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IMAGENOLOGIA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Andressa Santi 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
O biomédico na imagenologia 
A biomedicina é conhecida por abranger diversas áreas de atuação, 
sendo uma delas a de diagnóstico por imagem. Mas o que exatamente faz um 
biomédico imagenologista? 
Sabe-se que, quando o assunto é diagnóstico, é muito importante que 
existam diversas áreas atuando de maneira conjunta para que seja possível 
chegar a uma conclusão. A imagenologia abarca todos os exames que geram, 
de fato, imagens a serem avaliadas e interpretadas por profissionais médicos a 
fim de, em conjunto com outros exames clínicos, diagnosticar determinadas 
doenças. 
Para que as imagens sejam geradas, é necessário – além, é claro, dos 
equipamentos – que exista um profissional legalmente habilitado e capaz de 
manusear essas máquinas e realizar os exames. Entre esses profissionais, 
encontra-se o biomédico imagenologista. Nesse campo, várias são as opções 
de exercício da profissão que incluem tomografia computadorizada, ressonância 
magnética, medicina nuclear, densitometria óssea, mamografia, raio X e outras. 
Em qualquer uma delas, é muito importante que o profissional tenha 
conhecimento e domínio não apenas sobre o equipamento que está sendo 
utilizado, mas também a respeito da anatomia e funcionamento dos sistemas do 
corpo humano. Pode-se afirmar que é básico para que atua no diagnóstico por 
imagem reconhecer todas as estruturas do corpo, sabendo distinguir até mesmo 
nos diferentes planos (sagital, coronal e axial). 
Até mesmo dentro das áreas que citamos, existem subespecialidades, 
como na medicina nuclear, na qual se pode atuar tanto na Tomografia por 
Emissão de Pósitrons (PET/CT) quanto nos exames de cintilografia no geral. A 
imagenologia constitui um grande leque de possibilidades e requer 
conhecimentos básicos e aprofundados sobre o corpo humano – sem falar no 
interesse em se manter permanentemente atualizado para que os diagnósticos 
sejam cada dia mais precisos. 
 
 
 
3 
TEMA 1 – ANATOMIA DO CORPO HUMANO 
O conhecimento e o domínio da anatomia humana são essenciais para 
estudantes e profissionais de saúde. É aqui que todos os órgãos, sistemas e 
estruturas do corpo humano são estudados, e quando o assunto é diagnóstico 
por imagem, pode-se dizer que é a base para conseguir entender todo o restante 
da disciplina. 
O corpo humano pode ser dividido em cabeça, pescoço, tronco e 
membros. Já a anatomia humana pode ser classificada em: 
• anatomia sistêmica – estuda os sistemas do corpo humano (respiratório, 
digestório, esquelético, muscular, cardiovascular e endócrino). Cada um 
deles exerce determinadas funções e, dentro de cada função, existem 
órgãos responsáveis para que ocorra o funcionamento correto de tudo. 
• anatomia regional ou topográfica – estuda as regiões (com base na 
anatomia sistêmica), como tórax e abdômen. 
• Anatomia clínica – o estudo do corpo humano é feito com auxílio de 
aparelhos de imagem, como a tomografia computadorizada. 
• Anatomia palpatória ou de superfície – também com base na anatomia 
sistêmica, o profissional avalia por intermédio do toque. 
Como base para estudo da anatomia humana, existe a posição anatômica 
do corpo humano, padronizada dessa maneira para evitar erros de referência. 
Essa posição é o corpo humano de pé, ereto, cabeça e olhos voltados para o 
horizonte, queixo em paralelo com os pés, braços ao lado do corpo e palmas das 
mãos viradas para frente (Figura 1). É baseado nela que os outros 
posicionamentos são realizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
Figura 1 – Posição anatômica 
 
Crédito: Lazuin/Shutterstock. 
Com base nisso, o corpo humano pode ser dividido em planos e eixos, 
conforme disposto a seguir. 
• Plano coronal: corta-se o corpo lateralmente, indo de orelha a orelha. 
Nesse plano, identifica-se se a estrutura é anterior ou posterior (Figura 2). 
Figura 2 – Corte coronal 
 
Crédito: Excellent Dream/Shutterstock. 
 
 
5 
• Plano sagital: corta-se o corpo em dois lados (direito e esquerdo), como 
ilustrado na Figura 3. 
Figura 3 – Corte sagital 
 
Crédito: Excellent Dream/Shutterstock. 
• Plano axial (ou transversal): corta-se o corpo ao meio, separando em parte 
superior e inferior (Figura 4). 
Figura 4 – Corte axial 
 
Crédito: Excellent Dream/Shutterstock. 
 
 
6 
É muito importante que esses planos sejam estudados e entendidos, visto 
que na área da imagenologia todos os exames requerem conhecimento dos 
cortes anatômicos, desde o posicionamento do paciente até a realização deles. 
Quando se fala em plano coronal, sagital e axial, deve-se lembrar que 
esses cortes englobam, além do esqueleto, os órgãos do corpo humano, como 
o cérebro, que pode ser visto nos três diferentes planos (Figura 5). 
Figura 5 – Cortes anatômicos do cérebro 
 
Crédito: Radiological Imaging/Shutterstock. 
Em determinados exames de imagem – a tomografia computadorizada é 
um deles –, as imagens adquiridas podem ser reconstruídas nos três planos, de 
maneira que facilitem a visualização médica para conclusão de diagnósticos. 
Além dos cortes, existem os eixos anatômicos: 
• eixo sagital – também chamado de eixo anteroposterior, é formado pelo 
encontro do plano sagital com o plano axial e possibilita os movimentos 
de adução e abdução; 
• eixo longitudinal – também chamado de eixo craniossacral, é formado 
pelo encontro dos planos coronal e sagital e possibilita os movimentos de 
rotação lateral e rotação medial; 
• eixo transversal – também conhecido como eixo látero-lateral, estende-se 
de um lado ao outro e possibilita os movimentos de flexão e extensão. 
Para designar a posição do membro conforme a distância entre a estrutura 
e a raiz dele, usam-se os termos proximal (quando se encontra mais próximo da 
raiz do membro) e distal (quando está mais afastado dela). É um conceito muito 
importante na imagenologia, visto que na aquisição de imagens o profissional 
muitas vezes deve ser bem específico quanto ao posicionamento do paciente 
para a realização das imagens corretas (Figura 6). 
 
 
7 
Figura 6 – Posição anatômica 
 
Crédito: Vectormine/Shutterstock. 
TEMA 2 – ÓRGÃOS E SISTEMAS 
Para que o corpo humano funcione de forma correta, é necessário que 
exista a chamada homeostase que, segundo Claude Bernard descreveu em 
1929, é a constância do meio interno (Avila-Pires, 1976). Essa constância é feita 
mediante um processo de autorregulação dos sistemas biológicos para que se 
ajustem às condições ótimas de sobrevivência. 
Uma vez que ocorra algum tipo de mudança (seja interna, seja externa) 
que possa ocasionar desequilíbrio dessa homeostasia, há também a 
probabilidade de se desencadearem falhas e, consequentemente, doenças do 
meio interno. 
Os principais sistemas do corpo humano que são trabalhados na 
imagenologia são: 
• Sistema esquelético – o esqueleto é composto por ossos e cartilagens e 
tem duas partes principais: esqueleto axial e esqueleto apendicular. O 
axial consiste nos ossos da cabeça, pescoço e tronco, ou seja, crânio, 
 
 
8 
vértebras cervicais, costelas, esterno vértebras e sacro; e o apendicular, 
nos ossos dos membros (braços e pernas). 
• Sistema articular – as articulações são as junções entre duas ou mais 
peças esqueléticas e podem ser classificadas quanto ao número de ossos 
presentes (simples ou compostas), histologicamente (com base nos tipos 
de tecidos) e funcionalmente (com base na quantidade de movimentos 
permitidos entre os ossos que formam a articulação). 
• Sistema muscular – tem como principal função possibilitar o movimento, 
visto que é o único tecido do corpo que tem capacidade de contração e, 
consequentemente, fazer com que ocorram os movimentos do corpo. 
Também é responsável pela manutenção da postura e posição do corpo. 
Geralmente, os músculos se contraem para manter o corpo imóvel ou em 
umaposição específica. 
• Sistema cardiovascular – é responsável pelo fornecimento de nutrientes, 
retirada de metabólitos, regulação da pressão arterial, transporte de 
hormônios, regulação da temperatura corporal e outros ajustes 
homeostáticos em estados alterados. 
• Sistema respiratório – permite o transporte de oxigênio (O2) para o sangue 
com a finalidade de ser distribuído às células. Também é responsável pela 
retirada de gás carbônico (CO2) do sangue para o exterior. Pode ser 
dividido em porção condutora (que leva o ar para os locais onde 
acontecem as trocas gasosas), formada por cavidade nasal, faringe, 
laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e bronquíolos terminais, e porção 
respiratória (onde ocorre a troca de gases entre o ar e o sangue), formada 
pelos bronquíolos respiratórios, ductos alveolares, sacos alveolares e 
alvéolos. 
• Sistema nervoso – coordena as funções de todos os sistemas do 
organismo por meio da recepção e interpretação de estímulos dos meios 
interno e externo, desencadeando respostas adequadas. Com essa 
função, auxilia na manutenção da homeostase do organismo. Pode ser 
dividido em: 
• Sistema Nervoso Central (SNC), que é composto por encéfalo e 
medula espinhal e tem a função de processar e integrar 
informações. 
 
 
9 
• Sistema Nervoso Periférico (SNP), que é composto por nervos e 
gânglios e responde pela condução de informações entre órgãos 
receptores de estímulos, o SNC e órgãos efetores. 
• Sistema geniturinário – é formado pelo sistema urinário e pelos sistemas 
reprodutores feminino e masculino. As principais funções do sistema 
urinário são: armazenar, produzir e excretar a urina, fazer a regulação da 
composição química do sangue, eliminar todo o excesso de líquidos e 
resíduos existentes no organismo por meio da urina, garantir o equilíbrio 
dos minerais e ajudar na regulação da produção das hemácias. Ele é 
composto pela bexiga, uretra, rins, esfíncteres e ureteres. O sistema 
reprodutor feminino é composto por tuba uterina, ovário, vagina e útero 
(órgãos genitais internos) e lábios menor e maior, vestíbulo da vagina, 
monte púbico, clitóris, glândulas vestibulares maiores e bulbo do 
vestíbulo. Nos homens, os órgãos genitais são compostos pelos 
testículos, ductos deferentes, epidídimos, ductos ejaculatórios, vesículas 
seminais, glândulas bulbouretrais, próstata e pênis. 
• Sistema digestivo – responsável pela digestão e absorção dos alimentos, 
é formado pelo tubo gastrointestinal e pelas glândulas acessórias. Nesse 
sistema, existem segmentos que produzem hormônios que contribuem 
para o bom funcionamento da digestão dos alimentos. O trato 
gastrointestinal (TGI) é o segmento musculoso que transporta os 
alimentos desde a boca até a excreção pelo ânus mediante a defecação. 
Esse trajeto é formado por cavidade bucal, faringe, esôfago, estômago, 
intestino delgado, intestino grosso, reto, canal anal e ânus. 
• Sistema linfático – é uma rede complexa formada por vasos linfáticos, 
capilares linfáticos, ductos linfáticos, linfonodos e órgãos linfoides que 
complementam o sistema sanguíneo, além de produzir linfa, formar 
células de defesa, impedir edema intersticial, armazenar sangue e destruir 
hemácias velhas. Os principais órgãos linfoides são o baço, o timo e as 
tonsilas. As funções desse sistema são manutenção das proteínas 
plasmáticas e dos líquidos, imunidade celular e humoral e absorção de 
lipídeos da dieta. 
• Sistema endócrino – realiza o controle das funções fisiológicas, pela 
produção e liberação de hormônios na corrente sanguínea. Esses 
hormônios são produzidos em pequenas quantidades pelas glândulas 
 
 
10 
endócrinas para agir em específicos órgãos. As glândulas endócrinas são 
tireoide, paratireoides, hipófise, suprarrenal, pineal e timo. 
 Juntos, esses sistemas trabalham para garantir que as funções vitais do 
organismo estejam em pleno funcionamento. O equilíbrio desses sistemas em 
funcionamento é a homeostase. 
TEMA 3 – CONCEITOS BÁSICOS DE RADIAÇÃO 
Ao falar sobre imagenologia, é de extrema importância o conhecimento 
sobre o conceito de radiação e tudo o que ela engloba. A radiação é a energia 
em trânsito, ou seja, que se propaga de um ponto a outro no espaço por meio de 
partículas dotadas de energia cinética (radiações corpusculares) ou de ondas 
eletromagnéticas (radiações eletromagnéticas). Pode ser gerada por fontes 
naturais ou por dispositivos criados pelo homem. 
Um subconceito de radiação é a radioatividade, que é a capacidade que 
alguns elementos fisicamente instáveis possuem de emitir energia sob forma de 
partículas ou de radiação. As radiações podem ser: ionizantes e não ionizantes. 
As radiações ionizantes são aquelas cuja energia é superior à energia de ligação 
dos elétrons de um átomo com o seu núcleo. Energias emitidas de núcleos 
instáveis são capazes de causar ionização. Quando esse núcleo instável emite 
partículas, elas são tipicamente na forma de partículas alfa, beta ou nêutrons. 
No caso da emissão de energia, ela se faz em forma de ondas eletromagnéticas 
semelhantes aos raios-X: os raios gama. 
As partículas alfa, por terem massa e carga elétrica relativamente maior, 
podem ser facilmente detidas. A blindagem é uma folha de papel. Já as 
partículas beta têm capacidade de penetração maior do que as partículas alfa e 
são capazes de penetrar cerca de um centímetro dos tecidos, ocasionando 
danos à pele (sem prejudicar os órgãos internos). Pode ser blindada com acrílico. 
A radiação gama – ao contrário da alfa e beta, que são constituídas por 
partículas – é formada por ondas eletromagnéticas emitidas dos núcleos 
instáveis logo após a emissão de uma partícula alfa ou beta. Os raios gama são 
extremamente penetrantes, e a blindagem típica é o chumbo. Na Figura 7, é 
possível observar as radiações ionizantes. 
Figura 7 – Blindagem das radiações ionizantes alfa, beta, gama e nêutron, 
respectivamente, através de uma folha de papel, alumínio, chumbo e concreto 
 
 
11 
 
Crédito: Osweetnature/Shutterstock. 
Por sua vez, a radiação não ionizante tem baixa energia e baixa 
frequência. Também é denominada de campo eletromagnético, que se propaga 
através de uma onda eletromagnética constituída por um campo elétrico e um 
campo magnético. Nesse caso, pode ser gerada por fonte natural ou não natural. 
3.1 Interação das radiações com a matéria 
Uma das principais dúvidas sobre radiação diz respeito aos efeitos que 
pode causar. Quando ela interage com a matéria, ocorre a transferência de 
energia, o que pode vir a provocar ionização e excitação dos átomos e 
moléculas, causando modificação (ao menos temporária) na estrutura dessas 
moléculas. O dano mais considerável é o que pode ser causado no DNA. 
Ao entrar em contato com a radiação, os efeitos físico-químicos não 
podem ser controlados e acontecem logo após alguns segundos. 
Os efeitos biológicos acontecem em maiores intervalos de tempo – podem 
variar de minutos a anos. Nesse caso, a resposta é natural, gerada pelo 
organismo devido à exposição a um agente agressor, e não necessariamente 
causa doença; pode provocar, por exemplo, redução nos leucócitos. 
Quando ocorre alguma doença, é causada pelo efeito orgânico. Isso 
acontece quando o organismo não consegue se recuperar devido à quantidade 
e/ou frequência dos efeitos biológicos. Podemos citar como exemplo a leucemia. 
 
 
12 
A exposição à radiação pode ser externa, ou seja, de fontes exteriores ao 
corpo, provenientes de fontes radioativas ou raios-x, ou de fontes internas, 
resultante da ingestão de materiais radioativos, por exemplo. Os danos podem 
ser somáticos (quando acontecem diretamente na pessoa irradiada) ou 
hereditários (quando os danos se manifestam nas gerações seguintes como 
resultado dos danos causados nos órgãos dos reprodutores). 
TEMA 4 – EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES 
Os efeitos biológicos podem ser estocásticosou determinísticos. O que 
difere os dois é que nos estocásticos ocorre apenas a transformação celular, ao 
passo que nos determinísticos há a morte celular. 
• Efeitos estocásticos – a probabilidade de ocorrerem é diretamente 
proporcional à dose de radiação, mas a gravidade independe da dose 
recebida. Podem acontecer com doses pequenas de radiação, ou seja, 
não apresentar limiar de dose para que se deem. Ocorre alteração 
aleatória do DNA de uma única célula que continua a se reproduzir, 
levando à alteração celular. A severidade dos danos causados é 
determinada pela localização e pelo tipo de tumor ou anomalia resultante. 
No entanto, o organismo possui excelentes métodos de defesa, e na 
maioria das vezes essas transformações neoplásicas não evoluem para 
câncer. Quando esses métodos falham, após um longo período de 
latência, o câncer aparece. Pode também ocorrer efeito hereditário, caso 
o dano ocorra em células germinativas. 
• Efeitos determinísticos – estão diretamente relacionados à dose de 
radiação absorvida, e, diferentemente dos efeitos estocásticos, a 
gravidade aumenta à medida que a dose cresce também, pois existe um 
limiar de dose. Nesse caso, ocorre a morte celular, e as alterações 
causadas são somáticas. 
Apesar da existência desses efeitos, o corpo humano apresenta um 
mecanismo chamado de reversibilidade, responsável pelo reparo das células 
mesmo quando os danos causados são profundos. 
 
 
 
 
13 
TEMA 5 – PROTEÇÃO RADIOLÓGICA 
Como visto, existem muitos danos que podem ser causados pela 
exposição à radiação. Como na imagenologia essa exposição é frequente, existe 
a proteção radiológica para que o profissional atue de maneira segura. O objetivo 
dela é fornecer um padrão apropriado de proteção ao indivíduo que está atuando 
na área. A proteção radiológica baseia-se em princípios fundamentais: 
• Justificativa: o benefício tem que ser tal que justifique o detrimento, que 
se define como sendo a relação entre a probabilidade de ocorrência e o 
grau de gravidade do efeito. 
• Otimização: o número de pessoas expostas, as doses individuais e a 
probabilidade de ocorrência de efeitos nocivos devem ser tão baixos 
quanto razoavelmente exequíveis (princípio As Low As Reasonably 
Achievable – ALARA). 
• Limitação de dose: a dose individual dos trabalhadores e indivíduos 
públicos não deve exceder os limites de dose recomendados, excluindo-
se as exposições médicas de pacientes. 
• Prevenção de acidentes: todo esforço deve ser direcionado do sentido de 
estabelecer medidas rígidas para prevenção de acidentes (CNEN, 2014). 
Esse sistema de proteção radiológica existe a fim de evitar os efeitos 
determinísticos, visto que há um limiar de dose e o objetivo é manter os 
indivíduos expostos abaixo dele. 
Para a proteção radiológica das exposições externas, consideram-se 
distância, tempo e blindagem. Sendo assim, quanto mais longe da fonte, melhor; 
quanto menos tempo exposto a essa fonte, melhor; e, quanto mais eficiente for 
a blindagem, melhor. 
Também é possível classificar as exposições dos seres humanos à 
radiação da seguinte maneira: 
• exposição ocupacional – ocorre no ambiente de trabalho; 
• exposição médica – é a exposição de indivíduos que passam por 
tratamento ou diagnóstico no meio da radiologia e também de pessoas 
que ajudam a conter ou amparar pacientes ou até mesmo de voluntários 
de pesquisas clínicas; 
• exposição ao público: todas as outras. 
 
 
14 
Quando falamos em frequência e intensidade de exposição, podem ser 
diferenciadas, por exemplo: 
• exposição única – radiografia convencional; 
• exposição fracionada – radioterapia (nesse caso, são necessárias várias 
sessões de tratamento); 
• exposição periódica – originada da rotina de trabalho com materiais 
radioativos; 
• exposição de corpo inteiro – acidente nuclear, por exemplo; 
• exposição parcial – pessoa que manipula os radionuclídeos; 
• feixe intenso – radioterapia e esterilização de alimentos. 
• feixe médio – radiodiagnóstico; 
• feixe fraco – radioatividade natural. 
Para que o profissional que tem contato com a radiação possa trabalhar 
de maneira segura, existe a avaliação de dose individual, ou seja, em locais que 
possam determinar algum tipo de risco, o indivíduo deve usar um dosímetro, 
sendo ele de tórax e de pulso (este é usado quando o profissional faz 
manipulação de materiais radioativos). Há um limite de dose individual a que se 
pode estar exposto, e este não deve ser ultrapassado. 
NA PRÁTICA 
Saber utilizar os materiais disponíveis, bem como livros e imagens 
facilmente encontradas quando o assunto é anatomia humana, ajuda muito na 
prática clínica. Esse é um conhecimento indispensável para quem atua na área 
da imagenologia. Os conceitos básicos são sempre tão importantes quanto os 
estudos mais profundos, e ter uma boa base torna o processo de aprendizado 
mais fácil. 
FINALIZANDO 
 Os cortes anatômicos (sagital, coronal e axial), bem como as estruturas 
e sistemas do corpo humano e os conceitos básicos de radiação, são o início do 
caminho na imagenologia. Dominar esses assuntos a ponto de colocá-los em 
prática no dia a dia é um diferencial para o profissional que deseja atuar na área. 
Saber utilizar os princípios da proteção radiológica visando manter os cuidados 
 
 
15 
necessários durante a rotina de trabalho em situações que empregam radiação 
ionizante vai trazer benefícios não apenas ao paciente que está sendo tratado, 
mas principalmente ao profissional que tem contato direto com esse meio. 
 
 
 
16 
REFERÊNCIAS 
ANDRADE FILHO, E. P.; PEREIRA, F. C. F. Anatomia geral. Sobral: INTA, 
2015. Disponível em: <https://md.uninta.edu.br/geral/anatomia-
geral/pdf/anatomia-geral.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2021. 
AVILA-PIRES, F. D. A contribuição de Claude Bernard à ecologia médica. 
Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 10, n. 4, p. 225-230, 
ago. 1976. Disponível em: 
<https://www.scielo.br/j/rsbmt/a/VVCCvxN4h4CCHvkCG8H7b9L/?format=pdf&l
ang=pt>. Acesso em: 13 ago. 2021. 
AZEVEDO, A. C. P. Radioproteção em serviços de saúde. Rio de Janeiro: 
Fiocruz, [S.d.]. Disponível em: 
<http://www.fiocruz.br/biossegurancahospitalar/dados/material10.pdf>. Acesso 
em: 13 ago. 2021. 
CNEN − Comissão Nacional de Energia Nuclear. CNEN NN 3.01 − Diretrizes 
básicas de proteção radiológica. 2014. Disponível em: 
<http://appasp.cnen.gov.br/seguranca/normas/pdf/Nrm301.pdf>. Acesso em: 13 
ago. 2021. 
RAIDAN, C. Introdução ao estudo da anatomia humana. São Mateus: UFES, 
[S.d.]. Disponível em: 
<https://citogenetica.ufes.br/sites/nupea.saomateus.ufes.br/files/field/anexo/aul
a_1_anatomia.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2021. 
UNEP – United Nations Environment Programme. Radiação – efeitos e fontes. 
Nairóbi: UNEP, 2016. Disponível em: 
<http://www.aben.com.br/Arquivos/544/544.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2021. 
XAVIER, A. M.; MORO, J. T.; HEILBRON, P. F. Princípios básicos de 
segurança e proteção radiológica. 3. ed. rev. Porto Alegre: UFRGS, 2006. 
Disponível em: <https://www.gov.br/cnen/pt-br/acesso-rapido/centro-de-
informacoes-nucleares/material-didatico-1/principios-basicos-de-seguranca-e-
protecao-radiologica-terceira-edicao-revisada.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMAGENOLOGIA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Andressa Santi 
 
 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, iremos entender os conceitos de medicina nuclear e um pouco 
sobre alguns exames que são muito realizados neste meio. O conhecimento 
básico desse tema é muito relevante para entender melhor o fluxo e a rotina do 
profissional que trabalha nessa área. 
TEMA 1 – MEDICINA NUCLEAR 
Uma das principais áreas de atuação do biomédico imagenologista é na 
medicina nuclear, que é responsável pelo diagnóstico de diversas doenças 
utilizando materiais radioativos e equipamentos que são capazes de realizara 
captação desses materiais. Na medicina nuclear, os principais exames 
realizados são as cintilografias (que podem ser de todas as partes do corpo) e o 
PET/CT, um dos exames mais utilizados na oncologia. 
1.1 As primeiras descobertas na radioatividade 
Em 1896, pela primeira vez na história, Henri Becquerel descreveu o 
fenômeno da radioatividade. Ele observou que o urânio emitia radiações 
semelhantes aos raios-x, que causavam impressões em chapas fotográficas e 
ionizavam gases. 
Em 1898, o casal Marie e Pierre Curie batizaram esse fenômeno, 
descoberto por Becquerel, com o nome que o chamamos até hoje: 
radioatividade. Eles destacaram que cada elemento radioativo possuía essa 
propriedade de forma particular, constatando, em sequência, nos elementos 
rádio, polônio e tório. 
Marie Curie foi a primeira pessoa na história a receber dois prêmios Nobel 
por criar a base científica para os futuros estudos desenvolvidos nesse campo 
por meio do livro Tratado de Radioatividade, publicado em 1910. Também foi a 
primeira mulher a tornar-se membro da Academia Francesa de Medicina. 
Já em 1899, Rutherford observou que as emissões radioativas são 
compostas de, no mínimo, dois tipos de “raios”, sendo um mais penetrante e 
outro facilmente absorvido, chamando-os de alfa (α) (os menos penetrantes) e 
beta (β), que ainda não possuía características muito conhecidas. 
 
 
3 
O casal Curie verificou que alguns raios eram defletidos pelo ímã e outros 
não eram. Os que eram defletidos, correspondiam à radiação beta de Rutherford, 
tendo o sentido da deflexão semelhante aos raios catódicos. Posteriormente, a 
radiação que não defletia foi identificada como raios alfa. Com essa experiência, 
foram determinadas as cargas elétricas das partículas radioativas e as suas 
massas. 
Figura 1 – O casal Curie 
 
Créditos: Everett Collection/Shutterstock. 
Em 1900, Paul Villard verificou que existia um tipo de radiação que não 
sofria nenhum tipo de influência de campos elétricos e magnéticos e que tinha 
um poder de penetração maior do que todas as outras anteriormente 
descobertas. Produzia efeito elétrico, luminoso e fotográfico muito maior que os 
das radiações alfa e beta. 
 
 
4 
Ele percebeu que, quando essa radiação atravessa um gás ou um sólido, 
produz um tipo de radiação secundária similar à radiação beta, que pode 
impressionar igualmente placas fotográficas, tornar o ar condutor e desviar por 
um campo magnético. Desta forma, a radiação gama (γ) foi a última descoberta. 
A radioatividade é um fenômeno natural, ocorre devido à desintegração 
de radionuclídeos (ou núcleos instáveis), onde há emissão de energia na forma 
de onda eletromagnética (γ) ou partículas (α, β ou nêutrons, dependendo das 
suas propriedades físicas, como carga e massa). 
Os raios-x para uso médico ou industrial são considerados uma radiação 
artificial, pois são gerados por meio de uma descarga elétrica de alta voltagem, 
onde, por aceleração, os elétrons (no catodo) se chocam com um alvo metálico 
polarizado positivamente (ânodo), gerando, assim, os raios-x. Tanto a radiação 
γ quanto os raios-x são ionizantes. 
Na medicina nuclear, a aplicação da radiação é utilizada em 
procedimentos não invasivos que possibilitam avaliações funcionais, anatômicas 
e morfológicas. 
1.2 Princípios da medicina nuclear 
O uso dos radionuclídeos pode ser tanto como fontes, quando o meio 
biológico recebe apenas a radiação, como com traçadores radioativos. 
O primeiro exame que foi feito utilizando radioisótopos foi a captação de 
iodo pela tireoide. Desde 1938, o iodo radioativo é muito utilizado na medicina 
nuclear, em que também foi usado com fins de tratamento em pacientes com 
câncer de tireoide. 
Em 1958, Hal Anger desenvolveu a câmara de cintilação, um sistema que 
faz a formação de imagens que não exigia que o detector fosse movimentado e 
que apresentava maior resolução geométrica, além de ser possível obter 
projeções diferentes a partir de uma mesma distribuição do radiofármaco. Essas 
informações que as câmaras adquiriam eram transformadas em imagens e 
exibidas por um tubo de raios catódicos, de modo que se tornavam filmes ou 
chapas fotográficas. Os equipamentos que são utilizados hoje em dia são 
derivados desta câmara de Anger. 
Hoje, os equipamentos câmara gama são compostos por um Gantry, um 
sistema de movimentação, um sistema de processamento, um sistema de 
armazenamento de dados e o sistema de impressão. 
 
 
5 
• Gantry: é o componente que contém o sistema de detecção da radiação 
acoplado a uma parte eletrônica necessária para essa detecção. O 
sistema de detecção da radiação utiliza cristais cintiladores e nesses 
cristais estão acoplados vários tubos fotomultiplicadores. O tamanho e o 
formato desses cristais podem variar. 
• Sistema de movimentação: esse sistema envolve os movimentos do 
gantry e da mesa onde estará o paciente. Para que seja possível realizar 
imagens em diferentes planos, o gantry precisa se movimentar em 
diferentes ângulos. Além desses movimentos, ele também deve 
rotacionar em torno de um eixo fixo para adquirir as imagens tomográficas. 
• Sistema de processamento, armazenamento de dados e impressão: os 
dados que são coletados pelo gantry são armazenados por um 
computador e, posteriormente, processados para dar origem a uma 
imagem digital que poderá ser visualizada em um monitor. Uma vez que 
as imagens foram adquiridas e visualizadas, são impressas para 
avaliação para laudo. 
Diferente da tomografia computadorizada, que utiliza um espectro de 
raios-x com várias energias, na medicina nuclear são utilizados fótons de raios 
gama com apenas uma energia. As imagens são, então, processadas 
digitalmente em um processo chamado reconstrução tomográfica para a 
formação da imagem axial ou de um corte do paciente. 
1.3 Tecnécio 
Este é um elemento radioativo pertencente à classe dos metais de 
transição obtido apenas a partir de formas artificiais. Na medicina nuclear, é 
usado na forma de isótopo 99 metaestável (Tc-99m). Este composto tem 
afinidade por tecidos como tireoide e intestino quando administrado sozinho, ou 
seja, sem ligação com algum fármaco. 
Historicamente falando, existem duas “fases” muito importantes que 
dividem a medicina nuclear, a fase pré-tecnécio e a fase pós-tecnécio. A primeira 
fase foi marcada pela publicação na revista Science, em 14 de Junho de 1945, 
de um artigo que anunciou a disponibilidade de radionuclídeos ao setor privado. 
Nesta época, esses materiais eram disponibilizados sem qualquer tipo de 
garantia em relação à sua esterilidade e apirogenicidade. Quando a Abbot 
 
 
6 
Laboratories comprou a produção desses radionuclídeos e decidiu transformá-
los em radiofármacos para uso médico, os padrões de qualidade foram 
reavaliados, essa foi a primeira produtora de radiofármacos do mercado. O 
primeiro radiofármaco comercialmente disponível foi o Iodo 131. A 
comercialização desse material se iniciou em 1950. 
Já em relação à fase II, iniciou-se com a descoberta do tecnécio (Tc-99m), 
naquela época denominado de elemento número 43. Quando descoberto, foi 
questionado se o seu uso era realmente interessante para a medicina nuclear, 
visto que seu tempo de meia vida é de seis horas. Apesar disso, a energia gama 
produzida por esse elemento o tornava ideal para a formação de imagens (140 
KeV). Em 1957, foi anunciado o desenvolvimento do gerador de tecnécio, pelo 
sistema Mo-99/ Tc-99m. 
No Brasil, em 1965, houve um convênio entre o CNPq (Conselho Nacional 
de Pesquisa) e a USP (Universidade de São Paulo), quando foi criado o IEA 
(Instituto de Energia Atômica). Em 1959, começaram as primeiras produções de 
I-131 para aplicação médica. Quatro anos mais tarde, o IEA (atualmente IPEN – 
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), começou a produção de 
radioisótopos e, depois, com a inclusão de procedimentos farmacêuticos, os 
radiofármacos.Os radiofármacos compreendem: 
• Geradores de radionuclídeos. 
• Conjunto de reativos liofilizados (para marcação com Tc-99m). 
O gerador de radionuclídeo é um sistema de preparação de radiofármacos 
onde é utilizado um radionuclídeo de meia vida longa que decai em outro 
radionuclídeo, que será eluído para preparação do radiofármaco. 
Os agentes liofilizados são reconstituídos e/ou combinados com 
radionuclídeos na preparação final dos radiofármacos. 
1.4 Gerador de tecnécio 
Consiste em uma coluna cromatográfica, contendo alumina como suporte, 
na qual é adsorvido o Mo99 de fissão. Este nuclídeo pai, que possui meia vida 
de 66 horas, decai para o filho Tc-99m, que possui meia vida mais curta de 6 
horas. Como o tecnécio possui afinidade pequena pela alumina, pode ser eluído 
facilmente da coluna mediante passagem de solução salina 0,9% estéril. Em 
 
 
7 
ambas as extremidades, a coluna é fechada e duas agulhas de aço inoxidável 
permitem a entrada e a saída do líquido eluente, o qual é conduzido ao frasco 
coletor. 
O gerador é blindado e acondicionado em um recipiente plástico, o que 
garante proteção contra radiação ionizante. 
Figura 2 – Gerador blindado 
 
Créditos: Parilov/Shutterstock. 
TEMA 2 – EXAMES EM MEDICINA NUCLEAR 
Basicamente, a medicina nuclear é uma especialidade médica que utiliza 
métodos seguros, praticamente indolores e não invasivos, fazendo uso de 
materiais radioativos com finalidades de diagnóstico e terapia. Atualmente, a 
medicina nuclear é aplicada aos campos da oncologia, cardiologia, hematolofia, 
neurologia, entre outros. 
Os exames de cintilografia podem ser usados para diagnóstico de 
diversas doenças, estadiamento de pacientes com câncer, marcações pré 
cirúrgicas, acompanhamento de metástases ósseas, entre vários outros 
diagnósticos. Para poder realizar os exames de cintilografia, é necessário que, 
além do Tc-99m, existam os fármacos que vão ser marcados com o pertecnetato 
 
 
8 
para avaliação de determinados órgãos. Para cada exame, é utilizado um 
radiofármaco. As principais cintilografias realizadas são: 
• Cintilografia óssea: é um dos principais exames de estadiamento para 
pacientes oncológicos para avaliação de metástases ósseas. Além de 
pacientes oncológicos, a cintilografia óssea também auxilia na avaliação 
de osteomielite, necrose avascular, doenças metabólicas (Paget e 
osteoporose), artropatias, fibrodisplasias e outras doenças congênitas 
raras, fratura por estresse, perda ou infecção de próteses articulares, dor 
lombar ou sacral, síndrome do reflexo simpático e qualquer outra lesão 
em estrutura óssea. O fármaco utilizado nesse exame é o MDP, que tem 
afinidade pelo tecido ósseo. O material é injetado via endovenosa e após 
três horas de intervalo, a imagem é realizada em um equipamento gama 
câmara. 
Figura 3 – Cintilografia óssea (1) 
 
Fonte: Santi, 2021. 
 
 
 
 
9 
Figura 4 – Cintilografia óssea (2) 
 
Fonte: Santi, 2021. 
O profissional que realiza o exame é o responsável pela avaliação das 
imagens antes de elas irem para laudo médico. Áreas com hipercaptação devem 
ser avaliadas observando a necessidade da realização de imagens mais 
específicas que facilitem a visualização da extensão da lesão. 
• Cintilografia do miocárdio: é um exame que tem como finalidade avaliar o 
fluxo sanguíneo nas artérias que nutrem o músculo cardíaco, tornando 
possível detectar falhas na irrigação de determinadas regiões do coração. 
É indicado para pacientes propensos a doenças cardiovasculares, de 
maneira que identifica e previne problemas cardíacos mais graves, como 
infarto do miocárdio. O radiofármaco utilizado para este exame é o MIBI, 
que, além de ter afinidade pelo miocárdio, também pode ser usado para 
cintilografia das paratireoides. 
A cintilografia do miocárdio é realizada em duas etapas: repouso e 
stress. Nas duas etapas, o radiofármaco é injetado no paciente e, após 45min a 
1hora da injeção, é realizada a imagem do paciente no equipamento gama 
câmara. O resultado final é a comparação das imagens das duas etapas. 
A etapa do stress pode ser feita com esforço físico ou esforço 
farmacológico. O importante é que o material seja injetado no pico do esforço 
para que seja feita a comparação. 
 
 
10 
Figura 5 – Cintilografia do miocárdio 
 
Fonte: Santi, 2021. 
É muito importante saber avaliar as imagens antes da liberação do 
paciente, pois, como citado acima, a cintilografia do miocárdio pode diagnosticar 
casos graves de infarto, os quais podem até indicar que o paciente deve ser 
encaminhado diretamente para algum hospital para evitar complicações graves. 
• Cintilografia renal dinâmica: a cintilografia renal dinâmica permite avaliar 
a função glomerular dos rins e a perviedade das vias excretoras urinárias. 
O fármaco utilizado nesse exame é o DTPA, que fornece informações 
quanto ao fluxo sanguíneo renal, morfologia renal e a dinâmica das vias 
urinárias. 
Ao contrário da maioria dos exames, no DTPA, o material é injetado com 
o paciente deitado no equipamento, de maneira que possibilita a visualização do 
fluxo sanguíneo, ou seja, é possível avaliar o material chegando nos rins. É 
adquirida a imagem do fluxo sanguíneo, seguida da imagem do DTPA e pré e 
pós-micção. Quando algum resquício do material permanece no rim e não é 
excretado para a bexiga após a micção, é necessário fazer a injeção de um 
diurético. O mesmo processo de imagens é repetido após a administração desse 
material. 
 
 
 
11 
Figura 6 – Cintilografia renal dinâmica 
 
Fonte: Santi, 2021. 
• Cintilografia renal estática: é um exame utilizado para detecção de 
anormalidades parenquimais, diagnóstico de pielonefrite aguda e 
diagnóstico de rim ectópico. Basicamente, avalia estrutura renal, deixando 
a função renal para ser avaliada no DTPA. 
Figura 7 – Cintilografia renal estática 
 
Créditos: Hayirhah/Shutterstock. 
 
 
12 
• Linfocintilografia para detecção de linfonodo sentinela: a linfocintilografia 
é um exame pré-operatório no qual é realizada a marcação da localização 
do linfonodo sentinela na pele do paciente, geralmente um dia antes ou 
no próprio dia da cirurgia. 
Grande parte dos casos de linfocintilografia são de pacientes com câncer 
de mama ou melanoma. O fármaco utilizado é o Fitato. 
Figura 8 – Linfocintilografia para detecção de linfonodo sentinela 
 
Fonte: Santi, 2021. 
• Linfocintilogradia de drenagem: por se avaliar a dinâmica linfática através 
dos canais linfáticos e das cadeias linfonodais, a linfocintilografia é 
considerado um exame de escolha na avaliação de linfedema. O fármaco 
utilizado para este exame é o Dextran. 
 
 
 
 
 
 
13 
Figura 9 – Linfocintilogradia de drenagem 
 
Fonte: Santi, 2021. 
• Cintilografia das Paratireoides: é um exame indicado para pacientes que 
apresentam alterações nos exames laboratoriais compatíveis com 
hiperparatireoidismo primário, de forma que o exame procura localizar o 
adenoma na paratireoide que é responsável pela produção excessiva de 
PTH. Neste caso, também é utilizado o fármaco MIBI. 
Figura 10 – Cintilografia das paratireoides 
 
Fonte: Santi, 2021. 
 
 
14 
TEMA 3 – IODO131 
Na medicina nuclear, o iodo131 pode ser utilizado para diagnóstico e 
terapia. 
Com relação ao uso diagnóstico, é indicado para: estudos de captação e 
cintilografia da tireoide, pesquisa de corpo inteiro (PCI), diferenciação entre 
tireoidite subaguda e hipertireoidismo por doença de Graves e outras formas de 
hipertireoidismo, confirmação do diagnóstico de hipertireoidismo por doença de 
Graves, avaliação geral da estrutura da glândula da tireoide em relação à sua 
função, avaliação de presença de tecido tireoidiano ectópico. 
Com relação ao uso terapêutico: tratamento de doenças benignas da 
tireoide, por exemplo, hipertireoidismo causado por doença de Graves, por 
doença autoimune ou bócio nodular tóxico. Tratamento de doençasmalignas da 
tireoide, como carcinoma papilar e carcinoma folicular. 
O exame é realizado para avaliar a existência de células cancerígenas 
provenientes da tireoide em outros locais do corpo. Para realizar a imagem, é 
necessário que o paciente seja submetido a uma dose de Iodo¹³¹ e, após alguns 
dias (que podem variar de acordo com o objetivo do exame), a imagem é feita 
no equipamento preparado para aquisição de alta energia. 
Figura 11 – Iodo131 
 
Fonte: Santi, 2021. 
 
 
 
15 
TEMA 4 – RA²²³ 
Além do I¹³¹, existem outros radiofármacos que são utilizados com fins 
terapêuticos específicos, como é o caso do Ra²²³ (Xofigo). É um radiofármaco 
classificado como isótopo radioativo antineoplásico com objetivo de tratar 
adultos com câncer de próstata avançado e resistente à castração, ou seja, um 
tipo de câncer de próstata que não responde ao tratamento que reduz os 
hormônios masculinos. O Xofigo é utilizado quando a doença chegou a nível 
ósseo e causa sintomas como dor. 
O Xofigo contém o elemento radioativo Ra²²³ que imita o cálcio encontrado 
nos ossos. Quando é injetado no paciente, o Ra²²³ vai até o local em que o câncer 
afetou os ossos e emite radiação de curto alcance (partículas alfa) que vão 
eliminar as células tumorais circundantes. 
TEMA 5 – OCTREOTATO-DOTA-177LU 
O lutécio também é utilizado como terapia na medicina nuclear, tendo 
como principais objetivos a estabilização de tumores neuroendócrinos, redução 
do volume desses tumores, redução da função tumoral, melhora dos sintomas e 
da qualidade de vida. Tem boa eficácia em pacientes com captação elevada do 
radiofármaco pelo tumor, porém, não demonstra ser tão eficaz em pacientes 
terminais. 
Além de ser indicado para pacientes com tumores neuroendócrinos, o 
Lu177 também é, eventualmente, indicado para tumores não neuroendócrinos 
com expressão significativa de receptores de somatostatina subtipo 2, 
evidenciada pela cintilografia ou PET com análogo da somatostatina. 
NA PRÁTICA 
Apesar de não ser tão conhecida pela maioria das pessoas, a medicina 
nuclear tem grande impacto na detecção e até mesmo nos tratamentos de 
doenças no geral, sendo muito utilizada principalmente na área da oncologia, 
como estadiamento da doença. Ter conhecimento de que o trabalho na medicina 
nuclear vai além das noções básicas de anatomia e radiologia, deve-se lembrar 
sempre de priorizar a proteção radiológica não apenas do paciente, mas também 
do profissional atuante. 
 
 
16 
Cada tipo de exame dentro da medicina nuclear necessita de compostos 
específicos para que seja possível a realização dele, lembrando que esses 
compostos são marcados com materiais radioativos e que para que seja feita a 
captação, é necessário um equipamento específico também 
FINALIZANDO 
Os exames de medicina nuclear estão cada vez mais comuns entre os 
solicitados pelos médicos a fim de diagnóstico e tratamento de doenças que 
envolvem todos os sistemas do corpo humano. Como em todos os outros casos, 
é importante dominar o essencial para compreender o todo. 
Vale lembrar que é possível avaliar todas as estruturas do corpo humano 
quando se trata de medicina nuclear, desde a parte morfológica até a funcional 
dos órgãos e sistemas. São exames muito utilizados para estadiamento e 
diagnóstico de diversas doenças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, R. dos S. Medicina Nuclear: do surgimento à atualidade pela ótica 
dos radionuclídeos. 2009. Disponível em: 
<https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/6533/2/Rodrigo%20dos%20Santos%2
0Almeida.pdf>. Acesso em: 10 set. 2021. 
CONSELHO NACIONAL DE TÉCNICOS E TECNÓLOGOS EM RADIOLOGIA. 
Radioproteção: manual básico de proteção radiológica. 1. ed. Disponível em: 
<https://prorad.com.br/sis/storage/conteudos/271/2214_Manual_Radioprotecao
_Conter.pdf>. Acesso em: 10 set. 2021. 
CRF SP. Radiofarmácia. 1. ed. 2019. Disponível em: 
<http://www.crfsp.org.br/images/cartilhas/radiofarmacia.pdf>. Aceso em: 10 set. 
2021. 
OLIVEIRA, R. S. et al. Radiofarmácia e radiofármacos no Brasil: aspectos 
sanitários e fabris para a construção de uma linha de produção de radiofármacos 
PET. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 44, n. 2, abr.-jun. 2008. 
Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/rbcf/v44n2/a03.pdf>. Acesso em: 10 
set. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMAGENOLOGIA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Andressa Santi 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A tomografia por emissão de pósitrons (PET) é um mapa da distribuição 
de um radiofármaco emissor de pósitrons em um determinado corte do corpo. 
A ideia de realizar uma imagem a partir da emissão de pósitrons foi proposta 
para avaliar atividade cerebral em 1951 por Gordon L. Brownell para o 
neurocirurgião William H. Sweet e, separadamente, por Frank R. Wreen e 
colaboradores. Porém, apenas o sistema idealizado por Brownell foi capaz de 
produzir um mapa aproximado da distribuição do radiofármaco por meio da 
detecção do par de fótons de aniquilação com dois cristais de iodeto de sódio 
ativado com tálio, colocados em lados opostos da cabeça do paciente e 
acoplados a um sistema de varredura. Ainda na década de 1950, Michel M. 
Ter-Pogossian e William E. Powers detectaram o uso de oxigênio em 
neoplasias malignas com ¹5O. 
 Para a produção dos radionuclídeos emissores de pósitrons são usados 
os cíclotrons, que são aceleradores de partículas eletricamente carregadas 
para produzir reações nucleares. É o bombardeio de núcleos atômicos com 
prótons acelerados pelo cíclotron que permite a produção dos radioisótopos 
radioativos utilizados nos estudos de PET/CT, sendo o principal deles o 18F, 
marcado com a fluordeoxiglicose (FDG), um análogo da glicose, que é 
consumido por células ativas, de maneira que sua presença indica função 
metabólica tecidual. 
TEMA 1 – PET CT 
O PET/CT é uma técnica híbrida que faz a união do exame da medicina 
nuclear (PET – Tomografia por Emissão de Pósitrons) com a tomografia 
computadorizada convencional. Com esta união, é possível encontrar 
informações metabólicas e anatômicas no mesmo exame, permitindo 
diagnósticos mais precisos. 
 Como já citado, o traçador mais utilizado para este exame é o FDG 
(fluordeoxiglicose), que é um análogo da glicose, cujo acúmulo depende do 
metabolismo glicolítico nos diversos órgãos e tecidos. Nos tumores malignos, o 
consumo da glicose é aumentado, de forma que é possível avaliar esta 
diferença de metabolismo na aquisição da imagem do PET. Tumores com 
baixo metabolismo podem apresentar pouca avidez ao FDG. 
 
 
3 
 Algumas lesões encontradas no PET podem ter a intensidade da 
captação quantificada, gerando um valor numérico SUV (standard uptake 
value), que expressa a atividade metabólica desta lesão, de maneira que torna 
o exame muito importante para detecção de tumores malignos em fases bem 
iniciais. 
O SUV fornece uma informação semiquantitativa do metabolismo da 
glicose nos tecidos, corrigido pela atenuação e normalizado pela dose injetada 
e pelo peso do paciente, na maioria dos casos. Também pode ser feita a 
normalização do SUV pela massa magra ou superfície corpórea, sendo esta 
particularmente muito indicada para crianças, em que o SUV normalizado pelo 
peso pode ficar subestimado. 
 O PET/CT pode ser solicitado com diversas finalidades, mas acaba 
sendo muito utilizado quando se trata de acompanhamento oncológico, como 
por exemplo: 
• Confirmar diagnóstico suspeito pela avaliação clínica; 
• Definir extensão da doença, de maneira que possibilita a melhora no 
planejamento do tratamento; 
• Avaliar se o tratamento que o paciente está realizando contra a doença 
está sendo de acordo com o planejado; 
• Confirmar se a doença não está em progressão; 
• Ser utilizado como guia para biópsia. 
Para realização do exame é necessário que o paciente realize preparo, 
visto que o FDGé um análogo da glicose. É necessário que o paciente esteja 
em jejum de 4 a 6h (incluindo bebidas – exceto água) –, este jejum é feito para 
minimizar os níveis fisiológicos de glicose e insulina. Pacientes que fazem uso 
de soro glicosado e alimentação parental também devem suspender por 4 a 6 
horas antes do exame. 
 Alguns alimentos devem ser evitados no preparo para o PET/CT, como 
iogurte, leite e derivados, açúcar, mel, melado, glucose de milho, balas e doces 
em geral; arroz e massas; todos os tipos de grãos; cereais matinais; chocolates 
e sorvetes, entre muitos outros alimentos que possam induzir a produção de 
glicose. 
 Também é recomendado que o paciente não pratique atividades físicas 
nas 24h que antecedem o exame. 
 
