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FUNDAMENTOS DA METROLOGIA 3D - DIGITALIZAÇÃO W BA 07 33 _v 1. 2 2 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Juliano Schimiguel Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Daniella Fernandes Haruze Manta Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) __________________________________________________________________________________________ Ricchi Junior, Reinaldo Alberto R489f Fundamentos da metrologia 3D – digitalização / Reinaldo Alberto Ricchi Junior, Fabiane Krolow, Priscilla Labanca, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019. 130 p. ISBN 978-85-522-1487-8 1. Controle de Qualidade. 2. Metrologia 3D. I. Ricch Junior, Reinaldo Alberto. II. Krolow, Fabiane. III. Labanca, Priscilla. IV. Título. CDD 620 ____________________________________________________________________________________________ Thamiris Mantovani CRB: 8/9491 © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________________________04 Metrologia Dimensional no Processo de Manufatura _______________________06 Fundamentação matemática da medição 3D e estudo dos elementos de Geometria Plana e Espacial _________________________________________________25 Princípios da Fotogrametria ________________________________________________47 Escaneamento 3D e Calibração _____________________________________________65 Avaliação experimental da exatidão de máquinas de medir 3D _________ 83 Estratégias para preservar a confiabilidade nos resultados de medição 3D _105 Exemplos de MSA (Análise de Sistema de Medição) 3D de diferentes peças: usinadas, conformadas, fundidas e plásticas ________________________________123 FUNDAMENTOS DA METROLOGIA 3D - DIGITALIZAÇÃO 3 4 Apresentação da disciplina A eficiência nos processos de manufatura é consequência da precisão dimensional, o que é possível por meio dos processos de metrologia dimensional presentes nos processos de produção. A confiabilidade dessas medidas é papel da metrologia. Para a otimização dos processos de manufatura e lucratividade com eficiência, a inovação e desenvolvimento na metrologia dimensional tem papel fundamental para garantia dos controles e gestão dos processos. Vamos observar os processos de medição e tecnologias aplicáveis para evitar as incertezas de dados nos processos de manufatura. A metrologia pode ser também entendida como uma ciência da medição, responsável pelo controle de informações, envolvendo aspectos práticos e teóricos de medição em geral, para a pesquisa e desenvolvimento tecnológico na indústria que apresenta novas metodologias para os processos de controle, a fim de favorecer nas estratégias tomadas, chegando a trazer intervenção nos processos produtivos, de forma que seja possível realizar análises críticas com suporte especial para a avaliação da conformidade com procedimentos normativos e de planejamento e controle de produção (FERREIRA; GUERRA, 2018). A metrologia dimensional tem grande importância social e econômica garantindo relações comerciais justas, promovendo a cidadania e assegurando o reconhecimento nacional e internacional da qualidade de um produto final ou processo. E é ainda mais importante, por sua função com relação à necessidade de fornecer suporte ao controle das características dos produtos, reforçando assim a importância que representa para os sistemas da qualidade das organizações (FERREIRA; GUERRA, 2018). Para a prática da metrologia é necessária uma fundamentação matemática, pois a “Medição por coordenadas é uma técnica para inspeção de dimensões de todas as partes especificadas de uma peça, a partir de três coordenadas x, y e z.” (LIRA, 2015, p. 16), o que se torna 5 possível através da geometria tanto plana quanto espacial, nos sistemas de coordenadas cartesianas. O scanner 3D possui a função de digitalizar superfícies de objetos físicos que posteriormente são traduzidos em um sistema de computador capaz de ler e interpretar o resultado desta digitalização. Os scanners 3D são utilizados para diversos fins, dentre eles fabricação de produtos (BENSOUSSAN, 2014). De maneira geral, é fundamental desenvolver a habilidade para associar os desenvolvimentos tecnológicos mais recentes às técnicas de Metrologia que estão sendo utilizadas na Indústria, para criar uma cultura de inovação que colabore na formação dos alunos. Metrologia Dimensional no Processo de Manufatura Autoria: Fabiane Krolow Objetivos • Aprender sobre a metrologia dimensional no processo de manufatura. • Investigar sobre os processos aplicados à manufatura. • Conhecer o que é e quais os procedimentos sobre metrologia dimensional no processo de manufatura. 7 1. Introdução A eficiência nos processos de manufatura é consequência da precisão dimensional, o que é possível por meio dos processos de metrologia dimensional presente no processo de produção. A confiabilidade dessas medidas é papel da metrologia. Para a otimização dos processos de manufatura e lucratividade com eficiência, a inovação e desenvolvimento na metrologia dimensional tem papel fundamental para garantia dos controles e gestão dos processos. Vamos observar os processos de medição e tecnologias aplicáveis para evitar as incertezas de dados nos processos de manufatura. De acordo com Ferreira e Guerra (2018): No caso particular da indústria, a competitividade natural entre empresas tem acelerado os processos de inovação e desenvolvimento e exigido simultaneamente que os sistemas de produção e de controle da qualidade apresentem rapidez, flexibilidade e fiabilidade. Como tal, a introdução das tecnologias digitais e a intensificação dos processos de inovação tem proporcionado uma redução dos tempos de desenvolvimento, dos tempos de produção e dos prazos de introdução de novos produtos no mercado. (FERREIRA; GUERRA, 2018, p. 126) A metrologia pode ser também entendida como uma ciência da medição, responsável pelo controle de informações, envolvendo aspectos práticos e teóricos de medição em geral. Isso para a pesquisa e desenvolvimento tecnológico na indústria que apresenta novas metodologias para os processos de controle, a fim de favorecer nas estratégias tomadas, chegando a trazer intervenção nos processos produtivos. Assim, é possível realizar análises críticas com suporte especial para a avaliação da conformidade, com procedimentos normativos e de planejamento e controle de produção. 8 Em meio aos processos de produção industriais que exigem alto controle de medição, nasce a necessidade de casos onde nem sempre é possível o uso de equipamentos tradicionais para medição, como o paquímetro, micrômetro, entre outros, sendo necessário buscar alternativas para visualização do contorno de peças muito pequenasou ainda com geometria espacial complexa, trazendo falhas no controle de manufatura. Mesmo com a disponibilidade de instrumentos com alta tecnologia da informação, oriundos da revolução digital, é a revolução da Indústria 4.0 que traz mudanças de forma a implementar inovações tecnológicas e técnicas de automação a serem utilizadas nos processos de manufatura industrial, segundo Silva e Leandro (2017, p. 2). A metrologia dimensional tem grande importância social e econômica, garantindo relações comerciais justas, promovendo a cidadania e assegurando o reconhecimento nacional e internacional da qualidade de um produto final, ou até mesmo processo. É ainda mais importante sua função com relação à necessidade de fornecer suporte ao controle das características dos produtos, reforçando, assim, a importância que representa para os sistemas da qualidade das organizações, de acordo com Ferreira e Guerra (2018, p. 126) ASSIMILE Para entender melhor, vamos observar um exemplo prático do uso de instrumentos de medição com a automação no processo de manufatura, entendendo como funcionam projetores de perfil. Nesse processo, a virtualização é imprescindível, pois simula um modelo do objeto envolvido no processo de manufatura com padrão de excelência, permitindo o controle de forma remota de todos os processos de produção do objeto até sua medição, disponibilizando dois tipos de projeção: a diascópica, responsável por virtualizar o contorno da peça; e a episcópica, responsável por virtualizar a superfície da peça. No caso dos projetores de perfil, é realizada 9 a medição por meio da projeção ampliada da peça em um anteparo, com um filtro que minimiza o brilho na imagem e preserva a integridade física de quem está operando o instrumento de medição, sendo essa uma vantagem, pois agiliza o processo de medição. Vale lembrar também que, ao realizar a medição com o uso da virtualização, por não ter contato com a peça, não sofre deformações, conforme Silva e Leandro (2017). A metrologia pode ser entendida como a ciência dos pesos e medidas dos sistemas padronizados, de unidades, estabelecidos por todos os povos desde os primórdios das civilizações, onde havia a necessidade de realizar medidas. 2. O processo de medição 2.1 Como medir? Na introdução, vimos a importância da metrologia dimensional no processo de produção na indústria 4.0, com a associação de técnicas de automação. No entanto, é imprescíndivel lembrar do que chamamos de Vocabulaire International des Termes Fondamentaux et Generaux de Metrologie (VIM), que, em português, seria Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais da Metrologia. A ciência da medição é o conjunto de conceitos científicos teóricos e práticos referente às medições de qualquer incerteza, em qualquer área da ciência. Onde medir é determinar experimentalmente o valor de uma grandeza mensurada, já a grandeza é o atributo corpo ou substância que pode ser qualitativamente distinguida e quantitativamente determinada, como, por exemplo, temperatura, massa, tempo, entre outros. Mensurar será o procedimento de medição, da metrologia, que 10 é realizado por meio de uma unidade, uma grandeza específica definida por convenção para expressar magnitudes em relação a cada tipo de grandeza, como kelvin, quilos, minutos, entre outros, e o resultado do processo de mensuração será conhecido como Valor Verdadeiro Convencional, que pode passar por alguma incerteza de medição, possibilidade e de dispersão dos valores mensurados, conforme Acosta e Melo Junior (2010). O processo de manufatura, em geral, obtém qualidade no produto final, por quanto também tem a possibilidade de rastreabilidade de seus processos, garantindo uma cadeia de comparações desde o sistema de unidade de medidas internacional, padrões nacionais, padrões institucionais de calibração (INMETRO), calibrados (aferidos) por meio de laboratórios de ensaios credenciados e, por fim, a disseminação final no chão de fábrica, com a aplicação de padrões laboratoriais de metrologia em todo o processo de produção. Figura 1 – Rastreabilidade e disseminação da metrologia Fonte: elaborada pelo autor. O sistema internacional de medidas, para cada tipo de grandeza, define algumas unidades de base, suplementares e derivadas, para a padronização nos processos de mensuração, definindo símbolos, segundo Alves (2003). 11 Tabela 1 – Unidades Fundamentais do SI Grandeza Unidade Nome Símbolo Comprimento metro m Massa quilograma kg Tempo Segundo s Corrente elétrica Ampere A Temperatura kelvin K Quantidade de matéria mol mol Intensidade luminosa candela cd Fonte: elaborada pela autora. Tabela 2 – Unidades Suplementares do SI Grandeza Unidade Nome Símbolo Ângulo Plano radiano rad Ângulo Sólido Esterradiano ou esferorradiano sr Fonte: INMETRO (2014). Tabela 3 – Derivadas do SI Grandeza Unidade Derivada Em unidades Nome Símbolo SI de Base Força Newton N m.kg/s² Temperatura Celsius ºC K Frequência Hertz Hz 1/S¹ Pressão Pascal Pa m-¹.kg./s² Trabalho, energia, calor Joule J m².kg/s² Potência Watt W m².kg/s³ Potencial elétrico, tensão, força eletromotriz Volt V m².kg.s²/A¹ Resistência elétrica Ohm Ω m².kg/s³.A² Carga elétrica Henry C s.A Capacidade elétrica Farad F m².kg/s4.A² Fluxo luminos Lumen lm cd.sr Condutância elétrica Siemens S m²/kg.S³.A² Fonte: elaborada pela autora. 12 2.2 Processo de metrologia Os tipos de instrumentos utilizados para a metrologia devem ser selecionados de acordo com o foco de produção da indústria, tendo um processo de escolha dos instrumentos de acordo com os padrões necessários para a verificação da qualidade do produto, que devem receber cuidados especiais em seu uso e armazenamento, de forma que permaneçam calibrados. A incerteza na metrologia deve ser ponto de grande atenção, os instrumentos de medições devem estar sempre dentro dos padrões admissíveis de calibração para garantia da qualidade do processo. Para isso, as empresas devem manter um equipamento mestre com certificação de calibração laboratorial, conforme exemplo da Figura 2, para aferição dos instrumentos utilizados no chão de fábrica, segundo Alves (2003). Figura 2 – Certificado de calibração Fonte: elaborada pela autora. Ao realizar uma verificação, o resultado, conforme Alves (2003, p. 15), “permite afirmar se o instrumento de medição satisfaz ou não às prescrições (especificações) regulamentares previamente fixadas (limites de erro admissíveis) que autorizam a sua entrada ou continuação em serviço” . 13 O processo de calibração deve seguir um padrão e ser realizado com o instrumento de medição adequado ao processo, de acordo com procedimentos (prescrições), requisitos de projeto, normas ou requisitos do processo de produção. A calibração, será a comparação do objeto com medições, que serão comparadas aos requisitos. Esses resultados de medição devem ser mantidos em um documento de calibração, caso esteja conforme a prescrição. Caso a verificação indique uma não conformidade, de acordo com a confrontação, é necessária a realização dos reparos para prosseguir no ciclo de produção, segundo Alves (2003, p. 16). Figura 3 – Interligação entre os processos de metrologia Fonte: (ALVES, 2003). 14 Os instrumentos utilizados para a calibração, em um intervalo de tempo pré-determinado normativamente em categorias A e B, que devem ser observadas nas prescrições do processo, têm relação ao objeto específico. A Tabela 4 apresenta uma proposta de alguns instrumentos de medição com os respectivos prazos de calibração. Tabela 4 – Instrumentos de medição e calibração Instrumento de medição Período de Calibração (em meses) Categoria A Categoria B Amperímetros analógicos 12 12 Amperímetros digitais 3 à 12 6 Ohmímetros analógicos 12 12 Ohmímetros digitais 3 à 12 6 Pontes de Whetstone 12 12 Ponteciómetros 12 12 Transformadores de medição 36 36 Voltímetros analógicos 12 12 Voltímetros digitais 3 à 12 6 Wattímetros analógicos 12 12 Wattímetrosdigitais 3 à 12 6 Fonte: elaborada pela autora. 2.3 Guia para a expressão da incerteza de medição (GUM) Nos processos de medição devem ser avaliadas as incertezas, o que pode ser realizado por meio da técnica GUM (Guia para a expressão da incerteza de medição). Esse guia tem como objetivo promover a declaração de como se chegou na incerteza e fornecer base de comparação internacional de resultado de medições, sendo realizados dois tipos de procedimentos: A e B. O procedimento A é conhecido como o método tradicional, utilizado para avaliar a incerteza de medição em estudos de repetitividade e reprodutibilidade. De acordo com o Baldo (2003): Nesse procedimento, assume-se que o desvio padrão estimado corresponde a uma distribuição normal. Os problemas com os procedimentos de avaliação do tipo A são que eles exigem trabalho intensivo, não há garantia que todas as variações que uma contribuição causa tenham sido observadas e não há 15 meio de se ter certeza que as amostras são representativas da variação que a contribuição possa causar ao longo do tempo. (BALDO, 2003, p. 31). No tipo A, os componentes são classificados, então, de acordo com as variâncias (desvios-padrões) observadas na verificação, o que também deve ser especificado nos requisitos de prescrição. Já o procedimento tipo B, traz uma possibilidade de liberdade para usar todas as informações disponíveis pelo processo de medição, inclusive conhecidas no passado, especificações de fabricante, certificados de calibração, de forma que seja possível investigar incertezas que não foram vistas no procedimento tipo A, observando as correlações entre as variâncias do processo A, de acordo com Baldo (2003, p. 31). 3. Instrumentos de medição e integração da metrologia na indústria O objetivo da metrologia são as medidas com a maior precisão possível, independente do objeto que está sendo mensurado e, para isso, temos uma infinidade de tipos de instrumentos de medição. Entre os mais comuns, temos o paquímetro, utilizado para medições lineares internas, externas e de profundidade. Trata-se de uma régua com uma escala auxiliar, chamada de nônio ou vernier, que permite medições mais precisas de pequenos objetos. Além dos paquímetros, temos uma série de outros instrumentos, como os comparadores de diâmetros, medidores de espessuras, balanças, termômetros, amperímetros, luxímetros, entre outros. No entanto, pensando na inclusão da metrologia com as tecnologias disponíveis nos processos de produção com a automação, vamos conhecer os projetores, que fazem a virtualização da metrologia, como apresentado no início do texto. Em casos de peças muito pequenas ou com formas complexas, as medições se tornam mais complicadas e trabalhosas e, para isso, temos os projetos de perfis, que são meios óticos de medição, e trazem maior eficiência ao processo de produção, pois oferecem a possibilidade de medições durante a produção. 16 3.1 Integração da metrologia dimensional e a Indústria 4.0 No contexto industrial atual, temos o processo produtivo todo interligado por meio de tecnologias de automação e controle, sendo possível a qualquer momento verificar dados de qualquer etapa do processo produtivo. Além disso, temos a possibilidade de realizar intervenções nas máquinas em produção, sem ser necessária a intervenção humana direta. Para isso, a indústria precisa pensar em todo o processo, tanto de produção quanto de planejamento e controle de forma integrada, tendo interligados no processo desde os componentes técnicos, as máquinas com as respectivas programações de manufatura por meio da tecnologia Big Data, com o projeto de todo o processo produtivo e, por fim, a máquina de produção, conforme Figura 4, segundo Ferreira e Guerra (2018). Figura 4 – Processo de integração (processo produtivo e controle da qualidade) na Indústria 4.0 Fonte: Ferreira e Guerra (2018). 17 O objetivo da Indústria 4.0 é a associação de tecnologias e concepções de organização em sistemas tecnológicos, envolvendo os sistemas “Cyber- physical” “Internet of Things” “Big data”, “Smart factory”, para trazer à fábrica processos produtivos tradicionais de forma automatizada, alavancando uma nova realidade na indústria com a tecnologia de controle, onde é possível o controle por meio de plataformas digitais interligadas com o processo de produção, conforme Ferreira e Guerra (2008, p. 127). Para ter confiabilidade no produto final, precisamos garantir a conformidade dimensional e geométrica dos componentes técnicos, dos insumos, nos mais variados ramos da indústria, desde a indústria de automóvel, aeronáutica, naval, com recursos que proporcionam o bom desempenho da questão metrológica já no processo de molde, de forma simultânea. Os processos de medição apresentam questões que interferem na precisão metrológica, como as condições ambientais, exatidão ou calibração dos instrumentos de medição, entre outros que podem interferir na qualidade do produto final e para melhoria, nesses processos, têm sido introduzidas as máquinas de medições por coordenadas. 3.2 Máquinas de medições por coordenadas São sistemas de medição que proporcionam a obtenção de coordenadas de vários pontos de um objeto ou componente técnico para uma construção posterior, permitindo uma avaliação geométrica mesmo antes da efetivação do produto. Linhas, planos, cilindros, cones, esferas, são construídos para que seja possível uma análise das zonas identificadas nos desenhos e, nesse momento então, já realizar uma avaliação de conformidade com a prescrição de projeto. Ferreira e Guerra (2018) observam que nos processos com máquinas de medições por coordenadas, devemos ter cuidados com as dimensões e geometrias em elementos geométricos de componentes técnicos. 18 Em elementos geométricos, como a linha, o plano, o cilindro, o cone e a esfera, é possivel realizar diferentes tipos de avaliação. Por um lado, é possível quantificar a dimensão de cada um dos elementos geométricos; por outro lado, é também possível avaliar a geometria e os diferentes erros de forma (rectitude, planeza, circularidade, cilindricidade, perfil de linha e perfil de superfície), de orientação (paralelismo, perpendicularidade e angularidade), de posição (localização, concentricidade, coaxialidade e simetria) e de batimento (batimento axial, batimento axial total, batimento radial e batimento radial total) que apresentam. (FERREIRA; GUERRA, 2018, p. 130). Figura 5 – Máquina de medir coordenadas (tridimensional) Fonte: adaptada de Matveev_Aleksandr/iStock.com. 19 A automação do processo industrial com o uso de máquinas de medições por coordenadas trouxe um impulso para a indústria no processo de metrologia dimensional e geométrica, sendo um recurso para garantir a qualidade do processo e produto final, trazendo vantagens para os ensaios dimensionais, suporte de protótipos e suporte aos processos de engenharia reversa. As máquinas de medição por coordenadas 3D apresentam-se como sistemas de medição sofisticados e flexíveis, com boa repetibilidade e reprodutibilidade nas medições, que permitem efetuar medições recorrendo a diferentes tipos de sensores de contato ou sistemas ópticos, e acompanham a efetividade dos mais recentes sistemas de produção de acordo com as exigências da indústria 4.0, o novo paradigma das empresas (FERREIRA E GUERRA, 2018, p. 130). Com o uso das máquinas de medição por coordenadas, de forma mais racionalizada, tem-se vantagens matemáticas na geometria das peças, flexibilidade na comunicação e conexão das etapas do processo, resistência em ambientes industriais e baixo custo final, devido às vantagens associadas à máquina. PARA SABER MAIS Vamos pensar no uso das máquinas de medir por coordenadas, na prática, que realizam a identificação de pontos que definem a forma de objetos nas três coordenadas ortogonais, sendo equipadas com mancais pneumáticos que permitem o movimento com o menor atrito e realizam a captaçãodas informações por meio de apalpadores, que são localizadores óticos capazes de captar por meio de um feixe de laser pelo método de triangulação. 