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1 TEMA: OS IMPACTOS DO VÍCIO EM REDES SOCIAIS PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA SIMULADO ESPECIAL 06 | 1º DIA PROVA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E REDAÇÃO PROVA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS TEXTO 1 Você deve deletar suas redes sociais. Agora. É o que diz Jaron Lanier, cientista da computação, membro do time de pesquisas de inovações da Microsoft, pesquisador na Universidade do Sul da Califórnia e um dos entrevistados do documentário “O dilema das redes”, lançado pela Netflix no dia 9 de setembro e um dos títulos mais vistos na plataforma desde então. Em 2018, Lanier lançou o livro “10 argumentos para você deletar agora suas redes sociais”, publicado no Brasil naquele ano pela editora Intrínseca. No dia 25 de setembro, a publicação está na lista dos 20 mais vendidos na Amazon brasileira. Desde o início de sua carreira, na década de 1980, Lanier se coloca como alguém preocupado com as possíveis consequências negativas do amplo uso das tecnologias nas sociedades. Para ele, as mídias sociais podem ser comparadas com drogas de efeitos devastadores. Fonte: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/09/25/Por- que-deletar-as-suas-redes-sociais-segundo-este-autor TEXTO 2 De acordo com o estudo “Status of Mind” (estado da mente) da Royal Society for Public Health (RSPH): Quase 91% das pessoas de 16 a 24 anos usam a Internet para redes sociais; A mídia social tem sido descrita como mais viciante do que cigarros e álcool; As taxas de ansiedade e depressão em jovens aumentaram 70% nos últimos 25 anos; O uso da mídia social é associado ao aumento das taxas de ansiedade, depressão e falta de sono; O bullying virtual é um problema crescente, com 7 em cada 10 jovens que afirmam ter passado por isso. O relatório também inclui uma tabela de plataformas de mídia social de acordo com seu impacto na saúde mental dos jovens. O YouTube liderou a tabela como o mais positivo, com o Instagram e o Snapchat sendo os mais prejudiciais à saúde mental e ao bem-estar dos jovens. Fonte: https://engenharia360.com/fomo-voce-tem-medo-de-estar- perdendo-algo/ TEXTO 3 Checar o Facebook a cada cinco minutos, ir a um evento pensando nos posts para o Instagram, rolar a timeline do Twitter até que não tenham mais novidades. Se você reconhece os sintomas, isso pode ser sinal de FoMO. A sigla para "Fear of Missing Out", ou medo de estar perdendo algo, em português. A síndrome, descrita pela primeira vez em 2000, é um dos principais sintomas de que alguém está viciado em redes sociais e pode causar desde angústia e mau humor até depressão. Segundo especialistas, o medo é identificado principalmente em jovens e adultos até 34 anos, mas pode afetar pessoas de qualquer idade. O que é FoMO? O FoMO foi citado pela primeira vez em 2000 por Dan Herman e definido anos depois por Andrew Przybylski e Patrick McGinnis como o medo de que outras pessoas tenham boas experiências que você não tem. Além disso, o receio incentiva a ficar sempre conectado para saber de tudo e compartilhar novidades com os outros. De acordo com estudos psiquiátricos, essa angústia social é causada principalmente porque a relação dos usuários com a tecnologia ainda é muito nova e imatura. Ostentações feitas em redes sociais, onde a maioria costuma publicar momentos de alegria e realização, e a publicidade que insere slogans como "você não pode perder" também podem incentivar reações como o FoMO. Fonte: https://www.techtudo.com.br/noticias/2017/05/o-que-e-fomo- fear-of-missing-out-revela-o-medo-de-ficar-por-fora-nas-redes- sociais.ghtml TEXTO 4 No fim de 2017, a OMS (Organização Mundial de Saúde) decidiu incluir a compulsão por jogos eletrônicos como transtorno mental em sua lista referência de doenças. A obsessão por celulares, seja para acessar redes sociais, jogar algo como passatempo ou checar e-mail, não é configurada como doença, mas não deixa de ser percebida como um problema. 2 ANOTAÇÕES Em agosto de 2016, a cantora americana Selena Gomez jogou luz sobre a questão ao cancelar sua turnê por motivos de saúde. A jovem celebridade do pop disse estar sofrendo de depressão e ansiedade e apontou seu uso de redes sociais, em especial o Instagram, como responsáveis. “Assim que eu me tornei a pessoa com mais seguidores no Instagram, eu meio que surtei”, disse a cantora em março de 2017 à revista Vogue, após três meses de tratamento. “Aquilo se tornou algo que me consumia. Eu acordava e dormia para aquilo. Eu era uma viciada (...) Eu sempre acabava me sentindo uma merda quando olhava para o Instagram. Por isso estou agora meio fora do radar, um pouquinho sumida”. Fonte: https://www.nexojornal.com.br/servico/2018/01/26/V%C3%ADcio-em-celular-e-redes-sociais-Saiba-o-que-%C3%A9-e-como-fazer-um- detox-digital TEXTO 5 Fonte: https://br.pinterest.com/pin/547046685983723965/ 3 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS QUESTÕES 1 A 45 QUESTÕES 1 A 05 (OPÇÃO INGLÊS) 1. (UNESP) As long as it operated as a cheap factory, China’s growth was welcomed by the US, and its emergence as a new market for consumer goods was eagerly anticipated. However, in the mid-2010s the relationship between the rising nation and the incumbent superpower became more competitive. With the election in 2016 of Donald Trump on an “America First” platform, the gloves came off. Unhappy with the trade imbalance, the US president kicked off a trade war in 2018. The fallout for companies has been considerable. (Lucy Colback. www.ft.com, 28.02.2020. Adaptado.) O excerto descreve mudanças nas relações geopolíticas entre Estados Unidos e China nas últimas décadas. Essas mudanças resultaram em a) barreiras aos investimentos de empresas norte- americanas em território chinês, com o confisco de máquinas destinadas à produção. b) medidas unilaterais e protecionistas do governo norte-americano, com a adoção de tarifas adicionais aos produtos chineses. c) soluções sustentáveis para setores industriais tradicionalmente poluidores, com o compartilhamento de fontes de insumos renováveis entre os dois países. d) incentivos para a criação de indústrias binacionais, com o intercâmbio facilitado de trabalhadores qualificados. e) sanções econômicas e diplomáticas do governo norte-americano, que restringiram o comércio da China com outros países. 2. (UNESP) Analise o cartum. A fala do personagem a) apresenta um questionamento sobre a relevância do desenvolvimento econômico para a população do planeta. b) coloca em dúvida o custo do desenvolvimento econômico para a preservação do meio ambiente. c) sugere uma alternativa viável para o desenvolvimento econômico sustentável. d) expõe uma constatação sobre a importância da preservação do meio ambiente em benefício do equilíbrio da economia. e) revela um posicionamento a respeito do impacto do sistema capitalista no meio ambiente. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: The cost of closed schools Three-quarters of the world’s children live in countries where classrooms are closed. As lockdowns ease, schools should be among the first places to reopen. Children seem to be less likely than adults to catch covid-19. And the costs of closure are staggering: in the lost productivity of home schooling parents; and, far more important, in the damage done to children by lost learning. The costs fall most heavily on the youngest, who among other things miss out on picking up social and emotional skills; and on the less well-off, who are less likely to attend online lessons and who may be missing meals as well as classes. West African children whose schools were closed during the Ebola epidemic in 2014 are still paying the price. (www.economist.com, 01.05.2020. Adaptado.) 3. (UNESP) O trecho “West African children whose schools were closed during the Ebola epidemic in 2014 are still paying the price” indica que, na região, a) as crianças ainda sofrem as consequências do fechamento das escolas.4 b) a recuperação escolar das crianças está em curso. c) algumas escolas fechadas ainda não reabriram após a epidemia de Ebola. d) a epidemia de Ebola poderá ressurgir mais forte em uma segunda onda. e) a epidemia de Ebola ainda não acabou. 4. (ENEM PPL) Considerando-se o uso difundido do inglês na atualidade, o cartum remete à a) necessidade de uniformização linguística. b) tendência de simplificação de enunciados longos. c) preservação do emprego de estruturas formais da língua. d) valorização de um modo de expressão em detrimento de outro. e) variação na forma de falar para atingir um propósito comunicativo. 5. (ENEM) A Minor Bird I have wished a bird would fly away, And not sing by my house all day; Have clapped my hands at him from the door When it seemed as if I could bear no more. The fault must partly have been in me. The bird was not to blame for his key. And of course there must be something wrong In wanting to silence any song. FROST, R. West-running Brook. New York: Henry Holt and Company, 1928. No poema de Robert Frost, as palavras “fault” e “blame” revelam por parte do eu lírico uma a) culpa por não poder cuidar do pássaro. b) atitude errada por querer matar o pássaro. c) necessidade de entender o silêncio do pássaro. d) sensibilização com relação à natureza do pássaro. e) irritação quanto à persistência do canto do pássaro. LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS QUESTÕES 1 A 45 QUESTÕES 1 A 05 (OPÇÃO ESPANHOL) 1. (ENEM PPL) Considerando os elementos verbais e não verbais expressos no cartaz, o objetivo do anúncio é a) promover o encontro literário entre pessoas com deficiência visual. b) divulgar o empréstimo de livros para alunos com dificuldades de acessibilidade. c) reivindicar a digitalização do acervo das bibliotecas públicas para leitores cegos. d) oferecer a oportunidade de apoio a um projeto para leitores com necessidades especiais. e) estimular a arrecadação de livros apropriados para os estudantes com dificuldade de leitura. 5 2. (ENEM DIGITAL) No hablarás con acento andaluz en el telediario de las 9 Hace unos días salió publicado que el obispado de Salamanca ha pedido a las hermandades de Semana Santa que eviten usar expresiones andaluzas durante las procesiones arguyendo que "suenan mal". Aunque es una noticia aparentemente local y sin otro interés que el de seguir los cotilleos de los cofrades y capillitas salmantinos, lo cierto es que recoge uno de los estereotipos lingüísticos más extendidos: lo mal que hablan los andaluces. Lo que los hablantes percibimos subjetivamente como acentos buenos y malos suele ser producto de la influencia cultural y del poder recalcitrante que dejaron ciertas regiones históricamente hegemónicas. El habla de Castilla se convirtió en la de prestigio porque era la forma de hablar propia del lugar de donde emanaba el poder. El acento de la clase dominante pasó a tener prestigio social y se convirtió a ojos del conjunto de los hablantes en deseable, mientras que las formas de hablar de las zonas alejadas de los centros de poder pasaron a ser consideradas provincianas y propias de gentes pobres e incultas. La televisión tiene un enorme poder en lo que a representación y normalización cultural se refiere. De la misma manera que esperamos que la televisión pública recoja los distintos intereses y sensibilidades de la población, sería muy deseable ver reflejado y celebrado todo el abanico de diversidad lingüística de la sociedad en que vivimos y abandonar de una vez el monocultivo del castellano central que copa nuestras pantallas. Y hoy, día de Andalucía, es un buen día para reclamarlo. MELLADO, E. A. Disponível em: www.eldiario.es. Acesso em: 18 ago. 2017. O texto discute a proibição de expressões andaluzas nas procissões e no telejornal das 9 horas. De acordo com essa discussão, o autor defende a a) soberania de um falar sobre o outro. b) estranheza perceptiva do falar andaluz. c) luta dos andaluzes pela diversidade linguística. d) hegemonia de um sotaque com base no prestígio social. e) visão estereotipada dos próprios andaluzes acerca de seu falar. 3. (ENEM) La violencia como bella arte Pues bien, ‘Relatos Salvajes’, de Damián Szifrón, es sobre todo un brillante esfuerzo por poner rostro, por fotografiar, a la parte de la violencia que tanto cuesta ver en el cine. De repente, el director argentino coloca al espectador ante el espectáculo, digamos putrefacto, de una sociedad enferma de su propia indolencia, anestesiada por su ira, incapaz de entender el origen de la insatisfacción que la habita. ¿Cómo se quedan? Sí, estamos delante de la una película vocacionalmente violenta, obligadamente salvaje, pero, y sobre todo, deslumbrante en su claridad. Más allá del esplendor sabio de una producción perfecta, lo que más duele, lo que más divierte, lo que más conmueve es la sensación de reconocimiento. Cada uno de los damnificados, pese a su acento marcadamente argentino, somos nosotros. O, mejor, cada insulto proferido, y no siempre entendido, es nuestro, en algún momento ha salido de nuestra boca. O saldrá. La violencia no es sólo eso que tanto desagrada a los profesionales del buen gusto, a los programadores de ópera o a los filósofos de la nada; la violencia, la realmente insoportable, es también una cuestión de actitud, un simple gesto. Y esa violencia está por todas partes, está dentro. Y Szifrón acierta a retrataría tan fielmente que no queda otra cosa que romper a reír. Aunque sólo sea de simple desesperación. Brillante, magistral incluso. MARTÍNEZ, L. Disponível em: www.elmundo.es. Acesso em: 13 abr. 2015 (adaptado). Nessa resenha crítica acerca do filme Relatos Salvajes, o autor evidencia o a) cômico como fuga da sociedade diante de situações violentas. b) estado de apatia da sociedade perante a violência rotineira do mundo atual. c) empecilho para o espectador vivenciar a violência bruta na realidade e na ficção. d) sotaque reforçado dos personagens a fim de marcar o espaço do cinema argentino. e) autorreconhecimento diante dos diversos tipos de comportamento humano frente à violência. 6 4. (ENEM DIGITAL) Los orígenes de la habitual expresíon ¡che! ¿Hay algo más argentino que la expresión "che"? Muchos afirmarían que no, que de hecho "che" es sinónimo de argentino. Sin embargo, las continuas oleadas migratorias que recibió el país a finales del siglo XIX y comienzos del XX le dan un origen más complejo. A Valencia, ubicada en la costa mediterránea española, se le conoce como la tierra de los "che". "Es muy probable que la expresión viajara con los emigrantes que llegaron a Argentina. Entre 1857 y 1935 casi tres millones de españoles arribaron a Buenos Aires", comenta la filóloga e historiadora Inés Celaya. El "che", no obstante, es un hijo con varios padres. Algunos filólogos italianos reclaman la paternidad y sitúan su nacimiento en Venecia, cuna del "cocoliChe", un dialecto que transmitió muchas palabras al lunfardo, la jerga que nació en los bares bonaerenses. De 1814 a 1970 llegaron a Argentina unos seis millones de emigrantes italianos, siendo la comunidad europea más grande del país. Otra vertiente del "che" es su posible origen en las comunidades indígenas del norte de Argentina. En guaraní "che" significa "yo" y también se utiliza como el posesivo "mi". "En cualquier caso el 'che' es una palabra errante, que ha cruzado culturas y océanos. Ya no sólo forma parte de la historia del Mediterráneo sino del cono sur de América", detalla Celaya. Disponível em: www.lanacion.com.ar. Acesso em: 8 jul. 2015 (adaptado). O texto trata da origem da expressão “che”. No caso do espanhol da Argentina, essa expressão reflete a a) quantidade de imigrantes usuários do vocábulo. b) perspectiva da filóloga para o uso dessa palavra. c) identificação dos argentinoscom a palavra “che”. d) diversidade na formação dessa variedade do castelhano. e) imposição da língua espanhola sobre as línguas indígenas. 5. (UFMS) Leia atentamente o texto a seguir. Razón de sobra Soñó que se encontraba con la novia de su marido y no la mataba. Siempre había tenido ganas de apretarle el pescuezo siquiera um ratito. Ganas de encajarle una piedra de su collar en la tráquea, pero nunca pensó que se la encontraría porque sus mundos quedaban tan lejos que si ella hubiera vivido en Bagdad y no em la colonia vecina, de todos modos hubiera estado más cerca Bagdad. No caminaban las mismas calles a la misma hora, ni buscaban la sombra bajo los mismos árboles, ni el sol les ahuyentaba el mismo frío. Por eso no la mató. (MASTRETTA, Ángeles. Razón de sobra, p. 202. Disponível em: http:// clubdelphos.org/sites/default/files/Mastretta,Angeles-Maridos.pdf Acesso em: 17 out. 2019). O significado em português da expressão “tener ganas”, que aparece nos seguintes segmentos do texto: “había tenido ganas de”, “ganas de encajarle una piedra”, é: a) ter ódio. b) ter inveja. c) ter vontade. d) ter nojo. e) ter habilidade. QUESTÕES 06 A 45 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir. O Ceará, apesar de restrições de renda, destaca-se em alfabetização. Um dos motivos do êxito é a parceria com os municípios, os principais encarregados dos primeiros anos de escolarização. Além de medidas que incluem formação de professores e material didático estruturado, o governo cearense acionou um incentivo financeiro: as cidades com resultados melhores recebem fatia maior do ICMS, com liberdade para destinação dos recursos. O modelo já foi adotado em Pernambuco e está sendo implantado ou avaliado por Alagoas, Amapá, Espírito Santo e São Paulo. Replicam-se igualmente as boas iniciativas do ensino médio em Pernambuco, baseado em tempo integral, que permite ao estudante escolher disciplinas optativas, projeto acolhido em São Paulo. Auspiciosa, essa rede multilateral e multipartidária pela educação é exemplo de como a sociedade pode se mobilizar em torno de propostas palpáveis. (“Unidos pelo Ensino”. Folha de S.Paulo, 27.08.2019. Adaptado.) 