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O Anuário do Café é imparcial em relação ao seu 
conteúdo agronômico. Os textos aqui publicados 
são de inteira responsabilidade de seus autores.
(34) 3231-2800
ISSN 2316-6290 - 14ª Edição
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Diretora Administrativa 
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joana@revistacampoenegocios.com.br
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Editora: Miriam Lins Oliveira - MTb 
10.165MG 
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Produção: Caio Coutinho 
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Departamento Comercial 
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Assinaturas 
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Raíra Cristina Batista dos Santos 
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Foto capa 
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Fotos conteúdo 
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 Horácio Sei (11) 99983-6777 
 Viviani Gasparini (11) 97386-3444
 
 
(34) 3231-2800 (34) 98721-0000 
R. Bernardino Fonseca, 88 – B. General Osório 
Uberlândia-MG 38.400-220 
www.revistacampoenegocios.com.br
O Brasil é, indiscutivelmente, uma potência na produção de café, 
liderando as estatísticas como o maior produtor e exportador 
global. A área total de café em 2024 deve chegar a 2,25 milhões 
de hectares e uma produção de 58.082,2 mil sacas.
A colheita, realizada com esmero, con­rma a expertise dos produto-
res brasileiros que, ao longo dos anos, aprimoraram técnicas para garan-
tir não apenas quantidade, mas qualidade inigualável. 
A tendência agora tem sido a cafeicultura regenerativa, con­rmando 
a consciência dos produtores e consumidores por um futuro mais susten-
tável, inclusive com baixa emissão de carbono.
As diferentes regiões do Brasil oferecem nuances distintas aos grãos, 
resultando em cafés com per­s sensoriais únicos e diferenciados. Do sul 
de Minas Gerais, com seus cafés encorpados e notas de chocolate, ao cer-
rado baiano, que proporciona grãos vibrantes com acidez equilibrada, o 
Brasil desdobra diariamente uma variedade de sabores que encontra eco 
nos quatro cantos do planeta.
Entretanto, a produção de café não é isenta de desa­os. Mudanças 
climáticas, pragas e questões socioeconômicas impactam diretamente a 
indústria, mas ainda assim, os produtores brasileiros não se curvam dian-
te das adversidades. Em resposta, adotam práticas sustentáveis, investem 
em tecnologias de ponta e promovem iniciativas para melhorar as con-
dições de manejo.
Neste Anuário do Café 2024, você vai entender que a produção de 
café é mais do que um processo agrícola; é uma sinfonia de culturas, téc-
nicas e paixões que se revelam em cada xícara. No Brasil, essa tradição 
�oresce, guiada pela determinação de produtores que moldam o presen-
te e o futuro do café. 
Ao ­nalizarmos esse trabalho, celebramos com você, leitor, não ape-
nas a bebida que nos desperta pela manhã, mas também a riqueza cultu-
ral e o empenho humano que a sustentam. Enquanto o aroma do café es-
tiver no ar, seremos sempre lembrados, com carinho, de que essa jornada 
aromática é, verdadeiramente, uma paixão nacional.
Miriam Lins Oliveira
Editora
EDITORIAL 5
07 – PRODUÇÃO
08 - Safra, estoques e valor da produção
22 - Perfil produtivo das principais regiões cafeeiras
28 - Recuperação produtiva das lavouras
30 - Produtividade além dos limites
41 – CUSTOS
42 - Rentabilidade da cultura no Brasil
52 - Entenda como o preço do café é formado
54 - Qual o melhor momento de vender?
57 – MERCADO
58 - Conjuntura mundial da cafeicultura
62 - Balanço econômico das exportações
66 - Mercados mundiais mais promissores
70 - Cafés do Brasil em um mundo fraturado
74 - Os grãos de maior valor agregado
78 - Tendências de consumo
83 – ESPECIAIS
84 - Café brasileiro é eleito o melhor do mundo
91 - Os sabores do Brasil
94 - Dicas para tomar o cafezinho perfeito
96 -Empreendendo com inovação 
98 - Indicações geográficas da cafeicultura
ÍNDICE6
MERCADO
CUSTOS
ESPECIAIS
PRODUÇÃO
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SAFRA, ESTOQUES 
E VALOR DA PRODUÇÃO
Os avanços tecnológicos na produção de café têm contrabalanceado a 
estabilidade na região brasileira, resultando em ganhos expressivos de 
produtividade. Tal cenário está diretamente ligado à mudança tecnológica 
observada no setor, justificando os resultados positivos. A área total de café 
em 2024 totaliza 2,25 milhões de hectares e uma produção de 58.082,2 mil 
sacas.
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As safras de 2021 e 2022, por adversidades 
climáticas, tiveram baixas produtividades, 
modi�cando a tendência de crescimento 
que vinha se veri�cando na série de produção. Já 
em 2023, com as condições climáticas mais favo-
ráveis, deu-se início à fase de recuperação das pro-
dutividades.
A área total, destinada à cafeicultura no país 
em 2024, espécies arábica e conilon, totaliza 2,25 
milhões de hectares, aumento de 0,8% sobre a área 
da safra anterior, com 1,92 milhão de hectares des-
tinados às lavouras em produção, crescimento de 
2,4% em relação ao ano anterior, e 336,3 mil hec-
tares em formação, redução de 7% em comparação 
ao ciclo anterior.
Vale destacar que, nos ciclos de bienalidade ne-
gativa, os produtores costumam realizar tratos cul-
turais mais intensos nas lavouras, promovendo al-
gum tipo de manejo como poda, esqueletamento 
ou recepas em áreas que só entrarão em produção 
nos próximos anos. 
Nas últimas safras, a estabilidade na área brasi-
leira de café tem sido compensada pelos ganhos de 
produtividade, representados pela mudança tecno-
lógica observada na produção cafeeira, fatores que 
justi�cam os ganhos de produtividade.
Arábica
A primeira estimativa para a área total da es-
pécie indica crescimento de 1,1%, situando-se em 
1,82 milhão de hectares. Desse total, 1,53 milhão 
de hectares estão em produção e 297,5 mil hec-
tares em formação. O cultivo do arábica corres-
ponde a 80,9% da área total destinada à cafeicul-
tura nacional.
Nesta temporada, de bienalidade positiva, ocor-
re crescimento de 2,7% na área em produção e re-
dução 6,2% na área em formação. Minas Gerais 
concentra a maior área com a espécie, 1.358,9 mil 
hectares, correspondendo, nesta safra, a 74,5% do 
total ocupado com café arábica no país.
Conilon
Expectativa de redução de 0,4% na área total, 
estimada em 430,5 mil hectares. A área destina-
da à produção, prevista em 391,7 mil hectares, re-
presenta um crescimento de 1%, e a área em for-
mação, situada em 38,9 mil hectares, redução de 
12,7% sobre a safra 2023. 
No Espírito Santo se encontra a maior área 
destinada ao café conilon do país, com 292 mil 
hectares no estado, seguido por Rondônia, com 
67,7 mil hectares e a Bahia, com 46,5 mil hectares.
Para a produtividade média nacional de café, 
a primeira estimativa indica 30,3 sc/ha, 3% maior 
em relação à safra anterior. A produtividade do 
café arábica está estimada em 26,7 sc/ha, aumento 
de 2% em relação à safra de 2023. A produtividade 
do café conilon está estimada em 44,3 sc/ha, 6,2% 
acima da safra anterior.
Paraa nova safra, a previsão inicial, somando o 
café arábica e o conilon, indica o volume de pro-
dução em 58.082,2 mil sacas de café bene�ciado, 
correspondendo a um crescimento de 5,5% sobre o 
resultado da safra passada. 
Comparativamente à safra 2022, último ano de 
safra de alta bienalidade, mas impactada por pro-
blemas climáticos, com uma produção de 50.920,1 
mil sacas, observa-se um crescimento de 14,1% ou 
de 7.162,1 mil sacas.
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Tabela 1 . Comparativo de área em produção, produtividade e produção de café total (arábica e conilon) no Brasil
Legenda: (*) Acre, Pará, Ceará, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Estimativa em janeiro/2024.
Fonte: Conab.
NORTE 61.164,9 62.480,9 2,2 49,9 51,4 2,8 3.054,3 3.208,8 5,1
RO 60.621,0 61.937,0 2,2 50,2 51,6 2,8 3.041,4 3.195,9 5,1
AM 543,9 543,9 - 23,7 23,7 - 12,9 12,9 -
NORDESTE 97.840,0 101.795,0 4,0 34,7 35,5 2,3 3.396,7 3.614,8 6,4
BA 97.840,0 101.795,0 4,0 34,7 35,5 2,3 3.396,7 3.614,8 6,4
Cerrado 5.180,0 5.200,0 0,4 39,6 44,0 11,2 205,0 228,8 11,6
Planalto 49.800,0 52.345,0 5,1 18,1 19,0 5,0 902,6 996,0 10,3
Atlântico 42.860,0 44.250,0 3,2 53,4 54,0 1,1 2.289,1 2.390,0 4,4
CENTRO-OESTE 16.870,0 17.454,0 3,5 27,4 29,8 8,6 462,1 519,4 12,4
MT 11.499,0 11.596,0 0,8 22,6 22,7 0,5 260,3 263,7 1,3
GO 5.371,0 5.858,0 9,1 37,6 43,6 16,2 201,8 255,7 26,7
SUDESTE 1.667.952,0 1.706.179,0 2,3 28,4 29,3 3,1 47.356,6 49.938,4 5,5
MG 1.082.447,0 1.117.289,0 3,2 26,8 26,1 (2,5) 29.005,9 29.181,3 0,6
Sul e centro-oeste 533.271,0 560.148,0 5,0 25,3 26,7 5,2 13.513,0 14.933,4 10,5
Região/UF
ÁREA EM PRODUÇÃO (ha)
Safra 2023 
(a)
Safra 2023 
(c)
Safra 2023 
(e)
Safra 2024 
(b)
Safra 2024 
(d)
Safra 2024 
(f)
VAR. % 
(b/a)
VAR. % 
(d/c)
VAR. % 
(f/e)
PRODUTIVIDADE (scs/ha) PRODUÇÃO (mil sacas 
beneficiadas)
ES 392.760,0 391.351,0 (0,4) 33,1 38,4 15,8 13.014,0 15.015,5 15,4
RJ 11.197,0 11.398,0 1,8 27,3 29,8 9,1 306,0 339,8 11,0
SP 181.548,0 186.141,0 2,5 27,7 29,0 4,7 5.030,7 5.401,8 7,4
SUL 25.826,0 25.826,0 - 27,8 27,8 - 718,5 718,5 -
PR 25.826,0 25.826,0 - 27,8 27,8 - 718,5 718,5 -
OUTROS (*) 4.127,0 4.116,0 (0,3) 20,4 20,0 (1,9) 84,1 82,3 (2,1)
NORTE/NORDESTE 159.004,9 164.275,9 3,3 40,6 41,5 2,4 6.451,0 6.823,6 5,8
CENTRO-SUL 1.710.648,0 1.749.459,0 2,3 28,4 29,3 3,1 48.537,2 51.176,3 5,4
BRASIL 1.873.779,9 1.917.850,9 2,4 29,4 30,3 3,0 55.072,3 58.082,2 5,5
Triângulo, Alto 
Paranaíba e noroeste
Zona da Mata, Rio 
Doce e Central
Norte, Jequitinhonha 
e Mucuri
199.471,0
321.449,0
28.256,0
38,0
21,8
31,4
7.588,6
7.016,8
887,5
196.398,0
331.151,0
29.592,0
27,2
23,8
34,4
5.339,0
7.890,7
1.018,2
(1,5)
3,0
4,7
(28,5)
9,2
9,5
(29,6)
12,5
14,7
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Fontes:
Conab
Embrapa 
Observatório do Café
Cafés do Brasil chegam a R$ 49,37 bilhões 
de cálculo bruto
No ano-cafeeiro de 2023, o valor total do fatu-
ramento bruto dos cafés do Brasil atingiu o mon-
tante estimado em R$ 49,37 bilhões. 
Tal cifra contempla R$ 37,62 bilhões da receita 
obtida com os cafés da espécie Co�ea arabica (café 
arábica), o que correspondeu a 76% do total arre-
cadado e, adicionalmente, R$ 11,75 bilhões com 
os cafés da espécie Co�ea canephora (café robus-
ta + café conilon), cujo montante, no caso, equiva-
le a 24% do total do faturamento do ano-cafeeiro 
agora em destaque.
Como os cafés do Brasil são produzidos nas 
cinco regiões geográ�cas brasileiras, caso seja ela-
borado um ranking em ordem decrescente do fatu-
ramento bruto dessa importante atividade agrícola 
nessas regiões no ano-cafeeiro objeto desta análise, 
constata-se que a região sudeste, de forma absolu-
ta, liderou o faturamento com o cálculo total de R$ 
42,49 bilhões, o que equivale a 86% do valor bruto 
geral em nível nacional. 
Na sequência, com R$ 3,24 bilhões de estima-
tiva de receita com café, �gura a região nordeste, 
montante que representa 6,5% do total do valor 
bruto arrecadado.
Assim, complementando este ranking, na ter-
ceira posição destaca-se a região norte, que teve 
seu faturamento estimado em R$ 2,54 bilhões, o 
que corresponde a 5,1% do valor bruto nacional, 
seguido da região sul, na quarta posição, com R$ 
696 milhões de receita, 1,4% do total nacional. 
E, por �m, vem a região centro-oeste, a qual �-
gura em quinto lugar com o faturamento do setor 
cafeeiro calculado em R$ 396,78 milhões, cifra que 
representa menos de 1% do faturamento bruto dos 
cafés do Brasil no ano-cafeeiro 2023.
Convém também destacar, nesta divulgação do 
Observatório do Café, que a análise do faturamen-
to dos cafés do Brasil do ano-cafeeiro 2023 tem 
como base e referência os dados constantes do Va-
lor Bruto da Produção (VBP – Dezembro 2023), 
estudo que é elaborado e divulgado mensalmen-
te pela Secretaria de Política Agrícola (SPA), do 
Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o qual 
também está disponível na íntegra no Observatório 
do Café do Consórcio Pesquisa Café , rede integra-
da de pesquisa coordenada pela Embrapa Café. 
“A área total de café em 2024 totaliza 2,25 milhões de hectares e uma 
produção de 58.082,2 mil sacas”
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Acréscimo de 0,6% em comparação ao volu-
me total colhido na safra anterior, justi�-
cado pelo aumento da área em produção 
e, principalmente, pelo ciclo de bienalidade positi-
va, além das melhores condições das lavouras, até 
o momento, nas fases de �oração e formação de 
chumbinho.
A cafeicultura mineira é bastante tradicional 
e extremamente relevante para a produção nacio-
nal do grão. O cultivo acontece em diversas áreas 
pelo estado, porém, existem algumas mesorregi-
ões com características edafoclimáticas importantes, 
que concentram grande parte dessa área produtora, 
tal como o sul e centro-oeste mineiro, o Triângu-
lo, o Alto Paranaíba, o Noroeste, a Zona da Mata, 
o Vale do Rio Doce e a Zona Central.
De maneira geral, as estimativas iniciais para 
a safra mineira indicam aumento na área em pro-
dução, especialmente pela adesão de áreas que 
foram reformadas nos últimos anos e que agora pas-
sarão a apresentar produção, e aumento na produti-
vidade média prevista em quase todas as grandes re-
giões produtoras por conta dos efeitos �siológicos 
positivos previstos para esse ciclo com bienali-
dade positiva - exceção apenas ao Cerrado Mi-
neiro. 
Ali, os efeitos de uma alta carga produtiva, na 
temporada passada, devem impactar no potencial 
de produção do ciclo atual, já que as lavouras não 
possuem condições para suportar outra carga ele-
vada simultaneamente, sem uma recuperação ve-
getativa. 
MINAS GERAIS NO TOPO
PRODUÇÃO ESTIMADA EM 29.181,3 
MILHÕES DE SACAS
Sul de Minas (sul e 
centro-oeste) F F F F/CH EF GF GF GF GF/M M/C M/C C C C C
Cerrado Mineiro 
(Triângulo, Alto 
Paranaíba e noroeste)*
 F F F F/CH CH/EF EF GF GF GF/M M/C M/C C C C C
Zona da Mata, Rio Doce 
e Central F F F F/CH CH/EF EF GF GF GF/M M/C M/C C C C C
Norte, Jequitinhonha e 
Mucuri F F F F/CH CH/EF EF GF GF GF/M M/C M/C C C C C
 Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set OutMeses
2023Ano 2024
Fases: (F)=floração; (CH)=formação dos chumbinhos; (EF)=expansão dos frutos; (GF)=granação dos frutos; 
(M)=maturação; (C)=colheita.
*parte irrigada.
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Expectativa de crescimento de 15,4% na pro-
dução total. Vários fatores interferem posi-
tivamente, como: a realização da adubação 
das plantas, feita pela maioria dos produtores, boa 
�oração, induzida pelas chuvas acima da média em 
julho e agosto de 2023, e pela bienalidade positi-
va do café arábica. 
Para o café conilon, a produção está estimada 
em 11.065,5 mil sacas, aumento de 9% em relação 
à safra anterior, e para a espécie arábica a produ-
ção deverá ser de 3.950 mil sacas, 38,2% acima do 
volume colhido na última safra.
A produção de café arábica se concentra, ma-
joritariamente, na região sul do estado. Ali, nesse 
início de ciclo, as condições se apresentaram rela-
tivamente favoráveis à cultura, exceção feita a al-
guns períodos de escassez de chuvas e outros, com 
altastemperaturas oriundas das ondas de calor, e, 
aliados à menor carga produtiva na safra passada, o 
cenário é de boa recuperação vegetativa das lavou-
ras, permitindo maior viabilidade da carga �oral e 
da formação dos frutos.
De maneira geral, as lavouras estão em fase de 
formação dos frutos e enchimento de grãos, e vêm 
se mantendo em boas e/ou regulares condições eda-
foclimáticas e �tossanitárias. 
A perspectiva de um ciclo com bienalidade po-
sitiva ajuda a projetar uma safra com crescimento, 
mesmo que limitado pelo clima, na produção total 
em comparação à temporada anterior.
Pelo calendário agrícola previsto na região, a 
colheita só deve começar a partir de abril de 2024 
e estender suas operações até dezembro do mes-
mo ano. 
ESPÍRITO SANTO
LÍDER EM CONILON
PRODUÇÃO ESTIMADA EM 
15.015,5 MIL SACAS
Ano 2023 2024
 Meses Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
 Fases* F F/CH F/CH/EF CH/EF GF GF GF GF/M M/C C C C C
Legenda: * (F)=floração; (CH)=formação dos chumbinhos; (EF)=expansão dos frutos; (GF)=granação dos frutos. 
(M)=maturação; (C) colheita.
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Crescimento de 7,4% em comparação ao re-
sultado obtido em 2023. Tal crescimento 
se deve às condições climáticas considera-
das satisfatórias na maioria das regiões produtoras, 
com chuvas bem distribuídas, independentemente 
da onda de calor ocorrida na metade de novembro, 
onde as temperaturas chegaram aos 40°C, mas ain-
da assim havia umidade no solo.
A cafeicultura no estado está pulverizada em 
diversas regiões, destacando-se os polos ou “pra-
ças” consideradas referências na produção de café: 
a Alta Mogiana, a Média Mogiana e as regiões de 
Garça e Marília, Ourinhos, Avaré e outros municí-
pios. A divisão das regiões é fundamentada nas se-
melhanças em características geográ�cas, de clima 
e pacotes tecnológicos utilizados.
Com relação à atual safra, 2024, o início do ci-
clo demonstra um cenário favorável à cultura, po-
rém, com algumas exceções. As condições climáti-
cas, por exemplo, estiveram, no geral, satisfatórias 
para o desenvolvimento das lavouras na maioria das 
regiões produtoras.
A previsão inicial é de incremento, tanto na 
área em produção quanto na produtividade mé-
dia, ambas em comparação com a temporada pas-
sada. 
SÃO PAULO
TEM CENÁRIO POSITIVO
PRODUÇÃO ESPERADA DE 5.401,8 MIL SACAS 
DA ESPÉCIE ARÁBICA
Cultivo predominantemente de café arábica, 
com previsão de estabilidade na produção. 
Em linhas gerais, o começo do ciclo atual 
se mostra favorável à cultura.
Mesmo com registros pontuais de intempéries 
climáticas, a fase de formação dos botões �orais e 
a �oração propriamente dita foram em condições 
climáticas mais amenas, se comparada ao referido 
período, além de uma etapa anterior que permitiu 
melhor recuperação do vigor vegetativo. 
PARANÁ INVESTE NO ARÁBICA
PRODUÇÃO ESTIMADA EM 718,5 MIL SACAS
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Crescimento previsto em 6,4% na produ-
ção total.
Arábica: 1.224,8 mil sacas. A alta da pro-
dução é atribuída à bienalidade positiva, limitada 
pela previsão de chuvas abaixo da média.
Conilon: 2.390 mil sacas, resultado do bom pa-
cote tecnológico, mas limitado pela previsão de chu-
vas abaixo da média.
O cultivo de café arábica no estado se dá nas re-
giões do Planalto (centro-sul e centro-norte baiano) 
e no Cerrado (extremo-oeste da Bahia). De manei-
ra geral, o Planalto se caracteriza pelas áreas de maior 
altitude e clima ameno, favorecendo o desenvolvi-
mento do café na região, especialmente aquele grão 
destinado à produção da bebida de melhor qualidade. 
As lavouras de café no Planalto estão divididas 
em três microrregiões: Chapada Diamantina, Vi-
tória da Conquista e Brejões.
No Cerrado se cultiva exclusivamente o café 
do tipo arábica, tendo manejo totalmente irriga-
do e possuindo um cultivo concentrado em gran-
des propriedades, conduzido por grupos empresa-
riais, e tendo 100% das operações de colheita em 
caráter mecanizado. 
As lavouras de café no Cerrado estão dividi-
das em quatro municípios: Barreiras, Luís Eduar-
do Magalhães, São Desidério e Cocos.
Para as lavouras do Cerrado baiano, as condi-
ções estão mais favoráveis, especialmente em razão 
do manejo adotado, que inclui o uso de irrigação 
suplementar e pela alta tecni�cação empregada na 
cafeicultura local. 
Além disso, também há perspectiva de acrés-
cimo na área em produção pela adição de novas 
áreas e/ou áreas recém-reformadas que passarão 
a produzir no atual ciclo. Grande parte das lavou-
ras se encontra nas fases de fruti�cação e enchi-
mento dos frutos, com bom aspecto �tossanitário 
e expectativa de bom rendimento, também pelo 
efeito da bienalidade positiva. 
BAHIA É FAVORECIDA
PELA BIENALIDADE
PRODUÇÃO DE 3.614,8 MIL SACAS
Fases: (F)=floração; (CH)=formação dos chumbinhos; (EF)=expansão dos frutos; (GF)=granação dos frutos; 
(M)=maturação; (C)=colheita;
* cultivos total ou parcialmente irrigados.