 
4 
Já no local que o exame será realizado, após a administração do 
material, o paciente deve permanecer deitado ou reclinado para que não haja 
captação muscular. Durante o tempo de espera (em torno de 1 hora), o 
paciente deve permanecer em repouso dentro de uma sala aquecida ou com 
um cobertor para minimizar a captação em gordura marrom, que pode causar 
dificuldade na interpretação das imagens, principalmente na região cervical, 
podendo ser crítico para neoplasias nesta região (cabeça e pescoço e tireoide, 
por exemplo). 
 Antes da injeção do traçador, é necessário avaliar o índice glicêmico do 
paciente, pois estados de hiperglicemia reduzem a captação do marcador. 
 Antes da realização do exame, é necessário que seja feita anamnese 
com o paciente, a qual deve conter informações como localização da 
neoplasia, tempo de diagnóstico, tratamentos já realizados, medicamentos que 
estão sendo utilizados, processos inflamatórios/infecciosos em vigência (que 
podem causar falsos positivos), se é diabético e realização correta do preparo. 
 As imagens são normalmente realizadas após 1 hora da injeção do 
traçador. Antes de entrar no equipamento, o paciente deve esvaziar a bexiga e 
retirar todos os objetos metálicos. 
 A produção do traçador utilizado para a realização do exame é feita em 
um acelerador de partículas do tipo cíclotron. 
TEMA 2 – 18-FDG 
A captação celular do 18F-FDG ocorre por sistemas carregadores 
tecidos-específicos, que são parcialmente insulinodependentes, podendo ser 
influenciados pela alimentação, condições nutricionais e existência de diabetes 
mellitus. O 18F-FDG é transportado via membrana celular de modo similar à 
glicose, mas realiza somente a primeira etapa de glicólise (conjunto de reações 
metabólicas cujos resultados são a degradação da glicose ou de outros 
carboidratos e a produção de energia), formando assim o fluordeoxiglicose18F-
6-fosfato que permanece na célula alterada, não sendo metabolizado. Cabe 
salientar que, em indivíduos sadios, o 18F-FDG é distribuído amplamente no 
organismo. 
 
 
5 
 
O uso do FDG na oncologia é baseado nas taxas diferenciais de 
metabolismo de glicose nos tecidos benignos e malignos. No entanto, a 
absorção do material também é acelerada em processos inflamatórios, assim 
como nas infecções, granulomas, abcessos, e outros processos que podem 
conduzir resultados falsos positivos e de menor especificidade. Além disso, a 
absorção de FDG-F18 é muito variável para diferentes tipos de tumores. Este 
radiofármaco apresenta finalidade diagnóstica. 
 A manipulação e armazenamento deste material devem ser feitos em 
conformidade com as regulamentações nacionais relativas aos produtos 
radioativos, do mesmo modo que as precauções de assepsia e de 
radioproteção devem ser respeitadas. A eliminação de rejeitos radioativos deve 
ser feita também de acordo com as regulamentações nacionais. 
 
Crédito: Andressa Santi. 
 
 
 
 
6 
TEMA 3 – FORMAÇÃO DE IMAGENS 
A formação da imagem do PET/CT é feita por meio da fusão das 
imagens da Tomografia Computadorizada com o PET, de maneira que é feita a 
avaliação da parte anatômica (TC) e da parte metabólica (PET). 
 
Créditos: Springsky /Shutterstock. 
3.1 Protocolos 
Quando a indicação clínica é de pacientes oncológicos, a aquisição da 
imagem é realizada na maior parte dos casos da base do crânio até a raiz das 
coxas. Os braços do paciente devem ficar acima da cabeça para evitar 
artefatos de imagem na região torácica. 
 Quando a região de interesse é da cabeça e pescoço, deve-se adquirir 
imagem com os braços abaixados ou adquirir uma imagem dedicada à esta 
região após a aquisição do corpo inteiro. 
 Para tumores que possuem alta probabilidade de metástases para 
crânio ou membros, a aquisição pode ser estendida, por exemplo, melanoma. 
3.2 Interferências nas imagens 
Pouco antes de iniciar a imagem, é solicitado que o paciente use o 
banheiro para esvaziar a bexiga o máximo que puder, pois como o material é 
excretado pela urina, quando a bexiga está com urina radioativa, dificulta a 
 
 
7 
visualização e interpretação da região pélvica, que é de grande importância 
principalmente em casos de neoplasia nesta região, por exemplo, câncer de 
próstata, útero, reto e cólon. 
O PET/CT não deve ser solicitado em casos de o paciente estar 
realizando o “check-up”. Estudos japoneses mostraram que a chance de 
detectar um câncer primário utilizando PET/CT com FDG-F18 é de apenas 1%. 
Alguns tumores conhecidamente apresentam pouca captação de glicose 
e, portanto, nestes casos, este exame não é indicado ou é de pouca utilidade. 
Os principais exemplos deste caso são: 
• Adenocarcinoma usual de próstata 
• Carcinoma de células claras renais 
• Carcinoma lobular de mama 
• Cistoadenocarcinoma mucinoso de ovário 
• Tumores neuroendócrinos de baixo grau 
• Adenocarcinoma pleural in situ 
• Hepatocarcinoma 
• Linfomas de baixo grau 
• Leucemias 
• Gliomas de baixo grau 
TEMA 4 – GÁLIO-68 
Dentre os radionuclídeos metálicos utilizados na marcação de peptídeos, 
o gálio-68 tem sido de grande destaque, com diversos trabalhos descrevendo a 
aplicação clínica de novos peptídeos radiomarcados no diagnóstico de 
diferentes patologias. O gálio-68 é um dos mais antigos radionuclídeos 
emissores de pósitrons utilizados na medicina nuclear, recebendo destaque na 
utilização clínica de rotina devido a sua fácil disponibilidade por meio do 
gerador de germânio-68, o que permitiu a obtenção de Ga68 sem a 
necessidade de um cíclotron. Este gerador de 68Ge/68Ga pode ser eluído 
diariamente. 
O radionuclídeo 68Ga é de grande utilidade para exames de imagem 
empregando a tecnologia PET. Possui meia vida de 68 minutos e decai 
principalmente por emissão de pósitrons de 1,92 MeV de energia e com 89% 
de abundância. O gerador de 68Ge/68Ga consiste em uma coluna de alumina, 
 
 
8 
dióxido de estanho ou titânio na qual o 68Ge está imobilizado e, à medida que 
este decai para o 68Ga, seu “isótopo filho”, pode ser eluído com HCl 0,1 M ou 
HCl 0,6 M de acordo com a matriz utilizada. Independentemente da matriz 
empregada, o eluato apresentará impurezas metálicas que devem ser 
separadas pelo fato de que podem competir com o 68Ga, dificultando sua 
complexação. A purificação do eluato do gerador é feita por meio de coluna de 
troca iônica capaz de fornecer solução com níveis adequados de impurezas 
para utilização em pacientes. 
 
Créditos: Andressa Santi. 
 
 
9 
 
Créditos: Andressa Santi. 
4.1 PET com PSMA 
No início, o PET/CT com FDG-F18 era utilizado para avaliar pacientes 
com câncer de próstata, mas os resultados eram frustrantes. Devido ao baixo 
metabolismo glicolítico das células deste tipo de câncer, os resultados 
costumavam ser negativos até mesmo quando a recidiva bioquímica era 
evidente. Neste contexto, o PSMA revolucionou os estudos no diagnóstico por 
imagem de câncer de próstata. 
O termo PSMA vem do inglês Prostate-specific Membrane Antigen, que 
significa Antígeno de Membrana Específico da Próstata, este antígeno se trata 
de uma glicoproteína ligada à membrana no carcinoma prostático. Há uma 
superexpressãode PSMA em tumores resistentes à terapia de supressão 
androgênica e após tratamento com antiandrogênicos. 
A principal indicação de PET/CT com PSMA-Ga68 é a detecção de 
recorrências em pacientes com recidiva bioquímica após prostatectomia radical 
ou radioterapia. Ao ser marcado com o isótopo gálio-68, o PSMA é capaz de 
detectar metástases muito pequenas provenientes do câncer de próstata que 
dificilmente seriam detectáveis por outros métodos de imagens. 
 
 
10 
Os dados obtidos pela literatura e os resultados obtidos pelo PET/CT – 
PSMA na prática clínica para a detecção de recidivas de câncer de próstata 
são muito promissores. 
4.2 PET com Dota 
Os radiotraçadores Dota são peptídeos análogos de somatostatina com 
grande afinidade pelos receptores de somatostatina expressos pelas células 
dos tumores neuroendócrinos. Em relação à cintilografia (Octreoscan), o 
PET/CT é mais rápido, capaz de detectar lesões menores, além de expor o 
paciente a doses menores de radiação. 
Contudo, é importante salientar que nem todas as neoplasias 
neuroendócrinas são detectadas por este método. As mais indiferenciadas 
perdem a expressão de receptores de somatostatina e aumentam o consumo 
glicolítico. Por este motivo, a indicação de PET/CT com FDG ou Dota para 
estes pacientes depende fundamentalmente do grau de diferenciação celular. 
Os tumores neuroendócrinos são um grupo heterogêneo de neoplasias 
com origem nas células endócrinas de diversos órgãos e tecidos como medular 
da adrenal, hipófise, paratireoide, tireoide, pâncreas ou do trato respiratório ou 
gastrointestinal. Existem várias formas de classificação destes tumores, esta 
classificação leva em consideração a contagem miótica e a expressão do Ki67 
e divide os tumores em G1, G2 e G3. Os tumores G1 são mais diferenciados e 
apresentam maior expressão dos receptores de somatostatina, enquanto os 
classificados como G3, chamados carcinomas neuroendócrinos, são menos 
diferenciados e apresentam pouca ou nenhuma expressão de receptores e 
tendem a apresentar alto metabolismo glicolítico, sendo mais bem avaliados 
nas imagens de PET/CT com FDG-F18. 
Basicamente, o objetivo do PET com Dota é caracterizar a presença de 
lesões que tenham expressão dos receptores de somatostatina. A sensibilidade 
do exame está relacionada ao tamanho e ao grau de expressão dos receptores 
de somatostatina nas lesões. Algumas causas relevantes de falso positivo que 
podem afetar a especificidade do exame incluem: captação fisiológica no 
processo uncinado do pâncreas, captação fisiológica em baço acessório ou 
esplenose, captação inespecífica em processos inflamatórios e em alterações 
osteodegenerativas, fraturas, meningioma, outras neoplasias e contaminação 
urinária. A análise conjunta detalhada com a tomografia computadorizada, 
 
 
11 
preferencialmente contrastada, ajuda a excluir grande parte dos falsos 
positivos. 
Alguns tumores são grandes receptores de somatostatina, como 
tumores gastroenteropáticos funcionantes e não funcionantes, tumores do 
sistema simpático adrenal, carcinoma medular da tireoide, adenoma hipofisário, 
meduloblastoma, câncer de pulmão de pequenas células e meningioma. Estes 
exemplos representam as indicações mais frequentes do uso de Dota. 
Por outro lado, alguns tumores apresentam baixa expressão de 
receptores de somatostatina, por exemplo, câncer de mama, melanoma, 
linfoma, carcinoma de próstata, câncer de pulmão (não pequenas células), 
sarcomas, carcinoma de células renais, câncer diferenciado de tireoide, 
astrocitoma e ependimoma. Portanto, estes exemplos não são muito 
recomendados para avaliação com Dota. 
TEMA 5 – PET/RM 
O primeiro sistema integrado de PET e ressonância magnética 
(PET/RM) de corpo inteiro foi introduzido recentemente, em meados de 2010. 
As possíveis vantagens do PET/RM incluem o alto contraste de tecidos moles e 
a capacidade funcional da ressonância. 
Esta tecnologia, ainda não muito utilizada em comparação com o 
PET/CT, fornece informações anatômicas e moleculares e pode vir a atingir 
níveis de sucesso semelhantes aos do PET/CT, principalmente em casos 
oncológicos, em que a avaliação por RM é mais recomendada do que a 
tomográfica, tendo em vista o contraste superior de tecidos moles. 
Na oncologia, o PET/RM de corpo inteiro é especialmente indicado em 
casos que se beneficiam tanto das vantagens do PET na detecção de doença 
extramedular, como na superioridade da RM na detecção de compressão 
medular, doença extramedular e sítios residuais ativos após o tratamento. 
De todas as áreas do PET/RM, a neuroimagem apresenta o caminho 
mais promissor. Isto se deve principalmente às excelentes ferramentas 
disponíveis para ambas as modalidades, para avaliar vários aspectos da 
anatomia e a função cerebral, bem como a sua estrutura simétrica. Outras 
áreas que o PET/RM pode desempenhar um papel maior seria cabeça e 
pescoço, abdômen superior e aplicações musculoesqueléticas. 
 
 
12 
Até o surgimento da PET RM híbrida, não era possível integrar o PET 
com a RM numa mesma máquina devido os ímãs da ressonância magnética 
criarem o campo magnético para o exame de ressonância que interferem nos 
detectores da imagem do scanner PET. Foi desenvolvido pelos fabricantes um 
sistema de blindagem especializado para praticamente eliminar as 
interferências do campo magnético na cadeia de detecção e processamento 
PET. 
A solução deste problema foi o desenvolvimento de uma nova tecnologia 
de detectores PET compatível com campos magnéticos, ou seja, detectores 
com fotomultiplicadores de silício (SiPM), que possibilitam maior sensibilidade 
de detecção com maior flexibilidade dos protocolos de PET/RM. 
Para o funcionamento do equipamento, as aquisições das imagens 
PET/RM iniciam-se com o localizador de ressonância magnética, para definir a 
área de cobertura da imagem, servindo como base para a programação de 
aquisição de PET e RM. 
Após, as imagens PET são adquiridas em blocos sequenciais de 
posições do leito, de crânio a caudal e as sequências de RM são programadas 
para cada leito, de acordo com a sequência estipulada. Caso sejam 
necessárias sequências de RM mais longas em um segmento específico do 
corpo, o tempo de aquisição do PET deve ser o mesmo que o da RM. Da 
mesma forma que no PET/CT, para a realização do PET/RM deve ser utilizado 
um radiofármaco, neste caso, o 18F-fluordesoxiglicose (18F-FDG) como 
radiotraçador para a detecção de alterações anatômicas e funcionais do 
organismo, apresentando alta afinidade com áreas de aumento metabólico da 
glicose. 
Considerando as características do 18F-FDG, também é o principal 
radiofármaco utilizado para a identificação e visualização dos aspectos 
radiológicos das doenças neurodegenerativas. Para aquisição de imagens 
cerebrais nos equipamentos de PET/RM, o paciente deve ser mantido em sala 
silenciosa e com luminosidade reduzida, para administração do FDG-18F e na 
fase de captação subsequente. 
Existem três maneiras de integrar o PET com a RM: 
1. Os aparelhos PET e RM ficam em salas separadas, sendo assim, a 
integração das imagens é feita por programas especializados, gerando 
uma flexibilidade, já que os sistemas podem ser usados separadamente; 
 
 
13 
2. O paciente permanece na mesa de exame, sendo que a mesa é 
transferida entre os equipamentos e as imagens são realizadas em 
aparelhos separados. Este sistema é “hardware-fused”. 
3. Por meio de sistemas totalmente integrados em que se realiza a 
aquisição simultânea das imagens, ou seja, em uma única posição da 
mesa, nem o paciente e nem a mesa vão se mover. São estes os 
equipamentos híbridos. 
NA PRÁTICA 
O uso do PET/CT e do PET/RM na prática clínica é de grande 
importância para o conhecimento e diagnóstico de importantes doenças, 
principalmente na área da oncologia. Assim como na cintilografia é utilizado um 
material radioativo para detecção das estruturasanatômicas, no PET também é 
utilizado o FDG-F18, que tem afinidade por células que estão com alta atividade 
metabólica devido ao grande uso que estas fazem de glicose. 
FINALIZANDO 
É importante saber reconhecer o uso dos protocolos e adaptar as 
imagens que serão realizadas de acordo com cada caso de cada paciente. 
Dominar anatomia, como sempre, é necessário para realização de exames 
adequados e, consequentemente, imagens precisas para diagnóstico e 
reconhecimento de lesões que são, em sua grande maioria, reconhecidas e 
tratadas a partir de exames como o PET/CT e PET/RM. 
 Como muitas vezes é utilizado como exame de estadiamento, é a partir 
dele que o médico decide qual tratamento será realizado, além disso, com base 
nele também é feito o acompanhamento e avaliação do tratamento, se este 
está sendo preciso ou se é melhor partir para uma nova tentativa. A tecnologia 
avança gradativamente, de modo que acompanhar este crescimento é muito 
válido para entender e utilizar melhor o que ela nos oferece. 
 
 
 
 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
ALCARDE, L. F. Estudo de radiomarcação com gálio-68 do inibidor de 
PSMA baseado em ureia – avaliação comparativa de método automatizado e 
não automatizado. Tese de Mestrado em Ciências na área de Tecnologia 
Nuclear. Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, São Paulo, 2016. 
Disponível em: <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/85/85131/tde-30112016-
103604/publico/2016AlcardeEstudo.pdf>. Acesso em: 3 set. 2021. 
DOT-IPEN-68. [Bula]. Ipen - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. 
Disponível em: 
<https://www.ipen.br/portal_por/conteudo/geral/8676_293_Bula%20DOT-IPEN-
68%20Profissional%20da%20saude.pdf>. Acesso em: 3 set. 2021. 
FLUORDEOXIGLICOSE – 18F (FDG-18F). [bula]. Campinas: Cyclobrás. 
Disponível em: 
<https://www.cyclobras.com.br/uploads/produtos/84690930910006b.pdf>. 
Acesso em: 3 set. 2021. 
FLUR-IPEN. [bula]. São Paulo: Ipen - Instituto de Pesquisas Energéticas e 
Nucleares. Disponível em: 
<https://intranet.ipen.br/portal_por/conteudo/geral/BULA%20FLUR-
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GUIMARÃES, J. B. et al. A importância da PET/CT na avaliação de pacientes 
com tumores de Ewing. Radiol Bras. 2015 maio/jun.; 48(3):175–180. 
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MORETTI, S. E.; MEDEIROS, G. S. A modalidade PET/RM para aplicações 
na visualização e identificação da doença de Alzheimer. Curso Superior de 
Tecnologia em Radiologia. Projeto de Intervenção Profissional, II Semestre, 
2019/4, Caxias do Sul. Disponível em: 
<https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/5855/TCC%20Sandra%
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Nuclear, [S.d.]. Disponível em: <https://sbmn.org.br/wp-
content/uploads/2017/12/Guideline-PETGA68_FINAL.pdf>. Acesso em: 3 set. 
2021. 
 
 
15 
PET/CT FDG18F. Disponível em:<https://sbmn.org.br/wp-
content/uploads/2015/11/PET-CT-FDG.pdf>. Acesso em: 3 set. 2021. 
RAMOS, C. D. PET/CT com fluoreto-18F na prática clínica. Radiol Bras., 2015 
jul./ago.;48(4):VII–VIII. Disponível em: 
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ROBILOTTA, C. C. A tomografia por emissão de pósitrons: uma nova 
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SILVA, J. M. et al. Princípios e aplicações da tomografia por emissão de 
pósitrons/ ressonância magnética. XX Encontro Latino-Americano de 
Iniciação Científica, XVI Encontro Latino-Americano de Pós-Graduação e VI 
Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba, 2016. 
Disponível em: 
<http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2016/anais/arquivos/RE_0442_1067_01.
pdf.> Acesso em: 3 set. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMAGENOLOGIA 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Andressa Silva Santi 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A tomografia computadorizada (TC) é considerada uma das grandes 
inovações no campo da radiologia desde o anúncio dos raios X, em 1895. A 
técnica, que produz imagens por secção, permite um diagnóstico com melhor 
visualização das áreas avaliadas, tornando o estudo mais específico e, 
consequentemente, melhorando a avaliação de áreas para futuros tratamentos. 
Nas décadas de 1960 e 1970, com os relatos de Allan Cormack e Godfrey 
Hounsfield, foi desenvolvido o primeiro tomógrafo, o que rendeu aos dois o 
Prêmio Nobel de Medicina, em 1979. Entretanto, estudos sobre conceitos 
básicos de TC são datados de 1917, como o estudo de Johann Radon e suas 
reconstruções matemáticas. Em 1980, pesquisas mostraram o avanço no uso da 
TC, sendo essa de grande eficiência para estudos de câncer de pulmão. Além 
disso, a técnica também passou a ser utilizada para diagnóstico de lesões 
cerebrais. Atualmente, a TC é um dos métodos mais importantes no diagnóstico 
por imagem, pois possibilita a visualização das estruturas anatômicas em cortes, 
sem sobreposições e com melhor contraste, entre os tecidos se comparada à 
radiografia convencional. 
TEMA 1 – CONCEITOS DE TC 
A palavra tomografia tem origem no grego, em que tomos significa corte 
e grafia significa imagem. Originalmente, foi chamada de tomografia axial 
computadorizada (TAC). 
O tubo do equipamento de TC gira 360° e o seu detector acompanha o 
giro desse tubo, permitindo que as imagens sejam adquiridas em todos os 
ângulos. Os cortes originais são os axiais e coronais e, deles, faz-se a 
reconstrução do volume total escaneado, o que é conhecido como reconstrução 
multiplanar (RMP), gerando cortes sagitais, parassagitais e tridimensionais. 
Cada corte tem como finalidade determinar a composição de uma única secção 
do corpo e é formado por um conjunto de elementos de imagem digital (picture 
elements) denominados pixels. A quantidade e a espessura dos cortes estão 
diretamente relacionadas ao tamanho desses pixels, influenciando na qualidade 
final da imagem. O conjunto de pixels forma a imagem tridimensional, com 
elementos cúbicos de imagem denominados voxels. O voxel apresenta altura, 
 
 
3 
largura e espessura; dessa forma, é possível que ele forme uma imagem em 
terceira dimensão (3D). 
Figura 1 – Tomografia computadorizada 
 
Crédito: Triff/Shutterstock. 
As imagens adquiridas na TC apresentam uma grande variedade na 
escala de tons de cinza, de acordo com o valor relativo de atenuação da água 
em TC. O nome dessa escala é uma homenagem ao inventor da TC: escala de 
Hounsfield. Ela é composta de valores que vão de 1.000 a -1.000 unidades de 
Hounsfield (HU). De acordo com a estrutura estudada, haverá um valor 
correspondente na escala de Hounsfield, ou seja, essas unidades representam 
a quantidade de radiação absorvida no corpo e traduzem as variações existentes 
em uma escala de cinza. É importante ressaltar que os valores dessa escala são 
dependentes da energia dos fótons de raios X necessária para se atravessar um 
corpo. 
Em 1973, Hounsfield descreveu uma técnica de transmissão dos raios X 
realizada em múltiplos ângulos, obtendo, dessa forma, imagens em “fatias”. A 
formação das imagens em cortes foi possível devido à rotação da fonte e dos 
detectores ao redor do paciente. Os detectores mediam a densidade dos raios X 
absorvidos pelos diferentes tipos de tecidos e calculavam, por meio de um 
coeficiente de absorção, a densidade de cada um deles. Em seguida, o 
computador construía uma matriz com a imagem de cada corte. A decodificação 
do coeficiente de absorção de cada estrutura para feixes de raios X de 120 KV 
resultou na elaboração da escala de Hounsfield. Na escala de cores, o preto 
correspondia ao ar,passando por tonalidades de cinza, correspondentes à água 
 
 
4 
e a líquidos corpóreos, até finalizar no branco, que corresponde aos tecidos mais 
densos, como o ósseo. Essa técnica permitiu a diferenciação entre as estruturas. 
Na aquisição da imagem tomográfica, as informações adquiridas pelo 
sensor eletrônico são apresentadas na forma de sinais elétricos (de modo 
analógico. O computador não arquiva e nem modifica, em seus circuitos, 
nenhuma informação analógica, pois ele trabalha com números distintos, que 
não representam, diretamente, tons de cinza ou cores contínuas. Para que o 
computador possa operar com imagens, essas precisam ser convertidas em 
representações numéricas conhecidas como notação binária. Os dados digitais 
são, então, transmitidos para a unidade central de processamento (CPU) e 
transformados em imagem. 
Existem, basicamente, duas técnicas de obtenção de imagens 
tomográficas disponíveis no mercado: 
1. técnica convencional (não helicoidal); 
2. técnica helicoidal. 
Na técnica convencional (ou circular), os detectores permanecem parados 
enquanto o tubo de raios X executa um movimento circular em torno do paciente. 
Cada slice (corte) é obtido individualmente. Entre uma aquisição e outra, é 
necessário o reposicionamento da mesa, o que prolonga o tempo de obtenção 
de dados. Por outro lado, existe a técnica helicoidal, que foi um grande avanço 
na obtenção de imagens por TC. Os tomógrafos helicoidais são classificados 
como aparelhos de quinta geração, com aquisições extremamente rápidas, visto 
que um corte pode ser obtido em poucos segundos. Nessa técnica, o paciente é 
movido ao longo do eixo horizontal, enquanto o tubo de raios X executa um 
movimento rotacional contínuo. O feixe central de raios X incide no paciente 
seguindo uma trajetória helicoidal, ao longo do exame. 
 
 
 
5 
Figura 2 – Realização de exame 
 
Crédito: Golden Sikorka/Shutterstock. 
Já em 1998 surgiu a tomografia computadorizada espiral multislice, 
chamada assim devido aos seus múltiplos anéis de detectores. Sua técnica foi 
introduzida comercialmente no ano de 2000, com a apresentação de tomógrafos 
com quatro canais de detectores, os quais permitiam a aquisição de imagens 
mais rápidas, com menor dose de radiação e cortes com espessura de 0,5 mm 
e com intervalo de reconstrução de 0,25 mm. As imagens são obtidas por meio 
de uma fonte de raios X em forma de leque, que rotaciona o paciente de forma 
circular e em espiral, enquanto o paciente se move pelo tomógrafo. No mercado, 
existem tomógrafos de 4, 8, 16, 32, 40, 64 e 256 canais. 
Figura 3 – Tomografia computadorizada espiral multislice 
 
Crédito: Zlikovec/Shutterstock. 
 
 
6 
TEMA 2 – OBTENÇÃO DE IMAGENS 
Na obtenção das imagens no corte tomográfico, o feixe de raios X 
atravessa ou é absorvido pelas estruturas que estão interpostas entre a fonte de 
raios X e o detector, em diferentes quantidades, o que depende da densidade, 
da espessura, do número atômico da estrutura e do poder de penetração dos 
raios X. Isso é conhecido como atenuação do feixe de raios X. O detector é capaz 
de mensurar a atenuação de cada feixe de raios X que o atinge e o computador 
soluciona as equações geradas durante o escaneamento, interpreta as 
propriedades de atenuação de cada feixe e as correlaciona com a posição do 
respectivo feixe. O resultado dessa correlação é chamado de perfil de 
atenuação. 
O conjunto dos perfis de atenuação obtidos pelos detectores de raios X 
forma os dados brutos. O processo para obtenção da imagem com base nesses 
dados brutos é denominado reconstrução. 
Figura 4 – Obtenção de imagens 
 
Crédito: Wichudapa/Shutterstock. 
2.1 Algoritmo de reconstrução nas imagens tomográficas de feixe em 
leque 
Na aquisição das imagens tomográficas, os algoritmos constituem filtros 
matemáticos utilizados para se criar uma imagem que represente o objeto 
escaneado de forma mais precisa possível. Os equipamentos oferecem 
 
 
7 
algoritmos diferenciados de reconstrução de imagens que variam de acordo com 
o tecido avaliado. Por exemplo, os filtros usados para tecido ósseo permitem a 
reconstrução de detalhes finos, nos quais as bordas das estruturas anatômicas 
apresentam contornos mais nítidos, resultando em uma imagem de alta 
resolução. 
Figura 5 – Algoritmo de reconstrução nas imagens tomográficas de feixe em 
leque (1) 
 
Crédito: Creativity Love/Shutterstock. 
Figura 6 – Algoritmo de reconstrução nas imagens tomográficas de feixe em 
leque (2) 
 
Crédito: Springsky/Shutterstock. 
TEMA 3 – MEIOS DE CONTRASTE 
O primeiro exame radiológico com contraste iodado foi feito em 1920, uma 
angiografia. Durante o século XXI, os meios de contraste foram evoluindo, de 
agentes iônicos de elevada osmolalidade para não iônicos de baixa 
 
 
8 
osmolalidade, reduzindo-se assim o número de reações adversas causadas por 
esses meios. 
O contraste é utilizado para evidenciar determinadas estruturas 
anatômicas. Em geral, o contraste altera a capacidade de absorção da radiação 
ionizante nos tecidos, durante o procedimento radiológico. Nas imagens, as 
partes mais opacas, como ossos, aparecem de forma clara, enquanto rins, 
estômago, vasos sanguíneos e outros tecidos têm a visualização um pouco mais 
complicada. Isso ocorre porque as áreas do corpo que são preenchidas por 
fluidos possuem densidade semelhante em toda a sua estrutura anatômica. 
Levando em consideração que as imagens radiográficas são formadas de 
acordo com a densidade da estrutura, por exemplo, os ossos são mais densos 
e, consequentemente, absorvem mais radiação, aparecendo em tons mais 
claros. Já os órgãos e partes moles absorvem menos radiação, aparecendo em 
tons mais escuros nos exames não contrastados. No caso das veias e artérias, 
por exemplo, o contraste possibilita a verificação da sua anatomia e do caminho 
percorrido pelo sangue, identificando possíveis obstruções. 
Os contrastes podem ser classificados com base em propriedades como 
a capacidade de absorção e a composição química. Na TC, o meio de contraste 
utilizado é o iodado. O contrate iodado pode ser administrado por via oral ou 
endovenosa. Ele se apresenta em compostos iônicos e não iônicos, sendo que 
os compostos iônicos têm alta concentração de contraste, que podem 
desencadear reações adversas com mais facilidade, enquanto os não iônicos 
apresentam menor concentração do contraste, raramente causando reações 
adversas. 
Existem algumas contraindicações para realização de exames 
contrastados, especialmente com contrastes iodados. Uma das principais é para 
pacientes diabéticos que usam medicamentos com cloridato de metformina, 
pois, quando associada ao iodo, a metformida pode auxiliar no desenvolvimento 
de insuficiência renal aguda. Quando o paciente apresenta histórico de algum 
tipo de alergia ou comprovação de alergia ao iodo, é necessário que tenha 
acompanhamento médico durante a realização do exame, visto que as reações 
que o contraste iodado pode causar nesses pacientes incluiriam: 
• urticária; 
• edema nas pálpebras e face; 
• náusea, vômito e diarreia; 
 
 
9 
• tontura; 
• dor de cabeça; 
• aumento da pressão arterial; 
• convulsões; 
• falta de ar; 
• edema de glote; 
• arritmias; 
• parada cardíaca. 
Figura 7 – Uso de contraste 
 
Crédito: Yok_Onepiece/Shutterstock. 
TEMA 4 – PROTOCOLOS DE TC 
Para cada exame realizado, utiliza-se determinado protocolo, que facilita 
a visualização da região a ser estudada. 
4.1 Protocolo de TC de abdome e pelve 
A concentração de iodo comercialmente mais utilizada é de 300 mg/mL. 
Existem maiores concentrações no mercado, que determinam uma maior 
densidade/contrastação por mL do produto (350 mg/mL e 370 mg/mL), podendo 
ser utilizadas em estudos angiográficos e mesmo em outras áreas com menor 
volume administrado no paciente. Com o advento de equipamentos de múltiplas 
fileiras de detectores,reduziu-se a necessidade do uso do contraste pela via oral. 
Na maioria das vezes, pode-se utilizar água para distender o intestino e tornar a 
 
 
10 
visualização mais fácil. O contraste positivo pode ser útil em casos de estudos 
de fístula com trato digestivo, por exemplo. Isso vai depender do protocolo que 
o médico radiologista responsável pelo serviço prefira seguir. 
O filtro utilizado para aquisição de imagens do abdome em casos de rotina 
por dor abdominal é o de partes moles (que varia de acordo com o fabricante). 
Utiliza-se de 1,5 ml/kg a 2,05 ml/kg de contraste por paciente. As fases do exame 
são: pré-contraste e fase venosa. Em casos de trauma abdominal em pacientes 
adultos, também é empregado o filtro para partes moles com o mesmo cálculo 
de contraste. As fases nesse caso são pré-contraste, arterial, venosa e tardia. 
Já a rotina oncológica segue o mesmo filtro e o mesmo cálculo de contraste. Na 
maioria dos casos, são realizadas as fases pré-contraste e venosa; porém, 
algumas neoplasias hipervascularizadas podem ser mais bem identificadas na 
fase arterial, por exemplo, em tumores neuroendócrinos, na maioria dos tumores 
renais, em melanomas e em alguns tumores da tireoide. 
Figura 8 – TC de abdome e pelve 
 
Crédito: P.Varisa/Shutterstock. 
4.2 Protocolo de TC de crânio 
No protocolo para aquisição de imagens do crânio, utiliza-se o filtro para 
partes moles e partes ósseas. A maior parte das tomografias de crânio é 
realizada sem contraste, porém, em alguns casos, como em suspeita de 
trombose, recomenda-se o uso do contraste e são realizadas as fases pré e pós-
contraste. 
 
 
11 
Figura 9 – TC de crânio 
 
Crédito: Tossaporn Buttabut/Shutterstock. 
4.3 Protocolo de TC de seios da face 
Para realização de tomografia de seios da face, é utilizado o filtro para 
partes moles e partes ósseas, assim como na tomografia de crânio. Não é 
empregado contraste, salvo em exceções como na avaliação de tumores na 
região do estudo. É um exame bastante utilizado para avaliação de sinusite. 
4.4 Protocolo de TC para tórax 
O protocolo utilizado para tomografia de tórax depende do objetivo do 
exame, por exemplo: 
• suspeita de embolia pulmonar: utiliza-se contraste e é adquirida uma 
imagem da fase direcionada para a artéria pulmonar; 
• avaliação oncológica: usa-se o filtro de pulmão e de partes moles, também 
com contraste; 
• tórax de rotina: geralmente é realizado sem contraste e adquire-se uma 
imagem com 30 segundos de atraso. 
Figura 10 – TC para tórax 
 
 
12 
 
Crédito: Creativity Lover/Shutterstock. 
TEMA 5 – ANGIOTOMOGRAFIA 
A angiotomografia é um exame que permite a visualização dos vasos 
sanguíneos sem submeter o paciente a procedimentos invasivos. Entre os 
exames de angiotomografia, existem: 
• Angiotomografia de crânio: pode indicar aneurismas cerebrais, permitindo 
que esses sejam tratados antes que causem outras complicações. A 
angiotomografia de crânio ganhou relevância para a identificação precoce 
de acidente vascular cerebral (AVC), de maneira que revela 
sangramentos e outras anomalias de forma rápida e precoce. 
Figura 11 – Vasos sanguíneos 
 
Crédito: Mybox/Shutterstock. 
 
 
13 
• Angiotomografia de tórax: quando realizada na região do tórax, a 
angiotomografia pode identificar problemas na aorta torácica, acúmulo de 
cálcio nas paredes dos vasos sanguíneos, aneurismas e estenose. 
Figura 12 – Identificação de problemas nas artérias 
 
Crédito: Studiovin/Shutterstock. 
• Angiotomografia coronariana: mostra a anatomia dos vasos presentes 
na região cardíaca, ou seja, as coronárias, em imagens de alta resolução, 
sendo de grande importância no diagnóstico de obstruções e doenças 
coronarianas. Também pode ser solicitada para avaliar stents após a 
dilatação realizada no cateterismo e a angioplastia. Além disso, é utilizada 
em emergências, pois permite uma avaliação mais detalhada, em 
minutos. 
Figura 13 – Doença arterial coronariana 
 
Crédito: Maniki_Rus/Shutterstock. 
 
 
14 
 
NA PRÁTICA 
A TC é um dos métodos mais utilizados na prática clínica, tendo em vista 
a grande quantidade de opções que os equipamentos oferecem para realização 
de diversos tipos de imagens, em diferentes cortes anatômicos. É um exame 
rápido e seguro, sendo muito indicado pelos profissionais médicos. 
FINALIZANDO 
A TC permite a aquisição de imagens, em ângulos de 360º, que podem 
ser avaliadas nos três cortes anatômicos: sagital, axial e coronal. A visualização 
das estruturas em alta resolução, assim como os diferentes protocolos que o 
equipamento emprega, torna o exame muito útil para diversos diagnósticos, 
assim como para acompanhamento de doenças preexistentes. Os cuidados com 
a proteção radiológica devem ser respeitados por ser o tomógrafo um 
equipamento emissor de radiação e, nesse caso, também é necessário manter 
atenção em relação a pacientes que possam apresentar reações adversas ao 
meio de contraste usado no exame. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMAGENOLOGIA 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Andressa Santi 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Entre os exames de imagem mais conhecidos e recomendados na área 
da saúde está a Ressonância Magnética. Muitos sabem da importância deste 
método de imagem, bem como de sua capacidade de avaliação das estruturas 
do corpo com qualidade extremamente alta. Por outro lado, ainda é muito comum 
escutar depoimentos sobre o medo da realização deste exame, tanto por conta 
do equipamento quanto por conta do meio de contraste. É importante ressaltar 
que por meio do conhecimento aprofundado desse método de imagem, pode-se 
desmistificar muito do que é dito sobre a Ressonância Magnética. 
TEMA 1 – A RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 
As primeiras publicações a respeito da Ressonância Magnética (RM) 
foram feitas por dois grupos de cientistas americanos independentes: Felix Bloch 
et al., da Universidade de Stanford, e Edward Purcell et al., da Universidade de 
Harvard. Em 1952, os dois foram vencedores do Prêmio Nobel de Física. Juntos, 
eles perceberam que ao submeter determinados núcleos à ação de um campo 
magnético intenso, este pode absorver energia de radiofrequência e gerar um 
sinal capaz de ser captado por uma antena receptora. 
Basicamente, a RM é uma técnica não invasiva de obtenção de imagens 
que não utiliza radiação ionizante. As imagens são fornecidas de acordo com o 
comportamento de determinados prótons ou nêutrons do núcleo do átomo e a 
velocidade com que eles se recuperam do estímulo. Nem todos os núcleos 
respondem ao campo magnético. Os que possuem números ímpares de prótons 
ou nêutrons são os que vão responder de maneira melhor, como o hidrogênio, 
que possui único próton, sendo o mais utilizado devido à grande quantidade de 
H+ presente no organismo, visto que o nosso corpo é formado por 85% de água, 
e cada molécula de água carrega dois átomos de hidrogênio. 
Para a aquisição da imagem, o paciente é colocado sob a influência de 
um campo magnético em que os núcleos de determinados átomos receberão 
ondas de radiofrequência. Estes sinais que são reemitidos contêm informações 
sobre o paciente, que serão captadas por um receptor de antenas (bobinas) e 
eles serão transmitidos através de um conversor analógico digital e enviados 
para o computador. A radiofrequência gerada no interior do magneto se constitui 
em ondas eletromagnéticas de baixa amplitude, que são capazes de induzir 
 
 
3 
correntes elétricas em condutores posicionados nas proximidades da região de 
onde partem essas ondas. Os dispositivos que geram a corrente elétrica induzida 
são denominados bobinas ou antenas. Essas bobinas devem ser posicionadas 
em contato próximo com a região de interesse como forma de se obter uma 
amplificação dos sinais gerados. 
1.1 Intensidade magnética 
Para entender melhor a RM, deve-se compreender a palavra “magnética”. 
O maior e mais importantecomponente de um sistema de RM é o magneto. O 
magneto de um sistema de ressonância magnética é classificado por uma 
unidade de medida conhecida como tesla. Os magnetos utilizados no sistema da 
RM estão dentro da faixa de 0,5 a 3 tesla. 
1.2 Principais componentes RM 
Os principais componentes que fazem parte do equipamento de RM são: 
• Magneto Principal; 
• Bobinas de gradiente; 
• Bobinas receptoras e transmissores de radiofrequência; 
• Sistema de Computadores e processadores de imagem. 
O Magneto principal é utilizado para produzir um campo magnético muito 
forte e uniforme. A sua potência é medida em Tesla (T), mas também pode ser 
medida em Gauss, onde 1 Tesla corresponde a 10.000 Gauss. 
 
Crédito: Fridas/Shutterstock. 
Existem diferentes tipos de bobinas: 
 
 
4 
• Bobina de volume ou gaiola: é uma bobina transceptora (transmite e 
recebe radiofrequência), apresenta aquisição abrangente (cabeça e 
extremidades) e reação sinal ruído (RSR) uniforme; 
• Bobina de superfície: para imagens de estruturas próximas, a RSR é 
proporcional ao contato da bobina com a estrutura estudada; 
• Bobina em Arranjo de Fase: bobinas e receptores múltiplos, RSR e 
cobertura maiores (combinação de sinais individuais), possibilidade de 
agrupar números maiores de bobinas e receptores para aumentar a 
cobertura longitudinal, exemplos: exames de coluna. 
TEMA 2 – FORMAÇÃO DE IMAGENS 
A imagem na RM é formada por meio de um campo magnético (magneto) 
e ondas de rádio, que serão reconstruídas matematicamente. A imagem é 
fornecida de acordo com o comportamento de determinados prótons ou nêutrons 
do núcleo do átomo e a velocidade com que eles se recuperam do estímulo que 
foi causado. Os campos gradientes atuam a partir do isocentro magnético, 
aumentando gradativamente a intensidade em uma direção e diminuindo 
também de forma gradativa a intensidade da direção oposta. 
No momento de formação da imagem, as bobinas geram os campos 
gradientes necessários para a seleção do corte e codificação especial de RM. O 
sistema de RM apresenta três eixos físicos: 
• Eixo Z – Longitudinal; 
• Eixo Y – Vertical; 
• Eixo X – Horizontal. 
O Gradiente Seletivo é o responsável pela determinação do plano de 
corte. Quando se escolhem imagens axiais, o gradiente seletivo fica posicionado 
ao longo do eixo Z do equipamento. Nestas condições, é possível observar que 
os prótons do paciente apresentam diferentes frequências de precessão entre 
os pés e a cabeça. Quando a imagem formada é coronal, o gradiente seletivo 
ficará ao longo do eixo Y. Neste caso, os prótons apresentam diferentes 
frequências de precessão entre a anatomia anterior e posterior do paciente. 
Nos cortes sagitais, o campo de gradiente estará ao longo do eixo X, e as 
frequências de precessão serão diferenciadas entre o lado esquerdo e direito do 
paciente. 
 
 
5 
O Plano Mediano divide o corpo em direita e esquerda (Sagital). 
 
Crédito: Radiological Imaging/Shutterstock. 
O Plano Frontal consiste nos paralelos ao plano ventral e dorsal 
(Coronal). O Plano Transversal consiste nos paralelos ao plano cranial e 
podácilo (Axial). 
 
 
Crédito: Tossaporn Buttabut/Shutterstock. 
TEMA 3 – INDICAÇÕES PARA RM 
 
 
6 
A RM é indicada para avaliar com precisão áreas anatômicas que não 
podem ser facilmente visualizadas em outros métodos de imagem. Como já 
visto, é possível avaliar as imagens em cortes axiais, coronais e sagitais, também 
em incidências oblíquas quando feita a combinação de bobinas de gradientes. 
A nível molecular, a RM é mais sensível e a resolução do contraste é 
melhor, de forma que torna mais clara a visualização dos tecidos das partes 
moles, como as da substância branca e cinzenta do encéfalo, por exemplo, 
tornando este exame muito indicado para análise do sistema nervoso central 
(SNC), em especial de patologias que acometem a substância branca. 
Para atuar na RM, assim como nos outros exames de imagem, o 
biomédico precisa ter elevado conhecimento de anatomia humana para 
utilização de técnicas adequadas e realização de imagens nítidas. 
Na oncologia, a RM pode fornecer informações do ponto de vista 
morfológico, como tamanho, contornos, quantidade de lesões, presença de 
edema e necrose, relação das estruturas adjacentes e alterações fisiológicas e 
do metabolismo celular. Além da oncologia, o exame de RM também é muito 
utilizado para: 
• Diagnosticar esclerose múltipla; 
• Diagnosticar tumores no cérebro; 
• Identificar ligamentos rompidos; 
• Diagnosticar Tendinite; 
• Avaliar massas em partes moles do corpo; 
• Avaliar tumores ósseos, cistos e hérnias na coluna; 
• Diagnosticar derrames em fases iniciais. 
O fato de o equipamento não utilizar radiação torna o exame mais 
confortável para o paciente. Além disso, o contraste utilizado na RM tem uma 
incidência muito baixa quando diz respeito a efeitos colaterais. 
 
 
 
7 
TEMA 4 – MEIO DE CONTRASTE E CONTRAINDICAÇÕES 
A maioria dos agentes de contraste utilizados para os exames de RM é à 
base de quelatos do íon paramagnético Gadolínio (Gd), que vem sendo utilizado 
desde os anos 1980. Os tipos de contraste que existem no mercado que são à 
base de gadolínio podem ser divididos em duas categorias: 
• Extracelular inespecífico; 
• Intracelular específico. 
A principal diferença entre os dois está na molécula quelante que carrega 
o Gd. 
As imagens de RM não mostram o Gd propriamente dito, mas sim seu 
efeito paramagnético sobre os tecidos ao seu redor. De modo geral, a maioria 
dos meios de contraste à base de gadolínio tem distribuição pelo corpo 
semelhante àquela apresentada pelo contraste iodado que é utilizado na 
Tomografia Computadorizada. Contudo, a sensibilidade da RM ao gadolínio é 
comprovadamente maior que a da Tomografia Computadorizada ao contraste 
iodado. 
As reações adversas agudas ao Gd podem ser divididas entre maiores 
ou graves e menores, bem como entre gerais e locais. A incidência total de 
reações adversas aos meios de contraste da RM varia, aproximadamente, entre 
2% e 4%. As reações menores gerais mais comuns são náuseas, vômitos, 
urticária e cefaleia, enquanto as reações locais são irritação, ardor e sensação 
de frio. 
Casos de reações adversas agudas maiores ao Gd, como 
laringoespasmo e choque anafilático são raros. 
 
 
8 
 
Crédito: Radiological Imaging/Shutterstock. 
4.1 Contraindicações RM 
As contraindicações para a realização dos exames de RM devem ser bem 
conhecidas para se evitar acidentes e até mesmo marcação de exame 
desnecessariamente. Estes riscos têm relação com o campo magnético, sendo 
que alguns são de maior importância à medida que a intensidade for elevada. 
Outra relação que existe e pode causar acidentes são os gradientes cujas 
ondas raio magnéticas podem induzir correntes e ser a origem de aquecimentos, 
principalmente quando se trata de prótese de metal. 
4.1.1 Pacientes grávidas 
Não se conhece nenhum efeito biológico de campos magnéticos em 
relação aos fetos. Entretanto, não é recomendado que seja realizado o exame 
nas primeiras nove semanas de gestação (salvo em extremo saldo positivo 
risco/benefício), pois as células estão em intenso processo de divisão e são mais 
suscetíveis a alterações. Também é interessante evitar o uso do Gd. 
4.1.2 Objetos metálicos 
Devido ao campo magnético da RM, objetos metálicos se tornam 
extremamente perigosos dentro de uma sala de ressonância magnética, 
fornecendo sérios riscos ao paciente e à equipe técnica. A presença de corpos 
metálicos estranhos desencadeia artefatos que podem alterar o campo 
 
 
9 
magnético do equipamento. Os implantes metálicos podem acarretar efeitos 
graves, desde aquecimento, queimaduras e artefatos de imagem. 
Pacientes que fazem uso de marcapassos cardíacos possuem extrema 
contraindicação para realização de RM, pois podem ser afetados de forma 
transitória ou até mesmo definitiva, levando ao risco de paradacardíaca ou de 
distúrbio de ritmo. Clipes vasculares cerebrais ferromagnéticos podem ser 
deslocados, especialmente se tiverem sido recentemente colocados, portanto, 
não devem ser expostos ao campo. 
 
Crédito: Radiological Imaging/Shutterstock. 
 
Crédito: Purnama Motion/Shutterstock. 
 
 
10 
Além disso, também são de contraindicação absoluta o Cateter de Swan-
Ganz e outros com eletrodos, clipes de aneurisma, desfibrilador implantável, 
expansores mamários dos tipos McGhan ou Infail, fios metálicos de localização 
pré-cirúrgica mamária, fixadores ortopédicos externos metálicos não removíveis, 
bombas de infusão, holter, implantes dentários magnéticos, entre alguns outros 
itens. 
TEMA 5 – POP RM 
De maneira geral, para a realização de exames de RM, deve-se existir 
uma solicitação médica em que sejam especificados os motivos do exame e qual 
área anatômica será avaliada. Logo após a apresentação do pedido médico, é 
necessário que seja preenchido um questionário no qual o paciente descreve 
sintomas, histórico de alergias, uso de medicamentos, se é portador de algum 
tipo de doença, entre outras perguntas que podem variar de acordo com o 
serviço. 
Antes do exame, é necessário informar ao paciente sobre o exame e 
esclarecer eventuais dúvidas relacionadas ao procedimento e aos possíveis 
riscos. A equipe também deve se atentar e confirmar a existência de implantes 
de metal, alergias e se o paciente seguiu corretamente o jejum solicitado para a 
realização do exame. 
O protocolo que será seguido para a realização do exame varia de acordo 
com a necessidade de cada paciente. No caso de extravasamento de contraste, 
o paciente deve ser orientado a aplicar compressa fria no local nas primeiras 24 
horas e compressa de água morna nas próximas 24 horas. 
5.1 RM de crânio 
É utilizado para avaliação do parênquima cerebral e no estudo das 
doenças desta região. Entre as principais indicações, podemos destacar: 
tumores, processos inflamatórios, alterações da substância branca e cinzenta, 
malformações, estudo vascular venoso e/ou arterial, avaliação de isquemia 
encefálica, avaliação das alterações morfológicas nas síndromes convulsivas, 
estudos funcionais e estudo por espectroscopia. 
 
