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1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS FACULDADE DE ENGENHARIA DE PASSOS Andriéliton Moreira de Oliveira Bruno Amaral de Oliveira Fabíola Aparecida da Silva CONCRETOS ESPECIAIS Passos/MG 2021 2 Andriéliton Moreira de Oliveira Bruno Amaral de Oliveira Fabíola Aparecida da Silva CONCRETOS ESPECIAIS Passos 2021 Pesquisa apresentada à Universidade do Estado de Minas Gerais, como parte das exigências para conclusão da matéria de Projeto de Estruturas de Concreto Armado I. Professor Orientador: Sidnei Ramos Borges. 3 SUMÁRIO Introdução .......................................................................................................................................... 5 Concretos especiais ............................................................................................................................ 6 Tipos de concretos especiais .......................................................................................................... 6 Concreto de Alto Desempenho (CAD) ...................................................................................... 6 Concreto com Fibras .................................................................................................................. 9 Concreto Auto adensável ......................................................................................................... 13 Concreto Colorido ................................................................................................................... 15 Concreto Compactado com Rolo ............................................................................................. 16 Concreto Projetado .................................................................................................................. 17 Concreto Aparente ................................................................................................................... 17 Concreto Leve .......................................................................................................................... 18 Concreto Branco ...................................................................................................................... 20 Concreto com Polímeros ......................................................................................................... 21 Referências Bibliográficas ............................................................................................................... 24 4 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Valores mínimos de resistência à compressão em função da massa específica aparente ......................................................................................................................................................... 18 Tabela 2 - Tipos comum de resina empregado nos concretos ......................................................... 22 5 INTRODUÇÃO O concreto é um material composto, constituído por cimento, água, agregado miúdo (areia) e agregado graúdo (pedra ou brita), e ar. Pode também conter adições (cinza volante, pozolanas, sílica ativa etc.) e aditivos químicos com a finalidade de melhorar ou modificar suas propriedades básicas. Ele é o material estrutural de maior uso na atualidade, não é nem tão resistente nem tão tenaz quanto o aço, mas possui excelente resistência à água. Ao contrário a madeira e do aço comum, a capacidade do concreto de resistir à ação da água, sem deterioração séria, faz dele um material ideal para estruturas destinadas a controlar, estocar e transportar água. De fato, uma das primeiras aplicações conhecidas do concreto consistiu em aquedutos e muros de contenção de água, construídos pelos romanos. (MEHTA; MONTEIRO, 1994) Os concretos convencionais, são aqueles com resistência à compressão entre 10 MPa e 50 MPa, compostos por cimento, agregados naturais e água, são os concretos mais utilizados em todo o mundo. Apesar do uso intenso, os concretos convencionais apresentam algumas deficiências importantes como: baixa relação resistência-peso, dificuldade de preencher peças esbeltas muito armadas, retração plástica, baixa ductilidade e permeabilidade em ambientes úmidos, sendo que tais deficiências justificaram ao longo dos anos o surgimento dos chamados concretos especiais, com características diferentes, e que trouxeram alguns avanços em relação aos concretos convencionais. As definições dadas ao concreto por vários autores podem ser resumidas da seguinte forma: “concreto é o produto da mistura de aglomerantes, agregados, água e aditivos”. Os materiais da mistura são proporcionados de modo a conferir ao concreto as propriedades pré-fixadas no projeto. Estas propriedades são definidas de acordo com o dimensionamento da estrutura, sendo mais importantes as seguintes: • Solicitações mecânicas, térmicas e de outra natureza; • Variações climáticas; • Reações dos materiais da superestrutura, das fundações e dos apoios; Ações dependentes do tempo e das características reológicas dos materiais. A mistura deve ter características que permitam seu processamento com certa facilidade nos misturados disponíveis, e ser transportada, lançada e compactada sem ocorrer a segregação dos materiais. Os aditivos conferem, entre outras, as seguintes propriedades ao concreto: • Melhor trabalhabilidade na mistura fresca; • Aumento de sua vida útil; 6 • Aceleração da pega ou do endurecimento do aglomerante; • Promoção da reação pozolônica com a cal livre do cimento; • Auxílio à cura, evitando a perda prematura da água do concreto; • Redução da permeabilidade; • Retardamento da pega do aglomerante; • Redução dos efeitos de retração hidráulica ou térmica; • Redução da densidade por incorporação do ar no concreto; • Nova coloração