Ano 2023 2024
Meses Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
Cerrado* F F F CH EF EF GF GF GF/M M/C M/C C C 
Planalto F F F F/CH CH/EF GF GF GF GF/M M/C M/C C C C
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Acréscimo de 5,1% em comparação à sa-
fra passada. Resultado impactado pela ex-
pectativa de aumento na produtividade, 
estimulada pelas condições climáticas favoráveis, 
pela entrada de novas áreas em produção com clones 
com maior potencial produtivo, melhor manejo das 
culturas e à maioria das lavouras estarem equipa-
das com dispositivos para irrigação.
A cafeicultura no estado está concentrada prin-
cipalmente nas regiões que englobam os municí-
pios de Alto Alegre do Parecis, Alta Floresta do 
Oeste, Cacoal, Ministro Andreazza, Novo Hori-
zonte, Nova Brasilândia do Oeste e São Miguel 
do Guaporé. 
O cenário atual, com a utilização de mudas 
clonais mais prolí�cas, tem proporcionado exce-
lentes resultados, com boa homogeneidade das la-
vouras, precocidade na produção, maior uniformi-
dade de maturação dos grãos, melhor qualidade, 
escalonamento da colheita, ganhos constantes e 
expressivos na produtividade.
A cafeicultura rondoniense passou por signi-
�cativa mudança a partir da década de 2010, com 
um aumento expressivo da produtividade. Essa 
mudança se deve ao melhoramento do sistema de 
produção com manejo do solo, plantio em sulcos, 
adensamento da lavoura, podas de condução e pro-
dução, irrigação, manejo integrado de pragas e do-
enças, e ainda, o manejo nutricional com a prática 
da fertirrigação e monitoramento nutricional.
Entretanto, o principal fator que impulsionou 
essa mudança foi a adoção da propagação vegetati-
va, a clonagem, à qual foi associado o sistema “clo-
ne em linha”, no qual se cultiva clones diferentes 
em uma linha de plantio diferente e o adensamen-
to das lavouras.
Estima-se que existam em torno de 70 clones 
presentes nas lavouras de Rondônia, sendo os mais 
cultivados os materiais 03, 05, 08, 25, 41, 66 (P50), 
80, AS2, AR106 etc. A transformação tem origem 
no empreendedorismo dos agricultores locais e em 
pesquisas que auxiliaram na identi�cação das ca-
racterísticas dos clones e sua adaptação no estado e 
na Amazônia Ocidental. 
RONDÔNIA É IMPACTADO 
PELA PRODUTIVIDADE
PRODUÇÃO ESTIMADA EM 3.195,9 MIL SACAS 
DE CAFÉ CONILON
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Acréscimo de 11% em relação à safra pas-
sada, justi�cado pelo ciclo de alta bienali-
dade. O estado é um tradicional produtor 
de café, embora nos últimos anos a área voltada à 
cafeicultura e o volume produzido sejam bem in-
feriores. 
Ainda assim, persiste uma boa concentração de 
café na região serrana carioca, com destaque para 
os municípios de Bom Jardim, Duas Barras e São 
José do Vale do Rio Preto, que possuem tempera-
turas mais amenas e maior umidade, além da re-
gião noroeste �uminense, onde é encontrado o 
outro grupo de municípios produtores: Bom Je-
sus do Itabapoana, Porciúncula e Varre-Sai, que 
apresentam um clima mais seco, com temperatu-
ras mais altas, tendo o cultivo concentrado nas áre-
as mais altas do município, as quaissão propícias 
para o café arábica.
A perspectiva da bienalidade positiva eleva as 
estimativas de produtividade, se comparadas à tem-
porada passada, assim como uma perspectiva inicial 
de incremento sobre a área em produção devido à 
adição de novas áreas ou lavouras reformadas que 
passarão a produzir nesse ciclo. 
RIO DE JANEIRO ELEVA 
ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO
PRODUÇÃO ESTIMADA EM 339 ,8 MIL SACAS 
DE CAFÉ ARÁBICA
Ano 2023 2024
 Meses Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
 Fases* F F/CH CH/EF EF GF GF GF GF/M M/C M/C C C C
Legenda: * (F)=floração; (CH)=formação dos chumbinhos; (EF)=expansão dos frutos; (GF)=granação dos frutos. 
(M)=maturação; (C)=colheita.
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MATO GROSSO
PRODUÇÃO ALCANÇA VOLUME DE 263, 7 MIL 
SACAS
Previsão de crescimento de 1,3% na produ-
ção. Tal aumento decorre da combinação da 
expansão de 0,8% na área em produção e do 
aumento do uso de fertilizantes, aliados ao início 
da produção dos cafezais clonais, resultando em me-
lhores produtividades.
A mudança no pacote tecnológico emprega-
do, principalmente com o uso de materiais clo-
nais mais prolí cos, a adoção de práticas de 
manejo mais sustentáveis e o uso e ciente dos 
recursos são alguns dos fatores que contribuem 
para essa evolução, que até mesmo se re�ete na 
destinação de área para a cultura.
Nesse ciclo, por exemplo, a expectativa inicial é 
de incremento, tanto na área em produção quanto 
na área em formação de café, se comparado à safra 
passada. A irregularidade das chuvas levou a um 
uso mais intensivo dos sistemas de irrigação, re-
sultando em um aumento nos custos de produção. 
No entanto, com a queda nos preços dos ferti-
lizantes e defensivos, espera-se que o custo de pro-
dução seja menor para esta safra e que a cultura 
consiga desenvolver seus frutos e ter o enchimento 
dos grãos em bom rendimento. 
Previsão de crescimento de 26,7% na produ-
ção. Esse crescimento se deve ao aumento 
de 9,1% na área em produção e, principal-
mente, à bienalidade positiva, aliada à entrada de 
cafezais mais novos, o que proporcionará uma pro-
dutividade média de 43,6 sc/ha, 16,2% acima da 
colhida em 2023.
Esse início de ciclo  cou marcado por episó-
dios importantes de altas temperaturas e períodos 
de estiagem que afetaram algumas lavouras, tra-
zendo registro de alta incidência de bicho-minei-
ro (Leucoptera co�eella), acentuando ainda mais os 
danos sobre a cultura e o seu potencial produti-
vo na localidade.
As perspectivas atuais são de incremento, tan-
to na área em produção, oriundo da adição daque-
las que estavam em formação e que agora produ-
zirão nesse ciclo, quanto na produtividade média, 
essa ligado principalmente ao efeito da bienalida-
de positiva prevista para esta temporada.
Já para a área em formação, as estimativas 
apontam para drástica redução em comparação 
a 2023 por conta da erradicação de áreas velhas 
e pouco produtivas e também pelo planejamento 
mais otimista do produtor em manter áreas, mes-
mo que menos produtivas, em um ciclo de biena-
lidade positiva, na expectativa de obter resultados 
que ao menos lhes permitam algum retorno, para 
na bienalidade negativa adotar manejos mais drás-
ticos. 
GOIÁS É AFETADO POR PRAGAS
PRODUÇÃO ESTIMADA EM 255,7 MIL SACAS 
DE CAFÉ
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Como será o amanhã?
Estamos trabalhando nele agora.
O futuro da agricultura é constantemente reescrito pela 
inovação. Cada descoberta pode ser um novo salto na 
produtividade de alimentos e uma esperança para nutrir as 
próximas gerações. O Grupo Santa Clara coloca a inovação 
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O per�l produtivo das regiões cafeeiras em 
destaque pode ser in
uenciado por uma 
série de características e peculiaridades 
que incluem, mas não se limitam a:
 Altitude: muitas regiões possuem altitu-
des variadas, o que impacta diretamente nas ca-
racterísticas do café. Altitudes mais elevadas, ge-
ralmente acima de 800 metros, estão associadas a 
grãos de alta qualidade, com acidez mais pronun-
ciada e sabores complexos.
 Clima: as condições climáticas, como tem-
peratura e umidade, desempenham um papel cru-
cial. Regiões com climas especí�cos podem favore-
cer o cultivo de determinadas variedades de café e 
in
uenciar as características de sabor. As altas tem-
peraturas podem prejudicar o cafezal, caso o plantio 
não tenha irrigação.
 Solo: a composição do solo pode variar, afe-
tando a nutrição das plantas de café. Solos ricos em 
minerais podem contribuir para per�s de sabores dis-
tintos. Entretanto, atualmente o agricultor consegue 
realizar as correções e adubações necessárias para o 
plantio do café. Deve-se evitar solos com encharca-
mento, que são um grande problema para a planta.
 Variedades de café: diferentes regiões podem 
ter predominância de variedades especí�cas de café, 
como arábica ou robusta, e até mesmo cultivares lo-
cais adaptadas às condições especí�cas da região. O 
ideal é fazer um estudo da sua região, antes de de-
�nir a variedade.
PERFIL PRODUTIVO 
das principais regiões cafeeiras
O perfil produtivo das principais regiões cafeeiras é influenciado por uma 
interseção complexa de fatores climáticos, geográficos e técnicos. As 
características únicas de cada região, como altitude, temperatura, solo e 
métodos agrícolas desempenham um papel crucial na determinação da 
qualidade e sabor do café produzido.
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PERFIL PRODUTIVO 
das principais regiões cafeeiras
 Práticas agrícolas: métodos de cultivo, co-
lheita e processamento do café podem variar. Al-
guns agricultores preferem adotar métodos tra-
dicionais, enquanto outros buscam inovações e 
técnicas modernas. Toda prática é válida, desde que 
seja economicamente viável e traga retorno.
 Topogra�a: a topogra�a do terreno, in-
cluindo o relevo e a inclinação, podem in�uenciar 
o manejo agrícola, a exposição solar e a drenagem, 
afetando a qualidade do café. Normalmente, os ca-
fezais tendem a �car em áreas um pouco mais de-
clivosas quando se faz uma agricultura menor. En-
tretanto, ultimamente grandes produtores estão 
escolhendo áreas com menor declividade para oti-
mização e performance da operação.
 Sazonalidade: o ciclo de colheita e as esta-
ções do ano podem in�uenciar a maturação dos 
frutos, afetando a qualidade do café. Entenda sua 
região, observe as plantas em volta e converse com 
seus vizinhos.
 Regime de chuva: estações de chuva bem 
de�nidas favorecem uma distribuição consistente 
de umidade, contribuindo para uma produção es-
tável. Em contrapartida, regiões com secas pro-
longadas ou chuvas excessivas enfrentam desa�os 
como estresse hídrico, exigindo adaptações nas 
práticas agrícolas e sistemas de irrigação, tradi-
cionalmente via gotejamento ou pivô, para garan-
tir a produtividade do café.
“Terroir” do café
Essas características, combinadas, criam o que 
é conhecido como “terroir” do café, como no vinho, 
que se refere à interação única entre o ambiente lo-
cal e as práticas de cultivo. 
Cada região cafeeira tem seu próprio terroir, e 
isso pode se manifestar nos sabores, aromas e ca-
racterísticas físicas distintas do café cultivado nes-
sa região. Por exemplo, cafés cultivados em altitu-
des mais elevadas podem apresentar uma acidez 
mais brilhante e complexidade de sabor, enquanto 
as condições climáticas podem in�uenciar o de-
senvolvimento de notas especí�cas, como frutadas, 
�orais ou terrosas.
O que muda?
As diferenças nos métodos de cultivo e práti-
cas agrícolas entre as diversas regiões cafeeiras são 
evidentes e resultam da interação complexa entre 
fatores geográ�cos, climáticos e culturais. Algu-
mas distinções incluem:
 Espécies e variedades de café: cada região 
pode favorecer o cultivo de variedades especí�cas 
de café, adaptadas às suas condições únicas. Es-
sas variedades contribuem para a diversidade de 
per�sde sabor.
 Sistemas de plantio (sistema agro�ores-
tal, consorciado, sombreado ou pleno sol): a es-
colha entre os cultivos pode ser estrategicamente 
utilizada em algumas regiões para in�uenciar as 
características climáticas e, consequentemen-
te, o café produzido, ou simplesmente por uma 
otimização de espaço ou diversi�cação. E cada um 
desses métodos irá trazer uma qualidade e sabor 
diferenciados.
 Técnicas de colheita: métodos de colhei-
ta, como colheita seletiva manual ou mecânica, 
são selecionados com base em considerações topo-
grá�cas e na disponibilidade de mão de obra. Na 
mesma propriedade é comum ter os dois métodos, 
o que irá depender do objetivo do produtor quan-
to àquela colheita. Nos cafeeiros jovens e algum 
talhão que tenha se destacado em qualidade, é co-
mum utilizar a colheita manual, de forma a preser-
var a árvore e a qualidade do fruto.
 Processamento do café: técnicas de proces-
samento pós-colheita, como via seca, via úmida ou 
processos semi-lavados variam e desempenham 
um papel fundamental na de�nição do per�l sen-
sorial do café.
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 Tratos culturais: as práticas de manejo do 
solo são ajustadas de acordo com as característi-
cas especí�cas do solo em cada região. Adubação, 
rotação de culturas e conservação do solo são as-
pectos considerados pelos produtores. Já as práti-
cas de aplicação de defensivos variam de acordo 
com o monitoramento das áreas ou do manejo do 
produtor de forma preventiva.
 Sustentabilidade: o compromisso com 
práticas agrícolas sustentáveis varia entre as re-
giões, re�etindo-se em iniciativas como agro-
�orestas, agricultura orgânica ou adesão a cer-
ti�cações de comércio justo. E, na cafeicultura, é 
muito importante para as certi�cações existentes 
no mercado para valorização do produto.
Essas nuances destacam a riqueza de aborda-
gens adotadas pelos produtores, que moldam o ca-
ráter distintivo dos cafés produzidos em diferen-
tes regiões.
Influência das condições climáticas 
As condições climáticas desempenham um pa-
pel crucial na produção de café, com diferenças 
signi�cativas entre as regiões. Em altitudes mais 
elevadas, acima de 900 metros, o café geralmente 
amadurece mais lentamente, resultando em grãos 
mais densos e sabores mais complexos. Contu-
do, temperaturas extremas podem comprometer a 
qualidade e reduzir a produção.
A variabilidade no regime de chuvas também 
é crucial. Regiões com chuvas bem distribuídas 
podem experimentar até 25% mais colheitas, en-
quanto aquelas sujeitas a secas prolongadas podem 
enfrentar perdas substanciais. Por isso, é importan-
te ter outorga e uma irrigação efetiva em situações 
como essa. 
Além disso, eventos climáticos extremos, como 
tempestades, podem resultar em perdas imediatas 
de até 40%.
A vulnerabilidade a geadas, especialmente em 
regiões propensas, pode reduzir drasticamente a 
produção em até 50%. Em resposta a esses de-
sa�os, os produtores precisam adotar estratégias 
especí�cas, desde a escolha de variedades resisten-
tes até práticas adaptativas, a �m de garantir a 
sustentabilidade e a qualidade consistentes na pro-
dução de café.
Tendência 
As variedades de café predominantes no Bra-
sil são a arábica e a robusta, com distribuição ge-
ográ�ca especí�ca. A arábica é cultivada em larga 
escala nas regiões centro-oeste, sudeste e sul, en-
quanto a robusta tem destaque em áreas do sudes-
te, nordeste e norte do país. 
Contudo, a escolha da variedade a ser cultivada 
é in�uenciada por diversos fatores, incluindo o sis-
tema de produção e as condições ambientais.
Entre as cultivares de arábica (Coffea Arabi-
ca) mais comuns no Brasil, destacam-se o Mundo 
Novo e o Catuaí. Atualmente, existem aproxima-
damente 140 cultivares registradas ou em proces-
so de inscrição no Registro Nacional de Cultivares 
(RNC), cada uma apresentando características es-
pecí�cas que variam de acordo com o ambiente e o 
sistema de produção.
A espécie Coffea Canephora, englobando os 
grupos conilon e robusta, contribui com cerca de 
25% da produção total de café no Brasil. No país, 
existem 30 cultivares registradas, a maioria delas 
clonais, desempenhando papel fundamental nas 
plantações e renovações das lavouras de conilon 
e robusta. 
A Embrapa, por sua vez, desenvolveu dez cul-
tivares clonais híbridas de café, resultantes do cru-
zamento entre conilon e robusta, especialmente 
adaptadas à região amazônica.
Recomendações
A drenagem do solo é um aspecto crucial na 
produção de café, especialmente em terrenos incli-
nados. Sistemas de drenagem adequados são im-
plementados para prevenir a acumulação de água, 
protegendo, assim, as raízes do café de possíveis da-
nos. 
A altitude do terreno, que é determinada pela 
topogra�a, desempenha um papel signi�cativo na 
produção de café. Terrenos situados em altitu-
des mais elevadas tendem a ter temperaturas mais 
amenas, o que favorece o cultivo de variedades de 
café de alta qualidade. 
A acessibilidade e o manejo em terrenos incli-
nados são aspectos fundamentais, com os produto-
res adaptando técnicas de colheita e irrigação para 
lidar com as características especí�cas do terreno. 
O zonamento do terreno é uma prática comum 
entre os produtores de café, que leva em conta as 
características únicas do solo e da topogra�a para 
alocar de maneira e�ciente variedades especí�cas 
de café. 
Além disso, sistemas de irrigação são estrategi-
camente implementados em terrenos onde a dis-
tribuição natural da água é irregular. Essas práticas 
de gestão adaptativas à topogra�a não só garantem 
a produtividade, mas também a sustentabilidade a 
longo prazo das plantações de café.
Desafios da cafeicultura
Os produtores de café enfrentam uma gama 
diversi�cada de desa�os relacionados a pragas, do-
enças e outros problemas agrícolas que podem im-
pactar signi�cativamente a produção. 
Produtores de café confrontam múltiplos desa-
�os, desde doenças, como a ferrugem, e pragas, como 
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Características sensoriais dos cafés regionais
 Sul de Minas: frequentemente exibem notas sensoriais que variam de chocolate e caramelo a 
frutas maduras.
 Cerrado de Minas: corpo aveludado, acidez equilibrada e notas que variam de frutas a choco-
late.
 Alta Mogiana: bastante frutado, com corpo cremoso e acidez média, com toques de carame-
lo, chocolate e nozes.
 Sudoeste: corpo médio, acidez alta, adocicado, com notas �orais e cítricas.
 Montanhas: corpo aveludado, acidez alta, adocicado, com notas de caramelo, chocolate, amên-
doa, cítricas e frutadas.
 Acre: cultivado com o robusta. Os cafeeiros são jovens, têm entre três e quatro anos, e recebem 
o emprego de tecnologias, como cultivo adensado e manejo de poda.
 Atlântico Baiano: localizado no sul da Bahia, esse polo, formado por 35 municípios, divide 
com outros dois (Cerrado e Planalto) a produção cafeeira do estado. Somente no Atlântico Baia-
no é cultivado o café conilon, que encontra boa luminosidade e clima para a produção.
 Campo das Vertentes: em maio, essa região, que cultiva arábica e no ano passado produziu 
cerca de 750 mil sacas de café, foi reconhecida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) 
como mais uma área produtora de café em Minas Gerais.
a broca, exigindo abordagens complexas de manejo, 
incluindo resistência genética e controle preciso. 
A ferrugem do café, uma doença fúngica co-
mum, compromete a saúde das folhas e a qualida-
de dos grãos, exigindo estratégias que incluem re-
sistência genética e aplicação de fungicidas. 
A broca-do-café, um inseto prejudicial aos grãos, 
requer estratégias como colheita seletiva, uso de ini-
migos naturais e aplicação criteriosa de inseticidas 
para controle e�caz. 
Além disso, nematoides, pequenos vermes pa-
rasitas, representam uma ameaça às raízes do cafe-
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Autoria:
Daniela Andrade
Engenheira agrônoma, mestra em Fitotecnia – 
Universidade Federal de Lavras (UFLA), consultora e 
gestora em Planejamento e Controle de Produção eGestão de Dados
daniela.andrade@eldoradoterra.com.br 
eiro, exigindo rotação de culturas e manejo do solo 
para minimizar os danos. 
As condições climáticas extremas, como secas e 
chuvas excessivas, destacam a necessidade de siste-
mas e�cazes de irrigação e drenagem. Custos ele-
vados, englobando insumos e mão de obra, junto 
com a dependência intensiva de mão de obra, im-
pactam a viabilidade econômica. 
Além disso, a incerteza decorrente das mudan-
ças climáticas exige ajustes nas práticas de mane-
jo. Uma abordagem integrada, envolvendo práti-
cas sustentáveis, inovações tecnológicas e pesquisa 
para variedades resistentes, é imperativa. 
Portanto, os produtores de café no Brasil en-
frentam uma série de desa�os que exigem uma 
gestão cuidadosa e estratégias adaptativas para ga-
rantir a produtividade e a sustentabilidade a longo 
prazo das plantações de café. 
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Nos últimos anos, os produtores de café en-
frentaram grandes desa
os por consequên-
cia de eventos climáticos adversos que ocor-
reram, principalmente na safra 2021/22. 
Durante o ano de 2023 as lavouras cafeeiras 
apresentaram uma expressiva recuperação produti-
va, que re�etiu diretamente na safra 2023/24 e no 
incremento de produtividade. Mesmo sendo um 
ano de bienalidade negativa, as condições climáti-
cas favoráveis permitiram uma recuperação produ-
tiva expressiva, principalmente na região mineira.
Os números expressivos nos resultados dessa 
safra são resultado da recuperação da produtivida-
de das lavouras de café tipo arábica, que apresen-
tou incremento na área em produção e na produ-
tividade. 
Nesta safra, alguns estados se destacaram em 
ganhos de produtividade - Minas Gerais, São Pau-
lo e Paraná, em relação ao volume total colhido na 
safra anterior.
Porém, nem todas as regiões produtoras de 
café tiveram resultados tão expressivos em produ-
tividade, principalmente aqueles estados produto-
res de conilon. Isso é espelho das condições adver-
sas que afetaram a cultura durante o seu ciclo de 
desenvolvimento, principalmente nos estados da 
Bahia e do Espírito Santo, principal produtor de 
café tipo conilon do país. 
Questão de qualidade
Em geral, o clima apresentou um ciclo osci-
lante, contudo, foi favorável à cultura. No início do 
ciclo registrou-se um cenário mais seco, entre os 
meses de maio e setembro de 2022, e em alguns 
momentos apresentou temperaturas médias acima 
2023
RECUPERAÇÃO PRODUTIVA DAS LAVOURAS
As plantas apresentaram melhores condições em relação à safra 2022, tendo 
em vista que naquele período a seca enfrentada pela cultura fez com que a 
planta utilizasse um maior percentual das suas reservas energéticas.
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Autoria:
Jaíne Cristina de Jesus
Engenheira agrônoma - Cooperativa dos Cafeicultores 
do Cerrado de Monte Carmelo (monteCCer)
jainecjesus.agro@gmail.com
do normal, em especial antes do início do inverno. 