 
11 
 
Crédito: Triff/Shutterstock. 
5.2 RM de abdômen 
A aquisição sequencial rápida permite o estudo desta região com 
contraste endovenoso nas fases arterial, portal, equilíbrio e tardias, de maneira 
bem parecida com as obtidas nos exames de Tomografia Computadorizada. 
Entretanto, na RM, o estudo da luz do trato digestório fica bastante 
prejudicado, de forma que grande parte das lesões oclusivas e da parede 
intestinal não encontra resposta boa nesse método de imagem, sendo preferível 
a realização da Tomografia Computadorizada. 
Em RM, o exame do abdome abrange apenas a parte superior. Para 
avaliação da parte inferior, deve-se realizar protocolo de RM de pelve. Quando 
o estudo abrande abdome total, é realizado protocolo de abdome superior e 
pelve. 
As principais indicações para a realização da RM de abdome são: estudo 
de fígado e pâncreas, estudo de vias biliares por meio da colangiorressonância, 
estudo das vias excretoras por meio da urorressonância, estudo da 
vascularização arterial, venosa e circulação portal, tumores e abcessos desta 
região. 
 
 
12 
 
 
Crédito: Tossaporn Buttabut/Shutterstock. 
5.3 RM coluna lombar 
O exame para avaliação da coluna lombar apresenta diversas vantagens 
quando comparado ao mesmo pela Tomografia Computadorizada. Entre essas 
vantagens, destacam-se: 
• A visualização de todos os espaços intervertebrais e seus respectivos 
discos; 
• Visualização do cone medular e do canal raquidiano. 
Este estudo é muito indicado para pesquisas de compressões 
raquimedulares por hérnia de disco, artroses, estreitamento de canal, tumores, 
processos infecciosos e pós-operatórios. 
 
 
13 
 
Crédito: Kondor83/Shutterstock. 
NA PRÁTICA 
A RM é uma opção para auxiliar no diagnóstico devido à grande 
sensibilidade do método, levando em consideração a capacidade que o 
equipamento possui de realizar imagens em diferentes cortes e possibilitar a 
visualização das estruturas escolhidas em formas diversificadas. 
FINALIZANDO 
A RM é indicada pensado na visualização de órgãos e sistemas para 
apontar possíveis falhas que possam causar doenças desde a parte óssea, 
muscular e até mesmo acompanhamento de lesões por causas oncológicas. O 
contraste utilizado neste método é eficaz e possui baixa estatística de reações 
adversas, portanto, é considerado muito útil e seguro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMAGENOLOGIA 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Andressa Santi 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Alguns exames são muito indicados pelos médicos por serem rápidos, 
seguros e, principalmente, eficazes. Dois exemplos: exames de raios X e 
mamografia, cada um com sua indicação, são exames com resultados 
praticamente imediatos, que podem definir lesões ósseas, como nos raios x, e 
neoplasias na mama, como na mamografia. Este exame, inclusive, é um dos 
mais importantes no diagnóstico e acompanhamento do câncer de mama. 
TEMA 1 – RAIOS X 
Um dos exames mais comuns no mundo da imagenologia. Pode-se dizer 
que a maior parte da população já realizou alguma vez na vida uma radiografia. 
A descoberta dos raios x veio com experimentos com “tubos catódicos”, 
equipamentos exaustivamente utilizados em experimentos no final do século 
XIX, que consistiam em um tubo de vidro ligado a uma bomba de vácuo, em que 
era aplicada uma diferença de potencial entre dois terminais opostos, gerando 
uma corrente eletromagnética dentro do tubo. Ao final do século XIX, foi 
constatado que a matéria absorvia os raios provenientes do cátodo, e que essa 
absorção era inversamente relacionada com a voltagem de aceleração. Em 
alguns casos, era possível visualizar a emissão de fluorescência através de “luz 
visível”. 
Em 1895, o físico alemão Wilhem Conrad Roentgen descobriu os raios x. 
A primeira radiografia foi realizada em 22 de dezembro de 1895, quando 
Roentgen pôs a mão de sua esposa Anna Bertha Roentgen no chassi, com filme 
fotográfico, fazendo incidir a radiação oriunda do tubo por cerca de 15 minutos. 
Tendo revelado o filme, lá estava a confirmação de seus estudos: a figura dos 
ossos da mão da sua esposa aparecia dentro das partes moles, menos densas. 
 
Créditos: FotoArtist Stockphoto/Shutterstock. 
 
 
3 
Roentgen estudou exaustivamente a radiação, tendo descoberto as 
principais propriedades do fenômeno, como a propagação em linha reta, a alta 
capacidade de penetração, a indiferença a campos magnéticos e a capacidade 
de impressionar chapas fotográficas. Tais propriedades, em certos momentos, 
aconteciam com a luz; em outros, com os “raios catódicos”. Ele tentou verificar 
reflexão, refração e difração, sem sucesso, o que o levou a supor que se tratava 
de algo diferente de todas as radiações já conhecidas. 
1.1 Produção de raios X 
Para a formação dos raios X, é necessário que uma partícula de alta 
energia cinética seja desacelerada de maneira rápida. Para que isso ocorra, o 
método mais utilizado é fazer com que um elétron de alta energia (gerado no 
tubo catódico) colida com um alvo metálico (ânodo). Uma vez que o elétron 
atinge o alvo, um elétron da camada K de um átomo material é liberado em forma 
de fotoelétron, causando vacância na camada. Esse espaço deixado pelo elétron 
na camada K é ocupado por um outro elétron de uma camada mais externa, e 
assim acaba liberando energia na forma de um fóton dos raios X. 
Quando fazemos a análise do espectro, notamos que, para as voltagens 
mais altas, são produzidos certos comprimentos de onda em intensidade muito 
maior do que as demais – é a chamada radiação característica do alvo. Os 
demais comprimentos de onda são chamados de radiação branca, formada por 
vários comprimentosde onda. Quanto mais aumentamos a diferença de 
potencial, mais a radiação característica se destaca em relação à radiação 
contínua, o que possibilita a utilização de um comprimento de onda pré-
determinado. 
A maneira como o espectro de raios X se comporta é explicada através 
das transições de níveis atômicos de energia. Para cada diferente transição de 
nível de energia, um comprimento de onda específico é emitido. 
Outra maneira de gerar raios x é com aceleradores sincrotron. Eles são 
equipamentos grandes, nos quais os elétrons são acelerados com grandes 
velocidades, próximas à da luz, por campos magnéticos. Ao serem 
desacelerados, produzem raios X em vários comprimentos de onda (neste caso, 
não há radiação característica). 
 
 
4 
 
Créditos: Erich Sacco/Shutterstock. 
1.2 Difração de raios X 
O espalhamento e a consequente difração de raios X podem ser 
analisados em diferentes níveis. No nível mais básico, ocorre o espalhamento 
de raios X por um elétron. Este espalhamento pode ser classificado como 
coerente ou incoerente. 
No espalhamento coerente, a onda espalhada tem direção definida, 
mesma fase e mesma energia em relação à onda incidente. A colisão é elástica. 
No espalhamento incoerente, a onda espalhada não tem direção definida. 
Ela não mantém a fase nem a energia. A colisão é inelástica e a energia referente 
à diferença entre a onda incidente e a onda espalhada se traduz em ganho de 
temperatura. 
Em 1914, Laue montou um experimento em que um feixe de raios X 
incidia em um cristal; por trás do cristal, havia uma chapa fotográfica. 
Ao verificar a chapa fotográfica, Lauen observou a formação de um padrão 
de difração. Com a difração, estava provada a natureza ondulatória dos raios x. 
A difração se tornou útil para a determinação de estruturas cristalinas. A 
formação dos picos de difração está ligada à lei de Bragg, quando vista no nível 
dos planos cristalinos. 
 
 
5 
 
Créditos: Amalakanti Satya Sarada/Shutterstock. 
De maneira simplificada, os cristais são arranjos anatômicos ou 
moleculares, cuja estrutura se repete em uma forma periódica e tridimensional. 
TEMA 2 – PROTOCOLOS DE RAIOS X 
O posicionamento, nos exames de raios x, é um dos principais fatores que 
interferem nos resultados. É necessário que o profissional tenha conhecimento 
amplo de anatomia para que sejam geradas imagens de boa qualidade – 
capazes, consequentemente, de colaborar com um diagnóstico correto e 
preciso. 
Ao comparar um aparelho de raios X com outros equipamentos de 
imagem, percebemos que aqueles apresentam limitações no quesito de 
formação das imagens, pois elas são adquiridas em apenas duas dimensões. 
As estruturas anatômicas têm três dimensões; para que seja possível visualizá-
las dessa maneira, é necessário realizar registros em mais de uma posição, 
quando se trata de raios X, o que possibilita o acesso a imagens em diferentes 
perspectivas. 
Fatores como ângulo de observação, densidade e proximidade entre a 
estrutura estudada com o aparelho de raios x determinam a nitidez das imagens. 
Por isso, é essencial enfatizar a importância do posicionamento correto. 
 
 
 
6 
2.1 Posições gerais 
Algumas posições são mais utilizadas para a realização dos exames de 
raios-x. Elas visam uma padronização para posterior análise e interpretação, 
pois há um consenso sobre a perspectiva adotada quando são descritos os 
achados pelo médico que avalia as imagens. 
 A posição base para as demais posições é a anatômica. 
 
Créditos: CLIPAREA l Custom media/Shutterstock. 
• Ortostatismo: paciente em pé e ereto, exemplificada pela posição 
anatômica. 
 
 
7 
 
Créditos: CLIPAREA l Custom media/Shutterstock. 
• Decúbito dorsal: o paciente se encontra deitado de barriga para cima. 
• Decúbito lateral: o paciente ficará deitado sobre um lado do corpo, o 
esquerdo ou o direito. 
• Decúbito ventral: o paciente é posicionado de barriga para baixo. 
 
Créditos: ilusmedical/Shutterstock. 
 
 
 
8 
TEMA 3 – INCIDÊNCIAS RX 
Como se trata de um exame que emite radiação, é importante restringir a 
quantidade de radiografias, estabelecendo uma combinação entre diversas 
modalidades de incidências. Assim, é possível obter um ótimo resultado, com 
uma visão ampla dos órgãos e tecidos do corpo. 
Em geral, um pedido de radiografia contém pelo menos uma das cinco 
incidências a seguir: 
• Incidência póstero-anterior (PA): o feixe de raios x deve entrar pela 
parte posterior e sair pela anterior. A face mais próxima à placa é a que 
aparece mais nítida nas imagens. Essa incidência é recomendada para 
visualizar a porção anterior da área que está sendo avaliada. 
 
Créditos: Yok_onepiece/Shutterstock. 
• Incidência anteroposterior: ao contrário da incidência PA, neste caso a 
radiação entra pela parte anterior e sai pela posterior. Indicada para 
avaliação posterior das estruturas. 
 
 
 
9 
 
Créditos: Suttha Burawonk/Shutterstock. 
• Incidências oblíquas AP e PA: varia de acordo com o pedido médico, de 
modo a facilitar a visualização de um dos lados da porção anterior ou 
posterior. Se, por exemplo, o pedido for de OPA (incidência oblíqua 
posterior esquerda), a face posterior esquerda deve estar mais próxima 
da chapa do equipamento. 
 
Créditos: Suttha Burawonk/Shutterstock. 
• Incidência médio-lateral: é quando a trajetória do feixe de raios x entra 
pela face medial e sai pela face lateral. 
 
 
10 
 
Créditos: Suttha Burawonk/Shutterstock. 
TEMA 4 – MAMOGRAFIA 
Os casos de neoplasias malignas das mamas são responsáveis por um 
grande número de óbitos em mulheres. O controle de câncer de mama requer 
prevenção, detecção precoce e tratamento. 
Para detecção precoce, existem três estratégias, segundo a OMS. Elas 
atuam de forma complementar, de maneira preventiva: autoexame das mamas, 
exame clínico e mamografia. 
A mamografia tem alta sensibilidade e alta especificidade na detecção de 
lesões mamárias. Porém, o resultado correto do exame depende de fatores 
como qualidade do equipamento, além de posicionamento e técnica correta de 
realização. 
Há diversos casos em que a mamografia é indicada, por exemplo: 
• A mamografia de rotina é utilizada em mulheres que não apresentam 
sinais e nem sintomas de câncer de mama, por ser capaz de detectar 
lesões pequenas e não palpáveis. 
• Também pode ser indicada em casos de pré-terapia de reposição 
hormonal, com a finalidade de estabelecer padrão mamário e detectar 
lesões não palpáveis. 
• Como exame pré-operatório para cirurgia plástica. 
 
 
11 
• Seguimento de câncer de mama, após mastectomia. Deve ser realizado 
anualmente, sendo essencial comparar os exames. 
• Controle de lesões. 
A imagem na mamografia é formada do mesmo modo que a imagem em 
radiografia convencional. Um feixe de raios X, proveniente de uma fonte quase 
pontual, incide sobre a mama comprimida. A fração do feixe é transmitida através 
do tecido, sendo registrada em um receptor de imagem. Outra fração sofre um 
processo de espelhamento, que não contribui para a formação da imagem. O 
restante da fração é absorvida pelos tecidos da mama. 
As diferentes estruturas no interior da mama produzem atenuações 
diferenciadas, de acordo com as densidades e espessuras, durante o processo 
de penetração pelo feixe de raios X. A imagem formada é resultado da atenuação 
diferenciada dos raios X, ao longo do caminho, através dessas estruturas. 
 
Créditos: ilusmedical /Shutterstock. 
• O equipamento de mamografia deve ter contraste radiográfico e resolução 
espacial. 
• A detecção entre as diferenças de atenuação dos feixes de raios x entre 
os tecidos normais e os diferenciados é dada pelo contraste radiográfico 
de todas as partes da mama. 
• A origem do contraste é dada pela variação da atenuação dos fótons de 
raios X, devido a diferenças nas espessuras e densidades dos tecidos 
mamários. 
 
 
12 
• É necessárioresolução espacial suficiente para que seja possível 
visualizar os detalhes mais finos associados aos casos de câncer de 
mama, como contornos das lesões e microcalcificações. 
Como a mamografia é um exame que emite radiação, e a mama é 
considerada um órgão sensível, é necessário utilizar a menor dose possível de 
radiação durante o exame. Por outro lado, é preciso que a imagem seja 
considerada de alto padrão em termos físicos – ou seja, alto contraste, alta 
resolução espacial e baixo ruído. 
TEMA 5 – MAMÓGRAFO 
O equipamento da mamografia (mamógrafo) é composto por um gerador 
de alta tensão, uma torre mecânica com um braço em forma de arco em “C” e 
um painel de controle. O arco apresenta, em uma de suas extremidades, um 
cabeçote blindado onde está localizado o tubo de raios X. Na outra extremidade 
está o “bucky”, um suporte para a mama, com espaço para a inserção do 
receptor de imagem. 
Esse braço pode ser rotacionado sobre um eixo horizontal, considerando 
que a mama deve ser examinada em diferentes projeções, o que possibilita a 
realização de diversas incidências. Também é possível ajustar a altura do braço 
de acordo com a altura do paciente. 
 
Crédito: Peakstock/Shutterstock. 
 
 
13 
 
Crédito: Radiological imaging/Shutterstock. 
NA PRÁTICA 
Na radiologia, tanto os raios X quanto a mamografia são exames comuns, 
pois são rápidos, indolores e com resultados eficazes, tanto para o diagnóstico 
quanto para o acompanhamento de lesões – cada um com a sua especificidade. 
FINALIZANDO 
É importante ressaltar que, como em todos os outros exames de imagem, 
é necessário ter conhecimento anatômico para a realização dos procedimentos, 
além de domínio dos equipamentos. Os cuidados com o paciente são tão 
importantes quanto os conhecimentos teóricos. É importante lembrar que os 
profissionais da saúde devem seguir princípios éticos, oferecendo cuidado a 
todos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIOMEDICINA ESTÉTICA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Nathaly Tiare Jimenez da Silva Dziadek 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Pode-se definir estética como aplicação racional da beleza ou, ainda, 
promoção e prevenção da saúde por meio da beleza, o que leva a estética a se 
inserir na área da saúde, visto que o profissional da área desenvolve ações para 
equilíbrio do bem-estar físico, social e emocional dos seus clientes/pacientes. A 
promoção da saúde é um processo ativo, cujo objetivo é melhorar o estado geral 
de saúde das pessoas, incentivando a melhora de hábitos e estilo de vida, 
aumentando o bem-estar de maneira geral, por meio de autorresponsabilidade, 
consciência nutricional, redução e controle de estresse e boa forma física. 
Hoje, saúde está diretamente relacionada com o bem-estar e a qualidade 
de vida e não simplesmente como a ausência de doença. Nesse cenário, a 
biomedicina estética ganha cada vez mais espaço, pois trabalha a autoestima 
do indivíduo, o que é sabido que afeta diretamente a sua saúde mental e 
emocional e, consequentemente, a sua saúde física. E, junto com o ramo da 
estética, a figura do biomédico esteta ganha muito destaque, pelo fato de o 
profissional biomédico, com toda a sua competência, adquirida mediante 
estudos em anatomia, fisiologia, histologia, patologia, microbiologia, 
farmacologia, entre vários outros campos, ser um profissional que entende dos 
processos fisiológicos e dos reais efeitos estéticos oriundos dos processos de 
inflamação controlada e regeneração tecidual e celular. 
TEMA 1 – INTRODUÇÃO À BIOMEDICINA ESTÉTICA 
A palavra estética tem sua origem no termo grego aisthetiké e significa 
aquele que nota, que percebe. Também é conhecida como filosofia da arte ou 
estudo do que é belo nas manifestações artísticas e naturais. Pode-se dizer 
ainda que estética é algo que remete à beleza e faz referência ao sentimento de 
que alguma coisa bela desperta dentro de cada indivíduo. A influência da cultura 
grega na sociedade moderna ainda é muito forte, observada por meio do 
julgamento estético praticado por praticamente toda a humanidade, 
principalmente em uma sociedade que vive o consumo e o culto da imagem e 
das aparências, em que o corpo adquiriu uma centralidade e se transformou em 
mercadoria. 
A estética está presente no Brasil desde a década de 1950. 
Posteriormente, a profissão de esteticista foi devidamente reconhecida pela Lei 
 
 
3 
n. 13.643/2018 (Brasil, 2018) e seus profissionais fazem parte da Classificação 
Brasileira de Ocupações (CBO). 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1946, citada por O que, 
2020), saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não 
somente a ausência de doença ou enfermidade. A saúde estética tem como 
principal objetivo instruir e levar saúde às pessoas por intermédio da beleza, 
como forma de melhorar condições de bem-estar físico, mental e social, 
promovendo e proporcionando a prevenção de doenças, o rejuvenescimento 
fisiológico, melhorando a autoestima e os hábitos de vida. 
A estética deve ser considerada também uma questão de saúde pública, 
pois compreende o atendimento das necessidades humanas básicas das 
pessoas com direcionamento à prevenção e à promoção da saúde, contribuindo 
com um pensamento, para a sociedade, que mostre a beleza como reflexo de 
boa saúde física e mental, por compreender hábitos saudáveis e, principalmente, 
feitos de maneira responsável. Quando se fala em autoestima, observa-se que 
essa está diretamente ligada ao estado emocional das pessoas e, muitas vezes, 
uma autoestima baixa interfere e prejudica a saúde emocional do indivíduo. 
1.1 Biomedicina estética 
A habilitação em biomedicina estética foi reconhecida pelo Conselho 
Federal de Biomedicina (CFBM) em 10 de outubro de 2010, e da área não 
médica foi a primeira classe profissional reconhecida e autorizada a atuar com 
procedimentos minimamente invasivos, incluindo os injetáveis. O profissional só 
pode atuar na área da saúde estética com a devida titulação de biomédico esteta 
concedida pelo Conselho Regional de Biomedicina (CRBM) de sua região. Para 
isso, esse profissional precisa ter bacharelado em Biomedicina e experiência nos 
procedimentos estabelecidos pela Resolução CFBM n. 200/2011 (CFBM, 
2011c). Essas exigências dizem respeito a cumprimento de período de estágio 
e de pós-graduação, na área de estética, realizada em instituições reconhecidas 
pelo Ministério da Educação (MEC). Quem se especializa nessa área aprofunda-
se no conhecimento da derme e de seus anexos (pelos, unhas, glândulas 
sebáceas e sudoríparas), assim como do tecido adiposo e do metabolismo. 
Nessa habilitação da biomedicina, o profissional atuará na área da saúde 
estética promovendo bem-estar físico e estético dos pacientes, realizando 
procedimentos e tratamentos preventivos do envelhecimento fisiológico do 
 
 
4 
organismo e das disfunções estéticas faciais, corporais, capilares e íntimas. O 
biomédico esteta pode atuar em clínicas de estética e bem-estar, inclusive 
respondendo tecnicamente por elas, como seu responsável técnico (RT); de 
forma autônoma, em parceria com clínicas e estabelecimentos da área; e, para 
os que o desejam, empreender e ter o seu próprio serviço de estética e bem-
estar. O profissional atua em uma zona de trabalho de estética não invasiva, em 
que geralmente atuam os esteticistas (técnicos ou tecnólogos em Estética) e os 
profissionais médicos. 
Quadro 1 – Procedimentos realizados por profissionais médicos 
(dermatologistas e cirurgiões plásticos), biomédicos estetas e esteticistas e 
cosmetólogos 
Profissionais médicos 
(dermatologistas e 
cirurgiões plásticos) 
Biomédicos estetas 
 
Esteticistas e 
cosmetólogos 
Realizam 
procedimentos estéticos 
cirúrgicos, invasivos e 
minimamente invasivos, 
injetáveis, prescrição de 
dermocosméticos, 
nutracêuticos, 
medicações 
controladas, bloqueios 
anestésicos. 
Realizamprocedimentos estéticos 
minimamente invasivos, 
injetáveis, prescrição de 
dermocosméticos, 
nutracêuticos. 
Realizam 
procedimentos estéticos 
não invasivos, utilizam 
terapias térmicas, 
elétricas, 
fototerapêuticas, 
mecânicas, atuam em 
serviços personalizados 
de atendimento (SPAs) 
e salões de beleza, 
fazem maquiagem 
profissional, depilação. 
TEMA 2 – RESOLUÇÕES 
A biomedicina estética é uma área reconhecida pelo CFBM, cujo 
profissional pode atuar no desenvolvimento de tratamentos aplicados na estética 
facial e corporal. A busca acentuada por procedimentos estéticos está ligada 
diretamente com a autoestima, evidenciando cuidados estéticos fundamentais 
no cotidiano de um indivíduo, o que torna o mercado da estética cada vez mais 
promissor, capaz de oferecer a possibilidade de conquista de autonomia a 
 
 
5 
profissionais qualificados, que contribuam para a saúde e o bem-estar das 
pessoas por meio de tratamentos estéticos. 
A biomedicina estética teve início, no Brasil, em 2006, por iniciativa da 
biomédica Ana Carolina Puga. Em 10 de outubro de 2010, a atuação em 
biomedicina estética foi aprovada pelo CFBM, por unanimidade. A biomedicina 
abriu novos campos de trabalho para o biomédico, possibilitando a sua saída 
das bancadas e permitindo-lhe atuar como profissional liberal em clínicas 
especializadas, empresas da área e indústrias de produtos de beleza. Sua 
atuação esteta está envolvida com o desenvolvimento de tratamentos estéticos 
para disfunções faciais e corporais, envelhecimento fisiológico ligado à pele, 
metabolismo e tecido adiposo, além de pesquisas e procedimentos biomédicos 
na estética. 
A Resolução n. 197/2011 do CFBM (2011a) habilita o biomédico a atuar 
na área da estética como um profissional altamente capacitado a realizar 
tratamentos de disfunções faciais e corporais, elaborar tratamentos específicos 
mediante anamnese, cuidar da saúde e do bem-estar das pessoas. Por sua vez, 
a Resolução n. 200/2011 do CFBM (2011c) determina critérios para a habilitação 
em biomedicina estética. Já a Resolução n. 214/2012 do CFBM (2012) dispõe 
sobre os atos do biomédico e discrimina como se deve dar o uso de substâncias 
em procedimentos estéticos. A Resolução n. 241/2014 do CFBM (2014), de seu 
lado, classifica tratamentos para fotoenvelhecimento e procedimentos 
minimamente invasivos, ou seja, procedimentos não cirúrgicos, como aplicação 
de: 
• carboxiterapia; 
• preenchimento cutâneo; 
• toxina botulínica tipo A; 
• peeling químico; 
• microagulhamento; 
• escleroterapia; 
• intradermoterapia. 
Ainda segundo o art. 5º da Resolução n. 241/2014 do CFBM (2014), o 
biomédico torna-se prescritor das substâncias utilizadas em tais procedimentos. 
Seus cuidados podem envolver ainda emprego de laser de baixa, média e alta 
potência, além de outros recursos tecnológicos, para fins estéticos, 
 
 
6 
biotecnológicos, farmacológicos ou procedimentos invasivos não cirúrgicos, para 
fins estéticos. 
Com o conhecimento adquirido sobre segurança do paciente, o 
profissional habilitado e capacitado para atuar como biomédico o faz de forma 
consciente e cuidadosa, ao realizar seus procedimentos com todas as medidas 
de biossegurança, evitando a exposição do profissional a qualquer situação que 
ele não possa controlar. É importante que os procedimentos minimamente 
invasivos sejam conhecidos cuidadosamente pelo biomédico esteta, pois o 
domínio técnico, o aperfeiçoamento da aplicação e indicações corretas 
asseguram um bom resultado àqueles procedimentos. A adequada 
especialização do profissional biomédico, com conhecimento dos diferentes 
níveis de agressão à pele para indicação do melhor tratamento para o dano 
presente, garante a realização do procedimento mais correto e eficaz para cada 
caso, além da manutenção da saúde e beleza da pele. 
TEMA 3 – ÉTICA NA ESTÉTICA 
O profissional biomédico esteta precisa seguir algumas diretrizes para 
assegurar que seus procedimentos e tratamentos sejam feitos de maneira 
correta, ética e responsável, independentemente se o profissional é autônomo, 
trabalha no regime da Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT (Brasil, 1943) 
ou é proprietário de serviço de estética e bem-estar. Algum dos requisitos que 
precisam atenção e devem ser seguidos são: situação cadastral compatível com 
área de atuação, registro e habilitação em biomedicina estética no CRBM, 
vistorias e licenças sanitárias e demais necessárias em conformidade. É 
importante que o profissional saiba o que é aplicável e recomendado a sua área 
de atuação e tenha suas atividades regulamentadas. 
No rol de atividades e atribuições permitidas ao biomédico esteta temos 
vários procedimentos, como injetáveis (carboxiterapia, aplicação de toxina 
botulínica e preenchedores, fios de dermossustentação, ozonioterapia, 
bioestimuladores de colágeno, intradermoterapia etc.), laserterapia, 
eletroterapia, luz intensa pulsada e peelings químicos e mecânicos, além de 
outros procedimentos. O profissional pode executar somente atribuições que lhe 
são permitidas, ou seja, ele precisa saber e respeitar o limite de suas atividades. 
Por exemplo, o biomédico esteta não pode realizar bloqueio anestésico como o 
dentista, tampouco utilizar, em seus procedimentos, bisturi e realizar suturas, 
 
 
7 
prescrição de medicamentos controlados como antibióticos, divulgar imagens 
sem autorização do paciente, valores e/ou formas de pagamento dos 
procedimentos efetuados, entre outras vedações. Aliás, algo que merece muita 
atenção por parte dos profissionais é a sua postura ética: mais do que não 
divulgar imagens de pacientes sem sua autorização, ele deve manter todo o 
histórico do paciente no prontuário em sigilo, também. Muitas vezes, o paciente 
chega fragilizado ao consultório e, pela confiança que adquire no profissional, se 
sente à vontade para se abrir e contar-lhe seus problemas, o que deve ser 
preservado e não tornado público. 
A atenção do profissional, como um todo, deve ser centrada no 
paciente/cliente, que carece ser respeitado, ter consideradas suas preferências 
individuais, necessidades, assegurando que a tomada de decisões para seu 
tratamento se guiará pelos melhores valores ético-profissionais. Sendo o 
biomédico esteta um profissional da saúde, sua assistência deve ser sempre 
benéfica e nunca maléfica, sempre indicando o procedimento adequado ao caso 
e esclarecendo o paciente sobre quaisquer contraindicações aos tratamentos. O 
profissional também deve seguir os princípios de equidade e, assim, prestar o 
atendimento com a mesma qualidade independentemente de características 
pessoais, de gênero, etnia, status socioeconômico e localização geográfica, do 
primeiro paciente do dia ao último. 
Atualmente, têm ganhado mercado as consultorias realizadas por 
advogados que atuam no direito médico, alguns especificamente em clínicas de 
estética. Esses profissionais realizam, nas clínicas, um trabalho de prevenção 
de problemas, instruindo os demais profissionais sobre códigos de ética, 
resoluções e normas pertinentes às atividades que eles desenvolvam, para 
assegurar que elas sejam feitas de maneira correta e legal, evitando erros que 
poderiam ocasionar danos, atribulações e desgaste para pacientes, 
proprietários, profissionais e até mesmo resultar em processos judiciais. 
3.1 Código de Ética do Profissional Biomédico 
A Resolução n. 198/2011 do CFBM (2011b) regulamentou o Código de 
Ética do Profissional Biomédico, o qual regula os direitos e deveres 
do profissional com inscrição no respectivo CRBM. O descumprimento, a 
transgressão a esse Código de Ética podem resultar na aplicação de 
penalidades, sanções, a seu agente, que vão de advertência a cancelamento de 
 
 
8 
registro no CRBM, podendo ainda o caso adentrar outras esferas, tanto cível 
quanto penal. 
Posteriormente, o CFBM (2020) instituiu um novo Código de Ética por 
meio daResolução n. 330/2020, que impactou de forma bem positiva o trabalho 
dos biomédicos estetas e reforçou algumas proibições, também. Segundo o 
novo Código de Ética do Profissional Biomédico: 
CAPÍTULO V 
Dos Limites para Propaganda, Publicidade e Anúncio da Atividade 
Biomédica. 
Art. 7º A atividade do profissional biomédico é de sua exclusiva 
responsabilidade 
Art. 8º Considera-se propaganda, publicidade ou anúncio, qualquer 
divulgação relativa à atividade profissional oriunda ou promovida pelo 
profissional biomédico, independentemente do meio de divulgação. 
I- A participação do profissional biomédico na divulgação de assuntos 
de seu âmbito profissional deve-se pautar pela prévia condição de 
conteúdo que apresente evidências científicas, 
visando primordialmente o esclarecimento e a educação da população, 
além do interesse público, vedada a autopromoção, a prática 
enganosa, abusiva ou em desacordo aos direitos do consumidor; 
II- É obrigação do profissional biomédico observar os princípios éticos 
de sua profissão na publicidade, propaganda ou anúncio, em especial 
no campo dos procedimentos assistenciais; 
III- O profissional biomédico, responsável legal/administrador e/ou 
Responsável Técnico por estabelecimento, de igual forma torna-se 
responsável pela publicidade, propaganda e/ou anúncio que a Pessoa 
Jurídica realizar. 
Art. 9º Na propaganda, publicidade ou anúncio individual ou coletiva, 
deverão constar: 
a) nome do biomédico, da pessoa jurídica e seus respectivos números 
de inscrições no Conselho; 
b) habilitações devidamente registradas; 
c) títulos do profissional; 
d) endereços e horários de trabalho; 
Art. 10 O profissional biomédico poderá divulgar os títulos, 
cursos/capacitações/atualizações que participou, após sua inclusão na 
área de atuação. 
§ 1º - O biomédico poderá utilizar mídia exterior e/ou mídia eletrônica, 
obedecendo a legislação pertinente. As mídias deverão obedecer às 
indicações constantes do artigo 9º e alíneas, ainda: 
I - A divulgação de autorretratos (selfies) de biomédicos, 
acompanhados de usuário ou não, desde que com autorização prévia 
do usuário ou de seu representante legal, através de Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE; 
II - Toda atividade passível de autorização do usuário deverá ser 
obrigatoriamente encaminhada ao respectivo conselho via digital, sob 
responsabilidade exclusiva do Responsável Técnico – RT; 
III - Divulgação de imagens por biomédico responsável pela sua 
execução cientificamente comprovada, com autorização prévia do 
usuário ou de seu representante legal, através de TCLE; 
IV - Publicar imagens e resultado final de procedimentos, salvo nos 
casos onde houver, além do TCLE para esse fim, os seguintes dizeres 
constantes na descrição ou legenda da peça publicitária: “Esta imagem 
não representa, em hipótese alguma, garantia de resultado. Cada ser 
humano tem características anatômicas e fisiológicas únicas”; 
V - No caso de divulgação de imagens relativas aos procedimentos, 
conhecidos como “antes” e “depois” deverá constar legenda nas 
 
 
9 
imagens contendo a seguinte informação autorizada em TCLE: 
divulgação autorizada pelo usuário”. 
Art. 11 É vedado ao biomédico: 
a) adulterar dados visando beneficiar-se individualmente ou a 
instituição/estabelecimento que representa, assessora ou integra. 
b) usar expressões que caracterizem ou garantam, prometam ou 
induzam a determinados resultados do procedimento, sem efetiva 
comprovação, bem como utilizar-se de expressões como “o (a) 
melhor”, “o (a) mais eficiente”, “o (a) único (a) capacitado (a)”, 
“resultado garantido” ou outras capazes de induzir o usuário ao erro, 
sensacionalismo, a autopromoção, a concorrência desleal, 
a mercantilização da Biomedicina ou a promessa de resultado; 
Parágrafo Único – São consideradas práticas de 
mercantilização indevida a divulgação de pacotes de serviços, 
promoções, ofertas, e/ou benefícios financeiros de qualquer natureza. 
c) publicar imagens de usuários, salvo com prévia e expressa 
autorização do usuário ou de seu representante legal; 
d) expor o usuário como forma de divulgar técnica, método ou 
resultado não efetivamente comprovado cientificamente. Ressalvando 
a divulgação de imagens relativas às atividades biomédicas, desde 
que haja a autorização expressa do usuário ou de seu representante 
legal. 
e) utilizar-se de qualquer imagem que possa induzir a um resultado 
enganoso, levando o usuário em erro. 
f) divulgação de imagens que permitam a identificação de 
equipamentos, instrumentais, materiais, substâncias e respectivas 
marcas visando autopromoção; 
g) divulgação de vídeos e/ou imagens que demonstrem as técnicas de 
procedimentos para leigos com conteúdo relativo ao transcurso e/ou à 
realização das atividades, exceto em publicações científicas. 
h) promover publicidade enganosa ou abusiva que afete ou prejudique 
a sociedade. 
i) ser conivente ou omisso às práticas lesivas ao usuário; 
j) fazer afirmações e citações ou exibir tabelas e ilustrações 
relacionadas a informações que não tenham sido extraídas ou 
baseadas em publicações de órgãos e entidades oficiais, de uso 
tradicional reconhecido, de valor acadêmico com fundamento em 
literatura consolidada e/ou baseada em publicações ou 
evidências científicas; 
k) adotar práticas contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons 
costumes; 
l) divulgar preços de serviços ou formas de pagamento para captação 
de usuário em desacordo aos direitos do consumidor e com o código 
de ética, evitando assim a mercantilização e a concorrência desleal 
m) oferecer vantagem, ganho ou benefício financeiro a terceiro em 
retribuição ou troca de obtenção de serviço; 
n) negar ao usuário ou seu responsável informação de qualidade, 
confiável e rastreável cientificamente dos procedimentos; 
o) anunciar títulos acadêmicos que não possa comprovar ou 
habilitação e/ou especialidade para a qual não esteja qualificado [...] 
(CFBM, 2020). 
TEMA 4 – BIOSSEGURANÇA NA ESTÉTICA 
Biossegurança pode ser definida como o conjunto de ações voltadas para 
proteção do trabalhador, minimização de riscos inerentes às atividades de 
pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de 
serviços, manutenção da saúde humana, animal e do meio ambiente e busca de 
 
 
10 
qualidade nos resultados. A biossegurança visa também à segurança do 
paciente, visto que principalmente a falta dela pode ser a causa de eventos 
adversos no momento da prestação de serviços ou de assistência em saúde. 
Em serviços de saúde, em que se enquadram também os serviços de 
estética, existe a característica de se trabalhar em ambientes em geral com 
presença de agentes dos cinco grupos de risco: físico, químico, biológico, 
ergonômico e de acidente ou mecânico. Consistem em exemplos de agentes de 
risco físico: frio, calor, ruído, vibração, entre outros; de agentes de risco químico: 
algumas substâncias utilizadas nos procedimentos, como os ácidos em peelings, 
produtos de limpeza e desinfecção, entre outros; de agentes de risco biológico: 
pela própria manipulação dos pacientes, a exposição a bactérias, fungos, vírus, 
contaminação cruzada, entre outros; de agentes de risco ergonômico: postura 
inadequada, repetitiva, uso de maca e/ou cadeira em altura inadequada, 
iluminação inadequada, entre outros; de agentes de risco mecânico: fiação 
elétrica inadequada, piso molhado, realização de atos inseguros, acidentes com 
perfurocortantes, entre outros. 
Nesta aula, daremos ênfase aos riscos biológicos. Conhecimento técnico, 
atendimento personalizado, oferta de produtos de qualidade são alguns dos 
atributos que fazem um profissional de estética se destacar no mercado. Mas, 
além deles, há uma outra importante questão que deve ser priorizada: os 
cuidados básicos de higiene, manipulação e conservação de produtos, materiais 
e equipamentos existentes no espaço de trabalho. O primeiro cuidado em 
biossegurança, o mais básico, e de extrema importância, é a higienizaçãocorreta 
e constante das mãos. As mãos são a principal ferramenta de trabalho do esteta 
e elas tocam áreas externas e comuns, tocam produtos e materiais e tocam 
pacientes. Se as mãos do profissional estão contaminadas, podem ser um 
veículo de contaminação do próprio profissional, do paciente e também dos 
produtos e materiais utilizados. 
Os equipamentos de proteção individual (EPIs) são materiais de uso 
individual, muitos deles descartáveis, pois não devem ser utilizados mais de uma 
vez, mesmo que se trate de procedimento em um mesmo cliente. Consistem em 
EPIs: 
• Luvas – devem ser utilizadas em todos os procedimentos e descartadas 
ao final de cada um deles. Seu emprego, contudo, não dispensa a 
lavagem (higienização) das mãos. Elas devem ser calçadas de maneira a 
 
 
11 
sobreporem os punhos do jaleco e, uma vez colocadas, não se deve tocar 
com elas em outros objetos. 
• Touca – o emprego da touca pelo profissional previne contaminação 
cruzada, do profissional para o cliente, por micro-organismos que possam 
estar presentes no cabelo. Também é uma forma de proteção do 
profissional contra uma possível contaminação dos cabelos por secreções 
que possam ocorrer conforme o procedimento estético a ser realizado. 
Protege o cliente, principalmente o de cabelos longos, também de ações 
indesejadas dos cosméticos utilizados. 
• Jaleco – o mais adequado é que seja comprido, de mangas longas, tecido 
fechado (não com rendas) e com botões. Existem aventais descartáveis 
para profissionais; porém, na rotina diária dos consultórios e clínicas, eles 
não são muito utilizados. Os jalecos de tecidos devem ser trocados 
diariamente e somente utilizados nos espaços de atendimento (sala, 
cabine, consultório...). 
• Óculos – protegem os olhos dos profissionais. Os olhos são áreas de fácil 
contaminação. 
• Máscara – protege a boca e o nariz do profissional, áreas de mucosas 
que também podem contaminar-se facilmente. A máscara deve ser 
descartável e/ou trocada com frequência. 
Em qualquer ambiente, estamos constantemente em contato com poeira 
e sujeiras em geral, provenientes do ar, do solo e do próprio homem. Juntamente 
com elas estão vários micro-organismos, como fungos, bactérias, vírus etc. 
Esses micro-organismos, dependendo do lugar onde se encontram, podem ser 
benéficos ou não. Por exemplo, na nossa pele existem vários micro-organismos 
de defesa, cuja retirada pode nos ser prejudicial, causando o enfraquecimento 
do sistema de defesa da pele. Porém, se esses mesmos elementos entrarem em 
contato com um cosmético, a água, os extratos e as matérias-primas existentes 
em sua composição podem servir de fonte de sua proliferação, tornando-os, 
assim, potencialmente perigosos à saúde humana. O mesmo acontece com os 
micro-organismos que vivem no ambiente. Quando um produto fica muito 
exposto, aberto por muito tempo, os micro-organismos entram em contato com 
esse produto, proliferando-se da mesma maneira como ocorre na pele humana. 
Com isso, uma pessoa que entra em contato com um produto ou material 
contaminado pode apresentar diferentes reações alérgicas e, em casos mais 
 
 
12 
graves, até infecções. Além da reação no corpo do paciente, o próprio cosmético 
ou outro produto pode sofrer alterações de acordo com a bactéria ou fungo que 
o contaminou. As alterações podem variar desde mudança de cor e cheiro do 
produto, até alterações em sua viscosidade e eficiência. 
Em relação aos produtos utilizados, a melhor forma de armazená-los é na 
sua embalagem original. Deve-se evitar trocá-la, devido ao risco de 
contaminação, mesmo que seja por uma embalagem do mesmo tipo de produto. 
Logo, não é aconselhado passar o conteúdo de um produto de uma embalagem 
para outra. Essas embalagens dos produtos devem ser bem fechadas após o 
uso, para evitar contaminação por micro-organismos provenientes do ambiente. 
Além disso, dependendo do produto, se ele permanecer muito tempo aberto, em 
contato com o ar, pode oxidar, alterando sua cor e odor. Após o uso do produto, 
as tampas, bem como a boca do frasco, devem ser devidamente limpas e, de 
preferência, feita a sua assepsia com produtos à base de clorexidina ou outro 
elemento similar existente no local de trabalho. Quando houver realmente 
necessidade de se retirar cosméticos e/ou outros produtos dos seus potes ou 
embalagens originais, deve-se utilizar espátulas, de preferência descartáveis ou, 
se isso não for possível, espátulas limpas e assépticas. Nunca se deve retirar 
nenhum produto do frasco diretamente com as mãos, nem que seja para remover 
apenas o que está na tampa, pois, conforme exposto anteriormente, a nossa 
flora cutânea possui bactérias que, ao entrarem em contato com o produto, 
podem vir a contaminá-lo. A aparência do frasco também é muito importante. 
Embalagens sujas externamente pelo próprio produto ou qualquer outra 
substância podem não oferecer risco de contaminação do conteúdo, mas deixam 
um péssimo aspecto. 
Todos os materiais, equipamentos, bancada de trabalho, macas, cadeiras 
devem ser higienizados em sua parte externa com produtos para higienização e 
desinfecção, a cada atendimento. Os lençóis que recobrem a maca e o cliente 
devem estar sempre limpos e impecáveis e podem ser de tecido ou descartáveis, 
em qualquer caso sempre trocados a cada atendimento. Todo o ambiente de 
atendimento deve estar sempre higienizado. Para os procedimentos injetáveis, 
a assepsia do ambiente é ainda mais importante, bem como a garantia de 
esterilidade dos produtos e insumos, a fim de evitar contaminações, que possam 
causar intercorrências sérias. A manutenção preventiva e corretiva dos 
aparelhos, macas e demais equipamentos do local de trabalho também 
 
 
13 
demanda atenção e é fundamental para a segurança do profissional e do cliente 
– uma maca que precise de manutenção pode ser a causa de queda de um 
paciente; um aparelho que utilize laser desregulado, a causa de uma 
queimadura. 
Sempre que for possível, deve-se dar preferência ao uso de material 
descartável. Quando isso não for possível, várias são as substâncias as quais 
podem ser utilizadas no processo de higienização, desinfecção e esterilização 
de objetos e ambientes. Realiza-se essa desinfecção com álcool 70% e/ou 
produtos degermantes ou esterilizados em autoclave. Produtos que não possam 
ser higienizados dessas duas formas devem ser porcionados em recipientes 
adequados, para realização da limpeza. 
Serviços de estética são considerados serviços de saúde e devem se 
atentar quanto à geração de seus resíduos, que se enquadram na categoria de 
resíduos sólidos em saúde (RSS) e devem ter seu descarte, acondicionamento 
e destino final adequados, principalmente os resíduos tipo A (potencialmente 
infectantes) e os perfurocortantes. 
Biossegurança em qualquer ambiente é importante, mas em serviços de 
saúde é algo obrigatório, pois os efeitos da sua falta ou mau uso são muito 
diretos e podem gerar intercorrências muito graves, tanto para o profissional 
quanto para o paciente. 
TEMA 5 – BELEZA, AUTOESTIMA E AUTOIMAGEM 
Podemos dizer que a aparência externa tem importância na autoestima e 
bem-estar físico e mental de cada indivíduo. Ela muda a forma de esse indivíduo 
se relacionar na sua vida pessoal e profissional. Independentemente do sexo, os 
benefícios proporcionados pela estética se refletem no convívio pessoal e social 
da humanidade. O seu envolvimento direto com a autoestima e o bem-estar 
relacionados à beleza requer responsabilidade do profissional da estética no seu 
papel fundamental de incentivar a aceitação, pelas pessoas, da sua aparência, 
de fazê-las enxergar sua própria beleza, principalmente quando da necessidade 
de se utilizar tratamentos na face, pois ela é quem mais nos diferencia 
externamente uns dos outros. 
Quando recebemos um elogio, uma atenção, um carinho, a nossa 
autoestima é trabalhada em nosso interior, poisnão nascemos com ela pronta e 
em alta. A autoestima mantém fortes relações com nosso equilíbrio psicológico 
 
 
14 
e com o convívio no meio social em que vivemos, até mesmo no familiar. A baixa 
autoestima pode ser exemplificada pela decepção com nossa imagem corporal, 
quando fora do que acreditamos ser a imagem mais aceitável ou desejável para 
esse corpo. Já o bem-estar está relacionado ao estado emocional de um 
indivíduo, a uma autoavaliação positiva, à noção que cada um tem de felicidade, 
satisfação, o que também recebe influência do ambiente, da cultura, do gênero, 
da idade. A satisfação de viver é o termômetro do bem-estar. 
5.1 Pele e envelhecimento 
Ao falarmos de pele, podemos caracterizá-la como o maior órgão do corpo 
humano, que possui diversas funções, entre elas: proteção, controle da 
temperatura e metabolização. Com o avanço da idade, a pele apresenta seu 
envelhecimento e, com ele, o aparecimento, nela, de rugas, sulcos, linhas de 
expressão, hidratação reduzida, flacidez, perda da característica jovem de brilho 
e vigor. A pele é dividida em quatro camadas: hipoderme, derme e epiderme, 
sendo as últimas duas camadas as responsáveis pela aparência, além da 
camada de adipócitos (células de gordura). A estética age naquelas três 
primeiras camadas, proporcionando satisfação à tentativa de realizar a 
idealização que cada pessoa tem do seu corpo e da sua aparência refletida não 
somente no espelho como em seu estado psicológico e em seu convívio social. 
O envelhecimento é diário e contínuo, embora dependente de vários 
fatores internos e externos. Fatores intrínsecos estão relacionados com a 
genética de cada ser; já os extrínsecos sofrem influência do meio em que 
estamos expostos e dos hábitos que adquirimos. O aparecimento de manchas 
no rosto, mãos e pescoço, por exemplo, é comum porque são elas as áreas do 
corpo mais expostas. Tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas e alimentação 
desequilibrada também se refletem em nossa aparência e podem acelerar o 
nosso processo de envelhecimento. 
As rugas decorrem não somente do envelhecimento como do movimento 
muscular constante em nossa face quando expressamos nossas tristezas e 
alegrias, durante a vida. Essas rugas se formam dinâmicas e, com o passar dos 
anos, o processo de envelhecimento da pele, a falta de hidratação e a exposição 
ao ambiente, tornam-se permanentes e são denominadas rugas estáticas, que 
formam sulcos e não desaparecem quando não demonstramos nenhuma 
expressão, constituindo assim as marcas da realidade cronológica de cada um. 
 
