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Beatriz Costa Santos Número USP: 13695208 Professor Pedro Felipe Arce Castillo EQUILÍBRIO QUÍMICO E SUA RELAÇÃO COM A TERMODINÂMICA QUÍMICA APLICADA 1. INTRODUÇÃO A termodinâmica química é uma subárea interdisciplinar dentro da Físico-Química, englobando princípios e teorias da Física e da Química. Esta área estuda as leis fundamentais da termodinâmica, como a energia interna, entalpia, entropia e energia de Gibbs, presentes na Primeira e Segunda Lei da Termodinâmica, respectivamente. As propriedades termodinâmicas, conhecidas como variáveis de estado, descrevem os estados de equilíbrio e as mudanças de estado em sistemas substanciais e misturas. A análise das reações químicas, crucial para a engenharia química, envolve a transformação de substâncias, frequentemente em reações reversíveis que tendem ao equilíbrio químico (SANTANA, 2015). Neste estado, a velocidade de consumo dos reagentes é igual à formação dos produtos, caracterizando um equilíbrio dinâmico onde as reações direta e inversa ocorrem simultaneamente. Estudar essas reações exige a compreensão da cinética e da posição do equilíbrio químico (KORETSKY, 2007). 2. OBJETIVO Introduzir conceitos sobre equilíbrio químico, incluindo o modo de realização dos cálculos envolvidos. Além disso, determinar o efeito de determinados fatores sobre a conversão de equilíbrio de reações químicas. 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. Equilíbrio Químico e Cinética de Reação Pode-se afirmar que tanto o equilíbrio químico como a cinética da reação podem ser formulados quantitativamente através do fundamento da lei de ação das massas. Esta lei pode ser exemplificada por uma reação reversível geral: 𝑎𝐴 + 𝑏𝐵 ↔ 𝑐𝐶 + 𝑑𝐷 A aplicabilidade dessa lei se aplica em ambos os sentidos: direto e indireto. Assim, as velocidades das reações diretas e indiretas podem ser expressas por: 𝑣1 = 𝑘1 × [𝐴]𝑎 × [𝐵]𝑏 𝑣2 = 𝑘2 × [𝐶]𝑐 × [𝐷]𝑑 Enquanto na reação direta, no momento em que A e B são misturados, a velocidade é máxima e, depois, diminui aos poucos, ao passo em que os reagentes são consumidos. A reação oposta, ou inversa, tem velocidade máxima no seu início e aumenta aos poucos, ao passo em que a concentração dos produtos C e D aumentam. Ou seja, tem-se que a velocidade da reação direta tende a diminuir enquanto a velocidade da reação oposta tende a aumentar. É possível dizer que quando estas velocidades se igualam, o sistema entra em equilíbrio. Neste ponto, as concentrações dos componentes A, B, C e D se mantêm constantes e, de modo análogo, mesmo que as velocidades sejam iguais, as reações direta e oposta não se reprimem. Isso em mente, pode-se concluir que o estado de equilíbrio é dinâmico e, portanto, não estático. Como explicado anteriormente, no equilíbrio, tem-se: 𝑣1 =𝑘1 ×[𝐴]𝑎 ×[𝐵]𝑏 =𝑣 2 =𝑘2 ×[𝐶]𝑐 ×[𝐷]𝑑 Também pode-se expressar da seguinte maneira: [𝐶]𝑐×[𝐷]𝑑 = 𝑘1 = 𝑘 ([C]c×[D]d )/([A]a ×[B]b)= 𝑘1 𝑘2 = 𝐾𝑒𝑞 Considerando a equação anterior, infere-se “Keq” é a constante de equilíbrio da reação, em termos de concentração. 3.2. Energia livre de Gibbs e constante de equilíbrio Considerando a temperatura e pressão constantes, a energia livre de um sistema fechado vai diminuindo até que ela alcance seu valor mínimo, neste ponto, o equilíbrio é atingido (KORETSKY, 2007). Desta forma, como a coordenada de reação (𝜀), variável que indica o progresso da reação e a composição do sistema, podemos determinar a energia de Gibbs total através de 𝜀. No momento em que delta G é mínimo, a coordenada de reação atingira ateu valor no equilíbrio. Para o cálculo da energia de Gibbs total do sistema, utiliza-se a equação abaixo: 𝑑(𝑛𝐺) = (𝑛𝑉)𝑑𝑃 − (𝑛𝑠)𝑑𝑇 + ∑𝑖 𝜇𝑖𝑑𝑛𝑖 Esta equação, caso a temperatura e pressão também se mantenham constantes, pode ser escrita como: 𝑑𝐺 = ∑𝑖 𝑣𝑖 𝜇𝑖𝑑𝜀 Ao assumir que dG=0, apresenta-se o critério de equilíbrio de reações que pode ser expresso como: ∑𝑖 𝑣𝑖𝜇𝑖 = 0 Além disso, também podemos determinar o potencial químico de cada componente: 𝜇𝑖 = 𝐺𝑖 0 + 𝑅𝑇𝑙𝑛 ( 𝑓𝑖 𝑓𝑖 0) Assim, encontramos uma constante K que, ao aplicarmos a forma exponencial, pode ser escrita como: ln 𝐾 = −Δ𝐺0 𝑅𝑇 Assim, define-se a constante de equilíbrio que, tal qual a Energia Livre de Gibbs padrão, é uma função da temperatura (BREADY and HUMISTON, 1989; KORETSKY, 2007). 3.3. Fatores que influenciam a constante de equilíbrio É possível prever qualitativamente os impactos de variações especificas em um sistema em equilíbrio utilizando o princípio de Le Chatelier. Este princípio afirma que ao provocar-se uma perturbação em um sistema que está em equilíbrio, este é deslocado no sentido que tende a anular essa perturbação, visando se ajustar a um novo equilíbrio. 