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Disciplina: Fundamentos da Fisioterapia Profa. Dra.: Cristine Homsi Jorge Ribeirão Preto – FMRP – USP 2023 Origem e evolução da Fisioterapia Objeto de trabalho da Fisioterapia em diferentes momentos de sua constituição O objeto de trabalho da Fisioterapia, assim como de outras profissões, sofreu inúmeras mudanças e influências para constituir o que é hoje. Uma das formas de tentar entender o que caracteriza objeto de trabalho de uma profissão ou de estudo de uma área de conhecimento é explicitar de que maneira, nos diferentes momentos da história da profissão ele tenha sido concebido, definido ou “exercido” como tal. Fisioterapia Não existia um objeto de estudo ou de Intervenção claramente definido. Considerar que os assuntos, ações e as situações que se encontram sob a responsabilidade de uma área de conhecimento ou dos profissionais que desenvolvem aplicações desse conhecimento são determinados por diversas condições. 1. Na Antiguidade Embora o termo fisioterapia seja relativamente recente, sua história pode ser traçada desde a Antiguidade (4.000 a.C. a 395 d.C). O tratamento predominante das moléstias físicas e do aparelho locomotor era feito por meios de agentes físicos, em que o sol e a eletricidade gerada e emitida pelo peixe elétrico eram meios terapêuticos comumente utilizados 2. Na Idade Média O uso da atividade física, com fins terapêuticos, como era empregado na Antiguidade, foi totalmente abolido visto que os preceitos religiosos da época só levavam em consideração o ser espiritual presente em cada indivíduo. Portanto, o corpo físico era concebido como um mero instrumento de sobrevivência. Devido essas características, foi uma época onde pode-se observar uma interrupção nos estudos e atuação da área da saúde. 3. Renascimento Período compreendido pelos séculos XV e XVI, começa a valorizar a beleza física homem e da mulher, voltando a aparecer alguma preocupação com o corpo saudável. Exercícios para conservar um estado saudável já existente. Regularidade no exercício. Exercícios para indivíduos enfermos cujo estado pode exacerbar-se. Exercícios individuais especiais para convalescentes. Exercícios para pessoas com “ocupações sedentárias”. A partir dessa preocupação em conservar um estado saudável, observamos uma aproximação ao denominado “promoção de saúde” e “proteção específica”, caracterizando ações da “medicina preventiva” 4. Final do Renascimento Foi nessa época que se iniciou uma divisão profissional no sentido de diferenciar as ações profissionais conforme o estado de saúde da população a ser atendida. O desenvolvimento dos estudos e dos trabalhos com as concepções geradas pelo movimento inicial continuou, e o interesse pela saúde corporal começou a especializar-se. 5. Industrialização O advento do processo de industrialização na Europa provocou uma alta incidência de acidentes, associados à exaustão física dos trabalhadores que cumpriam longas jornadas de trabalho diário. Este aspecto constitui um dos marcos da Fisioterapia como ciência Especialistas nessa área ocupavam-se principalmente da eletroterapia para contrair músculos lesados, ficando os exercícios terapêuticos sob o domínio dos ortopedistas, neurologistas e dos clínicos. A partir de então surgiu a ideia do atendimento hospitalar. 6. Final do século XX A fisioterapia fazendo parte da chamada “área da saúde” sofreu oscilações no decorrer da história, tendo seus recursos e forma de atuação voltados apenas para os doentes, e a assistência à saúde já conhecida desde o século XXI só é realizada quando se encontra em seus piores níveis, para reabilitar condições que o organismo perdeu. Vale ressaltar que as duas grandes Guerras Mundiais ocorridas durante o século XX constituíram, juntamente com o processo de industrialização, os grandes marcos da Fisioterapia como ciência. Estes dois aspectos aumentaram a necessidade de se criar centros especializados para tratar as vítimas de mutilações e suas sequelas, intensificando as pesquisas e estudos nesta área específica de conhecimento As alterações na concepção do objeto de trabalho em Fisioterapia em diferentes momentos de sua constituição Cap II do Livro “Fisioterapia no Brasil”. 