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1 SIMULADO ESPECIAL 1 TEMA: O PREJUÍZO DA CULTURA DO CANCELAMENTO PARA A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA TEXTO 01 Cultura do cancelamento Além dos seus usos mais tradicionais – como deixar de assinar um serviço ou desmarcar um compromisso agendado –, o verbo “cancelar” tem sido empregado com frequência, recentemente, para pessoas. O ato de cancelar alguém costuma ser aplicado a figuras públicas que tenham feito ou dito algo considerado condenável, ofensivo ou preconceituoso. São inúmeros os exemplos de cancelados, e a lista aumenta a cada semana. O cancelamento é primeiramente decretado numa rede social, onde gera uma onda de críticas e comentários. Depois estampa manchetes e, normalmente, é seguido de uma retratação do cancelado, que pode ou não ser acatada por seus críticos. Fonte: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/11/01/Quais- os-efeitos-da-cultura-do-cancelamento TEXTO 02 Fonte: https://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/cultura-do- cancelamento-causa-danos-ao-cancelado-ao-cancelador-afirmam- psicologas-24882814.html TEXTO 03 Por que linchamos? Não raro, o linchamento virtual resvala para a violência física — é o caso de Fabiane Maria de Jesus, dona de casa assassinada em maio de 2014, no Guarujá, após ser acusada de praticar magia negra e sequestrar crianças. O boato surgiu na internet, junto a relatos falsos de testemunhas. Fabiane foi espancada até a morte por moradores, após ser confundida com um retrato falado da suposta sequestradora. O linchamento foi filmado e divulgado na internet, onde viralizou. Depois, descobriu-se que o retrato havia sido feito em 2012 por policiais do Rio de Janeiro, em um caso sem relação alguma com o boato. O linchamento tem caráter vingativo, de punir com força redobrada o suposto 2 crime original. É uma forma de a sociedade julgar a ineficiência dos procedimentos oficiais de justiça. A hipótese mais provável é a de que a população lincha para punir, mas sobretudo para indicar seu desacordo com alternativas de mudança social que violam valores e normas de conduta tradicionais”, escreve José Martins de Souza, sociólogo e professor da USP, no livro Linchamentos: a justiça popular no Brasil. “O linchamento não é uma manifestação de desordem, mas de questionamento da desordem.” Fonte: https://super.abril.com.br/tecnologia/o-que-motiva-os- linchamentos-virtuais/ TEXTO 04 Charge de Enrico Rea ANOTAÇÕES 3 1. (ENEM) TEXTO I Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. CUNHA, E. Os sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987. TEXTO II Na trincheira, no centro do reduto, permaneciam quatro fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho, coxo por ferimento e usando uniforme da Guarda Católica, um rapaz de 16 a 18 anos, um preto alto e magro, e um caboclo. Ao serem intimados para deporem as armas, investiram com enorme fúria. Assim estava terminada e de maneira tão trágica a sanguinosa guerra, que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses, naquele recanto do território nacional. SOARES, H. M. A Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Altina, 1902. Os relatos do último ato da Guerra de Canudos fazem uso de representações que se perpetuariam na memória construída sobre o conflito. Nesse sentido, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da a) manipulação e incompetência. b) ignorância e solidariedade. c) hesitação e obstinação. d) esperança e valentia. e) bravura e loucura. 2. (UNESP) A cada canto um grande conselheiro, Que nos quer governar cabana, e vinha, Não sabem governar sua cozinha, E podem governar o mundo inteiro. (...) Estupendas usuras nos mercados, Todos, os que não furtam, muito pobres, E eis aqui a Cidade da Bahia. (Gregório de Matos. “Descreve o que era realmente naquelle tempo a cidade da Bahia de mais enredada por menos confusa”. In: Obra poética (org. James Amado), 1990.) O poema, escrito por Gregório de Matos no século XVII, a) representa, de maneira satírica, os governantes e a desonestidade na Bahia colonial. b) critica a colonização portuguesa e defende, de forma nativista, a independência brasileira. c) tem inspiração neoclássica e denuncia os problemas de moradia na capital baiana. d) revela a identidade brasileira, preocupação constante do modernismo literário. e) valoriza os aspectos formais da construção poética parnasiana e aproveita para criticar o governo. 3. (FUVEST) Se o açúcar do Brasil o tem dado a conhecer a todos os reinos e províncias da Europa, o tabaco o tem feito muito afamado em todas as quatro partes do mundo, em as quais hoje tanto se deseja e com tantas diligências e por qualquer via se procura. Há pouco mais de cem anos que esta folha se começou a plantar e beneficiar na Bahia [...] e, desta sorte, uma folha antes desprezada e quase desconhecida tem dado e dá atualmente grandes cabedais aos moradores do Brasil e incríveis emolumentos aos Erários dos príncipes. ANTONIL André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. São Paulo: EDUSP, 2007. Adaptado. O texto acima, escrito por um padre italiano em 1711, revela que a) o ciclo econômico do tabaco, que foi anterior ao do ouro, sucedeu o da cana-de-açúcar. b) todo o rendimento do tabaco, a exemplo do que ocorria com outros produtos, era direcionado à metrópole. c) não se pode exagerar quanto à lucratividade propiciada pela cana-de-açúcar, já que a do tabaco, desde seu início, era maior. d) os europeus, naquele ano, já conheciam plenamente o potencial econômico de suas colônias americanas. e) a economia colonial foi marcada pela simultaneidade de produtos, cuja lucratividade se relacionava com sua inserção em mercados internacionais. 