20 3.3 Projetores de perfis Os meios óticos, utilizados pelas máquinas de medir por coordenadas, são também conhecidos como projetores de perfis, responsáveis pela metrologia de precisão que viabilizará a redução de falhas e melhorar o processo de controle industrial. Os projetores permitem projetar o objeto em uma tela de vidro, que possui duas linhas perpendiculares gravadas, utilizadas como referência para as medições. O projetor possui uma mesa de coordenadas com dois cabeçotes micrométricos e duas escalas lineares posicionadas a 90º. São meios óticos de medição adotados, atualmente, em conjunto com máquinas de operação, mostrando detalhes durante a usinagem no processo de produção. Os projetores de perfis são utilizados para a verificação e medições de peças pequenas com formas rebuscadas, pois permitem a ampliação da peça em uma tela que possui duas linhas perpendiculares utilizadas como referências, sendo as coordenadas equipadas com dois cabeçotes micrométricos. Na projeção da peça na tela, a imagem é ampliada e mostrada com iluminação por baixo, ampliando a imagem em até cem vezes por lentes intercambiáveis. A prancha de referência é movimentada em relação às linhas de referência tangencialmente para a identificação do objeto como um todo, pois o projetor de perfil permite a identificação de ângulos ao rotacionar a tela de 1º a 360º, tendo a leitura angular sendo realizada. Outra opção de uso dos projetores de perfis é a verificação por meio do uso do desenho da peça, realizado em acetato transparente e fixado na tela do projetor. Projeção diascópica (contorno) É chamada de projeção diascópica aquela realizada com uma iluminação que transpassa a peça, permitindo obter a silhueta escura com o 21 contorno da peça, sendo essa opção utilizada para a medição de peças com contornos especiais, como engrenagens, ferramentas etc. Projeção episcópica (superfície) Na projeção episcópica, a iluminação é concentrada na superfície da peça, fazendo, assim, com que os detalhes sejam projetados na tela, tornando-se ainda mais evidentes quando o relevo for nítido e pouco acentuado, sendo utilizado para a verificação de moedas, circuitos impressos, acabamentos de superfícies etc. Figura 6 – Projeções diascópica e episcópica Fonte: UDESC Joinville, 2018. TEORIA EM PRÁTICA Você trabalha em uma empresa que realiza a metrologia associada diretamente ao processo produtivo, que segue procedimentos de realização e medições de produção, e é responsável pelo controle dos equipamentos de medição. É sua função garantir que esses equipamentos estejam calibrados para redução de erros no processo de metrologia, de forma que a indústria tenha o processo de metrologia integrado com o menor risco de incertezas de medição. Qual é o processo que você deve seguir para garantir a calibração dos equipamentos? Qual o documento registrado dessa calibração e quais dados devem constar nesse registro? 22 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Os projetores de perfis têm como objetivo: a. Realizar a medição de peças pequenas e complexas. b. Realizar a medição de peças grandes e complexas. c. Realizar a verificação de peças pequenas e simples. d. Realizar a medição da rugosidade de objetos. e. Realizar a medição de som complexo. 2. Para garantia de que o processo de metrologia está sendo realizado em fábrica dentro dos padrões admissíveis de incerteza de medição, a indústria deve ter seus: a. Registros dos critérios de medição. b. Registros dos processos de produção. c. Cerificados de calibração dos instrumentos de medição. d. Cerificados de compra de materiais com fornecedores que aplicam a metrologia. e. Certificados de programas da Qualidade em conformidade com ISO 9001. 3. A metrologia realizada com o uso de projetores de perfis tem como objetivo facilitar o processo de medição e verificação de metrologia, com automação durante o processo de usinagem, o que é possível graças a: a. Representação diascópica. b. Representação episcópica. c. Virtualização. d. Calibração. e. Prescrição. 23 Referências Bibliográficas ACOSTA, S.; MELO JUNIOR, C. F. de. Fundamentos de metrologia. Curitiba: Utfpr, 2010. ALVES, M. F.. ABC da Metrologia Industrial. 2. ed. Porto: Instituto Superior de Engenharia do Porto, 2003. BALDO, C. R. A interação entre o controle de processos e a metrologia em indústrias de manufatura. Tese (Doutorado), Curso de Programa de Pós- graduação em Metrologia Científica e Industrial, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003. FERREIRA, F. A. M.; GUERRA, H. A. G. Os desafios da metrologia por coordenadas nos processos de controle das especificações dimensionais e geométricas de componentes técnicos, no novo paradigma da indústria 4.0. Produção e desenvolvimento, Rio de Janeiro, n. 4, p.125-132, 2018. Semestral. Disponível em: http://revistas.cefet-rj.br/index.php/producaoedesenvolvimento. Acesso em: 30 abr. 2020. LIRA, F. A de. Metrologia dimensional: técnicas de medição e instrumentos para controle e fabricação industrial. São Paulo: Érica, 2015. MITUTOYO. Máquina de Medir Coordenadas: CRYSTA APEX S 9166 – 191-294- 10. 2019. Disponível em: https://www.mitutoyo.com.br/mmc-cnc-crysta-apex-s- series-900-crysta-apex-s-9166-z600.html. Acesso em: 19 mar. 2020. SILVA, H. T. da; LEANDRO, G. H. C. R. Indústria 4.0: otimização do controle dimensional de peças de geometrias complexas, com o auxílio do projetor de perfil. In: VII Congresso Brasileiro de Engenharia de Produção, Ponta Grossa. Anais. Ponta Grossa: Aprepro, 2017. p. 1–11. VANLENTINA, L. D. Fundamentos de metrologia. Joinville: Udesc, 2008. BENSOUSSAN, H. The history of 3D printing: 3D printing technologies from the 80s to today. 2016. Disponível em: https://www.sculpteo.com/blog/2016/12/14/ the-history-of-3d-printing-3d-printing-technologies-from-the-80s-to-today/. Acesso em: 19 mar. 2020. http://revistas.cefet-rj.br/index.php/producaoedesenvolvimento https://www.mitutoyo.com.br/mmc-cnc-crysta-apex-s-series-900-crysta-apex-s-9166-z600.html https://www.mitutoyo.com.br/mmc-cnc-crysta-apex-s-series-900-crysta-apex-s-9166-z600.html https://www.sculpteo.com/blog/2016/12/14/the-history-of-3d-printing-3d-printing-technologies-from-th https://www.sculpteo.com/blog/2016/12/14/the-history-of-3d-printing-3d-printing-technologies-from-th 24 Gabarito Questão 1 – Resposta: A Resolução: Os projetores de perfis têm como principal objetivo realizar a medição de objetos pequenos e com peças complexas. Questão 2 – Resposta: C Resolução: É necessário que os equipamentos estejam calibrados dentro dos padrões de unidades de medidas, sendo isso comprovado através dos certificados de calibração dos instrumentos de medição. Questão 3 – Resposta: C Resolução: A forma de verificação de medidas com os Projetores de Perfis permite a automação no processo industrial, tendo como objetivo principal a virtualização dos objetos em produção para que seja possível o monitoramento constante. Fundamentação matemática da medição 3D e estudo dos elementos de Geometria Plana e Espacial Autoria: Fabiane Krolow Objetivos • Investigar sobre os conceitos matemáticos para a Metrologia 3D. • Conhecer os elementos da Geometria Plana para a Metrologia. • Conhecer os elementos da Geometria Espacial para a Metrologia. 26 1. Introdução sobre a necessidade da fundamentação matemática e geometria A metrologia dimensional surge com “a necessidade de harmonizar pesos e medidas entre países e cresceu com a expansão da indústria e do comércio”, segundo Lira (2015, p. 13). Fato esse que permanece até a atualidade com a necessidade da aplicação de metrologia de forma tridimensional em processos de digitalização no mercado atual, pois as: Indústrias automobilísticas, aeroespaciais e eletrônicas, entre outras, são montadorasque dependem de peças e partes de fornecedores especializados, por exemplo, turbinas, telas de plasma, computadores de bordo, motores etc. Cada fornecedor precisa de uma acreditação e de um eficiente sistema de Gestão da Qualidade. (LIRA, 2015, p. 15). Os processos de gestão e certificação da qualidade requerem a padronização dos sistemas de gestão, que, em geral, se torna possível com a criação de padrão de documentos e para o chão de fábrica, sendo necessário o controle da produção e, para isso, o controle de medição, realizado pela metrologia por processos de digitalização para agilizar a manufatura de acordo com Stoco (2016). Para a prática da metrologia, é necessária uma fundamentação matemática, pois a “medição por coordenadas é uma técnica para inspeção de dimensões de todas as partes especificadas de uma peça a partir de três coordenadas x, y e z”, segundo Lira (2015, p. 16), o que se torna possível por meio da geometria, tanto plana quanto espacial, nos sistemas de coordenadas cartesianas. Na prática do controle de qualidade, existem, em geral, os cases de sistemas de verificação: Nenhum meio de fabricação ou processo de usinagem é capaz de obter rigorosamente a dimensão prefixada para a peça. Se o erro tolerável for 27 conhecido, os meios de fabricação e o controle das dimensões podem ser escolhidos com vistas à redução de custos e maior produtividade. (LIRA, 2015, p. 25) No processo de medição devem ser definidas e, inicialmente, verificadas, as condições ambientais do operador, definições de mensuração e processo e sistema de medição, o que sempre envolverá critérios matemáticos. Entre as especificações para a industrialização, existem as especificações geométricas, que dão as formas ao produto e influenciam em seu acabamento, estética, funcionalidade e segurança do produto final, onde percebemos a necessidade de maior atenção à engenharia dimensional dos produtos, pois “em um mundo perfeito, o ideal e o real são exatamente iguais”, de acordo com Souza (2003). Portanto, como mostra o fluxograma da Figura 1, o projeto mostra a geometria da peça, que deve ser seguida no processo de fabricação e conferida em um controle geométrico final. Figura 1 – Processo de construção geométrica Fonte: elaborada pela autora. Para isso, será necessário entender melhor a respeito da fundamentação matemática da medição por coordenadas, a partir do sistema cartesiano, utilizando as unidades de medidas padronizadas. 2. Histórico sobre a geometria para a metrologia Dentre os objetivos da metrologia estão o monitoramento por meio da observação passiva de grandezas; o controle, que também 28 pode ser realizado observando, com comparação, de acordo com padrões pré-estabelecidos; e a investigação, ou seja, o processo de pesquisa para novos padrões e especificações. Esse processo pode ser realizado por meio de equipamentos que fazem leituras matemáticas no espaço plano e/ou tridimensional para aplicações práticas em pesquisas, ensaios, desenvolvimento e tecnologia, design, prototipagem, produção, processos de fabricação e plano de produção, em todos os processos, desde o planejamento até sua conclusão e, inclusive, durante os usos. Para fazer uso dos equipamentos e realizar os processos de metrologia, é necessário o conhecimento básico matemático, de forma que seja possível, nos processos de medição, designar pontos, retas e planos, identificando formas diversas no plano e no espaço Existe, então, a necessidade do entendimento matemático das formas do objeto, tendo as possibilidades de estudo de suas dimensões e posições. Os gregos realizaram estudos para entender o que existe na natureza, identificando processos de medição. Assim: Pitágoras criou um método de calcular, desenvolvendo um meio de representar os números através de combinações de pontos ou seixos. Por esse método, certas séries aritméticas combinam linhas de seixos, cada uma contendo um a mais do que a anterior, começando por um, obtendo um número triangular. Por exemplo, o tetraktys consistia de quatro linhas e demonstrava que 1+2+3+4 = 10. Similarmente, a soma de números ímpares sucessivos dá origem a um número quadrado (1, 4, 9, 16), e a soma de números pares sucessivos, a um número oblongo (2, 6, 12, 20, ...). (SANTOS; FERREIRA, 2009, p. 11) 29 As combinações de pontos ou seixos, propostas pelos gregos, que deram origem ao tetraktys, números quadrados e números oblongos, estão ilustradas na Figura 2. Figura 2 – Combinações de pontos ou seixos Fonte: Santos e Ferreira (2009). Ao formatar esse processo de medição, com o agrupamento de seixos, são apresentadas formas espaciais, o que utilizou em relações matemáticas, chegando na proposta utilizada até hoje, o famoso teorema de Pitágoras. Na geometria espacial, Pitágoras preocupou-se com o tetraedro, o cubo, o dodecaedro e a esfera. A harmonia das esferas era, para a Escola Pitagórica, a origem de tudo. Em seu mais famoso teorema, atualmente denominado Teorema de Pitágoras, descobriu a proposição de que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos. Ele e seus discípulos usaram certos axiomas ou postulados e, a partir desses, deduziram um conjunto de teoremas sobre as propriedades de pontos, linhas, ângulos e planos (SANTOS; FERREIRA, 2009, p. 11) O plano, com seus formatos variados, como triângulos, quadriláteros, retângulos, circunferências e outras formas, são os objetos da geometria plana, onde, geralmente, é necessário o cálculo e verificação de áreas e perímetros. 30 Os filósofos matemáticos gregos ocuparam-se, de modo especial, com a unificação da aritmética e da geometria, problema que René Descartes (1596 - 1650), por volta de 2000 anos depois, em 1637, resolveu com brilhantismo, ao forjar uma conexão entre a geometria e a álgebra, demonstrando como aplicar os métodos de uma disciplina na outra. Naquele ano, Descartes publicou três pequenos ensaios – La dioptrique, Les météores e La géométrie - precedidos dos Discours de la méthode pour bien conduire sa raison et chercher la vérité à travers le sciences*. No ensaio La géométrie, o pensador francês criou os fundamentos da geometria analítica, com a qual ele pôde representar as figuras geométricas através de expressões algébricas (SANTOS; FERREIRA, 2009, p. 16). No entanto, nossos produtos e objetos de uso no cotidiano não são apenas planos, mas estão entre os três eixos espaciais (x, y e z), espaço esse que vamos chamar de tridimensional para ser possível identificar vetores de posição. ASSIMILE Pudemos compreender melhor o espaço ao pensar como o utilizamos. Ao nos deslocarmos para frente ou para o lado, estamos percorrendo uma trajetória e a nossa trajetória percorrida será um vetor de deslocamento com a distância percorrida, em determinadas direções, onde é possível saber os pontos de partida e chegada nos eixos do plano cartesiano (x,y,z). Como exemplo, temos o ponto (0;0;0), origem do plano cartesiano, mostrado na Figura 3, com a representação por quadrados, e a ilustração da Figura 4, com a demonstração das coordenadas, que indica a posição da pessoa em relação aos três eixos, de acordo com Matchweb (2019). 31 Figura 3 – Eixos do sistema cartesiano Fonte: Matchweb (2019). Figura 4 – Pontos de localização do sistema cartesiano Fonte: Matchweb (2019). 3. Geometria plana Para ter as possibilidades de medições “o matemático alemão Möbius (1790-1868) foi quem adotou a convenção de sinais, as distâncias, ângulos, áreas e volumes”, segundo Venturi (2015, p. 25). Temos, então, o início do estudo da geometria como a locação e manipulação de dados que propõem as formas básicas, linhas, ângulos e planos. Os planos são formados por linhas, as quais apresentam uma forma fechada através de curvaturas ou angulações, o que é possível entre linhas e ângulos. Em geral, medimos o comprimento de linhas: “a unidade de comprimento é o metro. Com ela e seusmúltiplos e submúltiplos, pode-se conhecer qualquer dimensão linear, área e volume” (LIRA, 2015, p. 24).Para medir ângulos e partes de circunferências são utilizadas medidas de escala métrica. Sua unidade de medida no Sistema Internacional (SI) é o radiano, nome atribuído por comodidade, uma vez que o ângulo plano é adimensional, ou seja, tem dimensão 1.Com a unidade de medida mais comum sendo o grau, representado pelo símbolo “º”, a divisão da circunferência tem 360 32 partes, dividindo em ângulos. No entanto, esta não faz parte do Sistema Internacional, onde cada parte é dividida duas vezes em 60 partes, os minutos e segundos, respectivamente. Ao medir intensidades de força, utilizamos a aplicação da teoria da Lei de Newton, que apresenta que a força é o produto entre a massa e a aceleração da gravidade. Conforme mostrado na Figura 5, é “uma grandeza vetorial, portanto possui um módulo, uma direção e um sentido”, segundo Lira (2015, p. 25). Geralmente, é medida em newtons, no SI, e usada para a medição de valores de aferição de deformação de materiais, em ensaios de tração e compressão, dureza, torque e peso e pressão. Figura 5 – O vetor força Fonte: Santos e Ferreira (2009). A Figura 6 apresenta o sistema de coordenadas cartesianas aplicadas à reta, segundo definição de Santos e Ferreira (2009, p.30), como segue: Uma reta orientada é uma reta qualquer na qual tomamos um sentido positivo de percurso, denotado por uma flecha. Um sistema de coordenadas na reta pode ser obtido da seguinte maneira: sobre uma reta orientada tomamos um ponto arbitrário O, denominado origem do sistema de coordenadas, ao qual associamos o número real zero. No sentido positivo de orientação da reta, tomamos outro ponto arbitrário U, ao qual associamos o número real 1, de modo que o comprimento do 33 segmento seja a unidade de comprimento do sistema de coordenadas (SANTOS; FERREIRA, 2009, p.30) Figura 6 – Sistema de coordenadas cartesianas na reta Fonte: elaborada pela autora. Para entender as características da reta, o que será objeto da metrologia: O sistema de coordenadas na reta estabelece uma bijeção (correspondência biunívoca) entre os pontos da reta e os números reais: a cada ponto P da reta associamos um único número real x e, reciprocamente, a cada número real x associamos um único ponto P da reta. Tal bijeção, denotada P(x), é denominada sistema de coordenadas cartesianas na reta, e o número real x denominado coordenada do ponto P nesse sistema de coordenadas. Uma reta orientada sobre a qual estabelecemos um sistema de coordenadas cartesianas é denominada eixo cartesiano ou eixo real”. (SANTOS; FERREIRA 2009, p. 31). 3.1 Sistema de coordenadas cartesianas A representação do espaço em um plano, com dois eixos que o dividem em quatro quadrantes para a locação de pontos e produção de linhas e planos, é chamado de sistema de coordenadas cartesianas no plano e, segundo Santos e Ferreira (2009, p. 32), “estabelece uma bijeção entre os 34 pontos de um plano e os pares ordenados de números reais, isto é, uma bijeção entre os pontos de um plano”. O filósofo, matemático e físico francês René Descartes (1596 a 1650) é considerado o criador do pensamento cartesiano, também conhecido como racionalismo, sistema que deu origem à filosofia moderna. Além disso, também foi reconhecido por sua obra matemática com a criação da álgebra e geometria, o que veio a se tornar a geometria analítica, além da criação do sistema cartesiano matemático. Para entender o plano cartesiano, Santos e Ferreira (2009, p. 32) descrevem como: Tomamos dois eixos reais perpendiculares entre si, cujas origens coincidem em um ponto O denominado origem do sistema de coordenadas cartesianas no plano e ao qual associamos o par ordenado (0, 0). Um eixo será denominado eixo das abscissas, e o outro, eixo das ordenadas. (SANTOS; FERREIRA, 2009, p. 32). Figura 7 – Sistema de coordenadas no plano Fonte: Venturi (2015). 35 Na Figura 7, o ponto O é a origem do sistema cartesiano e o ponto P é um ponto no plano, pois: A qualquer par ordenado de números reais (x, y) podemos associar um único ponto P do plano, determinado da seguinte maneira: assinalamos no eixo das abscissas o ponto associado ao número real x e por esse ponto traçamos a reta paralela ao eixo das ordenadas. De modo análogo, assinalamos no eixo das ordenadas o ponto associado ao número real y e por esse ponto traçamos a reta paralela ao eixo das abscissas. O ponto de interseção das duas retas, assim traçadas, é o ponto P associado ao par ordenado (x, y) (SANTOS; FERREIRA, 2009, p. 32) A um ponto P podemos associar um par ordenado de números reais e, então, é possível traçarmos uma reta ao eixo das ordenadas (números reais em cada eixo x e y). A bijeção entre os pontos P do plano e os pares ordenados (x, y) é indicada pela notação P(x, y). Dizemos que o número real x é a abscissa do ponto P, e que o número real y é a ordenada do ponto P. Dizemos também que x e y são as coordenadas de P. Além disso, é comum nos referirmos ao eixo das abscissas como eixo x, e ao eixo das ordenadas como eixo y. Um sistema de coordenadas cartesianas no plano é usualmente denominado plano cartesiano ou plano real (SANTOS; FERREIRA, 2009, p. 33) A partir da caracterização do plano, “é útil observar que os dois eixos dividem o plano em quatro regiões, denominadas quadrantes (Figura 8). A ordenação dos quadrantes, bem como os sinais das coordenadas dos pontos em cada quadrante”, segundo Santos e Ferreira (2009, p. 32). Os eixos ortogonais x e y decompõem o plano em quatro quadrantes. 36 Figura 8 – Os quadrantes no sistema cartesiano Fonte: Frensel e Delgado (2011). A Figura 9 mostra particularidades principais do sistema cartesiano no plano, sendo o ponto O (0;0) a origem do sistema; Px (x;0), uma projeção sobre o eixo das abscissas; e Py (0;y), uma projeção sobre o eixo das ordenadas. Figura 9 – Particularidades Fonte: Venturi (2015, p. 35). No plano é possível se obter as formas geométricas (Figura 10), onde as principais noções primitivas na geometria plana são: • O ponto é o elemento do espaço que indica posição, identificadas com letras maiúsculas (Ex.: A, B, C, ...). • A reta é o conjunto de infinitos pontos colineares identificados com letras minúsculas (a, b, c, ...). 37 • O plano é o conjunto de infinitas retas paralelas, identificadas com letras gregas. Figura 10 – Formas básicas no sistema cartesiano Fonte: elaborada pela autora 3.2 Vetores O vetor, apresentado na Figura 11, é uma representação matemática realizada por uma seta sobre o símbolo da grandeza e “geometricamente, um vetor é representado por um segmento orientado de reta”, de acordo com Santos e Ferreira (2009, p. 133) Figura 11 – Vetor Fonte: elaborada pela autora. Segundo Santo e Ferreira (2009, p. 133), “uma grandeza é dita vetorial quando necessitamos especificar sua magnitude, sua direção e sentido de atuação e uma unidade para sua determinação”. São exemplos de vetores: a força, a velocidade, a aceleração e o torque. Os vetores são representados no plano cartesiano (Figura 12) como linhas unidas por pontos, representados por pares ordenados. 