 
15 
Manter uma boa aparência e não envelhecer fazem parte de uma cultura 
que vem desde a sociedade antiga, em que também já havia preocupação com 
a aparência e vaidade de homens e mulheres. Com isso, o aspecto psicológico 
do indivíduo está diretamente ligado ao seu bem-estar e autoestima. 
Com o avanço da tecnologia, em por volta dos anos 1930 o 
desenvolvimento de cosméticos a fim de amenizar as alterações cutâneas 
provocadas pelo envelhecimento ganha destaque. Mostra-se crescente também 
a preocupação da população com a saúde e a aparência física individual. A baixa 
autoestima decorre do que se reflete como negativo, para o indivíduo, quando 
ele se olha no espelho, o que acaba por se refletir também no seu estado 
psicológico, resultar em ansiedade, medos etc. 
Envelhecer é natural e inevitável: ocorre a todos, sem exceção. A 
satisfação de realizar tratamentos estéticos proporciona melhoria da autoestima 
e do bem-estar, mudando de forma significativa a relação de cada um com sua 
aparência, mexendo positivamente com seu estado psicológico e sua forma de 
ver e viver a vida. 
5.2 Corpo, padrões e cultura 
A definição de imagem corporal representa a construção interna da 
estrutura corporal e da aparência física em relação a nós mesmos e aos outros. 
Peso, altura, corpo ideal, padrão de corpo, satisfação corporal e desordem da 
imagem são alguns componentes dessa construção. Na atualidade, homens e 
mulheres demonstram maior preocupação e insatisfação com a imagem 
corporal, modificando seus hábitos e desejos. O processo de imagem corporal 
também pode ser influenciado por alguns fatores como: idade, sexo, sistema de 
crenças, influência dos meios de comunicação e da cultura. Quanto mais a mídia 
expõe corpos belos e exuberantes, maior é a busca por um corpo ideal e mais 
insatisfeitos os indivíduos se tornam. Na infância, alguns fatores contribuem para 
que surjam problemas relacionados à imagem corporal da criança. A forma 
negativa com que algumas crianças se veem; o que ouvem, muitas vezes, da 
própria família, da mídia, dos amigos sobre serem gordas ou magras, feias ou 
bonitas condicionam a busca prematura desses indivíduos pelo corpo ideal. 
Na adolescência, acontecem várias mudanças físicas e psicológicas e as 
meninas demonstram ser mais insatisfeitas com essas mudanças que os 
meninos. As meninas apresentam uma tendência a aumentarem o seu 
 
 
16 
percentual de gordura. E os meninos apresentam ganho de massa e de estatura. 
Essa é uma fase em que episódios de comportamentos compulsivos ocorrem 
com mais frequência. Quando adultos, esses indivíduos costumam ter de lidar 
com pressões culturais e valores quase os mesmos: corpo magro para as 
mulheres e ganho de massa para os homens. Padrões, muitas vezes, 
inatingíveis, fazendo com que busquem formas não saudáveis de se encaixarem 
e mesmo assim tornando-se mais insatisfeitos. 
Já entre os idosos, a busca pelo corpo sarado abre espaço para a 
insatisfação com a estética facial e a preocupação com os aspectos funcionais 
do corpo. 
Fato é que a motivação estética observada em todas as idades é a busca 
pelo emagrecer, porém as pessoas confundem emagrecer com perder peso. 
Dietas radicais para emagrecer sofrem efeito rebote: o indivíduo não consegue 
manter por muito tempo a dieta e acaba recuperando, muitas vezes, seu peso e 
até o aumentando para além do que havia perdido. Atividade física e hábitos 
alimentares saudáveis aceleram o metabolismo: ocorre ganho de massa magra, 
que pode subir o peso na balança, porém reduz medidas, pois massa magra tem 
menos volume que gordura. 
A busca pelo padrão de beleza ganha um aliado: a estética. 
Procedimentos estéticos minimante invasivos, realizados de forma não cirúrgica, 
com rápida recuperação, apresentam bons resultados e um ótimo custo-
benefício. 
NA PRÁTICA 
Qual o impacto da autoestima na saúde de um indivíduo? Em que a 
estética atua na promoção da saúde? Por que o biomédico se destaca na área 
da estética avançada? 
FINALIZANDO 
Ao longo do tempo, a saúde ganhou uma nova perspectiva: os avanços 
nas áreas humanas e tecnológicas auxiliam a busca de diferentes terapias e 
tratamentos direcionados à prevenção e promoção da saúde. Esses avanços 
fazem com que as pessoas mudem seus hábitos e estilos de vida, obtendo vida 
mais natural e saudável, além da melhora na sua qualidade de vida e autoestima 
 
 
17 
e de um entendimento de que é possível se produzir um envelhecimento físico 
mais tardio, saudável e esteticamente agradável. 
Nesse cenário, a biomedicina estética, com a possibilidade de realização 
de procedimentos não cirúrgicos, ganha destaque e é cada vez mais procurada 
por todas as classes sociais e gêneros, para correção de assimetrias, de 
disfunções estéticas, prevenção de envelhecimento precoce, manutenção de 
boas condições estéticas e, o mais importante, promoção de saúde. Seus 
procedimentos minimamente invasivos entregam excelentes resultados, com 
rápida recuperação e ótimo custo-benefício em relação aos procedimentos 
cirúrgicos invasivos antes tidos como única opção de tratamento estético. 
 
 
18 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Diário Oficial da União, 
Rio de Janeiro, 9 ago. 1943. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>.Acesso em: 10 
ago. 2021. 
_____. Lei n. 13.643, de 3 de abril de 2018. Diário Oficial da União, Brasília, 4 
abr. 2018. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2018/lei/L13643.htm>. Acesso em: 10 ago. 2021. 
CFBM – Conselho Federal de Biomedicina. Resolução n. 197, de 21 de fevereiro 
de 2011. Diário Oficial da União, Brasília, 22 fev. 2011a. Disponível em: 
<http://cfbm.gov.br/wp-content/uploads/2016/06/Res-2011-197.pdf>. Acesso 
em: 10 ago. 2021. 
_____. Resolução n. 198, de 21 de fevereiro de 2011. Diário Oficial da União, 
Brasília, 20 abr. 2011b. Disponível em: 
<http://www.normaslegais.com.br/legislacao/resolucaocfb198_2011.htm>. 
Acesso em: 10 ago. 2021. 
_____. Resolução n. 200, de 1º de julho de 2011. Diário Oficial da União, 
Brasília, 25 jul. 2011c. Disponível em: 
<http://www.normaslegais.com.br/legislacao/resolucaocfbm200_2011.htm>. 
Acesso em: 10 ago. 2021. 
_____. Resolução n. 214, de 10 de abril de 2012. Diário Oficial da União, 
Brasília, 11 abr. 2012. Disponível em: <http://cfbm.gov.br/wp-
content/uploads/2016/06/Res-2012-214.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2021. 
_____. Resolução n. 241, de 29 de maio de 2014. Diário Oficial da União, 
Brasília, 9 jul. 2014. Disponível em: <http://cfbm.gov.br/wp-
content/uploads/2016/06/Res-2014-241.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2021. 
_____. Resolução n. 330, de 5 de novembro de 2020. Diário Oficial da União, 
Brasília, 6 nov. 2020. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-
/resolucao-n-330-de-5-de-novembro-de-2020-286734436>. Acesso em: 10 ago. 
2021. 
 
 
19 
O QUE significa ter saúde? Saúde Brasil, 7 ago. 2020. Disponível em: 
<https://saudebrasil.saude.gov.br/eu-quero-me-exercitar-mais/o-que-significa-
ter-saude>. Acesso em: 11 ago. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIOMEDICINA ESTÉTICA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Nathaly Tiare Jimenez da Silva Dziadek 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Não há dúvidas de que as mudanças na sociedade culminaram em uma 
grande transformação na percepção que os indivíduos têm sobre o próprio corpo. 
A busca do que se julga como corpo ideal ou, ainda, simplesmente, de um 
aperfeiçoamento da forma física ou de prevenção e/ou manutenção da saúde 
faz com que a procura por tratamentos estéticos cresça exponencialmente. O 
Brasil é o terceiro maior mercado da beleza no mundo, movimentando bilhões 
de reais no segmento. 
Nesta aula, abordaremos o gerenciamento do envelhecimento e as sete 
quedas do envelhecimento facial, pelo que observamos que, além de investir em 
tratamentos para rejuvenescimento, é se importante pensar em prevenção e 
promoção de efeito estético por sinal de boa saúde. Pele amarelada e sem brilho, 
manchas marrons e/ou avermelhadas, além da perceptível perda de colágeno 
que se nota na pele fina e flácida, somados à diminuição da densidade dos ossos 
faciais, da camada de gordura e do efeito gravitacional, são os responsáveis pelo 
aspecto de cansaço, perda de harmonia e beleza do contorno da face, pela 
aparência envelhecida, sem luminosidade e com rugas. Esses danos, 
percebidos de forma mais precoce devido a irradiações e agressões externas, 
se mostram justo em locais mais expostos como a face, o pescoço e as mãos. A 
pele do restante do corpo não está imune por não estar exposta com tanta 
frequência, mas também sofre os impactos do tempo e da idade. Os sinais do 
envelhecimento não se tornam perceptíveis para todas as pessoas de forma 
igual. A idade em que isso ocorre pode variar de acordo com hábitos de vida, 
fototipo e genética – principalmente os hábitos de vida podem prevenir e retardar 
os sinais do envelhecimento e das patologias da pele. 
O aumento da procura, bem como a preferência por tratamentos 
minimamente invasivos se dá pela entrega de bons resultados. Alguns 
tratamentos surtem efeito quase que de forma instantânea, natural e duradoura, 
com fácil e rápida recuperação e não interferem na rotina das pessoas, que não 
deixam de executar suas atividades diárias por conta do pós-procedimento. 
Certos procedimentos e associações de várias técnicas hidratam a pele, 
induzem a síntese de colágeno, devolvem volume, promovem redução de 
flacidez cutânea, vincos, sulcos e rugas e resgatam o contorno facial perdido. 
Quando se trata de estética corporal, esses procedimentos conseguem auxiliar 
 
 
3 
na melhora de várias disfunções estéticas como gordura localizada, flacidez de 
pele e muscular, celulite, estrias, entre tantas outras. 
TEMA 1 – GERENCIAMENTO DO ENVELHECIMENTO 
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o 
envelhecimento do organismo é algo cronológico, diário e contínuo, que não 
pode ser parado e que 
como um todo se relaciona com o fato de as células somáticas do corpo 
começarem a morrer e não serem substituídas por novas, como 
acontece na juventude. Isso está ligado, entre outros fenômenos, ao 
envelhecimento celular. Fisiologicamente, o envelhecimento está 
associado à perda de tecido fibroso, à taxa mais lenta de renovação 
celular e à redução da rede vascular e glandular. A função de barreira 
que mantém a hidratação celular também fica prejudicada [ao se 
envelhecer]. Dependendo da genética e do estilo de vida, as funções 
fisiológicas normais da pele podem diminuir em 50% até a meia-idade. 
Como a pele é o órgão que mais reflete os efeitos da passagem do 
tempo, sua saúde e sua aparência estão diretamente relacionadas aos 
hábitos alimentares e ao estilo de vida escolhido. A radiação 
ultravioleta, o excesso de consumo de álcool, o abuso de tabaco e a 
poluição ambiental, entre outros, são fatores que “aceleram” o trabalho 
do relógio biológico provocando o envelhecimento precoce. Além 
disso, o aumento do peso corporal e dos níveis de açúcar no sangue 
também colabora[m] para a pele envelhecer antes do tempo. 
(Envelhecimento, [S.d.]) 
Podemos classificar o envelhecimento em: 
Envelhecimento cutâneo intrínseco ou cronológico: é aquele 
decorrente da passagem do tempo, determinado principalmente por 
fatores genéticos, estado hormonal e reações metabólicas, como 
estresse oxidativo. Nele estão presentes os efeitos naturais da 
gravidade ao longo dos anos, como as linhas de expressão, a 
diminuição da espessura da pele e o ressecamento cutâneo. 
[...] 
Envelhecimento extrínseco da pele: é aquele provocado pela 
exposição ao sol e a outros fatores ambientais como: o estilo de vida 
(exercício físico, alimentação) e o estresse fisiológico e físico. Um dos 
agentes mais importantes é a radiação solar ultravioleta. As toxinas 
com as quais entramos em contato, como tabaco, álcool e poluição do 
ar, entre outros, também ajudam no processo de envelhecimento da 
pele e, dependendo do grau de exposição, podem acelerá-lo [...] 
(Envelhecimento, [S.d.], grifos do original). 
Envelhecer é inevitável, mas pode se dar de maneira saudável, 
minimizando os sinais do tempo e do avanço da idade, sem ocorrer de forma 
precoce. A ideia é que o principal motivo de um bom efeito estético seja sinal de 
boa saúde. Então, no que diz respeito a gerenciar esse envelhecimento que irá 
acontecer de qualquer maneira, deve-se incentivar o indivíduo a manter bons 
hábitos de vida, sono adequado, boa alimentação, hidratação adequada, não 
 
 
4 
tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas em excesso, praticar atividade física 
regular, fazer a hidratação e a proteção solar da pele, hábitos recomendados 
que, em conjunto com procedimentos estéticos indicados, previnem o 
envelhecimento precoce e atuam retardando esse processo visível. 
No gerenciamento do envelhecimento no que diz respeito aos 
procedimentos estéticos, o biomédico esteta deve dominar alguns aspectos 
como o funcionamento muscular da pele, o impacto do passar dos anos, com a 
perda de gordura e colágeno, como os tecidos respondem aos tratamentos e 
intervenções diante de cada produto, a relação da rotina de cada paciente com 
os resultados obtidos,entre outros elementos, assegurando, dessa forma, 
menos intervenções futuras e maior satisfação do paciente, a longo prazo. 
1.1 As sete quedas do envelhecimento facial 
Procedimentos estéticos conhecidos como tratamentos de 
rejuvenescimento nada mais são do que tratamentos de gerenciamento do 
envelhecimento cutâneo da face. Com o passar dos anos, observamos a perda 
de volume facial devido à diminuição da produção de ácido hialurônico e de 
colágeno, à perda de volume dos coxins de gordura da face e à reabsorção 
óssea, ou seja, ao envelhecimento natural da pele. Esses fatores, somados, 
provocam uma ptose da face ou derretimento facial, com as chamadas sete 
quedas do envelhecimento, cujos primeiros sinais são perda de volume das 
partes moles da face, músculo, gordura e pele, em conjunto com a reabsorção 
óssea, principalmente na região da maçã do rosto. O gerenciamento do 
envelhecimento ou a minimização dos seus sinais começa na prevenção e 
tratamento dessas quedas da face. 
 
 
 
5 
Figura 1 – Envelhecimento da pele 
 
Crédito: Smile Ilustras. 
A Figura 1 mostra que, com o passar dos anos, ocorre uma mudança nas 
estruturas e tecidos da face, o que ocasiona, por sua vez, também mudança no 
seu formato e nos seus contornos. Uma face jovem terá o formato semelhante 
ao de um triângulo invertido, ao passo que a face envelhecida apresentará um 
formato semelhante ao de um quadrado. E é esse efeito natural do 
envelhecimento provoca o que se chama de as sete quedas da face (Figura 2). 
Figura 2 – As sete quedas da face 
 
Crédito: Smile Ilustras. 
 
 
6 
As sete quedas da face consistem em: 
1. no complexo frontal, as sobrancelhas caem, abaixo do rebordo orbitário 
(queda das sobrancelhas); 
2. no complexo da pálpebra superior, sobre os cílios, ocorre a queda dos 
supercílios; 
3. no complexo da pálpebra inferior, formam-se olheiras, com queda das 
pálpebras inferiores; 
4. no complexo Bichat, forma-se o sulco nasogeniano, conhecido como 
bigode chinês; 
5. no canto da boca, há queda da comissura labial, bem como afinamento 
dos lábios, no que é conhecido como linha de marionete, o que deixa um 
aspecto de sorriso triste; 
6. no músculo platisma, há o que é conhecido como efeito Joule, a quebra 
da linha da mandíbula, chamada de linha da juventude (muitas pessoas 
confundem essa flacidez com gordura); 
7. queda da ponta do nariz. 
No processo de retardar o envelhecimento, muitos procedimentos podem 
ser utilizados, com tratamentos que entreguem qualidade, firmeza e sustentação 
da pele com o efeito de bioestimular a produção de colágeno e a hidratação da 
pele, que previnam manchas, controlem oleosidade, reponham precocemente o 
ácido hialurônico e apliquem toxina botulínica, por exemplo. E, o mais 
importante: esses cuidados devem ser realizados principalmente em casa, no 
home care, pois isso corresponde a 70% do sucesso do resultado final de um 
tratamento. 
TEMA 2 – DISFUNÇÕES ESTÉTICAS 
As disfunções estéticas são alterações orgânicas de diversas causas. 
Não patológicas, essas disfunções apresentam apenas efeito estético. Contra 
isso, procedimentos de estética não cirúrgicos, realizados por profissionais 
biomédicos estetas, são muito procurados atualmente, com possibilidade de se 
tratar e sanar as mais diferentes disfunções estéticas de forma minimamente 
invasiva, com rápida recuperação, com boa relação custo-benefício, o que faz 
aumentar a procura e, consecutivamente, a demanda por esse tipo de 
tratamento, que, atualmente, independe de gênero e classe social. 
 
 
7 
Os principais tratamentos para disfunções estéticas e manutenção 
buscados nos serviços de estética hoje são: 
• Faciais – rejuvenescimento; combate a flacidez, rugas, linhas de 
expressão, manchas, melasmas, poros dilatados, cicatrizes de acne, pele 
acneica, oleosidade excessiva; realização de hidratação e revitalização 
facial; bioestimulação de colágeno; tratamento de olheiras, 
telangiectasias; preenchimento facial; correção de assimetrias; 
rinomodelação; epilação (depilação definitiva); harmonização facial; 
implantação de fios de sustentação para ptoses faciais, entre outros. 
Alguns tratamentos, como os de rejuvenescimento e combate a manchas, 
se estendem a pescoço, colo e mãos. 
• Corporais – contra gordura localizada, estrias, flacidez, celulite, 
emagrecimento; epilação (depilação definitiva); remoção de tatuagens; 
eliminação de hiperidrose; combate a varicoses, entre outros. 
• Capilares – contra alopecia e queda excessiva de cabelos; combate à 
oleosidade excessiva no couro cabeludo e da dificuldade de crescimento 
dos fios; fortalecimento dos fios, entre outros. 
• Íntimos – clareamento de pele da região íntima; combate à flacidez, entre 
outros. 
• Para alta performance – por meio de ativos injetados por via 
intramuscular, visam à recuperação de atletas após treino de alto 
rendimento, à obtenção de ganho de massa magra, ao auxílio no 
emagrecimento, mediante ativação do metabolismo, à definição de 
regiões já com percentual e prega de gordura ideais, entre outros. 
Os diversos tratamentos estéticos existentes podem ser divididos em: 
• Procedimentos invasivos – procedimentos que atingem tecidos mais 
internos. Ex.: procedimentos cirúrgicos como blefaroplastia, bichectomia, 
rinoplastia, lipoaspiração. 
• Procedimentos minimamente invasivos – procedimentos invasivos, mas 
que atingem no máximo a camada da pele chamada derme, considerados 
procedimentos não cirúrgicos. Ex.: aplicação de fármacos e substâncias, 
de forma injetável, contra gordura localizada (intradermoterapia), 
aplicação de toxina botulínica, preenchimento com ácido hialurônico, uso 
de laser de alta potência, prática de acupuntura. 
 
 
8 
• Procedimentos não invasivos – procedimentos que não utilizam injetáveis, 
não perfuram nem invadem as camadas internas da pele. Ex.: 
massagens, emprego de laser de baixa potência, limpeza de pele, 
aplicação de cosméticos na pele. 
O biomédico esteta atua de forma não invasiva e minimamente invasiva, 
nunca invasiva. 
TEMA 3 – ANAMNESE 
Quando um paciente/cliente busca uma clínica de estética para sanar sua 
queixa em relação a uma disfunção estética, é de extrema importância que o 
primeiro passo do esteta seja a realização de uma correta anamnese, com uma 
avaliação detalhada do indivíduo de forma holística, ou seja, como um todo, em 
que se procure saber de seus hábitos, estilo de vida, fototipo, se ele possui 
alguma doença crônica ou autoimune, alergias, se faz uso contínuo de 
medicações e muitas outras informações que servem de base para planejamento 
de protocolos e tratamentos personalizados, que levem em conta todas as 
características do paciente. Essa análise, se correta, é responsável por uma 
maior chance de sucesso de um tratamento. Outro ponto é que, se no momento 
dessa avaliação, for identificada uma possível patologia ou desequilíbrio, é 
indicado que um tratamento médico ocorra antes do tratamento estético. Sendo 
assim, o profissional deve orientar o paciente a procurar a assistência médica 
correspondente ao caso. Essa atitude previne que seja agravado o problema de 
saúde do paciente e também otimiza o tratamento estético para que não se 
realize de forma a não resolver a queixa do paciente/cliente. 
Em resumo, a anamnese, também conhecida como avaliação ou consulta 
estética, esse primeiro passo do esteta ao receber um paciente, consiste, 
portanto, de uma coleta do histórico mais detalhado possível do paciente, com 
busca de informações sobre seus hábitos diários de vida, antecedentes 
patológicos, psicológicos e hereditários, bem como se houve realização prévia 
de procedimentos estéticos por parte dele. Como já dito, uma avaliação bem-
feita garante maiores chances de sucesso no tratamento, pois se obtém com ela 
um diagnóstico estético que facilita a indicação do tratamento mais indicado para 
cada paciente e evita malefíciosde uma má recomendação. 
A anamnese deve contemplar: 
 
 
9 
• Identificação: coleta de dados pessoais do paciente como nome, 
endereço, telefone, idade, sexo, raça e profissão. 
• Primeiro diagnóstico: busca-se saber a queixa principal ou o que levou o 
paciente à consulta. 
• História clínica: procura-se identificar se há presença de patologias 
endócrino-metabólicas ou cardíacas como diabetes, hipertensão arterial, 
neoplasias, hipertireoidismo, asma brônquica, alterações renais, 
hemofilia, se há uso de marca-passo, de medicações, se houve realização 
de algum procedimento cirúrgico, se a paciente está gestante etc. 
• Pesquisa do quadro: o esteta deve saber se há presença de ecmoses ou 
outras afecções cutâneas, alergias a algum componente de uso sistêmico 
ou tópico, intolerâncias alimentares; existência de queloides ou distúrbios 
de cicatrização; descobrir sobre hábitos de vida do paciente – consumo 
de bebidas, cigarros e drogas, qualidade e quantidade de sono, prática de 
atividade física, ingesta diária de líquidos; manifestação de sintomas de 
estresse e ansiedade; realização de dieta alimentar restritiva; uso de 
hormônios, contraceptivos orais ou suplementação alimentar. 
• Pesquisa do histórico de cuidados gerais do paciente com a face 
(skincare): tem o fim de saber se o paciente tem hábitos diários de 
cuidados gerais com a pele, os tipos de produtos que utiliza para limpeza, 
higienização, tonificação e hidratação da pele, se se expõe de forma 
descuidada ao sol, o número de vezes que higieniza a pele por dia, se faz 
uso de filtro solar, maquiagem etc. 
• Levantamento do histórico de realização de tratamentos estéticos: busca-
se conhecer os tipos de tratamento já feitos, quais produtos foram 
utilizados, em que duração, com que objetivos e os resultados obtidos; e 
se o paciente já fez uso de produtos para manutenção em casa (home 
care). 
 Faz parte também da anamnese o exame físico do paciente. O exame 
físico da pele da face é feito mediante inspeção, em que se verifica a presença 
de manchas, sardas, verrugas, poros dilatados, oleosidade, ressecamento, entre 
outros aspectos gerais; palpação e classificação da pele por tipologia, fototipo e 
fotoenvelhecimento. 
 
 
10 
Para a classificação de fototipo cutâneo existem várias técnicas. A mais 
utilizada, por ser mais simples e prática, é a classificação de Fitzpatrick, em que 
se enumeram de 1 a 6 os tipos de pele, de acordo com a 
[...] capacidade de cada pessoa em se bronzear, assim como, 
sensibilidade e vermelhidão quando exposta ao sol, sendo: 
1. Pele branca – sempre queima – nunca bronzeia – muito sensível ao 
sol; 
2. Pele branca – sempre queima – bronzeia muito pouco – sensível ao 
sol; 
3. Pele morena clara – queima (moderadamente) – bronzeia 
(moderadamente) – sensibilidade normal ao sol; 
4. Pele morena moderada – queima (pouco) – sempre bronzeia – 
sensibilidade normal ao Sol; 
5. Pele morena escura – queima (raramente) – sempre bronzeia – 
pouco sensível ao sol; 
6. Pele negra – nunca queima – totalmente pigmentada – insensível 
ao sol. (Classificação, [S.d.]) 
Quadro 1 – Classificação de Fitzpatrick 
 
Fonte: Elaborado com base em Classificação, [S.d.]. 
Nas anamneses corporais, também no exame físico se faz uma inspeção 
e, se necessário, apalpação, aferimento de pressão arterial e temperatura, 
quando se aplica uma dosagem rápida de glicemia por meio de glicosímetro, 
bem como tomada de medidas como peso, índice de massa corporal (IMC), 
pregas cutâneas, grau de celulite, além de observação de aparente retenção 
hídrica e circulação sanguínea, principalmente a dos membros inferiores, entre 
outros elementos. No momento da avaliação, o profissional biomédico pode 
julgar necessário ainda solicitar a realização de exames para elucidar algo 
relacionado à tomada de decisão no planejamento do tratamento estético. 
A anamnese não é algo padronizado. O profissional pode criar um modelo 
de acordo com sua rotina, necessidade de informações, tipo de intervenção, 
entre outros aspectos. Porém, é importante que ela seja o mais detalhada 
possível, pois o bom resultado dos procedimentos estéticos começa numa 
 
 
11 
correta avaliação, em que será possível traçar o melhor plano de tratamento, 
feito de forma personalizada, levando em consideração as características 
individuais fisiológicas de cada paciente. A anamnese garante que o 
planejamento do tratamento a ser seguido pelo paciente seja, portanto, 
individualizado, e é isso que se deve buscar e incentivar nos atendimentos de 
estética: a não padronização dos procedimentos, pois cada organismo é único, 
com características fisiológicas diferentes, que irão responder de forma variável 
e diferente aos tratamentos estéticos propostos. 
A maior propaganda, em se tratando da estética, é o alto grau de 
satisfação do cliente, é o profissional ser conhecido pelo serviço de excelência 
que presta, e isso inclui procedimentos que geram resultado, sem infra ou 
suprautilização dos tratamentos. E o primeiro passo para se alcançar isso é dado 
quando se traça um protocolo personalizado, com maiores chances de sucesso 
no resultado. 
TEMA 4 – TRATAMENTOS ESTÉTICOS FACIAIS MINIMAMENTE INVASIVOS 
Considerada o maior órgão sensorial humano, a pele constitui o 
revestimento de toda a superfície do corpo humano, responsável pela proteção 
contra agressões biológicas, químicas e físicas, formando uma barreira de 
regulação e defesa. O envelhecimento cutâneo ocorre por intermédio de um 
processo multifatorial e complexo que tem por consequência alterações 
funcionais e estéticas. Com a perda de funções ao longo do tempo, a pele diminui 
sua capacidade de reagir às agressões sofridas intrínseca e extrinsecamente. 
A pele é composta por três camadas principais, epiderme, derme e 
hipoderme, cada uma delas composta, por sua vez, por subcamadas, que 
exercem diferentes funções. O envelhecer varia entre os indivíduos, dependendo 
dos hábitos e da etnia de cada um. A expectativa de vida aumentou ao longo dos 
anos, e uma aparência saudável reflete qualidade de vida. O brilho, a rigidez, a 
coloração da pele são fatores que chamam a atenção quando analisamos a 
qualidade e o seu nível de envelhecimento, além de serem fatores importantes 
para o indivíduo e a sociedade. 
 
 
12 
 
Crédito: Nora Bessarab/Shutterstock. 
Com a perda de elasticidade, colágeno, gordura tecidual e hidratação, a 
pele reflete um aspecto mais pálido, seco e fino, contribuindo para o 
aparecimento de rugas e linhas de expressão. O processo de envelhecimento 
leva a mudanças na estrutura facial, o que chamamos de triângulo invertido, em 
que se evidencia o terço inferior médio do rosto, contribuindo para a perda do 
contorno facial. 
Uma face mais simétrica entre as bochechas altas, com contorno 
harmônico e marcado, nos leva a considerar uma face mais atrativa que outra. 
Assim, a busca pela juventude e pela beleza ganha destaque entre ambos os 
sexos, e a realização de pesquisas científicas que procuram a prevenção do 
envelhecimento e o desenvolvimento de cosméticos que contribuam 
significativamente para retardar esse processo cresce a cada dia. 
Tratamentos a fim de minimizar os efeitos do envelhecimento facial 
cutâneo são considerados procedimentos minimamente invasivos, ou seja, 
procedimentos invasivos não cirúrgicos, que envolvem: 
• peeling químico; 
• microagulhamento; 
• intradermoterapia; 
• toxina botulínica tipo A; 
• preenchimento; 
• bioestimuladores de colágeno; 
• fios de sustentação; 
• carboxiterapia facial (contra flacidez, para rejuvenescimento); 
 
 
13 
• ozonoterapia facial (contra flacidez, para rejuvenescimento); 
• eletroterapia (contra flacidez, para rejuvenescimento); 
• laser. 
Como forma de melhorar as estruturas da face e atenuar o processo de 
envelhecimento, faz-se necessário profundo conhecimento anatômico da face e 
seusossos, musculatura, vascularização, estruturas definidas da pele e suas 
camadas, além da inervação motora e drenagem linfática facial. Técnicas como 
preenchimento e toxina botulínica contribuíram para o desenvolvimento de novas 
técnicas, com melhor resultado e menos intercorrências. 
TEMA 5 – TRATAMENTOS ESTÉTICOS CORPORAIS MINIMAMENTE 
INVASIVOS 
A busca pela beleza sempre existiu e, com o passar do tempo, os padrões 
estéticos foram modificados. Assim que um novo padrão surge, a estética e a 
noção de beleza vão mudando, para acompanhar o tempo histórico e contribuir 
para o surgimento de novos cosméticos, tratamentos estéticos e tecnologias. A 
construção da imagem corporal depende de alguns fatores como: concepções 
sociais, culturais, psicológicas e fisiológicas. Comumente associada a emoções, 
formas de interação social e influenciada pela qualidade de vida, a imagem 
corporal representa como cada indivíduo se imagina, de forma negativa ou 
positiva. Nos últimos tempos, a imagem corporal alçou um elevado nível de 
destaque socioeconômico, tecnológico e cultural, relacionada, quando de forma 
positiva, à autopercepção e à satisfação do indivíduo para consigo e, já de forma 
negativa, à não aceitação da própria imagem, muitas vezes sob influência dos 
padrões midiáticos, levando à busca por um padrão corporal predeterminado. 
Podemos dizer que os tratamentos estéticos oferecem, de certa forma, 
uma possibilidade de prevenção de patologias ou retardamento do 
envelhecimento. Em constante desenvolvimento, a área da estética inova 
sempre seus procedimentos, com uso de aparelhos novos para melhorar os seus 
tratamentos. Por isso, é necessário que o profissional dessa área esteja sempre 
atualizado e acompanhe a evolução do mercado. 
O biomédico esteta realiza procedimentos estéticos minimamente 
invasivos no corpo a fim de melhorar sua flacidez e combater gordura localizada, 
celulite, estrias, entre outros objetivos. Tratamentos realizados para minimizar as 
 
 
14 
disfunções corporais são considerados procedimentos minimamente invasivos, 
ou seja, procedimentos invasivos não cirúrgicos, tais como: 
• peeling químico; 
• microagulhamento; 
• intradermoterapia; 
• bioestimuladores de colágeno; 
• hidrolipoclasia; 
• carboxiterapia corporal; 
• ozonoterapia corporal; 
• eletroterapia; 
• laser; 
• escleroterapia. 
Causas das disfunções estéticas como envelhecimento cronológico, 
mudanças nas dimensões do corpo, perda de peso e gravidez geram depósito 
de gordura localizada, celulite e frouxidão tecidual, as queixas mais comuns nas 
clínicas de estética, que consistem em disfunções que podem causar problemas 
emocionais e funcionais, abalando a autoestima, o convívio social do indivíduo, 
com impacto negativo na sua qualidade de vida. O biomédico esteta tem a 
capacidade de analisar o indivíduo em sua totalidade para identificar se existe 
alguma distorção em relação à sua imagem corporal. Nesses casos, o 
profissional deve esclarecer o paciente sobre resultados inatingíveis e selecionar 
o tratamento adequado para suavizar a sua queixa principal, contribuindo para a 
melhoria de sua autoestima, bem-estar, qualidade de vida e visando a um 
processo de evolução de valor na percepção da própria imagem corporal. 
NA PRÁTICA 
Qual a importância do gerenciamento do envelhecimento? Por que 
realizar anamnese? O que seria um tratamento minimamente invasivo? 
 
 
15 
FINALIZANDO 
O mercado da estética cresce significativamente, procurado e utilizado por 
todas as classes sociais, com avanços nas suas técnicas, produtos, substâncias, 
ativos, associação de tratamentos, o que possibilita a atuação de profissionais 
da área de diversas formas, como em tratamentos faciais, corporais, capilares e 
de disfunções estéticas, auxiliando na melhoria das condições de saúde do 
paciente, pois se atua no incentivo à adoção de bons hábitos e estilo de vida, ao 
aperfeiçoamento e manutenção da saúde e da beleza estética. 
Entender do funcionamento do corpo humano, com todos os seus 
complexos sistemas, interações, de como os tecidos respondem a inflamações 
e intervenções permite que o biomédico esteta atue no mercado da estética 
avançada e nele se destaque, ao conseguir traçar planos de tratamento 
pensando e raciocinando de forma a colaborar com a anatomia e a fisiologia do 
corpo humano, prevenindo futuras disfunções estéticas, bem como se utilizando 
de inflamações controladas e intervenções a seu favor, para alcançar o efeito 
estético desejado. 
 
 
 
16 
REFERÊNCIAS 
CLASSIFICAÇÃO dos fototipos de pele. SBD, [S.d.]. Disponível em: 
<https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/cuidados/classificacao-dos-fototipos-
de-pele/>. Acesso em: 4 set. 2021. 
ENVELHECIMENTO. SBD, [S.d.]. Disponível em: 
<https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-
problemas/envelhecimento/4>. Acesso em: 4 set. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIOMEDICINA ESTÉTICA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Nathaly Tiare Jimenez da Silva Dziadek 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Mudanças físicas e psicológicas são os primeiros efeitos do 
envelhecimento por volta dos 30 anos. A procura pela estética e diversas 
técnicas capazes de tratar e prevenir o envelhecimento por meio do cuidado 
facial, corporal e capilar agrada homens e mulheres. Cuidados com a pele do 
rosto, hidratação, renovação, tratamentos para amenizar o envelhecimento 
precoce, manchas e rugas, bem como disfunções estéticas corporais e capilares, 
como gordura localizada, flacidez, celulite, estrias, calvície, queda capilar 
excessiva, ou a eliminação definitiva de pelos, melhoram não somente a beleza, 
mas também a autoestima, proporcionando benefícios na forma física e 
psicológica na maneira como cada pessoa se vê, após o tratamento. 
TEMA 1 – ESTÉTICA CAPILAR 
Qualquer ameaça de perda ou dano aos cabelos gera na maioria das 
pessoas preocupação e abalo na autoestima, justamente por se tratar de um 
componente fundamental de identidade pessoal. Por isso, cada vez mais a 
saúde e a estética se voltam para uma ciência conhecida como tricologia. 
A tricologia, cujo nome vem da junção do termo grego thricos (cabelos) e 
logos (estudo), é o ramo da ciência que teve início em 1902 com o propósito de 
estudar cabelos, pelos e os problemas relacionados a eles. 
A estética relacionada aos cabelos é muito procurada, a queda capilar, 
calvície e afinamento dos fios afetam a autoestima de homens e mulheres. 
Os tratamentos estéticos capilares são uma opção com muito resultado 
antes do transplante capilar, cabe aqui ressaltar que em alguns casos é 
realmente necessário o transplante e se faz necessária a manutenção com os 
tratamentos estéticos. Os tratamentos capilares são indicados para: 
• Retardar a queda; 
• Restaurar e aumentar a microcirculação local e retardar o processo 
programado de involução folicular; 
• Controlar o pH e oleosidade do couro cabeludo, que muitas vezes é o 
agente causador de maior perda dos fios, visto que o folículo fica 
“obstruído” pelo sebo e o fio tem dificuldade de sair e se manter preso; 
• Fortalecer os fios; 
 
 
3 
• Acelerar o crescimento dos fios; 
• Estimular folículos que estão deficientes, para otimizar o seu 
funcionamento. 
Os tratamentos mais utilizados são: 
• Aplicação de medicamentos de forma intradérmica, por meio de pápulas 
no couro cabeludo, como vitaminas, minerais, ativos que estimulem o 
crescimento dos cabelos e medicamentos específicos para o tratamento 
da alopecia. As substâncias têm o objetivo de acelerar a fase anágena 
(crescimento) e diminuir a fase telógena (queda) do ciclo de crescimento 
dos cabelos. Exemplo de substâncias aplicadas (varia de acordo com a 
necessidade do paciente): finasterida, minoxidil, pantenol, biotina, silício 
orgânico, N acetil cisteina, entre outras. 
• Microagulhamento e drug delivery. Neste procedimento, enquanto o courocabeludo é microagulhado com agulha de no máximo 1,5 mm, os ativos 
são entregues ao mesmo tempo, ou pode ser microagulhado antes e 
posteriormente espalhando os ativos. Esta técnica permite o estímulo da 
microcirculação, regeneração celular devido à injúria do agulhamento e a 
entrega eficiente dos ativos de forma mais profunda e concentrada. 
• Infusão de gás carbônico terapêutico para melhora da circulação e 
oxigenação da região por meio da carboxiterapia. 
• Infusão de ozônio terapêutico para melhora da circulação e oxigenação 
da região por meio da ozonioterapia. 
• Uso de LEDs, o tratamento a laser é umas das técnicas utilizadas na 
tricologia e que de acordo com estudos inibe a absorção de D.H.T. 
(dihidrotestosterona) e o desvia para a circulação linfática. 
A dihidrotestosterona é a responsável pela perda da capacidade dos 
folículos de produzirem novos fios. A aplicação de laser provoca 
a bioestimulação das células, o que acarreta alterações bioquímicas 
dentro delas, aumentando a sua capacidade de produzir novos fios. 
Aumenta também a produção de ATP (adenosina trifosfato) e síntese de 
proteínas. 
• Nutracêuticos e dermocosméticos em forma de tônico capilar e demais 
soluções, entre outros. Como forma de potencializar os resultados, 
 
 
4 
fornecendo por meio da ingesta e, de forma local, “matéria-prima”, para 
as reações metabólicas necessárias. 
Os tratamentos estéticos são indicados também em caso de transplante 
capilar, pois é necessária uma manutenção das condições ideais do couro 
cabeludo para permanência do efeito. 
Nos tratamentos capilares é necessária a devida avaliação do paciente, 
para melhor resultado no tratamento, muitas vezes as causas da perda de fios 
estão relacionadas à condição genética, desequilíbrios hormonais, carência de 
vitaminas, stress e outros, sendo coerente o descarte destas condições antes do 
tratamento para um resultado efetivamente positivo. 
TEMA 2 – PEELING 
Com o desenvolvimento e pesquisas realizadas os peelings já existentes 
ganham novas formulações e associações, a fim de obter melhores resultados 
de forma menos agressiva. Considerados uma descamação controlada, os 
peelings são ótimos no tratamento contra algumas doenças e na abordagem da 
estética, como: manchas, cicatrizes, rugas e estrias na face e no corpo. 
Originado do termo em inglês to peel = descamar, pelar, é capaz de provocar a 
descamação da epiderme em partes ou em sua totalidade, podendo alcançar a 
derme por meio de um agente químico, levar esfoliação com remoção de lesões 
seguida pela regeneração de novos tecidos. Os peelings químicos são utilizados 
há mais de um século e continuam sendo, pela praticidade, baixo custo e 
agressão controlada. 
2.1 Histórico 
Em 1550 a.C. já havia relatos dos peelings em papiro na medicina Egípcia, 
assim como a literatura Grega e Romana. Ciganos nos séculos passados 
transmitiram seus conhecimentos sobre peeling, mas em 1874, em Viena, o 
dermatologista Ferdinand Von Hebra utilizou da técnica em tratamento para 
melasma, efélides e doença de Addison. Em 1882, Paul G. Unna, em Hamburgo, 
descreveu as ações da resorcina, ácido salicílico, fenol e ácido tricloroacético 
(ATA) sobre a pele. Eller e Wolff apresentam a discrição sistemática sobra a 
utilização do ácido salicílico, resorcina e fenol. Na década de 1970, três 
concentrações do ATA chamam atenção nas bases científicas. Van Scott e Yu 
 
 
5 
desenvolvem os alfa-hidroxiácidos (AHA) com objetivo mais superficial. Brody e 
Hailey, e posteriormente Monheit, desenvolveram peeling com ácido glicólico, 
uma combinação de duas substâncias a fim de obter efeitos em profundidade 
média, contribuindo para o progresso no uso dos peelings. 
2.2 Critérios 
Na escolha de qual será o melhor peeling indicado para cada paciente 
faz-se necessário avaliar a idade, o grau de fotoenvelhecimento, o fototipo, a 
área a ser tratada, o objetivo a ser alcançado e a rotina de cada paciente, por 
meio de anamnese. Sua absorção depende de fatores como: espessura 
epidérmica, fototipo, procedimentos anteriores recentes, uso de isotretinoína, 
além do preparo prévio. 
2.3 Classificação 
Sua classificação é feita por meio da profundidade que o peeling atua, 
mudando o percentual de cada substância aplicada e suas combinações. 
Características físico-químicas, volume, concentração e tempo de exposição 
determinam o agente químico. São classificados em: 
• Muito superficiais: removem o extrato córneo; 
• Superficiais: esfoliação epidérmica da camada granulosa até a basal. 
Os peelings muito superficiais e os superficiais por atingirem somente a 
epiderme apresentam melhores resultados quando aplicados de forma seriada 
entre intervalos curtos. De forma fina e discreta a descamação não traz 
desconforto, melhora a textura da pele, estimulando a renovação do colágeno. 
Indicado para suavizar manchas, atenuar rugas finas, ajuda no tratamento de 
acne e estrias. 
• Médio: atinge a derme papilar. Com descamação mais espessa e escura, 
leva entre 7 a 15 dias o retorno da pele nova. Indicado para rugas mais 
profundas e ceratoses. 
• Profundo: atinge a derme reticular média. Mais agressivo e forte, o peeling 
profundo provoca a formação de crostas espessas. Tem recuperação em 
até três meses e pode haver a necessidade do uso de curativos no pós-
peeling. Apresenta resultados significativos para rugas profundas. 
 
 
6 
2.4 Preparo 
É importante saber a rotina de atividade profissional do paciente, tempo 
disponível, pessoas com histórico de antecedentes de herpes devem fazer uso 
profiláctico de antivirais, tendência para queloide, sensibilidade à 
hiperpigmentação tardia, uso de isotretinoína nos últimos seis meses, exposição 
ao Sol. Cuidados com o Sol são fundamentais mesmo antes do início do 
tratamento, o uso de protetor solar com alto fator de proteção e fator hidratante 
contribui para uma melhor recuperação. Deve-se informar sobre o produto 
aplicado, cuidados e benefícios esperados. Esses fatores estão ligados 
diretamente com a efetividade do tratamento. Iniciar o preparo prévio duas 
semanas antes do procedimento contribui para uma cicatrização mais rápida, 
uma melhor penetração do agente químico e diminui o risco de hiperpigmentação 
pós-tardia. Peelings superficiais não necessitam de preparo prévio. 
2.5 Cuidados durante a aplicação 
Evitar aplicar em pele irritada, inflama ou eritematosa. 
Ficar atento aos sinais visuais como branqueamento (frosting), eritema 
(ajuda a verificar o grau de profundidade e penetração alcançado pela 
substância), e avaliar em uma escala de sensibilidade entre 1 a 10. 
Ter sempre à mão produtos neutralizantes do agente químico em uso. 
2.6 Complicações 
As complicações mais comuns são: hiperpigmentação pós-inflamatória, 
hipopigmentação (pode ser persistente e de difícil tratamento), infecções 
bacterianas, virais, fúngicas, cicatrizes são mais frequentes após peelings 
médios ou profundos. 
Uma avaliação bem-feita, escolha correta do agente químico, preparo 
adequado, assim como cuidados pós-tratamento, contribuem de forma 
significativa para a prevenção de possíveis complicações e um excelente 
resultado. 
 
 
 
7 
TEMA 3 – MICROAGULHAMENTO 
A pele desempenha um importante papel no ponto de vista estético e 
sensorial, a busca por uma aparência mais saudável, revigorada, menos 
envelhecida, aumenta a procura por tratamentos estéticos. Uma das causas das 
rugas é o fotoenvelhecimento, diminuição das fibras elásticas e de colágeno, 
pouca oxigenação dos tecidos e desidratação. 
Considerado um tratamento coringa por tratar uma grande variedade de 
disfunções estéticas da pele, o microagulhamento pode ser utilizado para 
tratamentos faciais (rugas, manchas, cicatriz de acne e rejuvenescimento), 
tratamentos corporais (estrias, lipodistrofia ginoide e cicatrizes) e tratamentos 
capilares (queda capilar, alopecia, calvície,fortalecimento e auxílio no 
crescimento dos fios). 
3.1 Histórico 
Na década de 1960, na França, surgiu uma técnica conhecida como 
Nappage, caracterizada por pequenas incisões na pele para a administração de 
fármacos, cujo objetivo era o rejuvenescimento facial. Orentreich, em 1995, 
defendeu a técnica de subcisão para tratamentos das rugas periorais. Em 2006, 
Fernandes elaborou a técnica para indução de colágeno, por meio de um rolo 
com agulhas de aço com o objetivo de melhorar rugas finas e cicatrizes de acne. 
O microagulhamento induz a produção de colágeno na pele, por meio de um 
estímulo mecânico. 
Feito de polietileno, o rolo é composto por microagulhas de aço inoxidável 
e estéreis posicionadas em fileiras, totalizando entre 192 e 540 unidades de 
agulhas no total. Seu comprimento varia de 0,25 mm a 2,5 mm de diâmetro. Por 
meio das perfurações cutâneas ocorre um processo inflamatório com finalidade 
de estimular a produção de colágeno, liberando fatores de crescimento, 
proliferação de células de fibroblastos e estimulando a síntese das proteínas de 
sustentação, melhorando a textura, coloração e brilho das peles envelhecidas. 
3.2 Técnica e forma de ação 
A técnica consiste em passar o rolo entre 15 e 20 vezes nos sentidos, 
horizontal, vertical e diagonal, resultando em hiperemia no local até um leve 
sangramento espontâneo e controlado. Realizado com anestésico local, leva 
 
 
8 
entre 40 minutos a uma hora e meia o procedimento como um todo. Seu 
mecanismo de ação é dividido em três etapas: indução percutânea de colágeno, 
cicatrização e maturação. 
• Indução percutânea de colágeno: perda da barreira cutânea, degradação 
dos queratinócitos liberando citocinas, interleucinas. As citocinas 
promovem uma vasodilatação dérmica além da migração dos 
queratinócitos para restauração do dano epidérmico. 
• Cicatrização: proliferação celular, troca de neutrófilos por monócitos, 
proliferação de fibroblastos, produção de colágeno tipo III, elastina, 
glicosaminoglicanos e proteoglicanos. Liberação de fatores de 
crescimento dos fibroblastos, em cinco dias ocorre o depósito de colágeno 
abaixo da camada basal da epiderme. 
• Maturação: uma lenta substituição do colágeno tipo III pelo colágeno tipo 
I mais duradouro. O tecido é regenerado, refletindo na melhora da 
aparência da pele. 
O microagulhamento é potencializado com a permeação de ativos, os 
microcanais facilitam sua absorção de forma eficaz e rápida, permitindo o 
transporte de moléculas até 80% maiores. Com isso, podemos afirmar que a 
ação conjunta do microagulhamento a ativos cosméticos potencializa seus 
resultados. 
3.3 Indicações 
Os diferentes níveis de agulhas promovem processos de injúria tecidual 
diferentes dentro das indicações necessárias de cada paciente, são elas: 
• Agulhas de 0,25 a 0,50 mm: injúria leve (rugas finas e brilho excessivo); 
• Agulhas de 1,0 a 1,5 mm: injúria moderada (envelhecimento, rugas 
médias, flacidez cutânea, capilar, manchas e melasmas); 
• Agulhas de 2,0 a 2,5 mm: injúria profunda (estrias e cicatrizes de acne). 
Apresenta efetividades em tratamentos contra o melasma (disfunção 
hipercrômica) e envelhecimento, associado ao uso de ativos cosméticos e 
peelings. 
A técnica de microagulhamento se mostra eficaz em diversos tratamentos 
estéticos só estimulando colágeno ou agregando a permeação de ativos, além 
 
 
9 
de ser de fácil associação com outros protocolos, podendo tratar disfunções 
faciais e/ou corporais sempre em forma de otimizar seus resultados. Vale 
salientar que deve ser realizado por um profissional habilitado e todo material, 
como agulhas, deve ser estéril e descartado após seu uso, além do ativo 
cosmético utilizado em associação ser estéril, dose única, quando há sobra 
também deve ser descartado. 
TEMA 4 – INTRADERMOTERAPIA/MESOTERAPIA 
A intradermoterapia é um excelente complemento para outros 
procedimentos não cirúrgicos. Atualmente, técnicas minimamente invasivas com 
objetivo de atenuar os efeitos do envelhecimento cutâneo ganham cada vez mais 
espaço na estética. Utilizada na maior parte das vezes para tratamentos faciais, 
a intradermoterapia pode ser utilizada também na estética facial, corporal e 
capilar. 
4.1 Histórico 
O Dr. Michel Pistor, francês que desenvolveu em 1952 a mesoterapia para 
tratamentos da dor e de desordens vasculares, fundou em 1964 a French Society 
of Mesotherapy. Pistor, em 1976, utilizava de uma técnica com injeções 
intradérmicas de procaína no mastoide para tratamento de surdez, em que ele 
resumia com uma frase: “Pouco, poucas vezes e no local adequado”. Em 1987, 
The French Nacional Academy of Medicine reconheceu oficialmente a 
mesoterapia como uma especialidade médica, estendendo para o uso cosmético 
e veterinário, tornando-se popular na Europa, Estados Unidos, América do Sul e 
na Ásia. Em 1993 houve o início da Sociedade Brasileira de Mesoterapia e em 
2000 tivemos os primeiros trabalhos indexados. 
Um método não cirúrgico, minimamente invasivo, procedimento que 
consiste na aplicação de múltiplas injeções intradérmicas diretamente na região 
a ser tratada, difunde pela microcirculação procedendo pela ativação dos 
receptores dérmicos com substâncias farmacológicas em um percentual 
apropriado para cada tratamento. Uma alternativa para o paciente que não 
deseja ou não quer submeter-se a procedimento cirúrgico estético. Por exemplo: 
• Flacidez: melhora o tecido conjuntivo ao utilizar ativos que estimulam a 
contração dos músculos e melhora a sustentação da pele; promove o 
 
 
10 
rejuvenescimento facial por meio de intensa hidratação e reconstrução 
das fibras de colágeno; 
• Gordura localizada: enzimas lipolíticas destroem a célula de gordura e 
melhoram a circulação sanguínea local superficial e profunda; 
• Estrias: promove ação pró-inflamatória e anti-inflamatória por meio do 
estímulo da cicatrização e do recrutamento de fibroblastos. Por meio de 
substâncias ativas adequadas, estimula a reconstrução do tecido afetado; 
• Celulite: melhora a microcirculação e drenagem da área edemaciada; 
aumenta a espessura dérmica; trata o tecido adiposo envolvido no 
processo de formação da celulite; 
• Alopecia: restaura e aumenta a microcirculação local, fornece insumo, 
nutrientes e retarda o processo programado de involução folicular. 
A intradermoterapia possibilita a combinação de diversas técnicas no 
tratamento para flacidez, rejuvenescimento, manchas, gordura localizada, 
estrias, celulite, alopecia e outras desordens estéticas. Além de ser um 
procedimento rápido, seguro e com bons resultados, é mais acessível 
financeiramente do que cirurgias. 
4.2 Técnica de aplicação 
• Pápula: intradérmica superficial, na junção entre a epiderme e a derme; 
com o bisel para cima. Pápula pálida, claramente delimitada aparece no 
momento da injeção e desaparece nos próximos 30 minutos. Mais 
utilizada para tratamentos de rugas e imunoestimulação facial. 
• Nappage: intradérmica superficial, agulha num ângulo de 30° a 60°, 
aplicado na epiderme, tem contato de 3 a 5 minutos até sua penetração 
total. 
• Ponto a ponto: injeção intradérmica profunda ou hipodérmica, injeções 
separadas entre 4 a 15 mm, mais utilizada em tratamentos para gordura 
localizada e celulite. 
 