4. (FUVEST) São Paulo gigante, torrão adorado Estou abraçado com meu violão Feito de pinheiro da mata selvagem Que enfeita a paisagem lá do meu sertão Tonico e Tinoco, São Paulo Gigante. Nos versos da canção dos paulistas Tonico e Tinoco, o termo “sertão” deve ser compreendido como 4 a) descritivo da paisagem e da vegetação típicas do sertão existente na região Nordeste do país. b) contraposição ao litoral, na concepção dada pelos caiçaras, que identificam o sertão com a presença dos pinheiros. c) analogia à paisagem predominante no Centro-Oeste brasileiro, tal como foi encontrada pelos bandeirantes no século XVII. d) metáfora da cidade-metrópole, referindo-se à aridez do concreto e das construções. e) generalização do ambiente rural, independentemente das características de sua vegetação. 5. (ENEM PPL) Quando a propaganda é decisiva na troca de marcas Todo supermercadista sabe que, quando um produto está na mídia, a procura pelos consumidores aumenta. Mas, em algumas categorias, a influência da propaganda é maior, de acordo com pesquisa feita com 400 pessoas pela consultoria YYY e com exclusividade para o supermercado XXX. O levantamento mostrou que, mesmo não sendo a razão o fator mais apontado para trocar de marca, não se pode ignorar a força das campanhas publicitárias. Em algumas categorias, um terço dos respondentes atribuem a mudança à publicidade. Para Nicanor Guerreiro, a propaganda estabelece uma relação mais “emocional” da marca com o público. “Todos sentimos necessidade de consumir produtos que sejam ‘aceitos’ pelas outras pessoas. Por isso, a comunicação faz o papel de endosso das marcas”, afirma. O executivo ressalta, no entanto, que nada disso adianta se o produto não cumprir as promessas transmitidas nas ações de comunicação. Um dos objetivos da propaganda é tornar o produtoaspiracional, despertando o desejo de experimentá-lo. O que o consumidor deseja é o que a loja vende. E é isso o que o supermercadista precisa ter sempre em mente. Veja o gráfico: De acordo com o texto e com as informações fornecidas pelo gráfico, para aumentar as vendas de produtos, é necessário que a) a campanha seja centrada em produtos alimentícios, a fim de aumentar o percentual de troca atual que se apresenta como o mais baixo. b) a preferência de um produto ocorra por influência da propaganda devido à necessidade emocional das marcas. c) a propaganda influencie na troca de marca e que o consumidor valorize a qualidade do produto. d) os produtos mais vendidos pelo comércio não sejam divulgados para o público como tal. e) as marcas de qualidade inferior constituam o foco da publicidade por serem mais econômicas. 6. (ENEM) No Brasil, a origem do funk e do hip-hop remonta aos anos 1970, quando da proliferação dos chamados “bailes black” nas periferias dos grandes centros urbanos. Embalados pela black music americana, milhares de jovens encontravam nos bailes de final de semana uma alternativa de lazer antes inexistente. Em cidades como o Rio de Janeiro ou São Paulo, formavam-se equipes de som que promoviam bailes onde foi se disseminando um estilo que buscava a valorização da cultura negra, tanto na música como nas roupas e nos penteados. No Rio de Janeiro ficou conhecido como “Black Rio”. A indústria fonográfica descobriu o filão e, lançando discos de “equipe” com as músicas de sucesso nos bailes, difundia a moda pelo restante do país. DAYRELL, J. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude. Belo Horizonte: UFMG, 2005. A presença da cultura hip-hop no Brasil caracteriza-se como uma forma de a) lazer gerada pela diversidade de práticas artísticas nas periferias urbanas. b) entretenimento inventada pela indústria fonográfica nacional. c) subversão de sua proposta original já nos primeiros bailes. d) afirmação de identidade dos jovens que a praticam. e) reprodução da cultura musical norte-americana. 7. (FUVEST) Rubião fitava a enseada, – eram oito horas da manhã. Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava aquele pedaço de 5 água quieta; mas em verdade vos digo que pensava em outra coisa. Cotejava o passado com o presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora! Capitalista. Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de propriedade. – Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas, pensa ele. Se mana Piedade tem casado com Quincas Barba, apenas me dano uma esperança colateral. Não casou; ambos morreram, e aqui está tudo comigo; de modo que o que parecia uma desgraça... Machado de Assis, Quincas Borba. O primeiro capítulo de Quincas Borba já apresenta ao leitor um elemento que será fundamental na construção do romance: a) a contemplação das paisagens naturais, como se lê em “ele admirava aquele pedaço de água quieta”. b) a presença de um narrador-personagem, como se lê em “em verdade vos digo que pensava em outra coisa”. c) a sobriedade do protagonista ao avaliar o seu percurso, como se lê em “Cotejava o passado com o presente”. d) o sentido místico e fatalista que rege os destinos, como se lê em “Deus escreve direito por linhas tortas”. e) a reversibilidade entre o cômico e o trágico, como se lê em “de modo que o que parecia uma desgraça...”. 8. (FUVEST) – Posso furar os olhos do povo? Esta frase besta foi repetida muitas vezes e, em falta de coisa melhor, aceitei-a. Sem dúvida. As mulheres hoje não vivem como antigamente, escondidas, evitando os homens. Tudo é descoberto, cara a cara. Uma pessoa topa outra. Se gostou, gostou; se não gostou, até logo. E eu de fato não tinha visto nado. As aparências mentem. A terra não é redonda? Esta prova da inocência de Marina me pareceu considerável. Tantos indivíduos condenados injustamente neste mundo ruim! O retirante que fora encontrado violando a filha de quatro anos – estava aí um exemplo. As vizinhas tinham visto o homem afastando as pernas da menina, todo o mundo pensava que ele era um monstro. Engano. Quem pode ló furar que isto é assim ou assado? Procurei mesmo capacitar-me de que Julião Tavares não existia. Julião Tavares era uma sensação. Uma sensação desagradável, que eu pretendia afastar de minha casa quando me juntasse àquela sensação agradável que ali estava a choramingar. Graciliano Ramos, Angústia. Em termos críticos, esse fragmento permite observar que, no plano maior do romance Angústia, o ponto de vista a) se acomoda nos limites da vulgaridade. b) tenta imitar a retórica dos dominantes. c) reproduz a lógica do determinismo social. d) atinge a neutralidade do espírito maduro. e) revira os lados contrários da opinião. 9. (FUVEST) O efeito de humor presente nas falas das personagens decorre a) da quebra de expectativa gerada pela polissemia. b) da ambiguidade causada pela antonímia. c) do contraste provocado pela fonética. d) do contraste introduzido pela neologia. e) do estranhamento devido à morfologia. 10. (G1 - EPCAR (CPCAR)) TEXTO I Agressividade is the new black RUTH MANUS Para que dialogar se nós podemos jogar pedras? The new black. Expressão inglesa que designa uma nova tendência, algo que está tão na moda que poderia até mesmo funcionar como um pretinho básico. Adoraria que este fosse um texto sobre jaqueta jeans, mas não é. “Se prepare, Ruth, a agressividade nas redes sociais é algo que você não pode imaginar.” Foi o que me disseram pouco antes da estreia do blog. Eu, fingindo não estar com medo, balancei a cabeça positivamente como quem diz “tô sabendo, tô sabendo”. Mas como diria Compadre Washington, “sabe de nada, inocente”. 6 No meu segundo texto, quase desisti de tudo. Eu realmente não tinha dimensão do nível sem cabimento que as pessoas poderiam atingir para atacar algo que na maioria das vezes nem mesmo as provocou. Há muito tempo venho tentando digerir, mas não consigo. Achava que a agressividade vinha só de alguns leitores meio pancadas. Engano meu. Ela vem de todo lado: de quem lê, de quem não lê, de quem lê só o título e 3até de quem escreve. E eu pensava que isso acontecia porque o computador torna as pessoas intocáveis, assim como os carros e que por isso elas canalizavam toda sua agressividade nas redes sociais ou no trânsito. Engano meu. Tá generalizado, como uma peste que se espalha pelo país e ninguém faz nada para conter. Mesa de bar, fila da farmácia, ponto do ônibus. Discursos de ódio e ignorância estão por toda parte. Acho que existe um erro de conceito. As pessoas passaram a utilizar a agressividade como um artifício para aumentar a própria autoestima. Como as pessoas se sentem politizadas? Sendo agressivas. Como as pessoas se sentem informadas? Sendo agressivas. Como as pessoas se sentem engraçadas? Sendo agressivas. Como as pessoas se sentem menos ignorantes? Sendo agressivas. Entendam: pessoas inteligentes não jogam pedras. E pessoas equilibradas não berram, nem mesmo via caps lock. Sempre me vem à mente aquela passagem de Sagarana, em que Augusto Matraga diz que vai para o céu “nem que seja a porrete”. As pessoas tentam reduzir a violência com agressividade. Tentam melhorar o país com agressividade. Tentam educar seus filhos com agressividade. Tentam fazer justiça amarrando pessoas em postes. “Pra pedir silêncio eu berro, pra fazer barulho eu mesma faço”. Será que um dia essa gente vai entender que o antônimo de agressividade não é passividade? Mas é assim que tá sendo. Porque argumentar dá muito trabalho. Pesquisar então,nem se fala. Articular um discurso está fora de questão. Tentar persuadir é bobagem. E tolerar... Tolerar é um verbo morto. Agressividade is the new black. (Disponível em: https://emais.estadao.com.br/blogs/ruth-manus/ agressividade-is-the-new-black/ - Acesso em 28/08/2020) TEXTO II O QUE É INTOLERÂNCIA A palavra “intolerância” vem do latim intolerantia, que significa impaciência, incapacidade de suportar, falta de condescendência e de compreensão. Também