7 6. (FAMEMA) O sentido original do texto está mantido com a reescrita do trecho: a) As cidades com liberdade para destinação dos recursos recebem fatia maior do ICMS, obtendo assim resultados melhores. b) São Paulo desenvolve projeto de ensino médio que permite ao estudante escolher disciplinas optativas, o qual se replica em Pernambuco. c) Um dos motivos do êxito é a parceria com os principais encarregados dos primeiros anos de escolarização, isto é, os municípios. d) Apesar de algumas medidas, como formação de professores e material didático estruturado, o governo cearense acionou um incentivo financeiro. e) Destaca-se em alfabetização o Ceará devido às restrições de renda da parceria com os municípios. 7. (UNESP) Futurismo. O Manifesto Futurista, de autoria do poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944), foi publicado em Paris em 1909. Nesse manifesto, Marinetti declara a raiz italiana da nova estética: “queremos libertar esse país (a Itália) de sua fétida gangrena de professores, arqueólogos, cicerones e antiquários”. Falando da Itália para o mundo, o Futurismo coloca-se contra o “passadismo” burguês e o tradicionalismo cultural. A exaltação da máquina e da “beleza da velocidade”, associada ao elogio da técnica e da ciência, torna-se emblemática da nova atitude estética e política. (https://enciclopedia.itaucultural.org.br. Adaptado.) Verifica-se a influência dessa vanguarda artística nos seguintes versos do poeta português Fernando Pessoa: a) Mas, ah outra vez a raiva mecânica constante! Outra vez a obsessão movimentada dos ônibus. E outra vez a fúria de estar indo ao mesmo tempo [dentro de todos os comboios De todas as partes do mundo, De estar dizendo adeus de bordo de todos os navios, Que a estas horas estão levantando ferro ou [afastando-se das docas. b) O sonho é ver as formas invisíveis Da distância imprecisa, e, com sensíveis Movimentos da esprança e da vontade, Buscar na linha fria do horizonte A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte – Os beijos merecidos da Verdade. c) O teu silêncio é uma nau com todas as velas pandas... Brandas, as brisas brincam nas flâmulas, teu sorriso... E o teu sorriso no teu silêncio é as escadas e as andas Com que me finjo mais alto e ao pé de qualquer paraíso... d) Não me compreendo nem no que, compreendendo, faço. Não atinjo o fim ao que faço pensando num fim. É diferente do que é o prazer ou a dor que abraço. Passo, mas comigo não passa um eu que há em mim. e) Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena [cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como [o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassossegos grandes. Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam [a voz, Nem invejas que dão movimento demais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre [correria, E sempre iria ter ao mar. 8. (ENEM PPL) Considerando-se os contextos de uso de “Todas chora”, essa expressão é um exemplo de variante linguística a) típica de pessoas despreocupadas em seguir as regras de escrita. b) usada como recurso para atrair a atenção de interlocutores e consumidores. c) transposta de situações de interação típicas de ambientes rurais do interior do Brasil. 8 d) incompatível com ambientes frequentados por usuários da norma-padrão da língua. e) condenável em produtos voltados para uma clientela exigente e interessada em novidades. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Considere o trecho a seguir para responder à(s) questão(ões) a seguir. “Olhai, oh Senhor, os jovens nos postos de gasolina. Apiedai-vos dessas pobres criaturas, a desperdiçar as mais belas noites de suas juventudes sentadas no chão, tomando Smirnoff Ice, entre bombas de combustível e pães de queijo adormecidos. Ajudai-os, meu Pai: eles não sabem o que fazem. [...] As ruas são violentas, é verdade, mas nem tudo está perdido. [...] Salvai-me do preconceito e da tentação, oh Pai, de dizer que no meu tempo tudo era lindo, maravilhoso. [...] Talvez exista alguma poesia em passar noite após noite sentado na soleira de uma loja de conveniência, e desfilar com a chave do banheiro e sua tabuinha, em gastar a mesada em chicletes e palha italiana. Explica- me o mistério, numa visão, ou arrancai-os dali. É só o que vos peço, humildemente, no ano que acaba de nascer. Obrigado, Senhor.” PRATA, Antônio. Conveniência. O Estado de S. Paulo, 11 jan. 2008. 9. (UFMS) Assinale a alternativa correta quanto ao texto lido. a) O texto apresenta sequências injuntivas que o aproximam de uma oração, ou seja, nota-se a presença de um ser suplicante e de um ser a quem a prece é dirigida. b) O ser suplicante discorda totalmente dos comportamentos dos jovens a quem se refere no discurso, de modo que ele reconhece em si mesmo um bom exemplo a ser seguido. c) Embora haja a presença de ironia no texto, esse recurso só se manifesta no primeiro parágrafo; ao longo dos demais, percebe-se a ocorrência de comparações e de metonímias. d) O ser suplicante parece ter familiaridade com a rotina do ambiente e dos sujeitos que o frequentam, o que nos autoriza a deduzir que não há intenção de construir discurso crítico ao comportamento descrito. e) Ao mesclar os gêneros – oração e crônica –, o autor prejudica o entendimento das ideias contidas no texto, tornando-o incoerente. 10. (ENEM PPL) Autobiografia de José Saramago Nasci numa família de camponeses sem terra, em Azinhaga, uma pequena povoação situada na província do Ribatejo, na margem direita do Rio Almonda, a uns cem quilômetros a nordeste de Lisboa. Meus pais chamavam-se José de Sousa e Maria da Piedade. Joséde Sousa teria sido também o meu nome se o funcionário do Registro Civil, por sua própria iniciativa, não lhe tivesse acrescentado a alcunha por que a família de meu pai era conhecida na aldeia: Saramago. (Cabe esclarecer que saramago é uma planta herbácea espontânea, cujas folhas, naqueles tempos, em épocas de carência, serviam como alimento na cozinha dos pobres.) Só aos sete anos, quando tive de apresentar na escola primária um documento de identificação, é que se veio a saber que o meu nome completo era José de Sousa Saramago… Não foi este, porém, o único problema de identidade com que fui fadado no berço. Embora tivesse vindo ao mundo no dia 16 de novembro de 1922, os meus documentos oficiais referem que nasci dois dias depois, a 18: foi graças a esta pequena fraude que a família escapou ao pagamento da multa por falta de declaração do nascimento no prazo legal. Disponível em: www.josesaramago.org. Acesso em: 7 dez. 2017 (adaptado). No texto, o autor discute o poder que os documentos oficiais exercem sobre a vida das pessoas. Qual fato torna isso evidente? a) A sua entrada na escola aos sete anos de idade. b) A alusão a uma planta no nome da família. c) O problema de identidade originado desde o berço. d) A isenção da multa por falta de declaração do nascimento. e) O seu nascimento em uma aldeia de camponeses. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A oposição passado/presente é essencial na aquisição da consciência do tempo. Não é um dado natural, mas sim uma construção. Com efeito, o interesse do passado está em esclarecer o presente. O processo da memória no homem faz intervir não só na ordenação de vestígios, mas também na releitura desses vestígios. (Jacques Le Goff) 9 Poema de trás pra frente A memória lê o dia de trás para frente acendo um poema em outro poema como quem acende um cigarro no outro que vestígio deixamos do que não fizemos? como os buracos funcionam? somos cada vez mais jovens nas fotografias de trás para frente a memória lê o dia (MARQUES, Ana Martins. O livro das semelhanças. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 108) 11. (G1 - CMRJ) Empregando os mesmos versos na primeira e na última estrofe, o eu lírico justifica o título do poema e reforça a concepção de a) apego às experiências de felicidade. b) infinitude da memória de quem lembra. c) prevalência do passado sobre o presente. d) frustração ante aquilo que não se pode mudar. e) continuidade das referências construídas pelo tempo. 12. (ENEM DIGITAL) Leia a posteridade, ó pátrio Rio, Em meus versos teu nome celebrado, Por que vejas uma hora despertado O sono vil do esquecimento frio: Não vês nas tuas margens o sombrio, Fresco assento de um álamo copado; Não vês ninfa cantar, pastar o gado Na tarde clara do calmoso estio. Turvo banhando as pálidas areias Nas porções do riquíssimo tesouro O vasto campo da ambição recreias. Que de seus raios o planeta louro Enriquecendo o influxo em tuas veias, Quanto em chamas fecunda, brota em ouro. COSTA, C. M. Obras poéticas de Glauceste Satúrnio. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 out. 2015. A concepção árcade de Cláudio Manuel da Costa registra sinais de seu contexto histórico, refletidos no soneto por um eu lírico que a) busca o seu reconhecimento literário entre as gerações futuras. b) contempla com sentimento de cumplicidade a natureza e o pastoreio. c) lamenta os efeitos produzidos pelos atos de cobiça e pela indiferença. d) encontra na simplicidade das imagens a expressão do equilíbrio e da razão. e) recorre a elementos mitológicos da cultura clássica como símbolos da terra. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Quando pensamos em EXPERIÊNCIAS ESTUDANTIS NO EXTERIOR, automaticamente relacionamos o tema aos melhores aspectos positivos possíveis, como a vivência na língua, na cultura, na culinária, entre outros. Contudo, há outros aspectos relevantes – positivos e negativos – que a atividade deseja também abordar. Somos seres humanos em construção e interligados pela intensa globalização do século XXI. Assim, a escolha desse tema se dá pelo desejo de acrescentar reflexões importantes ao cotidiano de nossos jovens estudantes. Texto Busca por graduação no exterior cresce 38% entre estudantes brasileiros Um terço dos alunos que foram estudar fora são de São Paulo; entre os países mais procurados estão Portugal e Canadá Mais de 50.000 brasileiros começaram uma graduação internacional apenas em 2018, 37,7% a mais do que em 2017, segundo dados da pesquisa Selo Belta 2019, da Associação das Agências Brasileiras de Intercâmbio (Belta), divulgada neste domingo. Ainda segundo o levantamento, 36,6% dos universitários que foram para o exterior são de São Paulo, cerca de um em cada três estudantes. Os levantamentos quantitativos da Belta, integrando 75% do mercado nacional, se 10 dividem em duas partes: a primeira com agências e a outra com estudantes. (...) Acessíveis à classe média Carla Gama, diretora-geral da Experimento Intercâmbio Cultural, ressalta que à medida em que a competição por empregos no Brasil se torna mais acirrada, cresce o interesse em especializações internacionais, afirmando que "os cursos estão mais acessíveis à classe média." "Muitas pesquisas indicam que até 2030 uma parcela relevante das profissões que conhecemos deixará de existir e, de outro lado, o mercado vem migrando suas exigências, deixando de lado apenas diplomas, para exigir habilidades", corrobora Abdul Nasser, professor da FGV In company e do Ibmec no Rio. "As famílias perceberam que investir em educação no exterior amplia os horizontes e possibilita a formação de um networking globalizado." (...) Pré-requisitos Ser estudante da América Latina, ter ótimas notas no colégio e na prova de proficiência em inglês, praticar esportes, fazer trabalho voluntário, ter determinada condição socioeconômica, tudo pode contar na hora de pedir bolsa a uma instituição de ensino superior nos Estados Unidos. "Acho bem democrático o processo de bolsa nos Estados Unidos. Diferentes aspectos vão agregando para o aluno obter bolsa", explica Maura. (...) Mesmo idioma Uma via alternativa e sem a barreira da linguagem, Portugal também ganhou a atenção dos estudantes brasileiros. Do ano letivo 2017/18 para o 2018/19, a alta na venda de cursos para o país foi de 32%, segundo a Direção Geral de Estatísticas da Educação e da Ciência, que não dispõe do total só em cursos de graduação. (...) Entre os principais pontos de atração do país estão o idioma, a cultura, a aceitação das notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para o ingresso de algumas universidades e os bons preços das anuidades, como destaca Tomás Furtado de Souza, de 20 anos, aluno de Gastronomia no Politécnico de Coimbra desde 2019. (...) (Fonte: https://veia.abril.com.br/brasil/busca-Dor-araduacao-no- exterior-cresce-377-entre-estudantes-brasileiros/. Acessado em: 02/09/2020) 13. (G1 - CMRJ) O texto aborda a crescente procura de estudantes brasileiros pelos estudos no exterior e, por meio da estrutura de subtópicos, expõe os pontos que envolvem o tema. Sobre os pré-requisitos apontados, pode-se pressupor que o estudante deve a) ter uma alta condição econômica, o que é fundamental para a manutenção dos estudos e da sobrevivência em outro país. b) apresentar proficiência em línguas estrangeiras, que é condição exigida para a avaliação do intercâmbio. c) ser de origem estrangeira como forma de contribuir para a diversidade cultural deste país. d) possuir graus regulares durante o percurso colegial para acompanhar adequadamente os estudos no exterior. e) atuar ativamente no mercado de trabalho a fim de carregar consigo sua experiência para partilhar com os demais. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Exposição virtual conta a história das grandes invenções da Humanidade Projeto reúne mais de200 mil imagens, vídeos e registros históricos; aplicativo usa realidade aumentada para explicar Big Bang RIO – Em 1608, o alemão Hans Lippershey apresentou um pedido de patente para uma lente capaz de “ver coisas distantes como se estivessem próximas”. O pedido foi negado, mas a notícia da invenção se espalhou pela Europa e, no ano seguinte, o italiano Galileu Galilei mirou essa lente melhorada para o céu, descobriu luas em Júpiter e crateras na Lua, dando início à astronomia observacional. Quatro séculos depois, telescópios estão no espaço, observando galáxias a bilhões de anos-luz de distância. Essa é 11 uma das histórias reunidas pelo projeto “Once Upon a Try“, desenvolvido pelo Google Arts & Culture com 110 museus e instituições científicas ao redor do mundo. Trata-se da maior exibição virtual sobre a inovação e a inventividade humana. São quase 400 exposições virtuais, com mais de 200 mil imagens, vídeos e registros históricos, como a coleção, inédita na internet, de cem cartas enviadas por Albert Einstein a cientistas franceses, mantidas pela prestigiada Académie dês Sciences francesa. Da Nasa, uma plataforma de aprendizado de máquina oferece uma nova forma de explorar um arquivo com mais de 127 mil imagens espaciais. – Nós trabalhamos nesse projeto por mais de dois anos – contou Luisella Mazza, diretora de operações do Google Cultural Institute. – A curadoria das exposições foi feita pelas instituições parceiras, sem ingerência do Google Arts & Culture. As instituições decidiram, de forma autônoma, as imagens, as histórias e as invenções que fazem parte dessa mostra. Coube ao Google o apoio com tecnologia, como no desenvolvimento do aplicativo “Big Bang AR”, que explica o surgimento e a evolução do universo com realidade aumentada. O conteúdo foi desenvolvido por físicos da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, conhecida pela sigla Cern, e coloca, literalmente, o evento do Big Bang na palma da mão dos usuários. 1Modernas técnicas de digitalização foram empregadas para transformar em pixels o Mapa de Juan de la Cosa, considerado o mais antigo registro do Novo Mundo. Pintado a mão num pergaminho, o mapa ilustra as terras descobertas no continente americano até o fim do século XV, por expedições espanholas, inglesas e portuguesas. 2A partir de agora, ele estará disponível, em altíssima resolução, aos visitantes da mostra “Once Upon a Try“. – O primeiro mapa das Américas, feito no início do século XVI, foi digitalizado com a tecnologia gigapixel – explicou Luisella. – É uma câmera muito especial, que permite tirar fotos em altíssima resolução, de até 2 bilhões de pixels, de forma muito rápida e intuitiva. O foco do projeto está nas grandes descobertas e invenções, mas também há espaço para inventos específicos, como a chuteira de futebol. Em parceria com o Museu do Futebol, a exposição traça a história de um simples calçado que está nos pés das estrelas do esporte mais popular do planeta, além de contar como foi a adaptação da chuteira em terras brasileiras. O “Once Upon a Try” também oferece passeios virtuais, com o Google Street View, em instalações como a Estação Espacial Internacional e o Grande Colisor de Hádrons do Cern, a maior máquina já construída pelo homem. O túnel que se estende por 27 quilômetros na fronteira da França com a Suíça ficou mundialmente conhecido por comprovar, em 2012, a existência do bóson de Higgs, a partícula de Deus. Adaptado de: https://oglobo.globo.com/economia/tecnologia/ exposicao-virtual-conta-historia-das-grandes-invencoes-da- humanidade-23500843, acesso em 06SET2020, às 16:28. 