cerca de400 km. Deste ponto, começa em direcção Sul a fronteira com o Zimbábue. Ao chegar-se ao paralelo de 16º Latitude Sul, a fronteira toma grosso modo o sentido Oeste Este até ao meridiano de 33º Longitude Este. Deste ponto, retoma o sentido geral Norte Sul até ao ponto de encontro com o rio Save. Daqui, desenvolve-se no sentido Sudoeste até ao rio Limpopo onde termina a fronteira com o Zimbabwe. Esta é a maior fronteira terrestre que Moçambique faz com um país vizinho, percorrendo cerca de 1000 Km distribuídos pelas províncias de Tete, Manica e Gaza. A partir do rio Limpopo, começa a fronteira com a África do Sul no sentido geral Noroeste Sudeste, até junto a nascente do rio Mazinchope, situado mais ou menos sobre o meridiano de 32º Longitude Este. Deste ponto, desenvolve-se em direcção Sul ao longo do referido meridiano até ao monte M’ponduine onde, a fronteira com a África do Sul e interrompida depois de UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 47 percorridos cerca de 400 Km, para dar lugar a curta fronteira com a Swazilândia, também no sentido geral Norte-sul até a confluência com o rio Maputo (extremo sul da fronteira) num percurso de cerca de 80 Km. Fronteira Este O território Moçambicano, sendo banhado a Este pelo Oceano Índico (canal de Moçambique), tem a sua fronteira Este limitada a 12 milhas marítimas a partir da linha de base. Fronteira Sul Vai do rio Maputo até a confluência com o rio Pongolo; deste local até a Ponta de Ouro, corre uma linha convencional na direcção geral de Este Na altura da sua independência, em 1975, Moçambique era um dos países mais pobres do mundo. O modelo de governo e a guerra civil pioraram a situação. Em 1987, o governo empreendeu uma série de reformas macroeconómicas projetadas para estabilizar a economia. Estas providências, a par da ajuda externa e da estabilidade política desde as eleições, refletiram-se no aumento da taxa de crescimento do país. A inflação foi reduzida a dígitos únicos durante o fim dos anos 90. Em 2007, a inflação reduziu para 8 por cento, enquanto o crescimento de PIB atingiu 7,5 por cento. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 48 Apesar da melhoria assinalada, Moçambique permanece dependente da ajuda estrangeira, no que diz respeito à maior parte do seu orçamento anual, com a maior parte da população (70%, de acordo com o CIA – CIA – The World Factbook) a permanecer abaixo da linha de pobreza. A agricultura de subsistência continua a empregar a maior parte da força de trabalho do país. Um desequilíbrio comercial substancial persiste, embora a abertura da fundição de alumínio Mozal – o maior projeto de investimento estrangeiro do país até à data – tenha aumentado o lucro de exportação. Uma parte substancial da dívida estrangeira de Moçambique foi reduzida pelo facto do país estar abrangido pelo programa dos Países Pobres Altamente Endividados do Fundo Monetário Internacional (HIPC). Em Setembro de 2010 os cidadãos revoltaram-se depois de terem sido anunciados aumentos nos preços da água, eletricidade, combustível e no pão. Numa tentativa de diminuir o impacto negativo sobre a população, o governo implementou subsídios, reduziu impostos e tarifas, e instituiu outras medidas fiscais. Moçambique cresceu a uma taxa média anual de 6% a 8% na década até 2013, uma das performances mais fortes da África. A capacidade de Moçambique para atrair grandes projetos de investimento em recursos naturais é esperada para abastecer um elevado crescimento nos próximos anos. 3.1 Características Económicas dos Mega Projectos Mega projectos são actividades de investimento e produção com características especiais. Primeiro, a sua dimensão, definida pelos montantes de investimento (acima de US$ 500 milhões) e impacto na produção e comércio, é enorme. Por exemplo, se pegarmos em três mega projectos apenas (a fundição de alumínio de UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 49 Beluluane, Mozal; a mina de areias pesadas de Moma; e o projecto do gás natural da Sazol, em Inhambane), podemos verificar que: (i) o custo de investimento inicial de cada um destes projectos é superior a US$ 1 bilião; (ii) a soma do investimento realizado por estes três projectos é aproximadamente igual a 60% do PIB de Moçambique; (iii) o investimento nestes três projectos é superior a 55% do investimento privado total realizado nos últimos 10 anos; (iv) a produção conjunta destes projectos aproxima-se de 70% da produção industrial bruta de Moçambique. O valor da produção bruta da Mozal (cerca de US$ 2 biliões em 2006) era maior que o Orçamento do Estado de Moçambique; e (v) as exportações totais destes projectos aproximam-se de três quartos das exportações nacionais de bens. Segundo, em contrapartida, os mega projectos são geralmente intensivos em capital e, portanto, não geram emprego directo proporcional ao seu peso no investimento, produção e comércio. Por exemplo, tomando os três mega projectos atrás mencionados (cujo investimento se aproxima de60% do PIB, cuja produção se aproxima de 70% do produto industrial e cujas exportações andam por volta de três quartos das exportações nacionais de bens) podemos constatar que, no seu conjunto, empregam apenas 4% da força de trabalho assalariada formal no sector industrial. Terceiro, são geralmente concentrados em torno de actividades mineiras e energéticas – carvão e Moatize, gás de Pande e Temane, areais minerais de Moma e Chibuto, Hidroeléctrica+ de Cahora Bassa (HCB), e a Mozal (intensiva em energia), são apenas alguns exemplos. Quarto, são estruturantes das dinâmicas fundamentais de acumulação e reprodução económica em Moçambique por causa do seu peso no investimento privado, na produção e no comércio. Dado que são poucos e concentrados sobretudo na indústria extractiva e de energia, as dinâmicas assim geradas são estruturantes de uma economia excessivamente concentrada, produtora de UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 50 produtos primários, pouco diversificada em termos de produção, comércio, qualificações e tecnologias e ligações, e de base social e regional estreita (concentrada em algumas regiões e com impacto social limitado). Quinto, os mega projectos são área quase exclusiva de intervenção de grandes empresas multinacionais por causa dos elevadíssimos custos, das qualificações e especialização requeridas, da magnitude, das condições competitivas e especialização dos mercados fornecedores e consumidores, geralmente dominados por oligopólios e monopólios. Tipicamente, estas empresas constroem altos níveis de integração vertical ao longo das cadeias produtivas, diversificam horizontalmente para áreas de actividade relacionadas, exercem controlo sobre os mercados em que, ou com que, operam. Em economias menos desenvolvidas, como a de Moçambique, estas empresas podem exercer considerável poder. Por exemplo, a BHP Billiton, principal accionista da Mozal e das areias minerais de Chibuto, tem um portfolio de investimento em Moçambique superior a 40% do PIB Moçambicano o que lhe dá enormes vantagens na negociação política com as instituições públicas. Sexto, os custos de insucesso (ou sunk costs) são altíssimos por causa da dimensão e complexidade destes investimentos. Deste modo, estes empreendimentos são pouco sensíveis a incentivos de curto prazo ou de ocasião, e muito sensíveis às estratégias corporativas globais, dinâmicas dos mercados, condições logísticas e de infra-estruturas, acesso barato e seguro a recursos produtivos e custos do capital. Não admira, pois, que em Moçambique estes projectos sejam orientados para mercados externos maiores e com acordos futuros, invistam massivamente na infra- estrutura e logística que necessitam, exijam livre repatriamento de capitais, negoceiem preços baixos para as matérias-primas e outros principais insumos locais e isenções de direitos nas importações de equipamentos e matérias-primas. Não essência, as decisões de investimento e sua localização, expansão, escolha de UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 51 mercados e tecnologia são o resultado da combinação de estratégias corporativas num ambiente oligopolista, em vez de respostas de curto e médio prazo a incentivos não estruturais. 3.1.1. Análise temática: Empreendedorismo e industrialização em Moçambique A grande maioria das indústrias existentes em Moçambique são antigas empresas coloniais, nacionalizadas após a independência em 1975 e posteriormente privatizadas durante a liberalização económica dos anos 90. Ao longo deste processo, grande parte da capacidade industrial do país diminuiu. Do tecido industrial tradicional, os subsetores que subsistiram e se desenvolveram foram o de alimentos (21% da produção industrial), bebidas (10%), tabaco (9%) e cimento (5%). Em contrapartida, outros subsetores anteriormente relevantes deixaram de existir ou tornaram-se residuais, tais como o da cerâmica, do vidro, do chá, do caju processado, da metalurgia e dos têxteis. O setor industrial atualmente emprega apenas 3% da população ativa. Os grandes fluxos de IDE iniciados em 2000 promoveram novos subsetores, essencialmente orientados para as exportações, que agora constituem a espinha dorsal do tecido industrial. O megaprojeto de fundição de alumínio da Mozal, o primeiro investimento industrial em grande escala do país realizado em 2000, representa cerca de 39% da produção industrial e 25% das exportações de Moçambique. A unidade de produção de gás natural da Sasol, que se seguiu em 2001, contribui para 10% das exportações, agora ultrapassada pela produção de carvão, que representa 15% das exportações, enquanto a de areias pesadas contribui com 6%. Ao todo, esses quatro produtos contribuem para quase 60% das exportações, sendo todas elas matérias-primas primárias com valor acrescentado residual. Para além da eletricidade, que representa 11% das exportações, quase inteiramente gerada pela barragem hidroelétrica de Cahora Bassa, construída antes da independência, o açúcar semi- processado (3% das exportações) é o único produto processado exportado. Para além dessas indústrias principais, a produção industrial tem estagnado desde a UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 52 independência, e o setor não