3.3.1. Temperatura A mudança da temperatura geralmente alta capacidade de influenciar um determinado sistema, podendo modificar consideravelmente os valores numéricos das constantes de equilíbrio. Ao elevar-se a temperatura de um sistema em equilíbrio, ocorre a transferência de energia térmica ao sistema. A posição do equilíbrio se deslocará de maneira que seja consumida, pelo menos, uma parte da energia apontada ao sistema. Ou seja, quando a temperatura se eleva, o processo endotérmico é favorecido em contraponto ao exotérmico. 3.3.2. Concentração Quando há uma variação da concentração o equilíbrio irá se deslocar de modo a reduzir ao mínimo essa variação. Assim, a retirada de um dos componentes de uma mistura que está no equilíbrio fará com que o sistema chegue a uma nova posição de equilíbrio, fazendo as adequações necessárias na direção em que restabeleça a concentração do componente removido. Do mesmo modo, se adicionarmos uma quantidade de um dos componentes no sistema, o equilíbrio deslocará para uma nova posição de equilíbrio no sentido em que seja consumida uma parte da substância adicionada. 3.3.3. Catalisadores Um catalisador tem como objetivo diminuir o tempo necessário para que um sistema químico alcance o equilíbrio. A presença de um catalisador afeta sempre em igual extensão a velocidades das reações diretas ou opostas, ou seja, o catalisador faz com que a reação atinja a energia de ativação mais rapidamente. Dessa forma, o catalizador apresenta a capacidade de reduzir o tempo necessário para o estabelecimento do equilíbrio, podendo tornar a reação mais rápida, porem o mesmo não poderá afetar a constante de equilíbrio da reação. 3.3.4. Pressão A variação da pressão afetará apenas sistemas de reações em que haja alteração no número de mols de reagentes gasosos, considerando reagentes e produtos. Pode-se afirmar que as reações em que todos os reagentes são líquidos, por exemplo, não são afetadas pelas alterações deste parâmetro . A variação de pressão deverá ser acompanhada juntamente com a variação do volume para que este fator afete, de fato, o equilíbrio do sistema. O aumento da pressão do sistema fará com que o equilíbrio se desloque no sentido da formação de um menor número de mols gasosos. Se a pressão diminui, o contrário torna-se valido, ou seja, o equilíbrio será deslocado para o sentido de formação de um maior número de mols gasosos. 3.4. Coordenada de reação Considerando a reação química abaixo, na qual 𝑣𝑖 são coeficientes estequiométricos, positivos para produtos e negativos para reagentes, e 𝐴𝑖 representam diferentes substâncias puras: |𝑣1|𝐴1 + |𝑣2|𝐴2 + ⋯ → |𝑣3|𝐴3 + |𝑣4|𝐴4 + |𝑣5|𝐴5 + ⋯ Compreende-se que a medida em que essa reação ocorre, os números de mols de cada substância tendem a variar proporcionalmente com o valor dos coeficientes estequiométricos das substâncias. Desta forma,todas as substâncias apresentam razões iguais de variações de número de mols pelo coeficiente estequiométrico, que podem ser representados por uma nova variável (𝜀), chamada de coordenada de reação (SMITH, et. al., 2007): 𝑑𝑛1 𝑣1 = 𝑑𝑛2 𝑣2 = 𝑑𝑛3 𝑣3 = 𝑑𝑛4 𝑣4 = ⋯ ≡ 𝑑𝜀 De um modo geral: 𝑑𝑛𝑖 = 𝑣 𝑖 × 𝜀 Considerando inicialmente 𝜀 = 0 e 𝑛𝑖 = 𝑛𝑖0 e integrando, temos: ∫ 𝑛𝑖 𝑑𝑛𝑖 = 𝑣𝑖∫ 𝜀𝑑𝜀 ∴ 𝑛𝑖 = 𝑛𝑖0 + 𝑣𝑖𝜀 Para o sistema com todas as substâncias, tem-se: Onde, 𝑛 = 𝑛0 + 𝑣𝜀 𝑛 ≡ ∑𝑛𝑖, 𝑛0 ≡ ∑ 𝑛𝑖0 𝑒 𝑣 ≡ ∑𝑣𝑖 𝑖𝑖𝑖 E finalmente, pode-se relacionar as frações molares 𝑦𝑖 à coordenada de reação da seguinte forma: 𝑦𝑖 = 𝑛𝑖 = 𝑛𝑖0 + 𝑣𝑖𝜀 4. CONCLUSÃO Este relatório demonstra que o equilíbrio químico está intimamente ligado à energia livre do sistema, especificamente a energia livre de Gibbs. Além disso, foi observado que diversos fatores, como pressão, temperatura e concentração, podem influenciar a constante de equilíbrio químico. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRADY, JAMES E.; HUMISTON, GERARS E. Química geral. v. 2. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1989. CASTILLO, P. F. A. Aulas 13 e 14 de Termodinâmica Química Aplicada II. Disponível em: http://sistemas.eel.usp.br/docentes/visualizar.php?id=8554681. Último acesso em: 19 de jun. de 2024. KORETSKY, M. D. Termodinâmica para Engenharia Química. Oregon: LTC Editora, 2007. SANTANA, Genilson Pereira. Equilíbrio Químico. In: SANTANA, Genilson Pereira. Equilíbrio Químico. [S. l.: s. n.], 2015. SMITH, Joseph Mauk et al. Introdução à termodinâmica da engenharia química. LTC, 2007.