 
 
11 
Figura 1 – Técnicas de aplicação 
 
Créditos: VectorMine/Shutterstock. 
4.3 Efeitos adversos 
• Eritema leve; 
• Hematomas pequenos; 
• Possibilidade de reações alérgicas; 
• Leve sensação de coceira, queimação; 
• Não apropriado para envelhecimento severo. 
4.4 Contraindicações 
• Alergia a algum ativo da fórmula; 
• Cicatrização hipertrófica; 
• Gravidez, amamentação; 
• Diabetes; 
• Epilepsia; 
• Infecções bacterianas; 
• Herpes; 
• Doenças inflamatórias na pele; 
• Procedimentos estéticos recentes (preenchimento, toxina botulínica). 
A substância ativa utilizada, a técnica aplicada em associação e aescolha 
adequada da via de administração de acordo com o perfil de tratamento 
apresentam um resultado melhor e mais duradouro. 
 
 
12 
TEMA 5 – TOXINA BOTULÍNICA 
Atualmente existe um cenário mais competitivo pela beleza e juventude 
no mundo contemporâneo, a aparência reflete diretamente no bem-estar e social 
do indivíduo. Levando cada vez mais a uma busca por procedimentos estéticos 
não cirúrgicos ou minimamente invasivos, a fim de melhorar sua aparência em 
frente ao espelho. 
A toxina botulínica do tipo A (TBA) ganha destaque, pois é um dos 
métodos mais acessíveis e menos invasivos mundialmente, utilizada como 
processo de rejuvenescimento facial com objetivo de diminuir e prevenir o 
aparecimento das rugas. Com o decorrer dos anos, o envelhecimento facial 
torna-se aparente, ocasionado por fatores intrínsecos (passagem do tempo, 
perda de colágeno e água, levando às rugas estáticas) ou extrínsecos (fatores 
externos: raios solares, drogas, poluição, tabagismo, estresse, alimentação 
desequilibrada, entre outros). As rugas dinâmicas originam da contração intensa 
dos músculos faciais. 
5.1 Histórico 
Descoberta no final do século XVIII, por meio de relatos de 
envenenamento alimentar na Alemanha com sintomas de paralisia muscular 
progressiva, despertou o interesse dos pesquisadores o uso terapêutico da 
toxina botulínica. No início dos anos 1970, Alan B. Scott (oftalmologista, EUA) 
observou em pacientes com estrabismo uma melhora nas linhas orbiculares 
após aplicação de TBA. Na mesma época, um casal que utilizava da técnica para 
tratar blefaroespasmos observou o mesmo resultado. Após a comprovação dos 
estudos, a toxina botulínica tipo A foi aprovada como medicamento seguro e 
eficaz pelo Food and Drug Administration (FDA), nos anos 1990 para uso em 
estrabismo, espasmos faciais e blefaroespasmo. Com o passar dos anos, 
ganhou espaço na estética e, em 2003, a Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária do Brasil (Anvisa) aprovou para uso clínico. TBA é pioneira em 
tratamentos não invasivos para o envelhecimento, atenuando e prevenindo as 
rugas de expressão. Hoje, é um dos procedimentos não cirúrgicos mais 
realizados no Brasil e Estados Unidos. 
 
 
 
13 
5.2 Toxina botulínica tipo A (TBA) 
A toxina botulínica é uma potente neurotoxina, produzida por uma bactéria 
anaeróbica, bacilo gram-positivo, esporulada, encontrada no solo, em alimentos 
doces, salgados e na água, sendo conhecida como Clostridium botulinum. Essa 
bactéria é capaz de ocasionar paralisia muscular associada à intoxicação 
alimentar. Por meio do processo de fermentação, ela é capaz de produzir sete 
diferentes tipos de toxinas (A, B, C, D, E, F e G), sua forma usualmente utilizada 
pela estética e aplicações terapêuticas é o sorotipo A, decorrente de sua 
potência e efeito prolongado. 
5.3 Mecanismo de ação 
Com diferentes sítios de ação no receptor, a toxina botulínica atua 
diretamente na placa das terminações nervosas, paralisando-as e impedindo 
que a acetilcolina seja liberada. Dentro do organismo humano ela apresentará 
duas ações distintas, entretanto complementares. Liga-se aos receptores 
terminais encontrados no nervo motor, bloqueando a condução neuromuscular, 
e entra nos terminais nervosos inibindo a liberação da acetilcolina. Quando 
injetada via intramuscular no local desejado, o resultado inicia após a ligação da 
TBA aos receptores do nervo motor, produzindo uma paralisia muscular 
localizada decorrente de uma degeneração química temporária. Essa 
degeneração atrofia o músculo, que posteriormente desenvolve novos 
receptores extrafuncionais para reverter a liberação de acetilcolina. Após 3 a 4 
meses, a paralização é revertida pelos terminais nervosos, voltando a funcionar 
novamente. Como não tem a capacidade de atingir o Sistema Nervoso Central 
(SNC), não há bloqueio na liberação da acetilcolina em qualquer outro 
transmissor no SNC, pois a TBA não atinge em situações normais a barreira 
hematoencefálica. 
 
 
 
14 
Figura 2 – Mecanismo de ação 
 
Créditos: Daria Subkhangulova/Shutterstock. 
5.4 Na estética 
Como forma de amenizar as alterações estéticas provocadas pelo 
envelhecimento na pele: rugas, elasticidade e tônus. A toxina botulínica tipo A é 
muito utilizada em procedimentos estéticos, apresentando resultados 
satisfatórios e benéficos como sorriso gengival, atenuação de rugas e paralisia 
facial. 
Apresentada em forma liofilizada em albumina, cristalina e em um frasco 
estéril, injetada via intramuscular no local desejado, ocorre a paralisação 
temporária do músculo e após um período de quatro meses ou mais as novas 
placas formadas voltam às atividades normais. A duração varia de indivíduo para 
indivíduo, alguns pesquisadores defendem que a durabilidade diminui devido à 
resistência à TBA decorrentes das aplicações repetidas. 
Diversos estudos apontam uma diminuição significativa nas linhas de 
expressão. Um estudo apresentou como forma de tratamento aplicações 
realizadas ao longo de cinco anos com intervalos de oito meses entre as 
sessões, confirmando que a toxina botulínica A contribuiu para a diminuição das 
rugas dinâmicas e estáticas. Além de sua aplicação estética, a TBA também é 
muito procurada na área médica/terapêutica para diversos tratamentos, 
contribuindo na melhoria da qualidade de vida. 
 
 
15 
5.5 Indicações na estética 
A contração dos músculos da face contribui para a formação das rugas e 
vincos, evidenciando o envelhecimento e as marcações como os sulcos, 
contribuindo para uma aparência mais marcada. A paralisia por meio da toxina 
botulínica tipo A diminui ou até elimina a contração muscular, favorecendo a 
redução das rugas e suas depressões dinâmicas. 
Figura 3 – Rugas e linhas de expressão 
 
Créditos: Irina Bg/Shutterstock. 
Outras indicações de uso na éstica são: hiperidrose (sudorese nas axilas, 
mão e pés), tem bons resultados com a TBA, conseguindo um bloqueio por 
vários meses. 
 
 
16 
5.6 Aplicação e efeito 
A aplicação é realizada com uma agulha fina na região previamente limpa 
e demarcada. Não é necessário anestésico, porém o paciente pode sentir uma 
ardência no local, além da picada da agulha. Após a aplicação, o paciente deve 
permanecer com a cabeça mais reta, evitando deitar-se, e massagear a região. 
Pode ocorrer hematoma na região, desaparecendo em poucos dias. 
O efeito da toxina botulínica A inicia entre 48-72 horas após a aplicação, 
obtendo um resultado final em 15 dias, com durabilidade média de seis semanas 
a seis meses. 
Figura 4 – Pontos de aplicação 
 
Créditos: Subbotina Anna/Shutterstock. 
Entretanto, a toxina botulínica A deve ser utilizada com cautela, pois pode 
apresentar efeitos colaterais como edema, ptose palpebral, eritema, cefaleia, 
reação local e infecções. Procedimentos estéticos devem ser realizados com 
segurança por um profissional capacitado, a fim de diminuir possíveis efeitos 
adversos. 
 
 
 
17 
5.7 Contraindicações 
• Pacientes com coagulopatias; 
• Uso de bloqueadores do canal de cálcio, as quinolonas (para duas 
semanas antes da aplicação); 
• Pacientes que fazem uso de AAS ou anticoagulantes; 
• Gravidez, amamentação; 
• Em tratamento com antibióticos; 
• Com reações inflamatórias ou infecções no local da aplicação. 
5.8 Marcas 
Atualmente encontramos no mercado diversas marcas disponíveis, entre 
elas, as mais conhecidas são Botox, produzida pela Allergan; Dysport, produzida 
pela Ipsen; Xeomin, produzida pela Merz-biolab; Prosigne, produzida pela 
Cristália; Botulift, produzida pela Bergamo. 
Para as rugas provocadas pelo envelhecimento intrínseco e rugas muito 
acentuadas é necessária a associação de outras técnicas, pois a toxina 
botulínica tipo A não age diretamente nesses casos, é um método mais eficaz 
em rugas dinâmicas, sem excesso de pele. Seguro e bem tolerado, o uso da 
TBA na estética apresenta sucesso, porém é importantesalientar a necessidade 
de uma anamnese bem-feita e individual. Seguir um protocolo, normas e 
indicações em suas dosagens nas aplicações, além de ser realizada por um 
profissional qualificado e habilitado. A toxina botulínica A utilizada sozinha ou em 
associação a outros procedimentos contribui na qualidade de vida de muitos 
indivíduos. 
NA PRÁTICA 
Em quais regiões pode ser aplicada a toxina botulínica tipo A pelo 
biomédico esteta? 
Você consegue observar, quando se fala de procedimentos injetáveis, a 
particularidade de cada um? De acordo com o método e o efeito que se quer, a 
intervenção e aplicação serão de forma específica? 
 
 
18 
FINALIZANDO 
Nesta aula, observamos alguns dos procedimentos estéticos mais 
procurados e realizados por biomédicos estetas nos serviços de estética. 
Esses procedimentos são ferramentas valiosíssimas no consultório para 
diversos tratamentos. Cada vez mais procurados, pois deixaram de ser 
encarados como futilidade, sendo agora, com a prescrição e a execução corretas 
e de modo responsável, vistos como uma forma de melhorar a autoestima e, 
consequentemente, auxiliar na saúde mental e física. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
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facial. V Encontro Científico e Simpósio de Educação Unisalesiano, 2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIOMEDICINA ESTÉTICA 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Nathaly Tiare Jimenez da Silva Dziadek 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Biomedicina estética 
Envelhecer é um processo contínuo e natural, decorrente da perda das 
funções das células. Com o passar dos anos, a pele reflete alterações ocorridas 
em nosso corpo, alterações biológicas, químicas e físicas. 
O envelhecer cutâneo leva à diminuição do ácido hialurônico produzido 
pelo nosso organismo. A estrutura da pele é constituída por colágeno, elastina e 
matriz extracelular, o ácido hialurônico ajuda no controle hídrico do tecido e o 
colágeno é o responsável pela sustentação. A perda de colágeno, de ácido 
hialurônico, de fibras elásticas e a influência dos radicais livres contribuem para 
o aparecimento de rugas e linhas de expressão. 
A expectativa de vida está mais longa, possibilitando a observação mais 
aparente do envelhecer facial, levando à busca por produtos e técnicas capazes 
de minimizar a aparência que o tempo traz à pele. 
A descoberta das causas do envelhecimento possibilitou o 
desenvolvimento de técnicas capazes de tratar os danos gerados pelo tempo, 
bem como produtos capazes de tratar linhas de expressão e reposição do 
volume facial. 
TEMA 1 – PREENCHEDORES 
Karl Meyer e seu assistente, John Palmer, em 1934, deram início no 
laboratório de Bioquímica na Universidade de Columbia a estudos de uma 
molécula versátil, o ácido hialurônico (AH), a partir do humor vítreo bovino. 
Na década seguinte, os pesquisadores se dedicaram a isolar o AH 
presente na pele, cordão umbilical, articulações e crista de galo. Kendall, em 
1937, foi o primeiro a isolar o AH de Streptococcus hemolítico. Em 1950, Meyer 
e seus assistentes identificaram suas propriedades e determinaram a estrutura 
do AH. 
A nomenclatura deste biopolímero resultou da junção entre o termo 
grego hialoide, que significa vítreo, e ácido urônico, que é a 
denominação de uma das moléculas de monossacarídeo que o 
compõem. O termo hialoide descreve com precisão a sua aparência 
transparente relativa a vidro. (Pan et al., 2013; Garbugio; Ferrari, 2010) 
 
 
 
3 
1.1 Ácido hialurônico (AH) 
Um polímero formado por ácido glucurônico e a N-acetiglicosamina com 
função de elasticidade e hidratação, o ácido hialurônico é uma substância nativa 
do organismo humano que atua como preenchimento nos espaços 
intracelulares. Considerada a molécula mais higroscopia da natureza, é capaz 
de se ligar à água em uma quantidade até 1000 vezes o seu volume. 
Encontrado em todo nosso organismo, apresenta-se em maior parte no 
tecido tegumentar, ligando-se à água e mantendo a tonicidade e elasticidade dos 
tecidos. De consistência gelatinosa e espessa, alto grau de hidratação, visco e 
elasticidade na derme, atua como preenchedor de espaços oferecendo 
estabilidade, absorvendo choques e elasticidade, formando uma rede de 
estrutura. Produzida principalmente por fibroblastos e queratinócitos, o AH 
apresenta uma relação com as fibras de colágeno e as fibras elásticas, podendo 
influenciar a proliferação celular, diferenciação e reparo dos tecidos. Sua 
quantidade é inversamente proporcional ao tempo de vida do organismo. 
Responsável pela hidratação, volume e elasticidade e sustentação da 
pele, ocorre perda de sua produção ao longo dos anos, tornando assim evidente 
o aparecimento de rugas e sulcos, refletindo no envelhecimento, perda de 
volume e formação de manchas. Após anos de pesquisase desenvolvimento, 
seu uso sintético biocompatível tem fins de hidratação e preenchedor, sendo 
utilizado na estética com a finalidade de minimizar os efeitos visíveis do 
envelhecimento. 
1.2 Na estética 
Pesquisadores estudam há anos uma forma de minimizar os efeitos do 
envelhecimento facial. A diminuição da produção de colágeno e a desidratação 
cutânea são fatores responsáveis em sua grande maioria por uma insatisfação 
pessoal. Com a descoberta dos efeitos fisiológicos do envelhecimento foi 
possível produzir técnicas e produtos para tratar os danos gerados. 
Utilizado como preenchimento facial, o AH (sintético e biocompatível) tem 
ganhado destaque com ação protetora, emoliente e sustentação entre os 
espaços dérmicos ocasionados com o passar dos anos. Com sua reposição, o 
equilíbrio hídrico se restabelece, melhora a elasticidade e estrutura da pele, 
reestruturando o volume facial, removendo e suavizando rugas e linhas de 
 
 
4 
expressão e proporcionando o rejuvenescimento facial. Eficaz e seguro, o AH 
entra no mercado brasileiro como uma das melhores técnicas para atenuar de 
forma natural o envelhecimento cutâneo. 
As principais marcas comercializadas no país são Juvederm, Restylane, 
Belotero, Princess, Rennova, Hialurox, Perfecta. 
1.3 Aplicação 
O ácido hialurônico pode ser administrado de forma oral, tópica e injetável, 
sua viscosidade determinará a forma de aplicação. 
Como forma injetável por meio de uma avaliação bem realizada, podemos 
determinar sua reticulação e região anatômica depositada, sendo menos 
viscoso, mais superficial, e mais viscoso, mais profundo. Moléculas ligadas a ele 
produzem macromoléculas com a mesma biocompatibilidade. 
A apresentação do AH é geralmente em uma seringa de 1 ml em forma 
de gel espesso, incolor, hidrofílico e com alto peso molecular. Várias técnicas 
foram desenvolvidas para evitar a degradação rápida na pele, fornecendo efeitos 
a longo prazo. 
O ácido hialurônico aplicado com a finalidade de preenchedor pode ser 
injetado em bolos, retroinjeção, leque ou puntura. O que vai determinar a forma 
de injeção é a reticulação do produto e a finalidade do procedimento. 
Figura 1 – Principais regiões de aplicação do ácido hialurônico 
 
Créditos: Solarisys/ Shutterstock. 
 
 
5 
• Olheira: reduz a profundidade das olheiras; 
• Rinomodelação: suaviza imperfeições e suspende a ponta do nariz; 
• Malar: define a maçã do rosto; 
• Lábios: define o contorno labial e dá volume; 
• Sulco nasogeniano “bigode chinês” e “código de barras”: suaviza os 
sulcos e linhas nasolabiais; 
• Linha da marionete (sorriso triste); 
• Mandíbula: redefine o contorno da face; 
• Mento (queixo): projeção do queixo auxiliando no contorno da face; 
• Têmporas; 
• Lóbulo da orelha; 
• Linhas e rugas (de acordo com o indicado para a região e reticulação do 
AH). 
Como forma de correção das rugas, linhas, contorno e volume, o 
preenchimento do AH é minimamente invasivo, pode ser aplicado injetável por 
meio de uma agulha ou cânula. Após a deposição do AH no tecido, a região deve 
ser moldada com as pontas dos dedos. 
1.4 Efeitos adversos e contraindicações 
Podem ocorrer complicações imediatas e/ou tardias. As mais comuns são: 
hipersensibilidade, eritema e edema (devido à injuria tecidual), hematomas e 
equimose (devido à lesão em algum vaso sanguíneo), infecções (contaminação 
no local aplicado ou manuseio errado do produto), alteração na pigmentação, 
lesões e necrose (dificilmente ocorre, devido a uma intensa inflamação ou 
injeção acidental intra-arterial). 
Reações alérgicas são relatadas em 0,1% dos casos apenas, aparecem 
em forma de edema/eritema nas três primeiras semanas e podem durar até seis 
meses. 
Complicações tardias podem ocorrer em forma de granulomas, podendo 
aparecer nódulos entre seis meses e dois anos após a aplicação. Isso ocorre 
pela presença de impurezas no processo de produção do AH e em pacientes 
com hipersensibilidade ao produto. 
Com o auxílio da enzima hialuronidase capaz de degradar o AH, 
realizamos a remoção do produto. A hialuronidase tem a capacidade de diminuir 
 
 
6 
a viscosidade intercelular e aumenta a permeabilidade e absorção dos tecidos. 
A possibilidade de utilizar a enzima hialuronidase em casos de complicações 
ocasionadas pela aplicação do AH, torna o preenchimento realizado com ácido 
hialurônico um padrão ouro na abordagem estética. 
Sua aplicação é uma opção não cirúrgica viável devido ao menor custo, 
menor tempo de recuperação e possíveis temores por procedimentos cirúrgicos. 
O tempo de duração varia de paciente para paciente, dependendo também da 
concentração, viscosidade e quantidade aplicada. Em média dura entre 10 a 18 
meses. 
O tratamento de preenchimento com ácido hialurônico é contraindicado 
nas seguintes situações: 
• Gravidez, lactação; 
• Doenças autoimunes; 
• Imunodepressão; 
• Lesão ou existência de preenchedor definitivo no local a ser aplicado. 
O preenchimento com ácido hialurônico ajuda na prevenção do 
envelhecimento facial, hidratando, sustentando, proporcionando elasticidade e 
volume na pele. 
É uma nova opção de tratamento contra as indesejáveis rugas e linhas de 
expressão como forma menos invasiva, menor chances de complicações, 
inflamações e dores. Além de seguro, versátil e eficaz, atende as necessidades 
individuais dos pacientes com resultados imediatos, é natural e sofisticado. 
É importante salientar que suas complicações estão relacionadas à 
técnica de aplicação e à má higienização da pele, por isso a importância de 
realizar o procedimento com um profissional habilitado. 
TEMA 2 – BIOESTIMULADORES DE COLÁGENO 
Em busca de minimizar os efeitos do envelhecimento, procedimentos 
minimamente invasivos ganharam cada vez mais espaço no mercado. Os 
preenchedores dérmicos tratam, além das rugas e sulcos, a correção na perda 
do volume facial. Os bioestimuladores têm por objetivo melhorar o aspecto 
cutâneo, estimulando a formação de novas fibras de colágeno dérmico, agem de 
forma ativa nas camadas mais profundas da pele, contribuindo com o volume 
facial perdido. 
 
 
7 
Mais colágeno, pele mais firme, menos flácida, melhorando o aspecto da 
pele de forma sutil e natural. 
Podemos classificá-los quanto a sua absorção e durabilidade no 
organismo. Conhecidos como semipermanentes, os bioestimuladores possuem 
uma duração entre 18 meses e 5 anos, são eles: Ácido Poli-L-láctico (PLLA), 
Hidroxiapatita de Cálcio (CaHa) e a Policaprolactona (PCL). Existe um 
bioestimulador não biodegradável que permanece indefinidamente no organismo 
muito conhecido, é o Polimetilmetacrilato (PMMA). 
2.1 Ácido Poli-L-láctico (PLLA) – Sculptra 
Polímero biodegradável, biocompatível e reabsorvido, tem o objetivo de 
estimular a neocolagênese. Composto por micropartículas de PLLA, quando 
injetado forma uma cápsula no entorno de cada microesfera, resultando no 
estímulo da deposição das fibras de colágenos pelos fibroblastos, levando ao 
aumento da espessura dérmica. 
O volume dérmico ganho logo após a aplicação some em poucos dias, 
pois o PLLA não é um preenchedor, e sim um estimulador de colágeno, com um 
efeito gradual e progressivo. 
Pode ser aplicado em três planos: subdérmico (frouxidão da pele), 
subcutâneo (onde não houver alicerce ósseo) e supra periosteal (área com 
suporte ósseo), o plano a ser escolhido depende das condições do paciente. A 
quantidade de aplicações deve ser avaliada de acordo com grau de 
envelhecimento do paciente. Considerado um bioestimulador semipermanente, 
seus resultados podem chegar em até 24 meses. O resultado varia entre 4 e 6 
meses e, devido a esse tempo, é aconselhável tratar e esperar para reavaliar. 
• Indicação clínica: perda de volume facial, flacidez, rugas, sulcos. 
• Locais onde geralmente é aplicado: terço médio da face, mento, pescoço, 
mãos, nádegas, abdômen, braços, interno de coxas.• Efeitos adversos: eritema, edema e hematomas somem 
espontaneamente em poucos dias. Nódulos não inflamatórios, infecções, 
granulomas e necrose são raros e podem ocorrer por erro de técnica ou 
complicações associadas ao uso de diferentes produtos injetados na face. 
• Contraindicações: paciente em uso de aspirina, doenças autoimunes, 
preenchedor permanente, histórico de queloide, gestantes, lactantes, 
hipersensibilidade aos componentes. 
 
 
8 
2.2 Hidroxiapatita de Cálcio (CaHa) – Radiesse 
Em 2009, a hidroxiapatita de cálcio recebeu a aprovação do FDA para 
tratamentos de rugas e sulco nasogeniano. Considerado capaz de reparar áreas 
que necessitam de volume e preenchimento, por ser biodegradável, não causa 
reações inflamatórias crônicas ou imune. Por meio de estudos clínicos, 
comprovou-se sua segurança e eficácia. 
Para que o estímulo de colágeno seja eficiente, o CaHa deve ser aplicado 
na derme média ou profunda, quando aplicado mais superficial tem uma enorme 
chance de apresentar nódulos visíveis na derme. O resultado desejado será 
alcançado gradualmente, após várias sessões, pois é desaconselhável a injeção 
excessiva do produto. 
• Indicação clínica: flacidez cutânea, dar volume no local desejado e 
preencher região que necessita de reparo dérmico. 
• Locais onde geralmente é aplicado: malar, mandíbula, região temporal, 
terço médio da face, mento, pescoço, mãos, nádegas, abdômen, braços, 
interno de coxas. 
• Efeitos adversos: os mais comuns são os hematomas, eritema, edema e 
dor no local aplicado. Em 1 a 5 dias, desaparecem espontaneamente. 
Nódulos, granulomas, celulite e necrose são raros, porém podem ocorrer 
geralmente por mau planejamento e técnica inadequada. 
• Contraindicações: regiões da glabela, periorbicular e lábios, devido à 
movimentação da musculatura pode ocorrer nódulos não inflamatórios na 
região. Combinações com preenchedores permanentes são 
contraindicadas. 
2.3 Policaprolactona (PCL) – Elanssé 
Preenchedor dérmico biocompatível e biodegradável, o PCL teve início no 
mercado estético em 2009, é um estimulador de colágeno que tem estudos 
documentados desde 1980, atuando como preenchedor cutâneo. Composto por 
microesferas sintéticas, o PCL estimula o novo colágeno, que substitui o volume 
inicial do bioestimulador, criando novas partículas de colágeno ao redor do PCL. 
A marca apresenta quatro versões, as quais têm como única diferença 
entre si a longevidade do produto. 
 
 
9 
O plano de aplicação pode ser subcutâneo ou mais profundo, em 
pequenas quantidades devido à possível necessidade de correções, observar 
três meses após a aplicação para reavaliar. 
• Indicações: flacidez cutânea, correção de rugas e dobras, reparar volume 
e rejuvenescimento das mãos. 
• Contraindicação: áreas como periorbicular, glabela e lábios, além de 
pacientes com alergias graves e manifestações de anafilaxia, doenças 
cutâneas aguda ou crônica, histórico de queloide, uso de corticoides e 
preenchedor permanente. 
• Efeitos adversos: os mais comuns são edema e equimose ocorrida pela 
injeção, sumindo espontaneamente em poucos dias. Granulomas são 
raros, porém, relatados por erros técnicos, como injeção em bolus e 
injeção superficial. 
Os bioestimuladores de colágeno são excelentes em prevenir ou reverter 
os efeitos do envelhecimento facial, porém é bom salientar que não existe um 
bioestimulador dérmico perfeito, pois podem ocorrer efeitos adversos, cabe ao 
profissional escolher o melhor bioestimulador para aplicar de acordo com a 
necessidade e histórico do paciente. 
TEMA 3 – FIOS DE SUSTENTAÇÃO 
O envelhecimento facial ocorre de forma natural e gradual, porém seu 
resultado em forma de vincos e sulcos na pele não agrada a maioria das 
pessoas. A busca por procedimentos minimamente invasivos, a fim de tratar o 
rejuvenescimento facial, é um desafio para a medicina atual. A busca constante 
por técnicas que amenizam e combatem os danos ocasionados pelo 
envelhecimento proporciona uma gama de pesquisas e desenvolvimento em 
tecnologia por produtos cada vez mais eficientes, seguros e minimamente 
invasivos. Com efeito lifting facial sem a necessidade de uma cirurgia, os fios de 
sustentação estão ganhando cada vez mais espaço no meio estético. 
3.1 PDO – Polidioxanona 
Considerados bioestimuladores sólidos, os fios de polidioxanona. 
conhecidos como fios de PDO, estimulam um processo de proliferação das 
células de colágeno diferente dos fios permanentes. O PDO é liso e absorvível, 
 
 
10 
por meio de uma incisão mínima é fixado nos tecidos moles, possibilitando o 
reposicionamento dos tecidos faciais. 
O polidioxanona (PDO) é um polímero monofilamentar sintético, não 
alergênico e absorvível que se hidrolisa gradativamente. O PDO é o fio 
absorvível com maior tempo de retenção de força atualmente no mercado, 
permanecendo no tecido por tempo suficiente para a neocolagênese e indução 
de cicatrização. Consegue manter 28 dias de tensão no tecido, sendo absorvido 
em 182 a 238 dias após sua inserção. 
Os fios absorvíveis são aprovados pelo Food and Drug Administration 
(FDA). Para aproximação dos tecidos moles, independentemente da técnica 
utilizada para procedimentos considerados lifting facial, precisam considerar o 
fato de que os tecidos mais profundos precisam ser reposicionados ou 
preenchidos antes de se tracionar. Os fios lisos são menos estáveis, menos 
resistentes, têm mínima capacidade de fixação e sustentação subdérmica. Com 
um período de recuperação rápida, poucos efeitos adversos e a absorção lenta 
contribuem significativamente na produção de colágeno. 
3.1.1 Fios de PDO 
O fio de PDO apresenta alguns modelos no mercado: fios lisos, fios 
espiculados (com garras), fios em cones, fios parafuso etc., com diferentes 
finalidades. 
Os fios lisos são os mais simples, atuando de forma mais superficial, 
estimulando a produção de colágeno e melhorando a aparência da pele; não têm 
a capacidade de promover “lifting”. 
Os fios espiculados/cones apresentam um efeito rejuvenescedor, 
promovem uma tração, suspenção dos tecidos caídos. 
3.2 Técnica 
Quando colocados corretamente, os fios resultam em um efeito lifting 
mecânico que permanecerá devido ao efeito da formação de colágeno, a 
associação dos fios lisos com espiculado apresentam um melhor resultado. 
Importante avaliar a espessura dérmica do paciente para que os fios não fiquem 
aparentes. A melhor idade de escolha para o procedimento é entre 30 e 60 anos, 
quando o paciente ainda não apresenta uma queda acentuada do terço inferior. 
 
 
11 
As regiões de aplicação são: 
• Contorno do rosto para redefinir; 
• Sulcos faciais; 
• Pescoço e papada; 
• Glabela, olhos; 
• Braço, abdômen, interno de coxa, entre outras áreas corporais. 
3.3 Efeitos adversos e contraindicações 
Pequenas retrações, hematomas e exteriorização dos fios são efeitos 
transitórios, desaparecendo em cinco a sete dias. 
O fio de PDO deve ser aplicado na camada subcutânea, quando 
introduzido superficialmente, além de doloroso ao toque, poderá ser visível. Fora 
do plano correto não irá estimular a produção de colágeno. Assim como se 
introduzido no plano mais profundo poderá ocasionar lesão arterial, nas veias e 
nervo facial, podendo levar à paralisia facial. 
Tratamento contraindicado em casos de: doenças autoimunes, hepatite B 
e C, imunodeprimido, gestante e lactante, tratamento com anticoagulantes, 
histórico de queloide, infecções no local. 
Seguros e com bons resultados, os bioestimuladores de sustentação de 
PDO resultam em um “lifting facial” desde que colocados no plano correto. Ainda 
não há um consenso sobre a quantidade de fios a ser colocado e seu 
posicionamento, entretanto, com o conhecimento dos vetores musculares novos 
padrões estão surgindo. Vale lembrar que mesmo conhecido popularmente 
como “lifting facial” com fios, ele não deve ser apresentado como um liftingcirúrgico, visto apenas como um procedimento estético temporário, 
apresentando melhores resultados quando associado a outros tratamentos. 
TEMA 4 – ESCLEROTERAPIA 
Com a evolução dos tratamentos estéticos a procura pelo procedimento 
em eliminar os vasos de pequeno calibre em clínicas de estética ganha 
destaque. Os microvasos são dilatações capilares, veias ou artérias menores 
que 2 mm de calibre, uma disfunção estética que acomete 6 entre 10 mulheres 
na maioria dos casos localizados nas pernas, entre a população, 40% das 
mulheres e 15% dos homens. 
 
 
12 
Procedimento estético injetável de microvasos (PEIM), realizado para 
secar ou diminuir os microvasos em pacientes que não apresentam 
comprometimento circulatório. Destacam-se como capilares finos, 
avermelhados, ramificados, que na maioria das vezes causam distúrbios apenas 
do ponto de vista estético, sem cunho patológico. Também conhecidos 
cientificamente como telangiectasias, imagina-se que sua formação seja de 
predominância hereditária, obesidade, traumas, gravidez, uso de hormônios 
femininos com estrogênio e pessoas que permanecem muito tempo na mesma 
posição em pé, sentada ou com as pernas cruzadas. 
O National Library of Medicine define etimologicamente o termo 
escleroterapia como a oclusão venosa obtida por meio de injeção intravenosa e 
substâncias químicas. Com a finalidade de ocluir a luz do vaso, a utilização da 
sustância esclerosante induz um processo inflamatório que leva à fibrose e faz 
o vaso perder sua característica de cilindro (colaba), excluindo o caminho da 
circulação, o que resulta na melhora visual da área aplicada. 
O PEIM utilizando a glicose é uma forma de tratamento destinado 
basicamente a fibrosar tecidos, no qual essa substância age 
dispersando o filme protetor de fibrinogênio da camada íntima e 
lesando o endotélio venoso, a fibrina é depositada dentro e ao redor da 
parede venosa, causando uma reação inflamatória, que gradualmente 
se transforma em fibrose. Essa reação faz a veia colabar e deixar de 
ser visível. 
4.1 Histórico 
A esclerose química, tão conhecida atualmente, já era utilizada na época 
de Hipócrates como raspagem e traumatização da veia (efeito mecânico) e por 
Celso como cauterização (efeito térmico). Elsbolt em 1667 utilizou uma técnica 
rudimentar para esclerose química de uma veia, nos três casos o objetivo era 
destruir a veia, cicatrizando uma úlcera varicosa. Foi somente em 1851, com a 
criação da seringa hipodérmica, que Pravaz descreveu a técnica do processo 
esclerosante químico com objetivo de ocluir um aneurisma. A partir deste fato a 
técnica foi aprimorada e com material adequado tornou-se mais eficiente e 
confortável para o tratamento das varizes, hoje é aceito como tratamento ideal 
para os microvasos. Kauch, em 1979, na Alemanha, foi o primeiro a utilizar a 
glicose hipertônica como substância esclerosante, uma solução osmótica de 
ação lenta, pois leva de 30 minutos a 4 dias seu resultado final. 
Em geral, as soluções esclerosantes disponíveis são agrupadas em 
três categorias: osmóticas, detergentes e químicas. As soluções 
 
 
13 
hiperosmóticas promovem a desidratação das células da camada 
endotelial e, consequentemente, acarretam sua destruição e 
desintegração. As soluções osmóticas, como a salina hipertônica (SH) 
e glicose hipertônica (GH), são mais lentas na destruição e 
consideradas mais leves e menos capazes de produzir grandes 
descamações endoteliais e inflamações, quando comparadas aos 
agentes detergentes. A glicose hipertônica tem uma eficácia de 54%. 
Assim, esses esclerosantes tendem a depositar menos hemácias no 
endotélio, reduzindo a incidência da pigmentação tecidual. (Miyake, 
2006) 
O biomédico esteta usa como substância esclerosante a glicose 50% ou 
75%, que é segura, eficiente, não produz reação alérgica e tem baixo custo. 
Entretanto, sua alta viscosidade dificulta a injeção em fluxo alto e o refluxo 
venocapilar. A hipercromia quando ocorre é caracterizada pela técnica de 
aplicação do profissional, que injeta a solução fora do vaso. Soluções 
hipertônicas, como é o caso da glicose, são consideradas mais dolorosas, além 
de seus resultados serem mais lentos, duas desvantagens que contribuem para 
o não retorno do paciente em alguns casos. 
Contraindicado nos casos de: gestação, antecedentes de trombose, 
diabetes descompensado, patologia oncológica ativa, hipercromia pós-
inflamatória, sensibilidade à dor. 
Sabemos que o Peim é um tratamento intermediário. Ele não acaba com 
a causa em si, seus resultados dependem da resposta de cada paciente, 
quantidade de sessões realizadas de acordo com a avaliação prévia e 
informação da expectativa na melhora do resultado esperado. 
TEMA 5 – FARMACOLOGIA APLICADA À INTRADERMOTERAPIA 
Farmacologia é a ciência que estuda os mecanismos de ação das 
substâncias utilizadas para diagnóstico, tratamento ou cura de doenças, bem 
como seu comportamento no organismo. 
Fármaco é um agente químico que proporciona efeito terapêutico ou 
preventivo. As formulações que levam fármacos em sua composição são 
denominadas medicamentos. 
Intradermoterapia, ou mesoterapia, consiste na aplicação de 
medicamentos por meio da injeção na pele ou subcutâneo. 
• Trata pequenas desordens estéticas. 
• O melhor tratamento é sempre combinado com associação de técnica. 
• Cada mescla tem sua concentração de acordo com o local aplicado. 
 
 
14 
Indicado para tratamentos em protocolos para: celulite, flacidez, gordura 
localizada, estrias, capilar, aceleração metabólica, emagrecimento, ganho de 
massa, rejuvenescimento, manchas. 
5.1 Ativos farmacológicos 
• Anestésico: disponibilizado em ampolas ou frascos multidose. Uso 
intradérmico ou subcutâneo. 
• Venolinfocinéticos: vasodilatadores e estimulantes da circulação 
periférica. Com efeitos drenantes, podem ser utilizados em tratamentos 
que visam o melhor funcionamento da microcirculação da pele e áreas 
edemaciadas. Disponíveis em ampolas. Uso intradérmico ou subcutâneo. 
• Esclerosante: estimuladores da diferenciação celular e da síntese de 
proteína. Indicados para recuperação de áreas danificadas da pele 
(estrias e flacidez). Disponíveis em ampolas ou frascos multidose. Uso 
intradérmico ou subcutâneo. 
• Reguladores metabólicos: ativos indicados para o controle do 
metabolismo de carboidratos e lipídeos. Diminuem as necessidades de 
ingestão calórica e promovem a utilização eficiente dos metabolitos pelo 
organismo. Disponíveis em ampolas ou frascos multidose. Uso 
intramuscular e endovenosa. 
• Antioxidantes: moléculas protetoras das células em geral. Promovem o 
equilíbrio químico no organismo, protegendo contra a ação nociva dos 
radicais livres. Disponíveis em ampolas ou frascos multidose. Uso 
intramuscular e endovenoso. 
• Suplementos: vitaminas, aminoácidos e minerais em doses preconizadas 
para a suplementação parenteral. Disponíveis em ampolas ou frascos 
multidoses. Uso intramuscular e endovenoso. 
• Capilar: ativos para o tratamento da alopecia e recuperação da saúde do 
couro cabeludo. Disponíveis em ampolas ou frascos multidose. Uso 
intradérmico ou subcutâneo. 
• Termogênicos: indicados como coadjuvantes em tratamentos para 
emagrecimento e ganho de massa muscular magra. Disponíveis em 
ampolas ou frascos multidoses. Uso intramuscular. 
 
 
15 
Os ativos são utilizados em vários tratamentos estéticos, os mais 
utilizados na estética são: 
• Anestésico: diminuição do impulso da dor, ação vasoconstritora, aumenta 
o tempo de ação do ativo no local de aplicação. 
o Lidocaína: bloqueia canais de sódio, impede a despolarização, 
interrompendo a transmissão do estímulo da dor. 
o Procaína: propriedade anestésica, apresenta efeito 
vasodilatador. 
• Flacidez: melhora o tecido conjuntivo, estimula a contração do músculo e 
melhora a sustentação da pele. Promove o rejuvenescimento por meio de 
intensa hidratação com reconstruçãodas fibras de colágeno. 
o Silício: estimula a síntese de fibra de sustentação (colágeno, 
elastina e proteoglicanas). Auto-hidratação: auxilia na retenção 
de água sobre a pele; firmeza e tonicidade, auxiliando no 
tratamento de flacidez e celulite. 
o DMAE: aumenta a produção de acetilcolina, que se ligam nas 
células da derme e epiderme, auxiliando na proliferação e 
migração de células novas, auxilia na flacidez da derme. 
o Ácido glicólico: estimula a síntese de fibras elásticas e 
colágeno. Promove biossíntese de glicosaminoglicanos, 
promove o aumento das fibras e a sua reorganização. 
• Estrias: inflamar tecido para estimular colágeno (lipocorticoide altera a 
remodelação do colágeno). 
o Vitamina C: cofator da síntese de colágeno, reduz radicais livres 
melhorando o aspecto de tecidos envelhecidos, desidratados e 
rompidos, auxilia no tratamento de estrias jovens (vermelhas). 
Nano encapsulada, vetorizada. 
o Ácido Hialurônico + Condroitin: constituintes fisiológicos, auxiliam 
na retenção hídrica e formação de células de sustentação 
(colágeno), melhorando o aspecto de tecidos envelhecidos, 
desidratados e rompidos. 
o Glicosaminoglicanos (GAG): incorporam-se à matriz, onde são 
aplicados, exercendo ação trófica no tecido conjuntivo e conferindo 
elasticidade, tonicidade e maciez a pele. 
 
 
16 
• Celulite: melhora da microcirculação e drenagem da área edemaciada, 
tratamento do tecido adiposo envolvido no processo de formação da 
celulite. 
o Pentoxifilina: melhora a irrigação e microcirculação nos tecidos, 
inibe a fosfodiesterase apresentada, efeito lipolítico (semelhante à 
cafeína), auxilia no tratamento de lipodistrofia e nos distúrbios da 
microcirculação. 
o Buflomedil: melhora o aporte de oxigênio e nutrientes, inibe a 
agregação plaquetária, favorece a drenagem linfática, o edema. 
o Benzopirona: reduz a resposta inflamatória, o edema local, 
favorece a permeabilidade dos ativos. 
• Gordura localizada: mobilizar a reserva de gordura armazenada para 
redução corporal (remodelamento). 
o Lisado de tireoide: tem ação lipolítica importante ao aumentar os 
gastos energéticos no organismo. O uso injetável de lisado de 
tireoide 2,5% permite atingir o tecido adiposo subcutâneo 
localizado, estimulando a lipólise. 
o L-Carnitina: é um aminoácido, transfere a gordura do citoplasma 
para a mitocôndria, geração de energia (formação ATP), auxilia 
nos tratamentos de obesidade pelo fato de atuar como agente 
carreador. 
o Desoxicolato de sódio e lipossoma de girassol: promovem o 
rompimento das células adiposas com consequente lipólise. 
Desencadeia reação inflamatória local. 
• Capilar: restaura e aumenta a microcirculação local, fornece insumos 
nutricionais, retarda o processo programado de involução folicular. 
o Minoxidil: aumenta o crescimento do cabelo, prolongando a fase 
anágena e induz novo crescimento do cabelo na alopecia 
androgenética. 
o Finasterida: eficaz na alopécia androgenética. Não deve ser 
utilizado em mulheres. 
o Buflomedil: é um antagonista alfa-adrenoceptor e um bloqueador 
de canal de cálcio fraco. 
 
 
 
 
17 
• Emagrecimento, acelerador metabólico (via intramuscular). 
o Picolinato de cromo: melhora o aparecimento da glicose da 
ingesta, consequentemente diminuindo o apetite por carboidratos. 
o Inositol + Colina: quando associado à colina produz lecitina, que 
reage com lipídios, impedindo seu depósito em parede de vasos e 
órgão. 
o L-Fenilalanina: converte-se em dopamina e adrenalina, inibindo 
(SNC) e estimulando lipólise. 
o BCAA: aminoácidos de cadeia ramificada: leucina, isoleucina, 
valina. Contribuem para o ganho de massa celular. 
o L-Ornitina e L-Arginina: aminoácidos estimuladores de liberação de 
GH promovendo reparação tissular e hipertrofia. 
o Taurina: acelerador metabólico. 
NA PRÁTICA 
Em quais regiões da face o biomédico esteta pode aplicar os 
preenchedores? 
Qual a diferença entre preenchedor e bioestimulador de colágeno? 
Qual a importância do conhecimento em farmacologia na área da 
estética? 
FINALIZANDO 
O envelhecimento cutâneo tem relação com as várias camadas da pele, 
principalmente a derme e a hipoderme. As mudanças que elas sofrem refletem 
na flacidez. 
A literatura sugere que existem quatro pilares estéticos interligados ao 
envelhecimento facial: perda de gordura subdérmica, ação muscular, 
remodelação óssea e envelhecimento da pele. Com isso, uma mudança em um 
dos tecidos pode influenciar no tecido vizinho, levando a um efeito cascata. Com 
as proporções das estruturas faciais modificadas decorrentes do processo do 
envelhecimento, o rosto juvenil que apresentava um terço médio bem definido 
perde o contorno facial e o volume dérmico. 
No envelhecimento cronológico, ocorrem mudanças biológicas nas 
estruturas das fibras de colágeno e elastina. Uma das consequências é a 
 
 
18 
diminuição da derme, a pele fica com uma aparência mais flácida e, ao palpá-la, 
conseguimos senti-la mais fina e sem consistência. A busca por beleza traz 
satisfação estética em relação à autoestima e ao bem-estar, sempre em busca 
de face mais jovial e natural. 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
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glicose 75% e glicose 50%. Revista Iniciare, Campo Mourão, v. 2, n. 1, p. 53-
61, jan./jun. 2017.BIOMEDICINA ESTÉTICA 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Nathaly Tiare Jimenez da Silva Dziadek 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, vamos estudar uma modalidade de tratamento estético 
chamada de eletroterapia, com vários procedimentos que surgem a partir desse 
mecanismo de ação. A eletroterapia aplicada à estética usa correntes elétricas 
para melhorar o aspecto de determinadas condições de ordem estética. Os 
equipamentos usam correntes eletromagnéticas conduzidas por eletrodos que 
são fixados à pele do paciente. Outras formas de tratamento incluem a utilização 
de agulhas no lugar de eletrodos. Há uma diversidade de correntes em uso na 
eletroterapia. Cada uma delas apresenta particularidades quanto a indicações e 
contraindicações, mas todas têm o objetivo comum de produzir um determinado 
efeito no tecido submetido à terapia, por meio de reações físicas, biológicas e 
fisiológicas. 
TEMA 1 – ELETROTERAPIA 
O termo eletroterapia está associado ao uso de corrente elétrica ou, de 
forma mais ampliada, ao uso da energia eletromagnética, sempre com finalidade 
terapêutica. Tais correntes produzem efeitos fisiológicos sobre o metabolismo 
celular, a circulação, a musculatura, entre outros. 
A utilização da tecnologia tem se aperfeiçoado muito nas últimas décadas, 
com o desenvolvimento de novos recursos. Contudo, desde a Antiguidade, seu 
uso já era comum para os cuidados de saúde. Pessoas como Aristóteles e Plutão 
já utilizavam enguias elétricas visando, por meio da corrente elétrica, produzir 
certas reações nos doentes. 
Energia é a capacidade que um sistema tem de trabalhar. Há várias 
formas de energia, e ela não é comumente criada ou destruída, mas muitas 
vezes transformada de uma forma para outra, ou ainda transferida de um local 
para outro. Os recursos utilizados em eletrotermofototerapia são equipamentos 
que utilizam energia e a transformam em ondas sonoras (ultrassom), em cargas 
elétricas (corrente russa, corrente galvânica, microcorrentes, entre outras), em 
calor (mantas térmicas), em frio (compressas frias), ou em luz (laser, luz intensa 
pulsada). 
Vejamos algumas formas de energia utilizadas na eletrotermofototerapia: 
energia elétrica, energia eletromagnética, energia térmica, energia sonora e 
energia mecânica (Rosa; Lopes, 2018). 
 
 
3 
1.1 Energia elétrica 
A energia elétrica é uma forma de energia baseada na geração de 
diferenças de potencial elétrico entre dois pontos, o que gera uma corrente 
elétrica entre ambos. Tal energia pode ser transformada para uso na forma de 
luz ou calor. A energia elétrica está associada à geração de uma corrente 
elétrica, caracterizada por um movimento ou um fluxo de partículas carregadas, 
como os elétrons ou os íons, de um local para outro. Essa corrente pode ser 
conduzida por metais e soluções, sendo transferida para o corpo humano e 
provocando reações fisiológicas com resultados terapêuticos. 
A eletroterapia pode ser classificada como baixa, média ou alta 
frequência, de acordo com a repetição dos impulsos elétricos utilizados em 
tratamentos diversos. Essa classificação está associada à frequência de ciclos 
emitidos por segundo (Hertz [Hz]). Dessa forma, a corrente de baixa frequência 
utilizada em seres humanos não é superior a 1000 Hz (corrente galvânica, 
microcorrentes, entre outros). Já a média frequência varia de 1000 Hz a 100 KHz 
(corrente russa e interferencial), enquanto a alta frequência é maior que 300 KHz 
(ondas curtas e micro-ondas). 
A intensidade da corrente elétrica, por sua vez (ou seja, a quantidade de 
carga elétrica por unidade de tempo), é um indicador que se relaciona com o 
número de elétrons ou íons que passa por um local em um determinado tempo. 
Sua unidade de medida é o ampère (A), sendo frequente em equipamentos a 
utilização de miliampere (mA) ou microampere (μA). Com relação à corrente 
elétrica, existem dois tipos básicos de corrente elétrica com finalidades 
terapêuticas: a corrente contínua e a corrente alternada. A corrente contínua é 
polarizada, ou seja, a carga se movimenta sempre na mesma direção. Além 
disso, apresenta um fluxo constante e unidirecional de eletricidade, e assim os 
elétrons fluem continuamente em uma única direção. Já a corrente alternada 
pode se apresentar na forma polar ou apolar. A forma apolar (despolarizada) 
caracteriza-se por inverter a direção em intervalos regulares de tempo (Rosa; 
Lopes, 2018). 
São exemplos de aplicação de corrente elétrica: corrente russa, corrente 
aussie, corrente galvânica, microcorrentes, eletrolipólise, alta frequência, 
iontoforese, ozonioterapia, carboxiterapia. 
 
