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comparado com outros idiomas semíticos, como o árabe, assírio, ugarítico. etíope e aramaico, para 
se descobrir o significado básico de muitos termos antes obscuros.
Mas não é suficiente m eram ente esclarecer o significado de cada palavra-raiz. Cada palavra 
pode assum ir diferentes acepções quando é empregada em contextos diversos. Temos de estudar 
as várias ocorrências bíblicas da palavra para chegar a um entendimento preciso do seu uso 
intencional.
Este tipo de pesquisa introduz os estudantes do hebraico a um novo inundo de compreensão 
do Antigo Testamento. Mas como este material pode se tornar acessível aos que não falam 
hebraico? Este é o propósito da presente obra.
Agora o estudante leigo pode ter diante de si a raiz hebraica, ou um a palavra hebraica baseada 
nessa raiz, e seguir o curso do seu desenvolvimento para o uso na passagem que estuda. Além 
disso, ele obtém uma avaliação da riqueza e variedade do vocabulário hebraico. Por exemplo, os 
sinônimos hebraicos têm repercussões doutrinais essenciais, como a palavra virgem em Isaías 
7.14, com parada com palavras sem elhantes que significam “m oça” . Em alguns casos, um jogo de 
palavras é virtualmente impossível que seja refletido na tradução (por exemplo, S f 2.4-7). Algumas 
palavras hebraicas podem ter significados bastante diferentes — às vezes precisamente o oposto
— em contextos diferentes; assim, a palavra bãrak pode significar “abençoar” ou “am aldiçoar”, 
e g ã ’al pode significar “redim ir” ou “poluir” .
É óbvio que o estudante leigo terá algum a desvantagem em não conhecer o hebraico. Contu­
do, é justo dizer que um dicionário expositivo m oderno, que faz um a seleção feliz das palavras 
hebraicas mais importantes do Antigo Testamento, abrirá um depósito de riquezas da verdade 
contidas na Bíblia hebraica. Oferece tremendo benefício ao estudo expressivo da Escritura. Tor­
na-se obra de consulta fundam ental a todos os estudantes sérios da Bíblia.
M e r r il l F. U n g e r
INTRODUÇÃO
Os escritos do Novo Testamento são. em grande medida, baseados na revelação de Deus no 
Antigo Testamento. Para entender os temas da Criação. Queda e Restauração apresentados no 
Novo Testamento, é preciso ler sua origem no Antigo Testamento.
O Novo Testamento foi escrito no dialeto popular de um idiom a indo-europeu, o grego. O 
Antigo Testamento foi escrito nos idiomas se m íticos do hebraico e aramaico. Durante séculos, 
estudantes leigos da Bíblia achavam muito difícil entender a estrutura do hebraico bíblico. Os 
guias de estudo do hebraico bíblico são projetados para pessoas que lêem hebraico — e muitos 
destes guias foram escritos em alemão, o que só aumenta a dificuldade.
Este Dicionário Expositivo apresenta cerca de 500 term os significativos do Antigo Testa­
mento para os leitores leigos que não estão fam iliarizados com o hebraico. Descreve a freqüência, 
uso e significado destes termos tão completamente quanto possível. Nenhum a fonte foi ignorada 
no esforço de trazer a m ais recente erudição hebraica para o estudante que a busca. Espera-se que 
este pequeno livro de consulta venha a ilum inar os estudantes da Bíblia para que vejam as 
riquezas da verdade de Deus contidas no Antigo Testamento.
A. O lugar do hebraico na História. A língua e a literatura hebraicas mantêm posição única no 
curso da civilização ocidental. Emergiu algum tempo depois de 1500 a.C. na região da Palestina, ao 
longo da costa oriental do mar M editerrâneo. Os judeus têm usado o hebraico continuam ente em 
um ou outro local até os dias atuais. Um dialeto modernizado do hebraico (com m odificações na 
soletração) é a língua oficial do Estado de Israel.
Quando Alexandre, o Grande, subiu ao poder, de cerca de 330 a.C. a 323 a.C. ele uniu as 
cidades-estados gregas sob a influência da M acedônia. A lexandre e seus generais virtualm ente 
aniquilaram as estruturas sociais e as línguas das sociedades antigas que o império tinha absor­
vido. Os babilônios, aram aicos, persas e egípcios deixaram de existir como civilizações distintas; 
só a cultura grega (helenística) perm aneceu. O judaísm o foi a única religião antiga e o hebraico a 
única língua antiga que sobreviveram a esta investida furiosa.