38 Figura 12 – O vetor no sistema cartesiano Fonte: elaborada pela autora. 4. Geometria espacial Na geometria plana, temos apenas duas variáveis, utlizadas, em geral, para representação projetual na indústria. No entanto, na metrologia, não é possível apenas o estudo de coordenadas no plano, pois qualquer produto possui uma forma tridimensional. Portanto, precisamos do estudo do sistema cartesiano nas suas três dimensões: os dois eixos do plano x e y, e também o eixo z. Para estudar o sistema tridimensional, temos que o “conjunto de pontos no espaço tridimensional será indicado por E³”, de acordo com Venturi (2015, p. 51). Consideramos, no sistema tridimensional x, y e z, como retas ordenadas mutuamente perpendiculares entre si e concorrentesno ponto O, que forma o triedro (Ox, Oy, Oz), tendo seus principais elementos, segundo Venturini (2015, p. 51): o ponto O, que é a origem do sistema cartesiano; as retas ordenadas, que são os eixos cartesianos e planos xy, xz e yz; 39 planos cartesianos para locação dos pontos e sequência das formas tridimensionais, conforme apresentado na Figura 13. Figura 13 – Plano cartesiano em três dimensões Fonte: Venturi (2015). No sistema cartesiano (Figura 13), “pelo ponto P traçam-se três planos paralelos aos planos coordenados e juntamente com estes individualiza-se um paralelepípedo retângulo, cujas faces interceptam os eixos x em Px, y em Py e z em Pz”, segundo Venturi (2015, p.51), para então associar a cada ponto do espaço uma tripla de números reais. Portanto, serão sempre necessárias as informações das coordenadas ortogonais nos três eixos, por exemplo P (x, y, z), onde o eixo x é a abscissa, y ordenada e z cota. O sistema cartesiano em estudo estabelece uma correspondência bijetora entre cada ponto do espaço e a terna de números reais. Os planos coordenados dividem o espaço em oito regiões, denominadas oitantes ou octantes. (VENTURI, 2015, p. 52) 40 A metrologia, na indústria, faz o acompanhamento para garantia de qualidade e, para tanto, é necessária a identificação das medidas dos objetos, o que pode ser visto como um lugar geométrico que: É um conjunto de pontos que satisfaz uma ou mais propriedades geométricas. Conceitualmente, a geometria analítica lida com o estudo de lugares geométricos (pontos, retas, circunferências, parábolas, regiões, etc.) por meio de suas representações algébricas (pares ordenados, equações, sistemas de equações, etc.) (SANTOS; FERREIRA p. 53). Para essa determinação, do lugar geométrico dos objetos no sistema cartesiano tridimensional, devemos considerar algumas particularidades, como o ponto O sendo a origem do sistema cartesiano, com as coordenadas (0;0;0), P1 (x; y; 0), P2 (x; 0; z), que representam os planos ordenados xy, xz, e yz. Quando não temos os eixos mutuamente perpendiculares, temos um sistema de coordenadas oblíquas, de acordo com Venturi (2015, p. 52). Ainda no sistema cartesiano tridimensional, observaremos como ocorre para peças cilíndricas. Considere em um plano α um sistema polar, cujo polo é O e cujo eixo polar é p; além disso, considere um eixo z de origem O e ortogonal ao plano α. Dado um ponto qualquer P do espaço E³, faz-se a seguinte construção, ilustrada na figura 14: P é projetado ortogonalmente sobre o plano α e sobre o eixo z; P’ e Pz são as respectivas projeções. (VENTURI, 2015, p. 57). De acordo com a Figura 14, considerando OP’ uma reta, sua altura é identificada no eixo z, e, no plano, o ângulo para encontrar o ponto P sem as coordenadas. 41 Figura 14 – Sistema cartesiano no espaço Fonte: Venturi (2015). 5. Sistema Geométrico de Dimensionamento e Tolerâncias (GD&T) Na metrologia tridimensional, para ser aplicado o processo de produção, é necessário o menor desvio-padrão possível. Para isso, observaremos melhor as caracterizações da confiabilidade da metrologia e compararemos com a alternativa do sistema conhecido como Geometric dimensioning and Tolerancing (GD&T), que, em português, significa Sistema Geométrico de dimensionamento e toleranciamento, uma alternativa para o método tradicional do sistema cartesiano. Stoco (2016) define GD&T como: Uma linguagem matemática precisa que pode ser utilizada para descrever vários aspectos, tais como forma, tamanho, orientação e localização de peças e conjuntos. É também utilizado como uma metodologia de projeto. Os engenheiros de produto e projetistas conseguem prover uma igualdade nas especificações de projeto e interpretações das mesmas, pois com a utilização do GD&T é possível descrever as intenções dos 42 projetistas com fácil entendimento. Assim, produção, projeto e inspeção, seguem a mesma linguagem. (STOCO, 2016, p. 3-4) No sistema tradicional cartesiano, por exemplo: Uma determinada peça, dimensionada utilizando-se do método GD&T, observa-se a utilização de tolerâncias atreladas às dimensões cartesianas, visando o posicionamento e dimensionamento do furo de diâmetro 9.0 mm. (ZILIO; VIERO; WALBER, 2014). PARA SABER MAIS O GD&T é uma ferramenta de processo de produção que define símbolos, regras, convenções e definições para precisão nas medições e aplicação correta da tolerância geométrica (FANHA, 2011). É uma norma aplicada, principalmente, para projetos mecânicos, conforme apresentado nas Figuras 15 e 16. Figura 15 – Zona de tolerância cartesiana Fonte: Fanha (2011). Figura 16 – Zona de tolerância cilíndrica GD&T Fonte: Fanha (2011). 43 O GD&T tem como objetivos: • Promover a uniformidade na especificação e interpretação do desenho. • Eliminar conjecturas e suposições errôneas. • Permitir que o desenho seja uma ferramenta contratual efetiva do projeto do produto. • Assegura que os profissionais do projeto, da produção e da qualidade estejam todos trabalhando na mesma língua. Tem como vantagens: • Redução de custos pela melhoria da comunicação. • Permite uma interpretação precisa e proporciona o máximo de manufaturabilidade do produto. • Aumenta a zona permissível de tolerância de fabricação. • Em alguns casos, fornece bonus de tolerância. • Garante a intercambialidade entre as peças na montagem. • Garante zero defeito por meio de uma característica exclusiva, que são os calibres funcionais. • É uma linguagem matemática precisa. Minimiza controvérsias e falsas suposições nas intenções do projeto. TEORIA EM PRÁTICA Considere que você foi contratado para realizar um estudo de aplicação do sistema GD&T para uma empresa de produção automobilística. Com o uso das máquinas de 44 medir por coordenadas, as medições devem ser realizadas em condições ambientais adequadas ao produto, em um processo de fabricação de peças que deve ter reduzidos os custos de retrabalho devido à aceitação das dimensões das peças. Portanto, você é responsável por identificar os aspectos que devem ser observados no processo de metrologia a partir da manufatura e projeto, apresentando os procedimentos que deverão ser utilizados na metrologia. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. São formas básicas no plano cartesiano: a. Ponto, reta e cone. b. Ponto, reta e plano. c. Ponto, reta e esfera. d. Ponto, plano e cone. e. Ponto, plano e esfera. 2. Os planos coordenados dividem o espaço da geometria espacial do sistema cartesiano em oito regiões denominadas: a. Bijetoras. b. Quadrantes. c. Oitantes. d. Abscissas. e. Ordenadas. 45 3. É vantagem do sistema dimensional de tolerâncias GD&T: a. Gera controvérsias nos critérios de tolerância de metrologia. b. Inviabiliza bônus de tolerância. c. Aumento de custo de produção. d. Permite a interpretação de dados na manufatura do produto. e. Inviabiliza a interpretação de dados na manufatura do produto. Referências Bibliográficas ALGO SOBRE. Geometria espacial, noção de espaço. Projeto Matweb (Org.), 2019. Disponível em: https://www.algosobre.com.br/matematica/geometria-espacial- nocao-de-espaco.html. Acesso em: 20 mar. 2020 ANJOS, T. A. dos. Vetores: vetores são grandezas matemáticas que indicam módulo, direção e sentido. 2018. Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/ fisica/vetores.htm. Acesso em: 20 mar 2020. FANHA, M. C. A. Estudo de estratégias de medição para o controle do dimensionamento geométrico e toleranciamento (GD&T) em peças estampadas. Curso de Engenharia Mecânica, Engenharia Mecânica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2011. Disponível em: http://repositorio. roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/6785/1/CT_COEME_2011-2_10.pdf. Acesso em: 20 mar 2020. FRENSEL, K.; DELGADO, J. Geometria Analítica. São Luiz: Nead–Núcleo de Educação A Distância, 2011. LIRA, F. A. de. Metrologia dimensional: Técnicas de Medição e Instrumentos para Controle e Fabricação Industrial. São Paulo:Érica, 2015. SANTOS, Fabiano José dos; FERREIRA, Silvimar Fábio. Geometria analítica. Porto Alegre: Bookman, 2009. STOCO, W. H. et al. Qualidade dimensional: estudo e aplicações do sistema GD&T no processo de desenvolvimento de um produto. In: XXXVI Encontro Nacional de Engenharia de Producão, ENEGEP. João Pessoa: 2016. v. 1, p. 1–21. Disponível em: https://www.algosobre.com.br/matematica/geometria-espacial-nocao-de-espaco.html https://www.algosobre.com.br/matematica/geometria-espacial-nocao-de-espaco.html https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/vetores.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/vetores.htm http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/6785/1/CT_COEME_2011-2_10.pdf http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/6785/1/CT_COEME_2011-2_10.pdf 46 http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_STO_230_345_28845.pdf. Acesso em: 20 mar 2020. VENTURI, J. Álgebra vetorial e geometria analítica. 10. ed. Curitiba: Ufpr, 2015. ZILIO, T. M.; VIERO, C. F.; WALBER, M. GD&T – Aspectos relacionados ao desenvolvimento de produtos. Ciatec - Upf: Revista de ciências exatas, aplicadas e tecnológicas de Passo Fundo, Passo Fundo, v. 6, n. 1, p.1-12, 2014. Gabarito Questão 1 – Resposta: B Resolução: Ponto, reta e plano, são as formas básicas primitivas no plano cartesiano para o início de qualquer forma no plano. Questão 2 – Resposta: C Resolução: As regiões nas quais a geometria espacial divide os planos ordenados são denominadas de oitantes ou octantes. Questão 3 – Resposta: D Resolução: É vantagem, do sistema dimensional de tolerâncias GD&T, o fato de que o sistema permite a interpretação de dados na manufatura do produto. http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_STO_230_345_28845.pdf Princípios da Fotogrametria Autoria: Priscilla Labanca Objetivos Após esta aula, você será capaz de: • Conhecer a origem, a definição e as características da fotogrametria. • Aprender quais são os procedimentos de um sistema fotogramétrico. • Identificar as propriedades de uma fotografia aérea. • Reconhecer os tipos de câmera fotogramétricas e seus acessórios. • Aprender sobre os conceitos básicos que regem a fotointerpretação. 48 1. Introdução Inventada no século XIX, com o objetivo de reproduzir fielmente a realidade e registrar fatos históricos, a fotografia passou a ser utilizada para diversos fins, dentre eles: identificar e documentar indivíduos (criminosos ou não); registrar fatos ocorridos em ambientes, tanto internos quanto externos; catalogar determinada espécie de anfíbio etc. Caracteriza-se por ser um processo técnico em que se obtém o registro de uma imagem mediante a ação de luz sobre uma superfície. No transcorrer da evolução da fotografia, os estudiosos perceberam que seria interessante classificá-la de acordo com seu tipo de serventia, isto é, para cada necessidade/ campo de estudo foi dado um nome, que classificaria e a identificaria das demais. Uma dessas classificações foi denominada fotogrametria. Mais do que registrar fatos e ocorrências, era preciso valer-se de alguma técnica para realizar a interpretação e esta técnica é denominada fotointerpretação, que será apresentada nas sessões a seguir. 1.1 Histórico A evolução da fotogrametria e de suas técnicas depende diretamente da evolução de metodologias científicas e da própria tecnologia. Essa evolução pode ser dividida em basicamente quatro fases, onde sua gênese foi com a invenção da fotografia, por Louis Jacques Mandé Daguerre e Joseph Nicéphore Niépce, em 1839, segundo Schenk (2005). A primeira geração (1850 a 1900) caracterizou-se pela realização de experiências em fotografar sob dois ângulos: terrestre e aéreo (balão). Essa geração foi denominada fotogrametria pioneira. Entre os anos de 1850 e 1851, o coronel engenheiro Aimé Lausedat realizou o primeiro trabalho fotogramétrico que se tem notícia; conceituou na 49 ciência o estudo da fotogrametria terrestre (também conhecida como estereofotogrametria). Em 1900, foram acopladas as primeiras câmeras aerofotogramétricas panorâmicas em zepelim, de acordo com Schenk (2005) e Hamilton (1993). A segunda geração (1901 a 1945) foi marcada pela invenção da estereofotogrametria por Carl Pulfrich; e a construção do primeiro estereoplotador por Orel, em 1908. Essa geração é denominada fotogrametria analógica. Nessa época, os aviões e as câmeras começaram a se tornar operacionais, alavancando as pesquisas sobre técnicas de pesquisa aérea. Os instrumentos analógicos de retificação e estereoplotagem, baseados em tecnologia mecânica e ótica, tornaram-se amplamente disponíveis, fazendo com que a fotogrametria se estabelecesse como um eficiente método de levantamento e mapeamento de áreas. Em 1913, com a invenção do avião, foram coletadas as primeiras fotografias aéreas para realização de mapeamento de terrenos. Entre 1914 e 1945, houve adaptação e evolução das câmeras e aerofotos que foram utilizadas na Primeira e na Segunda Guerra Mundial, segundo Schenk (2005) e Hamilton (1993). O advento da computação (1946 a 1969) marcou a chamada terceira geração, em ainda havia a fotogrametria analógica, agora com a possibilidade de realizar cálculos mais eficientes, valendo-se da rapidez do processamento de cálculos de álgebra matricial realizado por computadores. Nessa época, Helmut Schmid desenvolveu a base da fotogrametria analítica (anos de 1950), usando a álgebra matricial. Pela primeira vez foi feita uma tentativa séria de empregar a teoria de ajuste para medições fotogramétricas. Conrady-Brown desenvolveu o primeiro programa de computador que tratava de ajuste de blocos baseado em pacotes, no final dos anos de 1960, pouco antes de F. Ackermann reportar um programa de computador com modelos independentes, como o conceito subjacente. Como resultado, o desempenho de precisão da triangulação aérea melhorou em um fator de dez. Adicionalmente a esta época, Uno Vilho Helava (1957) inventou o plotter 50 analítico, consolidando a terceira geração da fotogrametria, segundo Schenk (2005) e Hamilton (1993). A quarta geração (a partir de 1970) foi chamada de fotogrametria digital, que se caracteriza por utilizar imagens digitais em vez de fotografias aéreas. São utilizados dispositivos de armazenamento que permitem acesso rápido a imagens digitais e chips, de acordo com Schenk (2005) e Hamilton (1993). 1.2 Definições e características A fotometria que advém de três palavras gregas: photon (luz), gramma (letra ou algo desenhado) e metron (medida), que, segundo Schenk (2005, p. 3), é definida como “a ciência de obter informações confiáveis sobre as propriedades de superfícies e objetos sem contato físico com os objetos e de medir e interpretar essas informações”. Existem outras definições sobre o tema em tela, a saber: “É ciência ou a arte de se obter medidas dignas de confiança, através de fotografias aéreas (aerofotos)”, segundo Santos (2007, p. 38). “É a arte, ciência e tecnologia que a partir do registro, medição e interpretação de imagens fotográficas, obtém informação geométrica e semântica confiável sobre os objetos físicos fotografados”, segundo Gonçalves (2005, p. 1). Desta última definição, os objetos são identificados e descritos de maneira qualitativa, ou seja, a imagem fotográfica é analisada em sua forma, padrão, tom e textura. Pode-se citar, como exemplo de observações qualitativas obtidas a partir da fotografia, o delineamento de formas geológicas e inventários do uso de terrenos. Já as características quantitativas, são observadas sob o ponto de vista de tamanho, orientação e posição. As posições das imagens são medidas 51 no plano da imagem da câmera, tirando a fotografia. As alturas das árvores, os mapas topográficos e as coordenadas horizontais e verticais dos pontos desconhecidos, são exemplos de medidas quantitativas obtidas a partir da fotografia. A fotogrametria fundamenta-se nas disciplinas de álgebra linear, geometria analítica, probabilidade,estatística e análise numérica. |Por meio dessas disciplinas, é possível solucionar os problemas e descrever as relações geométricas existentes entre os pontos do espaço, as imagens e as margens de erros de um dado sistema fotogramétrico. Segundo Gonçalves (2005), o material básico utilizado na fotogrametria analítica: São as fotografias (ou ainda negativos ou diapositivos). A fotografia é considerada aqui como uma projeção (perspectiva) central do objeto fotografado, sendo o centro de perspectiva do sistema de lentes da câmera o centro de projeção. (GONÇALVES, p. 1) Os elementos que compõem um sistema fotogramétrico são: • O objeto a ser fotografado (terreno ou outra área). • O sensor da câmera fotográfica. • O comparador ou assemelhado. • O computador (para processar as informações obtidas das fotografias aéreas). A Figura 1 é uma adaptação de Gonçalves (2005) e representa o fluxo de um sistema fotogramétrico, mostrando que esse sistema é formado por processos a serem realizados. Para cada processo, há um conjunto de dados/ atividades a serem inseridos/ desempenhados. Os detalhamentos sobre cada um dos processos são apresentados na Quadro 1. 52 Figura 1 – Fluxo de procedimentos em um sistema fotogramétrico Fonte: adaptada de Gonçalves (2005). Quadro 1 – Detalhamento do fluxo de procedimentos de um sistema fotogramétrico Procedimento Detalhamento Eleger o objeto a ser fotografado O objeto pode ser um terreno, uma área rural específica, um cemitério, uma igreja, uma malha ferroviária, etc. Eleger os equipamentos para realizar a fotografia aérea São considerados equipamentos: o tipo de câmera, os acessórios da câmera, o filme, os instrumentos de medição e o tipo de avião. Realizar a sessão de fotografia aérea É o método eleito para a realização das fotografias aéreas (coordenadas, ângulos das fotografias, escalas, posição e orientação da fotografia etc.). Coletar dados a partir das fotografias aéreas Por meio de anotações de acordo com as observações e os aparelhos de medição eleitos no processo de realização da fotografia aérea. 53 Inserir os dados coletados num sistema de computador A partir das anotações de acordo com as observações, os dados coletados serão digitados num sistema de computador capaz de realizar as análises e os cálculos apropriados. Processar dados e realizar análises (computador) O computador efetuará os cálculos e as análises necessárias de acordo com os dados inseridos. Estas informações podem ser apresentadas em 2D ou 3D e plotadas. As saídas As saídas do processamento dos dados realizados por computador poderão ser apresentadas de maneira gráfica, numérica ou sobre volumes, áreas, perímetros ou todos estes elementos. Tudo dependerá do método eleito para a realização das fotografias aéreas. Fonte: elaborado pelo autor. Dependendo do método a ser utilizado para adquirir dados e do objeto a ser fotografado, os sistemas fotogramétricos podem gerar os seguintes resultados: ortofotos, mosaicos de fotografias e ortofotos, bases de dados geográficos, modelos digitais de terreno, coordenadas tridimensionais de pontos etc. A aquisição de dados em um sistema fotogramétrico está relacionada à obtenção de informações confiáveis sobre as propriedades de superfícies e objetos. Segundo Schenk (2005), esses dados podem ser agrupados em quatro categorias: • Informação geométrica: envolve a posição espacial e a forma dos objetos. É a fonte de informação mais importante em fotogrametria. • Informação física: refere-se às propriedades da radiação eletromagnética, por exemplo, energia radiante, comprimento de onda e polarização. • Informação semântica: está relacionada com o significado de uma imagem. Geralmente é obtida através de interpretação dos dados gravados. 54 • Informação temporal: está relacionada à mudança de um objeto no tempo, geralmente obtida pela comparação de várias imagens gravadas em momentos diferentes. Dependendo dos objetivos e dos métodos estabelecidos para a elaboração e realização de um sistema fotogramétrico, ainda é preciso verificar, no momento da definição do método a ser adotado, outros detalhes, como, por exemplo, o tipo (classificação das fotos aéreas). No próximo capítulo serão abordados aspectos sobre a classificação dessas fotografias aéreas. 2. Propriedades e classificação A fotografia aérea é a fonte básica de dados para elaborar mapas por meios fotogramétricos. É é o resultado final do processo de aquisição de dados. O resultado líquido de qualquer missão fotográfica são os negativos fotográficos. As reproduções positivas dos negativos servem para medir e interpretar mapas, terrenos, entre outros, chamados de diapositivos. Os principais fatores que determinam a qualidade da fotografia aérea são: • O design e a qualidade do sistema de lentes da câmera utilizada. • A fabricação da câmera. • A qualidade do material fotográfico. • O processo de desenvolvimento (metodologia para tirar a fotografia). • As condições meteorológicas e o ângulo do sol durante o voo no momento da aquisição da imagem. 55 Além desses fatores, a fotografia aérea (fotogrametria) possui alguns critérios a serem observados. Dentre eles, é possível citar: • A orientação do eixo da câmera (vertical e oblíqua). É quando a fotografia é tirada na posição mais próxima da posição vertical, e Santos (2007) chama de fotografia normal. Diferente da posição vertical, as demais são chamadas de oblíquas, pois dependem do grau de inclinação eleito. • O sistema ótico (simples/ múltiplo): pode ser simples ou múltiplo. O primeiro é o composto por apenas uma câmera. Já o segundo é composto por duas ou mais câmeras “isoladas, montadas no sentido de serem obtidas imagens simultâneas em decorrência de ângulos entre os respectivos eixos óticos”, segundo Santos (2007). • Tipo de fotografia: • Preto e branca (pb). Segundo Corrêa (2013), são características das fotografias em preto e branco: • Contraste e forma: a base das fotografias em preto e branco são os variados tons de cinza; por exemplo, nas áreas mais escuras são definidas as áreas. • Tons: a composição dos tons em fotografias em preto e branco são de diferentes tons de cinza. • Texturas e detalhes: em fotografias preto e branco as texturas costumam gerar profundidade. • Composição: fotografias em preto e branco são compostas por linhas diagonais ou paralelas. 