 
4 
As indicações clínicas são: desincrustação na limpeza de pele, 
eletrolifting, melhora do aspecto geral da pele, regeneração e cicatrização, 
estimulação da microcirculação (inclusive em couro cabeludo), 
rejuvenescimento, poros dilatados, manchas, redução de gordura localizada, 
lipodistrofia ginoide (celulite), flacidez cutânea, estrias, flacidez muscular, 
fortalecimento muscular, além de auxílio na eliminação de toxinas. 
Esse tipo de procedimento é contraindicado nos seguintes casos: 
tumores; lesões na região tratada; gestação; pacientes com marca-passo; 
problemas cardíacos, respiratórios e renais crônicos; hipertensão; e epilepsia. 
1.2 Energia eletromagnética 
A energia eletromagnética é transmitida por radiação, em diferentes 
comprimentos de ondas. A radiação é um processo pelo qual a energia se 
desloca de sua fonte para fora, através do espaço. A luz solar constitui um tipo 
visível de energia radiante que produz calor. A luz é uma energia radiante que 
se manifesta através da luz visível, ou seja, da luz que conseguimos perceber 
com o sentido da visão. Um raio de luz estabelece a trajetória da luz em 
determinado espaço. Sua representação indica onde a luz é criada (fonte) e para 
onde ela se dirige. 
A energia luminosa ou fotônica é definida pelo produto de uma constante, 
ou seja, a energia de determinado raio luminoso, ou onda eletromagnética, é 
uma função exclusiva da frequência que o constitui. Com base nisso, a 
fototerapia compreende recursos que se baseiam no efeito da luz sobre os 
tecidos biológicos, o que envolve, além de agentes tradicionais (como a luz 
ultravioleta e o infravermelho), a laserterapia, a emissão de luz por diodo (LED) 
e a luz intensa pulsada (ILP). 
O mecanismo de ação da fototerapia requer a absorção de luz por uma 
molécula fotorreceptora, chamada cromóforo. Os cromóforos são geralmente 
organelas celulares presentes na derme e na epiderme, como melanina, 
citocromo, porfirinas, hemoglobina, entre outras. Ao absorver a luz, seu 
metabolismo é estimulado, induzindo reações químicas e dando origem a uma 
cascata de respostas celulares. 
Outro mecanismo que se baseia na utilização da energia eletromagnética 
está associado ao uso da radiofrequência como técnica de tratamento estético. 
Esse recurso atua a partir da conversão da energia eletromagnética em efeito 
 
 
5 
térmico sobre os tecidos. A radiofrequência é uma radiação no espectro 
eletromagnético, compreendida entre 30 KHz e 300 MHz, capaz de alcançar os 
tecidos mais profundos, gerando energia e forte calor sobre as camadas mais 
profundas da pele, o que mantém a superfície protegida, provocando a contração 
das fibras colágenas existentes e estimulando a formação de novas fibras. Elas 
se tornam, assim, mais eficientes para sustentar a pele. 
A energia eletromagnética também apresenta efeitos associados a 
recursos como o Gerador de Alta Frequência, aparelho que trabalha com 
correntes alternadas (elevada tensão e baixa intensidade). Ao ser usado na 
superfície da pele, provoca a formação de ozônio (O3). Seus efeitos estão 
associados à produção de calor, com vasodilatação periférica local e aumento 
da oxigenação celular. Como efeito terapêutico, destaque para a ação 
bactericida e antisséptica, associadaà formação do ozônio (Rosa; Lopes, 2018). 
São exemplos da aplicação de energia eletromagnética: ozonioterapia, 
ultrassom, radiofrequência, laserterapia, luz intensa pulsada, infravermelho, 
LED. As indicações clínicas são: lipodistrofia ginoide (celulite), estrias, flacidez 
cutânea, aderências e fibroses, redução de gordura localizada, auxílio na 
eliminação de toxinas e redução de edemas, melhoria do aspecto geral da pele, 
rejuvenescimento, eliminação e/ou redução de manchas, poros dilatados, 
cicatrizes, telangectasias da face, epilação, remoção de pigmentos, 
favorecimento da regeneração e cicatrização de tecidos e tratamento capilar. 
São contraindicações a esse tipo de procedimento: tumores; lesões na 
região a ser tratada (o calor poderá alterar o comportamento da região); 
hipertensão; gestação; uso de anticoagulantes; marca-passo; diabetes 
descompensada; DIU (radiofrequência). 
1.3 Energia térmica 
A energia térmica está associada ao aumento ou à diminuição da 
temperatura tecidual, considerando agentes quentes ou frios. A energia térmica 
é uma forma de energia relacionada com a movimentação de moléculas a partir 
de um determinado corpo. Quanto maior o movimento e a velocidade dessas 
partículas, maior será a temperatura e mais intensa a energia térmica liberada. 
Há diferentes modos de transferência de energia térmica entre os corpos. A 
temperatura central permanece constante, sendo mantido um certo equilíbrio 
entre a produção de calor interno e a perda ou ganho de calor no nível da pele. 
 
 
6 
As modalidades condutoras produzem mudanças de temperatura de 
forma generalizada nos tecidos superficiais, com uma profundidade de 
penetração máxima de 1 cm ou menos. As modalidades condutoras podem 
acarretar aumento na temperatura dos tecidos (termoterapia) ou diminuição na 
temperatura dos tecidos (crioterapia). As modalidades de transferência de 
energia térmica, no âmbito dos tecidos, ocorrem principalmente por condução e 
convecção. A variação da temperatura do tecido depende da quantidade de 
energia convertida em calor, em uma determinada profundidade do tecido, e da 
capacidade de condutividade térmica do local. Outro elemento importante na 
variação da temperatura é a vascularização do local e a técnica de aplicação da 
modalidade térmica. A técnica de aplicação é estabelecida por meio de 
tratamento profundo, em que a conversão da energia ocorre à medida que há 
penetração no tecido (micro-ondas, ultrassom, entre outros). Já o tratamento 
superficial gera, por meio de condução ou convecção, a transferência de energia 
pelo contato entre os corpos (bolsas quentes, entre outros). Para que a 
termoterapia superficial seja capaz de provocar efeitos terapêuticos, a 
temperatura da pele deve aumentar de 40°C a 45°C em uma área de 2 cm de 
profundidade na pele (Rosa; Lopes, 2018). 
São exemplos de aplicação de termoterapia (aplicação de calor): mantas 
térmicas, compressas e bolsas quentes, sauna, radiação infravermelha, forno de 
Bohr, ultrassom, radiofrequência, eletrocautério e jato de plasma. Exemplos de 
crioterapia: criolipólise e criofrequência (nessa aplicação, temos termoterapia 
associada à crioterapia). 
As indicações clínicas são: redução de gordura localizada, lipodistrofia 
ginoide (celulite), flacidez cutânea, auxílio na eliminação de toxinas, melhora do 
aspecto geral da pele, rejuvenescimento, rugas e sulcos, além de retração de 
pele nos casos de flacidez facial. 
São contraindicações desse tipo de procedimento: hipertermia (febre), 
pois o calor poderá intensificar o aumento da temperatura; tumores, não sendo 
indicado qualquer tipo de estímulo que acelere o metabolismo; lesões na região 
a ser tratada, pois o calor poderá alterar o comportamento da região; período 
menstrual, já que o uso de calor poderá aumentar o fluxo menstrual. 
 
 
 
7 
1.4 Energia mecânica 
A energia mecânica, associada ao movimento dos corpos, é produzida a 
partir do trabalho de um corpo, podendo ser transferida para outro. Qualquer 
corpo em movimento é capaz de realizar trabalho – portanto, apresenta energia, 
que nesse caso é chamada de cinética. A energia mecânica está associada ao 
movimento ou à posição. Pode ser energia cinética (energia de movimento) ou 
energia potencial (energia armazenada de posição). Os objetos têm energia 
cinética quando estão em movimento; já a energia potencial é armazenada por 
um objeto e tem o potencial de ser criada quando esse objeto é alongado, 
dobrado ou comprimido. São modalidades de energia mecânica: compressão 
intermitente, técnicas de tração e massagem (Rosa; Lopes, 2018). 
São exemplos de aplicação de energia mecânica: ultrassom (efeito 
cavitação), pressoterapia, endermoterapia (vacuoterapia), peeling de diamante, 
peeling de cristal, peeling ultrassônico e plataforma vibratória. 
As indicações clínicas são: lipodistrofia ginoide (celulite), estrias, cicatriz 
de queimaduras, flacidez cutânea e muscular, aderências e fibroses, auxílio em 
conjunto com outras terapias para redução de gordura localizada, auxílio na 
eliminação de toxinas e redução de edemas, estimulação da circulação 
favorecendo o retorno venoso, melhora do aspecto geral da pele, suavização de 
rugas, e limpeza de pele através de esfoliação física dos peelings. 
São contraindicações a esse tipo de procedimento: tumores; lesões na 
região a ser tratada, pois o calor poderá alterar o comportamento da região; 
hipertensão; hérnia: veias varicosas; flebites e trombos; gestação; uso de 
anticoagulantes; marca-passo; diabetes descompensada. 
1.5 Energia sonora 
A energia sonora consiste em ondas de pressão, devido à vibração 
mecânica das partículas. A relação entre velocidade, comprimento de onda e 
frequência é a mesma para as energias sonora e eletromagnética, mas as 
velocidades dos dois tipos de onda são diferentes. As ondas acústicas viajam na 
velocidade do som. O ultrassom utiliza uma forma de energia sonora não audível, 
produzindo ondas mecânicas que podem ser emitidas de forma contínua, 
produzindo efeito térmico, ou alternada, com menor elevação de temperatura. 
 
 
8 
TEMA 2 – CARBOXITERAPIA 
Ao longo dos anos, há um conjunto de alterações que provoca o 
envelhecimento da pele. De forma intrínseca e natural, pelo envelhecimento das 
células, e de forma extrínseca, como resultado de hábitos e fatores ambientais. 
As consequências incluem modificações estéticas na pele, na forma de rugas, 
sulcos, flacidez, linhas de expressão e ressecamento. O envelhecimento é um 
processo natural que tem início por volta dos 30 anos, ficando mais evidente na 
terceira idade. 
A pele apresenta importantes funções: proteção mecânica, excreção, 
barreira hídrica, controle de temperatura, defesa contra infecções, além 
de participação na síntese de vitamina D. 
A carboxiterapia consiste na permeação de gás carbônico medicinal 
(dióxido de carbono, ou CO2) medicinal com 99,9% de pureza, administrado em 
via subcutânea, o que causa vasodilatação periférica e melhora a oxigenação 
tecidual. Gás inodoro incolor e atóxico, é um endógeno produzido naturalmente 
das reações oxidativas eliminadas pelos pulmões durante a respiração. 
Com utilização ampla, a carboxiterapia ganha espaço na estética para 
tratamentos de flacidez, rugas, cicatrizes e gordura localizada. Na década de 30, 
teve início o seu uso terapêutico com bons resultados, chegando ao Brasil no 
início deste século, com foco na área estética. 
Seus efeitos fisiológicos apresentam vasodilatação e aumento 
significativo de O2 local. Após a sua administração, há uma resposta inflamatória 
no local, ocasionando uma série de eventos no tecido conjuntivo vascularizado 
e nas células circulantes, com o objetivo de restaurar e cicatrizar o tecido 
lesionado. 
Vejamos seus efeitos: melhoria da circulação local e da microcirculação 
da pele; estímulo à formação de fibras de colágeno e elastina, com 
reorganizaçãoestrutural, o que melhora o tônus e a flacidez tecidual; redução de 
medidas, por conta de seu efeito lipolítico; oxigenação dos tecidos. 
2.1 Efeito Bohr 
Quanto mais gás carbônico disponibilizamos no tecido, mais 
hemoglobinas carregadas com oxigênio vão chegar através da circulação, 
porque a hemoglobina apresenta maior afinidade pela molécula de O2 para os 
 
 
9 
tecidos, além de captação da molécula de CO2 que será transportada e 
eliminada pela respiração. Isso caracteriza o efeito Bohr, que é analisado pela 
curva de dissociação da oxiemoglobina em resposta às alterações de CO2 e de 
íons de hidrogênio H+. 
Com auxílio de um equipamento próprio para carboxiterapia, o gás 
carbono medicinal será administrado de acordo com o fluxo e o volume 
adequado. Ligado a um cilindro a aço com regulação de pressão de CO2, alguns 
equipamentos aquecem o gás durante a trajetória para diminuir o desconforto do 
paciente. 
As indicações terapêuticas são: flacidez cutânea, olheiras, sequela de 
acne, rejuvenescimento facial, celulite, estrias, gordura localizada, tratamento 
capilar. As contraindicações são: alergia na pele, gravidez, lactantes, herpes 
ativo. 
Seus efeitos terapêuticos dependem do local anatômico da aplicação. 
Importante entender o objetivo do tratamento, pois a técnica envolve diferentes 
volumes de gás, fluxos e frequências para cada protocolo. 
Os cuidados com o corpo e a aparência se tornaram prioridades nos 
últimos anos. Com isso, os tratamentos estéticos ganharam mais visibilidade. A 
carboxiterapia é considerada um tratamento seguro, pois não apresenta efeitos 
adversos, como complicações locais ou sistêmicas. Porém, é importante realizar 
o procedimento com o protocolo adequado para cada paciente. 
TEMA 3 – OZONIOTERAPIA 
Ozônio é um gás presente na atmosfera, originado em grandes altitudes 
ou após uma tempestade no mar. O Brasil ocupa o quinto lugar em pesquisas 
realizadas com ozônio no mundo. O ozônio medicinal é composto por uma 
mistura de 95% de oxigênio 5% de ozônio. O ozônio puro é considerado um dos 
oxidantes mais potentes que conhecemos. Seu odor intenso e característico 
torna-o facilmente perceptível. É utilizado para vários tratamentos patológicos e 
estéticos. 
3.1 Histórico 
Mak Van Marumom, químico holandês, registrou pela primeira vez, em 
1785, a existência do ozônio O3. Em 1840, o químico alemão Christian Friedrich 
 
 
10 
Shoenbein o sintetizou, e o primeiro gerador foi patenteado em 1896, nos EUA, 
pelo inventor Nikola Tesla. Utilizado na primeira guerra mundial para desinfectar 
e tratar infecções, feridas e cicatrizes, posteriormente foi utilizado como 
tratamentos para hernias lombares e hepatites. 
A exposição prolongada ao O3 por via respiratória e por via cutânea e/ou 
radiação ultravioleta leva à formação de uma grande quantidade de compostos 
tóxicos, que penetram a corrente sanguínea, atingindo órgão vitais e produzindo 
danos intensos. Por conta disso, durante anos ele foi proibido, porque era visto 
como algo prejudicial à saúde. Pode ser produzido por radiação ultravioleta do 
sol, ou por equipamento que utilizam descargas de alta voltagem e frequência. 
Por ser metaestável, há dificuldades de armazenamento. É explosivo na 
forma líquida ou sólida. Seu tempo de meia vida depende da temperatura, assim 
como o processo endotérmico é reversível na velocidade de dissociação do O3, 
também dependente da temperatura. Em temperatura de 20º C, apresenta 
tempo de semivida de 40 minutos, porém na temperatura de 0º C a semivida é 
de 140 minutos. Por conta de sua instabilidade, deve ser produzido apenas no 
momento de aplicação. 
3.2 Mecanismo de ação 
Apesar de muitos estudos ao longo dos anos, o seu mecanismo de ação 
ainda não é totalmente conhecido. Acredita-se que produz efeitos terapêuticos, 
como melhoria da oxigenação corporal, aperfeiçoamento dos mecanismos de 
defesa imunológica do organismo, regulação do sistema antioxidante, melhoria 
do metabolismo de O2, melhoria da irradiação dos produtos tóxicos do 
metabolismo celular, além de atua a nível mitocondrial, diminuindo as citocinas 
(Lopes, 2020, p. 36): 
Regulação do Sistema Antioxidante sendo dez vezes mais solúvel do 
que o O2, o O3 consegue penetrar com maior facilidade nos tecidos 
dissolvendo-se no plasma sanguíneo e nos fluídos extracelulares, 
reagindo de imediato com biomoléculas, como proteínas, carboidratos, 
antioxidantes e ácidos graxos. Logo de seguida desaparece e gera 
radicais livres, as Espécies Reativas de Oxigénio (ROS/EROS) e 
Produtos De Oxidação Lipídica (LOP) (Anon, 2007; Bocci, 2007). 
A molécula ROS é principalmente o peróxido de hidrogénio (H2O2), 
que é um oxidante não radical capaz de reagir como o O3 responsável 
por extrair diversos efeitos biológicos e terapêuticos. Para conseguir 
obter um efeito biológico sem provocar danos é importante a calibração 
da concentração de O3 (µg/ml de gás por ml de sangue1:1), sendo 
também importante a medição da capacidade antioxidante do sangue 
e caso seja necessário, reforçar com suplementos alimentares 
 
 
11 
antioxidantes, antes e durante o tratamento, pois os ROS em 
quantidades excessivas podem causar danos celulares. Segundo 
Philippi & Barreira (2018) as ROS apresentam mediadores de defesa 
e imunidade, ou seja, quando é introduzido O3 existe um aumento na 
ativação das plaquetas e consequentemente libertação de fatores de 
crescimento, que contribuem para a cicatrização. A Molécula de Ozono 
O3 e os LOP podem ser benéficos ou tóxicos, ou seja, quando se 
pretende ter um efeito terapêutico, as concentrações não devem ser 
nem muito baixas acabando por não ter eficácia, nem muito altas 
podendo causar toxicidade (Philippi et al., 2018). 
Quando o organismo está exposto ao O3 em doses controladas ocorre 
um stress oxidativo levando ao aumento gradual da produção de 
enzimas endógenas antioxidantes, que são a primeira linha de defesa 
na destruição dos radicais livres (RL) (Aydogan & Seda 2012; Oliveira 
& Wosch 2012). 
Pode provocar irritação no trata respiratório, quando inalado em doses 
altas. Contudo, apresenta efeitos benéficos quando aplicado em doses 
terapêuticas. Nas últimas décadas, tem ganhado destaque por se dissipar sem 
permanecer nas células. Consegue ainda estimular o organismo a produzir 
enzimas antioxidantes, além de oxidar os ácidos graxos. Seu poder anti-
inflamatório, bactericida e antiviral relaciona0se ao sistema imunológico e à 
defesa dos antioxidantes. 
3.3 Na estética 
Após a descoberta das vantagens obtidas com a técnica de ozonoterapia, 
começa a ser utilizada na estética para tratamentos faciais e corporais. 
Apresenta como principais benefícios na estética: 
• Liberação de fatores de crescimento que promovem a regeneração dos 
tecidos 
• Controle dos processos inflamatórios 
• Fibroedemageloide (celulite) 
• Protocolos para gordura localizada 
• Tratamento de acnes e hipercromias 
• Rosácea 
• Rejuvenescimento facial 
• Combate Flacidez 
• Uniformiza o tom da pele 
• Estrias; 
• Queda capilar e calvície 
O procedimento pode ser realizado de diversas formas, principalmente: 
 
 
12 
• Aplicações tópicas (na pele) 
• Banho e sauna 
• Subcutânea 
• Via endovenosa 
• Intramuscular 
• Retal 
• Auricular 
• Intra-articular 
Contraindicado para: gestante; hipotiroidismo descompensado; diabetes 
descompensada; portador da G6PD, pois pode levar à hemólise. 
A estética apresenta diversos protocolos para os tratamentos de ozônio. 
Apesar dos benefícios, quando aplicada de forma incorreta pode apresentar 
riscos. Por isso, é muito importante proceder a uma avaliação adequada para 
determinar o protocolo que vai ser seguido e quantas sessões serão 
necessárias. 
TEMA 4 – LASER 
Desenvolvido na década de 60, o nome raio laser é uma abreviação de 
Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation, ou Luz Amplificada pela 
Emissão Estimulada de Radiação. Em termospráticos, chamamos de laser 
certos dispositivos que geram radiação eletromagnética (REM) com 
características próprias. 
Ao contrário da luz solar e da luz incandescente, que são caóticas, 
emitindo radiação em todas as direções e de todo o espectro de comprimento de 
onda, a luz laser tem características diferentes: é coerente, pois as ondas estão 
em fase no tempo e no espaço, de forma monocromática, com o mesmo 
comprimento de onda (luz pura, da mesma cor); é colimada, pois as ondas têm 
a mesma direção, a luz é paralela, não divergente, estreita, concentrada, 1 mm 
de diâmetro, de alta intensidade. Pelo fato de ser monocromática, pode interagir 
intensamente com certas substâncias e pouco com outras. Como é emitida na 
forma de um feixe altamente colimado, pode ser direcionada com grande 
precisão para distâncias significativas. 
Habitualmente, os lasers médicos são chamados pelo nome de meio ativo 
ou meio lasante. Em relação ao estado físico, o meio laser pode ser: gasoso, 
 
 
13 
líquido, sólido ou de elétrons livres. Quanto ao modo de emissão temporal da 
luz, os lasers podem ser: contínuos, quando emitem radiação de forma contínua, 
com mais de 1 segundo de duração, como CO2; ou pulsados, quando emitem 
radiação em pulsos regulares. Esses impulsos podem apresentar maior ou 
menor duração. 
Para gerar a luz responsável pelo tratamento, o aparelho de raio laser 
apresenta diferentes fontes. A alimentação do laser pode variar entre CO2, cobre, 
rubi e argônio, para citar alguns exemplos. Cada uma proporciona um tipo 
diferente de luz, que será específico para determinadas finalidades. No caso dos 
raios utilizados na pele, cada apresenta um comprimento de onda diferente, 
associado a um tipo de célula ou pigmento. A análise do processo leva à 
determinação do laser que será usado em cada tratamento estético. 
4.1 Interação do laser com os tecidos 
O laser foi primeiramente aplicado no tratamento de doenças de pele e na 
eliminação de pequenos tumores. Com o avanço da tecnologia, descobriu-se 
que era possível aproveitar a luz em muitas outras técnicas, com as mais 
diversas finalidades. 
A tecnologia de radiação eletromagnética pode ser utilizada com diversas 
finalidades. Essa forma de energia atinge determinado alvo na pele, promovendo 
modificação física, química ou biológica. 
O efeito terapêutico do laser varia em função dos seguintes aspectos: 
comprimento de onda, duração do impulso, tamanho, tipo e profundidade do 
alvo, e interação entre a luz emitida pelo laser e o alvo determinado. Os principais 
alvos do laser médico são: pigmento natural, pigmento externo, água intracelular, 
aminoácidos e ácidos nucleicos. Os pigmentos naturais e externos são 
chamados de cromóforos. O cromóforo é um grupo de átomos que dá cor a uma 
substância e absorve a luz com um comprimento de onda específico no espectro 
visível. Os cromóforos da pele são: oxi-hemoglobina e desoxi-hemoglobina, 
melanina, carotenos, água e proteínas. As proteínas e a água não são 
absorvidas no espectro do visível, e teoricamente não deviam ser chamadas de 
cromóforos, mas na prática são moléculas orgânicas que absorvem REM. Por 
isso, falamos em cromóforos de uma forma geral, mesmo que absorvam os UV 
ou os infravermelhos. 
 
 
14 
Quando a radiação é absorvida pelo tecido biológico, alguns efeitos 
podem ser provocados: 
• Efeito fototérmico: a alta energia laser absorvida pelos tecidos pode gerar 
calor, que causa a destruição do tecido. Exemplo: laser CO2. 
• Fotodisrupção: uma onda de choque, cuja vibração causa explosão e a 
fragmentação do tecido alvo. 
• Efeito mecanoacústico e fotoacústico. Exemplo: laser Q-switched. 
• Fotoablação: rotura direta das ligações moleculares por fótons ultravioleta 
de alta energia. Exemplo: laser excímeros (ultravioletas). 
• Ablação induzida por plasma ablação através da ionização das moléculas 
e dos átomos quando se obtém a formação de plasma. Exemplo: Nd:YAG. 
A maioria das moléculas orgânicas absorve UV, por conta da forte 
absorção de proteínas nessa área do espectro. A oxi-hemoglobina tem um pico 
de absorção entre 490 nm e 595 nm, correspondente ao verde e ao amarelo. A 
desoxi-hemoglobina, aos 770 nm. A meta-hemoglobina, que resulta da 
transformação da hemoglobina após aquecimento sanguíneo, tem uma 
absorção preferencial a 1.000 nm. A melanina tem uma absorção muito larga no 
espectro óptico, mas que diminui lentamente dos UV aos infravermelhos. É 
máxima por volta dos 530 nm. A absorção da água predomina para 
comprimentos de onda superiores a 1.800 nm. Não há nenhum comprimento de 
onda que permita atingir um cromóforo de forma completamente específica. A 
janela óptica escolhida é apenas a mais seletiva possível para o tecido alvo. Daí 
a importância dos sistemas de arrefecimento que arrefecem a epiderme e a 
derme superficial, de modo que reforçam a seletividade da ação térmica no nível 
de um alvo mais profundo. 
TEMA 5 – CLASSIFICAÇÃO DOS LASERS 
Podemos classificar os lasers não só de acordo com o meio do laser e o 
comprimento de onda, mas também a partir das funcionalidades a que se 
destinam e de sua aplicação clínica. 
São diferenciados em ablativo e não ablativos. Os lasers ablativos 
vaporizam e destroem, por fototermólise, a epiderme e a derme superficial. São 
lasers de infravermelhos que atuam por estimulação da neosíntese de colágeno, 
sem destruição da epiderme, aspecto que dá nome ao método: subsurfacing. 
 
 
15 
Podem ainda ser fracionados, quando o feixe de laser é separado em vários 
microfeixes, como se fosse um chuveiro. Isso permite deixar ilhotas de pele sã 
entre as áreas de pele tratadas, o que facilita a reepitelização das áreas. 
• Lasers de corte e de vaporização (ablativo): laser CO2 (10.600nm), 
Erbium: YAG (2.940 nm). 
• Lasers vasculares: atuam seletivamente nos vasos. Emitem REM com 
comprimento de onda entre os 500 e os 600 nm. A esclerose dos vasos 
pode ser induzida por dois processos: fotocoagulação seletiva e 
ototermólise seletiva. 
• Lasers pigmentares: destinam-se ao tratamento de manchas pigmentadas 
por lasers que emitem um comprimento de onda específico, absorvido 
pela melanina ou pelo pigmento externo. O alvo do laser são: cromóforos 
da pele, manchas, pigmento externo e tatuagens. 
• Lasers epilatórios: destinam-se à epilação. O alvo é o pigmento melânico 
presente nos bulbos pilosos. O objetivo é a destruição do bulbo que leva 
à epilação permanente. São destruídos apenas os bulbos que se 
encontram em fase anagénica. Os comprimentos de onda dos lasers 
estão compreendidos entre 600 e 1.100 nm, que é a janela óptica ótima, 
pois a competição entre a melanina e os outros cromóforos cutâneos é 
menor: alexandrite 755 nm, díodo 800 nm, rubis 694 nm, Nd: YAG 1064 
nm pulso longo, IPL 500-1.200 nm, combinação alexandrite 755 nm + 
Nd:YAG 1.064 nm. A explicação para a escolha dos Δ e da duração de 
pulso está na competição que existe entre a melanina folicular e a 
melanina da epiderme, para a absorção de energia de determinado 
comprimento de onda. Quanto maior o Δ, menor a probabilidade de ser 
absorvido pela melanina da epiderme, pois a radiação penetra mais 
profundamente na derme. 
• Fototerapia (LED): os LEDs (Light Emitting Diodes) são diodos de 
semicondutores submetidos a uma corrente elétrica. Emitem luz e podem 
ser utilizados para fototerapia. Apresentam comprimento de onda de 
405nm (azul) a 940nm (infravermelho), com papel diferente do tratamento 
ablativo, pois não causam dano tecidual com base em fototermólise. A 
ação do LED é intracelular, ou seja, ocorre estimulação direta das células. 
Podemos citar mais especificamente: a estimulação das mitocôndrias, 
que leva à reorganização das células, inibindo certas ações e estimulando 
 
 
16 
outras; a síntese de ATP e proteínas, como colágeno e a elastina, 
resultando em um efeito que chamamos de foto bioestimulaçãoou foto 
biomodulação. Dependendo do comprimento de onda utilizado, os LEDs 
também atuam como antimicrobianos e anti-inflamatórios. 
• Lasers de rejuvenescimento não ablativo: o laser tem que penetrar 100-
400 µm para atingir o pigmento da junção dermoepidérmica, o colágeno e 
os vasos da derme. A absorção da luz pela água provoca efeito 
fototérmico e, consequentemente, resposta inflamatória, que estimula a 
atividade fibroblástica. Os lasers usados no rejuvenescimento não 
ablativo são: Nd:YAG 1.064 nm e 1.320 nm, Díodo 1.450 nm, Erbium 
1.540 nm, Q-switched Nd:YAG 1.064 nm, Crípton/Nd:YAG 532 nm, Laser 
pulsado de corantes 595 nm, IPL (Luz Intensa pulsada). 
• Luz intensa pulsada: em meados dos anos 90, surgiu um novo sistema, 
chamado de luz intensa pulsada (IPL), que não é um laser, mas segue os 
mesmos princípios. Os sistemas de IPL são fontes pulsadas de alta 
intensidade. Emitem luz policromática em um espectro largo de 
comprimentos de onda, que vai dos 515 aos 1.200 nm. À semelhança do 
laser, o mecanismo de ação é a fototermólise seletiva; ao contrário do 
laser, os Δ e a duração de pulso podem ser selecionados com a ajuda de 
filtros. É um sistema muito versátil e flexível, de modo que pode ser usado 
na vertente vascular, pigmentar e epilatória, e também no 
fotorrejuvenescimento cutâneo. 
Figura 1 – Ressurfacing 
 
Crédito: Elias Aleixo. 
 
 
 
17 
As principais indicações para tratamentos com laser são: 
• Melanoses solares: pode-se utilizar Luz Intensa Pulsada, lasers ablativos 
ou não ablativos. 
• Melasma: utilizar apenas alguns tipos de lasers; a melasma tem piora com 
o calor; laser que emite calor pode induzir efeito rebote. 
• Pigmentos de tatuagem: lasers pigmentares Q-switched, como: Nd:YAG 
1.064 e 532 nm, Alexandrite 755 nm, Rubi 694 nm. 
• Pelos: são usados lasers pulsados, mas com duração de pulso maior que 
nos lasers Q-switched. Alexandrite 755 nm, díodo 800 nm, rubis 694 nm, 
Nd: YAG 1064 nm pulso longo, IPL 500-1.200 nm, combinação alexandrite 
755 nm + Nd:YAG 1.064 nm. Pode ser utilizado IPL, embora existam 
diferenças. Tanto os lasers quanto a luz intensa pulsada podem oferecer 
resultados satisfatórios. 
• Lesões vasculares: “vasinhos” na face, colo e pernas. Podem ser tratados 
efetivamente com lasers vasculares ou luz intensa pulsada. São lasers 
vasculares, lasers iônicos – laser de árgon (emite em vários Δ no visível 
e UV), laser de crípton (emite em vários Δ no visível), lasers de vapor 
metálico (quase contínuo) – vapor de cobre (578 nm). 
• Rejuvenescimento: luz intensa pulsada, lasers ablativos (laser fracionado 
de CO2, por exemplo) e não ablativos, infravermelho. 
• Estrias: tanto as estrias “vermelhas” quanto as “brancas”; podem ser 
usados lasers fracionados ablativos e não ablativos. 
• Cabelos: o uso dos lasers de baixa energia e LEDs é eficaz para 
complementar o tratamento de alguns problemas capilares. 
• Estética íntima e outros tratamentos genitais na mulher: laser fracionado 
não ablativo, CO2 fracionado, por exemplo. 
No momento dos procedimentos, é de extrema importância cuidar com a 
segurança do profissional e do paciente. Além disso, todas as pessoas que 
estiverem no ambiente em que o laser será usado devem usar óculos de 
proteção específicos para o Δ e a potência do laser. 
 
 
18 
NA PRÁTICA 
Qual a importância da anamnese no planejamento de tratamentos com 
eletroterapia? A eletroterapia tem muitos recursos não injetáveis. Eles seriam 
menos perigosos? São indicados a todos os pacientes? 
FINALIZANDO 
A preocupação com a aparência cresce conforme a expectativa de vida 
aumenta. No Brasil, os tratamentos estéticos são os mais procurados, com 
destaque para tratamentos faciais e corporais. Chama a atenção a corrida pela 
“perfeição”, mas também a procura por procedimentos minimamente invasivos, 
que auxiliem na recuperação da autoestima. Atualmente, esses tratamentos são 
muito mais acessíveis. 
A eletroterapia vem sendo cada vez mais utilizada nos tratamentos 
estéticos faciais e corporais, inclusive como opção aos pacientes que não 
querem realizar procedimentos injetáveis. Ela já é considerada como 
fundamental por muitos profissionais da área. Por conta disso, é imprescindível 
conhecer em profundidade as melhores técnicas e a sua correta utilização, de 
modo a evitar lesões. 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
ROSA, P. V.; LOPES, F. M. Eletroterapia facial e corporal básica. Porto 
Alegre: Sagah, 2018. 
LOPES, I. M. C. Ozonoterapia na acne. Dissertação (Mestrado) – Instituto 
Universitário Egas Moniz, Almada, Portugal, 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIOMEDICINA ESTÉTICA 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Nathaly Tiare Jimenez da Silva Dziadek 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Biomedicina estética 
A Estética também é uma forma de busca de equilíbrio e qualidade de 
vida, em que se tem incentivo a melhores hábitos e estilo de vida mais saudável, 
pensando em prevenção de disfunções estéticas, o que proporciona um bem-
estar e melhora da condição de saúde de maneira geral. Há, ainda, uma melhora 
da autoestima, impactando diretamente a saúde em todas as dimensões do 
indivíduo. 
Nesta aula, veremos algumas áreas diferenciadas e possíveis, como a 
estética íntima e de alta performance, que atinge um público específico, veremos 
também a importância de, ao se realizar um procedimento, saber evitar e lidar 
com as intercorrências possíveis de acontecer em qualquer procedimento 
injetável ou não, pois o profissional biomédico esteta precisa estar preparado e 
capacitado para dar assistência ao seu paciente caso aconteça. E como otimizar 
os resultados fazendo boas associações de procedimentos, um potencializando 
o outro, o que traz resultados eficientes e duradouros em tempo menor de 
tratamento. 
TEMA 1 – HIDROLIPOCLASIA 
A gordura localizada é definida como um excesso de adipose encontrada 
de forma desorganizada em certas regiões do corpo. A quantidade de gordura é 
influída pelo sexo, idade, atividades de vida diária, fatores patogênicos, 
hormônios e também pelo físico corporal que define o tipo de adiposidade de 
acordo com o lugar que essa gordura se encontra. 
O aparelho de ultrassom (US) pode ser utilizado na gordura localizada e 
respalda-se de um gerador de uma corrente alternada de alta frequência. Para 
esse fim, transdutores piezoeléctricos são aplicados e resumem-se em um disco 
de um equipamento natural, tal como o quartzo, ou uma cerâmica sintética 
realizada de uma combinação de sais complexos, especificamente o zirconato e 
o titanato, a qual podem se reunir em processos de carga. 
Esse componente piezoeléctrico converte energia acústica em energia 
elétrica e seu adverso, energia elétrica em acústica. A corrente alternada que 
 
 
3 
sustenta o componente piezoeléctrico será modulada, gerando diversas 
modalidades de insonação: contínua ou pulsada. 
No Brasil, para fins terapêuticos, aplicam mais habitualmente as 
frequências de 1 ou 3 MHz. A utilização do US em tratamentos clínicos e 
estéticos é atual e a sua aplicação geralmente se associa ao tratamento da 
Lipodistrofia Ginoide (LDG) e da Gordura Localizada. A possibilidade para sua 
aplicação está relacionada aos seus efeitos mecânicos e térmicos. 
A adipose circunscrita, geralmente renomada como gordura localizada, 
superpõe-se constantemente à LDG, onde a gordura se conduz no organismo 
com uma repartição determinada geneticamente e pelo sexo (dimorfismo) e 
constitui-se num dos distúrbios fundamentais, além da LDG, tratada nos 
consultórios e clínicas de estética. 
As áreas tratadas com esse procedimento, geralmente, são abdômen, 
flancos, quadril, culote, braços e coxas, que apresentem prega cutânea de no 
mínimo 3cm. 
1.1 Mecanismo de ação e forma de aplicação 
A hidrolipoclasia ultrassônica é a injeção em ângulo de 45° de uma 
solução hipotônica (soro fisiológicoinjetável mais/ou água destilada) em 
quantidade de 0,5 a 2mL por ponto no tecido hipodérmico na região a ser tratada, 
os pontos devem ter entre si de 2 a 3 cm, logo após, utiliza-se o ultrassom 
pressionando o cabeçote do US na região, que terá seu efeito potencializado. 
Para obter um resultado significativo, o ultrassom deve ser de 3MHz, além 
de estar no modo contínuo, com a intensidade de 2W/cm² a 3W/cm². O efeito é 
potencializado devido a região após a infiltração da solução estar com uma 
quantidade bastante aumentada de líquido, no caso a solução hipotônica, no 
espaço entre as células ou intercelular e, após um período, esse líquido migrar 
para o interior das células adiposas, fazendo um efeito de tensão na membrana 
celular, pois esta está expandindo seu tamanho e a tornando mais suscetível ao 
rompimento. 
O ultrassom age por modulação de amplitude e frequência, atingindo essa 
célula que, nesse momento, se encontra como uma bexiga de aniversário, 
resultando em implosão do adipócito ou rompimento da membrana externa, 
depositando a gordura que estava dentro da célula na região de tratamento, onde 
será excretada e metabolizada pelas vias normais do organismo através do 
 
 
4 
sistema linfático e metabolismo, consequentemente, reduzindo a gordura 
localizada. 
A relação quantidade de soro x tempo de ultrassom é, para cada 1mL de 
solução, de 1 minuto de ultrassom a 3mHz, no caso de ter injetado 20mL de 
solução, são necessários 20 minutos de ultrassom. 
Esse e qualquer tratamento corporal com objetivo de redução de gordura 
localizada ou lipodistrofia ginoide (celulite) deve ser sempre acompanhado de 
dieta e/ou exercícios físicos, para que os ácidos graxos liberados sejam 
utilizados como fonte de energia. 
Caso os pacientes não sigam as recomendações necessárias, a gordura 
mobilizada tende a ser redistribuída no tecido adiposo, porém, de forma mais 
heterogenia. Sendo assim, é imprescindível a colaboração do paciente em suas 
atividades de vida diária, mantendo hábitos de vida saudáveis para um bom 
resultado desses tratamentos e efeito duradouro. 
 
Créditos: lev.studio/Shutterstock; Sukanya White/Shutterstock. 
TEMA 2 – ESTÉTICA DE ALTA PERFORMANCE ESTÉTICA ÍNTIMA 
2.1 Estética de alta performance 
O tratamento estético chamado de tratamento de alta performance é 
utilizado em pacientes que já estão com o percentual de massa magra e gordura 
corporal ideais, também muito procurado por atletas. 
Consiste na aplicação de medicamentos, enzimas, aminoácidos, entre 
outros, tanto de forma intradérmica (mesoterapia), como intramuscular, com o 
objetivo do aumento de massa e melhor definição muscular. 
As aplicações intradérmicas de ativos com ação lipolítica são realizadas 
de forma local, onde se quer “definir” a musculatura, na realidade o efeito 
produzido é o de evidenciar a musculatura, aplicando as enzimas em pontos 
 
 
5 
estratégicos, “desenhando” o músculo, o efeito se dá, pois a gordura será 
degradada somente no local onde foi aplicado a substância. 
Esse tratamento é indicado para pacientes que já não possuem gordura 
localizada na região, ou seja, quando a reserva de gordura da região fica com 
pregueamento cutâneo inferior a 1 cm, caso contrário não serão alcançados 
resultados satisfatórios e estéticos. Em pacientes que ainda possuem a gordura 
localizada, é indicado a perda e redução de gordura e, após esse processo, 
realizar alta performance. 
As aplicações intramusculares atuam de forma sistêmica, consistem em 
substâncias, geralmente aminoácidos, que auxiliam no desenvolvimento da 
musculatura, ou aumento da massa magra. Esse tratamento é indicado para 
pacientes que realizam atividade física regularmente, ou atletas, devendo se 
realizar atividade física sempre após a aplicação no prazo máximo de 24 horas. 
Ainda nessa modalidade, temos ativos que aceleram o metabolismo, auxiliando 
o emagrecimento e pode ser realizado sempre em paralelo a tratamentos 
corporais que visam emagrecimento ou perda de gordura localizada. 
Existem vários tratamentos de alta performance, como recuperação 
muscular de atletas após o exercício, redução de ansiedade, melhora de 
concentração, inibidor de apetite entre outros. 
Nesta modalidade de tratamento, é comum a associação de substâncias 
para obtenção de melhores resultados, a escolha dessas substâncias deve ser 
feita por meio de anamnese detalhada e objetivo de cada paciente. 
Os ativos mais utilizados são: 
 BCAA 
 Aminoácidos como L-arginina, L-ornitina, L-taurina, L-carnitina, L-
theanina 
 Cafeína 
 Picolinato de cromo 
 5-HTP 
 Inositol 
 HMB 
 NADH 
 Vitaminas e antioxidantes 
2.2 Estética íntima 
 
 
6 
Não existe um padrão ideal em relação a aparência e anatomia genital 
externa. Existe, no caso das mulheres, uma série de variações, conforme etnia, 
peso, idade, entre outros, quanto ao formato, tamanho, textura, pigmentação da 
pele. Também questões de musculatura da bexiga e assoalho pélvico, que 
ocasionam em incontinência e perda urinária. Já no caso dos homens, a maior 
queixa é em relação ao tamanho do pênis, devido a essa condição ser 
historicamente relacionada com virilidade. 
A pele das genitálias sofre os mesmos impactos do tempo e idade das 
demais áreas do corpo. Os principais tratamentos estéticos íntimos procurados 
são: 
 Rejuvenescimento íntimo – Nas mulheres, nos primeiros 5 anos após a 
menopausa, é perdido 30% do colágeno cutâneo, em paralelo, devido à 
queda do hormônio estrogênio, ocorre uma quebra nas fibras de elastina, 
isso atinge a pele de todas as regiões do corpo, inclusive da região íntima. 
Essa perda de elasticidade da pele ocasiona enrugamento e flacidez da 
genitália. A tração constante e excessiva da depilação com cera também 
contribui para a perda de elasticidade, podendo, ainda, ocasionar 
hiperpigmentação (manchas). Para essa finalidade, são recomendados: 
o Tratamentos com radiofrequência e lasers, os quais estimulam 
síntese de colágeno pelos fibroblastos e melhora da circulação 
sanguínea da região. 
o Bioestimuladores de colágeno injetáveis, com o objetivo de induzir 
síntese de colágeno e melhora na hidratação, o que devolve a 
elasticidade e firmeza da pele. 
o Preenchimento com ácido hialurônico, em regiões com perda de 
volume, por exemplo, grandes lábios da vulva. 
 Clareamento da região íntima – A pele da região íntima é mais escura 
naturalmente, essa coloração pode ficar mais escura, ou ainda chamado 
de hiperpigmentação, devido à constante depilação com cera, atrito com 
as roupas, processos de cicatrização de alguma lesão, condições 
hormonais, entre outros. Para essa finalidade, podem ser utilizadas 
técnicas de: 
o Clareamento com lasers, cremes e peelings com ativos clareadores, 
além de evitar atrito ou depilação com cera na região. Pode-se 
utilizar ativos clareadores, como ácido mandélico, ácido 
 
 
7 
tranexâmico, ácido kójico, niacinamida, alfabisabolol, belides, alfa 
arbutin. 
 Perdas e incontinência urinária – Esta é uma condição que se observa em 
mulheres de todas as idades e está relacionada com a musculatura do 
assoalho pélvico e bexiga. O biomédico pode intervir nessa condição 
desde que descartada a hipótese de desequilíbrios fisiológicos de ordem 
patológico e desde que se trate de uma questão estética. Para essa 
finalidade, pode ser indicado o tratamento com equipamentos, como 
plataforma vibratória, onde, em cima do aparelho em funcionamento, pode 
ser orientado que a paciente realize exercícios de contrair e relaxar a 
musculatura, como se estivesse soltando e segurando a urina, na 
plataforma vibratória, existe um recrutamento muscular muito mais 
intenso que no exercício em solo, o que exercita de forma mais intensa a 
musculatura. 
TEMA 3 – INTERCORRÊNCIAS 
O aparecimento de rugas, linhas de expressão, flacidez e perda de 
gordura facial são os sinais mais comuns do envelhecimento. Sabemosda 
existência e finalidade de cada procedimento para diminuir seu impacto frente 
ao padrão de beleza estabelecido na sociedade contemporânea. 
Para o envelhecimento intrínseco, por exemplo, ajudamos a controlar 
seus danos com formular orais, a fim de amenizar a perda gradual das funções 
celulares e, para o envelhecimento extrínseco, a reposição de hidratação na 
textura da pele, estimulação de colágeno por meio de várias técnicas e o 
relaxamento da musculatura, evitando a demarcação das rugas, são os mais 
pedidos nas clínicas de estética, entretanto, não podemos deixar de lado um 
assunto importante, como as possíveis intercorrências que podem ocorrer em 
cada procedimento. 
O conhecimento anatômico é de suma importância para diminuir essas 
ocorrências. Costuma-se dizer que a possível intercorrência inicia assim que o 
paciente entra em seu consultório, pois uma anamnese mal realizada (falta de 
atenção) acarretará mais facilmente em um possível erro, seja a escolha errada 
do tratamento, região anatômica errada, produto não adequado ao tratamento a 
ser realizado, entre outros. 
 
 
8 
As intercorrências podem ocorrer em procedimentos faciais ou corporais. 
Com o objetivo de minimizar as possíveis intercorrências, podemos citar alguns 
cuidados essenciais para a maioria dos procedimentos minimamente invasivos: 
 Anamnese (imunologia comprometida, desordem estética, déficit 
nutracêutico). 
 Cuidados na assepsia (remover toda maquiagem). 
 Manipulação do produto. 
 Armazenamento/conservação do produto. 
 Diluição correta, quando aplicável. 
 Utilizar material estéril para qualquer injetável. 
 Interação com medicação do paciente. 
 Não criar e alimentar falsas expectativas. 
 Foto antes e depois. 
Vamos destacar as possíveis intercorrências dos procedimentos mais 
procurados. 
 Toxina Botulínica: 
o Ptose – Queda da pálpebra superior em direção a pupila. 
o Diplopia – Visão dupla. 
o Lagoftalmia – Incapacidade total ou parcial da pálpebra se fechar. 
o Xeroftalmia – Olho seco. 
 Preenchimento: 
o Oclusão vascular localizada (principalmente região de nariz, glabela, 
têmpora) – limitação do fluxo sanguíneo. 
o Oclusão vascular extensa (atinge mais de uma região). 
o Embolismo venoso imediato – Injeção de produto dentro do vaso 
sanguíneo. 
o Inchaço e hematoma além do normal, esses sintomas geralmente se 
apresentam devido à intervenção injetável, porém de forma 
controlada. 
o Eritema. 
o Dor além do normal. 
o Pápulas e nódulos. 
o Complicações vasculares como Necrose – Em que a causa é o 
comprometimento da circulação sanguínea, seja por embolismo, 
 
 
9 
oclusão arterial, compressão externa do vaso, congestão venosa. A 
área apresenta mudança na coloração da pele, primeiramente, fica 
esbranquiçada e evolui para violácea com delimitação geográfica, o 
sintoma de dor é variável. É a intercorrência mais grave. 
 Bioestimulador: 
o Atenção aos mesmos sintomas do preenchimento. 
o Branqueamento da região, a não normalização da coloração em 2 
horas, suspeitar de necrose. 
o Inchaço e hematoma além do normal, esses sintomas geralmente se 
apresentam devido à intervenção injetável, porém de forma 
controlada. 
o Eritema. 
o Dor além do normal. 
o Pápulas e nódulos. 
 Fios de sustentação: 
o Ondulações. 
o Inchaço e descoloração. 
o Dor além do normal. 
o Assimetria. 
o Superficialização de fios e fios fora da pele. 
o Hematoma e trauma. 
o Rompimento de estrutura. 
o Cicatrizes. 
o Pigmentação. 
o Infecção. 
o Migração. 
o Paralisia facial. 
o Granulações e fibrose. 
As principais intercorrências observadas em tratamentos corporais são: 
 Queimaduras – Tanto em procedimentos que utilizam frio, quanto calor. 
 Hipersensibilidade/alergias – A produtos e substâncias utilizados, 
principalmente ativos utilizados de forma injetável. 
 Necrose por embolismo vascular – Procedimentos injetáveis com 
substâncias ou fármacos, principalmente por via intramuscular. O ideal é 
 
 
10 
que antes da ejeção, seja realizada a aspiração para visualização de 
retorno de sangue na agulha. 
A falta de assepsia correta pode levar a inflamações e/ou infeções. Todo 
e qualquer procedimento com agulha pode deixar hematoma na região aplicada. 
É importante ressaltar que, na estética, o paciente tem que estar saudável para 
realizar qualquer procedimento. 
TEMA 4 – PRESCRIÇÃO EM ESTÉTICA 
O profissional biomédico devidamente habilitado em biomedicina estética 
está autorizado para fins de diagnóstico estético e planejamento de tratamento 
para o paciente realizar determinadas prescrições. 
Segundo a Resolução n. 241, de 29 de maio de 2014, do Conselho 
Federal de Biomedicina: 
Art. 3º - Na prescrição devem constar: nome da substância ou 
formulação, forma farmacêutica e potência do fármaco prescrito (a 
potência do fármaco deve ser solicitada de acordo com abreviações do 
Sistema Internacional, evitando abreviações e uso de decimais); a 
quantidade total da substância, de acordo com a dose e a duração do 
tratamento; a via de administração, o intervalo entre as doses, a dose 
máxima por dia e a duração do tratamento; nome completo do 
biomédico prescritor, assinatura e número do registro no Conselho 
Regional de Biomedicina, local, endereço e telefone do prescritor de 
forma a possibilitar contato em caso de dúvidas ou ocorrência de 
problemas relacionados ao uso das substâncias prescritas; data da 
prescrição. A prescrição deverá seguir as instruções contidas na 
RDC67 de 08 de outubro de 2007 e demais normas regulamentadoras 
da ANVISA; 
Art.5º - O biomédico que possuir habilitação em Biomedicina Estética 
poderá realizar a prescrição de substâncias e outros produtos para fins 
estéticos incluindo substâncias biológicas(toxina botulínica tipo A), 
substâncias utilizadas na Intradermoterapia (incluindo substâncias 
eutróficas, venotróficas e lipolíticas), substâncias classificadas como 
correlatos de uso injetável conforme ANVISA, preenchimentos 
dérmicos, subcutâneos e supraperiostal (excetuando-se o 
Polimetilmetacrilato/PMMA), fitoterápicos, nutrientes (vitaminas, 
minerais, aminoácidos, bioflavonoides, enzimas e lactobacilos), 
seguindo normatizações da ANVISA; 
Art. 6º – Caberá ao profissional biomédico a prescrição de formulações 
magistrais ou de referência de cosméticos, cosmecêuticos, 
dermocosméticos, óleos essenciais e fármacos de administração 
tópica. Formulações magistrais e de referência de peelings químicos, 
enzimáticos e biológicos, incluindo a Tretinoína (ácido retinóico de 0,01 
a 0,5% de uso domiciliar e até 10% para uso exclusivo em clínica) 
seguindo instruções da ANVISA. 
Art.8º – Cabe ainda ao profissional biomédico esteta a prescrição e a 
realização dos procedimentos que envolvam a utilização de lasers (de 
baixa, média e alta potência) e outros recursos tecnológicos utilizados 
para fins estéticos. 
 