1. Explique como e porque os “recursos fisioterapêuticos” eram utilizados na antiguidade. 2. Comente sobre a interrupção no avanço dos estudos e da atuação na área da Saúde na Idade Média. 3. Em qual época e por quê voltou o interesse pelos estudos relativos ao bem estar físico? 4. Como eram divididos os exercícios na ginástica médica? 5. Quando e como o interesse pela ginástica corporal começou a “especializar-se”? 6. Como e quando surgiu a idéia do atendimento hospitalar? 7. A assistência “curativa”, “recuperativa” e “reabilitadora” se tornou marcante em qual período e por quê? Vinda da Família Real para o Brasil No século XIX os recursos fisioterapêuticos faziam parte da terapêutica médica. “Casa das Duchas” Rio de Janeiro – Hospital de Misericórdia – Médico Arthur Silva Dep. De eletricidade médica – São Paulo – Médico Raphael Penteado Na década de 30, Rio e São Paulo possuíam serviços de Fisioterapia idealizados por médicos que se preocupavam não apenas com estabilidade clínica dos pacientes mas também com sua recuperação física. Fisioterapia enquanto serviço no eixo Rio - São Paulo Origem da Fisioterapia no Brasil Assistência curativa Assistência reabilitadora Está intimamente relacionada com a história da medicina, mais especificamente com a especialidade de Fisiatria, que tem seu campo de atuação voltado para a medicina física e para a “reabilitação” 1951 – Surge o primeiro curso de formação de profissionais de Fisioterapia no Hospital das Clínicas de São Paulo. Técnicos em fisioterapia podiam atuar na área de recuperação funcional, geralmente em instituições especializadas no tratamento integral de pessoas portadoras de deficiência física. - Associação Beneficente de Reabilitação (ABBR) - Associação de Assistência à Criança Defeituosa (AACD) - Lar Escola São Francisco - Casas da Esperança 1958 – Fundação do Instituto Nacional de Reabilitação (INAR) na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - A criação deste instituto foi apoiada por médicos brasileiros, pela Organização Mundial de Saúde, pela Organização Pan-americana de Saúde e pela World Confederation for Physical Therapy; - Oferecia curso técnico em fisioterapia com duração de dois anos. 14 Curso tecnicista nível médio Curso Superior Percebe-se que a origem da fisioterapia, enquanto profissão, no nosso país, está voltada única e exclusivamente para a recuperação funcional dos indivíduos com sequelas físicas ou do aparelho locomotor; Estes aspectos têm marcado fortemente o fazer e fisioterapêutico também nos dias de hoje, sendo, portanto, parte constituinte da identidade da profissão. Sob o ponto de vista legal, a profissão Fisioterapia passou pelo seu primeiro processo de regularização em 10 de dezembro de 1963 quando um grupo de especialistas do Conselho Federal de Educação publicou o Parecer nº 388/63 que estabelece, dentre outras coisas, algumas diretrizes norteadoras para a atuação do profissional fisioterapeuta e terapeuta ocupacional; Dentre elas, destaca-se a competência para realizar tarefas de caráter terapêutico, sempre sob a orientação e responsabilidade de um médico, ou seja, a sua função era a de auxiliar o médico. Art 1. O currículo mínimo dos cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional para a formação de Técnicos em Fisioterapia e de Técnico em Terapia Ocupacional compreende matérias comuns e matérias específicas. Art 2. A duração dos cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional será de 3 anos letivos. Fisioterapeuta é definido como auxiliar médico, lhe compete realização apenas de tarefas de caráter terapêutico (incapaz de avaliar). Parecer 388/63 e a Portaria 511/64 Associação Brasileira de Fisioterapia Transformação do