Entretanto, já no 
nal de setembro e início do 
mês de outubro, as chuvas retornaram com volu-
me e frequência satisfatórios. Houve alguns mo-
mentos adversos, como um veranico em outubro, 
mas logo as chuvas se restabeleceram de forma 
bem distribuída.
Floração
No que se refere ao desenvolvimento da cul-
tura ao longo do ciclo, mesmo que no início o vo-
lume de chuvas tenha sido levemente inferior ao 
período anterior, observou-se que a �orada e a ex-
pansão dos frutos foi mais vigorosa, houve menor 
taxa de abortamento da �orada, maior pegamen-
to dos chumbinhos e uma expansão de frutos me-
lhor que a safra passada, ainda que sem irrigação. 
Pensando nas condições em que as lavouras 
atravessaram para a safra 2023, o engenheiro agrô-
nomo e consultor especialista em cafeicultura no 
Cerrado Mineiro, Amarildo Queiroz Mundim, ex-
plica que as plantas apresentaram melhores condi-
ções em relação à safra 2022, tendo em vista que 
naquele período a seca enfrentada pela cultura fez 
com que a planta utilizasse um maior percentu-
al das suas reservas energéticas, dessa forma, com-
prometendo o cafeeiro em sua fase reprodutiva.
Ainda segundo o consultor, mesmo com o au-
mento das temperaturas em relação à média histó-
rica em uma das lavouras em que presta consulto-
ria, realizando o mesmo manejo da safra 2022 em 
que colheu cerca de 17 sacas por hectare em virtu-
de da seca, na safra 2023 colheu mais de 96 sacas 
por hectare devido às condições climáticas ideais 
nos momentos essenciais para o desenvolvimen-
to da lavoura.
Reação do mercado
Devido a essa importante recuperação na pro-
dutividade do cafeeiro, o mercado também se com-
portou de forma diferente e, de acordo com os 
pesquisadores do Cepea, como consequência do au-
mento da oferta, o preço da saca caiu e operou na 
maior parte do ano de 2023 em queda. 
De acordo com a primeira estimativa para a sa-
fra brasileira de café em 2024 divulgada no mês de 
janeiro/2024, as projeções são positivas e estima-
-se que deverá se con
rmar como ano de biena-
lidade positiva. 
No entanto, a cafeicultura irá enfrentar desa
os 
e incertezas devido às previsões incertas das condi-
ções climáticas, principalmente em virtude do fe-
nômeno El Niño, que segundo Amarildo Mundim, 
ainda traz muita dúvida em relação à de
nição da 
produtividade para a próxima safra. 
Os cafeicultores devem 
car em alerta a cada fase 
do desenvolvimento, buscar um planejamento estra-
tégico para adaptar-se às incertezas e garantir o cres-
cimento sustentável para a cafeicultura brasileira. 
“A cafeicultura enfrentará desafios e 
incertezas devido às previsões incertas das 
condições climáticas, principalmente em 
virtude do fenômeno El Niño, que ainda traz 
muitos desafios em relação à definição da 
produtividade para a próxima safra”.
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No passado, a produtividade média das la-
vouras de café no Brasil se situava na fai-
xa de 6,0 a 8,0 sacas bene�ciadas/ha. Até 
a década de 1960, o parque cafeeiro nacional tinha 
cerca de 4,0 milhões de hectares e as safras eram da 
ordem 25 a 30 milhões de sacas. 
Atualmente, o parque é de cerca de 2,2 milhões 
de hectares e as safras têm �cado na faixa de 50 a 
60 milhões de sacas/ano. A área foi reduzida pela 
metade, enquanto a produção dobrou, tornando o 
Brasil o maior produtor do mundo, com 35% de 
todo o café produzido.
A receita do sucesso
O alcance de produtividades altas, além dos li-
mites, nas lavouras de café, é possível, com uso con-
junto das práticas, pois não adianta ter uma boa va-
riedade, com potencial alto, se não há condições de 
expressar uma boa capacidade genética, seja com 
boa nutrição ou com a própria irrigação, quando o 
clima não ajudar.
Os principais desa�os, na atualidade, para ob-
ter safras de café com produtividades além dos ní-
veis normais, têm sido o clima, que vem se mos-
PRODUTIVIDADE
além dos limites
As lavouras cafeeiras atuais, tanto de cafés arábica quanto de robusta, vêm 
aumentando suas produtividades, com grandes avanços na genética das 
plantas e práticas de manejo. Conseguir boas produtividades exige cuidados 
especiais dos produtores, mas as tecnologias estão disponíveis a todas as 
regiões brasileiras.
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Tabela 1. Efeito do espaçamento (número de plantas/área) sobre a produtividade dos cafeeiros em três ensaios, em 
distintas épocas.
Locais Espaçamentos
4,0 x 4,0 m
4,0 x 0,5 m
5,0 x 2,0 m
3,5 x 2,5 m
2,0 x 0,5 m
3,8 x 2,0 m
3,5 x 1,7 m
1 ,0 x 0,5 m
3,8 x 1,0 m
1,5 x 1,0 m
1 – Ensaio Pindorama - SP
(média de 21 safras/1938-1959)
3 - Ensaio Martins Soares 
(média de 11 safras/1996-2006)
2 – Ensaio Varginha
(média de sete 
safras/1978-1985)
Número de plantas 
ou covas/ha
625
5.000
1.000
1.142
10.000
1.315
1.680
20.000
2.630
6.666
Produtividade sc/ha
8,7
42,7
13,5
13,4
56,0
19,6
17,5
78,0
23,7
40,1
Para a melhoria da produtividade e das sa-
fras, foram implementados avanços tecnológi-
cos, principalmente em 10 setores, sendo: 
1) Zoneamento agroclimático das áreas de 
cultivo; 
2) Introdução de novos espaçamentos;
3) Novasvariedades;
4) Uso de técnicas de correção do solo e 
adubação;
5) Controle de pragas e doenças;
6) Aumento no uso de irrigação;
7) Maiores níveis de mecanização;
8) Podas para renovação e melhoria de pro-
dutividade;
9) Clonagem de materiais genéticos supe-
riores;
10) Cuidados na colheita e na pós-colheita.
Como exemplos, três tecnologias básicas 
re�etem as melhorias tecnológicas implemen-
tadas nas lavouras. A primeira foi quanto ao 
espaçamento, que evoluiu de 600 a 800 plantas 
por hectare para mais de 5.000 plantas. 
Esse estande tem sido muito importante 
para resultar em maiores produções. Antes se 
media a produção por planta, agora a métri-
ca é por área. A segunda melhoria foi nas va-
riedades, com uso de materiais genéticos com 
maiores capacidades produtivas. A terceira foi 
na correção do solo e na nutrição das plantas. 
Antes se contava com terras férteis para o 
café, hoje, boa parte da cafeicultura está im-
plantada em solos naturalmente pobres, como 
os cerrados, ou desgastados por uso anterior. 
A Tabela 1 (pg 31), com dados de experi-
mentos com espaçamentos, em períodos mais 
antigos e mais atuais, mostra a importância do 
espaçamento e do número de plantas por hec-
tare na produtividade dos cafeeiros.
Avanços tecnológicos
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trando desfavorável. Outro fator é o aumento dos 
custos operacionais e, em algumas regiões, a di�-
culdade na realização dos trabalhos, por falta de 
mão de obra.
Produtividades e ganhos com irrigação
A produtividade média da cafeicultura brasi-
leira se situa na faixa de 28 a 30 sacas por hecta-
re, sendo que a produtividade das lavouras de ro-
busta, na média, são mais altas, na faixa de 45 a 50 
sacas/ha.
É possível e desejável aumentar mais essa pro-
dutividade, sendo que um fator impeditivo tem sido 
as condições climáticas adversas, ora pelo efeito do 
frio intenso, por geadas (Figura 1) e chuvas de gra-
nizo, ora por calor demasiado e, principalmente, 
por dé�cits hídricos (Figura 2). 
Deste modo, a irrigação é uma das práticas 
mais importantes no sentido de obter produtivi-
dades superiores.
No Brasil, 450 mil hectares, equivalentes a 21% 
da área plantada de café, são irrigados por diferen-
tes sistemas de irrigação, como aspersão, pivô cen-
tral, gotejamento, etc. Em Minas Gerais, onde a 
área plantada já supera um milhão de hectares, a 
Figura 1 – Efeito de geada no cafeeiro Figura 2 – Efeito de déficit hídrico no cafeeiro
Marcelo Jordão Fabiano Odebrecht
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Fotos: André Fernandes
cada oito hectares, um é irrigado. 
A irrigação tem sido utilizada mesmo em regi-
ões consideradas tradicionais para o cafeeiro, como 
o sul de Minas Gerais, Zona da Mata de Minas 
Gerais, Mogiana Paulista e Espírito Santo, com 
resultados excepcionais de produtividade. 
Em projetos bem estruturados, com uso das 
práticas adequadas, como irrigação, é viável e eco-
nômico produzir na faixa de 60 a 70 sacas/ha, na 
média bienal, para lavouras de arábica e de 80 a 
100 sacas/ha para o robusta.
Tem sido possível, em áreas com estresse hí-
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drico, na faixa de 100 a 200 mm anuais, obter ga-
nhos de mais de 40% na produtividade por irriga-
ção. Nas áreas normais, como no Sul de Minas, na 
média de seis safras, incluindo anos bons e maus 
de chuva, tem-se obtido ganhos de 30%. 
Na Mogiana, nesses últimos quatro anos, a ir-
rigação aumentou mais de 60% a produtividade, e 
no Triângulo Mineiro existem ganhos de produti-
vidade de mais de 100%.
Opções
Existem diferentes sistemas de irrigação capa-
zes de irrigar o cafezal, e a escolha de um ou outro 
depende do tipo de solo, da topogra�a, do tama-
nho da área, dos fatores climáticos, dos fatores re-
lacionados ao manejo da cultura, do dé�cit hídrico, 
do custo do sistema de irrigação e da capacidade 
de investimento do produtor.
Entre os sistemas utilizados para irrigação, 
destacam-se o pivô central, a aspersão e o goteja-
mento. 
O pivô central aproveita cerca de 80% da área, 
já que o círculo irrigado não preenche totalmente 
se o plantio for feito em uma área quadrada. Con-
vém salientar que o investimento em pivô central 
será muito alto se a área irrigada for menor que 
30 hectares; porém, em áreas maiores, seu custo de 
implantação e manutenção são inferiores ao siste-
ma de gotejamento. 
Os primeiros pivôs centrais utilizados para 
café foram adaptados de outras lavouras, com ir-
rigação em área total, ou seja, tanto nas linhas de 
café quanto nas entrelinhas. Apesar de viabilizar 
a cafeicultura empresarial nas regiões de cerrado, 
o sistema pivô central “convencional” ainda apre-
sentava o inconveniente da aplicação de grandes 
volumes de água e com irrigação das entrelinhas 
do café, exigindo controle mais intensivo das plan-
tas invasoras.
A partir dessas di�culdades, surgiu uma inova-
ção, adaptada da irrigação de pomares de citros nos 
Estados Unidos, com emissores capazes de irrigar 
somente a faixa de absorção radicular das plantas. 
A partir desta tecnologia, pesquisadores e con-
sultores brasileiros desenvolveram uma técnica ex-
tremamente interessante para a irrigação do cafe-
eiro com o pivô central, com plantio realizado em 
círculo, com emissores localizados sobre as linhas 
de café, denominados LEPA, sigla que representa, 
em inglês, Low Energy Precision Aplication, ou 
seja: aplicação precisa de água com baixo consumo 
de energia, já que a pressão requerida é menor (Fi-
guras 3a e 3b). 
Figura 3. Irrigação via pivô central com plantio em círculo irrigado com emissor LEPA: a) Detalhes do equipamento; 
b) Vista aérea de vários equipamentos; c) Robusta irrigado por pivô central em plantio convencional adensado; d) 
Florada do robusta no pivô; e) Colheita de robusta irrigado por pivô central 
A B
C D E
“Em projetos bem estruturados, com uso das práticas adequadas, como irrigação, 
é viável e econômico produzir na faixa de 60 a 70 sacas/ha, na média bienal, para 
lavouras de arábica e de 80 a 100 sacas/ha para o robusta”
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Figura 4. Irrigação por gotejamento superficialPara plantios mais adensados, como os de café 
robusta, a irrigação tem sido feita com pivôs con-
vencionais, com emissores mais modernos, de alta 
e�ciência de aplicação, que têm permitido a obten-
ção de altas produtividades (Figuras 3c, 3d e 3e).
Particularidades
O sistema de irrigação por gotejamento (Fi-
gura 4) se desenvolveu em função da escassez de 
água. Este sistema aplica água em apenas parte da 
área, reduzindo assim a superfície do solo que �ca 
molhada, exposta às perdas por evaporação. 
Com isso, a e�ciência de aplicação é bem maior 
e o consumo de água menor. O gotejamento envol-
ve vários componentes:
 Emissores (gotejadores ou microsprayers);
 Laterais (tubos de polietileno que suportam os 
emissores);
 Ramais (tubulação em geral de PVC 35, 50, 75 
ou 100 mm);
 Filtragem (filtros separadores, tela, disco ou 
areia);
 Automação (controladores, solenoides e válvu-
las);
 Válvulas de segurança (controladora de bomba, 
ventosa, antivácuo);
 Fertirrigação (reservatórios, injetores, agitado-
res);
 Bombeamento (motor, bomba, transformador, 
etc.).
Os gotejadores podem ser do tipo “on line”, que 
compreendem aqueles acoplados à tubulação de po-
lietileno após perfurar a mangueira. São utilizados 
apenas em áreas muito pequenas. 
Os gotejadores “in line” são emissores que já 
vêm inseridos na tubulação de polietileno. Qual-
quer que seja o tipo, eles podem ser normais ou au-
tocompensáveis (gotejadores cuja vazão varia mui-
to pouco se a pressão variar). 
O mercado já oferece também gotejadores an-
ti-drenantes, que irrigam somente quando a pres-
são da água estiver acima de um determinado valor 
mínimo, por exemplo, 8,0 mca (metros de colu-
na de água). 
Esta característica é muito interessante, pois ao 
ligar o sistema, as pressões se equilibram rapida-
mente, o que contribui muito para a uniformidade 
de aplicação da água.
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Alternativas
Outro tipo de irrigaçãoé o gotejamento sub-
super
cial (Figura 5), com linhas de emissores en-
terradas em uma profundidade superior a 10 cm. 
Também existe um caso especí
co do gotejamen-
to enterrado, designado como gotejamento enco-
berto, em que o tubogotejador é instalado a uma 
profundidade inferior a 10 cm. 
Para preservar o funcionamento do gotejador, 
é preciso considerar a injeção de algum herbicida 
para controlar a intrusão radicular. O herbicida 
Figura 5. Efeitos no enraizamento na irrigação por 
gotejamento
Figura 6. Irrigação por aspersão convencional 
mais comum é a Tri�uralina (TFN), com mobili-
dade muito reduzida em função de sua alta adsor-
ção às partículas de argila ou à matéria orgânica. 
O sistema de gotejamento efetua a irrigação 
sobre o solo, na área de maior absorção das raízes do 
cafeeiro, com gotejadores de pequena vazão (1,0 a 
10 litros/hora); porém, capazes de irrigar com alta 
frequência (até mesmo várias vezes ao dia), man-
tendo-se a umidade do solo na zona radicular pró-
xima à capacidade de campo, condição que facilita 
a absorção de água pelo cafeeiro.
Método convencional
A aspersão convencional (Figura 6) também 
é bastante empregada em áreas menores, embo-
ra seja bastante afetada pela ocorrência de ventos 
de mais de 10 km/h, já que para lançar água em 
maiores distâncias, o jato de água alcança alturas 
em que a deriva (arraste da água pelo vento) é mui-
to comum. 
Porém, por ser um sistema que aplica água em 
área total e de fácil operação e manutenção, tem 
sido muito utilizado para áreas de café robusta, no 
Espírito Santo, com excelentes produtividades.
Sistema de tripa
Outro sistema empregado principalmente no 
Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba é o tubo per-
furado a laser, muito conhecido como tripa. Trata-
-se de um tubo de polietileno de cerca de 40 mm 
de diâmetro que possui pequenos orifícios (0,1 
mm) que esguicham a água, porém, de forma me-
nos e
ciente e uniforme, se comparada ao goteja-
mento. 
Na Figura 7, podemos visualizar as áreas irri-
gadas dos principais estados brasileiros, com desta-
que para Espírito Santo (robusta e arábica) e Mi-
nas Gerais (arábica). 
Figura 7. Irrigação por gotejamento no café, em hectares
Fonte: Atlas de Irrigação - ANA (2021)
SP
RO
RJ
PR
MT
MG
GO
ES
DF
BA
0 500.000 1.000.000 1.500.000 2.000.000 2.500.000
45.754
293
7.860
1.025
143
263
8.782
43.238
134.183
207.742
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Rentabilidade em lavouras mais produtivas 
e seus desafios
Produzir bem nas lavouras de café traz ga-
nhos bem signi�cativos. Os aumentos de produ-
tividade diluem os custos �xos, que são necessários 
para custear a lavoura. 
Os gastos, embora um pouco maiores nessas 
lavouras bem produtivas, podem ser divididos por 
um maior número de sacas produzidas e, assim, 
o custo por saca �ca menor.
Existem muitos exemplos de sucesso de pro-
dutores que vêm produzindo bem em suas lavouras 
de café, em todas as regiões do País, seja na cafei-
cultura de montanha (Figura 8), onde os plan-
tios são mais adensados, seja em áreas mecanizá-
veis (Figura 9).
Tratos culturais
Tanto no arábica quanto no café robusta, as 
podas têm sido utilizadas como excelente prática 
de manejo para garantia de elevadas produtivida-
des, pois permitem a renovação da lavoura e a oti-
mização dos custos de produção. 
Na Figura 10 (a e b) estão exemplos de poda 
para o café arábica.
Questões ambientais nas lavouras de café
Não tem havido, no geral, problemas graves de 
meio ambiente nas propriedades cafeeiras, pois a 
cultura, sendo perene, cobre e protege o solo e o 
ambiente de forma semelhante a uma �oresta. 
Não são realizadas intervenções no solo, como 
aração. O uso de defensivos e de adubos é feito de 
forma racional. 
Trabalhos realizados para avaliar a pegada de 
carbono em lavouras de café têm mostrado que 
este apresenta balanço positivo. 
Um estudo encomendado ao Instituto de Ma-
nejo e Certi�cação Florestal e Agrícola (Ima�o-
ra) calculou quanto as plantações de café emitem 
de gases e analisou os manejos que mais seques-
tram gás carbônico (CO2), seja pelas plantas ou 
pelo solo. 
O resultado indicou que as 34 propriedades 
brasileiras que participaram do inventário têm 
uma emissão de 4,02 toneladas de CO2 equivalen-
te (tCO2e) por hectare ao ano – muito menor que a 
média global de emissão de fazendas cafeeiras, que 
é de 28 tCO2e/ha/ano. 
Os estudos indicaram que o balanço de emis-
sões desse grupo de cafeicultores foi negativo: 
-5,66 tCO2e/ha/ano.
Figura 10. Poda por decote e esqueletamento (safra zero), viabilizando altas produtividades a custos mais baixos
Fotos: José Braz Matiello
Figura 8. Lavoura racional e produtiva mesmo em área 
de montanha, pelo adensamento do plantio
Figura 9. Exemplo de cafezal racional, produtivo, em 
região mecanizada, com plantio em renque e mais de 
5.000 plantas/ha
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Cafeicultura moderna
Outras tecnologias que têm aumentado con-
sideravelmente na cafeicultura moderna são as re-
lacionadas ao uso de bioinsumos, como bioferti-
lizantes e biodefensivos. A intensi�cação do uso 
destes produtos naturais tem permitido a melhoria 
da vida no solo, comprovado por meio de análi-
ses biológicas do per�l (carbono da biomassa mi-
crobiana; respiração basal do solo ou respiração 
microbiana; processos enzimáticos do solo, den-
tre outros), que mostram que dentro das lavouras 
de café a população de microrganismos é superior 
ao próprio ambiente natural, por exemplo, de um 
bioma cerrado. 
É importante salientar que o uso de bioinsu-
mos não se limita à cafeicultura orgânica, sendo 
também indicado para a cafeicultura tradicional. 
No geral, quando se pratica a cafeicultura or-
gânica, tem-se menores produtividades, pelas di�-
culdades de suprir e corrigir problemas de nutrição 
e de pragas e doenças em tempo hábil.
Um fator que pode ser prejudicial a uma pro-
dução sustentável de café é a proibição de produ-
tos essenciais aos tratos, como alguns herbicidas, 
inseticidas e fungicidas mais e�cientes, bem como 
o uso inadequado de sistemas de irrigação e a au-
sência do manejo da água e da energia.
 Práticas regenerativas
Nos últimos anos, tem-se falado bastante da 
cafeicultura regenerativa, que pode ser entendida 
como um conjunto de práticas de restauração de 
áreas produtivas que levam à saúde do ambiente 
como um todo, estabelecendo o tripé da sustenta-
bilidade: social, econômica e ambiental. 
O princípio básico é, portanto, a proteção, e não 
“O uso de bioinsumos não se limita à cafeicultura orgânica, sendo também indicado 
para a cafeicultura tradicional”.
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o esgotamento de recursos naturais (solo e água), 
criando um ambiente sustentável para o cultivo de 
café. O objetivo é produzir enquanto se recupera a 
solo e preserva o meio ambiente. 
Na verdade, pelo fato de o café se tratar de cul-
tura perene, praticamente sem revolvimento de 
solo ao longo do ciclo e com as novas tecnologias 
de cultivo de plantas nas entrelinhas (Figura 11), 
promovendo o equilíbrio das propriedades quími-
cas, físicas e biológicas do solo, pode-se dizer que 
há muitos anos naturalmente a cafeicultura é rege-
nerativa no Brasil.
Isso pode trazer aos cafeicultores brasileiros 
benefícios estratégicos para o mercado nacional e 
internacional.
Autoria:
André Luís Teixeira Fernandes 
Pró-reitor da Uniube e sócio proprietário - C3 
Consultoria e Pesquisa 
andre.fernandes@uniube.br 
José Braz Matiello 
Engenheiro agrônomo - Fundação Procafé
jb.matiello@gmail.com 
Expectativas 
O futuro da cafeicultura, praticada para altas 
produtividades, se mostra promissor. Com o pas-
sar dos anos, novas soluções tecnológicas vão sur-
gir, como a clonagem, em maior escala, métodos 
de controle de irrigação com uso mais racional da 
água e energia, insumos mais adequados, plantas 
transgênicas, etc. 
