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Radiografia do tórax Universidade Cruzeiro do Sul 2024 Profa. Rebeca Dourado Filardi Temas abordados nesta aula Anatomia radiográfica Padrões pulmonares Principais alterações Anatomia radiográfica do tórax Estruturas torácicas Arcabouço torácico Pulmões Coração e grandes vasos Traquéia Diafragma Posicionamento No mínimo duas projeções ortogonais. A pesquisa de metástase deve ser realizada sempre com três projeções ortogonais, para avaliar os dois pulmões. (Sirois, 2010) Padrões pulmonares (Thrall, 2013) “Grandes vasos e vias aéreas são sempre vistos, então grande parte da opacidade é resultado de efeito de somação e do próprio interstício” Padrão intersticial (Thrall, 2013) O que é interstício? Tecido que fornece suporte aos alvéolos, veias, artérias e brônquios. É responsável pela maior parte da radiopacidade do pulmão. Não-estruturado (difuso) Estruturado (nodular) Padrão intersticial Padrão intersticial (não-estruturado ou difuso) Padrão de favo de mel. Ocorre perda do contraste das estruturas intersticiais. Pode apresentar padrão não estruturado (difuso) e estruturado (nodular). Causas mais comuns: Artefato de expiração ou obesidade, edema pulmonar ou pneumonia inicial, infestações parasitárias, colapso lobar, fibrose de células neoplásicas... Padrão intersticial (não-estruturado ou difuso) (Thrall, 2013) Sem alteração Padrão intersticial (estruturado ou nodular) Relacionado com opacidades focais (nodulares). Causas mais comuns: Neoplasias, doenças granulomatosas, infestações parasitárias, micoses, abscessos, cistos. (Thrall, 2013) Padrão intersticial (estruturado ou nodular) Padrão brônquico (Thrall, 2011) Padrão brônquico Espessamento e irregularidade dos brônquios: “aspecto de donuts”. Bronquite ou bronquiectasia. A mineralização deve ser diferenciada de processo patológico. Padrão brônquico (Kealy, 2012) Padrão alveolar (Thrall, 2011) Padrão alveolar Ocorre quando os alvéolos estão preenchidos por líquido, debris celulares ou infiltração neoplásica. Causas mais comuns: Edema pulmonar, hemorragia intrapulmonar, pneumonia, alergia aguda e doença alveolar crônica. Aparecimento rápido. Observa-se aspecto algodoado, broncogramas aéreos e vasos pulmonares camuflados. Contraste entre os dois elementos (ar e líquido) Líquido no alvéolo (claro, radiopaco) + Ar na brônquio (escuro, radiotransparente) = Broncograma aéreo devido contraste Padrão alveolar Cavidade torácica e vias aéreas inferiores Colapso de traquéia Edema pulmonar Neoplasia pulmonar Pneumonia Principais alterações Efusão pleural Pneumotórax Ruptura diafragmática Cardiomegalia Colapso de traquéia Mais comum em cães de raças pequenas, de meia-idade ou idosos. Tosse paroxística e seca (“grasnado de ganso” ou “engasgo”) e desconforto respiratório. O colapso traqueal mais comum ocorre no plano dorsoventral, portanto, a projeção mais importante é a laterolateral evidenciando toda a traquéia. Colapso de traquéia Lumen traqueal reduzido! Se for na região cervical, é observada na fase da inspiração. Se for na região torácica, é observada na expiração. Sem alteração Colapso de traquéia O diferencial inclui prolongamento de palato mole, colapso brônquico e sobreposição do músculo dorsal (“redundância de membrana dorsal”). O diagnóstico definitivo é feito por traqueoscopia ou fluoroscopia, já que se trata de uma afecção dinâmica. Edema pulmonar Padrão alveolar (geralmente se inicia como intersticial). Cardiogênico ou não cardiogênico. O edema cardiogênico resulta de insuficiência cardíaca por diversas causas. O edema não cardiogênico pode ser provocado por inalação de gases tóxicos, traumatismo encefálico, quase afogamento, obstrução grave de vias aéreas superiores, eletrocussão, hipoalbuminemia, congestão, uremia avançada, síndrome do desconforto respiratório agudo... Edema pulmonar Padrão alveolar simétrico. Sem alteração Sem alteração Cardiogênico Inicia da região hilar e se estende até lobos caudais, padrão simétrico. O coração