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A Bíblia Hebraica contém a sucessiva história da civilização desde a Criação até os tempos 
romanos. É o único registro dos procedimentos de Deus para com a humanidade por meio dos 
seus profetas, sacerdotes e reis. Além disso, é o único documento religioso antigo que conti­
nuou a existir completamente intacto.
O hebraico está relacionado com o aramaico, o siríaco e com idiomas modernos como o etíope 
e o árabe (antigo e moderno). Pertence a um grupo de línguas conhecido como línguas semíticas 
(assim designadas, porque a Escritura diz que eram faladas pelos descendentes do filho de Noé, 
Sem). O mais antigo idioma semítico conhecido é o acadiano, que foi escrito no sistema de sinais 
em “forma de cunha” ou cuneiforme. Os textos acadianos mais recentes foram escritos em tabuinhas 
de barro em cerca de 2400 a.C. O babilônio e o assírio são dialetos mais recentes que o acadiano; 
ambos influenciaram o desenvolvimento do hebraico. Pelo fato de os idiomas acadiano, babilônio 
e assírio terem sido todos usados na Mesopotâmia, eles são classificados como línguas “semíticas 
orientais".
Parece que a evidência mais recente para as origens das línguas “semíticas ocidentais” é uma 
inscrição da antiga cidade de Ebla. Tratava-se de uma capital pouco conhecida de um estado 
semítico no que hoje é o Norte da Síria. As tabuinhas de Ebla são bilíngües, escritas em sumério 
e eblaíta. Os arqueólogos italianos que escavaram Ebla relataram que estas tabuinhas contêm 
vários nomes de pessoas e lugares mencionados no Livro de Gênesis. Algumas das tabuinhas 
foram datadas já do ano de 2400 a.C. Visto que o hebraico também era uma língua semítica 
ocidental, a publicação dos textos de Ebla pode lançar nova luz sobre muitas palavras e frases 
hebraicas mais antigas.
A série completa mais recente de textos pré-hebraicos vem da antiga cidade cananéia de 
Ugarite. Localizada em um agrupamento de colinas no Líbano meridional, Ugarite tem revelado 
textos que contêm informações detalhadas sobre a religião, poesia e comércio do povo cananeu. 
Os textos são datados entre 1800 a.C. e 1200 a.C. Estas tabuinhas contêm muitas palavras e frases 
que são quase idênticas às palavras encontradas na Bíblia hebraica. O dialeto ugarítico ilumina o 
desenvolvimento do antigo hebraico (ou paleo-hebraico). A estrutura poética do idioma ugarítico 
está refletida em muitas passagens do Antigo Testamento, como no “Cântico de Débora”, cm 
Juizes 5. Os escribas de Ugarite escreveram numa escrita cuneiforme modificada que era virtual­
mente alfabética; esta escrita abriu caminho para o uso do sistema de escrita fenício mais simples.
Diversos textos de várias partes do Oriente Próximo contêm palavras e frases semíticas oci­
dentais. As mais importantes destas são as tabuinhas da antiga cidade egípcia de Amarna. Estas 
tabuinhas foram escritas pelos subgovernantes das colônias egípcias da Síria-Palestina e por seu 
senhor feudal, o Faraó. As tabuinhas dos príncipes secundários foram escritas em babilônio; mas 
quando o escriba do correspondente idioma não sabia a palavra babilônica adequada para ex­
pressar certa idéia, ele substituía por uma “glosa” cananéia. Estas glosas nos contam muito sobre 
as palavras e soletrações que eram usadas na Palestina durante o tempo em que o paleo-hebraico 
emergiu como língua distinta.
A língua hebraica entrou em existência provavelmente durante o período patriarcal, cerca de 
2000 a.C. A língua foi convertida em escrita por volta de 1250 a.C., e a mais antiga inscrição 
hebraica existente data de aproximadamente 1000 a.C. Estas antigas inscrições foram esculpidas 
em pedra; os mais recentes rolos hebraicos conhecidos foram encontrados nas cavernas de 
Qumran, próximo ao mar Morto, e datam do século III a.C. Ainda que alguns textoshebraicos
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seculares tenham sobrevivido, a fonte primária para nosso conhecim ento do hebraico clássico é 
o próprio Antigo Testamento.
