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Nesse solo, é possível identificar a pressão psicológica que se impri-
me na artista por meio de um mecanismo pautado pelo virtuosismo, a 
dominação e um ideal de produtividade sobre o corpo. Em cena, a bai-
larina se apresenta ao público, informando seu nome, idade, filhos; rela-
ta muitas situações de satisfação e desgosto, canta melodias das 
 músicas dançadas, fala da duração e rotina de trabalho, do salário, etc. 
Dessa forma, traz o balé para o plano do real, mostrando a dança como 
uma profissão como qualquer outra, com seus bônus e seus ônus. Entre 
outras coisas, a artista conta sobre a raiva que sentia de ficar no palco 
tanto tempo parada no fundo da cena enquanto os bailarinos solistas 
dançavam. Ela demonstra isso cenicamente ficando por muitos minutos 
imóvel numa posição. 
Solistas: bailarinos que 
dançam sozinhos em uma 
apresentação de balé.
O francês Jérôme Bel é um importante dançarino, 
diretor e coreógrafo experimental que em seu trabalho 
explora os limites entre o artista e o espectador, a dança e 
a não dança, a arte e a vida.
Jasper Kettner/Acervo do fo
tógra
fo
 
A VOZ DA IMAGEM
6 Com base no que foi comentado, observe as imagens e, se possível, procure na internet 
 vídeos do espetáculo Veronique Doisneau 1. Depois, converse com um colega sobre as ques-
tões seguintes.
a. Em sua opinião, o que as posições da bailarina e a suas expressões faciais revelam? 
b. Se você fosse criar uma fala relacionada a cada cena mostrada nas imagens, qual seria o 
texto? Que histórias a imagem corporal da bailarina parece contar? Anote no diário de bor-
do e compare com a ideia do colega de dupla. Respostas pessoais.
Resposta pessoal.
Ainda em dupla com o colega, realize a 
proposta a seguir. 
1 Pense em algo que o satisfaça ou o frustre 
no cotidiano. 
2 Crie três imagens corporais em pausa 
para esta situação e sensação. Pense em 
posições em que você pode permanecer 
imóvel por certo tempo. Não conte nada 
ainda para o colega de dupla. 
3 Em forma de jogo, combine quem 
começará pela posição ou pela fala. Quem 
for começar pela imagem corporal ficará 
aproximadamente 20 segundos na posição. 
Simultaneamente, o colega deve fazer um 
relato com base no que vê. Não é preciso 
se preocupar em acertar o que impulsionou 
a criação do colega. A proposta é perceber 
o que o corpo pode contar, deixando a 
imaginação fluir e disparando uma fala 
ininterrupta.
4 Depois, troquem de função: quem fez o 
relato agora mostra uma imagem corporal, 
e vice-versa.
5 Por fim, conversem sobre a experiência a 
partir da seguinte questão: qual é a relação 
estabelecida entre a ideia propulsora da 
imagem, sua construção corporal e a leitura 
desenvolvida pelo colega? Registre uma 
síntese dessa reflexão no diário de bordo.
EXPERIMENTAÇÃO
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Em Veronique Doisneau 1, o coreógrafo Jérôme Bel organiza cenica-
mente os relatos da intérprete. Fatos, desejos, interesses e frustrações 
misturam-se em perspectivas que se cruzam, atravessando passado e 
presente, fatos e fantasias. Nesse caso, a intérprete é a própria narrado-
ra da sua história, porém não é a única criadora, já que há um processo 
colaborativo. Pode-se perceber um diálogo com a noção de autoficção.
Como foi exposto neste capítulo, a autoficção liga-se ao conceito de 
memória e a outras discussões da contemporaneidade. As experiências 
pessoais não são simples inspirações, mas narrativas artísticas.
Diferentemente da autobiografia, que busca a veracidade dos fatos, a 
autoficção não pretende distinguir a realidade da ficção, mas, sim, pes-
quisar construções poéticas que ampliem o olhar sobre o mundo. A au-
toficção não está atrás de certezas. Ela constitui uma autorreflexão 
 apreocupada em ativar questionamentos em si e no outro. A observação 
da história pessoal do outro despertaria no espectador uma autoanálise 
da própria vida. O espectador é ativo no processo, sendo instigado a 
criar suas narrativas a partir dos relatos que testemunha.
Desde os anos 1970, tanto nas artes como em outras áreas do conhe-
cimento, a subjetividade ganha enfoque nas pesquisas. Isso se percebe 
em estudos etnocêntricos, sociológicos, psicológicos e de ciências polí-
ticas que mostram um especial interesse pelos entrelaçamentos de as-
pectos pessoais e coletivos em diferentes culturas, etnias e sociedades. 
A noção de alteridade compõe esse cenário: o conceito trata das rela-
ções de diferença estabelecidas com o outro, reconhecendo singularida-
des e buscando modos de compartilhá-las.
Em paralelo, descobertas da Física e da Termodinâmica, no início do 
século XX, passaram a repercutir em outras áreas do conhecimento, in-
clusive nas artes. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o princípio da 
incerteza de Heisenberg (1901-1976), proposto em 1927, que reforça a 
ideia de que vivemos num mundo “ilusório”. Nesse contexto efervescen-
te, um caldo de ideias reverberou de várias formas nas artes, inclusive no 
desenvolvimento de trabalhos autoficcionais. 
O físico alemão Werner Karl Heisenberg foi um dos 
mais importantes fundadores da Mecânica quântica. Sua 
teoria explica que não seria possível definir com certeza, 
em determinado instante, a posição exata e a velocidade 
de um elétron dentro do núcleo atômico. O que se pode 
é calcular uma probabilidade estatística. Esses erros 
podem ser desprezíveis na escala macroscópica, mas se 
tornam importantes para estudos de partículas atômicas. 
O cientista recebeu o Nobel de Física em 1932.
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NESTE LIVRO.
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