conseguiu aproveitar os potenciais benefícios – e as ligações – do setor de indústria extrativa em rápida expansão, em que o gás natural e seus derivados estão prontos para se tornarem no principal polo industrial do país. A Estratégia Nacional de Desenvolvimento lançada em 2014 coloca a industrialização como o principal caminho para a prosperidade e competitividade através de um modelo de crescimento inclusivo e sustentável. O processo de industrialização encontra-se projetado para se desenvolver numa base institucional renovada, criando o capital humano necessário e fornecendo as infraestruturas físicas necessárias. Em 2016, no contexto dos investimentos em larga escala no setor de gás natural, o governo aprovou uma nova Estratégia Política e Industrial (EPI) para 2016- 25. A EPI assume uma abordagem horizontal para superar as deficiências estruturais do país, selecionando como pilares: infraestruturas para o desenvolvimento económico, desenvolvimento do capital humano, formação em empreendedorismo e proteção da indústria nacional, promoção do acesso ao financiamento adequado, promoção de laços comerciais, incentivos ao investimento para o setor industrial, apoio à inovação; acesso à tecnologia; investigação e desenvolvimento, bem como definição de um modelo institucional adequado para impulsionar o desenvolvimento industrial. Esta abordagem horizontal é complementada por uma política vertical para incentivar subsetores específicos identificados como prioritários: alimentação e agroindústria; vestuário, têxteis e calçado; minerais não metálicos; metalurgia e fabricação de produtos metálicos; madeira e mobiliário; química, borracha e plásticos, assim como papel e impressão. Estes setores beneficiarão de incentivos fiscais e aduaneiros, e ainda de incentivos ao investimento. Como parte do seu terceiro pilar, a estratégia visa a capacitação do empreendedorismo jovem como forma de promover as micro, pequenas e médias empresas (MPME) e a industrialização. No pilar de criação de emprego da nova política de emprego de 2016, são incluídas medidas específicas para a formalização do setor informal através da formação em empreendedorismo e da inclusão do tema do empreendedorismo nos curricula escolares. Adicionalmente, a estratégia prevê apoiar programas de inovação e aprendizagem vocacional dirigidos às MPME para UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 53 desenvolvero empreendedorismo e as capacidades básicas de gestão empresarial. São também identificados os vínculos com os setores extrativos como um catalisador crucial do emprego através de oportunidades empresariais em setores auxiliares (industriais e de serviços) para os grandes projetos. O instituto de promoção das pequenas e médias empresas – Instituto para a Promoção das Pequenas e Médias Empresas (IPEME) – lidera a implementação da estratégia nacional de apoio às MPME. A estratégia, datada de 2014, centra-se em melhorar o ambiente empresarial, aumentar as capacidades das MPME, melhorar o acesso aos serviços financeiros, bem como aumentar o acesso ao mercado. Os resultados são monitorizados e avaliados regularmente. De acordo com dados de 2016, 64% dos moçambicanos são trabalhadores independentes, enquanto 19% trabalham em atividades não agrícolas. Os empreendedores individuais representam 92.7% de todas as empresas registadas. As mulheres possuem 40% desse tipo de empreendimento. Há uma grande prevalência de microescala de comércio (44%) e agricultura (22%) com pouco valor acrescentado e muito pouco potencial de criação de emprego. No setor industrial, as microempresas, com um a quatro funcionários, respondem por 63% das empresas industriais, enquanto as pequenas empresas correspondem a 30%. Apenas 3% das indústrias são médias, empregando entre 50 e 100 trabalhadores. Embora as grandes empresas sejam apenas 4% de todas as empresas industriais, elas respondem por 64% da produção total, refletindo a maior parte do IDE direcionado para os megaprojetos de capital intensivo em indústrias extrativas. As ligações com as indústrias extrativas em rápida expansão proporcionam uma oportunidade única para impulsionar o empreendedorismo. O programa Mozlink, apoiado pela Corporação Financeira Internacional, é o programa mais bem-sucedido. Outros programas estão agora a ser desenvolvidos com o apoio da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial e do Banco Africano de Desenvolvimento. Segundo um levantamento de empresários nacionais encomendado pelo IPEME, existem quatro motivações principais para estabelecer uma MPME: i) conhecimento prévio do mercado (31%); UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 54 ii) Identificação de uma necessidade no mercado (27%); iii) Apoio às populações locais com um novo projeto (12%); e compra de uma empresa já existente (12%). Os principais obstáculos ao arranque e desenvolvimento de uma MPME são ligados ao ambiente macroeconómico, como aspetos relacionados às operações internas das empresas, ao papel das instituições públicas no processo e ao acesso ao financiamento. Empreendedores e MPME dependem principalmente do autofinanciamento e reinvestimento de lucros, o que limita a capacidade de novos investimentos e a expansão de negócios. Apenas metade das empresas utiliza outras fontes de financiamento, que são principalmente empréstimos bancários (62%). Com uma procura crescente, o setor de capital de risco encontra-se em fase embrionária e a expandir-se lentamente como parte de um ecossistema mais amplo e de rápido crescimento para apoiar os empreendedores e as MPME. Tal expansão inclui incubadoras de empresas, empresas de serviços de desenvolvimento de negócios, centros empresariais e de capacitação patrocinados por grandes corporações, bem como bancos e consultoras especializadas, lançando as bases para um tecido industrial rejuvenescido. 3.2. Economia do Ambiente A economia do ambiente, também designada por economia do ambiente e dos recursos naturais, é o ramo da economia que se dedica ao estudo do impacto das externalidades causadas no ambiente externo e a maximização da produção e a satisfação das necessidades de consumo, tendo em conta a finitude dos recursos. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 55 3.3. Conceito de economia do ambiente A economia do ambiente, também designada por economia do ambiente e dos recursos naturais, é o ramo da economia que se dedica ao estudo do impacto das externalidades causadas no ambiente externo e a maximização da produção e a satisfação das necessidades de consumo, tendo em conta a finitude dos recursos. 3.4. Como o ambiente entra na economia? Os inícios da entrada da economia no problema ambiental nasce a partir da necessidade de controlar o mal uso dos bens ambientais, especialmente com respeito aos problemas de poluição que aconteceram nas grandes cidades dos países desenvolvidos nos anos 70. Assim os economistas ambientais tem inicialmente formulado propostas baseados nas políticas de controlo e posteriormente de desenvolvimento tecnológico. Em quanto ao problema do controle ambiental a ideia básica é o reconhecimento de que o mercado se tem visto na impossibilidade de poder controlar os problemas ambientais porque não tem sido possível à internalização dos custos ambientais. Então a solução do problema passa por corrigir esta distorção. Para poder resolver este problema o economista Pigou propus que era possível alcançar a solução de equilíbrio mediante a imposição de um imposto (o famoso imposto pigouviano). Isto trouxe alguns problemas dentro da teoria porque ela vai em contra mesmo da lógica do funcionamento do mercado. Nesse sentido surgiu a proposta de Coaseque diz que dado que os custos de transação são depreciáveis é possível que as partes possam-se pôr de acordo chegando a uma solução ótima a partir da definição dos direitos de propriedade. Outro dos problemas ambientais que tem recebido uma ampla análise é o a respeito da utilização dos recursos naturais. Para os economistas “ambientais” a solução aos problemas da falta de recursos somente é visto como um problema tecnológico, é dizer, se a tecnologia se http://knoow.net/ciencterravida/biologia/recurso-ambiental/ http://knoow.net/cienceconempr/economia/externalidades/ http://knoow.net/ciencterravida/biologia/impacto-ambiental/ http://knoow.net/cienceconempr/economia/ronald-coase/ UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 56 desenvolve aos níveis requeridos para que os recursos renováveis possam ser trocados pelos não-renováveis, então o problema ambiental queda ao margem. Mas se isto não é possível, então se deveria de obter mudanças tecnológicas que procurem uma maior eficiência dos recursos. Sem duvida que isto só é possível baixo a suposição de que o problema é só de transformação. A lógica proposta é correta se nos acreditamos de que o problema ambiental se resume a questões envolvendo unicamente a lei da conservação da matéria. Em poucas palavras se pode dizer que a economia ambiental tem como base a economia neoclássica, mas reconhecendo que existem imperfeições no mercado que é necessário de corrigir. As suas receitas estão baseadas na eficiência do mercado e as possibilidades da mudança tecnológica, tomando somente em consideração a primeira lei da termodinâmica. A teoria económica há sempre mantido de que o valor económico é gerado unicamente dentro da mesma economia onde ela é totalmente distribuída entre os fatores da produção antes de ser consumida, sendo pelo tanto a economia um sistema isolado que não necessita de fluxos para passar através de seus limites de sustentabilidade que permita manter seu estado estável. Esta visão significa que o problema ambiental esta mesmo na forma de desenvolvimento da sociedade. Nos temos vários fatores que explicam como se da este fenómeno. Assim temos que atualmente os bens colocados no mercado são bens que tem mais utilidade social quanto mais desigualmente repartidos forem. É dizer os bens representam uma utilidade pelo fato de que poucas pessoas são aquelas que os pousem. Então quanto mais elas se popularizemmenos utilidade terá para seu proprietário. Igualmente esta o fenómeno da duração de vida dos bens de consumo duráveis. Esta lógica do crescimento