56 • Preto e branca (pb): Segundo Vanucchi (2013), são fotografias que valorizam os detalhes, devido à grande variação de tons entre o preto e o branco. • Colorida: a fotografia colorida não é muito utilizada, pois pode trazer ambiguidades no momento da interpretação devido a uma série de fatores, dentre eles o comprometimento da nitidez dos elementos fotografados (solo, vegetação, etc.). • Infravermelha: “infravermelho é um comprimento de onda da luz que não é captado pelos nossos olhos e nem pelo filme e sensores fotográficos comuns” (LORENTI, 2018). Nem todas as câmeras conseguem captar espectro de luz. • A radar: é uma combinação do processo fotográfico e de técnicas de radar. Impulsos elétricos são enviados a direções predeterminadas e os raios refletidos ou devolvidos são utilizados para a apresentação de imagens em tubos de raios catódicos. Em seguida, a fotografia é obtida da informação exposta dos tubos, segundo Santos (2007). É possível afirmar que a qualidade das fotografias aéreas esteja diretamente relacionada como os tipos de câmeras e seus respectivos filmes. Nos capítulos a seguir, serão elencados alguns tipos de câmeras e será realizado um estudo mais detalhado sobre os filmes aéreos. 3. Câmeras e acessórios 3.1 Câmeras Similar a uma câmera fotográfica comum, as câmeras fotogramétricas diferem apenas no tamanho e nos acessórios utilizados, a fim de atender aos diversos objetivos e métodos de estudos. 57 Segundo Santos (2007), a dimensão de uma aerofoto, normalmente, é de 23 por 23 centímetros, independentementese negativo ou diapositivo. Para que as câmeras fotogramétricas pudessem produzir resultado de alta precisão foram adicionados outros periféricos, como, por exemplo: obturadores, diafragmas etc. • Cone porta objetiva. Pode ou não ser acoplado à câmera. Este acoplamento é feito diretamente no dispositivo de suspensão da câmera. Esta suspensão é acoplada na base do avião. • Obturador. Possui a finalidade de penetrar luz na câmera escura por um determinado tempo. A abertura e fechamento são realizados através de frações de segundo e sua velocidade pode variar de 1/50 de segundo a 1/3000 de segundo. O ajuste é realizado de acordo com a altura e a velocidade do avião. Usam-se pequenas velocidades para grandes alturas: 6000 a 9000 metros, e grandes velocidades para pequenas alturas: 600 a 1200 metros. Quando o avião está sob grande velocidade, o filme utilizado deve ser de alta sensibilidade; já quando o avião está sob baixa velocidade, o filme deverá ser de grande poder de resolução. • Diafragma. Conhecido como íris ou pupila, possui a função de regular a quantidade de luz que sensibilizará o filme. O controle do diâmetro de abertura de luminosidade depende da luminosidade solar, da velocidade de abertura, do fechamento do obturador e do tipo de filme eleito para realizar a fotografia. É possível controlar o diâmetro de abertura de luminosidade do diafragma, que varia desde uma fração de 1 milimetro até um diâmetro de luminosidade integral do mesmo (dependendo do tipo de filme utilizado e da velocidade de disparo do obturador da câmera). As câmeras fotogramétricas possuem também uma classificação, que varia de acordo com o modelo, que podem ser os seguintes: • Câmera normal. 58 • Câmera grande angular. • Câmera super grande angular. Quanto ao ângulo de abertura: também conhecido como campo angular da lente, é possível classificar em: • Normal: quando o ângulo de abertura é inferior a 75º. • Grande angular: quando o ângulo de abertura está entre 75º e 100º. • Super grande angular: quando o ângulo de abertura está entre 100º e 120º. Quanto às distâncias focais: compreende-se por distância focal o afastamento, que vai do ponto do cone porta objetiva da câmera ao plano do negativo (filme). São classificadas em: • Normal: quando a câmera possui uma distância focal de 300 milímetros. • Grande angular: quando a câmera possui uma distância focal de 150 milímetros. • Super grande angular: quando a câmera possui uma distância focal de 100 milímetros. ASSIMILE Quanto maior for a área de campo aerofotografada, menor será a distância focal da câmera e vice-versa, ou quanto menor for a área de campo aerofotografada, maior será a distância focal da câmera. 59 Quanto à distância focal e à altura de voo para mesma área de campo • A altura de voo com câmera normal, altura de voo com câmera grande angular e Altura de voo com câmera super grande angular são basicamente as mesmas, segundo Santos (2007): • Escala: • E = 1:60.000 • Altura: • D = 13.800m PARA SABER MAIS Os resultados dos cálculos para as medidas de distância e altura do voo são muito importantes para realizar um bom trabalho de fotointerpretação. As obras de Schenk (2005), Gonçalves (2005), Temba (2000) e Hamilton (1993) trazem melhores detalhes sobre como realizar os cálculos dessas escalas e alturas. 3.2 Acessórios Os tipos de acessórios disponíveis para as câmeras fotogramétricas são: • Dispositivo de suspensão da câmera: este dispositivo tem por finalidade amortizar as vibrações do avião. Neste nível, existem várias circunferências concêntricas, que indicam os 60 graus de inclinação sofridos entre o eixo ótico, a câmera e a vertical do lugar. • Regulador de recobrimento: de maneira automática, possui a função de tirar sucessivas fotografias. Para isso, a pessoa que utilizará esse acessório poderá contar com um visor onde é possível apresentar a área coberta. É controlado para que o obturador da câmera dispare automaticamente em cada fração de segundo a que a máquina está graduada. • Altímetro: possui a função de registrar pequenas variações de altura de voo do avião, controlando, dessa maneira, o valor da escala a que a aerofoto foi programada, segundo Santos (2007). 4. Fotointerpretação Segundo Schenk (2005) e Santos (2007), a fotogrametria é a arte de examinar as imagens dos objetos nas fotografias e de deduzir a sua significação. Segundo Temba (2000), fotointerpretação: É a arte, ciência e tecnologia de obter informações de confiança sobre objetos e do meio ambiente com o uso de processos de registro, medições e interpretações das imagens fotográficas e padrões de energia eletromagnética registrados. (TEMBA, p. 2) Para auxiliar na interpretação das fotografias aéreas, são utilizados guias que constituem de descrições e ilustrações de objetos, catalogados e definidos por categorias. A leitura é realizada observando escalas, orientações geográficas, estação do ano, formas topográficas etc. Por exemplo, “os objetos que tiverem projetados suas sombras na fotografia 61 são elevações e os que não tiverem sombras são depressões”, segundo Santos (2007, p. 71). Alguns exemplos de interpretação de fotografias aéreas, segundo Santos (2007), Gonçalves (2005) e Hamilton (1993): • Rios ou cursos de água: verifica-se a sinuosidade, tom uniforme e características topográficas. • Cemitérios: aparência das árvores e caminhos. • Igrejas: estrutura, tamanho, formato, torre, cruz. TEORIA EM PRÁTICA Desde os primeiros dias da fotogrametria, a primeira e mais importante aplicação da ciência tem sido no campo do mapeamento da superfície da Terra. Avanços foram realizados no desenvolvimento de instrumentação e técnicas e agora é prática muito comum em toda a profissão compilar mapas da Terra em escalas de 1/480, 1/240 e ainda maiores, com intervalos de contorno de um pé (30 centímetros) ou menos. Assim, o estado da arte é tal que precisões horizontais e verticais na ordem de polegadas ou centímetros são comuns, utilizando fotografias expostas de aeronaves que voam a altitudes de 300 metros ou mais. Imagine que você tem a missão de fotografar uma área onde está localizada uma estrada de ferro. Como você faria isso? Elabore um sistema fotogramétrico com o maior nível de detalhes possível. Baseie-se na Figura 1. 62 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Quais os elementos que compõem um sistema fotogramétrico? a. O objeto a ser fotografado, o sensor da câmera fotográfica, o comparador e o computador. b. O objeto a ser fotografado, o sensor da câmera fotográfica e o comparador. c. O objeto a ser fotografado, o comparador e o computador. d. O objeto a ser fotografado, o sensor da câmera fotográfica e o computador. e. O objeto a ser fotografado e a câmera fotográfica. 2. Num sistema fotogramétrico, o que significa o procedimento de coletar dados a partir das fotografias aéreas? a. Método eleito para a realização das fotografias áereas. b. A partir das anotações de acordo com as observações, os dados coletados serão digitados num sistema de computador capaz de realizar as análises e os cálculos apropriados. c. Por meio de anotações, de acordo com as observações e o aparelho de medição eleito. d. O processamento dos dados realizados por computador poderão ser apresentados de maneira gráfica, de maneira numérica ou sobre volumes, áreas, perímetros ou todos estes elementos. Tudo dependerá do método eleito para a realização das fotografias áereas. 63 e. Realização de cálculos e as análises necessárias de acordo com os dados inseridos. Essas informações podem ser apresentadas em 2D ou 3D e plotadas. 3. A melhor fotointerpretação sobre rios, riachos e cursos de água é: a. Observação das estruturas, tamanhos, arbustos e árvores. b. Observação das aparências das árvores, arbustos e caminhos. c. Observação da topologia, sinuosidade, declividade e as cores escuras. d. Observação da sinuosidade, tom uniforme e característicastopográficas. e. Observação das linhas finas, retas, mudando de direção através de curvas suaves. Referências Bibliográficas GONÇALVES, G. R. Elementos da fotogrametria analítica. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2005. Disponível em: http://www.mat.uc.pt/~gil/downloads/ fotogrametria0506.pdf. Acesso em: 20 mar. 2020. HAMILTON, E. Principles of photogrammetry. Arizona: The Univeristy of Arizona, cap. 10, 1993. Disponível em: https://www.lpl.arizona.edu/hamilton/sites/lpl.arizona. edu.hamilton/files/courses/ptys551/Principles_of_Photogrammetry.pdf. Acesso em: 20 mar. 2020. LORENTI, G. Meio Bit, 2009. Fotografia infravermelha. Disponível em: https:// meiobit.com/20543/fotografia-infravermelha/. Acesso em: 20 mar. 2020. SANTOS, A. R. Fotogrametria e fotointerpretação: aplicações práticas e teóricas. UFES, 2007. SCHENK, T. Introduction to Photogrammetry. Tese (Doutorado), Curso Civil and Environmental Engineering and Geodetic Science, Department of Civil and Environmental Engineering and Geodetic Science, The Ohio State University, Ohio, 2005. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar. org/7ed2/25c0799608539512fd84597892a5eb03e0b3.pdf. Acesso em: 20 mar. 2020. http://www.mat.uc.pt/~gil/downloads/fotogrametria0506.pdf http://www.mat.uc.pt/~gil/downloads/fotogrametria0506.pdf https://www.lpl.arizona.edu/hamilton/sites/lpl.arizona.edu.hamilton/files/courses/ptys551/Principles_of_Photogrammetry.pdf https://www.lpl.arizona.edu/hamilton/sites/lpl.arizona.edu.hamilton/files/courses/ptys551/Principles_of_Photogrammetry.pdf https://meiobit.com/20543/fotografia-infravermelha/ https://meiobit.com/20543/fotografia-infravermelha/ https://pdfs.semanticscholar.org/7ed2/25c0799608539512fd84597892a5eb03e0b3.pdf https://pdfs.semanticscholar.org/7ed2/25c0799608539512fd84597892a5eb03e0b3.pdf 64 TEMBA, P. Fundamentos da fotogrametria. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2000. Disponível em: http://csr.ufmg.br/geoprocessamento/ publicacoes/fotogrametria.pdf. Acesso em: 20 mar. 2020. VANUCCHI, E. O.; DE MELLO, N. D. Fotografia em preto e branco: arte, técnica e opção estética. Revista Educação-UNG-Ser, v. 8, n. 1, p. 75-83, 2013. Disponível em: http://revistas.ung.br/index.php/educacao/article/view/1395. Acesso em: 30 abr. 2020. Gabarito Questão 1 – Resposta A Resolução: Atualmente os elementos que compõem um sistema fotogramétrico são: o objeto a ser fotografado, o sensor da câmera fotográfica, o comparador e o computador. Por ser uma área em constante atualização, é possível que haja mais acessórios acoplados na câmera fotográfica e programas de computadores mais atualizados. Questão 2 – Resposta C Resolução: O procedimento coletar dados a partir das fotografias aéreas, nada mais é que realizar anotações de acordo com as observações e o aparelho de medição eleito. Aqui, não importa a maneira como são realizadas as anotações, pois há quem opte por editar um arquivo do tipo texto no computador e há quem prefira fazer as anotações valendo-se de papel e caneta. Questão 3 – Resposta: D Resolução: As características observadas, quando se trata de rios, riachos e cursos de água, são: a sinuosidade, o tom uniforme e as características topográficas. Esses elementos são encontrados em manuais de fotointerpretação, como, por exemplo: CLIFFORD, W.G. Digital Photogrammetry, an Addendum to the Manual of Photogrammetry of ASPRS, American Society for Photogrammetry and Remote Sensing, EUA, 1997. http://csr.ufmg.br/geoprocessamento/publicacoes/fotogrametria.pdf http://csr.ufmg.br/geoprocessamento/publicacoes/fotogrametria.pdf http://revistas.ung.br/index.php/educacao/article/view/1395 Escaneamento 3D e Calibração Autoria: Priscilla Labanca Objetivos Após esta aula, você será capaz de: • Aprender sobre o que caracteriza um scanner 3D e exemplos de sua utilização; • Investigar sobre a classificação e características de um scanner 3D; • Aprender sobre o que e quais são os procedimentos para realizar calibração em scanner 3D. 66 1. Introdução O scanner 3D possui a função de digitalizar superfícies de objetos físicos que, posteriormente, são traduzidos em um sistema de computador capaz de ler e interpretar o resultado desta digitalização. Os scanners 3D são utilizados para diversos fins, dentre eles, a fabricação de produtos. Atualmente, existem diferentes tipos e fabricantes de scanners 3D, cada qual com suas respectivas finalidades, vantagens e desvantagens de uso, velocidade, custo etc. Adjunto aos tipos de scanners, vem a questão de sua calibração, que é responsável basicamente para garantir o mínimo de erros possíveis no momento da realização do escaneamento de um objeto/ produto. A seguir serão apresentadas as características gerais dos scanners 3D, seu processo de funcionamento e respectivo processo de calibração. 1.1 Histórico Há mais ou menos cinco mil anos, os povos antigos que habitavam as regiões da Babilônia e do Egito já usavam técnicas de triangulação para representar gravuras e documentar seus territórios, segundo Bensoussan (2014). Por volta dos anos de 218 a 300 a.C., Euclides de Alexandria e Arquimedes de Siracusa definiram os fundamentos matemáticos da trigonometria. Já no século XVII, o pesquisador Snell von Rojen estudou as leis da triangulação óptica, de acordo com Breuckmann (2014). Entre 1947 e 1953 foi inventado um instrumento chamado Geodímetro, pelo engenheiro sueco Eric Bergstrand, utilizado basicamente para medir a velocidade da luz sobre distâncias conhecidas. Emitia um feixe de radiação infravermelho e sua distância era calculada utilizando 67 o tempo entre a emissão do feixe e o seu retorno ao instrumento, segundo Bensoussan (2016). Em 1957, o doutor Trevor Lloyd Wadley inventou um instrumento chamado Telurômetro, que tinha por função medir com precisão longas distâncias, valendo-se da tecnologia de micro-ondas, de acordo com Breuckmann (2014). No final dos anos de 1980, surgiram os scanners 3D, tecnologia baseada em técnicas de triangulação e capazes de registrar uma imagem tridimensional com resolução suficiente. Um de seus pioneiros foi David Addleman, nos EUA, em abordagens topométricas baseadas na projeção de franjas. Os primeiros testes foram com câmeras de vídeo analógicas, equipadas com tubos de câmera em vez de sensores Charge-Coupled Device (CCD) ou Complementary Metal-Oxide Semiconductor (CMOS), computadores com uma CPU (unidade central de processamento) com capacidade máxima de 512 kb, dispositivos de armazenamento, com capacidade de 5 Mb e frame grabbers para converter a imagem ótica em um sinal digitalizado com uma resolução típica de 512 por 512 pixels, segundo Bensoussan (2016). Na década de 1990, houve rápido progresso na tecnologia de processamento de imagens (Quadro 1), em particular a disponibilidade de câmeras CCD e CMOS digitais com alta resolução, permitindo o projeto de scanners 3D para uma ampla gama de aplicações, utilizando técnicas de luz estruturada para o estudo em metrologia industrial, de acordo com Breuckmann (2014). Quadro 1 – Especificações típicas de componentes de um sistema de processamento de imagens comercial. Ano RAM Memória da imagem Capacidade de HD Resolução da câmera 1980 64 kb 512 kb 5 Mb 1985 512 kb 2 Mb 20 Mb 256 kb 68 1990 2 Mb 16 Mb 100 Mb 1 Mb 2000 200 Mb 100 Mb 1 Gb 4 Mb 2010 4 Gb 2 Gb 1 Tb 8 Mb 2014 64 Gb 32 Gb 10 Tb 16 Mb Fonte: Gonçales (2007). A partir dos anos 2000, os dispositivos de projeção foram construídos com base nas tecnologias LCD (exposição de cristal líquida) e DLP (Processador de Luz Digital), permitindo design mais compacto, maior brilho e menor consumo de energia. 1.2 Definições e características Segundo Lemos (2014), “scanner 3D é um nome genérico para se referir a um aparelho capaz de analisar um objeto real e transformá-lo em um modelo digital.” Podem ser utilizados em toda a área industrial (Quadro 2). Quadro 2 – Exemplos de aplicações de scanner 3D Área Exemplos de uso Médica. Tomografiacomputadorizada para auxiliar em diagnósticos. Indústria. Fabricação de moldes, modelos, protótipos que precisam ser digitalizados para produção em larga escala ou até mesmo para uma análise computacional. Arqueologia. Melhor detalhamento e fidelidade com o objeto real estudado. Fonte: Lemos (2014). Os scanners 3D permitem a construção, visualização e análise de estruturas complexas com alta precisão e velocidade. Para visualizar o objeto digitalizado por este scanner, é preciso que seja acoplado ao computador e que possua um programa de computador próprio para realizar esta atividade. 69 Segundo Peres (2013, p. 15), “existem diversos tipos de scanners tridimensionais conhecidos, cada qual com suas próprias vantagens e desvantagens sobre os demais”. 2. Classificação e características Os scanners 3D podem ser classificados com os objetivos e métodos estabelecidos ou de acordo com sua distância de ação. No caso da distância em ação, essa pode ser classificada, de acordo com Celani (2009), em: • Curtas e médias distâncias: “permitem a digitalização de objetos como elementos construtivos, detalhes arquitetônicos, esculturas e ornamentos, além de maquetes. Distâncias curtas e médias possuem sensores presos a braços articulados, que auxiliam a dar maior precisão à leitura de dados”. (CELANI, p. 2) • Longas distâncias: “permitem o levantamento de edifícios inteiros e de conjuntos de edifícios. Algumas vezes são combinadas a equipamentos de posicionamento geográfico, como as estações totais”. (CELANI, p. 2) • Muito longas distâncias: “aplicações nas áreas de planejamentos urbano e ambiental, permitindo a realização de levantamentos aéreos de grandes áreas”. (CELANI, p. 2) Segundo Peres (2013), a classificação quanto à tecnologia utilizada, há dois tipos de técnicas de digitalização 3D: • Scanner por contato: a precisão está relacionada a um determinado tempo de aquisição, além de ocasionalmente resultar em danificação do objeto dependendo de sua fragilidade. 70 • Scanner sem contato: limitada às distâncias curtas, realiza medições através de radiação que pode ser raio-X, lasers, infravermelho, campos magnéticos, luz visível. Dependendo dos objetivos e métodos utilizados, é eleito um tipo de radiação para processar os dados e transformá-los em dados úteis. ASSIMILE Quanto maior a distância entre o objeto e o scanner, mais ou menos precisão deverá ser calculada para que o processo de escaneamento não perca sua precisão e sua credibilidade no momento da análise dos resultados obtidos. A digitalização completa de um objeto de medição requer a aquisição de um conjunto de digitalizações únicas a partir de diferentes posições de visualização. Para objetos complexos, centenas ou até milhares de digitalizações podem ser necessárias. Os dados das varreduras únicas estão disponíveis em diferentes sistemas de coordenadas. Para criar uma malha poligonal mesclada, todos os dados de varredura devem ser transformados em um sistema de coordenadas comum. Essa transferência de dados em um sistema de coordenadas comum é chamada de registro ou alinhamento. A orientação dos dados é obtida usando uma das seguintes medidas e estratégias de navegação: • Alinhamento direto por meio da geometria do objeto. • Integrando o scanner ou objeto em um sistema de posicionamento. 71 • Alinhamento por meio de marcas de índice ou esferas de referência. • Combinação com fotogrametria. • Combinação com sistema de rastreamento óptico. Deve-se salientar que a estratégia de alinhamento pode ter um forte impacto na precisão geral dos dados da varredura. Independentemente do tipo de scanner 3D utilizado, basicamente funciona obedecendo ao seguinte fluxo de procedimentos (Figura 1 e Quadro 3). A Figura 2 traz um exemplo de digitalização por meio de uma imagem de reconhecimento facial biométrico. Figura 1 – Fluxo de procedimentos para escanear um objeto Fonte: elaborada pelo autor. 