14. (G1 - CMRJ) Sobre as descobertas e invenções apresentadas no texto, podemos afirmar corretamente que a) a tecnologia gigapixel dá a possibilidade de se tirar fotos em altíssima resolução de forma rápida e intuitiva. b) Galileu Galilei foi pioneiro na criação de uma lente capaz de “ver coisas distantes como se estivessem próximas” descobrindo, a partir daí, luas em Júpiter e crateras na lua. c) por mérito exclusivo do alemão Hans Lippershey os telescópios estão no espaço, observando galáxias a bilhões de anos-luz de distância. d) o Google Cultural Institute foi o responsável pela criação de uma plataforma de aprendizado de máquina que oferece novas formas de explorar arquivos. e) o Grande Colisor de Hádrons do Cern ficou conhecido como a maior máquina já construída pelo homem e chegou a comprovar a existência de Deus. 15. (ENEM PPL) Estória de um gibi da Turma da Mônica, intitulada Brincadeira de menino Mônica, conhecida personagem de Maurício de Sousa, passa na casa da sua melhor amiga, Magali, para convidá-la para brincar. A mãe da Magali diz que a menina está com gripe e precisa de repouso, e por isso não vai poder sair de casa. Mônica sai triste e pensativa, quando cruza com o Cebolinha e convida-o para brincar com ela de “casinha”. Ele se recusa e diz: “– Homem não blinca de casinha”, e Mônica retruca: “– Ah, Cebolinha! Que preconceito!”. Cebolinha responde: “– Pleconceito uma ova! Casinha é coisa de menina! Vou te mostlar o que é blincadeila de menino!”. Enquanto ele sai de cena, Mônica fica debaixo de uma árvore brincando sozinha e Cebolinha faz várias aparições com brinquedos e brincadeiras supostamente só de meninos: aparece “voando” num skate, mas cai na frente dela. Depois aparece numa bicicleta, mas bate numa pedra e cai. Aparece de patins, tropeça e cai. 12 Reaparece chutando uma bola, mas a bola bate na árvore e volta acertando sua cabeça. Desanimado e desistindo das “suas” brincadeiras, Cebolinha aparece no último quadro, ao lado da Mônica, brincando de “casinha”. OLIVEIRA, A. B.; PERIM, G. L. (Org.). Fundamentos pedagógicos para o programa Segundo Tempo. Brasília: Ministério do Esporte, 2008 (adaptado). Refletindo sobre as relações de gênero nas brincadeiras infantis, a estória mostra que a) meninos podem se envolver com os mesmos brinquedos e brincadeiras que meninas. b) meninas são mais frágeis e por isso devem se envolver em brincadeiras mais passivas. c) meninos são mais habilidosos do que meninas e por isso se envolvem em atividades diferentes. d) meninas tendem a reproduzir mais os estereótipos de gênero em suas práticas corporais do que os meninos. e) meninos e meninas devem se envolver em atividades distintas, como, respectivamente, o futebol e a “casinha”. 16. (ITA) Assinale a alternativa que exprime o teor crítico da charge. a) A pichação somente contribui para o aumento da poluição visual da cidade. b) É necessário investir efetivamente em educação para a conscientização ambiental. c) Há incoerência entre a proibição governamental e sua efetiva fiscalização. d) A pichação é uma forma ilegítima de protesto social e educacional. e) Os pichadores demonstram total indiferença com o meio ambiente e a lei. 17. (G1 - CMRJ) Texto I João e o pé de feijão-preto José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta 1Era uma vez um menino chamado João, que vivia com sua mãe num casebre bem longe da cidade. 2Eles 3eram pobres, muito pobres, pobres de dar dó. Só o que tinham era uma vaca, e viviam de vender seu leite. 4Mas, um dia, quando João foi ordenhá-la, não saiu nem uma gota. Então a mãe de João disse; 5— Meu filho, nosso dinheiro acabou e nossa vaquinha secou. Vá até o mercado e veja se alguém quer comprá-la. João pegou o animal pelo cabresto e foi até a cidade. Porém, antes que chegasse lá, um homem de cavanhaque lhe perguntou: — Ei, garoto, não quer trocar essa vaca por um grão de feijão? — Rá, rá, essa é boa. O senhor pensa que eu sou bobo? — Mas é feijão mágico. — Mágico? — Não vou contar o que ele faz, senão estraga a surpresa. Mas é só você plantá-lo numa noite de lua cheia e no dia seguinte vai ver o que acontece. João achou que era melhor ter um feijão mágico do que dinheiro, e assim trocou sua vaca com o homemde cavanhaque. 6O menino voltou para casa todo feliz, achando que tinha feito um ótimo negócio. Porém, quando sua mãe viu o feijão, ficou muito triste. — 7Você trocou nossa vaquinha por isso? Agora vamos morrer de fome... — Não! Este feijão é mágico! — Não existe mágica no feijão. Você foi enganado, João. 8Desapontada, ela atirou o grão pela janela. Mas, por uma grande coincidência, naquela noite houve uma bela lua cheia. 13 Quando João acordou na manhã seguinte, viu que um enorme pé de feijão tinha crescido no seu quintal. Era tão alto que passava das nuvens! O garoto não pensou duas vezes 9e começou a subir pela planta para ver o que tinha lá em cima. Depois de passar pela última nuvem, avistou um castelo. 10Ele era muito grande, muitíssimo grande, muitíssimo grandíssimo! E tinha torres pretas bem pontudas. João andou até o castelo e passou por baixo da porta como se fosse uma barata. 11Mal entrou, ouviu um barulho diferente: “glu-glu!”. Olhando na direção do “glu-glu” ele viu uma enorme perua dentro de uma gaiola de ouro. Então pensou: “Vou levar esta perua para casa. Assim, eu e minha mãe comeremos omeletes para sempre!”. 12João ia abrir a gaiola quando o chão começou a tremer. Pou! Pou! Pou! O menino se escondeu atrás de um malcheiroso cesto de roupas sujas e quase desmaiou ao ver um gigante na sala. Para piorar, ele cantava assim: Fi-fi-fa-fa, fi-fi-fó-fum, Mau como eu só existe um. Fi-fi-fa-fa, fi-fi-fó-fum, Mau como eu só existe um. 13O gigante vinha todo contente, mas então torceu o nariz e fez “snif, snif, snif” — Sinto o cheiro de criança! Urrou ele. 14Já chegava perto do cesto em que João se escondia quando, ploc, a perua botou um ovo. Só que não era um ovo comum. Era de ouro! 15O grandalhão caminhou até a gaiola, pegou o ovo e guardou-o no bolso. Depois foi comer seu almoço, que naquele dia foi um cavalo assado e, de sobremesa, cavalos-marinhos cobertos de chocolate. Então ele abriu um baita bocejo e dormiu. Quando o gigante começou a roncar, João abriu a gaiola e amarrou seu cinto no pescoço da ave. Ele estava 16quase saindo do castelo, no entanto (sempre tem um “no entanto” nas histórias) a perua fez “glu-glu” bem alto. O gigante acordou. E com muita raiva. 17— Espere aí, seu patife, vais virar um belo bife. O menino saiu correndo com o animal e 18desceu deslizando pelo pé de feijão-preto como se ele fosse um escorregador beeeeeeem comprido. Já o gigante teve que descer com calma pela planta, porque era meio desengonçado. Assim que chegou em casa, João gritou: — Mãe, vamos derrubar o pé de feijão-preto! Tem um gigante querendo me pegar! 19— O que você fez desta vez? — Entrei no castelo dele e roubei sua perua. — Você invade uma casa, rouba um bicho e ainda quer matar o sujeito? 20Então a mãe de João segurou-o pelo braço e esperou que o gigante descesse. 21Aí disse para o grandalhão: — Senhor gigante, meu filho agiu muito mal. Por favor, nos desculpe. Isso não vai mais acontecer. Pode levar sua perua. Ainda bufando de raiva, o gigante tomou a ave nos braços e pôs a mão num dos galhos do pé de feijão. No entanto, antes de subir, pensou: “22Puxa, eles poderiam ter cortado o pé de feijão, mas essa mulher preferiu fazer a coisa certa. 23Isto não acontece todos os dias. Acho que darei uma recompensa a ela.” E, tirando o ovo de ouro do bolso, entregou-o à mãe de João. 24— Tome, faça o que quiser com isso. Depois, sem dizer mais nada, voltou para seu castelo nas nuvens. 25A mãe de João vendeu o ovo de ouro e comprou várias vacas (que davam leite) e galinhas (que botavam ovos de verdade). Assim, o menino aprendeu uma lição e eles nunca mais passaram fome. 26Moral da história: Às vezes quem é bom não se dá mal. TORERO, José Roberto & PIMENTA, Marcus Aurelius: ilustrações Jean-Claude R. Alphen. João e os 10 pés de feijão. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2016. p.5-6, 20-25. Texto II O Cão e o Lobo 14 Um lobo muito magro e faminto, todo pele e ossos, pôs- se um dia a filosofar sobre as tristezas da vida. E nisso estava quando lhe surge pela frente um cão — mas um cão e tanto, gordo, forte, de pelo fino e lustroso. Espicaçado pela fome, o lobo teve ímpeto de atirar-se a ele. A prudência, entretanto, cochichou-lhe ao ouvido: “Cuidado! Quem se mete a lutar com um cão desses sai perdendo”. O lobo aproximou-se do cão com toda a cautela e disse: — Bravos! Palavra de honra que nunca vi um cão mais gordo nem mais forte. Que pernas rijas, que pelo macio! Vê-se que o amigo se trata... — É verdade! — respondeu o cão. Confesso que tenho tratamento de fidalgo. 1Mas, amigo lobo, suponho que você pode levar a mesma boa vida que levo. ¯ Como? 2— Basta que abandone esse viver errante, esses hábitos selvagens e se civilize, como eu. — Explique-me lá isso por miúdo, pediu o lobo com um brilho de esperança nos olhos. — É fácil. Eu apresento você ao meu senhor. Ele, está claro, simpatiza-se e dá a você o mesmo tratamento que dá a mim: bons ossos de galinha, nacos de carne, um canil com palha macia. Além disso, agrados, mimos a toda hora, palmadas amigas, um nome. 3— Aceito! — respondeu o lobo. Quem não deixará uma vida miserável como esta por uma de regalos assim? — Em troca disso — continuou o cão — você guardará o terreiro, não deixando entrar ladrões nem vagabundos. Agradará ao senhor e à sua família, sacudindo a cauda e lambendo a mão de todos. 4— Fechado! — resolveu o lobo e emparelhando-se com o cachorro partiu a caminho da casa. 5Logo, porém, notou que o cachorro estava de coleira. — Que diabo é isso que você tem no pescoço? — É a coleira. — E para que serve? — Para me prenderem à corrente. — Então não é livre, não vai para onde quer, como eu? — Nem sempre. Passo às vezes vários dias preso, conforme a veneta do meu senhor. Mas que tem isso, se a comida é boa e vem à hora certa? O lobo entreparou, refletiu e disse: — Sabe do que mais? Até logo! Prefiro viver magro e faminto, porém livre e dono do meu focinho, a viver gordo e liso como você, mas de coleira ao pescoço. Fique-se lá com a sua gordura de escravo que eu me contento com a minha magreza de lobo livre. E afundou no mato. LOBATO, Monteiro, in Fábulas: O Cão e o Lobo. Brasiliense, São Paulo, 2002, p. 29. Fonte da imagem Disponível: <http://www.iejusa.com. br/mundoinfantil/fabulasbrasileiras.php>. Acesso em 04 de out. de 2019. Texto III O bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. BANDEIRA, Manuel. Estrela da Vida Inteira. 20ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. Texto IV COMO SERÁ A ALIMENTAÇÃO DOS HUMANOS NO FUTURO? Adaptado de Maria Luciana Rincon Com o aumento da população mundial, a redução de recursos e mudanças na dieta, muita gente prevê que no futuro a humanidade enfrentará uma competição por alimentos sem precedentes. Aliás, segundo os mais fatalistas, se as coisas continuarem como estão, por volta do ano 2050 seremos testemunhas de uma onda de fome que poderá afetar todo o planeta. Algumas estimativas apontam que dentro de apenas uma ou duas gerações a população mundial terá aumentado em alguns bilhões de habitantes, e boa parte dessa gente toda se concentrará em grandes centros urbanos. Assim, além da falta de recursos naturais, é preciso encontrar formas de fazer com que os alimentos cheguem até essas áreas e supram as necessidades de todos. 15 Por sorte, já existem cientistas quebrando a cabeça para encontrar soluções para a iminente crise de alimentos, apostando na tecnologia e na ciência para isso. Uma saída talvez seja uma mudança na dieta e, para Richard Archer, um desses cientistas preocupados, dentro de um período de 25 anos, a alimentação humana se baseará principalmente em produtos altamente processados e — diferente dos itens disponíveishoje em dia — nutricionalmente equilibrados. 1Segundo Archer, além de nutritivos, os alimentos processados podem ser preservados por mais tempo, além de serem mais facilmente transportados. Contudo, antes que eles substituam os alimentos atuais, alguns problemas precisam ser contornados. Atualmente, quando falamos em produtos processados, logo imaginamos alimentos recheados de gordura, sal e açúcar. As opções mais equilibradas existem, mas não agradam ao paladar dos consumidores pela falta de sabor. Assim, um dos maiores desafios da indústria de alimentos é encontrar formas de desenvolver produtos processados que sejam saudáveis e também saborosos. Outro problema para o futuro é o consumo de carne vermelha. Segundo Archer, a produção atual já é vista como cara e ineficiente e, no futuro, com a já prevista escassez de água e espaço para o cultivo, esses produtos se tornarão economicamente inviáveis. Desta forma, o consumo de carnes se limitará a quantidades cada vez mais reduzidas, dando lugar à ingestão de proteína animal misturada à proteína de origem vegetal e outros ingredientes que garantirão o sabor e o valor nutricional dos alimentos. 2Outra tendência apontada por Archer será o emprego de equipamentos 3D para imprimir refeições e, de acordo com o cientista, esses dispositivos permitirão que os usuários fabriquem suas criações culinárias e comidas que nem sequer existem ainda. Além disso, ele prevê o desenvolvimento de tecnologias que permitam criar ingredientes livres de calorias e que possam encapsular, cobrir, proteger e liberar nutrientes e compostos alimentares bioativos. E, segundo Archer, as mudanças na dieta não se limitarão apenas aos humanos, pois, conforme explicou, animais como frangos e peixes poderão ser alimentados com algas e insetos cultivados industrialmente. Entretanto, apesar de todo esse otimismo com respeito às soluções para o futuro, 3com uma população mundial cada vez mais urbana e ávida por comodidades, suprir a necessidade de toda essa gente — e ao mesmo tempo atender os gostos de todo mundo — não será uma tarefa nada fácil. Disponível:<https://www.megacurioso.com.br/ sustentabilidade/44765-como-sera-a-alimentacao-dos-humanos-no- futuro.htm>. Acesso em 04 de out. de 2019 É possível relacionar os textos I, II, III e IV desta prova por terem em comum a) a luta pela sobrevivência. b) a impossibilidade de encontrar alimentos. c) as tecnologias para produção dos alimentos. d) a falta de perspectiva para resolver o problema da fome. e) a necessidade de desenvolver formas sustentáveis de alimentos. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Considere o excerto do texto “Novos letramentos pelos memes: muito além do ensino de línguas”, de Maciel e Takaki, para responder à(s) questão(ões) a seguir. “[...] No Facebook, em outra época, foi comentada a frase Can the twitter speak? (O twitter pode falar?), fazendo analogia à famosa frase da indiana Gayatri Spivak: Can the subaltern speak? (O subalterno pode falar?), defensora da tese de que as pessoas só podem ser ouvidas se forem filiadas a um grupo preferencialmente hegemônico, ou seja, só serão ouvidas se estiverem do lado de dentro. Contudo, o ciberespaço fornece essa possibilidade de expressão, embora apenas como propagação de ideias sem estar necessariamente atrelado a um poder de decisão. Mesmo assim, devido a uma grande participação de internautas, as ideias se revestem de grandes complexidades, sobretudo com a convergência em outras mídias. Desse modo, destacamos que, no contexto da linguagem, os memes representam modelos culturais de pensamentos, ideias, pressupostos, valores, esquemas interpretativos de fenômenos sociais 16 simbólicos e comportamentais que são produzidos por participantes, por exemplo, em “espaços de afinidade” (Gee, 2004, p. 77). Nesses contextos, as pessoas interagem, participam e aprendem num ambiente que sugere muito mais que um mero pertencimento a determinada comunidade. Para o referido teórico, no “espaço de afinidade”, diferente do espaço da comunidade convencional, os integrantes se encontram com maior flexibilidade por questões de interesse comum e não por aquelas vinculadas à [...] classe social, gênero, etnia. Esse “espaço de afinidade” atende aos interesses de usuários que se encontram socialmente saturados por diversas tarefas e que, por isso mesmo, são interpelados a construir sentidos acessando e deixando o ambiente digital quando sentirem necessidade, sem que precisem passar por seguranças e portarias, como costuma ocorrer em clubes, parques e em outras esferas sociais”. (MACIEL, Ruberval Franco; TAKAKI, Nara Il. Novos letramentos pelos memes: muito além no ensino de línguas. In: JESUS, D.; MACIEL, R. (Orgs.). Olhares sobre tecnologias digitais: linguagens, ensino, formação e prática docente. Campinas: Pontes, 2015). 18. (UFMS) De acordo com o texto, é correto afirmar que: a) os participantes que interagem no ciberespaço determinam as regras na elaboração dos memes, já que pertencem a grupos cujas ideias, pensamentos e valores são rigidamente combinados. b) várias mídias podem colaborar na construção dos memes, uma vez que contexto da linguagem permite a mobilidade dos internautas, dependendo dos interesses que os motivam. c) o ciberespaço possibilita a circulação de ideias, valores e modelos culturais e, em função da visibilidade que apresenta, influencia na tomada de decisão de boa parte dos internautas. d) a interação no espaço midiático, por abranger classe social, gênero e etnia, direciona os internautas ao desejo de pertencer a determinado grupo. e) as pessoas, de modo geral, só utilizam as mídias pela comodidade que elas oferecem, haja vista que não há necessidade da presença de portarias e de seguranças, como se vê em clubes e em outros locais. 19. (FAMEMA) Leia a fábula “A tartaruga e a águia” do escritor grego Esopo (620 a.C.?-564 a.C.?). Uma tartaruga pediu a uma águia que a ensinasse a voar. A ave tentou dissuadi-la: – Voar é completamente contrário à sua natureza. Mas a tartaruga suplicou e insistiu ainda mais. Então a águia pegou a tartaruga com suas garras, levou-a até bem alto no céu e depois a soltou. A tartaruga caiu nos rochedos e se espatifou. (Fábulas, 2013.) Depreende-se leitura da fábula a seguinte moral: a) Aqueles que têm uma natureza má prejudicam até mesmo quem os ajuda. b) Quem concebe armadilhas para os outros se torna o causador de seus próprios males. c) Os artifícios dos maus não escapam à perspicácia dos mais sensatos. d) Muitas vezes o esforço vence o talento natural, quando este se torna indiferença. e) Muitos se recusam a ouvir os bons conselhos que lhes são dados: azar o deles. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: História das invenções Dona Benta costumava receber livros novos, de ciências, de arte, de literatura. Era o tipo da velhinha novidadeira. Bem dizia o compadre Teodorico: "Dona Benta parece velha, mas não é, tem o espírito mais moço que o de jovens de vinte anos". Assim foi que naquele bolorento mês de fevereiro, em que era impossível botar o nariz fora de casa, de tanto que chovia, resolveu contar aos meninos um dos últimos livros chegados. – Tenho aqui um livro de Hendrik Van Loon – disse ela –, um sábio americano, autor de coisas muito interessantes. Ele sai dos caminhos por onde todo 17 mundo anda e fala das ciências dum modo que tudo vira romance, de tão atrativo. Já li para vocês a geografia que ele escreveu e agora 1vou ler este último livro – História das invenções do homem, o fazedor de milagres. Era um livro grosso, de capa preta, cheio de desenhos feitos pelo próprio autor. 2Desenhos não muito bons, mas que serviam para acentuar suas ideias. – E quando começa? – quis saber Narizinho. – Hoje mesmo, no serão. Podemos começar logo depois do rádio. – Comece, vovó! – disse Pedrinho. E Dona Benta começou.3– Este livro não é para crianças – disse ela; – mas se eu ler do meu modo, vocês entenderão tudo. Não tenham receio de me interromperem com perguntas, sempre que houver qualquer coisa obscura. Aqui está o prefácio... – Que é prefácio? – perguntou Emília. – São palavras explicativas que certos autores põem no começo do livro para esclarecer os leitores sobre as suas intenções. O prefácio pode ser escrito pelo próprio autor ou por outra pessoa qualquer. Neste prefácio o Senhor Van Loon diz que antigamente tudo era muito simples... – Tudo o quê? – interrompeu Pedrinho. – A explicação das coisas do mundo. A Terra formava o centro do universo. O céu era uma abóbada de cristal azul onde à noite os anjos abriam buraquinhos para espiar. Esses buraquinhos formavam as estrelas. Tudo muito simples. 4Mas depois as coisas se complicaram. Um sábio da Polônia, de nome Nicolau Copérnico, publicou um livro no qual provava que a Terra não era fixa, pois girava em redor do Sol, 5e as estrelas não eram brinquedinhos dos anjos, sim sóis imensos, em redor dos quais giravam milhões de terras como a nossa. Isso veio causar uma grande trapalhada nas ideias assentes, isto é, nas ideias que estavam na cabeça de todo mundo – e por um triz não queimaram vivo a esse homem. Afinal a sua ideia venceu e hoje ninguém pensa de outra maneira. A astronomia, que é a ciência que estuda os astros, tomou um grande desenvolvimento. Os astrônomos foram descobrindo coisas e mais coisas, chegando à perfeição de medir a distância dum astro a outro, e pesar a massa desses astros. As distâncias entre os astros eram tão grandes que as nossas medidas comuns se tornaram insuficientes. Foi preciso criar medidas novas – medidas astronômicas. – Por quê? – perguntou Narizinho. – Com o quilômetro a gente pode medir qualquer distância. É só ir botando zeros e mais zeros. 6– Parece, minha filha. As distâncias entre os astros são tamanhas que para medi-las com quilômetros seria necessário usar carroçadas de zeros, de maneira que não haveria papel que chegasse. E então os astrônomos inventaram o "metro astronômico", ou a "unidade astronômica", que é como eles dizem. Essa unidade, esse metro tinha 92.900.000 milhas. – Que colosso, vovó! Eu acho que fizeram um metro grande demais... – Pois está muito enganada, minha filha. As distâncias entre a Terra e as novas estrelas que com os modernos telescópios foram sendo descobertas, acabaram deixando essa medida pequena. E então o astrônomo Michelson propôs outra medida: o ano-luz. – Cáspite! – Pois bem, isto que os astrônomos fizeram para os astros, outros homens de ciência fizeram para o contrário dos astros, isto é, para as moléculas e átomos, que são coisinhas infinitamente pequenas. Chegaram a medir átomos que têm o tamanhinho de uma trilionésima parte de milímetro. 7– Será possível? Um milímetro já é uma isca que a gente mal percebe... – Ora, neste livro o Senhor Van Loon trata de mostrar como esse bichinho homem, que já foi peludo e andava de quatro, chegou a desenvolver seu cérebro a ponto de medir a distância entre os astros e a calcular o tamanho dos átomos. – Como foi isso? – Inventando coisas. O homem é um grande inventor de coisas, e a história do homem na Terra não passa da história das suas invenções com todas as consequências que elas trouxeram para a vida humana. É mais ou menos isto o que Van Loon diz neste prefácio. Vamos agora ver o capítulo número 1. – Depois da pipoca, vovó! – gritou Narizinho farejando o ar. 8De fato: da cozinha vinha para a sala o cheiro das pipocas que Tia Nastácia estava rebentando. Pipocas à noite foi coisa que nunca faltou no sítio de Dona Benta. Adaptado de: LOBATO, Monteiro. História das invenções. São Paulo, SP: Círculo do Livro. 20. (G1 - CMRJ) Analise atentamente a seguinte passagem do texto: 18 “Mas depois as coisas se complicaram. Um sábio da Polônia, de nome Nicolau Copérnico, publicou um livro no qual provava que a Terra não era fixa, pois girava em redor do Sol, e as estrelas não eram brinquedinhos dos anjos, sim sóis imensos, em redor dos quais giravam milhões de terras como a nossa”. (ref. 4) Sobre o trecho acima, é correto afirmar que a) Nicolau Copérnico provou que a Terra era inerte. b) uma nova perspectiva humana sobre o universo foi apresentada. c) a ciência prefere as explicações complexas às racionais. d) o conhecimento astronômico ratifica crenças populares. e) Tia Nastácia exemplifica o progresso do pensamento científico. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia a charge do cartunista Duke para responder à(s) questão(ões) a seguir. 21. (FAMEMA) Depreende-se com a leitura da charge que as redes sociais a) melhoram a saúde do homem, quando usadas intensamente. b) podem ocasionar prejuízos à saúde do ser humano. c) promovem situações salutares de convivência humana. d) permitem o aguçamento da percepção das pessoas. e) influenciam pouco a saúde, assim como as atividades físicas. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Texto para a(s) questão(ões) a seguir. Pichação-arte é pixação? As discussões muitas vezes acaloradas sobre o reconhecimento da pixação como expressão artística trazem à tona um questionamento conceitual importante: uma vez considerado arte contemporânea, o movimento perderia sua essência? Para compreendermos os desdobramentos da pixação, alguns aspectos presentes no graffiti são essenciais e importantes de serem resgatados. O graffiti nasceu originalmente nos EUA, na década de 1970, como um dos elementos da cultura hip-hop (Break, MC, DJ e Graffiti). Daí até os dias atuais, ele ganhou em força, criatividade e técnica, sendo reconhecido hoje no Brasil como graffiti artístico. Sua caracterização como arte contemporânea foi consolidada definitivamente por volta do ano 2000. A distinção entre graffiti e pixação é clara; ao primeiro é atribuída a condição de arte, e o segundo é classificado como um tipo de prática de vandalismo e depredação das cidades, vinculado à ilegalidade e marginalidade. Essa distinção das expressões deu-se em boa parte pela institucionalização do graffiti, com os primeiros resquícios já na década de 1970. Esse desenvolvimento técnico e formal do graffiti ocasionou a perda da potência subversiva que o marca como manifestação genuína de rua e caminha para uma arte de intervenção domesticada enquadrada cada vez mais nos moldes do sistema de arte tradicional. O grafiteiro é visto hoje como artista plástico, possuindo as características de todo e qualquer artista contemporâneo, incluindo a prática e o status. Muito além da diferenciação conceitual entre as expressões – ainda que elas compartilhem da mesma matéria-prima – trata-se de sua força e essência intervencionista. Estudos sobre a origem da pixação afirmam que o graffiti nova-iorquino original equivale à pixação brasileira; os dois mantêm os mesmos princípios: a força, a explosão e o vazio. Uma das principais características do pixo é justamente o esvaziamento sígnico, a potência esvaziada. Não existem frases poéticas, nem significados. A pichação possui dimensão incomunicativa, fechada, que não conversa com a sociedade. Pelo contrário, de certa forma, a agride. A rejeição do público geral reside na falta de compreensão e intelecção das inscrições; apenas os membros da própria comunidade de pixadores decifram o conteúdo. 19 A significância e a força intervencionista do pixo residem, portanto, no próprio ato. Ela é evidenciada pela impossibilidade de inserção em qualquer estatuto pré-estabelecido, pois isso pressuporia a diluição e a perda de sua potência signo-estética. Enquanto o graffiti foi sendo introduzido como uma nova expressão de arte contemporânea, a pichação utilizou o princípio de não autorização para fortalecer sua essência. Mas o quão sensível é essa forma de expressão extremista e antissistema como a pixação? Como lidar com a linha tênue dos princípiosestabelecidos para não cair em contradição? Na 26ª Bienal de Arte de São Paulo, em 2004, houve um caso de pixo na obra do artista cubano naturalizado americano, Jorge Pardo. Seu comentário, diante da intervenção, foi “Se alguém faz alguma coisa no seu trabalho, isso é positivo, para mim, porque escolheram a minha peça entre as expostas” […]. “Quem fez isso deve discordar de alguma coisa na obra. Pode ser outro artista fazendo sua própria obra dentro da minha. Pode ser só uma brincadeira” e finalizou dizendo que “pichar a obra de alguém também não é tão incomum. Já é tradicional”. É interessante notar, a partir do depoimento de Pardo, a recorrência de padrões em movimentos de qualquer natureza, e o inevitável enquadramento em algum tipo de sistema, mesmo que imposto e organizado pelos próprios elementos do grupo. Na pixação, levando em conta o “sistema” em que estão inseridos, constatamos que também passa longe de ser perfeito; existe rivalidade pesada entre gangues, hierarquia e disputas pelo “poder”. Em 2012, a Bienal de Arte de Berlim, com o tema “Forget Fear”, considerado ousado, priorizou fatos e inquietações políticas da atualidade. Os pixadores brasileiros, Cripta (Djan Ivson), Biscoito, William e R.C., foram convidados na ocasião para realizar um workshop sobre pixação em um espaço delimitado, na igreja Santa Elizabeth. Eles compareceram. Mas não seguiram as regras impostas pela curadoria, ao pixar o próprio monumento. O resultado foi tumulto e desentendimento entre os pixadores e a curadoria do evento. O grande dilema diante do fato é que, ao aceitarem o convite para participar de uma bienal de arte, automaticamente aceitaram as regras e o sistema imposto. Mesmo sem adotar o comportamento esperado, caíram em contradição. Por outro lado, pela pichação ser conhecidamente transgressora (ou pelo jeito, não tão conhecida assim), os organizadores deveriam pressupor que eles não seguiriam padrões pré-estabelecidos. Embora existam movimentos e grupos que consideram, sim, a pixação como forma de arte, como é o caso dos curadores da Bienal de Berlim, há uma questão substancial que permeia a realidade dos pichadores. Quem disse que eles querem sua expressão reconhecida como arte? Se arte pressupõe, como ocorreu com o graffiti, adaptar-se a um molde específico, seguir determinadas regras e por consequência ver sua potência intervencionista diluída e branda, é muito improvável que tenham esse desejo. A representação da pixação como forma de expressão destrutiva, contra o sistema, extremista e marginalizada é o que a mantêm viva. De certo modo, a rejeição e a ignorância do público é o que garante sua força intervencionista e a tão importante e sensível essência. Adaptado de: CARVALHO, M. F. Pichação-arte é pixação? Revista Arruaça, Edição nº 0. Cásper Líbero, 2013. Disponível em <https:// casperlibero.edu.br/revistas/pichacao-arte-e-pixacao/> Acesso em: maio 2018. 22. (ITA) Podemos afirmar que o texto a) entende que grafite é arte desprovida de crítica social e pichação simboliza a revolta popular. b) considera grafite como arte institucionalizada e pichação como manifestação popular transgressora. c) reconhece que a preocupação estética é exatamente a mesma em ambas as manifestações. d) defende que o “pixo” é arte, ainda que não apresente mensagens poéticas identificáveis. e) assume que pichação e grafite transmitem a mesma mensagem, mas em contextos sociais diferentes. 23. (ENEM DIGITAL) Carlos é hoje um homem dividido, Mário, e isso graças às suas cartas. Às vezes ele torce pelas palmeiras paródicas do Oswald de Andrade (a ninguém cá da terra passou despercebido o título que quer dar ao seu primeiro livro de poemas – Minha terra tem palmeiras). Às vezes não quer esquecer o gélido cinzel de Bilac e a prosa clássica dos decadentistas franceses, e à noite, ao ouvir o chamado da moça-fantasma, fica cismando ismálias em decassílabos rimados. Às vezes sucumbe ao trato cristão da condição humana e,à sombra dos rodapés de Tristão de Ataíde, tem uma recaída jacksoniana. Às vezes não sabe se prefere o barulho do motor do carro em disparada, ou se fica contemplando o sinal vermelho que impõe stop ao trânsito e silêncio ao cidadão. Às vezes entoa loas à vida besta, que devia 20 jazer para sempre abandonada em Itabira. Mas na maioria das vezes sai saracoteando ironicamente pela rua macadamizada da poesia, que nem um pernóstico malandro escondido por detrás dos óculos e dos bigodes, ou melhor, que nem a foliona negra que você tanto admirou no Rio de Janeiro por ocasião das bacanais de Momo. SANTIAGO, S. Contos antológicos de Silviano Santiago. São Paulo: Nova Alexandria, 2006. Inspirado nas cartas de Mário de Andrade para Carlos Drummond de Andrade, o autor dá a esse material uma releitura criativa, atribuindo-lhe um remetente ficcional. O resultado é um texto de expressividade centrada na a) hesitação na escolha de um modelo literário ideal. b) colagem de estilos e estéticas na formação do escritor. c) confluência de vozes narrativas e de referências biográficas. d) fragmentação do discurso na origem da representação poética. e) correlação entre elementos da cultura popular e de origem erudita. 24. (ENEM PPL) Essa campanha contra a sexualização infantil utiliza- se da articulação entre texto escrito e imagem para representar um(a) a) casal de crianças do sexo oposto. b) relação inocente entre duas crianças. c) horário do dia inapropriado para crianças. d) proximidade inadequada entre as crianças. e) espaço perigoso para crianças dessa idade. 25. (ENEM DIGITAL) De acordo com as intenções comunicativas e os recursos linguísticos que se destacam, determinadas funções são atribuídas à linguagem. A função que predomina nesse texto é a conativa, uma vez que ele a) atua sobre o interlocutor, procurando convencê-lo a realizar sua escolha de maneira consciente. b) coloca em evidência o canal de comunicação pelo uso das palavras “corrige” e “confirma”. c) privilegia o texto verbal, de base informativa, em detrimento do texto não verbal. d) usa a imagem como único recurso para interagir com o público a que se destina. e) evidencia as emoções do enunciador ao usar a imagem de uma criança. 26. (ENEM DIGITAL) 21 Essa é uma campanha de conscientização sobre os efeitos do álcool na direção. Pela leitura do texto, depreende-se que a) o álcool afeta os sentidos humanos, podendo provocar a morte de pessoas inocentes. b) a bicicleta é um veículo de difícil visibilidade para os motoristas alcoolizados. c) o recipiente da bebida pode ser usado como refletor da imagem da criança. d) a visão do motorista alcoolizado fica turva após a ingestão de bebida. e) a bebida alcoólica é proibida a menores de idade. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o texto extraído da primeira parte, intitulada “A terra”, da obra Os sertões, de Euclides da Cunha. A obra resultou da cobertura jornalística da Guerra de Canudos, realizada por Euclides da Cunha para o jornal O Estado de S.Paulo de agosto a outubro de 1897, e foi publicada apenas em 1902. Percorrendo certa vez, nos fins de setembro [de 1897], as cercanias de Canudos, fugindo à monotonia de um canhoneio1 frouxo de tiros espaçados e soturnos, encontramos, no descer de uma encosta, anfiteatro irregular, onde as colinas se dispunham circulando um vale único. Pequenos arbustos, icozeiros2 virentes viçando em tufos intermeados de palmatórias3 de flores rutilantes, davam ao lugar a aparência exata de algum velho jardim em abandono. Ao lado uma árvore única, uma quixabeira alta, sobranceando a vegetação franzina. O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo chão e protegido por ela – braços largamente abertos, face volvida para os céus – um soldado descansava. Descansava... havia três meses. Morrera no assalto de 18 dejulho [de 1897]. A coronha da Mannlicher4 estrondada, o cinturão e o boné jogados a uma banda, e a farda em tiras, diziam que sucumbira em luta corpo a corpo com adversário possante. Caíra, certo, derreando-se à violenta pancada que lhe sulcara a fronte, manchada de uma escara preta. E ao enterrarem-se, dias depois, os mortos, não fora percebido. Não compartira, por isto, a vala comum de menos de um côvado de fundo em que eram jogados, formando pela última vez juntos, os companheiros abatidos na batalha. O destino que o removera do lar desprotegido fizera-lhe afinal uma concessão: livrara-o da promiscuidade lúgubre de um fosso repugnante; e deixara-o ali há três meses – braços largamente abertos, rosto voltado para os céus, para os sóis ardentes, para os luares claros, para as estrelas fulgurantes... E estava intacto. Murchara apenas. Mumificara conservando os traços fisionômicos, de modo a incutir a ilusão exata de um lutador cansado, retemperando- se em tranquilo sono, à sombra daquela árvore benfazeja. Nem um verme – o mais vulgar dos trágicos analistas da matéria – lhe maculara os tecidos. Volvia ao turbilhão da vida sem decomposição repugnante, numa exaustão imperceptível. Era um aparelho revelando de modo absoluto, mas sugestivo, a secura extrema dos ares. (Os sertões, 2016.) 