dá origem a desperdícios, degradações do meio ambiente e faz aparecer raridades. Por exemplo bens como a água e o ar que antes eram abundantes agora é necessário produzi-los mediante a reciclagem, e isso http://knoow.net/outros/definicao/eficiencia-definicao/ http://knoow.net/ciencterravida/biologia/sustentabilidade-desenvolvimento-sustentavel/ http://knoow.net/cienceconempr/economia/utilidade/ UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 57 tem um custo alto. Pelo tanto a industria hoje deve de preservar o meio ambiente, não por alguma ação filantrópica, senão para poder continuar funcionando. A economia mundial tem sofrido modificações em sua estrutura em função das necessidades geradas pela poluição ou pelo seu controle (Kahn, 1998). Esse problema vem ganhando dimensões globais, na medida em que associa o aquecimento global ao aumento da concentração de CO2 na atmosfera ou à destruição da camada de ozônio. Os problemas do cotidiano ligados à poluição também são extremamente sérios. A contaminação dos recursos hídricos tem comprometido a pesca e a agricultura e aumentado o custo do tratamento da água para consumo humano. A poluição das grandes cidades pode responder por uma série da danos à saúde, significativos aumentos na incidência de doenças respiratórias, além de uma série de desconfortos, como irritação dos olhos e da garganta. Portanto, não há como negar que a poluição é uma externalidade negativa e muito presente no nosso dia-a-dia. Talvez não tenhamos nos dado conta do dia em que passamos a beber somente água mineral, mas com certeza essa é apenas uma das mudanças que já vivemos no cotidiano. Sendo assim, quando passamos a não poder consumir água da torneira porque o tratamento aplicado não é eficaz sobre o nível de poluentes que ela possui, estamos sendo agentes passivos de uma externalidade negativa pela qual não somos compensados. Pelo contrário, além do mal-estar que pode ser causado pelo consumo dessa água, somos onerados pela necessidade de consumir água mineral industrializada e engarrafada. Analisando sob o ponto de vista da empresa poluidora, esta gera a poluição necessária para alcançar a sua meta, produção e lucro, e não necessita pagar nada por isso, a menos que haja um dispositivo legal que a obrigue. E, mesmo havendo esse dispositivo, na maioria dos casos não podemos contar com uma fiscalização ou com sanções eficientes a ponto de que a opção da empresa seja poluir menos. Muitas vezes, o custo gerado pela redução da produção ou pela aquisição de http://knoow.net/ciencsociaishuman/psicologia/filantropia/ UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 58 equipamento de tratamento de resíduos faz com que o empresário decida por pagar multas, quando e se houver fiscalização. Representações dos três pilares da sustentabilidade 1.O sub-sistema “sociedade” é o verdadeiro intermediário da relação entre “ambiente” e “economia: Daí a importância da GOVERNAÇÃO. 2. O “ambiente” constitui em si mesmo (desde sempre) um estímulo para a nossa organização em sociedade: Acesso a RECURSOS, mitigação de RISCOS naturais 3. A “economia” só pode existir neste duplo enquadramento: “ambiente”, isto é, recursos e “sociedade”, isto é, organização social e governação que assegurem SUSTENTABILIDADE Esses três pilares apresenta uma grande relação com ilustra a figura abaixo; UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 59 3.5. RELAÇÃO: AMBIENTE (NATUREZA)- ECONOMIA ➢ O meio ambiente fornece à economia : • Energia, ar; agua; sol, outros elementos, e • Matérias-primas, que são transformadas em produtos de consumo pelo processo de produção, através da transformação. ➢ Recebe da economia: • Produto residual, ar poluído, poluição da água, resíduos sólidos( veja a figura abaixo). UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 60 Há 2 tipos de análise que podem ser aplicadas para aumentar a compreensão sobre a relação entre o sistema económico e o ambiente: A Economia Positiva tenta descrever: O que é, o que foi, ou o que será. As contradições criadas por esta economia podem ser solucionadas pela investigação de factos. A Economia Normativa, ao contrário trata do que deve ser, isto é, envolve julgamento de valores. A essência desta abordagem é maximizar o valor dos bens ambientais através do balanço entre a preservação e o uso dos bens. TEMA – IV: Economia de Ambiente em Moçambique UNIDADE Temática 4.1: Introdução a Economia de Ambiente UNIDADE Temática 4.2: Contribuição do Subsector Florestal à Economia Moçambicana UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 61 Objectivos Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: • Compreender a relação existente entre os agentes da economia ambiental • Perceber o Impacto dos recursos ambientais sobre a economia • Analisar as diversas potencialidades ambientais existentes 4.1 Economia de Ambiente em Moçambique Introdução Entender a relação entre atividade econômica e natureza, e usar esse conhecimento para tomar decisões melhores e mais inteligentes, torna-se cada vez mais relevante. A partir da percepção das limitações dos recursos naturais fez- se necessário desenvolver novos instrumentos para incorporar os efeitos das atividades de produção e consumo sobre o meio ambiente. A contribuição das ciências econômicas nesse processo é fornecer instrumentos analíticos que ajudem a explicar as interações entre mercado e meio ambiente, as implicações dessas relações e as oportunidades de soluções efetivas. Para compreender o mercado, é necessário entender os fundamentos do seu funcionamento, bem como a relação entre atividades mercadológicas e natureza. A economia, mesmo sendo uma ciência social, usa equações para explicar as tomadas de decisão estratégicas e as condições econômicas que definem o mercado A economia ambiental como uma ciência que se preocupa com a exploração sustentável dos recursos naturais de uma determinada região, isto é, uso dos UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 62 recursos naturais de modo que as gerações futuras possam encontrar e usa-los, assiste-se hoje em dia, um crescente interesse em relação ao meio ambiente. Acrescenta Costa (2005), referindo que, as razões a essa preocupação deve-se a sobrevivência corporativa a longo prazo, oportunidades de mercado, competitividade, permanência no mercado, mercado financeiro, responsabilidade criminal e legal, informação globalizada. Da Silva (2010) citando May (2003) a Economia Ambiental procura assegurar bom uso dos recursos naturais no tempo, ou seja, vias viáveis para seu escoamento. Ainda o autor salienta que, como os recursos possuem quantidade fixa, há necessidade de incluir a dimensão intertemporal, que esta surge dos seguintes reflexos: Qual é o melhor momento para o uso óptimo de um determinado recurso? Deve-se explorar os recursos hoje ou reservá-los para o futuro quando o preço estar maior? 4.1.1. A evolução do pensamento das Ciências Econômicas sobre o Meio Ambiente A economia como ciência tem desenvolvido, ao longo dos anos, diversas formas de análise relacionada ao ambiente natural. Esta análise pode ser dividida em três fases: Economia de Recursos Naturais, Economia Ambiental e Economia Ecológica. A economia dos recursos naturais, difundida nas décadas de 60 e 70, doséculo XX, tinha sua ênfase na forma de utilização dos recursos naturais. O objetivo era alcançar o uso ótimo de recursos renováveis e não-renováveis, porém não se conseguiu evitar a degradação ambiental. Assim, nesta fase correu-se o risco de levar os recursos naturais à completa exaustão ou extinção. A Economia do Meio Ambiente é mais recente e utiliza um conjunto de conceitos em torno dos quais nem sempre há absoluta concordância quanto aos seus significados. O interesse em assumir os recursos naturais como parte integrante e necessária para o desenvolvimento das atividades econômicas, surgiu do desdobramento de um corpus teórico alimentado por diferentes contribuições da história do pensamento econômico. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 63 Na teoria clássica da economia, os recursos naturais eram considerados o cerne da produção, tanto na indústria como na agricultura. Para os clássicos, havia uma distinção entre o que pertence à natureza e o que pertence ao econômico. O núcleo de análise econômica dos recursos naturais e do meio ambiente é fundamentalmente neoclássico. A economia neoclássica, baseada nas teorias da utilidade e do bem-estar, fez nascer na teoria econômica à discussão a respeito da questão ambiental. No seio da economia ambiental está a internalização das externalidades e a definição dos direitos de propriedade. Moçambique é um País com vasta superfície terrestre e que abrange grande parte do litoral este de áfrica austral e é banhado pelo oceano índico. A sua configuração geográfica e diferentes relevos fazem deste, um País com variados Climas subtropicais, conferindo-lhe uma vasta diversidade de ecossistemas. O País possui baixa densidade populacional se comparando com muitos países do Mundo e esta população se encontra mais concentrada em centros urbanos devido ao êxodo de pessoas do campo para cidades, a procura de proteção, em tempo de guerra fria que assolou Moçambique durante 16 anos, após a independência, fazendo com que grande parte das florestas se encontrassem pouco exploradas sem intervenção abusiva do Homem. Além disto, o País possui várias biodiversidades terrestre e marinha dando ao País uma riqueza inimaginável. Existem zonas definidas como áreas de reserva e de proteção da flora e da fauna bravia como também áreas de proteção da biodiversidade marinha. Embora o País tenha instituições ligadas à proteção dessas reservas e de ecossistemas marinhos munidos de guardas florestais ou de fiscais florestais, estes não possuem capacidade para controlar na sua totalidade, devido à falta de UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 64 meios apropriados para tal associados ao grande índice de corrompimento destes por partes de agentes que exploram esta riqueza para próprio beneficio. Biodiversidade Marinha e dos Rios Moçambique é banhado pelo oceano índico em toda a sua faixa este. Além disso, possui diversos rios de grandes dimensões tendo um dos maiores de África, o Zambeze (o 3º maior de África) vindo de outros Países de África e desaguando na Costa Moçambicana, transportando consigo muitos nutrientes para desenvolvimento de uma biodiversidade marinha ampla. Desta biodiversidade parte dela serve como fonte de alimentação e de rendimento para o País com exportações para países o qual não são privilegiados por uma costa marinha ou de fraco recurso marinho. Contudo devido à grande procura deste produto no mercado mundial, faz com que a sua captura seja em alguns casos excessiva se tomarmos em conta que hoje em dia os sistemas de pescas estão desenvolvidos, ameaçando algumas espécies de extinção (exemplo disso são as pescas de arrasto). O sistema de segurança costeira em Moçambique é muito fraca ou inexistente. Hoje o próprio País não tem em conta de quantos navios pesqueiros ilegais se encontram nas águas moçambicanas praticando atividades pesqueiras. Portanto não tem idéia do tamanho da destruição do ecossistema e da Biodiversidade Marinha e se por “lapso” se interceptam ilegais a praticarem estas atividades, estes não sofrem nenhuma sansão punitiva visto que ha uma facilidade corromper o sistema de fiscalização. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 65 4.1.1.2 Biodiversidade Terrestre (Fauna e Flora) Fauna Tendo em conta que grande parte da população Moçambicana esteja concentrada em Centros Urbanos, (Cidades, Vilas e Localidades) encontramos vastas áreas florestais com muito baixa densidade populacional ou inexistência da população. Hoje essas áreas possuem uma grande diversidade de animais bravios que foi crescendo durante os últimos 16 anos após o término da guerra fria, tendo em conta que a população que era rural e que fugiu da guerra, hoje se transformou em urbana e nunca mais regressou para suas zonas de origem. Devido ao fraco sistema de comunicação, é difícil saber-se se a fauna bravia esta ou não ameaçada por caçadores furtivos. Não se houve notícias desse gênero. Isto mostra o fraco sistema não só de informação como também de proteção da fauna bravia. Contudo tem-se notado que a fauna bravia Moçambicana esta em crescente desenvolvimento. Os parques Nacionais e as reservas começam a ter um número considerado de diversidade animal, coisa que já não existia no período da guerra. Flora A Flora Moçambicana é vasta e diversificada, encontramos biodiversidades diferentes na zona Norte, Centro e Sul do País; da zona costeira possui vastas áreas de planícies e no interior, vastas áreas constituídas por planaltos e montanhas, com temperaturas baixas em relação às zonas costeiras de planície. Encontramos variedades de plantas desde medicinais à plantas para exploração de madeira de diferentes tipos e muitas delas de alta qualidade e de muita procura no mercado estrangeiro, tendo como exemplo o Pau Preto, Jambire, Chanfuta, Pau Roza, Pau ferro, Sândalo, de entre outros. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 66 Devido a dureza da sua madeira o que lhe confere essa qualidade excelente, estas árvores levam muito tempo a crescerem e podem viver muitos anos. Tendo em conta que até a pouco tempo essas árvores se encontravam em florestas, muitas delas ainda virgem e sem a intervenção do Homem, puderam crescer e viver muitos anos, conferindo-lhes grande robustez, sendo alvos dos madeireiros que vão a estas zonas para abate de arvores e corte dos seus troncos para madeira. A princípio, a exploração de madeira não constituía perigo de destruição do meio ambiente (floresta) porque a sua exploração era artesanal e não industrial, embora nunca houvesse reposição da mesma ou novas espécies após o abate de uma árvore. Nos últimos anos, com a entrada em Moçambique de exploradores estrangeiros (grande parte originária da China), a exploração de madeira deve ser vista como uma ameaça a biodiversidade e da flora Moçambicana, e de destruição da natureza sem precedentes, visto que a destruição põe também em perigo a fauna bravia e outras biodiversidades locais. Hoje o abate e corte de madeira esta em proporção alarmante. A fiscalização florestal não consegue conter esta barbaridade. Em Moçambique, com situação de salário baixo, os funcionários públicos ganham uma miséria. O funcionário para a área de fiscalização florestal não foge a esse exemplo. Sendo assim “banhado” pela necessidade de ganhar ainda mais como forma de melhorar a sua vida e pela ignorância em relação às consequências negativas futuras que possam advir ao ecossistema local, facilmente são corrompidos, impedindo que agentes que efetuam atos ilegais contra a exploração dos recursos naturais, sejam punidos,contribuindo deste modo para a degradação da natureza e do meio ambiente local. Também neste “barco” de agentes destruidores da natureza se encontram algumas populações locais, no geral pobres, que facilmente encontram a atividade de venda de madeira como uma fonte alternativa de rendimento e que por sua vez os exploradores estrangeiros compram-na e exportam para seus Países. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 67 O grande problema nisto tudo não é em si o corte de madeira, mas sim a não seleção de árvores em condições de serem aproveitadas para a obtenção do requerido “produto”, destruindo deste modo árvores. Esta população não repõe arvores abatidas. Esta população enganada por alguns trocados oferecidos por exploradores (muitas vezes já ricos e que dizem estarem a investir no País) não tem noção da tamanha destruição que eles próprios estão executando para o próprio meio ambiente onde habitam. Para eles é só mais uma fonte de rendimento para sustento familiar; é uma forma de ganhar para melhorar a sua vida. A sua atitude não é vista de uma forma negativa, mas sim uma oportunidade de negócio e de melhoramento de vida. Tratando-se de pessoas ignorantes em matéria de destruição do meio ambiente em que habitam é difícil julgá-los pelos atos bárbaros a que estão cometendo. Contudo há necessidade urgente de sensibilizá-los de forma a terem noção do ato que estão cometendo. Esta sensibilização contará com uma divulgação de mensagens educativas sobre o meio ambiente e até educação ambiental básico nestas áreas rurais como forma de abrir suas mentes e terem peso de consciência das barbaridades que estão sendo feitas contra a natureza. Embora esta sensibilização não influencie no término de exploração de madeira como fonte de rendimento, ajudará no cultivo de suas mentes, na conscientização ambiental e na seleção de espécies e seu dimensionamento para o abate e exploração desta matéria para sua atividade comercial como também ajudará na reposição de novas plantas da mesma espécie para reflorestamento das áreas exploradas. Outro problema é a existência de grandes entidades no Governo que tem ações nessas empresas madeireiras estrangeiras ou que foram já corrompidas e que agora não têm voz para fazer parar o excessivo abate de árvores para exploração da madeira, para exportação. Em alguns casos funcionários sérios ligados ao controlo da exploração dos recursos naturais são sancionados ou sofrem represálias dos seus superiores corruptos, contribuindo deste modo para a UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 68 desmotivação de controle e aumento da corrupção e degradação acelerada das florestas e seu meio ambiental. Exploração Mineira Esta atividade tem muitas vezes destruídos vários ecossistemas em locais onde ela é implementada. Em Moçambique esta atividade não é muito comentada pelos sistemas de informação sendo que muitos locais de extração mineira ser de caráter artesanal e estarem no anonimato, mostrando que o País não tem capacidade de exploração nem controlo e/ou gestão de sua extração. A atividade de extração mineira mais ativa em Moçambique é a da exploração do carvão mineral (de caráter industrial) e a exploração de ouro (de caráter artesanal) hoje temos também a extração de areias pesadas mármores e gás natural(industrial). Zonas Industriais O nível de emissão de gases poluentes das indústrias Moçambicanas no geral não é assustadora se compararmos com países desenvolvidos e industrializados do mundo inteiro – hoje Moçambique vive de importação de produtos de consumo interno devido à falta de grandes indústrias transformadoras no País. Dentre várias existentes no País, das fábricas poluidoras existentes em Moçambique se destacam as seguintes: A Fábrica de Cimento e a de Alumínios e do Gás Natural estas têm grandes efeitos nocivos e de impacto negativo principalmente para o ambiente que o rodeia, abrangendo o ecossistema ali existente e criando graves problemas as populações circunvizinhas. Contudo a falta de conhecimento real sobre o grau de poluição é do tamanho risco que as pessoas correm faz com que elas passem despercebidas em relação a sua nocividade visto que por questões políticas e de interesses privados, serem omitidas algumas informações que visam minimizar a gravidade da real situação de contaminação ambiental. Outros graves riscos para o ambiente que poderá UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 69 criar um impacto negativo forte é a proposta da criação de novas refinarias de petróleo e áreas já identificadas e com grandes biodiversidades marinhas como é o caso de Naca-Porto que existe um ecossistema marinho formado de corais marinhos. A experiência económica de Moçambique é frequentemente apresentada como um exemplo de sucesso na promoção de rápido crescimento com estabilização e redução da pobreza. O grau e a robustez do sucesso económico moçambicano são determinados pela magnitude das taxas de variação, isto é, por quanto é que a economia cresce e a pobreza reduz, e por quão estáveis são (ou por quão pouco variam) os indicadores monetários, chave da abordagem monetarista de estabilização (inflação, reservas internacionais e taxa de câmbio). Este sucesso é geralmente explicado pela prudência das políticas monetárias e fiscais do Governo de Moçambique (GdM) e pelo crescente incentivo ao sector privado. O grau de prudência monetária e fiscal é avaliado pelo enfoque de tais políticas na estabilização monetária de curto prazo, nomeadamente no controlo da massa monetária e do défice fiscal, através da utilização de vários instrumentos: as reservas