A consolidação desses ganhos produtivos, no en-
tanto, vai depender das condições de mercado do 
café. Na condição atual, com tendência de estabilida-
de de preços, no patamaragora vigente, são previstas 
di�culdades para maiores lucratividades, especial-
mente para café arábica, pois o custo de produção, 
onerado pelo uso de insumos, combustível e despe-
sas com mão de obra, vem aumentando e, pode, se 
não houver mudanças no mercado, desestimular a 
adoção de novas tecnologias. 
Figura 11. Cultivo de espécies na entrelinha do cafeeiro
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MERCADO
ESPECIAIS
PRODUÇÃO
CUSTOS
A rentabilidade da lavoura cafeeira é mui-
to importante, pois dela depende a per-
manência dos cafeicultores na atividade 
da produção, que constitui a base da cadeia do se-
tor cafeeiro, responsável pelas safras, de modo su-
�ciente, para favorecer, em seguida, os demais se-
tores - do comércio, indústria e do consumo do 
café. 
Mas, debater sobre a rentabilidade da cultura 
de café no Brasil exige conhecimento das condi-
ções de cultivo, em variadas regiões, cada qual com 
suas características. Mesmo dentro de uma deter-
minada região, e também dentro de uma mesma 
propriedade, vão existir diferentes sistemas de ex-
ploração e tipos de lavouras. 
A rentabilidade das lavouras de café está rela-
cionada, de um lado, aos custos de produção, obti-
dos em cada situação e, do outro, à evolução dos 
preços do grão. Deste balanço entre custos e recei-
tas surge a rentabilidade do produtor.
RENTABILIDADE DA CULTURA 
CAFEEIRA NO BRASIL
SAFRA 2023/24
Os custos de produção do café são influenciados por diversos fatores, como 
a região produtora, sistema de cultivo, a produtividade alcançada e maior ou 
menor uso de tecnologias.
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Figura 1. Despesas por hectare e custos de produção por saca em lavouras de café com cinco níveis de 
produtividade, no estado de Minas Gerais. 
Fonte: Sebrae Minas/Educampo, Amostra: 262 fazendas, em diferentes regiões do estado MG. Período: Biênio 22/23
Custo total médio por faixa de produtividade
CT/saca (R$/sc)
Menor que 25
(96 fazendas)
Entre 25 a 30
(125 fazendas)
Entre 35 a 45
(76 fazendas)
Faixas de produtividade
Maior que 45
(33 fazendas)
R$
/s
ac
a
R$
/h
ec
ta
re
CT/área em produção (R$/ha)
0 0
200 5.000
400 10.000
600 15.000
800 20.000
1.000 25.000
1.200 30.000
957,66
20.023,37
20.023,37
27.409,53
18.812,40
655,57
579,99 544,81
Custos de produção 
Os custos de produção do café são in�uenciados 
por diversos fatores, como a região produtora, cada 
qual com seu sistema de cultivo, manual ou mecani-
zado, com a produtividade alcançada nas lavouras e 
com o uso racional das práticas de manejo dos cafe-
zais, com maior ou menor uso de tecnologias. 
In�ui, também, o aspecto gerencial da proprie-
dade cafeeira, com a boa administração dos recur-
sos, materiais e �nanceiros, favorecendo menores 
custos de produção do café.
Quanto aos sistemas de manejo, as áreas onde 
se utiliza maiores níveis de mecanização tendem a 
gerar menores custos de produção do café, em rela-
ção aos sistemas manuais, estes mais onerados pelo 
menor rendimento do trabalho e pelo elevado cus-
to da mão de obra. 
Sobre o uso de técnicas racionais de cultivo e 
o modo de gerenciamento das propriedades, é im-
portante que o produtor utilize os serviços de as-
sistência técnica especializados das Instituições 
o�ciais de AT, dos técnicos de Cooperativas ou de 
consultorias especializadas. 
Fonte: Sebrae Minas/Educampo, Amostra: 280 propriedades. Dados biênio 2021/2023
Figura 2 - Custo de produção por hectare em lavouras manuais e mecanizadas por estrato de produtividade
O custo de produção varia conforme 
o estrato produtivo. Para maximizar 
os ganhos com a atividade cafeeira, é 
importante o cafeicultor realizar uma 
boa previsão de safra, para ajustar 
os custos em relação à produtividade 
prevista.
<20 20 a 30 30 a 40 >40
25.000,00
20.000,00 18.306,30 18.715,11 19.273,97
23.501,75
14.830,77
17.360,60
19.853,79
21.577,43
15.000,00
10.000,00
5.000,00
Produtividade (sc/ha)
COT fazendas mecanizadas (R$/ha) COT fazendas manuais (R$/ha)
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Tabela 1. Custos de produção de café (COE, COT e CT), em 2023, em diferentes regiões, conforme levantamento do 
projeto Campo Futuro da CNA
Estados
MG
ES
RO
SP
Guaxupé - 28 sc/ha
Brejetuba – 35 sc/ha
Manhumirim – 27,5 sc/ha
Jaguaré - 65 sc/ha conilon
S. Miguel Guaporé – conilon - 45 sc/ha
Franca - 25 sc/ha
Monte Carmelo – 31,5 sc/ha
Localidades e nível de produtividade 
da lavoura
Custos de produção, R$ por saca, 
dados aproximados
Operacional
(COE)
705,57
549,82
802,98
421,11
613,93
607,84
766,57
COT
937,85
686,44
966,43
506,52
775,03
821,58
945,04
CT
1.242,27
767,41
1.319,00
630,16
895,11
1.095,30
1.174,80
44
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No dia a dia devem ser acompanhados os tra-
balhos, visando melhores rendimentos operacionais 
e o uso, de forma mais econômica, de insumos nas 
lavouras. O produtor também precisa �car atento 
aos processos de compra dos materiais necessários 
para suas lavouras, para obter preços mais favorá-
veis e, ao �nal, procurar vender melhor os seus ca-
fés produzidos.
Produtividade
Quanto ao efeito da produtividade no custo de 
produção, é bem marcante. Lavouras mais produti-
vas apresentam custos menores por saca produzida, 
pois, no processo de produção, muitas despesas são 
�xas e, no conjunto com os custos variáveis, serão 
amortizadas pelo maior número de sacas. 
O exemplo da �gura 1 (pg 43) mostra bem isso. 
Pode-se ver, com base no levantamento feito pelo 
Sebrae-Educampo, em 262 propriedades situadas 
no estado de Minas Gerais, que, apesar das des-
pesas totais por hectare se elevarem com o mane-
jo das lavouras mais produtivas, o custo de produ-
ção por saca vai decrescendo conforme o aumento 
da produtividade.
Regiões representativas da cafeicultura
Os custos de produção de café são levantados 
em diferentes níveis e em diversas regiões produto-
ras mais representativas. Esses diferenciais podem 
ser observados com exemplos de custos, levantados 
pelo Projeto Campo Futuro da CNA, na tabela 1. 
Veri�ca-se que os valores variam de região para 
região, pois além de condições ambientais variadas, 
os padrões adotados, quanto ao sistema de cultivo 
e à produtividade representativa, em cada região, 
são diferenciados. 
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Pode-se observar, ainda, que os custos são esti-
mados em três níveis. O custo operacional, ou COE, 
abrange as despesas diretas de produção, com mão 
de obra, operação de maquinário e insumos. 
Num segundo nível, para obtenção do custo to-
tal (COT), são adicionadas as despesas de pro-labo-
re para o produtor, mais as amortizações ou depre-
ciações das instalações e do cafezal. Num terceiro 
nível são adicionados os custos de oportunidade.
Análise econômica
Numa análise econômica real, deve-se conside-
rar o custo total, pois o produtor precisa ser remu-
nerado e as instalações e o cafezal necessitam de 
amortização, pois necessitam, periodicamente, de 
renovação das lavouras e de manutenção ou aqui-
sição de maquinários e benfeitorias. 
No entanto, em épocas de crises ou períodos 
de preços baixos do café, o produtor, especialmente 
aquele de pequenas propriedades, leva em con-
ta apenas os seus desembolsos, ou seja, apenas 
o COE.
No aspecto de custo nas diferentes localida-
des ou sistema de cultivo, veri�ca-se que, nas con-
dições de maior produtividade, como em Brejetu-
ba (ES), o custo foi menor. Ainda, em São Miguel 
do Guaporé (RO) e em Jaguaré, no norte do Es-
pírito Santo, com cafeeiros robusta/conillon, tam-
bém com maiores produtividades, os custos se mos-
tram menores em relação aos demais, levantados 
para cafeeiros arábica. 
Despesas adicionais
Uma análise da participação dos diferentes itens 
de despesas no custo operacional de produção de 
café pode ser feita com base nos custos dos dois 
tipos de café, arábica e robusta, conforme �gu-
ra 3, A e B. 
Figura 3 A e B. Participação percentual dos itens de despesas no custo operacional efetivo (COE) de produção em 
dois tipos de café, arábica e robusta/conilon, em 2023
Composição dos custos decafé arábica
Mão de obra
33%
Fertilizantes
25%
Gastos gerais
20%
Produtos
fitossanitários
9%
Mecanização
8%
Juros de custeio
3%
Corretivos
2%
Irrigação
0%
Composição dos custos de café conilon
Mão de obra
41%
Fertilizantes
20%
Gastos gerais
19%
Produtos
fitossanitários
9%
Juros de custeio
4%
Mecanização
3%
Corretivos
2% Irrigação
2%
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Figura 4. Comparativo dos custos operacionais de produção (COE) nos anos de 2022 e 2023.
Comparação COE 2022 x 2023
1.700,00
1.200,00
700,00
200,00
-300,00
-800,00
-1.300,00
-24%
-11%
33%
-20%
-27%
1%
-5%-5%
-14%
-20%
-7%
-5%
-16%
-20%
40
%
30
%
20
%
10
%
0% Va
ria
çã
o (
%
)
-10
%
-2
0%
-3
0%
BJT GXP PÇF CPL FRN CIT JGRCCO NNR SRS LND NTC ITB RBN
2022 2023 Variação (%)
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Tabela 2. Preços do café, padrão bebida dura para melhor, verificados na Cooxupé, no decorrer dos anos 2022 a 
2023 - Preços correntes em R$/sc
Anos Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média
2022 1.480 1.488 1.258 1.253 1.259 1.256 1.119 1.075 1.098 1.033 915 994 1.190
2023 1.030 1.130 1.103 1.115 1.030 928 878 868 802 801 845 925 954
Veri�ca-se que no robusta/conilon, os itens que 
pesam mais no custo são a mão de obra e os ferti-
lizantes. No entanto, observa-se que no cultivo do 
conilon o primeiro item é mais signi�cativo, repre-
sentando cerca de 41% do total. 
2022 x 2023
Outra análise importante é a comparação dos 
custos de produção da safra de 2022 com a de 2023. 
Na �gura 3 pode-se observar os custos operacionais 
efetivos (COE), que caíram ligeiramente em 2023, 
em função da queda dos preços dos fertilizantes.
No entanto, no período de colheita do café 
houve di�culdade de mão de obra, o que onerou os 
trabalhos de colheita. Por outro lado, os preços do 
café caíram mais do que o custo de produção, afe-
tando a rentabilidade. 
Preços do café 
Os preços de café vigentes nos meses de 2023 
e sua média, tomando por base aqueles observados 
na Cooxupé, estão incluídos na tabela 2, e foram 
comparados com o ano de 2022. Veri�ca-se que, 
no início de 2022, os preços da saca estavam na fai-
xa de R$ 1.400,00, caindo para R$ 1.100,00 em ju-
lho e para R$ 990,00 em dezembro. Na média de 
2022, o preço se situou em R$ 1.190,00. 
No ano de 2023, nos mesmos meses, os pre-
ços foram de R$ 1.030,00, R$ 878,00 e R$ 935,00, 
com média, no ano, de R$ 954,00, ou seja, uma re-
dução de cerca de 20% de 2022 para 2023. 
No entanto, se analisada a evolução desde janei-
ro de 2022 até dezembro de 2023, em um período de 
dois anos, a variação com queda maior foi de 37,5%.
No caso dos cafés robusta/conilon, baseado na 
praça de Vitória (ES) (preços do CCC-V), obser-
va-se que, no início de 2022 os preços desse tipo de 
café se situavam na faixa de R$ 800,00/sc, caindo 
para a faixa de R$ 750,00 em julho de 2022, e mais 
ainda em janeiro de 2023, para R$ 560,00, daí se 
estabilizando em R$ 760,00/sc. 
O projeto Campo Futuro, da CNA, também tem 
um estudo comparativo dos preços de café. Estes pre-
ços se referem a cotações em diferentes localidades 
do interior das zonas cafeeiras.
Em resumo, pode-se veri�car que houve que-
da signi�cativa dos preços do café, no ano de 2023, 
nos diferentes tipos do grão e nas variadas regiões.
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Autoria:
José Braz Matiello
Engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação 
Procafé
jb.matiello@gmail.com 
Luiz Gonzaga de Castro Junior
Doutor e professor – Universidade Federal de Lavras 
(UFLA)
lgcastro@ufla.br 
Rentabilidade
A margem de renda do cafeicultor brasileiro, na 
comparação entre os custos de produção levanta-
dos no ano de 2023 (tabela 1) e os preços vigentes 
na maior parte do ano, cujos valores estão na tabe-
la 2 e �gura 3, mostrou-se quase sempre negati-
va, quando se considera o custo total de produção. 
Apenas para o café robusta, nas condições de alta 
produtividade, houve rentabilidade positiva.
Quando se compara com o custo operacional 
(COE), que considera apenas os desembolsos efe-
tivos, a rentabilidade foi positiva. Talvez por isso 
os produtores de café continuam o processo de ex-
pansão de lavouras, em parte para substituição de 
lavouras mais velhas e menos produtivas. 
Adicionalmente, nas condições de cafeicultu-
ra a pleno sol, como no Brasil, após uma safra que 
não foi tão alta em 2023, existe uma expectativa de 
aumento em 2024, o que pode gerar um valor bru-
to de receita maior. 
Deve-se ressaltar que as despesas com insu-
mos, sendo as principais com aquisição de fertili-
zantes que estiveram em baixa em 2023, mais de-
fensivos e óleo diesel, têm tendência de retomada 
da trajetória de aumento.
Indicadores de lucro
A rentabilidade do produtor de café, conforme 
análise anterior, depende do balanço entre o custo de 
produção e os preços recebidos pelo café. Como os 
preços são de�nidos pelas regras de mercado, ao pro-
dutor resta trabalhar para obter menores custos na 
sua produção.
Para alcançar tal objetivo por saca produzida, in-
dica-se adotar práticas racionais de manejo, visando 
economias, sem afetar a produtividade. Dentre estas 
práticas de melhoria de produtividade e redução de 
despesas, indica-se o uso de fertilização, com níveis 
adequados, de forma equilibrada, o uso de podas no 
sistema safra zero e, quando possível, a irrigação. 
Os produtores devem, a cada ano, planejar a re-
cuperação e/ou a renovação de lavouras pouco pro-
dutivas. Também devem adotar melhorias na ad-
ministração e controle dos materiais, maquinários 
e mão de obra, pois o rendimento operacional do 
trabalho é um dos itens que mais in�ui nos custos 
da produção. 
“Nas condições de cafeicultura a pleno 
sol, como no Brasil, após uma safra que 
não foi tão alta em 2023, existe uma 
expectativa de aumento em 2024, o que 
pode gerar um valor bruto de receita 
maior”.
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Quando falamos no café, é importante lem-
brar que se trata de uma mercadoria pro-
duzida em grande escala e por diferentes 
produtores. Forma-se uma cadeia de fornecedores 
nacionais e internacionais, envolvendo uma dinâ-
mica complexa.
O custo do café é in�uenciado por um con-
junto de fatores. A seguir, destacamos quais são os 
principais.
 Oferta e demanda: a lei da oferta e demanda 
global está relacionada ao balanço entre o preço de 
bens e serviços ofertados e a procura por eles. De 
forma geral, quanto maior for a procura pelo café, 
maior será o preço cobrado por ele. Por outro lado, 
quanto menor for a procura, menor será o seu pre-
ço. Busca-se um equilíbrio entre eles para estabili-
zar o valor do café.
Bolsas internacionais: as bolsas internacio-
nais são referência para a preci�cação do café. Para a 
cotação do arábica, a Bolsa de Nova York é a princi-
pal fonte de preço. Já no caso do robusta, a referên-
cia é a Bolsa de Londres.
Custos de produção: os produtores precisam 
gastar com adubação, manejo, uso de tecnologia e 
insumos para produzir o café. Todas essas despesas 
afetam o cálculo do preço da commodity.
Características do café: as características do 
café negociado também afetam diretamente a de-
terminação dos preços. Atributos como origem, 
tamanho do grão, arábica ou robusta, certi�cações 
recebidas e rastreabilidade contribuem para a de-
�nição do valor.
Estoques no mercado interno e externo: os 
níveis de estoque de café acarretam alterações na es-
tabilidade dos preços. Estoques baixos podem tor-
nar o mercado mais sensível a eventos imprevistos 
que afetam a oferta, tanto local como mundialmen-
te. Se os estoques (nacionais e internacionais) apre-
sentarem elevação e demanda em queda, os preços 
tendem a baixar em relação à média histórica. Po-
rém, se os estoques estiverem baixos e a demanda 
aumentar, os preços crescem. 
Condições climáticas: as condições climáti-
cas, como secas ou chuvas excessivas, repercutem 
Entenda como o 
preço do café é formado
O preço do café envolve a interação de fatores complexos, como os diferenciais 
de qualidade do tipo de café, que não é engessadoe está sujeito a alterações.
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Autoria:
hEDGEpoint Global Markets
na produção de café em regiões produtoras impor-
tantes. As consequências desses fenômenos modi-
�cam a oferta, contribuindo para gerar a volatili-
dade dos preços.
Cotação do dólar: como mencionamos, o café 
sofre interferência de bolsas internacionais. Por isso, 
está sujeito à cotação do dólar. Se o dólar estiver 
alto, os exportadores de café são estimulados a ven-
der mais. O aumento da oferta tende a forçar a que-
da dos preços, caso a demanda não cresça no mes-
mo ritmo de produção.
Política e economia a nível local e mundial: 
decisões políticas e econômicas, como tarifas de 
importação, subsídios agrícolas e regulamenta-
ções comerciais, podem in�uenciar os preços do 
café. Con�itos geopolíticos nos países produtores 
de café também apresentam chance de interrom-
per o abastecimento e afetar os preços.
Preferências do consumidor: mudanças nas 
preferências dos consumidores por tipos especí�-
cos de café, como orgânicos, contribuem para al-
terar os preços dessas variedades. A migração do 
consumo de café arábica para o robusta também 
ajuda a explicar o aumento na produção desta va-
riedade.
Con�ra na imagem abaixo a explicação deta-
lhada da relação entre os principais fatores envol-
vidos no cálculo do valor do café. 
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Preço sempre é informação sobre o mercado, 
tanto em termos do que realmente acontece 
quanto em relação às expectativas que po-
derão vir a acontecer. 
Dessa forma, é preciso entender os preços de 
2023/24 como resultado da relação passada entre 
a oferta e a demanda. 
Do lado da oferta, o efeito da supersafra 2020/21 
ainda se faz visível, apesar dos efeitos da geada de 
2021/22 e da seca em 2022/23, dado que os esto-
ques aumentaram substancialmente naquele perí-
odo. 
Em 2020/21, a produção mundial alcançou 
102 milhões de sacas no café arábica, o que repre-
sentou incremento de pouco mais de 7,0 milhões 
de sacas, em relação à safra 2019/20 (94,9 milhões 
de sacas). 
Dado que o consumo é praticamente com in-
cremento marginal mínimo, o efeito foi a recom-
posição nos estoques. O Brasil dobrou o seu esto-
que, enquanto a Europa (maior importador mundial) 
acrescentou mais de 1 milhão de sacas de 60 kg. 
Até mesmo a China, que tem ampliado os vo-
lumes importados gradativamente, multiplicou os 
seus estoquem por 2,4, saindo de 298 mil sacas 
(2019/20) para 717 mil sacas (2020/21). 
O resultado visível foi que, apesar dos efeitos 
da geada de 2021/22 e da seca em 2022/23, esses 
estoques estiveram em risco apenas em 2022. Tan-
to que 2022 foi um ano excelente em termos de 
preço, com a saca alcançando valor médio de R$ 
1.500,00 em janeiro de 2022, na região sul de Mi-
nas Gerais. 
No entanto, a produção na safra 2022/23 no-
vamente se mostrou boa, e apesar de ser menor do 
que a supersafra de 2020/21, foi capaz de segurar 
os preços em 2023/24, com os estoques dos gran-
des compradores em alta.
QUAL O MELHOR MOMENTO 
DE VENDER O CAFÉ?
Assim como qualquer atividade econômica, o resultado sempre é dado pelo 
apetite do investimento em face ao risco. No café, não é diferente.
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Flutuação dos preços 
Preço tem relação direta com a oferta e deman-
da. Analisando separadamente esses dois pilares, 
oferta sempre será a produção do ano safra acresci-
da do estoque de passagem disponível. 
Separando mais uma vez, a produção do ano 
é consequência direta da área plantada e do in-
vestimento/hectare em tecnologia, que se traduzi-
rá em produtividade. Sob essa perspectiva, o cus-
to do crédito (taxa de juros) que o produtor acessa 
e faz uso para dispor dessas tecnologias exercerá 
um efeito tão intenso quanto o próprio clima, sa-
bendo que a natureza tem capacidade de limitar 
ou expandir os benefícios disponíveis na tecnolo-
gia utilizada.
Por sua vez, a demanda é a parte relativamen-
te mais simples, dado que o mercado de café tem 
se mantido quase que constante, com mínimo in-
cremento marginal entre anos. Aqui, a variável que 
certamente poderia alterar expressivamente o pre-
ço seria o aumento no consumo em países espe-
cí�cos. 
Nesse caso, analiso isoladamente os mercados 
compradores maduros, como a Europa, em que a 
expansão poderia acontecer com o uso do café na 
formulação de outros produtos e de mercados em 
desenvolvimento, como China, em que a expansão 
poderia vir como consequência de renda ou desco-
berta do café como bebida na dieta diária.
O momento atual
No Brasil, é comum a dedicação de tempo ser 
maior na operação agrícola, com o produtor esco-
lhendo criteriosamente os fornecedores que irão 
compor o pacote tecnológico que será utilizado na 
lavoura, e mínima na etapa estratégica, onde incluo 
a comercialização. 
Infelizmente, todo cuidado que o cafeicultor tem, 
com a escolha dos insumos até todo trabalho realiza-
do dia após dia no campo, pode ser perdido no mo-
mento da venda. Portanto, ideal seria que o tempo 
dedicado nessa etapa fosse igualmente importante.
Conhecer os custos é essencial, mas ter clareza 
do que deseja para o futuro da sua empresa agrí-
cola, que eu separo do produtor (ainda que ele seja 
proprietário), é essencial. 