compreende o sentido de inflexível, rígido e que não admite opinião ou posição divergente. No sentido oposto, “tolerância” foi definida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como “o respeito, a aceitação e o apreço da riqueza e da diversidade das culturas de nosso mundo, de nossos modos de expressão e de nossas maneiras de exprimir nossa qualidade de seres humanos”. (...) Um interessante entendimento das razões da intolerância é o da antropóloga francesa Françoise Héritier (1933-2017). Segundo ela, a intolerância está associada à dificuldade de reconhecer a expressão da condição humana no que nos é absolutamente diverso. Ser intolerante seria “restringir a definição de humano aos membros do grupo; os outros, sendo não humanos, podem ser tratados como tais”. 1Está aí uma das chaves para a compreensão das causas do aumento da intolerância nos últimos tempos. (...) (Disponível em: http://conhecimentocerebral1.blogspot.com/2018/06/ atualidades-vestibular-e-enem-dossie.html - Acesso em 28/08/2020) TEXTO III Em uma coletânea intitulada Os cem menores contos brasileiros do século, Cíntia Moscovich, ao ser convidada para produzir um conto com até cinquenta palavras, escreveu: “Uma vida inteira pela frente. O tiro veio por trás.” 7 Considerando os textos I, II e III apresentados nesta prova e o microconto acima, assinale a alternativa que apresenta um comentário correto acerca deles. a) A narrativa trazida pelo conto é uma consequência direta da intolerância vigente nos dias atuais, incentivada e incrementada pelo ódio propagado nas redes sociais. b) A violência a que as pessoas estão submetidas e que é retratada no conto confirma a mensagem apresentada no diálogo do texto III. c) “O tiro veio por trás” é uma metáfora que serve para ilustrar a afirmativa do Texto II: “está aí uma das chaves para a compreensão das causas do aumento da intolerância nos últimos tempos.” (ref. 1). d) A “the new black” apresentada no Texto I, a agressividade, pode culminar como no conto, isto é, na violência entre os seres humanos. e) Os textos não têm relação entre si. 11. (ENEM) TEXTO I Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. […] Andavam todos tão bem- dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam. CASTRO, S. “A carta de Pero Vaz de Caminha”. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento). TEXTO II Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária. b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna. c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos. d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes — verbal e não verbal —, cumprem a mesma função social e artística. e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momentos histórico, retratando a colonização. 12. (ENEM) Nessa charge, o recurso morfossintático que colabora para o efeito de humor está indicado pelo(a) a) emprego de uma oração adversativa, que orienta a quebra da expectativa ao final. b) uso de conjunção aditiva, que cria uma relação de causa e efeito entre as ações. c) retomada do substantivo “mãe”, que desfaz a ambiguidade dos sentidos a ele atribuídos d) utilização da forma pronominal “la”, que reflete um tratamento formal do filho em relação à “mãe”. e) repetição da forma verbal “é”, que reforça a relação de adição existente entre as orações. 8 13. (ENEM) A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao uso social da tecnologia para fins de interação e de informação. Tal posicionamento é expresso, de forma argumentativa, por meio de uma atitude a) crítica, expressa pelas ironias. b) resignada, expressa pelas enumerações. c) indignada, expressa pelos discursos diretos. d) agressiva, expressa pela contra-argumentação. e) alienada, expressa pela negação da realidade. 14. (ENEM) LXXVIII (CAMÕES, 1525?-1580) Leda serenidade deleitosa, Que representa em terra um paraíso; Entre rubis e perlas doce riso; Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa; Presença moderada e graciosa, Onde ensinando estão despejo e siso Que se pode por arte e por aviso, Como por natureza, ser fermosa; Fala de quem a morte e a vida pende, Rara, suave; enfim, Senhora, vossa; Repouso nela alegre e comedido: Estas as armas são com que me rende E me cativa Amor; mas não que possa Despojar-me da glória de rendido. CAMÕES, L. Obra completa. Rio de janeiro: Nova Aguilar, 2008. A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes, participaram do mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e pelos adjetivos usados no poema. b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoa e na variação de atitudes da mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema. c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema. d) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção artística, evidenciado pelos adjetivos usados no poema. e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito interior, evidenciados pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema. 15. (ENEM) As palavras e as expressões são mediadoras dos sentidos produzidos nos textos. Na fala de Hagar, a expressão “é como se” ajuda a conduzir o conteúdo enunciado para o campo da 9 a) conformidade, pois as condições meteorológicas evidenciam um acontecimento ruim. b) reflexibilidade, pois o personagem se refere aos tubarões usando um pronome reflexivo. c) condicionalidade, pois a atenção dos personagens é a condição necessária para a sua sobrevivência. d) possibilidade, pois a proximidade dos tubarões leva à suposição do perigo iminente para os homens. e) impessoalidade, pois o personagem usa a terceira pessoa para expressar o distanciamento dos fatos. 