obrigatórias dos bancos, as reservas externas, a esterilização da ajuda externa, a emissão de títulos e obrigações do tesouro para financiar o défice fiscal e enxugar a liquidez da economia, entre outros. O grau de incentivo ao sector privado é determinado pela magnitude da liberalização económica, privatização de activos e redução dos custos de transacção, através da remoção ou redução das chamadas barreiras ao livre negócio como o licenciamento, exigências de informação sobre os investidores, protecção laboral, entre outras. Mais recentemente, o aparente limitado impacto da crise económica e financeira global na economia de Moçambique está a ser usado como evidência do sucesso económico moçambicano, da robustez da sua economia e da prudência das suas políticas económicas. Por consequência, o exemplo moçambicano parece validar os modelos neoliberais de política económica avançados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Mundial (BM), segundo os quais a estabilização monetarista e a liberalização económica promovem rápido crescimento UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 70 económico e redução da pobreza com uma base sustentável do ponto de vista macroeconómico. Paradoxalmente, a economia nacional mantém anormalmente elevadas taxas de dependência em relação a fluxos externos de capitais, tanto oficiais (ajuda externa, com incidência em donativos) como privados (investimento directo estrangeiro e 20 Economia Extractiva e Desafios de Industrialização em Moçambique empréstimos no sistema bancário internacional). Estes fluxos externos de capitais determinam a magnitude e os padrões de investimento público e privado, bem como a relação entre as políticas públicas e os interesses privados. Por um lado, a ajuda externa financia metade da despesa pública on budget, ou mais de 60% da despesa pública se os projectos off budget forem considerados. Por via da despesa pública, a ajuda externa financia a balança comercial, pagando por 60% das importações nacionais (excluindo as importaçõesdos mega projectos). A construção de reservas externas é parcialmente financiada com recursos consignados por instituições financeiras internacionais, com a esterilização da ajuda externa e com a aplicação financeira desses recursos nos mercados financeiros internacionais. Por exemplo, ao longo de 2008 e 2009, as reservas internacionais de Moçambique foram protegidas pela injecção de cerca de US$ 200 milhões pelo FMI. Recentemente, durante as festividades do 35º aniversário do Banco de Moçambique, o Governador do banco central afirmou que, apesar de as exportações de Moçambique terem diminuído em cerca de um terço entre 2008 e 2009 e as importações terem aumentado no mesmo período (assim agravando um défice comercial crónico de mais de três décadas), as reservas internacionais foram protegidas e até aumentaram com base no financiamento do FMI.2 Portanto, sem a ajuda externa, o Estado, ou entraria em colapso e não conseguiria manter a sua imagem de efectivo provedor de serviços, ou teria que melhorar substancialmente a colecta de impostos, o que implicaria diminuir os generosos incentivos fiscais para o investimento estrangeiro de grande escala. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 71 Por outro lado, os fluxos externos de capitais privados nos últimos quinze anos representaram aproximadamente 85% do investimento privado total em Moçambique. A importância relativa destes fluxos vai tender a aumentar à medida que as empresas multinacionais de economias emergentes (China, Índia e Brasil) penetrem na economia nacional. O grosso deste investimento é aplicado num pequeno número de grandes projectos de natureza extractiva (minerais, florestas, energia, produtos agrícolas não processados para exportação, entre outros) ou em indústrias de natureza oligopolista (bebidas, açúcar, cimento, entre outras), o que origina que apenas duas dezenas de empresas, que empregam cerca de cinquenta mil trabalhadores, produzam o grosso do crescimento do PIB. Como é que estes níveis de dependência externa e de concentração económica são consistentes com a história de sucesso económico de Moçambique? Duas décadas e meia após o início da implementação das medidas de estabilização e ajustamento estrutural em Moçambique, a “estabilidade” dos indicadores monetários, a “redução” da pobreza e o “limitado” impacto da crise internacional continuam dependentes destes fluxos externos de capitais públicos e privados. O efeito potencial das “prudentes” medidas monetárias e fiscais seguidas pelo GdM na contracção do investimento público e da economia não se faz sentir, porque estas medidas “prudentes” são compensadas pela ajuda externa. 4.2. Contribuição do Subsector Florestal à Economia Moçambicana Sendo o maior destinatário de produtos florestais de Moçambique, e do mundo, a China tem exercido grande influência no mercado nacional e internacional. Segundo Canby, Hewitt, Bailey, Katsigris e Xiufang (2008), o mercado Chinês, tem procurado por produtos madeireiros com menor valor acrescentado, em países do continente africano, apesar de alguns destes possuírem capacidade de processamento. Tal representa um desincentivo ao processamento e criação de valor acrescentado. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 72 O menor valor acrescentado implica elevadas perdas ao nível nacional em termos de oportunidades de emprego, rendimento, oportunidades de criação de riqueza através de incentivo ao investimento (por meio da industrialização), perda de receitas ao Estado devido ao desincentivo ao empresariado local (valor produtos e serviços prestados), entre outros. Nesta componente, foi analisada a exportação de produtos florestais madeireiros, com especial atenção aos principais produtos de exportação: madeira em toros e serrada. Outros produtos de exportação incluem parquet, travessas, folheado, e artesanato em madeira. A exportação de produtos florestais tem aumentado, em termos de valor monetário e em quantidade de exportação. Foram observadas divergências relacionadas a composição das exportações em madeira em bruto e serrada (o tipo de madeira transformada mais exportado) entre os dados oficiais da DNTF e de exportações do Banco de Moçambique (BM) e as estimativas da FAO. SUMARIO Como forma de proteger o nosso ambiente para que futuramente não possamos ser castigados pela destruição do nosso ecossistema devemos criar mecanismos que visão melhorar o controle e gestão do meio ambiente em que vivemos. Estes mecanismos não devem estar ligado só às entidades de controle, como também ligados à população alvo, criando para isso sistemas de ensino e de “incutimento” de atitude “ambientalista” e de proteção do nosso planeta. Entre tais mecanismos podemos destacar alguns considerados importantes: Introdução de educação ambiental nas Escolas; Criação de encontros educativos nas comunidades; Sistema de comunicação social sobre meio ambiente através de informações em rádio, televisão, panfletos e outros; Criação de fiscais comunitários em áreas rurais; Melhoramento de conhecimento sobre gestão ambiental para agentes de fiscalização. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 73 EXERCICIO DE AUTO-AVALIACAO 1. Quais as potências Recursos ambientais existente no nosso país? 2. Qual é o contributo económico dos recursos existente? 3. Descreva a fauna e a flora em Moçambique 4. Descreva a agricultura em Moçambique 5. Qual é o impacto negativo do desaparecimento da Fauna e da Flora? EXERCICIO DE AVALIACAO 1. Quis são as medidas do governo com vista a garantir a sustentabilidade Ambiental? 2. Quais os programas implementados com vista a reduzir os impactos das mudanças climáticas 3. Quais os países de maior destino dos recursos florestas de Moçambique 4. Até que ponto as industria tem contribuídos negativamente da emissão de gases? 5. Descreve o Contributo das industrias Mineiras em Moçambique. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 74 TEMA – V: O sector financeiro: características, estrutura e evolução Unidade Temática 5.1: Sistema Financeiro Unidade Temática 5.2: Expansão Dos Serviços Financeiros: Dimensão Territorial, Dimensão De Profundidade Financeira E De Meticalização. Unidade Temática 5.3: Instituições De Crédito Unidade Temática 5.4: Orçamento Publico Unidade Temático 5.5. A estrutura económica nos princípios do seculo XXI Objectivos • Compreender a evolução do sistema financeiro no contexto Moçambicano • Analisar a bancarização do sistema financeiro pós independência • Perceber o contributo do sistema financeiro na economia Introdução Em economias africanas em desenvolvimento, como Moçambique, o debate sobre o alargamento da participação dos mercados financeiros na produção, nas relações de trabalho e no investimento tem merecido maior atenção por parte de entidades reguladoras e agentes económicos em geral. Em 2007, o Banco de UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 75 Moçambique (BdM), lançou uma estratégia de bancarização da economia com o objectivo de reduzir e controlar melhor a inflação e a estabilidade do sistema financeiro (BdM, 2007b). Os problemas fundamentais que esta estratégia levanta são a expansão territorial de produtos e serviços financeiros, o aumento de profundidade financeira e a valorização do metical como meio de troca (meticalização). Esta posição está em consonância com o actual discurso político do Governo de Moçambique (GdM), que aborda sobre a necessidade do sistema financeiro expandir territorialmente para cobrir mais áreas doterritório nacional (GdM, 2010 e 2005). 5.1. Sistema Financeiro Moçambicano Moçambique como a maioria dos países em vias de desenvolvimento tem o sistema financeiro pouco desenvolvido, poucos operadores e instrumentos financeiros para suportar a actividade económica. Os operadores financeiros principais, no sistema moçambicano, são os bancos comerciais e portanto a estabilidade deste sistema depende crucialmente do funcionamento eficiente e eficaz dos bancos comerciais. As crises do passado demonstraram que a eficiência de um banco comercial pode ameaçar a estabilidade do sistema financeiro. Moçambique, assim como grande parte do continente africano esteve, ate o ano de 1975, sob o regime colonialista. A25 de Junho de 1975 conquista a independência, transformando-se numa república popular, como um regime de partido único, ate Novembro de 1990, data da entrada em vigor da constituição que instaurou o regime democrático multipartidário e um sistema de economia de Mercado. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 76 5.1.1. Sistema Financeiro É um conjunto composto pela legislação financeira, produtos financeiros, instituições financeiras e mercados financeiros que asseguram essencialmente, a intermediação financeira (canalização da poupança para o investimento). Em Moçambique, o padrão de acumulação é caracterizado por uma economia de natureza extractiva com limitada diversificação e articulação da produção e do comércio (Castel-Branco e Ossemane, 2009). Sendo assim, o que se pode esperar de um sistema financeiro que se integra dentro de uma economia que tem tais características? Não estará o sector financeiro a consolidar tais padrões, uma vez que o mesmo tem uma base social, económica e política em torno da qual se desenvolvem interesses, tensões, pressões e conflitos? 5.1.2. Funções Na ausência destas instituições, os agentes económicos que necessitam de crédito, hoje em dia, e como deve calcular, devido ao volume e complexidade das transações financeiras, a sua realização passa sobretudo por estas instituições, pelo que “as funções que desempenham têm uma grande relevância. É exactamente sobre estas funções que lhe iremos falar de seguida. De um modo geral, pode dizer-se que as instituições financeiras têm como função principal servir de intermediário entre os diferentes agentes económicos - aforradores e investidores. Para desempenharem essa função utilizam um conjunto de instrumentos e de mecanismos apropriados. As instituições financeiras têm como função principal: Criar condições para que todos os aforradores encontrem no Mercado formas de investimento que os satisfaçam, sejam quais forem os volumes que pretendam UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 77 aplicar, os prazos por que querem investir ou os riscos que estão dispostos a correr. 5.1.3. Importância do Sistema Financeiro O sistema financeiro joga um papel multidimensional no processo do desenvolvimento económico, porque a conexão existente entre os agentes económicos envolve custos de informação ou de transação dos resultados das imperfeições dos mercados e meios, devem ser minimizados e para tal é primordial a existência de intermédios financeiros. 5.2. Desafios da Expansão de Serviços Financeiros Em Moçambique Em economias africanas em desenvolvimento, como Moçambique, o debate sobre o alargamento da participação dos mercados financeiros na produção, nas relações de trabalho e no investimento tem merecido maior atenção por parte de entidades reguladoras e agentes económicos em geral. Em 2007, o Banco de Moçambique (BdM), lançou uma estratégia de bancarização da economia com o objectivo de reduzir e controlar melhor a inflação e a estabilidade do sistema financeiro (BdM, 2007b). Os problemas fundamentais que esta estratégia levanta são a expansão territorial de produtos e serviços financeiros, o aumento de profundidade financeira e a valorização do metical como meio de troca (meticalização). Esta posição está em consonância com o actual discurso político do Governo de Moçambique (GdM), que aborda sobre a necessidade do sistema financeiro expandir territorialmente para cobrir mais áreas do território nacional (GdM, 2010 e 2005). UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 78 Recentemente, tem-se verificado um processo de expansão do sector financeiro. Segundo o BdM, houve um aumento na taxa de cobertura dos serviços financeiros em 18 pontos percentuais, passando de 22% em 2007 para 40% em 2010 (O País, 01/02/2010). O número de distritos cobertos por rede bancária passou de 28, em Janeiro de 2007, para 51, em Fevereiro de 2010. Assim, o presente artigo pretende perceber o que está a acontecer com a expansão do sector financeiro e se as dinâmicas de expansão bancária são favoráveis ao processo de diversificação, articulação e alargamento da base produtiva. Em Moçambique, o padrão de acumulação é caracterizado por uma economia de natureza extractiva com limitada diversificação e articulação da produção e do comércio (Castel-Branco e Ossemane, 2009). Sendo assim, o que se pode esperar de um sistema financeiro que se integra dentro de uma economia que tem tais características? Não estará o sector financeiro a consolidar tais padrões, uma vez que o mesmo tem uma base social, económica e política em torno da qual se desenvolvem interesses, tensões, pressões e conflitos? Após a introdução, o artigo está estruturado em duas secções. A secção seguinte introduz a reflexão à volta do conceito de expansão do sistema financeiro utilizado em Moçambique, as limitações associadas a este conceito e o tipo de dinâmicas e ligações que esta expansão permite criar na economia. Para tal foi feita uma caracterização do tipo de expansão que está a ocorrer em Moçambique, na dimensão territorial, de profundidade financeira e de meticalização. Esta caracterização foi realizada revisitando os dados estatísticos oficiais do BdM e do Instituto Nacional de Estatística (INE). Houve necessidade de recorrer a fontes alternativas, como relatórios dos bancos comerciais, porque o BdM apenas fornece informação agregada dos bancos quando o objectivo da análise visa mostrar os níveis de concentração bancária não só de balcões por província mas também por bancos e as suas respectivas quotas de créditos e depósitos. No entanto, a informação desagregada não é consistente com a do BdM pelo facto de alguns bancos não possuírem informação disponível para alguns anos. E estes problemas de acesso a informação vão requerer mais UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 79 trabalho de pesquisa que irá depender da disponibilidade das respectivas instituições fornecerem tal informação. E, na última secção, o artigo apresenta reflexões críticas e desafios à abordagem sobre a expansão de serviços financeiros em Moçambique. 5.3. Expansão dos serviços financeiros: dimensão territorial, dimensão de profundidade financeira e de meticalização. Esta secção pretende analisar o conceito de expansão de serviços financeiros. Em Moçambique, a abordagem de expansão centra-se na bancarização e meticalização da economia. A expansão de Serviços Financeiros (SFs) é definida como o alargamento territorial de produtos e serviços financeiros e o aumento da profundidade financeira, ou seja, a maior cobertura em termos de depósitos e créditos a economia (Abreu, 2005; BM, 2007a e 2007b; GdM, 2005; Gove, 2009 e 2010; Matabele, 2008). O governador do BM, Ernesto Gove, no seu discurso de brinde do fim de ano em 2009, afirmou que: (…) no quadro da nossa estratégia de alargamento de serviços financeirosàs zonas menos favorecidas, voltámos a assistir à contínua expansão da rede de balcões de bancos para as zonas rurais, concorrendo para que mais moçambicanos tenham acesso a serviços financeiros e possam canalizar as suas poupanças ao sistema bancário. Nos últimos 12 meses, autorizámos a abertura de 57 novos balcões de bancos em todas as províncias, passando, deste modo, para um total de 398 balcões autorizados, dos quais 340 já se encontram em funcionamento, cobrindo todas as cidades capitais, vilas municipais e 44 dos 128 distritos do país, número que poderá aumentar brevemente para 53 distritos, assim que terminarem as UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 80 obras de instalação em curso. Adicionalmente, durante o ano autorizámos a constituição de mais um banco, passando o total nacional para 16, uma Cooperativa de Crédito e duas Casas de Câmbio e a inscrição de cinco Organizações de Poupança e Empréstimo e 23 operadores de Microcrédito. (…) Será ainda possível que os clientes do sistema bancário façam uso de serviços de ATM ou POS em qualquer dos bancos a operar no País (…) (Gove, 2009:7-8). Além da expansão na dimensão territorial e de serviços, o BdM (2007b) inclui a meticalização como indicador de expansão. Gove (2010) argumenta que a meticalização é o processo de valorização do metical e de maior utilização de contas em meticais comparativamente às contas em divisas, o que permite canalizar mais poupanças do público para o sector financeiro, a fim de multiplicar os apoios às iniciativas de investimento. Diferentes indicadores são usados para medir a expansão dos serviços financeiros. Na dimensão territorial são usados o número de instituições financeiras, o número de balcões e o número de ATMs e de POS. Na dimensão de profundidade financeira os indicadores são o peso dos créditos e depósitos relativamente ao Produto Interno Bruto (PIB). E, no caso da meticalização, é usado o peso dos depósitos em moeda estrangeira com relação aos depósitos em moeda nacional. 5.3.1. Dimensão Territorial Esta subsecção procura demonstrar, com recurso a estatística descritiva, qual vem sendo a evolução do número de balcões, ATMs e POS e a sua localização, de maneira a perceber o que está a acontecer com a expansão territorial em Moçambique. O argumento central é que a expansão é dominantemente concentrada por bancos, balcões e por regiões. E esta característica vem-se verificando ao longo do período em análise. 5.3.2. Instituições de Crédito As instituições de crédito em Moçambique são constituídas por bancos comerciais e de investimento, cooperativas de crédito, micro-bancos, instituições de locação UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 81 financeira. Os bancos são maioritariamente de capital estrangeiro, sobre tudo portugueses e sul-africanos (FMI, 2010). Segundo Castel-Branco, Massingue e Ali (2009), as instituições de crédito formais operam em apenas 40% dos distritos rurais e urbanos do país. A tabela 1 mostra que, ao longo do período em análise, os bancos comerciais têm maior peso no total das instituições de crédito e tal está ligado ao facto de os bancos constituírem a fonte mais importante da provisão dos SFs (USAID, 2007). Segundo Carvalho e Souza (2009), em Dezembro de 2008, os bancos em Moçambique acumulavam 89% do crédito do sistema e 91% dos depósitos. 