B. A origem do sistem a de escrita hebraica. A tradição grega assevera que os fenícios 
inventaram o alfabeto. De fato, isto é só parcialm ente verdade, visto que o sistema de escrita 
fenício não era um alfabeto como conhecemos hoje. Era um sistema silabário sim plificado — em 
outras palavras, seus diversos símbolos representam sílabas em vez de com ponentes vocais 
distintos. O sistema de escrita hebraico desenvolveu-se do sistem a fenício.
O sistema de escrita hebraico foi mudando pouco a pouco no decorrer dos séculos. De 1000
a.C. a 200 a.C., foi usada um a escrita arredondada (antigo estilo fenício). Esta escrita foi usada 
pela últim a vez para copiar o texto bíblico e pode ser vista nos rolos do m ar Morto. M as depois 
que os judeus voltaram do cativeiro babilônico, eles passaram a usar a escrita quadrada do idioma 
aram aico que era a língua oficial do Império Persa. Os escribas judeus adotaram a caligrafia 
aram aica de livro, uma form a mais precisa de escrita. Quando Jesus mencionou o “jo tav e o “til” 
da lei mosaica, Ele se referia aos manuscritos na escrita quadrada. A caligrafia de livro é usada em 
todas as edições impressas da Bíblia Hebraica.
C. História concisa da Bíblia Hebraica. Não há que duvidar que o texto da Bíblia Hebraica foi 
atualizado e revisado várias vezes na antigüidade, e houve mais de uma tradição textual. M uitas 
palavras arcaicas no Pentateuco sugerem que M oisés usou documentos cuneiformes antigos na 
compilação do seu relato da história. Os escribas da corte real sob os reinados de Davi e Salomão 
provavelm ente revisaram o texto e atualizaram expressões dúbias. Aparentem ente certos livros 
históricos, como 1 e 2 Reis e 1 e 2 Crônicas, representam os anais oficiais do reino. Estes livros 
retratam a tradição histórica da classe sacerdotal.
É provável que a mensagem dos profetas foi escrita algum tempo depois que os profetas 
entregaram a mensagem. Há variedade de estilos de escrita entre os livros proféticos; e vários, 
como Amós e Oséias, parecem estar mais próximos à linguagem coloquial.
Adm ite-se que o texto do Antigo Testamento foi revisado novam ente durante o tempo do rei 
Josias, depois que o livro da lei foi redescoberto (2 Reis 22— 27; 2 Crônicas 24— 35). Isto teria 
acontecido em cerca de 620 a.C. Os dois séculos seguintes, que trouxeram o cativeiro babilônico, 
foram os tempos mais m omentosos na história de Israel. Quando os judeus começaram a recons­
truir Jerusalém sob o governo de Esdras e Neemias, em 450 a.C., sua linguagem com um era a 
língua aram aica da corte persa. Esta língua tornou-se mais popular entre os judeus até que 
deslocou o hebraico como língua dominante do judaísm o na era cristã. Há evidência de que o 
texto do Antigo Testamento foi revisado mais uma vez nessa época.
Depois que os gregos subiram ao poder sob o domínio de Alexandre, o Grande, a preservação 
do hebraico tom ou-se questão política; os partidos conservadores judaicos quiseram conservá- 
lo. Mas os judeus da Diáspora — aqueles que viviam fora da Palestina — dependiam de versões 
do texto bíblico em aramaico (chamadas Targuns) ou em grego (chamada Septuaginta).
Os Targuns e a Septuaginta foram traduzidos dos manuscritos hebraicos. Havia diferenças 
significativas entre estas versões, e os rabinos judeus em preenderam grandes esforços para 
explicar tais diferenças.