ao concreto. CONCRETOS ESPECIAIS Concretos especiais, são concretos com slumps distintos, com consumos cimento estabelecidos, com fator /cimento fixados, com a adição de matérias-primas não convencionais, exigência de outras propriedades físicas como resistência a tração e módulo de deformação para cada condição e particularidades de estruturas (SUPREMO CONCRETO, 2013). Segundo FIGUEIREDO et al. (2004), os concretos especiais podem ser definidos como: • “Concretos com características particulares devido à evolução tecnológica: melhorando as deficiências do concreto convencional ou incorporando propriedades não inerentes a este material; • Concretos com características particulares para atender necessidade das obras: desenvolvimento de produtos para serem empregados em locais/condições em que o concreto convencional não pode ser aplicado.” Desse modo, para as mais diversificadas soluções construtivas, foram desenvolvidos diferentes tipos de concretos especiais, cada um com suas respectivas peculiaridades e atendendo a demandas as quais o concreto convencional não consegue atender, como determinado desempenho mecânico, durabilidade, trabalhabilidade e estética. TIPOS DE CONCRETOS ESPECIAIS Concreto de Alto Desempenho (CAD) As notáveis evoluções do cálculo estrutural, principalmente com a disponibilização de programas computacionais, aliados ao maior conhecimento do comportamento mecânico do 7 concreto e do aço, permitem que projetistas especifiquem estruturas cada vez mais arrojadas em concreto armado e protendido. Nessas aplicações, muitas vezes, o concreto convencional (CC ou OPC Ordinary Portland Concrete) não atende aos requisitos, ou há alternativas que apresentam uma relação técnica e econômica mais favorável. Por isso, foram desenvolvidas misturas especiais, com propriedades superiores aos CC, chamadas de Concretos de Alta Resistência (CAR ou HSC High Strenght Concrete), Concretos de Alto Desempenho (CAD ou HPC High Performance Concrete), e até,de Ultra-Alto Desempenho (CUAD ou UHPC Ultra-high Performance Concrete). Há mais de 20 anos, a primeira menção sobre o termo Concreto de Alto Desempenho CAD foi realizada por Mehta & Aïtcin (1990). Foram estabelecidos os princípios gerais que regem esse tipo especial de concreto e as principais características que o diferenciam do, até então, denominado CAR. É um artigo ícone, já que, até hoje, são empregados, com poucas modificações, os fundamentos nele indicados. A incorporação de outros elementos no concreto, como aditivos, adições minerais, pigmentos e fibras e o uso de técnicas de execução diferenciadas, como a cura a altas temperaturas e pressões, permitem a obtenção de concretos de última geração, que poderiam, teoricamente, atender a qualquer solicitação de projeto, permitindo a execução de estruturas esbeltas, duráveis e seguras para o usuário final. O concreto de alto desempenho (CAD) caracteriza-se por possuir propriedades de resistência e durabilidade superiores às dos concretos comuns. São concretos com resistência superior a 50MPa, podendo chegar a 100MPa. Em geral, a diferença básica entre concreto comum e de alto desempenho está baseada na redução da relação água/cimento, que irá resultar na alta resistência característica, pode-se destacar, ainda, desformas mais rápidas, diminuição na quantidade e metragem das fôrmas e maior rapidez na execução da obra, além de reduções do peso próprio das estruturas, taxa de armadura, área de fôrmas e custos. Materiais utilizados no CAD Os componentes de um CAD não são apenas os quatro materiais básicos que compõem um concreto convencional – cimento, água, areia e agregado graúdo. Para se alcançar as características mecânicas, a durabilidade e as propriedades reológicas desejadas, aditivos superplastificantes, sílica ativa ou filers, são utilizados para o controle da densidade de empacotamento desses concretos. (CHOPIN, De LARRARD & CAZACLIU, 2004) Sílica ativa 8 A sílica ativa é um material muito utilizado como adição mineral no CAD. É extremamente fina, sendo de 10 a 100 vezes menor que o grão de cimento que preenche vazios entre os grãos maiores, propiciando uma estrutura mais compacta. Reage com a cal livre, melhorando a resistência e durabilidade. Superplastificantes Os superplastificantes são aditivos redutores de água especiais com efeitos mais intensos do que os comuns. O uso é considerado um dos mais importantes avanços na tecnologia do concreto, pois tem permitido, entre outros benefícios, a produção de concretos duráveis de alta resistência e de concretos fluidos. Cimento Quando se vai produzir uma pasta, argamassa ou concreto especialmente de alto desempenho a primeira escolha a ser feita é quanto ao tipo de cimento a ser empregado mesmo quando um ou mais materiais e cimentícios suplementares são incorporados á mistura isto porque seu desempenho em termos de reologia e de resistência torna-se um item crítico a medida que a resistência à compressão desejada aumenta. (AITCIN,2000) Alguns tipos de cimentos não podem ser usados para fazer um concreto de alto desempenho com resistência entre 75 e 100MPa. E são poucos os tipos do produto que podem ser usados quando se deseja atingir resistências superiores a 100MPa. Agregados A influência dos agregados no concreto começa no ato da mistura, a granulometria a forma e a textura desses agregados definirão compacidade e o consumo de água para uma dada trabalhabilidade. Com o avanço da hidratação outras propriedades importantes do concreto como porosidade, permeabilidade, resistência a tração, estrutura cristalina, coeficiente de expansibilidade térmica, dureza e composição química, também serão influenciadas pelos mesmos. De acordo com Mehta e Monteiro (1994), o conhecimento de algumas características dos agregados é uma