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Exercícios de psicopatologia Questão 1 – (1 ponto) A palavra crise é polissêmica, ou seja, é permeada por significados e sentidos diversos. Ela está presente no nosso cotidiano desde o discurso mais corriqueiro até os especializados em saúde mental dos centros de atenção psicossocial (CAPSs), interesse deste trabalho. De acordo com Leonardo Boff (2002), a palavra em sânscrito para crise é kri, ou kir, e significa desembaraçar, purificar, limpar. No português, foram conservadas as palavras acrisolar e crisol. O crisol é um elemento químico que purifica o ouro, limpa-o. Portanto, crise apresenta, na sua origem filológica, a ideia de purificação. Em grego, crise (ou simplesmente krisis, krínein) significa decisão em um juízo. Toda situação de crise, para ser superada, exige uma decisão, e seu processo está rodeado de mudanças, criações e questionamentos. Para Boff (2002), a crise possui vitalidade criadora, que leva a pessoa a questionar sua existência e o mundo que a cerca. Ela é convocada a opinar e a decidir. É um momento crítico, uma descontinuidade e uma perturbação na normalidade da vida, quando algo é deixado para trás e abrem-se novas possibilidades de ser e de estar no mundo. A crise na saúde mental caracteriza-se como um momento no qual o sofrimento é muito intenso gerando uma desestruturação não somente na vida psíquica e social do indivíduo, mas também na sua família, sendo caracterizada por distúrbios de pensamento, emocional e comportamental. Sendo assim, a crise não pode ser resumida a um privilégio apenas de pessoas portadoras de sofrimento psíquico e não pode ser tomada apenas como uma experiência: A) Coletiva da comunidade. B) Individual e subjetiva. C) Patológica de psicopatológica. D) Familiar dependente. E) Que precisa ser medicalizada. Questão 2 – (1 ponto) A assistência psiquiátrica, no Brasil, até a década de 70 pode-se considerar marcada pela má qualidade de assistência aos portadores de doenças mentais, superlotação das instituições psiquiátricas, comercialização da loucura e cronificação do doente mental, tendo como vertente principal o modelo médico e hospitalocêntrico para essa prática. No final da década de setenta do século passado, emergem movimentos que procuram denunciar tal situação na perspectiva de melhoria da qualidade de assistência à saúde mental, tendo como ator central o Movimento dos trabalhadores de Saúde Mental que se inicia. Esse movimento impulsiona a discussão a respeito da assistência psiquiátrica, que culmina na adesão de outras esferas sociais, tais como familiares de doentes mentais internados e da mídia, na luta por uma assistência mais humana e menos segregadora e violenta derivada do modelo hospitalocêntrico. Fato que repercute, dando origem ao movimento de reforma da assistência psiquiátrica. A reforma psiquiátrica brasileira "é um movimento histórico de caráter político, social e econômico, influenciado pela ideologia de grupos dominantes". Esse movimento teve suas raízes na concepção de desinstitucionalização dos Estados Unidos e da Itália e hoje é discutida como parte das políticas de saúde. O na perspectiva de matriciamento o cuidado em saúde mental é como uma ação abrangente, que vai além do cuidado específico com a saúde mental, que envolve a família e a sociedade, quando compreende a reabilitação psicossocial como o centro do cuidado. Uma das possibilidades para o cuidado intensivo na atenção primária à saúde do usuário em crise para que o mesmo não seja internado em hospital psiquiátrico e nem necessite ser acolhido no CAPS é: A) Redução de Danos no CAPSaD. B) Atenção domiciliar e agentes comunitários de saúde. C) Os Serviços Residenciais Terapêuticos e lares abrigados. D) Os Centros de Convivência e nas oficinas de geração de renda. E) A Atenção Básica à Saúde e na Estratégia de Saúde da Família. Questão 3 – (1 ponto) O acolhimento procura promover a mudança do processo de trabalho de forma a atender a todos os que procuram os serviços de saúde, buscando resolver as necessidades de saúde dos usuários. Propõe um redirecionamento das ações, tornando-as de responsabilidade de toda a equipe, promovendo a integração de saberes e práticas, ampliando sua resolubilidade. O Movimento da Reforma Psiquiátrica evidencia a necessidade de transformação da atenção em saúde mental, buscando a substituição do modelo asilar pela atenção psicossocial. A principal diretriz do atual modelo de atenção em saúde mental consiste na ampliação e qualificação do cuidado às pessoas em sofrimento