1 canhoneio: descarga de canhões. 2 icozeiro: arbusto de folhas coriáceas, flores de tom verde-pálido e frutos bacáceos. 3 palmatória: planta da família das cactáceas, de flores amarelo-esverdeadas, com a parte inferior vermelha, ou róseas, e bagas vermelhas. 4 Mannlicher: rifle projetado por Ferdinand Ritter von Mannlicher. 27. (UNESP) A linguagem do texto pode ser caracterizada como a) erudita e lacônica. b) rebuscada e técnica. c) coloquial e prolixa. d) subjetiva e informal. e) hermética e impessoal. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Examine a tira de André Dahmer para responder à(s) questão(ões) a seguir. 22 28. (UNESP) Constituem exemplos de linguagem formal e de linguagem coloquial, respectivamente, as seguintes falas: a) “Ah, estou morrendo de pena...” e “Ainda vou trabalhar a noite inteira no Iraque, meu rapaz.” b) “Me adianta essa, vai...” e “É cedo para mim.” c) “O importante é trabalhar com o que a gente gosta.” e “Posso lhe dar um emprego bem melhor...” d) “É cedo para mim.” e “Posso lhe dar um emprego bem melhor...” e) “Posso lhe dar um emprego bem melhor...” e “Me adianta essa, vai...” 29. (FAMEMA) Leia o trecho de uma entrevista com o cineasta francês Jean Renoir (1894-1979), filho do conhecido pintor Pierre-Auguste Renoir, datada de novembro de 1958. Cheguei mesmo a me perguntar se toda obra humana não é provisória – mesmo um quadro, mesmo uma estátua, mesmo uma obra arquitetônica, mesmo o Partenon. Seja qual for a solidez do Partenon, o que resta dele é muito pouco e não temos nenhuma ideia do que era quando acabara de ser construído. Mesmo o que resta vai desaparecer. Talvez se consiga, a custa de tanto colocar cimento nas colunas, mantê-lo por cem anos, duzentos anos, digamos quinhentos anos, digamos mil anos. Mas, enfim, chegará um dia em que o Partenon não existirá mais. Pergunto-me se não seria mais honesto abordar a obra de arte sabendo que ela é provisória e irá desaparecer, e que, na verdade, relativizando, não há diferença entre uma obra arquitetônica feita em mármore maciço e um artigo de jornal, impresso em papel e jogado fora no dia seguinte. (Jean Renoir apud Jorge Coli. O que é arte, 2013. Adaptado.) Neste trecho da entrevista, Jean Renoir reflete sobre a) a materialidade dos objetos artísticos. b) a finalidade dos objetos artísticos. c) o significado dos objetos artísticos. d) a origem dos objetos artísticos. e) o conteúdo dos objetos artísticos. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O texto abaixo serve como base para a(s) questão(ões) a seguir. Pedrinho, na varanda, lia um jornal. De repente parou e disse à Emília, que andava rondando por ali: – Vá perguntar à vovó o que quer dizer folk-lore. – Vá? Dobre a sua língua. Eu só faço coisas quando me pedem por favor. — Pedrinho, que estava com preguiça de levantar-se, cedeu à exigência da ex-boneca. – 1Emilinha do coração — disse ele —, faça-me o maravilhoso favor de ir perguntar à vovó que coisa significa a palavra folk-lore, sim, teteia? — Emília foi e voltou com a resposta. – Dona Benta disse que folk quer dizer gente, povo; e lore quer dizer sabedoria, ciência. Folclore são as coisas que o povo sabe por boca, de um contar para o outro, de pais a filhos. Os contos, as histórias, as anedotas, as superstições, as bobagens, a sabedoria popular etc. e tal. Por que pergunta isso, Pedrinho? O menino calou-se. Estava pensativo, com os olhos lá longe. Depois disse: — Uma ideia que eu tive. 2Tia Nastácia é o povo. Tudo que o povo sabe e vai contando de um para outro, ela deve saber. Estou com o plano de espremer Tia Nastácia para tirar o leite do folclore que há nela. Emília arregalou os olhos. – Não está má a ideia, não, Pedrinho! 3Às vezes, a gente tem uma coisa muito interessante em casa e nem percebe. Fonte: do livro Histórias de Tia Nastácia. São Paulo: Globo, 2009. 30. (S1 - IFCE) Na frase “Tia Nastácia é o povo. Tudo que o povo sabe e vai contando de um para outro, ela deve saber” (referência 2) Pedrinho demonstra considerar que Tia Nastácia tem como característica o(a) a) sabedoria popular, por sua origem simples e interiorana. b) irreverência, fala tudo o que pensa sem muita reflexão. c) esclarecimento, é sempre bem informada dos principais acontecimentos do mundo. d) erudição, possui conhecimentos aprofundados sobre os mais diversos temas. e) coragem, por ser sempre muito destemida. 23 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir. [...] no tempo em que se passavam os fatos que vamos narrando nada mais havia comum do que ter cada casa um, dois e às vezes mais agregados. Em certas casas os agregados eram muito úteis, porque a família tirava grande proveito de seus serviços, e já tivemos ocasião de dar exemplo disso quando contamos a história do finado padrinho de Leonardo; outras vezes porém, e estas eram maior número, o agregado, refinado vadio, era uma verdadeira parasita que se prendia à árvore familiar, que lhe participava da seiva sem ajudá-la a dar frutos, e o que é mais ainda, chegava mesmo a dar cabo dela. E o caso é que, apesar de tudo, se na primeira hipótese o esmagavam com o peso de mil exigências, se lhe batiam a cada passo com os favores na cara, se o filho mais velho da casa, por exemplo, o tomava por seu divertimento, e à menor e mais justa queixa saltavam-lhe os pais em cima tomando o partido de seu filho, no segundo aturavam quanto desconcerto havia com paciência de mártir, o agregado tornava-se quase um rei em casa, punha, dispunha, castigava os escravos, ralhava com os filhos, intervinha enfim nos mais particulares negócios. Em qual dos dois casos estava ou viria estar em breve o nosso amigo Leonardo? O leitor que decida pelo que se vai passar. (Manuel Antônio de Almeida. Memórias de um Sargento de Milícias, 1994.) 31. (FAMEMA) O romance de Manuel Antônio de Almeida aborda costumes da sociedade do Rio de Janeiro do século XIX. Um deles é a presença comum de agregados nas casas. No texto, essa figura é descrita a) com certa reserva, já que se tratava de uma pessoa que não era bem vista pela família. b) por dois vieses, conforme a sua relação com a família: ou era útil a esta ou a explorava. c) de modo divertido, como uma pessoa que surpreendia não raro pelo seu humor e pela sua simpatia. d) como vítima do sistema, uma vez que a família a explorava, chegando a tratá-la como um escravo. e) de forma positiva, dado que os laços afetivos estabelecidos com a família eram legítimos. 32. (G1 - CMRJ)Essa história em quadrinhos se comunica com o leitor por meio de palavras e imagens. Observando a fala de Calvin no primeiro e no último quadrinho, é correto perceber que ele expressa, respectivamente, a) orgulho e aflição. b) medo e confiança. c) alegria e precaução. d) curiosidade e satisfação. e) coragem e arrependimento. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 33. (S1 - IFCE) Sobre a charge acima, é correto afirmar- se a) fake news não existem, assim como personagens de contos de fadas. b) por ser experiente em mentiras, Pinóquio seria um bom consultor para a criação de fake news. c) o nariz de Pinóquio está crescendo, pois ele está veiculando fake news. d) Pinóquio ter uma agenda em seu tablet demonstra um exemplo de fake news. e) o personagem Pinóquio utilizará fake news para conseguir fazer campanha política. 24 34. (ENEM DIGITAL) Como o preconceito contribui para o aumento da epidemia de aids Apesar dos avanços da medicina, a mentalidade em relação à aids e ao HIV continua na década de 1980. O último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, de 2016, mostrou que os casos de HIV entre os jovens no Brasil aumentaram consideravelmente. O problema avançou:das 32 321 novas infecções por HIV registradas em 2015, 24,8% aconteceram com pessoas entre 15 e 24 anos. Muitos apontam como causa o fato de que os adolescentes não conviveram com o auge da epidemia. Mas, para os especialistas, a questão é bem mais complexa. “Continuamos com essa visão hipócrita de que falar sobre sexo incita os mais jovens, e não damos ferramentas para que eles tomem decisões mais seguras em relação à sexualidade”, afirma Georgiana Braga-Orillard, diretora do Unaids, programa conjunto da ONU sobre HIV e aids,que tem como meta acabar com a epidemia até 2030. A questão do preconceito não pode ser separada de uma síndrome estigmatizante comoa aids. Leis como a que garante o tratamento gratuito pelo SUS e a que penaliza atos de discriminação ajudam, mas não são suficientes para mudar a mentalidade da sociedade, que ainda enxerga quem vive com o vírus como um “merecedor”. Além disso, o acesso à saúde e à orientação não é igual para todos. Disponível em: http://revistaplaneta.terra.com.br. Acesso em: 2 set. 2017 (adaptado). Essa reportagem discute o preconceito de não se falar abertamente sobre sexo com os mais jovens como um fator responsável pelo avanço do número de casos de aids no Brasil. A estratégia usada pelo repórter para tentar desconstruir esse preconceito é a) trazer para seu texto trecho que apresenta a palavra de uma autoridade na área. b) alertar para o fato de que o portador do vírus da aids é tido como um “merecedor”. c) tornar públicas estatísticas que comprovam o aumento no número de casos da doença. d) informar que os jovens de hoje desconhecem os piores momentos da epidemia de aids. e) comprovar que as informações sobre a doença e seu tratamento são inacessíveis a todos. 35. (UNICAMP) De acordo com Heloísa Starling, “Sertão é uma palavra carregada de ambiguidade. Sertão pode indicar a formação de um espaço interno, a fronteira aberta, ou um pedaço da geografia brasileira onde a terra se torna mais árida, o clima é seco, a vegetação escassa. Mas a palavra é igualmente utilizada para apontar uma realidade política: a inexistência de limites, o território do vazio, a ausência de leis, a precariedade dos direitos. Sertão é, paradoxalmente, o potencial de liberdade e o risco da barbárie – além de ser também uma paisagem fadada a desaparecer. (Adaptado de Heloisa Murgel Starling, A palavra “sertão” e uma história pouco edificante sobre o Brasil. Disponível em https:// www.suplementopernambuco.com.br/artigos/2243-a-palavra- sert%C3%A3o-e-uma-hist%C3%B3ria-pouco-edificante-sobre-o-brasil. html. Acessado em 06/08/2020.) Assinale o excerto que corresponde à ideia de sertão desenvolvida pela autora. a) “Se achardes no Sertão muito sertão, lembrai-vos que ele é infinito, e a vida ali não tem esta variedade que não nos faz ver que as casas são as mesmas, e os homens não são outros.” (Machado de Assis, Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, v. 3, p. 765) b) “Nessa época o sertão parece a terra combusta do profeta; dir-se-ia que por aí passou o fogo e consumiu toda a verdura, que é o sorriso dos campos e a gala das árvores, ou o seu manto, como chamavam poeticamente os indígenas.” (José de Alencar, O sertanejo. São Paulo: Ática, 1995, p.15) c) “Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade.” (João Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1956, p. 8.) d) “Dilatam-se os horizontes. O firmamento, sem o azul carregado dos desertos, alteia-se, mais profundo, ante o expandir revivescente da terra. E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono.” (Euclides da Cunha, Os sertões. São Paulo: Ateliê, 2001, p. 135) 25 36. (ENEM PPL) Os quadrinhos apresentam a sequência de certos dispositivos eletrônicos criados no decorrer da história, destacando a) a alienação provocada pelo uso excessivo da tecnologia nas sociedades urbanas contemporâneas. b) o estágio mais recente da evolução tecnológica para o armazenamento de dados digitais. c) os diferentes tipos de dispositivos usados atualmente para a gravação de dados digitais. d) o desperdício de matéria-prima proveniente da indústria tecnológica. e) a comparação entre evolução humana e tecnológica. 37. (S1 - IFPE) A Semana de Arte Moderna trouxe para a sociedade experiências distintas em relação ao contato com a leitura, através da literatura, e com a arte em geral. Dos excertos a seguir, assinale aquele que, com o advento do Modernismo, nos proporcionou a experiência da narrativa por meio do fluxo de consciência. a) “Como a nordestina, há milhares de moças espalhadas por cortiços, vagas de cama num quarto, atrás de balcões trabalhando até a estafa. Não notam sequer que são facilmente substituíveis e que tanto existiriam como não existiriam. Poucas se queixam e ao que eu saiba nenhuma reclama por não saber a quem. Esse quem será que existe?” (Clarice Lispector, em A hora da estrela) b) “Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choraram também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral.” (Machado de Assis, em Dom Casmurro) c) “Mas tinham ainda outra influência, que é justamente a que falta aos de hoje: era a influência que derivava de sua condições físicas. Os meirinhos de hoje são homens como quaisquer outros; nada têm de imponentes, nem no seu semblante nem no seu trajar, confundem-se com qualquer procurador, escrevente de cartório ou contínuo de repartição.” (Manuel Antônio de Almeida, em Memórias de um sargento de milícias) d) “Dir-se-ia que, vassalo e tributário desse rei das águas, o pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os rochedos, curva-se humildemente aos pés do suserano. Perde então a beleza selvática; suas ondas são calmas e serenas como as de um lago, e não se revoltam contra os barcos e as canoas que resvalam sobre elas: escravo submisso, sofre o látego senhor.” (José de Alencar, em O Guarani) e) João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro que enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos refolhos do bairro do Botafogo; e tanto economizou do pouco que ganhara nessa dúzia de anos, que, ao retirar- se o patrão para a terra, lhe deixou, em pagamento de ordenados vencidos, nem só a venda com o que estava dentro, como aindaum conto e quinhentos em dinheiro.” (Aluísio de Azevedo, em O cortiço) 38. (FAMEMA) Do questionamento da personagem Mafalda, depreende-se uma crítica a) ao crescimento demográfico. b) à mercantilização da infância. c) à precariedade da educação. d) à generalização do consumismo. e) à desumanização do mundo. 26 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir. Vem um Sapateiro com seu avental e carregado de formas, chega ao 1batel infernal, e diz: Hou da barca! Diabo – Quem vem aí? Santo sapateiro honrado, como vens tão carregado? Sapateiro – Mandaram-me vir assi... Mas para onde é a viagem? Diabo – Para a terra dos danados. Sapateiro – E os que morrem confessados onde têm sua passagem? Diabo – Não cures de mais linguagem! que esta é tua barca, esta! Sapateiro – Renegaria eu da festa e da barca e da barcagem! Como poderá isso ser, confessado e comungado? Diabo – Tu morreste excomungado, não no quiseste dizer. Esperavas de viver; calaste dez mil enganos, tu roubaste bem trinta anos o povo com teu mister. Embarca, pobre de ti, que há já muito que te espero! Sapateiro – Pois digo-te que não quero! Diabo – Que te pese, hás de ir, si, si! (Gil Vicente. Auto da Barca do Inferno. Adaptado.) 1batel: pequena embarcação. 39. (FAMEMA) O texto transcrito de Gil Vicente assume caráter a) moralizante, uma vez que traz explícita crítica aos costumes do personagem. b) educativo, pois o personagem reconhece seu erro e, ao final, é perdoado. c) humorístico, com intenção de entreter mais do que condenar comportamentos. d) doutrinário, considerando a devoção do personagem à religião quando em vida. e) edificante, já que o comportamento do personagem se torna exemplo a seguir. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o trecho do conto-prefácio “Hipotrélico”, que integra o livro Tutameia, de João Guimarães Rosa. Há o hipotrélico. O termo é novo, de impesquisada origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou, talvez, vice-dito: indivíduo pedante, importuno agudo, falto de respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se negar nominalmente a própria existência. Somos todos, neste ponto, um tento ou cento hipotrélicos? Salvo o excepto, um neologismo contunde, confunde, quase ofende. Perspica-nos a inércia que soneja em cada canto do espírito, e que se refestela com os bons hábitos estadados. Se é que um não se assuste: saia todo-o-mundo a empinar vocábulos seus, e aonde é que se vai dar com a língua tida e herdada? Assenta-nos bem à modéstia achar que o novo não valerá o velho; ajusta-se à melhor prudência relegar o progresso no passado. [...] Já outro, contudo, respeitável, é o caso – enfim – de “hipotrélico”, motivo e base desta fábula diversa, e que vem do bom português. O bom português, homem- de-bem e muitíssimo inteligente, mas que, quando ou quando, neologizava, segundo suas necessidades íntimas. Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano, terceiro, ausente: – E ele é muito hiputrélico... Ao que, o indesejável maçante, não se contendo, emitiu o veto: – Olhe, meu amigo, essa palavra não existe. Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo: – Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer? – É. Mas não existe. Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro, peremptório: – O senhor também é hiputrélico... E ficou havendo. (Tutameia, 1979.) 