pode apresentar alteração em dimensão. Vasos pulmonares podem estar alargados. Não-cardiogênico ▪ Inicia na região caudal e se estende, padrão assimétrico. Coração e vasos pulmonares dentro da normalidade. Edema cardiogênico x Edema não cardiogênico Edema não cardiogênico: Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) Pode surgir de forma súbita ou crônica. A troca gasosa é comprometida, acarretando em grave dificuldade respiratória e hipóxia. Causas: Traumatismo grave torácico, cirurgia de grande porte, toxemia, uremia grave, pancreatite, coagulação intravascular disseminada, intoxicação (fumaça, herbicida, oxigênio), pneumonia aspirativa. Sinais radiográficos inespecíficos ou ausentes no início, evoluindo para padrão alveolar. Realizar acompanhamento radiográfico quando existe a suspeita. Pneumonia Os padrões característicos são o alveolar (prevalente) e intersticial. Na pneumonia aguda, os sinais radiográficos são rapidamente observados. Porém, em alguns casos a radiografia pode estar dentro da normalidade radiográfica (sendo indicado acompanhamento em 24 horas). Pode ser bacteriana, por aspiração, fúngica, viral, parasitária... Pneumonia Padrão alveolar ou intersticial. A região de acometimento depende diretamente da causa, geralmente assimétrico. Normal Evolução Se crônico, o processo inflamatório/infeccioso pode evoluir para colapso do lobo pulmonar, principalmente se há processo obstrutivo associado. Edema pulmonar x Pneumonia Tanto o edema pulmonar quanto a pneumonia podem mudar o padrão de distribuição devido tratamento prévio (por exemplo, teste de furosemida) e cronicidade (se concentrando em região ventral devido gravidade). É importante fornecer esse dado para o radiologista, pode fazer toda a diferença no laudo radiográfico. A diferenciação do edema pulmonar e a pneumonia muitas vezes não é possível, e deve ser realizada através do exame físico e exames laboratoriais. Neoplasia pulmonar Pode ser primária ou metastática. Achados radiográficos negativos não excluem a possibilidade da presença de nódulos pulmonares. É pouco provável que nódulos não mineralizados com menos de 0,50 cm sejam observados no exame radiográfico. Também deve-se considerar a possibilidade de neoplasias infiltrativas (não nodulares). Linfonodos torácicos (esternal, mediastinais e hilares) podem se mostrar evidentes. Neoplasia pulmonar Neoplasia pulmonar Efusão pleural Acúmulo de líquido em espaço pleural. Todos os fluidos apresentam a mesma radiopacidade, e são distinguíveis apenas por análise de conteúdo obtido por toracocentese. Sempre posicionar pacientes com dificuldade respiratória em projeção dorsoventral (DV). Efusão pleural Conteúdo de radiopacidade líquido no espaço pleural. Fissuras interlobares visíveis. A silhueta cardíaca pode ser camuflada. Normal Efusão pleural A distribuição atípica do líquido pode indicar a presença de neoformação mediastinal. Pneumotórax Acúmulo de ar em espaço pleural. Pode ser aberto (geralmente associado a um trauma perfurante) ou fechado (trauma em lobo pulmonar ou ruptura de bolha pulmonar). Pneumotórax Normal Conteúdo radiotransparente (ar) em espaço pleural. Retração e opacificação de lobos pulmonares. Ruptura diafragmática Erroneamente referida como “hérnia diafragmática”. Geralmente precedida de trauma. Estruturas abdominais são deslocadas para tórax, impedindo a expansão adequada de lobos pulmonares. Ruptura diaframática Normal Estruturas abdominais deslocadas em tórax. Linha diafragmática não observada. Normal Cardiomegalia Alteração evidente na morfologiacardíaca. A radiografia apenas verifica alterações em DIMENSÕES! Alterações degenerativas em válvulas jamais são observadas. É possível observar dilatação de veias e artérias pulmonares em casos mais graves (congestão). A silhueta cardíaca varia conforme a conformação do tórax e raça. Avaliação morfológica VHS VLAS (Kealy, 2011) Cardiomegalia Normal Aumento focal ou difuso da dimensão da silhueta cardíaca O átrio pode deslocar a traquéia dorsalmente (para cima). Exames contrastados Esofagograma Estudo funcional e anatômico. Indicações: Regurgitação, obstrução, corpo estranho, estenose, divertículo, ruptura, megaesôfago. Jamais sedar ou anestesiar. Jejum alimentar. Utilizar sulfato de bário via oral ou contraste iodado (em caso de possibilidade de ruptura). Esofagograma Contra-indicações: Possibilidade de ruptura (usar contraste iodado), impossibilidade de deglutição. Complicações: São raras, mas a aspiração do contraste pode causar pneumonia e granuloma pulmonar. Contraste iodado (ioexol) Contraste de bário (sulfato de bário) Megaesôfago Dilatação do esôfago. Congênita ou adquirida, no esôfago todo ou só em um segmento. Dilatação congênita ocorre em cães jovens e a causa mais comum é a anomalia do anel vascular (persistência do arco aórtico direito). Dilatação adquirida é secundária a neuropatias e miopatias (trauma, miastenia gravis, doença de Addison, diabetes mellitus), intoxicação, esofagite. Esôfago dilatado por ar Traquéia (Thrall, 2013) Esôfago dilatado por ar A traquéia e coração podem ser deslocados se a dilatação for grave É comum observar pneumonia aspirativa associada. Preenchimento do esôfago dilatado por contraste radiopaco É possível observar ração, água ou ar como conteúdo da dilatação. (Thrall, 2013) Megaesôfago devido anomalia do anel vascular Esofagograma O bário é retirado das vias aéreas pelo movimento ciliar. Pequenas quantidades aspiradas geralmente não causam complicações. Porém, se chega aos alvéolos, é retido permanentemente. (Thrall, 2013) Pontos importantes: exame contrastado Verificar se o comportamento e estado de consciência do paciente permite a realização do exame. Nunca ofereça alimento ou contraste via oral para pacientes desacordados ou em decúbito lateral. Nunca utilizar contraste de bário caso haja possibilidade de ruptura. Sempre realizar uma projeção radiográfica simples antes de utilizar o contraste. O valor das doses muda drasticamente conforme o autor do estudo. Considerar se a realização do exame contrastado realmente descarta a necessidade do exame avançado de imagem. Obrigada! rdourado@cruzeirodosul.edu.br Slide 1: Radiografia do tórax Slide 2: Temas abordados nesta aula Slide 3: Anatomia radiográfica do tórax Slide 4: Estruturas torácicas Slide 5: Posicionamento Slide 6: Padrões pulmonares Slide 7 Slide 8 Slide 9: Padrão intersticial Slide 10: O que é interstício? Slide 11: Padrão intersticial Slide 12: Padrão intersticial (não-estruturado ou difuso) Slide 13: Padrão intersticial (não-estruturado ou difuso) Slide 14: Padrão intersticial (estruturado ou nodular) Slide 15: Padrão intersticial (estruturado ou nodular) Slide 16: Padrão brônquico Slide 17: Padrão brônquico Slide 18: Padrão brônquico Slide 19: Padrão alveolar Slide 20: Padrão alveolar Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24: Padrão alveolar Slide 25: Cavidade torácica e vias aéreas inferiores Slide 26 Slide 27: Colapso de traquéia Slide 28: Colapso de traquéia Slide 29: Colapso de traquéia Slide 30: Edema pulmonar Slide 31: Edema pulmonar Slide 32 Slide 33: Edema cardiogênico x Edema não cardiogênico Slide 34: Edema não cardiogênico: Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) Slide 35: Pneumonia Slide 36: Pneumonia Slide 37 Slide 38: Evolução Slide 39: Edema pulmonar x Pneumonia Slide 40 Slide 41: Neoplasia pulmonar Slide 42: Neoplasia pulmonar Slide 43: Neoplasia pulmonar Slide 44: Efusão pleural Slide 45: Efusão pleural Slide 46 Slide 47: Efusão pleural Slide 48: Pneumotórax Slide 49: Pneumotórax Slide 50 Slide 51: Ruptura diafragmática Slide 52: Ruptura diaframática Slide 53 Slide 54 Slide 55: Cardiomegalia Slide 56 Slide 57 Slide 58 Slide 59: Cardiomegalia Slide 60 Slide 61: Exames contrastados Slide 62: Esofagograma Slide 63: Esofagograma Slide 64: Contraste iodado (ioexol) Slide 65: Megaesôfago Slide 66 Slide 67 Slide 68 Slide 69 Slide 70 Slide 71 Slide 72: Esofagograma Slide 73: Pontos importantes: exame contrastado Slide 74: Obrigada!