psíquico nos serviços comunitários e a reestruturação da assistência psiquiátrica hospitalar. A atenção psicossocial convoca a clínica a se ampliar e a produzir outras formas de cuidado, produzindo a ampliação do objeto de trabalho e a busca de resultados eficientes, incluindo novos instrumentos. No Brasil, na perspectiva da atenção psicossocial, a rede de saúde mental é composta por diversas ações e serviços, tais como, centros de atenção psicossocial (CAPS), residenciais terapêuticos, leitos de atenção integral em saúde mental em hospital geral, unidades de acolhimento, cooperativas de trabalho e geração de renda, serviços de APS, que incluem ações das equipes de Saúde da Família, Núcleos de Apoio à Saúde da Família e consultórios na rua. Torna-se premente a reestruturação das dinâmicas de recepção e de atendimento às pessoas em grave sofrimento psíquico na APS. O acolhimento é um possível operador desta transformação. O acolhimento é uma ação técnico-assistencial que pressupõe a mudança da relação profissional/paciente e sua rede social por meio de parâmetros técnicos, éticos, humanitários e de solidariedade, reconhecendo o paciente como sujeito e participante ativo no processo de produção da saúde (BRASIL, Ministério da Saúde, 2008). Para que o cuidado na perspectiva da atenção psicossocial se dê, é importante que haja vínculo e acolhimento. Entretanto, para um bom acolhimento, é preciso haver: A) Conhecimento técnico das psicoses. B) Conhecimento científico acerca dos transtornos do humor. C) Habilidades técnicas por parte dos médicos. D) Disposição por parte do acompanhante em estar junto do paciente na internação. E) Equidade, Alteridade são pressupostos fundamentais. Questão 4 – (1 ponto) A frase do psiquiatra italiano Franco Basaglia (1924-1980), mentor maior da reforma psiquiátrica italiana e grande inspirador da reforma psiquiátrica brasileira, é o que move as ações da Luta Antimanicomial. O Dia Nacional da Luta Antimanicomial, 18 de maio, nos traz à memória a histórica luta para a consolidação dos direitos às pessoas em sofrimento psíquico e a garantia do cuidado em liberdade e no seio da comunidade. Instituída no ano de 1987, na I Conferência Nacional de Saúde Mental, em Brasília, a data marca o embate feito pelos movimentos de Trabalhadores em Saúde Mental contra o modelo de assistência centrado nas internações em hospitais psiquiátricos. Com o lema “Por uma Sociedade sem Manicômios”, a Conferência apresentou propostas que orientaram as mudanças estruturais na gestão pública e redefiniram a lógica do cuidado à saúde mental. A reforma psiquiátrica é operada por profissionais, usuários, familiares, sociedade civil, etc. O lema por uma “sociedade sem manicômios” faz com que a reforma psiquiátrica seja considerada: A) Uma alternativa de cuidado hospitalocêntrico. B) Um movimento social e político partidário. C) Um movimento solidário e caritativo. D) O fechamento dos hospitais psiquiátricos em pequenas cidades. E) Nenhum das alternativas anteriores está correta. Questão 5 – (1 ponto) A Lei 10.216, de 2001 define três modalidades de internação psiquiátrica: a) internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário; b) internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; c) internação compulsória: aquela determinada pela Justiça. As internações psiquiátricas de longa permanência institucional acarretam alguns problemas, dentre eles: A) Prejuízos financeiros ao Sistema Único de Saúde (SUS). B) Desabilitaessas pessoas para a vida. C) A transferência de responsabilidade do cuidado da família para o hospital. D) Dificultam o fechamento dos hospitais psiquiátricos. E) Todas as alternativas anteriores estão corretas. Questão 6 – (1 ponto) O ano de 1978 costuma ser identificado como o de início efetivo do movimento social pelos direitos dos pacientes psiquiátricos em nosso país. O Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), movimento plural formado por trabalhadores integrantes do movimento sanitário, associações de familiares, sindicalistas, membros de associações de profissionais e pessoas com longo histórico de internações psiquiátricas, surge neste ano. É sobretudo este Movimento, através de variados campos de luta, que passa a protagonizar e a construir a partir deste período a denúncia da violência dos manicômios, da mercantilização da loucura, da hegemonia de uma rede privada de assistência e a construir coletivamente uma crítica ao chamado saber psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com transtornos mentais. A experiência