Depois que Jerusalém caiu diante do exército do general romano Tito, os estudiosos bíblicos 
judeus foram espalhados por todo o mundo antigo e o conhecim ento do hebraico começou a 
declinar. De 200 d.C. até perto de 900 d.C., grupos de estudiosos procuraram inventar sistemas de
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marcas vocálicas (depois cham adas pontos) para ajudar os leitores judeus que já não falavam 
hebraico. Os estudiosos que fizeram este trabalho são cham ados de massoretas, e a m arca que 
inventaram é cham ada de Mcissorá. O texto m assorético que produziram representa as consoan­
tes que tinham sido preservadas desde por volta de 100 a.C. (com o está com provado pelos rolos 
do m ar M orto); mas as m arcas vocálicas refletem o entendim ento da língua hebraica em cerca de 
300 d.C. O texto m assorético dom inou os estudos do Antigo Testamento na Idade M édia e serviu 
com o base para virtualm ente todas as versões im pressas da B íblia Hebraica.
Infelizm ente, não temos nenhum texto com pleto da Bíblia H ebraica que seja m ais antiga que o 
século X d.C. O mais recente segm ento com pleto do Antigo Testamento (os Profetas) é um a cópia 
que data de 895 d.C. Se bem que os rolos do m ar M orto tenham fornecido livros inteiros, com o 
Isaías, eles não contêm um a cópia com pleta do texto do A ntigo Testamento. Portanto, ainda 
tem os de depender da longa tradição da erudição hebraica usada nas edições im pressas da B íblia 
hebraica.
A prim eira edição com pleta im pressa da Bíblia H ebraica foi preparada por Félix Pratensis e 
publicada por Daniel Bomberg, em Veneza, em 1516. Um a edição m ais extensa da Bíblia H ebraica 
foi editada pelo estudioso judeu-cristão Jacob ben Chayyim , em 1524. A lguns estudiosos conti­
nuam usando o texto de ben Chayyim com o a B íblia hebraica im pressa básica.
D. O hebraico do Antigo Testamento. O hebraico do Antigo Testamento não tem um a estrutu­
ra cuidada e concisa; o Antigo Testam ento foi escrito ao longo de tam anho espaço de tem po que 
não se pode esperar ter um a tradição lingüística uniform e. De fato, o hebraico das três principais 
seções do Antigo Testamento varia consideravelm ente. Estas três seções são conhecidas po r 
Torá (A Lei), N eb i’im (Os Profetas) e K etubim (Os Escritos). A lém das diferenças lingüísticas 
entre as seções principais, certos livros do Antigo Testam ento possuem peculiaridades próprias. 
Por exem plo, Jó e Salm os contêm palavras e frases m uito antigas sem elhantes ao ugarítico; Rute 
preserva algum as form as arcaicas da língua m oabita; e 1 e 2 Sam uel revelam a natureza áspera e 
bélica da linguagem coloquial da era de Salom ão e Davi.
À m edida que Israel passava de um a confederação de tribos para um reino dinástico, a língua 
m udou da linguagem de pastores e com erciantes de caravana para a língua literária de um a 
população estabelecida. Enquanto os livros do Novo Testam ento refletem um dialeto grego 
conform e foi usado por um período de cerca de 75 anos, o Antigo Testam ento utiliza várias 
form as da língua hebraica à m edida que foi evoluindo durante quase 2.000 anos. Certos textos — 
como a prim eira narrativa do Livro de Êxodo e a última dos Salmos — foram escritos virtualm ente 
em dois dialetos diferentes e deveriam ser estudados tendo isto em mente.
E. Características da língua hebraica. Pela razão de ser o hebraico um a língua sem ítica, sua 
estrutura e função são bastante diferentes das línguas indo-européias, com o o francês, alem ão, 
espanhol, português e inglês. Várias consoantes hebraicas não podem ser transform adas exata­
m ente em letras portuguesas. N ossa transliteração das palavras hebraicas sugere que a língua 
soava m uito áspera e tosca, mas provavelm ente era m uito m elodiosa e bonita.
A m aioria da palavras hebraicas é construída com base em raiz de três consoantes. A m esm a 
raiz pode aparecer em um substantivo, um verbo, um adjetivo e um advérbio — todos com o 
m esm o significado básico. Por exem plo, kftãb é um substantivo hebraico que significa “livro” . 