exigência para a dosagem do concreto, enquanto outras são responsáveis pela determinação das propriedades do material no estado fresco. A composição mineralógica dos agregados afeta sua resistência a compressão, dureza, módulo de elasticidade e durabilidade que, por sua vez, interferem nas propriedades do concreto no estado endurecido. Água 9 Um componente fundamental para o concreto é a água, a qualidade da água de amassamento tem uma grande importância para produção do concreto, sendo que impurezas contidas na mesma, podem influenciar na resistência traço. Tal componente, possui duas funções importantíssimas na produção do concreto: uma química que consiste em produzir as reações de hidratação; e outra física, onde estabelece determinadas características reológicas ao concreto para a sua manipulação. Aiticin e Neville (2003) subdividiram em relação à água/cimento em duas partes: a primeira representa a quantidade de água necessária para a completa hidratação do cimento; e a segunda representa a quantidade de água adicional necessário para se obter uma trabalhar habilidade adequada (água de trabalhar habilidade). Dessa maneira, o concreto ideal deve conter a água suficiente para desenvolver a resistência máxima do cimento e, ao mesmo tempo, fornece as propriedades reológicas necessárias ao seu lançamento (GRZESZCZYK & KUCHARSKA, 1990). Aplicação do Concreto de Alto Desempenho Apesar de parecer que é um recurso para aplicações específicas, o uso do concreto de alto desempenho é versátil, possibilitando seu uso em inúmeras situações cuja resistência, durabilidade, otimização e distribuição de cargas eficiente são os principais objetivos. Algumas das principais aplicações do Concreto de Alto Desempenho pode se dizer que são em pavimentos e subsolo de edifícios; pisos de indústrias ou áreas expostas a ambientes de alta salinidade; obras emergenciais; estruturas submetidas a tensões e cargas elevadas; estruturas expostas a agentes agressivos; estruturas pré-moldadas; artefatos para revestimentos. Concreto com Fibras Os concretos convencionais tem baixa capacidade de deformação a tração, visando diminuir essas limitações, o concreto com fibras pode ser aplicado, pois podem ser adicionadas fibras junto aos concretos e argamassas com o objetivo de melhorar as deficiências do concreto. O Concreto Reforçado com Fibras (CRF) é definido com um concreto ou argamassa contendo fibras descontínuas, discretas e uniformemente dispersas. Os CRF podem ser definidos como compósitos: materiais constituídos de, pelo menos, duas fases distintas principais. O próprio concreto endurecido, sem fibras, já é um compósito cujas fases principais são a pasta, os poros e os agregados. No entanto consideram-se como fases principais do concreto com fibras o próprio concreto, denominado matriz e as fibras. De acordo com Serna (2007), as fibras podem ser usadas com mais vantagem em elementos onde a distribuição de tensões é muito variável (pavimentos e revestimento de túneis, por exemplo), 10 e/ou nas três dimensões; elementos muito armados em que as distâncias entre armaduras dificultam a concretagem; elementos de pouca espessura onde o posicionamento errado da armadura convencional pode modificar substancialmente a altura útil; em elementos pouco armados. As fibras são elementos descontínuos, com comprimentos muito maior que as dimensões da secção transversal, elas podem ser de aço, vidro, sintéticas (polipropileno, carbono, náilon, etc.), e naturais (sisal, madeira, coco, etc.). Sendo que cada material de composição da fibra proporcionará uma propriedade variada e diferente ao concreto. Alguns tipos de fibras: Fibra de Aço As fibras de aço são as mais utilizadas em elementos estruturais de concreto, pois devido ao seu alto módulo de elasticidade melhoram características como tenacidade, controle de fissuras, resistência à flexão, resistência ao impacto e à fadiga (ACI 544.1R-96, 2006), no Brasil a norma de especificação para fibras de aço é a ABNT NBR 15530 (2007). A especificação da norma brasileiraprevê três classes de fibras de aço, as quais foram associadas ao tipo de aço que deu origem ás mesmas: Classe I: oriunda de arame trefilado a frio Classe II: fibra oriunda de chapa laminada cortada a frio Classe III: fibra oriunda de arame trefilado e escarificado Quanto à geometria as fibras de aço são as que têm maior diversidade. As fibras de seção transversal circular têm diâmetros variando entre 0,25 mm a 1,0 mm e comprimentos da ordem de 6,4 mm a 76 mm. Já a fibra de aço achatada tem dimensões variando entre 0,15 mm e 0,64 mm (espessura) e entre 0,25 mm e 2,0 mm (largura). O fator de forma – ou esbeltez –, que consiste na razão entre comprimento e diâmetro equivalente, geralmente tem valores na faixa de 20 a 100 (ACI 544.1R-96, 2006). Ao se aumentar o comprimento da fibra ou reduzir a seção transversal, a esbeltez será maior. Em geral, quanto maior for esbeltez da fibra, maior será a capacidade resistente após a fissuração do concreto. As fibras de aço onduladas estão disponíveis tanto onduladas em todo o comprimento quanto somente nas extremidades. As fibras de aço podem ainda ser coladas umas nas outras com colas solúveis em água, formando feixes de 10 a 30 fibras, para facilitar seu manuseio e mistura no concreto (Bentur e Mindess, 2007). Fibras de vidro 11 A utilização das fibras de vidro é largamente aplicável na engenharia civil, considerando que sua resistência pode variar de 1000 a 3000 MPa torna-se atrativo como reforço da matéria cimentícia, mas deve-se atentar para os diferentes tipos de fibras bem como suas indicações e valores agregados, muitas destas devido ao 41 custo são empregadas na engenharia aeroespacial, e não se tornam atrativas a construção civil (BEBER, 2003). Em concretos, as