 
11 
Art. 9º - O processo de prescrição biomédica deverá seguir as 
seguintes etapas: I - identificação das necessidades estéticas do 
paciente; 
II – definição e prescrição do tratamento para fins estético, seja de 
natureza farmacológica, biotecnológica ou que envolvam 
procedimentos invasivos não cirúrgicos para fins estéticos. 
III - seleção do tratamento ou intervenções relativas aos cuidados à 
saúde estética e qualidade de vida, com base em sua segurança, 
eficácia e bases científicas; IV -redação da prescrição; 
V - orientação ao paciente; 
VI - avaliação dos resultados; 
VII - documentação do processo de prescrição e do tratamento 
adotado. 
O biomédico pode também prescrever a formulação de nutracêuticos. Os 
nutracêuticos são indicados por possuírem concentração maior desses 
nutrientes do que nos alimentos e acabam sendo mais efetivos nos diversos 
tratamentos onde é indicado. Os chamados compostos bioativos (CB) que eles 
possuem estão presentes em diversos alimentos, mas neles, são 
disponibilizados de maneira concentrada, seja em forma de pós, cápsulasou 
comprimidos. 
Ainda são diferentes de suplementos, pois estes são compostos por uma 
única substância, enquanto os nutracêuticos possuem vários princípios ativos 
em uma só composto, várias possibilidades de combinações, variando de acordo 
com a necessidade do paciente. Por possuírem efeito colateral extremamente 
reduzido, podem ser utilizados em forma de auxílio a tratamentos médicos por 
causar pouca ou nenhuma reação adversa. 
São facilmente encontrados em farmácias, como fórmulas prontas, mas 
podem e, dependendo do caso pontual, devem ser realizados de forma 
personalizada para cada pessoa em farmácias de manipulação, por exemplo. 
Esses produtos seguem a forma de preparação medicinal, podendo ser 
encontrados na forma isolada ou purificada. 
Vejamos alguns alimentos que já possuem suas propriedades funcionais 
comprovadas e benefícios de nutracêuticos, inclusive com finalidades estéticas: 
 A cenoura e o betacaroteno – Estimula a pigmentação da pele através da 
melanina, com a função de prolongar e uniformizar o bronzeado. 
 Peixes e o ômega 3 – Alguns peixes possuem um nutriente chamado 
Ômega 3, uma gordura saudável que estimula o aumento do bom 
colesterol e reduz o triglicérides, atuando também nas células do sistema 
nervoso. E também atua estimulando a produção de colágeno. 
 
 
12 
 Licopeno presente no tomate, melancia e goiaba – Excelente antioxidante 
com a ação de proteger as células dos radicais livres. Essa funcionalidade 
tem comprovadamente até o potencial de prevenir o câncer. 
 Selênio – Ameniza os danos causados pela radiação ultravioleta (UV). 
 Probióticos presentes nos leites fermentados e iogurtes – Auxiliam no bom 
funcionamento do intestino e reduzem o risco de câncer na região. 
 Resveratrol presente na casca das uvas – Ajuda a inibir inflamações, 
coágulos e a formação de células cancerígenas. Também muito utilizado 
na estética em tratamentos faciais, como composto clareador. 
 Catequinas presente nos chás verde e preto – Possuem ação antioxidante 
e inibem a formação de placas de gordura no sangue. Utilizados na 
estética como termogênicos e diuréticos leves, auxiliando nos tratamentos 
corporais, também possuem ação antioxidante, podendo ser utilizados em 
tratamentos faciais. 
Podemos ainda citar, cafeína, a vitamina C, o colágeno, as vitaminas do 
complexo B, os compostos diuréticos, os compostos que auxiliam na circulação 
sanguínea, entre vários outros. 
Pode-se realizar a prescrição ainda para realização de exames para 
auxílio no diagnóstico estético, visto que algumas disfunções estéticas são 
oriundas de desequilíbrios do estado geral de saúde ou patologias. E, em alguns 
casos, o paciente deve ser direcionado ao atendimento e tratamento médico 
antes do procedimento ou em paralelo, ou ainda, contraindicar determinado 
tratamento estético. 
Em estética, tudo que for indicado como tratamento ao paciente é 
considerado uma prescrição, o profissional prescreve determinado procedimento 
e, nesse caso, não está somente ligado a fármacos e substâncias, mas também 
procedimentos que se utilizam de equipamentos. 
Para aquisição de produtos controlados, no sentido de uso permitido 
somente a profissionais com determinada habilitação, no caso biomedicina 
estética, também é necessária a prescrição no momento da compra com 
identificação do biomédico, número do CRBM, carimbo e assinatura. Alguns dos 
produtos que exigem a prescrição para a compra são: 
 Toxina botulínica 
 Preenchedores 
 Bioestimuladores de colágeno 
 
 
13 
 Fios de sustentação 
 Substâncias e fármacos usados em Intradermoterapia 
 Formulação de peelings químicos 
Os biomédicos não estão autorizados a prescrever medicamentos 
controlados, pois estes têm a função de tratamento terapêutico, bem como 
substâncias com uso não permitido aos biomédicos, mesmo que estetas. 
TEMA 5 – ASSOCIAÇÃO DE PROTOCOLOS 
Muitas são as opções de tratamento em estética, para cada disfunção ou 
queixa, existe uma variedade muito grande de procedimentos que agem no 
mesmo objetivo, o que vai diferenciar e determinar a escolha é o que for mais 
indicado para cada paciente. 
Os procedimentos, na sua grande maioria, são eficazes desde que bem 
indicados, e entender dos processos biológicos, processos inflamatórios e 
patológicos, interações farmacológicas, permite ao profissional combinar dois ou 
mais procedimentos que sejam correlatos, para que se potencializem e 
entreguem melhores resultados. 
Essa associação de procedimentos é o que popularmente se conhece por 
pacote, combo, protocolo. Vale ressaltar que estes precisam ser personalizados, 
pois cada indivíduo tem características fisiológicas únicas. 
Veremos a seguir exemplos de associações. 
5.1 Protocolo para rejuvenescimento 
Combinação de técnicas que estimulem síntese de colágeno para 
melhora da qualidade, tônus e aspecto da pele de maneira geral, podendo ser 
injetável, com uso de laser ou eletroterapia ou peelings químicos + aplicação de 
toxina botulínica para as linhas de expressão + fios de sustentação nos casos 
em que se observa ptose (queda acentuada) + preenchimento com ácido 
hialurônico para preencher sulcos e rugas, ou reestruturar, dando projeção em 
regiões como “maçã do rosto” + home care com dermocosméticos, nutracêuticos 
e obrigatoriedade de uso de filtro solar. 
Em casos de rejuvenescimento, avaliar a necessidade da paciente, não 
existe a necessidade de todos os procedimentos acima citados, pode ser a 
combinação de dois ou três. 
 
 
14 
Quando o paciente apresenta sinais de envelhecimento no pescoço, no 
colo e no dorso das mãos, estender o tratamento a essas regiões também. 
5.2 Protocolo para clareamento de manchas 
Laser ou peeling clareador ou microagulhamento com ativo clareador + 
home care com nutracêutico específico com substâncias clareadoras (clareador 
via oral) + dermocosméticos com ativos clareadores, anti-inflamatórios, 
antioxidantes e nutritivos e obrigatoriedade de uso de filtro solar. 
Em protocolos de tratamento de manchas e melasmas, é fundamental 
avaliar e evitar as causas externas, evitando principalmente calor, vapor e 
radiação. 
Pacientes com melasma devem ser orientados de que essa disfunção 
estética é uma predisposição do paciente, assim como a calvície, sendo 
necessário o controle diário dos gatilhos, cuidados home care e tratamentos de 
manutenção com periodicidade. 
5.3 Protocolo para gordura localizada 
Eletroterapia (criolipólise, criofrequência, correntes, ultrassom, 
hidrolipoclasia) ou intradermoterapia + massagem modeladora ou drenagem 
linfática + carboxiterapia, neste caso, a carboxiterapia atua como 
potencializados, visto que sozinha não traz resultados tão satisfatórios nessa 
disfunção e/ou radiofrequência + home care com nutracêutico específico com 
substâncias que promovam efeito de auxílio ao aumento do metabolismo, ativos 
que facilitem a lipólise e ativos que auxiliem na eliminação de toxinas e retenção 
de líquidos. 
Em tratamentos que possam causar hematoma, deve-se usar filtro solar 
e evitar a exposição ao sol. 
Pacientes em tratamento corporal, principalmente de gordura localizada, 
precisam ter a consciência da mudança ou manutenção de estilo de vida 
saudável, quanto a dieta, atividade física, ingesta de água. O tratamento sozinho 
e sem a colaboração do restante não traz resultados 100% eficientes e 
duradouros. 
5.4 Protocolo para tratamento capilar 
 
 
15 
Uso de tratamentos injetáveis, como intradermoterapia ou 
microagulhamento + carboxiterapia ou ozonioterapia + correntes de baixa 
frequência + LED + home care com nutracêuticos específicos com substâncias 
antioxidantes, vitaminas, aminoácidos e tônicos tópicos com o mesmo tipo de 
substâncias, para que potencializem os resultados. As substâncias têm o 
objetivo de acelerar a fase anágena (crescimento) e diminuir a fase telógena 
(queda) do ciclo de crescimento dos cabelos.Antes de iniciar o tratamento capilar, o paciente deve descartar qualquer 
possibilidade de desordem do seu estado geral de saúde, muitas vezes, a causa 
é o desequilíbrio hormonal e, nesta situação, é preciso intervenção médica junto. 
Hábitos de vida também interferem, alimentação saudável, atividade 
física, qualidade de sono, ingesta de água e, para distúrbios capilares, existe um 
agravante considerável: a saúde mental e emocional. 
Muitas são as possíveis combinações, nem sempre é preciso combinar 
técnicas, o importante é pensar no que potencializa o que e não desperdiçar 
recursos com procedimentos que o resultado principal não é o que é indicado 
para o paciente, por exemplo, tratar gordura localizada somente com 
radiofrequência, por isso, a importância da anamnese bem feita e conhecimento 
do que está sendo provocado com a intervenção, ou ainda anular o resultado de 
um procedimento com a associação de outro. Não menos importante é observar 
os resultados obtidos e, se for necessário, mudar o procedimento ao longo do 
tratamento. 
NA PRÁTICA 
Biomédicos estetas podem prescrever medicamentos com o objetivo de 
tratar patologias? Qual o cuidado que se deve tomar ao associar protocolos? 
Qual o impacto da autoestima na saúde do indivíduo? Onde a estética atua na 
promoção da saúde? 
 
 
16 
FINALIZANDO 
Com os avanços, temos uma série de tratamentos estéticos que auxiliam 
em diversas disfunções estéticas, ou promovem um envelhecimento, que é um 
processo natural, de forma saudável. 
A área da estética é fascinante, muitos desejam entrar nessa área 
pensando no âmbito financeiro, mas o pensamento ideal adotado na estética é 
promover saúde aos pacientes por meio da estética. Vimos ao longo das nossas 
aulas o quanto é importante que o profissional biomédico esteta estude de forma 
aprofundada e tenha conhecimento e consciência dos processos fisiológicos e 
patológicos, o organismo e todos os seus sistemas, estruturas e tecidos, 
interações farmacológicas e também noções de bioética e biossegurança, as 
quais norteiam qualquer profissional da saúde. 
Tudo isso permite entender qual o efeito fisiológico da intervenção, 
independente da modalidade adotada, o motivo de se dar o efeito estético e 
assim tomar decisões assertivas, descartar o que não traz resultado ou é 
contraindicado, evita intercorrências, e traz resultados eficientes e duradouros 
aos seus pacientes. O paciente tem muito interesse em ter resultados, mas o 
maior interessado deve ser o profissional. 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
CASTRO, M. B.; ALCÂNTRA, G. A. Efeitos adversos no uso do ácido hialurônico 
injetável em preenchimentos faciais. Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 2, 
p.2995-3005 mar.-apr. 2020. 
CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA. Disponível em: 
<http://cfbm.gov.br/wp-content/uploads/2016/06/Res-2014-241.pdf>. Acesso 
em: 9 set. 2021. 
SIQUEIRA, A.C. et al. Hidrolipoclasia. Revista Saúde em Foco, n. 10, 2018. 
VIEIRA, K. K. V.; JUNIOR, W. V. M. Eventos adversos e demais incidentes no 
cuidado estético realizado pelo Biomédico. Acta Biomédica Brasiliensia, v. 9, 
n, 1, abr. 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANATOMIA 
AULA 7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Raphaela Y. M. Mordaski 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Como já sabemos, nosso corpo como um todo é formado por vários 
sistemas que trabalham de forma coordenada e em equilíbrio para manter sua 
homeostase, incluindo as estruturas faciais da cabeça e do pescoço. 
O conhecimento da anatomia facial é essencial para uma variedade de 
profissionais da saúde que realizam procedimentos e tratamentos que envolvem 
a face. Portanto, é crucial que esses profissionais tenham um entendimento 
completo e preciso da anatomia da cabeça e do pescoço para entender e 
diferenciar as estruturas anatômicas que compõem a face humana. 
A face é a região do corpo humano mais facilmente reconhecida e 
identificada pelos outros e é composta por diversas estruturas, incluindo a pele, 
músculos, ossos, cartilagens, vasos sanguíneos, nervos e órgãos dos sentidos. 
Por isso, o objetivo desta etapa é ajudá-lo(a) a entender e aprender mais sobre 
as estruturas faciais. 
TEMA 1 – SISTEMA ESQUELÉTICO 
O sistema esquelético ou sistema ósseo é o conjunto de ossos, 
cartilagens e ligamentos. Possui diversas funções, sendo a principal a proteção 
para estruturas vitais (como o cérebro). Também é responsável pelo 
armazenamento de minerais, como o Ca10(PO4)6(OH)2 (hidroxiapatita de cálcio 
e fosfato), que tem por função a contração muscular, transmissão de impulsos 
nervosos e coagulação sanguínea. O sistema é constituído por 
aproximadamente 70% de minerais, 20% de matriz orgânica e 10% de água. 
O crânio é constituído por 22 ossos, com exceção da mandíbula. Esses 
ossos são ligados entre si por meio de suturas que os tornam imóveis, e são 
divididos em duas porções: viscerocrânio (face) e neurocrânio. No Quadro 1, 
pode-se verificar a quantidade de cada osso e suas divisões. 
 
 
 
3 
Quadro 1 – Ossos do crânio e suas quantidades 
 
Fonte: HIATT, 2011. 
1.1 Viscerocrânio 
A face propriamente dita, ou viscerocrânio, é formada pelos seguintes 
ossos: nasal, maxilar, mandibular, zigomático, vômer, lacrimal, palatino e concha 
nasal inferior (Figura 1). 
1.1.1 Osso nasal 
O osso nasal é composto por um par, sendo considerado um osso plano, 
uma vez que apresenta uma espessura muito fina e pequena. Ele está localizado 
na parte central da face, na altura da ponte do nariz (região superior). É 
responsável por formar a parte superior do nariz e contribui para a forma e 
simetria do nariz. Além disso, ele também protege a cavidade nasal e ajuda a 
direcionar o fluxo de ar para as vias corretas. 
1.1.2 Osso maxilar 
O osso maxilar é composto por um par, direito e esquerdo. É um osso 
irregular e pneumático com formato piramidal. Localiza-se na parte média da 
face, formando a maior parte da cavidade oral (céu da boca), da base do nariz, 
das paredes laterais da cavidade nasal e inferior da órbita. Sua parte lateralizada 
se relaciona com os ossos zigomáticos. 
A principal função do osso maxilar é fornecer suporte para os dentes 
superiores e dar forma à face humana. Ele também protege as estruturas 
 
 
4 
subjacentes, como os seios maxilares e a cavidade nasal, e fornece uma 
superfície de ancoragem para os músculos faciais. Além disso, o osso maxilar 
desempenha um papel importante na articulação da mandíbula durante a 
mastigação e fala. 
1.1.3 Osso mandibular 
O osso mandibular, também conhecido como mandíbula, é um osso único 
localizado na região inferior da face, com formato de ferradura. Nele está 
presente a arcada dentária inferior. É o único osso da parte de viscerocrânio com 
movimentação, pois não se une com os outros através de suturas, mas através 
da articulação temporomandibular, sendo essa articulação responsável pelo 
movimento da boca, permitindo as ações de mastigação, fala e respiração. 
A mandíbula é composta por várias partes, incluindo o processo 
coronoide, que é uma projeção em forma de gancho que serve como ponto de 
ancoragem para os músculos da mastigação, o processo condilar, que é a 
articulação com o osso temporal na base do crânio, e o mento, que é a 
protuberância óssea na parte inferior da mandíbula. 
A principal função da mandíbula é permitir a mastigação, a fala e a 
respiração adequadas. Ela também protege as estruturas subjacentes, como os 
dentes e as raízes nervosas, e fornece uma superfície de ancoragem para os 
músculos faciais. 
1.1.4 Osso zigomático 
O osso zigomático é composto por um par, direito e esquerdo, com forma 
de quadrilátero. Está localizado na parte lateral da face, formando as 
proeminências laterais da face, que se unem à têmpora e formam a parte lateral 
e inferior da órbita. Na parte anterior, une-se ao osso maxilar. É muito conhecido 
como osso malar ou maçã do rosto.A principal função do osso zigomático é fornecer suporte para as 
bochechas e a projeção óssea que dá à face humana sua forma característica. 
Ele também protege as estruturas subjacentes, como o globo ocular e o tecido 
nervoso, e fornece uma superfície de ancoragem para os músculos faciais. 
 
1.1.5 Osso vômer 
 
 
5 
O osso vômer é um osso único mediano, localizado na parte posterior e 
inferior da cavidade nasal (abaixo do septo nasal), entre os ossos maxilares e 
esfenoides. Ele possui uma estrutura delgada e achatada, com uma forma de 
lâmina, que se estende verticalmente para baixo, dividindo a cavidade nasal em 
duas passagens. 
Desempenha um papel importante na respiração e na olfação, pois ajuda 
a direcionar e controlar o fluxo de ar dentro da cavidade nasal. Além disso, ele 
também contribui para a formação do septo nasal, que é a parede que separa 
as duas passagens nasais. É essencial para a estabilidade da estrutura da face, 
pois ajuda a suportar o peso do crânio e a distribuir a carga durante a mastigação 
e a fala. Fornece também uma superfície de ancoragem para os músculos faciais 
e os tecidos moles ao redor do nariz. 
1.1.6 Osso lacrimal 
O osso lacrimal é composto por um par, direito e esquerdo, localizado na 
parte anterior e medial da cavidade orbital, que forma parte da parede lateral do 
nariz. Sua função é abrigar a glândula lacrimal, que produz lágrimas para 
lubrificar e proteger os olhos. Faz parte do sistema de drenagem lacrimal, que 
ajuda a drenar as lágrimas dos olhos para o nariz. Ele apresenta uma pequena 
abertura, chamada de ponto lacrimal, que se conecta ao canal lacrimal, que por 
sua vez desemboca no ducto nasolacrimal, que leva as lágrimas para o nariz. 
1.1.7 Osso palatino 
O osso palatino é composto por um par, localizado na parte posterior da 
cavidade nasal e na porção anterior da cavidade oral. Ele faz parte da formação 
do palato duro, que é a parte óssea do céu da boca. 
Trata-se de uma estrutura plana e delgada, com uma forma de L, que se 
conecta ao osso esfenoide na sua porção posterior e ao osso maxilar na sua 
porção anterior. Ele também apresenta uma pequena abertura, chamada de 
forame palatino maior, que permite a passagem de nervos e vasos sanguíneos 
para a boca. 
Desempenha um papel importante na fala e na alimentação, pois ajuda a 
separar a cavidade nasal da cavidade oral e a direcionar o fluxo de ar e alimentos 
 
 
6 
para as vias corretas. Ele também fornece uma superfície de ancoragem para 
os músculos da mastigação e da fala. 
1.1.8 Concha nasal inferior 
A concha nasal inferior é composta por um par, possui formato curvado e 
está localizada na porção lateral da cavidade nasal. 
É responsável por aumentar a superfície da mucosa nasal, ajudando a 
filtrar, umidificar e aquecer o ar que entra nas vias respiratórias. Ela também 
ajuda a direcionar o fluxo de ar para o sentido correto e a evitar que partículas 
estranhas entrem nos pulmões. 
Figura 1 – Ossos do viscerocrânio 
 
Créditos: Excellent Dream/Shutterstock. 
1.2 Neurocrânio 
Os ossos do neurocrânio englobam o osso temporal, parietal, frontal, 
esfenoide, etmoide e occipital (Figura 2). 
 
 
7 
1.2.1 Temporal 
O osso temporal é composto por um par, possui formato irregular e está 
localizado na porção lateral inferior do crânio. 
É responsável por proteger e abrigar várias estruturas importantes, 
incluindo o ouvido interno, o nervo facial e o sistema vestibular. Além disso, ele 
também desempenha um papel importante na articulação da mandíbula e na 
mastigação. 
1.2.2 Parietal 
O osso parietal é composto por um par, tem formato plano e está 
localizado na porção superior e lateral do crânio, sendo um osso muito 
importante na proteção do cérebro, é ele que forma a maior parte do teto do 
crânio. 
É responsável por proteger o cérebro e pela fixação de vários músculos, 
como o músculo temporal e o músculo occipital. Além disso, ele também é 
importante na manutenção da temperatura do cérebro, atuando como uma 
barreira térmica para prevenir a perda de calor. 
1.2.3 Frontal 
O osso frontal é único e tem formato plano, está localizado na parte 
anterior do crânio, incluindo a testa e a borda superior das órbitas oculares. Ele 
é um dos ossos mais visíveis e proeminentes do crânio. 
É responsável por proteger o cérebro e pelos músculos envolvidos na 
expressão facial, como o músculo frontal que permite a elevação das 
sobrancelhas. Além disso, ele também abriga os seios frontais, que são 
cavidades de ar que ajudam a reduzir o peso do crânio. 
1.2.4 Esfenoide 
O osso esfenoide é um osso único, localizado na base do crânio, entre as 
órbitas oculares e atrás do osso nasal. Ele é um dos ossos mais importantes do 
crânio, pois ajuda a sustentar o peso do cérebro e protegê-lo de lesões. 
É responsável por proteger o cérebro e pelas ligações musculares do 
crânio e da face, permitindo movimentos da cabeça e da mandíbula. Ele também 
 
 
8 
abriga a glândula pituitária, que é responsável por controlar as funções 
endócrinas do corpo. 
1.2.5 Etmoide 
O osso etmoide é um osso único, que está localizado na base do crânio, 
na parte medial da cavidade orbital, entre os ossos nasais e esfenoides. Ele é 
um dos ossos mais complexos e anatomicamente importantes do crânio. Por 
estar localizado na região central do interior do crânio, ele se encontra em 
contato com quinze ossos cranianos, como o osso frontal, o esfenoide, o vômer 
e a concha nasal inferior. 
É responsável por fornecer suporte para as estruturas nasais, ajudando a 
moldar a cavidade nasal e a filtrar o ar respirado. Ele também abriga o órgão do 
olfato, que é responsável pela percepção dos odores. 
1.2.6 Occipital 
O osso occipital é um osso único e grande, que se localiza na parte 
posterior e inferior do crânio. Ele se articula com outros ossos do crânio e da 
coluna vertebral, fornecendo suporte e proteção para o cérebro e outras 
estruturas importantes. 
É responsável por proteger a medula espinhal e o tronco cerebral, que 
controlam muitas funções vitais do corpo, como a respiração, a frequência 
cardíaca e a pressão arterial. Ele também serve como ponto de ancoragem para 
muitos músculos do pescoço e da cabeça, permitindo movimentos da cabeça e 
do pescoço. 
 
 
 
9 
Figura 2 – Ossos do neurocrânio 
 
Créditos: VectorMine/Shutterstock. 
1.3 Ossos do pescoço 
Na região do pescoço existem 7 tipos de vértebras cervicais, numerados 
de C1 a C7, que são os ossos mais superiores da coluna vertebral (Figura 3). 
As vértebras cervicais são menores e mais delicadas em comparação 
com as vértebras torácicas e lombares, permitindo maior mobilidade para a 
cabeça e o pescoço. Elas também protegem a medula espinhal e os nervos 
cervicais que se ramificam para os braços, ombros e pescoço. 
Além das vértebras cervicais, o pescoço também contém outros ossos, 
como o osso hioide, que é um osso em forma de U localizado na base da língua, 
e os ossos do crânio, como falado anteriormente. Esses ossos fornecem suporte 
 
 
10 
e proteção para as estruturas dentro e fora do pescoço, incluindo a traqueia, 
esôfago, glândula tireoide e as artérias carótidas. 
Figura 3 – Vértebras cervicais 
 
Créditos: Vinichenko Ihor/Shutterstock. 
1.4 Periósteo 
O periósteo é uma membrana fibrosa densa que cobre a superfície 
externa dos ossos, com exceção das superfícies articulares. Ele é rico em vasos 
sanguíneos, nervos e células ósseas que ajudam a nutrir e reparar o osso (Figura 
4). 
Desempenha um papel importante na manutenção da integridade óssea, 
fornecendo uma fonte de células-tronco e osteoblastos, que são responsáveis 
pela formação óssea e regeneração. Além disso, ele ajuda a fixar os tendões e 
ligamentos aos ossos, fornecendo uma superfície de ancoragem para essas 
estruturas. Também é importante na proteção do osso de lesões externas e na 
 
 
11 
resposta a infecções e inflamações,ajudando a limitar a disseminação de 
doenças para o interior do osso. 
Figura 4 – Camadas da face 
 
Crédito: Elias Aleixo. 
1.5 Sistema cartilaginoso 
Além dos ossos, o sistema esquelético também inclui as cartilagens, que 
são compostas de tecido conjuntivo elástico e fibrocartilagem, compostos por 
várias estruturas de cartilagem que fornecem suporte e forma à face, como por 
exemplo, a cartilagem nasal que forma a ponta do nariz e o septo nasal (Figura 
5), as cartilagens alares que são responsáveis por formar as asas do nariz, as 
cartilagens do septo lateral que ajudam a separar as cavidades nasais, as 
cartilagens que formam as orelhas, a cartilagem cricoide que forma a base da 
laringe, a cartilagem da tireoide que é a maior cartilagem da laringe, formando o 
conhecido pomo de adão, as cartilagens corniculadas que ajudam a controlar o 
 
 
12 
fluxo de ar através das cordas vocais e as cartilagens cuneiformes que ajudam 
a manter a forma da laringe. 
Essas cartilagens trabalham juntas para fornecer suporte e estrutura à 
face e à laringe, além de ajudar na produção da fala e da respiração. 
Figura 5 – Cartilagem nasal 
 
Créditos: Solar22/Shutterstock. 
1.6 Forames 
Os forames ósseos faciais são aberturas ou “furos” presentes nos ossos 
da face, através dos quais passam nervos, vasos sanguíneos e outros elementos 
anatômicos importantes (Figura 6). 
1.6.1 Forame supraorbital 
O forame supraorbital é uma abertura presente na região supraorbital da 
fronte, acima da órbita ocular. Ele está localizado na porção mais lateral do osso 
frontal do crânio. Através desse forame passam o nervo supraorbital e as artérias 
correspondentes, que fornecem a sensibilidade e o suprimento sanguíneo para 
 
 
13 
a testa, couro cabeludo e parte superior das pálpebras. O nervo supraorbital é 
um ramo do nervo oftálmico, que é um dos três ramos do nervo trigêmeo, 
responsável pela inervação sensorial da face. 
1.6.2 Forame infraorbital 
O forame infraorbital ou infraorbitário é uma abertura presente na maxila, 
abaixo da órbita ocular e ao lado do nariz. Esse forame permite a passagem do 
nervo infraorbitário e dos vasos sanguíneos correspondentes, que fornecem a 
sensibilidade para a região do lábio superior, das bochechas e das pálpebras 
inferiores. O nervo infraorbitário é um ramo do nervo maxilar, que faz parte do 
quinto par craniano (nervo trigêmeo), responsável pela inervação sensorial da 
face. 
1.6.3 Forame mentual 
O forame mentual ou mentoniano é uma abertura presente na mandíbula, 
abaixo do mento (proeminência da mandíbula) e na linha média da mandíbula. 
Esse forame permite a passagem do nervo mentoniano e dos vasos sanguíneos 
correspondentes, que fornecem a sensibilidade para a região do queixo e dos 
lábios inferiores. O nervo mentoniano é um ramo do nervo alveolar inferior, que 
também é um ramo do nervo mandibular, o terceiro ramo do nervo trigêmeo. 
Existem outros forames ósseos faciais, mas estes são alguns dos mais 
conhecidos e estudados. 
 
 
 
14 
Figura 6 – Forames faciais 
 
Créditos: ilusmedical/Shutterstock. 
TEMA 2 – SISTEMA MUSCULAR 
O sistema muscular facial é composto pelos músculos responsáveis pelos 
movimentos e expressões faciais. Esses músculos estão conectados à pele e 
aos ossos do crânio e são controlados pelo sistema nervoso. Eles permitem a 
realização de ações como sorrir, franzir a testa, piscar os olhos, entre outras 
expressões faciais. Além disso, o sistema muscular facial também desempenha 
um papel importante na comunicação não verbal, permitindo que as pessoas 
expressem emoções e sentimentos de maneira clara e eficaz (Figura 7). 
 
 
 
 
15 
2.1 Músculos do terço superior 
O terço superior da face é composto por diversos músculos que atuam na 
região da testa, sobrancelhas e pálpebras. 
2.1.1 Músculo frontal 
O músculo frontal é um músculo largo e plano localizado na região frontal 
do crânio, que se estende da testa até a linha do cabelo. Ele é um músculo 
importante na região do terço superior da face e é responsável por elevar as 
sobrancelhas e produzir rugas horizontais na testa quando contraído. 
A contração do músculo frontal é responsável por expressões faciais 
como surpresa e preocupação, que são caracterizadas pelo levantamento das 
sobrancelhas e formação de rugas na testa. Além disso, o músculo frontal 
também pode estar envolvido na produção de expressões de alegria e felicidade, 
quando combinado com outros músculos faciais. É controlado pelo nervo facial, 
que é responsável pela inervação dos músculos da face. 
2.1.2 Músculo prócero 
O músculo prócero está localizado na região da testa, entre as 
sobrancelhas. É um músculo pequeno e delgado, com forma triangular. Sua 
principal função é produzir a contração das sobrancelhas e a formação de rugas 
verticais na testa, dando uma expressão de preocupação ou desaprovação. 
2.1.3 Músculo corrugador do supercílio 
O músculo corrugador está localizado na região da testa, na região medial 
da sobrancelha. Ele é responsável pela produção de rugas verticais na testa e 
pelo movimento das sobrancelhas em direção ao centro do rosto, produzindo 
uma expressão de preocupação ou desaprovação. 
É controlado pelo nervo facial e pode ser ativado de forma involuntária em 
resposta ao estresse ou à ansiedade. A atividade excessiva do músculo 
corrugador pode levar à formação de rugas permanentes na testa ao longo do 
tempo, especialmente quando combinado com outros músculos faciais 
envolvidos na formação de expressões faciais. Por isso, alguns tratamentos 
 
 
16 
estéticos como a toxina botulínica podem ser utilizados para reduzir a atividade 
desse músculo e suavizar as rugas da testa. 
2.1.4 Músculo orbicular dos olhos 
O músculo orbicular dos olhos é um músculo circular que está localizado 
ao redor dos olhos e é responsável pelo fechamento das pálpebras. Além de 
fechar as pálpebras, está envolvido na formação de rugas nos cantos dos olhos 
quando sorrimos, conhecidas como pés de galinha, sendo controlado pelo nervo 
facial. 
Trata-se de um músculo facial importante na região do terço superior da 
face e está envolvido na produção de expressões faciais como o sorriso e o 
franzir de sobrancelhas. 
2.1.5 Músculo elevador das pálpebras 
O músculo elevador das pálpebras, também conhecido como músculo 
levantador da pálpebra superior, é um músculo que se origina na região da órbita 
ocular e se insere na pálpebra superior. Ele é responsável pela elevação da 
pálpebra superior e pela abertura dos olhos. 
É controlado pelo nervo oculomotor e é um músculo fundamental para a 
visão, pois permite que os olhos sejam mantidos abertos. Além disso, ele 
também contribui para a expressão facial, permitindo a produção de expressões 
como a surpresa e a curiosidade. 
A fraqueza ou paralisia desse músculo pode resultar em ptose palpebral, 
que é a queda da pálpebra superior e pode causar dificuldades na visão, 
desconforto ou até mesmo visão dupla. 
2.1.6 Músculo temporal 
O músculo temporal está localizado na região temporal da cabeça, acima 
das orelhas. Ele é um dos músculos responsáveis pela mastigação e ajuda a 
fechar a mandíbula durante a mastigação. 
É um músculo grande e plano, com uma forma quadrangular. Ele se 
origina da linha temporal inferior, que é a borda inferior do osso temporal, e se 
insere na aponeurose temporal, que é uma camada de tecido conjuntivo denso 
que cobre o crânio. 
 
 
17 
Quando este músculo se contrai, ele puxa a mandíbula para cima, 
fechando a boca e auxiliando na mastigação. Ele é controlado pelo nervo 
trigêmeo e trabalha em conjunto com outros músculos da mastigação, como o 
músculo masseter e o músculo pterigoideo lateral. 
2.2 Músculos do terço médio e inferior 
Os músculos do terço médio e inferior da face são responsáveis pelos 
movimentos que afetam a região das bochechas, nariz, lábios superior e inferior,mandíbula e queixo. 
2.2.1 Músculo nasal 
O músculo nasal é um músculo que cobre o dorso do nariz, localizado 
superficialmente ao osso nasal e à cartilagem nasal lateral. É responsável pela 
dilatação e compressão das narinas. 
É controlado pelo ramo bucal do nervo facial e realiza a expressão facial 
que enruga a pele do dorso do nariz, muito usada como uma expressão de cheiro 
ruim ou “bichinho”. 
2.2.2 Músculo levantador da asa do nariz 
O músculo levantador da asa do nariz é um músculo pequeno localizado 
na região lateral do nariz. Ele se origina na maxila e se insere na asa do nariz, 
sendo responsável por elevar a asa do nariz durante a inspiração. 
Esse músculo é controlado pelo nervo facial e é importante para a 
respiração nasal adequada, ajudando a abrir as vias aéreas nasais e permitindo 
uma respiração mais eficiente. Além disso, ele também contribui para a 
expressão facial, permitindo a produção de expressões como o sorriso lateral. 
2.2.3 Músculo depressor nasal 
O músculo depressor nasal, também conhecido como depressor da ponta 
do nariz, é um músculo localizado na parte inferior do nariz, entre as duas 
narinas. Ele se origina na maxila e se insere na cartilagem alar, que forma a 
ponta do nariz, sendo controlado pelo nervo facial. 
A principal função do músculo depressor nasal é abaixar a ponta do nariz, 
contribuindo para expressões faciais como o franzimento do nariz e a expressão 
 
 
18 
de desgosto ou repulsa. Além disso, é importante para a função respiratória, 
permitindo a abertura das narinas durante a inspiração. No entanto, em algumas 
pessoas, sua atividade excessiva pode levar a uma aparência de nariz caído e 
obstrução nasal. 
2.2.4 Músculo levantador do lábio superior 
O músculo levantador do lábio superior é um músculo da face localizado 
na região do lábio superior, abaixo do nariz. Ele se origina na parte frontal da 
maxila e se insere na pele do lábio superior. Sua principal função é levantar o 
lábio superior e contribuir para a formação do sorriso. 
Esse músculo é controlado pelo nervo facial e trabalha em conjunto com 
outros músculos da região do lábio, como o músculo orbicular dos lábios e o 
músculo elevador do ângulo da boca, para produzir uma variedade de 
expressões faciais, incluindo sorrisos, risos e expressões de surpresa. 
Além de sua função na expressão facial, também é importante na função 
oral, permitindo a elevação do lábio superior durante a fala e a mastigação 
adequadas. 
2.2.5 Músculo orbicular da boca 
O músculo orbicular da boca é um músculo circular que está localizado ao 
redor da boca, é controlado pelo nervo facial e é responsável por movimentos 
relacionados à fala, à mastigação e à expressão facial. 
Ele é composto por fibras musculares que se originam na linha média do 
lábio superior e inferior e se inserem na mesma região, permitindo o fechamento 
da boca. Além disso, também é responsável por muitas das expressões faciais, 
como o sorriso e o franzimento dos lábios. Quando os lábios se esticam, esse 
músculo é responsável por manter os lábios juntos e, quando os lábios se abrem, 
ele é responsável por ajudar a esticá-los. 
2.2.6 Músculo depressor do ângulo da boca 
O músculo depressor do ângulo da boca é um músculo localizado no terço 
inferior da face, abaixo dos lábios. Ele se estende do osso da mandíbula até o 
canto da boca e é responsável por baixar os cantos da boca, produzindo 
expressões faciais de tristeza e desgosto. 
 
 
19 
Quando ele se contrai, puxa o canto da boca para baixo e para o lado, 
criando a aparência de um rosto triste ou carrancudo. Por outro lado, quando ele 
se relaxa, os cantos da boca se elevam, produzindo um sorriso. 
O músculo depressor do ângulo da boca é controlado pelo nervo facial e 
trabalha em conjunto com outros músculos do terço inferior da face para produzir 
uma variedade de expressões faciais. Algumas pessoas podem sentir que este 
músculo está mais desenvolvido ou mais proeminente do que o normal, o que 
pode afetar a aparência do rosto. Em casos como esses, procedimentos 
estéticos, como a toxina botulínica, podem ser usados para enfraquecer a 
atividade deste músculo e suavizar a aparência do rosto. 
2.2.7 Músculo mentoniano 
O músculo mentoniano é um músculo localizado no terço inferior da face, 
abaixo dos lábios. É controlado pelo nervo facial, se estende do osso da 
mandíbula até a pele do queixo e é responsável por mover o lábio inferior para 
baixo e para frente. 
Quando ele se contrai, puxa o lábio inferior para baixo e para frente, 
produzindo uma expressão facial de tristeza, frustração ou o chamado aspecto 
de queixo celulítico. Ele também pode ser ativado durante a fala e a mastigação. 
2.2.8 Músculo zigomático maior e menor 
Os músculos zigomáticos maior e menor se estendem da região 
zigomática, osso da bochecha, até o canto da boca e ao redor do lábio superior 
e das narinas. São responsáveis pela elevação do canto da boca e contribuem 
para a formação do sorriso. 
São controlados pelo nervo facial e trabalham em conjunto com outros 
músculos da face para produzir uma variedade de expressões faciais. Além 
disso, também são importantes na mastigação adequada, ajudando a elevar a 
mandíbula durante o processo de mastigação e elevação do lábio superior na 
mastigação e fala. 
2.2.9 Músculo risório 
O músculo risório é um músculo localizado no terço médio da face, abaixo 
do músculo zigomático maior. Ele se estende da parte lateral da face até o canto 
 
 
20 
da boca e é responsável por puxar a comissura labial para o lado, sendo 
controlado pelo nervo facial. 
Quando se contrai, ele produz uma expressão facial que é geralmente 
interpretada como um sorriso falso ou irônico. 
2.2.10 Músculo bucinador 
O músculo bucinador é um músculo facial que se encontra na parte lateral 
da face, em cada uma das bochechas. Ele é responsável por auxiliar na 
mastigação e na fala, além de ajudar a manter os alimentos dentro da boca 
enquanto se mastiga e de manter o alimento na parte de trás da boca. 
Ele se origina do processo alveolar do maxilar superior e da mandíbula e 
se insere na borda da boca e na musculatura ao redor. É inervado pelo nervo 
facial e recebe suprimento sanguíneo da artéria bucal. 
Quando se contrai, ele comprime as bochechas contra os dentes e ajuda 
a mover os alimentos para os dentes posteriores durante a mastigação. Além 
disso, o músculo bucinador também é importante para a fala, pois ajuda a moldar 
o som produzido pelos lábios. 
2.2.11 Músculo masseter 
O músculo masseter está localizado na parte lateral da face, estendendo-
se do arco zigomático até a mandíbula inferior. Ele é responsável pela 
mastigação, elevação da mandíbula e projeção da mandíbula para frente. É 
inervado pelo nervo trigêmeo e recebe suprimento sanguíneo das artérias 
masseterina e temporal. 
É o músculo mais forte da mastigação, capaz de exercer uma grande força 
na mandíbula, permitindo a trituração de alimentos mais duros. Além de sua 
função na mastigação, o músculo masseter também pode estar envolvido na 
sustentação da cápsula articular da articulação temporomandibular. 
2.3 Músculo platisma 
O músculo platisma é um músculo superficial do pescoço, localizado logo 
abaixo da pele. Possui inserções da mandíbula até aproximadamente a altura da 
segunda costela, cruzando a clavícula. 
 
 
21 
É inervado pelo nervo facial e recebe suprimento sanguíneo da artéria 
cervical transversa. É responsável por auxiliar na expressão facial, 
especialmente em expressões de tristeza ou tensão, além de ajudar na 
mobilidade do pescoço. 
Figura 7 – Músculos faciais 
 
Créditos: TimeLineArtist/Shutterstock. 
TEMA 3 – SISTEMA CIRCULATÓRIO 
O sistema circulatório é responsável por transportar nutrientes, oxigênio, 
hormônios e outras substâncias pelo corpo, além de remover dióxido de carbono 
e outros resíduos metabólicos. 
Os vasos sanguíneos sãodivididos em três tipos: artérias, veias e 
capilares. As artérias transportam o sangue rico em oxigênio do coração para o 
 
 
22 
resto do corpo, enquanto as veias levam o sangue pobre em oxigênio de volta 
ao coração. Os capilares são vasos sanguíneos microscópicos que conectam as 
artérias às veias, permitindo a troca de nutrientes e resíduos metabólicos entre 
o sangue e as células do corpo. 
O sangue é composto por células sanguíneas (glóbulos vermelhos, 
glóbulos brancos e plaquetas) e plasma. Os glóbulos vermelhos transportam 
oxigênio dos pulmões para as células do corpo, enquanto os glóbulos brancos 
são responsáveis pela defesa do corpo contra infecções e doenças. As plaquetas 
ajudam na coagulação sanguínea. O plasma é uma solução aquosa que 
transporta nutrientes, hormônios e outras substâncias pelo corpo. 
O sistema circulatório desempenha um papel vital na manutenção da 
homeostase do corpo, ajudando a regular a temperatura, o pH e o volume 
sanguíneo do corpo. A face recebe sangue através das artérias faciais e é 
drenada pelas veias faciais, que são ramos das artérias e veias carótidas 
externas, respectivamente. 
O sistema linfático também é importante para a circulação do rosto, pois 
ajuda a drenar o excesso de fluidos e resíduos metabólicos dos tecidos faciais. 
O sistema linfático facial inclui vasos linfáticos superficiais e profundos, além de 
gânglios linfáticos que estão localizados principalmente na área do pescoço. 
3.1 Artérias da cabeça e pescoço 
Essas artérias (Figura 8) são importantes porque fornecem sangue para 
as estruturas que sustentam as funções vitais do corpo humano, como o cérebro, 
os olhos, os ouvidos, a face, a garganta e a língua. 
A artéria carótida comum é a principal artéria que fornece sangue para a 
cabeça e pescoço. Ela se divide em artéria carótida interna e externa. A artéria 
vertebral também fornece sangue para a cabeça e pescoço. Ela segue um trajeto 
pelo interior das vértebras cervicais até a base do crânio. 
A artéria occipital se origina da artéria carótida externa e fornece sangue 
para a parte posterior da cabeça. A artéria temporal superficial se origina da 
artéria carótida externa e fornece sangue para a região temporal da cabeça. A 
artéria maxilar se origina da artéria carótida externa e fornece sangue para a 
mandíbula e os dentes. A artéria lingual se origina da artéria carótida externa e 
fornece sangue para a língua. 
 
 
23 
A artéria facial se origina da artéria carótida externa e fornece sangue para 
a face, tanto para a pele, músculos e outras estruturas do rosto. Segue um trajeto 
sinuoso ao longo da face, passando através dos músculos faciais e fornecendo 
sangue para os tecidos circundantes. Ela dá origem a uma série de ramos, 
incluindo a artéria labial superior, artéria angular do olho, artéria temporal 
superficial, artéria auricular posterior, artéria submentoniana e outras. A irrigação 
sanguínea fornecida é importante para a nutrição das células da face, bem como 
para a manutenção da temperatura e regulação da pressão sanguínea. 
Figura 8 – Sistema arterial da cabeça e do pescoço 
 
Créditos: rob9000/Shutterstock. 
3.2 Veias da cabeça e do pescoço 
As veias fazem parte do sistema venoso (Figura 9) que leva o sangue de 
volta ao coração. As veias jugulares são as principais veias do pescoço e são 
 
 
24 
responsáveis por drenar o sangue da cabeça e do pescoço para o coração. 
Existem duas veias jugulares: a jugular interna e a jugular externa. 
As veias vertebrais são veias que correm ao longo da coluna vertebral e 
drenam o sangue da medula espinhal e dos músculos do pescoço. As veias 
temporais drenam o sangue da região temporal (ao lado da cabeça, próximo às 
orelhas). As veias cerebrais drenam o sangue do cérebro. 
As veias faciais drenam o sangue da face, da pele dos músculos e tecidos 
subjacentes e do couro cabeludo. São uma das principais veias da cabeça e do 
pescoço. Elas se originam na região da ponta do nariz e ao redor da boca, e se 
estendem ao longo da face em direção às orelhas, onde se conectam com a veia 
jugular externa. Elas são um componente importante do sistema venoso 
superficial da cabeça e do pescoço e ajudam a regular a temperatura corporal e 
a distribuir os nutrientes e remover o dióxido de carbono dos tecidos. 
É importante lembrar que o sistema venoso é muito interligado, ou seja, 
as veias da cabeça e do pescoço se conectam com as veias de outras partes do 
corpo. 
Figura 9 – Sistema venoso da cabeça e do pescoço 
 
Créditos: Draw Man/Shutterstock. 
 
 
25 
3.3 Capilares faciais 
Os capilares faciais são pequenos vasos sanguíneos que conectam as 
arteríolas (vasos que levam sangue do coração aos tecidos) e as vênulas (vasos 
que levam sangue dos tecidos ao coração) na região da face. Eles são 
responsáveis por transportar sangue rico em oxigênio e nutrientes para as 
células da pele e dos tecidos subjacentes e ajudam a remover o dióxido de 
carbono e outros resíduos metabólicos. 
São essenciais para a saúde e o funcionamento da pele da face, incluindo 
a regulação da temperatura, a hidratação e a aparência geral. Eles também 
podem ser afetados por diversas condições, como a rosácea, uma doença 
inflamatória crônica que causa vermelhidão e erupções cutâneas na face. Além 
disso, são frequentemente afetados por fatores externos, como a exposição 
excessiva ao sol, o estresse, o tabagismo e outros hábitos de vida pouco 
saudáveis. 
3.4 Sistema linfático facial 
O sistema linfático facial (Figura 10) é uma rede complexa de vasos 
linfáticos, gânglios linfáticos e órgãos linfoides presentes na região da face e do 
pescoço. Possui diversas funções importantes, incluindo a defesa do corpo 
contra infecções e doenças, coletar, transportar e remover a linfa (líquido incolor 
e transparente que contém células imunológicas, líquido intersticial e resíduos 
metabólicos), líquidos e substâncias que não foram absorvidas pelo sistema 
circulatório e o transporte de nutrientes da região da face e do pescoço. 
Os vasos linfáticos faciais começam na região da face e do pescoço e se 
estendem para os gânglios linfáticos, que são pequenos órgãos linfoides que 
filtram a linfa e removem bactérias, vírus e outras substâncias estranhas do 
corpo. Os gânglios linfáticos da região facial e cervical incluem os gânglios 
submandibulares, pré-auriculares, occipitais e cervicais. 
 
 
 
 
 
 
 
26 
Figura 10 – Sistema linfático 
 
Créditos: S K Chavan/Shutterstock. 
TEMA 4 – SISTEMA NERVOSO 
O sistema nervoso é responsável por controlar e coordenar as funções do 
corpo humano. No caso da cabeça e do pescoço, o sistema nervoso é composto 
por diversas estruturas, como já vistas anteriormente, como o encéfalo, a medula 
espinhal, o sistema nervoso autônomo, os nervos cranianos e os nervos 
cervicais. 
 