U m a form a verbal, kãtab , significa “escrever” . Há tam bém o substantivo hebraico kftõbeth, que 
significa “decoração” ou “tatuagem ”. Cada um a destas palavras repete o conjunto básico das
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três consoantes e lhes dá uma semelhança de som que pareceria desajeitada em português. Soaria 
absurdo a um escritor português compor uma frase como esta: “O escritor escreveu a escrita 
escrita do escrito”. Mas este tipo de repetiçãoseria muito comum no hebraico bíblico. Muitos 
textos do Antigo Testamento, como Gênesis 49 e Números 23, usam este tipo de repetição para 
enfatizar o significado das palavras.
O hebraico também difere de outras línguas indo-européias na variação da forma de uma única 
classe de palavra. Certas línguas indo-européias têm só uma forma de determinado substantivo 
ou verbo, enquanto que o hebraico pode ter duas ou mais formas da mesma classe de palavra 
básica. Por muitos séculos os estudiosos têm estudado estas formas menos comuns de palavras 
hebraicas e desenvolvido vasta literatura sobre tais palavras. Qualquer estudo dos termos teoló­
gicos mais importantes do Antigo Testamento tem de levar em conta estes estudos.
F. A forma das palavras (morfologia). Em princípio, a palavra hebraica básica consiste em uma 
raiz de três consoantes e três vogais — duas internas e uma final i entretanto, a vogal final não é 
muitas vezes pronunciada). Poderíamos esquematizar a palavra hebraica típica desta maneira:
C .+ V +C. + V: + C .+ V ;
Usando a palavra kãtab como exemplo, o diagrama ficaria assim:
K + A + T + A + B + ___
As formas diferentes das palavras hebraicas sempre mantêm as três consoantes nas mesmas 
posições relativas, mas eles mudam as vogais inseridas entre as consoantes. Por exemplo, kõíeb 
é o particípio de kãtab. enquanto que kãtôb é o infinitivo.
Ampliando as formas verbais das palavras, os escritores hebraicos puderam desenvolver 
significados muito extensos e complexos. Por exemplo, acrescentando sílabas no começo da raiz 
de três consoantes, assim:
Raiz = KTB
yi + ketôb — “que ele escreva” 
we + kãtab — “e ele escreverá”
Às vezes, um escritor dobra uma consoante enquanto mantém as três consoantes básicas na 
mesma posição. Por exemplo, tomando a raiz de KTB e fazendo com que a palavra wayyikltõb 
signifique “e ele foi levado a escrever”.
O escritor hebraico também podia acrescentar várias terminações ou sufixos diferentes para que 
um verbo básico produzisse uma cláusula inteira. Por exemplo, usando o verbo qãital (que significa 
“matar”), ele podia desenvolver a palavra cftaltíhü (significando “eu o matei”). Estes exemplos 
enfatizam o fato de que o hebraico é um idioma silábico. Não há combinações consonantais únicas 
como ditongos (ou sons semivocálicos) como cl, gr, bl, como em nossa língua.
G. A ordem das palavras hebraicas. A ordem normal das palavras de uma oração verbal em 
uma passagem hebraica em narrativa ou prosa é:
Verbo — Objeto — Objeto Indireto ou Pronome — Sujeito
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É interessante notar que a ordem das palavras hebraicas para uma oração nominal pode 
corresponder a esta do português:
Sujeito — Verbo — Predicativo/Complemento Nominal
Os escritores hebraicos se afastavam do arranjo verbal em prol da ênfase. Contudo, uma 
oração hebraica raram ente pode ser traduzida palavra por palavra, porque o resultado ficaria sem 
sentido. Ao longo dos séculos, os tradutores desenvolveram modos padronizados de expressar 
estas formas peculiares de pensamento sem ítico na língua indo-européia.
H. As palavras estrangeiras em hebraico. O Antigo Testamento usa palavras estrangeiras de 
vários modos, dependendo do contexto. Os nomes próprios acadianos aparecem muitas vezes 
nas narrativas patriarcais do Gênesis. Eis alguns exemplos:
(sumério-acadiano) Sw ner = Sinar (hebraico)
(acadiano) Sharrukin = Ninrode (hebraico)
Vários tennos egípcios aparecem na narrativa de José, da mesma maneira que tennos babilônicos 
aparecem nos escritos de Isaías e Jerem ias, e palavras persas no Livro de Daniel. Contudo, 
nenhuma destas palavras tem significado teológico. H á pouca evidência lingüística de que os 
conceitos religiosos de Israel foram emprestados de fontes estrangeiras.