fibras de vidro são utilizadas associadas a uma matriz de resina poliéster, e são constituídas de filamentos de 5 a 15 micras. Normalmente, nos concretos, as fibras de vidros são atacáveis pelo meio alcalino gerado pela hidratação do cimento e portanto, perdem, com o tempo a sua resistência, deste modo, em virtude deste problema, a utilização destas deve ser considerado utilizar fibras de vidro com resistência a álcalis, ou fibras com revestimento orgânico, ou ainda, em concretos que não têm grande teor de umidade ambiental, devido ao meio aquoso nos poros que acelera a reação (SOUZA; RIPPER, 1998). As fibras de vidro apresentam alta resistência à tração, comprimento de 10 a 50 mm. Aumentam a resistência à flexão, a ductilidade e resistência a choques térmicos, são usadas principalmente em: recuperação estrutural; revestimentos diversos, túnel; peças pré-fabricadas; painéis; painéis para barreira acústica; pisos e pavimentos; concreto projetado. Fibras Sintéticas de Polipropileno As fibras de polipropileno podem atuar como reforço estrutural, ou como reforço secundário, sendo as macrofibras responsáveis para proporcionar o reforço estrutural do concreto e as microfibras responsáveis pelos reforços secundários. O Polipropileno (PP) é considerado um material polímero, confeccionado de modo industrializado, é fabricado a partir de derivados do petróleo, e devido a tal condição, pode ser confeccionado em diversas formas e tamanhos, diferentemente de materiais de origem natural (NEVILLE; BROOKS, 2013). As fibras de PP são encontradas comercialmente como multifilamentos ou fibriladas, devido a condição dos materiais polímeros terem má aderência à pasta de cimento, o uso das fibras retorcidas ou onduladas é priorizado para que seja possível atingir melhores características no compósito (NEVILLE; BROOKS, 2013). Os polímeros têm baixa rigidez e são mais dúcteis que os materiais de comportamento resistente e frágil, como o vidro (SILVA; ALVES; MARQUES, 2013). A adição de fibras de polipropileno nos concretos convencionais resulta na redução das fissuras por retração de secagem, e são utilizadas para esta finalidade de 40 maneira ampla, devido às suas características de auxílio 12 durante a fase de endurecimento da pasta cimentícia, e consequente obtenção da resistência, do concreto (SOUZA FILHO, 2012). As fibras de polipropileno ou outras fibras sintéticas apresentam, apresentam baixo módulo de elasticidade, alta resistência química, grande disponibilidade e menor curto. Com a adição de fibras de polipropileno no concreto é possível se obter, melhor controle da fissuração na retração plástica pois inibe o surgimento e propagação de fissuras e também da retração após o endurecimento, reduz exsudação e sedimentação, reduz permeabilidade, aumenta a durabilidade, aumente a resistência a choque e impacto e tem uma excelente combinação com armaduras primárias. Fibras de Carbono As fibras de carbono possuem elevada resistência, contudo apresentam custo muito elevado, quando comparados com as demais fibras que podem ser incorporadas ao concreto, e possuem finalidades voltadas a reforços estruturais, ou em uso conjunto com armaduras poliméricas reforçadas com fibras, que são utilizadas em ambientes muito agressivos, pois não há, nestas estruturas, utilização do aço, portanto, não há preocupações com a corrosão das armaduras (LOURENÇO; SOUZA, 2014). As fibras de carbono têm baixo peso aliado a altas resistência e rigidez, sendo que de acordo com sua origem são classificadas em primeira, segunda e terceira geração (BEBER, 2003) Aramida As fibras de aramida são, dentre as orgânicas, mais populares, por possuírem resistência da ordem de 3000 MPa, com módulos de elasticidade entre 60 a 120 GPa, além de excelente resistência ao fogo e ótimo desempenho em altas temperaturas, mas a sua maior aplicabilidade advém da sua característica de tenacidade, que a permite ser empregada em locais onde a estrutura está sujeita a impacto de veículos ou a grandes carregamentos cíclicas, promovendo a melhora no comportamento de fadiga do concreto (BEBER, 2003). Fibras Naturais As fibras naturais têm menor valor agregado, como por exemplo, as fibras de juta, sisal e piaçava, e ainda são mais leves e inertes quimicamente, comparadas às fibras de vidro e de aço, contudo, a aderência ao concreto é menor, bem como seu módulo de elasticidade, além de possuírem grande variedade nas suas características dependendo da condição de conservação e de uso destas (SOUZA; RIPPER, 1998). 13 Concreto Auto adensável Um concreto só será considerado auto adensável se três propriedades forem alcançadas simultaneamente: fluidez, coesão necessária para que a mistura escoe intacta entre barras de aço (ou habilidade passante) e resistência à segregação (EFNARC, 2002). Fluidez é a propriedade que caracteriza a capacidade do CAA de fluir dentro da fôrma e preencher todos os espaços. Já a habilidade passante é a propriedade que caracteriza a capacidade da mistura de escoar pela fôrma, passando por entre as armaduras de aço sem obstrução do fluxo ou segregação. E resistência à segregação é a propriedade que define a capacidade do CAA de se manter coeso ao fluir dentro das fôrmas, passando ou não por obstáculos. A habilidade do concreto fresco, seja um CAA ou não, de preencher as fôrmas sem a presença de bolhas de ar ou falhas de concretagem (ninhos), é um dos principais fatores que influem na qualidade final do concreto endurecido. Ele não pode depender de nenhum tipo de ajuda externa para cumprir seu papel. O uso de vibradores de imersão, réguas vibratórias ou qualquer outra forma de compactação é estritamente proibida em um CAA. A única ferramenta disponível para esse concreto é seu próprio peso, ou seja, a ação da força da gravidade em sua