italiana de desinstitucionalização em psiquiatria e sua crítica radical ao manicômio é inspiradora, e revela a possibilidade de ruptura com os antigos paradigmas, como, por exemplo, na Colônia Juliano Moreira, enorme asilo com mais de 2.000 internos no início dos anos 80, no Rio de Janeiro. Passam a surgir as primeiras propostas e ações para a reorientação da assistência. O II Congresso Nacional do MTSM (Bauru, SP), em 1987, adota o lema “Por uma sociedade sem manicômios”. Neste mesmo ano, é realizada a I Conferência Nacional de Saúde Mental (Rio de Janeiro). O movimento de Reforma Psiquiátrica propôs a transformação da assistência psiquiátrica e dentre suas ações propõe: A) Dar alta para os pacientes internados. B) O retorno imediato dos pacientes para suas famílias. C) A transferência para outras instituições. D) Buscar e estimular parcerias no território. E) A criação de hospitais psiquiátricos menores, com atendimento mais personalizado. Questão 7 – (1 ponto) A Política Nacional de Saúde Mental (PNSM) passou, nos últimos anos, por significativas transições. A publicação da Lei 10.216, de 6 de abril de 2001, definiu o marco legal para a garantia dos direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, criando condições para que estas pudessem ser tratadas, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental. A partir do momento em que a lei passou a ser vigente, a internação, em qualquer de suas modalidades, só seria indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrassem insuficientes e, para tanto, foi necessário investir na criação de serviços extra-hospitalares capazes de acolher a demanda e fornecer o devido tratamento. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são serviços comunitários de saúde mental que atuam segundo a lógica de territórios. Entendidos como dispositivos estratégicos da política, são estruturas que atendem, prioritariamente, pessoas portadoras de transtornos mentais graves ou persistentes, bem como indivíduos com transtornos causados pelo uso de álcool e outras drogas. Estabelecidos em 2002, foram definidos conforme o porte populacional e o público-alvo (CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPS álcool e drogas (AD) e Infanto-juvenil (CAPS i). No trecho acima, é possível verificarmos avanços quanto à assistência em saúde mental. Dentre eles, as internações passam a ser classificadas, sendo de 3 tipos. No caso da internação compulsória. Quais são os critérios definidos pela Lei. 10.216/2001? Questão 8 – (1 ponto) Era junho de 1979, quando o renomado psiquiatra italiano Franco Basaglia desembarcou no Brasil. Precursor do movimento de Psiquiatria Democrática na Itália e crítico ferrenho do poder opressor que a psiquiatria é capaz de exercer sobre a população. “Basaglia fazia uma breve fala, traduzida simultaneamente para sua plateia, sobre o controle que a psiquiatria exercia sobre a população e expunha o uso perverso do discurso científico dessa disciplina que, utilizando-se da instituição manicômio, fazia a gestão das massas de indesejáveis do ponto de vista econômico (na figura daqueles que não produzem), social (na figura daqueles que não seguem a ordem moral) e político (na figura daqueles que não obedecem ao regime vigente). Transmitia também as experiências práticas que acumulara na Itália nas décadas de sessenta e setenta (…). Sua mensagem era clara: além de denunciar a situação da psiquiatria, queria incentivar que seus ouvintes abandonassem a discussão e fossem à prática iniciar mudanças — ‘contra o pessimismo da razão, o otimismo da prática’, dizia ele. Dia a dia, cidade a cidade, o ritual era basicamente o mesmo. No entanto, algo mudou quando chegou a Minas Gerais. Após sua visita ao Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, conhecido como Colônia ou Cidade dos Loucos, não pôde proferir sua conferência. O horror era visível e, segundo relatos, Basaglia pareceu ter ficado profundamente deprimido. Declarou que o que vira era ‘pior que um campo de concentração'(…)”. A experiência italiana de desinstitucionalização em psiquiatria e sua crítica radical ao manicômio foi inspiradora aos movimentos antimanicomiais que emergiam no país naquele período, como o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), fundado em 1978 e formado por trabalhadores da saúde, associações de familiares, sindicalistas e pessoas com longo histórico de internações psiquiátricas. Dito isto, existem mecanismos que ocorrem nas relações humanas, chamado de Transferência e Contratransferência. Explique-os dando exemplos.