40. (UNESP) Considerando que “sonejar” constitui um neologismo formado pelo radical “sono” e pelo sufixo 27 “-ejar”, que exprime aspecto frequentativo, “a inércia que soneja em cada canto do espírito” (2º parágrafo) contribui, segundo o narrador, para a) a degradação da norma-padrão. b) a invenção de novos vocábulos. c) a valorização da linguagem coloquial. d) a renovação radical da língua. e) a sobrevivência do idioma. 41. (ENEM PPL) Entre as tentativas de encontrar o melhor ângulo para retirar o terneiro, meu irmão, o guri e seu pai tentavam convencer Jaqueline de que a morte da vaca não seria uma grande perda: “não é a mesma coisa que perder um pai, um avô, que a gente lembra para o resto da vida, fica lá no cemitério”, “bicho é bicho”. Jefferson, o guri, repetia tudo que o pai dizia, mas já afastado, pois havia sido corrido pela mãe. Jaqueline repete: “pra mim não tem diferença! Os bichos estão tudo na volta. Eles sabem quando eu chego, me conhecem, sabem o meu cheiro. Sou eu que dou comida. Não tem diferença nenhuma!”. O pai tenta concordar sem afrontar os caras, dizendo que as pessoas desenvolvem valor de estima pelos animais. KOSBY, M. F. Mugido (ou diário de uma doula). Rio de Janeiro: Garupa, 2017. No fragmento, as reações à perda de um animal refletem concepções fortalecidas pela a) sensibilidade adquirida com a lida no campo. b) banalização da morte em função de sua recorrência. c) expectativa do sofrimento na visão do destino humano. d) certeza da efemeridade da vida como fator de pessimismo. e) empatia gerada pela interseção entre o homem e seu ambiente. 42. (G1 - CMRJ) O humor, no texto acima, concretiza-se no último quadrinho. Considerando a leitura integral dessa tirinha, é correto afirmar que o recurso de humor presente no texto é originado da a) conclusão ilógica. b) indagação do óbvio. c) expectativa frustrada. d) autoimagem distorcida. e) afirmação contraditória. 43. (ENEM DIGITAL) A fim de contribuir para a diminuição do número de acidentes de trânsito, essa campanha a) proíbe o uso de remédios para evitar o sono na direção. b) dá dicas aos motoristas sobre diminuição do cansaço físico. c) apresenta a capotagem como consequência da direção perigosa. d) atribui ao motorista a responsabilidade pela segurança no trânsito. e) conscientiza o motorista sobre a necessidade de controle da velocidade nas estradas. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o soneto “VII”, de Cláudio Manuel da Costa, para responder à(s) questão(ões) a seguir. Onde estou? Este sítio desconheço: Quem fez tão diferente aquele prado? Tudo outra natureza tem tomado, E em contemplá-lo, tímido, esmoreço. Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço De estar a ela um dia reclinado; Ali em vale um monte está mudado: Quanto pode dos anos o progresso! 28 Árvores aqui vi tão florescentes, Que faziam perpétua a primavera: Nem troncos vejo agora decadentes. Eu me engano: a região esta não era; Mas que venho a estranhar, se estão presentes Meus males, com que tudo degenera! (Cláudio Manuel da Costa. Obras, 2002.) 44. (UNESP) No soneto, o eu lírico expressa um sentimento de inadequação que, a seu turno, se faz presente na seguinte citação: a) “A independência, não obstante a forma em que se desenrolou, constituiu a primeira grande revolução social que se operou no Brasil.” (Florestan Fernandes. A revolução burguesa no Brasil.) b) “Todo povo tem na sua evolução, vista à distância, um certo ‘sentido’. Este se percebe não nos pormenores de sua história, mas no conjunto dos fatos e acontecimentos essenciais que a constituem num largo período de tempo.” (Caio Prado Júnior. Formação do Brasil contemporâneo.) c) “A ocupação econômica das terras americanas constitui um episódio da expansão comercial da Europa. A descoberta das terras americanas é, basicamente, um episódio dessa obra ingente. De início pareceu ser episódio secundário. E na verdade o foi para os portugueses durante todo um meio século.” (Celso Furtado. Formação econômica do Brasil.) d) “Trazendo de países distantes nossas formasde convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra.” (Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil.) e) “A formação patriarcal do Brasil explica-se, tanto nas suas virtudes como nos seus defeitos, menos em termos de ‘raça’ e de ‘religião’ do que em termos econômicos, de experiência de cultura e de organização da família, que foi aqui a unidade colonizadora.” (Gilberto Freyre. Casa-grande e senzala.) 45. (ENEM PPL) O Brasil (descrição física e política) O Brasil é um país maior do que os menores e menor do que os maiores. É um país grande, porque, medida sua extensão, verifica-se que não é pequeno. Divide-se em três zonas climatéricas absolutamente distintas: a primeira, a segunda e a terceira. Sendo que a segunda fica entre a primeira e a terceira. Há muitas diferenças entre as várias regiões geográficas do país, mas a mais importante é a principal. Na agricultura faz-se exclusivamente o cultivo de produtos vegetais, enquanto a pecuária especializa-se na criação de gado. A população é toda baseada no elemento humano, sendo que as pessoas não nascidas no país são, sem exceção, estrangeiras. Tão privilegiada é hoje, enfim, a situação do país que os cientistas procuram apenas descobrir o que não está descoberto, deixando para a indústria tudo o que já foi aprovado como industrializável e para o comércio tudo o que é vendável. É, enfim, o país do futuro, e este se aproxima a cada dia que passa. FERNANDES, M. In: ANTUNES, I. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola, 2009 (adaptado). Em relação ao propósito comunicativo anunciado no título do texto, esse gênero promove uma quebra de expectativa ao a) abordar aspectos físicos e políticos do país de maneira impessoal. b) apresentar argumentos plausíveis sobre a estrutura geopolítica do Brasil. c) tratar aspectos físicos e políticos do país por meio de abordagem cômica. d) trazer informações relevantes sobre os aspectos físicos e políticos do Brasil. e) propor uma descrição sucinta sobre a organização física e política do Brasil. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS QUESTÕES 46 A 90 TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: Leia o texto. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos se viram numa situação privilegiada, como a mais forte, coesa e próspera economia mundial. O governo americano coordenou um vasto plano de apoio para recuperar as economias capitalistas da Europa Ocidental, já no contexto da Guerra Fria. As agitações revolucionárias na Ásia, África e América Latina forçariam desdobramentos dos investimentos americanos também para essas áreas. O resultado desse conjunto de medidas foi um crescimento econômico sem precedentes das 29 economias industriais. Entre 1953 e 1975 a taxa de produção industrial cresceu na escala extraordinária de seis por cento ao ano. O crescimento da riqueza foi de cerca de quatro por cento per capita em todo esse período. Mesmo com a crise do petróleo, que atingiu e abateu os mercados entre 1973 e 1980, o crescimento continuou, embora reduzido a cerca de dois e meio por cento ao ano, o que ainda era uma escala notável. (Nicolau Sevcenko. A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa, 2001. Adaptado.) 46. (UNESP) No contexto descrito, a) a industrialização no Ocidente expandiu-se 12% no período de 1973 a 1980, o que refletiu a plena independência da indústria ocidental em relação ao petróleo produzido e exportado pelo Oriente Médio. b) o crescimento da riqueza foi menor no período de 1973 a 1980, em relação às décadas anteriores, demonstrando o impacto da crise do petróleo na economia norte-americana e na do Ocidente europeu. c) a taxa de produção industrial cresceu 132% no período de 1953 a 1975, o que fortaleceu a economia norte-americana e permitiu investimentos nos países do Ocidente europeu. d) a produção industrial norte-americana manteve-se estável no período de 1953 a 1975, o que impediu que os Estados Unidos abalassem a liderança econômica mundial da China e da União Soviética. e) a riqueza per capita sofreu redução de 2,5% no período de 1973 a 1980, o que fragilizou a posição norte-americana na disputa pelos mercados dos países do Ocidente europeu. 47. (UNESP) O apoio à recuperação das economias capitalistas da Europa Ocidental e os investimentos na Ásia, na África e na América Latina, mencionados no texto, correspondem à atuação dos Estados Unidos a) na defesa de posições políticas e ideológicas de caráter globalista e multicultural, após a onda nacionalista trazida pela Segunda Guerra. b) na disputa pelos mercados internos dos países do centro e oriente da Europa e dos países do Hemisfério Sul. c) no cenário geopolítico do pós-Segunda Guerra, em meio às disputas de caráter econômico, militar e ideológico com o bloco socialista. d) na constituição de uma hegemonia mundial unilateral, favorecida pelo declínio econômico e militar dos países do centro e do ocidente europeus. e) no esforço de reconstrução dos países afetados diretamente pelos bombardeios e pelas invasões territoriais durante a Segunda Guerra. 48. (FGV) Observe as fotos tiradas no Congo em 1904 e 1905. Os registros fotográficos foram feitos pela missionária inglesa Alice Seeley Harris no Congo, propriedade particular do rei Leopoldo II da Bélgica. As fotografias, de grande circulação nas sociedades europeias no início do século passado, revelaram a) o abandono das sociedades nativas pelos colonizadores europeus. b) a utilização de armas de fogo pelas tribos permanentemente rebeladas. c) a sujeição física de indivíduos em condições de penúria social. d) o desinteresse das potências imperialistas por um território sem recursos naturais. e) a difusão de produtos de consumo da indústria europeia entre os habitantes. 49. (UNESP) Texto 1 O filósofo é o amigo do conceito, ele é conceito em potência. Quer dizer que a filosofia não é uma simples arte de formar, de inventar ou de fabricar conceitos, pois os conceitos não são necessariamente formas, achados ou produtos. A filosofia, mais rigorosamente, é a disciplina que consiste em criar conceitos. (Gilles Deleuze e Félix Guattari. O que é a filosofia?, 2007.) Texto 2 A língua é um “como” se pensa, enquanto que a cultura é “o quê” a sociedade faz e pensa. A língua, como meio, molda o pensamento na medida em que pode variar livremente. A língua é o molde dos pensamentos. (Rodrigo Tadeu Gonçalves. Perpétua prisão órfica ou Ênio tinha três corações, 2008. Adaptado.) 30 Os textos levantam questões que permitem identificar uma característica importante da reflexão filosófica, qual seja, que a) a mutabilidade da linguagem amplia o conhecimento do mundo. b) a cultura é constituída a partir da especulação teórica. c) o conhecimento evolui a partir do desenvolvimento tecnológico. d) a filosofia estabelece as balizas e diretrizes do fazer científico. e) os conceitos são permanentes e derivados de verdades preestabelecidas. 50. (FGV) Observe a capa do livro Assim falou Juca Pato, de Belmonte, publicado em primeira edição em 1933. Belmonte é o pseudônimo do jornalista, caricaturista e escritor Benedito Barros Barreto. Belmonte criou o personagem Juca Pato nas suas crônicas diárias no jornal Folha da Noite, a partir de 1925. O livro Assim falou Juca Pato (Aspectos divertidos de uma confusão dramática) é uma coletânea de crônicas publicadas no jornal. A capa do livro é uma ilustração dos assuntos tratados por Belmonte, tais como: a) consolidação do liberalismo econômico, tratados militares, independência de colônias africanas, primeira República brasileira, sufrágio universal feminino. b) alianças de governos totalitários, vitórias socialistas no Oriente, industrializaçãocolonial, Estado Novo brasileiro e pessimismo cultural. c) formação de Estados Nacionais, política de Paz Armada, aliança dos países do Terceiro Mundo, República Federal brasileira e dissolução dos costumes. d) constituição de regimes antidemocráticos, expansionismos militares, contestação do domínio colonial, situação política brasileira, modificações comportamentais. e) fortalecimento da Sociedade das Nações, internacionalismo econômico, criação do pan- asiatismo, movimento sindicalista brasileiro e movimento feminista. 51. (ENEM) A dinâmica produtiva apresentada na imagem tem como estratégia central a) separação pelo tipo de solo. b) exportação da colheita sazonal. c) priorização da tecnologia moderna. d) adequação pelo tempo da natureza. e) intensificação da atividade pecuária. 31 52. (FUVEST) O acordo entre o Mercosul e a União Europeia está sendo discutido há cerca de 20 anos e prevê, entre outros elementos, a redução progressiva das tarifas de exportação entre os blocos. O Brasil, que é um grande exportador de produtos de origem agrícola para o mercado europeu, teria redução tarifária para a exportação de produtos como carnes, açúcar e etanol, dentre outros. Para a ratificação do acordo, o parlamento europeu aprovou uma resolução que manifesta a importância do compromisso dos países do Mercosul com a implementação do Acordo de Paris. A relutância em ratificar o acordo entre Mercosul e União Europeia, por parte de alguns países da UE em 2020, deveu-se, entre outros fatores, Note e adote: OMC: Organização Mundial do comércio PRONAF: Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar SAFs: Sistemas Agroflorestais UE: união Europeia a) à desigual condição climática para produção de vinhos nos dois continentes. b) às políticas de incentivo à agricultura familiar na América Latina e especialmente ao PRONAF no Brasil. c) à difusão de SAFs, criados com o propósito de produção para consumo humano no Cone Sul. d) às declarações que cogitaram a retirada do Brasil da OMC meses antes da aprovação da resolução. e) aos graves problemas ambientais no Brasil, tais como desmatamento e queimadas. 53. (UNESP) Quinta-feira, 14 de novembro de 1991 Para checheno, russos impõem “terror real” O presidente da Checheno-Ingushia (Cáucaso, sul da Rússia) declarou ontem que a Rússia prepara uma campanha desestabilizadora contra seu país. O Parlamento russo exigiu uma “solução pacífica” e o envio de um grupo de deputados para a negociação. Segunda-feira, 18 de novembro de 1991 Sérvios derrotam croatas em Vukovar Croácia admite a perda da cidade para o Exército iugoslavo, que a sitiava há 86 dias A Croácia admitiu ter perdido militarmente para o Exército iugoslavo a cidade sitiada de Vukovar. A queda de Vukovar é uma das piores derrotas sofridas pela Croácia. Segunda-feira, 16 de maio de 1994 Combate se intensifica na Bósnia Sérvios e muçulmanos ignoram apelo internacional por diálogo; denunciadas novas atrocidades Tropas muçulmanas e sérvias intensificaram os combates na região de Tuzla, nordeste da Bósnia, ameaçando jogar por terra o esforço por novas conversações de paz. Os novos combates indicam que sérvios e muçulmanos não estão dispostos a aceitar os apelos internacionais por novas conversações. (https://acervo.folha.com.br. Adaptado.) Essas notícias têm em comum conflitos que envolvem questões a) imperialistas, relacionadas ao controle do Estado, decorrentes da adoção de medidas baseadas em diferenças culturais entre adversários políticos. b) geopolíticas, relacionadas à dissolução do Pacto de Varsóvia, que tinha como objetivo a formação de uma aliança militar entre os países do Leste Europeu. c) territoriais, relacionadas ao estabelecimento de novas fronteiras, cujos limites refletem a conjuntura multilateral de formação de blocos econômicos. d) supranacionais, relacionadas ao esfacelamento do bloco socialista, cujo esgotamento econômico deveu- se à estrutura centralizadora da Rússia. e) étnico-nacionalistas, relacionadas à constituição de novos Estados, devido a hostilidades que remontam às expansões dos impérios Russo, Otomano e Austro- Húngaro. 54. (ENEM DIGITAL) Mesmo com a instalação da quarta emissora no Rio de Janeiro, a Rádio Educadora, em janeiro de 1927, a música popular ainda não desfrutava desse meio de comunicação para se tornar 32 mais conhecida. Renato Murce, um dos maiores radialistas de todos os tempos, registrou, no seu livro Nos bastidores do rádio, que as emissoras veiculavam apenas “um certo tipo de cultura, com uma programação quase só da chamada música erudita, conferências maçantes e palestras destituídas de interesse”. E acrescentou: “Nada de música popular. Em samba, então, nem era bom falar”. CABRAL, S. A MPB na Era do Rádio. São Paulo: Moderna, 1996. A situação descrita no texto alterou-se durante o regime do Estado Novo, porque o meio de comunicação foi instrumentalizado para a) exportar as manifestações folclóricas nacionais. b) ampliar o alcance da propaganda político-ideológica. c) substituir as comemorações cívicas espontâneas. d) atender às demandas das elites oligárquicas. e) favorecer o espaço de mobilização social. 55. (ENEM PPL) No fim da década de 1950, a agricultura intensiva começou a ser disseminada nos países em desenvolvimento. Esse fato marcou o início da Revolução Verde – um período de 30 anos de grandes colheitas que permitiram a muitos países pobres tornarem-se autossuficientes em alimentos. Com esse incrível aumento na produção, observado especialmente nos países da América Latina, veio uma crescente dependência dos produtos químicos agrícolas – e também problemas ecológicos em escala global. No Brasil, os resultados dessa revolução são visíveis e colocaram o país entre os mais importantes da agropecuária mundial. BURNIE, D. Fique por dentro da ecologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2001 (adaptado). A expansão da capacidade produtiva brasileira, no contexto indicado, também resultou em a) queda nos níveis de contaminação do solo. b) retomada das técnicas tradicionais de plantio. c) desvalorização financeira das propriedades rurais. d) inibição do fluxo migratório campo-cidade. e) crescimento da demanda por trabalhadores qualificados. 