massa. É muito importante ressaltar que devem ter cuidados com sua homogeneidade. Ao caminhar sobre as fôrmas envolvendo obstáculos (eletrodutos, barras de aço, e outros), não deve segregar, ou seja, ter o agregado graúdo separado da argamassa. Uma mistura mal dosada pode até parecer coesa, mas ao ser lançada nasfôrmas iniciará o processo da segregação. Por isso, os CAA devem ser testados previamente por meio de equipamentos que simulem as condições reais. Materiais utilizados no CAA Os materiais utilizados são iguais aos de concreto convencional, cimento, areia, brita, água, adições e aditivos químicos. Porém a maior diferença vai estar ligada as proporções de cada componente. O grande diferencial desse tipo de concreto é o fato de ser produzido com uma quantidade maior de agregados finos em relação aos agregados graúdos, além de consumir maior quantidade de cimento e adição mineral quimicamente ativa, como a sílica ativa, ou inerte como o filler calcário. O aumento de agregados finos como o aumento do consumo de cimento, serve para incrementar a quantidade de materiais finos, pois no concreto auto adensável este aumento melhora consideravelmente diversas propriedades do produto final, tanto no estado fresco quanto no endurecido, desde o aumento da coesão da pasta quanto o aumento da resistência inicial. É 14 imprescindível a utilização de aditivos superplastificantes, que conseguem aumentar o espalhamento do concreto (dispersando as partículas de cimento) sem prejudicar a resistência. Aditivos Químicos Aditivos superplastificantes à base de policarboxilato, a principal função é ser um potente redutor do volume de água do concreto, garantindo maior fluidez e resistência. Podem ser incorporados modificadores de reologia que agregam maior coesão ao concreto. Sílica ativa As adições minerais que mais se destaca é a sílica ativa, ela pode beneficiar o concreto de duas maneiras, tanto física quanto quimicamente. A primeira é devido ao efeito microfiller, pois suas partículas são menores do que as do cimento, proporcionando maior coesão ao concreto e diminuindo sua porosidade. O benefício químico se dá pelo fato da sílica ser rica em dióxido de silício amorfo, capaz de formar o gel CSH (silicato de cálcio hidratado) ao reagir com o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) formado durante a hidratação do cimento. Esse gel CSH é o mesmo produto resultante da reação do cimento com a água, por isso que a sílica ativa também auxilia a resistência e durabilidade do concreto. Agregados miúdos Tratam-se nesse caso, basicamente, de areias das mais variadas procedências: naturais (margens de lagos, rios e bancos de areia) ou artificias (obtidas por processos industriais). A areia artificial normalmente é mais utilizada, devido a sua forma esférica e pelo seu módulo de finura ser menor (maior quantidade de finos). Agregados graúdos É indicado trabalhar com agregados graúdos com forma esférica, a fim de não prejudicar a trabalhabilidade, com dimensão máxima compreendida entre 12,5 mm e 19 mm. Cimento Podem ser utilizados os mesmos cimentos utilizados nos concretos convencionais, desde que atenda os critérios de resistência. Normalmente o mais utilizado é o cimento de alta resistência inicial (CPV ARI), por ser mais fino e apresentar maiores resistências iniciais. Porém, é importante se atentar ao alto calor de hidratação liberado por esse tipo de cimento, podendo causar fissuras de origem térmica. Aplicação do Concreto Auto adensável 15 Devido a sua capacidade de se auto adensar se torna muito vantajoso quando é utilizado em pilares, vigas e lajes, devido sua alta taxa de armadura. Utilizado geralmente em estruturas pré- moldadas, pré-fabricadas, estruturas convencionais, blocos, pilares, lajes e vigas. Garantindo maior resistência inicial e final, dando melhor acabamento final e durabilidade, pode ser utilizado também em recuperações estruturais, locais em que há a necessidade de um concreto com alta trabalhabilidade sem ter condições de vibrações. Concreto Colorido Dentre as muitas solicitações que se podem ser feitas de uma peça de concreto, uma delas é o seu desempenho estético. Muitas vezes, o cliente deseja deixar uma peça exposta e uma boa solução pode ser a inserção de pigmentos no traço, tornando desnecessário gastos com revestimento e manutenção destes. Na literatura o concreto colorido é também denominado como concreto cromático ou concreto pigmentado. Ele se constitui como um dos tipos de concreto aparente, porém dotado de cor, o qual segundo Rivera (2007) é o concreto cujas superfícies visíveis cumprem funções estéticas e apresentam uma aparência previsível. A produção do concreto colorido pode ser dar por três formas distintas: pintando a superfície do concreto depois de endurecido, incorporando pigmentos dentro da mistura ou simplesmente selecionando as cores dos agregados miúdos e graúdos além de cimentos com cores especiais, atingindo desta forma colorações derivadas da sua cor natural (HENAO CELEDÓN e AVENDAÑO, 1999 apud PASSUELO, 2004). Desde que atenda às recomendações do fabricante, o concreto colorido pode ser preparado tanto pela indústria quanto na própria obra. A mistura deve ser feita por agitação diretamente na betoneira. Os pigmentos inorgânicos podem ser adicionados ao concreto na proporção de 1% a 7% sobre o peso do cimento, mas é muito importante contar com especialistas para definir essa dosagem e evitar problemas, como a eflorescência, caracterizada pelos cristais brancos que surgem na mistura. Para formar o concreto colorido, os cimentos mais indicados são o ARI e o Pozolânico. O concreto colorido pode ter diversas aplicações, desde pré-moldados, passando pelo piso intertravado, blocos e telhas de cimento, até as grandes estruturas em paredes de concreto personalizadas ou industrializadas. Ele está presente em fachadas de edifícios, pontes, pisos, ciclovias, calçadas e marcações de áreas específicas. 