A m aior incursão de uma língua estrangeira é o caso da língua aramaica que aparece em vários 
versículos isolados e alguns capítulos inteiros do Livro de Daniel. Com o já comentam os, o 
aram aico se tornou a língua religiosa prim ária dos judeus que viviam fora da Palestina depois do 
cativeiro babilônico.
I. O texto escrito da Bíblia Hebraica. O texto hebraico do Antigo Testamento oferece dois 
problem as imediatos ao leitor não-iniciado. Primeiro, é o fato de que o hebraico é lido da direita 
para a esquerda, diferente das línguas indo-européias; cada caractere do texto e seus símbolos 
auxiliares é lido de cim a para baixo, como também da direita para a esquerda. Segundo, é o fato de 
que o hebraico escrito é um sistema complicado de símbolos de sílabas, cada um a das quais tendo 
três com ponentes.
O prim eiro componente é o sinal para a própria consoante. Alguns dos sinais consonantais 
menos freqüentes sim bolizam sons de vogal. (Estas letras são o álefe [que indica o som a longo], 
o vau [que indica o som u longo] e o yod [que indica o som “i” — como em “vi”].) O segundo 
componente é o padrão de pontos vocálicos. O terceiro com ponente é o padrão de cancelam en­
tos , que foram acrescentados durante a Idade M édia para ajudar os chantres (os cantores solistas 
de uma sinagoga) a cantar o texto. Requer-se um pouco de prática antes que a pessoa possa ler 
o texto hebraico que usa todos os três componentes. A ilustração que se segue mostra a direção 
e seqüência para a leitura do texto. (Os cancelam entos foram omitidos.)
T ran s lite raç ã o : 'a sh rê h ã lsh ’asher
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Os pontos vocálicos específicos e sua seqüência dentro da palavra indicam a força ou acen­
tuação a ser dada a cada sílaba da palavra. Tradições diferentes dentro do judaísmo indicam 
maneiras diferentes de pronunciar a mesma palavra hebraica, e os pontos vocálicos de um deter­
minado manuscrito vão refletir a pronunciação usada pelos escribas que copiaram o manuscrito. 
Muitos padrões de fala eslavos e espanhóis entraram furtivamente nos manuscritos hebraicos 
medievais, por causa da associação dos judeus com as culturas eslavas e espanholas durante a 
Idade Média. Porém, o uso da língua hebraica no Israel moderno está tendendo a unificar a 
pronunciação do hebraico.
A tabela a seguir indica as transliterações aceitas para a fonte hebraica pela maioria dos 
estudiosos bíblicos de hoje. É o sistema padronizado, desenvolvido pelo Journal o f Biblical 
Literature, para uso na escrita e instrução da língua.
Consoantes Nome Transliteração
K Álef *
B et (ouvêt) b
Gímel a
i D álet d
p H e h
% Yav V
%1 Zain z
A H ét h
i2 T êt t
Yod y
1 K af k
h Lâmed 1
D. □ Mem m
3. 1 Nun n
ii Sámek s
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Sade §
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V , Ifar Shin ' V
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20
Vogais Nome Transliteração
T
Patah ã
mm
Qames a
. .
Segol
**
e '
. .
Sere e
.
Hireq i
Qibbüs u
r
Patah yod a (longo)
• Segolyod Ae
* Sere yod Ae
> Hireq yod A
1
i Holem A
0
Süreq Au
n
Hatep-patah
V
0
Hatep-qames a
• •
Hatep -segol
'w'
e
J. O significado das palavras hebraicas. Desde a fundação da igreja, os cristãos têm estuda­
do o idioma hebraico com variados graus de intensidade. Durante a era da Igreja Apostólica e 
Primitiva (40-150 d.C.), os cristãos tiveram grande interesse no idioma hebraico. Por conseguinte, 
dependiam mais acentuadamente da Septuaginta em grego para ler o Antigo Testamento. No 
princípio da Idade Média, Jerônimo teve de empregar estudiosos judeus para ajudá-lo a traduzir 
a versão oficial do Antigo Testamento da Vulgata em latim. Havia poucos cristãos interessados 
no idioma hebraico nos tempos medievais.