 
 
 
 
27 
4.2 Nervos cervicais 
São um grupo de oito pares de nervos que emergem da medula espinhal 
na região do pescoço (coluna cervical) e se ramificam para fornecer inervação 
para os músculos, a pele e as estruturas do pescoço e dos ombros. 
São numerados de C1 a C8, correspondendo ao nível vertebral onde eles 
emergem da medula espinhal. Cada nervo cervical tem uma área específica de 
inervação, que pode incluir músculos específicos, pele, articulações e estruturas 
vasculares. São responsáveis por controlar movimentos e sensações no 
pescoço e nos ombros, além de desempenhar um papel importante na 
transmissão de informações sensoriais para o cérebro, como a dor e a 
temperatura. Eles também controlam a função dos músculos do diafragma, que 
é importante para a respiração. 
4.2 Nervos cranianos 
Os nervos cranianos são um conjunto de 12 pares de nervos que 
emergem diretamente do cérebro e passam pelos forames cranianos (orifícios 
na base do crânio) para fornecer inervação para as diferentes estruturas da 
cabeça, do pescoço e dos órgãos dossentidos (Figura 11). 
Cada nervo craniano tem uma função específica e é numerado de acordo 
com a sua ordem de emergência no cérebro. São eles: os nervos olfatório, 
óptico, oculomotor, troclear, trigêmeo, abducente, facial, vestibulococlear, 
glossofaríngeo, vago, acessório e hipoglosso. 
Eles são importantes para diversas funções, incluindo visão, audição, 
paladar, olfato, movimentação dos olhos e dos músculos faciais, deglutição, fala, 
respiração, controle cardiovascular e outras funções autonômicas. 
 
 
 
28 
Figura 11 – Nervos cranianos 
 
Créditos: VectorMine/Shutterstock. 
4.2.1 Nervo trigêmeo 
O nervo trigêmeo é o quinto dos 12 pares de nervos cranianos e é 
responsável pela inervação da face, dos dentes, da boca e dos músculos da 
mastigação. Ele é chamado de trigêmeo porque se divide em três ramos 
principais: o ramo oftálmico, o ramo maxilar e o ramo mandibular (Figura 12). 
O ramo oftálmico inerva a testa, o couro cabeludo e a pele da parte 
superior do nariz. O ramo maxilar inerva a parte média do rosto, incluindo as 
bochechas, os dentes superiores e as gengivas. O ramo mandibular inerva a 
mandíbula, os dentes inferiores e a pele da região inferior do rosto e do queixo. 
É responsável pela sensação de tato, dor e temperatura da face e da 
boca. Também é responsável pelo controle dos músculos da mastigação, 
 
 
29 
permitindo a abertura e o fechamento da boca, a movimentação da mandíbula e 
a mastigação dos alimentos. 
Figura 12 – Nervo trigêmeo 
 
Créditos: Masakra/Shutterstock. 
4.2.2 Nervo facial 
O nervo facial (VII) possui uma ampla distribuição na face, pescoço e 
orelha. Tem origem no tronco cerebral e emerge do crânio através do forame 
estilo mastoideo (Figura 13). 
Ele é responsável pela inervação dos músculos da expressão facial, se 
dividindo em vários ramos que inervam diferentes regiões da face, incluindo as 
sobrancelhas, pálpebras, nariz, lábios e músculos da mastigação. Além disso, 
também controla os músculos que controlam a secreção das glândulas lacrimais, 
salivares e mucosas da boca e do nariz, bem como a sensação tátil e gustativa 
da região anterior da língua e fornece informações sensoriais do ouvido interno. 
Também são responsáveis por permitir uma série de funções, como a 
expressão facial, o movimento dos olhos e lábios, o piscar de olhos, o sorriso, a 
fala, a mastigação e a deglutição. Também são responsáveis pela sensação de 
 
 
30 
paladar em duas das quatro áreas gustativas da língua e pela sensibilidade de 
uma pequena região próxima ao ouvido. 
Figura 13 – Diferença entre o nervo trigêmeo e o nervo facial 
 
Créditos: Masakra/Shutterstock. 
TEMA 5 – SISTEMA TEGUMENTAR E SEUS ANEXOS 
O sistema tegumentar reveste toda a superfície do corpo, realizando uma 
barreira e um “escudo” contra atrito, desidratação, entrada de microrganismos e 
radiação ultravioleta. Possui neurônios sensoriais periféricos com a função de 
proporcionar sensações como dor, calor, tato e pressão, e mecanismos de 
regulação da temperatura corporal, função imunológica e hormonal. É composto 
pela pele, pelos, unhas e glândulas sudoríparas e sebáceas. Na face, a pele é 
mais fina e sensível do que em outras partes do corpo e está sujeita a uma série 
de fatores ambientais, como a radiação ultravioleta do sol e a poluição. 
 
 
31 
5.1 Pele 
A pele é o maior órgão do corpo humano e cobre toda a superfície externa 
do corpo. É composta por três camadas principais: a epiderme, a derme e a 
hipoderme ou tecido subcutâneo (Figura 14). 
5.1.1 Epiderme 
A epiderme é a camada mais externa da pele. É composta principalmente 
por células epiteliais que formam uma barreira protetora contra o meio ambiente. 
A epiderme também é responsável pela regulação da perda de água do corpo e 
pela produção de melanina, que ajuda a proteger a pele dos efeitos nocivos da 
radiação ultravioleta. 
Além disso, a epiderme contém células especializadas, como os 
queratinócitos, que produzem a proteína queratina, responsável pela resistência 
e elasticidade da pele. A camada mais interna da epiderme é chamada de 
camada basal, que contém células-tronco e é responsável pela renovação 
contínua da pele. A epiderme é formada principalmente por epitélio pavimentoso 
estratificado queratinizado. 
5.1.2 Derme 
A derme é a camada intermediária da pele. É composta por tecido 
conjuntivo originado do mesoderma, possui uma matriz extracelular densa, fibras 
de colágeno e elastina, vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Desempenha 
várias funções importantes, incluindo a regulação da temperatura corporal, 
fornecimento de nutrientes e oxigênio para as células da pele, além de ser 
responsável pela sensação de toque, dor, pressão e temperatura. 
A derme contém vários tipos de células, incluindo fibroblastos, que 
produzem as fibras de colágeno e elastina, e células imunológicas, que ajudam 
a combater infecções. Também é o local onde se encontram os folículos pilosos, 
as glândulas sebáceas e sudoríparas e os receptores sensoriais. 
5.1.3 Hipoderme 
A hipoderme é a camada mais profunda da pele, composta principalmente 
por tecido adiposo (gordura) de origem mesodérmica e tecido conjuntivo frouxo 
 
 
32 
vascularizado, que ajuda a dar forma ao rosto e a preencher as áreas vazias 
entre os músculos e ossos. 
A quantidade de gordura na hipoderme facial pode variar de pessoa para 
pessoa e pode mudar ao longo do tempo. Por exemplo, à medida que 
envelhecemos, podemos perder gordura na hipoderme, o que pode levar a uma 
aparência mais magra e enrugada. 
Além disso, algumas pessoas podem ter depósitos de gordura excessivos 
em certas áreas do rosto, como as bochechas ou o queixo, o que pode afetar a 
aparência geral do rosto. 
O papel principal da hipoderme é armazenar reservas energéticas para o 
organismo. Ela serve como conexão entre a derme e as estruturas móveis 
situadas abaixo dela e também protege o organismo contra choques, 
constituindo uma manta térmica. 
Figura 14 – Tecido tegumentar 
 
Créditos: solar22/Shutterstock. 
Os coxins de gordura superficial são depósitos de gordura localizados 
logo abaixo da pele. Eles são responsáveis por preencher e dar forma às 
bochechas, lábios e outras áreas faciais, proporcionando uma aparência juvenil 
 
 
33 
e saudável. Esses coxins estão localizados em várias áreas, incluindo as 
bochechas (bolsas de Bichat), abaixo dos olhos (bolsas infraorbitais), no queixo 
(papada) e nas laterais da boca (sulcos nasogenianos). Eles também são 
encontrados em outras áreas do rosto, como as têmporas e a testa. À medida 
que envelhecemos, podem mudar de posição, perder volume ou tornar-se mais 
proeminentes, o que pode afetar a aparência do rosto. 
Os coxins de gordura facial profundos estão localizados abaixo dos coxins 
de gordura superficial e são responsáveis por preencher as áreas mais 
profundas do rosto. Eles são encontrados em várias áreas, incluindo as maçãs 
do rosto, as têmporas, a mandíbula e as laterais da boca (Figura 15). 
Figura 15 – Coxins de gordura facial 
 
Crédito: Elias Aleixo 
5.2 Anexos da epiderme 
Na epiderme, podemos encontrar alguns tipos celulares que ajudam na 
proteção desse tecido. 
 
 
34 
5.2.1 Queratinócito 
Os queratinócitos sintetizam a queratina, protegendo a pele contra atritos 
e a perda de água por evaporação, além de regularem a absorção de cálcio pela 
ativação de precursores do colesterol pela luz UVB para a formação de vitamina 
D. 
5.2.2 Melanócito 
Os melanócitos são responsáveis pela formação da melanina, que 
protege contra os raios ultravioleta e realiza a pigmentação da pele. 
5.2.3 Células de Langherans e Células de Merkel 
As células de Langherans protegem contra a invasão de microrganismos, 
participando da resposta imune do organismo, enquanto as células de Merkel 
desempenham papel na função sensorial. 
5.3 Anexos da derme 
Os anexos encontrados na derme sãoestruturas que se projetam a partir 
do tecido dérmico da pele. 
5.3.1 Pelo 
Os pelos são filamentos flexíveis de células queratinizadas produzidos por 
folículos pilosos localizados na derme da pele. Possuem várias funções, como 
proteger a pele de ferimentos e irritações, regular a temperatura corporal e ajudar 
a detectar sensações táteis. 
Na face, os pelos faciais, como barba e bigode, são mais característicos 
dos homens, embora também possam ser encontrados em mulheres. Na 
puberdade, os folículos pilosos da face se tornam mais sensíveis aos hormônios 
masculinos, levando a um aumento no crescimento de pelos faciais nos homens. 
 
 
 
 
 
 
35 
5.3.2 Glândulas sebáceas 
As glândulas sebáceas estão ligadas aos folículos dos pelos e liberam 
sebo, uma substância gordurosa formada por triglicerídeos, ácidos graxos livres, 
colesterol e ésteres de colesterol, que ajuda a lubrificar e proteger a pele. 
5.3.3 Glândulas sudoríparas 
As glândulas sudoríparas são células que secretam suor para o meio 
externo para ajudar a regular a temperatura corporal e a remover toxinas do 
corpo. As glândulas sudoríparas na face são mais numerosas do que em outras 
partes do corpo. 
A Figura 16 mostra todas as camadas do tecido epitelial, como epiderme, 
derme e hipoderme, e seus anexos. 
Figura 16 – Tecido epitelial com seus anexos 
 
Créditos: Net Vector/Shutterstock. 
 
 
 
 
36 
NA PRÁTICA 
Com base nos conteúdos estudados, vamos desenhar na figura abaixo 
(Figura 17) os principais músculos faciais de um lado e, do outro, os principais 
coxins de gordura encontrados na face. Para gravar os nomes e onde se 
encontra cada músculo e como cada coxim se distribui no rosto. 
Figura 17 – Figura em branco para atividade prática 
 
Créditos: first vector trend/Shutterstock. 
 
 
37 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, foram abordadas as principais estruturas anatômicas e 
funções básicas das estruturas da cabeça e pescoço. Vimos que a anatomia da 
cabeça e pescoço é complexa e inclui várias estruturas importantes, como ossos, 
músculos, vasos sanguíneos, nervos e pele. 
O sistema ósseo, além de realizar a proteção de estruturas vitais, como o 
cérebro e os olhos, ainda é responsável pelo armazenamento de minerais. Os 
ossos da cabeça são interligados por articulações que permitem um certo grau 
de movimento, mas geralmente são imóveis e altamente resistentes para 
proteger o cérebro e outras estruturas delicadas. Esses ossos também têm 
aberturas e passagens para permitir a passagem de nervos e vasos sanguíneos 
para estruturas adjacentes. 
Os músculos faciais são responsáveis pelos movimentos e expressões 
faciais que fazemos. Esses músculos são pequenos, mas extremamente 
importantes para a comunicação e a expressão emocional. 
O sistema circulatório facial é uma rede complexa de vasos sanguíneos 
que fornecem sangue e nutrientes para as estruturas da face, incluindo a pele, 
músculos, ossos e órgãos sensoriais, como os olhos e os ouvidos. As artérias 
fornecem sangue oxigenado para a face, e as veias faciais drenam o sangue 
desoxigenado da face e o levam de volta ao coração para ser reabastecido de 
oxigênio. 
Os nervos faciais controlam as funções motoras e sensoriais em várias 
partes da face. 
A pele é o maior órgão do corpo e é responsável principalmente pela 
proteção contra agentes externos, a regulação da temperatura corporal, a 
prevenção da perda excessiva de água, a produção de vitamina D e a percepção 
de sensações táteis. A pele também desempenha um papel importante na 
modulação do sistema imunológico, ajudando a proteger o corpo contra 
infecções e doenças. 
 
 
 
38 
REFERÊNCIAS 
ALGHOUL, M., CODNER,M.A.; Retaining ligaments of the face: review of 
anatomy and clinical applications. Aesthet Surg J., v. 33, n. 6, p. 769-782, 2013. 
FITZGERALD, R.; CARQUEVILLE J.; YANG P.T. An approach to structural facial 
rejuvenation with fillers in women. Int J Womens Dermatol., v. 5, n. 1, p. 52-67, 
2018. 
HIATT, J. L.; GARTNER, L. P. Anatomia: cabeça & pescoço. Rio de Janeiro : 
Guanabara Koogan, 2011. 
LAROSA, P. R. R. Anatomia humana: texto e atlas. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2018. 
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R. Anatomia orientada para a 
clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. 
TORTORA, G. J.; GRABOWSKI, S. R. Corpo humano: fundamentos de 
anatomia e fisiologia. 6. ed. Porto Alegre: Artmed. 2006. 
_____. NIELSEN, M. T. Princípios de anatomia humana. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2017. 
WASCHKE, J.; BÖCKERS, T. M.; PAULSEN F. Sobotta anatomia clínica. 1. 
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019. 
 
BIOTECNOLOGIA E
BIOINFORMÁTICA
AULA 1
Prof. Benisio Ferreira da Silva Filho
CONVERSA INICIAL
Desde o famoso experimento de Gregor Mendel e suas ervilhas que a Biologia não é mais a
mesma. A cada novo avanço e a cada nova descoberta mais informações sobre genes, genética e
estrutura molecular da célula estão disponíveis. Ao longo das aulas da disciplina iremos abordar
diversas técnicas moleculares de uso rotineiro para biomédicos. Inicialmente, iremos abordar
técnicas de extração, quantificação e análise do material genético e posteriormente técnicas de
purificação e análise de proteínas.
Sabemos que todas as células, eucarióticas e procarióticas, animais e vegetais, possuem a
mesma composição bioquímica: lipídeos, proteínas, carboidratos e ácidos nucléicos. Baseados nesta
informação, de uma composição universal similar entre os mais diversos tipos celulares, é que as
técnicas de biologia molecular ganham destaque, pois podem ser aplicadas aos mais diversos tipos
de seres vivos existentes. Apesar de ser uma área recente, a Biologia Molecular é cada vez mais
estudada e seus avanços são notórios nos últimos anos: descobriu-se desde a estrutura molecular
do DNA, até como sequenciá-lo e curar doenças por meio das terapias gênicas.
TEMA 1 – IMPORTÂNCIA DA BIOLOGIA MOLECULAR NA
BIOTECNOLOGIA
A Biologia Molecular é a ciência que estuda os ácidos nucléicos e seus produtos. Os dois ácidos
nucléicos presentes em uma célula são DNA e RNA e suas estruturas e funções já foram muito bem
descritas em outras disciplinas deste curso. Por meio dos processos de transcrição e tradução, o
DNA comanda a formação de proteínas, num processo denominado expressão gênica. Desta forma, o
foco principal da Biologia Molecular é o estudo do DNA, RNA e das proteínas.
A Biotecnologia é o conjunto de técnicas e análises, construído ao longo das últimas décadas
que nos permite analisar e modificar ácidos nucleicos e proteínas e nos propiciou avanços
tecnológicos importantes em diferentes áreas. Segundo a ONU, “biotecnologia é qualquer aplicação
tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos ou seus derivados, para fabricar ou
modificar produtos ou processos para a utilização específica. Ou seja, a biotecnologia é a ciência a
partir da qual utilizam-se organismos vivos e a manipulação de suas macromoléculas (DNA, RNA e
proteínas) para a produção de produtos que melhorem a forma como vivemos e compreendemos o
mundo.
No ano de 1866, Gregor Mendel publica seus postulados sobre hereditariedade. Ele não possuía
o conhecimento necessário sobre estrutura da célula e genes, chamando naquele momento os genes
de fatores relacionados à hereditariedade. Somente em 1869, Friedrich Miescher descobre a
existência dos ácidos nucleicos e a expressão Biologia Molecular só foi criada em 1939 por Warren
Weaver, com o intuito de designar o trabalho em conjunto da biologia, física e química na busca pelo
conhecimento das moléculas. Com os avanços das técnicas bioquímicas e da microscopia, em 1944
Oswald Avery comprovou que as informações hereditárias estavam armazenadas no DNA. Mas
afinal, nesta época, o que se considerava DNA? Foi apenas em 1953 que James Watson e Francis
Crick demonstraram o que era uma molécula de DNA, qual era sua estrutura química e como a
informação hereditáriaestava armazenada nesta molécula. Em 1966 Marchal Niremberg e Har
Khorana decifram o código genético humano e 6 anos mais tarde, em 1972, Stanley Cohen e Herbert
Boyer desenvolvem a tecnologia do DNA recombinante. Ainda na década de 70, Frederich Sanger
desenvolveu o primeiro método de sequenciamento de DNA (1977) e no início da década de 80 os
primeiros exemplares de clonagem foram criados por Richard Palmiter e Ralph Brinster. Em 1983,
Kary Mullis cria a técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR - Polymerase Chain Reaction) e em
1985 são desenvolvidas as primeiras técnicas de impressão digital por DNA (DNA fingerprint). O
grande marco das ciências moleculares se deu em 1996 com a clonagem da ovelha Dolly por Ian
Wilmut e sua equipe.  Na mesma época se iniciava o projeto genoma humano que foi completado em
2001 com cerca de 99% do genoma humano sequenciado.  Desde o início dos anos 2000 os avanços
nas áreas de Biologia molecular têm sido cada vez mais pronunciados com diversas aplicações
práticas.
Dentre as aplicações práticas mais famosas estão a criação de organismos transgênicos, que
ainda hoje suscitam discussões e polêmicas em meio a comunidade científica. Mas a biotecnologia
não para por aí. Ela evoluiu com o desenvolvimento de testes moleculares para a detecção de
diversos tipos de doenças como tuberculose, HIV e câncer; para a elucidação de crimes com a
genética forense; para o tratamento e cura de doenças hereditárias por meio da terapia gênica; para a
identificação de mutações causadoras de doenças; testes de paternidade e uma infinidade de outras
aplicações demonstrando que a biologia molecular e suas aplicações biotecnológicas estão na
vanguarda dos estudos científicos de ponta.
TEMA 2 –EXTRAÇÃO DE MATERIAL GENÉTICO
Todos os organismos vivos são compostos por células e estas possuem em seu interior o
material genético. No caso dos procariotos o DNA está disperso no citoplasma, já nos eucariotos
este DNA encontra-se compartimentalizado no núcleo. Independentemente de sua localização, para
que se possa estudar o DNA é necessário de alguma forma extraí-lo, ou seja, retirá-lo de dentro da
célula. A retirada do DNA de uma célula é denominada extração e compreende diversas etapas que
serão descritas a seguir.
Existem inúmeros protocolos na literatura e a escolha do mais adequado deve levar em conta
qual material genético se deseja extrair (se DNA ou RNA), o tipo de amostra, o grau de pureza
necessário ao ensaio e os recursos disponíveis em cada laboratório.
2.1 PREPARO DAS AMOSTRAS
Diferentes tipos de amostras podem ter seu DNA/RNA extraídos, incluindo células sanguíneas,
tecidos para biópsia, células de cultivo, bactérias, fungos e plantas. Independente da origem, o
material deve ser preservado adequadamente até que a etapa de extração ocorra. Esta preservação
pode ser feita por meio do congelamento em ultrafreezer (-80o.C), ou em nitrogênio líquido, ou ainda
por meio de kits comerciais que estabilizam estas amostras.
Amostras líquidas como sangue ou urina devem passar por uma etapa de centrifugação a fim de
separar o pellet celular do sobrenadante. Nestes casos o pellet, que é mais denso, se deposita no
fundo do tubo de ensaio, enquanto que o sobrenadante líquido pode ser descartado. Já para tecidos
sólidos como por exemplo tecido hepático para um biópsia, é necessário um protocolo de
dissociação do tecido visando aumentar a superfície de reação para os reagentes da etapa de lise
celular. Esta dissociação pode ser feita picando-se o tecido em pequenos fragmentos com a ajuda de
uma tesoura ou macerando-o com o auxílio de um pistilo.
2.2 LISE CELULAR
Após obtidas e armazenadas adequadamente, as amostras precisam ter suas células lisadas, ou
seja, rompidas. Tal lise é necessária pois libera os componentes citoplasmáticos, dentre eles os
ácidos nucléicos. A lise deve ocorrer em soluções tamponadas contendo um detergente e os
reagentes tris-hidroximetil aminometano (Tris), cloreto de sódio (NaCl) e ácido etileno diamino tetra-
acético (EDTA). O detergente tem função primordial neste procedimento visto que atua solubilizando
os lipídeos de membrana, facilitando a liberação do conteúdo celular. O Tris é uma solução
tamponante que visa manter o pH em torno de 8, evitando desta forma que o DNA sofra a ação de
enzimas DNAses que o degradam. O EDTA é uma agente quelante de íons divalentes Cálcio e
Magnésio, que também atua inibindo a ação das DNAses.  O NaCl promove desnaturação de
proteínas, ruptura de ligações iônicas e aglomeração de moléculas de ácidos nucléicos.
Alguns protocolos adicionam a enzima proteinase K ao tampão de lise com o objetivo de
melhorar a digestão da célula e solubilizar mais facilmente o conteúdo intracelular. O beta-mercapto
etanol em geral é adicionado ao tampão de lise para evitar a oxidação de ácidos nucleicos.
2.3 SEPARAÇÃO DOS CONSTITUINTES CELULARES
Após a lise temos uma solução que é uma sopa de constituintes e restos celulares, sendo
necessário separar os ácidos nucleicos de nosso interesse. Na etapa de separação dos constituintes
celulares é adicionado um solvente como fenol e clorofórmio que desnatura e precipita proteínas;
desta forma o DNA permanece solúvel no sobrenadante. A solução então é centrifugada formando
um pellet contendo proteínas, que será descartado, e um sobrenadante com ácidos nucleicos. Este
sobrenadante é coletado e separado para um novo tubo. Quanto mais vezes esta etapa de separação
dos constituintes celulares for repetida, maior será a pureza da amostra.
2.4 PRECIPITAÇÃO DO DNA
O NaCl presente no tampão de lise associado a baixas temperaturas e a adição de solventes
orgânicos como etanol, isopropanol ou acetato de amônio promove a precipitação do DNA. Este DNA
precipitado forma um conglomerado esbranquiçado com aspecto de um algodão em solução. Este
“algodão” pode ser pescado com o auxílio de um bastão de vidro ou a amostra pode ser centrifugada.
Nesta etapa de centrifugação o DNA formará um pellet no fundo do tubo e o sobrenadante será
descartado (diferente do que ocorreu na etapa de lise, na qual o pellet foi descartado e o
sobrenadante utilizado).
2.5 LAVAGEM E RESSUSPENSÃO DO DNA
Para garantir maior pureza e eliminar resíduos de outros reagentes, as amostras provenientes da
etapa anterior devem ser lavadas com etanol 70%. O etanol é eliminado das amostras por simples
evaporação, dada sua elevada volatilidade. Após a evaporação, o pellet de DNA é ressuspenso em
tampão Tris-EDTA ou água ultrapura. A água ultrapura é diferente de água destilada. A água destilada
passa por um processo de destilação simples que remove os sais presentes nela. A água ultrapura,
também chamada de água Mili-Q é uma água livre de qualquer sal, contaminantes e enzimas, ou seja,
é apenas água sem nenhuma outra substância.
TEMA 3 – MÉTODOS DE QUANTIFICAÇÃO DO MATERIAL GENÉTICO
EXTRAÍDO
Após sua extração é necessário ter certeza de que o que foi extraído era realmente DNA. Além
disso, é necessário também saber a quantidade de DNA presente na amostra. Para avaliar a
presença e quantificar o DNA são utilizadas diversas técnicas que serão descritas a seguir.
3.1 ESPECTROFOTOMETRIA
A técnica de espectrofotometria se baseia no uso de um aparelho chamado espectrofotômetro,
que incide uma radiação de determinado comprimento de onda sobre a amostra e mensura quanto
desta radiação foi absorvida pela mesma. Por isso a unidade de medida lida pelo equipamento
denomina-se absorbância, referindo-se à quantidade de luz absorvida pela amostra quando excitada
por determinado comprimento de onda.
Esta técnica relaciona a quantidade de luz absorvida por uma amostra a 260nm (comprimento
de onda) com a quantidade de DNA presente nesta amostra. Quanto maior a absorção de luz, maior a
quantidade de DNA na amostra. Esta técnica possui uma curva padrão que determina que uma
absorbância igual a 1 corresponde a uma concentração de 50 µg de DNA por ml de solução. Desta
forma, fazendo ouso de uma simples regra de três, é possível determinar a quantidade de DNA em
uma amostra. Se houve necessidade de diluição da amostra, esta deve ser levada em conta na hora
do cálculo da contração de DNA, segundo a fórmula abaixo:
Concentração DNA = Absorbância(260 nm) x Diluição x 50.
Além de quantificar, a espectrofotometria também permite avaliar a qualidade das amostras de
DNA. Para isto deve-se medir a absorbância em 260 e 280 nm e fazer uma relação entre estes
valores, ou seja, dividir o valor da absorbância em 260 nm pelo valor da absorbância em 280 nm;
valores entre 1,4 e 2 indicam boa pureza das amostras e valores abaixo de 1,4 indicam presença de
contaminante na amostra. A absorbância a 260 nm reflete a luz absorvida pelas ligações entre as
bases nitrogenadas do DNA; já a leitura a 280 nm reflete a absorbância a 280 nm, comprimento de
onda no qual as ligações peptídicas das proteínas fluorescem. Esta relação só é verdadeira se todo o
fenol for removido da amostra, pois o mesmo fluoresce a 270 nm podendo gerar leituras incorretas.
Embora a espectrofotometria seja a técnica mais utilizada rotineiramente ela possui um limiar
de detecção alto, não sendo indicada quando a quantidade de DNA na amostra é da ordem de
nanogramas. Nestes casos deve-se utilizar a fluorimetria, um método bastante similar mas que
baseia sua leitura em fluorescência e é capaz de detectar DNA na ordem de nanogramas.
3.2 ELETROFORESE EM GEL DE AGAROSE
A eletroforese é a principal técnica utilizada em biologia molecular para a análise de DNA. Ela
permite separar, identificar e purificar os fragmentos de DNA quando não é possível utilizar outras
técnicas, como os gradientes de centrifugação. É uma técnica rápida, que permite excelente
resolução dos fragmentos de DNA. O gel é formado por agarose, um polissacarídeo que ao sofrer
solidificação forma uma malha que retém as moléculas durante a migração. Dependendo da
concentração de agarose, há diferenças no gradiente de separação. Quanto maior a concentração,
mais fechados são os poros da malha do gel e maior retenção de fragmentos de DNA. Para se
analisar amostras com fragmentos maiores deve-se dar preferência para géis de malha menos densa
(ou seja, mais frouxa, com menor concentração de agarose), pois assim os fragmentos grandes terão
facilidade em “correr” a malha do gel. O inverso também é verdadeiro, para fragmentos menores
deve-se dar preferência para géis com poros menores, ou seja, maior concentração de agarose, pois
desta forma os pequenos fragmentos ficarão retidos no gel.
Esta técnica permite a separação de fragmentos de DNA de tamanho diversos por meio da
aplicação de um campo elétrico. Os grupos fosfatos dos ácidos nucléicos possuem cargas negativas
e, portanto, quando submetidos a um campo elétrico, por diferença de potencial, migram em direção
ao polo positivo deste campo. Quanto menor o tamanho do fragmento de DNA, mais rápido ele migra
pela malha de agarose e portanto maior será a distância percorrida no gel. Moléculas com maior
número de pares de base possuem tamanho maior e portanto migram mais lentamente pela malha
do gel, ocupando posições mais superiores no gel. Fragmentos de mesmo tamanho ocupam a
mesma posição no gel, formando as denominadas bandas.
Figura 1 – Na imagem acima, um aparelho de eletroforese com o polo positivo indicado em
vermelho e o negativo em preto. As amostras são adicionadas nos poços do gel e irão migrar ao
longo do gel do polo negativo para o polo positivo. A foto do gel (última imagem à direita)
demonstrando bandas superiores (de maior peso molecular) e bandas inferiores (de menor peso
molecular)
Crédito: Soleil Nordic/Shutterstock.
Figura 2 – Gel de agarose corado com brometo de etídio. Cada coluna corresponde a uma
canaleta do gel na qual foi colocada uma amostra específica de DNA. Acima do gel estão os
fragmentos maiores e abaixo os menores
Crédito: Martinek Jan/Shutterstock.
Para que se possa visualizar o resultado da separação das amostras de DNA em gel de agarose
é necessário que este passe por um procedimento de coloração. Este processo consiste em corar o
DNA com corantes fluorescentes como o brometo de etídio (altamente tóxico e carcinogênico). Este
corante, sob luz ultravioleta, emite uma luz alaranjada formando bandas visíveis no gel. Outros
corantes menos tóxicos como o GelGreen e SybrGreen vem suplantando o brometo de etídio.
Nas extrações podem-se obter grandes moléculas, que incluem cromossomos inteiros ou
cromossomos fragmentados. Amostras de boa qualidade formam bandas íntegras, enquanto
amostras degradadas ou com presença de moléculas de RNA apresentam rastros ao longo do gel. A
quantificação é feita pela comparação entre a intensidade da fluorescência das amostras extraídas
com uma solução de DNA de concentração conhecida, como por exemplo, soluções contendo DNA
do fago lambda.
Após a obtenção de amostras de DNA e de sua avaliação quantitativa e qualitativa, pode ser
realizada a etapa de análise de DNA que serão descritas nos temas 4 e 5 desta aula e na posterior.
As análises dos ácidos nucleicos incluem o uso de enzimas de restrição, técnicas de hibridação
molecular, técnicas de amplificação do DNA (PCR – reação em cadeia da polimerase),
sequenciamento de DNA e outras técnicas de análise de ácidos nucleicos. 
TEMA 4 – USO DE ENZIMAS DE RESTRIÇÃO
Enzimas de restrição são proteínas encontradas em bactérias que as protegem de infecções
virais pois são capazes de clivar o DNA viral, impedindo que este se replique em seu interior. As
enzimas de restrição, também chamadas de endonucleases Tipo II, são enzimas que quebram a dupla
fita de DNA em regiões específicas gerando fragmentos de DNA sempre do mesmo tamanho e
composição. Cada tipo de enzima de restrição é capaz de reconhecer um segmento específico do
DNA, denominado sítio de restrição, realizando a clivagem da molécula de DNA nestes sítios
específicos. Como resultado existirão vários fragmentos de DNA, sendo que todos foram clivados
exatamente na mesma região.
Diversas espécies de bactérias são usadas para a produção e isolamento das enzimas de
restrição. Cada enzima tem seu nome acompanhado de uma inscrição que indica o sítio do DNA no
qual ocorre a clivagem. Por exemplo a enzima Afe I 5´AGC-GCT 3´ / 3´TGC - CGA 5´, foi produzida no
microorganismo Alcaligenes faecalis e cliva o DNA nas sequências especificadas.
A descoberta das enzimas de restrição foi essencial para o surgimento da tecnologia do DNA
recombinante, na qual moléculas de DNA de organismos diferentes podem ser cortadas e
posteriormente unidas por complementaridade das duas fitas de DNA e ação da enzima DNA ligase,
que refaz as ligações fosfodiéster. As enzimas de restrição também são utilizadas no diagnóstico de
doenças genéticas, dado que mutações específicas no DNA podem alterar o sítio de clivagem deste
pelas enzimas, alterando o tamanho dos fragmentos gerados, permitindo a diferenciação entre
moléculas portadoras e não portadoras da mutação com base nos tamanhos dos fragmentos
gerados pela clivagem.
Figura 3 – As enzimas de restrição atuam como tesouras moleculares. Estas enzimas clivam a
fita de DNA em sequências específicas
Crédito: Mopic/Adobe Stock.
Figura 4 – Uso das enzimas de restrição em técnicas de engenharia genética. Neste caso a
enzima de restrição (em vermelho) foi utilizada para clivar duas regiões do DNA, permitindo a
remoção de um gene causador de doenças.
Créditos: designua/Adobe stock.
TEMA 5 – HIBRIDAÇÃO MOLECULAR
Os métodos de hibridização foram um dos primeiros métodos desenvolvidos para analisar o
DNA extraído e fragmentado pelo uso de enzimas de restrição e consiste basicamente na separação
dos fragmentos de DNA de uma amostra por eletroforese em gel de agarose, seguida da
transferência destes fragmentos para uma membrana sólida com a posterior detecção dos mesmos
por métodos enzimáticos, cromogênicos ou luminiferous.
5.1 HIBRIDAÇÃO SOUTHERN
O método batizadoem homenagem ao seu criador Edwin Southern, também conhecido como
hibridação southern ou hibridação DNA-DNA, permite o reconhecimento específico de certas
moléculas de DNA. Imagine que você tem uma amostra de um tecido qualquer e realizou a extração
de DNA dessa amostra. Na sequência você tratou essa amostra com enzimas específicas de
restrição a fim de clivar o DNA e isolar um segmento específico do mesmo, ou seja, um gene. Como
saber se o gene de interesse realmente estava presente na amostra e como saber se o
processamento com a enzima de restrição obteve sucesso? É neste ponto que entra a técnica de
hibridização DNA-DNA. Para a realização desta técnica é necessário conhecer a sequência do gene
que se quer analisar (por ex 5´AATTGCGC 3´). Baseado nesta sequência, o pesquisador sintetiza em
laboratório uma sonda de DNA que consiste basicamente em um fragmento de DNA sintético
complementar a sequência do gene de interesse (por ex 3´ TTAACGCG 5´). Esta sonda sintética é
marcada com uma substância que emite fluorescência quando uma sequência complementar se liga
a ela. Ao misturar os fragmentos de DNA da minha amostra, que contém o gene de interesse, com a
sonda sintética, é possível medir a fluorescência emitida e concluir se havia ou não o gene de
interesse na minha amostra. A técnica denomina-se hibridação pois ocorre a formação de um
fragmento de DNA híbrido, sendo uma das fitas composta pelo DNA da minha amostra e a outra pela
sonda sintética. 
A amostra contendo o DNA deve ser separada em um gel de agarose e deste transferida para
uma membrana de nylon ou nitrocelulose, onde as moléculas de DNA ficam estáticas. Antes da
transferência, o gel é tratado com hidróxido de sódio promovendo a abertura das duplas fitas de
DNA. A membrana é uma réplica exata de tudo que existe no gel, porém sobre esta membrana é
possível se realizar uma série de experimentos que não seriam possíveis sobre o gel devido a sua
malha porosa. A sonda é colocada em contato com essa membrana e irá se ligar especificamente
apenas onde houver fragmentos de DNA complementares a ela. Lavagens removem sondas não
ligadas e também sondas que se ligam incorretamente, pois ligações incorretas tem baixa
especificidade se desfazendo facilmente. A sonda é previamente marcada com fosfato radioativo
(32P) e desta forma os DNAs hibridizados quando expostos a determinado comprimento de onda
irão emitir luminosidade/ fluorescência específicos, indicando e simultaneamente quantificando a
hibridização.
Figura 5 – Em 1 as bandas do gel de agarose sendo colocadas em contato com a membrana de
nitrocelulose ou nylon. Em 2 os fragmentos de DNA do gel foram transferidos para a membrana. Em
3 a membrana é colocada em contato com sondas específicas de DNA. Em 4 as sondas se ligam
especificamente ao DNA de interesse. Em 5 as moléculas de DNA que sofrem hibridização são
detectadas
Crédito: Daniele Dietrich Moura Costa.
5.2 HIBRIDAÇÃO NORTHERN
A técnica de northern blot, também conhecida como hibridização DNA-RNA, visa a detecção de
RNAs mensageiros (abreviados como mRNA). Recebeu esse nome devido ao trocadilho com o nome
da técnica Southern. É muito similar a técnica de southern blot, no entanto a sonda desenhada é
complementar ao um mRNA, permitindo a detecção deste tipo de molécula.
Esta técnica é muito utilizada para avaliar a expressão gênica, dados que os mRNA são o
resultado da transcrição dos genes e serão traduzidos em proteínas posteriormente.
NA PRÁTICA
Desde sua descoberta, as enzimas de restrição passaram a ser utilizadas em diversos tipos de
ensaios para avaliar o DNA. Um de seus usos mais frequentes é nos testes de identificação de
pessoas, sejam eles testes de paternidade, testes para identificação de possíveis criminosos ou
vítimas de acidentes. Nestes ensaios, o DNA da pessoa que se quer identificar é extraído,
quantificado e então fragmentado em regiões específicas pelas endonucleases. Após a
fragmentação, o DNA é analisado em um gel de agarose. Relembrando que fragmentos diferentes
migram de forma diferencial pelo gel de agarose, desta forma produzindo uma padrão de bandas
específicas. Cada indivíduo possui seu DNA exclusivo que irá sofrer clivagem em sítios específicos
pelas endonucleases gerando também um padrão específico de bandas no gel. No caso de um crime,
se o padrão de bandas no gel for 100% similar ao padrão de bandas de um acusado, este é
considerado culpado, pois a compatibilidade de bandas entre o indica que se trata da mesma
pessoa. No caso de um teste de paternidade, o DNA do filho deve ter padrão de similaridade de 50%
com DNA do suposto pai, pois o filho contém metade da carga genética da mãe e metade do pai.
Observe a figura abaixo. Você consegue descobrir quem é o pai da criança?
Figura 6 – Um filho, uma mãe e dois supostos pais. Os retângulos pretos indicam a presença da
banda no gel de agarose e os retângulos brancos indicam a ausência de bandas no gel. Observe a
banda 1: ela está ausente no filho, na mãe e em ambos pais, logo não permite concluir nada em
relação à paternidade da criança. A banda 3 está presente no filho e na mãe, mas ausente em ambos
os pais, indicando que de fato a criança é filho da referida mãe. A banda 7 está presente no filho,
ausente na mãe e no pai 2, mas presente no pai 1. Esta banda é conclusiva em relação ao teste, pois
o filho tem e deve ter herdado de um dos genitores; se a mãe não tem essa banda ela só pode ter
sido herdada do pai
Crédito: Daniele Dietrich Moura Costa.
FINALIZANDO
Trabalhar com ácidos nucléicos não é fácil e requer precisão e treinamentos específicos.
Conforme visualizamos ao longo desta aula, primeiramente é necessário obter uma amostra e
armazená-la corretamente. Na sequência o DNA contido na amostra deve ser extraído. O processo de
extração possui várias etapas que devem ser realizadas sequencialmente: lise celular, separação dos
constituintes celulares, precipitação e ressuspensão do DNA. Esse DNA extraído deve ser
quantificado antes de prosseguir para análises. Esta quantificação pode ser feita dos
espectrofotometria ou por eletroforese em gel de agarose. Verificada a pureza do DNA extraído por
estas duas técnicas, o mesmo pode ser utilizado em diversos experimentos, entre eles:
processamento com enzimas de restrição, ensaios de hibridização, amplificação, clonagem entre
outros.
REFERÊNCIAS
ALBERTS, B. Biologia molecular da célula. 4. ed. São Paulo: Artmed, 2004.
BROWN, T. A. Clonagem gênica e análise de DNA: uma introdução. 4. ed. Porto Alegre: Artmed,
2003.
COX, M. M.; DOUDNA, J. A.; O’DONNELL, M. Biologia molecular: princípios e técnicas. Porto
Alegre: Artmed, 2012.
FARAH, S. B. DNA: segredos e mistérios. 2. ed. São Paulo: Savier, 2000.
KLUG, W. S. et al. Conceitos de genética. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
KREUZER, H.; MASSEY, A. Engenharia genética e biotecnologia. Porto Alegre: Artmed, 2002.
WATSON, J. D. et al. DNA recombinante: genes e genomas. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
BIOTECNOLOGIA E
BIOINFORMÁTICA
AULA 2
Profª Daniele Dietrich Moura Costa
CONVERSA INICIAL
Na aula anterior, aprendemos como extrair o material genético, seja ele DNA ou RNA, de
diferentes tipos de materiais (tecidos biológicos, sangue, urina, células em cultivo etc.). Uma vez
extraído, esse material precisa ser quantificado para que possa ser utilizado em diversos tipos de
ensaios. Os dois principais métodos de quantificação são a eletroforese em gel de agarose e a
espectrofotometria.
Conhecida a quantidade de DNA ou RNA, estes podem então ser processados e analisados por
diferentes técnicas. Uma das técnicas mais utilizadas é o processamento utilizando enzimas de
restrição. Essas enzimas reconhecem segmentos específicos do DNA, clivando a dupla fita e
gerando fragmentos. Esses fragmentos podem ser então utilizados numa ampla gama de testes
moleculares, entre eles a clonagem de DNA, diferentes tipos de reação de amplificação de DNA por
reação em cadeia da polimerase(PCR – polymerase chain reaction) e sequenciamento de DNA.
Nesta aula, iremos explorar mais algumas técnicas de processamento e análise de DNA
(lembrando que algumas técnicas já foram descritas na aula anterior). Demonstraremos também
aplicações práticas dessas técnicas na rotina do biomédico e por fim, na última aula sobre
biotecnologia, abordaremos técnicas de expressão, purificação e análise de proteínas, encerrando
nosso ciclo de aprendizagem sobre técnicas moleculares de análises de macromoléculas aplicadas
à Biotecnologia.
TEMA 1 – CLONAGEM DO DNA
A primeira técnica de duplicação de moléculas de DNA em laboratório foi a clonagem de DNA.
Nesse procedimento, fragmentos específicos de DNA, obtidos por meios de técnicas utilizando
enzimas de restrição, são inseridos em bactérias (procariotos) ou leveduras (eucariotos). O
procedimento de inserção de fragmentos específicos de DNA (correspondentes a genes específicos)
em organismos é denominado transformação genética e origina organismos modificados
geneticamente ou transgênicos. No caso dos organismos modificados geneticamente, a inserção do
gene é feita entre indivíduos da mesma espécie, ou seja, eu retiro o gene de interesse do indivíduo 1
da espécie A e insiro no indivíduo 2 também da espécie A. No caso dos transgênicos, o gene é
transferido entre espécies distintas; eu retiro o gene 1 da espécie A e insiro o gene 1 na espécie B,
sendo a espécie B a transgênica. Esse processo é chamado transformação por causa das novas
características que podem ser adquiridas pela bactéria com a introdução do novo gene (como a
resistência a determinados antibióticos).
O gene inserido é incorporado ao DNA plasmidial do organismo receptor (bactéria), e quando
este for realizar a replicação do seu material genético, irá replicar também o DNA inserido no
plasmídio. Devemos nos lembrar que procariotos se reproduzem muito rapidamente, dessa forma, a
replicação do gene inserido também é muito rápida, gerando inúmeras cópias ou clones desse gene.
Nessa técnica, o DNA é retirado de um organismo doador por meio de técnicas de extração de
DNA já descritas na última aula. Esse DNA isolado é então digerido por endonucleases de restrição, e
os fragmentos gerados que contêm os genes de interesse são ligados a um vetor de clonagem,
geralmente um plasmídeo. Um vetor de clonagem é uma estrutura de DNA com capacidade de se
introduzir em células bacterianas, um processo conhecido como transfecção.
A união do gene de interesse, extraído da amostra e do plasmídeo (vetor), forma uma molécula
de DNA recombinante. Esse DNA recombinante é inserido na bactéria/levedura por meio da técnica
de transformação. Quando esse organismo se replicar, ele irá replicar também o DNA inserido.
O conjunto dos fragmentos de DNA digeridos pela enzima de restrição e ligados aos vetores, que
foram transferidos e replicados pelo procarioto, constitui uma biblioteca genômica, ou seja, uma
biblioteca de genes. Se, ao invés do DNA, utilizarmos um RNAm nesse procedimento, convertendo-o
em DNA complementar (cDNA) antes de realizar a transformação bacteriana, teremos uma biblioteca
de expressão gênica, que corresponde aos mRNAs que são expressos pela célula doadora.
Observe, na Figura 1, a técnica de clonagem de DNA por meio do uso de DNA recombinante. Em
1, o DNA é extraído da célula doadora e tratado com enzimas de restrição a fim de se isolar os genes
específicos. Simultaneamente (ainda em 1), o plasmídio é extraído da bactéria. Em 2, ocorre a
formação do DNA recombinante, no qual o DNA da célula doadora é unido ao DNA plasmidial. Em 4,
há o processo de transformação, no qual o plasmídio contendo o DNA recombinante é inserido
novamente na bactéria. Em 5, observe o processo de clonagem do DNA, sendo que, ao replicar o seu
próprio material genético (que inclui o plasmídio), a bactéria replica também o DNA da célula
doadora.
Figura 1 – Clonagem do DNA
Créditos: Why Design/Shutterstock.
TEMA 2 – REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE
Conhecendo o processo de replicação do DNA e o papel primordial da DNA polimerase (DNApol)
neste processo, em 1983, Karry Mullis desenvolveu a primeira técnica de multiplicação de moléculas
de DNA em laboratório, a PCR (Reação em cadeia da polimerase; do inglês polymerase chain
reaction).
A PCR consiste na síntese enzimática de fragmentos de DNA, em laboratório, sem a necessidade
de uma célula hospedeira como ocorria na clonagem. O DNA é obtido de uma célula doadora,
extraído e tratado com enzimas de restrição. Os fragmentos de DNA gerados pelos endonucleases
são então utilizados na reação de PCR.
2.1 PRINCÍPIOS PCR
A PCR é uma técnica que ocorre nas seguintes etapas sequenciais: desnaturação (separação
das duplas fitas de DNA), anelamento (hibridação de primers) e polimerização (também chamadas
de extensão ou elongação). A desnaturação consiste na separação das duplas fitas dos fragmentos
de DNA parental (obtido da célula doadora) utilizando altas temperaturas (acima de 90 oC). Essas
temperaturas são capazes de romper as ligações de hidrogênio que mantêm as duas fitas unidas. Na
etapa de anelamento, a temperatura é reduzida para cerca de 60 oC (temperatura ideal para que
ocorra o anelamento dos primers) e dois oligonucleotídeos iniciadores são adicionados à reação.
Esses oligonucleotídeos são denominados primers e são complementares a sequências de DNA de
cada uma das fitas parentais, ligando-se a elas por meio da complementaridade de bases.
Em razão da característica antiparalela da dupla fita de DNA, é citado que um primer se liga na
extremidade 3’ da região-alvo (primer direto ou forward), enquanto o outro se liga na extremidade 5’,
na fita oposta (primer reverso ou reverse). Os primers fornecem extremidades 3´OH livres que, na
etapa de polimerização, são utilizadas pelas DNA polimerases para sintetizar novas fitas de DNA,
obedecendo ao princípio da complementaridade de bases. A temperatura é então elevada para cerca
de 72 °C e a DNA polimerase promove a ligação fosfodiéster entre o último nucleotídeo da nova fita e
nucleotídeo trifosfatado a ser adicionado.
Essas três etapas são repetidas por inúmeros ciclos, sendo que a cada ciclo ocorre a duplicação
de uma molécula de DNA, gerando ao final dos ciclos várias cópias da molécula de DNA parental.
O equipamento no qual a PCR é realizada chama-se termociclador, pois ele tem a capacidade de
realizar os ciclos de variação de temperatura necessários para as etapas de desnaturação e
anelamento. Os microtubos contendo os reagentes necessários para que ocorra a reação enzimática
são colocados no termociclador, o qual realiza sozinho o processo de elevação e redução sequencial
da temperatura. Os reagentes utilizados nesse processo são: água ultrapura, moléculas de DNA a
serem duplicadas (DNA molde ou DNA parental), desoxirribonucleotídeos trifosfatos (dNTPs,
necessários para permitir a elongação do DNA), primers, enzima DNA polimerase, solução de cloreto
de magnésio (cofator da enzima DNA polimerase) e solução tampão para a DNA polimerase. A DNA
polimerase usada na reação é isolada da bactéria Thermus aquaticus, e por isso é chamada de Taq
polimerase (em menção às iniciais do nome da espécie a partir da qual foi obtida). Esta é a DNA
polimerase ideal, pois diferentemente das demais, ela não sofre desnaturação em altas
temperaturas.
Obviamente que todo esse processo requer o conhecimento prévio da sequência de DNA que se
quer amplificar, pois é necessário que os primers sejam complementares a tal sequência. Tal
conhecimento é altamente difundido e está presente nas inúmeras bibliotecas genômicas
disponíveis on-line.
Na Figura 2, a seguir, observe a reação em cadeia da polimerase. Em azul, a dupla fita de DNA;
em verde, os primers iniciadores e em amarelo, os nucleotídeos necessários para a síntese e novas
cadeias de DNA. Na etapa de desnaturação, a dupla fita de DNA é aberta por elevação da
temperatura. Na etapa de anelamento, a temperatura é reduzida

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