72 Figura 2 – Reconhecimento facial biométrico Fonte: hiro-hideck/ iStock.com. Quadro 3 – Detalhamento das etapas dos procedimentos ilustrados na Figura 3 Procedimento Detalhamento Eleger o objeto a ser escaneado. Cada objeto possui um grupo de características. A eleição do objeto é parte inerente na escolha do método a ser empregado para coletar dados durante o escaneamento. Utilizar um scanner 3D. Há vários tipos de modelos de scanner 3D. A utilização do scanner vai ao encontro das características do objeto e do método eleito para realizar a atividade. Informar os dados coletados para o sistema de computador. Dependendo do tipo de scanner 3D, os dados podem ser lidos diretamente de um sistema de computador ou podem ser informados manualmente pelo operador de computador. Calcular distância e ângulos entre o objeto eleito e o scanner 3D. O sistema de computador realizará os cálculos. Aqui os dados serão transformados em informações. Apresentar os resultados do cálculo. A apresentação dos resultados pode ser feita ou por meio da tela do computador ou de impressão ou em ambas as formas. Fonte: elaborado pelo autor. O método para realização da coleta de dados prevê, além de outros detalhes (objetivo, objeto a ser medido, ângulos do objeto a ser medido 73 etc.), qual o princípio de medição a ser eleito para a realização da tarefa. De acordo com Gonçales (2007) apud Kaspar et al. (2014), os princípios de medição são os seguintes: • De acordo com a distância: • Tempo de percurso (Time of flight – TOF): “este instrumento mede as distâncias, a intensidade da energia refletida pelo objeto e os parâmetros de altitude do feixe em relação ao referencial do equipamento”, no caso o scanner 3D. (GONÇALVES, p. 25) • Comparação da fase: “este instrumento utiliza a comparação da fase da onda laser para coletar coordenadas X, Y e Z dos pontos registrados. A distância do equipamento e do objeto é medida por meio da comparação da fase da onda, ou seja, entre a fase na saída e na chegada do pulso”. (GONÇALVES, p. 27) • De acordo com a triangulação: “pode usar um ou dois sensores CCD e uma fonte de energia (laser). O pulso laser é emitido e seu retorno é registrado por esses sensores”. (GONÇALVES, p. 30) • Câmera simples: utilização de apenas um sensor. “O laser é emitido diretamente a um espelho que, por oscilação ou rotação, envia o pulso laser aos objetos”. (GONÇALVES, p. 31) • Câmera dupla: utilização de dois sensores. “O laser é emitido diretamente ao objeto. Os pulsos lasers retornam o sistema passando por um conjunto de lentes em direções diferentes, sendo que a mesma informação é gravada em diferentes sensores CCDs” (charge-coupled device), que são dispositivos utilizados para captação de imagens. (GONÇALVES, p. 31) 74 PARA SABER MAIS É muito importante saber como funcionam os princípios de medição, pois dessa maneira é possível garantir a qualidade da calibração do scanner e garantir o menor índice de erro no momento do processo de escaneamento. Breuckmann (2014), Gonçales (2007), Kondrat (2011), Peres (2013) e Vilaça (2008) revelam maiores detalhes sobre estes princípios. Para realizar a atividade de escaneamento de objetos é preciso que o instrumento scanner esteja bem calibrado. A calibragem depende do tipo de objeto a ser estudado e do método estabelecido para a realização das análises. 3. Calibração Independentemente das técnicas utilizadas para realizar a medição e dos tipos de instrumentos utilizados, há sempre a probabilidade de erro, que pode se apresentar de várias maneiras, como, por exemplo, desgaste dos instrumentos utilizados para a realização da observação de uma determinada classe de objetos, a diversidade de materiais utilizados para a fabricação do instrumento de medição, condições de temperatura do ambiente que tanto o objeto quanto o instrumento estejam expostos etc. Tanto nesses como em tantos outros casos, é utilizado um meio denominado calibração, que é o conjunto de operações que estabelece, emcondições específicas, a correspondência entre o estímulo e a resposta de um instrumento de medir, sistema de medição ou transdutor de medição. 75 A calibração também é conhecida por calibração de instrumentos de medição ou calibração de temperatura, segundo Lira (2016). 3.1 Características e o processo de calibração O resultado de uma calibração pode permitir a determinação de um ou mais parâmetros da curva característica, que relaciona o estímulo à resposta ou os valores de grandezas correspondentes às divisões de escalas indefinidas de um instrumento de medir, ou seja, estabelece a relação entre os valores indicados por um instrumento de medição, ou valores representados por uma medida materializada, ou um material de referência, e os valores correspondentes das grandezas estabelecidas por padrões. Segundo Lira (2016), o processo de calibração define o controle do processo obedecendo um critério aceitável, sem afetar a qualidade do produto. Quanto aos critérios de calibração, até o ano de 2019, não havia uma normativa que elencasse ou estabelecesse critérios, deixando que o operador do equipamento (neste caso o scanner 3D) as definisse. Sugere-se, neste caso, considerar o objetivo de uso do equipamento, verificando-se o risco de dano e a taxa de desvio baseados nos registros de calibração. O processo para verificar se o equipamento está calibrado de maneira adequada pode ser definido por meio do fluxo apresentado na Figura 3 e seu respectivo detalhamento (Quadro 4). Na referida figura, a linha tracejada em vermelho, no fluxo, nos remete ao processo de repetição. Enquanto o scanner não estiver calibrado de maneira adequada, o fluxo não é finalizado. Além dos scanners 3D, outros equipamentos utilizados pela indústria também necessitam de calibração para que possam atingir os objetivos estabelecidos de maneira confiável. 76 Figura 3 – Fluxo de procedimentos para verificar a adequação da calibragem Fonte: elaborada pelo autor. Quadro 4 – Detalhamento do fluxo Processo Detalhamento Verificar o estado atual do scanner 3D. São verificados detalhes, como ângulos, coordenadas, a temperatura, entre outros, para que seja aplicado ao objeto eleito de acordo com os critérios descritos no método estabelecido. Calibração aceitável? A partir da observação das características do processo anterior, é tomada a decisão de aplicar o scanner no objeto. Calibrar o scanner 3D. Caso o operador do scanner decida que ainda não está de acordo com os critérios estabelecidos pelo método a ser empregado, então é realizada a calibragem. Aplicar sobre o objeto. Caso o operador do scanner decida que está de acordo com os critérios estabelecidos pelo método a ser empregado, então é realizada a calibragem. Fonte: elaborado pelo autor. 77 3.2 Sugestão de procedimento para calibração em câmeras fotogramétricas Compreende-se por calibração na fotogrametria o estabelecimento de indicadores, a fim de assegurar os atributos métricos e a qualidade de seu desempenho. Um ponto importante a ser observado antes de realizar a calibração da câmera: A condição de colinearidade fornece a mais ütil ferramenta para estabelecer o vínculo geométrico entre espaço-objeto e espaço-imagem. Entretanto, influências físicas, tais como, distorção das lentes, trabalho do filme, refração atmosférica, excentricidade do ponto principal, requerem métodos mais refinados para minorar os erros introduzidos por estas causas. (OLIVAS, 1980, p. 8) Para isso, é preciso verificar os métodos mais adequados para diminuírem os erros que possam, eventualmente, serão introduzidos por esses detalhes. Uma sugestão de procedimentos a serem executados para realizar a cablibração da câmera fotogramétrica é apresentado por meio do fluxo ilustrado na Figura 4. 78 Figura 4 – Sugestão de fluxo de procedimentos para realizar calibração de câmeras fotogramétricas Fonte: elaborado pelo autor. Nesta aula, foram apresentados, além dos conceitos de scanner 3D e de calibração. Foi possível perceber que existe uma variedade de modelos de scanners 3D, porém, de maneira geral, todos possuem algumas características semelhantes, como, por exemplo, a questão das distâncias e a classificação. Todos devem ser de alguma maneira 79 calibrados para que haja confiabilidade e qualidade naquilo que o scanner 3D está sendo utilizado. Também foram apresentados fluxos genéricos de como calibrar um scanner 3D e de uma câmera fotogramétrica. TEORIA EM PRÁTICA O resultado de uma calibração pode permitir a determinação de um ou mais parâmetros da curva característica, que relaciona o estímulo à resposta ou os valores de grandezas correspondentes às divisões de escalas indefinidas de um instrumento de medir. Isso significa que estabelece a relação entre os valores indicados por um instrumento de medição, ou valores representados por uma medida materializada, ou um material de referência, e os valores correspondentes das grandezas estabelecidas por padrões. Na literatura, há diversos modelos de scanners 3D. Eleja um modelo e pesquise sobre como é realizada sua calibração e redija um texto. Enriqueça seu texto com figuras e fluxos de como é realizada a calibração no scanner 3D eleito por você. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Uma das classificações dos scanners 3D se refere à distância entre ele e o objeto a ser escaneado. Os tipos de distância são: a. Curtas, médias, longas e muito longas. 80 b. Curtas, médias e longas. c. Curtas, médias e muito longas. d. Médias, longas e muito longas. e. Médias e longas. 2. Independentemente do tipo de scanner 3D utilizado, basicamente funciona obedecendo ao fluxo de procedimentos. O fluxo “eleger o objeto a ser escaneado” significa: a. Método eleito para a realização do escaneamento. b. A partir das anotações, de acordo com as observações, os dados coletados serão digitados num sistema de computador capaz de realizar as análises e os cálculos apropriados. c. Cada objeto possui um grupo de características. A eleição do objeto é parte inerente na escolha do método a ser empregado para coletar dados durante o escaneamento. d. O processamento dos dados realizados por computador poderá ser apresentado de maneira gráfica, de maneira numérica ou sobre volumes, áreas, perímetros ou todos estes elementos. e. A partir da observação das características do processo anterior, é tomada a decisão de aplicar o scanner no objeto. 3. Qual a principal função do processo de calibração? a. Tornar os instrumentos utilizados adequados ao processo, independente dos critérios, pois não causam danos à qualidade final do produto. 81 b. Fazer com que os instrumentos utilizados no processo estejam de acordo com um critério aceitável, de maneira a não causar danos à qualidade final do produto. c. Fazer com que os instrumentos utilizados controlem seu processo, sem a responsabilidade de estar de acordo com critérios aceitáveis. d. Fazer com que instrumentos utilizados não interfiram em seu processo, evitando prejuízos à qualidade final do produto. e. Fazer com que os instrumentos utilizados possam finalizar seu processo, independente da qualidade final do produto. Referências Bibliográficas BARRIO, Nuria Martín. Análisis y aplicación de un e scáner 3D en el ámbito médico–estético. 2016. 127 f. TCC (Graduação)–Curso de Ingeniería En Tecnologías Industriales, Ingeniería En Tecnologías Industriales, Universidad Politécnica de Madrid, Madrid, 2016. Disponível em: http://oa.upm.es/43408/1/TFG_NURIA_ MARTIN_BARRIO.pdf. Acesso em: 21 jan. 2019. BENSOUSSAN, H. The history of 3D printing: 3D printing technologies from the 80s to today. 2016. Disponível em: https://www.sculpteo.com/blog/2016/12/14/the- history-of-3d-printing-3d-printing-technologies-from-the-80s-to-today/. Acesso em: 20 mar. 2020. BREUCKMANN, B. 25 Years of high definition 3D scanning: history, state of the art, outlook. The British Computer Society, v. 19, n. 14, p.262-266, 2014.BCS, The Chartered Institute for IT. Disponível em: http://dx.doi.org/10.14236/ewic/ eva2014.31. Acesso em: 20 mar. 2020. CELANI, G. Digitalização tridimensional de objetos: um estudo de caso. Laboratório de Automação e Prototipagem para Arquitetura e Construção, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Unicamp. 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Dispositivo de varredura laser 3D terrestre e suas aplicações na engenharia, com ênfase em túneis. Dissertação (Mestrado), Curso de Engenharia de Transportes, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Usp, São Paulo, 2007. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3138/tde- 10082007-173531/pt-br.php. Acesso em: 20 mar. 2020. LEMOS, M. Scanner 3D: descubra o que são e como funcionam. 2014. Disponível em: https://imasters.com.br/tecnologia/scanner-3d-descubra-o-que-sao-e-como- funcionam. Acesso em: 20 mar. 2020. LIRA, F. A. de. Metrologia na indústria. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. OLIVAS, M. A. de A. Calibração de câmaras fotogramétricas: aplicação dos métodos: câmaras convergentes e campos mistos. Dissertação (Mestrado), Curso de Pós, Graduação em Ciências Geodésicas, Ciências Geodésicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, cap. 4, 1980. Disponível em: https://acervodigital.ufpr. br/handle/1884/37208. Acesso em: 20 mar. 2020. PERES, F. O. Scanner 3D: problemas e soluções. (Graduação), Curso de Ciência da Computação, Ciência da Computação, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2013. Disponível em: http://www.uel.br/cce/dc/wp-content/uploads/ VersaoPreliminarTCC-FredericoPeres.pdf. Acesso em: 20 mar. 2020. VILAÇA, J. L.; FONSECA, J. C.; PINHO, A. M. Calibration procedure for 3D measurement systems using two cameras and a laser line. Optics & Laser tTchnology, v. 41, n. 2, p.112-119, 2008. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j. optlastec.2008.05.012. Acesso em: 20 mar. 2020. Gabarito Questão 1 – Resposta:A. Resolução: Curtas, médias, longas e muito longas distâncias. Questão 2 – Resposta: C. Resolução: Cada objeto possui um grupo de características. A eleição do objeto é parte inerente na escolha do método a ser empregado para coletar dados durante o escaneamento. Questão 3–Resposta: B. Resolução: Fazer com que instrumentos utilizados para controlar seu processo estejam de acordo com um critério aceitável, de maneira a não causar dano à qualidade final do produto. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3138/tde-10082007-173531/pt-br.php http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3138/tde-10082007-173531/pt-br.php https://imasters.com.br/tecnologia/scanner-3d-descubra-o-que-sao-e-como-funcionam https://imasters.com.br/tecnologia/scanner-3d-descubra-o-que-sao-e-como-funcionam https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/37208 https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/37208 http://www.uel.br/cce/dc/wp-content/uploads/VersaoPreliminarTCC-FredericoPeres.pdf http://www.uel.br/cce/dc/wp-content/uploads/VersaoPreliminarTCC-FredericoPeres.pdf http://dx.doi.org/10.1016/j.optlastec.2008.05.012 http://dx.doi.org/10.1016/j.optlastec.2008.05.012 Avaliação experimental da exatidão de máquinas de medir 3D Autoria: Priscilla Labanca Objetivos Após esta aula, você será capaz de: • Conhecer sobre a origem das máquinas de medir 3D. • Aprender o que é e como funcionam as máquinas de medir 3D. • Aprender quais são os procedimentos para realizar calibração de equipamentos. • Identificar como avaliar as máquinas de medir 3D. 84 1. Introdução As máquinas de medição de coordenadas (CMMs, Coordinate Measuring Machines) deram um novo impulso no campo da metrologia geométrica e dimensional. As CMMs em ambientes industriais tornaram-se um recurso muito importante como meio de monitoramento e garantia de qualidade, pois é por meio desses recursos que é possível, dentre outros fatores, monitorar os processos de produção, identificar e reduzir erros durante o processo de fabricação etc. Para que esses dados sejam coletados com confiabilidade, é preciso planejá-los e avaliá-los, elaborando ou utilizando métodos eficazes e de baixo custo. Por meio de artefatos calibrados, capazes de reproduzir os elementos geométricos frequentemente mensurados, busca-se garantir a estabilidade das características funcionais e metrológicas entre as calibrações e, simultaneamente, conhecer os erros. Uma das vantagens em valer-se da realização de boas práticas para melhor monitoramento dos parâmetros de controle é a otimização dos períodos para determinar a calibração da CMM, melhorar a experiência na detecção de falhas (que podem ser devido às mudanças estruturais ou mudanças nas condições ambientais dos laboratórios etc.). Na sequência, apresentam-se revisão histórica, definição e características gerais das CMM, sua composição e como funcionam. Finalmente, serão apresentados alguns fatos e fatores que contribuem para avaliação da exatidão das CMMs. 2. Histórico A primeira Máquina de Medição por Coordenadas (CMM) que se tem notícia data de 1959, onde foi apresentada numa exposição chamada International Machine Tool em Paris, fabricada pela empresa britânica 85 Ferranti. Entre as décadas de 1960 e 1979, muitos países europeus, entre eles, Alemanha, Itália, Suíça, Japão e Estados Unidos da América, iniciaram a fabricação de CMM, motivando as empresas de manufatura a adotarem estas CMMs, segundo Hexagon (2014), MDM (2019) e Rodrigues (2011). Já entre as décadas de 1980 e 1990, a empresa Renishaw (Inglaterra) melhorou a fabricação das CMMs, introduzindo à tecnologia uma cabeça de sonda motorizada. No transcorrer deste período, a citada fabricante melhorou ainda mais a fabricação de suas CMMs, sendo introduzidas sondas de digitalização compactas e racks de troca de sondas automáticas, permitindo melhor automação. Outras melhorias nas CMMs foram também realizadas neste período, como, por exemplo: mais leveza com repetibilidade aprimorada (valendo-se de materiais sintéticos); a tecnologia de controlador CNC (Controle Numérico Computadorizado) digital em tamanho mais compacto (neste caso, o objetivo principal era o movimento mais preciso ao longo de um vetor definido, contribuindo para a capacidade da CMM de realizar percursos de movimento circular, onde em princípio movimentos eram realizados só em linha reta); proporcionar velocidades mais altas e maiores níveis de aceleração (HEXAGON, 2014; MDM, 2019, RODRIGUES, 2011). A partir de 1999, a terminologia CMM Machine foi adotada como termo padrão da indústria para máquinas de medição 3D. A China (Hexagon e a Zeiss) tornou-se o país que possui o maior mercado de CMM do mundo (2010); lá são fabricadas CMMs, com design de ponte inclinada e valendo-se do granito para a sua fabricação. Essa estrutura de ponte inclinada localiza-se no topo de uma placa de superfície de granito, fazendo com que a estrutura X, Y, Z deslize por meio dos rolamentos de ar livres de fricção (HEXAGON, 2014; MDM, 2019, RODRIGUES, 2011). As CMMs mais atuais oferecem uma estrutura mais leve, durável e resistentee melhoram a dispersão das mudanças de temperatura, são capazes de realizar medidas de escalas que aumentam a precisão da máquina em todos os ambientes. São dotadas de programas de computador que 86 registram os pontos de sonda e demais dados, a fim de que seja possível realizar cálculos com maior precisão e, consequentemente, oferecer melhor qualidade na utilização dessas máquinas. Junto ao processo evolutivo de fabricação de máquinas CMMs e CMM 3D, que originaram ao desenvolvimento e a atualização de softwares. Um exemplo é a empresa ATT, que desenvolveu os sistemas CAPPS (Computer Aided Process Planning) e Edges, e foi a pioneira da Metrologia CAD. Já a Metrologic, da França, desenvolveu o software denominado Metrolog. Para que houvesse um meio de fazer com que as CMMs e CMM 3D (Figura 1) compreendessem qualquer software instalado, foi criada uma linguagem de programação comum denominada Dimensional Measurement Interface Standard (DMIS). A evolução dessa linguagem de programação é o Virtual DMIS. Figura 1 - Exemplo de CMM 3D Fonte: Matveev_Aleksandr/ iStock.com. 87 3. Definições e características Existem outras diferentes definições apresentadas por estudiosos para o tema em tela, dentre elas, podemos citar Papa et al. (2013 apud HOCKEN; PEREIRA, 2012, p. 1), “as Máquinas de Medir por Coordenadas (MMCs) são sistemas de medição altamente flexíveis e versáteis, por isso elas são amplamente usadas para avaliar as características geométricas e dimensionais de diversos produtos”. Há também outra versão de definição que julgamos ser bastante objetiva, segundo Dhoska (2016, p. 12), “as máquinas de medição por coordenadas 3D (CMMs) são instrumentos de medição universais em metrologia dimensional”. Tanto as CMMs quanto as CMMs 3D caracterizam-se por serem instrumentos muito utilizados em boa parcela das aplicações industriais, independentemente de seu volume (grande/ pequeno). Essas aplicações variam de acordo com os propósitos a serem conquistados. Um exemplo de propósito de aplicação seria observar a flexibilidade na medição de peças geométricas e suas respectivas dimensões. A principal função de CMM 3D é comparar os resultados medidos de acordo com padrão de comprimento já estabelecido e aceito pelos Sistemas Internacionais de Unidades (SI). 4. Composição e funcionamento A CMM é composta por três eixos (X, Y e Z) e opera em um sistema 3D, onde cada eixo possui uma determinada escala, indicando a posição de cada eixo. Por meio de um sistema computacional, é possível visualizar a posição de cada um desses eixos em relação aos outros. Podem ser manuais, onde um operador guia a máquina, máquinas CNC que são acionadas automaticamente por um programa especial. 88 Há duas maneiras para realizar a identificação dos dados de entrada: uma é por meio do apalpador (existe uma configuração predefinida em software) e a outra maneira é a digitação dos dados pelo operador no software. Independentemente de como é realizada a entrada de dados, o software da CMM realiza cálculos, a fim de verificar os pontos discretos, identificar o tamanho e a posição de maneira precisa. O dispositivo denominado sonda de toque gera pontos de medição automáticos na superfície enquanto recodifica as posições dos eixos X, Y e Z no espaço do ponto de referência. A realização da leitura dos dados, as CMMs, executam a dinâmica descrita a seguir. As CMMs são construídas valendo-se de diversos materiais, por exemplo: ferro fundido, granito, entre outros. O material utilizado para construção de uma CMM varia de fabricante para fabricante. A seguir uma breve explanação sobre o que é cada um desses materiais (Quadro 1). Quadro 1 – Exemplos de materiais de construção de CMMs Material Característica Ferro fundido Utilizado para fabricação de placas de superfície devido ao seu custo ser baixo. Todas as peças são fabricadas valendo-se do processo de fundição. Os vários tamanhos de máquina, oferecidos pela indústria CMM tornaram o ferro fundido impraticável devido à fabricação de diferentes medidas, inclusive extravagantes. Granito Caracterizado pela baixíssima taxa de absorção de mudanças térmicas e coeficiente de expansão, seus agravantes são muito pesados e possui baixo módulo de elasticidade, podendo causar fraturas se ocorrer uma colisão com a MMC. Geralmente, é utilizado para fabricar peças simples (vigas retangulares). Fonte: elaborado pelo autor. Independentemente da sua fabricação e configuração, as CMMs, assim como qualquer aparelho ou máquina, são passíveis de erros. 89 Esses erros podem ser de vários tipos, como, por exemplo: leitura dos dados que podem ser referentes às suas dimensões e formas; geométricos para a definição de orientações, ângulos; e outros que acabam provocando desvios entre o valor medido e o valor convencional da grandeza de acordo com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO, 2009). Além dos erros, estão presentes ainda as incertezas de medição, que são inerentes ao processo de medição em si e que atribuem dúvidas aos resultados medidos. Cada passo realizado por uma máquina possui uma margem de incerteza, que deve ser devidamente observada, rastreada e documentada. 