Remunerar o seu trabalho é diferente de remu-
nerar a atividade dessa empresa agrícola. O pró-la-
bore do produtor deve estar incluído no custo. O 
lucro é a remuneração da empresa, que o proprietá-
rio pode decidir capturar uma parte, reinvestindo na 
empresa agrícola o resto, ou capturar a totalidade. 
O que percebo é que a maioria dos produto-
res querem sempre acertar o “olho do mosquito” na 
hora da venda, enquanto o correto seria acertar “a 
direção em que esse mosquito voa”. O que quero 
dizer é que a maioria quer acertar o valor da ven-
da do café sempre em sua segunda casa decimal (a 
saca bateu preço máximo de R$ 1.480,50 e eu ven-
di a R$ 1.480,50), enquanto o correto seria com-
preender que o preço, sempre que alcança valores 
altos, �ca mais próximo de cair, dado que o merca-
do tenderá a corrigi-lo para baixo. 
Hoje, apesar dos valores comerciais com in-
sumos terem tido queda, a clareza nos custos de 
produção/operação é somente uma parte do negó-
cio do cafeicultor. A outra, que é a comercializa-
ção, deveria vir sempre de uma margem adequada 
para remunerar e construir o futuro dessa empre-
sa agrícola. 
“A produção na safra 2022/23 novamente 
se mostrou boa, e apesar de ser menor 
do que a supersafra de 2020/21, foi capaz 
de segurar os preços em 2023/24, com 
os estoques dos grandes compradores 
em alta”.
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Autoria:
José Carlos de Lima Júnior
Sócio diretor da Consultoria Markestrat e cofundador da 
Harven Business School
jclima@markestrat.com.br 
Se essa margem foi alcançada, o ideal é que se 
formalize o negócio da venda. Nesse caso, sem-
pre vem a pergunta: “Mas, e se eu vender e subir 
mais?”. Minha resposta será “Sempre é possível 
que suba mais, mas você já conquistou o seu ob-
jetivo. E, particularmente, eu pre�ro ganhar, ain-
da que pouco, do que ver o preço subir para, logo 
mais, em sequência, assistir o meu lucro derreten-
do e saber que perdi mais”. Sensato é evitar jogar 
dados com o mercado. O que quebra o produtor é 
quando o mercado está em alta. 
Relação direta 
Os custos de produção e os preços mais baixos 
do café são uma relação especí�ca aos estoques dos 
maiores compradores que estão em alta, o que li-
mita as exportações do Brasil. 
Por outro lado, se é possível dar uma boa no-
tícia, os estoques do Brasil estão em baixa e preci-
sarão ser recompostos. Preliminarmente, o Brasil 
entrará a safra 2023/24 com, aproximadamente, 
2,0 milhões de sacas de café a menos do que tinha 
em 2022/23, ou seja, 4,6 milhões de sacas (2023/24) 
contra 2,6 milhões (2022/23), segundo dados do 
relatório de dezembro de 2023, publicado pelo 
USDA.
O que esperar?
Penso que 2024 trará melhora nos preços, prin-
cipalmente porque os estoques precisarão ser re-
compostos internamente. O clima é uma realidade 
que poderá, sim, limitara oferta, o que poderia fa-
zer com que os preços tivessem uma valorização. 
Tanto que os preços já têm mostrado uma re-
cuperação, ainda que leve, desde outubro de 2023. 
O que poderia impulsionar ainda mais esses preços 
seria o aumento nas importações. 
Mas, como os estoques internacionais estão em 
alta, sou levado a crer que o volume de importação 
deverá ser menor nesse ano, o que limitaria essa va-
lorização. Mas, para mim, o cenário é positivo, com 
os menores preços �cando para trás.
Estratégias 
A estratégia precisa existir, independente se o 
mercado está em alta ou em baixa de preço. Separar 
a renda da empresa agrícola da renda do cafeicul-
tor, ainda que esse seja proprietário, é fundamental. 
Como dito, o pró-labore do produtor deve en-
trar no custo da saca, assim como insumos e valor da 
terra. Já a margem �nal deve ser entendida como re-
muneração da empresa e utilizada para construir o 
futuro dessa empresa agrícola. 
Se a decisão for distribuir os resultados sob a 
forma de lucro ou reinvestir uma parte na constru-
ção e manutenção da competitividade futura do ne-
gócio, é uma decisão particular e que cabe exclusiva-
mente ao produtor. 
Mas, insisto que a estratégia de negócio preci-
sa existir, independente se o preço da saca está em 
alta ou em baixa. A�nal, o que realmente quebra o 
produtor são os momentos de alta, quando as deci-
sões, que tanto incomodam no mercado de baixa, 
são feitas. 
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ESPECIAIS
PRODUÇÃO
CUSTOS
MERCADO
A produção mundial de café aumentou 0,1%, 
para 168,2 milhões de sacas, no ano cafe-
eiro 2022/23. A taxa de crescimento es-
tagnada contradiz as tremendas mudanças no nível 
regional, com o mundo do café nitidamente dividi-
do entre as Américas em expansão e o resto do mun-
do em retração.
As reduções de 4,7% e 7,2% na produção da 
Ásia e Oceania e da África, para 49,84 milhões de 
sacas e 17,9 milhões de sacas, respectivamente, po-
dem ser atribuídas a condições climáticas adversas 
que afetam negativamente os principais produto-
res das regiões, particularmente Vietnã, Costa do 
Mar�m e Uganda. 
A magnitude da queda na produção das duas 
regiões foi totalmente mitigada pelas Américas, 
especialmente pelo aumento de 4,8% na América 
do Sul, que, por sua vez, foi impulsionada principal-
mente pelo aumento de 8,4% no Brasil, in�uencia-
da pelo ciclo de produção bienal. A produção com-
binada das Américas foi de 100,5 milhões de sacas.
A divisão das Américas versus o resto do mun-
do também re�etiu na divisão da produção entre os 
arábicas e os robustas, com a produção dos primei-
Conjuntura mundial
A REALIDADE LÁ FORA
O fenômeno antecipado do El Niño deve prejudicar as perspectivas na Ásia, 
especialmente para origens como a Indonésia. Enquanto isso, espera-se que o Vietnã se 
beneficie do clima mais seco/quente, pois a irrigação mitiga a redução da precipitação.
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A
D
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ros aumentando 1,8%, para 94 milhões de sacas, 
em comparação com a queda de 2% dos últimos, 
para 74,2 milhões de sacas.
Visão de longo alcance
Olhando para o futuro, a produção para o ano 
cafeeiro 2023/24 deverá aumentar 5,8%, para 178,0 
milhões de sacas, com a produção dos arábicas su-
bindo para 102,2 milhões de sacas e a dos robustas 
aumentando para 75,8 milhões de sacas.
O efeito da produção bienal terá um grande pa-
pel nas perspectivas, especialmente para o Brasil e 
os arábicas, enquanto o impacto da geada de julho 
de 2021 continua a ser resolvido. Espera-se que o 
ano cafeeiro 2023/24 seja excepcional no ciclo de 
produção bienal. 
Deve parecer mais um ano de alta que de bai-
xa, após os resultados médios de 2022/23. As con-
dições climáticas adversas, observadas pela primei-
ra vez em 2022 e persistindo em 2023, terão um 
impacto negativo nas perspectivas para o ano ca-
feeiro 2023/24. 
Impactos climáticos
O fenômeno antecipado do El Niño deve pre-
judicar as perspectivas na Ásia, especialmente para 
origens como a Indonésia. Enquanto isso, espera-se 
que o Vietnã se bene�cie do clima mais seco/quen-
te, pois a irrigação mitiga a redução da precipitação.
O consumo mundial de café ainda está supe-
rando as questões provocadas pela pandemia da 
Covid-19, com a tendência de consumo seguin-
do um padrão estabelecido em resposta a um cho-
que externo. 
Consumo
A expectativa para o ano cafeeiro 2022/23 era 
de uma taxa de crescimento positivo menor; no en-
tanto, o consumo mundial de café registrou uma 
queda de 2%, para 173,1 milhões de sacas.
O consumo no ano cafeeiro 2022/23 não seguiu 
�elmente o padrão estabelecido devido ao impacto 
do alto custo de vida, da queda da renda disponível 
e de uma grande redução dos estoques. 
Apesar de o café ser relativamente inelástico, 
o ambiente econômico global desa�ador suposta-
mente teve um impacto negativo em seu consu-
mo. A taxa de in�ação mundial atingiu o seu nível 
mais alto em 2021, de 9,4%, enquanto a taxa de ju-
ros de referência atingiu uma média de 4,9% no �-
nal de setembro de 2023 na União Europeia, Rei-
no Unido e EUA, o nível mais alto desde a média 
de 5,8% em 2000. 
Ao mesmo tempo, houve uma grande redução 
de estoques, em que os reportados pela Federa-
ção Europeia do Café e os mantidos nos armazéns 
da Intercontinental Exchange nos EUA perderam 
4,8 milhões de sacas, de 14,5 milhões para 9,8 mi-
lhões. 
Essa redução dos estoques teria diminuído a ne-
cessidade de compras no mercado internacional, re-
�etindo-se aparentemente em taxas globais de con-
sumo de café mais baixas e anômalas para o ano 
cafeeiro 2022/23.
“Olhando para o futuro, a produção para 
o ano cafeeiro 2023/24 deverá aumentar 
5,8%, para 178,0 milhões de sacas, com 
a produção dos arábicas subindo para 
102,2 milhões de sacas e a dos robustas 
aumentando para 75,8 milhões de sacas”
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Fontes:
Cecafé e OIC
Perspectivas
A perspectiva de consumo mundial de café para 
o ano cafeeiro 2023/24 é amplamente delineada pe-
los pressupostos de que a economia global continu-
ará a crescer acima de 3% (Perspectivas da Econo-
mia Mundial, outubro de 2023), e que a indústria 
responderá à grande redução dos estoques, que se 
re�etirá positivamente no consumo aparente. 
Como resultado, espera-se que o consumo mun-
dial de café cresça 2,2%, para 177,0 milhões de sacas, 
com os países não produtores contribuindo mais para 
o aumento geral. O consumo de café neste grupo de 
países deve crescer 2,1%.
Balanço
Como resultado, espera-se que o mercado ca-
feeiro mundial tenha um superávit de 1,0 milhão 
de sacas no ano cafeeiro 2023/24. Esta perspecti-
va é tirada da mais recente publicação da Seção de 
Estatísticas da Secretaria da Organização Interna-
cional do Café (OIC), o Relatório e Perspectivas 
sobre o Mercado de Café (RPMC). 
O RPMC promove o conhecimento dos fato-
res que movimentam a indústria global do café no 
passado mais recente e extrai os possíveis eventos 
que podem impulsionar a indústria no futuro pró-
ximo. 
Tabela 1. Balanço mundial de oferta e demanda
*estimativas preliminares
Ano cafeeiro 2018/19 2019/20 2020/21 2021/22 2022/23 2023/24* % variação
PRODUÇÃO 169,8 168,4 170,8 168,0 168.2 178,0 5,8%
Arábicas 99,5 96 ,4 100,6 92,3 94,0 102,2 8,8%
Robustas 70,3 72,0 70,3 75,7 74,2 75,8 2,1%
África 18,5 18,5 19,2 19,3 17,9 20,1 12,1%
Caribe, América Central e México 21,3 19,2 19,7 18,9 19,2 18,7 -2,5%
América do Sul 81,9 81,1 83,9 77,6 81,3 89,3 9,8%
Ásia e Oceania 48,1 49,6 48,0 52,2 49,8 49,9 0,3%
CONSUMO 171,2 168,6 169,9 176,6 173,1 177,0 2,2%
Países exportadores 52,5 52,2 53,1 54,4 55,1 56,5 2,6%
Países importadores 118,6 116,4 116,8 122,2 118,1 120,5 2,1%
África 11,9 12,1 13,0 12,9 12,2 12,5 2,6%
Ásia e Oceania 39,9 40,1 42,2 44,2 44,5l 45,7 2,7%
Caribe, América Central e México 5,8 5,8 5,9 6,0 6,0 6,1 2,3%
América do Norte 31,8 30,6 30,2 31,3 29,8 30,9 3,8%
América do Sul 26,3 26,0 26,4 27,0 27,5 28,0 1,6%
Europa 55,5 54,0 52,2 55,2 53,1 53,7 1,1%
Balanço -1,3 -0,2 0,9 -8,6 -4,9 1,0 
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4.
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O Brasil exportou 39,247 milhões de sa-
cas de 60 kg de café em 2023, volume 
praticamente estável (-0,4%) em relação 
aos 39,410 milhões aferidos em 2022. Em receita 
cambial, houve recuo de 13% no comparativo anu-
al, com os embarques tendo rendido US$ 8,041 bi-
lhões em todo o ano passado. 
Os dados fazem parte do relatório estatístico 
mensal do Conselho dos Exportadores de Café do 
Brasil (Cecafé).
Em dezembro de 2023, as remessas ao exterior 
do produto somaram 4,116 milhões de sacas, ge-
rando US$ 800,1 milhões, o que representa altas de 
27,1% em volume e de 11,6% em receita frente ao 
último mês de 2022.
No acumulado dos seis primeiros meses do ano 
safra 2023/24, as exportações brasileiras de café tota-
lizaram 22,993 milhões de sacas, aferindo crescimen-
to de 18,5% ante o registrado entre julho e dezembro 
de 2022. No mesmo intervalo, a receita cambial re-
gistra recuo de 2,2%, chegando a US$ 4,488 bilhões.
Análise
Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferrei-
ra, o desempenho dos embarques no ano passado é 
Brasil exporta 39,2 milhões 
de sacas de café em 2023
Continuidade de entraves logísticos interferiu no desempenho, que poderia 
ser de até 2,0 milhões de sacas superior. 
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positivo diante dos entraves que toda a cadeia produ-
tiva vivenciou. “O primeiro semestre foi marcado por 
exportações mais contidas devido à menor dispo-
nibilidade de café após duas safras (2021 e 2022) me-
nores impactadas por adversidades climáticas. Além 
disso, o segmento exportador continua enfrentan-
do entraves logísticos, o que impacta a performan-
ce. Sem essas questões da logística, provavelmen-
te exportaríamos até 2,0 milhões de sacas a mais”, 
projeta.
No ano passado, houve atraso nas embarcações 
de café em todos os 12 meses. Conforme o Bole-
tim Detention Zero (DTZ), somente em dezem-
bro foram registradas alterações em 76% das esca-
las de navios no Porto de Santos (SP), atingindo o 
segundo maior índice em 2023, atrás somente dos 
81% apurados em novembro.
O boletim também indica que, no referido mês, 
apenas 15% dos procedimentos de embarque tive-
ram prazo superior a quatro dias de gate aberto por 
navios. Outros 52% possuíram entre três e quatro 
dias e 32% tiveram menos de dois dias.
Mi
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kg
0
30
10
40
20
50
2018
34,3
2021
42,4
2019
41,5
2022
39,8
2020
43,9
2023
39,2
Gráfico 1. Exportação brasileira de café - em quantidade
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
Arábica
81,0%
Solúvel
7,4%
Robusta
11,6%
Participação % por qualidade nas exportações 
brasileiras de café
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Ferreira, contudo, reforça o desempenho como 
positivo, principalmente pela disparada das expor-
tações dos cafés canéforas, que subiram 212% em 
2023. “Essa safra foi melhor que as duas anteriores, 
o que ajudou na performance dos embarques. Des-
taco, em especial, a puxada do conilon e do robusta, 
cujas remessas ao exterior superaram 4,7 milhões 
de sacas, o segundo melhor desempenho na histó-
ria, �cando atrás somente de 2020, quando o Bra-
sil colheu safra recorde”, compara.
Tipos de café
Nos 12 meses de 2023, o café arábica foi o mais 
exportado, com 30,818 milhões de sacas, o que cor-
responde a 78,5% do total. A variedade canéfora 
(conilon + robusta) teve 4,708 milhões de sacas 
embarcadas no período, com representatividade de 
12%, acompanhada pelo segmento do solúvel, com 
3,671 milhões de sacas (9,4%), e pelo produto tor-
rado e torrado e moído, com 50.377 sacas (0,1%).
Principais destinos
Os Estados Unidos foram o principal destino 
dos cafés do Brasil de janeiro a dezembro do ano 
passado, apesar da queda de 24,2% na comparação 
com as aquisições realizadas em 2022. 
Os norte-americanos importaram 6,067 mi-
lhões de sacas, montante que representou 15,5% dos 
embarques totais.
A Alemanha, com representatividade de 12,8%, 
adquiriu 5,014 milhões de sacas (-26,7%) e ocupou 
o segundo lugar no ranking. Na sequência, vêm Itá-
(*) cafés sem descrição de bebida ou de safras passadas
Tabela 1. Exportações brasileiras de café - por classificação de bebida/tipo
Arábica - total 3.207.526 674.981.185,17 210,44
 Dura 2.311.775 492.651.114,26 213,11
 Dura/riada 415.631 83.493.836,42 200,88
 Dura ou dura/riada 180.447 33.854.521,41 187,61
 Rio ou rio-zona 97.344 18.819.334,71 193,33
 Especial ou gourmet 83.138 19.512.297,51 234,70
 Mole 320 72.912,74 227,85
 Arábica e outros (*) 118.871 26.577.168,13 223,58
Conilon 457.787 70.875.850,81 154,82
Solúvel - total 293.467 55.795.886,88 190,13
 Spray dried 213.988 39.985.285,20 186,86
 Freeze dried 68.911 14.581.314,61 211,60
 Extract 10.339 1.112.024,45 107,56
 Coffee preparation 229 117.262,62 512,06
Torrado 1.898 893.463,47 470,74
Sacas 60 kgClassificação bebida/tipo US$ FOB Preço médio 
US$/saca
lia, com a compra de 3,131 milhões de sacas (-6,8%); 
Japão, com 2,386 milhões de sacas (+27,4%); e Bél-
gica, com 2,201 milhões de sacas (-24,6%).
Fator China
Ao longo de 2023, a China sinalizou que alçaria 
voos mais altos no consumo de café, tendo superado, 
inclusive, os EUA como o maior mercado de cafete-
rias de marca no mundo, com 49.690 pontos de ven-
da, de acordo com análise do World Co¡ee Portal.
No ano passado, a potência asiática saltou para 
o sexto lugar no ranking dos principais parceiros 
comerciais dos cafés do Brasil, importando 1,480 
milhão de sacas, volume que representa um subs-
tancial crescimento de 278,6%, frente aos 12 me-
ses de 2022. 
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Um ano antes, os chineses haviam importa-
do 390.879 sacas e ocupavam apenas a 20ª posi-
ção na tabela.
Do sétimo ao décimo lugares aparecem, res-
pectivamente, Turquia, com 1,365 milhão de sa-
cas (+30,6%); Reino Unido, com 1,298 milhão de 
sacas (+64%); Holanda (Países Baixos), com 1,233 
milhão de sacas (+34,6%); e a Colômbia, com 1,162 
milhão de sacas (-32,6%).
Quando se analisa as importações realizadas 
por outros países produtores, observam-se signi-
�cativos avanços nos embarques realizados para 
México (+500,7%), Vietnã (+487,7%), o segun-
do maior produtor do mundo, atrás do Brasil; e In-
donésia (+134,9%).
“Esses dois países asiáticos ampliaram as com-
pras dos cafés brasileiros devido a quebras de safra 
que sofreram e à necessidade do conilon e do ro-
busta nacionais para suprirem essa baixa. Já os me-
xicanos importam nossos cafés verdes para proces-
samento industrial voltado ao consumo interno e a 
importantes reexportações, principalmente de café 
solúvel”, revela Ferreira.
Com o desempenho aferido nas exportações 
para China, Japão, Vietnã, Indonésia e Turquia, 
a Ásia totalizou a importação de 8,819 milhões 
de sacas (22,5% do total), ampliando em 46,2% 
suas compras frente a 2022 e ocupando o segundo 
lugar no ranking por continentes, que é liderado 
pela Europa, com a aquisição de 18,839 milhões 
de sacas (-7,9%) e representatividade de 48%. A 
América do Norte fecha o top 3, com a impor-
tação de 7,306 milhões de sacas (-18,1%) e sha-
re de 18,6%.
Portos
O Porto de Santos (SP) foi o principal expor-
tador dos cafés do Brasil em 2023, com o embar-
que de 28,157 milhões de sacas, o que representa 
71,7% do total. Na sequência, aparece o comple-
xo marítimo do Rio de Janeiro, que responde por 
24,3% das exportações, ao ter remetido 9,545 mi-
lhões de sacas, e o Porto de Paranaguá (PR), com 
a exportação de 521.102 sacas e representativida-
de de 1,3%. 
Os cafés que possuem qualidade supe-
rior ou certi�cados de práticas sustentáveis 
responderam por 17,8% das exportações to-
tais brasileiras do produto no acumulado de 
2023, com o envio de 6,968 milhões de sacas 
ao exterior. Esse volume representa aumento de 
4% frente ao registrado entre janeiro e dezem-
bro de 2022.
O preço médio do produto foi de US$ 
227,47 por saca, gerando uma receita cam-bial de US$ 1,585 bilhão nos 12 meses do 
ano passado, o que corresponde a 19,7% do 
obtido com os embarques totais de café. No 
comparativo anual, o valor é 15,9% inferior 
ao aferido no ano retrasado.
No ranking dos principais destinos dos 
cafés diferenciados em 2023, os EUA ocu-
param o primeiro lugar, com a aquisição de 
1,477 milhão de sacas, o equivalente a 21,2% 
do total desse tipo de produto exportado.
Fechando o top 5, aparecem Alemanha, 
com 1,121 milhão de sacas e representativida-
de de 16,1%; Bélgica, com 678.912 sacas (9,7%); 
Holanda (Países Baixos), com 442.206 sa-
cas (6,3%); e Reino Unido, com 321.051 sa-
cas (4,6%).
Cafés diferenciados
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Antes de apontar os países com maior po-
tencial de aumento de consumo, precisa-
mos entender os três principais pilares por 
trás do consumo de café, que são a população, ou o 
crescimento populacional, a renda e o hábito. 
Obviamente, para que aconteça o consumo de 
café, é necessário pessoas que tenham uma renda, e 
essas variáveis são fáceis de serem analisadas, mas 
o hábito é um aspecto crítico, que é de difícil men-
suração e depende dos aspectos culturais de deter-
minado país. 
Um exemplo clássico é a China, que apesar de 
apresentar um expressivo crescimento nos últimos 
anos, tem um consumo per capita baixíssimo. 
Condições chinesas
Na China não faltam pessoas, pois é o segundo 
país mais populoso do mundo – recentemente a Ín-
dia tomou a primeira posição – e, apesar de não terem 
uma renda per capita como os EUA e países europeus, 
é quase 70% maior que a brasileira, por exemplo. 