16 O uso desse tipo de concreto trás coma vantagens: a substituição da pintura; tem durabilidade de cor, por ser composto de pigmentos à base de óxidos; é de grande beleza estética; não precisa de revestimento, o que diminui a necessidade de manutenção; reduz o tempo de obra; é mais resistente contra poluição, ação solar e outras ações do clima; o concreto ganha cores sem perder suas propriedades essenciais; auxilia na visualização (de pistas, por exemplo); tem várias opções de cores; baixa ou nula manutenção, porem tem suas desvantagens apresentadas como: seu custo pode ser até três vezes maior em relação ao convencional; sua elaboração é mais difícil por exigir dosagens precisas; a composição incorreta de pigmentos, água ou cimento pode alterar as propriedades do concreto. Concreto Compactado com Rolo O Concreto Compactado com Rolo (CCR), também conhecido como concreto rolado, é a camada do pavimento construída por concreto simples (com baixo consumo de cimento) e consistência seca, onde a compactação é realizada com rolos compactadores ou equipamentos similares. O concreto compactado com rolo (CCR) é um material utilizado principalmente na construção de barragens e pavimentos. É um concreto seco, consolidado por compactação, sendo esta executada geralmente por rolos compressores vibratórios, usualmente empregado na compactação de materiais granulares (Ribeiro et. al, 2000). O CCR é um concreto de consistência dura, seca e de trabalhabilidade particular, de maneira a permitir o seu adensamento com rolos compressores lisos, estáticos ou vibratórios. Eventualmente, quando o CCR for aplicado em revestimentos, é recomendada a associação de rolos de pneus e rolos lisos para melhorar o acabamento da superfície de rolamento. Apresenta consumo de cimento menor que os convencionais normalmente empregados em pavimentações (PITTA et al, 1995). O consumo de cimento neste tipo de concreto pode variar de 40 kg/m³ a 380kg/m³, em função do tipo de exigências de desempenho específicas de cada aplicação deste material. Com baixos consumos de cimento, o CCR apresenta uma aparência semelhante á da brita graduada tratada com cimento (BGTC). Já com maiores consumos e preparado com uma curva granulométricaadequada, sua aparência tende a de um concreto convencional (BALBO,2005). O CCR tem suas particularidades em termos de resistência mecânica, consumo de cimento, dosagem, execução e controle tecnológico, dentre as principais aplicações do mesmo, uma das que mais se destaca é a de base de pavimentos de concreto, seguida do emprego como base de 17 pavimentos asfálticos e, mais recentemente, como camada de revestimento. Pode ser utilizado ainda como base de pavimentos com peças pré-moldadas de concreto. Concreto Projetado De acordo com a ABNT, NBR 14026/2012, é um concreto com dimensão de máxima característica do agregado maior ou igual a 9,5 mm, transportado através de uma tubulação, projetado sob pressão sobre uma superfície, com compactação simultânea. Os materiais componentes do concreto projeto são os mesmo usados no concreto comum, seguindo todas as normas referentes. As únicas diferença se referem à granulometria do agregado graúdo que deve ter, segundo a NBR 14026, dimensão máxima de 9,5 mm e ao uso de aditivos que melhore ou solucione problemas referentes às características do concreto. O concreto projetado é amplamente utilizado na estabilização de encostas, reforço estrutural (lajes, vigas, pilares), paredes de contenção, construção de piscinas e reservatórios, barragens e paredes de concreto armado. Isso sem contar que se trata do material mais indicado para concretagens urgentes em socorro de estruturas que sofreram algum tipo de acidente. Mas, a principal aplicação acontece mesmo na construção de túneis. Concreto Aparente Segundo RIVERA (2007, pg.9), em Cartilha destinada a Contratação, Execução e Recebimento de Concreto com Superfícies Aparente Conformadas, apresentada em 1976 pelo Instituto Alemão do Concreto e a Associação Federal Alemã, veio a lume a primeira definição de concreto aparente – “concreto aparente é o concreto cujas superfícies visíveis cumprem funções estéticas e apresentam uma aparência previsível”. O concreto aparente é considerado um concreto especial, segundo Tutikian e Helene: [...] são aqueles que apresentam características específicas para atender às necessidades das obras onde os concretos convencionais não podem ser aplicados. Eles melhoram as deficiências do concreto convencional ou incorporam propriedades não usuais ao material correntemente utilizado (TUTIKIAN e HELENE, 2011, p. 443). Porém todo concreto em que a superfície não recebe tratamento ou recobrimento com argamassas, tinta, revestimentos cerâmicos, rochas ornamentais. Utiliza -se no preparo uma maior 18 quantidade de agregado miúdo e melhor escalonamento granulométrico 36 do agregado graúdo. Usado geralmente em pontes, viadutos, pavimentos, túneis, edifícios. Concreto Leve O concreto convencional tem tido a mesma composição desde 1980, época do seu surgimento, uma mistura de agregados (miúdos e graúdos), cimento e água, sem maiores inovações que alterassem de forma significativa seu desempenho em algumas das suas principais propriedades como: resistência à compressão, massa específica, módulo de elasticidade propriedades diretamente ligadas à durabilidade do concreto. (PEREIRA, 2008; BORJA, 2011; ANGELIN et al., 2013a). Porém, a tecnologia do concreto, passou por grandes desenvolvimentos nos últimos anos devido principalmente ao desenvolvimento de novas técnicas e utilização de novos equipamentos, assim como a descoberta de novos