56. (FGV) Analise os mapas. A análise dos mapas permite afirmar que a) as ocupações de terra diminuíram na região Norte. b) a concentração de terras aumentou na região Sul. c) o assentamento de famílias aumentou na região Centro-Oeste. d) a agricultura familiar diminuiu na região Nordeste. e) as agroindústrias diminuíram na região Sudeste. 33 57. (UNESP) Aquele que ousa empreender a instituição de um povo deve sentir-se com capacidade para, por assim dizer, mudar a natureza humana, transformar cada indivíduo, que por si mesmo é um todo perfeito e solitário, em parte de um todo maior, do qual de certo modo esse indivíduo recebe sua vida e seu ser; alterar a constituição do homem para fortificá-la; substituir a existência física e independente, que todos nós recebemos da natureza, por uma existência parcial e moral. Em uma palavra, é preciso que destitua o homem de suas próprias forças para lhe dar outras […] das quais não possa fazer uso sem socorro alheio. (Jean-Jacques Rousseau. Do contrato social, 1978.) De acordo com a teoria contratualista de Rousseau, é necessário superar a natureza humana para a) assegurar a integridade do soberano. b) conservar as desigualdades sociais. c) evitar a guerra de todos contra todos. d) promover a efetivação da vontade geral. e) garantir a preservação da vida. 58. (UNESP) Para Oswald, o primitivo estará associado ao pensamento selvagem como questionamento do pensamento iluminista e como proposta de valorização do pensamento selvagem local ao qual viria se acrescentara incorporação contemporânea da técnica. (Viviana Gelado. Poéticas da transgressão: vanguarda e cultura popular nos anos 20 na América Latina, 2006.) O primitivismo expresso no “Manifesto da Poesia Pau- Brasil”, lançado por Oswald de Andrade em 1924, pode ser associado à a) rejeição da influência cultural estrangeira e da ideologização na produção artística. b) recusa do experimentalismo estético e dos discursos de resgate das tradições locais. c) defesa dos princípios ilustrados e da renovação técnica proporcionada pela sociedade de fábrica. d) celebração da originalidade nativa e da modernização tecnológica. e) perspectiva rousseauniana do bom selvagem e do primado do pensamento lógico-racional. 59. (FUVEST) O Monte Everest é o pico mais elevado do planeta, localizado na cordilheira do Himalaia, na fronteira da China e Nepal, com 8.848 metros de altitude. Possui cinco estações meteorológicas em diferentes altitudes funcionando desde 2019, entre elas a estação mais elevada do planeta (8.430 m), que registra dados valiosos para a climatologia. Esse projeto foi liderado pelo Dr. Paul Andrew Mayewski, geógrafo e climatologista, cuja equipe projetou e treinou por meses para instalar a estação meteorológica em tal condição adversa em menos de 90 minutos. Disponível em https://www.climadeensinar.com.br/. Adaptado. A dificuldade de instalação da estação na altitude citada deve-se a) às elevadas condições de umidade provenientes do derretimento de neve. b) à ocorrência de chuvas intensas, que aumentam os riscos de avalanches. c) às temperaturas reduzidas e à baixa concentração de oxigênio nessa altitude. d) aos dias mais curtos nessa altitude, o que reduz o brilho solar. e) à elevada pressão atmosférica, que produz ventos intensos nessa altitude. 60. (ENEM DIGITAL) Constantinopla, aquela cidade vasta e esplêndida, com toda a sua riqueza, sua ativa população de mercadores e artesãos, seus cortesãos em seus mantos civis e as grandes damas ricamente vestidas e adornadas, com seus séquitos de eunucos e escravos, despertaram nos cruzados um grande desdém, mesclado a um desconfortável sentimento de inferioridade. RUNCIMAN, S. A Primeira Cruzada e a fundação do Reino de Jerusalém. Rio de Janeiro: Imago, 2003 (adaptado). A reação dos europeus quando defrontados com essa cidade ocorreu em função das diferenças entre Oriente e Ocidente quanto aos(às) a) modos de organização e participação política. b) níveis de disciplina e poderio bélico do exército. c) representações e práticas de devoção politeístas. d) dinâmicas econômicas e culturais da vida urbana. e) formas de individualização e desenvolvimento pessoal. 61. (UNESP) Mas eu me persuadi de que nada existia no mundo, que não havia nenhum céu, nenhuma terra, espíritos alguns, nem corpos alguns; me persuadi também, portanto, de que eu não existia? Certamente não, eu existia, sem dúvida, se é que eu me persuadi ou, apenas, pensei alguma coisa. Mas há algum, não 34 sei qual, enganador mui poderoso e mui ardiloso que emprega toda a sua indústria em enganar-me sempre. Não há pois dúvida alguma de que sou, se ele me engana; e, por mais que me engane, não poderá jamais fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De sorte que, após ter pensado bastante nisto e de ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por constante que esta proposição, penso, logo sou, é necessariamente verdadeira, todas as vezes que a enuncio […]. (René Descartes. Meditações, 1973.) Segundo o texto, um dos pontos iniciais do método de Descartes que o levou ao cogito (“penso, logo sou”) foi a) a análise das partes. b) a síntese das partes analisadas. c) o prevalecimento da alma sobre o raciocínio. d) o reconhecimento de um Deus enganador. e) a arte da persuasão grega. 62. (FUVEST) A criação do Banco do Amazônia e da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) preconizou uma política de concessão de incentivos fiscais aos empresários, especialmente das regiões mais ricas do país, para que deixassem de pagar 50% do imposto de renda, desde que o dinheiro fosse depositado naquele banco para financiar projetos de desenvolvimento no estado do Amazonas. Os investimentos orientaram-se de preferência para a agropecuária, de modo que um grande número de empresários e de empresas, especialmente do Sudeste do Brasil, sem tradição no ramo, tornaram-se proprietárias de terras e empresários rurais. Em princípio o aquisição de terras pelos grandes capitalistas do Sudeste animou o mercado imobiliário. José de Sousa Martins. O Poder do Atraso. Adaptado. Assinale a alternativa que apresenta a combinação correta entre o período a que se refere o texto e as implicações, territoriais e sociais, observadas nas áreas onde a política de incentivos fiscais entrou em operação. Período Implicações Territoriais Sociais a) Brasil Império Expansão dos sistemas agroflo- restais e preserva- ção da vegetação nativa Aprovação do direito de sindica- lização do traba- lhador rural b) Primei- ra Repú- blica Expansão da área voltada à pecuária e redução da Mata Atlântica Aumento do nú- mero de assalaria- dos no campo c) Estado Novo Expansão da eco- nomia extrativa e concentração fundiária Eliminação dos direitos trabalhis- tas na cidade e no campo d) Di- tadura Militar Aumento da grila- gem e avanço do desmatamento Aumento dos con- flitos violentos no campo e) Nova República Aumento da área de vegetação nativa e reforma agrária massiva Melhora na distri- buição fundiária e dos níveis de consumo interno 63. (FGV) Processos importantes I. Ataque, pela acidez da água, nas estruturas dos cristais. II. Desintegração de minerais que possuem ferro mais solúvel e móvel, transformando-o em óxidos pouco solúveis. III. O ferro no estado menos solúvel é dissolvido. IV. Dissolução completa (como a da rocha calcária, que pode formar cavernas). (Igo F. Lepsch. Formação e conservação dos solos, 2002. Adaptado.) Na formação dos solos, os processos destacados são responsáveis a) pelo intemperismo físico. b) pela morfogênese. c) pelo assoreamento. d) pela erosão. e) pelo intemperismo químico. 64. (ENEM DIGITAL) Certos músicos agradavam tanto ao público da Corte por seu talento especial como virtuose ou como compositor, que sua fama se espraiava para além da Corte local onde estavam empregados, chegando aos mais altos níveis. Eram chamados para tocar nas Cortes dos poderosos, como aconteceu com Mozart; imperadores e reis exprimiam abertamente prazer com sua arte e admiração por suas realizações. Tinham permissão para jantar à mesma mesa – normalmente em troca de uma execução ao 35 piano; muitas vezes se hospedavam em seus palácios quando viajavam e assim conheciam intimamente seu estilo de vida e seu gosto. ELIAS, N. Mozart, sociologia de um gênio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995 (adaptado). Com base no caso descrito, qual elemento histórico do Antigo Regime contrasta com o trânsito de intelectuais e artistas pelas Cortes? a) Rigidez das estruturas sociais. b) Fragmentação do poder estatal. c) Autonomia de profissionais liberais. d) Harmonia das relações interindividuais. e) Racionalização da administração pública. 65. (FGV) O mercador de Veneza é uma peça de teatro escrita por William Shakespeare entre 1596 e 1597. No excerto, o judeu Shylock refere-se a um empréstimo em dinheiro feito por ele ao cristão Antônio. Shylock Ainda um mau negócio para mim! Um falido, um pródigo, que mal se atreve a mostrar a cabeça no Rialto! Um mendigo que habitualmente vinha exibir- se na praça!... [...] Gostava de chamar-me de usurário. [...] Gostava de emprestar dinheiro por cortesia cristã. (William Shakespeare. O mercador de Veneza, 2013.) As palavras de Shylock sobre Antônio revelama) a separação entre desenvolvimento econômico e crenças religiosas de grupos empresariais. b) a crise do comércio de especiarias no Mar Mediterrâneo com a condenação cristã do lucro monetário. c) a guerra religiosa na cidade com a expropriação econômica dos estrangeiros em benefício dos dirigentes políticos. d) a organização da economia urbana segundo preceitos bíblicos com a exigência legal do perdão de dívidas. e) a ligação entre comportamentos religiosos e mecanismos de acumulação de capitais. 66. (FUVEST) Observe o mapa com dados de 2020: Os países destacados em amarelo no mapa referem-se: a) Ao bloco dos BRICS. b) Aos novos integrantes da OCDE. c) A países excluídos da OMC. d) A países da OPEP. e) A países membros da OTAN. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o trecho do romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Sei que estou contando errado, pelos altos. Desemendo. Mas não é por disfarçar, não pense. De grave, na lei do comum, disse ao senhor quase tudo. Não crio receio. O senhor é homem de pensar o dos outros como sendo o seu, não é criatura de pôr denúncia. E meus feitos já revogaram, prescrição dita. Tenho meu respeito firmado. Agora, sou anta empoçada, ninguém me caça. Da vida pouco me resta – só o deo-gratias; e o troco. Bobeia. Na feira de São João Branco, um homem andava falando: – “A pátria não pode nada com a velhice...” Discordo. A pátria é dos velhos, mais. Era um homem maluco, os dedos cheios de anéis velhos sem valor, as pedras retiradas – ele dizia: aqueles todos anéis davam até choque elétrico... Não. Eu estou contando assim, porque é o meu jeito de contar. Guerras e batalhas? Isso é como jogo de baralho, verte, reverte. Os revoltosos depois passaram por aqui, soldados de Prestes, vinham de Goiás, reclamavam posse de todos os animais de sela. Sei que deram fogo, na barra do Urucuia, em São Romão, aonde aportou um vapor do Governo, cheio de tropas da Bahia. Muitos anos adiante, um roceiro vai lavrar um pau, encontra balas cravadas. O que vale, são outras coisas. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De 36 cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido desgovernado. Assim eu acho, assim é que eu conto. [...] Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe. (Grande sertão: veredas, 2015.) 67. (UNESP) O evento histórico mencionado no texto está relacionado a) à Revolta da Chibata. b) à Revolta da Armada. c) ao Cangaço. d) ao Abolicionismo. e) ao Tenentismo. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia a letra da canção “Bom conselho”, de Chico Buarque, composta em 1972. Ouça um bom conselho Que eu lhe dou de graça Inútil dormir que a dor não passa Espere sentado Ou você se cansa Está provado: Quem espera nunca alcança Venha, meu amigo Deixe esse regaço Brinque com meu fogo Venha se queimar Faça como eu digo Faça como eu faço Aja duas vezes antes de pensar Corro atrás do tempo Vim de não sei onde Devagar é que não se vai longe Eu semeio vento na minha cidade Vou pra rua e bebo a tempestade (www.chicobuarque.com.br) 68. (UNESP) Considerando-se o contexto histórico- social em que a canção foi composta, o verso “Vou pra rua e bebo a tempestade” (3ª estrofe) sugere a ideia de manifestações populares que ocorreram no Brasil por ocasião a) do Regime Civil-Militar. b) do fim do Estado Novo. c) da deposição de João Goulart. d) do Movimento Diretas Já. e) do Movimento Grevista dos Metalúrgicos do ABC. 69. (UNESP) A classificação das raças em “superiores” e “inferiores”, recorrente desde o século XVII, ganha uma falsa legitimidade baseada no mito iluminista do saber científico, coincidindo com a necessária justificativa de que a dominação e a exploração da África, mais do que “naturais” e inevitáveis, eram “necessárias” para desenvolver os “selvagens” africanos, de acordo com as normas e os valores da civilização ocidental. (Leila Leite Hernandez. A África na sala de aula: visita à história contemporânea, 2005.) As teorias raciais utilizadas durante o processo de colonização da África no século XIX eram a) desdobramentos do pensamento ilustrado, que valorizava a liberdade e a igualdade social e de natureza. b) manifestações ideológicas que buscavam justificar a exploração e o domínio europeus sobre o continente africano. c) baseadas no pensamento lamarckista, que explicava a transmissão genética de características fisiológicas e intelectuais adquiridas. d) validadas pela defesa darwinista do direito dos superiores se imporem aos demais seres vivos. e) sustentadas pelo pensamento antropológico, que tratava as diferenças culturais dos diversos povos como positivas e necessárias. 70. (UNESP) A crítica de Sócrates aos sofistas consiste em mostrar que o ensinamento sofístico limita-se a uma mera técnica ou habilidade argumentativa que visa a convencer o oponente daquilo que se diz, mas não leva ao verdadeiro conhecimento. A consequência disso era que, devido à influência dos sofistas, as decisões políticas na Assembleia estavam sendo tomadas não com base em um saber, ou na posição dos mais sábios, mas na dos mais hábeis em retórica, que poderiam não ser os mais sábios ou virtuosos. (Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia, 2010.) 37 De acordo com o texto, a crítica socrática aos sofistas dizia respeito a) ao entendimento de que o verdadeiro conhecimento baseava-se no exercício da retórica. b) à desvalorização da pluralidade de opiniões e de posicionamentos político-ideológicos. c) ao prevalecimento das técnicas discursivas nas decisões da Assembleia acerca dos rumos das cidades- Estado. d) ao predomínio de líderes pouco sábios e com poucas virtudes na composição da Assembleia. e) à defesa de formas tirânicas de exercício do poder desenvolvida pela retórica convincente. 71. (UNESP) Observe a gravura de Isidore-Stanislas Helman (1743-1806). O evento representado na imagem mostra a) o poder legislativo, composto por representantes de todas as classes sociais e responsável pela proposição e criação das leis federais. b) uma assembleia popular, reunida em caráter permanente e aberta à participação direta de todos os cidadãos. c) o poder moderador, composto por representantes de organismos sociais e políticos e responsável pelo controle sobre as decisões do rei. d) o poder executivo, composto pelos membros da nobreza e do clero e responsável pelas decisões relativas à política exterior. e) uma assembleia consultiva, convocada esporadicamente pelo rei e formada por representantes das três ordens sociais. 72. (UNESP) Locke […] admite, a título de direito natural, o direito de propriedade fundado sobre o trabalho e limitado, por consequência, à extensão de terra que um homem pode cultivar, e o poder paterno, sendo a família instituição natural e não política. […] O pacto social não cria nenhum direito novo. É um acordo entre indivíduos que se reúnem para empregar a força coletiva no sentido de executar as leis naturais, renunciando a executá-las por sua própria força. (Émile Bréhier. História da filosofia, 1979.) O excerto apresenta um aspecto da teoria política de Locke, que estabelece a) a garantia da defesa de bens individuais. b) a submissão das famílias à decisão coletiva. c) a regulação do Estado conforme a vontade divina. d) a ausência de um poder soberano. e) a autoridade do governo na divisão de propriedades. 73. (FUVEST) [No Brasil] a transição da predominância indígena para a africana na composição da força de trabalhoescrava ocorreu aos poucos ao longo de aproximadamente meio século. Quando os senhores de engenho, individualmente, acumulavam recursos suficientes, compravam alguns cativos africanos, e iam acrescentando outros à medida que capital e crédito se tornavam disponíveis. Em fins do século XVI, a mão de obra dos engenhos era mista do ponto de vista racial, e a proporção foi mudando constantemente e favor dos africanos e sua prole. Stuart Schwartz, Segredos internos. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p.68. Com base na leitura do trecho e em seus conhecimentos, podemos afirmar corretamente que no Brasil a) a implementação da escravidão de origem africana não fez desaparecer a escravidão indígena, pois o emprego de ambos poderia variar segundo épocas e regiões específicas. b) do ponto de vista senhorial, valia a pena pagar mais caro por escravos africanos, porque estes viviam mais do que os escravos indígenas, que eram mais baratos. c) o comércio de escravos africanos foi incompatível com o comércio de indígenas, porque eram explorados por diferentes traficantes, que competiam entre si. d) havia crédito disponível para a compra de escravos africanos, mas não de escravos indígenas, pois a Igreja estava interessada na manutenção de boas relações com os nativos. e) a escravização dos indígenas pelos portugueses foi impossibilitada pelo fato de que os povos nativos americanos eram contrários ao aprisionamento de seres humanos. 