16. (ENEM 2ª APLICAÇÃO) Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praianode beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer. Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 (fragmento adaptado). Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se a) na fonologia. b) no uso do léxico. c) no grau de formalidade. d) na organização sintática. e) na estruturação morfológica. 17. (ENEM) Aquele bêbado — Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: — Álcool. O mais, ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio. — Curou-se 100% de vício — comentavam os amigos. Só ele sabia que andava bêbado que nem um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos. ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991. A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no texto porque, ao longo da narrativa, ocorre uma a) metaforização do sentido literal do verbo “beber”. b) aproximação exagerada da estética abstracionista. c) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem. d) exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”. e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas. 18. (ESPM) A graça da tira decorre: a) da existência de “ruído” na comunicação efetuada pela esposa Helga e não entendida pelo amigo Ed Sortudo. b) de uma fala inabitual de Helga que, ao dirigir-se diretamente ao próprio marido, refere-se às qualidades de uma terceira pessoa. c) do não entendimento de um discurso ambíguo bastante comum, no qual se dirige à própria pessoa, questionando-a como se fosse uma outra. d) da diferença do nível de linguagem usado pelo emissor para se dirigir aos interlocutores, fato que fez sugerir a existência de dois maridos. e) da dificuldade de compreensão, por parte do amigo Ed Sortudo, devido aos traços de infor¬malidade no discurso de Helga. 10 19. (ENEM) A rapidez é destacada como uma das qualidades do serviço anunciado, funcionando como estratégia de persuasão em relação ao consumidor do mercado gráfico. O recurso da linguagem verbal que contribui para esse destaque é o emprego a) do termo “fácil” no início do anúncio, com foco no processo. b) de adjetivos que valorizam a nitidez da impressão. c) das formas verbais no futuro e no pretérito, em sequência. d) da expressão intensificadora “menos do que” associada à qualidade. e) da locução “do mundo” associada a “melhor”, que quantifica a ação. 20. (ENEM) Mal secreto Se a cólera que espuma, a dor que mora N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse; Se se pudesse, o espírito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa! CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995. Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada. b) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social. c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja. d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo. e) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social. 21. (ENEM) Cultivar um estilo de vida saudável é extremamente importante para diminuir o risco de infarto, mas também como de problemas como morte súbita e derrame. Significa que manter uma alimentação saudável e praticar atividade física regularmente já reduz, por si só, as chances de desenvolver vários problemas. Além disso, é importante para o controle da pressão arterial, dos níveis de colesterol e de glicose no sangue. Também ajuda a diminuir o estresse e aumentar a capacidade física, fatores que, somados, reduzem as chances de infarto. Exercitar-se, nesses casos, com acompanhamento médico e moderação, é altamente recomendável. ATALIA, M. Nossa vida. Época. 23 mar. 2009. As ideias veiculadas no texto se organizam estabelecendo relações que atuam na construção do sentido. A esse respeito, identifica-se, no fragmento, que a) A expressão “Além disso” marca uma sequenciação de ideias. b) o conectivo “mas também” inicia oração que exprime ideia de contraste. c) o termo “como”, em “como morte súbita e derrame”, introduz uma generalização. d) o termo “Também” exprime uma justificativa. e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de colesterol e de glicose no sangue”. 11 22. (ENEM) Psicologia de um vencido Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênesis da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundíssimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância… Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme — este operário das ruínas — Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra! ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição designada como pré- modernista. Com relação à poética e à abordagem temática presentes no soneto, identificam-se marcas dessa literatura de transição, como a) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas e o vocabulário requintado, além do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no Modernismo. b) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas como “Monstro de escuridão e rutilância” e “influência má dos signos do zodíaco”. c) a seleção lexical emprestada ao cientificismo, como se lê em “carbono e amoníaco”, “epigênesis da infância” e “frialdade inorgânica”, que restitui a visão naturalista do homem. d) a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética, e o desconcerto existencial. e) a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo filosófica, que incorpora valores morais e científicos mais tarde renovados pelos modernistas. 23. (ENEM) Desabafo Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado. CARNEIRO, J.E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento) Nos textos em geral, é comum a manifestação simultâneade várias funções da linguagem, com predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da crônica Desabafo, a função de linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois a) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código. b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito. c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem. d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais. e) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação. 24. (UNIFESP) Mantida a norma-padrão da língua portuguesa, a frase que preenche corretamente o segundo balão é: a) Todos os dragões o tem. b) Todos os dragões têm isso. c) Os dragões todos lhe tem. d) Sempre se encontra dragões com isso. e) Sofre disso todos os dragões. 25. (ENEM) Carnavália Repique tocou O surdo escutou E o meu corasamborim 12 Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim? […] ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento). No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e a situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão. Essa palavra corresponde a um(a) a) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas. b) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza. c) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla. d) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica. e) termo técnico, dado que designa elemento de área específica de atividade. 26. (FUVEST) Examine esta propaganda. Por ser empregado tanto na linguagem formal quanto na linguagem informal, o termo “legal” pode ser lido, no contexto da propaganda, respectivamente, nos seguintes sentidos: a) lícito e bom. b) aceito e regulado. c) requintado e excepcional. d) viável e interessante. e) jurídico e autorizado. 27. (ENEM) TEXTO I Um ato de criatividade pode contudo gerar um modelo produtivo. Foi o que ocorreu com a palavra sambódromo, criativamente formada com a terminação -(ó)dromo (= corrida), que figura em hipódromo, autódromo, cartódromo, formas que designam itens culturais da alta burguesia. Não demoraram a circular, a partir de então, formas populares como rangódromo, beijódromo, camelódromo. AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008. TEXTO II Existe coisa mais descabida do que chamar de sambódromo uma passarela para desfile de escolas de samba? Em grego, -dromo quer dizer “ação de correr, lugar de corrida”, dai as palavras autódromo e hipódromo. É certo que, às vezes, durante o desfile, a escola se atrasa e é obrigada a correr para não perder pontos, mas não se desloca com a velocidade de um cavalo ou de um carro de Formula 1. GULLAR, F. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 ago, 2012. Há nas línguas mecanismos geradores de palavras. Embora o Texto II apresente um julgamento de valor sobre a formação da palavra sambódromo, o processo de formação dessa palavra reflete a) o dinamismo da língua na criação de novas palavras. b) uma nova realidade limitando o aparecimento de novas palavras. c) a apropriação inadequada de mecanismos de criação de palavras por leigos. d) o reconhecimento da impropriedade semântica dos neologismos. e) a restrição na produção de novas palavras com o radical grego. 13 28. (ENEM) Na criação do texto, o chargista lotti usa criativamente um intertexto: os traços reconstroem uma cena de Guernica, painel de Pablo Picasso que retrata os horrores e a destruição provocados pelo bombardeio a uma pequena cidade da Espanha. Na charge, publicada no período de carnaval, recebe destaque a figura do carro, elemento introduzido por lotti no intertexto. Além dessa figura, a linguagem verbal contribui para estabelecer um diálogo entre a obra de Picasso e a charge, ao explorar a) uma referência ao contexto, “trânsito no feriadão”, esclarecendo-se o referente tanto do texto de Iotti quanto da obra de Picasso. b) uma referência ao tempo presente, com o emprego da forma verbal “é”, evidenciando-se a atualidade do tema abordado tanto pelo pintor espanhol quanto pelo chargista brasileiro. c) um termo pejorativo, “trânsito”, reforçando-se a imagem negativa de mundo caótico presente tanto em Guernica quanto na charge. d) uma referência temporal, “sempre”, referindo- se à permanência de tragédias retratadas tanto em Guernica quanto na charge. e) uma expressão polissêmica, “quadro dramático”, remetendo-se tanto à obra pictórica quanto ao contexto do trânsito brasileiro. 