materiais alternativos aos convencionais como a argila expandida. (ROSSIGNOLO, 2009; DÍAZ et al., 2010; BEKTAS et al., 2012 e IBRAHIM et al. 2013). Dentre os novos materiais, destacam-se os aditivos redutores de água e as adições minerais, como a sílica ativa, que propiciaram melhorias relevantes nas propriedades relacionadas à durabilidade dos concretos (NEVILLE et al., 2013). CONCRETO LEVE ESTRUTURAL A ABNT NM 35:1995 especifica que os agregados leves utilizados na produção dos concretos estruturais devem apresentar valores de massa unitária no estado seco e solto abaixo de 1120 kg/m³, para agregados miúdos, e de 880 kg/m³, para agregados graúdos. A norma apresenta ainda, os valores mínimos de resistência à compressão em função da massa específica aparente, apresentados no Quadro 1. Tabela 1 - Valores mínimos de resistência à compressão em função da massa específica aparente Resistência à compressão aos 28 dias (MPa) – Valores mínimos Massa específica aparente (kg/m³) – Valores mínimos 28 1840 21 1760 17 1680 O fator de eficiência pode ser definido como o valor que relaciona a resistência à compressão e de massa especifica aparente do concreto. É considerado concreto leve de alto desempenho um concreto com fator de eficiência acima de 25 MPa.dm³/kg, tendo como referência um concreto 19 convencional com resistência à compressão de 60 MPa e massa específica de 2400 kg/m³, classificado como de alta resistência (Armelin et al., 1994; Rossignolo, 2009; Hubertová et al., 2013). Segundo Malaiskiene et al. (2011) e Ibrahim et al. (2013), as alterações mais significativas, com a substituição do agregado convencional pelo leve, são a trabalhabilidade, resistência mecânica, módulo de deformação, durabilidade, condutividade térmica, resistência a altas temperaturas e espessura da zona de transição. Os agregados leves podem ser classificados em naturais, obtidos por meio da extração direta em jazidas e classificadas quanto à sua granulometria, tendo pouca aplicação em concretos estruturais em função da variabilidade de suas propriedades e disponibilidades; e, artificiais, obtidos em processos industriais e classificados com base na matéria-prima e processo de fabricação (MAYCÁ et al., 2008). Com poliestireno expansível O EPS (Expanded Polistyrene), também conhecido aqui no Brasil como Isopor®, é uma resina termoplástica com alta flexibilidade e moldabilidade. Esse material, comumente utilizado para a fabricação de embalagens descartáveis, tem sido muito explorado também pela construção civil. Nesse segmento, usa-se o Isopor® granulado para constituir o concreto. Entretanto, essa mistura final não é indicada para estruturas que exijam muito esforço. Seu uso se limita a quadras, pisos, regularização de lajes, calçadas, mobílias, painéis, fachadas etc. Com ele, é possível obter melhor isolamento térmico e acústico, além de não reter água. Com argila expandida Com densidade aproximada de 1.600 kg/m³, o concreto com argila expandida pode ser um grande aliado na execução de lajes e outras peças pré-moldadas, assim como para o preenchimento de lajes já existentes. A argila expandida quando unida à mistura do concreto eleva a resistência à compressão. Dependendo de sua utilização, as quantidades de cada componente da mistura podem variar. Com vermiculita 20 Composta por silicatos hidratados de alumínio e magnésio, a vermiculita é uma solução expansiva de baixa densidade. Por isso, seu uso na mistura de concreto permite reduzir o peso final da massa. Por outro lado sua resistência é menor que a do concreto convencional, mas também tem excelente desempenho térmico e acústico. Concreto Aerado Esse tipo de concreto leve é comumente utilizado para preenchimento e vedações de paredes, divisórias e painéis. Em sua composição são adicionadas bolhas de ar, por meio de processo químico, garantindo a ele uma densidade aproximada entre 1.000 e 1.200 kg/m³. O concreto com ar incorporado não é recomendado para elementos estruturais, pois não oferece a devida proteção às armaduras de aço e nem resistência mínima à compressão. Concreto Celular O concreto celular, para alguns, ainda é pertencente à categoria de concreto com ar incorporado. Sua massa é feita com adição de uma espuma e essa mistura tem densidade entre 300 kg/m³ e 1.850 kg/m³. O concreto celular é usado principalmente para rebocos e nivelamento de pisos e lajes. Aplicação Pontes,lajes e coberturas, bem como nos elementos flutuantes, como docas e plataformas petrolíferas, pois a leveza garante maior potencial de flutuação. Concreto Branco Durante muito tempo, as exigências relativas ao concreto como material de construção ficaram limitadas ao adequado comportamento mecânico; a durabilidade foi lentamente agregada aos requisitos de projeto. Com os avanços ocorridos na tecnologia do concreto, começaram a surgir novas demandas de desempenho para o concreto estrutural e, dentre outras, as questões estéticas começaram a ser enfatizadas. Nesse contexto o cimento branco estrutural entrou no mercado brasileiro, no início do século XX. A versatilidade cromática que pode ser atingida com esse tipo de cimento introduz uma nova esfera de criação, na qual ocorre a valorização da estrutura de concreto como elemento estético. Uma gama de cores pode ser obtida com a inserção de agregados coloridos, pigmentos inorgânicos e até mesmo adições minerais na mistura. Essas possibilidades têm atraído o interesse de engenheiros e arquitetos, que buscam introduzir diferenciais ou inovações 21 em seus projetos. Como reflexo, observa-se um crescimento do número de obras que utilizam o cimento branco em territórios nacional e internacional. O uso de concretos brancos ou pigmentados não é novidade. O cimento Portland branco tem sido amplamente empregado na confecção de