38 74. (FGV) Em 9 de março de 1933, foi lançado nos Estados Unidos um amplo programa de reformas implementado pelo governo de Franklin Delano Roosevelt. Surgiu para salvar o país de uma enorme depressão e pôs em xeque os fundamentos do liberalismo clássico, do “laissez faire, laissez passer”, para o qual o alicerce básico da economia seria a sua autorregulamentação. (https://operamundi.uol.com.br, 09.03.2018. Adaptado.) O programa de reformas e a crise que motivou sua implantação correspondem, respectivamente, a) ao Plano Marshall e à Primeira Guerra Mundial. b) à Emenda Platt e à concessão de subsídios industriais. c) ao New Deal e à quebra da bolsa de Nova Iorque. d) à Doutrina Monroe e à queda do poder de compra nacional. e) ao America First e ao déficit da balança comercial. 75. (FAMEMA) Os cadetes da Escola Militar formavam a falange sagrada. [...] Uns trapos de positivismo tinham colado naquelas inteligências e uma religiosidade especial brotara-lhes no sentimento, transformando a autoridade, especialmente Floriano e vagamente a República, em artigo de fé. (Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma, 1959.) O romance Triste fim de Policarpo Quaresma foi publicado em primeira edição em 1915. Interpretando- se a passagem citada à luz das instituições da Primeira República brasileira, pode-se concluir que o excerto alude a) à defesa do sufrágio universal secreto pelas forças armadas brasileiras. b) à ausência de liberdade de imprensa ao longo da República oligárquica. c) ao conteúdo filosófico predominante na primeira Constituição republicana brasileira. d) à diversidade de orientações políticas no interior dos grupos republicanos. e) às decisões políticas da presidência da República dirigidas pelo saber científico. 76. (FGV) Em junho de 2019, ativistas do Greenpeace instalaram um letreiro gigante em frente ao Museu Nacional de História e Arte de Amsterdã, substituindo a mensagem “I amsterdam" por “I amazonia”. A iniciativa chamava a atenção para a necessidade de preservar a floresta amazônica em um momento em que o governo brasileiro anunciava a revisão do Fundo Amazônia, criado em 2008. A respeito do funcionamento do Fundo Amazônia, assinale a afirmação correta. a) O Fundo capta investimentos para ações de prevenção, monitoramento, combate ao desmatamento e de promoção do uso sustentável da floresta amazônica. b) Uma parte dos recursos angariados pelo Fundo é destinada a indenizar os investidores do agronegócio na Região Amazônica, cujas terras foram desapropriadas por razões de preservação ambiental. c) O Fundo recebe empréstimos internacionais reembolsáveis graças aos lucros obtidos com as iniciativas de exploração sustentável da Amazônia. d) A gestão do Fundo é realizada pelos estados integrantes da Amazônia Legal, responsáveis por captar os recursos, além de contratar e monitorar os projetos apoiados. e) Os parceiros internacionais do Fundo mais comprometidos com a preservação da floresta amazônica são institutos governamentais dos Estados Unidos, da Noruega e da Alemanha. 77. (UNESP) Pode acontecer que, para a educação do verdadeiro filósofo, seja preciso que ele percorra todas as gradações nas quais os “trabalhadores da filosofia” estão instalados e devem permanecer firmes: ele deve ter sido crítico, cético, dogmático e histórico e, ademais, poeta, viajante, moralista e vidente e “espírito livre”, tudo enfim para poder percorrer o círculo dos valores humanos, dos sentimentos de valor, e poder lançar um 39 olhar de múltiplos olhos e múltiplas consciências, da mais sublime altitude aos abismos, dos baixios para o alto. Mas tudo isso é apenas uma condição preliminar da sua incumbência. Seu destino exige outra coisa: a criação de valores. (Friedrich Nietzsche. Além do bem e do mal, 2001. Adaptado.) No texto, Nietzsche propõe que a formação do filósofo deve a) assegurar e manter os poderes políticos do governante. b) conhecer e extrapolar as práticas de vida, os sentimentos e os valores presentes na sociedade. c) privilegiar e fortalecer o papel da religião nas atitudes críticas perante a vida e os humanos. d) restringir-se ao terreno da reflexão na busca por uma verdade absoluta. e) retomar a origem una e indivisível dos humanos, na busca de sua liberdade de natureza. 78. (FUVEST) Sobre as projeções cartográficas apresentadas, suas formas, é correto afirmar: a) Interesses geopolíticos e comerciais forçaram distorções na projeção de Mercator, para fazer parecer mais curto o caminho ao novo continente, elemento corrigido a partir do século XIX, na projeção de Gall- Peters. b) As três projeções apresentam distorções, uma vez que a Terra tem forma aproximada de um geoide e sua projeção num plano ficará distorcida. c) As projeções de Mercator e GaII-Peters apresentam distorções pela falta de recursos técnicos no período em que foram feitas, mas o avanço computacional do século XX permitiu o fim das distorções na projeção de Robinson. d) A projeção de GalI-Peters não apresentava distorções no momento de sua elaboração, mas a descoberta da Antártica e da Oceania, logo após sua proposição, forçou a adaptação e induziu distorções. e) Todas as projeções apresentam distorções, uma vez que o formato da Terra não era conhecido até o século XX, o que gerou dúvidas sobre como essa projeção deveria ser executada. 79. (UNESP) No que dizia respeito ao Estado a ser construído, genericamente o modelo disponível era aquele que prevalecia no mundo ocidental. Tratava-se de organizar um aparato político-administrativo com jurisdição sobre um território definido, que exercia as competências de ditar as normas que deveriam regrar todos os aspectos da vida na sociedade, cobrar compulsoriamente tributos para financiá-lo e às suas políticas, exercer o poder punitivo para aqueles que não respeitassem as normas por ele ditadas. (Miriam Dolhnikoff. História do Brasil império, 2019.) O texto refere-se à organização política do Brasil após a independência, em 1822. O novo Estado brasileiro foi baseado em padrões a) federalistas e garantia completa autonomia às províncias. b) liberais e contava com sistema político representativo. c) absolutistas e fundava-se no exercício dos três poderes pelo imperador. d) elitistas e era controlado apenas pelos portugueses residentes no país. e) democráticose permitia a ampla participação da população brasileira. 40 80. (UNESP) A agricultura 4.0 é a conexão em tempo real dos dados coletados pelas tecnologias digitais com o objetivo de otimizar a produção em todas as suas etapas. Representará a chegada da Internet das Coisas ao campo. “No futuro, a agricultura será autonômica, independente. Os equipamentos conectados, com apoio de inteligência artificial e aprendizado de máquina, irão analisar os dados da cadeia produtiva e tomar as decisões. Caberá ao agricultor acompanhar, monitorar e endossar os processos em curso”, diz Fernando Martins, conselheiro de empresas de tecnologia voltadas ao agronegócio. (Domingos Zaparolli. “Agricultura 4.0”. Pesquisa Fapesp, janeiro de 2020.) Caso se concretize no cenário brasileiro, a agricultura 4.0 tem potencial para promover a) a qualificação profissional da mão de obra, ainda que possa promover mudanças na estrutura fundiária. b) a superação do campesinato, embora deva permanecer ligada às práticas de cultivo tradicionais. c) a ampliação dos cultivos, a despeito dos baixos recursos comumente destinados aos insumos. d) o aumento da produtividade, embora tenda a reforçar as desigualdades no campo. e) o aumento das exportações, ainda que possa desabastecer o mercado interno. 81. (FGV) Observe a montagem visual que faz parte de uma série fotográfica composta entre 1967 e 1972. Vinculando-se o momento da produção da série fotográfica com aquela conjuntura da história norte- americana, a imagem “Limpando a cortina” pode fornecer explicação sobre a) a segurança interna da população de uma nação capitalista desenvolvida. b) a desigualdade social produzida pelos desníveis das economias em escala global. c) a dificuldade de circulação de notícias internacionais em países democráticos. d) a vitória nas eleições presidenciais de candidatos das forças armadas. e) a mobilização de setores sociais afetados pela política exterior do país. 82. (FAMEMA) Analise o gráfico. O contexto expresso no gráfico indica a necessidade brasileira de a) incentivar políticas de obsolescência programada. b) aumentar os investimentos no setor de logística. c) reavaliar as infraestruturas dedicadas ao marketing. d) promover a organização de compras coletivas. e) combater os resquícios do consumo consciente. 83. (FGV) É particularmente no Oeste da província de São Paulo – o Oeste de 1840, não o de 1940 – que os cafezais adquirem seu caráter próprio, emancipando- se das formas de exploração agrária estereotipadas desde os tempos coloniais no modelo clássico de lavoura canavieira e do “engenho” de açúcar. A silhueta antiga do senhor de engenho perde aqui alguns dos seus traços característicos, desprendendo- se mais da terra e da tradição – da rotina – rural. A terra da lavoura deixa então de ser o seu pequeno mundo para se tornar unicamente seu meio de vida, sua fonte de renda e de riqueza. A fazenda resiste com menos energia à influência urbana. (Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil, 1995.) O historiador compara duas economias agrárias, empregando como critério da comparação a) o volume do capital acumulado com as redes internacionais de comércio de produtos primários. b) o grau maior ou menor de autonomia dos centros de produções agrícolas para com as relações 41 socioeconômicas mais gerais. c) o emprego de formas de exploração do trabalho especializado assalariado ou compulsório em regimes de plantations. d) o controle ou a influência maior ou menor dos grandes empresários agrícolas sobre as políticas governamentais. e) a permanência mais ou menos duradoura da atividade produtiva agrícola ao longo da história do Brasil. 84. (FUVEST) “A base física do Brasil, ao principiar o século XVIII, era profundamente diversa daquela que, mesmo numa interpretação liberal do Tratada de Tordesilhas, fora assentada no diploma de 1494. A expansão ao longo do litoral levara ao Oiapoc, no norte, e ao Prata, no sul. O rush do ouro estava determinando a ampliação da área oeste do mesmo modo por que a ‘droga do sertão’ explicava a façanha da incorporação do mundo amazônica. Toda uma geografia nova, política, social e econômica se estava escrevendo na América portuguesa [...].” Arthur F. Reis. "Os tratados de limites". História geral da civilização brasileira, t.I, v.1, p. 396. A partir da leitura do trecho e de seus conhecimentos, é correto afirmar que: a) o Tratado de Tordesilhas representou uma permanente barreira a exploração econômica dos sertões portugueses da América, e só foi ultrapassada no século XVIII por sertanistas que passaram a agir junto à Coroa Portuguesa. b) a ocupação da Amazônia foi determinante na formação do território português da América porque as drogas do sertão puderam ser exploradas por longos períodos, ao contrário do efêmero ouro de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. c) embora a mineração tenha interiorizado a presença portuguesa no continente, a definição das fronteiras territoriais do Brasil só se completaria definitivamente muito depois, no começo do século XX. d) mesmo com o rush minerador a economia colonial portuguesa continuou isolada em relação aos principais circuitos econômicos europeus de sua época, situação que só alteraria na primeira década do século XIX. e) a realidade econômica de Portugal e Espanha no séculos XVII e XVIII tornou o Tratado de Tordesilhas obsoleto, uma vez que neste período importava menos o comércio extrativista e mais a produção industrial. 85. (ENEM DIGITAL) TEXTO I De modo geral, para a Região Norte, o fato contundente é a expansão dos padrões motivados pela pecuária. Hoje, as pastagens se estendem como uma frente pecuarista para o interior do Pará, com São Félix do Xingu contabilizando um dos maiores rebanhos do país. IBGE. Censo agropecuário. Rio de Janeiro: IBGE, 2006. TEXTO II As várzeas dos rios são os principais espaços de aproveitamento para o cultivo de uma lavoura rudimentar dedicada ao consumo local, com produção de pouca extração e baixo nível tecnológico, induzindo a aquisição monetária à complementaridade através da pesca e da extração vegetal. IBGE. Censo agropecuário. Rio de Janeiro: IBGE, 2006. De acordo com os textos, observa-se na Região Norte a coexistência de dois modelos agrários baseados, respectivamente, no(a) a) mercado de exportação e na subsistência. b) agricultura familiar e na agroecologia. c) sistema de arrendamento e no agronegócio. d) produção orgânica e na sustentabilidade. e) abastecimento interno e na transumância. 86. (UNESP) Artigo 1º – Todos os escravos, que entrarem no território ou portos do Brasil, vindos de fora, ficam livres [...]. Artigo 2º – Os importadores de escravos no Brasil incorrerão na pena corporal do artigo cento e setenta e nove do Código Criminal, imposta aos que reduzem à escravidão pessoas livres [...]. (Lei de 7 de novembro de 1831. https://camara.leg.br.) A Lei de 7 de novembro de 1831, também conhecida como “Lei Feijó”, a) proporcionou a imediata superação da escravidão no Brasil, que se consolidou com a entrada maciça de imigrantes europeus a partir da década de 1870. b) teve efeito reduzido, pois o tráfico internacional de escravos e a entrada de mão de obra africana no território brasileiro persistiram nos governos sucessivos do país até a metade do século XIX. c) foi promulgada por pressão da Coroa inglesa, que determinou que navios britânicos apreendessem todas as embarcações suspeitas de tráfico de escravizados. 42 d) proibiu a escravidão no Brasil, embora a escassez de mão de obra assalariada tenha levado à manutenção do emprego de mão de obra de escravizados até a década de 1880. e) resultou da guinada ocorrida no Período Regencial, quando o Brasil assumiu diretrizes liberais e ilustradas na condução da política econômica eno reconhecimento dos direitos humanos. 87. (UNESP) Texto 1 Nos últimos tempos, reservou-se (e, com isso, popularizou- se) o termo fake news para designar os relatos pretensamente factuais que inventam ou alteram os fatos que narram e que são disseminados, em larga escala, nas mídias sociais, por pessoas interessadas nos efeitos que eles poderiam produzir. (Wilson S. Gomes e Tatiana Dourado. “Fake news, um fenômeno de comunicação política entre jornalismo, política e democracia”. Estudos em Jornalismo e Mídia, nº 2, vol. 16, 2019.) Texto 2 As vacinas foram os principais alvos de fake news entre todas as publicações monitoradas pelo Ministério da Saúde em 2018. Cerca de 90% dos focos de mentiras identificados pelo órgão tinham como alvo a vacinação. Reconhecido internacionalmente, o programa de imunização brasileiro viu doenças como sarampo e poliomielite voltarem a ameaçar o país em 2018 após os índices de cobertura vacinal caírem em 2017. (Fabiana Cambricoli. “Ministério da Saúde identifica 185 focos de fake news e reforça campanhas”. https://saude.estadao.com.br, 20.09.2018. Adaptado.) Os textos tratam de uma prática que é contrária ao princípio da fundamentação racional sustentado por Descartes, que propôs a a) busca por um conhecimento seguro proveniente do ato de duvidar. b) construção da compreensão a partir da lógica dialética. c) eliminação da subjetividade na produção do conhecimento. d) fundamentação das certezas a partir da experiência sensível. e) percepção da realidade por meio da associação entre fé e razão. 88. (ENEM PPL) O horário brasileiro de verão consiste em adiantar em uma hora a hora legal (oficial) de determinados estados. Ele é adotado por iniciativa do Poder Executivo com vistas a limitar a máxima carga a que o sistema fica sujeito no período do ano de maior consumo, aumentando, assim, sua confiabilidade, constituída pelas linhas de transmissão e pelas usinas que atendem as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e parte da Região Norte. Disponível em: www12.senado.gov.br. Acesso em: 29 jun. 2015 (adaptado). A ação governamental descrita é possibilitada por meio da seguinte estratégia: a) Redução do valor das contas de luz. b) Estímulo à geração de energia limpa. c) Diminuição de produção da matriz hidrelétrica. d) Distribuição da eletricidade de modo equitativo. e) Aproveitamento do fotoperíodo de forma estendida. 89. (FGV) As cidades brasileiras foram classificadas, hierarquicamente, a partir das funções de gestão que exercem sobre outras cidades, considerando tanto seu papel de comando em atividades empresariais quanto de gestão pública, e, ainda, em função da sua atratividade para suprir bens e serviços para outras cidades. (https://biblioteca.ibge.gov.br. Adaptado.) Essa classificação é estabelecida a partir da análise a) do PIB per capita das cidades. b) da área de influência das cidades. c) do plano diretor das cidades. d) da densidade demográfica das cidades. e) do déficit público das cidades. 90. (FGV) 43 A distribuição dos aglomerados subnormais ocorre, sobretudo, em: a) áreas de altas taxas de desemprego, devido à intensa urbanização. b) áreas com altos índices de analfabetismo, devido ao intenso processo de industrialização. c) áreas metropolitanas, em virtude das deficiências no planejamento e execução de políticas públicas. d) cidades médias, devido à não obrigatoriedade de elaboração de um plano diretor. e) cidades com pequena influência, em virtude das baixas taxas de articulação com a rede urbana.