5.4. Orçamento Público O orçamento publico teve, nos primeiros anos do PRE, evoluções diferentes das que podem considerar típicas de um ajustamento estrutural. A guerra é a principal justificação apresentada. Conforme se pode observar no quadro, as despesas aumentaram nos primeiros anos mais rapidamente que as receitas, o que agravou o défice publico; os gastos militares representavam entre 39 e 49 por cento do orçamento de despesas. Nos fins da década dos anos 1990 Moçambique apresentou importante correções do orçamento pública, principalmente: • Existe o decrescimento do défice, o melhoramento da taxa de cobertura de despesas pelas receitas e uma menor participação dos donativos> • Os subsídios (maioritariamente representados pela cobertura dos défice financeiros das empresas da estatais e os subsídios ao consumo), tem pouco significado, tendo representado na época socialista cerca de35 por- sento das empresas do estado (Mosca ,1993). UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 82 • O peso dos salários dos funcionários público alcançou 49 por-sento das despesas de 1990, este mesmo indicador era dentre 16 por-sento e 17 por- sento nos primeiros anos da aplicação do PRE. Segundo vários autores e conforme referenciado, os salários dos funcionários mantem-se muito baixo. Verificou-se ainda uma alteração significativa na estrutura do orçamento público. • O peso das receitas publicas proveniente dos impostos sobre o rendimento mantem-se enquanto que os impostos indirectos aumentaram: esta politica fiscal revela claramente a penalização do consumidor( mesmo sem considerarmos que os principais impostos recaiam sobre bens de luxos, encontra partida existe um alivio dos impostos sobre o rendimentos de pessoas singular ou coletivas beneficiando deste modo, segundo de PNUD( 2003), os gastos públicos em 2000 representava 2.8 por cento do PNB, o mesmo indicador em 1986 era de 1.1 por cento na educação a media das despesas publicas no período de 1998/2000 foi de 2,4 por cento do PNB; em 1990 tinha sido de 3,9 por cento, e em 1986 foi de 2,9 por cento. Apesar da evolução positiva das contas publica, cabe destacar que os indicadores apresentados reflecte elementos fundamentais alguns dos efeitos do PRE e da politica de ajustamento estrutural. Primeiro o nível da dependência dos donativos mantem-se elevado e a divida publica continua em crescimento. Segundo, o défice e ainda alto e não existe claro indícios de correção durante os últimos anos. Terceiro, a politica fiscal penaliza os cidadãos e o consumo. Setor Externo O setor esterno possuem evoluções reflectidas no quadro seguinte, o serviço da divida era de 64 milhões de USD em1990, subiu para 101milhoes UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 83 em 2005 e em 1998 fi de 34milhoes de dólar americano , banco mundial (2003) Observando o quadro abaixo pode-se destacar: • Que tanto as importações como as exportações, medidas em proporção de PIB diminuíram tornando a economia mais fechada, como consequência dos seguintes aspectos: As exportações são rígidas devido a limitada capacidade de respostas dos principais sectores exportadores de produtos tradicionais e da capacidade competitiva da economia; • Do lado das importações nota-se o efeito da desvalorição do metical e das políticas restritivas internas com o objectivo de controlar a expansão da procura agregada • A taxa de cobertura da balança comercial melhorou, mantendo-se porem em níveis muito baixo. Conclui-se que o ritmo de crescimento das exportações é superior ao das importações, um do plano de Ajustamento Economico(PAE). • A balança de capitais tornou-se positiva em consequência dos investiments directos estrangeiro e sobretudo do financiamento a balança de pagamento pelos doadores. • A divida externa aumentou ao longo do PRE, não obstante as iniciativas de perdão total e parcial de alguns países, negociações da divida e do financiamento de FMI para o pagamento de serviços da divida. • A importância dos donativos mate-se elevado: representa entre cerca de 36 por cento e os 49 por cento das importações nos fins do seculo. 1987 1988 1989 1990 1998 1999 2000 UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana84 Dispesas totais/PIB 380 42,7 47,7 49,9 21 22,3 28,3 Despesas correntes/PIB 22 22,6 25,5 25,6 11,5 12,2 13,3 Receitas/PIB 42,6 45,3 49,3 43 11,3 12 12,6 Donativos/défice 21,8 23,4 24,2 28,5 63 98,6 67,9 Principais receitas (em percentagem do total) Salários 16,3 16,7 17,5 19 nd Nd 49,1 Subsídios 15,3 12,3 8,3 7 nd Nd 0,7 Defesa e segurança 44,8 39,1 41,6 39,7 nd Nd nd Principais receitas (em percentagem do total) Imposto sobre o rendimento 22 22,5 19,9 17,8 19,2 15,1 14,6 Imposto sobre o consumo 43,3 45,2 46,4 45,9 55,3 57,9 53,4 Taxas aduaneiras 14,5 14,2 19,5 21.9 19,2 18,2 28,3 Défice antes de donativos/PIB 21,8 23,4 24,2 28,5 21 22,2 28,3 Fonte: informação estatística de 1989, para os anos de 1987 a 1989, e informação estatística de 1990 , para o mesmo ano, para os anos de 1998 a 2000, anuário estatístico de 2000. Principais Importações e exportações em percentagem do total 1987 2000 Importações UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 85 Bens de consumo 38,5 Cereais 5.2 Bens alimentares 26.7 Combustíveis 13.4 Matérias prima 28.8 Material elétrico 22.6 Pecas sobressalentes 14.3 Material de Transporte 15 equipamentos 18.4 Produtos de ferro e aço 5.7 Exportações Camarão 39.5 Produtos de pesca 27.7 Amendoim de caju 31.1 Combustíveis 21 Algodão 5.8 alumínio 16.5 Açúcar 4.5 algodão 7.1 Fonte: Informações estatísticas de 1989, para os anos de 1987. Para o ano de 2000, anuário estatístico de 2000. 5.4.1. Política orçamental A sustentabilidade orçamental de Moçambique está em risco devido à escalada da dívida comercial e à má gestão das finanças públicas. O país apresentou défices orçamentais primários e globais contínuos durante os anos de boom económico, quando beneficiava da cobrança de imposto sobre os rendimentos de capital inesperados e de baixos rácios da dívida. A expansão foi principalmente direcionada para um programa de investimento público assente numa má gestão e numa crescente despesa salarial atingindo 11.3% do PIB em 2014. Em 2015 deu- se início a uma política de consolidação orçamental para controlar os níveis da dívida. O défice orçamental após as subvenções diminuiu para 2.2% do PIB face aos 9.0% em 2013. No entanto, os esforços foram prejudicados pelo contínuo abrandamento económico, reduzindo a arrecadação de receitas e a depreciação pronunciada do metical. Estima-se que o custo do serviço da dívida, maioritariamente pago em moeda externa, tenha atingido 2.8% do PIB em 2016. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 86 A divulgação das dívidas ocultas em 2016 levou à suspensão do apoio orçamental dos parceiros externos (cerca de 2% do PIB). A depreciação adicional do metical conduziu à insustentabilidade orçamental. Um orçamento revisto e aprovado no terceiro trimestre reduziu as despesas gerais em apenas 0.7 pontos percentuais, atingindo 32.6% do PIB. A diminuição do investimento público e a ligeira redução da massa salarial foram em grande parte anulados pelo aumento do custo do serviço da dívida. O financiamento dos doadores foi substituído por dispendiosos empréstimos nacionais. O sistema de financiamento interno tentou absorver os 2.6% do PIB exigidos em obrigações do tesouro. Não havia provisões para atender às dívidas ocultas e as previsões de crescimento económico, a inflação e os pressupostos cambiais eram excessivamente otimistas, pondo em causa a restante da execução orçamental de 2016. O orçamento de 2017 apresentou uma nova restrição orçamental, com uma redução das despesas para 33.9% do PIB. Espera-se, no entanto, uma recuperação do crescimento para 5.5%, bem como uma redução real das despesas correntes e das despesas de capital para 19.5% e 10% do PIB, respetivamente. Um novo programa do FMI ainda depende de um orçamento credível. O orçamento de 2017 não contempla as contribuições dos parceiros externos para o apoio orçamental direto, ou o serviço da dívida comercial, estimadas em 5.7% do PIB (incluindo pagamentos em atraso). Assim, a sustentabilidade orçamental a curto prazo depende do resultado da reestruturação da dívida comercial anunciada em outubro de 2016. Outros riscos orçamentais incluem a falta de clareza sobre a dívida do setor empresarial do Estado, enquanto a instabilidade do setor bancário pode transformar-se num adicional encargo orçamental. A longo prazo, é necessário garantir o excedente orçamental primário, reforçando simultaneamente a robustez e a qualidade do quadro de investimento público. 5.4.2. Política monetária A política monetária tem sido confrontada pelo prolongado choque da balança de pagamentos (BdP) desde o final de 2014. A diminuição das exportações e o decréscimo significativo do IDE contrastaram com os elevados níveis de UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 87 importações, aumentando o défice da balança de pagamentos e reduzindo as reservas em divisas. A suspensão do apoio dos doadores após a crise dos empréstimos ocultos de abril de 2016 bloqueou outro importante canal de entrada de moeda estrangeira. O metical, já de si uma das moedas africanas com pior desempenho em 2015, desvalorizou ainda mais. No final de 2016, acumulou uma desvalorização anual de 39.2% em relação ao USD, e de 52.3% em relação ao rand sul-africano, após um pico de 71.5% e 88.2%, respetivamente. Com as empresas a enfrentar restrições no acesso à moeda estrangeira e impedidas de realizar certas importações, os preços dos bens importados registaram um forte aumento, transferindo-se progressivamente através das cadeias de valor. As pressões inflacionistas adicionais resultaram de uma fraca estação agrícola, afetada por uma seca severa, bem como das restrições dos transportes rodoviários devido ao conflito militar interno existente. A inflação anual aumentou dez vezes, de 2.73% em setembro de 2015, para 26.83% em dezembro de 2016. O banco central tentou dar uma resposta política à crise. Em abril de 2016, com a inflação a subir mais de 15%, elevou as taxas de referência em apenas 5%. A escassez de moeda externa contrastava com o aumento da liquidez do metical. O crédito à economia expandiu-se continuamente até setembro de 2016, mesmo após o aumento de 450 pontos base na taxa de referência de maio a junho. As taxas médias dos empréstimos bancários, que rondaram os 19% ao longo do ano, foram finalmente ajustadas para mais de 23%. O novo governador do banco central, Rogério Zandamela, substituiu Ernesto Gove em Setembro, que se aposentou após liderar a instituição por dez anos. Zandamela, que trabalhou durante 15 anos no FMI, é a pedra angular do diálogo renovado entre o país e o FMI. De imediato, foi implementado um novo aumento da taxa de 600 pontos, para 23.25%. A restrição monetária adicional representa novos riscos para o sector financeiro. As taxas médias de empréstimos de um ano aproximam-se dos 30%, afetando as taxas de reembolso dos empréstimos e evidenciando as carteiras de empréstimos bancários menos prudentes. A procura interna global mostra sinais de contenção, diminuindo as perspetivas de crescimento, e UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 88 diminuindo a pressão inflacionária. Em 2017, espera-se que a inflação chegue a 30.3%, antes de cair para 29.5% em 2018. 