No século XVI, certo estudioso alemão católico romano chamado Johannes Reuchlin estu­
dou hebraico com um rabino judeu e começou a escrever livros introdutórios em latim sobre 
hebraico para estudantes cristãos. Ele também compilou um pequeno dicionário hebraico-latim. O 
trabalho de Reuchlin despertou interesse no hebraico entre os estudiosos cristãos, fato que 
continua até nossos dias. (As sinagogas judaicas tinham passado adiante o significado do texto 
durante séculos e dado pouca atenção à mecânica do próprio idioma hebraico.)
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Comparando as línguas acadiana,ugarítica, aramaica e hebraica, os estudiosos modernos 
conseguiram entender o significado das palavras hebraicas. Aqui estão algumas das chaves que 
eles descobriram:
1. Palavras cognatas. Palavras estrangeiras que têm sons ou construções similares às pala­
vras hebraicas são chamadas palavras cognatas. Pelo motivo de as palavras de diferentes línguas 
semíticas terem sua base na mesma raiz de três consoantes, os cognatos são abundantes. Em 
tempos passados, estes cognatos deram lugar a “etimologia folclórica” — interpretação não 
erudita de palavras baseada no folclore e na tradição. Com freqüência estas etimologias folclóri­
cas eram usadas na interpretação do Antigo Testamento. Contudo, os termos que são cognatos 
filológicos (relacionados à forma) não são necessariamente cognatos semânticos (relacionados 
ao significado). Um bom exemplo é a palavra hebraica sar. que significa "príncipe’*. Esta mesma 
palavra é usada em outras línguas semíticas com o significado de “rei” .
Durante séculos, os estudantes europeus de hebraico usaram os cognatos filológicos árabes
para decifrar o significado de palavras hebraicas obscuras. Este método incerto é usado por
muitos dos dicionários e léxicos mais antigos.
/
2. O significado do contexto. E freqüente dizer que o melhor comentário da Escritura é a 
própria Escritura. Em nenhuma situação isto é mais verdadeiro do que no estudo das palavras 
hebraicas. O melhor método para determinar o significado de qualquer palavra hebraica é estudar 
o contexto no qual ela aparece. Se aparece em muitos contextos diferentes, então o significado da 
palavra pode ser encontrado com mais precisão. Para as palavras que aparecem com muito pouca 
freqüência i quatro vezes ou menos >. os textos hebraicos não bíblicos ou outros textos semíticos 
podem nos ajudar a estabelecer o significado da palavra.
Há. contudo, uma precaução a tomar: Nunca é sensato usar uma palavra obscura para tentar 
determinar o significado de outra palavra obscura. As palavras mais difíceis são as que só 
ocorrem uma vez no texto do Antigo Testamento; estas são chamadas de hapax legomena (em 
grego, “lidas uma vez"). Afortunadamente, todas as palavras hebraicas de significado teológico 
ocorrem com bastante freqüência.
3 .0 paralelismo poético. Um terço completo do Antigo Testamento é poesia. Esta quantidade de 
texto é igual ao Novo Testamento inteiro. Os tradutores tenderam a ignorar a estrutura poética de 
longas passagens do Antigo Testamento, como Isaías 40 a 66 e todo o Livro de Jó; mas as complexi­
dades da poesia hebraica são vitais para a nossa compreensão do Antigo Testamento. Isto pode ser 
visto estudando uma versão moderna da Bíblia que imprime as passagens poéticas como tais. Vários 
versículos dos Salmos ilustram a estrutura subjacente da poesia hebraica.
Note que não há ritmo nem métrica na poesia hebraica, ao contrário da maioria da poesia 
portuguesa. A poesia hebraica repete as idéias ou a relação das idéias em linhas sucessivas. Eis 
um exemplo:
(I) Engrandecei ao SENHOR comigo,
(II) e exaltemos o seu nome juntos.
Observe que virtualmente cada classe de palavra na Linha I pode ser substituída por seu 
equivalente na Linha II. Os estudiosos designam as palavras individuais na Linha I (ou hemistíquio

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