5. Avaliação da exatidão das máquinas de medir 3D A estrutura mecânica da CMM é constituída basicamente de um sensor de medição, cujo propósito é informar a localização dos pontos medidos na peça sob inspeção. Se as estruturas CMMs fossem perfeitas, isto é, sem erros, o resultado seria a localização exata dos pontos de sonda relatados. Infelizmente, o mundo perfeito não existe, logo, existem muitas fontes de erro que contribuem para desvios entre as leituras da escala e a posição real do sensor. Outro ponto de falha nas estruturas das CMMs refere-se à montagem real das escalas de medição na estrutura, uma vez que são as escalas que codificam a posição real do sensor. Como exemplo, uma CMM, com um sistema de codificação X, Y, Z separado e independente, resultaria na gravação de uma posição do sensor independentemente de erros de estrutura. 90 PARA SABER MAIS Saber em detalhes como funciona o processo de avaliação da exatidão das CMMs traz muitas vantagens, dentre elas: como utilizar da melhor maneira possível todos os recursos oferecidos, criar melhores métodos de conservação de suas peças etc. Autores como Papa (2013), Rodrigues (2011) e Silva (2014) são boas sugestões para conferir os detalhes sobre o processo de avaliação e exatidão das máquinas. 5.1 A exatidão das CMMs As primeiras CMMs foram fabricadas à mão e com precisão mecânica, cujas precisões eram de dois graus. No transcorrer do tempo, as unidades do sistema e outros componentes foram sofrendo desgastes, comprometendo as medidas de precisão e, consequentemente, a confiabilidade. Valendo-se de softwares cada vez mais atualizados foi possível realizar cálculos mais precisos das CMMs. Para que o software fosse capaz de realizar esses cálculos foi preciso realizar o mapeamento de erro, recorrer à adjacência da matemática denominada matemática dos erros e classificar esses erros como constantes ou previsíveis. Segundo Rodrigues (2011): Alguns erros presentes nas medições estão associados a diversos fatores como àqueles relacionados às variações de temperatura, às vibrações, aos algoritmos matemáticos e também erros derivados da influência das propriedades da peça, como rugosidade, de forma, e erros relacionados com a estratégia de medição. Estes dois últimos mais críticos em relação à medição da superfície livre a ser medida. (RODRIGUES, 2011, p. 1) 91 Para que as CMMs operem, com exatidão, são realizadas calibrações e ajustes periódicos em suas máquinas, obedecendo às normas da ISO10360-2, com versão em português, ABNT NBR ISO 10360-2:2018 (ABNT, 2019). Essas calibrações e ajustes nem sempre são bons o suficiente, pois existem outros fatores que também contribuem para a falta de exatidão nos resultados obtidos, como, porexemplo, utilização da máquina de maneira inadequada pelo operador, falhas em um ou mais componentes etc. As verificações são realizadas como forma de prevenir problemas e avaliar a possibilidade de extensão ou redução do intervalo de calibração praticado. Além disso, têm por objetivo identificar evidências de que a CMM atende às especificações e requisitos de funcionamento estabelecidos, não se afastando das normas reguladoras, tanto nacionais quanto internacionais. A Figura 2 ilustra um exemplo de teste de exatidão de uma CMM 3D. Figura 2 – Exemplo de teste de exatidão de CMM 3D Fonte: Phuchit/ iStock.com. https://www.istockphoto.com/br/portfolio/Phuchit?mediatype=photography 92 Não há um padrão de tempo definido para realizar as averiguações e calibrações necessárias nas literaturas. Sugere-se que essas atividades sejam realizadas quando forem identificadas anomalias ou desconfiança. A avaliação da exatidão das CMM é realizada por meio de coleta e observação de padrões e de acordo com seu calibre. Por meio dos dados coletados são realizados cálculos e armazenados, compondo um histórico para que possa servir de parâmetro ao longo de sua vida útil. Existem basicamente dois requisitos para saber se há exatidão ou não. Um deles se refere ao resultado do cálculo de erro máximo volumétrico (Maximum Permissible Error–MPE) e o outro pelo próprio usuário, de acordo com as necessidades e objetivos. Os resultados dos índices de valores de referência devem possuir índices de incerteza de medição baixa e serem dimensionalmente estáveis para não comprometer a confiabilidade no momento de apresentar o diagnóstico. Existem algumas maneiras de avaliar a exatidão das CMMs, dentre elas, seguem: • Utilização de peças do próprio usuário: o cuidado, aqui, é certificar- se de que essas peças sejam dimensionalmente estáveis. • Sistemas de computadores: são importantes para fins de gerenciamento e criação de histórico de ocorrências/ observações. Podem ser desde planilhas, comerciais (exemplos: MCG Tools (Machine Checking Gauge) da Renishaw e Quick Check T da Trapet), como na Figura 3, ou aquele que o próprio usuário desenvolve. Independentemente da escolha do sistema, devem possuir recursos matemáticos e estatísticos para realizar na tarefa de análise de estabilidade e na determinação do intervalo de calibragem. 93 Figura 3 – Exemplo de tela de um sistema de computador com um modelo industrial Fonte: KeremYucel/ iStock.com. Algumas boas práticas: a. Realizar verificações periódicas: dessa forma é possível evitar problemas, principalmente, no tocante às instabilidades da CMM no período entre as calibrações. b. Monitorar frequentemente as máquinas: colha e documente seus comportamentos. Com essa postura, é possível gerar informações preciosas e decidir sobre qual será o melhor intervalo de calibração. ASSIMILE Analisar a incerteza da medição, levando em conta apenas o erro máximo volumétrico, pode esconder fontes bem mais significativas para a obtenção dos resultados, como, por https://www.istockphoto.com/br/portfolio/KeremYucel?mediatype=photography 94 exemplo, aleatoriedade e observações repetidas, resoluções de indicações digitais etc. Diversos trabalhos têm sido realizados de modo a sistematizar um método de avaliação da incerteza, mas muito ainda há por fazer para reduzi-las no que se refere à estimativa na medição por coordenadas. 5.2 As normas NBR/ISO (Normas Brasileiras pautadas na International Organization for Standardization) A metrologia exerce papel fundamental dentro do Sistema de Garantia da Qualidade, dando a base técnica para a tomada de decisões corretas nas atividades de avaliação dos produtos e dos processos. A garantia e a demonstração da confiabilidade dos resultados de medições nas avaliações de conformidade são requisitos fundamentais exigidos nos Sistemas de Garantia da Qualidade baseados nas normas da série ISO 9000, de acordo com Soares Jr. (1999). De acordo com a NBR 8402, da ABNT (1994), define-se a garantia da qualidade “como o conjunto de atividades planejadas e sistemáticas, implementadas no sistema da qualidade e demonstradas como necessárias, para prover confiança adequada de que a entidade atenderá os requisitos para a qualidade”. Garantir a qualidade e a confiabilidade nos resultados das medições significa dizer que todas as atividades planejadas para a realização das medições e sua respectiva metodologia utilizada, comprovam e garantem que as CMMs estão aptas para realizarem suas funções. Alcançar a condição de confiabilidade metrológica para um sistema metrológico, em uma empresa, envolve muitos fatores, segundo Santos Jr. (1999), como: garantia de sistemas ou instrumentos de medição calibrados; operadores qualificados; uso efetivo de métodos para o 95 controle da qualidade metrológico; cultura metrológica na empresa; entre outros. Para que haja garantia e qualidade na avaliação da medição das CMMs, além de métodos e atividades planejadas, existem ainda normas que auxiliam e garantem a qualidade dessas máquinas, que foram agrupadas, organizadas em categorias e denominadas, no Brasil, como NBR ISO, mais especificamente, a NBR ISO 9001:2015. Segundo a ABNT (2019), a família NBR ISO 9000, atualmente, é composta por: • ABNT NBR ISO 9000:2015 – trata dos conceitos e princípios de gestão de qualidade e informa para quem se destina. • ABNT NBR ISO 9001:2015 – trata dos requisitos no que se refere à capacidade de prover produtos e serviços consistentes e a satisfação e do cliente. • ABNT NBR ISO 9004:2010 – trata da orientação às empresas, valendo-se da gestão de qualidade. Dentro da estrutura organizacional da NBR ISO 9001:2015 (ABNT, 2019), encontram-se as que se referem aos modelos de garantia de qualidade, que especificam requisitos de sistema da qualidade, que podem ser utilizados para fins de garantia da qualidade externa. Os requisitos são os seguintes: • ABNT NBR ISO 9004:2015 – trata dos fundamentos de gestão de qualidade e dá orientações para sua execução. • ABNT NBR ISO 10001:2013 – orienta sobre os códigos de conduta em relação à satisfação do cliente. 96 • ABNT NBR ISO 10002:2005 – orienta sobre o tratamento de reclamações sobre produtos de determinada empresa. • ABNT NBR ISO 10004:2013 – define e orienta a execução de processos de medição e monitoração da satisfação do cliente. • ABNT NBR ISO 10005:2007 – fornece diretrizes para a realização e execução de planos de qualidade. • ABNT NBR ISO 10006:2006 – orienta sobre a aplicação da gestão de qualidade. • ABNT NBR ISO 10007:2005 – orienta sobre a gestão de configuração de produtos, desde a fase de elaboração até a fase de descarte. • ABNT NBR ISO 10012:2004 – orienta e fornece requisitos para a gestão de medição de equipamentos e seus respectivos requisitos para a realização da gestão de qualidade. É dividida em: • ABNT NBR ISO 10013:2003 – fornece diretrizes para realizar a elaboração, desenvolvimento e manutenção de documentação para executar a gestão de qualidade. • ABNT NBR ISO 10017:2005 – apresenta técnicas estatísticas utilizadas para a melhoria da gestão de qualidade. De acordo com o catálogo da ABNT (2019), existem outras normas que podemos denominar de acessórias e que auxiliam nosso contexto. São elas: • ABNT NBR ISO 14253-1:2017 – estabelece as regras para verificar as não conformidades de tolerância para uma característica de determinada peça de trabalho (ou uma população de peças) ou com um dado erro máximo admissível, de acordo com as 97 características metrológicas de um equipamento de medição, incluindo a verificação do valor medido e sua aproximação dos limites de especificação, levando em conta a incerteza de medição. • ABNT NBR ISO 17025:2017 – apresenta os requisitos gerais para laboratórios de ensaio e calibração. A Figura 4 ilustra de maneira esquemática a estrutura NBR ISO 9001:2015. Figura 4 – Visão esquemática da estrutura NBR ISO 9001:2015 Fonte:elaborada pelo autor. 98 5.3 Como deve ser um processo de medição adequado? O processo de medição adequado, segundo Lira (2016), deve possuir as seguintes características: • Identificar variações: as variações devem ser mínimas nas medidas dos produtos. • Verificar a variabilidade do processo de medição: a variabilidade deve ser pequena se comparada à variabilidade do processo; também são verificados os limites de especificação dos produtos. • Analisar inconsistências: essa análise é realizada por meio de cálculos estatísticos, observando, em seus resultados, as variações obtidas, que devem ser tratadas como exceção e não regra. Caso seja tratado como regra, será preciso rever todo o processo de medição. Existem alguns parâmetros estatísticos utilizados para auxiliar na análise dos processos de medição: • Análise de tendência: é a diferença entre determinado valor de referência e a média das medições obtidas. Aqui é observada a existência ou não de padrões. • Repetitividade: é o intervalo de valores dos resultados das medições do processo de medição esperada. • Reprodutividade: é o intervalo de valores esperados no processo de medição. São verificados diferentes operadores nas condições estabelecidas para a realização da medição. • Estabilidade: é a verificação de possíveis alterações no transcorrer de determinado tempo. É equivalente à análise de variação de tendência. 99 • Desvio linear de tendência: é o estudo da reta obtida por meio dos resultados informados nas medições; são verificados se os valores possuem alguma tendência em função do valor da indicação. Segundo Lira (2016), existe um roteiro para a realização da avaliação, porém, antes de realizar qualquer tipo de procedimento/ roteiro, é sempre recomendável elaborar um plano de execução, que pode ser realizado conforme a Figura 6 (os respectivos comentários encontram-se no Quadro 2). Figura 6 – Fluxo representativo do plano de execução do roteiro Fonte: elaborado pelo autor. Quadro 2 – Comentários de cada tarefa do fluxo representativo do plano de execução do roteiro Nome da tarefa Comentário Planejar ensaios. Definir objetivos gerais e específicos, finalidades e abrangência. Selecionar amostras. A seleção das amostras deve ser significativa ao processo de medição. Sugere-se a enumeração de cada uma das amostras. Medir. A medição deve ser realizada de acordo com as características da CMM. Deve ser realizada uma adaptação de acordo com as características das amostras. Registrar. Para cada medição realizada, devem ser anotadas todas as observações que serão analisadas posteriormente. Fonte: elaborado pelo autor. 100 Após a elaboração do plano, executa-se o roteiro. Lira (2016) sugere que o roteiro seja realizado de acordo com os seguintes passos (Figura 7). Figura 7 – Passos para a execução do roteiro Fonte: adaptação de Lira (2016). Nesta leitura, foi possível verificar o que é e para que serve e a importância da calibração em máquinas de medir 3D, assim como a composição, funcionamento e as normas para auxiliar no procedimento de medição e calibração das máquinas de medir, garantindo sua qualidade. TEORIA EM PRÁTICA As máquinas de medição de coordenadas (CMMs, Coordinate Measuring Machines) deram um novo impulso no campo da metrologia geométrica e dimensional. As CMMs, em ambientes industriais, tornaram-se um recurso muito importante como meio de monitoramento e garantia de qualidade, pois, por meio desses recursos, dentre 101 outros fatores, é possível monitorar os processos de produção, identificar e reduzir erros durante o processo de fabricação etc. Para que esses dados sejam coletados, com confiabilidade, é preciso planejá-los e avaliá-los, elaborando ou utilizando métodos eficazes e de baixo custo. Por meio de artefatos calibrados, capazes de reproduzir os elementos geométricos frequentemente mensurados, busca-se garantir a estabilidade das características funcionais e metrológicas entre as calibrações e, simultaneamente, conhecer os erros. Imagine que você precisa analisar a exatidão de uma CMM. Como faria isso? Elabore um método para a realização dessa missão, com o maior nível de detalhes possível. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. As máquinas de medição de coordenadas (CMMs, Coordinate Measuring Machines) deram um novo impulso no campo da metrologia geométrica e dimensional. Caracterizam-se por serem instrumentos muito utilizados em boa parcela das aplicações industriais, independentemente de seu volume (grande/ pequeno). Essas aplicações variam de acordo com os propósitos a serem conquistados. Um exemplo de propósito de aplicação seria observar a flexibilidade na medição de peças geométricas e suas respectivas dimensões. Logo, é possível dizer que as máquinas de medir por coordenadas são: 102 a. Instrumentos de medição universais em metrologia dimensional. b. Processamentos de dados realizados por computador, que poderão ser apresentados de maneira gráfica, de maneira numérica ou sobre volumes, áreas, perímetros ou todos esses elementos. c. Instrumentos muito utilizados em boa parcela das aplicações industriais, independentemente de seu volume (grande/ pequeno). d. Aqueles que comparam os resultados medidos, de acordo com padrão de comprimento já estabelecido e aceito pelos Sistemas Internacionais de Unidades (SI). e. Aqueles que identificarão os dados de entrada. 2. A principal função de CMM 3D é comparar os resultados medidos, de acordo com padrão de comprimento já estabelecido e aceito pelo Sistema Internacional de Unidades (SI). Essas máquinas são construídas nos mais diferentes materiais, a fim de atingir determinado objetivo. São alguns exemplos de materiais: a. Aço, ferro fundido, granito e zinco. b. Ferro fundido, fósforo, granito e zinco. c. Ferro fundido e granito. d. Fósforo, granito e zinco e. Carbono, granito e zinco. 3. Qual é o objetivo de se realizar verificações nas CMMs? a. Para cálculo de erro máximo volumétrico. b. Para certificar-se de que essas peças sejam dimensionalmente estáveis. 103 c. Para determinação do intervalo de calibragem. d. Para prevenir problemas e avaliar a possibilidade de extensão ou redução do intervalo de calibração praticado. e. Para saber quanto tempo de vida útil possuem as CMMs. Referências Bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Catálogo 2019. Disponível em: https://www.abntcatalogo.com.br/. Acesso em: 20 mar. 2020. DHOSKA, KLODIAN. Measurement Methods with 3D Coordinate Measuring Machine and Improved Characterization Setup for Detector Performance. 2016. INMETRO. Vocabulário Internacional de Metrologia: conceitos fundamentais e gerais e termos associados (VIM 2008). 1. ed. Rio de Janeiro, 2009. HEXAGON. Hexagon Manufacturing Intelligence. The history and evolution of coordinate measuring machine CMM controllers. 2014. Disponível em: https:// www.hexagonmi.com/solutions/technical-resources/technical-articles/the-history- and-evolution-of-coordinate-measuring-machine-cmm-controllers. Acesso em: 30 abr. 2020. LIRA, F. A. de. Metrologia na indústria. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. MDM Standard. CMM evolution. 2019. Disponível em: https://www.mdmstandard. ro/wp-content/uploads/Istoria-CMM-in-engleza.pdf. Acesso em: 30 abr. 2020. PAPA, M. C. de O. et al. Testes de desempenho de máquinas de medir (MMC): diferenças e seus impactos na decisão sobre a capacidade da medição para a manufatura. 7º Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricação, 20 a 24 de maio de 2013, Penedo, RJ, Brasil. Disponível em: http://www.swge.inf.br/siteCOBEF2013/ anais/PDFS/COBEF2013-0188.PDF. Acesso em: 20 mar. 2020. RODRIGUES, C. E. R. Avaliação da medição por coordenadas de uma superfície livre: principais limitações e dificuldades. 19º Congresso de Iniciação Científica. 9ª Mostra Acadêmica UNIMEP, 08 a 10 de novembro de 2011. Disponível em: http:// www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/9mostra/1/399.pdf. Acesso em: 30 abr. 2019. SOARESJR, L. Confiabilidade metrológica no contexto da garantia da qualidade industrial: diagnóstico e sistematização de procedimentos. Dissertação (Mestrado), Curso de Metrologia Científica e Industrial, Metrologia Científica e Industrial, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999. https://www.abntcatalogo.com.br/ https://www.hexagonmi.com/solutions/technical-resources/technical-articles/the-history-and-evolution-of-coordinate-measuring-machine-cmm-controllers https://www.hexagonmi.com/solutions/technical-resources/technical-articles/the-history-and-evolution-of-coordinate-measuring-machine-cmm-controllers https://www.hexagonmi.com/solutions/technical-resources/technical-articles/the-history-and-evolution-of-coordinate-measuring-machine-cmm-controllers https://www.mdmstandard.ro/wp-content/uploads/Istoria-CMM-in-engleza.pdf https://www.mdmstandard.ro/wp-content/uploads/Istoria-CMM-in-engleza.pdf http://www.swge.inf.br/siteCOBEF2013/anais/PDFS/COBEF2013-0188.PDF http://www.swge.inf.br/siteCOBEF2013/anais/PDFS/COBEF2013-0188.PDF http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/9mostra/1/399.pdf http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/9mostra/1/399.pdf 104 SILVA, H. do O. L. et al. Avaliação de métodos para estimar erros e incertezas de medição de superfícies de forma livre. XXXIV Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10, de 07 a 10 de outubro de 2014. Disponível em: http://www. abepro.org.br/biblioteca/enegep2014_TN_STP_196_111_25175.pdf. Acesso em: 22 jan. 2019. Gabarito Questão 1 – Resposta: A. Resolução: CMMs são instrumentos de medição universais em metrologia dimensional. Caracterizam-se por serem instrumentos muito utilizados em boa parte das indústrias. Questão 2 – Resposta: C. Resolução: Ferro fundido e granito. Ainda há CMMs fabricadas com materiais sintéticos, porém, ainda falta confiabilidade em sua utilização. Questão 3 – Resposta: D. Resolução: Para prevenir problemas e avaliar a possibilidade de extensão ou redução do intervalo de calibração praticado. Tem como objetivo identificar evidências de que a CMM atende às especificações e requisitos de funcionamento estabelecidos, não se afastando das normas reguladoras tanto nacionais quanto internacionais. http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2014_TN_STP_196_111_25175.pdf http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2014_TN_STP_196_111_25175.pdf Estratégias para preservar a confiabilidade nos resultados de medição 3D Autoria: Fabiane Krolow Objetivos • Conhecer estratégias práticas de confiabilidade. • Conhecer estratégias matemáticas de confiabilidade. • Conhecer os parâmetros estatísticos de medição e o uso de sensores industriais. 106 1. Introdução O contexto socioeconômico do Brasil, a partir dos anos 1990, com a globalização, traz a preocupação com o binômio metrologia e qualidade na indústria, trazendo mudanças no modelo de desenvolvimento brasileiro, devido à busca pela competitividade, com investimento em capacitação tecnológica aplicada ao produto, insumos de fabricação e processo de produção, conforme Borchardt (1999). Na fabricação de um produto, há inúmeros instrumentos de medição envolvidos, todos eles sendo monitorados, e suas leituras registradas. Se essa tarefa for realizada por um funcionário, o tempo que ele leva para percorrer todo processo de produção pode inviabilizar parte ou todo o meio de tomadas de decisões (LIRA, 2015, p.194). Essa evolução no desenvolvimento do país trouxe o avanço industrial, a produção em grande escala. Para garantir a qualidade no processo de produção, é necessário pensar em estratégias de confiabilidade, pois esse processo envolve uma série de fatores que podem influenciar na qualidade do produto final, como, por exemplo, instabilidades ambientais, aspectos da produção, instrumentos de medição, entre outros. As exigências sobre os métodos de medição, incertezas das medições, rastreabilidade dos padrões de referência usados nas indústrias, acentuam-se cada vez mais com a globalização da economia. Critérios mínimos sobre estes aspectos são estabelecidos em normas internacionais referentes a sistemas da qualidade como nas normas ISO da série 9000 ou QS 9000. Mesmo assim ainda é comum surgirem discussões entre clientes e fornecedores quando há reprovação de lotes em questão. O tipo de instrumento, o método de medição, a incerteza da medição e o tamanho da mostra são então questionados (BORCHARDT, 1999, p. 2). 