5.5. A estrutura económica nos princípios do seculo XXI Os desafios do seculo XXI possuem contextos internacionais não favoráveis pera moçambique, pelo menos a medio prazo. Os capítulos anteriores revelam que a estrutura económica, o desenvolvimento atual das sociedades, a natureza das relações externa e o processoda globalização, constituem individualmente e configuram globalmente contextos de medio prazo que indicam a continuidade dos principais elementos caracterizadores da economia moçambicana. A atual estrutura foi formatada principalmente durante os últimos cento e cinquenta anos, esta integrada no que Wallerstein (1974) designada de economia- mundo, com um modelo económico dominante que estabelece hierarquia nas sociedades regiões e continente, impõe políticas que reproduzem os mecanismos de acumulação cada vez mais concentrado no quadro de relações de funcionalidade (dependência), que subordinam os desenvolvimento dos povos e uma crescente minoria de interesse económico e politico. As características fundamentas da estrutura económica colonial foram mantidas no período da experiência socialista (MOSCA, 1999) e são aprofundadas com aplicação do ajustamento estrutural. A manutenção dos elementos qualitativos e das relações externas reproduzira, muito provavelmente, as características actuas na economia moçambicana, dos se destacam: I. Relações de dependência e subordinação a interesse e centro de decisão localizado fora dos país onde os padrões de acumulação estão centrados UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 89 no exterior e articulam com elites nacionais que se beneficiam de uma pequena percentagem da distribuição dos rendimentos. Neste caso, assume particular relevância o papel da africa do sul, seja no contesto analítico de uma subpotência (que pressupõem existir uma estrutura e funcionalidade económica e regional) seja no desempenho de funções intermédia em forma triangular de atuação dos grandes grupos interesses económicos dos países desenvolvido. II. Assimetria profundada no desenvolvimento e na distribuição dos rendimentos, tanto social como especiais (Rodrigues 19976) : Maputo e o resto do país, as províncias a sul e a norte de gaza (ou do Rio save), o litoral e o interior, e muitas outras dicotomias, que revelam diferenciações especiais socialmente parece evidente a concentração da riqueza em elites muitos minoritárias relacionadas com os puderes , uma classe emergente de empresário e profissionais liberais que privilegiadas no estado , nas organizações não governamentais no setor privado e no desenvolvimento de iniciativas empresariais próprias. III. A existência de clivagem e simultaneamente de funcionalidade entre a economia (moderna e tradicional) que garantam a transferência de recursos e a concentração de acumulação no primeiro e onde o desenvolvimento (crescimento do segundo depende das necessidade de produção do primeiro, mosca(1999 e 2002). IV. A debilidade de infra-estrutura de transportes( rodoviária e ferroviária) de comunicação de rede comercial no meio rural, das infra-estrutura produtivas na igricultura. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 90 A Inflação em Moçambique Breve historial As primeiras estimativas do IPC no Moçambique independente foram efetuadas em 1989 pela então Direção Nacional de Estatística da Comissão Nacional do Plano (DNECP). Deste 1997, o Instituto Nacional de Estatística é a entidade responsável pela compilação e difusão oficial do IPC (INE, 2010). Foi o índice oficial de preços em Moçambique até dezembro de 1996, Porém em 1995, o Instituto Nacional de Estatística (INE) iniciou a compilação de um índice alternativo, que considerava uma cesta melhor de bens e que se pressupunha representar melhor a realidade da evolução do poder de compra para o consumidor moçambicano, e este novo índice tornou-se o índice de preços oficial a partir de Janeiro de 1997 (Ubide, 1997). A primeira série consistente de índices tinha como período base o mês de Dezembro de 1994 e circunscrevia-se apenas à Cidade de Maputo e era tomada como referência do IPC Nacional. A série seguinte teve como período de referência o mês de Dezembro de 1998. Esta série, cujos ponderadores foram derivados do Inquérito aos Agregados Familiares (IAF) 1996/97, permitiu a compilação de um IPC Nacional com referência nos preços das cidades de Maputo, Beira e Nampula. Para a agregação do IPC Nacional adotou-se a média ponderada dos índices das três cidades cujos fatores de ponderação eram as despesas monetárias da região em que cada cidade se localizava. Em 2004 houve uma revisão do cabaz e ponderadores do IPC a partir do IAF 2002/03 que deu origem a uma nova série que tinha como período. Serão as taxas de inflação de Moçambique e da África do Sul cointegradas? (1994- 2015). Esta série teve como grande inovação a adoção de um esquema de agregação do IPC Nacional a partir dos índices elementares de cada cidade (INE, 2010). A tabela 3, mostra a evolução da estrutura de ponderação do IPC Moçambique. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 91 Evolução da estrutura de ponderação do IPC Moçambique (1998 a 2010). A tabela mostra a evolução da estrutura de ponderação do IPC de Moçambique nos principais anos em que houve alterações, com vista a melhorar o IPC. Nota-se que de um modo gerar, a categoria de Alimentação e bebidas não alcoólicas, possui um peso maior no IPC comparativamente as outras categorias, apesar de uma variação decrescente. Porém Entre 1998 e 2010 houve um decréscimo do peso em 17,92 pp. De um modo geral, as outras categorias registaram uma tenência contrária. Ou seja, quase todos tiveram um aumento ligeiro nos preços. Entre os finais de década de 80 e princípios de década de 90, a inflação em Moçambique apresentava níveis relativamente altos (dois dígitos em média). É UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 92 dentro desta realidade que teve início, partir dos meados dos anos 90, o processo paulatino de desinflação no país através de implementação de medidas restritivas de política económica, no âmbito dos programas de estabilização macroeconómica em parceria com o fundo monetário internacional (FMI), que na sua fase inicial tinham ênfase na liberalização da economia moçambicana. Como resultado, este processo levou ao ajustamento dos preços dos bens e serviços, tendo a inflação atingido 70% em 1994. Porém em 1995, a inflação foi reduzida para 54%, portanto em 16pp (Omar, 2010). SUMARIO O sistema financeiro é um dos pilares do desenvolvimento económico das sociedades: por um lado, as empresas optam por determinados projectos de investimento e formas de assegurar o respectivo financiamento e, por outro, os consumidores tomam decisões sobre a a fectação do seu rendimento disponível entre poupança e consumo. As instituições financeiras desempenham um papel determinante ao assegurarem o funcionamento dos sistemas de pagamentos e liquidação, permitindo ainda o desenvolvimento de uma variedade de produtos financeiros que facilitam as transacções. Ao mobilizar os fundos dos aforradores, canalizando-os para o sector produtivo, o sistema financeiro possibilita a transferência de recursos económicos no tempo e no espaço, além fronteiras e entre sectores, facilitando também por esta via a gestão de riscos através da diversificação. O ambiente financeiro está em constante mutação. Vivemos actualmente uma fase em que a globalização e os seus efeitos colaterais nos empurram para uma nova regulação dos sistemas financeiros. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 93 EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO 1. Descreva a evolução do sistema financeiro moçambicano 2. Fale da função do sistema financeiro em Moçambique. 3. Qual é a função básica do mercado de capitais 4. Qual o impacto dos sistemas financeiros sobre a economia. 5. Descreve os desafios da bancalizaçãoem Moçambique EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO 1. Até que ponto o sistema Bancário tem é crucial na economia? 2. Quais os tipos de Mercados Financeiros? 3. Qual é a Função de cada tipo de mercado financeiro? 4. Quais são as medidas tomadas pelo governo no sentido de melhorar o sistema financeiro em Moçambique? 5. Descreve as características do sistema financeiro Moçambicano. UnISCED CURSO: GESTAO DE EMPRESAS; 30 Ano Disciplina/Módulo: Economia Moçambicana 94 BIBLIOGRAFIA “The Washington Consensus” e Moçambique, PADRIGU, Gothenburg University; 1995 Abrahamsson, H. & Nilsson, A. (1994). Moçambique em Transição: um estudo da história de desenvolvimento durante o período 1974-1992. CEEI- ISRI. Carlos Nuno Castel‑Branco, et all. Desafios para Moçambique. Editora: IESE. Maputo, 2010-2014 Direcção dos Serviços de Planeamento e Integração Económica - Planos de Fomento; Mosca, João (2016). Políticas Públicas e Agricultura em Moçambique. Escolar Editora. Maputo. Mosca, J., Abbas, M. & Bruna, N. (2013). Economia de Moçambique 2001-2010: Um Mix de Populismo Económico e Mercado Selvagem. 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