curso de nível técnico para nível superior. Em 1969 a OMS e a WCPT ( WorldConfederation of Physical Therapy) promovem no México o primeiro curso de Mestrado em Fisioterapia. A primeira reunião de escala nacional realizada por fisioterapeutas no Brasil foi em 1962 denominada como a primeira conferência da ABF. Fundada em 19 de agosto de 1959 em São Paulo DECRETO-LEI 938 13 DE OUTUBRO DE 1969 Artigo 3. É atividade primária do fisioterapeuta executar métodos e técnicas fisioterápicas com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente. Artigo 2. O fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional, diplomados por escolas e cursos reconhecidos são profissionais do nível superior. PROVÊ DEFINIÇÕES SOBRE AS PROFISSÕES DE FISIOTERAPEUTA E DE TERAPEUTA OCUPACIONAL Artigo 5. Os profissionais que tratam os artigos 3 e 4 poderão, ainda no campo das atividades específicas de cada um: I – dirigir serviços em órgãos e estabelecimentos públicos ou particulares, ou assessorá-los tecnicamente II – exercer o magistério nas disciplinas de formação básica ou profissional, de nível superior ou médio III – supervisionar profissionais e alunos em trabalhos técnicos e práticos. Criação dos Criados ao final dos anos 70 Artigo 5. Compete ao Conselho Federal II. Exercer função formativa, baixar atos necessários à interpretação e execução do disposto nesta Lei e à fiscalização do exercício profissional, adotando providências indispensáveis à realização dos objetivos institucionais. III. Supervisionar a fiscalização do exercício profissional em todo território nacional. CREFITOS COFFITO LEI 6.316 DE 17 DE DEZEMBRO DE 1975 QUE CRIA O COFFITO E CREFITO Artigo 1. São criados o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, com a incumbência de fiscalizar o exercício das profissões de fisioterapeuta e terapeuta ocupacional definidas no Decreto-Lei no. 938, de 13 de outubro de 1969. Artigo 13. Para o exercício da profissão na Administração Pública Direta ou Indireta, nos estabelecimentos hospitalares, nas clínicas, ambulatórios, creches, asilos ou exercício de cargo, função ou emprego de assessoramento, chefia ou direção, será exigida, como condição essencial, a apresentação da Carteira Profissional de Fisioterapeuta ou Terapeuta Ocupacional CRIA O CONSELHO FEDERAL E OS CONSELHOS REGIONAIS DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPAICIONAL LEI N 6.316, DE 17 DE DEZEMBRO DE 1975 Código de Ética Profissional ARTIGOS DO CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, ESTABELECIDO PELO CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL Artigo 1. O fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional prestam assistência ao homem, participando da promoção, tratamento e recuperação de sua saúde. Artigo 7 . São deveres do fisioterapeuta e do terapeuta ocupacional, nas respectivas áreas de atuação:[...] IV – Utilizar todos os conhecimentos técnicos e científicos a seu alcance para prevenir ou minorar o sofrimento do ser humano e evitar seu extermínio. Artigo 21. O fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional participam de programas de assistência à comunidade, em âmbito nacional e internacional. Origem e evolução da Fisioterapia: Aspectos históricos e legais Como a vinda da família real influenciou no surgimento da fisioterapia? Quando e onde foi iniciada a prática da fisioterapia no Brasil, e quem foi o médico pioneiro? 3. Como a Segunda Guerra Mundial favoreceu o desenvolvimento da fisioterapia? 4. Quando e por quem foi criada a Associação Brasileira de Fisioterapeutas? 5. Qual parecer é responsável pela transição da fisioterapia em curso tecnicista de médio para nível superior? 6. Quando foi criado o CREFITO e o COFFITO? 7. Qual o papel desempenhado pelos representantes do CREFITO e do COFFITO? image2.jpeg image3.jpeg image7.jpeg image8.jpeg image4.jpeg image5.jpeg image6.jpeg image9.jpeg image10.jpeg image11.jpeg image12.jpeg image13.png image14.jpeg image15.jpeg