29. (G1 - IFSC) Assinale a alternativa CORRETA. Segundo o texto, pode-se afirmar que a) as mulheres têm mais aptidão às novas tecnologias que os homens. b) tanto os mais jovens quanto os mais velhos enfrentam dificuldades em usar smartphones. c) os telefones fixos ainda são mais usados do que os telefones celulares. d) à medida que envelhecem, as pessoas se tornam menos sábias. e) os jovens têm mais facilidade com as novas tecnologias que as pessoas mais velhas. 30. (UNESP) Examine a tira Hagar, o Horrível do cartunista americano Dik Browne (1917-1989). O ensinamento ministrado por Hagar a seu filho poderia ser expresso do seguinte modo: a) “A fome é a companheira do homem ocioso.” b) “O estômago que raramente está vazio despreza alimentos vulgares.” c) “Nada é mais útil ao homem do que uma sábia desconfiança.” d) “Muitos homens querem uma coisa, mas não suas consequências.” e) “É impossível para um homem ser enganado por outra pessoa que não seja ele mesmo.” 31. (ENEM) 14 Os textos publicitários são produzidos para cumprir determinadas funções comunicativas. Os objetivos desse cartaz estão voltados para a conscientização dos brasileiros sobre a necessidade de a) as crianças frequentarem a escola regularmente. b) a formação leitora começar na infância. c) a alfabetização acontecer na idade certa. d) a literatura ter o seu mercado consumidor ampliado. e) as escolas desenvolverem campanhas a favor da leitura. 32. (ENEM CANCELADO) TEXTO 1 No meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra [...] ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2000. (fragmento) TEXTO 2 A comparação entre os recursos expressivos que constituem os dois textos revela que a) o texto 1 perde suas características de gênero poético ao ser vulgarizado por histórias em quadrinho. b) o texto 2 pertence ao gênero literário, porque as escolhas linguísticas o tornam uma réplica do texto 1. c) a escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes, caracteriza-os como pertencentes ao mesmo gênero. d) os textos são de gêneros diferentes porque, apesar da intertextualidade, foram elaborados com finalidades distintas. e) as linguagens que constroem significados nos dois textos permitem classificá-los como pertencentes ao mesmo gênero. 33. (ENEM 2ª APLICAÇÃO) O cartaz de Ziraldo faz parte de uma campanha contra o uso de drogas. Essa abordagem, que se diferencia das de outras campanhas, pode ser identificada a) pela seleção do público alvo da campanha, representado, no cartaz, pelo casal de jovens. b) pela escolha temática do cartaz, cujo texto configura uma ordem aos usuários e não usuários: diga não às drogas. c) pela ausência intencional do acento grave, que constrói a ideia de que não é a droga quefaz a cabeça do jovem. d) pelo uso da ironia, na oposição imposta entre a seriedade do tema e a ambiência amena que envolve a cena. e) pela criação de um texto de sátira à postura dos jovens, que não possuem autonomia para seguir seus caminhos. 34. (ENEM) O homem disse, Está a chover, e depois, Quem é você, Não sou daqui, Anda à procura de comida, Sim, há quatro dias que não comemos, E como sabe que são quatro dias, É um cálculo, Está sozinha, Estou com o meu marido e uns companheiros, Quantos são, Ao todo, sete; Se estão a pensar em ficar conosco, tirem daí o sentido, já somos muitos, Só estamos de passagem, Donde vêm, Estivemos internados desde que a cegueira começou, Ah, sim, a quarentena, não serviu de nada. Porque diz isso, Deixaram-nos sair, Houve um incêndio e nesse momento percebemos que os soldados que nos vigiavam tinham desaparecido, E saíram, Sim, Os vossos soldados devem ter sido dos últimos a cegar, toda a gente está cega, Toda a gente, a cidade toda, o país, SARAMAGO, J. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Cia. das Letras. 1995. 15 A cena retrata as experiências das personagens em um país atingido por uma epidemia. No diálogo, a violação de determinadas regras de pontuação a) revela uma incompatibilidade entre o sistema de pontuação convencional e a produção do gênero romance. b) provoca uma leitura equivocada das frases interrogativas e prejudica a verossimilhança. c) singulariza o estilo do autor e auxilia na representação do ambiente caótico. d) representa uma exceção às regras do sistema de pontuação canônica. e) colabora para a construção da identidade do narrador pouco escolarizado. 35. (ENEM) Opportunity é o nome de um veículo explorador que aterrissou em Marte com a missão de enviar informações à Terra. A charge apresenta uma crítica ao(à) a) gasto exagerado com o envio de robôs a outros planetas. b) exploração indiscriminada de outros planetas. c) circulação digital excessiva de autorretratos. d) vulgarização das descobertas espaciais. e) mecanização das atividades humanas. 36. (ENEM) Quem procura a essência de um conto no espaço que fica entre a obra e seu autor comete um erro: é muito melhor procurar não no terreno que fica entre o escritor e sua obra, mas justamente no terreno que fica entre o texto e seu leitor. OZ, A. De amor e trevas. São Paulo: Cia. das Letras. 