107 Para ter um controle mais específico da metrologia e assegurar o mínimo possível de incertezas no processo de produção, é preciso realizar esse controle por meio de softwares, responsáveis pelo controle de informações, certificados, manutenção, ocorrências, relatórios, entre outros, de acordo com Gero (2017). Alguns serviços podem facilitar o processo de metrologia, dentre eles: realização de identificação de produtos; cadastro das características do produto de forma que fiquem disponíveis ao cliente; limpeza/ lubrificação dos equipamentos de medição; procedimentos de calibração de acordo com normativas. A calibração deve ser realizada de forma que possa ser rastreada e em conformidade com os padrões nacionais e internacionais de metrologia. Além disso, devem ser emitidos certificados de calibração e dos laboratórios que realizam. A regulagem/ aferição dos equipamentos utilizados em chão de fábrica e a recalibração após a regulagem também é algo necessário, pois, com a influência do ambiente, os equipamentos podem sofrer alterações. Ainda, deve ser realizada a etiquetagem para identificar validade, conformidade, e se o equipamento deve estar fora de uso, considerando a adequação e ajuste de calibração de acordo com a vida útil do equipamento. Os produtos finais devem ser lacrados para preservar a integridade da calibração, procedimento similar ao que deve ser realizado com a embalagem com as identificações legíveis no processo de transporte para evitar que os produtos não sejam devolvidos. É necessário também o controle do transporte, de seguro, cronogramas, que é importante para controle de prazos e treinamentos, conforme Gero (2017). O conjunto máquina, meio ambiente e material com a mão de obra, é processado com a aplicação das normas de qualidade para ter o produto final em um processo. De acordo com Albertazzi e Souza (2008, p. 338), temos.como resultados úteis em análises: os critérios de aceitação em novos sistemas de medição; comparação entre sistemas de medição; investigação de um sistema de medição sob suspeita de 108 problema; análise de desempenho do mesmo sistema de medição, antes e depois de um ajuste para avaliação de potenciais de riscos de erros de classificação do sistema de medição. Quadro 1 – Definições normativas Norma Definição/ recomendação ISO 9.001 A incerteza e testes devem ser conhecidos e compatíveis com as exigências de confiabilidade requeridas. ISO 10.012 Devem ser levadas em consideração todas as contribuições significativas na incerteza do processo de medição, incluindo aquelas atribuídas ao sistema e às influências dos operadores, dos procedimentos e do ambiente. ISO 14.253-1 Parte 1 A incerteza do processo de medição deve ser levada em consideração quando é analisada a conformidade de um processo ou de um produto diante de sua especificação. Essa recomendação leva em conta a redução da faixa de aceitação provocada pela presença da incerteza do processo no controle de qualidade. ISO 14.253-2 Parte 2 Define uma metodologia para determinar a incerteza do sistema de medição na calibração e a incerteza do processo em operação. A ISO/TS 16.949 Norma de garantia da qualidade do setor automotivo, criada pelas grandes montadoras americanas, define os requisitos de confiabilidade metrológica por meio de análises da capacidade estatística do processo de medição. Fonte: elaborado pela autora. A confiabilidade dos processosdeve ser evidenciada por meio de análises estatísticas, considerando a variabilidade dos resultados de cada sistema e de cada tipo de medição. Os estudos apresentados, a partir do item a seguir, estão baseados nessa norma. Alguns questionamentos devem ser realizados no processo de metrologia, entre eles: qual valor da confiabilidade metrológica para você e sua empresa? Qual o custo da falta de confiabilidade? Quais os requisitos para obter a confiabilidade metrológica? Você confia nos seus processos de medição? 109 No entanto, só é possível obter a confiabilidade como uma conquista no envolvimento de todos os processos. Entre o processo de produção, verificação, gestores e operadores, é uma conquista por meio do método chamado de 5 M’ (Máquina, Metrologista, Método, Meio ambiente, Mensurando), “é necessário um compromisso corporativo em busca da exatidão metrológica” (3D, Forma, 2017). Figura 1 – Interferências Fonte: 3D, Forma (2017). 2. Variabilidades de processos de metrologia Conforme Albertazzi e Souza (2008, p. 340), a variabilidade no processo de produto é vista nos processos de metrologia em grande parte da produção industrial, onde o produto final não apresenta cem por cento de conformidade com as especificações projetuais (especificadas em projetos ou em procedimentos executivos, requisitos normativos), devido às variáveis da produção, como de máquinas, operadores, meio ambientes ou outras, como mostra a Figura 2. Tolerância 110 Figura 2 – Variabilidade do processo de produção Fonte: Albertazzi e Souza (2008). O comportamento do processo pode ser analisado através de técnicas de controle estatístico de processos (CEP). Um processo é dito sob controle estatístico quando suas variações naturais são estáveis e situam-se dentro de limites previsíveis. A operação nessas condições leva a produtos com qualidade previsível em relação às tolerâncias. A fuga do processo das condições de controle é um problema que pode levar à produção de quantidades inaceitáveis de itens fora das especificações (ALBERTAZZI; SOUZA, 2008, p. 340). Segundo Albertazzi e Souza (2008, p. 340), “um processo está sob controle estatístico quando apresenta comportamento previsível. É dito capaz quando, além de ser previsível, produz dentro das especificações de projeto”, o que mostra que a variabilidade que trará a falta de confiabilidade no processo de produção é a instabilidade dos processos, principalmente, em função do controle, conforme Figura 3. 111 Figura 3 – Estabilidade e capacidade de processos Fonte: Albertazzi e Souza (2008, p. 341). Além das causas comuns, que trazem incertezas nos processos de metrologia, no controle estatístico existem causas especiais que provocam mudanças indesejáveis em seu comportamento, como a fabricação de peças por usinagem, o desgaste excessivo da ferramenta de corte, o que deve ser corrigido. No ambiente da indústria, os dois processos coexistem: o produtivo e o de medição. Se o processo de medição fosse perfeito, a análise estatística das medições levaria à formação de um retrato fiel das características do processo produtivo. Quando as variabilidades de processos de medição imperfeitos estão presentes, a análise estatística das medições obtidas revela características que são resultantes da combinação das variações dos dois processos. Se as variações do processo de medição são excessivas, podem ocorrer problemas de diagnósticos errados acerca da qualidade dos produtos e tomadas de ações incorretas para o controle dos processos. O processo produtivo real é enxergado de forma errada 112 e essa informação aparente não possibilita melhorias de qualidade nos produtos. (ALBERTAZZI; SOUZA, 2008, p 342) Para viabilizar a produção, é preciso confiabilidade no controle, o que pode ser realizado com a interpretação de controle de dispositivos de medição e monitoramento das normas, operação com auxílio de software de confiabilidade metrológica de treinamentos, cuidados com dispositivos de medição e monitoramento no local de produção, inclusive com sistemas de manutenção preparados com auxílio da automação, a fim de minimizar os reparos e, além dos reparos, aumento da vida útil dos equipamentos utilizados no processo de produção, de acordo com Gero (2017). Além disso, devem ser tomados cuidados com o armazenamento dos dispositivos de monitoramento e seu manuseio, preservação e armazenamento para prolongar a sua vida útil, segundo Gero (2017). Para ser adequado, o monitoramento deve: 1) garantir que o processo de medição será capaz de identificar pequenas variações nas características do produtos; 2) identificar que “a variabilidade do processo de medição (erros aleatórios) será pequena quando comparada com a variabilidade do processo produtivo e com os limites de especificação das tolerâncias do produto”; e 3) garantir que o “processo de medição deve estar sob controle estatístico, o que significa que as variações do processo de medição são devidas somente às causas comuns e não às causas especiais” (ALBERTAZZI; SOUZA, 2008, p. 344). A empresa/ indústria deve ter cuidados com seus dispositivos de medição e monitoramento. Para isso, são realizados treinamentos de como utilizar esses instrumentos, como paquímetro, trenas, entre outros, com orientações institucionais de como utilizar e quais os cuidados para manter. Para um controle mais especifico são estabelecidos indicadores estatísticos. Auditorias periódicas são 113 realizadas para verificar a conformidade das normas que devem ser seguidas, segundo Gero (2017). PARA SABER MAIS Ao fazer uso das Máquinas de Medir por Coordenadas, para ter maior precisão e redução de incertezas, é preciso considerar, na escolha do equipamento, aspectos como: incerteza de medição compatível com tolerâncias, faixa de medição que permita medir deslocamentos dos eixos, recursos que permitam flexibilidade, softwares virtuais, grau de automação compatível e robustez para operacionalização em relação ao processo, de acordo com Albertazzi e Souza (2008). 2.1 Definição dos procedimentos e estratégias de medição Na aplicação da metrologia com os processos da indústria associados com o uso das Máquinas de Medir por Coordenadas, é necessário que a empresa tenha as definições de procedimentos de forma eficiente para a produção, definindo o número de localização de pontos dos apalpadores e sequência de medição, com os devidos cuidados. A Figura 4 apresenta um esquema para esse processo de execução. Os procedimentos devem considerar cuidados com aumento de tempo, influências externas e custos, estando alerta aos ciclos de medição. É interessante estabelecer um planejamento da medição, com os critérios para fixação, alinhamento da peça, seleção do apalpador, tarefas de medição, configuração dos dados, e ajustes da máquina de produção, tendo um programa de medição por máquina, com o auxílio da base CAD ou manual, em paralelo à execução do produto, de acordo com Albertazzi e Souza (2008). 114 Figura 4 – Processo de execução com controle da Máquina de Medir por Coordenadas Fonte: Albertazzi e Souza (2008). De acordo com Albertazzi e Souza (2008, p. 346), com base nos procedimentos, deve-se também realizar ensaios objetivos e bem planejados, tendo alguns cuidados básicos: • Planejamento dos experimentos, com a delimitação da abrangência dos ensaios, determinando número de operadores e amostras coletadas. • Seleção das amostras retiradas da produção de maneira aleatória, de forma que representem bem as características do processo produtivo. 115 • Medição e registro da realização dos testes em relação aos parâmetros dos procedimentos, tendo as medições e controle dos registros. 2.2 Parâmetros para análise estatística de medição O Quadro 2 apresenta os parâmetros para análise estatística de medição, de acordo com Albertazzi e Souza (2008). Quadro 2 – Parâmetros para análise estatística de medição Parâmetro DescriçãoTendência: A tendência corresponde à diferença entre a média das indicações obtidas de um processo de medição e um valor de referência. O valor de referência pode se originar de um padrão ou de um exemplar do próprio produto a medir, que tenha sido previamente medido por outro processo de medição que resulte em incerteza dez vezes melhor. Repetitividade: A repetitividade corresponde à faixa dentro da qual as indicações do processo de medição são esperadas quando é envolvido um mesmo operador, medindo uma mesma característica do produto e em condições operacionais idênticas. Reprodutividade: A reprodutibilidade corresponde à faixa dentro da qual as indicações do processo de medição são esperadas quando são envolvidos diferentes operadores, medindo uma mesma característica do produto nas condições operacionais naturais do processo de medição. 116 Estabilidade: O parâmetro estabilidade está associado à capacidade do sistema de medição em manter suas características estatísticas ao longo do tempo. De modo prático, corresponde à faixa de variação da tendência ao longo do tempo. Desvio linear da tendência: Idealmente, a tendência de um processo de medição deveria ser nula. Há casos em que a tendência não é nula, mas é praticamente a mesma para toda a faixa de medição. Há outros casos em que o valor da tendência cresce ou decresce em função do valor da indicação. O desvio linear da tendência está associado à forma como varia a tendência em função do valor da indicação. Fonte: Adaptado de Albertazzi e Souza (2008). 2.3 Instrumentação digital Uma das formas de conservação de um alimento é o uso de um refrigerador. Nele, há um termostato com uma escala graduada para o ajuste da temperatura. Esse termostato monitora a temperatura no ambiente interno do refrigerador e realiza ciclos de liga e desliga do compressor, mantendo a temperatura em torno do valor ajustado. O uso do sensor viabiliza e agiliza o processo produtivo industrial, é a automatização dos serviços. É realizado quando um dispositivo de medição é conectado à um dispositivo de controle de processo, iniciando com o setpoint o valor de entrada (um valor nominal). Estando conectado, converterá para a grandeza de medição, como temperatura, tensão ou outros, por um transdutor (o sensor), também chamado de elemento primário. O dispositivo recebe a variável do processo, 117 realiza comparações e responde com o valor final, o que é chamado de controlador, a partir do qual pode ser realizada a correção no elemento final, com a variável manipulada, verificando possíveis distúrbios no processo, de acordo com Lira (2018). A Figura 5 apresenta um esquema para esta instrumentação. Figura 5 – Esquema para instrumentação digital Fonte: Lira (2015). ASSIMILE A grandeza específica medida no processo é chamada variável do processo, que, no caso de um refrigerador, por exemplo, é a temperatura, podendo ser também outras variáveis, como: pressão, velocidade, posição, vazão, nível e condutividade elétrica. 2.4 Sensores discretos Os sensores digitais mais comuns são os chamados sensores discretos, onde fazer uma medição com condição de verdadeiro ou falso identifica uma variável medida em relação à uma condição nominal especificada e, geralmente, são utilizados para chaves, para acionar ou desligar. Podem ser encontrados em diversos tipos, como de posição, pressão do fluído, nível de material, temperatura e fluxo de fluído, de acordo com Lira (2015, p.179). 118 2.5 Sensores contínuos O mesmo autor, Lira (2015, p. 180), traz que os sensores para medição contínua são utilizados para acompanhar um processo constantemente, podendo ser utilizados por meio de diversas tecnologias, como radar, ultrassom, gravimetria, para medição de uma máxima exatidão e para medição sem contato com capacitância e hidrostática. 2.6 Sensores de pressão Entre as formas de aplicação de medição com o uso de sensores na instrumentalização industrial, de acordo como Lira (2015): A pressão é uma das grandezas principais para uma gama ampla de medições de processo. Muitos tipos de medições são inferidos da pressão, como medir o fluxo de um fluido a partir da pressão numa restrição, medir o nível de um líquido a partir da pressão numa coluna vertical, medir a densidade de um líquido através da diferença de pressão em uma coluna fixa, medir uma massa através de uma célula de carga hidráulica etc. (LIRA, 2015, p. 181) 2.7 Sensores de nível Sensores de níveis são como interruptores que identificam o nível de líquidos ou sólidos em grãos presentes em um recipiente, com um elemento flutuador (bóia). Existe também outro tipo de sensor de nível eletrônico, que usa ondas de ultrassom para identificar a presença de materiais sólidos. A medição precisa do nível de um fluido ou sólido é necessária em muitos processos industriais. Alguns desses processos apresentam uma 119 combinação de diferentes níveis (camadas) em virtude das densidades envolvidas, havendo uma tecnologia de medição adequada para cada caso, cada uma explorando princípios específicos da física. (LIRA, 2015, p. 184) 2.8 Sensores de vazão Sensores que funcionam de acordo com a vazão de um fluído, medem seu volume ou massa, em relação ao tempo, “por exemplo, litros/ segundo; m3/h etc. A vazão em massa é expressa em unidades de massa pelo tempo, por exemplo, quilogramas/segundo, mg/min, etc.”, de acordo com Lira (2015, p. 185). TEORIA EM PRÁTICA Considere que você é o responsável por manter a confiabilidade das medições de forma automática, associada ao processo industrial de manufatura. Deve realizar um novo procedimento, onde deverão constar todas as etapas e critérios de medição, com estratégias de ajustes in loco, no momento da metrologia digitalizada, apresentando quais seriam os instrumentos necessários para garantir que o processo de metrologia da indústria esteja confiável e garanta a eficiência de produtidividade. Para isso, apresente o procedimento com todas as suas etapas e possibilidades, especificando itens que devem ser observados nos processos de planejamento e execução do produto. 120 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. São critérios que compõem o conjunto para aplicação das normas de qualidade no processo de metrologia, para se obter resultados úteis e critérios de aceitação, comparação e análise: a. Máquina, meio ambiente e mão de obra. b. Cliente, meio ambiente e mão de obra. c. Produto final, meio ambiente e mão de obra. d. Máquina, cliente e mão de obra. e. Máquina, meio ambiente e cliente. 2. A imagem refere-se ao parâmetro estatístico de medição: a. Estabilidade. b. Desvio linear da tendência. c. Tendência. d. Repetitividade. e. Reprodutividade. 121 3. A norma regulamentadora que define uma metodologia para determinar a incerteza do sistema de medição na calibração e a incerteza do processo em operação, é: a. ISO 9.001. b. ISO 10.012. c. ISO 14.253 – Parte 1.. d. ISO 14.253 – Parte 2 e. ISO/TS 16.949. Referências Bibliográficas BORCHARDT, M. Implantação de um sistema de confirmação metrológica. Dissertação (Mestrado), Curso de Engenharia de Produção, Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999. ALBERTAZZI, A.; SOUZA, A. R de. Fundamentos de metrologia: científica e industrial. Barueri: Manole, 2008. GERO. Gerenciamento total do sistema de confiabilidade metrológica. 2017. Disponível em: http://gero.com.br/servicos/gerenciamento-total-sistema-de- confiabilidade-metrologica/. Acesso em: 24 mar. 2020. LIRA, F. A. de. Metrologia dimensional: técnicas de medição e instrumentos para controle e fabricação industrial. São Paulo: Érica, 2015. 3D. 3D Forma (Org.). Material didático informativo sobre Medição 3D: São Paulo: Forma 3d, 2017. 18 slides, color. Gabarito Questão 1 – Resposta: A. Resolução: O conjunto é composto por Máquina, Meio-ambiente e Mão de obra. http://gero.com.br/servicos/gerenciamento-total-sistema-de-confiabilidade-metrologica/http://gero.com.br/servicos/gerenciamento-total-sistema-de-confiabilidade-metrologica/ 122 Questão 2 – Resposta: D. Resolução: A imagem se refere ao parâmetro de reprodutibilidade, que corresponde à faixa dentro da qual as indicações do processo de medição são esperadas quando são envolvidos diferentes operadores, medindo uma mesma característica do produto nas condições operacionais naturais do processo de medição. Questão 3 – Resposta: D. Resolução: A NBR ISO 14.253 – Parte 2 define uma metodologia para determinar a incerteza do sistema de medição na calibração e a incerteza do processo em operação. Exemplos de MSA (Análise de Sistema de Medição) 3D de diferentes peças: usinadas, conformadas, fundidas e plásticas Autoria: Fabiane Krolow Objetivos • Entender o processo da Análise de Sistemas de Medição e suas aplicações. • Conhecer e entender sobre os processos de manufatura. • Investigar os processos de medição de peças para peças usinadas, fundidas e plásticas. 124 1. Análise de Sistema de Medição O Measurement System Analysis (MSA), em português, Análise do Sistema de Medição, é uma importante ferramenta para garantia da qualidade da medição dos dados no processo de manufatura, consistindo em estudos estatísticos que analisam as variações dos dados medidos e apresentam a variação encontrada, de forma detalhada, facilitando na tomada de decisões com eficácia, conforme Petenate (2019). É um método estatístico que contribui para identificação de possíveis variações, frequentes nos processos de metrologia, e que interferem na qualidade dos produtos que estão sendo comercializados pelas empresas no mercado, pois são entregues produtos com dimensões equivocadas. Além disso, medições equivocadas durante o processo de manufatura podem interferir em decisões equivocadas e falhas no sistema e controle de produção. Um caso de problema devido a falhas no sistema de análise de medidas, por exemplo, é quando um gestor apresenta relatórios de medição de peso que foram obtidos por meio de um dispositivo com defeitos. Se não for identificado que existe a falha no equipamento de medição, a empresa arcará com danos, devido à falta de conhecimento dos problemas existentes. É necessário que o erro seja identificado para fazer as devidas correções ou manutenções, ou ainda que sejam feitas aferições no equipamento de medição para evitar a presença de erros. É preciso que o processo de Análise do Sistema de Medição não apresente variações ou riscos ao processo de produção. 1.1 Importância da Análise do Sistema de Medição A princípio, ao falar em Análise do Sistema de Medição e ao pensar no fato da confiança nos equipamentos de medição, a primeira observação que surge é o controle de aferição e/ou calibração dos instrumentos. 