Mesmo neste contexto, de acordo com o USDA, 
o país consumiu 5,0 milhões de sacas de café em 
2023, enquanto o Brasil consumiu quase 22 mi-
lhões, segundo dados da ABIC, mesmo tendo uma 
população quase sete vezes menor. 
Claramente, o fator-chave aqui é o hábito dos 
Mercados mundiais 
mais promissores
O Brasil se destaca principalmente pela qualidade dos cafés produzidos e pela 
competitividade diante dos outros países.
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chineses de consumir chá ao invés de café. No últi-
mo ano, o crescimento como destino das exporta-
ções brasileiras ganhou grande destaque, chegando 
a mais de 278%, totalizando 1,48 milhões de sacas. 
De acordo com o USDA, o consumo de café 
chinês avançou 67% desde 2018, indo de 3,0 para 
5,0 milhões de sacas no ano passado. Neste mesmo 
período, a produção chinesa de café recuou quase 
12%, para 1,7 milhão de sacas. 
O aumento no consumo do país está relacio-
nado a uma mudança cultural. Além disso, existe 
uma corrida entre a cafeteria Starbucks e as redes 
chinesas, como a Luckin Co�ee, que buscam con-
quistar parte deste mercado em expansão. 
Consolidação de mercado
Falando dos países com consumo consolida-
do, como Estados Unidos, países europeus e Japão, 
“A busca dos produtores por variedades 
mais adaptadas e por processos pós-
colheita mais adequados tem resultado 
em cafés de excelente qualidade, o que 
contribuiu para levar os cafés brasileiros 
ao mundo”
por exemplo, é importante ter a consciência de que, 
apesar de não ter um crescimento tão expressivo, o 
volume absoluto das importações destes países é 
muito grande. 
Desta forma, além de pensar na expansão do 
mercado em outros países, é necessário investir na 
divulgação do café brasileiro lá fora para se man-
ter na liderança como principal fornecedor. 
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Preferência dos consumidores 
Dois aspectos principais de�nem a preferên-
cia do mercado consumidor: a qualidade do café e 
o preço. Recentemente, uma pesquisa sobre o mer-
cado americano, divulgada pela empresa Drive Re-
search, mostrou que 73% dos respondentes bebem 
café todos os dias e que para 83% dos consumido-
res o sabor é a principal razão da escolha. 
Para 67%, o motivo seria o aumento de energia, 
para 43% o aumento da produtividade e para 29% 
seriam os benefícios à saúde. 
Fica claro que a qualidade do café é um pon-
to crucial para os consumidores, e tem uma for-
te in�uência sobre o cliente na hora da escolha. 
Neste contexto, o Brasil tem apresentado grandes 
avanços nos últimos anos, tanto para o café arábi-
ca como o robusta. 
A busca dos produtores por variedades mais 
adaptadas e por processos pós-colheita mais ade-
quados tem resultado em cafés de excelente quali-
dade, o que contribuiu para levar os cafés brasilei-
ros ao mundo.
Aspectos econômicos
Apesar da grande importância dos aspectos 
qualitativos, não podemos ignorar o aspecto eco-
nômico. O preço praticado também tem grande 
impacto na hora de conquistar o mercado consu-
midor. 
Neste contexto, o Brasil tem grande vanta-
gem, tendo em vista a forma como a cafeicultu-
ra é conduzida no país e a competitividade dos 
cafés brasileiros. 
Falando sobre o café arábica, claro que ou-
tros países, como Colômbia, países da Améri-
ca Central e África têm sua importância e seu 
mercado nos países consumidores, mas estes não 
conseguem ter a mesma competitividade do Bra-
sil. 
Robusta brasileiro sai à frente
Para o café robusta, o Vietnã e a Indonésia tive-
ram preços mais competitivos em vários momen-
tos nos últimos anos, mas recentemente o Brasil 
tomou a dianteira e é, atualmente, a origem mais 
competitiva, o que pode ser notado pelo expressi-
vo aumento nas exportações brasileiras de café ro-
busta no último ano. 
Em 2023, de acordo com o Cecafé, as exporta-
ções brasileiras de café robusta totalizaram 4,7 mi-
lhões de sacas, representando um incremento de 
212% no comparativo anual. 
Sustentabilidade é crucial
A qualidade é, sem dúvida, um fator crucial, 
como já comentado, mas a sustentabilidade é outro 
tema de extrema importância. Os mercados consu-
midores são exigentes e, atualmente, a sustentabili-
dade está à frente neste quesito. 
Um exemplo claro é a nova lei anti-desmata-
mento da União Europeia, que exige que a partir 
de 2025 as empresas europeias �scalizem suas ca-
deias de suprimento para garantir que os produtos 
não estejam ligados ao desmatamento. 
Outro ponto é a agricultura de carbono zero ou 
carbono negativo, que também tem implicação na 
produção e na cadeia comercial de café. 
Neste sentido, vale a pena ressaltar o trabalho 
do Conselho dos Exportadores de Café do Bra-
sil (Cecafé), que tem atuado junto às empresas, ao 
governo e aos países importadores para colocar o 
Brasil na dianteira desse processo de evolução sus-
tentável.
As inciativas envolvem a plataforma de rastre-
abilidade Cecafé-Serasa Experian e a realização da 
análise de conformidade socioambiental para acesso 
ao mercado, que englobam os dados das negociações 
globais de café, por meio dos certi�cados de origem 
da Organização Internacional do Café (OIC), dados 
o�ciais do governo e do Cadastro Ambiental Rural. 
Além disso, o Cecafé tem, em parceria com a 
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StoneX, uma inciativa ligada ao mercado de crédi-
to de carbono voltado para a cafeicultura brasileira. 
Exploração de novos mercados
Os eventos geopolíticos e as mudanças nas po-
líticas comerciais podem ter um impacto direto 
nas exportações brasileiras de café e no merca-
do de café em si. 
Um exemplo claro foi a ocorrência da pan-
demia da Covid-19, a desaceleração da economia 
global, a guerra russo-ucraniana e a in�ação glo-
bal, que afetaram diretamente as cadeias globais de 
transporte.
Junto com alguns problemas na produção, o 
conjunto gerou uma forte in�ação nos preços de 
café nas gôndolas dos supermercados, o que im-
pactou negativamente o ritmo de crescimento do 
consumo de café naqueles anos. 
Atualmente, alguns indicadores mostram que 
o consumo de café tem se recuperado, enquanto os 
preços nos supermercados seguem em um proces-
so de de�ação.
Recentemente, o desenrolar dos con�itos no 
Oriente Médio também impactou a dinâmica global 
no mercado de café e favoreceu o robusta brasileiro. 
Um passo atrás
Antes de avançar, vamos contextualizar o mer-
cado de robusta nos últimos anos. Desde 2022, a 
cafeicultura asiática enfrentou grandes desa�os cli-máticos, o que impactou a produção por lá. 
No Vietnã, maior produtor mundial de café ro-
busta, a ocorrência do El Niño provou grandes per-
das na produção, o que fez o USDA reduzir sua 
projeção da safra vietnamita em 3,8 milhões de sa-
cas no �nal de 2023. 
Na Indonésia, o excesso de chuvas provocado 
pelo La Niña impactou a produção do país na úl-
tima temporada, com perdas de mais de 2,0 mi-
lhões de sacas, e a ocorrência do El Niño, mais re-
centemente, também impactou a produção do país, 
o que pode resultar em uma menor produção pelo 
segundo ano consecutivo. 
Neste contexto, os preços de café na Ásia dis-
pararam, colocando o Brasil como a origem mais 
competitiva para o tipo robusta. 
É neste contexto que o con�ito no Oriente Mé-
dio acentua ainda mais a vantagem competitiva do 
café robusta brasileiro diante dos países asiáticos. 
Até antes do con�ito, os fretes saindo da Ásia para a 
Europa tinham um custo menor, comparativamen-
te aos fretes saindo do Brasil, o que colocava os pa-
íses asiáticos com uma certa vantagem. 
No entanto, os ataques do grupo rebelde ie-
menita Houthi no mar vermelho provocaram uma 
grande mudança nas rotas entre a Ásia e a Euro-
pa, o que aumentou o tempo de viagem e os cus-
tos. Assim, o cenário desfavoreceu os cafés vindos 
do Vietnã e da Indonésia e deu dianteira aos cafés 
robustas brasileiros. 
Visão estratégica
A expectativa para o café brasileiro é promis-
sora, tanto nos mercados consolidados como nos 
novos, como a China. O país ainda tem alguns dos 
pontos críticos para continuar sendo o maior for-
necedor mundial de café. 
Nosso café tem qualidade, que inclusive segue 
evoluindo, é competitivo e está na dianteira das exi-
gências ambientais de sustentabilidade. Apesar des-
te cenário positivo, ainda são necessários mais in-
vestimentos em divulgação e marketing, mostrando 
para o mundo as características e a qualidade dos 
cafés brasileiros. 
Infelizmente, o baixo investimento em marke-
ting é um ponto fraco e que deve ser melhorado. 
Autoria:
Fernando Maximiliano 
Especialista em Inteligência de Mercado da StoneX 
Brasil
fernando.maximiliano@stonex.com
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Restrições na oferta de café, em 2023, foram 
ocasionadas, majoritariamente, pela indis-
ponibilidade do produto vietnamita, impulRponibilidade do produto vietnamita, impulR -
sionando as cotações do robusta na Bolsa de Londres, 
porém, ao contrário do esperado, pouco atuando so-
bre as cotações do arábica em NY. 
Encarecimento da logística marítima compli-
cou a comercialização dos traders asiáticos. Com traders asiáticos. Com traders
operações sob ataque bélico no Canal de Suez e 
Mar Vermelho, o contorno do Cabo da Boa Espe-
rança para entregar as cargas nos portos europeus 
elevou sobremaneira os preços base dos contêine-
res transportados. 
Estando o Brasil isento desse constrangimen-
to, o redirecionamento das compras para o país tem 
sido um elemento determinante no incremento das 
exportações de conilon e um maior interesse pelo 
arábica de menor qualidade de bebida (substituto 
natural do robusta).
Países concorrentes em arábica (especialmente 
Colômbia e centro americanos) não exibem qual-
quer incremento na produtividade de suas lavou-
ras, mas ao contrário, estabilidade ou declínio na 
produção global. 
CAFÉS DO BRASIL 
EM UM MUNDO FRATURADO
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Estoques
A desorganização das economias do Equador, 
de Honduras e do Peru cerceiam as oportunida-
des de investimento em sua agropecuária, inclusi-
ve na cafeicultura.
Concomitantemente, os estoques mundiais não 
exibem qualquer potencial recuperação, mas ao con-
trário, mês a mês são progressivamente enxugados 
para suprir as necessidades de suprimento das tor-
refadoras e das solubilizadoras dos países importa-
dores.
A expansão de cafeterias na China, ultrapas-
sando em número as existentes nos EUA, deno-
ta o crescente interesse de sua imensa população 
pela bebida. Não se espera uma mudança de hábi-
tos de consumo dos chineses (ainda preferencial-
mente tomadores de chá), mas a expansão da pro-
cura pela bebida consiste num elemento capaz de 
reposicionar os vetores de dinamismo do mercado 
cafeeiro no médio prazo. 
Os demais importadores asiáticos de café bra-
sileiro também contribuíram para essa escalada dos 
embarques para os diferentes destinos que com-
põem a região. Em 2023, após ligeiro recuo nas 
compras, houve forte expansão nas exportações, 
totalizando US$1,83 bilhão, com 8,83 milhões de 
sacas embarcadas para esse destino.
No Brasil
Em 2023, os cafeicultores ainda experimen-
tavam re�exos das geadas, seguidas por estiagem 
ocorrida em 2021 e início de 2022. Do ponto de 
vista �nanceiro, a rolagem de contratos futuros pos-
tergados devido à restrição de oferta ou visando o 
aproveitamento momentâneo dos bons preços pra-
ticados, cobra seu custo na safra 2022/23. 
A atual entrega de produto decorrente de con-
tratos postergados/renegociados impôs pressão so-
bre a receita da atividade. Esse aperto sobre a re-
ceita somente não foi mais danoso ao negócio em 
função da expressiva redução nos custos de produ-
ção (fertilizantes e diesel).
Com o aquecimento das águas do Pací�co a 
partir do segundo semestre de 2023, intensi�cou-
-se o fenômeno El Niño sobre os cinturões pro-
dutivos do país, ocorreram elevadas temperaturas, 
tanto sobre as seguidas �oradas como também na 
fase de enchimento dos frutos. 
A má distribuição das precipitações tornou-se 
uma ocorrência frequente (municípios capixabas em 
situação de emergência decretada). Relatos de inten-
sa fotoxidação (escaldadura), ramos com baixa fruti�-
cação (banguelas), substancial queda de chumbinhos 
e frutos exibindo má formação (coração negro) são 
reiterados no meio especializado. 
Para os produtores medianamente tecni�cados, a 
adoção da denominada cafeicultura regenerativa tor-
nou-se verdadeira coqueluche. Ainda que os protoco-
los desse manejo produtivo não estejam plenamen-
te sedimentados junto aos agrônomos, as iniciativas 
contemplando a transferência de fertilidade (circu-
“Para os produtores medianamente 
tecnificados, a adoção da denominada 
cafeicultura regenerativa tornou-se 
verdadeira coqueluche”.
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laridade) associada ao cultivo de espécies vegetais, 
sem oferecer concorrência ao cafeeiro, trazem be-
nefícios para a recomposição da fertilidade e vida 
do solo, evidenciando resultados promissores para 
consolidação de uma nova fase da produção cafe-
eira no Brasil, em que o vetor da sustentabilidade 
encontra-se plenamente integrado ao sistema pro-
dutivo.
Sustentabilidade
Não bastasse tal evolução agronômica (cafei-
cultura regenerativa), estudos conduzidos por cen-
tros de excelência brasileiros apontam que a lavou-
ra contribui para a captura e armazenamento de 
carbono no solo, especialmente aquelas em mane-
jo das daninhas e emprego de fertilizantes orga-
nominerais. 
Resultado obtido por meio de procedimentos 
cienti­camente mensuráveis recoloca a cafeicultu-
ra brasileira em patamar inigualável frente aos de-
mais concorrentes internacionais.
Genética
Os novos materiais genéticos recentemente lan-
çados pelos centros de pesquisa cafeeira mostram-
-se muito promissores. Tolerância a fatores bió-
ticos e abióticos são continuamente melhorados, 
permitindo a redução de custos de condução da la-
voura e incrementando a competitividade do café 
brasileiro. 
O banco de dados constituído pelo Cadastro 
Ambiental Rural (CAR) passa por contínuas revi-
sões na base de informações territoriais, sedimen-
tando mapas acreditáveis. 
Esse conjunto de informações, entre outras, 
processados tanto por empresas de apoio como ór-
gãos públicos, auxiliará na elaboração consistente 
de ações visando oferecer rastreabilidade plena ao 
produto, como requerem as autoridades europeias. 
Ademais, as leis ambientais e trabalhistas do 
país o posicionam dentro daquilo que se conven-
cionou denominar de “quarta onda” do café.
Tendências para a cafeicultura 
As perspectivas quantoà ocorrência de distúr-
bios climáticos permanecem no radar. Disso resul-
ta que a contratação de seguro rural é uma estraté-
gia de gestão inadiável. 
Assim, políticas de subvenção do preço das apó-
lices, implementadas tanto pelo governo federal 
como por algumas unidades da federação, bara-
teiam substancialmente as contratações. Perdas de 
produção decorrentes da incidência de geada, de 
granizo, de estiagem ou, ainda, por infestações por 
pragas e doenças, são riscos inerentes a um siste-
ma produtivo a céu aberto. Atualmente, contratar 
seguro rural para a lavoura é medida inescapável, 
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esperando-se, portanto, aumento da decisão pela 
contratação de apólices por parte dos cafeicultores.
Com a disseminação mais ampla do seguro ru-
ral na cafeicultura, estratégias comerciais, como as 
operações pautadas pelas CPR’s (física e �nanceiro), 
mercado de opções e a termo e as operações bar-
ter estruturam-se com riscos intrínsecos totalmente 
transferidos para os investidores/especuladores, 
garantindo a estabilidade �nanceira da exploração 
cafeeira e, consequentemente, do cafeicultor e de 
sua família.
A trajetória de crescimento da oferta do segmen-
to de conilon se manterá. Com a generalização do 
emprego da irrigação nas lavouras capixabas, haverá 
expansão da produção, oferecendo o suporte neces-
sário para o crescimento da capacidade operacional 
das solubilizadoras brasileiras. 
No município de Linhares (ES), duas novas 
unidades entraram em funcionamento em 2023, 
afora as expansões ocorridas nas paranaenses, pau-
listas e mineiras.
Por sua vez, o consumo de café solúvel também 
disparou em 2023, crescendo mais de 5% no ano. 
A procura pelo produto é decorrente da comodida-
de e da praticidade de preparo, acompanhada pelo 
aumento contínuo das famílias de per�l mononu-
cleadas nas cidades.
Sentido contrário
No cinturão de arábica, a perspectiva já é con-
traditória. Graças ao investimento em tecnologia 
agronômica, os níveis de produtividade se encon-
tram em patamares elevados (média acima dos 30 
a 35 sc/ha para lavouras de sequeiro). 
Diante disso, o aumento da oferta tende a de-
pender cada vez mais da expansão da área cultiva-
da, aspecto que não possui qualquer garantia, embo-
ra exista o interesse dos cafeicultores em investir na 
atividade. Na verdade, as lavouras de grãos, dados 
os pacotes tecnológicos mais homogêneos e sis-
temas comerciais mais so�sticados que os pra-
ticados na cafeicultura, despertam crescente in-
teresse. 
Aquelas áreas de lavouras plenamente meca-
nizáveis e em fase de renovação podem ser mobi-
lizadas para o cultivo de grãos. Diante da volatili-
dade das cotações do café e sem uma perspectiva 
de recuperação do capital e alguma rentabilidade 
satisfatória a decisão pelos grãos, será uma conse-
quência inevitável.
Questão política
A nova política industrial recentemente lança-
da pelo Governo Federal estabeleceu em uma de 
suas missões a mecanização do segmento familiar 
de produção da agropecuária brasileira. 
Essa iniciativa se re�ete na cafeicultura, pois o 
maior número de propriedades sob esse ramo de 
atividade é desse per�l. Pequenos investimentos 
podem propiciar forte aumento da produtividade, 
compensando a queda esperada na oferta dos es-
tabelecimentos empresariais que alternativamente 
dirigiram seus esforços para a produção de grãos.
Análise macro
A perspectiva para os preços recebidos pelos ca-
feicultores não é muito animadora, devido às pre-
visões de que 2024 será um ano de baixo cresci-
mento da economia mundial. 
A expansão econômica acanhada freia o poten-
cial de consumo, o que re�ete imediatamente na 
procura por commodities. A escassez de café na 
atualidade, somada aos constrangimentos logísti-
cos, podem até impulsionar as cotações, porém, as-
sim como já se observa para as cotações do petró-
leo (que tem andado de lado), esperar escalada nas 
cotações pode ser um escorregão ao exagero.
A real possibilidade de retorno dos republicanos 
ao governo estadunidense é uma ameaça às transa-
ções internacionais. A adoção de políticas protecio-
nistas na maior economia global se re�etirá em um 
ainda menor desempenho das economias do res-
to do mundo. 
Apenas a incerteza econômica derivada desse 
cenário provável é su�ciente para não se criar ex-
pectativas muito animadoras em 2024. En�m, este 
será um ano de desa�os para o agronegócio café. 
Autoria:
Celso Luis Rodrigues Vegro
Engenheiro agrônomo, MSc e pesquisador científico – 
Instituto de Economia Agrícola (IEA)
celvegro@sp.gov.br 
Eduardo Heron dos Santos
Cientista da Computação e diretor técnico do Cecafé
eduardo@cecafe.com.br 
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O café de maior valor agregado deve ser de 
qualidade, ou seja, de alto padrão, com 
boa classi�cação física (menor quantida-
de possível de defeitos), apresentando característi-
cas sensoriais distintas relacionadas a cafés espe-
ciais. 
Além disso, destaca-se a rastreabilidade de pro-
dução, a qual pode ser conferida pelas certi�cações, 
que também agregam valor aos cafés.
Atributos especiais
Atualmente, com o avanço das tecnologias, hou-
ve o aumento do volume de cafés especiais de no-
tas entre 80 e 82, de acordo com a escala da SCA.
Por isso, para se destacar no mercado é neces-
sário investir em técnicas que possibilitem a ob-
tenção de notas sensoriais mais exóticas, como o 
�oral, além de uma bebida limpa, de elevados cor-
po e doçura, o que certamente irá resultar em no-
tas mais elevadas, acima de 85 pontos. 
Para isso, muitos produtores investem no plan-
tio de variedades com maior potencial genéti-
co para qualidade e em técnicas de fermentação 
dos seus cafés para elevar a complexidade das no-
tas sensoriais. 
Com isso, é possível atingir as demandas do 
mercado de cafés especiais e agregar mais valor ao 
produto. 
Sustentabilidade é tendência 
irreversível
Outra tendência está relacionada ao carbono, 
OS CAFÉS DE MAIOR 
VALOR AGREGADO
A exportação do Brasil é de aproximadamente 20% dos cafés 
especiais, devendo apresentar pontuações acima de 80 na 
escala SCA (Specialty Coffee Associtation).
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pois em um cenário de mudanças climáticas há 
a preocupação com as emissões de gases do efeito 
estufa (GEE) em toda a produção do café, até che-
gar ao consumidor. 
Assim, existe um mercado promissor para os 
cafés carbono neutro ou carbono negativo, os quais 
podem agregar valor ao produto devido à produ-
ção com conscientização em relação às emissões 
de GEE. 
Outra oportunidade está no mercado de cré-
ditos de carbono, no qual, além de obter o valor 
agregado por produzir cafés que contribuem para 
o ambiente, também há possibilidade de gerar re-
ceita com o excedente de carbono sequestrado pela 
atividade cafeeira. 
Diferenciais
O consumo de cafés que apresentam característi-
cas únicas vem ganhando espaço, como os cafés exó-
ticos, desde bebidas de frutos que passam pelo trato 
digestivo de animais, como o jacu, até cafés mais áci-
dos, oriundos do processo de despolpamento dos fru-
tos durante a secagem (cerejas descascados). 
Além disso, os blends possibilitam a harmoni-
zação de cafés com características que podem não 
ser observadas em uma só bebida, como apresenta-
rem mais corpo e também serem mais ácidas.
Os cafés gourmands são uma tendência de con-
sumidores que buscam experiências sensoriais mais 
so�sticadas, com grãos selecionados resultantes de 
processos que intensi�quem a qualidade. 
Um re�exo deste cenário é a expansão de ca-
feterias no país, com ambientes mais interativos 
sobre o consumo de cafés, com alto valor agrega-
do, além da acessibilidade de kits de preparo de 
cafés especiais. 