peças, normalmente não estruturais, tais como argamassas de revestimento, painéis de fechamento, elementos de pavimentação e peças pré- fabricadas de concreto. Um exemplo de utilização interessante, que faz uso das potencialidades cromáticas desse tipo de concreto, vem do Departamento de Rodovias de New Jersey, nos Estados Unidos, que testou barreiras para autoestradas fabricadas com cimento branco e cinza (Figura 1). Um estudo comprovou que as peças moldadas com cimento branco proporcionam melhor visibilidade, o que incrementa a segurança do tráfego, principalmente à noite, quando acontece a maioria dos acidentes. Os testes indicaram que a reflexibilidade das barreiras moldadas com concreto branco era aproximadamente duas vezes maior do que a das moldadas com concreto cinza (CONCRETE REPORT, 2002). Outra possibilidade de utilização envolve a fabricação de telhas de concreto pré-moldadas. No Brasil já existem diversos fabricantes que utilizam cimento branco, pigmentado em tons claros, para fabricação desse tipo de telha. Nos últimos vinte anos, vem se intensificando o uso do cimento Portland branco estrutural para confecção de concretos a serem usados em elementos estruturais, principalmente na Europa. Até agora, o emprego desse material tem sido concentrado em obras especiais, nas quais a cromaticidade do concreto faz com que ele possa ser empregado como elemento de composição estética. Arquitetos reconhecidos internacionalmente, como Santiago Calatrava e Richard Meyer, têm utilizado o concreto branco com esse intuito, consolidando um estilo diferenciado em seus projetos arquitetônicos. Podem-se citar, como exemplos de obras dessa natureza, a construção do conjunto da Ciudad de las artes y las ciencias, em Valência, na Espanha, e a Igreja Dives in Misericordia, em Roma, na Itália. Concreto com Polímeros O concreto de cimento Portland é um material de construção adequado para o emprego em estruturas, principalmente em razão de seu baixo custo, comportamento compatível com as exigências ambientais, níveis aceitáveis de energia requerida na fase de produção, facilidade de moldagem e estética agradável. 22 Apesar dessa versatilidade e benefícios, em muitos casos pode apresentar manifestações patológicas intensas e em grande incidência ocasiona desconforto visual e degradação da construção além de riscos à segurança, e por tende a possuir reparação com custos elevados. O concreto tem sido objeto de estudo por diversos profissionais que utilizam a tecnologia atual com objetivo de, cada vez mais, melhorar as suas características e consequente desempenho, frente à resistência mecânica, durabilidade, etc., favorecendo desse modo a qualidade final da construção. Dessa forma, vários produtos são aplicados no concreto buscando o seu melhor desempenho. Dentre esses materiais, a utilização de resinas poliméricas em matrizes de cimento, abre um novo campo de aplicação na Construção Civil. Seu emprego pode dar-se: a) através da impregnação de elementos de concreto endurecido, ou tratamento superficial; b) como concreto polímero onde a resina assume a função de aglomerante junto aos agregados; c) como agente modificador do concreto, servindo para colagem de elementos de concreto endurecido, etc. No seu estado endurecido o concreto apresenta vazios, devidos ao ar aprisionado durante a fase de mistura, ou em decorrência de deficiências no adensamento, constituindo assim a porosidade macroscópica e, principalmente, em função da presença de água livre, responsável pela porosidade capilar e, no concreto comum, a porosidade afeta não apenas propriedades mecânicas, tais como resistência e módulo de deformação, mas também a permeabilidade e durabilidade. Diferentes resinas podem ser empregadas atualmente nos concretos polímeros. No Quadro 2 apresenta-se o tipo mais comum, empregado no caso dos concretos impregnados ou de resina, sendo discriminadas as vantagens e desvantagens de cada uma delas, levando-se também em conta aspectos importantes dentro da tecnologia do concreto, como as questões relacionadas ao custo, as facilidades de aplicação, toxidade, condições de cura, etc. Tabela 2 - Tipos comum de resina empregado nos concretos Propriedades da resina Tipos de Resina Poliéster Epóxi Metacrilato Poliuretana Custo V D D D Toxidade V D D D Aplicação N N V D Odor D D D V 23 Cura em baixa temperatura N D V N Utilização V N D V Desgaste - - - - Retração D V D V As resinas se apresentam na forma de emulsão, ou solução de polímeros, ou na forma de monômeros solúveis que se polimerizam após a mistura. O polímero mais utilizado é o látex, formado por sistemas de copolímeros de pelo menos dois ou mais monômeros e contêm cerca de 50% de polímeros em massa. LÁTEX -> formado por partículas esféricas de 0,05 m a 1,0 m em suspensão na água pelo uso de agentes de superfície, capazes de estabilizar os polímeros na presença de íons de cimento, evitando a coagulação. Este tipo de concreto pode ser usado em qualquer situação onde se pode empregar o concreto convencional nesse caso o que vai ser de maior importância é o custo. Seu maior emprego deve se dar em estruturas esbeltas e em obras onde a agressividade seja maior que o convencional onde esse tipo de concreto tem melhor desempenho que o convencional. A única situação em que o concreto polímero não deve ser empregado é a dos ambientes confinados e de baixa ventilação. A tendência atual consiste na utilização de polímeros que sejam emulsionados em água ou que tenham baixa emissão de produtos voláteis (100% sólidos). 24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________. Concreto de alto desempenho: Blok Formas e Desmoldantes. Disponível em https://www.blok.com.br/blog/concreto-de-alto-desempenho. 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