2005 (fragmento). A progressão temática de um texto pode ser estruturada por meio de diferentes recursos coesivos, entre os quais se destaca a pontuação. Nesse texto, o emprego dos dois pontos caracteriza uma operação textual realizada com a finalidade de a) comparar elementos opostos. b) relacionar informações gradativas. c) intensificar um problema conceitual. d) introduzir um argumento esclarecedor. e) assinalar uma consequência hipotética. 37. (ENEM) Não somos tão especiais Todas as características tidas como exclusivas dos humanos são compartilhadas por outros animais, ainda que em menor grau. INTELIGÊNCIA A ideia de que somos os únicos animais racionais tem sido destruída desde os anos 40. A maioria das aves e mamíferos tem algum tipo de raciocínio. AMOR O amor, tido como o mais elevado dos sentimentos, é parecido em várias espécies, como os corvos, que também criam laços duradouros, se preocupam com o ente querido e ficam de luto depois de sua morte. CONSCIÊNCIA Chimpanzés se reconhecem no espelho. Orangotangos observam e enganam humanos distraídos. Sinais de 16 que sabem quem são e se distinguem dos outros. Ou seja, são conscientes. CULTURA O primatologista Frans de Waal juntou vários exemplos de cetáceos e primatas que são capazes de aprender novos hábitos e de transmiti-los para as gerações seguintes. O que é cultura se não isso? BURGIERMAN, D. Superinteressante, n.º 190, jul. 2003. O título do texto traz o ponto de vista do autor sobre a suposta supremacia dos humanos em relação aos outros animais. As estratégias argumentativas utilizadas para sustentar esse ponto de vista são a) definição e hierarquia. b) exemplificação e comparação. c) causa e consequência. d) finalidade e meios. e) autoridade e modelo. 38. (ENEM) Verbo ser QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo ou jeito? Ou a gente só principia a ser quando cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser: pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? Repito: ser, ser, ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a? Posso escolher? Não dá para entender. Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser. Esquecer. ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. A inquietação existencial do autor com a autoimagem corporal e a sua corporeidade se desdobra em questões existenciais que têm origem a) no conflito do padrão corporal imposto contra as convicções de ser autêntico e singular. b) na aceitação das imposições da sociedade seguindo a influência de outros. c) na confiança no futuro, ofuscada pelas tradições e culturas familiares. d) no anseio de divulgar hábitos enraizados, negligenciados por seus antepassados. e) na certeza da exclusão, revelada pela indiferença de seus pares. 39. (ENEM) 14 coisas que você não deve jogar na privada Nem no ralo. Elas poluem rios, lagos e mares, o que contamina o ambiente e os animais. Também deixa mais difícil obter a água que nós mesmos usaremos. Alguns produtos podem causar entupimentos: - cotonete e fio dental; - medicamento e preservativo; - óleo de cozinha; - ponta de cigarro; - poeira de varrição de casa; - fio de cabelo e pelo de animais; - tinta que não seja à base de água; - querosene, gasolina, solvente, tíner. Jogue esses produtos no lixo comum. Alguns deles, como óleo de cozinha, medicamento e tinta, podem ser levados a pontos de coleta especiais, que darão a destinação final adequada. MORGADO, M.; EMASA. Manual de etiqueta. Planeta Sustentável, jul.- ago. 2013 (adaptado). O texto tem objetivo educativo. Nesse sentido, além do foco no interlocutor, que caracteriza a função conativa da linguagem, predomina também nele a função referencial, que busca a) despertar no leitor sentimentos de amor pela natureza, induzindo-o a ter atitudes responsáveis que beneficiarão a sustentabilidade do planeta. b) informar o leitor sobre as consequências da destinação inadequada do lixo, orientando-o sobre como fazer o correto descarte de alguns dejetos. c) transmitir uma mensagem de caráter subjetivo, mostrando exemplos de atitudes sustentáveis do autor do texto em relação ao planeta. d) estabelecer uma comunicação com o leitor, procurando certificar-se de que a mensagem sobre ações de sustentabilidade está sendo compreendida. e) explorar o uso da linguagem, conceituando detalhadamente os termos utilizados de forma a proporcionar melhor compreensão do texto. 17 40. (FUVEST) Leia o seguinte texto, que faz parte de um anúncio de um produto alimentício: EM RESPEITO A SUA NATUREZA, SÓ TRABALHAMOS COM O MELHOR DA NATUREZA Selecionamos só o que a natureza tem de melhor para levar até a sua casa. Porque faz parte da natureza dos nossos consumidores querer produtos saborosos, nutritivos e, acima de tudo, confiáveis. www.destakjornal.com.br, 13/05/2013. Adaptado. Procurando dar maior expressividade ao texto, seu autor a) serve-se do procedimento textual da sinonímia. b) recorre à reiteração de vocábulos homônimos. c) explora o caráter polissêmico das palavras. d) mescla as linguagens científica e jornalística. e) emprega vocábulos iguais na forma, mas de sentidos contrários.