125 Essa análise consiste no estudo das variações das informações obtidas na medição e suas variações, pois as peças podem apresentar pesos variados em função de defeitos dos instrumentos de medição e outras falhas, como condições ambientais, o que gera uma medição equivocada, que é observado pelo Sistema de Medição, explorando as variáveis envolvidas nessas falhas, de acordo com Pentenate (2019). As variáveis que devem ser exploradas no processo de análise do sistema de medição são: tendência, estabilidade, repetitividade e reprodutibilidade. 1.2 Implantação da Análise do Sistema de Medição É importante que essa tarefa esteja nas mãos de uma equipe da empresa que já é ou será responsável pelo controle do sistema de qualidade em produção, com auxílio do monitoramento dos processos, pois garante a possibilidade de identificar falhas nos processos de medição. Além do chão de fábrica, também podem ser executados processos administrativos de análise, de forma que seja possível acompanhar o processo macro, tendo algumas vantagens, de acordo com Petenate (2019): • Tomadas de decisão mais consistentes: Após a aplicação da MSA, os gestores direcionam seus esforços para a verdadeira causa do problema, já que conseguem eliminar ou reduzir falhas no sistema de medição. Assim, as decisões para eliminar a variabilidade indesejada se tornam mais consistentes e efetivas. • Cortes de gastos incertos: Com as decisões direcionadas para a resolução do problema real, a empresa evita lidar com desperdícios de recursos financeiros em https://www.escolaedti.com.br/reduza-as-falhas-humanas-e-operacionais/ https://www.escolaedti.com.br/reduza-as-falhas-humanas-e-operacionais/ https://www.escolaedti.com.br/resolucao-de-problemas-descubra-como-orientar-seu-time-de-colaboradores-para-resolucao-de-problemas/ 126 atitudes incertas. A troca do maquinário, no caso das peças com pesos diferentes, seria um gasto desnecessário, por exemplo. • Monitoramento mais eficaz: A Análise do Sistema de Medição é, antes de tudo, uma ferramenta de controle. Um de seus objetivos é minimizar a necessidade de ações de correção por meio da identificação de falhas de forma antecipada. Então, o monitoramento de processos se torna mais eficaz e preciso. 2. Medição de peças usinadas 2.1 Usinagem A usinagem significa submeter um material bruto à ação de uma ferramenta/ máquina para ser trabalhado. Para a medição de peças usinadas, a Máquina por Coordenadas Tridimensional é um instrumento extremamente útil, pois é capaz de medir essas peças com exatidão e obter, assim, resultados confiáveis e satisfatórios. A máquina possibilita a análise e a comparação de um modelo físico em relação ao que foi desenhado, fazendo com que o resultado final seja idêntico ao projetado. Por ser um equipamento extremamente sensível e preciso, seus cuidados precisam ser redobrados para a vida útil da máquina. Sua calibração deve ser executada por técnicos qualificados e experientes para garantir qualidade em seus resultados. O processo de usinagem pode ser visto como um conjunto formado por vários processos de manufatura, nos quais a ferramenta de corte é utilizada para remover excesso de material, identificado como cavaco de um sólido, tendo a principal ação do processo a deformação por cisalhamento, ou seja, a deformação por corte do material para formar o cavaco. Kiminami, Castro e Oliveira (2013) trazem que a 127 conformação por usinagem é dividida em três processos: o corte, que é, geralmente, feito por torneamento, furação, fresamento, corte por serra, aplainamento ou outros processos abrasivos; a retificação com uma usinagem ultrassônica e processos avançados de usinagem, que fazem uso de fontes de energia elétrica, térmica, química, hidrodinâmica e combinações, como eletro erosão, feixe de elétrons, usinagem eletroquímica; corte com jato d’água e abrasivos para remover material em excesso da peça. Figura 1 – Etapas de usinagem Fonte: KiminamI; Castro; Oliveira (2013). Segundo Kiminami, Castro e Oliveira (2013), a usinagem pode ser definida como: 128 Um dos mais importantes conjuntos de processos de manufatura, podendo ser aplicada a uma grande variedade de materiais, gerando qualquer geometria regular, tal como superfície plana, orifícios redondos e cilíndricos. É frequentemente usada como processo complementar ou de acabamento, quando o material foi produzido por fundição, conformação plástica ou metalurgia do pó; entretanto pode ser o processo principal de fabricação, por exemplo, de certas peças para a indústria aeronáutica. Pela combinação de diversas operações sequenciais de usinagem, formas de alta complexidade e variedade podem ser obtidas. Tolerâncias dimensionais bastante estreitas, menores que 25 micrometros, e acabamentos superficiais melhores que 0,4 micrometros podem ser obtidos. (KIMINAMI; CASTRO; OLIVEIRA, 2013, p. 106) 2.2 Inspeção e medição de peças usinadas Para ter o controle do sistema de medição de peças usinadas, é preciso saber quais são as peças e como devem ser controladas. Nos processos de corte, as variáveis independentes envolvidas e que podem ser controladas são, de acordo com Kiminami,Castro e Oliveira (2013: tipo de ferramenta de corte (com suas propriedades, forma, acabamento superficial); o material a ser usinado (com as suas propriedades e temperatura em que será usinado); tipo de fluido de corte e condições de corte (como velocidade da ferramenta em relação à superfície da peça – velocidade de avanço, quantidade de material removido por ciclo – profundidade de corte e velocidade de repetição do ciclo de corte. 3. Medição de peças por conformação plástica 3.1 O processo de conformação plástica Nos processos de manufatura, onde é utilizada a deformação plástica (Figura 2) como estratégia para alterar a forma do metal, essa deformação resulta do uso de uma ferramenta, uma matriz que aplica 129 tensões além do limite de escoamento do material, de forma que seja possível obter a geometria da matriz, o que pode ocorrer por meio de dois processos, de acordo com Kiminami, Castro e Oliveira (2013): • Processo de conformação de volumes: processo com significativa deformação, onde a razão entre a área superficial/ volume da peça é relativamente pequena, passando pelos processos de laminação, forjamento, extrusão e trefilação. • Processo de conformação em chapas: ocorre com operações realizadas a frio, com matriz de punção em chapas, tiras e bobinas, quando a razão entre a área superficial/ volume é alta, sendo realizado o processo de dobramento, estampagem profunda e corte por passagem. Figura 2 – Etapas e materiais na conformação plástica Fonte: Kiminami,Castro e Oliveira (2013, p. 75). 130 Os materiais iniciais são placas, blocos ou tarugos, que são transformados em chapas mais finas, tubos, perfis, barras redondas ou arames, e, por fim, por meio das placas, são obtidas chapas grossas ou finas; por meio dos blocos são obtidas bobinas de chapas ou tubos; e pelos tarugos, se obtêm os perfis, conforme Kiminami, Castro e Oliveira (2013, p.75). O processo de conformação plástica é denominado dessa forma porque passa por uma deformação plástica em função de temperatura e atrito. Pode ser obtido pelos processos de laminação convencional, processo de Manesmann, laminação de roscas e laminação transversal. Já o forjamento, pode ser em matriz aberta ou livre, matriz fechada e por operações correlatas, tendo também a extrusão do metal, a trefilação, a extrusão e o cisalhamento das chapas (Figura 3). Segundo Bresciani Filho et al. (2011, p. 19): Essa mecânica da deformação indica que a peça entra no espaço entre os cilindros com uma velocidade menor do que a velocidade com que sai, pois se pode admitir a hipótese da constância do volume na deformação plástica. Como a velocidade periférica dos cilindros é constante, existe uma linha na superfície de contato, ou um ponto no arco de contato: se for considerada a projeção em perfil–onde a velocidade da peça se iguala à velocidade do cilindro (e no qual a tensão de laminação, ou seja, a pressão aplicada pelos cilindros à peça é máxima). (BRESCIANI FILHO et al., 2011, p. 19) 131 Figura 3 – Principais tipos de conformação plástica Fonte: elaborada pela autora. 3.2 Inspeção e medição de peças conformadas plásticas Para garantir a uniformidade excepcional de todas as peças, devem ser instalados equipamentos de controle da qualidade durante a conformação. Pode ser utilizado um simulador físico de ensaios de torção à quente, que verificará o torque por meio da célula de carga, com a determinação da tensão equivalente para as equações de software verificarem a temperatura por meio de termopares, deformação por meio de sensor óptico digital, e tempo por meio de um computador que determina a taxa de deformação, o tempo de espera entre passes de aquecimento e resfriamento, de acordo com Balancin (2015). O controle dos ensaios é realizado com a programação de códigos para medições dos corpos de prova, ciclos térmicos e mecânicos, a 132 partir dos dados de entrada, utilizando interfaces seriais do software associado ao motor e controlador de temperatura do forno dos ciclos térmicos. As medições de temperatura e torque são realizadas por um conversor de alta velocidade para identificar a deformação e o tempo associado, informando os dados de torque e ângulo de deformação, que podem ser convertidos de volta para tensão e deformação equivalente, em tabelas, proporcionando gráficos com as curvas de tensão equivalente em relação à deformação equivalente. Na linha de produção, o processo de manufatura de peças metálicas precisa ser pensado para a redução dos erros diante de uma escala industrial, pois infere em custos desnecessários para a produção. Para isso, um processo de experimentação pode ser a simulação numérica do processamento industrial, ou seja, a construção em indústria associada à metrologia tridimensional, com auxílio de software para a metrologia virtual durante o processo de produção, afirma Balancin (2015). No forjamento industrial do processo de conformação plástica à quente, em matriz fechada com interesse comercial, pode ser aplicada a simulação numérica para maior verificação das variações de temperatura e deformação da taxa de deformação e da evolução microestrutural durante o processo de produção. Em geral, o processo ocorre com a confecção dessas peças em aço de baixo carbono, fornecido por siderúrgicas em barras cilíndricas, cortadas e aquecidas em um forno por indução. De acordo com Balancin (2015), o processo de forjamento é o conjunto de deformações sucessivas em matrizes fechadas, que apresentam a forma final da peça, simultaneamente às mudanças de forma, as alterações da microestrutura do material, deformado na manufatura do produto. 133 Kiminami, Castro e Oliveira (2013), afirmam que a ideia do processo industrial é aplicar as peças sob aquecimento por indução até 1040 ºC por três deformações seguidas para, assim, obter a pré- distribuição da massa e mais duas deformações sucessivas para obter a distribuição da massa fechada e obter a forma final da peça. Essa distribuição é realizada por uma matriz fechada em duas fases de recalque e uma de achatamento, tendo a temperatura durante o processo controlada por um pirômetro ótico para a manufatura final e, então, retirada da rebarba e resfriamento a temperatura ambiente. Figura 4 – Peças conformadas após os estágios de forjamento Fonte: Balancin (2019). PARA SABER MAIS Dicas práticas da Mundo do Plástico (2011) para a metrologia na indústria plástica: é sempre interessante trabalhar com equipamentos associados a softwares, que apresentem relatórios dos desvios, de forma que seja possível ter o controle estatístico do processo com o auxílio da construção de moldes de injeção plástica, com os equipamentos de medição ótica associados, reduzindo em 80% o tempo de correção de moldes. 134 4. Medição de peças fundidas 4.1 O processo de fundição O processo de fundição leva o metal em estado líquido a fluir por gravidade em um molde onde a peça se solidifica. Vale lembrar que o processo de fundição é utilizado para produção de peças com geometria complexa. Esse molde é produzido para fabricação em baixa escala e são utilizados moldes em madeira, onde a areia é conformada, e nos moldes metálicos a cavidade é usinada. Para obter os espaços de formas complexas são realizados os machos, que são volumes nos moldes, o que ocorre na etapa da macharia. O molde é vazado pelo bocal de vazamento, passando pelo canal de descida, onde a geometria cônica tem o fluxo constante, entrando, então, para o canal de distribuição, para a construção da peça nos canais de ataque. Então, o processo de solidificação é a transformação mais importante no processo de fundição, que determinará a microestrutura e é onde, se o processo estiver correto, serão evitados defeitos na forma da estrutura de acordo com o tipo da liga metálica e temperatura de fundição. O processo entre o desenho da peça e a peça acabada inicia após o projeto com a modelagem dos moldes, a macharia,em sequência segue para o processo de vazamento e solidificação do metal líquido com o molde, desmoldagem, corte de canais de massalote, para passar pela fusão na definição da forma da peça. Depois do processo de desmoldagem, a areia pode ser reutilizada. Pode ser verificada a necessidade de fusão da peça com adição de metal e, então, temos a peça semiacabada para passar por outros processo de qualidade de verificação da peça acabada, conforme Figura 5. (KIMINAMI; CASTRO; OLIVEIRA, 2013) 135 Figura 5 – Fluxograma do processo de fundição Fonte: elaborada pela autora. O processo de fundição do metal pode ocorrer com areia, em casca ou também identificado por Shell, em matriz por gravidade, sob pressão, centrifugação ou por precisão. Os principais benefícios do processo de fundição são: • Um modelo mestre pode ser produzido rapidamente por meio da tecnologia de impressão 3D, usualmente estereolitografia (SLA), ou sinterização laser seletiva (SLS). • Combina as tecnologias aditivas para economizar tempo e dinheiro ao partir diretamente para a fundição do metal queimando o modelo. 136 • Método econômico para produzir peças metálicas em pequenas quantidades. • O método de ferramental em silicone produz moldes rápidos, de baixo custo, em múltiplas partes para a produção do modelo de cera. Isso é impossível com os métodos tradicionais. ASSIMILE O processo de fundição do metal, na prática, em linha de produção, também pode ser realizado com a criação de uma peça mestre, utilizando a impressão tridimensional por estereolitografia de um modelo virtual, gerando um molde de silicone, que será reproduzido e receberá uma aplicação de cera, de forma que seja encapsulado em cerâmica e queimado para produzir o molde de fundição do metal. Ao ser fundida a peça, a cerâmica (tem a função da areia) pode ser removida, segundo Renishaw (2019). 4.2 Inspeção e medição de peças fundidas A realização de inspeção de peças fundidas é direcionada para verificar a integridade das peças acabadas, de forma que qualquer reparo seja feito antes da submissão de novos processos na linha de produção, onde é, em geral, realizada a aplicação de partículas magnéticas para descontinuidades superficiais e subsuperficiais, e o Ultrassom, para as descontinuidades internas, método que também pode ser utilizado para reduzir as espessuras internas. As medições 137 dessas espessuras são realizadas por meio de Ultrassom nos flanges de válvulas de retenção durante o processo, segundo Cota (2019). Para garantir a qualidade das peças finais, é realizado o controle de medição de temperatura com a chave para a fundição, pois as variações de temperatura podem comprometer o resultado e gerar prejuízos. Com temperaturas muito altas é possível que o molde seja danificado, e temperaturas muito baixas não permitem a fluidez necessária para o processo, o que deve ser controlado com a associação de termômetros, termopares e transmissores. A eficiência do processo de fundição pode ser comprometida e provocar prejuízos significativos ao negócio por falhas ou imperfeições no sistema de medição e controle de temperatura do material utilizado. Assim também as peças mais detalhadas de metal fundido exigem altas temperaturas de fundição, principalmente, para peças com formas complexas. Por isso, a qualidade dos equipamentos de medição e controle de temperatura pode determinar os resultados da indústria de fundição quanto à forma e propriedades físicas desejadas, como a resistência à tração, por exemplo, segundo Omega (2019). TEORIA EM PRÁTICA Considere que você está trabalhando com o processo de produção de componentes metálicos que ocorrem por fundição, conformação plástica e/ou usinadas, e deverá realizar os procedimentos de medição de cada um dos processos. 138 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. São variáveis do sistema de análise de medição: a. Usinagem, fundição, repetitividade e reprodutibilidade. b. Usinagem, estabilidade, conformação plástica e reprodutibilidade. c. Tendência, estabilidade, conformação plástica e reprodutibilidade. d. Tendência, estabilidade, fundição e conformação plástica. e. Tendência, estabilidade, repetitividade e reprodutibilidade. 2. Assinale a alternativa que apresenta o último processo da usinagem. a. Corte por torneamento. b. Corte por fresamento. c. Corte por furação. d. Corte por cisalhamento. e. Corte com jato d’água. 3. Assinale a alternativa que apresenta qual é o formato de conformação por forjamento na conformação plástica. a. Deformação por corte. b. Deformação por cisalhamento. c. Deformação por compressão. d. Deformação por temperatura. e. Deformação por usinagem. 139 Referências Bibliográficas BALANCIN, Oscar. Simulação do forjamento a quente de uma peça comercial. 2015. Disponível em: http://www.dema.ufscar.br/termomec/ index.php/visao-cientifica/comportamento-plastico/10-conteudo. Acesso em: 24 mar. 2020. BRESCIANI FILHO, E. et al. Conformação plástica dos metais. 6. ed. São Paulo: Epusp, 2011. COTA, G. Medição de espessuras em fundidos. 2019. Disponível em: http://www.poliend.com.br/medicao-de-espessura-em-fundidos/. Acesso em: 24 mar. 2020. KIMINAMI, C. S.; CASTRO, W. B. de; OLIVEIRA, M. F. de. Introdução aos processos de fabricação de produtos metálicos. São Paulo: Blucher, 2013. Disponível em: https://issuu.com/editorablucher/docs/ issu_introdu____o_aos_processos_de__13ddc3cc563b1e. Acesso em: 24 mar. 2020. MUNDO DO PLÁSTICO. Dicas práticas para a metrologia na indústria plástica; veja. Disponível em: https://mundodoplastico.plasticobrasil. com.br/dicas-praticas-para-a-metrologia-na-industria-plastica-veja/. Acesso em: 20 mar. 2020. OMEGA. Qualidade no controle e medição de temperatura é chave para fundição: Variações na temperatura podem comprometer resultado e gerar prejuízo. 2019. Disponível em: https://br.omega.com/ noticias/processos-fundicao.html. Acesso em: 24 mar. 2020. PETENATE, M. O que é MSA (análise do sistema de medição) e como ela pode ser utilizada na empresa? 2019. Disponível em: https://www. escolaedti.com.br/o-que-e-msa-analise-do-sistema-de-medicao-e-como- ela-pode-ser-utilizada-na-empresa/. Acesso em: 24 mar. 2020. http://www.dema.ufscar.br/termomec/index.php/visao-cientifica/comportamento-plastico/10-conteudo http://www.dema.ufscar.br/termomec/index.php/visao-cientifica/comportamento-plastico/10-conteudo http://www.poliend.com.br/medicao-de-espessura-em-fundidos/ https://issuu.com/editorablucher/docs/issu_introdu____o_aos_processos_de__13ddc3cc563b1e https://issuu.com/editorablucher/docs/issu_introdu____o_aos_processos_de__13ddc3cc563b1e https://mundodoplastico.plasticobrasil.com.br/dicas-praticas-para-a-metrologia-na-industria-plastica-veja/ https://mundodoplastico.plasticobrasil.com.br/dicas-praticas-para-a-metrologia-na-industria-plastica-veja/ https://br.omega.com/noticias/processos-fundicao.html https://br.omega.com/noticias/processos-fundicao.html https://www.escolaedti.com.br/o-que-e-msa-analise-do-sistema-de-medicao-e-como-ela-pode-ser-utilizada-na-empresa/ https://www.escolaedti.com.br/o-que-e-msa-analise-do-sistema-de-medicao-e-como-ela-pode-ser-utilizada-na-empresa/ https://www.escolaedti.com.br/o-que-e-msa-analise-do-sistema-de-medicao-e-como-ela-pode-ser-utilizada-na-empresa/ 140 RENISHAW. Fundição de peças metálicas: peças de alta qualidade em metais não ferrosos utilizando modelos em cera obtidos a partir do processo de fundição a vácuo Renishaw. 2019. Disponível em: https:// www.renishaw.com.br/pt/fundicao-de-pecas-metalicas—15267. Acesso em: 24 mar. 2020. Gabarito Questão 1 – Resposta: E. Resolução: Tendência, estabilidade, repetitividade e reprodutibilidade, pois fundição, conformação plástica e usinagem não são variáveis na análise de medição. Questão 2 – Resposta: E. Resolução: Corte com jato d’água para a limpeza da peça. Questão 3 – Resposta: D. Resolução: Forjamento é uma conformação plástica realizada por deformação em relação à sua temperatura.https://www.renishaw.com.br/pt/fundicao-de-pecas-metalicas—15267 https://www.renishaw.com.br/pt/fundicao-de-pecas-metalicas—15267 141 Bons estudos! Metrologia Dimensional no Processo de Manufatura Objetivos 1. Introdução 2. O processo de medição 3. Instrumentos de medição e integração da metrologia na indústria Verificação de leitura Referências Bibliográficas Gabarito Fundamentação matemática da medição 3D e estudo dos elementos de Geometria Plana e Espacial Objetivos 1. Introdução sobre a necessidade da fundamentação matemática e geometria 2. Histórico sobre a geometria para a metrologia 3. Geometria plana 4. Geometria espacial 5. Sistema Geométrico de Dimensionamento e Tolerâncias (GD&T) Verificação de leitura Referências Bibliográficas Gabarito Princípios da Fotogrametria Objetivos 1. Introdução 2. Propriedades e classificação 3. Câmeras e acessórios 4. Fotointerpretação Verificação de leitura Referências Bibliográficas Gabarito Escaneamento 3D e Calibração Objetivos 1. Introdução 2. Classificação e características 3. Calibração Verificação de leitura Referências Bibliográficas Gabarito Avaliação experimental da exatidão de máquinas de medir 3D Objetivos 1. Introdução 2. Histórico 3. Definições e características 4. Composição e funcionamento 5. Avaliação da exatidão das máquinas de medir 3D Verificação de leitura Referências Bibliográficas Gabarito Estratégias para preservar a confiabilidade nos resultados de medição 3D Objetivos 1. Introdução 2. Variabilidades de processos de metrologia Verificação de leitura Referências Bibliográficas Gabarito Exemplos de MSA (Análise de Sistema de Medição) 3D de diferentes peças: usinadas, conformadas, fundi Objetivos 1. Análise de Sistema de Medição 2. Medição de peças usinadas 3. Medição de peças por conformação plástica 4. Medição de peças fundidas Verificação de leitura Referências Bibliográficas Gabarito