Valor agregado 
A produção de cafés especiais com alto valor 
agregado tem início na escolha do local, deven-
do apresentar características como clima favorá-
vel à produção. O solo sem impedimentos físicos, 
com maiores altitudes, latitude e distribuição das 
chuvas, dá origem ao terroir do café. 
Algumas regiões são tradicionalmente reconhe-cidas pela qualidade dos cafés produzidos, como o 
Cerrado Mineiro, que tem sua denominação de ori-
gem consolidada. 
Mesmo com um ambiente propício para a pro-
dução de cafés de qualidade, outros importantes atri-
butos devem ser atendidos, como a cultivar adequa-
da para a região, se apresenta maturação dos frutos 
precoce ou tardia, peneiras mais elevadas, teores 
de açúcares totais e tolerância a doenças que po-
dem in�uenciar na perda da qualidade. 
Associado a isso, o manejo �tossanitário con-
tribuirá para o controle de pragas que causam per-
das de qualidade nos grãos de cafés.
O ponto de colheita é outra prática que deve ser 
realizada com atenção, pois o café deve apresentar o 
máximo de uniformidade na maturação dos frutos 
cerejas, que têm maior acúmulo de açúcares. 
A classi�cação dos cafés no lavador permite a 
retirada dos tipos boia, verde e as impurezas, clas-
si�cando os melhores frutos para seguirem para o 
terreiro. Posteriormente, a etapa da secagem ade-
quada no terreiro permitirá a manutenção da qua-
lidade dos frutos, sendo secos na proporção de 12 
L/m², para uma operação lenta e homogênea, co-
nhecida como grão a grão. Depois, dobrando as ca-
madas de café, o objetivo é atingir uma umidade 
próxima a 12%.
Tendências de mercado 
Os cafés especiais se destacam por atra-
írem um nicho especí�co de consumidores 
que estão dispostos a pagar mais pelo produ-
to. Para isso, além de buscarem a qualidade 
sensorial, a preocupação com os processos e 
rastreabilidade dos cafés torna-se cada vez 
mais crescente. 
Atualmente, somente uma boa pontu-
ação na escala SCA não é mais su�ciente - 
os consumidores também se preocupam se 
o café foi produzido com sustentabilida-
de, responsabilidade e, sobretudo, rastrea-
bilidade. 
Então, cada vez mais se busca não só o 
aconchego da bebida, mas também a histó-
ria que acompanha esses cafés diferencia-
dos. Nesse aspecto, a construção de uma 
marca para o seu café ajuda a fugir do 
mercado commodity, onde a história da 
marca conquista o público e agrega valor 
ao café produzido. 
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Regiões em destaque
Algumas regiões produzem cafés com maior 
valor agregado, como o Cerrado Mineiro, Mogia-
na e Sul de Minas. As regiões que apresentam alti-
tudes superiores a 900 m, boa distribuição pluvio-
métrica durante o ciclo de café, amplitude térmica 
adequada no período de dormência das gemas re-
produtivas, responsáveis pela  orada e outras con-
dições necessárias para o bom desenvolvimento 
dos grãos de café se destacam. 
Inovações
Alguns processos relativamente simples para 
classi­cação dos cafés contribuem para a manu-
tenção da qualidade, separando os frutos verdes dos 
maduros, como as selecionadoras óticas. 
Além disso, também há classi­cadoras de pe-
neiras que possibilitam a separação em até sete ta-
manhos diferentes. Outra forma de obter cafés por 
processamentos que agreguem valor, responsáveis 
pelas experiências que oferecem aos consumidores 
a sensação de um café único, buscando complexar 
mais essas notas sensoriais, é a fermentação con-
trolada dos frutos. 
Essa prática consiste em levar os cafés colhidos 
na lavoura para fermentar em recipientes anaeró-
bicos, podendo ser realizada fermentação natural 
ou com leveduras. A fermentação é realizada em 
períodos que podem variar de 75 a 120 horas, de-
pendendo do estádio de maturação dos frutos. Ao 
secar no terreiro, os cafés apresentam um tom mais 
escuro das cascas.
Exigências de mercado
Os produtores que investem em produzir cafés 
“Algumas regiões produzem cafés com 
maior valor agregado, como o Cerrado 
Mineiro, Mogiana e Sul de Minas”
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de maior valor agregado estão cada vez mais en-
gajados em questões de sustentabilidade e práti-
cas éticas. 
Isso é re�exo da demanda do mercado consu-
midor por produtos rastreáveis desde sua origem, 
os quais devem ser produzidos com responsabili-
dade ética e ambiental. Com isso, há a valorização 
da construção de uma relação de transparência e 
con�ança entre o produtor e o consumidor. 
Então, esses produtores, ao investirem em téc-
nicas de manejo inovadoras e sustentáveis, compro-
vando o compromisso com a produção de cafés ex-
cepcionais, tanto em qualidade de bebida quanto 
em responsabilidade ambiental, estão, muitas vezes, 
dispostos a abrir as porteiras de suas fazendas para 
receber os futuros consumidores de seu café e cul-
tivarem essa relação de con�ança e proximidade. 
Com isso, esses produtores atraem as pessoas 
que têm a curiosidade de conhecer de onde vem o 
Autoria:
Alisson André Vicente Campos
Engenheiro agrônomo, doutorando em Fitotecnia (UFLA) 
e coordenador de Pesquisa - Fronterra
alissonavcampos@yahoo.com.br 
Marina Scalioni Vilela
Engenheira agrônoma, mestra e doutora em Fitotecnia 
- UFLA
marina.scalioni@outlook.com 
Laís Sousa Resende
Engenheira agrônoma, mestra e doutoranda em 
Fitotecnia – ESALQ
sialresende@gmail.com 
café que eles consomem, estando também dispos-
tas a pagar mais por esse produto. Em um mercado 
no qual é crescente a consciência ambiental e so-
cial, busca-se valorizar aqueles que produzem com 
respeito ao meio ambiente, gerando valor também 
para a sociedade em que está inserido. 
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Nos últimos cinco anos a produção mundial 
de café arábica tem se mantido em tor-
no de 95 milhões de sacas, sendo que em 
2023 a chegou a 97 milhões. 
O que se percebe é que a produção apresenta 
um crescimento moderado, sendo o Brasil um dos 
poucos países que tem possibilidades imediatas de 
aumento de produção, seja por novas áreas ou por 
melhoramento de produtividade. 
Há que se ressaltar que nos últimos oito anos ti-
vemos situações climáticas que afetaram negativa-
mente o potencial produtivo das lavouras no Brasil. 
Nova era
TENDÊNCIAS DE CONSUMO
A nova geração de consumidores tem buscado produtos que sejam cultivados 
dentro de regras que respeitem o meio ambiente e a integridade humana. Eles 
agora querem saber a origem dos produtos.
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Demanda global 
A demanda global de café arábica tem mantido 
uma certa estabilidade quantitativa, com tendên-
cia a um ligeiro crescimento. Ultimamente, o con-
sumo de café conilon tem crescido um pouco mais 
que o café arábica, talvez devido à menor oferta de 
café arábica relacionada à queda de produção e ao 
aumento do preço. 
Pode-se estimar que, com a regularização do 
ciclo produtivo do café arábica, a tendência seja de 
um aumento no seu consumo.
Cafés especiais
O impacto negativo na produção de café ará-
bica abriu espaço para mudança nos blends dos ca-
fés industrializados. Um ponto signi�cativo obser-
vado nos últimos anos é a busca por produção de 
café com sustentabilidade. Nesse contexto, a cafei-
cultura regenerativa vem ocupando um espaço na 
demanda do consumidor. 
Esse cenário pode incentivar um aumento na 
produção de cafés sustentáveis (regenerativo, baixo 
carbono, orgânico), gerando condições para conso-
lidação desse “novo mercado”. 
Os cafés especiais, em média, representam 10% 
de toda produção de café arábica. É um produto de 
alta qualidade que tem mercados especí�cos, po-
dendo-se dizer que são nichos de mercado. 
Um maior número de produtores começou a 
produzir cafés especiais e com o melhoramento das 
técnicas produtivas percebe-se a melhora na pon-
tuação desses cafés, o que signi�ca também uma 
melhora expressiva de qualidade, fazendo com que 
“a régua” esteja mais alta. 
Quando surgiu a nomenclatura cafés especiais, 
falava-se em 80 pontos, que algum tempo depois 
evoluiu para 84 pontos. Dada a melhoria na quali-
dade, agora a “régua” está em 86 pontos. 
Fonte: Instituto Axxus
Motivações para tomar café
2019
56%
37%
2%
4%
42%
2021
57%
39%
37%
3%
3%
2023
61%
40%
24%
8%
35%
SIGNIFICADO/MOTIVAÇÕES
Melhorar o humor e a disposição
Ritual, prazer e bem-estar
Momento para pausa, reflexão e paz
Degustar e saborear a bebida
Oportunidade de interação com pessoas
Foi possível escolher mais de uma alternativa
Pós-pandemia o cafévoltou a ser uma oportunidade de interação com as pessoas.
Amostra: 4.072
Análise macro
A questão climática foi o grande fator 
que inibiu o crescimento da produção. O 
Brasil, sendo o maior produtor mundial de 
café, teve desde a safra de 2021 crises cli-
máticas severas, o que repercutiu na produ-
ção mundial de café arábica. 
Hoje, as questões climáticas são o pon-
to de maior observação pelos produto-
res, visto que são variáveis independentes. 
Mesmo nas áreas irrigadas, a falta de chu-
va ou irregularidade do ciclo chuvoso tam-
bém afetam negativamente a produção, visto 
que a irrigação não gera o mesmo efeito que 
a chuva, na planta e no microclima. 
Essa progressão qualitativa faz com que o mer-
cado de cafés especiais seja mais seletivo, o que 
chama atenção do consumidor, e em decorrência, 
do produtor. 
Procura x oferta
Historicamente, o café arábica representa algo 
em torno de 60 a 70% do consumo mundial de 
café. Quanto ao café especial, há expectativa de um 
aumento no consumo, considerando que são con-
sumidos na rua, ou seja, são oferecidos em cafete-
rias, cujo número aumenta signi�cativamente to-
dos os anos.
Mudança de paradigmas
A sustentabilidade é a palavra-mestre do mo-
mento. Diferentemente de outros períodos, hoje a 
visão do consumidor para as questões de sustenta-
bilidade, seja ambiental, econômica ou social, dei-
xou de ser uma ideologia e passou a ser uma prática. 
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A nova geração de consumidores tem buscado 
produtos que sejam cultivados dentro de regras que 
respeitem o meio ambiente e a integridade huma-
na. Os consumidores buscam saber a origem dos 
produtos que eles consomem e se na cadeia de pro-
dução e comercialização tem havido o respeito ao 
produtor, ou seja, o comércio justo. 
Isso se veri�ca quando o consumidor quer sa-
ber quanto do preço pago por ele e quanto dos prê-
mios pagos em função das certi�cações ou mesmo 
por qualidade chega ao produtor, e ainda, quan-
to desses prêmios de certi�cação, recebidos pelo 
Fonte: Instituto Axxus
Formas de preparo
2019
58%
26%
34%
7%
45%
3%
16%
5%
1%
2021
59%
42%
35%
13%
9%
6%
11%
6%
1%
2023
55%
32%
33%
9%
38%
5%
17%
4%
3%
SIGNIFICADO/MOTIVAÇÕES
Coador de pano
Cafeteira elétrica com coador de papel
Coador de papel
Cafeteira italiana ou moka
Espresso de máquina
Solúvel
Máquina de sachê ou cápsula
Cafeteira prensa francesa
Outros
Foi possível responder até duas formas
Em 2023, pós-pandemia, cresceram as máquinas de sachê ou cápsulas e o espresso.
Amostra: 4.072
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produtor, é investido em sustentabilidade. 
Essa é a realidade. Esse comportamento do con-
sumidor afeta diretamente a produção que busca o 
aprimoramento das técnicas e dos tratos produti-
vos que melhor se ajustem ao meio ambiente. 
Consumo de café solúvel cresce
5,2% em 2023 
 
Os brasileiros consumiram o volume recorde 
de 24,248 mil toneladas (equivalentes a 1,05 mi-
lhão de sacas de 60 kg) de café solúvel no ano 
passado, o que representou evolução de 5,2% em 
relação a 2022 e implicou o oitavo avanço anual 
consecutivo na série histórica. 
Os dados fazem parte do relatório anual di-
vulgado pela Associação Brasileira da Indústria de 
Café Solúvel (ABICS).
Já as importações de café solúvel de todos os ti-
pos, 100% realizadas pelas empresas �liadas à en-
tidade, tiveram queda signi�cativa de 32,7% ante 
2022, recuando a 423,4 toneladas, ou 18.345 sacas. 
“É um volume pequeno, mas que ajuda na ofer-
ta de mais opções aos consumidores brasileiros”, 
comenta o diretor de Relações Institucionais da 
ABICS, Aguinaldo Lima.
81
Conforme ele, o crescimento contínuo no con-
sumo de café solúvel no Brasil re�ete os investi-
mentos realizados pelas indústrias do setor, que 
ampliam seu portfólio de produtos, e as ações de 
promoção e capacitação realizadas pelo segmen-
to, como o projeto setorial “Cria e Curta”, desen-
volvido com a Agência Brasileira de Promoção de 
Exportações e Investimentos (ApexBrasil); a im-
plantação do protocolo de análise sensorial, em con-
junto com o Instituto de Tecnologia de Alimentos 
(ITAL); os cursos de formação de especialistas na 
aplicação dessa metodologia, denominados “IC 
Grader” (Instant Co�ee Grader); e a campanha nas 
redes sociais “Descubra Café Solúvel”, que propor-
Fontes:
Simão Pedro de Lima
Diretor superintendente da Expocacer
ABICS – Associação Brasileira da Indústria de Café 
Solúvel
Fonte: ABICS
Desempenho do café solúvel no mercado interno
Produto
Spray Dried
Freeze Dried
Total kg
Total sacas
Evolução
2016 2018 2020 2022
18.432.442 19.228.469 20.470.140 21.776.677
297.999 786.344 995.265 1.269.516
18.730.441 20.014.813 21.465.405 23.046.193
811.652 867.309 930.168 998.668
2,4% 4,3% 2,8% 1,4%
2017 2019 2021 2023
18.640.687 20.041.815 21.619.674 22.784.502
539.172 842.680 1.117.479 1.463.263
19.179.859 20.884.495 22.737.153 24.247.765
831.127 904.995 985.277 1.050.736
4,4% 4,3% 5,9% 5,2%
ciona maior percepção das qualidades e da versa-
tilidade do produto pelos consumidores brasileiros.
 “Com essas ações, o café solúvel se torna mais 
conhecido pela população do Brasil e, ao cair no 
gosto popular, seja em forma de bebida ou no pre-
paro de diversos pratos da gastronomia, vem regis-
trando altas consecutivas no consumo”, �naliza. 
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ER
C
A
D
O
PRODUÇÃO
CUSTOS
MERCADO
ESPECIAIS
No coração do Cerrado Mineiro, nas fazen-
das São Lourenço e Brasis, propriedades 
da São Mateus Agropecuária, pertencente 
ao Grupo BMG, um café extraordinário vem con-
quistando o mundo. 
O Guima Café, produzido em terras promisso-
ras, localizadas nos municípios de Patos de Minas 
e Varjão de Minas, na região do Cerrado Mineiro, 
no Alto Paranaíba (MG), recebeu recentemente o 
título de “Melhor Café do Mundo” no renomado 
Prêmio Internacional de Café Ernesto Illy.
Eduardo Dominicale, CEO do Grupo BMG, 
conta que o café da espécie arábica é o principal cul-
tivo, com um manejo focado na produção de cafés 
especiais destinados aos mercados mais exigentes. 
A história
A grandiosidade da produção soma uma área 
total de 1.230 hectares, dos quais 680 são dedicados 
ao plantio de café. A capacidade de produção anu-
al atinge 35 mil sacas, sendo que 70% dessa produ-
ção é voltada para cafés especiais, em que Eduardo 
Dominicale ressalta o compromisso com a qualida-
de excepcional.
A história do Guima Café remonta quatro dé-
CAFÉ BRASILEIRO
Eleito o melhor do mundo
Café produzido pela São Mateus Agropecuária, do Grupo BMG, é o 1º colocado 
no Prêmio Internacional de Café Ernesto Illy pela complexidade aromática e 
práticas sustentáveis regenerativas.
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Fotos: Guima Café
cadas atrás, quando o fundador do Grupo BMG, 
Flávio Pentagna Guimarães, conhecido como ‘Dr. 
Flávio’, investiu nas primeiras lavouras de café na 
região do Cerrado Mineiro, ao adquirir as áreas que 
compõem a Fazenda São Lourenço, nos municípios 
de Patos de Minas e Varjão de Minas, na região do 
Cerrado Mineiro, no Alto Paranaíba (MG).
A área foi ampliada no ano de 2010, com a 
aquisição da fazenda Brasis - ambas compõem a 
marca Guima Café, produzida pela São Mateus 
Agropecuária. 
Pioneiro por tradição, Dr. Flávio viu na cafei-
cultura uma oportunidade de diversi�car seus ne-
gócios. Neste longo percurso de quatro décadas, as 
fazendas evoluíram por meio da implantação de 
melhorias contínuas nas lavouras e na expansão do 
pós-colheita. Com a pro�ssionalização da equipe e 
a busca constante por tecnologias para otimizar o 
“A capacidade de produção anual 
do Guima Café atinge 35 mil sacas, 
sendo que 70% é voltada para 
cafés especiais”
sistema produtivo, o Guima Café conseguiu forta-
lecer sua atuação no mercado. 
A trajetória
O resultado do processo citado levou natural-
mente a relevantes conquistas, pautadas por mui-
ta dedicação, amor e trabalho, e também pela de-
cisão de adotar, nas lavouras, práticas e processos 
sustentáveis de fazer café. 
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Essa mudança teve início em 2007, quando o 
Guima,buscando agregar valor aos seus produtos, 
decidiu produzir o café especial. Com isso, a meta 
foi equilibrar a produção com as práticas agrícolas 
mais modernas e sustentáveis, com a sabedoria e 
aprendizados do passado. 
“Iniciamos a partir daí a jornada em busca de 
uma cafeicultura carbono zero, sustentada pelos 
pilares: processos produtivos que respeitam o solo, 
o ecossistema, gestão dos recursos hídricos e va-
lorização do capital humano das fazendas. Con-
quistamos, então, certi�cações relevantes para o 
setor do café especial, como RainForest Allian-
ce desde 2008, além do Certi�ca Minas, AAA, 
Café Practices e Regenagri, corroborando os re-
sultados dos nossos esforços”, orgulha-se Eduar-
do Dominicale.
Tais práticas produtivas permitiram ao gru-
po fornecer cafés para diversos mercados, cada vez 
mais exigentes, e �rmar parcerias importantes no 
cenário internacional como referência em práticas 
sustentáveis de produção. 
Um exemplo é a parceria com a Illy, que iniciou 
em 2008. “Dentro de um processo rigoroso, temos 
participado de diversas avaliações, que em 2023 cul-
minou no reconhecimento de ‘Melhor café do mun-
do’”, detalha o CEO do grupo.
Pioneirismo
O Grupo BMG traz em seu DNA o pionei-
rismo, empreendedorismo e obstinação na busca 
de produzir e oferecer sempre o melhor. O Gui-
ma Café é fruto dessa iniciativa, além de buscar 
consonância com as melhores práticas sociais e 
ambientais.
Mas, nem tudo são �ores. Eduardo deixa claro 
que a agricultura é uma atividade que exige plane-
jamento, visão de futuro e resiliência para o enfren-
tamento de adversidades climáticas. “No Guima 
Café, nossos valores são bem de�nidos: buscamos 
a qualidade do café produzido adotando soluções 
naturais, tendo muito respeito ao meio ambiente, ao 
local onde estamos inseridos e às pessoas que ali vi-
vem e trabalham conosco”, a�rma.
Questão de esmero
Para conseguir os resultados atuais, cada muda 
plantada é irrigada, fertilizada, o solo é cuidado, as-
Eduardo Dominicale, CEO do Grupo BMG
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sim como a água. “Temos consciência da nossa res-
ponsabilidade com nossos consumidores; por isso, 
acreditamos que as práticas adotadas, aliadas ao 
nosso controle de qualidade, fecham esse ciclo pro-
dutivo. Uma das práticas adotadas é a de rastrear os 
lotes de café, permitindo o controle total do ciclo de 
produção e recursos utilizados. A base para realiza-
ção deste processo é o registro dos dados especí�cos 
e mais relevantes de todos os grãos colhidos por ta-
lhão. Esses dados são signi�cativos, permitindo uma 
apropriada gestão de qualidade e transparência jun-
to aos consumidores”, detalha o CEO.
A colheita é mecanizada e, para a secagem dos 
grãos, são utilizados 40 mil metros quadrados de 
terreiros e 15 secadores rotativos, além de tulhas de 
madeira, com capacidade para armazenar mais de 
10 mil sacas de café. 
Após esses processos, no pós-colheita é possível 
separar os lotes dos grãos pelo potencial de sua qua-
lidade. Além disso, o grupo conta com terreiros sus-
pensos, arborizados, e um processo de fermentação 
que potencializa ainda mais a parte sensorial do café. 
Agricultura regenerativa 
O manejo para o Guima Café usa plantas de co-
bertura nas entrelinhas das lavouras, que após a prá-
tica de roçadas, a palhada (biomassa) é aplicada ao 
redor dos pés de café, a conhecida “adubação verde”. 
Segundo Eduardo, essa ação contribui para 
a redução da temperatura do solo, favorecendo a 
retenção da umidade e a menor necessidade de 
irrigação, gera matéria orgânica e nutrição para 
as plantas, diminuindo o uso de fertilizantes quí-
micos nas lavouras.
Outra prática é o plantio de árvores e arbustos 
entre as lavouras que atraem insetos, inimigos na-
turais das principais pragas do café, o que favorece 
a mitigação no uso de defensivos e a redução dos 
GEE com o “sequestro” de carbono. 
A irrigação é realizada por gotejamento localiza-
do na projeção da copa do cafeeiro. Os gotejadores se 
estendem por toda a lavoura, permitindo uma irri-
gação uniforme do cafezal, com otimização da água.
“A colheita é mecanizada e, para a secagem dos grãos, são utilizados 40 mil metros 
quadrados de terreiros e 15 secadores rotativos, além de tulhas de madeira, com 
capacidade para armazenar mais de 10 mil sacas de café”.
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Premiações mais que merecidas
Além da certi�cação RainForest Allian-
ce que mantém desde 2008, e Certi�ca Mi-
nas, AAA, Café Practices, em maio de 2022, o 
Guima recebeu o selo Regenagri®, concedido 
pela Control Union.
Esta é uma empresa britânica, presen-
te em mais de 70 países, que reconhece as 
boas práticas adotadas e o uso da tecnolo-
gia aliada ao manejo responsável, garantin-
do alta produtividade da lavoura em har-
monia com o bioma onde a propriedade está 
inserida, no caso do Guima Café, o Cerrado. 
Toda a cadeia ganha
O processo adotado hoje na Fazenda São Ma-
teus, aliado às melhores práticas agrícolas cafeeiras, 
tornam nossos cafés cada vez mais saborosos. “A 
adoção dos vários métodos sustentáveis que usa-
mos na agricultura regenerativa bene�cia o solo, o 
meio ambiente e, claro, o café, evitando o desper-
dício de água e de insumos, garantindo maior e�-
ciência nos processos de plantio, cultivo, amadure-
cimento dos grãos e a colheita”, pontua Eduardo. 
Ainda segundo ele, a gestão do solo, gerencia-
mento da energia e controle hídrico, otimização 
dos insumos agrícolas, introdução de soluções bio-
lógicas e orgânicas, entre outras, têm um efeito di-
reto sobre a saúde do solo, biodiversidade e cursos 
d’água, enquanto reduzem as emissões e sequestra 
carbono, e, consequentemente, sobre o produto �-
nal, o grão de café.
Essas novas práticas, que envolvem a cafeicul-
tura regenerativa, ajudam o Grupo BMG a criar 
um sistema produtivo mais resiliente para enfren-
tar os impactos climáticos, bem como reduzir os 
custos, diminuindo o uso de insumos químicos nas 
lavouras. 
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Um exemplo citado por Eduardo é a econo-
mia entre 80 e 90% da água, graças ao conjunto de 
equipamentos composto por eco�ltros e caixas de 
reciclagens da água que permitem a �ltragem e re-
tirada de sólidos. 
Ao �nal do processo, a água e os resíduos do 
café são destinados à compostagem para transfor-
mação em fertilizante orgânico que, por sua vez, é 
utilizado nas plantações de café - um ciclo susten-
tável que evita o desperdício de recursos naturais.
Impactos diretos
As certi�cações são uma chancela para os mer-
cados nacional e internacional, de que as práticas e 
processos sustentáveis são reais e reconhecidos pe-
los mercados mais exigentes. 
A busca pela alta qualidade dos produtos des-
te grupo - respeitando o meio ambiente onde está 
inserido e as pessoas que trabalham lá e vivem no 
entorno – está no DNA da empresa e é a bússola 
que pauta as diretrizes do Guima Café. 
“As certi�cações corroboram com a qualidade 
do nosso produto �nal, sendo conhecido global-
mente, o que nos enche de orgulho”, diz o CEO, 
que garante que o processo não para por aqui. 
“Buscamos aprimorar constantemente nossos mé-
todos de cultivo e processamento por meio de es-
tudos, pesquisas e parcerias com entidades como 
Nutrade, Nespresso e Epamig, que têm como pro-
pósito o aprimoramento das práticas produtivas 
sob a ótica da e�ciência, e também do resultado 
ESG. Mantemos um olhar com foco na inovação e 
novos métodos de manejo”, �naliza Eduardo Do-
minicale. 
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As condições climáticas únicas de cada re-
gião brasileira contribuem para a diver-
sidade de sabores nos cafés especiais. É 
importante salientar que um clima seco na época 
da colheita é essencial para a qualidade, principal-
mente dos cafés naturais.
Nas regiões úmidas, onde a qualidade pode ser 
afetada, temos que preparar o café por via úmida, 
despolpado ou cereja descascado, esse atualmente 
muito utilizado no Brasil.
‘Jeitinho brasileiro’
Os produtores de cafés especiais só passaram a 
investir em qualidade da bebida a partirde 1991, 
quando o Dr. Ernesto Illy veio ao Brasil para saber 
se o café tinha qualidade. 
A illyca�è, fundada em 1933, sempre comprou 
café de qualidade do Brasil para o seu blend num 
volume ao redor de 50%. No �nal da década de 80, 
a illy não estava encontrando mais os cafés de qua-
lidade de que necessitava. 
Por isso, o Dr. Illy veio com uma missão: pas-
sar a comprar diretamente do produtor e pagar um 
prêmio para os cafés de qualidade. Isso mudou o 
panorama da cafeicultura brasileira, que só vendia 
volume e os compradores sem interesse em pagar 
mais por um grão melhor.
Com um preço maior, o produtor passou a in-
vestir em qualidade e hoje o mundo reconhece que 
o Brasil também produz qualidade. 
Premiação
Os Prêmios da Illy, já na 32ª versão, têm reve-
lado cafés de excelente qualidade em diferentes re-
giões produtoras. Neste ano, o Prêmio Internacio-
nal realizado pela Illy com os outros nove países que 
compõem o seu blend, teve, pela primeira vez, o café 
brasileiro classi�cado como o melhor de todos. 
É importante salientar que o júri que analisou 
o café dos nove países era totalmente fora da equi-
Aldir Alves Teixeira
pe da empresa. Jornalistas, chefs de cozinha, espe-
cialistas em café, dentre outros, analisaram todos 
esses cafés, inclusive na bebida Espresso.
Vale a pena?
Eu, como engenheiro agrônomo, sempre digo 
que café com produtividade e qualidade dá lucro. 
Assim, quem tiver uma cafeicultura implantada 
em regiões próprias e com qualidade, sempre será 
lucrativo.
Poderíamos dizer que hoje um volume conside-
rável de produtores já cultiva cafés especiais, susten-
táveis, rastreáveis e muitos já praticando a cafeicul-
tura regenerativa, que sequestra o carbono no solo.
Ainda, as tendências globais em relação aos ca-
fés especiais têm aumentado consideravelmente e 
o Brasil já está assegurado nesse segmento. 
Autoria:
Aldir Alves Teixeira
Engenheiro agrônomo, doutor e atual CEO da 
Experimental Agrícola do Brasil
aldir.teixeira@illy.com 
OS SABORES 
DO BRASIL
Em geral, o café brasileiro é muito 
apreciado, por ser achocolatado, doce 
e com bom corpo.
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A illyca�è lança o Arabica Selection Brasile 
Cerrado Mineiro, o primeiro café de agri-
cultura regenerativa e certi�cado regena-
gri®, criado em conjunto com a Federação dos Ca-
feicultores do Cerrado.
Comprometida em mitigar os efeitos das mu-
danças climáticas em toda a cadeia de fornecimento, 
começando pelo cultivo do café, a illyca�è promo-
ve o modelo sustentável de agricultura regenerativa, 
que permite regenerar naturalmente o solo e redu-
zir as emissões de CO2. 
Na região do Cerrado Mineiro, onde a empre-
sa trabalha lado a lado com produtores locais há 
mais de 30 anos, o café que compõe o Arabica Se-
lection Brasile Cerrado Mineiro é cultivado apli-
cando as melhores práticas regenerativas certi�ca-
das pela regenagri®.
Diferencial
A especialidade do illy Arabica Selection Bra-
sile Cerrado Mineiro, assim como de todos os 
Arabica Selection, está em sua origem geográ�-
ca. A Região do Cerrado Mineiro é reconhecida 
mundialmente pelo café diferenciado, com iden-
tidade e alta qualidade, resultante da combinação 
perfeita entre seu microclima, solo, relevo e altitu-
de, além, é claro, do vasto conhecimento dos pro-
dutores da região. 
“O Arabica Selection Brasile Cerrado Minei-
ro é resultado da relação que construímos ao lon-
go dos anos com os produtores de café e a Fede-
ração dos Cafeicultores do Cerrado. Partilhamos a 
urgência de encontrar uma solução para os efeitos 
das alterações climáticas”, comenta Cristina Scoc-
chia, CEO da illyca�è. 
A redução da exploração dos recursos naturais, 
a regeneração do solo, a preservação da biodiversi-
dade e da produtividade futura da terra são alguns 
dos resultados obtidos com a aplicação de práti-
cas agronômicas regenerativas selecionadas pela 
illyca�è. 
Um modelo que muda o foco da planta para o 
solo, propondo as melhores soluções naturais para 
nutrir, fortalecer e torná-lo fértil e resistente às ame-
aças externas.
Parceria de sucesso
“Os produtores de café da nossa região, pre-
sentes em 55 municípios, são extremamente gratos 
pelo reconhecimento e pela longa parceria com a 
illyca�è, e de levarmos agora um produto Illy com 
a marca da região, garantindo a Denominação de 
Origem para dezenas de países no mundo”, enfati-
za Gláucio de Castro, presidente da Federação dos 
Cafeicultores do Cerrado.
O novo Arabica Selection Brasile Cerrado Mi-
neiro é um café especial e diferenciado, com notas 
de caramelo e frutas secas, e está disponível em la-
tas de 250 g nas versões grão e moído. Você pode 
encontrá-lo em illy.com, nos pontos de venda di-
retos da illy e em redes de supermercados selecio-
nadas. 
ILLYCAFFÈ
LANÇA O ARABICA 
SELECTION 
BRASILE CERRADO 
MINEIRO
Os diferenciais deste café estão em 
sua origem geográfica e condução 
sustentável.
 Illycaffè
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Para compartilhar as ações e marcos da cafei-
cultura do Cerrado Mineiro em 2023, com 
foco nas iniciativas socioambientais e metas, 
a Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Ex-
pocacer) lançou o relatório “Iniciativas de Impac-
to 2023”. A expectativa é elevar o patamar de pro-
pósitos para os próximos anos, como por exemplo, 
chegar a 25 mil hectares de café regenerativo até 
2027, com aumento de mais 92% em comparação 
ao número atual, que é de cerca de 13 mil hectares.
O relatório mostra que, além de a Expocacer 
ter se tornado a primeira cooperativa do mundo 
a receber o selo pela Regenagri®, entidade global 
que tem como objetivo garantir a saúde e a preser-
vação do solo, também atingiu um marco por meio 
da geração de energia solar fotovoltaica e obteve 
resultados de 143.346,71 kWh.
“Estamos orgulhosos de nossos avanços em sus-
tentabilidade ambiental. Reduzimos nossa pegada 
de carbono, implementamos práticas agrícolas inte-
ligentes, sustentáveis e promovemos ideias regene-
rativas com diálogos transparentes. Esses esforços 
re�etem nosso compromisso em preservar o plane-
ta para as gerações futuras, estimulando e inspiran-
do a transformação”, a�rma Simão Pedro de Lima, 
diretor superintendente da Expocacer.
Pesquisa
Um estudo feito pelo Instituto de Manejo e 
EXPOCACER
META DE AUMENTO DE 92% SOBRE 
CAFÉ REGENERATIVO ATÉ 2027
Expocacer
A Expocacer
Criada em 1993 e situada em Patrocí-
nio (MG), a Cooperativa dos Cafeicultores 
do Cerrado (Expocacer) promove a quali-
dade dos cafés e o trabalho dos cooperados 
no Brasil e no mundo.
A infraestrutura da cooperativa con-
templa dois armazéns com capacidade para 
mais de 1 milhão de sacas. Atualmente, são 
atendidos 680 produtores, com exportação 
para mais de 30 países, nos cinco continen-
tes. 
Certi�cação Florestal e Agrícola (Ima�ora), reali-
zado em 20 propriedades de café associadas à coo-
perativa, também apontou que as fazendas seques-
tram mais carbono do que emitem. 
O instituto constatou um valor de emissões 
negativo de -0,2 tonelada de dióxido de carbono, 
equivalente a um por hectare ao ano. Este fenôme-
no acontece quando o sequestro do carbono oriun-
do do solo e das plantas é maior que as emissões, 
e ao analisar as estimativas de emissão de GEE 
das fazendas, o Ima�ora chegou ao valor absoluto 
de 15.400 tCO2e.ano-1, número considerado baixo. 
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Já conhece todos os tipos de cafés? Se não, 
mergulhe conosco nesse mundo sensacional 
de sabores.
 Café tradicional: são os mais comuns. Po-
dem ser formados por diferentes espécies de grão. 
A torra geralmente é mais escura, e o gosto não é 
muito adocicado. O equilíbrio (doçura e amargu-
ra) é variável.
 Café superior: apresenta certa �exibilida-
de no “blend” (mistura de grãos), podendo ter até 
20% da variedade de grão robusta, mais utilizado 
em cafés solúveis. A torra não é muito escura, e o 
sabor é suave, porém, mais amargo que o gourmet.
 Gourmet (ou especial): é produzido com 100% 
de grãos do tipo arábica, considerado o mais nobre 
dos cafés. Produz uma bebida normalmentemais 
doce, chegando muitas vezes a dispensar o uso de 
açúcar. O aroma e o sabor podem lembrar cere-
ais torrados, �ores, frutas ou achocolatados. São 
encontrados geralmente em embalagens valvula-
das, com mecanismo interno que impede a saída 
dos gases do café e a entrada de ar. A torra varia 
de moderadamente clara a moderadamente escura.
Café aromatizado: contém aromatizante de 
amêndoa, chocolate com trufas, creme irlandês, men-
ta, canela, damasco, entre outros.
Café funcional: fazem parte desse grupo os 
descafeinados, com baixo teor de cafeína e os orgâ-
nicos, produzidos sem uso de agrotóxicos e sem pre-
judicar o ambiente.
Café inovador: levam esse título os cafés do 
tipo cappuccino, “mocaccino” (café quente, com es-
puma de leite e um bombom de chocolate sem re-
cheio ou tablete de chocolate meio amargo), gela-
do, entre outros.
O preparo do café
Con�ra, a seguir, as dicas para preparar um café 
mais que especial:
É preciso escaldar o �ltro?
Sim! Geralmente, a ideia de escaldar do �ltro 
é para tirar o gosto residual de celulose, ou seja, 
aquele gosto de papel que pode comprometer o sa-
bor �nal do seu café.
 
Ferver ou não ferver a água?
Essa questão é polêmica, mas desmisti�care-
mos. Sim, você pode ferver a água e seu café não 
DICAS PARA TOMAR O 
CAFEZINHO PERFEITO
O café especial é uma experiência 
que convida e aguça os sentidos e a 
curiosidade dos consumidores. Por 
isso, os meios de extração também 
são um capítulo à parte, afinal, cada 
um traz uma sensação diferente.
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Fontes:
Caio Tucunduva
Mestre de Torrefação da No More Bad Coffee
Sindicafé-SP
queimará! O café passa pelo processo de torra em 
altas temperaturas, acima de 200°C. Além disso, 
na maioria das cidades do Brasil a água entra em 
ponto de fervura abaixo dos 100°C. Mesmo que a 
água ferva a temperatura alta, não tem capacidade 
para queimar o pó. Mas, para obter uma extração 
equilibrada, a água precisa de altas temperaturas. 
Os baristas recomendam temperaturas entre 92º 
e 96°C e, se você não tem como medir, a dica é, 
quando a água começar a bolhar, desligue o fogo e 
coe o café imediatamente.
 
Preciso me preocupar com a grossura da mo-
agem do grão?
Se você é um entusiasta de café e tem alguns 
aparelhos para extração em casa, vale entender 
qual o método e escolher a granulometria corre-
ta. Por exemplo: na prensa francesa, o ideal é que a 
moagem seja mais grossa para tentar minimizar 
o excesso de resíduo que normalmente o método 
oferece. As moagens médias vão bem no Hario, 
Kalita e Koar - um método brasileiro bem pareci-
do com o Kalita. Já as moagens mais �nas vão bem 
com espresso, café turco, moka ou cafeteira italia-
na, entre outros.
 
Qual a quantidade de pó para a água?
Para o café coado, vale a proporção de 10 g de pó 
para 100 ml de água (ou seja, uma colher de sopa) 
para 100 ml de água, que equivale a 1/5 do copo 
americano. Esta é uma medida base e o mais legal 
é variar conforme o método, grãos e paladar.
 
Tem um jeito certo de despejar a água no 
café?
Despejar a água da forma correta faz toda dife-
rença no sabor, além de evitar o desperdício de pó. 
Uma boa forma de começar a extração é pela pré-
-infusão, processo que umidi�ca todo o pó. Bas-
ta adicionar água só até cobrir o pó e esperar 30 
segundos - esta etapa pode ser feita em qualquer 
método. Após a pré-infusão, despeje a água lenta-
mente em formato circular, garantido que todo o 
pó que está nas paredes do �ltro seja aproveitado. 
Assim a extração será completa e seu café terá um 
equilíbrio de sabores.
Como comprar 
 
1) Consuma café de qualidade: procure por 
cafés gourmets ou especiais. Algumas marcas são 
vendidas em mercados e outras em cafeterias. Para 
saber se o grão é de qualidade, a torra deve ser mé-
dia ou clara. Fuja de torra extraforte, que na verda-
de são grãos queimados para disfarçar todas as im-
purezas que estão dentro do pacote. Ainda, a torra 
extraforte é tão amarga que só com muito açúcar 
é possível beber.
 
2) Dica: as torras mais claras ressaltam os aro-
mas, sabores e a doçura natural do café. Assim, você 
pode tomar com menos açúcar, ou talvez não sinta 
necessidade de adoçar.
 
3) Fique de olho: outro fato importante - ca-
fés de qualidade não contêm impurezas. Dentro do 
pacotinho só tem café e nada mais.
 
4) Validade: a data da torra também é impor-
tante - quanto mais recente, melhor. Café não é 
igual vinho e o ideal é ser consumido até três me-
ses após a torra. Com o tempo o café oxida e per-
de suas propriedades.
 
5) Armazenamento: guarde o café em sua pró-
pria embalagem e dentro de um pote hermético, e 
nunca dentro da geladeira. O café absorve todos os 
odores dos alimentos. Não é nada agradável beber 
um café aromatizado com cebola. 
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Para Valéria Vidigal, artista plástica, cafeicul-
tora e mãe de três �lhos, o mundo do café é 
um compromisso com o agronegócio e com 
a arte. Sua história é contagiante, motivo pelo qual, 
em 2023, foi vencedora do concurso “Melhor His-
tória de um Agricultor”, realizado pelo canal No-
tícias Agrícolas. 
Idealizadora e uma das coordenadoras do En-
contro Nacional do Café, além de colaborar com 
o movimento das mulheres no agro, Valéria trans-
formou a sua propriedade em uma fazenda expe-
rimental junto com o seu marido, o engenheiro agrô-
nomo Gianno Brito. 
Na Fazenda Vidigal acontecem várias ações do 
agro, e no mês de maio deste ano haverá a 15ª edi-
ção do Encontro Nacional do Café e o 1° Agrote-
ch Baiano, Inovação, Ciência e Tecnologia.
Além de referência do empreendedorismo agrí-
cola, a Fazenda Vidigal se tornou uma verdadeira ga-
leria de arte a céu aberto, tendo obras de autoria de 
Valéria Vidigal e de outros artistas da região. 
Há 21 anos a sua temática nas artes plásticas 
é exclusivamente o café. Temos a honra de ter, há 
mais de uma década, a capa do nosso Anuário do 
Café ilustrado com a sua pintura. Seus trabalhos 
podem ser vistos na galeria de arte do Instagram 
@v.vidigalgaleriadearte e pelo QR-Code ao lado. 
Vale a pena conferir!
Reconhecimento
Na produção de cafés especiais, Valéria já ganhou 
vários concursos com a produção de sua fazenda e 
que leva a sua assinatura, além do rótulo ser ilustra-
do com a sua pintura.
Inovar, criar e movimentar o setor cafeeiro é 
sua missão. Nas palavras do ex-Ministro Carlos 
Melles, “Valéria é uma mulher do agro, com uma 
paixão única pela cafeicultura e artes plásticas, ta-
lento que herdou da mãe. Ela é merecidamente re-
conhecida como a artista do Café, capturando em 
suas obras as etapas dessa cultura de forma mag-
ní�ca”. 
CAFÉ & ARTE
EMPREENDENDO 
COM INOVAÇÃO
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O Instituto Nacional da Propriedade Indus-
trial (INPI) registrou 16 certi�cações de 
Indicações Geográ�cas para o Café, sen-
do 10 designadas como Indicação de Procedência 
(IP) e seis como Denominação de Origem (DO). 
As mais recentes (2023) são Sudoeste de Mi-
nas (MG) e Região de Garça (SP), que conquis-
taram o registro na categoria de Indicação de Pro-
cedência, e o Café da Canastra (MG), que entrou 
para Denominação de Origem. 
Com esse novo reconhecimento, o café man-
tém sua posição como o produto agrícola brasilei-
ro com o maior número de certi�cações de Indica-
ções Geográ�cas (IG).
Caracterizações
O primeiro café reconhecido foi a Região do 
Cerrado Mineiro, sendo o segundo IG brasileiro, 
com o registro de Indicação de Procedência con-
cedido pelo INPI, em abril de 2005. Em 2011 foi 
a vez da Região da Serra da Mantiqueira, também 
em Minas Gerais, seguida pelo Norte Pioneiro do 
Paraná (2012), Alta Mogiana - SP (2013), Re-
gião do Pinhal – SP (2016), Oeste da Bahia – BA 
(2019), Campo das Vertentes e Região das Matas 
de Minas – MG, ambas em 2020.
As regiões do Cerrado Mineiro e da Manti-
queira de Minas tiveram seus registros de IP alte-
rados para registro de Denominação de Origem, 
respectivamente, em 2013 e 2020. 
Em 2021, Caparaó, Montanhas do Espírito 
Santo e Matas de Rondônia (RO) obtiveramregis-
tros de Denominação de Origem, e o Café Coni-
lon do Espírito Santo (ES) obteve Indicação de 
Procedência.
Entenda
Indicação de Procedência - nome geográ�co 
do país, cidade, região ou localização de seu terri-
INDICAÇÃO GEOGRÁFICA
BRASIL SE DESTACA NA CAFEICULTURA
Indicações Geográficas (IGs) de café 
no Brasil
10 Indicações de Procedência (IP)
 Alta Mogiana (SP)
 Campo das Vertentes (MG)
 Região do Cerrado Mineiro (MG)
 Café Conilon do Espírito Santo
 Região de Garça (SP)
 Matas de Minas (MG)
 Norte Pioneiro do Paraná (PR)
 Oeste da Bahia (BA)
 Região de Pinhal (SP)
 Sudoeste de Minas (MG)
6 Denominações de Origem (DO)
 Caparaó (ES e MG)
 Região do Cerrado Mineiro (MG)
 Mantiqueira de Minas (MG)
 Matas de Rondônia Robustas Amazônicos 
(RO)
 Café Montanhas do Espírito Santo (ES)
 Café da Canastra (MG)
Fontes:
Ministério da Agricultura (MAPA)
Cecafé
Embrapa Café
tório que tenha se tornado conhecido como cen-
tro de extração, produção ou fabricação de deter-
minado produto.
Denominação de Origem - nome geográ�co 
do país, cidade, região ou localidade de seu territó-
rio, que designa produto ou serviço cujas qualidades 
ou características se devam exclusivamente ou princi-
palmente ao meio geográ�co, que os distinguem em 
relação aos seus similares disponíveis no mercado. 
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